Parte I
24 de setembro de 2019
acordou com o barulho do seu toque ecoando pelo seu quarto, ela olhou para a tela vendo que passavam das três da manhã e grunhiu alto, quem era o desocupado que se atrevia a ligá-la a essa bendita hora?
- Alô? - Ela atendeu ainda com os olhos fechados, esperando que você algum engano ou uma pegadinha da qual ela poderia ignorar dali em diante.
- Professora? - abriu os olhou e sentou na cama em um movimento rápido. Olhou para o visor do celular vendo o número de Emily, uma de suas alunas.
- Emily? Está tudo bem? - Ela se levantou e já foi direto para o guarda roupa procurando alguma coisa decente para usar. – Aconteceu alguma coisa?
- Será que você poderia vir me buscar no hospital São Pedro?
- Hospital São Pedro? Emily, o que você está fazendo em um hospital a essa hora da madrugada?
- Por favor, só vem. – A garota começou a chorar fazendo com que o coração de apertasse dentro do peito.
- Eu estou indo.
- Quarto 1006, décimo andar, área VIP.
colocou a roupa em um piscar de olhos e logo depois já estava dentro do carro seguindo pela avenida principal até o hospital. Emily era uma de suas alunas preferidas, ela era uma garota calada que sempre prestava atenção na aula e tinha notas impecáveis, não tinha muitos amigos, mas a amiga que tinha, Maggie, era parecida com a Amy Lee, vocalista do Evanescence e sempre tinha uma opinião formada sobre tudo. se afeiçoou a garota por ela lembrar tanto ela mesma quando estava naquela idade, especialmente depois de encontrá-la no fundo da biblioteca na hora do intervalo chorando porque uma das garotas da sua sala tinha sido uma perfeita megera com ela. Na mesma hora, pediu que Emily fosse sua ajudante durante o ano letivo, algo que todos os professores têm direito, mas que nunca usufruiu sempre dizendo que não precisava. A diretora aceitou na mesma hora já que o pai de Emily era um dos principais beneficiadores da escola e então descobriu que tinha matado dois coelhos com uma cajadada só: tinha caído nas graças da diretora e Emily teria algo a mais pra se distrair dos dramas do colégio.
Em uma das tardes da qual Emily ajudava a organizar alguns trabalhos, ela decidiu dar seu número para a garota dizendo que se caso um dia ela precisasse, não importaria a hora ela estaria lá para ajuda. Bem, parece que esse dia tinha chegado.
entrou no elevador depois de estacionar seu carro no subsolo, ela foi direto para o décimo andar batendo o pé impaciente. Ela olhou no relógio e já passava das quatro da manhã, saiu do elevador e saiu freneticamente procurando pelo quarto de Emily, ela o encontrou no final do corredor com uma placa dourada com o sobrenome da garota “”. Ela bateu na porta antes de entrar, porém a maior surpresa não foi o quarto quase do tamanho do seu apartamento, foi o fato do seu irmão mais novo, Alec, estar sentado na poltrona ao lado de Emily enquanto segurava sua mão.
- Olá, Emily! - Ela disse, fechando a porta atrás de si. - Alec, espero que você tenha uma boa razão para estar aqui. - parou ao lado da cama de Emily vendo-a sorrir fraco. - O que aconteceu, Emily? E o mais importante, você está bem? – A garota apenas abaixou a cabeça.
A garota apenas abaixou a cabeça e respondeu:
- Eu estou bem. - olhou para o seu irmão, cruzando os braços.
- Eu não fiz nada, eu só a trouxe aqui. - Alec levantou as mãos em defesa. levantou as sobrancelhas contorcendo a boca fazendo com que seu irmão respirasse fundo. - Nós estávamos em uma festa, Emily foi com a Maggie e mais alguns punks que iriam tocar nessa festa, elas começaram a beber como todo mundo e no meio da noite Eric a chamou para dançar. Um minuto os dois estavam dançando e no outro Emily estava de cabeça para baixo bebendo direto da mangueira de um galão de cerveja. Quando ela desceu ficou tonta, coisa que é normal, mas logo depois ela desmaiou. Eric, como um perfeito idiota, não soube o que fazer e ainda deu gargalhada com os minions que ele chama de amigos. Dei graças a Deus por Will estar sóbrio e de carro e pedi pra ele trazer a gente, Emily disse o nome do hospital no meio do caminho e eu apenas a obedeci. Você acredita que nós não tivemos que esperar nada e logo quando eu disse seu nome, o hospital inteiro parou para atende-la. Eu acho que você estava certa todo esse tempo, irmãzinha, ser rico realmente tem suas vantagens.
- Eu só queria me divertir como todo mundo. - Emily disse, enxugando suas lágrimas. - Eu queria aproveitar minha adolescência como todo mundo faz.
- E não existe nada errado com isso, Emily, eu te entendo completamente.
- Entende? Você não vai falar que eu fui uma boba por se deixar influenciar por um garoto?
- Bem, Eric é completo idiota e eu nunca gostei dele. Não sei o que as garotas veem nele, honestamente, ele nem é tão bonito assim. - fez uma pequena dancinha mentalmente quando viu Emily sorrir. - O que eu quero dizer é que não tem nada de errado em querer impressionar um carinha que você gosta, porém, se você tem que mudar sua essência para poder impressiona-lo, será que ele realmente vale a pena?
- Eu acho que não, pelo visto. – Ela respirou fundo e continuou: - Eu só achava que ele era o garoto certo pra mim, sabe? Nossos pais são amigos, nós fazemos parte do mesmo ciclo social, ele é popular e charmoso igual a todos os garotos que a gente lê nos livros.
- É, mas nem todos os garotos da vida real são que nem os garotos dos livros. Bem, alguns são. – deu uma piscadela para o seu irmão que ficou vermelho de vergonha. Aparentemente, ela tinha descoberto a garota da qual ele tinha uma quedinha. – Você só tem que achar o garoto certo pra você, aquele do qual você não tem que mudar quem você é só pra agrada-lo até por que um dia a gente cansa e você acaba percebendo que perder a si mesmo pra agradar alguém acaba te machucando aos poucos.
- Você fala como se soubesse, professora.
- Isso é porque eu também já gostei de um Eric, a minha má sorte foi não ter uma professora incrível pra me dizer que ele é um perfeito bundão. – respirou aliviada quando Emily gargalhou alto. – Agora, que tal você me dizer o que seu pai falou sobre isso? Ele está vindo te buscar?
- Pra falar a verdade, meu pai nem sabe que eu sai. – Emily disse sorrindo torto. – Ele ainda estava na empresa quando Maggie passou pra me buscar, não é a primeira vez que eu saio sem ele perceber.
- Eu vou ter uma conversa muito seria com senhorita Maggie na segunda-feira sobre essas festas das quais ela está te levando. – se virou para o irmão e continuou: - E nem pense que você vai escapar do sermão porque eu já tenho ele cuidadosamente preparado junto com as semanas que você vai ficar de castigo.
- Ei, o que eu fiz? Pelo o que eu me lembre, eu fui a ajuda aqui.
- Quem ajuda não espera nada em troca, espertinho.
- Professora, não castigue Alec, ele só queria me ajudar. – Emily segurou a mão de fazendo com que ela olhasse para ela: - Se não fosse por ele, algo pior poderia ter acontecido.
- Tudo bem, tudo bem, eu entendi. Adolescentes unidos jamais serão vencidos. – se afastou da cama e sorriu sem os dentes. – Mas uma coisa você não pode evitar, você tem que ligar para o seu pai e avisa-lo do que aconteceu.
- Provavelmente ele ainda está trabalhando, ele não vai perceber nada. Por favor, senhorita , não diga nada ao meu pai.
- Meio tarde pra isso, Emily. – tomou um susto soltando a mão de Emily na mesma hora e se virando para a voz calma do pai dela, . normalmente ficava nervosa quando conhecia os pais dos seus alunos, algo que era completamente normal, afinal de contas, ela era uma das professoras que cuidava da educação dos seus filhos, porém, quando se tratava do pai de Emily, ela ficava mais nervosa do que o normal, ela praticamente virava uma das suas alunas quando está perto do cara mais gato e popular de toda a escola. Também não era pra pouco, era simplesmente um dos homens mais lindos que já tinha visto, ele era alto que até de saltos ela ficava mais baixa do que ele, ela sabia que estava na casa dos quarenta anos por seus cabelos e barba já serem um pouco grisalhos e ele ter uma filha de quase dezoito anos. Para completar ele andava pra cima e para baixo de terno por ser o dono de uma das maiores empresas de tecnologia do país e, claro, que tinha uma queda por caras de ternos. – Senhorita , você por aqui, posso dizer que não estou nem um pouco surpreso. – Ele andou até a ponta da cama de Emily, parando a sua frente e cruzando os braços. olhou para o lado vendo o segurança e motorista do senhor , Giles, ela deu acenou para ele que apenas assentiu com a cabeça. – O que aconteceu dessa vez, Emily? Por que diabos você está em uma cama de hospital as cinco da manhã?
- Eu fui a uma festa. – Emily murmurou abaixando a cabeça.
- Uma festa com certeza não te leva a uma cama de hospital, Emily.
- Eu bebi demais, ok? – Ela levantou a cabeça, jogando as mãos para o alto. – Eu só queria saber como é ser uma adolescente normal!
- Adolescente normal? O que faz você pensar que não é uma adolescente normal?
- Todos que eu conheço saem pra festas nos fins de semana com seus amigos, saem pro cinema, pro parque, pra shows e até fazem piquenique com seus pais enquanto eu nunca faço nada disso! Os únicos lugares que eu frequento são o colégio e os meus quartos dos quais eu fico trancado não importa o dia porque meus pais estão ocupados demais pra ao menos me perguntar como eu estou.
- Eu estou trabalhando pra que você tenha um futuro melhor, Emily, não sabia que isso era um crime.
- Se você continuar se comportando dessa maneira, não vai ter um lugar pra você no meu futuro.
- Que tal nós nos acalmarmos hein?! – Alec começou, se levantando e segurou a mão de Emily. – Todos estamos cansados e com os nervos à flor da pele.
- Cala a boca pirralho! Isso é entre mim e minha filha.
tinha ficado calado até o momento, se fosse ela na situação de , ela provavelmente teria uma reação parecida, porém, o jeito que ele falou com o seu irmão fez com que o lado maternal dela falasse mais alto e então ela se virou para , apontando para porta, dizendo:
- Lá fora!
- O que? – Ele perguntou, olhando para ela com as sobrancelhas arqueadas.
- Eu quero conversar com você lá fora.
- Você não vê que eu estou no meio de uma discussão com minha filha? – soltou o ar pela boca e em um impulso pegou no braço de , o puxando para o corredor.
- O que você pensa que está fazendo? – Ele perguntou, se afastando dela e arrumando seu terno.
- O que você pensa que está fazendo? Você não vê o que está acontecendo com Emily?
- Ela está dando uma de adolescente rebelde, o que era de se esperar andando com aquela garota da qual eu esqueci o nome.
- Maggie é o seu nome e para a sua informação, ela não é “aquela garota” e sim a melhor amiga da sua filha que a ajuda em tudo que ela precisa. – falou um pouco mais alto antes de continuar: - Emily era uma garota bastante solitária antes de Maggie aparecer, você sabia disso? Foi ela que a ajudou a sair um pouco da sua concha e se expressar mais, o que graças aos deuses ela o fez porque agora Emily é a presidente do clube de debate, uma das melhores escritoras da sua turma, e provavelmente vai ser a escolhida para representar sua turma na Olimpíada de Português no final do ano.
- Eu não vejo como essa informação é crucial, ela ainda a levou para aquela festa.
- Essa informação é crucial porque mostra que você não sabe absolutamente nada sobre a sua própria filha! Você passa tanto tempo trancando dentro de um escritório que nem ao menos sabe o que sua filha está sentindo, o que está passando na sua mente, quais são seus medos, suas inseguranças e seus sonhos. Qual foi a última vez que você passou um tempo com sua filha? Qual foi a última que você perguntou como ela está se sentindo? Se está tudo bem? Como anda seus estudos? Que tipo de pessoa ela quer ser? De nada adianta ganhar todo o dinheiro do mundo e usá-lo para tampar sua ausência com presentes insignificantes, no final vai ser você que vai terminar com mais dinheiro que você pode contar e completamente sozinho. – estava completamente ofegante quando terminou de falar, mas não se arrependia nem um pouco de tudo que disse.
- Com licença. – olhou para trás vendo um médico parado ao lado do quarto. – Eu sou Chase, o médico que atendeu Emily. Qual de vocês é o responsável?
- Eu sou o pai dela, . – Ele estendeu a mão para o médico que a apertou. – Foi alguma coisa grave? Está tudo bem com minha filha?
- Não, vocês não precisam se preocupar, Emily está extremamente saudável. Ela só teve uma queda de pressão por ter ingerido uma quantidade grande de álcool, mas com a medicação que ela tomou ela melhorou e está pronta para ir pra casa.
- Muito obrigado, doutor.
- Que isso, é o meu trabalho! Vamos entrar pra eu poder dar alta para Emily e vocês a levarem para casa. – Os dois seguiram o médico em um completo silêncio, não se arrependia de despejado tudo o que já estava engasgado na sua garganta desde a primeira competição de debate da qual não apareceu, porém logo lembrou que ele era o pai de um dos seus alunos, que ela precisava muito do seu emprego e que se ele quisesse, podia muito bem usar sua influência para colocá-la no olho da rua.
Enquanto Chase explicava para Emily os malefícios de ingerir álcool antes da maior idade e em grande quantidade, Alec ficava ao lado de Emliy ainda segurando sua mão, olhando para ela uma vez ou outra. Emliy apenas assentia olhando para o médico completamente arrependida do que tinha feito enquanto seu pai continuava com a mesma expressão séria desde que entrou no quarto. Quando Chace terminou, se virou para o seu irmão e disse:
- Vamos, Alec! Já é de manhã e você sabe que eu preciso do meu sono de beleza pra funcionar direito.
- Mas nós não vamos esperar nem Emily receber alta? – arqueou as sobrancelhas para o irmão vendo-o corar. – Claro, nós temos que ir pra casa. Sono de beleza, sim! O pai de Emily está aqui para leva-la.
- Muito obrigada pela ajuda, Alec. – Emily sorriu largamente para Alec e pode jurar que ele corou ainda mais. – E você também senhorita , a senhorita é a melhor professora do mundo.
- Muito obrigada, Emily. – sorriu sincera antes de continuar: - Agora vamos Alec, eu preciso já dormir pra acordar. Eu tenho muito o que fazer.
olhou para o pai de Emily que apenas a ignorou e continuou olhando para filha, Alec balançou a cabeça passando o braço por cima dos ombros da sua irmã, mas não antes de olhar para e dizer:
- Parece que é verdade o que eles dizem, nem todo o dinheiro consegue comprar educação. – olhou para Alec com os olhos cerrados, porém Alec só sorriu para ele e disse: – De nada, senhor . E então ele saiu do quarto com um sorriso de orelha a orelha, o que não sabia se era porque ele tinha conseguido segurar a mão da garota que ele gosta ou se era porque tinha conseguido irritar o pai dela.
- Emily , hein?! – cutucou a costela do seu irmão fazendo com que ele se afastasse dela. – Eu nunca pensei que a garota que você gostava era Emily.
- Ela só tem o sorriso mais lindo que eu já vi. – Alex sorriu largamente e continuou: - E quando ela está em cima daquele palanque, falando sobre coisas das quais eu nunca imaginava que existiam usando palavras extremamente difíceis, fazendo o que ela mais gosta que é debater, não tinha como eu não me apaixonar.
- Então toda aquela vontade de ir aos debates não era pra acompanhar sua querida irmã?! – deu um tapa no ombro de Alec que a olhou com ódio nos olhos.
- Por que eu ia querer olhar mais pra sua cara? Eu te vejo todo dia e, acredite, é uma visão nada agradável.
- Seu pirralho! – Alec saiu correndo do hospital indo em direção ao carro de .
- O que você falou para ? – Alec perguntou assim que ligou o carro.
- Nada.
- Não pareceu nada pela a sua cara quando você voltou para o quarto. Eu juro que podia ver faíscas saindo dos seus olhos.
- Ele só me tira do sério, okay? Eu não gosto do jeito que ele trata Emily, a mãe dela, pelo menos, finge que se interessa e aparece em uma outra competição pra fazer foto com os troféus da filha e postar no Instagram. É triste? É! Mas pelo menos ela aparece, o que significa muito para Emily, mesmo não sendo as melhores das intenções, mas ele nem ao menos dá um sinal de vida. Pelo amor de Deus, Emily saiu escondida, e não era a primeira vez e já eram cinco da manhã? Quem em sua sã consciência trabalha até as cinco da manhã?!
- Emily disse que ele tinha um vídeo conferência com uns investidores da China, por isso não estava em casa.
- Sim, e as outras horas do dia? Ele não pode tirar um tempo do seu dia pra perguntar sua filha como anda sua vida?
- Sabia que ela se sente completamente sozinha na mansão que eles moram? É por isso que ela sempre passa a maior parte do seu tempo em tarefas extracurriculares porque ela prefere se distrair com milhões de coisas pra fazer do que lembrar que os pais dela não ligam pra ela.
- É péssimo, pode acreditar. – engoliu o seco. Ela sabia muito bem o que Emily sentia, embora seus pais não fossem podres de ricos, eles nunca foram presentes em sua vida. Seu pai foi embora um pouco depois que ela nasceu e sua mãe, quando Emily estava grande o suficiente aos seus olhos passou a cuidar da casa sozinha e logo depois do seu irmão pequeno também. Sua mãe, uma vedete aposentada, passava a maior parte do seu tempo em algum bar procurando uma nova presa ou subindo em cima de balcões para mostrar as suas habilidades na dança, inúmeras foram as vezes que teve que carregá-la para casa depois de uma das suas noitadas.
, na primeira oportunidade que teve, arrumou um emprego enquanto cursava sua faculdade, juntou suas coisas e foi dividir apartamento com outras garotas que conheceu na faculdade, mas não antes de prometer ao seu irmão que voltaria para busca-lo. Foram anos de lutar, mas ela conseguiu se formar e arrumou um emprego em um dos maiores escola particulares da sua cidade com um salário muito bom como professora tanto de Inglês como Português. E então voltou para buscar seu irmão, que estava vivendo sozinho, da mesma maneira que ela vivia e não via sua mãe há alguns meses. Ela o matriculou no colégio que ela trabalhava com uma bolsa integral onde ela não precisava pagar um centavo a não ser seus materiais escolares e uniformes, ela agradeceu aos deuses por Alec ser um aluno excelente e aplicado em tudo que fazia. estaria mentindo se dissesse que tudo foram flores, Alec estava com quinze anos e passando pela puberdade enquanto tinha acabado de completar os seus vinte e cinco anos tendo que sustentar um adolescente que comia por dois e fazia coisas estupidas que garotos faziam na sua idade.
Não foi fácil, precisou de muita paciência e sempre tentou ser o mais real possível com Alec sobre a sua situação financeira e sobre a importância de ele sempre estudar e via nos pequenos gestos, como sempre tirar notas boas e ajuda-la dentro de casa, que mesmo não parecendo, ele a escutava.
- Mas agora você não está sozinha.
- Claramente! Basta só olhar pra minha geladeira vazia. Falando nisso, nós temos que passar no supermercado.
- Ah não! – Alec grunhiu alto fazendo com que sorrisse de lado.
Logo depois que Emily recebeu alta, ela correu para o banheiro para trocar de roupa enquanto seu pai a esperava no quarto. Giles cruzou os braços, encarando que apenas ignorava o seu olhar, Giles era muito mais do que um guarda-costas, pra falar a verdade, ele era uma das poucas pessoas que Oilver considerava seu amigo então ele sabia exatamente o que ele iria dizer, porém esperava que ele não o fizesse. Não tinha coisa pior para ele do que uma lição de moral vinda do seu melhor amigo.
- Você quer que eu prepare o carro, senhor? – Giles disse, fazendo o que arqueasse as sobrancelhas.
- É só isso que você tem a dizer? Nenhum eu te disse que você deveria mais tempo com sua filha?
- Parece que a senhorita já te disse tudo. – Gilies sorriu de lado fazendo com que torcesse a boca.
- Você acredita que ela teve a audácia de me chamar de um péssimo pai? – começou. – Ela falou comigo como se eu não conhecesse a minha própria filha! Minha própria filha! Deus, eu não sei como Emily é tão afeiçoada a essa mulher. E nem me lembre daquele pirralho insolente!
- Deve ser porque ela é uma melhor figura maternal do que sua ex-esposa. – colocou as mãos nos bolsos da calça, andando de um lado para o outro enquanto Giles falava. – passou uma boa parte da vida criando o seu irmão, ela sustenta aquele pirralho, que de pirralho não tem nada, sozinha enquanto trabalha o dia inteiro.
- Eles não têm mãe ou pai?
- Até que tem, mas eles nunca criaram nenhum dos dois. se criou sozinha desde os dez anos depois que seu pai foi embora e sua mãe decidiu que não estava pronta pra ser mãe, quando teve idade suficiente ela começou a criar seu irmão.
- Como você sabe de tudo isso?
- me contou, é claro, ela visitou Emily algumas vezes quando você estava viajando.
- Ela esteve em minha casa?
- Claro que sim, . Se você nunca notou, Emily não tem muito amigos, na verdade, nós podemos conta-los nos dedos: Maggie, e Alec. Se bem que Alec está completamente apaixonado por sua filha então acho que eles não vão ser amigos por muito tempo.
- Eu nunca notei.
- Não sei como, dá pra ver que esse garoto está arriado os quatro pneus pela sua filha e se ela pedisse um pedaço da lua é capaz dele invadir a NASA, roubar um foguete e parar na lua.
- Não essa parte, a parte que Emily não tem muitos amigos. – olhou para Giles e perguntou: - Você acha que eu sou um péssimo pai, Giles?
- Não é para mim que você tem que perguntar. – Giles respondeu vendo-o voltar para o seu modo guarda-costas e logo depois viu Emily sair do banheiro em um moletom maior do que ela.
- Você foi a uma festa usando isso?
- Não, Alec me deu pra cobrir o meu vestido. – Ela respondeu andando em direção a porta e a abrindo. – Vamos? Eu quero ir logo para casa.
- Claro.
e Emily foram o caminho inteiro em silêncio, Giles olhava para uma vez ou outra pelo retrovisor fazendo com que ele sentisse o peso do mundo nas suas costas. Ele nunca acreditou quando sua ex-esposa disse que um dia seu trabalho ia afastar todas as pessoas que ele amava de perto dele, ele sempre achou que Reina estava exagerando, afinal de contas, quando eles se conheceram ela sabia que ele era viciado em trabalho e sempre deixou claro que não poderia se deixar desleixar, tinha muita gente dependendo dele então ele tinha que dá o seu melhor sempre pra sua empresa continuar prosperando. achava que ela entendia sua dedicação até que um dia ele chegou em casa apenas para ver Reina de mala feita, com os papeis de divórcio em mãos e Emily chorando pedindo para a mãe não ir embora. Ele não insistiu para que ela ficasse, Reina estava com um olhar determinado a ir embora e, pra falar verdade, se sentiu aliviado quando viu a sair da sua casa sem nem ao menos olhar para trás. O problema foi que Reina deu as costas a Emily também e para ele não tinha coisa pior do que ver sua filha sofrendo.
No começo, quando Emily ainda era um criança, ele tentou ao máximo estar presente em sua vida e por um tempo ele conseguiu, entretanto, a medida que Emily foi crescendo e se tornando uma adolescente ele achou que ela não precisava tanto assim dele e começou a se dedicar muito mais a sua empresa. achava que estava fazendo um ótimo trabalho fazendo com que Reina comparecesse as competições de Emily enquanto ele trabalhava para que ela tivesse tudo que ele nunca teve na sua adolescência, porém, sentado dentro do carro com sua filha do lado voltando de um hospital depois de ela passar mal de tanto beber mostrava que o relacionamento com sua filha ia de mal a pior.
Qual foi a última vez que você passou um tempo com sua filha? Qual foi a última que você perguntou como ela está se sentindo? Se está tudo bem? Como anda seus estudos? Que tipo de pessoa ela quer ser? De nada adianta ganhar todo o dinheiro do mundo e usá-lo para tampar sua ausência com presentes insignificantes, no final vai ser você que vai terminar com mais dinheiro que você pode contar e completamente sozinho.
As palavras da senhorita rodeavam sua cabeça e ele detestava o fato de que de ela estar certa. Quando sua filha falou pela primeira vez da sua professora incrível que a chamou para fazer parte do time de debate e ser sua monitora ficou extremamente feliz por sua filha está chamando atenção dos seus professores a ponto de ser convocada para uma posição tão importante como monitora de uma professora, mas no dia em que conheceu ele sabia que os dois não se dariam bem. Era uma das competições de debate e sentou ao lado dele por falta de lugar, estava ocupado no seu celular resolvendo algumas coisas do trabalho quando sem querer (querendo) deu um tapa em seu antebraço fazendo com que ele derrubasse o seu celular no chão. Ele se abaixou para pegar o mesmo, porém logo viu o pé de empurrar o celular para longe dele até algumas fileiras a sua frente, ele a olhou incrédulo enquanto ela apenas disse um ops! e voltou sua atenção para a competição. Desde esse dia, toda vez que Emily falava da senhorita ele entortava a boca e lembrava da professora atrevida que sua filha tanto gostava.
Giles parou o carro em frente à sua casa e logo Emily saiu sem nem ao menos esperar por ele, olhou para Giles que apenas deu de ombros. saiu do carro quase correndo atrás da sua filha apenas para encontrá-la subindo a escada rapidamente. Era agora ou nunca, ele sabia exatamente o que fazer.
- Emily. – Ele disse e logo sua filha parou, se virando para ele.
- Eu sei, eu estou de castigo por um mês ou pelo resto da vida por ter saído escondida. Sem celular, sem Netflix, sem Maggie, sem cinema, só escola casa, casa e escola. Esqueci de alguma coisa?
- Esqueceu. – cruzou os braços vendo sua filha respirar fundo. – Eu sinto muito.
- O que?
- Eu sinto muito por ter sido um péssimo pai todos esses anos, eu sempre achei trabalhando pra que você frequentasse a melhor escola, tivesse um motorista pra te levar para todos os lugares que você quisesse, pagando suas viagens e todas aquelas tarefas extracurriculares eu estava te ajudando a ter um futuro melhor, pelo menos muito melhor do que eu tive quando tinha a sua idade. Eu só não queria que você passasse pelas dificuldades que eu passei, entende? Eu sempre achei que te dando tudo de material seria o suficiente, porém, pensando melhor agora, essa foi a mesma razão porque o meu casamento com sua mãe não deu certo. Eu trabalho tanto pra suprir o que era de material que nem ao menos tive tempo de fazer perguntas simples como: ”Como você está?” ou “O que você quer ser quando crescer?” – passou as mãos pelo cabelo e continuou: - Por Deus, Emily, eu nunca te perguntei o que você queria fazer com o seu futuro. Além de ter sido um péssimo marido agora eu sou um péssimo pai. – Ele riu sem humor. – Me desculpe, minha filha, realmente, eu sinto muito.
- Você não é um péssimo pai. – Emily disse descendo as escadas e parando em frente ao seu pai. – Você é viciado em trabalho e acha que dinheiro vai acabar com todos os problemas do mundo. Dinheiro ajuda a resolver os problemas, é claro, mas não todos eles. – Emily segurou na mão de seu pai e continuou: - Eu aprecio tudo o que você faz por mim, especialmente tudo o que você me dá porque eu sei o quanto o senhor teve que sofrer pra chegar onde está até hoje, não se chega no topo sem passar por algumas dificuldades no meio do caminho não é mesmo? Eu não quero que o senhor pare de trabalhar, eu só quero que você seja meu pai uma vez ou outra, me pergunte como anda a vida, a escola, o que eu quero ser, o que eu gosto ou não gosto. Eu só quero que a gente tenha um relacionamento saudável, eu preciso de pelo menos um dos meus pais me deem a atenção que eu quero. Será que o senhor pode fazer isso?
- Eu juro que vou tentar.
- Tentar não, o senhor vai conseguir porque eu sei que você é capaz de coisas incríveis quando quer.
- Tudo bem, eu vou conseguir. – Emily sorriu largamente enquanto abraçava seu pai forte pela cintura. Fazia um tempo que não abraçava sua filha, não abraçava ninguém pra falar a verdade, era algo que ele nem ao menos sabia que sentia falta.
- Vamos começar a fazer uma lista. – Emily se afastou dele. – Sem trabalho depois das sete da noite, nem final de semana, nós vamos almoçar juntos pelo menos duas vezes na semana. Você precisa ir pra todos as minhas competições de debate e também para minhas olimpíadas e nós vamos tirar férias juntos para a Grécia.
- Mais alguma coisa, Vossa Majestade?
- Hoje o senhor vai passar o dia comigo e vai conhecer minha melhor amiga, a Maggie.
- Eu já conheço a Maggie.
- Hoje o senhor vai conhece-la melhor, vocês são muitos parecidos, pra falar a verdade.
- Eu por acaso tenho cabelo azul? – olhou assustado para sua filha, Emily gargalhou alto.
- Quando você a conhecer vai saber do que eu estou falando. Agora vamos, nós precisamos nos arrumar. – Emily começou a subir as escadas, porém parou no meio das escadas, se virando para o seu pai. – E nada de ternos. – Emily gargalhou alto enquanto grunhiu alto.
Parte II
29 de novembro de 2019
colocou os últimos livros na última prateleira admirando seu trabalho, a bibliotecária tinha acabado de entrar de licença maternidade então ela prometeu que a ajudaria a arrumar os novos livros comprados pela escola. Uma das razões que a fez cursas Letras foi sua paixão por livros e trabalhar em uma escola que permitia que os seus funcionários alugassem livros fazia com que ela alimentasse seu vicio sempre que possível. A última coleção que tinha chegado era de alguns escritores da literatura clássica estrangeira como Jane Austen, Charlotte Brontë, Harper Lee e também George R.R. Martin, John R.R. Tolkien e Stephen King.
- Os alunos vão amar que eles adicionaram alguns autores populares, especialmente esses que foram feitos séries e filmes. – disse descendo da escada, Ava, sua colega e grande amiga, olhou para ela fazendo uma careta.
- Não sei como você gosta de adolescentes, eles são um porre de chato. Eu lembro quando dava aula pro nível deles, não quero nunca mais.
- Do mesmo que você não consegue dar aula pra adolescente, eu não consigo dar aula pra crianças. Elas são assustadoras.
- Você sabe que você é maior do que elas, não sabe ? – Ava fez piada e olhou para os lados antes de lhe mandar o dedo do meio. Ava gargalhou alto.
- Senhorita . – Judith, a auxiliar de coordenação da sua coordenadora, apareceu atrás de Ava chamando a atenção das duas.
- Olá Judith.
- Sandra quer ver você na sala dela, .
- Você sabe sobre o que ela quer comigo?
- Só me siga, Senhorita . – entregou os livros para Ava que murmurou um “Boa sorte” e seguiu Judith até a coordenação. O passeio do qual Judith se referia era o acampamento dos alunos, que ocorria todo final de ano, era uma forma de ajudar os alunos a desopilarem todo os estresses do ano. nunca teve a oportunidade de participar de um, ela sempre ficava atarefada com os eventos de final de ano da escola já que ela era uma das responsáveis de planeja-los, sem falar da biblioteca que ficava uma bagunça depois das últimas provas do ano.
Judith abriu a porta da coordenação sorrindo para que a agradeceu, mas quando entrou na sala da sua coordenadora desejou que Judith não tivesse fechado a porta, sentado em frente a sua coordenadora, Sandra, estava nada mais nada menos do . engoliu o seco olhando para a única pessoa, pelo menos que ela sabia, que podia fazer com que ela fosse demitida. Desde o dia do qual falou todas aquelas coisas nada agradáveis para ela esperava encontra-lo do jeito que ele estava agora, sentando em frente a sua coordenadora. Nos dias seguintes ao ocorrido, esperou com um coração apertado o dia que iria aparecer, ela nem ao menos conseguia dormir direito bolando discursos que a pudesse tirar da situação. Entretanto, em nenhum deles se via ganhando, era praticamente uma lenda desse colégio, sendo um dos ex-alunos que servia como exemplo para todos por conta da sua carreira tão bem-sucedido no ramo da tecnologia quando ele era um dos poucos alunos que ganhou uma das olimpíadas mais importante sobre robótica.
E pra piorar tudo, ele era o aluno preferido de Sandra.
- Olá , como você está? – Sandra perguntou com um sorriso no rosto fazendo com que voltasse para a Terra.
- Estou bem e você?
- Estou bem também. Já conhece ? Ele é o pai de Emily, uma de suas alunas, sua monitora, certo?
- Nós já nos conhecemos. – sorriu sem os dentes. – Como vai, senhor ?
- Eu vou muito bem, senhorita , obrigado. – podia jurar que viu rir de lado antes de se virar para Sandra.
- Se sente, , nós temos que tratar de um assunto muito importante. – sentiu um calafrio correr pela espinha, porém deu um sorriso antes de sentar na cadeira ao lado de . Merda! É agora que eu perco meu emprego! – Como você sabe, , esse final de semana está ocorrendo o acampamento de final de ano dos alunos do 3° ano. Os professores Elisa e Matheus foram para com o intuito de acompanhar os alunos, porém, a mãe dos dois sofreu um grave acidente e está passando por uma cirurgia de emergência nesse momento. Você conhece tanto Elisa como Matheus, sabe como os dois são afeiçoados a mãe, por isso, eu queria te pedir, como uma das professoras favorita dos meninos, que você pudesse trocar de lugar com a Elisa. Você faria isso, ?
- Claro, sem a menor sombra de dúvida.
- Ótimo! Os alunos vão adorar te ver. – Sandra sorriu largamente. – E Emily, com certeza, vai adorar vê-lo, senhor .
- O que? – gritou um pouco mais alto do que gostaria. – Do que a senhora está falando? Como assim? O que?
- Bem, como Elisa e Matheus estão vindo e os estudantes precisam de dois supervisores, o senhor se ofereceu pra ocupar o lugar de Matheus. – olhou para que sorria de lado. queria gritar, espernear e sacudi-lo até que ele desistisse de ir, porém, ela era uma mulher adulta e nada disso seria aceitável. Talvez quando ela estivesse sozinha sim, mas na frente de não, ela não iria dar esse gostinho a ele.
- Quando iremos para o acampamento?
- Ótimo pergunta, senhorita . – começou se levantando. – Giles está lhe esperando lá fora para leva-la até sua casa para que possa arrumar sua mala enquanto eu pego o meu carro para nós irmos ao acampamento.
- O plano perfeito.
- Eu também acho. – sorriu para antes de virar para Sandra e dizer: - Foi um prazer revê-la, Sandra.
- Você também, . Você deveria nos visitar mais. - Deus me livre! , pensou se levantando. – E muito obrigada a vocês dois por fazer isso.
- De nada. – Os dois falaram ao mesmo tempo. foi em direção a porta, abrindo a mesma e se virou para dizendo:
- Você vem, senhorita ? – apenas deu um sorriso sem os dentes antes de passar por ele em direção ao corredor onde Giles onde estava parado com a sua melhor pode se guarda costas.
- Olá senhorita .
- Olá Giles, como vai?
- Eu vou bem e como vai a senhorita?
- Poderia estar melhor.
- Espero que não esteja dizendo isso só por minha causa, senhorita .
- Você não tem tanto impacto no que eu sinto, senhor . – se virou para com os braços cruzados.
- Si tu dis! (Se você diz!) - respondeu, colocando as mãos nos bolsos.
- O que você disse? – Ele riu de lado e se virou para Giles dizendo:
- Giles, leve senhorita para que ela possa arrumar sua mala, nós nos encontraremos depois. – Giles apenas assentiu, segurando o riso. começou a andar pelo corredor, não antes de virar para e dizer: - Eu mal posso esperar para a nossa viagem, senhorita . Eu não vejo a hora de poder ver minha filha.
- Algo me diz que ela não vai ficar muito feliz. – Gritei de volta.
- Não tão feliz quanto o seu irmão. – Ele deu uma piscadela para antes de sair correndo em direção. riu sem humor, se virando para Giles logo em seguida.
- Por aqui, senhorita .
foi no banco de trás como uma madame mesmo com todos os protestos contra Giles que trancou a porta do passageiro para que ela não fosse ao seu lado, algo sobre regras de como ser um motorista perfeito que a fez rolar os olhos. Ela bufou enquanto se jogava no banco do luxuoso perfeitamente feitos de couros que ela sabia que custavam muito mais do que um mês do seu salário. Ela não se incomodava em participar do acampamento, pra falar a verdade, ela sempre quis acompanhar os alunos em um, porém Sandra sempre dizia que ela era muito mais importante na escola ajudando a montar a grade curricular e os eventos do que sendo babá de um bando de adolescente. O que incomodava, muito mais do que ela gostava de admitir, era o fato de estar indo junto, não era nenhum segredo que não era fã do cara e mesmo que Emily tenha dito o quanto seu pai melhorou e está muito mais presente em sua vida nos últimos meses, ainda não gostava dele tanto assim. Talvez todos os anos sendo ignorando pelos seus pais fizeram com que ela fosse superprotetora com todos os alunos dos quais os pais não lhe davam a devida atenção, eles eram sim adolescentes a ponto de entrar em um universidade, mas todo mundo gosta de um “Filho, você está indo muito bem!” de vez enquanto, sabe o quanto seria importante para ela se alguém (lê-se: sua mãe) reconhecesse tudo o que ela fez para Alec.
desceu do carro sem esperar que Giles abrisse a porta para ela e foi em direção ao seu prédio com o guarda-costas logo atrás, os dois foram em um completo silêncio dentro do elevador e quando chegaram em seu andar, Giles fez questão de espera-la do lado de fora do apartamento. Ela correu para o seu quarto tirando suas roupas aproveitando para tomar um banho e colocar roupas mais confortáveis, como era sexta e final de tarde, os dois chegariam à chácara a noite a tempo para a fogueira.
Quando colocou tudo o que precisava dentro da mala, fazendo o check list de tudo, ela se tocou do que estava acontecendo: ela está prestes a passar o seu final de semana ao lado de sendo babá de um bando de adolescente com os hormônios a flor da pele. O sorriso de lado de foi a primeira coisa que veio a sua cabeça e foi mais forte do que ela, soltou um grunhiu misturado com o grito. Giles apareceu em seu quarto batendo a porta fazendo com que eu olhasse assustada, ele olhou para todos os lados procurando uma ameaça, mas quando seus olhos pairaram em mim ele logo percebeu que não existia nenhuma ameaça.
- ! Eu pensei que você estava em perigo.
- Mas eu estou em perigo! – disse fazendo com Giles a olhasse confuso. – Em grande perigo de esganar seu chefe. – A afeição de Giles mudou e logo ela o viu soltar uma gargalhada alta.
- Vamos, senhorita , já está esperando lá embaixo. – Giles pegou a mala em cima da cama e saiu do quarto, pegou sua bolsa e seguiu o guarda-costas.
- Eu não gosto do seu chefe, Giles. – Ela disse assim que eles entraram no elevador.
- E ele também não é seu fã. – Ele respondeu e se virou para ele se sentindo completamente ofendida.
- O que eu fiz pra ele não gostar de mim? Não sou que deixo minha filha sozinha o tempo todo!
- Não é justo, , você não pode julgar por ações das quais não condizem mais com ele. Ele está tentando, ele está mudando e movendo montanhas pra ficar mais perto de Emily.
- Não muda o fato que ele a negligenciou durante muito tempo.
- Do mesmo jeito que você negligenciou seu irmão e o deixou morando com sua mãe, ou melhor dizendo, sozinho até que arrumasse um emprego.
- Não é justo, Giles, você sabe disso. Eu não sou um milionário como seu chefe.
- nem sempre foi um milionário, , pra chegar onde ele chegou ele precisou trabalhar muito. – Giles segurou a porta do elevador e esperou passar. – O que vocês dois precisam fazer é sentar e conversar.
- Nem que a vaca tussa!
- Talvez se vocês dois superassem os seus preconceitos em relação um ao outro descobririam que são capazes de muito mais do que imaginam.
- Tipo o que? O que eu e poderiam ter em comum?
Giles apenas sorriu de lado e saiu do prédio fazendo com que balançasse a cabeça antes de sair também. estava encostado em sua Land Rover usando nada mais nada menos do que uma camisa preta e uma calça jeans, era a primeira vez que o via fora dos seus ternos e ela não conseguia decidir qual era melhor: de terno ou casual.
- Olá senhorita . – Ele disse, abrindo a porta para ela. – Está pronta? – apenas assentiu, entrando do lado do passageiro. Giles fechou a porta mala e logo começou a andar em direção do carro em que ele trouxe , ela abaixou o vidro e gritou:
- Giles, pra onde você está indo? Você não vai com a gente?
- Não. – entrou no banco do motorista fazendo com que se virasse para ele. – Somos só eu e você, senhorita .
estava incomodado com silêncio de durante uma parte da viagem, já fazia mais de duas horas que os dois estavam na estrada e ela estava com fones de ouvidos enquanto lia um livro. Ele sabia que deveria se concentrar na estrada a sua frente, porém, era mais forte do que ele e uma vez ou outra ele se pegava olhando para ela, especialmente quando ela fazia caretas à medida que lia. sabia que ela não gostava dele, pra falar a verdade, ele também não gostava dela tanto assim, mas ele tinha que admitir, desde o seu discurso no hospital em relação a sua filha ele conseguiu ver o quanto senhorita estava certa, ele estava sendo um péssimo pai.
Então durantes os últimos meses ele tentou ao máximo estar mais presentes na vida de Emily cortando até algumas horas do seu trabalho para passar mais tempo com a filha. Ele podia ver a relação com sua filha melhorando aos poucos, ele até tinha conhecido melhor sua melhor amiga, Maggie, que assustadoramente era bem parecida com ele.
- Eu posso sentir você encarando sabia? – escutou dizer fazendo com que ele olhasse para frente. – Você não deveria estar prestando atenção na estrada?
- Eu estou prestando atenção na estrada.
- Se você quer dizer alguma coisa, pode falar. – olhou para ela de relance vendo-a guardar o livro e tirar os fones. – Eu estou a todos ouvidos. Literalmente, eu não tenho pra onde fugir.
- Eu não tenho nada pra te falar.
- Mas eu tenho uma pergunta: por que você não disse para Sandra sobre o que aconteceu meses atrás? Sobre Emily parar no hospital? Sobre as coisas que eu te disse?
- Porque você estava certa. – não precisou virar o rosto pra saber que estava sorrindo. – Pode tirar esse sorriso do rosto, senhorita .
- E por que eu faria isso? acabou de admitir que eu estava coberta de razão. Como eu já sabia, claro, talvez eu precise registrar isso, será que você pode falar só mais uma vez para a câmera?
- Nunca! – disse se virando para que sorriu largamente para ele, ele queria continuar a encarando, mas ele precisava se concentrar na estrada, especialmente agora que estava anoitecendo. – Você só disse o que todo mundo já sabia, mas nunca teve a coragem de dizer. Eu sempre achei que estava fazendo a coisa certa dando tudo de material para Emily, eu achei que obrigando a mãe dela a ir pra suas competições faria com que suprisse um pouco da minha ausência, eu nunca percebi o quanto meu trabalho estava acabando com meu relacionamento com minha filha. Se bem que dá primeira vez eu também não percebi.
- Da primeira vez?
- Sim, quando eu estava casado com a mãe de Emily. Eu trabalhava muito e não dava a atenção suficiente para Reina até que o dia que eu cheguei em casa com ela de mala pronta e os papeis de divórcio em mãos. Você conheceu Reina, certo?
- A instamãe? Claro que sim, foi um prazer cada um de nossos encontros onde ela esquece meu nome.
- Sabe , eu posso não ver o seu rosto, mas eu posso sentir o sarcasmo em seu tom de voz. E o que diabos é instamãe?
- Bem, eu não acho que seria certo que eu falasse nada sobre Reina.
- Só estamos nós dois aqui, , eu não conto pra ninguém se você não contar. – viu mordeu o lábio antes de começar.
- Ela aparece nas competições, o que para Emily é extremamente importante, dá pra ver o sorriso da sua filha toda feliz quando vê um de vocês na plateia, ela sente uma energia incrível e quer fazer de tudo pra ganhar e deixá-los orgulhosos. É a mesma coisa que o Alex sente quando eu apareço em um dos seus jogos, eles simplesmente querem mostrar para as pessoas que amam o quão incrível eles são fazendo o que eles amam. Porém eu sempre achei que Reina fosse porque gostava de ver sua filha fazendo com coisa que ela ama que é debater, mas você acabou de dizer que a obriga a comparecer então tudo faz sentindo agora ela passar o tempo inteiro no telefone fazendo vídeos ou fotos. Instamãe é um termo que a gente usa pra algumas mães que vivem de aparecia nas redes sociais, como por exemplo, Reina postando o quanto ela está orgulhosa de Emily, porém ignora a filha pelo resto do ano. É triste, mas acontece.
- Talvez você devesse conversar com ela também.
- Deus me livre! Eu tenho certeza que ela consegue com que eu perca meu emprego.
- E você não sentiu isso quando falou aquelas coisas para mim?
- Bem, claro que sim, mas acho que você me surpreendeu nesse aspecto. Depois das primeiras semanas e você não apareceu na diretoria e Emily chegou me agradecendo e dizendo o quanto você estava disposto a mudar e consertar o relacionamento de vocês eu me senti um pouco aliviada.
- Você se importa com os seus alunos.
- Eu só não queria que ninguém passasse por isso, sabe? Eu sei o quão ruim é não ter um pouco de validação dos seus pais e é um sentimento que eu não desejo para ninguém por isso eu estou sempre estou tentando estar presente para Alec, mesmo depois de um dia cansativo eu tento porque ele só tem a mim.
- E seus pais? – olhou de relance para que apenas virou seu rosto para o lado.
- Olha, nós chegamos. – viu a placa da chácara e logo fez a volta em direção ao portão. O porteiro já sabia da chegada dos dois e os informou que todos os alunos estavam na fogueira e Amy, a outra professora amiga de , estava os esperando perto das cabanas dos professores. parou em frente a uma das cabanas avistando umas das outras professoras de Emily, pelo o sorriso que tinha no rosto, elas eram mais amigas do que ele imaginava. estava ponto de sair do carro quando segurou seu braço e disse:
- Você ainda vai me responder essas perguntas, senhorita . – viu sorrir e responder:
- Faça o seu melhor, senhor . – saiu do carro, pegando tanto suas malas quanto as de e andou em direção as duas.
- Senhor , essa é Amy, Amy esse é , pai de Emily.
- É um prazer conhece-lo.
- O prazer é meu. – Amy e se cumprimentaram. – Onde posso colocar nossas malas?
- Na verdade, eu tenho uma péssima notícia para vocês. – Amy olhou para e antes de continuar: - Cada um dos professores ficou responsáveis por uma das cabanas, porém Elisa e Matheus como coordenadores do acampamento ficaram em uma cabana separa juntos.
- O que? – falou um pouco mais alto o que fez com que segurasse o riso. – Você está dizendo que nós teremos que dividir uma cabana?
- São só por duas noites. Elisa e Matheus não se importaram porque eram irmãos e nós estamos lotados então não tem como colocar um aluno sozinho com um professor em uma cabana.
- Eu não me importo. – deu de ombros fazendo com que cerrasse os olhos para ele.
- Venham, eu vou mostrar onde vocês vão ficar. – junto com Amy foram na frente enquanto ia atrás carregando as malas. Amy abriu a porta da cabana deixando que os dois entrassem atrás dela, agradeceu mentalmente pelo cômodo ser grande e ter duas camas bem separadas umas das outras. – Essa é cabana mais espaçosa que temos, vocês dois são sortudos. Eu tomei a liberdade de chamar tanto Emily quando Alec, os dois não sabem que vocês vêm então imagina a surpresa.
- Alec vai odiar e eu vou adorar cada momento. – disse, se jogando na cama. – Acho que Emily não ficará tão feliz em vê-lo, senhor .
- Você ficaria surpresa, senhorita . – se sentou na outra cama de frente para .
- Nós temos a fogueira hoje e amanhã nós teremos a festa de encerramento, uma espécie de minibaile. Pela manhã, a maioria deles estarão em diferentes atividades divididas em pequenos grupos com pelo menos dois professores responsáveis.
- E nós dois? Nós vamos fazer o que?
- Bem, vocês ficaram responsáveis por arrumar toda a festa. Alguns dos alunos vão ajudar a montar a decoração, alguns vão ajudar na cozinha em vez de ir aos passeios.
- Eu posso ajudar na cozinha. – e Amy olharam para com os olhos arregalados fazendo com que ele risse baixinho. – Eu nem sempre tive um chefe para fazer minhas refeições, eu sei uma coisa ou duas sobre cozinha.
- Só você porque tanto eu quanto somos péssimas no quesito cozinhar.
- Será que nós não podemos ir para a fogueira agora? Eu não vejo a hora de acabar com a festinha de Alec. – disse, se levantando e indo em direção a saída. Amy foi logo atrás e balançou a cabeça seguindo as duas. era completamente diferente de qualquer pessoa que ele já tinha conhecido, e olha que ele já tinha conhecido bastante gente de vários lugares diferentes. não sabia exatamente o que era sobre que a fazia tão diferente dos demais, ele só sabia que essa mulher era o maior jogo de mistério que ele não via a hora de desvendar.
viu sua filha vir acompanhada do irmão de com o maior sorriso no rosto, talvez ter vindo para esse acampamento não tivesse sido a melhor ideia, e se Emily odiasse a ideia de ele ter vindo? E se ela ficasse chateada?
- Alec! – gritou chamando a atenção dos dois.
- Ah não! – Alec grunhiu alto fazendo com que Emily soltasse uma gargalhada. – O que você está fazendo aqui?
- Senti saudades, meu bebêzão. – apertou as bochechas do seu irmão antes de abraça-lo pelo pescoço. Emily desviou o olhar dando de cara com seu pai, todas as inseguranças de despareceram quando Emily se jogou em seus braços o abraçando forte pelo pescoço.
- Pai, o que você está fazendo aqui? – Ela se separou dele, olhando para . – E você senhorita ? Vocês vieram juntos?
- Nós estamos aqui pra substituir Elisa e Matheus, os dois tiveram um problema de família. – disse se separando de seu irmão. – Não se preocupe, Aleczinho, nós não vamos estar tão presentes nas atividades do acampamento.
- Graças a Deus! – Alec disse e deu um tapa em seu braço. – Vamos para a fogueira porque eu estou com fome e quero mostrar para os meus alunos que a professora favorita deles chegou. – puxou Alec e Amy em direção a fogueira enquanto sorria para ela com um dos braços ao redor dos ombros de sua filha.
- Agora eu sei o porquê de você ter vindo. – Emily se separou de seu pai, cruzando os braços. – Você quer ficar perto da senhorita .
- Mas é claro que não. – respondeu rápido fazendo com que sua filha sorrisse de lado. – Foi uma completa coincidência, eu fui visitar Sandra quando ela recebeu a ligação sobre a mãe dos seus professores, eu me ofereci para tomar o lugar de um deles. Em seguida ela chamou senhorita e pediu que ela também viesse. – Emily olhou para o seu pai com os olhos cerrados. – O que?
- Está tudo bem se você tiver uma quedinha pela senhorita , pai, ela é uma mulher incrível.
- Eu não tenho uma quedinha pela sua professora, Emily , eu não suporto essa mulher.
- Si tu dis! (Se você diz!)
- Eu não gostei do seu tom, senhorita. – Emily deu de ombros começando a andar em direção a fogueira. balançou a cabeça seguindo sua filha em seguida.
podia jurar que o cansaço e a falta de uma noite bem dormida estava acabando com o seu cérebro, essa era a única razão que ela conseguia explicar ela está sentada em uma das mesas perto da fogueira fazendo movimentos estratégicos para que ela pudesse olhar para do outro lado da fogueira. Ele estava sentando em uma mesa com Alec do lado e Emily do outro enquanto falava com os garotos do time de futebol, sabia que o cara era uma lenda entre os meninos, quando ele era o capitão do time de futebol na sua época de colégio ganhando todos os campeonatos que o time participava, sem falar que ele era um dos melhores alunos da escola ganhando também campeonatos sobre robótica. Emily tinha a quem puxar ser engajada em tantas atividades extracurriculares, ela era praticamente a imagem do seu pai.
- Eu sei o que você está fazendo . – Amy disse, fazendo com que virasse seu rosto para ela.
- Eu não estou fazendo nada.
- Me poupe, ! Você está encarando que eu sei.
- Claro que não.
- , pra cima de mim? Faz meia hora que eu estou falando a mesma coisa e você simplesmente só balança a cabeça.
- Tudo bem, eu estou encarando! Está feliz agora? Quer um prêmio?
- Não, você admitir que tem uma quedinha pelo pai da sua aluna já é bom o suficiente. – Amy apoiou seu queixo em sua mãe e disse: - E aí, o que você vai fazer?
- Fazer sobre o que?
- Sobre a sua quedinha pelo pai de Emily.
- Eu não vou fazer nada.
- Por que não?
- Porque ele é o pai de uma das minhas alunas, isso seria completamente antiético! E sem falar que você já viu a ex-mulher dele?! Aquela mulher poderia fazer um elfo em O Senhor dos Anéis de tão linda. Eu sei que eu sou um mulherão do caralho, o cara que conseguir conquistar meu coração vai ser um baita de um sortudo, esse cara só não vai ser . Ele não está interessando em mim, não depois das coisas que eu disse pra ele e definitivamente depois do jeito frio que eu o trato as vezes.
- , você deveria se dar um pouco mais de crédito! Você pode não parecer um ser fantasioso completamente fora desse mundo de tão lindo inventado pelo Tolkien, mas você é real. Você é uma guerreira, trabalha como ninguém pra sustentar seu irmão, apoia todos os seus jogos e paga todas as viagens, sustenta o buraco negro que ele tem dentro da barriga dele e ainda por cima é uma baita de uma professora que liga muito pra todo os seus alunos. Por que se contentar com um ser ilusório e fora desse mundo quando você pode ter uma mulher completamente autêntica e incrível nesse mundo nosso de cada dia?
- Nossa! Eu tô muito adolescente com uma quedinha pelo cara mais popular da escola. – riu sem humor. – Eu preciso parar de andar com tantos adolescentes, eu tô começando a agir como um deles.
- É normal, , nós sempre pensamos que não somos bons o suficiente. Você acha que eu não penso nisso toda vez que eu lembro do cara que eu beijei no Ano Novo? Por Deus, ! Ele era o cara mais gato que eu já vi e nem em um milhão de anos eu beijaria alguém tão bonito se estivesse sóbria! Como, em nome de todos os deuses gregos, eu poderia tentar achar esse cara que provavelmente namora só as mulheres mais lindas? Eu não tenho um pingo de chance!
- Então você não vai mais atrás do bonitão que beijou no Ano Novo?
- Já faz meses, , Ava disse que não lembra de ninguém com a descrição do cara e ela me mostrou uma foto do dono da festa e ele não tinha nada a ver com o cara que eu beijei. Talvez esteja na hora de eu desistir de vez, eu nunca vou achar esse cara. Talvez ele seja só uma boa memória de uma noite maravilhosa.
- Como é que a gente se encontrou nessa encruzilhada hein Amy? Aguentar adolescentes e fazer planejamentos parecem fichinha ao lado de problemas com homens.
- Falando em problemas, já passa da meia-noite, os meninos precisam dormir. – Amy se levantou pegando o megafone e dizendo: - Todos os alunos para suas respectivas cabanas. – escutou um grunhindo alto vindo de todos os alunos fazendo com que ela sorrisse. – Agora! – Os alunos começaram a andar em direção a cabana e Amy e foram atrás, foi em direção a Alec que olhava para Emily com um sorriso no rosto enquanto ela conversava com seu pai. Ele virou seu rosto para sua irmã que deu uma piscadela para ele, chegou no final da conversa e apertou as bochechas vermelhas do seu irmão.
- Vamos filha, eu te levo para a sua cabana. – disse, porém viu a cara de decepcionado de seu irmão.
- Na verdade, Amy quer falar com a gente sobre a decoração de amanhã. Vocês podem ir na frente. – Alec soltou um boa noite e saiu arrastando Emily pela mão em direção as cabanas enquanto ela soltava beijos na direção de e .
- O que você quer falar com a gente sobre a decoração de amanhã, Amy? – perguntou fazendo com que olhasse para qualquer lugar, menos para ele.
- Eu não preciso falar nada com vocês, Elisa deixou a decoração toda planejada e os garotos já sabem o que tem que fazer. – Amy respondeu, olhasse para ele confuso.
- Mas disse... Eu não acredito que você me impediu de acompanhar minha filha pra aquele pirralho poder ir com ela!
- Aquele pirralho é meu irmão, para a sua informação!
- Pior ainda!
- O que você quer dizer com isso? – colocou as mãos na cintura, o encarando com os olhos cerrados.
- Eu vou atrás da minha filha! Ela não vai ficar sozinha com aquele garoto.
- , espera só um segundo! – correu atrás de , ficando em sua frente, tentado de alguma maneira pará-lo. – Você não veio para esse acampamento para impedir Emily de socializar com os outros alunos, aqui você não é o pai dela e sim um dos monitores! – continuou andando para trás, bloqueando a passagem de , o que para ela foi um desafio já que ele era bem mais alto do que ela e ela não estava usando salto. Tão concentrada em impedir , não viu o buraco no meio do seu caminho pisando de mal jeito e caindo no chão logo em seguida.
- Santa merda! – disse, tentando tocar em seu pé, porém logo se arrependeu quando sentiu uma dor agoniante.
- Você está bem, ? – Ele se abaixou, pegando o pé de em suas mãos fazendo com que ela suspirasse alto. – Acho que você só deu um pequeno jeito, nada demais.
- Tem certeza? Dói quando você mexe. – mexeu o seu pé fazendo com que ela empurrasse sua mão.
- Não está quebrado e você apenas torceu o pé de leve.
- , você está bem? – Amy disse, se abaixando ao lado de . – É grave?
- Não, ela só precisa manter o pé elevado e também fazer compressas de gelo. Você sabe onde podemos arrumar bolsas de gelo?
- Na cabana de vocês tem praticamente tudo de medicamentos para casos de acidentes, as compressas devem estar lá também.
- Amy, me ajuda a levantar.
- , você não pode andar! Vai acabar piorando a situação e você não vai poder fazer nada amanhã com a decoração.
- E como você espera que eu vá para a cabana? – Amy riu de lado para sua amiga e se virou para dizendo:
- , você pode carrega-la?
- Não! Claro! – e falaram ao mesmo. – Será um prazer.
E antes que pudesse protestar, colocou um braço ao redor da sua cintura e outro embaixo de seus joelhos, a levantando logo em seguida. A primeira coisa que ela sentiu foi o seu perfume, um teor meio cítrico com uma pitada de natureza, as partes do seu corpo pressionadas contra estavam quentes, o que para ela foi um conforto, especialmente com o frio que vinha com a noite. nem ao menos ousou de mexer mantendo seus olhos em seu colo, ela não queria encarar , especialmente quando ela estava tão perto de seu rosto, era capaz dela se perder em seus olhos e perder um pouco de sanidade que ainda que restava.
- Você não acha, ? – Ela levantou seu rosto quando escutou a voz de Amy, agradeceu mentalmente por está concentrado onde pisava e nem ao menos olhar para ela.
- O que?
- Que nós deveríamos deixar o seu irmão ficar com você amanhã, seu pé provavelmente vai estar melhor, mas não tanto assim.
- Alec iria me odiar se eu ao menos cogitasse isso, ele veio pra esse acampamento pra se livrar de mim e tcharan eu apareci pra acabar com a festa dele. Deixa ele participar de tudo, especialmente o mais longe possível de mim, ele merece esse tempo longe de mim.
- Eu não gosto quando você fala assim dele, ele te ama . – Amy disse, me reprovando com o olhar.
- Eu sei disso, e eu também o amo demais, mas não quer dizer que eu não queira um pouco de distância também.
- O que você ia fazer nesse fim de semana sem ele?
- Andar pelada pela casa, beber muito vinho e dormir muito. – só se tocou da situação que estava, nos braços de , quando a resposta já tinha saído da sua boca. olhou para ela com as sobrancelhas arqueadas e sorriso de lado no rosto. – Você não ouviu isso!
- Ouviu o que? – Ele perguntou, se fazendo de desentendido.
- Exatamente! – olhou para Amy que segurava o riso e deixou os dois sozinho enquanto ia abrir a porta da cabana. sentiu suas bochechas queimarem, porém continuou alegando demência como se nada tivesse acontecido. Tem situações que é melhor se fingir de louco, como o fato de está colocando-a em sua cama e ela já sentir vontade de voltar para os seus braços novamente. É carência, ! É só carência! Para de pensar coisas boas sobre ! Para! Stop in the name of love before you break my heart! , pensou se deitando na cama encostando suas costas na cabeceira da cama. tirou o tênis e a meia de , examinando o seu pé.
- Ainda está doendo? – Ele perguntou, olhando para ela.
- Não tanto quanto antes.
- Seguinte: Amy pode te ajudar a trocar de roupa e depois nós vamos colocar uma compressa ao redor do seu pé e mantê-lo elevado pra que amanhã ele esteja bem melhor.
- Você já percebeu que dá ordens mesmo sem dá ordens?! – riu de lado fazendo com que sorrisse também. Por que você está sorrindo, ? PELO AMOR DE DEUS!!!
- Muito tempo dentro de um escritório faz isso com uma pessoa. – Ele disse e se virou para Amy. – Amy, você pode ajudar enquanto eu tomo um banho?
- Claro. – Amy foi em direção a minha mala enquanto ia em direção a sua. deveria está ajudando Amy indicando onde está todas as suas coisas, porém encarar as costas de pareciam bem mais interessante. Quando Amy jogou seu pijama em seu rosto, virou para ela lhe dando língua enquanto ela via entrar no banheiro e fechar a porta.
- Eu vi, !
- Eu não sei do que você está falando. – tirou sua blusa e jogou na sua amiga colocando seu blusão logo em seguida. Ela trocou de roupa, colocando o resto do seu pijama precisando da ajuda de Amy para tirar suas calças e seus tênis. Quando Amy estava colocando suas roupas dentro da mala, saiu do banheiro igual a um garoto dos livros que costumava ler quando era adolescente, com os cabelos molhados, uma calça de pijama igual as suas e uma camisa branca. Ele andou em direção a sua mala, guardando suas coisas, e logo em seguida pegou os travesseiros em sua cama colocando-os em baixo do pé de .
- Onde vocês guardam os remédios? – perguntou, se levantando.
- Estão nas prateleiras ao lado do frigobar, as compressas estão dentro do freezer e já como os dois já estão acomodados, eu vou indo. Amanhã eu preciso acordar junto com o sol para poder levar os meninos para a cachoeira. – Amy falou enquanto andava em direção a porta. – Boa noite para vocês.
- Boa noite. – e falaram ao mesmo tempo. andou em direção ao armário tirando uma pomada e uma gaze depois foi em direção ao frigobar pegando uma compressa de gelo.
- Primeiro eu vou passar uma pomada para lesões no seu pé, ela arde um pouco o que quer dizer que está agindo na sua lesão, pra isso eu vou precisar da gaze também. – Ele se sentou na ponta da cama ao lado do seu pé enquanto explicava o que ia fazer. – Depois eu vou colocar a compressa para que ela tente diminuir o inchaço, amanhã, provavelmente, seu pé vai estar muito melhor, mas você vai precisar ir com calma, sem movimentos bruscos e andar muito.
- Então como eu vou ajudar na decoração?
- Você vai ficar sentada enquanto eu vou supervisionar tudo. – sentiu a pomada gelada em seu pé e logo as mãos de massagear toda a região desde o seu calcanhar até os seus dedos. encostou a cabeça na cabeceira e apenas sentiu as mãos de fazer maravilhas em seu pé fazendo com que ela esquecesse de tudo por um segundo.
- Pronto. – disse fazendo com que abrisse os olhos, ela olhou para o seu pé enrolado em uma gaze e com uma compressa do lado. já tinha desligado a luz, deixando só a luz da lua iluminar o quarto, e estava em sua cama enrolado debaixo das cobertas. – Boa noite, .
- Boa noite, .
acordou com o som de música vindo de fora do seu quarto, ela grunhiu alto e pronta para gritar com Alec para que ele abaixasse essa música infernal, porém, ela logo lembrou que não estava em casa e sim passando o final de semana no acampamento dos seus alunos, dividindo uma cabana com . abriu os olhos se sentando na cama e olhando ao seu redor, , não estava por perto, mas ele sabia que ele não tinha saído há muito tempo, a compressa ao lado de seu pé ainda estava gelada. Ela tentou mexer o seu pé e deu graças a Deus quando não sentiu tanta dor quanto ontem, foi mancando em direção a sua mala para não colocar muito peso em cima do seu pé e logo depois foi em direção ao banheiro. A agua quente tirou toda a tensão que ela sentia desde que aceitou o convite de Sandra para vir para esse acampamento, era absolutamente irônico como o final de semana que ela tinha planejado tinha ido para o ralo antes que ela pudesse dizer Bazinga! e agora, ela se encontrava dividindo um quarto com , o pai da sua aluna que tinha feito massagem em seu pé machucado na noite anterior e a tinha carregado até sua cama. queria rir, mas se ela risse, provavelmente não conseguiria parar então achou melhor deixar tudo o que sentia de lado e continuar colocando sua roupa como se nada tivesse acontecendo.
pegou seu celular ao lado da cama depois que terminou de colocar suas rasteiras e arregalou os olhos quando viu as horas. Passava das três da tarde e ninguém teve a decência de acorda-la, quem tinha tido a maldita ideia de deixa-la dormindo quando ela tinha muito trabalho para fazer? Ela obteve sua resposta quando a porta da cabana abriu revelando no seu melhor look casual com um boné com o símbolo da escola.
- Por que você não me acordou? – soltou a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
- Boa tarde pra você também, senhorita . – disse, se apoiando no balcão atrás dele e cruzando os braços. Não olha pros braços dele, ! Não olha! Não. Olha. , mesmo com todos os protestos, desviou os olhos para os braços de e imaginou como seria estar neles novamente. Por Deus, ! – Eu tentei te acordar, mas a única resposta que eu consegui foi “Sai daqui, seu bundão, é final de semana!” então eu decidi que iria te deixar dormir até a hora que você acordasse sozinha. Se eu me lembro bem, dormir muito estava nos seus planos, não estava?
- Você disse muito bem estavam, não estão mais. – se levantou se apoiando no pé que não estava machucado, o movimento não passou despercebido por que a olhou de baixo pra cima.
- Seu pé está melhor?
- Sim, bem melhor, muito obrigada por isso.
- Os meninos que ficaram para ajudar já arrumaram a maior parte do celeiro onde vai a festa de encerramento, você quer ajudar?
- Não sei o que eu posso fazer com o pé desse jeito, mas eu adoraria ver o que os meninos fizeram. – assentiu e andou em direção a , virando de costas para ela.
- Vamos, eu te levo. – Ele disse, se abaixando.
- Você só pode ter perdido a razão, eu não vou nas suas costas!
- Você prefere que eu te carregue nos braços? – Ele virou seu rosto para ela. engoliu o seco, passando os braços ao redor do pescoço de e dando um impulso para cima. segurou suas pernas enquanto se ajeitava em suas costas e fingia que está tão próxima a não estivesse fazendo as borboletas dentro da sua barriga darem uma festa. – Acho que você vai adorar a decoração, os alunos falaram que você é uma das principais organizadora dos eventos da escola. Emily já comentou que você é tanto professora de Inglês com de Português, sem falar que você é a coordenadora do time de debate e também organizadora da biblioteca. – Ele virou seu rosto de lado ao mesmo tempo que olhou para ele fazendo com que quase seus narizes se tocassem. – Me diga, , tem alguma coisa que você não consegue fazer?
- Aparentemente ter autocontrole. – falou, mas logo desejou que não se sentisse tão à vontade ao lado de , um dia desses ela falaria algo que colocaria em uma tremenda encrenca. Ela esperava qualquer reação dele, porém a surpreendeu quando jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada alta, ela tentou ao máximo, mas não conseguiu se segurou e se pegou sorrindo enquanto olhava para ele.
- Perder o controle não é uma coisa ruim, .
- Fale isso para quem está do outro lado da conversa, você mesmo já esteve lá, aposto que não foi uma experiencia agradável.
- Não, não foi, entretanto, extremamente necessária. Por conta da sua “falta de controle” eu finalmente pude enxergar o quanto eu estava negligenciando a relação com minha filha, eu estava perdendo Emily sem nem ao menos me dar conta. Por isso, eu só tenho que te agradecer.
- Isso definitivamente é uma reação inesperada, Alec, normalmente, só me chama de chata e bate à porta com raiva. – riu sem humor. – Obrigada por isso e também por não contar para Sandra o que eu fiz. Eu estava com muito medo de perder meu emprego.
- Eu nunca faria nada para te prejudicar, , especialmente quando você só me ajudou. – virou o rosto para ela e na mesma hora sentiu uma vontade enorme de colar seus lábios nos dele só pra saber que sabor eles tinham. Ela apostava que era uma mistura de bombom de menta e “eu vou te arruinar para todos os outros homens com meus beijos” porque era simplesmente o tipo de homem que era, o tipo de homem que você nunca esquece não importa quanto tempo passe.
- Senhorita ! – escutou um grito de uma das suas alunas fazendo com que ela virasse para frente, ela avistou o celeiro e seus olhos quase brilharam. O celeiro estava perfeitamente decorado, do lado de fora do lado da larga porta tinha duas cortinas brancas enquanto o caminho que ela e estavam, estava decorado com pequenas lamparinas; do lado de dentro, viu os pisca-piscas redondos junto com algumas lanternas chinesas de papel suspendidos do teto igual a bandeiras de festa junina, no meio tinha uma pista de dança com as mesas ao seu redor enquanto no final do celeiro tinha um pequeno palco onde uma banda formada por alguns dos alunos iriam se apresentar. O lugar estava um completo sonho tirado do Pinterest que tinha especialmente selecionado. – E aí, gostou?
- Judith, vocês fizeram um trabalho incrível! Ai meu Deus! Está melhor do que eu podia imaginar.
- Obrigada, professora! Ainda faltam os arranjos de mesas e alguns outros detalhes.
- Mesmo assim, está incrível!
- Bem, nós só damos vida ao seu plano e o senhor nos ajudou a executa-lo perfeitamente bem. Emily nunca disse que o pai dela era um ótimo designer de interiores. – Judith franziu o cenho e continuou: - Professora, por que você está nas costas do pai de Emily?
- Eu torci o pé ontem. , me coloca no chão e vai ajudar os meninos.
- Depois eu que sou o mandão. – balançou a cabeça e andou em direção a uma das cadeiras, desceu das suas costas e se sentou. pegou outra cadeira e com o maior cuidado, colocou o pé machucado de em cima da mesma. – Eu vou ajudar os meninos enquanto você pode ver o que está faltando da decoração. – Ele estendeu uma prancheta e caneta para ela, ela o viu sorrir de lado enquanto arrumava seu boné e foi em direção aos seus alunos. Você está com um grande problema, !
acompanhou todo o processo de finalização da decoração, se bem que nem prestando atenção na decoração ela estava, não quando andava de um lado para outro carregando coisas, ajeitando detalhes e ainda arrumava tempo para sorrir para ela. Fazia um tempo que não pensava em se relacionar com alguém, seu último namoro deixou um gosto ruim na boca, seu relacionamento durou mais ou menos uns dois anos e terminou porque a atração não existia mais, eles pareciam muito mais amigos do que namorados. queria um relacionamento parecido com o que ela lia nos livros, não exatamente um cara parecido com o personagem principal – alto, musculoso na medida certa, misterioso e sorriso de deixar as pernas fracas –, se bem que se ela encontrasse alguém assim não iria reclamar nem um pouco. Ah não, queria a emoção que ela sentia quando lia, ela queria sentir o frio na barriga, os formigamentos nos dedos e o sorriso frouxo que brotava com as palavras de amor. Ela só queria viver um amor que a fizesse sentir, era pedir muito?!
acordou do transe quando viu os piscas-piscas iluminarem todo o celeiro trazendo ainda mais a magia do baile que ali iria acontecer, ela escutou o barulho dos jipes indicando que os outros alunos já tinham chegado. Amy foi a primeira que apareceu, um pouco bronzeada por conta do tempo que deve ter passado debaixo do sol e com uma aparecia surpresa, os outros alunos vieram atrás dela e logo ela pode ver Alec com o braço ao redor dos ombros de Emily, viu seu irmão dar um beijo na cabeça dela enquanto ela sorria largamente para ele. Parece que Alec, finalmente, tinha confessado os seus sentimentos para Emily.
- Seu irmão tem sorte que eu estou carregando essas caixas. – virou para o lado dando de cara com colocando um vaso ao lado da coluna perto dela. – Como é que minha filha se interessou por ele?
- Ei! – deu um soco em seu braço. – Para sua informação, senhor , Alec é um garoto incrível que foi criado da melhor maneira possível. – se levantou, virando-se para ele e colocando as mãos na cintura. – Ele é um garoto dedicado em tudo que faz, tira boas notas, ajuda dentro de casa, especialmente cozinhando já que eu sou capaz de queimar até água. Sem falar, que ele gosta de Emily já faz um bom tempo, mas queria esperar pelo momento perfeito para contar para ela sobre os seus sentimentos porque ele não queria perder a amizade que os dois tinham. Pode acreditar que ele vai trata-la como uma rainha, e se ele fizer alguma coisa pra machucar Emliy, pode ter certeza que eu vou ser a primeira a dar uns petelecos nele. – Quando ela terminou viu sorrir de lado enquanto ela, provavelmente, estava com a maior cara de indignada enquanto defendia seu irmão. – Você fez de proposito! – deu outro tapa no braço de que apenas gargalhou alto.
- Eu não sei do que você está falando!
- Eu deveria...
- . – Ela se virou para trás dando de cara com seu irmão e Emily. – O que aconteceu com você? – Alec perguntou, apontando para o seu pé.
- Eu torci meu pé ontem.
- Por que você não me disse nada?
- Bem, acho que você tinha outras preocupações. – olhou entre seu irmão e Emily e viu os dois corarem. – E eu não precisei de tanta ajuda assim, eu passei uma boa parte do dia dormindo e a outra sentando vendo todo mundo trabalhar.
- E agora todos nós vamos nos arrumar para o baile de encerramento. – Amy disse, parando ao lado de . – Você precisa de ajuda? – Antes mesmo que pudesse responder, estava ao seu lado passando o seu braço ao redor da sua cintura. Alec arqueou as sobrancelhas quando viu sua irmã passando o braço ao redor dos ombros de . O que diabos tinha acontecido enquanto eles estavam na cachoeira?
- Senhor , acho que eu posso levar minha irmã. – Alec disse se aproximando de fazendo com que se afastasse, olhou para o seu irmão surpresa enquanto ele a pegava nos braços. – Te vejo mais tarde, Emily.
- Nós vamos para a minha cabana, Alec. – Amy apareceu ao lado dos dois enquanto eles iam em direção a cabana.
- O que está rolando entre você e o pai de Emily, ?
- Nada.
- Você respondeu muito rápido, irmãzinha. – Alec disse, sorrindo de lado. – Eu pensei que você não gostasse dele.
- Eu pensei que você ia esperar para contar para Emily como você se sente.
- Eu ia, porém ela simplesmente estava muito linda enquanto nós fazíamos trilha. Eu tirei várias fotos, eu vou te mostrar tudo depois. – Alec olhou para sua irmã e continuou: - Aí você me explica o porquê de está olhando para você da mesma maneira que eu olho para Emily.
- O que?
- Te disse que ela não percebeu! – Amy disse, abrindo a porta da sua cabana para que eles entrassem.
- Do que vocês dois estão falando?
- Se você ainda não percebeu, não sou eu que vou te contar, irmãzinha. – Alec deu ombros e saiu da cabana sem nem ao menos olhar para trás.
- Alec, seu pirralho! Volta aqui! – se virou para Amy. – O que foi que eu não percebi?
- Eu trouxe algumas coisas da sua cabana.
- Por que?
- Porque hoje eu vou fazer o que eu sempre quis fazer com você: usar meus dotes de maquiagem.
- Ah não!
- Não tem pra reclamação, , você vai fazer o que eu disser.
- E por que eu faria isso?
- Porque você me deve uma e você sabe disso. – grunhiu alto enquanto se levantava.
- Eu nunca deveria ter pedido ajuda pra você com aquelas provas, eu sabia que iria me assombrar em algum momento da minha vida.
- Vamos logo, , eu não tenho a noite toda.
tomou um banho longo apenas para irritar um pouco Amy, enquanto sua amiga batia na porta gritando para que ela fosse mais rápida, ela apenas a ignorava cantando a última música da Taylor Swift. Quando ela saiu do banheiro, sua amiga a olhou com fogo nos olhos, apenas deu de ombros e continuou a ser vestir. Amy empurrou na cadeira, colocando seu pé em cima da cama, sabia que fazia uns anos que Amy queria usa-la como cobaia para os seus truques e maquiagem que ela aprendeu com sua mãe. Amy, tanto quanto , não tinha tanto tempo para sair pois a única coisa que ela queria fazer depois de uma semana exaustiva de aulas era descansar ou visitar sua família, raras eram as vezes ela saia pra uma balada ou sair com os seus amigos, especialmente quando a maioria dela eram professoras iguais a ela.
Em uma dessas raras saídas, na festa de um dos amigos ricos de Ava, ela conheceu um dos caras mais gatos que ela já viu e ainda conseguiu ficar com ele, o que ela não conseguiu, entretanto, foi pegar o seu número e muito menos seu nome.
- Amy, se você tivesse a oportunidade de encontrar com aquele cara do telhado de novo, o que você faria?
- Sinceramente? Eu não sei. – Amy parou de fazer a maquiagem de e olhou para ela. – Mas sabe o que eu faria se eu pudesse reviver aquela noite? Eu o beijaria por mais tempo, pegaria seu telefone e perguntaria seu nome.
- E depois?
- E depois eu deixaria que as coisas fluíssem, o futuro é algo incerto, , mas o que a gente pode fazer é sempre arriscar. – Amy segurou os ombros e continuou: - Você, , precisa se arriscar um pouco mais e eu não tô falando de sair com um carinha e nunca mais olhar na cara dele porque você não tem tempo.
- Mas eu não tenho tempo! E tenho uma casa pra cuidar, um emprego que exige bastante de mim e um adolescente para criar.
- Você tem que parar de usar o seu emprego e Alec como desculpa para as coisas que você não quer fazer, . Você já criou aquele pirralho gigante e ano que vem ele vai para a faculdade e seu emprego você consegue fazer de olhos fechados.
- Se eu fechasse os olhos, meus alunos fariam uma evolução dentro de sala de aula.
- Você precisa fazer mais coisas por você, . Se levar pro cinema, fazer compras, se levar pra jantar e não ficar dentro de casa tomando vinho e lendo livros. Tenta achar um equilíbrio, eu tenho certeza que você consegue.
- Obrigada, Amy. – abraçou sua amiga e logo depois se levantou. – Eu acho melhor eu ir, já está tarde e alguém tem que supervisionar os alunos.
- Pode ir na frente, eu só vou terminar de me arrumar. – começou a andar em direção a porta quando Amy disse:
- E mais uma coisa: não tem nada de errado em fazer as coisas fora do planejado, a vida acontece enquanto você está ocupada demais fazendo planos. Os adventícios da vida é a que tornam interessante.
Mesmo que o seu pé estivesse melhor, foi mancando lentamente até o celeiro de onde a música alta vinha, as palavras de Amy rodavam sua cabeça como um carrossel com aquela música extremamente irritante e iluminado do qual ela gostaria muito ignorar, mas o barulho era simplesmente alto demais e as luzes muito forte para que ela conseguisse. A primeira vez que aconteceu tinha apenas 10 anos, sua mãe passou o dia inteiro fora de casa e a única refeição que ela fez foi o café da manhã, ela sabia que os lanches que ela levava pra escola estava na última prateleira na dispensa e como a fome falava mais alto, decidiu que iria escalar a prateleiras. Pra dizer que foi um desastre foi um começo, conseguiu derrubar tudo da última prateleira, inclusive uma ponte de vidro do qual um pedaço entrou em seu pé. Ela chorou e gritou enquanto chamava por ajuda, porém, ninguém veio. Desde desse dia, ela percebeu que não podia contar com ninguém pra conseguir o que quisesse na vida, ela teria que fazer tudo sozinha. Então enxugou as lagrimas e foi em direção ao banheiro para que conseguisse fazer um curativo.
Quando Alec nasceu, ela pensou que as coisas seriam diferentes, porém, na primeira oportunidade que sua mãe teve, ela deixou seus irmãos aos seus cuidados e saiu para aproveitar a sua vida. fez uma promessa que seu irmão não passaria pelas coisas que ela passou e na primeira oportunidade que ela tivesse, ela o iria tirar da casa da sua mãe. Ela trabalhou durante anos para tira-lo dos cuidados da sua mãe e quando conseguiu, ela achou Alec na mesma situação que ela estava: sozinho e cheio de lágrimas nos olhos. viveu sua vida para criar seu irmão e ano que vem ele iria para faculdade com notas maravilhosas e uma bolsa de esportes para que ele conseguisse viver a carreira que ele tanto sonhava. Ela tinha conseguido, Alec teve uma vida melhor do que a dela e isso tudo graças aos seus esforços.
- , por que você está chorando? – levantou o olhar vendo parado em frente ao celeiro. Ele começou a andar em sua direção e ela sentiu seu coração começar a bater mais rápido, parecia ter saído de um dos romances que costumava ler, com seu cabelo perfeitamente bagunçado, sua camisa dobrada até os cotovelos com os primeiros botões abertos, podia jurar que estava em uma cena de livro.
- Eu estou chorando? – colocou o a mão no rosto e viu que suas bochechas estavam molhadas. – Ai meu Deus, será que borrou minha maquiagem? Amy vai me matar! – passou as mãos debaixo dos olhos enquanto se aproximava dela. Mesmo fazendo as piores caretas enquanto arrumava sua maquiagem, não conseguia tirar o sorriso do rosto enquanto olhava para , ele não sabia como essa mulher da qual ele teve uma péssima primeira e segunda impressão, que tinha lhe dado uma lição em como criar sua filha, era a mesma que estava fazendo seu coração bater mais rápido. conheceu algumas mulheres que lhe fizeram o coração bater mais rápido; outras faziam o corpo todo arrepiar, outras a sentir formigamentos nos dedos, mas nenhuma delas fez com que ele sentisse tudo isso ao mesmo tempo com apenas um sorriso. , a professora meio ranzinza da sua filha, fazia com que ele um cara apaixonado do qual ele só tinha visto em livros e filmes e ele não estava reclamando nenhum pouco disso.
- Você não borrou sua maquiagem. – segurou as mãos de fazendo com que ela olhasse para ele. – Você está linda. – olhou para ele com os olhos arregalados e a boca semiaberta. – Como está seu pé?
- Está bem melhor, obrigada. – respondeu olhando para baixo vendo seus dedos entrelaçados com os de . – , o que você está fazendo?
- Professora! – escutou a voz de uma das suas alunas gritar fazendo com que ela se afastasse de . – Está acontecendo um desastre! – viu Emily, Maggie e Casey se aproximarem dela. – Ninguém quer dançar.
- E você quer que eu faça o que exatamente?
- Os obrigue, é claro. – Maggie disse, cruzando os braços. – E aí senhor , tudo beleza? – Maggie não esperou que respondeu e continuou: - Eu preciso que a senhora converse com o resto desses pirralhos para fazer com que eles dancem.
- Maggie, nós não podemos obrigar ninguém a dançar.
- Mas , as fotos vão ficar horríveis se ninguém dançar. – Emily respondeu. – Eu não sei o que as pessoas tem contra dançar musica lenda a dois, até Alec não quis dançar. – Emily rolou os olhos. – Nós estávamos esperando os casais se formarem para que fizéssemos uma surpresa para que Maggie tirasse as fotos para o seu concurso, mas isso não vai acontecer pelo visto.
- Talvez, eles precisem de um incentivo. – Maggie disse, se virando para e . – Talvez se algum casal servisse de exemplo, as pessoas começariam a dançar também. – Maggie riu de lado. – Quem sabe o senhor e a senhorita poderiam ser esse casal.
- Essa ideia é brilhante, Maggie! Vocês dois fariam isso? – olhou para que olhou para ela.
- Eu adoraria. – deu de ombros. – Mas está com o pé machucado.
- Eu acho que eu consigo sobreviver a uma dança lenta, senhor .
- Sendo assim... – estendeu a mão para que a pegou e se deixou ser guiada até o celeiro. Se o lugar estava lindo no final da tarde, ficava espetacular a noite onde as luzes ficavam ainda mais destacadas. olhou ao redor vendo os alunos sentados na mesa ou espalhados pela parede enquanto conversavam, quando os primeiros acordes de Oceans do Seafret ecoou pelo salão e e foram para o meio do salão, os alunos voltaram para os dois.
- Eu só quero dizer que faz um bom tempo que eu não danço assim.
- Não se preocupe, eu te guio. – sorriu sem graça sentindo a mão de passar por sua cintura, chegando em suas costas, e a puxando para perto. Ela segurou a mão de enquanto colocava a outra em seu ombro, Seafret era uma das suas bandas favoritas e Oceans era a música da qual ela sabia de cor e salteado e fazia questão de cantar toda vez que ela tocava. olhou para o lado vendo que Maggie sorria largamente enquanto Emily puxava um Alec que estava fazendo careta, aos poucos os casais foram se formando ao redor deles.
De repente, as luzes principais do salão foram desligadas, apenas os piscas-piscas ligados, deixando o lugar ainda mais parecido com um cenário digno de Pinterest. sorriu largamente enquanto olhava ao seu redor, logo seus olhos pairam ao homem em sua frente e mesmo com a falta de iluminação, podia jurar que os olhos dele estavam brilhando. E, lentamente, sentiu todas as paredes que a lhe privavam de fazer muitas coisas que ela queria, desmoronarem e logo depois ela subiu sua mão do ombro de em direção aos cabelos da sua nunca. sentiu a mão de abandonar a mão dela que ele segurava enquanto a que estava em sua cintura a puxava para mais perto, ela então colocou seus braços ao redor do pescoço dele o puxando para perto.
sentiu os lábios de tocarem os seus lentamente, em um selinho tímido e demorado, fazendo com que jogasse um pouco de sanidade que lhe restava para o lado. Ela abriu a boca, aprofundando o beijo sentindo de o pouco de desespero que ela também sentia, parecia que não tinha sido só ela que tinha imaginado como seria beija-lo, aparentava tão desesperado quanto ela para senti que gosto tinham seus. , em nenhum em dos seus sonhos mais loucos, imaginaria que , o pai da sua aluna favorita que ela só tinha críticas, a estaria beijando como se o destino do mundo dependesse disso e ela estaria pedindo a Deus para que ele não parasse. Ele mordia seu lábio de leve enquanto a beijava fazendo com que ela sorrisse entre o beijo e a apertasse o cabelo da sua nunca, os dois só pararam por estarem ambos ofegantes, sorriu largamente enquanto dava selinhos demorados em e foi descendo seus beijos em direção ao seu pescoço. , que não era besta nem nada, sorriu largamente enquanto mordia o lábio enquanto ela olhava ao redor.
Foi então que ela percebeu onde estava: no acampamento de final de ano da turma do terceiro ano do colégio rodeada de alunos, a luz podia estar apagada dificultando um pouco a vista e os alunos podiam estar muito mais ocupados se beijando ou envolvidos na dança, mas parecia que tinha acabado de se dar conta do que tinha feito.Ai meu Deus! Eu acabei de beijar ! Para piorar, quando ela virou para o lado deu de cara com seu irmão olhando para ela completamente confuso. viu um filme da sua vida passar em seus olhos, especialmente as partes que ela estava completamente sozinha. O que eu estou fazendo?
- Eu não posso fazer isso. – se afastou de e começou a correr em direção a saída.
- ! ! – Ela escutou a voz dele e logo depois um dor insuportável vindo do seu pé fazendo com que ela parasse. – , você está bem? – Ele disse, segurando os seus ombros e olhando para o seu pé.
- Isso não pode acontecer.
- O que não pode acontecer?
- Você! Eu! Nunca daria certo.
- Como você pode dizer isso sem nem ao menos tentar?
- Eu me conheço, , e eu sei que não vou ser muito boa nessa história de relacionamento.
- Tudo bem, eu também acho que não sou um dos melhores.
- Então como vai dar certo? Você é muito ocupado, eu sou muito ocupada, você tem uma filha, eu tenho um irmão. Eu não vejo como isso vai dar certo! – disse, gesticulando rápido com as mãos.
- , olha pra mim. – segurou suas mãos e ela olhou para ele. – Na vida, as coisas não saem como o planejado, perder o controle e deixar as coisas rolarem também faz parte da vida.
- Eu pensei que como Presidente da sua empresa você estaria pirando tanto quanto eu quando as coisas não saem como o planejado.
- E eu estou, porém a minha vontade de ficar com você, , é muito maior. – colocou uma das mãos de em seu coração. – Você realmente acha que eu não estou perdendo a cabeça? Eu nunca senti por alguém o que eu estou sentido por você, você acha que isso não me assusta? Você acha que eu não pensei nas milhares de maneiras de como ignorar o que eu sinto? Claro que pensei, arrumar alternativas para diminuir danos é o que eu faço, porém, nenhuma delas parecia boa suficiente com o dano que faria ao meu coração em não ficar com você. Eu quero ficar com você, , o que resta saber é que se você quer ficar comigo?
- Claro que eu quero.
- Então o que a gente precisa fazer é se conhecer melhor. – puxou para mais perto, a abraçando pela cintura. – Eu vou te levar para vários encontros: pro teatro, pro cinema, pra jantar e vários outros lugares. Pra isso, é claro, você vai ter que deixar os seus livros de lado, ou talvez nem tanto, nós podemos fazer um piquenique e eu posso ler A Hora da Estrela pra você. Eu sei que você ama Clarisse Lispector.
- Como você sabe disso?
- Emiy fala sobre você o tempo inteiro, você é a professora favorita dela. – deu um selinho demorado em .
- Eu acho que nós não deveríamos falar nada pra Emily e Alec, deixa só entre nós por enquanto.
- Meio tarde pra isso! – e escutaram a voz de Alec fazendo com que os dois se afastarem. Maggie e Emily tinham sorrisos nos rostos enquanto Alec fazia uma careta. – Você pode explicar o que está acontecendo aqui? Por que você está trocando saliva com o pai de Emily?
- Eu não sei do que você está falando, irmãozinho. – entrelaçou os dedos com os de .
- Aonde você pensa que vai ? Ainda mais mancando? – Alec gritou fazendo com que sua irmã sorrisse e gritasse de volta:
- Dançar, é claro.
- Nesse caso... – se abaixou, pegando nos braços fazendo com que ela passasse os braços por seu pescoço. Ele começou a andar em direção oposto ao celeiro, em direção ao caminho pelo o qual ela veio.
- O que você está fazendo?
- A lua está linda e o celeiro lotado de seus alunos. – olhou para ele como se ele estivesse falando um idioma que ela nunca ouviu falar. – Eu quero dançar só com você, , e eu quero poder te beijar sem sentir como todos ao nosso redor estão nos vigiando. – sorriu largamente antes de beija-lo. Os dois chegaram ao lago e finalmente colocou no chão, a puxando para perto e enterrando seu rosto na curva do seu pescoço enquanto sorria largamente.
E da maneira mais inesperada e extraordinária, se encontrava nos primeiros capítulos um romance do qual ela só lia em livros, foi então que ela percebeu que algumas reviravoltas da vida que desviava de tudo o que você planejou não eram obstáculos que vieram para atrapalhar. Oh não, era só a vida acontecendo enquanto ela fazia planos mirabolantes, as vezes, as mudanças da vida não eram ruins, especialmente quando a faziam se sentir mais leve, com um sorriso frouxo e pronta pra enfrentar tudo.
E fazia com que ela sentisse tudo isso e um pouco mais. Muito mais. .
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
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