Finalizada em: 25/03/2021

Prólogo

2007, novembro.


- . – deu três batidas na porta da casa da amiga, com uma força um tanto quanto desnecessária. – . Vamos, aparece. – ele aumentou seu tom de voz ainda mais, ansioso.
- , pelo amor de Deus, no sábado todo mundo gosta de acordar tarde, viu? – a garota abriu a porta, resmungando. – Eu já tinha visto sua mensagem, não precisava o escândalo.
- Desculpa, eu preciso do escândalo. – falou, nervoso. – Você precisa vir comigo. – pegou a mão de e tentou puxá-la para fora da casa, mas a garota apenas ficou parada, o encarando, sem entender. – Você precisa vir em casa, minha mãe e meu pai estão esperando, por favor. – o amigo fez bico, tentando convencê-la.
- Eu estou de pijama, . – apontou para a própria roupa no corpo. – Me deixa me trocar ao menos.
- Não dá, e você não está me dando opção. – ele bufou, aproximando-se dela. – Desculpa, e se lembre que meus pais já te viram de pijama várias vezes, por favor, né. – o garoto então se inclinou e segurou-a pelas pernas, jogando-a em seus ombros e ouvindo-a gritar enquanto esperneava.
- ! Meu Deus, eu não acredito que você está fazendo isso, o que aconteceu?
- Para de dar chilique que você já facilita meu trabalho e logo vai descobrir. – respirou fundo e ela se calou, apenas bufando.

- ! – a mãe do garoto gritou ao vê-lo entrar em casa com a amiga nos ombros, colocando-a no chão.
- Oi. Não grite, mãe, vai acordar a Presley. – ele sorriu, indicando o sofá para amiga emburrada.
- Bom dia, Pam. Bom dia, Jeff. – sorriu, educada, se juntando aos dois no sofá em um abraço. Ela amava os pais do amigo como se fossem os seus, conviviam há uma vida, não poderia ser diferente. – Me perdoem os trajes, seu filho é um idiota.
- É por uma boa causa, deixe de ser reclamona, ! – o garoto sorriu, encarando ali em sua frente as três pessoas mais importantes de sua vida, como já fizera tantas vezes. – Eu tenho uma novidade.
- Uma novidade que não poderia esperar eu me vestir decentemente? – apenas rolou os olhos, sabia que a menina se arrependeria da chatice no mesmo minuto que ele contasse.
- Fala logo, . – Jeff acelerou, bocejando.
- Vocês não imaginam o que é porque já faz um tempinho... Mas... – o garoto sorriu abertamente, ansioso. – Eu passei. Lembram daquele teste que eu enviei para Nickelodeon no começo do ano? Me ligaram hoje cedo, eu não podia esperar para contar, e... – antes que o garoto pudesse encontrar palavras para descrever sua alegria, e seus pais já pulavam em cima dele para abraçá-lo e dividir com esse sentimento.


Capítulo Único

2008, dezembro.


- ! – gritei quando vi a garota entrar no set, tímida, olhando para os lados junto com minha mãe.
- ! – ela sorriu, me encontrando e correndo até mim, abraçando-me. – Que saudade! – a apertei em um abraço.
– Isso porque só se passou um mês, imagina quando se passarem mais? – eu ri, vendo-a me encarar, brava.
- Eu te odeio, mas não a ponto de querer passar mais tempo que isso longe de você, cabeção.
- Ela me abraçou com a mesma saudade, tá? – minha mãe se aproximou, colocando a mão no ombro de em um gesto de carinho, fazendo-a rir.
- É muito ruim ficar em North Richland Hills sem vocês. – ela nos juntou em um abraço em grupo. – Minha mãe já está ficando com raiva da minha cara de saudade. – fez bico.
- Espero que nas próximas ela venha também. – minha mãe falou. – Não que eu não fale com ela direto. – ela riu. Nossos pais eram tão próximos quanto nós, o que era incrível.
- Ela vai vir, Pam, mas você sabe que essa ponte aérea será muito mais comum para mim. – ela sorriu, me fazendo sorrir também. – Bom, se a fama não subir para cabeça desse aqui e ele me abandonar.
- De forma alguma, você sempre vai ser a primeira mulher da minha vida. – mostrei a língua para ela, rindo e vendo minha mãe negar com a cabeça, se fingindo de brava. – Mas agora vou te apresentar para primeira mulher da minha vida na ficção, e minha nova família. Vem. – segurei sua mão e a puxei para o cenário da recepção de Palm Woods, onde todos estavam jogados, seja decorando textos, arrumando o local, ou até dormindo.
- Ei, mortos. – dei um chute em , que estava jogado no início do cenário, junto com e , enquanto eles fingiam decorar os textos. – Essa é...
- Ei! Essa moça dispensa apresentações, . – levantou, rindo. e já faziam o mesmo, parecendo mais animados. – Ouvimos falar muito de você.
- Espero que bem. – ela riu, sendo puxada por para um abraço.
- Muito bem. – respondeu, abraçando-a também.
- não fala de outra coisa. – completou, me fazendo corar.
- Ele não era exatamente popular, então a única que aguentou ele a vida inteira fui eu, ele não vai ter lembrança com muito mais que isso. – gargalhou, recebendo um dedo do meio meu como resposta. – É um prazer conhecer vocês, com certeza vamos nos ver muito. – falou, simpática.
- Não acreditem na carinha fofinha e simpatia, logo ela mostra a real . – comentei, recebendo um tapa no braço. – Vou apresentar ela para todo mundo, logo voltamos aqui. – falei, vendo-os se sentarem novamente, assentindo.
- Não demore, queremos histórias vergonhosas sua, sua mãe é muito boazinha. – sorriu para minha mãe, que se aproximava.

2009, novembro.


- Eu nem acredito, ! – eu ouvi a voz de e olhei para porta, assustado, vendo-a correr em direção ao sofá que eu estava jogado e pulando em cima de mim. – Meu Deus, vocês vão ser um sucesso, eu estou tão feliz, foi incrível! Seu personagem é demais.
- ! O que você está fazendo aqui? – eu sorri, abraçando-a apertado. – Eu não esperava que você viesse.
- Você realmente acredita que eu não viria te parabenizar depois da estreia da série? Me desculpa, eu não conseguia vir ontem por ser aniversário da minha mãe, apesar de ela ter insistido, mas eu não poderia deixar de estar aqui com você.
- Você é a melhor. – eu a abracei de novo, apertando-a pela cintura, com ela jogada no meu colo de forma toda torta. Ouvi meu pai rir, entrando na sala. – Sabia que vocês estavam escondendo algo de mim. – falei para ele e minha mãe, que colocava a mochila de na cadeira ao lado da porta.
- Ele estava todo triste que você não podia vir ficar aqui com ele, chorando e olhando as notícias sobre a estreia. – meu pai disse, se aproximando de nós e abraçando também.
- Eu sei que ele estava, ele fica muito depressivo sem mim, vou ter que me mudar para Los Angeles em breve, tenho certeza. – zombou.
- Não seria uma má ideia, né? Você com certeza encontraria algo por aqui. – dei de ombros, pensando no quão incrível seria se não tivéssemos que ficar viajando para passarmos um tempo juntos.
Desde que me mudei para cá, em outubro de 2008, tentava vir ficar conosco pelo menos uma vez a cada dois meses, e sempre que eu tinha um tempo nas gravações da série, eu também tentava visitar Dallas para revezarmos. Ela me apoiou durante todo o primeiro ano aqui, sempre me ajudando em tudo que eu precisava, em tudo que eu estava aprendendo em estar ali.
Eu estava vivendo meu sonho estando na série Big Time Rush que havia estreado no dia anterior na Nickelodeon, e eu sabia que esse sentimento apenas se multiplicaria, pois já estávamos gravando uma segunda temporada e até mesmo um álbum, podendo assim sermos lançados também como banda, o que era mais um passo no meu sonho, que sempre quis fazer shows e lotar estádios.
também tinha vontade de encontrar algo por aqui, eu sabia. Ela era dançarina desde sempre, e uma muito boa, devia a ela muitos agradecimentos durante esse ano que ela me ajudara em algumas coreografias que eu precisara. Eu tinha ótimas pessoas para me ensinar, claro, mas quando estávamos juntos as coisas fluíam mais fácil, ela era muito boa ensinando e fazia isso comigo com muita calma, por mais atrapalhado que eu fosse. Ela também era responsável por me ajudar a passar de ano na escola, quando estudávamos, resumidamente, tinha uma grande parte na minha vida, ela era realmente minha melhor amiga, e não poder estar ao lado dela todos os dias como era antes, desde nossos três anos de idade, estava me deixando louco.
- ! – vi minha irmã mais nova aparecer na sala, correndo para os braços de minha melhor amiga. – Seria legal ter você por aqui, verdade. – ela sorriu. Presley era muito afeiçoada à , já que ela sempre esteve presente em casa conosco quando a mais nova nascera, pois tínhamos 11 anos na época.
- Vocês podiam convencer meus pais a virem para cá, boa sorte. – ela riu, se sentando ao meu lado junto com Presley.
- Se você encontrar algo por aqui, eles não vão negar. – dei de ombros, torcendo para que ela não levasse a ideia como uma brincadeira. – Você já é quase maior de idade, .
- Vou pensar no seu caso, não sei se estou preparada para sair de baixo das asas dos meus pais.
- Eu te ajudo a superar. – mostrei a língua para ela, que rolou os olhos. – Agora vem aqui, vou pegar o computador para me deprimir.
- Não vai se deprimir, eu tenho certeza que logo você vai ser muito, muito famoso, . Eu estou ansiosa para acompanhar isso. Você já estava conhecido antes de lançar o primeiro episódio, imagina agora! – ela saiu de onde estava, sentando-se no braço do sofá ao meu lado enquanto eu me abaixava para pegar o notebook na mesa de centro.

2010, março.


- Já falei o quanto gosto de ter você aqui? – ouvi falar, abraçando quando ela chegou ao estúdio em que gravávamos. – é chato, mas ele tem uma melhor amiga muito incrível.
- , você não existe. – ela gargalhou, abraçando-o também. – Você é meu preferido da banda, você sabe. – ela sussurrou para ele, mas sabendo que eu ouvia. Apenas rolei os olhos, me aproximando e me colocando entre os dois.
- Menos, ! – ele riu, dando um tapa em minha cabeça.
- Vai, vocês dois, lá para dentro. – ela nos empurrou, acenando para e que já estavam lá.

- Vou atender o telefone, só um minuto. – o produtor falou para nós quando terminamos mais uma vez o refrão de Halfway There. Apenas assentimos e vimos ele sair da sala enquanto mexia no celular e sentou-se em sua cadeira.
- Sempre quis falar com alguém assim. – ela riu, apertando o botão para que a ouvíssemos e colocando os fones para nos ouvir.
- Quer que a gente cante no seu ouvido também ou podemos apenas conversar? – perguntou, rindo.
- Vai, eu quero... Hm... Giant Turd. – ela gargalhou, vendo rolar os olhos.
- Eu não aguento mais essa música. – ele riu.
- Eu sei, essa é a graça, , vai! – insistiu. – Pedi essa porque quero ouvir só a sua voz. – ela piscou e ele apenas negou com a cabeça, rindo novamente e começando a cantar a música que marcou o primeiro episódio da série. apenas fez um joia, fingindo que estava curtindo enquanto cantava, desafinando de propósito. – Nossa, tem um botão muito legal aqui. – falou quando terminou seu pedido.
A encaramos de testas franzidas, e antes que pudéssemos falar “não aperte nada”, nosso ouvido já zumbia e nossos fones estavam sendo jogados longe.
- ! – gritei, irritado. – Você é louca? – ela apenas sorriu, como se quisesse pedir desculpas.
- Parece que tem uma campainha no meu ouvido, caralho. – reclamou, colocando a mão na orelha. – Está fazendo eco! O seu está? – ele perguntou para e eu apenas lia seus lábios, já que não ouvia nada, apenas o próprio barulho repetidamente em meu ouvido.
saiu da cabine e andou até o sofá, se jogando nele de barriga para baixo. Respirei fundo, tentando ignorar a maldita campainha no ouvido, e sai da cabine também, andando até o sofá e me sentando no braço do mesmo, vendo se sentar no chão de frente para , passando a mão em seus cabelos.
- Me perdoa, eu não devia ter colocado a mão ali. – ela fez bico e a encarou, abanando o ar com a mão, como se dissesse que estava tudo bem. – Desculpa, Bear. – ela se levantou, se aproximando de mim, envergonhada.
- Droga, ! – percebi que estava gritando quando ela se assustou ao meu ouvir. – Desculpa. – eu ri, abaixando o tom de voz, mesmo que não estivesse realmente me ouvindo direito. – Droga, , eu queria ficar irritado, aí você vem com “Bear”, sem graça. – a abracei, deixando um beijo em sua testa.

2010, junho.


- ? – abriu a porta do meu quarto quando já eram onze da noite e eu rapidamente me ajeitei na cama, sorrindo.
- Depois eu te ligo! Beijo. - desliguei o celular, jogando-o longe no meio das cobertas. – Ei! – ela se sentou ao meu lado, abraçando-me de lado e beijando minha bochecha. – Achei que você chegaria mais cedo hoje. – fiz bico.
- Eu cheguei cedo, até, mas tinha que passar em outro lugar antes. – ela sorriu. – E talvez você fique muito bravo, mas agora eu preciso te levar nesse lugar.
- Achei que só minha casa fosse importante para você em LA. – a encarei, arqueando as sobrancelhas.
- Deixa de ser bobo, . Às vezes você é tão bebezão que ainda sinto que temos 12 anos, e não 21. – brincou.
- Acho que é porque quando estamos juntos, eu sempre me sinto criança. – dei risada, deitando-a na cama e acariciando seus cabelos. Eram poucos os momentos que ficávamos realmente próximos daquela forma, mas tinham dias que eu apenas queria abraçar minha melhor amiga e ficar ao seu lado, principalmente depois que havia me mudado. Mas aquilo também era algo que havia passado a ser mais comum depois que eu tinha vindo para Los Angeles, parecia que tínhamos passado mais a valorizar nossos momentos sozinhos, dividindo nossos segredos de sempre.
- Eu também, confesso. – ela sorriu, fechando os olhos. – Eu prometo que o lugar é perto, podemos ir?
- Claro que podemos. – afirmei, vendo-a se levantar.

- Pam, já voltamos, tá? – piscou para minha mãe, as duas tinham um sorriso cúmplice no rosto.
- Vocês estão me escondendo algo? – perguntei, passando pela porta e chamando o elevador.
- Claro que não. – respondeu, batendo a porta atrás de si.
- Sei... – ri, entrando no elevador e vendo bater em minha mão quando tentei apertar o botão para o térreo. Invés disso, ela apertou o 3º andar e eu a encarei, sem entender, enquanto ela pegava uma chave em seu bolso. Não tinha chaveiro, cordão, qualquer coisa, era apenas a chave. – ...
- Fica quieto. – ela riu, indicando que eu saísse do elevador quando ele abriu no andar. Nós dois saímos e ela caminhou até a porta que tinha o número 32, já encaixando a chave na fechadura. Eu apenas a olhei, ainda confuso, vendo-a entrar em um apartamento vazio.
- . – falei, sem dizer mais nada, esperando apenas algum comentário, explicação, qualquer coisa. Ela estava parada no meio do vazio, apenas me encarando. A vi sorrir e dar de ombros de uma forma engraçada. – Não brinca comigo, . – ela negou com a cabeça e eu apenas corri em sua direção, tirando-a do chão com um abraço.
- Bem-vindo à minha nova casa, Bear, apenas quatro andares abaixo da sua. – meu sorriso se abriu ainda mais ao ouvi-la falar o que eu já havia entendido. Me sentei no chão que não tinha nada e a puxei, fazendo-a se sentar também. – Você é a segunda pessoa a entrar aqui. – a encarei, bravo. – A primeira fui eu, idiota. – ela sorriu, encostando-se em mim. – Sua mãe sabia, claro, mas eu tinha que trazer você primeiro. – ela deu de ombros, falando como se fosse óbvio.
- Seus pais deixaram você vir sozinha para cá? – ela assentiu, feliz.
- Vai ser difícil para mim, você sabe, mas eu tive que fazer isso, pois tem a segunda novidade. – ela suspirou. – No fim do ano passado você falou sobre isso e eu percebi que realmente seria legal. Não apenas para poder estar perto de você, claro. – ela riu, adicionando o comentário de forma debochada. – Na última vez que eu vim para cá, eu fiz um teste de dançarina para uma série, e eu passei.
- O quê? – gritei, rindo ao perceber que o tinha feito.
- Não é nada demais, você sabe, não sou atriz, então vou apenas dançar no fundo, mas é o que importa para mim. – ela deu de ombros e eu suspirei, em silêncio, tentando digerir as informações.
- Isso é sério mesmo, ? Você realmente vai morar aqui, e trabalhar aqui? – ela assentiu, mordendo o lábio, provavelmente ansiosa com todas as coisas que passavam em sua mente. – Eu estou feliz para caralho, meu Deus. – eu gargalhei, fazendo-a ter a mesma reação.
- Você é demais, . Obrigada por tudo. – ela me abraçou apertado. – Sinto que não falo isso tanto quanto eu deveria.
- Nós nunca precisamos disso. Até porque eu teria que te agradecer muito mais, se for para começar, me avisa, até uns 70 anos eu termino a dívida, talvez.
- Deixa de ser bobo. – ela sorriu, beijando minha bochecha, e então vi algumas lágrimas rolando por seu rosto. – Desculpa, estou emotiva. – ouvi sua risada nasalada e neguei com a cabeça, limpando sua bochecha molhada com o dorso de minha mão.
- Você pode ser emotiva comigo, você sabe. Vem cá. – me arrastei para trás, fazendo-a fazer o mesmo até encostarmos na parede e eu poder ajeitá-la deitada em meu colo. – Você vai ficar bem, e você vai conquistar tudo que quiser, , eu confio em você. E o melhor, eu vou estar aqui com você para isso, na verdade que eu vou estar para sempre com você, você já sabe. – dei de ombros, vendo-a concordar. – Você quer ficar aqui? – perguntei e ela me encarou com a testa franzida. Uma cena que me fez rir, pois eu a estava vendo de cabeça para baixo, já que ela estava com a cabeça em meu colo.
- Como assim? – riu, sem entender.
- Se você quiser, podemos passar sua primeira noite aqui, apenas sentindo sua nova casa. Sei que é meio louco...
- Eu quero. – me interrompeu, concordando. – Mas não temos nada aqui, , nem o banheiro temos como usar. – ela riu, apontando para porta aberta no corredor em nossa frente.
- Eu não me importo, estou bem, e você? – ela apenas balançou a cabeça, positivamente. – Então seremos apenas nós dois na primeira noite de seu apartamento, na primeira noite do seu sonho sendo realizado. – ela fechou os olhos e eu entrelacei minha mão em seus cabelos, fazendo carinho como quando estávamos em meu quarto, deitados. – Você com certeza passar sua primeira noite aqui com móveis e tudo mais, e um homem no seu quarto. – gargalhei, vendo-a concordar. – Mas você tem apenas seu melhor amigo e um chão nada confortável, sinto muito.
- Nada melhor do que ter comigo o primeiro homem da minha vida. – ela piscou, usando a denominação que tínhamos um para o outro como brincadeira desde sempre.
Era algo que tínhamos há muito tempo, e eu realmente levava a sério, assim como . Já tínhamos 21 anos, e apesar de que nenhum de nós tenha tido um relacionamento significativo, sabíamos que o outro seria sempre prioridade. Claro, quando chegasse a hora, com certeza muitas coisas mudariam e nós sabíamos disso, essa era a vida e era algo natural, mas sempre seríamos prioridade um na vida do outro, sendo ela a primeira mulher da minha vida, e eu o primeiro homem da vida dela, pois éramos melhores amigos a vida inteira, e nada nunca mudaria isso, sempre cuidaríamos um do outro e essa era nossa única promessa desde pequenos.
Naquela noite apenas ficamos conversando sobre tudo, como sempre. E ali, com nós dois em meio à realização de nossos sonhos, ainda juntos depois de tantos anos de amizade, eu me senti ainda mais próximo de . E eu sabia que ela sentia o mesmo, pois quase podia ouvir nossos corações batendo mais forte, no mesmo compasso, com a felicidade que sentíamos. Era nesse momento que podia-se descobrir que melhor do que realizar algo para si, era ver alguém que você ama passando por essa sensação maravilhosa.

2011, janeiro.


- Eu não aguento mais, ou essas gravações terminam, ou eu termino com elas. – ouvi falando enquanto se jogava no chão do cenário da piscina de Palm Woods.
- Nossa, eu estou morto. – respondeu, se jogando em uma das espreguiçadeiras enquanto eu me jogava em outra e deitava junto com no chão.
- Eu não tenho coragem para nada, sério. Eu preciso dormir. – resmunguei, apoiando minha cabeça sob as mãos como se fosse um travesseiro.
- Ah, tem uma coisa que você sempre tem, até eu, na verdade. – riu e eu logo senti um corpo se jogando por cima do meu.
- Ah, não, eu não tenho um momento de paz. – falei, rindo. – Você não me larga. – reclamei, recebendo um beijo na bochecha como resposta.
- Depois que ela largar, você reclama, . – falou, fazendo todos rirem.
- Quando eu falo que qualquer um nessa banda é meu preferido, menos você, você reclama, né? – ela tentou se levantar, mas a puxei de volta, dando espaço para que ela ficasse ali comigo. – Achei que a gente ia almoçar junto. – falou. – Todos vocês.
- Droga. – reclamamos juntos.
- Estamos mortos. – riu. – Mas por você dá para topar, vai.
- Só cinco minutinhos para gente respirar, acabamos de terminar uma longa cena. – concordou.
- Meninos? – Scott, o produtor da série, se aproximou de nós, nos fazendo levantar rapidamente. – , ainda acho que eu deveria te dar um papel na série. – ele riu, fazendo minha amiga corar. – Mas é bom que você está aqui para saber das novidades.
- Novidades? Além da primeira turnê em abril? – perguntou, curioso. Scott assentiu.
- Vocês se lembram do Savage? O apresentei para vocês alguns dias atrás. – ele perguntou, nos fazendo acenar para o homem que estava atrás dele com um sorriso no rosto. – Não sei uma forma legal de dar notícias importantes, então apenas quero dizer que ele será o diretor do filme de Big Time Rush, que se passará na terra da rainha.
- O quê? – perguntei, quase engasgando com a minha própria voz e vendo os demais fazerem o mesmo.
- A gente vai ter um filme? – gritou.
- A gente vai ter um filme! – afirmou.
- ! – ouvi gritar ao meu lado, animada. – Reage! – ela riu e então, em poucos segundos, eu e os meninos estávamos correndo em volta do lugar e gritando coisas sem sentido.
Um filme na Inglaterra! Isso era incrível!

2011, julho.


- , nossa, que saudade! – me apertou em seus braços. – Eu não estou mais tão acostumada a ficar tanto tempo sem você. – ela fez bico, o que me fez rir, a apertando também.
- Eu sei, eu também acho ruim. Mas agora as coisas pioram, você está preparada? – falei, me referindo aos próximos meses, onde as datas da turnê se intensificavam e iríamos rodar o país de ônibus.
- Não é como se eu não fosse aparecer em algum show de qualquer canto desse país para matar a saudade, né? Não quero ficar sem ver shows de vocês, estou muito mal acostumada, vocês me deixaram assim. – ela se sentou no sofá e me puxou junto, para sentar-me ao lado dela.
- , você não existe. – eu sorri, apertando as bochechas dela. – Eu queria que as coisas fossem simples assim com a Britt, mas é tudo tão complicado. – bufei.
- Ainda, ? Vocês não se resolvem nunca? – perguntou, jogando as pernas por cima das minhas e deitando-se no sofá.
- Aparentemente não. Sei lá, é estranho, sabe? Ela não se importou em nenhum momento em falar sobre a turnê, ou ir até um show, não sei... Ela é legal, mas parece que a gente tá num relacionamento de 45 anos em que as pessoas não se suportam mais.
- E você vai insistir? Você sabe que não me meto nisso, Bear, mas é ruim te ver assim.
- Não sei, , eu só achei que dessa vez realmente fosse para frente e eu finalmente ia namorar sério com alguém. – falei, chateado. – Mas pelo visto continuaremos só nós dois e você seguirá tendo que me aguentar integralmente, sem ninguém com quem dividir o fardo. – ela riu, rolando os olhos.
- Sem condições, , pelo amor de Deus, aguenta a menina aí. – brincou. – Não acho certo você tentar levar para frente algo sem futuro, mas se você quiser tentar, estou aqui para te apoiar. Se não quiser tentar também, estou aqui para te aguentar sofrendo.
- Sofrendo? Acho que na minha vida eu só sofreria se perdesse você. – dei risada e ela me acompanhou, concordando. – Mas sei que isso não vai acontecer, então, né.
- Ah, é? Sua sorte é que sua fama nunca subiu para cabeça, querido, senão acho que já teria até voltado para casa.
- Eu acho que não subiu por sua culpa. – dei de ombros. – Você me mantém 100% com o pé no chão.
- E sempre vou. – ela repetiu meu gesto e eu puxei sua mão para junto da minha, apertando-a de forma carinhosa.
- Eu sei. – suspirei, deixando um sorriso escapar de meus lábios enquanto a observava relaxar conforme eu começara a massagear sua mão levemente.

2011, agosto.


- Eu ‘tô muito feliz que você teve pelo menos uma pausa para vir visitar a família. – falou quando se aproximou de mim no aeroporto.
- Você veio sozinha? – perguntei, a abraçando e vendo-a assentir. – Isso é bom. – sorri, feliz.
- Por quê? – ela perguntou, olhando para mim com as sobrancelhas arqueadas, enquanto andava até os meninos, os abraçando também e cumprimentando rapidamente suas famílias. Só estávamos há um mês fora, mas para nós, nossos pais, namoradas, e , claro, parecia a eternidade.
- Porque eu queria sair um pouco, andar um pouco pela cidade. – respondi quando ela se aproximou novamente, juntando seu braço ao meu.
- E eu sou a opção mais fácil de mandar embora? – perguntou, franzindo sua testa, curiosa.
- Eu quero que você vá comigo, né? - ri, rolando os olhos.
- Eu sei. – riu também da própria brincadeira. – Mas você falou com um super ar de quem queria ficar sozinho.
- E eu quero. Mas somos quase a mesma pessoa, sozinho para mim é ficar com você.
- Eu sei. – sorriu. – Aconteceu alguma coisa? – balancei a cabeça, afirmando. – Britt? – afirmei novamente.
- Cansei, terminamos. – dei de ombros. – Estou bem, antes que pergunte, você sabe que estava com os dois pés atrás, ela não era alguém com quem dividir a vida, não parecia ter futuro, então qual o sentido de continuar?
- Tentar, talvez? – ela riu, abrindo a porta do carro e, como sempre, ignorando alguns paparazzis perdidos no caminho, se acostumou com isso e nunca nem mesmo reclamou.
- Eu tentei, , você sabe. – bufei, jogando minhas coisas no banco de trás. – Posso dirigir? – perguntei e ela me encarou.
- Depois que já entramos no carro, sério? – ela reclamou, rolando os olhos. – Vai. – ela indicou o lugar, se mexendo para passar para o meu lado e trocarmos, de uma forma toda torta e que nos tirou muitas risadas. – Te odeio. – ela riu. – Para onde vamos?
- Sinceramente, não sei. Vou dirigir e a gente vê onde para. – dei de ombros.
- Você é estranho.
- Eu sei. – mostrei a língua para ela e dei partida no carro, vendo-a se encostar no banco com os óculos de sol no rosto, relaxada. Ela apenas observava o caminho, e eu sabia que em poucos segundos ela ligaria o rádio.
- ... – ela falou, se inclinando, e eu apertei o botão para ligar o aparelho.
- “Liga o rádio para mim?” – falei com a voz afinada, em uma tentativa falha de imitá-la, fazendo-a rir.

- Jura, ? – ela me observou estacionar e riu.
- Sei lá, lugar mais clichê impossível, mas eu falei que queria dar uma volta pela cidade, não tenho culpa que aqui é um ótimo lugar. Você veio aqui?
- Sim, com o pessoal da série, em um dos primeiros dias de gravação. – ela sorriu, realmente estava amando os papéis que havia conseguido para dançar.
- Mas não veio comigo. – dei de ombros e abri a porta, saindo do carro e a vendo fazer o mesmo, segurando duas garrafas de água e me jogando uma.

- Cansa demais para chegar lá em cima. – ela fez bico quando já estávamos na metade do caminho, ofegante.
- Vou te carregar. – brinquei, me abaixando para que ela subisse em minhas costas. Antes que eu pudesse me endireitar, ela me levou a sério e pulou em mim, que não tive tempo de me preparar e rolamos no chão automaticamente.
- ! – ela reclamou, gargalhando, deitada de barriga para cima.
- Você é louca, ! – ri, rolando para o lado dela.
- Você que falou, eu não tenho culpa. – ela virou de lado, me encarando.
- Eu estava brincando. – rolei os olhos. – Você é pesada, e louca.
- Jura, ? Me chamando de gorda na cara dura? – perguntou, estapeando meu braço.
- Eu posso. – mostrei a língua e ela apenas riu. – Vamos, temos que continuar subindo. – ela olhou para o outro lado, vendo que já estávamos próximos da lateral do famoso letreiro de Hollywood.
- Acho que podemos ficar aqui mesmo. – dei de ombros, dobrando meus braços atrás da cabeça.
- Mas eu quero chegar lá.
- Daqui a pouco, talvez? – perguntei, pidão.
- Tá. – bufou, encostando-se perto de mim.
- Vem cá, chata. – dei risada de seu bico por ter sido contrariada. Enrolei o casaco que usava e coloquei sob minha cabeça, usando meus braços para puxá-la para perto de modo que meu braço servisse de apoio para ela e ela pudesse deitar em meu peito. – Senti saudade de você já, sabia?
- Também senti, . – sorriu, me encarando. – E vou sentir mais ainda.
- Eu sei. – fiz bico. – Depois da turnê você sabe que vou quase direto para Londres, né? Acho que tenho dois dias até a viagem, no máximo, e tenho que arrumar tudo.
- Eu vou te ajudar, assim pelo menos temos um tempinho. – assenti, encarando seu sorriso próximo ao meu.
Eu e sempre estávamos fazendo o possível um pelo outro, e eu era extremamente grato por não tê-la perdido quando minha vida virou de cabeça para baixo e chegou toda mudança e fama. A única certeza que eu sempre tive em meio a qualquer loucura era que ela estaria ali por mim, e eu estaria ali por ela.
- ...
- Oi.
- Você não cansa? De mim? De estarmos sempre juntos, e fazermos quase tudo juntos, e de aguentar paparazzis, e meus surtos com as músicas e coreografias, e tudo... – eu ri de meus próprios pensamentos e da expressão confusa em seu rosto.
- Que pergunta boba, . – ela deu um tapa em minha barriga, brincando.
- Sei lá, você... Ah, sei lá, . – eu a encarei, reparando em cada detalhe do seu rosto enquanto ela fitava meus olhos, provavelmente buscando neles alguma resposta. – Olha, eu já vou pedir desculpa antes, tudo bem? Então, me desculpe. – eu sorri e encarei seu sorriso confuso, que logo foi substituído por uma testa franzida quando juntei meus lábios aos dela em um rápido selinho.
- ... – ela falou, respirando fundo e parecendo preocupada.
- , não me pergunta o motivo. – eu ri, nervoso.
- Mas, ...
- Eu não sei, eu só consegui pensar nisso enquanto estávamos conversando aqui. Se você quiser esquecer que fiz isso, tudo bem. – torci a boca, não gostando daquela ideia.
- Eu não acho que seja algo que dê para esquecer. – ela riu, encarando o céu.
- Isso é bom? – inclinei minha cabeça para o lado dela, vendo-a olhar para mim novamente e dar de ombros.
- Não sei, eu só nunca tinha pensado nisso, de verdade mesmo.
- Eu também não. Pelo menos não até perceber que não importa com quantas pessoas eu tente um relacionamento, eu nunca vou ter algo como o que a gente tem, então eu não acho que eu vá ser feliz com qualquer pessoa.
- Eu acho que o que a gente tem, é o que todo mundo busca em um relacionamento, . Eu também busquei nossa amizade em um relacionamento e não encontrei. Sei que somos novos, mas parece que ninguém se encaixa, não assim. – ela entrelaçou meus dedos aos seus, brincando com eles. – Mas você me assustou.
- De um modo ruim? – ela negou com a cabeça.
- Ou sim, não sei. – parecia tão confusa quanto eu, o que eu entendia.
- Hm, ok... Quer terminar de subir? – perguntei, indicando o grande letreiro que estava a uma pequena distância ainda.
- Quero, acho que a gente devia ter uma foto juntos lá.
- Mas para tirar fotos a gente não podia ter vindo para cá, né? Tirar foto literalmente no letreiro não vai ficar nada “uau”. – brinquei.
- Mas o que importa é a nossa foto, não o letreiro, eu sinto que a gente tem que guardar esse dia. – ela levantou, estendendo a mão para que eu me levantasse também.
- Hm, esse é um sentimento muito bom. – me levantei e segurei sua mão, puxando-a para mais perto para um abraço. – Eu não estava muito certo do que fiz na hora, mas confesso que não me arrependo e nem acho que vou. – me afastei, não conseguindo evitar um sorriso ao encará-la. Ela refletiu meu gesto e se aproximou novamente, me dando um selinho assim, como eu havia feito minutos antes.
- Mas fala que não é só para mim que é estranho? – neguei com a cabeça, gargalhando.
- É muito estranho, . Mas não temos pressa para nos acostumar, se for algo que a gente queira. – dei de ombros e ela estendeu ainda mais seu sorriso para mim, concordando. Senti seus braços envolverem meu pescoço e ela jogou seu peso sob meu corpo. A abracei forte mais uma vez e consegui sentir contra minha pele que ela ria. – Você é incrível, obrigado por não surtar e não me deixar surtar.
- Eu estou surtando, acredite.

2011, outubro.


- Eu tenho meia hora. – gritei, entrando no apartamento de e correndo para o sofá.
- Ah, . – ela fechou a porta e se virou, franzindo os ombros, triste. – Eu sinto que toda hora estamos correndo.
- E estamos. – eu ri, puxando-a para meu lado no sofá.
- Pelo menos eu consegui ir te ver em Fresno. – ela se deitou completamente mal ajeitada por cima do meu corpo.
- Porque você é a melhor pessoa que existe nesse mundo. – beijei sua bochecha e ela se aconchegou mais em meu corpo. – Você podia ir me visitar na Inglaterra também, né? – brinquei.
- Ah, com certeza, porque é um lugar bem próximo, né?
- Eu acho que nunca chegamos a passar quase três meses sem nos ver, já? – perguntei, tentando pensar em alguma ocasião.
- Nunca, sempre demos um jeito. Até quando eu passei aquele verão inteiro fora você foi atrás de mim. – ri, lembrando-me da vez em que ela passou o verão no Canadá e conseguimos que nossos pais concordassem em me deixar ir vê-la no segundo mês, pois eles não me aguentavam mais. – Depois do filme você vai ter um tempo?
- Não sei ainda como vai ser, mas pelo menos as festas de finais de ano estaremos juntos, não pode ser diferente. – ela concordou com a cabeça.
- ... – falou, abaixando o tom de voz. – A gente não teve muito tempo...
- Para falarmos sobre nós? – interrompi, sabendo que era isso que ela falaria. Ela riu, concordando. – Eu sei. – fiz bico e a coloquei sobre meu braço, virando-a de frente para mim e lhe dando um selinho. – Você tá achando tudo muito estranho?
- ‘Tô.
- Eu também. – dei risada e ela me encarou, rindo também. – Me desculpa não estar tendo tempo para que a gente possa realmente ficar junto.
- Não te culpo por isso, Bear, de forma alguma. Só não consigo saber o que você está achando. A gente conversa o dia todo e é a mesma coisa de sempre, o que é engraçado, porque, pelo menos nos meus pensamentos, está diferente. E, bom, tem isso... – ela me deu um selinho demorado que terminou em um sorriso para nós dois.
- Então... – grudei meus lábios nos dela em mais um beijo rápido. – Nos seus pensamentos está diferente? Você já vê diferente? – ela assentiu.
- Eu acho que eu estou gostando, de pensar diferente. Desculpa, sei que você não queria passar sua meia hora “discutindo a relação”... – ela fez aspas com os dedos e eu neguei com a cabeça.
- Você está bem errada, eu queria muito discutir a relação, porque eu não quero atravessar o oceano sem saber se, mesmo distante depois daqueles dias aqui em LA, você está se sentindo da mesma forma que eu.
- E como você está se sentindo? – perguntou, curiosa, mordendo o lábio inferior.
- Eu estou me sentindo feliz... Diria até que... Completo. Acho que é uma boa palavra para definir. – falei, sincero. – , você é a primeira mulher da minha vida, como poderia dar errado se você se tornasse a única?
- Olha, esse negócio de a única parece algo bonito, você falando assim soou bem. – falou, balançando os cabelos, convencida.
- Isso quer dizer que eu também posso mudar de primeiro para único? – perguntei, segurando suas bochechas entre as mãos de forma que seu rosto ficasse num formato esmagado e engraçado, que nos fez rir.
- Não sei, , eu acho que no final, único sempre foi a melhor palavra para gente se encaixar. – e mais uma vez não consegui segurar meu sorriso ao seu lado, deixando até mesmo que um suspiro se encaixasse no final daquela frase.
Soltei seu rosto e me deixei levar pelo momento, aproximando nossas bocas quase da forma que é feita nos filmes, em câmera lenta. fitou rapidamente meus olhos e eu mantive os meus fixos aos dela, até que nós dois os fechássemos, sabendo o que viria a seguir.
Grudei nossas bocas com um choque esperado, mas diferente das outras vezes, logo pedi passagem para que pudesse aprofundar o beijo. Percebi que nós dois sorrimos inconscientemente naquele momento, afinal, era realmente nosso primeiro beijo, e não podia ser diferente de algo calmo e gentil, da mesma forma em que estávamos levando nossos pensamentos e conversas desde que eu havia a beijado naquele dia na trilha para o letreiro de Hollywood.
era, sempre fora, e sempre seria, a pessoa mais importante na minha vida, então eu realmente não sei o que estava pensando quando a beijei naquele dia, não sei nem mesmo de onde tirei as palavras para respondê-la quando ela ficou confusa, pois eu estava tão confuso quanto. Mas agora eu agradecia o surto repentino que me levara àquilo, porque a cada dia eu tinha mais certeza quanto a nós dois, e eu apenas não enxergava como não havia acontecido antes, como não havia passado por nossas cabeças, pois se tem algo que sei, é que não foi um simples “eu tomei coragem”, como se já tivesse pensado naquilo antes, foi um “eu não sei o que está acontecendo, mas vamos lá”, e sabia que também não era algo em que já havia pensado. Nossa amizade realmente sempre fora apenas amizade, sem quaisquer intenções, então o que estava acontecendo era como começar a caminhar com alguém, mas com alguém que você já ama e confia, o que tornava tudo melhor.
Aquele era o nosso primeiro beijo, e eu sabia que caminharíamos para diversas primeiras vezes importantes, assim como já havíamos passado por várias juntos ao longo da vida, mas com muita calma e tranquilidade, pois sempre soubemos que não tínhamos chances de perder um ao outro. Eu não duvidava nada de que eu tinha o amor da minha vida ao meu lado desde sempre e nunca havia percebido.
- ... – separei nossos lábios lentamente, mantendo nossos rostos ainda próximos, de forma que sentíamos a respiração um do outro. – Obrigado, tá? Por ser minha melhor amiga e a melhor pessoa do mundo. E... Obrigado por isso. – falei, indicando nós dois com um gesto de aceno com a cabeça, roçando meu nariz no dela de forma delicada.
- Me promete que quando você voltar, nós vamos nos ver mais? Nem que eu tenha que rodar o país junto com você? – eu assenti, rindo. – Eu quero que isso dê certo, , eu sou apaixonada por você de mil maneiras, você sempre foi minha pessoa preferida no mundo. – ela entrelaçou nossas mãos em cima do meu peito. – Essa é só mais uma maneira de me apaixonar por você, e eu estou ansiosa para poder aproveitar essa sensação do seu lado.
- Eu prometo que assim que eu voltar, vamos começar exatamente de onde paramos.

2011, novembro.


- Ai, meu Deus, que incrível! – ouvi a voz de sair pelo celular e sorri automaticamente, enquanto girava no estádio para que ela pudesse ver tudo.
- É maravilhoso, ! Eu precisava te ligar para te mostrar. – virei a câmera para traseira para que pudesse mostrar melhor todos os detalhes. Hoje estávamos visitando alguns lugares de Londres, e um dos lugares que eu queria conhecer estava na lista, o Stamford Bridge, estádio do Chelsea. Nos Estados Unidos não somos apegados ao futebol, realmente, mas não acho que exista alguém que não admire o futebol inglês.
- E vocês conheceram jogadores? – ela perguntou, tentando reparar em cada detalhe pela tela do celular.
- Alguns, foi demais!
- Ei, ! – se aproximou, gritando ao meu lado e chamando atenção de e .
- ! Já estamos com saudades. – falou, também gritando em meu ouvido.
- Sinto falta de vocês, meninos! Ansiosa para que vocês voltem para casa. – ela fez bico e os vi fazer o mesmo.
- Tem certeza que sente falta de todos nós? Tem espaço? – perguntou, arqueando as sobrancelhas e fazendo corar.
- Te odeio, . – ela riu. – Eu sinto falta de todos. – mostrou a língua e deu de ombros, se despedindo assim como os outros.
- Desculpa. – pedi, rindo.
- Sem motivo, Bear, amo esses idiotas, você sabe. – ela sorriu. – Sou muito feliz por vocês terem se encontrado, foi o casamento perfeito entre vocês.
- Às vezes nem eu acredito que tenha dado tão certo. Na verdade, no momento eu não acredito que tanta coisa tenha dado certo de uma vez só. – sorri para ela.
- Eu também, . Agora vai lá aproveitar, me liga depois, tá? – assenti. – Beijo. – ela acenou e eu fiz o mesmo, desligando a ligação.

2011, dezembro.


- . Oi! – falei, animado, me ajeitando em meu travesseiro, esparramado na cama do hotel.
- ? – ela falou, com uma voz sonolenta e percebi que ela ainda não aparecia na tela. – Tá tudo bem?
- Ai, meu Deus! , me perdoa! – comecei a rir, batendo em minha própria testa. – Eu te acordei, né? Maldito fuso-horário!
- Tá tudo bem. – ela riu, acendendo o abajur ao lado da cama. – Você parece animado. – vi seu sorriso perdido em meio aos seus olhos cansados e suspirei, deixando a saudade tomar conta de mim.
- Me desculpa não ter ligado antes. – fiz bico. – Antes de qualquer coisa, como foi seu dia? Senti sua falta hoje, assim como todos os dias. – dei de ombros, chateado.
- Foi tudo bem, os ensaios foram muito cansativos hoje, estou um caco, mas estou animada para as gravações começarem de novo. E por aí? Por que toda essa animação? São o que, nove da manhã aí?
- Está o caco mais lindo, . – brinquei, vendo-a rolar os olhos. – Quase não dormi essa noite, eu fiquei agitado porque vamos gravar umas cenas muito incríveis hoje, eu precisava me acalmar para cortar a ansiedade e você sabe, você é a única que pode fazer isso, mesmo que seja só sua voz através de um celular. – sorri, triste. Não estava sendo fácil nos falarmos apenas por chamadas. Vi suspirar e sabia que ela estava concordando com meus pensamentos, mesmo que eles fossem apenas pensamentos.
- Falta pouco, . – ela afirmou e eu concordei, apenas mais vinte dias e eu estaria voltando para casa.
- Vamos fazer um pocket show em Paris na semana que vem, acho que vai ser legal. – comentei, ainda não havia contado essa novidade para ela.
- Indo cada vez mais longe. – ela brincou. – Que incrível, .
- Nunca estou tão longe quanto parece, porque você sabe que estou sempre por aqui, e sempre pensando em você. – pisquei, brincando.
- Ah, não, ! – ela gritou, rindo.
- Paris, Londres ou Tóquio, estou sempre aqui, toda noite com você no telefone...
- Eu não vou aguentar me despedir outra vez. – ela falou, dramática, me fazendo rir. – Ei, sou a garota que você está esperando? – ela arqueou as sobrancelhas, com um sorriso de orelha a orelha.
- Com certeza. Não importa onde o vento sopre, você vai ser a única na minha mente, porque eu posso conhecer mil garotas que sabem meu nome, mas você tem meu coração.
- ... Eu não acredito que você acabou de citar Big Time Rush para mim. – ela começou a rir, virando-se de barriga para baixo e se afundando no próprio travesseiro. – Você é péssimo, , que cena horrível. Essa música nunca vai ser a mesma. E era uma das minhas preferidas.
- Eu sei. Agora você tem um motivo a mais para gostar, não? Foi romântico. – dei de ombros, rindo, sabendo que não tinha sido.
- Foi a cena mais ridícula da minha vida, você quis me ganhar com a letra da sua própria música, me lembra de contar isso para os meninos depois.
- Você não existe, . – gargalhei também. – Viu? Você me acalmou, como sempre. – sorri, suspirando. – Mas tenho que ir, senão vou atrasar todo mundo.
- Tudo bem, vou voltar para os meus sonhos. Tchau, . Boa sorte e me liga depois, tá?
- Obrigado, , você é a melhor. E... Vou estar pensando em você no mundo todo, tá?
- ! – ela gritou, rindo novamente e desligando o celular, me deixando ali, rindo.
Eu não podia estar mais feliz, eu e tínhamos algo incrível, e por mais ridículo que fosse citar aquela música, eu sabia que a tinha feito ir dormir com um grande sorriso no rosto. Worldwide com certeza havia acabado de marcar nosso relacionamento da forma mais boba possível. Eu sabia que esses momentos não terminariam nunca com ao meu lado, nós sempre fomos assim, e sempre seríamos, o que só me dava mais certeza do que havia escolhido.
Eu queria voltar para casa o quanto antes para poder finalmente dar início ao que havíamos deixado em meios termos nos últimos meses.
Estava na hora de mostrar para que eu realmente havia percebido que ela tinha meu coração, sempre tivera, e eu tinha certeza que também tinha o dela.


Epílogo

2011, 24 de dezembro.


Eu não estava acreditando que haviam nos segurado até a véspera de Natal para voltar, o aeroporto estava um inferno. E a equipe de produção ainda nos levaria para os estúdios dali de LA para assinar algumas coisas antes que pudessem nos liberar, então meu sonho de chegar no aeroporto e ser recebido pela minha família já estava muito bem descartado.
- Estou me sentindo refém, não sei vocês. – soltou e todos rimos juntos.
- Parece que você está lendo mentes. – disse e eu e concordamos.
- Eu só quero minha família.
- Nem me fale, . – sorri, pensando que finalmente teríamos uma pausa para respirar.

Assinamos tudo que faltava e nos jogamos nos sofás de nosso apartamento em Palm Woods, sem forças para levantar e com um belo fuso horário para tirar. Disquei para o telefone de minha mãe e implorei para que ela viesse me buscar e fôssemos comer, eu estava com saudades da comida dela, mas eu não aguentaria esperar muito. Ela riu e disse que logo estaria ali.
Em poucos minutos a porta se abriu e nosso falso apartamento se tornou um lugar quase pequeno, e uma verdadeira bagunça. Vi entrar pela porta a família de , e , e a minha também. Vi os meninos se jogarem no chão para primeiro cumprimentarem seus bichinhos de estimação, Yuma, a porquinha de ; Sidney, a pastora alemã de ; e Fox, o husky de . Dei risada da cena e corri até meus pais e minha irmã, que me abraçaram fortemente.
- Meu Deus, como eu estava com saudade de vocês. – sorri, vendo eles concordarem.
- De nós também? – meus pais deram um pouco de espaço e eu pude ver os pais de atrás deles, apenas observando a cena.
- Tio! Tia! – me joguei entre eles, os abraçando. Eu não os via há quase um ano, pois sempre que eles vinham para cidade ver a , eu não estava. Eu nem mesmo sabia que eles estariam ali, e os segredos. Sorri enquanto ainda os sentia com os braços sobre meu corpo em um abraço em grupo. – Não sabia que vocês estariam aqui, estou muito feliz.
- Estávamos com saudades dos Natais juntos, achamos que seria um bom momento para visita.
- Pode ter certeza. Ainda mais com a eterna criança apaixonada por festas de fim de ano que temos, não é? – me afastei deles vendo parada a poucos passos de mim, observando a cena com um sorriso no rosto.
- Oi, Bear. – ela falou, parecendo tímida, o que me fez rir automaticamente e ela me encarar como se eu fosse louco. Me aproximei dela e ignorei todos que estavam ali em volta, apenas fitando seus olhos enquanto elas os desviava para os lados, como se quisesse me lembrar que nossos pais estavam ali e a sala estava cheia. Ri ainda mais em perceber aquilo.
- ... Olha, já vou pedir desculpa antes, tá? – sussurrei e ela me encarou com os olhos arregalados, negando com a cabeça e rindo. – Desculpa. – mostrei a língua para ela e me aproximei ainda mais, puxando-a pela cintura e colando nossos lábios em um selinho demorado. Ela relaxou o corpo e então nos afastei, logo a puxando de novo para um abraço quase de urso. – Eu estava morrendo de saudades, como você sabe. – segurei seu rosto entre as mãos e lhe dei mais um selinho rápido, vendo seu sorriso se estender.
- Eu também estava, , como você sabe.
- Então... – me virei novamente para nossos pais, que nos encaravam, confusos. – É, eu acho que temos muito o que conversar, não era para ser assim, então se quiserem esquecer o que aconteceu... – sorri forçado, fazendo-os rir enquanto se escondia atrás de mim, entrelaçando nossas mãos.
- É, esses dois são confusos e confundem todo mundo, gente. – falou, se aproximando de meus pais e dos pais de para cumprimentá-los. Todos riram em concordância e logo todas as famílias se reuniam para se cumprimentar e trocar rápidas conversas.
Vi jogada no chão brincando com os animais e apenas me joguei ao seu lado depois de falar com todos, recebendo automaticamente uma lambida de Fox.
- Você é péssimo, , não tinha jeito pior de contar para eles, e a gente nem tem algo certo. – ela sussurrou, enquanto segurava Yuma no colo.
- Ei, algo certo a gente tem, um ao outro. – dei de ombros e a vi sorrir a contragosto.
- Você entendeu.
- , de verdade, com a saudade que eu ‘tô aqui para matar, e o tanto que eu sei que te amo, por mim, a gente saia daqui e casava na próxima igreja. – rimos juntos por alguns segundos e eu me aproximei dela, deixando minha mão descansar em sua perna. – Claro, se você sentir o mesmo, mas eu sei que você sente.
- Não está convencido demais, não?
- Você me deixa assim a vida inteira, não tenho culpa. Mas é sério, olha lá, eles olhando para nós, é uma expressão de confusão com felicidade. Você realmente acha que eles não viram isso antes de nós?
- Mas acho que não deixa de ser estranho ser pego de surpresa assim.
- Mas nós também fomos, qual o problema? Você é paranoica demais, vem cá. – puxei-a de lado e dei um beijo em sua testa. – Deixa de ser boba, e agora vamos logo embora daqui, porque, por mais que eu tenha jogado mais algo nessa história com o meu ato impulsivo, eu ainda quero voltar de onde paramos. – me levantei e a puxei pela mão para que se levantasse também. Joguei meu braço por cima de seus ombros e ela passou o seu por minha cintura. Andamos até nossos pais e vi que os demais já estavam de saída também.
- A gente pode ir comer? – perguntei, vendo todos rirem, ainda nos encarando com uma certa confusão estampada nos rostos.
- Podemos, acho que eu preciso de um bom almoço para ajudar a digerir algumas coisas. – a mãe de falou, nos fazendo rir enquanto todos concordavam.
- Vamos lá, está na hora de eu te jogar na parede e te perguntar quais são suas intenções com a minha filha. – o pai de me puxou de perto dela, apertando-me pelos ombros com um grande sorriso no rosto enquanto andávamos juntos para fora do cenário.



Fim!



Nota da autora: Oi, gente! Que orgulho em poder ter organizado esse ficstape e escrever essa música que eu tenho TANTO carinho. Eu comecei com uma ideia, parti para outra e outra, e por final fiquei com essa hahahah O que vocês acharam? Confesso que foi engraçado a forma como usei a música, mas eu adorei poder trabalhar a história dos dois e depois usar a música de uma forma real e divertida. Espero muito que vocês tenham gostado, me contem, viu? Beijos 💙

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