Twenty Days of Summer

Última atualização: 07/12/2019

Capítulo 1

— Quantos biquínis você acha que eu devo levar? - Perguntei a ! Imagina só: duas amigas lindas e gostosas e solteiras no Hawaii. - ela diz.
— Com exceção de que você não tá solteira, né, sua louca! - Falo, rindo. - E eu te chamei para ir 0800, mas você não quis.
, ainda ia ter os gastos lá, né. Com o casamento se aproximando, posso gastar nada. Sem falar que o Matheus ia me matar se eu fosse para o Hawaii sem ele. - ela fala, dobrando mais algumas coisas e colocando dentro da minha mala. - Aliás, como foi que o Rodrigo aceitou isso tão de boas, hein? Você ficar com toda a viagem.
— De boas? Aquele cretino safado queria que eu reembolsasse a parte dele! Porém toda a documentação da viagem estava em meu nome. A viagem foi paga com o meu cartão. Ou seja: a viagem era minha. Ele até pensou em ir para a justiça, cê acredita? - falei, indignada. - Mas desistiu.

Rodrigo é o meu ex. Namoramos por 5 anos e essa viagem seria nossa lua de de namoro. Também imaginava que ele fosse propor o casamento e se ele não propusesse, eu que ia pedir. Claro, isso antes de descobrir que eles me traia há dois anos com a mesma mulher.
E adivinha só?
Ela também não sabia da minha existência.
É de se esperar que unimos as nossas forças e acabamos com a raça do safado, certo? ERRADO!
Ela me chamou de puta e continuou com o cretino.
Mas é aquele ditado, vamos fazer o que? Vida que segue.
Voltando a viagem. Tudo pago para 20 dias românticos e lindos em Maui, no Hawaii. Custou uma fortuna, claro. Mas passamos dois lindos anos economizando e pagando por tudo, mas descobri que o embuste tem me traído por dois anos inteiros, faço o que qualquer uma faria em meu lugar: grito, xingo, choro e roubo a viagem inteira só para mim, obviamente.

— E tem mais uma coisa. - digo, sorrindo ao lembrar do que consegui fazer. - Conversei com a Val, a agente de viagens, expliquei a situação e ela muito solidária fez um arrumadinho para mim. Você nem imagina,
— O QUE? - ela pergunta, curiosa.
— Vendi a parte do Rodrigo da viagem. - Falo, triufante.
— Ué? Como assim? Isso pode?
— Então… Poder não pode, mas a Val mexeu os pauzinhos. O quarto que pegamos seria mais caro que dois quartos de solteiro, então ela solicitou a troca ao hotel e vendeu a passagem e hospedagem a outro hóspede, de confiança dela. Nem sei a quem foi, o caso é: consegui uma grana extra maravilhosa para gastar lá. É isto. - Termino, sorrindo radiante.
, você é maravilhosa. Rodrigo vai ficar chupando dedo aqui enquanto você está linda e rica em Maui, a própria Moana. - conclui rindo.

Continuamos a conversar e planejar tudo que farei na viagem, enquanto terminamos de arrumar as malas.

--X--X--X--


Eu estou toda entrevada. Tinha acabado de enfrentar 26 horas de um voo exaustivo com 3 escalas e mais 30 minutos de Honolulu até Maui. Estava DESTRUÍDA.
Não vejo a hora de chegar no hotel e desmaiar até amanhã. Enquanto procuro a van que vai me levar ao hotel penso na pessoa para quem a Val vendeu a parte do Rodrigo da viagem, será que estava no mesmo voo que o meu?
Não lembro de nenhum brasileiro nos voos, embora eu não seja parâmetro para lembrar de nada, né. Porque tomei uns antialérgicos e desmaiei total.
Mas seja lá quem for a pessoa, devia tá no mesmo voo que o meu, né? Afinal, as passagens do embuste e a minha eram iguais.
Encontrei a van, mostrei minha identificação e os funcionários colocaram minha bagagem dentro, olhei ao redor para tentar reconhecer algum brasileiro, mas nenhum tinha cara de made in Brazil. Enfim, vida que segue!
O hotel é enormeeee. Talvez eu nem encontre com a pessoa. A van começou a andar, pelo que li, o resort fica há uns 20/25 minutos do aeroporto, então ia ser uma viagem tranquila e rápida. Finalmente! Eu realmente estou muito exausta, NECESSITO de um banho quentinho e gostoso e…
BUM
Ao mesmo tempo que ouço o barulho a van se sacode e todo mundo quase voa dos bancos.
PUTA QUE PARIU! O que foi isso?
A van parou e os funcionários descem dela para olhar o que aconteceu, alguns minutos depois um deles coloca a cabeça para dentro do carro e explica que um dos pneus furou, vão trocar e só levará alguns minutos.
MEU DEUS! Tudo que eu precisava! Gemo, frustrada e me afundo no banco.
Essa viagem está começando maravilhosa.

Uma hora depois que sai do aeroporto, chego ao hotel.
Se antes eu estava destruída, agora estou massacrada. Os funcionários do hotel que estavam na van, tiram minha bagagem do carro e passam para um outro funcionário com um carrinho, acredito que seja o mensageiro. Pergunto para que lado fica a recepção e corro para lá, quero fazer o check-in o mais rápido possível, para poder descansar.
— Boa noite! Quero fazer o check-in da reserva em nome de . - Falo, sonolenta.
A recepcionista assente e pede meus documentos de reserva e de identificação, passo para ela.
Ela me pergunta mais alguma coisa, mas estou cansada demais para compreender, então simplesmente assinto. Provavelmente está falando do horário do café da manhã.
Ela faz uma cara confusa ao encarar o computador e isso chama minha atenção.
Meu Deus! Será que tem algo de errado na minha reserva? Se isso acontecer, eu vou chorar. E vou chorar muito mesmo.
A família que está atrás de mim pigarreia, por causa da demora, e ela balança a cabeça e me entrega o cartão do quarto, deseja uma boa estadia e se despede.
Procuro o mensageiro que ajudou a despachar minha bagagem para me acompanhar até o quarto. Entramos no elevador e estou muito cansada para tentar puxar conversa. Devo tá parecendo uma antipática, mas hoje eu posso. Mal consigo ficar em pé. E agora estou com muita vontade de fazer xixi.
O elevador para e ambos saímos dele e caminhamos até a porta do meu quarto, coloco o cartão e ele coloca a bagagem junto com o carrinho dentro e diz que depois retorna para pegar o carro. Aceno confirmando e torcendo para ele sair logo, pois estou quase fazendo xixi nas calças.
Assim que fecho as portas, respiro fundo e corro para o banheiro.
Quando chego lá, não tenho tempo de fazer xixi.
Tem um homem no meu quarto.
Tem um homem no meu banheiro.
Melhor, tem um homem pelado no meu banheiro.
Ele me encara, ainda nu.
Eu o encaro de volta.
Ficamos nesse jogo silencioso por quase um minuto. Até que resolvo falar algo e sai a coisa mais sem lógica do mundo.
— Eu quero fazer xixi. - Digo, para o estranho, como se fosse a coisa mais normal do mundo e sempre pedisse a estranhos pelados pra usar o banheiro.
Ele gagueja uma resposta e puxa uma toalha - FINALMENTE! - e sai do banheiro.
Tranco a porta e sento para fazer meu xixi e me sinto mais relaxada do que nunca.
Ok que tem um homem estranho no meu quarto, com toda minha bagagem e, acabei de perceber, meu celular, mas uma mulher que acabou de fazer xixi depois de 10 horas, não quer guerra com ninguém.
Me permito relaxar por 1 minuto antes de surtar.
Pronto. Passou 1 minuto, já posso ser eu, ou seja, surtada.
TEM UM HOMEM ESTRANHO NO MEU QUARTO.

--X--X--X--


Visto minha roupa de menina grande e saio do banheiro. Olho ao redor do quarto a procura do homem.
O quarto é MUITO grande para um quarto simples, tem o banheiro, uma sala enorme, com sofá, televisão e uma mesa e uma meia parede que deve levar até a parte do quarto.
O homem está parado encostado nessa meia parede.
QUE HOMEM, MEUS AMIGOS.
Ele vestiu uma roupa, mas como já sei como ele é sem ela, prefiro MIL VEZES ele sem roupa.
Foco, , foco.
— Então… - falamos os dois ao mesmo tempo e rimos.
— Então, - continuo - acredito que houve um engano, eu devia ter imaginado quando vi esse quarto enorme, afinal, meu quarto é de solteiro. - falo.
— Ah, você é brasileira? Que ótimo. - O cara gato que conheço há menos de 15 minutos e já vi pelado, fala em português. Olho para ele confusa. - Reconheci pelo sotaque. - conclui.
— Sim, sou brasileira - falo, já em português. Uma sirene começa a tocar em minha cabeça. Não. ISSO NÃO PODE TÁ ACONTECENDO. EU VOU MATAR A VAL. - Então, acho que devemos ir na recepção tentar resolver esse mal entendido, não é? - falo, com um sorriso tenso.
— Sim, claro! - o cara diz - E pode deixar sua bagagem aqui mesmo, - ele fala, ao perceber que estou indo em direção a mala - depois que resolvermos essa situação, pode pedir para um funcionário buscar. Inclusive, devemos pedir um plus por toda essa confusão, não acha? - Ele sorri de forma marota. E QUE SORRISO! F-O-C-O, .
— Claro! - digo, sorrindo de volta e caminhando para fora do quarto.
O estranho me acompanha e fecha a porta.
Droga, deixei o cartão do quarto no banheiro. Mas se tudo correr bem, não vou precisar dele mesmo.
Porém meu sexto sentido está dizendo que nada vai sair bem.
Qual era mesmo o nome do cara que a Val falou que ia vender? DROGA! Não consigo lembrar.

— Esquecemos de nos apresentar, não é? - O cara diz, enquanto aguardamos o elevador chegar - Você já me viu pelado e nem trocamos os nomes, selvagem você, hein, garota? - ele fala rindo.
— Isso ai, essa sou eu! - digo, entrando na brincadeira. - Meu nome é e sou carioca, e você?
O elevador chega.
— Também sou carioca! - Ele diz, empolgado, enquanto entramos no elevador. - Meu nome é .
Congelo olhando para ele.
é o mesmo sobrenome da Val.
Já consigo visualizar os problemas entrando nas minhas férias.
É OFICIAL: EU VOU MATAR A VAL!





Continua...





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