Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Bem, dizem que, quando temos um assunto mal resolvido na vida, uma hora ele sempre acaba voltando para que possamos acertar as coisas. E a minha vida em particular era uma sucessão de assuntos mal resolvidos. Meu nome é , eu nasci e cresci em Londres, em uma casa simples, mas cheia de amor. Tenho uma melhor amiga, a , que está do meu lado desde que eu me entendo por gente. Nossos pais eram vizinhos de porta, então nós crescemos juntas. Quando nos formamos na escola, fomos para a faculdade, a foi fazer faculdade de Alimentos & Bebidas e eu escolhi Literatura, porque meu sonho sempre foi ser escritora.
Depois de formadas, decidimos morar juntas, então encontramos uma casa para dividir e começamos a trabalhar. Nos primeiros anos não foi nada fácil e tivemos que aceitar qualquer trabalho para pagar as contas. Foi assim que acabamos trabalhando em um pub, eu como garçonete e a como barwoman. E foi nesse pub que conhecemos os meninos que tocavam lá. Harry tinha um grupo com seus amigos, Louis, Liam, Zayn e Niall, e eles se apresentavam quase todas as noites. E o Ed, que também era amigo deles e cantava solo ao melhor estilo voz e violão.
A e o Harry se conectaram de cara e não levou muito tempo para que começassem a namorar. Já comigo as coisas foram bem mais complicadas, um belo de um triângulo amoroso que terminou com corações partidos. Hoje em dia daquele grande grupo de amigos, só restou eu, a e o Harry, porque o grupo se desfez em 2015 e os meninos foram cada um para um lado. E o Ed foi embora de Londres tocar pelos pubs do mundo. Eu finalmente consegui publicar meu primeiro livro depois de alguns anos tentando e agora trabalho permanentemente para uma editora, já que meu primeiro livro foi um sucesso. A acabou comprando o pub em que trabalhávamos e hoje ele é um dos pubs mais badalados de Londres, eu a ajudo no bar sempre que possível. E o Harry continua cantando no bar da , mas ele ganha dinheiro mesmo como compositor, suas músicas já foram gravadas por vários artistas de sucesso.
, to indo para a editora — falei logo de manhã enquanto terminava de engolir meu café da manhã.
— Tá bom, eu vou voltar para cama e dormir mais um pouco, senão à noite não aguento a agitação do pub.
— Pode contar comigo hoje à noite, vou para o pub com você.
— E você vai almoçar com a gente hoje? O Harry já me perguntou umas dez vezes.
— Vou sim, mas por que ele quer tanto que eu vá nesse almoço, hein?
— Não sei, ele só disse que tem novidades.
— Medo quando o Harry vem com novidades. Mas enfim, o dever me chama, vejo vocês na hora do almoço.
Corri para a editora, eu precisava entregar o esboço do meu próximo livro. Consegui resolver tudo pela manhã e na hora do almoço pude encontrar meus melhores amigos conforme combinado.
— Oi, best! — Falei abraçando e beijando o Harry.
— Minha baby! — Harry falou me tirando do chão.
— Adoro como vocês me esquecem quando estão juntos — disse .
— Ah por favor, , a dramática desse grupo sou eu, ok?!
— Eu sei, só estava fazendo uma imitação da sua pessoa — respondeu e eu mostrei a língua para ela.
Nós nos sentamos e logo fizemos o pedido.
— E então, Harry, quais são as novidades que você disse que tinha? — Perguntei.
— Vocês não adivinham quem está voltando para Londres.
— Harry, você sabe que eu odeio adivinhar as coisas, então desembucha logo — disse .
— Mr. Ed Sheeran chega amanhã em Londres.
Foi nesse momento que meu coração deu um salto de 360 graus, tamanha foi minha surpresa.
— Você tem certeza? — Perguntei.
— Absoluta. Vocês sabem que a gente mantém contato pelas redes sociais e ele me mandou uma mensagem avisando.
— Olha o passado da voltando.
— Não tem graça, .
— A não está errada, você sabe que o Ed nunca superou você, né.
— Do que você está falando, Harry? Já tem oito anos que nossa história terminou e ele foi embora de Londres há seis anos. Pelo que eu vejo nas redes sociais dele, ele está muito feliz viajando pelo mundo e até teve algumas namoradas nesse tempo.
— Ele seguiu em frente, o que não significa que ele superou o que aconteceu — disse Harry.
— Também, a trocou ele pelo Liam.
— Hey, eu não troquei ninguém! Eu e o Ed não namorávamos, nós estávamos ficando, mas não era nada sério. E eu me apaixonei pelo Liam, o que eu posso fazer?
— Ainda soa como se você tivesse trocado um pelo outro — disse Harry.
— Meu Deus, com amigos assim, quem precisa de inimigos, hein.
— Não fica brava, , a gente só estava brincando.
, você ainda tem aquele colar com um relicário de coração que tinha sua foto e do Ed? — perguntou.
— Claro que sim, aquela corrente foi presente dos meus pais, jamais vou me desfazer dela.
— É que você nunca mais usou — disse ela.
— Eu parei de usar quando comecei a namorar com o Liam, não fazia sentido carregar a foto de outro cara que não era o meu namorado.
— Não era mais fácil ter tirado a foto? — Harry perguntou.
— Eu não achei justo com o Ed, ele me deu aquela foto com tanto carinho. Preferi não usar mais o colar. E depois que o Liam terminou comigo, eu também não via sentido em usar.
— Senhor, como vocês mulheres são complicadas.
Depois daquela notícia dada pelo Harry, eu passei o resto do dia pensando na volta do Ed e remoendo tudo que havia acontecido anos atrás. Quando cheguei em casa de madrugada, fui até meu quarto e peguei a corrente da qual havia falado na minha caixinha de joias. Eu havia ganhado aquela corrente dos meus pais no meu aniversário de dezesseis anos, mas nunca havia colocado nenhuma foto nela. Então um dia o fecho da corrente quebrou e o Ed, vendo o quanto eu fiquei chateada, mandou consertar. Quando ele me trouxe a corrente arrumada, havia uma foto de nós dois dentro do relicário, ele disse que era para que eu o guardasse sempre perto do coração. Eu abri o relicário e lá estava a foto, nós dois sorrindo, mas aquilo foi antes de eu magoá-lo.
— Olha aí a bendita corrente — disse entrando no meu quarto e se sentando na minha cama. — Você ficou mexida com a volta do Ed, né?
— Eu não sei se mexida é bem a palavra, mas lembrar de tudo o que aconteceu sempre me deixa um pouco para baixo — falei me sentando ao lado da minha amiga. — , você acha mesmo que eu troquei o Ed pelo Liam?
, a gente sabe que não foi bem assim. Tipo, você não fez de propósito nem nada. Quando a gente conheceu os meninos, o Liam estava tentando consertar aquele relacionamento falido dele e quem se aproximou de você foi o Ed. Vocês acabaram se envolvendo e ficando juntos algumas vezes, mas aí o Liam terminou de vez o namoro dele e também começou a se aproximar de você.
— E aí meu coração ficou uma bagunça.
— Pois é, mas quem pode julgar alguém por causa de sentimentos? Você acabou se apaixonando pelo Liam e foi totalmente honesta com o Ed, terminando qualquer coisa que existia entre vocês antes de começar a namorar o Liam.
— Mas as coisas nunca mais foram como antes depois disso.
— Não havia uma forma de terminar essa história sem que alguém saísse ferido, né. Às vezes eu acho que esse foi um dos motivos que levou o Ed a ir embora de Londres.
— Será? Isso seria realmente uma ironia da vida, porque alguns meses depois que o Ed foi embora, o Liam terminou comigo.
— Eu lembro, achei que o Harry ia quebrar a cara dele de tão bravo que ele ficou. Não porque o Liam terminou com você, já que essas coisas acontecem, mas porque logo em seguida ele apareceu com outra.
— Eu troquei o Ed por ele e dois anos e meio depois ele me trocou por outra. Acho que foi castigo mesmo.
— Não fala isso menina, são apenas coisas da vida.
— Talvez eu tenha feito a escolha errada.
— Bom, aí já é outro caso, ninguém tá livre de alguns arrependimentos na vida.
— Eu tenho vários.
— Quem sabe a vida está te dando uma segunda chance. Mas agora vamos dormir, porque a noite foi longa no pub.
No dia seguinte, aproveitei para dormir até mais tarde, já que era sábado, não precisava ir para a editora e havia trabalhado à noite no pub.
— Bom dia — falei quando finalmente saí da cama e encontrei a tomando café da manhã.
— Bom dia, princesa.
— Quais são os planos para hoje?
— Não sei, estou esperando meu lindo namorado resolver me ligar para decidirmos.
— Onde o Harry está?
— Ele disse que ficaria à disposição do Ed, ia buscar ele no aeroporto.
— Aí então não foi sonho, o Ed está mesmo voltando?
— A essa hora ele já deve ter pousado nas terras da rainha.
— Que Deus me ajude, viu.
, relaxa, o Ed é a pessoa mais gente boa que eu conheço. Ele não vai fazer nada pra te constranger e com certeza vai te tratar muito bem como se nada tivesse acontecido.
— Eu sei e é isso que está me matando, eu não mereço tanta gentileza da parte dele.
— Sabe o que você merece? Um tapa na orelha pra deixar de ser besta. Para de sofrer por antecedência, que coisa!
Logo depois que terminamos de tomar café, o Harry ligou e disse que já estava com o Ed. Ele então combinou com a de irmos almoçar na casa dele para darmos as boas-vindas ao nosso velho amigo.
— Eu não vou! — Falei me jogando na minha cama e enfiando um travesseiro na cara.
, dá pra deixar de ser criança? Você vai, sim, almoçar comigo na casa do Harry e vai se comportar como se você fosse gente.
— Mas eu não quero ir!
— Você não tem querer, você vai! — Exclamou arrancando o travesseiro da minha cara. — Agora levanta e vai se arrumar.
Eu levantei com o maior bico do mundo, mas segui para o banheiro para tomar meu banho. Quando terminei, voltei para o quarto e me arrumei o mais simples possível, afinal eu não queria passar a impressão errada. Depois que eu e a já estávamos prontas, seguimos para a casa do Harry. Conforme nós subimos no elevador, meu coração batia cada vez mais rápido, parecia que ia saltar do meu peito. A tocou a campainha e logo o Harry abriu a porta com sua animação de sempre. O Ed estava sentado no sofá e levantou para nos cumprimentar.
— Mas que honra ter de volta nosso ruivo favorito em Londres! — Disse dando um abraço no Ed.
— É bom te ver também, .
Então assim que eles se soltaram do abraço, os olhos do Ed encontraram os meus, aquela imensidão azul me encarando.
— Oi, Ed — falei estendendo minha mão para ele.
— Oi, — respondeu ele segurando minha mão e balançando.
Mas então, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele me puxou para um abraço apertado.
— É bom ter você de volta — falei quando ele me soltou.
— Eu estou feliz de estar de volta também.
— Bom, quem quer uma cerveja? — Harry perguntou indo até a cozinha.
— Amor, você chamou a gente para almoçar aqui, mas tem comida nessa casa?
— Claro que tem, ela só precisa ser feita.
— Ah entendi, o convite inclui eu e a sendo as cozinheiras.
— Como você é esperta, amor.
— E como você é cara de pau, seu peste.
— Eles continuam assim depois de todos esses anos? — Ed me perguntou.
— Não. Na verdade, eles têm piorado com o tempo.
— Oh dona , pode vir comigo para a cozinha, porque não vou me sujeitar a isso sozinha, não.
Eu ri e segui com a , os meninos se sentaram na bancada da cozinha com suas cervejas enquanto nós começamos a preparar as coisas. Até ali o meu reencontro com o Ed não tinha sido ruim como eu esperava, embora eu ainda estivesse muito travada e um pouco envergonhada também.
e eu preparamos a comida e, assim que ficou pronta, levamos para a mesa.
— Não deu para preparar nada muito elaborado, nada mais do que uma macarronada, porque meu namorado precisa fazer compras, sabe?
— Tenho certeza que é a melhor macarronada do mundo — disse Harry divertido.
— Mas e então, Ed, nos conte, como foram esses anos viajando pelo mundo? — perguntou enquanto começamos a comer.
— Foi ótimo, conheci vários lugares incríveis e toquei nos melhores pubs.
— E deu para ganhar algum dinheiro? — Harry perguntou.
— Até que sim viu, consegui fazer um bom pé de meia.
— Cara, eu sei que você é um excelente compositor, você não fez nenhum contato, não conseguiu passar suas músicas?
— Ah sim, quando eu estava nos Estados Unidos, consegui contato com bastante gente e minhas músicas foram gravadas por vários artistas conhecidos. Na verdade, isso é o que paga minhas contas realmente.
— Então é que nem o Harry, ele tem ganhado bem com direitos autorais das músicas dele — disse .
— Eu vou te apresentar para alguns amigos meus aqui em Londres que tenho certeza que vão se interessar pelas suas músicas.
— Agradeço muito, Harry.
— E agora que você voltou, onde você vai morar, Ed? — Perguntei.
— Eu vou procurar uma casa, mas enquanto eu não acho, o Harry me chamou para ficar aqui com ele.
— Que ótima ideia, amor. Vou aproveitar também e te convidar para tocar lá no meu pub, Ed.
— O Harry me contou que você comprou o pub que costumávamos tocar. Fiquei muito feliz por você.
— Depois de anos de trabalho, consegui comprar, sim. E, modéstia à parte, ele é um dos melhores pubs da cidade hoje em dia.
— Vai ser uma honra voltar a tocar lá.
— Pois então se prepare, porque quero você tocando hoje mesmo.
— Eu vou colocar no Instagram do pub que teremos um convidado especial hoje — falei.
— Mas e você, , o que faz? Trabalha com a no pub?
— Eu ajudo ela sempre que posso, mas eu consegui que a minha carreira de escritora desse certo. Eu publiquei meu primeiro livro e, como foi um sucesso, agora faço parte dos autores fixos da editora. No momento estou escrevendo uma série que já tem três livros publicados e comecei a escrever o quarto livro.
— Isso é ótimo, você finalmente realizou seu sonho.
— Parece que a vida foi generosa conosco. Eu pelo menos não tenho do que reclamar, eu faço o que eu gosto e tenho uma namorada linda — disse Harry enquanto a fazia careta para ele.
— E você, , continua solteira? — Ed perguntou e eu quase engasguei com a comida.
— Sim, já tem um bom tempo que eu não tenho ninguém. Mas isso não é um problema, eu sou feliz, trabalho com o que eu amo e tenho dois amigos patetas que fazem minha vida melhor.
— Obrigada pela parte que nos toca — retrucou .
— E você, Ed, também está sozinho? — Perguntei.
— Estou, mas como você disse não é um problema. Eu também faço o que eu gosto e sou feliz.
— Que bom saber disso — falei meio tímida.
Nós continuamos a conversa enquanto terminávamos nossa refeição.
— Vou pegar sorvete para comermos de sobremesa — disse .
— Eu te ajudo. — Levantei e comecei a pegar os pratos da mesa.
— Até agora o almoço tem corrido bem — sussurrou enquanto tirava o sorvete do freezer.
— É, está tudo tranquilo, acho que posso lidar com essa situação de boa.
— É assim que se fala, garota.
Depois do almoço o dia seguiu entre conversas e eu até já estava me sentindo mais confortável na presença do Ed. No final da tarde eu e a fomos para casa nos arrumar para trabalhar no pub. Como o tempo estava frio, coloquei uma calça legging preta, uma bota de cano alto preta e uma blusa de manga comprida. Coloquei também um cinto grande para marcar a cintura e uma jaqueta curta de couro. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo alto e me maquiei.
— Nossa, gente, vai aonde assim? — perguntou me vendo aparecer na sala.
— Como assim aonde? Vou com você para o pub.
— E precisa ir toda arrumada?
— Arrumada nada, estou normal.
— Aham, tá sim, Deus tá vendo.
— Para de me encher e vamos logo para o pub, por favor.
— Ok, não está mais aqui quem falou.
Nós seguimos para o pub e, pouco depois de abrirmos, o Harry e o Ed chegaram por lá.
— Nossa, quanta nostalgia voltar nesse lugar — disse Ed.
— E aí, pronto para subir de novo naquele palco? — Harry perguntou.
— Com certeza estou.
Harry subiu no palco e ajeitou o som enquanto as pessoas começavam a chegar. Quando o pub já estava bem cheio, Harry foi até o microfone anunciar a atração da noite.
— Boa noite, senhoras e senhores! Essa noite temos um convidado especial que irá tocar para vocês. Por favor, recebam com muitas palmas Ed Sheeran.
Ed subiu ao palco com seu violão e seu pedal de loop enquanto as pessoas aplaudiam. Ele ajeitou seus instrumentos e então começou a tocar e cantar.
— Caramba, ele continua bom.
— Realmente tem talento esse meu amigo — disse Harry.
— E ele continua cantando essas músicas melosas que a ama. — Completou e eu revirei os olhos para ela.
A apresentação do Ed fez sucesso e muitos clientes já queriam saber se ele tocaria de novo no pub.
— Já vi que terei que tornar você uma atração fixa daqui, Ed — disse .
— E eu venho tocar com muito prazer sempre que você me chamar.
— Vamos fazer um brinde a esse reencontro aqui no pub onde tudo começou — disse Harry distribuindo as garrafinhas de cerveja para nós. — À nossa amizade!
— À nossa amizade! — Repetimos em uníssono brindando.
, antes que a noite termine e eu esqueça de te dizer, você está linda. — Ed sussurrou para mim.
— Obrigada — respondi completamente vermelha.
Voltamos para casa já de madrugada. Eu estava tão cansada que desmaiei assim que caí na cama. Acordei no dia seguinte com o telefone de casa se esgoelando de tanto tocar.
— Só pode ser brincadeira — falei me arrastando para fora da cama. — Alô?
? Sou eu, o Harry.
— Harry, pelo amor de Deus, por que você está ligando para cá num domingo de manhã?
— Porque você e a não atendem o celular.
— Óbvio, a gente tava dormindo e nossos celulares estão no não perturbe!
— Que legal, hein, se acontece alguma coisa, as bonitas estão aí dormindo incomunicáveis.
— Harry, fala logo o que você quer.
— Eu não sei onde eu enfiei o meu celular, acho que esqueci na bolsa da . Você pode ver se está com ela, por favor?
Caminhei até o quarto da com o maior mau humor do mundo e bati na porta, mas não esperei resposta e fui abrindo.
— Inferno! O que é? — Reclamou .
— O Harry tá no telefone perguntando se esqueceu o celular dele na sua bolsa.
levantou e foi até a bolsa dela, abriu e mexeu para procurar.
— Só não esquece a cabeça, porque tá grudada. Está aqui o celular.
— A disse que está aqui, sim.
— E será que ela pode me trazer?
, ele perguntou se você vai levar para ele.
— Mas é claro que não. Manda esse folgado vir buscar.
— Você escutou, né? — Falei fechando a porta do quarto da .
— Poxa vida, que namorada desnaturada que eu tenho.
— Aí Harry, para de reclamar, você vai precisar do celular agora?
— Não, agora não.
— Então faz o seguinte, quando a gente acordar, vamos sair para buscar pão, aí uma de nós passa aí e deixa, ok?
— Tudo bem então.
— Agora vê se deixa a gente dormir e vai dormir você também. Você e o Ed!
— O Ed tá dormindo, está roncando no sofá.
— O Ed não ronca.
— Nossa, , tá sabendo muito, você, hein.
— Harry, vai à merda, tchau! — Desliguei o telefone.
Voltei para minha cama e dormi até meu relógio despertar algumas horas depois.
— Agora sim, bom dia oficialmente — falei encontrando a na sala.
— Vontade de matar o Harry por ele ter ligado aqui sete horas da manhã. Ele vem buscar o celular, afinal?
— Não, eu disse para ele que, quando nós levantássemos, uma de nós ia ter que sair para comprar pão, então poderíamos levar o celular para ele.
— Ah que ótimo, porque é a sua vez de comprar pão mesmo.
— É a minha? Droga, achei que era a sua vez.
— Não, senhora. Vai poder se mexer e buscar o pão para o café da manhã. E agora você também vai ter que levar o celular para o Harry.
Dei meia volta e fui me arrumar para poder sair. Passei primeiro para comprar as coisas do café da manhã e depois segui até a casa do Harry. Chegando lá, subi até o apartamento dele e toquei a campainha, mas demorou até que alguém viesse atender. Eu já estava prestes a tocar a campainha de novo quando ouvi o clique da fechadura e vi a porta abrir. Olhei para frente e me deparei com um Ed sem camisa, calça de moletom e o cabelo todo bagunçado, todas suas muitas tatuagens à mostra.
— Bom dia — falei tentando formular alguma frase coerente.
— Bom dia, !
— O-o Harry, eu vim falar com o Harry.
— Ele não está, saiu para comprar alguma coisa para gente comer. Mas ele disse que você vinha trazer o celular dele, pode deixar comigo.
— Ah tá, ok.
— Então cadê?
— Cadê o quê?
— O celular.
— Claro, o celular! Me desculpe — falei pegando o celular do bolso da calça e entregando para o Ed.
— Obrigado, pode deixar que entrego para ele.
— Tá bom então, eu já vou indo.
— Nos vemos mais tarde.
Quando eu entrei no elevador, senti que meu rosto estava queimando e ao olhar no espelho do elevador vi que estava totalmente vermelha. Cheguei em casa um pouco desorientada depois daquele episódio.
— Até que enfim você voltou! Achei que você tinha se perdido.
Me joguei no sofá ao lado da .
— Você está bem, ? Parece que viu um fantasma.
— Não, tá tudo ótimo! Cheguei lá para devolver o celular do Harry, ele não estava e eu deixei com o Ed. Ele me recebeu sem camisa como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Agora eu entendi tudo! Você viu o foguinho sem camisa e quem ficou cheia de fogo foi você, né?
— Não é isso, é só que eu não estava preparada para isso.
— Então é bom você se preparar, porque coisas assim podem se tornar mais comuns do que você gostaria.
Eu suspirei pesado e enfiei minha cara numa almofada. Passei o resto do dia pensando no que havia acontecido e ver o Ed à noite no pub não ajudou muito também. Levantei no dia seguinte extremamente tensa, meus ombros estavam duros de estresse.
— Pensei que você só fosse para a editora à tarde hoje. — Estranhou .
— E eu só vou à tarde mesmo. Levantei mais cedo porque vou para a academia.
— Oi? Você está doente? — Ela perguntou colocando a mão na minha testa. — Porque você e academia são duas coisas incompatíveis.
— Eu não estou doente, só estou precisando aliviar a tensão. Vou dar uma passada na parte de boxe e muay thai, acho que socar uns sacos de areia vai ajudar.
— Ah sei, tensão sexual né.
, fica quietinha, vai.
— Vou ficar, ou melhor, já estou de saída. Hoje a gente não abre o pub, mas é dia dos funcionários fazerem a limpeza. Boa sorte na academia e que Deus tenha piedade dos sacos de areia.
Assim que a saiu, eu terminei de tomar meu café e depois segui para a academia. Quando cheguei no local estava bem vazio, o que eu achei ótimo. Enrolei faixas nas minhas mãos, coloquei as luvas e fui direto para o saco de areia. Eu estava tão distraída socando o aparelho com toda minha força que nem percebi quando alguém se aproximou e tirou o saco de areia da minha frente para falar comigo.
— Oi, !
Antes que eu pudesse me dar conta da presença de alguém, meu punho já estava acertando o nariz da pessoa em cheio.
— Ai meu Deus! — Exclamei arrancando as luvas. — Ed, você está bem? Me desculpa! — Ed estava caído no chão com a mão no nariz. — Me diz que eu não quebrei seu nariz, por favor.
— Não quebrou não, mas doeu pra caramba. Que cruzado de direita, hein?
— Vem, eu te ajudo a levantar — falei puxando o Ed pelas mãos. — O que você está fazendo aqui?
— Atividade física, oras. Eu continuo mantendo os mesmos hábitos de anos atrás.
— É, eu devia ter me lembrado disso.
— Mas e você? Não pensei que esse fosse seu tipo de atividade física favorita.
— E não é. Eu venho aqui muito raramente, só quando estou precisando desestressar mesmo.
— Bom, já que estamos os dois aqui, podemos treinar juntos.
— Não sei se é uma boa ideia, não estou no seu nível de treinamento.
— Não seja boba, eu te ajudo.
Acabei cedendo e fui treinar com o Ed. Na verdade eu fui mais assistir ele treinar do que qualquer outra coisa, porque primeiro que aquele realmente não era o tipo de atividade física que eu estava acostumada a fazer e segundo que, com ele por perto, eu não conseguia manter a concentração.
— Ed, acho que já deu para mim — falei depois de uma hora que havíamos começado a treinar.
— Tem certeza?
— Tenho sim — respondi arrancando as luvas.
— Eu vou ficar mais um pouco, mas se você me esperar a gente pode comer alguma coisa juntos.
— Desculpa, mas não vai dar mesmo. Eu ainda tenho que ir para casa tomar banho e me arrumar, preciso ir para a editora na parte da tarde.
— Tudo bem então, né — disse Ed dando de ombros e em seguida pegando minha mão. — Acho que você machucou um pouco os nós dos seus dedos. Coloca gelo quando chegar em casa.
— Tá bom, obrigada — falei soltando minha mão da dele. — A gente se fala depois.
Saí o mais rápido que pude da academia e, ao invés de ir para casa, quando me dei conta, eu estava na frente do pub.
, o que você está fazendo aqui? — perguntou assim que me viu entrar. — Este pub está fechado hoje até mesmo para você.
— Eu só precisava recuperar um pouco da minha dignidade antes de ir para casa.
— O que foi que aconteceu?
Contei para sobre ter encontrado o Ed na academia.
— Que legal, você vai socar uns sacos de areia para aliviar a tensão e aí você encontra a tensão em pessoa.
— Não tem graça, tá?
— Hey, o que foi que aconteceu com o discurso de “acho que posso lidar com essa situação de boa”?
— Eu estava errada, eu não tenho a mínima estrutura para lidar com essa situação.
, respira e relaxa, ok? Você só precisa se acostumar com a presença dele de novo nas nossas vidas, vai dar tudo certo.
Eu sabia que minha amiga estava tentando me acalmar, mas não estava funcionando. A verdade é que eu não estava preparada para a volta do Ed e muito menos para remexer em toda essa história do passado.
Eu passei o resto do dia com a cabeça enfiada no trabalho, assim eu não tinha tempo de pensar em outras coisas. À noite a saiu com o Harry e eu aproveitei para ficar quietinha em casa. Coloquei meu pijama de flanela mais quente e pretendia fazer um balde de pipoca gigante, depois ia me enfiar debaixo das cobertas no sofá e ficar vendo filme. Eu estava na cozinha pegando a pipoqueira quando a campainha tocou. Quando abri a porta, me deparei com Ed segurando uma caixa rosa e dois frappuccinos.
— Eu espero que você ainda goste de donuts de chocolate e frappuccino do Starbucks.
— Alguns hábitos nunca mudam, né — respondi sorrindo.
— Será que eu posso entrar? Eu queria muito conversar com você.
— Claro, entra.
Dei passagem para o Ed entrar e fechei a porta em seguida. Nós seguimos para a cozinha e nos sentamos na bancada um de frente para o outro.
— Eu realmente não esperava uma visita sua hoje.
— Eu achei que precisava vir, senti que precisamos conversar.
— Sobre o quê?
, eu sinto que você está desconfortável com a minha volta. Eu sei que meu retorno deve ter te pegado de surpresa, mas eu não quero que fique um clima ruim entre a gente.
— Desculpa de verdade, eu não queria demonstrar nenhum desconforto perto de você. Mas acho que é como você disse, sua volta me pegou de surpresa, eu não estava preparada.
— Você ainda quer ser minha amiga?
— Óbvio que sim, aliás, eu nunca quis perder sua amizade. Quando tudo aconteceu anos atrás, eu deixei claro para você que queria continuar sendo sua amiga.
— Pois então vamos deixar tudo para trás. O que aconteceu é passado, vamos trazer do passado apenas a parte boa, que é nossa amizade. Eu sinto falta das nossas conversas e brincadeiras que sempre aconteciam de forma tão natural.
— Eu também sinto falta.
— Então é nisso que temos que focar.
— Você já me perdoou, Ed? De verdade?
, eu não tenho nada para perdoar, o que aconteceu são coisas da vida. Eu não posso te condenar por seguir seu coração.
— Você tem uma alma tão bonita, é uma pessoa tão boa. Eu tenho orgulho de ser sua amiga.
Ed então me puxou para um abraço.
— Que bom que você voltou.
— É maravilhoso estar de volta.
— Agora me passa essa caixa de donuts aqui.
— Hey, não vai dividir comigo?
— Achei que era tudo para mim.
— Continua gulosa.
— Preciso alimentar a solitária que existe em mim.
— E o que você estava fazendo quando eu cheguei?
— Eu ia fazer pipoca e ficar vendo filme. A e o Harry foram fazer um programinha de casal hoje, fiquei em casa abandonada.
— Não está mais abandonada. Vamos levar essa caixa de donuts e os frappuccinos para o sofá e assistir algum daqueles filmes que você gosta.
Ed e eu nos enfiamos debaixo de um cobertor felpudo e colocamos um filme para passar enquanto devorávamos os donuts. Eu nem vi o tempo passar e no fim nós acabamos cochilando encostados no ombro um do outro. Acordei já eram onze horas, com a parada na frente do sofá de braços cruzados olhando a cena.
— Quer dizer que eu não fui dormir na casa do Harry, porque achei que o bonito aí estava em casa e na verdade ele está aqui.
, você não dormiu na casa do Harry porque não quis, já que ele tem um quarto só dele — falei esfregando meus olhos. — Ed, acorda, já é tarde.
Eu sacudi o ombro de Ed devagar até que ele despertasse.
— Parece que pegamos no sono — ele disse sorrindo. — Oi, !
— Oi, belo adormecido.
— Eu vou para casa. — Ed levantou, se esticou e calçou seu tênis. — Boa noite, — disse dando um abraço e um beijo nela.
— Boa noite. Vai para casa que o Harry está te esperando.
Eu fui com Ed até a saída e abri a porta para ele.
— Obrigada pela companhia — falei.
— Disponha sempre. Boa noite, .
— Boa noite, Teddy — falei chamando Ed pelo apelido de infância dele.
Ed me deu um beijo na bochecha e saiu em seguida.
— Mas o que foi que aconteceu aqui?
— Nada demais, , só tivemos uma conversa franca.
Eu contei para como Ed apareceu por lá e como foi bom termos conservado.
— Eu fico feliz com isso, ia ser muito estranho conviver com o Ed se você continuasse pirando do jeito que você estava.
— Eu quero que ele continue sendo meu amigo, então preciso colaborar né.
— O quarteto está de volta, adoro!
Com a volta do Ed, nós procuramos voltar a fazer os programas que mais gostávamos, até para o Ed se sentir em casa novamente. Uma das primeiras coisas que fizemos foi ir a um jogo da Inglaterra.
— Vai Inglaterra! Vai Inglaterra! — Harry e Ed entraram na nossa casa cantando e eu logo me juntei ao coro deles.
— O que é isso, nossa casa virou estádio? — perguntou.
— Hoje tem jogo da Inglaterra no estádio de Wembley e adivinha? Nós vamos no jogo. — falei.
— Mas por que, gente? Eu não gosto de futebol!
— Ninguém perguntou se você gosta ou não, amor, você vai no jogo e pronto.
— É cada coisa que eu tenho que me prestar, tudo culpa do contrato de amizade que assinei sem ler.
— Vai colocar a camiseta da Inglaterra, , que já estávamos saindo para o jogo — disse Ed.
— Ainda tenho que ir fantasiada, ninguém merece viu.
Mesmo com os protestos da , seguimos para o estádio. Harry havia conseguido um ótimo lugar para nós com uma visão perfeita do campo.
— Qual a graça disso, gente? É só um bando de homens correndo atrás de uma bola — reclamou .
— Meu Deus, como que eu posso ser melhor amiga de uma pessoa que não sabe nem o que é um impedimento? — Falei divertida.
— Mesmo eu não entendendo nada de futebol, você me ama que eu sei, .
— Amor, caso você não saiba, a gente tá torcendo para o time com camisa branca, ok?
— Não te perguntei nada, Harry.
Os jogadores entraram em campo e começou a execução dos hinos nacionais. Nós ficamos de pé para cantar “God save the Queen” e parecíamos quatro patetas, mais riamos do que cantávamos. Quando o jogo começou parecia que eram três homens e não apenas dois, porque eu vendo futebol me transformo. Enquanto isso, olhava pra gente com aquela cara de julgamento. Então saiu o primeiro gol da Inglaterra e a gente enlouqueceu, o Harry começou a sacudir a e, antes que ela começasse a xingar ele de todos os nomes, ele começou a encher ela de beijos. Ed e eu nos abraçamos pulando e gritando. Na hora do intervalo os meninos foram buscar cervejas para nós.
— Eu posso não gostar de futebol, mas se tem uma coisa que eu estou gostando nesse jogo é ver você e o Ed tão bem juntos.
— Parece como nos velhos tempos, né?
— Meninas, olha a cerveja — disse Ed voltando com o Harry.
Nós brindamos e bebemos antes que o segundo tempo começasse. Depois do jogo voltamos para casa e fizemos uma rodada de hambúrgueres caseiros para o jantar. No fim do dia eu caí exausta na cama, mas com um sorriso de felicidade no rosto.
No dia seguinte eu já estava de saída para a editora quando a levantou.
, você vai ficar o dia todo na editora hoje?
— Não, só agora de manhã, à tarde estou livre. Por quê?
— Porque eu estava pensando em chamar os meninos para ir ao cinema à tarde.
— Acho uma ótima ideia, por mim eu topo.
— Legal, vou falar com eles e a gente se encontra na porta do cinema.
Cumpri todos meus compromissos que tinha na editora e na parte da tarde fui encontrar meus amigos.
— Por que tem que ser filme de terror? Eu tenho medo de filme de terror! — Reclamei.
— Mas a graça de filme de terror é ter medo, — disse Ed.
— Olha bem pra minha cara de quem gosta de pagar para sentir medo.
— Eu espero que não tenha nenhum palhaço nesse filme, senão eu mato vocês — disse .
— Não tem palhaços, amor, é um filme de espíritos.
— É bom que não tenha mesmo, ou quem vai virar espírito é você, Harry.
Não conseguimos convencer os meninos a mudar o filme e acabamos tendo que ver o filme de terror mesmo. Não tinha nem meia hora de filme e eu já estava querendo chorar de medo.
, abre os olhos, assim você não vai ver o filme — Ed disse rindo quando agarrei o braço dele e enfiei meu rosto no ombro dele com os olhos bem fechados.
— Eu não quero ver esse filme! Eu quero a minha mãe.
Enquanto isso, a xingava até a sétima geração dos meninos a cada susto que tomava. Ed e Harry começaram a rir de nós.
— Tão rindo por quê? É filme de comédia por acaso? — Disse dando tapinhas no braço do Harry.
Eu só consegui respirar aliviada quando aquele filme infeliz acabou.
— Eu odeio tanto vocês — disse quando saímos da sala de cinema.
— Que foi, amor? Você falou que não podia ter palhaços e não tinha.
— Tem razão, os únicos palhaços que tinha nesse filme estavam sentados ao nosso lado — ela respondeu rabugenta.
— Eu vou ficar os próximos dias tendo pesadelos e a culpa é de vocês!
Depois do cinema, nós fomos para casa tomar um banho e nos arrumar antes de seguirmos para o pub.
— Queria dizer que depois de vocês nos fazerem ver filme de terror, tudo que eu quero hoje é beber, beber muito — disse .
— Mas você não está trabalhando, garota? — Ed perguntou.
— Eu sou a dona do pub, ralei muito atrás daquele balcão para conquistar o direito de encher a cara, oras.
— Já que você deu a ideia, amor, vamos beber — disse Harry pegando canecas de cerveja para todos.
Depois de algumas cervejas na cabeça, nós achamos que seria legal fazer uma competição de quem tomava mais shots de tequila. Eu não sei o quanto a gente bebeu, só sei que a noite terminou com nós quatro fechando o bar completamente bêbados.
— A gente devia pedir um Uber para ir para casa — disse Ed.
— Se alguém conseguir digitar os endereços, porque do jeito que eu estou é capaz da gente ir parar na Escócia — respondeu .
— Melhor irmos a pé, é mais seguro — sugeriu Harry.
— De quem foi a ideia de misturar tequila com cerveja? Minha cabeça tá rodando loucamente — falei.
— O problema é que a gente não tem mais idade para fazer essas coisas, não temos mais vinte e poucos anos — disse .
— Ainda bem que amanhã é sábado, porque todo mundo vai tá de ressaca — disse Ed.
— Amor, me segura aqui que eu estou tonta.
, eu não estou aguentando nem comigo, se eu te segurar vai nós dois para o chão.
Mal o Harry acabou de falar e a se apoiou no ombro dele, os dois foram direto para o chão.
— Eu quero ver agora vocês levantarem. — Gargalhei.
Ed ajudou a se levantar, ela quase o puxou para baixo, mas no fim deu certo.
— Ajuda aqui! — Harry gritou do chão.
Ed pegou Harry por uma mão e eu pela outra e colocamos ele de pé.
— Vem, amor, eu te levo, afinal eu sou o homem dessa relação — disse enlaçando seu braço no dele.
— Amor, canta comigo: Hakuna Matata!
Harry começou a cantar a música do Rei Leão e logo todos nós estávamos cantando bem alto no meio da rua, que ainda bem estava vazia, porque já era madrugada. O Harry e a começaram a dançar enquanto eu pulei nas costas do Ed e ele me levou de cavalinho. Nem sei dizer como conseguimos chegar em casa naquele estado, mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Depois de tomar um banho, um café forte e uma aspirina, e também depois de mais uma rodada de crise de risos, eu e a finalmente fomos deitar e dormir. Embora eu soubesse que ia acordar com uma dor de cabeça terrível no dia seguinte, eu fui dormir feliz pelo dia tão incrível que tivemos.
Cada dia ficava mais fácil conviver com o Ed e ele já havia se tornado de novo uma pessoa imprescindível na minha vida.
— Gente, eu tenho uma novidade para vocês. — Anunciou Ed em mais um dia em que estávamos no pub.
— Novidades boas, eu espero — respondi.
— Muito boas. Eu encontrei uma casa para mim aqui perto.
— Ah, que coisa boa, Ed — disse .
— Sim, mas eu vou precisar dar uma arrumada na casa. Então eu pensei em contar com meus queridos amigos para me ajudar a pintar a casa.
— Mas, Ed, o pintor aqui da turma é você — disse Harry.
— Harry, o Ed pinta muito bem, realmente, mas pintar parede de casa não tem muito segredo, nós podemos fazer isso — falei.
— Isso depende de quanto você vai me pagar, Ed.
— Posso te pagar algumas cervejas, Harry.
— Tá bom, eu aceito.
— Não precisava nem pedir né, Ed, é claro que vamos te ajudar — falei.
— Bom, então posso contar com vocês amanhã de manhã?
— Estaremos lá. — Garantiu .
— E para comemorar essa nova conquista do Ed, eu acho que nossa amiga podia dar o ar da sua graça no palco hoje e cantar uma música — disse Harry.
— Ah não, Harry, pelo amor, não me peça isso.
, você costumava cantar de vez em quando junto com os meninos e o pessoal gostava — disse .
— Mas isso foi há muitos anos, atualmente o único lugar que eu canto é no chuveiro.
— Qual é, , vai, eu sei tocar todas as músicas que você gosta, eu posso te acompanhar no violão — disse Harry.
— Vai, , por favor. Eu vou adorar te ouvir cantar depois de tantos anos. — Pediu Ed.
— Ok, mas só uma música. — Cedi e meus amigos comemoraram.
Quando a banda que estava tocando naquele dia no pub deu uma pausa, eu subi ao palco junto com o Harry.
— Atenção pessoal, enquanto a banda descansa um pouco, nossa amiga vai nos dar o prazer de cantar uma música para nós.
Todo mundo aplaudiu enquanto eu me posicionava em frente ao microfone.
— E então, bebê, o que você vai querer cantar? — Harry perguntou.
— Pode ser I could fall in love da Selena Quintanilla.
— Tudo bem, acho que ainda sei tocar essa.
Harry deu os primeiros acordes da canção e eu comecei a cantar. Eu não havia me dado conta do quanto aquela letra era significativa naquele momento, ainda mais porque eu não consegui parar de olhar para o Ed durante toda a música.

“I could lose my heart tonight
If you don't turn and walk away
'Cause the way I feel I might
Lose control and let you stay

'Cause I could take in my arms
And never let go

I could fall in love (in love) with you
I could fall in love (in love) with you (with you baby)

I can only wonder how
Touching you would make me feel
But if I take that chance right now
Tomorrow will you want me still (baby, do you want me?)

So I should keep this to myself
And never let you know

I could fall in love (in love) with you
(I could fall in love with you)
I could fall in love (in love) with you (with you baby)

And I know it's not right
And I guess I should try to do what I should do
But I could fall in love, fall in love with you
I could fall in love with you

So I should keep this to myself
And never let you know

I could fall in love (in love) with you
(I could fall in love with you)
I could fall in love (in love) with you (with you baby)
I could fall in love (fall in love)
I could fall in love (fall in love)
With you (you baby)
I could fall, fall in love (in love) with you (I could fall in love with you)”

Eu terminei de cantar e mais uma vez os clientes aplaudiram freneticamente. Eu desci com o Harry do palco e meus amigos também estavam aplaudindo.
— Olha ela, toda cantora — disse .
— Acho que eu ainda consigo cantar um pouco afinal.
— Você foi incrível, — disse Ed.
— Amor, me ajuda a pegar uns petiscos aqui para a gente comer — saiu puxando Harry pelo braço.
— Você acha mesmo que foi bom? — Perguntei para Ed.
— Achei sim. E sabe, eu me lembro de ouvir você cantar essa mesma música uma vez muitos anos atrás.
— Sério? Quando?
— Na primeira e única vez que você dormiu na minha casa. Você acordou no dia seguinte e foi preparar o café da manhã para nós, então quando eu levantei te encontrei na cozinha cantarolando essa música.
Eu fiquei sem saber o que falar e rolou aquele momento de silêncio constrangedor entre a gente.
— Quem aí está com fome? — Perguntou Harry aparecendo com uma bandeja cheia de petiscos.
— Eu estou, cheia de fome — falei enfiando um petisco na boca para não ter que falar mais sobre o assunto da música com o Ed.
Passei o resto da noite pensando no que Ed havia me dito. Quando fomos para casa, a percebeu que eu estava um pouco calada e quis saber o que tinha acontecido, então contei para ela sobre o comentário do Ed.
— Nossa, você deve ter sido mesmo muito importante para ele se lembrar de um detalhe desses.
— Pois é, nem eu me lembrava disso.
— Sabe que você nunca me contou como foi essa noite que você passou com o Ed?
— Mas que mania, menina, de querer saber sobre minha vida sexual.
— Você costumava me contar sobre isso quando você namorava com o Liam. Não os detalhes sórdidos obviamente, mas se era bom e tudo mais.
— Acho que não te contei porque com o Ed só rolou uma vez.
— Uma vez é mais do que suficiente para você saber se foi bom.
— É claro que foi bom, muito bom. Mas até nisso o Ed e o Liam eram muito diferentes.
— Como assim?
— Ah, o Liam era mais aquela pegada que te deixa meio desorientada, sabe? Já o Ed é muito mais carinhoso, mais romântico.
— Mais melado, bem mais a sua cara, aliás.
— Ser romântico na cama não é uma coisa necessariamente ruim, ok? Até porque, se eu bem me lembro, o Ed não me deixou dormir a noite toda, se é que você me entende.
— Ok, muita informação, já pode parar por aí — disse e eu ri.
Nós não pudemos dormir até tarde no dia seguinte, pois havíamos combinado de ajudar o Ed com a casa nova dele, então logo pela manhã eu já estava de pé me arrumando. Coloquei um macacão jeans velho que eu tinha e uma camiseta velha também para o caso de sujar de tinta. Coloquei meu blusão, minha touca e, logo depois de tomar café da manhã, e eu seguimos para a casa do Ed. Quando chegamos, o Harry já estava por lá.
— E aí, todos preparados para deixar essa casa habitável? — Ed perguntou.
— Ed, sua casa vai ficar perfeita — disse Harry.
— Mãos à obra então, galera! — Disse .
Nós nos dividimos e começamos a pintar todos os cômodos. Acabou se tornando uma tarefa divertida, porque entre uma parede e outra nós riamos e fazíamos piadas. Na hora do almoço, já havíamos conseguido pintar boa parte da casa. Eu fui até a sala e encontrei Ed por lá, ele havia feito uma pintura artística em uma das paredes.
— Caramba, Ed, isso ficou muito legal.
— Você gostou mesmo?
— Claro que sim, está lindo! Eu só acho que talvez esteja faltando um pequeno detalhe.
— O quê? — Ed perguntou olhando para a pintura à procura de defeitos.
Eu aproveitei a distração dele, passei os dedos na lata de tinta que estava aberta e depois passei no rosto dele.
— Ai, ! Não acredito que eu caí nessa! — Reclamou Ed enquanto eu gargalhava. — Mas isso não vai ficar assim não.
Ed também sujou as mãos com tinta e veio passar no meu rosto enquanto eu tentava escapar. Nós começamos uma guerra de tinha e no fim estávamos todos sujos.
— A gente deveria estar pintando a casa e não brincando — falei ainda rindo.
— Agora fazemos parte da pintura da casa.
— Onde tem um pano?
— Deve ter na cozinha.
Eu fui até a cozinha, peguei um pano e molhei uma parte dele, depois voltei para a sala.
— Meu Deus, seu rosto está todo pintado — falei indo até o Ed e limpando o rosto dele com o pano.
— Arte sua, né, mocinha?
— Eu não podia perder essa oportunidade.
— O som da sua risada é a melhor coisa desse mundo, sabia?
Ed estava muito perto de mim, eu ainda segurava o pano no rosto dele.
— Ah droga, entrei na hora errada! — Exclamou chegando na sala e eu e o Ed nos afastamos. — Eu posso sair e vocês fingem que não me viram.
— Imagina, , a gente só estava tentando se limpar. Digamos que fizemos uma pequena bagunça com as tintas — falei.
— Aí, essas crianças. Vão se lavar, por favor, nós vamos pedir comida chinesa para o almoço.
— Sim, senhorita, você que manda — falei me encaminhando para fora da sala. — Você não vem, Teddy?
— Vou sim, claro, até porque estou morrendo de fome.
Harry pediu yakisoba para todo mundo e assim que a entrega chegou, nós nos sentamos no chão e começamos a comer.
— Ed, esqueci de te falar, cara. Eu falei com aquele meu amigo do meio da música, mostrei algumas músicas suas e já tem vários artistas grandes interessados em gravar.
— Isso é ótimo, muito obrigado, Harry.
— Casa nova, trabalho pintando, tudo está dando certo para você, Ed — disse .
— Sim e eu devo muito disso aos meus amigos queridos que nunca me deixaram na mão.
— Amizade é isso, né — falei.
Depois de comermos nós continuamos o trabalho na casa e no final da tarde conseguimos terminar tudo, era só limpar e o Ed já poderia se mudar nos próximos dias. Mas o dia ainda não havia acabado, ainda precisávamos ir para o pub naquela noite. Fomos para casa tomar banho e a seguiu na frente para ir abrindo o pub junto com o Harry. Ed também não demorou a chegar no pub, pois ele iria tocar naquela noite. Eu fui a última a chegar naquele dia, o pub já estava cheio.
— Demorei, mas cheguei! Menina, tá um frio lá fora, congelante.
— Que bom que você chegou, . Estou com dois funcionários a menos hoje, estão doentes. Será que você se importaria de relembrar seus tempos de garçonete e me ajudar?
— Mas é claro que não, , me passa o avental, o bloco de notas e a caneta que vou começar a anotar os pedidos.
— Muito obrigada!
Eu fui até algumas mesas que estavam chamando e anotei os pedidos. O Ed já estava no palco tocando e acenou para mim de lá de cima.
— Pedidos das mesas 8,10 e 12 — falei entregando os papéis na cozinha.
, leva esse pedido de Fish & Chips para a mesa 7, por favor. — me pediu.
— Deixa comigo.
Peguei o prato e segui até a mesa onde havia três garotas sentadas.
— O pedido de vocês — falei colocando o prato na mesa.
— Obrigada — uma garota loira respondeu. — Moça, será que você poderia me fazer um favor?
— Se eu puder, sim.
— Será que você pode entregar isso para o cantor da noite, por favor? — A loira disse me entregando um guardanapo com um número de telefone e nome anotados. — E também dizer para ele que eu achei ele um gato.
Eu peguei o guardanapo, olhei bem para cara da loira e sai de perto, voltando para o balcão.
— Que cara é essa, ?
— Aquela loira abusada da mesa 7 pediu para eu entregar o número dela para o Ed, você acredita?
— Acredito sim, isso sempre acontecia com ele e com os meninos quando eles tocavam aqui.
— Pois ela vai ver só o que eu faço com esse telefone — falei fazendo menção de rasgar o papel.
— Hey, você não vai rasgar nada não, você não é namorada do Ed para ficar dando piti assim.
— Mas eu sou amiga dele.
— O que ainda não te dá o direito de fazer isso. Você vai guardar o papel e assim que ele descer para fazer a pausa dele você entrega para ele.
Eu bufei, mas guardei o papel no bolso do avental. Um pouco depois, Ed fez sua pausa e desceu do palco para falar com a gente.
— Tocar nesse lugar é como voltar ao passado, sempre tenho essa sensação — disse ele.
— Realmente, Edward, estamos voltando ao passado. Inclusive você já tem fãs como antes.
— O que você quer dizer com isso, ?
— Aqui oh, a loira da mesa 7 pediu para te entregar o número dela — falei mostrando o papel para Ed.
Ele olhou para o papel na minha mão por alguns segundos antes de responder.
— Eu me sinto muito lisonjeado, mas pode jogar o papel fora.
— Ué, você não quer saber o que ela quer com você?
, eu sei exatamente o que ela quer comigo e eu não estou interessado.
Confesso que fiquei bem satisfeita com a atitude dele e gostei bastante de jogar aquele papel no lixo. A noite seguiu e a loira não voltou a tentar flertar com o Ed, acho que ela acabou se tocando, porque enquanto ela não parava de olhar para ele, ele fazia questão de não destinar nenhum olhar para ela.
— Ai, estou exausta — falei quando o pub já estava para fechar.
— Eu também, menina, hoje foi puxado — respondeu .
— Você vai querer que eu te ajude a fechar o pub?
— Não precisa, você já me ajudou muito hoje. Pode deixar que o Harry fecha comigo, te vejo daqui a pouco em casa.
— Ok então, eu vou indo.
— Eu te levo para casa, . — Ofereceu Ed colocando seu violão nas costas.
— Tá bom, vamos.
Nós saímos do pub e estava ainda mais frio do que quando eu cheguei.
— Está nevando! — Falei sentindo pequenos flocos de neve tocar meu rosto.
Eu comecei a girar e dançar no meio da rua, não havia nada que eu gostasse mais do que neve.
— Parece que essa é a noite dos flashbacks — comentou Ed.
— Do que você está falando?
— Foi exatamente aqui que você me beijou pela primeira vez anos atrás, bem ali, debaixo daquele poste de luz. — Explicou Ed apontando para um poste logo à frente. — E estava nevando assim como hoje.
Ed se aproximou de mim e eu parei de dançar ficando de frente para ele.
— Eu não me lembro que fui eu que te beijei.
— Mas eu me lembro bem. Aliás, eu me lembro de tudo, de cada detalhe do que aconteceu entre nós.
— Ed, por que você não quis o telefone daquela moça?
— Você se lembra quando eu recebia telefones antigamente nesse mesmo pub o que eu fazia?
— O mesmo que você fez hoje, descartava todos.
— E você sabe o porquê?
— Não, por quê?
— Porque naquela época só havia uma garota que me interessava. E por incrível que pareça, ela continua sendo a única que me interessa.
Ed tocou meu rosto delicadamente, eu podia sentir sua respiração acelerada.
— Não faz isso, Ed, eu não quero mais partir o coração de ninguém.
, você pode partir meu coração quantas vezes você quiser.
— Não diga isso!
— É melhor ter o coração partido por você do que não ter você na minha vida.
Então Ed me beijou, um beijo cheio de vontade, cheio de saudade, cheio de amor. Eu me deixei levar por um momento, mas então quebrei o beijo e me afastei.
— Não, é melhor não — falei e sai andando.
, espera, não vai embora assim! Eu vou te levar em casa.
— É melhor eu ir sozinha. A gente se fala depois.
Eu caminhei até em casa no meio do frio, mas eu mal conseguia sentir o tempo de tão forte que meu coração batia. Quando finalmente cheguei, me tranquei no meu quarto e deitei na minha cama enquanto repassava tudo que havia acontecido. Estava tudo confuso dentro de mim, eu não conseguia entender se eu estava me apaixonando pelo Ed novamente ou se na verdade eu nunca havia deixado de ser apaixonada por ele.
Não dormi direito durante a noite toda pensando em tudo e, quando acordei no dia seguinte, fiquei um tempo enrolando para sair da cama. Quando finalmente levantei, fui até meu guarda-roupa em busca de um antigo álbum de fotos que eu guardava dentro de uma caixa. Sentei na cama com o álbum em mãos e comecei a folhear suas páginas, havia várias fotos da época que trabalhávamos no pub e que conhecemos os meninos, na época em que nosso grupo era bem maior. Mas uma foto em especial me chamou a atenção, era uma foto minha e do Ed abraçados, eu estava beijando a bochecha dele e ele tinha aquele sorriso lindo dele no rosto. Aquela foto era do Ed, mas ele havia me dado pouco antes de ir embora de Londres, ele disse que a foto era para eu nunca esquecer que de alguma forma ele sempre estaria perto de mim.
, está tudo bem aí? — perguntou batendo na porta do meu quarto.
— Está sim, já vou tomar café.
Guardei o álbum de volta no lugar e segui para a sala.
— Bom dia — falei me sentando à mesa onde já estava.
— Bom dia. Aconteceu alguma coisa? Eu não consegui falar com você ontem quando cheguei do pub.
— Aconteceu sim, o Ed me beijou.
— É o quê? — Exclamou arregalando os olhos.
— Ontem quando saímos do pub, ele me beijou. Vou te contar tudo.
Contei para minha amiga o que havia acontecido e como eu estava confusa.
— Caramba, ele não te esqueceu mesmo, continua completamente apaixonado por você.
— Pois é, e eu não sei o que fazer.
— Ué, se você ainda gosta dele, vocês deveriam ficar juntos, não é simples?
— Não é tão simples assim. Eu não quero magoar o Ed de novo.
, a situação de hoje é totalmente diferente da que vocês viveram no passado. Não tem ninguém para interferir no relacionamento de vocês.
— Mesmo assim eu me sinto tão insegura. Fora que eu não consigo entender se eu estou me apaixonando novamente ou se eu nunca deixei de gostar dele.
— E isso faz alguma diferença?
— Claro que faz, porque se for a segunda opção significa que eu cometi um erro enorme naquela época.
, se você errou no passado, a vida pode estar te dando a chance de consertar esse erro. E você devia aproveitar, nem todo mundo tem essa chance.
— Eu preciso pensar, não quero me precipitar com nada.
— Então pensa logo, porque a vida não espera para acontecer.
Na hora do almoço os meninos apareceram lá em casa e eu não pude mais fugir, tive que encarar o Ed.
— Será que a gente pode conversar, ? — Ele perguntou.
— Claro, vamos no meu quarto.
Ed e eu entramos no quarto e eu fechei a porta, me sentando ao lado dele na cama em seguida.
, sobre ontem à noite...
— Ed, não precisa se explicar.
— Eu não quero me explicar, eu só queria te dizer que eu não quero que você se sinta pressionada a nada. Eu queria te beijar e você correspondeu e eu acho que não tem nada demais nisso.
— Eu sei disso, aliás, você nunca foi do tipo que pressiona ninguém. Quando nós ficamos pela primeira vez, você me deu total espaço, nós não tínhamos um relacionamento sério e isso abriu caminho para outra pessoa entrar na minha vida. E é isso que eu não quero que aconteça de novo, porque eu não quero de jeito nenhum te magoar novamente.
— E por que você acha que isso vai acontecer? Hoje em dia é outra situação completamente diferente que estamos vivendo.
— Mesmo assim, meus sentimentos ainda estão confusos e eu quero uma coisa certa dessa vez. Ou nós somos amigos ou nós somos um casal, sem meio termo. E por enquanto nós vamos seguir como amigos e quando eu digo amigos, é só amigos mesmo, sem benefícios.
— Tudo bem, , você é quem sabe. Mas se vamos seguir como amigos, prometa que não vai mudar comigo.
— Eu prometo. Por hora não vamos mais falar sobre isso.
Alguns dias se passaram e eu continuava vivendo aquele conflito interno, mas como eu havia prometido que não mudaria, nós continuamos fazendo nossos programas de sempre.
Estava um dia muito frio e havíamos combinado de nos reunir à noite lá em casa. A decidiu passar o dia na casa do Harry e eu fiquei sozinha em casa, porque com aquele frio eu não pretendia colocar meu nariz para fora. Coloquei meu moletom mais quente, uma calça de bichinho e meias bem grossas de lã, tudo para ficar quentinha no meu lar. Então a campainha tocou e fui atender, me surpreendendi ao me deparar com o Ed.
— O que você está fazendo aqui?
— Quando o Harry me disse que a ia passar o dia na casa dele, não achei justo você passar o dia todo sozinha.
— Que cavalheiro você. Entra, vai.
— Eu ia te chamar para sair, mas começou a nevar quando eu estava chegando aqui, então sem chances.
— Não tem problema, a gente pode ficar aqui em casa fazendo nada.
— Fazer nada com você é uma ótima opção.
— Eu vou estourar um balde gigante de pipoca para gente — falei rindo.
Nós passamos a tarde debaixo das cobertas vendo séries, porque não tinha muito o que fazer com aquele tempo. Quando a noite começou a cair, eu já estava me perguntando onde o Harry e a estavam que ainda não haviam chegado.
— Eles já deveriam estar aqui, estou ficando preocupada.
— Liga para a .
— Boa ideia.
Peguei meu celular e digitei o número da minha amiga. Depois de alguns toques ela atendeu.
— Alô?
! Cadê você e o Harry?
— Como assim cadê a gente?
— Ué, nós combinamos de nos reunir hoje à noite aqui em casa e vocês ainda não chegaram. O Ed já está aqui, na verdade ele passou a tarde comigo, mas estamos esperando vocês para jantar.
— Oh José, que mundo que você vive? Está nevando desde o começo da tarde, as ruas estão cobertas de neve. Não tem a mínima condição de eu sair daqui, vou ter que dormir aqui hoje.
— Mas está tão ruim assim?
— Sim, já deram alerta de neve para ninguém sair de casa. Olha pela janela aí, fofa, dá uma olhada como está lá fora.
Eu fui até a janela da sala e abri a cortina, mas tudo que eu conseguia ver era um imenso cenário branco, neve por todo lado.
— Minha nossa!
— O que foi?
— Tem neve até a metade da janela, o que significa que estamos presos dentro de casa!
— Relaxa, , até amanhã de manhã essa neve já derreteu.
— Acho que to me sentindo um pouco claustrofóbica.
— Para de drama, menina. Aliás, aproveita que você tá aí presa com o Ed e se resolve com ele.
, por favor! Eu estou mais preocupada em não morrer de fome, nós íamos pedir algo para comer, mas agora impossível algum entregador chegar aqui.
, deixa eu te contar: aí na nossa casa tem um lugar chamado cozinha e lá geralmente tem comida, viu?
— Espero mesmo que tenha algo para cozinhar no armário.
— Fica tranquila, aproveita a noite aí com o foguinho e me deixa aproveitar a minha noite com meu namorado que tem o rosto esculpido por anjos.
— Tudo bem, a gente se vê amanhã então. Boa noite.
— Boa noite. E não faça nada que eu não faria, viu?
— Tchau, !
— E aí, falou com a ? — Ed perguntou aparecendo na sala.
— Sim, eles não vêm por causa da neve. E tenho que te informar que você terá que dormir aqui hoje, porque estamos presos. — Expliquei mostrando a janela coberta de neve.
— Ah, que maravilha.
— Precisamos ver se tem comida na cozinha, questão de sobrevivência, sabe.
— Claro, prioridades. Vamos ver o que tem para cozinhar.
Ed e eu seguimos para a cozinha e começamos a vasculhar a geladeira e o armário.
, tem uma pizza congelada, podemos fazer.
— Ótimo e depois podemos fazer chocolate quente. Eu vou colocar a pizza no forno, você pode acender a lareira, por favor?
— Deixa comigo.
Quando a pizza ficou pronta, nós a levamos para a mesinha de centro da sala, sentamos no chão e devoramos tudo. Depois preparamos chocolate quente com muito marshmallow, sentamos no sofá e ficamos conversando.
— Ed, posso te fazer uma pergunta? Você promete que vai responder com sinceridade?
— Claro, pergunte o que você quiser.
— Quando tudo aconteceu anos atrás, eu te magoei muito? Eu sei que combinamos de não falar mais sobre esse assunto, mas eu realmente preciso saber.
, eu fiquei magoado sim, mas não foi exatamente com você, e sim com a situação. Eu estava apaixonado por você e ver outro cara levar você de mim partiu meu coração em mil pedaços. Por muito tempo também eu me culpei por não ter lutado por você, eu devia ter lutado.
— E por que você não lutou? Talvez tivesse mudado minha decisão.
— Eu não sei, eu achei que não tinha o direito de interferir uma vez que você havia feito sua escolha. Mas eu me arrependi disso, e muito.
— Posso fazer mais uma pergunta?
— Pode sim.
— Você foi embora de Londres por minha causa? Não ache que é pretensão da minha parte, mas a falou isso outro dia e fiquei com isso na cabeça.
— Não acho que é pretensão, até porque é verdade, você foi um dos maiores motivos que me fez ir embora. Você estava feliz com o Liam e ver vocês dois juntos me machucava muito, eu suportei até onde eu pude.
— Agora eu me sinto pior do que eu já me sentia antes.
— Não se sinta mal. Eu sempre quis sair pelo mundo, mas depois de tudo que aconteceu essa ideia ganhou mais força. Eu decidi que ia embora em 2014, comecei a planejar tudo e no ano seguinte parti rumo a uma nova vida. Eu tomei essa decisão no dia em que eu compus uma música para você.
— Espera um pouco, você compôs uma música para mim?
— Sim, foi uma música de despedida. Mas ao mesmo tempo uma música para você saber que eu nunca ia te deixar, que você podia esperar por mim se quisesse.
— Eu quero ouvir essa música!
— Ah não, nem pensar.
— Edward Sheeran, você não vai fazer isso comigo, agora que você me contou, não vou deixar você em paz até ouvir a música.
— Ok, eu canto. Você tem um violão aí?
— Tenho sim, um violão que não uso há anos. Eu vou buscar.
Corri no meu quarto e peguei meu velho violão de dentro do guarda-roupa. Voltei para a sala, entreguei o violão para Ed e me sentei de frente para ele para ouvir a música.
— O nome da música é Photograph, espero que você goste.
Ed dedilhou os primeiros acordes da canção e então começou a cantar.

“Loving can hurt, loving can hurt sometimes
But it's the only thing that I know
When it gets hard, you know it can get hard sometimes
It is the only thing that makes us feel alive

We keep this love in a photograph
We made these memories for ourselves
Where our eyes are never closing
Hearts are never broken
And time's forever frozen still

So you can keep me
Inside the pocket of your ripped jeans
Holding me closer 'til our eyes meet
You won't ever be alone, wait for me to come home

Loving can heal, loving can mend your soul
And it's the only thing that I know, know
I swear it will get easier
Remember that with every piece of ya
Hmm, and it's the only thing we take with us when we die

Hmm, we keep this love in a photograph
We made these memories for ourselves
Where our eyes are never closing
Hearts were never broken
And time's forever frozen still

So you can keep me
Inside the pocket of your ripped jeans
Holding me closer 'til our eyes meet
You won't ever be alone
And if you hurt me
That's okay, baby, only words bleed
Inside these pages, you just hold me
And I won't ever let you go
Wait for me to come home
Wait for me to come home
Wait for me to come home
Wait for me to come home

Oh, you can fit me
Inside the necklace you got when you were sixteen
Next to your heartbeat where I should be
Keep it deep within your soul
And if you hurt me
Well, that's okay, baby, only words bleed
Inside these pages, you just hold me
And I won't ever let you go

When I'm away, I will remember how you kissed me
Under the lamppost back on Sixth street
Hearing you whisper through the phone
"Wait for me to come home"

Quando Ed terminou de cantar percebi que meu rosto estava molhado de lágrimas. Ele colocou o violão em cima da mesinha de centro e olhou para mim.
— Você está chorando. Espero que isso signifique que você gostou da música.
Eu não consegui responder, porque aquele momento só podia ser respondido de uma forma. Eu simplesmente me joguei nos braços do Ed e o beijei, deixei todos meus sentimentos por ele explodirem de uma vez só.
— Acho que você gostou mesmo da música — disse Ed quando quebramos o beijo.
— Eu gosto de você, eu quero você.
— Eu sempre quis você e mais ninguém.
Eu sorri e Ed voltou a me beijar. Nossos beijos foram evoluindo e então eu me levantei e o puxei junto comigo para o quarto. Ed beijava meu pescoço delicadamente enquanto começava a se desfazer das minhas roupas. Logo não havia mais nenhuma peça de roupa entre nós para nos proteger do frio, mas não importava porque o calor dos nossos corpos junto um do outro era tudo que conseguíamos sentir. Ed beijou cada parte do meu corpo com tanto carinho e me amou de um jeito tão intenso que eu me dei conta de que ele foi o único que me tocou daquela forma tão perfeita em toda minha vida. Quando nós chegamos ao clímax, deitamos de frente um para o outro, eu mexia em seus cabelos ruivos enquanto olhava cada detalhe do seu rosto, suas sobrancelhas e cílios tão claros que quase não se viam, seus olhos tão azuis como o céu e sua boca quente.
— Eu senti tanto sua falta, falta do seu cheiro, da sua pele, dos seus lábios.
— Eu não sabia o quanto sentia sua falta até agora.
— Eu te amo, , e ninguém nunca te amou como eu.
— Eu sei, agora eu sei. Eu também te amo, meu Teddy.
Ed voltou a me beijar e nós passamos a noite toda nos amando. Aquela agonia que eu sentia no meu coração desde que ele havia voltado não existia mais, minha alma estava leve e eu estava feliz como nunca.
Acordei no dia seguinte me sentindo no céu, com os braços dele ao meu redor.
— Bom dia, meu amor — disse Ed.
— Bom dia. Eu não estou sonhando, não?
— Se você estiver sonhando, eu também estou. — Ele respondeu beijando todo meu rosto. — Você é a coisa mais linda do mundo acordando.
— E você é tão mentiroso. Mas é um mentiroso tão lindo! — Falei mordendo o queixo dele.
— Vai me morder agora, é?
— Eu não consigo evitar, eu adoro esse buraco que você tem no queixo.
— Eu não conhecia esse seu lado selvagem.
— Eu sou muito selvagem quando eu quero. — Falei rindo. — Será que a neve já derreteu?
— Com o tanto de fogo que colocamos nessa casa ontem, tenho certeza que sim.
— Ed! — Falei dando um tapinha em seu ombro.
— Você acha que a vem logo para casa ou ainda temos um tempo sozinhos?
— Fica tranquilo, porque quando a dorme na casa do Harry ela nunca sai de lá cedo.
— Nesse caso vamos tomar café da manhã, e dessa vez eu que vou preparar para você.
Ed foi até o banheiro e depois saiu de lá vestindo sua cueca boxer preta e foi desse jeito que ele seguiu para a cozinha. Eu me levantei logo depois, coloquei minha lingerie, uma camiseta velha e fui até o banheiro arrumar meu cabelo e escovar meus dentes. Depois segui para a cozinha onde Ed já mexia no armário.
— Desde quando você sabe cozinhar?
— Eu tenho muitos talentos que você não conhece — disse piscando para mim. — Vou fazer panquecas para gente.
— Olha só, panquecas, eu adoro. Vou pegar o mel e leite.
Eu arrumei a mesa enquanto Ed preparava nosso café. Não demorou muito e eu comecei a sentir o cheiro bom de panquecas. Assim que ficaram prontas, Ed trouxe para a mesa e começamos a comer. Ele cortou um pedaço da panqueca e me deu na boca.
— E aí, o que você achou?
— Não é que está mesmo muito bom? — Respondi ainda mastigando.
Ed começou a comer a panqueca no prato dele enquanto eu terminava a minha.
— Tá bom mesmo, acertei na receita. Como eu disse, tenho muitos talentos.
— Sabe qual seu maior talento?
— Qual?
— Fazer eu me apaixonar por você de novo e de novo e de novo!
Puxei Ed para junto de mim e comecei a beijá-lo. Então saí da cadeira onde eu estava e sentei no colo do Ed tornando nosso beijo cada vez mais intenso.
— Eu acho que vou tomar um banho agora — falei quebrando o beijo.
— E vai me deixar aqui?
— Óbvio que não, vem comigo.
Não sei dizer quanto tempo ficamos debaixo do chuveiro, mas com certeza foi mais tempo do que o necessário para um banho. Saímos do banheiro enrolados na toalha quando eu lembrei de uma coisa importante.
— Teddy, tem uma coisa que eu preciso te mostrar — falei indo até meu guarda-roupa. Eu peguei minha caixinha de joias de lá de dentro e procurei pela corrente com o relicário. — Lembra disso? — Perguntei mostrando a corrente para ele.
— Claro que sim. Ainda tem nossa foto dentro?
Eu abri o relicário e mostrei que sim, a foto ainda estava lá.
— Essa foto nunca saiu daqui, só a corrente que saiu do meu pescoço.
— Não seja por isso, vamos colocá-la de volta.
Ed pegou a corrente e eu virei de costas afastando meu cabelo para que ele colocasse no meu pescoço. Ele fechou a corrente e depois começou a encher meu pescoço de beijos. Então ele me virou para frente e tirou minha toalha me beijando em seguida. Acabamos na cama novamente e só saímos de lá algumas horas depois.
— Tem certeza que você precisa ir, amor? — Perguntei acompanhando Ed até a saída.
— Tenho, a já deve estar voltando e eu não quero tirar a privacidade dela. Mas não se preocupe que eu volto.
— Ai de você se não voltar.
— Só mais uma coisa para a gente deixar tudo bem claro. Nós transcendemos a fase da amizade e agora somos um casal, certo?
— Certíssimo, nós somos o casal que sempre deveríamos ter sido.
Ed sorriu e me puxou para mais um beijo apaixonado antes de sair.
— Te amo muito — falei.
— Eu te amo mais.
Com muita relutância Ed foi embora e eu me joguei no sofá. Ele mal havia acabado de sair e a chegou.
— Olha essa cara de felicidade — disse se sentando na poltrona à minha frente. — Acabei de cruzar com o Ed aí fora e perguntei se a noite tinha sido boa. Menina, eu não achei que ele pudesse ficar mais vermelho do que já é.
— Ai , coitado, não acredito que você fez isso!
— Claro que sim, se eu não tivesse feito não seria eu.
Eu me sentei no sofá e então minha amiga notou a corrente no meu pescoço.
— Veja só, a corrente voltou para o lugar! Pelo visto a noite foi boa mesmo.
— Foi maravilhosa! Eu vou te contar tudo, inclusive os detalhes sórdidos.
— Não, pelo amor, você me poupe dos detalhes, vamos colocar um limite nessa conversa.
— Ok, vou te contar só o essencial. Mas já aviso que é bom você tomar sua dose de insulina, porque foi tudo tão romântico, com direito até a música que ele compôs para mim.
— Aí senhor, é hoje que minha dose de açúcar no sangue explode.
Namorar com o Ed era diferente de qualquer outro relacionamento que eu tive antes, eu me sentia segura, protegida, era tudo calmaria.
, tá pronta?
— Claro que sim, quem demora para se arrumar aqui é você.
— Então vamos, porque vi o carro do Harry encostando aí na frente.
Nós estávamos saindo para ir até a casa do Ed, íamos jantar lá. Harry havia vindo nos buscar, em pouco tempo estávamos estacionando na frente da casa.
— Oi, amor! — falei enlaçando Ed pelo pescoço e o beijando assim que ele abriu a porta.
— Oh vocês dois, tá frio aqui fora, a gente quer entrar — disse me cutucando.
— Chata! — Falei mostrando a língua para minha amiga.
— Entrem, pessoal.
— Ed, hoje eu trouxe vinho tinto para a gente beber, acho que vai combinar com o cardápio do nosso jantar — disse Harry.
— Ótimo, a lasanha já está no forno.
, você arrumou o pacote completo, hein, ele cozinha — sussurrou para mim.
— Ele faz tanta coisa bem que você nem pode imaginar.
— Senhor, tira essa imagem da minha cabeça!
Nós fomos para a sala e Ed se juntou a nós depois de colocar o vinho na geladeira.
— Que cara é essa de quem está aprontando, Ed? — perguntou.
— Eu estava ansioso para vocês chegarem, porque eu tenho uma super novidade para compartilhar com vocês. Na verdade, eu quero que vocês conheçam alguém.
— Agora fiquei curiosa. Quem você quer que a gente conheça? — Perguntei.
— Só um minuto que eu já volto.
Ed subiu as escadas e foi até seu quarto. Alguns minutos depois ele desceu com uma bola de pelos na mão, um filhote de cachorro que era a coisa mais fofa do mundo.
— Ai meu Deus, é um filhote de beagle! — Peguei o cachorrinho das mãos dele.
— Que coisinha mais lindinha, olha as orelhas, gente — disse mexendo nas orelhas do cachorro que olhava para nós com curiosidade.
— Então você arrumou um companheiro — disse Harry.
— Mais que isso, arrumei um filho, né. E se eu vou ser o pai, acho que ele precisa de uma mãe.
— Ih, , isso é com você — disse .
— Eu com certeza posso ser mãe dele, né, lindinho? — Falei olhando nos olhos do cachorro, que lambeu a ponta do meu nariz.
— Ele gostou de você — disse Ed.
— E qual o nome dele? — Harry perguntou.
— Na verdade eu esperava que vocês me ajudassem a escolher.
— Chama ele de Teddy. — Sugeriu divertida.
— Hey, o único Teddy aqui sou eu, meu filho precisa de um nome só dele.
— Coloca um nome engraçado, tipo Bisteca ou Nutella — disse Harry.
— Amor, você tá com fome, é? Para sugerir nome de comida.
— Eu sempre estou com fome, mas você e a não ficam atrás.
— E você, amor, não vai sugerir nenhum nome? — Ed me perguntou.
— Na verdade eu já tenho o nome perfeito. Você adora o desenho dos Simpsons, certo, amor? Então eu acho que a gente deveria chamar ele de Bart.
— Amor, eu adorei! — Disse Ed e o cachorro começou a latir.
— Acho que ele aprovou, hein — disse Harry.
— Eu, você e o Bart, nada poderia ser mais perfeito — disse Ed me beijando.
— Esses dois juntos, não é lindo, gente? — Disse Harry.
— Meloso demais para o meu gosto, mas eles combinam mesmo.
Quando a lasanha ficou pronta, nos reunimos ao redor da mesa e tivemos um jantar incrível. Ficamos conversando até tarde e depois o Harry e a foram embora. Eu claro fiquei para dormir com o Ed e com nosso filhote, Bart. Foi mais uma noite linda e cheia de amor e, no dia seguinte quando voltei para casa, eu estava pisando em nuvens.
— Mas é tanto suspiro de amor, hein — disse quando eu cheguei em casa.
— Como não suspirar? O Ed é tão maravilhoso.
— Vou precisar aumentar meu estoque de insulina nessa casa antes que eu morra sufocada com tanta breguice.
— Me deixa ser feliz, dá licença?
— Fica à vontade, meu bem.
— Agora falando sério, eu preciso confessar uma coisa.
— Lá vem. Vai, desembucha.
— Quanto mais eu fico com o Ed, mais eu não consigo entender a decisão que eu tomei no passado.
— Como assim?
— É porque eu sinto dentro do meu coração que eu nunca amei alguém assim, então como eu pude ser tão cega e não ter percebido isso antes? Como eu pude trocar ele por quem quer que seja?
— Amiga, a gente comete erros na vida, isso é normal.
— Às vezes eu acho que o que eu senti pelo Liam foi mais fogo de palha do que um sentimento verdadeiro. Eu sei que você gostava do Liam e me deu a maior força quando eu decidi ficar com ele, mas quanto mais eu penso, menos sentido faz.
, eu vou te confessar uma coisa. Eu achava o Liam, sim, muito bonito e super te apoiei quando você achou que devia ficar com ele, mas na verdade eu nunca entendi sua decisão.
— O que você quer dizer com isso?
— Pensando friamente sobre o assunto e vendo as coisas pela sua ótica, o Ed sempre foi muito mais a sua cara. Ele faz o tipo romântico e fofo e eu sei que você gosta disso. Então quando você terminou com ele e começou a namorar o Liam, eu não entendi nada e o Harry também não. A gente achava que você estava apaixonada pelo Ed e que ficaria com ele sem pensar duas vezes.
— Resumindo, eu realmente tomei a decisão errada.
— O que não faz mais diferença, já que você e o Ed estão juntos de novo.
— Prometo que nunca vou contar para o Ed que você era Team Liam.
— Na verdade eu sou Team , se você está feliz pra mim está tudo certo.
— Ai que amor, acho que essa é a coisa mais linda que você já me disse — falei e fui abraçar minha amiga.
— Sai daqui menina, me larga. Já entendi que você me ama, agora me solta! — Disse dando com uma almofada na minha cabeça.
Eu revidei e nós começamos uma pequena guerra de almofadas enquanto gargalhávamos. Eu me sentia a pessoa mais sortuda do mundo, com amigos fiéis como os meus e agora também com um grande amor para chamar de meu.
Mesmo depois que eu e o Ed nos tornamos oficialmente um casal, o fã clube dele no pub não parou de crescer, mas com a vantagem de que agora eu podia dispensar as mais abusadas. Inclusive aquela loira do outro dia que anotou o telefone em um guardanapo voltou a aparecer. Eu estava no balcão com a quando ela veio falar conosco.
— Com licença, moça — a loira disse cutucando meu ombro.
— Pois não?
— Você se lembra de mim?
— Claro que sim, a moça que pediu para entregar o telefone para o cantor. Em que posso te ajudar hoje?
— Eu queria saber se você entregou o telefone, porque ele nunca me ligou.
— Então, querida, eu até mostrei o papel com seu número anotado para ele, mas ele me pediu para jogar fora.
— Eu não acredito nisso.
— Mas é verdade. E ele me pediu para fazer isso, porque a única garota que interessa para ele nesse pub sou eu, que no caso sou a namorada dele.
— Ah me desculpe, eu não sabia que ele tinha namorada.
— Mas ele tem e sou eu, então se você pudesse parar de paquerar meu namorado, seria muito bom.
— Ok, já entendi — a loira disse e se retirou.
— Você estava doida para fazer isso, né? — Perguntou rindo.
— Nossa, me sinto até mais leve depois disso — falei acompanhando minha amiga nas risadas.
Olhei para o meu lindo namorado, que estava cantando em cima do palco e ele piscou para mim de lá.
Enquanto tudo ia muito bem na minha vida amorosa, meus melhores amigos resolveram dar defeito no relacionamento deles. Eu estava em casa à noite com o Ed, nós estávamos deitados no sofá abraçados vendo TV, ele fazia um carinho gostoso no meu braço e eu estava quase cochilando. Foi quando a chegou em casa espumando de raiva.
— Boa noite para você também, ! — Falei, mas ela parecia nem ter ouvido.
foi direto para o quarto dela e bateu a porta.
— Ih, deu merda.
— O que será que aconteceu com ela?
— Brigou com o Harry, com certeza.
— Pensei que eles não brigassem.
— Ed, eles têm um relacionamento de nove anos, seria impossível nunca terem brigado. E a é uma pessoa de gênio forte, se tirar ela do sério, sai de baixo.
— Caramba, espero que eles se entendam.
— Não se preocupe, eles brigam, mas no fim acabam se entendendo. Só que eu vou precisar falar com ela agora.
— Nesse caso, é melhor eu ir embora.
— É melhor mesmo, desculpa, amor.
— Não tem problema, a gente se fala depois.
Ed levantou, colocou sua blusa e seu tênis e seguiu para a porta.
— Me dá notícias sobre eles depois.
— Pode deixar.
— Te amo — disse Ed me beijando.
— Também te amo.
Assim que o Ed foi embora, eu fui até o quarto da e bati na porta.
— Vai embora, , não quero falar com ninguém.
, você sabe que eu não vou sair daqui enquanto você não me deixar entrar, então vamos encurtar esse papo, abre logo a porta.
Alguns segundos depois, ouvi o clique da fechadura e entrei no quarto.
— Deixa eu adivinhar, você e o Harry brigaram.
— Eu não quero mais olhar para cara dele.
— Você sempre diz isso.
— Eu estou falando sério, acabou de vez!
— Isso também sempre faz parte do seu discurso.
, você quer me deixar mais irritada?
— Ok, desculpa. O que aconteceu dessa vez?
— Ele veio de novo com aquele papo de que eu não amo ele de verdade, porque eu não quero casar, nem ter filhos e blá blá blá.
— Mas de novo esse assunto?
— Pois é, seu amigo não aprende! Ele não entende que assinar um pedaço de papel nunca foi e nunca será prova de amor.
— Eu vou conversar com ele amanhã.
— Não, nem pensar, a gente já falou tudo que tinha para falar.
, nem vem, eu vou falar com ele e ponto.
— Você que sabe, quero que ele se exploda.
— Não quer nada que eu sei. Vai, agora levanta dessa cama, vai tomar um banho, colocar um pijama quentinho e vamos acabar com todo o sorvete que tem na geladeira. Hoje eu deixo você escolher o filme que vamos assistir.
— Mas e o Ed?
— Foi para casa, né.
— Desculpa, acabei com sua noite de namoro.
— Não tem problema, a gente vai se ver amanhã. Agora faz o que eu te falei, te espero na sala enrolada no meu cobertor.
No dia seguinte eu fui até a casa do Harry conversar com ele e o encontrei com a maior cara de cachorro que caiu da mudança.
— Se você veio aqui falar sobre eu e a , pode ir embora, .
— Eu vim aqui pra falar sobre vocês, sim, e eu vou falar. Vai me deixar entrar ou não?
Harry abriu caminho para que eu entrasse e nós nos sentamos no sofá.
— Harry, por que você insiste nesse assunto que você sabe que irrita a ?
— Porque eu gosto dela, oras. A gente já namora há nove anos, eu só queria que o nosso namoro pudesse passar para a próxima fase.
— Harry, namoro não é um jogo para passar de fase. O fato da não querer casar e ter filhos não significa que ela não te ama. Algumas mulheres têm esse desejo de ter marido e filhos, outras não. Eu sou o tipo de mulher que quer isso, a não. A mal cuida dela, que dirá de uma criança. Aliás, você também acho que não daria conta de cuidar de outro ser.
— Mas poxa, , quando a gente ama alguém geralmente a gente quer tudo com a pessoa.
— Tudo não necessariamente significa casar. Quem disse que para ser feliz precisa assinar um papel e ter um monte de catarrentos correndo pela casa? Vocês já são felizes com o que vocês têm. Você pode terminar com ela e encontrar uma garota que queira tudo isso, mas você acha que vale a pena trocar o que vocês têm por um casamento?
— Acho que não vale mesmo.
— É claro que não vale. Você ama a ?
— Você sabe que eu amo, e muito.
— Então seja feliz com o que vocês conquistaram e para de pressionar ela com esse assunto. Pode ser que um dia ela mude de ideia e pode ser que ela nunca mude de ideia. Eu pessoalmente acho que o máximo que você vai conseguir é morar junto, e aí vocês podem adotar um pet que nem eu e o Ed. Pronto, família perfeita.
— Você tem razão, pra variar. Onde ela está?
— Em casa, né, esperando você pedir desculpas.
— Liga para ela, por favor, pede para ela vir aqui.
Eu sorri e peguei meu celular para ligar para minha amiga. No começo ela relutou, mas acabou cedendo e disse que estava a caminho. Uns quinze minutos depois ela chegou. Quando entrou, Harry foi até ela com a maior cara de arrependido.
— Será que você pode me perdoar de novo?
— Eu sempre perdoo, né Harry.
— Eu prometo não insistir mais nesse assunto. Mas será que a gente pode falar em morar juntos um dia?
— Eu nunca fui contra a ideia de morar juntos e você sabe disso.
— Eu te amo, , te amo de verdade. Não desiste de mim, por favor.
— A sua sorte é que eu também te amo, seu cabeça dura.
Harry sorriu e então puxou para um beijo.
— Acho que essa é minha deixa para ir embora — falei me encaminhando para a porta.
— Vai logo, não me responsabilizo se você ver cenas proibidas para menores — respondeu .
— Ok, já estou indo. Amo vocês!
Eu deixei meus amigos fazendo as pazes e fui para a casa do Ed. Eu avisei ele que iria para lá depois que saísse do Harry, então Ed havia deixado a porta da sala aberta. Quando eu entrei, Bart veio abanando o rabo me receber. Eu abaixei e o peguei no colo.
— Oi filho, você veio dizer oi pra mamãe, foi? — Falei enquanto Bart lambia meu rosto. — Amor, cheguei!
Ed desceu as escadas e veio me encontrar.
— Oi, amor — disse Ed me beijando e nos sentamos no sofá. — E aí, eles se entenderam?
— Sim, como eu falei, no final dá tudo certo. Eles se amam, né, e também amadureceram muito nesses anos. As brigas deles anos atrás eram bem piores.
— Taí uma coisa boa que a idade nos traz, amadurecimento. Eu acho até que nós estarmos namorando só agora tem muito mais chances de dar certo do que se nós tivéssemos namorado naquela época.
— O que você quer dizer com isso?
— Nós éramos muito jovens quando nos conhecemos, , muito propícios a cometermos erros.
— Como, aliás, nós cometemos.
— Pois é, mas agora a gente já viveu muita coisa e, eu não sei você, mas a essa altura da vida, tudo que eu quero é tranquilidade e calmaria.
— E eu sou sua calmaria, é?
— Você é, sim. Você é meu dia de sol mesmo em meio à tempestade.
— Como todo compositor, você é muito bom com as palavras, né, Sr. Ed?
— Eu sou bom também com outras coisas.
— É mesmo? O quê?
— Eu vou te mostrar.
Ed então começou a me beijar, mas Bart estava no meio de nós e começou a pular na gente. Eu ri da atitude do cachorro enquanto Ed tentava pegá-lo.
— Filho, agora é hora do papai e da mamãe namorarem, então dá um tempinho para gente, ok?
Ed colocou Bart no chão, que resmungou, mas depois foi atrás de um de seus brinquedos que estavam em um canto da sala.
— E então, onde foi que a gente parou? Ah, já lembrei — disse Ed voltando a me beijar.
Toda vez que o Ed me beijava, meu coração batia completamente descompassado. Eu me sentia tão feliz ao lado dele que chegava a sentir medo dessa felicidade acabar.
Na manhã seguinte, quando voltei para casa, encontrei a toda plena e feliz.
— Vejo que está tudo mais do que bem entre você e o Harry.
— Você sabe que a única parte boa de brigar é fazer as pazes.
— Sei sim, o famoso sexo de reconciliação.
— Você disse mesmo para o Harry que nós deveríamos adotar um pet?
— Óbvio que sim. Falei que quando vocês forem morar juntos é só adotar um pet que vão ser a família perfeita.
— Eu falei para ele que eu quero uma gata.
— Nossa, então quer dizer que vocês já estão fazendo planos de morar juntos realmente.
— Não vai acontecer amanhã, mas sim, pode ser em breve. Até porque, eu tenho certeza que não vai demorar muito para minha companheira de casa se casar e eu não pretendo ficar sozinha nessa casa.
— Do que você está falando?
— Oras, , não se faça de desentendida. É óbvio que o Ed vai te pedir em casamento e eu acho que não vai demorar para isso acontecer.
— E baseada em que você diz isso?
, ele comprou uma casa, reformou ela, adotou um cachorro e chamou você para ser a mãe. Está na cara que o próximo passo é casar.
— Mas nós começamos a namorar há pouco tempo.
— Acontece que vocês perderam oito anos da vida de vocês separados. Talvez ele não queira esperar muito tempo para que vocês fiquem juntos de vez. Ele sabe que seu desejo é casar, e ele também faz o estilo de quem nasceu para formar uma família de comercial de margarina.
— Eu não tinha parado para pensar nisso.
— Então é bom você começar a pensar, porque eu tenho certeza que não vai demorar até que ele coloque um anel de brilhantes no seu dedo.
Aquela conversa com a ficou martelando na minha cabeça, porque eu realmente não havia me dado conta de que esse era o caminho natural das coisas. Claro que casar sempre foi meu sonho e o Ed com certeza era o cara perfeito para mim, mas de repente eu fui tomada por uma insegurança. Eu comecei a pensar que talvez eu não o merecesse por tudo que eu havia feito ele passar no passado, eu sempre fui a primeira opção na vida dele, mas e se ele se sentisse como minha segunda opção? E para piorar toda essa minha insegurança, eu tive um encontro muito desagradável que fez minha confiança despencar, confundiu minha cabeça e me fez sentir medo a ponto de estragar tudo.
Eu estava saindo da editora quando esbarrei com alguém.
— Nossa, desculpa, eu sou muito desastrada.
— É, você sempre foi mesmo.
Olhei para cima e mal pude acreditar quando vi que era o Liam que estava parado na minha frente.
— Liam? Nossa, que surpresa te encontrar por aqui! Pensei que você não frequentasse mais esse pedaço de Londres.
— Eu precisei resolver umas coisas aqui perto. Mas e você, trabalha nessa editora?
— Sim, sou parte dos autores fixos da editora. Minha carreira de escritora deu super certo.
— Que bom, fico feliz por você.
— E você, continua cantando?
— Claro que sim, canto em bares, me apresento em festivais, até que não posso reclamar da minha carreira. Ah, e eu vou me casar.
— Olha só, meus parabéns.
— E você, como vai na vida pessoal? Aliás, eu vi nas redes sociais que o Ed voltou para Londres, vocês se encontraram?
— É óbvio que nos encontramos, eu, a e o Harry sempre o consideramos um grande amigo. E na verdade agora eu e o Ed estamos juntos, ele é meu namorado.
— Não me diga! Então ele finalmente conseguiu conquistar você.
— Na verdade, acho que ele sempre teve meu coração.
— É, mas no passado ele era só a sua segunda opção.
— Não sei porque você está falando isso.
— Qual é, , você trocou ele por mim.
— Sim, e esse foi provavelmente o pior erro que eu cometi na vida. Mas ainda bem que eu pude voltar atrás e agora nós estamos bem.
— O que não muda o fato de que ele nunca foi a primeira opção. Mas do jeito que ele sempre foi apaixonado por você, não deve fazer diferença para ele. Enfim, eu preciso ir agora, desejo que vocês sejam muito felizes.
O encontro com Liam e tudo que ele me disse me deixou arrasada, eu me senti muito mal por um dia ter colocado o Ed em uma posição que ele não merecia, por não ter valorizado ele desde o início. Cheguei em casa e contei tudo para , porque eu precisava desabafar com alguém.
— Ah , por favor, você não vai ficar mal por causa desse discurso idiota que o Liam jogou em cima de você, né? É óbvio que ele só disse tudo isso porque viu que você não ficou a vida toda chorando por causa do pé na bunda que ele te deu. Pelo contrário, você deu a volta por cima e agora está com quem te ama de verdade.
— Não foi o que ele disse, mas como ele disse. E se parar para pensar, ele tem razão, eu devia ter escolhido o Ed desde o início, ele tinha que ter sido minha primeira opção desde sempre.
— Para de ficar remoendo o passado! O que importa é o presente e o futuro que você vai construir com o Ed.
— Eu não posso construir um futuro tendo feito tudo errado no passado.
— No dia que você parar de se martirizar por causa disso, tudo vai ficar mais fácil.
Mas não importava o que a dissesse, o estrago dentro de mim já estava feito. À noite quando fui para a casa do Ed as coisas só pioraram, porque eu simplesmente não conseguia tirar todo esse sentimento de culpa de dentro de mim.
— O que você tem hoje? Está tão calada.
— Ed, você alguma vez sentiu como se eu estivesse tratando você como segunda opção na minha vida?
— Do que é que você está falando?
Eu contei para ele sobre meu encontro com o Liam e de como eu estava me sentindo.
, isso é besteira, eu nunca achei que você estivesse me tratando assim. Amor não é uma escolha e eu já te disse que entendo perfeitamente a sua decisão naquela época.
— Acontece que eu não entendo, eu não aceito o que fiz! E mesmo depois de tudo você ainda estava aqui esperando por mim, eu não mereço alguém como você.
— Pode parar com isso, ok? Você merece ser feliz e eu estou aqui para te fazer feliz.
— Não, Ed, você merece alguém muito melhor que eu. Alguém que nunca tenha te desvalorizado como eu fiz um dia.
— Amor, para com isso — pediu Ed tentando me abraçar, mas eu me afastei.
Eu levantei do sofá e comecei a procurar meu tênis que estava jogado em um canto da sala.
— Aonde você vai? — Ele perguntou me vendo calçar o tênis.
— Eu não posso fazer isso, Ed, eu não posso ficar com você.
, ficou doida? Você não só pode como deve ficar comigo, porque a gente se ama!
— Não dá, não enquanto eu não me perdoar por tudo que eu fiz. Não enquanto eu não tiver certeza que te mereço.
, não faz isso! — Implorou Ed me seguindo até a porta.
— Me desculpa, de verdade — falei saindo em seguida.
Eu voltei para casa sem rumo, as lágrimas desciam pelo meu rosto sem parar. Quando a me viu naquele estado entrando pela porta, ela logo deduziu o que havia acontecido.
— Você não fez o que eu acho que fez, né? — perguntou, mas eu não consegui responder e comecei a chorar ainda mais. — , pelo amor de Deus!
Minha amiga então me abraçou apertado enquanto eu tentava me acalmar.
— Eu preciso ficar sozinha — falei assim que encontrei minha voz de novo.
assentiu e eu segui para o meu quarto. Me joguei na minha cama e abracei meu travesseiro, deixando as lágrimas rolarem livremente. Eu sabia que provavelmente estava cometendo mais um erro, mas eu não podia ficar com o Ed enquanto eu não curasse essa ferida dentro de mim. O Ed merecia me ter por inteira, porque ele sempre se deu por inteiro para mim. Então por mais que terminar com ele tivesse me doído de uma forma que eu não consigo nem explicar em palavras, era o melhor a fazer no momento.

Ed’s POV On

Alguns dias se passaram sem que eu conseguisse falar com a , ela não atendia meus telefonemas e ignorava minhas mensagens no Instagram. Eu não conseguia entender por que ela havia feito aquilo, a gente se amava e o que aconteceu no passado não importava para mim, eu só queria ficar com ela.
— Bart, sua mãe nos abandonou, o que eu faço para ter ela de volta? — Perguntei para o cachorro que estava deitado comigo na cama.
Eu pensei em ir embora de novo, mas não eu não podia fugir outra vez, dessa vez eu tinha que ficar e lutar, eu precisava pelo menos tentar. Então eu decidi lutar da única forma que eu conhecia. Eu levantei, peguei meu violão e um caderno e comecei a escrever uma música nova. O meu amor pela era tão grande que não foi difícil colocar em palavras tudo que eu sentia. E quando a música ficou pronta eu gravei em voz e violão. Quando terminei, eu liguei para o Harry e pedi que ele fosse até minha casa. Não demorou muito e meu amigo chegou, ele tinha um ar de preocupação.
— Você está bem, Ed?
—Claro que não, né, estou péssimo.
— Acredite, a não está muito melhor não.
— Nós só vamos ficar bem quando estivermos juntos. E é por isso que eu preciso da sua ajuda.
— Se for para ver vocês dois juntos de novo, eu faço qualquer coisa.
— Ótimo, eu vou te explicar tudo então.
Entreguei um pen drive para o Harry e falei como ele devia proceder.
— Certo, entendi. Acho que tem boas chances de funcionar viu, se eu bem conheço a , ela tem coração de manteiga.
— Estou confiando nisso. Agora vai e faz como te falei.
— Não se preocupe, amigo, tenho certeza que logo vocês vão fazer as pazes.
Harry me deu um abraço e foi embora em seguida. Eu voltei para o meu quarto, Bart ainda estava deitado preguiçosamente na minha cama. Me deitei ao lado dele e fiquei ali pensando na e desejando que ela voltasse para mim o mais rápido possível. Ela era a coisa mais importante da minha vida e eu não podia perder ela uma segunda vez.

Ed’s POV Off

Eu estava jogada no sofá quando o Harry chegou, a foi abrir a porta para ele.
— E aí bebê, como você está? — Harry perguntou vindo até mim.
— Normal — respondi dando de ombros.
, quando você vai parar com essa bobagem?
— Harry, não vamos recomeçar essa discussão, ok? Eu gostaria que você e a respeitassem minha decisão.
— A gente respeita, só não concordamos com essa loucura — disse .
— Eu trouxe uma coisa que talvez faça você mudar de ideia — disse Harry.
Ele tirou um pen drive do bolso e me entregou.
— O que é isso?
— É uma música que o Ed fez pra você, ele pediu para você ouvir. Ele disse que, se depois de ouvir essa música, você não mudar de ideia, ele vai embora de Londres de novo, mas dessa vez para sempre.
— Eu não vou ouvir nada.
— Ah, vai ouvir sim, nem que eu tenha que enfiar esse pen drive na sua orelha. Eu já estou a ponto de dar trinta tapas na sua cara, então pode parar de birra — disse indo até meu quarto em seguida.
Ela voltou com meu notebook, o ligou e depois pegou o pen drive conectando o mesmo no note. Havia apenas um arquivo no pen drive com o nome de “Perfect”. clicou no arquivo e aumentou o volume, a música começou a tocar.

“I found a love for me
Oh darling, just dive right in and follow my lead
Well, I found a girl, beautiful and sweet
Oh, I never knew you were the someone waiting for me

'Cause we were just kids when we fell in love
Not knowing what it was
I will not give you up this time
But darling, just kiss me slow, your heart is all I own
And in your eyes, you're holding mine

Baby, I'm dancing in the dark with you between my arms
Barefoot on the grass, listening to our favourite song
When you said you looked a mess, I whispered underneath my breath
But you heard it, darling, you look perfect tonight

Well I found a woman, stronger than anyone I know
She shares my dreams, I hope that someday I'll share her home
I found a love, to carry more than just my secrets
To carry love, to carry children of our own

We are still kids, but we're so in love
Fighting against all odds
I know we'll be alright this time
Darling, just hold my hand
Be my girl, I'll be your man
I see my future in your eyes

Baby, I'm dancing in the dark, with you between my arms
Barefoot on the grass, listening to our favorite song
When I saw you in that dress, looking so beautiful
I don't deserve this, darling, you look perfect tonight

Baby, I'm dancing in the dark, with you between my arms
Barefoot on the grass, listening to our favorite song
I have faith in what I see
Now I know I have met an angel in person
And she looks perfect
I don't deserve this
You look perfect tonight”

Quando a música terminou, eu estava soluçando de tanto chorar. O Ed era a pessoa mais preciosa desse mundo, com uma sensibilidade tão grande, porque só uma pessoa assim poderia escrever uma música tão linda como aquela.
— O que você está esperando, ? Vai atrás dele! — Disse Harry.
— Eu não sei se devo.
— Você vai mesmo correr o risco de perder de novo o amor da sua vida? Levanta agora desse sofá e vai atrás do teu homem, garota! — Disse .
— Vocês estão certos.
Eu corri pro meu quarto para me trocar e em seguida fui para a casa do Ed. Quando cheguei lá fiquei alguns minutos olhando para a porta, tomando coragem para tocar a campainha. Então eu respirei fundo e finalmente toquei. Fiquei aguardando um tempo até que a porta se abrisse.
!
— A gente pode conversar?
— Claro que sim, entre, por favor.
Eu entrei e segui para sala, Ed estava bem atrás de mim.
— Eu ouvi a música — falei ficando de frente para ele.
— E o que você achou?
— É sem dúvidas a música mais linda que eu já ouvi em toda minha vida.
— Eu precisava que você soubesse tudo que eu sinto quando estou com você. Mesmo que eu vá embora, eu decidi que dessa vez eu não ia embora sem lutar por você.
— Teddy, não vai embora, por favor.
— Se você me pedir para ficar com você, eu fico. Mas se você disser que não pode ficar comigo, então não tem nada que me prenda em Londres.
Eu cheguei mais perto de Ed, coloquei minhas mãos ao redor do pescoço dele e olhei bem no fundo daqueles olhos azuis que eu tanto amava.
— Fica comigo, Teddy, fica comigo pra sempre.
Ed sorriu e, sem dizer mais nenhuma palavra, me puxou pela cintura me beijando em seguida.
— Eu devo ter feito algo de muito bom nessa vida para merecer alguém como você — falei quando quebramos o beijo.
— Nós dois merecemos ser felizes e nós nascemos um para o outro.
Eu senti um focinho gelado encostando no meu pé e me cheirando.
— Hey filho! Eu também estava com saudades de você — falei pegando Bart do chão e o enchendo de beijos.
— Eu te disse que ela voltaria para nós, não disse? — Ed sorriu fazendo carinho no cachorro.
Bart latiu como se estivesse respondendo para nós. Eu o coloquei de volta no chão e Ed voltou a me beijar. Depois nós fomos para o quarto e o Bart acabou ficando do lado de fora quando fechamos a porta, a gente precisava de um pouco de privacidade naquele momento. Ed tirou minha blusa e teceu uma trilha de beijos passando pelo meu pescoço, colo e barriga. Fomos nos livrando das nossas peças de roupa uma a uma até que só houvesse nossas peles, unidas como uma só. Ed conseguia ser romântico e ao mesmo tempo me levar ao paraíso de uma forma que eu não consigo descrever.
— Seu coração está batendo tão acelerado. — Comentei deitada sobre o peito de Ed e ouvi ele rir.
— É assim que meu coração fica quando eu estou com você. Porque sem você ele quase não bate, não existe vida para mim sem você.
Eu olhei para cima para ver o rosto do Ed.
— Você nunca foi minha segunda opção. Você sempre foi e sempre será a minha melhor opção!
— E você é minha única opção possível. Eu te amo, minha menina.
— Eu também te amo, eu sou irreversivelmente apaixonada por você.
Nós voltamos a nos beijar e recomeçamos tudo de novo. Agora eu tinha certeza, eu não podia me punir pelos meus erros do passado, eu já havia sofrido bastante no tempo que fiquei longe do Ed. Já que a vida me deu uma segunda chance, eu tinha o direito de aproveitar e fazer tudo certo dessa vez. E não havia nada mais certo na minha vida do que estar com o homem que eu sempre amei.
Depois que minha vida amorosa estava resolvida, todo o resto também fluiu muito bem. Em poucos meses eu terminei de escrever meu quarto livro e logo depois ele já estava chegando às livrarias.
— Então, como estou? — Perguntei aparecendo na sala toda arrumada.
Hoje seria a tarde de autógrafos e lançamento do meu livro.
— Está linda, pronta para ficar com a mão caindo de tanto dar autógrafo — disse .
— Então vamos, não quero chegar atrasada.
Seguimos para a livraria onde tudo já estava pronto e uma fila já se formava na entrada. Nós entramos pelos fundos e eu fui direito para a mesa onde eu iria ficar.
— Com licença, senhorita, será que você pode autografar meu livro?
Olhei para cima e vi Ed parado em frente à mesa com um livro na mão.
— Mas é claro, meu senhor. E a quem devo dedicar esse livro? — Perguntei abrindo na contra capa e pegando minha caneta.
— Isso eu deixo a seu critério.
— Ok então. Vou colocar “Para Teddy, o amor da minha vida. Da sua, .” — falei fechando o livro e entregando para ele.
— Perfeito! — Respondeu pegando o livro e me beijando.
— Nós também queremos nosso autógrafo — disse Harry se aproximando com .
— Para vocês, sempre tem autógrafo.
— Isso, autografa mesmo que se um dia eu precisar de dinheiro eu posso vender no EBay — brincou .
— Não vou nem te falar nada, .
As portas da livraria então foram abertas e as pessoas começaram a entrar. Foram mais de duas horas conversando com os leitores e dando autógrafos. Quando a sessão acabou, nós seguimos para o pub onde meus amigos haviam organizado uma pequena festa para mim. O pessoal que trabalhava comigo na editora foi convidado e também alguns clientes fiéis do pub que haviam se tornado amigos.
— Vamos fazer um brinde à escritora mais famosa do Reino Unido, quem sabe até do mundo! ! — Disse divertida erguendo uma taça de champanhe.
— Não exagera, amiga — falei assumindo o microfone. — Gente, eu só queria agradecer muito a presença de todos vocês. Não foi fácil chegar até aqui, mas hoje minha carreira de escritora vai muito bem e lançar o quarto livro da minha série é mais uma grande vitória. Muito obrigada!
Todos ergueram suas taças e brindaram ao meu sucesso.
— Bom, agora eu vou deixar meu lindo namorado tomar conta do palco e cantar música boa para nós.
Desci do palco e Ed assumiu seu lugar.
— Antes de começar a cantar, eu só queria dizer algumas palavras, prometo que serei breve. — Disse Ed e todos riram. — Essa linda e talentosa mulher que está aqui hoje é uma escritora famosa, mas muito antes disso ela já era a pessoa mais importante do meu mundo. — Eu ouvi os suspiros das mulheres presentes com a declaração que Ed fazia para mim. — E enquanto ela escreve livros, eu escrevo músicas, e hoje eu queria cantar para vocês uma música nova que eu fiz — disse Ed ajeitando seu violão e olhando para mim em seguida. — , a gente já perdeu muito tempo das nossas vidas separados e eu não quero esperar nem mais nem um segundo para começarmos a construir nossa vida juntos. E essa música é para te dizer isso, se chama One Life, espero que você goste.
Ed deu os primeiros acordes da música e começou a cantar.

“It's such a beautiful night, to make a change in our lives
East Anglian sky, empty bottle of wine
I got you by my side, talking about love and life
Oh how lucky am I, when I look in your eyes?
What a wonderful way, to spend a moment or two
To be lying awake, and be here talking to you
I got something to say, I know what I gotta do
To be making a change, now the moment of truth
Why am I feeling so nervous?
When things are going so perfect
But I know that it's worth it
To spend forever with you

So I count to three, and get on one knee
And I ask you, darling honestly
I've waited all this time, just to make it right
So I'll ask you, tonight, will you marry me?
Just say yes
One word, one love, one life

A gentle touch of the hand, fingers running through hair
Lips pressed to my lips, oh I was caught unaware
Oh so many times, I gazed in both of her eyes
What a beautiful way to spend the rest of a life
Some will reappear, burning auburn and red
I'll chest the pill, bring us home to bed
Last night was the night, one last moment of truth
What a wonderful way, to fall in deeper in with you
Why was I feeling nervous?
Things are going so perfect
Now I know that it's worth it
To spend forever with you

So I count to three, I get on one knee
And I ask you, darling honestly
I've waited all this time, just to make it right
So I'll ask you, tonight, will you marry me?
Just say yes
One word, one love, one life

Your hand in mine
Some things were just meant to be
Hearts intertwined
Some things were just meant to be
In perfect time
Some things were just meant to be
Oh, you and I
Some things were just meant to be
Your hand in mine
Some things were just meant to be
Hearts intertwined
Some things were just meant to be
In perfect time
Some things were just meant to be
Oh, you and I
Some things were just meant to be”

Só para variar um pouco, quando Ed terminou de cantar, eu já estava toda emocionada e com lágrimas nos olhos. Ele colocou o violão de lado e veio até mim, tirando uma caixinha de dentro do bolso. Ele se ajoelhou e abriu, revelando um anel de brilhantes.
— Então , você aceita se casar comigo?
— Sim, mil vezes sim!
Ed colocou o anel no meu dedo e depois me beijou enquanto todos aplaudiam. e Harry comemoravam animados próximos de nós.
, isso significa que nós podemos colocar em prática nossos planos de morar juntos, né? — Harry perguntou animado.
— Parece que sim. Vamos adotar uma gata e morar juntos.
— E nós vamos nos casar em breve, né? Mal posso esperar para te encontrar no altar — disse Ed.
— Sim, vamos nos casar logo, eu também mal posso esperar para me vestir de noiva e ser sua esposa.
Eu nem conseguia acreditar que finalmente eu ia começar minha vida ao lado do Ed. Ser a Sra. Sheeran era tudo que eu mais queria e eu nunca ia ser grata o suficiente por essa segunda chance de ser feliz no amor.
Alguns meses depois Ed e eu nos casamos e foi morar com o Harry. Eles adotaram uma gatinha e a , que é muito fã de Supernatural, deu a ela o nome de Lilith. No dia em que levamos o Bart para conhecer a Lilith foi meio caótico, a gata só queria brincar, mas o Bart é o cachorro mais medroso do mundo e faltou subir na minha cabeça. Apesar de tudo, no final eles acabaram se entendendo. E também não demorou muito até que eu e o Ed aumentássemos nossa família. Bart foi promovido a irmão mais velho quando eu descobri que estava grávida.
, cadê minhas batatas fritas? — Perguntei tentando me ajeitar em uma das mesas do pub.
Eu estava grávida de seis meses, a barriga cada vez mais redonda.
— Você não acha que está muito folgada, não? — perguntou chegando à mesa com um prato enorme de batatas fritas.
, eu estou grávida e você não quer matar sua afilhada de fome, né?
— É só por ela mesmo que faço isso.
— Que bom, eu não quero que minha filha nasça com cara de batata frita.
— Amor, você não se anima não, a ter um bebê? — Harry perguntou.
— Não, estou bem satisfeita em mimar nossa afilhada. E quando ela começar a chorar a gente pode simplesmente devolver pra e pro Ed — respondeu e nós rimos.
— Pois eu estou animadíssimo para ser pai — disse Ed passando a mão na minha barriga. — Eu espero que a nossa menina seja linda como você, amor.
— Já eu espero, meu amor, que ela se pareça com você. Tenha os mesmos olhos azuis, seja ruivinha, tenha o seu sorriso.
— Amiga, você vai carregar a criança nove meses e quer que ela nasça a cara do pai? — perguntou.
— Óbvio que sim, o pai dela é lindo.
— Você que é, minha vida — disse Ed.
— Minha nossa, essa criança já vai nascer tendo que tomar insulina, com esses pais diabéticos desse jeito — disse .
— Mas e aí, vocês já decidiram o nome dela? — Harry perguntou.
— Sim, vai ser Kelsey, em homenagem à protagonista da Saga do Tigre.
— Claro né, você como boa escritora tinha que tirar o nome da sua filha de um livro — disse .
— E tem lugar melhor para se inspirar do que livros?
— Você está certíssima, amor, aliás, nossa história daria um belo livro de romance — disse Ed me beijando.
— Senhor, alguém joga água nesses dois. Agora eu entendo porque a ficou grávida tão rápido — disse e eu mostrei a língua para ela.
— Ah amor, deixa eles, olha como eles são fofos juntos.
— Harry, pelo amor, você não se deixe contagiar por essa diabete!
— Oh minha ogrinha — disse Harry divertido e olhou bem feio para ele enquanto nós ríamos.
Quando a Kelsey nasceu, foi sem dúvidas o dia mais feliz da minha vida, a sensação de finalmente ser mãe era indescritível e maravilhosa. E não é que ela nasceu a cara do Ed mesmo? Kelsey era ruiva, branca como porcelana e tinha um grande par de olhos azuis. Ela era o bebê mais lindo que eu já tinha visto na vida, mas eu sei que sou suspeita. Kelsey também nasceu muito cheia de vida, muito sorridente e esperta.
— Ela acordou — falei escutando o choro de Kelsey pela babá eletrônica.
— Deixa que eu vou, amor — respondeu Ed, me dando um beijo e levantando em seguida.
Eu relaxei e cochilei por alguns minutos, mas então percebi que Ed estava demorando e fiquei preocupada se ele estava com dificuldades de colocar Kelsey para dormir. Levantei e fui até o quarto da nossa filha, a porta estava entreaberta. Então eu vi uma cena que derreteu meu coração por completo, Ed estava com Kelsey no colo, ela tinha a cabecinha apoiada no seu ombro. Ele balançava com ela de um lado para o outro e cantarolava uma canção de ninar. Eu poderia ter ficado a noite toda vendo aquela cena, mas ele me viu e fez sinal para que eu entrasse em silêncio. Eu entrei e fui até os dois, vi que Kelsey já havia pegado no sono novamente. Ed então a colocou com cuidado no berço, mas mesmo dormindo a mãozinha gordinha dela agarrou o dedo dele como se não quisesse que ele parasse de cantar.
— Acho que ela gosta da sua voz — sussurrei. — Eu entendo, sabe, eu também poderia passar a vida toda te ouvindo cantar.
— Não se preocupe, porque eu pretendo cantar para vocês duas o resto da vida.
— Eu te amo tanto, meu Teddy, você e a família que nós construímos. Nossa menina, nosso Bart, você é tudo que eu sempre sonhei na vida.
— Eu também te amo, eu sempre te amei, . E essa coisinha linda aqui no berço é o nosso amor em forma de gente.
Eu o beijei e segurei a outra mãozinha da Kelsey. Olhei para baixo e Bart estava dormindo embaixo do berço, ele nunca deixava nossa menina sozinha. Então eu encostei a cabeça no ombro do Ed e sorri, eu me sentia a pessoa mais feliz e abençoada do mundo. A vida me trouxe de volta meu verdadeiro amor e dessa vez eu fiz a escolha certa, eu escolhi amar e ser amada para sempre.




FIM



Nota da autora: Sem nota.
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Outras Fanfics:
Perfect Harmony
Lights, camera, action!
Don't Forget To Like It
Dance With Me
Hungry Eyes
She's Like The Wind
Ready To Run


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