05. Haven’t You Ever Been In Love Before?

Fanfic Finalizada

Capítulo Único


Havia algo hipnotizante na garota que dançava animada em cima do balcão do bar. Talvez fossem os cachos dourados que se espalhavam pelo ar ou o movimento dos quadris que eram simplesmente tentadores.
Porém, essa não era a primeira vez que se deixava ser hipnotizado por ela, então nem uma das justificativas era a certa.
Se fosse ser sincero, simplesmente tinha algo nela que o atraiu como uma borboleta é atraída pela luz desde a primeira vez que a viu.
Como se sentisse seu olhar, a garota virou de frente para ele, seus olhos imediatamente procurando os de . Um sorriso satisfeito cruzou os lábios rosados dela quando notou que ele já estava a encarando.
se viu sorrindo de volta, já que não tinha como não sorrir de volta quando está com um daqueles raros sorrisos radiantes.
Ela tinha muitos sorrisos, ele sabia, mas esse tipo de sorriso era especialmente destinado para um grupo seleto, que começou a fazer parte há alguns meses.
- Você! – gritou, apontando para ele. – Vem cá.
Para provocá-la, balançou a cabeça lentamente.
- Não – disse.
Ela estreitou os olhos, não gostando da resposta. Sabendo que venceu, disfarçou o sorriso vitorioso ao beber um gole de cerveja. sentou no balcão do bar, quase acertando o pé no copo de um cliente.
- Desculpa! – ela sorriu, dando uma tapinha no ombro do cara antes de descer do balcão.
cruzou os braços na frente do peito, esperando enquanto cruzava o bar até o alcançá-lo do outro lado, em uma mesa alta de dois lugares. Ocupando a cadeira vazia, encostou os cotovelos na mesa, se inclinando para perto dele.
- Você é um péssimo encontro – ela reclamou, o que provocou um riso sincero vindo de .
- Só porque eu não te acompanhei na sua dancinha? – ele apontou para o balcão.
- Sim! – concordou imediatamente. – É feio deixar uma garota dançar sozinha.
- Mas aproveitar o show daqui foi muito bom – murmurou, inclinando-se sobre a mesa também. – Além do mais, eu não saberia dançar tão bem quanto você ali. Sou melhor em um terreno sólido, onde tenho espaço para mostrar meus movimentos sem arriscar um pescoço quebrado.
riu.
- Então você precisa me mostrar os seus movimentos em um terreno sólido e espaçoso – decretou, com o tom intimidador que tinha aprendido a gostar muito.
Olhando pela janela, ele viu que a chuva lá fora não tinha dado trégua, mas as gotas de chuva que açoitavam as janelas eram mais suaves agora. Então, ficou de pé na frente dela e ergueu o queixo em um claro desafio.
- Vou te mostrar – disse, estendendo a mão para ela. – Vem comigo?
- Mostre o caminho, colocou a mão na dele, levantando do banco também.
Entrelaçando seus dedos aos dela, seguiu para os fundos do bar, um lugar que conhecia muito bem depois de ter trabalhado como barman ali por quase 1 ano antes de conseguir uma bolsa de pesquisa que lhe permitiu largar o trabalho para se dedicar inteiramente a física experimental como estagiário de um dos seus professores favoritos.
- Você não trabalha mais aqui, não pode entrar! – Lorraine, uma das garçonetes, fez questão de lembrá-lo.
- Não vou bagunçar, prometo – sorriu para ela.
Lorraine revirou os olhos, mas não fez mais comentários quando empurrou a porta que levava a uma escadaria estreita e escura. , que estava apenas o seguindo sem falar nada, arqueou as sobrancelhas quando a porta fechou atrás deles, os deixando no escuro.
- Essa é a sua ideia de lugar espaçoso? – debochou.
- Não chegamos no destino final ainda – informou, tirando o celular do bolso para acender a lanterna. – Vamos.
Com o auxílio da lanterna, subiram os degraus até o topo da escada. Quando alcançou a maçaneta da porta e a escancarou, encostando uma pedra que ficava ali só para mantê-la aberta, ele puxou consigo para a chuva.
- Tá chovendo! – apontou, olhando ao redor, tentando encontrar um lugar para se esconder.
Estavam no terraço do bar, onde o vento gelado parecia fazer as gotas de chuva parecerem cubos de gelo contra a pele deles, mas estava se divertindo e imediatamente bloqueou o caminho dela quando tentou correr para a porta.
- Mas é espaçoso – a agarrou pela cintura, mantendo-a firme contra ele. – Um lugar perfeito para dançar.
- Mas tá frio! – choramingou, lutando para se desvencilhar e voltar para a escada escura, coberta e quentinha.
riu, buscando algo no celular enquanto a segurava com firmeza com um braço em volta de sua cintura.
- Quieta... – ele resmungou.
- ! – reclamou, cravando as unhas no antebraço dele na tentativa de fazê-lo a soltar.
- ... – sussurrou calmamente antes de devolver o celular de volta para o bolso.
Virando-a em seus braços, colocou os braços de ao redor do seu pescoço e, em seguida, colocou as mãos na cintura dela, a trazendo para mais perto. Enquanto os olhos azuis da mulher em sua frente o fuzilavam, um sorriso tranquilo tomava conta dos lábios dele.
- Você disse que queria ver meus movimentos – ressaltou.
- Em um lugar menos chuvoso – ela rebateu.
- Isso não foi especificado, então a culpa é sua – disse, abaixando o rosto para mais perto do dela. – Vamos dançar, já estamos perdendo a música.
Então ela notou que, de fato, a música já estava tocando e se segurou para não sorrir com a escolha dele. I see the light, do filme Enrolados, um dos favoritos dela, estava tocando direto do bolso dele.
- Isso não é justo e você sabe! – acusou.
- É você que diz que no amor e na guerra vale tudo... – ele teve um grande prazer em lembrá-la.
- Você não devia usar minhas palavras contra mim.
- Mas é o que eu faço de melhor, amor.
Algo mudou no olhar dela com a palavra amor, notou. Foi rápido e seria quase imperceptível se ele não tivesse passado a conhecê-la tão bem nos últimos tempos.
Falar de sentimentos era um território novo para , como ela mesma já tinha deixado claro quando ele tentou. E, normalmente, era bom em não falar algo que pudesse ativar os gatilhos dela, mas momentos como aquele deixavam as coisas mais difíceis.
Com um suspiro derrotado, finalmente deixou o corpo relaxar contra o dele, que aproveitou a oportunidade para começar a dançar em passos lentos, acompanhando o toque da música.
Ela se encolheu entre seus braços, aproveitando o máximo de calor que conseguia extrair, já que à medida que a chuva os encharcava, ficava mais difícil se esquentar. aproveitou para encostar o queixo no topo da cabeça dela quando apoiou a bochecha em seu ombro.
- Eu gosto disso – ela murmurou, a voz abafada por estar com a boca no ombro dele.
- De dançar na chuva? – sorriu, se afastando dela para segurar sua mão.
- De dançar com você – respondeu, surpreendendo a si mesma com a honestidade. – Mas gosto de dançar na chuva ao som de I see the light também.
- Quem diria que você é uma romântica, – ele provocou, recebendo um beliscão em resposta. – Ei!
- Eu não saberia ser romântica, – confessou, erguendo o olhar para ele. – Não sou boa nisso.
abaixou o olhar para ela, fitando seus intensos olhos azuis que pareciam tão tempestuosos quanto o céu acima.
- Você já tentou? – ele perguntou.
levou um tempo para responder, deixando que ele a guiasse em círculos lentos enquanto sua mente parecia perdida em algum lugar do passado.
- Você já se apaixonou, ? – ela respondeu com outra pergunta.
- Sim – disse. – Você já?
Ela balançou a cabeça, voltando a encostar a cabeça no peito dele.
- Não – admitiu, fechando os olhos. – Mas eu vi o que o amor pode fazer com alguém. Não é bonito.
apertou-a em seus braços com mais força, sentindo que precisava daquilo ao tocar no assunto delicado dos seus pais. Ela não compartilhava muito, mas o irmão dela, sim. era um cara legal, que queria ver a irmã feliz e que também queria que entendesse um pouco sobre ela antes de desistir.
Não que pretendesse desistir, mas foi bom entender o porquê de ser tão resistente com os próprios sentimentos.
Aparentemente, a mãe deles amava demais o marido abusivo, mais do que amava a si mesma e aos filhos. cresceu acreditando que aquilo era o que podia acontecer quando se apaixonasse por alguém, por isso simplesmente decidiu que não se apaixonaria e ergueu uma redoma de vidro ao redor de si mesma.
Mas quando ela mesma contou a história para ele, soube que era tão importante para ela, quanto ela era para ele, mesmo que ainda não conseguisse admitir isso.
Foi então que ele também decidiu que lutaria pelo que eles podiam ser.
- Amor não machuca, – ele murmurou, roçando os lábios na têmpora dela. – Quando machuca, já deixou de ser amor.
- Mas esse é o único amor que eu conheço – apertou os braços com mais força ao redor dele, sentindo o peito arder com as lembranças. – Você ficaria apavorado com o que eu sei sobre isso.
- E tudo que você não sabe? – parou de dançar e segurou o rosto dela entre as mãos, a obrigando a encará-lo. – Não acha que merece saber a verdade sobre se apaixonar, ?
- Não acho que posso ter meu coração despedaço mais uma vez, – os lábios dela tremeram.
- Eu não vou despedaçar o seu coração – encostando a testa na dela, escovou a bochecha de com a ponta dos dedos, espalhando calor na pele dela onde tocou. – Acho que eu partiria o meu antes de te machucar, .
E por mais que uma parte dela relutasse em aceitar, ela sabia que ele estava sendo sincero. Via isso nos olhos escuros que a encaravam. não conseguia esconder suas emoções, seus olhos eram simplesmente o reflexo do que ele sentia.
sabia que ele a amava e nunca precisou confessar em voz alta. Seus olhos o entregavam.
- Mas você está descartando um amor que nem aconteceu – ele continuou. – Um amor que pode ser incrível se você deixar.
- E se eu te machucar? – colocou as mãos por cima das dele, entrelaçando seus dedos. – Eu nunca me apaixonei. Nunca amei ninguém, não faço ideia do que fazer com isso.
- Se não dermos certo, eu posso viver com isso – abriu um sorriso, apertando a mão dela contra o próprio peito. – Mas eu não posso viver com o arrependimento de não ter te amado. E você merece saber como é se apaixonar, . Você merece conhecer o amor de verdade.
E ela queria, queria tanto que seu peito parecia prestes a explodir com o caos que tinha tomado conta de si, com os demônios do passado lutando contra o que sentia agora. Se fosse ser sincera, podia não conhecer a sensação de amar, mas tinha certeza que se parecia muito com o que já sentia por .
entrou em sua vida sem a menor pretensão, mas quando viu, ele já fazia parte de tudo.
Ele era tudo.
- Acho que não tem nada que eu queira mais do que tudo que você tem, – um sorriso vacilante ergueu os lábios dela. – Mas você vai ter que ser paciente comigo.
Algo acendeu dentro dele como se fogos de artifício explodissem em suas veias quando os olhos de brilharam para ele. Apesar do medo e da incerteza que via nas íris azuis dela, ele também via esperança.
- Eu posso fazer isso – roçou os lábios nos dela, sentindo o alívio fazer seu coração disparar. – Eu sou um cara paciente.
O sorriso de se tornou ainda maior quando envolveu os braços em sua cintura e juntou suas bocas em um beijo cheio de sentimentos mal contidos, incertezas e muita paixão.
Empurrando o passado para o passado, permitiu que sua redoma se desfizesse enquanto a beijava e a segurava como se ela fosse toda sua vida. A música já tinha acabado, a chuva ainda estava caindo, os trovões rugiam no céu, mas a tempestade tinha sido esquecida em algum momento entre o começo e o final da dança.
- Eu acho que estou apaixonada por você, admitiu, segurando o rosto dele entre as mãos para encarar os olhos escuros que tanto amava. – Mesmo que eu não saiba como é.
virou o rosto até beijar a palma de uma das mãos dela.
- Eu vou te ensinar como estar apaixonada realmente é, – ele garantiu. – E quando eu te perguntar de novo se você já se apaixonou, a sua resposta será sim. Perdidamente.
E mesmo com medo, ela acreditou que ele poderia ensiná-la o lado bom do amor.


Fim



Nota da autora: Espero que gostem dessa história curtinha, melosa e repleta de clichês. Não deixem de falar o que acharam! Beijos.

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