Prólogo
- , de verdade, eu acho que já chega. – ela respirou fundo, se sentando na cadeira ao lado da cadeirinha do filho, que esperava o copo de suco roxo que estava nas mãos da mais velha.
- Já chega o que, ? – ele perguntou, arqueando as sobrancelhas.
- Eu estou cansada demais, , não dá para gente continuar brigando desse jeito. Eu não quero perder todo carinho e respeito que sempre tive por você por conta de todas as crises que estamos tendo. Nós não dependemos um do outro, nós nos damos melhor separados atualmente, não acha? – o homem arregalou os olhos, sentando-se de frente para namorada.
- , não, não fala isso. – choramingou, trocando o olhar do filho para ela constantemente. – Eu nunca vou achar que ficamos melhor separados, como fica o Ollie? Não me fala uma coisa dessas, por favor.
- , meu amor, sempre vamos ter um ao outro, a gente só não dá certo dessa forma. Você deveria seguir seus sonhos e eu os meus, não acha? Nós assumimos toda essa responsabilidade muito cedo, acho que se tivéssemos ouvido nossos pais, as coisas estariam mais fáceis. Está tudo bem, nós achamos que daríamos conta, mas não é assim, sempre vamos ver um no outro o fracasso de um sonho, e não acho isso justo. Eu amo você, mas não acho que seja possível que a gente dê certo. – ela suspirou, colocando mais uma colher de comida na boca do pequeno.
- ...
- , terminamos de conversar depois que o Ollie dormir, tudo bem? – o homem assentiu à contragosto.
- Já chega o que, ? – ele perguntou, arqueando as sobrancelhas.
- Eu estou cansada demais, , não dá para gente continuar brigando desse jeito. Eu não quero perder todo carinho e respeito que sempre tive por você por conta de todas as crises que estamos tendo. Nós não dependemos um do outro, nós nos damos melhor separados atualmente, não acha? – o homem arregalou os olhos, sentando-se de frente para namorada.
- , não, não fala isso. – choramingou, trocando o olhar do filho para ela constantemente. – Eu nunca vou achar que ficamos melhor separados, como fica o Ollie? Não me fala uma coisa dessas, por favor.
- , meu amor, sempre vamos ter um ao outro, a gente só não dá certo dessa forma. Você deveria seguir seus sonhos e eu os meus, não acha? Nós assumimos toda essa responsabilidade muito cedo, acho que se tivéssemos ouvido nossos pais, as coisas estariam mais fáceis. Está tudo bem, nós achamos que daríamos conta, mas não é assim, sempre vamos ver um no outro o fracasso de um sonho, e não acho isso justo. Eu amo você, mas não acho que seja possível que a gente dê certo. – ela suspirou, colocando mais uma colher de comida na boca do pequeno.
- ...
- , terminamos de conversar depois que o Ollie dormir, tudo bem? – o homem assentiu à contragosto.
Capítulo Único
- Eu preciso ir, preciso arrumar as coisas do Ollie. – a mulher falou para amiga, levantando-se da mesa e deixando o copo com o conteúdo terminado na pia.
- Hoje o volta, não é? – Kim perguntou, se levantando para acompanhar a amiga até a porta. assentiu.
- Finalmente, Ollie está morto de saudades dele, não para de falar nisso.
- Ainda acho muito triste que vocês não tenham ficado juntos, , mas também não acho que daria certo nunca, desde a escola vocês eram extremamente diferentes.
- Pois é. – a mulher sorriu de lado, tentando ignorar o comentário da amiga, iguais a todos que ela já ouvira anteriormente. – Muito obrigada pela tarde. – beijou a bochecha de Kim e deu um abraço rápido nela, logo abrindo a porta e seguindo para fora.
⬜ ⬜ ⬜
- Oliver, pelo amor de Deus, colabora comigo. Vou te passar para o seu pai de uma vez, não é possível que você consiga fazer tanta bagunça. – respirou fundo, se abaixando para pegar os brinquedos do chão da sala pela milésima vez. – Você já escolheu o que vai levar, filho? – viu o garoto assentir, mostrando a mochila cheia de bonecos, carrinhos e seu tablet.
- O papai já tá vindo? – ele perguntou, se sentando no sofá, ansioso.
- Está sim, ele deve estar chegando, meu amor. – ela se ajoelhou na frente do filho, passando a mão em seus cabelos para reorganizá-los.
- Faz tempo que eu não vejo o papai, né? – perguntou novamente, sorrindo em seguida.
- Faz um tempinho, a última vez foi uns quatro meses atrás. Mas, vou te contar um segredo... Ele não vai mais para longe. – piscou para Ollie, vendo o garoto franzir a testa. – Ele te conta melhor depois. Ou agora. – adicionou, ao ouvir a campainha da casa tocar.
andou até a porta antes que o filho corresse, não gostava que o pequeno abrisse, por mais que fosse o pai. Já havia o avisado diversas vezes, mas colocar algo simples assim na cabeça de Oliver ainda parecia impossível. Girou a chave e abriu a porta, vendo a criança passar por ela como um raio.
- Papai! – gritou, se jogando nos braços do homem que o esperava abaixo dos dois degraus da escada de entrada e o pegara no colo com grande agilidade. Não era como se esperasse menos que uma gritaria de um filho cheio de saudades.
- E aí, garoto! – apertou o filho um pouco mais do que gostaria poder dizer. – Eu estava morrendo de saudades de você. – afastou o pequeno do próprio corpo, ainda segurando-o no alto, encarando seu rosto. – Você está lindo, não é possível que tenha ficado ainda mais nesse tempo. Você cresceu, sem dúvidas.
- Eu não cresci, pai. – o pequeno riu. – Mas lindo eu sou mesmo, a mamãe me fala isso todo dia.
- Ah, eu tenho certeza que ela fala. – riu, encarando a mulher que os observava da porta, mas agora descia os degraus na direção dos dois.
- Pai, ela me disse que você não vai mais embora, é verdade? – Ollie perguntou com seus olhos brilhando em curiosidade. trocou um rápido olhar com , rindo.
- A sua mãe é uma bela linguaruda, Oliver. Mas é verdade. – confirmou, abraçando o filho novamente antes de colocá-lo no chão. – Depois o papai te conta tudo. – piscou para ele e virou-se para mulher ao lado, envolvendo-a em um abraço apertado. – Tudo bem, ? – perguntou, afastando-se da mulher e vendo-a concordar com um aceno de cabeça.
- E você? Parabéns por ter se formado, , você é demais. – colocou a mão sobre o ombro dele, o vendo sorrir de orelha a orelha.
- Estou ótimo. Eu estou tão feliz de ter voltado, você não faz ideia. Eu acho que se eu passasse mais seis meses dessa forma, ficando longe do Ollie, principalmente, eu ia surtar. – ele pegou a mão do filho e o puxou para dentro da casa, seguindo , que já havia entrado enquanto o ouvia falar.
- E ele surtaria mais ainda sem você, de verdade, , ele não dormiu essa noite. – ela continuou a pegar os brinquedos ainda espalhados no hall de entrada, levando-os para sala enquanto caminhava até lá. se abaixou para ajudá-la, guardando alguns livros infantis na estante.
- Eu dormi sim. – o pequeno reclamou, bufando.
- Dormiu. Mas foi me jogando para fora da cama, né?
- Que coisa feia, Ollie. – riu, se jogando no sofá e sentindo o filho pular em cima de seu corpo.
- Eu tava feliz. – riu, sapeca, dando de ombros. – A gente vai para casa da vovó? – perguntou, esticando o pequeno corpo por cima do pai, se dobrando ao receber cócegas do mais velho.
- Vamos sim, ela disse que está com saudades.
- Mas ela me viu ontem. – o garoto semicerrou os olhos, provavelmente tentando se lembrar se realmente fora no dia anterior.
- E por isso ela não pode ter saudades? – perguntou.
- Ela pode, eu tenho também. – o pequeno riu, confessando. – Ela faz uma torta gostosa de chocolate.
- Ela já deve estar com uma pronta para você, pode ter certeza. – piscou para o filho, que passou a língua nos lábios, fazendo “hmmmm”.
- Do jeito que é babona, eu tenho certeza. – concordou, sentando-se no outro sofá.
- E você? Alguma novidade? – perguntou, fitando .
- Ollie está evoluindo muito na escrita, a letra dele está bem redondinha agora. – sorriu, vendo o filho balançar a cabeça, feliz.
- Me referi a você, alguma novidade que não envolva essa criança incrível e folgada? – ele cutucou Oliver, que para escapar, saiu de seu colo e correu escadas acima, rindo.
- Ah. – ela riu. – Desculpe, você sabe que basicamente tudo gira em torno do Ollie para mim. – ele concordou, sorrindo.
- Mas agora vamos dividir isso muito bem, então se prepare para desapegar um pouco, minha vez de grudar nele.
- Você não venha roubar meu filho, . – a mulher riu.
- Vamos lembrar que você não fez ele sozinha, egoísta.
- ! – ela o repreendeu e os dois gargalharam. O homem se levantou, vendo o filho descendo as escadas novamente.
- Não quer nos acompanhar até minha mãe para jantar? – perguntou, pegando a mochila do pequeno e colocando em suas costas.
- Preciso terminar alguns projetos. – ela torceu o nariz. – Estou com preguiça, mas preciso. – ele assentiu, rindo.
- E como estão as coisas no trabalho?
- Boas como sempre, não tenho do que reclamar. – adorava seu trabalho como Design de Interiores, curso no qual ela havia se formado à distância, e trabalhava basicamente a todo momento de casa, visitando o escritório ou os locais para qual tinha projetado algumas vezes apenas.
- Vou ficar na casa da minha mãe apenas até encontrar algum lugar, quando eu encontrar, vou precisar de você. – ele sorriu, se abaixando para beijar a bochecha da mulher, que estava sentada. – Se você puder, claro.
- Será trabalhoso decidir qualquer coisa com seu péssimo gosto, mas eu aceito o desafio. – brincou, recebendo um dedo do meio como resposta.
- Tchau, meu amor. Qualquer coisa, peça para o papai me ligar, tudo bem? – o pequeno assentiu, abraçando a mãe com força e logo correndo para porta, onde o esperava.
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- Mãe, pai, oi. – falou, entrando na casa dos pais, que lhe deram um abraço rápido.
- Ué, cadê meu pequeno? – sr. falou, procurando pelo neto enquanto a esposa fechava a porta.
- Está com o , pai, ele o buscou hoje mais cedo, estou abandonada. – a mulher fez bico, recebendo um segundo abraço do pai, dessa vez mais apertado.
- O voltou? – sra. perguntou, rolando os olhos e fazendo com que e o pai bufassem.
- Sim, mãe, ele está de volta, finalmente. Ollie não aguentava mais sentir saudades de , estou feliz que ele está por aqui.
- Meu bem... – sr. interveio logo no começo da discussão, tentando evitar que a esposa tirasse do sério como em tantas vezes.
Claro, com a mudança de para estudar distante durante os últimos quatro anos, as brigas entre as duas haviam diminuído. Não poderiam considerar nulas, pois, por diversas vezes, as mulheres ainda acabavam caindo naquele assunto e tudo era virado de ponta cabeça.
A mãe de nunca havia aceitado o relacionamento da filha com , pois desde o princípio, dizia ela, que estava fadado ao fracasso. Quando os dois se separaram, aos 21 anos, a mulher foi a primeira a apontar o dedo e reafirmar o que havia dito tantas vezes. Já o sr. , adorava o rapaz e sempre tentou ajudá-los de todas as formas possíveis, principalmente, segurando a língua da esposa para que não se metesse entre os dois.
- Bom, pelo menos ele voltou e visitou o filho, não? – cutucou, pegando a panela do fogão e colocando-a em cima da mesa, onde e o pai já estavam sentados. A mais nova respirou fundo, tentando controlar-se.
- Mãe, você realmente vai voltar a fazer um inferno na minha vida? Eu mal entrei aqui, mal voltou, me dê um tempo. – calmamente tomou um gole do copo que o pai acabara de servir para ela. - E você repense um milhão de vezes antes de falar qualquer coisa nesse tom sobre ele, pois se tem algo incrível em , é o quanto ele ama Ollie e sempre se preocupou com o filho. Se você não é próxima o suficiente de seu neto para realmente saber disso, não abra sua boca.
Após a explosão de com a mãe, a família conseguiu jantar, mesmo que sempre forçando para assuntos banais que fugissem de quaisquer tópicos que pudessem trazer farpas. Bom, era sempre um pouco difícil fugir, já que os tópicos incômodos para sra. eram toda a vida da filha, incluindo amigos, trabalho, e até mesmo Oliver.
Mais uma vez, no final de uma noite que deveria ser agradável, ela saíra da casa com o pai lhe pedindo desculpas pela milésima vez. apenas sorriu, abraçando-o.
- Não é como se fosse sua culpa, papai. – o viu assentir, sorrindo de volta para ela.
- Fale para me visitar, vou adorar vê-lo, fale que precisamos ver um jogo juntos.
- Pode deixar, quando ele levar Ollie, o aviso.
- Você e ele estão bem? – perguntou, curioso, vendo a filha o encarar com a testa franzida.
- Sempre estivemos, pai, juro. Nos respeitamos e amamos Ollie, nunca tivemos motivos para ficarmos brigados.
- Eu sei, só... Não sei, eu entendo que vocês tiveram de se separar, mas nunca vou entender.
- Só não deu certo, pai. Como a mamãe faz questão de dizer e repetir há quase 10 anos, nunca poderia dar certo.
sabia que, com de volta, teria de responder mil vezes sobre aquele assunto. Não apenas aquelas perguntas, mas as mais variadas delas também, como por que eles ficaram juntos, à princípio. Abraçou o pai mais uma vez e virou-se, andando até o carro.
Os dois haviam se conhecido no colegial, quando se mudara para a cidade. Ela e eram da mesma turma, e aproximou-se do grupo de amigas da namorada do amigo de . Os dois uniam os dois grupos, então logo e foram apresentados, tornando-se amigos. Ela com certeza lembrava-se do dia em que se conheceram. Não falava muito ainda com todos, mas tentou puxar conversa com ela, fazendo-a rir. Mas não, não fora amor à primeira vista ou primeira conversa, o que seja.
Já na primeira conversa, os dois perceberam que tinham menos em comum do que poderiam esperar. Suas famílias eram diferentes, seus costumes, seus gostos, seus sonhos. Claro, isso nunca impediria qualquer amizade, então o que importava era o quanto se divertiram conhecendo um ao outro.
Durante dois anos do colegial, e continuaram encontrando-se na escola, nas poucas festas em que a garota ia, já que não curtia muito o ambiente, e até mesmo em alguns trabalhos na sala de aula. Sempre estiveram próximos e apreciavam muito a amizade um do outro, mas era apenas aquilo, quando se encontravam, riam e conversavam, o que era suficiente para ambos.
No último ano do colegial, mais precisamente no baile de boas-vindas, e sobraram entre os amigos e o garoto a convidou para dançar. Naquele momento em que nem um, nem o outro, tinham ideia do que estavam fazendo com os pés e braços, sorriu para garota, percebendo o quanto ambos se divertiam na presença um do outro. Ele a convidou para sair do baile e comerem alguma coisa em qualquer fast food que parassem, e a noite terminou com um beijo na porta da casa da garota.
Nunca houve um pedido de namoro, mas e ficaram juntos desde então. Após quase três anos juntos, Ollie veio, surpreendendo a todos, já que descobriu sua gravidez aos sete meses. Isso não foi uma crise para o casal, porém, na mesma época, seus sonhos começavam a distanciá-los, com tentando guardar sua maior vontade na gaveta para seguir uma família com , e a mulher se recusando a viver naquela situação. Foi quando terminaram, depois de diversas brigas que desgastaram a parceria e amizade entre os dois.
Durante os últimos anos, havia seguido sua vontade de estudar na Espanha, mas sempre estivera presente na vida de Ollie, se desdobrando e fazendo o possível e impossível para estar com o filho. adorava isso, sempre o vendo como o melhor pai do mundo. Após um ano muito bem afastados pelas brigas de final de relacionamento, conseguiram sentar e resolver seus problemas, iniciando uma amizade que se mantivera sólida, afinal, sabiam que sempre estariam presentes um na vida do outro, era o mínimo que poderiam fazer. Não havia dado certo, mas ainda podiam estar ali um pelo outro, o que agradava aos dois.
A mulher apenas não sabia se estava realmente preparada para ouvir tudo novamente, pois se tinha algo chato, eram as pessoas tentando falar de sua vida, a droga de morar em uma cidade pequena.
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- Ei! – cumprimentou, abrindo a porta e sentindo as pernas serem abraçadas pelo filho. – Deixa eu ver se não tá faltando nem um fio de cabelo... – ela passou as mãos pelos cabelos do filho como se realmente estivesse contando, fazendo rolar os olhos. – Como foi? – perguntou, encostando-se no batente da porta enquanto Ollie corria para dentro de casa para tirar a pequena mochila que tinha nas costas.
- Ótimo, como eu estava com saudades. – o homem suspirou, fitando o pequeno que andava de um lado para o outro na sala.
- E ele de você. – sorriu para , vendo-o fazer o mesmo. – Se tem algo bom que saiu disso. – ela apontou para os dois. – Foi essa coisinha aí.
- Só isso? Jura? Você me odeia tanto assim? – falou, magoado, rindo logo em seguida. – Ah, lembrei de algo. É bem provável que sim, mas você falou com alguém da escola recentemente?
- Ah! Ia te perguntar o mesmo. A cápsula do tempo, né? – ele assentiu. – Você vai?
- Com certeza. Podemos ir juntos. – ele deu de ombros e a mulher assentiu, concordando. – Depois combinamos então.
- , fui visitar meus pais na sexta... – antes que ela pudesse continuar, a interrompeu.
- E como está minha ex-sogra que tanto amo? – ele revirou os olhos, fazendo rir.
- Já enchendo minha cabeça, sem dúvidas.
- Eu juro, já são anos e mais anos, e eu ainda não entendo o que fiz para ela, não é possível. – riu.
- Nunca vamos entender, , por isso eu só ignoro. E grito com ela, mas isso não vem ao caso. – a garota riu da expressão confusa dele. – O que ia falar é que ela continua um saco, mas meu pai disse que você precisa visitá-lo.
- E eu vou! É só me falar um momento em que ela não esteja lá. – piscou, fazendo-a rir novamente.
- Eu marco para vocês. – concordou. – Ollie, vem se despedir do seu pai. – o garoto correu até a porta, abraçando .
- Até logo, filho. – acenou após se distanciar, vendo-o ficar abraçado com as pernas da mãe. – Tchau, , depois combinamos para o dia de ir na escola. – a mulher assentiu e acenou para ele.
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- E aí. – entrou no bar, recebendo diversos “oi” animados dos antigos amigos de escola.
- E aí, cara! Você fez falta nesse tempo, hein? Tá bonitão. – Carlos brincou, dando tapinhas nas costas do amigo.
- Vocês que fizeram falta lá na Espanha, eu devia ter feito vocês irem comigo. – falou, sentando-se entre Carlos e Alex.
- Se eu fosse, quem seria a figura masculina para o Ollie? – Carlos brincou.
- Como se ele precisasse disse, Carlos. – riu.
- Eu sei que não. Como está meu afilhado? – Carlos riu, não via o garoto há alguns dias devido a uma viagem recente que fizera a trabalho.
- Muito bem. Como senti falta daquela criança, vocês não têm ideia. – sorriu. - Mas agora vamos aos trabalhos. – levantou a mão, chamando pelo garçom e ouvindo comemorações dos amigos.
- Vocês só querem falar do meu tempo na Espanha, do que eu fiz, do que vou fazer aqui... Eu quero saber de vocês! Como sobreviveram esses anos sem a minha presença constante nas noites de quarta-feira? – perguntou, vendo Carlos, Alex e Trent rolarem os olhos.
- Inacreditável como o cara nunca deixa de ser prepotente. – Trent brincou. – Estavam ótimas sem você, pode ficar tranquilo! – mostrou o dedo do meio para o amigo, tomando mais um gole de sua cerveja. – Quando você foi para Espanha, eu já estava terminando a faculdade de administração, estou trabalhando em um escritório e estou muito bem por lá, assumi um bom cargo. – deu de ombros.
- Eu estou trabalhando em uma construtora na cidade vizinha, estou muito bem também. Estou prestes a sair da casa dos meus pais para morar sozinho. – Alex respondeu.
- Caralho, ainda? – riu, vendo o amigo rolar os olhos.
- E você não está com seus pais, não é? – retrucou.
- Estive na Espanha por quatro anos e já tinha saído da casa de meus pais. – piscou para ele, zombando e vendo-o concordar com uma risada, touché.
- Mas agora vai, juro. – Alex afirmou, vendo todos discordarem e então apenas lhes mostrou o dedo do meio.
- Não é como se você não falasse comigo. – Carlos começou. – Mas estou bem, obrigado, cansado para caralho dessa última viagem por trabalhar com artistas estrelinhas. – reclamou, referindo-se ao seu trabalho em uma produtora. Era um trabalho incrível e Carlos amava o que fazia, mas nada mais difícil que produzir as coisas para quem não colaborava.
- Tudo bem, Carlos, sabemos que você tem um ótimo trabalho, mas agora você tem que contar para o quem você está enrolando, porque isso você com certeza não contou. – Trent gargalhou, vendo o amigo enrubescer.
- Opa, você tá com alguém e não em contou, que porra de melhor amigo você é? – perguntou em tom de voz alta, curioso.
- Você lembra da Kim? – Carlos falou brincando, e vendo o amigo arregalar os olhos, surpreso.
- Não, não me recordo muito bem da melhor amiga da , madrinha do meu filho. Que caralho, Carlos! – gargalhou, completamente surpreso. – Como isso aconteceu? E como ficou a Melissa nisso? – perguntou, referindo-se à ex do rapaz, que era amiga de Kim e .
- Foi no aniversário do Ollie nesse ano. – Carlos levou a mão até a nuca, ansioso. – Eu não sei o que aconteceu, juro, foi como se do nada trocássemos um olhar e “hm, acho que a gente devia ficar”, e só aconteceu. – riu. – A Melissa foi embora no ano passado, brigada com todos, ninguém entendeu. – deu de ombros, vendo os outros homens concordarem.
- Eu nunca esperaria isso, de verdade. E eu e a nem tivemos dedo nisso, o que é a melhor parte. – riu. – Mas como vocês estão?
- Como eu disse, ele está enrolando-a, logo ela desiste. – Trent reforçou.
- Eu não estou enrolando-a, eu vou a pedir em namoro, eu só não achei que fosse necessário atualmente. – reclamou, rolando os olhos.
- Com a Kim é. – falou, vendo os amigos concordarem. – Ela é toda fofa, Carlos, não é porque você é chato e bruto para caralho, se fingindo de dono do mundo, que todos tem que saber o que você quer sem que você fale. – brincou, recebendo uma careta de Carlos como resposta, irritado. – Agora alguém me fala como vocês não estão enchendo a cabeça dele do quão nada a ver esses dois são? Porra, quando eu apenas fiquei com a pela primeira vez, vocês me crucificaram. – falou, lembrando-se e bufando.
- Os opostos se atraem, , querido. – Alex falou, apoiando sua mão no ombro do amigo. – Você e a não eram nem opostos, vocês eram apenas... Estranhos. – riu.
- Sou obrigado a concordar. – Trent riu também, vendo Carlos discordar.
- Nunca vou entender. – deu de ombros. – Mas ainda bem que a opinião de vocês nunca valeu nada, não é? – gargalhou. – Agora tenho o Ollie e isso que importa.
- E vocês? – Alex perguntou.
- Vocês quem? – questionou, sem entender.
- Você e a , caralho. – Trent riu.
- Ah! Estamos bem. Vocês sabem, apesar de falarem merda, sabem que sempre nos demos muito bem, não é porque nos separamos que isso mudou. – deu de ombros. – Temos um laço para vida inteira, e sendo bem sincero, agradeço a Deus por esse laço ser com ela, porque ela é incrível. – sorriu, sincero.
- Vocês nunca conversaram sobre ficarem juntos novamente? – Carlos perguntou, virando o restante de seu copo de whisky.
- Não acho que teríamos por que falar disso, Carlos. – respondeu, rindo.
- Ah, não sei, não é um assunto comum entre ex? – Alex perguntou, sendo irônico.
- Acho que temos assunto suficiente com um filho. – riu, vendo Carlos sorrir e dar de ombros.
⬜ ⬜ ⬜
- Quem está preparado para ficar um pouquinho com a vovó hoje? – perguntou ao ver o filho entrar no carro, animado.
- Você não vai ficar comigo? – Ollie questionou, fazendo bico, enquanto a mãe o prendia na cadeirinha.
- A mamãe e o papai precisam ir em um lugar primeiro, depois eu volto para casa e fico com você. – o encarou, dando uma piscadinha que animou o garoto novamente. – Oi, . – sorriu, beijando a bochecha da mulher que entrara no banco do passageiro ao seu lado.
- Você e a mamãe vão passear e não vão me levar? – perguntou, sério, fazendo os adultos rirem. ligou o carro enquanto se virava para o banco de trás para dar atenção ao filho.
- Nós precisamos encontrar alguns amigos em um lugar de adultos, mas a vovó vai cuidar de você e tenho certeza que ela já preparou bastante coisa para vocês fazerem juntos. – o pequeno assentiu, encarando o lado de fora através da janela. – Inclusive, obrigada, . – falou, virando-se novamente para frente. – Sua mãe é demais.
- Você mais do que ninguém sabe o quanto ela ama que você deixe o Ollie com ela, se depender dela, nunca na vida precisaremos de babá. – brincou, rindo.
- E nunca precisei mesmo, mas acho que nunca posso deixar de agradecer. – ela deu de ombros, sorrindo.
- Sabe que não tem necessidade de agradecer por nada. – colocou a mão direita sobre a perna da mulher, descansando-a ali e vendo-a rir ao encarar seu gesto, o que o fez mover-se rapidamente. – Desculpa, . – riu, envergonhado. – É que para mim é tão natural, eu peço desculpas se tenho tido alguma atitude estranha nessas vezes que nos vimos, tipo isso.
- Está tudo bem, , não é como se fosse o fim do mundo. – a garota gargalhou, não conseguindo se conter. – Sempre fomos amigos, não é uma separação e quatro anos distantes, mesmo que nunca realmente distantes, que vão mudar isso. – ela repetiu o gesto do homem, descansando a mão esquerda em sua perna e vendo-o rir.
- O que é uma separação e quatro anos distantes, não é? – riu da frase da mulher, estacionando o carro em frente da casa de sua mãe. – Vamos lá, Ollie? – falou, chamando o filho e descendo do carro para tirá-lo da cadeirinha.
- Oi, ! – a mãe de apareceu, apoiando-se na janela do motorista enquanto o filho tirava seu neto do outro lado do automóvel.
- Oi, Leah! – esticou a mão para tocar a da mulher em um gesto carinhoso.
- Não é porque o voltou e fica buscando e levando o Ollie, que você não precisa mais me visitar, viu? – brincou com a ex-nora em um tom pesado, como se estivesse brava.
- Mãe. – a repreendeu, rindo discretamente.
- Oi, vovó! – Ollie abraçou a mulher pelas pernas e ela o pegou em seu colo.
- Oi, meu amor! – sorriu para criança, abraçando-o. – Você não tem lugar de fala, , é quase minha filha também, posso dar uns puxões de orelha. – ela deu um beijo na bochecha do filho, pegando a mochila de Ollie de suas mãos. – Se divirtam, e juízo. – brincou, encarando os dois enquanto entrava novamente no carro.
- Não temos mais 17 anos, mãe, por favor. – riu, rolando os olhos.
- Queria que minha mãe tivesse gostado de você como a sua gostou de mim. – comentou aleatoriamente quando desceram do carro no estacionamento da escola, onde encontrariam sua antiga turma para desenterrar a cápsula do tempo que haviam guardado no último ano do colegial.
- Confesso que eu também queria. – riu, concordando. – E o pior é realmente nunca saber o que fiz tão de errado para você. Se fosse o Ollie, eu até entenderia ela me culpar, mesmo que não fosse certo e não fizesse sentido, mas ela sempre me odiou. – bufou, lembrando-se das diversas discussões de com a mãe enquanto ele ficava quieto para não piorar a situação, apenas tentava acalmar a namorada.
- E mesmo anos depois, , eu ainda não entendo, ela realmente apenas não gosta. – sorriu, triste. – Bom, já passou, agora ela tem apenas que suportar e se lembrar que você é o pai do neto dela.
- Outch. – reclamou, colocando a mão no peito como se tivesse sido acertado. – É pesado falar assim.- ele riu.
- Deixa de ser bobo. – riu também, empurrando-o levemente pelo ombro, e vendo-o mostrar a língua, sendo infantil. – Voltou para escola e virou uma criança de novo, né?
- Talvez. – ele sorriu. – Preciso te perguntar uma coisa... – o homem falou, puxando-a pelo braço para um canto, antes que passassem pelo portão do local. – Como assim o Carlos e a Kim estão ficando e você não me contou? – perguntou, fazendo a mulher gargalhar. – Saí com os meninos outro dia e estou me segurando desde então para falar com você. – confessou.
- ! É o seu melhor amigo, ele tinha que te contar! Ele não contou? – ela riu novamente, tentando controlar-se para não chamar atenção dos colegas que entravam na escola.
- Não! O Carlos é um babaca. – riu. – Eu não esperava isso, estou imaginando como vai ser ver os dois juntos.
- É demais, acho que você não espera que seja assim, mas é muito bom. Eles parecem ter vergonha um do outro, é engraçado, mas eles realmente se dão muito bem e ficam fofos juntos. O Ollie vai ter uma ótima história de padrinhos para contar.
- Agora estou mais ansioso ainda. Só espero que eles deem certo, o Carlos parece apaixonado, o que é surreal considerando isso agora, depois de... O quê? Mais de dez anos que eles se conhecem?
- Pois é. Parece que eles simplesmente viraram uma chave no cérebro e puff, estavam ali um na frente do outro.
- , às vezes eu sinto que nossos caminhos sempre vão estar cruzados de alguma forma, não é possível. – riu, desacreditado, vendo-a concordar. – Posso aproveitar para falar uma coisa? – o homem coçou a nuca, envergonhado, vendo a mulher o encarar com a testa franzida. – Só queria dizer que fico muito feliz com a nossa amizade, eu sinto que mesmo no meio de tanto tempo e tanta história, ainda posso ser o mesmo com você e você é a mesma comigo. Desculpa, eu precisava colocar isso para fora para ter certeza de que você não se importa que eu algumas vezes acabo agindo como se nunca tivesse acontecido nada. Não é isso, é só que eu não acho que tivemos nada ruim para guardar um do outro, então é como... Bom, só não temos nada ruim para guardar. Eu não quis falar isso durante muito tempo porque eu estava longe, mas estando aqui e convivendo, não acho justo ficar com isso na cabeça, sabe? – viu a mulher assentir, sorrindo. – Se você quiser, posso tentar uma postura diferente, mais “normal” para situação em si. – fez aspas com os dedos e a mulher puxou suas mãos para baixo, tentando acalmar a gesticulação em excesso do homem.
- . – ela riu, vendo-o suspirar, pedindo desculpas. – Está tudo bem, você não precisa tomar qualquer postura diferente. Quando terminamos, há quase cinco anos, eu te disse que sempre teríamos um ao outro. Claro que seu tempo longe foi complicado, nosso primeiro ano separados foi algo difícil, mas passou e nós soubemos muito bem como lidar com tudo de forma adulta. Você sempre pode ser você mesmo comigo e eu sempre serei a mesma com você, e acho que o Ollie será o mais feliz de todos com a nossa maturidade. Fique em paz, tudo bem? Só não vá se apaixonar, por favor. – brincou e os dois riram alto, enquanto negava com a cabeça, incrédulo com a naturalidade de sempre de .
- De novo? Não, não aguento passar por essa forte emoção de novo, . – ele beijou a testa da mulher, colocando o braço por cima de seus ombros e puxando-a em direção à entrada. – Vamos lá ver que porcaria guardamos nessa cápsula do tempo. Eu jurei que lembraria, porque nem passou tanto tempo assim, mas eu não faço ideia. – confessou.
- Você não sabe nem o que comeu ontem, tenho certeza, .
- E não é que as primeiras pessoas que encontro da minha turma são meu novo casal preferido? – falou, aproximando-se de Carlos e Kim. A mulher sorriu, jogando os braços nos ombros de e puxando-o para um abraço, enquanto Carlos cumprimentava .
- Aí, ! Como é bobo. – Kim riu, afastando-se do homem. – Estou muito feliz que você esteja de volta, nos últimos meses o Carlos só falou disso. – ela rolou os olhos enquanto cumprimentava a amiga.
- Estou muito feliz de estar de volta e, principalmente, mais feliz ainda de ver vocês dois, confesso. Ainda não acredito. – deu de ombros, rindo. – Estava falando isso agora com a . – Kim encarou a amiga com as sobrancelhas arqueadas, vendo-a dar um sorriso de lado, sem ter muito o que falar. – Devíamos sair para comer depois, não acham? – perguntou, animado, antes que aparecesse alguém diferente os convidando e ele tivesse que inventar uma desculpa para não ir com os prováveis estranhos com quem estudara além dos amigos.
- Eu acho ótimo, até porque não quero sair daqui para uma reunião estranha com um monte de gente que não se falava e agora vai ficar de saudosismo. – Carlos riu, vendo levantar sua mão para um hi-5 com ele. – Ficamos apenas nós então.
- Vocês não prestam, não é possível que sejam tão ruins assim. – riu, negando com a cabeça assim como Kim.
- Se me chamarem para uma festa, eu vou, estão avisados. – Kim brincou, andando em frente e sendo seguida por e Carlos que faziam careta.
- Confesso que não seria uma má ideia também. – deu de ombros, fazendo todos pararem para encará-la.
- , tá tudo bem? Eu estou fugindo da ideia e você está curtindo? – perguntou, colocando a mão na testa da mulher como se verificasse se ela estaria febril.
- Inverteram o mundo, minha melhor amiga não está nada bem. – Kim brincou e puxou a amiga pela mão, entrando na quadra da escola, onde muitos dos ex-alunos já estavam parados no centro com o grande baú.
Entraram no local cumprimentando a todos os conhecidos, sendo os que tivessem visto recentemente ou não. Alguns abraços mais calorosos e outros acenos de cabeça apenas para cumprimentar pessoas distantes. e ficaram lado a lado, recebendo diversas sobrancelhas arqueadas, já que todos ali sabiam que os dois já haviam sido praticamente casados e haviam se separado. Para alguns, tinha sumido e a deixado com um filho pequeno, então para esses, era realmente estranho vê-los rindo juntos e conversando com os ex-colegas de classe. Assim como era estranho para todos notarem que Carlos e Kim estavam com suas mãos entrelaçadas e uma proximidade estranha para apenas amigos, aquela sim era uma fofoca nova para todo o grupo.
- Olha, muitas carinhas que eu quase senti falta! – sra. Kepler falou, aproximando-se do centro da roda de ex-alunos com uma chave, sendo recebida com diversos gritos esganiçados e risadas. – Quem vê não pensa que vocês me queriam rolando as escadas alguns anos atrás só para não fazer provas, não é? Espero muito que isso tenha passado. – ela gargalhou, olhando atentamente para cada rosto que a encarava. – Confesso que sempre que fazemos isso, fico nostálgica. É engraçado ver esses rostinhos crescidos, mesmo que não tenha se passado assim tanto tempo. Alguns de vocês ainda vi por aqui pela cidade e sei como estão, outros foram embora e aposto que retornaram apenas para fazer parte, e os agradeço por isso. Não vou enrolar muito, prometo, mas gostaria de uma foto de todos nesse momento antes de abrirmos, e uma depois, pois, caso não se lembrem, temos uma fotografia de todos no dia em que guardamos.
A turma se aproximou, tentando alinhar-se com sra. Kepler, que estava atrás do baú, já encarando o provável atual aluno que era responsável pelo jornal da escola. Carlos correu para frente de todos, deitando-se na primeira fileira e ouvindo risadas dos demais. Kim aproximou-se dele, ajoelhando ao seu lado e dando um tapa em sua cabeça, fazendo aumentarem as risadas para ele.
encarou todos os colegas juntando-se para foto e começou a caminhar para o lado contrário de onde estava, achando um pequeno lugar no fundo onde poderia se encaixar. riu sozinho ao observá-la e tomou a mão da mulher na sua, negando com a cabeça para sua expressão assustada e puxando-a com ele para próximo de Carlos e Kim, sentando-se com as pernas cruzadas ao lado deles e chamando-a para se sentar em sua frente. revirou os olhos, rindo.
- Digam, cápsula do tempo! – a ex-professora da turma gritou, fazendo todos rirem. – E agora, sem mais demoras, vamos lá, vou chamar o nome de vocês. – após todos se dispersarem, dando caminho, a mulher se abaixou em frente à caixa, colocando a chave na fechadura e destravando seu conteúdo.
Diferente da imaginação de todos, a caixa não tinha diversas coisas espalhadas, mas sim pequenas pastas com o nome de cada aluno. Algumas estavam cheias e com objetos maiores guardados, outras não passavam de folhas. A professora pegou a primeira foto de cima e sorriu, passando a para a pessoa ao seu lado, para que passasse por todos. foi o primeiro a pegá-la, sorrindo ao encarar seu eu mais jovem com os braços passados pela cintura de uma de cabelos presos e sorriso tímido no rosto. Ele cutucou a mulher e apontou na foto, vendo-a sorrir também. Os dois seguravam suas pastas e folhas avulsas em suas mãos, as coisas que seriam guardadas na cápsula. Vendo aquela foto, se lembrou de uma das coisas que havia guardado ali e suspirou, passando a foto para Gilbert, que estava atrás dele.
- Vamos começar. – sra. Kepler pegou a primeira pasta. – Abott.
afastou-se, abrindo sua pasta com um sorriso no rosto e se sentando no muro da quadra, equilibrando o conteúdo em suas pernas enquanto pegava o primeiro papel nas mãos. Suspirou, rindo sozinha e decidindo olhar os demais antes. Viu uma prova de química que havia tirado um A, o que era uma grande surpresa, visto que a garota era péssima nessa matéria, por mais que estudasse muito. Viu uma carta de recusa de uma das faculdades que pretendia ir e não soube o porquê de ter guardado aquilo. Pegou diversas fotos que havia revelado para colocar de lembrança, fotos com os pais na época do ensino médio, fotos da turma, pedaços dos jornais da escola, e muitas fotos com . Encontrou um par de brincos que havia ganhado de Melissa, uma pulseira que havia ganhado de Kim e um pequeno anel feito com um pedaço qualquer de arame e um pedaço de papel laminado roxo, representando uma pedra. Gargalhou sozinha ao ver aquilo, lembrava-se bem de a entregando depois de ver o combinado dela com as amigas.
Respirou fundo, ainda encarando algumas fotos, e pegou o primeiro papel que ainda segurava.
Lista de desejos (espero ter realizado tudo)
Aprender uma nova língua;
Estudar na Espanha;
Correr uma maratona;
Ver um jogo de futebol dos Estados Unidos em Copa do Mundo;
Ir para Disney;
Morar com a ;
Ter filhos com a ;
Casar com a (oi, se a gente não casou ainda, quer casar comigo? hahaha Tudo bem, acho improvável isso não ter acontecido).
encarava a mulher de longe, vendo-a ler atentamente o papel em suas mãos, papel exatamente igual ao que ele tinha em seu colo. Deixou-o descansar em cima do muro em que estava encostado, no lado contrário de , e viu seus outros objetos. Viu uma carta que a mãe havia escrito para que ele guardasse, sem que pudesse lê-la, e continha diversas piadas e frases sem sentido, com um final que dizia que era apenas para deixá-lo curioso mesmo. Pegou um ingresso com um carimbo de uma grande festa que tinha ido, ainda menor de idade, junto com os amigos. Embaixo de diversas fotos que tinha guardado, assim como todos haviam feito, riu ao encontrar um pé de uma meia com desenhos de abacaxi. Vasculhou o ambiente com os olhos, encontrando Carlos também procurando por ele com uma grande gargalhada presa, os dois se encararam e negaram com a cabeça, rindo, por que diabos haviam guardado aquilo?
Passou um tempo observando as coisas que tinha em sua pasta e realmente sentindo-se nostálgico, até ver Theo se aproximar com mais algumas pessoas em volta. Carlos, Kim e já estavam juntos do outro lado, dando de ombros para ele e rindo.
- Ei, ! Saudades de fazer uma baderna, não? – Theo riu, abraçando o ex-colega de classe de lado.
- Olha, Theo, eu acabei de me formar, pode ter certeza que estive em muitas festas recentemente. Sabia que a de hoje partiria de você. – negou com a cabeça, rindo. – Minhas companhias já toparam, então... – ele deu de ombros, apontando para os amigos que agora se aproximavam. Theo fez um hi-5 com o colega e se afastou, partindo para o próximo convidado enquanto seu grupo se separava para convidar os demais de outras turmas que também estavam ali abrindo suas cápsulas.
- Eu avisei que se fosse convidada, iria. Ainda mais com a topando. – Kim sorriu, animada.
- Você acha que sua mãe fica com o Ollie? Qualquer coisa saio mais cedo e pego ele. – falou para .
- Nada disso, Ollie é meu nesse fim de semana. – mostrou a língua para a mulher, que riu. – Vou ligar para ela, você sabe que ela fica, e não é como se fôssemos dormir em uma festa, você nunca fez isso nem quando tinha 15 anos, . – ela rolou os olhos.
- Só não vou reclamar porque é a pura verdade.
A casa de Theo não tinha tanta gente quanto quando faziam as festas ali na época de escola. Claro, nem todos tinham comparecido à abertura da cápsula, e nem todos haviam curtido a ideia da festa. Pessoas de outras turmas também estavam ali, mas era engraçado reparar que quase ninguém tinha mudado. As pessoas pareciam ainda ter 16, 17 anos quando se juntavam. As panelinhas ainda eram as mesmas, mas agora todos aceitavam se misturar um pouco mais. Apenas um pouco, claro, afinal, ainda tinham que manter as aparências.
- “Então, , você e a se separaram, não é?”
Essa foi a frase que mais ouvira entre os colegas, porque a curiosidade de todos sempre fora a maior união das turmas, pode ter certeza.
não estava diferente, até mesmo Kim a estava enchendo com esse assunto, perguntando sempre se estava tudo bem. E estava, a mulher não podia deixar de dizer que a presença de novamente a fazia bem, e não sentia-se mal por não estarem mais juntos, apenas sentia-se bem ao seu lado, assim como sabia que o sentimento era recíproco.
- Eu juro, como vocês não ficaram sabendo disso? – Elissa perguntou, vendo Carlos e rirem.
- Eu nunca ia imaginar que ela fosse querer ir para o Alasca, beleza que ela era estranha e amava frio, mas Alasca? – Carlos questionou, gargalhando em seguida. – Amor, você soube que a Harriet foi para o Alasca? – perguntou, puxando Kim, que passava atrás dele com uma cerveja na mão.
- Alasca? – ela perguntou, com os olhos arregalados. – Caralho. – riu. – Você pegava ela, não era, Carlos? Olha aí, podia estar no Alasca agora também se tivesse dado certo. – a mulher zombou, fazendo todos rirem e Carlos rolar os olhos.
- Engraçadinha você, né? – mostrou a língua para mulher, colocando a mão em sua cintura e a acompanhando pela sala.
- E aí? Mais alguém com o destino estranho? – perguntou, vendo Elissa negar.
- Confesso que você era a pessoa com o destino estranho antes, nunca imaginei que você queria ir para Espanha. – sorriu, vendo rir.
- Sempre foi minha vontade. – sorriu, sincero. – E você, sempre por aqui mesmo?
- . – se aproximou da mulher, que estava encostada em um canto, vendo Carlos e Kim dançando desengonçadamente. – Ei! Toma isso aqui. – ele estendeu um copo para ela, vendo-a arquear uma das sobrancelhas.
- , eu já bebi um pouco hoje, foi o suficiente. Você sabe que não curto muito.
- Eu sei, mas essa você vai gostar, tenho certeza. – a mulher suspirou e pegou o copo da mão dele, bebendo apenas um pouco. – É doce.
- O que é isso? – perguntou, tomando mais um gole, realmente era bom.
- Eu não faço ideia, só misturaram e me deram. – o homem riu, vendo-a negar com a cabeça.
- Mas, realmente, para mim já deu. – ela o entregou o copo de volta. – Acho que já estou bêbada o suficiente de ver esses dois. – gargalhou quando viu Kim tentar passar por baixo das pernas de Carlos durante a dança que eles inventavam. Nem um deles estava bêbado, longe disso, na verdade, mas a felicidade era palpável.
- Meu Deus, eu também estaria se estivesse observando isso. – riu. – Quando quiser ir embora, me avisa, tá?
- Não, imagina, . Não quero ir, mas também quando quiser, não vou te fazer ir junto.
- Não sei por que você ainda insiste, sabendo que eu vou. – rolou os olhos teatralmente.
- Não custa tentar, não é? – brincou. – Vem, você precisa dançar um pouco também, me mostra o que aprendeu na Espanha.
- Você? Dançar? Tem algo invertido aqui. – o homem riu, surpreso.
- Se a gente tá na chuva, é para se molhar, certo? – deu de ombros, puxando pela mão até próximo dos amigos, que apenas sorriram, dando espaço para que formassem uma roda.
Em pouco tempo, a roda já havia se estendido para quase todos da festa, que agora dançavam juntos em meio a risadas e histórias hilárias sendo contadas, fossem atuais ou antigas.
- Ah, não! Essa é boa demais. – riu, ouvindo os primeiros acordes de uma música latina começando. Ele encarou e a mulher negou veemente, já começando a rir. – Vem, , eu sei que você fica dançando sozinha, eu te conheço, vai. – ele aproximou-se da mulher, estendendo sua mão para que ela pegasse. Bufando, juntou suas mãos e aproximou seu corpo do de , que já a puxava para mais perto, começando alguns passos que tinha aprendido. – Você disse que queria saber o que eu tinha aprendido, tá aí. – riu, segurando a cintura da mulher e entrelaçando sua perna com a dela.
- Talvez eu tenha aprendido uma coisa ou outra aqui também, sempre gostei e precisava me distrair com algo. – ela deu de ombros, colando seus corpos inocentemente, focando no ritmo da música e deixando-se levar. – Todos estão dançando, mas não param de nos encarar. – rolou os olhos, sendo girada por em seguida. – Consigo quase ouvir os pensamentos idiotas.
- Sei que você sempre se importou muito com todo mundo, , mas, sinceramente, só curte, não se importe. Não precisamos provar nada para ninguém. Bom, nada realmente importa, só aproveita, você tem um bom parceiro de dança. – brincou, logo vendo o corpo da parceira se soltar mais, rendendo-se ao ritmo sensual da música.
- Queria negar, mas você realmente ficou bom nisso. – riu, sentindo puxá-la pela cintura novamente de forma mais forte, seguindo a batida do refrão.
- E você está me surpreendendo por não ter saído correndo da festa, e muito menos daqui. – ele sorriu, sincero, aproveitando a proximidade para deixar um leve beijo no rosto da mulher, que sentiu as bochechas esquentarem um pouco.
- As coisas mudam em alguns anos.
- Bom, às vezes nem tantas assim. – ele suspirou, agradecendo que estava virada de costas naquele momento.
⬜ ⬜ ⬜
- Ei, eu acho que tem algo aí com você que me pertence.
- Como você me achou? – riu, dobrando o papel e encarando a rua, onde algumas pessoas começavam a ir embora.
- Não foi difícil, era só encontrar um lugar mais quieto. – deu de ombros e a viu arquear as sobrancelhas. – O Theo te viu subindo e me deu a dica, um telhado é um lugar legal. – falou, passando também pela janela do quarto do amigo e sentando-se ao lado dela. – Mas falei sério, acho que tem algo aí que é meu. – apontou para o papel na mão dela, vendo-a morder os lábios, provavelmente nervosa.
- Não sei por que fizemos isso, . – riu. – Eu nem sei o que está escrito no que está com você, sinceramente.
- Uma troca? – perguntou, puxando o papel de dentro do bolso da blusa. A mulher assentiu, receosa. – Faz muito tempo, , fica tranquila. Era uma época diferente, não precisa ficar com vergonha.
- Não é vergonha, . Não sei explicar. Eu acredito que eu tenha escrito coisas diferentes de você, foi o seu papel que me deixou assim. – suspirou pesadamente, entregando o papel a ele e recebendo um em retorno.
Lista de desejos:
Fazer uma tatuagem;
Ir a um show em outra cidade;
Cantar em um karaokê na frente de bastante gente;
Morar sozinha (ou com o , quem sabe?);
Viajar para outro país;
Me dedicar ao curso que escolher e ser bem sucedida;
Adotar um cachorro;
Casar.
- ... – ele riu discretamente.
- Curte o silêncio, . – ela resmungou, ainda encarando sua lista e ouvindo-o bufar em resposta. – Você tem ideia do motivo do seu papel estar comigo, e o meu com você? – perguntou depois de algum tempo.
- Eu fiz a gente trocar no último minuto. – ele riu. – Posso perguntar algo?
- Vai adiantar se eu falar que não?
- Não.
- Então fique à vontade.
- O que você sentiu lendo isso?
- ! – ela reclamou. – Acho que isso não é uma pergunta muito legal de fazer.
- É sim, se eu estiver curioso. – retrucou. - Mas não tem problema, eu posso responder primeiro. Eu me senti triste. – deu de ombros. – Acho que é a melhor palavra para definir o que estou sentindo no momento. Eu fiz grande parte dessas coisas, mas eu perdi umas por outras. E não. – ele falou, quando viu que tentaria interrompê-lo. – Eu não me arrependo, . Mas precisei de menos de um mês convivendo com você de novo, para saber que eu não me lembrava dessa lista, mas ela ainda está valendo para minha vida. – desabafou, soltando todo ar que estava guardando em seguida.
- ... Eu acho que isso é um assunto muito delicado, nós somos amigos, não podemos esquecer disso. Não quero perder isso. – respirou fundo, encarando o céu escuro.
- E é por isso mesmo que me sinto completamente confortável em conversar com você, assim como fizemos hoje mais cedo quando chegamos na escola. Àquela hora, sinto que falei um monte de porcarias porque tinha medo de estar invadindo seu espaço enquanto agia como se nada tivesse acontecido, mas ver você aceitando que sempre seremos como éramos, só me deixou sentir-me ainda mais como um adolescente. Quando eu disse que não tivemos nada ruim para guardar um do outro, eu quis dizer que, para mim, é como se não tivesse acabado. Eu passei quatro anos longe, , e no primeiro momento que voltei aqui para ficar e te encontrei, eu sabia que nada tinha mudado para mim. A gente mudou, eu sei, somos pessoas diferentes, mas quando eu ‘tô com você, nada mais importa, eu não ligo para nada, eu esqueço todos esses anos separados e é como se estivéssemos aqui simplesmente para uma reunião da escola, mas juntos. Me desculpa por soltar tudo isso, mas eu não consigo seguir em frente, nunca consegui, e estando perto de você, eu duvido que vá ser mais fácil. Eu não penso em ninguém, não olho para ninguém, não consigo aceitar ter alguém comigo. – bufou. – E agora você provavelmente vai me odiar, mas eu sempre fui direto e eu não acho certo esconder o que estou pensando quando estou com você, você é quase como minha consciência. Então, se você é minha amiga, me diz, como eu faço para esquecer alguém? No caso, quando esse alguém é você.
- Porra, . O que eu devo fazer com esse monólogo? – a mulher suspirou, tentando esconder um sorriso que tentava nascer. sempre fora a pessoa mais direta do mundo, ele era quase transparente para ela, mas ainda assim a fazia rir com aquela atitude. – Eu estou surpresa, mas vou te responder que me senti decepcionada ao ler a lista. Você sempre foi nosso maior apoiador, mesmo que todo mundo sempre torcesse o nariz e minha mãe te odiasse por sabe se lá qual motivo, você sempre acreditou que tudo daria certo, e acho que por isso eu estive em metade de todos os seus desejos. Eu sempre odiei ouvir que a gente não dava certo, e acho que de alguma forma, eu deixei com que isso influenciasse meus pensamentos e por isso me senti tão culpada em te segurar aqui, que te pedi para partir. Não me arrependo também, claro, foi assim que você realizou mais um desejo da lista. – sorriu, dando de ombros. – Eu não sei o que pensar, . Mesmo.
- Pensar sempre dá errado, então, não pense. – o homem falou, fazendo-a rir nasaladamente. – Sei que não é fácil para você, mas não custa pedir. Faz assim, pensa, mas pensa só nesse momento. – ele apontou para onde estavam, e para a calmaria da rua em contraste com o som, não tão alto, no andar de baixo da casa. – Nós dois aqui, o que você pensa?
- Ah, , é diferente. Quando estamos só nós dois é diferente. Não consigo nem escutar o som lá embaixo ou pensar nas pessoas, é como se tudo congelasse, elas desaparecessem e só restasse nós dois aqui. Sempre foi assim. É sempre fácil quando se trata de nós, por isso sempre nos demos tão bem. É como se tivéssemos uma parede em volta. – ela riu.
- Então, ... Nada mais importa, é a nossa parede, não tem como derrubar, nunca teve. Nós fizemos isso antes, eu sei, mas ainda assim ela está aqui, é como se só tivéssemos aberto uma brecha nela, mas eu já estou aqui de novo. Nós não temos motivos para brigar, não devemos nada para ninguém, e nós temos uma ligação para o resto da vida. Esquece o passado e pensa no futuro, eu tenho certeza que dá certo, vendo essa lista, eu tenho ainda mais. Eu ‘tô há um mês aqui pensando nisso, já me perguntarem sobre você e eu fugi, porque eu sabia que se começasse a pensar, ia terminar aqui, nesses pensamentos. - virou-se de frente para pela primeira vez durante toda aquela conversa, onde eles encaravam apenas o vazio da rua em sua frente. – Hoje mais cedo... – ele sorriu, cruzando as pernas e sentando-se de frente para mulher, puxando-a para olhá-lo também. – Você brincou, falando para que eu não me apaixonasse. – a mulher riu, lembrando-se de algumas horas atrás. – Mas como eu iria me apaixonar, se eu nunca realmente deixei esse sentimento?
- Você tem um ponto, . – ela riu, vendo que fazia sentido.
- Você realmente vai ignorar tudo que falei? – ele mordeu o lábio, vendo o silêncio enquanto a mulher o encarava há alguns segundos sem dizer mais nada.
- Não vou ignorar, eu só estou digerindo. Eu preciso pensar, . Eu preciso entender tudo isso. – ele assentiu, buscando pela mão da mulher e as entrelaçando, vendo-a sorrir com o gesto.
- O que você precisar, , eu estou aqui, tudo bem?
- Eu sei, . E eu também estou aqui por você, sempre estive. – deu de ombros levemente, suspirando e deixando um sorriso tomar seus lábios. – Posso te abraçar? – ela fez bico, vendo-o rir.
- Só não se assuste se ouvir meu coração quase saindo do peito. – ele puxou-a pelo braço, vendo-a se ajeitar para encostar seu corpo no dele, enquanto ele passava os dois braços em volta da mulher.
- É muito boa essa sensação de que nada mais importa, né? Principalmente quando estamos assim. – ela apontou para os braços de em volta dela. – Eu sempre senti isso, é muito bom me sentir assim novamente.
- Isso quer dizer... – ele começou.
- Não quer dizer nada, . – ela riu. – Assim que eu souber o que quer dizer, você será o primeiro a saber, tudo bem? – ele assentiu, rindo.
- Vou tentar segurar a ansiedade. – ele beijou os cabelos da mulher, apertando-a mais em seu abraço.
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- Ollie, filho, quer comer alguma coisa? – perguntou, vendo o pequeno entrar na cozinha e sentar-se em sua cadeira, que tinha uma almofada para deixá-lo mais alto.
- Sim, mamãe. – ele coçou os olhos, parecendo que tentava acordar.
- Você escovou os dentes? – ela questionou, encarando o filho, e ele desviou o olhar, concordando com um falso “uhum”. – Você lembra que eu disse que o nariz de criança mentirosa cresce, não é?
- Não cresce não, mãe.
- Ah, agora você tá me contradizendo? Vou colocar Pinóquio para você assistir! – reclamou.
- É chato. – resmungou.
- Eu vou te dar embora, Oliver! Você não é meu filho, não é possível. – riu, pegando uma maçã da geladeira e lavando-a. – Vai escovar os dentes, bonitinho.
- Ah, não, mamãe. – ele fez bico, encostando-se teatralmente na cadeira.
- Oliver . – falou um pouco mais alto, chamando a atenção do filho, que bufou em resposta, levantando-se. O garoto estava na entrada da cozinha quando ouviu a campainha tocar e mudou sua direção do corredor com as escadas para porta. – Oliver, já falei que você não abre a porta, será que você não me escuta? – gritou, vendo o filho parar automaticamente antes de se aproximar da entrada da casa.
- Oi, . – viu sorrir para ela. Estava parado ali com as mãos dentro dos bolsos da bermuda que usava.
- Papai! – Ollie passou correndo pela mãe, jogando-se nos braços do pai.
- Ei, campeão! – pegou o filho no colo, o abraçando.
- Oi, . – sorriu, tímida. Ainda não tinha visto desde a semana anterior, desde a conversa deles que ficava rondando sua mente todos os dias e ela não conseguia fugir. – Hm... Entra. – deu espaço para que o homem passasse e ele o fez, vendo-a fechar a porta. – Não esperava você. Não que seja ruim, é só modo de dizer. – falou, atrapalhada. Desde quando se sentia nervosa na presença dele? – riu sozinha de seus pensamentos, tentando afastar um sorriso.
- Quis fazer uma surpresa. – deu de ombros, colocando Ollie no chão.
- Hoje eu vou para sua casa, pai?
- Ei, hoje você é meu, bafinho. – respondeu, vendo o filho rir, constrangido. – , você pode pedir para o seu filho ir escovar os dentes?
- Por que sempre que a criança faz algo ruim, é filho só do pai? – reclamou, rindo. – Eu escovo meus dentes, tá? – brincou. – E por que o senhor não quer escovar os dentes? Eu posso saber?
- Eu ‘tô com preguiça, pai. – fez bico e viu a mãe rolar os olhos em resposta.
- Vai logo escovar esses dentes para poder comer, . – falou, dura.
- Confesso que quase estou indo junto depois dessa. – gargalhou, vendo o filho começar a andar na direção das escadas.
- Pai, vem comigo? – ele virou-se, encarando o mais velho. trocou um olhar rápido com a ex-namorada, que assentiu.
- Vamos lá. – ele passou pelo pequeno, o pegando nos braços e colocando em suas costas rapidamente, fazendo a criança rir.
- Ei, vocês. – falou, terminando de subir as escadas. – Que demora é essa para escovar esses poucos dentes? – apareceu na porta do quarto do filho, encostando-se no batente, com um sorriso no rosto.
- Ele quis me mostrar as coisas do quarto dele. – riu, falando quando a mulher se aproximou. – Tá tudo tão igual. – suspirou, encarando o filho guardar os diversos brinquedos que tinha pegado para mostrar para o pai.
- Gosto do que fizemos aqui, talvez ele queira tirar as nuvens do papel de parede quando ficar mais velho, mas por enquanto, ele adora. – riu.
- Eu gosto também. – sorriu de forma sincera. – E eu amo aquela foto. – apontou para o porta-retrato que ficava na cômoda do pequeno, mostrando uma foto dos três no aniversário de dois anos do filho, alguns dias antes de separarem-se.
- Eu também.
- Então, eu vim para saber se vocês não queriam sair, sei lá... – colocou o braço em sua nuca, apertando-a, incerto, demonstrando sua ansiedade. franziu o cenho, rindo em seguida do gesto do rapaz.
- Vocês, é? – ela perguntou, encostando-se no lado oposto do batente e o encarando.
- É. – ele assentiu, sorrindo de lado.
- Você sabe que não tem que me conquistar, não sabe, ? – perguntou, ainda encarando-o, vendo que agora ele adquiria uma expressão confusa.
- Eu não estou nem tentando, . – respondeu, vendo a mulher arquear as sobrancelhas. – Tudo bem, talvez um pouco. – bufou. – Mas não entendi. – riu.
- Só... Não precisa. – ela deu de ombros. – Eu disse que tinha que pensar, , mas não disse que não sentia o mesmo. – confessou, vendo-o abrir um sorriso depois de um suspiro em meio a uma expressão surpresa. – O passeio é uma ótima ideia. – ela então desviou sua atenção para o filho. – Ollie, você quer passear com o papai? – perguntou, vendo-o olhar para eles, animado.
- Claro, mamãe!
- E a mamãe pode ir junto? – perguntou, vendo o filho concordar animadamente.
- Você vai? – ele perguntou, aproximando-se e se enroscando entre as pernas dos dois.
- Vou. O papai vai te ajudar a se trocar enquanto eu me arrumo também, ok? – ele assentiu, correndo para gaveta para escolher uma roupa. brincou, batendo continência para mulher enquanto ela saia do quarto, indo em direção ao seu, que um dia, já fora dos dois.
- Mamãe, olha! – Ollie apontou para mini montanha russa que se destacava assim que passaram pela catraca do parque. Estavam na cidade vizinha, em um daqueles parques de diversões que andam pelo país, ficando um pouco em cada lugar. – Pai, você vai comigo? – ele perguntou, animado.
- É claro que vou. – sorriu, fazendo um hi-5 com o pequeno.
- Ah, eu não sei, gente. Não acho isso confiável. – a mulher riu, preocupada.
- Mas olha quanta gente, mãe. – o filho fez bico, fazendo-a revirar os olhos.
- É, olha quanta gente, . – se abaixou ao lado do filho, imitando-o. gargalhou ao ver sua expressão.
- Eu te odeio, . Mas vou junto, pelo menos se morrermos, seremos os três. – resmungou, dando a mão para o filho e vendo os acompanhar com um sorriso no rosto e as mãos nos bolsos.
- Viu? Nem doeu. – falou, animado, saindo do brinquedo com Ollie em seu colo.
- Fale por você. – a mulher reclamou, pressionando a mão na barriga. – Bati no ferro na primeira curva. – rolou os olhos. – Não sei como Ollie não se machucou.
- Eu sou forte. – o menino respondeu, levantando os braços para mostrar os zero músculos que tinha em toda sua magreza de criança ativa de seis anos de idade.
- Muito forte, meu amor, muito forte. – riu, puxando-o do colo do pai. – E aonde você quer ir agora, senhor super-homem?
- Não sei, escolhe, mamãe. – pediu.
- Sua mãe não é nada radical, Ollie, eu tenho certeza do brinquedo em que vamos nesse caso. – riu, dando de ombros.
- , vai ficar tão linda uma foto dele lá. – foi a vez da mulher fazer bico, já caminhando em direção ao brinquedo, vendo a pequena fila.
- Vai mesmo, mas é bom saber que realmente tem coisas que não mudam. – riu.
- Eu amo o Carrossel. – Ollie falou com os olhos brilhando, enquanto entravam na fila e a grande estrutura girava dentro do cercado.
- Eu também. – deu de ombros, mostrando a língua para , que apenas sorriu, negando com a cabeça.
- Então eu também, né? – se rendeu, aproximando-se do filho e apontando para o brinquedo. – Em qual você quer ir?
- No cavalo mais alto. – respondeu rapidamente.
- Tudo bem, eu vou sair correndo para pegar o cavalo mais alto para você e a mamãe te leva. – piscou para mulher, que apenas franziu o cenho, sem entender.
- Você nunca viu a briga pelo cavalo mais alto? Logo você que só gosta do Carrossel? – arqueou as sobrancelhas, debochando.
- . – o repreendeu, tentando segurar uma risada. – Vai lá, senhor “eu sou o melhor pai do mundo”, a moça vai liberar a fila. – apontou, vendo o homem olhar para frente.
- Encontro vocês lá. – ele riu, andando em passos mais rápidos na fila.
passou pela catraca do brinquedo enquanto acompanhava com os olhos, vendo-o correr para o lado do Carrossel que não era visível. Quando estava alcançando o local onde o ex-namorado estava, o viu subindo no cavalo com a cara amarrada, e viu um garoto atrás dele, andando até um carrinho que tinha do outro lado.
- , o que você fez? – perguntou, vendo-o olhar discretamente para onde o garoto estava.
- Nada. – respondeu, descendo e vendo a mulher colocar o filho sentado onde ele estava. – Segura aí, campeão, nós vamos estar aqui atrás, tudo bem? – o pequeno assentiu, feliz.
- Você brigou com uma criança? – arqueou a sobrancelha, sentando-se no móvel do brinquedo que imitava um sofá, dando lugar para duas pessoas, mesmo que apertadas, afinal, era para crianças. Será que ninguém pensava que adultos também poderiam amar aquele brinquedo? Além de que os pais sempre acompanhavam seus filhos.
- Talvez eu tenha brigado. – ele mordeu o lábio, mantendo o olhar fixo no filho em sua frente.
- , você sabe que não tem um cavalo mais alto, não sabe? Todos sobem e descem, então todos ficam da mesma altura.
- Claro que não, ! – reclamou, encarando-a.
- , é claro que sim, eu não acredito que você realmente pensava isso. – a mulher gargalhou, vendo o olhar de incredulidade dele.
- Ah, . – bufou, rindo de si mesmo. – Droga. Agora a criança me odeia à toa.
- Pois é, querido.
- Você podia ter me deixado sonhar. – fez bico. – Já estou começando a ficar tonto. – reclamou.
- Mal começou a mexer, ! – ela riu, se mexendo para pegar o celular do bolso. – Quero tirar fotos. – sorriu, abrindo o aplicativo da câmera e apontando o aparelho para o filho, que balançava os pés.
- Só promete que não vai me filmar vomitando se isso acontecer. – brincou. – Você é péssima com fotos, que horror, , está tremendo todas. Isso que seu celular é bom, imagina se não fosse. – riu, colocando-se um pouco para frente no banco e segurando a mão da mulher que segurava o aparelho. – Viu? Dá para ficar parada. – zombou, olhando-a e apertando na tela para tirar as fotos. desviou o olhar para o aparelho, focando na mão de sobre a sua. O homem não deixou de atentar-se a isso, sorrindo em seguida. – Hm, bom saber. – voltou para o lugar, encostando-se novamente no banco.
- O quê? – ela perguntou, chacoalhando a cabeça e colocando o celular em cima da perna.
- Nada. – ele pegou o celular e abriu o aplicativo da câmera novamente. – Ei, acho que a gente também merece uma foto no Carrossel. – brincou, aproximando-se da mulher e apontando o celular para eles.
- Ah, . – sorriu, tímida.
- Vai, . – fez bico, chamando a atenção da mulher. Ela assentiu, mexendo nos cabelos para arrumá-los. Se aproximou de e o viu encará-la com um sorriso antes de olhar para câmera. suspirou e sorriu para o aparelho, vendo fazer o mesmo e apertar a tela. – Vem cá. – o homem falou, olhando-a e indicando para que ela aproximasse mais o rosto do dele, o que ela fez sem questionar, respirando fundo e dividindo discretamente seu olhar entre os lábios de ao seu lado e a câmera. Sentiu-o beijar sua bochecha delicadamente e se afastar de forma rápida após tirar a foto com o celular. – Vou enviar para mim antes que você apague. – pegou a mão da mulher e posicionou rapidamente seu dedo sob o sensor da digital.
- Não vou apagar, . – riu, bufando.
- Prefiro não arriscar. – falou, devolvendo o celular e pegando o próprio para baixar a imagem.
⬜ ⬜ ⬜
- Alô?
- , oi!
- Oi, !
- Preciso da sua ajuda, você tá muito ocupada?
- Estou terminando um projeto, mas em uns quinze minutos estou livre. Aconteceu alguma coisa?
- Não, só preciso mesmo de uma ajuda simples.
- Odeio seus mistérios.
- Você ama, pode assumir. Logo estou aí.
- Oi. – ela falou, entrando no carro.
- Ei. – ele sorriu, cumprimentando-a.
- Para onde vamos? – perguntou, curiosa.
- Não vou falar, você sabe. – ele riu.
- Não custava tentar. – deu de ombros.
- Mas é muito perto. – sorriu, animado, dando partida.
- A sua sorte é que, felizmente, confio em você, né? Sei que não vai me sequestrar ou algo assim. – riu.
- Ah, depende... – uma expressão pensativa tomou o rosto dele, fazendo a mulher dar um tapa em seu braço e depois suspirar, sempre se sentia infantil quando estava com o homem, e percebia desde o dia da cápsula do tempo que ainda era assim.
Às vezes era como se nunca tivessem tido um filho, morado juntos, passado por diversos problemas, se separado... E isso já tinha passado por sua mente um milhão de vezes nas últimas duas semanas, enquanto ainda estava enrolando com sua resposta. Ela sabia o que queria, não entendia por que tinha tanta dificuldade em apenas se jogar. Sua vida só tivera sentido depois de entrar nela anos antes, e parecia que agora ela estava completa novamente.
Não tinham mais coisas para resolver, não tinham nada que os impedisse de apenas realizar alguns sonhos a mais juntos. Não tinham assuntos inacabados, não tinham nem mesmo outras pessoas em mente desde que haviam se separado. Ela acreditava que o problema era ela mesma, que não tinha tido nem interesse em seguir em frente durante os anos separados, mas saber que estivera da mesma forma, a fazia perceber que a única coisa inacabada para eles era o próprio relacionamento. Olhando para ele ali, dirigindo, dividindo um olhar entre a rua e as diversas olhadelas nada discretas em sua direção com um grande sorriso no rosto e o mesmo olhar apaixonado de quando ainda estavam juntos, teve certeza disso e sorriu também.
- Falei que era rápido. – ele falou, apertando um controle para abrir a garagem de um prédio que ela sabia ser novo ali. Acompanhara a construção dele, pois ficava no caminho de sua casa até a casa da sra. , assim como da escola de Ollie, dois de seus caminhos mais habituais, com certeza.
- Estou começando a repensar a ideia do sequestro. – a mulher riu, descendo do carro após ele estacionar em uma das vagas próximas ao elevador.
- Um prédio novo te assusta? Não deveria ser um galpão bizarro?
- É, faz sentido. – concordou. – O que viemos fazer aqui?
- Lá em cima eu te conto. – ativou o alarme do carro e alcançou , segurando sua mão e a encarando como se perguntasse se estava tudo bem. Ela sorriu timidamente, concordando. – Vamos lá.
Os dois caminharam em direção ao elevador, que já estava parado ali. apertou o número 12 e sorriu ao ver as portas fecharem-se.
- ...
- Ah, segura a ansiedade aí, . – ele riu, vendo que passavam o sétimo andar.
- Caralho, eu te odeio. – a mulher gargalhou. – Também não falo mais o que eu queria falar. – ela deu de ombros.
- Você não ia perguntar de novo? – ela negou com a cabeça.
- Mas agora não importa mais. Fique curioso, . – sorriu, brincalhona. – Vamos lá. – ela puxou-o para fora do elevador quando esse parou no andar desejado.
- Vou voltar para trás e não te mostrar mais nada. – ele puxou-a de volta para o elevador, fazendo-a rir.
- Vamos logo, não esqueça que tenho que buscar o Ollie na escola.
- Nossa! – ele fingiu-se surpreso. – Quase esqueci que você tem um filho! Como assim? Ah, meu Deus! É meu filho também, né? Uau.
- Meu Deus, . – a mulher gargalhou. – Você é o pior.
- Fica em paz, não vamos demorar, . A gente sai daqui e pega o Ollie. – ela assentiu, vendo-o pegar uma chave em seu bolso e colocar na fechadura. – Vamos lá... Bem-vinda à minha nova casa.
- , que incrível! – ela sorriu, entrando no apartamento vazio. – Meus parabéns, é muito bom que você tenha conseguido tão rápido. Achei que você ia ficar mais um tempo com a sua mãe.
- Ah, eu queria ter meu lugar. – ele deu de ombros. – E ela amou a ideia, até porque não é tão longe da casa dela.
- É muito lindo, e olha como é grande. – caminhou pelos cômodos rapidamente, logo voltando para sala para abrir a porta da varanda.
- A minha vista é mais bonita que a sua vista. – brincou, andando até a mulher, que estava encostada e observando a rua dali. Ela riu, negando com a cabeça. – Lembra que eu disse que precisava de ajuda? – ela assentiu, ficando de frente para ele. – Queria te chamar para fazer o projeto para mim, toda decoração, tudo.
- Ah, , que incrível! – ela sorriu, animada. – Já tive várias ideias, confesso. Você só tem que me falar mais ou menos como quer para eu colocar em prática.
- Confio em você. – ele deu de ombros.
- Não é assim. – ela riu. – Tudo tem que sair perfeito, do jeito que você gosta. Eu sei que eu conheço um pouco de como você gosta de tudo mais simples, mas prefiro entender mais, saber mais.
- , a questão é... – ele riu, respirando fundo e parecendo pensar um pouco melhor nas palavras antes de falar. – Eu acho que você pode projetar o que quiser também, porque assim que você tomar uma decisão, e eu ‘tô aqui ansioso, contando os minutos e rezando para que ela seja a mesma que a minha, eu vou querer que isso aqui seja nosso.
- Ah. – ela falou, baixo, sentindo as bochechas corarem.
- Eu não posso negar que comprei pensando nisso. Sei que se a gente ficar junto, poderíamos ficar na sua casa, que era nossa casa, e sei que você está pensando isso. Mas eu acho que um capítulo novo, tem que ser novo. E, bom, se você me mandar para o inferno e seguir sua vida, eu preciso de um lugar para morar mesmo. – ele riu, vendo-a a rir também, considerando que fazia sentido. – Não estou exatamente te chamando para morar aqui, até porque isso seria te pressionar e eu jurei que não faria isso... Mas é para você saber que tem essa opção, e que eu estou sendo 100% sério sobre tudo. E, claro, você é a pessoa que mais confio no mundo para fazer esse projeto comigo, você trabalha incrivelmente bem e eu sei disso porque fui fuçar nas suas coisas pela internet. – ele mordeu o lábio inferior, vendo a expressão questionadora da mulher em sua frente.
- ... Uma vez, uma única vez, eu preciso fazer as coisas sem pensar tanto. – ela riu, andando lentamente até o homem, que ficou imóvel ao vê-la se aproximar. – Então, só fica quieto. – sorriu, jogando seus braços por cima dos ombros do ex-namorado e aproximando seus lábios em um selinho.
Logo o homem se recuperou da surpresa e pôde sorrir também, colocando uma das mãos na cintura da mulher e a outra em seu rosto, acariciando sua bochecha. Os dois mantinham-se em um selinho leve e duradouro, mas pediu passagem para aprofundá-lo, fazendo rir levemente com a delicadeza de sempre do homem. Os dois esperavam ansiosamente por aquele momento, e era incrível poder reviver aquele contato que tanto amavam. Ainda que ansiassem, não era algo desesperado, de forma alguma. Era carinhoso, cheio de saudade.
- Como eu precisava disso. – ele sussurrou, ainda com suas bocas próximas, mas agora mantendo um contato visual com a mulher, que não conseguia tirar o sorriso do rosto.
- Acho que eu também. – ela suspirou, concordando.
- Isso significa que você pensou? – passou a mão pelos cabelos da mulher, fazendo-a fechar os olhos com o carinho.
- Isso significa que eu nem tinha muito o que pensar, na verdade. Eu não tenho cabeça ou coração para outra pessoa na minha vida, . Sempre foi você, você sempre foi a única pessoa que me fez feliz, você me faz sentir tudo de melhor, e eu me sinto uma pessoa melhor do seu lado, eu me sinto feliz. Eu não consigo afastar o pensamento de que você é o amor da minha vida, e eu só tive mais certeza ainda disso ao te ver voltar e me fazer sentir as mesmas borboletas no estômago de quando éramos adolescentes. No dia da festa, no dia que saímos, e durante todas as vezes que conversamos nas últimas semanas, eu realmente entendi o que conversamos sobre nada mais importar. – sorriu, sincera, acariciando os cabelos na nuca do rapaz e vendo-o se derreter com o gesto que ele tanto gostava.
- Eu também tenho certeza que você é o amor da minha vida, sabia? – perguntou, sorridente, colando seus lábios em um selinho rápido.
- Mas não vamos atravessar tudo e querer fazer tudo de uma vez, tudo bem? Vamos aos poucos. – ele assentiu.
- Mas a gente pode contar para o Ollie? – perguntou, vendo-a rir. – E para minha mãe? Por favor. – fez bico, vendo a mulher rir.
- Podemos, . Eu nem sei como falar isso para o Ollie, mas a gente dá um jeito. Não tem por que ele ficar confuso, e eu realmente não tenho aquele medo de dar esperanças a ele e voltarmos atrás. Confio em nós, mais do que nunca.
- E eu fico muito feliz com isso, . – ele jogou os braços em volta da mulher, a abraçando e beijando sua testa. – Obrigado.
- Você é incrível, . Obrigada por não desistir de nós também, e desculpa por...
- Não. Novo começo, , sem desculpas, sem más lembranças. Uma nova história.
- Okay. – ela sorriu, fitando os olhos dele. – Uma nova história.
- Hoje o volta, não é? – Kim perguntou, se levantando para acompanhar a amiga até a porta. assentiu.
- Finalmente, Ollie está morto de saudades dele, não para de falar nisso.
- Ainda acho muito triste que vocês não tenham ficado juntos, , mas também não acho que daria certo nunca, desde a escola vocês eram extremamente diferentes.
- Pois é. – a mulher sorriu de lado, tentando ignorar o comentário da amiga, iguais a todos que ela já ouvira anteriormente. – Muito obrigada pela tarde. – beijou a bochecha de Kim e deu um abraço rápido nela, logo abrindo a porta e seguindo para fora.
- Oliver, pelo amor de Deus, colabora comigo. Vou te passar para o seu pai de uma vez, não é possível que você consiga fazer tanta bagunça. – respirou fundo, se abaixando para pegar os brinquedos do chão da sala pela milésima vez. – Você já escolheu o que vai levar, filho? – viu o garoto assentir, mostrando a mochila cheia de bonecos, carrinhos e seu tablet.
- O papai já tá vindo? – ele perguntou, se sentando no sofá, ansioso.
- Está sim, ele deve estar chegando, meu amor. – ela se ajoelhou na frente do filho, passando a mão em seus cabelos para reorganizá-los.
- Faz tempo que eu não vejo o papai, né? – perguntou novamente, sorrindo em seguida.
- Faz um tempinho, a última vez foi uns quatro meses atrás. Mas, vou te contar um segredo... Ele não vai mais para longe. – piscou para Ollie, vendo o garoto franzir a testa. – Ele te conta melhor depois. Ou agora. – adicionou, ao ouvir a campainha da casa tocar.
andou até a porta antes que o filho corresse, não gostava que o pequeno abrisse, por mais que fosse o pai. Já havia o avisado diversas vezes, mas colocar algo simples assim na cabeça de Oliver ainda parecia impossível. Girou a chave e abriu a porta, vendo a criança passar por ela como um raio.
- Papai! – gritou, se jogando nos braços do homem que o esperava abaixo dos dois degraus da escada de entrada e o pegara no colo com grande agilidade. Não era como se esperasse menos que uma gritaria de um filho cheio de saudades.
- E aí, garoto! – apertou o filho um pouco mais do que gostaria poder dizer. – Eu estava morrendo de saudades de você. – afastou o pequeno do próprio corpo, ainda segurando-o no alto, encarando seu rosto. – Você está lindo, não é possível que tenha ficado ainda mais nesse tempo. Você cresceu, sem dúvidas.
- Eu não cresci, pai. – o pequeno riu. – Mas lindo eu sou mesmo, a mamãe me fala isso todo dia.
- Ah, eu tenho certeza que ela fala. – riu, encarando a mulher que os observava da porta, mas agora descia os degraus na direção dos dois.
- Pai, ela me disse que você não vai mais embora, é verdade? – Ollie perguntou com seus olhos brilhando em curiosidade. trocou um rápido olhar com , rindo.
- A sua mãe é uma bela linguaruda, Oliver. Mas é verdade. – confirmou, abraçando o filho novamente antes de colocá-lo no chão. – Depois o papai te conta tudo. – piscou para ele e virou-se para mulher ao lado, envolvendo-a em um abraço apertado. – Tudo bem, ? – perguntou, afastando-se da mulher e vendo-a concordar com um aceno de cabeça.
- E você? Parabéns por ter se formado, , você é demais. – colocou a mão sobre o ombro dele, o vendo sorrir de orelha a orelha.
- Estou ótimo. Eu estou tão feliz de ter voltado, você não faz ideia. Eu acho que se eu passasse mais seis meses dessa forma, ficando longe do Ollie, principalmente, eu ia surtar. – ele pegou a mão do filho e o puxou para dentro da casa, seguindo , que já havia entrado enquanto o ouvia falar.
- E ele surtaria mais ainda sem você, de verdade, , ele não dormiu essa noite. – ela continuou a pegar os brinquedos ainda espalhados no hall de entrada, levando-os para sala enquanto caminhava até lá. se abaixou para ajudá-la, guardando alguns livros infantis na estante.
- Eu dormi sim. – o pequeno reclamou, bufando.
- Dormiu. Mas foi me jogando para fora da cama, né?
- Que coisa feia, Ollie. – riu, se jogando no sofá e sentindo o filho pular em cima de seu corpo.
- Eu tava feliz. – riu, sapeca, dando de ombros. – A gente vai para casa da vovó? – perguntou, esticando o pequeno corpo por cima do pai, se dobrando ao receber cócegas do mais velho.
- Vamos sim, ela disse que está com saudades.
- Mas ela me viu ontem. – o garoto semicerrou os olhos, provavelmente tentando se lembrar se realmente fora no dia anterior.
- E por isso ela não pode ter saudades? – perguntou.
- Ela pode, eu tenho também. – o pequeno riu, confessando. – Ela faz uma torta gostosa de chocolate.
- Ela já deve estar com uma pronta para você, pode ter certeza. – piscou para o filho, que passou a língua nos lábios, fazendo “hmmmm”.
- Do jeito que é babona, eu tenho certeza. – concordou, sentando-se no outro sofá.
- E você? Alguma novidade? – perguntou, fitando .
- Ollie está evoluindo muito na escrita, a letra dele está bem redondinha agora. – sorriu, vendo o filho balançar a cabeça, feliz.
- Me referi a você, alguma novidade que não envolva essa criança incrível e folgada? – ele cutucou Oliver, que para escapar, saiu de seu colo e correu escadas acima, rindo.
- Ah. – ela riu. – Desculpe, você sabe que basicamente tudo gira em torno do Ollie para mim. – ele concordou, sorrindo.
- Mas agora vamos dividir isso muito bem, então se prepare para desapegar um pouco, minha vez de grudar nele.
- Você não venha roubar meu filho, . – a mulher riu.
- Vamos lembrar que você não fez ele sozinha, egoísta.
- ! – ela o repreendeu e os dois gargalharam. O homem se levantou, vendo o filho descendo as escadas novamente.
- Não quer nos acompanhar até minha mãe para jantar? – perguntou, pegando a mochila do pequeno e colocando em suas costas.
- Preciso terminar alguns projetos. – ela torceu o nariz. – Estou com preguiça, mas preciso. – ele assentiu, rindo.
- E como estão as coisas no trabalho?
- Boas como sempre, não tenho do que reclamar. – adorava seu trabalho como Design de Interiores, curso no qual ela havia se formado à distância, e trabalhava basicamente a todo momento de casa, visitando o escritório ou os locais para qual tinha projetado algumas vezes apenas.
- Vou ficar na casa da minha mãe apenas até encontrar algum lugar, quando eu encontrar, vou precisar de você. – ele sorriu, se abaixando para beijar a bochecha da mulher, que estava sentada. – Se você puder, claro.
- Será trabalhoso decidir qualquer coisa com seu péssimo gosto, mas eu aceito o desafio. – brincou, recebendo um dedo do meio como resposta.
- Tchau, meu amor. Qualquer coisa, peça para o papai me ligar, tudo bem? – o pequeno assentiu, abraçando a mãe com força e logo correndo para porta, onde o esperava.
- Mãe, pai, oi. – falou, entrando na casa dos pais, que lhe deram um abraço rápido.
- Ué, cadê meu pequeno? – sr. falou, procurando pelo neto enquanto a esposa fechava a porta.
- Está com o , pai, ele o buscou hoje mais cedo, estou abandonada. – a mulher fez bico, recebendo um segundo abraço do pai, dessa vez mais apertado.
- O voltou? – sra. perguntou, rolando os olhos e fazendo com que e o pai bufassem.
- Sim, mãe, ele está de volta, finalmente. Ollie não aguentava mais sentir saudades de , estou feliz que ele está por aqui.
- Meu bem... – sr. interveio logo no começo da discussão, tentando evitar que a esposa tirasse do sério como em tantas vezes.
Claro, com a mudança de para estudar distante durante os últimos quatro anos, as brigas entre as duas haviam diminuído. Não poderiam considerar nulas, pois, por diversas vezes, as mulheres ainda acabavam caindo naquele assunto e tudo era virado de ponta cabeça.
A mãe de nunca havia aceitado o relacionamento da filha com , pois desde o princípio, dizia ela, que estava fadado ao fracasso. Quando os dois se separaram, aos 21 anos, a mulher foi a primeira a apontar o dedo e reafirmar o que havia dito tantas vezes. Já o sr. , adorava o rapaz e sempre tentou ajudá-los de todas as formas possíveis, principalmente, segurando a língua da esposa para que não se metesse entre os dois.
- Bom, pelo menos ele voltou e visitou o filho, não? – cutucou, pegando a panela do fogão e colocando-a em cima da mesa, onde e o pai já estavam sentados. A mais nova respirou fundo, tentando controlar-se.
- Mãe, você realmente vai voltar a fazer um inferno na minha vida? Eu mal entrei aqui, mal voltou, me dê um tempo. – calmamente tomou um gole do copo que o pai acabara de servir para ela. - E você repense um milhão de vezes antes de falar qualquer coisa nesse tom sobre ele, pois se tem algo incrível em , é o quanto ele ama Ollie e sempre se preocupou com o filho. Se você não é próxima o suficiente de seu neto para realmente saber disso, não abra sua boca.
Após a explosão de com a mãe, a família conseguiu jantar, mesmo que sempre forçando para assuntos banais que fugissem de quaisquer tópicos que pudessem trazer farpas. Bom, era sempre um pouco difícil fugir, já que os tópicos incômodos para sra. eram toda a vida da filha, incluindo amigos, trabalho, e até mesmo Oliver.
Mais uma vez, no final de uma noite que deveria ser agradável, ela saíra da casa com o pai lhe pedindo desculpas pela milésima vez. apenas sorriu, abraçando-o.
- Não é como se fosse sua culpa, papai. – o viu assentir, sorrindo de volta para ela.
- Fale para me visitar, vou adorar vê-lo, fale que precisamos ver um jogo juntos.
- Pode deixar, quando ele levar Ollie, o aviso.
- Você e ele estão bem? – perguntou, curioso, vendo a filha o encarar com a testa franzida.
- Sempre estivemos, pai, juro. Nos respeitamos e amamos Ollie, nunca tivemos motivos para ficarmos brigados.
- Eu sei, só... Não sei, eu entendo que vocês tiveram de se separar, mas nunca vou entender.
- Só não deu certo, pai. Como a mamãe faz questão de dizer e repetir há quase 10 anos, nunca poderia dar certo.
sabia que, com de volta, teria de responder mil vezes sobre aquele assunto. Não apenas aquelas perguntas, mas as mais variadas delas também, como por que eles ficaram juntos, à princípio. Abraçou o pai mais uma vez e virou-se, andando até o carro.
Os dois haviam se conhecido no colegial, quando se mudara para a cidade. Ela e eram da mesma turma, e aproximou-se do grupo de amigas da namorada do amigo de . Os dois uniam os dois grupos, então logo e foram apresentados, tornando-se amigos. Ela com certeza lembrava-se do dia em que se conheceram. Não falava muito ainda com todos, mas tentou puxar conversa com ela, fazendo-a rir. Mas não, não fora amor à primeira vista ou primeira conversa, o que seja.
Já na primeira conversa, os dois perceberam que tinham menos em comum do que poderiam esperar. Suas famílias eram diferentes, seus costumes, seus gostos, seus sonhos. Claro, isso nunca impediria qualquer amizade, então o que importava era o quanto se divertiram conhecendo um ao outro.
Durante dois anos do colegial, e continuaram encontrando-se na escola, nas poucas festas em que a garota ia, já que não curtia muito o ambiente, e até mesmo em alguns trabalhos na sala de aula. Sempre estiveram próximos e apreciavam muito a amizade um do outro, mas era apenas aquilo, quando se encontravam, riam e conversavam, o que era suficiente para ambos.
No último ano do colegial, mais precisamente no baile de boas-vindas, e sobraram entre os amigos e o garoto a convidou para dançar. Naquele momento em que nem um, nem o outro, tinham ideia do que estavam fazendo com os pés e braços, sorriu para garota, percebendo o quanto ambos se divertiam na presença um do outro. Ele a convidou para sair do baile e comerem alguma coisa em qualquer fast food que parassem, e a noite terminou com um beijo na porta da casa da garota.
Nunca houve um pedido de namoro, mas e ficaram juntos desde então. Após quase três anos juntos, Ollie veio, surpreendendo a todos, já que descobriu sua gravidez aos sete meses. Isso não foi uma crise para o casal, porém, na mesma época, seus sonhos começavam a distanciá-los, com tentando guardar sua maior vontade na gaveta para seguir uma família com , e a mulher se recusando a viver naquela situação. Foi quando terminaram, depois de diversas brigas que desgastaram a parceria e amizade entre os dois.
Durante os últimos anos, havia seguido sua vontade de estudar na Espanha, mas sempre estivera presente na vida de Ollie, se desdobrando e fazendo o possível e impossível para estar com o filho. adorava isso, sempre o vendo como o melhor pai do mundo. Após um ano muito bem afastados pelas brigas de final de relacionamento, conseguiram sentar e resolver seus problemas, iniciando uma amizade que se mantivera sólida, afinal, sabiam que sempre estariam presentes um na vida do outro, era o mínimo que poderiam fazer. Não havia dado certo, mas ainda podiam estar ali um pelo outro, o que agradava aos dois.
A mulher apenas não sabia se estava realmente preparada para ouvir tudo novamente, pois se tinha algo chato, eram as pessoas tentando falar de sua vida, a droga de morar em uma cidade pequena.
- Ei! – cumprimentou, abrindo a porta e sentindo as pernas serem abraçadas pelo filho. – Deixa eu ver se não tá faltando nem um fio de cabelo... – ela passou as mãos pelos cabelos do filho como se realmente estivesse contando, fazendo rolar os olhos. – Como foi? – perguntou, encostando-se no batente da porta enquanto Ollie corria para dentro de casa para tirar a pequena mochila que tinha nas costas.
- Ótimo, como eu estava com saudades. – o homem suspirou, fitando o pequeno que andava de um lado para o outro na sala.
- E ele de você. – sorriu para , vendo-o fazer o mesmo. – Se tem algo bom que saiu disso. – ela apontou para os dois. – Foi essa coisinha aí.
- Só isso? Jura? Você me odeia tanto assim? – falou, magoado, rindo logo em seguida. – Ah, lembrei de algo. É bem provável que sim, mas você falou com alguém da escola recentemente?
- Ah! Ia te perguntar o mesmo. A cápsula do tempo, né? – ele assentiu. – Você vai?
- Com certeza. Podemos ir juntos. – ele deu de ombros e a mulher assentiu, concordando. – Depois combinamos então.
- , fui visitar meus pais na sexta... – antes que ela pudesse continuar, a interrompeu.
- E como está minha ex-sogra que tanto amo? – ele revirou os olhos, fazendo rir.
- Já enchendo minha cabeça, sem dúvidas.
- Eu juro, já são anos e mais anos, e eu ainda não entendo o que fiz para ela, não é possível. – riu.
- Nunca vamos entender, , por isso eu só ignoro. E grito com ela, mas isso não vem ao caso. – a garota riu da expressão confusa dele. – O que ia falar é que ela continua um saco, mas meu pai disse que você precisa visitá-lo.
- E eu vou! É só me falar um momento em que ela não esteja lá. – piscou, fazendo-a rir novamente.
- Eu marco para vocês. – concordou. – Ollie, vem se despedir do seu pai. – o garoto correu até a porta, abraçando .
- Até logo, filho. – acenou após se distanciar, vendo-o ficar abraçado com as pernas da mãe. – Tchau, , depois combinamos para o dia de ir na escola. – a mulher assentiu e acenou para ele.
- E aí. – entrou no bar, recebendo diversos “oi” animados dos antigos amigos de escola.
- E aí, cara! Você fez falta nesse tempo, hein? Tá bonitão. – Carlos brincou, dando tapinhas nas costas do amigo.
- Vocês que fizeram falta lá na Espanha, eu devia ter feito vocês irem comigo. – falou, sentando-se entre Carlos e Alex.
- Se eu fosse, quem seria a figura masculina para o Ollie? – Carlos brincou.
- Como se ele precisasse disse, Carlos. – riu.
- Eu sei que não. Como está meu afilhado? – Carlos riu, não via o garoto há alguns dias devido a uma viagem recente que fizera a trabalho.
- Muito bem. Como senti falta daquela criança, vocês não têm ideia. – sorriu. - Mas agora vamos aos trabalhos. – levantou a mão, chamando pelo garçom e ouvindo comemorações dos amigos.
- Vocês só querem falar do meu tempo na Espanha, do que eu fiz, do que vou fazer aqui... Eu quero saber de vocês! Como sobreviveram esses anos sem a minha presença constante nas noites de quarta-feira? – perguntou, vendo Carlos, Alex e Trent rolarem os olhos.
- Inacreditável como o cara nunca deixa de ser prepotente. – Trent brincou. – Estavam ótimas sem você, pode ficar tranquilo! – mostrou o dedo do meio para o amigo, tomando mais um gole de sua cerveja. – Quando você foi para Espanha, eu já estava terminando a faculdade de administração, estou trabalhando em um escritório e estou muito bem por lá, assumi um bom cargo. – deu de ombros.
- Eu estou trabalhando em uma construtora na cidade vizinha, estou muito bem também. Estou prestes a sair da casa dos meus pais para morar sozinho. – Alex respondeu.
- Caralho, ainda? – riu, vendo o amigo rolar os olhos.
- E você não está com seus pais, não é? – retrucou.
- Estive na Espanha por quatro anos e já tinha saído da casa de meus pais. – piscou para ele, zombando e vendo-o concordar com uma risada, touché.
- Mas agora vai, juro. – Alex afirmou, vendo todos discordarem e então apenas lhes mostrou o dedo do meio.
- Não é como se você não falasse comigo. – Carlos começou. – Mas estou bem, obrigado, cansado para caralho dessa última viagem por trabalhar com artistas estrelinhas. – reclamou, referindo-se ao seu trabalho em uma produtora. Era um trabalho incrível e Carlos amava o que fazia, mas nada mais difícil que produzir as coisas para quem não colaborava.
- Tudo bem, Carlos, sabemos que você tem um ótimo trabalho, mas agora você tem que contar para o quem você está enrolando, porque isso você com certeza não contou. – Trent gargalhou, vendo o amigo enrubescer.
- Opa, você tá com alguém e não em contou, que porra de melhor amigo você é? – perguntou em tom de voz alta, curioso.
- Você lembra da Kim? – Carlos falou brincando, e vendo o amigo arregalar os olhos, surpreso.
- Não, não me recordo muito bem da melhor amiga da , madrinha do meu filho. Que caralho, Carlos! – gargalhou, completamente surpreso. – Como isso aconteceu? E como ficou a Melissa nisso? – perguntou, referindo-se à ex do rapaz, que era amiga de Kim e .
- Foi no aniversário do Ollie nesse ano. – Carlos levou a mão até a nuca, ansioso. – Eu não sei o que aconteceu, juro, foi como se do nada trocássemos um olhar e “hm, acho que a gente devia ficar”, e só aconteceu. – riu. – A Melissa foi embora no ano passado, brigada com todos, ninguém entendeu. – deu de ombros, vendo os outros homens concordarem.
- Eu nunca esperaria isso, de verdade. E eu e a nem tivemos dedo nisso, o que é a melhor parte. – riu. – Mas como vocês estão?
- Como eu disse, ele está enrolando-a, logo ela desiste. – Trent reforçou.
- Eu não estou enrolando-a, eu vou a pedir em namoro, eu só não achei que fosse necessário atualmente. – reclamou, rolando os olhos.
- Com a Kim é. – falou, vendo os amigos concordarem. – Ela é toda fofa, Carlos, não é porque você é chato e bruto para caralho, se fingindo de dono do mundo, que todos tem que saber o que você quer sem que você fale. – brincou, recebendo uma careta de Carlos como resposta, irritado. – Agora alguém me fala como vocês não estão enchendo a cabeça dele do quão nada a ver esses dois são? Porra, quando eu apenas fiquei com a pela primeira vez, vocês me crucificaram. – falou, lembrando-se e bufando.
- Os opostos se atraem, , querido. – Alex falou, apoiando sua mão no ombro do amigo. – Você e a não eram nem opostos, vocês eram apenas... Estranhos. – riu.
- Sou obrigado a concordar. – Trent riu também, vendo Carlos discordar.
- Nunca vou entender. – deu de ombros. – Mas ainda bem que a opinião de vocês nunca valeu nada, não é? – gargalhou. – Agora tenho o Ollie e isso que importa.
- E vocês? – Alex perguntou.
- Vocês quem? – questionou, sem entender.
- Você e a , caralho. – Trent riu.
- Ah! Estamos bem. Vocês sabem, apesar de falarem merda, sabem que sempre nos demos muito bem, não é porque nos separamos que isso mudou. – deu de ombros. – Temos um laço para vida inteira, e sendo bem sincero, agradeço a Deus por esse laço ser com ela, porque ela é incrível. – sorriu, sincero.
- Vocês nunca conversaram sobre ficarem juntos novamente? – Carlos perguntou, virando o restante de seu copo de whisky.
- Não acho que teríamos por que falar disso, Carlos. – respondeu, rindo.
- Ah, não sei, não é um assunto comum entre ex? – Alex perguntou, sendo irônico.
- Acho que temos assunto suficiente com um filho. – riu, vendo Carlos sorrir e dar de ombros.
- Quem está preparado para ficar um pouquinho com a vovó hoje? – perguntou ao ver o filho entrar no carro, animado.
- Você não vai ficar comigo? – Ollie questionou, fazendo bico, enquanto a mãe o prendia na cadeirinha.
- A mamãe e o papai precisam ir em um lugar primeiro, depois eu volto para casa e fico com você. – o encarou, dando uma piscadinha que animou o garoto novamente. – Oi, . – sorriu, beijando a bochecha da mulher que entrara no banco do passageiro ao seu lado.
- Você e a mamãe vão passear e não vão me levar? – perguntou, sério, fazendo os adultos rirem. ligou o carro enquanto se virava para o banco de trás para dar atenção ao filho.
- Nós precisamos encontrar alguns amigos em um lugar de adultos, mas a vovó vai cuidar de você e tenho certeza que ela já preparou bastante coisa para vocês fazerem juntos. – o pequeno assentiu, encarando o lado de fora através da janela. – Inclusive, obrigada, . – falou, virando-se novamente para frente. – Sua mãe é demais.
- Você mais do que ninguém sabe o quanto ela ama que você deixe o Ollie com ela, se depender dela, nunca na vida precisaremos de babá. – brincou, rindo.
- E nunca precisei mesmo, mas acho que nunca posso deixar de agradecer. – ela deu de ombros, sorrindo.
- Sabe que não tem necessidade de agradecer por nada. – colocou a mão direita sobre a perna da mulher, descansando-a ali e vendo-a rir ao encarar seu gesto, o que o fez mover-se rapidamente. – Desculpa, . – riu, envergonhado. – É que para mim é tão natural, eu peço desculpas se tenho tido alguma atitude estranha nessas vezes que nos vimos, tipo isso.
- Está tudo bem, , não é como se fosse o fim do mundo. – a garota gargalhou, não conseguindo se conter. – Sempre fomos amigos, não é uma separação e quatro anos distantes, mesmo que nunca realmente distantes, que vão mudar isso. – ela repetiu o gesto do homem, descansando a mão esquerda em sua perna e vendo-o rir.
- O que é uma separação e quatro anos distantes, não é? – riu da frase da mulher, estacionando o carro em frente da casa de sua mãe. – Vamos lá, Ollie? – falou, chamando o filho e descendo do carro para tirá-lo da cadeirinha.
- Oi, ! – a mãe de apareceu, apoiando-se na janela do motorista enquanto o filho tirava seu neto do outro lado do automóvel.
- Oi, Leah! – esticou a mão para tocar a da mulher em um gesto carinhoso.
- Não é porque o voltou e fica buscando e levando o Ollie, que você não precisa mais me visitar, viu? – brincou com a ex-nora em um tom pesado, como se estivesse brava.
- Mãe. – a repreendeu, rindo discretamente.
- Oi, vovó! – Ollie abraçou a mulher pelas pernas e ela o pegou em seu colo.
- Oi, meu amor! – sorriu para criança, abraçando-o. – Você não tem lugar de fala, , é quase minha filha também, posso dar uns puxões de orelha. – ela deu um beijo na bochecha do filho, pegando a mochila de Ollie de suas mãos. – Se divirtam, e juízo. – brincou, encarando os dois enquanto entrava novamente no carro.
- Não temos mais 17 anos, mãe, por favor. – riu, rolando os olhos.
- Queria que minha mãe tivesse gostado de você como a sua gostou de mim. – comentou aleatoriamente quando desceram do carro no estacionamento da escola, onde encontrariam sua antiga turma para desenterrar a cápsula do tempo que haviam guardado no último ano do colegial.
- Confesso que eu também queria. – riu, concordando. – E o pior é realmente nunca saber o que fiz tão de errado para você. Se fosse o Ollie, eu até entenderia ela me culpar, mesmo que não fosse certo e não fizesse sentido, mas ela sempre me odiou. – bufou, lembrando-se das diversas discussões de com a mãe enquanto ele ficava quieto para não piorar a situação, apenas tentava acalmar a namorada.
- E mesmo anos depois, , eu ainda não entendo, ela realmente apenas não gosta. – sorriu, triste. – Bom, já passou, agora ela tem apenas que suportar e se lembrar que você é o pai do neto dela.
- Outch. – reclamou, colocando a mão no peito como se tivesse sido acertado. – É pesado falar assim.- ele riu.
- Deixa de ser bobo. – riu também, empurrando-o levemente pelo ombro, e vendo-o mostrar a língua, sendo infantil. – Voltou para escola e virou uma criança de novo, né?
- Talvez. – ele sorriu. – Preciso te perguntar uma coisa... – o homem falou, puxando-a pelo braço para um canto, antes que passassem pelo portão do local. – Como assim o Carlos e a Kim estão ficando e você não me contou? – perguntou, fazendo a mulher gargalhar. – Saí com os meninos outro dia e estou me segurando desde então para falar com você. – confessou.
- ! É o seu melhor amigo, ele tinha que te contar! Ele não contou? – ela riu novamente, tentando controlar-se para não chamar atenção dos colegas que entravam na escola.
- Não! O Carlos é um babaca. – riu. – Eu não esperava isso, estou imaginando como vai ser ver os dois juntos.
- É demais, acho que você não espera que seja assim, mas é muito bom. Eles parecem ter vergonha um do outro, é engraçado, mas eles realmente se dão muito bem e ficam fofos juntos. O Ollie vai ter uma ótima história de padrinhos para contar.
- Agora estou mais ansioso ainda. Só espero que eles deem certo, o Carlos parece apaixonado, o que é surreal considerando isso agora, depois de... O quê? Mais de dez anos que eles se conhecem?
- Pois é. Parece que eles simplesmente viraram uma chave no cérebro e puff, estavam ali um na frente do outro.
- , às vezes eu sinto que nossos caminhos sempre vão estar cruzados de alguma forma, não é possível. – riu, desacreditado, vendo-a concordar. – Posso aproveitar para falar uma coisa? – o homem coçou a nuca, envergonhado, vendo a mulher o encarar com a testa franzida. – Só queria dizer que fico muito feliz com a nossa amizade, eu sinto que mesmo no meio de tanto tempo e tanta história, ainda posso ser o mesmo com você e você é a mesma comigo. Desculpa, eu precisava colocar isso para fora para ter certeza de que você não se importa que eu algumas vezes acabo agindo como se nunca tivesse acontecido nada. Não é isso, é só que eu não acho que tivemos nada ruim para guardar um do outro, então é como... Bom, só não temos nada ruim para guardar. Eu não quis falar isso durante muito tempo porque eu estava longe, mas estando aqui e convivendo, não acho justo ficar com isso na cabeça, sabe? – viu a mulher assentir, sorrindo. – Se você quiser, posso tentar uma postura diferente, mais “normal” para situação em si. – fez aspas com os dedos e a mulher puxou suas mãos para baixo, tentando acalmar a gesticulação em excesso do homem.
- . – ela riu, vendo-o suspirar, pedindo desculpas. – Está tudo bem, você não precisa tomar qualquer postura diferente. Quando terminamos, há quase cinco anos, eu te disse que sempre teríamos um ao outro. Claro que seu tempo longe foi complicado, nosso primeiro ano separados foi algo difícil, mas passou e nós soubemos muito bem como lidar com tudo de forma adulta. Você sempre pode ser você mesmo comigo e eu sempre serei a mesma com você, e acho que o Ollie será o mais feliz de todos com a nossa maturidade. Fique em paz, tudo bem? Só não vá se apaixonar, por favor. – brincou e os dois riram alto, enquanto negava com a cabeça, incrédulo com a naturalidade de sempre de .
- De novo? Não, não aguento passar por essa forte emoção de novo, . – ele beijou a testa da mulher, colocando o braço por cima de seus ombros e puxando-a em direção à entrada. – Vamos lá ver que porcaria guardamos nessa cápsula do tempo. Eu jurei que lembraria, porque nem passou tanto tempo assim, mas eu não faço ideia. – confessou.
- Você não sabe nem o que comeu ontem, tenho certeza, .
- E não é que as primeiras pessoas que encontro da minha turma são meu novo casal preferido? – falou, aproximando-se de Carlos e Kim. A mulher sorriu, jogando os braços nos ombros de e puxando-o para um abraço, enquanto Carlos cumprimentava .
- Aí, ! Como é bobo. – Kim riu, afastando-se do homem. – Estou muito feliz que você esteja de volta, nos últimos meses o Carlos só falou disso. – ela rolou os olhos enquanto cumprimentava a amiga.
- Estou muito feliz de estar de volta e, principalmente, mais feliz ainda de ver vocês dois, confesso. Ainda não acredito. – deu de ombros, rindo. – Estava falando isso agora com a . – Kim encarou a amiga com as sobrancelhas arqueadas, vendo-a dar um sorriso de lado, sem ter muito o que falar. – Devíamos sair para comer depois, não acham? – perguntou, animado, antes que aparecesse alguém diferente os convidando e ele tivesse que inventar uma desculpa para não ir com os prováveis estranhos com quem estudara além dos amigos.
- Eu acho ótimo, até porque não quero sair daqui para uma reunião estranha com um monte de gente que não se falava e agora vai ficar de saudosismo. – Carlos riu, vendo levantar sua mão para um hi-5 com ele. – Ficamos apenas nós então.
- Vocês não prestam, não é possível que sejam tão ruins assim. – riu, negando com a cabeça assim como Kim.
- Se me chamarem para uma festa, eu vou, estão avisados. – Kim brincou, andando em frente e sendo seguida por e Carlos que faziam careta.
- Confesso que não seria uma má ideia também. – deu de ombros, fazendo todos pararem para encará-la.
- , tá tudo bem? Eu estou fugindo da ideia e você está curtindo? – perguntou, colocando a mão na testa da mulher como se verificasse se ela estaria febril.
- Inverteram o mundo, minha melhor amiga não está nada bem. – Kim brincou e puxou a amiga pela mão, entrando na quadra da escola, onde muitos dos ex-alunos já estavam parados no centro com o grande baú.
Entraram no local cumprimentando a todos os conhecidos, sendo os que tivessem visto recentemente ou não. Alguns abraços mais calorosos e outros acenos de cabeça apenas para cumprimentar pessoas distantes. e ficaram lado a lado, recebendo diversas sobrancelhas arqueadas, já que todos ali sabiam que os dois já haviam sido praticamente casados e haviam se separado. Para alguns, tinha sumido e a deixado com um filho pequeno, então para esses, era realmente estranho vê-los rindo juntos e conversando com os ex-colegas de classe. Assim como era estranho para todos notarem que Carlos e Kim estavam com suas mãos entrelaçadas e uma proximidade estranha para apenas amigos, aquela sim era uma fofoca nova para todo o grupo.
- Olha, muitas carinhas que eu quase senti falta! – sra. Kepler falou, aproximando-se do centro da roda de ex-alunos com uma chave, sendo recebida com diversos gritos esganiçados e risadas. – Quem vê não pensa que vocês me queriam rolando as escadas alguns anos atrás só para não fazer provas, não é? Espero muito que isso tenha passado. – ela gargalhou, olhando atentamente para cada rosto que a encarava. – Confesso que sempre que fazemos isso, fico nostálgica. É engraçado ver esses rostinhos crescidos, mesmo que não tenha se passado assim tanto tempo. Alguns de vocês ainda vi por aqui pela cidade e sei como estão, outros foram embora e aposto que retornaram apenas para fazer parte, e os agradeço por isso. Não vou enrolar muito, prometo, mas gostaria de uma foto de todos nesse momento antes de abrirmos, e uma depois, pois, caso não se lembrem, temos uma fotografia de todos no dia em que guardamos.
A turma se aproximou, tentando alinhar-se com sra. Kepler, que estava atrás do baú, já encarando o provável atual aluno que era responsável pelo jornal da escola. Carlos correu para frente de todos, deitando-se na primeira fileira e ouvindo risadas dos demais. Kim aproximou-se dele, ajoelhando ao seu lado e dando um tapa em sua cabeça, fazendo aumentarem as risadas para ele.
encarou todos os colegas juntando-se para foto e começou a caminhar para o lado contrário de onde estava, achando um pequeno lugar no fundo onde poderia se encaixar. riu sozinho ao observá-la e tomou a mão da mulher na sua, negando com a cabeça para sua expressão assustada e puxando-a com ele para próximo de Carlos e Kim, sentando-se com as pernas cruzadas ao lado deles e chamando-a para se sentar em sua frente. revirou os olhos, rindo.
- Digam, cápsula do tempo! – a ex-professora da turma gritou, fazendo todos rirem. – E agora, sem mais demoras, vamos lá, vou chamar o nome de vocês. – após todos se dispersarem, dando caminho, a mulher se abaixou em frente à caixa, colocando a chave na fechadura e destravando seu conteúdo.
Diferente da imaginação de todos, a caixa não tinha diversas coisas espalhadas, mas sim pequenas pastas com o nome de cada aluno. Algumas estavam cheias e com objetos maiores guardados, outras não passavam de folhas. A professora pegou a primeira foto de cima e sorriu, passando a para a pessoa ao seu lado, para que passasse por todos. foi o primeiro a pegá-la, sorrindo ao encarar seu eu mais jovem com os braços passados pela cintura de uma de cabelos presos e sorriso tímido no rosto. Ele cutucou a mulher e apontou na foto, vendo-a sorrir também. Os dois seguravam suas pastas e folhas avulsas em suas mãos, as coisas que seriam guardadas na cápsula. Vendo aquela foto, se lembrou de uma das coisas que havia guardado ali e suspirou, passando a foto para Gilbert, que estava atrás dele.
- Vamos começar. – sra. Kepler pegou a primeira pasta. – Abott.
afastou-se, abrindo sua pasta com um sorriso no rosto e se sentando no muro da quadra, equilibrando o conteúdo em suas pernas enquanto pegava o primeiro papel nas mãos. Suspirou, rindo sozinha e decidindo olhar os demais antes. Viu uma prova de química que havia tirado um A, o que era uma grande surpresa, visto que a garota era péssima nessa matéria, por mais que estudasse muito. Viu uma carta de recusa de uma das faculdades que pretendia ir e não soube o porquê de ter guardado aquilo. Pegou diversas fotos que havia revelado para colocar de lembrança, fotos com os pais na época do ensino médio, fotos da turma, pedaços dos jornais da escola, e muitas fotos com . Encontrou um par de brincos que havia ganhado de Melissa, uma pulseira que havia ganhado de Kim e um pequeno anel feito com um pedaço qualquer de arame e um pedaço de papel laminado roxo, representando uma pedra. Gargalhou sozinha ao ver aquilo, lembrava-se bem de a entregando depois de ver o combinado dela com as amigas.
Respirou fundo, ainda encarando algumas fotos, e pegou o primeiro papel que ainda segurava.
Lista de desejos (espero ter realizado tudo)
Estudar na Espanha;
Correr uma maratona;
Ver um jogo de futebol dos Estados Unidos em Copa do Mundo;
Ir para Disney;
Morar com a ;
Ter filhos com a ;
Casar com a (oi, se a gente não casou ainda, quer casar comigo? hahaha Tudo bem, acho improvável isso não ter acontecido).
encarava a mulher de longe, vendo-a ler atentamente o papel em suas mãos, papel exatamente igual ao que ele tinha em seu colo. Deixou-o descansar em cima do muro em que estava encostado, no lado contrário de , e viu seus outros objetos. Viu uma carta que a mãe havia escrito para que ele guardasse, sem que pudesse lê-la, e continha diversas piadas e frases sem sentido, com um final que dizia que era apenas para deixá-lo curioso mesmo. Pegou um ingresso com um carimbo de uma grande festa que tinha ido, ainda menor de idade, junto com os amigos. Embaixo de diversas fotos que tinha guardado, assim como todos haviam feito, riu ao encontrar um pé de uma meia com desenhos de abacaxi. Vasculhou o ambiente com os olhos, encontrando Carlos também procurando por ele com uma grande gargalhada presa, os dois se encararam e negaram com a cabeça, rindo, por que diabos haviam guardado aquilo?
Passou um tempo observando as coisas que tinha em sua pasta e realmente sentindo-se nostálgico, até ver Theo se aproximar com mais algumas pessoas em volta. Carlos, Kim e já estavam juntos do outro lado, dando de ombros para ele e rindo.
- Ei, ! Saudades de fazer uma baderna, não? – Theo riu, abraçando o ex-colega de classe de lado.
- Olha, Theo, eu acabei de me formar, pode ter certeza que estive em muitas festas recentemente. Sabia que a de hoje partiria de você. – negou com a cabeça, rindo. – Minhas companhias já toparam, então... – ele deu de ombros, apontando para os amigos que agora se aproximavam. Theo fez um hi-5 com o colega e se afastou, partindo para o próximo convidado enquanto seu grupo se separava para convidar os demais de outras turmas que também estavam ali abrindo suas cápsulas.
- Eu avisei que se fosse convidada, iria. Ainda mais com a topando. – Kim sorriu, animada.
- Você acha que sua mãe fica com o Ollie? Qualquer coisa saio mais cedo e pego ele. – falou para .
- Nada disso, Ollie é meu nesse fim de semana. – mostrou a língua para a mulher, que riu. – Vou ligar para ela, você sabe que ela fica, e não é como se fôssemos dormir em uma festa, você nunca fez isso nem quando tinha 15 anos, . – ela rolou os olhos.
- Só não vou reclamar porque é a pura verdade.
A casa de Theo não tinha tanta gente quanto quando faziam as festas ali na época de escola. Claro, nem todos tinham comparecido à abertura da cápsula, e nem todos haviam curtido a ideia da festa. Pessoas de outras turmas também estavam ali, mas era engraçado reparar que quase ninguém tinha mudado. As pessoas pareciam ainda ter 16, 17 anos quando se juntavam. As panelinhas ainda eram as mesmas, mas agora todos aceitavam se misturar um pouco mais. Apenas um pouco, claro, afinal, ainda tinham que manter as aparências.
- “Então, , você e a se separaram, não é?”
Essa foi a frase que mais ouvira entre os colegas, porque a curiosidade de todos sempre fora a maior união das turmas, pode ter certeza.
não estava diferente, até mesmo Kim a estava enchendo com esse assunto, perguntando sempre se estava tudo bem. E estava, a mulher não podia deixar de dizer que a presença de novamente a fazia bem, e não sentia-se mal por não estarem mais juntos, apenas sentia-se bem ao seu lado, assim como sabia que o sentimento era recíproco.
- Eu juro, como vocês não ficaram sabendo disso? – Elissa perguntou, vendo Carlos e rirem.
- Eu nunca ia imaginar que ela fosse querer ir para o Alasca, beleza que ela era estranha e amava frio, mas Alasca? – Carlos questionou, gargalhando em seguida. – Amor, você soube que a Harriet foi para o Alasca? – perguntou, puxando Kim, que passava atrás dele com uma cerveja na mão.
- Alasca? – ela perguntou, com os olhos arregalados. – Caralho. – riu. – Você pegava ela, não era, Carlos? Olha aí, podia estar no Alasca agora também se tivesse dado certo. – a mulher zombou, fazendo todos rirem e Carlos rolar os olhos.
- Engraçadinha você, né? – mostrou a língua para mulher, colocando a mão em sua cintura e a acompanhando pela sala.
- E aí? Mais alguém com o destino estranho? – perguntou, vendo Elissa negar.
- Confesso que você era a pessoa com o destino estranho antes, nunca imaginei que você queria ir para Espanha. – sorriu, vendo rir.
- Sempre foi minha vontade. – sorriu, sincero. – E você, sempre por aqui mesmo?
- . – se aproximou da mulher, que estava encostada em um canto, vendo Carlos e Kim dançando desengonçadamente. – Ei! Toma isso aqui. – ele estendeu um copo para ela, vendo-a arquear uma das sobrancelhas.
- , eu já bebi um pouco hoje, foi o suficiente. Você sabe que não curto muito.
- Eu sei, mas essa você vai gostar, tenho certeza. – a mulher suspirou e pegou o copo da mão dele, bebendo apenas um pouco. – É doce.
- O que é isso? – perguntou, tomando mais um gole, realmente era bom.
- Eu não faço ideia, só misturaram e me deram. – o homem riu, vendo-a negar com a cabeça.
- Mas, realmente, para mim já deu. – ela o entregou o copo de volta. – Acho que já estou bêbada o suficiente de ver esses dois. – gargalhou quando viu Kim tentar passar por baixo das pernas de Carlos durante a dança que eles inventavam. Nem um deles estava bêbado, longe disso, na verdade, mas a felicidade era palpável.
- Meu Deus, eu também estaria se estivesse observando isso. – riu. – Quando quiser ir embora, me avisa, tá?
- Não, imagina, . Não quero ir, mas também quando quiser, não vou te fazer ir junto.
- Não sei por que você ainda insiste, sabendo que eu vou. – rolou os olhos teatralmente.
- Não custa tentar, não é? – brincou. – Vem, você precisa dançar um pouco também, me mostra o que aprendeu na Espanha.
- Você? Dançar? Tem algo invertido aqui. – o homem riu, surpreso.
- Se a gente tá na chuva, é para se molhar, certo? – deu de ombros, puxando pela mão até próximo dos amigos, que apenas sorriram, dando espaço para que formassem uma roda.
Em pouco tempo, a roda já havia se estendido para quase todos da festa, que agora dançavam juntos em meio a risadas e histórias hilárias sendo contadas, fossem atuais ou antigas.
- Ah, não! Essa é boa demais. – riu, ouvindo os primeiros acordes de uma música latina começando. Ele encarou e a mulher negou veemente, já começando a rir. – Vem, , eu sei que você fica dançando sozinha, eu te conheço, vai. – ele aproximou-se da mulher, estendendo sua mão para que ela pegasse. Bufando, juntou suas mãos e aproximou seu corpo do de , que já a puxava para mais perto, começando alguns passos que tinha aprendido. – Você disse que queria saber o que eu tinha aprendido, tá aí. – riu, segurando a cintura da mulher e entrelaçando sua perna com a dela.
- Talvez eu tenha aprendido uma coisa ou outra aqui também, sempre gostei e precisava me distrair com algo. – ela deu de ombros, colando seus corpos inocentemente, focando no ritmo da música e deixando-se levar. – Todos estão dançando, mas não param de nos encarar. – rolou os olhos, sendo girada por em seguida. – Consigo quase ouvir os pensamentos idiotas.
- Sei que você sempre se importou muito com todo mundo, , mas, sinceramente, só curte, não se importe. Não precisamos provar nada para ninguém. Bom, nada realmente importa, só aproveita, você tem um bom parceiro de dança. – brincou, logo vendo o corpo da parceira se soltar mais, rendendo-se ao ritmo sensual da música.
- Queria negar, mas você realmente ficou bom nisso. – riu, sentindo puxá-la pela cintura novamente de forma mais forte, seguindo a batida do refrão.
- E você está me surpreendendo por não ter saído correndo da festa, e muito menos daqui. – ele sorriu, sincero, aproveitando a proximidade para deixar um leve beijo no rosto da mulher, que sentiu as bochechas esquentarem um pouco.
- As coisas mudam em alguns anos.
- Bom, às vezes nem tantas assim. – ele suspirou, agradecendo que estava virada de costas naquele momento.
- Ei, eu acho que tem algo aí com você que me pertence.
- Como você me achou? – riu, dobrando o papel e encarando a rua, onde algumas pessoas começavam a ir embora.
- Não foi difícil, era só encontrar um lugar mais quieto. – deu de ombros e a viu arquear as sobrancelhas. – O Theo te viu subindo e me deu a dica, um telhado é um lugar legal. – falou, passando também pela janela do quarto do amigo e sentando-se ao lado dela. – Mas falei sério, acho que tem algo aí que é meu. – apontou para o papel na mão dela, vendo-a morder os lábios, provavelmente nervosa.
- Não sei por que fizemos isso, . – riu. – Eu nem sei o que está escrito no que está com você, sinceramente.
- Uma troca? – perguntou, puxando o papel de dentro do bolso da blusa. A mulher assentiu, receosa. – Faz muito tempo, , fica tranquila. Era uma época diferente, não precisa ficar com vergonha.
- Não é vergonha, . Não sei explicar. Eu acredito que eu tenha escrito coisas diferentes de você, foi o seu papel que me deixou assim. – suspirou pesadamente, entregando o papel a ele e recebendo um em retorno.
Lista de desejos:
Ir a um show em outra cidade;
Cantar em um karaokê na frente de bastante gente;
Morar sozinha (ou com o , quem sabe?);
Viajar para outro país;
Me dedicar ao curso que escolher e ser bem sucedida;
Adotar um cachorro;
Casar.
- ... – ele riu discretamente.
- Curte o silêncio, . – ela resmungou, ainda encarando sua lista e ouvindo-o bufar em resposta. – Você tem ideia do motivo do seu papel estar comigo, e o meu com você? – perguntou depois de algum tempo.
- Eu fiz a gente trocar no último minuto. – ele riu. – Posso perguntar algo?
- Vai adiantar se eu falar que não?
- Não.
- Então fique à vontade.
- O que você sentiu lendo isso?
- ! – ela reclamou. – Acho que isso não é uma pergunta muito legal de fazer.
- É sim, se eu estiver curioso. – retrucou. - Mas não tem problema, eu posso responder primeiro. Eu me senti triste. – deu de ombros. – Acho que é a melhor palavra para definir o que estou sentindo no momento. Eu fiz grande parte dessas coisas, mas eu perdi umas por outras. E não. – ele falou, quando viu que tentaria interrompê-lo. – Eu não me arrependo, . Mas precisei de menos de um mês convivendo com você de novo, para saber que eu não me lembrava dessa lista, mas ela ainda está valendo para minha vida. – desabafou, soltando todo ar que estava guardando em seguida.
- ... Eu acho que isso é um assunto muito delicado, nós somos amigos, não podemos esquecer disso. Não quero perder isso. – respirou fundo, encarando o céu escuro.
- E é por isso mesmo que me sinto completamente confortável em conversar com você, assim como fizemos hoje mais cedo quando chegamos na escola. Àquela hora, sinto que falei um monte de porcarias porque tinha medo de estar invadindo seu espaço enquanto agia como se nada tivesse acontecido, mas ver você aceitando que sempre seremos como éramos, só me deixou sentir-me ainda mais como um adolescente. Quando eu disse que não tivemos nada ruim para guardar um do outro, eu quis dizer que, para mim, é como se não tivesse acabado. Eu passei quatro anos longe, , e no primeiro momento que voltei aqui para ficar e te encontrei, eu sabia que nada tinha mudado para mim. A gente mudou, eu sei, somos pessoas diferentes, mas quando eu ‘tô com você, nada mais importa, eu não ligo para nada, eu esqueço todos esses anos separados e é como se estivéssemos aqui simplesmente para uma reunião da escola, mas juntos. Me desculpa por soltar tudo isso, mas eu não consigo seguir em frente, nunca consegui, e estando perto de você, eu duvido que vá ser mais fácil. Eu não penso em ninguém, não olho para ninguém, não consigo aceitar ter alguém comigo. – bufou. – E agora você provavelmente vai me odiar, mas eu sempre fui direto e eu não acho certo esconder o que estou pensando quando estou com você, você é quase como minha consciência. Então, se você é minha amiga, me diz, como eu faço para esquecer alguém? No caso, quando esse alguém é você.
- Porra, . O que eu devo fazer com esse monólogo? – a mulher suspirou, tentando esconder um sorriso que tentava nascer. sempre fora a pessoa mais direta do mundo, ele era quase transparente para ela, mas ainda assim a fazia rir com aquela atitude. – Eu estou surpresa, mas vou te responder que me senti decepcionada ao ler a lista. Você sempre foi nosso maior apoiador, mesmo que todo mundo sempre torcesse o nariz e minha mãe te odiasse por sabe se lá qual motivo, você sempre acreditou que tudo daria certo, e acho que por isso eu estive em metade de todos os seus desejos. Eu sempre odiei ouvir que a gente não dava certo, e acho que de alguma forma, eu deixei com que isso influenciasse meus pensamentos e por isso me senti tão culpada em te segurar aqui, que te pedi para partir. Não me arrependo também, claro, foi assim que você realizou mais um desejo da lista. – sorriu, dando de ombros. – Eu não sei o que pensar, . Mesmo.
- Pensar sempre dá errado, então, não pense. – o homem falou, fazendo-a rir nasaladamente. – Sei que não é fácil para você, mas não custa pedir. Faz assim, pensa, mas pensa só nesse momento. – ele apontou para onde estavam, e para a calmaria da rua em contraste com o som, não tão alto, no andar de baixo da casa. – Nós dois aqui, o que você pensa?
- Ah, , é diferente. Quando estamos só nós dois é diferente. Não consigo nem escutar o som lá embaixo ou pensar nas pessoas, é como se tudo congelasse, elas desaparecessem e só restasse nós dois aqui. Sempre foi assim. É sempre fácil quando se trata de nós, por isso sempre nos demos tão bem. É como se tivéssemos uma parede em volta. – ela riu.
- Então, ... Nada mais importa, é a nossa parede, não tem como derrubar, nunca teve. Nós fizemos isso antes, eu sei, mas ainda assim ela está aqui, é como se só tivéssemos aberto uma brecha nela, mas eu já estou aqui de novo. Nós não temos motivos para brigar, não devemos nada para ninguém, e nós temos uma ligação para o resto da vida. Esquece o passado e pensa no futuro, eu tenho certeza que dá certo, vendo essa lista, eu tenho ainda mais. Eu ‘tô há um mês aqui pensando nisso, já me perguntarem sobre você e eu fugi, porque eu sabia que se começasse a pensar, ia terminar aqui, nesses pensamentos. - virou-se de frente para pela primeira vez durante toda aquela conversa, onde eles encaravam apenas o vazio da rua em sua frente. – Hoje mais cedo... – ele sorriu, cruzando as pernas e sentando-se de frente para mulher, puxando-a para olhá-lo também. – Você brincou, falando para que eu não me apaixonasse. – a mulher riu, lembrando-se de algumas horas atrás. – Mas como eu iria me apaixonar, se eu nunca realmente deixei esse sentimento?
- Você tem um ponto, . – ela riu, vendo que fazia sentido.
- Você realmente vai ignorar tudo que falei? – ele mordeu o lábio, vendo o silêncio enquanto a mulher o encarava há alguns segundos sem dizer mais nada.
- Não vou ignorar, eu só estou digerindo. Eu preciso pensar, . Eu preciso entender tudo isso. – ele assentiu, buscando pela mão da mulher e as entrelaçando, vendo-a sorrir com o gesto.
- O que você precisar, , eu estou aqui, tudo bem?
- Eu sei, . E eu também estou aqui por você, sempre estive. – deu de ombros levemente, suspirando e deixando um sorriso tomar seus lábios. – Posso te abraçar? – ela fez bico, vendo-o rir.
- Só não se assuste se ouvir meu coração quase saindo do peito. – ele puxou-a pelo braço, vendo-a se ajeitar para encostar seu corpo no dele, enquanto ele passava os dois braços em volta da mulher.
- É muito boa essa sensação de que nada mais importa, né? Principalmente quando estamos assim. – ela apontou para os braços de em volta dela. – Eu sempre senti isso, é muito bom me sentir assim novamente.
- Isso quer dizer... – ele começou.
- Não quer dizer nada, . – ela riu. – Assim que eu souber o que quer dizer, você será o primeiro a saber, tudo bem? – ele assentiu, rindo.
- Vou tentar segurar a ansiedade. – ele beijou os cabelos da mulher, apertando-a mais em seu abraço.
- Ollie, filho, quer comer alguma coisa? – perguntou, vendo o pequeno entrar na cozinha e sentar-se em sua cadeira, que tinha uma almofada para deixá-lo mais alto.
- Sim, mamãe. – ele coçou os olhos, parecendo que tentava acordar.
- Você escovou os dentes? – ela questionou, encarando o filho, e ele desviou o olhar, concordando com um falso “uhum”. – Você lembra que eu disse que o nariz de criança mentirosa cresce, não é?
- Não cresce não, mãe.
- Ah, agora você tá me contradizendo? Vou colocar Pinóquio para você assistir! – reclamou.
- É chato. – resmungou.
- Eu vou te dar embora, Oliver! Você não é meu filho, não é possível. – riu, pegando uma maçã da geladeira e lavando-a. – Vai escovar os dentes, bonitinho.
- Ah, não, mamãe. – ele fez bico, encostando-se teatralmente na cadeira.
- Oliver . – falou um pouco mais alto, chamando a atenção do filho, que bufou em resposta, levantando-se. O garoto estava na entrada da cozinha quando ouviu a campainha tocar e mudou sua direção do corredor com as escadas para porta. – Oliver, já falei que você não abre a porta, será que você não me escuta? – gritou, vendo o filho parar automaticamente antes de se aproximar da entrada da casa.
- Oi, . – viu sorrir para ela. Estava parado ali com as mãos dentro dos bolsos da bermuda que usava.
- Papai! – Ollie passou correndo pela mãe, jogando-se nos braços do pai.
- Ei, campeão! – pegou o filho no colo, o abraçando.
- Oi, . – sorriu, tímida. Ainda não tinha visto desde a semana anterior, desde a conversa deles que ficava rondando sua mente todos os dias e ela não conseguia fugir. – Hm... Entra. – deu espaço para que o homem passasse e ele o fez, vendo-a fechar a porta. – Não esperava você. Não que seja ruim, é só modo de dizer. – falou, atrapalhada. Desde quando se sentia nervosa na presença dele? – riu sozinha de seus pensamentos, tentando afastar um sorriso.
- Quis fazer uma surpresa. – deu de ombros, colocando Ollie no chão.
- Hoje eu vou para sua casa, pai?
- Ei, hoje você é meu, bafinho. – respondeu, vendo o filho rir, constrangido. – , você pode pedir para o seu filho ir escovar os dentes?
- Por que sempre que a criança faz algo ruim, é filho só do pai? – reclamou, rindo. – Eu escovo meus dentes, tá? – brincou. – E por que o senhor não quer escovar os dentes? Eu posso saber?
- Eu ‘tô com preguiça, pai. – fez bico e viu a mãe rolar os olhos em resposta.
- Vai logo escovar esses dentes para poder comer, . – falou, dura.
- Confesso que quase estou indo junto depois dessa. – gargalhou, vendo o filho começar a andar na direção das escadas.
- Pai, vem comigo? – ele virou-se, encarando o mais velho. trocou um olhar rápido com a ex-namorada, que assentiu.
- Vamos lá. – ele passou pelo pequeno, o pegando nos braços e colocando em suas costas rapidamente, fazendo a criança rir.
- Ei, vocês. – falou, terminando de subir as escadas. – Que demora é essa para escovar esses poucos dentes? – apareceu na porta do quarto do filho, encostando-se no batente, com um sorriso no rosto.
- Ele quis me mostrar as coisas do quarto dele. – riu, falando quando a mulher se aproximou. – Tá tudo tão igual. – suspirou, encarando o filho guardar os diversos brinquedos que tinha pegado para mostrar para o pai.
- Gosto do que fizemos aqui, talvez ele queira tirar as nuvens do papel de parede quando ficar mais velho, mas por enquanto, ele adora. – riu.
- Eu gosto também. – sorriu de forma sincera. – E eu amo aquela foto. – apontou para o porta-retrato que ficava na cômoda do pequeno, mostrando uma foto dos três no aniversário de dois anos do filho, alguns dias antes de separarem-se.
- Eu também.
- Então, eu vim para saber se vocês não queriam sair, sei lá... – colocou o braço em sua nuca, apertando-a, incerto, demonstrando sua ansiedade. franziu o cenho, rindo em seguida do gesto do rapaz.
- Vocês, é? – ela perguntou, encostando-se no lado oposto do batente e o encarando.
- É. – ele assentiu, sorrindo de lado.
- Você sabe que não tem que me conquistar, não sabe, ? – perguntou, ainda encarando-o, vendo que agora ele adquiria uma expressão confusa.
- Eu não estou nem tentando, . – respondeu, vendo a mulher arquear as sobrancelhas. – Tudo bem, talvez um pouco. – bufou. – Mas não entendi. – riu.
- Só... Não precisa. – ela deu de ombros. – Eu disse que tinha que pensar, , mas não disse que não sentia o mesmo. – confessou, vendo-o abrir um sorriso depois de um suspiro em meio a uma expressão surpresa. – O passeio é uma ótima ideia. – ela então desviou sua atenção para o filho. – Ollie, você quer passear com o papai? – perguntou, vendo-o olhar para eles, animado.
- Claro, mamãe!
- E a mamãe pode ir junto? – perguntou, vendo o filho concordar animadamente.
- Você vai? – ele perguntou, aproximando-se e se enroscando entre as pernas dos dois.
- Vou. O papai vai te ajudar a se trocar enquanto eu me arrumo também, ok? – ele assentiu, correndo para gaveta para escolher uma roupa. brincou, batendo continência para mulher enquanto ela saia do quarto, indo em direção ao seu, que um dia, já fora dos dois.
- Mamãe, olha! – Ollie apontou para mini montanha russa que se destacava assim que passaram pela catraca do parque. Estavam na cidade vizinha, em um daqueles parques de diversões que andam pelo país, ficando um pouco em cada lugar. – Pai, você vai comigo? – ele perguntou, animado.
- É claro que vou. – sorriu, fazendo um hi-5 com o pequeno.
- Ah, eu não sei, gente. Não acho isso confiável. – a mulher riu, preocupada.
- Mas olha quanta gente, mãe. – o filho fez bico, fazendo-a revirar os olhos.
- É, olha quanta gente, . – se abaixou ao lado do filho, imitando-o. gargalhou ao ver sua expressão.
- Eu te odeio, . Mas vou junto, pelo menos se morrermos, seremos os três. – resmungou, dando a mão para o filho e vendo os acompanhar com um sorriso no rosto e as mãos nos bolsos.
- Viu? Nem doeu. – falou, animado, saindo do brinquedo com Ollie em seu colo.
- Fale por você. – a mulher reclamou, pressionando a mão na barriga. – Bati no ferro na primeira curva. – rolou os olhos. – Não sei como Ollie não se machucou.
- Eu sou forte. – o menino respondeu, levantando os braços para mostrar os zero músculos que tinha em toda sua magreza de criança ativa de seis anos de idade.
- Muito forte, meu amor, muito forte. – riu, puxando-o do colo do pai. – E aonde você quer ir agora, senhor super-homem?
- Não sei, escolhe, mamãe. – pediu.
- Sua mãe não é nada radical, Ollie, eu tenho certeza do brinquedo em que vamos nesse caso. – riu, dando de ombros.
- , vai ficar tão linda uma foto dele lá. – foi a vez da mulher fazer bico, já caminhando em direção ao brinquedo, vendo a pequena fila.
- Vai mesmo, mas é bom saber que realmente tem coisas que não mudam. – riu.
- Eu amo o Carrossel. – Ollie falou com os olhos brilhando, enquanto entravam na fila e a grande estrutura girava dentro do cercado.
- Eu também. – deu de ombros, mostrando a língua para , que apenas sorriu, negando com a cabeça.
- Então eu também, né? – se rendeu, aproximando-se do filho e apontando para o brinquedo. – Em qual você quer ir?
- No cavalo mais alto. – respondeu rapidamente.
- Tudo bem, eu vou sair correndo para pegar o cavalo mais alto para você e a mamãe te leva. – piscou para mulher, que apenas franziu o cenho, sem entender.
- Você nunca viu a briga pelo cavalo mais alto? Logo você que só gosta do Carrossel? – arqueou as sobrancelhas, debochando.
- . – o repreendeu, tentando segurar uma risada. – Vai lá, senhor “eu sou o melhor pai do mundo”, a moça vai liberar a fila. – apontou, vendo o homem olhar para frente.
- Encontro vocês lá. – ele riu, andando em passos mais rápidos na fila.
passou pela catraca do brinquedo enquanto acompanhava com os olhos, vendo-o correr para o lado do Carrossel que não era visível. Quando estava alcançando o local onde o ex-namorado estava, o viu subindo no cavalo com a cara amarrada, e viu um garoto atrás dele, andando até um carrinho que tinha do outro lado.
- , o que você fez? – perguntou, vendo-o olhar discretamente para onde o garoto estava.
- Nada. – respondeu, descendo e vendo a mulher colocar o filho sentado onde ele estava. – Segura aí, campeão, nós vamos estar aqui atrás, tudo bem? – o pequeno assentiu, feliz.
- Você brigou com uma criança? – arqueou a sobrancelha, sentando-se no móvel do brinquedo que imitava um sofá, dando lugar para duas pessoas, mesmo que apertadas, afinal, era para crianças. Será que ninguém pensava que adultos também poderiam amar aquele brinquedo? Além de que os pais sempre acompanhavam seus filhos.
- Talvez eu tenha brigado. – ele mordeu o lábio, mantendo o olhar fixo no filho em sua frente.
- , você sabe que não tem um cavalo mais alto, não sabe? Todos sobem e descem, então todos ficam da mesma altura.
- Claro que não, ! – reclamou, encarando-a.
- , é claro que sim, eu não acredito que você realmente pensava isso. – a mulher gargalhou, vendo o olhar de incredulidade dele.
- Ah, . – bufou, rindo de si mesmo. – Droga. Agora a criança me odeia à toa.
- Pois é, querido.
- Você podia ter me deixado sonhar. – fez bico. – Já estou começando a ficar tonto. – reclamou.
- Mal começou a mexer, ! – ela riu, se mexendo para pegar o celular do bolso. – Quero tirar fotos. – sorriu, abrindo o aplicativo da câmera e apontando o aparelho para o filho, que balançava os pés.
- Só promete que não vai me filmar vomitando se isso acontecer. – brincou. – Você é péssima com fotos, que horror, , está tremendo todas. Isso que seu celular é bom, imagina se não fosse. – riu, colocando-se um pouco para frente no banco e segurando a mão da mulher que segurava o aparelho. – Viu? Dá para ficar parada. – zombou, olhando-a e apertando na tela para tirar as fotos. desviou o olhar para o aparelho, focando na mão de sobre a sua. O homem não deixou de atentar-se a isso, sorrindo em seguida. – Hm, bom saber. – voltou para o lugar, encostando-se novamente no banco.
- O quê? – ela perguntou, chacoalhando a cabeça e colocando o celular em cima da perna.
- Nada. – ele pegou o celular e abriu o aplicativo da câmera novamente. – Ei, acho que a gente também merece uma foto no Carrossel. – brincou, aproximando-se da mulher e apontando o celular para eles.
- Ah, . – sorriu, tímida.
- Vai, . – fez bico, chamando a atenção da mulher. Ela assentiu, mexendo nos cabelos para arrumá-los. Se aproximou de e o viu encará-la com um sorriso antes de olhar para câmera. suspirou e sorriu para o aparelho, vendo fazer o mesmo e apertar a tela. – Vem cá. – o homem falou, olhando-a e indicando para que ela aproximasse mais o rosto do dele, o que ela fez sem questionar, respirando fundo e dividindo discretamente seu olhar entre os lábios de ao seu lado e a câmera. Sentiu-o beijar sua bochecha delicadamente e se afastar de forma rápida após tirar a foto com o celular. – Vou enviar para mim antes que você apague. – pegou a mão da mulher e posicionou rapidamente seu dedo sob o sensor da digital.
- Não vou apagar, . – riu, bufando.
- Prefiro não arriscar. – falou, devolvendo o celular e pegando o próprio para baixar a imagem.
- Alô?
- , oi!
- Oi, !
- Preciso da sua ajuda, você tá muito ocupada?
- Estou terminando um projeto, mas em uns quinze minutos estou livre. Aconteceu alguma coisa?
- Não, só preciso mesmo de uma ajuda simples.
- Odeio seus mistérios.
- Você ama, pode assumir. Logo estou aí.
- Oi. – ela falou, entrando no carro.
- Ei. – ele sorriu, cumprimentando-a.
- Para onde vamos? – perguntou, curiosa.
- Não vou falar, você sabe. – ele riu.
- Não custava tentar. – deu de ombros.
- Mas é muito perto. – sorriu, animado, dando partida.
- A sua sorte é que, felizmente, confio em você, né? Sei que não vai me sequestrar ou algo assim. – riu.
- Ah, depende... – uma expressão pensativa tomou o rosto dele, fazendo a mulher dar um tapa em seu braço e depois suspirar, sempre se sentia infantil quando estava com o homem, e percebia desde o dia da cápsula do tempo que ainda era assim.
Às vezes era como se nunca tivessem tido um filho, morado juntos, passado por diversos problemas, se separado... E isso já tinha passado por sua mente um milhão de vezes nas últimas duas semanas, enquanto ainda estava enrolando com sua resposta. Ela sabia o que queria, não entendia por que tinha tanta dificuldade em apenas se jogar. Sua vida só tivera sentido depois de entrar nela anos antes, e parecia que agora ela estava completa novamente.
Não tinham mais coisas para resolver, não tinham nada que os impedisse de apenas realizar alguns sonhos a mais juntos. Não tinham assuntos inacabados, não tinham nem mesmo outras pessoas em mente desde que haviam se separado. Ela acreditava que o problema era ela mesma, que não tinha tido nem interesse em seguir em frente durante os anos separados, mas saber que estivera da mesma forma, a fazia perceber que a única coisa inacabada para eles era o próprio relacionamento. Olhando para ele ali, dirigindo, dividindo um olhar entre a rua e as diversas olhadelas nada discretas em sua direção com um grande sorriso no rosto e o mesmo olhar apaixonado de quando ainda estavam juntos, teve certeza disso e sorriu também.
- Falei que era rápido. – ele falou, apertando um controle para abrir a garagem de um prédio que ela sabia ser novo ali. Acompanhara a construção dele, pois ficava no caminho de sua casa até a casa da sra. , assim como da escola de Ollie, dois de seus caminhos mais habituais, com certeza.
- Estou começando a repensar a ideia do sequestro. – a mulher riu, descendo do carro após ele estacionar em uma das vagas próximas ao elevador.
- Um prédio novo te assusta? Não deveria ser um galpão bizarro?
- É, faz sentido. – concordou. – O que viemos fazer aqui?
- Lá em cima eu te conto. – ativou o alarme do carro e alcançou , segurando sua mão e a encarando como se perguntasse se estava tudo bem. Ela sorriu timidamente, concordando. – Vamos lá.
Os dois caminharam em direção ao elevador, que já estava parado ali. apertou o número 12 e sorriu ao ver as portas fecharem-se.
- ...
- Ah, segura a ansiedade aí, . – ele riu, vendo que passavam o sétimo andar.
- Caralho, eu te odeio. – a mulher gargalhou. – Também não falo mais o que eu queria falar. – ela deu de ombros.
- Você não ia perguntar de novo? – ela negou com a cabeça.
- Mas agora não importa mais. Fique curioso, . – sorriu, brincalhona. – Vamos lá. – ela puxou-o para fora do elevador quando esse parou no andar desejado.
- Vou voltar para trás e não te mostrar mais nada. – ele puxou-a de volta para o elevador, fazendo-a rir.
- Vamos logo, não esqueça que tenho que buscar o Ollie na escola.
- Nossa! – ele fingiu-se surpreso. – Quase esqueci que você tem um filho! Como assim? Ah, meu Deus! É meu filho também, né? Uau.
- Meu Deus, . – a mulher gargalhou. – Você é o pior.
- Fica em paz, não vamos demorar, . A gente sai daqui e pega o Ollie. – ela assentiu, vendo-o pegar uma chave em seu bolso e colocar na fechadura. – Vamos lá... Bem-vinda à minha nova casa.
- , que incrível! – ela sorriu, entrando no apartamento vazio. – Meus parabéns, é muito bom que você tenha conseguido tão rápido. Achei que você ia ficar mais um tempo com a sua mãe.
- Ah, eu queria ter meu lugar. – ele deu de ombros. – E ela amou a ideia, até porque não é tão longe da casa dela.
- É muito lindo, e olha como é grande. – caminhou pelos cômodos rapidamente, logo voltando para sala para abrir a porta da varanda.
- A minha vista é mais bonita que a sua vista. – brincou, andando até a mulher, que estava encostada e observando a rua dali. Ela riu, negando com a cabeça. – Lembra que eu disse que precisava de ajuda? – ela assentiu, ficando de frente para ele. – Queria te chamar para fazer o projeto para mim, toda decoração, tudo.
- Ah, , que incrível! – ela sorriu, animada. – Já tive várias ideias, confesso. Você só tem que me falar mais ou menos como quer para eu colocar em prática.
- Confio em você. – ele deu de ombros.
- Não é assim. – ela riu. – Tudo tem que sair perfeito, do jeito que você gosta. Eu sei que eu conheço um pouco de como você gosta de tudo mais simples, mas prefiro entender mais, saber mais.
- , a questão é... – ele riu, respirando fundo e parecendo pensar um pouco melhor nas palavras antes de falar. – Eu acho que você pode projetar o que quiser também, porque assim que você tomar uma decisão, e eu ‘tô aqui ansioso, contando os minutos e rezando para que ela seja a mesma que a minha, eu vou querer que isso aqui seja nosso.
- Ah. – ela falou, baixo, sentindo as bochechas corarem.
- Eu não posso negar que comprei pensando nisso. Sei que se a gente ficar junto, poderíamos ficar na sua casa, que era nossa casa, e sei que você está pensando isso. Mas eu acho que um capítulo novo, tem que ser novo. E, bom, se você me mandar para o inferno e seguir sua vida, eu preciso de um lugar para morar mesmo. – ele riu, vendo-a a rir também, considerando que fazia sentido. – Não estou exatamente te chamando para morar aqui, até porque isso seria te pressionar e eu jurei que não faria isso... Mas é para você saber que tem essa opção, e que eu estou sendo 100% sério sobre tudo. E, claro, você é a pessoa que mais confio no mundo para fazer esse projeto comigo, você trabalha incrivelmente bem e eu sei disso porque fui fuçar nas suas coisas pela internet. – ele mordeu o lábio inferior, vendo a expressão questionadora da mulher em sua frente.
- ... Uma vez, uma única vez, eu preciso fazer as coisas sem pensar tanto. – ela riu, andando lentamente até o homem, que ficou imóvel ao vê-la se aproximar. – Então, só fica quieto. – sorriu, jogando seus braços por cima dos ombros do ex-namorado e aproximando seus lábios em um selinho.
Logo o homem se recuperou da surpresa e pôde sorrir também, colocando uma das mãos na cintura da mulher e a outra em seu rosto, acariciando sua bochecha. Os dois mantinham-se em um selinho leve e duradouro, mas pediu passagem para aprofundá-lo, fazendo rir levemente com a delicadeza de sempre do homem. Os dois esperavam ansiosamente por aquele momento, e era incrível poder reviver aquele contato que tanto amavam. Ainda que ansiassem, não era algo desesperado, de forma alguma. Era carinhoso, cheio de saudade.
- Como eu precisava disso. – ele sussurrou, ainda com suas bocas próximas, mas agora mantendo um contato visual com a mulher, que não conseguia tirar o sorriso do rosto.
- Acho que eu também. – ela suspirou, concordando.
- Isso significa que você pensou? – passou a mão pelos cabelos da mulher, fazendo-a fechar os olhos com o carinho.
- Isso significa que eu nem tinha muito o que pensar, na verdade. Eu não tenho cabeça ou coração para outra pessoa na minha vida, . Sempre foi você, você sempre foi a única pessoa que me fez feliz, você me faz sentir tudo de melhor, e eu me sinto uma pessoa melhor do seu lado, eu me sinto feliz. Eu não consigo afastar o pensamento de que você é o amor da minha vida, e eu só tive mais certeza ainda disso ao te ver voltar e me fazer sentir as mesmas borboletas no estômago de quando éramos adolescentes. No dia da festa, no dia que saímos, e durante todas as vezes que conversamos nas últimas semanas, eu realmente entendi o que conversamos sobre nada mais importar. – sorriu, sincera, acariciando os cabelos na nuca do rapaz e vendo-o se derreter com o gesto que ele tanto gostava.
- Eu também tenho certeza que você é o amor da minha vida, sabia? – perguntou, sorridente, colando seus lábios em um selinho rápido.
- Mas não vamos atravessar tudo e querer fazer tudo de uma vez, tudo bem? Vamos aos poucos. – ele assentiu.
- Mas a gente pode contar para o Ollie? – perguntou, vendo-a rir. – E para minha mãe? Por favor. – fez bico, vendo a mulher rir.
- Podemos, . Eu nem sei como falar isso para o Ollie, mas a gente dá um jeito. Não tem por que ele ficar confuso, e eu realmente não tenho aquele medo de dar esperanças a ele e voltarmos atrás. Confio em nós, mais do que nunca.
- E eu fico muito feliz com isso, . – ele jogou os braços em volta da mulher, a abraçando e beijando sua testa. – Obrigado.
- Você é incrível, . Obrigada por não desistir de nós também, e desculpa por...
- Não. Novo começo, , sem desculpas, sem más lembranças. Uma nova história.
- Okay. – ela sorriu, fitando os olhos dele. – Uma nova história.
Epílogo
- Ollie, você vai se machucar com essa caixa, meu amor. – falou, apontando para que o filho a colocasse no canto da sala.
- Eu não vou me machucar, mamãe.
- Escuta sua mãe, criança. – repreendeu, vendo o filho rolar os olhos. – Vai colocar suas coisas no seu quarto.
- Mas eu ‘tô com preguiça. – ele respondeu, jogando-se ao lado da vó no sofá.
- Eu te ajudo, vamos lá, pequeno. – a sra. riu.
- Pai, você pode levar essas coisas para o armário do banheiro, por favor? – pediu, vendo logo o pai se movimentar. – Mudança cansa, né? Dá tempo de desistir? – perguntou para o namorado, vendo-o rir.
- Não vou te deixar desistir, sinto muito, . – ele deu de ombros. – Mas estou feliz que seu pai e minha mãe vieram ajudar.
- Se não fosse sua mãe, o Ollie provavelmente estava dentro do caminhão de mudança. – negou com a cabeça, indignada.
- Ele está feliz, essa é a melhor parte.
- Eu também, sabia? – falou, puxando algumas coisas aleatórias de dentro de uma caixa, provavelmente tudo que tinha em sua estante e só recolheu de uma forma qualquer.
- Eu também, acredita? – brincou. – Ei, olha. – ele riu, puxando um papel de dentro da caixa que olhava. – A gente podia pendurar isso em algum lugar, não acha? Deu um empurrão para nós. – eles encararam juntos as duas listas que haviam retirado da cápsula do tempo há três meses.
- Não é besteira pendurar um papel com essas letras horríveis? – gargalhou e a encarou, indignado.
- , é nossa história. – fez bico. – A gente ainda vai trabalhar em riscar tudo dessas listas, ok? – ela assentiu, concordando. – Ei. – ele a puxou para seus braços. – O que você acha desse aqui?
- Eu acho que você foi muito esperto, pena que não estávamos em um momento ideal para isso, né? – apontou para a última linha da lista de .
Casar com a (oi, se a gente não casou ainda, quer casar comigo? hahaha Tudo bem, acho improvável isso não ter acontecido).
- Fico triste que eu tenha errado sobre a probabilidade. – ele fez bico, rindo em seguida. – Mas a gente tá em um bom momento agora, não?
- Hm, ? – perguntou, incerta sobre a fala dele.
- Ah, , não é bem uma má ideia. – ele sorriu, travesso. – A gente nunca falou disso, mas eu acho que podíamos casar... Se você quiser, claro. Na verdade, se você quiser eu também posso fazer um super pedido tradicional, espero não ter estragado tudo aqui, assim. – ele levou as mãos ao próprio cabelo, puxando-os, ansioso.
- Nunca precisamos de nada assim, , não é agora que precisaremos. – falou, sincera. – Eu quero. – sorriu, colocando as mãos sobre o rosto do homem, dando-lhe um selinho.
- Nós acabamos de presenciar indiretamente um pedido de casamento ou foi impressão minha? – a sra. falou, encarando o casal, assim como o sr. e Ollie, que estavam parados ao seu lado.
- Eu acho que sim. – afirmou, sorridente, ainda encarando a mulher em sua frente.
- A mamãe e o papai vão se casar? – Ollie perguntou, andando até os pais, que se abaixaram juntos para ficarem da altura do pequeno.
- É, meu amor, nós vamos. – falou, puxando o filho para um abraço.
- Você vai ficar feliz com isso, campeão? – perguntou.
- Muito. – falou, animado.
- Então agora nós estamos mais felizes ainda. – o pai respondeu, se juntando ao abraço dos dois.
- Eu não vou me machucar, mamãe.
- Escuta sua mãe, criança. – repreendeu, vendo o filho rolar os olhos. – Vai colocar suas coisas no seu quarto.
- Mas eu ‘tô com preguiça. – ele respondeu, jogando-se ao lado da vó no sofá.
- Eu te ajudo, vamos lá, pequeno. – a sra. riu.
- Pai, você pode levar essas coisas para o armário do banheiro, por favor? – pediu, vendo logo o pai se movimentar. – Mudança cansa, né? Dá tempo de desistir? – perguntou para o namorado, vendo-o rir.
- Não vou te deixar desistir, sinto muito, . – ele deu de ombros. – Mas estou feliz que seu pai e minha mãe vieram ajudar.
- Se não fosse sua mãe, o Ollie provavelmente estava dentro do caminhão de mudança. – negou com a cabeça, indignada.
- Ele está feliz, essa é a melhor parte.
- Eu também, sabia? – falou, puxando algumas coisas aleatórias de dentro de uma caixa, provavelmente tudo que tinha em sua estante e só recolheu de uma forma qualquer.
- Eu também, acredita? – brincou. – Ei, olha. – ele riu, puxando um papel de dentro da caixa que olhava. – A gente podia pendurar isso em algum lugar, não acha? Deu um empurrão para nós. – eles encararam juntos as duas listas que haviam retirado da cápsula do tempo há três meses.
- Não é besteira pendurar um papel com essas letras horríveis? – gargalhou e a encarou, indignado.
- , é nossa história. – fez bico. – A gente ainda vai trabalhar em riscar tudo dessas listas, ok? – ela assentiu, concordando. – Ei. – ele a puxou para seus braços. – O que você acha desse aqui?
- Eu acho que você foi muito esperto, pena que não estávamos em um momento ideal para isso, né? – apontou para a última linha da lista de .
- Fico triste que eu tenha errado sobre a probabilidade. – ele fez bico, rindo em seguida. – Mas a gente tá em um bom momento agora, não?
- Hm, ? – perguntou, incerta sobre a fala dele.
- Ah, , não é bem uma má ideia. – ele sorriu, travesso. – A gente nunca falou disso, mas eu acho que podíamos casar... Se você quiser, claro. Na verdade, se você quiser eu também posso fazer um super pedido tradicional, espero não ter estragado tudo aqui, assim. – ele levou as mãos ao próprio cabelo, puxando-os, ansioso.
- Nunca precisamos de nada assim, , não é agora que precisaremos. – falou, sincera. – Eu quero. – sorriu, colocando as mãos sobre o rosto do homem, dando-lhe um selinho.
- Nós acabamos de presenciar indiretamente um pedido de casamento ou foi impressão minha? – a sra. falou, encarando o casal, assim como o sr. e Ollie, que estavam parados ao seu lado.
- Eu acho que sim. – afirmou, sorridente, ainda encarando a mulher em sua frente.
- A mamãe e o papai vão se casar? – Ollie perguntou, andando até os pais, que se abaixaram juntos para ficarem da altura do pequeno.
- É, meu amor, nós vamos. – falou, puxando o filho para um abraço.
- Você vai ficar feliz com isso, campeão? – perguntou.
- Muito. – falou, animado.
- Então agora nós estamos mais felizes ainda. – o pai respondeu, se juntando ao abraço dos dois.
Fim!
Nota da autora: Gente, eu tô completamente apaixonada pela minha própria história, pode isso? hahahaha Vou contar para vocês: a faixa 05 desse álbum (Worldwide) também é minha, e foi a primeira que eu peguei, mas eu fiquei muito em dúvida entre essa e ela... Eis que essa vagou, claramente o destino querendo me dizer algo, né? E vou confessar que amei DEMAIS essa, eu tava louca para escrever esse plot e acho que saiu melhor do que eu pensava ainda.
Quero agradecer minha amiga, Mari, que me deu uma super ajuda com uma parte do plot, a parte da lista de desejos <3 A Naty, por betar e por me aturar DEMAIS durante meus bloqueios, e a Flávia também, que até tentou me obrigar a escrever, mesmo de longe, super me incentivando hahahahah
Espero que vocês gostem tanto quanto eu, sério! Me contem, por favorrrrr hahahah E leiam 05. Worldwide, hein? Está aqui embaixo o link! Beijo <3
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Outras Fanfics:
Melbourne, Austrália (Longfic - Originais - Em Andamento)
Something Blue (Longfic - Futebol - Finalizada)
05. Worldwide (Ficstape - BTR - Big Time Rush)
04. She Will Be Loved (Ficstape - Songs About Jane - Maroon 5)
14. Maneira Errada (Ficstape - Os Anjos Cantam - Jorge&Mateus) - Continuação de She Will Be Loved.
I Do (Especial Dia dos Namorados) - Continuação de 14. Maneira Errada.
09. Cornelia Street (Ficstape - Lover - Taylor Swift)
12. Hesitate (Ficstape - Happiness Begins - Jonas Brothers)
08. Two Worlds Collide (Ficstape - Don't Forget - Demi Lovato)
02. Sosseguei (Ficstape - Como. Sempre Feito. Nunca. - Jorge e Mateus)
Mixtape: Uma Criança Com Seu Olhar (Mixtape - Brasil 2000's)
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Quero agradecer minha amiga, Mari, que me deu uma super ajuda com uma parte do plot, a parte da lista de desejos <3 A Naty, por betar e por me aturar DEMAIS durante meus bloqueios, e a Flávia também, que até tentou me obrigar a escrever, mesmo de longe, super me incentivando hahahahah
Espero que vocês gostem tanto quanto eu, sério! Me contem, por favorrrrr hahahah E leiam 05. Worldwide, hein? Está aqui embaixo o link! Beijo <3
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Outras Fanfics:
Melbourne, Austrália (Longfic - Originais - Em Andamento)
Something Blue (Longfic - Futebol - Finalizada)
05. Worldwide (Ficstape - BTR - Big Time Rush)
04. She Will Be Loved (Ficstape - Songs About Jane - Maroon 5)
14. Maneira Errada (Ficstape - Os Anjos Cantam - Jorge&Mateus) - Continuação de She Will Be Loved.
I Do (Especial Dia dos Namorados) - Continuação de 14. Maneira Errada.
09. Cornelia Street (Ficstape - Lover - Taylor Swift)
12. Hesitate (Ficstape - Happiness Begins - Jonas Brothers)
08. Two Worlds Collide (Ficstape - Don't Forget - Demi Lovato)
02. Sosseguei (Ficstape - Como. Sempre Feito. Nunca. - Jorge e Mateus)
Mixtape: Uma Criança Com Seu Olhar (Mixtape - Brasil 2000's)