Capítulo 33 - It’s all coming back
costumava não se importar em passar seus dias sozinha, já tinha se acostumado desde que William decidiu que queria crescer, mas talvez fosse os hormônios da gravidez brincando com ela e estava odiando estar sozinha naquele sábado à noite. Jake e Katie tinham seus próprios planos individuais enquanto Thomas não a visitava naquele fim de semana. Ela entendia totalmente, é claro, mas era solitário.
Chovia muito e, para não ficar deprimida, ela cuidou um pouco de si. Tomou banho, hidratou sua pele, lavou e secou o cabelo e, quando se sentiu uma nova mulher, ela foi para a sala e escolheu um filme de romance para ver, agora suas únicas companhias eram as duas meninas em seu ventre.
Talvez a vantagem de praticamente morar sozinha era que podia vestir a roupa que quisesse, e o top branco deixava a barriga à mostra. Sabia que se fosse uma gravidez comum, o máximo que conseguiria ver seria uma curvatura discreta, mas em sua gravidez gemelar, os quatro meses de gestação pareciam seis meses e sua barriga já tinha forma. Apesar de tudo, havia feito as pazes com sua aparência, se olhava no espelho e se sentia bonita daquela maneira, esperava também que suas meninas fossem tão lindas quanto ela estava se sentindo.
Estava ansiosa para saber como elas seriam, ver a quem puxaram, sentir todos os dedinhos delas apertando um único dedo seu, também queria sentir a conexão que toda mãe dizia sentir no momento da amamentação. não planejava ser mãe, mas já que seria, ao menos que se permitisse sentir algumas das emoções da gestação. Tinha que admitir que a maioria das emoções eram boas e despertavam um novo tipo de amor dentro dela, um amor que não doía, como o que ela sentia ultimamente. Não, pensar em suas filhas a fazia sorrir e sonhar acordada com o dia em que finalmente se encontrariam.
Quando o filme estava próximo de acabar, ela ouviu a campainha tocar e pegou o celular para ver que horas eram, vendo que já era quase meia-noite e ela não esperava nenhuma visita. Então, com receio, foi até a porta e desejou mais do que nunca ter um olho mágico, mas abriu a porta devagar e precisou espremer os olhos para ter certeza de que estava vendo certo.
estava ali, debaixo de um guarda-chuva, e então sentiu o seu mundo voltando ao eixo, uma mistura de sentimentos a invadiu com uma força quase incontrolável, pois a sua parte que ainda era perdidamente apaixonada por ele queria se atirar em seus braços, deixar tudo aquilo para trás e ser beijada por ele, mas também existia a parte que estava magoada com o abandono e, diferente do que fantasiou aqueles meses todos, foi o sentimento de mágoa que prevaleceu, pelo menos num primeiro momento. , por sua vez, só conseguia pensar em como poderia ter aquela mulher em sua vida apenas como mãe dos seus filhos, pois se dependesse apenas dele, já não existiria mais qualquer distância entre eles ali.
- Não sei nem o que dizer - e realmente não sabia, estava sem fôlego. - O que você está fazendo aqui?
- Eu precisava te ver.
- Você sumiu por meses e agora volta dizendo que precisa me ver?
- Damon me contou.
- É claro que ele contou, ele é um fofoqueiro! - ela ralhou, irritada com Damon. Agora já tinha uma lista mental do que poderia dizer.
- Precisamos conversar, .
- Eu não tenho nada para conversar com você, porque quando eu tinha você não quis me ouvir.
- Você queria me contar, não é? Então me conta agora, por favor - praticamente suplicou, e viu que ele estava com os olhos marejados.
Como diria não? Como ela tinha coragem de mandar embora e na chuva a pessoa que estava nos seus pensamentos vinte e quatro horas por dia? Ela esperou por aquele dia, mesmo que não tivesse dito para ninguém, mas agora estava ali exatamente como ela queria, então cedeu e deixou ele entrar antes que se arrependesse. fechou o guarda chuva ainda do lado de fora e o deixou ali, então entrou. fechou a porta e se virou para ele, não sabia o que dizer e menos ainda por onde começar.
- Como você sabia que eu estava aqui? - ela perguntou quando se viram em um silêncio desconfortável.
- Eu não sabia. Fui até sua casa e um cara esquisito abriu a porta, disse que não fazia ideia de quem você era, então arrisquei que você estivesse aqui. Não sei para onde mais iria se não fosse para cá.
- Eu não moro lá há algum tempo... Will e Tom achavam que eu ficaria melhor aqui até que ficasse bem e eu concordei porque não queria ficar sozinha.
- Eu sinto muito, . - se sentiu péssimo por aquilo, podia compreender o turbilhão de sentimentos que ela sentiu, pois ele sentia o mesmo.
- Sente muito por ter me deixado no momento em que eu mais precisei de você? Por ter ignorado todas as minhas tentativas de contato? Eu também sinto, ! - riu por puro nervosismo, tinha lágrimas nos olhos prontas para jorrarem. - Você não faz a mínima ideia de como foram esses quatro meses para mim!... eu poderia ter falado para as suas irmãs ou para os seus pais, eu realmente poderia, mas não é da conta de nenhum deles, só sua, eu não mando recado por terceiros, então se não fosse para você, não seria pra ninguém, mas para isso eu tive que ficar me humilhando enquanto você me ignorava. O pior de tudo é que eu nem consigo odiar você, embora você mereça muito.
- Você está certa em cada palavra que disse e eu sei que eu nunca vou poder mudar o que eu causei, assim como não vou recuperar esses quatro meses perdidos sem você... mas eu voltei no instante em que eu soube e não quero perder mais nada, . Eu dirigi por 10 horas de Aberdeen até aqui só para dizer que eu sinto muito por tudo e que quero estar presente. Sei que arruinei qualquer chance de ter uma vida inteira com você como a gente planejava e não sei como vou aprender a separar as coisas a partir de agora, só sei que não vou mais ficar longe de você e nem delas...
queria dizer que ele estava errado, ele não havia arruinado nada, e, se os dois não sabiam como separar as coisas, então talvez fosse melhor que não separassem mesmo. Dois seriam muito melhores do que um, e se ela fosse capaz de perdoá-lo, partiria dela a atitude de deixar tudo aquilo para trás, pois apenas o ato de vê-lo já mexia com ela. não conseguia cogitar ter em sua vida apenas como coadjuvante quando ele poderia ser o co-protagonista junto com ela.
- Eu não sei como separar as coisas também, eu não sei nem se eu vou conseguir, eu não quero te ter na minha vida só como o pai delas, mas também não tem como fingir que não está acontecendo nada, não posso ignorar tudo o que passei enquanto estive aqui sozinha - ela admitiu com ênfase, intensificando suas lágrimas. Nem se importava mais em tentar disfarçar, não era capaz. Foi até o sofá e se sentou, escondendo o rosto nas mãos.
observou a maneira como ela chorava e se sentiu ainda pior. Ela não queria separar as coisas e ele também não, muito pelo contrário. Vê-la tão vulnerável fazia com que criasse uma repentina coragem dentro de si para enfrentar aquilo, não queria causar mais nenhum sofrimento a ela. Para ele, o provérbio que dizia que o amor tudo suporta não incluía dor e mágoa e seu amor era sincero demais para machucá-la ainda mais. queria ressignificar aquele amor, pois teve muito tempo para pensar enquanto buscava maneiras de salvar a vida deles.
- Eu espero que você possa me perdoar algum dia, no seu tempo - ele disse enquanto se sentava ao lado dela. olhou para ele. - Mas por favor, não duvide nunca do que eu sinto por você, está bem? Foram meses muito difíceis para mim também, não teve um dia em que eu não pensei em você e no que tivemos. Nunca senti nada parecido e não é por causa de vidas passadas, maldição ou qualquer coisa relacionada a isso, estou falando dessa vida e desse momento, de quem você é agora. Eu sei que eu não deveria dizer isso, mas... , eu continuo completamente apaixonado por você e isso não vai mudar. Um dia antes de eu ir embora você tinha dito que se caso não conseguíssemos romper a maldição, você estaria feliz porque nos encontraríamos nas próximas vidas, mesmo que fosse só por um tempo... eu acho que não é algo que você deva se preocupar, ainda temos o resto dessa vida inteira para conseguirmos curar isso. Vamos conseguir romper a maldição.
- Como? - ela olhou para ele.
- Estive estudando esse tempo todo, revirando o passado, encontrando padrões, acho que estamos perto de uma solução, mas já está tarde e eu estou cansado por ter dirigido por muito tempo, então se você quiser, amanhã eu posso te contar tudo o que eu descobri.
- Tudo bem - secou suas lágrimas no próprio braço e se levantou. - Já está muito tarde e, se você está tão cansado quanto diz, é melhor ficar do que pegar no volante agora, então vou preparar o quarto vago para você poder dormir e amanhã podemos conversar melhor sem que eu morra de chorar.
concordou, esperou ela desligar a televisão e apagar as luzes para subirem para o andar de cima. disse que só tinha um quarto vago, pois os outros três estavam ocupados por ela, William e os bebês, disse também que mostraria o quarto delas no dia seguinte caso ele quisesse, e disse que adoraria.
- Tem cobertores extras no closet se você sentir frio e eu separei uma roupa do Will para você, acho que serve - falou ao voltar para o quarto após um tempo, trazendo uma troca de roupa para ele, que agradeceu. Havia acabado de tomar um banho e preferia usar roupas limpas.
- Obrigado por me deixar ficar aqui, eu estava cansado para voltar pro meu apartamento - achou melhor não dizer o real motivo, contaria tudo no dia seguinte, pois não queria que ela se chateasse.
- Eu imagino que sim, nem imagino a poeira que aquele lugar deve estar - ela riu fraco e ele sorriu amarelo. Por Deus, ela o mataria ali mesmo se soubesse. - Então... boa noite.
- Posso falar uma coisa? - ele perguntou quando ela estava prestes a sair, se virou de volta para ele e concordou. - Não sei se é apropriado, visto que você tem todas as razões do mundo para me odiar agora, mas caso ninguém tenha te dito ainda, eu gostaria de dizer - ele disse muito sem jeito, despertando a curiosidade dela. se lembrava de quando se conheceram e o quanto ele era tímido, estava exatamente igual. Ela concordou com a cabeça. - Você está linda. De verdade. Achei que era impossível você ficar ainda mais bonita, mas... - perdeu as palavras, estava encantado com o que a gestação fez com ela.
- Obrigada - sorriu igualmente sem jeito. As vezes se sentia bonita, mas vindo dele era diferente.
- Não faço ideia de como é carregar uma vida dentro de mim, ou duas no caso, mas está te fazendo muito bem.
- Obrigada. É uma relação complicada com o corpo e tem dias que eu não me sinto bem, fico pensando em como vai ser depois que elas nascerem, mas pelo menos agora eu tenho uns peitões que eu sempre quis ter - ela disse para descontrair, pois ele estava sendo educado. riu sem jeito e fez um esforço gigante para não olhar, pois não queria soar inapropriado quando ainda estavam começando a se entender.
- Não era bem isso que eu estava falando, mas... - falou envergonhado, sorrindo. - não que eu não tenha reparado, eu só não ia falar.
- Eu tinha me esquecido do quanto você é gentil - sorriu. - Então... boa noite, ... até amanhã.
- Até amanhã, .
fez esforço para ir para o seu quarto, pois poderia passar o resto da noite parada ali, olhando para ele.
Sua ficha estava começando a cair, realmente voltou e ela já não sentia mais qualquer sentimento ruim. Nunca conseguiu sentir raiva de verdade dele e agora muito menos, tudo o que havia falado antes foi para que ele soubesse como ela realmente se sentiu nos últimos quatro meses, mas em nenhum momento ela expressou raiva porque simplesmente este sentimento não existia, havia mágoa, é claro, mas raiva? Impossível. Poderia dizer que estava feliz, o sorriso bobo estampado na sua cara ao fechar a porta denunciava isso.
Sua mente dizia que já era tarde e ela tinha que ir dormir, mas seu coração dizia para abrir a porta e voltar lá. Não só o coração, os hormônios também, mas ela não tinha coragem, mesmo querendo muito.
Deveria voltar? Deveria ir para o seu quarto e dormir? despertava a irracionalidade e o desejo nela de uma maneira que ninguém nunca havia feito antes, e pegava a si mesma agindo por impulso quando se tratava dele.
- Foda-se - murmurou enquanto dava meia-volta, criando uma coragem repentina dentro de si.
Ela só não esperava que, ao abrir a porta, encontraria pronto para bater. Ele pareceu levemente constrangido, como se estivesse fazendo alguma coisa errada, mas não disse nenhuma palavra quando foi puxado por ela para dentro do quarto, fechando a porta com o pé enquanto a beijava com urgência.
Foi como se o tempo não tivesse passado e tudo estava bem. Não era algo que dizia em voz alta para as pessoas, mas só ela sabia o quanto queria e esperou por aquele momento e o quanto sentia falta dele. Tentou fingir que não se importava, tentou seguir em frente, até mesmo odiar, mas simplesmente não conseguia, não podia fugir do seu destino.
, por sua vez, esvaziou seus pensamentos naquele instante. Não queria pensar em mais nada além daquele momento. Talvez tivesse feito certo ao ir embora, mas não queria ficar mais um segundo que fosse afastado dela, pois já tinha perdido tempo demais. Iria enfrentar tudo o que fosse preciso para estar com ela. Muitas vidas antes, havia feito a escolha certa nas circunstâncias erradas, mas agora estava disposto a corrigir o próprio erro e lutar pelo certo e por quem amava.
se afastou um instante para que ele tirasse o seu moletom, mas logo em seguida voltaram de onde pararam. Quando suas costas encontraram a porta atrás de si, foi a vez de interromper e afastar o rosto.
- O que foi? - ela perguntou ao tocar a bochecha dele.
- Eu nunca... - parecia que estava prestes a dizer a coisa mais estúpida possível no momento mais inapropriado, mas ele estava envergonhado de verdade. - Você sabe... com uma grávida.
riu alto enquanto negava com a cabeça. Não querendo sair do clima, o abraçou de novo, quase encostando seus lábios nos dele novamente.
- Não tem problema nenhum, se é o que está pensando, mas tudo bem se você não se sentir confortável com isso. De qualquer forma, ainda sou eu, se servir de algo pra você.
- Serve, é claro que serve - ele roçou seus lábios nos dela, pronto para voltar a beijá-la, pois ela tinha razão, ainda era ela mesma.
- E não é como se eu fosse engravidar de novo, sabe? - ela afastou o rosto unicamente para dizer isso.
gargalhou e tornou a beijá-la. Sentia falta do senso de humor dela, pois sempre tinha a piada perfeita no momento perfeito. Na verdade, não havia nada nela que ele não sentisse falta todos os dias.
- Eu senti tanto a sua falta - ele murmurou contra o pescoço dela, completamente estonteado pelo seu cheiro de banho recém-tomado.
- Não teve um dia em que eu não te quis exatamente assim.
- Você não foi o único - respondeu entre beijos, entorpecida pelo toque dele.
- Hmm - afastou o rosto por um instante, mas apenas para olhá-la, deslizou o polegar por toda a linha do queixo dela, como se a desenhasse. Estava admirando cada detalhe nela, os olhos ardendo de desejo, a respiração desregulada e os lábios entreabertos praticamente implorando para serem beijados novamente. - Estou me perguntando o que posso fazer por você hoje.
- Você deveria estar se perguntando o que eu posso fazer por você - se afastou da porta e o empurrou em direção à cama. Ele caiu sentado e a puxou para entre suas pernas.
- Ahn... muitas coisas - estremeceu quando ela o fez ir para o meio e engatinhou até ele.
- Que tipo de coisas? - ela perguntou enquanto envolvia as pernas ao redor da cintura dele ao se sentar. O abraçou até onde a barriga permitia.
- Qualquer coisa que você quiser - ele tirou a camiseta, a jogou do outro lado do quarto e então tornou a beijá-la. - Sou eu, . Sempre fui.
Era tudo o que queria. Queria sentir a pele quente dele na sua, seus braços a envolvendo, suas mãos explorando todo o seu corpo como se fosse a primeira vez. Ela podia sentir a cada beijo e a cada toque dele o quanto sentia sua falta, ele se prolongava cada vez que seus lábios tocavam a pele dela. Beijou sua boca, seu rosto, pescoço, clavícula e seus ombros, descendo pelo seu braço esquerdo até a palma da mão. estremecia a cada arfada dele quando a beijava, podia sentir o desejo e a saudade com cada célula do seu corpo e queria retribuir, demonstrando que sentia o mesmo e o quanto ainda ardia de desejo por ele.
Por Deus, ele com certeza andou malhando, ela não tinha dúvidas disso quando deslizou a mão pelo abdômen dele enquanto ele beijava seu pescoço.
- Você é ainda mais gostoso do que eu lembrava, sabia? - ela disse próxima ao ouvido dele. Ouviu a risada dele, que sorriu contra a sua pele.
- Posso dizer o mesmo de você - murmurou ao beijá-la no ombro novamente, então segurou o seu rosto para beijar a boca dela.
tinha dias e dias, mas felizmente aquele era um dia bom, onde ela reconhecia sua beleza e era desejada por ele, apesar dos pesares, a fazia se sentir incrivelmente feminina. Era o que pensava enquanto o fazia se deitar para que ela pudesse ficar por cima, sem interromperem o beijo que era carregado de desejo e guiado por ela enquanto as mãos dele se perdiam nas curvas de seu corpo exatamente como se lembrava e sentia falta.
Quando ele lhe apertou o seio, mesmo que de leve, ela gemeu de dor involuntariamente e afastou o rosto, preocupado, pensando ter feito algo de errado.
- Estão muito sensíveis - ela se justificou um tanto sem jeito, tentando não quebrar o clima.
- É claro - deveria ter imaginado, afinal, ela estava grávida. Era tão óbvio. - Mas deve ter outras que eu possa fazer, não tem?
estremeceu só de pensar no que ele poderia fazer, então tornou a beijá-lo para não demonstrar. Se pressionou contra ele, se movimentando devagar para provocá-lo, fazendo ele gemer baixo e arfar entre o beijo até não querer mais, foi quando ele se afastou e a deitou, fazendo contato visual o tempo inteiro enquanto tirava a calça dela, no instante seguinte a fez se abrir e se debruçou entre as pernas dela, retribuindo o que ela lhe causou da melhor maneira possível, e ela já mal podia se lembrar do seu próprio nome enquanto a língua dele a explorava.
agarrou os lençóis até os nós de seus dedos ficarem brancos. Todo o seu corpo emanava calor, precisava dele como nunca, precisava de uma prova que realmente estava ali, que era real. Bem, era mais do que real. O seu corpo reagindo a ele daquela maneira era real. Era tudo real.
se afastou quando achou necessário, queria vê-la completamente entregue ao prazer do momento. protestou quando ele parou, mas ele ignorou completamente enquanto se levantava para se livrar da calça. Não podia mais esperar.
se ajoelhou na beira da cama e o beijou quando ele se aproximou novamente, agora despido, e soube que estava pronta, por isso o puxou de volta para a cama e se colocou por cima, montando nele. aceitou sem contestar quando a segurou pelo quadril e entrou com um solavanco. apoiou as mãos em seu abdômen e ele colocou as suas por cima enquanto ela começava a se movimentar.
iniciou devagar, testando a posição para ter certeza de que estava confortável, só então se intensificou. Ia, vinha e observava as reações dele, completamente tomado pelo prazer, exatamente como ela queria. se sentia leve como nunca enquanto se movimentava, tinha algo de diferente ali, talvez a saudade, o desejo acumulado e principalmente o amor que aparentemente não diminuiu de nenhuma parte. era seu de novo, como sempre deveria ter sido e ela estava disposta a nunca mais deixá-lo ir, queria viver aquele momento e ter aquela entrega pelo resto de sua vida, queria poder sempre ter aquela visão, seus dedos entrelaçados aos dele daquela maneira e a troca de olhares, a conexão que nunca teve com outra pessoa além dele.
- ... - ele agarrou o quadril dela quando já estava quase lá enquanto ela se apoiou na cabeceira da cama e começou a ir com mais intensidade. começou a guiá-la no ritmo que queria porque estava muito perto.
Ele ergueu o quadril da cama e soltou um gemido primitivo quando chegou ao seu limite. Tencionou o maxilar quando continuou a se movimentar, estava no seu limite quando ela ainda foi mais algumas vezes até jogar a cabeça para trás e gemer de alívio quando chegou ao seu ápice também, então saiu de cima dele e se deitou ao seu lado.
se virou para ela e a observou tomar fôlego, o peito subia e descia enquanto ela olhava para o teto, mas então olhou para ele e se aproximou para lhe dar um beijo suave, os cobriu com o lençol e depois se aconchegou nela, tocando em sua barriga, admirando a nova curva do corpo dela. Ficaram em silêncio por bons minutos, colocou sua mão sobre a dele e então seus dedos se entrelaçaram sob o seu olhar. Ela sorriu, pois sabia que não era um sonho.
- Senti tanto a sua falta - ela admitiu. - Sinto falta de nós, do que éramos antes disso tudo. Todo mundo me disse que eu precisava superar, que talvez eu tivesse dependência emocional... eu não sei se eles estavam certos, mas prefiro pensar que não, que cada pessoa reage de um jeito diferente e tem seu próprio tempo pra seguir em frente, o meu só estava sendo mais demorado porque não tinha uma hora do dia em que eu não sentia falta de tudo em você, .
- Estou aqui agora. Não vou a lugar nenhum nunca mais, meu amor, eu prometo - levou a mão dela aos lábios, beijando-a e sentindo o calor de sua pele. - Eu também senti sua falta, tanto que doía. Às vezes eu achava que não ia suportar. Eu quase te liguei no seu aniversário, várias vezes cheguei muito perto de desistir e voltar porque era uma dor insuportável ficar sem você, . Por Deus, eu - ele respirou fundo. - Eu nunca fui tão infeliz na vida como fui nos últimos quatro meses.
- Ninguém entende, não é? - olhou para ele. - Essa infelicidade. Ninguém entendeu o que eu tentei explicar esse tempo todo, o quanto estive infeliz. Meus irmãos seguiram a vida deles como se nada tivesse acontecido, Will saiu com outras garotas e Tommy se ocupava com o trabalho dele, mas eu fiquei parada no mesmo lugar. Eu juro que tentei ficar animada algumas vezes, mas eu não consegui, o meu tempo é diferente e ninguém entendeu.
- Ninguém entende - concordou, pois ela descreveu perfeitamente. Suas irmãs foram incríveis com ele, mas Diana e Louise também seguiram em frente perfeitamente bem. - E ninguém nunca vai entender.
acordou pela manhã e inevitavelmente a primeira coisa que se lembrou foi da noite anterior. Sorriu ainda de olhos fechados, pois se tivesse sido apenas um sonho, então tinha sido um dos melhores.
Não foi um sonho.
Foi a primeira vez em meses que sentiu vontade de levantar da cama, mas, enquanto se espreguiçava ainda sentada, viu a porta do banheiro se abrindo e saindo parcialmente vestido e com os cabelos molhados, sorrindo ao vê-la.
- Eu tomei outro banho, espero que não se importe - disse enquanto se aproximava da cama.
- Sim, eu me importo, me importo por não ter me chamado para ir junto.
- Você estava dormindo tão tranquila que eu achei melhor não te acordar... bom, eu vou voltar para Aberdeen, então achei melhor acordar cedo.
- Por que você vai voltar? - sentiu um nó na garganta e uma repentina ansiedade.
- Eu preciso resolver a minha vida por lá e é uma viagem bem longa e cansativa, mas prometo que vou voltar.
- Que bom, então estou suando frio à toa - ela disse mexendo as mãos, realmente estava começando a suar. - Mas você poderia ficar mais um pouco, se é assim. Achei que você estava morando em uma toca ou algo do tipo.
- É claro que eu vou ficar mais um pouco, eu disse que tinha algumas coisas para contar. Além disso, está frio e essa cama é bem confortável - falou enquanto ia para debaixo do edredom, se virou para ele. - E não, eu não estava morando em uma toca. Eu até tive um lugar durante um tempo, mas passava tanto tempo na casa do Jess que acabei ficando por lá mesmo, foi bom porque economizei com aluguel. Entendo você, vida de professor não é fácil.
- Professor? Você estava dando aula? - ela perguntou com curiosidade, franzindo o cenho, e concordou com a cabeça.
- Yep. Bom, eu precisava trabalhar e ter renda, não é? Não dá pra viver de direitos autorais se você não for o Tolkien, então consegui um trabalho como professor de música em uma escola infantil da cidade. Obviamente eu me lembrei de você cada vez em que entrei na sala de aula, mas pelo menos eu conseguia me distrair um pouco e lembrar o quanto eu gostava de cantar e tocar instrumentos quando era mais novo.
- Deveria ter seguido carreira, é uma das pessoas mais talentosas que eu já conheci - sorriu, se lembrando da cantoria matinal dele. - Não preciso dizer o quanto achei incrível o fato de você ter se tornado professor, é sério.
- Dá para perceber - sorriu também e então a trouxe para perto. Ela repousou a cabeça dela em seu peito despido. - Agora que você sabe um pouco mais sobre mim, acho que você também tem muita coisa para me dizer, certo? Como está sendo?
- Enjoativo, literalmente. Posso contar os dias em que acordei disposta ou que não tenha sentido enjoos, o que acaba me deixando estressada... é complicado, eu não sei muito bem o que estou sentindo, sabe? O problema não são elas, de forma alguma. Sinto a nossa conexão, mas... eu não queria estar grávida, então não sei o que sentir. Não queria passar isso para elas, porque sei que elas sentem, mas não sei se eu vou conseguir ser uma boa mãe, além de eu achar que passaria por isso sozinha até 12 horas atrás.
- Se você for tão prestativa e divertida com elas assim como sempre foi com a Clara, então tenho certeza de que você será uma ótima mãe.
- Não sei, tenho medo de não conseguir ou de acontecer algo antes disso - admitiu. - Eu não conto isso para ninguém, tento ser forte, mas acho que posso contar para você.
- Você sempre vai poder contar qualquer coisa para mim. Não se preocupe, não vai acontecer nada, eu voltei e nós vamos enfrentar isso juntos.
achou melhor não contar sobre sua teoria, ela já estava com medo e aquilo poderia piorar as coisas. Não queria que acontecesse algo com ela ou com os bebês.
- Não vou desistir de você de novo - ele concluiu. - Quando você descobriu que eram duas meninas?
- Há umas três semanas. No primeiro ultrassom não deu para identificar o segundo bebê, então foi um choque enorme. Acho que foi aí que começou a cair minha ficha de que eu realmente seria mãe não só de um bebê, mas dois, que terei duas filhas de uma vez só.
- Estou assustado e encantado ao mesmo tempo... Claro que eu adoraria ser pai um dia e conforme nosso relacionamento foi amadurecendo, tive certeza de que seria com você, eu só não sabia que seria tão cedo, mas tudo bem, agora posso esfregar na cara do Damon que tenho mais filhas do que ele.
- Meu Deus, vocês são duas crianças - gargalhou enquanto ele concordava rindo também. - Que bom que vocês se entenderam.
- Ele foi atrás de mim em Aberdeen só para contar que te viu. Não acho que qualquer pessoa teria feito isso.
- Céus, você sentiu mais falta do Damon do que de mim, não posso acreditar no que estou ouvindo, ! - continuava a rir, não estava falando sério, mas estava aproveitando que estava de bom-humor.
- Também não é assim - se defendeu, rindo também. - Nas últimas 24 horas eu fiz as pazes com o meu irmão, voltei pra casa e para a mulher que eu amo e ainda por cima descobri que serei pai. Posso dizer que estou feliz... - ele concluiu, sorrindo satisfeito. - Você já escolheu os nomes delas?
- Não, eu ainda não sei, embora os meninos tenham dado muitas sugestões, vamos pensar em alguns nomes bacanas, ainda vou te mostrar o quarto também, mas antes disso, será que eu poderia aproveitar mais um pouquinho enquanto você ainda está aqui comigo?
sorriu e a beijou lentamente. Sua posição era desconfortável, então se ajeitou, ficando parcialmente por cima. Colocou suas mãos no rosto dela e tornou a beijá-la, poderia passar o resto do dia ali, faria amor até cansar e só depois consideraria a possibilidade de ir embora.
- Você vai ficar muito tempo em Aberdeen? - perguntou arfante quando ele beijou seu pescoço.
- Tendo você aqui me esperando? Jamais - respondeu contra o pescoço dela, em seguida deixou um chupão de leve no local. - São só alguns dias, eu prometo.
- As coisas serão como antes?
- Só se você quiser que seja - se afastou um pouco para olhar para ela. - Mas eu entendo que você ainda está chateada e que talvez não seja o momento.
- Esquece, não estou mais, não sinto nada de ruim em relação a você, - sorriu. Sua felicidade era muito maior do que a mágoa que sentiu durante aqueles meses, estava mais do que disposta a perdoá-lo. - Eu quero que seja como antes, não posso imaginar ter você na minha vida de outra maneira que não seja assim.
- Vou voltar o mais rápido possível, eu prometo - não tinha sombra de dúvidas de que em alguns dias estaria exatamente ali de novo e já estava ansioso por isso.
- Então você quer ver o quarto delas agora ou quando voltar?
- Acho que ainda tenho um tempinho - ele se afastou e se levantou para poder se vestir.
- Você não vai se vestir também? - ela perguntou enquanto pegava suas roupas no chão ao lado da cama. apenas se levantou.
- Mas eu estou vestido - ele apontou para a calça de moletom de William. - Além disso, foi estratégico, porque se você ainda estivesse chateada comigo, eu teria que apelar para a estética, pois como você bem notou, andei malhando - fez pose e riu alto. De fato, ele dedicava algum tempo para a saúde física, era uma ótima forma de se distrair.
- Sim, , eu reparei. Certo, depois não reclame de frio ou se eu atacar você.
terminou de se vestir e então eles saíram do quarto dela. O quarto dos bebês era ao lado do dela, mas ainda não havia nada a não ser os berços e algumas caixas empilhadas, as paredes tinham um tom de bege claro e o closet tinha portas brancas, nada além disso.
- Ainda não tem muita coisa, Will e Tom deram os berços contra a minha vontade, eu ainda não tive muito ânimo para começar a organizar, mas ganhei muitas coisas que estão nas caixas... é isso, talvez essa semana eu comece a arrumar.
- Não sou psicólogo, mas diria que você estava em estado de negação, por isso não quis arrumar antes.
- Também... estou sozinha há uns meses, Will está fazendo shows nos Estados Unidos e produzindo o álbum dele, Thomas vem aos fins de semana, Jake e Katie também, mas não quero abusar da boa vontade deles. Já estão me ajudando muito.
- Certo... eu sei que é um assunto delicado e o que vou dizer pode ser muito radical e apressado, visto que eu acabei de voltar, mas... bom, decidimos que é melhor estarmos juntos nisto, não é? Seremos pais e você optou por deixar o seu antigo apartamento... talvez seja melhor que o quarto seja no nosso lugar, se optarmos por morarmos juntos porque um lugar nós já temos.
- Mas você adora o escritório, . Onde irá trabalhar? - sentiu uma pontada de pena, sabia que era importante para ele ter um lugar exclusivamente para o trabalho.
- Não se preocupe, Damon está sensibilizado com toda a situação, eu com certeza vou cobrar alguns favores que ele me deve e em breve teremos um quarto de bebê e um escritório, ele dará conta
- disse de maneira convicta para tranquilizá-la. - Pode dizer o que for dele, mas não pode questioná-lo como arquiteto, ele é realmente bom no que faz.
- Ele tem bom gosto... - se deixou levar por um instante. A casa de Damon era a prova de que ele era um ótimo arquiteto. - Mas não é esse o ponto, .
- Está tudo bem, é sério. Eu gosto de escrever, mas... eu não sei se isso vai garantir um futuro para mim ou para nós. Eu não pretendo parar, mas talvez seja hora de ter outras responsabilidades.
poderia estar dizendo uma coisa, mas entendia outra completamente diferente. Entendia que ele estava desistindo do seu escritório e da sua carreira porque ela estava grávida e ter dois filhos custava caro. Ela não achava justo e jamais aceitaria sem se culpar.
- Não posso deixar você fazer isso.
- Sabia que sou um ótimo professor? - sorriu para tranquilizá-la. Ela se sentiu ainda pior. - Está tudo bem, , eu sabia o que estava fazendo quando escolhi escrever livros, jamais esperei me tornar alguém notável.
- Você também é um ótimo músico e não te faltam contatos no meio musical - ela argumentou, mas ele parecia tranquilo.
- Nunca vou ser um astro e está tudo bem, já planejei os nossos próximos cinco anos: acabamos com a maldição, nos casamos, criamos nossas filhas e compraremos uma casa maior, assim eu tenho o meu escritório e você não me olha assim. O que você acha?
- Acho que você está se precipitando em abrir mão do seu escritório, mas tudo bem, realmente teremos que ter um lugar maior algum dia.
- Senti falta de criar planos com você - olhou para ela e sorriu de canto, estava sendo sincero. - O que me lembra que nossas filhas ainda não têm nomes.
- Eu ainda não encontrei nenhum nome que me cativasse, sabe? - desviou o olhar e passou a mão pelo berço, sentindo a textura do móvel que era de ótima qualidade. - Quero que tenham os nomes das nossas mães como nomes do meio, mas ainda não pensei em nada concreto. Will, Jake e Tommy chegaram a um consenso e sugeriram alguns nomes que eu gostei e disse que ia pensar sobre, mas ainda falta outro.
- Posso imaginar os três reunidos debatendo nomes de meninas - riu ao imaginar a cena. - Será que posso contar a novidade para as minhas irmãs? Talvez elas também tenham sugestões.
- É claro! Acho que ninguém tem tantas sugestões quanto a Katie, nem a minha mãe, mas como a Katie concordou estava na discussão com os meninos, ficou por isso mesmo.
- Minha família vai adorar participar disso... - sorriu ao imaginar a cena. - Quando você contou aos seus pais?
- Semana passada - ela notou que ele estava pronto para rebater, então se adiantou. - Eu sei, foi errado, pedi para eles guardarem segredo porque prometi que iria te contar, mas eu estava apavorada, sabia que eles contariam aos seus pais e isso chegaria em você. Eu não sabia o que esperar de você, então evitei, me desculpa.
- Sabe que eu teria voltado, não é?
- Eu tentei contar, , mas... não importa, eu não quero mais falar sobre isso - achou melhor encerrar aquele assunto por ali, pois estava tudo bem entre eles e ela não queria estragar as coisas. - Você está aqui agora e é o que importa.
- Tudo bem, vamos deixar isso para lá, nunca vou poder reparar isso, mas espero compensar estando aqui - ele se virou para ela e tocou seu rosto, acariciando. fechou os olhos por um instante, respirando fundo. O mínimo toque dele a acendia feito árvore de natal.
- Será que você pode se vestir? Porque os meus hormônios estão um pouquinho aflorados e eu não quero ter que dizer a forma como você pode compensar agora - ela se afastou e ele gargalhou, concordando.
- Certo, eu vou me vestir, vou almoçar e ir embora porque esse seu lado me assusta às vezes. Você quer almoçar comigo?
- É claro.
- Ótimo, então escolhe o lugar enquanto eu me visto, já que queremos que seja como antes, então assim será.
Foi difícil encontrar um lugar que agradasse o paladar de . Tinha mudado seus hábitos alimentares para que tivesse uma gestação saudável, mas enquanto decidia o que queria comer, sentiu um desejo incontrolável de comer novamente batatas fritas com milkshake, assim como fizeram no primeiro encontro. A princípio, não achou que fosse uma boa ideia, mas insistiu tanto que ele acabou aceitando, não iria deixá-la passando vontade.
- Deus, por favor, que minhas filhas não nasçam com cara de batata frita - ele disse enquanto mergulhava uma batata no milkshake, tinham ido até um McDonalds.
- Que delícia, posso comer isso para sempre! - disse e logo em seguida levou várias batatas melecadas à boca. torceu o nariz.
- Achei que você não tinha gostado.
- , foi nosso primeiro encontro, eu adorei tudo sobre aquele dia - ela falou de boca cheia, colocando a mão na frente. Ele fez careta.
- Por favor, só come. Depois conversamos.
não se contentou com batatas, afinal, passaria muitas horas na estrada, então pediu um sanduíche para comer e outro para levar. Observava , e ela parecia estar satisfeita com suas batatas, então ele não iria contestar.
- Eu deixei a princesa Fiona, mas encontrei o Shrek quando voltei. O que está acontecendo? - ele perguntou, rindo, e gargalhou, tinha acabado de comer naquele instante.
- Me desculpa, mas às vezes sinto uma fome incomum. Estou evitando comer essas coisas, Tom até me levou a um nutricionista, mas às vezes não posso evitar. Preciso comer por três.
- Tudo bem, você merece sair da dieta de vez em quando.
- Sim, eu mereço - ela assentiu. - Mas e então? Você disse que tinha muitas coisas para me contar, mas já está indo embora e eu só sei que você adorou a sala de aula. Teve algum avanço?
- Tive... tive sim - apoiou os cotovelos sobre a mesa, mas ficou um pouco tenso por tocar no assunto. - Descobri que somos uma linhagem. Descendemos das nossas versões passadas, consegui até um pouco antes da vida na França porque a memória do Jesse é muito boa. Por falta de registros, dificilmente eu conseguirei chegar na nossa primeira vida, mas minha teoria é que descendemos de uma pessoa só: Clara. Ela e a Lotte foram as únicas que sobreviveram.
- Isso faz muito sentido, talvez você esteja certo. Então sua família e a minha família atual são descendentes das nossas versões do passado?
- Exatamente. É um pouco confuso, mas eu consegui descobrir que Jesse fugiu com a Clara para a Espanha durante a Revolução, ela se casou com um duque espanhol ainda muito nova e teve uma filha chamada Margareth, a viscondessa Blackwood, minha mãe naquela vida. Basicamente, ela foi minha avó - era estranho dizer aquilo em voz alta, e mais ainda explicar de um jeito que não confundisse , mas ele tentou. - Depois, a Clara escocesa e os primos dela tiveram filhos, se passaram algumas gerações até chegar em nós novamente. Descobri que meu pai e minha tia Sarah descendem da Clara, a família da minha mãe descende do filho que Thomas e Diana tiveram, e a sua mãe da filha de Louise e Will.
- Isso é tão estranho e confuso.
- Eu prefiro não pensar muito nisso porque fica estranho mesmo - riu. - Como descendemos das mesmas famílias, isso nos torna..
- Primos - ela completou novamente, e concordou. - Eu jamais saberia explicar para a minha mãe que ela descende do próprio filho, realmente acho que eles nunca saberão sobre isso... mas enfim, então temos grau de parentesco distante?
- Sim, nós somos primos em vários graus se minha teoria estiver certa. Perguntei para Diana se isso seria um problema e ela disse que não quando se trata de genética e curiosamente ela disse que o máximo que poderia acontecer seria um de nós, entre eu e meus irmãos, termos gêmeos, pois há muitos casos durante as gerações. Então de repente, Damon estava em Aberdeen me dizendo que eu seria pai de duas meninas de uma vez, então acho que eu fui o premiado.
- Meus irmãos devem estar aliviados também... bom, imagino que se nós descendemos, provavelmente Carter e Luce também, não é? Me lembro de uma conversa assim que tive com os meus irmãos, e Carter mencionou ter descendência escocesa e que havia o sobrenome Rodwell na família, exatamente seu nome na primeira vida... ele era escocês.
- Luce e Carter descendem também, mas não consegui ir muito afundo sobre eles. Com essa informação, agora não tenho dúvidas. Sendo assim, Carter é realmente um descendente de um bruxo poderoso e cruel, tem magia correndo no sangue dele, o que talvez seja bom que ele tenha familiaridade com este tipo de coisa e assim pode ser mais fácil de romper a maldição.
- Certo, mas se ele tem magia correndo no sangue, então Will tem também?
- A magia só floresce em almas raras.
- Está citando Harry Potter, ? Sério? - ela franziu o cenho enquanto ria. concordou.
- E está errado?
- Carter tem afinidade, ele mesmo disse, está progredindo muito nos estudos e acredita que ele vai ser capaz de desfazer a maldição, mas não sabe quando. Desde que falei que estou grávida, ele parece bem preocupado e está praticando na maior parte do tempo, chega a ser obsessivo.
ficou repentinamente tenso com o que ouviu. Será que Carter tinha a mesma teoria? Será que realmente estava trabalhando em anular a maldição ou complicando as coisas ainda mais? não confiava nele e aparentemente nunca confiou, tinha ótimos motivos para isso. Ele poderia dizer que havia mudado e que nesta vida as coisas eram diferentes, mas será que eram mesmo?
- E se ele não estiver tentando desfazer a maldição? - quando percebeu, já havia perguntado.
- O quê? O que está insinuando com isso? - franziu o cenho. - Por favor, não me diz que ainda sente aquele ciúmes bobo.
- Eu não estou com ciúmes de nada. Ele lançou a maldição, não é? Como podemos confiar nele desta vez?
- Eu confio - estava verdadeiramente ofendida com o que estava ouvindo. - Eu confio a minha vida ao Carter, se você quer saber, . Ele nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário. Sinto muito se você não vai com a cara dele, mas está apenas implicando por pura imaturidade.
- Não sou imaturo - agora foi a vez de rebater, também estava ofendido. - Você pode passar a vida inteira com alguém, mas nunca conhecerá uma pessoa de verdade se ela não deixar. Não estou acusando Carter de nada, mas você não pode negar que ele fez uma coisa ruim para nós, mesmo que em outra vida, mas fez. Não podemos confiar em ninguém, , é isso que estou tentando dizer.
- Você confiou no Damon e agora estamos aqui tendo essa conversa desnecessária.
- Damon não era um bruxo maníaco e sádico em outras vidas.
- Está refutando a si mesmo.
- Por favor, entenda, eu não estou contra o Carter e nem contra ninguém! Eu só estou dizendo que não podemos confiar totalmente nele, é tão difícil de entender?
- Está insinuando que não tenho a capacidade de reconhecer o que há de errado com as pessoas?
- Não, , não é isso...
- É exatamente isso, além de estar com um ciúmes bobo do Carter enquanto ele está deixando a vida de lado para nos ajudar, para que tenhamos uma chance de viver.
- É mesmo? Ele vai fazer o quê? Empunhar uma varinha encantada e dizer três palavras mágicas?
- Meu Deus, . O que está acontecendo com você? Quando você ficou assim?
- Assim como? Tentando salvar todas as pessoas que amo? Esperava que eu fosse abaixar a cabeça e pedir desculpas por estar certo? Não mais.
respirou fundo. Achava aquilo um grande absurdo e não estava reconhecendo a atitude de , ele não era de rebater insistentemente até causar uma discussão. Entendia que realmente deveriam ser cautelosos em relação às pessoas, mas ela não conseguia enxergar qualquer maldade em Carter como ele estava dizendo.
- Talvez você deva tirar mais alguns dias para pensar melhor em Aberdeen... - ela concluiu magoada.
- Já passei tempo o suficiente por lá.
- Ótimo, então só está com ciúmes mesmo.
- Eu não estou com ciúmes! - ergueu o tom de voz, irritado, mas percebeu alguns olhares na direção deles, então se recompôs.
- Se falar assim comigo outra vez, eu faço você se arrepender - advertiu e ele se desculpou.
- Como você se sentiria se fosse a Luce no lugar do Carter? E se fosse ela que tivesse lançado a maldição e eu ficasse defendendo ela insistentemente?
- É exatamente o que você faria, não enxergaria que tem algo de estranho nela, aliás, não enxerga. Ela não gosta de mim e eu não sei o motivo.
- Talvez porque você seja melhor do que ela em tudo? Além de ter sido trocada por você em todas as vidas, isso sem falar que ela odeia o fato de a Clara gostar tanto de você.
- , eu sei que você nunca acreditou em mim, mas sei o que vi naquele dia. Ela viu que eu saí do quarto e te pediu um abraço, quase como se estivesse me desafiando, ou querendo dizer para eu me manter atenta. Eu juro que tentei ser amigável pela Clara, mas ela é esquisita e só você não vê, talvez Louise sempre teve razão em não gostar dela.
- Eu acreditei em você - respirou fundo. Não queria continuar aquela discussão, mas precisava provar seu ponto e por isso decidiu contar uma coisa que jamais pretendia dizer para ela. Poderia dar tudo errado, mas então ele teria certeza de que tinha um problema com Luce, assim como ele tinha com Carter. - Ok, vamos encerrar essa conversa por aqui, eu não quero brigar com você e sei que não vamos chegar a um acordo. Me desculpe por ter gritado ou por parecer que estou contra alguém, eu só quero que você fique bem.
- Não. Vamos terminar essa conversa quando você voltar de Aberdeen.
- Tudo bem, então eu vou para Aberdeen e volto em alguns dias. Vamos, vou te levar para a sua casa e depois ir ao meu apartamento, preciso que Luce saia para que Damon possa projetar o quarto.
- Ela está no seu apartamento? Que porra é essa, ? - não podia acreditar no que estava ouvindo. - Não acredito que estamos aqui tendo essa conversa enquanto ela está lá dormindo na sua cama!
- Ei, calma. Luce quer tanto descobrir uma saída quanto nós, não podemos nos esquecer que ela não tem culpa de nada e sempre foi trocada por você, pode imaginar como ela se sente? Ela veio porque quer ajudar, mas como não tinha um lugar para ficar, deixei que ficasse com o meu apartamento enquanto eu estava fora.
- Então você está implicando com o Carter sem motivos enquanto eu devo aceitar que sua ex-namorada esquisita está morando na sua casa? É isso mesmo, ? Não, chega, isso é demais para mim, vou pra casa.
- Você não gosta da Luce da mesma forma que eu não gosto do Carter.
- Sim. Eu. Não. Gosto. Da. Luce! - disse pausadamente. - Está bem? Ela é esquisita e também não gosta de mim, então estamos empatadas! Realmente, sou muito melhor do que ela em tudo, eu também me odiaria se eu fosse ela. Eu sempre reflito sobre o passado e me sinto mal por ter mudado o destino dela, mas quer saber? Depois do que vi, não me importo mais, posso fazer isso o resto da eternidade.
- , isso é cruel - não podia acreditar no que ela estava dizendo. A risada exagerada dela deixou as coisas piores.
- Você está acusando o Carter de estar conspirando contra nós, está hospedando sua ex-namorada além de, neste exato momento, estar tentando me manipular para nós dois sairmos como errados, e eu que sou cruel? Acha que eu não sei quando alguém tenta me manipular? Você é péssimo nisso, , mas é o suficiente para me fazer pensar que talvez isso não vai dar certo. Leve o tempo que precisar em Aberdeen, eu não vou estar te esperando, enquanto isso estarei incentivando o Carter, sei que ele vai conseguir - pegou sua bolsa e se levantou para ir embora.
- Você sempre morreu quando estava grávida - falou de maneira impulsiva, mas já era tarde para se arrepender. voltou a se sentar.
- O quê?
- Damon sugeriu que não foi apenas o fato de ficarmos juntos que causaram as mortes, mas sim a sua gravidez. Não temos como provar, mas suspeitamos que você estava grávida no momento da maldição e Carter previu isso. A preocupação excessiva dele me faz pensar que talvez ele tenha a mesma teoria, ou simplesmente saiba que é verdade. Jesse aprova essa teoria e está discutindo sobre isso com John.
- Não pode ser...
- Eu não queria te contar agora porque tive medo que alguma coisa pudesse acontecer com você ou com os bebês, mas foi por isso que eu voltei. Agora você entende porque eu não confio no Carter?
- Ele me contaria se ele soubesse disso... - estava sem chão com o que havia acabado de ouvir. Será que estava certo? - Meu Deus...
- Foi por isso que eu voltei, . Precisamos ter certeza de que Carter está do nosso lado, ou corremos sério perigo de não conseguirmos desfazer a maldição.
nunca sentiu tanto medo na vida quanto naquele momento. Ficou em completo silêncio enquanto pagava pela comida, não conseguia parar de se preocupar com seus bebês. E se acontecesse alguma coisa com aquelas crianças inocentes? Ela jamais se perdoaria, não perderia outro filho assim como perdeu em sua vida anterior. Talvez ela tivesse que partir em alguns meses, mas não permitiria que algo acontecesse com as suas meninas.
A volta pra casa foi toda em silêncio, mas pôde perceber que ela não estava bem. Ele não queria ter contado, mas foi necessário. Se antes não tinha certeza se seria capaz de reverter aquela situação, agora sentia que podia enfrentar qualquer coisa ou pessoa que cruzasse seu caminho.
- Não vou permitir que nada aconteça com vocês - disse ao estacionar o carro na frente da casa de William e colocou a mão na barriga dela. Olhou para e os olhos dela estavam cheios de lágrimas. - ...
- Só me prometa que se acontecer algo comigo, você cuidará delas como ninguém - foi a única coisa que ela disse antes de tirar o cinto, afastar a mão dele e sair do carro.
Imediatamente, fez a mesma coisa. Saiu do carro, deu a volta pelo veículo e correu para ficar na frente dela.
- Eu disse que não vou deixar acontecer nada com nenhuma de vocês - ele a segurou pelos ombros. - Eu vou para Aberdeen e, quando voltar, faço o que for preciso para manter você e nossas filhas vivas, está bem? Se você confia tanto no Carter, então eu vou confiar também. , preste atenção, eu nunca me perdoaria se eu deixasse algo acontecer com você. Falhei três vezes no passado, mas isso não vai acontecer de novo, eu te dou a minha palavra.
- Como pode ter certeza?
- Porque não estou sozinho, porque estou preparado dessa vez - ele então lhe deu um abraço apertado. - Você é a melhor coisa que já me aconteceu, não vou perder você de novo.
retribuiu ao abraço e se sentiu protegida. Era extremamente reconfortante ouvir aquilo, ninguém nunca se importou tanto com sua presença ou em fazê-la ficar. Não sabia o que esperar dos próximos dias e meses, mas naquele instante confiou em com todas as suas forças, sabia que ele não deixaria nada de ruim acontecer. Quando ele se despediu com um beijo, afirmando que estaria de volta em poucos dias, não teve sombra de dúvidas de que ele realmente voltaria.
Após deixar em casa, ainda tinha mais uma coisa para fazer antes de voltar para Aberdeen. Passaria em seu antigo apartamento, pois era hora de ter uma conversa com Lucinda. Suas mãos suavam enquanto seguravam o volante, jamais precisou tomar uma atitude tão radical com alguém, então era natural que estivesse nervoso. Luce ficaria arrasada, mas ele precisava fazer aquilo, pois já tinha sido errado o suficiente hospedá-la. tinha razão, ele estava com ciúmes de Carter enquanto deixava Luce dormir em sua própria cama, algo não estava certo e ele iria acabar com aquilo logo.
Já fazia tanto tempo que não ia até sua própria casa que quase não reconhecia aquele lugar como seu. Sentiu uma repentina ansiedade para rever tudo o que era seu, adorava aquela casa e seu conforto. Era funcional para um jovem solteiro de vinte e poucos anos, mas já não seria para dois adultos e dois bebês. Em um dia muito breve ele teria que se desfazer e se mudar para um lugar maior, mas enquanto este dia não chegava, Luce precisava sair de lá.
pegou suas chaves no bolso do casaco e abriu a porta, resgatando na memória como era sua sala. Esperava encontrá-la exatamente como deixou, mas tudo o que viu foi um lugar sujo e bagunçado, com roupas espalhadas pelo chão e sofá, além de louças sujas. Ele conferiu a cozinha e havia uma pilha de louças na pia, o cheiro era péssimo. Sentiu um repentino medo, afinal, o que estava acontecendo ali?
- Luce! - chamou pela mulher, mas a casa estava em absoluto silêncio. - Lucinda!
Após alguns instantes, Luce surgiu no corredor, indo em direção a ele. sentiu um arrepio na espinha, ela estava diferente. Não era a Lucinda que conhecia e namorou por sete anos. Definitivamente, não. Luce estava sempre bem-vestida e com os seus cabelos escuros impecavelmente penteados, totalmente diferente daquela figura parada na sua frente, com roupas velhas, cabelo bagunçado e uma feição que não reconheceu. Não parecia com Luce, era assombrosa, o brilho nos olhos já não era o mesmo que ele se lembrava.
- Oi, - Luce respondeu com a voz baixa e tranquila. - Não sabia que viria.
- O que aconteceu aqui? Por que essa bagunça?
- Não tive tempo de arrumar - ela disse de maneira despreocupada, tirou algumas roupas da poltrona, jogou no chão e se sentou. - Senta, que bom te ver aqui.
- Lucinda, essa é a minha casa, você não pode fazer isso! Olha só pra esse lugar, os vizinhos vão pensar que alguém morreu aqui!
- Ai, , você é certinho demais! Relaxa, vou arrumar, ok?
- É claro que você vai arrumar, e logo depois que terminar, vai deixar as chaves com a Louise e procurar outro lugar para ficar, porque aqui você não fica mais.
Lucinda olhou para ele e novamente se arrepiou, ela não era a mesma. Tinha algo de diferente.
- Está me expulsando? - ela espremeu os olhos.
- Estou te convidando a se retirar - respondeu, tentando não demonstrar que aquilo o assustava.
- Você não me vê desde Aberdeen e simplesmente fala assim comigo?
- Bom, naquela altura você não tinha transformado a minha casa em um lixão. Por favor, limpe tudo, pegue suas coisas e saia, eu estou voltando para cá e quero este lugar impecável exatamente como deixei.
- Você vai voltar? - Um brilho surgiu no olhar dela. Luce se levantou.
- Vou, por isso você não pode ficar aqui.
- , eu não tenho para onde ir, não conheço ninguém além de você. Sua família me odeia, não conheço essa cidade... como tem coragem de fazer isso?
- Da mesma maneira que você teve coragem de fazer isso - apontou para o seu redor. - Estou voltando e ficará comigo, não tem a menor condição de você ficar aqui.
- ... é verdade, esqueci que sempre será ela. E mais uma vez a Lucinda foi trocada pela , que maravilha! - ela riu, dando um giro como se estivesse dançando.
- Você terminou comigo, Luce, caso tenha esquecido. Eu fiquei arrasado, não é à toa que voltei para o meu país, então conhecer ela foi uma benção, se quer saber.
- não tem uma casa própria?
- Ela é minha namorada, Luce, não é da sua conta onde ela mora ou não - se mantinha impiedoso, queria ela fora dali o quanto antes. - Eu preciso que você saia.
- E se eu não quiser?
- A casa é minha! - ele franziu as sobrancelhas, estava desacreditado. - Se você não sair, eu chamo a polícia e você vai sair à força. Entenda de uma vez por todas, Lucinda: nós nunca teremos algo de novo, está bem? Durante quatro vidas estive com você antes da , mas esse ciclo está prestes a ser rompido. Lamento que você tenha passado por isso, mas de agora em diante você será livre. Mas por enquanto você vai limpar esta bagunça, pegar as suas coisas e ir embora da minha casa. Quando eu voltar, então aqui só terá eu, a minha namorada e as nossas filhas, ok? Sem sombra de Luce!
- Ela está grávida? - Luce pareceu surpresa por um instante, mas após concordar, ela simplesmente riu. - Exatamente como das outras vezes!
- Do que você está falando?
- Ah, ... ela não tem muito tempo... coitadinha...
- Do que você sabe? - se aproximou e fez menção de segurar o braço dela, mas então se afastou. Ele não era assim. - Quem te contou a teoria?
- Teoria? Não é uma teoria, ela vai morrer em breve.
- Você não sabe do que está falando, Lucinda.
- Sabia que Carter não é o único que tem um passado? - Luce sorriu mostrando os dentes, achou aquele sorriso perverso. - Sim, eu me lembro de tudinho. Ou melhor, acompanhei tudo, mesmo que de longe, quietinha no meu canto.
- Você estava na catedral?
- O quê? Ah, não, não, eu estava em casa, adormecida, esperando que meu marido voltasse para mim, mas na verdade ele estava se casando com outra... logo depois eu recebi a notícia de que havia me tornado viúva, você tinha morrido. Muito suspeito você, sua irmã, seu melhor amigo e os Bamborough morrerem ao mesmo tempo e juntos, não é?
- Como você interligou as coisas?
- Está tudo aqui e sempre esteve - ela encostou o dedo indicador ao lado de sua cabeça. - Só precisei estalar os meus dedinhos assim e aquela merda de vida toda virou pó - Luce estalou os dedos, mas nada aconteceu. - Ah, não se preocupe, eu não consigo mais fazer isso, embora eu queira, mas as vozes aqui dentro... Elas continuam dizendo as mesmas coisas desde 1666... é tudo tão barulhento...
- Não é você, é sua versão do passado... - começou a pensar em voz alta, era o único motivo de Luce estar agindo daquela forma. - Luce, suas versões anteriores estão tentando tomar o seu lugar, essa não é você. Por favor, resista, não deixe elas tirarem tudo de bom que você tem.
- E o que eu tenho de bom, ?
- Você nunca fez mal a ninguém, Luce. Você tinha uma vida ótima em Boston, é tão inteligente que estudou em Harvard, tinha sua casa, uma vida boa e seu emprego dos sonhos... e o mais importante: Damon e Charlotte nos escolheram para sermos os padrinhos da Clara. Por mais que ela goste muito da , ela nunca vai poder ocupar o seu lugar, Luce, você sempre vai ser a madrinha da Clara. Pense nela e em como ela ficaria triste se você não estivesse mais aqui.
Luce pareceu distante por um instante, ponderou que ela estava refletindo. Ela olhou para ele novamente e relaxou, a feição dela estava mudando para algo que ele já estava familiarizado. De repente, parecia que a verdadeira Luce tinha voltado.
- , me desculpa! - ela olhou ao redor, se dando conta da bagunça. - Meu Deus... me desculpa, me desculpa... eu vou limpar isso!
- Está tudo bem, Luce, leve o tempo que precisar... eu vou voltar para Aberdeen, mas ainda preciso do apartamento de volta.
- Tudo bem, eu entendo... não sei o que está acontecendo, , eu fico tão irritada às vezes! Eu começo a ter pensamentos ruins e não consigo controlar as minhas ações... as luzes piscam, os copos estouram... eu não sei se consigo controlar! Não desejo nada de ruim para você e nem para a , aquelas coisas que eu disse...
- Eu acredito em você, Luce. Só não dê espaço, suas versões do passado estão pedindo passagem.
- Se isso está acontecendo comigo, pode acontecer com o Carter também?
não tinha pensado naquilo. Não era como se Carter estivesse conspirando contra eles, se tornava ridículo a cada vez que pensava naquilo. Se Lucinda tinha esses súbitos apagões onde suas versões do passado tentavam tomar o seu lugar, possivelmente o mesmo acontecia com Carter, e isso poderia ser um grande problema.
- Luce, apenas me prometa que sempre que você sentir algo ruim, irá se lembrar da Clara e do quanto ela precisa de você. Por favor, me promete.
- Eu vou tentar... - ela assentiu e decidiu mudar de assunto. - Então... pai, não é? Você finalmente vai ser pai.
- É, foi uma surpresa pra mim também, eu não sabia até dois dias atrás.
- É engraçado, estivemos juntos por quase oito anos e nunca nem sequer cogitamos planejar um casamento ou filhos... mas agora tudo foi tão rápido.
- Luce...
- Não é uma crítica, eu sei que isso é por causa da maldição, mas se a maldição não existisse... será que poderia ter dado certo? Será que vocês realmente estão destinados ou só são obrigados a se encontrarem em cada vida porque estão presos um ao outro?
refletiu por alguns segundos nas palavras dela. Será que Luce estava certa? Será que ele apenas estava preso à ? Se conseguisse romper a maldição, poderia se considerar livre e estar com qualquer outra pessoa que quisesse? não precisou pensar muito para chegar em uma resposta óbvia.
- Eu não estava amaldiçoado no instante em que vi pela primeira vez na primeira vida. Eu não sei se eu acredito em amor à primeira vista, mas talvez tenha sido o que aconteceu naquele dia, eu a amei no primeiro segundo que a vi. Eu não queria dizer isso para você porque sei que pode te machucar, mas... sempre foi ela, Luce. Infelizmente o destino está sendo injusto com você e eu espero que de agora em diante você seja livre para estar com outra pessoa além de mim, alguém que vá te amar o resto da sua vida. Espero que saiba que eu te amei durante os sete anos em que estivemos juntos, amei de verdade e fiquei muito mal quando você terminou comigo, mas foi de um jeito diferente do que é agora.
- Diferente como? - Luce perguntou com curiosidade, notando que estava desconfortável.
- Não quero falar sobre isso e magoar seus sentimentos, Luce - olhou ao redor para evitar olhar para ela, mas aquela bagunça o deixava irritado.
- Já estão, não faz mais diferença. Diga, eu mereço saber.
- Eu me sinto mais leve. Eu sei que conheço a há menos tempo, mas acredito que nosso passado seja o suficiente para fazer eu me sentir assim. Eu me sinto leve, me sinto à vontade perto dela, ela não me achou estranho ou entediante por causa do meu irmão gêmeo super extrovertido. Eu me pego o tempo todo planejando o meu futuro com ela e espero pacientemente que o tempo passe para que eu finalmente possa fazer o pedido. Me desculpe se não fui assim com você, mas não é uma coisa que eu consigo controlar. De qualquer forma, eu amei você também, só que era diferente.
- Obrigada por ter compartilhado isso comigo - Luce sorriu, mas seus olhar entregava tristeza. se sentiu mal.
- Eu sinto muito que tenha sido assim.
- Tudo bem, você merece ser feliz, ela é ótima! Não é que eu ainda sinta alguma coisa, mas tenho a sensação de que poderia ter sido diferente, que poderia ter dado certo. Você não sente isso? - com pesar, negou com a cabeça, o que deixou Lucinda desapontada. Ela apenas assentiu. - Certo... eu... eu vou limpar essa bagunça e vou embora.
- Tudo bem. Deixe a chave com a Louise, por favor - deu meia-volta e foi em direção à porta, ela o acompanhou.
- Vou deixar. Obrigada por tudo, .
Luce fechou a porta e a trancou em seguida. Secou a lágrima solitária que escorreu pelo seu rosto e revirou os olhos.
- É claro que você não sentiu - disse com desdém.
Se sentiu enojada com tudo o que ouviu. não tinha aquele direito, como poderia ser tão diferente assim? Por que ele planejava todas aquelas coisas com , mas nunca planejou com ela? Por que ela sempre seria preterida? Luce não conseguia encontrar um motivo que justificasse, mas conseguia pensar em mil maneiras de fazer cada um deles pagar por aquilo.
Lucinda Brown sempre foi uma garota mediana. Não era feia, mas também não era bonita do tipo padrão. Não tinha uma inteligência acima da média e nem era burra. Talvez seu maior talento fosse desenhar, e por isso ela estudou arquitetura, foi quando conheceu Charlotte e Damon, e posteriormente , mas fora isso ela não tinha nenhum outro grande atributo, também não vinha de uma família rica e os garotos não costumavam se interessar por ela de primeira, não era à toa que foi seu primeiro e único namorado.
E o de 18 anos que ela conheceu em Harvard era um príncipe, pelo menos do tipo que Lucinda sonhava. Lindo, inteligente, educado e estudioso. Quando Damon disse que tinha um irmão gêmeo para apresentar para ela e Lotte, Luce não sabia que ele estava falando do cara dos seus sonhos, e quando ela perdeu o fôlego ao vê-lo pela primeira vez, ela soube que precisava dele. Como ela faria aquele garoto lindo do curso de literatura olhar para ela? Luce não sabia, mas a aproximação deles foi muito natural e não levou mais do que dois meses para engatarem um relacionamento sério, pois foi muito sincero ao dizer que gostava dela e não era do tipo que enrolava. Luce, é claro, não perdeu a oportunidade e se entregou.
Os primeiros anos de relacionamento pareceram um conto de fadas para Luce, pois ela tinha o seu príncipe encantado. Eles estudavam juntos, dormiam juntos, iam para todos os lugares juntos e estavam sempre trocando carícias, beijos e juras de amor, então se formou e à essa altura já era estagiário em uma editora conhecida, enquanto Luce ainda tinha alguns anos pela frente, então ele ficou em Boston por ela, mesmo que tivesse se afastado do campus e da vida universitária para construir sua carreira no mundo literário. Então a partir daí o relacionamento deles pareceu ficar mais sério, deixando o conto de fadas de Luce para trás.
Foi quando Luce começou a sentir que andava distante. Estavam juntos havia quatro anos, e agora ele trabalhava tanto que só conseguiam se ver no fim de semana, mas já não era a mesma coisa, parecia que estava sempre cansado, e seu fim de semana consistia em assistir filmes enquanto abria uma cerveja, então Luce se contentava, pois era melhor do que perdê-lo, e não é que a tratasse mal, muito pelo contrário, ele ainda era um grande cavalheiro e gostava dela, mas as juras de amor já não eram frequentes, assim como o afeto, que parecia mais uma obrigação; e quando Luce se deu conta, ela também estava agindo assim.
Luce se formou dois anos depois de e então ela pensou que finalmente as coisas iriam melhorar entre eles, afinal, agora eles eram padrinhos da filha que Damon e Charlotte tiveram e isso significava que tinham que se esforçar para serem um bom exemplo para Clara no futuro, mas agora era editor e Luce estava iniciando sua carreira como assistente em um escritório de arquitetura, e eles pareciam incompatíveis, então as brigas vieram depois de cinco anos de relacionamento e os planos de Luce de construir uma vida com eles começaram a fugir do controle, afinal, valia a pena se casar e comprar uma casa com uma pessoa que parecia não gostar dela? Pois agora a personalidade de era ser frio quando estava sóbrio, então eles brigavam, ele bebia e se desculpava com ela, era um ciclo e às vezes era o contrário também, às vezes era Luce quem bebia demais, mas as brigas eram sempre as mesmas e até o sexo havia se tornado ruim, porque parecia que não existia mais amor.
Luce o amava, mas estava exausta daquele relacionamento, passaram dois anos inteiros nesta situação até ela decidir colocar um fim na relação, por mais que doesse. ficou arrasado, é claro, disse que a amava e que podiam tentar mais uma vez, mas Luce estava cansada, a carreira dele era muito mais importante agora que ele tinha dois livros de sucesso publicados e estava fazendo muito dinheiro, claramente tinha outras prioridades no momento. Ela só não sabia que com o término ele decidiria se afastar, mesmo que tivessem concordado em manter uma amizade por Clara.
E não foi um afastamento do tipo que só se viam de vez em quando. Não, depois de uma última noite juntos, simplesmente foi embora para o mais longe possível, havia voltado para o seu país e se instalou em Londres, deixando Luce surpresa e até mesmo chateada. Por que ele estava fugindo dela assim?
Mas Luce seguiu a vida, afinal, não tinha muito o que fazer, e eles perderam contato pelo ano que se seguiu. Ela nem sequer tinha notícias dele, até o dia em que conversava com Charlotte por telefone e a amiga contara que estava namorando outra pessoa.
Algo acendeu dentro de Luce.
Ela se lembrava de ir imediatamente até as redes sociais dele para encontrar qualquer vestígio, precisava saber quem era a nova namorada dele, mas não era do tipo que postava todos os passos que dava e suas redes sociais eram muito mais para divulgar seu trabalho do que sua vida, então não havia qualquer postagem com a sua nova namorada, mas Luce estava disposta a saber como era o rosto dela. Será que era mais bonita? Mais inteligente? Mais simpática? Como ele poderia ter seguido em frente quando o relacionamento deles desgastou tanto os dois?
Luce tinha apenas o nome dela e a encontrou nos amigos dele.
Thompson tinha 25 anos, era professora e, segundo ela mesma, uma grande fã de Harry Potter. Suas postagens eram esporádicas e muito casuais, ela não era nenhum tipo de influencer e nem parecia ter uma vida agitada. Luce olhou tudo o que tinha para ver, descobrindo que ela havia se formado em Oxford alguns anos antes, tinha dois irmãos, havia viajado para Paris em 2014 com Katie durante o verão e adorava postar fotos de paisagens, livros e fazendo caretas... e mesmo fazendo caretas horríveis ela ainda era muito, muito bonita, do tipo que deixava Luce insegura sobre si mesma.
era familiar para Luce, ela tinha a impressão de a conhecer de algum lugar e, mais especificamente, de algum lugar que ela não gostava, pois o rolar de olhos foi muito espontâneo conforme ela rolava pelo feed da nova namorada de .
E as coisas pareceram piorar quando ela percebeu que Clara estava apegada demais à sua nova "tia". Falava de ao telefone com muita empolgação, dizendo o que haviam feito juntas recentemente e o quanto ela era legal, e Luce tinha que fingir que aquilo não a atingia, pois perder era a parte fácil, mas perder a afilhada para aquela garota sem sal era incabível e Luce não podia aceitar.
Agora, o tempo havia passado e a nova namorada de seria a mãe dos filhos dele, era a preferida de Clara, uma amiga querida para os amigos que costumavam ser amigos dela, o centro da vida dele e, o pior: tudo isso porque ela simplesmente estava destinada a isso, porque ela e se completavam perfeitamente de uma maneira que Luce tentou insistentemente e não chegou nem perto, pelo contrário, o repeliu para longe.
Descobrir a verdade foi libertador para Luce e ela não se sentiu nem um pouco culpada em colocar para fora toda a raiva que estava sentindo. Saber quem era e o que podia fazer lhe deu a força que ela precisava para assumir o papel que sempre esteve destinada: a vilã. Ela, a mediana Lucinda Brown, era uma vilã. Talvez não das boas e nem das mais cruéis, mas uma vilã ainda assim, e ela estava gostando disso. Se eram suas versões do passado ou a atual falando, ela não tinha certeza, a única coisa que sabia era que estava na hora de fazer por ela o que nem mesmo suas versões poderosas do passado foram capazes de fazer: dar uma lição naquelas pessoas para que nunca mais cruzassem o seu caminho para lhe fazer mal outra vez.
E da mesma forma que tirou dela tudo o que importava para Luce, tomando para si a vida que deveria ser dela, então Luce estava mais do que decidida a fazer ela sofrer da mesma maneira.
Capítulo 34 - New beginners
Jesse sempre se considerou um cara ocupado. É claro, passou quase três séculos vivendo em prol de uma maldição que não era da sua conta, mas que ele topou encarar porque não queria que a mulher que amava pagasse o preço. Agora, na última chance de fazer dar certo, ele não tinha mais margem para errar e por isso todo o resto de sua vida estaava de lado para que ele pudesse focar exclusivamente naquilo. Sua banda e deveres relacionados já não eram uma prioridade e talvez seus fãs estivessem se questionando se a banda tinha acabado ou algo do tipo, mal sabiam eles que talvez fosse isso mesmo, uma vez que Jesse não via a hora de finalmente poder descansar.
Jesse havia passado os últimos meses fazendo pontes aéreas entre Aberdeen, Oxford, Londres e Paris, onde ele se encontrava ocasionalmente com Carter, pois o mesmo estava empenhado em descobrir o passado e reverter a maldição. Naquele fim de semana de maio não foi diferente, trocou um passeio de barco pelo rio Sena para estar trancado em um pequeno apartamento na cidade do amor com um cara que, possivelmente, tinha poderes que poderiam acabar com ele em um estalar de dedos.
- Tenho que admitir que estou surpreso com você, Carter. Achei que você fosse um psicopata nessa vida também - Jesse comentou enquanto dava um gole do seu vinho. - Mas você realmente se importa com a e a família dela.
- É claro, são a minha família também. Eu sempre quis um irmão, mas ganhei três. Will é meu irmão de sangue e a nossa relação sempre foi muito boa, o Tom tem a minha idade, então nós sempre tivemos assuntos em comum, por conta disso sempre fomos muito próximos e a ... cara, eu faria qualquer coisa por ela, é sério, é como se fôssemos irmãos de verdade. Os Thompson sempre me receberam muito bem, a Lizzy é como uma mãe pra mim, já que eu não tenho, e o Lewis sempre foi legal comigo.
- Desculpe perguntar, mas o que aconteceu com a sua mãe?
- A minha mãe não estava pronta para ser mãe, aparentemente, isso segundo meu pai. Ela não queria me ter, meu pai teve que implorar para ela não fazer isso, que ele me criaria, então ela me teve e sumiu no mundo logo em seguida - Carter riu sem humor pelo que estava prestes a dizer. - Quando implorei para que meu pai contasse tudo o que sabia sobre ela, ele foi honesto e disse algo que agora faz todo o sentido pra mim: ela disse que eu era uma maldição na vida dela, um fardo, então foi embora. Irônico, não é?
- Eu sinto muito por isso - Jesse falou com sinceridade. - Você não é um fardo.
- Não sei... olha onde estamos por uma coisa que eu causei. pode morrer, também, não é atoa que ele não gosta de mim... talvez eu realmente seja um fardo.
- Você fez coisas ruins no passado, mas agora está aqui tentando se redimir. Você não é um fardo, Carter, as pessoas gostam de você... bom, talvez o não goste, mas é compreensível, ele é o namorado da , enfim... você está perto de conseguir desfazer seu próprio erro e isso é ótimo. Eu te conheci nas vidas passadas, posso ver que você está diferente, antes você tinha uma áurea meio... sei lá, estranha, mas da pra ver que você está diferente, estou otimista de que vamos conseguir reverter. Você quer tentar de novo?
- Certo - Carter puxou o velho livro para perto para poder ler melhor. Estava escrito em latim, mas com a ajuda de um tradutor e de Jesse, conseguia compreender e aprender palavras que usaria para tentar desfazer.
Carter respirou fundo e fechou os olhos para se concentrar. Estendeu as mãos sobre a mesa e então começou a murmurar as palavras em latim que vinha estudando.
- Hoc maledictum levo, omnes odium ad amorem convertitur, omnes… - ele se sentia ridículo fazendo aquilo, seu latim era péssimo e ele era cético demais para acreditar que poderia fazer magia. Além disso, sequer sabia se falar um monte de palavras de um livro realmente serviria para alguma coisa. - Jesse, eu não consigo.
- Consegue! Vamos, você vai conseguir, se concentra.
- Hoc maledictum levo, omnes odii fit amor, unusquisque eris liber in omni vita ad amandum quemcunque vis amare…
Jesse olhou ao redor, a luz piscou e a cortina balançou suavemente. Olhou para Carter e nunca o viu tão concentrado. Estava acontecendo.
- Eu não consigo - Carter abriu os olhos e suspirou, derrotado.
- Como não? Carter, você teve um avanço impressionante, a luz piscou, ventou aqui dentro... tem noção do que você acabou de fazer? Você simplesmente tem um dom natural dentro de você! Você sabe quando eu consegui fazer isso? Nunca! Mas você tem o dom.
- Dom que eu herdei de mim mesmo, uma versão psicopata e sádica de mim no passado. Não era bem essa habilidade que eu gostaria de ter. Além disso, ele fica dizendo coisas na minha cabeça.. eu não aguento mais, Jesse, é difícil lutar contra - ele disse chateado, tinha medo de sucumbir.
- Mas você precisa resistir... olha, eu poderia passar uma vida inteira praticando que nunca conseguiria fazer o que você acabou de fazer aqui, você acha que eu não tentei? Acha que eu não passei todos esses anos tentando desfazer a maldição por conta própria? Eu não posso fazer isso e nem o John, tem que ser você. Só quem lançou uma maldição pode desfazer.
- Por que o John não está aqui? Por que ele quase não aparece para nós? Eu acho que se ele estivesse aqui, talvez fosse mais fácil pra mim e talvez ele pudesse me ajudar.
- John prefere ficar recluso, nem eu entendo ele, mas não quer dizer que ele não saiba o que está acontecendo, ele tem receio de interferir de alguma forma e prejudicar vocês. Quando mais precisarmos, ele estará aqui. Por enquanto, apenas continue praticando, está bem? Você vai conseguir.
- Eu espero que sim, jamais me perdoaria se acontecesse algo com os meus irmãos... com os outros também, é claro, eles mal me conhecem... mas eu jamais conseguiria olhar para o meu pai sem me sentir culpado se algo acontecer com o Will.
- Não pense nessas coisas, pois quanto mais você pensar, mais difícil será. Você precisa esvaziar sua mente para conseguir. Quando estiver totalmente pronto, irá conseguir. Pelo que vi aqui, isto não vai demorar.
- Obrigado, Jesse - Carter não parecia muito animado, mas era compreensível, afinal, quem sabe poderia estar? - Posso te perguntar uma coisa?
- É claro.
- Você chegou a conviver comigo em algum momento do passado? Eu era tão ruim assim?
- Hum... não os acompanhei na primeira vida, só sei o que John me contou - Jesse tentou se lembrar dos próprios registros. - Você não era uma flor que se cheire, como deu pra perceber, e você era temido... não posso opinar muito, é claro, mas acho que mesmo se e não tivessem se conhecido, ela não ia querer ter alguma coisa com você.
- Eu acho estranho eu sempre ter sido um pretendente pra ela quando nós nunca tivemos nada. Quero dizer, ela é minha meia-irmã, é muito, muito bizarro.
- Era outra época, as coisas funcionavam diferentes e você não seria outra coisa dela a não ser pretendente... na França e na Escócia não foi diferente, você demonstrava interesse em se casar com ela, mas ela já estava com ou no mínimo muito apaixonada por ele e você não tinha chance... mas não acho que foi a rejeição que te levou a fazer coisas ruins, entende? - Jesse tentava não soar indelicado, não queria magoar ele o desanimar, mas era um pouco difícil conversar com uma pessoa que foi má em vidas passadas.
- Tem razão, foi porque eu quis, eu sei... infelizmente me lembro de muitas coisas que eu não gostaria de lembrar - Carter disse cabisbaixo. - Queria ter uma segunda chance e não lembrar de nada.
- Mas você teve uma segunda chance - Jesse tentou parecer otimista. - Você pediu por isso, não pediu? Você pode ter enfraquecido e não estimulou a magia em você, mas você está ótimo e só de ter boas intenções já é uma mudança enorme... palavras em latim seriam só palavras se você não tivesse intenções.
- Agradeço o seu esforço, Jess, mas é complicado... não tenho muito tempo e ainda tenho que fazer um esforço mental gigante para não sucumbir, não é tão simples pra mim quanto parece de fora. Não sou totalmente mau, mas também não sou totalmente bom.
- Ninguém é, mas isso não quer dizer que tudo esteja perdido... então, vamos continuar?
Carter assentiu e abaixou a cabeça para o livro, folheando aquelas páginas na esperança de que a resposta estivesse bem ali, debaixo do seu nariz.
Nos últimos meses, a vida de Diana poderia ser resumida entre estudar para o seu doutorado, trabalhar incansavelmente no laboratório desenvolvendo sua pesquisa, escrever artigos e, recentemente, tratar da sua vida na terapia. Depois de muita insistência de sua família, ela acabou aceitando uma ajuda adicional, e tinha que admitir que aquilo lhe fazia bem, colocar pra fora tudo o que sentia em relação à perda do seu bebê era reconfortante e estava ajudando-a a passar por aquilo, poderia dizer que estava muito melhor do que esteve alguns meses antes; e isso era bom.
E Diana falava sobre absolutamente tudo, o que era algo novo para ela, que sempre foi de guardar seus sentimentos apenas para si. Falou sobre a culpa por ter gastado as economias da família, por ter prejudicado a infância dos seus irmãos, pelo seu amadurecimento precoce, sua timidez excessiva, seu medo do câncer voltar e, claro, o incrível talento de afastar dela todas as pessoas que tentavam se aproximar, principalmente homens interessados nela, Thomas foi o assunto durante umas boas sessões.
Naquele final de semana em que esteve com Clara, Diana sabia que não teria tempo de estudar, mas não achava ruim. Sentia falta de passar algum tempo com sua sobrinha e por isso tentou tornar aquele fim de semana especial para as duas. Damon chegaria de Aberdeen em algumas horas para buscá-la, então elas já estavam terminando de almoçar.
- Tia, eu posso ir na sua escola de novo antes de ir embora? - Clara perguntou após engolir um pedaço do sanduíche.
- Você gostou da escola? - Diana sorriu, achava adorável ela não saber diferenciar uma escola de uma universidade.
- Sim, eu quero estudar aqui com você.
- Quando você for adulta, você vai poder estudar aqui se quiser, mas se conheço seus pais e todo o resto da nossa família, acredito que você já tenha uma vaga garantida em Harvard - ela riu do próprio comentário, Clara não entendeu o que ela quis dizer. - Um dia você vai entender... bem, termine de comer e depois podemos ir até o jardim um pouco.
Depois que Clara terminou de comer, Diana a vestiu com roupas de frio apropriadas e então foram até um dos campus onde Diana gostaria de pegar um livro na biblioteca para que pudesse estudar quando tivesse tempo. É claro que poderia simplesmente pesquisar na internet, mas ela adorava usar livros como fonte de pesquisa e adorava passar tempo na biblioteca, era o seu lugar preferido do campus.
- Precisamos falar baixo aqui, tudo bem? - Diana sussurrou para Clara que concordou com a cabeça. - Aqui as pessoas ficam lendo livros, não podemos incomodar elas. Só vamos pegar um livro e já vamos embora.
Diana tinha noção de onde o livro estava e por isso procurou pela sessão que ficava mais ao fundo da biblioteca. Era um lugar grande, ela se perderia facilmente se não tivesse passado o último ano da sua vida visitando as bibliotecas de Oxford. Aquela em especial era a sua favorita, mas não era para menos, afinal, passava horas com Thomas ali, ele também era um grande fã de bibliotecas, dizia que podia se concentrar melhor em um ambiente próprio para estudos do que em casa, então eles iam juntos e passavam horas em silêncio, apenas apreciando a companhia um do outro.
Diana sentia falta dele sempre, mas ultimamente aquilo parecia sufoca-la um pouco mais.
E é claro que ele estaria sentado em uma das mesas lendo e fazendo anotações em seu caderno. Diana congelou em seu lugar por um instante, pois já fazia tanto tempo que parecia uma miragem. Ela evitou todos os lugares que Thomas frequentava para não vê-lo, mas lá estava ele e Diana se sentiu estranhamente alegre por ele estar ali. Não podia dizer que havia se esquecido da sensação, era impossível, todo dia ela se lembrava de como era amá-lo. Não havia passado e muito menos diminuído. Ela o conhecia há tão pouco tempo e mesmo assim ele era especial. Diana sentia inveja de suas vidas passadas, onde pôde passar mais tempo com ele, se casaram e tiveram um filho, tinham títulos, riquezas e principalmente tempo para serem um casal, tudo o que foram privados naquela vida, e ela se lamentava muito por isso.
- Tia, é o Thomas! Olha! - Clara disse alto o suficiente para que ele ouvisse e voltasse a atenção para onde tinha ouvido o seu nome.
Thomas estava usando seus habituais óculos, então não precisou se esforçar muito para reconhecer Diana sendo puxada por Clara na direção dele. Por estar concentrado, se sentiu um pouco perdido, não esboçou uma reação exagerada, mas então Diana parou na sua frente enquanto Clara dizia alguma coisa que ele não entendeu, mas era suficiente para incomodar outras pessoas que quisessem silêncio.
- Oi! - ele se virou para a menina que parecia feliz em vê-lo, mesmo que não tivessem tanto contato. - Como você está, Clara?
- Eu vim com a tia Diana buscar um livro pra ela!
- Clara! Lembra do que combinamos? - Diana disse baixo em tom de repreensão.
- Desculpa, tia - Clara pressionou seu pequeno dedo indicador contra os lábios, baixando o tom de voz. Thomas achou adorável.
- Desculpe, a gente não queria te atrapalhar, mas ela te viu e...
- Está tudo bem, eu não estou estudando - ele sorriu de canto. - Quero dizer, estou, mas... não exatamente a minha área... talvez seja do seu interesse também - mostrou a capa do livro para Diana, mas ela não reconheceu.
- Onde a reencarnação e a biologia se cruzam? - ela leu o título e ele concordou.
- É de um psiquiatra chamado Dr. Ian Stevenson, ele era um pioneiro nessa área... tenho lido todos os livros dele e isso tem me ajudado a entender um pouco melhor... tudo... você sabe, de um ponto de vista mais... simples.
- Você é a única pessoa que eu conheço que se refere à ciência como algo simples - ela riu enquanto devolvia o livro para ele.
- Vou me formar no mês que vem depois de doze anos dedicados à ciência, pra mim é simples.
- Estou feliz por você, sei o quanto você está esperando pelo PhD.
- Obrigado - Thomas sorriu de canto. - bom, se... se você quiser e, claro, tiver algum tempo livre, eu vou apresentar a minha tese para a bancada daqui alguns dias no começo do mês e seria legal se você...
- Eu vou, obrigada por me convidar - ela se prontificou antes que ele concluísse, podia ver que Thomas parecia envergonhado. - Bom, não queremos te atrapalhar, então... vamos, Clara? Tom precisa estudar.
- Mas tia, se ele é o seu namorado, por que a gente não pode ficar aqui também? - Clara puxou a cadeira da frente com dificuldade e se sentou. Diana corou tão rápido que Thomas percebeu.
Clara não foi avisada de que Diana, Louise e não estavam mais em seus relacionamentos. Era apenas uma criança, com o tempo poderia se esquecer dos ex-parceiros de seus tios, mas o fato de se lembrar deles não apenas naquela vida, mas em todas as outras também, tornavam as coisas um pouco mais difíceis de se explicar para ela.
- Tom está ocupado e nós estamos incomodando ele.
- Vocês jamais irão me incomodar - Thomas fechou o livro para dar atenção à elas, olhou especificamente para Diana, se dando conta do quanto sentia falta dela diariamente. - Já faz um tempinho que a gente não se vê, não é? Você está bem?
- Estou - Diana respondeu com sua serenidade de sempre, mas seu coração batia acelerado no peito e ela tinha a impressão de que Thomas poderia saber. - Você está bem?
- Ótimo - e parecia que Thomas não sabia mais o que dizer para manter ela ali, não tinha novidades.
- Como estão e William? - ela perguntou quando percebeu que ficariam em um silêncio constrangedor. - Quero dizer, eu sei como ela está, mas...
- Sabe? - Thomas perguntou surpreso, franzindo o cenho.
- Estou cuidando da Clara porque Damon foi pessoalmente até Aberdeen dizer ao que a encontrou em um supermercado... a essa altura ele já está voltando.
- Não, isso não era para acontecer - Thomas se levantou abruptamente e começou a guardar o seu material na mochila.
- não deveria saber que ele vai ser pai?
- Olha, eu não quero ser grosseiro, mas, só Will e eu sabemos o que ela passou nos últimos meses, não teve um dia em que eu liguei para ela e ela não estivesse chorando por causa disso, por causa dele. disse que só contaria para ele quando estivesse pronta, Damon não tinha o direito de se intrometer dessa forma.
Diana sempre defenderia sua família com unhas e dentes, independentes se estavam certos ou não, mas Thomas tinha razão, Damon não tinha aquele direito, não era da conta dele. Ela não rebateu e foi o suficiente para Thomas entender que ele estava certo.
- Dê meus parabéns à - Diana disse por fim, segurando Clara pela mão. - A gente se vê, Tom. Vamos, Clara, seu pai já está chegando.
- Tchau, Tom - Clara disse chateada, se levantando.
- Tchau, Clara, prometo ir te visitar qualquer dia, tudo bem? - Thomas deu uma piscadinha para ela que concordou com um aceno exagerado de cabeça, depois olhou para Diana. - Sei que já faz um tempo e você foi bem direta quando tudo aconteceu, mas se quiser colocar o assunto em dia, meu número de telefone ainda é o mesmo.
- Eu adoraria - Diana disse com sinceridade, esboçando um sorrisinho tão discreto que Thomas não teria notado se não estivesse prestando atenção. - Será que você gostaria de nos acompanhar até lá fora?
- Eu adoraria. - Diferente dela, Thomas sorriu mostrando os dentes, genuinamente, e Diana sentiu o ambiente à sua volta se iluminar, metaforicamente falando.
Diana e Thomas registraram os livros que pegaram na biblioteca e depois ele as acompanhou até o lado de fora. Thomas estava contando que o livro em questão era sobre a especialidade do psiquiatra: crianças entre 2 e 4 anos que relatavam, voluntariamente, suas experiências de vidas anteriores. Sem que se dessem conta, foram conversando durante todo o caminho até o apartamento de Diana e só quando pararam na porta da entrada, foi que perceberam que era hora de se despedir.
- Obrigada por ter vindo até aqui, Tom - Diana disse enquanto abria a porta na chave. - Este livro que você está lendo parece ser fascinante, além de ir de encontro ao fato de que Clara fala sobre as vidas passadas o tempo inteiro, tenho certeza que o tal dr. Stevenson ficaria alucinado pela nossa história.
- Bom, teoricamente conseguiríamos provar a tese e todo o trabalho da vida dele se ele não tivesse morrido em 2007 - Thomas deu uma risada sem jeito, era hora de se despedir, mas ele simplesmente não queria ir. - Que horas Damon vai chegar?
- Ah, eu não sei, preciso ver se ele mandou alguma mensagem avisando, mas não vai demorar - Diana abriu a porta e deixou Clara entrar primeiro.
- Certo... - ele coçou a nuca. - você... se você quiser e tiver tempo... você gostaria de...
- Sim - ela sorriu, Diana era incapaz de dizer não ao convite, mesmo sem ter ideia do que ele pretendia dizer.
- Sério? Mesmo que seja para roubar um banco?
- Está tão quebrado assim? Se for o caso, eu pago o jantar. Nós, biomédicos, não somos tão bem pagos quanto vocês, doutorandos de medicina, mas não é tão ruim assim - ela tentou descontrair e ele riu.
- Então... nos vemos mais tarde?
- Eu mando uma mensagem. Até mais tarde, Tom.
- Até mais tarde.
Diana deu um último aceno antes de entrar e fechar a porta. Thomas precisou de um minuto para se recompor e assimilar o que havia acabado de fazer. Diferente do que esperava, não se arrependeu, pelo contrário, estava feliz por ter feito aquilo, e mais feliz ainda por Diana ter aceitado tão espontaneamente.
Iriam sair. Teriam um encontro. Um encontro como um casal de verdade!
Ele deu meia-volta e acelerou o passo para voltar para sua casa; não era tão longe, mas preferia que estivesse de carro. Talvez fosse o tempo de ele chegar e tomar banho para sair de novo, então enquanto caminhava pela rua, pegou seu celular e ligou para , pois se lembrou que precisava conversar sobre o que Diana havia contado.
- Tommy, pela milésima vez: sim, eu vou na sua formatura! - disse ao atender e ele riu.
- Que bom, eu ficaria furioso se você não fosse. Na verdade, não estou ligando para falar sobre isso, eu queria contar uma coisa que eu descobri, talvez você já saiba, mas se não sabe eu preferi contar.
- Devo me preocupar?
- , Damon foi até o contar sobre a sua gravidez, parece que ele esteve em Aberdeen esse tempo todo.
- Ah, ... certo... digamos que as coisas estão... bem - riu e Thomas não precisou pensar muito para entender.
- Você esqueceu de me contar alguma coisa, Thompson?
- chegou ontem à noite de Aberdeen e simplesmente... aconteceu, as coisas fluíram.
- Me poupe dos detalhes - Thomas disse enojado, fazendo careta. - E agora?
- E agora ele está voltando para Aberdeen para finalizar a vida dele por lá e depois nós decidimos que é melhor enfrentarmos isso juntos.
- E como ele reagiu quando te viu com barriga?
- Como todo mundo. Preocupado, encantado, disse que eu estava linda... acho que ele ficou feliz.
- E você está feliz? Quero dizer, por ele ter voltado.
- Sinceramente? Era tudo o que eu mais queria, Tommy... - um breve silêncio se fez na linha antes de continuar. - Sei que pode parecer um absurdo de fora, porque você viu como eu fiquei mal, mas eu não consigo sentir raiva dele, eu o amo, sabe? Só faz algumas horas e eu já me sinto muito mais leve só por saber que ele realmente voltou e está comigo. Claro que tem a parte ruim, Damon descobriu um padrão - ela suspirou, e Thomas percebeu que o rumo da conversa iria mudar. - Possivelmente eu estava grávida no momento em que a maldição foi lançada na primeira vida, então por consequência o que causou nossa morte em todas as vidas foi a minha gravidez. Não temos como provar, mas é a teoria mais provável.
- Talvez seja isso, mas não vai acontecer nada com você dessa vez e a maldição vai ser rompida - Thomas apressou os passos, fosse por pressa ou apreensão pelo que havia acabado de ouvir. - Você sabe que eu vou acompanhar o seu parto de perto.
- Tommy...
- As coisas não são como antes e eu faço questão de acompanhar de perto. Sou bom no que faço, na verdade, eu sou o melhor e eu não vou deixar acontecer alguma coisa com você.
- Não é sobre medicina...
- Não confia em mim?
- Confio, é claro que confio.
- Ótimo, eu sei o que estou fazendo. Carter vai conseguir desfazer a maldição enquanto eu farei tudo por você e pelas meninas.
- Eu queria ter a sua confiança.
- Vai ficar tudo bem, eu tenho um bom pressentimento.
Thomas conversou com durante todo o restante do caminho de volta para casa, ela até percebeu que ele estava ofegante e perguntou o motivo. Thomas foi sincero e explicou o que havia acontecido na biblioteca da universidade, também contou que pretendia sair com Diana, o que deixou eufórica do outro lado da linha, feliz por ele, pois sabia que Thomas não era de demonstrar, mas não tirava Diana do pensamento.
- Assim como você simplesmente aceitou o de volta, eu também estou disposto a aceitar a Diana, ela parecia diferente... não sei explicar, mas ela simplesmente aceitou, se ofereceu para sair comigo. Eu não esperava aquilo, então me sinto na obrigação de corresponder. Já faz um tempo e eu me sinto melhor em relação a perda do nosso bebê, eu quero saber se ela também está bem... a propósito, ela mandou felicitações para você - disse enquanto entrava em casa, trancando a porta um pouco desajeitado por estar de mochila e com o telefone no ouvido. - Preciso desligar, vou tomar um banho e... não sei, esperar.
- Espero que você fique lindo e cheiroso para ela, ok? Bom, você já é, então fique mais! - disse alto e ele afastou o telefone da orelha rindo.
- Anotado, estou pensando em vestir... não sei, o que se veste para um encontro com a ex-namorada? - Thomas jogou a mochila no sofá e foi em direção ao quarto. - Só vamos jantar, não é nada demais, não quero parecer um babaca engomadinho.
- Para, você fica fofo todo engomadinho. Deixa eu pensar... bom, nada de camisa xadrez, você não é um punk.
- Droga, era exatamente o que eu pretendia - Thomas riu e trocou o telefone de lado enquanto conferia seu armário. - Meu sobretudo preto parece bem convidativo para esse frio dos infernos.
- Perfeito! Misterioso e elegante... ok, vou deixar você se arrumar, depois me manda uma foto para eu aprovar.
Thomas não teve pressa em tomar um longo banho e se arrumar, ainda esperou um bom tempo por uma mensagem de Diana, mas algumas horas depois lá estava ele em seu carro esperando ela sair. Quando Diana surgiu em um sobretudo verde andando na direção do carro, Thomas não conseguiu olhar para outra direção. A roupa parecia grande demais em seu corpo pequeno e seus cabelos eram ondulados naturalmente, mas Thomas percebeu que dessa vez as ondas foram feitas no babyliss, também notou que Diana usava uma maquiagem bem sutil, algo extremamente raro. Ele não ligava para isso, pois achava ela linda sem maquiagem, mas também não reclamava sempre que ela surgia com os olhos pintados.
Thomas achava curioso o fato de ela ser totalmente diferente de Louise, mesmo sendo gêmeas. Não que achasse Louise feia, muito pelo contrário, era uma mulher belíssima, alta, seus cabelos um pouco menos compridos estavam sempre perfeitamente escovados e com o corte em dia, assim como as unhas que jamais dispensavam uma boa manicure. Louise gostava de roupas em tons sóbrios e peças que valorizavam o que ela tinha de melhor, estava sempre com uma postura impecável em seus saltos de agulha, sem dúvidas era uma mulher avassaladora em seu batom vermelho, a única palavra que passava pela cabeça de Thomas e ele até podia compreender o motivo de William ser obcecado por ela, afinal, quem seria louco de não se apaixonar por Louise? Mas Diana... Diana era completamente diferente, de uma maneira boa, o que o deixara encantado logo na primeira vez em que a vira.
Diferente da irmã, Diana era baixa, e sua personalidade tranquila também refletia seu exterior. Era discreta, talvez seu maior cuidado fosse com seus cabelos compridos que estavam sempre penteados e naturalmente ondulados, lhe dando aspecto de saúde. Não gostava de pintar as unhas com cores escuras, mas estavam sempre bem cuidadas e tinha mãos delicadas. Não costumava usar muita maquiagem e suas roupas eram sempre delicadas e em tons de outono, sua cartela. Diana era de poucas palavras, mas tinha o sorriso mais doce do mundo na opinião de Thomas e por mais que sua postura não fosse de uma diva inalcançável, ele se sentia perfeitamente bem com a imagem leve que ela transmitia. Louise poderia facilmente ser associada ao elemento de fogo, enquanto Diana era um bonito dia de outono.
- Não me lembro quando foi a última vez em que te vi usando maquiagem - Thomas comentou quando dava partida e ela riu um pouco sem jeito enquanto colocava o cinto.
- Charlotte insistiu, também arrumou o meu cabelo... bobagem, eu não quis parecer grossa, mas ela ficou bem empolgada, não tive coragem de dizer não. Não ficou muito exagerado, ficou?
- Não, não. Ela fez um bom trabalho - ele tentou não soar petulante, mas viu o sorriso com as covinhas de Diana desabrochar. Céus, ele adorava aquele sorriso. - Então... espero que não se importe de eu ter escolhido o lugar.
- Pode pelo menos me dizer onde estamos indo?
- Um restaurante legal no centro, conheço um pessoal do curso de gastronomia que trabalha lá, você vai gostar.
- Acredito em você - Diana olhou para o lado de fora através da janela, achava Oxford linda à noite, antiga e charmosa. - Sabe, Tom? Nem eu esperava que fosse me sentir tão bem agora, e muito menos que diria isso para você em voz alta.
- Ora, ora, por essa nem eu esperava - Thomas admitiu com certa surpresa. - Eu também me sinto assim, eu sei que foi um momento muito difícil para nós dois, mas eu senti necessidade de... não sei, saber como você estava...
- Eu estou bem agora. Quero dizer, sempre dói quando eu penso que poderia estar vivendo um momento mágico, já saberíamos o sexo do bebê e estaríamos fazendo mil planos, mas da pra viver, a terapia tem me ajudado muito.
- Terapia? Você é mesmo uma caixinha de surpresas, Diana Jones. Sabia disso?
- Minha família insistiu tanto que eu acabei aceitando - Diana riu nasalada. - Admito que no começo eu odiava, mas minha psicóloga é legal e tem paciência comigo, e... é um pouco embaraçoso dizer isso para você, mas ela meio que sabe muito sobre você. Ela diz que eu preciso encarar as coisas que me assustam para que eu possa me curar, por mais que doa, então aqui estou eu.
- Eu te assusto?
- Não, me expressei mal - ela riu de si mesma enquanto balançava a cabeça negativamente. - Não é você, mas eu estava aterrorizada com a mínima possibilidade de te fazer sofrer com a perda do bebê, a culpa me assustava. É claro que tem a ver com o meu passado, mas eu sei que te devo um pedido de desculpas, então eu vim. Eu sei que eu não deveria ter te afastado de mim e espero que você possa me desculpar por isso.
- Com certeza - Thomas nem sequer achava que ela precisava se desculpar, ele já tinha deixado aquilo no passado, mas se fazia parte do tratamento pedir desculpas, então ele decidiu colaborar. - Meu amor nunca foi frágil, Diana.
Diana sentiu como se tivesse levado um tapa na cara, engoliu a seco as palavras dele. Era tão difícil de acreditar que alguém podia amá-la, ela nunca entendeu porque parecia uma ideia tão absurda o fato de homens se atraírem por ela, homens interessantes. Jesse e Thomas haviam sido os únicos a quem ela deu espaço, mas não queria dizer que outros não tentaram também, mas ela simplesmente os afastava. Já era a segunda vez que Diana tentava afastar Thomas e lá estava ele mais uma vez, o que fez ela se sentir péssima. Quantas vezes mais ele iria perdoar?
- Eu errei tanto com você - Diana suspirou, quando se deu conta as palavras já tinham saído de sua boca. Fechou os olhos, não queria sentir o olhar dele pesando em si.
- Você fez o que achou melhor para você - ele respondeu com paciência, mas tinha uma leve mágoa na sua voz, tão sútil que ela não teria notado se não o conhecesse.
- Não foi o melhor nem pra mim, muito menos para nós. Cometi um erro terrível, Tom.
- Ainda pode consertar - Thomas disse naturalmente, estava prestando atenção no volante, então não viu ela se encolhendo um pouco no banco, encerrando aquele assunto ali.
William deu um gole exagerado em sua bebida enquanto observava o lugar à sua volta. Pequeno, fechado, empesteado de pessoas dançando com uma música estrondosa e luzes que quase o cegavam. A garota agarrada ao seu pescoço não parecia notar que ele não estava muito afim de levar aquilo adiante.
O show de algumas horas antes havia sido arrebatador, e ele se sentiu bem durante umas duas horas, mas então, quando entrou em seu quarto de hotel, toda a magia acabou. Ele se sentia vazio, fútil e sozinho, não muito diferente de como estava se sentindo naquele momento. Como ele podia estar fazendo aquilo enquanto as pessoas que amava corriam perigo? Ele estava ali sendo o centro das atenções enquanto sua irmã estava em sua casa grávida, torcendo para não morrer no dia seguinte, seu irmão estava com a cara afundada nos livros estudando, faltava apenas alguns dias para se tornar um doutor, seu outro irmão não saía de casa há meses, pois estava obcecado em fazer o certo. Onde estava Louise? William desejava saber qualquer coisa sobre ela, mas ela parecia inalcançável.
Afastou a menina que insistia em beijá-lo, ela não se parecia com Louise, não tinha metade da altura ou da postura impecável dela. Ele até podia imaginar Louise ali dançando com ele em um vestido preto e brilhante, ela o beijaria como se fosse o último homem no mundo e então iriam embora correndo dali. William até podia sentir a sensação do beijo que dariam enquanto ele batia a porta do quarto do hotel.
- Sai - ele disse a afastando com o braço, mas ele próprio saiu de perto com sua bebida na mão.
Ele não fazia ideia de onde estavam as pessoas com quem ele havia chegado, apenas andou espremido pelas pessoas amontoadas, se sentiu sufocado, precisava encontrar uma saída. Onde estava seu segurança?
William andou, andou e andou. Tonto e cambaleando, abriu a primeira porta que viu, tropeçando diretamente na calçada. Imediatamente, as pessoas na fila do lado de fora o reconheceram, assim como fotógrafos que o aguardavam ali. Gritos histéricos fizeram a cabeça dele latejar e os flashes o cegaram. Mais uma vez ele apareceria completamente chapado em tabloides de fofoca, e desta vez não era apenas a bebida, ele já tinha cheirado algum tipo de pó do lado de dentro e podia sentir o cheiro de maconha na sua jaqueta. Tudo aquilo misturado com o remédio para ansiedade que tomou antes do show estava causando um grande rebuliço dentro de William, ele sentia que poderia morrer ali mesmo.
Jack, seu segurança, já o procurava do lado de dentro a algum tempo, mas então encontrou o rapaz naquela condição deplorável, completamente indefeso. Afastou as pessoas que se aproximavam, bateu em um fotógrafo e derrubou uma câmera enquanto puxava William para dentro, tinha um carro nos fundos o aguardando para voltar ao hotel.
Passada a confusão e o sermão que levou no carro, William encarou seu próprio reflexo no espelho do banheiro já em seu quarto. Quem era William John McQueen? Quem foi William Arkley? Quem era aquele cara pálido e tatuado no espelho? William mal se lembrava que havia feito cinco tatuagens em dois meses de Estados Unidos, mas não importava, dentro de algumas horas estaria na Inglaterra e era tudo o que ele queria, voltar pra casa.
Ele jogou água gelada no rosto, o que lhe rendeu um pequeno choque com sua pele quente recém saída do banho. Ele se sentia um pouco melhor, mas ainda tinha drogas no organismo, o que o fazia se sentir sujo. Quando ele havia começado? Louise jamais deixaria ele fazer aquilo.
"Preciso de você... muito. Por favor."
Quando se deu conta, já tinha enviado a mensagem para ela. Já fazia meses que não se falavam, e William nunca sentiu tanta saudade quanto naquele momento, era capaz de voltar nadando para Londres apenas para bater em sua porta e dizer que sentia muito, ou ao menos correr para alguém que não o julgaria.
William não dormiu aquela madrugada, mas dormiu no voo de volta para a Inglaterra durante quase 11 horas, acordou apenas quando o avião estava pousando. Casa. Era a única palavra que lhe vinha em mente. Depois de dois meses fazendo shows, indo a talk shows e gravando os vocais do seu primeiro álbum, William finalmente poderia tirar uns dias para ser uma pessoa normal, longe de tudo aquilo que ele achava uma merda.
Já no carro, pediu para que o motorista mudasse o trajeto, queria perguntar pessoalmente para Louise por que ela ainda não tinha respondido sua mensagem. Ou melhor, dizer que não podia ficar mais um minuto naquela vida se ela não estivesse junto.
Quando Louise, que havia acabado de chegar de algumas reuniões que teve durante o dia, abriu a porta e se deparou com William escondido em seus grandes óculos escuros, ela fez menção de fechar, mas ele impediu ao segurar com a mão.
- Vai embora, McQueen.
- Eu preciso conversar.
- Não tenho nada para falar com você, tchauzinho! - Louise sorriu ironicamente e acenou para fechar, mas novamente William segurou a porta. - O que é?
- Por favor - William tirou os óculos, e só então Louise viu as olheiras dele. - Eu preciso muito conversar e eu preciso muito te dizer que nada disso vale a pena.
- Isso o quê?
- Você me colocou nessa vida, então talvez você saiba como me tirar, eu não quero mais - os lábios de William se contraíram em uma linha fina e ela percebeu que ele estava fazendo um grande esforço para manter uma pose. - As pessoas ao meu redor estão sofrendo enquanto eu estou por aí sorrindo, cantando, tirando fotos com fãs como se nada estivesse acontecendo, como se eu ainda fosse viver mais 50 ou 60 anos, mas a maldição ou as drogas vão me matar muito antes disso.
- Não pode deixar isso consumir você - Louise baixou o tom de voz, a parte da maldição parecia ser mais aceitável. - Eu jamais deixaria você chegar nessa situação.
- Olhe nos meus olhos e diga que eu ainda pareço o cara que você conheceu um ano atrás.
- Will... - Louise não sabia o que dizer, estava sem fôlego. Ele fechou os olhos, sentia falta de ouvir ela o chamando.
- É diferente quando você diz meu nome, mas seja sincera, por favor, ainda estou aqui?
- Eu não sei. Está? - Louise soltou a porta, abrindo-a totalmente. - Eu conheci um menino cheio de sonhos e vontade de viver, mas não estou vendo aquele brilho de antes, um brilho que só você tem.
- Talvez eu não seja bom o suficiente para essa vida de holofotes, talvez eu só esteja condenado também - William riu de maneira insana, como se estivesse bêbado. - E eu sinto tanto a sua falta! Olha só pra mim, estou escorado na sua porta falando um monte de coisas sem sentido, sem vontade nenhuma de viver porque eu não sei quanto tempo ainda temos!
- Will, você está tendo um colapso, precisa de ajuda - ela se afastou e foi até o sofá para pegar sua bolsa, iria buscar ajuda, mas William entrou e caiu sentado na poltrona.
- Eu sei que eu não estou legal - ele coçou o nariz e espremeu os olhos. - É que eu não quero voltar pra casa assim e preocupar a minha irmã.
William parecia uma criança assustada e indefesa, Louise estava preocupada, suas pernas tremiam, fosse por ele estar ali ou por não estar bem. Ela se agachou na frente dele e tocou seu rosto com carinho, o que imediatamente ele reagiu derrubando algumas lágrimas de seus olhos castanhos esverdeados, naquele momento em específico estavam mais puxados para o verde. Louise ainda o achava bonito, mesmo estando pálido, mesmo com olheiras roxas debaixo dos olhos.
- Está tudo bem, eu não vou julgar você - Louise sorriu compreensiva para confortá-lo. - A propósito, te devo um pedido de desculpas.
As lágrimas de William se intensificaram, e Louise teve que fazer um esforço enorme para se manter tranquila. É verdade que dedicou os últimos meses de sua vida a odiá-lo, mas como podia odiar aquela pessoa vulnerável chorando em sua sala de estar como uma criança assustada? Era o seu William ali, seu alegre e belo Will destruído pelo mundo que ousou desbravar. Louise queria abraçá-lo e protegê-lo de qualquer mal que estivesse o assombrando, queria dizer que estava tudo bem. Ele parecia tão pequeno e indefeso que Louise se esqueceu completamente dos últimos cinco meses.
Ela sabia que não poderia simplesmente dar um medicamento para ele e lutou contra a ideia por alguns instantes, mas tinha alguns calmantes no armário e acabou oferecendo um, que não era forte o suficiente para dopa-lo, apenas o ajudaria a se acalmar, estava odiando vê-lo chorar daquela maneira. Para sua surpresa, William aceitou sem questionar e em uma questão de tempo já estava se sentindo melhor, pelo menos não chorava mais.
- Vamos, vou te levar pra casa agora para que você descanse, deve estar com jet lag.
- Obrigado por me ouvir - William se levantou da poltrona e ajeitou o seu moletom amassado, também colocou de volta os óculos. - Eu não vim aqui para tentar voltar ou algo do tipo, mas você foi a primeira pessoa que me veio em mente, eu precisava muito vir aqui.
- Que bom que veio - ela sorriu de canto enquanto pegava a bolsa no sofá. - Foi bom poder resolver as coisas com você.
Louise pegou seu casaco e enrolou o cachecol no pescoço, então eles saíram em silêncio e foi assim durante todo o percurso até a casa de William, se limitaram a ouvir as músicas que tocavam na rádio, pois não tinham muito o que conversar e se alguém abrisse a boca, seria para discutir um relacionamento que não existia mais.
- Obrigado pela carona - William disse quando Louise estacionou o carro na frente de sua casa. - Você quer entrar e comer alguma coisa? mora comigo agora e podemos pedir uma pizza.
- Tudo bem, eu estou mesmo com fome - Louise sorriu em agradecimento e então eles saíram do carro e entraram na casa.
As malas e instrumentos de William estavam empilhados na entrada, sinal de que já haviam passado por lá antes. Ele chamou por sua irmã e levou mais ou menos um minuto para que descesse as escadas falando ao celular. O queixo de Louise caiu quando ela viu e sua barriga à mostra enquanto a mesma ainda não tinha se dado conta dela.
- Preciso desligar, Will finalmente chegou. Estou contando os dias, amor, até sábado! - Ela tinha um sorriso bobo nos lábios que fez William arquear as sobrancelhas. Com quem ela estava falando?
desligou e só então percebeu que Louise estava ali, e ela parecia escandalosamente surpresa, mas resolveria aquilo depois, primeiro gostaria de dar um abraço em seu irmão, pois sentia saudades dele. O abraço dela foi a confirmação para William de que ele finalmente estava em casa e acolhido. Podia descansar, ele iria ficar bem.
- Will, você parece um pouco abatido - disse preocupada, passando as mãos pelo rosto dele, percebendo sua feição cansada. - Está tudo bem?
- Eu vou ficar bem agora - ele esboçou um sorriso discreto e cansado. - Bom, temos visita, eu convidei a Louise para jantar conosco.
- Eu ia mesmo preparar o jantar, só estava descansando um pouco porque fiquei até mais tarde no trabalho, mas enfim... é muito bom ver você de novo, Louise - se virou para ela, que ainda parecia atordoada.
- Ah, meu Deus - Louise disse pausadamente. - Você...
- Sim, eu estou grávida, como deu para perceber - ela se virou de lado para que Louise pudesse ver a curvatura arredondada de sua barriga.
- De duas meninas - William acrescentou e Louise levou as mãos ao rosto. até estava achando divertido, alguns minutos no telefone com eram o suficiente para que ela se sentisse alegre.
- É, a genética da sua família me acertou em cheio, eu nem consegui ficar surpresa.
- Eu nem sei o que dizer... eu... - Louise parecia estar sem ar, ela até respirou fundo. - O ...
- Ele sabe... agora sabe - deu um sorriso sem graça quando William ergueu as sobrancelhas como se cobrasse mais informações. - Ele voltou e nós nos entendemos.
- , isso é... isso é... - Louise não sabia o que dizer. - eu... ah, meu Deus! Desculpe, eu jamais iria imaginar... ele deve estar tão feliz! Onde ele está?
- Ele voltou para Aberdeen para resolver algumas coisas por lá, mas estará de volta no sábado... e vocês? Eu realmente não esperava encontrar você aqui, Louise.
- Só conversamos um pouco e Will disse que pediria uma pizza.
- Certo, que bola fora a minha... bom, podem pedir, foi um dia bem cansativo de aulas e eu estou morrendo de fome.
Louise fez o pedido enquanto William optou por tomar banho. se sentou no sofá e logo Louise já estava lhe enchendo de perguntas sobre .
- Ele voltou há dois dias - se explicou para ela. - Damon me viu no mercado e foi até Aberdeen contar para ele, que voltou na mesma hora.
- E depois? - Louise perguntou muito interessada no que ela tinha a dizer. ruborizou no mesmo instante, Louise entendeu. - Ah, é claro! Que pergunta idiota, é claro que teve um depois. Desculpe.
- Eu acho que a gente pode pular essa parte - riu envergonhada e Louise assentiu. - Eu tô muito feliz que ele voltou, Louise, de verdade. Não só por mim, mas por elas também - ela deslizou a mão pela barriga. - Talvez, lá no fundo, eu quisesse mesmo que Damon contasse para ele, talvez eu nunca tivesse coragem de dizer.
- Ele vai ser um pai incrível, eu não tenho dúvidas de que essas crianças terão muita sorte - Louise disse com a voz embargada, pois sabia que era verdade. Podia imaginar a felicidade de quando descobriu. - Talvez você tenha notado que meus irmãos e eu somos muito próximos, mas também temos as nossas afinidades individuais.
- É claro. É nítido que vocês dois tem uma coisa interna entre vocês.
- Sempre fomos muito próximos, assim como Diana e Damon são. Quando eu digo que ele vai ser um pai incrível é porque eu realmente sei que ele vai ser, sempre teve o dom de cuidar das pessoas - ela tentou secar as lágrimas na manga da blusa, mas escorriam com rapidez pelo seu rosto. - Ele cuida de mim desde que éramos crianças. Não costumo dizer isso, mas eu me sentia muito sozinha na infância porque a atenção era toda da Diana. É claro que o contexto é horrível, ela chegou a ficar muito doente, então é compreensível que os nossos pais precisassem focar nela, não estou reclamando, de forma alguma, mas é que era muito solitário.
- Eu entendo, está tudo bem - assentiu, compreensiva.
- Damon e tiveram que amadurecer muito rápido para cuidarem de todo o resto, incluindo a mim. Eles cozinhavam, limpavam a casa, lavavam as roupas e sempre me ajudavam com o dever de casa, depois um dos dois ia ver a Diana no hospital enquanto o outro ficava comigo, na maioria das vezes era o e eu juro para você que ele cuidava de mim da mesma forma que ele cuida da Clara, não mudou nada. Ele sempre foi assim e ele sempre fez de tudo para eu me sentir importante em casa, ouvia tudo o que eu tinha pra dizer, me incluía em tudo o que ele pretendia fazer... quando eu me ofereci para agencia-lo, foi o meu jeito de agradecer por tudo o que ele fez por mim durante a vida toda. Sei que às vezes eu posso ser um tanto rígida com ele, eu nunca fui a favor do relacionamento dele com a Lucinda, mas foi tudo por amor, , eu só estava tentando retribuir o cuidado dele comigo. É por isso que eu sei que ele vai ser o melhor pai do mundo.
- Eu nem sei o que dizer, sinceramente - também secou suas lágrimas no dorso da mão, o relato de Louise a deixou emocionada. - Não sei se tenho uma afinidade particular com um dos meus irmãos. Thomas é muito centrado e quando eu preciso de um apoio mais sério, eu recorro a ele, enquanto Will está comigo quando eu preciso que alguém me fale verdades sem filtro e alguém pra me fazer morrer de rir, é claro. Sua amizade com é diferente, sempre foi claro para mim.
- Ah, mas eu faço a mesma coisa, literalmente a mesma coisa. Eu amo o Damon igualmente e daria minha vida por ele, mas acho que ele já sabe que eu acabo recorrendo ao primeiro - ela riu fraco. - Você não poderia ter escolhido alguém melhor pra sua vida, . Eu esperei tanto para que ele abrisse os olhos, estou tão feliz! Suas filhas não poderiam ter um pai melhor do que ele.
podia ver a sinceridade nos olhos marejados de Louise, ela sabia do que estava falando e estava verdadeiramente feliz com a notícia. Saber que Louise nunca gostou de Luce a confortava de certa forma, pelo menos alguém era sensata além dela.
- A propósito, eu te devo desculpas pelo meu comportamento. Não fui justa com você e nem com o Carter, espero que você possa me perdoar.
- Tudo bem, isso já ficou pra trás - ela sorriu, nem lembrava mais daquilo. - E você e Will?
- Nós não voltamos - Louise se adiantou quando percebeu que ela parecia esperançosa. - Will foi até o meu apartamento e nós apenas conversamos, então ele me convidou para jantar aqui. Acho que ele só queria conversar com alguém diferente - ela achou melhor ocultar a parte que ele estava colapsando, não parecia totalmente inteirada ao que William andava fazendo. riu e ela não entendeu. - O que foi?
- Will tem defeitos, mas é alguém por quem vale a pena lutar, Louise. Não vou me intrometer, ele é adulto, só quero que ele seja feliz e ele foi muito feliz com você, fico contente que vocês tenham conversado e resolvido as pendências, sei que isso vai fazer muito bem pra ele.
Duas semanas depois, no teatro sheldoniano de Oxford, ocorreria a colação de grau de Thomas e ele seria o orador da turma. Sua tese havia sido aprovada alguns dias antes e ele estava se formando com a mais alta honra da universidade, o que era um feito incrível e talvez previsível por todos que o conheciam.
Do lado de fora do teatro, Lizzy se certificava de que seu filho estava impecável para subir ao palanque e discursar. Desamassou os ombros da beca preta e ajeitou a gravata borboleta branca que estava um pouco torta.
- Pronto, eu acho que está bom assim - ela se afastou um pouco para conferir enquanto Thomas ria.
- Mãe, eu tenho 29 anos. Sorte minha o Jake já ter entrado, caso contrário eu estaria sofrendo bullying.
- Nós podemos fazer isso - William, que estava ao lado de , disse com um sorriso presunçoso nos lábios. Thomas rolou os olhos.
- Ah, filho! Você está tão lindo! - Lizzy disse emocionada, se colocando ao lado do marido. - Finalmente o grande dia chegou!
- Está ansioso? - Lewis perguntou e Thomas concordou com a cabeça.
- Ainda bem que já fui ao banheiro - ele disse para descontrair. - É melhor entrarmos, vocês precisam pegar um bom lugar.
Guiados por Thomas, todos entraram no teatro e se acomodaram no mezanino onde Jake, Katie e Diana já estavam aguardando. Thomas se juntou aos outros formandos e sumiu de vista durante algum tempo, voltaria apenas durante a cerimônia.
- Ah, veja só, Liz, aqui estamos nós novamente - Lewis deu uma apertada de leve na coxa da esposa, que olhou para ele. - Exatamente como em 1991.
- E em 2015 - acrescentou. - Na minha formatura. Lembram? Eu meio que me formei aqui também.
- Quem se esqueceu foi o seu pai, eu me lembro muito bem - Liz deu uma piscadinha para a filha que pareceu satisfeita com a resposta. - Mas como esquecer junho de 1991? Eu quase não me formei porque Thomas nasceu seis meses antes - ela riu um pouco sem jeito, Lizzy teve que lidar com os últimos seis meses do curso de jornalismo e seu primeiro filho ao mesmo tempo. - E agora quem está se formando é ele.
- Ele está se formando mais uma vez - William comentou. - E eu não duvido nada que em setembro ele volte para outra graduação.
O PhD de Thomas era fruto de doze longos anos de dedicação. Durante seis anos cursou Ciências Médicas, mas não se interessava tanto pela área de pesquisa quanto pela prática em clínica, na verdade Thomas odiava a área acadêmica com todas as suas forças e por isso os seis primeiros anos foram os mais difíceis, só faziam valer a pena quando ele podia atender sob a supervisão de um professor, por isso decidiu continuar e em sua pós-graduação se especializou em medicina clínica. Thomas conheceu diversas áreas nos quatro anos seguintes como cardiologia, pediatria e endocrinologia, mas se encontrou na pediatria, onde cursou seu mestrado e por fim, estava prestes a ser um doutor em pediatria neonatal, além de ser o autor de alguns artigos na área e com a possibilidade de sua tese de conclusão de curso se tornar um livro, o que, mais uma vez, envolvia um pouco de questão acadêmica, para o seu desespero. Ele não entendia como Diana poderia ser tão feliz enfiada no laboratório, enquanto ele se sentia em uma prisão. Não, o que o guiou até ali era a necessidade de contato humano, a adrenalina de salvar uma vida, as lágrimas de alívio de uma mãe depois de ele passar meses acompanhando seu bebê na UTI e garantindo o desenvolvimento até o dia da alta. Esperou por anos pelo momento em que pudesse se livrar da sala de aula, do laboratório e de tudo o que prendesse para seguir sua verdadeira vocação: cuidar e curar pessoas que precisavam dele tanto quanto ele precisava delas.
e William não se incomodavam nem um pouco quando diziam que Thomas era o prodígio da família, realmente gostavam de ter um sabichão na família.
- Eu discordo de vocês, acho a área de humanas interessantíssima e subestimada, tem que ser muito inteligente para interpretar questões que fogem do óbvio e corajoso o suficiente para questionar o que é concreto - Diana comentou após dizer que não era inteligente porque era péssima com números. Todos olharam para Diana, pois ela ainda não tinha se pronunciado. - Vocês são bons em coisas que Thomas não é.
- Está brincando? Já ouviu Thomas cantando? Parece um anjo! - William disse, esganiçando a voz. - Eu estudo canto há anos e parece que sou iniciante perto dele! E não me faça falar de quando ele resolve tocar piano, porque se eu fosse uma garota como você, seria apaixonadinha em um cara como ele.
- Esqueceu de comentar que ele também atuava nas peças da escola e sabe sapateado - acrescentou e William concordou. Aquilo era novidade para Diana, ela não sabia que ele tinha habilidades artísticas.
- Quando era criança, Thomas se inclinou para artes, estudou piano, canto, fez teatro e sapateado por vontade própria - Lizzy comentou, achando que seu filho se tornaria artista. - Claro, puxou tudo isso do pai dele, mas em algum momento virou uma chavinha na cabeça dele e ele se interessou por medicina, estava decidido a estudar aqui porque eu também estudei, agora estamos aqui esperando para aplaudir ele.
- Tudo bem, ele pode ser ótimo com artes, mas eu duvido que ele se interesse por matérias totalmente de humanas, como história - Diana tentou amenizar, pensando que não o conhecia tão bem quanto achava que conhecia.
- Ele me ajudou com a minha tese sobre o contexto geopolítico da Europa durante a Segunda Guerra Mundial - coçou a nuca. - Ele é ótimo em história também.
- Ele corrigiu um cálculo errado que eu fiz que poderia causar um desmoronamento na estrutura de um prédio comercial - Jake se afundou no seu assento, envergonhado.
- Ele disse que não seria uma boa ideia eu pintar meu cabelo de castanho porque estaria totalmente fora da minha cartela de cores - Katie, que tinha cabelos loiros dourados que a maioria das garotas ficariam carecas tentando alcançar, pontuou. - Eu nunca ia imaginar que Thomas sabia alguma coisa de coloração pessoal, eu só fui aprender sobre isso na faculdade.
- Tom é autodidata, Diana, eu ainda não sei se tem alguma coisa que ele não é capaz de fazer - Lizzy disse rindo e com uma pitada de orgulho transbordando na voz. - Na verdade, qualquer um dos três é capaz de tudo, felizmente fiz três filhos inteligentes.
- Bom, quando eu receber meu doutorado honorário pela minha contribuição na música, vou concordar com a senhora, mãe - Will riu e se ajeitou no assento. - Mas não precisa puxar nosso saco agora.
- Ah, Will... - Lizzy apalpou o ombro do filho caçula de maneira maternal. - Você não diria isso se já soubesse que eu também morro de orgulho de você.
Quando o teatro já estava cheio de convidados dos formandos, o mestre de cerimônia se posicionou no palanque para a abertura de solenidade apresentando as autoridades acadêmicas que iriam compor a mesa de honra, em seguida foi a vez dos formandos entrarem em ordem alfabética, sendo Thomas um dos últimos a tomar seu lugar. Não era uma cerimônia para todos os cursos e sim para o curso e grau que Thomas fazia parte e por isso não haviam mais do que 30 estudantes de beca sentados nos assentos da parte plana.
Após o hino da universidade, o diretor geral fez seu breve discurso no deferimento do grau e depois foi realizado o juramento. Todos os estudantes se levantaram, ergueram suas mãos direitas e repetiram as palavras que o formando juramentista escolhido pela turma recitou.
Finalmente havia chegado o momento da entrega dos diplomas. Por ordem alfabética, os estudantes começaram a ser chamados até a mesa de honra para receberem a outorga de grau e o diploma simbólico.
- Thomas Mark Thompson.
Thomas se levantou de seu lugar na última fileira de alunos e caminhou tranquilamente até a mesa, cumprimentando cada um que estava ali. Ele recebeu o diploma e o canudo e então olhou para o mezanino onde sua família e amigos estavam com celulares apontados em sua direção filmando e tirando fotos, sua mãe tinha lágrimas nos olhos. William levou os dedos à boca e assobiou alto e estridente, o que lhe rendeu alguns olhares feios em troca, mas Thomas apenas riu enquanto voltava para o seu lugar, ainda tinham mais três alunos para receberem o diploma antes de ele voltar para discursar.
- O orador escolhido pela turma, Thomas Mark Thompson, irá discursar agora.
Novamente Thomas se levantou e agora parecia ligeiramente tenso só pela sua postura que não era tão descontraída como instantes antes. Thomas não carregava nenhum papel consigo, tinha decorado os tópicos do discurso, levava apenas o diploma que fazia parte do monólogo. Ele dispensou o microfone do palanque porque tinha levado o próprio microfone de lapela que testou antes de começar a falar, se posicionou atrás do pedestal onde deveria estar o seu papel com o discurso. Olhou ao redor por um instante, todos esperavam as palavras dele, mas e se ele falhasse?
Não precisou pensar muito, as pessoas que realmente interessavam estavam ali. Ao olhar para o mezanino se sentiu confortável, então começou a discursar.
- Se um dia alguém disse para vocês que escolheu a medicina porque é realmente bom nisso, saiba que essa pessoa está mentindo - ele se inclinou no púlpito, arrancando algumas risadas contidas dos doutorandos e da plateia. - Porque, sinceramente, não teve um único dia nos últimos 12 anos em que eu não tenha pensado em desistir. Eu poderia ter escolhido outro curso, realmente poderia, quando criança eu queria estar no meio artístico como o meu pai e talvez eu até me desse bem, mas quando os meus pés começaram a calejar de tanto sapatear, eu soube que isso não era pra mim como é para o meu irmão, que também não desistiu da vocação dele. Eu poderia ter escolhido a área da comunicação, como a minha mãe, mas a coisa mais interessante que escrevo ou recito em voz alta é a minha lista do supermercado - Thomas tinha que concordar que estava indo bem, as pessoas pareciam se divertir. - E eu não tenho a menor capacidade de decorar datas históricas ou nomes de impérios que já caíram como a minha irmã, sem falar que eu fujo da sala de aula como um criminoso. Não me levem a mal, meus caros colegas pesquisadores, mas que bom que vocês não vão precisar me ver no laboratório nunca mais, sei como fui ranzinza todo esse tempo.
"Eu quis começar esse monólogo com um relato pessoal porque eu queria dizer para todos aqui que o seu sentimento, doutorando, é de todos nós, afinal, quantas pessoas desistiram no caminho? E eu não posso dizer que desistir não é uma opção, porque sempre foi, e nunca caberá a nós julgar os que desistiram, mas que bom que nós não desistimos, estamos fazendo um grande favor ao mundo. Ou melhor, uma grande contribuição para que o mundo seja um lugar melhor de se viver, sem a necessidade de prescrever láudano para toda e qualquer tipo de dor ou mal-estar - ele era realmente bom em arrancar risos de um público."
"No caminho para nos tornarmos médicos, enfrentamos inúmeros desafios, contratempos e dúvidas. É natural questionar nossas habilidades, sentir-se sobrecarregado e exausto. Mas lembrem-se, assim como na medicina, a vida nos apresenta adversidades que testam nossa resiliência e determinação. Quando nos deparamos com um paciente com uma condição médica complexa, não desistimos facilmente. Analisamos, pesquisamos e colaboramos para encontrar uma solução. O mesmo se aplica às nossas lutas pessoais. Devemos abordá-las com a mesma determinação e perseverança."
"As adversidades da vida são como casos médicos. Elas podem parecer assustadoras, sem um diagnóstico claro ou plano de tratamento. Mas nós fomos treinados para navegar pela incerteza. Coletamos informações, consultamos colegas e exploramos várias opções. Da mesma forma, na vida, devemos adquirir conhecimento, buscar apoio de entes queridos e explorar diferentes caminhos para superar nossos desafios."
"Lembrem-se, cada paciente que tratamos nos ensina algo valioso. Da mesma forma, cada adversidade que enfrentamos nos fortalece e nos molda em indivíduos melhores. É por meio dessas experiências que adquirimos sabedoria, compaixão e a capacidade de fazer a diferença na vida dos outros."
"Ao estarmos aqui hoje, vamos carregar as lições que aprendemos ao longo de nossa jornada. Vamos abraçar os desafios que estão por vir de coração aberto e determinação inabalável. Nunca esqueçamos que nosso propósito vai além dos limites de um hospital ou clínica. Temos o poder de curar, inspirar e trazer esperança para aqueles que mais precisam."
"Portanto, meus colegas médicos, não vamos nos desanimar diante das dificuldades que estão por vir. Lembremos por que escolhemos essa profissão em primeiro lugar. Sejamos as luzes orientadoras nos momentos mais sombrios, os faróis de esperança que guiam nossos pacientes em direção a um futuro mais saudável."
"Hoje, enquanto celebramos nossas conquistas e olhamos para o futuro, vamos tirar um momento para apreciar a força e a resiliência que nos trouxeram até aqui. Superamos inúmeros obstáculos para chegar a este ponto e continuaremos a superá-los nos próximos anos."
"Ao embarcarmos nesta jornada incrível como médicos, vamos carregar a chama da esperança dentro de nós. Deixemos que ela alimente nossa paixão, acenda nossa determinação e nos guie na busca por um impacto duradouro na vida de nossos pacientes."
"Parabéns, meus colegas. Temos o poder de mudar o mundo, um paciente de cada vez. Nunca nos esqueçamos do privilégio e da responsabilidade que vem com o uso deste jaleco. Juntos, vamos abraçar os desafios e as vitórias que nos esperam, sabendo que temos o conhecimento, as habilidades e o espírito inabalável para fazer a diferença. Obrigado."
Todas as pessoas presentes naquele teatro se levantaram para aplaudir Thomas e seu discurso. Ele deu uma boa olhada ao redor, focando no que realmente importava para ele: seus pais, seus irmãos caçulas, seus melhores amigos e a mulher que amava. Chegava a ser irônico um discurso carregado de esperança como aquele vindo de alguém que estava condenado, mas suas palavras serviram como um combustível para ele também, que não iria aceitar que um fato de vidas passadas interrompesse sua trajetória e a das pessoas que ele amava. Enquanto estava envolvido com fatos históricos e Carter com o misticismo da situação, Thomas seguiu o que fazia de melhor: ser lógico. Poderia não ser o herói, mas sentia que ainda teria uma grande contribuição para aquela resolução, ele queria contribuir de alguma forma, e como ele mesmo havia dito, tinha conhecimento, habilidades e o espírito inabalável para fazer a diferença.
Após o fim da cerimônia e do discurso memorável de Thomas, os três irmãos quiseram recriar mais uma vez a mesma foto de quando um dos três se formava. Começou quando Thomas se formou no ensino médio, depois foi a vez de também no ensino médio e na faculdade, depois William quando terminou o último ano da escola.
Na foto original, William tinha 9 anos e era leve o suficiente para que Thomas o carregasse nas costas, mas o tempo passou e Thomas alegou que sua coluna já não era a mesma para aguentar o caçula que simplesmente o ignorou, tomou o capelo para si e insistiu até que Thomas o carregasse. pegou o canudo para erguer no ar.
- Você não é mais criança, William! - Thomas reclamou enquanto se curvava um pouco para frente para que William aparecesse.
- Cala a boca, olha como eu fico muito bem de capelo.
- Meninos, os modos! - disse Lizzy enquanto abria a câmera do celular. - Agora olhem aqui.
ergueu o canudo no ar, William sorriu mostrando os dentes de maneira infantil e Thomas repetiu seu sorriso que não havia mudado desde aquela época. Lizzy tirou várias fotos para ter certeza de que ficaram boas e só depois os liberou.
- Ai, minhas costas - Thomas se esticou após William sair de cima dele. - Ninguém me avisou que as dores começavam aos 30.
- Ah, cala a boca! Eu faço 30 primeiro do que você e não estou tão acabado - Jake pegou o capelo de William e devolveu para Thomas para que tirassem a tradicional foto dos dois também. Ele era três meses mais velho que o melhor amigo.
Depois de Jake, ainda houveram muitas outras fotos. Diana tentou se manter afastada e discreta, pois achava que era um momento para a família e pessoas mais próximas, mas então Lewis sugeriu que ela também tirasse uma foto com Thomas. Por mais que estivessem mantendo contato nas últimas semanas, ela não se sentia confortável o suficiente para tomar uma atitude e tirar uma foto, mas acabou aceitando quando Thomas insistiu.
- Não se esqueça que ano que vem é você - ele disse enquanto envolvia um braço ao redor dos ombros dela, a abraçando de lado e Diana sorriu. - E nós vamos recriar essa foto aqui.
- Não tenho dúvidas - Diana disse baixo só para ele ouvir e então o abraçou para que Lizzy tirasse fotos deles.
Diana percebeu que, mesmo após a foto, se mantiveram abraçados. Talvez Thomas não tivesse percebido, pois ele e Jake estavam rindo de Katie e que tentavam tirar uma foto juntas, mas o vento bagunçava os cabelos delas. Ela não queria se afastar, parecia que seus braços estavam presos ao redor dele com cola. Mesmo que não fosse uma pessoa que costumava demonstrar carinho através de abraços, beijos ou toques espontâneos, Diana se sentia confortável o suficiente com Thomas para tal, enquanto observava os olhos dele se espremendo para rir, ela se perguntava como teve coragem de deixá-lo ir. Não pretendia dizer para ele, mas ainda o amava, talvez até mais do que antes.
Enquanto todos voltaram para o apartamento de Thomas para o jantar, Diana optou por voltar para sua casa, achava que sua bateria social do dia já havia se esgotado, pois o ritmo da família Thompson reunida era demais para ela. Não que não gostasse de estar com eles, muito pelo contrário, mas não se via no meio das fofocas e fotos de e Katie, das pirraças de William e Thomas, das piadas internas entre Thomas e Jake ou do bom-humor excessivo de Lewis e Lizzy. Eles eram muito parecidos com sua própria família, o que fazia Diana se sentir confortável perto deles, mas ela achava que já havia participado demais. Não era mais a namorada de Thomas, então achava que não precisava se prolongar.
Thomas, respeitando a decisão dela, se ofereceu para lhe dar uma carona até em casa.
- Obrigada por me trazer aqui e meus parabéns mais uma vez - Diana disse enquanto tirava o cinto. - Doutor Thompson.
- Fica mais legal quando é você quem fala - Thomas riu e optou por sair do carro também. Deu a volta para ficar perto dela.
- Obrigado por ter ido, significou muito para mim, eu queria muito que você fosse.
- Eu não poderia perder - ela sorriu e, involuntariamente, sentiu uma culpa terrível dentro de si. Se não tivesse terminado com ele, aquele momento não estaria acontecendo. - Me desculpa, Tom.
- Pelo quê?
- Por tudo... eu sei que fui injusta com você.
- Ei, está tudo bem, eu já deixei isso pra lá. Eu sei que não foi fácil para você lidar com tudo, você fez o que achou melhor, também não foi fácil pra mim, mas o fato da minha irmã estar grávida tem me ajudado a me distrair, passo tanto tempo cuidando dela e das meninas que... bom, ameniza um pouco o fato de eu sentir falta de alguém que eu nunca vi... mas tudo bem, eu estou melhor e espero que você esteja também. Estou adorando a ideia de ser tio em dose dupla.
- Eu já tenho a Clara como sobrinha, mas ver o tão feliz me deixa animada também, ele só sabe falar sobre isso quando me liga... bom, de qualquer forma, eu também me sinto melhor.
Um breve silêncio pairou entre eles. Thomas se lembrou da conversa que teve com Eloise em que ela disse que era uma questão de tempo até Diana mudar de ideia. Talvez o momento tivesse chegado e sua barriga doía por imaginar que poderiam ser mais do que amigos de novo. Tinha constantes lembranças das vidas passadas com Diana, mas sem dúvidas a preferida era aquela, onde ele a conhecia havia tão pouco tempo, mas sentia que seu amor só aumentava. Não queria apressar as coisas e estragar tudo, mas Diana estava correspondendo abertamente, então ele queria que ela soubesse que ainda poderia dar certo se os dois quisessem.
- Eu já estou indo, mas antes eu... eu só queria dizer que... que eu espero que um dia as coisas possam ser como antes... - ele encolheu um pouco os ombros. - Sei que agora somos só amigos e por mim tudo bem, mas... bom... se você mudar de ideia, eu...
Thomas não terminou de falar, pois antes de dizer que estava disposto a esperar, os lábios de Diana se chocaram contra os seus tão de repente que ele não teve reação num primeiro momento, mas então envolveu seus braços ao redor dela, a trazendo para perto gentilmente enquanto retribuía ao beijo. Suas pernas tremiam, mas de um jeito bom. Thomas sabia que sempre foi ele quem se apaixonou primeiro, sempre ele que tomou a primeira iniciativa, mas aquele ciclo se rompeu ali. Ser surpreendido por Diana foi uma sensação nova e única, sabia que ela não era uma pessoa que costumava demonstrar afeto de forma física e tão espontânea assim, então se sentiu importante por ter sido o escolhido para tal.
Ele continuou até que Diana se afastasse, o que demorou, queria aproveitar cada segundo. Ela parecia envergonhada pelo que havia feito, mas estava tentando disfarçar.
- Por essa eu não esperava, mas deixe eu adivinhar: pela sua cara, você nunca tinha roubado um beijo de um cara.
- Pareço ser o tipo de garota que faz isso? - Diana riu e Thomas negou com a cabeça. - É que você está bonito de beca e eu adoro caras de beca, é tão sexy! - ela afinou a voz em tom de brincadeira e ele gargalhou.
- Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas estou adorando. Por favor, eu te imploro, me leve pra jantar no sábado! - Thomas disse enquanto dava a volta para entrar no carro. Antes de entrar, ainda chamou por ela. - Não tem problema se não me convidar, eu vou passar aqui no sábado de qualquer jeito.
- E perder a chance de sair com um formando de medicina? Sabe quantas garotas se venderiam para estar no meu lugar? Sábado. Às oito.
- Sou doutor há algumas horas e já estou sendo usado... quer saber? Pode me usar a vontade, te vejo sábado às oito. Até lá - Thomas disse por fim e entrou no carro. Acenaram um para o outro e então ele foi embora.
Thomas concluiu que aquele era o melhor dia da sua vida, afinal, não era todo dia que ele se tornava doutor e reatava com a mulher que amava.
Definitivamente, foi o melhor dia de todos.
Finalmente havia chegado o dia em que voltaria para a cidade e quis tornar este fato em uma ocasião especial, por isso ela acordou cedo naquele sábado de manhã, preparou uma mochila, tomou um café da manhã reforçado e ligou para Louise, pedindo a chave do apartamento dele, que ela sabia que estava com a irmã de .
- Se não for um incômodo, você pode ir até lá e pegar depois? Eu fico com a chave reserva, que deve estar no apartamento dele - ela disse para Louise quando chegou na casa dela.
- , do que você está falando? - Louise estava com sono e com dificuldade de raciocinar, afinal, eram oito horas da manhã e ela havia ido dormir tarde.
- Vou fazer uma surpresa para o - repetiu seu plano pausadamente. - E eu preciso da chave, mas não quero que ele saiba de nada, então eu preciso que você vá pegar a chave para que ele busque aqui. Enquanto isso, eu vou estar esperando ele lá.
- E o que você pretende fazer? - Louise esfregou os olhos.
- Nada demais, só tornar um lar de novo.
- É bom você tirar a energia da Lucinda de lá, espera aí - Louise foi até uma mesinha que tinha na sala e pegou o incenso que estava ali, depois voltou para a porta. - Toma.
- Não sei usar essas coisas - examinou o incenso, se quer levava aquilo a sério.
- Quando eu for buscar a chave, eu vou limpar aquele lugar, fica tranquila. A energia deve estar carregadíssima por causa daquela maluca.
- Nossa, você realmente odeia ela - comentou um tanto surpresa, mas de certa forma satisfeita.
- Você não sabe o quanto - Louise riu com desdém, fazendo cara de nojo. - Eu deveria matar o por ter deixado ela ficar lá, então é melhor mesmo que você o receba.
- Não estou feliz com isso - torceu o nariz e se conteve para não rolar os olhos. - Foi a pior ideia possível que ele poderia ter.
- Olha, o é coração antes da lógica, eu sei que ele tinha a melhor das intenções e esse é o problema, ele sempre tem a melhor das intenções... só que a Lucinda não é o tipo de pessoa que mereça isso e eu não consigo falar pra ele sem xingar ou jogar alguma coisa nele, mas confio em você pra isso.
- Vou dar o meu melhor - assentiu. - Até mais tarde.
Louise morava perto da casa de , então logo estava de volta ao lugar que um dia fora o seu preferido de estar. Ela realmente gostava daquele apartamento, era pequeno, bem decorado e muito aconchegante, além de ter a personalidade de nos detalhes, mas agora estes detalhes pareciam ter se perdido, a casa parecia triste e sem vida, além de precisar de uma limpeza, então arregaçou as mangas e começou a trabalhar.
Ela começou pelo quarto, pois só de pensar que Luce dormiu naquela mesma cama, seu estômago embrulhava. Ela colocou os lençóis para lavar enquanto limpava os móveis e o chão, mas fez uma nota mental de que deveriam trocar a cama o quanto antes, pois ela se recusaria a fazer amor com ele ali. Depois do quarto limpo, ela também lavou o banheiro e fez uma limpeza superficial no escritório, cuidando dos instrumentos de que pareciam abandonados. O retrato com Clara estava empoeirado na escrivaninha, mas ela o deixou novinho em folha.
Ainda faltava a sala e a cozinha, mas antes de continuar, ela fez uma pausa para descansar, pois não conseguia fazer muito esforço. Se sentou no sofá e pegou seu celular para ver se tinha alguma mensagem de , e realmente tinha uma na qual ele dizia que já estava na estrada e chegaria em Londres ao anoitecer. Considerando que ainda não era nem meio dia, ficou aliviada por ter tempo, pois seu maior trabalho estava ali.
A sala e a cozinha não estavam propriamente sujas, mas de alguma forma ela sentia a necessidade de limpar e por que não redecorar? As decorações que antes tinham ali estavam guardadas no escritório e a sala parecia um lugar deprimente, o cinza das paredes parecia envelhecido, assim como a mobília, mesmo que nada ali fosse velho, pois ela se lembrava muito bem de dizer que Damon havia feito o projeto da casa antes de se mudar, então era mais uma questão de organização do que qualquer outra coisa. Claramente Luce não se importava em respeitar o espaço alheio e deixou aquele lugar com cara de abandonado, mas não queria que encontrasse sua casa assim, então quando se sentiu preparada, ela retomou a limpeza, deixando sala e cozinha impecáveis, depois trouxe toda a decoração de volta, deixando os livros falsos na mesinha, o tapete em seu lugar original entre os sofás e os itens de decoração espalhados de maneira proporcional.
Estava ficando muito bom, mas ainda não sentia como se fosse um lar. Faltava rostos, sorrisos, alegria... fotos, a sala precisava de fotos, por isso ela correu para o escritório e procurou por fotos que ele pudesse ter ali, tinha certeza que já havia visto um álbum por lá. Encontrou e separou algumas com a família dele, mas ela queria algumas dos dois também, por isso precisou sair para imprimir e comprar alguns porta-retratos, mas fez isso de maneira muito animada, até comprou umas flores para colocar na mesa de jantar e logo a sala estava cheia de fotos, trazendo a vida que esperava. Ela também colocou uma foto deles no escritório e outra na mesinha no quarto do lado da cama que ele geralmente dormia.
Quando finalizou, olhou ao redor e sorriu satisfeita, havia feito um trabalho incrível, certamente iria gostar tanto quanto ela.
Ela conferiu as horas de novo e já passava das três da tarde, então ela tomou um banho para ficar apresentável e pôs uma roupa que trouxe na mochila. Como ainda tinha tempo, decidiu descansar um pouco para que pudesse preparar um jantar, pois ele certamente chegaria cansado e com fome. Colocou o celular para despertar e cochilou no sofá por algumas horas até Louise chegar, estava exausta.
trancou a porta do carro e respirou fundo ao encarar o prédio em que morava. Estava oficialmente de volta e isso era reconfortante, pois por mais que a vida em Aberdeen fosse tranquila e a casa de Jesse muito confortável, nada daquilo era seu e ele sentia falta de ter o próprio lugar. Ainda estava pagando por aquele apartamento, como teve coragem de ir embora e ainda por cima deixar outra pessoa desfrutar do que era seu? Só de pensar no trabalho que teria para organizar tudo, ele desgostou um pouco mais de Luce.
Mas não queria pensar nela, queria apenas tomar um banho e cair na cama, depois resolveria todo o resto. Tirou suas duas malas grandes do carro e então entrou, tomando o elevador até o seu andar com um pouco de dificuldade por causa do peso e do tamanho, mas ele estava tão ansioso para chegar logo que acabou se tornando fácil.
Ao parar na porta, ele respirou fundo, colocou a chave na maçaneta e abriu, esperando encontrar um lugar silencioso e escuro, mas teve uma grata surpresa ao ver seu apartamento limpo, organizado e com novos itens de decoração, pois ele tinha certeza que as flores e as fotos não estavam lá antes. A luz da sala estava baixa e havia algumas velas acesas, o que era até bem romântico. O que estava acontecendo?
- Achei que você ia gostar de ter uma recepção.
Ele olhou para o lado, e vinha da cozinha. Ela estava sorrindo e parecia até um pouco envergonhada, esperando por alguma reação dele, mas estava tão surpreso que era difícil dizer alguma coisa.
- Você fez isso? - ele perguntou olhando ao redor e ela assentiu.
- Imaginei que você ia chegar cansado, então tomei a liberdade de limpar e organizar, espero que não se importe.
- Não, ficou incrível - ele fechou a porta, deixou a mochila junto com as malas e foi conferir as fotos da estante de perto. Sorriu ao reconhecer as fotos deles. - , isso aqui está muito bom, olha só as nossas fotos! - ele se virou para ela, que havia o seguido. - Obrigado, é sério. Nossa casa não poderia ter mais de nós do que agora.
- Bem-vindo de volta - disse sorrindo. - E as surpresas não acabam por aqui, eu fiz o jantar também.
- Você é um anjo - ele levou uma mão ao estômago. - Porque eu estou morrendo de fome.
- Então vem comer, eu só estava te esperando.
- Espera aí - ele a puxou de volta quando ela ia sair, a trazendo para perto e repousando suas mãos na cintura dela. - Como eu posso retribuir o que você fez por mim?
- Nunca mais indo embora - rebateu prontamente, colocando as mãos nos ombros dele. - Me promete que você nunca mais vai se afastar de mim.
- Eu prometo - respondeu com convicção. - Não vou a lugar algum, não vou deixar você de novo e eu prometo que nunca mais vamos nos separar. É uma promessa.
sentiu os olhos marejarem, mas não queria chorar. Aproximou seu rosto e encostou sua testa na dele, só queria ficar perto de alguma forma, mas não se conteve e a beijou. Agora, todos os beijos pareciam que eram o primeiro, havia o nervosismo e a excitação que só um primeiro beijo poderia ter, mas também a saudade, o carinho e o amor que só antigos amantes poderiam compartilhar. Era um misto de sensações, mas de alguma forma, aquilo não os assustava, pelo contrário, queriam aproveitar cada segundo um com o outro de agora em diante.
Foi que interrompeu o beijo quando se afastou de repente, levando uma mão à barriga e fazendo cara de dor.
- Ai!
- O que aconteceu? - a segurou pelos ombros, procurando algum machucado nela.
- Não se preocupe - ela tentou o tranquilizar quando o viu começando a se desesperar, sorriu para ele. - Foi um chute, acho que estão se mexendo.
Ela foi até o sofá, se sentou e ergueu a camiseta. se aproximou também e colocou a mão na barriga dela para sentir, dava para ver a pele da barriga repuxando e ele se assustou quando sentiu um chutinho diretamente na palma da sua mão. Eles se entreolharam sem acreditar que aquilo realmente estava acontecendo justo naquele momento.
- Estão agitadas - disse sorrindo, colocando a mão também. - Às vezes isso acontece, elas chutam mesmo, mas agora...
- Estão sentindo o ambiente - concluiu o que pareceu óbvio para ele, estava encantado. - É lindo, é...
- É a nossa família - disse em sussurro, queria chorar de emoção, nunca havia se referido à situação daquela forma.
se curvou, beijou e acariciou a barriga dela. De repente, era como se não houvesse uma maldição os assombrando, pois como poderia ser uma maldição se ele se sentia a pessoa mais abençoada do mundo naquele momento? Ele tinha tudo o que precisava bem ali, uma casa bonita, uma namorada linda e duas filhas que ele estava louco para conhecer, do que mais um homem poderia precisar?
- Elas não são a nossa condenação - disse enquanto deitava a cabeça no ombro de , que o abraçou. A mão continuava na barriga dela, a tocando. - Não podem ser, não quando me sinto salvo por causa delas e de você.
- Sinto que posso enfrentar tudo agora - confessou, encostando sua cabeça na dele, acariciava de leve os cabelos dele. - Deve ser o meu melhor momento nos últimos cinco meses, ou talvez em anos... eu sei que existe uma solução, está bem debaixo do nosso nariz, só precisamos pensar com calma e tudo vai ficar bem.
- Já está tudo bem - ergueu o rosto para ela. - Aqui e agora, está tudo bem. Não vou deixar acontecer nada com nenhuma de vocês.
- Confio minha vida a você... como sempre - sorriu de canto e esticou o pescoço para beijá-lo mais uma vez antes de finalmente irem jantar.
Continua...
Nota da autora: EFMOSFNOAFOMAFMA AMO MEUS PAIS! Percebi que o capitulo simplesmente não tinha UMA cena dos protagonistas, então tive que colocar eles sendo a família linda que eles nascersm pra ser.
E ainda teve Thomas e Diana voltando enquanto a Louise e o William estão dando indícios e eu to muito feliz, não aguentava mais ver meus filhos sofrer.
Agora faltam apenas 5 capítulos, vamos entrar na reta final e ainda vem muito aí, vamos nos preparar pq serão muitas emoções rsrsrs preparados? Pq eu não kkkkk
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Nota da beta: "Elas não são a nossa condenação" 😭 eu como uma leitora e autora OBCECADA por gêmeas estou pulando internamente por saber que a Nat está esperando gêmeas HAHAHAHAH BOM DIMAIXXX preciso ver isso dando certo e essas princesinhas vindo ao mundo (já até pra preparar um spin off das gêmeas, hein, autora 🗣)
Enfim, como o Disqus está um pouco instável ultimamente, às vezes a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI!
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