Última atualização: 31/05/2022

Capítulo Único

Eu sou aquele tipo de garota destemida e corajosa, que não tem medo de encarar a vida de frente, pelo menos, até a página dois. Na verdade, é isso que eu quero que as pessoas pensem de mim, eu não costumo expor as minhas fraquezas. As únicas pessoas que me conhecem de verdade são meus melhores amigos de infância, o Harry e a . E eu criei essa armadura também com relação ao amor, eu sofri muito na adolescência por causa de paixões. Tudo porque, na escola, eu não era da turma popular, eu não era nenhuma líder de torcida, eu era a garota de aparelho e óculos que ficava na arquibancada. E, por isso, eu sempre me apaixonava por quem não queria nada comigo, então, quando eu virei adulta e passei a tomar conta da minha própria vida, decidi que isso ia mudar. Eu ainda sou do tipo que me apaixono muito fácil, mas, com a mesma rapidez que eu fico de quatro por alguém, o encanto se desfaz, se não vejo interesse da outra parte. A diz que já está na hora de eu encarar um relacionamento sério, mas o que eu posso fazer, se não conheci ninguém que valha a pena ou não tinha conhecido até aquele momento? Eu e a morávamos juntas em Londres, eu me formei em Marketing e Propaganda e trabalhava como Analista de Mídias Sociais de uma multinacional e a se formou em tradutor e intérprete, ela trabalhava para uma editora, fazendo tradução de livros para o inglês, além de alguns freelancers como intérprete em eventos. Nosso amigo Harry fez faculdade de música e era professor em uma escola de Londres, segundo a , o melhor professor de música do Reino Unido. Ah, sim, o Harry e a eram um casal desde a faculdade. Eu era a solteira do grupo, mas isso não me incomodava, eu queria mesmo era curtir a vida.
, você ainda está de pijama? — perguntou.
Eu estava no sofá da sala, debaixo das cobertas, comendo pipoca e vendo TV.
— E por que eu não estaria? É domingo.
— Esqueceu que a gente combinou de sair com o Harry?
— Caramba, eu esqueci. Mas tudo bem, eu me arrumo rápido — falei, pulando do sofá.
— Com rápido você quer dizer em, no mínimo, uma hora, — disse e eu mostrei a língua para ela.
Fui para o meu quarto me arrumar, nós havíamos combinado de ir em um pub, algo que sempre fazíamos. Eu tomei um banho e, como o dia estava frio, coloquei um vestido cinza de manga comprida que marcava bem o meu corpo com uma meia calça preta por baixo, calcei meu coturno preto e coloquei meu sobretudo preto por cima. Arrumei meu cabelo, me maquiei e, quando já estava pronta, apareci na sala, onde Harry já estava me esperando com a .
— E aí, bestie? — falei, dando um high five em Harry.
— Pronta para conhecer um pub novo, ? — Harry perguntou.
— Como assim? Não vamos no pub de sempre?
, por favor, a gente mora em Londres, tem milhares de pubs aqui, precisamos variar.
— Ok, e onde nós vamos hoje?
— No King’s Arms.
— Por mim, tudo bem, desde que tenha TV para a gente assistir ao jogo do Manchester City x Liverpool.
— Claro que tem, , , você acha que eu ia perder o jogo?
— Eu, como não gosto de futebol, só vou para encher a cara mesmo — disse .
— E, além de TV, tem mesa de sinuca.
— Sinuca? Adoro! — falei, empolgada.
, você parece um homem, às vezes — disse .
— Só porque gosto de coisas do universo masculino? Eu acho que isso só faz de mim a mulher perfeita, sabe.
— Quero dizer que o mérito de você saber jogar sinuca é todo meu, já que fui eu que te ensinei — disse Harry.
— Enfim, vamos parar de falar e vamos logo para esse pub, pode ser? — falei, pegando minha bolsa.
Nós seguimos para o pub de Uber, obviamente, porque todos nós pretendíamos beber e só Deus sabe o quão bêbados voltaríamos para casa. Eu estava animada para ver o jogo, para me divertir com meus amigos e eu nem podia imaginar que, naquele dia, eu conheceria alguém que mudaria minha vida.
Se passaram mais de duas horas até que finalmente chegássemos ao bendito pub que o Harry resolveu nos levar.
— Cacete, Harry, você não disse que íamos conhecer um pub novo em Londres? — perguntei quando descemos do Uber.
— Ah, , vamos combinar que a gente já conhece praticamente todos os pubs de Londres.
— E só por isso você tinha que nos trazer em um pub a mais de duas horas de distância de Londres, em Birmingham? Você viu o valor que deu o Uber? Você deve estar ganhando muito bem como professor e a gente não está sabendo.
— Falou aquela que trabalha em uma multinacional.
— Harry, eu não queria ter que concordar com a , mas ela tem razão. Você pensa que meu dinheiro é capim?
— Ai, vocês duas estão parecendo duas velhas, que chatas.
— Vai me irritando que deixo você de castigo durante um mês sem fazer certas coisas que eu sei que você adora.
— Eu não quero nem saber o que isso significa, pelo amor de Deus! — falei, colocando as mãos no ouvido.
Nós finalmente entramos no bar, que já estava movimentado e cheio de gente. O ambiente era muito agradável, um típico pub inglês. Harry logo conseguiu uma boa mesa para nós, próxima à TV.
— Bom, vamos abrir os trabalhos, vou pegar umas cervejas para nós — disse Harry.
Ele logo voltou com três copos enormes cheios de cerveja, nós brindamos e começamos a beber. O jogo também começou e eu e o Harry, como fanáticos por futebol, começamos a fazer nossos comentários e soltar alguns palavrões.
— Puta merda, sério mesmo que o técnico do Manchester vai continuar com esse esquema tático? — falei.
— Pior o Liverpool, que não sai da retranca — Harry completou.
— Vejo dois homens em minha frente — disse , divertida.
— Quando estou vendo futebol, eu me transformo mesmo.
— A gente sabe, , mas as pessoas do pub não te conhecem, não estão acostumadas a ver uma garota xingando enquanto assiste a um jogo de futebol.
— Deve ser por isso que aquele cara ruivo da mesa de trás não para de te olhar — disse Harry.
— Que cara? — falei, virando para trás.
— Puta que pariu, , seja mais discreta! — disse .
— Mas eu quero saber quem é que está me olhando.
— Tem um rapaz ruivo na mesa de trás, ele está te olhando. Tente ser discreta para olhar, por favor — disse .
Eu disfarcei o máximo que pude e olhei para trás. Havia um rapaz extremamente branco, ruivo e de olhos azuis sentado em um banco.
— Ah, aquele com um belo par de olhos azuis.
— Caramba, hein, você é míope, mas um par de olhos claros você enxerga de longe — disse .
— Mas também, com olhos iguais aos dele, é impossível não ver de longe.
— Ele deve estar te achando meio doida de tanto que você xinga a TV.
— Harry, querido, não seja ingênuo. Ele está sim olhando para , mas não tem nada a ver com futebol.
— Você está dizendo que ele está flertando com a ?
— Mas é óbvio que sim, .
— Como vocês, mulheres, percebem essas coisas?
— Porque somos muito mais ligeiras que vocês, homens, meu anjo.
— Bom, ele é bem bonito — falei.
— É mesmo, um gatinho. Vai lá, , puxa papo com ele.
— Quem sabe — falei, dando de ombros. — Nossa diversão por aqui só está começando mesmo.
— Você não vale nada, garota — disse e nós rimos.
— Só gostaria de lembrar que eu estou aqui na mesa, caso vocês comecem com aquelas conversas de mulher.
— É só escutar e fingir demência, Harry — falei.
Quando o primeiro tempo do jogo acabou, as pessoas saíram das mesas para ir ao banheiro ou para pegar mais bebidas. Olhei para trás e o gatinho ruivo não estava mais sentado em seu lugar.
— Acho que vou pegar mais cerveja para nós — falei, me levantando e indo até o bar.
Para minha surpresa, o ruivo estava atrás do balcão, enchendo um copo de cerveja e conversando, animado, com um rapaz que estava encostado no balcão. Assim que ele entregou o copo para o rapaz e o cara saiu de perto, eu encostei no bar.
— Então, você é o barman hoje por aqui?
O ruivo levantou os olhos e percebi a surpresa em seu rosto ao ver que era eu, a garota da mesa da frente, que estava falando com ele. Confesso que me senti um pouco tímida quando os olhos dele encararam os meus. De perto, aquele par de olhos azuis era ainda mais bonito do que eu imaginei.
— Estou apenas servindo o pessoal, só por diversão mesmo.
— E será que você pode providenciar três copos de cerveja para mim, por favor?
— Claro que sim!
Ele encheu os copos de cerveja com muita habilidade e logo me entregou.
— Muito obrigada.
E já ia saindo de perto do bar quando ele me chamou novamente.
— Qual seu nome?
, mas todo mundo me chama de . E aqueles na mesa comigo são meus amigos, Harry e . E você, qual seu nome?
— Edward, mas todo mundo me chama de Ed.
— Obrigada pelas cervejas, então, Ed.
Voltei para a minha mesa, mas tive a clara impressão de que Ed ainda me olhava.
— Caraca, , foi fabricar a cerveja? — Harry perguntou.
— Não, é que eu estava conversando com o gatinho ruivo.
— Minha nossa, você é muito rápida, amiga!
— Ele estava no bar enchendo uns copos de cerveja. Ele se chama Ed.
— E o que mais?
— Mais nada, por enquanto, foi isso mesmo, só descobri o nome. Deixa ele me olhando mais um tempo.
— Se você ficou afim do cara, porque não vai logo lá conversar com ele e pronto?
— Harry, você é homem, não entende nada sobre técnicas de sedução feminina.
— O que a quer dizer é que, quanto mais ela fica nessa troca de olhares, mais interessado ele vai ficar.
— Nunca vou entender as mulheres.
— Não mesmo, deve ser por isso que você levou anos para entender que eu estava afim de você. E, ainda sim, eu tive que dar o primeiro beijo.
— Foca no jogo que é melhor, Harry. Já vai começar o segundo tempo — falei.
Nós assistimos o segundo tempo, mas minha atenção já não estava mais no jogo. De vez em quando, eu dava um jeito de olhar para trás e via que Ed também já não estava mais focado no que se passava na TV. Quando o jogo terminou, as pessoas começaram a circular pelo bar.
— Agora que o jogo acabou, podemos procurar a mesa de sinuca? — perguntei.
— Nem precisa falar duas vezes — Harry respondeu.
Nós seguimos pelo bar até encontrar a sala onde ficava a mesa de sinuca, o local já estava cheio de gente em volta da mesa, jogando. Mas eles não estavam apenas jogando, estavam bebendo, rindo e cantando muito alto. Eu logo avistei o Ed no meio da bagunça, ele estava com um copo de cerveja na mão e o taco de sinuca em outra.
— Será que vão deixar a gente jogar? — Harry perguntou.
— Eu quero jogar e eu vou jogar — falei.
Eu entrei no meio da muvuca e fui até o Ed, cutucando seu ombro. Ele se virou para mim e sorriu ao me ver e, meu Deus, que sorriso perfeito ele tinha.
— Será que a gente pode jogar?
— E você sabe jogar, mocinha? — um rapaz atrás do Ed perguntou.
— Se eu sei jogar? Com licença — falei, tirando o taco da mão do Ed.
Passei giz no taco, me inclinei sobre a mesa e me posicionei. Quando bati na bola branca, consegui encaçapar quatro bolas de uma vez.
— Então, acham que eu sei jogar?
— Você sabe jogar e muito bem, por sinal — disse Ed.
— Ótimo, então vamos jogar. Eu e o Harry contra você e um dos seus amigos.
— Desafio aceito.
Ed estendeu a mão para mim e eu a apertei.
, você marca a pontuação?
— Deixa comigo. Vai lá e arrasa com o ruivo — sussurrou para mim e eu ri.
O Harry me ensinou a jogar sinuca quando éramos adolescentes e eu fiquei muito boa no jogo. Logo, Ed e seu amigo perceberam que não ia ser um jogo fácil, porque nós não errávamos nenhuma bola. No fim, nós ganhamos com uma boa diferença de pontos, eu encaçapei a última bola.
— Mandou muito bem, bestie — disse Harry, dando um high five na minha mão.
— Somos uma bela dupla.
Eu fui até o Ed e entreguei o taco para ele.
— Pronto, você já pode voltar a brincar com seus amigos.
Não o esperei responder, virei as costas e saí andando.
— Vou pegar uma bebida, gente — falei para o Harry e para a .
— Quer que a gente vá com você? — Harry perguntou, mas apertou o braço dele. — Ai, o que foi isso?
— Não atrapalhe a , Harry.
O Harry pode não ter entendido no início, mas a sabia que eu tinha que ir até o bar sozinha, porque é claro que o Ed viria atrás de mim.
— Você bebe que nem homem, gosta de futebol que nem homem e joga sinuca que nem homem. Mais alguma coisa que você gosta que geralmente as mulheres não gostam? — Ed perguntou, encostando ao meu lado no bar.
— Eu também gosto de super-heróis. Mas, tirando isso, eu sou uma perfeita dama.
— Deve ter uma fila de caras atrás de você, não é todo dia que se conhece uma mulher bonita e que gosta de coisas do universo masculino.
— Você me achou bonita, foi? Pois saiba que eu também sou inteligente e muito divertida.
— E muito autoconfiante também.
— Eu sou mulher, ser autoconfiante é uma característica extremamente necessária para nós.
— E você se importaria se eu pagasse uma bebida para você?
— Claro que não, pelo contrário, aceito com muito prazer.
Ed pediu uma bebida para nós e continuamos conversando por um bom tempo. Descobri que ele era músico, tocava e cantava em pubs, inclusive, no pub em que estávamos, ele costumava tocar às vezes. Depois, nós pegamos nossas bebidas, que eu já havia perdido as contas de quanto eu já havia bebido naquele dia, e fomos nos sentar em um sofá que ficava na sala da mesa de sinuca. Toda aquela galera que estava em volta da mesa já havia se dispersado, estávamos praticamente sozinhos.
— Por que você está me olhando desse jeito? — Ed perguntou, me vendo encará-lo.
— Nada não, só estou me perguntando se você vai demorar muito ainda para me beijar.
— Nossa, você é direta, hein.
— Eu apenas sei bem o que eu quero.
Ed, então, não disse mais nada, ele apenas me puxou para junto de si e me beijou. Eu correspondi, envolvendo meus braços ao redor do seu pescoço e entrelaçando meus dedos em seus cabelos. O beijo dele era quente e tenho que admitir que ninguém nunca tinha me beijado daquela maneira, era tão bom. Quando quebramos o beijo, eu mordi seu lábio inferior e Ed sorriu.
— Mais uma coisa que você faz muito bem, beijar — disse Ed.
— Faço tantas coisas bem que você nem imagina.
— Olha, muito interessante essa informação.
Ed voltou a me beijar e ficamos no maior amasso não sei nem por quanto tempo, eu até esqueci dos meus amigos, não fazia ideia de onde eles estavam. Eu só lembrei deles quando meu celular apitou e era uma mensagem da que dizia: "Desculpe atrapalhar sua pegação, mas é que a gente já está indo embora. Você vai ficar ou vem com a gente?".
— Algum problema? — Ed perguntou, me vendo olhar para o celular.
— Não, só a avisando que ela e o Harry vão embora. Ela quer saber se eu vou junto ou se vou ficar.
— Eu vou para um restaurante de comida indiana aqui perto daqui a pouco com uns amigos, o Asha's. Por que você não vem com a gente? Você pode chamar seus amigos também.
— Vou ver com eles, me dá um minuto.
Eu me levantei e saí procurando meus amigos pelo pub, até que finalmente os encontrei em uma mesa, sentados.
— Olha ela aí, lembrou da gente — disse , divertida.
— Menina, nem te conto.
— Ah, vai contar sim, todos os detalhes, quando chegarmos em casa. Mas deve ter sido bom, já que você está toda amarrotada, seu batom vermelho já era e o que está vermelho agora é seu rosto.
— Por favor, deixem para ter essa conversa quando estiverem só as duas — disse Harry.
— Não vou entrar nos detalhes agora, mas que homem! Enfim, eu vim por causa da mensagem que você mandou, .
— Sim, você vai vir com a gente ou vai ficar?
— Na verdade, o Ed chamou a gente para ir em um restaurante indiano que fica aqui próximo junto com ele e uns amigos. Vocês topam?
, você sabe que ele só chamou a gente para ser educado, ? Quem ele quer mesmo que vá é você.
— Eu sei, mas eu acabei de conhecê-lo. Acho que vou me sentir melhor se vocês forem comigo.
— A tem razão, , vai que ele é um tarado, não podemos deixá-la sozinha com ele e os amigos.
— É mais fácil a fazer mal para ele do que o contrário — disse , rindo, e eu mostrei a língua para ela. — Mas, tudo bem, como bons amigos que somos, a gente vai com você. Pode ir lá avisar o boy magia que estamos dentro.
— Obrigada!
Eu voltei para onde o Ed estava e disse que meus amigos tinham topado e nós iríamos ao restaurante com eles.
— Ótimo, vou avisar meus amigos e já podemos ir.
— Ed, se eu fosse você, eu passaria no banheiro primeiro.
— Por quê?
— Porque o meu batom vermelho está espalhado por todo o seu rosto e você está todo descabelado — falei, rindo.
— Você fez tudo isso comigo e está achando graça?
— Não sei de nada.
Ed foi até o banheiro se recompor e, assim que ele voltou, nós seguimos para o tal restaurante. Eu nunca tinha provado comida indiana, mas, no fim, até gostei. Os amigos do Ed também eram muito simpáticos e divertidos e tivemos um jantar super agradável, meus amigos acabaram se entrosando muito bem com o Ed e sua turma. Mas a verdade é que o Ed não conseguia tirar os olhos de mim e nem eu dele e, se não estivéssemos em um restaurante, certamente ele também não teria tirado as mãos de mim. Como ele não podia me agarrar ali mesmo, o máximo que rolou foi umas mãos bobas na minha coxa por debaixo da mesa e algumas coisas sussurradas no meu ouvido. O que já foi o suficiente para me deixar arrepiada da cabeça aos pés. Quando terminamos de jantar e pagamos a conta, chamamos um Uber para ir para casa e eu sabia que era hora de me despedir.
— Tem certeza que eu não posso te acompanhar até sua casa? Ou você não pode ir para a minha? — Ed perguntou.
— Absoluta, nunca levei um cara para minha casa no primeiro encontro e não vou começar agora.
— Mas a gente vai se ver de novo?
— Se você quiser me ver, eu com certeza gostaria de te ver outra vez. Toma, fica com meu número — falei, entregando um pedaço de papel com meu celular anotado.
— Eu vou ligar ou mandar mensagem.
— Vocês sempre dizem isso.
— Acredita em mim, eu não deixaria uma mulher como você escapar de jeito nenhum.
— Vou tomar isso como um elogio.
— Você é muito linda.
— E você bebeu demais.
— Todos nós bebemos demais.
— Ed, cala a boca e me beija, por favor.
Ed não hesitou em me obedecer e me puxou para um último beijo que só foi quebrado quando ouvi a me chamando, porque o Uber tinha chegado.
— Então, a gente se vê — falei.
— Com certeza a gente se vê.
Entrei no Uber e segui para casa com meus amigos, tive um vislumbre do Ed acenando para mim uma última vez. A não esperou a gente chegar em casa e já foi me perguntando tudo enquanto o Harry tentava fingir que não estava nos ouvindo. Quando chegamos em casa, a seguiu para o quarto dela com o Harry e eu fui para o meu. Tomei um banho, coloquei meu pijama e tomei uma aspirina para tentar evitar a ressaca do dia seguinte. Assim que eu finalmente deitei na minha cama e fechei meus olhos para dormir, minha cabeça foi bombardeada por imagens do Ed. Eu não conseguia parar de pensar nele, na pegada dele, no beijo, nos olhos azuis e no sorriso encantador. Eu não sabia explicar, mas ele me fez sentir tantas sensações boas naquela noite, eu realmente queria muito que ele me ligasse, eu já estava torcendo para que isso acontecesse, porque eu queria mais do que tudo vê-lo de novo.
Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça chata, resultado das muitas cervejas do dia anterior. Mas era segunda, eu tinha que trabalhar, então não tinha tempo para ressaca. Tomei um banho e me arrumei e, quando fui tomar café da manhã, encontrei a já sentada, comendo.
— E aí, a ressaca ‘tá grande? — perguntou.
— Não tanto quanto eu imaginei que estaria. A gente tem que parar de sair de domingo, não temos mais idade para isso.
— Realmente, estamos ficando velhas. Quer café?
— Sim, por favor.
— Mas, apesar do cansaço, ontem valeu muito a pena para você, hein, pegou o gato ruivo.
, que homem era aquele? Que pegada, que beijo! Fazia tempo que alguém não me pegava daquele jeito, se é que um dia eu já fiquei com alguém com uma pegada tão boa.
— Nossa, gente, esse ruivo ‘tá podendo. Você devia ter ido até o final com ele para saber se ele é bom em tudo.
— Olha, eu posso até estar enganada, mas tenho certeza que ele é bom em tudo. Mas não, vamos com calma, eu nunca dormi com um cara no primeiro encontro. Se bem que ontem, pela primeira vez, eu tive vontade de ligar o dane-se e ir até o fim.
— ‘Tá vendo, boba, perdeu a oportunidade.
— Agora já foi.
— Mas você não deu seu telefone para ele?
— Dei, mas não sei se ele vai ligar. Você sabe como são os homens, eles nunca ligam no dia seguinte.
— Bom, qualquer coisa a gente pode ir àquele pub de novo, você não disse que ele canta e toca às vezes lá?
— Sim, foi o que ele me disse.
— Então, a gente encara uma viagem de mais de duas horas de novo e vai lá.
— É, pode ser, vamos ver no que vai dar. Mas, no momento, o que eu preciso é trabalhar.
— Sim, eu também.
— Cadê o Harry?
— Já foi para a escola, ele tinha aula no primeiro horário hoje.
— Vou agilizar também, antes que eu me atrase.
Depois de tomar meu café, eu terminei de me arrumar e segui para o trabalho. Segunda era sempre o pior dia, sempre muita coisa para fazer, então, pelo menos, com a mente ocupada, eu não tinha tempo de sentir sono. Na hora do almoço, eu estava descansando na sala de convivência da empresa, depois de ter comido, quando meu celular tocou.
— Alô?
— É a ?
— Sim, sou eu. Quem está falando?
— Nossa, já esqueceu da minha voz?
— Ed?
— Eu mesmo.
— Caramba, não é que você ligou mesmo.
— Eu disse que eu ia ligar e eu sempre cumpro o que eu falo.
— É que 99% dos homens não ligam no dia seguinte.
— Então, eu faço parte do 1% que liga. Mas, e aí, muita ressaca hoje?
— Estou à base de café e aspirina. Sorte sua que você só trabalha à noite.
— Realmente, isso é uma das coisas que me faz amar meu trabalho. Agora, me diga uma coisa: quando a gente vai se ver de novo?
— Você quer me ver de novo?
— Com certeza, eu passei a noite toda pensando em você.
— Não fale essas coisas, vou ficar me sentindo.
— Só estou falando a verdade, você é bem inesquecível, sabia?
— Eu posso dizer o mesmo sobre você. A gente pode marcar alguma coisa para o final de semana, quem sabe.
— Eu vou cobrar, hein?!
— Pode cobrar. Ed, eu preciso ir agora, meu horário de almoço está acabando.
— Vai lá, não quero te atrapalhar.
— Esse telefone que você está ligando...
— É da minha casa, pode salvar nos seus contatos. Mas, não se preocupe, eu vou continuar te ligando.
— Ok, então. A gente se fala, um bom dia para você.
— Para você também. E um beijo na boca.
— Outro para você.
Nem preciso dizer que passei o resto do dia com o sorriso bobo no rosto. O Ed não só me ligou, como se mostrou muito interessado e isso faz bem para o ego de qualquer mulher. Cheguei em casa animada para contar tudo para minha amiga.
— Olha só! E você dizendo que ele não ia te ligar.
— É, vai ver ele é diferente mesmo.
— Ai, não, você já está ficando com aquela cara de boba.
— Não me enche o saco, ok?
— Mas, então, quando vocês vão se ver de novo?
— Não marcamos nada, eu só disse que podíamos marcar algo para o final de semana.
— O Harry me disse hoje que está querendo ir em um bar karaokê no sábado. Você devia chamar o Ed para ir junto.
— Talvez seja uma boa ideia.
— É uma ótima ideia. Chama o boy, amiga, vamos sair de casalzinho.
— Nós ainda não somos um casal.
— Como você mesma acabou de dizer, ainda não são, mas eu acho que tem grandes chances de vocês virarem um casal em breve.
Fiquei pensando sobre o que a falou e estava me achando uma doida por imaginar que eu poderia namorar com alguém que eu havia acabado de conhecer. Mas nosso primeiro encontro foi tão intenso e tão incrível que eu conseguia me ver namorando alguém como o Ed. Eu liguei para o Ed no dia seguinte, o convidando para ir ao karaokê com a gente no sábado, e é lógico que ele topou. Passei o resto da semana ansiosa por saber que ia encontrar o Ed de novo e, quando o sábado finalmente chegou, eu estava uma pilha de nervos. Tirei todas as roupas do meu guarda-roupa, tentando escolher o que vestir, mas eu não conseguia achar nada bom o suficiente.
, me ajuda! Eu não sei o que vestir.
, pelo amor de Deus, a última coisa que o Ed vai se importar é a roupa que você está. Até porque ele vai querer tirá-la.
— Dá para você parar de brincadeira e me ajudar?
— E quem disse que eu estou brincando? — disse , divertida. — Ah, ok, , vamos lá achar algo para você vestir.
Depois de muito procurar, acabei optando por uma saia xadrez de corte reto vermelha e preta, coloquei uma blusa preta de gola alta e manga comprida, uma meião preto que ia até acima do joelho e um sapatinho boneca também preto. Arrumei meu cabelo, fiz minha melhor maquiagem e, assim que fiquei pronta, peguei meu casaco e bolsa e encontrei meus amigos na sala, já esperando por mim.
, dá para sentir seu perfume de longe — disse Harry.
— A hoje está saindo vestida para matar, no caso, para matar o Ed.
— Vou levar esses comentários como prova de que eu estou bonita.
— Você está linda, bestie, o ruivo lá vai ficar babando.
— Por isso que eu te amo, Harry.
— Você ama o Harry porque ele puxa seu saco, ?
— Chega de palhaçada, vamos logo.
Saímos de casa e fomos para o karaokê e, quando chegamos lá, o Ed ainda não havia chegado. Pegamos uma boa mesa e pedimos uns drinks enquanto esperávamos por ele.
— ‘Tá nervosa, ? — perguntou, me vendo balançar a perna sem parar.
— Eu? Claro que não.
Harry esticou o braço por cima da mesa e pegou a minha mão.
, sua mão está gelada e suando.
— Minha mão está sempre gelada.
— Para de mentir, você está nervosa porque o Ed ainda não chegou — disse .
— Será que ele vem mesmo, gente?
— É claro que ele vem, , e eu posso te provar — disse , apontando para a entrada do bar.
Quando me virei, vi Ed entrando, ele estava absurdamente lindo com uma calça preta e uma blusa azul royal que ressaltava a cor dos seus olhos. Ele deu uma olhada pelo local até localizar a nossa mesa, eu acenei para ele.
— Boa noite, gente. Demorei muito?
— Não, a gente chegou tem uns quinze minutos só.
— É, mas já foi o suficiente para a ficar ansiosa, achando que você não vinha.
!
— Você acha mesmo que eu ia perder a oportunidade de te ver de novo? — Ed disse, se sentando ao meu lado.
— Vai saber, .
— A gente já pediu umas bebidas, Ed, se você quiser se juntar a nós — disse Harry.
— Com certeza eu vou querer beber.
— Gosto assim, achamos mais um cachaceiro para o nosso grupo — disse , divertida.
— É bom a gente pedir algo para comer também, porque beber sem comer nunca dá coisa boa — falei.
— Bem lembrado, — disse Harry, chamando um garçom.
Nós começamos a conversar enquanto bebíamos e comíamos e, assim que o álcool começou a fazer efeito em todo mundo, nos animamos e fomos cantar no karaokê. Cantamos os quatro juntos e depois fomos alternando em duplas.
— Ok, agora é minha vez de dar um show e a vai comigo, claro.
— ‘Tá no contrato, , , então tenho que ir.
— Não me diga que você vai cantar o que eu estou pensando que você vai cantar — disse Harry.
— Mas é óbvio que sim. Vem, , vamos mostrar para geral como a gente é fluente em coreano.
escolheu a música Fake Love do BTS para a gente cantar, a música mal começou e eu já estava me acabando de rir. Minha amiga era fã dos meninos de olhos puxados e eu, apesar de não curtir, entrava na onda. As pessoas que estavam no bar curtiram nossa performance e, no fim, estava todo mundo tentando cantar em coreano. Quando a música terminou, recebemos uma salva de palmas.
— E aí, gostaram do nosso show? — perguntei quando voltamos para a mesa.
— Vocês arrasaram — disse Ed.
— Não vi graça nenhuma, aliás, não sei o que você vê nesses sete clones, — disse Harry, com cara de emburrado.
— Não começa a falar mal dos meus coreanos, Harry.
— Eu sou muito mais bonito e muito mais legal que todos eles juntos.
— Você é tão purpurinado quanto eles, apenas dizendo.
— Me respeita, hein, , não me compare com esses meninos.
— Oh, meu amor, para com essa ceninha de ciúmes, coração fora do peito na minha vida só tem um e é você — disse , dando um beijo na bochecha de Harry, que estava com um bico do tamanho do mundo.
— Não sei não, estou me sentindo um pouco rejeitado, sabe.
— Você quer que eu cante com você?
— Quero e eu vou escolher a música.
— O que você quer cantar?
— Sledgehammer do Peter Gabriel.
— ‘Tá bom, vamos cantar, meu bebezão.
levantou e saiu puxando o Harry pela mão, eu ainda estava rindo da cena dos dois.
— Eles são assim desde crianças, acredita? Quando a gente era pequeno, eles brigavam tanto, mas eu sempre soube que, no fundo, eles se amavam.
— Eles formam um casal bem divertido.
— Os acho perfeitos um para o outro. Eu gosto de como eles evoluíram a relação deles para um namoro, mas continuam agindo da mesma forma de sempre, implicando um com o outro, tirando sarro um do outro.
— E você não tem nenhum amigo de infância para se apaixonar?
— Não, sempre fomos um trio e eu sempre fui imune ao charme do Harry, o vejo como um irmão.
— Sorte a minha, então, ?
Ed chegou mais perto de mim e me envolveu pela cintura, nossos rostos a centímetros um do outro. Eu fechei meus olhos e logo senti os lábios de Ed nos meus, como eu gostava dos beijos dele. Ficamos ali nos beijando enquanto a e o Harry soltavam a voz no karaokê. A gente foi embora do karaokê já de madrugada, Ed nos acompanhou até em casa.
— Ed, foi um imenso prazer dividir essa noite de cantoria com você — disse .
— Foi mesmo, cara, espero que você se junto a nós mais vezes — disse Harry.
— Se depender de mim, estarei sempre com vocês, é só me chamar.
— Bom, a gente vai entrando, então. Boa noite! — disse , entrando com Harry em seguida.
Ficamos só eu e o Ed na porta de casa.
— E você, gostou da minha companhia também?
— Gostei muito.
— Isso significa que a gente pode se ver de novo em breve?
— Não só pode, como deve — falei, passando meus braços ao redor do pescoço do Ed.
— Eu não sei o que você tem, , mas, quanto mais eu fico perto de você, mais eu te quero.
— Eu também não sei o que você tem, Ed, mas eu estou ficando viciada nos seus beijos.
— Espera só até você provar o resto — Ed sussurrou no meu ouvido e eu gargalhei.
— Eu digo o mesmo em relação a você quando provar todo o resto.
— Não tenho dúvidas disso.
Ed me beijou mais uma vez antes de nos despedirmos.
— Boa noite, linda.
— Boa noite.
Eu entrei em casa e encontrei e Harry ainda na sala.
— O que é isso? Viraram meus pais agora para ficarem me esperando?
— A gente só queria ver essa sua carinha de boba quando entrasse, toda suspirando — disse .
— Vocês são ridículos.
, você vai deixar o cara passando vontade até quando?
— Harry, me respeita, desde quando você fala esse tipo de coisa para mim? Isso é papel da .
— A está certa, Harry, para de roubar meu papel. Então, , vai deixar o Ed passando vontade até quando?
— Me reservo o direito de não responder a essa pergunta indiscreta.
— Quer que eu saia para você responder só para a ?
— Gente, parem de ser curiosos em relação à minha vida íntima.
— Amiga, você não está com nem um pouquinho de vontade de arrancar a roupa dele com os dentes?
— Não estou com um pouquinho de vontade não, estou com muita vontade mesmo — falei e nós rimos.
— Vocês duas me poupem dos detalhes sórdidos que rolam nas conversas de vocês.
— Harry, isso não é nem a metade do que rola nas nossas conversas — falei.
— Ok, já chega, não quero ficar com imagens na minha cabeça. Vamos para o quarto, amor.
— Vamos, Harry, vou te dar muito amor e atenção hoje.
— Tem que dar mesmo, depois de ter me comparado aos sete clones.
— Oh, senhor, dai-me paciência com esse menino.
— Boa noite, vocês dois.
— Boa noite! — e Harry responderam em uníssono.
Eu também fui para o meu quarto e me preparei para dormir. Mas, antes que o sono chegasse, eu ainda fiquei um tempo pensando no Ed, estava difícil o tirar da minha cabeça. E, do jeito que eu me conhecia, se continuasse dessa forma, não ia demorar muito até que eu me apaixonasse por ele.
Ed e eu passamos a nos falar todos os dias por telefone, mensagem ou facetime, era incrível como o assunto com ele fluía de forma tão natural. E eu tinha cada vez mais vontade de estar com ele o tempo todo, ainda mais pela forma como ele conseguia me surpreender a todo momento.
— Gente, estou indo almoçar, depois a gente finaliza o novo layout da página do site — falei para meus colegas de trabalho da equipe de Marketing.
Eu estava no trabalho, era meio de semana. Peguei minha bolsa e desci para almoçar. Quando cheguei à recepção do prédio, encontrei o Ed me esperando.
— O que você está fazendo aqui?
— Eu estava com saudades, então resolvi fazer uma surpresa e vim te levar para almoçar. Espero que você não ache ruim.
— ‘Tá brincando, ? Eu adorei! — falei, dando um selinho nele. — Então, onde nós vamos?
— O que você quer comer?
— Estou com muita fome, então quero ir em algum lugar que sirva bem.
— Ok, draguinha, tem um restaurante bem legal aqui perto.
Saímos do prédio e Ed pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Não pude deixar de sorrir com esse gesto. À noite, eu cheguei e fui logo contando para sobre o Ed ter ido almoçar comigo.
— Mas, gente, vocês andam cada vez mais grudados e você ainda acha que vocês não são um casal.
— Não falamos nada sobre isso ainda, estamos nos conhecendo e deixando acontecer.
— Sei bem onde isso vai parar — disse , divertida.
— Espero que pare na minha cama ou na dele, simples assim — falei e nós rimos.
Na sexta-feira, a e o Harry resolveram fazer um programa a dois e eu ia ficar em casa. Cheguei do trabalho, tomei banho e estava pensando em pedir algo para comer, mas mudei de ideia e resolvi ligar para o Ed primeiro.
— Oi, minha linda, como você está?
— Cansada, mas ainda bem que é sexta. Você não vai tocar hoje?
— Hoje não, vou ficar em casa. Esse fim de semana toco só sábado e domingo. E você, vai fazer o que hoje?
— Nada, a e o Harry foram fazer um programa de casal, então vou ficar em casa, sozinha.
— Porque você não vem aqui para casa? Assim, nem eu e nem você ficamos sozinhos.
— Até que não é uma má ideia.
— É uma ótima ideia. Vem para cá, vou fazer uma massa para nós, a gente abre um vinho, vai ser bom.
— Tudo bem, eu vou me arrumar e chego aí logo.
Desliguei o telefone e me arrumei o mais rápido possível. Mandei uma mensagem para antes de sair para avisar que eu estava indo para a casa do Ed, caso ela voltasse antes de mim, e saí em seguida. Minha amiga me respondeu quando eu já estava no meio do caminho: "eu proíbo você de voltar para casa hoje. Vai curtir, menina, vai aproveitar o corpinho do ruivo". Eu ri ao ler a mensagem, esse era exatamente o tipo de conselho que a daria. Cheguei à casa do Ed e confesso que eu estava com um frio na barriga, mas era uma sensação boa. Toquei a campainha e, logo depois, a porta se abriu.
— Que bom que você veio — disse Ed, sorridente.
Eu entrei, dei um beijo nele e tirei meu casaco.
— Que cheiro bom é esse vindo da cozinha?
— Estou cozinhando nosso jantar.
— Então você cozinha mesmo? Achei que ia pedir comida por aplicativo.
— Está duvidando dos meus dotes culinários? Pois se prepare para comer a melhor macarronada da sua vida.
Nós seguimos para a cozinha, o macarrão estava cozinhando na água e havia vários temperos em cima da bancada.
— Eu ia começar a fazer o molho.
— Deixa eu te ajudar, então, eu corto os temperos.
Começamos a preparar tudo juntos e, entre risadas e alguns pequenos desastres na cozinha, a macarronada ficou pronta. Eu arrumei a mesa enquanto o Ed escolhia um vinho na adega que ele tinha em casa.
— E aí, aprovado? — Ed perguntou quando eu dei a primeira garfada.
— Aprovadíssimo, você leva jeito mesmo.
— Não sou cozinheiro, mas sei fazer algumas coisas, dá para me virar.
Quando terminamos de comer, nos sentamos no chão da sala para tomar o resto da garrafa de vinho.
, eu preciso te contar uma coisa.
— Pode falar.
— Quando a gente se conheceu, eu tinha uma pessoa.
Meu sorriso se desfez na mesma hora e uma pequena pontada atingiu meu coração ao ouvir aquilo.
— Pode parar por aí. Se você vai me dizer que tem uma namorada, qualquer coisa que existiu entre nós termina aqui, porque eu não tenho a menor vocação para amante — falei, fazendo menção de me levantar, mas Ed me segurou.
— Você pode, por favor, me deixar terminar?
Soltei um suspiro profundo, mas voltei a me sentar.
— Não era uma namorada, eu estava conhecendo uma pessoa, inclusive, aquele dia no bar, era para ela ter ido comigo, mas ela não pôde. E aí eu te conheci e não consegui mais tirar você da minha cabeça e qualquer coisa que existia entre mim e essa outra mulher que eu estava conhecendo terminou no dia que eu te conheci.
— Então, você não tem namorada nem nada do tipo?
— Não, quer dizer, eu não tenho ainda, porque eu espero muito que você seja minha namorada.
— A gente já está meio que namorando,.
— É, acho que sim.
— Só por curiosidade, o que você disse para a garota que você estava conhecendo?
— Eu pedi desculpas, mas disse que a gente não poderia continuar saindo, porque eu tinha conhecido outra pessoa e que eu estava totalmente encantado por você.
— Ela deve ter me odiado.
— Não sei, não nos falamos mais. Mas, sinceramente, eu não me importo, a única coisa que me importa é ficar com você.
Ed colocou a taça dele em cima da mesinha de centro e depois se aproximou de mim. Eu também deixei minha taça de lado e logo em seguida nós nos beijamos. Ficamos naquele amasso por um tempo até que apenas nos beijar já não era mais suficiente. Ed quebrou nosso beijo, se levantou e me estendeu a mão.
— Vem comigo.
Peguei a mão dele e me levantei e nós seguimos para o quarto dele. Quando entramos no quarto voltamos a nos beijar, dessa vez com mais urgência. Ed tirou minha blusa e beijou meu pescoço, minha pele inteira se arrepiando com seus beijos. Depois, eu também tirei a camisa dele e pude ver com clareza todas as muitas tatuagens que cobriam todo o seu peitoral, seus braços e costas. Uma a uma, nossas peças de roupa foram ficando pelo chão até finalmente só restar nossos corpos colados um ao outro. E eu estava certa, se os beijos do Ed já eram maravilhosos, todo o resto era melhor ainda. Quando senti Ed dentro de mim, parecia que todo o sangue do meu corpo pulsava em cada uma das minhas veias, era como se eu estivesse em chamas. Depois de tudo, nós estávamos abraçados, deitados de frente um para o outro, eu fazia um carinho gostoso nos cabelos ruivos do Ed.
— Por que você está me olhando desse jeito? — perguntei.
— Só estava pensando em uma coisa aqui.
— E em que você está pensando?
— Estou pensando que eu estou ficando cada dia mais apaixonado por você.
— Que coincidência, porque eu também estou cada dia mais apaixonada por você.
Ed sorriu e voltou a me beijar enquanto nós recomeçamos tudo. Eu com certeza ia seguir o conselho da , eu não ia voltar para casa naquela noite. Eu queria passar a noite toda nos braços do Ed, fazendo amor com ele. Fazia muito tempo que eu não me sentia tão bem com alguém. Na verdade, eu me dei conta de que eu nunca havia me sentido tão plenamente feliz como eu estava naquele momento.
No dia seguinte, quando acordei, senti os braços do Ed ao meu redor e fiquei em silêncio por mais um momento, curtindo aquela sensação boa.
? — Ed sussurrou no meu ouvido.
Eu me virei de frente para ele.
— Bom dia, meu lindo.
— Bom dia. Se eu soubesse que acordar com você era tão bom, eu já tinha feito antes.
— Eu também, mas, de agora em diante, a gente pode repetir isso sempre.
— Não tenha dúvidas que vamos. Acho que vou preparar um café-da-manhã para nós.
— Ah, não, fica mais um pouco aqui comigo — falei, escondendo minha cabeça na curva do pescoço do Ed. — Sabe que ontem, quando eu avisei à que viria para cá, ela disse que me proibia de voltar para casa?
— Por isso que eu gosto da , ela sabe das coisas. E eu não vou te deixar voltar para casa tão cedo.
— E quem disse que eu quero voltar? — falei, olhando para o Ed novamente.
Ed me beijou e nós continuamos na cama, namorando por um tempo. Eu passei praticamente o sábado todo na casa do Ed e, quando voltei para casa, já era final de tarde.
— Olha só, vejo que alguém seguiu meu conselho — disse quando entrei em casa.
— Segui e foi a melhor coisa que eu já fiz. Ele é tão maravilhoso!
— Então, o ruivo manda bem na cama também.
— Menina, você não tem noção, aquela carinha de neném é só fachada, ele faz umas coisas na cama que, minha nossa, só de lembrar, minhas pernas já ficam bambas.
— Ok, não precisa entrar nos detalhes sórdidos, já deu para entender. Então, agora, eu posso tratar vocês oficialmente como um casal, certo?
— Pode sim. E, aliás, se arruma e liga para o Harry, vamos ver meu amor tocar hoje em um pub aqui perto.
— Ai, gente, já ‘tá chamando de amor e tudo.
— Meu amor, meu homem, meu ruivo. E as recalcadas que lutem — falei e nós rimos.
Conforme eu havia dito, nós fomos ver o Ed tocar à noite. Ele não tocava com banda, era só ele, o violão e o pedal de looping e, ainda assim, ele conseguia ser um artista completo.
— Meu Deus, que voz mais perfeita que ele tem, não ‘tô acreditando na minha sorte.
— Realmente, ele canta muito bem. E toca também — disse Harry.
— Ele manda muito bem, mas canta umas músicas muito românticas para o meu gosto. Mas é a sua cara, — disse .
— ‘Tô apaixonada, gente.
— Mais apaixonada, você quer dizer, , se é que isso é possível — disse , divertida.
Agora que eu estava namorando oficialmente com o Ed, ir vê-lo tocar provavelmente viraria uma rotina. E eu percebi que o que viraria rotina também seria afastar um bando de oferecidas de perto do meu namorado.
— Mas o que é aquilo? — falei, apontando para um grupinho de garotas que estava perto do palco.
— Aquilo, minha cara , é o que chamamos de groupies — disse .
— É, não importa se o cara é famoso ou não, todo cantor tem garotas atrás querendo dormir com o cara — Harry completou.
— Pois elas vão ver só uma coisa.
— Isso, , vai lá e chuta a cara delas — disse .
— Não será preciso, vou afastá-las de lá sim, mas com muita classe.
Ed estava no seu momento de intervalo, então eu me levantei e fui levar uma garrafa de água para ele.
— Amor, eu trouxe para você — falei, encostando ao lado palco.
— Obrigado, amor.
Ed desceu do palco e veio pegar a garrafa comigo.
— Você é incrível, sabia? O melhor cantor que já vi.
— Não exagera.
— Para mim, você é.
— Bom, uma coisa é certa, agora eu tenho alguém para quem cantar.
Eu sorri e puxei o Ed para um beijo.
— Volta para o palco e arrasa.
— Vou estar o tempo todo pensando em você.
Quando Ed subiu novamente no palco, eu olhei para o grupinho de garotas que havia visto tudo que se passara, incluindo o beijão que eu dei no Ed. Eu dei um sorrisinho sarcástico para elas, joguei meu cabelo para trás e voltei para a mesa.
— Como eu sempre digo, você não vale nada — disse e nós três caímos na risada.
Não dava para culpar aquelas garotas por querer um homem como o Ed, ele chamava atenção, era bonito e talentoso e, se só o exterior já era suficiente para deixar uma mulher atraída por ele, imagine se elas o conhecessem como eu estava tendo a oportunidade de conhecer. Ele ganhava cada vez mais espaço na minha vida e no meu coração e conseguia me deixar encantada com cada pequeno gesto. Na verdade, as pequenas coisas do dia-a-dia eram o que deixava o namoro com ele mais leve e perfeito.
, vou sair com o Harry, tem certeza que não quer ir, você e o Ed? — perguntou.
Era domingo e eu estava jogada no sofá, vestindo uma calça de moletom e camiseta, o cabelo preso em um coque frouxo, meus óculos de grau no rosto. Ou seja, eu não pretendia ir a lugar nenhum.
— Não, estou cansada, prefiro ficar em casa hoje. E acho que vou ver o Ed só à noite.
— Tudo bem, então, você que sabe. Tem muita comida na geladeira, então a solitária que existe em você pode ficar tranquila.
— Engraçadinha. Mas eu vou mesmo fazer algo para comer, me enfiar debaixo das cobertas e ficar vendo TV.
— Ok, já vou indo, então.
— Bom passeio para vocês, dá um beijo no meu bestie.
Assim que a saiu, eu fui para a cozinha ver o que tinha de bom para eu fazer. Eu estava mexendo no armário quando a campainha tocou.
— Ué, quem pode ser?
Fui até a porta e abri, me surpreendendo ao ver que era o Ed.
— O que você está fazendo aqui? Você não disse que vinha!
— Eu quis fazer uma surpresa, atrapalho?
— Claro que não. Mas eu estou horrível! — falei, me lembrando de como eu estava vestida.
— Para mim, você é linda de qualquer jeito. Gostei dos óculos, aliás, te deixam sexy.
— Sexy? Não tem nada de sexy em ser míope, ok? — falei e Ed riu.
— Eu gostei, já estou até com umas fantasias na cabeça.
— Para de ser bobo! Isso aí na sua mão é chocolate quente do Starbucks?
— Sim, achei que você fosse gostar, está frio hoje.
— Eu amei. Vai entrar, vou fazer um balde de pipoca para a gente comer junto com esse chocolate quente. Meus planos para essa tarde eram ficar vendo filme no sofá.
— Achei seu plano perfeito.
Ed entrou e me beijou antes de seguir comigo para a cozinha. Nós passamos a tarde toda agarrados debaixo das cobertas, vendo TV, e nunca uma coisa tão simples pareceu tão boa como naquele instante. Alguns dias depois, meus queridos amigos vieram com uma ideia maluca, mas, como eu gosto de ideias malucas, eu logo topei.
— Espera, deixa eu ver se eu entendi, vocês querem ir para Paris no próximo final de semana? Paris, na França?
— Eu não conheço outra Paris, — disse .
— Mas, gente, assim, do nada?
— É, , a gente ‘tá afim de viajar no próximo final de semana — disse Harry.
— E tem que ser para outro país?
— E desde quando isso é um problema quando se mora na Europa? A gente pega um trem e logo estamos na França — disse .
— Além disso, tem jogo do PSG esse final de semana, , não seria legal se fôssemos ao jogo?
— Essa parte é ideia só do Harry, porque você sabe que não gosto de futebol.
— Nossa, eu acho que o Ed vai adorar essa ideia de ver um jogo do PSG.
— Então, você topa? — Harry perguntou.
— Claro que topo! Vou falar com o Ed.
Quando contei ao Ed sobre nossos planos, ele ficou super empolgado.
— Eu já vou avisar no pub que tinha planejado tocar esse final de semana para colocarem outra pessoa no meu lugar. Porque é óbvio que não vou perder essa viagem por nada!
— Vai ser demais, vamos no estádio ver o jogo, vamos na Torre Eiffel e vamos comer nos melhores restaurantes franceses.
— Mas o melhor de tudo isso vai ser estar com você. Paris é a cidade do romance, você sabe, ?
— Eu já ouvi algo a respeito. Então, quer dizer que você quer viver um final de semana de romance comigo em Paris?
— Eu quero viver uma vida de romance com você, mas Paris é um bom começo.
— Você não existe, sabia? — falei, puxando Ed para um beijo.
Depois que combinamos tudo, compramos as passagens de trem e reservamos o hotel. Só restava aguardar o fim de semana chegar. Eu estava super ansiosa, algo me dizia que essa viagem seria mais do que perfeita em todos os sentidos.
Na quinta-feira à noite, eu já deixei minha mala pronta, pois iria viajar direto do trabalho. E, quando finalmente a sexta chegou, minha cabeça não conseguia focar no trabalho, pois eu estava muito ansiosa. Ao final do expediente, saí da empresa e fui encontrar meus amigos e meu namorado na estação de trem.
— Quem aí está pronto para ir para Paris? — Harry perguntou e nós respondemos, animados, em uníssono.
Embarcamos no trem e seguimos em uma viagem tranquila. Eu estava de braços dados com o Ed, minha cabeça recostada em seu ombro enquanto nós observávamos a paisagem do lado de fora do trem. Cerca de duas horas e meia depois, chegamos à Paris. Seguimos para o hotel e, depois de fazer o check-in, aproveitamos para tomar um banho e nos arrumar antes de sairmos. Nós nos encontramos uma hora depois no lobby do hotel.
— E, então, o que vamos fazer em nossa primeira noite em Paris? — perguntei.
— Primeiro, temos que encher o bucho, então devíamos procurar um restaurante — disse .
— Ótimo! E, depois de comer, vamos procurar algum lugar para beber — disse Harry,
— Nossa primeira noite em Paris e já vamos ficar bêbados? — perguntei.
— Minha cara, , estamos nesta vida para se jogar de cabeça, então, sim — disse .
— Eu acho muito digna essa programação — disse Ed.
— Que seja, então, vamos lá — falei.
Nós pedimos indicação de um bom restaurante para a recepcionista do hotel e ela nos indicou um que ficava bem próximo. Depois de estarmos devidamente alimentados, saímos por Paris, sem rumo, até irmos parar em um bar chamado La Fourmi, que ficava próximo à uma estação de metrô. O ambiente era bem simpático e os preços eram bem convidativos. Pedimos uma rodada de cerveja para começar e não paramos até ficarmos bem alegres e rindo à toa. Quando saímos do bar, já era madrugada, as ruas já estavam vazias e ainda bem, porque nós quatro estávamos parecendo malucos tentando voltar para o hotel.
— Paris é tão linda, não é, amor? Eu só queria que a cidade parasse de girar ao meu redor — disse Harry.
— Anjo, o que está girando é a sua cabeça que está cheia de cerveja, não a cidade.
— Quero ver se você vai conseguir lamber minhas tatuagens hoje — disse Harry e Ed me olhou sem entender.
— Não pergunte, não quero ter que explicar sobre as intimidades do Harry e da para você.
— Harry, eu posso estar bêbada, mas se tem uma coisa que eu sei fazer em qualquer circunstância é usar e abusar do seu corpinho.
— Já chega vocês dois, a gente não quer saber sobre isso não — falei.
— Ah, , vai se fazer de santa agora? Você queria arrancar a roupa do Ed com os dentes e levá-lo para a cama desde aquele dia no pub — disse .
— Isso é verdade, ? Poxa, você devia ter dito isso logo, porque eu queria fazer o mesmo com você.
— Vamos parar de falar sobre nossas vidas sexuais no meio das ruas em Paris? Alguém pode ouvir.
, a essa hora da madrugada só tem a gente e os ratos na rua — disse Harry.
E, então, do nada, como quatro bons bêbados, nós começamos a cantar e dançar ali na rua mesmo.
— Vem, amor, dançar comigo debaixo das estrelas — disse Ed, pegando minha mão.
— Ed, o que foi que você bebeu? Onde que você está vendo estrelas? — perguntou.
, se meu amor disse que tem estrelas no céu, então é porque tem.
— Brilha, brilha, estrelinha, quero ver você brilhar! — disse Harry.
— Senhor, meu namorado está dando defeito — disse .
E, então, de repente, começou a chover, aquelas chuvas que caem literalmente do nada.
— Ai, meu Deus! — falei.
— Corre gente, corre para o hotel — disse .
Entre crises de riso e o Harry quase sendo levado pela correnteza que se formou por causa da chuva, chegamos ao hotel vivos, porém completamente ensopados. Quando finalmente conseguimos chegar ao quarto, tudo o que eu queria era um banho quente e cama. Eu tirei minha roupa molhada e fui direto para o banheiro. Me senti reconfortada quando a água quente do chuveiro caiu nas minhas costas. E estava tão distraída que nem percebi o Ed entrar no boxe, só notei a presença dele quando ele passou os braços ao redor da minha cintura.
— O que você está fazendo aqui, mocinho? — falei, virando de frente para ele.
— Vim te fazer companhia no banho.
— Aham, sei bem o que você veio fazer aqui.
— E isso é um problema para você?
— Não, pelo contrário, isso é perfeito.
Puxei o Ed, o beijei e nós ficamos debaixo do chuveiro por um bom tempo nos amando. E, quando saímos do banheiro e fomos para o quarto, ainda demorou algum tempo até que conseguíssemos nos desgrudar e, enfim, dormir. No dia seguinte, os planos eram passear por Paris e, claro, ir à Torre Eiffel. Nós preparamos uma cesta de piquenique para almoçarmos no gramado em frente à Torre Eiffel como as pessoas costumavam fazer.
— Pensei que a gente fosse almoçar em um dos restaurantes que ficam dentro da Torre Eiffel — disse Harry.
— Harry, você ganhou na loteria e a gente não ‘tá sabendo? Aqueles restaurantes são caros, meu bem — disse .
— Eu acho a opção de fazer um piquenique aqui no gramado muito mais legal — disse Ed.
— Não se preocupe, bestie, a gente vai entrar na Torre, mas só para ver a vista — falei.
Depois que comemos, fomos fazer nossa visita à Torre Eiffel. Subimos até o terceiro andar da Torre, mas eu me arrependi um pouco, porque tenho pavor de altura.
— Eu não sei por que eu insisto em ir em lugares altos, sendo que tenho medo.
— Pelo visto, seu amor tem pavor de altura que nem você — disse , apontando para o Ed, que estava mais pálido do que nunca, se é que isso é possível.
— Amor, está tudo bem? — falei, segurando a mão de Ed.
— Tenho pânico de altura.
— Ah, que bom, então a gente combina nisso também.
— Parem de ser medrosos vocês dois, olha só essa vista — disse Harry. — ‘Tô me sentindo o rei do mundo.
— Harry, aqui é a Torre Eiffel e não o Titanic e você não é o Leonardo Di Caprio — disse , divertida.
— Em uma coisa o Harry tem razão, a vista é de tirar o fôlego — falei.
— Apesar de ser alto demais, é mesmo muito lindo — disse Ed. — Só não é tão lindo como você.
— Ai, gente, vocês dois me dão diabetes — disse e eu mostrei a língua para ela.
À noite, fomos conhecer mais um restaurante e, dessa vez, tomamos apenas algumas taças de vinho, ninguém voltou bêbado para o hotel. Quando já estávamos em nosso quarto, eu saí na pequena varanda que tinha uma vista incrível da cidade. Ed logo se juntou a mim.
— Agora eu sei porque chamam Paris de “a cidade luz'' — falei, apontando para a cidade toda iluminada.
— É bonito demais mesmo, parece um cartão postal.
— O que você tem aí? — falei, vendo que Ed segurava alguma coisa.
— É só o meu violão.
— Vai tocar para mim, é?
— Se você não se importar.
— Imagina, eu amo te ouvir cantar. O que você vai cantar?
— Eu compus uma música recentemente junto com um amigo meu que é da Colômbia, a música mistura inglês e espanhol e eu acho que a letra tem muito a ver com nós dois.
— Olha, fiquei curiosa. Como se chama?
— Forever my love.
Ed, então, começou a dedilhar as primeiras notas no violão e, logo depois, começou a cantar.

“La luz de tu mirar, tu hermoso caminar
No existe nadie como tú
The sky magenta blue, it's only me and you
Your eyes lit up are just the moon
Sé que habrán momentos de sufrimiento
But we'll be okay
No soy perfecto, pero

En dondequiera que estés, ahí estaré
Hoy y mañana, por siempre, mi amor
Y si me voy, recuerda que
For now and tomorrow, forever my love

Aunque no crea en mí, tú me haces sentir
Que soy mejor de lo que pienso
Cuando te conocí, me hiciste tan feliz
Me diste un nuevo comienzo
Sé que habrán momentos de sufrimiento
But we'll be okay
No soy perfecto, pero

En dondequiera que estés, ahí estaré
Hoy y mañana, por siempre, mi amor
Y si me voy, recuerda que
For now and tomorrow, por siempre mi amor

Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Por siempre, mi amor
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Forever, my love

Dondequiera que estés, ahí estaré
Hoy y mañana, por siempre, mi amor
Y si me voy, recuerda que
For now and tomorrow, forever my love”


Quando ele terminou de cantar, eu estava totalmente emocionada.
— Que coisa mais linda.
— Essa música é como eu me sinto quando estou com você, .
— Saiba que eu também sinto o mesmo.
— Eu sei que a gente se conheceu há pouco tempo, mas tudo entre nós é tão intenso. Quanto tempo você acha que a gente leva para saber que ama alguém?
— Por que você está perguntando isso?
— Porque eu não quero parecer precipitado, mas eu sinto que te amo. O que eu sinto por você eu nunca senti por ninguém.
Eu sorri e abracei o Ed apertado.
— Se for precipitado, então nós dois estamos sendo precipitados, porque eu também sinto que te amo.
— Acho que não tinha um cenário mais perfeito do que esse para a gente dizer que se ama — disse Ed, apontando para a cidade em nossa frente.
— Concordo plenamente.
— Te amo, garota, te amo de verdade.
— Te amo, meu ruivo.
Ed me beijou e nós logo entramos para o quarto, procurando pela cama. Se havia algo melhor do que sentir a pele quente do Ed contra a minha, eu não sei o que era, porque aquela era a melhor sensação que eu já havia sentido. Eu estava na cidade do romance, com o homem mais maravilhoso que eu já havia conhecido e ele me amava tanto quanto eu o amava.
Eu não me importaria de ficar o domingo todo naquela cama de hotel com o Ed, mas domingo era o dia que havíamos combinado de ir ao estádio, então pulamos da cama cedo e descemos para tomar café.
— Espera, ele disse que te ama? Sério mesmo? — perguntou.
Nós estávamos sentadas, comendo, os meninos estavam se servindo no buffet.
— Disse que sim.
— E, se eu bem te conheço, você respondeu que também o ama.
— Mas é lógico, . Ai, , ele cantando para mim foi tão lindo.
— Menina, eu ainda me surpreendo com a sua capacidade de se apaixonar perdidamente.
— Eu sei que eu sou do tipo que me apaixono fácil, mas eu sinto que, com o Ed, é diferente. Sério, eu não consigo explicar, o que eu sinto por ele é mais forte, mais intenso, só pode ser amor.
— Se você está dizendo, quem sou eu para discordar. Vai fundo, amiga, se joga, estou aqui para apoiar, apenas.
— Amor, peguei um pedaço de bolo de chocolate para você — disse Ed, retornando para a mesa com o Harry.
— Obrigada, amor.
, a torta de banana que você pediu tinha acabado, aí eu trouxe torta de frutas vermelhas. Também serve, ?
— O que vale é a intenção, , meu anjo? — disse , divertida. — Brincadeira, ‘tá ótimo, obrigada.
— Estou tão animada para assistir ao jogo do PSG — falei.
— Vai ser o máximo! — disse Ed.
— Vamos todos com a camisa do PSG para torcer a caráter — disse Harry.
— Eu sou uma amiga muito legal mesmo, viu, vou para o estádio com vocês e eu não sei nem o que é um impedimento direito.
— Amiga, qualquer coisa você bebe umas cervejas e ‘tá tudo certo, você vai até curtir o jogo — falei, divertida.
Depois que terminamos de tomar café, subimos para terminar de nos arrumar e colocar as camisetas do PSG. Antes do jogo, passeamos mais um pouco por Paris ao melhor estilo turista, fazendo fotos de tudo que era lugar. Paramos para almoçar em um restaurante que tinha mesas na calçada, as pessoas indo e vindo, enquanto apreciávamos uma boa refeição. Quando terminamos, seguimos, enfim, para o estádio Parc des Princes, a casa do PSG. O local já estava cheio de gente, nós havíamos conseguido ingressos para um ótimo lugar, com vista perfeita do campo. Os meninos pegaram cervejas para nós antes de o jogo começar. Na hora que o PSG entrou em campo, fizemos muito barulho, até a entrou na onda, porque causar era com a gente mesmo. E, quando o jogo começou, éramos três surtando com cada lance.
— Eu não acredito que anularam o gol de Messi! — disse Harry.
— Juiz ladrão! — eu gritei.
— E eu nem tinha visto que foi gol — disse .
— Ele vai fazer outro, somos pé quente, tenho certeza — disse Ed.
No fim, o Messi fez mais dois gols, esses, sim, validados. Saímos do estádio felizes da vida com a vitória do PSG e com a certeza de que nossa viagem estava terminando com chave de ouro.
— Como tudo que é bom dura pouco, temos que voltar para Londres — falei.
— É, gente, amanhã é segunda, dia de trabalho, então está na hora de voltarmos — disse Harry.
Voltamos para o hotel, fizemos o check-out e fomos para a estação pegar o trem de volta para a Inglaterra.
— Foi muito bom, , gente? — perguntou quando chegamos em Londres.
— Com certeza, valeu muito a pena — disse Ed.
— Eu não sei vocês, mas eu estou totalmente feliz depois dessa viagem — falei, apertando meu abraço no Ed.
— Não dou conta da fofura desse casal — disse Harry.
— Nem eu, é muito açúcar para o meu gosto — disse e nós rimos.
Eu não fui para casa naquele dia, dormi na casa do Ed, é claro. Cada dia se tornava mais difícil ficar longe dele. A semana começou cheia de trabalho para todos nós e também com algumas novidades vindas do Harry.
— Harry, explica essa história sobre show de talentos direito — disse Ed.
Nós estávamos em casa jantando pizza.
— O Ed não sabe sobre o show de talentos — disse .
— Eu explico, amor. Todo ano tem um show de talentos na escola onde o Harry dá aula e ele é um dos professores que fica à frente da organização. E, nós, como somos muito legais, sempre damos uma força para ele.
— Com "dar uma força", a quer dizer que ela participa do show. Eu, como não gosto de palco, só ajudo nos bastidores mesmo.
— Um dia ainda te convenço a subir no palco comigo — disse Harry.
— Vai sonhando, amor.
— Mas você se apresenta também, Harry? — Ed perguntou.
— Sim, tem as apresentações dos alunos e eu, como sou professor de música, me apresento, cantando e tocando. E daí eu pensei que, já que agora eu tenho um amigo cantor, você poderia se apresentar também.
— Claro, será um prazer. Mas e você, amor, faz o que nesse show?
— A se apresenta dançando — disse .
— Dançando? Eu não sabia que você dançava.
— Eu gosto de dançar, se eu danço bem, já é outra história.
— A ‘tá sendo modesta, ela dança bem sim — disse Harry.
— Agora eu quero ver isso, você vai dançar esse ano, ? — Ed perguntou.
— Eu vou dançar com uma condição — falei, com cara de travessa. — Quero que você dance comigo, Ed.
— Eu? Mas eu não sei dançar, como dançarino, eu sou um ótimo cantor.
— Qualquer pessoa pode dançar, basta se dedicar. Se a gente ensaiar bastante, tenho certeza que você consegue.
— Agora sou eu quem quer ver isso, o casal fofura dançando juntinhos — disse .
— Não sei não, , eu vou pagar o maior mico.
— Eu te ajudo, amor, vai sair tudo lindo.
— Ok, vamos tentar, mas, se eu ver que não está saindo nada nos ensaios, eu desisto, certo?
— Combinado.
Fiquei animada com a possibilidade de dançar com o Ed, eu já estava com várias ideias de coreografias na cabeça, eu ia pedir para a professora de dança da escola em que o Harry trabalhava me ajudar, ela sempre montava apresentações bem legais para o show. Eu queria algo bem romântico, um momento único que, apesar de ser para se apresentar diante de uma escola inteira, também fosse um momento só nosso.
Harry começou a organizar o show de talentos no dia seguinte e eu também aproveitei para já conversar com a professora de dança da escola. Nós tivemos várias ideias que poderiam ser desenvolvidas e, por fim, optamos por montar uma coreografia mais lenta em que eu ficasse mais em evidência, assim ficaria mais fácil para o Ed, já que ele não sabia dançar. Quando estava tudo decidido, nós começamos a ensaiar e, como já era esperado, os primeiros dias de ensaio foram um pouco desastrosos.
— Sério, , eu não nasci para isso. Você dançando parece uma rainha, eu pareço um bobo — disse Ed.
Nós havíamos parado para descansar, meu namorado estava todo suado, sentado no chão com uma garrafa de água na mão.
— Amor, para com isso, você está indo bem para quem nunca dançou. É normal errar muito no começo.
— Precisava de tantas acrobacias na coreografia? Eu estou vendo a hora que vou te derrubar no chão.
— Eu confio em você.
— Pois eu não confio em mim — disse Ed e nós rimos.
— Relaxa, vai dar tudo certo.
— Vamos voltar para o ensaio, casal? — disse Emma, a professora de dança.
— Vamos nessa! — falei, me levantando, e dando a mão para o Ed.
— Ok, gente, vamos passar do começo. Quero vocês olhando um para o outro com aquele olhar apaixonado.
— Isso eu posso fazer, com certeza — disse Ed.
Conforme os dias foram passando, o Ed começou a ficar mais à vontade e os ensaios começaram a fluir. Isso, claro, quando nós dois não tínhamos crises de riso olhando um para o outro. Geralmente, isso acontecia quando a professora pedia para fazermos a tal cara de apaixonados.
— E, então, você acha que vai sair a sua dança com o Ed? — perguntou enquanto jantávamos.
— Sim, ele está se esforçando muito. Ele nunca vai ser um bailarino, mas ele vai conseguir dançar comigo.
— Ou seja, não tem gingado nenhum, coitado.
— Para de zoar meu mozão. Não se pode ter tudo na vida, , ele já veio lindo e talentoso, se soubesse dançar, ia ser muita injustiça com o resto dos homens do mundo.
— Minha nossa, quanto amor envolvido.
— Amo mesmo, ‘tá. E não se faça de sem coração, você também ama o Harry da mesma forma, só que você demonstra de outro jeito.
— Sim, eu demonstro querendo socar a cara do Harry e quebrar aqueles duzentos dentes dele, porque ninguém pode ser tão lindo assim, sabe.
— Te entendo, amiga, toda vez que eu olho para o Ed, eu penso: puta que pariu, que homem mais gostoso e maravilhoso!
— Você sabe que você tem problemas sérios, ? Que você não bate bem?
— Sei sim e você também tem, por isso somos amigas — falei e nós rimos.
Tudo estava indo muito bem, eu estava feliz e apaixonada, e pensava que nada poderia interferir nessa felicidade, mas eu estava enganada. Era final de semana e eu estava na casa do Ed, acordei no sábado de manhã, rolei pela cama e o Ed não estava. Havia um bilhete dele em cima do criado mudo, me estiquei para pegar. O bilhete dizia: "amor, fui comprar algumas coisas para o nosso café-da-manhã, volto logo. Te amo". Eu sorri ao ler a mensagem e depois me levantei. Eu estava apenas de lingerie, então peguei uma camiseta do Ed e vesti, indo depois para o banheiro. Quando saí do banheiro, escutei a campainha tocar.
— Será que o Ed esqueceu a chave?
Segui até a porta e abri, mas não era o Ed. Ali, parada em minha frente, estava uma moça morena, seus cabelos tinham luzes loiras, eu não fazia ideia de quem ela era.
— Pois não, posso ajudar?
A mulher me mediu de cima a baixo.
— Então foi por isso que ele me trocou? — ela disse, apontando para mim.
— Desculpe, mas quem é você e de que você está falando?
Ela não respondeu, ao invés disso, me empurrou e foi entrando na casa.
— Hey, quem você pensa que é para ir entrando na casa dos outros desse jeito?
— Essa casa é sua, por acaso?
— Não, mas é a casa do meu namorado e, na ausência dele, a responsabilidade é minha.
— Namorado? Então, você, ele resolveu assumir?
Foi então que minha cabeça começou a juntar as peças, aquela só podia ser a garota que o Ed estava saindo antes de me conhecer.
— Você é a garota que ele me falou que estava saindo quando a gente se conheceu.
— Eu mesma. Um dia apenas que não pude sair com ele e você entrou na vida dele para atrapalhar as coisas entre nós.
— Olha, quando eu o conheci, eu nem sabia que ele estava saindo com alguém, então a culpa não é minha. Além disso, ele disse que vocês não tinham nada sério.
— Não tínhamos nada sério? Estávamos saindo a quase seis meses e, mesmo assim, eu continuava sendo só uma ficante. Aí ele conhece você e, em um mês, vocês já estão namorando.
— Deve ser porque ele não sentia por você o que ele sente por mim.
— Ah, por favor, não me venha falar de amor, ele não te ama. Ele só está usando você como faz com todas as outras.
— Acho que nós não estamos falando da mesma pessoa, porque o Ed que eu conheço seria incapaz de usar alguém.
— Garota, você o conheceu outro dia, o que você sabe sobre ele?
— Sei o suficiente para acreditar no que ele sente por mim.
— É muito iludida mesmo. Ele já cantou para você? Porque é assim que ele conquista as mulheres, com aquela carinha de anjo e a bela voz.
Aquilo me pegou, lembrei dele cantando para mim em Paris.
— Kate? O que você está fazendo aqui? — disse Ed, entrando na sala naquele momento.
— Olha aí quem chegou, o romântico incurável.
— Ela foi entrando sem nem pedir licença — falei.
— Avisa à sua namoradinha que eu não sou uma desconhecida, antes de ela frequentar sua cama, era eu quem dormia por lá.
— Você ficou maluca? Isso é jeito de falar? Não importa que você não é uma desconhecida, ainda assim não tem o direito de invadir minha casa e destratar minha namorada.
— Perdi quase seis meses da minha vida com você para essa aí chegar e você a tornar sua namorada oficial.
— Deve ser porque eu nunca senti por você nem metade do que eu sinto por ela.
— Guarda esse papo furado para ela que é trouxa o suficiente para acreditar. Mas vamos ver até quando,? Talvez, quando ela descobrir quem você é de verdade, as coisas mudem.
— Kate, vai embora daqui agora, por favor.
— Eu vou — disse Kate, seguindo para a porta, mas, antes, ela parou para me encarar. — Agora eu posso ir, parece que já fiz estrago suficiente por aqui.
Ela saiu em seguida com um sorriso vitorioso no rosto.
— Você está bem, amor? — Ed perguntou, mas eu não respondi, apenas me sentei no sofá.
Ed me seguiu e sentou ao meu lado.
, você está bem? O que foi que ela te disse para te deixar assim?
— Ela falou sobre como você usa as mulheres e depois as descarta.
— E você não acreditou nisso, ?
— Não sei, estou um pouco confusa. Ela falou que vocês estavam saindo há quase seis meses.
— Isso é verdade, mas eu não menti quando disse que não tínhamos nada sério. Estávamos saindo, mas eu nunca me senti verdadeiramente apaixonado por ela para querer que ela fosse minha namorada.
— Ela falou também sobre você usar o fato de ser cantor para conquistar as mulheres. Inclusive, ela me perguntou se você já tinha cantado para mim.
, eu não vou mentir para você, eu sou um cantor que se apresenta em pubs, o que não falta são mulheres em cima de mim e, estando solteiro, é óbvio que eu saía com algumas sem querer nenhum compromisso. Mas com você é diferente, foi diferente desde o dia em que a gente se conheceu, eu fiquei encantando com você desde o primeiro instante. Você não saía mais da minha cabeça e daí para entrar no meu coração foi muito rápido.
— Quando você cantou para mim lá em Paris, você já fez isso com quantas outras?
— Isso é sério? Você acha mesmo que eu saio por aí viajando e fazendo serenata para todas as mulheres com quem eu já tive alguma coisa? O que a gente viveu em Paris, o que a gente tem vivido desde aquele dia no pub, foi único e especial.
Eu me levantei e segui para o quarto, o Ed atrás de mim. Tirei a camiseta dele e comecei a vestir minhas roupas.
— Aonde você vai?
— Para casa.
, eu não estou acreditando que você vai escutar o que aquela maluca disse. É exatamente isso que ela quer, nos separar.
— Eu sei muito bem que é isso que ela quer, mas eu preciso pensar, ok? Tudo que eu preciso nesse momento é ficar sozinha.
Eu terminei de me vestir, peguei minhas coisas e fui em direção à saída.
, não faz isso, por favor. Eu te amo e você sabe que isso é verdade.
— Depois a gente conversa, Ed.
Saí batendo a porta e segui para casa, tentando segurar a vontade de chorar, mas algumas lágrimas insistiam em escapar. Quando cheguei em casa, encontrei a sentada no sofá, vendo TV.
— O que foi que aconteceu? — perguntou ao ver minha cara.
Sentei ao lado da minha amiga e contei para ela o encontro desagradável com a ex-ficante do Ed.
— Mas que mulher doida, gente.
— Foi muito chato, sabe.
— Mas, peraí, você não vai deixar essa mulher interferir no seu namoro,? O Ed tem razão em dizer que é exatamente isso o que ela quer.
— Eu sei, mas eu fiquei muito mexida quando ela falou todas aquelas coisas. Eu preciso pensar, colocar minha cabeça no lugar.
— Você que sabe, mas pensa bem antes de tomar qualquer atitude. Eu nunca te vi apaixonada por alguém como você é por ele e, pelo que vejo, ele também sente o mesmo por você.
— Eu vou pensar e não vou tomar nenhuma atitude precipitada, pode deixar.
A tinha razão, eu nunca havia sentido por ninguém o que eu sentia pelo Ed e, só de pensar em não ficar com ele, quebrava meu coração. Mas eu sabia que precisava colocar minha cabeça no lugar, porque não adiantava ficarmos juntos sem que houvesse confiança entre nós, eu não queria sentir que era apenas mais uma na vida dele, eu queria a certeza de que era única, assim como ele era para mim.
Eu queria passar um tempo longe do Ed até resolver a confusão dentro de mim, mas o problema é que tínhamos os ensaios para o show de talentos. Nós tínhamos que continuar os ensaios, senão no dia não ia sair nada direito. Eu conversei com a professora de dança e consegui encontrar uma solução: ela iria ensaiar separadamente comigo e com ele. Ela foi muito discreta e não fez muitas perguntas sobre o que havia acontecido e eu fiquei grata por isso. Se eu pudesse, eu teria desistido dessa apresentação, mas eu já havia me comprometido com o Harry e com a escola, então não era justo. O Ed apareceu lá em casa alguns dias depois, ele havia ido ao ensaio e ficou surpreso de não me encontrar lá.
— Mas olha quem ‘tá aqui — disse , abrindo a porta.
Eu estava sentada no sofá e pensei em correr e me trancar no meu quarto, mas já era tarde demais, o Ed já havia me visto.
— Oi, .
— O que você está fazendo aqui? Ainda não quero falar com você.
— Se vocês me dão licença, vou deixar vocês à vontade.
— Não, , fica!
— Nem pensar, não existe DR a três.
saiu em seguida, nos deixando a sós. Ed veio até mim e se sentou ao meu lado, mas eu levantei e sentei na poltrona.
— Não posso nem sentar ao seu lado agora?
— Não pode, quando você fica perto de mim, meu cérebro para de funcionar, então é melhor manter distância.
— Eu não sei se eu rio disso ou se lamento.
— Ed, o que você quer? Eu te pedi um tempo sozinha.
— Eu quero entender que história é essa de ensaiar separados.
— Foi a solução que eu encontrei para mantermos os ensaios. Eu não vou voltar com a minha palavra sobre a apresentação, mas, na nossa atual situação, também não dá para a gente ficar ensaiando juntos, então nós ensaiamos separados e pronto.
— E no dia a gente junta tudo, correndo o risco de dar muito errado, , ainda mais para mim, que não sei dançar.
— Vai dar tudo certo, a Emma é uma ótima professora.
Ed se levantou e sentou na mesinha de centro bem de frente para mim.
, vamos parar com isso, por favor. Não tem sentido a gente ficar longe um do outro, sendo que a gente se ama.
— Ed, será que dá para você respeitar meu tempo? Se põe no meu lugar, como você se sentiria se um ex-ficante meu aparecesse, falando um monte de coisas ruins de mim, e fazendo você se sentir como sendo só mais um na minha vida?
— Eu ia acreditar em você e no que você sente por mim.
— Falar é fácil,, quando você está do outro lado da história.
— Eu realmente não sei mais o que fazer para provar que eu amo você, que não existe ninguém no mundo como você para mim.
— Eu só gostaria que você parasse de tentar por enquanto e me deixasse digerir toda essa história. Agora, é melhor você ir embora.
Ed suspirou, pesado, mas finalmente se levantou.
— Tudo bem, eu vou embora.
— Ótimo, vou abrir a porta para você.
Me levantei também e fui até a porta, abrindo-a em seguida.
— Por favor, se você me dá licença — falei, apontando para a saída.
Ed seguiu até a porta, mas, antes de sair, ele me pegou de surpresa. Em um minuto eu estava parada, segurando a porta aberta, no outro, eu já não estava mais, porque o Ed me encostou na parede e me beijou. E como era difícil resistir aos beijos dele, como era difícil resistir a tudo que eu sentia por ele. Levou um tempo até que eu voltasse a mim e conseguisse empurrá-lo para longe.
— Você não podia ter feito isso.
— Eu só queria ter certeza que você ainda gosta de mim — Ed disse, com um sorriso vitorioso no rosto.
— Você é muito, muito pretensioso!
— Não sou não, sou apenas um homem apaixonado, tentando ter de volta a mulher que ama.
— Vai embora logo.
— Eu vou, agora eu vou.
Ed saiu em seguida e eu comecei a me abanar, tentando controlar o calor que havia tomado conta do meu corpo.
— E aí, fizeram as pazes? — perguntou, aparecendo em seguida na sala.
— Não, o mandei embora.
— Então, por que você está toda vermelha?
— Ele me beijou, aquele ridículo! Me pegou desprevenida, eu nem queria.
— Não queria pouco, ? — disse , rindo.
— Não ria, isso é sério!
— Ah, , vai dizer que não sente falta nem um pouquinho do ruivão te pegando?
— Sinto, todos os dias, a todo momento.
— Então, para logo de bobagem, volta logo para os braços dele e manda essa tal de Kate para o inferno.
— Nem pensar, eu serei firme e forte.
— Quero ver até quando.
— Para de falar na minha orelha, tudo vai continuar do jeito que está, por enquanto. E eu vou tomar um banho agora.
— Um banho frio, .
— Talvez.
Eu não conseguia me reconhecer, nenhum homem nunca mexeu tanto comigo como o Ed mexia. Ficar longe dele estava sendo mais difícil do que eu imaginei que seria e, quando ele estava perto, tudo que eu queria era pular no colo dele. Eu estava vivendo uma briga interna, meu coração dizia que sim e a cabeça dizia que não e eu já nem sabia mais o que era o certo a se fazer.

Ed’s POV On

Eu queria a de volta, eu queria que tudo voltasse a ser como era antes. Eu fiquei louco por ela desde o primeiro dia, ela era tão linda, tão autoconfiante, que não levou muito tempo para que eu estivesse completamente de quatro por ela. Eu me apaixonei de verdade e o amor que eu sentia por ela era totalmente real, eu não podia deixar que aquele monte de besteiras que a Kate disse nos separasse. Como se armar aquela cena fosse me fazer mudar de ideia, largar a e voltar para ela. Era a que eu queria e só ela, eu ia a ter de volta nem que tivesse que me rastejar aos pés dela.
— A me disse que você foi lá em casa — disse Harry.
Nós havíamos saído para tomar uma cerveja e conversar, eu estava precisando de um ombro amigo para desabafar.
— Fui saber por que a inventou essa história de não ensaiarmos mais juntos.
— Porque ela não quer te ver, simples assim.
— Mas ela vai ter que me ver no dia da apresentação.
— Sim, porque é inevitável. Se ela pudesse voltar atrás sobre o show de talentos, ela voltaria, mas a é uma mulher de palavra, ela já se comprometeu e não vai furar comigo e com a escola.
— Talvez, eu devesse desistir e dizer que não vou mais dançar com ela.
— Não faz isso, só a deixaria com mais raiva — disse Harry e eu bufei. — A me disse também que você beijou a .
— Eu precisava saber se ela ainda me queria. E eu sei que quer, eu senti no beijo dela.
— Claro que ela te quer, ela é apaixonada por você. Só que a é cabeça dura, quanto mais você forçar a barra, pior vai ser. Sério, o melhor que você tem a fazer é manter distância por enquanto.
— Mas eu não consigo ficar longe dela! É uma tortura para mim.
— Eu sei, cara, mas você precisa aguentar. Eu não acho que a vai aguentar muito tempo longe de você também, então só seja paciente.
— Você diz isso porque você nunca teve que ficar longe da .
— Você acha que não? Cara, eu e a nos conhecemos desde crianças e temos um relacionamento de anos, e, como qualquer relacionamento, não é perfeito o tempo todo. A gente também briga e já tivemos brigas feias e a , além de cabeça dura, é explosiva. Com o tempo, eu aprendi a lidar com o jeito dela, eu entendi que não adianta bater de frente.
— Acho que você tem razão.
— Eu tenho razão, eu cresci com essas duas, então pode confiar no que eu digo.
O Harry estava certo, eu precisava me segurar e ter paciência. Não seria nada fácil, mas eu ia me esforçar. Então, eu passei a me dedicar mais ainda aos ensaios, eu queria que estivesse tudo perfeito no dia da apresentação, eu queria mostrar para a que fiz tudo aquilo por ela e, quem sabe, quando nós dançássemos juntos, ela pudesse sentir meu coração e o quanto ele batia só por ela. Os dias foram se passando e o show de talento se aproximava, eu estava bem orgulhoso de mim mesmo a respeito da coreografia. A apresentação seria no sábado e, na sexta à noite, a apareceu lá em casa com o Harry.
— Oi, gente — falei, abrindo a porta.
— Poxa, Ed, você podia demonstrar mais animação com a nossa visita, — disse .
— Desculpa, , é que você sabe muito bem quem eu estava esperando, .
— Sei sim e, se isso te consola, a ‘tá lá em casa com uma cara tão péssima quanto a sua.
— Vocês precisam se acertar logo, a ‘tá em um mau humor que ninguém merece — disse Harry e deu um tapa no ombro dele, o repreendendo.
— Eu só quero minha garota de volta.
— Ai, que bonitinho você falando da , talvez eu até fale a seu favor quando eu chegar em casa e ela perguntar como foi nossa visita.
— Valeu mesmo, — falei, irônico.
— Amanhã é o show de talentos na escola, eu acho que essa é sua melhor chance de ter a de volta — disse Harry.
— Estou contando com isso.
— Falando no show, nós viemos trazer sua roupa — disse .
— Ah, sim, obrigado.
Eu peguei a caixa que estava segurando, dentro dela havia uma calça social preta, uma camisa branca e um colete preto.
— Pelo menos, vou estar bem vestido.
— Espere até você ver o que a vai estar vestindo.
— Harry, dá para manter a boca fechada?
— Como assim? O que ela vai estar vestindo?
— Desculpe, Ed, não temos permissão para falar. O Harry fala demais às vezes, mas eu estou aqui para garantir que ele não fale o que não deve.
— Ótimo, ficarei ansioso até amanhã para saber.
— Segura a ansiedade que amanhã você vai ver. E, se der sorte, amanhã vocês se acertam — disse . — Bom, agora nós já vamos indo, porque amanhã o dia começa cedo para nós.
— Verdade, temos milhões de coisas para organizar para o show.
— Ok, eu agradeço por trazerem a roupa. A gente se vê amanhã na escola.
Harry e foram embora e eu fiquei sozinho com meus pensamentos. Demorei a conseguir dormir naquela noite, fiquei rolando de um lado para o outro, pensando na , até que finalmente conseguisse pegar no sono. E, quando dormi, sonhei com a linda, dançando nos meus braços e me olhando apaixonada como ela costumava me olhar. Eu não sabia o que aconteceria no dia seguinte, mas eu estava decidido a não sair daquele show de talentos sem a mulher que eu amava.

Ed’s POV Off

O dia da apresentação no show de talentos finalmente chegou e eu confesso que estava um pouco nervosa. Primeiro, porque eu estava receosa que as coisas pudessem dar errado, por nós termos ensaiado separados e, segundo, porque eu não sei se estava preparada para ver o Ed. Nós não nos víamos desde o dia em que ele foi lá em casa e me beijou e eu não vou mentir, eu estava sentindo muito a falta dele. Eu cheguei na escola bem antes do horário que começaria o show e fui me arrumar. Eu havia pedido para os meus amigos entregarem a roupa do Ed no dia anterior e a minha roupa era um pouco mais ousada, digamos assim. Era um collant branco sem manga e, preso a ele, descia uma saia branca longa e transparente que daria um efeito bonito durante a dança. Eu iria dançar descalça, deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem leve. Eu estava terminando de me arrumar quando meus amigos vieram falar comigo.
— Olha ela toda bonita — disse , divertida.
— Estou é nervosa.
— Por que será, ?
— Quietinha, .
— Você está ótima, bestie, e tenho certeza que vai arrasar como sempre.
— Vai, , pergunta o que você quer perguntar.
— Não sei do que você está falando, .
— Ok, se você não pergunta, eu falo. O Ed chegou e está todo arrumado, bem bonito, eu diria.
— Eu nem queria saber.
— Ele é seu par, , claro que você queria saber — disse Harry.
— Até você, Harry?
, relaxa, vai dar tudo certo e, quem sabe, vocês não se entendem — disse .
— Só vou dançar porque prometi ao Harry, senão eu desistia — falei e obviamente meus amigos não acreditaram em mim.
— Bom, a gente vai indo, eu vou fazer a abertura do show — disse Harry.
— Eu vou ficar da coxia vendo você — falei.
Nós seguimos para o palco, eu fiquei na coxia com a , enquanto o Harry subia ao palco e fazia toda a introdução do espetáculo. Logo depois, ele mesmo foi o primeiro a se apresentar, cantando e tocando.
— Esse meu bestie é muito talentoso, ?
— Sou suspeita para falar, mas é sim. Gosto ainda mais quando ele canta só para mim no quarto.
!
— Que foi? Não falei nenhuma mentira — disse e nós rimos.
A apresentação do Harry terminou e, então, ele chamou a próxima atração.
— Pessoal, agora eu quero chamar no palco um amigo meu que tem um baita talento. Espero que vocês gostem e recebam muito bem meu amigo Ed Sheeran.
Meu coração gelou, eu não sabia que o Ed cantaria logo no começo do show. Ele estava tão lindo, tão perfeito, devia ser proibido ser tão bonito assim. Ed subiu ao palco com seu violão e começou a cantar, sua voz suave dominando o ambiente.
— Parece que o público está gostando, principalmente o público feminino — disse , apontando para a plateia.
Havia algumas mulheres nas primeiras fileiras suspirando enquanto o Ed cantava.
— Mas que bando de abusadas.
— Pois é, , mas, como você está brigada com o Ed, você não pode nem reivindicar o que é seu.
A estava certa, eu não estava no direito de reivindicar nada. Mas a verdade é que eu fiquei roxa de ciúmes daquele bando de urubu babando pelo Ed. Quando ele terminou a apresentação, todos aplaudiram muito e, antes de sair do palco, ele olhou para a coxia e me viu. Nossos olhares se cruzaram por um momento, mas eu logo desviei e Ed lembrou que precisava sair do palco. Depois dele, foi a vez de alguns alunos subirem ao palco, foram várias apresentações seguidas de dança, música e poesia.
, você é a próxima — disse Harry, vindo me chamar.
— Ok, estou pronta.
Assim que os alunos que estavam se apresentando deixaram o palco, Harry pegou o microfone.
— E agora teremos uma apresentação de dança da minha amiga e do seu... — disse Harry, hesitando, sem saber como definir o Ed — ... do seu parceiro de dança, Ed.
Harry saiu do palco em seguida, deixando o espaço livre para nós. A música começou a tocar e eu e o Ed entramos no palco, cada um vindo de um lado da coxia. Nós caminhamos até nos encontrarmos no centro do palco, foi quando eu finalmente ergui o rosto e encarei Ed nos olhos. Aquela imensidão azul sempre me fazia tremer e, dessa vez, não foi diferente. Ed me puxou pela cintura, nossos rostos a centímetros um do outro, e, então, nós começamos a dançar. Fiquei surpresa de ver que o Ed estava dançando muito bem, ele havia aprendido a coreografia perfeitamente. Nós girávamos pelo palco em plena sincronia nos passos, Ed me jogava de um lado para o outro com total segurança. Dizem que dançar com alguém te conecta àquela pessoa de uma forma inexplicável e isso era verdade. Naquele momento, nós estávamos conectados e nossos corações batiam no mesmo compasso. Quando a dança chegou ao fim, nós paramos na pose final, abraçados no chão, nossas testas coladas, a respiração ainda irregular pelo esforço. Então, por um momento, foi como se todo mundo sumisse e só houvesse nós dois ali. Eu fechei meus olhos e, logo em seguida, senti os lábios do Ed tocando os meus em um beijo delicado. Eu só voltei a mim quando ouvi os aplausos, então quebrei o beijo, me levantando junto com o Ed. Nós nos demos as mãos e agradecemos a plateia. Logo depois, deixamos o palco em direção à coxia.
— O que foi aquilo? Aquele beijo não fazia parte da coreografia — falei, assim que alçamos a coxia.
— Claro que não fazia, eu te beijei porque eu quis. Porque eu sinto sua falta, porque eu te amo! Será que é tão difícil você entender isso? — disse Ed, segurando meu rosto com as mãos.
— Ainda assim você não devia ter me beijado, sendo que ainda estamos brigados.
— Eu não quero mais brigar, ! Eu quero você de volta!
Ed bufou, frustrado, e ficou aguardando por uma resposta minha. Como eu não respondi, ele ficou ainda mais irritado e virou as costas para sair.
— Espera, Ed!
— O que foi? — Ed perguntou, se voltando novamente para mim.
Eu não disse nada, apenas fui até ele, o puxando e o beijando apaixonadamente.
— Eu também sinto sua falta — falei, quando quebramos o beijo. — Eu também te amo.
— Você acredita em mim, então?
— Acredito, você tem razão, não podemos deixar que outra pessoa nos separe.
— Não tem ninguém nesse mundo que eu queira mais que você, . Eu até aprendi a dançar por você — disse Ed e nós rimos.
— Você foi ótimo, estou orgulhosa.
— Faço qualquer coisa por você.
Eu sorri e o Ed voltou a me beijar. Quando a gente conseguiu se desgrudar um pouco, seguimos para a sala onde havia sido montado um camarim improvisado para que pudéssemos nos trocar. O show já estava terminando, havia somente mais uma atração depois de nós e, assim que terminou, meus amigos foram ao nosso encontro.
— Ai, meu Deus, até que enfim! — disse ao ver eu e o Ed de mãos dadas. — Finalmente acabou essa briga boba de vocês dois e eu vou voltar a ter paz em casa, com a feliz.
— Nossa, quanto amor por mim, hein.
, a gente te ama, mas você sem o Ed não estava dando para aguentar não — disse Harry, divertido.
— Credo, gente, eu não sabia que eu estava tão péssima assim.
— Eu não estava muito melhor também, mas, como eu moro sozinho, era só eu mesmo que tinha que aguentar meu mau humor.
— É isso aí, casal, tudo voltando para o seu devido lugar — disse .
— Isso merece uma comemoração. Vamos sair para comer e beber? — Harry perguntou.
— Nem precisa falar duas vezes — falei.
Saímos da escola e fomos para um pub que também tinha serviço de restaurante. Primeiro, claro, comemos muito e, depois, começamos nossas rodadas de cerveja. Quando fomos embora, já era tarde da noite, a foi para a nossa casa, com o Harry, e eu fui para a casa do Ed.
— Senti falta de dormir aqui — falei, largando minha bolsa no sofá.
— Sentiu falta só de dormir?
— Não, senti falta de me enroscar nos seus braços, de fazer amor com você.
— Não seja por isso, a gente resolve isso agora mesmo.
Ed me puxou para junto de si e me beijou e não existia uma sensação no mundo melhor do que aquela, o sentir me tocando, me amando. Logo, nós estávamos em seu quarto, nos desfazendo de nossas roupas, nossas peles quentes como uma só, nossos corpos na mesma sincronia de quando nós dançamos algumas horas atrás.
— Que falta eu senti disso tudo, do seu cheiro, do seu corpo — disse Ed, depois, quando já estávamos deitados, abraçados.
— Eu também não aguentava mais ficar longe de você.
, promete para mim que você não vai mais deixar nada nem ninguém nos separar. Você não tem motivos para não acreditar no que eu sinto por você.
— Eu sei, é só que eu fiquei tão insegura. Mas eu prometo que isso não vai mais acontecer e, se aquela garota voltar, eu vou a colocar para correr daqui.
— Ela não vai voltar, ela sabe que perdeu.
— Perdeu mesmo, você é meu, de mais ninguém.
— Não posso discordar disso, sou mesmo seu. E você é minha.
— Completamente sua.
Nós recomeçamos tudo, passamos a noite matando a saudade que sentíamos um do outro. Agora, eu estava em paz. Agora, eu tinha certeza de que o sentimento que nos unia era verdadeiro e eu não ia mais ficar questionando isso, eu ia apenas seguir meu coração.
Eu passei o domingo todo com o Ed e, quando já era noite, voltei para casa. Ao chegar em casa, encontrei minha amiga com aquele sorrisinho irônico no rosto.
— O que foi que você está me olhando assim?
— Nada, só estou admirando sua carinha de apaixonada.
— Para de ser boba — falei, me sentando ao lado dela no sofá.
— Eu sabia que essa briga não ia durar muito tempo.
— Não consigo ficar longe dele. Eu não era assim, gente, qual foi a última vez que você me viu assim tão apaixonada por alguém?
— Para ser bem sincera, nunca. Você é do tipo que se apaixona fácil, mas com a mesma facilidade que você se apega a alguém, você também consegue desapegar. Mas, agora, você está completamente de quatro amiga.
— Pois é, nem eu estou me reconhecendo.
— O nome disso é amor e, no seu caso, o mais brega dos amores.
— Vai zoando, como se você não tivesse seus momentos bregas com o Harry.
— Às vezes acontece, mas é por conviver demais com você, acho que breguice é contagiosa. Só que o foco aqui no momento é você, é você que está amando loucamente.
— É, acho que estou mesmo. Acho que, finalmente, encontrei minha alma gêmea, minha metade de laranja, a tampa da minha panela — falei, colocando a mão no coração e fazendo uma cena.
— Senhor, cadê minha insulina?
— Fui flechada pelo cupido.
— Ok, , já deu para entender. Mas, então, você resolveu pegar tudo aquilo que a ex-ficante dele disse e jogar no lixo, certo?
— Certo, não vou mais deixar ninguém interferir no nosso relacionamento.
— Essa garota deve estar com uma bela dor de cotovelo, porque ele nunca quis namorar com ela e, já com você, não precisou de muito tempo para ele ficar totalmente na sua. Por isso, ela fez todo esse inferno, simples assim. Não que o Ed seja santo, nenhum homem é, mas eu acho que ele gosta mesmo de você.
— Você acha mesmo?
— Claro que sim, , ele parece um cachorrinho atrás de você.
— Ai, que horror — falei, rindo
— Falei no bom sentido.
— Quem diria que eu ia encontrar alguém assim em um pub?
— Agradeça ao Harry por ter nos levado para aquele pub longe para cacete.
— Realmente, devo essa ao meu bestie.
Com tudo acertado entre mim e o Ed, nós voltamos a ser um quarteto que gostava de sair para beber e nos divertir. No final de semana seguinte, o Ed iria tocar no King's Arms, o mesmo pub que nos conhecemos. Eu e meus amigos fomos prestigiá-lo, é claro.
— Gente, um minuto da atenção de vocês, por favor — Ed disse em cima do palco. — Eu quero cantar uma música agora que eu compus para uma pessoa muito especial. Há quase dois meses, eu conheci aqui, nesse mesmo pub, uma garota que me deixou completamente encantado e, naquele dia, eu não podia imaginar que ela roubaria meu coração de uma forma irreversível e que ela se tornaria a pessoa mais importante da minha vida.
— Acho que ele está falando de você, sabe — disse, me cutucando.
— Então, eu fiz essa música para ela, minha linda namorada. Amor, espero que você goste.
Ed começou a montar a base da música no pedal de looping e depois começou a cantar e tocar seu violão.

"I took an arrow to the heart
I never kissed a mouth that tastes like yours
Strawberries and somethin' more
Ooh yeah, I want it all
Lipstick on my guitar (ooh)
Fill up the engine, we can drive real far
Go dancin' underneath the stars
Ooh yeah, I want it all

Mm, you got me feelin' like
I wanna be that guy, I wanna kiss your eyes
I wanna drink that smile, I wanna feel like I'm
Like my soul's on fire, I wanna stay up all day and all night
Yeah, you got me singin' like

Ooh, I love it when you do it like that
And when you're close up, give me the shivers
Oh baby, you wanna dance 'til the sunlight cracks
And when they say the party's over, then we'll bring it right back
And we'll say, ooh, I love it when you do it like that
And when you're close up, give me the shivers
Oh baby, you wanna dance 'til the sunlight cracks
And when they say the party's over, then we'll bring it right back

Into the car
On the backseat in the moonlit dark
Wrap me up between your legs and arms
Ooh, I can't get enough
You know you could tear me apart (ooh)
Put me back together and take my heart
I never thought that I could love this hard
Ooh, I can't get enough

Mm, you got me feeling like
I wanna be that guy, I wanna kiss your eyes
I wanna drink that smile, I wanna feel like I'm
Like my soul's on fire, I wanna stay up all day and all night
Yeah, you got me singin' like

Ooh, I love it when you do it like that
And when you're close up, give me the shivers
Oh baby, you wanna dance 'til the sunlight cracks
And when they say the party's over, then we'll bring it right back
And we'll say, ooh, I love it when you do it like that
And when you're close up, give me the shivers
Oh baby, you wanna dance 'til the sunlight cracks
And when they say the party's over, then we'll bring it right back

Baby, you burn so hot
You make me shiver with the fire you got
This thing we started, I don't want it to stop
You know you make me shiver-er-er
Baby, you burn so hot
You make me shiver with the fire you got
This thing we started, I don't want it to stop
You know you make me shiver

Yeah, you got me singin' like
Ooh, I love it when you do it like that
And when you're close up, give me the shivers
Oh baby, you wanna dance 'til the sunlight cracks
And when they say the party's over, then we'll bring it right back (oh no)
And we'll say, ooh, I love it when you do it like that
And when you're close up, give me the shivers
Oh baby, you wanna dance 'til the sunlight cracks
And when they say the party's over, then we'll bring it right back, hey"


A música era muito animada e fez todo mundo no pub pular. Eu amei a música e fiquei me sentindo em saber que havia sido escrita para mim. Quando o Ed deu uma pausa, ele veio até a mesa onde nós estávamos.
— E aí, gostou da música, amor?
— Eu adorei!
— Quer dizer que a te dá arrepios, hein, Ed? — perguntou, divertida, e Ed ficou vermelho.
— Saiba que é recíproco, amor, você também me dá arrepios em lugares que eu nem imaginava que fosse possível sentir.
— Ah, não, , a gente não quer saber disso não — disse .
— Eu te dou arrepios, amor? — Harry perguntou.
— Harry, eu lambo suas tatuagens, então acho que isso já responde tudo.
— Eu queria dizer que esse casal está junto graças a mim. , nunca mais reclame quando eu resolver levar vocês para algum lugar longe.
— Tudo bem, bestie, eu admito e agradeço muito, viu.
— E eu agradeço mais ainda, Harry, por você ter trazido a até mim.
— Vamos fazer um brinde, então. Tudo começou com muita bebida, nada mais justo do que mais bebida para comemorar — disse .
Nós pegamos nossas canecas de cerveja e fizemos um brinde.
— Preciso voltar para o palco. Falo com vocês ao final do show.
— Vai lá e arrasa, amor — falei, dando um beijo em Ed.
Ed voltou a tocar e eu fiquei olhando para ele, meu cantor, meu namorado, meu amor. Eu jamais podia imaginar que conheceria o amor da minha vida em um pub, um encontro que começou sem pretensão nenhuma, terminou em um relacionamento sério. Eu estava feliz e não tinha mais a menor vontade de voltar para aquela vida de só curtição. Eu conseguia imaginar um futuro ao lado do Ed, eu conseguia me ver casando com ele, tendo filhos, eu queria o Ed na minha vida para sempre e eu sabia que ele sentia o mesmo por mim. Bendita hora que eu fui naquele bar assistir ao jogo de futebol e jogar sinuca, bendito destino que fez nossos caminhos se cruzarem para se tornar um só.


FIM.



Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Eu amo quando o casal já tem uma conexão logo de cara! Achei super fofo eles dançando juntos, sou apaixonada pelo clipe de "Thinking Out Loud", então adorei a referência hahahaha ❤️

Outras Fanfics:

➽ Love In Slow Motion (Shortfic - Finalizada)
➽ One Life (Shortfic - Finalizada)
➽ Perfect Harmony (Shortfic Finalizada)
➽ Lights, camera, action! (Shortfic - Finalizada)
➽ Don't Forget To Like It (Shortfic - Finalizada)
➽ Dance With Me? (Shortfic - Finalizada)
➽ Hungry Eyes (Shortfic - Finalizada)
➽ She's Like The Wind (Shortfic - Finalizada)
➽ Ready To Run (Shortfic - Finalizada)
➽ The Joker And The Queen (Shortfic - Finalizada)


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