13. Gift of a Friend

Finalizada em: 14/12/2018

Capítulo Único

sempre tinha sido o tipo de pessoa que acha que não precisa de ninguém.
Aos treze anos de idade, havia não somente saído da casa em que fora criada, como também mudado de cidade, depois de convencer os pais a assinarem um contrato com um empresário e uma gravadora que produziriam seu primeiro álbum musical e cuidariam de sua carreira.
Ela tinha um sonho e achava que não precisava de ninguém a seu lado, desejando o sucesso junto com ela, que só precisava da companhia de pessoas competentes e influentes, capazes de fazer o sonho se tornar realidade.
Felizmente, o empresário tinha honrado todas as promessas feitas ao Sr. e à Sra. , e cuidado de , como se ela fosse sua própria filha, até que a garota atingiu a maioridade e, muito vaidosa e cheia de si, mudou-se para uma casa só dela e contratou um novo empresário, que prometeu fazer mudanças necessárias em seu estilo e conseguir um contrato com uma gravadora maior.
Aos vinte e dois anos, ela já não tinha um sonho. Ser uma grande estrela pop, conhecida internacionalmente, era sua realidade. Cantando, ela conhecera muito bem os Estados Unidos, quase toda a Europa, e boa parte da América, da África e da Ásia. Os shows de suas turnês sempre tinham lotação esgotada e ela costumava ser a principal atração nos festivais de música para os quais era convidada.
Ela amava o que fazia e era feliz, na maior parte do tempo. Já estava acostumada com os paparazzi que a seguiam, com o fato de não poder sequer tomar um café sem que um fã pedisse para tirar uma selfie com ela, e também com as fofocas constantes sobre sua vida, muitas vezes envolvendo pessoas que nem mesmo conhecia.
Porém nada poderia tê-la preparado para uma traição como a que descobriu, em meio à produção de seu quarto CD em estúdio.
, o Ralfie quer falar com você, na sala dele.” Um dos operadores de som informou, assim que ela chegou, no terceiro dia de gravação.
“Bom dia!” Ela cumprimentou, animada, o produtor com quem estava trabalhando naquele projeto. “Você sabe do Dodge? Ele não atende o telefone desde ontem e nem visualiza minhas mensagens.” Comentou, enquanto se acomodava em uma poltrona. Não que estivesse preocupada, pois não era bem um comportamento incomum. Muitas vezes seu agente saía à noite, bebia além do recomendável, conhecia alguma mulher e não se lembrava nem de recarregar o celular.
“Nós temos problemas bem maiores que o Dogde, menina.” Respondeu o homem, mais sério do que em qualquer outro encontro que já tivera com ele.
“O que aconteceu?” Indagou, agora sim apreensiva.
“Três das músicas que você pretendia gravar já foram gravadas por outra cantora. A sorte é que ela também fechou contrato com a L.A. Records, então isso acabou sendo identificado aqui mesmo, dentro da gravadora. E parece que ela não ficou sabendo de nada, então não deve te processar pelo plágio. Só que...” Ele respirou fundo e ela percebeu que precisava continuar prestando atenção, apesar de estar totalmente confusa com a situação. “Só que você se queimou, apresentando como suas músicas que são de outra pessoa, e isso é caso de quebra de contrato, sem qualquer multa por parte da gravadora.”
“Músicas de outra pessoa?” Ela quase gritou, irritada com o que acabara de ouvir. “Todas as músicas selecionadas pra esse álbum são minhas. Se ela gravou, dizendo que são dela, foi ela quem plagiou! Quem é essa maluca?”
“Ela não é maluca. É uma cantora promissora, e as músicas estavam no material que ela mandou pra gente há meses. Músicas muito boas, por sinal. Eu não sei como você teve acesso, mas...”
“Para, pelo amor de Deus!” Dessa vez ela gritou, mesmo que sua garganta estivesse queimando pela vontade de chorar. Ela não podia acreditar que estava sendo acusada daquele jeito por um profissional teoricamente sério. “Deve ter um jeito de provar que todas as músicas são minhas.”
Apesar de nervosa, ela conseguiu convencer Ralfie a lhe dizer ao menos quais eram as três músicas que a tal cantora alegava serem dela. Ficou aliviada pois, de todas as letras que compusera para o CD, aquelas tinham sido provavelmente as mais discutidas com seu empresário, muitas vezes por mensagens de e-mail, quando a inspiração surgia em madrugadas insones. Em alguma dessas mensagens, havia, com certeza, a versão final de cada uma das três, o que seria prova suficiente da autoria. não tinha mais a senha da conta de e-mail que usava na época, mas Dodge nunca mudara de e-mail e não costumava apagar nada, o que era inclusive motivo de piada.
O alívio da menina, no entanto, não durou mais que alguns minutos. Depois de dar uma volta pelo quarteirão, tentando insistentemente entrar em contato com Dodge pelo telefone, ela voltou ao estúdio, e encontrou justamente ele conversando com Ralfie e com o dono da gravadora, e se dizendo tão decepcionado quanto os dois, pois não esperava que ela fosse capaz de se apropriar do trabalho de alguém.
Ela não demorou para entender tudo, é claro. Ainda o encarou, na esperança de que, ao olhar nos olhos dela, ele pudesse se arrepender e fazer a coisa certa, mas ele foi frio e continuou fingindo não ter acompanhado todo o processo de criação das canções. Não foi nenhuma surpresa saber, alguns meses depois, que ele se tornara empresário de Ann Pearl, a jovem texana que fez o mundo conhecer Epic Journey, e ficou conhecida por causa de tal música, enquanto sua verdadeira compositora voltava para o Mississippi, a fim de se esconder do mundo e sofrer em paz.
Sua chegada causou comoção no aeroporto de Jackson, e já havia pessoas aguardando na porta de sua casa, quando o motorista a deixou em sua pequena cidade natal, após fãs divulgarem na Internet que ela se encontrava no Estado.
Uma pessoa, contudo, só apareceu no dia seguinte, depois que a imprensa local e os curiosos haviam se dado por satisfeitos e voltado a suas rotinas. estava no jardim dos fundos da casa, deitada em uma espreguiçadeira, tentando se concentrar em vão na leitura de um livro.
“O que você faz aqui nesse fim de mundo, hein?” perguntou, caminhando na direção dela.
!” Respondeu, colocando o livro de lado e se levantando para dar um abraço na amiga de infância. “Que bom te ver!”
“Também fico feliz em te ver, mas ainda quero saber o que veio fazer nessa cidade esquecida.”
“Ver meus pais.” Disse casualmente, enquanto voltava à espreguiçadeira e a outra garota ocupava uma cadeira ao lado.
“Tenta uma outra desculpa, ok? Ou me fala de vez o que houve e poupa tempo.” Pediu , tentando brincar, mas com o semblante preocupado, e suspirou, antes de contar toda a história sobre o falso plágio.
“Tá sendo difícil demais ver outra pessoa fazendo sucesso com a minha música, e não poder dizer pra ninguém, porque não tenho como provar que ela é minha.” Acrescentou, por fim. “E eu também não superei ainda ter ficado sem o contrato com a L.A., sabe? Ia ser meu primeiro CD autoral, e eu tava super empolgada. Eu já to com outro agente, e ele tá negociando com duas gravadoras que toparam produzir o meu próximo álbum, mas tem algum tempo que eu quero investir nesse outro lado meu, em mostrar as coisas que eu venho criando, então eu não to conseguindo deixar de me sentir frustrada. Eu precisava me afastar, por um tempo, ou nem ia conseguir disfarçar.”
“Seus pais sabem de tudo isso?” Questionou a amiga.
“Não. Eu não tive coragem de contar. Eles pensam que eu tive uma crise de ansiedade.”
“Certo.” bufou de raiva e depois ficou pensativa por um tempo, até que chegou para frente, se aproximando mais e encarando . “No mundo ideal, eu sei que o Dodge deveria se foder, assim como essa Ann-Sei-Lá-O-Quê! Você merecia poder provar que ela gravou três músicas suas como se fossem dela, com a ajuda desse falso do caralho! Mas, no mundo real, pessoas do bem às vezes levam a pior, enquanto quem não merece se dá bem. Isso não é nenhuma novidade, e não pode te abalar a ponto de você se esconder aqui e deixar decisões importantes sobre a sua carreira serem tomadas por outra pessoa.”
“São duas gravadoras grandes. Com qualquer uma delas, o CD vai ficar maravilhoso, a divulgação vai ser pesada… Não é o tipo de decisão em que eu precise me envolver.”
“Mas, pelo jeito como você falou, me deu a impressão de que nenhuma delas vai te dar liberdade pra fazer um disco autoral. To errada?”
“Não, você tá certa.” Confirmou. “A L.A. é uma gravadora menor. Eles queriam ter no portfólio deles alguém como eu, então aceitaram todas as minhas condições.”
“Mas romperam com você na primeira oportunidade!” Comentou, irritada.
“Pra eles também foi péssimo quebrar o contrato comigo, porque essa Ann não tem nome ainda. Mas eles tiveram que fazer isso porque acham que eu plagiei algumas músicas, então eu também poderia ter plagiado as outras, e isso poderia causar problemas legais gigantes.”
“Tudo bem. Eu entendi. Essa gravadora menor queria muito você e tinha concordado em fazer tudo do seu jeito. As gravadoras grandes não precisam de você, por isso não vão fazer o que você quiser.” assentiu, acompanhando o raciocínio. “Só que, do jeito que você fala, parece um favor do outro mundo gravar um CD autoral seu! E não… Não é! Não é nenhum favor, . Você é muito, muito boa, e a maior prova disso é justamente o sucesso que essa tal de Ann tá fazendo. Você sabe disso, não sabe?”
ficou em silêncio e amiga bufou pela segunda vez naquela tarde, agora por frustração.
“Você é incrível, amiga. A sua voz é maravilhosa, você dança como ninguém, os seus fãs amam a sua energia no palco. E você é mais que tudo isso! Você é uma pessoa linda, e isso se reflete nas suas letras. O mundo tá conhecendo Epic Journey e amando, e ele merece conhecer todas as outras. E você merece que todo mundo saiba de onde veio tanta coisa linda… que todo mundo saiba o que você tem aqui.” Declarou, colocando a mão do lado esquerdo do peito dela.
se emocionou com as palavras de e se sentiu abençoada por ter alguém em sua vida que acreditava tanto em seu potencial, uma amiga tão disposta a fazer com que ela visse o que havia de melhor nela mesma, e que tinha de fato o dom de conseguir isso.
Elas quase não se encontravam mais e sempre fizera questão de se mostrar tão auto suficiente e, ainda assim, o amor da amiga por ela parecia ainda mais forte e estava sendo o impulso do qual ela precisava para que enxergasse as coisas com mais clareza, para que enfim mudasse de atitude.
“Você não existe, !” Respondeu, rindo, ao mesmo tempo em que secava algumas lágrimas.
Uma semana depois, ela estava recebendo a resposta negativa da quarta gravadora com a qual tentara fechar contrato para a produção de um álbum somente com composições suas. Os produtores não achavam que o público dela aceitaria bem um CD inteiro com baladas, algumas delas com influência country. Tentavam convencê-la a lançar mais um disco pop, colocando apenas uma ou duas de suas composições nele, a fim de testar o mercado.
ficou desanimada e pensou em concordar, mas só até receber uma mensagem de , mais uma vez estimulando sua ambição de expor ao mundo seu lado criativo. No dia seguinte, haveria uma reunião com mais uma gravadora, e ela precisava de pensamento positivo.
“Eu vou tentar até conseguir. E, se ninguém produzir, eu vou pagar pelas horas de estúdio, gravar tudo, e lançar pelo youtube.” A cantora disse ao empresário novo, que ficou boquiaberto. Eles estavam sentados na sala de espera de uma das maiores gravadoras do país, e ele tinha acabado de fazer um pequeno discurso, a fim de prepará-la para o pior, pois acreditava em mais uma recusa.
, isso é loucura. Youtube é pra amadores.”
“E, se ninguém me quiser, isso me torna uma compositora amadora, certo?” Deu de ombros, de um jeito teimoso, e pensou no quanto teria orgulho dela.
A porta do escritório de Dennis se abriu e o experiente produtor convidou os dois para entrarem.
“O primeiro single vai ser Soft love.” Ele informou, quando todos já estavam sentados em volta da mesa.
“Primeiro single?” Ela perguntou, hesitante. “Isso quer dizer que você vai produzir um álbum com as minhas músicas?”
“É claro!” Confirmou o homem. “Você é ! E as músicas que me mandou são ótimas! Foi até difícil escolher por qual começar a divulgação.”
Depois disso, não conseguiu prestar mais atenção ao que ele falava, tamanha a euforia que tomou conta dela. Deixou que acertasse os detalhes, até que uma taça de champagne foi colocada em sua mão e um brinde foi proposto.
“Ao CD do ano!” Falou Dennis, sorridente, e ela sorriu também, batendo sua taça na dele, mas então pediu licença, sem se incomodar por deixá-lo confuso.
Afastou-se, indo para um canto com o celular, e ligou para a primeira pessoa que deveria receber aquela notícia.
Depois de algumas risadas e lágrimas, tomou uma decisão e avisou a que um motorista iria buscá-la, no dia seguinte, para levá-la ao aeroporto de Jackson, onde embarcaria para Los Angeles, com todas as despesas custeadas pela amiga.
“Um presente merecido demais”, explicou. Não haveria qualquer mas capaz de dissuadi-la da ideia!
Sua conquista, afinal, só seria realmente a maior das conquistas se pudesse ser comemorada ao lado da pessoa que era um verdadeiro presente dado pela vida.


Fim



Nota da autora: Sem nota.





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