Última atualização: 19/03/2024

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Capítulo 33 - It’s all coming back


costumava não se importar em passar seus dias sozinha, já tinha se acostumado desde que William decidiu que queria crescer, mas talvez fosse os hormônios da gravidez brincando com ela e estava odiando estar sozinha naquele sábado à noite. Jake e Katie tinham seus próprios planos individuais enquanto Thomas não a visitava naquele fim de semana. Ela entendia totalmente, é claro, mas era solitário.

Chovia muito e, para não ficar deprimida, ela cuidou um pouco de si. Tomou banho, hidratou sua pele, lavou e secou o cabelo e, quando se sentiu uma nova mulher, ela foi para a sala e escolheu um filme de romance para ver, agora suas únicas companhias eram as duas meninas em seu ventre.

Talvez a vantagem de praticamente morar sozinha era que podia vestir a roupa que quisesse, e o top branco deixava a barriga à mostra. Sabia que se fosse uma gravidez comum, o máximo que conseguiria ver seria uma curvatura discreta, mas em sua gravidez gemelar, os quatro meses de gestação pareciam seis meses e sua barriga já tinha forma. Apesar de tudo, havia feito as pazes com sua aparência, se olhava no espelho e se sentia bonita daquela maneira, esperava também que suas meninas fossem tão lindas quanto ela estava se sentindo.

Estava ansiosa para saber como elas seriam, ver a quem puxaram, sentir todos os dedinhos delas apertando um único dedo seu, também queria sentir a conexão que toda mãe dizia sentir no momento da amamentação. não planejava ser mãe, mas já que seria, ao menos que se permitisse sentir algumas das emoções da gestação. Tinha que admitir que a maioria das emoções eram boas e despertavam um novo tipo de amor dentro dela, um amor que não doía, como o que ela sentia ultimamente. Não, pensar em suas filhas a fazia sorrir e sonhar acordada com o dia em que finalmente se encontrariam.

Quando o filme estava próximo de acabar, ela ouviu a campainha tocar e pegou o celular para ver que horas eram, vendo que já era quase meia-noite e ela não esperava nenhuma visita. Então, com receio, foi até a porta e desejou mais do que nunca ter um olho mágico, mas abriu a porta devagar e precisou espremer os olhos para ter certeza de que estava vendo certo.

estava ali, debaixo de um guarda-chuva, e então sentiu o seu mundo voltando ao eixo, uma mistura de sentimentos a invadiu com uma força quase incontrolável, pois a sua parte que ainda era perdidamente apaixonada por ele queria se atirar em seus braços, deixar tudo aquilo para trás e ser beijada por ele, mas também existia a parte que estava magoada com o abandono e, diferente do que fantasiou aqueles meses todos, foi o sentimento de mágoa que prevaleceu, pelo menos num primeiro momento. , por sua vez, só conseguia pensar em como poderia ter aquela mulher em sua vida apenas como mãe dos seus filhos, pois se dependesse apenas dele, já não existiria mais qualquer distância entre eles ali.
- Não sei nem o que dizer - e realmente não sabia, estava sem fôlego. - O que você está fazendo aqui?
- Eu precisava te ver.
- Você sumiu por meses e agora volta dizendo que precisa me ver?
- Damon me contou.
- É claro que ele contou, ele é um fofoqueiro! - ela ralhou, irritada com Damon. Agora já tinha uma lista mental do que poderia dizer.
- Precisamos conversar, .
- Eu não tenho nada para conversar com você, porque quando eu tinha você não quis me ouvir.

- Você queria me contar, não é? Então me conta agora, por favor - praticamente suplicou, e viu que ele estava com os olhos marejados.

Como diria não? Como ela tinha coragem de mandar embora e na chuva a pessoa que estava nos seus pensamentos vinte e quatro horas por dia? Ela esperou por aquele dia, mesmo que não tivesse dito para ninguém, mas agora estava ali exatamente como ela queria, então cedeu e deixou ele entrar antes que se arrependesse. fechou o guarda chuva ainda do lado de fora e o deixou ali, então entrou. fechou a porta e se virou para ele, não sabia o que dizer e menos ainda por onde começar.
- Como você sabia que eu estava aqui? - ela perguntou quando se viram em um silêncio desconfortável.
- Eu não sabia. Fui até sua casa e um cara esquisito abriu a porta, disse que não fazia ideia de quem você era, então arrisquei que você estivesse aqui. Não sei para onde mais iria se não fosse para cá.
- Eu não moro lá há algum tempo... Will e Tom achavam que eu ficaria melhor aqui até que ficasse bem e eu concordei porque não queria ficar sozinha.
- Eu sinto muito, . - se sentiu péssimo por aquilo, podia compreender o turbilhão de sentimentos que ela sentiu, pois ele sentia o mesmo.
- Sente muito por ter me deixado no momento em que eu mais precisei de você? Por ter ignorado todas as minhas tentativas de contato? Eu também sinto, ! - riu por puro nervosismo, tinha lágrimas nos olhos prontas para jorrarem. - Você não faz a mínima ideia de como foram esses quatro meses para mim!... eu poderia ter falado para as suas irmãs ou para os seus pais, eu realmente poderia, mas não é da conta de nenhum deles, só sua, eu não mando recado por terceiros, então se não fosse para você, não seria pra ninguém, mas para isso eu tive que ficar me humilhando enquanto você me ignorava. O pior de tudo é que eu nem consigo odiar você, embora você mereça muito.

- Você está certa em cada palavra que disse e eu sei que eu nunca vou poder mudar o que eu causei, assim como não vou recuperar esses quatro meses perdidos sem você... mas eu voltei no instante em que eu soube e não quero perder mais nada, . Eu dirigi por 10 horas de Aberdeen até aqui só para dizer que eu sinto muito por tudo e que quero estar presente. Sei que arruinei qualquer chance de ter uma vida inteira com você como a gente planejava e não sei como vou aprender a separar as coisas a partir de agora, só sei que não vou mais ficar longe de você e nem delas...

queria dizer que ele estava errado, ele não havia arruinado nada, e, se os dois não sabiam como separar as coisas, então talvez fosse melhor que não separassem mesmo. Dois seriam muito melhores do que um, e se ela fosse capaz de perdoá-lo, partiria dela a atitude de deixar tudo aquilo para trás, pois apenas o ato de vê-lo já mexia com ela. não conseguia cogitar ter em sua vida apenas como coadjuvante quando ele poderia ser o co-protagonista junto com ela.

- Eu não sei como separar as coisas também, eu não sei nem se eu vou conseguir, eu não quero te ter na minha vida só como o pai delas, mas também não tem como fingir que não está acontecendo nada, não posso ignorar tudo o que passei enquanto estive aqui sozinha - ela admitiu com ênfase, intensificando suas lágrimas. Nem se importava mais em tentar disfarçar, não era capaz. Foi até o sofá e se sentou, escondendo o rosto nas mãos.

observou a maneira como ela chorava e se sentiu ainda pior. Ela não queria separar as coisas e ele também não, muito pelo contrário. Vê-la tão vulnerável fazia com que criasse uma repentina coragem dentro de si para enfrentar aquilo, não queria causar mais nenhum sofrimento a ela. Para ele, o provérbio que dizia que o amor tudo suporta não incluía dor e mágoa e seu amor era sincero demais para machucá-la ainda mais. queria ressignificar aquele amor, pois teve muito tempo para pensar enquanto buscava maneiras de salvar a vida deles.
- Eu espero que você possa me perdoar algum dia, no seu tempo - ele disse enquanto se sentava ao lado dela. olhou para ele. - Mas por favor, não duvide nunca do que eu sinto por você, está bem? Foram meses muito difíceis para mim também, não teve um dia em que eu não pensei em você e no que tivemos. Nunca senti nada parecido e não é por causa de vidas passadas, maldição ou qualquer coisa relacionada a isso, estou falando dessa vida e desse momento, de quem você é agora. Eu sei que eu não deveria dizer isso, mas... , eu continuo completamente apaixonado por você e isso não vai mudar. Um dia antes de eu ir embora você tinha dito que se caso não conseguíssemos romper a maldição, você estaria feliz porque nos encontraríamos nas próximas vidas, mesmo que fosse só por um tempo... eu acho que não é algo que você deva se preocupar, ainda temos o resto dessa vida inteira para conseguirmos curar isso. Vamos conseguir romper a maldição.
- Como? - ela olhou para ele.
- Estive estudando esse tempo todo, revirando o passado, encontrando padrões, acho que estamos perto de uma solução, mas já está tarde e eu estou cansado por ter dirigido por muito tempo, então se você quiser, amanhã eu posso te contar tudo o que eu descobri.

- Tudo bem - secou suas lágrimas no próprio braço e se levantou. - Já está muito tarde e, se você está tão cansado quanto diz, é melhor ficar do que pegar no volante agora, então vou preparar o quarto vago para você poder dormir e amanhã podemos conversar melhor sem que eu morra de chorar.

concordou, esperou ela desligar a televisão e apagar as luzes para subirem para o andar de cima. disse que só tinha um quarto vago, pois os outros três estavam ocupados por ela, William e os bebês, disse também que mostraria o quarto delas no dia seguinte caso ele quisesse, e disse que adoraria.
- Tem cobertores extras no closet se você sentir frio e eu separei uma roupa do Will para você, acho que serve - falou ao voltar para o quarto após um tempo, trazendo uma troca de roupa para ele, que agradeceu. Havia acabado de tomar um banho e preferia usar roupas limpas.
- Obrigado por me deixar ficar aqui, eu estava cansado para voltar pro meu apartamento - achou melhor não dizer o real motivo, contaria tudo no dia seguinte, pois não queria que ela se chateasse.
- Eu imagino que sim, nem imagino a poeira que aquele lugar deve estar - ela riu fraco e ele sorriu amarelo. Por Deus, ela o mataria ali mesmo se soubesse. - Então... boa noite.
- Posso falar uma coisa? - ele perguntou quando ela estava prestes a sair, se virou de volta para ele e concordou. - Não sei se é apropriado, visto que você tem todas as razões do mundo para me odiar agora, mas caso ninguém tenha te dito ainda, eu gostaria de dizer - ele disse muito sem jeito, despertando a curiosidade dela. se lembrava de quando se conheceram e o quanto ele era tímido, estava exatamente igual. Ela concordou com a cabeça. - Você está linda. De verdade. Achei que era impossível você ficar ainda mais bonita, mas... - perdeu as palavras, estava encantado com o que a gestação fez com ela.
- Obrigada - sorriu igualmente sem jeito. As vezes se sentia bonita, mas vindo dele era diferente.
- Não faço ideia de como é carregar uma vida dentro de mim, ou duas no caso, mas está te fazendo muito bem.
- Obrigada. É uma relação complicada com o corpo e tem dias que eu não me sinto bem, fico pensando em como vai ser depois que elas nascerem, mas pelo menos agora eu tenho uns peitões que eu sempre quis ter - ela disse para descontrair, pois ele estava sendo educado. riu sem jeito e fez um esforço gigante para não olhar, pois não queria soar inapropriado quando ainda estavam começando a se entender.
- Não era bem isso que eu estava falando, mas... - falou envergonhado, sorrindo. - não que eu não tenha reparado, eu só não ia falar.
- Eu tinha me esquecido do quanto você é gentil - sorriu. - Então... boa noite, ... até amanhã.

- Até amanhã, .

fez esforço para ir para o seu quarto, pois poderia passar o resto da noite parada ali, olhando para ele.

Sua ficha estava começando a cair, realmente voltou e ela já não sentia mais qualquer sentimento ruim. Nunca conseguiu sentir raiva de verdade dele e agora muito menos, tudo o que havia falado antes foi para que ele soubesse como ela realmente se sentiu nos últimos quatro meses, mas em nenhum momento ela expressou raiva porque simplesmente este sentimento não existia, havia mágoa, é claro, mas raiva? Impossível. Poderia dizer que estava feliz, o sorriso bobo estampado na sua cara ao fechar a porta denunciava isso.

Sua mente dizia que já era tarde e ela tinha que ir dormir, mas seu coração dizia para abrir a porta e voltar lá. Não só o coração, os hormônios também, mas ela não tinha coragem, mesmo querendo muito.

Deveria voltar? Deveria ir para o seu quarto e dormir? despertava a irracionalidade e o desejo nela de uma maneira que ninguém nunca havia feito antes, e pegava a si mesma agindo por impulso quando se tratava dele.

- Foda-se - murmurou enquanto dava meia-volta, criando uma coragem repentina dentro de si.

Ela só não esperava que, ao abrir a porta, encontraria pronto para bater. Ele pareceu levemente constrangido, como se estivesse fazendo alguma coisa errada, mas não disse nenhuma palavra quando foi puxado por ela para dentro do quarto, fechando a porta com o pé enquanto a beijava com urgência.

Foi como se o tempo não tivesse passado e tudo estava bem. Não era algo que dizia em voz alta para as pessoas, mas só ela sabia o quanto queria e esperou por aquele momento e o quanto sentia falta dele. Tentou fingir que não se importava, tentou seguir em frente, até mesmo odiar, mas simplesmente não conseguia, não podia fugir do seu destino.

, por sua vez, esvaziou seus pensamentos naquele instante. Não queria pensar em mais nada além daquele momento. Talvez tivesse feito certo ao ir embora, mas não queria ficar mais um segundo que fosse afastado dela, pois já tinha perdido tempo demais. Iria enfrentar tudo o que fosse preciso para estar com ela. Muitas vidas antes, havia feito a escolha certa nas circunstâncias erradas, mas agora estava disposto a corrigir o próprio erro e lutar pelo certo e por quem amava.

se afastou um instante para que ele tirasse o seu moletom, mas logo em seguida voltaram de onde pararam. Quando suas costas encontraram a porta atrás de si, foi a vez de interromper e afastar o rosto.
- O que foi? - ela perguntou ao tocar a bochecha dele.
- Eu nunca... - parecia que estava prestes a dizer a coisa mais estúpida possível no momento mais inapropriado, mas ele estava envergonhado de verdade. - Você sabe... com uma grávida.

riu alto enquanto negava com a cabeça. Não querendo sair do clima, o abraçou de novo, quase encostando seus lábios nos dele novamente.
- Não tem problema nenhum, se é o que está pensando, mas tudo bem se você não se sentir confortável com isso. De qualquer forma, ainda sou eu, se servir de algo pra você.
- Serve, é claro que serve - ele roçou seus lábios nos dela, pronto para voltar a beijá-la, pois ela tinha razão, ainda era ela mesma.
- E não é como se eu fosse engravidar de novo, sabe? - ela afastou o rosto unicamente para dizer isso.

gargalhou e tornou a beijá-la. Sentia falta do senso de humor dela, pois sempre tinha a piada perfeita no momento perfeito. Na verdade, não havia nada nela que ele não sentisse falta todos os dias.
- Eu senti tanto a sua falta - ele murmurou contra o pescoço dela, completamente estonteado pelo seu cheiro de banho recém-tomado.
- Não teve um dia em que eu não te quis exatamente assim.
- Você não foi o único - respondeu entre beijos, entorpecida pelo toque dele.
- Hmm - afastou o rosto por um instante, mas apenas para olhá-la, deslizou o polegar por toda a linha do queixo dela, como se a desenhasse. Estava admirando cada detalhe nela, os olhos ardendo de desejo, a respiração desregulada e os lábios entreabertos praticamente implorando para serem beijados novamente. - Estou me perguntando o que posso fazer por você hoje.
- Você deveria estar se perguntando o que eu posso fazer por você - se afastou da porta e o empurrou em direção à cama. Ele caiu sentado e a puxou para entre suas pernas.
- Ahn... muitas coisas - estremeceu quando ela o fez ir para o meio e engatinhou até ele.
- Que tipo de coisas? - ela perguntou enquanto envolvia as pernas ao redor da cintura dele ao se sentar. O abraçou até onde a barriga permitia.

- Qualquer coisa que você quiser - ele tirou a camiseta, a jogou do outro lado do quarto e então tornou a beijá-la. - Sou eu, . Sempre fui.

Era tudo o que queria. Queria sentir a pele quente dele na sua, seus braços a envolvendo, suas mãos explorando todo o seu corpo como se fosse a primeira vez. Ela podia sentir a cada beijo e a cada toque dele o quanto sentia sua falta, ele se prolongava cada vez que seus lábios tocavam a pele dela. Beijou sua boca, seu rosto, pescoço, clavícula e seus ombros, descendo pelo seu braço esquerdo até a palma da mão. estremecia a cada arfada dele quando a beijava, podia sentir o desejo e a saudade com cada célula do seu corpo e queria retribuir, demonstrando que sentia o mesmo e o quanto ainda ardia de desejo por ele.

Por Deus, ele com certeza andou malhando, ela não tinha dúvidas disso quando deslizou a mão pelo abdômen dele enquanto ele beijava seu pescoço.
- Você é ainda mais gostoso do que eu lembrava, sabia? - ela disse próxima ao ouvido dele. Ouviu a risada dele, que sorriu contra a sua pele.

- Posso dizer o mesmo de você - murmurou ao beijá-la no ombro novamente, então segurou o seu rosto para beijar a boca dela.

tinha dias e dias, mas felizmente aquele era um dia bom, onde ela reconhecia sua beleza e era desejada por ele, apesar dos pesares, a fazia se sentir incrivelmente feminina. Era o que pensava enquanto o fazia se deitar para que ela pudesse ficar por cima, sem interromperem o beijo que era carregado de desejo e guiado por ela enquanto as mãos dele se perdiam nas curvas de seu corpo exatamente como se lembrava e sentia falta.

Quando ele lhe apertou o seio, mesmo que de leve, ela gemeu de dor involuntariamente e afastou o rosto, preocupado, pensando ter feito algo de errado.
- Estão muito sensíveis - ela se justificou um tanto sem jeito, tentando não quebrar o clima.

- É claro - deveria ter imaginado, afinal, ela estava grávida. Era tão óbvio. - Mas deve ter outras que eu possa fazer, não tem?

estremeceu só de pensar no que ele poderia fazer, então tornou a beijá-lo para não demonstrar. Se pressionou contra ele, se movimentando devagar para provocá-lo, fazendo ele gemer baixo e arfar entre o beijo até não querer mais, foi quando ele se afastou e a deitou, fazendo contato visual o tempo inteiro enquanto tirava a calça dela, no instante seguinte a fez se abrir e se debruçou entre as pernas dela, retribuindo o que ela lhe causou da melhor maneira possível, e ela já mal podia se lembrar do seu próprio nome enquanto a língua dele a explorava.

agarrou os lençóis até os nós de seus dedos ficarem brancos. Todo o seu corpo emanava calor, precisava dele como nunca, precisava de uma prova que realmente estava ali, que era real. Bem, era mais do que real. O seu corpo reagindo a ele daquela maneira era real. Era tudo real.

se afastou quando achou necessário, queria vê-la completamente entregue ao prazer do momento. protestou quando ele parou, mas ele ignorou completamente enquanto se levantava para se livrar da calça. Não podia mais esperar.

se ajoelhou na beira da cama e o beijou quando ele se aproximou novamente, agora despido, e soube que estava pronta, por isso o puxou de volta para a cama e se colocou por cima, montando nele. aceitou sem contestar quando a segurou pelo quadril e entrou com um solavanco. apoiou as mãos em seu abdômen e ele colocou as suas por cima enquanto ela começava a se movimentar.

iniciou devagar, testando a posição para ter certeza de que estava confortável, só então se intensificou. Ia, vinha e observava as reações dele, completamente tomado pelo prazer, exatamente como ela queria. se sentia leve como nunca enquanto se movimentava, tinha algo de diferente ali, talvez a saudade, o desejo acumulado e principalmente o amor que aparentemente não diminuiu de nenhuma parte. era seu de novo, como sempre deveria ter sido e ela estava disposta a nunca mais deixá-lo ir, queria viver aquele momento e ter aquela entrega pelo resto de sua vida, queria poder sempre ter aquela visão, seus dedos entrelaçados aos dele daquela maneira e a troca de olhares, a conexão que nunca teve com outra pessoa além dele.

- ... - ele agarrou o quadril dela quando já estava quase lá enquanto ela se apoiou na cabeceira da cama e começou a ir com mais intensidade. começou a guiá-la no ritmo que queria porque estava muito perto.

Ele ergueu o quadril da cama e soltou um gemido primitivo quando chegou ao seu limite. Tencionou o maxilar quando continuou a se movimentar, estava no seu limite quando ela ainda foi mais algumas vezes até jogar a cabeça para trás e gemer de alívio quando chegou ao seu ápice também, então saiu de cima dele e se deitou ao seu lado.

se virou para ela e a observou tomar fôlego, o peito subia e descia enquanto ela olhava para o teto, mas então olhou para ele e se aproximou para lhe dar um beijo suave, os cobriu com o lençol e depois se aconchegou nela, tocando em sua barriga, admirando a nova curva do corpo dela. Ficaram em silêncio por bons minutos, colocou sua mão sobre a dele e então seus dedos se entrelaçaram sob o seu olhar. Ela sorriu, pois sabia que não era um sonho.
- Senti tanto a sua falta - ela admitiu. - Sinto falta de nós, do que éramos antes disso tudo. Todo mundo me disse que eu precisava superar, que talvez eu tivesse dependência emocional... eu não sei se eles estavam certos, mas prefiro pensar que não, que cada pessoa reage de um jeito diferente e tem seu próprio tempo pra seguir em frente, o meu só estava sendo mais demorado porque não tinha uma hora do dia em que eu não sentia falta de tudo em você, .
- Estou aqui agora. Não vou a lugar nenhum nunca mais, meu amor, eu prometo - levou a mão dela aos lábios, beijando-a e sentindo o calor de sua pele. - Eu também senti sua falta, tanto que doía. Às vezes eu achava que não ia suportar. Eu quase te liguei no seu aniversário, várias vezes cheguei muito perto de desistir e voltar porque era uma dor insuportável ficar sem você, . Por Deus, eu - ele respirou fundo. - Eu nunca fui tão infeliz na vida como fui nos últimos quatro meses.
- Ninguém entende, não é? - olhou para ele. - Essa infelicidade. Ninguém entendeu o que eu tentei explicar esse tempo todo, o quanto estive infeliz. Meus irmãos seguiram a vida deles como se nada tivesse acontecido, Will saiu com outras garotas e Tommy se ocupava com o trabalho dele, mas eu fiquei parada no mesmo lugar. Eu juro que tentei ficar animada algumas vezes, mas eu não consegui, o meu tempo é diferente e ninguém entendeu.

- Ninguém entende - concordou, pois ela descreveu perfeitamente. Suas irmãs foram incríveis com ele, mas Diana e Louise também seguiram em frente perfeitamente bem. - E ninguém nunca vai entender.
...



acordou pela manhã e inevitavelmente a primeira coisa que se lembrou foi da noite anterior. Sorriu ainda de olhos fechados, pois se tivesse sido apenas um sonho, então tinha sido um dos melhores.

Não foi um sonho.

Foi a primeira vez em meses que sentiu vontade de levantar da cama, mas, enquanto se espreguiçava ainda sentada, viu a porta do banheiro se abrindo e saindo parcialmente vestido e com os cabelos molhados, sorrindo ao vê-la.
- Eu tomei outro banho, espero que não se importe - disse enquanto se aproximava da cama.
- Sim, eu me importo, me importo por não ter me chamado para ir junto.
- Você estava dormindo tão tranquila que eu achei melhor não te acordar... bom, eu vou voltar para Aberdeen, então achei melhor acordar cedo.
- Por que você vai voltar? - sentiu um nó na garganta e uma repentina ansiedade.
- Eu preciso resolver a minha vida por lá e é uma viagem bem longa e cansativa, mas prometo que vou voltar.
- Que bom, então estou suando frio à toa - ela disse mexendo as mãos, realmente estava começando a suar. - Mas você poderia ficar mais um pouco, se é assim. Achei que você estava morando em uma toca ou algo do tipo.
- É claro que eu vou ficar mais um pouco, eu disse que tinha algumas coisas para contar. Além disso, está frio e essa cama é bem confortável - falou enquanto ia para debaixo do edredom, se virou para ele. - E não, eu não estava morando em uma toca. Eu até tive um lugar durante um tempo, mas passava tanto tempo na casa do Jess que acabei ficando por lá mesmo, foi bom porque economizei com aluguel. Entendo você, vida de professor não é fácil.
- Professor? Você estava dando aula? - ela perguntou com curiosidade, franzindo o cenho, e concordou com a cabeça.
- Yep. Bom, eu precisava trabalhar e ter renda, não é? Não dá pra viver de direitos autorais se você não for o Tolkien, então consegui um trabalho como professor de música em uma escola infantil da cidade. Obviamente eu me lembrei de você cada vez em que entrei na sala de aula, mas pelo menos eu conseguia me distrair um pouco e lembrar o quanto eu gostava de cantar e tocar instrumentos quando era mais novo.
- Deveria ter seguido carreira, é uma das pessoas mais talentosas que eu já conheci - sorriu, se lembrando da cantoria matinal dele. - Não preciso dizer o quanto achei incrível o fato de você ter se tornado professor, é sério.
- Dá para perceber - sorriu também e então a trouxe para perto. Ela repousou a cabeça dela em seu peito despido. - Agora que você sabe um pouco mais sobre mim, acho que você também tem muita coisa para me dizer, certo? Como está sendo?
- Enjoativo, literalmente. Posso contar os dias em que acordei disposta ou que não tenha sentido enjoos, o que acaba me deixando estressada... é complicado, eu não sei muito bem o que estou sentindo, sabe? O problema não são elas, de forma alguma. Sinto a nossa conexão, mas... eu não queria estar grávida, então não sei o que sentir. Não queria passar isso para elas, porque sei que elas sentem, mas não sei se eu vou conseguir ser uma boa mãe, além de eu achar que passaria por isso sozinha até 12 horas atrás.
- Se você for tão prestativa e divertida com elas assim como sempre foi com a Clara, então tenho certeza de que você será uma ótima mãe.
- Não sei, tenho medo de não conseguir ou de acontecer algo antes disso - admitiu. - Eu não conto isso para ninguém, tento ser forte, mas acho que posso contar para você.

- Você sempre vai poder contar qualquer coisa para mim. Não se preocupe, não vai acontecer nada, eu voltei e nós vamos enfrentar isso juntos.

achou melhor não contar sobre sua teoria, ela já estava com medo e aquilo poderia piorar as coisas. Não queria que acontecesse algo com ela ou com os bebês.
- Não vou desistir de você de novo - ele concluiu. - Quando você descobriu que eram duas meninas?
- Há umas três semanas. No primeiro ultrassom não deu para identificar o segundo bebê, então foi um choque enorme. Acho que foi aí que começou a cair minha ficha de que eu realmente seria mãe não só de um bebê, mas dois, que terei duas filhas de uma vez só.
- Estou assustado e encantado ao mesmo tempo... Claro que eu adoraria ser pai um dia e conforme nosso relacionamento foi amadurecendo, tive certeza de que seria com você, eu só não sabia que seria tão cedo, mas tudo bem, agora posso esfregar na cara do Damon que tenho mais filhas do que ele.
- Meu Deus, vocês são duas crianças - gargalhou enquanto ele concordava rindo também. - Que bom que vocês se entenderam.
- Ele foi atrás de mim em Aberdeen só para contar que te viu. Não acho que qualquer pessoa teria feito isso.
- Céus, você sentiu mais falta do Damon do que de mim, não posso acreditar no que estou ouvindo, ! - continuava a rir, não estava falando sério, mas estava aproveitando que estava de bom-humor.
- Também não é assim - se defendeu, rindo também. - Nas últimas 24 horas eu fiz as pazes com o meu irmão, voltei pra casa e para a mulher que eu amo e ainda por cima descobri que serei pai. Posso dizer que estou feliz... - ele concluiu, sorrindo satisfeito. - Você já escolheu os nomes delas?

- Não, eu ainda não sei, embora os meninos tenham dado muitas sugestões, vamos pensar em alguns nomes bacanas, ainda vou te mostrar o quarto também, mas antes disso, será que eu poderia aproveitar mais um pouquinho enquanto você ainda está aqui comigo?

sorriu e a beijou lentamente. Sua posição era desconfortável, então se ajeitou, ficando parcialmente por cima. Colocou suas mãos no rosto dela e tornou a beijá-la, poderia passar o resto do dia ali, faria amor até cansar e só depois consideraria a possibilidade de ir embora.
- Você vai ficar muito tempo em Aberdeen? - perguntou arfante quando ele beijou seu pescoço.
- Tendo você aqui me esperando? Jamais - respondeu contra o pescoço dela, em seguida deixou um chupão de leve no local. - São só alguns dias, eu prometo.
- As coisas serão como antes?
- Só se você quiser que seja - se afastou um pouco para olhar para ela. - Mas eu entendo que você ainda está chateada e que talvez não seja o momento.
- Esquece, não estou mais, não sinto nada de ruim em relação a você, - sorriu. Sua felicidade era muito maior do que a mágoa que sentiu durante aqueles meses, estava mais do que disposta a perdoá-lo. - Eu quero que seja como antes, não posso imaginar ter você na minha vida de outra maneira que não seja assim.
- Vou voltar o mais rápido possível, eu prometo - não tinha sombra de dúvidas de que em alguns dias estaria exatamente ali de novo e já estava ansioso por isso.
- Então você quer ver o quarto delas agora ou quando voltar?
- Acho que ainda tenho um tempinho - ele se afastou e se levantou para poder se vestir.
- Você não vai se vestir também? - ela perguntou enquanto pegava suas roupas no chão ao lado da cama. apenas se levantou.
- Mas eu estou vestido - ele apontou para a calça de moletom de William. - Além disso, foi estratégico, porque se você ainda estivesse chateada comigo, eu teria que apelar para a estética, pois como você bem notou, andei malhando - fez pose e riu alto. De fato, ele dedicava algum tempo para a saúde física, era uma ótima forma de se distrair.

- Sim, , eu reparei. Certo, depois não reclame de frio ou se eu atacar você.

terminou de se vestir e então eles saíram do quarto dela. O quarto dos bebês era ao lado do dela, mas ainda não havia nada a não ser os berços e algumas caixas empilhadas, as paredes tinham um tom de bege claro e o closet tinha portas brancas, nada além disso.
- Ainda não tem muita coisa, Will e Tom deram os berços contra a minha vontade, eu ainda não tive muito ânimo para começar a organizar, mas ganhei muitas coisas que estão nas caixas... é isso, talvez essa semana eu comece a arrumar.
- Não sou psicólogo, mas diria que você estava em estado de negação, por isso não quis arrumar antes.
- Também... estou sozinha há uns meses, Will está fazendo shows nos Estados Unidos e produzindo o álbum dele, Thomas vem aos fins de semana, Jake e Katie também, mas não quero abusar da boa vontade deles. Já estão me ajudando muito.
- Certo... eu sei que é um assunto delicado e o que vou dizer pode ser muito radical e apressado, visto que eu acabei de voltar, mas... bom, decidimos que é melhor estarmos juntos nisto, não é? Seremos pais e você optou por deixar o seu antigo apartamento... talvez seja melhor que o quarto seja no nosso lugar, se optarmos por morarmos juntos porque um lugar nós já temos.
- Mas você adora o escritório, . Onde irá trabalhar? - sentiu uma pontada de pena, sabia que era importante para ele ter um lugar exclusivamente para o trabalho.
- Não se preocupe, Damon está sensibilizado com toda a situação, eu com certeza vou cobrar alguns favores que ele me deve e em breve teremos um quarto de bebê e um escritório, ele dará conta
- disse de maneira convicta para tranquilizá-la. - Pode dizer o que for dele, mas não pode questioná-lo como arquiteto, ele é realmente bom no que faz.
- Ele tem bom gosto... - se deixou levar por um instante. A casa de Damon era a prova de que ele era um ótimo arquiteto. - Mas não é esse o ponto, .

- Está tudo bem, é sério. Eu gosto de escrever, mas... eu não sei se isso vai garantir um futuro para mim ou para nós. Eu não pretendo parar, mas talvez seja hora de ter outras responsabilidades.

poderia estar dizendo uma coisa, mas entendia outra completamente diferente. Entendia que ele estava desistindo do seu escritório e da sua carreira porque ela estava grávida e ter dois filhos custava caro. Ela não achava justo e jamais aceitaria sem se culpar.
- Não posso deixar você fazer isso.
- Sabia que sou um ótimo professor? - sorriu para tranquilizá-la. Ela se sentiu ainda pior. - Está tudo bem, , eu sabia o que estava fazendo quando escolhi escrever livros, jamais esperei me tornar alguém notável.
- Você também é um ótimo músico e não te faltam contatos no meio musical - ela argumentou, mas ele parecia tranquilo.
- Nunca vou ser um astro e está tudo bem, já planejei os nossos próximos cinco anos: acabamos com a maldição, nos casamos, criamos nossas filhas e compraremos uma casa maior, assim eu tenho o meu escritório e você não me olha assim. O que você acha?
- Acho que você está se precipitando em abrir mão do seu escritório, mas tudo bem, realmente teremos que ter um lugar maior algum dia.
- Senti falta de criar planos com você - olhou para ela e sorriu de canto, estava sendo sincero. - O que me lembra que nossas filhas ainda não têm nomes.
- Eu ainda não encontrei nenhum nome que me cativasse, sabe? - desviou o olhar e passou a mão pelo berço, sentindo a textura do móvel que era de ótima qualidade. - Quero que tenham os nomes das nossas mães como nomes do meio, mas ainda não pensei em nada concreto. Will, Jake e Tommy chegaram a um consenso e sugeriram alguns nomes que eu gostei e disse que ia pensar sobre, mas ainda falta outro.
- Posso imaginar os três reunidos debatendo nomes de meninas - riu ao imaginar a cena. - Será que posso contar a novidade para as minhas irmãs? Talvez elas também tenham sugestões.
- É claro! Acho que ninguém tem tantas sugestões quanto a Katie, nem a minha mãe, mas como a Katie concordou estava na discussão com os meninos, ficou por isso mesmo.
- Minha família vai adorar participar disso... - sorriu ao imaginar a cena. - Quando você contou aos seus pais?
- Semana passada - ela notou que ele estava pronto para rebater, então se adiantou. - Eu sei, foi errado, pedi para eles guardarem segredo porque prometi que iria te contar, mas eu estava apavorada, sabia que eles contariam aos seus pais e isso chegaria em você. Eu não sabia o que esperar de você, então evitei, me desculpa.
- Sabe que eu teria voltado, não é?
- Eu tentei contar, , mas... não importa, eu não quero mais falar sobre isso - achou melhor encerrar aquele assunto por ali, pois estava tudo bem entre eles e ela não queria estragar as coisas. - Você está aqui agora e é o que importa.
- Tudo bem, vamos deixar isso para lá, nunca vou poder reparar isso, mas espero compensar estando aqui - ele se virou para ela e tocou seu rosto, acariciando. fechou os olhos por um instante, respirando fundo. O mínimo toque dele a acendia feito árvore de natal.
- Será que você pode se vestir? Porque os meus hormônios estão um pouquinho aflorados e eu não quero ter que dizer a forma como você pode compensar agora - ela se afastou e ele gargalhou, concordando.
- Certo, eu vou me vestir, vou almoçar e ir embora porque esse seu lado me assusta às vezes. Você quer almoçar comigo?
- É claro.

- Ótimo, então escolhe o lugar enquanto eu me visto, já que queremos que seja como antes, então assim será.
...



Foi difícil encontrar um lugar que agradasse o paladar de . Tinha mudado seus hábitos alimentares para que tivesse uma gestação saudável, mas enquanto decidia o que queria comer, sentiu um desejo incontrolável de comer novamente batatas fritas com milkshake, assim como fizeram no primeiro encontro. A princípio, não achou que fosse uma boa ideia, mas insistiu tanto que ele acabou aceitando, não iria deixá-la passando vontade.
- Deus, por favor, que minhas filhas não nasçam com cara de batata frita - ele disse enquanto mergulhava uma batata no milkshake, tinham ido até um McDonalds.
- Que delícia, posso comer isso para sempre! - disse e logo em seguida levou várias batatas melecadas à boca. torceu o nariz.
- Achei que você não tinha gostado.
- , foi nosso primeiro encontro, eu adorei tudo sobre aquele dia - ela falou de boca cheia, colocando a mão na frente. Ele fez careta.

- Por favor, só come. Depois conversamos.

não se contentou com batatas, afinal, passaria muitas horas na estrada, então pediu um sanduíche para comer e outro para levar. Observava , e ela parecia estar satisfeita com suas batatas, então ele não iria contestar.
- Eu deixei a princesa Fiona, mas encontrei o Shrek quando voltei. O que está acontecendo? - ele perguntou, rindo, e gargalhou, tinha acabado de comer naquele instante.
- Me desculpa, mas às vezes sinto uma fome incomum. Estou evitando comer essas coisas, Tom até me levou a um nutricionista, mas às vezes não posso evitar. Preciso comer por três.
- Tudo bem, você merece sair da dieta de vez em quando.
- Sim, eu mereço - ela assentiu. - Mas e então? Você disse que tinha muitas coisas para me contar, mas já está indo embora e eu só sei que você adorou a sala de aula. Teve algum avanço?
- Tive... tive sim - apoiou os cotovelos sobre a mesa, mas ficou um pouco tenso por tocar no assunto. - Descobri que somos uma linhagem. Descendemos das nossas versões passadas, consegui até um pouco antes da vida na França porque a memória do Jesse é muito boa. Por falta de registros, dificilmente eu conseguirei chegar na nossa primeira vida, mas minha teoria é que descendemos de uma pessoa só: Clara. Ela e a Lotte foram as únicas que sobreviveram.
- Isso faz muito sentido, talvez você esteja certo. Então sua família e a minha família atual são descendentes das nossas versões do passado?
- Exatamente. É um pouco confuso, mas eu consegui descobrir que Jesse fugiu com a Clara para a Espanha durante a Revolução, ela se casou com um duque espanhol ainda muito nova e teve uma filha chamada Margareth, a viscondessa Blackwood, minha mãe naquela vida. Basicamente, ela foi minha avó - era estranho dizer aquilo em voz alta, e mais ainda explicar de um jeito que não confundisse , mas ele tentou. - Depois, a Clara escocesa e os primos dela tiveram filhos, se passaram algumas gerações até chegar em nós novamente. Descobri que meu pai e minha tia Sarah descendem da Clara, a família da minha mãe descende do filho que Thomas e Diana tiveram, e a sua mãe da filha de Louise e Will.
- Isso é tão estranho e confuso.
- Eu prefiro não pensar muito nisso porque fica estranho mesmo - riu. - Como descendemos das mesmas famílias, isso nos torna..
- Primos - ela completou novamente, e concordou. - Eu jamais saberia explicar para a minha mãe que ela descende do próprio filho, realmente acho que eles nunca saberão sobre isso... mas enfim, então temos grau de parentesco distante?
- Sim, nós somos primos em vários graus se minha teoria estiver certa. Perguntei para Diana se isso seria um problema e ela disse que não quando se trata de genética e curiosamente ela disse que o máximo que poderia acontecer seria um de nós, entre eu e meus irmãos, termos gêmeos, pois há muitos casos durante as gerações. Então de repente, Damon estava em Aberdeen me dizendo que eu seria pai de duas meninas de uma vez, então acho que eu fui o premiado.
- Meus irmãos devem estar aliviados também... bom, imagino que se nós descendemos, provavelmente Carter e Luce também, não é? Me lembro de uma conversa assim que tive com os meus irmãos, e Carter mencionou ter descendência escocesa e que havia o sobrenome Rodwell na família, exatamente seu nome na primeira vida... ele era escocês.
- Luce e Carter descendem também, mas não consegui ir muito afundo sobre eles. Com essa informação, agora não tenho dúvidas. Sendo assim, Carter é realmente um descendente de um bruxo poderoso e cruel, tem magia correndo no sangue dele, o que talvez seja bom que ele tenha familiaridade com este tipo de coisa e assim pode ser mais fácil de romper a maldição.
- Certo, mas se ele tem magia correndo no sangue, então Will tem também?
- A magia só floresce em almas raras.
- Está citando Harry Potter, ? Sério? - ela franziu o cenho enquanto ria. concordou.
- E está errado?

- Carter tem afinidade, ele mesmo disse, está progredindo muito nos estudos e acredita que ele vai ser capaz de desfazer a maldição, mas não sabe quando. Desde que falei que estou grávida, ele parece bem preocupado e está praticando na maior parte do tempo, chega a ser obsessivo.

ficou repentinamente tenso com o que ouviu. Será que Carter tinha a mesma teoria? Será que realmente estava trabalhando em anular a maldição ou complicando as coisas ainda mais? não confiava nele e aparentemente nunca confiou, tinha ótimos motivos para isso. Ele poderia dizer que havia mudado e que nesta vida as coisas eram diferentes, mas será que eram mesmo?
- E se ele não estiver tentando desfazer a maldição? - quando percebeu, já havia perguntado.
- O quê? O que está insinuando com isso? - franziu o cenho. - Por favor, não me diz que ainda sente aquele ciúmes bobo.
- Eu não estou com ciúmes de nada. Ele lançou a maldição, não é? Como podemos confiar nele desta vez?
- Eu confio - estava verdadeiramente ofendida com o que estava ouvindo. - Eu confio a minha vida ao Carter, se você quer saber, . Ele nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário. Sinto muito se você não vai com a cara dele, mas está apenas implicando por pura imaturidade.
- Não sou imaturo - agora foi a vez de rebater, também estava ofendido. - Você pode passar a vida inteira com alguém, mas nunca conhecerá uma pessoa de verdade se ela não deixar. Não estou acusando Carter de nada, mas você não pode negar que ele fez uma coisa ruim para nós, mesmo que em outra vida, mas fez. Não podemos confiar em ninguém, , é isso que estou tentando dizer.
- Você confiou no Damon e agora estamos aqui tendo essa conversa desnecessária.
- Damon não era um bruxo maníaco e sádico em outras vidas.
- Está refutando a si mesmo.
- Por favor, entenda, eu não estou contra o Carter e nem contra ninguém! Eu só estou dizendo que não podemos confiar totalmente nele, é tão difícil de entender?
- Está insinuando que não tenho a capacidade de reconhecer o que há de errado com as pessoas?
- Não, , não é isso...
- É exatamente isso, além de estar com um ciúmes bobo do Carter enquanto ele está deixando a vida de lado para nos ajudar, para que tenhamos uma chance de viver.
- É mesmo? Ele vai fazer o quê? Empunhar uma varinha encantada e dizer três palavras mágicas?
- Meu Deus, . O que está acontecendo com você? Quando você ficou assim?

- Assim como? Tentando salvar todas as pessoas que amo? Esperava que eu fosse abaixar a cabeça e pedir desculpas por estar certo? Não mais.

respirou fundo. Achava aquilo um grande absurdo e não estava reconhecendo a atitude de , ele não era de rebater insistentemente até causar uma discussão. Entendia que realmente deveriam ser cautelosos em relação às pessoas, mas ela não conseguia enxergar qualquer maldade em Carter como ele estava dizendo.
- Talvez você deva tirar mais alguns dias para pensar melhor em Aberdeen... - ela concluiu magoada.
- Já passei tempo o suficiente por lá.
- Ótimo, então só está com ciúmes mesmo.
- Eu não estou com ciúmes! - ergueu o tom de voz, irritado, mas percebeu alguns olhares na direção deles, então se recompôs.
- Se falar assim comigo outra vez, eu faço você se arrepender - advertiu e ele se desculpou.
- Como você se sentiria se fosse a Luce no lugar do Carter? E se fosse ela que tivesse lançado a maldição e eu ficasse defendendo ela insistentemente?
- É exatamente o que você faria, não enxergaria que tem algo de estranho nela, aliás, não enxerga. Ela não gosta de mim e eu não sei o motivo.
- Talvez porque você seja melhor do que ela em tudo? Além de ter sido trocada por você em todas as vidas, isso sem falar que ela odeia o fato de a Clara gostar tanto de você.
- , eu sei que você nunca acreditou em mim, mas sei o que vi naquele dia. Ela viu que eu saí do quarto e te pediu um abraço, quase como se estivesse me desafiando, ou querendo dizer para eu me manter atenta. Eu juro que tentei ser amigável pela Clara, mas ela é esquisita e só você não vê, talvez Louise sempre teve razão em não gostar dela.
- Eu acreditei em você - respirou fundo. Não queria continuar aquela discussão, mas precisava provar seu ponto e por isso decidiu contar uma coisa que jamais pretendia dizer para ela. Poderia dar tudo errado, mas então ele teria certeza de que tinha um problema com Luce, assim como ele tinha com Carter. - Ok, vamos encerrar essa conversa por aqui, eu não quero brigar com você e sei que não vamos chegar a um acordo. Me desculpe por ter gritado ou por parecer que estou contra alguém, eu só quero que você fique bem.
- Não. Vamos terminar essa conversa quando você voltar de Aberdeen.
- Tudo bem, então eu vou para Aberdeen e volto em alguns dias. Vamos, vou te levar para a sua casa e depois ir ao meu apartamento, preciso que Luce saia para que Damon possa projetar o quarto.
- Ela está no seu apartamento? Que porra é essa, ? - não podia acreditar no que estava ouvindo. - Não acredito que estamos aqui tendo essa conversa enquanto ela está lá dormindo na sua cama!
- Ei, calma. Luce quer tanto descobrir uma saída quanto nós, não podemos nos esquecer que ela não tem culpa de nada e sempre foi trocada por você, pode imaginar como ela se sente? Ela veio porque quer ajudar, mas como não tinha um lugar para ficar, deixei que ficasse com o meu apartamento enquanto eu estava fora.
- Então você está implicando com o Carter sem motivos enquanto eu devo aceitar que sua ex-namorada esquisita está morando na sua casa? É isso mesmo, ? Não, chega, isso é demais para mim, vou pra casa.
- Você não gosta da Luce da mesma forma que eu não gosto do Carter.
- Sim. Eu. Não. Gosto. Da. Luce! - disse pausadamente. - Está bem? Ela é esquisita e também não gosta de mim, então estamos empatadas! Realmente, sou muito melhor do que ela em tudo, eu também me odiaria se eu fosse ela. Eu sempre reflito sobre o passado e me sinto mal por ter mudado o destino dela, mas quer saber? Depois do que vi, não me importo mais, posso fazer isso o resto da eternidade.
- , isso é cruel - não podia acreditar no que ela estava dizendo. A risada exagerada dela deixou as coisas piores.
- Você está acusando o Carter de estar conspirando contra nós, está hospedando sua ex-namorada além de, neste exato momento, estar tentando me manipular para nós dois sairmos como errados, e eu que sou cruel? Acha que eu não sei quando alguém tenta me manipular? Você é péssimo nisso, , mas é o suficiente para me fazer pensar que talvez isso não vai dar certo. Leve o tempo que precisar em Aberdeen, eu não vou estar te esperando, enquanto isso estarei incentivando o Carter, sei que ele vai conseguir - pegou sua bolsa e se levantou para ir embora.
- Você sempre morreu quando estava grávida - falou de maneira impulsiva, mas já era tarde para se arrepender. voltou a se sentar.
- O quê?
- Damon sugeriu que não foi apenas o fato de ficarmos juntos que causaram as mortes, mas sim a sua gravidez. Não temos como provar, mas suspeitamos que você estava grávida no momento da maldição e Carter previu isso. A preocupação excessiva dele me faz pensar que talvez ele tenha a mesma teoria, ou simplesmente saiba que é verdade. Jesse aprova essa teoria e está discutindo sobre isso com John.
- Não pode ser...
- Eu não queria te contar agora porque tive medo que alguma coisa pudesse acontecer com você ou com os bebês, mas foi por isso que eu voltei. Agora você entende porque eu não confio no Carter?
- Ele me contaria se ele soubesse disso... - estava sem chão com o que havia acabado de ouvir. Será que estava certo? - Meu Deus...
- Foi por isso que eu voltei, . Precisamos ter certeza de que Carter está do nosso lado, ou corremos sério perigo de não conseguirmos desfazer a maldição.

nunca sentiu tanto medo na vida quanto naquele momento. Ficou em completo silêncio enquanto pagava pela comida, não conseguia parar de se preocupar com seus bebês. E se acontecesse alguma coisa com aquelas crianças inocentes? Ela jamais se perdoaria, não perderia outro filho assim como perdeu em sua vida anterior. Talvez ela tivesse que partir em alguns meses, mas não permitiria que algo acontecesse com as suas meninas.

A volta pra casa foi toda em silêncio, mas pôde perceber que ela não estava bem. Ele não queria ter contado, mas foi necessário. Se antes não tinha certeza se seria capaz de reverter aquela situação, agora sentia que podia enfrentar qualquer coisa ou pessoa que cruzasse seu caminho.
- Não vou permitir que nada aconteça com vocês - disse ao estacionar o carro na frente da casa de William e colocou a mão na barriga dela. Olhou para e os olhos dela estavam cheios de lágrimas. - ...

- Só me prometa que se acontecer algo comigo, você cuidará delas como ninguém - foi a única coisa que ela disse antes de tirar o cinto, afastar a mão dele e sair do carro.

Imediatamente, fez a mesma coisa. Saiu do carro, deu a volta pelo veículo e correu para ficar na frente dela.
- Eu disse que não vou deixar acontecer nada com nenhuma de vocês - ele a segurou pelos ombros. - Eu vou para Aberdeen e, quando voltar, faço o que for preciso para manter você e nossas filhas vivas, está bem? Se você confia tanto no Carter, então eu vou confiar também. , preste atenção, eu nunca me perdoaria se eu deixasse algo acontecer com você. Falhei três vezes no passado, mas isso não vai acontecer de novo, eu te dou a minha palavra.
- Como pode ter certeza?

- Porque não estou sozinho, porque estou preparado dessa vez - ele então lhe deu um abraço apertado. - Você é a melhor coisa que já me aconteceu, não vou perder você de novo.

retribuiu ao abraço e se sentiu protegida. Era extremamente reconfortante ouvir aquilo, ninguém nunca se importou tanto com sua presença ou em fazê-la ficar. Não sabia o que esperar dos próximos dias e meses, mas naquele instante confiou em com todas as suas forças, sabia que ele não deixaria nada de ruim acontecer. Quando ele se despediu com um beijo, afirmando que estaria de volta em poucos dias, não teve sombra de dúvidas de que ele realmente voltaria.

Após deixar em casa, ainda tinha mais uma coisa para fazer antes de voltar para Aberdeen. Passaria em seu antigo apartamento, pois era hora de ter uma conversa com Lucinda. Suas mãos suavam enquanto seguravam o volante, jamais precisou tomar uma atitude tão radical com alguém, então era natural que estivesse nervoso. Luce ficaria arrasada, mas ele precisava fazer aquilo, pois já tinha sido errado o suficiente hospedá-la. tinha razão, ele estava com ciúmes de Carter enquanto deixava Luce dormir em sua própria cama, algo não estava certo e ele iria acabar com aquilo logo.

Já fazia tanto tempo que não ia até sua própria casa que quase não reconhecia aquele lugar como seu. Sentiu uma repentina ansiedade para rever tudo o que era seu, adorava aquela casa e seu conforto. Era funcional para um jovem solteiro de vinte e poucos anos, mas já não seria para dois adultos e dois bebês. Em um dia muito breve ele teria que se desfazer e se mudar para um lugar maior, mas enquanto este dia não chegava, Luce precisava sair de lá.

pegou suas chaves no bolso do casaco e abriu a porta, resgatando na memória como era sua sala. Esperava encontrá-la exatamente como deixou, mas tudo o que viu foi um lugar sujo e bagunçado, com roupas espalhadas pelo chão e sofá, além de louças sujas. Ele conferiu a cozinha e havia uma pilha de louças na pia, o cheiro era péssimo. Sentiu um repentino medo, afinal, o que estava acontecendo ali?

- Luce! - chamou pela mulher, mas a casa estava em absoluto silêncio. - Lucinda!

Após alguns instantes, Luce surgiu no corredor, indo em direção a ele. sentiu um arrepio na espinha, ela estava diferente. Não era a Lucinda que conhecia e namorou por sete anos. Definitivamente, não. Luce estava sempre bem-vestida e com os seus cabelos escuros impecavelmente penteados, totalmente diferente daquela figura parada na sua frente, com roupas velhas, cabelo bagunçado e uma feição que não reconheceu. Não parecia com Luce, era assombrosa, o brilho nos olhos já não era o mesmo que ele se lembrava.
- Oi, - Luce respondeu com a voz baixa e tranquila. - Não sabia que viria.
- O que aconteceu aqui? Por que essa bagunça?
- Não tive tempo de arrumar - ela disse de maneira despreocupada, tirou algumas roupas da poltrona, jogou no chão e se sentou. - Senta, que bom te ver aqui.
- Lucinda, essa é a minha casa, você não pode fazer isso! Olha só pra esse lugar, os vizinhos vão pensar que alguém morreu aqui!
- Ai, , você é certinho demais! Relaxa, vou arrumar, ok?
- É claro que você vai arrumar, e logo depois que terminar, vai deixar as chaves com a Louise e procurar outro lugar para ficar, porque aqui você não fica mais.

Lucinda olhou para ele e novamente se arrepiou, ela não era a mesma. Tinha algo de diferente.
- Está me expulsando? - ela espremeu os olhos.
- Estou te convidando a se retirar - respondeu, tentando não demonstrar que aquilo o assustava.
- Você não me vê desde Aberdeen e simplesmente fala assim comigo?
- Bom, naquela altura você não tinha transformado a minha casa em um lixão. Por favor, limpe tudo, pegue suas coisas e saia, eu estou voltando para cá e quero este lugar impecável exatamente como deixei.
- Você vai voltar? - Um brilho surgiu no olhar dela. Luce se levantou.
- Vou, por isso você não pode ficar aqui.
- , eu não tenho para onde ir, não conheço ninguém além de você. Sua família me odeia, não conheço essa cidade... como tem coragem de fazer isso?
- Da mesma maneira que você teve coragem de fazer isso - apontou para o seu redor. - Estou voltando e ficará comigo, não tem a menor condição de você ficar aqui.
- ... é verdade, esqueci que sempre será ela. E mais uma vez a Lucinda foi trocada pela , que maravilha! - ela riu, dando um giro como se estivesse dançando.
- Você terminou comigo, Luce, caso tenha esquecido. Eu fiquei arrasado, não é à toa que voltei para o meu país, então conhecer ela foi uma benção, se quer saber.
- não tem uma casa própria?
- Ela é minha namorada, Luce, não é da sua conta onde ela mora ou não - se mantinha impiedoso, queria ela fora dali o quanto antes. - Eu preciso que você saia.
- E se eu não quiser?
- A casa é minha! - ele franziu as sobrancelhas, estava desacreditado. - Se você não sair, eu chamo a polícia e você vai sair à força. Entenda de uma vez por todas, Lucinda: nós nunca teremos algo de novo, está bem? Durante quatro vidas estive com você antes da , mas esse ciclo está prestes a ser rompido. Lamento que você tenha passado por isso, mas de agora em diante você será livre. Mas por enquanto você vai limpar esta bagunça, pegar as suas coisas e ir embora da minha casa. Quando eu voltar, então aqui só terá eu, a minha namorada e as nossas filhas, ok? Sem sombra de Luce!
- Ela está grávida? - Luce pareceu surpresa por um instante, mas após concordar, ela simplesmente riu. - Exatamente como das outras vezes!
- Do que você está falando?
- Ah, ... ela não tem muito tempo... coitadinha...
- Do que você sabe? - se aproximou e fez menção de segurar o braço dela, mas então se afastou. Ele não era assim. - Quem te contou a teoria?
- Teoria? Não é uma teoria, ela vai morrer em breve.
- Você não sabe do que está falando, Lucinda.
- Sabia que Carter não é o único que tem um passado? - Luce sorriu mostrando os dentes, achou aquele sorriso perverso. - Sim, eu me lembro de tudinho. Ou melhor, acompanhei tudo, mesmo que de longe, quietinha no meu canto.
- Você estava na catedral?
- O quê? Ah, não, não, eu estava em casa, adormecida, esperando que meu marido voltasse para mim, mas na verdade ele estava se casando com outra... logo depois eu recebi a notícia de que havia me tornado viúva, você tinha morrido. Muito suspeito você, sua irmã, seu melhor amigo e os Bamborough morrerem ao mesmo tempo e juntos, não é?
- Como você interligou as coisas?
- Está tudo aqui e sempre esteve - ela encostou o dedo indicador ao lado de sua cabeça. - Só precisei estalar os meus dedinhos assim e aquela merda de vida toda virou pó - Luce estalou os dedos, mas nada aconteceu. - Ah, não se preocupe, eu não consigo mais fazer isso, embora eu queira, mas as vozes aqui dentro... Elas continuam dizendo as mesmas coisas desde 1666... é tudo tão barulhento...
- Não é você, é sua versão do passado... - começou a pensar em voz alta, era o único motivo de Luce estar agindo daquela forma. - Luce, suas versões anteriores estão tentando tomar o seu lugar, essa não é você. Por favor, resista, não deixe elas tirarem tudo de bom que você tem.
- E o que eu tenho de bom, ?

- Você nunca fez mal a ninguém, Luce. Você tinha uma vida ótima em Boston, é tão inteligente que estudou em Harvard, tinha sua casa, uma vida boa e seu emprego dos sonhos... e o mais importante: Damon e Charlotte nos escolheram para sermos os padrinhos da Clara. Por mais que ela goste muito da , ela nunca vai poder ocupar o seu lugar, Luce, você sempre vai ser a madrinha da Clara. Pense nela e em como ela ficaria triste se você não estivesse mais aqui.

Luce pareceu distante por um instante, ponderou que ela estava refletindo. Ela olhou para ele novamente e relaxou, a feição dela estava mudando para algo que ele já estava familiarizado. De repente, parecia que a verdadeira Luce tinha voltado.
- , me desculpa! - ela olhou ao redor, se dando conta da bagunça. - Meu Deus... me desculpa, me desculpa... eu vou limpar isso!
- Está tudo bem, Luce, leve o tempo que precisar... eu vou voltar para Aberdeen, mas ainda preciso do apartamento de volta.
- Tudo bem, eu entendo... não sei o que está acontecendo, , eu fico tão irritada às vezes! Eu começo a ter pensamentos ruins e não consigo controlar as minhas ações... as luzes piscam, os copos estouram... eu não sei se consigo controlar! Não desejo nada de ruim para você e nem para a , aquelas coisas que eu disse...
- Eu acredito em você, Luce. Só não dê espaço, suas versões do passado estão pedindo passagem.
- Se isso está acontecendo comigo, pode acontecer com o Carter também?

não tinha pensado naquilo. Não era como se Carter estivesse conspirando contra eles, se tornava ridículo a cada vez que pensava naquilo. Se Lucinda tinha esses súbitos apagões onde suas versões do passado tentavam tomar o seu lugar, possivelmente o mesmo acontecia com Carter, e isso poderia ser um grande problema.
- Luce, apenas me prometa que sempre que você sentir algo ruim, irá se lembrar da Clara e do quanto ela precisa de você. Por favor, me promete.
- Eu vou tentar... - ela assentiu e decidiu mudar de assunto. - Então... pai, não é? Você finalmente vai ser pai.
- É, foi uma surpresa pra mim também, eu não sabia até dois dias atrás.
- É engraçado, estivemos juntos por quase oito anos e nunca nem sequer cogitamos planejar um casamento ou filhos... mas agora tudo foi tão rápido.
- Luce...

- Não é uma crítica, eu sei que isso é por causa da maldição, mas se a maldição não existisse... será que poderia ter dado certo? Será que vocês realmente estão destinados ou só são obrigados a se encontrarem em cada vida porque estão presos um ao outro?

refletiu por alguns segundos nas palavras dela. Será que Luce estava certa? Será que ele apenas estava preso à ? Se conseguisse romper a maldição, poderia se considerar livre e estar com qualquer outra pessoa que quisesse? não precisou pensar muito para chegar em uma resposta óbvia.
- Eu não estava amaldiçoado no instante em que vi pela primeira vez na primeira vida. Eu não sei se eu acredito em amor à primeira vista, mas talvez tenha sido o que aconteceu naquele dia, eu a amei no primeiro segundo que a vi. Eu não queria dizer isso para você porque sei que pode te machucar, mas... sempre foi ela, Luce. Infelizmente o destino está sendo injusto com você e eu espero que de agora em diante você seja livre para estar com outra pessoa além de mim, alguém que vá te amar o resto da sua vida. Espero que saiba que eu te amei durante os sete anos em que estivemos juntos, amei de verdade e fiquei muito mal quando você terminou comigo, mas foi de um jeito diferente do que é agora.
- Diferente como? - Luce perguntou com curiosidade, notando que estava desconfortável.
- Não quero falar sobre isso e magoar seus sentimentos, Luce - olhou ao redor para evitar olhar para ela, mas aquela bagunça o deixava irritado.
- Já estão, não faz mais diferença. Diga, eu mereço saber.
- Eu me sinto mais leve. Eu sei que conheço a há menos tempo, mas acredito que nosso passado seja o suficiente para fazer eu me sentir assim. Eu me sinto leve, me sinto à vontade perto dela, ela não me achou estranho ou entediante por causa do meu irmão gêmeo super extrovertido. Eu me pego o tempo todo planejando o meu futuro com ela e espero pacientemente que o tempo passe para que eu finalmente possa fazer o pedido. Me desculpe se não fui assim com você, mas não é uma coisa que eu consigo controlar. De qualquer forma, eu amei você também, só que era diferente.
- Obrigada por ter compartilhado isso comigo - Luce sorriu, mas seus olhar entregava tristeza. se sentiu mal.
- Eu sinto muito que tenha sido assim.
- Tudo bem, você merece ser feliz, ela é ótima! Não é que eu ainda sinta alguma coisa, mas tenho a sensação de que poderia ter sido diferente, que poderia ter dado certo. Você não sente isso? - com pesar, negou com a cabeça, o que deixou Lucinda desapontada. Ela apenas assentiu. - Certo... eu... eu vou limpar essa bagunça e vou embora.
- Tudo bem. Deixe a chave com a Louise, por favor - deu meia-volta e foi em direção à porta, ela o acompanhou.

- Vou deixar. Obrigada por tudo, .

Luce fechou a porta e a trancou em seguida. Secou a lágrima solitária que escorreu pelo seu rosto e revirou os olhos.

- É claro que você não sentiu - disse com desdém.

Se sentiu enojada com tudo o que ouviu. não tinha aquele direito, como poderia ser tão diferente assim? Por que ele planejava todas aquelas coisas com , mas nunca planejou com ela? Por que ela sempre seria preterida? Luce não conseguia encontrar um motivo que justificasse, mas conseguia pensar em mil maneiras de fazer cada um deles pagar por aquilo.

Lucinda Brown sempre foi uma garota mediana. Não era feia, mas também não era bonita do tipo padrão. Não tinha uma inteligência acima da média e nem era burra. Talvez seu maior talento fosse desenhar, e por isso ela estudou arquitetura, foi quando conheceu Charlotte e Damon, e posteriormente , mas fora isso ela não tinha nenhum outro grande atributo, também não vinha de uma família rica e os garotos não costumavam se interessar por ela de primeira, não era à toa que foi seu primeiro e único namorado.

E o de 18 anos que ela conheceu em Harvard era um príncipe, pelo menos do tipo que Lucinda sonhava. Lindo, inteligente, educado e estudioso. Quando Damon disse que tinha um irmão gêmeo para apresentar para ela e Lotte, Luce não sabia que ele estava falando do cara dos seus sonhos, e quando ela perdeu o fôlego ao vê-lo pela primeira vez, ela soube que precisava dele. Como ela faria aquele garoto lindo do curso de literatura olhar para ela? Luce não sabia, mas a aproximação deles foi muito natural e não levou mais do que dois meses para engatarem um relacionamento sério, pois foi muito sincero ao dizer que gostava dela e não era do tipo que enrolava. Luce, é claro, não perdeu a oportunidade e se entregou.

Os primeiros anos de relacionamento pareceram um conto de fadas para Luce, pois ela tinha o seu príncipe encantado. Eles estudavam juntos, dormiam juntos, iam para todos os lugares juntos e estavam sempre trocando carícias, beijos e juras de amor, então se formou e à essa altura já era estagiário em uma editora conhecida, enquanto Luce ainda tinha alguns anos pela frente, então ele ficou em Boston por ela, mesmo que tivesse se afastado do campus e da vida universitária para construir sua carreira no mundo literário. Então a partir daí o relacionamento deles pareceu ficar mais sério, deixando o conto de fadas de Luce para trás.

Foi quando Luce começou a sentir que andava distante. Estavam juntos havia quatro anos, e agora ele trabalhava tanto que só conseguiam se ver no fim de semana, mas já não era a mesma coisa, parecia que estava sempre cansado, e seu fim de semana consistia em assistir filmes enquanto abria uma cerveja, então Luce se contentava, pois era melhor do que perdê-lo, e não é que a tratasse mal, muito pelo contrário, ele ainda era um grande cavalheiro e gostava dela, mas as juras de amor já não eram frequentes, assim como o afeto, que parecia mais uma obrigação; e quando Luce se deu conta, ela também estava agindo assim.

Luce se formou dois anos depois de e então ela pensou que finalmente as coisas iriam melhorar entre eles, afinal, agora eles eram padrinhos da filha que Damon e Charlotte tiveram e isso significava que tinham que se esforçar para serem um bom exemplo para Clara no futuro, mas agora era editor e Luce estava iniciando sua carreira como assistente em um escritório de arquitetura, e eles pareciam incompatíveis, então as brigas vieram depois de cinco anos de relacionamento e os planos de Luce de construir uma vida com eles começaram a fugir do controle, afinal, valia a pena se casar e comprar uma casa com uma pessoa que parecia não gostar dela? Pois agora a personalidade de era ser frio quando estava sóbrio, então eles brigavam, ele bebia e se desculpava com ela, era um ciclo e às vezes era o contrário também, às vezes era Luce quem bebia demais, mas as brigas eram sempre as mesmas e até o sexo havia se tornado ruim, porque parecia que não existia mais amor.

Luce o amava, mas estava exausta daquele relacionamento, passaram dois anos inteiros nesta situação até ela decidir colocar um fim na relação, por mais que doesse. ficou arrasado, é claro, disse que a amava e que podiam tentar mais uma vez, mas Luce estava cansada, a carreira dele era muito mais importante agora que ele tinha dois livros de sucesso publicados e estava fazendo muito dinheiro, claramente tinha outras prioridades no momento. Ela só não sabia que com o término ele decidiria se afastar, mesmo que tivessem concordado em manter uma amizade por Clara.

E não foi um afastamento do tipo que só se viam de vez em quando. Não, depois de uma última noite juntos, simplesmente foi embora para o mais longe possível, havia voltado para o seu país e se instalou em Londres, deixando Luce surpresa e até mesmo chateada. Por que ele estava fugindo dela assim?

Mas Luce seguiu a vida, afinal, não tinha muito o que fazer, e eles perderam contato pelo ano que se seguiu. Ela nem sequer tinha notícias dele, até o dia em que conversava com Charlotte por telefone e a amiga contara que estava namorando outra pessoa.

Algo acendeu dentro de Luce.

Ela se lembrava de ir imediatamente até as redes sociais dele para encontrar qualquer vestígio, precisava saber quem era a nova namorada dele, mas não era do tipo que postava todos os passos que dava e suas redes sociais eram muito mais para divulgar seu trabalho do que sua vida, então não havia qualquer postagem com a sua nova namorada, mas Luce estava disposta a saber como era o rosto dela. Será que era mais bonita? Mais inteligente? Mais simpática? Como ele poderia ter seguido em frente quando o relacionamento deles desgastou tanto os dois?

Luce tinha apenas o nome dela e a encontrou nos amigos dele.

Thompson tinha 25 anos, era professora e, segundo ela mesma, uma grande fã de Harry Potter. Suas postagens eram esporádicas e muito casuais, ela não era nenhum tipo de influencer e nem parecia ter uma vida agitada. Luce olhou tudo o que tinha para ver, descobrindo que ela havia se formado em Oxford alguns anos antes, tinha dois irmãos, havia viajado para Paris em 2014 com Katie durante o verão e adorava postar fotos de paisagens, livros e fazendo caretas... e mesmo fazendo caretas horríveis ela ainda era muito, muito bonita, do tipo que deixava Luce insegura sobre si mesma.

era familiar para Luce, ela tinha a impressão de a conhecer de algum lugar e, mais especificamente, de algum lugar que ela não gostava, pois o rolar de olhos foi muito espontâneo conforme ela rolava pelo feed da nova namorada de .

E as coisas pareceram piorar quando ela percebeu que Clara estava apegada demais à sua nova "tia". Falava de ao telefone com muita empolgação, dizendo o que haviam feito juntas recentemente e o quanto ela era legal, e Luce tinha que fingir que aquilo não a atingia, pois perder era a parte fácil, mas perder a afilhada para aquela garota sem sal era incabível e Luce não podia aceitar.

Agora, o tempo havia passado e a nova namorada de seria a mãe dos filhos dele, era a preferida de Clara, uma amiga querida para os amigos que costumavam ser amigos dela, o centro da vida dele e, o pior: tudo isso porque ela simplesmente estava destinada a isso, porque ela e se completavam perfeitamente de uma maneira que Luce tentou insistentemente e não chegou nem perto, pelo contrário, o repeliu para longe.

Descobrir a verdade foi libertador para Luce e ela não se sentiu nem um pouco culpada em colocar para fora toda a raiva que estava sentindo. Saber quem era e o que podia fazer lhe deu a força que ela precisava para assumir o papel que sempre esteve destinada: a vilã. Ela, a mediana Lucinda Brown, era uma vilã. Talvez não das boas e nem das mais cruéis, mas uma vilã ainda assim, e ela estava gostando disso. Se eram suas versões do passado ou a atual falando, ela não tinha certeza, a única coisa que sabia era que estava na hora de fazer por ela o que nem mesmo suas versões poderosas do passado foram capazes de fazer: dar uma lição naquelas pessoas para que nunca mais cruzassem o seu caminho para lhe fazer mal outra vez.

E da mesma forma que tirou dela tudo o que importava para Luce, tomando para si a vida que deveria ser dela, então Luce estava mais do que decidida a fazer ela sofrer da mesma maneira.




Continua...



Nota da autora: DREW LOOKS AT ME I FAKE A SMILE SO HE WONT SEEEEEEEEEEEE

Geralmente eu guardo pra mim as músicas que eu escuto enquanto escrevo ou reviso os capítulos, mas nesse aqui preciso deixar a listinha porque no momento estou VICIADAAA:
- Two Is Better Than One – Boys Like Girls ft. Taylor Swift
- It’s All Coming Back To Me Now – McFly (eu sei que é da Celine Dion mas esse cover ta perfeito :’))
- Teardrops On My Guitar – Taylor Swift porque pra quem lê com o nome original do pp vai entender ç.ç e embora esse final tenha soado mais como uma versão psicopata dessa música eu vou considerar pq me convém.

E eu AMO esse capítulo de coração, não sei nem quantas vezes eu reescrevi ele até chegar exatamente no que eu queria passar e eu fico super feliz quando vocês dizem que conseguem sentir os mesmos sentimentos que os personagens, pq essa é a intenção :’) e espero que o sentimento da vez tenha sido unicamente amor pq foi o que eu senti com esse capítulo dos dois juntinhos e agora é pra valer <3


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Nota da beta: Caramba, esse pequeno momento na mente da Luce me pegou em cheio. É estranho, mas não consigo odiá-la. É fácil entendê-la e compreender o porquê se tornar uma vilã parece ser a única coisa que restou pra ela. Luce sente que não é boa o suficiente em nada e talvez pense que só nasceu pra isso mesmo, pra se tornar aquilo que sempre fora em todas as outras vidas: a vilã da história. É difícil não ser afetada pela comparação quando ela tentou por 8 anos algo que a Nat em pouco tempo conquistou. Sinto que tudo que a Luce queria era ser amada de verdade. Sentir que, pelo menos para alguém, ela era mais do que uma simples mulher mediana. E quem nunca se sentiu assim? Nós mulheres somos constantemente pressionadas à perfeição e a realidade de que somos apenas "comuns" é um choque sempre muito difícil de suportar. Algumas, como Luce, nunca conseguem. 🥺

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