Royally Dreaming

Finalizada em: 05/02/2022

Capítulo Único

Mary P.O.V.

Palace Hotel é o nome de um hotel de extremo luxo e riqueza o completo oposto de mim. Localizado no coração de uma das grandes cidades dos Estados Unidos era o meu destino de trabalho todas as tardes depois das aulas da faculdade. A vida de camareira ou garçonete, dependendo apenas de como eles querem arranjar o meu horário para cumprir a demanda do negócio, em um hotel desse nível é uma constante caixa de surpresas. Entre a bagunça das suítes cuja diária é infinitamente fora do meu orçamento e os eventos onde a pura nata de ricos do globo inteiro vinham fazer parte estava eu tentando equilibrar a carga horária pesada do curso de engenharia mecânica.
— Mary, você já se inscreveu para o turno do Royal Ball?
Pude ouvir a minha colega de trabalho me perguntando. Gucci, nomeada como a grife de moda, tinha muitas características distintas a mim e isso fazia com que em muitos dos turnos ela fosse a minha dupla de perrengues. Mrs. Fuller, nossa supervisora se achava a pessoa mais inteligente por nos parear levando em conta a diferença de altura nossa, onde era eu que levava a melhor, ou por achar que o fato d’eu carregar óculos significasse que eu precisava de um par extra de olhos.
— Não irei. Tenho uma prova superimportante na semana e não quero arriscar estar exausta demais para estudar.
— Desde que começou a trabalhar aqui não perde um turno desses por conta de todo o dinheiro extra que a gente consegue.
— Eu sei. Eu estarei aqui na semana do evento trabalhando normalmente, mas não tenho mesmo como pegar um turno para o evento. Esquece isso.
Levou um turno inteiro para que ela aceitasse a minha desistência. Eu tinha um foco e ele era me formar na faculdade. Trabalhar e estudar não é fácil e encontrar o equilíbrio para essa vida também não era. Em termos de carga horária trabalhada durante o mês e, principalmente, a semana do evento eram absurdas e quase sempre todos os funcionários saiam esgotados do hotel, porém a recompensa financeira era alta. Então quando fiz essa escolha de não me envolver nesse ano foi superconsciente de que estaria perdendo um bom dinheiro, mas que o trabalho não me atrapalharia na faculdade. Eu tinha experiencia de causa ao decidir isso, pois caso trabalhasse no dia seria o meu quarto Royal Ball. Enfim, o mundo nunca foi flores, decisões difíceis sempre existiram e eu sou apenas mais uma pessoa que deveria seguir com a vida.

Louis POV

Todo ano era garantido que tínhamos essa viagem para os Estados Unidos. Sempre no mesmo mês, ficando pelo mesmo período de tempo no mesmo hotel. Geralmente pessoas diferentes da família iam até que um dos parentes fez uma cena não tão digna de um membro da família real inglesa depois de consumir mais bebida alcoólica que o recomendado. Desde aquele fiasco, vovó deixava somente que o meu lado da família fosse. Supostamente éramos os mais comportados e talvez isso tivesse a ver com o fato de que minha mãe era a próxima na linha de sucessão ao trono.
Este ano a viagem tinha algo diferente. Seria o primeiro ano em que eu iria sozinho, sem meus pais e minhas cinco irmãs, marcar a presença da coroa no Royal Ball. Minha mãe estava grávida dos gêmeos e não podia mais fazer viagens de avião no estágio de gestação que se encontrava, então ela me confiou essa missão. Faltar não era uma opção já que esse era um dos modos demonstrar nossa filantropia.
Uma das minhas condições para fazer a viagem foi a exigência de que um dos meus amigos pudesse ir comigo. Obviamente ele foi aprovado pela minha família. Não poderia levar alguém que não atendesse os requisitos de comportamento e que tivesse o status necessário para aparecer ao meu lado. Então o meu querido amigo Harold foi escolhido.
Harry sabia muito bem como se portar diante as câmeras e tinha excelentes bons modos, segundo minha vó. A minha experiência com ele me contava algo bem diferente. Nós nos conhecemos quando ele voltou do internato na Suíça para terminar os estudos e se formar aqui na Inglaterra perto de sua família. Ser parte da corte fez com que nós acabássemos nos conhecendo e desde esse dia nos tornamos bons amigos. Não demorou muito para que eu percebesse o jeito dele espontâneo em tudo, mas sua principal qualidade era saber se colocar da maneira certa nos ambientes sem perder sua personalidade. No final, ele era a companhia perfeita para o evento, pois saberia como me entreter e ao mesmo tempo manter o decoro quando necessário.

Na semana do Royal Ball

Mary POV

Assim que passei pela entrada dos funcionários, Gucci me informa que a nossa chefe está a minha procura com certa urgência para falar comigo. Não sei direito o motivo da pressa dela, mas rapidamente deixo a minha mochila com as coisas da faculdade no armário, e antes mesmo de colocar o uniforme vou ao seu encontro. O corredor que leva até os escritórios não era muito longo afinal de contas os chefes do pessoal que cumprem o que eu faço nunca estão no mesmo patamar que o pessoal da gerência mais importante e nem tem o mesmo prestígio. A caminhada até a sala não é demorada e logo me deparo com a porta da sala da Mrs. Pearson aberta como quem me convida para entrar, porém não o faço antes de bater à porta e esperar que ela me autorize.
— Mary, obrigada por ter vindo. Como vai?
— Vou bem, obrigada. Obrigada.
— Eu vi que não colocou o seu nome na lista de pessoas interessadas em um turno para o Royal Ball. Posso saber o motivo? — o seu tom de voz era tranquilo, mas os seus olhos não deixam essa tranquilidade transparecer, então rapidamente entendo onde ela quer chegar.
— Tenho algo importante na faculdade que será comprometido caso eu participe, por isso não me inscrevi.
— Entendo, mas infelizmente eu terei que te fazer esse pedido.
— Posso indicar alguém para o serviço de garçonete ou barman, já que realmente não posso.
— Não podemos aceitar indicações por conta da clientela exclusiva que temos. Além do mais, a vaga que te ofereço não é para as posições citadas. É para ser uma stand-in.
Meu cérebro não processou bem a informação. O baile nunca tinha stand-ins por ser um jantar com convites comprados e lugares marcados, dificilmente temos esse tipo de necessidade. Afinal de contas, não precisa guardar lugar na mesa de alguém que foi ao bar ou ao banheiro. Isso nunca acontece.
— Como? Não entendo. Essa vaga nunca existiu antes.
— Na verdade sempre existiu conforme a necessidade de cada ano. Esse ano precisamos de stand-ins e de pessoas que saibam dançar. No seu currículo diz que tem algum tipo de habilidade na dança e agora seria um ótimo momento para usar.
— Ainda não entendo.
— O que você ainda não entendeu, Mary?
— Por que me escolheram?
— Seus ótimos desempenhos na casa aliados com as suas habilidades. Sem contar que é capaz de sustentar bem uma conversa, fala mais de um idioma, dança, é educada a ponto de não importunar os hóspedes e nunca agiu como uma fanática perto deles.
— Apenas sigo com o que é pedido, como todo funcionário faz.
— Não quero ser indelicada, Mary, mas o dinheiro que receberia ocupando esse cargo seria maior, bem maior, do que obteve antes em outras edições do evento em cargo inferiores. Sei que isso é uma questão para você e se te ofereci antes de cogitar outra pessoa é porque sei que seria realmente mais aproveitado por ti. É uma forma do hotel ganhar e você ganhar.
— Compreendo, mas ainda sigo surpresa.
— Imagino. Porém insisto que você considere. Tem até o fim do turno para me responder. Está dispensada.

É claro que Gucci me fez uma quantidade obscena de perguntas em busca de alguma informação e obviamente minha cabeça não parava de girar pensando em todos os argumentos que a Mrs. Pearson usou durante nossa conversa. Não queria aceitar, mas todo dinheiro seria bem-vindo e uma coisa era eu deixar um turno “comum” no grande evento passar, outra coisa era perder essa chance. A Mrs. Pearson nunca precisaria saber que não danço tudo isso que meu currículo diz e não me sinto culpada por isso porque todo mundo já mentiu no currículo. Se eu aceitasse seria fácil me abster da pista de dança e ela nunca saberia. Por conta desse único encontro, minha mente passou o turno todo pesando os pros e contras de aceitar a ideia, mas infelizmente o lado estudante responsável não venceu. Eu pensei que conseguiria resistir ao valor que me ofereceram, mas a parte adulta que tem boletos a pagar não me deixou usar o não e cedi ao pedido.

Horas depois do Royal Ball

Louis POV

A passagem de dias da viagem até a data do Royal Ball foi corrida, pois todos os compromissos reais possíveis estavam requisitando a minha presença. Na falta de meus pais, por ser o filho mais velho, eu deveria representar a família. Por sorte sempre dava um jeito de estar com meus primos a volta ou, o que era mais comum de acontecer, levava Harry comigo. No tempo livre dos eventos tinha constantemente reuniões sobre como me portar durante a minha estadia no Palace Hotel e principalmente sobre como deveria agir durante o evento. Harry vez ou outra aparecia para uma aula dessas, mas nunca prestava atenção o suficiente.
No próprio evento eu não tive muito sossego já que era um dos convidados de honra. Esse era um preço que eu pagava com certa frequência apenas por ser membro da família real. Sendo um convidado de honra não pude aproveitar muito bem como fiz em outras ocasiões, portanto sem danças, sem muitas bebidas, sem flertes com mulheres bonitas, sem risadas escandalosas com minhas irmãs por conta de alguma coisa engraçada, a postura foi a de um príncipe como eu era.
Somente ao fim do evento eu consigo reencontrar Harry que mesmo tendo passado grande parte do evento comigo, deu o seu jeito de sumir nos últimos minutos. Não era algo novo, até porque se eu estivesse com a família teria feito o mesmo, mas agora que éramos só eu e ele na viagem não ficou tão desapercebido assim para mim quanto ficaria se o grupo real fosse maior.
— Harry, onde você se meteu?
— Eu descobri o local que devemos ir agora, depois daquele evento chato.
— Você não quer nos colocar em maus lençóis, né?
— Desde quando eu te coloco em furadas?
— Precisa mesmo que eu fale? Não vou para lugar nenhum.
— E se eu te disser que não vamos nem precisar sair do hotel? Ninguém vai dar falta de nós e não tem risco de pararmos em tabloides ou em revistas.
— Ainda não me convenceu. Não posso quebrar o voto de confiança que me foi dado pelo pessoal da família.
— Não vai dar nada de errado. Confia.
— Não vai mesmo se a gente não for.
— Presta atenção. É um bar que só é para os funcionários do hotel. Algo supersecreto para os hóspedes aqui dentro e mega seguro para os funcionários. Geralmente eles organizam um after depois do baile para relaxarem do caos que é a festa e comemorar o fim desse período de trabalho deles.
— E você acha que é uma boa ideia invadir o espaço dessas pessoas?
— Não invadiremos se eu souber como chegar lá e se a gente formos convidados.
— Pelo amor de deus, Harry, você não deu em cima de todo o staff da festa até descobrir sobre isso, não né?
— Nem precisei. A primeira garçonete que eu conversei enquanto ela me entregava Champagne fez isso. Só dei dois sorrisos e elogiei os olhos dela.
— ainda não acho certo.
— Não tem erro. Só trocarmos os ternos caros, por uma calça jeans, camiseta e um casaco normal que facilmente nos misturaremos.
— E se nós formos reconhecidos?
— Eles são funcionários de um hotel que recebe diariamente muitos famosos, são treinados para não se importarem com a nossa presença. Ou seja, não tem erro.
Então nós assumimos o risco e trocamos nossas roupas para algo mais casual. Eu troquei meu terno caríssimo por um tênis e um conjunto de moletom da Adidas com poucos acessórios, Harry trocou o dele por botas, calça jeans escura e uma blusa de botões. Contei com o direcionamento dele para seguirmos até o local que ficava super escondido dentro do prédio. Passamos por diversos locais de uso exclusivo de funcionários que não deveríamos ter acesso, porém ninguém nos impediu de chegar no bar escondido dos funcionários. O bar era bem aconchegante e a música que tocava era muito diferente do que ouvi durante o evento promovido pelo hotel. Algumas pessoas nos encararam logo que passamos pela porta, mas não deram muita ideia assim que nós nos sentamos na frente do bar e pedimos as nossas bebidas. A noite trazia muitas possibilidades, só esperava que todas elas tivessem um bom resultado.

Mary POV

A mesa do canto do bar era única opção. Quase nunca eu ia lá, mas Gucci fez questão de que nos fossemos afinal de contas, tínhamos que comemorar o sucesso do baile e a sucessão de folgas que tiraríamos para compensar todas as horas extras trabalhadas. Não poderia dizer que era um ambiente estranho para mim, pois já estive algumas vezes por lá e gostava do tom intimista que tinha.
— Agora vamos comemorar a sua participação no evento de hoje. Achei que não iria te ver pelo salão. — disse Gucci ao chegar na mesa com as nossas bebidas.
— Infelizmente não ser herdeira me fez aceitar a proposta do turno de hoje.
Engatamos em uma conversa sobre o tema desse ano, sobre o discurso do brinde da noite, sobre os famosos que estavam presentes. Obviamente ela também me questionou sobre a experiencia de ter sido stand-in e ter lidado mais perto com as celebridades.
— Não foi nada de demais, nenhum deles falou comigo e sinceramente não me importo.
— Nossa você é tão blasé com esse mundo das celebridades. — Ela disse depois de um gole na sua cerveja.
Para todos os efeitos eu sou mesmo. O constante contato com eles me fez ficar desse jeito, sem contar que a vida de todos eles são tão fora da minha realidade que nem me incomodo em sonhar com nada desse universo. Meus estudos e basicamente meus sonhos sempre foram a minha prioridade. Sim, eu tinha artistas favoritos, mas local de trabalho sempre foi trabalho. Então mesmo que tivesse meus momentos de fã, eles eram sempre do lado de fora do hotel com a garantia de que estava fora do horário de expediente.
— O que você quer dizer com isso?
— Quero dizer que você não surta com os famosos aqui dentro e que nem mesmo com o pessoal do staff você interage muito. — O meu rolar de olhos na direção dela fez com que ela pegasse o sentimento que tinha naquele momento. — Não sei como somos amigas, acho que foi a convivência forçada.
— Gucci, você sabe que antes de entrar aqui eu tinha uns dois empregos e mal tinha tempo de nada. Graças ao programa de apoio a universitários eu pude ficar só com esse emprego e agora tenho uma relativa tranquilidade nesse assunto. Sem contar que eu não quero perder meu emprego por causa de uma foto ou assinatura em um guardanapo, né.
— Todos nós lembramos da falecida Jolene. — Ela comentou entre nós para logo depois puxar em voz alta para o bar um brinde a Jolene. Ela foi uma camareira que foi demitida por importunar os hospedes famosos, ela não perdia uma oportunidade para fotos. Depois de muitos avisos e advertências ela teve que deixar a equipe. Ela se tornou uma lenda entre nós e por isso quando Gucci brinda a ela todos se juntam erguendo suas bebidas com grandes sorrisos e gargalhadas. As únicas pessoas que não nos acompanham no gesto são dois rapazes que estão sentados no bar. Eles riem, mas não levantam os seus copos. Isso faz com que Gucci fique suspeitando deles.
— Então, quem você acha que eles são? — Eu pergunto a ela por que ela sempre sabe quem é quem aqui dentro. Alguns diriam até que ela é algum tipo de menina popular por conta disso quando eu só acho que ela é muito boa em fofocar mesmo.
— Não sei ainda. Devem ter começado essa semana. — Ela dá de ombros enquanto me responde.
A verdade é que isso era bem possível já que o fluxo de funcionários aumentava muito durante essa época, toda mão de obra extra era aceita e isso causava um aumento de pessoas considerável mesmo que boa parte delas fosse somente temporária eles tinham todos os benefícios que nós antigos da casa, portanto faz sentido ver esses rapazes aqui no nosso bar.
Gucci nota que sua bebida já se esvaziou e vai buscar mais uma rodada para nós mesmo que eu tenha dito que estava bem com apenas um drink. Aproveito que ela se distanciou e checo alguns e-mails que não consegui ver e grande parte eram assuntos da faculdade. Fiquei tão absorta nessa atividade que não percebi quando ela voltou a nossa mesa.
— Mary eu não acredito que você está checando e-mails a essa hora. Isso significa que essa festa é um enterro. Precisamos fazer algo a respeito disso.
Quando Gucci disse isso, na verdade, ela quis dizer que ela iria tentar me embebedar. Não deu certo porque logo que percebi, cortei as suas asinhas. Então, entre me embebedar e ceder a sua alternativa de entretenimento, preferi ceder ao joguinho que ela me deu como alternativa: falar com um dos rapazes novos. Talvez fosse o excesso de bebida que falou mais alto, no entanto não iria matar conhecer gente nova mesmo que tudo ocorresse por pura livre espontânea pressão dela.
Deixando o copo da minha bebida na mesa, para criar a oportunidade dele se oferecer para pagar uma nova para mim, ajeitei os meus óculos e fui na direção do bar. Clemente estava atrás do balcão essa noite e logo deveria surgir alguém para revezar com ele. Ao chegar no balcão, do melhor jeito dei uma checada neles dois. O desafio era para falar com qualquer um deles e o que mais me interessou era usava um conjunto de moletom e tinha na sua frente uma garrafa d’água. Depois de respirar fundo algumas vezes, tomei coragem para cumprimentá-lo.
— Oi, qual é o seu nome? — Sim, essa foi a pior cantada que eu poderia dar e me dei conta disso quando os olhos azuis dele se encontraram com os meus. Tinham uma cor esplendida e demonstravam surpresa.
— Você está falando comigo?
— Sim, estou. Isso é um problema?
— Não, não. Só estou surpreso.
— OK. Então, como se chama?
— Louis. Muito prazer...
— Mary. — Queria ter dito muito mais do que apenas o meu nome para redimir meu mal começo, porém o rapaz que estava sentado ao lado do Louis foi bem mais rápido que eu.
— Olá, Mary. Me chamo Harry. — Ele fez questão de estender a mão e um sorriso para mim. Não fui mal-educada e fiz o mesmo por ele.
— Vocês são novos aqui no hotel?

Louis POV

A pergunta dela me deixou completamente perdido. Não costumava passar por momentos assim, ainda mais em viagens internacionais. Infelizmente, ser da realeza tinha o seu preço ele era a falta de privacidade. Sempre fui um rosto relativamente conhecido então não pude ter muitas experiências de genuína curiosidade da parte de pessoas como ela.
— Não. — Harry como sempre fazendo as coisas sem muito pensar e nesse momento não era uma boa ideia para a gente que ele revelasse a nossa identidade. Porém a minha surpresa foi tão grande que me tirou o poder de ação.
— Não são novos? Como se eu nunca os vi por aqui? — Ela não demorou a responder e seu rosto ganhou a uma expressão mais inquisitiva. As sobrancelhas levemente enrugadas e os olhos sem descansar, pois, procurava os menores sinais de contradição em ambas as faces.
— Não trabalhamos aqui, é por isso, você nunca nos veria.
Dali em diante ela e Harry começaram a conversar. Ela a fazia rir como eu gostaria de fazer e logo que ela menciona a amiga na mesa há uns passos de distância de nós, ele sugere que nós troquemos de lugar. Então Harry pega uma nova rodada de bebidas para todos nós e então deixamos os bancos para ocupar as cadeiras no entorno da mesa. Mary nos apresenta a sua amiga Gucci que imediatamente se conecta com Harry.
— Então de onde vocês são? Quem os trouxe até aqui?
Harry começa a contar tudo para elas e quando eu digo tudo, eu digo tudo mesmo. Ele não poupou dos detalhes. Na mente delas somos aristocratas ingleses, o que de fato somos, que estivemos no baile como convidados, ainda não era uma mentira, mas que não tinha ainda adicionado a sua narrativa o fato de que sou da família real e o simples fato disso ainda não ter sido trazido à tona não me deixava cem por cento à-vontade no meio deles.
— Você não é de falar muito, né?
— Hmmm... não. Na verdade, eu não saio muito para bares e tal.
— Bares de pessoas comuns que você quis dizer?
Ela riu ao me falar isso e engatamos em uma conversa leve, boa demais e de certo modo era uma bolha só nossa já que não tínhamos mais noção do os outros dois que estavam na mesa conversavam.
Ela era a pessoa mais encantadora que conheci nos últimos dias durante a viagem. Linda, charmosa, superinteligente e nada deslumbrada. A reação que ela esboçou quando eu finalmente contei que sou um membro da família real foi a mesma que uma pessoa fora dessa realidade tivesse dito que toma dois litros de água por dia. Uma certa incredulidade, mas nada fora do normal por ser algo crível.
— Você é muito linda e muito bacana. Eu acho que nós deveríamos sair um dia desses, tipo um encontro. — Eu disse a ela. Talvez tenha sido a quantidade de álcool que corria em minhas veias, não era o suficiente para me deixar bêbado, porém era a quantidade perfeita para me dar um empurrãozinho na direção certa.
A reação dela foi um sorriso enorme aliado de uma gargalhada. Quando percebeu que estava falando sério apenas balançou com a cabeça concordando. Foi ali que eu tive certeza de que as melhores surpresas realmente vinham dessa noite.

Alguns dias depois do baile

Mary POV

Então Louis teve coragem de se abrir comigo naquela noite e diversos outros momentos que compartilhamos nos encontros que ele me levou. Todos super discretos devido ao seu status. Sinceramente não achei que fosse me interessar mais do que curiosidade, afinal de contas era a minha chance de, ao menos, beijar um príncipe, porém Louis William Tomlinson se provou ser muito mais interessante e verdadeiro. O que seria apenas um beijo no príncipe se tornou algo maior dentro de ambos, grande o suficiente para que ele quisesse assumir o risco de ter um relacionamento mais duradouro. Como faríamos para que o relacionamento desse certo eu não sei bem e nesse momento forço minha mente a não pensar nisso, pois tenho certeza de que se formos obstinados em nos manter felizes e realizados conseguiríamos lidar com tudo juntos. Seria aqui o fim do conto de fadas moderno, mas também o início da vida real.

FIM

— Senhorita, acorde, a biblioteca já está fechando.
— Hm... que?
A voz de uma mulher a me chamar ecoava no fundo da minha mente. Meu pescoço dói de um jeito muito desconfortável em todas as minhas tentativas de movê-lo. Quando finalmente consigo me mexer me dou conta que meus óculos estão tortos, o canto da minha boca escorre um pouco de baba e que as páginas do meu caderno e livro de cálculo estão levemente amassadas, assim como a minha cara estava. Todos esses eram sinais que denunciavam o fato d’eu ter dormido no meio dos meus estudos. A biblioteca ficava do outro lado do campus e bem longe do meu alojamento. Ainda teria que fazer uma boa caminhada até chegar no meu prédio.
Pelo estado que o salão que eu me encontrava estava só podia significar que a voz que estava no fundo da minha mente na verdade era da Mrs. Pearson, a bibliotecária, e que eu novamente havia sido uma das últimas pessoas a ficar no local. Boa parte dos corredores lotados de estantes estavam com as luzes apagadas assim como as salas de estudo espalhadas pelo ambiente.
Mrs. Pearson não estava mais próximo de mim e eu me permiti ficar uns segundos relembrando do sonho esquisito que tive. O final de período realmente estava me massacrando e o fato de ter dormido tão profundamente só denunciava o meu cansaço. Um sonho detalhado desse jeito não era muito do meu feitio ainda mais algo que envolva a realeza, assunto que nunca me chamou atenção. O mais doido era que Louis definitivamente não tinha nada a ver com o que o meu subconsciente inventou para ele no sonho, lá um príncipe e aqui na minha realidade só um dos meninos mais populares do campus. O seu sotaque brilhava no programa de radio da faculdade. Eu e ele nunca cruzamos nossos caminhos de um jeito que justificasse os eventos fantasiosos criados pela minha mente, apenas o suficiente para sabermos quem nós éramos.
Recolhi meus pertences, coloquei o meu casaco e dei boa noite a Mrs. Pearson ao passar por ela durante a saída. A caminhada me custaria uns vinte e cinco minutos e ao descer a escadaria da biblioteca me peguei desejando ter os poderes do Flash. Não demoraria mais do que uns segundos até chegar na minha cama, porém estava presa a ser uma mera mortal. Infelizmente apenas em quadrinhos acidentes dentro de laboratórios davam superpoderes.
— Você quer uma carona?
Olhei com muita cautela de onde vinha a voz e me deparo com os olhos azuis que estavam presentes no meu sonho. Minha mente foi mais rápida que a logica naquele momento e fez com que meus lábios soltassem a seguinte frase: — Aceito.
E foi assim que eu parei dentro do carro de um dos rapazes mais populares do campus todo e que começamos uma amizade que nos levou a um ótimo relacionamento amoroso. De todo modo, aquilo foi um sinal de que mesmo nos meus mais doidos sonhos algo de verdadeiro pode existir e seria uma ótima história para contar aos nossos futuros filhos.






Agora sim, infelizmente, é o fim.



Nota da autora: Oi! Essa nota de autora é muito mais para todas as envolvidas nesse especial e para a indicadora que eu tirei do que para leitores em si (me perdoem!). Mary você é incrível e mega especial. Espero muito que tenha curtido a fic. Ela se passa parcialmente no universo de outras duas fics minhas (04.Bloodline e 04.The Man), mas decidi colocar sob o ponto de vista dos funcionários do hotel e não da dona como as duas anteriores são com esse pequeno plot twist no final. Espero que eu tenha aproveitado bem as suas recomendações para fic e que você se sinta querida com esse resultado.
Agradeço imensamente as meninas da equipe de Indicação. Por todo apoio para a att de hoje e em todos os outros momentos que dividimos. Vocês são um time maravilhoso e me orgulho imensamente de estar entre vocês aqui dentro do FFOBS. Vocês todos os dias me ajudam a realizar o meu sonho de estar dentro da equipe do site. Eu as amo de montão.
Naty, você é um anjo por ter recebido isso mega em cima da hora. Não tenho palavras para te agradecer. <3


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