07. Nada É Por Acaso

Última atualização: 01/12/2022

1.Declarar a minha paixão, o desejo de te conquistar...

Minnesota, Minneapolis, 1990. Baile de inverno. Sophomore year. 15 anos.
O ginásio da escola estava todo enfeitado com as cores azul e prata, o time dos Dolphins de Minnesota. As mesas estavam distribuídas, o DJ já estava no seu lugar, os alunos chegando, os professores também estavam lá, tudo em perfeita ordem. O baile de inverno era o mais aguardado do ano por todos os alunos e esse era mais que especial, pois Luke Watson ia contar a sua melhor amiga — e também crush secreta — Tara Bailey que era ele o dono dos bilhetinhos que todo dia iam pro seu armário, assim como os cupons de chocolate e sorvete, além das flores.
Ele estava acabando de se arrumar em casa com ajuda da sua mãe. O garoto colocou uma camisa social off white e subiu as mangas até o cotovelo, vestiu uma calça preta e combinou com sapatos pretos também. Luke não se parecia em nada com os atletas da escola, ele era magro, alto e zero músculos, mas ainda era um rapaz bonito.

— Acha que ela vai gostar de mim, mãe? — perguntou ele, ansioso.
— Claro que vai, Luke. Você é um menino lindo, inteligente, bondoso, se ela não quiser, ela é uma boba — a mulher disse, segurando o rosto dele.

Luke sorriu largo para a sua mãe, que o levaria até a casa de Tara antes de seguirem até a escola.

— A escola ficou linda, né? — comentou ela — Muito — disse, a encarando. — Eu vou procurar as meninas, tá? A gente se vê lá dentro? — Ele concordou.

A nuvem de cabelos marrons seguiu para dentro e Luke ficou do lado de fora, tentando lembrar de tudo que ele treinou na frente do espelho. Era a Tara, a sua melhor amiga, a garotinha esquisita que gostava de pegar lagartinho de parede e colocar na terra, como isso tinha acontecido? Ele respirou fundo e foi até seu armário pegar o presente que tinha comprado para Tara. Era um colar prata com um pingente de onda porque ela amava o mar, segundo ele. Ele sabia que tirá-la do seu grupo de amigas ia ser uma missão impossível, mas tentaria mesmo assim. Ajeitou a roupa e marchou até o pátio, avistando Tara de longe conversando com uma amiga animada. Criou toda coragem que tinha no corpo e foi até ela.

— Tara, a gente pode conversar? — Sorriu, tímido. — Claro. Pode falar — disse, sorrindo de volta — Ah, teria que ser em particular, por favor — riu, nervoso — Mas eu tô conversando com a Kim, pode ser depois? — Não. Precisa ser agora — disse, sério.

Kim fez uma careta divertida e saiu de perto deles dois. Luke a puxou pra um canto isolado do pátio e respirou fundo antes de falar.

— Lembra quando você começou a receber os bilhetinhos no armário? — ela assentiu. — O que você achou?
— Eu achei uma gracinha! Muito fofo! — Sorriu. — Sério? — Claro que eu gostei! Um admirador secreto no meio da escola! — riu — Você sabe quem é?
— Não faço ideia. Mas eu ia adorar saber quem é, ele sabe tudo sobre mim!
— É fácil saber tudo sobre você. Você é perfeita.
Tara encarou Luke por alguns segundos, meio confusa. Como ele sabia dos bilhetes do armário?

— O admirador secreto sou eu — confessou. — Você? — Sou eu, sim. Tara, nos últimos meses eu venho estado meio apaixonado por você, eu sei que somos amigos desde crianças, mas eu não consigo mais evitar, eu tô completamente apaixonado por você.

A garota ficou em completo choque com a informação. O seu melhor amigo, o Luke do final da rua, o menino que tinha nojo quando ela pegava qualquer bicho com a mão. Mas era o mesmo Luke que passava todos os dias na sua porta pra irem juntos pro colégio.

— Luke, eu.... — gaguejou. — Eu ia colocar no armário pra você. Mas achei melhor te entregar em mãos. — Estendeu a caixinha pequena com um laço.

Tara pegou a caixinha das mãos do menino e encontrou o colar que Luke havia comprado. Ele era delicado e combinava até mesmo com a roupa que ela usava. Ela pediu pra ele colocar e assim ele fez.

— E então? Você pode me dar uma chance? — disse, esperançoso — Luke, eu não sei, você é meu melhor amigo. E se der errado e a gente não for mais amigos?
— A gente só vai saber se tentar — disse, segurando o rosto dela.
— Luke, não é assim que as coisas funcionam. — Por favor — pediu — Luke, eu tenho que ir. A gente conversa depois, tá? Eu acho melhor devolver o cordão, deve ter sido caro e, se eu aceitar, vai te dar uma falsa esperança de alguma coisa, e eu não quero te magoar.
— Mas foi um presente, Tara, é seu. — Obrigada — ela disse, segurando o colar nas mãos.

Tara saiu andando devagar, dando um aceno de leve, e caminhou até sua amiga de novo, enquanto Luke ficou olhando de longe, se sentindo derrotado. Mandou um SMS rápido para sua mãe e pediu que ela fosse buscá-lo. Tara não iria voltar, pois iria dormir na casa de Kim, então ele não avisou que estava indo.



2. Você me evitou e nem ao menos quis tentar e até disse não com medo de se entregar...

Uns dias depois de confessar que gostava de Tara e levar um bolo da amiga, Luke ainda estava esperançoso que ela mudasse de ideia e aceitasse conversar com ele. Ele esperava todos os dias por uma ligação ou que ela aparecesse na porta dele. Mas, quanto mais tempo passava, menos esperançoso ele ficava.

— Luke, você não vai comer, filho? — Não, mãe. Tô sem fome. — Meu amor, você precisa comer — ela disse, sentando do lado dele. — Não pode ficar assim. — Ela nem fala comigo direito mais. Me ignora. Eu estraguei tudo, mãe! — disse, cobrindo o rosto. — Ela é uma boba!

Antes que Luke pudesse responder algo, a campainha tocou e ele correu para atender.

— Oi Luke — disse Tara, sorrindo sem jeito. — Tara, oi! — Sorriu de volta. — Posso entrar? — Ele assentiu e ela entrou na sala, sentando no sofá.
— Mãe, posso conversar a sós com ela?
— Olha lá, hein. — Vivian saiu da sala e fechou a porta da cozinha

Tara bateu os dedos na perna, pensando no que ia dizer.

— Eu fiquei esses dias pensando no que disse e eu cheguei a uma conclusão de que é melhor sermos só amigos — disse de uma vez só.
— Como assim? — Ah, Luke, nós somos muito amigos e eu não quero magoar você. — Tá me magoando agora, se você não percebeu! — Ela suspirou, quieta.
— Luke, me desculpa — murmurou. — Acho melhor ir embora, Tara. Por favor — ele disse, abrindo a porta de casa.
— Eu tô com medo, Luke! Me entende! — disse, batendo o pé. — Medo de que? Que eu te trate igual os jogadores do time tratam suas amigas?
— Nossa, Luke. Não precisava disso — disse, triste. — Vai embora, é melhor.

Tara se levantou devagar e nem se despediu. Luke bateu a porta e subiu pro quarto de novo. Vivian queria ajudar o filho, mas sabia que ele também precisava ficar sozinho para pensar. Era a primeira desilusão amorosa dele. Quando ele a chamasse, ela iria correndo ajudar, com certeza.

— Mãe? Pode vir aqui? — disse, fungando da escada. — Claro, meu filho. — Vivian subiu até as escadas e deu um abraço forte nele, que acabou chorando no ombro da mãe o resto da noite.

O tempo foi passando e Luke tentava não sentir falta da sua melhor amiga, começou a ir de ônibus pra escola e trocou seus horários assim que o novo semestre começou. Talvez ele estivesse sendo muito radical, mas ele precisava se afastar se quisesse se sentir melhor.

— Oi, Luke — disse Tara, parada do lado do armário dele.
— Ah, oi — respondeu. — Eu... sinto sua falta — confessou. — Que bom. Fico feliz.
— Não vai falar que sente a minha? — suspirou.
— Tara, você tava certa. É melhor a gente passar um tempo separados.
— Só porque eu não aceitei seu pedido de namoro? Isso é imaturidade!
— Você veio me procurar porque sente minha falta ou pra jogar na minha cara que você me deu um fora? — Desculpa. Mas, Luke, eu sinto muito sua falta. Podemos pelo menos conversar na escola?
— Eu vou pensar. — Sorriu de lado. — Claro. Como você quiser.

A menina sorriu fraco e deixou Luke ir embora. Na volta pra casa, Luke ficou pensando se ele realmente conseguiria ser amigo de Tara depois de se declarar para ela da forma que se declarou. Chegou em casa, pendurou a mochila no cabideiro e foi falar com sua mãe.

— Oi, querido, voltou cedo! — Sorriu. — É. Não teve a última aula, o professor ficou doente. — O que aconteceu? — Bom, a Tara me procurou, sabe? Pra sermos amigos de novo e tal, não sei se é uma boa. — Você gosta dela? — Ele assentiu. — Então eu acho que, se você gosta dela, não custa nada tentar ser amigo dela de novo, se isso não for te magoar, claro. — Entendi. Eu vou pensar nisso — suspirou. — Luke, só faça aquilo que não for te magoar, meu filho. Entendeu? — Entendi. Quer ajuda com o almoço? — Vivian assentiu e os dois começaram a fazer almoço conversando e rindo.
Mais tarde naquele dia Luke continuou pensando se conseguiria ser amigo de Tara sem todos os pensamentos que ele nutria por ela. Ficou se revirando na cama, idealizando tudo que queria poder falar com ela, sem coragem para fazê-lo ao vivo. E se ele continuasse a evitando? Se trocasse de escola? Bufou e resolveu dar uma volta pelo bairro de skate. Quando estava quase chegando na pista, ele viu Tara e Calvin conversando. Calvin era o capitão do time da escola. Ele não acreditava no que ele estava vendo. Tara e ele pareciam ser um casal recém formado. Ele quis morrer por dentro. Antes que um dos dois pudesse o ver, ele deu meia volta com o skate, mas ele acabou o jogando no chão com muita força, o que com certeza chamou atenção, já que ele ouviu a amiga o chamando, ofegante.
— Luke, deixa eu explicar — pediu. — Eu nunca mais quero olhar pra você Tara. Me deixa em paz, entendeu? — Eu gosto dele... Ele parece gostar de mim também. — Ah, parece?! Eu que gosto você não quis nem saber, mas pra alguém que parece, você deu essa chance. Entendi. Espero que seja bem feliz com ele.

Tara tentou falar mais alguma coisa, mas Luke a ignorou e seguiu seu caminho de volta pra casa. Depois desse dia, Luke e a Tara não conversaram até o dia da formatura, onde tiveram que trocar algumas palavras por serem os oradores.
Quando o Junior Year começou, Luke e sua mãe se mudaram para Nova York devido ao trabalho dela.



2.1 Mas um sentimento quando é pra valer...

Minnesota, Minneapolis, 1992. Viagem de férias. 17 anos.
Luke e sua mãe voltaram a Minnesota no período de férias escolares. Como tinham colocado sua casa para alugar quando foram embora, eles ficaram em um hotel perto do centro. Luke tinha trazido sua namorada Hannah para conhecer a cidade e combinaram que a noite iriam até a pizzaria.

— Você vai amar a pizza dele de queijo! É a melhor coisa que eu já comi na vida! — ele disse, animado, se ajeitando no sofá de couro vermelho. — Se você disse, então é verdade — riu. — Espero conhecer algum amigo seu também! — Ah, a gente marca com eles, sem problemas. — Sorriu.

O garçom chegou com o cardápio e Luke escolheu a de queijo e uma de pepperoni, a favorita de Hannah. Enquanto esperavam suas pizzas, o casal conversava animadamente sobre as séries que mais gostavam, quando uma voz conhecida por Luke interrompeu a conversa.

— Oi, Luke — disse Tara. — Oi — disse, curto. — Essa é a Hannah, minha namorada. Essa é a Tara. — Oi, prazer. O Luke me contou de você. — Sorriu. — Hm. Espero que bem.
— Foi bem sim — riu.
— Não sabia que tava namorando — ela disse, encarando Luke — É. E você? Namorando o Calvin ainda? — Estamos brigados. — Deu de ombros — Sinto muito.
— Quer se sentar com a gente? O Luke pediu pizza de queijo e pepperoni.
— Não, tudo bem. Tô com uns amigos. — Tara saiu andando, pisando duro.

Luke não entendeu o que tinha acontecido porque Tara não era de tratar ninguém mal ou com pouca educação. Ele deixaria Hannah no hotel e a procuraria mais tarde pra conversar, caso ela precisasse desabafar.
Eles comeram e se divertiram no fliperama, Luke deixou Hannah com sua mãe e foi atrás da velha amiga.

— Nossa, olha quem apareceu! — debochou Tara quando abriu a porta. — Quer parar com isso? Fiquei preocupado com você lá! — bufou. — Sua namoradinha mandou você vir? — Cruzou os braços. — Como assim, Tara, do que você tá falando? Por que tá tratando a Hannah mal? Você nem conhece ela! — disse, encostado na parede com o ombro direito

Então Luke se tocou. Era ciúmes. Tara estava com ciúmes dele e de Hannah. Ele não sabia como reagir aquela informação porque não manteve contato com Tara em dois anos justamente porque tinha ciúmes dela com Calvin.

— Você tá com ciúmes? — riu. — De você? — riu, debochada. — Claro que não. — Tudo bem. Então eu vou voltar pra Hannah. É nossa primeira viagem juntos como namorados e eu vim aqui só pra tentar entender o que aconteceu. Licença.
— Espera. Desculpa. Eu tô irritada com o Calvin e tratei ela mal sem querer.
— Entendi. Sinto muito. Mas não é motivo pra você destratar minha namorada. — Eu sei. Amanhã eu procuro vocês, tá com o mesmo número? — Assentiu.
— Então fica bem. Melhoras pro seu namoro — disse, dando um beijo no rosto dela.

Tara não esperou Luke se afastar, ao invés disso, ela agarrou o rosto dele e lhe deu um beijo. No começo, Luke tentou resistir ao beijo de Tara por causa de Hannah, mas ele sempre desejou aquele momento, então por um segundo sua emoção falou mais forte que a razão e correspondeu ao beijo de Tara na mesma intensidade que ela partiu pra cima dele. Ele entrou na casa dela e bateu a porta da sala com um dos pés.

— Cadê seus pais? — murmurou sem tirar os lábios dos dela. — Newark — respondeu. — Aniversário de casamento. — Ótimo — ele disse, a pegando pelas pernas e se sentando no sofá com ela enrolada em sua cintura.
Luke e Tara tiveram sua primeira noite juntos naquela noite. Depois de finalmente se entregarem um ao outro, Luke sentiu uma culpa dilacerante que o fez tomar a pior atitude que ele poderia ter. Esperou Tara dormir e saiu de fininho na madrugada, deixando um bilhete de desculpas e que esperava que um dia ela pudesse desculpá-lo por estar abandonando-a. Luke caminhou pela cidade até chegar perto do amanhecer quando voltou pro hotel.

Times Square, Nova York. 2000. Vida adulta. 25 anos.
Luke havia se mudado para Nova York e se formou faculdade de Publicidade e Propaganda. Conseguiu estágio na Lionsgate Entertainment e era um dos melhores de lá. Com o bom desempenho na faculdade, ele também conseguiu um empréstimo estudantil pago pela empresa que trabalhava.
Todos os dias, ele acordava às 5:30 pra fazer todos os seus compromissos antes de chegar às 08:00 no último andar o prédio enorme no meio de Manhattan.
Luke era o assistente pessoal do chefe do departamento, o que trazia grandes responsabilidades para ele, mas ele não se importava com isso.

— Bom dia, Luke. — Sorriu a recepcionista do andar. — O Simon vai se atrasar, tem uma mocinha esperando pra vaga de segunda assistente. Ele disse pra você cuidar disso e expulsar ela daqui caso ela fosse ruim. Exatamente essas palavras — riu.
— Bom dia, Jude. — Sorriu de volta. — Ela já está na sala, então? Eu vou lá. Pode me trazer um café com leite, por favor? Obrigado.

Luke pegou as pastas da mesa de Jude e caminhou firme até a sala de Simon, ele não podia negar que estava em puro pânico só de sentar na cadeira do chefe. Ele respirou fundo e entrou na sala.

— Bom dia, meu nome é Luke e vou fazer sua entrevista. O sr. Boggs não pode vir. Espero que não se importe — disse, fechando a porta da sala e dando de cara com um rosto conhecido. — Tara?!
— Luke, você? — disse, olhando sem entusiasmo. — Seja bem-vinda — pigarreou — Eu acho melhor voltar quando for com o sr. Boggs. Licença. — Ele não costuma dar outras chances, se ele me mandou no lugar dele é porque ele gostou de você. — Você não vai fugir no meio da entrevista, vai? — alfinetou.

Luke não esperava por essa tão cedo. Tara não poderia esquecer que ele a largou no meio da noite quando dormiram juntos. Ele também não e se culpou por anos por ter tido uma atitude tão mesquinha.

— Como assim fugir? Não entendi. — Bom, depende. Você vai se declarar pra alguém que vai te dar um fora, e aí vai namorar qualquer outra, depois vai dormir com uma parente do seu chefe e fugir da cidade de novo? Você tem tantas opções, Luke.

Luke limpou a garganta antes de verificar que ninguém ouviria aquilo.

— E eu transei sozinho naquela noite, hm? Traí sozinho? — disse, a encarando. — Se for pra me acusar de ter te deixado lá, ok. Mas agora esse papinho não vai rolar! — Você quem foi me procurar! Eu não te pedi nada! — Aqui não é lugar disso. Vamos conversar sobre a entrevista. Senta. — Apontou a cadeira. — O Walter deixou sua entrevista comigo porque vai se atrasar.... — Eu já entendi essa parte — suspirou.

A entrevista correu bem e Tara garantiu sua vaga, Luke disse que ela começaria na segunda, segundo ordens do chefe. Os dois se cumprimentaram na saída e Tara foi embora.



3. Cedo ou tarde faz o que era sonho acontecer...

Meses depois, começarem a trabalhar juntos, Tara e Luke tentavam ao máximo transparecer que não eram brigados. As vezes que trabalharam em algum projeto eram os mais educados possíveis e conversavam sobre o necessário, fora isso, não trocavam mais do que um bom dia ou boa tarde.
— Bom dia — disse, carrancudo, quando esbarrou nela na cantina do escritório. — Bom dia, Luke — disse, enfiando uma uva na boca.

Luke continuou fazendo seu café enquanto Tara comia sua salada de frutas na mesa. Os dois se ignoraram até que Walter apareceu os chamando.

— Tara e Luke, que bom que achei vocês! — disse, animado. — Tenho ótimas notícias! — Bom dia, Walter. — Sorriu Tara. — Quais notícias? — Eu indiquei os nomes de vocês dois e vocês foram chamados pra assistir a cerimônia do Oscar! — Sério?! — exasperou-se Luke. — Claro! Vocês são os melhores estagiários que eu tenho! Depois vou querer um relatório completo do que acharam, tudo bem? —Assentiram. — Se aceitarem, vão pra Los Angeles com tudo pago. — Claro que aceito! — sorriu Tara. — Eu também! — Espero que não se importem de dividir um quarto, foi o único que consegui. Os dois ficaram quietos por um minuto.

— Algum problema? — perguntou. — Nenhum. Tudo bem por mim. — Luke deu de ombros. — Sem problemas. — Tara sorriu amarelo.

Walter bateu palmas e saiu, deixando os dois se encarando na cantina. Seria a primeira vez que ficariam sozinhos depois de tantos anos. Tara voltou a atenção a sua salada de frutas e Luke suspirou.

— Podemos tentar ser colegas, pelo menos? É uma oportunidade muito boa pra nós dois — começou. — Tanto faz por mim, Luke. Eu só vou fazer meu trabalho — respondeu.

Dolby Theatre, Los Angeles. Cerimônia do Oscar. 2000. 25 anos.
— Bem vindos ao Excelsior, este é o quarto de vocês. Aproveitem — disse o concierge, abrindo a porta.

Quando o quarto ficou no campo de visão dos dois, eles viram, além de uma vista linda, uma cama de casal espaçosa bem no meio do quarto. Os dois se entre olharam confusos e Luke se adiantou.

— Pedimos camas de solteiro — pigarreou. — Sinto muito, mas como chegaram atrasados, perderam o quarto e tivemos que passar vocês pra esse quarto, avisamos ao ser Boggs, ele não passou o recado? — Aparentemente não — bufou Tara. — Mas tudo bem, nós nos viramos mesmo assim. Obrigada — ela disse, tirando uma nota de 20 do bolso e deixando em sua mão.

O concierge saiu e Luke pegou as malas dos dois, entrando no quarto. Tara respirou fundo antes de entrar, mas seguiu os passos de Luke, fechando a porta.

— Eu posso dormir no chão — disse Luke. — Não precisa disso. A cama é grande. É só por almofadas no meio da cama e pronto — disse, pendurando a bolsa no cabideiro. — A cerimônia é amanhã, vou tentar conhecer a cidade hoje. — Quer jantar? — Luke perguntou, a olhando. — Não sei. Talvez. — O encarou. — É....Tá torcendo pra quem ganhar? — Coçou a garganta. — Beleza Americana, óbvio! — riu. — É! Óbvio que Beleza Americana e o Kevin Spacey¹ merecem a estatueta, se não ganhar, eu subo lá e entrego pra eles! — disse, rindo.

Os dois riram juntos como antigamente, quando eram amigos e compartilhavam a vida. Eles tinham mudado muito e as pendências do passado ainda pesavam na vida adulta. Depois de terem dormido juntos, Luke contou para Hannah o que tinha acontecido e ela terminou com ele, já Calvin resolveu dar o troco em Tara ficando com sua melhor amiga.

— Acho que tudo bem se jantarmos.... — Tara disse, colocando o cabelo pra trás. — Combinado. — Sorriu.

A semana passou rapidamente e os dois conseguiram aproveitar a estadia sem muitos atritos. Vibraram quando seus preferidos ganharam como melhor filme e melhor ator, respectivamente. Na última noite, resolveram beber no quarto, comendo pizza.

— Nem acredito que vi meu ator favorito ganhando um Oscar! — gritou Tara, animada. — Nem eu! — riu Luke. — Eu achei que ia chorar de emoção!

Tara ficou encarando Luke por alguns segundos, ele havia ficado ainda mais bonito. A barba feita, o cabelo bem cortado, apesar de maior, os braços definidos que ficavam perfeitamente presos na blusa que ele usava descontraidamente.

— Luke... — o chamou. –—Eu — disse, a olhando de lado. Tara não o esperou responder, ela capturou os lábios de Luke e o beijou.
Luke segurou a nuca de Tara e correspondeu ao beijo dela. Luke deitou-se por cima dela e tirou suas roupas devagar, ela fez o mesmo com as peças dele e os dois tiveram uma noite como a da última vez, mas dessa vez ninguém fugiu quando o outro dormiu.



3.1 Agora eu sei, posso sentir que seu amor já faz parte de mim...

Os meses se passaram e Luke e Tara estavam cada vez mais unidos. Mas as diferenças entre eles também pesavam nesse relacionamento que eles tentavam ter. As responsabilidades do trabalho os atrapalhavam a se verem fora dali e, lá dentro, eles não podiam se envolver por questões de trabalho. A única vez que conseguiam se ver era na hora do almoço, onde eles se esforçavam sempre pra comer juntos.

— Luke....Isso não tá dando certo, não é? — comentou Tara. — É. Não está — suspirou. — A gente nunca tem tempo pra gente, né? — lamentou Luke. — Às vezes não é pra ser — suspirou. — É. Às vezes não é — Tara fungou. — Mas eu te amo, Luke. Amo muito mesmo — disse, o olhando nos olhos. — Eu também, Tara.

Tara e Luke terminaram naquele ano. Logo depois, Tara saiu de Nova York, enquanto Luke ficou. As últimas notícias que tiveram um do outro foram que ambos estavam namorando. Mas os dois ainda se amavam. E eles sabiam disso.

Tudo que eu falei de alguma forma te envolveu, te enfeitiçou, de repente você percebeu...

Los Feliz, Los Angeles. 2005. Trinta anos.
Luke estava visitando Los Angeles a trabalho quando resolveu visitar o Hard Rock Café que tinha sido inaugurado recentemente. Ele tinha pensado em procurar Tara estando na cidade, mas não sabia se ela ainda namorava ou não. Ele tentou tirá-la do pensamento e foi conhecer o espaço. Quando entrou no lugar, procurou uma mesa e se sentou com uma bebida na mão. Ficou observando as pessoas conversando animadas e começou a mexer no telefone.
— Oi, posso me sentar aqui? — perguntou uma voz feminina. — Claro, fica à vontade... — respondeu, olhando pra cima e encontrando Tara. — Tara, oi! — Luke? Nossa, oi! — ela disse, o abraçando quando ele levantou. — O que tá fazendo aqui? — Hoje de folga, mas eu tô aqui a trabalho! — riu. — Senta!

Tara juntou-se a Luke e eles conversaram a noite toda juntos. Contaram sobre emprego, família, vida...

— Foi muito legal te ver, Luke! — Sorriu, se levantando. — Mas eu tenho que ir. Amanhã eu viajo a trabalho e já passei da hora de dormir — riu. — Eu te dou uma carona! Eu aluguei um carro, sabe? — Mesmo? — Mesmo! Vamos lá!

Tara deu seu endereço e Luke e ela seguiram até sua casa, conversando animadamente. Luke queria perguntar se ela ainda namorava, mas não tinha toda essa coragem ainda. Ele queria saber aos poucos de como estava a vida dela, eles já tentaram tantas vezes e sempre deu errado. Ele queria fazer diferente daquela vez.

— Entregue, senhorita. — Sorriu quando estacionou. — Quer entrar? Posso fazer um chá pra você. — Sorriu, acolhedora. — Não, imagina. Você deve ter gente em casa essa hora.... — disse, jogando verde. — Eu moro sozinha — riu. — Minha colega de quarto casou e se mandou. E eu não namoro a meses. — Bingo!

Luke sorriu e a acompanhou até a casa. Tirou os sapatos quando entrou e percebeu que aquele lugar era a cara dela. Cores pastéis que combinavam uma com a outra. Ele puxou a cadeira da mesa e se sentou, observando Tara ferver a água e pegar a caixinha de chás encostada na parede. — Sua casa é incrível — comentou. — Eu que decorei. — Sorriu. — Senti sua falta — disse de uma vez — É. Eu também senti a sua — riu sem humor.

Que nada é por acaso e nem precisa ter razão, você aceitou dar a chance pro meu coração... Quando a gente ama vale a pena arriscar mais de mil caminhos pra poder se encontrar...

— Mas eu não quero entrar nisso de novo ser for pra gente ficar dois meses juntos e se separar, Luke. Eu não tenho mais idade pra brincar de casinha. — Eu sei. Eu também não. Mas eu te amo há quinze anos, Tara. Sempre foi você. Eu sei que eu fui um babaca quando te deixei sozinha na sua casa naquela época, mas não teve um dia sequer que eu não tenha me arrependido disso. Eu nunca deixei de pensar em você ou de querer estar com você, mesmo quando eu namorava outras pessoas, eu sempre pensava que podia ser você no lugar delas. Quando finalmente a gente pôde ter algo, não deu certo por uma razão, hoje eu sei disso. Era pra ser agora. Eu sei disso. Só quero uma última chance. Se não der certo dessa vez, eu nunca mais vou te procurar. Prometo — disparou.

Tara o encarou por alguns segundos antes de sair da sala e entrar no quarto. Luke suspirou pesado, achando que tinha estragado tudo. Mas se surpreendeu quando Tara coçou a garganta e ele se virou.

— Eu guardei isso durante todos esses anos — disse, sentando de frente pra ele e abrindo uma caixa. — Aqui tem todas as nossas fotos. Inclusive o colar que me deu. — Guardou por todos esses anos? — perguntou, surpreso. — Claro!

Luke e Tara ficaram a noite toda conversando e relembrando as memórias de infância e adolescência. Eles conversaram deitados na cama de Tara até apagarem completamente.



4. Você vai descobrir o que é amor de verdade, sei que meus olhos vão te convencer...

Basílica de Santa Maria, Minnesota, Minneapolis. 2006. 32 anos.
A Basílica estava cheia naquela manhã de outono. Todos os amigos de colégio, trabalho e vida de Tara e Luke estavam reunidos para o casamento deles. A cerimônia iria começar em pouco tempo e as pessoas já tomavam seus assentos.

— Nervoso? — Vivian disse, arrumando a gravata de Luke. — Acho que vou vomitar — riu. — Deixa pra vomitar depois! A Tara tá linda, você vai amar. — Mãe, você vai piorar minha situação assim — riu de novo.
Vivian riu e se juntou a mãe de Tara, Mary. Todos os olharem se voltaram para a porta quando a marcha nupcial avisou que a noiva estava para entrar. Os olhos de Luke se encheram d’água quando ele viu Tara naquele vestido branco e sorrindo pra ele. Todas as memórias dos dois se passaram na cabeça dele como um filme. Quando Fred, pai de Tara, a entregou a Luke, ele lhe deu um beijo na mão e se se ajoelharam para ouvir o padre.

— Eu amo você — sussurrou ela, baixinho. — Eu amo você também — ele respondeu, sorrindo e dando um beijo tímido em sua mão.

Que eu te amo além das palavras, ah, como eu quero você....
Stanford Health Care, Palo Alto, Los Angeles. 2009. 35 anos.

Depois que se casaram, o casal retornou a Los Angeles. Luke conseguiu uma troca com a empresa onde trabalhava e conseguiu uma vaga na filial de LA. Hayley e Peter nasceram naquele ano.
Tara, Luke e os gêmeos vivem muito felizes e realizados. Na vida, nada acontece por acaso mesmo. Os protagonistas dessas histórias são prova disso. Quando é pra acontecer, vai acontecer e ponto.


Fim



Nota da autora: Oi meninas! Ufa, pensei que não fosse conseguir desenvolver a história desses dois! Espero que tenham gostado! Me achem no @exizle ou deixem comentários nas caixinhas! Beijos!




Outras Fanfics:
04. Falling Over Me (Shortfic – Finalizada)
05. The Art of Realization (Shortfic - Finalizada)
Beth (Shortfic - Finalizada)
Marry You (Shortfic - Finalizada)
MV: Skinny Dipping (Shortfic - Finalizada)
MV: Sue Me (Shortfic - Finalizada)
MV: Out Of The Woods (Em Andamento)

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

COMENTÁRIOS: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI


comments powered by Disqus