Finalizada em: 11/10/2019

Prólogo

Take off all my make-up
'Cause I love what's under it


Se tem uma frase que essas quatro garotas costumam dizer e viver é “Quem tem limite é município”, e naquele momento, nada faria mais sentido ao que elas estavam vivendo. Eleitas as garotas mais influentes do momento segundo a W Magazine, convidadas de honra da festa sediada por Carolina Herrera onde a dona da festa anunciaria o novo perfume e quem seria o rosto responsável pela divulgação. Viviam o momento dos sonhos de qualquer garota.
Santiago, a estilista que quebrava padrões ao fazer roupas do 34 ao 54, uma mulher de fibra que dirigia um verdadeiro império da moda na cidade de Los Angeles, ao menos era isso o que a Vogue dizia na página seis. O sorriso tomou conta do rosto da mulher, ela lutara tanto para chegar até ali, e aos 27 anos conseguira ser referência, não apenas no mundo da moda, mas para uma vertente de mulheres que antes, não conseguiam se enxergar e se amar, mas hoje, graças as suas criações, eram donas de seus próprios destinos.
- Está rindo que nem besta, boa coisa deve ser. – Ramirez, fotógrafa e braço direito de na empresa, também conhecida como uma de suas melhores amigas, acabara de adentrar a sala de vidro com pastas em mãos e cara de quem sabia de algo.
- A sua sutileza é sensível a de um cavalo. – Zombou recebendo uma careta em troca. – A Vogue me colocou na página seis, Samira acabou de me enviar a novidade. – Sorriu animada.
- Então ela está atrasada, por que a edição acabou de sair e eu trouxe uma para cada. – O sorriso de quase murchou e um “estraga prazeres” foi sussurrado, ignorou sentando-se na cadeira disponível em frente a amiga e lhe entregou um exemplar. – Adivinha quem está na página nove? – sorriu grande e abriu a revista para mostrar seu rosto parcialmente escondido atrás de uma de suas câmeras.
O grito dado pelas duas atraiu mais atenção do que previam, o assistente de ousou fazer o sinal da cruz diante do susto, mas nada atrapalharia a alegria das duas.
- Se estão gritando é por que já viram. – entrou na sala como um furacão tendo logo atrás, a última balançou a cabeça em negação com a cena espalhafatosa das amigas batendo palmas, rindo e mostrando os rostos estampados na revista. Martins era o destaque da página 15.
- Meu amor, eu estou muito linda aqui, olha isso. – apontou mais uma vez para o calhamaço de papéis e recebeu um tapa no ombro. – Ué, porque não está surtando também, ? – Questionou a fotógrafa ao ver a amiga apoiada ainda no batente da porta fitando-as.
- Estava esperando o meu momento. – Piscou com o olho esquerdo e entrou desfilando para fazer charme. – Como quem tem limite é município e cartão de crédito, mas não os nossos. – A moça fez uma pausa, tinha a atenção das amigas para si. – Sou a primeira página da revista Vogue do mês de outubro, meus amores. – Mandou beijos para o ar e gritinhos em resposta, mas uma vez Antony, o secretário de , se assustou. – Graças a esse momento, recebi o convite para abrir, repito, abrir... O desfile que ninguém menos que Rihanna vai promover na semana que vem.
- Eu estou é morta! – foi a primeira a se levantar para abraçar a amiga, sabia que aquilo era mais um passo promissor na carreira da amiga como modelo, e sendo como era, daria um jeito de levá-las junto no embalo. – Você falou com o produtor do evento quando? Onde vai ser? Ai meu Deus, eu quero ir pra tirar foto nem que seja com o celular.
- Quem disse que falei com o produtor? – A modelo perguntou com a cara travessa. – Eu falei com a própria Rihanna, meu amor, e ela é maravilhosa, disse que eu desfilaria com a marca dela e que podia levar minha equipe se me sentisse melhor. – Ela sorriu animada. – Falei que tinha uma equipe, mas não era exatamente convencional, então... Semana que vem desmarquem os compromissos, pois temos o desfile da mulher do “Man Down” em Dubai!
- Você acabou de dizer que vamos com você para o desfile da deusa Rihanna em Dubai? – questionou completamente chocada, já pulava abraçada a . Um aceno positivo foi o bastante para fazer as quatro surtarem. – Precisamos marcar algo para comemorar e acertar tudo, minha nossa, eu vou ver a Rihanna de perto!
- Hoje à noite lá em casa, vamos fazer uma noite de pizzas, vinhos e suco pra quem não bebe. – apontou para no último quesito e recebeu um sorriso meigo em troca. Depois de muitas concordâncias e palpites sobre o que deveriam levar para casa de , além dos vinhos e pizzas, claro, decidiram que era hora de trabalhar, afinal, não chegara sequer o meio-dia e o ateliê Santiago parecia um vulcão em erupção, completamente lotado e corrido.
As garotas se despediram enquanto se prontificava a ir para sua sala, a sociedade que montara com lhe rendera bons títulos, assim como excelentes momentos. A garota de 25 anos formada em fotografia só precisava de uma chance para entrar verdadeiramente no mercado e, graças a senhorita Santiago, isso foi possível. Ao propor que a moça fotografasse sua marca em desfiles e eventos, acabou por alavancar a carreira da mesma que só queria inovar. A ideia de Lina era sair do óbvio e para sua sorte a de Bel também. A fotógrafa queria mais do que apenas modelos em passarelas, queria quebrar paradigmas... Neste momento, após três anos trabalhando no ramo, não poderia estar mais feliz.

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Capítulo 1 - Martins

You're the man but I got the, I got the, I got the power. (LM - Power)


Cinco eventos em um dia, eu estava exausta, meu corpo clamava por um banho quente e algumas horinhas de sono. Depois da noite insana na casa de , eu prometi que não beberia pelo próximo século, é óbvio que a promessa não durou dois dias, já que neste momento uma taça de vinho me faria um bem danado. Espreguicei-me e senti minha mão bater no teto do táxi, o motorista me olhou pelo espelho retrovisor e eu sorri amarelo. Tinha uma última parada antes de finalmente poder descansar, a festa de um magnata amigo de que patrocinava sua marca e estava com ideias para expandir os negócios até a Ásia. Ele pediu que eu marcasse presença e fizesse a divulgação de sua empresa, aceitei de pronto. Agora, parada em frente a recepção onde uma mulher lata, loira e muito bonita me olhava como se eu fosse aliem comecei a reconsiderar se havia sido uma boa ideia ir até ali.
- Nossos sócios estão ocupados, se veio para alguma entrevista ou... – A recepcionista deixou a pergunta no ar com uma leve insinuação maldosa, franzi a sobrancelha e cruzei os braços. Era um movimento de defesa e eu sabia disso, mas foi involuntário.
- Sou convidada do senhor McDonell, meu nome está na lista, Martins. – Seus olhos me esquadrinharam antes de finalmente checar na lista e liberar minha entrada, respirei fundo antes de passar pela catraca e entrar no elevador que jazia aberto logo a frente. Esse tipo de situação, infelizmente, era mais comum do que eu gostaria que fosse verdade.
A caixa de metal parou no andar da cobertura, assim que as portas se abriram meus olhos foram ofuscados pelo brilho tanto das roupas dos convidados, quanto pelos flashes que disparavam eventualmente. Homens e mulheres de negócios trajando chiques e joias escandalosamente caras, era demais, até mesmo para uma festa como aquela. Agradeci aos céus por ter levado um vestido extra e não parecer perdida naquele lugar, pretinho básico de alças finas é sempre uma excelente aposta. Assim que me dispus a caminhar senti olhares sobre mim, não era incomum me tornar o centro das atenções, infelizmente nem sempre era por um bom motivo. Ao notar alguns cochichos e olhos atravessados percebi que era o tipo negativo de atenção que estava recebendo e, apesar de lutar contra isso todos os dias, não podia negar que ainda magoava.
- Boa noite, está perdida mocinha. – Um homem alto de cabelos escuros e olhos cor de mel me abordou, sua mão tocou levemente meu braço por uma fração de segundos. Acompanhei o gesto antes de erguer a cabeça para olhá-lo diretamente.
- Estou procurando o senhor McDonell. – Respondi sucinta, ele pareceu ponderar se deveria ou não dizer onde estava o dono da festa já que seus olhos me esquadrinharam por segundos incessantes, deixando-me desconfortável.
- Se está em busca de ajuda com...
- Oh, aí está você. – Uma voz masculina com forte sotaque britânico interrompeu o comentário cretino que estava prestes a ser concluído. – Achei que havia desistido, senhorita Martins. – Aleph McDonell sorria gentil em minha direção, com olhos azuis claro e cabelos grisalhos ele lembrava aqueles vovôs de filmes infantis.
- Jamais perderia um evento seu, senhor McDonell. E por favor, me chame apenas de . – Ele sorriu ainda mais e me estendeu a mão, repeti o gesto e logo fui guiada para uma roda onde diversas pessoas com o dobro da minha idade conversavam, uma senhora muito bonita com um vestido amarelo escuro se virou para mim ao notar a aproximação. – Boa noite. – Saudei a me aproximar.
- Você é a Martins, certo? – Indagou ela me olhando curiosa, assenti. – Ah que prazer conhecê-la, nos falou muito sobre você. – Fui surpreendida em um abraço, sorri sem-graça.
- Eu acompanho você no Instagram, minha filha adora o seu estilo. – Outra mulher comentou adentrando a conversa.
- Fico muito feliz em saber disso, qual o nome da sua filha? – Perguntei já pegando o celular da bolsa.
- Lisa.
- Vou gravar um vídeo em agradecimento aos meus seguidores e falarei sobre ela, saber que sou referência para outros jovens é muito bom. – Ela assentiu e agradeceu, sem que eu percebesse a conversa ganhava forma, fui introduzida em um assunto sobre finanças, algo que não entendia nada, porém, logo depois começamos a falar sobre moda, algo que eu realmente gostava. O senhor McDonell me deixou enturmada ali enquanto passava de roda em roda conversando com os demais convidados, eu me senti aliviada quando notei que não havia diferença ali, não fui deixada de lado por ser mais nova ou por qualquer outro motivo.
Diversos temas surgiram e as horas se avançavam, eu ainda precisava descansar, mas havia valido a pena ir até ali. Um jantar foi servido e eu me acomodei ao lado da esposa de Aleph, Sara McDonell, a alegre senhora de vestido amarelo que me recebera tão bem. Durante a refeição falamos sobre a loja de e a marca que ela estava patenteando, mencionamos o fato de ser a modelo principal da coleção do triunfo de minha amiga ao ser considerada uma das modelos mais bem pagas do mundo. Descobri que muitos ali eram seus fãs, sorri ao imaginar a cara de choque que a mesma faria quando eu lhe contasse. era sempre a última a acreditar em seu sucesso, mesmo quando ele batia em sua porta incansavelmente.
Já passava das nove da noite quando senti meu corpo pesar, definitivamente estava na hora de ir para casa. Havia registrado momentos, feito alguns vídeos e conversado com diversas pessoas. Me direcionei ao casal McDonell e me despedi, agradeci pela gentileza e hospitalidade, elogiei o jantar e me encaminhei para o elevador privativo ao qual fui indicada para usar, um táxi me aguardava na frente do prédio. Apertei o botão e esperei dois minutos antes de estar novamente dentro da caixa metálica, todavia, dessa vez alguém mais entrou comigo. Apertei o andar térreo e a figura não se moveu, ergui os olhos apenas para encontrar o homem de olhos cor de mel que me abordara ao entrar na festa, descobri que ele era assistente do doutor McDonell; ignorei-o durante o trajeto até o térreo. Saí no momento em que as portas se abriram e ao me despedir do porteiro me encaminhei para próximo do táxi, entretanto uma mão pousou em meu ombro, virei-me para saber do que se tratava e o encontrei, parado atrás de mim com um ar superior de dar nojo.
- Em que posso ajudá-lo? – Tentei soar o mais educada possível, mas o olhar maldoso que lançou em minha direção dizia que ele não faria o mesmo.
- Em nada, alguém como você não deveria estar aqui. – Senti o golpe de suas palavras atingirem a adolescente, aquela garotinha que tinha medo de tudo, a mesma que não aceitava ser negra e tinha vergonha quando não alisava o cabelo. Encarei-o por alguns segundos e senti o ar pesar ao meu redor, lembrei-me de todas as lutas que enfrentei para chegar onde estava, de todo apoio que recebi das minhas amigas e sorri. Ele franziu a testa.
- George é o seu nome, certo? – Indaguei, ele assentiu com a testa franzida. – Bom, George... Alguém como eu deve andar onde quiser, porque não sei se você notou, mas eu fui convidada pelo dono da festa, que por acaso é seu chefe. – Sorri ao perceber que o medo perpassou seu rosto. – Não se preocupe, eu não vou ligar para Aleph e muito menos para Sara e contar o que o funcionário deles fez, mas quero que entenda uma coisa. – Ergui o indicador esquerdo. – Enquanto você está aqui frequentando a festa do seu patrão, sendo racista e desagradável... Eu sou a convidada dele, a divulgadora da empresa que paga suas contas, então tome mais cuidado com o que fala. – Dei-lhe as costas e abri a porta do táxi, para minha surpresa quem dirigia era uma mulher, que sorriu e assentiu. Ela havia escutado meu pequeno discurso. Baixei o vidro da janela e o fitei, ele parecia pedido em um misto de ódio e descrença. – Ah, tenha uma ótima noite.
No momento seguinte a motorista arrancou com o carro deixando a figura daquele homem desprovido de educação e bom senso para trás. Martins 1, racista idiota 0.
Sorri com o pensamento e ainda mais com a música que começara a tocar no rádio recém ligado... Ele podia ser homem, mas eu detinha o poder.
Rub off all your words
Don't give a 'huh, ' I'm over it


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Capítulo 2 - Ramirez

Representing all the women
Salute, salute! (LM – Salute)


Minha cabeça estava fervendo depois do telefonem de , estávamos há poucos dias do desfile da Rihanna e tudo o que eu queria era estar me preparando para esse momento incrível, nunca havíamos ido aos Emirados Árabes, seria um momento e tanto. Mas não podem me julgar por estar indignada por terem tratado mal minha melhor amiga, garantiu que estava bem e o havia colocado em seu lugar, todavia aquilo doía. O racismo doía, o preconceito doía, isso precisa acabar!
Olhei para os papéis sobre minha mesa e suspirei pesadamente, a noite havia sido longa depois da ligação, mal conseguira dormir e agora estava ali, presa em meu escritório sentindo que o dia não seria produtivo, estava em reunião com um possível patrocinador e sobrara para eu organizar a documentação da próxima coleção, ainda que eu não entendesse nada do que ela poderia fazer ali, ao menos colocar por ordem de urgência deveria ser meu papel.
- Será que alguém está brava hoje? – A voz de me despertou abruptamente, minha amiga acabava de entrar na sala com dois copos grandes do Starbucks, olhei-a grata quando a vi estender um deles para mim. – Se está assim pelo que aconteceu com ... E sim, ela me disse ontem à noite também. – Se interrompeu para explicar como sabia daquilo. – Quero que saiba que já me revoltei, já ameacei ligar para o senhor McDonell, coisa que ela proibiu, e acabei de tuitar sobre o absurdo do racismo, enfim, estou contigo. – Fechou a mão e esperou eu fazer o mesmo para bater na dela, acabei rindo de sua reação.
- Você não deveria estar desfilando, fotografando, dando entrevista ou sei lá o que as modelos fazem? – Questionei depois de beber um grande gole do café que ela trouxera. Com um sorriso travesso a vi fazer o mesmo.
- Tirei o dia de folga, tenho mais duas entrevistas antes do desfile e, sinceramente, prefiro passar meu tempo com você. – Arqueei a sobrancelha, algo me dizia que ela escondia algo, não que sua companhia não fosse bem-vinda, mas o fato dela estar ali no meio do dia com um café e não num estúdio gravando a tal entrevista dizia que havia caroço naquele angu como diria minha mãe.
- Tá bem, fala logo, tá fugindo do quê? – Questionei vendo-a arregalar os olhos, em seguida seu rosto corou. – Tá vermelha, você deve, diga de uma vez.
suspirou, cruzou as pernas, em seguida descruzou para trançá-la do outro lado. A vi morder o lábio e depois de dois longos goles em seu café decidiu falar.
- Christopher vai estar lá hoje. – Estreitei os olhos mediante sua confissão.
- O ator bonitinho que te deixa abalada, esse Christopher? – Ela deu de ombros e assentiu, a gargalhada que dei a pegou de surpresa. – Não acredito que está fugindo dele, !
- Não estou fugindo, só não me sinto confortável no mesmo ambiente que ele. – Fingiu tranquilidade enquanto eu a fitava descrente, ela tinha essa mania de fugir do tal Christopher, desde que os dois fizeram uma chamada para um evento beneficente dois anos antes, ela havia se encantado por ele e eu não poderia culpá-la, o rapaz era mesmo bonito, olhos expressivos, um sorriso misterioso que parecia esconder um segredo capaz de devastar qualquer calcinha e uma postura digna de realeza, sempre mesclado entre a leveza e a seriedade. Eu apostaria todas as minhas fichas de que ele estava interessado em , mas é claro que a cabeça dura jamais acreditava nisso e sempre acabávamos discutindo, ela é doida e eu, impaciente.
Abri a boca para contestá-la, quando a vi colocar o indicador sobre os lábios.
- Nem comece. – Avisou. – Sei que tem um ensaio hoje à tarde, posso ser sua assistente já que Med está afastada. – Ofereceu um sorriso infantil, balancei a cabeça. Sabia que discutir era perda de tempo e, ao olhar para o relógio que marcava 10 da manhã, dei-me por vencida, ela bateu palmas animada e se ergueu da cadeira, só então percebi que vestia algo casual demais para dar uma entrevista, calça jeans, camiseta branca e um corta-vento preto da mesma cor do tênis, não havia sequer maquiagem em seu rosto. Tudo fora de caso pensado, ela não desmarcara a reunião, simplesmente decidiu que não queria ir. Acabei rindo de sua cara-de-pau.
Fizemos o trajeto até o estúdio onde eu fotografaria duas modelos para propaganda da nova Coleção que havia criado em parceria com a La Perla, um misto de ousadia e conforto para todos os tipos de corpos. Alessandra Ambrosio e Fluvia Lacerda seriam os rostos da vez, deixei , que era a embaixadora da ideia e da marca para ser fotografada por último, depois do desfile em Dubai.
Estacionei o Corolla em frente ao galpão de paredes externas pretas, havia apenas uma porta de madeira marrom-médio com folhas duplas separando-nos da entrada, sabia que não estava trancada devido ao horário, me atrasei 10 minutos graças a um quase acidente no meio do caminho entre duas motocicletas. Assim que adentramos o local, vi as modelos em um canto e dois homens conversando entre si, um deles trazia consigo uma câmera fotográfica profissional, o outro parecia o empresário de alguém, Me aproximei com em meu encalço.
- Bom dia, pessoal, perdoem o atraso, o trânsito estava caótico. – Saldei, as garotas sorriram e de pronto vieram me cumprimentar, não era nosso primeiro trabalho juntas. Os homens estenderam as mãos e após um aperto breve voltamos nossas atenções para o que realmente importava. As fotos. Minha amiga se limitou a começar a organizar os itens que usaríamos de imediato, posicionou o tripé, ligou os refletores que levei e tirou as lingeries da bolsa, tudo isso depois de cumprimentar a todos. Fluvia animou-se ainda mais ao saber que ela seria o rosto da campanha, o que rendeu boas risadas entre as duas no que parecia ser uma piada interna.
Depois de prontas, começamos a fotografar, eu faria as fotos de Alessandra primeiro. A modelo, tão acostumada com os flashes não se importou por estar de roupas íntimas e fez caras e bocas para lente que a recebia com graça. Logo depois foi a vez de Fluvia, que com um sorriso sensual enfeitiçava a câmera, graças a desenvoltura das duas não tive dificuldade em meu trabalho. Em seguida deveria registrar as duas juntas com modelos semelhantes mostrando a diversidade da marca e que realmente atendia a todos os públicos.
- Um pouco mais para direita, meninas. – Pedi depois de verificar que a luz começava a tomar apenas um lado da sala.
- Não, mantenham-se onde estão, ficou perfeito. - Uma voz grave me cortou fazendo-me olhar para trás. O homem que trazia uma câmera dizia com autoridade, descobri que se chamava Claude, era um fotógrafo assistente contratado por Gerald, o manager de Ambrósio.
- Por favor, para direita. – Elas fizeram o que pedi e pude retomar minha posição anterior, fotografando as caras e bocas que as duas em minha frente faziam. Pedi que movesse o refletor para o lado oposto e assim pude captar um pouco de sombra no rosto de Fluvia. – Perfeito, garotas, agora quero uma sentada e a outra de pé apoiada, façam aquele carão que só vocês sabem.
- Não, está tudo errado, é melhor tirar com a plus size sentada, isso está desproporcional. – Bufei me afastando da lente mais uma vez, o comentário foi deveras maldoso e inconveniente.
- Claude seu nome, certo? – Ele assentiu. – Pode, por favor, me deixar trabalhar? Elas estão ótimas assim, agora se puder se manter em silêncio agradeço. – Cortei rapidamente antes de retornar ao que fazia, esperava que Fluvia não tivesse escutado o comentário desagradável.
Sabe aquela frase “Quando algo está ruim sempre pode piorar?” Nunca fez tanto sentido quanto agora, estávamos quase no fim do ensaio que já durava duas horas, não fizemos pausa, apenas para água, para assim aproveitar a luz que entrava pela janela alta. Tudo estava correndo como previsto, mas aparentemente Claude estava incomodado com algo, que para o azar dele, deixou bem claro ao soltar o seguinte comentário:
- Essa fotógrafa é sensível demais... Tinha que ser mulher.
Meu sangue ferveu com tanta intensidade que fui obrigada a largar a câmera.
- Faremos uma pausa de cinco minutos, meninas. – Anunciei, no momento em que as duas sumiram pelo corredor que levaria ao banheiro me virei para os dois homens que conversavam entre si como se nada tivesse sido dito.
- Com licença. – Chamei suas atenções. – Não sei se você sabe, mas entre os melhores fotógrafos do mundo está uma mulher maravilhosa, se não percebeu que fotografia tem a ver com sutileza e preparo e não com o sexo do fotógrafo você não entendeu nada sobre o assunto. – Minhas palavras saíam diretas e afiadas, os olhos de ambos se arregalaram em choque. – Ah, e só para deixar registrado, a fotógrafa deste ensaio sou eu, se não está satisfeito, por favor, vá reclamar com as donas das marcas. Caso contrário, mantenha-se em silêncio.
Virei-me para onde havia deixado meu material de trabalho e encontrei com um sorriso orgulho nos lábios, ela piscou em minha direção e eu retribuí. Éramos cúmplices na luta contra todo tipo de preconceito, incluindo o machismo. As modelos retornaram aos seus postos enquanto a porta do estúdio batia.
- Ué, aconteceu algo com Claude? – Indagou Ambrósio, dei de ombros.
- Deve ser só indigestão, engolir algo que não quer pode ser doloroso. – As duas me olharam confusas, eu apenas sorri. – Vamos continuar.
Sexiest when I'm confident

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Capítulo 3 - Santiago

And they can't detain you
Cos wings are made to fly. (LM – Wings)


A reunião com o possível investidor já havia se estendido mais do que o previsto, todos os presentes haviam exposto suas ideias e opiniões enquanto eu me limitava a anotar e filtrar o que realmente valia a pena. Em meio a oito homens, apenas uma mulher, além de mim estava presente. Seus comentários, diversas vezes cortados, apoiava o projeto de fazer modelos inovadores que fossem capazes de vestir qualquer corpo.
Eu estava satisfeita com a postura da senhorita Duman, como se apresentara. Ela era alguém que eu usaria como inspiração para uma das diversas peças que já começara a criar, ainda que alguns presentes a interrompessem, ela esperava que a pessoa terminasse de falar e retomava o assunto como se nada tivesse acontecido. Durante o tempo em que minha proposta era analisada eu me senti sendo avaliada também, e não estamos falando dos meus talentos enquanto estilista. Richard, um dos acionistas presentes mantinha os olhos de águia presos em mim. Mantive-me o mais silenciosa que pude, afinal, numa situação como aquela ouvir era melhor do que falar.
E foi exatamente por isso que tive a capacidade de escutar algo que, se estivéssemos falando da de cinco anos atrás, me faria levantar daquela cadeira, reunir todos os desenhos e textos e simplesmente ir embora.
- Você não acha audacioso demais uma linha de roupas que vista bem todos os tipos de corpos, digo, uma mulher magra talvez não consiga se enxergar usando algo que uma mulher... Plus size usaria. – O comentário veio de um homem ao lado do tal Richard, eu não gravara seu nome.
- Oh, de fato. – Concordou o magnata. – Uma mulher de corpo escultural não pode se equiparar a uma mulher gorda, veja bem, isso não é preconceito. – Ele sorriu de lado antes de prosseguir. – Eu tenho pessoas gordas na família e são todas ótimas, mas não acredito que alguém realmente possa criar roupas que sirvam para todas as mulheres. – Meu coração batia tão forte que achei estar tendo um ataque cardíaco, os olhos de águia pousaram brevemente sobre mim antes de sua atenção retornar ao amigo venenoso e dar o último golpe. – Mas não podemos culpá-la, você notou o tamanho do manequim dela, certo? – O que era para ser uma risada discreta soou como o ruído de uma bruxa que, envolta de maldade, despejas pedaços de crueldade dentro de um caldeirão.
A garotinha Santiago, que sentia vergonha de si mesma apenas por usar roupas grandes para o que as pessoas consideravam normais havia ficado para trás. Graças aos céus, ela já não existe mais, em seu lugar está Santiago, estilista de renome que não abaixa a cabeça para preconceituosos engravatados.
- Com sua licença. – Ergui a voz enquanto me colocava de pé. Todos os olhos se voltaram para mim. – Eu vou fazer algo diferente nesta tarde, - anunciei afastando a cadeira e me encaminhando para onde o telão exibia minhas propostas. – vou dar três motivos para vocês fecharem negócio com a minha boutique. – Ergui os dedos enumerando a situação. – Primeiro, roupas são bens necessários para todos, e é claro que ao nos vestirmos buscamos conforto e beleza. Bom, minhas peças trazem isso. – Não havia um sussurro sequer na sala, então prossegui. – Segundo, quando pensamos em beleza temos uma visão limitada de que apenas um tipo de corpo é belo, o que, definitivamente, é mentira. A beleza é relativa, assim como o caráter de algumas pessoas. – Meus olhos pousaram sobre a dupla venenosa e eu pude notar o susto depois de minhas falas. Aproximei-me do aparelho onde meu pen drive estava conectado e o retirei, apagando a tela. – Terceiro e último ponto, se ao investirem em minha marca vocês terão como exigência fazer roupas apenas para um biotipo, então estão fazendo um mau negócio. Eu comecei a empresa para atender a todas as pessoas, com todos os seus tipos de corpos e diferenças que fazem delas pessoas únicas. Uma mulher não precisa vestir 34 para ser bonita, assim como não precisa vestir 46 para o mesmo fim. Nós, mulheres, devemos nos sentir bonitas por sermos quem somos. – Sorri com sarcasmo enquanto assistia aos dois empalidecerem. – E sim, eu sou uma mulher pluz size que faz roupas para todas as mulheres, não, eu não preciso e não vou me limitar. A minha mãe me ensinou que eu não preciso agradar aos parâmetros sociais, eu preciso agradar a mim mesma. – Ajeitei os papéis e me encaminhei para a porta. – E é por isso que eu agradeço a atenção de todos, mas deixo claro que não preciso do preconceito ou do patrocínio de vocês. Tenham uma ótima tarde.
Sem esperar resposta, saí fechando a porta e me encaminhei para o elevador, apertei o botão e surpreendi-me ao ver que o mesmo já estava no andar. Esperei que a caixa metálica parasse no térreo, e assim que o fez segui para o estacionamento onde meu carro estava próximo a uma pilastra, entrei no veículo e o manobrei, acenei para o controlador e tomei o rumo do apartamento de Alle.
Ouvi o celular apitar anunciando mensagens, todavia, minha mente estava cheia demais para que eu pudesse fazer algo além de prestar atenção no trânsito e conter a vontade de estrangular aqueles dois cretinos gordofóbicos.
- Oi aqui é , deixe seu recado e eu retornarei. – Ouvi minha própria voz soar pelo painel do carro, suspirei.
- Oi, , é a , você não vai acreditar... A conseguiu um patrocínio, na verdade tá mais pra matrocínio, pra boutique. – Ela fez uma pausa. – Preciso desligar, vem pro apartamento ou me liga. Tchau.
Completamente alheia, acelerei o carro e cheguei em frente ao tão conhecido prédio com pouco mais de cinco minutos. Se alguém precisava de algo bom naquele momento, esse alguém era eu. Passei pela portaria como um furacão, acenei brevemente para o porteiro e apertei o botão do andar em que morava. Meu coração, antes acelerado, parecia pesado. Como se ansiasse por boas novas, mas temesse o que viria junto. Após um momento de reflexão abri a porta e dei de cara com as três pentelhas que chamo de melhores amigas.
- Finalmente, já ia te rebocar daquela reunião. – foi a primeira a me saldar com toda sua doçura. Ri com isso.
- E aí, como foi? – perguntou puxando-me para sentar ao seu lado no sofá maior.
- Péssimo, depois eu conto. – Tentei contornar a situação, não queria lembrar de todos os absurdos que ouvi. – Anda, fala logo a boa nova. – Ela sorriu cúmplice com as demais e eu franzi a testa. La vinha bomba.
- Sabe aquele meu amigo ator, o Chris? – Assenti esperando que prosseguisse. – Ele é amigo de uma das garotas daquela banda britânica, Little Mix. – Concordei mais uma vez sentindo a ansiedade crescer um pouco mais. – Bom, elas tem uma música incrível que fala sobre se amar e se aceitar como você é, segundo o Chris, elas estavam em busca de algo novo para apresentar nos shows, foi quando ele falou de mim e do fato de eu ser modelo e representante da sua marca. – Vi sorrir grande, mordi o lábio inferior. – Elas querem conhecer a gente pessoalmente, afirmaram que estarão no desfile da Rihanna e lá conversaremos. – Arregalei os olhos diante da notícia, não estava entendendo nada e ela pareceu notar. – Você vai fazer as roupas delas, , e vai fazer uma pra cada uma de nós, por que faremos uma performance durante o show de abertura do Little Mix!
Senti o chão sumir sob meus pés, como eu havia saído de reunião fracassada com idiotas preconceituosos para estilista de uma banda feminina?
- Ah, e tem mais... – Voltei meus olhos para , que parecia se divertir com a minha situação. – A vai estrear uma campanha com o título da música e a gente vai auxiliar diretamente todo o processo. – Meu queixo tocou o chão. – Vamos ficar muito famosas, bebê.
Acabei rindo com o comentário. Então era isso, minha mãe estava certa, eu não precisava podar minhas asas para caber nos padrões alheios, eu só precisava alçar voo para caber no meu próprio padrão.

Don't matter if I fall from the sky
These wings are made to fly


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Capítulo 4 - Rodriguez

I ain't scared anymore
My body outta control. (LM – Strip)


Dubai era o que eu chamaria de cidade do futuro, ou talvez eu estivesse confundindo com Abu Dhabi, mas tudo bem, era tudo incrível! Estávamos na cidade há dois dias e já havíamos visitado diversos pontos turísticos, experimentado comidas pra lá de exóticas e conseguido um telefonema da banda britânica Little Mix confirmando que poderíamos conversar após o desfile.
- Precisamos ir logo, o desfile começa em breve. – parecia mais surtada do que eu, que já havia tomado um chá de camomila e dois copos de suco de maracujá, diga-se de passagem. O desfile aconteceria no hotel Burj Al Arab, um dos hotéis mais caros dos Emirados Árabes.
Preferi nem discutir, ela estava atualizando meu portfólio na internet enquanto fazia transmissão ao vivo e movimentava minhas redes sociais, estava com alguns modelos prontos para o caso de apresentar algo para alguém. Todas estavam empenhadas e isso me deixava muito feliz, afinal, elas eram minha equipe, além de melhores amigas, e estarem ali num momento tão importante era demais. Um Suburban branco veio nos buscar a mando da organizadora, a distância entre o local do evento e o hotel em que estávamos não demoraria mais do que 10 minutos.
Fomos recepcionadas pela própria Rihanna, que com um sorriso contagiante nos deixou deslumbradas com o requinte do lugar e a gentileza que exibia. Faltava pouco mais de uma hora para o início do desfile, então fui levada ao camarim enquanto as garotas deveriam se acomodar na primeira fileira. Haviam garotas correndo de um lado para o outro com biotipos, estilos e cabelos diferentes, todas perfeitamente maquiadas e com ar de empoderamento. A verdade é que todo o lugar estava repleto dessa aura.
- Pessoal, precisaremos de um discurso para fechar o desfile, já que eu vou abrir. – Rihanna surgiu enquanto minha maquiagem era finalizada. Os olhos esfumados com um vermelho brilhante e os lábios tingidos de um tom de café, me vi erguendo a mão sem sequer notar o gesto. As atenções se voltaram para mim.
- O discurso precisa ser...
- Desafiador, forte... Você pode fazer, seria interessante uma mulher que luta pelo direito de outras mulheres fazer esse discurso. – Ela incentivou, mordi o lábio inferior. Já bastava a exposição no desfile, talvez falar para uma plateia gigantesca com alcance mundial não fosse a ideia mais divertida.
- Talvez Ashley....
- Graham teve um imprevisto, vai assistir ao desfile pela internet. – Vi a dona da marca fazer um biquinho quase infantil e acabei rindo e me dando por vencida.
O show havia começado, diversas modelos mostravam seus corpos em lingeries belíssimas e outras peças deslumbrantes, tudo parecia incrível. Bom, até eu abrir o celular e ler um comentário que foi capaz de me revoltar.
Em uma das fotos do ensaio feito por onde Fluvia e Alessandra estavam, um internauta maldoso comentou algo como “A magra é gostosa, mas com certeza a gordinha é boa de cama”. Eu estava farta daquele tipo de comentário misógino, antiquado e que tinha como única finalidade nos diminuir e estereotipar. Engoli em seco quando ouvi meu nome ser chamado e segui para passarela, esse seria o segundo e último modelo por mim usado naquela noite, e então haveria o discurso.
Passei por toda passarela e acenei para alguns fotógrafos, fiz o retorno e voltei com as modelos e Rihanna seguindo a fila de perto, todos estavam em polvorosa diante de tantas novidades, é claro que estariam afinal, era a mulher do Man Down! Ri de meu próprio pensamento e acabei dando-me conta do que acontecia apenas quando Riri anunciou que era hora de uma palavrinha de uma das participantes. Senti um frio se apossar de minha espinha. Encontrei os olhos de minhas melhores amigas e fiéis escudeiras ao lado de Jesy, Perry, Jade e Leigh-Anne, as sete pareciam amigas de infância dada a facilidade como conversavam. Sorri com isso.
Em toda minha vida jamais imaginaria que poderia participar de um evento como este.
- Eu gostaria de dizer que estar aqui é mais do que um sonho realizado, porque acreditem, eu não achei que chegaria aqui algum dia. Mas, eis que a vida me surpreendeu... Mais uma vez. – Todos sorriam enquanto eu senti ao nervosismo começando a se dissipar. – Todavia, hoje eu vim aqui agradecer a Rihanna, aos organizadores e a todos vocês presentes por permitirem que esse evento acontecesse, acreditem em mim, isso aqui é mais do que um desfile de belas peças. – A atenção estava presa em mim, o som havia sido cortado e tudo o que se ouvia era minha voz ressoando pelo microfone. – Hoje eu vi mulheres com todos os tipos de beleza passando por este palco, loiras, negras, morenas, ruivas, altas, magras, baixas, gordas... Hoje, eu vi uma verdadeira celebração da beleza feminina como ela é. Sem preconceito, sem julgamentos e, acreditem, isso deve ser celebrado. – Respirei fundo reunindo fôlego para prosseguir. – Durante anos da minha vida me escondi em roupas largas, fones de ouvidos e filmes de romance para fugir de quem eu sou, eu lutei para aceitar meu corpo e meu jeito de ser, foi uma das batalhas mais difíceis da minha vida, e com certeza a mais necessária.
Vi minhas amigas sorrirem, me encorajando, elas acompanharam cada fase em que lutar era algo cotidiano. Sempre estiveram ali.
- Aprendi desde cedo a não me exibir, pois alguém com o corpo como o meu não seria bem visto. – Dei de ombros. – Quando fiquei mais velha percebi que um corpo como o meu era bonito, sim. Se fosse escondido, alguém para se ter sem compromisso, afinal, não era aceitável. Mas olha, eu trouxe uma novidade para todos, nós, mulheres, somos maravilhosas como somos e merecemos o melhor. – A gritaria e sequência de aplausos me fez pausar brevemente. – Li um comentário em uma postagem há pouco falando que um corpo plus size deveria ser “apenas bom de cama”, gostaria de dizer que somos mais que isso. Somos lindas, fortes, inteligentes e donas de nossas próprias histórias. Nós, mulheres, somos o que quisermos ser, porque a verdade é que se você não se amar como é ninguém jamais o fará. Então se quer usar maquiagem, use. Se não quer, fique sem. Amar a si mesma com cada detalhe e imperfeição não é comodismo, é resistência.
Fiz uma breve reverência e então o lugar virou uma loucura, assovios, gritos e eu estava sendo aplaudida de pé. Meu coração transbordava alegria, os olhos das mulheres ali presentes demonstravam orgulho. Eu estava satisfeita.
- Mary, você arrasou. – Jesy foi a primeira a se aproximar para me cumprimentar na festa de comemoração pelo evento. Sorri grata. – Nós estávamos discutindo algumas ideias, e queremos muito que você faça algo em nossos shows como fez hoje.
Arregalei os olhos.
- Espera, você disse shows, no plural? – Indaguei-me para certificar, ela assentiu. – Ah, minha nossa!
As risadas delas eram contagiantes, logo estávamos discutindo sobre os detalhes das roupas, vídeos, fotos e performance que seriam feitaa, além da linha de lingerie que as garotas gostariam que auxiliasse na produção e eu estrelasse como o rosto da marca. Era um momento incrível da minha carreira.
- O primeiro show que vocês vão participar é em duas semanas na cidade de Milão. – Jade batia palmas animada enquanto eu ria.
- Ei, Milão não é a cidade em que aquele grupo de garotos que gravou com vocês vai estar? – perguntou com uma expressão de quem descobrira o sal. As garotas do Little Mix assentiram.
- O CNCO, sim. – Leigh concordou.
- Bom, então precisamos lembrar de levar roupas para um encontro. – Foi , com toda sua sutileza, quem sugeriu isso e recebeu apoio de Perrie.
- Ora, ora... Milão e CNCO, aí vamos nós. – Fizemos um high-five após a frase de .
Aparentemente muita coisa ainda estava por vir, mas agora, o que realmente importava era a rodada de drinks chegando, assim como os planos mirabolantes para a próxima viagem.

Strip! Take off all my make-up
'Cause I love what's under it





Fim.



Nota da autora: Minha gente, finalmente saiu! Duas e meia da manhã e eu me descabelando, mas vamos ao que interessa. Minha gratidão eterna pela criação e organização desse ficstape lindo que parecia um Hunger Games, mas valeu muito a pena. Fica minha gratidão pela betagem, capa e por todos os envolvidos. Espero que gostem da história e, por favor, comentem para incentivar a autora.
Nos vemos em breve.
Donna Sheridan.



Nota da beta: Ah, amei demais essa história, Mary! Essa representatividade foi linda de se ver e um grupo totalmente diferente poder ser amigas! Amei demais!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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