Finalizada em: 14/09/2021

Capítulo Único

Respirei fundo e olhei para o relógio em meu celular, bufando logo em seguida. Já eram 23h30 e nada de Tyra aparecer ou mandar qualquer mensagem. Se eu não tivesse certeza que ela estava no trabalho, já estaria preocupada com minha amiga.
Antes que eu pudesse xingar sua décima geração mais uma vez naquele ano, uma notificação apareceu com sua mensagem dizendo que estava impossível finalizar aquele ensaio e ela não podia simplesmente deixar lá. Tyra era uma fotógrafa incrível, e eu sabia que fotografar alguém como Olívia Rodrigo de última hora não estava em seus planos para aquele dia, mas não era uma oportunidade a ser perdida. Apenas retornei com um “está tudo bem, te vejo pela manhã” e levantei do bar, indo até o banheiro para verificar minha situação, já estava há mais de uma hora e meia a esperando, minha roupa já estava até mesmo amassada.
Me olhei no espelho e apenas retoquei o batom enquanto pensava se devia ficar ou devia ir embora e esperá-la em casa. Eu nunca fora a melhor na questão de me divertir sozinha, acostumada a estar rodeada de pessoas sempre. Decidi que talvez aquilo fosse algo a mudar com os meus 25 anos que chegavam em alguns minutos e que eu poderia beber, dançar e fazer daquele um ótimo aniversário sozinha.
Saí do banheiro decidida, andando até o bar enquanto desviava das dezenas de pessoas espalhadas em rodinhas de amigos por ali. Voltei para o lado contrário do que eu estava antes e chamei o barman, pedindo por um Cuba-libre. Quase ninguém por ali bebia aquilo por prazer, mas eu sempre gostara muito.
Quando recebi meu copo, me sentei de costas para o bar, a fim de observar o lugar e, quem sabe, me aproximar de alguém com quem pudesse ao menos conversar um pouco, mas quando uma música qualquer de Alok começou a tocar, a pista encheu e quase ninguém parecia querer ficar parado.
Mais umas duas músicas tocaram e tudo pareceu diminuir novamente, assim como líquido em meu copo que eu já havia esvaziado e deixado sobre o balcão. Os grupos estavam grudados novamente em papos animados e eu estava começando a me irritar de não ter coragem de encontrar alguém e puxar qualquer conversa. Olhei meu celular novamente na esperança de Tyra aparecer com algo tipo “ufa, de última hora, consegui, cadê você?”, mas nada. E eu oficialmente dava início ao final de meu primeiro quarto de vida, já era 00h20. Cantei um parabéns em minha cabeça, rindo sozinha.
- Parabéns, ! – ouvi uma voz masculina ao meu lado e me virei rapidamente, buscando por um rosto conhecido.
- Hm, oi? – falei, incerta, sorrindo para o garoto que falava comigo enquanto estava encostado na cadeira ao lado de forma despreocupada. Ele parecia ser novo, por volta dos 20 anos, e estava vestido com uma camisa quase social rosa, uma bermuda preta e All-Star também preto.
- Você está muito bonita essa noite, não te conheço de outras para dizer, mas está espetacular nessa. – brincou, levantando a mão em um sinal de joia, me fazendo gargalhar, envergonhada.
- Então não estou louca, realmente não nos conhecemos, não? – perguntei.
- Nos conhecemos. – ele deu de ombros e eu me senti estreitar meus olhos, tentando recordar. – Agora nos conhecemos há um minuto, acho que já vale de algo, sim? – brincou.
- Ah, com certeza. Mas como você sabe meu nome, por favor? – sorri, curiosa. O vi apontar para minha blusa e neguei sozinha com a cabeça ao me recordar da etiqueta recebida na porta do bar:
“Birthday Girl,
Happy Birthday,

- Ah, eu não acredito que esqueci de tirar isso. – falei, negando com a cabeça e colocando minha mão no lugar para fazê-lo, mas o garoto deu um tapa nessa, atrevido.
- As pessoas têm que saber que é seu aniversário, não ouse. Se não fosse, eu poderia não estar aqui, te preparando para a melhor noite da sua vida. Você está sozinha? – ele perguntou, presunçoso.
- Me desculpe, mas você não acha que está com a bola um pouco inflada demais? – retruquei, vendo-o negar.
- Só estou querendo fazer companhia no aniversário de uma linda garota solitária nesse lugar. E juro que não estou dando em cima de você, você quem levou minha frase para esse lado. – ele ergueu os braços como se estivesse se rendendo e me fez corar no mesmo momento. – Estou aqui como representante de um grupo, quero te chamar para ficar com a gente. – ele apontou para uma mesa cheia de garotos e garotas que, assim que o viram apontar para lá, começaram a gritar, comemorar e me chamar com gestos com as mãos para que fôssemos até lá. Eu franzi minha testa no mesmo momento, sem entender qualquer coisa que estivesse acontecendo ali.
- Meu Deus, vocês são loucos? – eu ri, pegando minha bolsa e pendurando-a no ombro.
- Um pouco, mas acredito que te ganhamos, não? – eu assenti rapidamente, mal não faria, não é? Fazia tempo que não fazia novas amizades, aquele era um ótimo momento.
- Há 20 minutos eu prometia a mim mesma que ia me misturar e me divertir sozinha, aparentemente o deus dos aniversários quis me dar uma ajuda. – me levantei, aceitando sua mão.
- Sozinha não vai, mas vai se misturar, com certeza. – ele sorriu. – À propósito, o deus dos aniversários se chama .
- É sério? Eu falei brincando, não sabia que existia. – eu comecei a rir, pensando como ele sabia algo tão aleatório. Ele tentou segurar uma gargalhada e parou em minha frente, levando seus lábios até minha mão para um beijo rápido.
- Foi uma piada, sou . – eu rolei os olhos, mas não pude evitar rir de minha própria lerdeza. Era uma ótima piada. Ele me puxou pelos últimos passos até a mesa de seus amigos e me girou quando estávamos em frente a eles em meio a gritos e aplausos. – Aqui está nossa aniversariante ! – ele gritou, recebendo mais gritos em retorno, me fazendo gargalhar.
- Vocês estão acostumados a encontrar pessoas sozinhas e integrar aos rolês? – perguntei, cumprimentando a todos com um aceno e vendo se espremer no banco comprido em que estavam sentados, me chamando para sentar ao lado dele.
- A última vez que fizeram isso deu muito certo, confesso. – a garota em minha frente falou, estendendo a mão para que eu apertasse. – Sou Kiara, fui enturmada ao grupo em uma das festas da faculdade, fui de nerd à festeira em quatro horas. – ela gargalhou e vários em volta riram, provavelmente se lembrando do dia.
- Acho que Kiara foi nosso piloto, mas aniversariante é a primeira vez, parabéns. – um garoto loiro falou, na ponta contrária a que Kiara se encontrava. – Sou Dave.
- E vocês se conhecem todos da faculdade? – perguntei após agradecer e ver alguns outros começarem conversas paralelas.
- Sim, somos todos de cursos de biológicas e fomos esbarrando um no outro por aí e deu no que deu. – Dave respondeu, dando de ombros.
- Eu guardo alguns bons amigos da faculdade também. – comentei, pensando em Tyra como exemplo. – Moro com uma delas até hoje e foi ela que me deixou sozinha. – fiz bico, brincando.

Ficamos um bom tempo ali, conversando. Alguns saíam para dançar e voltavam, alguns iam beber, outros para o lado de fora para fumar, e eu, , Kiara e Dave conversávamos sobre tudo um pouco, já sentia que éramos amigos há anos, pois sabia tudo sobre eles e eles sobre mim.
- Eu acho que já falamos demais e a senhorita bebeu de menos. Posso te pagar uma bebida? – sussurrou para mim, me fazendo sorrir. Eu assenti, me levantando para que ele fizesse o mesmo. Ele apoiou sua mão na base de minhas costas e nos guiou até o bar, onde havia me buscado anteriormente.
- Estou muito feliz que você me salvou. Muito obrigada, de verdade. – falei, agradecida. Me sentei em um dos bancos, enquanto ele ficou de frente para mim, em pé.
- E eu estou feliz em ter te salvado. – ele sorriu e eu não pude evitar fazer o mesmo, pois seu sorriso era aquele que derreteria qualquer um. Sua mão tocou delicadamente minha perna e eu coloquei a minha sobre a dele, deixando um carinho ali. Ele logo se inclinou um pouco sobre meu corpo para alcançar o balcão, puxando nossas bebidas e me fazendo sentir seu perfume maravilhoso. – Quantos anos está fazendo, birthday girl?
- 25 anos, mas sei que pareço ter 18. – brinquei, balançando meus cabelos e mostrando a língua.
- Hm, 18 eu não diria, mas ao menos 20, talvez. – riu. – Não achei que fosse mais velha que isso, sem brincadeira.
- Acredito que isso seja bom, não? – questionei, dando um gole em minha bebida.
- É um elogio, acredito. – brincou. – Mas notei que não tinha isso quando falou sobre a faculdade, como se já tivesse terminado, o que de fato terminou, com certeza. – eu assenti.
- E você e os demais? – perguntei, curiosa.
- Todos por volta de 20 e 23, eu tenho 22. – sorriu mais uma vez, me fazendo sentir um leve arrepio.
- E está acabando a faculdade? – ele concordou.
- Só mais um ano e estou livre. E você? O que faz? Na verdade, não responde. – ele me cortou antes mesmo que eu pudesse. – Essa conversa está parecendo uma conversa de aplicativo de namoro, completamente sem graça. Estou interessado em você, mas é seu aniversário, vamos aproveitar e depois te pergunto tudo isso por mensagem ou em um primeiro encontro. – ele se aproximou de mim, deixando um beijo rápido em meu rosto e fazendo sentir minhas bochechas arderem.
- E quem disse que eu estou interessada nisso? – perguntei, arqueando uma sobrancelha. Ele riu de forma nasalada e negou com a cabeça. Suas mãos foram apoiadas em minhas pernas e ele aproximou seu rosto do meu, sussurrando em meu ouvido.
- Não é como se você tivesse fugido de qualquer conversa ou contato físico até agora, não? Os sinais do seu corpo estão bem claros, principalmente seus olhos. – ele se afastou um pouco, encarando meus olhos de perto. Eu senti que corava ainda mais depois daquele momento e rapidamente desviei meu olhar para baixo, fazendo-o rir. – Vamos dançar. – ele falou, me entregando minha bebida novamente e pegando a sua, enquanto me puxava pela pista pela mão livre.

Pela próxima uma hora e meia, nós nos revezamos entre a mesa com seus amigos, a pista e o bar. Meus pés já estavam cansados, e meu corpo implorava por minha cama quando vi uma mensagem de Tyra em meu celular, dizendo que havia saído para beber com a equipe ao final da sessão, mas estava indo embora, se eu quisesse, poderia me pegar para irmos juntas para casa. Aceitei e recebi sua mensagem de que estaria ali em 15 minutos.
- Vou embora em 15 minutos. – sussurrei para quando estávamos sentados e ele conversava animadamente com uma garota chamada Pryia.
- Não acredito. – ele reclamou, fazendo bico.
- Estou cansada, está tarde. – sorri de lado, encostando minha cabeça em seu ombro e sentindo-o fazer um carinho rápido em meus cabelos.
- Uma última dança? – ele falou após trocar um olhar com alguns amigos da mesa. Eu concordei, já me levantando e puxando-o junto a mim.
se aproximou de meu corpo, dançando de uma forma mais próxima, com uma de suas mãos em minha cintura. Nos balançávamos no ritmo da música enquanto olhávamos as demais pessoas em volta, rindo de algumas delas. Ouvi uma grande aproximação de pessoas e olhei para trás, vendo que todo seu grupo se aproximava de nós na pista, com Dave tomando a frente.
- Hora de passar vergonha, birthday girl. – falou, rindo e se afastando para se juntar ao grupo.
- Happy Birthday to you... – eles começaram a cantar, chamando atenção de toda e qualquer pessoa naquele lugar, me fazendo querer sumir dali. Comecei a rir descontroladamente pela vergonha que sentia. – Happy Birthday to you... Happy Birthday to , happy birthday to you.. – encerraram, se aproximando para um abraço em grupo que me fez sentir querida por um grande grupo de desconhecidos.
- Vocês são incríveis, eu estou completamente feliz de ter os conhecido aqui. – agradeci quando eles se afastaram, curvando meu corpo em sua direção como se os reverenciasse.
- Estamos felizes em te ter em nosso grupo, pode ser por mais de uma noite, se quiser. – Dave falou, piscando para mim. – Acredito que vai pegar seu número, de qualquer forma... – ele deu um olhar malicioso para o amigo, que parecia corar, o que me deixou feliz por não ser a única. – Então depois ele repassa e podemos marcar algo. – ele sorriu e se afastou junto aos demais com vários acenos e novos cumprimentos de parabéns ou tchau.
- Hum, mas será que vai mesmo pegar meu número? – falei enquanto dava alguns poucos passos junto a ele até a saída, de braços entrelaçados, pois ele me acompanharia até Tyra chegar.
- Hum, provavelmente te procuraria até se você deixasse apenas um sapato como a Cinderella. – ele riu, mordendo o lábio em seguida como se estivesse nervoso. – Posso ter essa honra? – perguntou, puxando o aparelho do bolso e me entregando assim que paramos do lado de fora. Peguei seu celular e digitei meu número, logo abrindo-o e mandando uma mensagem rápida para que eu pudesse salvar o dele, o que o fez sorrir abertamente. – Está com medo de eu não te mandar mensagem e está se certificando que pode me xingar por isso?
- Você está se achando demais, lindinho. – ironizei, mostrando a língua. – Minha carona chegou. – apontei para o carro vermelho de Tyra, que encostava a alguns passos dali. Encarei os olhos de e ele fez o mesmo. Parecia que estávamos hipnotizados por alguns segundos, mas logo eu ri, vendo-o chacoalhar a cabeça, como se afastasse um pensamento. – Obrigada pela noite, . – agradeci, sendo puxada para um abraço.
- Nós quem agradecemos sua presença em nossa noite. – brincou. – Nos falamos depois? – ele perguntou, mordendo o lábio novamente. Tyra buzinou e eu apenas a mostrei um dedo do meio, fazendo rir.
- Com certeza. – concordei, feliz. – Até, então. – me despedi e ele me acompanhou até o carro, abrindo a porta para mim.
- Hum... ? – antes que eu entrasse no carro, ele se aproximou e me deu um selinho rápido, todo desajeitado.
- Perdeu toda aquela confiança que teve durante a noite toda? – brinquei, rindo.
- Me avise quando chegar, tudo bem? – ele falou, coçando o próprio cabelo, nervoso. Eu assenti. – Bom, até mais. E, ei, prazer em te conhecer. – ele acenou para minha amiga, que nos encarava, perdida.
fechou a porta e se afastou aos poucos, acenando para nós enquanto Tyra saía dali e começava uma bateria de perguntas que eu não me importava nem um pouco de responder com alegria.
- Bom, acho que feliz aniversário, não? – ela brincou enquanto eu via ficar pequenininho pelo retrovisor quando nos afastamos de vez na rua.




Fim.



Nota da autora: Acho que esse é o menor ficstape que já escrevi hahaha Para quem me acompanha, sabe que meus ficstapes são sempre longos e batem no limite de páginas, mas eu gosto muito de acompanhar a música toda e aqui não tinha muito o que fazer, né? Mas eu amei TANTO a forma que eles se conheceram e essa curtinha interação, juro! Espero que vocês tenham gostado também, me contem, por favorrr 💙

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