Capítulo Único
Seis anos haviam se passado desde o roubo do Vermeer, tudo havia mudado, inclusive nosso estilo de vida. Não éramos mais a super ladras de bancos, ou as expert em roubo de joias. Agora e eu tínhamos a nossa própria rede de joalherias, mantínhamos investimento em paraísos fiscais aos quais comandávamos diretamente e tudo com o que tínhamos de nos preocupar era com quanto queríamos gastar naquele dia.
Isso, e com o fato de estarmos entediadas. Eu sentia falta da adrenalina, do nervosismo correndo pelas veias enquanto escalávamos prédios em busca de dinheiro e aventura. Eu não precisava roubar, mas queria a aventura.
Surpreendentemente isso chegou até mim de forma muito inusitada. Um telefone de Geof, meu querido assistente e sonho de consumo atual, telefonou avisando que um homem estranhamente gostoso aguardava por mim no escritório. Esse adjetivo denotava duas coisas: Primeiro, eu não tinha a menor chance com Geof, e segundo, algo não estava certo. Avisei de minha reunião peculiar naquela manhã, e ela, como a boa curiosa que é, foi junto.
Para ser sincera a reunião não foi exatamente como eu imaginava. O homem em minha sala era Ronald Andreas, um cubano mais do que charmoso que liderava uma equipe de corrida clandestina. Ele estava na cidade em busca de patrocínio e chegara até mim depois de falar com Safrina, uma colega de minha antiga profissão para quem eu auxiliara com alguns negócios de roubo de carga.
- Se vocês concordarem será tudo tranquilo, basta patrocinarem, o retorno vem a partir da segunda corrida. – Assegurou-me ele visivelmente nervoso. Eu só não saberia dizer se pelo fato de estar me pedindo 500 mil dólares ou por estar de frente para e para mim enquanto ambas usávamos saias justas o bastante para não deixar imaginação alguma.
- Senhor Andreas, o que me pede é muito dinheiro. – Comentei vendo-o puxar a gola da camiseta, desconfortável. riu ao meu lado. – Mas eu tenho uma proposta melhor para fazê-lo. – Me aproximei da ponta da cadeira inclinando-me em sua direção. Seus olhos acompanharam cada movimento enquanto ele engolia em seco. – Me deixe participar da corrida. – A surpresa tomou conta de seu rosto e acredito que do de minha parceira também, ela sempre desconfiou que eu fosse retardada, mas nesse momento tivera absoluta certeza.
- Mas senhora Grimaldi é muito arriscado e...
- Encare como um teste drive, estarei testando onde o meu dinheiro será investido. – Rebati prontamente. – Me permita participar, e se eu gostar, lhe patrocinarei por seis meses ao invés de três, o que acha?
Um momento de silêncio se instalou antes de ouvir Ronald pigarrear e assentir.
- Ótimo, estarei lá hoje à noite, separe dois carros, talvez eu leve uma acompanhante. – Pisquei ao me levantar. O senhor Andreas deixou a sala a passos apressados, e ainda mais rápido do que ele foi , que no momento em que a porta bateu se virou para mim com olhos ameaçadores e mãos na cintura. Ela começaria a bronca agora.
- Você enlouqueceu de vez? Que ideia idiota é essa de querer participar de um racha, ? – Seu descontentamento gritava comigo, prendi o riso. Os anos passaram, mas ela não mudara nada.
- Você não sente falta da adrenalina? Da ansiedade e desejo de vitória? – Perguntei diretamente, ela recuou um passo. – Pois eu sinto, e quero reviver o que foi bom, mas dessa vez tendo em mente que não estou atrás do dinheiro, eu quero diversão. – Abaixei a cabeça olhando-a por cima da armação Chanel do óculos. – Sejamos honestas, o dinheiro que virá será excelente, e assim poderemos colocar em prática nossas aulas em pistas de kart. – Sugeri, ela balançou a cabeça.
- Eu odeio você e essa sua mania de sempre me convencer. – Declarou irritada ao deixar a sala, eu ri.
Era claro que ela iria, se havia uma coisa que amávamos mais do que dinheiro, era a adrenalina.
Trust me, anything you can do
I can do better than you
Bite the dust
Some things are really impossible
You're no exception to rules
Bite the dust
How many times I got to tell you?
People need to see you
Bite the dust
You see, I'm really helping you
I'm keeping you from looking a fool
She's got a plan to have my man
She's going to have to deal with me
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Seis anos de luta desde que sumira com o Vermeer, seis anos que e eu fingimos que não nos apaixonamos por criminosas. Seis anos desde que fomos rebaixados a rondas insignificantes e investigações sem fundamento. Aquelas duas haviam acabado com as nossas vidas, éramos a piada da Scotland Yard, nem mesmo os novatos nos respeitavam, pois depois do bilhete uma investigação acirrada foi feita. Descobriram que eu era o alvo, assim como que se deixou levar. Éramos a vergonha da corporação, mas isso estava prestes a mudar.
Lindsey, a atual responsável pelo departamento de investigações, nos designou para um caso interessante. Prender um grupo que promovia corridas ilegais na cidade de Essex, tudo o que precisávamos fazer era nos infiltrar, armar a emboscada, prender os responsáveis e ganharíamos todo o respeito e louros de volta.
Nesse momento terminava de colocar a bagagem na Saveiro, seríamos apenas nós dois mais uma vez, com a diferença de que nada poderia atrapalhar nosso caminho. Havíamos cometido um erro que não poderia se repetir.
- Tem certeza que dá conta da operação? – Foi a pergunta de Lindsey ao ver entrar no carro. Nós assentimos. – Vocês têm dois dias.
E então partimos rumo ao condado vizinho. Estava tudo no esquema, um contato nosso havia nos colocado na escala de corrida da noite, é claro que nossa querida chefe não sabia disso. Ficaríamos em um hotel perto do lugar da largada, eles corriam a milha cubana, o que fazia sentido já que o líder do grupo era cubano. Então nos últimos dez dias nós havíamos nos preparado, corrido em diversos modelos de carros para garantir que teríamos a capacidade de correr um quilômetro e meio como verdadeiros fora da lei.
A viagem durou cerca de uma hora, não havia trânsito graças ao horário. Fizemos o check in sob os nomes falsos de Kyle Andrews e Richard Daves. Seguimos para o quarto que dividiríamos e largamos as malas perto das camas de casal que jaziam nas extremidades das paredes.
- Até agora tudo certo. – comentou.
- Estou sentindo que logo isso muda. – Murmurei.
A noite nunca chegara tão depressa, pelos céus, era incrível como quando eu tentava evitar algo, mais rápido essa coisa acontecia. Toda a teoria de sobre ir nessa insanidade de corrida fazia sentido. Eu sentia falta de ter o sangue correndo rápido por minhas veias, a ansiedade alimentando meus sentidos, mas sabia que aquela corrida era loucura. Havíamos largado aquela vida para podermos nos estabilizar, não que eu não amasse me arriscar numa tirolesa para pegar um belo brilhante, mas agora éramos mulheres de negócio com boas reputações entre grandes nomes da administração londrina, seria insanidade arriscar tudo por um momento de prazer.
- , você tem certeza de que vale a pena? – Questionei pela vigésima vez, ela parou de abotoar a jaqueta de couro preta e me olhou.
- , nós não vamos ficar mal faladas por isso, relaxa. – Assegurou. – Eu só preciso provar pra mim mesma que ainda sou a velha , que ainda amo a velocidade, mas que parte da minha história morreu quando vendemos o Vermeer e essa corrida é a chance de tudo isso. – Me vi rendida diante de sua fala. Ela estava certa.
Apesar de ser uma luta interna sobre quem éramos agora e quem fomos, ela estava lutando para matar de vez um sentimento que não morrera em nossa última ação, que modéstia a parte, fora sensacional. Ela amava , infelizmente era a verdade, nem toda a história com a família ou do roubo apagara isso, ela o amava e ponto. E nesses momentos de loucura esquecia esse sentimento.
A pergunta é: que tipo de amiga eu seria se não a apoiasse nessa ideia? Péssima? Horrível?
Com certeza!
Ela era minha melhor amiga, a única família que tinha desde que abandonara o lar adotivo ao qual fui enviada ainda criança, então sim, eu iria com ela aos confins da Terra, porque desse o que desse, eu sabia que estaríamos juntas.
- Vou pegar minha carteira. – Disse por fim dando-lhe as costas e correndo para pegar a bolsinha com os documentos falsos que usaríamos, é claro que toda nossa boa reputação mascarava nossas ações criminosas, e como as experientes que éramos, jamais permitiríamos que nos pegassem com documentos originais. Hoje eu seria Lady Bey e ela seria Rebel, isso bastava nas carteiras de identidade e no meio ao qual estaríamos dentro.
- Está pronta para ação, Lady Bey? – Brincou ao passar por mim com as chaves de um Mustag GTX cinza que compráramos há duas semanas. Bati em seu ombro e a segui. Era hora da ação.
As corridas eram ainda mais insanas do que eu imaginava, milhares de pessoas se amontoavam ao redor da pista para ver carros passarem como borrões em suas frentes. parecia ansioso, eu estava tranquilo, essa era a última chance para reerguer minha carreira ou poderia começar a pensar em outra coisa para fazer, nada me manteria como investigador de terceiro escalão e sendo motivo de piada no departamento. Um único erro e me fizeram de algoz, hoje era o dia do tudo ou nada, e sendo muito honesto, se não desse certo eu não me importaria de viver ali.
- Espero que não esteja pensando em se tornar um piloto de verdade. – A voz de meu amigo me fez virar para olhá-lo. Com roupas despojadas e casualmente arrumadas ele parecia mais jovem e menos tenso do que quando deixamos a delegacia pela manhã.
- Sabe que não seria uma ideia ruim, certo? – Arrisquei, ele continuou me olhando. – Pelo menos viveríamos no limite como antigamente, mas sem o peso de sermos a vergonha de qualquer lugar. – Expus meu verdadeiro pensamento, ponderou.
- Se vencermos a corrida talvez eles nos contratem. – O vi dar de ombros, o que realmente me surpreendeu.
Notei um burburinho tomar conta do lugar quando um carro bonito e caro demais para pertencer a um qualquer parou ao lado dos demais. De lá saíram duas figuras com roupas semelhantes. Duas mulheres. Uma trajava jaqueta de couro preta, calças de sarja e coturnos. A outra usava o mesmo modelo de jaqueta e calças, mas a primeira em vermelho e ao invés de botas optara por um tênis fechado. Elas pareciam muito à vontade naquele lugar.
- Elas não parecem familiar? – falou ao vê-las andarem para perto de um grupo mais afastado. Peguei-me assentindo, mas foi quando elas tiraram os agasalhos e jogaram no capô do carro que notei a semelhança a qual se referia. Elas eram sensuais. Não vulgares. Mas sexys na medida certa.
- Não pode ser... – Antes que eu pudesse questionar o que se passava as duas figuras se viraram na direção em que estávamos, seus olhos colidiram com os nossos e o Mundo explodiu por inteiro.
Eram elas.
Nada os preparou para aquele momento, saudade, frustração, desejo, raiva, amor, vingança, ansiedade e felicidade se misturavam e lutavam dentro dos quatro. foi o primeiro a se mover, cortando caminho ao pular a grade que separava os corredores dos organizadores. Ele parou frente a frente com a mulher que mais amou na vida, e a única capaz de destruir sua vida e sua carreira em uma única noite.
- . – O nome dela soara com um misto de ironia e desprezo que absurdamente não a assustou. Ela esperava por algo assim num possível reencontro futuro.
- Deve estar me confundindo, querido. – Ela sorriu maldosa. – Meu nome é Rebel. – Piscou e deu um passo para longe, sendo interceptada logo em seguida pela mão dele.
- Dessa vez você vem comigo. – não lhe dera chance de revide, apenas enlaçara sua cintura de lado e a forçara a andar. teria feito algo se não estivesse em situação semelhante do outro lado do cercado com .
I got 20 20 vision
I can see that you want my man
Ooh, sugar I got him
'Cause it's my job
To make you understand
Ooh, sugar I got him
Try to make a move
And I'm on him like 5-0
Ooh, sugar I got him
So you can go
'Cause I got him
Got him
- Vocês acabaram com as nossas carreiras, tem noção disso? – Ele sibilava ao olhá-la, ela sorriu deixando-o ainda mais irado. – Não ria sua cretina, minha vida foi para o ralo por causa da sua...
- Da minha o que, ? – Ela se aproximou ainda mais dele prendendo-o contra a grande que pulara antes. – Do beijo que eu te dei ou do que você gostaria de feito comigo e não teve oportunidade? – riu ainda mais. – Não seja hipócrita, você ferrou seu emprego e sua vida porque quis se envolver comigo, eu não te obriguei, você me quis. – Constatou destruindo todos os argumentos do rapaz.
Enquanto balbuciava em busca de uma resposta digna diante de toda aquela afronta, ela se afastou vendo-o completamente perdido.
- Vamos fazer assim, corremos a próxima milha, se ganhar faço uma carta de retratação e limpo sua imagem. – Mordeu o lábio com a ideia do que estava por vir. – Agora, se eu ganhar escolho o que quiser e você terá que fazer.
Ela estava sendo cruel e ardilosa, e para infelicidade do policial, aqueles defeitos soavam como qualidades quando provinham dela. era a mulher mais sexy e charmosa que já havia visto, ele não mentiria sobre isso. E se houvesse uma chance, mínima que fosse dele colocá-la em seu devido lugar jamais deixaria que isso passasse. Ele a faria entender qual era o lugar dela, fosse pela carta de retratação ou num quarto de hotel gritando aos quatro ventos o nome do atual investigador de terceiro escalão que a fazia ir a loucura.
Para o inferno com as normas, ele estava ali para quebrar tudo mesmo.
O garoto responsável pela ordem de largada os chamou, e haviam sumido. e eram os próximos, então com um aceno de cabeça confirmando o acordo os dois se dirigiram para o veículos dispostos para eles. Era a cortesia do senhor Andreas para as moças, e consequentemente para seus “acompanhantes”.
Uma frase qualquer.
Eles se olharam.
Um sorriso maldoso da moça com a bandeira.
Eles sorriram.
O aceno final do pano.
Eles aceleraram.
Big girl, I really hope
You get the message I'm trying to convey
Bite the dust
'Cause you're pushing me to the edge
And I ain't got time to play
Bite the dust
How many times I got to tell you?
He's where he wants to be
Bite the dust
Keep on, act like you didn't know
My hands going to do the talking today
She's got a plan to have my man
She's going to have to deal with me
A discussão entre e estava mais do que acirrada, todas as verdades do passado voltando como um vulcão que expele lava sem dó ao entrar em erupção. Eles já haviam xingado, gritado, exposto e se machucado em pouco mais de dez minutos de conversa. Nada do que diziam parecia pôr fim aquela insanidade. Onze anos longe um do outro não apagara o sentimento de desejo ou amor, mas alimentara a raiva e mágoa que pareciam crescer sem medida.
- Você não vai se safar dessa, eu vou entregar você nem que isso custe a minha vida. – vociferou se aproximando da mulher que já estava vermelha de tanto gritar.
- Ah, vai? Então faz isso logo, porque pode ser que sua coragem acabe e você suma como já fez antes. – Ela rebateu, ele parou. Aquela verdade ainda não havia sido dita, e quando foi, doeu mais do que gostaria de admitir. ainda sofria com aquilo, e por mais que odiasse admitir, não poderia mentir para si mesma. – Vamos, , corre lá e acaba com a minha vida como você fez antes.
- , eu não...
- Não o quê? Não queria me magoar? Não queria me contar que é um covarde? – Ela o empurrou. – Eu larguei tudo depois da merda que você fez, então não reclame que eu estraguei a sua vida, você fez isso com a minha muito antes. – Uma lágrima ousou escorrer pela bochecha da garota, ela secou rapidamente se afastando.
Só agora ele compreendia o que fizera e que não tinha o direito de cobrar nada dela. Ele havia falhado com ela primeiro, e se fez o que fez era porque havia um motivo maior para tudo isso.
- Eu não queria magoar você, nunca. – Se aproximou, tocou-a no rosto. Ela recuou. – Fugi porque tive medo, não sabia lidar com tudo aquilo e não conseguia olhar nos olhos depois do acontecido. – ousou se aproximar mais uma vez, tocou o rosto dela e esperou uma reação negativa, que não veio. – Você era tudo o que eu queria e precisava, eu sempre amei você.
Finalmente, depois de onze anos, ele conseguira desmontar todas as defesas da garota mais uma vez. balançou a cabeça e ameaçou se afastar.
- Não faz isso, pode me xingar e dizer que eu fui cretino, porque acredite em mim, eu fui. – Suspirou. – Mas eu nunca esqueci você, mesmo quando estava com Jody... – No último segundo o policial percebeu o olhar dela, e por um momento quis rir. Ainda havia ciúmes ali.
- Então teve uma Jody? – A pergunta pulou dos lábios dela. Ele balançou a cabeça.
- Presta atenção, , eu namorei a Jody por dois anos depois que você sumiu e eu perdi seu contato. – Os olhos dela se estreitaram. – Mas não consegui manter o relacionamento porque ela sabia que eu amava outra, e ainda que não soubesse onde você estava eu queria saber, queria te encontrar e pedir perdão. – Ele a puxou um pouco mais para perto. – Ainda quero.
- Ganhe de mim numa corrida e eu limpo sua imagem. – A mudança de assunto o pegou desprevenido. – Perca e fará o que eu mandar.
Se havia uma coisa que ele tinha certeza sobre ela é que sua personalidade era imbatível, e sendo assim não ousou recusar.
Eles iriam correr.
Fosse para o bem.
Fosse para o mal.
Eles estariam lado a lado.
Mais uma vez.
Por meio milésimo ganhara a corrida, isso explicaria a felicidade dos homens presentes quando a garota saiu dançando de dentro do carro, mas nada se compararia ao êxtase que sentira ao ter o corpo prensado contra a parede do escritório de Andreas. Como ela havia conseguida a chave era algo que ele jamais iria saber, e verdade seja dita, não lhe importava.
A mulher o puxou pela gola da camisa e o prendeu no sofá com seu corpo sobre o dele.
- Ainda vai querer a carta de retratação? – Indagou ironicamente vendo-o resfolegar com o corpo dela pairando sobre o seu. – Foi o que imaginei.
Oh
Give it up
Give it up (Oh)
Give it up
Give, give, give it up
A largada fora dada.
Os primeiros metros vencidos.
O nitro ativado.
Uma curva; depois a outra.
Uma manobra arriscada.
Dois milésimos de segundo.
era o campeão.
Quando o homem desceu do carro sob os aplausos de todos e viu sua oponente saindo do veículo com andar superior ele soube que não havia volta. Uma escolha precisava ser feita, e se essa escolha significasse corrigir erros do passado ele não pensaria duas vezes.
- Passe em meu escritório amanhã, deixarei uma carta pronta junto com um vídeo de retratação sobre você e uma doação para o departamento ao qual pertence. – Sua voz era dura e sem emoção, todo o calor da vitória sumira diante daquela frase.
Ele havia recebido duas chances na vida, e estragara ambas, receber uma terceira era uma dádiva divina que não tornaria a se repetir. Mas ele também tinha um trabalho, que odiava no momento. E uma vida, que era vazia graças aos seus fantasmas. Tinha sonhos, que no fim era pó já que não havia alguém para dividir.
Tudo estava contra e a favor, dois pesos e duas medidas, mas ele só tinha uma escolha e tinha que ser agora ou nunca. Talvez estivesse certo.
- Espera. – Gritou quando percebeu que a multidão se dispersara e ela já seguia para o carro em que viera. Alcançou-a no momento em que o alarme foi desativado a as portas se abriram. – Esquece a carta, o vídeo, o dinheiro, mas por favor, fica comigo. – arqueou uma sobrancelha. – É sério, tudo o que dissemos antes só prova que nossa história nunca acabou de verdade. Eu fiz besteira e você se vingou, estamos quites. Deixa o resto pra trás e fica comigo.
Ela riu desdenhosa.
- Deixar tudo o que consegui para ir com você? Enlouqueceu? – Indagou abismada.
- Não, eu vou deixar tudo para trás e ficarei com você. Diga que faremos um novo caminho a partir de agora e eu jamais voltarei para Londres sem você.
Aquele pedido não era uma desculpa ou por peso na consciência, ela sabia disso. Se sua irmã ainda falasse com ela diria que não havia chance de a vida ser tão generosa tantas vezes. Mas se seu pai ainda falasse com ela diria que aquela era a dádiva dos céus, e algo assim não se recusa.
Um novo caminho. Um recomeço. Liberdade.
Ela não olharia para trás, pela primeira vez uma história de amor daria certo em sua vida, ainda que fosse do jeito errado.
A garota o olhou por dois segundos inteiros antes de enganchar os dedos nos fios de cabelos macios de e o puxar para o beijo que selaria o acordo mais intenso e desejado de suas vidas.
Fim.
Nota da autora: Oi gente linda da tia Mary! Nos segundos finais dos 45 do segundo
tempo a short foi concluída. Quero muito a gradecer a organizadora por me permitir
participar do projeto. A beta, que com certeza fará um trabalho lindo. E a todas as
bonitas que lerem. Meu muito obrigado espero que tenham curtido. Entrem em contato
comigo em Escritas da Mary Lira para batermos papo, falarmos de fanfic, da vida, de nada, estou à disposição. Até a próxima.
Ficstapes que participei:
(MICHAEL JACKSON)
01.Thriller
03 Billie Jean
(5SOS)
06.Catch Fire
(DUA LIPA)
16.Bad Together
(SHAKIRA)
11.Deja Vu
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Ficstapes que participei:
(MICHAEL JACKSON)
01.Thriller
03 Billie Jean
(5SOS)
06.Catch Fire
(DUA LIPA)
16.Bad Together
(SHAKIRA)
11.Deja Vu