"If you look closely, the eye can tell more than you think
A simple blur becomes something
A light becomes a shade
A world becomes colorful
Look into my eyes"

Ficar tanto tempo em uma clínica de reabilitação nos ajuda a enxergar o mundo de outra forma. Tudo bem que eu nunca o enxerguei como as outras pessoas, assim como elas nunca me enxergaram igual ao resto do mundo. A Lincolnshire dos anos 90 realmente não era o lugar ideal para uma pessoa como eu viver. Mais precisamente em Stamford que é onde eu moro a minha vida toda, quer dizer morei até ano passado, depois fui morar na clínica e agora estou indo embora.
Falar sobre meu problema é difícil pra mim, se você me olhar, nem precisa ser muito tempo, já vai saber o porque eu fui parar em uma clínica psiquiátrica de reabilitação. Enfim, ser uma garota, de 16 anos de idade acima do peso, presa em uma cidadezinha, com uma mãe mais perturbada que eu, que deve ter esquecido de mim, porque já fazem uma hora e meia que estou esperando por ela, não é fácil.
Eu sei que, o que eu fiz não foi legal, além de não ter sido a primeira vez, e muito provavelmente não será a última, mas me deixar longe da sociedade por um ano inteiro foi demais. Tudo bem que um tempo longe de tudo é sempre ótimo e aqui eu pude conhecer muitas pessoas incríveis e dores iguais ou piores que a minha, mas mesmo assim, uma mãe não devia ficar tanto tempo longe da filha problemática. Talvez seja por isso que a nossa relação é tumultuada, não que eu não ame a minha mãe, eu a amo muito, amo mesmo, ela é a única pessoa que eu tenho nessa vida e sempre foi assim. Deve ser relacionamento normal de mãe e filha, né? Não sei. Não tenho uma filha ou uma melhor amiga para saber.
Ok, eu tenho a Sophie e somos grandes amigas, me sinto mal em deixar ela sozinha nesse circo dos horrores, mas acontece que ela não tem mãe, quer dizer a mãe dela morreu quando ela era muito nova, então esse tipo de experiência é meio nulo pra ela e eu não tenho como saber. Ah, também tem a , só que não nos falamos tem uns anos o que não me faz ter base sobre o relacionamento mãe, filha, não estávamos nessa crise adolescente.
ㅡ , querida. ㅡ Mamãe duas horas atrasada me chamou de dentro do carro, nem se deu ao trabalho de sair do automóvel. ㅡ , você por acaso está fingindo que não me ouve? ㅡ O tom irritado da voz dela me fez revirar os olhos involuntariamente, mas continuei parada no mesmo lugar, sentindo os degraus gelados embaixo de mim.
Vê-la saindo do carro e vir em minha direção, fez com que eu sentisse uma enorme vontade de rir, mas me controlei, autocontrole é sempre a melhor solução.
ㅡ Você está surda, ? ㅡ A mão dela no meu ombro estava apertando mais do que deveria.
ㅡ Ai, mãe. ㅡ Resmunguei ㅡ Aconteceu uma catástrofe ambiental pelo meio do caminho? Duas horas de atraso, dona Rebecca? ㅡ Olhei nos olhos dela, e ela não apresentava nenhum remorso.
ㅡ Estou aqui, não estou? Agora pare com essas perguntas e se mova para o carro, não estou com paciência. ㅡ Ela como o esperado, puxou minha mala e saiu pisando duro até o carro.
Eu sempre adorei irritar ela dessa maneira, e provavelmente ou estava de TPM ou entrando na menopausa, porque o humor estava péssimo. Dois sentimentos me acompanharam no caminho para o carro, o primeiro felicidade, tudo bem que não tinha a melhor vida do mundo, mas ir à loja de cds iria me animar com toda a certeza, Oasis é a minha banda preferida, e eu já tinha decorado o último álbum deles, a ansiedade por algo novo estava gritando. O segundo era saudades, não estava mesmo feliz em deixar Sophie sozinha, ela é muito frágil e seu transtorno atinge muito como ela vive em sociedade. Eu sei que posso visitar sempre que quiser, mas não vai ser a mesma coisa, nem pra mim e nem pra ela.
ㅡ Filha, eu tenho uma surpresa. ㅡ Mamãe disse enquanto dirigia a longa estrada até nosso bairro.
ㅡ Mais surpresas, dona Rebecca? ㅡ Falei com pouquíssimo humor tentando ligar o rádio.
ㅡ Então, como eu estava dizendo, eu tenho uma surpresa. ㅡ Ela me ignorou, o que não é nenhuma novidade pra mim. ㅡ Eu vou me casar. ㅡ Ela disse naturalmente como quem diz que vai mudar a cor ou o comprimento do cabelo.
ㅡ Como assim, mãe? A senhora está bêbada? ㅡ Olhei incrédula, bem, vindo dela nada era muito chocante. ㅡ Como assim se casar? Com quem?
ㅡ Como que se casa, ? Ficou mais burra esse tempo longe? ㅡ O tom de voz dela me irritou profundamente, que ela é a rainha do deboche, todo mundo sabe, mas não era hora para brincadeiras.
ㅡ Eu desisto de você, Dona Rebecca, e juro que eu desisto de você. Eu nem sabia que estava namorando. ㅡ Respirei fundo ajustando a sintonia da rádio.
ㅡ Eu não estava, quer dizer não antes de tudo o que aconteceu, mas eu conheci Steve e estamos pensando em nos casar. ㅡ Ela ainda falava aquilo como se fosse à coisa mais normal do mundo. Talvez fosse pra ela, mas informação demais pra mim.
ㅡ Entendi, mãe, meus parabéns. ㅡ Encerrei o assunto.
Acho que não queria mesmo saber todos os detalhes do incrível Steve e como eles se conheceram em algum evento no hospital. Mamãe sempre conhecia grandes amores da sua vida durante seus turnos como enfermeira.
Passamos metade do caminho sem trocar uma palavra, eu estava cansada e ela pensando em provavelmente como estava apaixonada. Há três semáforos da minha casa quando paramos no farol vermelho, vi com um grupo de jovens dentro de um carro que parou bem do meu lado. Cidade pequena dá nisso, qualquer esquina todo mundo se encontrava, e a última coisa que eu queria naquele momento, era ter uma conversa amigável com alguém do mundo real, porém tarde demais quando dei por mim, lá estava ela batendo no vidro do lado onde eu estava sentada.
ㅡ ? ㅡ Ela chamou toda animada, como se tivesse vendo Noel Gallagher dentro daquele carro. ㅡ Vem aqui! ㅡ Aquela animação deixou meu humor pior do que já estava.
ㅡ Mãe, por favor, não me envergonha. ㅡ Sai do carro antes que ela me respondesse algo desagradável.
ㅡ , meu Deus. Que saudades, como foi na Grécia? ㅡ Empolgação era o segundo nome de , sempre foi. ㅡ Ahn, Grécia? ㅡ Mamãe, com certeza tinha dito isso as pessoas, típico. ㅡ Ah é, Grécia, nossa foi ótimo. ㅡ Meu sorriso e a forma com que eu não conseguia não virar os olhos podia ter me entregado, mas estava distraída demais para perceber.
ㅡ É muito bom te ver, . Olha, vamos ao TheQueen mais tarde, você podia ir até lá, pra gente conversar melhor, o que acha? ㅡ Ela pareceu super sincera e minha mãe parecia que tinha perdido a mão em cima daquela buzina.
ㅡ Tá bom, , nos vemos mais tarde. Tem alguém com pressa. ㅡ Meu sorriso foi mais amigável dessa vez antes de eu entrar no carro e querer sumir do mapa pela vergonha que minha mãe me fez passar.

“When I'm nervous I have this thing yeah
I talk too much
Sometimes I just can't shut the hell up
It's like I need to tell someone anyone who'll listen
And that's where I seem to fuck up, yeah?”

Transtorno alimentar compulsivo (TCAP) ou compulsão alimentar é isso que tenho. A causa para o Transtorno Alimentar Compulsivo, não é inteiramente compreendido. Pesquisadores acreditam que ela seja causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e de estilo de vida, então antes de desenvolver esse Transtorno eu não era necessariamente uma pessoa depressiva, não era do termo passado mesmo, porque depois dele a depressão foi só um dos monstros que me seguiram pela vida.
Meu lar, mesmo meio conturbado nunca foi o grande vilão nessa história, nosso estilo de vida nunca se baseou em uma regra na alimentação e o mais provável de todos é a causa biológica mesmo. Aceitar é uma coisa difícil, mas é o único passo em direção a cura de tudo isso, a aceitação do corpo e a liberação da alma. Tratamentos psiquiátricos e medicamentos ajudam muito, mas a auto aceitação é algo realmente libertador. Uma pena que eu não esteja totalmente curada, estou indo a passos lentos, mas tenho certeza que um dia eu vou me aceitar, ou procurar alguma coisa que me faça feliz, um exercício, uma intervenção cirúrgica, ou me amar como eu sou, as coisas acontecem de maneiras estranhas, ou nós somos estranhos a ponto de acharmos que as coisas não estão acontecendo em sintonia. Buscar a felicidade é o meu lema, Achá-la é meu objetivo.
Eu fui parar naquela ala psiquiátrica por um motivo simples. Eu tenho problemas com a minha alimentação, o que quer dizer que eu como, eu gosto de comer, e eu como muita coisa gordurosa e doce, o que me faz engordar, e garotas gordas não são maravilhosas e desejadas como as garotas magras. O Bullying, as piadinhas, e meu psicológico me pregando peças, fez com que eu me machucasse por alguns anos e o último episódio foi o mais grave, fazendo com que eu perdesse a minha consciência. Tudo bem, eu entendo que as pessoas que não passem pelos problemas das outras nunca entenderam porque agimos dessa maneira. Não. Não é algo do qual eu me orgulhe, mas quando a gente passa boa parte da existência sendo xingada, humilhada, servindo de piada, comentários maldosos e de ameaças só por nossa condição física isso te faz querer acabar com tudo, e quando tudo é muito pesado dentro da cabeça de uma menina de 14, 15 anos, a solução mais fácil é realmente acabar com tudo, acabar com as dores, acabar com as vozes dentro da cabeça e acabar com aquilo que faz você pensar que é menos merecedor de afeto ou de carinho que as outras pessoas. A sua Vida.
Não foi uma ideia boa, muito menos pensada, mas foi uma ideia, e isso não deveria ser uma ideia, nem uma consequência como ainda é na vida de muitas pessoas.
Outra coisa que venho tentando melhorar é a minha autoestima, a baixa autoestima nos leva a lugares sombrios, nunca imaginados. Era isso, fiquemos cientes que a GRANDE tem, fiquemos com medo do que a GRANDE pode se tornar. Porque uma mulher quando tem total controle do auto sentimento é realmente alguém perigoso.

“I forget about the consequences
For a minute there I lose my senses
And in the heat of the moment
My mouth's starts going the words start flowing”

ㅡ Pessoal, essa é . ㅡ me arrastou até a mesa onde estavam dois rapazes e uma garota. ㅡ , esse é o pessoal, , , e Tem o , mas ele não está aqui. Falando nisso, onde ele está? ㅡ Ela questionou o grupo e se sentou me fazendo sentar junto.
ㅡ Ele disse que viria. ㅡ respondeu animado. ㅡ Deve estar aprontando alguma como sempre ㅡ Ele finalizou sorrindo.
ㅡ Lá está ele. ㅡ disse animada apontando para o palco.
E lá estava ele, lindo, alto, com uma camiseta do super homem, óculos e um sorriso que tirava qualquer pessoa de órbita, Realmente meu coração bateu mais forte e não só o coração que pulsava naquele momento. Ele estava no pequeno palco do TheQueen, com o violão no colo e começou a cantar The Queen Is Dead, do The Smiths. O que me deixou ainda mais encantada com toda aquela visão.
Música é algo que me move e pelo que parece move também o . A forma como a letra saia daqueles lábios e o som do violão, era mágica, todos naquele bar pararam para escutar melhor o garoto, e provavelmente eu estava babando. Eu sempre estou babando pelos meninos, deve ser pelo fato que eles dificilmente querem algo comigo. A aura que saia dele foi realmente algo que me encantou, não sei, era a primeira vez que eu saia com eles, mas com certeza eu iria querer sair mais. Finalmente pessoas interessantes em Lincolnshire.
A noite foi agradável, todos foram muito receptivos comigo e não senti, em momento nenhum, olhares hostis ou aquelas piadinhas veladas, nem comigo e nem entre eles. Sentir-me parte do grupo foi fácil, difícil era aceitar que eles me queriam com eles. Por que raios eles sairiam com uma garota gorda, esquisita, que eles nunca viram na vida? Pois é, mas eu estava enganada, o convite para uma próxima noite com o grupo foi feito, e dessa vez não tinha partido de . A primeira vez que eu me senti viva e sem julgamentos. Os julgamentos são as piores coisas que as pessoas podem fazer na vida de outras. Ser forte para não se importar com esses julgamentos não era comigo.
Eu sempre adorei música, e isso pode ter sido o ponto chave para que eles me quisessem no grupo, eles conversavam muito de música e o TheQueen tinha um ambiente agradável com o jukebox e a música ao vivo as vezes, sempre voltamos lá, mesmo que fôssemos a outros lugares, a noite sempre acabava com uma bebida no TheQueen.
Não demorou muito até que me chamasse para sair, em todos os encontros do grupo, nossa conexão aumentava e isso me fazia muito bem, finalmente conseguia me sentir como uma pessoa “normal” e até me aceitava mais em relação as outras meninas, tínhamos nossos segredos e finalmente eu ia poder contar alguma coisa relacionado a coisas amorosas nas nossas vidas. O único que era um pouco estranho ainda com a minha presença no grupo era o , mas ele vivia de mal humor, então eu deixei ele pra lá enquanto curtia todos os momentos.
Nosso primeiro encontro foi extremamente divertido, me levou para o ver um filme e passamos o resto da noite conversando, até que nos beijamos e aquele foi o momento mais incrível da minha vida. Ele parecia ter gostado também, mas só o fato de me sentir desejada e amada me fazia muito bem. As sessões de terapia e a ajuda das meninas minha auto estima estava muito boa, aquilo foi a cereja do bolo.
Depois daquele episódio, marcamos de nos ver outras vezes, mas sempre que chegava perto arrumava uma desculpa para não ir.
Aquilo me incomodou muito, ok pode ser que pra ele não foi a mesma coisa que foi pra mim, mas eu era desprezível o suficiente para ele me ignorar daquela forma? Será que ele pensou que “ok, vou ficar com a gordinha, só pra ela se sentir bem”, mas depois ele se arrependeu? Ele tinha que me explicar aquilo e ser homem o suficiente pra falar na minha cara que eu fui um erro, eu estou acostumada a ser um erro, não é como se isso fosse novidade, mas essa era a primeira vez que não diziam isso na minha cara.

“I hate that I let you down
And I feel so bad about it
I guess karma comes back around
Cause now I'm the one that's hurting yeah”

Resolvi que por mim mesma ele teria que ser capaz de me dizer o que estava acontecendo, não era possível ele ser tão insensível dessa forma. O por quem eu me apaixonei não era assim, ele nunca se mostrou assim. A culpa era minha, e eu sabia disso, mas mesmo assim, ele tinha que ser homem e assumir.
Fui então até a academia em que ele treinava natação e eu sabia que ele estaria por lá. Todas as tardes por volta das 15:00 horas ele praticava natação e ia ser lá mesmo que ele ia ter que ser sincero comigo. Depois de ameaçar o recepcionista e conseguir enfim entrar na academia, procurei por ele em todos os cantos possíveis daquele lugar.
ㅡ Onde aquele idiota está? ㅡ Perguntei a mim mesma cega de raiva.
Não era possível que justo aquele dia ele não tivesse ido, naquele horário eu o pegaria pelo menos no fim da aula, mas não tinha mais ninguém na área das piscinas. Ainda andando pelo local, vi dois homens se beijando em uma parte isolada da quadra de tênis, quase não dava pra ver o espaço entre a arquibancada e a sala de manutenção, mas eu conhecia aquela camisa dos the smiths como ninguém. Não podia ser, era impossível que . O que eu tinha feito com ele?
Perdi as forças nas minhas pernas e o impacto da minha bunda no chão fez com que ele desviasse a atenção do rapaz que parecia mais velho e olhasse com os olhos arregalados pra mim.
O pânico no olhar dele só não era maior que o pânico nos meus. Aquilo não podia estar acontecendo, o que eu tinha feito com ele? Eu sabia que acabaria destruindo a vida de alguém, mas não achei que transformaria alguém em homossexual. O desespero desse pensamento estava fechando a minha garganta. Era bom demais ser amada e não causar uma destruição na vida das pessoas. Eu fiz aquilo e nunca ia poder me perdoar.
ㅡ !. ㅡ O desespero na voz dele era tão desesperada quanto os olhos.
ㅡ ㅡ Respondi ainda sentada no chão olhando os olhos dele e tentando não chorar.
ㅡ , não fica assim. Vamos conversar em um lugar mais reservado. ㅡ Ele estendeu a mão e eu me levantei do chão sem a ajuda que ele me ofereceu.
O segui até a sala de manutenção do espaço e eu só queria que um buraco no chão me engolisse. Aquilo não podia ser real.
ㅡ , eu sei o que você está pensando, mas… ㅡ O interrompi, lançando um olhar de tristeza e o olhar de retribuição dele só me deixou mais despedaçada.
ㅡ , eu fiz isso com você, não foi? ㅡ Meus olhos encheram de lágrimas e foi difícil não desabar em um turbilhão de emoções.
ㅡ . Não. Por favor, não. Eu... Eu. ㅡ Senti os braços dele me envolvendo e a dor dentro do meu peito só aumentou me fazendo soluçar de chorar. ㅡ A culpa é minha, , eu tentei lutar contra isso, eu tentei. Eu gosto realmente de você, de estar com você, de conversar com você. ㅡ Empurrei o corpo dele para longe do meu, eu não precisava dele com pena de mim, eu não precisava daquilo, eu tenho ciência do que eu sou e do que causo as pessoas.
ㅡ Mas eu não sou boa o suficiente para ser sua namorada e você prefere beijar um homem, a uma escrota como eu? ㅡ Meu tom estava alterado e minha tristeza estava se transformando em raiva.
ㅡ , você pode parar com essa porra? Caralho. Deixa-me terminar de falar? ㅡ Ele parecia nervoso, e eu me mantive atenta para o que ele queria me dizer. Ver qual seria a desculpa dele. ㅡ Me perdoa, . Eu te usei de maneira errada, eu achei que talvez, por gostar tanto de você, eu poderia me mudar de alguma forma, mas no fundo eu sempre soube que era gay, e eu não queria te magoar, mas infelizmente o fiz e me sinto péssimo com isso. ㅡ Ele sentou em um monte de colchonetes e eu me sentei ao lado dele.
ㅡ Você nunca ia me dizer se eu não te pegasse? ㅡ Minha decepção era muito grande, mas acho que mais por ele ter escondido algo assim de mim, do que o fato de nos beijarmos, eu me senti amada e desejada por um tempo e isso me fez muito bem.
ㅡ Eu não sei, , nunca conversei isso com ninguém, ao mesmo tempo eu não queria te deixar pensando esse monte de besteiras. Eu fui 100% egoísta e eu me odeio muito por isso. ㅡ A tristeza na voz dele cortou meu coração, devia ser difícil para ele se aceitar e ser aceito pelas pessoas assim como eu. Não é uma boa em uma cidade pequena, nem ser gorda e muito menos gay. Deve ser por isso que nos conectamos tão bem logo de início.
ㅡ Eu te perdoo, , não precisa se sentir mal quanto a mim, mas você precisa ser sincero com você mesmo e com as pessoas com quem se relaciona. Não sei se você está pronto, mas precisa contar para seus amigos isso. Eles podem te apoiar assim como vem fazendo comigo. ㅡ Peguei suas mãos e as palavras saíram tão sinceras da minha boca. Aquele era um sinal de que eu estava melhorando em todos os sentidos, tanto de auto-aceitação, como com a aceitação do amor das pessoas para comigo.
ㅡ , eu preciso que você saiba e entenda que não há nada de errado com você. Você é linda, inteligente, engraçada e beija muito bem. Não deixe que os babacas que vivem nessa cidade te digam o contrário. Você é o essencial para a sua vida então se ame e se permita amar do jeito que você é. ㅡ Os lábios dele encontraram minha bochecha e o conforto daquelas palavras me deixaram mais feliz do que ter beijado ele aquele dia.
ㅡ , se você prometer que vai viver assim, daqui em diante eu prometo também. ㅡ Estendi meu dedinho para que ele fechasse aquela promessa. Nós dois precisávamos lutar por quem somos e viver as nossas vidas de maneira feliz e sem mentiras ou dores, sejam físicas ou psicológicas
ㅡ Eu prometo que vou dar o meu melhor. ㅡ Ele encaixou seu mindinho no meu e me abraçou forte logo em seguida.
ㅡ Estou ao seu lado, e sempre estarei aqui. Eu te amo do jeito que você é. ㅡ Apertei ele mais no abraço e senti soluçar.
ㅡ Obrigado por isso, . ㅡ Ele se encolheu no meu abraço e ficamos longos minutos assim.

“I gotta change if I wanna keep you forever
I promise that I'm gonna try
But I never meant to hurt you
I know it's time that I learnt to
Treat the people I love like I wanna be loved
This is a lesson learnt”

Eu aprendi com tudo isso que, primeiro: As pessoas têm dores e medos semelhantes, então nunca devemos achar que a nossa dor ou nossos medos são maiores que tudo e que todos.
Segundo: viver nos anos noventa é um saco. Tirando a música que herdamos dos anos 80, todo o resto é um saco, ainda mais quando vivemos em uma cidade pequena.
Terceiro: ter amigos te muda. Eu não sei o que seria de mim nesse momento se não fosse pelos meus amigos, não só os que eu adquiri na clínica, mas pelo meu grupo de amigos na vida real, amigos que eu consigo me sentir parte da sociedade de verdade. Pessoas que ajudam na minha autoestima e na recuperação da minha alma nesse processo de desintoxicação de todo o mal que eu causei sobre meu corpo.
As sessões de terapia são excelentes e ajudam demais, mas o amor transforma tudo. Eu não acreditava nisso, nunca acreditei no amor, mas porque eu não sabia o que o amor significava. Achava que só um homem podia amar uma mulher e vise versa. Mas ter amigos me mostrou que o amor romântico é o menor dos amores. Ter pessoas que riem com você e estimulam o seu melhor é a melhor coisa que pode acontecer na vida de um ser humano. O caminho para a minha recuperação é longo ainda. Mas se eu seguir me amando e amando as pessoas da mesma forma que eu desejo ser amada, aposto que consigo me sentir mais parte desse mundo, como vem acontecendo.
Não deixe que nada te limite, e nem ninguém, muito menos você mesmo. A vida foi lhe dada com um único propósito que é viver. Então viva e principalmente, se abra para a vida e todos os momentos felizes que você pode ter. Se ame hoje para que as pessoas te amem amanhã.

”Cause nobody's perfect, no, no, no, no”

Nota da autora: Hello, hello, hello babies <3
Bom, aqui estou eu, em um cenário totalmente diferente do que estou habitualmente hahaha. Peguei um avião lá da Coréia e pousei na Inglaterra no início dos anos 90. Sabe o que eu mais gosto nessa fanfic? O Fato dela ser inspirada na minha série de tv preferida, mas não só isso. Eu amo ela porque o tema que aborda é a amizade. É o crescimento pessoal e auto aceitação. Eu sou apaixonada pelo casal principal da série, mas eu acho que para a pessoa se auto-aceitar ela não precisa estar envolvida romanticamente com ninguém. A amizade muda as pessoas e é isso que eu venho buscando para a minha vida. Nutrir boas amizades e Viver. Não só existir. Essa estória mexe demais comigo, porque eu me identifico demais com a pp, mas o jogo é se amar e deixar que as pessoas nos ame. Espero que tenham gostado, eu amei demais escrever. Espero ter representado parte das pessoas que sofrem com suas autoestimas e ajudado de alguma forma.
Obrigada por lerem mais essa loucura que eu ponho pra fora. É sempre bom ter você por aqui. Não esqueça de comentar porque isso me deixa muito feliz, e eu posso saber o feedback sobre se ta rolando eu inventar de escrever ou não kkkkkk.



Baby how you like that
Eyes nose lips
Baby, I Like you
16. Not Today
MV Beautiful Liar
MV Darling
MV Sexy Trip
Put'em Up


Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.