Última atualização: 09/04/2018

Capítulo Único


caminhava de um lado para o outro na sala de estar. Parecia nervosa, e qualquer pessoa ali poderia perceber.
– E se disser não? – ela indaga pela milésima vez. O tom de voz estava contido, um sussurro quase inaudível.
– Eu duvido que isso aconteça, . E você sabe muito bem disso.
diz. A melhor amiga da garota, que sempre esteve ao seu lado em todas as burradas que já fizeram. Mesmo tão distante no momento, não poderia deixar de lado. E não queria, de qualquer maneira.
– Como se isso fosse adiantar, . – diz, bufando em seguida. – Preciso desligar, mais tarde falo com você.
– Até!
E logo a chamada foi encerrada. jogou seu celular no sofá, um ato que lhe causaria prejuízo, mas ela não pensava naquilo. Não naquele exato momento.


Cinco de agosto de 1998.

O caminhão foi estacionado junto de uma minivan prateada. , no gramado de sua casa, parou com a pequena festa do chá que fazia com seus brinquedos e observou aquilo.
A movimentação inquieta dos novos donos da casa ao lado. Os sofás que eles carregavam, que pareciam ser bastante pesados. A TV gigante; o home theater.
A porta da pequena van se abriu e, do banco do motorista, saiu uma mulher. Ela usava um macacão jeans e uma blusa branca de mangas arregaçadas. Em seus pés, havia um lindo tênis florido e colorido, combinando exatamente com o jardim da parte da frente ao lado da cerca branca.
Ao notar que era observada, sorriu para a garotinha, acenando em seguida. sorriu, mostrando a falta de dois dentes na parte da frente.
Do outro lado da cerca, ela notou um garotinho. Magro, seus cabelos pareciam estar molhados com uma enorme quantidade de gel, e ela julgou que ele tivesse se arrumado sozinho.
– Você quer brincar? – indaga em voz alta para que ele escute. Ele não diz nada, mas ela percebe que tinha as bochechas coradas. – Eu te fiz uma pergunta.
– Mas isso é brincadeira de menina! – ele diz, fazendo uma careta em seguida. Ela rola os olhos, bufando em seguida.
– Se você não sabe, você também terá uma casa um dia e terá que fazer seu próprio café. Ou vai viver sempre com sua mamãe? – a garotinha indaga com um sorriso surgindo em seu rosto. – Mas, se você não quiser, pode dar a volta e parar de me encarar.
– Você parece ser legal. – ele diz, logo dando a volta e parando ao lado da garotinha. – Meu nome é .
– Que nome legal! – ela diz. – Meu nome é , você pode me chamar de .
– Eu não tenho um apelido. – ele diz e dá de ombros, sentando-se ao lado dela. – Do que está brincando?
– Festa do chá. Esse é o Pringles, pois ele gosta muito de batata; essa é a Lisa, ela é enfermeira e vive atarefada no hospital onde trabalha. Quero ser assim um dia. E, por último, esse é o Bart, diminutivo de Bartolomeu, pois foi o nome que meu avô deu a ele. – ela diz, apontando para cada um dos bichinhos de pelúcia.
– E eles gostariam de ter a minha companhia? – indaga com uma sobrancelha arqueada.
– Ah, claro que sim! Bom, pelo menos foi o que o Bart disse, e a Lisa também concordou. – diz, dando de ombros em seguida. – O Pringles ainda não te conhece, mas acho que gostará de você.
– Legal! – foi a única coisa que ele disse, antes de pegar uma xícara lilás que imitava louça de verdade.
– E, então, Sr. , como que anda sua família em Londres? – diz enquanto vira o bule numa das xícaras.
– Eu não tenho família em Londres. – diz, fazendo uma careta.
– É de mentirinha. Você é um empresário e eu sou uma atriz muito boa. Ou você quer trocar de profissão? – ela indaga, colocando o prato em frente ao garoto.
– Não, mas eu posso ser empresário de uma empresa de carros? – ele indaga e ela pensa por alguns segundos, concordando em seguida. – Então tá legal.
E logo eles começaram a brincar, iniciando algo que eles não sabiam, mas que daria certo.


corria para ajeitar as coisas dentro de casa. Parecia que tudo poderia conspirar ao seu favor, até que Billie, seu buldogue, vomitou todo o seu tapete da sala.
– Você não gosta dele, né, Billie? – ela indaga enquanto coloca o tapete para a área. – Não sei o porquê, já que ele que me deu você.


Nove de setembro de 2011

A campainha tocou, obrigando a pausar seu filme pela terceira vez naquela noite. Parecia que tudo conspirava para que ela não fizesse uma maratona de Star Wars naquela madrugada.
– O que você faz aqui, ? – ela indaga. – São três da manhã! Você deveria estar em casa.
– Eu sei, eu sei, mas você não pode dormir chateada comigo. – ele diz. – Então, eu te trouxe um presente.
, eu não estou chateada com você. Não exatamente. Você decidiu me abandonar na nossa sexta de filmes. E você, mais do que ninguém, sabe como ela é sagrada. – diz, bufando. – Mas, eu entendo, você precisava ir comemorar o aniversário do seu amigo.
– Você ficou com ciúmes? – ele indaga com um sorriso no rosto.
– Da mesma maneira que você fica quando eu saio com meus amigos da faculdade. – ela diz.
Touché!
– Só não gosto que você saia com o . Você sabe que ele não presta. – diz, dando de ombros em seguida.
– E você presta, por um acaso? – ela indaga retoricamente, vendo o rapaz rolar os olhos. – Eu não tenho todo tempo do mundo, . Espero que seja rápido.
– Ah, agora você quer meu presente? – ele indaga e ela rola os olhos. – Tá ok, desculpe. Só quero que feche os olhos.
Ela suspirou e fechou os olhos, conforme o combinado. , com um sorriso no rosto, pegou a caixa do chão, abrindo a mesma e tirando dali o presente da garota.
– Se isso for uma barata morta, , você nunca mais me vê em toda sua vida. – ela diz e ele gargalha.
– Você sabe que eu não faria algo assim, né? – ele indaga e ela bufa. – Agora, estica os braços. E só abre os olhos quando eu mandar.
– Eu já disse que você não manda em mim, . – ela diz.
– Você pode pelo menos me escutar alguma vez na vida?! – e logo ele coloca o bicho em seu colo. – Ok, você pode abrir.
O grito de poderia ter acordado toda a vizinhança. Seus olhos brilhavam como mil estrelas e ali percebeu como ela ficava bonita sorrindo.
– Você é louco, ! Você poderia ter me comprado um sorvete, uma pizza da Domino's, mas você me comprou um cachorro! – ela exclama, apertando ainda mais o buldogue em seus braços. – E é um buldogue. Você deve ter gastado muito dinheiro com isso.
– Que nada. Você sabe que eu tenho meus contatos. – ele diz e manda uma piscadela para a amiga.
– Ah, esqueci que você é peguete oficial da dona de uma pet shop. – diz.
– Peguete não, somos amigos com exceções. Ela que propôs isso. – ele diz, dando de ombros.
– E você aceitou de imediato, . – ela diz, fazendo o rapaz gargalhar. – Vem, precisamos pôr um nome nele.
– Ei, que tal Darth? – indaga ao fechar a porta de entrada, indo direto para o sofá.
– Você realmente não faz ideia de pôr um nome, né? – ela indaga e ele bufa. – Já sei! Que tal Tom?
– Isso vai me lembrar aquele idiota do , então não, obrigado. – diz e a garota bufa.
– Não sei por quê esse ciúme excessivo do . Ele é legal, e me faz bem enquanto vivemos essa “amizade”. – ela diz, fazendo aspas com os dedos.
– Porra, por que você, somente você, enxerga isso? Ele é um imbecil. – diz e a garota rola os olhos.
– Do mesmo jeito que você é um quando quer. E, por favor, pare de ser um agora, nesse momento. – ela fala e ele assente. – Que tal Idris?
– Esse nome é de mulher! – exclama, fazendo uma careta.
– Ei, eu gosto do Idris Elba. E ele é um homem maravilhoso! – diz. – Que tal Billie?
– Igual Billie Jean do Michael Jackson? E Billie Joe? – indaga e ela sorri, assentindo. – Acho que fica legal.
– Então tá ok, o nome vai ser Billie. – ela diz, acariciando o pelo do bicho, que dormia profundamente em seu colo. – Agora você vai dormir aqui ou vai embora?
– Eu durmo só se você tirar do Ameaça Fantasma. Esse filme é uma merda. – ele diz com uma careta no rosto.
– Mas é minha maratona. Você tem que respeitá-la! Mas eu também acho esse bem ruim. – ela diz, dando de ombros.
– Você já sabe o que vai acontecer nesse filme, não tem pra que prolongar um sofrimento. – diz, pegando o controle da TV. – Tem pipoca?
– Você sabe onde que fica, . Não vou te ensinar a andar na minha casa. – ela diz. – Você se importa de tirar esse inferno de blusa?
– Claro que não. Blusa dos Red Hawks nunca foi algo que eu achasse bonito. – diz, indo para a cozinha.
Ele ficou por ali por mais ou menos cinco minutos, esperando que a pipoca estourasse. Ele colocou num pote e pegou as cervejas que estavam na geladeira, caminhando para a sala de estar.
A luz estava apagada e tudo o que iluminava era a TV e o telefone de . Mesmo com a falta de luminosidade, observou sua amiga com aquelas roupas íntimas e um short largo, e sentiu algo dentro de si.
Desde quando ela era tão bonita assim?
Era uma pergunta retórica. sempre chamou a atenção de todos pela sua beleza, o que fazia com que sempre sentisse muito ciúme e vivesse brigando com os garotos.
Ele tinha que proteger aquela garota.
– O que houve, ? Nunca me viu? – indaga.
– Nada, . Você tem certeza de que não está com frio? – ele indaga, desviando o olhar dela.
– Claro que não. Estamos no verão, . – ela diz, rolando os olhos e puxando uma das mãos do rapaz, fazendo com que ele se sente ao seu lado. – Agora, fica quieto, porque o Billie tá dormindo e eu não quero ser interrompida mais uma vez.
E ela logo deu play no filme, assistindo a abertura que conhecia desde a infância.


Quando terminou de dar banho no Billie e deu um jeito no tapete, percebeu que havia gasto quase uma hora e meia, o que adiava ainda mais aquilo tudo.
– Eu poderia pedir a ajuda da , mas eu queria que ele gostasse de algo que eu fiz, sabe, Billie? – indaga enquanto coloca o buldogue no chão. – E essa data é importante para nós dois. Você é novo, ainda não conhece metade da nossa história.


Vinte e quatro de maio de 2003.

entrou em casa irado, transtornado e um tanto triste. Colocou o capacete de futebol em cima de sua cama, pouco se importando se sujaria seu lençol recém lavado.
Os tênis foram deixados na varanda de seu quarto, que batia de frente à de , que não aparentava estar dentro de sua casa. Não ainda.
Do outro lado da cerca, nadava inquieta na piscina. Precisava praticar para as finais municipais e sabia que seria cobrada pelo seu técnico, que também fazia papel de seu padrasto nas horas vagas.
– Querida, você precisa comer algo. Está nessa piscina há horas! – Sra. diz, parada na porta que dá para os fundos da casa. – O que houve?
– Só estou querendo ganhar, mamãe. – diz ao voltar a superfície. – Saio daqui a pouco.
E logo a mais velha assentiu, saindo dali. Antes que chegasse à sala, ouviu a campainha tocar. Abriu a porta, vendo .
– Olá, ! – ela diz com um sorriso no rosto. – está na piscina. Sabe onde encontrá-la. Vou fazer uns sanduíches e já, já levo para lá.
– Obrigado, Sra. . – diz, com um sorriso de canto e caminhando pela casa, indo direto para a área dos fundos.
Ao abrir a porta, viu sair da piscina. Ele sorriu de lado para a garota, que não parecia tão contente assim.
– O que aconteceu? – ele indaga, aproximando-se da garota.
– Não sei, me diz você. – ela diz e ele arregala os olhos. – Eu não acredito que você fez aquilo, , não acredito mesmo!
– O que mais que eu poderia fazer? – ele indaga. – Ele estava sendo um imbecil com você.
– Você não podia ter contado que eu gostava dele, . Isso diz respeito a mim e não a você. – diz, pegando sua toalha na mesa.
– Não sei se você sabe, mas você é minha melhor amiga. E eu queria te proteger. – diz.
– O que justifica ter dado uma surra no ? Nada! – ela exclama, aumentando o tom de voz.
– Nada? Não, . Ele estava te iludindo. Ele estava agindo feito um idiota e eu sabia que ele estava partindo seu coração agindo daquela maneira. – fala.
– Eu sei me defender e cuidar de mim, . Você não é meu pai. – ela vocifera, sentindo lágrimas surgirem em seus olhos. – Você é meu amigo, quase meu irmão mais velho, só que eu não gosto de você agindo assim.
– Eu vou parar. – ele diz e ela suspira, passando a toalha pelos cabelos. – Você pode me perdoar?
– Eu posso pensar nisso, né? – ela indaga e ele assente, abaixando a cabeça.
– Vou para casa. – ele diz.
– Tchau. – ela acena sem animação, tentando conter a vontade de agradecê-lo por ter feito aquilo, mesmo sabendo que era errado.
Horas se passaram. , a cada cinco minutos, observava a janela da casa ao lado, tentando achar algum sinal de vida do melhor amigo. Ela queria ir até lá e pedir desculpas por tudo e agradecer, mas era orgulhosa o suficiente para ficar ali, parada, se remoendo e sentindo uma dor estranha dentro de si.
– O que aconteceu, querida? – a mãe dela indaga parada na porta.
– Eu acho que exagerei com o . – ela diz, limpando uma lágrima que saiu.
– O que ele fez? – ela indaga.
– Ele brigou com o garoto que eu gosto, mãe. Eu sei que ele não fez por mal, mas ele não precisava fazer aquilo. – diz com um sorriso triste.
– Você sabe que ele cuida de você porque se importa, né? – a mais velha indaga, vendo a filha concordar. – Ele queria te proteger, filha. Somente isso. E você não deveria defender esse garoto que gosta. Ele pode ser passageiro, mas é seu melhor amigo.
– O que acha que eu devo fazer? – indaga, limpando as lágrimas.
– Que tal assarmos os biscoitos preferidos dele e você leva como um pedido de desculpas? – Sra. indaga, vendo a filha sorrir e assentir, levantando-se da cama e indo para o andar de baixo junto da mais velha.
Passaram, mais ou menos, uma hora naquela cozinha. colocava as gotas de chocolate junto com os confeitos coloridos, deixando aqueles biscoitos ainda mais bonitos.
Enquanto caminhava no gramado em direção a casa dos , repassava o que falaria para que ele a desculpasse, achando que um discurso já pronto ajudaria o suficiente.
Tocou a campainha, esperando alguns segundos, até que a Sra. apareceu na porta.
– Oi, ! – a mais velha exclama com um sorriso de lado. – Como você está?
– Estou bem, e a senhora? – ela indaga. A mais velha assente. – O está?
– Ele disse que iria andar de bicicleta por aí, mas não deve demorar. Ele deve voltar pouco antes do jantar. Por quê?
– Eu precisava falar com ele. Posso esperá-lo no quarto? – indaga e a mais velha assente, dando espaço para que a garota passe. – Pode dizer que é uma surpresa?
Sra. assente, indo direto para seu escritório.
O que era para ser minutos, tornaram-se horas e, quando deu por si, acordou com a luz incomoda do quarto.
Abriu os olhos e viu . O mesmo estava suado e com roupas largas, as que ele costumava usar sempre.
– Oi, . – diz, mordendo os lábios, apreensiva. – Você está bem?
– Estou. – ele diz, colocando o capacete na cômoda. – O que houve?
– Eu pensei em te trazer esses biscoitos. – ela diz, apontando para a cesta em cima da cama. – Mas acabei cochilando. E eu quero te pedir desculpas.
– Pelo quê? – ele indaga, sentando-se na ponta da cama.
– Pelo que eu te disse. Sei que você bateu em para me proteger, e agradeço por isso, mas eu sei me cuidar. – ela diz, aproximando-se cautelosamente do rapaz, abraçando-o. Ele retribui segundos depois. – Eu sinto muito, . Me perdoe.
– Você não fez nada de errado. – ele diz com a voz baixa, como se estivesse se confessando a um padre por algum pecado. – Você continua sendo minha melhor amiga?
– Até que você se canse de mim. – ela diz com uma gargalhada no final.
– Impossível, . Podemos comer os biscoitos? – ele indaga e ela assente, sentando-se na cama e abrindo a pequena cesta de madeira.
E lá eles ficaram pelo resto da noite, jantou ali e foi para casa na hora de dormir com um sorriso que mal cabia no rosto.


– Vê se atende, . – sussurra, roendo as unhas. Uma mania que ela não perdeu conforme amadurecia.
– Sabia que iria me ligar!
– Eu preciso de ajuda. Eu não sei cozinhar um mísero macarrão. – diz e ouve a gargalhada do outro lado da linha.
– Estou indo para a sua casa. Chego em quinze minutos.
– Tem como chegar mais rápido? – a garota indaga e a outra bufa, encerrando a chamada.

olhava mais uma vez o livro de receitas da mãe, tentando entender como dourava os camarões sem queimá-los.
A porta da frente se abriu e o latido de Billie anunciou a chegada da amiga, que brincou por pouco tempo com o cachorro, antes de caminhar para a cozinha, encontrando a ponto de chorar.
– Podemos começar a cozinhar? – indaga.
– Ele chega em duas horas. – diz, levantando da bancada. – Eu poderia fazer isso em outro lugar, pedir para irmos a um restaurante, mas eu sou muito idiota, né?
– Não, você sabe que ele vai gostar de comer algo que você fez. – diz, dando de ombros em seguida. – Você se lembra do baile de formatura?
– Aquele em que o globo de luz caiu no ? – indaga, prendendo o riso.
– Esse mesmo! – exclama, gargalhando em seguida.


Sete de junho de 2007.

caminhava de um lado para o outro, esperando que a amiga terminasse a maquiagem e que pudessem ir para o baile.
O relógio da sala marcava sete da noite. Os pais de e os de estavam sentados na sala, conversando. O padrasto de fazia o churrasco no jardim, enquanto , o acompanhante de , estava respondendo ao interrogatório de Sr. Blake.
– Se você demorar cinco minutos, você irá para o baile sem acompanhante. – sussurra na porta do quarto.
– Estou pronta! – exclama, abrindo a porta.
A garota usava um vestido rosa com lindos detalhes em renda e os saltos que sua mãe havia emprestado na noite anterior, junto das joias que ganhara ao completar dezesseis anos.
– Você tem certeza disso, ? – indaga novamente. – Você prefere ficar em casa do que mostrar para o babaca do que ele perdeu a garota mais maravilhosa daquela escola?
– Eu iria para o baile somente para me divertir, não para esfregar algo na cara dele, . – diz, fazendo a amiga rolar os olhos. – E, de verdade, vai ser legal para você. Aproveite!
– Qualquer coisa, o vem te buscar, tá? – ela indaga, assente e beija o rosto da amiga, descendo as escadas com ela.
Ao chegar no andar de baixo, todos os olhares voltaram-se para as duas. Sra. tinha um olhar indecifrável, enquanto os pais de sorriam maravilhados, assim como , que confirmou o que ele já sabia: que ela era linda.
– Você está linda, filha! – Sra. Blake exclama, pegando a máquina fotográfica na bolsa. – Vamos, você precisa tirar uma foto.
– Ah, mãe! – exclama. – Tira comigo, ?
As duas pararam uma do lado da outra, sorrindo, abraçadas de lado.
– Agora uma você com o ! – Sra. Blake exclama novamente, puxando uma das mãos de , o fazendo parar ao lado da garota, que sorri envergonhada.
Logo eles tiraram a foto e foram para o lado de fora da casa. Da janela, observava os dois partirem, deixando-a sozinha ali.
– Por que não foi, querida? – Sra. indaga, acariciando os cabelos da filha.
– Perdi o interesse. Desculpe por ter alugado o vestido. – diz e a mais velha dá de ombros. – Vou para meu quarto, tá?
E logo a garota subiu as escadas, indo para seu quarto e fechando a porta, parando na varanda.
Pegou uma pedra que sempre ficava ali, jogando em direção à janela do quarto de , que estava totalmente iluminado.
– O que faz em casa? – ele indaga ao aparecer na varanda.
– Perdi o interesse. E você? Não ia com a Sandy? – indaga.
– Ela desmarcou. Parece que nós dois levamos um bolo juntos, não é? – indaga com um sorriso no rosto.
– Pois é. Está fazendo alguma coisa? – ela indaga.
– Minha mãe saiu. Ela disse que eu sou adulto o suficiente para me cuidar. – ele diz e rola os olhos em seguida. – Eu sei que ela vai sair com o Bobby.
– Você deveria deixá-la ser feliz com alguém, né? – indaga e rola os olhos novamente. – Para de ser babaca. Não é como se ela fosse te deixar de lado. Você sabe disso, .
– É ser babaca, proteger a mãe? – ele indaga.
– Proteção é uma coisa, você sabe que o Bobby é um cara legal para ela. – a garota diz. – Se insiste nessa de proteger, desculpe, mas sua mãe já está feliz demais com ele. E você, mais do que ninguém, sabe disso.
– Tá ok, senhorita voz da razão. – ele diz e bufa em seguida.
– Eu vou aí na sua casa, tá? – ela indaga com um sorriso no rosto. Ele assente, fechando as portas e entrando no quarto.
Ela logo entrou, pegando a roupa e colocando-a rapidamente, calçando seus sapatos e passando uma máscara de cílios e um batom, ajeitando seus cabelos e descendo as escadas.
– Onde você vai desse jeito? – Sr. indaga, fazendo a garota rolar os olhos e beijar a bochecha dele.
– É o que eu estou pensando? – a mãe indaga, vendo a filha dar de ombros. – Se divirtam!
E logo ela beijou a bochecha da mãe, correndo para o lado de fora, tentando se equilibrar nos saltos ridiculamente medianos que lhe obrigaram a colocar.
Era a regra de etiqueta dos bailes. Você não poderia andar de pijamas, ou seria expulso da festa. E tudo o que menos queria era uma expulsão.
Tocou a campainha da casa ao lado, ajeitando toda a sua roupa numa maneira fútil de se manter arrumada. A porta logo foi aberta, e os olhos de percorreram todo o seu corpo.
– O que você pensa que está fazendo? – indaga após gargalhar.
– Você, , melhor amigo de , daria a honra de ser meu acompanhante para esse baile de formatura? – ela indaga.
– Você tem certeza? – ele indaga.
– Claro que tenho, zé mané, agora vai logo. Ou eu vou sem você. – diz e assente, beijando sua testa e correndo para o lado de dentro da casa.
Ele levou aproximadamente quinze minutos para vestir o smoking que sua mãe havia alugado para ele. Colocou seu melhor perfume, ajeitou seus cabelos e tentou não parecer um idiota engravatado naquelas roupas engraçadas.
Desceu as escadas com pressa, encontrando parada na porta. A mesma sorriu ao ver o melhor amigo naquela roupa, ainda mais com a gravata totalmente desarrumada daquele jeito.
– Você está absurdamente sexy com essa gravata, . – ela diz com uma risada.
– Eu deveria ter nascido mulher, é muito mais fácil. – ele diz, recebendo um olhar reprovador de .
– Você não viveria um dia sendo mulher, seu zé. – ela diz, arrumando a gravata.
– Com que carro iremos para o baile, ? – ele indaga assim que saem da casa.
– Porra, esqueci disso. – ela diz, suspirando em seguida. – Você tem sua bicicleta?
– Claro que tenho! Por quê? – ele indaga e ela dá um sorriso.
– Então esses serão nosso meio de transporte. – ela fala, indo até sua casa e abrindo a garagem, pegando sua bicicleta rosa com corações, que ela ganhou ao fazer 14 anos.
E logo eles foram para a festa da escola. pedalava ao encalço de , que gargalhava com o vento batendo em seu rosto.
Logo eles chegaram e deixaram as bicicletas em canto encostadas em uma das entradas, atentos sob os olhares de seus colegas de classe.
Logo eles entraram, indo direto para a área onde tiravam as fotos dos casais.
– Vocês são um casal? – o fotógrafo indaga e os dois fazem uma careta, rindo em seguida. – Mas o baile é para casais.
– Não mesmo, é para nós nos divertirmos! – diz. – Qual a excessiva necessidade de serem casais? É escroto!
– Não é como se você não quisesse ser minha namorada, . – diz ironicamente.
– Ah, claro. Vou ter que te beijar para confirmar que quem quer isso é você, não eu. – ela diz, puxando e dando um selinho nele. – Viu? Não mudou nada!
O rapaz permanecia de olhos arregalados, confuso com tudo que aconteceu.
– O que foi isso? – ele indaga.
– Um selinho, ué. Nada demais. – a garota diz, dando de ombros em seguida. – Agora, você já viu a demonstração máxima de afeto que terá entre nós dois, pode tirar uma mísera foto? Preciso mostrar aos meus filhos.
E o fotógrafo assentiu. parou ao lado de , fazendo uma careta, logo sendo imitada pelo rapaz, que tentava de qualquer maneira tirar o acontecimento de minutos atrás de sua mente.
– Vamos, está tocando minha música favorita. – ela diz, puxando a mão do melhor amigo e correndo para a pista, onde tocava uma música do Green Day, uma das bandas preferidas de .
Eles cantavam como se suas vidas dependessem daquilo. De tempos em tempos, pegava no colo, girando-a e fazendo a garota rir, se divertindo o suficiente por uma noite.

– Essa foi a melhor noite. – diz ao parar na porta da casa da garota. Caía uma leve garoa e o relógio de pulso de marcava três e cinquenta da manhã. – Nós fomos de bicicleta para um baile de formatura! Você tem noção?
– Tenho. Não é como se eu fosse acostumada. – ela diz, dando de ombros em seguida.
– Eu vou sentir falta nas próximas semanas. – ele confessa, fazendo a garota suspirar.
– Eu também, . – ela sussurra, abraçando o rapaz. Ele retribui de imediato, tentando não acabar com aquele momento. – Você é meu melhor amigo, seu zé mané.
– Você também é minha melhor amiga, chérie. – ele diz, acariciando o rosto da garota, que gargalhou com o apelido. – Que foi? Aprendi francês!
– Você não existe, . – ela diz, passando os dedos pela bochecha de .
Foram longos segundos até que ela tomasse iniciativa, beijando o rapaz.
Seus sentimentos eram mistos, de ambas as partes. Uma dizia que adorava aquilo, outra dizia que estragaria tudo entre eles.
Mas não davam ouvidos. Pelo menos ela não dava, enquanto as mãos do rapaz faziam um carinho gostoso em sua cintura.
E ali, naquele exato momento, às três e cinquenta e seis da manhã, tudo ao redor deles mudou.


– Foi quando eu tive meu primeiro beijo com o . – diz, sorrindo em seguida. – E foi quando tudo mudou.
– Na verdade, confirmava somente o que todos sabiam que era verdade: que vocês se gostavam muito. – diz, dando de ombros e cortando o coentro.
– Mas não foi nada fácil para que chegássemos onde estamos hoje, você sabe. – diz, colocando o macarrão no fogo.
Antes que pudesse responder, o telefone de apita, mostrando que havia uma mensagem. Ou várias.

: Esses treinos estão me estressando.
: O que você acha de mais tarde assistirmos aos episódios que faltam de Friends?
: Ou podemos começar uma série nova. Falaram que tem muita série nova na Netflix. Palavras de e Jason.
: Ou podemos ficar sem fazer nada. Eu posso ficar tentando conquistar a confiança do Billie, já que ele supostamente me detesta.
: Me respondeeeeeee!!!!
: Pode ser, . Contanto que você não se importe de assistir Delírios de consumo de Becky Bloom comigo.
: De novo? Esse filme é muito chato!
: Então arruma outra diversão, seu zé.
: Tá ok, tá ok. O que eu não faço por você, ?


Ela sorriu, bloqueando o aparelho e indo pegar os tomates na geladeira para fazer uma salada.


Dez de novembro de 2012.

abriu a porta da casa de com raiva, vendo a garota sentada no sofá com um vidro de esmalte azul e assistindo a um filme qualquer na TV a cabo.
– O que houve, ? – indaga, sentando-se corretamente no sofá.
– A Joy, . Ela disse que quer terminar comigo. – diz, caminhando de um lado para o outro na sala de estar. – Ela disse que precisa de um tempo para se dedicar à vida profissional dela. Uma piada.
– Não mesmo, . Ela está certa em querer se dedicar à vida profissional. – diz, dando de ombros em seguida.
– Você poderia parar com essa sua solidariedade feminina e me ajudar? – ele indaga, irado.
– Me desculpe, , mas eu, na minha humilde opinião, apoio totalmente o que Joy fez. Se você não apoia, me perdoe, mas você não é o cara certo pra ela. Talvez pra ninguém. – diz.
– Porra, eu pensei que você me apoiaria. – ele diz.
– E eu estou apoiando. Ela precisa terminar a faculdade. – ela diz, trocando o canal da televisão. – Agora, se você não apoia, sugiro que termine você mesmo o relacionamento e vá embora.
– Eu deveria ter ido ao bar com os caras mesmo. – fala.
– Então vai. A porta é logo ali. – fala, apontando para a entrada de casa. – Só não quero você vindo aqui reclamar depois que eu te avisei a coisa certa.
E o rapaz bufou, saindo de casa em seguida, sem ao menos se despedir. A garota permanecia quieta, em silêncio, apenas pensando naquilo.

No bar, enquanto e seus amigos falavam algumas barbaridades das últimas aulas, pensava no que havia acontecido há algumas horas, tentando entender por que aquilo havia acontecido.
Entre uma cerveja e outra, ele observava o celular. Nenhuma ligação, tanto de Joy quanto de , o fazendo bufar de raiva.
– O que houve? – indaga, cutucando o ombro do amigo. – Você brigou com a Joy?
– Não, foi com a ! – exclama, suspirando em seguida. – E o pior? Ela está totalmente certa agora.
– Ela sempre esteve certa, . Você sabe disso. – ele diz e o rapaz assente, mesmo a contragosto. – Você poderia ir agora lá, pedir desculpas.
– Ela não irá me perdoar se eu for assim. – ele sussurra.
– Tenho uma ideia. – fala. – Você sabe qual a música preferida dela?
– Claro que eu sei, né. Eu conheço a como a palma da minha mão. – diz, terminando sua quinta cerveja. Mas, para seu espanto, ele estava longe de estar bêbado ou levemente alterado.
– Você tem coragem o suficiente para fazer uma loucura? – indaga, deixando duas notas de vinte no balcão e levantando do banco.
– É a , cara. Você sabe que eu faria. – ele diz, levantando-se e caminhando para o lado de fora do bar junto do amigo.
Mau pressentimento era o que sentia naquela noite. Enquanto carregava o violão e segurava a vontade de rir e de correr para longe, mas ele precisava fazer aquilo.
– Que tal se eu der mais um cachorro? – indaga. – Ela vai gostar, e o Billie também.
– Para de ser cagão e vai logo! Eu vou para o canto para ver essa cena. – diz, correndo para o arbusto da casa e escondendo-se ali.
suspirou profundamente, pegando três pedras e arremessando a primeira na janela de , que mexia em seu notebook, tentando desenvolver uma parte do trabalho de conclusão do curso.
Ele jogou outra pedra, vendo a luz se acender. Sorriu de lado, jogando a última e se preparando para tocar a música escolhida.
Ela abriu a janela e logo a música escolhida foi tocada.
– You've got a friend in me. – canta, totalmente desafinado, fazendo a garota sorrir e rolar os olhos. – When the road looks rough ahead, and you’re miles and miles from your nice warm bed. You just remember what your old pal said, girl, you’ve got a friend in me. Yeah, you’ve got a friend in me.
– Você é louco, ! – ela exclama com a voz alta, pouco se importando com o que os vizinhos fariam.
– You’ve got a friend in me. If you got troubles, I got 'em too. There isn’t anything that I wouldn’t do for you. – ele canta, fazendo a garota rir e acompanhá-lo na canção. – If we stick together, we can see it through.
– 'Cause you’ve got a friend in me. – ela canta. – Yes you’ve got a friend in me.
– Some other folks might be a little smarter than I am, bigger and stronger too. Maybe.
– But none of them will ever love you the way I do, it’s me and you, boy. – canta, fazendo sorrir no gramado. – And as the years go by, our friendship will never die.
– You’re going to see, it’s our destiny. You’ve got a friend in me. – finaliza, colocando o violão no gramado.
– O que você faz aqui essa hora da noite? – indaga. – Amanhã você tem o negócio da universidade, esqueceu? Precisa dormir!
– Sim, eu preciso, mas só se você me desculpar. – ele diz e sobe as escadinhas que davam exatamente para a janela do quarto dela. – Eu fiz burrada, eu sei. Você não tinha o dever de me apoiar, só me dizer a verdade que me doía ouvir e acreditar.
– Eu disse que você não era certo para ninguém, . Me desculpe. – ela diz, dando espaço para que ele entre no quarto. – E, olha só, você veio aqui cantar uma música de Toy Story para mim.
– Eu faço o que está ao meu alcance, . – ele diz, jogando-se na cama. – O que acha de eu dormir com você?
– Não acho que seja muito bom. – ela diz, jogando-se ao lado do rapaz, que a puxou para mais perto de seu corpo. – Amanhã você tem um compromisso!
– Eu sei, eu sei, mas eu não posso ir embora. Está tarde e eu moro muito longe daqui. – ele diz, fazendo bico, fazendo gargalhar.
– Você mora na casa ao lado, mané. – ela diz, fitando seus olhos por longos segundos, antes de desviar. – Você pode dormir, mas se me levar para almoçar amanhã depois da ida na faculdade.
– Você sabe que sim. – ele diz, beijando a bochecha da amiga. – Agora, você pode me deixar tirar minha roupa para dormir mais confortável?
– Tem roupas suas na segunda gaveta e uma escova de dentes no banheiro. A sua é azul. – ela falou enquanto ele se levantava, indo para o banheiro que havia no quarto.
Depois de alguns minutos, logo ele voltou, desligando a luz do quarto e se deitando ao lado de , que segurou um de seus braços. sorriu, abraçando a garota e fazendo com que pegassem no sono mais depressa.


– E você com o ? – indaga. dá de ombros, tentando mexer na panela de comida. – Ele ainda sente ciúme daquele cara?
– Sim! E o pior, eu não sei por qual motivo. Só foi uma conversa nossa no corredor da empresa e pronto, ele já ficou assim. – ela diz, rolando os olhos em seguida. – Se tudo fosse mais fácil. Estamos sem nos falar há dias e eu não sei o que fazer.
– Você já ligou para ele? – indaga.
– Já, mas ele sempre ignora. Eu vou parar de ser tão idiota por esse babaca. – diz, jogando um pouco de vinho na panela.
– Vou falar com o para conversar com ele. Quem sabe ele escuta o amigo dele, né? – ela indaga retoricamente, vendo um sorriso surgir no rosto da amiga. – Agora a gente precisa agilizar, ou ele vai chegar e você ainda vai estar aqui.
– Onde ficará meu mérito pela comida? – indaga, limpando as mãos no avental cor de rosa.
– Eu falo que você cozinhou. – diz.
– Eu não sei como, mas você é muito sortuda. Nossa, e você fez tanta burrada com ele. – diz, sorrindo em seguida.


Trinta de outubro de 2015.

A campainha tocou pela milésima vez naquela manhã, mas nada fazia aquela garota se levantar da cama. Nem se quisesse. E agradecia aos deuses do destino por estar de férias, ou estaria totalmente ferrada no emprego.
A porta de seu quarto se abriu e apareceu ali em seu campo de visão. Ele parecia confuso, mas, ao ver os olhos vermelhos e inchados da melhor amiga, fechou a porta, correndo para a cama e sentando num espaço vazio.
– O que aconteceu? – indaga, sabendo que seria difícil da garota admitir algo. E, por mais difícil que fosse admitir, vê-la daquela maneira partia seu coração em milhares de pedaços, como um vidro.
– Ah, você não sabe? – ela indaga com o tom de voz irônico que ele adorava, mas que, naquele momento, estava detestando com todas as suas forças. – Pensei que o mundo inteiro soubesse disso.
Ele segurou sua mão, receoso, com medo de uma rejeição. Mas foi tudo o oposto, pois ela segurou com força, tentando não soltar.
– Ele é um completo imbecil, . E você tinha razão em me avisar! – exclama, sentindo o tom de voz ficar ainda pior. As lágrimas se acumulam em seus olhos. – Eu só queria, dessa vez, poder dar uma surra nele, .
– Eu posso fazer isso por você. Sabe que não me importo. – diz, dando um sorriso de lado para a garota.
– Eu me importo, . Isso não é bom para a sua carreira, você sabe disso. – diz, jogando sua cabeça em suas pernas, olhando-o em seus olhos, aqueles que ela secretamente adorava e se via a sonhar.
– Eu sempre te disse que o é um grande babaca. – diz, acariciando os cabelos da amiga. – Você nunca me deu ouvidos. Até a te disse isso. Mas, ok, é normal, você estava apaixonada por ele.
Ao falar aquilo, sentiu um peso muito maior do que sentia anteriormente, enquanto se via pensando se nutria ou não sentimentos pela sua melhor amiga, depois de anos a vendo como sua irmã mais nova.
, eu não estava apaixonada por ele. Eu só tinha aquilo para mim. – ela diz, dando de ombros em seguida.
– Você sabe que não precisava dele, né? – ele indaga, fazendo a garota se levantar, fitando ainda seus olhos. – Nunca precisou, .
– Bom, eu precisei enquanto você estava com a Claire. – ela confessa, sentindo profundo arrependimento após. – Mas isso não importa.
– Claro que importa, . – ele diz, rolando os olhos em seguida. – E você não faz ideia do motivo do meu término com ela.
– Não mesmo, . Você nunca me disse. E eu parei de perguntar. – ela diz, dando de ombros.
– Você não percebe que tudo mudou entre a gente, ? Desde aquele baile de formatura? – ele indaga, segurando as duas mãos da garota.
– Eu não faço ideia, . – ela diz, sorrindo e abraçando o rapaz. – Mas não tem problema, eu quero ter você aqui comigo. Você é meu melhor amigo para sempre.
Aquela frase parecia de um enorme peso, não somente para , mas também para .
Ele estava confuso. Se sentia confuso, na verdade. Sabia como era aquele sentimento, conversava com todos ao seu redor e todos diziam a mesma coisa, mas ele queria ignorar. Queria abstrair qualquer sentimento oposto de uma amizade.
E, dentro de , ela não sabia decifrar aquilo. Não sabia decifrar se gostava daquela situação em que se encontrava com , seu melhor amigo, mas adorava saber que sempre o teria por ali.
– Podemos assistir Mudança de Hábito? – ela indaga, se desvencilhando dos braços do rapaz.
– Podemos assistir os dois. Vou fazer a pipoca. – ele fala, sorrindo e beijando a bochecha da garota, saindo do quarto dela e indo para a cozinha.
Depois de longos minutos, ela deu play no filme. mantinha os olhos voltados para a tela, enquanto intercalava, tentando ver se ela chorava ou algo do tipo.
– O que houve? – ela indaga, olhando-o nos olhos depois de horas. Ele nega, acariciando o rosto da garota. – Você vai me beijar?
– Você adivinhou. – ele sussurra, beijando-a em seguida.
Foram longos segundos, que pareciam uma eternidade.
Dentro de , ele confirmava o que já sabia: que estava mesmo apaixonado por ela.
Dentro de , a confusão estava formada, junto do medo.
E se tudo que eles construíram naqueles anos acabasse de uma hora para outra com aquele beijo significativo?
Eram dúvidas sem algum sinal de respostas. Enquanto ela pensava, acariciou sua nuca, deixando ali aquele carinho gostoso, fazendo seu coração se aquecer, assim como todo seu corpo.
Oh, céus!


havia ido embora há quase quinze minutos, deixando arrumando tudo para aquela noite em especial.
A mesa estava arrumada. Usava as louças que sua mãe havia comprado para ela, deixando que ele escolhesse as bebidas e a música que tocaria, mesmo sabendo que agradaria ambos.
Enquanto ajeitava as almofadas no sofá, ouviu seu celular tocar.
– Alô? – ela indaga.
– Oi, . Bom, acho que teremos um pequeno probleminha.
– Pequeno quanto...? – ela indaga, ouvindo o rapaz suspirar do outro lado da linha.
– Eu acabei me distraindo no treino e cai, estou no hospital e não sei que horas volto para casa hoje.
– Merda, ! – ela exclama, bufando em seguida. – Você quer que eu vá te buscar?
– E fazer você sair de casa a essa hora? Não mesmo, chérie! Eu volto daqui a pouco, eu prometo!
– Tudo bem, eu vou assistir alguma coisa na TV. – ela fala desanimada.
– Isso! Mas, se você for assistir Delírios de consumo de Becky Bloom, eu não falo mais com você.
– Mas você disse que esse filme era chato! – exclama, rindo em seguida.
– Mas não quer dizer que eu não quero assistir, né? Você adoraria se eu assistisse Masterchef sem você?
– Não é como se eu gostasse muito. – ela fala, dando de ombros em seguida.
– Ah, claro que não. Bom, vou ter que desligar. Mais tarde eu chego para te fazer companhia.
– Eu ‘tô sentindo sua falta aqui, comigo. – ela confessa num sussurro.
– Own, eu também 'tô sentindo! Vou te agarrar assim que eu chegar.
– Ok, isso foi muito estranho, zé mané. Parece que não nos vemos há meses. – ela diz, rindo depois.
– Alguns dias, somente. Três, né?
– No máximo. – ela diz, mordendo os lábios. – Enfim, espero que esteja tudo bem com você, . Acho melhor desligar.
– Não! Fica mais um pouquinho. Sinto sua falta me chamando de zé mané o tempo todo.
Ela suspirou, sentindo seu coração acelerado. E, mesmo longe, sabia que ele estava da mesma maneira.
– Você sabe que eu não gosto quando você fica toda silenciosa, né, chérie?
– Eu sei, eu sei, me desculpe. – ela fala. – Eu estava analisando os filmes da Netflix. Acho que irei assistir Shrek mais uma vez.
– Sem mim? Beleza, .
– Merda, não sei qual filme eu coloco, então. – fala. – Que tal Juntos por Acaso?
– Esse é um saco. Não reclamo.
– Não é como se eu não fosse assistir se você reclamasse, . – ela fala, ouvindo uma risada fraca vindo dele.
– Eu sempre esqueço que você não me ouve muito.
– Não quando você acha que manda em mim, . – ela falou, dando de ombros.
– Eu sei que não. Acho que vou ter que desligar. A recepcionista já me chamou a atenção no mínimo umas dez vezes. Se eu não for pra casa, ela me matou.
– Eu faria a mesma coisa. – diz, gargalhando em seguida.
– É assim que você apoia o amor da sua vida?
– Desculpe, é a sororidade. – fala. – Eu estou te esperando, tá?
– Tá ok. Beijo.
Ela encerrou a chamada, bufando e entrando no aplicativo de mensagens, digitando uma para .

: está no hospital, sem horário de voltar. Eu acho que vou morrer de ansiedade antes dele chegar.
: Não é como se ele fosse morrer lá, né? Se for, vai correndo para o hospital!
: Não, é dramático, ele deve ter quebrado no máximo um dos dedos.
: Se você diz. Quer uma companhia?
: Não mesmo. Você deve estar ocupada.
: Esqueceu que meu querido namorado está me ignorando?
: Eu vou bater no idiota do .
: Eu apoio e até ajudo. Podemos fazer isso juntas algum dia.
: Agora, se me der licença, vou voltar a assistir Capitão América e praguejar por não ter um Chris Evans na minha vida.
: Você vai me trair? Assistir Marvel, sério?
: Ah, esqueci que você é totalmente contra. Desculpa, senhorita “melhor-franquia-do-mundo-é-star-wars.”
: Para de ser escrota e admite.
: Você e são idênticos mesmo. Cruzes!
: Vai assistir ao seu filme e me deixa em paz, por favor.

ligou a TV, colocando em algum canal de filmes, comemorando por estar passando Mamma Mia
.


Nove de novembro de 2015.

apareceu na casa como um furacão, derrubando sem querer o jornal de cima da mesa de centro.
Entrou no quarto de , pouco se importando em como a garota estava.
– Que história é essa? – ele indaga e a garota bufa, rolando os olhos em seguida.
– Vai dizer que não sabia? É, eu transei sem camisinha e, pronto, acho que estou grávida. – ela fala como se fosse óbvio e simples, mas ela sabia como não desejava aquilo.
– Seu período está atrasado? – ele indaga com uma careta no rosto. – Você não tomou pílula?
, você não é meu ginecologista, esqueceu? – ela indaga, vendo o rapaz bufar de raiva. – E, por favor, pode ser um alarme falso.
– E se não for, ? – ele indaga, segurando os braços dela. – Ele vai assumir?
– Ah, é claro. Você acha que ele é burro o suficiente de arrumar uma briga comigo? – ela indaga com um sorriso no rosto.
– Você consegue achar graça nisso, ? – ele indaga, jogando-se na cama.
, eu já chorei o suficiente. E, se eu estiver grávida, vai ser uma maravilha! Você sabe como eu quero ser mãe. Não agora, mas, se vier, eu vou amá-lo incondicionalmente.
– Eu vou te apoiar nisso. – ele fala, após alguns minutos em silêncio. – Vou comprar os testes.
– Obrigada. – ela fala, beijando a bochecha do rapaz.
Ele logo saiu de casa, esperançoso de que tudo aquilo não passasse de um mal entendido.
E se fosse verdade? E se ela estivesse grávida do imbecil do ?
Enquanto dirigia, sentia seu estômago embrulhar com a possibilidade. E se ela voltasse para ele e tivessem a família perfeita de comercial de margarina?
Ele estacionou de qualquer maneira, pouco se importando se seria multado. Ele estava longe de se importar com alguma coisa além daquela gravidez.
Caminhou para onde eles se encontravam, pegando um de cada marca. Saiu com dez nos braços, indo para o caixa.

– Muito obrigada, volte sempre, e parabéns, futuro papai. – a atendente diz com um sorriso no rosto. Ele não conseguiu retribuir, pegando as sacolas e saindo do estabelecimento, entrando em seu carro e dirigindo de volta à casa de .
Não sabia se havia burlado alguma lei, ou se teria inúmeras multas de trânsito que poderiam tirar sua carteira. Ele poderia sobreviver.
Ele entrou na casa, jogando todos os testes em cima da cama de .
– Você comprou tudo isso, ? – ela indaga com os olhos arregalados.
– Precisamos ter certeza disso, . – ele diz, dando de ombros.
Ela logo pegou todos, indo para o banheiro. Levou longos minutos até que conseguisse fazer todos eles, parando ao lado de fora do banheiro para esperar o resultado.
– E se der positivo, ? – ela indaga, quebrando o silêncio de longos minutos. não soube responder e suspirou.
– Eu espero, do fundo do meu coração, que ele assuma essa criança. – diz, beijando a bochecha da amiga. – E, se não, pode dizer que eu serei o pai que essa criança sempre quis.
– Você faria isso? – ela indaga com um sorriso no rosto. – Porra, você é o homem dos sonhos de qualquer mulher.
Ela o abraçou por longos segundos, até que se soltou, limpando as lágrimas que insistiram em cair.
Ficaram parados por longo tempo, até que a garota entrou novamente no banheiro, encarando todos os testes.
! – ela grita e ele sente seu coração apertado, abrindo a porta do banheiro e encontrando a garota, que sorria abertamente. – Sabe, você pode adiar seu sonho de ser papai, garotão. Deu negativo.
– Todos eles? – ele indaga com um sorriso surgindo no canto dos lábios.
– Todos eles! – ela exclama, pulando em seu colo e o abraçando. Ela coloca as pernas ao redor da cintura dele, enquanto ele segura sua cintura, impedindo que ela caia dali.
Eles ficaram assim por um longo tempo, até perceberem que aquilo era, no mínimo, estranho. Soltou-se dele, arrumando seus cabelos e suas roupas.
– Só por isso, você vai me levar naquele pub do centro. – ela fala. – O que acha?
– Acho uma boa. – ele fala, dando de ombros. – Nós nos vemos mais tarde?
Ela assentiu e ele beijou sua testa, sumindo do campo de visão da garota.
E tudo o que ela conseguiu fazer foi suspirar aliviada, jogando seu corpo na cama e podendo descansar finalmente, para que pudesse aproveitar a noite que viria.


acordou com o telefone tocando. O relógio da sala marcava duas e cinco da manhã e a TV passava outro filme totalmente aleatório.
– Alô?
– Hum, lembra quando eu disse que não precisaria de você para me ajudar?
– O que houve, ? – ele indaga, sentando-se no sofá e percebendo que o pescoço estava dolorido, algo que ela poderia melhorar com um remédio.
– Eu preciso que você venha ao hospital. É que eu preciso de alguma muda de roupa para passar a noite.
– O que você arranjou, cabeção? – ela indaga. – Eu chego aí daqui a pouquinho. Conte os minutos.
– Estou te esperando.
E logo o rapaz encerrou a ligação. Ela bufou, desligando a televisão e subindo as escadas, pegando as roupas que havia em seu armário, colocando-as numa mochila, além de sua escova de dentes, o carregador do celular e o tablet. Logo pegou as chaves do carro e da casa, saindo da mesma e indo para a garagem, pegando o carro e dirigindo rapidamente até o hospital.
Quando chegou, deu seu nome como acompanhante e o nome de , e logo liberaram a entrada dela.
Ela caminhou até o elevador, que a levou até o quarto, e abriu a porta, encontrando deitado na cama. Ele estava com uma perna engessada e uma das mãos.
– Você é um colírio para meus olhos. – ele diz quando ela fecha a porta.
– Que merda você realmente arranjou? – indaga, parando ao lado dele e beijando sua bochecha.
– Eu acabei caindo de mal jeito no treino, já disse. – ele diz, rolando os olhos em seguida.
– Não sei como não foi cortado do time. Você não consegue correr sem se machucar. – ela fala, sentando na poltrona.
– Tanto faz. Você vai passar a noite aqui, comigo? – ele indaga com um sorriso no rosto.
– Óbvio, zé mané. Você acha que eu viria aqui somente para te entregar a roupa e ir embora? – ela indaga, bufando em seguida. – Mas esse sofá não é tão confortável quanto o meu.
– Eu sei, é uma droga, queria te ajudar e falar para deitar aqui, mas a cada trinta minutos surge uma enfermeira. – ele diz, rolando os olhos. – Eu poderia dar um jeito e usar meus poderes de conquista, mas sei que ficará com ciúme e não vai adiantar muita coisa.
– Poderes de conquista? Desde quando você tem algum? – indaga e ele bufa. – Desculpa, desculpa, não fiz por mal.
– Imagina se fizesse. – ele falou. – Eu estou morto de fome, e não sei que horas vem alguma comida.
– Você me arrastou pra cá e não sabia se teria comida para nós dois? – ela indaga. – Você só me mete em furada, . Algum dia você me paga!
– Pago, sim. – ele diz, mandando uma piscadela para a garota, que rola os olhos, encolhendo-se na poltrona desconfortável para se proteger do frio. – Você está brava comigo?
– Não, . Claro que não. – ela fala. – Eu só, poxa, tinha uma surpresa pelo nosso aniversário.
– É, hoje fazemos um ano, né? – ele indaga, sorrindo em seguida. Ela assentiu. – Lembra de como foi o pedido?
– E você acha que eu iria esquecer? – ela indaga, rindo em seguida.


Catorze de fevereiro de 2017.

– Mais um ano e nós dois aqui, no fundo do poço, sem alguma expectativa de algum relacionamento sério. – diz, sentando-se ao lado do rapaz, pegando um pouco da pipoca do balde que ele segurava. – E, mais uma vez, a gente tá aqui, na minha casa, comendo pipoca e assistindo algum filme bem merda.
– Você não fala assim de Jurassic World, . – ele diz.
– Não falo mesmo, tem o Chris Pratt e ele é maravilhoso. – ela diz, fazendo o rapaz ao seu lado rolar os olhos. – Ficou com ciúme agora, ?
– Ah, claro que não. – ele diz, fazendo a garota gargalhar. – Posso dar play?
– Já deveria ter dado. – ela fala e ele pega o controle, dando início ao filme.
Algum tempo havia se passado desde aquele beijo. O último que eles tiveram e que mexeu ainda mais com suas estruturas.
havia tomado iniciativa e tentava, vez ou outra, encontrar outra pessoa, para que pudesse esquecer e enterrar tudo o que nutria pela melhor amiga. Em vão. Ele estava cada vez mais envolvido e, por mais que tentasse, era completamente difícil se desvencilhar da garota.
, após , desistiu de vez de enfrentar algum relacionamento sério. Saiu com alguns caras, mas nada que pudesse mexer com ela da mesma maneira que seu melhor amigo mexia. E ela sabia que aquilo estava longe de ser somente o físico, mas não gostava de admitir para si e para ninguém, e preferia manter a postura e não mergulhar de cabeça naquele sentimento que ela, por meses, tentava disfarçar e despachar para algum canto escondido de sua mente e coração.
– Eu preciso te fazer uma pergunta, . – fala, dando pause no filme e se virando para a garota, que permanecia confusa e curiosa ao mesmo tempo. – E eu quero uma resposta sincera, por favor.
– Ok, . – ela fala, segurando as duas mãos do rapaz, que suspirou profundamente.
– Você percebe que nós dois mudamos desde seu término com o ? – indaga, olhando nos olhos dela.
– Hum, acho que não, . O que você quer dizer com isso? – ela indaga, tentando manter as batidas de seu coração num ritmo normal.
– Eu sabia. – ele fala, levantando-se e pegando seu casaco em cima da mesa de centro. – Eu sabia que era tudo fruto da minha imaginação.
– Do que você está falando? – ela indaga novamente, levantando-se do sofá e parando em frente ao rapaz. – Você já vai?
– Já, . Eu realmente cansei de tudo isso aqui, sabe? – ele indaga retoricamente. Ela arqueia uma das sobrancelhas. – Você age como se nada tivesse acontecido. E eu não consigo ignorar aquilo, .
– O nosso beijo? – ela indaga e ele assente, olhando-a nos olhos pela primeira vez nos últimos minutos. – ...
– Você não é obrigada a gostar de mim da mesma maneira, mas você não pode fingir que aquilo nunca aconteceu. – ele fala.
– Você gosta de mim? – ela indaga com um sorriso surgindo no cantinho de seus lábios. Ele assente, fazendo o coração da garota acelerar, como se fosse a bateria de uma escola de samba. – Você gosta mesmo, ?
– Por que eu diria uma mentira? – ele indaga. – Eu só preciso de um tempo para me recompor e enterrar tudo a sete chaves.
– Para quê? Você é mesmo muito idiota e cego, né? – ela indaga, abraçando-o em seguida. – Eu gosto realmente de você, seu cabeção.
E aquela frase, mesmo abafada pela proximidade do abraço, causou um arrepio gigantesco no corpo de , algo que ele não saberia definir e nem queria.
– Eu quero ter uma vida com você, . Mesmo que não dê certo. – ela sussurra, puxando-o para um beijo.
Aqueles segundos foram o suficiente para uma festa em ambos os corpos. As explosões dentro do corpo, os corações batendo aos seus ouvidos, altos para que eles pudessem ouvir, o suficiente para perceberem que eles sempre foram um do outro, mas precisou de longos anos, até que tudo pudesse se acertar e mostrar que seus destinos eram traçados juntos.
– Podemos ficar juntos? – ela indaga após um tempo.
– E você acha que não, ? – ele indaga retoricamente, abraçando-a em seguida.


– Eu queria fazer o pedido, mas você é muito apressada e não tem a mínima noção de preferencial. Eu queria ter te pedido, sabe? – ele indaga, fazendo a garota rolar os olhos. – Mas, de qualquer maneira, gosto de dizer para os caras que a minha namorada é apressada e que me pediu em namoro, me chamou para brincar de festa do chá e me levou para o baile de formatura.
– Você é muito bobão. – ela fala, beijando a mão dele. – Mas, se você quiser, pode fazer o pedido oficial.
– Depois de um ano? Já tem que ser outro pedido, né? – ele indaga, mandando uma piscadela para a garota.
– Você que é o afobado desse relacionamento.
– Por isso que nos damos tão bem, logo de cara. – ele diz, agarrando a mão da garota. – Que tal dormirmos agora, hein? Amanhã eu recebo alta.
– Finalmente. Pouco tempo nesse hospital e eu já estou exausta. – ela fala.
Enquanto pegava no sono, a observava. Ele tinha um sorriso totalmente idiota no rosto, pensava em como era sortudo por ter aquela garota ali com ele.
Ele teve diversas namoradas ao longo desses anos, mas nenhuma o fazia sentir aqueles malditos sentimentos que tanto narravam em livros e filmes de romance. Ele nunca imaginava que estaria ali, naquela hora, num hospital, olhando para a sua melhor amiga, agora namorada, com olhos apaixonados e o coração acelerado.
As horas no hospital passaram depressa e logo eles estavam no carro de , dirigindo para a casa da garota, enquanto pegava o carro de .
– Podemos comemorar hoje nosso aniversário, né? – indaga, entrelaçando seus dedos aos dela e beijando a palma de sua mão.
– Não precisa, . – ela diz com um sorriso. – O importante é que você está bem e eu estou indo para casa. Sabe que eu não suporto hospitais.
– Desculpe. – ele sussurra.
– Não é culpa sua. Tá, é um pouquinho, mas eu fiquei lá com você porque quis. – ela fala, olhando rapidamente para o rapaz.
Ele assentiu, suspirando e ligando o rádio do carro, que tocava uma música aleatória que ele não fazia questão de identificar.
Quando avistou a fachada amarela da casa de , endireitou sua postura no banco do carona, pegando sua bolsa no chão. estacionou, indo ajudar , que pegou suas muletas e caminhou com dificuldade para dentro de casa.
– Se você soubesse como está engraçado com essa muleta, zé mané. – diz enquanto pega outras coisas no banco traseiro, acionando o alarme em seguida e trancando o carro.
– Ah, é assim? – ele indaga, parado na porta de casa. Ela assente, gargalhando. – Então tá, você fica sem a minha surpresa de aniversário.
– Eu já disse que não precisa. – ela fala, beijando a bochecha dele.
– Merda, você deve parar de recusar. Sabe que me importo. – ele diz, dando um selinho na garota. – Mas, antes, preciso que você feche os olhos. Por favorzinho.
– Da última vez que você fez esse pedido, eu acabei com um cachorro que te odeia dentro de casa. – ela fala, fechando os olhos.
– Nem me fala nesse traidor. – diz com uma careta. – Mas não é um cachorro, se você quer saber.
– Ah, se for um gato, você está fodido. – ela fala, segurando na mão dele. – Billie não vai gostar nem um pouco de ter seu inimigo natural dentro de casa.
– Você sabe que eu não sou louco a esse ponto. – fala, abrindo a porta com dificuldade e puxando a garota para dentro de casa. – Tá, agora você pode abrir seus olhos.
E ela abriu, vendo a sala de sua casa do mesmo jeito que havia deixado há algumas horas, antes de dirigir loucamente pelas ruas até o hospital.
– Ela está do mesmo jeito que eu deixei, panaca. – ela fala, arqueando uma das sobrancelhas.
– Não mesmo. Agora eu estou aqui. – ele diz, arrancando uma risada da garota. – E eu preciso te falar algumas palavras bonitas. Tudo ideia da , então, não venha achando que eu escrevi um texto muito bonito para essa ocasião, sei que ela acabaria te contando algum dia.
– Você sempre estragando um momento romântico. – ela fala, rolando os olhos em seguida.
– Eu posso começar ou você vai me interromper de novo? – indaga, rolando os olhos.
– Pode continuar, cabeção. – ela fala, dando de ombros.
, você é, sem sombra de dúvidas, minha cara metade. Sinto que você me completa com esse jeito ogra de ser e totalmente decidida, com muita atitude e que me pôs em diversas situações embaraçosas, como na de quando fomos assistir Star Wars e você brigou com o cara na fila, pois ele disse que você só estava usando a blusa para andar comigo. Aquele dia os policiais foram legais conosco, até nos deram um cafezinho, se lembra? – ele indaga, fazendo a garota concordar com a cabeça.
– Mas, em minha defesa, ele agiu feito um babaca perguntando os nomes de todos os personagens e naves. – ela fala, levantando suas mãos.
– Porra, será que você pode parar de me interromper? – ele indaga, fazendo a garota assentir. – Você sempre foi minha melhor amiga, aquela que eu poderia contar com os olhos fechados. Mesmo você saindo com babacas feito o , eu te perdoo, ainda mais por me fazer esperar anos e anos para simplesmente ser seu namorado.
– Você tinha que citar o , né? – ela indaga.
– Você sabe, eu nunca supero que você tenha saído com ele. – ele fala, bufando em seguida. – Enfim, eu queria te fazer uma puta surpresa, encher essa casa de balões, velas, flores e as nossas músicas favoritas de sempre, mas você sabe que nosso jeito de ser é totalmente adverso de todos os que existem. E isso é bom, pensando pelo lado de que somos sempre melhores amigos.
Ele suspira.
– Todas as vezes em que ficamos juntos, seja nesse relacionamento ou não, foram momentos que eu jamais esquecerei. Todas as nossas brigas, sejam idiotas ou não, só nos mostraram que somos feitos um para o outro. Porra, diz, dando de ombros.
– Vou dar uma resumida, senão só terminarei no aniversário de dois anos. – ele fala, rindo em seguida. – Você pode, por favor, ficar no alto da escada?
Ela assente, subindo dois degraus.
– Pode subir mais dois. – ele fala, fazendo a garota bufar. – Por favor, chérie. Precisamos fazer isso funcionar direito.
– Você é chato quando quer. – ela fala, subindo dois degraus em seguida.
– Bom, pelo que você já viu, eu não posso me ajoelhar e pedir oficialmente, o que torna tudo isso, mais uma vez, do nosso jeitinho. – ele diz. – , eu não tenho nenhuma dúvida de que você é a mulher da minha vida, até porque fiquei dez anos na friendzone. Mas, de qualquer maneira, eu quero te fazer um pedido, o único que eu fiz durante todos esses anos em que estamos juntos nessa vida.
Ele pega a caixinha no bolso da calça.
– Você aceita se casar com esse cara totalmente aleijado, desastrado, reclamão e que arrasta uma fábrica de caminhões para te fazer feliz? – ele abre a caixinha, mostrando um anel simples, porém tão bonito quanto aqueles caros. – Eu prometo que as alianças do casório serão melhores.
– Você é um babaca! – ela exclama, bufando e limpando as lágrimas que caíam. – Você sabe que eu aceito, cabeção.
Ele sorri, colocando a aliança no dedo dela, algo que passou noites lembrando se colocava no dedo certo.
Ela o beija, tentando não machucá-lo e sentindo o coração disparar dentro de si.
– Como que você fez isso? Droga! – ela fala, olhando para o anel em seu dedo.
– Eu falei com o . Você acha que ele iria naquele hospital somente para me ver? – indaga. – Agora, por favor, me deixe sentar. Esse gesso pesa quase uma tonelada.
– Você é muito dramático, . – ela fala, ajudando-o a sentar no maior sofá.
– Qual era sua surpresa para ontem à noite? – ele indaga, pegando o controle da TV e colocando num canal de esportes.
– Eu fiz um jantar com a . – ela fala, dando de ombros em seguida. – E também ia te pedir em casamento, mas você foi mais rápido.
– Viu? Você quase nunca me dá uma oportunidade. – ele fala, rolando os olhos. – Pelo menos dessa vez eu te pedi.
– É, mesmo que tenha estragado toda a minha surpresa, seu panaca. – ela fala, indo para a cozinha.
– Você quer saber de uma coisa? Eu amo você mesmo assim. – ele grita da sala, fazendo a garota sorrir.
– E eu também amo você, seu zé. – ela grita, ouvindo a risada dele.




E fim...?



Nota da autora: Sem nota.





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