Tudo em você


Você olhou para a garota no espelho te encarando com olhos tristes e franziu sua testa. As lágrimas que haviam caído dos seus olhos mais cedo estavam secas em suas bochechas. Você tocou o próprio rosto e a viu copiar seus movimentos. Já fazia algum tempo que você não a via tão triste.

Com um suspiro você fechou o robe que usava e virou suas costas para o espelho, cansada de ter um par de olhos familiares julgando-a tão intensamente.

- null? - Você ouviu a voz de null do outro lado da porta. - Está tudo bem, meu amor?

Destrancando a porta do banheiro você preparou o melhor sorriso que pôde.

- Claro. Desculpe ter demorado tanto.

Os olhos dele analisaram seu rosto rapidamente, a preocupação clara como um cristal. Seu sorriso estava lá, mas você sabia que ele não alcançavam seus olhos, não importava o quanto tentasse.

Você observou seu namorado balançar a cabeça, os olhos dele ainda investigando seu rosto, mais especificamente suas bochechas ainda manchadas de lágrimas. Ele soube desde o momento em que você abriu a porta do banheiro e nada que você dissesse o faria acreditar que você estava bem. Por vezes você considerava se ele te conhecia melhor do que você conhecia a si mesma.

Você sentiu uma das mãos de null em sua cintura e ele se aproximou, seu rosto próximo ao seu enquanto seu dedão acariciava sua bochecha.

- Por favor, fale comigo. Você esteve diferente o dia inteiro.

Você balançou a cabeça. - null, eu estou bem.

Com um riso sem humor ele beijou sua bochecha e aproximou os lábios do seu ouvido. - Mentirosa.

Você sorriu e o abraçou pela cintura, descansando seu rosto no peito dele. A pele de null estava quente e ele cheirava ao sabonete infantil que insista em usar. Você apertou o abraço, em uma tentativa frustrada de transferir a força que ele tinha para você. De todas as coisas que null significava para você, a mais importante é que ele era sua pedra. Ele te mantinha sã e com os pés no chão, ele tinha o poder de te puxar de volta para a realidade quando sua mente estava muito longe. Ele podia enxergar em cores quando você via apenas cinza.

- Eu não estou bem. - Você confessou, sua voz baixa, apenas um sussurro.

null beijou sua testa e tocou seu rosto para que você o encarasse. - Eu sei que não. Fale comigo.

Uma lágrima escapou do seus olhos e ele rapidamente a limpou. - É a garota no espelho novamente.

null concordou, sabendo exatamente do que você estava falando. Não era a primeira vez que você tinha um dia difícil. Você vinha lutando com a sua aparência há algum tempo e, mesmo com null ao seu lado, havia dias em que a garota do espelho levava a melhor.

- O que ela está te dizendo agora? - Ele perguntou.

Você deu de ombros. - A verdade.

null segurou seu rosto com as duas mãos e olhou em seus olhos. - Eu não acho que ela disse a verdade. - Ele beijou seus lábios de leve e suspirou. - E se eu disser a verdade a ela?

- Como assim?

Ele segurou sua mão e a levou de volta ao banheiro, colocando-a de frente para o espelho e parando atrás de você.

Você evitou olhar para seus próprios olhos no espelho e preferiu encarar os olhos dele. null tinha um pequeno sorriso nos lábios e beijou sua bochecha antes de desfazer o nó do seu robe e tirá-lo, deixando-a a apenas de calcinha e sutiã. Instintivamente, você cruzou seus braços sobre sua barriga, mas ele fez com que você os descruzasse.

- Você está vendo ela? - Ele sussurrou em seu ouvido.

Mordendo seu lábio, você concordou com um aceno.

- Então eu vou começar com algo fácil. Suas pernas.

Até aquele momento você não fazia ideia do que estava se passando na cabeça dele ou o porquê de ele estar fazendo aquilo tudo, mas agora você começava a entender a ideia dele. Você esperou em silêncio que ele começasse.

- Ah, suas pernas. Estou tão feliz de poder começar por elas. Olha só como elas são lindas.

Ele tocou a lateral da sua coxa, seus olhos encarando o espelho. - Elas têm o tamanho perfeito para você. E as suas coxas... Você tem noção do quanto elas me enlouquecem quando você usa saias curtas? Quando eu as vejo vindo em minha direção, sinto que sou o cara mais sortudo do mundo.

Você olhou para o lado, seus olhos encarando os dele ao invés do espelho. Você se deixou sorrir. A mão dele ainda estava em sua coxa e você gostava do quão quentes e macias elas eram. Os olhos dele brilhavam tanto que você podia ver a felicidade dentro deles.

Apontando para o espelho, ele mostrou seu pulso.

- Essas cicatrizes aqui? - Ele disse, levantando seu braço e tocando suas cicatrizes delicadamente. - Elas me dizem que você é tão forte e que enfrentou grandes batalhas, mas ainda está aqui.

- Eu não gosto delas. - Você confessou.

null beijou seu pulso. As cicatrizes e o exato lugar onde era possível sentir seus batimentos cardíacos. - Eu acho que elas são lindas.

Olhando para o espelho novamente ele sorriu.

null pegou a sua mão e entrelaçou seus dedos nos dele. - As suas mãos se encaixam perfeitamente nas minhas. Como isso é possível?

Você sabia que era uma pergunta retórica, mas deu de ombros.

- Podemos ir para sua barriga?

- Minha barriga gorda? O que você tem a dizer sobre ela?

Você olhou para o espelho novamente e viu a mão de null deslizar para sua cintura, os dedos dele tocando sua barriga de leve.

- Shh, ela não é gorda! Não diga isso ou vai deixá-la chateada.

Você riu. - null...

- Estou falando sério. - Ele disse, sua voz intensa e seu rosto sério. - Sabe essa gordurinha aqui que você sempre reclama?

- Sim?

- Eu acho que é a sua imperfeita perfeição e eu a amo. - Ele confessou antes de beijar a tal gordurinha que você tanto odiava.

Você o encarou e afastou seus cabelos que estavam caindo sobre seus olhos. Você podia sentir as lágrimas se acumulando, mas fez o possível para não deixá-las cair.

- Acho que estamos subindo? - null brincou, os olhos dele já em seus seios cobertos pelo sutiã preto. - Tão lindos. - Ele sussurrou.

Agora ele estava em sua frente e você nem podia mais ver o espelho, mas não se importava. Você deu um suspiro pesado, sabendo que estava absorvendo cada palavra dele naquele momento.

- Seus seios são do tamanho perfeito para minhas mãos.

Você sentiu a mão dele sair da sua barriga e ir de encontro à área em que ele estava focado. Para ilustrar suas palavras, null segurou seus seios com as mãos. Assim como ele havia dito, eles preenchiam as mãos dele perfeitamente, quase como moldados.

- Esse é o sonho de todos os caras, sabia?

Você balançou a cabeça, achando engraçado como ele fazia aquilo soar romântico e não como uma cantada nojenta. null tinha jeito com as palavras e isso não cansava de te surpreender.

Mais uma vez as mãos dele se moveram juntamente com seus olhos. Você sabia para onde ele iria agora porque ele mordeu o lábio e ele tinha o hábito de fazer aquilo antes de te beijar. E foi exatamente o que ele fez. Diferente das vezes anteriores, ele aprofundou o beijo, a língua dele encontrando a sua em um beijo lento e surpreendente.

Quando null se afastou ele deixou suas testas encostadas.

- A sua boca. A sua linda, saborosa boca. Como eu poderia viver sem ela? Sem seus comentários geniosos ou suas resposta irônicas à minhas perguntas idiotas? - Ele tocou seus lábios ainda molhados. - Seus lábios são tão macios e a sua língua com gosto de chiclete. E eu preciso mesmo falar do seu sorriso? Olhar para ele é o suficiente para melhorar meu dia.

- Eu prefiro o seu.

null riu e balançou a cabeça. - Posso te contar um segredo?

Você sorriu. - Claro.

- Às vezes quando você fala comigo e eu tenho que pedir para você repetir... É porque eu estou sempre tão distraído pelos seus lábios. Eu os vejo se movendo e é tão envolvente. Eles vão me matar um dia, sabia?

Dessa vez você riu. Alto. O som quebrando o silêncio do banheiro e fazendo null sorrir.

Ficando na ponta dos pés você o beijou carinhosamente, adorando a sensação das mãos quentes dele tocando seu rosto e a puxando para ele.

Você achou que ele tinha terminado, mas então ele respirou fundo.

- Seu cabelo, - ele pausou, suas mãos alisando seu cabelo e parando nas pontas. Ele enrolou uma mecha no dedo. - É tão lindo e com cheirinho de baunilha. Por favor, nunca troque de shampoo. - Ele suplicou, fazendo-a sorrir.

- Não vou trocar. - você prometeu.

- A última coisa. - Ele disse, encarando seus olhos. - É a minha favorita na verdade. Guardei o melhor para o final.

- Diga.

- Seus olhos. - Ele respondeu. - Como eu posso expressar o quanto eu sou apaixonado por eles? Um olhar, foi só o que precisou para você me conquistar. Existe uma luz dentro deles que parece iluminar tudo ao seu redor. Você tem essa bondade e honestidade refletida neles e consegue dizer tanto através deles, sem precisar de palavras.

- É assim que você sempre sabe como estou me sentindo?

- É exatamente assim. Eles me dizem o que eu preciso saber.

Você concordou e mordeu o lábio inferior. - Eles estão te dizendo o quanto eu te amo?

null sorriu. - De fato eles estão.

- Que bom.

- Que bom. - ele repetiu.

Como se de repente null se lembrasse o motivo de tudo aquilo, ele ficou ao seu lado, deixando-a olhar para o espelho novamente. Ele segurou a sua mão e entrelaçou seus dedos nos dele.

- O que você vê agora? - disse, apontando para o espelho.

- Um cara extremamente lindo. - você brincou.

- null... - você sabia pelo tom de voz de null que ele estava te repreendendo.

- Eu vejo uma garota.

- Sim?

Você suspirou. - Ela se sente amada.

- O que mais?

Você encarou seu próprio reflexo por alguns segundos. - Eu acho que ela está feliz.

Através do espelho você viu null sorrir.

- Eu posso ver sua escuridão. - você sussurrou, referindo-se ao seu reflexo. - Mas ela está lutando contra isso.

null apertou sua mão carinhosamente, lhe oferencendo força sem precisar de palavras.

- Você acha que ela vai ficar bem?

Dessa vez você parou por alguns instantes, seus olhos procurando em seu reflexo uma resposta.

- Eu acho que sim.

Com um beijo delicado em seu ombro nu, null concordou. - Que bom.

- O que você vê? - você perguntou, de repente curiosa pela resposta dele.

- O quê?

Você apontou para o espelho.

Agora foi a voz de null encarar o espelho. Depois de alguns minutos em silêncio ele sorriu, encontrando seus olhos no reflexo.

- Eu vejo meu futuro.

Olhando para o lado para encarar o perfil dele, você se permitiu sorrir sem preocupações.

- É um lindo futuro, null.

Puxando-a para perto, null beijou seus cabelos.

- Eu te amo tanto. - você sussurrou.

- Eu também te amo, linda. Eu amo tudo em você. Não esquece disso. Promete?

Você o olhou e sorriu. - Prometo.

Fim



Nota da autora: (21/01/2016)
Oi, amores. Essa fanfic foi escrita originalmente em inglês e feedback é sempre muito apreciado. Qualquer dúvida, criticas e/ou elogios, é só entrar em contato comigo em uma das redes sociais. <

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