13. Fica Só um Pouco Mais

Postada em: 04/03/2018

Capítulo Único


Eu não sei quando foi que eu percebi que isso tinha deixado de ser somente dois melhores amigos. Eu acordei e seu abraço não era mais tão normal, era uma estabilidade de vida. Juntou todas minhas dores e as transformou em esperança, sorrisos. Eu perguntei pra Deus naquele dia, se era você quem eu sempre pedi pra ele. E que, se não fosse, nenhum outro teria completude se não se incluísse. Eu passei por invernos tenebrosos a vida toda, foram dias que pareciam não ter fim. E eu venci todos eles e o bendito ano novo faz a gente pensar sobre isso. Passei por verões solitários também. Tinha uma coleção de ex. Nada dava certo pra mim. Até eu perceber que depois de rodar o mundo era você.

Eu ainda estava com ressaca, mas não só ressaca de bebida. Ressaca moral do último fim de semana. Eu amava natal e ano novo, mas, porém, entretanto, contudo, eu ficava mais sensível do que imaginei que pudesse ser necessário. E a bebida ainda colaborava. Dia trinta e um é um dia lindo, não? Todos escolhendo cores que não vão mudar nada.
Eu não tenho nada contra, juro! Mas é que eu devia ter tido muito amor esse ano, já que passei a virada do ano passado de vermelho - não foi só a roupa íntima, foi o vestido também. Ah, e o batom. Então esse ano a roupa que entrasse, seria usada. Nunca me achei bonita de fato. De verdade, não é desse tipo que se menospreza pra receber elogios, eu não me acho bonita e, quando dizem que sou, eu ainda acho que estão caçoando. Baixa auto estima life style, migas.
- Dá pra você vestir isso logo?
- Você ficar me apressando é pior.
- Se eu não te apressar, você fica pronta na hora da queima de fogos.
- Você é definitivamente chato. E essa calça flare me deixou baixinha e mais gorda.
- Você está bonita, .
- Eu vou trocar de camiseta.
- Pelo amor de Deus, !
- Eu estou feia!
- Você está maravilhosa, essa camiseta deixou seus peitos ótimos e a calça te deu cintura, coxas e bunda. Satisfeita?
- Não.
- Mas vai assim mesmo. Passa logo o perfume e vamos.
- São sete horas! Sete horas, .
- E nós devíamos ter chegado às seis e meia. – Encarei a cara de indignado que ele fez e ri. Eu sabia que ele só estava me esperando porque eu pedi trilhões de vezes. Íamos passar o ano novo com nossos amigos, só que todas as bebidas estavam conosco e isso é o que iniciava a festa. Então eu estava totalmente estressada por estar atrasada e por não conseguir gostar da roupa que eu tinha trocado pela décima terceira vez. Atendi ao pedido do meu amigo completamente indignado e fui em direção a penteadeira passando perfume e calcei o salto.
- Sua calcinha é vermelha? – Ele perguntou e me viu corar e mostrar dedo do meio.
- Que tipo de pergunta é essa?
- Porque calcinha vermelha atrai sexo e amor.
- Eu por acaso disse que quero atrair isso?
- Desculpe, estressadinha. Estou esperando no carro.
- Eu to pronta.
- Sem estar brava?
- Aí é pedir demais.
Fingi uma falsa irritação e entrei no carro esperando que ele entrasse no banco do motorista. Eu amava a forma com que ele me entendia e, mesmo reclamando, sabia o que me dizer no momento certo, ele estava comigo em todos esses momentos. Claramente ele era o único idiota que nunca tinha me decepcionado. Pelo menos não tanto como meus ex namorados. E, pelo amor de Deus, não foram tantos, mas é que os dois únicos me decepcionaram tanto, mas tanto que eu prefiro é fingir que não existiram mesmo. Só que o fato é que quando eu terminei com o meu último ex, eu jurei pra mim, para os céus e qualquer força divina que eu nunca mais me apaixonaria por babaca. Só que eu não disse que eu não considerava meu melhor amigo um babaca, fala sério. Eu neguei pra mim mesma quase um trilhão de vezes o fato de estar apaixonada pelo .
é meu melhor amigo, não me levem a mal. Eu nunca pensei em ter nenhum interesse nele. Só que de uns meses pra cá eu tenho imaginado mil e uma situações com ele. Eu fico apavorada com tudo isso, sempre quis me apaixonar por um cara perfeito. Achava super fofas aquelas histórias de internet e até os livros que retratavam melhores amigos que se apaixonam, se casam e são felizes pra sempre, mas eu fiquei em tal processo de negação por dias. Era como se minha própria cabeça tivesse uma voz dizendo “Eu sei que você quer se apaixonar. Mas o ? O ? Na-na-ni-na-não”. Às vezes eu até a entendia. Porém eu não conseguia mais deixar de gostar dele.
- Vai ficar olhando para rua?
- Eu vou olhar pra quem?
- Pra mim?
- Nhã. – Fiz uma cara de tédio.
- Você está definitivamente de TPM.
- Eu só estou pensando, .
- E me deixando a deus-o-dará?
- Meu menino tá carente?
- Talvez.
Independe de ser meu melhor amigo, eu sabia dos seus problemas de relacionamento. Ele não se dava muito bem com eles, o que causou nosso último problema. Sempre zoamos muito, nos dávamos bem, brincávamos e etc, só que, no entanto, a ressaca moral que eu andava sentindo tinha a ver com tudo que eu disse pra e que até mudou um pouco as coisas. No entanto, dificultaram todos as coisas também. Vocês não estão entendendo, né? Deixe-me esclarecer as coisas.

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Não mentiria ao dizer que nunca existiram ocasiões em que pareciam que meus sentimentos podiam ter sido recíprocos. Entretanto, ele não acreditava cem por cento em tal fato. Até pela minha vergonha de dizer isso em voz alta. Detestava expor meus sentimentos, exceto pela escrita. Eu amava escrever, escrevia histórias, textos, músicas e tudo que envolvesse a escrita. Então, pegando todo esse mês de dezembro que é um dos meus favoritos -exceto por março que é meu aniversário -, peguei uma folha de papel, minha paixão pela escrita e pelo , e coloquei tudo que sentia naquela carta. E dei início à coisas que eu nem imaginava que fossem acontecer.

“Primeiro, você sabe que eu amo escrever. Entretanto, não escrevia pra você há épocas. Eu to aqui dessa vez não pra escrever um texto fofo que diz os motivos por você ser meu melhor amigo, o buraco dessa vez é mais em baixo.
Eu gosto de você. É, eu sei que isso não é novidade. O problema é que eu escondi isso por muito tempo e agora não dá mais. As coisas mudam. Nem sempre a gente dá sorte de cruzar com o príncipe encantado. Alguns amores são perdidos no meio do caminho porque o relógio não tocou, o ônibus atrasou ou alguém ligou no seu celular bem na hora que vocês se esbarraram. Outros, o problema não está no tempo, tá na cara, tá no papo que não flui e nas borboletas que se recusam a invadir seu estômago, tá na falta de sincronia, de afeto, de amor. Se uma parte não tem – e talvez nunca tenha – a chance de sentir um amor desses, uma outra tem a sorte de viver um encontro de almas. Eu acredito no acaso do amor, naquele encontro apressado no meio das esquinas da vida. Ainda bem que esbarrei em você. Você veio com a fala mansa, o olhar doce, a pose serena. Veio como melhor amigo. Veio como o amor da minha vida. E eu só assenti a sua chegada, apaixonada pelo seu jeito desajeitado de ser meu. Abri a porta da minha vida, do meu coração, da minha casa. Em troca, ganhei seu colo e seu amor. Te deixei bagunçar meu mundo para uni-lo ao seu, construímos um novo lugar. Eu gosto de você porque você fez o resto fazer sentido. Eu entendo o passado quando você chega perto. Entendo as voltas da vida e meus tropeços e tudo que era confuso antes de você chegar. Eu gosto de você porque você não é um príncipe encantado, você é real, de carne e osso. Você tem defeitos. Vários. E eu gosto de cada um deles. Eu gosto porque você me tira do chão. Eu gosto de você porque eu perco o medo com você. Eu deixo o medo de lado, por nós, de onde for.
Então deixa o medo de lado, por nós.
Att,
sua .
No final do dia encontrei , como de costume. Eu podia ter relatado mil coisas antes de contar e entregar. Eu podia pegar essa carta e desistir de tudo isso. Eu podia ter lido a carta e o entregado. No entanto, eu não fiz isso. Eu simplesmente entreguei a carta. Disse para ele ler quando estivesse sozinho e saí de lá. Sem fazer que nosso “dia de atoice” se realizasse. Quarta-feira era dia oficial de ficarmos juntos sem fazermos nada. Era um combinado que havíamos criado. Com o passar dos anos não conseguíamos cem por cento estarmos juntos, mas sempre dávamos nosso jeito.
E essa foi uma das formas que criamos para que não nos desgrudássemos como era de costume. Já passamos tempo demais separados, graças ao último intercâmbio de . Ele havia passado meses fora e eu me virei pra ficar sem ele e realizar todas minhas artes sem meu melhor amigo perto de mim. Foram meses péssimos. Eu tinha outros amigos, mas ele era diferente. Vocês me entendem.
E quando ele voltou tudo parecia mais forte. E quando eu dizia mais forte, eu dizia dos sentimentos, mas isso é história pra depois.
- O que você tá aprontando dessa vez, ? – Ele disse assim que pegou a carta.
- Eu estou sendo sincera e eu detesto falar, então quando entrar você lê.
- Você vai embora?
- Sim...
- Mas hoje é nosso dia.
- Mas dessa vez vai ser um pouco diferente, . – Eu disse e o abracei como se não o visse há uma semana e ele me enlaçou pela cintura me tirando levemente do chão. O perfume amadeirado dele chegou ao meu olfato me fazendo almejar senti-lo pra sempre e querer ficar naquele abraço que parecia ter sido feito pra se encaixar em mim. Como se nada do mundo pudesse me tirar dali
Como eu era apaixonada por aquele garoto.
O caso é que eu e éramos grudados há anos. Éramos pirralhos quando nos tornamos unha e carne e aparentemente aquilo não passaria nunca - ou pelo menos não até ele ler aquela carta. Mas, enfim, nossa amizade cresceu e se fortaleceu com o tempo. Quando ele conheceu meu primeiro namorado nos afastamos um pouco. Quando ele começou a ficar com a filha da diretora da escola foi mais ainda, mas voltou a se fortalecer com o tempo. Ele sempre estava comigo secando minhas lágrimas quando um dos idiotas que passaram pela minha vida me fazia chorar. Eu sempre o livrava de roubadas e odiava as meninas que ele trazia pra casa. Nada contra elas em si, era só ciúmes. No colégio, eu sempre aprontava alguma e ela me acobertava. Éramos uma dupla inseparável. Crescemos e a atração começou a ficar mais forte. Eu queria beijá-lo noventa por cento das vezes que ficávamos muito perto um do outro. Ele falava várias coisas fofas e safadas. E já nos beijamos milhões de vezes. Nos mais diversos roles, mas nunca deu em nada. Éramos simplesmente e o de sempre.
Até eu me apaixonar por ele.
Claro, eu não tinha falado nada de fato, mas ele me conhecia o suficiente e sempre brincava sobre eu “amar ele demais”. Mal sabia que era verdade. Aquela carta tinha um nível de seriedade diferente, eu só escrevia quando precisava expor meus sentimentos. E ali estava eu.
- Seja um bom menino e me diga algo quando ler, sim? – Brinquei com tom meio pomposo sabendo que ele ia rir.
- O que tem aqui de tão importante?
- Oi?
- A madame vai se fazer de desentendida agora?
- Cala a boca e vai ler.
- Sempre tão grossa. Eu sempre tão carinhoso, não acha que eu merecia um tipo de recompensa por isso?
- Cala a boca, seu tarado.
- Tudo bem, eu só queria um abraço.
- De novo? Tá carente? – Eu disse e disparei beijos pelo rosto dele.
- Chega, to cheio de baba.
- Ah, é assim? – Eu fechei a cara e sai dali, entrando na minha casa. Tudo estava resolvido. Ou pelo menos estaria até o momento que ele lesse aquelas palavras.

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E essa carta deu resultado. Um resultado inicialmente bom. Ele não tinha dito nada, somente demonstrado. Entretanto, minha mãe sempre disse que alegria de pobre dura pouco (beijo, mãe). E, infelizmente, de alguma forma isso deu algum problema.

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Acordei no dia seguinte sentindo o sol batendo no meu rosto. Deus que me perdoe, mas eu odiava sol. Eu ficava queimada fácil demais e ardendo, isso não lembrando do suor. Puta merda, eu realmente odiava o sol. Mas tudo bem.
Rolei da cama pegando o short no chão e o vesti descendo as escadas. Minha mãe já tinha saído pra trabalhar e o silêncio estava predominando a casa. Peguei o celular, checando as redes sociais e fui para o Whatsapp.
[21/12 09:00] Meu anjo: Vamos comprar os presentes de amigo oculto hoje?
[21/12 09:20] Meu anjo: ??????
[21/12 09:22] Meu anjo: Caralho, você não dorme, hiberna.
[21/12 10:01] Meu anjo: Eu fiz algo ou você não quer responder mesmo?

Ri do desespero dele.
[21/12 10:44] : Eu dormi tarde ontem, mas enfim. Bom dia, chuchu.
[21/12 10:44] : vamos, sim! Às 13:00?


Ele visualizou, mas não respondeu em momento algum. Menos de cinco minutos depois minha campainha fez barulho e eu abri o portão o encontrando lá fora.
- Eu acho que eu disse uma da tarde.
- Bom dia, linda. – Ele me deu um selinho e entrou.
Ele me deu um selinho?
Um minuto.
me deu um selinho?
Sem estarmos bêbados ou qualquer coisa do gênero. Puta merda.
- Vamos agora.
- Não sei se reparou, mas eu estou de pijama e acabei de acordar. Pelo menos meu corpo acordou, minha alma não.
- Vai se arrumar. Nós almoçamos na rua. – Eu encarei ele indignada enquanto estava escorada na beirada da escada e ele sentado no terceiro degrau. – Anda logo, . – E me deu um tapa na bunda e sentou na sala pegando o controle. Seja lá o que estiver acontecendo. Eu não estou entendendo.

>>>>>>>

Até aí tudo estava bem. Contudo, no natal, um ex-namorado meu acabou me dando um presente. Eu não o abracei ou nada do tipo, somente agradeci e isso desencadeou uma briga estúpida com , que saiu falando meia dúzia de palavras e parou de falar comigo.
Um dos defeitos era quando ele estava nervoso, falava sem pensar e isso acabava magoando alguém. E a pessoa da vez era eu mesma.
Na semana seguinte fizemos as pazes. O que nós estávamos tendo estava dando certo, mas não sabíamos exatamente o que era. E voltando para o ponto atual. Ele parou o carro na frente da casa dos meninos. E eu desci do carro pegando algumas das sacolas enquanto ele descia com o resto.
- Eu já disse que você tá gostosa hoje?
- Depende.
- Então você tá gostosa pra caramba.
- Eu preferia um elogio mais carinhoso.
- Você tá linda, .
- Obrigada, meu anjo. – Dei um beijo em sua bochecha e ele segurou minha mão entrando na casa.

(...)


A festa estava rolando tranquilamente (lê-se: regada de bebidas e pessoas bêbadas.) E eu e não estávamos tão perto um do outro assi. Os meninos me ofereceram batida e Gabriel brincou algumas vezes com frases “você tá linda” e “se não fosse pelo , eu era apaixonado por você “
Tudo bem, eu não ligava para as brincadeiras. Éramos todos amigos, mas isso não era o mesmo que pensava, já que ele estava observando a conversa de longe com uma cara fechada. Eu mal entendia o que estava acontecendo, mas no segundo seguinte eu entendi menos ainda. Ele me segurou pela mão me guiando pra dentro. Ele não tinha sorriso aparente ou qualquer coisa do gênero. Faltavam seis minutos pra meia noite e ele estava querendo brigar. Ótimo.
- O que diabos você pensa que tá fazendo? – ele perguntou com o semblante mais sério do de o necessário.
- Conversando com você.
- Antes, .
- Conversando com Gabriel.
- Esse é o problema?
- Conversar?
- . Ele tá te dando mole descaradamente.
- Ele está brincando.
- Nós dois brincamos, ele não.
- Eu não brinco com você, . Tudo que eu disse até hoje foi real. Inclusive aquela porra daquela carta que você não disse nada sobre o assunto
- Eu demonstrei, não é o suficiente?
- Você continuou fazendo o que sempre fazemos quando temos o nível de teor alcoólico alto. Isso não é demonstrar.
- Porra, .
- Porra digo eu. Eu disse que gostava de você e se isso não for o suficiente, eu não sei o que é. Agora sério, , eu não vou perder meu tempo discutindo.
- . Eu estou conversando com você.
- Gente! É meia noite. – Ouvimos minha amiga gritar lá de fora.
- Eu não quero conversar sobre isso, pra mim isso foi uma puta sacanagem e eu brinco com meus amigos.
- Nós somos amigos. Eles são nosso grupo.
- Eu não quero ser só sua amiga mais, caralho. Deu pra entender?
- Pelo visto talvez não queira ser só amiga do Gabriel também.
- Vai pro quinto dos infernos, . – Eu virei de costas e achei que aquilo acabava ali, mas ele simplesmente me beijou. Como se nada tivesse acontecido há dez segundos. Os fogos estouraram e o beijo acabou. Aquilo podia ser um mero sinal de que tudo estava bem, mas, acima de tudo, eu não ia me render aos caprichos do . Simplesmente porque ele decidiu que um beijo resolvia tudo. E, sem mais nenhuma palavra, eu saí andando para o terraço da casa. O céu me acalmava. O céu estava limpo e eu reconhecia fogos na lagoa da Pampulha e a constelação de Orion. Talvez por ser a única que eu conhecia. Aquilo me acalmava, de verdade.
Olhei para o céu agradecendo mentalmente por tudo que tinha passado no último ano. Tinha sido um ano difícil, como os dois últimos anos, mas eu tinha motivos pra ser feliz. Olhei pra uma estrela e dei feliz ano novo silencioso para meu pai. Eu tinha o perdido há mais de um ano e tudo era doloroso demais ao me lembrar dele. Foram quase quarenta minutos fazendo uma retrospectiva mental e encarando o céu. O suficiente pra me acalmar disposta a resolver as coisas com . Mas ao descer as escadas, eu o encontrei da pior forma possível: beijando a prima do Gustavo e com uma garrafa de Beats vermelha na mão.
Minha noite tinha acabado.
Não me despedi de ninguém, não era necessário. Apenas peguei a chave do carro dele que estava nos meus bolsos e o encarei de longe. No momento em que o beijo parou, eu cheguei perto e entreguei a chave. Sem palavra alguma. Sem nem olhar nos olhos dele. E sem querer escutar o “foi sem pensar”. Eu chamei Gabriel, pedi pra que ele chamasse um Uber e fui pra casa.
E a noite mais bonita do ano, tinha sido arruinada.

(...)


Já fazia, em média, quarenta minutos que estávamos discutindo pelo Whatsapp. Depois da noite de ontem eu ignorei várias chamadas dele, mas isso não resolveu muito. Depois que eu ignorei seus pedidos de desculpa e tudo que era bom, nssa briga começou.
[1/2 13:44] meu anjo: Se você não faz questão de ficar perto de mim em uma das datas mais importantes do ano. Não faz questão de ficar em data alguma, .
[1/2 13:46] : Eu fiz questão de você a porra do ano todo. Quem foi broxa foi você de enrolar um ano e ainda assim ficar com alguém no último dia do ano.
[1/2 13:49] meu anjo: Você não sabe o que quer da sua vida, .
[1/2 13:55] : Eu sempre quis você, mas se você é otário suficiente pra ser mais um ex na minha vida, faça bom proveito da sua vidinha.

E a conversa acabou. Ninguém se respondeu e tudo tinha acabado. Meu único medo era ter acabado pra sempre. Peguei o celular e enviei mensagem pra um grupo de amigas contando a história e recebendo o apoio delas. O que foi extremamente calmante. Elas eram ótimas amigas e eu as amava.

(...)


Uma semana e meia depois, eles tinham uma festa em comum. já estava sentada com as amigas tomando algum drink azul que ela não sabia o nome enquanto zapeava as músicas para o karaokê que rolaria.
Sertanejo foi o ritmo que mais tocou. Gabriel subiu e entoou um Henrique e Juliano. Yasmin e Ana cantaram Maiara e Maraisa. E Rute cantou Naiara Azevedo. subiu ao palco e fez o máximo pra não encará-lo.
- Eu não sei se ela vai querer me ouvir, mas eu preciso dizer, meus amigos, que essa música é pra minha melhor amiga. Ou meu amor, como preferirem. Eu queria dizer que a saudade que eu to sentindo dela não faz sentido, mas é tão grande quanto o sentido que ela não faz.

Sem saber abri a porta da saída.
Sem querer mudei o rumo de nossas vidas.
Eu perdi meu lugar no seu coração.
Tenho que aceitar a sua decisão
Mas mesmo que você não volte atrás.
Não, não, não...


Sorri de lado e vi ele me encarar.

Fica só um pouco mais
Apaga a luz e vem dormir.
Amanhã você vai
Não vou tentar te impedir não...



Ele caminhou até mim com o microfone e sentou na minha frente.

Fica só um pouco mais
O que mais eu posso te pedir?
Se os homens são todos iguais.
Esse aqui te ama demais.


Eu não queria ceder tão fácil, mas sua mão estendeu para mim e segurou a minha.

Já me encontrei nas promessas que eu não cumpri
Já chorei sei que é tarde, mas estou aqui
Pra retomar meu lugar no seu coração.
Não tenho que aceitar a sua decisão
E mesmo que você não volte atrás.

Fica só um pouco mais
Apaga a luz e vem dormir
Amanhã você vai
Não vou tentar te impedir não.

Fica só um pouco mais
O que mais eu posso te pedir?
Se os homens são todos iguais
Esse aqui te ama demais
Fica só um pouco mais?


Ele me levantou e me fez encará-lo. A música teve fim e ele me abraçou repetindo o verso baixinho no meu ouvido.
- Se os homens são todos iguais, esse aqui te ama demais. Fica só um pouco mais?
- Como se eu pudesse dizer que não.
- Isso é um sim?
- Isso é um pedido?
- Como se eu pudesse não te pedir.
- Então diz em voz alta.
- Fica só um pouco mais?
- Fico a vida inteira.


Fim.



Nota da autora: Oi bebês! Aqui segue minha lista de outras fics:

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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