Capítulo Único
Do lado de fora do carro fazia pouco mais de cinco graus. null observava as folhas das árvores no chão se movimentando com o vento no ritmo em que o veículo avançava na estrada sinuosa para fora de Phily. null null não era fã de Halloween. Era apenas uma data em que as pessoas usavam para fugir da realidade, se fantasiando para ignorar os problemas diários e, por uma noite, poder ser pessoas completamente diferentes.
null gostava muito de quem ele era para ficar animado com esse tipo de fantasia. Mas seu colega de time, null null, era do tipo que gostava desse tipo de festa. Especialmente quando o convite vinha da sua nova namorada misteriosa que ninguém no vestiário do Philadelphia Flyers conhecia ainda. null tinha certeza que ele não tinha sido a primeira escolha do colega, porém era o único que tinha o sábado livre.
null sabia que seu amigo o abandonaria assim que chegassem na festa. null ia encontrar a garota que ele conhecera a alguns dias e tudo que null sabia era que eles estavam saindo e o amigo estava de quatro por ela. Mas, apesar da curiosidade, null não pretendia descobrir naquela noite quem era a garota, mas estava feliz que null confiava nele o suficiente por ter lhe convidado para a festa.
— Você tem certeza do endereço? — O motorista do uber estranhou os dois rapazes com o destino localizado fora da área urbana de Philly. Por sorte, ele não fazia ideia de quem null null ou null null eram.
As duas estrelas em ascensão do time de hockey da cidade estavam aproveitando a folga de três dias para descansar e curtir as festas. Na noite anterior tinha sido a tradicional festa de Halloween na casa do capitão do time e esse era um dos motivos que null não queria sair naquele dia. Estava cansado e ficaria muito mais feliz na sua cama com o único date possível: a Netflix.
— Sim. É uma festa de Halloween. O local foi escolhido justamente pela distância. — null respondeu o motorista enquanto digitava algo no seu celular. null esperava que ele estivesse buscando um mapa e não que fosse uma mensagem safada da tal garota misteriosa.
— Quem é o dono da casa, mesmo? — null batia o pé no chão impaciente com as curvas da estrada enquanto o sol se punha atrás das árvores.
— Ela não me disse. Apenas me mandou o convite dizendo que seria uma festa exclusiva.
A cada minuto que passava null se arrependia da decisão de ter saído de casa. null não tinha falado nem o nome daquela garota e null não se importava nem um pouco. Naquele momento, tudo que ele poderia fazer era observar as folhas das árvores e desejar que não estivessem indo para o meio de alguma cerimônia satânica ou algo do gênero. Era Halloween afinal de contas, a noite do ano na qual todos os espíritos estavam soltos para transitar no mundo real. Se você acreditasse nisso, claro.
Ele riu enquanto segurava a capa da sua fantasia improvisada e lembrava da famosa fala dos Incríveis, um dos seus filmes favoritos de infância: “Nada de capas!”. Bem, se algo desse errado, a culpa era todinha do null.
— Chegamos. — null falou e quase não esperou o carro estacionar para abrir a porta, deixando null para trás para agradecer o motorista e ir sozinho até a casa.
O goleiro parou na varanda, se sentindo estranho pela névoa que tomava conta no quintal. O lugar parecia vazio, mas null sabia que era apenas como deveria ser. Ele escutou uma musica de Halloween vindo do interior da casa e tomou coragem de ir até a porta. Todas as paredes tinham algum tipo de decoração: lençóis brancos, uma aranha preta e grande, abóboras com as mais diversas artes. Tudo aquilo fez o garoto se questionar mais uma vez o que estava fazendo ali.
O lugar não estava lotado, mas também não estava vazio. Pessoas vestidas com a maior variedade de fantasias possíveis e ele poderia jurar que viu uma garota vestindo nada além de um biquíni. Com o frio que fazia do lado de fora, aquele visual nem sequer poderia ser considerado uma fantasia.
null começou a andar pelo salão, mas não conseguia esconder a expressão de má vontade no seu rosto. A música estava alta demais para seu gosto e uma garota vestida de coelho quase derrubou bebida no seu sapato de couro. Ele não era o tipo vaidoso, mas prezava por algumas peças de roupa, dentre elas esse sapato.
— Você poderia se esforçar, sabe? — ele escutou uma voz o chamar assim que se aproximou do bar.
— O que? — uma garota de cabelos ruivos falou, tirando null do seu devaneio e o fazendo questionar se ela de fato estava conversando com ele.
— Você não se mistura. — A garota levantou uma sobrancelha, o desafiando a dizer algo do porque ele estava parado no meio do salão sozinho.
— Eu não gosto muito da Halloween. — null deu de ombros e percebeu tarde demais que tinha sido a coisa errada a se dizer. — A namorada do meu amigo o convidou mas ele não queria vir sozinho. Honestamente, não sei porquê.
null olhou para os próprios pés e odiou não ter ido para o bar assim que chegou, se sentindo estranho sem uma bebida na mão. A garota o encarava, analisando cada pequeno movimento que ele fazia e, vendo seu desconforto, acenou para o bartender trazer uma cerveja para o garoto.
— Obrigado. — null batia os dedos no balcão, inquieto.
— Por nada. — A garota levou a própria bebida aos lábios desviando o olhar dele.
E foi só então que null se permitiu prestar atenção na menina. O cabelo ruivo e liso batia no meio das costas, e sua fantasia era discreta. Uma calça preta, uma bota e um suéter que ele reconheceu o brasão.
— Grifinória, é? — ele apontou com a cerveja que tinha acabado de chegar para a garota.
— Não é a melhor casa mas quando se tem o cabelo dessa cor — ela segurou uma mecha — todo mundo fica te chamando de Weasley até sua melhor amiga resolver dar uma festa de Halloween e te obrigar a se vestir de Ginny Weasley.
— Confesso que sempre tive uma crush na Ginny. — null não fazia ideia de onde tinha vindo aquele comentário, mas quando se escutou já era tarde. Por sorte a garota apenas riu e se aproximou.
— Então você é grifinório?
— Jamais! Desde criança meu uniforme de Hogwarts é verde e prata.
— Boa, garoto! Por um segundo achei que fosse ficar decepcionada. — A menina esticou sua cerveja para brindar com ele.
— null. — Ele estendeu a mão que foi logo aceita pela ruiva.
— null.
A conversa esfriou e tanto null quanto null terminaram de tomar a cerveja em silêncio. Ele nunca foi bom em puxar conversas, e sempre que estava afim de uma garota, os olhos azuis e o sorriso doce eram o suficiente para ela não perder o interesse. Muitas vezes as garotas conversavam tanto que deixava o garoto irritado. Mas null não parecia deixar se afetar por ele e, se de um lado isso agradava null, por outro ele não sabia o que fazer.
Por sorte, ele foi salvo quando um rapaz de cabelos longos escuros pulou em cima dos dois.
— Por quê vocês estão sentados aqui? — O homem estava visivelmente embriagado, usando um colete por cima do peito nu e cheirando a álcool e suor. — A festa tá acontecendo ali, vocês não podem ficar aqui.
null franziu o nariz e null percebendo seu desconforto, tentou afastar o homem.
— A gente já vai, amigo.
— Ah, vamos lá, Jamie. — Ele soltou null mas começou a falar muito próximo do rosto de null. — Você se chama Jamie, né? Ah foda-se. Hoje você é Jamie e ela é Claire. Bartender! Me traz uma vodca, por favor. Vocês não gostam de Halloween? Melhor noite do ano! Tinha uma menina fazendo topless na pista de dança. No meio do outono! Cara, eu amo Halloween.
O rapaz pegou sua bebida e se afastou, já indo conversar com outras pessoas que também estavam na área menos abarrotada da festa.
— Então, Claire, deveríamos ir para pista de dança? — null ergueu uma sobrancelha, rindo.
— Vamos, Jamie.
null se levantou e estendeu a mão para null, que aceitou após terminar a sua bebida e deixar a garrafa no balcão.
— Eu preciso avisar que não danço muito bem. — null falou sem graça, apoiando as mãos nos ombros de null quando chegaram a pista de dança. Eles escolheram ficar um pouco afastados do centro, onde pessoas pulavam e jogavam bebidas um nos outros, mas dessa forma ninguém poderia dizer que eles não estavam aproveitando a festa.
—Então somos dois. — null riu e ela o acompanhou.
Somebody to you do The Vamp começou a tocar e null olhou para null. Ela não era baixa, mas ainda assim precisava levantar o queixo para olhar nos olhos do goleiro. Ele, por sua vez, estava hipnotizado pela garota. Seu olhar atento, as poucas sardas do seu rosto e uma ruga de curiosidade que não saía da sua sobrancelha.
null subiu sua mão direita pelas costas da garota, ficando ansioso a cada toque, aproximando null ainda mais dele. Acariciou a bochecha antes de puxá-la para si, em um beijo lento, ignorando todas as pessoas bêbadas ao redor. null quase gritou um “finalmente” quando sentiu os lábios do garoto nos seus, entrelaçando as mãos nos cabelos claros e se permitindo viver aquela fantasia no meio da festa de Halloween.
— Olha, galera, se vocês quiserem um quarto ainda tem alguns vazios lá em cima. — null escutou a voz de null atrás de si e soltou null assustado, sentindo seu rosto ficar vermelho.
— Oi, null. — A voz dele estava grave, uma mistura da adrenalina do beijo e a irritação com o colega. null o abraçou pela cintura, aconchegando em seus braços e sorrindo de forma travessa para o intruso.
— Quarto? Não sabia que o segundo andar estava aberto.
— É segredo. Apenas para os amigos mais próximos da null. — null piscou para o casal e com a mesma velocidade que chegou, também se afastou. null sabia que null null não ficava sóbrio em festas, mas ele nunca tinha presenciado o amigo em uma festa privada sem ser do time.
De longe, null o viu trocar selinhos com duas meninas e o rapaz de cabelos escuros que tinha chamado ele e null de Jamie e Claire. E então ele viu uma morena se aproximar beijando o amigo com nenhum tipo de pudor.
Tudo aconteceu tão rapidamente que a pergunta “quem é null” ficou presa na sua garganta. null encarou null segurando o riso pela confusão do garoto.
— null é a dona da festa e a garota que seu amigo tá beijando. — null desviou o olhar para o casal que estava do outro lado do salão. — Ou talvez eles estejam mais do que se beijando.
— irc… — null fez uma expressão de nojo, mas então ele viu que a garota em seus braços e ele eram os únicos que ainda estava completamente vestidos. — O que tá acontecendo?
null só percebeu que tinha falado em voz alta quando escutou a gargalhada da garota em seus braços.
— Você nunca veio em uma festa da null, né?
— Eu nem sabia quem era null até três segundos atrás.
null riu e deu um selinho em null, se divertindo com a inocência do garoto. Ela não conhecia null pessoalmente, mas já tinha escutado histórias sobre as aventuras do rapaz. null era amiga de null desde criança, e tinha experimentado tanto quanto a amiga, porém ela também não era muito fã das festas que a morena dava.
Muitas drogas que deixavam a mente confusa, demonstrações de afeto e muita nudez em público para o gosto de null. Mas sempre que null fazia festas temáticas, ela obrigava null a se fantasiar e estar presente, nem que fosse para ficar sozinha no bar tomando todas as cervejas possíveis.
Quando saiu de casa naquele dia, null estava planejando beber um pouco e, antes que a festa chegasse ao ponto da nudez, chamar um uber e ir embora. Mas então ela tinha visto null completamente perdido, entrando sozinho naquela casa como se estivesse de frente a cova dos leões.
Suas roupas escuras e bem alinhadas diziam que ele não fazia ideia do que iria acontecer ali. Ela já tinha sido ele em outras ocasiões, resolveu então que não deixaria o garoto com sorriso doce e olhar inocente ser traumatizado com cenas que ele não estava preparado para ver.
— Vem. — null segurou a mão de null e arrastou ele para fora da sala, subindo as escadas e os trancando em um dos quartos vazios.
Assim que fechou a porta o barulho vindo do primeiro andar diminuiu. A casa rústica tinha um bom isolamento acústico, um dos pontos que null com certeza tinha pensado antes de alugar o local para o fim de semana.
Felizmente, o quarto que null tinha escolhido parecia não ter dono. A cama estava arrumada e não tinha nenhuma mochila ou bolsa no chão. null foi até a janela e abriu o vidro, deixando o ar gelado da noite entrar.
— Eu amo esse cheiro. — Ele falou mais para si mesmo do que tudo, mas null aproximou o abraçando novamente. Ele não costumava gostar de garotas que o tocava constantemente, mas null parecia diferente. Ele se sentia confortável ao lado dela.
— Único lado bom das festas da null é que são sempre em lugares lindos. Eu amo o quão calmo a floresta aparenta ser. O cheiro, o barulho das aves logo pela manhã, as sombras que nos aquecem e refrescam ao mesmo tempo. É mágico.
null olhava para null enquanto ela divagava sobre a paisagem a sua frente. E, pela primeira vez na noite, ele tomou consciência do quão linda ela era. Os cabelos vermelhos na penumbra pareciam mais escuros, seu nariz arrebitado fazia com seu perfil fosse sexy. Os lábios naturalmente avermelhados eram delicados demais para o gosto que tinham. E, sem pensar, null a puxou mais uma vez para ele, colando seus lábios em um beijo urgente, o calor contrastando a temperatura que vinha da janela.
Ele a girou encostando-a na parede. Suas mãos explorando o corpo dela enquanto as dela deslizavam pela barra da sua calça. null sabia o que estava acontecendo, mas talvez pela aura da festa ele se sentia lento. Tudo parecia mais intenso, os mínimos movimentos o fazia arrepiar.
null abriu o botão da calça escura que o goleiro usava, inebriada pelos beijos e os toques. As mãos firmes que levantava o seu suéter deixando sua pele exposta.
— O frio. — null gemeu.
— Aham. — null a soltou apenas para fechar a janela.
O quarto, que antes tinha a luz da lua como iluminação, ficou completamente escuro. null quis ir até o interruptor, mas o goleiro a puxou de volta para seus braços. Sem perder tempo, null voltou para onde estava e tirou o suéter da garota, deixando-o no chão junto com a capa da sua fantasia.
— Do que você estava fantasiado mesmo? — null perguntou enquanto abria os botões da camisa preta dele exibindo o peitoral de atleta. Ela se perguntou se seria estranho lamber cada pedacinho daquele abdômen definido.
— Não faço ideia. Catei uma roupa escura e uma capa do Batman que tinha em casa e vim.
— Então você tava fantasiado de Bruce Wayne? — null olhou para os olhos azuis do garoto tentando não rir da própria piada.
— Haha. Muito engraçado, Ginny Weasley.
— Mas se você estava com a capa do Batman mas sem a máscara era claro…
null não a deixou terminar a frase, a beijando novamente e os levando para cama. null não ousou falar novamente, envolvida em cada sensação que a pele nua do garoto provocava na dela. Cada toque, cada beijo, cada carícia.
null estava de olhos fechados, sentindo os lábios do garoto explorarem seu corpo e, mesmo que ela estivesse ansiosa, não se preparou para o momento em que a língua de null encontrou o ponto sensível entre suas pernas. Ela não conteve um gemido e levou a mão até os cabelos do garoto em uma tentativa inútil de controlar os movimentos.
— Não para. — Gemeu incentivando que null somasse os dedos à equação, aumentando a velocidade sentindo que null estava quase chegando ao clímax. Ele olhou para ela no momento em que sentiu o gozo em sua boca, tirando os dedos de dentro dela e diminuindo devagar as lambidas.
null se sentia mole, mas o orgasmo tinha deixando um desejo de quero mais. Ela puxou null para si, beijando-o e entrelaçando suas pernas no quadril dele, não perdendo a oportunidade de apertar a bunda definida e arrancar um gemido dele.
— Você tem camisinha? — Ela perguntou, se lembrando que tinha deixado a bolsa no armário de casacos quando chegou.
— Tenho. — Ele deu mais um beijo nela antes de se levantar, sentindo o pau duro ansioso para foder a garota.
null ficou observando o rapaz andar nu pelo quarto, se questionando o que ele fazia para ter um corpo tão definido. Então ela lembrou que o namorado de null jogava hockey e se sentiu idiota de não ter perguntado para ele até agora o que ele fazia da vida.
— Você joga hockey, né? — Ela apoiou os cotovelos na cama, erguendo o corpo para olhá-lo melhor.
— Aham. Sou goleiro.
— Agora estou curiosa para saber se é verdade o que falam de goleiros de hockey. — null tinha um sorriso travesso nos lábios, o olhar ferino encarando null.
— É? O quê?
Já com a camisinha no lugar ele voltou seu olhar para null. Por um segundo ele parou, apenas olhando a garota nua na cama. Como ele queria que estivessem no seu apartamento, na sua cama, e não em uma cama empoeirada em uma festa de Halloween.
Então null se lembrou dos colegas dizendo que ele nunca se divertia, que ele pensava demais com a cabeça de cima e que não tinha nada de errado em escutar o pau de vez em quando. E, quando null respondeu a sua pergunta, a adrenalina tomou conta de todo o seu corpo em um desejo tão intenso que ele nunca tinha sentido antes.
— Dizem que goleiros comem quieto, mas é quem fode mais gostoso.
null voltou para cama e beijou null de novo, mas antes que a menina pudesse respirar, ele a virou de costas, levantando o quadril da garota e colando seu corpo no dela.
— Outros goleiros eu não sei, mas te prometo que você não vai esquecer de mim amanhã. — Ele sussurrou no ouvido dela antes de meter de uma vez, sentindo seu pau entrar sem nenhum empecilho. null estava ainda mais molhada do que antes e ele segurou a cintura dela com força, fazendo movimentos de vai e vem cada vez mais rápidos.
null tentava segurar os gemidos, mas a vontade era de gritar e deixar a festa inteira descobrir o quanto null era gostoso. Não demorou para ela gozar de novo, e, se surpreendendo com o próprio corpo, gozou mais uma vez quando ele chegou ao clímax alguns minutos depois.
null desabou na cama ao lado dela, ambos respirando com dificuldade. null, deitada de bruços, não queria mexer. Todas as sensações intensas provocadas pelo goleiro ainda estavam presentes no seu corpo, e ela tinha certeza que acordaria com alguns roxos intencionais no dia seguinte.
— Então? — Ele virou o rosto para ela, encarando as bochechas avermelhadas e os lábios entreabertos.
— O quê?
— O boato era verdade?
null riu, levantando seu corpo apenas para deixar sobre ele, levando seus olhos para os dele enquanto tentava absorver cada detalhe daquela noite. Ela não era fã de ficar agarradinho depois do sexo, mas os olhos azuis inocentes daquele garoto a chamava e tudo que ela pôde fazer foi se permitir.
— Eu nunca transei com outros jogadores de hockey, mas te dou certeza que esse goleiro sabe foder muito bem. — Ela sorriu e ele lhe roubou um beijo, lentamente saboreando cada momento ao lado dela.
Eles ficaram deitados conversando sobre o nada enquanto mãos bobas acariciavam o corpo um do outro. null quis saber porque ela ia aquelas festas se ela não gostava, e null quis entender como era a vida corrida do garoto.
Após algum tempo, quando se beijavam novamente, eles escutaram a música sendo desligada. null pensou que deveria ir embora, mas ele não estava nem um pouco afim de levantar daquela cama e encarar a vida real. Então ele disse as únicas duas palavras que fariam null ficar:
— Segundo round?
…
Novembro começou com uma rotina intensa de jogos. Logo após o Halloween, null viajou com o time por dez dias, focado em vencer, somando a maior quantidade de pontos possíveis no início da temporada.
Quando enfim voltou para casa, null o aguardava no seu apartamento, como sempre mexendo na geladeira e tirando tudo do lugar.
— Opa! Como foram os jogos?
— Normal. Gelo, briga, Puck acertando a testa de alguém. — null não tentou esconder que estava irritado com o amigo invadindo seu espaço. Tudo que ele queria era um banho, esquentar algo para comer e dormir até o dia seguinte, mesmo que ainda fosse cinco da tarde. — O que você ta fazendo aqui, null?
— Depois da festa você sumiu e não tive tempo de te perguntar o que aconteceu. Você simplesmente falou para eu ir embora sem você e tudo bem que só vi a mensagem no outro dia à tarde, mas ninguém te viu na festa também. Você se assustou?
null riu e resolveu buscar uma água na geladeira antes de responder as perguntas. Ele tinha se assustado? Sim. Mas null o tinha tirado do salão antes que algo que de fato o chocasse acontecesse. E então ele tinha tido a melhor noite de Halloween possível.
Ele olhou para null ponderando se deveria ser sincero, mas percebeu que ele não tinha feito nada de errado e não precisava se esconder.
— Olha, confesso que me assustei no início. Definitivamente não é meu tipo de festa e tinha uns caras muito estranhos. Mas então eu conheci a null e a noite ficou mais interessante. — null sorriu antes de dar um gole na sua garrafa.
— Você transou? — null arregalou os olhos, sem acreditar no que estava ouvindo. — Não acredito!
— Pois possa acreditar. E que garota, cara! Parecia que ela tinha saído dos meus sonhos, sabe? Linda, humor afiado, e putz, que noite!
— Ai sim, ein, null! — Os dois garotos se sentaram à mesa, abrindo um pote de amendoim que null tinha esquecido mais cedo. — Mas quem é ela? Você conheceu na festa?
— null, você me viu com ela. Ruiva, que estava vestindo um suéter da Grifinória. Foi você quem falou para procurarmos um quarto.
— Eu não falei nada disso não. Até porque a null não deixou ninguém ir para o segundo andar da casa. Aparentemente os corredores eram mal assombrados.
— Falou sim! Você disse que a null deixou os amigos próximos subirem e que a gente poderia escolher um quarto.
null se levantou, olhando para null assustado.
— Você tem certeza que não era o fantasma da festa?
— null estava muito bem viva quando fiquei com ela.
null começou a ficar assustado. null tinha dito que conhecia null, então porque ele parecia tão perdido nessa história?
Em alguns segundos a noite toda passou pela sua mente, tentava identificar alguma coisa que poderia não ser sido real. Mas cada toque, cada beijo, a risada dela ecoando pelo quarto, tudo isso era verdadeiro. null não poderia estar falando sério.
— null, pergunta para a null. O nome dela é null e ela disse que a amiga sempre chama ela de Ginny Weasley por causa do cabelo. — null continuou encarando null com uma expressão vazia e o goleiro começou a ficar preocupado. Tinha tanta droga naquela festa que um dos dois poderia ter delirado, mas null não tinha bebido tanto assim e muito menos procurado qualquer substância ilícita. null era real, mesmo que ela tivesse ido embora na manhã seguinte sem deixar recado e muito menos seu telefone.
null tinha aceitado que era apenas uma coisa de uma noite só. Apenas a noite de Halloween. Uma noite que o pegou de surpresa, por uma garota que transformou o que deveria ser a pior festa em uma das melhores noites da sua vida.
null começou a rir, gargalhando da expressão assustada do amigo. Ele sabia que null era inocente o suficiente para cair na piada que null tinha dado ideia.
— Zoar com você é tão fácil. — null falou enquanto secava as lágrimas que tinham saído pelo riso. — null me falou sobre a null e vim aqui a pedido dela para lhe entregar isso. null não mora em Philly, mas ela deixou seu telefone e endereço. Se eu fosse você, não demorava a ligar. Ela não é o tipo de garota que espera.
null foi embora deixando null sozinho encarando o envelope branco. Ele abriu a curta carta tentando acalmar o coração do susto que null tinha dado.
null era real. null tinha gostado da noite tanto quanto ele e seu número escrito em uma caligrafia inclinada era prova que tudo tinha sido real.
null não esperou para pegar o telefone e discar o número. Se a carta estava certa, null morava em Nova York. Não era tão longe assim e em breve ele iria para a cidade jogar contra os dois times nova-iorquinos e não iria se importar em ter alguém na torcida por ele.
— Oi. — Ele falou assim que ela atendeu.
— Oi, goleiro! Finalmente null te entregou meu número, né? — Pelo barulho em volta a garota caminhava pelas ruas movimentadas da metrópole. null se imaginou ao lado dela, tomando um café, olhando vitrines com artigos de luxo que mesmo que ele pudesse comprar, se sentia gastando dinheiro fora.
— Eu tava fora da cidade. Tivemos uma roadtrip pelo Oeste.
— E como foram os jogos?
— Ganhamos a maioria.
— Ae! — null riu do outro lado do telefone, feliz pela conquista do garoto. — Então, eu não sei quando retorno a Philly ou se você vem para Nova York em breve, mas eu adoraria repetir a noite.
null tinha atitude e não tinha medo de dizer o que queria. null sorriu ao perceber que ela era o oposto dele e, talvez, fosse exatamente isso que ele precisasse.
— No final do mês devo ficar três dias em Nova York para jogos. O que acha da gente se encontrar?
null gostava muito de quem ele era para ficar animado com esse tipo de fantasia. Mas seu colega de time, null null, era do tipo que gostava desse tipo de festa. Especialmente quando o convite vinha da sua nova namorada misteriosa que ninguém no vestiário do Philadelphia Flyers conhecia ainda. null tinha certeza que ele não tinha sido a primeira escolha do colega, porém era o único que tinha o sábado livre.
null sabia que seu amigo o abandonaria assim que chegassem na festa. null ia encontrar a garota que ele conhecera a alguns dias e tudo que null sabia era que eles estavam saindo e o amigo estava de quatro por ela. Mas, apesar da curiosidade, null não pretendia descobrir naquela noite quem era a garota, mas estava feliz que null confiava nele o suficiente por ter lhe convidado para a festa.
— Você tem certeza do endereço? — O motorista do uber estranhou os dois rapazes com o destino localizado fora da área urbana de Philly. Por sorte, ele não fazia ideia de quem null null ou null null eram.
As duas estrelas em ascensão do time de hockey da cidade estavam aproveitando a folga de três dias para descansar e curtir as festas. Na noite anterior tinha sido a tradicional festa de Halloween na casa do capitão do time e esse era um dos motivos que null não queria sair naquele dia. Estava cansado e ficaria muito mais feliz na sua cama com o único date possível: a Netflix.
— Sim. É uma festa de Halloween. O local foi escolhido justamente pela distância. — null respondeu o motorista enquanto digitava algo no seu celular. null esperava que ele estivesse buscando um mapa e não que fosse uma mensagem safada da tal garota misteriosa.
— Quem é o dono da casa, mesmo? — null batia o pé no chão impaciente com as curvas da estrada enquanto o sol se punha atrás das árvores.
— Ela não me disse. Apenas me mandou o convite dizendo que seria uma festa exclusiva.
A cada minuto que passava null se arrependia da decisão de ter saído de casa. null não tinha falado nem o nome daquela garota e null não se importava nem um pouco. Naquele momento, tudo que ele poderia fazer era observar as folhas das árvores e desejar que não estivessem indo para o meio de alguma cerimônia satânica ou algo do gênero. Era Halloween afinal de contas, a noite do ano na qual todos os espíritos estavam soltos para transitar no mundo real. Se você acreditasse nisso, claro.
Ele riu enquanto segurava a capa da sua fantasia improvisada e lembrava da famosa fala dos Incríveis, um dos seus filmes favoritos de infância: “Nada de capas!”. Bem, se algo desse errado, a culpa era todinha do null.
— Chegamos. — null falou e quase não esperou o carro estacionar para abrir a porta, deixando null para trás para agradecer o motorista e ir sozinho até a casa.
O goleiro parou na varanda, se sentindo estranho pela névoa que tomava conta no quintal. O lugar parecia vazio, mas null sabia que era apenas como deveria ser. Ele escutou uma musica de Halloween vindo do interior da casa e tomou coragem de ir até a porta. Todas as paredes tinham algum tipo de decoração: lençóis brancos, uma aranha preta e grande, abóboras com as mais diversas artes. Tudo aquilo fez o garoto se questionar mais uma vez o que estava fazendo ali.
O lugar não estava lotado, mas também não estava vazio. Pessoas vestidas com a maior variedade de fantasias possíveis e ele poderia jurar que viu uma garota vestindo nada além de um biquíni. Com o frio que fazia do lado de fora, aquele visual nem sequer poderia ser considerado uma fantasia.
null começou a andar pelo salão, mas não conseguia esconder a expressão de má vontade no seu rosto. A música estava alta demais para seu gosto e uma garota vestida de coelho quase derrubou bebida no seu sapato de couro. Ele não era o tipo vaidoso, mas prezava por algumas peças de roupa, dentre elas esse sapato.
— Você poderia se esforçar, sabe? — ele escutou uma voz o chamar assim que se aproximou do bar.
— O que? — uma garota de cabelos ruivos falou, tirando null do seu devaneio e o fazendo questionar se ela de fato estava conversando com ele.
— Você não se mistura. — A garota levantou uma sobrancelha, o desafiando a dizer algo do porque ele estava parado no meio do salão sozinho.
— Eu não gosto muito da Halloween. — null deu de ombros e percebeu tarde demais que tinha sido a coisa errada a se dizer. — A namorada do meu amigo o convidou mas ele não queria vir sozinho. Honestamente, não sei porquê.
null olhou para os próprios pés e odiou não ter ido para o bar assim que chegou, se sentindo estranho sem uma bebida na mão. A garota o encarava, analisando cada pequeno movimento que ele fazia e, vendo seu desconforto, acenou para o bartender trazer uma cerveja para o garoto.
— Obrigado. — null batia os dedos no balcão, inquieto.
— Por nada. — A garota levou a própria bebida aos lábios desviando o olhar dele.
E foi só então que null se permitiu prestar atenção na menina. O cabelo ruivo e liso batia no meio das costas, e sua fantasia era discreta. Uma calça preta, uma bota e um suéter que ele reconheceu o brasão.
— Grifinória, é? — ele apontou com a cerveja que tinha acabado de chegar para a garota.
— Não é a melhor casa mas quando se tem o cabelo dessa cor — ela segurou uma mecha — todo mundo fica te chamando de Weasley até sua melhor amiga resolver dar uma festa de Halloween e te obrigar a se vestir de Ginny Weasley.
— Confesso que sempre tive uma crush na Ginny. — null não fazia ideia de onde tinha vindo aquele comentário, mas quando se escutou já era tarde. Por sorte a garota apenas riu e se aproximou.
— Então você é grifinório?
— Jamais! Desde criança meu uniforme de Hogwarts é verde e prata.
— Boa, garoto! Por um segundo achei que fosse ficar decepcionada. — A menina esticou sua cerveja para brindar com ele.
— null. — Ele estendeu a mão que foi logo aceita pela ruiva.
— null.
A conversa esfriou e tanto null quanto null terminaram de tomar a cerveja em silêncio. Ele nunca foi bom em puxar conversas, e sempre que estava afim de uma garota, os olhos azuis e o sorriso doce eram o suficiente para ela não perder o interesse. Muitas vezes as garotas conversavam tanto que deixava o garoto irritado. Mas null não parecia deixar se afetar por ele e, se de um lado isso agradava null, por outro ele não sabia o que fazer.
Por sorte, ele foi salvo quando um rapaz de cabelos longos escuros pulou em cima dos dois.
— Por quê vocês estão sentados aqui? — O homem estava visivelmente embriagado, usando um colete por cima do peito nu e cheirando a álcool e suor. — A festa tá acontecendo ali, vocês não podem ficar aqui.
null franziu o nariz e null percebendo seu desconforto, tentou afastar o homem.
— A gente já vai, amigo.
— Ah, vamos lá, Jamie. — Ele soltou null mas começou a falar muito próximo do rosto de null. — Você se chama Jamie, né? Ah foda-se. Hoje você é Jamie e ela é Claire. Bartender! Me traz uma vodca, por favor. Vocês não gostam de Halloween? Melhor noite do ano! Tinha uma menina fazendo topless na pista de dança. No meio do outono! Cara, eu amo Halloween.
O rapaz pegou sua bebida e se afastou, já indo conversar com outras pessoas que também estavam na área menos abarrotada da festa.
— Então, Claire, deveríamos ir para pista de dança? — null ergueu uma sobrancelha, rindo.
— Vamos, Jamie.
null se levantou e estendeu a mão para null, que aceitou após terminar a sua bebida e deixar a garrafa no balcão.
— Eu preciso avisar que não danço muito bem. — null falou sem graça, apoiando as mãos nos ombros de null quando chegaram a pista de dança. Eles escolheram ficar um pouco afastados do centro, onde pessoas pulavam e jogavam bebidas um nos outros, mas dessa forma ninguém poderia dizer que eles não estavam aproveitando a festa.
—Então somos dois. — null riu e ela o acompanhou.
Somebody to you do The Vamp começou a tocar e null olhou para null. Ela não era baixa, mas ainda assim precisava levantar o queixo para olhar nos olhos do goleiro. Ele, por sua vez, estava hipnotizado pela garota. Seu olhar atento, as poucas sardas do seu rosto e uma ruga de curiosidade que não saía da sua sobrancelha.
null subiu sua mão direita pelas costas da garota, ficando ansioso a cada toque, aproximando null ainda mais dele. Acariciou a bochecha antes de puxá-la para si, em um beijo lento, ignorando todas as pessoas bêbadas ao redor. null quase gritou um “finalmente” quando sentiu os lábios do garoto nos seus, entrelaçando as mãos nos cabelos claros e se permitindo viver aquela fantasia no meio da festa de Halloween.
— Olha, galera, se vocês quiserem um quarto ainda tem alguns vazios lá em cima. — null escutou a voz de null atrás de si e soltou null assustado, sentindo seu rosto ficar vermelho.
— Oi, null. — A voz dele estava grave, uma mistura da adrenalina do beijo e a irritação com o colega. null o abraçou pela cintura, aconchegando em seus braços e sorrindo de forma travessa para o intruso.
— Quarto? Não sabia que o segundo andar estava aberto.
— É segredo. Apenas para os amigos mais próximos da null. — null piscou para o casal e com a mesma velocidade que chegou, também se afastou. null sabia que null null não ficava sóbrio em festas, mas ele nunca tinha presenciado o amigo em uma festa privada sem ser do time.
De longe, null o viu trocar selinhos com duas meninas e o rapaz de cabelos escuros que tinha chamado ele e null de Jamie e Claire. E então ele viu uma morena se aproximar beijando o amigo com nenhum tipo de pudor.
Tudo aconteceu tão rapidamente que a pergunta “quem é null” ficou presa na sua garganta. null encarou null segurando o riso pela confusão do garoto.
— null é a dona da festa e a garota que seu amigo tá beijando. — null desviou o olhar para o casal que estava do outro lado do salão. — Ou talvez eles estejam mais do que se beijando.
— irc… — null fez uma expressão de nojo, mas então ele viu que a garota em seus braços e ele eram os únicos que ainda estava completamente vestidos. — O que tá acontecendo?
null só percebeu que tinha falado em voz alta quando escutou a gargalhada da garota em seus braços.
— Você nunca veio em uma festa da null, né?
— Eu nem sabia quem era null até três segundos atrás.
null riu e deu um selinho em null, se divertindo com a inocência do garoto. Ela não conhecia null pessoalmente, mas já tinha escutado histórias sobre as aventuras do rapaz. null era amiga de null desde criança, e tinha experimentado tanto quanto a amiga, porém ela também não era muito fã das festas que a morena dava.
Muitas drogas que deixavam a mente confusa, demonstrações de afeto e muita nudez em público para o gosto de null. Mas sempre que null fazia festas temáticas, ela obrigava null a se fantasiar e estar presente, nem que fosse para ficar sozinha no bar tomando todas as cervejas possíveis.
Quando saiu de casa naquele dia, null estava planejando beber um pouco e, antes que a festa chegasse ao ponto da nudez, chamar um uber e ir embora. Mas então ela tinha visto null completamente perdido, entrando sozinho naquela casa como se estivesse de frente a cova dos leões.
Suas roupas escuras e bem alinhadas diziam que ele não fazia ideia do que iria acontecer ali. Ela já tinha sido ele em outras ocasiões, resolveu então que não deixaria o garoto com sorriso doce e olhar inocente ser traumatizado com cenas que ele não estava preparado para ver.
— Vem. — null segurou a mão de null e arrastou ele para fora da sala, subindo as escadas e os trancando em um dos quartos vazios.
Assim que fechou a porta o barulho vindo do primeiro andar diminuiu. A casa rústica tinha um bom isolamento acústico, um dos pontos que null com certeza tinha pensado antes de alugar o local para o fim de semana.
Felizmente, o quarto que null tinha escolhido parecia não ter dono. A cama estava arrumada e não tinha nenhuma mochila ou bolsa no chão. null foi até a janela e abriu o vidro, deixando o ar gelado da noite entrar.
— Eu amo esse cheiro. — Ele falou mais para si mesmo do que tudo, mas null aproximou o abraçando novamente. Ele não costumava gostar de garotas que o tocava constantemente, mas null parecia diferente. Ele se sentia confortável ao lado dela.
— Único lado bom das festas da null é que são sempre em lugares lindos. Eu amo o quão calmo a floresta aparenta ser. O cheiro, o barulho das aves logo pela manhã, as sombras que nos aquecem e refrescam ao mesmo tempo. É mágico.
null olhava para null enquanto ela divagava sobre a paisagem a sua frente. E, pela primeira vez na noite, ele tomou consciência do quão linda ela era. Os cabelos vermelhos na penumbra pareciam mais escuros, seu nariz arrebitado fazia com seu perfil fosse sexy. Os lábios naturalmente avermelhados eram delicados demais para o gosto que tinham. E, sem pensar, null a puxou mais uma vez para ele, colando seus lábios em um beijo urgente, o calor contrastando a temperatura que vinha da janela.
Ele a girou encostando-a na parede. Suas mãos explorando o corpo dela enquanto as dela deslizavam pela barra da sua calça. null sabia o que estava acontecendo, mas talvez pela aura da festa ele se sentia lento. Tudo parecia mais intenso, os mínimos movimentos o fazia arrepiar.
null abriu o botão da calça escura que o goleiro usava, inebriada pelos beijos e os toques. As mãos firmes que levantava o seu suéter deixando sua pele exposta.
— O frio. — null gemeu.
— Aham. — null a soltou apenas para fechar a janela.
O quarto, que antes tinha a luz da lua como iluminação, ficou completamente escuro. null quis ir até o interruptor, mas o goleiro a puxou de volta para seus braços. Sem perder tempo, null voltou para onde estava e tirou o suéter da garota, deixando-o no chão junto com a capa da sua fantasia.
— Do que você estava fantasiado mesmo? — null perguntou enquanto abria os botões da camisa preta dele exibindo o peitoral de atleta. Ela se perguntou se seria estranho lamber cada pedacinho daquele abdômen definido.
— Não faço ideia. Catei uma roupa escura e uma capa do Batman que tinha em casa e vim.
— Então você tava fantasiado de Bruce Wayne? — null olhou para os olhos azuis do garoto tentando não rir da própria piada.
— Haha. Muito engraçado, Ginny Weasley.
— Mas se você estava com a capa do Batman mas sem a máscara era claro…
null não a deixou terminar a frase, a beijando novamente e os levando para cama. null não ousou falar novamente, envolvida em cada sensação que a pele nua do garoto provocava na dela. Cada toque, cada beijo, cada carícia.
null estava de olhos fechados, sentindo os lábios do garoto explorarem seu corpo e, mesmo que ela estivesse ansiosa, não se preparou para o momento em que a língua de null encontrou o ponto sensível entre suas pernas. Ela não conteve um gemido e levou a mão até os cabelos do garoto em uma tentativa inútil de controlar os movimentos.
— Não para. — Gemeu incentivando que null somasse os dedos à equação, aumentando a velocidade sentindo que null estava quase chegando ao clímax. Ele olhou para ela no momento em que sentiu o gozo em sua boca, tirando os dedos de dentro dela e diminuindo devagar as lambidas.
null se sentia mole, mas o orgasmo tinha deixando um desejo de quero mais. Ela puxou null para si, beijando-o e entrelaçando suas pernas no quadril dele, não perdendo a oportunidade de apertar a bunda definida e arrancar um gemido dele.
— Você tem camisinha? — Ela perguntou, se lembrando que tinha deixado a bolsa no armário de casacos quando chegou.
— Tenho. — Ele deu mais um beijo nela antes de se levantar, sentindo o pau duro ansioso para foder a garota.
null ficou observando o rapaz andar nu pelo quarto, se questionando o que ele fazia para ter um corpo tão definido. Então ela lembrou que o namorado de null jogava hockey e se sentiu idiota de não ter perguntado para ele até agora o que ele fazia da vida.
— Você joga hockey, né? — Ela apoiou os cotovelos na cama, erguendo o corpo para olhá-lo melhor.
— Aham. Sou goleiro.
— Agora estou curiosa para saber se é verdade o que falam de goleiros de hockey. — null tinha um sorriso travesso nos lábios, o olhar ferino encarando null.
— É? O quê?
Já com a camisinha no lugar ele voltou seu olhar para null. Por um segundo ele parou, apenas olhando a garota nua na cama. Como ele queria que estivessem no seu apartamento, na sua cama, e não em uma cama empoeirada em uma festa de Halloween.
Então null se lembrou dos colegas dizendo que ele nunca se divertia, que ele pensava demais com a cabeça de cima e que não tinha nada de errado em escutar o pau de vez em quando. E, quando null respondeu a sua pergunta, a adrenalina tomou conta de todo o seu corpo em um desejo tão intenso que ele nunca tinha sentido antes.
— Dizem que goleiros comem quieto, mas é quem fode mais gostoso.
null voltou para cama e beijou null de novo, mas antes que a menina pudesse respirar, ele a virou de costas, levantando o quadril da garota e colando seu corpo no dela.
— Outros goleiros eu não sei, mas te prometo que você não vai esquecer de mim amanhã. — Ele sussurrou no ouvido dela antes de meter de uma vez, sentindo seu pau entrar sem nenhum empecilho. null estava ainda mais molhada do que antes e ele segurou a cintura dela com força, fazendo movimentos de vai e vem cada vez mais rápidos.
null tentava segurar os gemidos, mas a vontade era de gritar e deixar a festa inteira descobrir o quanto null era gostoso. Não demorou para ela gozar de novo, e, se surpreendendo com o próprio corpo, gozou mais uma vez quando ele chegou ao clímax alguns minutos depois.
null desabou na cama ao lado dela, ambos respirando com dificuldade. null, deitada de bruços, não queria mexer. Todas as sensações intensas provocadas pelo goleiro ainda estavam presentes no seu corpo, e ela tinha certeza que acordaria com alguns roxos intencionais no dia seguinte.
— Então? — Ele virou o rosto para ela, encarando as bochechas avermelhadas e os lábios entreabertos.
— O quê?
— O boato era verdade?
null riu, levantando seu corpo apenas para deixar sobre ele, levando seus olhos para os dele enquanto tentava absorver cada detalhe daquela noite. Ela não era fã de ficar agarradinho depois do sexo, mas os olhos azuis inocentes daquele garoto a chamava e tudo que ela pôde fazer foi se permitir.
— Eu nunca transei com outros jogadores de hockey, mas te dou certeza que esse goleiro sabe foder muito bem. — Ela sorriu e ele lhe roubou um beijo, lentamente saboreando cada momento ao lado dela.
Eles ficaram deitados conversando sobre o nada enquanto mãos bobas acariciavam o corpo um do outro. null quis saber porque ela ia aquelas festas se ela não gostava, e null quis entender como era a vida corrida do garoto.
Após algum tempo, quando se beijavam novamente, eles escutaram a música sendo desligada. null pensou que deveria ir embora, mas ele não estava nem um pouco afim de levantar daquela cama e encarar a vida real. Então ele disse as únicas duas palavras que fariam null ficar:
— Segundo round?
Novembro começou com uma rotina intensa de jogos. Logo após o Halloween, null viajou com o time por dez dias, focado em vencer, somando a maior quantidade de pontos possíveis no início da temporada.
Quando enfim voltou para casa, null o aguardava no seu apartamento, como sempre mexendo na geladeira e tirando tudo do lugar.
— Opa! Como foram os jogos?
— Normal. Gelo, briga, Puck acertando a testa de alguém. — null não tentou esconder que estava irritado com o amigo invadindo seu espaço. Tudo que ele queria era um banho, esquentar algo para comer e dormir até o dia seguinte, mesmo que ainda fosse cinco da tarde. — O que você ta fazendo aqui, null?
— Depois da festa você sumiu e não tive tempo de te perguntar o que aconteceu. Você simplesmente falou para eu ir embora sem você e tudo bem que só vi a mensagem no outro dia à tarde, mas ninguém te viu na festa também. Você se assustou?
null riu e resolveu buscar uma água na geladeira antes de responder as perguntas. Ele tinha se assustado? Sim. Mas null o tinha tirado do salão antes que algo que de fato o chocasse acontecesse. E então ele tinha tido a melhor noite de Halloween possível.
Ele olhou para null ponderando se deveria ser sincero, mas percebeu que ele não tinha feito nada de errado e não precisava se esconder.
— Olha, confesso que me assustei no início. Definitivamente não é meu tipo de festa e tinha uns caras muito estranhos. Mas então eu conheci a null e a noite ficou mais interessante. — null sorriu antes de dar um gole na sua garrafa.
— Você transou? — null arregalou os olhos, sem acreditar no que estava ouvindo. — Não acredito!
— Pois possa acreditar. E que garota, cara! Parecia que ela tinha saído dos meus sonhos, sabe? Linda, humor afiado, e putz, que noite!
— Ai sim, ein, null! — Os dois garotos se sentaram à mesa, abrindo um pote de amendoim que null tinha esquecido mais cedo. — Mas quem é ela? Você conheceu na festa?
— null, você me viu com ela. Ruiva, que estava vestindo um suéter da Grifinória. Foi você quem falou para procurarmos um quarto.
— Eu não falei nada disso não. Até porque a null não deixou ninguém ir para o segundo andar da casa. Aparentemente os corredores eram mal assombrados.
— Falou sim! Você disse que a null deixou os amigos próximos subirem e que a gente poderia escolher um quarto.
null se levantou, olhando para null assustado.
— Você tem certeza que não era o fantasma da festa?
— null estava muito bem viva quando fiquei com ela.
null começou a ficar assustado. null tinha dito que conhecia null, então porque ele parecia tão perdido nessa história?
Em alguns segundos a noite toda passou pela sua mente, tentava identificar alguma coisa que poderia não ser sido real. Mas cada toque, cada beijo, a risada dela ecoando pelo quarto, tudo isso era verdadeiro. null não poderia estar falando sério.
— null, pergunta para a null. O nome dela é null e ela disse que a amiga sempre chama ela de Ginny Weasley por causa do cabelo. — null continuou encarando null com uma expressão vazia e o goleiro começou a ficar preocupado. Tinha tanta droga naquela festa que um dos dois poderia ter delirado, mas null não tinha bebido tanto assim e muito menos procurado qualquer substância ilícita. null era real, mesmo que ela tivesse ido embora na manhã seguinte sem deixar recado e muito menos seu telefone.
null tinha aceitado que era apenas uma coisa de uma noite só. Apenas a noite de Halloween. Uma noite que o pegou de surpresa, por uma garota que transformou o que deveria ser a pior festa em uma das melhores noites da sua vida.
null começou a rir, gargalhando da expressão assustada do amigo. Ele sabia que null era inocente o suficiente para cair na piada que null tinha dado ideia.
— Zoar com você é tão fácil. — null falou enquanto secava as lágrimas que tinham saído pelo riso. — null me falou sobre a null e vim aqui a pedido dela para lhe entregar isso. null não mora em Philly, mas ela deixou seu telefone e endereço. Se eu fosse você, não demorava a ligar. Ela não é o tipo de garota que espera.
null foi embora deixando null sozinho encarando o envelope branco. Ele abriu a curta carta tentando acalmar o coração do susto que null tinha dado.
null era real. null tinha gostado da noite tanto quanto ele e seu número escrito em uma caligrafia inclinada era prova que tudo tinha sido real.
null não esperou para pegar o telefone e discar o número. Se a carta estava certa, null morava em Nova York. Não era tão longe assim e em breve ele iria para a cidade jogar contra os dois times nova-iorquinos e não iria se importar em ter alguém na torcida por ele.
— Oi. — Ele falou assim que ela atendeu.
— Oi, goleiro! Finalmente null te entregou meu número, né? — Pelo barulho em volta a garota caminhava pelas ruas movimentadas da metrópole. null se imaginou ao lado dela, tomando um café, olhando vitrines com artigos de luxo que mesmo que ele pudesse comprar, se sentia gastando dinheiro fora.
— Eu tava fora da cidade. Tivemos uma roadtrip pelo Oeste.
— E como foram os jogos?
— Ganhamos a maioria.
— Ae! — null riu do outro lado do telefone, feliz pela conquista do garoto. — Então, eu não sei quando retorno a Philly ou se você vem para Nova York em breve, mas eu adoraria repetir a noite.
null tinha atitude e não tinha medo de dizer o que queria. null sorriu ao perceber que ela era o oposto dele e, talvez, fosse exatamente isso que ele precisasse.
— No final do mês devo ficar três dias em Nova York para jogos. O que acha da gente se encontrar?
Fim!
Nota da autora:Comecei a escrever este conto um ano atrás e tenho certeza que ele era tudo menos o que se tornou. Essa é a primeira história que eu escrevo com o objetivo de ser uma restrita, assim como a cena mais explícita que já escrevi. Estou aprendendo ainda rsrs Escrever uma história com jogador de hockey depois de tanto tempo foi um desafio. Apesar de amar o esporte, hoje tenho uma relação tão profissional com ele que criar um personagem inspirado em um jogador real pode ser complexo. Porém, eu fiquei muito feliz com o resultado e espero que vocês também tenham gostado. Para quem gosta do esporte, tenho outras shorts com outros jogadores e deixarei o link abaixo. Convido vocês a me seguir nas redes sociais (@jbrennelly) para ficar por dentro de novidades e atualizações. Beijos!

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Back to Nashville
11. Human
10. One of Those Girls
03. Numb Without you
Fics em andamento:
Perfeita Simetria
Illicit Affairs
Malfeito Refeito
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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