Prólogo
- Eu acho bom esses quartos estarem arrumados quando eu voltar, dona . – A voz de ressoou pelo local quase vazio que era a recepção da pequena pousada.
- Eu já falei que arrumei, a senhora já lavou os banheiros? – Devolveu com um tom debochado, ela sabia que a amiga odiava ficar com a limpeza dos banheiros, mas ela havia perdido no Jó-Ken-Pô e não havia forma mais madura e honesta de decidir algo do que esta.
- Só não vou te dizer que te odeio, por que você limpou nas últimas duas semanas. – Reclamou .
As duas amigas dividiam a gerência da Beutiful Sko, uma pousada com oito quartos que ficava localizada em cima de um penhasco de frente para o mar. O lugar era modesto, com uma área mediana para refeições, um belo jardim nos fundos, um pátio feito em pedra sabão como toda a estrutura, o que dava um charme a parte ao local, e uma escadaria que levava diretamente a pequena trilha de frente para praia. era uma italiana de lindos olhos castanhos e um sotaque inconfundível, era uma grega nascida em Athenas, com sua mania de gesticular e rir alto, a dupla se conheceu em uma viagem as Américas durante o curso de turismo. Um happy hour, alguns comentários engraçados e o amor pela Grécia fez surgir a amizade que já durava seis anos.
Elas eram opostas em quase tudo, o maior exemplo disso era quando se tratava de relacionamentos. era romântica, sonhava em encontrar alguém com se casaria em uma bela cerimônia na igreja local no alto da colina, com direito a uma lua de mel romântica em seu país natal, a Itália. Enquanto adorava o fato de estar solteira em um lugar como aquele, poder curtir sua liberdade e viajar o mundo nas conferências do curso que fazia a distância. Era perfeito...
...Ou deveria ser.
Capítulo 1
I was born without a zip on my mouth
Sometimes I don't even mean it
It takes a little while to figure me out
O avião havia pousado há horas, os atores estavam exaustos em busca de um lugar para ficar. A ida até Creta estava fora de cogitação, já que a assistente pessoal de Sebastian se esquecera de fazer a reserva do hotel e já era tarde demais para conseguir outro, o fuso de sete horas já os havia desnorteado o bastante.
- É sério, se a gente não parar agora pra descansar eu vou voltar e dormir na praia. – Sebastian disse apontando para faixa de areia branca. Christopher revirou os olhos, o drama do amigo geralmente o fazia rir, mas agora, só fazia querer mata-lo. – Eu estou falando sério, naquela pedra ali, ó.
No momento em que Christopher respirou fundo para não xingá-lo, um relâmpago resplandeceu no céu.
- Vamos logo, vai chover. – Ignorando os resmungos do amigo o ator se apressou rumo a parte superior do penhasco onde foi possível avistar uma construção, branca com janelas em tons de azuis, o lugar parecia o cenário de um filme.
Junto ao ressoar de um trovão que os fez pular praticamente dentro do que parecia ser uma pousada, as luzes piscaram e logo um grito seguido de um ataque de riso foi ouvido pelos atores.
- Oh, olá... Sejam bem-vindos a Beutiful Sko, a mais bela e rústica pousada da Grécia... Ou de Skopelos. – Uma mulher surgiu em suas frentes, falando com rapidez e finalizando com um sorriso. – Eu sou , mas vocês podem me chamar de . – Se apresentou estendendo a mão para Christopher, que a mediu sem pudor algum e recriminou-se em seguida.
- Oi, eu... Sou Chris Evans, esse é o Sebastian Stan, meu amigo. – O loiro apresentou-se e fez o mesmo com o amigo, que também já havia analisado a garota.
- , você... Ah, olá, sejam bem-vindos a.... Nem brinca! – adentrou a recepção completamente alheia aos acontecidos, até se dar conta de quem estava ali, parados em frente a melhor amiga. – Meu Deus, vocês são Sebastian Stan e Chris Evans! – Ela surtou, e se limitou a franzir o cenho confusa pelo grito agudo dado pela amiga.
- Por que você tá gritando? E sim, eles acabaram de dizer os próprios nomes.
- , pelo amor de Deus, esses são os atores dos filmes que nós assistimos juntas, lembra? – gesticulava apressadamente com os olhos arregalados como se isso fosse fazer a garota lembrar de quem eles eram. – Ah perdão, eu sou , mas vocês podem me chamar de , é como meus amigos me chamam.
- Só eu te chamo assim, ...
Completamente ignorada, viu a garota conduzir os recém-chegados para dentro e começar a fazer o check-in.
A mãe de tinha um ditado que costumava dizer sempre que a garota chegava em casa com a cara fechada: “Quando tudo parecer ruim, não desista. Ainda não é o final do trajeto”. Ela, como a teimosa que sempre foi sorria e continuava seguindo. Agora, organizando as cadeiras no pátio da pousada com os olhos presos nas duas figuras que riam de algo e mais pareciam miragens na areia branca da praia, ela sabia que precisava continuar seguindo. Longe, o mais distante possível do sorriso gentil e os olhos encantadores do ator de Hollywood que, há uma semana, vinha fazendo de sua cabeça uma verdadeira confusão.
estava mais do que satisfeita, seu sonho havia virado realidade. Sebastian Stan era seu crush, nem tão secreto assim, desde os tempos de Gossip Girl. Não havia um dia sequer em que ela não acessasse a internet em busca de novidades do ator. Seu coração disparava cada vez que os dois se cruzavam pelos corredores da pousada. Para sua completa felicidade, Stan havia se mostrado mais do que interessado em passar um tempo com a garota. Fosse para falar sobre a carreira dele, a pousada, as belezas gregas ou apenas admirar a paisagem que era fantástica, ainda mais se estivessem refletidas nos olhos verdes de tirar o fôlego que o romeno possuía.
- , eu estou te falando, ele tá afim de mim. – Enquanto completava a fileira de cadeiras e mesas do outro lado do pátio, numa vã tentativa de dispersar os pensamentos, a seguia relatando todos os detalhes da última conversa que tivera com Sebastian sobre um possível curso em L.A.
- Claro, claro, . – desdenhou. – Você precisa parar com isso, daqui alguns dias eles vão embora e você vai ficar sofrendo. – Advertiu a grega com ceticismo.
- Às vezes me pergunto como você pode ser tão fria? É impossível que em nenhum momento dessa semana você não tenha percebido a gentileza com que Chris fala com você. – A italiana arqueou as duas sobrancelhas e fez um “a-há” quando a amiga virou-se para fita-la.
- Por favor, . Ele é gentil com todo mundo, não sou uma exceção. – A garota fez pouco caso. – Além do mais, eles vão embora em uma semana, e eu não quero bancar a doida romântica. – Sorriu cínica para amiga e recebeu um tapa no braço. – Ai, ogra. Vai verificar a despensa enquanto eu acabo aqui, depois vou à Santorini comprar as bebidas que faltam pro luau.
- Achei que eu iria dessa vez. – sorriu marota, se havia algo que a moça amava mais do que viver na Beautiful Sko era ir para Santorini, o local onde a maioria dos turistas costumava ficar.
- Pra você voltar com 33 crushes, dois maridos e um namorado como da última vez? Não, eu vou. – Acusou a outra vendo a amiga estreitar os olhos em indignação. – Precisamos das bebidas hoje, então vai. – Com um gesto de mão ela indicou que era melhor ir de uma vez e, enquanto a outra reclamava, ela ria. – Ai, , você e sua mania de se apaixonar. – Murmurou para si mesma puxando a toalha da mesa para ajustar sobre a madeira.
- Falando sozinha? – Uma voz grave a surpreendeu fazendo-a pular e esbarrar no muro atrás de si. – Ah, minha nossa, me desculpe. – Ao erguer os olhos deparou-se com a figura de Chris parado com o corpo ainda molhado do mar, vestindo nada além de uma bermuda branca e os cabelos pingando.
- Ah, tudo bem. – Sucinta como sempre, a menina sorriu amarelo e se afastou da construção. – Precisa de algo? – Seus olhos estavam presos numa gotícula que acabara de escorrer do pescoço pelo peitoral do ator, ela pigarreou e depois de buscar algo invisível no chão mirou os olhos que, naquele momento, tinha a mesma tonalidade do oceano atrás deles.
Ele sorriu, não precisava ser um gênio para perceber o que se passava. Ela estava sem jeito, Chris adorou saber disso; já que na semana em que estivera ali, além dos momentos em que se disponibilizara para ser a guia turística da dupla, com o auxílio da melhor amiga, não houvera uma interação direta entre eles. A garota parecia sempre distante e reservada, educada e extremamente prestativa, mas distante.
- Não. – Evans respondeu fitando-a, ela não havia esboçado qualquer outra reação e isso o frustrava. – Na verdade, gostaria de saber vai haver alguma outra atividade em alguma das ilhas perto. – Deu de ombros, ela permaneceu fitando-o diretamente nos olhos. Outro gesto que o deixava desconcertado, não tinha medo de encará-lo diretamente, pelo contrário, era sempre olho no olho com ela.
- Sim, teremos um luau amanhã à noite aqui mesmo. – A proprietária da pousada indicou a praia. – Você sabia que a Beuatiful Sko proporciona o melhor luau de toda a Grécia? – Sorriu no fim da frase e ele sentiu um arrepio percorrer lhe a espinha. – Vem gente de toda parte, até de Mykonos. – O orgulho inundava cada palavra dita, ela estava realizada e não havia dúvidas.
- Uau, deve ser ótimo. – Comentou vendo-a assentir com um sorriso ainda brincando nos lábios. – Vou avisar Seb, talvez ele mude os planos de ir embora de Skopelos. – Os olhos da mulher se arregalaram, isso não era uma boa notícia. Chris prendeu o riso ao ver a expressão de choque da mulher.
- Mas... Como assim? Por que ele quer ir embora? – Havia uma nota de desespero em sua voz e ele desejou que fosse por causa de sua presença, que ela o queria ali para tê-lo por perto. Todavia, duvidava que esse fosse o real motivo, já que não haviam outros hóspedes além deles no local e, se partissem, sobraria apenas as garotas e aquela linda vista. – Nós não atendemos aos requisitos do senhor Stan? – O tom dela era duro e direto, não rude, apenas honesto.
Surpreso diante da mudança, o ator recuou um passo.
- Não, quero dizer, ele quer mais agitação ou algo assim. – Tornou a dar de ombros e a viu assentir lentamente.
- Certo, então diga ao senhor Stan que se ele quer agitação, é o que teremos amanhã. – Assegurou, decidida. Seus olhos desviaram-se dos dele para fitar algo além de sua figura, ao virar-se percebeu que era gesticulando e sorrindo. – Preciso ir, se precisar de qualquer coisa não hesite em chamar a . – Apressadamente a moça passou por ele.
- Espera. – Sem poder se conter sua mão enlaçou o antebraço de , que de pronto virou-se para olhá-lo. – Por que devo falar com ? Você vai...
- Sair. – Respondeu ao perceber que Evans estava sem jeito para concluir a frase. – Preciso ir à Santorini comprar as bebidas de amanhã. – Sorriu educada.
- Ah sim, claro. – Ele estava sem jeito, coçou atrás da cabeça e pigarreou. – Bom... Eu vou...
- Gostaria de ir comigo? – A pergunta soou mais como uma dúvida do que como um convite, o que gerou um pequeno conflito dentro da garota e choque no homem. – Eu volto hoje mesmo, mas se quiser ir, eu o espero, só precisa ser rápido.
- Adoraria, não consegui ver muito da cidade quando fomos a noite. – Assegurando que voltaria em breve, Chris correu para dentro da pousada e ela se viu chocada com a facilidade em que surgiu o convite. Pelos céus, o que era aquilo?
Capítulo 2
We can get a takeaway and sit on the couch
Or we could just go out for the evening
Hopefully end up with you kissing my mouth, eh eh
estava decidida a tirar Sebastian de sua cabeça, sua amiga estava certa, afinal. Eles partiriam para suas vidas em uma semana e a Grécia seria apenas uma lembrança bonita e vaga, em alguns anos; mais um lugar bonito em que estiveram. Sua convicção era quase palpável enquanto ela separava os ingredientes para fazer o jantar, a cozinheira estava de folga e só deveria voltar no dia seguinte, sendo assim, ela precisaria ir pra cozinha.
- fugiu pra não cozinhar, aquela safada. – Resmungou consigo mesmo. – Não, tá certo, ela precisava comprar as coisas da festa, xinguei minha amiga à toa. Desculpa, Deus. – Tampou a boca com as mãos e escutou alguém rir. Ao virar-se deu de cara com a imagem de Sebastian Stan usando nada mais do que uma toalha felpuda branca ao redor da cintura, com os cabelos ainda úmidos do banho ele parecia uma escultura grega recém saída dos livros de história, o próprio Adônis, ela diria.
- Está pedindo desculpas a Deus por que? – A pergunta era simples, mas para mente embaralhada da garota se tornou um verdadeiro quebra-cabeça. – , está aqui? – Estalando os dedos em frente ao rosto da moça ele a viu piscar repetidas vezes.
- Quê? Não, espera... Eu estava separando as coisas pro jantar, precisa de alguma coisa? – Indagou retomando parte do juízo, já que seus olhos traidores ainda esquadrinhavam o ator.
- Na verdade, queria saber onde está Chris, estou procurando por ele há horas e não o encontro.
- Saíram, foram para Santorini comprar as coisas da festa de amanhã. - Fingindo não perceber aproximação do rapaz ela continuou com as atividades.
- Teremos uma festa amanhã? – Questionou Sebastian com um sorriso maroto. – E você vai com quem?
- Com a , nós somos as anfitriãs. – O riso nasalado dela o fez rir com vontade. – Mas o que você...
- Eu sempre quis ir numa festa acompanhado da anfitriã. – O charme se derramando em cada palavra dita fez um arrepio tomar o corpo de , que com um suspiro preso na garganta se virou para responder, todavia, a surpresa lhe tomou quando os lábios do ator pressionaram os seus. Rendida, ela se viu largando os tomates no chão e deixando-se levar. Onde quer que isso fosse dar.
E a determinação de deixar o crush de lado? Ah, isso já estava esquecido.
Capítulo 3
And now I wonder, could you fall for a woman like me?
A caminhada pela cidade paradisíaca se mostrou mais divertida do que a dona da pousada poderia prever, a dupla passou por diversos locais lindíssimos e, enquanto ela andava e cumprimentava os comerciantes da rua principal, Chris se viu encantado por aquela mulher. O jeito como sorria, os cabelos esvoaçavam e a forma como seus olhos diminuíam cada vez que a covinha do sorriso aparecia. era uma mulher incrível, ele estava irremediável e completamente apaixonado, mesmo que parecesse loucura que todos esses sentimentos estivessem ali com apenas uma semana de convivência.
- O que? Qual o motivo desse sorriso? – perguntou quando os dois resolveram que era hora de voltar, mas antes, comeriam alguma coisa na melhor lanchonete da ilha.
- Você. – A declaração espontânea a fez arregalar os olhos e queimar a língua com o café que bebericava. – É impressionante a forma como você fala com todo mundo, e sorri como se tudo fosse luz ao seu redor. – Pela primeira vez, em anos, estava completamente sem palavras.
- Como você...
- Porém... Mesmo assim, sendo tão acessível enquanto anda por aqui, você parece tão reservada e isolada quando está na pousada. – Ele continuava divagando enquanto ela permanecia sem palavras. – Por um momento eu cheguei a pensar que era por minha causa, que não havia gostado de mim, mas cheguei à conclusão que esse muro que você construiu é parte de você.
- Como você pode afirmar que há muro à minha volta? – Estranhamento, ela estava relaxada enquanto o assunto se desenrolava.
- Por que você parece tão distante e intocável, mas às vezes, por alguns momentos, parece perfeitamente confortável em minha presença. – O ator sorriu daquela forma que derrete os corações e ela se viu levemente rendida.
- Sabe o que é, senhor Observador Evans. – Se aproximou mais dele apoiando os cotovelos sobre a mesa. – Eu tive uns dois ou três relacionamentos idiotas, com uns carinhas imbecis que me mostraram o que minha mãe sempre disse, eu sou uma pessoa difícil.
Ele bebericou o suco de abacaxi e estreitou os olhos.
- Não acredito que você é difícil, mas que tem uma personalidade forte, isso eu confirmo. – A risada saiu leve, ela o acompanhou. – Sempre fui muito honesto com tudo o que sinto, penso ou falo. E, como havia dito antes, o Stan realmente queria ir para outra ilha, Mykonos chegou a ser cogitada. – Brincou. – Mas eu disse que não queria ir até ter a chance de dizer a você o que estava sentindo.
o examinou por segundos incontáveis antes de arquear a sobrancelha em sua direção e indicar que Chris deveria continuar.
- Eu reuni algumas frases pra conseguir te dizer que estou realmente atraído por você, mas não achei alguma boa o bastante. Então, é isso. Eu, Christopher Evans, estou completa e irremediavelmente encantado, atraído, apaixonado... Você pode escolher o termo.
Nos dois primeiros instantes a moça permaneceu quieta, apenas para começar a rir e fazê-lo corar. Pelo tridente de Poseidon, isso não estava sendo dito. Não podia ser verdade. Quem, em sã consciência se apaixona por outra pessoa com apenas sete dias de convivência?
Ao perceber que ele falava sério, a mulher se interrompeu e engoliu em seco.
- Evans... Me desculpe, eu não estava rindo de você é só que... Como? Por quê?
- Por que você é uma mulher inspiradora, você toca uma pousada com a melhor amiga em um lugar quase remoto, não espera nada de ninguém e faz o melhor que pode com o que tem.
- Isso é sério? – Evans concordou ao ouvir a pergunta.
- Muito bem então, ator. – se colocou de pé e o fitou com um ar desafiador. – Você tem uma semana pra me fazer mudar de ideia.
- Como assim mudar de ideia?
- Vamos ver se você é realmente capaz de amar uma mulher como eu. – Com uma piscadela ela gesticulou com a cabeça indicando o barco que já os aguardava para retornar a Skopelos. A verdade é que ele havia adorado o desafio, e mal podia esperar parar mostrar que seria deliciosamente fácil amar uma mulher como ela.
Fim.
Nota da autora: Olá, florzinhas, como estão? Vim aqui agradecer a oportunidade de participar, pela segunda vez, desse projeto lindo. A todas as envolvidas, minha gratidão. A vocês que leram, um cheiro da tia Donna. Divirtam-se e comentem!
Até breve.
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Até breve.