Capítulo Único
— Cuidado aí! — Gritei, vendo o estranho tropeçar perto demais da margem do rio. Joguei o cipó mais próximo para se enrolar em seu pulso, impedindo que ele caísse na água e correndo para puxá-lo para longe, sabendo que a planta não era forte o bastante. — Esse bosque tá longe de ser fácil de navegar se você não conhece a região, o que você tá fazendo aqui fora sozinho a uma hora dessas? — Peguei a mão dele, mas, no segundo que nossas peles se tocaram, qualquer bronca que estivesse na minha mente foi esquecida.
O estranho virou para me encarar, olhos cinzentos tempestuosos meio escondidos embaixo de mechas castanho-escuras. Era difícil de respirar, todas essas novas emoções me atravessando a partir daquele toque tão inocente. Minha alma gêmea. Eu tinha encontrado ele.
— Me desculpe — murmurou, a voz profunda, e não pude deixar de sorrir.
— Oi. Eu sou a .
Sua careta se suavizou, a mão ainda segurando a minha, mesmo que ele não precisasse mais de ajuda.
— Eu sou .
— Vem, vamos sair daqui. Está viajando?
Houve uma pausa antes de ele me responder:
— Sim.
Eu o analisei por alguns instantes. Mesmo que tivesse uma bolsa, não havia nenhum cavalo por perto e estávamos longe de qualquer uma das trilhas principais. Suas roupas também pareciam bem novas e de alta qualidade.
— Deixa eu adivinhar: você entrou distraído num portal e não sabe onde está. — Seus olhos encontraram meu rosto quase se desculpando.
— É tão óbvio? — Soltei um risinho, apertando sua mão.
— Meu irmão e eu somos praticamente os únicos que conseguem se guiar por essa floresta a pé longe assim das trilhas principais, e você não tem cavalo. Suas roupas também parecem limpas demais pra alguém que teria se perdido o bastante pra parar aqui. E é o meio da noite. — Dei de ombros, puxando-o na direção do meu chalé. — Você deu sorte que eu tava procurando dama-da-noite, ou provavelmente passaria mais um dia inteiro perdido.
— Dama-da-noite? — perguntou, inclinando a cabeça.
— É uma flor. — Expliquei. — Ela só desabrocha durante a noite, tem um cheiro bem doce e vários usos medicinais. Eu já tentei fazer ela algumas vezes, mas nunca sai direito, então queria colher um arbusto pra estudar. A parte complicada é que é difícil de identificar ela quando as flores estão fechadas, então eu tenho que sair pra procurar depois de escurecer.
— Você é uma curandeira?
— To mais pra fornecedora da curandeira. — Ele me olhou com confusão. — Eu tenho o poder de fazer plantas crescerem, mas algumas espécies são mais difíceis que outras. Quanto mais eu sei, mais fácil elas ficam de manipular, então eu tento estudar as que me dão problemas.
— Soa como um poder incrível. Você cria vida.
Minhas bochechas queimaram. Não acho que alguém já tenha colocado daquela forma, mas talvez seja por saberem o que e eu normalmente estávamos aprontando.
— E você? Faz o quê, além de se perder em terras estranhas?
— Tento não seguir os passos do meu pai e corrigir os erros dele — murmurou e senti um peso em suas palavras que não deveria estar lá. O que seu pai poderia ter feito de tão horrível?
— Chegamos — anunciei, feliz de termos chegado ao chalé. Aquele assunto o deixava triste, e eu não queria que ele ficasse remoendo aquilo. Claro, éramos almas gêmeas, íamos conversar sobre nossas tristezas em algum momento, afinal estávamos destinados a passar a vida juntos, mas não parecia adequado pra primeira hora da nossa história. — Bem-vindo ao meu humilde lar. Botas ficam na porta.
olhou ao redor conforme entramos, absorvendo cada detalhe. Não era uma construção grande, mas era mais que o suficiente. A porta abria pra uma pequena sala com a lareira e a cozinha, depois havia o quarto onde eu mantinha as minhas plantas e secava as ervas, o quarto de hóspedes onde minha família ficava quando vinham me visitar, e o meu quarto. Os espaços eram pequenos, mas com certeza comportava mais de um morador.
— Você mora aqui sozinha? — Ele perguntou em voz baixa e eu assenti.
— Era dos meus pais antes de eles morrerem. Quando atingi a maioridade, meus tios nos trouxeram aqui e eu e meu irmão decidimos ficar, transformar o lugar na nossa casa por um tempo. Isso foi antes de ele se tornar um cavaleiro, mas eu escolhi ficar mesmo assim. Gosto daqui.
Aquilo o surpreendeu e ele parou no meio de tirar sua capa.
— Seu irmão é um cavaleiro?
— É, e ele é até da Guarda Real. — Sorri orgulhosa. — Tenho quase certeza que é a única razão de não ter se metido em nenhuma encrenca. Ele tem um problema com autoridades desde antes da gente se conhecer. — Encontrei seu olhar chocado, confusão vazando pela ligação. — Ok, isso provavelmente não fez muito sentido. Hm, meus pais ficaram doentes quando eu era pequena. — Comecei a explicar conforme fui mais para dentro no chalé, deixando os cogumelos que tinha pegado no caminho em cima da mesa. — Meu pai me mandou para ficar com o irmão da minha mãe pra eu não adoecer também, mas eles acabaram morrendo. Meu tio e a esposa dele decidiram me criar. Eles já tinham um filho que era só duas luas mais velho que eu, o . Nós crescemos como irmãos, e honestamente ele é tão meu irmão como se tivéssemos nascido da mesma mãe. — assentiu solenemente, ouvindo minhas palavras com atenção. — Ele é um completo perigo pra sociedade, sempre foi, mas é muito protetor comigo. Foi ser um cavaleiro quando atingimos a maioridade, o que foi basicamente um jeito de transformar sua agressão natural em lucro. — Eu ri. — Ele conheceu sua alma gêmea, , no treinamento. O é a maior parte do autocontrole dele hoje em dia, eles estão no mesmo batalhão no palácio.
— Seu irmão é o ? — perguntou em voz baixa.
— Conhece ele? — Foi minha vez de ficar surpresa.
— Não exatamente. Já ouvi sobre ele. É o Montador de Dragão, certo?
Não pude conter a risada. Eu nunca conseguia levar aquele título a sério.
— É um jeito de dizer. O dragão em questão seria o , eles só acabam sendo muito bons juntos no campo de batalha também.
tinha ficado tão bravo e tão vermelho quando a gente ouviu ele sendo chamado desse jeito a primeira vez, e eu só não consegui segurar a risada. Claro, a maioria das pessoas não se tocava que o dragão era o e que o título era um trocadilho acidental sobre a vida sexual do meu irmão com a alma gêmea dele, mas eu fazia questão de lembrá-lo disso em todas as oportunidades, porque era simplesmente hilário.
— Sente falta deles. — Constatou e eu assenti.
— O é um querido, e o Faísca é meu melhor amigo. Huh, Faísca é o apelido que eu dei pro . Enfim, faz um tempo já que eu não vejo eles, então sim.
— E seus tios?
— Tenho saudades deles também, mas é mais fácil ir visitar ou convidar eles pra cá. Foi estranho morar sozinha no começo, eu não tava acostumada com silêncio. — Ri, pensando nos gritos constantes da minha tia e do um com o outro. — Mas descobri que gosto. Você tem irmãos?
— Dois. Um irmão e uma irmã. Mas não sou próximo deles. Cortesia do meu pai. — Ele balançou a cabeça, então sua expressão suavizou. — Mas tenho um amigo que ficou bem próximo. Não sei onde estaria sem ele.
Sorri. parecia ter levado uma vida que foi tudo menos fácil, mas saber que ele tinha encontrado alguém que aliviava o peso disso me deixava feliz.
Dei meia volta para apagar a lâmpada da cozinha, ficando nas pontas dos pés para alcançar.
— Precisa de ajuda?
— Não, eu alcanço. — Quando me virei, esbarrei no peito de , não notando que ele estava tão perto. Ele segurou meu braço pra me estabilizar, mas não soltou ou se afastou. Ergui o olhar para encontrar seus olhos, necessidade queimando dentro deles. Sem pensar duas vezes, fiquei na ponta dos pés pra pressionar meus lábios contra os seus. Ele grunhiu, sua mão livre passando ao redor da minha cintura e me puxando para perto. Enterrei os dedos no seu cabelo, sentindo como os fios eram macios, e derreti contra ele. Era como se cada parte de mim fosse moldada para encaixar em seus braços. Estávamos ambos um pouco desesperados, nos explorando, encontrando nosso ritmo, e não demorou para que estivéssemos ambos sem fôlego. Beijar minha alma gêmea era diferente de beijar qualquer outra pessoa. subiu sua mão pelo meu ombro, enterrando ela no meu cabelo para inclinar minha cabeça e expor meu pescoço à sua boca, me fazendo arquejar e me arrepiar. Cada toque alimentava o fogo dentro de mim, e eu não tinha certeza do quanto era eu e quanto era ele, mas não importava. Precisava dele, precisava de mais. Empurrei ele em direção ao sofá, tropeçando pela sala.
Ele caiu para trás quando suas pernas bateram nas almofadas, e sentei em seu colo, uma perna de cada lado das suas e as mãos em seu rosto para puxá-lo para outro beijo. Ondulei meus quadris contra ele, gemendo ao sentir sua ereção, mas me segurou, se afastando.
— Espera… — arfou.
— Que foi?
— Eu… eu não… — ele engoliu em seco, evitando meus olhos, e franzi o cenho.
— O que foi? Fala comigo.
— Tem certeza? — Ele estava nervoso e inseguro, mas eu não conseguia entender muito bem por quê.
— Claro que tenho. — Antes que eu pudesse perguntar por que ele achava que eu não teria, ele continuou:
— Mesmo se eu não tiver ideia do que to fazendo? — Suas bochechas ficaram muito vermelhas e eu pisquei, não esperando aquela resposta.
— Ah. — Suas mãos saíram da minha pele, a vergonha dele enchendo minha mente. Segurei seu rosto com ambas as mãos, gentilmente virando-o para mim. — Ei. Olha pra mim. — Quando seu olhar finalmente encontrou o meu, sorri. — Ta tudo bem se você não estiver pronto ou não tiver certeza. Não temos que fazer mais, isso também é bom. — Acho que dizer que minha reação o surpreendeu era um eufemismo. — Mas se você ta preocupado que eu vou mudar de ideia por causa da experiência que você tem ou deixa de ter, — acariciei sua bochecha com o polegar — não faz diferença pra mim.
— Não? — Balancei a cabeça.
— Eu não me importo de te ensinar. — Então ri. — E só pra te tranquilizar, muitos caras têm experiência e acham que sabem o que estão fazendo, mas na verdade não fazem ideia, então você ta bem.
Isso pareceu acalmá-lo, o suficiente pra ele soltar uma risada leve com meu comentário. trouxe uma mão para o meu rosto, me puxando para perto para me beijar outra vez, lentamente, sem pressa. Quando seus lábios deixaram os meus, ainda quase se tocando, ele sussurrou:
— Então me ensina a te amar, .
Um arrepio desceu pela minha espinha e tomei seus lábios mais uma vez. Suas mãos apertaram meus quadris, mas ele tava praticamente pegando só o tecido da minha saia, então pus os braços pra trás para soltar o laço do meu corset, partindo o beijo pra tirá-lo junto com a blusa. Olhos cinzentos seguiram meus movimentos com reverência, mas hesitaram no meu rosto, em dúvida se ele podia olhar pra baixo, então sorri e assenti. ergueu uma mão hesitante para correr as pontas dos dedos pela minha clavícula, estudando minhas reações o tempo inteiro. Tive que lutar contra o impulso de colocar sua palma sobre meu peito, deixando ele me explorar no seu ritmo, então me distraí com suas expressões.
estava fascinado, vendo minha pele se arrepiar quando seu toque chegou mais perto da minha garganta, depois lentamente indo na direção dos meus seios. Ele analisou meu rosto outra vez antes de deixar suas palmas roçarem nos meus mamilos e mordi o lábio, soltando um suspiro trêmulo. Ele parou, olhando para cima como se tivesse feito algo errado. Dei uma risada, cobrindo sua mão com a minha e pressionando contra minha pele.
— Não foi uma reação ruim — sussurrei.
respondeu repetindo o movimento, com mais certeza dessa vez, fazendo arrepios descerem pela minha espinha. Parecendo ter entendido, ele cobriu meus seios com as mãos e apertou de leve. Depois, correu os polegares sobre meus mamilos gentilmente, o toque contrastando com a urgência do seu beijo, e soltei um gemido. Ele podia não ter muita experiência, mas como sabia beijar. Me afastei ofegante, e movi meus lábios numa trilha de beijos pelo seu maxilar. Quando cheguei à sua garganta, senti seus dedos tremendo contra mim, a respiração falhando. Interessante. Deixei minhas mãos correrem pelo seu peito enquanto continuava a distribuir beijos pelo seu pescoço, seu toque voltando a me explorar. Dei um leve puxão na sua blusa.
— Posso tirar? — sussurrei no seu ouvido, sentindo-o estremecer, mas ele hesitou e se afastou para encontrar meu olhar.
— Pode, — fez uma pausa — mas não se assusta. — Franzi o cenho, sem entender do que ele podia estar falando. Respirando fundo, ele passou a peça pela cabeça, revelando um corpo torneado e coberto de cicatrizes. Seu lado esquerdo tinha o que pareciam cortes no geral, enquanto seu lado direito era muito pior, coberto de queimaduras, e ambos os lados se estendiam até suas costas. A maioria parecia muito antiga, como se fossem da sua infância e início da adolescência, mas algumas pareciam novas. Arfei, meus olhos se enchendo de lágrimas com o pensamento do que ele devia ter passado.
— …
Ele balançou a cabeça, segurando minhas bochechas.
— Shhh, não chora. São de anos atrás, tá tudo bem.
— Não, não ta. O que aconteceu?
— Eu sobrevivi. E estou com você. — Eu sabia que ele realmente queria dizer isso, mas era difícil deixar de lado os cenários passando na minha cabeça.
— , me fala o que aconteceu com você. Ou quem fez isso. — Ele puxou o ar, olhando pra baixo.
— Meu pai não é um homem fácil de se ter por perto. — Fechei os olhos, a raiva acelerando minha respiração. Estava dividida entre querer matar aquele homem e confortar minha alma gêmea, e não sabia como fazer nenhum dos dois. — Olha pra mim, . A única coisa que importa é o aqui e agora. — Encontrei seu olhar e ele acariciou minha bochecha com o polegar. Estava preocupado com a minha reação e meio arrependido de ter me falado. — Não pensa nisso, minha rosa. Ta bom?
Soltei uma risada chorosa.
— Minha rosa?
Ele corou, mas sorriu, aliviado de eu ter mudado de assunto.
— Achei que combinava com você. Gostou?
— Bom, meu irmão me chama de Espinho, então eu diria que é um avanço. — Baixei o olhar pra seu peito outra vez e suspirei. — Sinto muito pelo que você passou.
— Está no passado.
— Mesmo assim. Não devia ter passado por isso. — Hesitante, toquei uma das cicatrizes maiores, traçando ela do seu peito até o ombro. esperou pacientemente que eu terminasse minha inspeção, então o puxei para um beijo suave e cheio de emoção. Não durou muito desse jeito até ficar urgente de novo, nossa necessidade um do outro tomando conta. Quando desci minhas mãos pelo seu peito, tentei me concentrar na sua reação em vez da textura das cicatrizes, o som que escapou da sua garganta, a eletricidade percorrendo nós dois.
Suas mãos vieram para o meu cabelo, mas seus dedos ficaram enroscados na minha trança, o que o fez soltar um suspiro exasperado. Ri, me esticando pra desfazer a trança e deixar os longos fios caírem pelas minhas costas. Seus dedos passando pelas mechas me deram arrepios e eu o puxei ainda mais perto. Quando nos separamos pra respirar, fiquei em pé, desamarrando a saia e tirando o resto das minhas roupas. Olhos cinzentos absorveram cada centímetro meu com completa adoração antes de ele pôr as mãos nos meus quadris.
— Você é tão linda. — Sorri, corando um pouco.
me puxou pra perto, distribuindo beijos pela minha barriga. Enterrei as mãos no seu cabelo, mantendo os fios longe do seu rosto enquanto seus lábios passeavam pela minha pele, então ele começou a se mover em direção aos meus seios. Mordi o lábio, assistindo ele repetir a mesma exploração de antes, dessa vez com a boca. Olhos em chamas encontraram meu rosto quando ele roçou os lábios no meu mamilo, e minha cabeça pendeu pra frente quando senti sua língua, minha respiração saindo trêmula. sorriu e fez de novo, e de novo até eu estar ofegando, meus joelhos fraquejando.
— Preciso de você. — Soltei quase em um sussurro, puxando seu cabelo.
Ele piscou e puxei sua mão para fazê-lo levantar, depois lentamente abri suas calças, tirando-as junto com suas meias e roupas de baixo. Pra provocar, mesmo que eu pudesse ver como ele já estava duro, corri minhas unhas bem de leve pelas suas coxas, parando quase no seu pau.
— Porra. — Suspirou, olhos fechados, e não pude conter um sorriso.
Empurrei seu peito gentilmente pra fazê-lo sentar de volta. Sentei no seu colo outra vez, tomando cuidado pra ficar quase nos seus joelhos por enquanto.
— Ainda tem certeza? — se inclinou para me beijar por um momento, suas mãos apertando meus quadris.
— Pelos deuses, sim.
Apoiei uma mão no seu ombro pra me estabilizar e usei a outra pra segurar sua base, descendo sobre ele. Mordi o lábio com a sensação de ser preenchida, indo devagar pra me acostumar. Soltei uma respiração trêmula, ficando parada. também não moveu um músculo, mas eu não sabia dizer se era porque estava esperando a minha deixa ou se estava tentando se controlar. Quando me senti pronta pra me mexer, ondulei o quadril.
— Deuses, … — gemeu, apoiando a testa no meu ombro. Corri meus dedos pelo seu cabelo, repetindo o movimento e sentindo minha respiração falhar. — Você é tão gostosa.
Apoiei ambas as mãos nos seus ombros, começando a cavalgá-lo devagar. Ele agarrou minha bunda, distribuindo beijos em qualquer pedaço de pele que seus lábios conseguissem alcançar, seus gemidos e grunhidos me causando arrepios.
Se eu achava que beijar minha alma gêmea era diferente de beijar qualquer outra pessoa, sexo com ele era uma experiência de outro mundo. O toque por si só era enlouquecedor, mas o fato de que eu também conseguia sentir o que ele estava sentindo, sentir o quanto ele estava gostando, deixava a coisa toda muito mais prazerosa. Eu também sabia quão perto ele estava de gozar, então puxei seu cabelo de leve, trazendo seus lábios para os meus.
ficou tenso quando o orgasmo o atingiu, sua semente me preenchendo antes de ele relaxar completamente, sem fôlego. Partiu o beijo e mordi meu lábio inferior, jogando a cabeça pra trás ao perseguir meu próprio prazer, acelerando os movimentos e levando uma mão ao meu clitoris.
Eu podia sentir curiosidade através da ligação, mas não estava com a mínima condição de prestar atenção, muito concentrada nas sensações. Suas mãos correram pelas minhas coxas, seu sussurro de “tão linda” me empurrando para o ápice. Me deixei cair sobre ele, recuperando o fôlego.
Vários minutos depois, ainda estávamos mais ou menos na mesma posição. Eu tinha me movido só pra tirar seu pau de dentro de mim, e moveu as mãos para correr leves carícias pelas minhas costas.
Ele bocejou e me afastei para olhá-lo.
— Cansado? — Ele colocou meu cabelo atrás da orelha.
— Sim, mas não quero desperdiçar um único momento com você. — Sorri, dando um beijo na ponta do seu nariz.
— Que bom, porque o senhor vai ficar comigo no meu quarto. Vem. — Fiquei em pé, puxando-o pela mão pra fazer o mesmo.
Não me dei ao trabalho de pegar nossas roupas, não achava que iríamos colocá-las por um tempo. Ele me seguiu em silêncio, entrelaçando nossos dedos, mas parou na porta, olhando em volta. Deixei que absorvesse tudo, meus livros, mais plantas, minha bagunça, as bugigangas que eu tinha juntado, o pequeno desenho dos meus pais comigo bebê que eles tinham ganhado de uma amiga quando eu nasci. Isso chamou sua atenção, e ele se aproximou.
— Quem são eles?
— A bebezinha é esta que vos fala. E esses são meu pai e minha mãe. — Corri um dedo pelo papel com um sorriso triste. — Eu era muito nova quando eles morreram, então é difícil às vezes lembrar como eles eram. Tenho sorte que eles tinham essa amiga que achou que um retrato da família era um bom presente.
— Você parece com eles.
— Meu tio diz que sou uma mistura perfeita dos dois. Os olhos e nariz da minha mãe, o sorriso e o cabelo do meu pai. — Sorri. — Ele também diz que eu consegui absorver o jeito do meu irmão e da minha tia, o que normalmente não é elogio. To há anos tentando convencer o a posar comigo pra um retrato, mas o homem é incapaz de parar quieto por mais de cinco segundos, e eu tenho medo que ele grite tanto com o artista que assuste o coitado.
— parece… — deu uma pausa, parecendo procurar a palavra certa — caótico. — Você não tem ideia do quão certo você tá. — Ri. — Aquele homem não teve um único momento de calma desde que eu o conheci. Tem um coração de ouro, mas ama esconder isso embaixo de uma fachada de odiar todo mundo. Ele é basicamente um gato. — Ele riu.
— Talvez eu possa desenhar vocês algum dia.
— Você desenha? — assentiu.
— Posso te mostrar de manhã.
— Uau. Minha alma gêmea é um artista. — Provoquei e ele sorriu.
— Minha mãe me ensinou quando eu era pequeno. Ela tem paixão pelas artes e quis passar algo pra mim no pouco tempo que nos era permitido passar juntos. Depois… — ele engoliu em seco, desviando o olhar. Tocou sua bochecha esquerda, perdido em pensamentos. Não quis interromper, apenas apertando sua mão pra mostrar apoio. — Ela ficou doente. Meu pai a mandou para longe e eu não tinha permissão pra vê-la até recentemente, mas quis manter essa coisa que era nossa. Sou praticamente autodidata.
— Ela soa como uma mulher incrível.
— Ela é. Provavelmente também adoraria as suas flores.
— Sabe quais são as favoritas dela? — Ele parou por um momento.
— Não-me-esqueças. Ela sempre tem algumas no jardim e vasos dentro de casa. — Sorri.
— Elas têm um significado lindo. E eu amo flores azuis. — bocejou outra vez e só puxei sua mão, levando-o pra cama. — Ok, você claramente precisa dormir.
— Já disse que não quero desperdiçar o tempo que temos juntos.
— E isso é muito fofo, mas temos muito tempo. Não vou fugir nem te expulsar, viu? — Ele não respondeu, mas me seguiu.
Se deitou meio duro, parecendo surpreso quando o abracei, mas imediatamente colocou os braços ao meu redor. Não demorou até que ambos caíssemos no sono.
***
Não dormimos por muito tempo. Acordei pra mudar de posição, meu braço reclamando, só pra me deparar com um bem acordado, me olhando e distraidamente correndo uma mão pelo meu cabelo. Podia sentir como ele tava preocupado, quase com medo. Será que ele tinha tido um pesadelo?
— O que foi? — perguntei franzindo o cenho.
— Desculpa. Te acordei? — Balancei a cabeça, então estiquei a mão pra suavizar o vinco entre suas sobrancelhas com as pontas dos dedos. Sua expressão toda se derreteu com o meu toque. — Só tenho muita coisa na cabeça.
— To vendo. Quer que eu faça um chá? — Seus olhos estudaram meu rosto por alguns instantes, um brilho malicioso tomando o lugar da tempestade que havia neles.
— Na verdade, acho que uma distração seria melhor. — Soltei uma risada.
— Ah, tenho certeza que sim. O que aconteceu com toda aquela incerteza de algumas horas atrás?
— Você fez ela ir embora. — Ele pôs meu cabelo atrás da orelha, acariciando o meu rosto, e me lançou um sorriso torto. — Você disse que ia me ensinar, e eu tenho perguntas.
Sentei, ajustando a postura.
— Ok, senhor. O que quer saber? — disse em um tom solene de brincadeira.
se sentou também, se inclinando para capturar meus lábios, a mão deslizando para a minha nuca. Suspirei, apoiando as mãos nos seus ombros, indo atrás quando ele se afastou e ganhando um sorriso.
— Eu quero saber como te levar à loucura — sussurrou contra meus lábios, me arrepiando.
— Falar desse jeito com certeza é o caminho certo — respondi. — Mas acho que isso é mais fácil de ensinar na prática que na teoria. — Sua resposta veio na forma de outro beijo de tirar o fôlego, suas mãos fazendo o caminho para os meus quadris e me puxando pro seu colo.
Sentei com uma perna de cada lado das dele, enterrando uma mão nos seus cabelos e me derretendo no beijo. Soltei uma exclamação surpresa quando me segurou mais forte e nos girou, me colocando deitada de costas com ele por cima. Ele se afastou pra me olhar, uma satisfação quase infantil de ter me surpreendido com o movimento.
— Me mostra como te dar prazer — pediu de novo, um arrepio descendo pela minha espinha.
— Me toca. — Suspirei. Não precisei dizer duas vezes.
As mãos do foram para os meus seios, apalpando-os, seus olhos nunca deixando meu rosto. Mordi meu lábio quando ele começou a girar meus mamilos nos dedos, meu corpo respondendo imediatamente. Puxei-o mais pra perto outra vez para tomar sua boca, meus gemidos abafados pelo beijo. Quando não pude continuar por precisar de ar, ele moveu os lábios para o meu pescoço, imitando o que eu tinha feito com ele antes — o que só deixava mais difícil respirar, na verdade, mas eu com certeza não estava reclamando. Ele continuou descendo até fechar seus lábios sobre meus mamilos.
— Porra. — Senti seu sorriso contra minha pele, então arqueei as costas quando dedos frios deslizaram pela minha entrada. — Deuses, aí. — Ele repetiu o movimento, com mais confiança dessa vez, entendendo que era a coisa certa a fazer.
Tive que me esforçar muito pra pensar o suficiente, pegando sua mão pra guiar seus movimentos, e segurei um choramingo quando os lábios de deixaram minha pele. Abri os olhos e encontrei-o observando atentamente nossas mãos na minha buceta, seu olhar faminto e focado, e levei um segundo pra processar que ele estava fazendo exatamente o que disse que queria: aprendendo.
Ele continuou a imitar meus movimentos à perfeição, e passei a segurar seu pulso, certa de que ele não precisava mais que eu o guiasse tão de perto.
— … — gemi, olhos revirando quando seus lábios voltaram à minha pele, seus movimentos não parando. — Mais rápido. Ah, é tão bom… — Aí, provando como ele tinha prestado atenção, ele me penetrou com dois dedos sem parar de circular meu clitóris com o polegar.
De algum jeito, mesmo que eu mal estivesse tocando nele, estava quase tão excitado quanto eu, e — com muito menos inocência que antes — explorava meu corpo com as mãos e a boca, parecendo tomar nota de como tirar cada reação de mim. Arqueei as costas, pernas tremendo e boca aberta em um grito silencioso, quando o orgasmo me atingiu. não parou até eu empurrar sua mão, puxando seu cabelo para trazer seus lábios até os meus em um beijo sem fôlego.
— Tem mais uma coisa que eu quero tentar — murmurou, dedos apertando minha coxa.
— O qu- o que é? — Arfei. Ele se afastou o suficiente pra encontrar meus olhos, só um toque de incerteza nos olhos famintos.
— Quero te beijar aqui. — Seus dedos roçaram muito de leve a minha buceta e eu estremeci. — Posso?
— Deuses… sim. Isso… sim. — Balancei a cabeça com entusiasmo e riu. Se não fosse a nossa ligação, seria meio difícil acreditar que eu tinha sido sua primeira.
Seus lábios voltaram aos meus e corri minhas unhas de leve pelas suas costas, ganhando um grunhido em resposta. Então ele começou a descer, dando a mesma atenção a cada centímetro da minha pele. Passou pelo meu pescoço, meus seios, minha barriga, com total adoração, suas mãos seguindo a trilha dos seus beijos e reacendendo meu corpo. Ele parou por um momento e se afastou ao chegar ao topo das minhas coxas, a cabeça inclinada enquanto ele tentava decidir onde era melhor sentar, um pequeno momento de confusão que me lembrou que ele não sabia o que estava fazendo. Tinha dado um chute excelente ao pedir pra me chupar, mas foi isso que foi: um chute, provavelmente baseado nas minhas reações.
Me sentei, lhe dando um selinho rápido, e me reposicionei na cama pra que ele ficasse sentado entre minhas pernas.
— Obrigado — murmurou com um sorriso encabulado.
subiu as mãos pelas minhas pernas antes de se abaixar pra beijar minha barriga. Enterrei meus dedos no seu cabelo.
— Começa devagar — instrui, corando, conforme ele desceu.
Seus olhos encontraram meu rosto e ficaram lá quando seus lábios encontraram meu âmago. Tive que lutar contra o impulso de fechar os olhos quando passou a língua da minha entrada até meu clitóris, gemendo contra mim, as vibrações reverberando por todo o meu corpo. Soltei uma respiração trêmula e ele repetiu a ação. Suas mãos mantiveram minhas pernas afastadas e sua boca se fechou sobre meu clitóris, sua língua repetindo os movimentos em que eu tinha guiado seus dedos, e eu sabia que ele tava prestando atenção a cada uma das minhas reações. Ele foi sem pressa me lambendo, me fodendo com a língua, explorando a minha buceta como ele tinha feito com o resto do meu corpo até eu ser reduzida a só conseguir gemer, incapaz de formar um único pensamento coerente.
— As-assim. Deuses, bem assim… — Empurrei seu rosto impossivelmente mais pra perto, tentando rebolar, mas sendo impedida por ele me segurando contra a cama. Eu conseguia sentir o segundo orgasmo se aproximando, meus músculos ficando tensos, minhas coxas tremendo sobre seus ombros. — ! — exclamei, gozando.
Ele se afastou por conta própria dessa vez, distribuindo beijos suaves na parte interna da minha coxa enquanto as ondas de prazer passavam por mim e eu recuperava o fôlego. Estava muito satisfeito consigo mesmo e isso ficava claro no seu sorriso quando finalmente consegui abrir os olhos.
— Você é deliciosa — murmurou contra minha pele e soltei um risinho.
— Algo me diz que sua opinião é meio suspeita, mas honestamente não vou discordar de nada que você disser agora. — Alguns momentos de silêncio depois, me sentei e prendi o cabelo pra trás. — Minha vez.
franziu o cenho, sem entender do que eu estava falando até eu empurrá-lo gentilmente pra que fosse ele quem estava deitado comigo entre as pernas.
— O que você ta fa- ah! — Não pude evitar o sorriso com a sua expressão quando envolvi sua base com a mão.
— Eu te disse, é minha vez — sussurrei contra seus lábios, movendo a mão devagar pra cima e pra baixo.
Desci pelo seu peito, vendo seus olhos se arregalarem quando tomei seu pau na minha boca, e revirarem pra trás quando suguei.
— Porra, — sibilou, enterrando as mãos no meu cabelo. Desci o máximo que conseguia, cobrindo o que não cabia na minha boca com uma mão. lutou para manter os olhos abertos e me assistir girar a língua ao redor do seu pau, me afastando até só a ponta estar na minha boca e descendo de novo. — Deuses… você me faz sentir tão bem, tão bem. Sua boca é tão perfeita… — falou sem fôlego e eu sabia que, se ele não tivesse acabado de me fazer gozar duas vezes, os elogios provavelmente estariam tendo bem mais efeito em mim. Também sabia que ele não ia durar, seus dedos tremendo e a respiração pesada, então aumentei a velocidade, movendo a cabeça pra cima e pra baixo e acompanhando o movimento com a mão, até ele jogar a cabeça pra trás, meu nome escapando de seus lábios quase como uma prece, e senti sua semente jorrando na minha garganta. Tive um pouco de dificuldade pra engolir tudo, não querendo ter que levantar e trocar os lençóis, e o soltei.
me puxou gentilmente pra me dar um selinho casto e me abraçou. Então, com ambos saciados e cansados, adormecemos outra vez nos braços um do outro.
***
Pelos próximos dias, não saímos do chalé pra nada. Nosso tempo foi gasto exatamente como naquelas primeiras horas, conhecendo as histórias, alegrias e tristezas um do outro, ou deixando nossos corpos conversarem. Enquanto eu cozinhava, tinha criado o hábito de me desenhar, mostrando tanto o que ele estava vendo quanto memórias, como o primeiro momento que ele me viu, e coisas que ele inventava, como eu parada na frente de um castelo, cabelo caindo pelas minhas costas.
Espiei por cima do seu ombro.
— Eu não sou nenhuma princesa, querido. — Ri com o esboço mais recente, colocando nossos pratos perto dele na mesa. Ele soltou o carvão pra agarrar meu quadril e me puxar pro seu colo, beijando meu ombro.
— Claro, você é uma rainha. — A imagem me mostrava usando um lindo vestido dentro de uma torre, a luz do sol entrando por uma janela. Meu cabelo estava solto, mas algumas mechas estavam trançadas com uma coroa delicada. — Você tem a beleza de uma deusa, é um absurdo que não seja adorada por todos.
Ri, tomando seus lábios em um beijo suave.
— Continua falando assim e vai acabar me convencendo.
— Bom, é a verdade. — Ele pôs meu cabelo atrás da orelha, acariciando minha bochecha.
— Precisamos comer, senhor artista. — Lembrei quando começou a distribuir beijos demorados pelo meu pescoço. Ele só soltou um som de concordância, mas não parou. — , eu to com fome.
— Eu também. — Sua mão se moveu do meu quadril pra parte interna da minha coxa, afastando um pouco minhas pernas, e pude sentir seu pau começar a ficar duro. Suspirei, aproveitando por um momento antes de segurar seu pulso e me afastar da sua boca.
— Eu to falando de comida, não sexo. — Soltei um risinho e ele franziu o cenho. — Temos que dar sustento pros nossos corpos pra isso, lembra?
— Ta bom. — pressionou um selinho rápido nos meus lábios. — Mas você é a minha sobremesa.
— O que aconteceu com o homem virgem e tímido que eu encontrei na floresta? — Brinquei e ele sorriu de canto pra mim.
— Você.
— Está dizendo que eu te corrompi?
— Estou dizendo que me deixou viciado. Você me enfeitiçou e não acho que quero me libertar nunca. — Seu tom era completamente sério, me fazendo corar e desviar o olhar com um sorriso.
— Um artista, um poeta… mais algum talento secreto? — Antes que ele pudesse responder, ouvi uma batida alta na porta. ficou tenso na mesma hora, embora eu não entendesse por quê, mas só agradeci a qualquer deus que tivesse garantido que isso acontecesse num dos poucos momentos que estávamos os dois vestidos.
— , ah, graças aos deuses. O que aconteceu com você? — A mulher cuspiu com seu sotaque carregado assim que eu abri a porta. Meu rosto queimou e lhe ofereci um sorriso envergonhado, abrindo mais a porta pra revelar o homem sentado à minha mesa.
— Desculpa, meio que perdi a noção do tempo. — Seus olhos verdes se arregalaram.
— Ah. Não sabia que você estava com visita.
— Eu não ia estar. Hm, esse é o , minha alma gêmea. Querido, essa é a Kytzia, ela é a curandeira da vila. — Ele acenou encabulado, suas bochechas tão vermelhas quanto as minhas deviam estar, e ela olhou de mim para ele, depois de volta pra mim. — Desculpa, quer entrar? Só me fala os ingredientes que você precisa e eu preparo tudo rapidinho.
Ela aceitou, um olhar de choque em seu rosto.
— Ingredientes? Você sumiu por dias sem aviso, todos achamos que tinha adoecido. Meu próximo passo era procurar o seu cadáver na floresta. — Me encolhi.
— Deuses, desculpa mesmo. Nunca quis preocupar todo mundo, eu só meio que esqueci do mundo todo mesmo.
— Agora posso ver o porquê. É só que um aviso teria sido bom.
— Desculpa de novo. Mas você precisa sim de ingredientes, e tenho certeza que os comerciantes também. Me dá a lista, vou preparar tudo. — Kytzia suspirou antes de me entregar um pedaço de papel com todas as coisas que a vila estava contando comigo para fornecer. — Já volto.
Fui até o quarto pegar as ervas secas e criar o resto das coisas nos vasos, além de pegar uma cesta para ela levar tudo. Não era difícil, eles precisavam mais ou menos das mesmas coisas de sempre, só tinha acumulado alguns dias. Pude ouvi-los conversando baixinho e sentir o desconforto leve do até o momento que eu apareci de novo.
— Aqui. Por favor, estenda minhas desculpas pra todos e diga que estarei na feira. — Olhos cinzentos surpresos encontraram meu rosto.
— Vai realmente apresentá-lo para a vila toda de uma só vez?
— O que é essa feira?
— A vila organiza essa feira livre a cada dez dias, tem música e dança. E sim, se o quiser vir junto. — Kytzia arqueou uma sobrancelha e virei os olhos. — Ele consegue lidar com nossos vizinhos. Estou mais preocupada com o volume dos gritos do quando ele descobrir.
— Justo. — Ela franziu o cenho, pegando a cesta. — Onde está seu colar? Acho que nunca te vi sem ele antes.
— Eu tirei um desses dias e esqueci onde pus. Não estava prestando muita atenção. — Esfreguei a nuca. Eu sabia que estava em algum lugar dentro do chalé, mas ainda não tinha parado pra procurar de verdade. — Tenho certeza que vou achar.
— Hm. Bom, vejo você na feira. Foi um prazer conhecê-lo, . E cuide bem da nossa flor, ouviu? Ela é preciosa. — Ele assentiu tenso e revirei os olhos.
— Para de assustar ele, Ky.
— Me conhece bem o suficiente pra saber que não estou intimidando ele de propósito. Quatro dias, , estarei te esperando. — Ela se virou, andando em direção ao riacho que cortava meu terreno e acenando por cima do ombro.
— Estarei lá, ta bom? Não se preocupe. — Acenou de novo sem olhar pra trás e soltei um risinho.
— Por que estou com a impressão que todos na sua vida vão me ameaçar? — perguntou em um tom vazio, me fazendo soltar uma gargalhada.
— Acredite, ela não fez isso. Eu já a vi ameaçando pessoas antes e normalmente envolve menções a venenos, maldições e ossos quebrados, só pra começar. — Seus olhos se arregalaram, mas apenas dei de ombros. — E as outras únicas pessoas que devem te ameaçar são o e a minha tia, mas eu diria que não tem com que se preocupar. Eles só cumpriram as ameaças uma vez, foi esse babaca que me traiu, e, pra ser justa, eles não foram nem perto de tão maus quanto podiam ter sido. — Levei um dedo aos lábios, pensativa. — Mas talvez seja porque eu peguei ele primeiro.
— O que você fez com ele?
— Hera venenosa com espinhos. Muita dela. Depois que eu desci o cacete nele. Mas ficar com o cara foi uma ideia burra desde o começo, eu sabia que ele era um cuzão. Uma falha de julgamento quando eu tinha 17 anos, acontece. — Dei de ombros, ganhando uma risadinha.
— Uma verdadeira dama, pelo visto. — Me curvei em deboche.
— Absolutamente, senhor. Ideal para a corte.
— Isso seria hilário. Os nobres iriam desmaiar de tão escandalizados que ficariam com você. — Sentei na cadeira ao seu lado rindo e comecei a comer.
— Eu sei me portar como uma verdadeira dama, só não é muito natural. Ou necessário. — Pra provar meu ponto, ajeitei a postura e comi seguindo todas as regras de etiqueta por alguns minutos.
— Não acho que seja tão natural pra ninguém na corte também, é só que foi decidido que era necessário e ninguém questiona. Alguém como você traria um ar fresco.
— Como você sabe tanto sobre a nobreza? — perguntei curiosa e ficou tenso, desviando do meu olhar.
— Meu pai. Cresci perto o bastante pra aprender.
— Ei. Eu te disse antes, tá tudo bem se não quiser falar disso. E a parte importante é que acabou, certo? — Cobri sua mão com a minha e ele girou para entrelaçar nossos dedos, apertando de leve. — Você tá aqui comigo, isso que importa.
Ele me ofereceu um pequeno sorriso e beijou as costas da minha mão, voltando a comer, mas eu sabia que ainda o estava incomodando lá no fundo. Desejei poder fazer mais, mas me resignei a distraí-lo daqueles pensamentos.
***
Senti movimento, me acordando parcialmente. O quarto ainda estava escuro, então fechei os olhos de volta.
— Que foi, querido? — sussurrei.
— Shhh, tudo bem. Achei seu colar.
— Hmm, ‘brigada. — Levei uma mão ao peito, encontrando o pingente e sua mão, que acabava de colocá-lo. — Vem cá.
— Eu já volto, vou só tomar água. Volta a dormir, minha rosa.
— Tá bom — murmurei, muito cansada pra querer acordar. Ele depositou um beijo suave na minha testa e lhe dei um sorriso sonolento antes de virar na cama pra encontrar uma nova posição e cair no sono de novo.
***
Pela primeira vez nos últimos dias, acordei em uma cama vazia.
— ? — Chamei com a voz rouca, sem querer levantar ainda, mas não obtive resposta e suspirei. Talvez ele estivesse lá fora.
Me espreguicei e virei pro lado com total intenção de voltar a dormir até ele voltar, mas o colchão parecia estranhamente frio. Franzi o cenho. Há quanto tempo ele tinha saído? Levantei e fui procurá-lo, mas o chalé estava vazio. Também não havia sinais da mala do , suas roupas ou botas em lugar nenhum, o único indicador de que ele tinha estado lá em algum momento sendo os desenhos que ele tinha deixado na mesa mais cedo. Demorou até eu chegar na porta pra perceber o vazio dentro de mim. Eu não conseguia mais sentí-lo. Era só eu, ninguém do outro lado da ligação de almas gêmeas, nenhum sentimento, nenhum nada, só um eco distante de dor.
Cai de joelhos abraçando meu tronco, as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas quando a realidade me atingiu. Ele tinha partido. Eu só tive alguns dias com ele, e agora estava sozinha de novo porque minha alma gêmea estava morta.
O estranho virou para me encarar, olhos cinzentos tempestuosos meio escondidos embaixo de mechas castanho-escuras. Era difícil de respirar, todas essas novas emoções me atravessando a partir daquele toque tão inocente. Minha alma gêmea. Eu tinha encontrado ele.
— Me desculpe — murmurou, a voz profunda, e não pude deixar de sorrir.
— Oi. Eu sou a .
Sua careta se suavizou, a mão ainda segurando a minha, mesmo que ele não precisasse mais de ajuda.
— Eu sou .
— Vem, vamos sair daqui. Está viajando?
Houve uma pausa antes de ele me responder:
— Sim.
Eu o analisei por alguns instantes. Mesmo que tivesse uma bolsa, não havia nenhum cavalo por perto e estávamos longe de qualquer uma das trilhas principais. Suas roupas também pareciam bem novas e de alta qualidade.
— Deixa eu adivinhar: você entrou distraído num portal e não sabe onde está. — Seus olhos encontraram meu rosto quase se desculpando.
— É tão óbvio? — Soltei um risinho, apertando sua mão.
— Meu irmão e eu somos praticamente os únicos que conseguem se guiar por essa floresta a pé longe assim das trilhas principais, e você não tem cavalo. Suas roupas também parecem limpas demais pra alguém que teria se perdido o bastante pra parar aqui. E é o meio da noite. — Dei de ombros, puxando-o na direção do meu chalé. — Você deu sorte que eu tava procurando dama-da-noite, ou provavelmente passaria mais um dia inteiro perdido.
— Dama-da-noite? — perguntou, inclinando a cabeça.
— É uma flor. — Expliquei. — Ela só desabrocha durante a noite, tem um cheiro bem doce e vários usos medicinais. Eu já tentei fazer ela algumas vezes, mas nunca sai direito, então queria colher um arbusto pra estudar. A parte complicada é que é difícil de identificar ela quando as flores estão fechadas, então eu tenho que sair pra procurar depois de escurecer.
— Você é uma curandeira?
— To mais pra fornecedora da curandeira. — Ele me olhou com confusão. — Eu tenho o poder de fazer plantas crescerem, mas algumas espécies são mais difíceis que outras. Quanto mais eu sei, mais fácil elas ficam de manipular, então eu tento estudar as que me dão problemas.
— Soa como um poder incrível. Você cria vida.
Minhas bochechas queimaram. Não acho que alguém já tenha colocado daquela forma, mas talvez seja por saberem o que e eu normalmente estávamos aprontando.
— E você? Faz o quê, além de se perder em terras estranhas?
— Tento não seguir os passos do meu pai e corrigir os erros dele — murmurou e senti um peso em suas palavras que não deveria estar lá. O que seu pai poderia ter feito de tão horrível?
— Chegamos — anunciei, feliz de termos chegado ao chalé. Aquele assunto o deixava triste, e eu não queria que ele ficasse remoendo aquilo. Claro, éramos almas gêmeas, íamos conversar sobre nossas tristezas em algum momento, afinal estávamos destinados a passar a vida juntos, mas não parecia adequado pra primeira hora da nossa história. — Bem-vindo ao meu humilde lar. Botas ficam na porta.
olhou ao redor conforme entramos, absorvendo cada detalhe. Não era uma construção grande, mas era mais que o suficiente. A porta abria pra uma pequena sala com a lareira e a cozinha, depois havia o quarto onde eu mantinha as minhas plantas e secava as ervas, o quarto de hóspedes onde minha família ficava quando vinham me visitar, e o meu quarto. Os espaços eram pequenos, mas com certeza comportava mais de um morador.
— Você mora aqui sozinha? — Ele perguntou em voz baixa e eu assenti.
— Era dos meus pais antes de eles morrerem. Quando atingi a maioridade, meus tios nos trouxeram aqui e eu e meu irmão decidimos ficar, transformar o lugar na nossa casa por um tempo. Isso foi antes de ele se tornar um cavaleiro, mas eu escolhi ficar mesmo assim. Gosto daqui.
Aquilo o surpreendeu e ele parou no meio de tirar sua capa.
— Seu irmão é um cavaleiro?
— É, e ele é até da Guarda Real. — Sorri orgulhosa. — Tenho quase certeza que é a única razão de não ter se metido em nenhuma encrenca. Ele tem um problema com autoridades desde antes da gente se conhecer. — Encontrei seu olhar chocado, confusão vazando pela ligação. — Ok, isso provavelmente não fez muito sentido. Hm, meus pais ficaram doentes quando eu era pequena. — Comecei a explicar conforme fui mais para dentro no chalé, deixando os cogumelos que tinha pegado no caminho em cima da mesa. — Meu pai me mandou para ficar com o irmão da minha mãe pra eu não adoecer também, mas eles acabaram morrendo. Meu tio e a esposa dele decidiram me criar. Eles já tinham um filho que era só duas luas mais velho que eu, o . Nós crescemos como irmãos, e honestamente ele é tão meu irmão como se tivéssemos nascido da mesma mãe. — assentiu solenemente, ouvindo minhas palavras com atenção. — Ele é um completo perigo pra sociedade, sempre foi, mas é muito protetor comigo. Foi ser um cavaleiro quando atingimos a maioridade, o que foi basicamente um jeito de transformar sua agressão natural em lucro. — Eu ri. — Ele conheceu sua alma gêmea, , no treinamento. O é a maior parte do autocontrole dele hoje em dia, eles estão no mesmo batalhão no palácio.
— Seu irmão é o ? — perguntou em voz baixa.
— Conhece ele? — Foi minha vez de ficar surpresa.
— Não exatamente. Já ouvi sobre ele. É o Montador de Dragão, certo?
Não pude conter a risada. Eu nunca conseguia levar aquele título a sério.
— É um jeito de dizer. O dragão em questão seria o , eles só acabam sendo muito bons juntos no campo de batalha também.
tinha ficado tão bravo e tão vermelho quando a gente ouviu ele sendo chamado desse jeito a primeira vez, e eu só não consegui segurar a risada. Claro, a maioria das pessoas não se tocava que o dragão era o e que o título era um trocadilho acidental sobre a vida sexual do meu irmão com a alma gêmea dele, mas eu fazia questão de lembrá-lo disso em todas as oportunidades, porque era simplesmente hilário.
— Sente falta deles. — Constatou e eu assenti.
— O é um querido, e o Faísca é meu melhor amigo. Huh, Faísca é o apelido que eu dei pro . Enfim, faz um tempo já que eu não vejo eles, então sim.
— E seus tios?
— Tenho saudades deles também, mas é mais fácil ir visitar ou convidar eles pra cá. Foi estranho morar sozinha no começo, eu não tava acostumada com silêncio. — Ri, pensando nos gritos constantes da minha tia e do um com o outro. — Mas descobri que gosto. Você tem irmãos?
— Dois. Um irmão e uma irmã. Mas não sou próximo deles. Cortesia do meu pai. — Ele balançou a cabeça, então sua expressão suavizou. — Mas tenho um amigo que ficou bem próximo. Não sei onde estaria sem ele.
Sorri. parecia ter levado uma vida que foi tudo menos fácil, mas saber que ele tinha encontrado alguém que aliviava o peso disso me deixava feliz.
Dei meia volta para apagar a lâmpada da cozinha, ficando nas pontas dos pés para alcançar.
— Precisa de ajuda?
— Não, eu alcanço. — Quando me virei, esbarrei no peito de , não notando que ele estava tão perto. Ele segurou meu braço pra me estabilizar, mas não soltou ou se afastou. Ergui o olhar para encontrar seus olhos, necessidade queimando dentro deles. Sem pensar duas vezes, fiquei na ponta dos pés pra pressionar meus lábios contra os seus. Ele grunhiu, sua mão livre passando ao redor da minha cintura e me puxando para perto. Enterrei os dedos no seu cabelo, sentindo como os fios eram macios, e derreti contra ele. Era como se cada parte de mim fosse moldada para encaixar em seus braços. Estávamos ambos um pouco desesperados, nos explorando, encontrando nosso ritmo, e não demorou para que estivéssemos ambos sem fôlego. Beijar minha alma gêmea era diferente de beijar qualquer outra pessoa. subiu sua mão pelo meu ombro, enterrando ela no meu cabelo para inclinar minha cabeça e expor meu pescoço à sua boca, me fazendo arquejar e me arrepiar. Cada toque alimentava o fogo dentro de mim, e eu não tinha certeza do quanto era eu e quanto era ele, mas não importava. Precisava dele, precisava de mais. Empurrei ele em direção ao sofá, tropeçando pela sala.
Ele caiu para trás quando suas pernas bateram nas almofadas, e sentei em seu colo, uma perna de cada lado das suas e as mãos em seu rosto para puxá-lo para outro beijo. Ondulei meus quadris contra ele, gemendo ao sentir sua ereção, mas me segurou, se afastando.
— Espera… — arfou.
— Que foi?
— Eu… eu não… — ele engoliu em seco, evitando meus olhos, e franzi o cenho.
— O que foi? Fala comigo.
— Tem certeza? — Ele estava nervoso e inseguro, mas eu não conseguia entender muito bem por quê.
— Claro que tenho. — Antes que eu pudesse perguntar por que ele achava que eu não teria, ele continuou:
— Mesmo se eu não tiver ideia do que to fazendo? — Suas bochechas ficaram muito vermelhas e eu pisquei, não esperando aquela resposta.
— Ah. — Suas mãos saíram da minha pele, a vergonha dele enchendo minha mente. Segurei seu rosto com ambas as mãos, gentilmente virando-o para mim. — Ei. Olha pra mim. — Quando seu olhar finalmente encontrou o meu, sorri. — Ta tudo bem se você não estiver pronto ou não tiver certeza. Não temos que fazer mais, isso também é bom. — Acho que dizer que minha reação o surpreendeu era um eufemismo. — Mas se você ta preocupado que eu vou mudar de ideia por causa da experiência que você tem ou deixa de ter, — acariciei sua bochecha com o polegar — não faz diferença pra mim.
— Não? — Balancei a cabeça.
— Eu não me importo de te ensinar. — Então ri. — E só pra te tranquilizar, muitos caras têm experiência e acham que sabem o que estão fazendo, mas na verdade não fazem ideia, então você ta bem.
Isso pareceu acalmá-lo, o suficiente pra ele soltar uma risada leve com meu comentário. trouxe uma mão para o meu rosto, me puxando para perto para me beijar outra vez, lentamente, sem pressa. Quando seus lábios deixaram os meus, ainda quase se tocando, ele sussurrou:
— Então me ensina a te amar, .
Um arrepio desceu pela minha espinha e tomei seus lábios mais uma vez. Suas mãos apertaram meus quadris, mas ele tava praticamente pegando só o tecido da minha saia, então pus os braços pra trás para soltar o laço do meu corset, partindo o beijo pra tirá-lo junto com a blusa. Olhos cinzentos seguiram meus movimentos com reverência, mas hesitaram no meu rosto, em dúvida se ele podia olhar pra baixo, então sorri e assenti. ergueu uma mão hesitante para correr as pontas dos dedos pela minha clavícula, estudando minhas reações o tempo inteiro. Tive que lutar contra o impulso de colocar sua palma sobre meu peito, deixando ele me explorar no seu ritmo, então me distraí com suas expressões.
estava fascinado, vendo minha pele se arrepiar quando seu toque chegou mais perto da minha garganta, depois lentamente indo na direção dos meus seios. Ele analisou meu rosto outra vez antes de deixar suas palmas roçarem nos meus mamilos e mordi o lábio, soltando um suspiro trêmulo. Ele parou, olhando para cima como se tivesse feito algo errado. Dei uma risada, cobrindo sua mão com a minha e pressionando contra minha pele.
— Não foi uma reação ruim — sussurrei.
respondeu repetindo o movimento, com mais certeza dessa vez, fazendo arrepios descerem pela minha espinha. Parecendo ter entendido, ele cobriu meus seios com as mãos e apertou de leve. Depois, correu os polegares sobre meus mamilos gentilmente, o toque contrastando com a urgência do seu beijo, e soltei um gemido. Ele podia não ter muita experiência, mas como sabia beijar. Me afastei ofegante, e movi meus lábios numa trilha de beijos pelo seu maxilar. Quando cheguei à sua garganta, senti seus dedos tremendo contra mim, a respiração falhando. Interessante. Deixei minhas mãos correrem pelo seu peito enquanto continuava a distribuir beijos pelo seu pescoço, seu toque voltando a me explorar. Dei um leve puxão na sua blusa.
— Posso tirar? — sussurrei no seu ouvido, sentindo-o estremecer, mas ele hesitou e se afastou para encontrar meu olhar.
— Pode, — fez uma pausa — mas não se assusta. — Franzi o cenho, sem entender do que ele podia estar falando. Respirando fundo, ele passou a peça pela cabeça, revelando um corpo torneado e coberto de cicatrizes. Seu lado esquerdo tinha o que pareciam cortes no geral, enquanto seu lado direito era muito pior, coberto de queimaduras, e ambos os lados se estendiam até suas costas. A maioria parecia muito antiga, como se fossem da sua infância e início da adolescência, mas algumas pareciam novas. Arfei, meus olhos se enchendo de lágrimas com o pensamento do que ele devia ter passado.
— …
Ele balançou a cabeça, segurando minhas bochechas.
— Shhh, não chora. São de anos atrás, tá tudo bem.
— Não, não ta. O que aconteceu?
— Eu sobrevivi. E estou com você. — Eu sabia que ele realmente queria dizer isso, mas era difícil deixar de lado os cenários passando na minha cabeça.
— , me fala o que aconteceu com você. Ou quem fez isso. — Ele puxou o ar, olhando pra baixo.
— Meu pai não é um homem fácil de se ter por perto. — Fechei os olhos, a raiva acelerando minha respiração. Estava dividida entre querer matar aquele homem e confortar minha alma gêmea, e não sabia como fazer nenhum dos dois. — Olha pra mim, . A única coisa que importa é o aqui e agora. — Encontrei seu olhar e ele acariciou minha bochecha com o polegar. Estava preocupado com a minha reação e meio arrependido de ter me falado. — Não pensa nisso, minha rosa. Ta bom?
Soltei uma risada chorosa.
— Minha rosa?
Ele corou, mas sorriu, aliviado de eu ter mudado de assunto.
— Achei que combinava com você. Gostou?
— Bom, meu irmão me chama de Espinho, então eu diria que é um avanço. — Baixei o olhar pra seu peito outra vez e suspirei. — Sinto muito pelo que você passou.
— Está no passado.
— Mesmo assim. Não devia ter passado por isso. — Hesitante, toquei uma das cicatrizes maiores, traçando ela do seu peito até o ombro. esperou pacientemente que eu terminasse minha inspeção, então o puxei para um beijo suave e cheio de emoção. Não durou muito desse jeito até ficar urgente de novo, nossa necessidade um do outro tomando conta. Quando desci minhas mãos pelo seu peito, tentei me concentrar na sua reação em vez da textura das cicatrizes, o som que escapou da sua garganta, a eletricidade percorrendo nós dois.
Suas mãos vieram para o meu cabelo, mas seus dedos ficaram enroscados na minha trança, o que o fez soltar um suspiro exasperado. Ri, me esticando pra desfazer a trança e deixar os longos fios caírem pelas minhas costas. Seus dedos passando pelas mechas me deram arrepios e eu o puxei ainda mais perto. Quando nos separamos pra respirar, fiquei em pé, desamarrando a saia e tirando o resto das minhas roupas. Olhos cinzentos absorveram cada centímetro meu com completa adoração antes de ele pôr as mãos nos meus quadris.
— Você é tão linda. — Sorri, corando um pouco.
me puxou pra perto, distribuindo beijos pela minha barriga. Enterrei as mãos no seu cabelo, mantendo os fios longe do seu rosto enquanto seus lábios passeavam pela minha pele, então ele começou a se mover em direção aos meus seios. Mordi o lábio, assistindo ele repetir a mesma exploração de antes, dessa vez com a boca. Olhos em chamas encontraram meu rosto quando ele roçou os lábios no meu mamilo, e minha cabeça pendeu pra frente quando senti sua língua, minha respiração saindo trêmula. sorriu e fez de novo, e de novo até eu estar ofegando, meus joelhos fraquejando.
— Preciso de você. — Soltei quase em um sussurro, puxando seu cabelo.
Ele piscou e puxei sua mão para fazê-lo levantar, depois lentamente abri suas calças, tirando-as junto com suas meias e roupas de baixo. Pra provocar, mesmo que eu pudesse ver como ele já estava duro, corri minhas unhas bem de leve pelas suas coxas, parando quase no seu pau.
— Porra. — Suspirou, olhos fechados, e não pude conter um sorriso.
Empurrei seu peito gentilmente pra fazê-lo sentar de volta. Sentei no seu colo outra vez, tomando cuidado pra ficar quase nos seus joelhos por enquanto.
— Ainda tem certeza? — se inclinou para me beijar por um momento, suas mãos apertando meus quadris.
— Pelos deuses, sim.
Apoiei uma mão no seu ombro pra me estabilizar e usei a outra pra segurar sua base, descendo sobre ele. Mordi o lábio com a sensação de ser preenchida, indo devagar pra me acostumar. Soltei uma respiração trêmula, ficando parada. também não moveu um músculo, mas eu não sabia dizer se era porque estava esperando a minha deixa ou se estava tentando se controlar. Quando me senti pronta pra me mexer, ondulei o quadril.
— Deuses, … — gemeu, apoiando a testa no meu ombro. Corri meus dedos pelo seu cabelo, repetindo o movimento e sentindo minha respiração falhar. — Você é tão gostosa.
Apoiei ambas as mãos nos seus ombros, começando a cavalgá-lo devagar. Ele agarrou minha bunda, distribuindo beijos em qualquer pedaço de pele que seus lábios conseguissem alcançar, seus gemidos e grunhidos me causando arrepios.
Se eu achava que beijar minha alma gêmea era diferente de beijar qualquer outra pessoa, sexo com ele era uma experiência de outro mundo. O toque por si só era enlouquecedor, mas o fato de que eu também conseguia sentir o que ele estava sentindo, sentir o quanto ele estava gostando, deixava a coisa toda muito mais prazerosa. Eu também sabia quão perto ele estava de gozar, então puxei seu cabelo de leve, trazendo seus lábios para os meus.
ficou tenso quando o orgasmo o atingiu, sua semente me preenchendo antes de ele relaxar completamente, sem fôlego. Partiu o beijo e mordi meu lábio inferior, jogando a cabeça pra trás ao perseguir meu próprio prazer, acelerando os movimentos e levando uma mão ao meu clitoris.
Eu podia sentir curiosidade através da ligação, mas não estava com a mínima condição de prestar atenção, muito concentrada nas sensações. Suas mãos correram pelas minhas coxas, seu sussurro de “tão linda” me empurrando para o ápice. Me deixei cair sobre ele, recuperando o fôlego.
Vários minutos depois, ainda estávamos mais ou menos na mesma posição. Eu tinha me movido só pra tirar seu pau de dentro de mim, e moveu as mãos para correr leves carícias pelas minhas costas.
Ele bocejou e me afastei para olhá-lo.
— Cansado? — Ele colocou meu cabelo atrás da orelha.
— Sim, mas não quero desperdiçar um único momento com você. — Sorri, dando um beijo na ponta do seu nariz.
— Que bom, porque o senhor vai ficar comigo no meu quarto. Vem. — Fiquei em pé, puxando-o pela mão pra fazer o mesmo.
Não me dei ao trabalho de pegar nossas roupas, não achava que iríamos colocá-las por um tempo. Ele me seguiu em silêncio, entrelaçando nossos dedos, mas parou na porta, olhando em volta. Deixei que absorvesse tudo, meus livros, mais plantas, minha bagunça, as bugigangas que eu tinha juntado, o pequeno desenho dos meus pais comigo bebê que eles tinham ganhado de uma amiga quando eu nasci. Isso chamou sua atenção, e ele se aproximou.
— Quem são eles?
— A bebezinha é esta que vos fala. E esses são meu pai e minha mãe. — Corri um dedo pelo papel com um sorriso triste. — Eu era muito nova quando eles morreram, então é difícil às vezes lembrar como eles eram. Tenho sorte que eles tinham essa amiga que achou que um retrato da família era um bom presente.
— Você parece com eles.
— Meu tio diz que sou uma mistura perfeita dos dois. Os olhos e nariz da minha mãe, o sorriso e o cabelo do meu pai. — Sorri. — Ele também diz que eu consegui absorver o jeito do meu irmão e da minha tia, o que normalmente não é elogio. To há anos tentando convencer o a posar comigo pra um retrato, mas o homem é incapaz de parar quieto por mais de cinco segundos, e eu tenho medo que ele grite tanto com o artista que assuste o coitado.
— parece… — deu uma pausa, parecendo procurar a palavra certa — caótico. — Você não tem ideia do quão certo você tá. — Ri. — Aquele homem não teve um único momento de calma desde que eu o conheci. Tem um coração de ouro, mas ama esconder isso embaixo de uma fachada de odiar todo mundo. Ele é basicamente um gato. — Ele riu.
— Talvez eu possa desenhar vocês algum dia.
— Você desenha? — assentiu.
— Posso te mostrar de manhã.
— Uau. Minha alma gêmea é um artista. — Provoquei e ele sorriu.
— Minha mãe me ensinou quando eu era pequeno. Ela tem paixão pelas artes e quis passar algo pra mim no pouco tempo que nos era permitido passar juntos. Depois… — ele engoliu em seco, desviando o olhar. Tocou sua bochecha esquerda, perdido em pensamentos. Não quis interromper, apenas apertando sua mão pra mostrar apoio. — Ela ficou doente. Meu pai a mandou para longe e eu não tinha permissão pra vê-la até recentemente, mas quis manter essa coisa que era nossa. Sou praticamente autodidata.
— Ela soa como uma mulher incrível.
— Ela é. Provavelmente também adoraria as suas flores.
— Sabe quais são as favoritas dela? — Ele parou por um momento.
— Não-me-esqueças. Ela sempre tem algumas no jardim e vasos dentro de casa. — Sorri.
— Elas têm um significado lindo. E eu amo flores azuis. — bocejou outra vez e só puxei sua mão, levando-o pra cama. — Ok, você claramente precisa dormir.
— Já disse que não quero desperdiçar o tempo que temos juntos.
— E isso é muito fofo, mas temos muito tempo. Não vou fugir nem te expulsar, viu? — Ele não respondeu, mas me seguiu.
Se deitou meio duro, parecendo surpreso quando o abracei, mas imediatamente colocou os braços ao meu redor. Não demorou até que ambos caíssemos no sono.
Não dormimos por muito tempo. Acordei pra mudar de posição, meu braço reclamando, só pra me deparar com um bem acordado, me olhando e distraidamente correndo uma mão pelo meu cabelo. Podia sentir como ele tava preocupado, quase com medo. Será que ele tinha tido um pesadelo?
— O que foi? — perguntei franzindo o cenho.
— Desculpa. Te acordei? — Balancei a cabeça, então estiquei a mão pra suavizar o vinco entre suas sobrancelhas com as pontas dos dedos. Sua expressão toda se derreteu com o meu toque. — Só tenho muita coisa na cabeça.
— To vendo. Quer que eu faça um chá? — Seus olhos estudaram meu rosto por alguns instantes, um brilho malicioso tomando o lugar da tempestade que havia neles.
— Na verdade, acho que uma distração seria melhor. — Soltei uma risada.
— Ah, tenho certeza que sim. O que aconteceu com toda aquela incerteza de algumas horas atrás?
— Você fez ela ir embora. — Ele pôs meu cabelo atrás da orelha, acariciando o meu rosto, e me lançou um sorriso torto. — Você disse que ia me ensinar, e eu tenho perguntas.
Sentei, ajustando a postura.
— Ok, senhor. O que quer saber? — disse em um tom solene de brincadeira.
se sentou também, se inclinando para capturar meus lábios, a mão deslizando para a minha nuca. Suspirei, apoiando as mãos nos seus ombros, indo atrás quando ele se afastou e ganhando um sorriso.
— Eu quero saber como te levar à loucura — sussurrou contra meus lábios, me arrepiando.
— Falar desse jeito com certeza é o caminho certo — respondi. — Mas acho que isso é mais fácil de ensinar na prática que na teoria. — Sua resposta veio na forma de outro beijo de tirar o fôlego, suas mãos fazendo o caminho para os meus quadris e me puxando pro seu colo.
Sentei com uma perna de cada lado das dele, enterrando uma mão nos seus cabelos e me derretendo no beijo. Soltei uma exclamação surpresa quando me segurou mais forte e nos girou, me colocando deitada de costas com ele por cima. Ele se afastou pra me olhar, uma satisfação quase infantil de ter me surpreendido com o movimento.
— Me mostra como te dar prazer — pediu de novo, um arrepio descendo pela minha espinha.
— Me toca. — Suspirei. Não precisei dizer duas vezes.
As mãos do foram para os meus seios, apalpando-os, seus olhos nunca deixando meu rosto. Mordi meu lábio quando ele começou a girar meus mamilos nos dedos, meu corpo respondendo imediatamente. Puxei-o mais pra perto outra vez para tomar sua boca, meus gemidos abafados pelo beijo. Quando não pude continuar por precisar de ar, ele moveu os lábios para o meu pescoço, imitando o que eu tinha feito com ele antes — o que só deixava mais difícil respirar, na verdade, mas eu com certeza não estava reclamando. Ele continuou descendo até fechar seus lábios sobre meus mamilos.
— Porra. — Senti seu sorriso contra minha pele, então arqueei as costas quando dedos frios deslizaram pela minha entrada. — Deuses, aí. — Ele repetiu o movimento, com mais confiança dessa vez, entendendo que era a coisa certa a fazer.
Tive que me esforçar muito pra pensar o suficiente, pegando sua mão pra guiar seus movimentos, e segurei um choramingo quando os lábios de deixaram minha pele. Abri os olhos e encontrei-o observando atentamente nossas mãos na minha buceta, seu olhar faminto e focado, e levei um segundo pra processar que ele estava fazendo exatamente o que disse que queria: aprendendo.
Ele continuou a imitar meus movimentos à perfeição, e passei a segurar seu pulso, certa de que ele não precisava mais que eu o guiasse tão de perto.
— … — gemi, olhos revirando quando seus lábios voltaram à minha pele, seus movimentos não parando. — Mais rápido. Ah, é tão bom… — Aí, provando como ele tinha prestado atenção, ele me penetrou com dois dedos sem parar de circular meu clitóris com o polegar.
De algum jeito, mesmo que eu mal estivesse tocando nele, estava quase tão excitado quanto eu, e — com muito menos inocência que antes — explorava meu corpo com as mãos e a boca, parecendo tomar nota de como tirar cada reação de mim. Arqueei as costas, pernas tremendo e boca aberta em um grito silencioso, quando o orgasmo me atingiu. não parou até eu empurrar sua mão, puxando seu cabelo para trazer seus lábios até os meus em um beijo sem fôlego.
— Tem mais uma coisa que eu quero tentar — murmurou, dedos apertando minha coxa.
— O qu- o que é? — Arfei. Ele se afastou o suficiente pra encontrar meus olhos, só um toque de incerteza nos olhos famintos.
— Quero te beijar aqui. — Seus dedos roçaram muito de leve a minha buceta e eu estremeci. — Posso?
— Deuses… sim. Isso… sim. — Balancei a cabeça com entusiasmo e riu. Se não fosse a nossa ligação, seria meio difícil acreditar que eu tinha sido sua primeira.
Seus lábios voltaram aos meus e corri minhas unhas de leve pelas suas costas, ganhando um grunhido em resposta. Então ele começou a descer, dando a mesma atenção a cada centímetro da minha pele. Passou pelo meu pescoço, meus seios, minha barriga, com total adoração, suas mãos seguindo a trilha dos seus beijos e reacendendo meu corpo. Ele parou por um momento e se afastou ao chegar ao topo das minhas coxas, a cabeça inclinada enquanto ele tentava decidir onde era melhor sentar, um pequeno momento de confusão que me lembrou que ele não sabia o que estava fazendo. Tinha dado um chute excelente ao pedir pra me chupar, mas foi isso que foi: um chute, provavelmente baseado nas minhas reações.
Me sentei, lhe dando um selinho rápido, e me reposicionei na cama pra que ele ficasse sentado entre minhas pernas.
— Obrigado — murmurou com um sorriso encabulado.
subiu as mãos pelas minhas pernas antes de se abaixar pra beijar minha barriga. Enterrei meus dedos no seu cabelo.
— Começa devagar — instrui, corando, conforme ele desceu.
Seus olhos encontraram meu rosto e ficaram lá quando seus lábios encontraram meu âmago. Tive que lutar contra o impulso de fechar os olhos quando passou a língua da minha entrada até meu clitóris, gemendo contra mim, as vibrações reverberando por todo o meu corpo. Soltei uma respiração trêmula e ele repetiu a ação. Suas mãos mantiveram minhas pernas afastadas e sua boca se fechou sobre meu clitóris, sua língua repetindo os movimentos em que eu tinha guiado seus dedos, e eu sabia que ele tava prestando atenção a cada uma das minhas reações. Ele foi sem pressa me lambendo, me fodendo com a língua, explorando a minha buceta como ele tinha feito com o resto do meu corpo até eu ser reduzida a só conseguir gemer, incapaz de formar um único pensamento coerente.
— As-assim. Deuses, bem assim… — Empurrei seu rosto impossivelmente mais pra perto, tentando rebolar, mas sendo impedida por ele me segurando contra a cama. Eu conseguia sentir o segundo orgasmo se aproximando, meus músculos ficando tensos, minhas coxas tremendo sobre seus ombros. — ! — exclamei, gozando.
Ele se afastou por conta própria dessa vez, distribuindo beijos suaves na parte interna da minha coxa enquanto as ondas de prazer passavam por mim e eu recuperava o fôlego. Estava muito satisfeito consigo mesmo e isso ficava claro no seu sorriso quando finalmente consegui abrir os olhos.
— Você é deliciosa — murmurou contra minha pele e soltei um risinho.
— Algo me diz que sua opinião é meio suspeita, mas honestamente não vou discordar de nada que você disser agora. — Alguns momentos de silêncio depois, me sentei e prendi o cabelo pra trás. — Minha vez.
franziu o cenho, sem entender do que eu estava falando até eu empurrá-lo gentilmente pra que fosse ele quem estava deitado comigo entre as pernas.
— O que você ta fa- ah! — Não pude evitar o sorriso com a sua expressão quando envolvi sua base com a mão.
— Eu te disse, é minha vez — sussurrei contra seus lábios, movendo a mão devagar pra cima e pra baixo.
Desci pelo seu peito, vendo seus olhos se arregalarem quando tomei seu pau na minha boca, e revirarem pra trás quando suguei.
— Porra, — sibilou, enterrando as mãos no meu cabelo. Desci o máximo que conseguia, cobrindo o que não cabia na minha boca com uma mão. lutou para manter os olhos abertos e me assistir girar a língua ao redor do seu pau, me afastando até só a ponta estar na minha boca e descendo de novo. — Deuses… você me faz sentir tão bem, tão bem. Sua boca é tão perfeita… — falou sem fôlego e eu sabia que, se ele não tivesse acabado de me fazer gozar duas vezes, os elogios provavelmente estariam tendo bem mais efeito em mim. Também sabia que ele não ia durar, seus dedos tremendo e a respiração pesada, então aumentei a velocidade, movendo a cabeça pra cima e pra baixo e acompanhando o movimento com a mão, até ele jogar a cabeça pra trás, meu nome escapando de seus lábios quase como uma prece, e senti sua semente jorrando na minha garganta. Tive um pouco de dificuldade pra engolir tudo, não querendo ter que levantar e trocar os lençóis, e o soltei.
me puxou gentilmente pra me dar um selinho casto e me abraçou. Então, com ambos saciados e cansados, adormecemos outra vez nos braços um do outro.
Pelos próximos dias, não saímos do chalé pra nada. Nosso tempo foi gasto exatamente como naquelas primeiras horas, conhecendo as histórias, alegrias e tristezas um do outro, ou deixando nossos corpos conversarem. Enquanto eu cozinhava, tinha criado o hábito de me desenhar, mostrando tanto o que ele estava vendo quanto memórias, como o primeiro momento que ele me viu, e coisas que ele inventava, como eu parada na frente de um castelo, cabelo caindo pelas minhas costas.
Espiei por cima do seu ombro.
— Eu não sou nenhuma princesa, querido. — Ri com o esboço mais recente, colocando nossos pratos perto dele na mesa. Ele soltou o carvão pra agarrar meu quadril e me puxar pro seu colo, beijando meu ombro.
— Claro, você é uma rainha. — A imagem me mostrava usando um lindo vestido dentro de uma torre, a luz do sol entrando por uma janela. Meu cabelo estava solto, mas algumas mechas estavam trançadas com uma coroa delicada. — Você tem a beleza de uma deusa, é um absurdo que não seja adorada por todos.
Ri, tomando seus lábios em um beijo suave.
— Continua falando assim e vai acabar me convencendo.
— Bom, é a verdade. — Ele pôs meu cabelo atrás da orelha, acariciando minha bochecha.
— Precisamos comer, senhor artista. — Lembrei quando começou a distribuir beijos demorados pelo meu pescoço. Ele só soltou um som de concordância, mas não parou. — , eu to com fome.
— Eu também. — Sua mão se moveu do meu quadril pra parte interna da minha coxa, afastando um pouco minhas pernas, e pude sentir seu pau começar a ficar duro. Suspirei, aproveitando por um momento antes de segurar seu pulso e me afastar da sua boca.
— Eu to falando de comida, não sexo. — Soltei um risinho e ele franziu o cenho. — Temos que dar sustento pros nossos corpos pra isso, lembra?
— Ta bom. — pressionou um selinho rápido nos meus lábios. — Mas você é a minha sobremesa.
— O que aconteceu com o homem virgem e tímido que eu encontrei na floresta? — Brinquei e ele sorriu de canto pra mim.
— Você.
— Está dizendo que eu te corrompi?
— Estou dizendo que me deixou viciado. Você me enfeitiçou e não acho que quero me libertar nunca. — Seu tom era completamente sério, me fazendo corar e desviar o olhar com um sorriso.
— Um artista, um poeta… mais algum talento secreto? — Antes que ele pudesse responder, ouvi uma batida alta na porta. ficou tenso na mesma hora, embora eu não entendesse por quê, mas só agradeci a qualquer deus que tivesse garantido que isso acontecesse num dos poucos momentos que estávamos os dois vestidos.
— , ah, graças aos deuses. O que aconteceu com você? — A mulher cuspiu com seu sotaque carregado assim que eu abri a porta. Meu rosto queimou e lhe ofereci um sorriso envergonhado, abrindo mais a porta pra revelar o homem sentado à minha mesa.
— Desculpa, meio que perdi a noção do tempo. — Seus olhos verdes se arregalaram.
— Ah. Não sabia que você estava com visita.
— Eu não ia estar. Hm, esse é o , minha alma gêmea. Querido, essa é a Kytzia, ela é a curandeira da vila. — Ele acenou encabulado, suas bochechas tão vermelhas quanto as minhas deviam estar, e ela olhou de mim para ele, depois de volta pra mim. — Desculpa, quer entrar? Só me fala os ingredientes que você precisa e eu preparo tudo rapidinho.
Ela aceitou, um olhar de choque em seu rosto.
— Ingredientes? Você sumiu por dias sem aviso, todos achamos que tinha adoecido. Meu próximo passo era procurar o seu cadáver na floresta. — Me encolhi.
— Deuses, desculpa mesmo. Nunca quis preocupar todo mundo, eu só meio que esqueci do mundo todo mesmo.
— Agora posso ver o porquê. É só que um aviso teria sido bom.
— Desculpa de novo. Mas você precisa sim de ingredientes, e tenho certeza que os comerciantes também. Me dá a lista, vou preparar tudo. — Kytzia suspirou antes de me entregar um pedaço de papel com todas as coisas que a vila estava contando comigo para fornecer. — Já volto.
Fui até o quarto pegar as ervas secas e criar o resto das coisas nos vasos, além de pegar uma cesta para ela levar tudo. Não era difícil, eles precisavam mais ou menos das mesmas coisas de sempre, só tinha acumulado alguns dias. Pude ouvi-los conversando baixinho e sentir o desconforto leve do até o momento que eu apareci de novo.
— Aqui. Por favor, estenda minhas desculpas pra todos e diga que estarei na feira. — Olhos cinzentos surpresos encontraram meu rosto.
— Vai realmente apresentá-lo para a vila toda de uma só vez?
— O que é essa feira?
— A vila organiza essa feira livre a cada dez dias, tem música e dança. E sim, se o quiser vir junto. — Kytzia arqueou uma sobrancelha e virei os olhos. — Ele consegue lidar com nossos vizinhos. Estou mais preocupada com o volume dos gritos do quando ele descobrir.
— Justo. — Ela franziu o cenho, pegando a cesta. — Onde está seu colar? Acho que nunca te vi sem ele antes.
— Eu tirei um desses dias e esqueci onde pus. Não estava prestando muita atenção. — Esfreguei a nuca. Eu sabia que estava em algum lugar dentro do chalé, mas ainda não tinha parado pra procurar de verdade. — Tenho certeza que vou achar.
— Hm. Bom, vejo você na feira. Foi um prazer conhecê-lo, . E cuide bem da nossa flor, ouviu? Ela é preciosa. — Ele assentiu tenso e revirei os olhos.
— Para de assustar ele, Ky.
— Me conhece bem o suficiente pra saber que não estou intimidando ele de propósito. Quatro dias, , estarei te esperando. — Ela se virou, andando em direção ao riacho que cortava meu terreno e acenando por cima do ombro.
— Estarei lá, ta bom? Não se preocupe. — Acenou de novo sem olhar pra trás e soltei um risinho.
— Por que estou com a impressão que todos na sua vida vão me ameaçar? — perguntou em um tom vazio, me fazendo soltar uma gargalhada.
— Acredite, ela não fez isso. Eu já a vi ameaçando pessoas antes e normalmente envolve menções a venenos, maldições e ossos quebrados, só pra começar. — Seus olhos se arregalaram, mas apenas dei de ombros. — E as outras únicas pessoas que devem te ameaçar são o e a minha tia, mas eu diria que não tem com que se preocupar. Eles só cumpriram as ameaças uma vez, foi esse babaca que me traiu, e, pra ser justa, eles não foram nem perto de tão maus quanto podiam ter sido. — Levei um dedo aos lábios, pensativa. — Mas talvez seja porque eu peguei ele primeiro.
— O que você fez com ele?
— Hera venenosa com espinhos. Muita dela. Depois que eu desci o cacete nele. Mas ficar com o cara foi uma ideia burra desde o começo, eu sabia que ele era um cuzão. Uma falha de julgamento quando eu tinha 17 anos, acontece. — Dei de ombros, ganhando uma risadinha.
— Uma verdadeira dama, pelo visto. — Me curvei em deboche.
— Absolutamente, senhor. Ideal para a corte.
— Isso seria hilário. Os nobres iriam desmaiar de tão escandalizados que ficariam com você. — Sentei na cadeira ao seu lado rindo e comecei a comer.
— Eu sei me portar como uma verdadeira dama, só não é muito natural. Ou necessário. — Pra provar meu ponto, ajeitei a postura e comi seguindo todas as regras de etiqueta por alguns minutos.
— Não acho que seja tão natural pra ninguém na corte também, é só que foi decidido que era necessário e ninguém questiona. Alguém como você traria um ar fresco.
— Como você sabe tanto sobre a nobreza? — perguntei curiosa e ficou tenso, desviando do meu olhar.
— Meu pai. Cresci perto o bastante pra aprender.
— Ei. Eu te disse antes, tá tudo bem se não quiser falar disso. E a parte importante é que acabou, certo? — Cobri sua mão com a minha e ele girou para entrelaçar nossos dedos, apertando de leve. — Você tá aqui comigo, isso que importa.
Ele me ofereceu um pequeno sorriso e beijou as costas da minha mão, voltando a comer, mas eu sabia que ainda o estava incomodando lá no fundo. Desejei poder fazer mais, mas me resignei a distraí-lo daqueles pensamentos.
Senti movimento, me acordando parcialmente. O quarto ainda estava escuro, então fechei os olhos de volta.
— Que foi, querido? — sussurrei.
— Shhh, tudo bem. Achei seu colar.
— Hmm, ‘brigada. — Levei uma mão ao peito, encontrando o pingente e sua mão, que acabava de colocá-lo. — Vem cá.
— Eu já volto, vou só tomar água. Volta a dormir, minha rosa.
— Tá bom — murmurei, muito cansada pra querer acordar. Ele depositou um beijo suave na minha testa e lhe dei um sorriso sonolento antes de virar na cama pra encontrar uma nova posição e cair no sono de novo.
Pela primeira vez nos últimos dias, acordei em uma cama vazia.
— ? — Chamei com a voz rouca, sem querer levantar ainda, mas não obtive resposta e suspirei. Talvez ele estivesse lá fora.
Me espreguicei e virei pro lado com total intenção de voltar a dormir até ele voltar, mas o colchão parecia estranhamente frio. Franzi o cenho. Há quanto tempo ele tinha saído? Levantei e fui procurá-lo, mas o chalé estava vazio. Também não havia sinais da mala do , suas roupas ou botas em lugar nenhum, o único indicador de que ele tinha estado lá em algum momento sendo os desenhos que ele tinha deixado na mesa mais cedo. Demorou até eu chegar na porta pra perceber o vazio dentro de mim. Eu não conseguia mais sentí-lo. Era só eu, ninguém do outro lado da ligação de almas gêmeas, nenhum sentimento, nenhum nada, só um eco distante de dor.
Cai de joelhos abraçando meu tronco, as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas quando a realidade me atingiu. Ele tinha partido. Eu só tive alguns dias com ele, e agora estava sozinha de novo porque minha alma gêmea estava morta.
Continua em "Broken Harmony: of Thorns and Icy Crowns"
Nota da autora: ...
Outras Fanfics:
- Broken Harmony: of Thorns and Icy Crowns
- Perfect Harmony: of Fire and Roses
- MV: Everything Has Changed
- MV: Thinking Out Loud
- Fire and Ice by Moonlight
- Still Waters
- Still Waters Brasil
- 03. Party Girl
- 01. Jump Then Fall
Nota da Scripter: Vou deixar um comentário melhor na caixinha abaixo hehe Só posso dizer que: EU TÔ NERVOSA ATÉ AGORA! <3
A KTYZIA APARECENDO!! O CROSSOVER <3
HELLOOOOOOOO!!! Deixe AQUI um pouco de amor para a autora <33333333. É DE GRAÇA, HEIN!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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