Capítulo Único
Monstros são reais. Fantasmas são reais também. Eles vivem dentro de nós e, às vezes, eles ganham.
King não poderia estar mais certo.
A mente adora um osso pra roer e, quanto mais estressante, melhor. Dois problemas para cada solução, duas desculpas para cada caminho, infinitas paranoias para cada situação. Às vezes achava que viveria dentro de uma eterna sensação de vazio.
Não era um dia bom. O sol brilhava no céu azul londrino, figura rara por ali, transferindo todo o cinza dos dias escuros para dentro da minha confusa cabeça. Em dias assim, só havia duas coisa a se fazer: sorriso forçado e coque frouxo.
- Olá, bem vindo ao The Coffee. Posso ajudá-lo?
- Um expresso - ele disse com pressa, desviando os olhos da tela do notebook rapidamente.
- Mais alguma coisa?
- Não.
Anotei o pedido e o número da mesa, entregando a comanda para no balcão.
- Expresso pequeno, né?
- E uma porção de indiferença sem tomate.
Ela riu, bufando.
- Aff, um desses clientes? - rolei os olhos em conformação. - Espero que não seja o padrão de hoje.
tirou o café e o colocou sobre a bandeja. Na orelha direita, um fone sem fio enquanto ele conversava com alguém, os olhos ainda fixos na tela, a expressão séria. Olhei para o lado quando o arrastar de uma cadeira tirou minha atenção, e então, boom, tropecei nos meus próprios pés. A xícara escorregou na bandeja, caindo em cima da camisa polo branquinha.
Ele empurrou a cadeira num reflexo, chacoalhando o tecido no corpo entre xingamentos de dor. Podia sentir meus olhos quase saltando às órbitas, a boca aberta em descrença e desesepero enquanto a mente tentava entender como diabos eu tinha conseguido tropeçar em mim mesma.
- Caramba, caramba, caramba, me desculpe... - apressei-me em dizer. - Você está bem?
- Eu tô coberto por café quente, o que você acha? - esbravejou, ríspido, ainda sem me olhar.
- Sinto muito, de verdade...
- Com licença - , o gerente do café, se aproximou, encostando uma das mãos no ombro do cliente. - Por favor, aceite nossas sinceras desculpas. Posso te acompanhar até o lavabo para que possa se limpar?
Ele apenas assentiu, saindo a passos nervosos ao lado de . As pessoas em volta ainda observavam e senti as bochechas esquentarem, mas também um alívio por não ter sido pior. Recolhi a xícara do chão, intacta por um milagre, e logo se juntou a mim para ajudar com o chão.
- Amiga, relaxa, essas coisas acontecem.
- Eu sei, mas, caramba, nunca é legal.
- Ele não é legal - enfatizou. - Foi um acidente.
Balancei a cabeça, espantando da mente os pensamentos que começavam a me diminuir, e voltamos para o balcão depois da mancha marrom ter sumido. Não muito tempo depois, o garoto estava de volta à mesa.
- ? - chamou, pedindo com um gesto de cabeça para que eu o seguisse. O sangue gelou nas veias e caminhei como um condenado prestes a ser eletrocutado até o estoque. - Você está bem? - perguntou, me surpreendendo um pouco.
- Sim, estou. Me desculpe, foi um acidente...
me olhou com as mãos na cintura e um sorriso gentil.
- A não ser que você goste de sair por aí derrubando café nos clientes, sim, eu sei - ri baixo com a resposta, relaxando. - Não se preocupe, essas coisas acontecem.
- Obrigada, .
Ele, que era pouca coisa mais velho do que a média dos funcionários, tirou uma caixa preta da estante M de camisetas.
- Por favor, pode entregar ao cliente?
- É claro.
- Obrigado, .
me deixou sozinha no estoque, onde passei o próximo minuto olhando para a logo do café na caixa em minhas mãos. Inspirei longa e profundamente pela barriga, inspirando da mesma forma enquanto repetia o mantra que mantinha minha sanidade em dias assim.
Tudo acontece para mim, tudo acontece para mim, tudo acontece para mim.
De volta ao salão, andei a passos lentos.
- Com licença - quase sussurrei. Ele respirou fundo, me olhando contra a vontade. - Me desculpe, mais uma vez, pelo incidente.
Seus olhos voltaram a encarar a tela do notebook, a expressão fechada como um céu tempestuoso, e a voz cortou não só o ar, mas também meu peito.
- Tudo bem, não é pra qualquer um ser capaz de servir um café.
Eu poderia ter dito alguma coisa, mas, quando sua autoestima é quebrada pelo seu ego, as palavras viram feridas na garganta. Senti a queimação e o nível da água subindo nos meus olhos, que se recusaram a piscar, mesmo ardendo, para que as gotas não caíssem, e só percebi que tinha passado tempo demais parada ali quando ele voltou a me olhar. Trazida de volta por um suspiro cansado, umedeci os lábios, me recompus e ofertei, em minha voz sem vida e entrecortada, as mais sinceras desculpas da casa.
- Por favor, aceite esse presente como um sinal de reconhecimento da sua importância para a casa. Esperamos vê-lo novamente.
Os olhos dele permaneceram nos meus durante todo o discurso, mas eu não enxergava muito mais e apenas coloquei a caixa sobre a mesa antes de sair. Nos dias em que minha mente não conseguia trancar a última porta, meus fantasmas ganhavam de mim.
Você não é suficiente pra nada, você não é suficiente pra nada, você não é suficiente pra nada.
- , você pode trancar a loja hoje? Minha cabeça tá me matando - pediu ao fim do expediente.
- Claro, vai descansar - sorri com o canto da boca, finalizando o sistema do caixa. A mão dela parou no meu braço.
- Você está bem?
- Estou - ela apoiou o quadril na mesa, cruzou os braços e me encarou com a expressão de quem sabia quando eu mentia. Ri baixinho. - Ok, não estou, mas não se preocupe, é só um dia ruim pra minha depressão.
me abraçou, como sempre fazia quando me via assim.
- Promete que me liga se precisar?
- Prometo.
- Promete que não é por causa daquele imbecil mais cedo? - ri.
- Prometo.
Ela me olhou, segurando meus braços.
- Porque, se for, eu rodo essa cidade inteira só pra meter a mão na cara dele.
Aquilo me fez rir de verdade.
- Não é, mas não seria ruim - sorriu, beijando minha bochecha.
- Amanhã é dia de repor a pâtisserie, vamos zonear aquela cozinha.
Concordei com a cabeça, sorrindo abertamente enquanto cruzava a porta, me deixando sozinha. As luzes estavam quase todas apagadas e esperei o sistema desligar para dar uma geral no café, vendo se nada ficara para trás. Com tudo pronto, pendurei o avental no cabide nos fundos, peguei a bolsa e voltei para o salão, levando um pequeno susto.
Ele estava parado no meio do café, as mãos nos bolsos do shorts escuro. Fiquei sem reação, sentindo a mesma onda fria alertar meu corpo.
- Desculpe, a porta estava aberta - disse ao notar as luzes parcialmente apagadas, a voz agora calma e serena.
- Nós já estamos fechando...
- Eu sei, eu só... - respirou fundo, olhando para o chão por um segundo. - Ia voltar pela manhã, mas não consegui esperar. Eu quero te pedir desculpas.
Ergui as sobrancelhas, pega de surpresa. Conseguia ver seus cabelos, espetados pela água do banho recém-tomado, refletir o brilho das luzes, e abri a boca algumas vezes antes de realmente dize algo concreto.
- Tudo bem, não se preocupe.
- Não, eu quero me desculpar de verdade - continuou, dando um passo à frente. - Meu comportamento foi ridículo, eu não precisava ter dito aquilo a você. Na verdade, não queria, eu só estava muito... - ele hesitou, balançando a cabeça e apertando os olhos com os dedos. - Não é desculpa, mas eu tô na pior semana da minha vida e você foi uma válvula de escape fácil. Me perdoe por ter dito o que disse a você quando não gostaria, nunca, que tivessem dito o mesmo a mim, e vi o quanto você sentiu. De coração, me desculpe por ter te magoado.
Engoli em seco, sentindo apenas minha boca aberta, as batidas descompassadas do coração e o nó no cérebro. Ele tinha um arrependimento nítido e sincero na expressão carinhosa e um pouco apreensiva e tudo o que consegui fazer foi apontar com o dedão para o espaço atrás de mim.
- Café?
Ele pareceu confuso, depois surpreso e, por último, divertido.
- Claro.
Apontei para a mesma mesa onde ele havia sentado anteriormente e tirei dois cafés, levando-os nas mãos para correr menos riscos dessa vez. Uma vez na frente dele, deixei o peso do dia cair sobre o encosto da cadeira.
- Obrigada por se dar ao trabalho de voltar.
- Eu não conseguiria dormir sabendo que quase te fiz chorar - confessou, constrangido. - O olhar no seu rosto acabou comigo... queria ter feito isso na hora, mas tava uma pilha por conta do trabalho.
- Ta desculpado - sorri, observando seu rosto. - Às vezes nossos fantasmas ganham.
O semblante dele ganhou mais brilho.
- Qual seu nome?
- .
Ele esticou a mão.
- .
- Eu te queimei muito, ? - perguntei entre uma careta culpada, fazendo-o rir.
- Fiquei cheirando à melhor bebida do mundo o dia todo, então tá tudo certo - ergui as sobrancelhas entre um gole.
- Então também é amante de café?
- Culpado.
Ri, e nos encaramos pelos segundos seguintes.
- Obrigada por se importar - sussurrei. Ele manteve os olhos nos meus, levando uma mão ao bolso para tirar um saquinho transparente fechado por uma fita vermelha. Em cima da mesa, mini tabletes de chocolate e um discurso colocaram um largo arco no meu rosto.
- Por favor, aceite esse presente como um sinal de reconhecimento da minha grande estupidez. Espero que eu consiga te fazer sorrir.
Devagar, meus dedos deslizaram na mesa para encontrar o plástico. Os tabletes eram envolvidos por papel chumbo, cada um de uma cor, e acariciei o embrulho da mesma forma que a felicidade acariciava meu coração. Eu tinha muitos fantasmas, mas, às vezes, uma luz ganhava.
- Eu tive um dia péssimo - comecei, sem me importar muito com o que sairia. - Não só por mais cedo, mas por vários outros motivos, e o negócio é que nunca, nem com um milhão de tentativas, eu imaginaria um cenário tão bom pra fechá-lo - subi o olhar até , vendo-o me observar com admiração e total atenção. Houve um silêncio confortável e uma comunicação sutil que ele verbalizou, segundos depois.
- Quer trocar o café por uma cerveja?
- Depende - ele entortou a cabeça, intrigado. - Posso derrubá-la em você primeiro?
Juntos, e eu trancamos a cafeteria e, por aquela noite, a última porta.
King não poderia estar mais certo.
A mente adora um osso pra roer e, quanto mais estressante, melhor. Dois problemas para cada solução, duas desculpas para cada caminho, infinitas paranoias para cada situação. Às vezes achava que viveria dentro de uma eterna sensação de vazio.
Não era um dia bom. O sol brilhava no céu azul londrino, figura rara por ali, transferindo todo o cinza dos dias escuros para dentro da minha confusa cabeça. Em dias assim, só havia duas coisa a se fazer: sorriso forçado e coque frouxo.
- Olá, bem vindo ao The Coffee. Posso ajudá-lo?
- Um expresso - ele disse com pressa, desviando os olhos da tela do notebook rapidamente.
- Mais alguma coisa?
- Não.
Anotei o pedido e o número da mesa, entregando a comanda para no balcão.
- Expresso pequeno, né?
- E uma porção de indiferença sem tomate.
Ela riu, bufando.
- Aff, um desses clientes? - rolei os olhos em conformação. - Espero que não seja o padrão de hoje.
tirou o café e o colocou sobre a bandeja. Na orelha direita, um fone sem fio enquanto ele conversava com alguém, os olhos ainda fixos na tela, a expressão séria. Olhei para o lado quando o arrastar de uma cadeira tirou minha atenção, e então, boom, tropecei nos meus próprios pés. A xícara escorregou na bandeja, caindo em cima da camisa polo branquinha.
Ele empurrou a cadeira num reflexo, chacoalhando o tecido no corpo entre xingamentos de dor. Podia sentir meus olhos quase saltando às órbitas, a boca aberta em descrença e desesepero enquanto a mente tentava entender como diabos eu tinha conseguido tropeçar em mim mesma.
- Caramba, caramba, caramba, me desculpe... - apressei-me em dizer. - Você está bem?
- Eu tô coberto por café quente, o que você acha? - esbravejou, ríspido, ainda sem me olhar.
- Sinto muito, de verdade...
- Com licença - , o gerente do café, se aproximou, encostando uma das mãos no ombro do cliente. - Por favor, aceite nossas sinceras desculpas. Posso te acompanhar até o lavabo para que possa se limpar?
Ele apenas assentiu, saindo a passos nervosos ao lado de . As pessoas em volta ainda observavam e senti as bochechas esquentarem, mas também um alívio por não ter sido pior. Recolhi a xícara do chão, intacta por um milagre, e logo se juntou a mim para ajudar com o chão.
- Amiga, relaxa, essas coisas acontecem.
- Eu sei, mas, caramba, nunca é legal.
- Ele não é legal - enfatizou. - Foi um acidente.
Balancei a cabeça, espantando da mente os pensamentos que começavam a me diminuir, e voltamos para o balcão depois da mancha marrom ter sumido. Não muito tempo depois, o garoto estava de volta à mesa.
- ? - chamou, pedindo com um gesto de cabeça para que eu o seguisse. O sangue gelou nas veias e caminhei como um condenado prestes a ser eletrocutado até o estoque. - Você está bem? - perguntou, me surpreendendo um pouco.
- Sim, estou. Me desculpe, foi um acidente...
me olhou com as mãos na cintura e um sorriso gentil.
- A não ser que você goste de sair por aí derrubando café nos clientes, sim, eu sei - ri baixo com a resposta, relaxando. - Não se preocupe, essas coisas acontecem.
- Obrigada, .
Ele, que era pouca coisa mais velho do que a média dos funcionários, tirou uma caixa preta da estante M de camisetas.
- Por favor, pode entregar ao cliente?
- É claro.
- Obrigado, .
me deixou sozinha no estoque, onde passei o próximo minuto olhando para a logo do café na caixa em minhas mãos. Inspirei longa e profundamente pela barriga, inspirando da mesma forma enquanto repetia o mantra que mantinha minha sanidade em dias assim.
Tudo acontece para mim, tudo acontece para mim, tudo acontece para mim.
De volta ao salão, andei a passos lentos.
- Com licença - quase sussurrei. Ele respirou fundo, me olhando contra a vontade. - Me desculpe, mais uma vez, pelo incidente.
Seus olhos voltaram a encarar a tela do notebook, a expressão fechada como um céu tempestuoso, e a voz cortou não só o ar, mas também meu peito.
- Tudo bem, não é pra qualquer um ser capaz de servir um café.
Eu poderia ter dito alguma coisa, mas, quando sua autoestima é quebrada pelo seu ego, as palavras viram feridas na garganta. Senti a queimação e o nível da água subindo nos meus olhos, que se recusaram a piscar, mesmo ardendo, para que as gotas não caíssem, e só percebi que tinha passado tempo demais parada ali quando ele voltou a me olhar. Trazida de volta por um suspiro cansado, umedeci os lábios, me recompus e ofertei, em minha voz sem vida e entrecortada, as mais sinceras desculpas da casa.
- Por favor, aceite esse presente como um sinal de reconhecimento da sua importância para a casa. Esperamos vê-lo novamente.
Os olhos dele permaneceram nos meus durante todo o discurso, mas eu não enxergava muito mais e apenas coloquei a caixa sobre a mesa antes de sair. Nos dias em que minha mente não conseguia trancar a última porta, meus fantasmas ganhavam de mim.
Você não é suficiente pra nada, você não é suficiente pra nada, você não é suficiente pra nada.
- , você pode trancar a loja hoje? Minha cabeça tá me matando - pediu ao fim do expediente.
- Claro, vai descansar - sorri com o canto da boca, finalizando o sistema do caixa. A mão dela parou no meu braço.
- Você está bem?
- Estou - ela apoiou o quadril na mesa, cruzou os braços e me encarou com a expressão de quem sabia quando eu mentia. Ri baixinho. - Ok, não estou, mas não se preocupe, é só um dia ruim pra minha depressão.
me abraçou, como sempre fazia quando me via assim.
- Promete que me liga se precisar?
- Prometo.
- Promete que não é por causa daquele imbecil mais cedo? - ri.
- Prometo.
Ela me olhou, segurando meus braços.
- Porque, se for, eu rodo essa cidade inteira só pra meter a mão na cara dele.
Aquilo me fez rir de verdade.
- Não é, mas não seria ruim - sorriu, beijando minha bochecha.
- Amanhã é dia de repor a pâtisserie, vamos zonear aquela cozinha.
Concordei com a cabeça, sorrindo abertamente enquanto cruzava a porta, me deixando sozinha. As luzes estavam quase todas apagadas e esperei o sistema desligar para dar uma geral no café, vendo se nada ficara para trás. Com tudo pronto, pendurei o avental no cabide nos fundos, peguei a bolsa e voltei para o salão, levando um pequeno susto.
Ele estava parado no meio do café, as mãos nos bolsos do shorts escuro. Fiquei sem reação, sentindo a mesma onda fria alertar meu corpo.
- Desculpe, a porta estava aberta - disse ao notar as luzes parcialmente apagadas, a voz agora calma e serena.
- Nós já estamos fechando...
- Eu sei, eu só... - respirou fundo, olhando para o chão por um segundo. - Ia voltar pela manhã, mas não consegui esperar. Eu quero te pedir desculpas.
Ergui as sobrancelhas, pega de surpresa. Conseguia ver seus cabelos, espetados pela água do banho recém-tomado, refletir o brilho das luzes, e abri a boca algumas vezes antes de realmente dize algo concreto.
- Tudo bem, não se preocupe.
- Não, eu quero me desculpar de verdade - continuou, dando um passo à frente. - Meu comportamento foi ridículo, eu não precisava ter dito aquilo a você. Na verdade, não queria, eu só estava muito... - ele hesitou, balançando a cabeça e apertando os olhos com os dedos. - Não é desculpa, mas eu tô na pior semana da minha vida e você foi uma válvula de escape fácil. Me perdoe por ter dito o que disse a você quando não gostaria, nunca, que tivessem dito o mesmo a mim, e vi o quanto você sentiu. De coração, me desculpe por ter te magoado.
Engoli em seco, sentindo apenas minha boca aberta, as batidas descompassadas do coração e o nó no cérebro. Ele tinha um arrependimento nítido e sincero na expressão carinhosa e um pouco apreensiva e tudo o que consegui fazer foi apontar com o dedão para o espaço atrás de mim.
- Café?
Ele pareceu confuso, depois surpreso e, por último, divertido.
- Claro.
Apontei para a mesma mesa onde ele havia sentado anteriormente e tirei dois cafés, levando-os nas mãos para correr menos riscos dessa vez. Uma vez na frente dele, deixei o peso do dia cair sobre o encosto da cadeira.
- Obrigada por se dar ao trabalho de voltar.
- Eu não conseguiria dormir sabendo que quase te fiz chorar - confessou, constrangido. - O olhar no seu rosto acabou comigo... queria ter feito isso na hora, mas tava uma pilha por conta do trabalho.
- Ta desculpado - sorri, observando seu rosto. - Às vezes nossos fantasmas ganham.
O semblante dele ganhou mais brilho.
- Qual seu nome?
- .
Ele esticou a mão.
- .
- Eu te queimei muito, ? - perguntei entre uma careta culpada, fazendo-o rir.
- Fiquei cheirando à melhor bebida do mundo o dia todo, então tá tudo certo - ergui as sobrancelhas entre um gole.
- Então também é amante de café?
- Culpado.
Ri, e nos encaramos pelos segundos seguintes.
- Obrigada por se importar - sussurrei. Ele manteve os olhos nos meus, levando uma mão ao bolso para tirar um saquinho transparente fechado por uma fita vermelha. Em cima da mesa, mini tabletes de chocolate e um discurso colocaram um largo arco no meu rosto.
- Por favor, aceite esse presente como um sinal de reconhecimento da minha grande estupidez. Espero que eu consiga te fazer sorrir.
Devagar, meus dedos deslizaram na mesa para encontrar o plástico. Os tabletes eram envolvidos por papel chumbo, cada um de uma cor, e acariciei o embrulho da mesma forma que a felicidade acariciava meu coração. Eu tinha muitos fantasmas, mas, às vezes, uma luz ganhava.
- Eu tive um dia péssimo - comecei, sem me importar muito com o que sairia. - Não só por mais cedo, mas por vários outros motivos, e o negócio é que nunca, nem com um milhão de tentativas, eu imaginaria um cenário tão bom pra fechá-lo - subi o olhar até , vendo-o me observar com admiração e total atenção. Houve um silêncio confortável e uma comunicação sutil que ele verbalizou, segundos depois.
- Quer trocar o café por uma cerveja?
- Depende - ele entortou a cabeça, intrigado. - Posso derrubá-la em você primeiro?
Juntos, e eu trancamos a cafeteria e, por aquela noite, a última porta.
Fim
Nota da autora: Sem nota.
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