Capítulo 1

– Eu acho que esse vestido não ficou muito bom. – Eleonor analisava
– Ficou meio apertado nas costas. – Eu disse insegura.
– Só porque eu gostei dele. – Falou cabisbaixa.
– Essa loja é gigante, você encontrará algum que gostará.
– Aquele ali não é o ?
– Quem? – Perguntei.
, . – Tentou explicar. – Aquele que namorou com você por todo colegial.
– Acho que não. – Eleonor respondeu o procurando com os olhos.
– Ele está... – Tentei procurar as palavras certas.
– Diferente? Maduro? Lindo? – Começou a completar.
– Eu diria mudado. – Sibilei.
– Ei . – Samantha gritou.
– Para com isso. – Pedi.
. – Ele pareceu se assustar. – Sou Samantha Lewis. – Cheguei a pensar que ela estava se confundido, pela sua reação, mas seus traços eram inconfundíveis. Fingi olhar alguns vestidos na tentativa de evitar um mico para todo shopping, quem imaginaria ver uma mulher com um vestido de noiva, parecendo um grande bolo de festa, aberto atrás, tentando segurar a parte dos seios para não cair, gritando com um cara na porta da loja, deixando ele totalmente confuso.
– Desculpe, mas não estou me lembrando de você. – Caminhou até ela.
– Somos Samantha, Eleonor e . – Apontou para mim, que já estava enfiada na arara.
– Não me recordo, talvez você esteja me confundindo. – Tentou sair.
– Tem certeza que não se lembra? – O puxou pelo braço. – Olhe para . – Me tirou da arara. Aqueles olhos castanhos me encararam, aqueles mesmos olhos que se assustaram quando eu caí do parquinho aos sete anos, que brilhavam enquanto dançava minha valsa de quinze anos. Ali eu tive total certeza que ele era o . Um clima estranho pairou, até que uma das atendentes da loja chamou nossa atenção.
– Senhora, aqui está um tamanho maior do vestido. – Mostrou. Levando Sam e Els ao provador.
– Quanto tempo.
– Dez anos. – Falei.
– Você continua linda. – Sorri envergonhada.
– Obrigada. – Respondi. – Por onde andou esse tempo?
– Depois de Phoenix me mudei para Austrália e então estou aqui. – Gesticulou. – E você?
– Fui para Sidney me especializar e voltei para cá.
– Se formou em administração?
– Direito. – Respondi. – Sou delegada da cidade.
– Nossa. – Arregalou os olhos.
– E você, doutor?
– Não terminei a faculdade. – Se lamentou. – A grana ficou meio curta após a morte do meu pai, tive que assumir seus compromissos, suas dívidas.
– Lamento sua perda.
– Eu tenho que ir. – Arrumou os óculos escuros. – Você poderia me passar seu número? – Pediu.
– Claro. – Anotei em um papel.
– Eu te ligo. – Colocou o papel no bolso. – Podemos marcar algo. Digo, se você quiser, claro, e se seu marido não achar ruim. – Se atrapalhou. – Como nos velhos tempos. – Começou a caminhar.
. – Chamei. – Eu não tenho marido. – Ganhando um sorriso enquanto ele se perdia entre meio as pessoas.
. – Sam me assustou. – Eu não tenho marido. – Tentou me imitar.
– Ah, gente, para.
– Acho que a chama se acendeu novamente. – Fez uma dancinha.
– Foi só um convite amigável.
– Convite amigável? – Els zoou. – Para quem não estava nem nos conhecendo, mas foi só colocar você em evidencia que ele se lembrou rapidinho.
– Vai ser aquele vestido mesmo?
– Mudando de assunto.
– Eu só quero poder olhar meu vestido de madrinha antes que o dia termine.
– Tudo bem. – Saiu arrastando seu vestido.
– Quero saber o desfecho. – Eleonor piscou.


Capítulo 2

Confesso que quando cheguei em casa, naquele dia do shopping, fiquei ansiosa esperando por sua mensagem, o que me fez ter uma sensação estranha por não receber. Até que ontem, quase cinco dias depois, ele me manda uma mensagem. Combinamos de sair hoje, em um lugar mais reservado de sua escolha.
Estava bastante apreensiva, o que fez gerar um silêncio durante o caminho. chegou em minha casa de taxi e perguntou se eu não me importaria de ir no mesmo, explicou que seu carro estava na oficina desde o início da semana, não me importei com esse detalhe.
– Pode parecer meio acabado por fora, mas é um dos melhores locais que já estive. – Disse ao abrir a porta do taxi.
– Ok. – Levantei a sobrancelha.
– Aqui serve as melhores comidas de toda região. – Passou pela porta do estabelecimento. – Ei Joe, mesa para dois. – Um cara forte, tatuado e com um avental apareceu para nos guiar.
– Obrigada. – Respondi para o mesmo que puxou a cadeira para que eu sentasse.
– Aqui está o cardápio. – Entregou. – Tenham um bom encontro.
– Então, o que vai pedir? – Perguntou após alguns minutos passando os olhos por aquela placa retangular.
– Podemos pedir uma bebida, por enquanto.
– Um Martini? – Sugeriu.
– Sim. – Novamente aquele mesmo cara apareceu anotando nossos pedidos. – Por que Weston?
– Como?
– O que te trouxe para cá? – Perguntei.
– Eu não sei, vivo viajando por todo canto, talvez o destino quisesse que estivesse aqui. – Levantou seu copo como um brinde. – Que nós estivéssemos assim.
– Talvez seja.
– Eu fiz escolhas erradas no passado quando me mudei daqui. – Fitou o copo. – Deveria ter insistido em nós.
– Estávamos saturados naquela época, éramos muito intensos. – Falei.
– Senti sua falta. – Encostou sua mão na minha.
– Nós perdemos o contato. – Afastei minha mão. – Eu tentei te ligar, mas não dava certo.
– Em uma noite de bebedeira meu pai quebrou as coisas em casa, feito um louco por drogas.
– Não sabia que ele tinha chegado a esse ponto. – Lamentei.
– Mas não vamos falar sobre isso. – Mudou o tom. – Não vamos estragar essa noite.
A noite foi de longe uma das mais agradáveis que passei com ele, foram tantas risadas, lembranças do passado e algumas histórias loucas de suas viagens, então naquele momento percebi que o local era até legal, ali nós poderíamos ser aqueles adolescentes escandalosos de tempos, sem nos preocuparmos com as pessoas ao redor. As horas passaram rapidamente, nossa dança desconcertada teve que parar, no dia seguinte eu teria que levantar cedo para trabalhar.
fez questão de me levar até em casa, mesmo nossas casas sendo em sentidos opostos, me despedi com um selinho e entrei para o prédio recebendo um tchau dele. Abri minha porta e retirei aquelas sandálias que estavam machucando meus pés, caminhei até meu quarto, sentando na cama para retirar a roupa e vestir o meu aconchegante pijama. Um sorriso bobo pairou em meus lábios, era bom tê-lo de volta.


Capítulo 3

– Meu estômago parece que tem um buraco. – Reclamei enquanto pegava meu casaco.
– Vamos almoçar no restaurante da esquina mesmo. – Falou Rebecca.
– Qual de vocês é ? – Perguntou um rapaz.
– Sou eu. – Respondi.
– Tenho uma entrega de flores para a senhora. – Falou me entregando o embrulhe. – Tenha uma boa tarde.
– Obrigada.
– Será que alguém tem um admirador secreto? – Ironizou.
– São de . – Sorri.
– Flores? – Ryan perguntou.
– Sim. – Coloquei elas na mesa da recepção. – Um antigo amigo de infância mandou. – Falei abrindo o cartão.
– O que está escrito no cartão? – Rebecca perguntou pegando o mesmo. – “Tudo que sonhei um dia encontrar está resumido em uma só palavra: você!” hm – Emitiu um som. – Alguém está apaixonado.
– Me dê aqui esse bilhete. – Peguei guardando no bolso.
– Podemos almoçar agora? – Ryan perguntou.
– Acho que alguém está com ciúmes. – Cochichou minha secretaria.
– Eu não estou com ciúmes, só com fome. – Disse sério.
Durante o almoço fiquei pensando nas flores e na mensagem que ele havia me mandado, uma vontade de mandar mensagem ou talvez uma ligação tenha tomado conta de mim em um momento de euforia e então o famoso “oi” foi mandado, iniciando uma conversa.

: Oi
: Olá.
: Obrigada pelas flores.
: Gostou?
: Sim, são minhas preferidas.
: Vejo que minha memória ainda está fresca.
: Amanhã será o aniversário de minha mãe
: Se você quiser ir...
: Tem alguém com saudades
: Me manda o endereço e o horário, que irei.
: Te mando mais tarde, preciso trabalhar agora.
: Beijos.
: Tchau, beijos e saudades.

Sorri boba lendo aquela mensagem.
– Melhor você disfarçar, Ryan está vindo aí. – Cochichou.
– Não tenho que disfarçar. – Falei. – Ele é apenas um colega de serviço.
– Então, meninas, podemos pedir a conta? – Perguntou sentando-se.
– Por mim tudo bem. – Respondi.
– E então, quando você vai ver esse seu amigo? – Perguntou acenando para o garçom.
– Convidei ele para o aniversário da minha mãe. – Falei mexendo aleatoriamente no celular.
– Você deve conhecer ele bem então. – Soltou. – Traz a conta, por favor.
– Contando que nos conhecemos desde criança, realmente o conheço bem. – Finalizei.
– Que bom. – Ryan sempre deixava claro um certo interesse em mim, o qual não era recíproco. Ele era o famoso cara que não aceitava perder uma garota para outro, vivia sempre com piadinhas sem graças e aquela indireta maldosa. Se ele era bonito? Sem dúvida um dos homens mais belos, mas nós não passaríamos de apenas colegas de trabalho.


Capítulo 4

– Pensa em ficar, Weston? – Era a quinta vez que meu pai fazia perguntas a .
– Ainda estou me adaptando novamente. – Respondeu.
– Hum.
– Pai, é apenas um convidado, deixe de perguntas.
– Ele é de casa, , apenas passou um tempo fora.
– Ethan, deixe o rapaz e venham almoçar. – Minha mãe chamou.
– Se não é o grande . – Meu irmão foi cumprimentá-lo.
– Nathan.
– Sabe, Natali, toda vez que eu o chamava de grande , ele saia correndo chorando. – Começou a rir. – Eu nunca entendi o porquê.
– Era relacionado a algum pesadelo.
– Bom saber que está aqui para cuidar dessa pirralha. – Apertou meu nariz. – Não aguentava mais ela se lamentando o dia que foi embora.
– Nathan, fica calado um pouco. – Pedi.
– Acho que te conheço de algum lugar. – Minha cunhada o fitou.
– Só não vale dizer que foram namorados. – Nathan pegou seu talher.
– Não. – Negou. – Você é colunista em jornal, não é?
– Não.
– Tenho certeza que vi seu rosto em alguma pagina. – Falou convicta.
– Deve estar confundindo. – Desviou sua atenção.
– O frio do Canadá deve ter congelado seu cérebro, querida. – Riu.
– Não estou achando graça, Nathanael.
– Podemos servir? – Meu pai perguntou.

Notei um certo incomodo da parte de naquele assunto, talvez ele estivesse cansado de não atender as expectativas de ter que ser alguém na vida por ter morado em cidades grandes. O almoço foi tranquilo. Meu pai e Nathan tinham parado de fazer perguntas de todos os tipos a ele, já Natalie ficava sempre o fitando parecendo querer se lembrar de alguma coisa.
– Obrigada por vir.
– Eu que agradeço o convite.
– Desculpa pelas especulações.
– Não tem problema. – Beijou minha testa. – Tenha uma ótima noite. – Deu partida na moto, me deixando ali acenando para ele. Sam tinha razão, o sentimento estava voltando, certamente o meu horóscopo daquela manhã faria todo sentido agora, reencontrar um antigo amor. Fechei a porta e relaxei sentada no sofá, eu precisava ir para meu apartamento, teria que acordar cedo amanhã.


Capítulo 5

– Então é aqui que você mora. – Falei parada em frente à porta.
– Eu disse que não era nenhum cinco estrelas. – Sorriu sem graça.
– Não me importo com isso. – Falei analisando o local. – É aconchegante.
– Vem. – Me puxou pelo braço até o quarto. – A cama é confortável. – Deitou batendo na cama, me chamando.
– Você tem razão, esse colchão é confortável. – Relaxei.
– Seus traços são tão delicados. – Passou o dedo sobre meu maxilar. – Não precisa ficar rosa.
– É automático.
– Eu quero te beijar. – Falou se aproximando e colocando seus lábios quentes sobre os meus. De imediato consenti passagem para sua língua, mesmo com todos os anos parecia que o gosto daquele beijo era o mesmo: hortelã com chocolate. Desgrudei meus lábios dos seus. – Não me lembrava quão bom era seu beijo.
– Eu devo estar roxa novamente. – Deduzi. – Sabe, eu andei pensando, mês que vem começa a programação de férias na delegacia. – Comentei. – Pensei que poderíamos viajar nas minhas, o que acha?
– Bom.
– Eu nunca fiz mochilão e pensei que poderia ir com você.
– Tem certeza? Pode ser cansativo.
– Tenho. – Comecei a desenhar algo em sua barriga. – Podemos comprar as passagens.
– Eu viajo o tempo todo de carro, pego barcas. – Falou.
– Mas como é apenas trinta dias poderíamos ir de avião a lugares longes e metrô aos pequenos.
– Não sei.
– Vamos voltar de novo para cá, então seu carro pode ficar na minha garagem.
– Falamos disso depois. – Respondeu. – Vamos ficar assim abraçadinhos, aproveitando esse momento. – Naquele momento, no meio daqueles braços, eu me sentia segura. Há um mês ele reapareceu em minha vida, talvez seja rápido demais me entregar assim, mas não éramos estranhos se conhecendo, há exatamente vinte e quatro anos nos conhecemos, dos quinze aos dezoitos namoramos; Apesar de todos esses anos ausentes, eu ainda o conhecia melhor que ninguém. Sentindo o calor do seu corpo e sua respiração falha, eu adormeci.


Capítulo 6

estava caminhando pela cidade quando viu um casal tomando café, lembrou-se de . Fazia exatamente uma semana que eles não se viam, apenas conversavam por mensagem ou por ligação. Ele estava se apaixonando novamente por aquela mulher, o que seria um grande erro. A qualquer momento a delegada poderia descobrir sobre ele ou simplesmente estar bolando uma armadilha para ele, mas quando ele se lembrava do seu rosto, do seu cheiro ou do seu beijo, ele perdia completamente a noção de tudo que estava ao seu redor. Era hora de procurar outra cidade para passar um tempo, ele sabia disso. Porem, só de pensar em uma possível despedida, se lembrava de ano atrás, quando deixou a garota chorando e foi morar com o pai em uma tentativa de resgatar o casamento dos pais.
Ele não pareceu perceber onde seus pés o estavam levando até ler o nome na grande placa a sua frente. Delegacia de Polícia de Weston. Relutou um pouco em entrar, o local estava cheio, recuou pensando que alguém poderia o conhecer e chamaria atenção por estar de moletom e capuz. Até que uma mulher o abordou.
– Olá, no que posso ser útil? – Esperou a resposta do rapaz. – Senhor. – Chamou sua atenção.
– Não é nada, eu só estava tentando me lembrar de algo.
– Eu te conheço de algum lugar. – O encarou espreitando os olhos.
– Creio que não. – Gaguejou.
– Você é , não é? – Perguntou. O rapaz tentou inventar algo, sendo cortado. – me mostrou uma foto de vocês.
– Ah sim. – Se sentiu aliviado.
– Veio visitá-la? – Não esperou resposta. – Entre. – Foi conduzindo o rapaz pelo cômodo. – Vou avisá-la que está aqui, se quiser se sentar. – Saiu rumo à porta, deixando o rapaz para trás. Ele pensou em ir embora, mas como explicaria o sumiço? Então viu um homem adentrar a sala e aquela moça que o recebeu saindo pela porta. – já te atenderá, . – A secretaria caminhou ao encontro do rapaz. – Vou ao arquivo buscar alguns papeis, sinta-se à vontade.
– Já estou indo, Rebecca. – Ryan a avisou. – Então, Josh. – Começou a analisar.
– É . – Corrigiu.
– O que te trouxe de volta a essa cidade pacata. – Se escorou na mesa
– Eu viajo pelo mundo, basta um globo e um dedo e o lugar é escolhido. – Respondeu.
– Eu já discordo. – Torceu os lábios. – Sabe, Weston é uma cidade de pessoas aéreas, ligadas em seus afazeres. – Usou tom de deboche. – Para se esconder por um tempo seria a escolha ideal.
– Não vejo algo a se esconder. – O encarou. – Você, talvez.
– Ora, Joe.
. – Cortou o outro.
– Não vamos bancar o cínico. – Rodeou pela mesa, abrindo a gaveta. – Quem sabe isso lhe refresque a memória. – Jogou o jornal sob a mesa.
– O que tem a ver?
– Veja. – Aquele jornal era antigo, olhando para o estado que se encontrava, então folheando o homem pôde notar o que o outro à sua frente queria dizer. Uma foto sua exibida naquele jornal na página de procurados, talvez nem ele soubesse dessa informação, ou apenas pensara que ninguém ali o reconheceria. Seu rosto foi ficando pálido, ele não correria, seria um suspeito. Ainda com o jornal em mãos, ele sentou na cadeira ao seu lado, levantou a cabeça e olhou para o policial à sua frente. – Acalme-se, , não irei te prender.
– O que você quer? – O moreno perguntou assim que recuperou o fôlego.
– Eu não vou fazer isso para não a assustar. – Sentou-se em frente ao outro. – Imagina ela ver você algemado aqui agora por ser um ladrão de banco. – Desdenhou. – Ela ficaria tão envergonhada diante todos nós por ter tido um relacionamento com você, e talvez isso traga consequências a ela.
– Vá direto ao assunto.
– Você pode ir embora e se afaste dela. – Ordenou. – Pegue suas coisas e invente mais uma dessas suas mentirazinhas sobre mochilão pelo mundo.
– Você gosta dela, não é mesmo?
– Não vamos ficar nessa patética discussão de interesses. – O loiro se levantou. – Ou talvez a corregedoria entenda que ela possa ser sua cumplice.
– Você não... – Não completou a frase e saiu dali carregando aquele jornal consigo, arrancando um sorriso vitorioso do homem de farda.
– Eu tenho mais deles. – Caminhou até a sala da delegada, encontrando a mesma saindo dela.
– Que estranho, Rebecca me disse que estava aqui. – A moça franziu as sobrancelhas, dando de cara com seu colega de trabalho.
– Não entendi, ele saiu olhando no relógio dizendo que tinha um compromisso e que depois te ligava. – Ryan contou sua mentira.
– Ligo para ele depois então. – Falou desapontada. – Trouxe os arquivos? – Perguntou entrando em sua sala, deixando a porta aberta.
– Quase todos. – Colocou a pilha de pasta na mesa. – Rebecca já vai trazer os outros. – Avisou.
– Quanto mais cedo começarmos menos tempo ficaremos presos aqui. – Olhou para o celular procurando alguma mensagem, guardando no bolso em seguida.


Capítulo 7

Por

Desde o dia da delegacia eu havia desaparecido da vida dela, não atendia telefonemas, não abria a porta nas vezes que ela vinha me procurar. Havia me apaixonado por ela. Ou talvez o amor de anos atrás só estivesse guardado. Estava esperando Mark conseguir a grana para fugir novamente. Cada dia que passava eu ficava apreensivo, imaginando a polícia arrombar a porta à minha procura. Imagens daquele policial Ryan sorrindo ao me ver preso cercavam meus pensamentos, precisava agilizar a fuga e novamente a deixaria magoada, não poderia contar a verdade. sempre foi certa e honesta com suas coisas e eu não poderia a prejudicar em tudo que conquistou, não seria justo eu voltar após dez anos e desgraçar a vida dela. Não poderia voltar para Sidney, seria muito arriscado, e nem sequer mandar uma mensagem ou telefonema para minha mãe, certamente eles grampeariam. Pensei em escrever uma carta e deixar na portaria de seu prédio, contando mais uma mentira, é claro.
Aquele jornal ainda continuava em cima da mesa com minha cara estampada ocupando quase quarenta por cento da página. No aniversario de Barbara, mãe de , quando a esposa de Nathan mencionou o jornal eu jurava que toda a farsa se acabaria ali, então ela pareceu confusa sobre os fatos, não sabia explicar o que de fato seria a minha foto em um jornal e mais uma vez me fiz de desentendido, desviando o assunto e o foco da conversa.
O cerco estava se fechando a cada dia que passava, eu teria que mudar de país ou simplesmente me entregar, passar anos na cadeia, passar uma borracha em todos os meus erros para, quem sabe, recomeçar. Poder recomeçar sem medo de sair na rua, sem poder ir a lugares movimentados. Ela não me esperaria, não por esse motivo.
Então aquele aparelho começou a tocar e no visor seu nome. Meio hesitante e lutando contra a vontade, atendi.

– Alô? – Disse meio incerta.
– Oi. – Respondi.
... O que está acontecendo? – Eu estava travado apenas escutando sua respiração, sem pensar em uma desculpa rápida.


Capítulo 8

Os últimos meses passaram apenas para mostrar o quão fadado ao fim estava meu relacionamento, ele não atendia as minhas ligações, não respondia as minhas mensagens e sequer me respondia pelo interfone. Os dias de nossa viagem se aproximavam e meu desespero apenas aumentava, cheguei a pensar em um momento em mandar meus homens procurá-lo, desistindo após um comentário de meu pai, pedindo que desse um tempo a ele.
Era a nona vez no dia que meus dedos discavam aquele número na esperança que alguma seria atendida.

– Alô? – Disse meio incerta.
– Oi. – Respondeu.
... O que está acontecendo?
– Eu não posso. – Soltou uma lufada de ar.

– O que você não pode?
– Nós não podemos. – Houve silêncio. – Não podemos.
– Eu não estou entendendo nada. – Me senti tonta. – Onde você está? Com quem?
– A gente, o que sequer existe.
– O que sequer existe? – Perguntei. – Eu não estou entendendo nada e esse seu silêncio não ajuda.
– Eu não fico muito tempo em um lugar, não tenho raízes fixas. – Aquilo realmente não me parecia bem. – E você, você é o oposto de mim, você cria raízes e se fixa.
– Que diabos são raízes?
– Você tem seu emprego, seu próprio apartamento, estudou muito para isso e eu, eu....
– Você?
– Eu nem conclui faculdade, deixei tudo para trás para viajar. – Pareceu pensar nas escolhas das palavras.
– Eu quero que você saiba que isso não nos impede de nada. – Comecei. – Eu gosto de você, , assim como você é.
– Eu vou partir amanhã pela manhã, eu não posso ficar. – Falava com urgência.
– Tem alguém com você aí? O que está acontecendo?
– A gente, nós, ficamos por aqui. – Então era como se um gatilho estivesse armado. – Eu não quero te magoar...
– Você já está me magoando. – O cortei.
– Eu não queria que terminasse assim.
– Você realmente vai terminar comigo por telefone? – Perguntei incrédula. – Depois de todos os momentos que passamos, de todos aqueles planos e cinco dias antes de nossa viagem?
– Tudo que nós não precisamos agora é nos prender em uma relação, confie em mim.
– Eu preciso te ver.
– Não.
– Preciso que você fale nos meus olhos que esse é o fim de tudo que tivemos. – Pedi.
...
– Eu preciso que você diga tudo isso olhando para mim, que me dê um motivo que realmente faça sentido.
– Tudo bem.
– E se mesmo assim for realmente isso, você estará livre. – Falei sentindo uma pontada no coração.
– Irei te esperar. – E assim ele encerrou a ligação, enquanto eu tentava digerir o que tinha ocorrido com um tremendo nó no peito, sem querer sair da minha cama, apenas querendo que aquilo fosse mais um sonho ruim.

Quando você está bem se afasta de mim
Você se sente sozinha e sempre estou ao seu lado
É uma guerra de toma lá dá cá
Me dá isso que você tem aí


Capítulo 9

– Oi. – Disse assim que ele abriu a porta.
– Entra. – Deu espaço. Sentei naquele pequeno sofá, esperando que ele começasse.
– O que você esconde de mim? – Fui direta.
– Eu não consigo.
– O que está atrás de tudo isso?
– Eu não posso ser quem tanto esperam para você, eu não sou ninguém.
– As escolhas são minhas. – Falei. – Me diz a verdade.
– Eu estou falando. – Suspirou.
– Não estou sentindo isso. – O encarei. – Por que você se afasta? Por que ficou esse tempo todo longe?
– Eu precisava pensar no que fazer, seu pai o tempo todo me perguntando sobre minha vida, meus ganhos e sua cunhada toda hora falando sobre profissões, me vendo em revistas. – Argumentou.
– Me falasse que isso estava te magoando. – Gritei. – Por onde andou?
– Eu passei um tempo na casa de minha mãe.
– Lá não tinha telefone para avisar? – Perguntei. – Fiquei vindo aqui, gritando e batendo na porta.
– Eu saí às presas, nem lembrei de carregador, de telefone, eu queria ficar sozinho.
– Nada justifica você me fazer de palhaça.
– Eu não quero te magoar. – Segurou meu rosto. – Eu não sou a pessoa que você sonha, vivo pelo mundo, não tenho conforto para oferecer.
– Eu quero você, , tudo se ajeitará. – Encostei meu nariz no seu.

Ouça, amor, não seja mau
Não me deixe com vontade
Há boatos na rua
Que você já não me quer mais
Venha e diga isso na minha cara

Então nossos lábios se encontraram, iniciando um beijo lento e calmo que foi ganhando forma em urgência, minhas mãos foram até sua blusa, puxando para cima e se livrando, sentei em seu colo sem quebrar o beijo, não demorou e meu vestido se juntou à sua blusa no chão. Puxei seu cinto, abrindo sua calça, recebendo ajuda para tirá-la. se levantou comigo em seu colo, caminhando rumo à cama, me deitou ali, passando a mão por todo meu corpo, levou meu braço esquerdo perto de minha cabeça, o segurando, senti algo gelado em meu pulso, levantei meu olhar o vendo algemar meu braço à cama.
Dizem por aí que vou fazendo e me desfazendo, não dê bola para essa propaganda enganosa. – Me virou um pouco bruto, me fazendo ficar de costas para ele.
Sua boca trilhava um caminho por toda minha lombar até chegar em meu pescoço, com uma de suas mãos ele foi abrindo minhas pernas, massageando meu órgão por cima da calcinha e sem esforço algum a tirou de meu corpo, deixando-a em tiras.
– Nem começamos e já está molhada, amor. – Sua voz no pé de meu ouvido arrancou arrepios. – Preciso que você empine a bunda. – Me levantou, fazendo ficar de quatro na cama. Começou a passar os dedos por um caminho até minha bunda, depositando um tapa ali, me arrancando um gemido. Com seu polegar começou a massagear meu ânus em movimentos circulares.

Pergunte para quem você quiser
Vida, te juro que isso não é assim
Eu nunca tive uma má intenção
Eu nunca quis brincar com você
Comigo você vê, nunca se sabe
Um dia digo que não e outro que sim

Seus lábios enfim tocaram minha vagina, chupando-a, mordi minha boca repreendendo um grito que estava tentando sair. Suas mãos cada uma em um lado de minhas nádegas, apertando e abrindo para ter acesso.
. – Gemi. Sua língua passou por todo meu clitóris enquanto seus dedos me penetravam, após alguns movimentos espasmos começaram a passar por todo meu corpo, fazendo-o parar, urrei em reprovação. se levantou da cama, caminhando e ficando do lado da mesma, apoiou seu joelho, se aproximando, com uma mão segurava seu membro duro pedindo atenção, aproximou do meu rosto, comecei a chupá-lo, vendo o prazer estampado em seu rosto. Com minha única mão livre segurei seu pênis, ajudando no movimento, larguei seu membro dando atenção também ao seu saco, chupando suas bolas e massageando, voltei novamente ao seu pênis, começou a guiar meus movimentos segurando minha cabeça, fazendo com que eu colocasse tudo que podia na minha boca, senti por diversas vezes encostar em minha garganta.
– Consegue se virar? – Perguntou tirando seu órgão de minha boca.
– Posso tentar. – Com sua ajuda fui virada de barriga para cima na cama, ele abriu a gaveta tirando um óleo dali, pelo que percebi era de massagem, jogou por toda minha barriga e seio, começando a massagear. Sua boca foi de encontro com a minha, deslizando sua língua por meus lábios, pedindo passagem, sua mão direita apertava meu seio brincando com seu bico, desceu seus lábios ao meu pescoço, deixando um chupão ali e um rastro de saliva quente. Descendo até meu colo, mordiscando meu peito, sua mão esquerda tratava de esparramar todo aquele óleo, chegando novamente ao meu clitóris, apertando. Meus olhos reviram e meu corpo pedia mais contato com o seu, eu queria senti-lo dentro de mim e ele pareceu compreender os sinais, abrindo a camisinha com os dentes e colocando em seu membro, deslizando na minha entrada. – Por favor. – Meu pedido foi atendido, gemi alto sentindo ele me penetrar, sua mão tampou minha boca enquanto ele fazia movimentos lentos, forcei meu quadril, enlaçando minhas pernas em sua cintura, forçando um contato mais fundo. O barulho da cama chocando contra a parede foi ouvido, não tendo a mínima importância para nós. Após algumas investidas naquela posição novamente, fui colocada de quatro, levou sua mão até meus cabelos, unindo-os em sua mão, os puxando enquanto investia com rapidez em mim. Curvou seu tronco sobre o meu, largando meus cabelos e levando sua mão até meu pescoço, o segurando, seus movimentos ficaram mais fortes, minha testa suava e minha barriga tremia, eu estava chegando lá. Seus gemidos em meu ouvido me incentivavam a rebolar, me levantou pelo pescoço, sentando na cama e me colocando em seu colo sem se retirar de dentro de mim. Comecei a cavalgar, sentindo sua respiração pesada em minhas costas.

Como você me tenta, quando se mexe
Esses movimentos sexys sempre me entretêm
Sabe me manipular bem com os seus quadris
Não sei por quê você me deixa na lista de espera

Nossos corpos quentes e suados entraram em sintonia, não demorou muito para que eu chegasse ao meu limite, debrucei sobre a cabeceira da cama, deixando ele comandar os movimentos, não demorou e ele também atingiu seu ápice, deixando uma mordida em meu ombro.
– Vem. – Me soltou, puxando para deitar ao seu lado.
– Onde arrumou essa algema? – Perguntei ainda ofegante.
– Era uma surpresa para você. – Acariciou meus cabelos. – Agora dorme, pequena.
– Promete que quando eu acordar você vai estar aqui. – Olhei em seus olhos.
– Eu prometo. – E assim, ouvindo sua voz, adormeci.

Eu sou masoquista
Com o meu corpo um egoísta
Você é pura, pura chantagem


Capítulo 10

Os raios solares já clareavam o cômodo, pela fresta da janela iluminavam meu rosto, trazendo um certo incômodo aos meus olhos. Peguei meu celular em cima da cômoda de abajur. Eu tinha meia hora para tomar um banho e correr para delegacia, sequer tomaríamos um café da manhã juntos, olhando para seu rosto dormindo tão tranquilamente não tive a coragem de acordá-lo, apenas deixei um bilhete dizendo que voltaria mais tarde.
– Bom dia, Rebecca. – Cumprimentei minha secretária.
– Bom dia, senhorita . – Respondeu.
– Avisa Ryan que já cheguei. – Pedi.
Abri a porta de minha sala, caminhando em direção à minha poltrona. Desbloqueei a tela do computador, fazendo login em minha conta, aquela pilha de casos para serem arquivados contra minha vontade me dava nos nervos. E então, ao lado de uma caixinha de rosquinhas, um jornal. As mesmas notícias de ontem, certamente estavam ali apenas algumas palavras e versões distorcidas. A não ser pela cor do papel um pouco mais escuro, me arriscando a dizer ser sujeira, algo relacionado à poeira, passei o dedo em minha mesa vendo que a mesma se encontrava limpa, franzi o cenho, tentando achar uma explicação lógica, peguei o jornal em minhas mãos e mostrava a data de um ano e dois meses atrás, o que de certo modo justificava aquela cor amarelada. Folhei as páginas com uma certa curiosidade e então a pagina seis daquela coluna policial me deixou sem chão, a foto de estampada com mais seis pessoas, quatro homens e duas mulheres, perdido em meio àquelas linhas, as quais falavam que apenas seis dos setes envolvidos estavam presos e um foragido. Meus olhos não podiam acreditar no que estavam lendo, assalto a banco. Como um suspiro todas as memórias vividas com ele foram passando em minha mente, um letreiro me perguntando como eu fui tão burra de me deixar levar por isso. De acreditar em tudo que ele me disse desde sua volta, não desconfiar de todas as maneiras que ele disfarçava quando o assunto era sua mãe.
Eu me sentida traída, perdida, sem rumo, não sabia lidar com os planos que tínhamos feitos, nas noites sem dormir imaginando por que ele tinha se afastado de mim. Então uma batida na porta me fez deixar aquele jornal na mesa.
– Posso denunciá-lo? – Perguntou Ryan, me fitando. Então o toque de meu celular preencheu todo o cômodo com seu som alto, enquanto eu queria atender aquela ligação e perguntar o porquê, um grito de ódio escorregava por minha garganta, apenas silenciei aquela chamada, deixando vibrar dentro de qualquer gaveta, voltei meu olhar para onde Ryan estava, com a voz tremula dei a tão esperada resposta.
– Pode. – Me permitindo soltar o ar e relaxar meu corpo naquela tão desconfortável poltrona.

Nós não conversamos o suficiente
Deveríamos nos abrir
Antes que tudo fique além da conta
– Sign of the times.




Fim...



Nota da autora: Olá pessoas, primeiro quero dizer não me matem por esse final e em segundo terá uma continuaçãozinha no Ficstape “ I Am... Sasha Fierce ” da Bey com a musica 04. Broken Hearted Girl.Espero vocês quando for postado.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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