Capítulo Único
- Minha carreira acabou, eu sei. - desabafavava com ao telefone - O pior é que eu não sei quem está vazando essas informações.
- Tenta não se preocupar, sereia, são só rumores. Vai dar tudo certo no final, foca em fazer o que você faz de melhor.
- É fácil pra você falar, né, ? Seu próximo filme é com o Scorsese. Nem se for péssimo, você vai ser ruim.
- Er, sobre isso… - não pretendia contar sua decisão naquele momento, ele sabia que só pioraria as coisas. - Eu passei o filme.
- O... quê?! Eu não acredito que você fez isso, ! - conforme esperado, se exaltou ainda mais do outro lado do telefone.
- Está feito. - o ator disse calmo, seguro de sua decisão e exausto por mais uma briga.
- Eu falei pra você assinar, é o Scorsese! Quem fala não pra ele?
- Eu?! - respondeu cansado, pressionando as pontas dos dedos na ossatura entre seus olhos.
- Você me irrita às vezes!
- A sua voz também me irrita. - retrucou, a imitando.
- Então não precisa mais ouvi-la. - disse curta e grossa, desligando a ligação.
Não surpreso, jogou o telefone na cama e puxou os cabelos irritado. Pirata o observava preguiçoso, aparentemente acostumado com seu tom de voz alto, que parecia ser uma nova constante desde que passou a ter problemas com o produtor do filme que estava gravando. Nem cinco minutos tinham se passado, quando o telefone voltou a tocar. A foto dele e nas últimas férias que tiveram em Bali, apareceu em seu aparelho, o que o fez franzir o cenho, levemente impressionado. Geralmente quando brigavam ele era o primeiro a procurá-la, mas aquela era a primeira vez que não só ela o procurava, como também o fazia em tempo recorde.
- Me desculpa, eu não deveria ter desligado na sua cara. É que realmente foi uma escolha muito errada. - soltou antes mesmo dele dizer alô. - Eu sei do seu sonho de trabalhar com ele e, a gente teria dado um jeito. Já basta um de nós infeliz.
- Não foi uma decisão difícil, sereia. Se eu aceitasse, não iriamos nos ver direito por mais quatro meses e nos prometemos que sempre faríamos escolhas para preservar o nosso relacionamento. - desabafou, sentindo seu coração mais leve, nada o deixava pior do que brigar com . - Eu também quero ficar do seu lado até esse filme sair, eu sei que as coisas não estão fáceis pra você.
- E que eu tenho sido insuportável. - a atriz admitiu do outro lado, com a voz baixa. Ela soava triste consigo mesma.
- Isso também. - riu cansado. - Posso te fazer uma pergunta?
- Absolutamente você deve pedir uma nova chance ao Scorsese. - brincou, mesmo sabendo que ele não falava sobre aquilo.
- Você é feliz? - perguntou, ignorando sua fala anterior.
- Como assim?! - exclamou confusa.
- Você é feliz… Comigo? Ainda? - soltou, sentindo todo o peso daquela pergunta e temendo ainda mais sua resposta.
tinha aquela dúvida há algumas semanas guardada dentro de si. Ele tentou esperar que voltasse da Europa, ou que seu problema com o filme melhorasse, mas ele estava cansado. Acordado desde a noite anterior, após horas rolando na cama, percebeu que não conseguiria dormir ou fazer qualquer outra coisa, enquanto não tivesse aquela conversa com . Estava cansado das brigas que vinham tendo, queria o seu relacionamento de volta, da forma que sempre fora.
Juntos há mais de três anos, ele não via uma vida em que ela não estivesse presente para sempre ao seu lado. Sabia daquilo desde a primeira vez que disse que a amava, era ela ou não seria mais ninguém. Mas há dois meses que ela não agia mais como a que ele conhecia e isso estava criando uma insegurança dentro de si, a ponto de começar a se questionar se ela ainda sentia o mesmo por ele.
Todos os problemas haviam começado quatro semanas depois de iniciar as gravações de um filme na Romênia. Ela nunca tinha feito um romance como aquele e somando todo os prós, sabia que seria uma chance de se desafiar e ainda ter mais um filme bacana em seu currículo. Mas o que começou como um projeto desafiador, logo se tornou seu maior pesadelo.
Mesmo que em todos os seus contratos, as cláusulas de possível nudez fossem discutidas longamente entre seus agentes e produtores, por algum motivo, o produtor do longa estava tentando forçá-la a fazer algo que não havia sido acordado. Logo nas primeiras cenas, sua personagem, que tinha em seu roteiro original acordar ao lado do ator principal após uma noite juntos, coberta pelo lençol, iria agora acordar completamente nua nos braços dele. Imediatamente ela disse não. Imediatamente ela perguntou se o seu companheiro, , também estaria completamente nu, mas logo ficou sabendo que ele sim estaria coberto pelo lençol.
Após deliberar com Poppy e Henry, que a acompanhavam nas gravações, ela aceitou usar uma calcinha e deitar sob o peito de , deixando apenas que um lado de seus seios ficassem à mostra. Sua sorte naquele momento, fora que o próprio ator, vendo seu desconforto, a ajudou a dialogar com o produtor, que acabou sendo voto vencido.
Se aquele dia tivesse sido único, ela jamais teria dado mais problemas, mas todas as cenas em que os personagens estavam entre quatro paredes o produtor dava alguma desculpa para despi-los, ela, muito mais do que ele. A história original do filme era para ser sobre duas pessoas desiludidas que viajavam para o mesmo lugar e juntas, embarcavam em um romance cheio de descoberta, dor e esperança. Sua personagem tinha acabado de perder a irmã num acidente e o de terminado o noivado um dia antes do casamento. E apesar de estar dando o seu melhor, a atriz não sabia como ficaria o resultado final.
parecia partilhar de sua preocupação, mas tentava animá-la, depositando toda a confiança no diretor e roteirista, que pareciam tão engajados quanto eles em manter a ideia inicial. Decepcionada era uma subestimação dos sentimentos de , quanto mais os dias passavam, menos ela tinha vontade de estar ali e aquela situação acabou refletindo não apenas no set, mas em toda sua vida profissional e sem querer, na pessoal. A gota final fora quando tentaram sexualizar uma das cenas mais importantes do filme, que pedia qualquer coisa, menos poucas roupas e sexo selvagem. Cansada, disse poucas e boas ao produtor na frente de todo o set, disposta a não gravar mais nada, até que a situação se ajeitasse.
Os acontecimentos tinham mexido tanto com ela, que não percebeu que acabou arrastando toda sua família para dentro daquele redemoinho e a cada tentativa de escape, todos saiam ainda mais machucados. Poppy cancelou suas férias com Henry, pois ambos sabiam que a atriz precisaria deles até que o filme fosse lançado. Seu pai havia largado tudo em LA para acompanhar o final de suas gravações na Romênia e , mesmo ocupado com as gravações de seu próprio filme, tirou um tempo todos os dias para apoiá-la, não só como seu namorado, mas também como sócio de seus agentes.
Ver sua namorada ser exposta a um ambiente tóxico como aquele havia feito seu sangue subir e a única coisa que o fez não largar tudo para ir ficar com ela, foi saber que Henry estava lá, pronto para intervir no que quer que fosse, enquanto seus advogados trabalhavam em tentar barrar as tentativas do produtor de obrigá-la a fazer algo que não estava em seu contrato. Mas, mesmo com todas as tentativas de protegê-la, conforme o fim das gravações chegavam, os boatos de que ela vinha sendo uma “diva” dentro do set, começaram a aparecer em sites e programas de fofoca, gerando uma comoção que ninguém esperava. Além de passar por aquilo dentro do set, ainda tinha a mídia e as redes sociais a retratando de forma incorreta, como se ela fosse a vilã da história.
- Que pergunta é essa? - retrucou sentindo seus olhos marejarem. Como ela poderia ter errado tanto, a ponto de seu namorado duvidar de seus sentimentos daquela forma?
- Eu só preciso que você responda. - pediu, segurando a respiração.
- Muito. Ainda mais do que eu achei ser possível. - respondeu imediatamente, sem ter que parar pra pensar. - O meu amor por você é uma das coisas mais fáceis de se colocar em palavras, .
- Então por que você vem me tratando como se eu já não importasse mais? - a segunda facada entrou ainda mais dolorosa em seu peito.
- Porque eu sou idiota? - deixou uma risada nasalada escapar, assim como as lágrimas que caíram por seu rosto sem permissão. - Eu… Nem sei o que falar, . Falhei com você, com a gente. Hoje eu percebi que tenho sido muito egoísta, mas eu nunca imaginei que algo assim fosse acontecer comigo e eu só estou… esgotada. Eu entro naquele set todo dia com medo e isso me faz não dar o meu melhor, a minha sorte é que o tem me ajudado muito. Esse filme pode ficar uma merda, mas eu faço questão que não seja pela nossa atuação. - confessou e pode ouvi-la chorar do outro lado, algo que mesmo magoado com ela, lhe partia o coração. - Mas nada disso importa agora, estamos falando de nós dois, do quanto eu sou feliz com você e do quanto eu te amo. Eu não tenho sido a melhor amiga, irmã, filha e mais ainda, não tenho sido a melhor namorada. Eu tenho uma consulta por vídeo com a Mel mais tarde...
- Sua psicóloga? - a interrompeu surpreso.
- É, eu tive uma conversa com o Henry hoje de manhã, ou melhor, um monólogo. Você sabe que ele não tem problema algum em jogar as coisas na minha cara, o que me fez ver como tenho agido nesses últimos tempos. Eu não estou bem e mesmo com eles aqui, me sinto muito sozinha, vulnerável, mas isso não é motivo para descontar toda essa merda em vocês, eu sei o quanto eles sacrificam por mim e sei o quanto você tem feito também. Eu só… Fiquei decepcionada comigo mesma por saber que você passou o papel com o Scorsese por minha causa. Eu vou deixar que a Mel ouça minhas lamúrias a partir de agora e prometo não falar de mim quando estivermos ao telefone, eu quero ouvir tudo o que você quiser me contar. Quando eu for pra casa, eu vou te recompensar e provar que só existe uma pessoa pra mim nessa vida. Você. Eu te amo tanto!
- Só não mais do que eu, sereia. - soltou quase num sussurro, o nó em sua garganta queimando. Sentia-se até egoísta em duvidar dos sentimentos dela, ao ouvir o quão derrotada soava. Em todos aqueles anos juntos, nunca a tinha visto daquela forma, se pudesse largar tudo para ficar ao lado dela, ele o faria, mas também ocupado com o próprio filme, teria que se contentar com uma simples ligação.
- Mesmo? - a ouviu perguntar fungando, mas pelo seu tom percebeu que ela também sorria. sabia que eles ainda tinham muito a conversar, que ela tinha muito a consertar, mas aquela ligação, era o início de tudo.
- Eu não sei se algum dia você vai entender o meu amor por você. - pensou alto, fechando os olhos - Você precisaria me irritar muito mais do que isso pra mudar o que eu sinto, sereia. Enquanto esse dia não chegar, eu vou continuar te amando como a mulher que sempre amei.
💎
- , eu queria te perguntar uma coisa… - estavam ambos em casa, na jacuzzi que ficava ao lado da piscina. fazia um carinho distraído nas pernas de . - Na verdade estou pra te perguntar isso desde que você chegou da Romênia, mas enrolei tanto que agora eu estou ficando sem tempo. - disse um pouco envergonhado, mas seu semblante permanecia sério. - Como não falta muito para sua estréia, eu meio que preciso me preparar.
- Se preparar pra quê?! - a atriz se virou para ele curiosa.
- Eu sei que você já disse que não, mas...O Chad tentou alguma coisa com você? Fora do set? - perguntou, se referindo ao produtor do longa.
Por muito tempo aquela pergunta vagou em sua mente. Mesmo dizendo que não, ele não acreditava nela por completo. Sabia que tudo que ela mais queria era esquecer o que passou e ambos sabiam que no momento que ela mudasse o discurso, ele não conseguiria simplesmente deixar para lá.
Após a última discussão que tiveram por telefone, demorou ainda três semanas para que as gravações encerrassem e finalmente voltasse para casa. Com ele ocupado em finalizar o próprio filme, não pode dar a atenção que ela precisava, o que fez levar ainda mais tempo para que ambos deixassem de focar nos compromissos profissionais e voltassem a focar no que realmente importava, remendar a própria relação. Sabiam que o amor estava lá, tão forte como sempre, mas precisaram de tempo para se reconectar. E embora o casal ainda não estivesse 100%, agora com seu filme completo, eles finalmente estavam se alinhando. Tinha algo que sempre acontecia quando estavam juntos e podiam ser apenas eles mesmos, que era impossível de se explicar. Devolvia certezas que nenhuma palavra era capaz de traduzir.
encarou apreensiva, quanto mais perto das estréias e viagens de promoção com o filme, mais ela sentia o ar preso em seus pulmões. Por mais que aquilo indicasse que os piores dias de sua vida estavam finalmente ficando para trás, aquilo também significava que para chegar lá, teria que ver Chad novamente. Meses depois e ainda não tinha conseguido esquecer a ansiedade que tomava conta dela quando acordava todas as manhãs, se perguntando o que aconteceria no set naquele dia. E por isso que ela evitava lembrar que ainda o veria. Reviver aqueles dias a sufocavam.
- Mais ou menos. - confessou sincera, encarando o próprio colo.
não era possessivo, e na maior parte do tempo, não se denominava ciumento. Não havia motivos para ser. Até mesmo quando homens a olhavam, ele deixava escapar um sorriso de lado quase imperceptível, pois além do choque de ver uma pessoa famosa a sua frente, sabia o quão linda era, ainda mais ao vivo do que através de uma tela. Aquilo só reforçava o quanto a amava e era sortudo de não ter posto tudo a perder depois do começo conturbado que tiveram. Mas ele exigia respeito, não por ele, mas por ela. Ela não era um produto, um corpo, um objeto de desejo, por isso quando a tratavam como tal, uma raiva tomava conta de todo o seu corpo, queimando suas veias. Sabia que ciúmes não era uma qualidade, mas ao ver com seus olhos como aquele homem havia afetado sua namorada, fez com que fosse impossível para ele simplesmente esquecer do assunto.
- Desde o começo ele sempre foi muito simpático, comigo, com todo mundo. Um dia estávamos todos conversando no hotel e ele sugeriu de irmos na piscina. Só que ele falou isso olhando só pra mim, eu fiquei na dúvida se estava enxergando errado e dei de ombros, outras pessoas gostaram da ideia e fomos todos juntos. Nesse dia o Henry e a Poppy tinham saído para jantar. Quando eu tirei minha roupa eu senti o olhar dele em mim, mas você sabe como é… - assentiu, eram sempre observados quando estavam em público e ainda mais analisados quando iam a praia e as pessoas percebiam quem eles eram. Sentiam seus corpos e ações sendo analisados milimetricamente. - No set ele estava sempre ocupado, mas percebi que ele sempre arranjava uma desculpa qualquer para falar comigo e me tocar, sabe? No ombro, nas costas, na cintura… - admitiu, sentindo seu coração acelerar - Até que um dia ele disse que um cisco tinha caído no meu rosto e tentou tirar, mas eu me afastei assustada. Ele percebeu e recuou na hora, se desculpando, disse que tinha sido automático. Mas nesse dia eu me senti esquisita, pedi pra Poppy reparar se era coisa da minha cabeça e foi mais ou menos na mesma época que aconteceu aquela primeira cena… Nunca tive muita certeza de fato e eu nunca mais deixei que ele se aproximasse de mim, além de Henry e Poppy estarem sempre comigo. Isso com certeza ajudou, mas eu podia sentir os olhos dele em mim, não importa onde eu estivesse.
- Certo. - respondeu tirando sua mão da perna dela e nadou para o outro lado da jacuzzi, se prendendo em seus próprios pensamentos.
- Eu não te contei antes para não te deixar assim. Você sabe que tudo que eu mais quero é esquecer tudo isso. - admitiu, indo até ele e o abraçou por trás, distribuindo beijinhos em seu pescoço. Sabia que era uma das coisas favoritas de - E também, apesar de tudo, eu nunca me senti ameaçada, eram olhares, se ele tivesse tentado qualquer coisa mais explícita, a história teria sido outra, pode ter certeza.
- Eu vou quebrar a cara dele desse filho da puta. - disse mais para si mesmo, assustando . - Nesse meio, pouca coisa me surpreende, então ele ir atrás de você, mesmo sabendo que estamos juntos, me deixa puto, mas o que me deixa fodido é esse merda achar que pode realizar algum sonho doentio de ver você ou qualquer outra atriz que ele tenha trabalhado, sem roupas. Vai saber o que ele faz quando as cenas são arquivadas ao final do dia. Só de pensar nisso, me faz querer enfiar um processo nesse filho da puta. - bradou irritado, se levantando.
- Se acalma, , por favor. - sentiu seu estômago embrulhar em desgosto - Vamos mudar de assunto? - pediu, segurando em sua mão.
- Vamos. - suspirou fundo e pegou seu celular para trocar a música que tocava por uma que ele gostasse e o ajudasse a se acalmar - Como anda a procura pela nossa nova casa? Viu algo que gostou? - soltou a primeira coisa que veio à sua mente e voltou a se sentar na jacuzzi, trazendo para que ela se sentasse em seu colo. Nada o acalmava mais do que o cheiro, a pele e o toque de .
Antes de e se comprometerem aos últimos filmes que gravaram, eles já vinham conversando sobre a vontade de se mudar. A casa que moravam já não os satisfaziam e estavam em busca de algo diferente, com um jardim maior para que Pirata pudesse correr à vontade e também porque pensavam em adotar um novo amigo para o peludo, para que ele se sentisse menos só.
- Sim e não. - aquilo trouxe um sorriso no rosto da atriz - A Maya me mandou uma casa em Malibu, é tão linda, o jardim dá direto na praia. - complementou, pegando seu celular para mostrar as fotos do lugar - Sei que não é nem o bairro que a gente quer, nem o estilo, mas...
- Você quer ver mesmo assim. - constatou abrindo um sorriso carinhoso, mas não conseguiu evitar rir. Ele sabia que não tinha a menor intenção de comprar aquela casa, ela provavelmente só queria ver como era por dentro.
Geralmente aquilo o tirava do sério, mas estava tão em paz em ter ela de volta, sabendo que a protegeria do que fosse preciso, que acabou não se importando em perder seu tempo.
Sempre lhe disseram que a distância reforçava o amor e por deus, como reforçava, mas não era fácil. Mesmo que ambos já estivessem acostumados a passar longos meses longe um do outro, cada vez ficava mais difícil, ainda mais quando um deles estava com algum problema sério e o outro não podia estar ao lado para ajudar.
- Na verdade, eu não pensei nela para nós. - disse misteriosa, chamando a atenção de . - O que você acha dela para meus pais?? - perguntou se virando para ele, que só então viu como aquilo poderia dar certo.
- Sua mãe amaria esse lugar, sereia, ela está sempre reclamando que gostaria de poder ir mais à praia. E não seria nada mal passarmos alguns dias com eles também. - disse animado com a possibilidade.
- Exatamente! E quando estivermos fora, consigo ver o Pirata correndo pela areia por horas. - retrucou, genuinamente feliz. - Meu pai disse que eles estavam pensando em encontrar algo diferente, talvez possa ser isso. - comentou animada, fazendo uma nota mental para contatar Maya mais tarde.
Com o celular de volta em um lugar seguro e ainda no colo de , passou uma perna pelo corpo do namorado e riu alto a ver a cara de safado que ele imediatamente fez.
- Como eu amo quando seu irmão e a Poppy ficam foram o dia todo. Nem lembro quando foi a última vez que transamos aqui. - soltou já com as mãos na bunda dela - Como você é gostosa. - disse levantando o tronco e foi ao seu encontro, mordendo seu lábio inferior, antes de iniciar um beijo que era o suficiente para levá-lo a loucura.
- E eu amo seus olhos. - disse chamando a atenção de , que levantou a sobrancelha curioso com aquele momento para elogiar seus... Olhos. - A forma que você me olha, cheio de tesão, é tão excitante quanto seus beijos. - respondeu, vendo-o contente com sua explicação.
já estava quente por estar dentro da jacuzzi, mas com rebolando em cima dele, ele só faltava suar. Quando sua mão chegou em seu biquíni, pronto para soltá-lo, eles ouviram o celular de tocar. Resmungando, ela tateou o local onde o tinha deixado e ignorou a chamada. Nem dois minutos se passaram e o aparelho vibrou novamente, fazendo bufar frustrado. Os dois deixaram que o celular tocasse até a pessoa do outro lado da linha desistir, mas foi questão de segundos para que eles ouvissem o celular de tocar.
- Que foi?! - disse curto e grosso, sem sequer ver quem era.
- Você está com a ? - afirmou ao ouvir a voz urgente de sua assistente e encarou sua namorada que o observava curiosa. - Eu tenho más notícias. - disse com a voz cansada - Vazou um vídeo dela no set de filmagens. Dando o maior escândalo.
- Hm. - ele murmurou sem sentido. - Vocês estão vindo pra casa? - perguntou disfarçando e Poppy pareceu entender.
- Nós já estamos aqui, no quarto do Henry. Não queríamos atrapalhar. - soltou desconfortável.
- Ok, eu vou ajudar vocês. - disse simplesmente e desligou a ligação bufando, fingindo irritação, para esconder a preocupação que sentia. - Os dois malas chegaram mais cedo, vou só ajudar eles a entrar com as compras, você me espera? Ou quer tomar um banho?
- Eu vou nadar, estou morrendo de calor. - piscou dando um beijo em e aquilo fez seu coração se quebrar. estava tão melhor e o que quer que estivesse naquele vídeo, a puxaria de volta para baixo.
Sem se importar em molhar a casa toda, foi em direção a sala e aproveitou o momento em que mergulhou, para correr para o quarto de seu cunhado. Precisava ver o vídeo antes dela, para saber exatamente o que falar para fazê-la se sentir melhor, se é que aquilo fosse possível.
- Eu vou matar esse cara. - disse revendo o vídeo pela terceira vez. - Ela já tem dificuldade pra dormir desde que voltou e agora mais isso???
- Eu devia ter quebrado a cara dele, eu sabia! - Henry se juntou ao cunhado - Eu tenho certeza que ele é doente, você tinha que ver a forma que ele olhava pra mulheres. Até pra Poppy com ela do meu lado!!
- Eu preciso mostrar isso pra agora, antes que alguém ligue para ela. - disse abatido, odiava saber que a faria chorar.
- O que foi?! - perguntou assim que viu , Poppy e Henry se aproximarem com cara de enterro. Imediatamente ela saiu da piscina e se adiantou em lhe oferecer a toalha que estava na borda. - Tem alguma coisa errada com você?
- Não… - assegurou, soltando uma risada fraca nasalada. - Eu já disse que meus exames voltaram todos normais. Lembra? - perguntou a enrolando na toalha.
- Lembro, mas eu também lembro quando você escondeu isso de mim por meses. Só estou me certificando. - disse infinitamente mais aliviada. A saúde de era sempre sua maior preocupação, nada viria antes disso. Não depois de tudo que passaram. - O que aconteceu, então?
- Eu preciso te mostrar uma coisa. - disse sem rodeios, entregando seu celular a ela. - Eu sinto muito por isso, sereia. Saiba que eu estou aqui com você. - disse se sentando ao lado dela na espreguiçadeira. Henry e Poppy se colocaram a sua frente, com a assistente segurando as lágrimas. Mais do que chefe, era parte de sua família e ela, mais do que ninguém, sabia como reviver aquilo reabriria sua ferida.
se lembrava daquele momento com perfeição. Estavam gravando uma de suas cenas favoritas, quando o personagem de finalmente liberava toda a dor e raiva que sentia, ao ser rejeitado por quem acreditou ser o amor de sua vida. Os dois estavam na cozinha do que era pra ser o AirBnb de sua personagem, cozinhando juntos, quando ele recebia uma mensagem de sua ex. Irritado, ele quebrava diversos copos e taças, até cair no choro, finalmente contando para ela toda a história deles. Ela e o ator haviam ensaiado tanto aquela cena, que ao gravar, puderam deixar a memorização de onde tinham que estar a cada diálogo de lado e focar apenas no que realmente importava. tinha guardado todas suas lágrimas para aquele momento e o tinha feito tão bem, que mesmo ao machucar sua mão com um dos copos, ele não saiu do personagem. Aquilo fez com que sentisse seus olhos encherem de lágrimas e embora não estivesse no script, ela se deixou levar pelo improviso de suas emoções. Sabia que se o diretor não quisesse que ela também chorasse, ele pediria para refazerem aquela cena depois. Mas estava saindo tudo de forma tão orgânica entre os dois, que com um olhar eles sabiam o que o outro iria fazer.
"Corta!! Perfeito, , perfeito." o diretor elogiou se aproximando com seu primeiro assistente, Brian "Vamos mudar a câmera rapidinho porque eu quero manter a continuação dessa cena até o final. Depois voltamos do começo, quero fazer mais uma, mas provavelmente vou usar esse primeiro corte mesmo, ficou perfeito. , vou te deixar livre pra improvisar, faça sua mágica."
"Pode deixar." sorriu para Philip, o diretor, e se virou para seu colega que tinha um sorriso cansado no rosto e os olhos completamente inchados, observando o médico do set examinar sua mão. "Ele está bem?" perguntou ao doutor.
"Sim, o corte não é muito grande. Vai precisar de alguns pontos, mas ele não quer deixar até terminar a cena." a atriz assentiu, segurando na mão de , preocupada.
"Tudo pela arte." sorriu ao ver o ator concordar "Você está incrível, ." o elogiou, recebendo um beijo nas costas de sua mão em agradecimento.
"Ei, pessoal." Chad se aproximou junto com os maquiadores e rolou os olhos, fazendo a maquiadora a sua frente rir.
Mesmo tentando não prestar atenção em nada que saía da boca de Chad, ao ouvir seu nome ela se virou para ele e quanto mais ouvia, mais sua boca se abria e a raiva tomava conta de si. Ele conversava com Lip e Brian, sugerindo para que - ao invés de terminar a cena conforme o planejado, onde abraçaria no chão da cozinha e a câmera focaria apenas no rosto do ator chorando compulsivamente - ele a beijasse com força, estourando com pressa todos os botões da camisa dele que ela usava, a despindo. Então ele a colocaria na bancada da cozinha e a cena acabaria com um take das costas nua de . Quando Philip, contido, perguntou o motivo da sugestão, Chad disse que comercialmente chamaria tanto a atenção dos homens, quanto das mulheres. Embora a ideia original fosse bonita, usar do sexo como forma de escape era algo que homens faziam.
"Você está falando sério?!" ela se aproximou antes mesmo do produtor terminar de falar "Qual é o seu problema?! Você acha que o filme é ruim? Ou tem alguma fantasia comigo e com o ? Porque me parece que o seu único trabalho nesse set é fazer com que eu e o tiremos as roupas, eu, muito mais do que ele" completou elevando a voz, sem se importar com as consequências "Ele acabou de entregar uma puta aula de atuação e aqui está você querendo foder com tudo." esbravejou, ficando a centímetros de distância do homem, que parecia assustado por não esperar uma reação como aquela dela. " A cena está saindo perfeita. Qual.é.o.seu.problema?!" repetiu encarando o homem.
"É que..." Chad voltou a falar, mas a atriz não o deixou continuar.
"É o que?! o cortou, ouvindo uma comoção atrás de si. " Você quer me ver pelada? É esse o problema? Quer ver o também? Aqui..." resmungou, abrindo os botões de sua camisa, mas logo sentiu Henry atrás de si, tentando a segurar. "Não, Henry, deixa eu continuar, porque é a vigésima vez que isso acontece e ninguém aqui nessa porra de set fala nada. De repente assim ele pára. , você pode tirar a bermuda também?"
- Eu.não.acredito!!! - exclamou ultrajada, sentindo sua garganta arder. - Eles fizeram isso de propósito! Ainda cortaram a parte que o concordou comigo… E todo o resto que veio depois. Vocês se lembram? - perguntou ao seu irmão e cunhada, os vendo assentir, apertando o vídeo para recomeçar.
- Não faz isso, . - pediu com jeito, tentando pegar seu celular de volta - Ficar revendo esse vídeo não vai ajudar em nada.
- Eu quero processar. - disse irritada, com os olhos fixos na tela - Sei que tinha pedido pra deixar pra lá, mas eu não aguento mais esse cara achando que pode ter algum controle sobre mim. Não conseguiu me conquistar, partiu para tentar me ver sem roupas e agora de raiva está fazendo isso. Que ódio! Eu não tenho um minuto de paz. - desabafou, sentindo as lágrimas preencherem seu rosto.
- Ah, … - pegou seu telefone, o colocando de lado e abraçou a namorada.
- É óbvio que tem mais gente envolvida nisso, sis. - Henry sentou do outro lado da irmã e passou seu braço sob ela - O estúdio deve estar adorando, é sempre um bom negócio gerar qualquer tipo de publicidade antes de uma estréia, boa ou ruim.
- Lembra do nosso filme? - perguntou sorrindo, tentando animá-la.
- Lembro, mas foi diferente, eram boatos bons… E verdadeiros. - apesar de tudo, ela conseguiu sorrir de volta para ele e apoiou a cabeça em seu ombro.
- Pois então, soltar um vídeo desse na mesma semana da estréia me parece muito como uma estratégia de marketing. - Henry complementou.
- Eu ainda acho que isso possa vir a calhar - Poppy disse fazendo os três a encararem confusos - Só prova que havia motivos para você reagir assim, ninguém faria isso, se não tivesse nada acontecendo.
- É, por esse lado... - Henry encarou sua namorada orgulhoso. - Por que você não vai tomar um banho? Vocês podem continuar o que estavam fazendo na jacuzzi na privacidade do seu banheiro, nos poupando de chegar em casa e ter que ver aquilo. - disse chacoalhando a irmã, a vendo dar risada. - Eu comprei a janta, posso fazer para nós quatro, o que você acha?
- Não. - fungou, secando o rosto na toalha. - Nós temos uma reserva pra hoje. - disse se virando para o namorado, voltando a sentir seus olhos marejarem. - Eu queria te fazer uma surpresa, fiz uma reserva no Nobu pra gente.
- Ah, sereia… - levou as mãos ao rosto de , passando os dedos com delicadeza sob seus olhos. - Você não precisa me levar no meu restaurante favorito pra me agradar, ainda mais depois disso. Se a Poppy não cancelou, eu cancelo. Nós vamos ficar em casa. - assegurou, sem se importar.
- Tem certeza? - perguntou, parecendo uma garotinha assustada - Eu sei que não preciso, mas eu queria. Estou em dívida com você e queria que fosse especial, mas mais uma vez um problema meu interfere em tudo, no jantar de vocês, na nossa relação. Eu só queria que tudo isso acabasse. - desabafou, se colocando dentro do abraço de .
- Eu cancelo, não vai me levar um minuto. - Poppy piscou para e puxou Henry consigo - Nós vamos fazer aquele macarrão, do jeito que você gosta. - disse afagando os cabelos da cunhada e voltou para casa, os deixando sozinhos.
- Você desistiu de muita coisa pra ficar ao meu lado quando eu estava doente, , é a minha vez de ficar do seu. - disse a vendo o encarar - Nós não precisamos nos apressar com nada por agora, jantar, casa nova, adotar um cachorro... Contanto que a gente esteja bem, você pode ter todo o tempo do mundo. Eu estou aqui, por nós, segurando firme, enquanto você passa por mais essa tempestade.
- Você é o melhor namorado do mundo mesmo! - disse sorrindo, com o nariz todo vermelho. - Eu sei que falhei com você e te fiz questionar nossa relação e sei mais ainda do quanto você abriu mão ao passar aquele filme pra ficar comigo. Mas eu também aprecio muito você estar aqui nesse momento. Eu verdadeiramente só me sinto em casa quando estou com você, então isso significa muito pra mim. Eu te amo e não é pouco o quanto, .
- Só não mais do que eu, sereia. - disse rindo satisfeito ao vê-la reagir a sua resposta, afinal, após três anos juntos, eles já não eram tão bregas e apaixonados como no começo. Aquelas declarações ficavam para momentos mais especiais ou quando ele queria fazer alguma graça. - Falando a real agora, somos nós , eu e você. Quando eu estou mal você me anima e quando você está mal eu faço o meu melhor pra te fazer feliz. Eu sempre vou estar pronto pra te levantar quando você cair. Nós vamos passar por mais isso, juntos.
- Eu não sei o que faria, se não fosse você.
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Desde que teve seu vídeo vazado, estava com muito medo de ter perdido sua carreira por conta de um homem que não soube lhe respeitar. Ela e raramente eram vistos em público, preferiam levar uma vida mais discreta e tranquila, por isso, se ver vítima de uma situação como aquela a tirou o sono. Paparazzis praticamente dormiam em sua porta e ela não aguentava mais ser perseguida toda vez que saía de casa.
Logo no começo, quando os boatos começaram sobre ela estar sendo difícil nas gravações, a quantidade de comentários em suas redes sociais e os pedidos de entrevistas sobre o assunto, a assustaram. Poppy e sua publicista faziam um bom trabalho filtrando tudo para ela, mas ter sua imagem vinculada a algo que ninguém sabia o real motivo, a tirava do sério. Além de ter que lidar com um produtor praticamente a assediando, ter o público contra ela não ajudava em nada. Aquilo tinha tomado conta de sua vida por quase toda a duração das gravações e quando tudo parecia estar chegando ao fim, teve que ver sua vida novamente revirada e seu nome jogado de qualquer forma aos quatro ventos.
Mas, ao contrário do que ela esperava e para sua total surpresa, ao acordar no dia seguinte, tomou um susto ao notar a quantidade de notificações, mensagens, e-mails e ligações, em sua maioria, a apoiando. Atrizes que ela nunca sequer tinha conhecido se compadecendo com sua situação, contando suas próprias histórias que não tiveram a sorte de serem filmadas.
Sabia que aquilo era só o começo da repercussão e quanto mais perto da estréia chegavam, mais complicado era lidar com tudo aquilo, todas as entrevistas que dava, tocavam no assunto, mas ver seus fãs, amigos, familiares e outros profissionais do ramo a apoiando, lhe deram a força que ela precisava para se levantar e cumprir com seus compromissos.
Após meses de tortura e batalhas internas, saber que no final das contas, as pessoas estavam do seu lado, fez com que se sentisse como há muito tempo não sentia. Podia finalmente ver a luz no final do túnel de seu pesadelo.
Acordada há pouco tempo, ela aproveitou que ainda era cedo para responder alguns comentários em suas redes sociais. Não era extremamente ativa, mas gastava algumas horas na semana retribuindo o carinho que recebia.
acordou com o alarme e estranhou ao ver muito mais sorridente do que esperava encontrar. Era a manhã da estréia de "Everlong" e ele teve certeza que a ansiedade a estaria corroendo. Se mexeu na cama, apoiando sua cabeça no colo da namorada, enquanto ela estava ocupada com seu aparelho.
- Bom dia, sereia.
- Bom dia, meu amor. - sussurrou, fazendo um carinho nos cabelos bagunçados dele. - Estou respondendo alguns comentários no Instagram, você se importa se eu postar essa foto nossa? - perguntou mostrando a foto que tiraram na jacuzzi de sua casa, no dia que seu vídeo tinha vazado. Sabia que por algum motivo, gostavam de ver fotos mais íntimas dos dois.
- Não. - respondeu desinteressado, ele deixava que Poppy gerenciasse suas redes e só postava algo novo que não fosse trabalho, quando a assistente praticamente implorava.
- Sabem o que dizem sobre dias de estréia? - suspirou fundo, sorrindo travessa ao colocar o aparelho de lado.
- O quê?
- Que sexo pela manhã traz sorte. - soltou com os olhos presos aos dele e riu ao ver sua cara de surpresa. Mesmo com sono era sempre lindo. Ela tinha certeza que deveria ser crime ser tão sexy daquela forma, ainda mais ao acordar.
- O que deu em você? - perguntou se levantando preguiçoso para encará-la.
- Eu acordei decidida a não deixar que nada afete minha noite. - disse segura de si. - Eu andei relendo algumas das mensagens de apoio que recebi nesses últimos dias e percebi que não estou sozinha, tenho muito mais apoio do que desamparo.
- E...? - a incentivou a continuar, levando a mão ao seu cabelo, que estava quase tão longo quando no dia em que se conheceram
- E que talvez não tenha queimado meu nome com todos os estúdios e diretores do mundo, talvez algum ainda queira trabalhar comigo.
- E não é isso que temos te falado esse tempo todo, sereia? - ele a encarou com cuidado, fazendo carinho em seu rosto e analisando cada um de seus movimentos, ela realmente parecia bem. Um contraste dos dias anteriores. - Então você está mesmo bem?
- Estou, eu prometo.
- Ótimo. - respondeu puxando com cuidado suas pernas, fazendo com que seu corpo caísse para trás, tirando uma gargalhada de - O que você tinha dito sobre dias de estréia mesmo? - perguntou se deitando por cima dela, dando uma piscadinha de lado.
- Que sexo pela manhã traz sorte. - se repetiu mordendo o próprio lábio, envolvendo os braços no pescoço de e a última coisa que viu antes de fechar os olhos, foram os olhos que ela mais amava no mundo a encararem com amor e tesão. Os olhos que a faziam se sentir a mulher mais gostosa e amada do mundo, toda vez que transavam.
- Pode ter certeza que quando eu terminar meu trabalho, você não vai estar bem, você vai estar incrível.
Desde que tinha tomado uma das maiores decisões de sua vida, relembrava com frequência de como eles haviam se conhecido. Ele realmente tinha sido e agido como um idiota. Sabia que grande parte era por conta de seu projeto, colocara em si uma pressão que lhe tirou o sono por muitas noites e quase o impediu de ver o talento de , dentre tantas outras coisas. Sua sorte era ter conseguido desfazer toda a má primeira impressão que havia causado e transformar aquele ódio todo, em amor.
era sua casa, seu lar, o grande amor de sua vida e havia pouco que não faria por ela. Nunca imaginou que a mulher forte, destemida e corajosa que conhecia, estivesse tão esfacelada por dentro. Ainda não acreditava como tinha sido tolo em questionar seus sentimentos. Por estar longe, confundiu sua dor com falta de interesse por ele e quando percebeu seu próprio erro, fez de tudo para se redimir com ela, mesmo que ela sequer o culpasse. Só foi entender o tamanho do stress que ela passou quando ela voltou para casa, cansada, abatida e com dificuldade para dormir. Um mero fragmento da mulher que ela era. Por isso que ele tinha passado o filme com o Scorsese e passaria outros mil. Ela sempre seria sua prioridade, porque ser amado por ela era mais importante do que qualquer filme.
Assim como ela, não via a hora de deixar aquele filme para trás, para que eles pudessem focar no resto de suas vidas.
- Por mais que eu ame ficar assim com você… - estava deitada nua sob o peito de , concentrada em sentir a respiração dele voltar ao normal, após mais uma das muitas vezes que eles ainda se amariam naquela vida - Tem um café da manhã enorme e dois massagistas nos esperando ali fora.
- Ah, meu amor, você não precisa me mimar tanto assim. - agradeceu sorrindo, mas com seus olhos ainda fechados. Apesar de tudo, estava ansiosa para assistir seu filme pela primeira vez e com muito medo do resultado final.
- Claro que preciso, sereia, não é porque estamos chegando no nosso aniversário de quatro anos que vou deixar de ser perfeito, como sempre fui.
- Perfeito, huh? Tá se achando demais. - sentiu-se vitorioso ao ouvir a risada de . Havia feito sua missão não deixar nada estragar o dia dela.
Após as massagens, não demorou para que o local ficasse movimentado pelo resto do dia. Maquiadores, cabeleireiros e estilistas pessoais cuidavam dos quatro moradores da casa. Por conta do vídeo e de todos os rumores, pediu para que dois publicistas a acompanhassem na estréia apenas para se certificar de que tudo correria bem. Sabia que os jornalistas estariam sedentos para saber em primeira mão o que ela achava de todo o drama que estava envolvida.
Nervosa, só conseguiu segurar os ânimos depois de uma longa conversa com seus pais, pouco antes de sair de casa. Apesar de todo seu sucesso, tinha apenas 24 anos e ainda precisava deles em momentos como aquele. Era ainda mais gratificante saber que podia contar com eles, após tudo que passaram. Muita coisa tinha acontecido nos últimos anos e podia afirmar feliz, que todos os problemas haviam ficado para trás. Tinha achado em si a força para perdoar sua mãe e seguir em frente, as duas aprendendo a ser apenas mãe e filha, mas com o benefício de ter uma mãe que entendia seu meio como ninguém.
Com toda sua família já no Chinese Theater, e estavam com o carro rodando o local, apenas esperando o carro de chegar, para que eles pudessem entrar juntos.
- Não se preocupe com nada além de sorrir e aproveitar, . - apertou sua mão ao ver o carro se aproximar da entrada do local. - E não se esqueça que eu te amo e vou estar do seu lado o tempo todo. É só você me olhar que eu me aproximo na hora.
- Obrigada, . - agradeceu sincera, dando apenas um selinho em seu namorado, para não estragar a maquiagem.
- Ah! Antes que eu me esqueça... - ele disse antes de abrir a porta - Você está absolutamente uma delícia nesse vestido. - piscou pervertido, tentando tirar da mente todas as fantasias que vinha criando desde que a vira se vestir.
Os flashes a incomodaram mais do que ela gostaria, fazia tempo que não participava de uma premiére e raramente saia para locais que atraiam paparazzis. Por ter um namorado também famoso eles sempre apoiavam um ao outro, comparecendo a eventos juntos, mas aquela noite parecia diferente. Ela sabia e todos os jornalistas também. Antes que pudesse entrar em pânico, sentiu a mão de em sua dorsal e foi só olhar no fundo dos olhos dele para ter certeza que tudo ficaria bem. lhe trazia uma segurança que ela não tinha com mais ninguém.
Sorrindo, ela posou para diversas fotos com e sem e logo se aproximou, todo de preto, elegante como sempre.
- Como você está, ? Além, claro, de estar deslumbrante - perguntou genuinamente preocupado, era a primeira vez que se viam em meses - Acabei não te respondendo ontem a noite, mas você me parece mais animada. - completou cumprimentando ao seu lado.
- Mais ou menos isso. - a atriz respondeu sorrindo, como se estivessem falando sobre o tempo. Podia ouvir os cliques das câmeras e precisava manter sua pose - Eu estou bem e se eu não tiver que interagir com o Chad, vou ficar ainda melhor.
- Você não vai. - murmurou em seu ouvido o que fez os fotógrafos ficarem ainda mais empolvorosos. - Eu vou entrar, já fiz a minha parte aqui. , um prazer finalmente te conhecer, nos falamos mais lá dentro. - disse depositando um beijo no rosto de .
- Com certeza, fala tanto de você que sinto como se te conhecesse de verdade. - disse brincalhão - Eu cuido dela por aqui até entrarmos. - assegurou, vendo agradecer.
Assim que e tiraram as últimas fotos juntos, eles seguiram com suas publicistas para responder perguntas de jornalistas de todo o mundo. Mesmo tendo que desviar de algumas questões desnecessárias, estava tudo saindo melhor do que o esperado. a socorreu quando tentaram fazer perguntas indevidas e ela não pode deixar de sorrir ao vê-lo defendê-la e ainda lhe dar razão. Juntos, eles foram em direção aos fãs, que muitas vezes madrugavam para estar ali e quando finalmente adentraram o cinema, os dois puderam respirar aliviados e gargalharam com toda a loucura que tinha acabado de acontecer.
Já em seu lugar, viu Chad do outro lado do cinema, sentado ao lado dos outros produtores e executivos do estúdio. Imediatamente sentiu seu estômago embrulhar. Ele a encarou por tempo demais e ela não quis saber o que ele estava pensando. Sem querer estragar sua noite, se virou para seus companheiros, estava sentado de um lado e do outro. Não poderia ter duas pessoas melhores para ficar no meio. Philip e Brian estavam logo ao lado de , acompanhado de suas esposas, já sua família estava apenas duas fileiras para trás. Ela se virou para seus pais acenando e, ao ver Noel com sua nova namorada, Jessyca, fez uma careta, os fazendo rir.
Com todos em seus lugares, Philip, e foram a frente do cinema fazer uma breve apresentação e logo o filme começou. Se ver nas telas era sempre algo bastante esquisito, ainda mais quando estava seminua beijando outro homem, com seu namorado assistindo bem ao seu lado. tinha as mãos dadas a namorada e se remexeu desconfortável ao ver as primeiras cenas dos dois na cama. Era algo que estava acostumado, mas nem por isso deixava de ser difícil. Abaixou a cabeça por um instante e sentiu os dedos da namorada pressionarem ainda mais sob os seus. Sabia que passaria mais algumas cenas com sua cabeça abaixada.
Quando os créditos começaram a rolar, se virou para e Philip. Ambos se encaravam desconfortáveis e logo eles se viraram para ela.
- Podia ser pior?! - ela riu nasalado, vendo os dois concordarem.
Os três se abraçaram e logo eles tiveram que cumprimentar as diversas pessoas que se aproximaram deles elogiando o filme, direção e suas atuações. Embora estivesse contente e orgulhosa do trabalho que tinha feito, a edição não estava como havia imaginado e sentiu falta de cenas que mostravam que a conexão do casal ia muito além da cama. Mas com tantas pessoas vindo em sua direção, acabou guardando suas emoções e opiniões para mais tarde.
- Eu nem sei o que dizer. - Philip estava com , e seus assistentes em um canto do teatro, a maioria das pessoas tinham ido embora para casa ou para a festa que aconteceria logo depois - O problema do diretor não ter a palavra final e sim o produtor executivo é esse, acabamos perdendo um pouco da essência. Mas podemos lutar para que as cenas deletadas entrem no DVD.
- Queria dizer que estou surpresa, mas não estou. - soltou direta - Acho que depois de tudo que aconteceu, minhas expectativas já estavam bem baixas. Só fico triste pela cenas deletadas, poderiam pelo menos ter mantido aquela no meio da estrada, seriam 3 minutos a mais de filme, que fariam toda a diferença.
- Ou aquela que gravamos de madrugada, lembra? - se virou para ela - Na varanda do apartamento?
- Nossa, sim?! - ficou ainda mais irritada - A fotografia estava perfeita, nossos diálogos, a meia luz… - divagou se lembrando daquela noite. - Mas acho que pelo menos conseguimos convencer como casal, não?
- Caramba, e como conseguiram! - Brian comentou e Philip assentiu. - Eu acho que esse foi o maior trunfo do filme, vocês dois.
- O casting perfeito! - Philip adicionou - Quando chegaram os dois testes, vocês foram os nosso favoritos. Em cena então, nem parece que tem uma diferença enorme entre vocês.
- Hey! - resmungou divertido - Está me chamando de velho? - brincou, vendo seu sorriso morrer ao notar que Chad caminhava na direção de seu grupo. acompanhou seu olhar e ao perceber o que ele encarava tão intensamente se viu murchar. Mas antes que o produtor sequer chegasse na pequena roda, apareceu do nada, entrando em sua frente.
De longe não dava para saber o que estava acontecendo, mas seja lá o que fosse, tinha feito Chad desistir de continuar o seu caminho. Preocupada, sinalizou , que se aproximou dela sorrindo, embora ela pudesse ver em todas as suas ações como ele estava nervoso e irritado.
- Está tudo bem? - perguntou temerosa, vendo-o acompanhar com o olhar por onde Chad ia - Estamos acabando por aqui, já podemos ir. - disse ao namorado, tentando chamar sua atenção. - Vocês vão todos pra festa? - se virou para seus colegas, os vendo assentir.
- Eu só preciso ir ao banheiro. - respondeu sem prestar muita atenção. tentou segurar seu braço, mas fora em vão. Quando ela fez menção de ir atrás, a impediu.
- Eu vou, deixa comigo! - disse firme, vendo a atriz concordar. - Fica tranquila. - a assegurou.
- Eu vejo vocês na festa - se despediu de seus colegas e andou apressada em direção a sua família, que os aguardava. Mas antes que ela sequer terminasse de explicar a Henry e Noel o que imaginava estar acontecendo, ela viu e aparecerem rindo, a deixando completamente confusa.
- Tem certeza que ele foi atrás do Chad? - Henry perguntou já sem o paletó e a irmã apenas deu de ombros, sem entender nada.
- Vamos? - apareceu com o ator ao seu lado, completamente normais - Vamos dar carona pro , quero contar pra ele sobre aquele livro que estou pensando em comprar os direitos.
- Ok. - disse simplesmente, aceitando a mão de seu namorado, ainda confusa - Está tudo bem por aqui? - sussurrou em seu ouvido.
- Por que não estaria? - retrucou carinhoso, beijando seus lábios, colocando sua mão latejante para trás.
- Eu achei que vocês tivessem ido atrás do Chad. - disse olhando de um ator para o outro suspeita.
- Nós só fomos ao banheiro - assegurou a namorada - Você pode perguntar ao depois. - incentivou, a abraçando de lado - Agora vamos logo para essa festa, porque eu não vejo a hora de levar a atriz principal desse filme para minha cama. Dizem que ela faz o melhor oral do mundo.
- !! - disse alto, chamando a atenção de todos, mas antes que ela sequer pudesse falar qualquer outra coisa, ele a segurou com cuidado, tombando seu corpo e a beijou como uma verdadeira estrela de cinema.
não viu mais Chad naquela noite, ela até chegou a perguntar a se algo tinha acontecido quando ele saiu atrás de , mas assim como seu namorado, ele apenas disse que eles tinham ido ao banheiro. Horas mais tarde, ela se dignou em se manter calada, ao ouvir a história de como o produtor tivera que ir embora mais cedo, após se machucar feio no banheiro.
💎
abriu a porta de casa tentando não fazer barulho, estava chegando das últimas estréias de seu filme em Londres, Paris e Berlim. As críticas não vinham sendo as mais positivas, mas ela já não podia fazer mais nada. Tinha orgulho de seu trabalho e sua atuação, podia ver como a falta de algumas cenas alteraram uma parte da história, mas o resultado final nunca dependia dos atores e todos sabiam daquilo. Everlong estava finalmente ficando em seu passado e ela estava disposta e ansiosa, a seguir em frente.
Com todo cuidado do mundo, abriu a porta de seu quarto e sorriu vitoriosa ao perceber que ainda dormia tranquilo. Sabia que ele estava exausto, havia saído com Jake Gyllenhaal na noite anterior para conversarem sobre o filme que produziriam juntos no ano seguinte e chegara tarde em casa. Aproveitou do silêncio para preparar todo o café da manhã e decorou a mesa que ficava no jardim de sua casa com flores amarelas, as favoritas de . Num canto, escondeu a página que guardava como tesouro há algumas semanas e foi até seu quarto, em busca de seu namorado.
- Bom dia, meu amor! - sussurrou no ouvido de , se enfiando embaixo das cobertas com ele. Pirata ainda dormia na curvatura das pernas do ator, sem a menor vontade de cumprimentar sua dona.
- Ei, sereia… - abriu um sorriso cansado, abrindo apenas um olho para confirmar que ela realmente estava ali - Eu dormi demais? - perguntou a puxando para si, aninhando seu rosto no pescoço de . - Você tá cheirosa.
- Eu vim mais cedo… Pra te fazer uma surpresa. - confessou sorrindo, o abraçando de volta. - Você está com fome?
- E com muita dor de cabeça. - assentiu, a fazendo rir. - Me lembre de nunca mais sair para beber com o Jake.
- O que você acha de ovos com bacon?
- E panquecas?
- E panquecas. - ela sorriu fechado, o conhecia como ninguém.
- Se você estiver nua eu vou ter certeza que tudo isso é um sonho - disse com a voz rouca, a fazendo gargalhar.
Bacon e panquecas eram duas das palavras favoritas de . Comer sempre o animava e o observava contente. Os dois estavam finalmente de volta em sincronia e ela se via ainda mais apaixonada por ele. Quase quatro anos juntos e ela ainda tinha fases de não acreditar como um homem como aquele poderia querê-la. O amava com todas suas forças e embora tenha o feito duvidar de seus sentimentos, prometera a si mesmo que aquela seria a primeira e última vez.
- Eu devo estar parecendo um ogro comendo e você me olha como se eu fosse um filhote de cachorro fofinho.
- Talvez porque pra mim você seja um filhote de cachorro fofinho. - retrucou divertida e viu o namorado tentar imitar um cachorro, o que a fez quase cuspir a própria comida.
- Você tem acompanhado as críticas que tem saído essa semana? - perguntou tomando um pouco de seu café.
- Algumas, estou tentando não surtar. As primeiras que saíram depois da estréia em LA não foram muito positivas, mas as dessa semana estão melhores. Estão elogiando bastante a atuação do , nossa dinâmica nas telas, a fotografia do filme…
- Eu vi uma, do Guardian, não tinham mais elogios pra dar a você e ao .
- O que eles disseram, você se lembra? - perguntou curiosa e tirou o celular do bolso, procurando pelo artigo. - “ Reed e foram o perfeito achado e maior ponto positivo do filme. Os atores convencem como casal e apesar da diferença de idade na vida real, é explícita a química, cumplicidade e como eles tiram do outro o melhor de suas atuações. vem se mostrando cada vez mais como um dos grandes de Hollywood, a cena na cozinha, onde ele foi capaz de se despir de toda masculinidade frágil, captou com maestria o âmago das emoções humanas. A ganhadora do Oscar por “Curtain Call” prova mais uma vez que seu talento e profissionalismo vão além de problemas dentro do set. consegue como poucos, demonstrar em gestos, ações e olhares o que nenhum diálogo poderia dizer. Os atores simplesmente funcionam juntos e salvaram a péssima edição de naufragar o filme de vez. Por todos os problemas com a atriz durante as gravações, ficou ainda mais claro que dinheiro falou mais alto do que qualidade e que nesse caso, foi o passo errado a se dar.”
- Sério? Ou você só tá inventando isso pra me animar?
- Sério. - rolou os olhos, lhe entregando seu celular - Você tem um dom nato, sereia, eu sempre te disse isso.
- Uau, isso é incrível, acho que é a primeira crítica que eu realmente fico feliz. - admitiu, entregando o celular a , mas ele segurou em sua mão, a convidando a se sentar em seu colo.
- Eu estava certo, não estava? - passou um de seus braços pela cintura de , levando o outro ao seu rosto - Nem sempre vamos fazer os melhores filmes, nem sempre vamos dar o nosso melhor, mas desde a estréia eu vi que não seria esse o filme que acabaria com a sua carreira. Você é boa.
- Eu sei, é que depois de tudo que passei, ainda mais com aquele vídeo, realmente achei que era o fim. Ainda tenho medo que diretores e produtores tenham receio de trabalhar comigo.
- Acho difícil, você é talentosa demais para que um vídeo como esse acabe com sua carreira - a elogiou, vendo assentir com a mente longe e os dois ficaram em silêncio por um tempo, abraçados um ao outro.
- E você ficou do meu lado, mesmo quando eu estava te fazendo mal, . Você tem noção do quão maravilhoso você é?
- Um pouco... - brincou, mas logo movimentou a mão como se não fosse nada - São águas passadas, sereia. Estava acabando comigo te ver se colocar pra baixo daquela forma, você parecia outra pessoa. Eu nunca te vi assim antes, , e não quero ver de novo. Eu realmente fiquei preocupado que você não fosse voltar do buraco em que se colocou. Foi como se você tivesse deixado de amar a mulher que eu amo e aquilo me matou. Não foi fácil deixar minhas inseguranças de lado, mas, acho que o amor é isso, não? Nos colocar de lado quando o outro precisa mais e não foi esforço algum te relembrar de quem você é. E, apesar de não querer passar por isso nunca mais, se for preciso, eu faço tudo de novo.
- E é exatamente por isso, por me amar e estar sempre ao meu lado... - se levantou animada, dando um beijo em . - Que eu precisava te agradecer em grande estilo, por tudo que você enfrentou nesses longos meses por minha causa.
- Você vai… Seu irmão não está em casa?! - perguntou com sua cara mais pervertida.
- !! Só pensa em sexo, amor. - resmungou vendo-o levantar a sobrancelha.
- Você já se viu no espelho? - contra-argumentou dando de ombros, mas curioso com o que estava por vir.
- Você passou uma oportunidade única para estar aqui hoje comigo e eu sei como trabalhar com o Scorsese era um sonho pra você. Quem sabe num futuro você não receba um convite novamente? - disse animada, pegando na cadeira ao seu lado a folha de papel. - Bem, sei que não é ele, mas nós somos muitos fãs de um certo diretor e quando eu soube que ele estava silenciosamente em busca de um elenco, pedi por aí alguns favores e qual não foi minha surpresa quando ele mesmo me ligou, animado com a possibilidade de te ter no próximo filme dele?!
- Quem?! - já estava na ponta de sua cadeira, curioso demais com a resposta.
- Ah, um diretor aí, ele fez uns filmes que eu não sei se você conhece… Kill Bill, Pulp Fiction, Bastardos Ing…
- Você tá falando sério? - nesse ponto já estava em pé e lhe entregou a página com cuidado. O ator quase não acreditou ao ler Once Upon a Time in...Hollywood um filme de Quentin Tarantino.
- Seríssimo. O roteiro está sendo guardado a sete chaves, só tem uma cópia no mundo e ela não vai sair da casa do Tarantino tão cedo, por isso apenas a primeira página. Mas, resumindo uma longa história, o editor de Curtain Call vai fazer esse filme também. Ele se lembrou da nossa obsessão pelo Tarantino e me passou o telefone da assistente dele. Eu pedi uma audição pra você, ela disse que iria repassar o pedido… Eu até achei que não iria rolar, mas pouco antes de eu voltar da Europa, ele me ligou.
- Ele?! Quentin fucking Tarantino te ligou?
- SIM!! Ele disse que tinha visto "Curtain Call" e elogiou nossas performances, então quando recebeu meu pedido achou que era simplesmente para ser.
- Puta que pariu! Isso não é uma pegadinha, certo?
- Não, ! - imaginou que o namorado fosse ficar feliz com a notícia, só não sabia o quanto. - Não é o papel principal, óbvio, mas ele disse que desde o pedido não conseguia não mais ver você como um dos personagens escritos. Ele já sabe exatamente quem você vai interpretar, quer dizer, isso se você aceitar o contrato, cachê etc... Mas algo me diz que você vai.
- E você tem isso com você todo esse tempo e não me disse nada?
- Sim!! - respondeu com uma cara culpada - O papel é seu já e eu não queria que os meus problemas ofuscassem a importância disso pra você. Queria que fosse um momento só seu, você merece.
- Eu nem sei como começar a te agradecer…
- Não!! - o encarou, inconformada - Esse é o meu agradecimento por você ter desistido de um sonho para ficar comigo quando eu mais precisei.
- Eu quero falar que não precisa, mas estou feliz demais com isso. - disse ainda animado, encarando a folha a sua frente.
- Eu também preciso te falar mais uma coisa… - começou e logo viu os olhos do namorado sob os seus, mais curiosos do que nunca - Eu mandei uma mensagem pra ele me desculpando pela demora em dar uma resposta, falando que só essa semana eu conseguiria contar pra você, por tudo que estava acontecendo comigo e ele me perguntou se eu não gostaria de participar do filme também. Disse que tem uma personagem pra mim em mente. Eu não dei certeza, avisei que o responderia ainda essa semana, depois de falar com você.
- Você está louca?! Mas é claro que você vai dizer sim, ainda hoje. Poder trabalhar juntos num filme dele sempre foi o nosso sonho.
- Tem certeza? Eu não quero me apropriar de algo que eu busquei pra você, me infiltrando no projeto.
- Você não se infiltrou, você foi convidada. É praticamente um sonho estarmos em mais um filme juntos.
- Jura?! - perguntou ainda incerta - Ele me disse que vai ser gravado aqui perto de casa, nós vamos poder dormir na nossa cama, na nossa casa. - não conseguia conter a felicidade em ver realizando um sonho, os olhos dele brilhavam em emoção. - O que foi? - perguntou ao vê-lo colocar o papel na mesa e se virar para ela todo sério.
- Você é perfeita. - disse se aproximando a passos lentos, envolvendo sua cintura com seus braços, para que distância alguma os separasse. - Obrigado! Obrigado por isso, por esse sonho, por realizarmos ele juntos e mais ainda por me amar e sempre cuidar de mim da forma que você cuida. Eu te amo, sereia.
- E eu muito mais, meu amor. - se declarou aproximando seu rosto do dele e fechou os olhos ao sentir o toque de seus lábios nos seus. - Acho que saímos dessa mais fortes do que nunca. - sorriu ainda de olhos fechados, sentindo sua testa tocar a dele. - ...
- Hum? - soltou preguiçoso, estava mais preocupado em guardar aquele momento para sempre.
Havia muitos momentos que ele guardaria para sempre, de camisola de seda branca num quarto de hotel, o primeiro beijo, o dia em que ela raspou a cabeça por ele. Todos os dias que ela ficou ao seu lado, desconfortável em uma poltrona de hospital, enquanto ele fazia o seu tratamento. O Oscar que ganharam juntos no mesmo ano. Eram tantos momentos, tantas memórias em quase quatro anos, que ele se perguntava quantas ainda criariam com uma vida inteira pela frente. A vida que ele nunca imaginou que um dia pudesse ter, o seu próprio final feliz.
Ali nos braços de ele guardava mais um daqueles momentos, o que lhe deu a última certeza que precisava, estavam prontos.
- Eu prometo nunca mais fazer você passar por isso, eu vou mudar e aprender a reagir a problemas de uma forma que não afete minha família, você e nossa vida juntos.
- Você não precisa mudar, sereia. Você não tem culpa do que te aconteceu e eu tenho muito orgulho da mulher que você é. Nem sempre estamos num bom momento e por mais que eu não tenha reconhecido a mulher que você estava sendo, eu não sou apegado a você apenas nos momentos bons, na que é sempre perfeita, presente… Eu sou apegado e completamente apaixonado por todas as suas versões e é por isso que não pretendo te largar tão cedo, . Vou continuar te amando como a mulher que eu amo e sempre amei.
- Pra sempre? - perguntou manhosa, olhando no fundo de seus olhos.
- E mais um dia. - a beijou com desejo, mas acabou os interrompendo, ao deixar escapar uma risadinha.
- O que foi?
- Isso soou tão brega pra você, quanto pra mim? - perguntou divertido, levando as duas mãos ao rosto de , guardando cada tracinho daquele rosto que já conhecia de cor, mais uma vez dentro de si.
- Sim. - riu com a pergunta - Céus, nós somos muito bregas às vezes.
- Então será que agora eu posso finalmente te agradecer da forma que eu quero por tudo isso? - perguntou a pegando no colo, mordendo seu lábio inferior.
- E que forma é essa? - se fingiu de inocente, sabendo bem o que vinha a seguir. Ela jamais admitiria, mas adorava quando ele lhe dizia obscenidades.
- Uma que envolve você completamente nua, minha língua e suas pernas abertas.
- !!! - berrou envergonhada, sendo carregada por ele quarto adentro.
Das muitas certezas que tinha na vida, a maior delas era seu amor por . E o amor dele por ela.
💎
- Um beijo por seus pensamentos. - entregou uma taça de champagne a e a abraçou por trás, ela admirava há algum tempo a vista de sua casa.
Com Everlong em seu passado, os contratos com Tarantino assinados e o projeto de com Jake andando melhor que o esperado, o casal resolveu celebrar. Eles haviam dado uma festa enorme para todos os seus amigos famoso mais próximos na noite anterior e naquela noite receberiam a família de para um jantar mais tranquilo, até Noel viria com Jessyca. Apesar de a terem conhecido na estréia do filme e a terem visto na noite anterior, o casal estava preocupado demais com outras questões para darem atenção a todos que vinham falar com eles. Aquela seria a primeira vez que poderiam finalmente conhecê-la melhor.
Após meses turbulentos, tudo que ele e mais queriam era relaxar e a aproveitar o luxo que aquela vida os trazia. O casal havia tirado três semanas para não fazerem nada e estavam aproveitando como nunca. Após aquele jantar, terminariam de arrumar as mochilas para passarem alguns dias em Yosemite, apenas os dois e Pirata, sem internet, telefone e paparazzis.
- Estou pensando em tudo que vivi aqui, nessa casa, com você. De como estou feliz que finalmente posso viver em paz, sabendo que não preciso mais ver o Chad nunca mais na minha vida. - admitiu se virando para ele - Pensei que o estúdio fosse ficar calado, mas além das desculpas formais que me deram, ainda foram a publico para me apoiar. - disse sentindo seus olhos marejarem, sentiu-se realmente querida ao receber uma ligação do presidente do estúdio a chamando para uma reunião.
- Sabia que você inspirou a mim e ao Jake? - perguntou despertando sua curiosidade - Ele perguntou um dia pra mim o que tinha acontecido de verdade e ficou muito sentido por tudo que você passou.
- Ele até me mandou aquelas flores lindas. - o lembrou.
- Sabemos que como homens já erramos muito, mas aprendo muito todo dia com você e sendo seu namorado. Não é justo que ninguém se sinta da forma que você se sentiu dentro de um set e prometemos um ao outro que durante toda a gravação do nosso filme, vamos nos certificar com todas as mulheres que elas estão confortáveis em estar ali. sugeriu de termos uma pessoa no set exclusivamente para isso.
- Eu fico muito feliz em ouvir isso, , se todos os homens influentes fizessem sua parte, nenhuma outra mulher passaria mais por isso. - disse o agradecendo - Ainda não acredito que vocês dois bateram em Chad e fingiram que nada tinha acontecido.
- Eu não sei do que você está falando, nós só fomos ao banheiro - deu de ombros, a abraçando forte. - Minha mão inchada por uma semana foi apenas um reação a algum produto químico... Palavras do médico.
observava as pessoas que mais amava na vida ao redor de sua mesa de jantar. O clima em LA estava perfeito e todas as grandes portas estavam abertas. As luzes da piscina e do jardim estavam todas ligadas, deixando o ambiente bastante aconchegante. Uma música tocava de fundo e Pirata dormia em seus pés.
- Mãe, eu queria te pedir um conselho. - disse do outro lado da mesa, chamando a atenção de todos.
- Claro, meu amor. Qualquer coisa. - Moira ainda se surpreendia quando a chamava de mãe e ainda mais quando precisava dela. Demorou muito para que ela finalmente admitisse a todos o quanto os havia feito sofrer e mais ainda para que a filha a perdoasse. Momentos como aquele valiam como ouro.
- Bem, eu tenho analisado algumas propostas e roteiros que estão chegando porque não tenho nada depois do filme do Tarantino. Mas todos os papéis que chegam são baseados em minha aparência, meu corpo e minha idade. Eu queria e preciso de algo diferente, senão vou entrar num caminho sem volta.
- Você é linda, filha, é normal que chame atenção para papéis assim.
- Mas se eu só fizer papel assim, não vão pensar em mim para algo diferente. Eu quero algo que realmente me desafie. De repente um papel em um filme menor, independente.
- Bem, eu certamente posso pensar. - Moira assentiu, animada - Vou analisar o que temos recebido e ver se algo se encaixa no que você quer.
- E aquele roteiro novo, que recebemos ainda essa semana? - Tomas, seu pai, perguntou a esposa.
Embora ainda cuidasse de seus interesses financeiros, Tomas tinha passado as rédeas de sua carreira para Henry, assim que ele se formou na faculdade. Sabia que a filha estaria em boas mãos e foi a forma que encontrou de remediar seu casamento, depois de descobrir as mentiras que havia sido alimentado por anos. Moira tinha se encontrado gerenciando novos talentos e sua ajuda foi fundamental para o avanço da empresa. Juntos, começavam a fazer o próprio nome no mercado.
- É verdade! É de um novo diretor, mas parece promissor, nenhuma das minhas meninas estão prontas. - comentou, vendo todos a olharem desacreditados.
- Mãe!! - e Henry disseram alto. - Você prometeu que tinha mudado.
- Eu mudei, crianças, prometo - disse rindo da cara dos filhos - Eu estou pegando leve com todos, só realmente não é o momento delas.
- Nesse caso, tudo bem. Eu passo no seu escritório na próxima semana e a gente conversa mais. - agradeceu e acabou não vendo o olhar significativo que seu pai lançou a Moira. A mais velha sonhara com o dia que a filha voltaria a pedir seus conselhos. - E como estão os preparativos para as férias? Sua família está animada? - perguntou se virando para Poppy. A assistente iria com Henry, Noel, Jessy e toda sua família para a casa dela no Hawaii por duas semanas. Presente seu após ter feito eles cancelarem a viagem no início do ano.
- Minha mãe não pára de comprar roupas de verão, daqui a pouco vai precisar de duas malas. - disse rindo, lembrando com carinho da mais velha, que morava no Texas - Eu sei que já agradeci, mas obrigada mesmo, . Eu os vejo tão pouco, vai ser bom termos essas semanas sem nada para fazer.
- Prometemos não te ligar. Acho que é o maior presente que você possa querer. - disse rindo e riu mais ainda ao vê-la concordar. - Quem sabe a partir do ano que vem não contratamos uma assistente pra você? Com o livro que estamos adaptando para TV vou precisar de alguém comigo o tempo todo, imagino que a não vai me deixar levar você comigo.
- Ainda bem que você sabe, meu amor. - a atriz jogou um beijo para ele, que balançou a cabeça contrariado. - Da Poppy, eu não abro mão.
- Então eu vou precisar de uma cópia sua pra mim. - pediu, vendo-a concordar animada. Seria útil ter alguém para dividir sua quantidade de trabalho. - Bem, nós temos uma novidade pra contar, não é, ?
- Sim! - disse animada - Encontramos nossa casa! - toda sua família sabia da vontade deles de encontrar algo mais a cara dos dois - Estávamos há algum tempo procurando, mas essa semana encontramos a perfeita. - fez questão de explicar para Jessy, para que ela não se sentisse de fora. - Aceitaram nossa proposta agora pouco.
- Ah, mas que notícia boa, filha. - Moira levantou a taça de vinho para celebrar - Depois me mande os detalhes. Quando vocês se mudam?
- Quando todas as reformas que o seu genro quer fazer fiquem prontas. - fez uma careta para o namorado, ele era apaixonado por design de interiores e tinha diversas ideias para a casa nova. - Provavelmente daqui dez anos.
- Entre seis a oito semanas, só pra mudar. Ano que vem vamos tentar alinhar algum filme juntos e faço todo o resto. Henry vai ser nosso gerente de projetos. - declarou, chamando a atenção do cunhado.
- Opa, por que não? Seria bom expandir meus conhecimentos.
- Eu só espero ainda ser convidado para todas as festas, viu? - Noel pediu dramático, levando um soquinho de Henry no braço - Pagar aluguel não é nada barato, mas morar sozinho tem muitas vantagens.
- Você é da família, você sabe disso. - respondeu carinhosa. - Sempre que precisar, nossas portas estão abertas. Pra você também, Jessy.
- Muito obrigada, estava um pouco nervosa em conhecer vocês, sei que são pessoas normais, mas eu nunca conheci alguém famoso antes. Noel fala o tempo todo da segunda família dele.
- Nós somos normais, eu prometo.
- Bem, nós queremos aproveitar então essa noite e contar uma novidade também. - Henry se levantou, atraindo a curiosidade de todos.
- Ah meu deus, eu vou ser tia! - gritou animada, encarando Poppy.
- Deus me livre! - Henry tratou de responder rápido demais e se virou para Poppy nervoso - Quer dizer, não por agora, quem sabe mais pra frente? - tentou se redimir, vendo a namorada rir de sua cara.
- Na verdade, nós decidimos morar juntos. - a assistente anunciou de vez, antes que acabassem anunciando o término. - Sei que já quase moro aqui e agradecemos o convite para que eu me mudasse de vez pra cá e também pra casa nova, mas chegou a nossa vez de não só começarmos algo juntos, mas também dar privacidade a vocês dois.
- Bem… - sorriu para , que assentiu animado. - Nós também temos uma surpresa para vocês dois. Amamos vocês e sabemos que ninguém tem o sonho de morar com os pais, a irmã, o cunhado. E vocês sacrificaram muito por mim todos esses anos.
- Por nós. - complementou, deixando claro que ele não poderia concordar mais com as palavras de .
- O mínimo que poderíamos fazer por vocês é ajudá-los com esse sonho. Nós temos um investimento há algum tempo e agora temos o valor suficiente para que vocês possam ter um lugar só de vocês, sem ter que se preocupar com aluguel.
- Você tá falando sério?! - Henry tinha os olhos cheios de lágrimas, sabia que tudo o que fizera de mal a sua irmã tinha ficado para trás há muito tempo, mas sempre que ela fazia algo grandioso por ele, se sentia para sempre em dívida com ela.
- Estamos! - se levantou para abraçar o cunhado, além de grandes amigos, tinha uma admiração enorme por Henry. - Vocês merecem, cara. Aguentar a não é fácil, não sei como vai ser agora, sozinhos.
- Muito engraçadinho, ha ha! - resmungou em seu lugar, sendo abraçada por seu irmão. - Sei que os últimos seis meses foram difíceis para vocês, me aguentar não deve ter realmente sido fácil e é uma forma de pedir desculpas também. Vocês todos são as pessoas mais importantes da minha vida e me dói saber que magoei vocês.
- Não há motivo algum para nos pedir desculpas, . Apesar de termos acompanhado tudo que você passou, só você sentiu na pele. Estranho seria se não tivesse te afetado. Tenho certeza que falo por quase todos nessa mesa, que devemos tudo a você. - Henry disse sincero, vendo todos concordarem. - Nós te amamos muito, , e não só porque você banca a gente, mas pela pessoa que você é.
- Sem você não estaríamos aqui, filha. Foi quando você finalmente tomou as rédeas da sua vida que a nossa família voltou a ser unida e ainda de quebra nos deu o e a Poppy. Duas pessoas que amam nossos filhos, assim como amamos vocês.
- À ! - foi o primeiro a se levantar com a taça em mãos, sorrindo ao ver como ela estava emocionada com as palavras de sua família.
- À !
E foi naquela noite, rodeada pelas pessoas mais importantes de sua vida, que se sentiu livre. Livre para voltar a sonhar e conquistar seus maiores sonhos.
- Tenta não se preocupar, sereia, são só rumores. Vai dar tudo certo no final, foca em fazer o que você faz de melhor.
- É fácil pra você falar, né, ? Seu próximo filme é com o Scorsese. Nem se for péssimo, você vai ser ruim.
- Er, sobre isso… - não pretendia contar sua decisão naquele momento, ele sabia que só pioraria as coisas. - Eu passei o filme.
- O... quê?! Eu não acredito que você fez isso, ! - conforme esperado, se exaltou ainda mais do outro lado do telefone.
- Está feito. - o ator disse calmo, seguro de sua decisão e exausto por mais uma briga.
- Eu falei pra você assinar, é o Scorsese! Quem fala não pra ele?
- Eu?! - respondeu cansado, pressionando as pontas dos dedos na ossatura entre seus olhos.
- Você me irrita às vezes!
- A sua voz também me irrita. - retrucou, a imitando.
- Então não precisa mais ouvi-la. - disse curta e grossa, desligando a ligação.
Não surpreso, jogou o telefone na cama e puxou os cabelos irritado. Pirata o observava preguiçoso, aparentemente acostumado com seu tom de voz alto, que parecia ser uma nova constante desde que passou a ter problemas com o produtor do filme que estava gravando. Nem cinco minutos tinham se passado, quando o telefone voltou a tocar. A foto dele e nas últimas férias que tiveram em Bali, apareceu em seu aparelho, o que o fez franzir o cenho, levemente impressionado. Geralmente quando brigavam ele era o primeiro a procurá-la, mas aquela era a primeira vez que não só ela o procurava, como também o fazia em tempo recorde.
- Me desculpa, eu não deveria ter desligado na sua cara. É que realmente foi uma escolha muito errada. - soltou antes mesmo dele dizer alô. - Eu sei do seu sonho de trabalhar com ele e, a gente teria dado um jeito. Já basta um de nós infeliz.
- Não foi uma decisão difícil, sereia. Se eu aceitasse, não iriamos nos ver direito por mais quatro meses e nos prometemos que sempre faríamos escolhas para preservar o nosso relacionamento. - desabafou, sentindo seu coração mais leve, nada o deixava pior do que brigar com . - Eu também quero ficar do seu lado até esse filme sair, eu sei que as coisas não estão fáceis pra você.
- E que eu tenho sido insuportável. - a atriz admitiu do outro lado, com a voz baixa. Ela soava triste consigo mesma.
- Isso também. - riu cansado. - Posso te fazer uma pergunta?
- Absolutamente você deve pedir uma nova chance ao Scorsese. - brincou, mesmo sabendo que ele não falava sobre aquilo.
- Você é feliz? - perguntou, ignorando sua fala anterior.
- Como assim?! - exclamou confusa.
- Você é feliz… Comigo? Ainda? - soltou, sentindo todo o peso daquela pergunta e temendo ainda mais sua resposta.
tinha aquela dúvida há algumas semanas guardada dentro de si. Ele tentou esperar que voltasse da Europa, ou que seu problema com o filme melhorasse, mas ele estava cansado. Acordado desde a noite anterior, após horas rolando na cama, percebeu que não conseguiria dormir ou fazer qualquer outra coisa, enquanto não tivesse aquela conversa com . Estava cansado das brigas que vinham tendo, queria o seu relacionamento de volta, da forma que sempre fora.
Juntos há mais de três anos, ele não via uma vida em que ela não estivesse presente para sempre ao seu lado. Sabia daquilo desde a primeira vez que disse que a amava, era ela ou não seria mais ninguém. Mas há dois meses que ela não agia mais como a que ele conhecia e isso estava criando uma insegurança dentro de si, a ponto de começar a se questionar se ela ainda sentia o mesmo por ele.
Todos os problemas haviam começado quatro semanas depois de iniciar as gravações de um filme na Romênia. Ela nunca tinha feito um romance como aquele e somando todo os prós, sabia que seria uma chance de se desafiar e ainda ter mais um filme bacana em seu currículo. Mas o que começou como um projeto desafiador, logo se tornou seu maior pesadelo.
Mesmo que em todos os seus contratos, as cláusulas de possível nudez fossem discutidas longamente entre seus agentes e produtores, por algum motivo, o produtor do longa estava tentando forçá-la a fazer algo que não havia sido acordado. Logo nas primeiras cenas, sua personagem, que tinha em seu roteiro original acordar ao lado do ator principal após uma noite juntos, coberta pelo lençol, iria agora acordar completamente nua nos braços dele. Imediatamente ela disse não. Imediatamente ela perguntou se o seu companheiro, , também estaria completamente nu, mas logo ficou sabendo que ele sim estaria coberto pelo lençol.
Após deliberar com Poppy e Henry, que a acompanhavam nas gravações, ela aceitou usar uma calcinha e deitar sob o peito de , deixando apenas que um lado de seus seios ficassem à mostra. Sua sorte naquele momento, fora que o próprio ator, vendo seu desconforto, a ajudou a dialogar com o produtor, que acabou sendo voto vencido.
Se aquele dia tivesse sido único, ela jamais teria dado mais problemas, mas todas as cenas em que os personagens estavam entre quatro paredes o produtor dava alguma desculpa para despi-los, ela, muito mais do que ele. A história original do filme era para ser sobre duas pessoas desiludidas que viajavam para o mesmo lugar e juntas, embarcavam em um romance cheio de descoberta, dor e esperança. Sua personagem tinha acabado de perder a irmã num acidente e o de terminado o noivado um dia antes do casamento. E apesar de estar dando o seu melhor, a atriz não sabia como ficaria o resultado final.
parecia partilhar de sua preocupação, mas tentava animá-la, depositando toda a confiança no diretor e roteirista, que pareciam tão engajados quanto eles em manter a ideia inicial. Decepcionada era uma subestimação dos sentimentos de , quanto mais os dias passavam, menos ela tinha vontade de estar ali e aquela situação acabou refletindo não apenas no set, mas em toda sua vida profissional e sem querer, na pessoal. A gota final fora quando tentaram sexualizar uma das cenas mais importantes do filme, que pedia qualquer coisa, menos poucas roupas e sexo selvagem. Cansada, disse poucas e boas ao produtor na frente de todo o set, disposta a não gravar mais nada, até que a situação se ajeitasse.
Os acontecimentos tinham mexido tanto com ela, que não percebeu que acabou arrastando toda sua família para dentro daquele redemoinho e a cada tentativa de escape, todos saiam ainda mais machucados. Poppy cancelou suas férias com Henry, pois ambos sabiam que a atriz precisaria deles até que o filme fosse lançado. Seu pai havia largado tudo em LA para acompanhar o final de suas gravações na Romênia e , mesmo ocupado com as gravações de seu próprio filme, tirou um tempo todos os dias para apoiá-la, não só como seu namorado, mas também como sócio de seus agentes.
Ver sua namorada ser exposta a um ambiente tóxico como aquele havia feito seu sangue subir e a única coisa que o fez não largar tudo para ir ficar com ela, foi saber que Henry estava lá, pronto para intervir no que quer que fosse, enquanto seus advogados trabalhavam em tentar barrar as tentativas do produtor de obrigá-la a fazer algo que não estava em seu contrato. Mas, mesmo com todas as tentativas de protegê-la, conforme o fim das gravações chegavam, os boatos de que ela vinha sendo uma “diva” dentro do set, começaram a aparecer em sites e programas de fofoca, gerando uma comoção que ninguém esperava. Além de passar por aquilo dentro do set, ainda tinha a mídia e as redes sociais a retratando de forma incorreta, como se ela fosse a vilã da história.
- Que pergunta é essa? - retrucou sentindo seus olhos marejarem. Como ela poderia ter errado tanto, a ponto de seu namorado duvidar de seus sentimentos daquela forma?
- Eu só preciso que você responda. - pediu, segurando a respiração.
- Muito. Ainda mais do que eu achei ser possível. - respondeu imediatamente, sem ter que parar pra pensar. - O meu amor por você é uma das coisas mais fáceis de se colocar em palavras, .
- Então por que você vem me tratando como se eu já não importasse mais? - a segunda facada entrou ainda mais dolorosa em seu peito.
- Porque eu sou idiota? - deixou uma risada nasalada escapar, assim como as lágrimas que caíram por seu rosto sem permissão. - Eu… Nem sei o que falar, . Falhei com você, com a gente. Hoje eu percebi que tenho sido muito egoísta, mas eu nunca imaginei que algo assim fosse acontecer comigo e eu só estou… esgotada. Eu entro naquele set todo dia com medo e isso me faz não dar o meu melhor, a minha sorte é que o tem me ajudado muito. Esse filme pode ficar uma merda, mas eu faço questão que não seja pela nossa atuação. - confessou e pode ouvi-la chorar do outro lado, algo que mesmo magoado com ela, lhe partia o coração. - Mas nada disso importa agora, estamos falando de nós dois, do quanto eu sou feliz com você e do quanto eu te amo. Eu não tenho sido a melhor amiga, irmã, filha e mais ainda, não tenho sido a melhor namorada. Eu tenho uma consulta por vídeo com a Mel mais tarde...
- Sua psicóloga? - a interrompeu surpreso.
- É, eu tive uma conversa com o Henry hoje de manhã, ou melhor, um monólogo. Você sabe que ele não tem problema algum em jogar as coisas na minha cara, o que me fez ver como tenho agido nesses últimos tempos. Eu não estou bem e mesmo com eles aqui, me sinto muito sozinha, vulnerável, mas isso não é motivo para descontar toda essa merda em vocês, eu sei o quanto eles sacrificam por mim e sei o quanto você tem feito também. Eu só… Fiquei decepcionada comigo mesma por saber que você passou o papel com o Scorsese por minha causa. Eu vou deixar que a Mel ouça minhas lamúrias a partir de agora e prometo não falar de mim quando estivermos ao telefone, eu quero ouvir tudo o que você quiser me contar. Quando eu for pra casa, eu vou te recompensar e provar que só existe uma pessoa pra mim nessa vida. Você. Eu te amo tanto!
- Só não mais do que eu, sereia. - soltou quase num sussurro, o nó em sua garganta queimando. Sentia-se até egoísta em duvidar dos sentimentos dela, ao ouvir o quão derrotada soava. Em todos aqueles anos juntos, nunca a tinha visto daquela forma, se pudesse largar tudo para ficar ao lado dela, ele o faria, mas também ocupado com o próprio filme, teria que se contentar com uma simples ligação.
- Mesmo? - a ouviu perguntar fungando, mas pelo seu tom percebeu que ela também sorria. sabia que eles ainda tinham muito a conversar, que ela tinha muito a consertar, mas aquela ligação, era o início de tudo.
- Eu não sei se algum dia você vai entender o meu amor por você. - pensou alto, fechando os olhos - Você precisaria me irritar muito mais do que isso pra mudar o que eu sinto, sereia. Enquanto esse dia não chegar, eu vou continuar te amando como a mulher que sempre amei.
- , eu queria te perguntar uma coisa… - estavam ambos em casa, na jacuzzi que ficava ao lado da piscina. fazia um carinho distraído nas pernas de . - Na verdade estou pra te perguntar isso desde que você chegou da Romênia, mas enrolei tanto que agora eu estou ficando sem tempo. - disse um pouco envergonhado, mas seu semblante permanecia sério. - Como não falta muito para sua estréia, eu meio que preciso me preparar.
- Se preparar pra quê?! - a atriz se virou para ele curiosa.
- Eu sei que você já disse que não, mas...O Chad tentou alguma coisa com você? Fora do set? - perguntou, se referindo ao produtor do longa.
Por muito tempo aquela pergunta vagou em sua mente. Mesmo dizendo que não, ele não acreditava nela por completo. Sabia que tudo que ela mais queria era esquecer o que passou e ambos sabiam que no momento que ela mudasse o discurso, ele não conseguiria simplesmente deixar para lá.
Após a última discussão que tiveram por telefone, demorou ainda três semanas para que as gravações encerrassem e finalmente voltasse para casa. Com ele ocupado em finalizar o próprio filme, não pode dar a atenção que ela precisava, o que fez levar ainda mais tempo para que ambos deixassem de focar nos compromissos profissionais e voltassem a focar no que realmente importava, remendar a própria relação. Sabiam que o amor estava lá, tão forte como sempre, mas precisaram de tempo para se reconectar. E embora o casal ainda não estivesse 100%, agora com seu filme completo, eles finalmente estavam se alinhando. Tinha algo que sempre acontecia quando estavam juntos e podiam ser apenas eles mesmos, que era impossível de se explicar. Devolvia certezas que nenhuma palavra era capaz de traduzir.
encarou apreensiva, quanto mais perto das estréias e viagens de promoção com o filme, mais ela sentia o ar preso em seus pulmões. Por mais que aquilo indicasse que os piores dias de sua vida estavam finalmente ficando para trás, aquilo também significava que para chegar lá, teria que ver Chad novamente. Meses depois e ainda não tinha conseguido esquecer a ansiedade que tomava conta dela quando acordava todas as manhãs, se perguntando o que aconteceria no set naquele dia. E por isso que ela evitava lembrar que ainda o veria. Reviver aqueles dias a sufocavam.
- Mais ou menos. - confessou sincera, encarando o próprio colo.
não era possessivo, e na maior parte do tempo, não se denominava ciumento. Não havia motivos para ser. Até mesmo quando homens a olhavam, ele deixava escapar um sorriso de lado quase imperceptível, pois além do choque de ver uma pessoa famosa a sua frente, sabia o quão linda era, ainda mais ao vivo do que através de uma tela. Aquilo só reforçava o quanto a amava e era sortudo de não ter posto tudo a perder depois do começo conturbado que tiveram. Mas ele exigia respeito, não por ele, mas por ela. Ela não era um produto, um corpo, um objeto de desejo, por isso quando a tratavam como tal, uma raiva tomava conta de todo o seu corpo, queimando suas veias. Sabia que ciúmes não era uma qualidade, mas ao ver com seus olhos como aquele homem havia afetado sua namorada, fez com que fosse impossível para ele simplesmente esquecer do assunto.
- Desde o começo ele sempre foi muito simpático, comigo, com todo mundo. Um dia estávamos todos conversando no hotel e ele sugeriu de irmos na piscina. Só que ele falou isso olhando só pra mim, eu fiquei na dúvida se estava enxergando errado e dei de ombros, outras pessoas gostaram da ideia e fomos todos juntos. Nesse dia o Henry e a Poppy tinham saído para jantar. Quando eu tirei minha roupa eu senti o olhar dele em mim, mas você sabe como é… - assentiu, eram sempre observados quando estavam em público e ainda mais analisados quando iam a praia e as pessoas percebiam quem eles eram. Sentiam seus corpos e ações sendo analisados milimetricamente. - No set ele estava sempre ocupado, mas percebi que ele sempre arranjava uma desculpa qualquer para falar comigo e me tocar, sabe? No ombro, nas costas, na cintura… - admitiu, sentindo seu coração acelerar - Até que um dia ele disse que um cisco tinha caído no meu rosto e tentou tirar, mas eu me afastei assustada. Ele percebeu e recuou na hora, se desculpando, disse que tinha sido automático. Mas nesse dia eu me senti esquisita, pedi pra Poppy reparar se era coisa da minha cabeça e foi mais ou menos na mesma época que aconteceu aquela primeira cena… Nunca tive muita certeza de fato e eu nunca mais deixei que ele se aproximasse de mim, além de Henry e Poppy estarem sempre comigo. Isso com certeza ajudou, mas eu podia sentir os olhos dele em mim, não importa onde eu estivesse.
- Certo. - respondeu tirando sua mão da perna dela e nadou para o outro lado da jacuzzi, se prendendo em seus próprios pensamentos.
- Eu não te contei antes para não te deixar assim. Você sabe que tudo que eu mais quero é esquecer tudo isso. - admitiu, indo até ele e o abraçou por trás, distribuindo beijinhos em seu pescoço. Sabia que era uma das coisas favoritas de - E também, apesar de tudo, eu nunca me senti ameaçada, eram olhares, se ele tivesse tentado qualquer coisa mais explícita, a história teria sido outra, pode ter certeza.
- Eu vou quebrar a cara dele desse filho da puta. - disse mais para si mesmo, assustando . - Nesse meio, pouca coisa me surpreende, então ele ir atrás de você, mesmo sabendo que estamos juntos, me deixa puto, mas o que me deixa fodido é esse merda achar que pode realizar algum sonho doentio de ver você ou qualquer outra atriz que ele tenha trabalhado, sem roupas. Vai saber o que ele faz quando as cenas são arquivadas ao final do dia. Só de pensar nisso, me faz querer enfiar um processo nesse filho da puta. - bradou irritado, se levantando.
- Se acalma, , por favor. - sentiu seu estômago embrulhar em desgosto - Vamos mudar de assunto? - pediu, segurando em sua mão.
- Vamos. - suspirou fundo e pegou seu celular para trocar a música que tocava por uma que ele gostasse e o ajudasse a se acalmar - Como anda a procura pela nossa nova casa? Viu algo que gostou? - soltou a primeira coisa que veio à sua mente e voltou a se sentar na jacuzzi, trazendo para que ela se sentasse em seu colo. Nada o acalmava mais do que o cheiro, a pele e o toque de .
Antes de e se comprometerem aos últimos filmes que gravaram, eles já vinham conversando sobre a vontade de se mudar. A casa que moravam já não os satisfaziam e estavam em busca de algo diferente, com um jardim maior para que Pirata pudesse correr à vontade e também porque pensavam em adotar um novo amigo para o peludo, para que ele se sentisse menos só.
- Sim e não. - aquilo trouxe um sorriso no rosto da atriz - A Maya me mandou uma casa em Malibu, é tão linda, o jardim dá direto na praia. - complementou, pegando seu celular para mostrar as fotos do lugar - Sei que não é nem o bairro que a gente quer, nem o estilo, mas...
- Você quer ver mesmo assim. - constatou abrindo um sorriso carinhoso, mas não conseguiu evitar rir. Ele sabia que não tinha a menor intenção de comprar aquela casa, ela provavelmente só queria ver como era por dentro.
Geralmente aquilo o tirava do sério, mas estava tão em paz em ter ela de volta, sabendo que a protegeria do que fosse preciso, que acabou não se importando em perder seu tempo.
Sempre lhe disseram que a distância reforçava o amor e por deus, como reforçava, mas não era fácil. Mesmo que ambos já estivessem acostumados a passar longos meses longe um do outro, cada vez ficava mais difícil, ainda mais quando um deles estava com algum problema sério e o outro não podia estar ao lado para ajudar.
- Na verdade, eu não pensei nela para nós. - disse misteriosa, chamando a atenção de . - O que você acha dela para meus pais?? - perguntou se virando para ele, que só então viu como aquilo poderia dar certo.
- Sua mãe amaria esse lugar, sereia, ela está sempre reclamando que gostaria de poder ir mais à praia. E não seria nada mal passarmos alguns dias com eles também. - disse animado com a possibilidade.
- Exatamente! E quando estivermos fora, consigo ver o Pirata correndo pela areia por horas. - retrucou, genuinamente feliz. - Meu pai disse que eles estavam pensando em encontrar algo diferente, talvez possa ser isso. - comentou animada, fazendo uma nota mental para contatar Maya mais tarde.
Com o celular de volta em um lugar seguro e ainda no colo de , passou uma perna pelo corpo do namorado e riu alto a ver a cara de safado que ele imediatamente fez.
- Como eu amo quando seu irmão e a Poppy ficam foram o dia todo. Nem lembro quando foi a última vez que transamos aqui. - soltou já com as mãos na bunda dela - Como você é gostosa. - disse levantando o tronco e foi ao seu encontro, mordendo seu lábio inferior, antes de iniciar um beijo que era o suficiente para levá-lo a loucura.
- E eu amo seus olhos. - disse chamando a atenção de , que levantou a sobrancelha curioso com aquele momento para elogiar seus... Olhos. - A forma que você me olha, cheio de tesão, é tão excitante quanto seus beijos. - respondeu, vendo-o contente com sua explicação.
já estava quente por estar dentro da jacuzzi, mas com rebolando em cima dele, ele só faltava suar. Quando sua mão chegou em seu biquíni, pronto para soltá-lo, eles ouviram o celular de tocar. Resmungando, ela tateou o local onde o tinha deixado e ignorou a chamada. Nem dois minutos se passaram e o aparelho vibrou novamente, fazendo bufar frustrado. Os dois deixaram que o celular tocasse até a pessoa do outro lado da linha desistir, mas foi questão de segundos para que eles ouvissem o celular de tocar.
- Que foi?! - disse curto e grosso, sem sequer ver quem era.
- Você está com a ? - afirmou ao ouvir a voz urgente de sua assistente e encarou sua namorada que o observava curiosa. - Eu tenho más notícias. - disse com a voz cansada - Vazou um vídeo dela no set de filmagens. Dando o maior escândalo.
- Hm. - ele murmurou sem sentido. - Vocês estão vindo pra casa? - perguntou disfarçando e Poppy pareceu entender.
- Nós já estamos aqui, no quarto do Henry. Não queríamos atrapalhar. - soltou desconfortável.
- Ok, eu vou ajudar vocês. - disse simplesmente e desligou a ligação bufando, fingindo irritação, para esconder a preocupação que sentia. - Os dois malas chegaram mais cedo, vou só ajudar eles a entrar com as compras, você me espera? Ou quer tomar um banho?
- Eu vou nadar, estou morrendo de calor. - piscou dando um beijo em e aquilo fez seu coração se quebrar. estava tão melhor e o que quer que estivesse naquele vídeo, a puxaria de volta para baixo.
Sem se importar em molhar a casa toda, foi em direção a sala e aproveitou o momento em que mergulhou, para correr para o quarto de seu cunhado. Precisava ver o vídeo antes dela, para saber exatamente o que falar para fazê-la se sentir melhor, se é que aquilo fosse possível.
- Eu vou matar esse cara. - disse revendo o vídeo pela terceira vez. - Ela já tem dificuldade pra dormir desde que voltou e agora mais isso???
- Eu devia ter quebrado a cara dele, eu sabia! - Henry se juntou ao cunhado - Eu tenho certeza que ele é doente, você tinha que ver a forma que ele olhava pra mulheres. Até pra Poppy com ela do meu lado!!
- Eu preciso mostrar isso pra agora, antes que alguém ligue para ela. - disse abatido, odiava saber que a faria chorar.
- O que foi?! - perguntou assim que viu , Poppy e Henry se aproximarem com cara de enterro. Imediatamente ela saiu da piscina e se adiantou em lhe oferecer a toalha que estava na borda. - Tem alguma coisa errada com você?
- Não… - assegurou, soltando uma risada fraca nasalada. - Eu já disse que meus exames voltaram todos normais. Lembra? - perguntou a enrolando na toalha.
- Lembro, mas eu também lembro quando você escondeu isso de mim por meses. Só estou me certificando. - disse infinitamente mais aliviada. A saúde de era sempre sua maior preocupação, nada viria antes disso. Não depois de tudo que passaram. - O que aconteceu, então?
- Eu preciso te mostrar uma coisa. - disse sem rodeios, entregando seu celular a ela. - Eu sinto muito por isso, sereia. Saiba que eu estou aqui com você. - disse se sentando ao lado dela na espreguiçadeira. Henry e Poppy se colocaram a sua frente, com a assistente segurando as lágrimas. Mais do que chefe, era parte de sua família e ela, mais do que ninguém, sabia como reviver aquilo reabriria sua ferida.
se lembrava daquele momento com perfeição. Estavam gravando uma de suas cenas favoritas, quando o personagem de finalmente liberava toda a dor e raiva que sentia, ao ser rejeitado por quem acreditou ser o amor de sua vida. Os dois estavam na cozinha do que era pra ser o AirBnb de sua personagem, cozinhando juntos, quando ele recebia uma mensagem de sua ex. Irritado, ele quebrava diversos copos e taças, até cair no choro, finalmente contando para ela toda a história deles. Ela e o ator haviam ensaiado tanto aquela cena, que ao gravar, puderam deixar a memorização de onde tinham que estar a cada diálogo de lado e focar apenas no que realmente importava. tinha guardado todas suas lágrimas para aquele momento e o tinha feito tão bem, que mesmo ao machucar sua mão com um dos copos, ele não saiu do personagem. Aquilo fez com que sentisse seus olhos encherem de lágrimas e embora não estivesse no script, ela se deixou levar pelo improviso de suas emoções. Sabia que se o diretor não quisesse que ela também chorasse, ele pediria para refazerem aquela cena depois. Mas estava saindo tudo de forma tão orgânica entre os dois, que com um olhar eles sabiam o que o outro iria fazer.
"Corta!! Perfeito, , perfeito." o diretor elogiou se aproximando com seu primeiro assistente, Brian "Vamos mudar a câmera rapidinho porque eu quero manter a continuação dessa cena até o final. Depois voltamos do começo, quero fazer mais uma, mas provavelmente vou usar esse primeiro corte mesmo, ficou perfeito. , vou te deixar livre pra improvisar, faça sua mágica."
"Pode deixar." sorriu para Philip, o diretor, e se virou para seu colega que tinha um sorriso cansado no rosto e os olhos completamente inchados, observando o médico do set examinar sua mão. "Ele está bem?" perguntou ao doutor.
"Sim, o corte não é muito grande. Vai precisar de alguns pontos, mas ele não quer deixar até terminar a cena." a atriz assentiu, segurando na mão de , preocupada.
"Tudo pela arte." sorriu ao ver o ator concordar "Você está incrível, ." o elogiou, recebendo um beijo nas costas de sua mão em agradecimento.
"Ei, pessoal." Chad se aproximou junto com os maquiadores e rolou os olhos, fazendo a maquiadora a sua frente rir.
Mesmo tentando não prestar atenção em nada que saía da boca de Chad, ao ouvir seu nome ela se virou para ele e quanto mais ouvia, mais sua boca se abria e a raiva tomava conta de si. Ele conversava com Lip e Brian, sugerindo para que - ao invés de terminar a cena conforme o planejado, onde abraçaria no chão da cozinha e a câmera focaria apenas no rosto do ator chorando compulsivamente - ele a beijasse com força, estourando com pressa todos os botões da camisa dele que ela usava, a despindo. Então ele a colocaria na bancada da cozinha e a cena acabaria com um take das costas nua de . Quando Philip, contido, perguntou o motivo da sugestão, Chad disse que comercialmente chamaria tanto a atenção dos homens, quanto das mulheres. Embora a ideia original fosse bonita, usar do sexo como forma de escape era algo que homens faziam.
"Você está falando sério?!" ela se aproximou antes mesmo do produtor terminar de falar "Qual é o seu problema?! Você acha que o filme é ruim? Ou tem alguma fantasia comigo e com o ? Porque me parece que o seu único trabalho nesse set é fazer com que eu e o tiremos as roupas, eu, muito mais do que ele" completou elevando a voz, sem se importar com as consequências "Ele acabou de entregar uma puta aula de atuação e aqui está você querendo foder com tudo." esbravejou, ficando a centímetros de distância do homem, que parecia assustado por não esperar uma reação como aquela dela. " A cena está saindo perfeita. Qual.é.o.seu.problema?!" repetiu encarando o homem.
"É que..." Chad voltou a falar, mas a atriz não o deixou continuar.
"É o que?! o cortou, ouvindo uma comoção atrás de si. " Você quer me ver pelada? É esse o problema? Quer ver o também? Aqui..." resmungou, abrindo os botões de sua camisa, mas logo sentiu Henry atrás de si, tentando a segurar. "Não, Henry, deixa eu continuar, porque é a vigésima vez que isso acontece e ninguém aqui nessa porra de set fala nada. De repente assim ele pára. , você pode tirar a bermuda também?"
- Eu.não.acredito!!! - exclamou ultrajada, sentindo sua garganta arder. - Eles fizeram isso de propósito! Ainda cortaram a parte que o concordou comigo… E todo o resto que veio depois. Vocês se lembram? - perguntou ao seu irmão e cunhada, os vendo assentir, apertando o vídeo para recomeçar.
- Não faz isso, . - pediu com jeito, tentando pegar seu celular de volta - Ficar revendo esse vídeo não vai ajudar em nada.
- Eu quero processar. - disse irritada, com os olhos fixos na tela - Sei que tinha pedido pra deixar pra lá, mas eu não aguento mais esse cara achando que pode ter algum controle sobre mim. Não conseguiu me conquistar, partiu para tentar me ver sem roupas e agora de raiva está fazendo isso. Que ódio! Eu não tenho um minuto de paz. - desabafou, sentindo as lágrimas preencherem seu rosto.
- Ah, … - pegou seu telefone, o colocando de lado e abraçou a namorada.
- É óbvio que tem mais gente envolvida nisso, sis. - Henry sentou do outro lado da irmã e passou seu braço sob ela - O estúdio deve estar adorando, é sempre um bom negócio gerar qualquer tipo de publicidade antes de uma estréia, boa ou ruim.
- Lembra do nosso filme? - perguntou sorrindo, tentando animá-la.
- Lembro, mas foi diferente, eram boatos bons… E verdadeiros. - apesar de tudo, ela conseguiu sorrir de volta para ele e apoiou a cabeça em seu ombro.
- Pois então, soltar um vídeo desse na mesma semana da estréia me parece muito como uma estratégia de marketing. - Henry complementou.
- Eu ainda acho que isso possa vir a calhar - Poppy disse fazendo os três a encararem confusos - Só prova que havia motivos para você reagir assim, ninguém faria isso, se não tivesse nada acontecendo.
- É, por esse lado... - Henry encarou sua namorada orgulhoso. - Por que você não vai tomar um banho? Vocês podem continuar o que estavam fazendo na jacuzzi na privacidade do seu banheiro, nos poupando de chegar em casa e ter que ver aquilo. - disse chacoalhando a irmã, a vendo dar risada. - Eu comprei a janta, posso fazer para nós quatro, o que você acha?
- Não. - fungou, secando o rosto na toalha. - Nós temos uma reserva pra hoje. - disse se virando para o namorado, voltando a sentir seus olhos marejarem. - Eu queria te fazer uma surpresa, fiz uma reserva no Nobu pra gente.
- Ah, sereia… - levou as mãos ao rosto de , passando os dedos com delicadeza sob seus olhos. - Você não precisa me levar no meu restaurante favorito pra me agradar, ainda mais depois disso. Se a Poppy não cancelou, eu cancelo. Nós vamos ficar em casa. - assegurou, sem se importar.
- Tem certeza? - perguntou, parecendo uma garotinha assustada - Eu sei que não preciso, mas eu queria. Estou em dívida com você e queria que fosse especial, mas mais uma vez um problema meu interfere em tudo, no jantar de vocês, na nossa relação. Eu só queria que tudo isso acabasse. - desabafou, se colocando dentro do abraço de .
- Eu cancelo, não vai me levar um minuto. - Poppy piscou para e puxou Henry consigo - Nós vamos fazer aquele macarrão, do jeito que você gosta. - disse afagando os cabelos da cunhada e voltou para casa, os deixando sozinhos.
- Você desistiu de muita coisa pra ficar ao meu lado quando eu estava doente, , é a minha vez de ficar do seu. - disse a vendo o encarar - Nós não precisamos nos apressar com nada por agora, jantar, casa nova, adotar um cachorro... Contanto que a gente esteja bem, você pode ter todo o tempo do mundo. Eu estou aqui, por nós, segurando firme, enquanto você passa por mais essa tempestade.
- Você é o melhor namorado do mundo mesmo! - disse sorrindo, com o nariz todo vermelho. - Eu sei que falhei com você e te fiz questionar nossa relação e sei mais ainda do quanto você abriu mão ao passar aquele filme pra ficar comigo. Mas eu também aprecio muito você estar aqui nesse momento. Eu verdadeiramente só me sinto em casa quando estou com você, então isso significa muito pra mim. Eu te amo e não é pouco o quanto, .
- Só não mais do que eu, sereia. - disse rindo satisfeito ao vê-la reagir a sua resposta, afinal, após três anos juntos, eles já não eram tão bregas e apaixonados como no começo. Aquelas declarações ficavam para momentos mais especiais ou quando ele queria fazer alguma graça. - Falando a real agora, somos nós , eu e você. Quando eu estou mal você me anima e quando você está mal eu faço o meu melhor pra te fazer feliz. Eu sempre vou estar pronto pra te levantar quando você cair. Nós vamos passar por mais isso, juntos.
- Eu não sei o que faria, se não fosse você.
Desde que teve seu vídeo vazado, estava com muito medo de ter perdido sua carreira por conta de um homem que não soube lhe respeitar. Ela e raramente eram vistos em público, preferiam levar uma vida mais discreta e tranquila, por isso, se ver vítima de uma situação como aquela a tirou o sono. Paparazzis praticamente dormiam em sua porta e ela não aguentava mais ser perseguida toda vez que saía de casa.
Logo no começo, quando os boatos começaram sobre ela estar sendo difícil nas gravações, a quantidade de comentários em suas redes sociais e os pedidos de entrevistas sobre o assunto, a assustaram. Poppy e sua publicista faziam um bom trabalho filtrando tudo para ela, mas ter sua imagem vinculada a algo que ninguém sabia o real motivo, a tirava do sério. Além de ter que lidar com um produtor praticamente a assediando, ter o público contra ela não ajudava em nada. Aquilo tinha tomado conta de sua vida por quase toda a duração das gravações e quando tudo parecia estar chegando ao fim, teve que ver sua vida novamente revirada e seu nome jogado de qualquer forma aos quatro ventos.
Mas, ao contrário do que ela esperava e para sua total surpresa, ao acordar no dia seguinte, tomou um susto ao notar a quantidade de notificações, mensagens, e-mails e ligações, em sua maioria, a apoiando. Atrizes que ela nunca sequer tinha conhecido se compadecendo com sua situação, contando suas próprias histórias que não tiveram a sorte de serem filmadas.
Sabia que aquilo era só o começo da repercussão e quanto mais perto da estréia chegavam, mais complicado era lidar com tudo aquilo, todas as entrevistas que dava, tocavam no assunto, mas ver seus fãs, amigos, familiares e outros profissionais do ramo a apoiando, lhe deram a força que ela precisava para se levantar e cumprir com seus compromissos.
Após meses de tortura e batalhas internas, saber que no final das contas, as pessoas estavam do seu lado, fez com que se sentisse como há muito tempo não sentia. Podia finalmente ver a luz no final do túnel de seu pesadelo.
Acordada há pouco tempo, ela aproveitou que ainda era cedo para responder alguns comentários em suas redes sociais. Não era extremamente ativa, mas gastava algumas horas na semana retribuindo o carinho que recebia.
acordou com o alarme e estranhou ao ver muito mais sorridente do que esperava encontrar. Era a manhã da estréia de "Everlong" e ele teve certeza que a ansiedade a estaria corroendo. Se mexeu na cama, apoiando sua cabeça no colo da namorada, enquanto ela estava ocupada com seu aparelho.
- Bom dia, sereia.
- Bom dia, meu amor. - sussurrou, fazendo um carinho nos cabelos bagunçados dele. - Estou respondendo alguns comentários no Instagram, você se importa se eu postar essa foto nossa? - perguntou mostrando a foto que tiraram na jacuzzi de sua casa, no dia que seu vídeo tinha vazado. Sabia que por algum motivo, gostavam de ver fotos mais íntimas dos dois.
- Não. - respondeu desinteressado, ele deixava que Poppy gerenciasse suas redes e só postava algo novo que não fosse trabalho, quando a assistente praticamente implorava.
- Sabem o que dizem sobre dias de estréia? - suspirou fundo, sorrindo travessa ao colocar o aparelho de lado.
- O quê?
- Que sexo pela manhã traz sorte. - soltou com os olhos presos aos dele e riu ao ver sua cara de surpresa. Mesmo com sono era sempre lindo. Ela tinha certeza que deveria ser crime ser tão sexy daquela forma, ainda mais ao acordar.
- O que deu em você? - perguntou se levantando preguiçoso para encará-la.
- Eu acordei decidida a não deixar que nada afete minha noite. - disse segura de si. - Eu andei relendo algumas das mensagens de apoio que recebi nesses últimos dias e percebi que não estou sozinha, tenho muito mais apoio do que desamparo.
- E...? - a incentivou a continuar, levando a mão ao seu cabelo, que estava quase tão longo quando no dia em que se conheceram
- E que talvez não tenha queimado meu nome com todos os estúdios e diretores do mundo, talvez algum ainda queira trabalhar comigo.
- E não é isso que temos te falado esse tempo todo, sereia? - ele a encarou com cuidado, fazendo carinho em seu rosto e analisando cada um de seus movimentos, ela realmente parecia bem. Um contraste dos dias anteriores. - Então você está mesmo bem?
- Estou, eu prometo.
- Ótimo. - respondeu puxando com cuidado suas pernas, fazendo com que seu corpo caísse para trás, tirando uma gargalhada de - O que você tinha dito sobre dias de estréia mesmo? - perguntou se deitando por cima dela, dando uma piscadinha de lado.
- Que sexo pela manhã traz sorte. - se repetiu mordendo o próprio lábio, envolvendo os braços no pescoço de e a última coisa que viu antes de fechar os olhos, foram os olhos que ela mais amava no mundo a encararem com amor e tesão. Os olhos que a faziam se sentir a mulher mais gostosa e amada do mundo, toda vez que transavam.
- Pode ter certeza que quando eu terminar meu trabalho, você não vai estar bem, você vai estar incrível.
Desde que tinha tomado uma das maiores decisões de sua vida, relembrava com frequência de como eles haviam se conhecido. Ele realmente tinha sido e agido como um idiota. Sabia que grande parte era por conta de seu projeto, colocara em si uma pressão que lhe tirou o sono por muitas noites e quase o impediu de ver o talento de , dentre tantas outras coisas. Sua sorte era ter conseguido desfazer toda a má primeira impressão que havia causado e transformar aquele ódio todo, em amor.
era sua casa, seu lar, o grande amor de sua vida e havia pouco que não faria por ela. Nunca imaginou que a mulher forte, destemida e corajosa que conhecia, estivesse tão esfacelada por dentro. Ainda não acreditava como tinha sido tolo em questionar seus sentimentos. Por estar longe, confundiu sua dor com falta de interesse por ele e quando percebeu seu próprio erro, fez de tudo para se redimir com ela, mesmo que ela sequer o culpasse. Só foi entender o tamanho do stress que ela passou quando ela voltou para casa, cansada, abatida e com dificuldade para dormir. Um mero fragmento da mulher que ela era. Por isso que ele tinha passado o filme com o Scorsese e passaria outros mil. Ela sempre seria sua prioridade, porque ser amado por ela era mais importante do que qualquer filme.
Assim como ela, não via a hora de deixar aquele filme para trás, para que eles pudessem focar no resto de suas vidas.
- Por mais que eu ame ficar assim com você… - estava deitada nua sob o peito de , concentrada em sentir a respiração dele voltar ao normal, após mais uma das muitas vezes que eles ainda se amariam naquela vida - Tem um café da manhã enorme e dois massagistas nos esperando ali fora.
- Ah, meu amor, você não precisa me mimar tanto assim. - agradeceu sorrindo, mas com seus olhos ainda fechados. Apesar de tudo, estava ansiosa para assistir seu filme pela primeira vez e com muito medo do resultado final.
- Claro que preciso, sereia, não é porque estamos chegando no nosso aniversário de quatro anos que vou deixar de ser perfeito, como sempre fui.
- Perfeito, huh? Tá se achando demais. - sentiu-se vitorioso ao ouvir a risada de . Havia feito sua missão não deixar nada estragar o dia dela.
Após as massagens, não demorou para que o local ficasse movimentado pelo resto do dia. Maquiadores, cabeleireiros e estilistas pessoais cuidavam dos quatro moradores da casa. Por conta do vídeo e de todos os rumores, pediu para que dois publicistas a acompanhassem na estréia apenas para se certificar de que tudo correria bem. Sabia que os jornalistas estariam sedentos para saber em primeira mão o que ela achava de todo o drama que estava envolvida.
Nervosa, só conseguiu segurar os ânimos depois de uma longa conversa com seus pais, pouco antes de sair de casa. Apesar de todo seu sucesso, tinha apenas 24 anos e ainda precisava deles em momentos como aquele. Era ainda mais gratificante saber que podia contar com eles, após tudo que passaram. Muita coisa tinha acontecido nos últimos anos e podia afirmar feliz, que todos os problemas haviam ficado para trás. Tinha achado em si a força para perdoar sua mãe e seguir em frente, as duas aprendendo a ser apenas mãe e filha, mas com o benefício de ter uma mãe que entendia seu meio como ninguém.
Com toda sua família já no Chinese Theater, e estavam com o carro rodando o local, apenas esperando o carro de chegar, para que eles pudessem entrar juntos.
- Não se preocupe com nada além de sorrir e aproveitar, . - apertou sua mão ao ver o carro se aproximar da entrada do local. - E não se esqueça que eu te amo e vou estar do seu lado o tempo todo. É só você me olhar que eu me aproximo na hora.
- Obrigada, . - agradeceu sincera, dando apenas um selinho em seu namorado, para não estragar a maquiagem.
- Ah! Antes que eu me esqueça... - ele disse antes de abrir a porta - Você está absolutamente uma delícia nesse vestido. - piscou pervertido, tentando tirar da mente todas as fantasias que vinha criando desde que a vira se vestir.
Os flashes a incomodaram mais do que ela gostaria, fazia tempo que não participava de uma premiére e raramente saia para locais que atraiam paparazzis. Por ter um namorado também famoso eles sempre apoiavam um ao outro, comparecendo a eventos juntos, mas aquela noite parecia diferente. Ela sabia e todos os jornalistas também. Antes que pudesse entrar em pânico, sentiu a mão de em sua dorsal e foi só olhar no fundo dos olhos dele para ter certeza que tudo ficaria bem. lhe trazia uma segurança que ela não tinha com mais ninguém.
Sorrindo, ela posou para diversas fotos com e sem e logo se aproximou, todo de preto, elegante como sempre.
- Como você está, ? Além, claro, de estar deslumbrante - perguntou genuinamente preocupado, era a primeira vez que se viam em meses - Acabei não te respondendo ontem a noite, mas você me parece mais animada. - completou cumprimentando ao seu lado.
- Mais ou menos isso. - a atriz respondeu sorrindo, como se estivessem falando sobre o tempo. Podia ouvir os cliques das câmeras e precisava manter sua pose - Eu estou bem e se eu não tiver que interagir com o Chad, vou ficar ainda melhor.
- Você não vai. - murmurou em seu ouvido o que fez os fotógrafos ficarem ainda mais empolvorosos. - Eu vou entrar, já fiz a minha parte aqui. , um prazer finalmente te conhecer, nos falamos mais lá dentro. - disse depositando um beijo no rosto de .
- Com certeza, fala tanto de você que sinto como se te conhecesse de verdade. - disse brincalhão - Eu cuido dela por aqui até entrarmos. - assegurou, vendo agradecer.
Assim que e tiraram as últimas fotos juntos, eles seguiram com suas publicistas para responder perguntas de jornalistas de todo o mundo. Mesmo tendo que desviar de algumas questões desnecessárias, estava tudo saindo melhor do que o esperado. a socorreu quando tentaram fazer perguntas indevidas e ela não pode deixar de sorrir ao vê-lo defendê-la e ainda lhe dar razão. Juntos, eles foram em direção aos fãs, que muitas vezes madrugavam para estar ali e quando finalmente adentraram o cinema, os dois puderam respirar aliviados e gargalharam com toda a loucura que tinha acabado de acontecer.
Já em seu lugar, viu Chad do outro lado do cinema, sentado ao lado dos outros produtores e executivos do estúdio. Imediatamente sentiu seu estômago embrulhar. Ele a encarou por tempo demais e ela não quis saber o que ele estava pensando. Sem querer estragar sua noite, se virou para seus companheiros, estava sentado de um lado e do outro. Não poderia ter duas pessoas melhores para ficar no meio. Philip e Brian estavam logo ao lado de , acompanhado de suas esposas, já sua família estava apenas duas fileiras para trás. Ela se virou para seus pais acenando e, ao ver Noel com sua nova namorada, Jessyca, fez uma careta, os fazendo rir.
Com todos em seus lugares, Philip, e foram a frente do cinema fazer uma breve apresentação e logo o filme começou. Se ver nas telas era sempre algo bastante esquisito, ainda mais quando estava seminua beijando outro homem, com seu namorado assistindo bem ao seu lado. tinha as mãos dadas a namorada e se remexeu desconfortável ao ver as primeiras cenas dos dois na cama. Era algo que estava acostumado, mas nem por isso deixava de ser difícil. Abaixou a cabeça por um instante e sentiu os dedos da namorada pressionarem ainda mais sob os seus. Sabia que passaria mais algumas cenas com sua cabeça abaixada.
Quando os créditos começaram a rolar, se virou para e Philip. Ambos se encaravam desconfortáveis e logo eles se viraram para ela.
- Podia ser pior?! - ela riu nasalado, vendo os dois concordarem.
Os três se abraçaram e logo eles tiveram que cumprimentar as diversas pessoas que se aproximaram deles elogiando o filme, direção e suas atuações. Embora estivesse contente e orgulhosa do trabalho que tinha feito, a edição não estava como havia imaginado e sentiu falta de cenas que mostravam que a conexão do casal ia muito além da cama. Mas com tantas pessoas vindo em sua direção, acabou guardando suas emoções e opiniões para mais tarde.
- Eu nem sei o que dizer. - Philip estava com , e seus assistentes em um canto do teatro, a maioria das pessoas tinham ido embora para casa ou para a festa que aconteceria logo depois - O problema do diretor não ter a palavra final e sim o produtor executivo é esse, acabamos perdendo um pouco da essência. Mas podemos lutar para que as cenas deletadas entrem no DVD.
- Queria dizer que estou surpresa, mas não estou. - soltou direta - Acho que depois de tudo que aconteceu, minhas expectativas já estavam bem baixas. Só fico triste pela cenas deletadas, poderiam pelo menos ter mantido aquela no meio da estrada, seriam 3 minutos a mais de filme, que fariam toda a diferença.
- Ou aquela que gravamos de madrugada, lembra? - se virou para ela - Na varanda do apartamento?
- Nossa, sim?! - ficou ainda mais irritada - A fotografia estava perfeita, nossos diálogos, a meia luz… - divagou se lembrando daquela noite. - Mas acho que pelo menos conseguimos convencer como casal, não?
- Caramba, e como conseguiram! - Brian comentou e Philip assentiu. - Eu acho que esse foi o maior trunfo do filme, vocês dois.
- O casting perfeito! - Philip adicionou - Quando chegaram os dois testes, vocês foram os nosso favoritos. Em cena então, nem parece que tem uma diferença enorme entre vocês.
- Hey! - resmungou divertido - Está me chamando de velho? - brincou, vendo seu sorriso morrer ao notar que Chad caminhava na direção de seu grupo. acompanhou seu olhar e ao perceber o que ele encarava tão intensamente se viu murchar. Mas antes que o produtor sequer chegasse na pequena roda, apareceu do nada, entrando em sua frente.
De longe não dava para saber o que estava acontecendo, mas seja lá o que fosse, tinha feito Chad desistir de continuar o seu caminho. Preocupada, sinalizou , que se aproximou dela sorrindo, embora ela pudesse ver em todas as suas ações como ele estava nervoso e irritado.
- Está tudo bem? - perguntou temerosa, vendo-o acompanhar com o olhar por onde Chad ia - Estamos acabando por aqui, já podemos ir. - disse ao namorado, tentando chamar sua atenção. - Vocês vão todos pra festa? - se virou para seus colegas, os vendo assentir.
- Eu só preciso ir ao banheiro. - respondeu sem prestar muita atenção. tentou segurar seu braço, mas fora em vão. Quando ela fez menção de ir atrás, a impediu.
- Eu vou, deixa comigo! - disse firme, vendo a atriz concordar. - Fica tranquila. - a assegurou.
- Eu vejo vocês na festa - se despediu de seus colegas e andou apressada em direção a sua família, que os aguardava. Mas antes que ela sequer terminasse de explicar a Henry e Noel o que imaginava estar acontecendo, ela viu e aparecerem rindo, a deixando completamente confusa.
- Tem certeza que ele foi atrás do Chad? - Henry perguntou já sem o paletó e a irmã apenas deu de ombros, sem entender nada.
- Vamos? - apareceu com o ator ao seu lado, completamente normais - Vamos dar carona pro , quero contar pra ele sobre aquele livro que estou pensando em comprar os direitos.
- Ok. - disse simplesmente, aceitando a mão de seu namorado, ainda confusa - Está tudo bem por aqui? - sussurrou em seu ouvido.
- Por que não estaria? - retrucou carinhoso, beijando seus lábios, colocando sua mão latejante para trás.
- Eu achei que vocês tivessem ido atrás do Chad. - disse olhando de um ator para o outro suspeita.
- Nós só fomos ao banheiro - assegurou a namorada - Você pode perguntar ao depois. - incentivou, a abraçando de lado - Agora vamos logo para essa festa, porque eu não vejo a hora de levar a atriz principal desse filme para minha cama. Dizem que ela faz o melhor oral do mundo.
- !! - disse alto, chamando a atenção de todos, mas antes que ela sequer pudesse falar qualquer outra coisa, ele a segurou com cuidado, tombando seu corpo e a beijou como uma verdadeira estrela de cinema.
não viu mais Chad naquela noite, ela até chegou a perguntar a se algo tinha acontecido quando ele saiu atrás de , mas assim como seu namorado, ele apenas disse que eles tinham ido ao banheiro. Horas mais tarde, ela se dignou em se manter calada, ao ouvir a história de como o produtor tivera que ir embora mais cedo, após se machucar feio no banheiro.
abriu a porta de casa tentando não fazer barulho, estava chegando das últimas estréias de seu filme em Londres, Paris e Berlim. As críticas não vinham sendo as mais positivas, mas ela já não podia fazer mais nada. Tinha orgulho de seu trabalho e sua atuação, podia ver como a falta de algumas cenas alteraram uma parte da história, mas o resultado final nunca dependia dos atores e todos sabiam daquilo. Everlong estava finalmente ficando em seu passado e ela estava disposta e ansiosa, a seguir em frente.
Com todo cuidado do mundo, abriu a porta de seu quarto e sorriu vitoriosa ao perceber que ainda dormia tranquilo. Sabia que ele estava exausto, havia saído com Jake Gyllenhaal na noite anterior para conversarem sobre o filme que produziriam juntos no ano seguinte e chegara tarde em casa. Aproveitou do silêncio para preparar todo o café da manhã e decorou a mesa que ficava no jardim de sua casa com flores amarelas, as favoritas de . Num canto, escondeu a página que guardava como tesouro há algumas semanas e foi até seu quarto, em busca de seu namorado.
- Bom dia, meu amor! - sussurrou no ouvido de , se enfiando embaixo das cobertas com ele. Pirata ainda dormia na curvatura das pernas do ator, sem a menor vontade de cumprimentar sua dona.
- Ei, sereia… - abriu um sorriso cansado, abrindo apenas um olho para confirmar que ela realmente estava ali - Eu dormi demais? - perguntou a puxando para si, aninhando seu rosto no pescoço de . - Você tá cheirosa.
- Eu vim mais cedo… Pra te fazer uma surpresa. - confessou sorrindo, o abraçando de volta. - Você está com fome?
- E com muita dor de cabeça. - assentiu, a fazendo rir. - Me lembre de nunca mais sair para beber com o Jake.
- O que você acha de ovos com bacon?
- E panquecas?
- E panquecas. - ela sorriu fechado, o conhecia como ninguém.
- Se você estiver nua eu vou ter certeza que tudo isso é um sonho - disse com a voz rouca, a fazendo gargalhar.
Bacon e panquecas eram duas das palavras favoritas de . Comer sempre o animava e o observava contente. Os dois estavam finalmente de volta em sincronia e ela se via ainda mais apaixonada por ele. Quase quatro anos juntos e ela ainda tinha fases de não acreditar como um homem como aquele poderia querê-la. O amava com todas suas forças e embora tenha o feito duvidar de seus sentimentos, prometera a si mesmo que aquela seria a primeira e última vez.
- Eu devo estar parecendo um ogro comendo e você me olha como se eu fosse um filhote de cachorro fofinho.
- Talvez porque pra mim você seja um filhote de cachorro fofinho. - retrucou divertida e viu o namorado tentar imitar um cachorro, o que a fez quase cuspir a própria comida.
- Você tem acompanhado as críticas que tem saído essa semana? - perguntou tomando um pouco de seu café.
- Algumas, estou tentando não surtar. As primeiras que saíram depois da estréia em LA não foram muito positivas, mas as dessa semana estão melhores. Estão elogiando bastante a atuação do , nossa dinâmica nas telas, a fotografia do filme…
- Eu vi uma, do Guardian, não tinham mais elogios pra dar a você e ao .
- O que eles disseram, você se lembra? - perguntou curiosa e tirou o celular do bolso, procurando pelo artigo. - “ Reed e foram o perfeito achado e maior ponto positivo do filme. Os atores convencem como casal e apesar da diferença de idade na vida real, é explícita a química, cumplicidade e como eles tiram do outro o melhor de suas atuações. vem se mostrando cada vez mais como um dos grandes de Hollywood, a cena na cozinha, onde ele foi capaz de se despir de toda masculinidade frágil, captou com maestria o âmago das emoções humanas. A ganhadora do Oscar por “Curtain Call” prova mais uma vez que seu talento e profissionalismo vão além de problemas dentro do set. consegue como poucos, demonstrar em gestos, ações e olhares o que nenhum diálogo poderia dizer. Os atores simplesmente funcionam juntos e salvaram a péssima edição de naufragar o filme de vez. Por todos os problemas com a atriz durante as gravações, ficou ainda mais claro que dinheiro falou mais alto do que qualidade e que nesse caso, foi o passo errado a se dar.”
- Sério? Ou você só tá inventando isso pra me animar?
- Sério. - rolou os olhos, lhe entregando seu celular - Você tem um dom nato, sereia, eu sempre te disse isso.
- Uau, isso é incrível, acho que é a primeira crítica que eu realmente fico feliz. - admitiu, entregando o celular a , mas ele segurou em sua mão, a convidando a se sentar em seu colo.
- Eu estava certo, não estava? - passou um de seus braços pela cintura de , levando o outro ao seu rosto - Nem sempre vamos fazer os melhores filmes, nem sempre vamos dar o nosso melhor, mas desde a estréia eu vi que não seria esse o filme que acabaria com a sua carreira. Você é boa.
- Eu sei, é que depois de tudo que passei, ainda mais com aquele vídeo, realmente achei que era o fim. Ainda tenho medo que diretores e produtores tenham receio de trabalhar comigo.
- Acho difícil, você é talentosa demais para que um vídeo como esse acabe com sua carreira - a elogiou, vendo assentir com a mente longe e os dois ficaram em silêncio por um tempo, abraçados um ao outro.
- E você ficou do meu lado, mesmo quando eu estava te fazendo mal, . Você tem noção do quão maravilhoso você é?
- Um pouco... - brincou, mas logo movimentou a mão como se não fosse nada - São águas passadas, sereia. Estava acabando comigo te ver se colocar pra baixo daquela forma, você parecia outra pessoa. Eu nunca te vi assim antes, , e não quero ver de novo. Eu realmente fiquei preocupado que você não fosse voltar do buraco em que se colocou. Foi como se você tivesse deixado de amar a mulher que eu amo e aquilo me matou. Não foi fácil deixar minhas inseguranças de lado, mas, acho que o amor é isso, não? Nos colocar de lado quando o outro precisa mais e não foi esforço algum te relembrar de quem você é. E, apesar de não querer passar por isso nunca mais, se for preciso, eu faço tudo de novo.
- E é exatamente por isso, por me amar e estar sempre ao meu lado... - se levantou animada, dando um beijo em . - Que eu precisava te agradecer em grande estilo, por tudo que você enfrentou nesses longos meses por minha causa.
- Você vai… Seu irmão não está em casa?! - perguntou com sua cara mais pervertida.
- !! Só pensa em sexo, amor. - resmungou vendo-o levantar a sobrancelha.
- Você já se viu no espelho? - contra-argumentou dando de ombros, mas curioso com o que estava por vir.
- Você passou uma oportunidade única para estar aqui hoje comigo e eu sei como trabalhar com o Scorsese era um sonho pra você. Quem sabe num futuro você não receba um convite novamente? - disse animada, pegando na cadeira ao seu lado a folha de papel. - Bem, sei que não é ele, mas nós somos muitos fãs de um certo diretor e quando eu soube que ele estava silenciosamente em busca de um elenco, pedi por aí alguns favores e qual não foi minha surpresa quando ele mesmo me ligou, animado com a possibilidade de te ter no próximo filme dele?!
- Quem?! - já estava na ponta de sua cadeira, curioso demais com a resposta.
- Ah, um diretor aí, ele fez uns filmes que eu não sei se você conhece… Kill Bill, Pulp Fiction, Bastardos Ing…
- Você tá falando sério? - nesse ponto já estava em pé e lhe entregou a página com cuidado. O ator quase não acreditou ao ler Once Upon a Time in...Hollywood um filme de Quentin Tarantino.
- Seríssimo. O roteiro está sendo guardado a sete chaves, só tem uma cópia no mundo e ela não vai sair da casa do Tarantino tão cedo, por isso apenas a primeira página. Mas, resumindo uma longa história, o editor de Curtain Call vai fazer esse filme também. Ele se lembrou da nossa obsessão pelo Tarantino e me passou o telefone da assistente dele. Eu pedi uma audição pra você, ela disse que iria repassar o pedido… Eu até achei que não iria rolar, mas pouco antes de eu voltar da Europa, ele me ligou.
- Ele?! Quentin fucking Tarantino te ligou?
- SIM!! Ele disse que tinha visto "Curtain Call" e elogiou nossas performances, então quando recebeu meu pedido achou que era simplesmente para ser.
- Puta que pariu! Isso não é uma pegadinha, certo?
- Não, ! - imaginou que o namorado fosse ficar feliz com a notícia, só não sabia o quanto. - Não é o papel principal, óbvio, mas ele disse que desde o pedido não conseguia não mais ver você como um dos personagens escritos. Ele já sabe exatamente quem você vai interpretar, quer dizer, isso se você aceitar o contrato, cachê etc... Mas algo me diz que você vai.
- E você tem isso com você todo esse tempo e não me disse nada?
- Sim!! - respondeu com uma cara culpada - O papel é seu já e eu não queria que os meus problemas ofuscassem a importância disso pra você. Queria que fosse um momento só seu, você merece.
- Eu nem sei como começar a te agradecer…
- Não!! - o encarou, inconformada - Esse é o meu agradecimento por você ter desistido de um sonho para ficar comigo quando eu mais precisei.
- Eu quero falar que não precisa, mas estou feliz demais com isso. - disse ainda animado, encarando a folha a sua frente.
- Eu também preciso te falar mais uma coisa… - começou e logo viu os olhos do namorado sob os seus, mais curiosos do que nunca - Eu mandei uma mensagem pra ele me desculpando pela demora em dar uma resposta, falando que só essa semana eu conseguiria contar pra você, por tudo que estava acontecendo comigo e ele me perguntou se eu não gostaria de participar do filme também. Disse que tem uma personagem pra mim em mente. Eu não dei certeza, avisei que o responderia ainda essa semana, depois de falar com você.
- Você está louca?! Mas é claro que você vai dizer sim, ainda hoje. Poder trabalhar juntos num filme dele sempre foi o nosso sonho.
- Tem certeza? Eu não quero me apropriar de algo que eu busquei pra você, me infiltrando no projeto.
- Você não se infiltrou, você foi convidada. É praticamente um sonho estarmos em mais um filme juntos.
- Jura?! - perguntou ainda incerta - Ele me disse que vai ser gravado aqui perto de casa, nós vamos poder dormir na nossa cama, na nossa casa. - não conseguia conter a felicidade em ver realizando um sonho, os olhos dele brilhavam em emoção. - O que foi? - perguntou ao vê-lo colocar o papel na mesa e se virar para ela todo sério.
- Você é perfeita. - disse se aproximando a passos lentos, envolvendo sua cintura com seus braços, para que distância alguma os separasse. - Obrigado! Obrigado por isso, por esse sonho, por realizarmos ele juntos e mais ainda por me amar e sempre cuidar de mim da forma que você cuida. Eu te amo, sereia.
- E eu muito mais, meu amor. - se declarou aproximando seu rosto do dele e fechou os olhos ao sentir o toque de seus lábios nos seus. - Acho que saímos dessa mais fortes do que nunca. - sorriu ainda de olhos fechados, sentindo sua testa tocar a dele. - ...
- Hum? - soltou preguiçoso, estava mais preocupado em guardar aquele momento para sempre.
Havia muitos momentos que ele guardaria para sempre, de camisola de seda branca num quarto de hotel, o primeiro beijo, o dia em que ela raspou a cabeça por ele. Todos os dias que ela ficou ao seu lado, desconfortável em uma poltrona de hospital, enquanto ele fazia o seu tratamento. O Oscar que ganharam juntos no mesmo ano. Eram tantos momentos, tantas memórias em quase quatro anos, que ele se perguntava quantas ainda criariam com uma vida inteira pela frente. A vida que ele nunca imaginou que um dia pudesse ter, o seu próprio final feliz.
Ali nos braços de ele guardava mais um daqueles momentos, o que lhe deu a última certeza que precisava, estavam prontos.
- Eu prometo nunca mais fazer você passar por isso, eu vou mudar e aprender a reagir a problemas de uma forma que não afete minha família, você e nossa vida juntos.
- Você não precisa mudar, sereia. Você não tem culpa do que te aconteceu e eu tenho muito orgulho da mulher que você é. Nem sempre estamos num bom momento e por mais que eu não tenha reconhecido a mulher que você estava sendo, eu não sou apegado a você apenas nos momentos bons, na que é sempre perfeita, presente… Eu sou apegado e completamente apaixonado por todas as suas versões e é por isso que não pretendo te largar tão cedo, . Vou continuar te amando como a mulher que eu amo e sempre amei.
- Pra sempre? - perguntou manhosa, olhando no fundo de seus olhos.
- E mais um dia. - a beijou com desejo, mas acabou os interrompendo, ao deixar escapar uma risadinha.
- O que foi?
- Isso soou tão brega pra você, quanto pra mim? - perguntou divertido, levando as duas mãos ao rosto de , guardando cada tracinho daquele rosto que já conhecia de cor, mais uma vez dentro de si.
- Sim. - riu com a pergunta - Céus, nós somos muito bregas às vezes.
- Então será que agora eu posso finalmente te agradecer da forma que eu quero por tudo isso? - perguntou a pegando no colo, mordendo seu lábio inferior.
- E que forma é essa? - se fingiu de inocente, sabendo bem o que vinha a seguir. Ela jamais admitiria, mas adorava quando ele lhe dizia obscenidades.
- Uma que envolve você completamente nua, minha língua e suas pernas abertas.
- !!! - berrou envergonhada, sendo carregada por ele quarto adentro.
Das muitas certezas que tinha na vida, a maior delas era seu amor por . E o amor dele por ela.
- Um beijo por seus pensamentos. - entregou uma taça de champagne a e a abraçou por trás, ela admirava há algum tempo a vista de sua casa.
Com Everlong em seu passado, os contratos com Tarantino assinados e o projeto de com Jake andando melhor que o esperado, o casal resolveu celebrar. Eles haviam dado uma festa enorme para todos os seus amigos famoso mais próximos na noite anterior e naquela noite receberiam a família de para um jantar mais tranquilo, até Noel viria com Jessyca. Apesar de a terem conhecido na estréia do filme e a terem visto na noite anterior, o casal estava preocupado demais com outras questões para darem atenção a todos que vinham falar com eles. Aquela seria a primeira vez que poderiam finalmente conhecê-la melhor.
Após meses turbulentos, tudo que ele e mais queriam era relaxar e a aproveitar o luxo que aquela vida os trazia. O casal havia tirado três semanas para não fazerem nada e estavam aproveitando como nunca. Após aquele jantar, terminariam de arrumar as mochilas para passarem alguns dias em Yosemite, apenas os dois e Pirata, sem internet, telefone e paparazzis.
- Estou pensando em tudo que vivi aqui, nessa casa, com você. De como estou feliz que finalmente posso viver em paz, sabendo que não preciso mais ver o Chad nunca mais na minha vida. - admitiu se virando para ele - Pensei que o estúdio fosse ficar calado, mas além das desculpas formais que me deram, ainda foram a publico para me apoiar. - disse sentindo seus olhos marejarem, sentiu-se realmente querida ao receber uma ligação do presidente do estúdio a chamando para uma reunião.
- Sabia que você inspirou a mim e ao Jake? - perguntou despertando sua curiosidade - Ele perguntou um dia pra mim o que tinha acontecido de verdade e ficou muito sentido por tudo que você passou.
- Ele até me mandou aquelas flores lindas. - o lembrou.
- Sabemos que como homens já erramos muito, mas aprendo muito todo dia com você e sendo seu namorado. Não é justo que ninguém se sinta da forma que você se sentiu dentro de um set e prometemos um ao outro que durante toda a gravação do nosso filme, vamos nos certificar com todas as mulheres que elas estão confortáveis em estar ali. sugeriu de termos uma pessoa no set exclusivamente para isso.
- Eu fico muito feliz em ouvir isso, , se todos os homens influentes fizessem sua parte, nenhuma outra mulher passaria mais por isso. - disse o agradecendo - Ainda não acredito que vocês dois bateram em Chad e fingiram que nada tinha acontecido.
- Eu não sei do que você está falando, nós só fomos ao banheiro - deu de ombros, a abraçando forte. - Minha mão inchada por uma semana foi apenas um reação a algum produto químico... Palavras do médico.
observava as pessoas que mais amava na vida ao redor de sua mesa de jantar. O clima em LA estava perfeito e todas as grandes portas estavam abertas. As luzes da piscina e do jardim estavam todas ligadas, deixando o ambiente bastante aconchegante. Uma música tocava de fundo e Pirata dormia em seus pés.
- Mãe, eu queria te pedir um conselho. - disse do outro lado da mesa, chamando a atenção de todos.
- Claro, meu amor. Qualquer coisa. - Moira ainda se surpreendia quando a chamava de mãe e ainda mais quando precisava dela. Demorou muito para que ela finalmente admitisse a todos o quanto os havia feito sofrer e mais ainda para que a filha a perdoasse. Momentos como aquele valiam como ouro.
- Bem, eu tenho analisado algumas propostas e roteiros que estão chegando porque não tenho nada depois do filme do Tarantino. Mas todos os papéis que chegam são baseados em minha aparência, meu corpo e minha idade. Eu queria e preciso de algo diferente, senão vou entrar num caminho sem volta.
- Você é linda, filha, é normal que chame atenção para papéis assim.
- Mas se eu só fizer papel assim, não vão pensar em mim para algo diferente. Eu quero algo que realmente me desafie. De repente um papel em um filme menor, independente.
- Bem, eu certamente posso pensar. - Moira assentiu, animada - Vou analisar o que temos recebido e ver se algo se encaixa no que você quer.
- E aquele roteiro novo, que recebemos ainda essa semana? - Tomas, seu pai, perguntou a esposa.
Embora ainda cuidasse de seus interesses financeiros, Tomas tinha passado as rédeas de sua carreira para Henry, assim que ele se formou na faculdade. Sabia que a filha estaria em boas mãos e foi a forma que encontrou de remediar seu casamento, depois de descobrir as mentiras que havia sido alimentado por anos. Moira tinha se encontrado gerenciando novos talentos e sua ajuda foi fundamental para o avanço da empresa. Juntos, começavam a fazer o próprio nome no mercado.
- É verdade! É de um novo diretor, mas parece promissor, nenhuma das minhas meninas estão prontas. - comentou, vendo todos a olharem desacreditados.
- Mãe!! - e Henry disseram alto. - Você prometeu que tinha mudado.
- Eu mudei, crianças, prometo - disse rindo da cara dos filhos - Eu estou pegando leve com todos, só realmente não é o momento delas.
- Nesse caso, tudo bem. Eu passo no seu escritório na próxima semana e a gente conversa mais. - agradeceu e acabou não vendo o olhar significativo que seu pai lançou a Moira. A mais velha sonhara com o dia que a filha voltaria a pedir seus conselhos. - E como estão os preparativos para as férias? Sua família está animada? - perguntou se virando para Poppy. A assistente iria com Henry, Noel, Jessy e toda sua família para a casa dela no Hawaii por duas semanas. Presente seu após ter feito eles cancelarem a viagem no início do ano.
- Minha mãe não pára de comprar roupas de verão, daqui a pouco vai precisar de duas malas. - disse rindo, lembrando com carinho da mais velha, que morava no Texas - Eu sei que já agradeci, mas obrigada mesmo, . Eu os vejo tão pouco, vai ser bom termos essas semanas sem nada para fazer.
- Prometemos não te ligar. Acho que é o maior presente que você possa querer. - disse rindo e riu mais ainda ao vê-la concordar. - Quem sabe a partir do ano que vem não contratamos uma assistente pra você? Com o livro que estamos adaptando para TV vou precisar de alguém comigo o tempo todo, imagino que a não vai me deixar levar você comigo.
- Ainda bem que você sabe, meu amor. - a atriz jogou um beijo para ele, que balançou a cabeça contrariado. - Da Poppy, eu não abro mão.
- Então eu vou precisar de uma cópia sua pra mim. - pediu, vendo-a concordar animada. Seria útil ter alguém para dividir sua quantidade de trabalho. - Bem, nós temos uma novidade pra contar, não é, ?
- Sim! - disse animada - Encontramos nossa casa! - toda sua família sabia da vontade deles de encontrar algo mais a cara dos dois - Estávamos há algum tempo procurando, mas essa semana encontramos a perfeita. - fez questão de explicar para Jessy, para que ela não se sentisse de fora. - Aceitaram nossa proposta agora pouco.
- Ah, mas que notícia boa, filha. - Moira levantou a taça de vinho para celebrar - Depois me mande os detalhes. Quando vocês se mudam?
- Quando todas as reformas que o seu genro quer fazer fiquem prontas. - fez uma careta para o namorado, ele era apaixonado por design de interiores e tinha diversas ideias para a casa nova. - Provavelmente daqui dez anos.
- Entre seis a oito semanas, só pra mudar. Ano que vem vamos tentar alinhar algum filme juntos e faço todo o resto. Henry vai ser nosso gerente de projetos. - declarou, chamando a atenção do cunhado.
- Opa, por que não? Seria bom expandir meus conhecimentos.
- Eu só espero ainda ser convidado para todas as festas, viu? - Noel pediu dramático, levando um soquinho de Henry no braço - Pagar aluguel não é nada barato, mas morar sozinho tem muitas vantagens.
- Você é da família, você sabe disso. - respondeu carinhosa. - Sempre que precisar, nossas portas estão abertas. Pra você também, Jessy.
- Muito obrigada, estava um pouco nervosa em conhecer vocês, sei que são pessoas normais, mas eu nunca conheci alguém famoso antes. Noel fala o tempo todo da segunda família dele.
- Nós somos normais, eu prometo.
- Bem, nós queremos aproveitar então essa noite e contar uma novidade também. - Henry se levantou, atraindo a curiosidade de todos.
- Ah meu deus, eu vou ser tia! - gritou animada, encarando Poppy.
- Deus me livre! - Henry tratou de responder rápido demais e se virou para Poppy nervoso - Quer dizer, não por agora, quem sabe mais pra frente? - tentou se redimir, vendo a namorada rir de sua cara.
- Na verdade, nós decidimos morar juntos. - a assistente anunciou de vez, antes que acabassem anunciando o término. - Sei que já quase moro aqui e agradecemos o convite para que eu me mudasse de vez pra cá e também pra casa nova, mas chegou a nossa vez de não só começarmos algo juntos, mas também dar privacidade a vocês dois.
- Bem… - sorriu para , que assentiu animado. - Nós também temos uma surpresa para vocês dois. Amamos vocês e sabemos que ninguém tem o sonho de morar com os pais, a irmã, o cunhado. E vocês sacrificaram muito por mim todos esses anos.
- Por nós. - complementou, deixando claro que ele não poderia concordar mais com as palavras de .
- O mínimo que poderíamos fazer por vocês é ajudá-los com esse sonho. Nós temos um investimento há algum tempo e agora temos o valor suficiente para que vocês possam ter um lugar só de vocês, sem ter que se preocupar com aluguel.
- Você tá falando sério?! - Henry tinha os olhos cheios de lágrimas, sabia que tudo o que fizera de mal a sua irmã tinha ficado para trás há muito tempo, mas sempre que ela fazia algo grandioso por ele, se sentia para sempre em dívida com ela.
- Estamos! - se levantou para abraçar o cunhado, além de grandes amigos, tinha uma admiração enorme por Henry. - Vocês merecem, cara. Aguentar a não é fácil, não sei como vai ser agora, sozinhos.
- Muito engraçadinho, ha ha! - resmungou em seu lugar, sendo abraçada por seu irmão. - Sei que os últimos seis meses foram difíceis para vocês, me aguentar não deve ter realmente sido fácil e é uma forma de pedir desculpas também. Vocês todos são as pessoas mais importantes da minha vida e me dói saber que magoei vocês.
- Não há motivo algum para nos pedir desculpas, . Apesar de termos acompanhado tudo que você passou, só você sentiu na pele. Estranho seria se não tivesse te afetado. Tenho certeza que falo por quase todos nessa mesa, que devemos tudo a você. - Henry disse sincero, vendo todos concordarem. - Nós te amamos muito, , e não só porque você banca a gente, mas pela pessoa que você é.
- Sem você não estaríamos aqui, filha. Foi quando você finalmente tomou as rédeas da sua vida que a nossa família voltou a ser unida e ainda de quebra nos deu o e a Poppy. Duas pessoas que amam nossos filhos, assim como amamos vocês.
- À ! - foi o primeiro a se levantar com a taça em mãos, sorrindo ao ver como ela estava emocionada com as palavras de sua família.
- À !
E foi naquela noite, rodeada pelas pessoas mais importantes de sua vida, que se sentiu livre. Livre para voltar a sonhar e conquistar seus maiores sonhos.
Epílogo
- Então é isso?! - encarava sua antiga casa completamente vazia.
e estavam finalmente se mudando para a casa nova. Ainda em Hollywood Hills, a residência era um pouco maior do que a atual e perfeita para os planos futuros do casal. Todos os móveis e pertences já estavam sendo organizados na casa nova e eles voltaram ao local apenas para se certificar que nada tinha ficado para trás e também se despedir do que chamaram de lar por quatro anos. As janelas e portas já estavam todas fechadas e as cortinas abaixadas. Um contraste enorme de como era antes. Ela sequer se lembrava de comprar pilhas para o controle das persianas das salas, amava sair de seu quarto e ver a luz do sol invadir sua casa.
- Acho que sim. - a abraçou por trás, nervoso. Além do cansaço da mudança, tinha os nervos para aquela noite. - Vai sentir saudades? - perguntou passando o olhar por todo o local. Sentiria saudade de onde sua história com havia começado.
- Bastante. A minha história em LA começou aqui e é uma casa incrível, não?
- Demais! - ele concordou, se assustando com o quão emocionado ele também estava, por ver o local vazio, sem vida - Quer dar uma última olhada em nosso quarto?
- Quero! Também quero ir lá fora, vou sentir falta da nossa vista. - comentou indo em direção a uma das grandes portas. - Não! - disse um pouco mais alto que o normal, fazendo se virar assustada - Vamos pelo nosso quarto, pela última vez? - perguntou e se viu aliviado ao vê-la concordar.
- Não sei se comentei como você está um gato hoje, eu amo quando você usa camisa preta. - o elogiou, dando a mão a .
- Linda é você. - retribuiu, a rodando no lugar. Ela usava um vestido envelope dourado que moldava seu corpo com perfeição.
- Que horas é a nossa reserva mesmo? - perguntou entrando na antessala de seu quarto. - Será que o Pirata e o Amendoim estão bem com a minha mãe? - se virou para o namorado, que sorriu compreensivo.
- Temos tempo. Eles sabem que somos nós que iremos pra lá e que é nosso aniversário de namoro. A mesa está reservada pelo resto da noite - disse seguro. - E tenho certeza que eles estão bem, o Pirata já é de casa e o Amendoim está bem mais acostumado com seus pais agora, do que quando ele chegou em casa.
- Está mesmo, não? Adotar um cão idoso foi a melhor coisa que fizemos, ele merecia saber o que é ter uma casa, pelo menos no final da vida. - sorriu emocionada, algo que era comum desde que viram o apelo para a adoção de um cão de 12 anos, que passara a vida acorrentado a uma árvore, no quintal de uma casa qualquer.
- Ele tirou a sorte grande. - embora Pirata fosse dos dois, o peludo tinha uma certa predileção por , mas Amendoim, desde o começo, mostrou uma adoração por e não demorou nada para que o ator também se visse completamente apaixonado pelo cão.
- Você é mesmo um princípe. - lhe deu um selinho, antes de se virar para entrar no quarto.
- Ei… - segurou em sua mão, a impedindo de continuar - Você se lembra daquele dia? Que eu quase te beijei aqui?
- Eu xinguei tanto o meu irmão quando ele apareceu. - disse rindo, passando os braços pelo pescoço de . - A gente passou aquelas semanas de folga conversando todos os dias, você finalmente tinha deixado de ser um babaca comigo.
- O que eu posso fazer? Eu era mesmo um pouco cabeça dura.
- Só um pouco? - ela sorriu, o beijando novamente. - Acho que vou sentir mais falta daqui do que imaginei, temos tantas memórias. Lembra do meu aniversário de 21 anos, que acordei com a piscina cheia de balões e a parede coberta de peônia? Foi uma das coisas mais lindas que já fizeram por mim. - comentou, finalmente entrando em seu quarto.
- Isso é alguma reclamação disfarçada? Porque eu pesquei. - brincou, pegando o controle remoto da cortina em uma mesa que eles haviam deixado para trás. - Preparada? - perguntou vendo a namorada se virar para a porta que dava para a área externa.
- Com certeza. - disse animada, esperando a cortina subir.
Atrás dela, podia sentir o seu coração quase sair pela boca. Tinha repassado todos os detalhes daquela noite um milhão de vezes em sua mente e após meses e meses de planejamento, ela estava ali a sua frente, pronta para acontecer.
- Mas o quê… - soltou boquiaberta se virando para completamente surpresa. A piscina estava toda coberta por velas flutuantes e milhares de flores coloridas e mais velas formavam um caminho enorme de seu quarto até o deck, onde ficava o bar e a vista de Los Angeles. Quantas noites eles não passaram ali juntos, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. - O que está acontecendo, . Por que isso?
- Achei que por tudo que esse lugar nos deu nos últimos quatro anos, merecíamos uma despedida como essa.
- Eu amei! Você vem comigo? - perguntou sorrindo aberto, estendendo seu braço a ele.
- Pra onde você quiser.
Os dois caminharam em silêncio até o deck. As colunas do bar que ali ficavam estavam todas envoltas em flores e folhas de palmeiras, o balcão também estava repleto de velas. No chão, bem no centro, um coração enorme feito de flores também tinha sido composto. levou até o centro e pediu que ela o aguardasse ali, apreciando a vista da casa.
- Essas flores são… Do nosso jardim no Hawaii? - perguntou estupefata, se abaixando para confirmar.
- Chegaram hoje de manhã. - ele confirmou sorrindo para ela.
- É a despedida dessa casa e a comemoração dos nossos quatro anos mais perfeita que eu poderia imaginar, amor.
pegou seu celular, colocando a playlist dos dois para tocar e The Woman I love do Jason Mraz, preencheu o ambiente. o encarava ainda emocionada, embora estivesse acostumada com todo o romantismo de , não tinha imaginado que ele faria algo como aquilo naquela noite. Não quando tinham reservas para seu restaurante favorito.
- Champagne? - perguntou abrindo a garrafa com um estouro, sem nem esperar ela lhe responder.
- Por favor. O que nós vamos brindar? Ao nosso novo lar? Mais quatro anos? - perguntou olhando para ele.
- A novas memórias. - voltou para o centro do coração e sorriu, tomando um gole da bebida, antes de falar - Essa casa me deu tantas coisas, foi aqui que eu percebi o que realmente acontecia entre você e sua mãe. Nosso quase primeiro beijo, as horas jogando videogame com Henry e Noel. Nossas festas na piscina. - passou seu braço pela cintura de , que sorriu de volta para ele - Todos os lugares que nós transamos quando não tinha ninguém em casa.
Aquilo fizera gargalhar.
- Mas mais ainda, me deu a mulher dos meus sonhos e uma vida inteira ao lado dela. Eu vou sentir falta dessa vista. - confessou observando as luzes de todas as casas iluminando a noite, fazendo com que também se virasse para admirar o local. - Mas eu sei que, contanto que eu tenha você, qualquer vista vai me fazer tão feliz quanto. - completou dando um passo para trás, sem que percebesse.
- Ah , eu te amo tanto… - se virou para o namorado e por um microssegundo não o viu, seus olhos procuravam por algo na altura de seus olhos, mas estava um pouco mais pra baixo, de joelhos, segurando uma pequena caixa que se abriu no momento que seus olhos a encontraram. - Ah meu Deus!!! - gritou surpresa, levando as mãos a boca.
- - estava sério, em toda sua vida, ele nunca havia se sentido tão nervoso como naquele momento, diante do seu para sempre - Há quatro anos eu sou o homem mais feliz do mundo. Há quatro anos você aceitou ser minha namorada e desde então não tem um dia da minha vida que eu não acorde sem saber que é você a mulher com quem eu quero passar o resto dos meus dias. Quando eu te vejo ao meu lado, eu tenho a certeza que não tem ninguém nesse mundo mais feliz do que eu, porque mais ninguém nesse mundo te tem. Eu sei que relacionamentos não são fáceis e que provavelmente teremos ainda muitas brigas, mas eu prometo continuar deixando que você ganhe todas elas e mais ainda, prometo que se um dia você duvidar de si mesma de novo, eu vou estar aqui dia após dia pra te relembrar a mulher que você é, a mulher que eu amo e amarei pra sempre. Agora, aqui, ajoelhado a sua frente, eu percebo que eu deveria ter feito isso há muito mais tempo, porque eu sempre soube que queria você, por inteiro, pra sempre. E se você se imaginar comigo também, daqui dez, quinze, trinta anos, eu gostaria muito que você me dissesse sim. Então, Reed, você aceita se casar comigo?
- Mas é claro que sim!!! - disse alto, completamente emocionada e com os olhos cobertos de lágrimas - Eu amei tudo que você me disse, mas eu só queria que você calasse logo a boca para que eu pudesse te dizer que sim, , mil vezes sim. Mas é claro que eu quero me casar com você!! - repetiu dando dois passos em direção a ele, que tirou o anel de dentro da caixinha, deslizando-o com cuidado no dedo anelar esquerdo de .
Com o coração ainda batendo acelerado, se levantou, levando uma de suas mãos para o rosto dela, a trazendo para si e beijando a mulher que finalmente seria sua para sempre. Ainda extasiada com tudo o que estava acontecendo, tomou o maior susto, ao ouvir gritos de comemoração vindo de dentro de sua casa. Assustada, se separou de e só então notou que toda sua família estava na varanda do andar superior, incluindo Pirata e Amendoim, assistindo da primeira fila, o dia mais feliz de sua vida.
- Meu Deus, vocês estão aí faz tempo? - perguntou olhando de para eles.
- Desde que a música começou a tocar. - Moira, que chorava sem a menor vergonha, revelou.
- Desçam!! Desçam!! - fez um sinal com a mão para que eles fossem comemorar junto a eles.
- Eu não acredito que você organizou tudo isso, eu pensei que você só queria se despedir da casa.
- Eu amo essa casa, sereia, mas sem você aqui ela é só uma casa. O meu lar é e sempre foi você. You're the woman I love - completou, junto com a música que terminava ao fundo.
- Eu te amo tanto, .
- Só não mais do que eu, sereia.
e estavam finalmente se mudando para a casa nova. Ainda em Hollywood Hills, a residência era um pouco maior do que a atual e perfeita para os planos futuros do casal. Todos os móveis e pertences já estavam sendo organizados na casa nova e eles voltaram ao local apenas para se certificar que nada tinha ficado para trás e também se despedir do que chamaram de lar por quatro anos. As janelas e portas já estavam todas fechadas e as cortinas abaixadas. Um contraste enorme de como era antes. Ela sequer se lembrava de comprar pilhas para o controle das persianas das salas, amava sair de seu quarto e ver a luz do sol invadir sua casa.
- Acho que sim. - a abraçou por trás, nervoso. Além do cansaço da mudança, tinha os nervos para aquela noite. - Vai sentir saudades? - perguntou passando o olhar por todo o local. Sentiria saudade de onde sua história com havia começado.
- Bastante. A minha história em LA começou aqui e é uma casa incrível, não?
- Demais! - ele concordou, se assustando com o quão emocionado ele também estava, por ver o local vazio, sem vida - Quer dar uma última olhada em nosso quarto?
- Quero! Também quero ir lá fora, vou sentir falta da nossa vista. - comentou indo em direção a uma das grandes portas. - Não! - disse um pouco mais alto que o normal, fazendo se virar assustada - Vamos pelo nosso quarto, pela última vez? - perguntou e se viu aliviado ao vê-la concordar.
- Não sei se comentei como você está um gato hoje, eu amo quando você usa camisa preta. - o elogiou, dando a mão a .
- Linda é você. - retribuiu, a rodando no lugar. Ela usava um vestido envelope dourado que moldava seu corpo com perfeição.
- Que horas é a nossa reserva mesmo? - perguntou entrando na antessala de seu quarto. - Será que o Pirata e o Amendoim estão bem com a minha mãe? - se virou para o namorado, que sorriu compreensivo.
- Temos tempo. Eles sabem que somos nós que iremos pra lá e que é nosso aniversário de namoro. A mesa está reservada pelo resto da noite - disse seguro. - E tenho certeza que eles estão bem, o Pirata já é de casa e o Amendoim está bem mais acostumado com seus pais agora, do que quando ele chegou em casa.
- Está mesmo, não? Adotar um cão idoso foi a melhor coisa que fizemos, ele merecia saber o que é ter uma casa, pelo menos no final da vida. - sorriu emocionada, algo que era comum desde que viram o apelo para a adoção de um cão de 12 anos, que passara a vida acorrentado a uma árvore, no quintal de uma casa qualquer.
- Ele tirou a sorte grande. - embora Pirata fosse dos dois, o peludo tinha uma certa predileção por , mas Amendoim, desde o começo, mostrou uma adoração por e não demorou nada para que o ator também se visse completamente apaixonado pelo cão.
- Você é mesmo um princípe. - lhe deu um selinho, antes de se virar para entrar no quarto.
- Ei… - segurou em sua mão, a impedindo de continuar - Você se lembra daquele dia? Que eu quase te beijei aqui?
- Eu xinguei tanto o meu irmão quando ele apareceu. - disse rindo, passando os braços pelo pescoço de . - A gente passou aquelas semanas de folga conversando todos os dias, você finalmente tinha deixado de ser um babaca comigo.
- O que eu posso fazer? Eu era mesmo um pouco cabeça dura.
- Só um pouco? - ela sorriu, o beijando novamente. - Acho que vou sentir mais falta daqui do que imaginei, temos tantas memórias. Lembra do meu aniversário de 21 anos, que acordei com a piscina cheia de balões e a parede coberta de peônia? Foi uma das coisas mais lindas que já fizeram por mim. - comentou, finalmente entrando em seu quarto.
- Isso é alguma reclamação disfarçada? Porque eu pesquei. - brincou, pegando o controle remoto da cortina em uma mesa que eles haviam deixado para trás. - Preparada? - perguntou vendo a namorada se virar para a porta que dava para a área externa.
- Com certeza. - disse animada, esperando a cortina subir.
Atrás dela, podia sentir o seu coração quase sair pela boca. Tinha repassado todos os detalhes daquela noite um milhão de vezes em sua mente e após meses e meses de planejamento, ela estava ali a sua frente, pronta para acontecer.
- Mas o quê… - soltou boquiaberta se virando para completamente surpresa. A piscina estava toda coberta por velas flutuantes e milhares de flores coloridas e mais velas formavam um caminho enorme de seu quarto até o deck, onde ficava o bar e a vista de Los Angeles. Quantas noites eles não passaram ali juntos, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. - O que está acontecendo, . Por que isso?
- Achei que por tudo que esse lugar nos deu nos últimos quatro anos, merecíamos uma despedida como essa.
- Eu amei! Você vem comigo? - perguntou sorrindo aberto, estendendo seu braço a ele.
- Pra onde você quiser.
Os dois caminharam em silêncio até o deck. As colunas do bar que ali ficavam estavam todas envoltas em flores e folhas de palmeiras, o balcão também estava repleto de velas. No chão, bem no centro, um coração enorme feito de flores também tinha sido composto. levou até o centro e pediu que ela o aguardasse ali, apreciando a vista da casa.
- Essas flores são… Do nosso jardim no Hawaii? - perguntou estupefata, se abaixando para confirmar.
- Chegaram hoje de manhã. - ele confirmou sorrindo para ela.
- É a despedida dessa casa e a comemoração dos nossos quatro anos mais perfeita que eu poderia imaginar, amor.
pegou seu celular, colocando a playlist dos dois para tocar e The Woman I love do Jason Mraz, preencheu o ambiente. o encarava ainda emocionada, embora estivesse acostumada com todo o romantismo de , não tinha imaginado que ele faria algo como aquilo naquela noite. Não quando tinham reservas para seu restaurante favorito.
- Champagne? - perguntou abrindo a garrafa com um estouro, sem nem esperar ela lhe responder.
- Por favor. O que nós vamos brindar? Ao nosso novo lar? Mais quatro anos? - perguntou olhando para ele.
- A novas memórias. - voltou para o centro do coração e sorriu, tomando um gole da bebida, antes de falar - Essa casa me deu tantas coisas, foi aqui que eu percebi o que realmente acontecia entre você e sua mãe. Nosso quase primeiro beijo, as horas jogando videogame com Henry e Noel. Nossas festas na piscina. - passou seu braço pela cintura de , que sorriu de volta para ele - Todos os lugares que nós transamos quando não tinha ninguém em casa.
Aquilo fizera gargalhar.
- Mas mais ainda, me deu a mulher dos meus sonhos e uma vida inteira ao lado dela. Eu vou sentir falta dessa vista. - confessou observando as luzes de todas as casas iluminando a noite, fazendo com que também se virasse para admirar o local. - Mas eu sei que, contanto que eu tenha você, qualquer vista vai me fazer tão feliz quanto. - completou dando um passo para trás, sem que percebesse.
- Ah , eu te amo tanto… - se virou para o namorado e por um microssegundo não o viu, seus olhos procuravam por algo na altura de seus olhos, mas estava um pouco mais pra baixo, de joelhos, segurando uma pequena caixa que se abriu no momento que seus olhos a encontraram. - Ah meu Deus!!! - gritou surpresa, levando as mãos a boca.
- - estava sério, em toda sua vida, ele nunca havia se sentido tão nervoso como naquele momento, diante do seu para sempre - Há quatro anos eu sou o homem mais feliz do mundo. Há quatro anos você aceitou ser minha namorada e desde então não tem um dia da minha vida que eu não acorde sem saber que é você a mulher com quem eu quero passar o resto dos meus dias. Quando eu te vejo ao meu lado, eu tenho a certeza que não tem ninguém nesse mundo mais feliz do que eu, porque mais ninguém nesse mundo te tem. Eu sei que relacionamentos não são fáceis e que provavelmente teremos ainda muitas brigas, mas eu prometo continuar deixando que você ganhe todas elas e mais ainda, prometo que se um dia você duvidar de si mesma de novo, eu vou estar aqui dia após dia pra te relembrar a mulher que você é, a mulher que eu amo e amarei pra sempre. Agora, aqui, ajoelhado a sua frente, eu percebo que eu deveria ter feito isso há muito mais tempo, porque eu sempre soube que queria você, por inteiro, pra sempre. E se você se imaginar comigo também, daqui dez, quinze, trinta anos, eu gostaria muito que você me dissesse sim. Então, Reed, você aceita se casar comigo?
- Mas é claro que sim!!! - disse alto, completamente emocionada e com os olhos cobertos de lágrimas - Eu amei tudo que você me disse, mas eu só queria que você calasse logo a boca para que eu pudesse te dizer que sim, , mil vezes sim. Mas é claro que eu quero me casar com você!! - repetiu dando dois passos em direção a ele, que tirou o anel de dentro da caixinha, deslizando-o com cuidado no dedo anelar esquerdo de .
Com o coração ainda batendo acelerado, se levantou, levando uma de suas mãos para o rosto dela, a trazendo para si e beijando a mulher que finalmente seria sua para sempre. Ainda extasiada com tudo o que estava acontecendo, tomou o maior susto, ao ouvir gritos de comemoração vindo de dentro de sua casa. Assustada, se separou de e só então notou que toda sua família estava na varanda do andar superior, incluindo Pirata e Amendoim, assistindo da primeira fila, o dia mais feliz de sua vida.
- Meu Deus, vocês estão aí faz tempo? - perguntou olhando de para eles.
- Desde que a música começou a tocar. - Moira, que chorava sem a menor vergonha, revelou.
- Desçam!! Desçam!! - fez um sinal com a mão para que eles fossem comemorar junto a eles.
- Eu não acredito que você organizou tudo isso, eu pensei que você só queria se despedir da casa.
- Eu amo essa casa, sereia, mas sem você aqui ela é só uma casa. O meu lar é e sempre foi você. You're the woman I love - completou, junto com a música que terminava ao fundo.
- Eu te amo tanto, .
- Só não mais do que eu, sereia.
FIM
Nota da autora: AHHHHHHHH!!!! Alguém emocionado por aqui?!
Eu não acredito que mais uma vez esse casal apareceu por aqui e mais lindos do que nunca. Eu me emocionei escrevendo e me emociono agora de novo revisando antes de enviá-la de vez.
Me digam, de verdade, o que acharam dessa continuação?
Há muito tempo que eu venho falando que tinha duas continuações para eles e demorei até que demais para fazê-las acontecer. Confesso que estou suuuuper insegura sobre o que vocês vão achar, tive muita dificuldade em por pra frente esse casal com essa música, cheguei até a me arrepender de ter escolhido ela para eles, mas espero que tenha feito jus as outras duas histórias e que vocês pelo menos tenham gostado um pouquinho dela.
Vou aproveitar e deixar aqui o link da parte 1 e 2, para caso alguém tenha lido essa história, sem ler o início desse casal.
12.Truth
09. Hearts Don't Break Around Here
Muito obrigada se você chegou até aqui e se puder e quiser, deixe um comentário. Caso não apareça a caixinha logo abaixo, é só clicar AQUI.;)
Beijos,
Carol F.
Outras Fanfics da Autora:
[Em Andamento]
7 da Sorte
Dele
Cooper Inc.
[Finalizada]
Nobody Matters Like You
01. Mark My Words
03. Beautiful to me
04. Elena
04. Losing My Mind
06. My Gospel |continuação de 04. Losing My Mind
06. He Won't Go
08. Walls
09.Coconut tree
10. Life is Worth Living
12.Truth
09. Hearts Don't Break Around Here | continuação de 12.Truth
Eu não acredito que mais uma vez esse casal apareceu por aqui e mais lindos do que nunca. Eu me emocionei escrevendo e me emociono agora de novo revisando antes de enviá-la de vez.
Me digam, de verdade, o que acharam dessa continuação?
Há muito tempo que eu venho falando que tinha duas continuações para eles e demorei até que demais para fazê-las acontecer. Confesso que estou suuuuper insegura sobre o que vocês vão achar, tive muita dificuldade em por pra frente esse casal com essa música, cheguei até a me arrepender de ter escolhido ela para eles, mas espero que tenha feito jus as outras duas histórias e que vocês pelo menos tenham gostado um pouquinho dela.
Vou aproveitar e deixar aqui o link da parte 1 e 2, para caso alguém tenha lido essa história, sem ler o início desse casal.
12.Truth
09. Hearts Don't Break Around Here
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Beijos,
Carol F.
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