Capítulo 1
Mordeu os lábios sentindo a gota de suor escorrendo por sua testa. Seus braços estavam ao ponto de ceder, porém não queria ceder, precisava completar o número das séries e não poderia ir embora sem completá-las.
— Mais cinco. — lembrou com a mão segurando a barra, ajudando-a levantar a barra. — Quatro. — desceu a barra conseguindo ver o sofrimento no rosto da garota. — Três. Dois. — subiu e desceu sucessivamente. — Última vai! — incentivou levantando a voz.
Trincou os dentes e apertou os olhos quando desceu a barra e em seguida levantou para colocá-la no lugar. O homem sorriu assim que escutou o suspiro de alívio que ela soltou quando tirou o peso da barra de seus braços.
— Agora que tal mais quatro séries, com vinte repetições, no leg press? — ele sugeriu enquanto ela ainda continuava deitada no banco do supino, agora com a toalha em cima dos olhos.
— Não tem a menor graça, Jonathan. — sua voz saiu falha devido a respiração descompassada.
— Mas não era pra ter graça. — sorriu apoiando as mãos na barra do supino.
— Você está tentando me matar? — retirou a toalha dos olhos deixando seu olhar se cruzar com o dele. — Se for isso, diz logo que eu mesma me mato. — complementou alargando um sorriso.
— Se mata naaaada. — debochou rindo antes que alguém lhe chamasse do fundo da academia. — Já volto filhote de cruz credo. — falou antes de deixá-la.
— Não volte mais. — disse antes de novamente cobrir os olhos com a toalha e suspirar profundamente.
Apoiou um braço sobre a testa contando o número de vezes que seu coração batia, estava acelerado e fazia disso sua distração enquanto descansava. Puxou o ar sentindo que não era o suficiente para seus pulmões, mas ficou calma, sempre era assim, inspirava e parecia não ser o suficiente. Relaxou o corpo sentindo suas costas esquentar, a estrutura do colchão estava fazendo sua pele subir de temperatura e isso era horrível, odiava ficar com as costas molhada porque sempre parecia que tinha tomado um banho e tinha esquecido a toalha.
Dobrou as pernas ainda em cima do banco e engoliu a saliva, é... Ela poderia ficar ali o dia inteiro se dali algumas horas não tivesse que estar presente na delegacia Los Angeles Police.
— Veio na academia, hoje, para dormir? — escutou a voz masculina tão conhecida.
Com dois dedos retirou a toalha de um dos olhos e encontrou com o rosto dele. Sorriu largo recebendo um sorriso amarelo. O sorriso dele era lindo e quando o sol bateu contra o vidro do carro, estacionado na frente da academia e refletiu no rosto dele tudo ficou mais lindo que já era.
— Desde quando está aqui? — disparou obrigando seu tronco levantar.
— Acabei de chegar, você nem me viu entrando? — ela negou com um beicinho. — Percebi. — disse antes de dar as costas, indo em direção da prateleira que se deixava o celular e outros pertences.
— Ei null! — chamou fazendo-o parar e se virar. — Está tudo bem? — quis saber visualizando ele bater a mão na lateral da própria garrafa, demorando a responder.
— É... Está, está sim. — respondeu parecendo estar mentindo.
Levantou as duas sobrancelhas de relance como resposta deixando-o seguir seu caminho até a prateleira, onde deixou a chave do carro e o celular, e depois em direção do espelho para iniciar o treino com os pesos. Já null, por um instante, enquanto bebia sua água, deixou a imagem dos olhos null de null lhe vir em mente, eles não tinham aquele brilho intenso de todos os dias, estavam apagados e null se arriscava em dizer que até estavam mortos.
Ele havia mentido quando disse que estava tudo bem, sentia a mentira. A imagem dos glóbulos apagados estava aí para confirmar que ele não estava bem, alguma coisa tinha acontecido e descobriria cedo ou tarde, afinal ele não iria conseguir esconder por muito tempo, uma hora ou outra teria que desabafar com alguém.
Foi então que a imagem dela lhe veio em mente: null null. A megera de cabelos null, olhos null, pele clara, dentes brancos, cílios pequenos, boca fina. Mas, afinal, quem é ela? A namorada de null null, vulgo maior inimiga de null null. Inimiga? Por que inimiga? Óbvio, null sentia no mínimo uma atração — muito forte — por null, uma atração de anos, e quando null entrou na vida dele pediu permissão para ser sua rival.
null não conhecia null e não faria questão de conhecer, só pelo fato dela ser a namorada de null já era o suficiente para ficar bem longe. Se ele estava feliz, ótimo, quanto mais longe ficasse melhor, porque para abrir a boca, falar merda e acabar com o relacionamento é questão de minutos ou até mesmo segundos.
Deixou a garrafa no chão, ainda sentada no banco, não conseguiu se conter e virou a cabeça para trás deixando seu olhar cair sobre a imagem de null, que estava sentado em outro banco de frente para o espelho encarando o próprio reflexo. Engoliu sua saliva sentindo uma sensação estranha, uma pontada tomou conta de seu peito.
Decidida, se levantou, pegou a garrafa junto da toalha e caminhou em direção do rapaz que sequer se deu ao trabalho de reparar na sua aproximação. Deixou a garrafa e a toalha próximas do banco e apoiou as mãos sobre os ombros de null os sentindo tensos.
— Você não está bem. — deduziu iniciando movimentos circulares com os polegares. — Quer me contar o que aconteceu? — quis saber começando uma massagem relaxante.
— É a null. — respondeu em um fio de voz.
null abaixou a cabeça para rolar os olhos, claro que só poderia ser a megera!
— O que tem ela? — controlou-se para manter o disfarce continuando os movimentos lentos.
— null... — ele negou com a cabeça antes de continuar. — O que você faria se tivesse sido traída? — trocou de posição, sentando de lado, de modo que pudesse curvar as costas e levantar a cabeça para encarar a garota que tinha as mãos no encosto do banco.
"O QUÊ?!", uma voz no fundo da consciência de null aclamou.
Teve vontade de gritar, de xingar cada fio de cabelo daquela vadia. Quem null pensava que era? A rainha da cocada preta? E com quem ela traiu null null?
— Eu não acredito que ela fez isso! — disse entre dentes se sentando ao lado do rapaz.
— Tem coisa pior envolvida. — revelou atraindo a atenção da mulher.
— O que é pior do que isso? — disparou e ele ficou em silêncio por um tempo. — Ah, sério mesmo que você a engravidou? — seu tom continha um pouco de sarcasmo. — null tu és burro? — bateu na própria testa. — Vira corno e ainda engravida a megera?! — não se aguentou.
— Não é nada disso null! — a cortou antes que continuasse falando abobrinha. — Ela me traiu com o Caleb. — revelou e null nunca sentiu tanta vontade de pegar alguém pelos cabelos e esfregar a cara no asfalto quente.
— Caleb? Quer dizer, Caleb Bernardi, o... — ahhh, null merecia ser torturada por isso!
— É... O personal trainer Caleb Bernardi, meu ex-melhor amigo. Sacou agora ou quer que eu desenhe? — especificou se sentindo um nada.
— Então é... — levantou-se, pegou a garrafa e a toalha, dando as costas para ele. — Ah, até eu trocaria você por ele, porque mano o Bernardi não é pouca coisa não. — brincou recebendo um olhar tristonho misturado com um pingo de diversão de null.
— Obrigado pela parte que me toca null, muito obrigado, estou muito grato. — agradeceu com sarcasmo.
— Te vejo daqui a pouco, de novo. — rolou os olhos em brincadeira antes de seguir seu caminho para a salinha onde ficava os personais para apenas encher o saco de Jonathan antes de ir embora.
Bateu as folhas na mesa para que ficassem alinhadas colocando-as dentro de uma caderneta junto com fotografias e exames de laboratório, antes de deixá-las de lado escreveu "caso encerrado" em vermelho e colou na frente para que quando seu chefe chegasse, para recolher as pastas, soubesse qual caso estava ou não em andamento. Com a pasta em ordem a colocou junto dos outros casos encerrados. Puxou a cadeira, se sentou pegando outro monte de folhas que tinha na sua frente começando passar uma por uma para se certificar de que tudo estava ali.
Distraída, tomou um susto quando a porta se abriu e alguém entrou parecendo desesperado. O ser humano entrou, bateu a porta e se dirigiu para a mesa, onde apoiou as grandes mãos em cima dos papéis parecendo não se importar se estava atrapalhando ou não.
— null, eu preciso da sua ajuda! — sua voz demonstrava desespero.
— O que houve desta vez, null? — perguntou ainda arrumando os papéis que tinha em mãos.
— Ah... Eu não sei explicar. — começou desfazer a gravata que já lhe sufocava.
— Deixa eu adivinhar... — jogou a papelada sobre a mesa cruzando os braços. — Foi a filha da puta da null, não foi? — semicerrou os olhos sabendo que estava certa.
— Não... Ah, foi... Mas como você sabe? — quis saber jogando a gravata no chão e null rolou os olhos.
— Eu senti o cheiro de puta. — deu de ombros se levantando.
— null, eu acabei de entrar na sua sala. — apontou para si mesmo.
— Eu sei, null, ainda não estou surda nem muda. — brincou organizando os papéis antes de grampear.
— Então como sentiu o cheiro de puta? — questionou e ela rolou os olhos antes de mirá-lo.
— Deixa eu adivinhar de novo... Ela veio atrás de você pedindo desculpas e você está pensando em aceitá-la de volta, certo? — deduziu, o ignorando.
— Como você...
— Responda a minha pergunta null null. — exigiu com o tom firme.
— Tá, eu estou mesmo querendo aceitá-la de volta. — confirmou e null sentiu um calor surgir sob sua pele. — Ela disse que está arrependida, que o Bernardi a chantageou para que ela fosse para a cama com ele; ela estava chorando null, e eu...
— Você nada! — bradou socando a mesa. — Se você voltar para ela, null null, vai ser eu que acabo com você! — ameaçou. — Você só pode estar ficando louco, ela te traiu com o Caleb, tudo bem que ele é um baita gostosão, mas mesmo assim é traição! Você sabe o que é traição pelo menos? É a mesma coisa que não passar pela porta por causa de um par de galhadas! — gritou pouco se importando se alguém iria ouvir ou não.
— Por que ficou tão nervosa, null? — arriscou-se em perguntar.
— Porque eu não suporto ver os meus amigos fazendo papel de trouxa. — tinha a resposta na ponta da língua. — Se a null te colocou um par de chifres então ela que vá atrás do Caleb. — complementou voltando arrumar suas papeladas.
— null... — null se curvou sobre a mesa para conseguir encará-la nos olhos. — Eu preciso da sua ajuda. — seus olhos imploraram.
null suspirou e de repente acertou um tapa ardido no rosto do rapaz que a encarou, incrédulo.
— Por que fez isso? — questionou esfregando o lado atingido.
— Para você largar de ser besta. — cuspiu. — Se você quer a minha ajuda, a primeira lição é nunca mais pensar em voltar com aquela mutuca! — deixou claro retornando para sua organização de papéis.
Capítulo 2
A freada brusca cantou os pneus, a porta da viatura se abriu a uma velocidade impressionante e os tênis pretos tocaram o asfalto molhado com destreza. A rapidez com o qual puxou o revólver e mirou no homem foi de tirar seus parceiros do eixo, os movimentos daquela mulher sempre eram de impressionar qualquer um.
A porta do passageiro também se abriu e o policial apoiou os braços sobre a porta também mirando o bandido. Ao mesmo tempo as portas das outras viaturas se abriram e os agentes destravaram as armas mirando o mesmo alvo.
— Você está cercado. — a garota bradou, segurando a arma com as duas mãos fechando a porta da viatura com o pé. — Não tem mais escapatória, só lhe resta se render. — o homem, lentamente, movimentou um braço para as costas com um sorriso nos lábios.
— Acho que não, null null. — pronunciou.
De repente surpreendeu a todos quando da calça jeans retirou um revólver e começou atirar contra todos os agentes. null não poupou e também atirou, mas quando deu o primeiro tiro, foi surpreendida por uma das balas em seu ombro.
Jogou-se contra a viatura do policial James, ao lado da sua. Escutou null assumindo seu posto quando caiu, sendo assim aproveitou para soltar o revólver e verificar a ferida. Ergueu a manga e constatou ter sido um tiro de raspão.
— ELE ESTÁ EM GRUPO! — null gritou e null olhou para os prédios identificando vários homens mirando para baixo.
Sentiu um calafrio na espinha.
— null! OS PRÉDIOS! — gritou e o rapaz olhou para cima.
— ATIREM! — ordenou mirando contra os homens.
Enquanto os policiais, uns caíam e outros se esquivavam das balas, o bandido aproveitou a oportunidade para sair correndo do beco. Mas, felizmente, null escutou seus passos, pegou o revólver e saiu em disparada atrás o homem.
null parou de atirar assim que percebeu os movimentos. Rapidamente correu em direção de duas viaturas que estavam atravessadas no meio do beco com os para-choques praticamente colados, apoiou a mão sobre um dos capôs, pulou e começou seguir o mesmo caminho de null.
Os agentes ficaram sobre comando de Jonas, o filho do chefe da Los Angeles Police, enquanto null e null corriam atrás do líder da quadrilha que tinha acabado de assaltar o banco central. A denúncia chegou através do chefe Lucca Castel que correu para alertar null, a única que estava disponível para sair porque os outros estavam fazendo a ronda escolar.
null destravou a arma durante a curva que lhe levou a uma feira livre. O bandido corria se esbarrando nas pessoas e pulando sobre as bancas para tentar sair ileso. null obrigou suas pernas pararem assim que um homem, que carregava uma parte retangular de madeira da barraca, atravessou a rua e parou para trocar informações com uma senhora.
A garota sentiu seu rosto batendo contra a madeira e assim que parou, soltou o ar em alívio por ter parado antes do previsto, null lhe alcançou e com agilidade se abaixou passando por baixo da madeira. null, indignada, pegou o caminho mais lento, que foi pedir "licença" para os feirantes, enquanto null já nem na feira mais estava.
Ela ficou para trás, já null estava na cola do ladrão. Como sempre era ele quem prendia o assassino, este era o seu trabalho, pois null se recusava eternamente de expor sua imagem nos tabloides, da última vez que os jornais publicaram uma foto sua, choveu homens em sua porta querendo que ela fosse a “policial particular” deles.
null se sentiu incomodado com aquilo, porque ele mesmo não queria ter uma chuva de mulheres em sua porta implorando para que ele fosse o “policial particular” delas. O bom foi que o chefe Lucca deu um depoimento sobre o caso e exigiu, ao mesmo tempo, que a mídia parasse de inventar lorota sobre null, ela era uma policial de respeito e não uma qualquer, ela merecia vestir o uniforme.
Por um mísero segundo deixava sua chance escapar, o bandido derrubara uma lata de lixo no caminho e null quase caíra, mas por sorte seus reflexos o ajudaram a pular sobre a lata e seguir seu caminho. Com a mão se segurou na parede para fazer a curva e imediatamente se deparou com o bandido andando de um lado para o outro encarando a enorme cerca que se tornou sua barreira.
null riu alto caminhando em passos lentos.
— Está com problemas? — disparou sorrindo. — Quer uma ajudinha do policial aqui? — o homem o fuzilou com os olhos, não se deixando abalar.
— Você se acha bem esperto, não é, policial null? — o rapaz deu de ombros retirando as algemas da cintura.
— Eu não me acho esperto, eu sou esperto. — corrigiu se dirigindo até o ladrão.
— Eu não vou me render. — começou correr em direção de null.
null com suas habilidades extraordinárias dos anos como policial apenas esperou o homem chegar bem próximo para quando, no momento certo, o pegasse pelos ombros e empurrasse seu corpo contra a parede descamada do prédio.
O segurou pelo pescoço enquanto que, com uma mão, tratava de prender as algemas ao redor dos pulsos do indivíduo, falando ao mesmo tempo:
— Você tem o direito de permanecer calado, qualquer movimento ou informação será usado contra você no tribunal. — deixou claro ouvindo o som das algemas travando.
"null, está na escuta?", o telecomunicador no ombro despertou com a voz de Jonas.
— Estou a duas quadras da feira livre, Jonas, virando à direita. — explicou sem que Jonas fizesse a pergunta, enquanto forçava o bandido a caminhar em direção da rua principal onde as viaturas logo apareceriam.
"Entendido null, estamos a uma quadra daí. Câmbio e desligo.", o telecomunicador chiou e null conseguiu escutar o som das sirenes.
Continuou obrigando o homem a andar contra sua vontade até se deparar com as cinco viaturas estacionadas na frente do lugar onde tinha encurralado o bandido. Desde então deixou tudo por conta de Jonas que se encarregou de colocar o ladrão na viatura e ligar para seu pai relatando que a equipe tinha completado a missão.
— (...) não, pai... Bem foi assim... — Jonas andava enquanto falava ao celular.
null engoliu sua saliva encostando-se à viatura girando a segunda algema que tinha na cintura no dedo indicador. Até Jonas relatar todos os detalhes para Lucca e ele em pessoa surgir naquele lugar, levaria horas e horas de espera.
O rapaz só queria ir para sua casa, deitar a cabeça em qualquer coisa que fosse macia e fechar os olhos para iniciar a difícil batalha de fazer null desaparecer de seus pensamentos, o que desde que contara para null que foi chifrado estava sendo uma tarefa impossível.
— Fez um ótimo trabalho, Agente null. — girou uma última vez a algema antes de segurá-la firme com a mão.
— Obrigado, Chefe null. — ambos riram.
null ainda sorrindo encostou o corpo ao lado do dele observando Jonas andando e gesticulando ainda ao celular. A imagem do rapaz transmitia que a conversa não estava sendo muito agradável, e se null conhecia bem Lucca, ele queria saber todos os mínimos detalhes, e se também conhecia bem o filho do próprio, ele odiava dar detalhes.
— Será que ele sabe que nós estamos esperando aqui como retardados? — a garota escutou ao seu lado.
Lucca ou Jonas? — respondeu com outra pergunta que era necessária para a compreensão.
— Os dois. — não ajudou muito.
— Lucca acho que não, já Jonas... Ele está igual a nós. — observou null começar girar a algema novamente no dedo.
Acompanhou os giros conforme se fez o silêncio.
— Não vai para o hospital? — ele disparou na lata.
— Não, o tiro pegou só de raspão. — explicou apoiando a mão no ombro dele, sentindo uma leve dor no próprio ombro, apoiando também o queixo e suspirando.
— Está cansada? — jurou que ela estava com os olhos fechados.
— Eu acordei com preguiça hoje. — e realmente estava com os olhos fechados.
null soltou um risinho.
— Me diz quando você não acorda com preguiça? — não sabia se perguntava ou afirmava.
— Quando eu posso dormir o dia inteiro, sabendo que não preciso ir trabalhar com um mala. — virou a cabeça para o lado rindo, porém o que viu acabou com o seu sorriso.
— O mala da questão sou eu? — null quis saber, mas não recebeu resposta.
null ignorou a pergunta de null, a imagem de null sentada na mesa da sorveteria com Érica, sua melhor amiga, Caleb e Mike, o namorado de Érica, foi mais intrigante. null sorria parecendo realmente feliz. E ela não deveria estar porque trocou um dos melhores homens do mundo por um par de músculos. Interesseira ela? Nem um pouco.
null era atencioso, carinhoso, companheiro e sempre arrumava um jeito de sair cedo da academia ou da delegacia dizendo querer chegar em sua casa e abraçar null até o ar lhe faltar. Que mulher não iria querer um homem desses? E ainda, null era divertido e fiel.
Desde que null começou ter uma afetividade por ele — sendo que parece ter sido isso que a ajudou se aproximar dele — descobriu naquele homem não só beleza, mas sim, uma forte e rara amizade. Homens como null null eram raros e null daria de tudo para ter um em sua vida, e null tinha, mas foi piranha o suficiente para trocá-lo por músculos.
Não que null fosse um palito, ele tinha bíceps e tronco trabalhados, se dava para perceber mesmo com o uniforme, mas... null null preferiu a bombinha do Caleb Bernardi.
— null...? — null percebeu que ela já não tinha mais o braço em seu ombro, então se virou. — O que você... — engoliu em seco... O sorriso dela acabou com seu coração.
null percebeu que null também tinha reparado na presença de null, e quando o encarou percebeu em seu olhar um sentimento de tristeza, dor, solidão.
— null... — o tocou no maxilar, obrigando que ele virasse o rosto.
Assim que ele o fez, null voltou encarar a mesa na sorveteria e imediatamente seu olhar se encontrou com o de null. Sem medo a encarou profundamente tentando relatar tudo o que sentia... Cachorra, piranha, galinha que não serve nem para fazer sopa!
— null, meu pai pediu para você ir ao hospital. — Jonas se aproximou dos dois.
— Mas eu...
— Eu levo você. — null interrompeu recebendo um olhar confuso de null. — Nós não vamos nos ver até de noite, então quero aproveitar para te encher o saco enquanto posso. — relatou antes de dar as costas para ela e Jonas.
Jonas encarou null caminhando em silêncio até a viatura, e antes de também dar as costas teve que cutucar null.
— Pintou um clima, null? — a garota sorriu antes de empurrá-lo de leve.
— É pintou, vamos transar agora. — brincou e ambos gargalharam antes de seguirem em caminhos diferentes.
null caminhou até a viatura que dividiu com null, já que ele foi seu parceiro naquela missão. Tocou a maçaneta, abrindo a porta, mas antes de adentrar direcionou o olhar novamente para null e ela ainda lhe encarava. null aproveitou a oportunidade e sorriu largo sabendo exatamente que a megera já achava que null estava em outra, e era bom se ela achasse isso, quem sabe assim não aprende dar mais valor no que a vida proporciona.
Capítulo 3
null balançou a cabeça para tirar os cabelos dos olhos, voltando a agachar com uma barra contendo oito quilos, sendo quatro de cada lado, sobre os ombros. Após ter ido para o hospital com null, voltou para a delegacia, recebeu a parabenização de Lucca e quando o relógio bateu às 17h, tinha chegado a hora de treinar.
No hospital, o médico apenas limpou e desinfetou o ferimento, ferimento que não chegou nem aos pés de receber pontos e null não iria precisar ficar suspensa da polícia, porque como dito fora um tiro de raspão.
Finalmente livre da criminalidade e do olhar apagado e tristonho de null, aproveitaria o máximo para distrair a cabeça treinando, treinando e treinando. Graças a sua amizade com Jonathan, desde que começou a frequentar a academia, pegou gosto por treinar e percebeu que treinando era a única forma de aliviar a mente dos problemas.
É... Aquelas propagandas na internet "treinar distrai a mente", "se terminar um relacionamento, não chore, vá treinar!", "está com problemas, treine pesado até não aguentar mais" são totalmente verdadeiras. Cabe a você decidir se funciona com você, no caso com null funciona. null já era outra história. Esse treinava pesado todos os dias e pelo que null tinha reparado a dor ainda continuava em seus olhos. O quanto era o amor que ele sentia por null? Porque não é possível ele estar sofrendo tanto sem sentir absolutamente nada.
Durante o tempo que null teve de ficar sem a camiseta com apenas o sutiã no hospital, reparou que null sequer ficou incomodado. Todo homem ficaria tenso com a "fruta" seminua a sua frente. Acontece que null não estava interessado nos acontecimentos ao seu redor, porque tudo que mais importava estava batucando sua mente e tinha nome e sobrenome: null null.
A traíra, a galinha, a piranha que não fica satisfeita com a minhoca que tem na vara. Cadela, com toda certeza, bem comida, mas se faz de malcomida. Ah, se null pudesse acertar um soco na cara daquela delinquente já estava tudo perfeito!
— Tá errado! — rolou os olhos continuando com seu agachamento. — Tá errado, tá totalmente errado! — a garota suspirou colocando a barra para descanso.
— Tirou a tarde para infernizar o meu treino? — perguntou se sentando no banco do supino, pegando o celular.
null riu enquanto organizava a sua barra de supino.
— Vou falar para o Du desligar o WiFi. — null riu.
— Não, não precisa... — bloqueou a tela do celular deixando-o de lado. — Quem tá mexendo no celular aqui? Ninguém. — foi cínica bebendo sua água.
— Ah, só de pensar que tenho de voltar para a delegacia dá uma preguiça. — comentou colocando os quinze quilos de cada lado da barra.
— Por quê? Queria ir para outro lugar? — quis saber se posicionando novamente com os ombros sob a barra fixa na estrutura de ferro.
— Queria, para casa. — respondeu antes de começar a levantar a barra.
null desistiu de iniciar as novas séries do agachamento, a resposta dele naquele tom baixo, sem emoção era de partir o coração de qualquer um. Como já dito, null só queria deitar a cabeça em algo macio e esquecer-se do mundo ao seu redor.
Nem mesmo os próprios treinos eram o suficiente para distraí-lo, null só reparou que ele se distraiu completamente quando estava perseguindo Scott MacBook, o líder da quadrilha que assaltou o banco central mais cedo. O que era bem óbvio, porque enquanto corria não tinha tempo para pensar apenas agir.
— Não está com vontade nenhuma de treinar hoje em null! — null direcionou o olhar para o rapaz que estava sentado no banco de supino inclinado.
— Resolveu sair da toca Du? — o policial questionou sorrindo pequeno.
— É... Alguém tem que cuidar da academia. — disse o personal que encarou a entrada, null fez o mesmo.
A catraca apitou e as figuras que adentraram, tirando uma, não foi nem um pouco satisfatória.
— Jôninha! — Eduardo gritou alto se dirigindo até a entrada. — Caleb, meu irmão. — ambos apertaram as mãos.
null virou o olhar para o espelho assim que Caleb bateu os olhos em si, droga! Além de não ter vergonha na cara para se deitar com a namorada de alguém, ainda fica secando a amiga desse alguém.
null percebeu o desconforto.
— null. — a garota o encarou e null a chamou com a mão.
Tirou os ombros de debaixo da barra e começou a seguir em direção de null, mas Jonathan a surpreendeu quando a puxou por trás pelo ombro e envolveu seu pescoço com um braço parecendo querer enforcá-la.
— Jonathan, me larga. — pediu segurando nos braços dele.
— Andou pulando treino ontem que eu vi. — soltou um risinho.
— É andei, confesso, agora me solta. — exigiu e ele obedeceu.
— Vai treinar, vai garota! — empurrou null de leve pelo ombro. — null, a null está te enchendo o saco? — cruzou os braços e ambos encararam a garota.
— Está, noossa, vou até escrever para a caixinha de reclamações: "null null está me perturbando durante o treino". — o rapaz brincou e null mordeu os lábios rolando os olhos.
— O que você acha de mandá-la laaa para aquela academia no final da cidade? — a mulher sorriu maroto caminhando até a prateleira de pesos.
— Ahh, eu acho ótimo! — mostrou diversão no tom de voz.
— É eu vou mandar os dois tomarem lá naquele lugar, aí vão ver o que é bom para a tosse. — null se intrometeu com dois pesos de um quilo nas mãos.
Ambos gargalharam como duas gralhas. Por um lado, null se sentia bem, sinal que null estava se distraindo e não pensando em null, mas de outro estava se sentindo incomodada, não era má ideia trocar de academia, porque naquela um ser chamado Caleb Bernardi não parava de secá-la quando estava sozinha.
Jonathan a cutucou por mais alguns minutos junto de null, até resolver deixar os dois quietos e ir infernizar Eduardo que estava dentro da salinha dos personais mexendo no celular, rindo. E Jonathan, como uma boa pessoinha, foi zombar da cara dele.
null colocou os pesos no lugar antes de deitar o corpo no banco de supino e apoiar o braço sobre a testa. Encarou o relógio na parede, direcionando o olhar para a entrada da academia identificando que o sol já estava indo embora, o que indicava que dali uma hora e meia, também teria de ir.
Suspirou, fechando os olhos. Estava morrendo de cansaço e pensar que teria de voltar para a delegacia e só sair de lá às 3h da manhã deixava-a com mais cansaço ainda. null também foi recrutado para o imprevisto, mas tinha suas dúvidas sobre a presença dele.
Lucca e Jonas não poderiam ficar na delegacia naquela noite porque Keyla Castel, esposa e mãe, tinha sido encaminhada às pressas para o hospital. A causa do ocorrido não foi justificada, null só sabia que teria de ficar no lugar de Lucca, enquanto null no lugar de Jonas.
Seria bom para null, agora para ela nem um pouco. Estava exausta e tudo que mais queria era seu colchão macio. Por isso relaxou no banco do supino, quer dizer, relaxou até que a discussão chegou aos seus ouvidos.
— Já parou para pensar o porquê de ela ter feito o que fez? — conhecia aquela voz de longe. — Ela queria algo que você, com toda certeza, não tinha cabimento para dar. — null abriu os olhos encarando o teto da academia.
— E você foi um filho da puta por me trair, que isso foram doze anos de amizade, e pra quê? Para você me apunhalar pelas costas?! — null se levantou do banco e buscou pela imagem dos dois.
— Eu não te apunhalei pelas costas, ela que veio atrás de mim! — deixou claro percebendo que o olhar de todos estava neles.
— E você não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta dela, não é, desgraçado? — rosnou com as veias do pescoço saltadas.
— A null implorou por mim. — começou, então, a pior parte da discussão. — Pediu com tanto desespero que eu não pude negar. Ela disse que você não passava do cachorrinho dela, que ela mandava, chutava, maltratava e você continuava ali lambendo o chão que ela pisava. — Caleb falava alto e todos estavam de prova da discussão, e para piorar a academia estava cheia.
— Eu não sou o cachorro de ninguém, não me confunda com você! — rebateu e Caleb gargalhou.
— É eu sou o cachorro que invadiu o seu território. O pitbull invadiu o território do pastor alemão. — provocou e null interviu.
Correu até os dois e se colocou na frente de null deixando seu rosto próximo do de Caleb, ela sabia que null não iria se segurar por muito tempo e partiria para a briga física.
— Por que você não toma vergonha nessa sua cara e vira homem, Caleb? — disparou com o tom firme.
— Eu posso te mostrar o quanto sou homem. — aquelas palavras foram nojentas.
— Transar e ter um par de músculos não significa que você é homem! — rebateu. — Você é um moleque, daqueles que acham que mulher vive necessitada de sexo, mas não é assim que o mundo funciona. Você traiu o seu melhor amigo só porque uma piranha te implorou sexo. — expôs a verdade, a verdade que todos deveriam enxergar.
— Ela não implorou, ela veio atrás de mim e pediu que eu fizesse com ela o que ele não fazia. — apontou null que tentou empurrar null para o lado, mas ela nunca deixaria que uma discussão acabasse em luta ainda mais quando o motivo era uma galinha.
— A null tinha vida de dondoca, todas tinham inveja pelo homem que ela tinha do lado, TODAS! — frisou.
— E você tinha? — Caleb a deixou sem falas, null não tinha inveja, tinha raiva por null estar namorando com o homem que tinha afeto.
— null... — null se pronunciou. — null, não se envolva em algo que nem sequer tem o seu nome. — a garota se virou para encará-lo.
— null, ele está acabando com você e você não está fazendo absolutamente nada! — se mostrou indignada.
— É, mas eu não preciso que uma mulher me defenda, sei me virar sozinho. — null sentiu um aperto no peito.
— É assim então...? — o encarou mostrando um olhar apagado.
De repente o dono da academia, Parker D' Ângelo, apareceu atrás de Caleb e acabou com a festa toda.
— Eu quero os três fora, imediatamente. — deixou claro. — Querem resolver seus problemas, que resolvam fora da minha academia! — Jonathan puxou Caleb a fim de ter uma conversinha particular com ele. — Vamos! — Parker bateu as mãos querendo apressar null e null.
— Eu também não preciso de você. — null deu as costas, pegou sua toalha, garrafa, chave e saiu sem direcionar um só olhar para null ou Jonathan que a encarou sair.
Jogou as pastas em cima da mesa com tanta brutalidade que acabou por derrubar o copo de água no chão junto de alguns papéis e canetas. A raiva ainda circulava sob sua pele no meio das hemácias.
null era um inútil, ela só estava tentando ajudar e era assim que agradecia, falando que não precisava dela. Oh, então quem que ele veio procurar quando soube que se tornou corno? O Gasparzinho que não foi!
Homens são todos iguais, se acham machões quando as mulheres tentam ajudar. null bancou o babaca, com certeza se null tivesse afirmado que ele não passava de um capacho de null, teria dado muito mais valor e respeito.
— Mas que porra! — bufou antes de começar a pegar as folhas que caíram.
Alguns papéis molharam, mas e daí? null não estava nem aí, foda-se os papéis.
Recolheu a papelada e colocou de qualquer jeito em cima da mesa, encarou o chão molhado e novamente bufou, teria que buscar o esfregão ou um pano para secar sua bela obra de arte.
Caminhou até a porta e a empurrou chegando ao corredor, foi até o armário de vassouras, girou a chave e puxou a maçaneta com tanta brutalidade que por um segundo pensou que fosse quebrá-la. As vassouras caíram fazendo-a sentir mais raiva que já sentia, ah, sua noite pelo jeito ia ser longa...
Começou a juntar as vassouras e organizá-las dentro do armário, com tudo ajeitado puxou o pano de dentro do balde de limpeza e fechou a porta. Quando o fez tomou um susto com a figura de null escorado na parede com um braço, com o olhar sedutor, uma sobrancelha erguida e os lábios pressionados em uma linha reta.
null colocou os dedos da mão do braço livre no cós da calça jeans e abaixou o olhar rapidamente logo o levantando, uma palavra: sexy!
null tentou não demonstrar o quanto ele mexia consigo, null não merecia que ela sentisse algo por ele, não merecia mesmo.
A garota soltou um risinho em deboche.
— Quanto mais eu rezo para Deus abençoar a minha vida, parece que ele entende errado e coloca assombrações nela. — empurrou a porta com força, fazendo o estrondo expandir pelo corredor.
— null, eu queri... — null começou, porém, foi interrompido.
— Não me interessa, null! — bradou antes de dar as costas.
Caminhou de volta para sua sala e null como um bom "cachorrinho" a seguiu. É talvez Caleb estivesse certo, null null não passava de um cachorro que lambe o chão para as pessoas pisarem.
— null, por favor... — pediu, mas ela estava disposta ignorá-lo.
— Escuta, null. — se virou fazendo-o parar bem próximo de si, quase com os corpos colados. — Eu, sinceramente, não quero ouvir o que você tem a dizer e nem o que pensa sobre mim, então me deixe em paz! — exigiu entre os dentes.
A garota decidiu voltar para sua caminhada e quando empurrou a porta da sala, ele já estava a seu alcance.
— null, eu... — tentou de novo, mas acabou por receber a porta batendo em sua cara.
Suspirou tratando de abrir o pano e jogá-lo em cima da poça de água, se abaixou começando a esfregá-lo contra o chão. A sala estava um silêncio tão bom, pena que bastou a porta se abrir para esse silêncio acabar.
— Você é um delinquente null! — levantou-se. — Sua mãe não te deu educação? Ah não, cachorros não são educados, não é? Eles são adestrados. — cruzou os braços e arcou as sobrancelhas.
— Não me chama assim. — pediu.
— Eu chamo sim, não é isso que você é? — rosnou dando um passo na direção dele. — Você concordou com os insultos do Caleb, então você se considera o cachorrinho de null null. — o encarou nos olhos.
— Eu não sou o cachorro de ninguém, null! — gritou e a menina sorriu sarcástica.
— Por que comigo você grita? Deveria ter gritado quando o Caleb resolveu te provocar, mas o que você fez, hã? — o olhar de null era horripilante. — Você não fez nada null, você colocou o rabo no meio das pernas e deixou que fosse insultado na frente de todos da academia. — ela estava certa.
null permaneceu em silêncio por um tempo absorvendo as palavras de null, ela sempre estava certa, até quando não queria admitir para si mesmo, ela tinha a razão.
E agora null se sentia um inútil, falar para null que não precisava dela foi a pior burrada que já fez na vida, por que quem ele foi procurar no primeiro momento? Foi ela, então era óbvio que precisava dela.
— Olha null me descul... — foi interrompido.
— Ah, agora você quer se desculpar? Agora é tarde null, que tal você correr para os braços da sua dona? Tenho certeza que ela está louca para colocar você para baixo e fazer você lamber o chão que ela pisa. — usou seu melhor tom sarcástico voltando para trás da mesa de costas para ele.
— Eu não estou aqui para rastejar o seu perdão, null, só estou aqui porque eu falei merda. — começou e percebeu que ela não interromperia. — Eu falei que não preciso de você, mas eu estava errado, você foi a primeira pessoa que pensei em procurar quando soube da verdade, por isso queria admitir que eu sou um inútil, e que realmente preciso de você null. — a garota rolou os olhos.
— É só isso ou tem mais? — quis saber ainda de costas.
— O que mais você quer de mim? — perguntou parecendo desesperado. — Eu admiti que estou errado e que preciso de você do meu lado, o que mais você quer? — null suspirou antes de se virar para ele.
— Eu quero um pouco de consideração. — respondeu com os braços cruzados.
— Mais do que eu te considero? null lembra que foi você a primeira pessoa que procurei quando eu, bem... — mordeu os lábios não conseguindo terminar a frase.
— Quando você descobriu que ganhou um par de chifres? — terminou.
— Você insiste em me lembrar disso toda hora, não é mesmo? — ela deu de ombros, enquanto ele se acomodava no sofá.
— É bom não esquecer, assim você não corre o risco de voltar para os braços daquele embuste mal-agradecido. — explicou e null riu.
— Eu jurava que você ia falar "malcomido". — continuou rindo e null não conseguiu conter um riso.
— Se ela foi ou não malcomida o problema é dela, não é meu. — voltou organizar os papéis sobre a mesa.
null caminhou, ainda com um sorriso nos lábios, até a mesa onde apoiou as mãos e tombou um pouco a cabeça para o lado encarando null de um jeitinho piedoso e silencioso. Ela em contrapartida levantou os olhos rapidamente para o rosto do rapaz e logo voltou sua atenção para os papéis, encontrando algo importante entre eles.
Quando deu conta de que null não sairia, resolveu descobrir qual era o lance da vez.
— Desembucha logo, o que é que você quer? — null pensou antes de responder.
— Não está mais brava comigo? — null riu mordendo os lábios.
— A raiva não é uma coisa que você sente em uma hora e na outra já não sente mais. — abaixou os olhos para o papel que tinha sob a mão lendo as primeiras palavras.
— Então até quando vai durar? — se arriscou em perguntar.
null o encarou e sorriu, ele por outro lado não entendeu nada, era só o que faltava null estar se tornando uma psicopata. Foi quando ela levantou o papel que tinha sob a mão não dando tempo para ele ler o que estava escrito nas primeiras linhas.
— Não vai durar muito tempo, porque eu estou de férias! — mostrou-se alegre com o ocorrido indicando a folha.
— Ah, que bom fico feliz por você. — null se mostrou tristonho, com quem trocaria ideias agora? Quem ia lhe impedir de fazer merda?
— Larga de ser idiota null! — o empurrou de leve pelo ombro com um sorriso largo nos lábios. — Você também tirou férias, Lucca nos deu férias antecipadas por termos que ficar esta noite em claro. — explicou e os olhos do rapaz ganharam brilho.
— Sério?! — seu tom mostrou um pouco de confusão.
null assentiu e ele imediatamente puxou o papel da mão dela e confirmou sua dúvida. É eles estavam de férias assim que amanhecesse, sem caso, sem dor de cabeça, sem chefe, sem perseguição, tudo iria se presumir a sombra e água fresca.
— Eu vou passar esse um mês dormindo. — null comentou e null teve sua luz acesa sobre a cabeça.
— Não, você não vai. — a garota o encarou com uma sobrancelha erguida. — Nós vamos para Nova York! — revelou e null sorriu pelo canto dos lábios não entendendo nada, por que ela precisava ir? null null tinha idade o suficiente para se virar sozinho.
— Por que você quer...? — teria tirado sua dúvida, se ele não tivesse a interrompido antes que completasse a pergunta.
— Arrume suas malas eu passo na sua casa às 5h da manhã, quero pegar a estrada enquanto ainda estiver escuro, é mais excitante. — andou até a porta e antes de sair segurou no batente. — Não pense em dizer "não". — então saiu.
null sorriu soltando o ar levemente pela boca, ah, só poderia ser mesmo ideia do null, aquele pedaço de ser humano louco que decide as coisas em cima da hora e nunca aceita um "não" como resposta.
Nova York? Ele ficou maluco? Nova York ficava há quilômetros de Los Angeles, o que ele queria fazer em Nova York? Era muito mais fácil pegar o carro, alugar um hotel em Malibu com vista para o mar e boa, as férias estavam feitas.
Los Angeles ficava a um dia de Nova York, o que deu em null? Bateu com a cabeça? Porque só um... Ah! O problema se chamava null null. Agora null compreendia, ele queria passar as férias o máximo longe daquele urubu.
null sorriu vitoriosa, ele queria passar as férias longe de null e em sua companhia. null era admirável até nessas horas; escolheu um lugar afastado de tudo para recomeçar e ainda exigia a presença de null, porque não queria ficar sozinho, que mulher jogaria isso fora? O embuste, claro.
Pensando nisso, o celular de null deu sinal de vida. O pegou em cima do notebook e sorriu com a mensagem:
"Você vai comigo, não vai? XX, null.".
null digitou mantendo o sorriso e sentindo seu coração bater como nunca tinha batido antes, é talvez ainda sentisse algo forte por aquele homem. Desde que null começou a namorar com null, tentou o possível e o impossível para esquecê-lo, mas pelo jeito que as coisas corriam, o mundo resolveu escolher este justo momento para fazer daquilo que foi enterrado existir novamente.
Antes de enviar a mensagem, pensou por um tempo: e se estivesse sentido mais que carinho e consideração por null? E se o nome disso for paixão? Não poderia se deixar levar por um sentimento não correspondido, null agora era livre e não queria vê-lo amarrado, não de novo.
Mas null não sentia medo de se apaixonar, por isso jogou todo tipo de pergunta pela janela, o mundo não os uniu desse jeito para ser perda de tempo. Se for para acontecer, é melhor deixar acontecer...
"Vou, com certeza. XX, null.".
Capítulo 4
Sentou-se à mesa da academia para se recuperar das pesadas séries no leg press, por sorte esse era o último exercício de seu treino de pernas. Como tinha finalizado o treino e dali alguns minutos voltaria para a delegacia, uma paradinha não faria mal a ninguém. Treinava desde às 8h da manhã, era uma manhã tranquila de quinta-feira, o dia que ela e null tiravam a tarde para infernizar Jonathan, porém naquela quinta seria diferente porque null não iria estar disponível no período da tarde.
Jogou o celular na mesa com um pouco de força, não estava gostando nada, nada do fato de Jonas estar lhe enviando mensagens dizendo que seu pai estava pensando seriamente em suspender as férias dela. Não era justo, tudo bem que null até merecia ter as férias suspendidas, já que na noite passada ignorou um chamado de perseguição, mas ela fez tudo corretamente, passou a noite com os olhos bem abertos e não tinha culpa por não ter atendido o chamado, porque a responsabilidade era de null lhe avisar.
O celular vibrou fazendo a garota o pegar e ler a mensagem.
— Ah vai tomar no meio do seu rabo Jonas. — disse baixinho quando leu que ele jurou ajudar o pai a cancelar as férias.
Digitou uma resposta com fumaça saindo pelas orelhas, sabia que Jonas estava apenas brincando, mas toda brincadeira tem limites e o filho do chefe tinha ultrapassado esse limite!
— "Faça isso e eu corto o que você tem no meio das pernas". — falou enquanto digitava e enviou. — Ah! "Com um alicate". — lembrou antes de receber outra mensagem.
— O que e de quem você vai cortar o quê? — Jonathan surgiu de sei lá onde, apoiando os braços no encosto do banco.
— Nada e de ninguém. — respondeu bloqueando a tela do celular.
O rapaz deu de ombros encarando as pessoas treinando e outras tirando fotos no espelho, null fez o mesmo, porém logo pegou o celular para ler a mensagem de Jonas.
— Então quer dizer que vou tirar folga? — Jonathan curvou mais o corpo ficando com o rosto na altura do dela.
— Você não, eu vou, fofinho. — provocou cutucando a bochecha dele com o indicador.
— Vai tirar férias com o null, hã, hã, hã? — cutucou a cutucando pelas costelas.
— Não é nada disso, Jone! — segurou os dois braços dele olhando bem para seus olhos.
— Foi isso que o nosso querido... — de repente a catraca apitou anunciando não ter reconhecido a digital e ambos encararam a pessoa em questão. — Ah, olha o assunto chegou!
O homem sorriu tentando novamente fazer a catraca reconhecer sua digital, mas deu erro de novo.
— Isso é macumba sua, não é, Jone? — tentou de novo recebendo o mesmo resultado.
— Minha? Olha, a null acabou de me falar o seguinte: "o null está pra chegar, vou sabotar a catraca assim vou poder rir da cara dele". — segurou o riso enquanto falava e a garota se mostrou surpresa.
— Eu nada seu mentiroso! — estapeou o braço do rapaz que fingiu um gemido de dor tão exagerado que ela rolou os olhos.
— Jonathan você é um péssimo mentiroso. — null estava debruçado sobre a barra de ferro da entrada encarando os dois com os olhos semicerrados.
— Sou é? Só por causa disso você vai ficar do lado de fora. — com um sorriso andou até a catraca e usou sua digital para que null entrasse.
null com os braços sobre a mesa riu quando null e Jonathan começaram se cutucar e acabaram por um ficar na frente do outro fazendo movimentos de uma luta de boxe, ah, ela estava cercada de idiotas!
— Vocês são muito retardados, sério. — comentou rindo.
De repente null escutou uma buzina e deduziu ser Jonas que passaria na academia para pegá-la depois de resolver um pequeno problema no parquinho, que ficava no próximo quarteirão.
Pegou sua mochila e caminhou até a catraca conferindo se era mesmo Jonas, teve suas hipóteses confirmadas quando avistou a viatura do policial. Acenou para Jonathan e fez o mesmo com null, mas este empurrou o personal pelo ombro porque tinha que falar com null.
— Arrume suas malas, amanhã às 5h da manhã passo na sua casa. — falou com certeza.
— Pensei que iríamos hoje. — comentou percebendo Jonathan se aproximando.
— Vai ser amanhã, eu juro. — disse e no mesmo instante Jonathan o agarrou por trás pelo pescoço e ambos começaram a "brigar" sem se importarem se estava sendo ou não o centro das atenções.
— Tchau para vocês dois. — deu as costas, sorrindo.
Antes de atravessar a rua conseguiu ouvir null pedindo para Jonathan lhe soltar e não demorou muito para escutar a voz de Lydia parecendo indignada com a postura dos dois. Lydia era a prima do dono, Parker, e a única capaz de colocar o Sr. Jonathan no lugar.
null riu, queria ser uma mosquinha para ver Jonathan infernizando null e Lydia, porque ele sim tinha acordado com energia e feliz da vida.
O sol nem tinha nascido, só escuridão, mas nada impediu que null jogasse a enorme mochila de viagem na traseira da caminhonete. Ajeitou a lona para depois cobrir as bagagens, o céu não tinha estrelas o que indicava sinal de chuva.
Apoiou os braços no carro esperando null que trancava a porta da frente em silêncio para os pais não acordarem. Claro, ela já tinha idade o suficiente para se cuidar sozinha, porém o Sr. null não iria gostar nada, nada de saber que a filha saiu às 5h da manhã com um homem como null, ainda mais corno.
null era amigo de null não tinha muito tempo, foi quando os turnos na delegacia bateram e eles colocaram um significado a mais na palavra “colegas”. Ambos já se conheciam da academia onde trocavam ideias e riam, nada de mais era uma amizade de momento que parecia não ter importância, mas com os turnos tudo se fortaleceu.
Agora estavam ali preste passarem férias juntos. O pai de null não havia aceitado tudo numa boa, e muito menos a mãe, os dois tinham certa implicância com null, mas só com null, porque a família null, em um passado quase recente, tinha uma convivência forte com a família null.
null sabia sobre o fato assim como null, mas nunca entrou em detalhes com seus pais para descobrir qual eram os motivos deles odiarem null. Tinha curiosidade, só que sempre que falava do rapaz perto da mãe percebia que ela entortava o nariz, perto do pai era mais tranquilo ele parecia não ligar muito, mas null sabia que ele também não gostava de null.
Deveria ser ciúmes ou medo da menina se envolver com o rapaz, seja lá qual era o motivo não era muito grave, caso contrário os pais de null já teriam a afastado do filho dos null.
— Seu pai não vai me surpreender com uma espingarda, vai? — questionou caminhando até ela para pegar a mala.
— Meu pai não é caçador, null. — disse sorrindo.
— Ah isso eu sei, mas estou tirando a filha dele de casa, isso não é um problema? — null suspirou enquanto ele colocava a mala na caminhonete.
— null... — abriu a porta do passageiro. — Arruma logo essas bagaças e vamos embora. — entrou no carro batendo a porta.
null sorriu, era incrível como adorava o jeito mandão dela. null era diferente de todas as garotas que já conheceu, ela tinha um ponto a mais que era intrigante.
E era muito, mas muito diferente de null.
null falava o que pensava; se ele falasse abobrinha não hesitaria em acertar um tapa em sua cara para pensar bem nas palavras que deixou escapar; treinava; se preocupava com ele e as melhores risadas era com ela. Já null era o que mesmo? Como null falava: "mutuca", "dondoca", "piranha", "embuste"; preguiçosa e não dava o verdadeiro valor de null.
null riu quando relembrou a voz de null se referindo a null, é... Os próximos dias, com certeza, seriam uns dos melhores!
Já era tarde, umas dez horas da noite, quando a caminhonete estacionou no estacionamento, aberto, do motel ao lado de outros três veículos. null desceu primeiro indo em direção da carroceria, rapidamente começou a desamarrar a lona para prendê-la com mais segurança, eles iam passar a noite em um motel na beira da estrada o que levava a crer que a qualquer momento alguém poderia furtar as bagagens.
A porta do carro bateu e null logo apoiou os braços na carroceria encarando null que, com força, prendia as amarras. Soltou o ar levemente pela boca encarando a estrada escura, caminhou até o asfalto tentando enxergar além da escuridão, mas a única coisa que viu foram dois faróis se aproximando, sendo que estes ocuparam o lugar vago ao lado da caminhonete.
Com a garganta meio seca voltou se aproximar de null, ninguém garantia que não eram ladrões. Não demorou muito e um casal desceu do carro trocando risos, rapidamente se envolveram falando alto cheios de gracinhas e confidências.
null e null os encararam sumir pela porta da portaria. Ambos direcionaram o olhar para o enorme letreiro escrito "Motel of Love", tradução "Motel de amor", concluindo juntos que estavam no lugar errado, mas como os irmãos Winchester sempre, na maioria das vezes, pousavam em motéis e eram irmãos, não tinha problema algum null e null fazerem o mesmo.
— Acho que isso não vai dar certo, só acho. — null comentou enquanto null trancava o veículo e ligava o alarme.
— Só vamos dormir. — praticamente deu de ombros seguindo até a porta da frente do motel.
Segurou a porta para null e depois dela que entrou. O mesmo casal que viram estava no balcão reservando um quarto, a mulher ria parecendo uma gralha, o recepcionista entregou a chave para eles e ambos foram em direção dos quartos sendo que antes de empurrarem a porta para o corredor o homem bateu a mão na bunda de sua companheira que soltou um gritinho.
null olhou de rabo de olhos para null que também o olhou, eles não tinham nada parecido com um casal que estavam preste a transar.
null tomou a frente, limpando a garganta.
— Oi, eu queria um quarto, por favor. — sorriu sendo simpático.
— Deixa eu adivinhar: cama de casal, champanhe, velas, lençol branco e... — pegou algo na gaveta do balcão. — Aqui estão, camisinhas por conta da casa. — entregou para null que não aceitou.
— Não meu amigo, você entendeu errado... — tentou se corrigir, mas foi interrompido.
— Você quer o melhor champanhe, tudo bem... Miley mais um cliente que quer o nosso melhor champanhe para a noite quente dele! — gritou e null abraçou os braços percebendo que não seria boa ideia passarem a noite em um motel.
— Escuta aqui você pode... — null tentou de novo.
— Temos camisinha de sabor também. — interrompeu colocando uma caixa cheia de preservativos sobre o balcão. — Temos sabor morango, melancia, abacaxi, uva... — foi mostrando as embalagens enfileirando em cima do balcão. — Tudo para a proteção de vocês! — sorriu e null rolou os olhos.
— Estou começando a achar que seria melhor passarmos a noite no carro. — comentou baixo com null, porém o recepcionista ouviu.
— Vocês curtem fazer dentro do carro, perfeito! — null arcou uma sobrancelha, em que buraco foi se enfiar senhor! — Temos uma garagem, é bem escura e vocês podem gemer o mais alto que conseguirem, estamos acostumados e a garagem fica no subsolo então nunca vamos ouvi-los. — null soltou o ar pela boca se aproximando de null.
— Passe a chave do quarto, ok? Não queremos nada, apenas um quarto. — ela disse bem calma.
— Ok, ok, mas pelo menos levem duas camisinhas por conta da casa. — ofereceu junto com a chave e null tomou os pertences mostrando estar um pouco bravo.
— Obrigada. — null agradeceu empurrando null em direção da porta que daria para o corredor.
O recepcionista de olhos verdes, moreno, desejou um "bom sexo" para os dois e recebeu a porta do corredor batendo, sendo null o responsável pela força bruta. null deixou que null lhe guiasse até o quarto, o encarou e soube na hora o quanto ele estava subindo pelas paredes. Sua expressão raivosa não enganava ninguém e null era péssimo em esconder as coisas.
O seguiu até uma porta com o número 8 pregado. O rapaz tentou colocar a chave na fechadura, porém a derrubou no chão e socou a porta por isso xingando, null imediatamente suspirou tratando de pegar a chave e sem pronunciar nenhuma palavra abriu a porta.
Adentraram o cômodo completamente arrumado, null acendeu a luz para que a iluminação das velas tirasse o ar romântico de casal. Não demorou muito e escutou null se jogando contra a cama e escondendo a cabeça debaixo do travesseiro.
A garota rolou os olhos logo mirando uma porta branca, a única porta dentro do quarto. Caminhou até ela girando a maçaneta para dar lugar a um belíssimo banheiro de luxo. Não conseguiu se conter e soltou um "uau".
O box de vidro era enorme; havia uma espécie de bancada bem em frente a porta onde tinha uma caixa branca para separar a pia do magnífico granito. As paredes eram constituídas de azulejos brancos com uma carreira de pequenos azulejos em vermelho, horizontalmente, bem no meio.
Um pouco em cima da bancada de granito da pia havia dois ganchos com duas toalhas brancas com aparência macia. Ao lado da caixa da pia tinha um vaso com flores amarelas e por fim uma privada, também branca, do lado direito com uma lixeira ao lado.
Um verdadeiro banheiro de luxo, sem contar o lustre pendurado no teto, o qual null deduziu custar o olho da cara.
Fechou a porta do banheiro após ficar besta com tanto luxo e se direcionou para a cama onde null continuava na mesma posição. Corpo largado, cabeça embaixo do travesseiro, bunda — meio grande e marcante — para cima, um completo e acabado homem que, com toda certeza, já estava roncando entre o algodão da fronha.
— null? — chamou caminhando até a cama aproveitando para analisar o quarto.
Também era outra desgraça!
A enorme cama de casal estava no centro, um enorme quadro com um morango cobrindo toda a parede da cabeceira. Um espelho no teto, onde as costas de null estavam muito bem representadas; uma banheira enorme do lado esquerdo da cama e um sofá marfim no lado direito.
Não só isso, as outras três paredes eram vermelhas sendo que a que tinha a porta do banheiro tinha um enorme painel com objetos sadomasoquistas pendurados e um tapete vermelho no chão com algumas mordaças e coleiras. Duas cabeceiras ficavam ao lado da cama com alguns potes de frutas, duas velas uma em cada e um abajur.
null se sentiu no filme Cinquenta Tons de Cinzas dentro do quarto vermelho. Nunca tinha visto um quarto que lhe fizesse lembrar tanto do filme, e supostamente o famoso Christian Grey era o indivíduo morto em cima da cama, o que não tinha nada a ver. Sorriu com esse pensamento antes de se sentar na beirada da cama e deixar o corpo cai para trás, podendo encarar seu reflexo no espelho.
De repente null pousou a mão em cima da barriga de null e apertou o tecido da camiseta que ela usava, causando formigamento entre as pernas da garota. Ela nada disse apenas mordeu os lábios para não implorar para ele deixar de gracinha e mostrar o que null perdeu.
Ele riu tendo o riso abafado pelo travesseiro.
— Você tem medo? — retirou a cabeça de debaixo do travesseiro expondo seus cabelos completamente bagunçados, null achou tudo muito sexy.
— Não. — simplesmente respondeu sorrindo.
null levantou as duas sobrancelhas de relance antes de se levantar da cama e puxar imediatamente sua camiseta. null gelou, ele estava falando sério?
— Calma que não vamos transar. — esclareceu dobrando a camiseta.
null fingiu um alívio quando na verdade queria o puxar pelo cós da calça, desabotoá-la e descobrir o que ele escondia dentro da boxer.
— Temos que decidir quem vai ficar com o sofá e quem fica com a cama. — decidiu mudar de assunto antes que resolvesse pedir para ele rasgar suas roupas.
— Podemos dormir os dois na cama, afinal ela é bem grande. — null sugeriu ainda de costas organizando a comida e comendo as frutas.
null não deu a mínima para a ideia, apenas tinha os olhos concentrados nas costas definidas do rapaz e que costas, uau!
Todos os músculos certinhos, do tamanho exato. Como alguém jogava aquilo fora? Sua análise ficou ainda pior quando ele contraiu as costas devido o azedo de alguma fruta, porra dormir na mesma cama que ele não seria boa ideia.
— Decidido, eu durmo no sofá. — disparou se levantando da cama para ajeitar o sofá.
— Tem certeza? — perguntou a mirando mordendo um morango. Sexy demais.
— Tenho. — confirmou tentando descobrir o que estava acontecendo consigo, estava tendo pensamentos eróticos com null e sequer tinha transado na vida.
Ela não deveria estar pensando em perder a virgindade com seu amigo!
— Qualquer coisa pode dormir na cama null, não me importo de ir para o sofá. — deixou claro.
— Não, sem problemas. — respondeu já se acomodando no sofá. — Boa noite! — desejou com o tom parecendo animado.
— Tá, boa noite. — retribuiu antes de se sentar na cama e observá-la, null às vezes era estranha.
— Só vou porque você ganhou. — reclamou descendo do carro.
— E não esquece o meu energético. — gritou e a garota suspirou.
null adentrou o restaurante para pedir dois marmitex para a viagem, era meio-dia, horário de almoço. Tinham perdido a hora por culpa de null que deixou o celular dentro da caminhonete e ficaram sem um despertador, só acordaram quando o recepcionista foi chamá-los para o café da manhã às 7h30min.
Depois que notaram estar atrasados saíram rapidamente do motel para pegar a estrada, e agora, faltando pouco para chegar a Nova York, estavam parados mais uma vez, só que dessa vez para almoçar.
Não demorou muito e null saiu do restaurante ainda com fumaça saindo pelas orelhas, caminhou até a caminhonete e achou estranho não encontrar null. Olhou a redor até que o som de uma guitarra surgiu de dentro do veículo, de repente dois braços se ergueram e pareceram tocar uma bateria.
null rolou os olhos imediatamente recordando o episódio de Supernatural onde Dean estava sofrendo por medo de tudo e fez a mesma cena, sendo que no final colocaram o próprio Jensen Ackles zoando enquanto mexia os lábios parecendo cantar a música.
Riu coçando a testa, como já dito estava rodeada de idiotas.
Aproximou-se do carro e bateu a mão na porta assustando null que estava deitado no banco escutando a música "Eye of The Tiger", como se fosse muita coincidência a mesma música do episódio.
— Se queria dar uma de Jensen Ackles era só falar. — comentou indo até a porta do passageiro.
— "And the last known survivor stalks his prey in the night" — cantarolou junto com a música. "And he's watchin' us all in the eye of the tigerrrr". — como a música puxou o final.
— Eu mereço. — rolou os olhos cruzando os braços.
— Um pouco de diversão null! — falou alto devido o volume da música.
— Eu sei como me divertir, e ABAIXA ESSA PORCARIA! — gritou batendo a mão no rádio assim que novamente o cantor puxou a letra.
O rádio parou e null logo o ligou de volta abaixando o volume.
— Está assim porque perdeu para mim. — se gabou apontando para si.
— Vai para o inferno null. — mandou tentando ficar séria.
— Ah, tá bravinha tá? — a cutucou com a mão parecendo um cachorro pidão.
null não aguentou e começou a rir das gracinhas idiotas que ele fazia. E em meio as risadas foi que um homem com um revólver encostou-se à janela de null.
— Passem a grana e ninguém sairá ferido, falou? — mandou e null sentiu seu coração acelerar.
— Calma lá amigo. — null se recompôs no banco levantando as mãos.
— Passem agora! — ordenou fazendo null encarar null.
— Tem outro jeito de resolver isso, calma lá, vamos conversar. — null entrou em desespero quando o bandido destravou a arma.
— Que mané conversar, meu irmão, eu quero a grana! — deixou claro.
— Talvez tenha outra maneira de resolvermos. — null foi agarrado pelo colarinho.
— Tem sim playboy, dê um último beijo na sua mina gostosa, mas um beijo com uma arma apontada para a sua cabeça. — disse mirando a arma na testa de null. — Se beijem e se eu achar que o beijo foi bom eu deixo vocês irem, mas se for ruim você vai visitar o papai do céu lá em cima. — apontou o céu com a arma e depois sorriu diabolicamente, ele parecia estar tirando uma com a cara dos dois.
— Eu não posso beijar mi..
— TUDO BEM! — null gritou podendo mostrar o quanto estava assustada.
O bandido sorriu e largou null com tanta força que fez seu corpo cair na direção de null derrubando as sacolas com comida.
— E é bom... — tentou pronunciar, porém recebeu tiros em sua direção.
null curvou o tronco em cima de null ficando em uma posição de escudo enquanto do lado de fora o tiroteio corria solto.
— VÃO, VÃO! ELE NÃO PODE ESCAPAR! — null abriu os olhos reconhecendo a voz.
— Tobias? — levantou-se primeiro, certificando-se de que null estava bem. — null, tudo bem? — ela o abraçou de lado escondendo o rosto em seu peito.
A envolveu acariciando seus cabelos, não entendeu muito bem o medo de null porque ela já tinha passado situações piores na delegacia, mas acontece que uma coisa ele não sabia... null null não suportaria vê-lo sendo morto.
— Tudo bem com voc... null? — arcou uma sobrancelha.
— Ótimo dia para você também Tobias. — sorriu antes de direcionar o olhar para null que voltava, lentamente, para a posição inicial sem lágrimas, ainda bem.
— O que faz por aqui? Achei que estava morando em Los Angeles. — sorriu surpreso.
— Férias, na verdade estávamos a caminho de Nova York, paramos para almoçar. — explicou e Tobias deu uma boa olhada para null.
— E muito bem acompanhado. — null sorriu.
— Não, não, null é apenas uma amiga. — ela sorriu para Tobias.
— Ah! Enfim null, disse que estavam indo para Nova York, sou policial lá e sou dono de um enorme, famoso e luxuoso condomínio. — revelou. — Se quiserem posso emprestar uma casa para vocês. — null encarou null que sorriu em sinal de concordância.
— Seria ótimo Tobias, afinal não temos nenhum hotel para ir. — aceitou a oferta antes dos agentes de Tobias voltarem com o bandido.
— Estamos indo para lá, vou somente passar na delegacia, me sigam até lá. — assentiu antes de se afastar e correr em direção da viatura.
null suspirou em alívio encarando null que já não tinha mais o sorriso nos lábios, parecia preocupada e ele se arriscava em dizer que também um pouco assustada.
— null... Você ia mesmo me beijar? — quis saber.
— Eu faria qualquer coisa para salvar você ou qualquer outra pessoa. — respondeu antes de pegar as sacolas de comida. — Pelo menos não perdemos o almoço! — sorriu.
— E meu energético? — null mexeu os lábios como se dissesse “está no inferno".
null sorriu antes de dar a partida e seguir Tobias que já os esperava próximo da estrada.
Capítulo 5
O som da chave na fechadura invadiu os tímpanos de null que após ouvi-lo empurrou a porta e sem se importar jogou o corpo no sofá, estava exausta de tanta estrada, estrada e estrada. Ficar sentada o dia inteiro era pior que ficar andando e isso que null fazia umas paradas no meio do caminho.
— Bom, vocês podem ficar com essa casa, ela está vazia desde o dia que meu irmão casou. — Tobias passou pela porta carregando duas malas para ajudar null.
— E isso faz...? — não completou a pergunta porque perdeu as falas quando olhou null deitada no sofá e seus olhos bateram diretamente em seu decote.
— Ah faz uns dois meses para ser exato. — Tobias não percebeu a perda de palavras do amigo. — A casa tem dois banheiros, um com chuveiro e outro com banheira; uma sauna; uma piscina atrás daquela porta — apontou a enorme porta de vidro. — ; e só tem um quarto, na verdade tinha dois quartos, mas um deles está vazio, meu irmão levou os móveis para montar o quarto do bebê. — explicou tentando lembrar se faltava mais algum detalhe. — Bom, acho que é isso, o quarto não será um problema, será null? — bateu também os olhos em null e então reparou onde os olhos do amigo estavam presos. — É acho que não. — concluiu batendo no ombro de null.
null ao sentir os tapas de Tobias voltou, imediatamente, para a realidade. Encarou o policial que já caminhava em direção da porta.
— Tobias... — chamou indo até homem que parou e voltou-se para ele. — Obrigado, sério obrigado. — agradeceu fazendo o outro assentir.
— Boa sorte com os vizinhos. — foram as últimas palavras antes de caminhar até o portão da casa.
null esperou ele sair para entrar. Assim que bateu a porta respirou fundo, com a mão na madeira, antes de se virar na direção do sofá, não podia se deixar levar pelo decote de null, tinha sido momentâneo pelo menos era assim que pensava.
Quando criou coragem se virou e frisou o sofá, porém não encontrou null jogada sobre ele, só havia as almofadas desarrumadas e uma no chão.
— null? — chamou quando olhou ao redor e não a encontrou.
Voltou seu olhar para a porta e virou a tranca antes de começar caminhar em direção da cozinha aproveitando para analisar a sala.
Na parede principal havia um enorme e magnífico aquário com diversas espécies de peixes, abaixo dele ficava a lareira com duas lamparinas miradas para o aquário. De frente tinha um grande sofá de canto marfim e uma mesinha de vidro em cima de um tapete cinza.
Do lado direito ficava a porta que dava acesso à piscina, do esquerdo tinha o quadro "A criação de Adão" junto de outros e na última parede uma enorme janela de vidro com cortinas brancas, a entrada para a cozinha e a escadaria que daria acesso aos quartos, o banheiro, a sauna e os outros cômodos.
— null! — chamou olhando rapidamente na cozinha, não a encontrando. — null! — voltou para a sala frisando o aquário. — null eu vou colocar o carro na garagem e de... — de repente um peso tomou conta de suas costas e se abraçou a sua cintura.
A risada gostosa da menina lhe fez sorrir, que bom que ela estava se divertindo.
— Está com você agora! — pulou começando correr em direção da escada.
— Crianças não devem correr na escada. — segurou no corrimão começando subir.
— E velhos não devem fazer esforço. — rebateu chegando ao corredor.
— Você vai vê quem é velho. — iniciou-se a corrida.
null correu pela escadaria pulando de dois em dois degraus. E assim que chegou ao corredor conseguiu escutar null rindo, deixou sua audição lhe guiar e quando menos esperou encontrou a garota tentando abrir uma das portas, percebendo que ela não conseguia começou correr em sua direção fazendo-a soltar um gritinho assim que o percebeu.
null começou correr de novo, entretanto null a alcançou lhe agarrando pela cintura e ambos riram. Entre as risadas null jogou as costas contra a porta mais próxima e acabou por fazê-la abrir e levar os dois em direção do chão.
Grunhiu quando suas costas sofreram o maior impacto com o chão, null por outro lado riu escondendo o rosto no peito dele.
— Eu realmente estou velho. — brincou jogando a cabeça para trás e fechando os olhos.
— É...? — levantou-se batendo de leve no braço dele. — Está com você de novo! — null sorriu e de repente virou de lado tentando agarrar o calcanhar de null, mas ela desviou.
— Ha, errou! — como uma criança correu em direção da cama e se jogou sobre ela.
null, sem perder tempo, se levantou olhou para o cômodo que tinha adentrado, era o quarto de casal que Tobias tinha lhe falado e não deu a mínima porque estava concentrado em estudar uma "área" particular de null.
E foi durante sua análise que recebeu algo macia no rosto, uma risada surgiu junto do impacto. null segurou o objeto e o identificou como sendo o travesseiro, não demorou muito e null, em cima da cama, lhe lançou outro.
— Guerra de travesseiros null! — anunciou jogando agora uma almofada.
O rapaz resolveu adentrar a brincadeira e correu até a garota fazendo-a gargalhar. Recebeu mais um tapa do travesseiro não hesitando ao acertar um tapa macio em null, a garota ria como uma criança de cinco anos e ele não podia negar que também estava se sentindo uma criança.
Ela desceu da cama e foram tapas atrás de tapas. null já tinha os cabelos caindo no rosto e sempre que tentava arrumar as mechas null a acertava com o travesseiro. E foi exatamente em uma desses tapas que agarrou o travesseiro do rapaz e seu pé escorregou no lençol da cama que caiu no chão quando ela desceu.
Soltou um gritinho caindo pra trás agarrando firme no travesseiro e o levando consigo. Assim que suas costas tocaram o colchão recebeu, imediatamente, outro corpo sobre o seu, fechou os olhos logo sentindo uma forte respiração contra seu pescoço.
Escutou a risada de null e só então, com um sorriso, abriu os olhos a tempo de vê-lo levantando um pouco o tronco, porém permanecendo em cima dela. Foi então que null percebeu que null estava quase entre suas pernas, era questão de poucos centímetros.
O rapaz tinha, agora, os braços esticados um de cada lado da cabeça de null enquanto ela se segurava para não deixar suas mãos tocarem os bíceps rígidos de null.
Ambos se estudaram e no instante que null levantou o olhar null teve a mesma ideia. Seus olhos se chocaram como a água choca o fogo, a sensação de união gerava um arrepio na espinha de null, sem contar que null sentia como se estivesse encarando a melhor coisa da sua vida.
Os glóbulos null do rapaz se mexiam lentamente estudando, atento, os de null. Queria encontrar algum erro, mas era tudo perfeito, nunca tinha visto olhos que expressassem tanta perfeição. Nenhuma falha, nenhuma demonstração de ódio ou nebulosidade, era tudo iluminado, vivo... Totalmente diferente dos poços de null que desprezavam até os últimos fios de cabelo dele.
null não sabia como explicar o que sentia, era tudo uma mistura de sensações que não era capaz de explicar. null continuava sendo o dono de seus sentimentos e sentia que era ele o único mesmo sendo mais velho.
— Vou fazer panquecas. — null quebrou o silêncio.
— E você sabe cozinhar? — quis saber antes de ele mexer as pernas e colocar uma perna de null no meio das suas.
De repente começou abaixar o tronco guiando sua boca em direção do ouvido de null.
— Venha comigo e verá. — sussurrou e null sentiu algo tocar sua coxa.
null se recompôs fazendo "aquilo" encostar cada vez mais na coxa dela, porém null nada disse apenas se concentrou no tamanho e... Que TAMANHO! É... O senhor null null era grande.
— Eu quero panquecas de strogonoff de carne. — levantou-se rapidamente o empurrando pelo peito antes de correr em direção da cozinha.
null não estava brincando daquela vez, ela só não queria que null lhe visse corada e perguntasse o motivo sendo que a resposta seria: seu amiguinho.
null continuou encostada na bancada da cozinha apenas rindo dos belíssimos dons culinários de null, ele levava jeito na cozinha, mas com panquecas era um tremendo desastre.
O chão estava todo sujo de massa, o fogão então nem se fala.
— Não acha melhor desistir das panquecas? — sugeriu assim que null colocou um pouco da massa na panela.
— Que tal você fazer o recheio? — respondeu com outra pergunta. — Eu sei fazer panquecas, não se preocupe jantaremos antes da meia-noite. — segurou a panela pelo cabo espalhando a massa.
— Eu diria que vai ser por volta dessa hora mesmo. — comentou encarando o relógio constatando ser quase nove da noite.
— Vai pegar o creme de leite no armário. — ordenou deixando uma tigela de alumínio cair da bancada fazendo um tremendo barulho, null mordeu a língua para não xingá-lo por estar destruindo a cozinha. — Droga... Pega também a carne na geladeira, coloca tudo na pan... Ou droga! — largou a tigela de qualquer jeito na bancada correndo em direção do fogão.
Xingou retirando a panela do fogo e lá se ia mais uma panqueca... null rolou os olhos. Era a quarta vez que ele queimava a massa e para melhorar mais o clima a mesma tigela caiu no chão fazendo-a fechar os olhos com força porque o som era extremamente doloroso para seus ouvidos.
— Para de fazer merda null! — gritou seguindo até a bancada onde apoiou as mãos empurrando tudo o que estava em seu caminho. — Chega! Chega de panquecas! — foi até o fogão e desligou o fogo. — Olha a bagunça que estamos fazendo na cozinha! — apontou principalmente para o chão.
— E você quer que eu faça o que? Jogue o resto da massa fora? — indicou o pouco de massa que ainda tinha na tigela de plástico.
— Foda-se! — bradou antes de respirar fundo, percebendo que estava fazendo uma tempestade no copo d'água. — Que tal pedirmos pizza? — sugeriu com a voz controlada.
— E o que vamos fazer com as panquecas? — perguntou colocando o prato com as massas sobre o balcão.
— Vamos fazer strognoff para colocar como recheio e se a pizza não for o suficiente, comemos o resto das panquecas também. — disse e null assentiu. — Vamos pedir pizza de qual sabor? — deu as costas se dirigindo para o telefone pendurado na parede próximo do interfone e da entrada da cozinha.
— Eu gosto de calabresa, portuguesa, quatro queijos, ah, manda colocarem bordas de catupiry. — null tirou o telefone do gancho.
— Não vai ser de frango? Marombados têm de comer frango. — comentou enquanto discava o número da pizzaria.
— Você também faz academia meu bem, mas estou de férias de tudo, academia, delegacia... Então nada de frango. — deixou claro mexendo a carne.
— Alô, aqui é da Pizza Deliciu's, em que posso ser útil? — pronunciou a voz do outro lado da linha.
— Eu queria uma pizza... — null limpou a garganta para atrair atenção de null e assim que conseguiu fez o sinal de número dois com os dedos. — Corrigindo duas pizzas. — começou enrolar o fio do telefone no dedo.
— De que sabor senhorita? Doce ou salgada? — null pediu um minuto e voltou sua atenção para null.
— De qual vamos pedir bombinha? — provocou usando o apelido carinhoso que ela inventou.
— Eu quero de quatro queijos. — respondeu abrindo as caixas de creme de leite.
— Pode ser uma de quatro queijos e outra de frango com catupiry? — perguntou antes de fechar o pedido.
— Não! Tudo menos frango! — null suspirou.
— Tradicional, então? Presunto, mussarela, tomate, cebola e orégano. — já estava ao ponto de dar na cara de null, oh homem que tem sérios problemas com frango...
— Coloca catupiry nas bordas. — e uma séria paixão por catupiry.
— Isso, uma tradicional e uma de quatro queijos. — afirmou esperando o rapaz da pizzaria anotar o pedido.
Não demorou muito e null encerrou a ligação voltando ficar encostada no balcão, null tinha sumido da cozinha em silêncio, porém não se preocupou, não era como se ele tivesse saído para deixar um bando de estupradores entrarem na casa para estuprá-la.
— null não tem graça, eu não vou limpar essa bagunça sozinha. — olhou para os lados procurando por ele.
— Ah null! — null surgiu na porta da cozinha com um sorriso de criança pervertida. — Limpa a cozinha que eu vou tomar um banho. — deu as costas e null teve vontade de pegá-lo pela gola da camiseta e obrigá-lo a ficar ali.
— Vai bosta, volta aqui agora! — foi atrás dele. — null! — gritou antes de aumentar os passos e passar correr atrás dele pela escada.
******
O som alto que saiu pela televisão quando o zumbi apareceu, fez null alcançar rapidamente o controle e diminuir o volume, aqueles vizinhos filhos da mãe dormiam com as galinhas e qualquer som atrapalhava o sono da beleza deles.
null e null não se importavam com o volume da TV, porém para algum velho rabugento bater na porta, reclamando do som era rapidinho. Questão de segundos.
— Não come todo o sorvete fominha! — null proclamou jogando o controle em qualquer lugar na cama antes de se jogar em cima de null.
— Não... — tentou afastar o porte de sorvete e a colher, mas ela conseguiu retirar os dois dele.
— Só temos esse sorvete que, aliás, nem é nosso, estava na geladeira do Tobias então, consequentemente, é dele. — disse deixando o corpo cair pra trás ficando encostada contra a cabeceira da cama para comer o sorvete.
— Foda-se, quem é o homem aqui? — pegou o pote de sorvete de volta jogando o corpo contra o outro travesseiro ao lado de null.
— Eu sou mais homem que você. — comentou ficando por cima das pernas dele para pegar o último pedaço da pizza tradicional. — Não dê uma de machista em uma hora tão prazerosa como essa. — deitou-se sobre as coxas definidas, mordendo a pizza fechando os olhos para mostrar o prazer que se referia.
— Eu não sou machista, null, e você sabe bem disso. — lambeu os lábios para tirar o excesso de sorvete de flocos.
— Se fosse machista acho que já teria dado na sua cara. — mordeu a borda da pizza se deliciando com o catupiry.
— Ei, daquela vez que me bateu na sua sala, não me lembro de ter sido machista. — pareceu relembrar suas palavras.
— Machista não, mas trouxa. — explicou levantando o tronco e voltando se deitar contra o travesseiro. — Você estava pensando em voltar para aquele filhote de urubu, depois de ter recebido um par de chifres na sua cabeça. — ele riu, adorava o jeito que null tinha para se referir à null.
— Você tem cada apelido para a null, null, que olha... — sorriu negando com a cabeça. — Não sei... É "filhote de urubu", "filha da puta", "puta", "embuste", "megera"; o "mutuca" é o melhor! — ambos riram e logo o silêncio tomou conta do quarto.
null relaxou o corpo ainda com um sorriso nos lábios, já null permaneceu na mesma posição encarando a televisão com os lábios em uma linha reta, estava refletindo sobre seus apelidos "carinhosos" para null null.
Será mesmo que null estava gostando dos apelidos? Ele nunca gostou de zombar dos outros, então por que estava gostando? Será que sentia falta de null e por isso usava dos apelidos para não pensar nela?
— null... — chamou encarando um ponto qualquer no colchão, enquanto ele levantava o olhar até seu rosto.
null sentiu quando ele a encarou e não se conteve em também encará-lo, percebendo só então que ele ainda continuava com um sorriso nos lábios.
— Sente falta da null? — o sorriso dele morreu imediatamente.
null se levantou ficando sentado com a cabeça baixa, null concluiu que aquilo era um "sim".
— Desculpa... — pediu indo até ele, ficando ao seu lado. — Não vamos falar dela. — encarou o rosto dele e percebeu que seu olhar estava perdido, talvez estivesse relembrando algum momento feliz ao lado da mutuca.
null engoliu em seco decidindo deixá-lo com seus pensamentos. Voltou a se deitar no travesseiro frisando as costas escondidas pela camiseta azul marinho, nem mesmo os zumbis, que corriam atrás dos protagonistas, estava conseguindo prender sua atenção.
Por quê? Por que tinha que ser a null? Se fosse ela nos pensamentos de null, com certeza, ele estaria com um sorriso maior do que de segundos atrás nos lábios.
Assim que null se virou de lado, apoiou a cabeça em uma mão sobre o travesseiro e fechou os olhos, sentiu o meio do colchão afundar. Não demorou muito e algo macio se esfregou contra a pele de seu braço e também sentiu alguma coisa dura ficar apoiada próximo de seus seios.
Abriu os olhos deduzindo ser null, deitado, encostado a si.
Sem pronunciar uma palavra, porque não era preciso, levou a mão até os cabelos dele e começou um simples e sincero cafuné. null nem parecia um homem formado, e sim um menininho de cinco anos que acabou de cair da escada e foi buscar conforto nos braços da mãe.
No caso, o conforto tinha sido nos braços da melhor amiga, parceira de trabalho, parceira de treino.
Não importa se null estivesse com null na cabeça, null o amava demais e daria a vida por ele se fosse preciso, porque o amor faz isso com as pessoas... Faz dar a própria vida por outra.
E, talvez, null fosse mesmo dar a vida para salvar null...
Capítulo 6
O sol começou aparecer no horizonte levando a escuridão de Nova York para o outro lado do mundo. Os primeiros raios solares despertaram os animais, os galos cantaram nas fazendas e os seres humanos esperavam pelo despertador para começar um novo dia.
Sentiu o impacto do sol contra seus olhos devido à janela que não havia tido as cortinas puxadas. null abriu os olhos, preguiçosamente, enxergando o teto embaçado... Opa, teto? Arregalou os olhos e só então reparou que estava deitada de barriga para cima, o que era bem estranho já que não costumava se mexer enquanto dormia e tinha se deitado de lado.
Virou a cabeça para o lado e não encontrou null deitado. Teria se levantado, imediatamente, para se certificar de que ele tinha ido dormir no sofá, porém seus olhos captaram os ombros largos e nus do rapaz, assim como os braços e a cabeça apoiada em cima de sua barriga.
Ele dormia parecendo estar tão tranquilo que nem parecia o homem que tinha acabado de levar um par de chifres. Seus lábios em uma linha reta eram perfeitos, seus olhos fechados lembravam uma criança, null parecia um anjo.
null sorriu antes de levar a mão até os cabelos dele e acariciar. Só então foi capaz de sentir uma leve pressão sobre um de seus seios, guiou seus olhos até a região e percebeu que null tinha a mão direita posicionada em cima do mamilo esquerdo por dentro da camiseta, por sorte ela estava usando um tope de academia.
Seu sorriso morreu. Como aquela mão tinha ido parar ali? null não teria sido tão atrevido, teria? E por que ele estava sem a camiseta? O que aprontaram na noite passada antes de dormirem?
null empurrou a mão dele lentamente para não acordá-lo e soltou um alívio por ele sequer ter se mexido. Com um pouco de esforço e sutileza obrigou seu corpo ficar sentado na cama com as costas encostadas na cabeceira, não demorou muito e null se moveu para se ajeitar, agora com a cabeça em cima da coxa esquerda da mulher.
Ela observou os movimentos mordendo os lábios, temia que ele acordasse e começasse colocar da boca pra fora o que haviam aprontado antes de dormirem. Não queria ouvir dele, queria lembrar-se sozinha.
null pairou os olhos sobre um ponto qualquer do quarto, o que levou null colocar a mão em seu seio? Ele não era tão safado e pervertido ao ponto disso. null sempre teve respeito e não tinha cara de quem fazia as coisas sem consentimento, caso fizesse null nem virgem mais seria desde o momento que entraram no mesmo carro.
Só então percebeu que acariciava os cabelos de null fazendo cafuné e passando os dedos levemente atrás da orelha dele, não sabia porquê passava os dedos por ali e também não sabia o quanto o rapaz adorava.
Em meio ao carinho se pegou pensando sobre o que ainda sentia por ele. Foram três anos o idolatrando, fazendo da figura de null o extraordinário, o dono de seus sonhos, o homem da sua vida e talvez, o protagonista das melhores fanfics de romance. Tudo bem que null já estava meio velha para fanfics, mas se lesse e o protagonista fosse interativo ou moreno, quem imaginaria seria null, não importando se o nome do personagem fosse João, Marcelo, Lucas ou Diego.
Esses três anos foram antes de conhecê-lo de verdade, null apenas o observava de longe e nunca teve certeza se um dia ele a notaria. Mas o que ela não sabia era que null era policial, de todos os anos que passava o estudando nunca descobriu que ele era homem da lei, só descobriu quando entrou pela terceira vez na sala do chefe Lucca Castel e deu de cara com null uniformizado com os braços cruzados encostado na mesa.
"null, esse é null null, seu parceiro daqui para frente" foram exatamente as palavras de Lucca assim que ela passou pela porta e ficou dura por ver seu "crush" logo a sua frente, uniformizado. Naquele momento, null teve vontade de gritar para o mundo que finalmente tinha ganhando uma chance de ter o precioso e magnífico null ao seu lado, algo como: "Você sabe que eu sou sua, não sabe Sr. null? Com essas algemas você pode me algemar e fazer o que quiser comigo!", meio exagerado, mas é uma pequena representação do que na época ela tinha na cabeça.
Ela parecia ter mentalidade de uma adolescente que ficava louca pelo cara badboy do terceiro colegial. Agora, depois de um ano e meio, trabalhando com null percebeu que nem tudo eram flores. Ele era bom em brincar com criminosos, era extrovertido, teimoso e chato quando queria. Nunca tinha passado por sua cabeça que um dia teria null null ao seu lado como seu amigo, bem... Eles demoraram a se tornarem amigos.
Depois que null entrou para a polícia demorou meses para null parar de agir como um idiota. É idiota. Ele não queria ter um parceiro, no caso parceira, tinha prometido para si mesmo que honraria o posto de León Baker. Mas null foi paciente e durante esse tempo resolveu se matricular na academia onde, não demorou muito, descobriu que seu crush também frequentava e foi a partir daí que null resolveu dar uma chance. No começo foi difícil porque null honrava muito — demais — o ex-parceiro.
Quem era León Baker? Um policial, um dos melhores e mais experientes policiais que Lucca já teve. Era alto, careca, usava óculos para leitura, musculoso, parecia com o Dominic Toretto, personagem de Velozes e Furiosos, interpretado por Vin Diesel e tinha medo de gatinhos fofos.
null não chegou a conhecê-lo, só soube que ele havia sido morto por um líder de uma seita que ordenou a morte dele e até hoje não se sabe ao certo quais eram os motivos desse líder. null tentou o possível e o impossível para salvar a vida de León, mas nada adiantou, a seita foi mais rápida e quando menos esperaram já tinham colocado a cabeça de León pendurada da frente da delegacia, em uma estaca vincada na calçada.
null até então não tinha se perdoado por não ter conseguido salvar seu parceiro das mãos da dona morte. Depois que null e null se aproximaram na academia, criaram um laço amistoso que resultou no momento presente. Ela só não entendia como a mão de null entrou na sua camiseta.
— null... — ouviu a voz sonolenta do rapaz.
null abaixou o olhar para o rosto de null que apertava os olhos. Ela sorriu pequeno voltando a acariciar os cabelos dele que voltou fechar os olhos, aproveitando das carícias.
— Você parece um gatinho manhoso. — coçou atrás da orelha dele fazendo-o jogar a cabeça para trás. — Não sente calafrios? — arcou uma sobrancelha.
— Não muitos. Minha vó fazia isso quando eu era pequeno. — respirou fundo parecendo triste. — Isso foi nos poucos momentos que estive ao lado dela. Minha mãe começou a fazer depois que ela morreu, e isso durou até a... — ele como sempre travou.
— A megera, a fedida megera aparecer. — null pôde ouvi-lo rir.
— Fedida? Dormiu com ela e não fiquei sabendo? — null virou de barriga para cima deixando seu peitoral esculpido tomar a atenção de null.
— Dormi e ela não é boa de cama não. — brincou.
— Não, null, eu que sou ruim de cama mesmo. — passou as mãos pelos cabelos.
— null! — o estapeou na testa.
— O que? — levantou-se parecendo desentendido.
null riu.
— É brincadeira, né?
— Eu não sei. — mordeu os lábios movendo o corpo para ficar de frente com ela, ficando de joelhos entre as pernas dela. — Descubra você mesmo. — null corou com o tom sexy, ele havia acabado de propor sexo?
Ficou sem falas, até lembrar-se de que alguém tinha de fazer o café.
— Vou fazer o café da manhã. — obrigou seu corpo a sair da cama.
null rolou os olhos jogando o corpo contra o colchão, cruzando os braços atrás da cabeça. Ele se sentiu um tarado de plantão quando, sem querer, olhou a bunda de null.
— Gosto do café da manhã bem quentinho e vivo. — a frase de duplo sentido mexeu com os juízos de null.
— Você está bem, null? — ele nunca foi tão safado como estava sendo.
— Não sei, quer vim conferir para ver se estou doente? — bateu na cama com a mão.
— Não, você não está bem. — saiu do quarto seguindo para a cozinha.
O corredor estava um pouco escuro, porém isso não impediu que null olhasse para trás, conforme andava, para certificar-se de que null não estava atrás dela. Ele não era o null que conviveu todos esses anos.
Despejou a água quente com açúcar no coador e sorriu com os olhos fechados quando o cheiro do café penetrou em suas narinas. Há tempos não fazia café, quem sempre era o responsável por essa tarefa era seu pai, o primeiro morador que acordava da casa. Sua mãe, às vezes, era quem buscava o pão e preparava o café da manhã de null para que ela chegasse à delegacia no horário.
Enquanto o café despejava dentro do canecão para assim ir para a garrafa, aproveitou para pegar a cestinha de bambu que foi deixado na frente da porta. Colocou-a em cima do balcão e tirou o pano encontrando com um pote de Nutella de um quilo, pães fresquinhos, uma caixinha de um litro de Del Valle de uvas, algumas frutas e um portinho de cerejas em conserva — claro, que ela ficou louca com isso.
Mas o mistério permaneceu... Quem deixou a cesta de café da manhã na frente da porta? Dane-se havia um pote de Nutella bem ali na sua frente e de um quilo, UM QUILO!
Pegou o pote e abriu já tirando o lacre de alumínio, não demorou muito e enfiou uma colher levando até a boca, ah como Nutella era bom!
— Ei, ei, ei. — null entrou na cozinha com o tronco nu, os cabelos molhados e uma toalha branca no pescoço... Muito gostoso, com Nutella então... — Comendo o café da manhã sem mim? — pegou a toalha começando enxugar os cabelos.
— Já vou avisando, a Nutella é minha, nem vem. — disse lambendo a colher.
— Você está toda engraçadinha hoje, null. — null caminhou, silenciosamente, até estar de frente com a garota que comia a Nutella despreocupadamente.
— Vai se fude. — continuou comendo e null a enlaçou pela cintura, a levantando no ar fazendo-a soltar gritinhos ainda com a colher na boca, porém sem o porte de Nutella. — null, me coloca no chão! — ordenou gritando quando ele a jogou para cima. — null! — gritou o abraçando pelo pescoço com força e entrelaçando as pernas na cintura dele. — Você sabe que eu tenho medo de altura. — apoiou o queixo no ombro do rapaz sentindo o choque térmico entre o tronco frio dele e o seu quente.
— Pensei que tinha superado quando fizemos aquela perseguição em cima dos prédios de Los Angeles. — a abraçou com força esfregando o nariz contra a lateral do pescoço dela, lentamente, como forma de carinho.
— Quando estou no trabalho eu ignoro o medo. — null engoliu sua saliva se sentindo desconfortável com a ação que executaria. Escorregou as mãos até as nádegas de null e bateu levemente fazendo menção para que ela tocasse o chão com os pés e ela o fez.
null soltou o ar pela boca quando sentiu a temperatura gelada do chão, finalmente em terra firme.
— Desculpe, null. E-eu jurava que você tinha superado. — levou a mão até o rosto da mulher fazendo-a estremecer com o toque.
null acariciou a bochecha de null e a observou fechando os olhos com o carinho, aquele sim era o null null que ela conhecia e amava, não que o null versão safada não fosse também o seu amor.
— Hey, tá sujo aqui. — null abriu os olhos já tentando procurar onde estava sujo.
— Onde? — questionou parecendo preocupada.
— Aqui... — null pegou na mão de null e imediatamente a puxou para si.
Seus corpos se chocaram e null foi rápido, assim que null olhou para ele após o baque, tratou de encostar seus lábios em um selinho rápido, surpreendendo-a. null corou e abaixou a cabeça com um sorriso nos lábios. null, orgulhoso do que acabara de fazer, encarou-a esperando alguma outra reação dela além do sorriso que se formou em seus lábios.
— null...? — chamou baixinho afastando uma mecha do cabelo da menina.
Ela elevou o olhar e o encarou, null esperou que ele colocasse o cabelo atrás de sua orelha antes de sair correndo em direção das escadas.
— null! — gritou se virando para o balcão. — null! — gritou novamente e escutou a porta do quarto fechando. — Droga. — pronunciou antes de se dirigir para o coador do café deduzindo que teria de colocar a bebida na garrafa.
E conforme despejava o café na garrafa a seguinte pergunta se apossou de sua mente: o que aconteceu com null?
(...) No entanto null tinha as costas encostadas na porta tentando raciocinar alguma ideia para explicar o porquê de null ter acordado com "foguinho" pra cima dela. Será que ele estava sentindo falta de null? Será que estava com falta de sexo? Seja lá qual fosse o verdadeiro motivo estava bom demais para ser verdade...
Sorriu com os dedos encostados nos lábios, primeiro foi a guerra de travesseiros onde trocaram olhares; depois a noite que dormiram juntos — nunca dormiram na mesma cama, nem no motel —; depois a safadeza inesperada de null e por fim o selinho. O que estava havendo? null queria ter as respostas. Ela só sabia uma coisa: se null achava que ela ia abrir as pernas para ele "descontar" suas frustrações estava muito enganado.
Mas null sabia de uma coisa, ela amava aquele cara e amava com todas as suas forças e faria de tudo para tê-lo ao seu lado. Se null estava passando por uma fase de recaída então era dever dela reerguê-lo e mostrar tudo o que está ao seu redor; mostrar como os momentos podem ser maravilhosos sem alguém que não lhe ama do lado, e sim com quem realmente se importa e ama...
Capítulo 7
— (...) não se preocupe, eu sei o que tenho de fazer. — Tobias garantiu para a mulher e saiu do carro, caminhando em direção da casa.
Abriu o portão de ferro silenciosamente, não queria que os vizinhos ouvissem e começassem espalhar fofocas. "O dono do condomínio saiu de um carro preto que não é dele", "o dono do condomínio estava com uma mulher", "o dono do condomínio..." e blá blá blá. Digamos que os moradores do condomínio de Tobias eram um pouco — muito — intrometidos, xeretas e excelentes em cuidar da vida alheia.
Tobias suspirou quando fechou o portão de ferro, segurou na grade e viu que o carro ligou o motor, em silêncio, e saiu do condomínio sem que ninguém desconfiasse. Ele observou o veículo ir embora com as sobrancelhas juntas e o olhar assassino, até que ele estava arrumado, os cabelos negros penteados, usava uma camiseta branca, calça jeans e tênis, Tobias parecia com o Ben Barnes, isso mesmo o bonitão do Príncipe Caspian.
Acontece que o Príncipe Caspian não era o vilão, Tobias estava mais para o Billy Russo, o melhor amigo de Frank Castles da série "O Justiceiro". O mero "mocinho" que pega todas e teve a capacidade de caçar aquele que o considera seu melhor amigo, mas chega de histórias. Tobias não estava dentro do guarda roupa e também não dormia com uma agente da Guarda Nacional. Ele vivia no mundo real.
Mordeu os lábios assim que soltou a grade do portão, caminhou até a porta da casa e encarou, discretamente, os enormes vidros que compunham as paredes da sala, sim ele tinha feito de propósito. Apertou a campainha e não demorou muito para null surgir, sem a camiseta, na sala e destrancar a porta. Tobias conseguiu ver tudo através das paredes traiçoeiras.
— null, irmãozinho, bom dia! — mostrou-se animado.
— Tobias? O que faz aqui essa hora da manhã, não deveria estar na delegacia? — o homem elevou os ombros.
— Então, estou de folga. — mentiu, ele não estava de folga coisa nenhuma, inventou mesmo foi uma desculpa bem esfarrapada para não ir trabalhar. — Mas e aí, você vai me deixar entrar ou a null está nua? — lançou um olhar e um sorriso pervertido para null que riu.
— Olha bem para a minha cara e me responda se vou deixá-la andar nua por esta casa com esses enormes vidros?! — não sabia se exclamava ou perguntava. — Depois algum vizinho tem colapso de masturbação, a culpa vai ser minha e vou ser o assassino da história. — null riu enquanto Tobias sorriu falso para disfarçar seu desconforto com a palavra "assassino".
— Enfim, null, chega pra lá. — invadiu a casa disparadamente já olhando ao redor em busca de null.
— Por que veio? Se posso saber, magnífico e belo policial New York Beverly Hills? — Tobias riu com a brincadeira.
— "New York Beverly Hills"? De onde tirou isso? — quis saber rindo, já indo em direção da cozinha e null o seguiu.
— Foi de momento. — deu de ombros e ambos tiveram de paralisar seus passos.
— Olá, meninos! — null cumprimentou descendo a escada vestida apenas com um roupão que deixava suas pernas a mostra.
null e Tobias frisaram as pernas da mulher fazendo-a rolar os olhos, deveria ter descido com uma burca. Para fugir dos olhares masculinos caminhou em direção da cozinha e escutou murmúrios vindos da sala. Ah homens, são todos iguais!
— Estava tomando banho ou vai mergulhar na piscina? — Tobias perguntou descaradamente, adentrando a cozinha, sem null.
— Vou testar a piscina. — respondeu passando Nutella em uma torrada.
— Gostou da cesta que deixei na porta. — afirmou e null deu de ombros. — Não tem medo do null te devorar? — null riu enquanto ele aproveitou para se aproximar.
— Somos apenas amigos, e eu nunca deixaria ele me devorar. — mordeu a torrada sem perceber a aproximação dele.
— Estão o caminho está livre...? — o tom baixo de Tobias fez null estremecer assim que ele pousou as mãos na cintura dela e acariciou. Só então ela percebeu o quanto ele estava perto.
null engoliu em seco sentindo os dedos de Tobias acariciarem e apertarem sua cintura. "Droga" pensou. Logo seus pensamentos se voltaram para null e, como se ele tivesse escutado seu pedido de ajuda, apareceu na cozinha e acabou com a palhaçada.
— Tobias... Preciso falar com você. — null surgiu com uma cara séria e null percebeu que ele não gostou nada, nada, do atrevimento do policial.
— Precisa ser agora? — quis saber não se preocupando em esconder as mãos.
— Precisa e se não vir por conta própria eu mesmo te arrasto daí. — o tom severo fez null estranhar e a cara fechada com braços cruzados do rapaz não deixou dúvidas de que queria Tobias bem longe de null.
— Tudo bem, tudo bem. — tirou as mãos da mulher e ela respirou em alívio.
null somente deu as costas para null quando Tobias já havia saído da cozinha. A mulher, em contrapartida, queria muito ficar em silêncio e escutar o que null diria para o dono do condomínio, mas preferiu encher uma xícara com café antes de dar um mergulho na enorme piscina da casa.
— Você vai ficar longe dela, Tobias, está ouvindo? — o outro o olhou nos olhos.
— Ela não é sua garota, o que quer dizer que posso pegá-la e levá-la pra cama se eu quiser. — falou como um adolescente rebelde que discutia com o pai.
— Não interessa, ela é minha amiga. — frisou bem o "minha". — E não vou deixar você tirá-la de mim, eu já perdi a null para outro amigo e não vou perder a null para você! — deixou claro fazendo Watson rir.
— Está com medo de perdê-la para mim, é? — quis saber com um sorriso. — null, null... — negou com a cabeça ainda sorrindo.
— Ah, qual é Tobias, não venha querendo mudar de assunto. — null estava mesmo com raiva do atrevimento do amigo. — A null é minha, e ninguém vai tocar nela, nem mesmo você. — novamente frisou o "minha".
— null, somos amigos então que tal fazermos o seguinte: tudo o que é seu é meu e tudo que é meu é seu? — levantou as sobrancelhas esperando que ele concordasse. — A null é sua amiga então ela, consequentemente, também é minha amiga.
null arcou as sobrancelhas e fechou os punhos assim que percebeu que Tobias estava louco para voltar para a cozinha, mas não deixaria ninguém encostar um dedo em null.
— Ela não é sua amiga. — rosnou entre dentes. — Agora vá embora, por favor. — pediu educadamente esperando que Watson compreendesse.
— Está me expulsando da minha própria casa? — apontou para si mesmo com cara de inocente.
— Eu não acordei muito bem, então se puder me deixar descansar, agradeceria. — explicou com o tom mais calmo que conseguiu.
— Ok, ok. Sei bem qual é o seu problema, então melhoras cara. — null rolou os olhos, ele não estava sofrendo por abstinência sexual.
— Isso não é abstinência sexual. — disse quando Tobias abriu a porta.
— Boa sorte. — Watson desejou antes de sair e finalmente fazer com que null soltasse o ar pela boca, agora sim poderia ficar tranquilo, ou nem tanto...
(...) Já tinha o celular contra o ouvido bem antes de abrir o portão de ferro, tinha que dizer todos os detalhes para ela.
— Algo especial? — a voz feminina pronunciou do outro lado da linha.
— Ele está protegendo a garota. — foi direto ao ponto. — Vai ser difícil eliminá-la com ele no caminho.
— Não se preocupe Tobias, mamãe já tem tudo nos esquemas! — ele era capaz de ver o enorme sorriso nos lábios da mulher.
Assim que Tobias passou pela porta da sala, null finalmente se sentiu segura para sair da cozinha e assim que o fez a primeira coisa que encontrou foi o abdômen de null no sofá, ele lia um livro que na capa tinha um homem e uma mulher, musculosos, segurando suplementos.
Ah, null e sua fascinação para se tornar personal trainer. null já o mandara fazer especialização na profissão, mas o cabeça oca nunca deu ouvidos, ele era bom em ensinar sobre as posições corretas e sabia de cabo a rabo todas as lesões que um mal executar do exercício pode trazer. Com toda certeza seria um ótimo personal trainer.
Passou pelo sofá já desatando o laço do roupão e sentiu que o olhar do rapaz caiu sobre si. É... De que adiantou Tobias ir embora se havia ficado outro "cobiçador" no ambiente?
— Vai mergulhar? — ele perguntou virando a página do livro.
— É. — respondeu sendo o mais breve possível. — Você vem? — chamou, ele ainda era seu amigo, tinha sido apenas um selinho, nada a mais poderia acontecer, poderia?
— Depois, talvez. — havia uma pitada de dúvida em suas palavras.
null nada mais disse, apenas continuou andando até a enorme porta de vidro, abriu revelando a piscina, um chuveiro, cadeiras de praia, um pequeno quiosque e as enormes varandas das casas vizinhas. Por sorte não havia ninguém nas varandas, sinal que os vizinhos não cuidavam da vida alheia... Errado.
Desfez de uma vez o laço e retirou o roupão deixando-o cair no chão. Não demorou muito para descer dois degraus da escada da piscina e se jogar na água gelada, mergulhando de cabeça. Nadou até o meio e subiu para a superfície jogando o cabelo molhada para trás, apertou o nariz e só então reparou que alguém lhe observava.
Olhou ao redor achando ser null, mas não o encontrou. Por um instante pensou que fosse o desmiolado do Tobias, mas tinha certeza que null não o deixaria entrar, não depois de ele tê-la encurralado. Sorriu assim que se lembrou do tom sério de null, retornando a mergulhar.
Assim que subiu para a superfície, segurou um pouco de água com a mão e passou em seu ombros, aquelas férias estavam sendo as melhores que já havia passado. A briga que teve com seu pai para que pudesse viajar com null valeu a pena, aliás, no final das contas quem permitiu tudo foi sua mãe, então estava devendo uma para ela.
null após passar a mão no ombro e pescoço, mirou a porta por onde saiu e encontrou com null encostado no batente a encarando com os braços cruzados. Sem pensar antes de agir, o chamou com a mão, queria companhia e nada melhor que a companhia de quem se ama.
null, que já estava sem a camiseta, caminhou até a piscina e ficou em pé próximo da beirada parecendo indeciso entre entrar ou não. Ele não queria entrar e acabar fazendo uma loucura com null, não ali, não depois de Tobias lhe desejar um "boa sorte" com os vizinhos no dia que pisaram na casa.
null então teve uma ideia, e do meio da piscina, mergulhou em direção do rapaz. Levantou a cabeça e tocou o piso próximo dos pés dele. null encarava-a todo o momento. Não demorou muito e null estendeu a mão e ele a pegou, então com toda sua força o puxou para frente fazendo-o se desequilibrar e cair ao seu lado dentro da piscina.
Riu como uma criança que acabara de fazer merda. De repente, quando a água acalmou, percebeu que o corpo de null já não estava mais onde ele tinha caído, simplesmente tinha sumido.
— null. — chamou olhando ao redor, mas não o encontrou. — null! — chamou mais alto e só então sentiu um olhar vindo de um lugar mais alto.
Olhou para cima e encontrou com duas varandas, ambas com dois vizinhos cada, eram casais. Entretanto não eram apenas quatro pessoas, olhou para outra casa e encontrou com uma mulher que fumava um cigarro lhe mirando, debruçada na sacada. Ela parecia não tirar os olhos de null e a policial não sentiu uma sensação boa enquanto a encarava.
Vizinhos intrometidos!
De repente escutou o barulho alto da água, algo grande havia saído dela e lhe abraçou por trás levando-a para baixo da água. Com as mãos agarrou nos braços do indivíduo e tentou se soltar, mas null sempre seria o mais forte entre eles. Ele percebeu que null tentava se soltar então frouxou o abraço, nesse meio tempo ela se virou para ele e o abraçou pelo pescoço. Ambos subiram para a superfície e só então perceberam que estavam no meio da piscina com alguns vizinhos lhes observando.
null sorriu quando percebeu o sorriso de null. Com os dedos afastou alguns fios teimosos do cabelo dele que caiam em sua testa e começou encará-lo ainda segurando nos ombros largos do rapaz. Ele fez o mesmo e ambos começaram trocar olhares cúmplices.
null então resolveu mandar tudo para o quinto dos infernos e aproximou seu rosto de null e beijando-lhe o queixo. null fechou os olhos e jogou um pouco a cabeça para trás sentindo agora um beijo contra seu pescoço, um beijo que foi capaz de fazê-la estremecer.
null não parou e continuou distribuindo beijos pelo ombro, bochecha e queixo de null. Lentamente ele se encarregou de guiá-la até um canto qualquer da piscina, ela percebeu quando suas costas bateram na parede e resolveu encará-lo. Assim que o fez, null retirou as mãos da cintura dela e a levou até o rosto onde distribuiu um leve carinho com o polegar.
null também aproveitou, levou a mão direta até os cabelos de null e acariciou até descer para a nuca dele onde passou acariciar. null riu e lentamente foi aproximando seus rostos, queria muito beijá-la, desde que acordaram queria ter beijado null, mas ela em momento algum deixou e agora sentia medo dela fugir.
Ele teria feito mais se ela não tivesse fugido depois do selinho.
Foi então que a campainha tocou e null suspirou percebendo que teria de atender a porta, e lá se ia sua chance. Deu apenas um último beijo, rápido, na bochecha da garota e saiu da piscina sem pronunciar uma palavra. null aproveitou para observá-lo, ele era lindo e sempre ia ser lindo.
Riu quando percebeu que null nem se importou em secar o corpo para entrar na casa, sua bermuda ia molhar tudo, e era bom ele estar bem ciente da bagunça. Resolveu sair da piscina e ir atrás dele, vestido seu roupão no caminho, vai lá saber se a visita não era importante.
Assim que chegou na sala ouviu a voz de Tobias e paralisou os passos, o que aquele cretino queria de novo? Respirou fundo e seguiu em frente, null estava ali para protegê-la.
— (...) é percebi que tinha alguém nos observando. — null disse quando null se aproximou.
— Eles gostam de cuidar da vida dos outros, ainda mais quando são novatos que se mudam. — Tobias rolou os olhos.
— Estão falando dos vizinhos? — null se intrometeu sentindo Watson lhe comer com os olhos.
Ela percebeu o olhar, por isso resolver entrar na frente de null e pegar nos braços dele para fazê-lo abraçá-la. null entendeu o recado e a envolveu, null deu um último complemento no disfarce e encostou a cabeça no peito do rapaz segurando suas mãos apoiadas na frente de sua barriga.
Tobias engoliu em seco antes de abrir a boca.
— É, são os vizinhos, null. — ele lançou um olhar fuzilante na direção de null, por sorte ambos não perceberam.
— E não tem nada que você possa fazer? Quer dizer, não podemos fazer nada sem ter plateia? — null quis saber e null beijou seu maxilar antes de suspirar.
— Não, a única coisa que eles querem é ver fogo. — foi direto ao ponto lançando um olhar predador na direção de null que percebeu e se alinhou mais nos braços de null.
— Fogo? Você quis dizer sexo? — Tobias assentiu. — Ah, que ótimo... — null sorriu de lado.
— Eles só vão largar do pé de vocês se ouvirem algo ou virem algo. — Watson encarou um ponto qualquer na sala. — Não se preocupe que eles são assim com todos os casais que se mudam para o condomínio, sendo eles casados, namorado ou amigos. Vocês não são os primeiros e nem serão os últimos. — explicou e null sorriu pervertido.
— Isso não vai ser problema, vai null? — usou seu melhor tom provocador e null negou, ele sabia o que ela queria: tirar Tobias do seu pé.
— Amanhã mesmo eles não vão mais nos incomodar. — null beijou null na bochecha e encarou Tobias que engoliu em seco e mexeu as pernas parecendo desconfortável.
— Bom... Eu só vim aqui avisar sobre os vizinhos, estava passando e vi alguns na varanda olhando em direção da piscina. — lançou um último olhar para null antes de finalmente decidir ir embora. — Eu preciso ir, tenho alguns assuntos pendentes para resolver na delegacia. — nem se lembrou de que havia mentido mais cedo.
— Não estava de folga? — null lhe pegou no pulo com uma sobrancelha erguida.
— Meu chefe me ligou e parece que está precisando de mim. — mentiu tentando não gaguejar. — Preciso ir. — seu celular começou tocar. — Deve ser ele, eu preciso ir, até mais. — se despediu rápido demais assim que observou a tela do aparelho.
null e null se entreolharam e riram antes de retornar para a piscina deixando apenas as marcas de seus pés, molhados, pelo piso.
Tobias por outro lado aceitou a ligação.
— Eu os vi Tobias. — revelou e o rapaz abriu o portão de ferro da casa. — E eles, ahhh, eles estavam juntos naquela droga de piscina! — ela esbravejou parecendo com ciúmes.
— Isso porque você não viu o que eles fizeram na minha frente. — entrou no carro segurando o volante.
— Precisamos dele, Tobias. — lembrou. — Sem ele eu não posso assumir o lugar do meu pai. — Tobias esfregou a testa.
— Você já me disse isso milhares e milhares de vezes, Judith. — escorregou a mão e apertou o nariz. — Não há nada que eu posso fazer, a null está totalmente sob o cadáver dele. — explicou e o outro lado ficou mudo, deu um tempo, com certeza, Judith estava pensando.
Não demorou muito e ela se pronunciou:
— Já sei o que podemos fazer para tirá-la do meu caminho. — então desligou na cara de Tobias e ele engoliu em seco.
Estava começando se arrepender amargamente de ter se juntado a Judith Ross para ajudá-la em seu plano diabólico por herança.
Capítulo 8
null abriu os olhos e soltou o ar levemente pelo nariz, esticou os braços ainda embaixo do edredom e deixou que o esquerdo verificasse o espaço ao seu lado. Para sua surpresa estava vazio. Será que null resolveu dormir no sofá? Estava tão exausta no dia anterior que nem sequer viu se ele deitou ou não ao seu lado.
Sentindo-se uma inútil relembrou que havia corrido dele na cozinha, tudo estava programado para eles se beijarem e ela simplesmente deu pra trás. Mas pelo modo que ele se expressou na piscina, teve certeza que correr não adiantou em nada... O que estava acontecendo com null null, afinal?
Sorriu relembrando a maneira que ele encontrou para limpar seus lábios sujos de Nutella, uma encostada de lábios, um selinho.
Depois que foram para a piscina percebeu que null queria lhe beijar, e teria deixado caso Tobias não tivesse aparecido. O engraçado era que aquele imbecil não saia do pé dos dois, tudo bem que a casa era dele, mas não precisava ficar aparecendo a todo minuto!
Quando Tobias se foi, null e null voltaram para a piscina onde ficaram brincando de jogar água um do outro e de quem aguentava mais tempo sem respirar embaixo d'água. E em momento algum, pelo resto do dia, null tentou alguma coisa.
Levantou o tronco soltando um suspiro, será que ele tinha desistido? Assim que jogou o edredom em direção do pé da cama a porta do banheiro se abriu e null saiu de dentro dele vestindo uma bermuda preta e a boxer branca com elástico preto, sim null reparou.
— Ah, null, não sabia que tinha acordado. — caminhou até o guarda-roupa em busca de uma camiseta.
— Acabei de acordar. — bocejou esticando os braços para frente.
— Dormiu feito uma pedra, tomou calmante? — quis saber afastando os cabides.
— Não, eu fiquei exausta só isso. — deixou o corpo cair novamente na cama.
— De nada por ter trazido você para a cama. — null arregalou os olhos se levantando rapidamente.
— C-como assim? — ah não, eles não tinham feito...
— Calma, Srta. null, você dormiu no sofá, e achei que se sentiria mais confortável na cama, só isso. — explicou tirando uma camiseta verde do cabide e jogando na cama.
— Para aonde você vai essa hora da manhã? — null seguiu para a cama para calçar o tênis.
— Vou fazer uma corrida de rua com Tobias. — respondeu e null rolou os olhos.
— E que horas você volta? — null riu, se levantou, pegou a camiseta e vestiu na frente dela.
null suspirou, disfarçadamente, gostava mais quando null ficava sem a camiseta, aquele abdômen precisava ser admirado. E ela queria se levantar daquela cama e puxar a peça de roupa para fora daquele corpo.
— Virou minha mãe? — arcou uma sobrancelha.
— Não. Só quero saber porque queria te fazer uma surpresa. — null subiu na cama e engatinhou até ela.
— Que surpresa? — perguntou no pé do ouvido da garota.
— Se eu contasse não seria surpresa, não é? — null semicerrou os olhos.
— Se me contar eu finjo que é surpresa. — disse como um menino travesso.
— Não, você vai descobrir se chegar na hora exata. — null soltou o ar pela boca e percebeu que a barriga de null estava descoberta.
Ele então teve uma ideia.
— Se me contar agora, null, — se ajeitou na cama ficando ajoelhado ao lado das pernas dela. — eu te recompenso. — imediatamente curvou o corpo sobre ela e beijou a barriga. — Vai me dizer? — a encarou com os olhos de luxúria.
— Não. — ele assentiu e se deu por vencido.
— Tudo bem, então. — saiu da cama já indo em direção da porta, mas antes que saísse null o chamou.
— null. — ele parou e a mirou. — Qual era a recompensa? — queria muito saber, porque aquele simples beijo foi o suficiente para fazer o meio de suas pernas latejar.
— Descobrirá quando deixar eu te ensinar. — então saiu e null sorriu.
null não existia, ele se referiu ao "ensinar" no contexto sexual, claro que o desgraçado sabia que ela era virgem. null deixava bem na cara que não sabia nada sobre os pecados humanos, porque em momento algum o provocou, ela não sabia o que era seduzir e muito menos o que era provocar.
Levantou-se da cama e seguiu para o banheiro onde escovou os dentes e fez sua higiene. Quando saiu escutou risadas no andar de baixo, não hesitou em ir até lá, afinal, alguém tinha que fazer o café.
Desceu as escadas segurando o corrimão já identificando os ombros de null, a voz de Tobias e o corpo de mais dois homens, um deles estava jogado no sofá e ria junto com os outros. null arcou uma sobrancelha, o que era tão engraçado?
— (...) lembram-se do Jonathan Lewis? — o homem deitado no sofá se pronunciou.
— Ele continua o mesmo retardado, sempre cutucando eu e a null. — null disse sorrindo com os braços cruzados. — Não mudou nada viu, Richard.
— O Jonathan era uma boa companhia de treino. — Percy, o outro homem desconhecido, se pronunciou.
— Eu lembro que ele era um merdinha. — Tobias comentou. — Quando eu fazia academia ele não largava do meu pé e queria sempre ser amigo de todo mundo. Nunca fui muito com a cara daquele idiota. — seu sorriso diabólico conseguiu irritar null.
— Tenho certeza que o ele é mil vezes melhor do que você, Tobias Watson. — cuspiu e o quarteto a mirou. — Quem você pensa que é para falar assim do Jonathan? — terminou de descer as escadas e seguiu até ficar de frente com Tobias.
— Olha temos uma advogada de Jonathan Lewis entre nós. — riu em deboche.
— Que tal você aprender o que é respeito? — disparou e null percebeu que deveria intervir.
— Quer me ensinar o que é respeito? — Tobias usou seu melhor tom sedutor e null rangeu os dentes.
— Você é nojento! — esbravejou acertando um soco forte na barriga dele.
— null. — null a segurou pelos braços e a afastou de Tobias que massageava a barriga.
— Uau, ela é selvagem. — null tentou se soltar dos braços de null, mas ele não permitiu. — Solta ela null, quero ver o que mais ela é capaz de fazer com as mãos. — Watson provocou.
null o lançou um olhar fuzilante antes de arrastar null em direção da cozinha e só assim soltá-la e ficar na porta com os braços cruzados. null bufou e socou o balcão antes de começar chutar as portas dos armários, derrubar tudo que tinha em cima da mesa e gritar de raiva.
Não demorou muito e ela apoiou os braços na pia, fechou os olhos e começou suspirar pesadamente. Com isso nem percebeu a aproximação de null.
O rapaz tocou o braço da garota e acariciou lentamente podendo ouvi-la ainda suspirando.
— Está mais calma? — quis saber ainda a acariciando.
null nada respondeu apenas suspirou e ele continuou com o carinho.
— Não vou sair daqui enquanto você não se acalmar. — avisou descendo a mão pelo braço de null e pairando-a sobre a dela.
null encarou suas mãos unidas e então as enlaçou. null acariciou, com o polegar, a parte de cima da mão da garota que aproveitou para olhá-lo sobre os ombros. Não demorou muito e o olhar dele se encontrou com o seu.
null começou se aproximar e null acompanhou todos os seus movimentos. Mas null não estava concentrado nos lábios dela, ele não queria beijá-la no momento, apenas levantou um pouco a cabeça e beijou a testa dela fazendo-a fechar os olhos.
Ficou com os lábios encostados na testa da menina encarando a porta da cozinha, se Tobias invadisse iria partir para cima dele, não suportava o modo como ele tratava null e não gostou nada do jeito que ele a deixou.
— Pode ir. — null pronunciou baixo apenas para ele ouvir.
— Posso ficar. — afastou seus rostos, porém continuou a encarando. — Eles não precisam de mim.
— Não... Você pode ir, vou me cuidar. — garantiu com o olhar baixo.
null rapidamente segurou atrás da cabeça de null e a puxou fazendo sua boca ir de encontro com a testa dela novamente. Dessa vez a beijou com os olhos fechados expressando toda sua proteção, carinho e preocupação, no fundo não queria ir.
— Se cuida. — então se afastou e voltou para a sala onde falou bem alto que todos deveriam sair para começarem a correr.
null também foi até a sala e assim que tocou a maçaneta da porta capturou null se alongando junto com os outros na calçada, eles riam como um bando de garotos travessos. Não conseguiu desfiar o olhar até eles começarem a correr e sumirem, entretanto antes null lhe encarou e deu uma piscadela.
Sorriu largo e de repente uma garota morena com corpo magrelo, mas bonito, de olhos azuis e pele branca passou com os olhos presos em null, ela parou em frente ao portão e o abriu com uma mão, porque na outra segurava uma bacia coberta por um pano branco. Quem era ela? E por que secou tanto null antes de entrar?
— Você é a null? — quis saber com um sorriso largo.
— Sou. — respondeu ainda na porta.
— Meu nome é Jullie, sou sua vizinha, — falava enquanto fechava o portão — quer dizer, uma das suas vizinhas.
— É bom saber. — sorriu querendo ser gentil. — Bom... Quer entrar? Ainda não fiz o café, mas se não se importar eu faço rapidinho. — queria passar boa impressão.
— Não se preocupe meu amor, eu já tomei meu café da manhã, mas se quiser ajuda aqui estou eu! — ofereceu e null deu passagem para ela entrar.
— A casa é sua Jullie. — disse assim que ela entrou.
— Aliás, eu trouxe bolinhos de chuva. — indicou a bacia em suas mãos. — Espero que você e seu marido gostem deles. — null sorriu fechando a porta.
— null não é meu marido, apenas meu amigo. — explicou indo até a cozinha e Jullie a seguiu.
— Nossa... O que aconteceu aqui? — se referia à bagunça que null fez quando entrou na cozinha após Tobias esnobar Jonathan.
— Digamos que... Tive um pequeno desentendimento com um dos amigos do null. — foi o mais breve possível não querendo citar o dono do condomínio.
null rolou os olhos após se lembrar das palavras nojentas de Tobias, quem ele pensava que era para falar daquele jeito de Jonathan? Sem dúvida Jonathan Lewis era melhor que Tobias Watson, em todos os pontos. Jonathan, por exemplo, não tentava agarrá-la a força e não era um imbecil.
— Pega o pó de café no armário para mim, por favor, Jullie? — pediu enquanto recolhia os copos e talheres que derrubou da mesa.
Enquanto null se ocupava em arrumar a própria bagunça, Jullie se dirigiu para um dos armários não sabendo se era o certo ou não, mas no meio do caminho deixou a bacia de bolinhos em cima da mesa e avistou a garrafa de café, não pensou antes de chacoalhar e descobrir que estava cheia.
— null tem café na garrafa. — revelou e null foi até ela.
— Deve ser de ontem. — pensou pegando uma xícara.
— O null, talvez, tenha acordado cedo e preparado o café. — Jullie expressou voltando analisar a cozinha.
— É talvez. — despejou o café na xícara. — Eu acordei e ele não estava mais na cama. — comentou bebericando o café e descobrindo que ele estava quente, conclusão: null tinha feito o café.
— Uau, vocês dois são amigos, mas ele dorme na mesma cama que você?! — colocou a mão na cintura parecendo indignada.
— A casa só tem um quarto. — explicou como se fosse óbvio pegando outra xícara.
— E ele já... — aceitou a xícara e null bebeu seu café. — Tocou em você alguma vez? — null quase engasgou.
— O que? Não, é claro que não. — Jullie vez uma careta.
— Como? Ele é gay? — quis saber e null riu.
— Não Jullie, ele não é gay. — deixou a xícara na mesa reparando que null tinha comprado pão.
— Então como ele não tocou em você ainda? Ele só pode gostar muito da mão dele, não é possível! — null fechou os olhos, de costas para a mulher, tentando não imaginar null "brincando" com a própria mão.
— Jullie, por favor, não quero ter que imaginar o null "brincando" na cama que dormimos. — pediu educadamente.
— Eu não disse que ele se masturba na cama de vocês, ele tem cara de fazer isso no banheiro embaixo de uma água fria. O null parece reservado. — disse e null suspirou.
— Jullie eu não sei o que é masturbar um homem, então para de forçar minha mente imaginar isso e ainda mais com o null! — revelou, mas só conseguiu piorar a situação.
— É simples. — pegou uma banana na fruteira, ah não! — Você começa pegando desse jeito, ele deve ter um pau grande só por aquela estrutura física, uiii. — segurou a banana com uma mão e pegou com firmeza com a outra. — Depois começa os movimentos de vai e vem, desse jeito que estou fazendo. — subia e descia a mão direita pela banana e null encarava tudo com as sobrancelhas arcadas não acreditando no que estava vendo. — Depois disso sua mão talvez fique molhada, é normal, se não for a porra dele você pode fazer mais. — explicou e pegou duas maçãs na fruteira deixando a banana de lado. — Esses são os testículos, você com a outra mão os massageia suavemente e o encare durante o ato e veja a reação em seu rosto, assim descobrirá a maneira que ele gosta de ser acariciado... Depois disso volte com os movimentos de vai e... — null fechou os olhos e contou até três mentalmente enquanto Jullie continuava com a aula de sexologia ou como null deduziu na hora "masturlogia".
— Jullie... — ela continuou. "Um". — Jullie você... — "Dois".
— Pergunte ao null como ele gosta e se... — "Três".
— PARA AGORA COM ESSA MERDA! EU NÃO VOU MASTURBÁ-LO!!! — gritou encarando a garota de um jeito fuzilante. — Eu não preciso aprender isso, eu não quero aprender. — completou controlando a voz.
— Você é virgem, não é null? — quis saber e null nada respondeu. — Ótimo, fale para o null introduzir primeiro a cabecinha bem devagar, vai doer no início, mas você pode se agarrar a ele nesse momento, arranhe aquelas costas deliciosas e largas. — ela não tinha ido até ali para fazer amizades e sim falar do físico de null!
"Sua putiane, pare de ter sonhos eróticos com o meu null!" pensou null já com raiva, uma megera estava logo a sua frente.
null teve uma belíssima ideia para expulsá-la de sua casa, e era uma ótima ideia.
— Jullie... Ai... — fingiu uma tontura e fez uma perna quase vacilar para apoiar as mãos no balcão.
— null! — a morena correu até ela. — O que houve? — perguntou e null colocou a mão na testa.
— Estou com um mal-estar, acho que preciso me sentar um pouco. — disse com uma voz baixa e fraca.
— Eu te levo até o sofá. — ajudou null chegar até a sala onde se sentou no sofá.
— Se não se importa, Jullie, acho melhor eu ficar sozinha, não quero dar trabalho para ninguém. — falou da melhor maneira para não ofender ou passar má impressão.
— Posso telefonar para o null, ele vai chegar rapidinho. — "Você ainda não entendeu que eu quero você longe de mim e principalmente do null?!" null pensou com vontade de enforcá-la.
— Não... Eu só preciso descansar um pouco. — se acomodou no sofá escondendo o rosto com uma almofada.
— Tudo bem, qualquer coisa estou na segunda casa descendo a rua. — foram suas últimas palavras antes de sair da casa.
A porta bateu e null, imediatamente, retirou a almofada do rosto e suspirou alto antes de se levantar.
— Lacraia. — pronunciou antes de voltar para a cozinha e perceber que Jullie havia deixado a bacia com os bolinhos de chuva sobre a mesa.
null fez uma careta, pegou a bacia e deixou em cima do balcão, se null quisesse comer o problema era dele, mas ela não se atreveria em colocar nenhum bolinho na boca, vai que a megera colocou sonífero para que ela apagasse e pudesse agarrar null assim que ele voltasse? Não e não, se fosse preciso os bolinhos iam para o lixo!
Abriu a porta do fogão colocando a lasanha dentro dele com cuidado, fechou e colocou o tempo no relógio para que ele despertasse quando estivesse tudo pronto. Depois de muito esforço finalmente tinha conseguido seguir a receita da internet. Lasanha era o prato preferido de null e como havia prometido uma surpresa, nada mais justo que fazer a refeição que ele mais gostava.
Depois que a desengonçada da Jullie foi embora, esperou sua raiva passar e começou pensar em algo para fazer de surpresa para null. Não deveria ter falado que ia fazer uma surpresa porque não sabia nem por onde começar, até que encarou o relógio e percebeu que faltava pouco para o almoço, foi aí que a lasanha entrou em cena.
Pegou seu notebook, se jogou na cama e começou buscar em vários sites sobre como se preparava uma lasanha, até pensou em telefonar para seu pai porque ele fazia uma lasanha que era maravilhosa, mas deixou essa opção para caso não conseguisse seguir a internet.
Felizmente conseguiu e ali estava ela colocando todos os objetos sujos na pia para serem lavados, odiava bagunça e desde pequena aprendeu que quando se sujava algo era melhor lavar do que deixar acumular. Com a mão cheia de espuma, a campainha decidiu tocar e se null soubesse que aquela visita ia fazê-la ter pensamentos homicidas, nunca teria aberto a porta.
Tocou a maçaneta, abriu a porta e a imagem de uma loira, com olhos verdes, pele branca e um piercing no nariz sorria para ela.
— Olá! null, certo? — o sorriso grandioso da loira assustou um pouco null.
— Hã... Sim. — respondeu receosa.
— Muito prazer, meu nome é Elizabeth Vargas, mas me chame de Beth. — foi invadindo a casa sem que null desse caminho.
null a olhou dos pés a cabeça, mas que diacho era aquilo? A roupa de piriguete não negava que ela tinha fogo no rabo... Imediatamente null surgiu em seus pensamentos, ah não outra não!
— A que lhe devo a sua visita, Eliza...
— Só Beth, amore mio. — interrompeu indo até a cozinha analisando tudo durante o trajeto.
null rolou os olhos e a seguiu.
— O que veio fazer aqui... Beth? — suas palavras foram meio grosseiras, mas não dava a mínima importância.
— Conhecer você e aquele gostosão, que não sei como se chama, mas batizei de "totoso". — "É null null para você!" pensou null se segurando para não rolar os olhos.
— Deve estar falando do null. — deu de ombros observando o relógio da lasanha.
— Ah é esse o nome dele, null do que mesmo? — null organizava a mesa.
— null, null null. — respondeu abrindo a gaveta para pegar os talheres.
— Ele é seu marido? Namorado? Irmão... Ah diz que é seu irmão. — Beth conseguia ser mil vezes pior do que Jullie. Ela já deixou logo de início explícito que seu interesse era em null.
— Ele não é nenhuma das coisas que você falou, é meu amigo. — o relógio da lasanha tocou e caminhou até o fogão colocando as luvas para não se queimar.
Apagou o fogo e abriu a porta do fogão, o cheiro da lasanha invadiu o ambiente e null sentiu na hora que havia acertado no ponto. Agora só torcia para estar com o gosto maravilhoso assim como o cheiro.
— E onde ele está? — Beth tinha se sentado no balcão.
— Ele foi... — a porta da sala se abriu e null logo gritou por null. — Na cozinha, null. — gritou em resposta.
Não demorou muito e null apareceu na porta da cozinha. Sua camiseta estava totalmente suada assim como seus cabelos, Beth o comeu com os olhos e null não gostou nada daquilo.
— Ah não acredito, você fez lasanha! — seu tom era de surpreso.
— Eu a ajudei. — Beth disse e null lhe fuzilou.
"Ajudou o cacete!" null teve vontade de socar o nariz daquela loira oxigenada.
— E você quem é? — null quis saber caminhando até Beth para cumprimentá-la. A loira aceitou o cumprimento apertando a mão que null oferecera com os olhos presos no físico dele.
— Elizabeth Vargas, mas pode me chamar de Beth, aliás, para você é "docinho de coco". — null rolou os olhos e null reparou.
— Desculpa, eu não gosto de coco. — null segurou o riso, sabia que ele tinha dito aquilo para que ela se sentisse melhor.
— Sem problemas, posso ser qualquer tipo de doce que você quiser. — a oferecida deixou claro enquanto null caminhava até a porta da cozinha.
— Estou de dieta Beth. — null rebateu mirando null com um olhar de predador, Beth percebeu. — Vou tomar um banho, não precisam esperar por mim para comer. — falou antes de sumir.
— Vou te esperar para comer querido! — Beth gritou descendo do balcão.
— E você vai ficar para o almoço? — null foi um pouco insensível.
— Já que insiste, eu fico. — puxou uma cadeira e se sentou.
— Não é que... ah tudo bem então. — "você já sentou mesmo, agora fique!", refletiu.
null suspirou em silêncio antes de se dirigir para a pia onde tentaria se distrair com a louça. Aquela loira oxigenada era muito atrevida, além de mentir falando para null que havia ajudado preparar a lasanha, ainda deixava bem explícito seu interesse nele como se null não fosse nada.
— null. — Beth chamou olhando as unhas.
— Algum problema Beth? — tentou ser simpática quando na verdade queria chutar a bunda grande dela e tirá-la daquela casa.
— Por que o null te olhou com um olhar de predador? — null sentiu um arrepio na espinha.
— Olhar de predador? — levantou uma sobrancelha.
— É, até pareceu uma cena de filme onde você é a presa e ele o caçador. — null se arrepiou. — E então no momento que ele pretende atacar você foge, e ele vai atrás. — lembrou-se do momento que null lhe deu um selinho, ela fugiu e depois ele quase a beijou na piscina. — Ele tem a ideia de montar uma armadilha para você, e você cai. Nesse instante ele te joga contra o chão e vocês comentem pecado. — null riu.
— Deveria escrever filmes. — continuou rindo ao mesmo tempo em que lavava a louça.
— Ah, nunca cometeu pecado? — por que será que em New York parecia ser um crime ser virgem?
null ficou em silêncio, não por vergonha, mas sim porque não era da conta de Elizabeth se tinha ou não cometido "pecado".
— Entendi. — deduziu pelo silêncio que a resposta era negativa. — Quer que eu ensine algumas dicas para a sua primeira vez? Sei que vai cometer pecado e com esse gostosão embaixo do seu teto, acho bem difícil vocês irem embora sem se encostarem. — tudo o que null mais queria era paz e não aulas de sexologia, se fosse por isso era só ligar no Altas Horas com Serginho Groisman no bloco da Laura Muller.
— Muito gentil da sua parte, Beth, mas não quero. E outra, eu e o null nunca vamos transar. — disse desligando a torneira.
— Cometer pecado. — corrigiu fazendo null rolar os olhos.
— Para de insinuar que sexo é pecado, até parece que há alguma ligação com a igreja! — Beth deu de ombros. — Aliás, como sabe que um dia vamos embora? — bateu a curiosidade.
— Meu bem as notícias correm rápido por aqui. Se você depilou a xana, no dia seguinte o condomínio inteiro já está sabendo. — ela não se importava com as palavras.
— Beth, você não tem nada na sua casa par... — null invadiu a cozinha naquele exato momento vestido apenas com uma bermuda cinza e uma toalha no pescoço. Ah está de sacanagem, né null?
Beth o mirou com os olhos carregados de luxúria e analisou o abdômen de null como se a qualquer momento fosse pular em cima dele. null já estava preparada para acertar a vassoura nela.
— Que modos são esses null? — o rapaz caminhou até a mesa. — Beth pode almoçar conosco, não vamos conseguir comer a lasanha toda sozinhos. — null nunca teve tanta vontade de pular no pescoço de null e estrangulá-lo, ele só poderia estar gostando muito da presença daquela oferecida!
— Claro... Que má educada eu, não? Claro que você pode ficar Beth. — o sarcasmo na voz de null era explícito para que a megera percebesse.
Mas não foi bem o que aconteceu.
— Obrigada null, você é uma ótima vizinha. — agradeceu recebendo um sorriso cínico, sem os dentes, da policial. — E null... Wowwww! — a loira se levantou como um furacão assim que seus olhos descobriram algumas gotículas de água escorrendo pelo abdômen do rapaz.
null sentiu seus punhos se fechando involuntariamente e um calor absurdo pareceu passar por baixo de sua pele, sabia exatamente o que estava sentindo, raiva!
Beth, não se dando conta do estado de null, levou a mão até o peitoral de null parecendo impressionada. Mordeu os lábios aproximando seus corpos, null tinha as sobrancelhas levantadas em total indignação, nunca nenhuma garota lhe tocou daquela maneira.
null arcou as sobrancelhas assim que Beth desceu as mãos e começou acariciar o tronco dele. Foi então que o bicho pegou, o cretino não fazia nada apenas tentava recuar, imediatamente, o olhar de null se encontrou com o de null e ele tinha um olhar piedoso, parecia não estar gostando nada do atrevimento de Beth... Porque ele queria que fosse null o acariciando.
Entretanto null não estudou direito os olhos de null. Ela caminhou até os dois e empurrou Beth tentando ser o máximo delicada possível.
— Beth, você vai precisar se retirar. — continuou a empurrando até a sala.
— O quê? Mas por quê? — "porque nem o null está se sentindo confortável com você aqui sua rata!", null rolou os olhos tentado mandar aquela voz em sua mente para o inferno.
— Eu e o null vamos ter de sair agora mesmo, parece que Tobias precisa falar com alguma coisa sobre a casa. — mentiu. — E nem vamos ter tempo para almoçar. — complementou abrindo a porta da sala.
— Ah, tudo bem querida. — antes de sair beijou a bochecha de null.
null fechou a porta se segurando para não batê-la, limpou o local do beijo e retornou para a cozinha. null estava encostado no balcão com os braços cruzados esperando por null para almoçar, o que ele não sabia era que ela nunca almoçaria com ele.
null a mirou e ela fez o mesmo com as sobrancelhas arcadas, iniciaram um contato visual intenso. Um com o olhar piedoso e o outro de raiva.
— null... — ele começou, mas null pegou um dos pratos e colocou sobre o outro com brutalidade para ele se calar imediatamente.
— Nunca mais você, null null, me dirija a palavra! — rosnou pegando os pratos e colocando, sem sutileza, dentro do armário.
null bateu a porta do armário com força, guardou a lasanha no forno e saiu da cozinha sem direcionar qualquer olhar na direção dele.
null se sentia um lixo. null não merecia ter visto o que viu, Beth era uma oferecida, não negava, mas ele não se jogou pra cima dela! Ele respeitou null a todo o momento, era em null que seus pensamentos voaram naquele atrevimento, era null que ele queria que estivesse lhe acariciando.
null curvou o corpo sobre a mesa com as mãos firmes sobre ela, o que null pensou? Que ele havia gostado do que Beth fizera? Ele odiou cada segundo!
Não sabia o que estava acontecendo. Há pouco tempo estava sofrendo e queria voltar para os braços de null e de repente tudo vira de cabeça para baixo e começa querer ter a companhia de null; começa desejar que ela tocasse seu corpo; queria ter seu carinho; queria beijá-la; olhar em seus olhos...
Fechou os olhos, o que estava acontecendo? Será que estava tão carente assim para chegar ao ponto de desejar estar perto de null esperando que ela vá lhe tocar? Porra ela era virgem, claro que ela não ia tocar nele era mais fácil ter aproveitado a oportunidade com Beth, mas não quis, não queria Beth!
Ou será que o fato de null ser virgem o faz querer tirar proveito para se vingar de null? Não... null não teria a protegido de Tobias se fosse esse o motivo e não teria vontade de socá-lo por ter tocando nela. Havia alguma coisa muito estranha na sua mudança repentina de comportamento, não era normal, ou talvez, oh... Será que estava se apaixonando por null?
Capítulo 9
De repente a temperatura caiu em New York, girava em torno dos 1º a 5ºC. A casa tinha aquecedor, mas isso não era o suficiente para aquecer todo o ambiente, ela continuava gelada.
null estava deitada no sofá-cama da sala mudando a televisão de canal, não tinha nenhuma programação interessante naquela hora da noite. Na verdade deveria estar dormindo e não acordada, mas quem disse que conseguia pegar no sono? Na manhã seguinte ela iria parecer uma lesma andando.
null estava enfiado em algum lugar daquela casa ou nem na casa estava. Ela nunca mais o viu depois que saiu da cozinha, talvez ele tenha ido atrás de Beth para terminarem o que começaram. Sentia nojo apenas por pensar nos dois cometendo "pecado", nunca teve motivos para sentir nojo de null, mas no momento queria o máximo de distância dele.
Já não bastava uma megera, agora outra.
Virou-se de lado apoiando a cabeça no travesseiro. A televisão continuou ligada, não era ela que pagava a conta mesmo, Tobias que se lascasse sozinho. Pensando bem, no final das contas null era igual Tobias não podia ver uma mulher que já queria carregá-la para a cama.
Pensava que null era diferente. Ele parecia ser o típico homem que dá carinho, dá atenção, cuida do que é seu, mas estava enganada, null era igual a todos os outros.
null fechou os olhos para tentar pegar no sono mesmo sabendo que não conseguiria.
Enquanto isso, null fechou a porta de vidro que dava acesso à área de piscina e desligou a luz da cozinha. Estava, desde o momento que Beth foi embora, na área de piscina, sentado em um dos quiosques. Refletiu sobre tudo que estava acontecendo, sobre o porquê de ter começado adquirir tanta necessidade da presença de null, e o que concluiu? Que estava ficando doido.
Não tinha explicação para sua mudança de comportamento, a única saída era dizer que estava se apaixonando por null, mas não sabia afirmar, porque o que sentia por null não era o mesmo.
Protegia null? Sim. Dava carinho? Sim. Respeitava? A cima de tudo sim. Mas um detalhe minúsculo o fez pensar: nunca teve a necessidade de estar perto de null tanto quanto como estava tendo com null. null era sua namorada, mas em nenhum momento quis ficar tanto perto dela. Com null já era diferente, a todo o momento queria estar perto dela, queria senti-la por perto, era como se sentisse necessidade, como se dependesse da proximidade dela para viver.
Até que a noite caiu e o frio chegou. null estava vestido com o moletom cinza de touca e não restava mais nada a se fazer senão deitar, dormir e esquecer o que aconteceu. Infelizmente o destino foi cruel e quando estava caminhando em direção da escada, no escuro, seus olhos pairaram na iluminação da televisão da sala e encontrou as costas de null junto do edredom.
Parou os passos e respirou fundo, não queria que ela soubesse que estava ali, mas ao mesmo tempo queria. null estava com a cabeça tão indecisa que nem percebeu quando caminhou até o sofá-cama e apoiou, com firmeza, as duas mãos no estofado, curvando o tronco.
— null? — chamou encarando a televisão onde um palhaço de filme de terror começou a rir, deduziu na hora que ela estava pulando de canal em canal e parou ali. Ela odiava filmes de terror. — null? — chamou novamente, mas ela nada disse.
null tinha os olhos abertos encarando a parede de vidro que dava visão ao pequeno jardim e também as varandas das outras casas. Não queria papo com null, não sabia o porquê se magoou tanto com ele, sabia que o amava, mas isso não era o suficiente para se magoar, é? Ou talvez a palavra correta nem seja "mágoa".
— Tá bom... Eu vou deitar se precisar de mim estarei lá em cima. — saiu de perto do sofá sentindo uma pequena dor no peito, ah não, será que seus pensamentos eram verdade?
null olhou por cima dos ombros a figura de null caminhando até a escada de um jeito lento. Engoliu sua saliva querendo pensar em alguma coisa para fazer, infelizmente as palavras saíram antes que pudesse pensar.
— null! — ele parou e a encarou. — Vem aqui. — puxou o edredom do seu lado direito e bateu a mão no sofá.
null caminhou de volta para o sofá, null se sentou assim que ele subiu. Ela cruzou as pernas e fechou os olhos com a cabeça baixa.
— null... — null começou colocando a mão no ombro dela, porém null a tirou imediatamente. — null, por favor. — sua voz parecia implorar.
— Me deixa em paz null. Se quiser ficar aqui fique, se quiser ir para o quarto... Pode ir. — colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha continuando com a cabeça baixa.
null a encarou com cara de cachorro sem dono. Ele até que ficava bonitinho com aquela carinha.
— null sobre aquilo que você viu, eu não gostei dela, não gostei do jeito dela. — começou, tinha que falar. — Acha que eu gostei quando ela me acariciou? — null se preparou para ouvir o pior. — Não, eu não gostei, eu odiei. — ela sentiu o sofá se afundando atrás de si. — Enquanto ela tocava em mim, eu olhava para você. Estava sempre atento para ver o que você ia fazer, esperava que a tirasse dali, que a expulsasse o quanto antes. — pronunciou tocando o braço dela, ela não o afastou.
— E por que você não se afastou dela? — quis saber ainda sem encará-lo.
— Eu não queria que você achasse que eu fosse um indecente. Se eu empurrasse a Beth corria o risco de você nunca mais olhar na minha cara, eu ia constranger uma amiga sua e eu não sou assim você sabe disso. — null suspirou olhando null por cima dos ombros.
— Ela não é minha amiga null e... — mordeu os lábios, rindo antes de perguntar em um tom baixo. — Ela te deixou de pau duro? — null riu.
— Repete isso. — pediu com o olhar brincalhão.
— Não.
— Ah, não?! — abraçou null pelo pescoço e a puxou em direção das almofadas.
Ambos riram. null continuou abraçado com null, de repente escondeu o rosto no pescoço da garota e soltou o ar pela boca fazendo-a gargalhar como uma criança, a barba que nascia lhe fazia cócegas.
null jogou a cabeça para trás, desfez o abraço e sentiu os olhos de null em si, fingiu estar com vergonha, virou-se de barriga para baixo escondendo o rosto no meio das almofadas. Com a risada gostosa da garota foi impossível não sorrir.
— Quer saber, a Beth não foi a única que veio aqui atrás de você. — virou a cabeça para o lado, null levantou um pouco a cabeça, deixando apenas um pedaço do rosto a mostra.
— Não, é? — null sorriu, ele estava com o cabelo todo bagunçado.
— Não, uma garota chamada Jullie trouxe até bolinhos de chuva e me ensinou uma coisa constrangedora. — voltou encarar a parede de vidro.
— Que coisa constrangedora? E que bolinhos de chuva que eu nem vi os farelos? — virou o corpo de barriga para cima continuando com a cabeça deitada na almofada.
— Eu joguei os bolinhos fora, não estavam com a cara boa. — respondeu optando por não falar a resposta para a primeira pergunta.
— E a coisa constrangedora foi o que? — insistiu brincando com uma almofada.
null suspirou, sério mesmo que ele queria saber dessa parte?
— Ah ela veio com um papinho de... — mordeu a língua.
— De...? — queria saber olhando-a pelos cantos dos olhos.
— Masturbação. — completou.
— Como?! — null pareceu surpreso, mas riu. — E ela ensinou isso pra quê? — o desgraçado sabia, mas resolveu apenas colocar as mãos atrás da cabeça e se fingir de desentendido.
— Você sabe pra que. — levantou o tronco olhando a posição de null.
null levou o olhar até o dela e começou um contato visual, de repente, com toda cara de pau, direcionou o olhar para baixo indicando suas próprias pernas, quer dizer, indicava o que tinha no meio delas...
— null! — null protestou batendo no peito dele.
— O quê? — tentou segurar o riso ainda se fazendo de desentendido.
— Para de ser tão pervertido comigo, você está todo "esquentadinho" desde ontem! — jogou uma almofada na cara dele.
— Um selinho pode acontecer entre amigos null, não precisa ser só entre casais. — comentou assistindo a série Arrow que começava na televisão.
— Não estou falando apenas do selinho. — voltou encarar a parede de vidro e percebeu que alguns vizinhos encaravam os dois deitados no sofá-cama, rolou os olhos.
— Enfim, não vai testar? — perguntou na maior cara de pau.
— Testar o que? — levantou uma sobrancelha o encarando.
— O que a Jullie te ensinou. — null corou.
— Ficou doido? Eu não vou masturbar você. — sentiu vergonha de si mesmo e ele riu.
— Ah... Então quer dizer que ela te ensinou para fazer em mim? Porque eu em momento algum insinuei que era para você me masturbar. — o filho da puta conseguiu jogá-la contra a parede.
— null sem chance. — tentou cortar o clima.
— Já sentiu um pau na vida pelo menos? — null ficou em silêncio, é já e foi o dele.
— Já. — respondeu percebendo que o número de vizinhos nas varandas aumentou em mais dois, enxeridos!
— Talvez o Tobias goste, quem sabe você não relaxa ele um pouco? — null rolou os olhos, não suportava ouvir aquele nome que infelizmente pertencia a seu personagem favorito na Saga Divergente.
— Não tem graça nenhuma. — seu tom ríspido deixava claro o quanto "amava" Tobias, null começou a rir.
— Vocês dois se amam, fico até com inveja desse amor. — ainda sorria.
— Eu amo mais o Jonathan do que ele, acredite. — o sorriso de null sumiu imediatamente. — O Jonathan sim é um cara que merece o meu amor, agora o Tobias... — bateu os dedos das mãos uns nos outros como se não se importasse. — Esse pode estar pelado, pintado de ouro, que nunca vai ter o que o Jonathan tem... — encarou null percebendo que ele não estava mais sorrindo. — E você, claro. — como pôde esquecer? Amava mais null null do que Jonathan Lewis.
— Vai ter de escolher entre eu ou o Jonathan. — o sorriso apareceu novamente.
— Você, no momento. — respondeu voltando encarar a parede de vidro percebendo que Beth e Jullie estavam no meio dos vizinhos enxeridos. — Ah, esses vizinhos não vão desistir nunca? — suspirou antes de perguntar continuando encarar as varandas.
— A sua beldade disse que eles só vão sossegar se eu comer você. — null teve certeza que null apenas reproduziu as palavras de Tobias.
— O próprio Tobias que falou essas palavras, não foi? — quis confirmar.
— Eu usaria o termo "transar" pegaria mais educado, mas o Tobias é um desbocado, então... Você sabe; não me surpreenderia se ele dissesse que era pra eu foder com você. — explicou colocando uma almofada em cima do rosto.
— Eu não entendo o interesse desses vizinhos em ver os outros transando, é tão... Sei lá. — comentou deitando o corpo e fechando os olhos.
— Quer acabar logo com isso? — null ergueu o tronco posicionando seu corpo em cima do de null colocando um braço de cada lado da cabeça dela.
null abriu os olhos e eles se chocaram com os glóbulos null de null, deveria tirá-lo dali, mas quem disse que queria?
— O que pensa que vai fazer? — perguntou e ele suspirou.
— Eu não vou fazer nada, nós vamos. — corrigiu. — Eles querem sexo, certo? Então vamos dar a eles sexo. Olha, eu já dei o primeiro passo. — explicou e null engoliu em seco.
Fingir sexo? Como iria fingir sexo se ainda era virgem? Não, não poderia concordar com aquele absurdo, null sugeriu uma boa ideia, mas não poderia aceitar, não iria perder a virgindade daquela maneira.
— null, não dá... — começou e ele levantou uma sobrancelha.
— E por que não? — quis saber.
— Eu sou virgem, se fingimos sexo você vai tirar a minha virgindade. — foi direto ao ponto.
— É simples... — abaixou a cabeça levando sua boca até a orelha dela. — Ficamos apenas nas preliminares, não vou passar disso, prometo. — null estremeceu com o hálito quente dele.
— Tá... — concordou sentindo instantaneamente null beijar seu pescoço.
Automaticamente, null fechou os olhos e jogou a cabeça para trás deixando seu pescoço mais exposto. null continuou descendo os beijos até a gola da camiseta de null, só então percebeu que era larga o suficiente para ver o sutiã azul que ela usava por baixo.
Soltou o ar pela boca fazendo-o bater no busto da garota que novamente estremeceu. Retornou com os beijos subindo pelo pescoço para chegar até o lóbulo da orelha onde mordeu e puxou levemente.
null abriu os olhos soltando o ar, parecendo pesado, pela boca. Não sabia deduzir o que estava sentindo, mas sabia dizer o quanto estava gostando. null tinha apenas beijado seu pescoço e sentia como se o meio de suas pernas estivesse latejando, o que era aquilo? Sempre que null tocava sua pele próximo da cintura sentia como se o meio de suas pernas latejasse.
— null tira meu moletom. — null pediu levando as mãos dela até a barra da própria blusa.
null obedeceu puxando bem devagar, enquanto ele continuava curvado distribuindo beijos por toda extensão de seu pescoço. Quando a blusa chegou na altura dos ombros, null levantou o tronco e a tirou jogando-a no chão perto da parede de vidro para que os vizinhos vissem.
A garota mordeu os lábios e o meio de suas pernas latejou mais ainda quando seus olhos bateram contra aquele peitoral e aquele abdômen, ah, que gostoso! Não ia negar, sempre achou null gostoso. Os ombros largos pareciam estar convidando null para mordê-los; o peitoral esculpido clamava por atenção e o abdômen, não muito definido, queria ter as mãos dela.
null não percebeu que estava sendo observado, levou as mãos até os botões da camiseta de null, percebendo que não passava de um pijama branco, e começou desabotoar um a um, expondo o sutiã azul confirmando suas hipóteses.
Teve que se controlar para não atacar os seios de null, oh, eles eram grandes e pareciam tão apertados naquele maldito sutiã. null ficou louco, já tinha reparado neles naquele dia da piscina, mas naquele momento eles pareciam gritar por ele em busca de atenção. E null era homem não ia conseguir se controlar por muito tempo, ainda mais quando os seios eram sua parte preferida.
— Posso tocá-los, null? — seu pedido foi quase falho, seu pau latejava só de pensar em tocar aquelas perfeições.
— Tocar o que? — ele engoliu em seco sentindo sua mão percorrer involuntariamente em direção de sua ereção, ele precisava de atenção, mas como pedir por isso?
— Nada não. — voltou curvar o corpo beijando o queixo dela.
Não perdeu tempo ao descer pelo busto e beijar os seios mesmo com o sutiã, ela não iria deixá-lo tirar então trataria aquela área como sempre tratou: com carinho. Lambeu no meio deles e sorriu quando null jogou a cabeça para trás deixando escapar um gemido, ele já foi capaz de imaginar: se ela gemeu apenas com uma lambida imagina como ela vai reagir quando ele sugar um dos mamilos.
null ficou confusa, porque ele estava deixando-a daquele jeito? Já tinha ouvido falar em sexo e sabia que aquilo que escapou por sua boca foi um gemido, mas deveria ser apenas uma encenação então não deveria ter gemido, esperava que ele não tivesse escutado.
null levou uma das mãos até o rosto de null e fez com que ela olhasse em seus olhos, sorriu dando um demorado selinho nos lábios vermelhos e deliciosos dela. Isso foi o suficiente para a ereção dele latejar implorando por atenção, sim ele estava louquinho para transar de verdade com null. Ficou apenas nas carícias e tinha se excitado, merda será que conseguiria se segurar?
— null... — implorou contra os lábios dela após outro selinho. — Me acaricia. — o pedido escapou por seus lábios, ele estava precisando muito do toque dela.
— E como você gosta? — perguntou, mas ele não respondeu, não havia entendido.
null começou pelos ombros apertando e acariciando, ele era gostoso como não acariciar? Se ele não tivesse pedido, ela o faria por conta própria. null, por outro lado, abaixou a cabeça encostando-se ao ombro de null, estava muito difícil se controlar ali, então o melhor que poderia fazer para não atacá-la é ficar bem quietinho.
null desceu as mãos pelas costas largas sentindo-o se contrair, levou-as até o abdômen onde se deixou levar, dane-se a encenação, arranhou o sentindo mover um pouco a cabeça para cima e soltar um gemido bem baixo. null não percebeu quando sua mão desceu demais pelo abdômen e acabou indo em direção da calça de moletom onde a ereção de null pulsava.
— null. — se ela tocasse era o fim do controle. — null, olha pra mim. — pediu, mas ela não obedeceu e continuou descendo a mão. — null... Não... — ela sentiu a ereção e ele apertou as almofadas do sofá para não levar as mãos para o short dela.
null sorriu com o tamanho da excitação dele, estava tão surpresa que resolveu dar só um pouquinho de atenção para aquela área. Tocou com a mão fazendo null ficar tenso. Mordeu os lábios começando acariciar sentindo o quanto era grande... Se null enterrasse aquilo nela, poderia pedir uma cadeira de rodas!
— Isso... Continua null... — ordenou e ela obedeceu fazendo-o sempre se mexer com os braços.
null deixou-se levar começando suspirar e gemer sem nenhuma vergonha. null sabia como acariciá-lo, mesmo por cima da calça, e ele não podia negar que ela sabia bem o que fazia. Já era, null não tinha mais o controle e nem sabia mais para que lado o sol nascia.
— Está bom assim? — fez o que Jullie ensinou: perguntar se ele estava ou não gostando. null assentiu.
De repente null moveu o braço direito para o lado em busca de apoio e acabou batendo-o contra o abajur em cima da pequena mesinha ao lado do sofá-cama. O som do objeto caindo no chão e se partindo em milhões de pedaços, além de acabar com a luz deixando apenas da televisão, também serviu para trazer null e null de volta para a realidade.
Eles riram assim que se encararam. De surpresa null beijou a bochecha de null e permaneceu com a cabeça encostada ali, null levou a mão até os cabelos dele e começou um carinho do jeito que qualquer homem gostava.
— Melhor irmos dormir. — null sussurrou e ele concordou.
Não demorou muito os dois desligaram a televisão e se enfiaram embaixo do edredom, relaxando. null encarava o teto esperando que seu pau sossegasse, não seria naquela noite que ele ia se divertir então era bom que aceitasse a realidade.
De repente null se virou para null, porém ele não percebeu por causa da pouca iluminação, não hesitou ao deitar a cabeça em cima do peitoral dele e se aconchegar ali para dormir mesmo com vários pensamentos perturbando sua mente.
null levou a mão até os cabelos dela e começou um cafuné, é... Pelo jeito ele ficaria muito tempo acordado, ainda mais quando já se estava excitado e a tentação em pessoa deita em cima de si para dormir. Não queria tirar null dali para ir ao banheiro se aliviar então tudo que restava fazer era se sacrificar.
Capítulo 10
O sol bateu contra os olhos de null fazendo-o abri-los contra sua vontade. Junto com o sol veio o som da campainha e só então reparou que null já não estava mais deitada ao seu lado. Que horas eram?
Com o rosto amassado, os olhos quase fechados por causa do sol e o cabelo bagunçado obrigou seu corpo sair do sofá-cama. Estava parecendo um filhote de urubu. Ao dar o primeiro passo chutou alguns cacos do que sobrou do pequeno abajur, sorriu relembrando o porquê de ter, por acidente, quebrado o abajur de Tobias.
— Bom dia, dorminhoco. — null apareceu na sala com um pano enxugando as mãos.
— Bom dia. — retribuiu antes de bocejar fechando os olhos, ele parecia bem mais cansado do que quando se deitou.
— Coloca uma camiseta, null. — pediu abrindo o trinco da porta após olhar pelo olho mágico.
— Vou tomar um banho, não se preocupe. Estou me sentindo um filhote de gambá. — disse com a voz sonolenta antes de seguir em direção das escadas.
— E não volte até o cheiro de lixo sair do seu nariz! — gritou e ele mostrou o dedo.
null riu abrindo a porta. Seu sorriso morreu assim que a figura de Beth entrou em seu campo de visão e percebeu que ela segurava uma sacolinha preta, ah pronto a megera vai fazer macumba!
— Beth, que surpresa! — sorriu quando na verdade queria bater a porta na cara daquela biscate. Mas quem disse que seu sorriso era verdadeiro?
— É querida estava sentindo falta de você. — "oh, como você é falsa Beth!" null pensou "Eu sei que veio aqui por causa do null, então vaza!".
— Acabei de fazer café e comprar pão, quer entrar? — não entendeu pra que perguntou se Beth já tinha invadido a sala.
— É uma honra acompanhá-los no café, a propósito, onde está o null? — quis saber sentando-se no sofá, null quis socá-la bem na fuça.
— Está tomando banho, ele está só o pó hoje. — pensou que assim Beth iria desistir e ir embora, mas sabe como é, né? Oferecida morre oferecida.
— Se ele quiser posso fazer uma massagem. — null rolou os olhos sem que ela percebesse.
— Não,eu relaxo ele, não precisa se preocupar quanto a isso. — fez questão de frisar o "eu".
— Ah, falando nisso... — abriu a sacola preta retirando dois pacotes de camisinha. — Trouxe isso para el... Vocês. — null pegou os pacotes querendo fazê-la engolir.
— Por que não me surpreendo? Você estava na varanda nos espiando. — pensou alto demais.
— O que disse querida? — por sorte Beth estava distraída com o moletom que null usava no dia anterior.
— Ah, nada. — deixou as camisinhas em cima da mesinha onde até ontem havia um abajur. — Mas por que tanta generosidade, Beth? O null podia muito bem ir a uma farmácia ou barzinho e comprar preservativos. — "não precisamos ficar mendigando camisinha alheia" aquela voz em sua mente já estava passando dos limites.
— Eu vi que você amarelou ontem null e você foi burra pra cacete. — "não, eu não fui burra sua megera do caralho, eu só não posso transar com o meu melhor amigo. Se você transa o problema é seu." Sim, null já estava eufórica.
— Mas eu não amarelei. — mentiu. — null foi bem cuidadoso quanto a isso, eu diria que estava com medo porque achava que ia doer, mas ele cuidou de mim a todo o momento e fez de tudo para que eu não sentisse muita dor. — ela ia para o inferno depois dessa.
— Então rolou?! — Beth pareceu surpresa.
— Rolou, opa se rolou. — afirmou.
— E como ele é? É grande? Você pegou nele? — "você vai ver as respostas quando eu acertar o soco na sua cara!" se segurou para não dizer o que pensou.
— Isso é confidencial. — sorriu sem os dentes.
— Wow, vou levar como um "sim" para o grande. Mas vem cá... — ambas escutaram o som da porta do banheiro se fechando, conclusão: null estava a caminho da sala com a toalha na cintura ou seminu. — Como ele pegou você? Com cuidado ou com agressividade? — null se segurou para não expulsá-la.
Mas que atrevimento da Srta. Elizabeth Vargas! O que null e null fazem entre quatro paredes é problema dos dois e de mais ninguém. Apesar de não ter rolado nada só uns amassos falsos, não era da conta dela.
Por sorte null chegou na sala naquele exato momento e null foi até ele como uma forma de se distanciar de Beth, caso contrário daria um chute, igual ao do Messi, na bunda daquela oferecida e a mandaria para o gol, quer dizer, para fora.
— Oi, bom dia, meu null! — o abraçou fazendo questão de esfregar a mão no peitoral descoberto e úmido dele.
— null... Você já me deu bom dia hoje. — ele não entendeu absolutamente nada.
— Eu sei, meu amorzinho. — ficou de frente para ele juntando suas bocas em um selinho. — Ela está atrás de você. — sussurrou olhando nos olhos dele.
— E por que não a manda embora? — sussurrou de volta.
— Vai ser falta de educação da minha parte. — realmente seria falta de educação, null pensou por um instante.
— Já sei, vai para a cozinha e me chama para te ajudar, tive uma ideia. — colocou as mãos na cintura dela e a puxou para si.
— Eu falei que a gente transou na noite passada, e ela está acreditando nisso. — null sorriu.
— Melhor ainda. — deu outro selinho nela agora mais demorado.
Beth limpou a garganta.
— Alôôô... Não sei se sabem, mas eu ainda estou aqui casal. — acenou para os dois.
null rolou os olhos, já null sorriu e se soltou de null seguindo em direção de Beth.
— Ah, bom dia, Beth. — cumprimentou com um sorriso galanteador que deixou a loira boba.
— B-bom dia, null. — gaguejou se levantando.
— Gostei que tenha vindo tomar café com a gente, afinal null não é de muitas palavras. — só então null entendeu, ele estava jogando o jogo dele.
— Então vou passar vim mais vezes para o café... — levantou-se do sofá tratando de se aproximar de null já tocando o tórax dele. — Tenho certeza que a null não vai se incomodar. — esfregou o peito do rapaz fazendo null fechar as mãos em punho.
null nesse mesmo instante levou umas das mãos até as costas e fez sinal com os dedos para que null fosse para a cozinha.
— Eu vou terminar de fazer o café, estou com a massa de bolo pronta para colocar na forma. — mentiu não havia bosta de bolo nenhum.
"Essa é a minha garota!" null pensou, null deixou tudo mais fácil.
— Pode ir lá, querida. — Beth foi quem respondeu achando que ia se dar bem.
— É null... Qualquer coisa me chame. — ele virou o rosto na direção de null e piscou para ela.
Então ela entendeu, indo em direção da cozinha. Caminhou até o balcão e tentou pensar em algo rápido antes que a megera tirasse a roupa e se oferecesse para null. Mas o que? Tinha que ser uma boa desculpa...
Colocou os braços em cima do balcão olhando para os armários, estralou os dedos, claro! Tinha citado um bolo, certo? Só precisava colocar na forma então...
Voltou para a entrada da cozinha ficando escorada no batente. Não queria ter visto Beth dando uns beijos no pescoço e queixo de null, null percebeu na hora que ele não estava gostando nada, nada porque olhava para todos os lados em busca de uma saída, ah, Beth ia pagar e caro!
— null você pode me ajudar pegar a forma do bolo no armário? É muito alta e você sabe, bebê, eu sou baixinha. — o “baixinha” a bunda dela, ela e null tinham a mesma altura.
— Claro null. Com licença Beth, fique aqui eu já volto. — afastou a loira e seguiu para a cozinha.
null tinha os braços cruzados com as costas encostadas no balcão assim que ele entrou na cozinha. Imediatamente null parou, ah agora ele ia apanhar!
— Não sou de muitas palavras, é? — apertou os olhos em um tom meio ríspido.
— null... "Bebê"? — se referiu ao modo como ela o chamou.
— Eu estava puta, ok? — disse indo até a pia que ficava atrás do balcão, suspirou querendo tirar a imagem de Beth da cabeça.
— Ah não, sem ciúmes, por favor. — pediu conferindo se Beth não tinha o seguido.
null apoiou as mãos no mármore e então pensou: essa era a palavra? "Ciúmes" era o nome dado para toda sua raiva de querer bater em Jullie e Beth sempre que falavam de null? "Ciúmes"? Legal, uma nova descoberta: null null tinha ciúmes de null null sendo que só eram melhores amigos.
— null quer transar? — null disparou de frente para ela, sendo separados apenas pelo balcão. Ela engoliu em seco.
— Como é? — imediatamente levantou uma sobrancelha, sentindo aquele mesmo nó da noite anterior no meio de suas pernas.
— Não transar de verdade. — caminhou até onde null estava ficando atrás dela. — Eu digo de fingimos, igual ontem. Eu não preciso nem tocar em você se não quiser; podemos gemer em voz alta, assim a Beth vai se sentir incomodada e vai embora. — explicou e null pensou, era uma boa, mas e si...
— E se a Beth vir e quiser entrar no meio? — perguntou se virando de frente para ele que sorriu de lado.
— Então a gente transa de verdade e aproveitamos para fazer um ménage. — null fez uma careta de nojo. — Então? O que me diz? — ela pensou por um tempo antes de virar de costas para ele.
— Fechado. — mas peraí, se eles iam fingir, null queria sentir de novo o toque de null. Procurou as mãos dele e assim que encontrou as levou até sua barriga. — Oh null... — começou no seu melhor tom alto.
null sorriu, porém não moveu nenhum músculo.
— Calma null... Vamos com calma. — foi a vez dele.
null avistou algumas panelas em cima do balcão e teve a grandiosa ideia de derrubá-las no chão. Jogou um pouco o corpo sobre o balcão e empurrou duas panelas no chão fazendo um barulho quase ensurdecedor.
— null! — gritou, os dois tiveram de segurar o riso. — Tira logo essa maldita bermuda! — fez questão de gritar bem alto e claro.
— É difícil com você me olhando com esse olhar de felina. — gritou no mesmo tom que ela.
— Oh... — null fingiu gemer junto de null.
Não demorou muito e conseguiram ouvir o som do salto alto de Beth, ela estava inquieta na sala, talvez, estivesse em dúvida se ia embora ou ficava. Nesse momento os pensamentos de null voarem para null, com a megera indo embora eles estariam livres e voltariam a ser amigos, mas ela não queria isso.
— Calma, null. — pediu querendo um pouco de distância da pia.
Isso foi o suficiente para ela pegar na mão direita de null, levantar sua própria camiseta e pousar a mão dele ali. Fez menção de levá-lo até a barra de seu short. null entendeu na hora o que ela queria e se surpreendeu.
— Tem certeza? — quis confirmar e null jogou a cabeça para trás para alcançar a orelha dele.
— Faça isso, eu quero que você faça. — deixou claro voltando levantar sua cabeça.
Rapidamente null abriu os botões de seu short jeans. null soltou um risinho, com a mão livre puxou um pouco a perna esquerda dela para que o caminho ficasse mais aberto para ele.
— Relaxa. — ele pediu erguendo mais a camiseta dela. — É a sua primeira vez nisso, não é? — perguntou acariciando a barriga dela causando calafrios.
— É. — respondeu mordendo os lábios, sentindo ele ainda acariciando sua barriga.
— Então confie em mim, relaxe. — disse começando descer a mão.
null sentiu quando ele invadiu sua calcinha, nem percebeu que havia encostando o corpo totalmente nele. Quando sentiu o toque em seu clitóris, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, null estimulava de modo circular logo percebendo que ela gostava.
null desceu mais a mão e só então percebeu que null estava molhada, uau ele tinha um superpoder sobre ela. De repente introduziu um único dedo e ouviu-a gemer jogando mais a cabeça para trás. Começou movimentos lentos, aumentando conforme ela gemia e arranhava seu braço.
— Oh null, você é uma gostosa... Isso gostosa continua assim... Oh... — não sabia se estava fingindo para expulsar Beth ou se realmente estava gemendo.
— Não para... — ela sussurrou, null teve certeza que foi somente para ele ouvir.
Introduziu mais um dedo levando null levar as mãos até os cabelos de null e puxá-los, ela estava dominada pelo prazer e tudo era novo. null retribuiu aumentando os movimentos de seus dedos, se ela queria mais então ia dar mais.
null gemeu o nome dele e isso fez ele ir as alturas. Ela havia gemido o nome dele, PORRA ERA O NOME DELE!
Não demorou muito e null chegou ao ápice, não era experiente então seu prazer durou pouco, mas ficou insatisfeita. Foi a melhor coisa que já experimentou na vida!
— null...? — null chamou ainda com os dedos dentro dela.
Ela virou o rosto na direção dele e sorriu antes de beijá-lo na bochecha. null tirou sua mão de dentro da calcinha e fez questão de abotoar o short que ela usava, assim que levantou o olhar pensou que ela fosse sair correndo, mas ao invés disso null o abraçou e lhe deu diversos selinhos.
É... Ela ficou bem animadinha.
— null... null... — chamava entre os contatos de suas bocas. — null, já chega. — pediu colocando uma mão contra a boca dela. — Parou, por enquanto. — retirou a mão encarando a saída da cozinha.
— Você queria um beijo de verdade, não é? — questionou assim que ele caminhou em direção da sala.
— Eu só beijo se eu estiver realmente apaixonado. — null sentiu um aperto no peito, então quer dizer que ele nunca ia beijá-la? — A barra está limpa, ela foi embora. — voltou de um jeito alegre para perto de null que tinha perdido o sorriso. — O que foi? Eu te machuquei? — segurou-a pelo queixo.
— Me deixa em paz, null. — pronunciou com a voz chorona correndo em direção da saída.
null não entendeu o que tinha acontecido. Será que tinha sido tão rude com as palavras para deixá-la daquele jeito? Ou havia a machucado e ela não queria contar?
Capítulo 11
Foi como um choque, sua cabeça bateu no encosto do sofá-cama, suas mãos apertaram as almofadas e a luz do sol só serviu para suas pálpebras doerem. Rolou os olhos deixando a cabeça cair entre as almofadas, bufou como um cavalo velho. Essa era a situação de null, dormindo no sofá de cueca parecendo estar de ressaca.
Você leu certo, ele estava dormido no sofá, tudo porque não queria incomodar null que ficou no quarto o dia inteiro de ontem sem colocar um pedaço do focinho para o lado de fora. Nem almoço fizeram, a janta então ficou por conta do motoboy que entregou um marmitex na porta da casa.
null comeu sozinho, mas não teve muita fome. Estava com a cabeça ocupada demais para comer, null não saiu do quarto, o que aconteceu? O que ele fez? Será que havia a machucado? Não conseguia tirar essa hipótese da cabeça, pensar que ela estivesse machucada por causa dele era muito constrangedor.
O toque de seu celular atingiu seus ouvidos fazendo-o suspirar e virar o corpo de barriga pra cima com a almofada na cara. Não queria falar com ninguém que não fosse null, tudo que mais queria era ouvir sair dos lábios dela que estava bem e que queria que ele ficasse por perto.
Não sabia como explicar, só sabia sentir necessidade de ficar perto de null, era como se sentisse que era sua obrigação protegê-la... Também o Sr. null podia a qualquer momento atirar na bunda dele com a espingarda, que tinha certeza que ficava em algum lugar escondida na casa dos null.
Infelizmente atendeu o celular sem olhar o número. Arrependeu-se amargamente por isso.
— Olá, null. — a voz dela o fez abrir os olhos e encarar o teto em espanto.
Seu coração acelerou, conseguia sentir os batimentos na garganta, mas que porra, o que ela queria? Não tinham mais nada que conversar, aliás, nem se tinha o que conversar! Ela o trocou, não foi? Então que aceitasse que não existia mais como voltar atrás!
— O que você quer null? — foi ríspido.
— Você. — respondeu com o tom arrependido.
— Ah, é? Que pena, mas você perdeu! — desligou a chamada na cara dela, não sentia mais nada por ela.
Os batimentos cardíacos já tinham se acalmado, foi apenas um susto. Seu coração não pertencia mais a null, e sim a... null?
Claro! Como não tinha percebido antes?
Sentou-se no sofá-cama com um enorme sorriso nos lábios, claro, a nova dona de seu coração era null null, por isso se preocupava tanto com ela, por isso a defendia de Tobias, por isso queria protegê-la, por isso ficou excitado, por isso que a imagem dela foi a primeira aparecer em sua mente quando desligou na cara de null... Era ela!
Desde que expulsou Tobias daquela casa, quando ele tentou assediá-la, percebeu que não tinha agido em seu estado normal. Ele pareceu o namorado de null ou até mesmo o marido dela. Tudo porque estava apaixonado por ela, estava até explicado sua necessidade de beijá-la na piscina.
Encostou as costas no encosto do sofá, jogando a cabeça para trás com a mão pousada na testa. Era null, null finalmente tinha perdido. Nunca imaginou que um dia fosse ver null caindo do trono e null subindo em seu lugar. Foi tudo tão rápido que nem notou que não pensava mais na ingrata da null null.
De repente seu celular apitou. Era uma mensagem da megera.
“Por favor, null, volta para mim. Eu vi que errei, o Caleb é somente um par de músculos; você é carinhoso, atencioso, você me fazia bem, sabia? Eu quero você de volta, por favor, volta. null, Xx”.
Ele riu.
— Tarde demais null, você perdeu. — jogou o celular no meio das almofadas.
Não demorou muito e ouviu o aparelho apitar, mais uma mensagem. Saltou do sofá deixando o celular ali, null agora não passava de uma ex-namorada ingrata e insatisfeita que o trocou por um par de músculos. Ótimo, agora iria atrás de quem realmente merecia sua companhia, iria atrás daquela que sempre esteve ao seu lado.
Subiu as escadas indo em direção do quarto precisava estar perto dela. Soltou o ar pela boca antes de girar a maçaneta, assim que o fez se surpreendeu ao ver que a porta não estava trancada. Empurrou a porta devagar percebendo que o quarto tinha pouca iluminação, ela tinha fechado as cortinas.
null entrou em silêncio, fechou a porta e foi até a cama onde encontrou null deitada no lado esquerdo do colchão deixando o lado dele vago. Ela tinha esperado por ele. Sorriu dando a volta na cama, subiu no colchão e ficou estudando null nos mínimos detalhes.
Era ela perfeita. Parecia um anjo dormindo, o seu anjo.
Com o ar ligado o quarto estava gelado, null entrou debaixo do edredom e aproximou-se de null abraçando-a. Uma onda de eletricidade subiu por todo seu corpo, naquele exato momento teve certeza que ela era a garota certa.
Fechou os olhos tentando pegar no sono, ninguém ia estragar aquele momento, ele finalmente tinha encontrado alguém que realmente se importava com ele e não queria vê-lo no fundo do poço.
— null...? — abriu os olhos assim que ouviu a voz dela.
null virou-se para ele, ainda bastante sonolenta.
— Que bom que está aqui... — aconchegou-se contra o peito dele acariciando o abdômen descoberto. — Senti sua falta... — ajeitou a cabeça no peito dele e ali permaneceu.
— Eu estou aqui, null. — sussurrou levando a mão até o rosto dela onde acariciou. — Estou aqui para te proteger, não precisa mais ter medo de nada. — sentiu-se dentro do filme Bambi II naquela cena onde o pai dele repetia o "eu estou aqui", sim era triste, mas foi o que null sentiu.
null riu antes de limpar o sorvete na ponta do nariz de null, que ao invés de limpar com o guardanapo tentava com a língua. Crianças que cresceram, mas o cérebro continua o mesmo.
— Você parece uma criança. — sorriu voltando a comer sorvete na frente dele.
— É, lembre-se que a criança aqui pagou o seu sorvete, viu? — fingiu um tom ofendido esticando os braços em cima da mesa.
— Oh que criança inteligente. — brincou bagunçando os cabelos dele.
— Já que sou criança, me leva naquele brinquedo ali. — apontou o brinquedo do lado de fora do McDonald.
— Pula-pula? Tá brincando comigo? — levantou uma sobrancelha achando engraçado enquanto ele ficou sério e colocou a cabeça em cima da mesa entre os braços.
— Não, eu nunca tive a oportunidade de ir em um pula-pula... — null respirou fundo e null desmanchou o sorriso. — Meu pai me pressionava muito para não ser um vagabundo, sem vergonha, bêbado e desocupado igual ao irmão dele. — ele nunca se abriu sobre a família.
— Seu pai morreu quando você tinha doze anos, não é? — só sabia até aí.
— É. E eu tive um padrasto. — com os dedos brincou com o porta-canudos. — E ainda acho que houve traição no meio desse bafafá. — null deixou o copinho de sorvete de lado querendo prestar atenção na história.
A família Brandon parecia ser a família perfeita, mas como toda família, tinha lá suas ovelhas negras.
— Por que acha que houve traição? Se seu pai morreu e sua mãe encontrou outro homem não é traição. — deveria ter ficado quieta e só escutado.
— Não é traição se minha mãe tivesse esperado pelo menos cinco meses. — corrigiu. — Mas ela enfiou outro homem dentro de casa, enquanto o corpo de meu pai ainda estava quente no cemitério. — ok, aí já é biscate.
— E quem é o seu padrasto? — era para ter sido uma pergunta inocente e até mesmo idiota.
— Aquele que meu pai temia que eu me tornasse. — o tio dele.
— Mas sua mãe se relacionar com seu tio não é traição, é... Normal. — só então reparou que deveria ter ficado de boca fechada.
— Normal?! — se mostrou um pouco exaltado. — Normal é eu virar para você agora e dizer: "Ah null, então, estamos namorando, mas eu queria que você pegasse suas tralhas e levasse para minha casa, vamos ser um casal, só que eu tenho um filho que perdeu a mãe faz um ano, seja gentil com ele". — null esfregou a mão no rosto, null engoliu em seco era melhor ficar quieta.
Ele suspirou.
— Meu tio não queria o meu bem. — revelou com o tom baixo. — Antes de meu pai morrer, e depois também, ele nunca me olhou como sobrinho, nunca. Sempre que tinha alguma festa em casa ele me olhava com aquele olhar de ódio, eu me sentia desprotegido perto dele. — contava e fechava os olhos como se estivesse relembrando. — John nunca me deixou sozinho com ele. — soltou o ar pela boca. — Uma vez...
null POV's — on
Primeiro: éramos uma família cheia de altos e baixos, achou que éramos a "família perfeita", null? Achou errado, há muitas coisas que você e os outros pensam que não são reais.
Segundo: sei que meus pais e os seus eram e são amigos, isso nunca esconderam de mim e espero que não tenham escondido de você. Imagino que seus pais falavam dos meus como se fossem íntimos, não falo em relação a cama, na verdade seu pai era como um irmão para o meu. Pergunte a ele sobre John.
Terceiro: John nunca quis que eu e meu tio, Johnny, tivéssemos proximidade, então você já tem uma boa noção de como eu fiquei quando soube que ele seria meu padrasto. É... Igual um rato no meio do feno.
Eu não quero que você volte para Los Angeles e questione seu pai sobre o meu, sei bem o que Luke acharia disso. Ele diria: "o null ficou maluco? O que ele pretende mandando você saber sobre o pai dele?! Você não tem nada que saber sobre John Brandon, não é da sua conta null!", sei que tentei imitar a voz dele, mas pela sua cara não colou.
Luke null ia estar certo, você não tem que saber nada sobre o meu pai, apenas saber a minha versão já é o suficiente. Isso não é uma guerra entre eu e meu tio, então não precisa escolher um lado para lutar, basta saber o quanto você quer acreditar, porque tudo que vai sair pela minha boca é a mais pura verdade. A verdade sobre a família Brandon.
Agora passa esse cheeburger pra cá.
"E a sua dieta null?".
Que se dane a minha dieta, eu estou em forma, não estou? Não negue que eu tenho a Jullie e a Beth para confirmar isso. E eu já vi você me olhando quando estava sem camiseta, agora pare de morder os lábios desse jeito.
Como dizia antes de perder o fio da meada e começar numerar coisas e prosseguir com a ladainha até o seu pai... Meu tio nunca me olhou como sobrinho e um dia eu vi a morte passando as mãos em minhas costas, tudo por causa dele.
Minha mãe sempre queria sair aos domingos, ela gostava de reunir a família, pegar o carro e sair por aí em busca de aventura. Entrávamos em todo tipo de buraco, canavial, estrada de terra, isso daí. Até que em uma tarde de domingo o Sr. Johnny chegou em casa com um isopor com vinho, abacaxi, carne e frango; a desculpa dele foi que estava com vontade de "queimar uma carninha" com o irmão, meu pai no caso.
Meus pais engoliram a desculpa, já eu... Ha, depois que cresci deduzi aquele dia como: o domingo que meu tio tentou me matar. DUAS VEZES!
Meu pai pegou a churrasqueira e começou preparar a carne, até que se lembrou de que não tinha carvão, pronto lá vai ele sair. Eu estava no quintal vendo como ele lidava com a faca, a carne, o sal grosso, essas coisas de churrasco. Minha mãe preparava um arroz com milho e ervilha que só ela sabia preparar e meu tio fazia a famosa espanhola, não, não com a minha mãe — eu acho —, era a batida de abacaxi, leite condensado e vinho.
Não foi nada até que ele foi para o quintal, eu estava sentado... Sentado uma ova eu estava mesmo era deitado na cadeira de área com a cabeça para baixo esperando meu pai chegar para continuarmos, nem percebi que naquela hora minha mãe tinha ido atender ao telefone.
"null venha cá." ele me chamou e eu fui todo inocente. "Quer beber um pouco do suco que acabei de fazer?" o suco era a espanhola.
"É de abacaxi? Vi você cortando abacaxi." o que eu poderia fazer? Eu era louco por abacaxi, e eu tinha apenas cinco anos.
"É..." então ele se virou e serviu dois copos, claro eu percebi que ele tinha demorado muito para se virar e entregar a bebida para eu tomar com toda inocência do mundo.
Que é null? Eu era uma criança que enfiava até a própria merda na boca. E não role os olhos, eu era mesmo.
Enfim, recapitulando, eu enca...
"Como você não sabia que era espanhola? Você não viu o vinho?".
Eu já disse, primeiro: eu era inocente; segundo: não sabia que meu tio ia me fazer mal; terceiro: eu não sabia o que era vinho, infeliz!
Oh! Também não precisava me bater por isso, retiro o que eu disse depois dessa.
Enfim, encarei aquela bebida meio roxa e estranhei, aquilo não era suco de abacaxi, mas tinha um cheiro bom então o levei até a boca. Foi tempo o suficiente para meu pai aparecer, correr em minha direção e bater a mão contra o copo. E nunca vou esquecer o berro que ele deu.
"VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCO GAROTO?! NUNCA BEBA NADA SEM QUE EU VEJA, ESTÁ OUVINDO? NUNCA!" a cara de bravo que ele fez me deixou com medo, ele nunca tinha gritado daquele jeito comigo.
Só então eu percebi que o filho da puta do meu tio não estava mais no quintal, ele tinha sumido para que a culpa caísse totalmente em mim já que seu plano não tinha funcionado. Eu fui uma criança idiota, e tenho quase certeza que ele havia colocado alguma coisa pra eu tomar.
Eu chorei porque percebi que pela cara de John eu tinha feito errado.
"Desculpa pai..." pedi, mas meu pai estava extremamente bravo comigo.
"QUANDO EU MANDAR VOCÊ TOMAR ALGO, VOCÊ TOMA, ESTÁ OUVINDO? NUNCA TOME AS COISAS DAQUELE JEITO, NUNCA!" chorei mais ainda e cai sentado no chão. Ouvi ele suspirar enquanto eu chorava tentando conter as lágrimas com as mãos. "null..." ele suspirou "Não... Não filho..." John me pegou no colo e eu continuei chorando contra o peito dele, sim eu era uma criança bastante frouxa. "Eu só não quero que você se machuque, você é meu filho e é meu dever protegê-lo. Acontece que acabei descontando a raiva em você sendo que a culpa era minha... Eu nunca deveria ter te deixado sozinho com o seu tio." ele se sentou em uma das cadeiras e ficou afagando meus cabelos até eu finalmente parar de chorar, assim que parei, nós ficamos em silêncio e acabei dormindo no colo dele.
Legal, né? Eu era frouxo, molenga e além de tudo um baita de uma menininha que dorme no colo do papai depois de um momento de crise. E olha que a crise não envolvia o Trump nem o Temer, mas você entendeu null.
"Entendi, entendi.".
Está gostando de ouvir os segredos da família Brandon?
"Falando desse jeito, até parece que sua família pertenceu a um filme de terror.".
Não role os olhos, por favor. Quando você faz isso me sinto um mentiroso contando lorota para uma marmota.
"Quem é a marmota, null? Eu juro que se for eu, vou acertar um tapa tão forte na tua cara que nem a sua mãe vai conseguir te consolar!".
Guarde a sua violência gratuita meu bem, e deixe minha mãe em paz. Vou deixar você suspirar, estou bonzinho.
"Oh claro! Se esse seu 'bonzinho' é a maneira de como você está se expressando e me tratando, eu nem quero conhecer seu lado 'malvadinho".
Bom, eu vou fingir que não escutei o que você acabou de falar para não magoar o meu tico e o meu teco. Vamos continuar a... História da família Brandon.
"A sua tentativa falsa de imitar uma voz horripilante foi fracassada com sucesso e você foi reprovado no teste".
Ohhh, null!
"Ah, tá bom, tá bom, parei.".
Voltando para a fábula... Como eu disse minha mãe gostava de “farrear” por aí, naquele domingo não foi diferente. Nós comemos e saímos em busca de algum lugar para se aventurar, entramos no meio de um canavial e acabamos, por acaso, encontrando um pequeno riacho, estava um sol escaldante então resolvemos pescar e tomar um banho.
O lugar era calmo, havia uma ponte que atravessamos com o carro; a água corria com liberdade caindo em algumas superfícies fazendo o som de cachoeira; tinha enormes árvores ao redor, os pássaros cantavam e voavam, e por alguns segundos pensei ter escutado o som de um mico-leão dourado.
Minha mãe me ajudou com as roupas e se certificou de que eu tinha passado o protetor solar antes de ir pescar com meu pai em algum lugar, para lá da ponte longe de onde eu fiquei. Eu me recordo e acho que eles não foram pescar e sim fazer uma rapidinha.
Enquanto meus pais se escondiam no mato, eu entrei na água e comecei brincar com tudo aquilo que encontrava flutuando, gravetos, folhas, pequenas aranhas. Eu era uma criança curiosa e não tinha medo de me arriscar, entrava na água e com o pé ia deduzindo os lugares que poderia pisar e ficar.
Estava brincando com duas folhas e uma formiga quando meu tio se aproximou fazendo sua sombra me cobrir por inteiro. Eu estremeci e engoli em seco, meu pai tinha deixado bem claro que eu não deveria ficar perto de Johnny, sem que ele estivesse junto.
"null achei um lugar bem melhor para você brincar, venha comigo.".
Ele parecia que tinha amarrado um pedaço de frango no anzol de uma vara de pescar e agora tentava me pescar. Eu fui muito burro porque estava caminhando para cavar minha própria cova.
O resto do que eu lembro são apenas flashes... Eu me afogando sentindo a correnteza me levando; meus pés se batendo contra as pedras dentro d'agua e aquela imagem dele parado me vendo morrer aos poucos. Eu levantava a mão esperando que ele a pegasse e me tirasse daquele pesadelo, mas isso não aconteceu.
Então senti um bucado de água — aquela água nojenta ahhh — entrar por meu nariz e chegar a meus pulmões, meu braço afundou e minhas pálpebras fecharam, eu só pude ouvir meu pai gritando "aguenta firme null!" antes de ver tudo escuro.
Não ri null, isso não tem graça nenhuma.
"Não... É que... A sua cara quando falou da água foi tão engraçada... O que deu em você ficou frouxo de vez é? E, aliás, ainda virou patricinha?".
Nossa, estou rachando de rir. Tô até me sentindo o dinossauro do Jurassic World saindo do ovo.
"Não revira os olhos.".
Eu não revirei.
"Revirou sim.".
Você tá com merda na cabeça? Bosta líquida é isso? Tá muito engraçadinha para minha cueca aguentar.
"EU SABIA! Sabia que você era um frouxo!".
Ah eu sabia... Quanto mais eu peço pra Deus me livrar dos problemas irresolutos, mais ele coloca na minha vida. O que você e o Jonathan pensam que eu sou? Algum louva-deus que fica esticando as perninhas enquanto vocês falam lorota?
"Problemas o que?".
Irresolutos, quer dizer sem solução. Mas tu és burra null? Ou se faz de burra? Até parece a Valdirene.
"Val... O que?".
Ah nada, pegue seu sorvete e vamos embora.
null POV's — off
null empurrou a porta, fazendo o sininho balançar, saindo na frente e null logo atrás, ela não sabia o porquê do homem ter ficado tão irritado por contar sua história, ela não pediu, aliás, foi ele quem resolveu contar. Ah null era tão estranho, às vezes.
— Market? — abriu a porta do motorista da caminhonete, esperando a resposta para entrar.
— Isso, mercado e depois shopping. — respondeu adentrando o lado do passageiro.
— Como preferir. — colocou o óculo escuro entrando no veículo.
Girou a chave na ignição, depois ligou o rádio deixando o som de uma guitarra invadir o ambiente fechado pelos vidros escuros. null cutucou null o trajeto inteiro até o shopping, sabia que ela odiava rock pesado e não perderia a chance de vê-la brava. Agora o papel era inverso.
— Não sei não, algo me diz que isso não vai dar certo. — Tobias comentou abrindo o portão da casa.
— Está com medo Tobias? — ela quis saber passando na frente dele chegando até a porta, primeiro.
— Eu? Não. — fechou o portão antes de ir até ela retirando o molho de chaves do bolso. — Eu só acho que isso não é uma boa ideia. — colocou a chave na fechadura, girando a maçaneta.
— Ah Tobias larga de ser frouxo, já trocou a cueca hoje? — ela invadiu a casa com uma arma em punho.
— Troquei na hora do banho e eu não sou frouxo! — entrou na casa fechando a porta com delicadeza.
— Ah que bom, mas parece que está se cagando de medo do null. Ele não é nada Tobias. — observou a sala remexendo as almofadas do sofá-cama com o cano de seu revólver.
— Não estou com medo do null, ele que deveria ter medo de mim. — revidou pegando uma blusa de moletom cinza que estava no chão logo a soltando.
A mulher riu guardando a arma na cintura.
— O null? Medo de você? Hahaha é mais fácil ele ter medo de um rato do que de você. — continuou rindo.
— E você deveria ter medo de quem? Vejamos... — colocou a mão no queixo enquanto a mulher estudava a sala. — null? — disparou vendo que a mulher congelou, fechou as mãos em punho e suspirou.
Ela odiava ouvir aquele nome. null null, ahh como queria acertar um tiro bem no meio da testa daquela cabrita!
— Eu não tenho que ter medo da null null, ela não passa de uma barata que eu posso esmagar com a minha bota! — ditava enquanto andava até Tobias ficando cara a cara com ele, seus olhos pareciam faíscas.
Rapidamente ela saiu de perto de Tobias e foi em direção da cozinha fazendo seu salto alto fazer barulho conforme andava. O rapaz a seguiu ainda tinha muito que jogar na mesa.
— Se ela é uma barata, por que ainda não pisou nela? — a mulher abriu a porta de um dos armários.
— Porque eu ainda não tive oportunidade. — respondeu a primeira coisa que lhe veio em mente.
— Não. — foi até o balcão apoiando seus braços ali. — Você tem medo dela, confesse logo Judith. — ela virou o olhar na direção do homem, era um olhar assassino carregado de fúria.
— Eu não tenho medo dela, ela não passa de uma vadia de má qualidade. — rosnou indo até o balcão ficando na frente de Tobias. — Ela não bota medo em ninguém.
— Se não tivesse medo dela, já teria colocando um basta e não estaríamos a... — se calou e pensou por um momento.
Claro! Como não tinha pensado naquilo antes?
Tobias começou rir e Judith não entendeu nada.
— Do que você está rindo filhote de urubu? — estava séria.
— Você tem medo do null! — bateu a mão no balcão.
— De novo está errado. — os olhos dela já não tinham mais a faísca que tinham sinal de que ele tinha acertado.
— Seus olhos te denunciam Judith. — ela engoliu em seco. — Você não me engana garota. — caminhou até ela e a segurou pelo maxilar. — Você sente medo do null Brandon, é isso? Tem medo do que, hã? Do que ele possa fazer com você se encostar na null? Ou tem medo dele não aceitá-la como aceita a null?
— PARA! PARA! — gritou retirando a mão dele de si imediatamente.
Judith deu alguns passos para trás com as mãos segurando a cabeça com os olhos fechados, não suportava escutar que null não iria desejá-la como deseja null. null era tudo que ela tinha sem ele sua fortuna ia para o ralo.
Tobias estava certo, ela tinha medo de Brandon. Medo de ele a rejeitá-la; medo dele atirar nela quando se encontrassem; medo de perder tudo; medo de perdê-lo para null null; medo de ele colocá-la atrás das grades...
— Eu não vou te ajudar a superar esse medo Judith, que você se foda com ele. — Tobias cuspiu saindo da cozinha indo em direção das escadas, tinham muito que fazer na “casa” de null e null.
null empurrou null pelo quadril conforme o ajudava colocar as compras na caçamba da caminhonete. Eles haviam utilizado todas as horas do dia fazendo aquela simples compra, agora já era noite e quase hora do jantar.
Em todas as horas que ficaram dentro do mercado foi o suficiente para rirem, brincarem e se provocarem. null usava uma camiseta decotada o que estava deixando null louco, ele amava seios era sua parte favorita em uma mulher, então foi completamente difícil de andar pelo mercado tentando fazer com que seu meninão não ficasse alegre.
Já null estava provocando null com a sua calça jeans apertada que deixava a bunda destacada e a camiseta branca que dava um infeliz destaque no peitoral, por sorte os faróis dele não estavam acessos, em outras palavras os mamilos não estavam marcando.
Sim, nenhum tinha a intenção de provocar o outro, mas acontece que estavam o fazendo sem perceberem. Isso deixava as coisas bem interessantes.
— É incrível como lá dentro está quente e aqui fora gelado. — ele ia falar "frio da porra", mas não gostava de falar palavrões perto de null.
— Isso se chama aquecedor. — comentou abrindo a porta do passageiro para pegar sua blusa.
— Que tal jantarmos fora hoje? — sugeriu fechando a caçamba e puxando a lona, amarrando as cordas da caminhonete.
— Ah não! — ela exclamou e null direcionou o olhar para ela imediatamente.
— O que aconteceu? — quis saber se aproximando dela.
— Eu esqueci meu casaco em casa. — respondeu bufando olhando mais uma vez o banco do carro.
— Quer o meu moletom? — indicou a blusa preta em cima do painel.
— Não, a gente vai ficar lá dentro, vai estar quente. — pegou a blusa dele, só por precaução, e fechou o veículo.
— Então... Lanchonete, comida mexicana, chinesa, japonesa? — quis saber ativando o alarme do carro.
— Vamos de lanche. — respondeu antes de seguirem para dentro do shopping, de novo.
Caminharam por alguns minutos tentando encontrar um bom lugar para jantarem, a área de fast food estava lotada, não tinha uma lanchonete ou restaurante que estivesse vazia. Até que resolveram entrar em um lugar qualquer e adentraram o mesmo lugar que um casal com duas crianças.
— Boa noite, aqui está o cardápio. — uma garçonete loira de olhos azuis se aproximou, ela até que era mais bonita que Beth. — Qualquer coisa é só chamar. — se dirigiu para a mesa do lado, null pegou o cardápio e começou procurar alguma comida interessante.
— Ela é a primeira garota que notei que não te comeu com os olhos. — comentou arrumando o decote e null revirou os olhos.
— É que eu sou bonito meu bem. Uma beleza dessas tem que ser apreciada. — se gabou e foi a vez de null rolar os olhos.
— Uii, desculpa até Brad Pitt. — brincou voltando sua atenção para o cardápio.
— Que tal espaguete? — sugeriu olhando o cardápio.
— Vai pedir também o filme da Dama e o Vagabundo? — virou a folha do cardápio. — Aqui essa é pra gente, maçãs com mel e sorvete. — null riu.
— E pedir o filme da Branca de Neve e os Sete Anões? — legal, eles nunca chegariam a um consenso daquele jeito.
A garçonete loira voltou e repararam que o nome dela era Charlotte, um nome bonito que combinou com ela.
— Então...? Já escolheram? — null encarou null após ver um ótimo pedido no cardápio.
— O que vem nessa torre de batatas? — ele havia acertado em cheio o que ela queria dizer com o olhar.
— Vem alface cobrindo o prato e por cima vem a torre de batata que é acompanhada de strogonoff de frango ou de carne, ou bacon. — explicou e null encarou null que sorriu.
— Veja uma porção dela então. — pediu e viu a garçonete anotando.
— Mista ou vão escolher o que vai no meio? — quis saber e null respondeu antes de null.
— Mista, por favor. — Charlotte anotou.
— E pra beber? Temos coca, guaraná, Dell Vale, sucos naturais, água. — foi falando as opções porque os clientes sempre perguntavam o que se tinham para escolher.
— Coca, null? — ele concordou.
— Mais alguma coisa? — ambos negaram. — Ah, aquele cara te mandou entregar isso. — retirou um papel dobrado do avental antes de se afastar para a cozinha.
null pegou o papel e o abriu, era um bilhete de alguém que estava a paquerando. null imediatamente procurou o indivíduo que Charlotte havia apontado e quando o encarou fechou mais a cara em uma expressão séria e raivosa, null era só dele e de mais ninguém.
O homem até que era bonito, tinha olhos verdes, loiro e corpo pouco malhado, Brandon dava de dez a zero nele se fosse para ver em questão de músculo. Ele estava acompanhado de três outros homens que não tiravam os olhos de null e aquilo estava incomodado, e muito, null.
— "Sabia que você é muito bonita? Estava reparando em você desde que entrou na lanchonete com esse cara do seu lado, ele é o que seu? Parece seu amigo, se fossem namorados estariam de mãos dada, certo? Então... Que tal a gente se encontrar no estacionamento ou no banheiro daqui a pouco?". — null leu e null a encarou com a expressão ainda séria. — Vou ver o que ele quer. — fez menção de se levantar, porém null a impediu assim que se levantou primeiro. — null o que você... — não deu tempo de terminar a fala porque ele já andava em direção da mesa do rapaz.
null era somente sua, não seria corno pela segunda vez na vida, ahh e não suportava vê-la nos braços de outro homem. O único homem que a tinha nos braços era ele e mais ninguém!
— Olá parceiro! — o loiro foi todo simpático se levantando para cumprimentar null.
O policial sorriu cínico.
— Não vem com essa de "olá parceiro", eu não sou seu parceiro. — sua voz foi rude.
— Nossa que mau humor, quer se sentar e tomar uma cerveja com a gente? Chame sua amiga também. — sorriu sendo realmente gentil, mas null não queria a gentileza dele.
— Tenho certeza que a null não quer se juntar a vocês. — novamente foi rude já fechando as mãos em punho.
— Bom então eu vou lá conversar com ela, coitada, você a deixou sozinha. — deu um passo na direção de null, mas o próprio lhe repreendeu pegando firme em seu braço.
O loiro não poupou esforço e encarou null com os olhos transbordando em chamas, quem aquele homem desconhecido pensava que era para chegar na sua mesa e ainda tocar em si?
— Me larga cara! — exigiu, mas null o segurou com mais força.
— Escuta bem aqui seu playboy desgraçado, aquela garota é minha e ninguém vai mexer com ela. — pronunciou bem próximo do rosto do outro. — Arraste suas asinhas para cima de outra porque aquela já tem a mim, e eu tenho certeza que você não vai querer brigar comigo por causa dela. — falando daquele jeito parecia que null era alguma espécie de troféu.
null terminou e soltou o outro que continuou na mesma posição o encarando.
— Não sabe com quem está lidando cara. — tentou intimidar null, mas só o fez rir.
— E com quem estou lidando? — perguntou esperando algo como o filho do presidente ou algo assim, mas não...
— Sou o mais novo agente da polícia de Los Angeles comandado pelo delegado Charlie Castel, meu nome é Jake Decker, e eu posso te prender por desrespeito com um oficial da lei. — null gargalhou.
— É mesmo? Bem... Muito prazer policial null Brandon, o melhor agente de Charlie Castel. — os olhos do garoto se arregalaram, Charlie tinha lhe contado muito sobre null e com toda certeza o homem estava bem acima de si naquela delegacia.
— Po-policial Brandon... — gaguejou.
— É um prazer saber que vamos disputar a agente null null naquela delegacia. — sorriu seu melhor sorriso antes de se afastar.
O loiro ficou pasmo, estava lidando com o melhor agente da futura delegacia que ia trabalhar e ainda tinha achado aquela que era superior a todos super gostosa e bonita. null e null juntos? Ah pronto! O filho deles vai ter o DNA dos dois, vai acabar com todos os bandidos de Los Angeles!
null retornou para a mesa e se sentou no banco, de frente para a mesa de Jake, bem ao lado de null, ia mostrar quem era o alpha. Tá isso soou uma babaquice.
— O que deu em você, null? — null questionou assim que ele se sentou ao seu lado.
— Nada. — respondeu de qualquer jeito se debruçando sobre a mesa.
null não poupou tempo e deitou a cabeça nas costas dele acariciando seus cabelos sedosos e macios. O homem direcionou o olhar para a mesa de Jake que os encarava negando com a cabeça. null soltou o ar pela boca mudando sua expressão, nunca tinha agido daquela maneira, nunca tinha sido ciumento, então o que aconteceu?
— Isso foi uma crise de ciúme? — null fechou os olhos, não... Ciúmes, não!
O rapaz não respondeu.
— null. — chamou exigindo por uma resposta.
Ele continuou intacto, se recusava a responder aquela pergunta. Nunca ia confessar que estava com ciúmes dela, não suportaria vê-la com outro homem que não fosse ele, logo agora que finalmente conseguiu descobrir quem era a nova dona de seu coração...
null continuou com o cafuné, ainda com a cabeça apoiada nas costas de null, direcionou o olhar para a mesa daquele que tinha mandado o bilhete. O loiro a mirou esfregando o braço em que Brandon segurou então ela percebeu que a crise do amigo tinha conseguido machucá-lo.
— Aqui está o pedido de vocês. — Charlotte se aproximou da mesa fazendo null levantar o tronco.
— Obrigada. — null agradeceu e a garçonete foi atender outra mesa.
null encarou a torre de batatas e não sentiu fome, sua fome tinha simplesmente abandonado seu estômago. Com o braço empurrou o enorme prato na direção de null, que o encarou apoiar os cotovelos na mesa e segurar a cabeça com as duas mãos.
— Não vai comer? — perguntou pegando uma batata.
— Não estou mais com fome. — respondeu ainda de cabeça baixa.
— Ah não, null... — null resmungou.
De repente pegou os braços de null e os abaixou, não demorou muito pegou o rosto dele e virou em sua direção, começou um leve carinho no homem tentando fazê-lo se animar um pouco. Não sabia o que ele e o outro conversaram, mas tinha uma ideia: ela.
null segurou a mão direita de null e a levou até sua boca a beijando. Acariciou a mão da mulher antes de levar sua outra até o rosto dela fazendo carinho com o polegar na bochecha.
Como um vulto, null jogou o corpo para frente e pegou null de surpresa grudando seus lábios quase ferozmente. Rapidamente separou os lábios dos dela, null sorriu e segurou o rosto dele com as duas mãos antes de selar novamente os lábios em um verdadeiro beijo.
A língua de null contornou os lábios de null pedindo passagem, ela concebeu. Suas línguas brincaram uma com a outra do mesmo jeito que eles brincavam um com o outro, não demorou muito e a brincadeira se evoluiu para uma guerra.
Brandon segurou a cintura dela com firmeza e a puxou em sua direção, mas lembrou de que infelizmente estavam em um lugar público não poderia puxá-la para seu colo. Com o polegar acariciou a cintura da mulher em círculos, teria que se contentar com isso.
Romperam o beijo por falta de oxigênio, null o encarou nos olhos antes de sorrir e abaixar a cabeça, null também sorriu beijando a testa da garota e deixando os lábios ali. De surpresa ela o abraçou escondendo o rosto no pescoço dele enquanto ele afagava seus cabelos.
— null... — chamou rompendo o abraço.
null o encarou nos olhos sentindo os dedos dele lhe segurar pelo queixo.
— Eu só beijo quando estou realmente apaixonado. — disse baixo apenas para ela ouvir.
null sorriu, lembrava-se muito bem daquelas palavras antes de sair da cozinha. Seu coração foi às alturas, ele gostava dela e ela gostava dele. Aproximou seus rostos de novo e grudaram seus lábios em um selinho rápido antes de se ajeitarem no banco para devorar aquela torre de batata.
null pegou uma batata e deu na boca de null, que o beijou na bochecha, estava mais feliz que passarinho fazendo sacanagem no pau.
— Então foi ciúmes? — disparou mergulhando uma batata no ketchup.
— Aquele show com o Sr. Jake Decker? — deu de ombros.
— Jake Decker? — levantou uma sobrancelha, Charlie já tinha citado aquele nome com o filho.
— Conhece? — virou o olhar para ela, levou a mão até o lábio inferior da mulher limpando o ketchup.
— Se não me engano ele será o novo aprendiz do Jonas. — respondeu. — Agora vai me dizer se estava ou não com ciúmes? — esperou a resposta que não veio. — É... Eu deduzi que não. — sabia que null era teimoso, mas não imaginava que fosse tanto.
null o observou comendo, percebeu que null não prestava atenção em si, então mirou Jake que disfarçou o olhar assim que seus olhares se encontraram. Sorriu mordendo os lábios, mesmo depois do showzinho de null, ele ainda continuava interessado nela.
O homem não era de se jogar fora, mas se fosse para evitar uma briga entre galos de briga, era melhor não escolher nenhum, se Jake não podia tê-la, então null também não teria. É o velho ditado: "se eu não pode tê-la, então você também não terá", é um ditado estúpido, mas está valendo.
Estava tão ocupada que nem reparou quando null percebeu que ela encarava a mesa do loiro. E null só soube do olhar de null quando este pousou a mão sobre sua coxa e apertou parecendo querer atrair sua atenção.
Imediatamente null mirou o homem ao seu lado, ele sorriu, o sorriso dele era, infelizmente, lindo!
— Acabei de receber a minha resposta. — encarou a mão do rapaz antes de encarar os olhos null que a miraram com faíscas.
null parecia queimar null apenas com o olhar, os olhos dele estavam escuros, era o ciúme; e tinham um brilho intenso, a luxúria e o desejo. Naquele momento tudo que ele mais queria era jogar null contra alguma coisa e mostrar tudo que sentia, além disso, queria que ela fosse sua, somente sua.
null encarou Jake e sorriu um sorriso vitorioso, o loiro sorriu de volta, sinal de que não desistiria tão fácil assim de null.
De repente null tomou um susto quando a mão de null passou apertar a sua coxa. Mirou a garota que mordia os lábios, ah não... Não demorou muito e ela puxou a blusa de moletom para o colo do homem cobrindo os botões e o zíper da calça jeans.
— null, aqui não... — sua voz falhou quando a mão dela tocou seu pau por cima da calça.
null se aproximou bem do ouvido do homem e sussurrou:
— Abre a calça. — pediu mordendo o lóbulo da orelha e o puxando para provocá-lo.
— Não. — negou olhando para ela se deparando com os peitos parecendo implorarem para sair do sutiã, sentia seu coração quase saindo do peito.
— Então vamos para casa. — antes de se levantar puxou a chave do carro do bolso de null. — E eu vou dirigir, mesmo que o carro seja seu. — seu tom de voz pareceu rude.
Antes de sair da lanchonete deixou a sua parte do dinheiro na mesa. null rolou os olhos, só porque não quis abrir as merdas dos botões da calça era sinal para null ficar brava? Depois a criança era ele, ah que ironia, não?
Enquanto ele se dirigia até o balcão para pagar, null aproveitou para ir até a mesa de Jake trocar algumas palavrinhas sagradas e sigilosas. Não se precisa nem dizer o que null achou daquilo quando se virou, porque o diabinho em seu ombro tava que tava.
O santinho falava "deixe ela fazer amigos null, não seja ciumento" daí surgia o diabinho e cochichava "é o caralho brow, não deixe ela perto do Jake, vai perdê-la tio, depois você vai chorar chuchu, quer ser corno de novo?".
O diabo e o santinho brigavam em seus ombros, e ele ouviu quem?
Caminhou até a mesa de Jake, com seu melhor sorriso nos lábios. O diabo.
— Foi um prazer conhecê-lo Jake, agora vamos, né null? — a enlaçou pela cintura, puxando-a para si.
null se soltou dele no mesmo instante fazendo Jake rir. A mulher então saiu da lanchonete sem se despedir de nenhum dos dois, null sentiu raiva porque agora Jake ria da cara dele.
— Acho que ela não é mais sua cara, é uma pena, não? — levantou as sobrancelhas loiras e null teve vontade de fazer as sobrancelhas dele com a pinça.
— Não cante vitória antes da hora. — rebateu antes de também sair da lanchonete.
Jake deixou seu melhor sorriso brotar, ainda tinha uma ponta de esperança em roubar null de null!
null colocou as mãos no bolso da calça conforme andava e sentia o frio atingir seu rosto, podia jurar que na manhã seguinte iria acordar com sinusite. Buscava null com o olhar, mas nem sinal de poeira, nem mesmo o cheiro dela estava no ar. OK, ele não era um au-au, mas poderia sentir o cheiro dela.
Maldita hora que aquele Jake foi aparecer, ele não poderia ter esperado mais cinco minutos, para que null já tivesse beijado null e dito seu lema? Ela nunca teria olhado para aquele monte de fios loiros se Brandon tivesse a beijado antes.
Ela também era uma filha da mãe, maldita hora que foi querer deixá-lo "felizinho". Tudo bem que ela tinha ficado feliz com o beijo, mas não poderia esperar até chegarem em casa? Ele tinha mesmo que abrir a calça em uma lanchonete que ainda por cima estava lotada? null fez certo em não deixá-la masturbá-lo, mas vai colocar isso na cabeça dela. null era pior que toupeira.
Caminhou mais alguns metros antes de dar no estacionamento e seguir até sua caminhonete, estacionada em um lugar meio escuro. Reconheceu a silhueta de null que assim que o viu adentrou o lado do motorista. null não brigaria, deixaria ela dirigir.
Entrou no lado do passageiro apoiando o cotovelo no peitoril da janela, mesmo com o vidro fechado. Não estava com cabeça para brigar com null, então passaria o caminho todo sem pronunciar uma só palavra.
Esperou o motor de o carro roncar, mas o ronco não veio. Fechou os olhos e esfregou a testa, nenhum sinal do motor. Suspirou de olhos fechados antes de direcionar o olhar para null, que colocou a chave na ignição, só que ao invés de girar levou a mão esquerda até os botões na porta e apertou o comando que trancava as portas.
null engoliu em seco.
— null vamos parar de gracinha? — pronunciou fazendo-a sorrir pervertido.
Sua resposta foi começar se aproximar de null e beijar o pescoço fazendo-o fechar os olhos, ele sentiu null subir em seu colo colocando as pernas uma de cada lado de sua cintura. Ela continuou com as carícias, enquanto ele a segurava pela cintura e acariciava com o polegar.
Beijos molhados foram subindo do pescoço para o maxilar e do maxilar se encontraram com os lábios do rapaz. null entrelaçou os dedos nos cabelos de null aprofundando o beijo, o choque de suas línguas os arrepiou e fez com que ela investisse contra o volume já explícito dele, que não segurou o gemido abafado pelo beijo.
null sorriu entre o beijo continuando com suas investidas, sorrindo a cada gemido que arrancava da garganta de null. Estava adorando vê-lo gemendo, era sinal de que mesmo inexperiente estava fazendo um ótimo trabalho.
Grudaram suas testas assim que romperam o beijo e ficaram se olhando. Não havia mais Jake, não havia mais ciúmes, nem lanchonete, torre de batatas... Só existia eles, e eles eram somente um do outro.
— Vamos para minha casa ou para sua? — null sorriu com a pergunta besta, ela fizera de propósito.
— Você nem me conhece moça. — respondeu abrindo um sorriso.
— Ah que interessante, estou beijando um completo desconhecido. — mordeu os lábios lançado um olhar sedutor para ele. — Isso é excitante.
— E quem é você para falar sobre algo excitante? — deu um selinho nela puxando o lábio inferior.
— Sou null null, uma mera virgem que não sabe nem o que é sexo. — pronunciou "sexo" de um jeito sexy.
— E o que está fazendo com um cara como eu, mera virgem? Eu posso ser apenas um cara qualquer que só quer se sentir vitorioso por tirar a virgindade de uma garota, sacou brow? — suas palavras pareciam do diabinho em seu ombro.
null gargalhou.
— Que ridículo null. — riu saindo do colo dele e se jogando deitada no banco. — Eu sei quem é você, e você não é esse cara, sacou mano? — riu passando o dedo pelo volante.
null a estudou da cabeça aos pés antes de sorrir. Se ajoelhou no banco segurando nos joelhos de null, que tinha as pernas dobradas. Abaixou a cabeça apoiando o queixo sobre as mãos, seus olhos passeavam pela garota como se quisessem fazer uma cópia dela em sua mente.
— Por que está me olhando desse jeito? — quis saber com os dedos brincando com a barra de sua camiseta.
— Você é linda. — null corou. — É linda demais para mim. — afastou as pernas dela se colocando no meio, ficando em cima dela com os braços um de cada lado da cabeça de null, que o encarou com a boca entreaberta. — Essa sua boca... — delineou os lábios dela fazendo-a fechar os olhos. — Seu rosto... — fez carinho contra a bochecha dela. — Seus olhos então... — ela abriu os olhos e o encarou profundamente. — Eu não mereço você. Nunca mereci, nem mesmo como amiga. — null levou as mãos para o rosto dele e o segurou para que não quebrasse o contato visual.
— "Não merece" isso é o que você diz. — deu um rápido selinho nele antes de ficar com vergonha e brincar com os próprios dedos em cima dos seios.
— Ei, está com vergonha de mim? — segurou as mãos dela.
null engoliu em seco vendo null se curvar para beijar suas mãos, após sentir o toque dos lábios dele sentiu uma corrente elétrica passar por tudo seu corpo como se quisesse lhe dizer que poderia confiar nele e não tinha nada a temer.
Mas isso não quer dizer que tinha de dar pra ele, certo? OK, o termo "dar" parece mais algo como acertar o tapa na cara de null e depois chutar suas bolas, que mundo é esse que vivemos onde dar é insinuação de sexo?
— Eu sei que não mereço você, eu nunca dei o verdadeiro valor em você. — ele abaixou o olhar. — Sou um idiota se penso que quer algo comigo. — disse baixinho e null começou afagar os cabelos dele.
— null, e-eu quero algo com você. — ele levantou a cabeça e ela quase se engasgou quando o olhar dele se encontrou com o seu. — E muito... — complementou percebendo null aproximar seus rostos.
O beijo começou calmo, eles não tinham pressa. null enlaçou os cabelos dele podendo sentir a mão direita de null acariciando sua bochecha. Conforme suas línguas se entendiam perfeitamente, null se encaixou entre as pernas de null fazendo-a ter a oportunidade de sentir o tamanho que ele era.
null partiu o beijo tentando olhar para baixo, null sorriu sabia que ela tinha se assustado ao senti-lo contra sua pélvis. Ela tinha todo o direito de sentir medo, nunca tinha passado por algo parecido antes.
— Relaxa, eu vou cuidar de você. — garantiu levando a boca até o pescoço dela onde beijou.
null fechou os olhos conforme o sentia beijar seu pescoço, levou as mãos até os ombros largos onde cravou as unhas. null mordeu levemente e puxou, subindo esfregando o lábio inferior pelo maxilar e bochecha de null.
Ela abriu mais as pernas e null conseguiu se encaixar melhor, não demorou muito e começou investir contra ela como se estivessem já no ato propriamente dito. null sentiu o membro dele contra si, o que foi o suficiente para jogar a cabeça para trás e soltar um gemido dando a oportunidade para ele beijar seu queixo e descer novamente para o pescoço, investindo ao mesmo tempo.
Não queria assustá-la e era meio que imbecil da sua parte fingir que já tinha a penetrado, mas acontece que null não queria que chegasse na hora e null sentisse medo, se encolhesse e fugisse dele. Ele não queria somente tirar a virgindade dela, na verdade isso para ele não era um troféu.
Ele queria ensiná-la o que era sexo, queria mostrar que sexo não era essas babaquices que a internet coloca, pelo menos com ele não seria. null nunca ia pegar algemas e amarrar null na cama logo na primeira vez dela, iguais muitos sites mostram dizendo ser estimulante e excitante. Para ele era broxante e totalmente desestimulante, além de que iria ser bem constrangedor para ela.
— Vamos para casa. — disse e null assentiu.
null juntou seus lábios em um selinho rápido antes de se levantar, null fez o mesmo. Ela puxou a chave da ignição e entregou para ele, não estava em condições para dirigir, não com o meio de suas pernas latejando daquele jeito ainda podendo sentir o pau dele contra si.
null fechou a porta da sala, null suspirou jogando o corpo contra o sofá-cama como se fosse um saco de lixo cheio de lixo — óbvio. Brandon girou a chave na maçaneta e acionou o sistema de alarme da casa, quando se virou e encontrou com o corpo de null largado daquele jeito, deixando um pedaço da barriga a mostra, não teve dúvidas que ninguém mais ia atrapalhá-los.
Caminhou até ela apoiando as mãos em cima dos joelhos dela, null o frisou no mesmo instante. Ele sorriu e ela estendeu os braços recebendo as mãos dele sobre as suas, o puxou deixando-o no meio de suas pernas, estava louca para senti-lo de novo.
null se levantou o segurando pela cintura, null não hesitou ao levantá-la e beijá-la. Sorriram durante o beijo deixando suas mãos explorar um ao outro. null, perdida, deixou que Brandon a guiasse pelo próprio corpo, mostrava a ela seu abdômen, suas costas, braços, bíceps, ombros e claro o seu caminho para a felicidade.
Levou as mãos dela até seus ombros, rompendo o beijo, e começou beijar o pescoço da garota, distribuindo beijos molhados. null jogou a cabeça para trás fechando os olhos, as carícias de null lhe levavam a loucura, não sabia como ele fazia aquilo, mas era bom demais.
— Vem comigo. — disse contra o ouvido dela fazendo-a se arrepiar.
A puxou pela mão até as escadas em direção do quarto, já no corredor a surpreendeu quando a prensou contra a parede e atacou seus lábios em um beijo urgente e um pouco feroz. Suas grandes mãos, que estavam na cintura de null, escorregaram para trás das coxas dela e a impulsaram para cima, por sorte ela enlaçou as pernas ao redor da cintura dele.
null abriu a porta do quarto com uma das mãos e entrou com null em seu colo ainda a beijando. Pousou o corpo dela sobre a cama, rompeu o beijo e passou analisar a face da mulher, acariciou a bochecha podendo ver o quanto ela era perfeita, nem mesmo o som da porta batendo atrás de si foi o suficiente para tirá-lo de sua análise.
Novamente grudou seus lábios em outro beijo urgente, escorregou as mãos para as coxas de null onde apertou, já ela cravou as unhas nos bíceps dele, adorava aquela parte nos homens. null rompeu o beijo descendo os lábios pelo pescoço de null traçando uma trilha de beijos até o busto, lambeu entre os seios levando-a a puxar seus cabelos.
Começou levantar a camiseta dela esfregando as pontas dos dedos sobre cada centímetro de pele que encontrava fazendo-a se arrepiar. null levantou um pouco o tronco e null tirou a blusa deixando seus olhos logo caírem sobre o sutiã preto que ela usava por baixo e aqueles seios, ahh... Ele sentiu seu amiguinho todo animadinho, finalmente ia poder tocar aquelas perfeições!
A empurrou começando beijar o busto e descendo até encontrar os seios, beijando ambos. null sentiu as mãos dele abrindo o fecho frontal do sutiã, quando ele puxou a peça sentiu um pouco de vergonha, mas logo essa vergonha foi jogada no inferno quando a boca dele abocanhou um dos mamilos e começou massagear o outro.
null gemeu apertando o lençol. null sugou o mamilo aproveitando para contornar o bico com a língua, null rolou os olhos mordendo os lábios. Brandon parou de brincar com os seios da mulher levando sua atenção para a calça jeans, primeiro retirou o tênis e as meias e então começou desabotoar os botões, mas não se conteve e selou os lábios com os de null, ah, os lábios dela eram tão bom de serem beijados...
null não ficou pra trás, durante o beijo aproveitou para despir null, retirou a camiseta e explorou cada pedaço dele, arranhou o abdômen sem dó e adorou ouvi-lo gemendo, era o melhor som que ouviria naquela noite. Não demorou muito e suas mãos alcançaram a calça do homem, desabotoou, sentindo a ereção, e oh meu deus!
Seu toque naquele local parecia ser urgente porque assim que ele sentiu a mão dela ali implorou para que fosse acariciado, não implorou com palavras apenas fez seu quadril ir de encontro com a mão dela, nem se precisava de palavras. null elevou o tronco e mordeu o pescoço de null, aproveitando para invadir a calça dele com a mão. Brandon gemeu sem vergonha alguma, esse era o efeito de null sobre ele.
Com os pés, null, tirou a calça dele e passou se concentrar nos movimentos que sua mão fazia. O pau dele estava duro e o tamanho a deixou quase louca e, ao mesmo tempo, preocupada; e se doesse? Ele ia arrombá-la, e aí?
Começou subir e descer a mão arrancando suspiros e gemidos dele, continuou até então se ver o masturbando. Do jeito que Jullie havia ensinado com a banana, só não estava o questionando, não era necessário porque os gemidos já diziam tudo. null se apoiou mais nos braços para não despencar em cima dela, estava tão necessitado de atenção naquela área que pensou que teria um colapso, mas não poderia passar a vergonha de ir para o hospital porque teve um colapso por ser masturbado, iria ser tão... Constrangedor, quer dizer então que ele não aguentava um “carinho”?
A impediu de continuar estava quase gozado, santo Deus dos filhinhos de null, null não podia quase tê-lo feito explodir em tão pouco tempo! É talvez ele esteja precisando tomar libidol porque a situação estava muito rápida. null nunca conseguiu fazê-lo gozar com masturbação, agora null, em poucos minutos, o surpreendeu.
De repente puxou a calça que null usava a deixando somente de calcinha, invadiu o pequeno pedaço de pano percebendo o quanto ela estava molhada. Estimulou o clitóris vendo null jogar a cabeça para trás e arcar um pouco as costas. Sem aviso prévio a penetrou dois dedos começando com movimentos lentos, null começou rebolar, null estava começando duvidar se ela era ou não virgem.
— Rebola pra mim null, isso rebola. — suas palavras só serviram para aumentar mais o seu desejo de tê-la logo em seus braços.
null não aguentou vê-la daquele jeito, era tortura demais para ele. Retirou os dedos e tratou de selar os lábios com o dela, aproveitando para puxar a calcinha, não iria aguentar por muito tempo e tudo que precisava era gozar na cueca apenas por olhá-la implorando por prazer.
— null... — pronunciou durante o beijo, sentindo ele ainda puxar sua calcinha. — null, eu... — a vergonha de ficar totalmente exposta para ele era maior que tudo.
— Shh... Eu disse que vou cuidar de você, não se preocupe. — rompeu o beijo, sabia que ela era insegura e também sabia que ela tinha vergonha. — Não precisa ter vergonha de mim, você é perfeita e eu não sou um cara que vai rir feito um menino, eu vou cuidar do presente que ganhei. — disse olhando nos olhos dela acariciando sua bochecha.
Voltou retirar a calcinha e ela permitiu, sentiu um pouco de vergonha quando a peça passou por seus pés, nunca tinha ficado nua para um homem antes.
— Linda. — ela sorriu sentindo suas bochechas quentes, ele estava olhando para ela.
null retirou a própria boxer tratando de cuidar da camisinha, tudo que menos precisava era engravidar null logo na primeira vez dela. Se posicionou sobre o corpo da mulher encarando-a antes de estender a mão para ela, null não entendeu apenas pegou na mão dele. Brandon enlaçou suas mãos e a abaixou até encontrarem o colchão.
— Tem certeza que está pronta? — quis saber antes, ela assentiu. — Tudo bem, vou bem devagar, se caso doer me fale que eu paro. Mas não se preocupe, eu estou com você. — apertou a mão dela, ele estaria junto dela em tudo.
null apertou a mão dele assim que o sentiu perto de sua entrada, null sussurrou um "estou com você" no ouvido dela e começou introduzir a cabeça de seu pau, sempre atento no rosto dela, qualquer sinal de dor pararia imediatamente. Continuou penetrando-a sentindo o quanto ela era apertada, ah e ele estava adorando aquele aperto...
null gemeu baixinho sentindo um pouco de dor, apertou a mão dele com força, null a apertou de volta. Suas mãos estavam tão unidas que pareciam que nunca ia se desgrudar.
— J-já acabou? — perguntou, pois ele havia parado.
— Ainda não, falta muito ainda. — não queria se gabar ou coisa parecida, acontece que havia apenas introduzido a cabeça. — Está doendo? — quis saber antes de continuar, ela era mais importante.
— Não... — respondeu e deu um beijo nela, penetrando-a ao mesmo tempo.
null jogou a cabeça para trás interrompendo o beijo, null sorriu, agora sim estava completamente dentro dela. Sentia ela apertando sua mão, pelo jeito tinha doído um pouco.
null esperou um pouco para ela se acostumar com a nova sensação, logo começou se movimentar fazendo-a gemer junto de si. O suor escorria por suas testas deixando claro o quanto o clima entre eles estava fervendo, uma verdadeira panela de pressão preste explodir com o feijão dentro.
Gemiam o nome um do outro. null gemia que parecia que explodiria, null era apertada e senti-la apertando seu pau era uma sensação capaz de fazê-lo ver estrelas. Já null apertava a mão dele a cada investida, o pau dele era grande e isso fazia ela sentir um pouco de dor, maldito homem gostoso de pau grande, por quê?!
Não demorou muito e null chegou ao ápice pela falta de experiência, null não se desapontou, bastaram mais algumas investidas e também se deixou dominar pelo prazer. Retirou seu pau e cuidou da camisinha antes de se deitar ao lado de null acariciando o rosto suado e contorcido de prazer.
null não hesitou ao abraçar null e apoiar sua cabeça contra o peitoral dele, ficariam assim por um bom tempo...
(...) — Agora já era. — Tobias concluiu descendo as escadas da cada.
— Eles transaram? — Judith perguntou perplexa, os gemidos não deixaram dúvidas.
Tobias assentiu.
— Porra, o que a null tem que eu não tenho? — seu tom continha ódio.
— Ou ela é gostosa pra porra, pelo menos isso foi divertido de ver. — sim ele havia espiado null e null. — Será que se eu pedir para o null ela emprestada, ele me empresta? — Judith levantou a mão para estapeá-lo, mas teve uma ideia, Tobias teve sorte.
— Já sei! — o rapaz prestou atenção. — O null vai morrer assim, mas é a única saída... — encarou Tobias, com um sorriso demoníaco. — Vamos dar um play na fita!
Capítulo 12
Os dedos acariciaram a bochecha dela fazendo-a se remexer e abrir os olhos lentamente. Os dedos tiraram uma mecha de cabelo do rosto dela colocando atrás da orelha, não demorou muito e null beijou o ombro de null, que sorriu.
— Bom dia. — null fechou os olhos queria saber se aquilo era mesmo verdade ou não.
Sim, era.
— Bom dia. — respondeu mexendo as pernas e sentindo um pequeno incômodo entre elas.
Suspirou baixinho, consequências da noite anterior: um pequeno incômodo.
— O que foi? — não era para ele ter escutado, mas infelizmente o ouvido dele era melhor que de cachorro.
— Nada. — respondeu rápido demais. — É apenas um pequeno incômodo, nada demais. — se soubesse que ele ficaria "louco" não teria contado nada e falasse que estava com dor de barriga, não mais aí ele ia achar que era gravidez, então, ah deixa pra lá porque cada vez piora.
— Eu te machuquei? Ah não, null, eu sou um monstro! — levantou-se da cama levando as mãos aos cabelos. — Você não deveria mais olhar na minha cara, e eu deveria pegar um pedaço de pau e enfiar no meu rabo pra ver o quanto dói, isso null você conseguiu, conseguiu acabar com a única pessoa que se importa com você, meus parabéns! — caminhou até a porta e apoiou a cabeça na madeira.
null se levantou e foi até ele colocando as mãos em seus ombros.
— null... — tentou, mas foi interrompida.
— Eu sei o que vai dizer, que sou um monstro, bruto, arrogante e egoísta que só pensa em mim mesmo. — bateu a cabeça na porta. — Sabe o que eu mereço? — virou-se para ela pegando na mão dela. — Eu mereço um tapa, vai me bate agora, mas com força pra eu sentir o quanto é a sua dor, vai me bate. — null chegou colocar a mão dela contra seu rosto, mas null a puxou.
— Eu não vou te bater null, para de babaquice. — sua expressão era de indignação com tudo aquilo. — Está doendo, mas...
— Ah não null, não venha com essa de que está doendo, mas não é uma dor incômoda porque toda dor incomoda. — fechou os olhos jogando as costas contra a porta.
— Se você me deixar falar idiota, eu posso explicar o que estou sentido, então fecha a matraca.— null fez de propósito em chamá-lo de "idiota" esperava que ele fosse fazer como sempre e falaria "quem é o idota aqui?", mas somente recebeu o silêncio. — Não vou negar que estou com dor, mas é uma dor boa.
— Ah null, dor boa? Desde quando dor é boa? — interrompeu e ela se aproximou colocando os braços ao redor do pescoço dele.
— Essa é boa. Eu não quero que fique se culpando, você não teve culpa de nada. — deu um selinho nele. — O que aconteceu ontem eu vou levar para a vida toda, ainda mais se essa vida for ao seu lado. Eu estava com medo e você foi cuidadoso a todo o momento, me deixou apertar sua mão, esteve comigo a todo minuto. — pronunciou cada palavra olhando nos olhos dele.
— Eu não queria te apavorar, sei o quanto esse momento é importante para uma garota e queria que o seu não houvesse medo. — null o puxou para um beijo, null correspondeu a altura.
O beijo não durou muito, mas foi longo o suficiente para levá-los de volta para a cama. null estava deitada com a cabeça em cima do peito de null recebendo cafuné dele.
null não poderia estar mais feliz, ela e null juntos, quando que imaginou uma coisa daquelas? Era uma desocupada então pensava nisso a todo o momento desde que o considerou seu crush. Sempre se imaginavam juntos como um casal feliz, como andorinha no verão. Beijá-lo era o que mais queria, mesmo não sabendo do lema dele; deitar-se com ele então sempre pensou ser impossível. null era mais velho, por isso achava que nunca teria chances, mas nada é impossível.
Sempre se achava idiota por pensar que um dia poderia ter uma chance de Brandon, e agora que tinha não sabia por onde começar e nem se deveria investir, porque ainda achava que ele estava daquele jeito por frustração e falta de null. null poderia muito bem estar usando-a para satisfazer seus sentimentos e prazeres magoados.
Já null ainda tinha a mente confusa, nunca imaginou que um dia aquela garota que nunca deu muito valor seria a dona de seu coração, nunca passou pela sua cabeça que aquela garota que o cutucava na academia fosse um dia dormir com ele. null era tão mais sua amiga que nunca imaginou outras coisas com ela, mas o melhores casais são aqueles que mesmo sendo um casal são amigos, certo?
Não queria mais perder ninguém e tinha certeza que null era a garota certa, bem que tinha achado estranho ela se distanciar quando começou namorar com null, sabia que tinha algo errado. null deixava pistas que gostava dele, nunca deixou na cara, mas null tinha suas desconfianças, de tanto o macaco do Jonathan o cutucar falando que null estava na dele, levou a considerar a hipótese.
De repente o celular de null começa tocar na cômoda, havia tirado da calça antes de dormir. O homem o pegou e encarou o visor... Ah não!
— Quem é? — null quis saber brincando com a mão dele que estava apoiada em sua barriga.
— null. — respondeu pensando se deveria ou não atender.
— A megera lembrou que tem ex? — null como sempre disse. — Quer que eu atenda? Só que eu vou mandar ela ir para o pântano aonde é o lugar dela. — null sorriu.
— Não, e eu não vou atender. — pressionou a tecla de bloqueio fazendo o aparelho apagar e a ligação silenciar, porém continuava tocando. — Ela me traiu com o Caleb, não foi? Então vai lá, corre atrás dele. — colocou o celular de volta na cômoda.
— Você é muito melhor que o Caleb, é por isso. — virou de frente para ele aconchegando a cabeça, de olhos fechados, naquele peitoral gostoso e quente.
— Ah é? Dormiu com ele antes de mim, é? Pensei que eu tivesse sido o seu primeiro. — disse fingindo estar chateado.
— Pensou errado querido, é claro que eu e o Caleb já transamos e foi bem na academia, na salinha lá. — riu, apoiando a mão no abdômen dele.
— Jonathan vai adorar saber disso. — comentou apertando o nariz de null, que riu.
— Eu também transei com ele, na mesma sala. — null sentiu um pouco de raiva.
— Tá, já chega dessa história. — o tom de voz deixou claro que estava com ciúmes.
— Ué, o que houve com você? Você e o Jonathan sempre foram tão amigos. — levantou a cabeça e o encarou.
— Quando o assunto é a mesma garota eu não quero ter que dividir com ele. — respondeu meio ríspido.
— Que baixa auto estima a sua em. — comentou arcando um pouco as sobrancelhas.
— Não é baixa auto estima, o Jonathan é o que toda garota quer ter dentro de casa então as chances de eu competir com ele são de zero. — explicou e null o beijou na bochecha, ele tinha acabado de insinuar que competiria com Jonathan por causa dela e perderia, agora isso não é baixa auto estima?
— Mas quem disse que eu quero um Jonathan? Um null já dá trabalho o suficiente. — mordeu a bochecha dele, que sorria.
— Vou fazer o café, me acompanha? — quis saber se levantando e colocando uma bermuda.
— Depois eu desço. — respondeu se enrolando no edredom.
null riu e rolou os olhos antes de se arrastar em direção da porta, se pudesse ficaria naquele cama com null para sempre, mas seu estômago ainda era mais importante.
Colocou o açúcar no canecão de água que fervia no fogão, pelo menos o café tinha de ser com açúcar não dava pra fazê-lo com adoçante, isso mesmo null tinha espírito de gordo e se deixasse seria uma bolinha.
Falando em espírito, o seu não estava pra lá de certo de suas decisões. Estava ainda bastante confuso da reviravolta que a vida deu, uma hora era null e de repente, PUM!, era null. Tipo, como assim? Não era possível que tivesse apaixonado por null, se bem que havia esquecido Jenney muito fácil, sofreu por alguns dias e, PÁ, ela simplesmente desapareceu.
Pegou o potinho com o pó de café e começou colocar no canecão sem desligar o fogo, apenas o diminuiu. Mexeu com a colher ouvindo alguém cantarolar DJ Alok, umas das músicas que mais tocava aquele muquifo que chamavam de academia. Ela entrou na cozinha e continuou cantarolando, apoiando os braços em cima do balcão podendo ter uma boa visão de null fazendo o café.
— O Jonathan conseguiu mesmo te drogar com DJ Alok? — disparou guardando o pote de café no armário.
— Não. Na verdade ele me fez cheirar pó e me amarrou em uma cadeira me fazendo escutar todas as músicas do pen drive que tinha o nome do Alok. — disse com ironia sorrindo divertida.
— Mais alguma coisa que eu não saiba sobre o Jonathan? — apoiou as mãos no balcão ao lado da pia encarando-a com o olhar desconfiado.
— Há muitas coisas que você não sabe sobre ele. — sorriu antes de morder os lábios.
null riu e abaixou o olhar.
— Não morda os lábios assim, por favor. — pediu como se implorasse. — Eu fico louco quando vejo isso. — juntou coragem para encará-la e null mordeu os lábios de novo. — null. — virou de costas para ela, que riu.
Escutou os passos indo em sua direção, não hesitou ao colocar as mãos na cintura de null assim que ela se colocou a sua frente. Ela sorriu enquanto ele jogou a cabeça para trás tentando evitar que algo acontecesse, quer dizer, sexo era pra ser feito na cama, no sofá, no banheiro, agora na cozinha pegava nojento.
null começou beijar o pescoço de null, que estava se segurando para não jogá-la em cima da mesa e arrancar suas roupas ali mesmo. Queria e muito repetir o que fizeram na noite passada, mas não ali, não em um lugar onde comiam.
— null... Aqui n... null... — suas palavras sumiram quando sentiu as mãos abaixar sua bermuda.
E quer saber? Foda-se!
null selou seus lábios com urgência com os de null e ela se assustou um com o pouco de agressividade que ele colocou, mas não se deixou hesitar. Retribuiu ao beijo fazendo suas línguas brigarem como nunca brigaram antes, nem pareciam amigos. Brandon escorregou as mãos até a bunda de null e a apertou deixando seus dentes aparecerem durante o beijo, quem mandou null o provocar? Quem mandou?
De repente null foi levantada e colocada em cima do balcão tendo o pescoço atacado pelos lábios de null, ele estava perdendo a cabeça e precisava tê-la ali mesmo, era a primeira vez que não estava nem aí para o mundo ao redor.
— Porra o café. — escutou a água vazando do canecão.
null sorriu, era a primeira vez que ele xingava na presença dela. Segurou o rosto dele pelas laterais e colou seus lábios, aproveitou para descer uma mão pelo abdômen dele fazendo questão de arranhar. Quando o ar lhes faltou se separaram.
— Esquece o café, ok? — ela disse e null a encarou antes de puxá-la para mais um beijo.
As mãos do homem voaram até a barra da camiseta de uma banda e começaram levantá-la, chegando aos ombros a tirou por completo e reparou que null não usava sutiã, ah ela só poderia estar tentando enlouquecê-lo!
Se afastou um pouco e a estudou, null corou e cobriu os seios com os braços, null sorriu se aproximando dela.
— Ah null, vergonha teria que ter ontem, hoje não. — tentou afastar os braços dela, mas foi inútil.
null então beijou o pescoço de null e isso fez ela fechar os olhos jogando a cabeça um pouco para o lado, null adorava quando ele a beijava daquele jeito. Quando Brandon finalmente poderia tocar aquelas perfeições, uma voz surgiu da sala, a última voz que null queria ouvir e pensando bem... null também não queria ouvi-la, ou melhor, ouvi-lo.
— null! Espero que não se importe em dividir o café comigo, acabou o gás em casa. — null abriu os olhos imediatamente ainda sentindo as carícias de null. — Ah, eu trouxe Percy e Richard, eles estavam na minha casa, espero que não se importe com isso também.
— null... — null tentou chamá-lo, mas soou mais como um gemido.
— Shh... — apoiou as mãos nas coxas da mulher e as apertou, null gemeu.
null continuou pouco se importando com a presença de Tobias e seus parças, agora null era finalmente dele e de mais ninguém, não iria perder mais tempo...
Infelizmente o som de uma garganta sendo limpada despertou null, que levantou a cabeça e mirou a entrada da cozinha por cima do ombro de null. Tobias, Percy e Richard olhavam os dois, Tobias em especial não tinha uma cara muito amigável.
— Ah, oi caras. — null abraçou null sentindo vergonha por estar seminua no meio de quatro homens.
— Pelo visto está se divertindo, não é? — Tobias colocou as mãos atrás das costas fechando-as em punho, seu tom não era de alguém feliz.
— Podem ir para a sala, vou arrumar aqui e já chamo vocês. — foi uma maneira de expulsá-los antes de acariciar as costas de null.
— Claro. — o tom de Tobias continha um pouco de cinismo, raiva e ódio, mas ele conseguiu disfarçar ou pelo menos pensou que conseguiu.
null sorriu sem jeito e os viu sair, assim que saíram ele rolou os olhos e desfez o abraço de null, acariciou o rosto dela e selou seus lábios em um selinho rápido. Não demorou muito se afastou dela para terminar o café e arrumar a mesa.
null vestiu a camiseta de null, desceu da bancada e foi até ele o abraçando por trás.
— Você os convidou? — null perguntou acariciando o peito dele.
— Não, eles que são uns filhos da mãe e vieram sem a minha permissão. — respondeu parecendo meio bravo por ter sido interrompido.
— A gente continua de noite. — depositou um beijo nas costas dele antes de ir em direção da mesa para arrumá-la.
Enquanto null ajeitava a cama, null se ocupava despejando a água do café no coador. Parou um instante de despejar a água e ficou encarando o outro canecão encher, passou a língua pelos lábios, mordeu-os e fechou os olhos completamente indignado. Então quer dizer que o Tobias gostava de null? É, ele tinha percebido muito bem como o dono do condomínio ficou e expressou suas palavras
Ahh se o cachorrão do Tobias Watson queria null null, primeiro teria que passar por cima do cachorrão null Brandon!
— E aí, esse café sai ou não sai? — Tobias voltou para a entrada da cozinha, já mirava as pernas de null.
— Tobias. — null deixou o caneco na pia e indicou a sala com os olhos.
Assim que Brandon passou por null, ela o agarrou pelo braço e olhou em seus olhos. Ela não era burra e percebeu na hora que null escondia alguma coisa, coisa essa que envolvia Tobias, ficou puta com isso, o que era tão secreto que ela não podiria saber?
Antes dele sair, deu um selinho rápido em null. Os dois se dirigiram para um local da sala próximo do sofá-cama, antes null deu permissão para Richard e Percy irem para a cozinha, queria ficar a sós com Tobias.
— Algum problema com a casa? — Tobias perguntou como se não quisesse nada.
— Eu vou deixar uma coisa bem clara entre nós. — null deu um passo na direção de Tobias. — Fica longe da null, entendeu? — Tobias o olhou com um olhar assustado, pena que ele era um ótimo ator e começou a gargalhar.
— Cara eu amo a null, entendeu? Eu A-M-O. — pronunciou com os rostos próximos.
— Eu amo mais ela que você, então é melhor você cair fora. — tentou intimidá-lo, mas Watson gargalhou de novo.
— Você foi chifrado null, não sabe o que é o amor. A null não gostava de você e você não tratava ela como deveria, por isso ela te chifrou com o seu melhor amigo, o bombadinho lá. — Brandon se segurou para não acertar um soco na cara de Tobias, mas calma lá... Como ele sabia que havia sido chifrado? E aquela versão era o que null dizia.
— A minha vida não saiu no jornal Tobias, então como é que você sabe dela de cabo a rabo? Você teve alguma coisa a ver com isso? Porque essas palavras são iguais a que o Caleb usou alegando que saíram da boca da null! — rosnou e conseguiu jogar Tobias contra a parede.
Para a sorte de Tobias a campainha tocou e null teve que atender a porta, a visita não foi nem um pouco agradável...
— O que você está fazendo aqui? — quase gritou. — Ah essa é boa, era só o que me faltava. — o loiro atravessou a porta, ignorando completamente null que rolou os olhos. — Eu, o viado do Tobias e agora o fura olho do Jake, me digam que agora o careta do Caleb também vai vim para o café na minha casa! — gritou tão alto que null apareceu na sala.
— Eu não sou viado seu infeliz! — Tobias se defendeu.
— E eu ainda não furei o seu olho desgraçado! — foram as primeiras palavras de Jake.
— Rapazes, está tudo bem? — null se intrometeu bastante calma, após ver que todos gritavam.
— NÃO! — os três gritaram juntos olhando para ela.
Imediatamente os três olhares caíram em cima dela, em especial nas pernas e nos bicos dos seios marcando na camiseta. null sentiu um calafrio, eles tinham o olhar em uma mistura de ódio e luxúria.
— Avenged Sevenfold, null? — Jake quebrou o silêncio.
— Algum problema com ela estar usando a minha camiseta dos Avenged? — null foi rude.
— Ah já que é sua, então é uma bosta. — o loiro deu de ombros.
— Ora seu... — null partiu pra cima dele.
— null! — null o empurrou para o lado ficando na frente do loiro. — Fui eu que chamei o Jake, era o mínimo que eu poderia fazer para me desculpar do pequeno showzinho de ciúmes que você fez ontem na lanchonete. — explicou antes que tudo virasse um ringue de luta.
— Você fez showzinho de ciúmes ontem, null? — Tobias riu escandaloso, ainda era o amigo de null, mesmo eles gostando da mesma garota. Tobias perdia o amigo, mas não perdia a piada.
— Cala a boca seu imbecil! — Brandon estava mais que alterado e consumido pela raiva, estava possuído pelo demônio.
— null. — null chamou recebendo a atenção do rapaz. — Podemos conversar? — saiu sem pedir "licença" para os dois, indo em direção das escadas. — Agora, ouviu bem? — deixou claro quando percebeu que null continuava parado.
Brandon lançou um olhar assassino para Jake e depois para Tobias antes de subir as escadas seguindo até o quarto onde null estaria. Bateu a porta atrás de si já se preparando para os gritos de null, mas eles não vieram.
— Então? — levantou uma sobrancelha. — Não vai dar chilique, me chamar de desgraçado, delinquente, urubu, sei lá? Me bater ou coisa parecida? Vai estou esperando! — talvez alguém estivesse irritado demais, era ele.
— null... — null emitiu escondendo a cabeça sob o travesseiro, ela havia se deitado na cama assim que entrou. — Fecha a matraca antes que você me deixe doida. — sua voz saiu um pouco abafada.
null colocou as mãos na cintura e mordeu os lábios.
— Só há um motivo para você ter me chamado aqui, hum? — ele ainda estava irritado. — Vou detalhar a minha situ pra tu, então lá vai... Eu transei com você ontem e descobri que, talvez, esteja gostando de você, então chega o desmiolado do Tobias e não tenta disfarçar nem um pouco que odiou pegar a gente junto, eu fui tirar satisfações com ele e o que eu descobri? Que ele te ama, está ouvindo? Então simplesmente a campainha toca e o príncipe Jake passa por ela sem dizer uma só palavra, aliás, ele me ofendeu quando falou da minha camiseta. — é null precisava se acalmar, ou ia ganhar rugas bem cedo.
null começou a rir tirando o travesseiro da cabeça.
— E isso não tem graça alguma. — de novo pareceu rabugento.
— Tem e muita. — continuou rindo, se apoiou nos braços, encarando-o — Acha que eu sou algum tipo de biscate null? Eu transei com você e não com o Tobias ou o Jake. — disse mordendo o dedo para não rir.
— Onde quer chegar? — ele não entendeu.
— Você é tapado ou se faz de burro? — o mirou e percebeu que não deveria ter dito aquilo. — Tudo bem, o ponto é... — levantou-se da cama e seguiu até ele, se colocando a sua frente. — Eu só fui pra cama com você, null. Eu poderia ter concebido minha virgindade para o Tobias aquele dia na cozinha ou ao Jake no banheiro da lanchonete, mas não, eu escolhi você, foi a você que eu concebi. — pegou nas mãos dele. — Não importa se aqueles dois lá embaixo me amam, eu tomei a minha decisão e ela é você. — o olhou nos olhos.
null pousou a mão na lateral do rosto de null e o acariciou, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela antes de puxá-la para um beijo que no começou foi agressivo, mas mudou conforme eles davam vida.
null enlaçou o pescoço dele com os braços e deixou fluir, null a puxou pela cintura fazendo seus corpos ficarem mais próximos, null já foi capaz de sentir a ereção dele se manifestando, sorriu durante o beijo.
— Melhor descemos. — null disse rompendo o beijo. null concordou. — Antes coloque uma roupa mais adequada, você só está usando uma calcinha por baixo. — deu um último selinho nela antes de sair.
null pegou uma roupa qualquer, continuando com a camiseta dele, e desceu. Chegando a cozinha, havia somente um lugar que era entre Tobias e Jake ficando de frente para null, ah a situação não poderia piorar!
Sem escolhas se sentou ali mesmo, não se preocupando em descobrir do que todos riam, só sabia que a merda saiu da boca de Percy porque era ele o único que não conseguia respirar ali.
— Claro que depois houve consequências, minha cabeça foi mergulhada na privada, mas eu peguei a gatinha. — Percy mordeu seu pão com manteiga e todos riram, null riu e, com um olhar sedutor, mirou null.
null pegava o pote de manteiga e só reparou que o rapaz a mirava quando pegou o pão que estava bem em frente a ele. Fingiu que ele não existia e mostrou interesse na história de Percy, sempre encarando null quando tinha chance.
Levou o pão até a boca e mordeu, agora era a vez de Richard contar o que aprontou na mesma festa de Percy. null mirou null e quase teve um colapso quando viu o sorriso divertido nos lábios dele, de repente algo pousou sobre sua coxa, olhou discretamente e percebeu ser a mão de Tobias, ah que cretino!
null estava preste a tirá-lo dali, mas infelizmente Jake teve a mesma ideia só que na outra coxa, ótimo!
— Por que não me chamaram para essa festa? Eu iria adorar pegar umas gatinhas. — null provocou null que o mirou.
Tobias e Jake escolheram aquele justo momento para apertar a coxa dela, e null não ficou de fora... null sentiu algo a cutucando por baixo da mesa, sentiu um arrepio quando o negócio subiu e desceu por uma de suas pernas descobertas. Mirou null e ele sorriu continuando com a provocação, null sorriu sem os dentes e começou fazer o mesmo com ele.
A situação não estava muito agradável, null estava cercada de policiais, que magnífico quadrado policial!
null se remexeu na cadeira para esticar mais a perna e cutucar null que tentava disfarçar parecendo super interessado na versão de garanhão de Richard. O homem a mirou com um olhar malicioso e ela mordeu os lábios, sabia que ele enlouqueceria, além disso ainda sorriu pervertido.
— Já acabei meu café. — null anunciou se levantando na mesa conseguindo finalmente se livrar das mãos de Jake e Tobias. — Se precisarem de mim, estarei no quarto. — piscou para null antes de sair.
null a seguiu com os olhos e sentiu uma vontade absurda de apertar a bunda dela, pena que se saísse da mesa os caras iriam desconfiar que ele daria uma breve rapidinha com null.
null entrou no quarto e sorria largo, null estava mesmo disposto tê-la isso era óbvio e ela também estava disposta tentar de tudo para tê-lo, mesmo que isso envolvesse acabar com sua "amizade" com Jake e sua inimizade com Tobias. Se tivesse null, pra quê precisa dos dois?
Caminhou em direção da cama e só então seu sorriso morreu para que um ponto de interrogação surgisse em sua cabeça. A cama estava arrumada e havia um envelope sobre ela, um envolope todo inocente que era muito suspeito. Antes dela e null saírem a cama ficou desarrumada, não havia envelope e eles não tinham empregada, então como aquele envelope foi parar ali?
Pegou o envelope e procurou pelas informações de destinatário, endereço e essas paradas aí, mas ele estava em branco. Encarou a porta e então resolveu abrir, retirou o papel de dentro dele e por um momento pensou em ser de null, mas ele não escreveria aquilo... Ou escreveria?
"Você fez a sua escolha e querendo ou não ela vai trazer consequências, e elas irão aparecer sendo ou por bem ou por mal. Xx".
O QUÊ?! Os olhos de null se arregalaram, quem escreveria aquilo? Quem? QUEM?!
Capítulo 13
null abriu os olhos em espanto, o quarto ainda estava escuro, mas escutava passos dentro dele. As palavras daquela carta ainda circulavam sua mente deixando-a com medo, elas iam e voltavam como se não quisessem ir embora, não conseguiu transar com null por causa delas.
E se fosse ele o autor e aí? O que ele quis dizer? Por que consequências se havia o escolhido? Não tinha por que. Agora Tobias sim tinha motivos, Tobias e Jake. null sequer pensou neles em sua escolha, sempre ia ser null, então poderia ser um dos dois.
E eles eram bons atores, no café da manhã de ontem os dois mostraram interesse em null, mas não expressaram sequer algum indício de ameaça, isso mesmo, aquilo estava mais para uma ameaça. A única coisa que percebeu neles foi o ar competitivo, tirando isso mais nada.
Novamente escutou passos e ficou imóvel, estava de costas para null, ele era sua única esperança. Estava com medo, e se a pessoa lhe fizesse algo ruim? E se fosse o próprio null? E se... E se...
— null? — ouviu e se assustou mais que um filhotinho de cachorro.
— NÃO!!! — gritou levantando o tronco ficando sentada na cama. null não estava ao lado dela, acabava de sair do banheiro com roupas em mãos, ele largou tudo quando a viu chorando.
— Ei, ei, ei. — a voz de null penetrou os ouvidos dela. — Calma. O que houve? Caramba, não me assusta assim, por favor. O que aconteceu? — ela começou a chorar abraçando os joelhos. — Ou null... — null a envolveu com os braços.
null escondeu a cabeça no peito dele e se permitiu chorar segurando a camiseta branca que ele usava. Não conseguia mais pensar em nada, só queria descobrir quem era o ser por trás daquela carta. Só isso. Naquele momento teve certeza que null não era, se fosse ele, nunca iria consolá-la, iria apenas olhar, sorrir e dar as costas porque seu plano estava funcionando.
null apoiou o queixo sobre a testa de null e esperou alguns minutos no silêncio antes de questionar.
— Quer me dizer, agora, o que houve? — abaixou um pouco a cabeça querendo olhá-la nos olhos, mas null abaixou sua própria cabeça. — Tudo bem, tudo bem. — a envolveu de novo fazendo-a encostar a cabeça contra seu peito.
null estava confusa, será que era certo contar a ele? E se null fosse também um ótimo ator como Tobias e Jake? Ahhh, estava ficando mais confusa ainda, uma hora a suspeita era null e na outra era Tobias ou Jake, não estava mais conseguindo pensar.
Sentia-se uma inútil, como a melhor policial de Los Angeles estava com medo de uma simples cartinha digitada no computador? Charlie iria rir da sua cara se a visse naquele estado nos braços de null, que merda de policial era afinal? Medrosa daquele jeito como se tornou a melhor agente?
— Eu sou uma mentirosa... — murmurou baixinho após pensar em sua carreira, mas null foi capaz de ouvir.
— O que você quer dizer? Não, null, você não é uma mentirosa. — afagou os cabelos dela.
— Eu estou com medo... — fungou.
— Medo? Medo do que? — ele não entendeu nada.
— Eu... — mordeu os lábios assim que as lágrimas recomeçaram.
— Shhh... Calma... — a envolveu mais forte querendo mostrar que com ele estava segura.
null fechou os olhos sentindo seu coração se acalmar, assim como null queria, ela estava se sentindo protegida. Talvez fosse seguro contar para ele, null null não iria ameaçá-la, senão ameaçou null então não ameaçaria null, certo?
Limpou as lágrimas e respirou fundo.
— Ontem... — null abaixou a cabeça mostrando que estava disposto ouvi-la. — Havia um envelope em cima da cama, eu achei que fosse seu, mas... Ah eu não sei, não sei... — escondeu o rosto com as mãos.
— Calma, tá tudo bem. — beijou a testa dela. — Olha ninguém entrou aqui, talvez o envelope tenha caído da sua mala ou da minha, fomos os únicos que entraram aqui ontem.
— Não, não, não! — negava com a cabeça. — Quem iria nos ameaçar? Nossos próprios pais? Meu pai? Minha mãe? Sua mãe? — null arcou uma sobrancelha.
— Ameaça? Que tipo de ameaça? De morte? — a voz de null pareceu de preocupação.
— Veja você mesmo. O envelope está na segunda gaveta da cômoda. — explicou respirando fundo para se acalmar.
null foi até a cômoda e abriu a gaveta que ela dissera, pegou o envelope que nem parecia que tinha sido aberto. Retirou o papel de dentro e começou a ler.
— "(...) ou por bem ou por mal." — ficou em silêncio por um tempo. — null. — concluiu ainda em pé segurando a carta.
— null? Não tem como ser a null, null. Ela está em Los Angeles e seja lá quem escreveu isso, além de ser esperto por digitar no computador, foi bem discreto para entrar aqui e nem notarmos, a null não iria conseguir fazer isso. — null estava certa, null era burra demais para isso.
— Talvez ela não esteja sozinha. — insistiu em sua hipótese.
— Não acho que seja ela, isso está mais me cheirando a Jake ou Tobias. — disse suas suspeitas.
— Olha null, a null é burra, mas eu conheço ela e sei que ela tem capacidade o suficiente para bolar uma coisa assim. — null tinha certeza que era a megera da sua ex.
— Não é o urubu, ela não teria capacidade para bolar algo assim, e como ela ficou sabendo que você está tirando férias em New York? — pensou que havia o jogado contra a parede, mas não.
— Não sei, o Caleb talvez, melhor o Jonathan, ele sabia sobre nossa viagem e era o único, só pode ser ele. — null fechou a cara.
— Não é o Jonathan! — forçou a voz, ela defenderia Jonathan até no leito de morte.
— Então como ela ficou sabendo, hã? — estava disposto convencê-la que Jonathan não era quem ela pensava que é.
— É porque não é ela, que droga não é a null entenda isso. Ela está a quilômetros daqui e eu conheço o Jonathan, ele nunca me apunhalaria pelas costas. — confiava tanto em Jonathan que null tinha ciúmes do personal trainer.
— Tudo bem... Digamos que não seja a null, quem você acusaria? Tobias ou Jake? — null abriu a boca para falar, mas não sabia qual deles culpar.
Pensou um pouco antes de responder.
— Tobias. — respondeu com certeza. — Ele é o único que teria coragem para uma coisa dessas, o Jake não me parece de fazer isso.
— E o Jake, assim como o Jonathan, são os bons samaritanos. — null disse com sarcasmo.
— Não conhecemos o Jake, então não podemos culpá-lo sem saber quem ele realmente é. Já o Jonathan tanto eu quanto você convivemos mais de um ano com ele e sabemos os modos que ele tem. — defendeu mais uma vez.
— Você gosta do Jonathan, confessa logo que é mais fácil. — null estava com ciúmes, dava para perceber em seu olhar.
— Não é a null e acabou. — encerrou a suspeita. — Nos não deveríamos estar falando disso, e sim de que consequências são essas e pra quem ela se refere. — null estava certa.
— Olha... Se for a null a ameaça é para mim, porque me separei dela e escolhi você, isso é óbvio. Agora se for o Tobias ou o Jake a ameaça é para você, porque você escolheu a mim. — null tinha razão.
— Conclusão: não sabemos para quem é. E para cada caso se há uma consequência. — estava certa mais uma vez.
— Elementar minha cara null. — fingiu que fumava um cachimbo, igual Sherlock Holmes e null riu.
null também riu, até a porta da sala bater e Tobias gritar do andar de baixo.
— null! Você está trocando de roupa ou está fazendo as unhas? — null sentiu um calafrio.
Não era um calafrio qualquer, era um calafrio amedrontador. Sentia como se houvesse alguma relação da carta com Tobias.
— null, você não pode ir com ele. — disse rápida, cruzando as pernas na cama.
— É só o Tobias, null. — tá, isso era óbvio. — Vamos estar com o Richard e o Percy também. — complementou.
— Tobias é o mandante, Richard e Percy são os capangas. — falou como se estivesse resolvendo um de seus casos policias.
— É uma boa teoria. — concordou. — Olha, você não está muito bem, então eu vou e checo os três. Não se preocupe, eu ficarei bem. — foi até ela e lhe beijou a testa.
— Não... Fica aqui comigo. — o segurou pelo braço e implorou.
— Alguém tem que checar, eu voltarei logo. — deu um selinho rápido na garota antes de seguir para a porta. — Se cuida. — disse e saiu.
— Você também. — null retribuiu mesmo sabendo que ele não escutaria.
null fechou os olhos e soltou o ar pelo nariz da maneira mais calma que encontrou, sentia que seu coração não iria relaxar enquanto null não voltasse inteiro, sã e salvo. Nas circunstâncias dela até mesmo um pequeno arranhão que fosse nele, já era o suficiente para que colocasse Tobias como um dos principais suspeitos da carta.
E ela, mesmo com medo, descobriria quem era por trás daqueles dígitos de computador...
Com uma pilha de roupas em mãos subiu as escadas, tinha acabado de pegar as roupas na lavandeira e teve a ideia de tomar um banho, estava um calor da desgraça que fazia até sua bunda ferver. Tudo que mais queria era colocar a cabeça sob a água fria, deixá-la penetrar seus cabelos e esquecer de tudo que estava acontecendo.
null ainda não tinha voltado e já era quase meio-dia. null estava começando ficar preocupada, sua mente imaginava tantas coisas que chegava se arrepiar, eram coisas desde null com a boca selada com aquelas fitas cinzas, amarrado em uma cadeira, sozinho, em uma sala; até ele preso em uma mesa metálica sendo torturado por Tobias. Ah... Talvez ela devesse parar de assistir tantos filmes de terror e Supernatural.
Caminhou pelo corredor até o quarto, girou a maçaneta, mas antes de entrar sua atenção foi para a porta bem inocente no final do corredor. Desde que Tobias cedeu aquela casa tinha um pé atrás com aquela porta. Ela parecia inocente demais, quieta demais, não que null esperasse que a porta falasse "ei, venha aqui e me arrombe", ok isso saiu estranho.
Um calafrio passou por sua espinha, era aquele famoso calafrio que diziam ser o espírito de alguém. null nunca acreditou quando seu pai falava isso, mas naquele momento estava começando considerar a ideia, e se tivesse um cadáver atrás daquela porta e o espírito dele estivesse vagando pela casa?
Quando deu por si já estava parada na frente da porta misteriosa com a mão na maçaneta preste a girá-la. O mesmo calafrio percorreu sua espinha, engoliu em seco e só então juntou coragem para girar a maçaneta. Assim que forçou a porta para a frente ela sequer se moveu, conclusão: estava trancada.
null arcou uma sobrancelha, o que estava atrás daquela porta era tão importante assim para que estivesse trancada? Pensando nisso, tentou mais uma vez, e mais uma, só que sempre era o mesmo resultado.
De repente escutou a porta da sala bater. Deixou as roupas caírem no chão e correu em direção das escadas, apoiou-se no corrimão e assistiu null jogando a chave da porta em cima da mesinha de vidro. O coração dela se aliviou quase instantaneamente, ele estava bem e vivo.
— null, você vai usar o banheiro? — perguntou quando a percebeu parada na escada.
— Podemos usá-lo juntos. — respondeu com um sorriso pervertido.
— Wow! Preciso pegar uma roupa limpa antes, porque né... — indicou a camiseta molhada de suor, subindo as escadas, sorrindo.
— É melhor você suado e vivo, do que seco e morto. — null a enlaçou pelos ombros beijando-lhe a testa antes de subirem juntos os últimos degraus.
No corredor null se colocou na frente de null e o parou pelo peito, ele não entendeu. Ela mordeu os lábios e segurou com firmeza no tecido da camiseta dele fazendo-o entender na hora qual era a intenção dela, null sorriu largo e perverso.
null soltou um risinho já sentindo o meio de suas pernas latejar, sendo esse latejamento a sua excitação e vontade de tê-lo ali mesmo naquele corredor. Queria sentir null profundamente, queria tê-lo em seus braços enquanto pensava nos riscos que correu de ficar sem ele.
Para provocá-lo, null aproximou seus rostos dando indícios de que iria beijá-lo, null esperava pelo beijo, mas caiu do cavalo quando ela se afastou e sorriu, começando caminhar em direção do quarto fazendo questão de rebolar aquela bunda que o deixou louco.
null girou os olhos e foi para o banheiro, porque ela tinha feito questão de trancar a porta do quarto — é, ele havia checado — então só restou o chuveiro. Empurrou a porta do banheiro, imediatamente fechou os olhos negando com a cabeça, a banheira assim como o box, no outro canto, estavam muito convidativos.
Resolveu ir até a banheira, maior que o comum, abriu o vidro do box e abriu as torneiras liberando a água fria e morna ao mesmo tempo. Enquanto a água caía aproveitou para levar as mãos até a barra da camiseta e puxá-la, sentiu um alívio quando o tecido se desgrudou de seu abdômen.
Colocou os sais de banho e fechou as torneiras, já totalmente despido entrou na banheira, fechou o box e deixou seu corpo relaxar. Apoiou a cabeça na almofada da borda, fechou os olhos soltando o ar levemente pela boca, tudo que mais precisava...
null levantou a cabeça e só então reparou que era uma banheira de hidromassagem, os botões, protegidos por um plástico para não darem choque, estavam ao lado dos sabonetes e xampus. Os dedinhos atrevidos apertaram um dos botões e a água começou se agitar fazendo as espumas aparecerem e suas costas quase gemerem em agradecimento.
null apoiou de novo a cabeça na almofada e se deixou relaxar, com os braços nas bordas.
Enquanto ele relaxava, a porta do banheiro foi aberta silenciosamente, null sequer escutou de tão relaxado que estava. Os pés caminharam pelo azulejo, as roupas limpas dos dois caiu no chão e a luz foi apagada. Mesmo sendo quase meio-dia, o banheiro ficou escuro sendo iluminado apenas pelas luzes dentro da banheira e duas velas que null acendeu em cima da pia. O escuro deixava um ar misterioso e sensual.
null abriu os olhos assim que ouviu a porta do box da banheira correndo. Seus olhos capturaram a imagem de null vestida em um roupão branco, sorriu com os olhos transbordando de luxúria. A escuridão o deixava mais excitado.
— Você está tentando me enlouquecer, não é? — quis saber com o tom um pouco sério.
null mordeu os lábios entrando na banheira, null não tirou os olhos dela em nenhum segundo.
— Guarde todos os detalhes bem na sua mente. — pronunciou de um jeito provocante.
O laço do roupão foi desfeito lentamente, null engoliu sua saliva, estava com a garganta tão seca que achou que a qualquer momento iria engasgar. O roupão foi sendo escorregado pelos ombros até caírem na água, null sorriu com um olhar de felino. null estava nua, completamente nua para ele!
null jogou o roupão em qualquer lugar do banheiro e se curvou na direção de null selando seus lábios em um rápido selinho, mas ele não aguentou ficar só com um selinho. Apoiou a grande mão nas costas de null e a puxou para si fazendo-a perder o equilíbrio das pernas e finalmente se molhar.
Ambos sorriram.
— Nem parece que era virgem até antes de ontem. — comentou e null se ajeitou ficando com as pernas uma de cada lado da cintura de null e as mãos nos ombros dele.
— A sua virgem. — subiu as mãos pelo pescoço dele chegando até os cabelos onde envolveu os dedos.
Mordeu os lábios olhando dentro dos olhos dele. E então o jogo começou... Play!
null puxou os cabelos de null fazendo a cabeça dele tombar para trás, antes que o gemido saísse por completo dos lábios dele, null selou seus lábios com agressividade. A única coisa que ele fazia era retribuir e segurá-la pela cintura, mexer a cabeça? Estava fora de questão, null estava completamente o controlando.
null rompeu o beijo e escutou um gemido de protesto vindo do homem, sorriu largo levando a própria boca até o pescoço dele. E daí que null estava suado ou com cheiro de suor?
A mão ágil de null escorregou pelo peito do rapaz, arranhou o abdômen e de repente envolveu o membro por baixo da água. null soltou um gemido alto jogando a cabeça para trás, agora estava totalmente nas mãos dela.
Sorriu com o resultado começando masturbá-lo, beijando o pescoço ao mesmo tempo. Com a outra mão começou acariciar as bolas dele arrancando um gemido atrás do outro. Aumentou os movimentos de sua mão sobre o pau dele, passou o polegar circularmente pela glande sabendo que aquilo o faria ver estrelas.
— Ou null... — gemeu e ela repetiu os movimentos em sua glande. — Você me deixa louco garota... Oh meu deus... — jogou a cabeça para trás, gemendo sem vergonha.
— Shh... — null levou as mãos até o rosto dele se ajeitando sobre ele. — Eu quero aproveitar o momento ao máximo, enquanto estou com você. — selou seus lábios.
null levou uma mão para a nuca da garota e a puxou para si aprofundando o beijo. null puxou os cabelos molhados, não sabia se era de suor ou de água, rebolando sobre o membro rígido que parecia implorar por ela.
Ele gemeu durante o beijo, antes de rompê-lo mordeu o lábio inferior de null e o puxou, aproveitando para direcionar o olhar para baixo, aqueles seios o deixava louco, qualquer seio o deixava louco, mas os de null se encaixavam perfeitamente em suas mãos.
null percebeu a atenção do homem, levou as mãos até os próprios mamilos e os apertou, sentindo null soltar seu lábio inferior para dar uma atenção especial na sua parte favorita em null.
Acariciou os cabelos dele enquanto o sentia chupando um de seus mamilos, jogou a cabeça para trás assim que a língua de null circulou o bico, causando arrepios na espinha. Ela gemeu sentindo seu corpo parecendo fluar no ar, quando deu por si suas costas bateram contra o vidro do box, estava sentada na superfície plana ao lado da banheira e null agora beijava seu pescoço deixando a mão escorregar para a região sul de null, a região do prazer.
Chegando ao clitóris, direcionou um olhar de predador para null que a fez abrir mais as pernas. null encostou seus lábios em um beijo calmo, ao mesmo tempo em que começou estimular o clitóris circularmente arrancando suspiros dela durante o beijo.
A penetrou com um dedo ouvindo um gemido de protesto. null sorriu, null não tinha mais nenhum indício de virgem que gaguejava quando falavam sobre sexo. Penetrou mais um dedo começando com movimentos rápidos e lentos ao mesmo tempo, teria penetrado mais dois dedos, mas lembrou-se que estava se tratando de null e não de null, que parecia uma arrombada. Agora estava explicado o porquê dela ter corrido para Caleb, vai ver ele colocava quatro dedos.
null nunca gostava quando null implorava por três dedos, não gostava, achava que já era exagero, dois dedos já eram o suficiente para dar prazer, null estava ali, gemendo e apertando seus bíceps, para comprovar isso.
— null... — tirou os dedos. — Vamos fazer uma coisa nova? — null assentiu meio ofegante. — Vem comigo. — null sorriu antes de sair da banheira.
E daí que ele estava molhando todo o chão? Ele não estava nem aí pra paçoca. null o assistiu abrindo a porta do box, e mesmo com a escuridão não conseguiu evitar olhar aquela bundinha grande, malhada, dura e maravilhosa que ele tinha. Saiu da banheira deixando a água ir embora, logo também molhava o chão indo em direção do box.
null ligou o chuveiro, a água gelada penetrou seus cabelos. Pegou a esponja e o sabonete ensaboando todas as partes do corpo. Estava de costas para a porta do box, porém era capaz de sentir os olhos de null em si.
null soltou um risinho.
— Eu não mordo null, só se você quiser. — se virou para a porta e notou que o olhar dela caiu sobre seu pau. — Ok, Ok, eu não vou te morder, agora não. — garantiu e ela adentrou o box.
null ficou de frente para ele, infelizmente não duraram muito tempo naquela posição. null a pegou pela cintura e a jogou contra o vidro do box de costas para ele, ficando ambos um pouco embaixo do chuveiro.
— Empina essa bunda linda para mim. — deu um tapinha na nádega dela. — E empina pra valer. — ordenou.
null obedeceu, apoiou as mãos no vidro e ergueu o quadril, não demorou muito e null se colou atrás dela estimulando o clitóris enquanto com a mão livre apertava todas as extensões daquela bunda. Ela gemeu começando se esfregar contra o pau duro que estava contra suas nádegas.
Logo null deu uma pequena afastada de null e com as mãos firmes na cintura dela empinou mais o quadril para que ficasse na altura certa. null sabia o que estava por vim, finalmente ia conhecer o que era ter alguém por trás.
null penetrou primeiro a cabeça de seu pau, tinha que ser delicado porque ela ainda era bem apertadinha. Foi penetrando até se ver por inteiro dentro dela fazendo-a encostar o rosto contra o vidro gemendo com os olhos fechados, o vidro ficou embasado em questão de segundos. Iniciou investidas calma e logo deixou que elas ganhassem velocidade arrancando cada vez mais gemidos da garganta de null.
Ela não estava acostumada com um ritmo mais bruto, mas ele disse que iria ser algo novo, não disse?
Cessou as investidas e ainda dentro dela se encostou por inteiro contra ela, aproveitando para subir uma mão desde a bunda até apertar um dos seios, ela queria prazer então ele estava completamente disposto em dar esse prazer.
Saiu dela e a puxou para que ficassem completamente colados. null jogou a cabeça para trás apoiando-a no ombro do homem, não demorou muito e sentiu as mãos dele subindo, esfregando as pontas dos dedos em sua barriga, até chegarem aos seios dando uma atenção especial naquela área.
null levou as mãos até a nuca de null e começou puxar os cabelos como se estivesse querendo arrancá-los, mas não, aquilo era somente o resultado do que somente ele era capaz de fazer com ela.
null começou beijar a lateral do rosto de null enquanto massageava os seios, apertava e beliscava, ela estava o entranhando isso sim, null nunca foi bruto com ela, ele não parecia ter essa personalidade.
Não demorou muito e null virou null e a empurrou em direção da parede de azulejo, ele a beijou, o beijo era calmo, profundo e parecia apaixonado. null estava se deixando levar e se via cada vez mais convencido de que estava começando se apaixonar de verdade por null null.
Levou a mão, ainda envolvido no beijo, até a coxa esquerda da mulher e a levantou fazendo-a ficar enroscada em sua cintura. null o segurou pelos ombros, rompendo o beijo, já estava pronta para senti-lo novamente, porém ele não o fez, ao invés disso ele soltou a perna e começou um leve carinho contra a bochecha dela.
null não era burro, sabia bem dos riscos que era enfiar o seu amigo sem roupa, a camisinha no caso. Não queria ver null grávida, nem sabia dizer o que exatamente sentia por ela, e não saberia o que dizer se ela aparecesse com um teste de gravidez positivo. Algo como "err... Eu vou ser pai?", não idiota você vai ser o papai noel na ilha da Páscoa!
Acariciou com o polegar antes de puxá-la para um beijo, era uma desculpa para ganhar tempo, como iria dizer que não a levaria para o paraíso porque seu amiguinho estava sem roupa no guarda-roupa? O que? Ele não tinha mesmo camisinha na bermuda e nunca levou a carteira para correr.
null rompeu o beijo, e agora? O que dizer e por onde começar? Legal, que tal "então null meu pau não pode trabalhar agora" não isso é ridículo; "null não posso estar em você", oi? null, você é gay? Pensa criatura burra dos infernos!
— Eu achei que você tivesse morrido. — null direcionou o olhar para null imediatamente, nem percebeu que encarava a parede, a forma de dizer a ela que não queria gozar dentro dela era tão difícil de encontrar que nem notou que desviou o olhar. — Eu nunca senti tanto medo como senti hoje. Medo de te perder. — o puxou para um abraço forte.
null escondeu o rosto no pescoço do rapaz e deixou que algumas lágrimas escorresse, ainda não acreditava que ele estava vivo, não eram meras lágrimas eram lágrimas de gratidão. null acariciou as costas dela sem saber ao certo se deveria dizer alguma coisa ou ficar calado, não sabia que era tão importante para null assim.
Ele era importante porque ela o amava desde que null apareceu como boa samaritana.
— Já vou subir, pode ir. — null gritou lavando os dois últimos pratos.
null gritou da sala querendo saber se ela ia ou não dormir com ele, mas acontece que alguém tinha de lavar a louça, certo? Nada de machismo, null mesmo quis lavá-la, porque era sempre null quem cozinhava, fazia café e por fim lavava a louça. Digamos que machismo não existia nem se quisesse, null não o deixaria existir.
null fechou a torneira colocando os pratos no escorredor. Puxou o pano de pratos e começou enxugar os últimos utensílios que havia lavado, era pouca louça, não tinham usado muito para comer pizza no jantar.
Assim que secou e guardou os talheres e copos era a vez dos pratos, pegou-os e foi em direção do armário da bancada onde ficava o micro-ondas. Abriu a porta e deixou os pratos em cima dos outros, porém antes de fechar a portinha e ir dormir, seus olhos bateram contra uma pequena caixa de papelão bem no fundo do armário. Aquilo não estava ali quando foi pegar os pratos para a pizza.
Desconfiada olhou para todos os ângulos da cozinha em busca de alguma figura humana, nada, absoluto vazio e silêncio, silêncio esse que estava deixando-a amedrontada. Pensou em chamar por null, mas acontece que não era tão fracote assim, pô era null null ou não?
Com o pé atrás, pegou a caixa e a colocou em cima do balcão ao lado do micro-ondas. Muito estranho, a caixa não tinha destinatário, não tinha mensagem, não tinha selo e muito mesmo abertura, é brincadeira de mau gosto, não é? Em poucos minutos um palhaço assustador ia saltar dela e null não ia sentir medo algum porque não tinha medo de palhaços, hahaha bela tentativa null!
Pegou a faca de pão no recipiente de talheres em cima da mesa e começou cortar a fita adesiva que lacrava a tampa da caixa. Feito isso retirou a tampa e levantou uma sobrancelha quando viu o que estava dentro daquele troço de papelão. Fotos, é isso mesmo. Fotos, fotografias.
Retirou algumas fotografias e estudou, deixou o seu queixo cair quando reconheceu a megera, é aquela megera lá ao lado de null. Em várias fotos null e null estavam juntos e em outras, null parecia distraído, umas ele usava óculos escuros, saía da delegacia e em outras entrava na academia, sorria e... O que null estava fazendo no meio daquelas fotos? É isso mesmo.
A foto estava em um saco plástico parecendo para não sujá-la, na imagem estava null e null lado a lado na academia, rindo de alguma idiotice de Jonathan. Os três estavam juntos, muito, mas muito estranho.
null deixou as outras fotos na caixa e prendeu sua atenção nas duas dentro do saco plástico. A primeira Jonathan estava presente, já a segunda null e null estavam sozinhos na entrada da academia de frente um para o outro, null se lembrava daquele dia, era um dia antes da viagem, eles combinavam o horário da manhã seguinte. As duas fotografias eram recentes, detalhe.
Sacou? Não?
null estava em todas as fotos, não tinha uma somente de null ou de Jonathan, todas tinham null null. Seja quem for que deixou aquela caixa era bem fascinado em null, porque o número de fotos era grande, umas duzentas no máximo.
null imediatamente fechou a caixa e a guardou aonde não deveria ter tirado. Foi então que sua mente começou trabalhar. null, null, null e Jonathan. Os quatros tinham algo em comum, ok, null e null tinham e já tiveram ligação mais que amizade com null, mas e Jonathan? O que ele era, além de amigo? Gay?
E voltou para a estaca zero. Sua mente também não ajudava em nada em!
Não tinha explicação para Jonathan estar ali, principalmente em uma foto que estava bem guardada dentro de um saco plástico. Jonathan nunca se viraria contra null, viraria? Será?
null se encostou no balcão e sentiu um nó no estômago, a questão sobre Jonathan seria analisada depois, o mais importante agora era proteger null, ele quem estava correndo perigo. A carta, com toda certeza, era para ele, óbvio que existia uma ligação de carta-caixa. Mas que tipo de escolha ele fez? Será que tinha envolvimento com seu tio? Ou era com null?
Seja lá o que for, null agora só pensava em uma única coisa... Teria que proteger null, mesmo se isso custasse sua vida. Quando se ama o dever é proteger.
Capítulo 14
null se jogou contra a porta, chutava e forçava a maçaneta, porra que porta forte e teimosa! Enquanto isso null preparava o café, eles tinham perdido a hora, mas tudo bem, lá estava ela tentando arrombar aquela droga de porta misteriosa no final do corredor.
O que era tão sagrado para Tobias deixá-la trancada? Havia um rebanho de barata lá dentro, é isso? null não tinha medo de barata, poderiam vim quantas quiserem, nada que um baygon não resolvesse.
Suspirou e novamente forçou a maçaneta, nada. Colocou as mãos na cintura, mordeu os lábios encarando profundamente a porta como se a qualquer momento ela fosse pegar fogo. Seus olhos caíram sobre o buraco da fechadura, será que um grampo de cabelo ia funcionar igual naqueles filmes de espião?
Quando deu um passo foi impedida por dois braços fortes que a enlaçaram pela cintura. Imediatamente sentiu o corpo do indivíduo se colar ao seu por trás, seus cabelos foram afastados do pescoço onde recebeu beijos molhados, oh droga esse era seu ponto fraco.
null tombou a cabeça para o lado sentindo a barba rala espetando sua pele, arrepiou-se dos pés a cabeça, maldita barba masculina...
— Achei que estava fazendo o café. — null depositou beijos pausados enquanto null o segurava pela lateral do rosto.
— E estava. Agora vou matar a saudade que eu estou de você. — murmurou no ouvido dela.
— null deixa de ser manhoso, você passou a noite inteira comigo e no máximo meia hora na cozinha. — virou-se para ele enlaçando os braços ao redor do seu pescoço. — Eu to com fome, vamos comer, hum? — soltou-se dele querendo correr em direção da cozinha, só que null a pegou pelo braço.
— Não, não. — puxou-a para si.
null sorriu recebendo um selinho, o enlaçou novamente pelo pescoço, não conseguindo evitar de sorrir.
— Qual o seu lance com a porta? — null quis saber.
— Ela sempre está trancada, meu lado curioso quis saber o que tem lá dentro. — explicou.
— Quis saber ou quer saber? — levantou uma sobrancelha.
— Tá, eu quero saber. — deu um selinho nele. — E eu vou descobrir. — afirmou abrindo um sorriso.
— Então você vai deixar isso para depois, porque agora... — escorregou as mãos até as nádegas da garota, apertando-as. — Quero sua atenção somente em mim.
null pegou nos braços de null e inesperadamente os afastou de sua bunda e corpo. Ele não entendeu, enquanto isso null lhe deu as costas e saiu caminhando até adentrar o quarto sem direcionar qualquer olhar para ele.
null decidiu segui-la, empurrou a porta que estava entreaberta e, imediatamente, encontrou null deitada na cama de barriga para baixo apenas vestida com o sutiã e o short. Trancou a porta e foi até a cama encontrando a camiseta que ela usava no chão, deu um sorriso tratando de dar um jeito em sua própria camiseta.
Com o abdômen nu subiu na cama e se posicionou em cima de null, que olhou sobre o ombro direito somente encontrando o braço dele. Inesperadamente se virou de barriga para cima e o encarou, null aproveitou para colocar uma das pernas entre as dela e dobrar os braços ficando apoiado nos seus antebraços.
null a beijou devagar, queria aproveitar o momento ao máximo, tinha a leve impressão que seria o último. null o retribuiu levando as mãos até a nuca dele e arranhando pedindo por um pouco de velocidade, mas null estava disposto ir bem devagar para aproveitar o momento ao máximo.
Assim que rompeu o beijo desceu os lábios pelo pescoço como se fosse automático, null o segurou pelos ombros jogando a cabeça para trás, adorava quando null a beijava bem no seu ponto fraco.
Ele foi descendo chegando até o busto, lambeu entre os seios logo tratando de abrir o sutiã de fecho frontal. Os seios já rígidos foram libertados, null não demorou a abocanhar um deles e massagear o outro, null gemeu assim que sentiu a língua contornar o bico.
Envolveu os dedos nos cabelos do rapaz e os puxou quando ele sugou, ao mesmo tempo em que tombava a cabeça para o lado, fechava os olhos se contorcendo de prazer.
null parou com as carícias, porém não afastou a cabeça do local, com a mão subiu pela barriga de null esfregando as pontas dos dedos, o que causou arrepios. Cobriu um dos mamilos e beijou o outro como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, bom para ele era, do jeito que era louco por peitos faria até uma cidade com o nome "Tetas", "Seios", "Mamilos" ou o famoso "Peitos".
null colocou a mão em cima da de null e levou a outra para trás da nuca dele, puxou a cabeça dele para baixo em direção de seu mamilo até então abandonado. Envolveu as mãos nos cabelos sedosos começando um carinho entre puxões, null entendeu o recado e não demorou a começar chupar o mamilo tendo a certeza de que estava fazendo um ótimo trabalho.
Os gemidos invadiam o quarto, o nome do rapaz voava entre as quatro paredes. null sentisse completo, era uma sensação única e nova, com nenhuma namorada sentiu-se daquele jeito, bem... Com null se sentiu uma vez, mas ela era do tipo que gritava "enfia logo o cacete que cabe!", null odiava quando ela gritava, cara a garota era arrombada, a cada dia ele tinha cada vez mais certeza.
Enquanto null gritava para ele ser grosso, ir fundo e apenas enfiar, null era perigoso gritar para ele tirar porque, infelizmente, a inexperiência fazia com que o amigo dele fosse grande demais.
null parou de sugar e como um predador avançou o corpo para cima capturando os lábios de null. O beijo começou agressivo e foi ficando calmo, pousou as mãos na cintura da garota e a puxou para si, lentamente null foi virando o próprio corpo durante o beijo e quando o ar lhe faltou, null rompeu o beijo e o encarou não entendendo o porquê de estar sentada em cima dele.
— Vamos tentar uma coisa nova. — anunciou levando as mãos para a barra do short de null. — Tira a sua roupa, que eu tiro a minha. — ela concordou e se levantou.
Tiraram as últimas peças de roupa e agora já estavam novamente na mesma posição, null embaixo e null em cima, só que sentada no abdômen dele.
— Coloca as mãos nos meus ombros. — disse e ela o fez, deixando os seios bem na cara dele. — Agora deixa eu te guiar. — levou as mãos até o quadril dela, o levantou um pouco e a posicionou em cima de seu pau.
null direcionou o olhar para ela para observar a expressão em seu rosto, null por conta própria foi sentando sobre o pau de null, gemeu assim que sentiu o contado de suas paredes úmidas e apertadas com o membro rígido.
— Gosto quando você geme assim. — com as mãos guiou null fazendo com que ela fizesse movimentos de vai e vem.
Também gemeu continuando ajudar null. A menina se curvou sobre ele e deixou os rostos bem próximos, ela fechou os olhos e gemeu um gemido do fundo da garganta, o que fez null sorrir.
— Rebola... Isso... — ela começou rebolar bem antes dele abrir a boca. — Rebola sua gostosa, vai rebola null! — alterou um pouco a voz parecendo um desesperado.
Ela rebolou e começou alterar os movimentos, às vezes rebolava e outras deixava null a ajudar no vai e vem. Eles gemiam como senão houvesse o amanhã ou a noite para aproveitarem... Não demorou muito trocaram de posição, agora era null que estava por cima na famosa posição papai e mamãe.
null tinha o rosto escondido no pescoço de null e ofegava conforme investia, ela já o abraçava pelos ombros gemendo contra no pé do ouvido dele. null chegou ao ápice primeiro, ainda dentro dela, havia se esquecido completamente da camisinha, mas e daí? Encontrou alguns comprimidos em um frasco na cozinha, com certeza eram pílulas do dia seguinte.
Ele soltou o ar pesadamente no pescoço dela continuando com as investidas, qual é? Não era egoísta ao ponto de não ajudá-la chegar ao orgasmo. Foram preciso apenas algumas investidas e deu o melhor orgasmo da vida de null.
null depositou um beijo na bochecha dela e permaneceu com os lábios encostados na pele, null o retribuiu com o começo de um cafuné. null interrompeu o carinho e se ajeitou na cama deixando a cabeça encostada no ombro dela e o corpo meio sobre ela e a cama, novamente null lhe deu cafuné. Ele estava dominado pelo orgasmo.
null o beijou na lateral do rosto próximo do olho fechado, continuando com o carinho.
— Não quer tomar café? — penetrou os dedos nos cabelos próximos da testa.
null suspirou.
— Não. — sua voz saiu quase como um sussurro, ele estava bem relaxado. — O café pode esperar. Agora tudo o que eu mais quero é ficar assim e aqui com você... Somente com você. — levantou a cabeça depositando um beijo na bochecha dela logo voltando para sua posição inicial.
null sorriu continuando com o cafuné.
null queria aproveitar tudo até o tempo esgotar, não sabia porquê, mas aquela impressão de ser o último contato mais íntimo entre eles ainda estava ali batucando sua mente. Desde que colocou os pés para fora da cama aquela sensação pousou em seus ombros.
— O que está acontecendo com você hoje null? — null quebrou o silêncio.
— Nada, estou sendo o mesmo de sempre. Talvez eu esteja com a barba maior que antes, mas isso eu resolvo depois e você sabe a barba é a maquiagem do homem. — respondeu, logo suspirando.
— Eu gosto de você de barba, não precisa tirá-la. — a barba dele não estava tão grande assim.
— Hmm... Gosta dela esfregando contra sua pele e causando arrepios? — escolheu o momento para beijar o pescoço dela fazendo-a rir e se arrepiar.
— Vamos mudar de assunto? — o afastou de seu pescoço.
null se afastou e deixou o corpo cair para trás, chamou null para perto e a fez se deitar em seu peito.
— Tudo bem... — pensou em um assunto. — Por que quer tanto abrir aquela porta? — estava bem curioso para entender o que ela queria com a porta.
— Quero saber o que tem lá dentro, já disse. — deu de ombros.
— Tá, isso eu entendi, mas por quê? E se ela estiver guardando uma coleção de pornô do Tobias? — começou afagar os cabelos dela.
— Ah que bom, assim você vai ter distração. — riu. — Na verdade... — pensou se era certo falar ou não. Ah foda-se. — null eu encontrei umas fotos suas na cozinha. — ele arregalou os olhos.
— Fotos o quê? Pelado? — levantou um pouco o tronco.
null riu.
— Não bobo, são fotos suas com a null, comigo e o Jonathan. — mesmo assim ele não relaxou.
— Tinha alguma foto comprometedora? — pareceu ignorar o que ela tinha acabado de dizer.
— Tinha, tinha uma de você segurando o seu pinto com um balde de pipoca em cima da sua barriga de bebum! — rolou os olhos.
— E aonde estão essas fotos? — engoliu em seco arrastando o corpo para a beirada da cama.
— Relaxa null. — null ficou ajoelhada atrás dele colocando as mãos nos ombros tensos.
— Relaxar? Não tem como relaxar, porra são fotos minhas, MINHAS! — passou as mãos nos cabelos, suspirando forte.
— Calma. Vou te fazer uma massagem. — começou movimentar as mãos nos ombros dele. — Agora relaxa, inspira o ar e solta. — null fechou os olhos e fez o que ela pediu. — Está mais calmo agora? — infelizmente a resposta foi a que ela não esperava.
— Eu não estou relaxado, eu não vou relaxar! Cara são fotos minhas, MINHAS! Sabe o quanto isso é grave? — saiu da cama e vestiu a boxer. — Tem algum filho da mãe me vigiando, mas por que eu? Mano eu sou tão gostoso assim? Não responda null, a sua resposta na conta.
— Tá, eu nem pensei em responder mesmo. — ela deu de ombros saindo da cama e vestindo a calcinha.
null passou as mãos nos cabelos, só uma coisa se passava por sua mente: quem era o fã fanático por ele?
— Cadê as fotos null? Por favor, diga que você não as queimou. — torceu para que ela não tivesse feito aquilo.
— Claro que não, né. — caminhou até o guarda-roupa e o abriu. — Não queria que você visse isso, mas achei injusto investigar algo que envolve totalmente você. — pegou a caixa no fundo do guarda-roupas e a levou para a cama.
null se aproximou da cama, apoiou as mãos no colchão e ficou observando null, que estava sentada com as pernas cruzadas, espalhando as fotografias. A cada imagem seu coração palpitava, as sobrancelhas se arcavam e as dúvidas se formavam.
— Pelo que eu entendi essas não são importantes. — fez um círculo no ar em cima das fotografias para indicá-las. — Agora essas... — pegou o saco plástico que protegia as duas fotografias. — Eu tenho quase certeza que foram as últimas fotos tiradas e são as mais importantes. — null pegou e analisou as imagens.
— Mas... Eu não entendo. — subiu na cama também ficando com as pernas cruzadas. — Por que eu? Mesmo que a null, você e o Jonathan apareçam, eu sou o protagonista. — null abaixou o olhar também querendo entender o porquê de ser ele.
— Eu acho que seja quem for que mandou aquela carta, ela foi destinada para você. — disse o óbvio.
— Essa é outra questão. — null a encarou. — Que escolha eu fiz para merecer consequências? — null também o encarou.
— Bom... Você deixou a null, talvez ela não tenha entendido isso. — era uma hipótese a se considerar. — Você fez uma escolha.
null negou com a cabeça, semicerrou um olho e arcou a sobrancelha, tudo ao mesmo tempo.
— Não. A null não é fanática por mim, ela até aceitou de boa quando eu quis terminar. — comentou.
— É... — null analisou as fotografias que não pareciam importantes. — Tem fotos das suas outras exs aqui também, junto com fotos com a null. — pegou uma das fotografias que null estava ao lado de uma loira, ele tinha cara de bebê, nem projeto de barba tinha.
— Não acho que a null tenha reunido todas essas fotos, mas ainda continuo duvidando dela, como você disse ela pode ter descoberto que eu viajei com você. — disse e acrescentou. — E também não mudei minha concepção sobre o Jonathan. — null não gostou.
— O Jonathan? null por favor... — antes que ela pudesse pegar o saco plástico com as fotos, null o fez primeiro.
— Ele está aqui! — exclamou indicando o personal na foto. — Ele não é santo, null! — estava disposto abrir os olhos dela. — E o caso está resolvido; a null, junto com o Jonathan, estão por trás de tudo isso e estão infernizando as minhas férias. — null saiu da cama indignada.
— Você está errado sobre o Jonathan, null. — pegou a camiseta dele e a vestiu. — Ele nunca ia colocar você contra a parede, pensa nos momentos que ele sempre esteve do seu lado pelo menos uma vez! — nunca ia admitir que Jonathan fosse um suspeito, gostava dele de um jeito que não conseguia explicar.
— null me fala, apenas uma coisa para eu deixar de suspeitar dele. Só uma. — pediu olhando bem o rosto dela.
— Mano, o Jonathan tirou o Caleb da academia, ta lembrado? Ele disse que nunca mais era para o Caleb aparecer enquanto você estivesse lá. — ela estava certa, mas isso não foi o suficiente. — Quando vocês brigaram, ta lembrando que o Jone puxou o Caleb para longe enquanto o Parker dava lição de moral pra gente?
— null não adianta tentar encobertar o Jonathan. — null era teimoso.
— null... O próprio Jonathan me disse que mandou o Caleb ficar bem longe de você. — null se aproximou da cama e ficou quase cara a cara com null. — Acredite você ou não, o Jone nunca ficou do lado do Caleb, ele sempre esteve do seu lado, do nosso lado. — sorriu negando com a cabeça. — E mesmo assim você continua duvidando dele. — tomou coragem e agora iria despejar o que pensava. — Se existe alguém que está com raiva de você, esse alguém é a null, o Tobias e o Jake, mas o Jonathan não, você nunca deu motivos para ele ter raiva, nunca. — null ficou bem calado apenas escutando. — Agora pensa... O Jone mandou o Caleb ficar longe de você e ficou do seu lado; com toda certeza conversou com o Parker para não sermos expulsos de vez da academia; ele sempre ajudou você nos treinos, apesar de encher o saco, acha mesmo que ele iria pisar na bola com você? Acha que ele iria te apunhalar pelas costas?
null abriu a boca para responder, mas não tinha palavras para contradizer o que null havia acabado de dizer.
— Não tem o que dizer, não é? — percebeu a dificuldade dele de pronunciar uma palavra. — Sabe por que está sem palavras? Porque você confia no Jonathan mais do que qualquer amigo, mesmo não querendo admitir. — via nos olhos de null o quanto estava certa.
— Então foi a null. — concluiu sem hesitar. — Foi a null ou o Tobias. — eles eram os únicos que se encaixavam na lista de suspeitos mais óbvios.
— Jake não entra na festa? — null perguntou seguindo de volta para a cama, ficando sentada com uma perna dobrada.
— Não acho que ele seja esperto o suficiente para entrar no meu facebook e instagram para pegar as fotos, e outra que essas fotos com minhas exs eu nem tenho mais em público. — explicou, null soltou um risinho, e como uma boa manhosa deitou a cabeça na coxa dele.
null começou um cafuné.
— null... Eu não quero que você se intrometa nisso. Promete para mim? — com uma mão fazia cafuné e a com a outra iniciou um carinho na bochecha.
— Não null, eu vou entrar sim. — levantou o tronco com o olhar indignado.
— Não você não vai. — a segurou pelas laterais do rosto. — Não temos nenhuma certeza de que seja a null, e se for não quero que ela te machuque. — só queria protegê-la.
— Eu não vou deixar você encarar tudo isso sozinho. — pegou na mão esquerda dele. — Se for a null eu vou mostrar que estou do seu lado, não vou deixar que ela te machuque.
— null, null... — beijou a testa dela. — Me escuta, por favor, eu nunca quis te fazer mal e também não vou deixar que alguém o faça. — a puxou para que ficasse com a cabeça em seu peito.
— Eu sei, mas não vou suportar receber a notícia que te perdi. — aconchegou-se no peito dele, não conseguindo nem pensar no pior.
— Podemos fazer o seguinte: você me ajuda na investigação e assim que descobrimos quem está por trás de tudo você pula fora do barco. Pode ser? — abaixou um pouco a cabeça esperando a resposta.
— E aí? Você vai encarar o ameaçador sozinho? — afastou-se um pouco com a mão pousada no peito dele, queria olhá-lo nos olhos.
— É melhor ser uma vítima, ao invés de duas. — disse como se fosse a coisa mais comum do mundo.
— Por que está falando como se fosse morrer? Sei que temos de ser realistas, mas não fale assim, por favor. — pediu voltando se aconchegar no peito dele.
— Tudo bem... Tudo bem... — com o polegar acariciou a bochecha dela. — Só promete que não vai enfiar o focinho aonde eu não quero que enfie? — com o indicador deu um toque no nariz dela.
— Então me prometa que vai voltar vivo? — o encarou.
— Eu... — o celular de null começou apitar dando sinal de vida, coisa que não acontecia de manhã.
null se soltou de null e foi se arrastando até a cômoda ao lado da cama, pegou o aparelho e viu ser uma mensagem de Tobias. null babou nas costas largas dele.
— Mensagem de pacotes promocionais? — null riu deixando o corpo cair para trás.
— Não, é só o Tobias. — respondeu lendo a mensagem.
— E desde quando o Tobias tem o seu número? — se apoiou nos cotovelos, o encarando
— Antes de eu ir para Los Angeles, servi em uma delegacia junto com Tobias. Nos tornamos amigos e blá blá blá. — explicou bem resumido.
— E o que ele quer? Uma foto minha pelada? Aproveita então para tirar. — riu em deboche.
— Não, ele só está nos convidando para ir até a casa dele comemorar o aniversário de dez anos do condomínio, hoje a noite. — deu de ombros voltando para a cama. — E a gente não vai. — falou como se fosse definitivo.
— O quê? Não, fala pra ele que vamos sim. — null sorriu estranho.
null levantou uma sobrancelha em dúvida.
— Você não gosta do Tobias, o que deu agora? — cruzou os braços atrás da cabeça sobre o travesseiro.
— O que deu? Que eu to morrendo de fome, vamos tomar café? Sim, vamos. — saltou da cama e conseguiu seguir para a cozinha sem que null impedisse.
null se olhou do espelho e ajeitou a blusa de moletom cinza, não estava com traje de gala, mas também não estava com roupas de praia. Vestia uma calça jeans, tênis, uma camiseta branca e o moletom, super combinando! Não estava com vontade de ir à festa, queria mesmo era ficar perto de null, sentia que algo poderia acontecer com ela a qualquer momento.
Falando na garota, ela saiu do banheiro colocando os brincos pretos, null ficou perplexo com o vestido vermelho que era aberto na lateral revelando aquela coxa perfeita. Ué, mas não era uma festa qualquer? Por que ela estava vestida daquele jeito?
— null é uma festa simples, pode até ir pelada se quiser. — observou ela passando os últimos retoques da maquiagem.
— Ah ok, então vou nua, tenho certeza que o Tobias não vai achar ruim. — deu de ombros curvando os cílios.
— Vai pelada que você verá aonde vamos parar com isso. — o tom dele continha malícia e um pouquinho de ciúmes.
— Na cama, acertei? — riu. — Mas tudo bem, só estou vestida assim porque todo mundo do condomínio vai estar lá, até o dono da Microsoft que ajudou patrocinar a construção. — explicou sem necessidade.
— Acha que eu deveria colocar um terno? — quis saber já indo em direção do guarda-roupas.
— Não um terno como se fosse um casório, talvez uma roupa mais social. — fez beicinho antes de também seguir até o guarda-roupas. — Só uma camiseta branca e um blazer preto está de bom tamanho. — remexeu as roupas em busca de algo sofisticado.
— Eu só trouxe terno para caso de alguma festa mais ocasional, e só um. — null comentou, porém null não deu ouvidos.
— Aqui. — pegou o cabide de uma camiseta social roxa. — Veste essa com uma calça jeans. — esperou ele pegar o cabine para se voltar para o guarda-roupas. — Melhor, com essa calça social preta e esse cinto. — estendeu as peças.
— Você quer se decidir? Calça jeans ou calça social? — null não deu ouvidos.
— Não, troca tudo isso. — null rolou os olhos. — Essa camiseta social branca com essa calça jeans e esse sapato estão ótimos. — entregou as peças para ele. — Não demore muito, estou te esperando lá embaixo. — deu um selinho nele antes de sair e deixá-lo segurando todas aquelas roupas.
null demorou para descer as escadas, não gostou de como as roupas ficaram em seu corpo, então optou por vestir logo a camiseta social roxa, uma calça jeans e o sapato que null escolheu. Estava bonito para null e era isso o que importava, não queria ficar bonito para outras pessoas, somente para ela.
Como a casa de Tobias era no próprio condomínio, foram andando, às vezes enlaçavam as mãos, às vezes paravam para se beijar e por aí seguiram. Quando chegaram no portão de entrada o encontraram aberto, entraram e não demorou muito para escutarem o som da música alta, é pelo jeito Tobias não poupou esforços.
O porteiro mandou eles irem pelos fundos, null pegou na mão de null e a guiou, assim que chegaram encontraram uma área enorme. Havia uma piscina gigantesca, mesinhas espalhadas por todo o gramado, uma mesinha de sinuca estava no meio da área coberta onde também tinha um balcão, três churrasqueiras, duas geladeiras e dois frízeres.
— null! — escutou alguém gritar, era o dono.
Escutaram um copo de vidro ou garrafa se chocar contra o chão e todos gritaram "Marcelo", null o conheceu na hora, era Marcelo Jordan, sua criança que teve de treinar quando trabalhava junto com Tobias. Que lindo, né? Você vê a criatura crescendo e agora enchendo a cara, que maravilhosa, um orgulho para o "pai"!
— null eu jurava que você não viria cara, tava até dizendo pra todo mundo que não vinha. — Tobias se aproximou e o abraçou conseguindo o que queria, separá-lo de null.
— Ok Tobias, agora me larga que eu não sou suas negas. — null disse com a voz meio falha. — Tobias me solta! — exigiu e conseguiu se soltar dele.
— null... Wow... — a comeu dos pés a cabeça. — Você... Você está linda! — perdeu-se nas palavras.
Tobias se aproximou para abraçá-la, queria muito tocá-la pelo menos uma vez. Entretanto quando chegou perto, null entrou na frente da garota.
— Sai de perto dela. — null o tocou no ombro.
— null, não seja egoísta, o Tobias só quer me dar um abraço de boas vindas a casa dele. — "tu bebeu null?" foi o que null pensou.
Observou null cedendo a Tobias na sua frente, na SUA FRENTE PORRA! O abraço foi rápido, mas o suficiente para fazer null sentir raiva, só não sabia dizer se era por ela abraça-lo ou por Tobias estar no paraíso por estar tocado a sua garota!
— Fiquem a vontade, têm bebidas no frízer, a geladeira está lotada de energético, cerveja enfim... — Tobias parecia perdido na própria fala ou mais conhecido como o efeito de null null.
null sentiu seus dedos coçando para acertarem um belo soco na cara de Tobias. Fechou as mãos para não fazê-lo.
— Como estou dizendo para todos: sintam-se em casa. — Tobias deu uma piscadela para null antes de se afastar e dar atenção para outros convidados que chegavam.
null revirou os olhos e começou caminhar em direção da mesa lotada de comida e algumas bebidas, pegou algo qualquer e levou até a boca, precisava se acalmar pelo que acabou de acontecer. Por que null quis ir aquela festa? E por que abraçou Tobias?
Isso se chama ciúmes, não! Isso não é ciúmes, isso é a reação de alguém que viu uma pessoa abraçar o próprio inimigo e quis ficar perto dele.
De repente colocaram a mão contra seu ombro, o que foi o suficiente para um calafrio subir por sua espinha.
— Não está me evitando por fazer aquela brincadeira está? — null quis saber com um sorriso brincalhão.
— Brincadeira? Brincadeira de mau gosto, não? — foi um pouco rude.
— Olha null se você não sabe brincar então me avisa antes, assim eu me previno contra o seu mau humor! — foi rude igual a ele.
— Você quer é me enlouquecer isso sim! — se alterou um pouco ganhando alguns olhares. — De repente começou gostar do Tobias, é isso? Ele te assediou na cozinha e do nada começou gostar dele?! — estava mais que confuso, estava indignado.
— Quer anunciar nos jornais locais que ele me assediou? — rebateu ficando frente a frente com ele. — Para a sua sabedoria eu só quis vir a festa porque não aguentava mais estar em Nova York e não sair de casa, você vai caminhar e eu? Eu fico naquele muquifo, roendo as unhas, esperando que você volte bem. Isso sem contar que as vizinhas com fogo no rego vão em casa me perturbar por sua causa! — despejou tudo de uma vez.
— Fica longe dele então. — abaixou o tom.
— Eu tenho cara de biscate? — cruzou os braços. — Acha o que? Que eu vou me entregar para o Tobias no sofá da sala? — deu um risinho de lado. — null ele só me deu um abraço, tudo bem que ele parece com o ator que fez o príncipe Caspian e tudo mais...
— Olha eu não sou seu dono, e nem vou ser, quer se entregar para ele, beleza, mas depois não venha correndo atrás de mim dizendo que está grávida e que a criança precisa de um pai. — null usou palavras que atingiram completamente o interior de null.
— Que diabos aconteceu com você? Isso é ciúmes? — também ergueu o tom de voz atraindo mais olhares.
null virou um copo de alguma bebida e fechou os olhos com força, deveria ser cachaça.
— Não finja que não está me ouvindo! — pegou no ombro dele, mas null virou-se de repente e a agarrou pelo pulso.
null arregalou os olhos com o olhar furioso dele.
— Vem comigo, e agora! — ordenou soltando o braço dela, não era o tipo de homem que agarrava uma mulher e a arrastava contra sua vontade.
null foi para dentro da casa com uma bebida, null olhou a sua volta e resolveu segui-lo, todos olhavam para eles como se fossem algum tipo de casal em pé de guerra. Chegando na sala não encontrou a figura de null e sim a de Tobias com um copo de bebida na mão, idêntico ao copo que null tinha em mão antes de dar chilique.
— Tobias! — gritou atraindo atenção dele instantaneamente.
— Diga null. — sorriu um sorriso tão largo que fez o estômago de null revirar, o medo de ser agarrada por ele era enorme.
— Você viu o null por aí? — resolveu logo perguntar.
— Ele foi na direção das escadas, deixou até o copo comigo porque, segundo ele, não iria mais precisar. — null encarou a enorme escada e percebeu que havia alguns casais se agarrando por ali, sem contar que no sofá da sala havia grupos rindo e jogando video game.
— Obrigado. — sorriu em agradecimento e seguiu até as escadas.
Tobias até pensou em puxá-la pelo braço, mas algo dentro de si não o fez seguir em frente. Sentia-se estranho, porque desde que viu ela na estrada com null ficou completamente fascinado, só que naquele momento não teve coragem de beijá-la ou fazê-la sua.
Encarou null subir as escadas enquanto um turbilhões de ideias se apossavam de seu cérebro, foi aí que percebeu... Nunca teria coragem de fazer mal para null, nunca. Mesmo ela sendo de null, nunca iria levantar um dedo contra ela.
Tobias seguiu para a cozinha, tinha várias coisas para fazer. Já null chegou ao corredor e buscou por null em todos os quartos que tinham a porta aberta, o medo de abrir as portas e ser inconveniente era tanto que preferiu não ser abusada.
Resolveu parar e pensar em onde null poderia estar, não era possível que ele pulou a janela e saiu feito um gato. Tudo bem que ele era gato, mas não esse tipo de gato.
Puxou o ar se encostando ao lado de uma porta fechada, por que homens tinham que ser tão complicados? Não poderiam simplesmente aceitar que um abraço é algo tão... Básico, simples? E daí que alguns abraços contêm sentimentos, porra o abraço de null e Tobias não continha nada mais que um cumprimento!
null fechou os olhos e soltou o ar pelas narinas, no mesmo instante a porta ao seu lado se abriu, sequer escutou. De repente uma mão a agarrou pela cintura e outra cobriu sua boca, null entrou em estado de pânico começando se debater feito uma louca, não queria ser abusada dentro de um armário, quarto seja lá que droga era aquela!
Com as mãos conseguiu tirar aquela mão de sua boca e gritou:
— null!!! — era o único nome que lhe veio em mente.
Seu corpo foi jogado contra a parede, a porta tinha sido fechada e a escuridão não dava trégua. null era capaz de sentir a respiração forte e quente bater contra seu rosto, fechou os olhos tentando ser forte. Contou até dez pensando no truque mais velho que existia: era só acertar bem no meio das pernas.
— Shh... — escutou. — Não adianta chamar por ele, meu amor, porque ele já está te ouvindo. — o tom não deixou dúvidas.
— null?! — o tom de null mostrou surpresa e indignação ao mesmo tempo. — Seu idiota! — ele riu. — Faz ideia do medo que você me deu? Nunca mais faça isso! — null riu de novo, aproveitou para colar seus corpos.
— Achou que fosse o Tobias? — ele estava provocando, null percebeu.
— Lógico, o Tobias é mil vezes melhor que você. — resolveu rebater.
— Mas ele sabe fazer isso? — null beijou o pescoço dela bem no ponto fraco.
null fechou os olhos no automático.
— Isso... — levou uma mão até a bochecha dela e acariciou com o polegar, null teve quase certeza que ele a encarava, porque não beijava mais o pescoço. — Ah, e isso também. — aproximou seus rostos e grudou os lábios em um beijo calmo e bastante romântico.
null envolveu os braços ao redor do pescoço do homem e retribuiu ao beijo, levantou um pouco os pés, ué... null esticou foi isso? Ou era null que estava se sentindo pequenina perto dele?
null prensou mais o corpo de null contra a parede, a garota sorriu durante o beijo e o puxou pela camiseta para perto. Suas línguas lutavam como se estivesse em um campo de batalha, pareciam querer se tornar únicas.
— Você tem certeza que quer me agarrar no armário de coisas do Tobias? — null perguntou e começou desabotoar os primeiros botões da camiseta social do rapaz.
— Se eu estiver com você, vai em qualquer lugar. — riu.
— Se você disser que quer transar na cama do Tobias, eu juro que vou...
— Boa ideia! — null pegou na mão de null e saíram do armário já indo em direção do quarto de Tobias.
— Não! null! — null puxou seu braço e conseguiu se soltar dele. — Você tem noção de quanto isso é errado? — disparou.
— É isso que torna mais excitante, o proibido é sempre o mais gostoso. — voltou pegar na mão dela.
— Não null, a gente volta pra casa, rola na grama da nossa casa, mas no quarto do Tobias não. — realmente Tobias iria ficar uma fera ao saber que null e null fizeram na cama dele.
— Então voltamos para casa. — disse parecendo decidido.
null riu.
— Eu até gostaria, mas acabamos de chegar e eu não vou voltar para aquele muquifo tão cedo. — null se aproximou dele e lhe deu um selinho rápido. — Vamos descer. — foram suas palavras finais antes de seguir para as escadas.
A festa estava rolando perfeitamente, como Tobias planejou. Os convidados bebiam, alguns já estavam bêbados, outros dançavam, beijavam seus parceiros, conversavam e riam. Era uma festa comum, com DJ, pista de dança, piscina e até quiosques, o quintal de Tobias era enorme.
Mas mesmo com toda a festa rolando Tobias não estava se sentindo feliz, não por null estar com null, mas sim pelo o que teria de fazer. Estava começando amarelar, não queria mais seguir adiante com o plano, sua vontade era jogar tudo para os ares e foda-se.
Pessoas não mereciam passar por tudo isso sendo que estavam apenas tentando serem felizes e amadas. null encontrou alguém que parece amá-lo, então por quê diabos ferrar com isso sendo que ele só queria ser amado?
Tobias também só queria ser amado, mas acontece que com todas as garotas que tentou algo sério, lhe meteram um pé na bunda. Não sabia o que tinha de errado, se era sua aparência, sua essência, seu carácter. Sempre que se apaixonava tratava a garota com carinho, mostrava que estaria do lado dela até quando ela estivesse na fossa, só que nenhuma deu valor a isso, simplesmente nenhuma.
E Tobias só agiu daquele jeito desrespeitoso com null porque estava sendo pau mandado de Judith, ela queria ver null longe de null, então lá foi o Sr. Watson assediar a Srta. null sob ordem da Srta. Ross. E confessando o seu erro, se sentiu completamente nojento e se sentia nojento, não conseguia mais encarar null do mesmo jeito e queria muito que ela o olhasse de outro modo.
Tobias encarava null conversando com duas garotas, elas riam de algo sem importância. O rapaz não conseguia tirar os olhos dela e queria muito desfazer o que fez... Levantou o olhar e o levou para dentro da casa, ainda era tempo de desfazer!
Infelizmente, seu celular começou tocar.
— Alô? — atendeu ainda buscando null com o olhar.
— Você fez? — Tobias sentiu seus lábios tremendo, claro que ele tinha feito, mas agora estava amargamente arrependido.
— Fiz. — sua voz saiu sem que escutasse.
— Ótimo trabalho amor, lembre-me de te retribuir hoje a noite. — e então ela desligou.
Imediatamente Tobias correu para dentro da casa, tinha feito, mas iria desfazer. Não poderia deixar que aquilo seguisse em frente, não queria que null sofresse.
— Tobias! — alguém o gritou. — Você conseguiu cara, o null está completamente zonzo no balcão da cozinha. — Watson arregalou os olhos.
No mesmo instante empurrou o corpo de Peter para o lado e foi em direção da cozinha onde imediatamente encontrou null debruçado sobre o balcão com a cabeça entre os braços esticados, a camiseta dele estava completamente molhada sinal de que estava assustado e a droga tenha dado efeito.
Tobias se sentiu um cocô de vaca, que tipo de pessoa dopava o melhor amigo?
— null. — correu até ele. — null! — chamou o chacoalhando pelo ombro. — Ai meu deus do céu, o que eu fiz? — voltou chacoalhá-lo até que conseguisse fazer com que null sentasse no banco do balcão.
— Porra ta tudo girando... — null levou a mão até a testa. — Cara... Eu acho... Acho que vou vomitar. — avisou e Tobias tratou de levá-lo até a pia.
A náusea logo chegou aí sim que Tobias se sentiu um completo côco, o organismo de null não aceitou as drogas e agora estava combatê-la, pena que null já tinha bebido a droga há mais de duas horas, ou seja, já estava completamente dentro dele.
— Rebecca! — gritou pela empregada que limpava a bagunça em cima da mesa de sinuca ao lado da cozinha.
A mulher baixinha de cabeços pichain chegou a cozinha e correu até os dois para ajudar.
— O que houve Sr. Watson? — Tobias não sabia como explicar.
— Chama a null... — seu olhar caiu em null, que tossia segurando firme na pia. — Chama ela e diz que é urgente. Agora! — a emprega correu até o quintal.
null se apoiou com os braços sobre a pia e Tobias engoliu em seco assim que viu os braços dele tremendo como se fossem quebrar a qualquer momento. O rosto dele estava branco e os olhos fechados, o que fez com null?
— Tobias o que aconteceu? — null chegou bem mais rápido que ele esperava.
— Peter me disse que ele está bem grogue. — null ajudou null lavar o rosto com a mão, Tobias nunca sentiu tanta vontade de revelar a verdade. Quer saber? Foda-se. — null eu tenho algo para te contar.
null encarou Tobias ao mesmo tempo em que secava o rosto de null.
— O que? — a voz dela parecia bem preocupada.
— Foi eu que...
— É bom levá-lo para casa. — Peter surgiu do nada lançando um olhar assassino para Tobias. — Ele é o culpado por ficar zonzo, não tem nada que a gente possa fazer. O problema é dele. — Tobias engoliu em seco, Peter era o braço direito de Judith.
— Quem você pensa que é para falar do null desse jeito? — null fuzilou Peter querendo que ele pegasse fogo, ele não mostrou indiferença.
Peter levou um dos braços para as costas ao mesmo tempo em que null deu o primeiro passo, Tobias percebeu na hora que o homem tinha uma arma escondida na calça e atiraria em null na frente dele, ah, mas isso não poderia nunca permitir!
— null. — a segurou pelo braço, puxou-a, fazendo com que ficasse bem próximo de seu tronco. Todos os pelos de seu corpo se enrijeceram.
— Posso levá-lo se vocês quiserem, a null não vai aguentar o peso dele e o Tobias não pode sair da casa. — Jonas, um rapaz moreno de olhos verdes que estava atrás do balcão pegando bebida, se ofereceu.
— Se puder vou agradecer muito. — null disse e Peter sorriu diabolicamente deixando a arma quieta.
Tobias direcionou o olhar para Peter enquanto null conversava com Jonas e acariciava os cabelos de null, que tinha o corpo curvado sobre a mesa. Peter percebeu o olhar de Tobias, o encarou e só bateu o dedo indicador contra a lateral da testa, e depois saiu.
Watson sabia muito bem que sinal era aquele, era a maneira mais silenciosa e disfarçada de dizer "eu vou meter bala nos seus miolos!". Só que Tobias não tinha medo, se for para conseguir deixar null e null fora daquele inferno, morreria, sim morreria.
Alguém ali estava decidido a trocar de lado.
— Por favor, Jonas, leve o null até nossa casa, vou só me despedir de todos e já estou indo. — null beijou o topo da cabeça de null e saiu da cozinha.
Tobias bateu a mão na coxa, porra e agora? Não poderia deixar null e null sozinhos naquela casa, eles iam atacá-los naquela noite!
Jonas passou o braço de null por seus ombros e começou carregá-lo até a saída. Tobias ficou parado tentando pensar em algum jeito de impedir, mas não tinha, não tinha!
Não tinha nada que ele pudesse fazer, deveria ter pensado antes se valia a pena prejudicar null. Com certeza, se tivesse escolhido o caminho certo não estaria naquela situação.
Faria o certo, pelo menos salvaria null, e null resolveria depois. Agora seria o Tobias de Divergente.
Deixou de parecer um inútil e seguiu até o quintal encontrando null imediatamente. Como um vulto foi até o lado dela já despejando palavras:
— null! Você não pode voltar para aquela casa! — a mulher se virou para ele e o encarou confusa.
Ela riu meio torto para não deixar um clima tenso.
— Tobias, o null é o cara que eu quero do meu lado e preciso ficar do lado dele. — Tobias não entendeu. — Aceita que eu não quero você, eu quero ele. Pedir pra eu ficar não vai...
— Não! Não é isso null! — sua voz parecia desesperada. Tobias pegou as mãos dela. — Entenda que você e o null correm perigo, eu to tentan... — seu olhar avistou uma figura conhecida.
Assim que avistou Peter indo em direção da cozinha que levaria a sala, seu coração começou palpitar tão rápido que já pensou em como seria difícil pegar o órgão caso saísse pela boca.
— Merda, fudeu! — deu as costas para null.
— Tobias? — chamou, queria saber que perigo corria.
— Não saia desta casa! — gritou antes de entrar.
Chegando na cozinha, parou, e buscou por algum sinal de Peter, mas nem poeira encontrou. Sua respiração começou ficar descompassada, null morreria agora! Esperava que null não fosse teimosa e saísse da casa, cacete ela não seria tão burra, seria?
Atravessou a cozinha e chegou na sala encontrando com várias pessoas rindo e bebendo, talvez até jogavam um jogo de verdade ou desafio, coisa que não importava para Tobias. Uma loira oxigenada até tentou conseguir algo com Tobias, mas ele simplesmente a deixou com cara de tacho.
Tobias não queria se engraçar com ninguém, só null importava, não, ele não queria se engrassar com null, mas era com a vida dele que estava preocupado. Então avistou a porta da sala aberta, claro que Peter tinha ido até a casa!
Saiu em disparada até a entrada da casa, seus olhos trabalhavam como se fossem de uma águia, o portão estava arreganhado aos sete ventos. Que ótimo! Tratou de correr, talvez já fosse tarde. Várias pessoas gritavam por seu nome, porque era bem estranho ver o dono da festa ir embora sendo que a festa era na casa dele.
Correu como nunca havia corrido antes, esperava que não fosse tarde e pudesse chegar para salvar null da enrascada muito bem bolada de Judith. Tobias também foi um desmiolado, não deveria ter colocado drogas na bebida de null.
Como moravam próximos, faltava apenas uma quadra, eram doze quadras de distância, a casa que cedeu para null e null ficava bem perto da entrada do condomínio, então era fácil sequestrar null sem que ninguém visse.
Chegando no portão da casa buscou por algo estranho e realmente existia, a porta estava aberta e o portão também. Tobias sentiu que era tarde, porém adentrou a casa sem hesitar pronto para lutar com Peter, o cara era um brutamonte, mas tentaria derrubá-lo.
A sala tinha alguns utensílios quebrados, sinais de que houve luta. Tobias caminhou observando todos os ângulos, o silêncio tomava conta de tudo. Bastou alguns passos e encontrou o corpo de Jonas próximo da entrada da cozinha com um pequeno machucado na nuca, ele estava desacordado.
Já era, se Jonas estava ali, null já estaria bem longe e, com certeza, nas mãos de Judith. Não havia chegado a tempo, Peter conseguiu ser mais rápido, talvez até estivesse com reforços por isso foi tão rápido.
E agora? O que diria para null? Que ele teve dor de barriga foi até a casa dela, cagou e tchau? Não, não! E se assumir naquele momento não era uma boa ideia, mas teria que bolar uma boa desculpa para acobertar sua recaída, mas o quê? O que diria?
Capítulo 15
null chegou até a casa e começou vasculhar os cômodos em busca de null, mas ele não estava em lugar algum, o que era estranho já que Jonas o levou diretamente para a casa. Esperava que ele não tivesse ido parar no hospital.
O mais estranho era chegar na casa e a porta estar tão aberta que até o King Kong passaria. Ao contrário do que pensava, tentava descartar a possibilidade da casa ter sido invadida, porque se fosse verdade null já estaria no chão, ainda mais se os invasores estivessem armados.
Após sair do quarto, desceu as escadas e escutou vozes vindo da cozinha. Sentiu um calafrio na espinha que fez todos os pelos de seu corpo se arrepiarem, mas foi forte, respirou fundo, e se encaminhou para lá, temendo que fosse algum ladrão.
Pensou em como seria útil um taco de beisebol naquele momento, daí era só pah! E boa, o invasor cairia no chão dando a chance para chamar a polícia. Só que não foi preciso tanta violência, porque assim que null entrou na cozinha os olhos de Tobias se encontraram com os seus como se fossem dois imãs, ao lado dele estava Jonas, sentado no banco do balcão com um saco de gelo contra a nuca e uma expressão de dor no rosto.
null engoliu em seco, que porra estava acontecendo? E cadê o null?
— O que aconteceu? — era a pergunta mais certa a se fazer.
— Você nem imagina. — Jonas gemeu arrumando o saco de gelo.
— Imaginaria se vocês me contassem. — homens e sua mania de enrolar, será que na hora de cagar enrolavam também?
null desviou o olhar de Jonas para Tobias, no justo momento que ele engoliu em seco.
— O que houve Tobias? — atraiu o rapaz. — Já que está engolindo em seco, talvez eu deva ficar com o pé atrás com você? — Tobias sentiu vontade de responder um "sim", mas lembrou que Jonas não tinha bosta alguma a ver com aquilo, então não precisava saber a história toda, principalmente os podres.
— Alguém bateu na minha cabeça quando eu e null entramos na casa. Eu apaguei e o null... Bem... — foi Jonas quem respondeu.
— O null desapareceu, sem deixar rastros nem poeira. — Tobias finalmente abriu o bico.
— Oh! É sério? Nossa! Se vocês não me falassem eu não ia acreditar. — null usou seu melhor tom de sarcástica.
— null eu posso falar com você... Em particular? — ela concordou, já não tinha mais medo de Tobias, e algo lhe dizia que poderia confiar nele.
null esperou que ele fosse na frente até a sala, e daí que sentia que poderia confiar nele? Quem garante que ele e Jonas não eram da mesma máfia, estavam apenas atuando muito bem e pegariam null, a levariam para o canavial e estuprariam-na?
null chegou na sala e encontrou Tobias de costas para ela com as mãos na cintura.
— Tenho absoluta certeza que você não me chamou para conversar em particular só pra eu ver suas costas. — tá ele tinha costas maravilhosas, isso ela não poderia negar.
Tobias engoliu em seco, suspirou e tomou coragem para encará-la.
— null deixa eu te proteger. — disse sem enrolar assim que se virou para ela.
— Não quero que você me proteja, eu não preciso que ninguém me...
— Eu não estou pedindo permissão. — foi ríspido.
null cruzou os braços com as sobrancelhas arcadas.
— Tobias não adianta querer me fazer de trouxa, eu sei que você deve ter alguma coisa a ver com o sumiço do null! — ele sentiu como se tivesse levado um dos tapas mais ardidos do mundo, porque realmente ele tinha um dedinho no meio.
— null, ouça... — esforçou-se para sua voz não falhar. — Eu nunca faria mau para você, o sumiço do null realmente não tem nada a ver comigo. — era difícil mentir para a pessoa que amava.
Isso mesmo, Tobias amava null, pena que ela não sentia o mesmo. Ela amava null, estava óbvio.
— Ah não? Então como você sabia que estávamos correndo perigo? Uma fada te contou? A sininho, hã? — é, por aquela Tobias não esperava.
— Eu sabia porque tenho fontes, lembra do Peter, ele... — abriu a boca, mas acabou mordendo a língua. Opa acho que alguém falou demais, não?
— O que o Peter tem a ver com isso? — questionou e Tobias se sentiu em um interrogatório.
O rapaz nada disse, porém null percebeu que ele sabia de alguma coisa. Andou até Tobias e o encarou com os rostos bem próximos, Watson desviou o olhar, não conseguia encará-la, sinal que realmente sabia de algo.
— O que você sabe que eu não sei? — null questionou com o tom de voz firme.
Tobias engoliu em seco antes de abrir o bico.
— O Peter armou uma emboscada, ele já estava de olho no null faz muito tempo. — sabe por que ele contou? Porque ele definitivamente estava saindo do jogo de Judith Ross. — Eu vi o jeito que o Peter olhava para o null, e... — mordeu os lábios para não falar que foi ele o responsável por null perder os sentidos. — Quando eu vi aquele olhar eu percebi que havia alguma coisa errada, tentei te avisar, mas você não me ouviu. — despejou.
— Tobias eu escutei, ok? Eu não sai da sua casa, estava lá até agora. — disse como se fosse óbvio.
— Não era pra ter saido nem agora! — o tom de voz sério deixava o clima mais tenso. — null deixa eu te proteger, só assim vou saber que está segura. — parecia implorar.
— Não tem porquê você fazer is...
— null iria fazer o mesmo. — realmente null faria, se não fizesse bem pior, talvez mandasse null de volta para Los Angeles.
Tobias retornou para a cozinha enquanto null ficou ali parada tentando raciocinar se a preocupação de Tobias tinha algo a ver com o desaparecimento de null. Logo os gritos de dor e xigamentos de Jonas surgiram para tirá-la daqueles pensamentos... Fechou os olhos e negou com a cabeça, agora sim estava entrando em uma bela enrascada.
Suspirou e resolveu também voltar para a cozinha talvez aqueles dois precisassem de uma ajudinha. Mas se soubesse o que encontraria, teria ido para o quarto chorar pela ausência de null.
— null, deixaram um bilhete para você, ele estava pregado na geladeira. Tobias o encontrou. — Jonas disse com uma expressão de dor, parecia que Tobias havia metido o tapa em sua nuca.
— Vê se agora você coloca nessa sua cabecinha de girico que não fui eu que sequestrei o null. — Tobias entregou o bilhete.
null lançou um olhar assassino para Tobias que o fez se calar imediatamente. Ela pegou o bilhete e, sinceramente, não queria ter lido aquelas palavras...
Mas chega dessa filosofia. Quer ver o null de novo? Tudo bem, só tenho uma coisa para dizer mesmo: aceite que nunca mais vai vê-lo, porque ele agora é minha propriedade, para sempre. Esqueça-o e se tentar encontrá-lo, o que vai encontrar será uma bela lápide de madeira com a mensagem "aqui se vai uma trouxa". — unicórnio cor de rosa
null sentiu a raiva subindo por todas as veias de seu corpo, cada glóbulo branco e vermelho batalhava para conter a raiva como se fosse uma doença, mas acontece que a raiva não tinha como ser contida. null estava tão cheia de todos aqueles truques que queria xingar e mandar o mundo tomar no meio do... Calma... Passou...
— "A esperança é o sonho do homem acordado.", Aristóteles. — Tobias disse sabendo que estava brincando com o fogo.
— CHEGA DESSA TOLICE DE FILOSOFIA! — gritou e Tobias deu um risinho de lado. — Qual a graça? — queria pular nele e estrangulá-lo.
— Você. Cara a filosofia não tem culpa do que aconteceu com o null. Sócrates, Aristóteles e Hobbes não têm nada a ver com o sequestro, então por que está tão bravinha com a filosofia?
— O homem é um animal corrupto, Tobias. — null citou Locke. — Acho que alguém aqui está brincando com o gato sem antes olhar a caixinha de areia. — Tobias não entendeu a referência, mas soube que daquele exato momento null estava declarando guerra contra Judith.
null deu as costas para os dois indo em direção do quarto, choraria um pouco e depois começaria fazer o que sabe fazer de melhor: investigar.
Tombou a cabeça para um lado e depois para o outro como se quisesse livrá-lo de alguma coisa apertada e realmente queria de livrar de algo apertado, mas não era sua cabeça e sim suas mãos. As cordas grossas já machucavam seus pulsos de tanto que ele tentava rompê-las só que não tinha força para isso.
Bem que Jonathan disse que ele somente levantava peso e não tinha força, de novo Jone estava certo, e isso o deixava com raiva. Desde que recobrou a consciência tentava se soltar daquelas cordas e daquela bendita cadeira que estava fazendo sua bunda ficar quadrada.
Trincou os dentes e soltou um suspiro de raiva, que porra, será que nem mesmo o nó poderia ficar frouxo para ele sair?
De repente uma luz penetrou a sala e iluminou o corpo de null por inteiro, ele teve que fechar os olhos para não ficar cego.
— Olá querido. — aquela voz, ah não!
null levantou a cabeça ignorando a iluminação que fazia sua cabeça latejar, só poderia estar enlouquecendo, não era ela!
A mulher riu escandalosamente e fechou a porta ligando as luzes da sala. null arregalou os olhos.
— Você?! — não sabia se perguntava ou mostrava indignação.
— Sentiu minha falta? — ela caminhou até estar bem na frente dele com um sorriso nos lábios.
— QUE PORRA É ESSA JENNY? — gritou já perdendo a paciência.
— Oh, calma null. Isso são modos de me receber de volta? — gargalhou antes de passar por ele, bagunçar seus cabelos, e ir até uma mesinha que tinha whisky e outras bebidas. Sentou-se em uma cadeira, colocou as pernas cruzadas em cima da mesa e se servindo de whisky.
— É sério mesmo que você me sequestrou para me obrigar voltar para você? — null riu cínico. — Isso nunca vai acontecer e você sabe disso. — virou um pouco a cabeça para o lado tentando vê-la
— O que é isso meu amor? — bebericou a bebida. — Eu sequestrar você? Acha mesmo que eu ia te tirar da null? — usou o melhor tom cínico. — Sério a null? Você me trocou por aquelazinha? Me poupe null.
— Nós já não tínhamos mais nada. — deixou bem claro. — A partir do momento que eu te dei um pé na bunda eu estava livre para escolher qualquer pessoa do mundo pra eu ficar, até o Jonathan eu poderia escolher. — escutou null se levantando da cadeira.
— Ah, o Jonathan eu também ficaria, ele é um puta gostosão, bem mais que você. Mas a null, seu filho da mãe, ela SEMPRE esteve de olho em você! — arremessou o copo de vidro no chão, null tinha acabado de descobrir que a raiva de null era null. — Ela é uma vadia que sempre quis tirar você de mim, por isso que você está com ela agora, porque ela nos separou, foi ela que armou tudo entre a gente! — null rolou os olhos, ah, então ele vira corno e a culpa é da null? Oh legal isso aí!
— Ei não foi a null que me colocou um chifre, foi você! — cuspiu. — Foi a null que dormiu com o Caleb? Pelo que eu saiba ela rejeitou dois homens depois que começou algo comigo e antes disso também. O Tobias é um deles. — null soltou o ar pela boca e mordeu os lábios em raiva.
null começou andar pela sala como se procurasse algo ou escondesse algo. null não ficaria mais calado, nem que perdesse a língua.
— Você vai ficar calada ou vai dizer o porquê de eu estar aqui? — null riu escandalosamente, voltando para a mesa.
— Eu não vou dizer nada null. — pronunciou o nome dele de um jeito que deu nojo. — As coisa são muito complexas para explicar.
— Complexo vai ser a maldita algema que eu vou colocar nos seus braços quando eu sair daqui! — rosnou tentando se livrar das cordas.
— Uhh, tentador, deu até vontade de te soltar. — brincou e null rolou os olhos.
— Eu nunca iria amarrar nenhuma mulher na cama! — deixou claro, virando a cabeça para o lado para encará-la.
— Isso é o que faltava em você, muitas garotas gostam de ser submissas ao homem. null não curte isso não? — null sentiu um arrepio, como ela se atreveu falar da null daquele jeito?
— Ela não é a Anastasia e eu não sou o Christian Grey! — citou e null riu, cruzando os braços e se encostando na mesa de bebidas.
— Imagina vocês em um quarto, ela amarrada na cama com uma venda nos olhos e você torturando-a como se ela estivesse no inferno sendo torturada por Dean Winchester. — ah que ótimo, foi 50 Tons de Cinza e agora Supernatural, o que mais ela vai citar?
— Não desvia a conversa null! E responda a minha pergunta! — exigiu, chega de comparações, daqui a pouco eles iriam citar Lúcifer.
— Ok, ok — suspirou parecendo cansada. — Qual foi sua pergunta mesmo? — null olhou para o teto e mordeu os lábios, porra ela só poderia estar brincando com a cara dele.
— Você sabe muito bem qual foi a minha pergunta, não se faça de idiota. — null sorriu.
— Ah, por que você está aqui? Foi isso? — fingiu pensar.
— Não, não, eu perguntei se você está ciente dos seus atos, já fez exame de DST? — rolou os olhos sendo sarcástico.
— Ah meus exames estã...
— CHEGA DE ENROLAR E RESPONDE LOGO! — gritou já ficando furioso, literalmente.
— Nossa null, mantenha a calma. — null caminhou pela sala até a porta.— Não tem motivo aparente para você estar aqui, tudo faz parte de um acordo, muito, muito antigo. — segurou a maçaneta.
null olhava fixamente para ela, que merda de acordo? E por que antigo?
— null, se em uma das nossas noites você me embebedou e me obrigou dizer algo que eu não queria, como te dar um filho, quando eu sair daqui vou pegar essa sua arma e estourar os seus miolos! — sentiu enjoo só por lembrar que tinha transado com aquela mulher, alimentado o desejo dela de ter filhos.
null sempre dizia a null, durante as preliminares, que ele deveria caprichar porque aquela seria a transa que nunca queria esquecer por ser dela que seu filho brotaria.
— Você nunca me deu um filho. O que era? Não tinha coragem? — suspirou. — Eu ficava bem desapontada quando você enfiava o seu cacete em mim e não deixava nada pra trás. — null nunca quis tanto abrir um buraco no chão e se enfiar dentro.
null fez um beicinho como se concluisse algo.
— Acho que você é impotente.
— Já acabou de me esculaxar? — null sorriu e abriu a porta.
— Aqui está a sua explicação.
null arregalou os olhos, sua garganta secou e o coração ficou acelerado. Não, não! Não poderia ser não, não poderia!
— O quê?! — null sorriu mais largo ainda, ao lado do homem que adentrava a sala.
— Olá, filho.
Capítulo 16
Virou o corpo de lado e puxou o travesseiro para perto, o cheiro que invadiu suas narinas fizeram uma lágrima gorda escorrer de seu olho. Estava sentindo e muita a falta de null, ele nunca fez tanta falta antes. null aprendeu viver junto de null e agora que ele desapareceu, ela não conseguia sequer dormir sem acordar no meio da noite achando que o encontraria ao seu lado.
Esperava que ele não estivesse precisando de ajuda, porque ela não tinha ideia de onde começar a procurar. Tinha muito o que juntar antes de achar um provável esconderijo. Teria que refazer os passos até a casa de Tobias, o difícil seria acertar os passos de null, null era muito boa, mas quando se envolvia sentimentos no meio do trabalho as coisas ficavam complicadas.
Fechou os olhos tentando não pensar em situações complicadas, nada de pensar que null pegou essa rua ao invés daquela e nada de pensar que ele foi embora e a deixou ali. null nunca a deixaria para trás, não depois de tudo que passaram, a não ser que ele fosse um homem que só comia e depois caía fora. Não! null era diferente, bom é o que achamos.
Ah se fosse, ele poderia esquecer que tinha bolas, porque null acertaria uma bela joelhada naqueles testículos que ele tanto honrava. Todo homem honra. null poderia estar chorando e sofrendo, mas quando uma mulher decide se vingar, ah meu caro... Não tem demônio que a impeça.
Se null fosse um sem vergonha do caralho, ela se juntaria com o urubu, vulgo null, e acabaria com a raça de null. Mesmo que fosse null o boi, as duas se juntariam e acabariam com ele. null era boa, mas boa com quem realmente merece, apesar de null nunca merecer nem um "oi", se juntaria com ela.
null sorriu pequeno ao pensar que estava delirando ao ponto de dizer que não compraria briga com null e sim se tornariam mais que amiga, friends.
Escutou o som da campainha no andar de baixo, suspirou e se levantou da cama contra sua vontade. Foi se rastejando até a sala e quando abriu a porta, com cara de boa moça ali estava Elizabeth Vargas, a vizinha puta que queria dormir com o gostosão do Sr. null.
— null desapareceu e até agora não foi encontrado. — null foi insensível.
— Oh null, eu sei que está sentindo falta dele, eu também estou. — a megera foi atrevida e entrou na casa.
— Beth, você não conhece o null como eu conheço. — null fechou a porta. — Como pode dizer que está sentindo a falta dele sendo que nem sequer vivia do lado dele? — olhou para o teto rapidamente e depois encarou a loira oxigenada.
Ela sorriu de lado, sentou-se no sofá e cruzou a perna, null conseguiu ver um pedaço da calcinha dela, acho que alguém ainda não havia desistido de seduzir null null.
— Eu me preocupo com vocês. — colocou uma mão no peito como se estivesse realmente preocupada.
— Estou tão chocada, acho que minha casca vai quebrar. — null foi sarcástica.
— null... — Beth mexeu no vestido vermelho de flores como se não quisesse nada. — Eu quero ajudar a encontrar o null. — levantou-se e parou atrás de null. — Você sabe que Nova York é bem grande, ele pode estar em qualquer lugar.
— Sabe como você pode me ajudar? — null virou-se para ela.
— Ai, como? Me diz! — pareceu empolgada pegando nas duas mãos de null.
— Saia da minha casa. — a expressão alegre de Beth desapareceu.
— O que é isso miga, não é pra tanto. Eu só quero ajudar, o boy fica pra você. — null curvou rapidamente a cabeça para o lado como se pensasse.
Beth até que serviria para uma boa ajuda. Mas não.
— Beth, eu não...
— Perfeito, te encontro amanhã para começarmos investigar. Amo você miga! — beijou a lateral do rosto de null e saiu da casa rebolando.
null acompanhou Beth por educação até a saída, assim que a loira passou pelo portão, se exibiu para um cara antes de cumprimentar Jullie. null rolou os olhos, quando estava decidida voltar para dentro da casa, Jullie a gritou.
Jullie caminhou até a entrada da casa e puxou null para um abraço.
— Fiquei sabendo sobre o null, sinto muito null. — desfez o abraço.
— Calma, ele ainda não morreu. — sorriu um sorriso que logo sumiu.
— Eu sei, mas eu sinto mesmo assim. — as duas entraram na casa.
— Eu nem sei o que dizer sobre isso, só quero que a polícia tome alguma providência. — comentou pensando que estava só esperando Tobias para ir até a delegacia dar queixa do desaparecimento.
— É bem estranho, o null estava mau, como desapareceu desse jeito? — Jullie sentou-se no sofá.
— É o que eu quero descobrir, e vou descobrir. — garantiu, entretanto suspirou. — Eu não sei porquê quero comunicar a polícia, sendo que eu sou a própria polícia. — cruzou os braços e se sentou ao lado da morena.
— Dá queixa como sequestro. Os policiais vão abrir um inquérito em 72h. — null a encarou em duvida.
— Mas a polícia tem o dever de abrir um inquérito no exato momento que é feito a denúncia, está nas regras de toda delegacia. — pelo menos na polícia de Los Angeles era assim.
— Então só se for em Los Angeles, porque aqui em Nova York os policiais só pensam em comer as policiais gostosas e, se possível, as garçonetes da lanchonete mais próxima. — null rolou os olhos e null ficou pensativa.
— Acho que com o xerife Watson no caso isso não vai acontecer. — comentou porém aquilo fez null cair na gargalhada.
— O Tobias? null ele só quer impressionar você, até parece que ele vai atrás do null. — null sentiu uma pontada no peito. — Acredite em mim, o null nunca vai aparecer se o Tobias estiver no caso. null acorda! Essa é a desculpa perfeita para ele chegar até você. — null encolheu os ombros.
— Tobias não seria capaz de tamanha...
— Não seria capaz? null, ele seria capaz até mesmo de sequestrar o null! — null rapidamente levantou o olhar para null. A primeira suspeita, como não tinha visto antes. — Não querendo dizer que foi ele claro, também não vai chegar no menino despejando abobrinha sem ter provas. — mas... Cara ela acabou de deixar bem explícito que acreditava ser Tobias o sequestrador, por que resolveu defendê-lo?
— Ele não é mais um menino. — null comentou e escutou a campainha tocar, levantou e foi até a porta. Oras quem seria agora?
— Tudo bem null... Eu só acho que o Tobias não teria coragem de armar um sequestro sem deixar nenhuma peça aparecer. — disse e null, com os braços cruzados perto da porta, a encarava.
— A festa de aniversário do condomínio foi uma farsa. — concluiu. — Ele sabia que eu iria e resolveu tirar proveito disso. Que cretino! — abriu a porta e para sua surpresa era Tobias que abria o portão. — É só falar no diabo que aparece o rabo. — sorriu cínico e rolou os olhos.
— Tobias? — null levantou-se do sofá.
— O próprio. — respondeu sem ânimo.
— Você vai pra delegacia agora, não é? — quis saber, null assentiu. — Então vou deixá-la se preparar psicologicamente, sei como é difícil saber o que dizer e como dizer para não infligir a lei. — deu um abraço em null e desejou um "boa sorte".
null após desfazer o abraço saiu para a entrada da casa, passou por Tobias, o cumprimentou com um aceno de mão e um sorriso, antes de voltar caminhar até ninguém mais vê-la.
Tobias atravessou a porta e null engoliu em seco conforme fechava a porta, e se fosse verdade? E se Tobias tivesse sequestrado null para ter null ao seu lado? Golpe baixo, jogo sujo sim, realmente.
— Bom, se formos rápidos talvez a polícia abra um inquérito hoje mesmo. — Tobias arrumou a gola da camiseta.
null deu de ombros suas palavras, a única coisa que estava interessada era saber se realmente Tobias queria encontrar null ou era um mero disfarce. E sabia exatamente como saber isso em poucos minutos.
— Tobias vamos tomar algo antes, aposto que está com fome. — null passou por ele indo em direção da cozinha.
Tobias estranhou a atitude de null, ela nunca o convidava para nada a não ser a sair da casa, mas esse era o convite que ninguém queria. Bem... Como ela queria comer ou beber algo, ele não desperdiçou a chance, afinal sua última refeição foi às 6h da manhã.
Seguiu até a cozinha, mas assim que atravessou a entrada não encontrou ninguém, apenas o silêncio.
— null? — a procurou, mas a única coisa que encontrou foi o silêncio. — null não brinca comigo, eu na... — sua fala foi interrompida imediatamente.
Suas costas bateram com força contra o balcão, foi uma pancada tão bruta que sentiu os ossos de sua coluna partindo-se ao meio. Como?
— Abre logo o bico Tobias! — null era tão forte assim para jogá-lo contra o balcão e ainda ficar na sua frente com uma faca na mão? — Aonde você levou o null? — a mão que segurava a gola da camiseta de Tobias se fechou e ele se sentiu quase sendo enforcado.
A fúria de null era assustadora, e era uma fúria tão grande que ela conseguiu jogá-lo contra o balcão sem dificuldade. Mas o que a deixou tão furiosa? Será que agora só por Tobias pisar na casa ela já virava um animal selvagem?
— Começa a falar, anda Tobias! — exigiu com os olhos parecendo que queimariam o rosto do rapaz.
— Falar o que null? — os olhos dele estavam demonstrando medo.
— Aonde você levou o null? Eu sei que você sabe. — rosnou e Tobias sentiu um arrepio.
— null escuta, abaixa essa faca. — pediu com cautela.
— Tá com medo da faca, é? Tem algum motivo para ter medo dela? — questionou ameaçado encostar a lâmina da faca no pescoço dele
— Eu não estou com medo da faca, e sim medo de você cortar minhas bolas com ela. Tudo que eu menos preciso é ficar estéril. — null sorriu cínico.
— Eu nem tinha pensado nessa possibilidade. — ameaçou mais uma fez encostar a lâmina. — Mas já que disse... Eu vou castrar você se não contar!
— Ah, então você vai me castrar, por que EU NÃO SEI DE NADA PORRA! — alterou o tom de voz.
— Eu sei que você sabe. Então se não quer perder as suas bolas, é bom colocar a boca no trombone. — Tobias estava sem saída, definitivamente não sabia onde null tinha levado null.
— null acredite em mim, eu não sei. — apoiou as mãos no balcão para não perder o equilíbrio.
— Ah eu acredito, acredito que você está mentindo. — o sarcasmo deixou Tobias cada vez mais arrepiado.
— Acha mesmo que se eu soubesse ia fazer você de trouxa e a levaria até a delegacia? — null tinha a resposta na ponta da língua.
— Se você não sabe aonde ele está, como sabia que eu e null estávamos correndo perigo? Tenho certeza que o Peter não é sua fonte, alguma coisa você sabe e se eu fosse você começaria contar agora mesmo! — disse as últimas palavras entre dentes.
— Escuta null! — afastou a faca de seu pescoço. — Ameaças não vai nos levar a um consenso. Não quer sentar e então nós...
— Eu não quero sentar, não quero escutar a sua lorota, a única coisa que eu quero é o nome. — null moveu a mão com a faca fazendo o objeto ficar com a ponta apontada para o queixo de Tobias.
— Não tem o que contar, MEU DEUS DO CÉU ENTENDA ISSO! — parecia um desesperado.
— Então como você sabia que corríamos perigo? Uma fada apareceu foi isso? Devo dizer a fada sininho? — o sarcasmo não passava despercebido.
— null, eu com certeza não ia mentir e nem brincar em uma situação a qual me encontro agora. — Tobias encarou a faca com medo do que null era capaz de fazer.
— Também acho que você não brincaria, mas não sei como consegue mentir. — Tobias soltou o ar pela boca.
— null, olha... Você tem todo o direito de não acreditar em uma só palavra minha, mas acreditou quando eu disse que você corria perigo, apesar de não ter me obedecido, sei que acreditou. — suas palavras nunca saíram tão verdadeiras. — Por que acha que eu mandei você ficar na minha casa? Por que eu queira te comer? Não! Se fosse por isso eu nem teria vindo para a sua atrás do null, e antes que você fale, não, eu não sou gay. — null continuou firme, talvez nada que ele dissesse a fizesse mudar de ideia.
— Sabe que estou começando achar que você é gay?
— Ache o que tenha de achar, o mais importante é você acreditar em mim, tenho certeza que minha opção sexual não vai afetar em nada quanto a isso. — era a hora de definitivamente trocar de lado. — null eu disse que ia te proteger, não disse? — ela assentiu. — E é isso que vou fazer, mas sabe por quê? Porque eu sei que o null faria o mesmo, ele não iria deixar você se envolver nisso assim como eu não vou.— pausou para ganhar tempo. — Eu não sou um dos melhores homens que você já conheceu, sei que fiz coisas erradas, mas quero que saiba, eu só fiz porque estava sendo capacho de uma pessoa. — pretendia contar tudo, ela merecia saber, só não entraria no assunto das drogas do doping.
— Capacho de quem? Fala quem é o líder! — exigiu puxando a gola da camiseta de Tobias, ele arfou.
— O nome dela é Judith, Judith Ross, é de Los Angeles assim como vocês. — pronto, jogara as cartas.
— O que ela quer com o null? — quis saber.
— Eu não sei, só sei que eles têm uma richa antiga para pagarem. — null arcou uma sobrancelha. — E ela quer matar você, null. Olha, eu te amo, mas sei que você não sente o mesmo por mim porque escolheu o null, fico feliz, ele é bem melhor do que eu. Mas se vai mesmo encarar a Judith é bom que me tenha ao seu lado, ela é capaz de tudo e comigo por perto ela não pode fazer nada. — null foi abaixando a faca devagar.
— Poderíamos ter poupado todo o teatro. — colocou a faca sobre o balcão e se aproximou da mesa. — Então quer dizer que temos uma guerra novaiorquina. Eu, null e essa tal de Judith. — apoiou os braços na mesa e respirou fundo.
— E se ela souber que agora você sabe sobre ela, eu to na frigideira. — Tobias comentou se sentindo aliviado por não ter mais uma faca contra o pescoço.
— Uau omelete de Tobias Watson! — zombou.
— Não tem graça. — ele rolou os olhos. — Olha, como eu não quero mais ficar com uma faca ameaçando cortar minhas bolas, sugiro que, agora que estamos acertados, é melhor irmos até a delegacia dar queixa só desaparecimento do null.
— Mas Tobias você não fazia...
— Eu já disse que não sei aonde levaram ele! — lembrou e null rolou os olhos. — Podemos ir agora?
— Tudo bem mandão, chefe da razão, oráculo negro. — disse conforme caminhava até a sala para ir no quarto trocar de roupa.
Em menos de seis minutos null desceu de volta para a cozinha vestida com uma calça jeans, tênis brancos e uma camiseta branca bem simples com apenas um cachorrinho na frente. Tobias estava ainda encostado no balcão, só que agora bem mais relaxado, com a faca, que ela deixara, na mão, a girava com a ponta encostada do dedo indicador.
— Sinto em dizer, mas a faca não tem corte. Se for tentar me matar, vá em frente. — falou indo em direção da mesa onde colocou a caixa que tinha em mãos, era a caixa com as fotografias.
— null... — Tobias colocou a faca sobre o balcão. — Por que eu ia tentar te matar? — ficou ao lado dela a encarando com um rostinho fofo.
— Porquê eu não te dou amor? — virou a cabeça para o lado e o encarou.
— Amor não mata null. — disse chegando mais perto dela.
null virou o corpo completamente de frente para ele e o encarou dentro dos olhos, naquele momento soube que Tobias estava definitivamente do seu lado. Ele poderia ter feito coisas ruins, ter tentado algo forçado, mas não era o mesmo Tobias, aquele Tobias era outro. Já que ele tinha aparência do Ben Barnes, então tinha deixado de ser o vilão Billy Russo de Justiceiro e virou definitivamente o Tobias de Divergente.
Inesperadamente null sentiu a mão de Watson subir por seu braço fazendo um leve carinho, encarou a mão dele e percebeu na hora que o que ele sentia era verdadeiro, porém não recíproco. Tobias levou a mão até o maxilar dela e o levantou para que pudesse olhar aqueles olhos que tanto o deixava louco.
null fechou os olhos quando sentiu o polegar dele acariciando sua bochecha, nenhuma mulher resistia a isso, mas não era para as coisas serem daquele jeito... Tobias a puxou pela cintura e grudou seus lábios em um beijo que ela não conseguiu evitar, o puxão dele foi tão inesperado que não conseguiu se prevenir.
A língua dele pediu passagem e ela cedeu, Tobias sorriu, tudo que ele mais queria. De repente Watson espalmou as mãos atrás das coxas de null a jogou para cima sendo rápido ao fazê-la ficar sentada na mesa. Ele só queria um beijo, um simples contato de lábios, nada a mais, apenas isso.
null segurou nas laterais do rosto dele e aprofundou mais o beijo. Tobias teve um bom pressentimento, quem sabe não ganhava uma chance; já ela, por outro lado, não sentia que beijavaTobias e sim null, estava sentindo tanto a falta de null que sua mente foi capaz de enganá-la fazendo-a ver um no outro.
Como se estivesse com null, null desceu as mãos para os ombros do rapaz e explorou até chegar na barra da calça, puxou o cós e acabou por romper o beijo. null estava tão embriagada que invadiu a camiseta de Tobias e começou estudar o abdômen idêntico ao de null, isso só piorava mais a situação!
— Me possua... — estava completamente fora da Terra, deveria estar no planeta Tonto.
— null, eu não... — Tobias teve sua fala interrompida assim que null levou a mão até o amigo dele escondido pela calça jeans e começou acariciá-lo. Ops, alguém estava bem fora de si.
— Eu sei que você quer... — murmurou e o segurou pela camiseta, Tobias só reparou que as coisas saíram do controle quando viu que null estava deitada na mesa e ele curvado sobre ela.
— Eu não posso fazer isso null, você sabe bem o porquê. — tentou se afastar, mas ela o impediu.
— Não... Eu não sei o porquê... — com a mão livre começou levantar a camiseta dele, Tobias sentiu que precisava fazer alguma coisa antes que ela o fizesse ceder.
— EU NÃO SOU ELE! ACORDA! — afastou a mão dela de sua camiseta. — Eu não sou o null, null! Sou eu, ta lembrada? O Tobias, quer que eu soletre? — deu alguns passos para trás para que ficasse a uma distância segura.
null levantou o tronco tão rápido como se ele tivesse dito que a casa estava pegando fogo. Seus olhos estavam tão envergonhados e tristonhos que Tobias sentiu pena, não queria deixá-la em pedaços, mas também não queria enganá-la fingindo ser quem não era.
— Tobias... Eu... — desceu da mesa e ficou de costas para ele.
null cruzou os braços e deixou as lágrimas escorrerem por seu rosto. Não aguentava mais segurar tanta saudade e dor, tinha que libertar todos aqueles males talvez se sentisse melhor, pelo menos era o que sempre escutou, chorar é bom para limpar as impurezas da alma.
— Shh... Tá tudo bem, tudo bem. — Tobias surgiu atrás dela e a abraçou.
null não poupou esforços, se virou, encostou a cabeça no peitoral duro e se deixou chorar nos braços de Tobias, o homem que até alguns dias atrás queria ver morto e agora queria somente o seu abraço, lembrava muito o abraço de null...
Tobias a apertou contra si sentindo sua camiseta ficar molhada, mas quer saber? Foda-se a camiseta, null precisava dele naquele momento e tinha reparado o quanto era importante, lembrava null, seus corpos eram quase iguais e null poderia abusar disso porque ele estava disposto fazer de tudo para protegê-la, nada de "quero tê-la perto de mim e por isso sou um bunda mole egoísta", esse pensamento já foi a muito, muito tempo.
Watson beijou a cabeça de null onde apoiou o queixo e encarou um ponto qualquer da cozinha, escutava ela fungando e queria muito fazer alguma coisa, porém não tinha nada a se fazer, seja lá quem escreve o destino, ou se não escreve, tudo dependia do estranho que o digita ou pior... Deles.
null saiu da delegacia com a esperança de que null logo apareceria, o delegado Jay garantiu abrir um inquérito naquele exato momento para que os policiais pudessem trabalhar no caso o quanto antes, tudo para encontrar um dos melhores agentes de Lucca Castel. Tudo bem que era a mesma delegacia onde Tobias também era delegado, porém ele preferiu não comandar o caso, não conseguiria deixar null longe de Judith se pegasse a frente.
Agora era só esperar o telefone tocar com alguma notícia positiva sobre null, null esperava ansiosamente pela ligação porque Jay deixou claro que se ela quisesse participar da investigação ou invasão seria bem-vinda já que era a outra melhor agente de Lucca.
Jay e Lucca eram parentes bem distantes, primos de terceiro grau, a bisavó de Jay era irmã da bisavó de Lucca, uma loucura. Por isso Jay tratou o caso de null como VIP porque ela tinha uma vantagem por ser agente da delegacia do delegado Castel.
null esperou por Tobias do lado de fora da delegacia, este ficou discutindo assuntos de trabalho com Jay. O carro do delegado estava estacionado na área reservada e null queria logo entrar dentro dele, voltar para casa, pensar em null sã e salvo e não pensar em como foi tonta por quase abrir as pernas para Tobias enquanto null corria risco de vida, tudo que menos precisava era do anjinho e o diabinho em seus ombros dizendo ser certo ou errado.
— null? — ela reconheceu a voz na hora.
— Jonas, oi. — forçou um sorriso. — Como está a nuca? — perguntou a primeira coisa que lhe veio em mente.
— Bem, eu acho. — "eu acho", quê?
— Não tem certeza se está bem? — desconfiou das palavras dele.
— Não, não... Eu estou bem sim, não se preocupe. — null arcou uma sobrancelha, ele estava estranho.
— O que faz por aqui Jonas? — null quis saber virando sua atenção para a entrada da delegacia.
— Estava só passando. — que resposta mais esfarrapada.
— Está... — null ia protestar, porém o som das portas da delegacia se abrindo chamaram mais atenção.
A figura de Tobias apareceu com uma expressão raivosa no olhar, tudo naquele instante aconteceu muito rápido...
— null sai de per... — gritou só que não conseguiu concluir o aviso, um homem com um corpo maior que o dele o derrubou no chão. — Peter seu degra... — os socos começaram e null não conseguiu fazer nada para impedir.
Assim que pensou em se mover, dois braços fortes a prenderam e um pano molhado foi colocado contra seu rosto. null começou se debater e gritar ao mesmo tempo, só que quanto mais inspirava o ar, mais aquela droga sonífera invadia seus pulmões e lhe embriagava.
— SEU TRAIDOR!!! VOCÊ É UM TRAIDOR JONAS!!! — foram os últimos gemidos que null escutou antes de suas pálpebras pesarem e tudo virar somente escuridão.
As pálpebras ainda estavam pesadas, entretanto, se esforçou ao máximo para mantê-las abertas. Apertou os olhos enquanto levantava o tronco, com a mão conseguiu sentir a estrutura em que estava concluindo ser um colchão. Era um quarto talvez?
Sua cabeça latejava aos extremos, parecia que um bando de elefantes havia dançado em sua cachola. Passou a mão na nuca para aliviar aquela dor incômoda, só que assim que o fez seus olhos bateram contra a parede e reconheceu algo.
Era um painel com algumas fotografias pregadas por taxinhas ligadas por um fio vermelho, igual murais de investigação onde a vítima teve ligação com um, transou com aquele, bateu naquele.
Com esforço, ignorando a leve tontura, se aproximou da parede. Piscou algumas vezes para recuperar a visão e quando isso aconteceu conseguiu entender o plano de seja lá quem estava por trás daquilo. null no centro, null do lado esquerdo, Tobias do direito, null ao lado de null.
— Jonathan. — não o encontrou no meio do bafafá, o único que faltava, então ele estava por trás de tudo?
Sentiu uma pontada no peito, como ele foi capaz de lhe apunhalar pelas costas? Achava que poderia contar com a dignidade dele, mas pelo visto no mundo não se pode confiar em ninguém a não ser em si mesmo.
Capítulo 17
null indignada com a nova descoberta, sentou-se na cama sentindo ainda uma enorme dor de cabeça, mas isso não a impediu de escutar uma pequena conversa que vinha de algum lugar, a única voz que reconheceu foi de Tobias.
— Quando se vai ter um sequestro vocês avisam o seu aliado para ele ficar a par da situação. — Tobias parecia com raiva.
— Aliado? Achei que tinha trocado de lado. — null não teve certeza, mas deduziu ser Jonas.
— Você não tem o direito de abrir o bico seu traidor, se fez de "amiguinho" dela e a apunhalou pelas costas. — Tobias indagou.
— Eu não entendo você, Tobias, uma hora diz que é nosso aliado, mas agora está defendendo a null? — não reconheceu aquela voz.
— Peter, você me acertou com vários socos, isso vai ter volta. — agora null estava começando a lembrar; a revelação de Tobias, o beijo, a denúncia, Jonas, os socos e então o desmaio.
— Larga de ser um bebê chorão. — Peter declarou. — Tenho certeza que a null já sabe de todos os nossos esquemas, você já deve ter fofocado na orelha dela.
— Acha mesmo que eu me tornaria um traidor? Nunca, isso eu posso garantir. — e pareceu que a conversa se encerrou por ali.
null apoiou a mão na testa e fechou os olhos, aquele sonífero era tão forte que parecia fazer os neurônios dela serem esmagados. A porta deu seus estralos anunciando que alguém entrava, null sequer se deu ao trabalho de ver quem era.
— Como você está?
— Acho que eu estava bem melhor do que isso. — respondeu ainda de olhos fechados.
— Eu vou tirar a gente daqui. Prometo. — aproximou-se da cama e escutou null suspirar.
— Ah é? Vai me tirar daqui do mesmo jeito que você prometeu me proteger? — sua cabeça latejou conforme forçou a voz.
— null eles armaram contra mim, o Jay que me contou que eles iam atacar. — era verdade, Tobias não queria mais mentir.
— Ah o Jay... Que ótimo mais um aliado dessa tal de Judith? Quem mais faz parte? Alguém chamado Jonathan Lewis? — quando deu por si já tinha pronunciado o nome sem perceber.
— Quem? Jonathan? Não tem nenhum Jonathan no grupo. — achou estranho null dizer o nome de alguém que parecia importante para ela.
— Não minta, por favor, Tobias. — null não aguentou e deixou seu corpo cair para trás no colchão, virando-se de costas para ele.
— Não estou mentindo null. — sentou-se na cama e aproximou-se dela, lhe acariciando o ombro. — Confie em mim.
— Estou tentando... — respondeu antes de pegar na mão dele em seu ombro.
As duas mãos se apertaram, lutavam do mesmo lado, então não tinha porquê brigarem. A única saída deles era se unirem para ficarem fortes, mas a pergunta que não quer calar: quem está no comando daquele inferno?
— É difícil confiar em você, eu ouvi tudo o que você e seus comparsas falaram. — soltou a mão dele.
null se levantou e, ignorando a dor, ficou de frente para Tobias, sobre a cama, o encarando dentro dos olhos.
— Escolha de que lado você está jogando. — Tobias respondeu já parecendo decidido.
— Eu estou do lado de vocês. — ele olhou nos olhos dela quando assumiu.
— Então porque disse que deveriam ter te avisado quando me pegaram? Você ia ajudar, não é? Mentiroso! — ele poderia ser um filho da puta dos piores, mas não ia ajudar.
— Quando eu falo alguma coisa eu cumpro, e se eles tivessem me avisado eu poderia evitar que você estivesse aqui agora. — é fazia sentido.
— Como o Jay sabia? — quis saber.
— Digamos que ele tem seus truques. O Jay é o Jay. — deu um sorriso pelo canto dos lábios.
— Então ele está infiltrado nisso tudo, o seu próprio parceiro de trabalho é um traidor. — disse e Tobias sorriu largo.
— null, o Jay não é nenhum traidor, o único traidor dentro desse lugar é o Jonas. — tinha certeza em suas palavras.
— Para falar a verdade Tobias, você é o primeiro traidor, o Jonas apenas seguiu o seu exemplo. — ele deu de ombros.
— Gostei da parte "obrigada por estar do meu lado Tobias, achei que você era um delinquente, mas até que sabe pensar". — usou ironia.
— Isso não mudou, você continua sendo um delinquente sem vergonha, se não burguês safado. — riu pela primeira vez desde que sua vida virou de cabeça para baixo.
— O único burguês safado que existe é Karl Marx, e vamos deixar o "pai" quietinho no túmulo antes que ele apareça querendo envolver proletariado e burguesia no meio disso. — rolou os olhos, foi um bom aluno em sociologia, só que a presença de Karl Marx nos textos tirava e tira todos do sério.
— Aliás, falando em burguês safado, você não veio aqui só para conversar, o que você quer? — perguntou na lata.
— Cumprir ordens. — a resposta foi clara. — Tenho que te levar para uma cela, não sei o porquê, acho que estão perdendo a confiança, então haja como se me odiasse. — levantou-se da cama.
— Ué, mas isso não mudou, eu ainda te odeio. — Tobias rolou os olhos.
— É sério, acho que estão desconfiando de mim, o episódio de ontem ainda não foi apagado. — falou com o tom sério.
null suspirou antes de se levantar. Tobias acompanhou os movimentos dela e quando se viu pronto também se levantou.
— Só uma coisa, o null está aqui? — perguntou, era a última pergunta que faria.
— Está, está sim. — respondeu tirando uma algema da cintura.
— Isso é realmente necessário? — quis saber com a sobrancelha erguida.
— Não foi minha ideia, lembre-se disso. — caminhou até estar atrás dela, algemando os dois braços. — Se eu realmente quisesse te algemar já teria feito isso quando soube que o null seria sequestrado, quem sabe assim você permanecesse na minha casa fora da mira do Jonas. — disse e null rolou os olhos.
— Eu teria acertado um soco bem nessa sua fuça antes que tentasse me algemar. — tentou separar os pulsos, impossível. — E eu ia prendê-lo assim que me soltasse. — Tobias riu antes de abrir a porta.
— Agora cale a boca. — ordenou sem voz mandona.
O corredor estava vazio, completamente vazio, nem uma mosca voava por ali. Tobias tentou não ser bruto com null, segurava os braços dela sem força alguma, a guiava com toda cautela do mundo, só que quando alguém aparecia tinha que forçar uma imagem rude.
Caminharam por um longo caminho até que Tobias empurrou uma porta de metal enorme e um cômodo grande se revelou. null arregalou os olhos e começou se debater, gritava e gritava parecendo uma desesperada, acontece que o desespero corria em suas veias, null estava logo a sua frente com as mãos e pernas amarradas, a cabeça tombada para baixo, olhos fechados e com marcas de dedos no rosto.
— null!!! — gritou tentando se soltar de Tobias, só que o próprio teve de fazer cena e segurá-la com força. — null não... ME SOLTA SEU IMBECIL!!! — novamente tentou se soltar e todos encaravam a cena deles.
— null relaxa. — Tobias pediu no ouvido dela só para ela ouvir.
— null!!! — essa foi a resposta.
— Tobias leve ela logo para o quarto privado! — Peter ordenou.
Tobias o fuzilou e teve vontade de soltar null só para ver o que ela faria com Peter. null não era mais uma gata doméstica, era uma gata selvagem. Watson queria ver o estrago que ela faria na cara daquele infeliz, ia adorar rir da cara dele.
Mas como tinha que servir ao grupo, arrastou null na direção do quarto privado com todo cuidado para não machucá-la o que foi quase impossível já que ela se recusava profundamente a caminhar.
Ver null naquele estado foi choque o suficiente para ela, que merda de doentes eram para fazer aquilo com um ser humano? null não conseguia acreditar que fizeram de null um ratinho de laboratório, ele estava preso e sujeito a altas quantidades de remédios, no caso drogas. Ele nunca iria ignorá-la daquela maneira.
Tobias a empurrou para dentro do quarto e retirou a algema. null assim que se viu solta correu em direção da porta, porém Tobias a agarrou pela cintura e a jogou contra a cama ficando por cima dela para que não escapasse.
— Não vacila null. — bradou olhando dentro dos olhos dela.
— Eu quero vê-lo Tobias, preciso ver se ele está vivo. — ela estava com tom de imploração.
— Se eu deixar você se aproximar dele, o plano entre a gente está arruinado. — avisou e olhou para a porta que estava fechada sem o trinco. — Se eu deixar você sair, com certeza ele vai matá-la.
— O null nunca me mataria. — achou uma baita besteira o que Tobias estava falando.
— Não falo do null, falo do meu superior. — o coração dela acelerou.
— É um homem o seu superior? — disparou já com a imagem do único homem em mente.
— É, mas não é nenhum Jonathan. — antecipou-se antes que ela perguntasse.
null sentiu um pequeno alívio, mas e se Jonathan estivesse usando uma identidade falsa? E se o nome dele não fosse Jonathan Lewis?
— Como é o nome dele? — quis saber.
— Eu não sei, ninguém sabe o nome dele. — null poderia dizer que ele estava mentido, mas a expressão séria não deixou dúvidas de que era verdade.
— Se você não sabe o nome dele, como tem tanta certeza de que não é Jonathan? — tentou se levantar, mas Tobias a prendeu contra a cama.
— Eu sei porque Jonathan Lewis é o seu personal, e ele está em Los Angeles uma hora dessas. — null levantou uma sobrancelha.
— Como tem tanta certeza disso? — disparou e Tobias sorriu.
Watson saiu de cima de null e retirou seu celular do bolso, desbloqueou a tela e abriu em um mapa bem semelhante a um GPS. Havia um ponto vermelho indicando em uma área grande próxima de uma verde.
— Assim que você citou o nome dele, eu abri o notebook e vasculhei cada cagada dele. — null se ajeitou na cama ainda encarando o celular. — O que eu encontrei não foi muito agradável, há alguns anos ele participou de um roubo ao Banco Central de Washington. O Jonathan não é tão santo quanto parece, ele foi para Los Angeles como uma desculpa de limpar o nome dele. Além disso, já teve passagem pela polícia de Washington cinco vezes sendo duas denúncias por roubo, duas de contrabando e uma de assassinato, só que nenhuma das acusações foram comprovadas então ele saiu limpo. — Tobias arremessou o celular para ela que o pegou e analisou o mapa. — Ele tinha potencial para ser meu superior, ohh se tinha e que superior! Pra quem é personal trailer até que não foi péssimo nas vezes que matou, foram dois bons trabalhos. — pareceu ironizar e dar de ombros ao mesmo tempo.
— Espera, você não disse que ele foi acusado apenas de um assassinato? — null tinha uma sobrancelha levantada em dúvida.
Tobias riu e prosseguiu:
— Há muito cocô do Jonathan para ler, jovem null. — sorriu largo com os braços cruzados.
— Ótimo, então já que pesquisou vamos lá Tobias. — fez um gesto para que ele continuasse.
— Vamos aonde? Foder, jura? — levou as mãos até os botões da camiseta. — null nunca pensei que ia ser assim tão fácil. — olhou para ela e começou rir com a cara de espanto que encontrou. — Relaxa, tá bom? Eu não quero foder com você. — cruzou os braços novamente e se encostou na parede com uma perna dobrada.
— Ahhh nossaaa que engraçado. — rolou os olhos em tédio.
— Bom... O Jonathan matou e esquartejou o governador de Washington, sendo que o próprio foi braço direito do presidente da própria Washington, DC. Eu sei, é horrível saber que seu personal é um assassino, mas sabe porquê ele fez isso? Porque a família inteira dele estava nas mãos de dois mafiosos. Jonathan só teve uma saída que foi matar para salvar aqueles que matariam. — contou. — Talvez ele não seja de todo um assasino, já que assim que matou o governador se entregou para a polícia e denunciou os mafiosos. E por causa de sua honestidade e coragem, por ter acionado a lei sabendo que a família corria perigo, conseguiu sair livre da prisão tendo que pagar apenas com trabalhos comunitários, porque como todos nós sabemos Jonathan forjou a morte do governador, foi isso que saiu nos jornais, não foi? "Morte de governador de Washington foi forjada", eu lembro bem desse dia. — null também lembrava, o dia foi bem estranho porque de repente do nada o homem que havia sido morto apareceu vivo, sem nenhuma explicação.
— Então o Jonathan não é nenhum assassino, e sim somente um cara bem inteligente. — null sorriu. — Ao contrário de você que está mais para inteligente de burro. — apesar de ter sido um insulto, Tobias não ligou.
— Me insulte o quanto quiser, quem está preso nesse lugar nojento não sou eu... — levantou uma sobrancelha de relance para provocá-la, ele nem precisou terminar a frase.
— Obrigado por me fazer voltar para a realidade. — disse em um tom deprimente.
Tobias soltou o ar, silenciosamente, pela boca. null sentada na beirada da cama tinha a cabeça baixa, Watson sentiu uma pontada no peito não queria vê-la machucada, não suportava, e saber que não poderia fazer nada estava matando-o por dentro.
— Eu tenho de ir agora. — Tobias não queria deixá-la, mas caso não deixasse iriam desconfiar.
— Não, Tobias, por favor não me deixa nesse lugar nojento. Cara tem rato aqui. — indicou os ratos saindo e entrando no buraco da parede.
— Não posso fazer nada null, se eu não sair o Peter vai vim aqui e o negócio não vai ser bom. — null implorava pelos olhos.
— Tobias?! — bateram na porta, falando no diabo aparece o rabo, era Peter.
— Eu já vou. — gritou de volta com o tom de voz mais grosso, encarou null e disse um " Se cuida" em silêncio.
— Tobias... — chamou, porém ele não deu atenção e saiu trancando a porta por fora.
Assim que null escutou o barulho da tranca da porta, seu coração deu uma pontada de dor e junto a essa dor veio o desespero. Seus olhos produziram lágrimas que escorreram por suas bochechas até pingarem no colchão.
Os acontecimentos dos últimos dias passaram como um curta-metragem em sua mente. Aconteceu tudo muito rápido, tão rápido que nem suspeitou que Jonas fosse um traidor.
— O que eu fiz...? — perguntava-se baixinho. — O que querem com você, null, e por que eu estou no meio? — negou com a cabeça. — A gente só era amigo e depois... Eu não sei... Eu prometo que se eu sair daqui nunca mais vou confiar em nenhum homem, nunca mais vou aceitar passar férias ao lado de um... Nunca... — deitou o corpo na cama e deixou as lágrimas rolarem como nunca tinham rolando antes. E a quantidade de nunca em um mesmo parágrafo já está sendo ultrapassado.
Capítulo 18
Tobias olhou a sua volta somente para certificar-se de que não tinha ninguém os vigiando, ótimo haviam deixado null sem nenhuma câmera de vigilância, oportunidade perfeita para tentar desamarrá-lo.
Caminhou até null, retirou o pequeno canivete da calça jeans e começou cortar os nós, que infelizmente eram muitos. Judith tomou todas as precauções e para não perder null fez questão de fazer diversos nós na corda para garantir que ele não escaparia.
Assim que conseguiu cortar um, partiu para o outro sempre atento a maçaneta da porta, qualquer descuido ia custar a sua vida.
— Tobias... — a voz de null era um pouco falha.
O silêncio continuou.
— Tobias eu sei que é você, pode abrir o bico, o seu cheiro não me engana. — escutou a corda ser partida.
— Que bom cão farejador você é, null. — resolveu se pronunciar já ocupado com outro nó.
— Eu posso ter sido dopado, não é Tobias? — sabia bem o que Watson fez com ele. — Mas isso não afetou o meu faro.
— Desculpa cara eu não queria ter te dopado. — null riu.
— É, né? Do mesmo jeito que eu me arrependo de ter aceitado a sua oferta de morar no seu condomínio, era uma cilada, sempre foi uma cilada! — alterou a voz.
— Olha null... — começou cortar as cordas das pernas. — Pode me chamar do que você quiser, traíra, traidor, falso, inconsequente, gay, viado, bunda mole, mas xingue com o seu tom de voz baixo. Tudo que eu menos preciso é receber uma chapuletada da Judith porque estou aqui te ajudando a sair desse inferno.
— Judith? — levantou uma sobrancelha. — É null o nome dela.
— Ela se apresentou como Judith. — null negou com a cabeça.
— Estamos falando da mesma pessoa? — não era possível que a ex de null null tinha dupla identidade.
— É estamos, ou a null já fez você esquecer da sua ex? Porque olha a null... — null não gostou do rumo da conversa.
— Não se atreva falar NADA dela! — interrompeu.
— Oh, calma null, a null é sua eu respeito isso, a única coisa que quero dela é a colaboração, assim como quero a sua. — disse e a porta destravou. — Fudeu. — guardou o canivete rapidamente no bolso e correu para perto da enorme mesa, fingindo interesse no copo de vidro e na garrafa de whisky.
— Ora, ora, ora os dois bonitinhos numa mesma sala. — a voz feminina incomodou os dois.
— null.
— Judith. — Tobias virou-se para ela e disse ao mesmo tempo que null.
A mulher riu escandalosamente pedindo para os homens atrás de si não entrarem na sala. Ela caminhou até estar na frente de null e sorriu largo, era hora de colocar a verdade na mesa.
— Que bom que vocês ainda se lembram do meu nome, ou melhor, nomes. — usou seu melhor tom cínico.
— Você mentiu para um de nós. — Tobias tinha as mãos fechadas em punho.
Ela fez beicinho, apoiou o queixo em uma mão e bateu o dedo na lateral do rosto.
— Jura? Se você não me contasse eu não ia acreditar. — riu irônica.
— Desembucha logo e fale quem é você de verdade! — null rosnou tentando se soltar das cordas, mas ainda era inútil.
Tobias percebeu a tentativa falha dele de se soltar, imediatamente levou a mão para o canivete e o segurou entre os dedos.
— Quer um drink? — Tobias ofereceu pegando o copo vazio e o levantando.
A morena com um sorriso se aproximou da mesa e começou se servir, Tobias aproveitou a oportunidade e chegou perto de null para cortar as cordas que o prendiam no tronco, tudo com os olhos bem presos nas costas de Judith ou null, seja lá quem for.
null sentiu quando as cordas afrouxaram, seus pulmões agradeceram. Imediatamente null se livrou dos restos das cordas e se levantou, só que quando se virou para encarar sua ex, uma arma já estava apontada em sua direção.
— Desconfiei do Tobias assim que o vi dentro dessa sala. — engatilhou a arma ainda apontada para null. — Vamos lá null, o que você ia fazer mesmo? Quem sabe me apunhalar pelas costas com o canivete do Tobias? — tinha o dedo bem próximo do gatilho.
— Já chega de joguinho, você só me enrolou até agora, eu exijo que alguém me conte o que está acontecendo aqui! — deu um passo pra frente com a postura firme.
— Achei que já soubesse... Oh! Então quer dizer que ninguém nunca lhe contou. — pareceu surpresa.
— Me contou o que? — quis saber e ela sorriu.
— Primeiro... — fez final com a mão para que os homens entrassem. — Sua queridinha. — null mirou a porta assim que escutou null gemendo por estar sendo arrastada por dois brutamontes.
— null. — pronunciou e encarou null lutando contra os dois homens.
— Que lindo, não? O traidor, a vadia e o corno. — cutucou null que se segurou para não fazer nenhuma loucura. — Soltem ela. — ordenou e os homens jogaram o corpo de null contra o chão.
null gemeu e segurou o braço imediatamente, o peso de seu corpo caiu todo em cima do braço esquerdo e um pequeno arranhão foi feito em sua mão direita quando foi tentar amortecer a queda. Por muita sorte conseguia mexer o braço, sinal de que ele não tinha sido quebrado.
null se moveu para ajudá-la, mas quando deu o primeiro movimento a arma disparou acertando o chão perto de seu pé, ele foi obrigado a parar. Mirou sua ex que sorria maléfica com a arma ainda apontada para si.
— Ninguém vai ajudá-la. Atreva-se dar um passo que eu mostro o que eu venho reservando para você. — ameaçou e null encarou os dois.
— Tá tudo bem null. — não queria metê-lo em confusão.
— Afinal de contas null, ou Judith, o raio que o parta qual é o seu nome; por que que a null está aqui se o seu assunto é comigo? — null quis saber observando-a atentamente enquanto null se levantava e ia para perto de Tobias.
— Ah você quer saber o porquê? — abriu os olhos enquanto falava, no mesmo instante disparou a arma em Tobias.
null gritou por ele assim que o viu cair de joelhos com a cabeça baixa e a mão segurando firme o ombro esquerdo.
— A propósito meu nome verdadeiro é null Judith Ross null, considere Judith também meu nome verdadeiro, eu não menti para ninguém. — null rolou os olhos e a fuzilou com um olhar assassino.
Apesar de null sentir um pouco de raiva por ver null agachada ao lado de Tobias tocando-lhe o ferimento, a raiva que sentia por null conseguia ser mil vezes pior, o suficiente para matá-la.
— É isso que eu quero que ela sinta, está vendo? — apontou Tobias que se levantava com ajuda de null, ele tinha uma expressão de dor no olhar e segurava-se para não gemer. — Dor. — disse como se fosse a coisa mais bonita do mundo.
— Você é doente. — null concluiu com as sobrancelhas arcadas.
— Ela não é doente, só obcecada por você. — Tobias se pronunciou e deixou um gemido escapar.
— Obcecada? É uma psicopata! — null bradou. — Não se machuca alguém que lutou do seu lado e fez trabalhos sujos para você não sujar as mãozinhas! — quando null levantava a voz era sinal de que estava na hora de calar a boca.
— Obcecada eu? Psicopata? Você sabe o que é um psicopata null? — null sorriu parecendo falar com uma criança.
— Sei porque estou vendo um bem na minha frente! — cuspiu.
— null! — null chamou para que ela desse a voz para ele. — O que você disse que eu precisava saber, mas ainda não estou sabendo? — direcionou para null.
Ela gargalhou.
— Não estou vendo nenhuma graça nisso. — null cruzou os braços e só então percebeu o quanto tinha se aproximado de Tobias e null.
— Há muita graça, graça demais. — fingiu limpar uma lágrima por tanto rir.
— Desembucha logo null! — deu um passo e recebeu a arma apontada em sua direção.
— Não dê mais um passo. — ameaçou puxar o gatilho.
null sorriu de lado e continuou avançando os passos.
— Você não pode me matar, ninguém aqui dentro pode. — falou bem calmo. — Sabe por que? — ficou frente a frente com null.
Ambos se encararam como se fossem dois galos de brigas. Tobias e null não estavam entendendo mais bosta nenhuma do que estava acontecendo, Tobias até sabia do tratado só que não sabia o acordo de segurança que null se referia.
— Porque você precisa de mim, não é? Da minha assinatura, do meu sobrenome. — null e Tobias se encararam.
— Foi ele quem disse isso? — null cruzou os braços na altura do peito.
— Não, digamos que o efeito do doping não foi o suficiente para me deixar surdo. — null estava tão calmo que dava medo. — Meu tio não me disse nada a não ser que estava apenas me criando para a sua família. Aliás um null e uma null juntos acabaria com a rixa de nossos bisavôs, não é? — null rolou os olhos.
— Então você sabe. — a porta se abriu brutalmente.
null e null não moveram um só músculo, já o outros encararam a porta, null se surpreendeu com a figura de Johnny null com um sorriso de orelha a orelha nos lábios. O tio de null null era o próprio traidor.
— Meninos! — parecia animado.
— Já passou mais que da hora de você aparecer, chegou em uma hora bem boa. — null sorriu e foi para perto de Johnny.
— Por quê? Achei que estavam se entendendo. — direcionou o olhar para null e o voltou para null.
— Nós nunca vamos nos entender, — null virou-se para ele. — assim como eu nunca vou me entender com você! — rosnou.
— Ah, jura? Vamos ver se você não vai mesmo se entender comigo.— Johnny levantou uma sobrancelha de relance e estralou os dedos.
Imediatamente cinco homens passaram por eles e seguiram até Tobias e null.
— NÃO! — null correu até os dois.
Dois homens pegaram null pelos braços, ela começou se debater, gritar e xingar. Só que null não deixou barato, acertou um soco na cara do primeiro homem que o fez cambelar para trás e depois acertou um soco no segundo bem no queixo, seguido de outro no rosto que o fez cair no chão.
Rapidamente null puxou null para si e a abraçou, ninguém tocaria nela, não enquanto ele estivesse ali. Já Tobias não teve a mesma sorte que null, este nem a camiseta mais no corpo tinha porque segundo as leis do grupo o tecido da camiseta só atrapalhava os golpes e eles queriam que Tobias sofresse, queriam que ele sentisse tudo na pele.
Dois homens seguraram Watson enquanto os outros três socavam o abdômen e o rosto do rapaz, Tobias tentava reagir, mas a cada tentativa era um soco que recebia. De repente o soltaram e ele foi de encontro com o chão.
Quando o corpo de Tobias caiu contra o chão, null se segurou para não se envolver no meio daquela injustiça, eram cinco contra um. Não queria se envolver porque senão null ficaria desprotegida e aquelas pessoas eram capazes de tudo para fazê-lo ceder. Tobias não merecia, mas não tinha nada que pudesse fazer, ou era null ou era Tobias.
O gemido que escapou da boca do rapaz foi o suficiente para fazer null esconder o rosto no peito de null, não conseguia encarar a cena tão brutal. Os cinco homens cercaram Tobias e começaram chutá-lo no abdômen e costelas, o corpo de Watson parecia um saco de lixo.
Tobias tinha os olhos fechados, a boca e nariz com sangue e o tronco marcado por diversas manchas vermelhas que mais tarde se tornariam hematomas, mas mesmo assim os homens não paravam. Quando pareceram dar uma trégua, Tobias tentou se apoiar nos braços para se levantar, tentativa inútil, não tinha forças para se levantar, não tinha sequer força para respirar porque tudo doía.
Ele caiu de lado e os cinco riram alto voltando espancá-lo, dessa vez o chutavam nas costas. Tobias nem lutava mais.
— CHEGA! JÁ BASTA! — null gritou para Johnny e null. — ELE NÃO MERECE ISSO! — fuzilou os dois com um olhar assassino.
Johnny alargou um sorriso.
— Ele te traiu null, traiu a todos nós. — Johnny declarou.
— Que se foda, ele não merece ser espancado até a morte só porque decidiu trocar de lado, ele quis fazer a coisa certa! — enfrentou sem medo algum.
— Coisa certa envolve a questão de trair o seu superior? — null direcionou o olhar para Tobias que não demonstrava nenhum sinal de vida ou luta.
— É isso que você quer, não é? Quer matá-lo. — Johnny sorriu em resposta. — Eu não vou deixá-lo morrer, vou ceder, mas deixem-no em paz. — propôs e Tobias finalmente mostrou sinal de vida.
— null nã... Não seja otário... É isso que ele quer... Você... Não vai ceder por minha causa... Eu... — tossiu. — Eu... Aguento... — continuou recebendo chutes.
— Nossa essa declaração me deixou com dor de barriga, rapazes deixem o Tobias morrer sozinho. — Johnny ordenou.
Os homens abandonaram Tobias. null e null foram rápido ao correrem até ele para ajudá-lo, enquanto isso nem notaram que Johnny havia saído da sala com null e os outros. Os três ficaram sozinhos trancados naquele lugar.
— Tobias reage. Vamos. — null checou os batimentos cardíacos que estavam bem fracos.
— Limpe os ferimentos, quanto mais sangue ele perde é pior para ele. — null disse tentando fazer o sangue que escorria do nariz de Tobias cessar com ajuda de um pedaço de pano que tinha em cima da mesa de bebidas.
— Você null... Obri... — tossiu abrindo lentamente os olhos. — Obrigado... — gemeu quando null o tocou no rosto.
— Fica calmo, ok? — null pediu.
Ela se sentou no chão com as pernas cruzadas e fez Tobias deitar o tronco sobre ela para que pudesse impedir mais perda sanguínea. null por outro lado se levantou e começou andar pelo cômodo, sua cabeça estava em outro lugar...
— Vocês têm que sair daqui. — disparou de repente. — Essa guerra é minha, não quero que os dois se envolvam.
— Mais envolvidos que já estamos? — null rebateu limpando o nariz de Watson.
— Pior... — gemeu com o toque de null. — Pior não dá pra ficar null.
— Vocês não entendem? — null virou-se para eles. — Tobias você estava a um passo de empacotar e ainda quer continuar nisso? Cara, você quase morreu! — não queria envolver vidas inocentes naquilo que envolvia somente ele.
— null, se eu morrer não vai fazer diferença, — pausou para puxar fôlego, era difícil respirar. — estou com a minha consciência limpa, eu fiz o que tinha de ser feito mesmo que fosse tarde demais. — explicou e realmente estava tranquilo. — A morte vai ser apenas o encerramento da minha missão com vocês. Eu não estou com medo, então vou ficar até o fim. — declarou e null percebeu que tirá-lo dali seria perda de tempo.
— E você null? — direcionou o olhar para ela.
null suspirou antes de começar a falar:
— Eu não vou deixá-lo sozinho, três é melhor que dois e a null me odeia, deixa que eu luto com ela, você pega o seu tio. — sorriu e null sorriu sem os dentes.
— Ninguém vai lutar com ninguém. — disse antes de se apoiar na mesa com os braços.
Tobias puxou o ar e o soltou pela boca conforme se levantou, seus músculos reclamaram, mas tinha que ficar de pé caso quisesse fazer parte da luta. Caminhou, meio cambaleando, até a mesa e ficou ao lado de null, começou a rir e null não entendeu a graça.
— Cara eu quase morri, wow! Quem diria que um dia estaria tão perto da morte? — brincou e null abriu um pequeno sorriso.
— Você vai aguentar? — quis garantir quando reparou nos hematomas.
— Eu já passei por coisa pior, esse tiro de raspão e os hematomas não são o suficiente para me derrubar, eles vão precisar fazer melhor do que isso. — pareceu se gabar.
— Eu não estou gostando disso. — null negou com a cabeça.
— null... Você não gosta de nada. — null surgiu e ficou no meio dos dois. — Agora Tobias coloque uma camiseta ou vamos ser obrigados realizar um menáge. — brincou para descontrair, Tobias gostou, null odiou.
— Não precisa ser um menáge, sexo a dois está de bom tamanho, você e ele, eu to fora. — null foi rabugento.
— null eu to brincando, o Tobias é gostosão, mas você é mais. — null deu de ombros.
— Cara não joga a null fora. — Tobias alertou antes de se afastar para ver a situação de sua camiseta jogada no chão.
null sorriu para Tobias e depois que ele se afastou voltou sua atenção para null que ainda estava com a cara de velho ranzinza. Silenciosamente colocou sua mão em cima da dele e o observou suspirar e fechar os olhos.
Palavras não eram necessárias, ambos não estavam no clima de conversar, null estava aliviada por null ainda estar vivo, porém não queria vê-lo aceitando o tal contrato de null, acreditava que uma brecha pudesse surgir assim ele ficaria livre.
null apoiou a cabeça do ombro dele e o acariciou no braço, null abriu os olhos, virou a cabeça para o lado e a beijou na testa deixando os lábios ali. Tobias, que estava longe da mesa, encarou a cena e um sorriso brotou em seus lábios, é sua missão era somente protegê-la para que se encontrasse com null, agora estava em paz... A última missão era tirá-los dali.
De repente a porta se abriu, Tobias correu para perto dos dois, null e null não se afastaram.
— Ohhh que lindos! — Johnny zombou. — O casal vinte e a vela Tobias. — Watson rolou os olhos.
null empurrou null pela cintura para que ela ficasse trás dele, ficando apenas ele e Tobias na frente.
— Ela é o amuleto? — Johnny gargalhou.
null apareceu ao lado de Johnny com os outros homens, null umedeceu os lábios, deu um passo e resolveu acabar logo com aquilo.
— Qual o seu lance Johnny? — pronunciou o nome do tio com ênfase misturada com raiva.
— Me conte você. — respondeu como se fosse óbvio, null não entendeu.
— Eu perguntei qual o seu lance, não o meu. — null parecia estar sem paciência para brincadeiras. — Se eu soubesse de alguma coisa, com toda certeza, não estaria perguntando nada para você.
— Que menino esperto. — Johnny esfregou as mãos.
Johnny apontou null.
— Quer contar querida? — null a encarou com as sobrancelhas arcadas.
null sorriu sem os dentes antes de abrir o bico.
— Como você já deve saber, nossas famílias são rivais quase que históricos, lembra da Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia que na verdade não teve nenhum conflito armado? Então eles até hoje são rivais, nossas famílias são iguais. — começou e null soltou um risinho de lado.
— Eu pedi o lance e não uma aula de história. — foi severo.
— Oh gracinha... — Tobias tomou a frente. — Resuma as suas comparações que isso é o mais chato e não terá relevância alguma. — null o fuzilou. — O quê?
— Só desembucha logo. — null ordenou.
— O lance é que você foi vendido. — null teve seus olhos um pouco arregalados. — Você foi vendido para a minha família quando ainda não era nem um espermatozóide nos sacos do seu pai.
— Ah a coisa não pode piorar. — null retrucou e cruzou os braços.
— Seu bisavô o vendeu, ele disse que assim que o filho, independente do sexo, da bisneta dele nascesse deveria se casar com um null. — null não entendia aonde Johnny entrava naquilo tudo. — Sua mãe não sabia que quando você nascesse já teria um selo, ela soube quando você começou namorar comigo, o seu tio contou, porque se dependesse do seu pai você nunca ia ser vendido no mercado negro. — ele recebeu tudo como uma bomba.
— O que a família null tem a ver com isso? null é o lado do meu pai e não da minha mãe, não faz sentido algum os null estarem envolvidos com os null! — alterou um pouco o tom de voz.
— É aí que entra o contrato. — null estendeu a mão para um dos homens atrás de si que lhe entregou um papel enrolado. — A certidão de casamento consta a assinatura dos seus pais, e foi nela onde seu pai assinou o pacto com os null. — jogou para null que foi rápido ao conferir as assinaturas. — Seu pai sabia que você foi vendido igual carne enlatada, então ele se recusou a ter um filho com Mary, só que ele não aguentou três anos e ela engravidou. Acho que John nunca quis ter você.
— Cala a boca null, você não sabe o que está dizendo! — cuspiu com raiva. — John me amava como nunca amou ninguém, ele me ensinou coisas que nenhum outro homem ensinaria. Ele me defendeu dele! — apontou o tio.
— null, null. — Johnny começou. — Meu irmão nunca quis você. Você foi um filho não planejado, ele não queria ser pai. — aquilo doeu tanto em null que sangrava. — John me disse uma vez que queria que Mary abortasse, porque você seria a desgraça dele. Ele confessou na minha cara que não queria você. Então acorda null! Acho que eu queria mais você que ele. — se exaltou um pouco.
— Ah é? Por isso me deixou pra morrer naquele rio? Por isso me deu álcool? Por quê você me queria mais que ele? — null negou com a cabeça. — Meu pai me queria mais do que nunca nesse mundo, caso não quisesse teria me deixado morrer naquele rio igual você deixou! — não importa o que falassem, somente ele sentiu o amor de pai de John.
— null queria ver se você sabia nadar. — Johnny foi cínico e null tinha os olhos ardendo em chamas.
— É? Vou te ensinar então como nadar, NO FOGO DO INFERNO! — foi pra cima de Johnny tão rápido que nem Tobias conseguiu segurá-lo.
null o derrubou e ficou por cima acertando vários socos no rosto daquele mentiroso. Johnny não deixou barato e com os joelhos acertou o sobrinho nas costas, null deu brecha e Johnny aproveitou para empurrá-lo para o lado e passar ser ele por cima.
De repente null, sabe sei lá da onde, uniu força e forçou o tronco para frente conseguindo fazer com que o tio caísse de costas e batesse a nuca no chão o deixando meio tonto. Quando null se preparou para acertar um soco no rosto de Johnny, o xingamento de null o impediu.
Encarou a ela e viu o que deixou acontecer, Tobias estava imobilizado por três homens com o rosto cheio de sangue igual minutos atrás, e null sentada na mesma cadeira que antes null estava, com braços e pernas amarrados, sem contar que null estava do lado dela com uma faca em mãos.
— E aí null, como vai ser? — null quis saber e ele engoliu em seco.
— Solta ela null. — ordenou abandonando o tio no chão.
— Hum...? — fingiu pensar. — Não, agora é a minha hora de brincar, você brincou com o Johnny agora é minha vez, só que com a null. — sorriu diabolicamente, esfregando a lâmina da faca no pescoço de null.
— Não. null... — deu um passo.
De repente null levantou a cabeça de null pelo queixo e ameaçou cortar sua garganta, null parou imediatamente.
— Dê mais um passo e ela morre. — null fechou os olhos conforme null falava próximo de sua orelha.
— Isso não tem graça null, larga a faca! — pediu de novo.
— Acabou null. — null lambeu os lábios e virou a cabeça para o lado. — Ela tem um rostinho lindo, não? — null sentiu medo, muito medo do que null era capaz de fazer. — Como vai ficar se eu fizer isso? — cortou a bochecha de null fazendo questão de arrastar a faca bem devagar para a dor ser sentida. — Perfeito.
— null!!! — null gritou.
null soltou o ar pela boca como se não fizesse aquilo a muito tempo quando null soltou seu maxilar. O sangue que escorria por sua bochecha era mínimo, por isso não gritou ou xingou.
— O que null? — pareceu inocente e ele a fuzilou. — Ah é me esqueci. — rapidamente passou a faca pelo pulso direito de null, cortando bem em cima das veias.
— Ficou doida? Se você corta uma veia ela morre! — null deu mais um passo para frente.
— Espera... — null voltou se aproximar de null e bem no busto fez um X, null não se aguentou e gemeu de dor. — O "X" marca o lugar. — sorriu voltando ficar atrás de null.
— CHEGA! — null não suportava mais, foram poucos cortes, mas o suficiente. — O que você quer?
— Vamos ser bem sinceros e adultos. — null começou. — Tenho três caminhos para você...
— Eu tenho que aceitar o seu plano, é isso? Então eu aceito, solte os dois agora. — interrompeu e a mulher negou.
— Não é tão simples assim null. — Johnny passou por ele e ficou ao lado de null. — Como eu disse você tem três caminhos, primeiro: você não assina o contrato e então a null e o Tobias morrem; segundo: você assina e vai embora definitivamente comigo, mas o Tobias morre; ou terceiro: você assina, passa um ano do meu lado para nossas famílias verem que estamos em paz depois você sai livre, simplesmente livre, só que a null morre. — Johnny colocou o contrato em cima da mesa. — Então como vai ser?
— Achei que comigo assinando os dois sairiam livres. — não era justo Tobias ou null morrer, eles não tinha nada a ver com aquilo.
— Você tem a chance de salvar apenas um. — null deixou bem claro. — Não tem como salvar todo mundo. — null abaixou a cabeça.
Estava definitivamente contra a parede. Não queria que Tobias morresse, sem ele nunca teria que ficar de graça em um lugar e não teria chegado até ali; e matar null estava completamente fora de questão, ela foi a única que realmente mostrou se importar consigo. Era a decisão mais difícil que já teve que tomar.
— Podemos mudar... — a voz de Tobias quebrou o silêncio, todos o encararam. — A decisão é a seguinte, o null assina, passa um ano com você e depois ele sai livre, só que você me mata no lugar da null. — null interviu imediatamente.
— Não Tobias! — era um absurdo.
— Você prefere que eu morra ou a null? Acho que a null é mais importante para nós dois. — ele estava certo. — E outra... Seu trai os dois lados e já completei a minha missão, não preciso mais viver. — null negou com a cabeça.
O silêncio novamente se fez presente, null encarava Tobias profundamente, não acreditava que ele estava disposto se sacrificar para salvar os dois. Watson não estava sendo egoísta, ele queria que null e null, depois de tudo, tivessem a chance de ter uma vida, uma família. Eles se amavam, nada mais justo que desse amor nascesse a família.
— Tobias você não precisa fazer isso. — null se pronunciou.
— Cala a boca vadia. — null acertou um tapa na cara de null. — Fica quieta que tudo isso é por sua causa.
— Ei! — null interveio. — Dê mais um tapa nela que você vai ver o que eu vou fazer com a sua cara, vou estourá-la com a sua própria arma! — não estava brincando.
— Ao invés disso porque você não atira em mim null? — Tobias desafiou.
Imediatamente tudo ficou em câmera lenta, null virou para o lado e apertou o gatilho...
— NÃO!!! — null e null gritaram juntos.
A bala penetrou de uma maneira tão rápida que Tobias não teve tempo de sentir, quando viu já estava caindo de joelhos com sangue jorrando de seu peito.
— TOBIAS!!! — eram null e null ainda conseguia distinguir as vozes.
Nem perdeu tempo em tentar cessar o ferimento com as mãos, não queria mais viver, e caso saísse vivo null morreria. Sua última imagem foi o rosto de null, ela estava perplexa, assustada, triste... Tobias sorriu antes de cair completamente de lado e se entregar aos poucos para a dona morte.
null não conseguia mover um músculo, tinha acabado de ver seu amigo, seu irmão — mesmo que tenha lhe traído — morrer de forma fria na sua frente e não pôde fazer nada para impedir. Tobias morreu para salvar null, null faria o mesmo, mas ele não merecia morrer, não daquele jeito tão brutal e frio.
null encarava Tobias no chão não conseguindo acreditar que ele estava morto por sua culpa, se não fosse ela para atrapalhar, ele estaria vivo lutando do lado deles, mas não, ela tinha que estar ali. Poderia ter evitado, era só ter ficado no condomínio esperando respostas junto com Beth. Tudo bem que Beth não é a melhor pessoa do mundo, mas era melhor que ter matado Tobias.
— Soltem-na agora — null bateu a mão na mesa para atrair a atenção de null. — e você, assina. — fez um pequeno X aonde ele deveria assinar.
null pegou a caneta e esperou até que null estivesse do seu lado, deu uma última olhada para Tobias antes de começar escrever na linha pontilhada. Quando acabou empurrou a folha para null que verificou a assinatura junto com Johnny.
— Não é falsa, ok? — null achou um cúmulo eles desconfiarem. — Podem devolver minha carteira, chave e celular agora?
— Você tem três dias para arrumar suas malas, explicar tudo para sua mãe e voltar para Los Angeles para ir embora comigo. — null deixou claro jogando as coisas dele na mesa.
— Eu não vou explicar nada para minha mãe. O Johnny fica com essa missão, eles não são casados? — null pegou seus pertences e deu as costas.
— Foi bom ver você de novo null. — Johnny gritou com falsidade.
null rolou os olhos e continuou caminhando sentindo a raiva crescer dentro de seu corpo, ah como queria voltar e estrangular aqueles dois! Só que se perdesse tanto a linha assim seria morto igual Tobias, a sangue frio.
null não disse uma só palavra e null também não ia se atrever abrir o bico, não tinha o que conversar. O contrato estava assinado, Tobias morto e as férias em Los Angeles arruinadas, isso se a relação deles não estivesse no buraco também.
Quando saíram daquele lugar escuro, null continuou caminhando na frente sem se importar com null, mas ele não deixou as coisas fluírem daquele jeito, aumentou os passos e agarrou no braço dela. null o encarou com um olhar apagado.
— É culpa minha. — foi tudo que ela falou antes de abraçá-lo.
null apertou os olhos e chorou como um bebê nos braços de null, sentia-se culpada pela morte de Tobias. null não sabia o que dizer então resolveu apenas envolvê-la e apertá-la, sabia que a culpa não era dela, foi o próprio Tobias quem decidiu aquilo, mas como dizer isso a ela? "Ah null o Tobias morreu porque ele quis, não é sua culpa." falar desse jeito também não.
Mas a culpa não era dela, não era culpa de ninguém, Tobias morreu para salvá-los, então se existe um verdadeiro culpado, melhor culpados, são Johnny e null, foram eles que começaram, foram eles que o usaram. null e null escolheram confiar nele quando ninguém mais confiava, null deu o braço a torcer mesmo sabendo que tudo poderia ser uma armadilha, confiou na última pessoa que tinha para confiar.
Só que Tobias morreu, ninguém mais o perturbaria, e null que teria de viver um ano do lado de null? O destino de null null era o destino que ninguém queria...
Capítulo 19
null abriu a porta da casa já indo direto em direção da escada que levaria ao quarto, mesmo sendo cinco da queria deitar o corpo na cama e esquecer tudo o que tinha acabado de acontecer, se realmente conseguisse seria lucro.
Subiu as escadas correndo, deixando null para trás, ele a encarou subindo os degraus e sentiu pena. Sabia o que se passava pela mente dela; culpa. Não era culpa dela, mas ela se culpava e ia se culpar até que alguém conseguisse fazê-la pensar o contrário.
null trancou a porta da casa e começou subir as escadas, não ia deixá-la sozinha após ver Tobias sendo morto friamente na sua frente. null não mereceu ver aquela morte, mas era isso que null queria, matar Tobias e machucar null, e o ruim era que tinha conseguido.
No corredor pensou antes de abrir a porta do quarto, até recuou a mão da maçaneta, só que não queria deixá-la sem apoio. Adentrou o quarto, sentiu o ar-condicionado ligado e encontrou null deitada, de bruços, de debaixo do edredom parecendo estar doente.
Aproximou-se em silêncio e subiu no seu lado da cama, ela não esboçou reação alguma. null tocou-lhe no ombro começando um carinho antes de também se deitar, apoiar o queixo sobre o ombro dela e acariciar o braço escondido pelo cobertor.
Mal sabia ele que null não estava passando por algo bom...
Se não fosse para correr, não correria. Não sabia do que ou de quem estava fugindo, mas sabia que não era bom, nada é bom se você está correndo. Espera aonde estava? Sei lá, uma cidade? Uma floresta? Não dava para saber tudo estava escuro, que bosta, daí cai em um buraco de minhoca e ninguém fica sabendo.
A única coisa que sabia era que corria, e que algo extremamente forte estava puxando-a. Como uma linha invisível, só seguir a linha que se chega ao destino, mas também poderia usar a mente, era só seguir em frente, era esse o objetivo da sua linha imaginaria, seguir em frente.
Dentro de alguns metros, algo enorme caiu das árvores e pulou sobre ela, null tentou gritar, mas o grito não saía. Era um homem, conseguiu perceber pelo peso e o tamanho. O mais estranho era que só tentou gritar, porém não lutava e nem tentava se soltar, o que aconteceu com essa peste cara? Morreu junto com Tobias?
— Você tem que sair desse lugar! — a voz do rapaz parecia desesperada, null o identificou na hora.
— Tobias? — pareceu aliviada por ser ele. — Saía daqui o mais rápido que conseguir, você corre perigo! — avisou e sua testa suava de medo e nervoso, mas
espera, mortos suavam? — Volte para Los Angeles, lá é um lugar seguro e não volte para New York até a Jenney ir embora, é perigoso, não precisamos perder mais ninguém! — a encarou r null o tocou no rosto, pele fria, mas tão real.
— Eu perdi você... — Tobias pegou na mão dela e deixou bem claro.
— Não, você não me perdeu, eu estou lá null, estou lá... — então do peito dele, através da camiseta, surgiu uma luz branca que quase a cegou.
null tentou ficar com os olhos abertos, só que a luminosidade era tão forte que somente conseguiu ver Tobias se afastando. Tentou ir até ele para agradecer por tudo, algo que não conseguiu fazer com ele em vida, mas quando tentou pareceu que uma barreira a impediu e algo impressionante aconteceu...
Tobias fechou as mãos em punho, as veias de seus braços saltaram e de repente duas enormes asas brancas saíram de suas costas, isso fez com que a luz ficasse mais forte, null teve de quase cobrir todo o rosto com as mãos.
— Vá embora. — foi o último pedido antes de bater as asas e ondas fortíssimas de vento irem contra ela a levando para longe como se fosse uma pena...
null acordou do sonho/pesadelo e só então percebeu que null estava atrás de si dormindo, isso se ele também não estivesse recebendo um recado de Tobias, porque a expressão em seu rosto não era nada agradável.
Então aquele foi o destino de Tobias? Ser um anjo? As asas eram lindas, será que ele as ganhou por ter salvado null da morte? Porque tudo que fez antes de dar a vida, foi proteger null, foi o anjo de null, é mais fácil pensar que essas ações o fizeram virar um.
O que foi que ele disse? Ah é mesmo, cai fora daí null!
null saiu da cama cautelosamente para não acordar null, pegou as malas próximas do guarda-roupa e começou jogar todas as roupas que encontrava pela frente. Sairia de New York naquela mesma noite e chegaria em Los Angeles de madrugada, estaria definitivamente livre de toda aquela guerra.
Enquanto dobrava as calças jeans, deixou seu olhar cair sobre null. Quase não percebeu quando um sorriso brotou em seus lábios, tinha conseguido o que sempre achou impossível acontecer. null foi seu, porque agora ele é da null; perdeu a virgindade com o cara que amava; não eram mais "apenas amigos".
De repente deixou a porta do guarda-roupa bater, trincou os dentes torcendo para não ter acordado null, mas o resultado foi outro.
— null? O que faz acordada a essa hora? — esfregou os olhos antes de acender a luz do abajur.
— Eu vou embora null. Chega dessa guerra. — começou socar as meias e lingeries dentro da mala.
— Não, não, meu amor, por favor, não saia essa hora da noite, você vai chegar exausta, eu te levo amanhã. — quando ele disse "meu amor", ela quase se jogou nos braços dele, quase. — Nós dois vamos embora, podemos viver longe de tudo isso. — saiu da cana indo até ela.
— Não null! Esqueceu que você tem uma dívida com a null? — lembrou e sentiu o começo de lágrimas. — Eu perdi o Tobias, não quero perder mais ninguém. Nós pedimos por isso, nunca deveríamos ter tentando algo além da amizade. — voltou colocar as roupas na mala.
— null são noves meses, depois disso podemos ficar juntos, eu posso explicar tudo para o seu pai. — null queria que ela olhasse para ele.
— Não tem nada a ver com meu pai. — a voz de null já estava alterada. — Sabe de uma coisa? Vamos colocar um ponto final nisso tudo, você tirou a minha virgindade deve estar se sentindo vitorioso, aliás, isso é uma honra para os homens, não é null? — ele negou.
— Está insinuando que eu te seduzi como um vira-lata porque estava interessando em tirar a sua virgindade como se fosse um prêmio? — ele estava indignado. — Está muito enganada null, e você sabe que eu não sou assim. — ele não era.
— null eu sei, ok? Falei sem pensar, mas a parte do "ponto final" é seríssimo. — fechou o zíper da mala pegando a outra para arrumar. — Eu não quero mais continuar assim. — chegou a hora de dar fim naquilo que não era para ter começado. — A null ganhou, você está livre. — pegou as malas e se dirigiu para fora do quarto.
null não fez questão de se despedir dele, sabia que se caso o fizesse ia abraça-lo e a sua coragem de deixá-lo iria por ralo abaixo. Desceu as escadas, quando chegou na sala, abriu a porta e olhou para cima, uma cratera se abriu em seu peito, mas o que poderia fazer? Tinha que escolher, ou era null vivo ou era morto, como já não sabia se ia conseguir viver com a morte de Tobias nas costas, era melhor deixar null com vida.
Saiu da casa decidida em não voltar, pegaria o ônibus mais próximo e a partir daquele momento começaria uma nova vida...
Entrou na sua sala e suspirou, estava tudo uma bagunça, a mesa tinha papéis de sabe Deus sei lá da onde. Os últimos meses foram bem agitados e sem o agente null as coisas na Los Angeles Police tinham duplicado de tamanho. Apesar da ausência de null era melhor assim, não suportaria olhar nos olhos dele, preferia se matar e passar horas em claro do que tê-lo ali.
Tomou coragem e sentou-se na cadeira, começaria organizar aquela zona, mesmo não querendo. Só que assim que tocou nas primeiras folhas, Lucca apareceu na sala, null sentiu que encrencas estavam por vir.
— Fez o meu relatório? — perguntou na lata.
null suspirou.
— Ainda não Lucca, esse era o trabalho do null, você sabe que sou péssima em fazer relatórios. — disse voltando organizar os documentos.
— null, eu não quero ser grosso nem arrogante, mas já sendo, o null não está mais aqui, então se esforce ao máximo. — tentou ser sensível. — Desculpa por ser insensível, mas a família Smith quer saber o que realmente aconteceu para o garoto, Stan Smith, ter perdido o dedo. — ah que falta o null fazia.
— Lucca fica frio, mas não morra. — sorriu. — Afinal como está Stan? Depois que o salvamos dos traficantes nunca mais ouvimos nenhuma notícia dele. — perguntou ao mesmo tempo em que colocava os casos um do lado do outro.
— Bom... Fiquei sabendo que a cirurgia de implante foi um sucesso, graças a Deus tudo ocorreu bem, não houve nenhuma complicação e ele está fora de perigo. — relatou e null já sabia o que colocaria no final do relatório.
— Posso fazer uma pergunta Lucca? — precisava saber a resposta da pergunta que tanto estava lhe assombrando.
— Sabe que não precisa pedir permissão. Ah não ser que vá me pedir camisinha e lubrificante, isso eu nem responder responderia. — sorriu pequeno.
— Sente falta do null? — o sorriso de Lucca morreu.
— Bem... Se eu disser que não sinto, estarei mentindo feio para mim mesmo. — o tom de voz mostrou o quanto o agente babaca fazia falta para ele. — Antes eu tinha você e null como meus melhores agentes, agora... — abaixou o olhar e o levantou. — Eu só tenho você. — fez questão de olhar nos olhos de null. — E você, sente falta dele? — quis saber, null engoliu em seco.
— Eu... Confesso que sinto um pouco de falta do meu "enchessão de saco", foram muitos dias ao lado daquela coisa, então se eu disser que não, estarei mentindo para mim mesma. — usou quase as mesmas palavras de Lucca no final.
Lucca pressionou os lábios e assentiu para não ter de dizer que entendia, sabia que null sentia falta de null, eles eram ligados e chegava até ser estranho vê-la sozinha, porque ele sempre estava ali para perturbá-la.
null se afastou de todos, até de Jonas. Antes o filho do dono era o xodozinho dela, agora o rapaz não passava de um simples amigo, senão colega que se diz "oi" e logo em seguida "tchau". É... null fez muitas mudanças.
— null, se quiser pode fazer o relatório amanhã, já é tarde e eu quero que vá para casa descansar. — Lucca estava sendo apenas o Lucca, paizão de sempre.
— Não Lucca, vou começar agora e amanhã... — foi interrompida.
— Amanhã você vai fazer isso. — null protestou:
— Mas Lucca eu...
— Eu estou mandando null, não vai querer que eu pegue uma chupeta e coloque na sua boca igual eu fazia com o Jonas, vai? — deixou bem claro.
— Ah ok, ok, Sr. Castel. — rolou os olhos e depois sorriu. — Você não cansa de me mimar, não é? — voltou organizar os papéis lado a lado.
— Eu não mimei o null e olha no que deu. — brincou. — Quem sabe mimando você não corro o risco de perder mais um, a última no caso. — começou ajudá-la com a papelada.
— Você não existe Lucca. — sorriu para ele, que retribuiu.
Passou os dedos suavemente pelo rosto ajudando a água encontrar seu caminho, fez o mesmo com o abdômen e ombros. O banho era para ser relaxante, mas não estava sendo nada relaxante, ah cara nada mais era relaxante, nada mais era igual, nem mesmo a bunda do Jonas era como antes, sim ela ainda reparava naquela bundinha.
Os dias passavam e a ausência de null se tornava cada vez mais rotineira, os primeiros dias foram os mais difíceis, null se pegava pensando "wow, preciso dizer para o null o quanto esse caso é besta", mas ele não estava lá; "nossa o cara fugiu da polícia e ainda acabou batendo a cara no poste, null precisa saber disso", mas ele não estava lá para ouvir.
Confessava que sentia tanta a falta dele que se recusou ter um novo parceiro, ninguém ia substituí-lo e era reconfortante entrar na viatura sabendo que o cheiro dele estava lá, que o último cupom fiscal do cheerburger que comeram estava dentro do porta-luvas. Caso aceitasse um novo alguém, tudo o que tinha do mais próximo de null desapareceria.
Desligou o chuveiro tentando apagar a imagem de null, não precisava pensar nele, não tinha por quê pensar nele. Tudo que precisava lembra era que null null foi um ótimo agente e parceiro, além de amigo de treino e campeão em encher o saco, as outras vírgulas poderiam ser apagadas, quem quer guardar a mutuca na memória? null não queria.
Apesar de ainda se martirizar pela morte de Tobias, queria esquecer-se dos últimos meses, sabe aquela música, "Vai valer a pena?", então não ia valer a pena. Remoer aqui, remoer ali, só se transformaria em um papel picado que não ia servir para nada então seria jogado fora.
null saiu do box e começou vestir as roupas, ela estava mais que conformada, o que viu nos últimos meses foi o suficiente para nunca mais ser besta e confiar no primeiro rostinho bonito, sabe por quê? Porque o filho da mãe sempre tem algo a esconder, se null tivesse confiado em Lucca quando ele garantiu que Jonas seria um ótimo parceiro, nunca teria conhecido null.
Saiu do banheiro com o rosto expressando certa raiva, que porra por que tinha que pensar todos os dias naquele imbecil? É, agora é imbecil, antes era o crush maravilhoso, supremo, nota 1000 da academia e delegacia, como as pessoas mudam não?
Chegou até a sala do apartamento, sim apartamento. Assim que saiu de New York decidiu que mudaria de vida, a primeira mudança foi na moradia, já estava mais que na hora de sair das asinhas do papai, e arrumar um apartamento não foi tão difícil. Não era muito grande, mas dava para viver.
Chegou na sala e encontrou algumas correspondências em cima do tapete, o recepcionista foi rápido quando ela disse que se tivesse algo do correio era para jogar pelo buraco de cartas da porta.
Arrastou suas pernas até a porta onde com as mãos pegou o monte de correspondências e começou passar uma a uma em busca de alguma que realmente lhe interessasse, o que ultimamente estava sendo difícil. Nada mais tinha sentido, nem mesmo os casos intrigantes da policial de Los Angeles tinham aquele pique extraordinário que a deixava elétrica e curiosa para saber quem matou a vítima.
Parou os movimentos de suas mãos quando seus olhos captaram a palavra, aquela palavra: Casamento.
Derrubou todas as outras correspondências deixando apenas aquela. Caminhou até a mesa de vidro da cozinha onde apoiou as mãos e encarou profundamente o envelope branco, sério mesmo que ele teve coragem?
Com a mandíbula travada e as sobrancelhas juntas, pegou o envelope e rasgou a abertura pegando o convite que ele escondia.
Contamos com sua presença, Xx
— null null e null null
De repente o telefone tocou, mas as únicas coisas que estavam no apartamento eram os móveis, o envelope rasgado, o convite no chão e a mancha de sangue sobre o nome null junto de uma lágrima que molhou o papel...
Epílogo
null estava sentado na enorme mesa da cozinha, ninguém estava na casa, tirando os empregados. null tinha saído para fazer os ajustes do vestido de noiva e null nem sequer se preocupou se ela ia voltar com vida ou em um caixão. Foda-se a vida de null null, foi por causa dela que perdeu tudo que tinha em Los Angeles, tirando o fato de ter perdido as férias em New York.
— Sr. null, chegou uma carta para o senhor. — a empregada baixinha e simpática o entregou um envelope.
— Já falei para me chamar de null, Margareth. — estava cansado de dizer sempre a mesma coisa.
null largou o envelope de lado.
— Não querendo ser intrometida, Sr... null, mas já sendo, quem é null null? — null a encarou e sentiu o coração querendo sair pela boca. — Vou me retirar. — retirou-se quando percebeu que ele mudou completamente de reação.
Pegou o envelope como se fosse os seis números da mega da virada. O nome dela escrito naquela letra sem graça de computador foi o suficiente para seus dedos rasgaram o envelope e começar a ler o conteúdo.
null não vou fazer o estilo carta, porque você não merece nada de mim, eu nem sei porquê estou escrevendo isso, ah lembrei, porque eu tenho que colocar um ponto final em você.
Tudo que passamos em New York foi bom, não posso negar que não gostei, ser sua foi um dos melhores prazeres que já tive e vou ter. É engraçado querer apagar cada minuto que estive com você, mas não tem outro jeito, só que antes quero que saiba uma coisa... Eu te amo null, sempre te amei.
Agora está explicado meu ódio pela null? Eu ia escrever "mutuca", mas não vale a pena. Eu nunca gostei dela porque queria você para mim, eu te amo desde quando viramos parceiros, você sempre foi o policial mais bonito, lógico que isso ajudou e muito, o Jonas também é bonito, mas você foi aquele que me chamou mais atenção.
O seu cheiro me embriagava, o seu sorriso era o mais bonito que já tinha visto, uma pena que o que você escondia era tão sujo ao ponto de acabar com a nossa amizade, e nossa amizade era verdadeira null, não existia nenhum interesse, não me aproximei de você só porque gostava de você, aliás, foi você quem se aproximou de mim, lembra?
Quando a sua dívida com a null acabar, não adianta me procurar porque não vou estar te esperando, não quero que se magoe. Meu último desejo era que você soubesse o quanto eu te amava...
null esfregou a mancha vermelha, o que null tinha feito para aquela mancha estar ali? E por que ela não assinou? Ah não! null sentiu uma pontada no coração, será que null tinha cometido suicídio? Não, não, ela não era tão idiota.
Retirou o celular do bolso, queria saber se estava bem. Discou o número.
"Esse número de telefone não existe".
— Porra. — ela havia trocado o número.
null deixou o celular na mesa, apoiou as mãos no rosto. De repente seu celular apitou, era uma mensagem de null falando o quanto seu vestido de noiva era impecável e que o amava muito. null empurrou o celular até estar lado a lado com a carta. null ou null?
FIM.
Nota da autora: Oiie, meninas! Tudo bem? Infelizmente a fic chegou ao fim, foi uma longa jornada até aqui e espero que tenham gostado dessa história, tanto quanto eu gostei!
O final por enquanto ficou em aberto, vocês podem usar a imaginação para criar um final digno para os pps, pois não sei se terá uma continuação em breve... É isso, muito obrigada por terem lido e até a próxima história! Bye bye, beijinhos!!! <3
Outras Fanfics:
→ 01.Confident [Finalizada — Shortfic]
→ 05.Don’t Be a Fool [Finalizada — Shortfic]
→ 10.Never Ending [Finalizada — Shortfic]
→ 16.Sex With Me [Finalizada — Shortfic]
→ Por Trás da Máfia [Em Andamento — Longfic — Restritas]
→ Shoot Me [Finalizada — Longfic — Restritas]
→ Shoot Me – Part. 2 [Finalizada — Longfic — Restritas]
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
O final por enquanto ficou em aberto, vocês podem usar a imaginação para criar um final digno para os pps, pois não sei se terá uma continuação em breve... É isso, muito obrigada por terem lido e até a próxima história! Bye bye, beijinhos!!! <3


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→ Shoot Me [Finalizada — Longfic — Restritas]
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