Prólogo
O carro parou em frente ao jardim da grande casa vermelha. tirou a chave da ignição e respirou fundo. Aquele dia era um dia memorável para a mulher, mas os motivos que o tornaria memorável para outros não era, de certa maneira, tão positivo para ela.
Tirou o cinto e suspirou antes de abrir a porta do carro. Fechou-a em seguida e deu o alarme, seguindo em direção a sua casa, que a esperava depois de um dia cheio. não acreditava que seu chefe, Roger, a tinha promovido depois de pouco mais de um ano na delegacia de homicídios. Desde sempre ela era conhecida como a menina prodígio, e cada dia que passava, mais esse nome era honrado pela mulher.
Ela parou em frente a porta de casa e buscou em sua bolsa as chaves que abririam o seu lar. A detetive, quando as encontrou, se virou para a fechadura da porta, mas constatou, ao girar a chave, que a porta se abriu apenas com uma volta. Ela achara estranho, pois sempre trancava com duas voltas qualquer porta pela qual ela passava. Se perguntou se tinha realmente feito isso antes de sair, mas se convenceu que dessa vez tinha se esquecido de girar mais uma vez a chave.
Entrou em sua casa finalmente, trancando a porta atrás de si, acreditando que estava sozinha. Mas o que ela não esperava era se trancar com o motivo que tornaria aquele dia tão memorável.
deixou o casaco no cabideiro e tirou seus sapatos, colocando em cima da mesa do hall sua bolsa com o seu celular e outros pertences, tirando do coldre a arma que ela carregava consigo e seu distintivo. Prendia o cabelo enquanto caminhava em direção as escadas, pronta para entrar em um banho quente. Assim que chegou ao segundo andar, ela escutou algo estranho vindo do final do corredor. Um barulho incomum, como se unhas se arrastassem pelo chão, arrepiando sua espinha inteira.
— Olá? – ela disse por fim, dizendo para si mesma que era uma pergunta inútil. Se fosse um ladrão, obviamente que ele não responderia com um “olá” ou qualquer variação do gênero. Pensou que se fosse mesmo um ladrão, ela deveria descer as escadas e pegar sua arma para garantir que nada ocorreria. Mas pegou por fim qualquer objeto relativamente pontudo – o objeto da vez fora um guarda-chuva – e desejou mentalmente que não fosse nada, apenas o vento pregando-lhe peças. Afinal, não era nada mesmo, certo?
passou a caminhar lentamente na direção da porta no final do corredor, um recinto que era destinado a visitas. O que ela não expectava era que realmente tivesse visitas na sua casa.
— Quem está aí?! – ela disse após outro som não claramente identificável. A mulher chegou finalmente na porta e a empurrou com o pé, entrando no quarto rapidamente e apontando o guarda-chuva na direção do suspeito.
Mas não havia ninguém lá, para o alívio de .
Esse alívio, entretanto, não durou muito, pois, em um só gesto, a porta se fechou e de trás dela, um homem surgiu, em sua mão um lenço com entorpecentes que seriam capazes de derrubar qualquer um, e este mesmo homem derrubou com o seu simples ato de a prender em seus braços e colocar em seu nariz e boca o lenço envenenado.
Pobre . Aquele dia tão memorável se tornaria o mais horrendo de sua vida.
Tirou o cinto e suspirou antes de abrir a porta do carro. Fechou-a em seguida e deu o alarme, seguindo em direção a sua casa, que a esperava depois de um dia cheio. não acreditava que seu chefe, Roger, a tinha promovido depois de pouco mais de um ano na delegacia de homicídios. Desde sempre ela era conhecida como a menina prodígio, e cada dia que passava, mais esse nome era honrado pela mulher.
Ela parou em frente a porta de casa e buscou em sua bolsa as chaves que abririam o seu lar. A detetive, quando as encontrou, se virou para a fechadura da porta, mas constatou, ao girar a chave, que a porta se abriu apenas com uma volta. Ela achara estranho, pois sempre trancava com duas voltas qualquer porta pela qual ela passava. Se perguntou se tinha realmente feito isso antes de sair, mas se convenceu que dessa vez tinha se esquecido de girar mais uma vez a chave.
Entrou em sua casa finalmente, trancando a porta atrás de si, acreditando que estava sozinha. Mas o que ela não esperava era se trancar com o motivo que tornaria aquele dia tão memorável.
deixou o casaco no cabideiro e tirou seus sapatos, colocando em cima da mesa do hall sua bolsa com o seu celular e outros pertences, tirando do coldre a arma que ela carregava consigo e seu distintivo. Prendia o cabelo enquanto caminhava em direção as escadas, pronta para entrar em um banho quente. Assim que chegou ao segundo andar, ela escutou algo estranho vindo do final do corredor. Um barulho incomum, como se unhas se arrastassem pelo chão, arrepiando sua espinha inteira.
— Olá? – ela disse por fim, dizendo para si mesma que era uma pergunta inútil. Se fosse um ladrão, obviamente que ele não responderia com um “olá” ou qualquer variação do gênero. Pensou que se fosse mesmo um ladrão, ela deveria descer as escadas e pegar sua arma para garantir que nada ocorreria. Mas pegou por fim qualquer objeto relativamente pontudo – o objeto da vez fora um guarda-chuva – e desejou mentalmente que não fosse nada, apenas o vento pregando-lhe peças. Afinal, não era nada mesmo, certo?
passou a caminhar lentamente na direção da porta no final do corredor, um recinto que era destinado a visitas. O que ela não expectava era que realmente tivesse visitas na sua casa.
— Quem está aí?! – ela disse após outro som não claramente identificável. A mulher chegou finalmente na porta e a empurrou com o pé, entrando no quarto rapidamente e apontando o guarda-chuva na direção do suspeito.
Mas não havia ninguém lá, para o alívio de .
Esse alívio, entretanto, não durou muito, pois, em um só gesto, a porta se fechou e de trás dela, um homem surgiu, em sua mão um lenço com entorpecentes que seriam capazes de derrubar qualquer um, e este mesmo homem derrubou com o seu simples ato de a prender em seus braços e colocar em seu nariz e boca o lenço envenenado.
Pobre . Aquele dia tão memorável se tornaria o mais horrendo de sua vida.
Capítulo Único
Um ano depois
O café estava pronto. Assim como a mulher que o tomaria.
Ela o pegou da sua máquina Nespresso e trouxe a xícara aos lábios, tomando um gole e em seguida respirando fundo. Estava extremamente cansada de ficar em casa e já estava assim há muito tempo. Ter a vida que tinha, de tantos sucessos e dias empolgantes, transformada nessa mesmice rotineira era realmente desmotivador. O que fazer para mudar essa situação? Desde que saiu do hospital após aquele momento traumático, ficou afastada de seu cargo, recém conquistado, por seis meses inteiros e decidiu que não iria voltar tão cedo. Mesmo porque, ninguém a aceitaria de volta, devido aos fatos que a levaram para o hospital. Ao menos lá fez um amigo: Kevin, o menino de onze anos que tinha tentado suicídio – ou pelo menos era isso o que dizia sua ficha médica. Ele tinha pedido por eutanásia aos médicos, mas a legislação do país não permitia que adultos fizessem o procedimento, muito menos crianças, que não estejam em estado terminal. Ele sofria de depressão profunda e um dia os pais o encontraram em casa após a tentativa de tirar a própria vida, e o levaram ao hospital a tempo suficiente para que salvassem o menino, para a alegria de todos, e talvez não tão alegria dele. O fato era que ele também encontrara nela uma amiga, que, desde que ele acordara, a ajudara a enxergar o mundo de modo mais esperançoso – mas não o suficiente para fazer com que ela voltasse para o trabalho antigo dela.
não esperava esse plot twist em sua vida, mas o destino é algo totalmente imprevisível, mesmo que você faça planos, ele sempre rirá de você. E era nisso que ela pensava enquanto tomava seu café.
A mulher terminou sua bebida e colocou a xícara na pia, deixando para a versão futura dela esse problema. Caminhou até a mesa da sala de almoço, onde tinha deixado o jornal daquele dia, logo o pegando e se dirigindo para a porta de saída de sua casa. Ela passaria um tempo no parque local, enquanto leria as notícias e relaxaria um pouco. Por isso, saiu de casa e andou até o seu destino, onde, ao chegar, escolheu um banco apropriado e longe do sol, e se sentou, pronta para começar a leitura.
— Você vai ficar se martirizando enquanto lê esse jornal, mas foge da sessão sobre esse serial killer? – uma voz familiar disse ao seu lado.
se virou na direção da voz e lá encontrou Kevin, sentado calmamente, enquanto comia pipoca. Ela olhou para os lados, se perguntando de onde ele tinha saído e como ele chegara ali de forma tão silenciosa.
— Qual é, Kevin. Você sabe que eu não estou mais trabalhando na delegacia de homicídios – ela disse virando a página.
— Pode até ser. Mas nós dois sabemos que você quer saber sobre esse caso – ele disse, distraído, comendo sua pipoca. o encarou.
— O.K., homenzinho, já pode ir parando por aí. Onde está sua mãe e seu pai?
— Eles me deixaram vir até aqui sozinho, para espairecer. É um voto de confiança deles, o que me deixou extremamente contente – era engraçado a maneira como ele falava, mas tentava se manter séria na presença da criança.
Ela voltou a olhar para o jornal.
— Tudo bem, se você diz.
— Anda, lê logo sobre o serial killer. Quero ver a sua reação – ele disse, incentivando-a. suspirou e aceitou a sugestão, partindo para a sessão que ele tanto queria que ela lesse.
“Seria Killer de Sundecity ataca novamente e mulher é encontrada morta na parte florestal da cidade.
Nessa manhã de quarta-feira, o detetive Roger Jackson deu uma entrevista para o jornal SundeMetropolitan, alegando que esse homem que está aterrorizando a cidade está cada dia mais perto de ser pego.”
— Por favor! Eu conheço Roger, ele está blefando totalmente – disse, chamando a atenção de Kevin.
— Bom, então por que você mesma não abre uma investigação sobre o caso?
o encarou novamente, com as sobrancelhas agora juntas formando uma rampa até o centro de seu rosto.
— Está louco, Kevin? Eu não faço ideia de como estão os casos.
— Você sabe muito bem quem é o serial killer, só não quer admitir para si mesma, – ele disse e jogou mais uma pipoca para dentro de sua boca.
— Do que você está falando? – ela disse, interessada.
— Eu tenho que ir agora, senhorita . Mas pense no que eu disse – ele se levantou e a cumprimentou com a cabeça, seguindo caminhando para longe daquele banco. O que Kevin estava dizendo, ele estava completamente fora de si? Como assim, sabia muito bem quem era o serial killer, sendo que ela não fazia ideia de como o caso estava sendo conduzido? A mulher deixou a pergunta em stand by e se permitiu curtir alguns dias sem preocupações, voltando para a sua monótona vida.
Alguns dias depois, ela acordou de um pesadelo que a estava tomando conta constantemente. Ela ainda pensava naquele dia em que foi raptada e mantida em cativeiro por um mês, até que conseguiu fugir de uma maneira totalmente aleatória – de novo, a vida mostrando que não é nada previsível – e revelou para o Departamento de Investigação Federal o paradeiro do homem, que ainda não fazia ideia de que ela tinha fugido, pois estava fora do local em que ela estava presa. O DIF foi o primeiro lugar que conseguiu pensar em ir, para pegarem de vez esse homem terrível que ainda não tinha a estuprado, mas tinha a torturado e feito terror psicológico. E foi assim que ela se sentiu mais segura, com a prisão desse monstro. Mas claro, devido aos momentos em que ela sofreu tortura, teve de ir para o hospital, onde ficou por um bom tempo até se recuperar completamente.
Ela se lembra que o homem que a raptou vivia dizendo sobre a esposa dele e de como ela estava orgulhosa dele por fazer as atrocidades que ele estava fazendo com . Que momento terrível para a mulher, ela se perguntava o que tinha feito para merecer todo esse sofrimento. Mas ao menos ele teve o que merecia, e agora ela estava segura, depois de tanto tempo.
Mas o que Kevin disse sobre esse novo serial killer que estava à solta ainda tomava seus pensamentos. Foi então que, depois de alguns dias pensando no assunto, a resposta veio: e se o serial killer fosse a serial killer?
Claro, e se a serial killer era a esposa do mesmo cara que a fez tão mal, e a mesma que ele vivia dizendo sobre?
Era evidente que essa pulga atrás da orelha a incomodou por muitos dias, até que ela tomou coragem e começou a investigação por si mesma. Tentou ligar para o DIF, mas ninguém nunca atendia. Então tomou isso como um sinal para que ela resolvesse de vez esse caso tão tenebroso, sozinha.
Montou em sua própria casa no porão um escritório destinado a investigação; arrumou o mural e colocou a foto do homem que a raptou no centro, recortado de um dos jornais que ela pegou na própria internet. Jason Carter, o primeiro nome até era vindo de um dos filmes de terror que ela mais odiava.
Prendeu o pino em cima da foto, e colocou, em um espaço próximo, a notícia de que ele havia sido preso, deixando a esposa. circulou em vermelho a frase “deixando a esposa, Lorelay Carter” e conectou com uma linha também vermelha até um ponto de interrogação escrito numa folha de papel, indicando que ela não sabia qual era a aparência da esposa, já que isso, obviamente, não foi divulgado pela imprensa. seguiu o trabalho dessa maneira, interligando os fatos que ela sabia – ao menos os fatos superficiais que foram divulgados. Então ela passou para a parte mais difícil: conseguir a ficha de Jason Carter.
Como ela faria isso? Era a pergunta que não queria calar. Pensou que o DIF não atendia nenhuma ligação há tempos, o que ela achava extremamente estranho. Pensou em quem cuidou do caso e se lembrou na hora: seu parceiro, .
Ela nem esperou um plano melhor do que esse que estava na sua cabeça, vestiu seu casaco, arrumou o cabelo se olhando no espelho do hall e olhou para o móvel que ficava embaixo do vidro que refletia sua expressão tensa como resposta.
Decidiu que era importante levar sua arma – que ela já possuía antes mesmo de se tornar detetive – e a pegou na gaveta, partindo então para a casa de .
, ela deveria admitir, era um galante homem. Para ser mais preciso, era seu crush desde que o vira a primeira vez na delegacia de homicídios. Ele e ela tiveram um lance, mas hoje ele já estava com outra, ela soube. Bom para ele, mas essa aproximação que os dois tiveram terá de ser suficiente para que consiga o que queria.
Quando estacionou o carro alguns metros para baixo na rua de , ela percebeu que não conseguiria convencê-lo de lhe mostrar os arquivos de seu agressor. Não por eles não terem um laço forte, pelo contrário: ele provavelmente não queria que isso despertasse gatilhos na própria , portanto, era um “não” certeiro. E outra: tudo o que ela tinha era seu palpite, e não era exatamente fã desse método.
Então ela teve uma ideia que, se fosse pega, poderia lhe causar prisão. esperou sair de casa no mesmo dia para trabalhar e, depois de longos quinze minutos, ela saiu de seu carro e seguiu para a porta dos fundos, onde ela sabia que embaixo do tapete ele guardava uma cópia da chave da porta.
se agachou e levantou o tapete, revelando o objeto pequeno de metal. Respirou aliviada e pegou a chave, logo destrancando a porta e sempre observando ao redor para ter certeza de que estava sozinha dessa vez.
se lembrava bem da casa do ex, tantas memórias boas que tivera naquele lugar a atingiram em cheio, como se alguém desse um choque elétrico em seu corpo. Se manteve firme, e concentrou-se na sua missão.
subiu as escadas e caminhou até o escritório, onde mantinha arquivos de casos passados. Entretanto, a porta estava trancada, para a infelicidade e desespero da mulher.
Ela pensou em arrombar a porta de maneira brusca e rápida, mas resolveu que tentaria apenas abrir com algum objeto parecido com um grampo, o primeiro que ela encontrasse e que parecesse apto para esse trabalho. Logo, ela foi até o banheiro da suíte, onde ela tinha quase certeza de que a mulher com quem estava se relacionando tivera deixado o objeto para cabelo.
No caminho, acabou se atentando às fotos que estava em cima da cômoda do quarto de , fotos que revelavam a mulher com quem ele estava ficando. Ela tentou não olhar muito, pois sabia que isso sim poderia ser um gatilho para ela, mesmo que a mulher não tenha culpa de nada, e muito menos ele. Portanto, seguiu para ao banheiro e parou em frente ao espelho, onde começou a procurar embaixo da pia, nos armários e gavetas, o grampo.
Ela encontrou, depois de um certo árduo tempo, e andou até a porta do escritório, preparada para o que viesse. se inclinou e colocou a ponta do grampo até o final da fechadura e, após algumas tentativas, escutou-se o barulho da porta se abrindo. Nada novo sob o sol, é mesmo um prodígio, foi o que ela pensou.
Abriu a porta, pressionando a maçaneta, e entrou no recinto. Olhou em volta e se perguntou se o arquivo realmente estava lá e, se estivesse, onde que ele estaria guardado. Começou a busca pelas gavetas da escrivaninha, onde não encontrou o que queria. Partiu para as estantes e procurou dentro das grandes caixas cheias de pastas, mas não havia nada. Então olhou para o armário e abriu a porta de correr, seguindo para a primeira caixa, até chegar na quarta, onde, ao folhear as pastas, encontrou o nome do maldito: Jason Carter.
— Na mosca! – ela disse baixo. Pegou seu celular e tirou fotos de todos os detalhes do caso, mas, mesmo dentro da pasta, não havia a foto da senhora Carter. Achou que nem o DIF sabia quem ela era, até ler que o paradeiro de Lorelay era desconhecido. – Desgraçada.
Foi quando ela escutou um barulho vindo do quintal dos fundos e gelou. Guardou rapidamente os arquivos no lugar e desceu silenciosamente as escadas, destrancando a porta da frente – uma vez que a chave estava na fechadura do lado de dentro da casa. Saiu e assim que se virou para ir embora de uma vez para seu carro, tomou um susto.
— Meu Deus! – ela disse pousando a mão sobre seu colo. Kevin a observava passivamente. – O que faz aqui, garoto?
— Eu é que te pergunto.
— Não é da sua conta. Aliás, como soube que eu estava aqui? – ela perguntou enquanto caminhava em direção ao seu carro, sendo seguida pelo menino.
— Então você ficou pensando no que eu te disse, certo? Por isso veio até aqui.
— Não sei do que você está falando, Kevin.
— Sabe, sim. Mas vou considerar isso como uma resposta positiva. Quer ajuda? – ele disse. balançou a cabeça negativamente, e abriu a porta do veículo, se virando para o garoto.
— Vai para casa, garoto. Eu trabalho sozinha – ela respondeu. Kevin assentiu e sorriu, discretamente. ficou aliviada por ter conseguido e nem acreditava que tudo dera certo. Mas não deu sorte ao azar, e ligou seu carro, deixando Kevin sozinho no meio da rua, e partindo para sua própria casa.
Os dias se seguiram com muito trabalho duro. Ela estava se empenhando de verdade, mas estava pagando o preço e os demônios do passado a assombravam à noite. O mural de já estava quase cheio. Mas o que ela mais queria era descobrir o paradeiro da esposa de Carter. Com os arquivos que pegou emprestado, fotografando-os, de , ela não conseguiu deduzir onde que a mulher sádica se encontrava.
Pesquisou em todos os cantos da cidade, do estado e até do país, via internet, e nenhuma notícia, nenhuma rede social, nada, estava disponível na rede. Era como se a esposa de Jason, Lorelay, tivesse evaporado do mundo.
No momento atual, ela se encontrava sentada na cadeira de rodinhas com o encosto alto, girando-a de um lado para o outro, lentamente, enquanto pensava no que poderia fazer naquele instante. Apoiando o queixo em seu punho fechado, com o cotovelo apoiado por sua vez em cima da mesa, olhava para o quadro cheio de informações. Convenceu-se de que não estava capaz de sair daquele ponto e de que precisava explorar melhor o caso, talvez com a ajuda de . Não queria esperar muito tempo, então se levantou da cadeira e pegou o casaco, pronta para ir até o DIF.
Estacionou o carro em frente ao prédio do Departamento de Investigação Federal e correu para dentro – talvez correr seja uma palavra muito forte; o certo seria andou rapidamente, com classe. Entrou na recepção e se lembrou que estava sem o seu crachá. Provavelmente não faria diferença, já que ele venceu há tempos. Então esperou o momento certo em que ninguém estava olhando e pegou o elevador, subindo até o sexto andar. Saiu da caixa de metal e passou pelas pessoas, mas todas a ignoravam como se ela não estivesse ali. agradeceu mentalmente por isso, mesmo estranhando, e passou pelo seu antigo escritório, voltando alguns passos. A mulher olhou para dentro da sala e constatou que estava sentado na sua cadeira, escrevendo no computador. Ela ficou o observando, encostada no batente da porta, ele digitar no teclado da máquina.
Ele tinha ficado com o seu escritório? foi promovido, então... Era de se imaginar, afinal, ele era tão competente quanto ela.
Ao seu lado, Roger passou com uma pasta em mãos, entregando-a a . se endireitou e arrumou a blusa, a puxando para baixo.
— Você pode dar uma olhada nesses arquivos? A viúva do Jenkins apareceu aqui hoje mais cedo exigindo que voltássemos a abrir o caso – Roger disse e lhe lançou um olhar, afirmando em seguida com um meneio de cabeça.
— Estou ocupado agora, mas mais tarde talvez sobre tempo para eu olhar.
Ela não estava entendendo o porquê de eles não estarem perguntando-lhe o motivo dela estar ali.
— Chefe... – ela começou, mas não foi ouvida.
— É, esse caso do serial killer da floresta precisa de atenção o mais rápido o possível – Roger Jackson disse se sentando na ponta da mesa e passando a mexer com os papéis que estavam em cima dela.
assentiu.
— Olha isso: estávamos traçando as informações em comum dos casos do maníaco, e descobri um novo lance. As duas primeiras mulheres estavam fazendo tratamento de inseminação artificial. A terceira e a sexta estavam grávidas, e a décima primeira desapareceu depois de ir à uma clínica ginecologista.
Roger olhou para .
— Você acha que o assassino tem um motivo relacionado a esses fatos para matar essas mulheres?
— Não acho: tenho certeza – ele disse e observou a foto que estava em cima da mesa. suspirou e pegou o retrato com uma das mãos. Seu chefe assentiu.
— Saudades dela, não é?
— Muitas. Eu ainda não acredito no que aconteceu...
— Ela deve estar em um lugar melhor agora, – Roger se levantou e começou a caminhar na direção de . – Não se esqueça da papelada que eu te trouxe.
E assim seu chefe passou reto por ela. até tentou conversar com ele, mas ele nem se deu o trabalho. Então ela se virou para e começou a caminhar até sua antiga mesa.
— E aí, amigão – ela começou tentando dar um ar mais leve ao lugar. O celular dele tocou e atendeu, não respondendo a .
— Alô? Ah, oi, amor. Tudo bem, sim. Hã? Almoçar? – ele olhou para seu relógio em cima da mesa. – Claro, podemos, sim. Te encontro lá.
E desligou.
— , eu preciso falar com você – ela disse e ele se levantou, pegando o casaco pendurado na cadeira e saiu correndo pela porta, a deixando sozinha ali.
não estava entendendo absolutamente nada. Ela observou-o a deixar, mas decidiu que não faria nada. Ele deveria estar muito apressado, não queria falar com ele em um momento inoportuno como aquele. Portanto, se dirigiu para a sua antiga cadeira e passou pela mesa, dedilhando os objetos em cima dela, observando tudo. Ela respirou fundo e correu com o olhar por tudo, até parar no retrato que estava olhando minutos antes. Assim que caiu com os olhos ali, estremeceu. Pegou a foto com uma das mãos, trêmula, e a trouxe para perto, um ato que, na mente dela, poderia fazer com que a imagem à sua frente mudasse. Mas não mudou.
— Confusa?
levantou seu olhar até o dono da voz. Agora ela realmente não estava entendendo nada.
— Kevin? O que você faz aqui?
O menino caminhou até ela, lentamente.
— Você deve estar se perguntando o porquê a sua foto está em cima da mesa de , além do porquê ele estar falando de você de forma saudosa, como se você não estivesse mais aqui... Sendo que você estava bem na frente dele. Certo?
estava pálida, sua respiração quase nula, seu coração batendo muito forte dentro do peito.
— Hã...
— . Você se lembra de acordar no hospital?
A mulher parou para pensar e não se lembrar desse fato a deixou ainda mais apavorada.
— Meu Deus... – ela escorregou até se sentar na cadeira. Ela olhava para todos os lados, confusa. Levantou seus olhos para o menino. – Se eu estou morta... por que você é o único que consegue me ver? Aliás, o que você faz aqui?
Ele suspirou, mas sem pena da moça.
— Eu não sou esse menino que você vê. Kevin faleceu no hospital também, eu só tomei a forma dele.
Ela estava perplexa.
— Como eu morri?
— Você nunca saiu daquela casa por conta própria, . Te encontraram lá e te levaram para o hospital, mas você não resistiu. Na realidade, você nunca chegou a conhecer Kevin. Tudo isso fui eu que coloquei na sua cabeça.
— E quem você seria?
— Vamos, eu sou famosa. Você já deve ter ouvido falar de mim.
Ela coçou a têmpora.
— Certo. Então a Morte tomou a forma de um garotinho de onze anos para me avisar de que eu morri?!
estava muito furiosa com tudo, mas estava cansada demais para brigar. Todas aquelas informações estavam pesando muito para a mulher.
— Não. Não é assim que funciona. Tem uns que vão embora, rapidamente. Outros que precisam resolver coisas aqui ainda. E eu estou aqui para te guiar – le disse e estava desacreditada demais para dizer qualquer outra coisa. Porém, conseguiu, depois de um longo período em silêncio, dizer:
— O que eu preciso resolver?
Seis meses atrás
O homem olhava pela janela de sua cozinha, enquanto esperava o café ficar pronto. Ele não era fã de cafés de máquina, porém, estava atrasado, então precisava ir o mais rápido possível.
retirou a xícara de debaixo da máquina e levou até sua boca, tomando todo o seu conteúdo em um só gole. Limpou a boca com a mão de forma discreta, deixou a xícara na pia e correu para pegar seu casaco, indo de uma vez para o seu trabalho.
recebera uma ligação para comparecer à delegacia local, uma denúncia de um crime fora feita. Fazia tempo em que ele não trabalhava em um caso tão horrendo quanto aquele prometia ser, desde... Bem, desde .
Sentia saudades imensas de sua parceira. Lembrava-se que tinha sido promovida bem no dia em que desaparecera. Ela era uma mulher incrível, que inspirava a todos no DIF. Lembrava-se também das vezes em que ele poderia ter dito o quanto gostava dela, mas que preferiu não dizer, pois acreditava que era muito cedo para uma declaração dessa. Agora era tarde demais.
estacionou o carro e saiu correndo dele, caminhando em passos largos em direção ao amontoado de pessoas no fim da rua. Ele passou pela multidão, mostrando seu distintivo ao policial local, que o deixou passar, puxando para cima a fita que separava a cena dos civis. parou ao lado de Joshua Parker, o xerife da cidade. O homem olhava para os restos mortais da mulher assassinada com uma expressão de repulsa. conseguia imaginar o porquê: as entranhas da mulher estavam em volta de seu pescoço, como uma corda a sufocando, seus olhos tinham sido arrancados e seus órgãos vitais estavam nos pés de seu corpo mutilado. Uma cena aterrorizante.
— Difícil de olhar, não é? Eu não me acostumo nunca – disse e Joshua o encarou, em transe, até assentir.
— Isso é um bom sinal, detetive. Mostra que depois desse tempo todo, você ainda mantém sua humanidade, apesar de tudo o que já viu.
balançou a cabeça positivamente.
— De fato, xerife Parker – ele olhou em volta procurando seu chefe, e o encontrou a alguns metros dali, conversando com alguns de seus colegas.
Joshua Parker começou a contar o que sabiam sobre o caso: a mulher tinha sido encontrada hoje de manhã, por volta das seis horas da manhã, por um casal que fazia cooper nesse horário. Eles ligaram imediatamente para a polícia, que acionou o detetive e o DIF logo em seguida.
Os detalhes começaram a aparecer depois com seu chefe que contou o que foi descoberto. O corpo foi levado para a o laboratório para que o médico legista descobrisse a forma da morte e o horário. E assim foi o dia, um dia cheio para o detetive.
A investigação se seguiu até que um mês depois outro corpo apareceu. E o caso caminhava, sucessivamente, enquanto o serial killer escalava. A mídia fez de gato e sapato o pobre , que já estava debilitado emocionalmente por se sentir cada vez mais incapaz de resolver esse caso.
O caso de sua colega, , só fora resolvido depois de quatro meses em que ela estava desaparecida. Eles conseguiram localizar o cara que tinha feito isso, e o local em que mantinha em cativeiro a detetive. Arrombaram o lugar, a encontrando já em estado de quase morte, prenderam o homem em flagrante, mas não sobreviveu no hospital. Aquele tinha sido um dia muito duro para , ele sempre foi do tipo que se cobra muito, então se cobrou por não ter conseguido salvá-la a tempo.
E agora estava devastado por não achar o assassino. Eles tinham suspeitas, é claro, acreditavam ser um homem de mais ou menos trinta anos, que muito provavelmente teve problemas na infância, a mãe o achava inferior, o odiava, e crescera sem a figura paterna. Alguns clichês de casos de serial killer se repetiam na história desse assassino. Mas, mesmo assim, eles não conseguiam localizar um homem só, e ter evidências contra ele.
Era tarde da noite quando ele decidiu, na volta do trabalho, acompanhar alguns colegas em um bar próximo do DIF. Ele entrou no lugar e caminhou até a bancada onde o barman preparava as bebidas. Seus colegas o seguiram, e a noite se iniciou dessa maneira, um pouco descontraída, mas sempre com a sombra de culpa na mente de .
Já em outra parte da cidade, se encontrava o serial killer que preparava a sua próxima tacada. Ou melhor dizendo, a serial killer. Ela não estava preparando mais uma vítima de seus atentados, mas sim uma jogada que a tornaria ilesa de ser pega pelo DIF de uma vez por todas.
Lorelay Carter colocava um dos brincos na orelha, seguido pelo o outro, se arrumando para a noite. Ela tinha tudo planejado, sabia os passos do DIF e sabia como agiria. Seu marido fora pego pelo Departamento de Investigação Federal, por um erro que ela não deixaria passar novamente. Agora era ela quem estava completamente no comando de suas vontades, e não deixaria que qualquer detalhe atrapalhasse seus planos.
A vida de Lorelay nunca tinha sido fácil. Era verdade que desde pequena passou a matar escondido de sua mãe animais pequenos que apareciam em seu jardim, mas aquilo não significava nada para ela. Ela só fazia por diversão. O que a deixava muito irritada era sua mãe, Kristine, acreditar em sorte e em seus maridos, mas não acreditar que Lorelay era abusada pelo padrasto da própria menina. Não, Kristine dizia que era tudo invenção da cabeça de Lorelay, e que ela devia respeito ao seu marido, uma vez que era ele quem cuidava delas. O homem morreu de infarto, mas Kristine culpou Lory pelo incidente. Disse que a menina trazia azar a vida dela e que não via a hora de se livrar de Lorelay.
Kristine Richter casou-se novamente, e engravidou do segundo marido. Mas perdeu o bebê, e, novamente, culpou Lorelay. A menina odiava a sua mãe com todas suas forças, principalmente quando levava surra dela. Kristine dizia que Lory era amaldiçoada, mas a menina não acreditava em nada disso. Em fato, ela detestava tudo o que tinha a ver com sorte e azar, não aceitava esse tipo de baboseira, levando em conta que era sua mãe que acreditava nesse tipo de crença. Um dia, a família Richter descobriu que a cachorra da vizinha tinha sido emprenhada pelo cachorro de seu marido, e depois de algum tempo, observando os passos do animal, Lorelay o encurralou em seu jardim e o assassinou, enquanto imaginava ser a mãe no lugar. A menina foi mandada para um reformatório, onde passou o resto de sua adolescência.
Entrou para a faculdade de Enfermagem, onde se sentia livre da mãe pela primeira vez, mas ainda notava que faltava algo em sua vida. Foi então no fatídico dia que conheceu seu futuro marido que entendeu o que lhe faltava.
Ainda se lembrava de como conhecera Jason. Ela o via de vez em quando pelo campus, mas não pensava nele de forma alguma. Até um dia em que ela estava andando à noite pelas instalações e, em um lugar escuro, escutou vozes.
Lorelay caminhou sorrateiramente até os donos das vozes, e encontrou Jason, tentando estuprar uma mulher. Ela achou aquilo muito familiar, mas acabou por ajudá-lo a imobilizá-la. Entretanto, não deu oportunidade ao homem de conseguir o que queria, pois sufocou a mulher com suas pernas. Jason ficou um pouco assustado com a situação, mas ao mesmo tempo sentiu prazer em ver uma outra mulher fazer isso. Foi assim que começaram a parceria.
Depois de casados, seguiram por todo o sul do país, se mudando sempre que se cansavam, mas deixando um rastro de vítimas atrás deles. Quando Jason fora pego, ela precisou fugir, mas temeu que a polícia a encontrasse. Então teve a brilhante ideia de queimar o próprio rosto, desfigurando-o todo. Ela precisou de inúmeras cirurgias para trazê-lo a normalidade, e gastou o resto de seu dinheiro com isso. Mas ao menos agora estava irreconhecível.
Se mudou de volta para Sundecity, onde conseguiu um emprego na clínica ginecologista da cidade. Ela sentia falta de suas vítimas, às vezes recorria aos pertences que pegara de cada uma e se tocava ao simular uma situação em que a lembrasse das atrocidades que cometera. Lorelay não estava satisfeita e percebeu que precisava de mais, precisava voltar à ativa.
Foi quando descobriu na própria clínica que trabalhava uma mulher que estava fazendo tratamento para engravidar. Achou essa uma oportunidade única e sempre, todas as vezes passadas e as seguintes, imaginava sua mãe sofrendo em sua mão, quando torturava essas mulheres. Agora ela estava se preparando para sair. Mas não caçaria como sempre fazia, dessa vez ela iria caçar outro tipo de pessoa e para outra finalidade.
Pegou sua bolsa e foi embora, pegando um Uber até o pub. O motorista, sem se quer imaginar quem era Lorelay, disse:
— Moça, está muito tarde, cuidado na hora de voltar, aquele maluco serial killer está a solta, não quero te colocar medo, mas acho importante te dizer isso.
— Claro, obrigada pelo aviso. Ah, é aqui! – ela disse quando chegaram no local. A mulher se despediu do homem que a trouxera até ali e entrou no lugar, começando a caça.
Caminhou até o bar e pediu um Dry Martini. Começou a olhar em outra direção que não fosse a do homem que ela queria chamar atenção, até que ele puxou assunto com ela.
— Não fazem Dry Martini’s aqui como eu faço, acredite – ele disse, com um pequeno sorriso nos lábios. Lorelay riu e ele esticou sua mão na direção dela. – Sou .
— Roy Foster – ela segurou a mão do homem, mantendo contato visual com ele.
Mal ele sabia que aquela era só mais uma caçada para Lorelay Carter. E que ele, , era só um peão nesse grande tabuleiro.
Agora
Olhava pela janela do carro, distraído. Ele escolhera ir de táxi hoje para o trabalho e voltou da mesma maneira. Não gostava de Uber, por isso a escolha. E hoje estava um bom dia para não dirigir.
estava morto de cansaço, trabalhara muito hoje, e essa semana toda. O maldito que estava aterrorizando Sundecity ainda estava à solta, e parecia que a cada pista que tinham, mais longe eles ficavam dele. Algo não estava certo, mas ele estava cansado demais para pensar sobre. Tudo o que queria agora era dormir e se preparar para amanhã, pois ele e Roy iriam passar o dia todo juntos.
Roy. Uma mulher incrível, sobreviveu a tantas coisas na vida... Seu ex-marido quis assassiná-la, colocando fogo na sua casa, mas ela conseguiu sair viva. Manteve algumas cicatrizes e teve que fazer cirurgias complexas para ter o rosto restaurado, mas mesmo assim, se lembrava do primeiro dia que a viu naquele bar, ela era linda.
O táxi estacionou em frente à sua casa e pagou o homem. Saiu do carro e foi até a porta de sua residência, a abrindo com suas chaves. Ele adentrou o lugar e fechou a porta trás de si, encostando-se nela e respirando fundo.
Começou a caminhar em direção às escadas e passou a subir, degrau por degrau, lentamente. Chegou no segundo andar e foi até seu quarto, onde jogou o casaco na cama e seguiu para o banheiro, já tirando os sapatos e ligando o chuveiro. Ele tirou a camisa e voltou para ao quarto, indo até seu armário. Abriu a porta, pegou seu pijama, e fechou-a, mas assim que se virou, seu coração parou de bater.
— Santo Deus! – ele disse, e se encostou rapidamente na porta do armário, segurando o pijama contra o corpo. estava aterrorizado, piscou várias vezes os olhos e os coçou, para ter certeza de que não estava sonhando ou algo do tipo. Mas a imagem não sumiu.
— Oi, – disse. Ela estava sentada na poltrona ao lado da cama, com as pernas cruzadas. – Como vai?
— ?! – ele disse, assustado. – Você... Você morreu! Eu vi com os meus próprios olhos, você estava morta...
— Ei, O.K., não precisa esfregar na minha cara – ela disse, levantando as mãos na altura do pescoço.
— C-como, c-como...?!
— É uma longa história. Mas preciso que você não tenha medo de mim – ela já estava de pé, e passou a andar até . Ele engoliu a seco, e pigarreou em seguida. – Talvez você queria se sentar...
— Eu preciso de uma bebida – ele concluiu e saiu correndo pela porta do quarto, descendo as escadas e chegando à cozinha, onde tomou outro susto com ali, parada. – Você precisa parar de fazer isso!
— Estou te dizendo, você não precisa de uma bebida. Você precisa se sentar, – ela alegou, convicta.
Ele estava petrificado, não sabia se aquilo era uma alucinação ou o quê, mas depois de um longo período, ele resolveu atender o pedido da mulher e se sentou no sofá da sala. Foi então que ela começou a falar. Explicou que tinha morrido, de fato, mas que não poderia seguir em frente sem resolver uma questão.
— Espera. , você não está completamente morta?! – ele disse e ela assentiu. – E precisa da minha ajuda para resolver essa questão?
Ela assentiu novamente.
— Sim.
— E por que eu posso te ver?! Por que eu não te vi antes?! Mais alguém pode te enxergar, além de mim?!
— Calma, . Vou responder suas perguntas, uma por uma, mas eu preciso que você me escute antes. Tudo bem?
Ele demorou, mas fez que sim.
— Ótimo. Então, primeiro você deve pegar seu carro. Precisamos ir até um lugar...
aceitou e foi até a sua garagem, onde o carro estava estacionado. O carro Lincoln Town foi ligado e assim que ele saiu da sua casa, já estava no banco do passageiro, voltando a falar.
— Antes de tudo, você precisa saber que não é a sua culpa – ela disse e ele lhe lançou um olhar pesaroso. – Sim, eu sei que você se culpa pelo o que aconteceu comigo. Mas não foi a sua culpa. E, além do mais, podemos resolver tudo isso agora.
— ...
— É sério, . Me escuta – ela repetiu e concordou. – Primeiro de tudo: a sua namorada não é quem ela diz ser.
— O quê? A Roy?
— Isso. Seja lá qual for o nome que ela inventou agora...
— O nome dela é Roy.
—... Tá, foda-se! O verdadeiro nome dela é Lorelay Carter e é ela quem é o serial killer à solta.
parou o carro bruscamente, assustando .
— Que merda, ! – ela disse alto e ele se virou para .
— Eu não... Eu acho que... Ela não é o serial killer. Acho que você se enganou, ela não... – ele estava confuso demais.
— , eu sei do que eu estou falando. Você precisa acreditar na minha tacada e seguir o meu plano. Ela precisa ser presa, antes que continue com os corpos – olhava o homem no olho. Ele devolveu a intensidade do olhar, até começar a se emocionar, deixando que uma lágrima caísse por seu rosto.
— ... Eu... Me desculpe, . Eu queria poder me redimir, mas não posso. Eu não acredito em você...
— Qual é, ?! Você acha que eu, uma morta-viva, viria até você para mentir?!
Ele ficou sem fala.
— Não, mas...
— Então você precisa acreditar em mim! – disse e respirou fundo, aceitando. Ele voltou a dirigir o carro e pediu para que ela contasse seu plano para ele.
Lorelay estava saindo do banho. Ela estava cansada e hoje tinha tido um dia cheio, planejando a sua próxima vítima. Isso até que estava ficando um pouco sem graça, mas ela não conseguia parar. Era como se ela precisasse daquilo para viver e nada mais importava.
Ela vestiu sua camisola e foi até a cozinha para tomar um copo d’água, quando a campainha tocou. Lorelay Carter achou aquilo muito estranho e caminhou silenciosamente até a porta, onde enxergou pelo olho-mágico seu namorado, . Ela mordeu o lábio inferior e arrumou o cabelo, destrancando a porta logo em seguida.
— Amor? O que você está...?
— Posso entrar, Roy?
Ele perguntou e ela, depois de um certo tempo, aceitou. Ele entrou na casa e, assim que ela trancou a porta novamente, ele se virou para a mulher de camisola.
— Precisamos conversar.
— Agora? Não podia esperar amanhã? Está tarde... – ela começou, mas ele levantou a mão, calando-a.
— Posso ver seu porão?
Lorelay ficou paralisada.
— Meu porão? Por quê?
— Posso ou não, Roy?
A mulher disse que sim e disse para ele caminhar na sua frente. Ele agradeceu e começou a ir em direção à porta que estava trancada, também, que dava para o recinto que ele queria.
— Você poderia destrancar a porta para mim, por favor?
— Escuta, , eu não sei o que você quer, mas está me assustando...
— Fique quieta – ele disse olhando para o lado, o que ela não entendeu. olhou-a de novo e tirou a arma do coldre, apontando para ela. – Você sabe o porquê de eu estar aqui, Roy. Se esse for mesmo o seu verdadeiro nome.
Ela não sabia o que fazer. Começou a caminhar para trás, sem olhar, enquanto ele dava passos para frente, em sua direção.
— Escuta, você deve estar cansado e toda essa história do caso do serial killer deve estar te levando a loucura, eu sei, mas...
— Para de mentir, porra! – ele disse e ela chegou onde queria. Lorelay estava encostada no grande móvel com gavetas do hall, de onde, lentamente, puxou uma delas, e começou a procurar sua arma dentro dela. – Se você não parar de se mexer, eu vou atirar!
Ela parou, mas já estava com a mão na arma.
— Tudo bem. O que você quer?
— Quero que você me conte a verdade... Lorelay Carter.
Ela suspirou.
— Então você sabe.
Ele começou a balançar a cabeça negativamente.
— Como eu pude ser tão burro?! Eu, procurando quem estava cometendo essas coisas horríveis, enquanto você estava bem debaixo do meu nariz. Você estava se divertindo, não é, Roy?
Ela ficou observando-o, o brilho de seus olhos já tinha desaparecido, notou.
— Bom, você não vai mais aterrorizar essa cidade, nem ninguém. Você está presa, Lorelay...
Lorelay Carter puxou a arma de dentro da gaveta e atirou com ela em , que desviou o tiro. Mas isso deu tempo de ela sair correndo e ir até a porta de saída, onde estava tentando destrancá-la. chegou antes que ela desse a última volta na fechadura, dando um chute na mão dela, fazendo com que a arma voasse para longe, e a segurou, puxando a moça para ele, prendendo-a.
A mulher se debateu, mas ele não a soltava, até que ela deu uma cotovelada no rosto de , que afrouxou o abraço de urso, dando a oportunidade a Lorelay de se esgueirar para longe dele e tentou correr, mas ele segurou a perna dela. Lorelay caiu e bateu a cabeça, abrindo um corte em seu supercilio. O sangue começou a escorrer pelo seu rosto, porém ela não sentia nada, já fazia tempos.
— Socorro! – ela começou a gritar e ele apontou a arma para ela.
— Não adianta fugir, você não entendeu? Você está dificultando tudo...
Ela puxou o telefone fixo da mesa e jogou o objeto nele, que o recebeu bem em suas partes baixas. se inclinou de dor, e ela aproveitou para correr, seguiu até a sua bolsa que estava em cima da mesa da sala de almoço e pegou seu celular, começando a digitar o número da polícia.
Mas alguém segurou seu pulso, fazendo com que a mulher olhasse para a pessoa.
— Seja boazinha e solte o telefone.
disse e a mulher que atendeu a ligação disse “911, em que posso ajudar?”. Lorelay se lembrou imediatamente de quem era.
— Você?! Você morreu, eu sei disso!
— Pareço morta para você? – ela a desafiou, apesar de que, de fato, ela estava morta.
— Socorro! – Lorelay gritou novamente, mas mandou-a calar a boca.
— Quem você acha que vai te ouvir? São quatro e quinze da manhã, não adianta gritar, ninguém consegue te ouvir. Você fez questão de morar em um lugar isolado, não é, Lorelay?
desligou o telefone de Lorelay. Ela parou finalmente de se debater e começou a rir.
— Vocês acham que ganharam, mas eu ganhei. Só pela quantidade de pessoas que eu matei, eu ganhei. E vou voltar ainda, para aterrorizar os sonhos de vocês, vocês vão...!
— Só cala a boca! – disse e chegou na cozinha, já recuperado. Ele apontou a arma para Lorelay, que, numa última tentativa, tentou se soltar da mão de e conseguiu, no máximo, ganhar uma fina linha vermelha em volta de seu pulso.
— Acabou, Lorelay.
A porta da casa dela foi arrombada e entrou nela o pessoal do DIF, todos armados e preparados para prendê-la. Lorelay Carter olhou para Roger Jackson e, pela primeira vez em tempos, sentiu algo: medo.
Olhou para o lado e não encontrou mais , ela tinha desaparecido. Então, em seu último ato, ela correu até , que atirou nela sem pensar direito, a atingindo bem no peito esquerdo. Ela parou de andar e olhou para o seu ferimento fatal. Lorelay voltou a olhar para e sorriu, assim caiu no chão, abraçando seu destino.
Assim como o destino de também, que, finalmente, pode descansar em paz.
Fim.
Nota da autora: Olá, pessoal! Que tenso essa estória, han? Não acho que tenha ficado tão boa quanto eu gostaria, mas dei o meu melhor. Espero que saibam que o suicídio não é uma opção, e caso você esteja apresentando sintomas depressivos, por favor, procure ajuda de um profissional e em casos extremos ligue para o CVV – Centro de Valorização da Vida –, o número é 188 (Eles são muito atenciosos e preparados para receber esse tipo de ligação).
Sobre a estória em si, sim, ela é pesada demais, por isso, dê um tempo agora, vá relaxar, fazer coisas que goste para espairecer um pouco, cuide de você! Até eu precisei fazer isso depois que terminei e tive que dar um tempo para poder revisar a história antes de mandar para a beta.
Espero que você tenha gostado da estória no fim, e espero ver você numa próxima!! Se quiser entrar no meu grupo de autora no facebook, estará linkado abaixo...! Lá podemos discutir teorias, conhecer pessoas novas e estórias novas! Somos todas muito amorzinhos lá, acredite! Hahahah
Obrigada por ler até aqui, e qualquer coisa dá um grito aqui nos comentários ou no grupo do face! Beijos de luz :*
Ass: Giulia M.
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Status: Em andamento (Restritas)
15. You Wish You Knew
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Status: shortfic finalizada (ficstape Icarus Falls – ZAYN)
A culpa não é das estrelas
Fandom: One Direction – mas pode ser lida com qualquer pessoa
Status: shortfic finalizada (especial extraordinário)
Aprendendo a falar a língua da matemática
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Status: finalizada (challenge 012)
Os Diários
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