Finalizada em 16/01/2022

I

alguns meses depois
Apartamento de - 11:48 pm



arfou, surpresa, ao sentir dois dedos dentro de si. depositou um beijo na região da coxa dela, ouvindo os gemidos baixos que a mulher soltava, enquanto ele aumentava o movimento de vai e vem de seus dedos dentro dela, provocando-a mais um pouco. Os dois tinham acabado de gozar juntos, mais uma vez, mas percebeu que gostava de vê-la tão exposta daquela maneira, os olhos intensos de desejo e prazer. Ele adorava observar a expressão entregue dela, que nunca mudava, cada vez que os dois se permitiam ter mais uma noite juntos.
O homem girou os dedos, afastando um pouco o corpo, vendo-a cruzar as coxas e esfregando o clitóris dela com o polegar, sabendo que ele estava duas vezes mais sensível que o normal e isso só se confirmou quando ela soltou um murmúrio em forma de gemido. riu e resolveu parar de torturar a mulher, tirando seus dedos dentro dela, chupando os dois.
— Exibido — ela murmurou, revirando os olhos.
Quando ele se jogou ao lado dela na cama, cobriu o corpo com o edredom disposto ali e puxou um lençol até a cintura. Ambos estavam cansados e a mulher sabia que deveria ser tarde da noite. Ela o encarou com a expressão tranquila, mordendo o lábio. Já fazia alguns meses que estavam naquela situação. Com exceção de Jay - que não fazia parte da equipe mais -, ninguém desconfiava do envolvimento sexual dos dois, o que era bom. Bom, não. Era ótimo. Os outros viam a intimidade deles como uma amizade muito próxima e como eram parceiros, ninguém deduzia nada. Agora estavam ali, depois de Dowell liberar férias de duas semanas para a equipe inteira, após um caso particularmente difícil. E já tinha planos de ir para a fazenda da família para o casamento da irmã caçula.
— O que você está pensando? — ela foi despertada dos próprios pensamentos, ouvindo a pergunta de .
Virou-se para ele, de corpo e rosto e soltou um suspiro, negando com a cabeça. Ele aproveitou a aproximação para acariciar a bochecha dela. percebeu que ele gostava de demonstrar aqueles tipos de carinho, então tinha se acostumado e nunca reclamava.
— Onde você disse que iria passar as férias? — ela indagou.
— Na sua cama.
estalou um tapa no peito do homem, que soltou um resmungo reclamando, mas logo riu da reação dela. Era óbvio que ele não tinha dito aquilo. Era um homem que tinha amor à vida.
— Estou falando sério, seu idiota — murmurou.
soltou a respiração, beijando a testa dela.
— Eu não disse nada, eles não perguntaram — respondeu, finalmente. — Mas como você fez questão de sempre deixar claro que está indo ao casamento de sua irmã, vou arrumar alguma coisa para fazer.
— Hm — ela fingiu pensar, aninhando-se no peito dele, sentindo-o passar a mão para a sua cintura. — Exercícios físicos não contam como passatempo de férias.
O agente beliscou a pele dela de propósito, recebendo uma mordida leve no braço em resposta.
— Isso é você quem está dizendo — rebateu.
Ela soltou uma risada gostosa, mas não respondeu nada. não sabia se deveria, mas estava cogitando a possibilidade de convidá-lo como seu acompanhante no casamento de Julie, depois de ter passado duas horas em ligação com a mais nova e ela ter atormentado o tempo todo para fazer aquilo.
Julie não tinha ideia do que estava pedindo-a, mas para a romântica incurável que ela era, não tinha como entender a sua irmã racional mesmo. Mesmo assim, já tinha perdido aquela batalha, se dando por vencida mais uma vez. Quanto mais mudaria de ideia a respeito daquele homem que estava deitado na sua cama?
, você gostaria de ser meu acompanhante no casamento da Julie? — ela perguntou tão rápido que achou que talvez tivesse ouvido errado.
Era isso. Não tinha mais volta, pensou. Simplesmente tinha convidado-o, antes que perdesse totalmente a oportunidade e coragem.
— O que você disse?
Ela levantou da cama, se afastando do peito dele. Procurou as suas roupas jogadas pelo chão.
— Não vou repetir — a mulher respondeu.
riu, imaginando que era uma resposta totalmente adequada vindo dela. Ele já tinha percebido que ela não era muito sentimental - e menos ainda paciente.
— Eu só estou surpreso — ele admitiu, tentando tranquilizá-la. — Não estava esperando um convite.
E ele não estava, mesmo. Durante todos aqueles meses, o homem tinha acostumado a nunca esperar nada mais do que amizade e sexo vindo dela. Não tinham encontros românticos. Nada sentimental demais. Era por isso que estava surpreso em receber um convite dela.
vestiu a calcinha e uma blusa, descartando o short. Prendeu o cabelo em um coque alto no topo da cabeça e respirou fundo, olhando para . Céus, que não fosse uma má ideia levar aquele convite adiante.
— Não vejo mal em você me acompanhar como amigo — ela frisou a palavra, arrancando um sorriso leve dele, que ainda estava coberto até a cintura. — Mas eu também estava pensando se você não poderia me fazer um favor.
Ela voltou para a cama, sentando na beirada dela. remexeu o corpo, se mantendo sentado também, um pouco curioso sobre o que ela tinha acabado de dizer. Não era exatamente todos os dois que pedia um favor - e muito menos para qualquer um.
— Depende muito do que ele envolve — respondeu.
encarou o homem, mordendo o lábio inferior, como se ainda estivesse pensando se deveria mesmo prosseguir com o que estava prestes a pedir. Ela não precisava daquilo, claro, mas quando se tratava da sua família, a agente meio que não pensava direito. E Julie saberia a verdade, mas mesmo assim, não a julgaria. Na verdade, a mais nova torceria para que uma mentira se tornasse verdade.
— Vão perguntar o que nós somos — ela explicou, apontando exageradamente para si mesma e para ele, indicando os dois juntos. — E não seria tão má ideia se você respondesse que nós somos…
Ele percebeu que ela não conseguia encontrar uma palavra adequada para se referir aos dois. Quase riu, achando toda a situação cômica e como ela parecia sem jeito de estar pedindo aquilo.
— Amantes? — ele sugeriu.
A mulher fez uma careta, negando devagar com a cabeça.
— Tem uma palavra melhor — afirmou.
mexeu os ombros e se levantou, procurando as próprias roupas.
— Namorados?
umedeceu com os lábios e esfregou o rosto com as duas mãos.
— Parece juvenil demais — reclamou. — Mas serve.
Quando estava completamente vestido, mas ainda descalço, ele se virou para . Não sabia o que aquilo tudo significava, mas tinha certeza somente de uma coisa: ela não estava fazendo aquilo movida por sentimentos que nutria por ele, mas meramente por interesse próprio. Era por isso que sabia que não devia apostar o próprio coração naquele novo jogo.
— Você quer fingir que nós somos namorados para a sua família? — ele indagou.
A agente respirou fundo.
— Sim — respondeu. — Julie vai saber a verdade, é claro, mas é um casamento. Não vão me deixar em paz com essa questão. Acham que eu priorizo o trabalho demais para me dar o luxo de qualquer coisa.
O homem fez uma expressão óbvia.
— É a verdade, .
Ela direcionou uma cara feia para ele. Ela sabia que era verdade, mas não significava que queria ouvir sua família reforçando isso o tempo todo. Era cansativo e, sinceramente, bastante irritante. Qual era o problema de priorizar o trabalho?
— Você aceita ou não? — indagou, um resquício de irritação na voz.
não precisou pensar duas vezes para ter a sua resposta. Não era nada demais e ainda faria um favor para , mas mesmo assim, no fundo, sem que percebesse, desejou que a mentira fosse verdade.
— Aceito — respondeu.
Ele se aproximou dela, admirando a sua expressão irritada e tocou a ponta do queixo dela com o polegar e o indicador. Roubou um selinho rápido antes de se afastar para terminar de se vestir. mordeu a parte interna da bochecha, verificando a hora no relógio da ponta. Estava desgastado, mas ainda servia. Mais uma vez, ela tomou coragem para fazer uma coisa que não deveria.
— Está tarde — soltou, observando-o vestir a camisa. — Por que não dorme aqui hoje?
Sendo pego de surpresa pela segunda vez, o homem encarou a agente, procurando por algum vestígio de humor, esperando que aquele segundo convite fosse claramente uma pegadinha. Mas ela estava com a expressão serena, normal, sem indício de que estava brincando com ele.
— Puta merda, soltou, sem se conter. — Mais alguma surpresa?
Ela começou a rir. Em seguida, deu de ombros, mas percebeu que tinha gostado de surpreendê-lo daquela forma.
— Espero que não — ela respondeu. — Mas você não precisa ficar, se não quiser.
Sem responder nada, ele retirou a camisa que tinha acabado de vestir, dando uma resposta silenciosa para ela. sorriu contida e respirou fundo, levantando-se da cama.
— Bem… está com fome?

— Seu hábito alimentar é muito ruim.
mastigou o restante da pizza morna e deu de ombros, sem se importar com o toque de crítica no tom de voz do seu parceiro. Quando ela terminou de comer a fatia e bebeu um gole do suco de limão, respondeu.
— Não tenho muito tempo para fazer uma feira digna de alimentação saudável — rebateu, observando-o terminar de comer. — Chego muito tarde na maioria das vezes e só quero uma comida fácil e rápida.
Como uma pizza congelada, por exemplo. Ela tinha muitas comidas congeladas pelo simples motivo de achar mais prático. Sabia que o homem estava certo e que ela realmente não tinha uma rotina alimentar saudável e jurou a si mesma mudar aquilo, mas não seria agora. Nem amanhã. Talvez nem depois.
— Além do mais, o que importa é não morrer de fome — continuou.
A mulher levantou e colocou os pratos sujos na pia, deixando de molho para serem lavados no dia seguinte, pela manhã.
— É um bom ponto — comentou. — E então, como é a sua família?
— Complicada — respondeu rápido. — Como qualquer outra.
levantou, deixando seu prato sujo na pia também e encostou-se na bancada, ficando de frente para ela, que se recostou na pia.
— Acho que você pode falar mais do que isso — ele disse, cruzando os braços e levantando uma sobrancelha sugestiva. — Eu sei que você tem outros irmãos, mas você só fala da Julie.
Ela apoiou os braços na pia, um de cada lado. Não tinha problema nenhum em falar sobre a sua família, só não era o seu assunto favorito. Mas se tinha pedido um favor para ele, podia muito bem responder às suas perguntas.
— Sou mais próxima da Julie, principalmente porque ela é a única que mora na mesma cidade — ela começou a contar. — A Jane viaja muito, nos falamos muito pouco. E meus irmãos são ocupados com as próprias vidas. Tento falar com meus pais uma, duas vezes por semana.
Ela deu de ombros. Amava seus pais, mas não podia ficar ouvindo seu pai criticar a sua profissão o tempo todo, então duas vezes na semana era mais do que suficiente para saberem que todos estavam bem e vivos.
— Sei que pareço insensível falando assim — continuou, respirando fundo. — Eu amo minha família, claro, mas se eu quiser manter a minha saúde mental intacta, não posso mentir que estou melhor longe deles. E sinto muita falta da Jane.
abriu um sorriso, entendendo perfeitamente o que ela tinha acabado de dizer.
— Não achei que você parecia insensível — ele explicou. — Acho que você só é reservada demais, . Quem não te conhece, pode ter uma visão errada.
Ela deu um sorriso sem graça e assentiu devagar.
— Mas você pode ficar tranquilo — a agente avisou. — Se você pode capturar assassinos foragidos e perigosos, certamente vai dar conta da minha família.
Ele riu e descruzou os braços. Esticou um braço com a mão fechada em punho e ela trocou um soco leve com ele.
— E quando vamos?
lançou um olhar suspeito para ele. Apontou um dedo em riste para o homem e fez uma careta, lembrando que tinha esquecido de mencionar aquele detalhe.
— O casamento é domingo e tem um almoço amanhã — ela respondeu.
a olhou com espanto.
, hoje é sexta-feira! — apontou, como se não fosse a coisa mais óbvia. — Não deveria ter ido hoje?
— Sim, mas prefiro chegar um pouco antes do almoço — ela admitiu, sem nenhum pingo de culpa. — Um dia a mais significa aturar gente que eu não quero.
soltou um suspiro, como se não acreditasse que ela tinha mesmo feito aquilo. Ele sequer tinha feito as malas.
— Julie ficou feliz com isso?
— Ah, eu disse que fiquei presa em um caso — deu de ombros.
Ele riu, apontando um dedo acusatório para a mulher.
— Você está de férias — ele retrucou.
— Ela não precisa saber disso.
balançou a cabeça. Gostava cada vez mais de passar um tempo extra fora do ambiente de trabalho com ela. Gostava mais ainda de poder conhecê-la um pouco melhor a cada dia que passava e tentava não pensar muito sobre o que aquilo tudo significava.
— Você devia ter me avisado antes — ele disse. — Não fiz nenhuma mala. Não tenho nada pronto.
A agente fez um gesto com as mãos, dispensando.
— Não se preocupe com isso — tranquilizou-o. — A Califórnia é logo aqui do lado, vamos sair cedo, passamos no seu apartamento e você junta alguma coisa. Pretendo voltar assim que o casamento terminar.
Ele a puxou, prendendo-a contra o seu corpo, as duas mãos ao redor da cintura dela.
— Eu nunca vi alguém que gostasse tanto de fugir assim — ele disse, arrancando uma risada dela.
Mas não importava. Se isso significava passar algumas horas - ou um dia inteiro -, em sua presença, ele estava mais do que satisfeito. Afinal de contas, era muito mais do que poderia ter.


II

Os dois não tiveram uma boa noite de sono, como pensaram que teriam.
Apesar de terem dormido juntos, na mesma cama, cada um dormiu virado para um lado, e por terem dormido tarde e acordado muito cedo, ainda estavam cansados. Mesmo assim, levantaram. organizou o resto de suas coisas e arrumou-se rapidamente, optando por usar um vestido justo de cor preta e uma bota de cano alto, com um sobretudo por cima. Deixou o cabelo preso em um rabo de cavalo, a franja caindo solta e lisa pela testa.
Como não tinha nada seu naquele apartamento, passaram no dele antes de seguir caminho para o sul da Califórnia. A mulher esperou no carro com um copo de café forte em mãos, enquanto o homem ia até o próprio apartamento. organizou uma bolsa pequena e tomou um banho rápido, vestindo uma roupa social adequada, a pedido de .
Agora, estavam na estrada, com dirigindo há duas horas seguidas até uma fazenda remotamente escondida, herança da família .
— Você não fala muito sobre a sua família — soltou, recostando a cabeça do banco passageiro, enquanto encarava o perfil de , concentrado na estrada.
Uma música suave tocava na rádio, mas ela não reconhecia.
deu de ombros.
— Você não pergunta.
Ela abriu um sorriso preguiçoso e apontou um dedo em riste para ele.
Touché — ela disse, abaixando o dedo.
— Mas de qualquer forma — o homem continuou. — Não há muito o que falar. Pelo menos, não quando comparado a sua família. Segui os passos do meu pai e ligo todos os dias para minha mãe. Me dou bem com qualquer um.
assentiu, compreendendo.
— Você pensa em ter sua própria família? — ela se viu questionando.
Aquele tipo de conversa não era algo que teria levado adiante, mas estava começando a compreender que não havia mal nenhum em ver como amigo. Só porque tinham estabelecido uma relação sexual consensual, não significava que um não precisava saber da vida do outro. preferia transformá-lo em amigo, além de seu parceiro de trabalho, do que deixá-lo ter um espaço vazio em sua vida, que só preenchia a sua cama.
merecia mais do que isso.
— Sim — ele finalmente respondeu. — Algum dia, talvez. Não penso muito sobre isso no momento.
pensou que ter uma família combinava muito com ele. seria um pai e um marido incrível, disso ela não tinha a menor dúvida. No entanto, ela sequer conseguia imaginar ter um futuro igual.
, ainda concentrado na estrada, pensou em devolver a pergunta, mas no fundo, imaginou qual seria a resposta. Ele não levou o silêncio dela como uma coisa ruim, mas era estranho pensar em como os dois tinham uma intimidade enorme a ponto dele conseguir saber o que ela deveria estar pensando sem dizer sequer uma palavra.
— Você vai ser incrível com essa coisa de família — ela disse, finalmente, o espaço dos lábios se transformando em um sorriso sincero.
sentiu a mão dela apertar a sua coxa em um carinho silencioso e ele sabia que ela estava fazendo aquilo sem malícia alguma. Mas, ainda assim…
— Obrigado, — respondeu. — Mas não me desconcentre.
Ela riu baixinho e tirou a mão dele. Seria melhor que ele se mantivesse concentrado apenas na estrada mesmo e já achava que estava atrasada o suficiente para se atrasar mais.
afastou os pensamentos e ligou o rádio, desejando que chegasse o mais rápido possível.

Em algum momento da viagem, dormiu.
Vez ou outra, encarava o semblante despreocupado dela, a respiração tranquila e a expressão suave. Ele não cansava de admirar o quão incrível ela sempre parecia e percebeu que podia passar horas observando-a dormir. Não acharia ruim, muito pelo contrário; seria o seu passatempo favorito.
O agente estacionou o carro a uma distância segura da fazenda. Ele não conhecia ninguém e muito menos o ambiente para chegar entrando de uma vez, então achou melhor acordar a mulher ao seu lado, no banco passageiro.
? — ele chamou.
tirou o cinto de segurança e notou que ela sequer tinha se movido. Respirou fundo e tocou o rosto dela com delicadeza, apertando o seu nariz levemente, observando-a transformar o rosto em uma careta, arrancando uma risada dele.
, você precisa acordar — ele tentou mais uma vez. — Nós já chegamos.
resmungou algo que ele não compreendeu. beijou os lábios dela devagar e sentiu-a sorrir, abrindo os olhos lentamente. Ele afastou o rosto dela e acariciou sua bochecha esquerda.
— Você dá um ótimo namorado de mentira — ela cochichou.
sorriu e deu de ombros, apontando ao redor atrás de si, comunicando a ela mais uma vez que eles tinham chegado. A mulher soltou um suspiro e esfregou o rosto, se livrando do cinto de segurança.
— Dirija um pouco mais para dentro — ela instruiu.
voltou a ligar o carro e adentrou um pouco mais a fazenda, estacionando junto aos outros carros que ele avistou um momento depois. reconheceu cada carro que estava estacionado no lugar, concluindo que a última convidada que faltava, de fato, era ela.
— Você está pronta? — perguntou.
A mulher umedeceu os lábios e saiu primeiro, sendo acompanhada por ele em seguida. Ela deu a volta e estendeu a mão para ele.
— Nós pegamos nossas coisas depois — avisou. — Temos uma família de curiosos para impressionar. Vamos.
riu, mas não disse nada. Estava prestes a conhecer a família da sua falsa namorada e se sentia tranquilo quanto aquilo. Não sabia se pelo fato de que tudo era mentira ou porque realmente seria tranquilo conhecer a família dela se tudo fosse verdade.
Quando os dois, de mãos dadas, chegaram ao jardim principal, Jane foi a primeira a notá-los. Ela saltou da mesa que estava sentada e sorriu na direção da agente.
!
O grito da caçula despertou o interesse de todos os outros que estavam ali e Maddison observou várias cabeças virarem na sua direção. Ela revirou os olhos para Jane, mas abraçou a sua irmã quando ela correu na sua direção.
— Escandalosa, como sempre — murmurou no meio do abraço.
Jane se afastou logo em seguida. soltou a mão de , deixando-a ter sua própria privacidade com a sua família. Ela tinha dito que não costumava ver ou falar muito com a mais nova.
— E você está atrasada — Jane rebateu, com um sorriso. — Como sempre.
— Você ainda continua sendo uma pirralha, sabia?
Jane definitivamente era uma adulta agora, mas ninguém tirava a imagem dela ser a caçula dos irmãos. A mais nova revirou os olhos e estava prestes a abrir a boca e dizer mais alguma coisa, mas Julie interrompeu, surgindo ao lado delas logo em seguida, com as duas mãos na cintura e uma expressão meio irritada.
— Você está um dia atrasada! — reclamou.
prendeu a risada e expressou uma careta culpada. Queria poder ser boa em inventar desculpas, mas não era. E muito menos para a sua irmã.
— Eu sei, Julie, desculpa! — apressou-se em dizer, com um sorriso enorme no rosto. — Mas eu estava ocupada.
Podia não ser boa em desculpas realmente, mas tinha uma carta na manga que derreteria Julie em dois segundos, o que faria com que a segunda mais nova a perdoasse facilmente.
— Com o quê? — Julie questionou.
estendeu o sorriso e apontou para , um pouco atrás dela, com as mãos no bolso da frente da calça. Ele encarou com audácia, mas não rebateu nada do que ela estava dizendo. Eles meio que estiveram ocupados mesmo, mas ainda assim, a agente teria conseguido chegar no dia anterior, se simplesmente quisesse.
— Julie, Jane — chamou, ignorando os olhares curiosos mais distantes. — Esse é o .
Julie encarou a irmã. Em dois segundos, exatamente como tinha contado, Julie suavizou a expressão e a irritação já tinha sumido do seu rosto.
— Ah, finalmente! — exclamou, passando na frente de Jane. Ela parou na frente de e estendeu a mão para ele. — Oi!
sorriu e aceitou a mão estendida da outra.
— Oi, Julie — murmurou. Em seguida, virou-se, acenando para a outra mais nova. — Oi, Jane.
Jane devolveu o cumprimento, mas virou-se para a irmã, a expressão meio incrédula.
— Caramba, ! — soltou, animada. — Você finalmente arranjou um namorado? Adam! Ryan! Tenho novidades!
Ela gritou para os irmãos mais velhos e correu até eles. Julie gargalhou, soltou um xingamento baixinho e revirou os olhos, observando a caçula com os seus outros dois irmãos.
— Como ela consegue ser tão infantil? — reclamou.
Julie respirou fundo e olhou para a irmã. Apontou de um para outro.
— Eu sei que vocês não estão namorando de verdade — disse. olhou para , que deu de ombros. Julie sempre sabia a verdade mesmo. — Mas estou feliz que você veio acompanhar essa cabeça dura. Mesmo assim, boa sorte.
Julie deixou os dois sozinhos. soltou a respiração mais uma vez e se virou para , ficando exclusivamente de frente para ele e de costas para a família.
Como se quisesse reforçar alguma coisa - adorando que agora tinha pretexto de sobra para tocá-la a qualquer momento -, ele colocou as mãos ao redor da cintura dela. descansou as mãos nos ombros dele.
— Ignore o Ryan — ela avisou.
pensou em questionar o motivo do aviso, mas não o fez. Ao invés disso, ele beijou a ponta do nariz dela.
— Por que tenho a impressão que você está adorando isso tudo? — a agente questionou, os olhos estreitos na direção dele.
sorriu.
— Porque eu estou — respondeu.
Ela mordeu o lábio, balançando a cabeça em negação e se afastou dele quando ouviu Jane gritar seu nome mais uma vez. segurou a mão dele e finalmente criou coragem para andar até a mesa enorme posta no jardim, com diversos pratos de comidas para o almoço.
— Minha querida! — sua mãe surgiu do outro lado da mesa.
abriu um sorriso nostálgico e soltou a mão de , abraçando a mais velha. Sua mãe continuava a mesma, exceto que estava radiante de felicidade pelo casamento de Julie. Seu pai aproximou-se logo depois, parando ao lado da esposa.
— Oi, mãe! — exclamou, baixinho, separando o abraço logo em seguida. — Oi, pai.
— Você está atrasada — o mais velho disse.
suspirou.
— É, eu sei — murmurou, optando por uma resposta que não fosse gerar nenhuma discussão. — Esse é o , meu namorado. , esses são meus pais.
Educado como sempre era, apertou a mão do pai e abraçou a mãe, que insistiu.
— Finalmente encontrou alguém que aceitou ficar em segundo plano em sua vida? — seu pai questionou.
Ele sempre fazia aquilo, com aquela calma impassível e uma pose impressionantemente irritante. mordeu a parte interna da bochecha, tentando se controlar.
não está em segundo plano na minha vida — ela respondeu, mesmo que fosse uma mentira. — Ele trabalha comigo.
Seu pai encarou , a expressão vacilando.
— Você também é um agente do FBI? — questionou, com o tom severo familiar na voz.
— Sim, senhor — respondeu.
Sem dizer mais nenhuma palavra, o Sr. deu as costas para a filha e , deixando-os sozinho com a esposa. respirou fundo, sentindo a necessidade de álcool em plena luz do dia.
— Querida, não dê atenção ao seu pai — sua mãe tentou amenizar. — Ele só…
— Mãe, eu sei que você pensa a mesma coisa — rebateu. — Só não está dizendo nada porque deve ter prometido à Julie.
, o que você espera? — a mais velha indagou, o semblante meio decepcionado. — Você quase morreu um dia desses.
— Eu não… Inferno, Julie! — a mulher exclamou, lançando um olhar irritado para a irmã, que encolheu os ombros.
balançou a cabeça, suprimindo a vontade de gritar. Sentindo que não tinha mais clima nenhum para cumprimentar o restante da família, deu as costas a todo mundo, principalmente a , e seguiu o caminho que a levava direto para dentro da casa. Arranjaria álcool lá dentro e só voltaria a socializar quando estivesse mais tolerável às críticas sem querer xingar meio mundo, como sempre era o caso.

III

— Foi muito mal educado da sua parte deixar o seu namorado sozinho lá fora.
Ela não precisou virar o rosto para saber quem tinha acabado de passar pela porta pequena da cozinha. Aquela voz tinha sido seu pesadelo quase sua vida inteira, atormentando-a o tempo todo como um irritante irmão mais velho deveria atormentar a irmã.
levou a taça de vinho e engoliu mais dois goles longos, percebendo que a garrafa, ao seu lado - a única que ela encontrou escondida por ali -, estava quase na metade. Ela também estava mastigando os biscoitos de leite que eram os seus favoritos quando criança.
— Dê o fora daqui — rebateu.
Mas Adam nunca ouvia ela, em nenhuma ocasião, e sempre fazia o que quisesse. Daquela vez não seria diferente e ela soltou a respiração, bufando logo em seguida ao notar que ele tinha parado ao seu lado, recostando-se na bancada que dividia a cozinha. Tantas vezes os dois protagonizaram uma guerra de comida ali.
— Você sabe como o papai é difícil — ele começou a dizer.
soltou uma risada sem humor algum. Ela deixou a taça de lado, mas continuou com o prato de biscoito, mastigando mais um e virou o rosto de lado, encarando o irmão.
— Adam, você é igualzinho a ele — ela lembrou. — É por isso que sempre nos estranhamos, lembra?
Uma verdade difícil, mas ainda assim, uma verdade. Adam nunca a criticava tão duramente daquela maneira, mas mesmo assim, fazia questão de deixar claro o seu apoio ao pai. Ele sempre dizia que adotara uma rebeldia sem causa quando resolveu seguir a profissão que os pais mais odiavam, mas agora os dois eram adultos responsáveis e precisavam parar com aquilo. Adam a amava, apesar de tudo. Estava começando a achar as atitudes do pai um tanto exageradas. Há anos que seguia a mesma profissão e não tinha intenção nenhuma de mudar; seus pais podiam começar a ceder um pouquinho também.
— Sinto muito, — ele murmurou, sincero.
Ela o encarou, um pouco surpresa. Esperava que ele iniciasse o seu típico discurso novamente, de que devia começar a se entender com o seu pai, que ela deveria pegar leve, que deveria, pelo menos, levar em consideração a possibilidade de encontrar uma profissão mais tranquila. Ao invés disso, lá estava ele, com uma atitude diferente.
— Eu queria que ele esquecesse um pouco a minha profissão — ela desabafou, referindo-se ao seu pai. — Que, pelo menos um dia, não mencionasse nada sobre isso e fosse simplesmente… meu pai. Alguém feliz por mim, sabe? Ele não tinha o direito de tratar o daquela maneira.
Ela mal percebeu que sua voz saiu embargada. Adam observou os olhos da irmã lacrimejarem e se sentiu um completo idiota por tratá-la igual ao seu pai aqueles anos todos. Era visível o quanto ela se sentia esgotada daquilo e não a culpava nenhum pouco por nunca querer comparecer nos eventos familiares.
— Quantas taças você já tomou? — ele indagou.
Ela não era tão vulnerável daquela maneira. Ao menos, não na frente de alguém.
deu de ombros, mastigando mais um biscoito e piscou os olhos para afastar as lágrimas. Não tinha ido até ali para chorar - mas bem que precisava.
— Não o suficiente para ficar bêbada.
Adam riu. abriu um sorriso também, acompanhado-o e ofereceu o prato de biscoitos para ele, que negou com a cabeça. Era tão estranho ter um momento de paz com o Adam daquela maneira, ela pensou. Os dois geralmente se bicavam, mas não hoje, não agora. Foi quando ela o encarou devagar e minuciosamente, e percebeu que ele parecia diferente. Não na aparência.
Ele ainda mantinha os fios do cabelo curto, tinha as covinhas nas bochechas e os olhos continuavam os mesmo, mas havia… um brilho incomum em suas íris.
— Você está diferente — disse.
O irmão assentiu, como se concordasse.
— É, meio que estou — respondeu. — Quero falar sobre isso com você.
Aquilo a intrigou. Ela também deixou o prato de biscoito de lado, vendo que tinha comido quase tudo e bebeu mais um gole do vinho antes de dar atenção exclusiva para o seu irmão mais velho. Ela sempre vinha preparada para ignorar boa parte da família e isso incluía ele.
— Estou ouvindo — ela disse. — Mas se for notícia ruim, não pode me dizer depois do casamento?
No entanto, , de alguma maneira, sabia que não era notícia ruim. Os olhos dele não brilhariam por aquilo.
Adam revirou os olhos e cruzou os braços.
, eu quero te pedir perdão por todas as vezes que não te apoiei em suas decisões — ele começou a dizer, a voz calma e tranquila. — Principalmente por não ter ido à sua formatura, isso foi imperdoável e eu sinto muito, mesmo, de verdade.
Era uma lembrança dolorosa, mas era passado. Somente Jane, Ryan e Julie tinham comparecido na formatura dela e ela até esperou a presença de Adam, mas o mais velho resolveu seguir a atitude dos pais.
— Você é feliz no que faz e está segura, que é o que realmente importa para mim e deveria importar para os outros — continuou. — Sou seu irmão mais velho, mas não agi como tal. E é por isso que eu estou te pedindo perdão.
resfolegou. Se alguém contasse para ela que Adam faria aquilo, a mulher não acreditaria. Diria que era uma piada de mal gosto.
— Caramba, Adam! — sussurrou, sem saber o que dizer. — O que aconteceu com você?
Ele sorriu e bagunçou a franja dela de propósito, como fazia quando eram crianças. Ela resmungou, reclamando, mostrando que continuava a mesma de sempre.
— Aconteceu que eu percebi que uma família é mais importante quando estão unidas — ele respondeu. — Não posso te tratar mal por suas escolhas e nem pelo passado dos outros. Você é uma irmã incrível, uma profissional melhor ainda e vai ser a melhor tia que uma criança poderia ter, .
A agente piscou os olhos, absorvendo as palavras do irmão. Quando percebeu o que ele tinha acabado de dizer, deu um pulo, parando na frente dele, com os olhos arregalados.
— Você vai ser pai? A Treena está grávida? — soltou as perguntas de uma vez, observando um sorriso enorme nascer nos lábios do outro.
Contagiada pela sua alegria, também sorriu ao ver que ele assentiu, confirmando as perguntas. Ela abraçou Adam desajeitadamente, perdendo totalmente o equilíbrio devido às taças de vinho, mas não se importou. O irmão riu da sua atitude desastrada e retribuiu o abraço, as mãos rodeando as costas dela. Ele ia ser pai. Era o filho mais velho e seria o primeiro a dar um sobrinho, ou uma sobrinha, para ela. Era o primeiro dando o passo para aumentar a família.
E , finalmente, seria tia. Porque, embora detestasse os adultos em sua maior parte, as crianças tinham o seu coração, puro e completo, como ninguém jamais tinha.
— Ih — soltou de repente, dando-se conta de uma coisa. Ela se afastou de Adam e encarou o irmão com uma careta no rosto. — Isso significa que preciso me dar bem com a Treena, não é?
Não que as duas fossem inimigas ou algo do tipo. Mas também não eram melhores amigas. Adam revirou os olhos.
, a Treena te adora — confessou. — Você só não dava brecha nenhuma para ela por minha causa.
Ela riu.
— Bom, é verdade — concordou. — Mas agora que você vai parar de ser cuzão, vou melhorar meu relacionamento com sua esposa.
Uma promessa que seria fácil de cumprir. Ela deu duas batidinhas no ombro dele e recuperou a postura, sem lágrimas nos olhos. Se fosse chorar, esperava que fosse somente quando Julie finalmente dissesse "sim".
— Eu te amo, — Adam declarou.
A mais nova abriu um sorriso e abraçou-o novamente, dessa vez, de um jeito mais decente e sem perder o equilíbrio.
— Obrigada, Adam — ela murmurou.
Ele acariciou as costas dela e aproveitou aquele momento raro. Nenhum dos dois sabia quando se veriam novamente, morando tão distante um do outro, mas aquele momento foi um passo novo para que melhorassem a relação de irmãos.
— E sabe de uma coisa, ? — ele disse, depois de terem separado o abraço. — Acho que você não devia deixar o cara novo escapar.
A agente arqueou a sobrancelha, pegando o último biscoito do prato, pronta para mastigar.
— Do que você está falando?
— Devia começar a perceber como ele te olha — Adam avisou.
engoliu a seco, temendo o que aquilo significava. Ela percebeu que tinha sido muito tola em pensar que Adam cairia naquela mentira de namorado. Não quando ele era mais esperto do que os outros. Só não entendia porque ele estava lhe dizendo aquelas coisas. Ela sabia como a olhava e não havia nada demais.
— Acho que você está sendo emotivo demais — ela apontou um dedo em riste para ele, ignorando o aviso.
Adam riu mais uma vez, balançando a cabeça em negação, como se já esperasse aquela reação dela. Ele bagunçou a franja dela novamente, de propósito, e passou direto por ela.
— Talvez eu esteja — ele disse, conforme ia andando. — Mas você deveria resgatar o pobre coitado. O Ryan está interrogando ele.
soltou um xingamento baixo e terminou de beber o restante do vinho, seguindo os passos do irmão mais velho de volta para o jardim.

não ficou chateado e nem nada do tipo quando deixou-o sozinho com a sua mãe e o restante da família naquele jardim enorme.
Sem jeito algum, observando a silhueta da mulher sumir do seu campo de visão, ele deu um sorriso sem graça para a sua falsa sogra e colocou as mãos dentro da calça, parado ali feito um completo idiota. Não estava chateado, mas não deveria tê-lo deixado sozinho para lidar com gente que não conhecia, principalmente tratando-se da sua família, ainda mais quando fingia ser o namorado dela. Depois do que pareceu um minuto inteiro eterno, Julie se aproximou.
— Peço desculpas por essa situação — ela disse. — Vamos, você deve estar com fome.
Ele abriu um sorriso gentil e acompanhou a mais nova até a mesa, sentando-se entre alguns convidados. Jane estava ao lado dele, acompanhada de outra mulher. Julie ocupava um lugar à sua frente. Ao lado esquerdo dela estava um homem que ele não conhecia, e do outro, um rapaz mais jovem, cujos olhos eram idênticos aos dela e ele percebeu que era mais um irmão.
, esse é o Joe, meu noivo — Julie apontou para o cara à sua esquerda, que o cumprimentou com um aceno simpático. — Esse é o Ryan, segundo irmão mais velho. O Adam é o mais velho e… aliás, onde ele está? Ela virou o rosto para a mulher ao lado de Jane, esperando uma resposta.
— Estou aqui — Adam surgiu de algum lugar que não notou.
— Estava te apresentando ao — Julie explicou, apontando discretamente para o agente.
Adam olhou para , acenando em cumprimento para o outro. Ele era o irmão mais velho, mas não tinha a proteção exagerada que deveria ter com as suas irmãs, muito pelo contrário. Ele as deixava viver suas vida como bem entendessem e sabia que era mais do que capaz de viver com suas próprias escolhas, embora fosse injusto com ela quase todas as vezes. Ele precisaria mudar aquilo, pensou.
— Bem vindo, — Adam desejou, sentando-se ao lado de sua esposa. — Cadê a ?
Ele olhou ao redor, apenas para não encontrar a irmã em lugar nenhum.
— Mamãe e papai não foram muito receptivos, sabe? — Jane quem respondeu, sem tirar os olhos de seu prato, comendo como nunca.
Julie soltou um suspiro.
— E por último, , essa é a Treena — Julie terminou as apresentações, indicando a esposa de Adam. — Ela está grávida!
observou cada um e em como Julie parecia empolgada por dar aquela notícia. Eles eram unidos, pensou, exatamente como uma família de cinco irmãos deveria ser. O agente olhou ao redor discretamente, encontrando os pais da sua falsa namorada um pouco mais distante, conversando com outras pessoas mais velha, enquanto bebiam alguma taça de álcool. Ele também percebeu que Ryan, o segundo irmão mais velho sentado do outro lado, fitava-o diretamente, sem esconder a insatisfação que deveria estar sentindo.
— Parabéns! — ele soltou para o casal, com um sorriso sincero nos lábios.
Seria mais fácil interagir se estivesse ali, com ele. Sentia-se um intruso.
Treena sorriu, agradecendo.
— A Julie está esbanjando mais felicidade do que eu — Treena declarou, arrancando risadas dos outros.
— Estava demorando para que eu fosse tia! — Julie retrucou, defendendo-se. — Bom, , sirva-se! Fique à vontade.
Ela apontou para as diversas opções de comida e entregou um prato para ele. se juntou aos outros e começou a montar o próprio prato, percebendo só naquele momento que estava verdadeiramente com fome.
— Então… — Ryan começou a dizer, chamando a atenção dos presentes ali. — Como você disse mesmo que conheceu a ?
— Ryan — Adam chamou, mantendo um tom de aviso na voz.
Mas Ryan ignorou. Ao contrário do irmão mais velho, ele era o segundo filho e tinha uma mania de proteção irritante com as irmãs mais novas.
— Eu só estou puxando conversa — Ryan defendeu-se.
balançou a cabeça, achando a situação divertida.
— Eu não disse — respondeu, terminando de montar o prato. — Mas conheci a sua irmã no trabalho.
Julie revirou os olhos para Ryan, mas não disse nada. Jane permaneceu calada, como se já estivesse acostumada com toda aquela situação. Não era a primeira vez que o irmão iniciava uma interrogação com o namorado de qualquer uma delas, e quando percebeu que Ryan não iria mudar, Jane simplesmente desistiu e deixava ele perguntar o que quisesse.
— Como, exatamente? — Ryan insistiu.
lembrou vagamente de avisando-o sobre ignorar Ryan, mas ele não achava que seria educado da parte dele fazer aquilo, então optou por responder as perguntas que lhe eram feitas, sem se deixar intimidar.
— Ela tinha uma entrevista com o nosso chefe — o agente começou a explicar. — Nós esbarramos em um corredor e acabei sujando-a de café. Me ofereci para limpar e foi assim que nos conhecemos.
— Meio suspeito — Ryan opinou.
Adam bufou e olhou ao redor, decidindo que talvez devesse ir atrás de , que tinha sumido há um tempo. Ela fazia isso quase sempre, mas agora ele tinha uma novidade para contar à irmã e meio que também queria fazer as pazes. Estava sendo ridículo aquela situação de a criticarem por sua profissão, todas as vezes. Os pais deveriam aceitar de uma vez. estava bem. Ela sempre dava um jeito de estar. Ignorando o interrogatório de Ryan, que duraria uma eternidade, como ele bem sabia, Adam virou o rosto para o lado.
— Vou procurar a , está bem?
Treena assentiu.
— Lembre-se do que conversamos — sua esposa respondeu, tocando delicadamente a maçã do rosto dele.
Adam balançou a cabeça positivamente e exibiu um sorriso genuíno, selando os seus lábios ao dela em um selinho rápido de despedida. Em seguida, levantou-se da cadeira, saindo da mesma sem que ninguém percebesse e partiu em disparada atrás da irmã.

IV

— Como foi o pedido de namoro? — Ryan continuou. — Não, melhor. Quais são as suas intenções com a minha irmã?
surgiu bem a tempo de conseguir ouvir as duas últimas perguntas, enquanto observava o restante do pessoal da mesa ficarem bastante quietos e entediados, e ainda enquanto Ryan continuava o seu interrogatório infinito. Cada um presente ali já tinha tentado, sem obter sucesso algum, fazer o segundo mais velho parar com aquela mania irritante, mas Ryan nunca desistia.
abriu a boca para responder mais uma vez, a mesma expressão de sempre, como se nunca estivesse cansado de nada. Qualquer um no lugar dele já teria dado o fora dali e todo mundo sabia. A agente chegou por trás do homem e depositou as mãos nos ombros dele, despertando a sua atenção. lançou um olhar irritado ao irmão.
— Ryan, você continua sendo um cuzão com essas atitudes — ela disparou, ouvindo Adam rir baixinho atrás dela. — Deixe o em paz.
Ryan revirou os olhos e terminou de beber o restante da água no copo.
— Ai, ainda bem — Jane disse. — Eu realmente não aguentava mais.
— Eu só queria conhecer melhor o seu namorado — o outro rebateu. — Não há nada de errado nisso.
olhou na direção de , encontrando um sorriso no rosto dela disponível para si. Ele levou uma mão ao seu ombro esquerdo e apertou a mão dela levemente, como se realmente fossem um casal. Um de verdade.
— Há maneiras mais educadas de se conhecer alguém sem parecer um interrogatório policial — Julie respondeu, meio impaciente. — Aliás, isso é o trabalho deles, não seu, idiota.
— Você não me interrogou dessa maneira, Ryan — Treena lembrou, provocando.
— É porque ele gosta de reproduzir machismo — Jane rebateu.
Ryan lançou um olhar irritado para a mais nova, arrancando risada dos presentes. respirou fundo e sentou-se ao lado de , resolvendo ignorar a discussão que acabava de surgir sobre Ryan ser machista ou não. Ela ainda sentia o efeito do vinho, mas não estava bêbada como gostaria. Ela segurou uma das mãos dele e encarou-o, um pouco culpada.
— Desculpe ter te deixado sozinho — disse, sincera. — Não deveria ter te dado as costas. E nem ter te envolvido nisso.
apertou a mão dela contra a sua.
— Não deveria mesmo — ele respondeu, com humor na voz. — Mas está tudo bem. Nós lidamos com coisas piores, .
Ela exibiu um sorriso leve, concordando com um aceno positivo. Estava prestes a se inteirar novamente na discussão, quando uma voz infantil, seguida de outras, gritou o seu nome atrás de si.
!
A agente virou o rosto na direção da voz e encontrou quatro crianças correndo na sua direção. observou o rosto de se iluminar instantaneamente em um sorriso feliz e empolgado e ela saiu do lado dele, ficando de pé novamente no exato momento em que uma criança pulou para o seu colo e as outras três agarraram as suas pernas.
— Vocês estão enormes! — ela exclamou, segurando uma no braço. Em seguida, se abaixou, para ficar na altura das outras. — Até você, Henry, que era um pinguinho de gente da última vez que o vi.
— Incrível, não é? — Julie disse, chamando a atenção de . — Para alguém que se esquiva do amor, recebe muito bem os das crianças.
A discussão tinha encerrado. Todos eles estavam observando com os mais novos, que dividiam a atenção dela.
— É por isso que eu sei que ela vai ser uma tia incrível — Adam confessou.
Era incrível mesmo observar com as crianças, pensou, sentindo-se um pouco estranho com a cena. Não estranho de um jeito ruim, mas estranho de um jeito bom. Ele não entendia se alguma coisa estava mudando entre eles, mas tinha medo de, se estivesse mudando, que se afastasse no exato momento em que percebesse tudo. Ele gostava de estar com ela. Sentia a necessidade de sempre estar cada vez mais próximo, mas nunca ultrapassava o limite que ela tinha colocado entre ambos. apenas seguia os passos dela.
— Você quer ser pai, ? — Jane questionou.
abriu a boca para responder, mas foi pego de surpresa. Respondera a mesma pergunta à , ainda aquela manhã, mas parecia diferente agora. Ele olhou a agente com as crianças e abriu um sorriso, voltando a olhar para Jane.
— T um dia — respondeu, dando de ombros.
Uma boa resposta, pensou. Ele encontrou o olhar de Julie, vendo-a com uma expressão afetada, quase como se tivesse dúvidas. Não da resposta dele. Mas da impossibilidade de tudo ser com .
, venha aqui — chamou, agora sentada na grama, com duas crianças no seu colo e as outras duas sentadas à sua frente.
Ele levantou e obedeceu, sem questionar nada. Os outros também levantaram, mas seguiram direções diferentes, deixando-os sozinhos com as crianças. Adam arrastou Ryan contra a sua vontade, que saiu resmungando.
sentou-se ao lado de .
— Crianças, esse é o começou a dizer, apontando para o homem ao seu lado. — Não querem se apresentar para ele?
A que estava em seu colo, sentada na sua perna esquerda, levantou a mão primeiro. sorriu e assentiu.
— Eu sou a Bella — os olhos claros encararam com entusiasmo. — Como a princesa!
riu.
— Oi, Bella! — ele cumprimentou, notando que ela parecia a mais velha dos quatro, aparentando ter oito anos, no mínimo.
— Eu sou a Lauren — a do colo direito se apresentou. — Você também vai casar com a ?
começou a tossir, surpresa com a pergunta da segunda mais velha sentada em seu colo. Ela sabia que as crianças eram naturalmente curiosas, mas Lauren era direta demais, desde que tinha aprendido a falar. começou a rir da reação da mulher e ela lançou-lhe um olhar indignado depois de parar de tossir.
— Não, Lauren, não vamos nos casar — ela optou por responder.
Lauren deu de ombros, a expressão inteligente cobrindo o seu rosto. balançou a cabeça.
— Eu sou o Ted — o mais alto disse. — E esse é o Henry. Nós somos irmãos, mas ele não fala muito bem.
Ted apontou para o irmão, sentado ao seu lado, que parecia compreender tudo que estava acontecendo ao seu redor, mas realmente não tinha dito uma palavra ainda. Não parecia incomodado por isso. cumprimentou-os, mas não conseguiu se preparar para as inúmeras perguntas que surgiram logo depois. Ele tentou responder todas, admirando a gargalhada de toda vez que ele dizia algo engraçado, ou quando Lauren argumentava melhor, sempre mostrando que era inteligente demais para a própria idade. Ele percebeu como ficava à vontade com as crianças, a tensão diminuindo, dando espaço para uma pessoa mais leve, dividindo a tarde com risadas infantis. Percebeu como ela se dava melhor com aqueles quatro seres humanos engraçados, lindos e inteligentes, muito melhor do que os adultos que socializavam ao redor do jardim. Passaram horas ali, sentados, longe de todo mundo, descobrindo mais de e mais das crianças. No final da tarde, quando o pôr do sol surgiu, estava mais alegre - como ele jamais viu antes -, e Henry estava em seu colo, declarando-o como favorito.

Depois que as crianças correram de volta para suas mães, descobriu que eles eram primos de . Ela tentava manter contato com eles, mas só conseguia dar atenção exclusiva em eventos de famílias como aquele. Ela levantou, passando a mão atrás do corpo, limpando qualquer sujeira vinda da grama e ele fez o mesmo, observando o céu escuro. percebeu que não almoçara, então arrastou o homem para a mesa de comida, montando um prato com o que tinha sobrado, apenas para não passar em branco. Não podia ficar com fome. Enquanto comia, com ao seu lado apenas observando, Julie tinha aparecido para informar que o quarto dos dois estavam prontos, mas a agente disse que não iriam dormir ali. Não depois do clima chato e, se tivesse sempre uma oportunidade de se manter distante do seu pai, ela o faria. Julie tentou argumentar, mas desistiu quando percebeu que era uma discussão perdida e só pediu para que a irmã chegasse cedo no outro dia.
— Desculpa te fazer passar por isso — disse, jogando-se completamente no pequeno sofá que tinha ali, de frente para a enorme cama de casal.
observou a decoração do lugar. Tudo estava perfeitamente organizado e apesar de ter achado a pousada — que ficava no meio da estrada, um pouco distante da fazenda e mais perto da cidade —, um pouco pequena, o quarto não era. Havia bastante espaço ali para mais de duas pessoas.
O homem respirou fundo e deu a volta, sentando-se ao lado da mulher. Como se fossem íntimos há bastante tempo, ele apertou a coxa dela levemente, chamando a sua atenção. Com a cabeça recostada no sofá, virou o rosto na direção de .
— Você precisa parar de fugir das coisas — ele comentou. — Seu pai é uma pessoa difícil e você tem um gênio forte.
— Eu não fujo — ela rebateu, revirando os olhos. — Eu evito, é diferente.
abriu um sorriso contido, nenhum pouco surpreso com a resposta.
— É claro — murmurou em resposta, apertando a pele dela com força, de propósito. Ela estapeou a mão dele. — Aliás, por que odeiam tanto a sua profissão?
Ela soltou o ar pela boca e mexeu o corpo, inclinando-se o suficiente para tirar os sapatos dos pés. Estava sentindo a cabeça começar a latejar levemente, indicando que estava estressada. T precisasse de um chá. Ou uma boa noite de sono. Alguma opção teria que resolver o seu problema.
— Meu avô era do FBI — ela começou a explicar. — Depois, o irmão mais velho do meu pai ingressou na Academia também, só que ele não era… correto, por falta de palavra melhor.
escutava tudo em silêncio. Percebendo que tinha a sua atenção, voltou a se recostar no sofá e continuou explicando a hostilidade do seu pai pela sua profissão.
— Meu tio se envolvia em escândalos dentro do FBI, embora meu avô tentasse acobertar. Ele tentava a todo custo manter o nome da família limpo — ela acrescentou. — Houve um caso importante na época. Nunca compreendi muito bem o que aconteceu, mas um inocente acabou morto e meu tio era apontado como o culpado. Meu avô acreditava que havia sido uma armação, mas o FBI tinha provas. Enfim, para encurtar a história: meu avô foi dispensado e não teve direito a nada. Meu tio morreu alguns anos depois e meu pai acredita que o FBI seja o culpado, mas sinceramente? Eu não acredito.
— O que você acha que aconteceu? — questionou.
deu de ombros, como se verdadeiramente não se importasse.
— Eu não me lembro muito dele, mas sei de uma coisa — ela respondeu. — Meu tio não era a melhor pessoa do mundo. Qualquer um com bom senso sabia que ele era corrupto e burro o suficiente para ter causado a própria morte. O FBI não ganharia nada com a morte dele. É por isso que meu pai odeia tanto a minha profissão.
— Ele acha que você pode ser mais uma vítima do FBI? — o agente indagou, frisando a palavra com pura ironia.
riu, empurrando-o pelo ombro, mas assentiu, concordando. Seu pai achava mesmo aquilo, além de alegar que ela tinha sido uma ingrata a vida inteira por correr justamente para quem trouxe problema à sua família.
— Eu nunca ouvi falar sobre esse lado da sua família lá dentro — comentou, referindo-se ao local de trabalho.
— Eu uso o sobrenome da minha mãe — ela explicou. — Não queria começar a minha carreira com má fama de algo que eu não tive culpa.
Ele assentiu, entendendo perfeitamente a explicação dela. Mesmo assim, mesmo que houvesse qualquer tipo de má fama ou boatos, construiu uma carreira sólida o bastante para ninguém duvidar dela. Ele sabia, no entanto, que comentários maldosos aconteciam mesmo assim. estava sempre se esforçando para mostrar que era capaz de qualquer coisa tanto quanto qualquer um deles lá dentro, principalmente por ter sido a única mulher por meses dentro da equipe. Ele observou ela esfregar as têmporas e apertou o ombro dela, delicadamente.
— Você está muito estressada — disse.
sequer respondeu. Apenas balançou a cabeça levemente e tirou a blusa que vestia, ficando somente de sutiã. Ela deixou a peça de roupa de lado no sofá e levantou, andando até a cama. se jogou contra o colchão de barriga para baixo, fechando os olhos para tentar relaxar. Precisava de um banho antes de dormir, claro, mas estava tão bom ficar ali deitada…
O agente balançou a cabeça, sorrindo. A intimidade era palpável entre eles, e se alguém tivesse dito para , alguns meses antes, que os dois estariam daquela forma, ele não acreditaria. No entanto, ali estavam. E ele queria aproveitar o máximo que fosse. Por algum motivo, se tratando de , o homem sabia que aquilo não duraria muito tempo.
Ele também levantou, andando devagar até a cama. Antes de seguir o mesmo passo que ela, se livrou dos sapatos. O homem subiu na cama, tocando as costas seminua dela. As pernas dele ficaram uma de cada lado do corpo dela e ele tomou cuidado para não derrubar o peso do seu corpo contra o dela. arfou baixinho ao sentir as mãos dele massagearem os seus ombros.
— Você está sendo um acompanhante melhor do que eu esperava — ela murmurou, a voz arrancando um meio sorriso contra o colchão.
— Que tipo de homem eu seria se não te ajudasse a extravasar um pouco o estresse?
Ela mordeu o canto da bochecha, mas continuou do mesmo jeito, sentindo ele descer as mãos, trilhando um caminho pela pele das suas costas. Ele era bom naquilo. Era muito bom mesmo.
— Não está fazendo isso com essa única intenção — a agente rebateu.
soltou uma risada rouca, divertida. Ele tornou a subir uma mão, deslizando-a direto até o fecho do sutiã de . Ela soube quando ele tentou se livrar da peça. ergueu o corpo, aproximando seu rosto o suficiente do ouvido dela, beijando-lhe a parte exposta do pescoço.
— Tem razão — ele disse, arrancando o sutiã do corpo dela com uma dificuldade mínima. — Não estou mesmo. Eu tenho uma ideia melhor de te aliviar o estresse.
virou o rosto, abrindo os olhos.
— Pelo visto, não vou dormir nadinha essa noite.
Ele sorriu. Em um movimento rápido, conseguiu virar o corpo dela abaixo de si, prendendo-a pela cintura. Os seios de já estavam rígidos e ele segurou as mãos dela acima da cabeça, impedindo-a de realizar qualquer coisa. Gostava de tocá-lo, mas gostava mais ainda de ser dominada daquela forma. Quando tomava o controle, seu corpo inteiro se retesava de prazer, ansiando cada toque desesperado. Ele desenhou o bico do seio dela com o polegar e tomou os lábios dela para si, iniciando um beijo que ficou guardado o dia inteiro.
Enquanto se livravam das últimas peças de roupas, tentou não pensar muito. Sobre nada e sobre tudo. Mas toda vez que ele a tocava, ela não conseguia deixar de pensar que algo estava diferente. T fosse o fato de que para ela, tudo ainda continuava sendo sexo, mas o que tinham acabado de fazer a noite toda não tinha sido isso. Eles tinham feito amor. Pela primeira vez.

V

Na manhã seguinte, e acordaram cedo demais. Julie a teria matado se ela se atrasasse para a cerimônia, então se certificou de estar na fazenda no tempo certo, apesar de sentir o corpo implorando mais um pouco de descanso.
Ela realmente não tinha dormido nenhum pouco naquela noite. Ao menos, não tanto quanto deveria. Mesmo assim, lá estava ela. Um vestido longo perfeito no corpo, um tom verde claro que deixava a sua pele em contraste com a luz do sol naquela manhã. Ela tinha achado que o tom da cor não ia cair muito bem em si, mas Julie tinha insistido que tinha escolhido a cor certa e, como sempre, confiou cegamente no gosto dela. Havia um colar com duas pedras brilhantes como pingente no pescoço, um batom claro nos lábios e o cabelo amarrado em um coque delicado, alguns fios caindo no rosto. , ao seu lado, experimentando alguns dos aperitivos dispostos na mesa, estava muito bem vestido também, um terno bem passado e justo ao seu corpo. Ele não parecia nenhum pouco incomodado em estar ali com ela. observou ele pegar o celular e verificar alguma mensagem nova, enquanto acenava para as crianças, que estavam presas em seus lugares por ordem dos pais. Normalmente, eles estariam correndo pelo jardim, mas isso sujaria suas roupas.
Ela se aproximou de no exato momento em que ele guardou o celular de volta.
— Você se importa se eu te abandonar por alguns minutos? — questionou.
virou o rosto para ela, uma taça de champanhe na mão. Olhou ao redor, o lugar mais cheio que o dia anterior e se deu conta que a maioria dos convidados tinham chegado naquela manhã também, uma vez que não havia quartos para todo mundo na casa. Era uma casa enorme, mas havia muita gente. Havia flores por todos os lados, decorando o lugar. Mesas e cadeiras espalhadas. E o altar bem do outro lado, um tapete vermelho no meio, separando os convidados.
— Não, — ele respondeu, soando sincero.
Ela sorriu fechado, um hábito que estava se tornando frequente. Aproximou-se mais ainda do homem, fingindo ajeitar sua gravata. sabia que, do outro lado do jardim, seu pai encarava os dois indiscretamente, enquanto se enfiava em uma roda de conversa.
— Preciso ver a Julie — ela disse. — Mas posso te pedir um favor antes?
Ele deixou a taça de champanhe na mesa ao lado, assentindo.
— Pode tentar acalmar o pobre noivo? — continuou, apontando para Joe, perto do altar. — Ele vai acabar abrindo uma cratera na terra.
Ele riu.
— Posso fazer isso — ele respondeu. — Mas acho que seus irmãos tiveram a mesma ideia.
Ela olhou de volta para Joe, encontrando Ryan e Adam se aproximando deles. respirou fundo e deu duas batidinhas nos ombros de .
— Bem, você ainda pode ajudar — acrescentou, sem querer admitir que não queria deixá-lo sozinho com o seu pai logo adiante.
Ele assentiu, concordando silenciosamente com o pedido. Não tinha problemas com os irmãos dela e aprendeu a ignorar as indiretas de Ryan. beijou a testa dela carinhosamente e se afastou, pronto para se aproximar dos outros.
chamou.
virou o rosto, esperando. umedeceu os lábios e deixou os ombros caírem.
— Por favor, ignore o meu pai.
Ele concordou mais uma vez, sem questionar que tipo de pedido era aquele. viu o suficiente para entender que não podia se meter entre e a família dela, mas não tinha controle algum sobre a antipatia que sentia pelo falso sogro. Ninguém merecia ser tratado da forma que ele tratava a , então o homem estava mais que feliz em acatar o pedido dela de ignorar o mais velho. Ah, ele faria aquilo com o maior prazer do mundo.
Enquanto observava o homem se distanciar, deu as costas e caminhou até a casa, em passos rápidos e apressados, impedindo qualquer pessoa de pará-la pelo caminho. Não estava com vontade de manter conversa com ninguém, só precisava ver como a Julie estava. A mulher subiu as escadas e dobrou um corredor, andando até o antigo quarto de Julie, que era o maior. Ela girou a maçaneta e entrou logo em seguida, piscando os olhos emocionados ao encontrar sua irmã caçula.
— Uau, Julie, você está tão...
encarou a irmã mais nova, com um sorriso enorme no rosto. Ela achava que tinha se preparado para o momento em que veria a irmã vestida de noiva, mas a emoção transparente que sentia naquele momento mostrava que ela não tinha se preparado nenhum pouco. Era diferente de ver Adam se casando.
— Deslumbrante? — Jane acrescentou, completando a frase por ela.
Julie riu, sentindo-se deslumbrante mesmo e se aproximou dela. A agente segurou as duas mãos da mais nova e recebeu um sorriso verdadeiramente feliz, recebendo um orgulhoso de volta.
— Você sempre soube, melhor do que eu, sobre todas as decisões certas da sua vida — começou a dizer, sentindo o olhar da mãe, Jane e Treena sobre as duas. — Essa é a mais importante delas e vou dizer uma coisa, Julie. Por destino, sou sua irmã para a vida toda, mas por escolha, sou a sua melhor amiga que sempre vai te apoiar em qualquer maluquice que seja. Você está deslumbrante!
Julie piscou os olhos, tentando afastar as lágrimas e soltou as mãos de , abanando na frente dos olhos.
— Não pode me fazer chorar assim, — reclamou, arrancando risadas das outras.
Jane se aproximou, verificando se a maquiagem tinha borrado ou não.
— Espero que eu ouça palavras tão lindas quanto no meu casamento — Jane apontou para em tom acusatório, mas havia humor na sua voz. — Julie, o rímel é à prova d'água. Dá um tempo.
A noiva revirou os olhos e se virou, olhando-se mais uma vez no espelho. Era um vestido de noiva lindo, com o decote aberto e a saia armada, mas com detalhes delicados no pano.
— Por que os novatos sempre são mais difíceis? — sua mãe reclamou, referindo-se à Jane.
Jane olhou feio para a mais velha.
— Eu não sei — Treena respondeu. — Mas por garantia, é por isso mesmo que quero ter só um filho. Julie, está na hora.
A esposa de Adam olhou pela janela, observando todos os convidados postos lá fora. Ela conseguiu ver o marido acompanhando Joe, junto com e Ryan, mas o noivo parecia ainda mais nervoso do que antes.
Julie ergueu o rosto e respirou fundo. Lançando um último sorriso para , ela disse:
— Estou pronta.


Uma hora depois



Quando Julie e Joe finalmente casaram, a festividade no jardim tinha iniciado quase imediatamente. Primeiro, começou com a dança principal do casal, depois um brinde e, enfim, os discursos dos padrinhos, que fez questão em não economizar. Estava feliz pela irmã, de verdade, mas não podia abandonar a sensação que teria menos de Julie do que não tinha antes. Sempre seguiram caminhos diferentes, mas agora Julie tinha uma vida dividida com outra pessoa e estava cogitando morar em outra cidade, o que era um pouquinho complicado para , devido ao seu trabalho. A mais velha tentava não pensar muito sobre o rumo das coisas, tentando focar somente na festa que estava acontecendo naquele momento, enquanto estava rodeada das crianças e seus irmãos, que em todas as festas gostavam de passar vergonha dançando o que não sabiam. Eram momentos raros na vida da mulher, que ela guardava em todo quadro de memórias únicas em uma gaveta da sua mente para acessar sempre que pudesse.
Ela realmente tentava não pensar muito, mas todas as vezes em que seus olhos encontraram os de , que estava do outro lado, perto da mesa de bebidas com um copo de whisky na mão, ela se sentia diferente. Não parava de repassar a noite anterior, perguntando-se o tempo todo se tinha imaginado alguma coisa ou se realmente as coisas estavam diferentes. Eram muitos se. respirou fundo e pediu um tempo às crianças, deixando-as brincarem sozinhas entre si e caminhou até Julie, que estava na mesa de comida, oposta à de bebida.
— Não consigo me acostumar com essa visão — disse, apontando para o vestido de Julie.
A mais nova abriu um sorriso enorme e assentiu, experimentando um pedaço da torta de morango que tinha encomendado. Como noiva, não tinha tido tempo de experimentar as coisas e nem encher a própria barriga, sempre precisando cumprimentar os convidados ou receber os presentes, ou simplesmente dar atenção. Joe estava se divertindo na pista de dança, então ela aproveitou para dar uma escapada.
— Eu entendo — Julie murmurou.
Ela encarou a irmã mais velha. estendeu duas passagens de avião para Julie, que tinha pegado um tempo antes de ser parada na pista de dança. Julie aceitou, lendo o que havia escrito.

— Eu soube que vocês ainda não decidiram o destino da lua de mel, então resolvi tomar a liberdade de escolher por você — explicou, dando de ombros. — Está tudo pago, Julie. É só… aproveitar.
Duas passagens de avião pagas, com destino à Grécia. Um lugar que Julie sempre sonhou em visitar, mas ainda não tinha conseguido ir e agora era o cenário da sua lua de mel. Ela piscou os olhos, afastando as lágrimas e sem aviso, abraçou a irmã com força.
— Obrigada! — a mais nova exclamou. — Não diga aos outros, mas esse foi o melhor presente de casamento que eu recebi!
riu, sentindo-se satisfeita por aquilo. Não era novidade nenhuma que de todos os irmãos, era a que mais conhecia Julie perfeitamente, então era óbvio que acertaria no presente.
— Quero fotos e mensagens todos os dias, mas sem detalhes sórdidos, por favor! — pediu, arrancando uma risada gostosa de Julie.
A mais nova encarou a irmã. Ela respirou fundo e mordeu a parte interna da bochecha.
— Mas e você? — questionou.
franziu o cenho, balançando a cabeça.
— O que tem eu?
Julie respirou fundo mais uma vez, olhando para a mesa oposta, onde agora estava com Henry. Os dois começaram a andar juntos para algum lugar e Julie voltou a olhar para , que percebeu qual era o assunto.
— Julie, não…
— Ele é ótimo para você, ! — interrompeu, antes que a mais velha completasse a frase. — Eu me sinto péssima em saber que você é tão fechada nesse sentido. Não sente mesmo nada por ele?
sentiu-se um pouco irritada. Pela insistência da irmã e pela sua resistência em ter algo a mais com o homem que era seu parceiro profissionalmente. Ela começava a pensar que tinha cometido um erro ao aceitar deixar tudo aquilo acontecer. Tinha suas próprias regras por um motivo e não deveria quebrá-las ao achar que não teria consequência. A mulher respirou fundo e esfregou o rosto, cansada.
— Julie, não vou me apaixonar pelo — respondeu, com bastante firmeza na voz.
Julie abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi impedida por outra voz.
— Por que não, ? — indagou.
Quando virou o rosto, encontrou o homem parado bem atrás de si, como se estivesse acabado de chegar. Ela engoliu a seco e umedeceu os lábios, o coração martelando ainda mais rápido em seu peito.
— Porque eu não quero — respondeu, sincera.
sentiu a própria expressão vacilar com a resposta da mulher. Ele esperava aquilo, no entanto, não pôde deixar de se sentir um pouquinho como um idiota esperançoso.
— Não acha que eu sou suficiente?
deixou os ombros caírem.
, isso não é sobre você.
— É sobre nós dois, — ele rebateu.
— Não existe nós dois! — a mulher exclamou, tomando cuidado para não aumentar o tom de voz. Tudo o que menos queria era chamar a atenção para a farsa que tinha criado. Ela apontou de si para ele. — Você me prometeu que isso não ia mudar entre nós, , você prometeu. Não me faça achar que eu cometi um erro.
Sem querer estender a discussão sem sentido que tinha iniciado, ela deu as costas para os dois e sumiu pelo jardim, com os olhos marejados. Ninguém sabia dizer se era tristeza ou simplesmente irritação pelas coisas tomarem o rumo que ela não queria, mas que no fundo, esperava. observou ela sumir do seu campo de visão. A linguagem do seu corpo mostrava que ele tinha sido afetado, mas não tanto, uma vez que já esperava que tudo aquilo fosse acontecer, exatamente como tinha previsto, se tratando de .
Ele queria dizer que não estava apaixonado por ela, o que era totalmente verdade. Ele gostava dela. O suficiente para estender aquela relação para algo mais e só tinha questionado-a daquela forma porque queria entender o motivo de não haver aquele futuro para os dois. Uma possibilidade que ele tinha acabado de descartar.
As coisas ainda tinham conserto, mas agora não queria consertar nada. Ele queria deixar a mulher em paz e ter um tempo para si. A conversa poderia esperar. Ele estava prestes a sair dali, quando Julie o chamou. A mais nova tinha assistido tudo e sentia-se culpada.
— Espera, eu queria falar com você — Julie pediu. — A gosta de você, gosta de verdade, mas não o suficiente para se sentir pronta. Eu não acho que ela ainda se dá conta das coisas que sente.
a encarou com pesar, mexendo os ombros.
— O que devo fazer então?
— Eu não sei — A noiva admitiu, derrotada. — Seria muito egoísmo da minha parte te pedir que espere por ela. Minha irmã é muito imprevisível, às vezes — acrescentou, suspirando. — O que eu quero dizer é que você pode passar a vida inteira esperando por ela. Ou t seja um mês, um ano.
assentiu, compreendendo totalmente. Ele exibiu um sorriso tranquilo para Julie.
— Você é uma irmã incrível para ela. E entendo que, na posição de irmã, você queira que ela seja feliz — ele começou a dizer. — Mas esse poder de decisão está nas mãos da . E sinceramente? Não há espaço para nós dois agora. Ao menos, não como deveria ser.
Julie balançou a cabeça. A frustração tomava conta de si, desejando que as coisas tivessem tomado outro rumo.
— Eu entendo — disse. — Mas queria que você soubesse que a se esquiva do amor porque acha que pode mudar por ele. Nossa mãe abriu mão de muitas coisas pelo nosso pai. Mas não compreende que o amor não é abrir mão de tudo.
piscou os olhos e assentiu devagar, sem saber o que dizer. Ele agradeceu a Julie, sorrindo fechado, e sumiu do campo de visão dela em seguida. A mais nova soltou um suspiro resignado, perdendo as contas de quantas vezes fizera aquilo nos últimos minutos e voltou para a mesa de comida, se enchendo de coisas ainda mais do que antes.

Epílogo


Um mês depois



andou apressada pelos corredores, com dois dossiês em uma mão e um copo de café extra forte na outra. Tinha acabado de sair de uma reunião cansativa, mas precisava terminar um relatório de um caso com urgência, ao mesmo tempo que precisava estudar outro caso que tinha surgido. Donner mandou a mulher ir com calma, mas estava daquela forma desde que recebeu o convite da UAC para participar de um caso que tinha importância pessoal para ele. finalmente tinha a chance de capturar o fugitivo e assassino que matou o seu antigo parceiro da unidade, antes dela. É claro que era um caso pessoal e que ele tinha aceitado sem nem mesmo reconsiderar nada. As coisas estavam bem entre eles, felizmente. Os dois eram adultos, e embora a viagem de volta para casa, um mês antes, tivesse sido carregada de repleto silêncio e ausência de toques com segundas intenções, fez questão de conversar com ele sobre os dois e o que tinha acontecido na festa de casamento. tinha garantido para a mulher que não tinha se apaixonado por ela, apenas queria saber se poderia existir a ideia no futuro dos dois juntos, mas tudo tinha dado errado e rolou aquele grande mal entendido.
continuava mentindo para si mesmo e continuava fingindo que não existia nada e, assim, seguiam sendo amigos. Não com tantos benefícios quanto antes, mas sempre acabava rolando dos dois irem para cama quando um deles bebia demais, mas não o suficiente para esquecer o que acontecia.
A mulher entrou na sala, batendo a porta atrás de si com um pé e jogou os dossiês contra a mesa, observando em como tudo estava uma bagunça ali. Era tarde da noite, como sempre, e ela não tinha previsão nenhuma de ir para casa tão cedo, com tanto trabalho para fazer. Como era seu costume, a agente tirou as botas dos pés e ficou descalça, sentindo o chão gélido. Abriu a tampa do copo e tomou um gole do café, experimentando se estava ao seu gosto - estava, mas ela sentiu falta de um pouco de leite e açúcar, um vício que seu parceiro tinha passado para ela.
deixou os ombros caírem e alongou o pescoço, antes de finalmente sentar-se na cadeira, que finalmente era só sua. Quando deixou o copo de lado e tentou organizar os papéis espalhados pela mesa para que pudesse focar somente nos dossiês, o telefone tocou. Ela franzia o cenho, estranhando. Era tarde da noite, depois das dez, ninguém costumava fazer ligações para a sua sala, a não ser que fosse alguém da sua equipe - e ainda assim, eles mesmo não tinham tal costume. Ela umedeceu os lábios e resolveu atender, a voz incerta ao cumprimentar o desconhecido do outro lado.
— Eu não estou nenhum pouco surpreso em saber que você ainda está mesmo enfiada nessa sala — respondeu do outro lado da linha. — Você sabe que horas são?
engoliu a seco, acostumando-se com a surpresa da ligação. Uma semana. Uma semana sem ter notícias dele, uma semana sem ligação, mensagens de texto, nada. Agora, uma ligação no meio da madrugada. Não para o seu celular, mas para o telefone da sua sala particular.
— Tão tarde quanto deve ser aí — ela rebateu.
riu e o som da sua risada preencheu os ouvidos de , que não admitia o quanto sentia falta da presença dele, provocando-lhe o tempo todo. Era horrível imaginar que tinham ficado tão dependentes um do outro, como ela tinha acusado-o uma vez. Não dependente, mas… apegados.
— Sinto muito não ter ligado antes — ele desculpou-se. — As coisas ficaram meio complicadas por aqui.
— Você conseguiu?
— Sim — ele respondeu. — Há dois dias.
franziu o cenho novamente, confusa, mesmo que ele não pudesse ver. Se ele já tinha terminado o seu trabalho temporário em Quântico, o que diabos ainda estava fazendo lá?
— ela chamou, a voz baixa. — Você quer me dizer alguma coisa?
Do outro lado, o homem suspirou. Ele tinha tentado criar coragem para fazer aquela ligação dois dias antes, mas não conseguiu. Achou melhor dizer de uma vez, afinal de contas, ele não tinha nada a perder e já tinha tomado a sua decisão. Só estava contando à porque ela merecia uma resposta.
— Sim — respondeu, enfim. — Recebi a proposta de ingressar na equipe da UAC. Eles estão com uma vaga, então…
, eu já entendi! — interrompeu.
Por um momento, houve um silêncio.
Ele iria embora. Moraria em Quântico agora e não se veriam mais, ao menos, não com tanta frequência quanto esperavam. trocaria de parceiro e teria noites de insônia até se acostumar com a ausência dele de novo, porque era isso que acontecia toda vez que se acostumava a alguém. pensaria nela antes de dormir, discaria uma mensagem e apagaria tudo o que tinha escrito, desistindo de enviar. A distância machucaria dois corações que estavam destinados a serem muito mais do que um caso casual ou uma memória particular. No entanto, os dois corações não tinham culpa do corpo que os carregavam, preenchidos pelo silêncio do que poderiam ter sido.
nunca disse nada, porque nunca aprendeu a descobrir mais de si mesma e sobre todas as coisas que sentia. Ela não sabia que o amor estava nos mínimos gestos, como quando ele aparecia com um copo de seu café favorito, ou quando já tinha terminado o seu expediente, mas esperava ela por horas e horas para lhe oferecer uma carona. Ou quando ele parecia ter ido embora na manhã seguinte, mas só estava na cozinha, preparando o café da manhã para ambos. Ela não sabia que o amor também era silêncio, substituído por todos os olhares intensos que ele lhe oferecia, acompanhado de todos os sorrisos fáceis.
também jamais dissera qualquer coisa. Não porque não sabia, mas porque não acreditava que havia qualquer chance dela ceder ao que fosse que ele tinha para oferecer. Ele preferia de qualquer jeito do que de jeito nenhum e transformou os seus sentimentos em algo nunca dito.
— Você vai ser incrível — a agente sussurrou, com um sorriso nos lábios. — Espero que saiba que eu torço por você, sempre.
O homem também sorriu, embora ela não pudesse ver. Havia paz naquelas palavras e não doía como uma despedida.
— Obrigada, — ele sussurrou de volta. — Podemos manter contato?
desenhou algo invisível e abstrato contra a mesa.
— Eu gostaria muito disso.
Eles se despediram uma hora depois, selando a promessa de manterem contato ao menos por um dia na semana. Uma ligação, uma mensagem. Qualquer coisa.
Mas com o tempo, a promessa foi esquecida e os dois se reencontraram poucas vezes no meio tempo que seguiram separados, até perceber que poucas coisas valiam tanto a pena quanto o amor.
Julie estava certa, afinal. O amor definitivamente não era abrir mão de tudo. E , sem nem mesmo perceber, esperou por ela mais tempo do que podia contar.



FIM



Nota da autora: Olá, muito obrigada por lerem até aqui! Espero que tenham gostado de conhecer mais um pouco sobre esse casal e, se eu pudesse, escreveria milhares de shorts sobre eles, mas uma coisa tem sempre um final, não é? Eu ainda não tenho certeza se o final deles chegou, mas por enquanto, estou satisfeita de dar vida à história deles. Muito obrigada mesmo!

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https://www.instagram.com/aurora.escreve/ Sequência anterior do universo de Maddie e Luke:

if my body had a say I
12. What Makes a Woman




Outras Fanfics:
Operação Bebê - Originais/Em Andamento
In Dark - Criminal Minds/Finalizada
05. Break Free - Ficstape Perdidos/Finalizado #2
07. Since We're Alone - Ficstape Perdidos/Finalizado #3
EXITUS - Criminal Minds/Em andamento
12. What Makes a Woman - Criminal Minds/Finalizada
05. Show me love - Ficstape The Wanted/Finalizada


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