Última atualização: 09/04/2024

Capítulo 1

sentia a brisa fraca da ilhazinha da Carolina do Norte invadir todo o seu corpo, o vento fresco era como se fosse uma camada protetora para todo o calor que fazia. Sentada em cima da cerca da sacada, ela levou a lata de cerveja até a boca, sentindo o líquido refrescar a parte interna de todo o seu corpo, avistando o seu irmão em cima do telhado da grande casa que estava em construção. John B parecia fingir se desequilibrar, JJ estava em cima de um andaime com as poucas latas de cerveja que ainda estavam cheias.
— Se você cair, eu vou dar muita risada de você — disse , colocando a mão na testa, na tentativa da luz solar não ofuscar completamente sua visão.
John B era seu irmão — primo, na verdade —, mas como cresceram, viveram e moraram juntos desde sempre, não achavam necessário o rótulo de primos, eles eram a única família um do outro, visto que os pais de ambos estavam mortos.
Pope saiu de dentro da casa, brincando com uma parafusadeira, olhando para o amigo em cima do telhado.
— Isso dá o quê? Uma queda de três andares? — Pope disse, o observando. — Te dou 30% de chance de sobreviver.
John B colocou o dedo indicador na boca, o molhando e o estendendo, sentindo o vento bater contra sua pele, fazendo uma expressão dramática, como se estivesse fazendo uma enorme conta matemática em sua cabeça. Ele voltou a olhar para Pope.
— Então, eu devo pular?
— Isso, pula e eu atiro enquanto você cai — Pope pegou a furadeira, apontando para o amigo, fingindo mirar.
— Vai atirar em mim? — disse John B, fazendo arminhas com os dedos.
— Vou — afirmou Pope.
Pope Heyward era o garoto mais inteligente que poderia conhecer, além de um amigo incrível. Se a garota não tinha reprovado em física, era por causa do garoto, que sempre a ajudava com a matéria.
Os dois continuaram uma brincadeira enquanto tentava espiar para dentro da casa sem sair do lugar, na tentativa de ver onde Kiara tinha se metido, visto que a garota tinha entrado e fazia alguns bons minutos que não havia saído de lá ainda, o que fez se perguntar o que sua amiga estaria fazendo. A casa não estava completamente terminada, Kiara não teria como achar muita coisa além de muitos sacos de cimento, poeira e materiais de construções no geral. Antes mesmo de poder pular para fora da cerca que cobria todo o deck de madeira, Kiara saiu de dentro da casa com uma feição que parecia demonstrar um desapontamento.
Kiara, ou apenas Kie, era sua melhor amiga desde o ensino fundamental. Carrera era uma Kook vivendo ao lado dos Pogues. As duas tinham se distanciado por um tempo, após Kiara ter seu ano Kook, vivendo da forma mais rica possível no Figure Eight, lado rico da ilha. No início, Carrera tentou o máximo possível não se afastar de , sempre a convidando para a maioria das festas, mas a garota não se sentia muito bem em meio à tantas pessoas ricas e, em grande parte, mesquinhas, mas, agora, Kie estava de volta.
— Aqui vai ter privadas japonesas com aquecedor de toalhas — disse Kiara, andando em direção ao grupo de amigos.
— Claro, sem toalhas quentes não dá! — JJ disse.
JJ Maybank foi o primeiro amigo de . Quando eram crianças, ele era o garotinho que puxava o cabelo dela e saía correndo, minutos depois ficando na frente de todo mundo e a pedindo em casamento, como um pedido de desculpas, o qual sempre foi recusado pela Routledge. Durante a adolescência, era JJ que sempre defendia se algum garoto fosse incomodá-la, o loiro sempre estava por perto quando se tratava da garota.
— Aqui era um habitat natural de tartarugas, mas quem liga para as tartarugas, não é? — reclamou Kiara.
— Eu ligo para as tartarugas! — falou, olhando para a amiga, que sorriu para ela.
— Dá para você não se matar, por favor? — Kiara perguntou, retoricamente, olhando para John B.
— Se você derrubar a cerveja, eu não vou te dar outra — JJ disse, entregando uma lata de cerveja para John B, em cima do telhado.
Não demorou nem cinco segundos para o garoto derrubar a cerveja no chão, o que fez os outros quatro adolescentes criarem uma onda de xingamentos. John B fez uma pausa dramática, lamentando a sua perda, JJ se moveu rapidamente no andaime para pegar outra cerveja, mesmo falando que não daria outra.
— Mas é claro que ele derrubou a cerveja — reclamou, em meio aos outros xingamentos dos amigos para o garoto.
— Falou a garota que perdeu o emprego no primeiro dia, porque derrubou uma prateleira inteira! — John B pontuou, fazendo todos rirem.
— Pelo menos eu não desperdiço comida! — ela se defendeu. — Muito menos cerveja!
Pope se apoiou ao lado de enquanto o grupo voltava a conversar. A garota conseguia ver o mar quebrado entre o horizonte, a fazendo sentir uma enorme inveja de quem fosse morar ali, não apenas pela vista incrível, mas pela casa enorme. O futuro proprietário provavelmente teria tanto dinheiro, que poderia comprar três casas onde e John B moravam.
, vem! O segurança 'tá chegando — avisou Pope, a puxando pelo braço.
Todos os cinco começaram a correr enquanto riam sem pausas. adorava sentir a adrenalina percorrer por todo o seu corpo. Gary, o segurança do pequeno e chique condomínio, gritava algo como "vou pegar vocês!" e "voltem aqui!", o que fazia a garota rir mil vezes mais, pois o segurança nunca conseguia chegar minimamente próximo do grupo de adolescentes. Não era a primeira vez que eles fugiam de Gary e, se dependesse deles, não seria a última.
Pope, e JJ ficaram para trás. Quando dobraram a curva do jardim, avistaram a cerca em frente a eles, Pope foi o primeiro a pular, caindo de cara na grama, mas logo se levantou voltando a correr. Na vez de , JJ agarrou a cintura dela, a ajudando a pular. Maybank passou pela cerca segundos depois, agarrando a mão de .
— Não queremos ficar para trás, não é, princesa? — JJ falou e ambos sorriram, voltando a correr em direção à Kombi, pulando para dentro.
— Gary 'tá querendo mostrar serviço — comentou Pope.
JJ continuava a provocar o segurança, apenas se sentou no chão da Kombi, apoiando suas costas e cabeça na parte traseira do banco de John B, que dirigia, enquanto tentava recuperar o fôlego, sentindo que tinha corrido uma maratona intensamente longa. Kiara ria do estado da amiga, ao mesmo tempo que xingava JJ por não ter parado de incomodar Gary.
— Dê uma cerveja para ele, Jay — disse , entregando uma das latinhas para JJ. — Gary trabalhou bastante hoje, ele merece.
Assim que JJ jogou a cerveja para o segurança, Kiara o puxou para dentro enquanto Pope fechava a porta. John B acelerou a Twinkie — o apelido carinhoso que deram para a Kombi —, se afastando do bairro de casas enormes e bonitas. Eles ainda riam do que tinha acabado de acontecer, sobre a pequena perseguição, como Pope tinha caído e de como Gary era estúpido por conseguir achar que conseguiria alcançá-los somente correndo, sendo que eles estavam na Kombi.
adorava tudo aquilo, simplesmente amava o sentimento de liberdade e adrenalina que sentia, mas amava muito mais estar ali com os Pogues, sua família.
Ao pular para o banco do passageiro ao lado de John B, eles passaram pela pequena ponte, fazendo observar atentamente a placa onde dizia:

"Bem-vindos a Outer Banks
O paraíso na Terra"


Outer Banks ou o paraíso na Terra.
É o tipo de lugar onde você tem dois empregos ou duas casas. Duas tribos, uma ilha. Figure Eight é o lado rico da ilha — lar dos Kooks. Eles são os tipos de pessoas que têm iates, carrinhos de golfe e todo esse tipo de coisa.
O cut é o lar da classe trabalhadora que ganha a vida servindo mesas, lavando iates e fazendo entregas. O habitat natural dos Pogues, a ralé, os peixes pequenos e descartáveis, os membros mais baixos da cadeia alimentar. A desvantagem de ser um Pogue é que eles eram ignorados e negligenciados. Mas o lado bom da vida Pogue? É que são negligenciados, o que significa que podem fazer o que querem e quando querem.
Foi isso que foi ensinado à desde que se entendia e partilhava do mesmo pensamento, aliás, a vida de um Pogue sempre foi a única realidade que ela pôde presenciar.
A mãe de morreu em um acidente de carro quando a garota tinha sete anos, a mulher morreu no hospital, já , apenas saiu com um braço quebrado, o que fez a garota morar com o seu tio e seu primo, Big John e John B. Ela e o garoto cresceram juntos, então não foi uma mudança drástica na vida da garota, apenas extremamente triste. gostava de imaginar que poderia ter sido muito pior, poderia ter sido mandada para um lar adotivo ou para um parente distante que nunca tinha visto em toda sua vida.
As únicas poucas coisas que ela sabia sobre seu pai era que ele era rico e, quando se envolveu com a sua mãe, era casado, mas nunca buscou a fundo isso, aliás, nem sequer sabia se o homem ainda estava na ilha. Não queria saber sobre ele, ela já tinha sua família, John B era seu irmão e, quando os dois eram chamados de primos, ambos fechavam a cara, igual a duas crianças teimosas, e corrigiam, falando que eram irmãos. Óbvio que os dois passavam por dificuldades, não é como se tivessem muito dinheiro para fazerem muita coisa, mas eles e seus amigos estavam preparados para enfrentarem todas as coisas juntos.

***


— Bom dia, — John B dizia, batendo nas costas da garota para acordá-la.
A menina murmurou um xingamento quase inaudível, tentando criar forças em seu corpo para abrir os olhos e se levantar da cama, apoiando os pés no chão enquanto se sentava. Ela bocejou, se espreguiçando lentamente, encarando John B, que estava apoiado na porta do quarto dela, esperando a garota acordar para finalmente poder falar algo.
— Temos que falar com o conselho tutelar hoje, Bear — avisou John B, fazendo reclamar, jogando seu corpo para trás, batendo suas costas em seu colchão velho.
Bear era o apelido que tinha ganhado de Big John quando era criança. John B era o Bird, eles sempre eram os personagens principais das histórias que o homem inventava para as duas crianças dormirem. O motivo do apelido era porque, quando era criança, a garotinha era obcecada por ursos, mas não os de pelúcia, os de verdade, principalmente os polares.
A exatamente 9 meses atrás, Big John desapareceu no oceano, John B sempre dizia que só iria assinar os papéis quando ele visse o corpo. Mesmo sendo realista e sabendo que o homem estava possivelmente morto, ela tentava ser positiva igual ao seu irmão, na esperança de conseguir apoiá-lo.
Supostamente, John B e tinham que estar morando com o tio Ted, mas ele estava ocupado demais construindo cassinos em alguma parte do Mississipi, então era apenas ela e John B.
se trocou rapidamente, jogando uma água em seu rosto, caminhando até a cozinha, tentando procurar qualquer alimento que estivesse minimamente comestível, mas a única coisa que achou foi uma caixa de cereal na metade. Olhando a data, notou que fazia exatamente uma semana que tinha passado da validade, mas, pensando por alguns segundos, pensando que uma semana não era muita coisa, ela apanhou a caixa, assim que John B buzinou, a fazendo correr até a Kombi, se sentando ao lado do garoto.
— Cereal puro? — John B perguntou, confuso, vendo a irmã comendo como se fosse um pacote de salgadinho.
— Não compramos leite — ela deu de ombros. — Quer?
O irmão assentiu, tirando uma das mãos do volante, e pegando um punhado de cereais coloridos da caixa, sem ao menos tirar os olhos da estrada. repetiu o ato dele, aceitando que a comida não tinha nenhum gosto estranho mesmo passando da validade. Minutos depois, eles estavam sentados em frente à assistente social em um escritório, a mulher tinha uma postura rígida, mas mesmo assim tentava passar uma imagem gentil e acolhedora. tremia sua perna direita involuntariamente por causa do nervosismo e do medo. Se a assistência social descobrisse que eles estavam morando sozinhos, era um adeus à liberdade que tanto gostava, provavelmente seria mandada para um lar adotivo diferente de John B e nem em seus piores pesadelos gostaria de ser separada da única pessoa que restava em sua família.
— Ficamos sabendo que vocês são menores de idade, não emancipados vivendo sozinhos — a assistente social dizia, calmamente, olhando para os dois.
John B e trocaram uns olhares rápidos, em silêncio, como se decidissem quem iria falar.
— Não, isso é mentira — John B negou com a cabeça.
Ele era um péssimo mentiroso, mas também não era das melhores contadoras de mentiras, então não se achava no direito de julgá-lo.
— Precisam ser honestos para que possamos ajudá-los, é o que nós queremos, certo? — a mulher falou, enquanto colocava alguns papéis sobre a mesa.
— Estamos sendo honestos — os dois falaram juntos, afinando.
— Certo, quando foi a última vez que falaram com seu tio? — a assistente social perguntou, desconfiada.
— Há uns 34 minutos — ela falou, olhando o relógio invisível que o irmão mostrava para ela.
Os dois se olharam ao reparar que a mulher anotava algo.
— Quando o viram pela última vez?
— Há 2 horas e uns 43 minutos. — Dessa vez, foi John B que respondeu.
— John, , iremos amanhã falar com o tio de vocês, se ele não estiver lá, irão para um lar adotivo — a mulher falou, anotando mais algumas coisas. — Garanto que encontraremos um lar seguro e amoroso para vocês.
— Esperamos por vocês lá! — Ela se levantou, juntamente com o irmão, até a porta, com um sorriso no rosto, tentando não demonstrar toda a ansiedade e medo que sentia. — Na verdade, John B, o tio T. não tem alguns exames marcados para amanhã?
John B assentiu, rapidamente.
— Um Raio-X e alguns exames de sangue… — John B completou. — Tem como remarcar?
— Desculpem, mas realmente não podemos remarcar. — A mulher olhou para eles novamente. — Só queremos ajudar.
— Não precisamos de ajuda — John B falou, colocando suas mãos nas costas da irmã, a tirando do escritório.
Os dois ficaram em silêncio o caminho inteiro até chegarem na Kombi, passou as mãos pelo seu rosto enquanto John B apoiava a testa no volante, parecendo pensar em alguma solução.
— Estamos ferrados — John B murmurou
— Eu sei — suspirou, nervosa.

***


Era tarde da noite, o furacão Agatha invadiu Outer Banks de forma intensa, sendo acompanhado de uma tempestade enorme. Mesmo que isso já fosse esperado, não deixava de ser um tanto quanto assustador. gostava da chuva, mas não gostava das tempestades, odiava o barulho do vento forte, da sensação que tudo estava prestes a ser destruído. Não gostava do sentimento de desespero que sentia quando havia tempestades, tinha sido praticamente um milagre quando a garota dormiu com tanta facilidade assim que o furacão se iniciou.
sentiu as gotículas de água correrem sobre sua bochecha, deslizando para sua mandíbula. De início, achou que poderia ignorar os respingos de água, mas estava realmente ficando irritada, visto que não estava conseguindo dormir de jeito nenhum. Ela coçou os olhos, sem estar ainda completamente acordada, apanhando seu celular que estava embaixo de seu travesseiro. Ligando o visor, apertou os olhos por causa da luz forte da tela, vendo o horário marcar 2:21 da manhã. Limpando mais uma vez sua bochecha, se sentando sobre a cama, reparando a goteira que tinha se formando exatamente em cima de seu travesseiro, bufando, estressada, ainda meio dormindo, ela se levantou, empurrando a cama para o lado para garantir que a sua cama não ficasse completamente encharcada durante o resto da tempestade.
O furacão Agatha parecia estar destruindo tudo lá fora, o vento forte fazia um enorme barulho, conseguia ver as gotas da chuva batendo em sua janela com agressividade e o vento arrastando algumas coisas, o que fez seu coração sofrer palpitações por causa do medo. Ela respirou fundo e caminhou o mais rápido possível até a sala de estar, onde encontrou JJ, dormindo esticado no sofá-cama.
Um galho voou em direção à janela, batendo contra o vidro, deu um pulo por causa do susto, o que a fez esbarrar na mesa de centro, derrubando algumas garrafas de cerveja vazias no chão, fazendo sua respiração ficar descontrolada.
!? — JJ falou, assustado com o barulho, se sentando no sofá. — O que está fazendo? Você está bem?
— Tem uma goteira na minha cama — a garota resmungou. — Vim deitar com você.
, se estava com medo da chuva era só me falar, não vou rir de você — o garoto falou, rindo fraco.
— Não estou com medo da tempestade — o corrigiu, mentindo. — Tem uma goteira no meu quarto.
— Claro que tem — JJ ironizou, sonolento, vendo a garota dar as costas para ele. — Para onde você 'tá indo?
— Dormir com o John B — ela disse. — Você fala demais.
JJ esticou seu braço, agarrando a camisa da garota, a puxando para perto novamente. o encarou, confusa, e com muito sono para tentar colocar a cabeça no lugar e entender o que estava acontecendo. JJ a puxou para o sofá sem dizer mais nenhuma palavra, de alguma forma que não compreendia, a colocando deitada ao lado dele.
— JJ, mas o que…
— Cala a boca, , eu quero dormir — JJ resmungou. — Nós fazíamos isso quando éramos crianças, apenas durma.
se manteve em silêncio por alguns segundos, sentindo o braço do garoto rodeando a sua cintura, o que fez sentir multidões de borboletas em seu estômago, a fazendo se sentir burra por ficar tão nervosa apenas porque o braço de seu melhor amigo estava sobre sua cintura. Fazia algum tempo que ela tinha reparado o quanto seu coração ficava descontrolado ou como suas bochechas ficavam vermelhas quando JJ se aproximava ou quando falava algo que sabia que provocaria . O lado bom das borboletas que JJ causava nela foi o que a ajudou a se distanciar do medo que a tempestade a estava fazendo sentir.
A respiração do garoto estava mais pesada do que a de alguns segundos atrás, o que a fez imaginar que JJ estava dormindo. finalmente se aconchegou no sofá, tirando o braço do garoto de cima de si, simplesmente aceitando que não conseguiria dormir com aquele sentimento em seu estômago, mas do mesmo jeito ficou próxima de JJ. Não querendo se afastar muito, ela puxou o pequeno lençol que estava embolado na ponta do sofá, cobrindo ela e JJ, e minutos depois os dois estavam adormecidos no pequeno sofá.

Capítulo 2

Quando acordou na manhã seguinte, voltou a sentir o braço de JJ abraçando sua cintura, o que a fez sentir as mesmas borboletas que sentiu na noite anterior. Ela se afastou o mais devagar possível, tentando não acordar o garoto, e, ao tentar se levantar, ouviu um resmungo de JJ que se parecia com um "fica quieta, ", mas ela apenas ignorou os resmungos do garoto, se levantando do sofá. Caminhou em sentido à cozinha, passando a mão pelo interruptor de luz. Ao olhar para a lâmpada e ver que ela não se acendeu, suspirou, imaginando que provavelmente eles iriam ficar sem luz até o fim do verão. pegou uma única fatia de pão, comendo devagar, não querendo ver o estrago que estava lá fora, não sozinha, pelo menos. Para a sua alegria, não demorou muito para o seu irmão acordar, preguiçosamente.
— Bom dia, — John B falava, ainda com voz de sono.
— Bom dia, Johnny.
— Ei, já foi lá fora? — John B perguntou, passando por JJ, dando um leve tapa em suas costas para acordá-lo.
— Não dá, cara, tenho pólio, não consigo andar! — JJ murmurava, ainda deitado. passou por ele dando um peteleco em sua orelha, o fazendo resmungar alguns xingamentos.
— Ca-ra-lho — a menina exclamou pausadamente. — Limpamos isso essa semana! — choramingou.
tinha certeza que poderia chorar de frustração a qualquer segundo, o quintal estava completamente destruído, alguns bancos tinham voado para longe, tinha galhos quebrados por todos os lados, até mesmo telhas que deviam ter voado de alguma casa, o que fez o coração da garota apertar por pensar o quanto de pessoas não tiveram a sorte de suas casas aguentarem uma tempestade de alto nível que nem aquela.
— Isso não é bom... isso não é bom — John B murmurava.
— Agatha fez muito estrago, não é? — JJ falou, se colocando ao lado de , a assustando.
— Porra! Quer me matar de susto?
— Você tem que relaxar, — disse o loiro, massageando os ombros da garota. — E eu sei o que está te fazendo falta.
— Não, JJ, eu prometi que iria parar — ela falou, enquanto os dois caminhavam até John B, que estava em cima do pequeno barco, apelidado de HMS Pogue, tirando alguns galhos que haviam caído dentro dele.
A promessa em si tinha sido feita apenas para ela mesma. não via problema em fumar maconha, JJ fumava e Kiara também, às vezes, mas depois do desaparecimento de Big John, fumava uns oito cigarros de maconha por dia. Sabia que John B não gostava quando ela fumava, a garota não se importava muito no início, mas, quando ela mesma reparou que estava fumando mais que o próprio JJ, decidiu que iria parar completamente com a maconha. Claro que em alguns dias ela pensava que apenas um beckzinho não iria fazer mal a ninguém, mas ela evitava sempre que podia.
John B encarou o pântano por alguns segundos, voltando a encarar com um sorriso no rosto, que foi compartilhado pela garota também.
— Está pensando no mesmo que eu? — perguntou, animadamente.
— Com certeza eu 'tô — John B respondeu.
— Em que estão pensando? — JJ falou, confuso.
— Que a tempestade empurrou um mon para o pântano e os peixes vão atrás deles — John B explicou, sorrindo.
— O conselho tutelar não iria vir hoje? — JJ perguntou.
— Eles não vão entrar em uma lancha, Jay — passou o braço pelo ombro do loiro, sorrindo. — Deus está nos mandando pescar!
Poucos minutos depois, os três estavam dentro do HMS Pogue, John B pilotava, JJ se colocava de pé ao lado do garoto, já , estava sentada no convés, olhando as pessoas que trabalhavam após a tempestade. O barco iniciou dando uma volta pela periferia, fazendo os três olharem o estrago que Agatha tinha feito por todo o cut, aproveitando para procurar um lugar bom caso eles quisessem pescar alguns peixes e caranguejos mais tarde.
— Hey, Sra.Amy! Vocês sobreviveram? — John B falava enquanto acenava para a filha da mulher.
— Ainda estamos aqui — a mulher respondeu amigavelmente.
sorriu levemente para a filha da mulher, pois já tinham tido algumas aulas juntas durante o ano, mas a garota não pareceu reparar muito em , já que seus olhos pareciam estar muito mais focados em JJ.
— Ela super me olhou — JJ falou, assim que se afastaram delas, fazendo a garota revirar os olhos enquanto John B concordava.
— Cara, olha esse lugar — disse John B, olhando toda a sujeira que o furacão tinha feito na ilha.
— Agatha, o que você fez!? — JJ exclamou.
— Vamos limpar isso o verão inteiro — reclamou.
— Esse é o meu pesadelo — John B respondeu, dirigindo o barco sobre as águas, até conseguirem avistar o cais dos Heyward.
O trio avistou Pope limpando o deque da loja, a qual o pai do garoto era o dono. Ele encarou os amigos, parecendo saber o que aconteceria com eles se aproximando do local.
— Olha o que temos aqui! — John B falou, colocando a mão no ombro, imitando um walkie-talkie. — Temos uma reunião de segurança, presença obrigatória, câmbio. — Terminou com um barulho, como se estivesse desligando o aparelho imaginário.
— Não dá, meu pai não me deixa sair — Pope explicou, JJ o zombou.
— Qual é, cara, seu pai é um covarde, câmbio — JJ falou, recebendo um tapa no braço de .
— Eu ouvi isso, seu pequeno bastardo. — O Sr.Heyward se aproximava do barco.
— Olá, Sr.Heyward — a loira acenou, sorrindo, como uma criança inocente.
— Olá, , já falei que não deveria andar com esses garotos — o homem sorriu para a garota, a aconselhando.
— Não é como se eu tivesse muita escolha — a menina murmurou, dando de ombros.
— A gente precisa do seu filho! — John B falou, olhando o homem.
— Regras da ilha, o dia depois do furacão é livre — JJ falou, fazendo o mais velho franzir as sobrancelhas.
— Quem diabos inventou isso? — o homem falou, bravo. — Acha que eu sou burro?
— O Pentágono, nós fomos autorizados pela segurança — dizia JJ, coçando a nuca enquanto falava. — Eu tenho um cartão.
riu, enquanto JJ se iniciava em uma pequena discussão com o pai de Pope.
— Pai, eu faço amanhã, eu prometo — Pope falou, olhando para o pai.
— Não. Você irá fazer hoje — reclamou o Heyward mais velho.
— Pula no barco, vem logo! — a menina sussurrou, fazendo o amigo pular dentro do barco enquanto o Sr.Heyward ainda reclamava. — Vamos devolvê-lo inteiro, eu prometo!
— Não gosto dos seus amigos! — o pai de Pope gritou, uma última vez, em direção ao barco que se afastava, fazendo todos rirem.
Continuavam navegando sobre as águas, eles deram mais uma volta pelo local, checando como estava o estado da ilha. Pope e sentaram-se na borda do barco, molhando os pés na água gelada, enquanto o garoto explicava para ela algo que ele leu em um livro durante a noite antes da tempestade levar a luz da ilha toda embora. O barco diminuiu a velocidade, passando ao lado do deque onde Kiara se aproximava, segurando um cooler, enquanto sorria para os amigos.
— Olá, princesa! — falou ao cumprimentar a amiga, que era ajudada por JJ a entrar no barco. — O que trouxe para a gente?
— Suco de caixinha? — perguntou Pope.
— Só iogurtes e palitos de cenoura — Kiara respondeu, se sentando nos bancos atrás de John B.
JJ foi o primeiro a agarrar o cooler, distribuindo as cervejas, e, assim, o passeio de barco entre os cinco amigos se iniciou oficialmente entre algumas histórias engraçadas que eles adoravam relembrar e algumas piadas ruins que contavam um para o outro.
e Kie estavam sentadas no convés do HMS Pogue, Pope cuidava do volante e John B estava esparramado na parte traseira do barco enquanto ria de algo que Pope falou para ele.
— Olhem esse truque — JJ disse, pagando uma cerveja, subindo em cima do convés e ficando bem na ponta do barco. — Ei, Pope, dá para acelerar um pouco?
— De novo não! — reclamou Kiara.
— Cara, já tentamos isso umas seiscentas vezes, não funciona — John B falou, olhando o amigo.
— Vai desperdiçar a cerveja! — pontuou .
Pope começou a acelerar o barco assim como o loiro havia pedido. JJ colocou a garrafa de cerveja em frente à sua boca, tentando tomar o líquido, o que era uma tentativa falha, pois a cerveja voava para todos os lados, o que fez todos reclamarem por causa da cerveja indo em direção a eles.
— Cara, tem cerveja no meu cabelo — Kiara falava enquanto colocava a mão sobre o rosto para tentar se esconder.
Um baque forte fez o barco parar, JJ praticamente foi arremessado para fora do barco, afundando na água, escorregou do cais, quase batendo a cabeça, Kiara caiu um pouco para o lado, enquanto Pope e John B se seguravam firmemente, não se machucando.
— Pope! — exclamou John B, ajudando a irmã a se levantar.
— Qual foi, cara? — Kiara disse, ao se levantar.
fechou os olhos com força, sentindo a dor se misturar com uma leve tontura, e se colocou de pé novamente, com a ajuda de John B, que estendeu a mão para ela se levantar. Abriu os olhos, respirando fundo, seguindo até a borda do barco, vendo JJ flutuando sobre a água, com uma cara péssima de dor, enquanto uma de suas mãos estava mais levantada, segurando a garrafa de cerveja para fora da água.
— JJ, você está bem? — foi a primeira a perguntar.
— Acho que meus calcanhares bateram na minha nuca — ele falou, grunhindo por causa da dor. — Pope, o que você fez?
— Tem um banco de areia, o canal mudou por causa do Agatha — Pope disse, olhando JJ nadar para perto do barco.
— Ei, , você viu? — JJ olhou a garota, que franzia as sobrancelhas, confusa. — Salvei a cerveja! — ele falou, como uma criança animada, e riu fraco, negando com a cabeça.
se aproximou da beirada do barco, observando JJ, enquanto Pope parecia estar focado demais na água para reparar em qualquer coisa.
— Ei, Pope. — puxou JJ pelo braço, o ajudando a subir no barco novamente. — O que você está fazendo?
— Tem um barco ali? — Pope perguntou, olhando para o mar, fazendo se aproximar do amigo para olhar a figura também.
— Cala a boca — disse John B, zombando de Pope.
— Não, ele 'tá certo, tem realmente um barco ali — falou e todos se aproximaram da borda do barco, olhando a figura no fundo da água. Parecia ser apenas a silhueta de um barco, pois era extremamente ruim ver de fora da água.
Kiara e começaram a tirar suas blusas e shorts com pressa, ansiosas para verem o barco, que estava submerso. Era algo incomum surgir naufrágios durante uma tempestade, pois, se você seguisse a lógica, perceberia que não era nada seguro navegar durante uma tempestade. Foi isso que deixou tão curiosa, o questionamento que deixou em sua cabeça, aliás, qual seria o motivo de alguém navegar durante um furacão?
Os cinco pularam na água, respirou fundo, mergulhando juntamente com os seus amigos, nadando até o naufrágio da forma mais rápida que conseguia, tentando olhar o barco o máximo possível, antes de precisar subir até a superfície novamente.
Apoiou seus pés na base do barco, dando impulso para subir de volta para o HMS Pogue. sentiu seus pulmões encherem de ar novamente enquanto seus olhos ardiam por causa do contato com a água.
— Vocês viram aquilo? — Pope perguntou, abismado.
— A gente encontrou a porra de um barco — comentou, ainda em choque.
— Era um Grady White — JJ falou, olhando para os Pogues.
nunca foi de entender muitas coisas sobre barcos, conhecia algumas coisas, o básico, pois seu tio, John B e JJ adoravam falar sobre modelos, motores, acabamentos e todo esse tipo de coisa, então, era de seu conhecimento que um Grady White não era qualquer tipo de barco. Um barco caro, de nova geração, o qual precisaria de muito dinheiro para tê-lo, não apenas para comprá-lo, manter um barco também era um trabalho difícil, pois ele não chegava nem perto de ser um barco barato.
— Um Grady-White custa 500 mil dólares fácil, mano — JJ comentou, surpreso, subindo no HMS Pogue juntamente com os amigos.
— Quem é o idiota que naufraga um barco de 500 mil dólares? — perguntou, subindo no barco e se sentando ao lado de Kiara.
— É o mesmo barco que eu e o Pope vimos quando surfamos na tempestade! — falou John B, chamando a atenção de sua irmã.
— Você só pode estar de brincadeira, , John B? — reclamou, colocando a mão na cintura.
sabia que inconscientemente ela também gostaria de surfar em uma tempestade, as ondas altas e fortes eram as melhores que poderiam existir, mas, ao contrário de John B, tinha um pouco de consciência em sua cabeça, a qual falava para ela que seria perigoso demais surfar enquanto um furacão se aproximava ou era apenas o seu pavor de tempestade falando muito mais alto, não a deixando se aventurar pelo mar.
— Vocês surfaram em uma tempestade? — Kiara também parecia brava com o ato dos amigos.
As duas encararam John B e Pope em busca de uma resposta, mas os garotos pareciam querer ignorar o assunto.
— Esses são meus garotos, estilo Pogue! — JJ falou, animado, fazendo um toque com John B. As garotas reviraram os olhos.
— Espera, nós sabemos de quem é o barco? — perguntou Pope.
— Não, mas vamos descobrir! — John B falou, tirando a âncora do compartimento do barco.
— É muito fundo, cara, eu não vou te ressuscitar, eu não sei fazer boca-a-boca — JJ disse, observando o amigo desenrolar a corda da âncora.
suspirou como se procurasse algum tipo de coragem e tirou a camisa — a qual tinha acabado de vestir de volta —, ficando na ponta do barco, vendo os seus amigos a observarem, confusos.
— Eu vou pular. — A garota esticou a mão, esperando John B entregar a âncora para ela.
— Eu definitivamente sei fazer boca-a-boca, fiz um curso de salva-vidas na quinta série! — Maybank falou, sorrindo, olhando a Routledge.
O único ato de foi olhar para a água, fingindo pensar na profundidade que o barco estava, quando na verdade era apenas uma forma de tentar esconder o rubor que se formou em suas bochechas.
— Você não vai descer lá embaixo — John B falou, a encarando.
— Vou sim. Se não me der essa âncora, eu pulo sem ela — falou, decidida.
Os dois Routledge se encaram, iniciando uma pequena discussão silenciosa entre os dois, parecendo batalharem para quem iria ceder primeiro.
— Só pulem logo! — Pope falou, nervoso. — Odeio quando vocês fazem isso, é agoniante e me dá ansiedade — bufou.
John B e tinham a pequena mania de discutir em silêncio, não gritavam nem xingavam um ao outro quando estavam bravos, parecia que os dois entravam em um pequeno jogo de olhares para ver quem iria desistir primeiro. Não durava muito, pois um dos dois sempre cedia ou entravam em um acordo, mas compreendia quando os seus amigos ficavam nervosos vendo os dois fazerem aquilo sem saber o que estava acontecendo.
O Routledge mais velho pareceu recuar por alguns segundos, antes de ceder, aceitando que a irmã fosse junto com ele, e os dois se colocaram na ponta do barco, segurando a âncora que Pope entregou.
— A missão é de vocês, marujos — Pope falou, fazendo continência para os amigos, que repetiram o ato.
— Tomem cuidado — disse Kiara, preocupada.
— Prontos? — JJ perguntou, vendo os dois assentiram. — Então, vão! — ele falou, empurrando os dois para a água.
puxou todo o ar possível para os seus pulmões, sentindo as suas costas baterem na água, ainda segurando na âncora que os ajudava a afundar mais rápido. Ela e John B se encararam, parecendo verificar se ambos estavam bem, e, quando estavam perto do barco, soltaram a âncora e nadaram rapidamente em direção ao Grady White naufragado, procurando por algo que poderiam ajudá-los a descobrir de quem era o barco.
Os pulmões de já tinham começado a implorar por um pouco de oxigênio, John B pareceu segurar algo, mas, assim que encarou a irmã, agarrou o braço dela. Ambos deram impulso com os pés, para voltarem à superfície, e John B segurava o pulso de , nadando o mais rápido possível.
— Vocês demoraram demais! — A voz de Kiara foi a primeira coisa que ouviu ao chegar à superfície.
A garota respirou fundo enquanto nadava em direção ao HMS Pogue, subindo no barco logo atrás de John B, enquanto sua respiração ainda estava desregulada. Seus olhos ficaram ainda mais irritados por causa do contato com a água.
— Acharam algum cadáver? — questionou Pope.
— Não, mas eu podia ter trazido o da — John B falou, estressado.
— Deus! Você é tão dramático! — exclamou. — Eu estou bem.
— Bem? Quase desmaiou lá embaixo! — John B ironizou.
— Chega! Os dois! — Kiara chamou atenção dos amigos. — , você está bem? — perguntou, olhando a amiga, que assentiu com a cabeça, murmurando um "uhum". — Ótimo, então o que vocês acharam lá embaixo?
John B mostrou a chave para os amigos.
— Uma chave… — Pope falou, desanimado.
— A chave de um hotel? — Kiara falou, confusa, olhando a chave.
— Uau, isso sim é um tesouro pirata que vai nos deixar milionários! — ironizou, fingindo animação, o que fez os Pogues rirem.

Capítulo 3

Os Pogues pararam o barco em meio ao pântano, eles pensavam o que poderiam fazer com a chave e o barco que encontraram. John B e ainda pareciam estar meio nervosos, ambos estressados por causa da teimosia um do outro. estava sentada no chão do barco, apoiando a cabeça no convés enquanto passava as chaves pelos seus dedos, na tentativa de que alguma ideia surgisse em sua cabeça e que pudesse ajudá-los.
— Deveríamos entregar para a guarda costeira, talvez a gente ganhe uma recompensa ou sei lá — Kiara comentou.
— Eu gosto da ideia de ganharmos dinheiro por achar um barco naufragado — falou, animada, olhando para seus amigos, que pareciam concordar com a ideia.
Todos concordaram com a ideia de Kiara e o HMS Pogue começou a navegar lentamente sobre as águas do pântano, indo em direção ao cais que levava até à guarda costeira, onde eles iriam entregar a chave e falar sobre o Grady White, na expectativa de ganharem, pelo menos, uma pequena recompensa por isso.
Pope dirigia o barco sem muita pressa, pois sabia que, independentemente da situação, a guarda costeira estaria cheia. se sentava atrás dele nos bancos que se localizavam lá, Kie, John B e JJ estavam mais à frente, no convés, conversando o quanto eles achavam que poderiam ganhar por terem achado o barco. JJ se afastou de Kiara e John B, caminhando em direção à parte traseira do barco onde estavam seus outros dois amigos.
— Você está bem? — Maybank perguntou enquanto se sentava ao lado de . — Não se afogou?
— Não, só fiquei com falta de ar, John B é dramático — ela respondeu, dando de ombros.
— Sabe, , se quisesse mesmo o boca-a-boca, era só pedir, não precisava quase se afogar — brincou JJ.
— Você é um idiota — respondeu, rindo, sentindo seu coração acelerar com a frase do garoto.
— Deveria falar com John B — JJ falou, olhando para ela. — Ele só ficou preocupado, sabe disso.
— Eu concordo com o JJ — disse Pope, se metendo na conversa. — Deveria falar com ele.
— Pope Heyward, seu pai não te ensinou que é feio ouvir as conversas dos outros? — riu, juntamente com JJ. — Nós não brigamos, apenas discutimos.
— Se você diz… — Pope deu de ombros, vendo a doca lotada de barcos e de pessoas. — Não sei se vai dar para estacionar, não tem espaço.
John B se aproximou deles, encarando a mesma direção que Pope. JJ foi atrás do cooler de Kiara em busca de mais uma cerveja. continuava olhando para os lados na busca de algum espaço onde pudessem estacionar o barco, tentando ignorar quando John B se sentou ao lado dela.
— Ei, Bear, 'tá tudo bem? — John B perguntou, ao lado dela. A garota apenas assentiu com a cabeça. — Me desculpa por ter surtado antes.
— Está tudo bem, me desculpe por ter sido teimosa — ela sorriu, olhando o irmão. — Somos dois teimosos.
— Me desculpe por ter surfado na tempestade — John B sorriu.
— Eu também surfaria em uma tempestade, acho que fiquei brava por não ter sido chamada — ela falou, fazendo os dois rirem.
— Da próxima vez eu convido você — John B brincou. — Estamos bem?
— Sempre estamos, Bird — ela sorriu.
Quando Pope finalmente conseguiu atracar o barco, eles conseguiram observar com muita mais precisão o local. Havia uma grande movimentação de pessoas, algumas se voluntariando para ajudar, outras pedindo ajuda, até mesmo policiais andando para todos os lados, o que deixou assustada, já que dificilmente os policiais ajudavam o pessoal da periferia, então, ela tinha duas teorias: tinha acontecido algo realmente sério ou a tempestade foi tão forte que até os policiais se comoveram para ajudar.
O furacão Agatha tinha destruído muitas casas e ela sabia disso, o que a fez agradecer pelo castelo, apelido que seu pai deu à casa deles, ter aguentado firme durante toda a tempestade.
John B e JJ foram falar com os policiais, caminharam entre a multidão rapidamente, sumindo da vista dos amigos, que ficaram esperando ali mesmo.
— Cara, tem policiais para todo lado — falou, assustada.
— Agatha acabou com tudo por aqui, devem estar tentando ajudar — Pope comentou, e Kiara assentiram em silêncio.
Alguns minutos se passaram, eles avistaram JJ e John B voltarem, e, ao perceberem a feição dos dois garotos, poderiam presumir que não tinha acontecido nada de bom.
— Ignoraram a gente — JJ falou, desanimado.
— E o que a gente faz agora? — Kiara perguntou.
Os dois irmãos se encararam, sorrindo, John B jogou a chave para a irmã que a pegou no ar. sabia exatamente o que o garoto queria fazer, ela conhecia o sorriso curioso e divertido que John B dava, e, pela expressão de JJ, o loiro também tinha entendido e gostado da ideia enquanto caminhava animadamente de volta até o HMS Pogue.
Uma breve conversa se iniciou, os Pogues novamente tentavam decidir o que fazer, Kiara inicialmente ficou meio relutante na ideia de invadir o hotel em que o dono do barco estava hospedado, mas, após algumas pequenas discussões e votações, a garota cedeu em ir investigar o quarto do hotel.

***


O hotel se localizava em uma área estranha, estava suja, velha e extremamente malcuidada. Aquilo não parecia ter sido causado por causa do furacão, aquele lugar parecia ter aquela aparência desde sempre, o que fez criar várias dúvidas em sua cabeça, pois não conseguiria imaginar alguém que tinha dinheiro para ter um Grady White morando ali.
— Hotel ou laboratório de metanfetamina? — Kiara falou, fazendo uma cara de nojo ao se aproximarem do local que parecia cair em pedaços.
— Tomara que a gente veja o Walter White aqui — JJ falou, fazendo referência a série que eles assistiram na casa de Kiara um tempo atrás, depois de Pope implorar por meses para eles assistirem.
— Eu não me surpreenderia se a gente esbarrasse com ele e com o Jesse por aqui — falou, fazendo os amigos rirem.
— Não me parece o tipo de local onde alguém com um Grady White estaria — John B disse, fazendo concordar com ele.
— Me parece um local onde alguém com um Grady White seria morto — Pope pontuou.
Pope atracou o barco no lugar que eles suspeitavam ser o cais, já que o deque de madeira estava todo quebrado. John B, JJ e pularam para fora do barco, com a chave em mãos, em busca do quarto.
, cuida deles! — Pope falou, apontando para ela.
— Eu posso tentar! — ela disse, olhando o amigo.
— Ei, John B, é sério, toma cuidado, ok? — Kiara disse, olhando para ele, seriamente.
JJ e se encararam, confusos com a cena. Kiara reforçava apenas para John B tomar cuidado.
O trio seguiu em direção ao hotel, entrando no lugar vazio, onde as paredes do primeiro andar estavam cheias de infiltrações; fez uma careta.
— Eu sou a melhor amiga dela! — falou, indignada. — Ela mal olhou para mim. — JJ riu.
Assim que subiram as escadas, se virou para os garotos, começando a andar de costas pelo longo corredor.
Aí, John B, toma cuidado — JJ falou, tentando imitar a voz de Kiara, enquanto apertava os ombros de John B. — Me dá logo seu John P. gargalhou alto com a imitação.
— Me larga, cara! — John B disse, se soltando dos braços de JJ.
— Que palhaçada foi aquela? — JJ perguntou.
— Sei lá, JJ, ela só queria que a gente tomasse cuidado — John B deu de ombros.
riu, ironicamente, ao ouvir a resposta do irmão.
— Cara, você precisa fazer algo sobre isso — JJ falou, passando a mão na bochecha de John B.
assentiu com cabeça, concordando com JJ. Sabia que John B nutria pelo menos um pouco de sentimentos por Kiara, ela conseguia reparar como o garoto sempre queria ficar o mais próximo possível de Kie, às vezes parecia que até o modo de falar do garoto parecia mudar e, depois do que tinha acabado de acontecer, começou a suspeitar que talvez Kiara também gostasse dele. Mas decidiu observar em silêncio por mais algum tempo ao invés de tomar alguma decisão precipitada.
— Você conhece a regra, mano, Pogue não pega Pogue — John B falou.
— Sempre pode existir uma exceção, cara — JJ disse, piscando para , sem que John B percebesse.
virou-se de costas para os dois garotos, olhando o número da porta igual ao da chave.
— Ei, é essa aqui! — ela estalou os dedos, apontando para o número da porta, chamando a atenção dos garotos.
— Será que ele 'tá aí? — JJ pensou alto. — Camareira! — falou, tentando fazer uma voz feminina.
— Cara? — falou, confusa, apontando para ela mesma como se fossem um "eu podia fazer isso".
Eles ficaram na frente da porta por alguns segundos, esperando alguma resposta. Como ninguém respondeu, eles concluíram que não havia ninguém. John B tirou a chave de seu bolso, destrancando a porta, fazendo os três entrarem no quarto. foi a última a entrar, ela olhou para Kiara e Pope que conversavam no barco, dando mais uma olhada para garantir que ninguém estava vendo os três entrarem no quarto, fechando a porta.
— Talvez tenha algo na bolsa, deem uma olhada — John B sinalizou.
— Achei um casaco — JJ falou, chamando a atenção de . — Não tem nome, mas é maneiro.
— Ele deve ter uns 50 anos, usa sapato de velho — John B falou, fazendo uma careta.
caminhou pelo quarto escuro, tentando achar algo que fosse relevante para eles, mas a única coisa que achou foi alguns itens do hotel, roupas de gente velha e alguns objetos aleatórios, que a garota não quis perder muito tempo analisando.
— Ei, olhem aqui, deve ser aqui que eles estavam pescando — JJ olhava para o mapa, mostrando para os irmãos Routledge.
— Não dá, JJ, isso fica fora da plataforma continental, tem muita onda, um barco de pesca não fica 5 minutos aí — explicou a garota, o loiro bufou em frustração.
Os três voltaram a buscar algo, John B mexia em algumas gavetas, olhava alguns papéis e JJ estava ocupado demais roubando os produtos do banheiro. John B assobiou em animação ao ver o cofre, olhando para e JJ.
— Tenta qualquer coisa, logo deve abrir! — JJ falou, levando a mão até o cofre, mas a garota tirou a mão dele antes que pudesse se aproximar do cofre.
— Não mexe, pode travar o cofre — ela falou, óbvia.
caminhou até uma escrivaninha, onde ela tinha achado alguns papéis. Após minutos, ela encontrou um pequeno pedaço de papel que continha uma combinação de quatro números, o que a fez sorrir de forma vitoriosa.
— Ei, Johnny! — a garota falou, se aproximando do irmão. — Tenta colocar 5 8 2 8.
John B assentiu.
Ele mexeu na parte giratória do cofre, onde se colocava a numeração, e, quando adicionou o código, o compartimento de metal fez um pequeno barulho antes da porta se abrir, mostrando os vários papéis que haviam lá dentro, além de dinheiro e uma arma.
— Puta merda! — exclamou.
JJ pegou a arma que tinha dentro do cofre em um movimento rápido, a segurando como se fosse uma arminha de brinquedo, apontando para os lados e fazendo poses engraçadas como se estivesse em um filme de ação.
— Mano, olha isso! — JJ falou, animado.
— JJ, solta isso! — falou, o repreendendo.
— É uma semiautomática, cara! — ele disse, ignorando as repreensões. — Ei, tira uma foto minha!
— JJ, solta essa arma, você não sabe de onde veio. Tem certeza que quer uma foto com isso? — Foi a vez de John B repreender o garoto. — Não vamos levar isso.
se apressou em pegar um maço de dinheiro que tinha no cofre, enchendo os bolsos de seu short jeans, não se importando nem um pouco caso as notas ficassem amassadas, mas não foi muito prático, pois os bolsos de seu short eram pequenos, não tinha como colocar muito dinheiro. A sua única ideia foi enfiar as cédulas no bolso de JJ, que a encarou de forma estranha, mas logo depois sorriu. não era uma completa maníaca gananciosa, apenas entendia a realidade que vivia, ela e seu irmão precisavam de dinheiro, então ela achava uma enorme idiotice simplesmente ignorar o dinheiro que estava parado em sua frente, implorando para que ela o pegasse.
Antes que JJ pudesse falar algo sobre a garota ter enfiado dinheiro em seus bolsos como se ele fosse um stripper, o barulho vindo da janela chamou a atenção dos três, que viram Kiara e Pope pulando e agitando os braços de forma estranha.
— Polícia do condado de Kildare. — A voz apareceu juntamente com as batidas à porta.
JJ abriu a janela rapidamente, passando para o parapeito do telhado, foi a segunda a passar, sendo agarrada pelo garoto que a segurou ao lado dele, os prendendo contra a parede, enquanto viam John B fazer o mesmo do outro lado da janela.
A garota fechou os seus olhos com força, tentando regular a respiração que estava visivelmente agitada e controlar o medo que estava sentindo, já que em sua cabeça só passava um filme com milhões de coisas que poderiam dar errado. fazia de tudo para se acalmar, não poderia surtar agora, não quando estava em um parapeito de um hotel de qualidade extremamente duvidável.
— 'Tá tudo bem, . Eles não vão ver a gente, eu prometo — JJ sussurrou em seu ouvido, na tentativa de acalmá-la, o que foi uma tentativa falha, pois a única coisa que ele fez foi fazer sentir mais tensão. Ela havia esquecido que estava ao lado de JJ esse tempo todo, se sentido uma enorme idiota por sentir as malditas borboletas inundarem seu estômago, mesmo estando na situação que estava. Agora, tinha outro problema, tentar não ficar pensando o quão próxima estava de JJ naquele momento.
O barulho alto a assustou, a fazendo finalmente abrir os olhos, vendo de relance a arma no gramado no chão.
JJ realmente tinha pegado a arma?
— Me desculpe, me desculpe — JJ sussurrou, rapidamente. — Por favor, , não se mexa — ele falou, fazendo carinho na cintura dela.
Merda.
Foi a única coisa que conseguiu pensar, um xingamento para si mesma. A garota se sentia como uma pré-adolecente, pois não conseguia se aproximar de um garoto, o qual ela tinha uma pequena paixãozinha — que cultivava desde a sua infância —, sem ao menos ficar com as bochechas vermelhas e se sentir uma boba, mesmo que fosse apenas JJ, o seu melhor amigo.
segurava o ar em seus pulmões, tentando controlar as mil borboletas que estavam em seu estômago e seu rosto que estava nitidamente vermelho.
JJ achava um pouco de graça da situação, não queria admitir para ele mesmo, mas sua situação não estava muito diferente, se sentia em conflito interno com a aproximação com a garota, seu coração também estava agitado. Toda vez que respirava de forma mais pesada, fazia todo o corpo de JJ queimar, mas mesmo assim ele se mantinha firme, tentando proteger os dois de serem vistos pelos policiais dentro do quarto ou de caírem do pequeno parapeito.
Algum tempo depois, os policiais saíram do quarto, os três não perderam tempo em descer de lá o mais rápido possível. Um alívio surgiu entre o grupo após ninguém ter sido pego. respirou fundo, se apoiando em um dos bancos do barco enquanto olhava para Kiara e Pope de forma confusa.
— Podiam ter avisado antes — reclamou.
— Tentamos, mas o Pope era do grupo de matemática — Kiara ironizou. — Pelo menos acharam algo?
— Se achamos? Olhem isso — JJ tirou a arma e o dinheiro de dentro de seu bolso, sorrindo, fazendo John B e sorrirem, juntamente a ele.
— Vocês tiraram evidência da cena de um crime? — Pope falou. — Eu não vou perder minha bolsa de estudos por causa de vocês.
Eles voltaram para a doca que estavam a algum tempo atrás. Pope e Kiara ainda estavam visivelmente bravos por eles terem pegado as coisas do cofre, eles deixavam isso bem claro, visto que não paravam de chegar ao trio por nenhum mísero segundo. os entendia (ou tentava, pelo menos), não tinha sido a ideia mais lógica e, muito menos, bem pensada, tirar uma arma e dinheiro de um quarto de hotel estranhamente suspeito. Nunca se chegaria perto de ser algo sensato a se fazer, mas John B havia falado que viu os próprios policiais pegando o dinheiro e guardando para si mesmos, logo, se os bons policiais que, supostamente, eram para ser adultos responsáveis que deveriam os proteger e manter todo mundo seguro, estavam pegando o dinheiro para benefício próprio, porque adolescentes inconsequentes e sem boas condições financeiras não poderiam fazer o mesmo?
Ao chegarem ao local, os cinco saíram do barco, andando em direção a um pequeno deck, onde encontraram uma garota, que conhecia por sempre aparecer nas festas da praia, além de morar no cut também. O local estava lotado de oficiais da polícia, socorristas e bombeiros. A Routledge encarou, confusa, todo o local, assim como seus amigos, imaginando que alguma casa provavelmente tinha desabado ou algo do tipo. Os olhos de se arregalaram assim que viram uma maca, com um corpo, que estava sendo coberto com algo que parecia ser uma lona preta, a fazendo sentir um calafrio
— Quem é? — John B perguntou para a garota que estava com eles.
— Scooter Grubs — ela falou —, ele estava no mar durante a tempestade. Olhem a foto que eu tirei.
Assim que viu a foto nojenta do cadáver, ela fez uma careta de contragosto, desviando o olhar para o corpo do homem. Ela viu o exato momento em que os paramédicos retiraram a lona, fazendo Lana Grubs, a esposa do falecido homem, chorar enquanto suplicava pelo homem.
— Qual era o barco dele? — JJ perguntou.
— Não sei como aquele zé-ninguém tinha um Grady-White novinho! — ela explicou, rindo, ironicamente, dando ênfase no apelido pejorativo. — Todo mundo está procurando o barco.
respirou fundo, tentando não enlouquecer. Ela olhou para John B por alguns segundos, tentando ver se o garoto tinha alguma ideia do que fazer, e fez isso com todos os seus amigos, mas, ao reparar que nenhum deles estavam tão perdidos na situação tanto quanto ela, desviou seu olhar para Lana Grubs que ainda chorava no corpo do marido.
Naquele exato momento, não só , mas todos os Pogues, sabiam que tinham se metido em uma grande confusão.

Capítulo 4

Um cadáver! exclamou, em choque.
Os Pogues estavam no castelo novamente. não estava mais preocupada em não surtar, porque ela já estava surtando e muito, todos eles estavam. A garota andava de um lado para o outro inquietamente enquanto sua cabeça a bombardeava de cenários onde tudo poderia dar errado. Ela tentava não pensar naquilo, mas já tinha se cansado de se esforçar tanto para se acalmar quando, obviamente, não estava funcionando.
— Não vimos nada, não sabemos de nada — Pope falou. — Precisamos ter uma amnésia coletiva.
Pope estava sentado em uma das poltronas, assim como Kiara, que seguia a amiga com os olhos, com uma feição preocupada. JJ estava apoiado em uma parede, às vezes ele batia levemente com a cabeça contra a madeira na tentativa de fazer sua cabeça pensar menos em tantas coisas. Já John B, parecia estar fora de tudo aquilo, apenas assistindo tudo com uma expressão neutra.
— Pope está certo — JJ falou. — Nós negamos, negamos e negamos.
JJ caminhou até , que ainda não tinha parado de perambular de um lado para o outro pela sala de estar do Castelo. Ele segurou os ombros da garota, a fazendo parar de andar e o encará-lo. O loiro apenas começou a andar, empurrando os ombros da garota, a fazendo andar até a parede em que ele estava, e a garota tinha uma expressão confusa no rosto, mas, assim que sentiu suas costas tocarem a parede, ela sorriu, ouvindo JJ sussurrar: "Assim está bem melhor".
— Não podemos ficar com a grana! — Kiara comentou.
— Nem todo mundo pode bancar dados ilimitados, Kiara — JJ resmungou.
— Temos que entregar o dinheiro, se não dá karma negativo! — Kiara disse, ignorando JJ.
quis rolar os olhos ao ouvir a amiga falar, amava Kiara, ela era sua melhor amiga, mas odiava quando a Carrera falava algo sobre positividade e algum papo Hipster que nunca compreendia. Mas, dessa vez, esse não era o único problema, às vezes, a garota sentia que Kiara esquecia que, no final do dia, ela iria para sua mansão no Figure Eight, dormir em sua grande cama macia, sem se preocupar se iria ter jantar ou se o salário que recebeu pagaria a conta de luz. O dinheiro que JJ e pegaram não faria falta para Kiara, não quanto faria falta para eles.
— Também é karma negativo se envolver em um crime! — Pope disse, apreensivo. — Temos que ser discretos.
— Se ser discreto quer dizer ficar com a grana, então eu concordo — JJ falou, fazendo rir.
— Isso é sério? — Kiara falou, incomodada. — Tenho certeza que concorda comigo, certo, ?
— Desculpe, Kie, mas eu acho que realmente deveríamos ficar com o dinheiro e nos manter fora disso — falou, recebendo um sorriso de JJ e uma revirada de olho de Kiara.
— Eu não concordo — John B falou, deixando e os garotos confusos.
— Pensem um pouco! — exclamou. — Scooter Grubs é o cara que compra cigarro fiado. Eu o vi pedindo dinheiro no posto porque 'tava sem gasolina. Esse cara é um marinheiro que nunca teve mais que quarenta dólares no bolso e do nada ele aparece com um Grady-White?
Todos ali sabiam que John B estava certo, era algo extremamente comum ver Scooter Grubs pedindo no semáforo ou em qualquer outro lugar da cidade, até mesmo lembrava-se de ouvir alguns boatos de como ele uma vez ficou três meses sem luz, porque não tinha dinheiro para pagar, e até mesmo de ser visto procurando comida em um container de lixo atrás de alguns restaurantes. Mas eram apenas boatos, não tinha como saber se eram realmente verdade, mesmo que não duvidasse muito das histórias.
— Pope, como um cara desses compra um Grady White? — John B perguntou.
— Prostituição… — Pope falou.
encarou o amigo de forma confusa, negando com a cabeça, rindo, enquanto passava as mãos sobre o rosto.
— Maconha! — JJ e falaram juntos, sorrindo um para o outro, vendo John B concordar.
— Sem chamar atenção, sem fiscalização. Não tem como fiscalizar durante os furacões. — John B apontou para JJ. — E o que isso significa, JJ?
— Contrabando! — JJ falou, animadamente, fazendo John B estalar os dedos, sorrindo.
— E eu garanto para vocês, tem muito contrabando naquele naufrágio — John B falou.
— Se tem contrabando no barco, é porque é de alguém — Pope disse, óbvio.
— Isso é só um detalhe — Kiara falou, sorrindo de forma divertida.
— Roubar um contrabandista seria burrice! — explicou Pope.
— Mas burrices dão certo o tempo todo — falou JJ, mostrando o dinheiro que haviam pegado no hotel.
Ficaram em silêncio por alguns segundos enquanto caminhavam até a doca do castelo. Todos se sentaram no local enquanto ficava indo para frente e para trás com o seu skate velho, vendo John B e Pope iniciarem uma pequena conversa sobre o possível contrabando que poderia estar no Grady White naufragado. JJ acendeu um cigarro, tragando o mesmo, e logo ofereceu para , que negou rapidamente.
— Você é tão sem graça! — JJ resmungou. — Você já foi mais divertida, .
— Eu sou divertida naturalmente, Jay, por isso não preciso mais disso aí — respondeu, sorrindo.
— Minha maconha também é natural — JJ respondeu, a fazendo rir.
— John B, como a gente vai entrar no barco? — perguntou, parando o seu skate e olhando para o irmão.
— Eu não sei, mas enquanto isso precisamos ser discretos — John B falou, fazendo todos concordarem.
— Com um Kegger! — disse Kiara, animada.
não tinha problemas com festas, até gostava da maioria delas, mas, por causa de seu grande problema com socialização, ficava meio isolada, às vezes. Sabia que seus amigos adoravam os Kegger na praia, até Pope sempre achava alguém para conversar, mas ficava sozinha, bebendo sua cerveja em algum canto sem saber o que fazer.
, se anima! Vai que o loirinho bonitinho aparece lá de novo — Kie falou, rindo, vendo a garota sorrir, tímida. JJ revirou os olhos.
— Eu sou mais bonito que aquele cara do Kegger — JJ pensou alto.
— Ok... — Pope falou, tentando mudar de assunto. — Então, nós iremos fazer a festa.

***


estava no seu segundo copo de cerveja, o Kegger não estava tão ruim quanto ela pensava que estivesse. Ela se encontrava sentada em um tronco de uma árvore caída na praia, um pouco mais afastada de seus amigos, pois, para a felicidade da Routledge (e aparentemente a infelicidade de JJ, que ficava encarando os dois constantemente), o "loirinho bonitinho" como Kiara tinha o apelidado, que agora reconhecia como Rick Johnson, estava na festa. Ele era um Tauron que estava visitando seus avós, que moravam na ilha.
Os Kegger eram as festas mais populares de Outer Banks, a festa na praia que consistia em barris de cerveja, música e uma fogueira. Era o lugar onde Pogues, Kooks e Taurons se misturavam e faziam de tudo para se divertir.
Não dava para entender Outer Banks sem entender o balneário, o lugar onde acontecia as festas com barris de cerveja. Poderia ser facilmente comparado com um burrito de três camadas: havia os amigos deles, a classe operária, moradores da periferia; tinha os Kooks, os ricos com duas casas, herdeiros de escolas particulares e os maiores inimigos dos Pogues; por fim, também tinham os Taurons, a maioria eram uns idiotas que passavam uma semana de férias com a família, os famosos nem fede nem cheira.
— Você nasceu na Itália! — falou, animada. — Cara, isso é muito legal.
— Sim, mas faz um bom tempo que não vou para lá — ele riu da animação da garota. — A minha cerveja acabou, quer que eu pegue uma para você também?
— Não precisa, mano — JJ chegou, interrompendo a conversa, com dois clássicos copos vermelhos de plástico em mãos. Rick olhou para a garota, sorrindo, enquanto se afastava dela.
— Você 'tá maluca, ? Aceitar bebida de estranhos? — JJ a xingou.
— Você estava ouvindo nossa conversa por um acaso? — ela falou, confusa.
— Não, só vim te trazer uma bebida — ele entregou o copo vermelho para a garota. — A gente pode conversar?
— Cara, eu nunca falo com ninguém nas festas! — reclamou. — É muito importante?
— Não — ele falou, rispidamente olhando para o outro menino que se aproximava novamente. — Só vai devagar na bebida, já é seu terceiro copo.
JJ se afastou, bufando, enquanto passava a mão sobre seu cabelo loiro, mostrando sua inquietude, deixando , totalmente confusa, para trás. A garota voltou a olhar para Rick, que se aproximava, rindo, começando a falar sobre um cara que quase desmaiou tentando tomar o barril de cerveja.
continuou a falar com o garoto sobre qualquer assunto possível, mesmo que ela sempre desviasse sua atenção para JJ uma vez ou outra, ainda confusa sobre o que tinha acontecido minutos atrás. Maybank conversava com John B perto da fogueira e, assim que os olhos dele encontraram os olhos de , a garota desviou o olhar. Sentiu Rick colocar a mão em sua cintura, os deixando mais próximos, mas, antes de qualquer um dos dois poderem fazer algo, avistaram uma multidão se formando e alguns gritos animados; "briga! Briga! Briga!"
não pensou duas vezes, se afastando do garoto, se enfiando entre a multidão até dar de cara com JJ e Topper brigando.
— JJ, para! — gritou para JJ, que encarou ela e o outro garoto, ignorando, voltando a brigar com Topper.
— Seus Pogues de merda — Topper falou.
Isso foi o suficiente para fazer John B se estressar, ele empurrou Topper fortemente, o que foi revidado pelo Thornton com um soco. Sarah Cameron, Kiara e gritavam para os dois garotos pararem com a briga, já as outras pessoas da multidão continuavam gritando, os incentivando.
Topper acertou outro soco no rosto de John B, o fazendo cair na água. sentiu ar faltar em seus pulmões, ansiedade e medo começaram a surgir, fazendo todo o seu corpo tremer inconscientemente, mas, quando tentou se mover e puxar o irmão, foi segurada pelo garoto que conversava com ela antes.
— Me solta! É meu irmão! — O garoto a soltou, mas foi a vez de JJ segurá-la. Ele colocou o braço na frente da garota, a encarando.
… — JJ a olhou, não conseguindo terminar a frase, pois tanto ele quanto pareciam ter paralisado ao ouvirem Topper falar:
— Ei, John B, não me faça te afogar igual seu pai — Topper falou, fazendo a raiva aparecer nos Routledge.
— Acaba com ele, Johnny! — falou, incentivando o irmão, que sorriu para ela.
A briga continuava, parecia nunca ter fim, os gritos em incentivo também continuavam, a garota já estava começando a ficar com medo da proporção que a briga estava se transformando. sentiu tudo ficar em câmera lenta, tendo que se segurar em Pope, vendo Topper tentando afogar John B no mar, a alguns poucos metros de distância.
— Topper, para! — a Routledge gritou, sentindo segurar o choro. — Alguém faça algo!
Quando JJ ouviu a voz falha de , que segurava o choro, foi como se uma chave virasse em sua cabeça, aquilo tinha sido o gatilho necessário para ele parar tudo e começar a agir, fazendo a única coisa que passou em sua cabeça.
parecia não ouvir nada, tudo estava abafado ao seu redor, principalmente quando ela viu JJ colocar a arma na cabeça de Topper. No mesmo instante, o Kook soltou John B e ergueu as mãos para cima, se xingou internamente por querer agradecer JJ por ter pegado a arma.
— JJ, larga isso! — Sarah Cameron falou, assustada.
— Disse algo, princesa? — JJ falou, irônico.
conseguiu perceber o tom de voz irritado de JJ, como se não tivesse pensado no que estava fazendo e, provavelmente, não estava.
— Agora todo mundo me escuta, quero todos fora do nosso lado da ilha! — Maybank disse, apontando a arma para cima e disparando três tiros em direção ao céu.
Os adolescentes que estavam na festa correram para o mais longe possível, a multidão se dissipou rapidamente. Sarah correu, segurando a mão do namorado, Kiara e Pope gritavam para JJ, o xingando, e apenas ignorou toda a situação, correndo até John B que desmaiou assim que ela chegou perto.
Os Pogues estavam na Kombi, John B estava no banco de trás com a cabeça apoiada no ombro de , Kiara e Pope continuavam xingando JJ. Ele e a Routledge apenas trocavam olhares pelo espelho retrovisor, os quais não conseguia desvendar o que realmente significavam. Minutos depois que JJ deixou Kiara e Pope em casa, o loiro seguiu em direção ao castelo, queria falar algo, mas não sabia o que dizer, nem ao menos se deveria realmente falar ou não. JJ parecia estar estressado e com medo, assim como ela, sempre batia os dedos contra o volante da Kombi, olhando para os lados de forma nervosa, ambos conseguiam sentir o clima estranho entre eles dois e tinha quase certeza de que não era apenas por causa da arma, tinha algo diferente, mas nenhum dos dois sabia explicar exatamente o que era.
Assim que chegaram à casa dos Routledge, JJ ajudou a colocar John B no sofá, pois a garota não queria acordá-lo. e JJ estavam na varanda, sentados em silêncio, o garoto brincava com seu isqueiro, os dois se olhavam às vezes, mas nunca falavam nada.
— Ei, Jay — o chamou, o ouvindo murmurar. — Voce é um idiota por ter atirado no meio da praia.
O loiro bufou, revirando os olhos, começando a resmungar uns xingamentos e algo como: “pelo menos eu o salvei”. se levantou silenciosamente, caminhando até o garoto, ficando em pé em frente a ele, fazendo JJ olhar para ela. Mesmo no escuro, conseguia ver os olhos azuis de Maybank refletirem, assim como a água do mar.
— JJ — falou, sorrindo. — Obrigada por ter sido um idiota e ter salvado John B.
Dessa vez, foi a vez de JJ sorrir. Ficando de pé em frente à garota, agora era ele que via os olhos dela brilharem. Os dois ficaram na mesma posição por alguns segundos, em silêncio, sem falar nada, apenas observando levemente um ao outro, entre a escuridão.
— Eu vi — ele falou, baixo, quase como um sussurro.
— O que você viu? — perguntou, confusa.
— Você e o… — JJ ficou em silêncio por alguns segundos, pensando. — Eric? Você e o Eric se beijando ou acho que eu vi.
— Rick — ela o corrigiu, rindo, fraco. — Não, a gente não se beijou. Mas porque isso te interessa, JJ?
— Não me interessa — o garoto falou, fechando a cara, desviando o olhar.
— Então, porque estava agindo igual a um idiota no Kegger? — falou.
— Ele parece ser um idiota — JJ deu de ombros.
JJ se aproximou um pouco mais, voltando a olhar para a garota, os dois se encararam. Novamente, ele ficou em silêncio por alguns segundos, deixando um beijo na testa de , antes de se afastar.
— Boa noite, — JJ disse, se virando de costas para ela e saindo do castelo.
pareceu paralisar por alguns segundos, não conseguindo raciocinar o que tinha acabado de acontecer, nem ao menos entendendo o motivo de JJ ter ficado na defensiva. Suspirou por causa da frustração, caminhou até o sofá-cama onde o irmão estava deitado, se jogando ao lado de John B.

***


Na manhã seguinte, foi acordada por alguns petelecos em seu rosto. Ao abrir seus olhos com uma certa dificuldade, ela sorriu ao ver John B com um olho roxo ao seu lado. Ele sorria, ainda dando petelecos no rosto da garota. não pensou duas vezes antes de se sentar no sofá e abraçar John B fortemente, o ato foi rapidamente retribuído pelo garoto.
— Ok, já chega — John B riu, afastando a garota, alguns segundos depois.
— Eu achei que ia perder você — murmurou.
— Bear, não vou deixar você se livrar de mim tão fácil — John B falou, acariciando os cabelos da irmã.
— Então, você está bem? — ela perguntou, vendo John B assentir com a cabeça.
Uma batida na porta assustou John B e , que se olharam, confusos. Ao abrirem a porta, eles deram de cara com a xerife Peterkin. A mulher era a única oficial da polícia que sentia que poderia confiar, a xerife sempre foi parcial, não era igual aos outros policiais que sempre priorizavam os Kooks ou aceitavam propina. Pelo que sabia, Peterkin tinha nascido na periferia e demorou muito para ter um cargo bom na polícia.
— Xerife Peterkin! Que honra ter sua presença em nossa humilde moradia? — disse, ironicamente, olhando a xerife entrando dentro da casa.
— Desculpem me atrapalhar, mas recebi uma ligação do conselho tutelar — a mulher falou, entrando na casa. — Belo olho roxo… — a xerife apontou para John B. — Como estão?
— Sabe como é, trabalhar, surfar e limpar essa casa sozinha — falou, olhando para o irmão que falava algo como: “eu ajudo, às vezes”.
John B e olharam ao redor da casa, percebendo a bagunça que estava. O garoto se apressou a pegar um saco de lixo, começando a juntar algumas latinhas de cerveja e alguns lixos que estavam na sala, colocando no saco, enquanto colocava algumas almofadas no lugar e tirava as louças sujas que estavam espalhadas pelo local.
— Fico feliz que estejam bem. — Peterkin deu uma pausa, olhando John B. — Mas ouvi algumas coisas que me preocuparam, uma das coisas é que o tio de vocês, Teddy, saiu do estado há três meses. — estava pronta para dizer que aquilo era uma mentira (mesmo que não fosse), mas foi interrompida pela xerife. — Não precisa dizer nada, sei que é verdade. — Ela suspirou, se encostando na parede. — Liguei para a escola de vocês, disseram que eram bons alunos, mas agora… , está a ponto de reprovar de ano por causa de suas faltas. John B, você já reprovou em tudo.
era uma boa aluna, nunca foi a primeira da turma, mas também não estava perto de uma das piores, sempre foi a aluna mediana, apenas meio preguiçosa e não fazia uma lição ou outra, nada que a fizesse reprovar de ano, mas, desde o desaparecimento do pai, não sentia vontade de ir para a escola. Nunca gostou muito do colégio, na verdade, mas no ensino médio tudo foi muito pior, se sentia julgada, ansiosa, não conseguia se concentrar na matéria, isso quando não dormia durante alguma aula e acabava indo para a detenção.
— Não, só reprovei em história, o professor é um babaca, aquele cara me persegue! — John B falou, se defendendo.
— Soube que teve uma briga na praia ontem e tinha uma arma envolvida — Peterkin disse, ignorando o assunto do garoto.
— Arma? Sério, xerife? — falou, recebendo uma encarada séria da mulher. — Arma só se for pistolinha d'água.
— Eu me meti em uma briga? Sim, mas havia uma arma? Não, de jeito nenhum — John B falou, dando alguns tapinhas nas costas da xerife.
— Tudo bem, eu sei quem era, vou chegar nele — disse, olhando para , que se movia até a cozinha. — Só quero ter certeza que estão em um lar seguro.
— Mais seguro que aqui? — falou, dando soquinhos na parede.
— Viu, seguro e resistente — John B completou, olhando para . — Tio Teddy vai voltar, então…
— Foi ele que disse isso? — a mulher perguntou.
— Sim — os irmãos responderam juntos.
— Então, se ele irá voltar, acho melhor deixar vocês ficarem — os dois adolescentes sorriram —, mas, se eu me arriscar por você, vocês precisam me ajudar. Uma mão lava a outra, concordam? — John B e assentiram. — Encontraram um corpo no pântano ontem. Vocês foram no pântano ontem?
John B e se encararam, nervosos, mas aquela foi a única comunicação necessária para eles saberem que deveriam manter a calma e seguirem o plano que fizeram com os amigos.
— Sim, estávamos pescando — John B falou enquanto a xerife o encarava.
— Pegaram algo? — Dessa vez, ela encarou a garota.
— Não — ela respondeu, olhando a mulher.
A xerife Peterkin não pareceu acreditar em nenhum dos adolescentes. Ela suspirou, voltando a se apoiar em uma parede, encarando o retrato de Big John com as duas crianças que estava pendurado, logo voltando o olhar para os dois.
— Viram algum barco naufragado?
— Não — eles responderam juntos.
— Vocês estão na beira do precipício. Aqui em baixo fica o lar adotivo e o reformatório — a xerife simbolizava com as mãos. — Uma queda e tanto para pessoas espertas como vocês. Aqui em cima estão vocês e seus amiguinhos fazendo o que querem. Outer Banks ou lar adotivo no continente, onde vocês provavelmente vão ser separados e tenho certeza que não querem que isso aconteça. Estão a centímetros do precipício, se eu fosse vocês, eu começaria a recuar — fez uma pausa. — Vocês têm certeza que não viram um barco naufragado ontem?
— Temos certeza — respondeu, firme.
— Melhor não terem visto mesmo. Vou fazer vista grossa, desde que fiquem fora do pântano — Peterkin falou, antes de se despedir brevemente e sair da casa.
pressionou os olhos com força, apoiando a cabeça na parede, John B se sentou no sofá, apoiando as mãos em seu rosto, nenhum dos dois sabia o que fazer, não queriam ficar sem descobrir o que tinha no barco naufragado, mas ir para um lar adotivo não era uma opção, confiar no que Peterkin dizia e se manter fora do pântano por algum tempo, essa era única coisa que eles podiam fazer. Bem, era isso que achavam, pelo menos.

***


— Estamos pulando fora — John B falou, olhando para todos. — Peterkin falou que iria nos ajudar com o conselho tutelar, se a gente ficasse fora do pântano.
— Você acreditou nela? — JJ ironizou.
assistia a cena, sentada ao lado de Pope, enquanto JJ e John B perambulavam pelo cais, discutindo sobre o assunto. A garota não queria cair fora do plano, mas não tinha outra escolha. Encarava os dois garotos que estavam iniciando uma pequena discussão sobre o assunto, a qual decidiu que iria se manter em silêncio, aliás, ela e John B tinham concordado em sair fora minutos antes dos Pogues chegarem.
— Só precisamos ficar longe do pântano por uns dias e ela irá nos ajudar! — John B falou. — Você sair atirando não ajudou muito.
— Eu deveria ter deixado Topper te afogar! — JJ disse, irritado, caminhando para longe.
— Ele ia mesmo? — John B perguntou, retoricamente.
— Você já se olhou no espelho? — falou, sem pensar, quebrando o silêncio que ela mesmo tinha prometido que iria ficar.
— Eles sempre vencem! Kooks contra Pogues, eles sempre vencem! — JJ disse, frustrado.
— Me desculpe se eu e não queremos acabar em um orfanato no continente! — John B falou, ironicamente.
— Ok, ‘tá tudo bem! — Kie falou, tentando acalmar os dois.
— Não está tudo bem! John B, já viu seu rosto? — JJ estava cada vez mais alterado. — Se não nos querem no pântano, é porque tem algo lá e você sabe disso. Entendo que eles não querem, você é um garoto de ouro, tem muito a perder — ele apontou para Pope. — E você já é rica para caralho — apontou para Kiara. — Mas, John B, o que eu, você e temos a perder? — ele olhou para John B, que permaneceu em silêncio. — Isso mesmo, nada!
— Não quero mais falar sobre isso — John B disse, estressado.
— Eu tenho um plano! — JJ falou. — Você tem a chave do barco dos Cameron, não é? Tem equipamento de mergulho lá. Você vai lá e pega, depois vamos até o barco à tarde.
Pope, Kiara e trocaram alguns olhares, os três sabiam que o plano tinha enormes chances de dar errado. Pela primeira vez durante todo aquele tempo que estavam ali, os olhos de finalmente encontraram o de JJ, ela decidiu ignorar o assunto deles dois que ocorreu ontem à noite, achando que seria a melhor forma de ela não se iludir e não machucar a si mesma por causa de uma paixãozinha pelo seu melhor amigo.
— Já viu garotos ricos em lares adotivos? — JJ falou, John B olhou para a irmã.
Foi naquele instante que soube que John B aceitou participar do plano imbecil de JJ, mas internamente ela estava feliz por isso.

Capítulo 5

O sol quente em contato com a pele da garota fazia seu rosto ficar vermelho. e os Pogues esperavam na doca do castelo, vendo John B se aproximar com o HMS Pogue e alguns cilindros de oxigênio que ele tinha pegado — sem autorização — de Ward Cameron. JJ ergueu os braços em animação ao reparar que metade do seu plano tinha dado certo. Os adolescentes entraram no barco e o loiro segurou a mão de , ajudando-a a entrar. Pope começou a pilotar, navegando em direção ao meio do pântano, onde tinham encontrado o Grady White naufragado. O grupo discutia o que poderia ter no barco, mas a Routledge estava muito mais preocupada com a polícia vendo ela e John B ali.
Assim que chegaram ao local, atracaram o barco e Kiara começava a olhar os cilindros de oxigênio, mas a maioria parecia estar completamente vazio. olhava para a água, na tentativa de analisar a profundidade do barco.
— Certo, esse tem um pouco. É o bastante para um de nós — Kiara falou, olhando o último tanque.
— Adoro quando o plano dá certo — Pope ironizou.
— Alguém sabe mergulhar? — Kiara perguntou, olhando para os Pogues.
— Eu posso tentar — falou, recebendo um olhar severo de John B.
— Eu já li a respeito — Pope falou, descrente.
— Ótimo, Pope já leu a respeito, então alguém vai morrer! — Kiara riu, irônica.
— É só colocar a paradinha na boca e respirar, qual é a dificuldade? — JJ falou, olhando para os tanques.
— Se você subir muito rápido, o nitrogênio vai para o sangue e da descompressão — Pope explicou.
— Então, você fica doidão? — ele perguntou, animado, fazendo uma pose estranha.
— Não, Jay, você morre — riu, passando os braços pelo pescoço do garoto, que fazia uma careta.
— Eu mergulho — John B falou.
— Desde quando você virou sereia para sair mergulhando? — questionou, arrancando risadas de JJ.
John B não ligou para o que falou, indo até o lado de Pope, que explicou para ele como deveria respirar com a aparelho enquanto parecia fazer algumas contas. Pela feição do irmão, tinha a completa certeza de que John B não estava entendendo uma única palavra do que o Heyward estava falando. e os garotos se olharam, confusos, ao verem Kiara tirando a blusa e pulando na água, sem explicação nenhuma.
— O que foi isso? — Pope perguntou, olhando para , imaginando que ela poderia saber de algo, mas apenas encolheu os ombros, parecendo tão confusa quanto eles.
— Eu não sei, mas eu gostei — JJ falou, fazendo revirar os olhos.
Não demorou muito tempo para Kiara sair da água, nadando em direção ao barco novamente, mas agora sua blusa não estava mais em sua mão.
— Amarrei minha camiseta na âncora a três metros, é onde você precisa parar — Kiara falou, olhando para John B.
— Tente respirar o mínimo possível — explicou Pope, John B assentiu com a cabeça.
— Não morra, por favor — brincou, o irmão mostrou o polegar para ela, murmurando um "afirmativo", enquanto colocava o equipamento.
John B se aproximou da borda do barco, como se estivesse se preparando para pular, Kiara se aproximou dele, deixando um beijo em sua bochecha, pedindo para ele ficar seguro. não conseguiu conter o sorriso ao ver as bochechas do seu irmão ficarem vermelhas, ela e JJ trocaram alguns olhares cúmplices. Rapidamente, John B afundou na água, sem falar nada, se sentou nos bancos do barco, jogando a cabeça para trás, sentindo o calor do sol esquentar seu corpo.
— Pessoa, polícia! — Pope falou. arregalou os olhos enquanto se levantava do banco apressadamente.
sentiu seu corpo paralisar por alguns segundos, sentindo todo o desespero se espalhar, não poderia ser vista pela polícia no pântano, Peterkin não podia nem imaginar que John B e estavam perto do pântano, muito menos serem vistos nele.
, mergulha! — Kiara falou.
A Routledge concordou, tirando o short e a blusa, pulando na água, tentando puxar todo o ar possível para seus pulmões antes de submergir por completo. Ela nadou um pouco para o fundo, com medo que os policiais a vissem se ela estivesse muito perto da superfície. Ela se segurou na âncora, olhando para os lados em busca de seu irmão. Assustou-se quando sentiu algo tocando seu ombro, olhou para o lado, dando de frente com John B, que a encarava com uma feição confusa. apenas apontou para cima, com a cabeça, mostrando o barco da polícia que estava ao lado do HMS Pogue.
Se forçava a controlar a respiração embaixo da água, mesmo que seus pulmões implorassem por oxigênio. Conseguia ouvir a conversa abafada dos policiais com os seus amigos na superfície e esperava que eles fossem embora logo, pois não era apenas ela que iria se afogar, mas seu irmão também iria.
Ao ouvir o motor do barco ser ligado, se afastando do HMS Pogue, os dois não perderam tempo em subir o mais rápido possível até a superfície. A respiração de ficou descontrolada, podendo respirar novamente, tossindo algumas vezes.
JJ e John B ajudaram a subir no barco, a garota apoiou as mãos em seus próprios joelhos, tentando acalmar a respiração, sentiu um breve arrepio quando uma mão quente repousou sobre suas costas, acariciando o local. Quando ela olhou para trás, viu JJ com uma feição preocupada, que, assim que olhou para , lhe deu um pequeno sorriso, falando para ela se acalmar e respirar devagar.
— Vocês dois estão bem? — Kiara perguntou, olhando para John B e , recebendo respostas positivas de ambos.
— Encontrou alguma coisa? — Pope perguntou, olhando John B.
se sentou no convés, sendo seguida por JJ, que ficou ao lado dela, parecendo querer garantir para ele mesmo que a garota estava bem.
— Se eu encontrei? — John B falou, retoricamente, sorrindo, levantando uma bolsa preta e a colocando no chão do barco.
— Esse é o meu garoto! — JJ falou, animadamente.
— Tem um barco ali — falou, baixo avisando os amigos.
Os Pogues olharam em direção ao barco, que nenhum deles reconheceu, mas, assim que viu os dois homens se aproximando, olhou para os amigos, assustada.
— O que fazem aqui se o pântano está fechado? — Pope pensou alto. — Devemos esperar?
— Não mesmo — falou. — Johnny, acelera, vai!
— Não estou gostando disso — John B falou, ligando o barco e começando a pilotar.
— Pessoal, eles estão nos seguindo! — Kiara falou, fazendo John B acelerar o barco. — Se abaixem!
arregalou os olhos ao ver os homens com uma arma apontada para eles, pareciam mirar exatamente na direção do HMS Pogue. Ela não conhecia muito sobre armas, mas aquela era muito maior do que a que JJ tinha achado no hotel.
— Toma cuidado, Bird! — falou, olhando para John B, que se abaixou um pouco no banco do condutor enquanto continuava pilotando.
Quando um alto disparo foi ouvido, fazendo os seus ouvidos zumbirem por causa do barulho, Kiara segurou a mão de com força, a puxando contra o chão, juntamente a ela. As duas se rastejaram um pouco para trás de John B, a Routledge olhou para a rede de pesca, fazendo um sinal para Kiara a ajudar, o que foi entendido pela amiga, que assentiu com a cabeça, concordando com a ideia.
As duas rapidamente se levantaram, agarrando a rede e a desenrolando. Mais um disparo foi ouvido, o corpo de tremia por completo, e, assim que Kiara sinalizou, as duas jogaram a rede no pântano. O barco de trás travou após ter as hélices estragadas pela rede, ficando com o barco parado em meio ao pântano.
Kiara e sorriram, aliviadas, uma para outra, felizes pelo plano ter dado certo. Carrera abraçou os ombros da amiga, fazendo rir.
John B continuou navegando até o cais do castelo, agora ele podia pilotar o barco com muita mais calma. Assim que estacionaram o HMS Pogue, o grupo de amigos subiu no deque do castelo, esperando ansiosamente para que John B abrisse logo a bolsa preta.
— O que vocês acham que é? — Kiara perguntou.
— Deve ser dinheiro — John B comentou.
— Ou alguns quilos de drogas valendo alguns milhões! — JJ falou, animadamente.
— Dá para abrir logo? — Pope disse, ansioso, fazendo todos olharem para ele.
— Pope está certo, abram logo, 'tô ansiosa! — falou, olhando para a bolsa.
John B fez mais um pouco de suspense, antes de abrir a mala preta, tirando um único recipiente metálico e cilíndrico, fazendo todos encararem o objeto de forma estranha. Assim que ele abriu, uma bússola caiu nas mãos do garoto. Os irmãos se olharam, desacreditados, com os olhos arregalados, já fazia muito tempo desde que eles não viam aquela bússola
— Bom trabalho, achamos uma bússola! — Pope ironizou.
— Cara, isso não vale nada — JJ falou, desanimado.
Kiara pareceu ser a única a reparar os olhos marejados dos dois, ela passou a mão pelos ombros da amiga.
— Isso era do nosso pai — falou, com a voz falha.
Todos encararam os dois irmãos, confusos, esperando alguma explicação, então, John B decidiu que tentaria explicar um pouco da bússola para os Pogues. Ao entrarem no castelo, John B começou a falar algo sobre como ele e tinham certeza de que o objeto era de seu pai.
decidiu ficar em silêncio durante o tempo todo, ficando um pouco mais afastada de seus amigos, apenas assentia com a cabeça uma vez ou outra.
Depois de algumas explicações, Kiara e Pope foram para casa e foi até seu quarto, se sentando na cama. Ela não entendia como a bússola do seu pai estava naquele barco, não fazia sentido, as mil perguntas na cabeça dela a faziam ficar ansiosa e querer chorar.
Ao contrário de John B, nunca comentava sobre seu pai, fazia de tudo para não pensar no assunto, essa tinha sido a forma mais fácil que ela tinha achado de simplesmente aceitar o fato de que nunca mais o veria, ignorar o assunto de todas as formas possíveis foi o único jeito de ela se proteger e conseguir cuidar de John B e de si mesma. Agora, tudo estava voltando à tona, as memórias de Big John com eles voltariam com força, e a briga que eles tiveram era a última lembrança do homem que a cuidou como uma legítima filha. O peito de doía só de lembrar que as últimas palavras que Big John ouviu dela e John B foram eles gritando que ele era um pai de merda.
se sentia fraca, não queria chorar, as dúvidas apareciam em sua mente e a deixavam confusa, ela pensou muito em seu pai, sentia sua falta. Nos últimos meses, antes de ele ir embora, eles brigaram muito, se culpava por isso, talvez, se eles não tivessem discutido tanto, ela ainda teria seu pai, ela e John B não teriam que fugir de conselho tutelar, tudo seria muito melhor.
Quando se deparou, já estava encolhida em sua própria cama, com seus olhos no joelho, abraçando as próprias pernas, soluçando baixinho, perdida em seus próprios pensamentos, fazendo sua respiração ficar desregulada e sua visão embaçada por causa das lágrimas.
? — a voz baixa de JJ saiu como um sussurro.
A garota o encarou, seus olhos brilhantes não estavam brilhantes igual na noite anterior, agora estavam vermelhos e tristes. A garota secou as lágrimas rapidamente. JJ praticamente correu até , se sentando ao lado dela, passando os braços ao redor do corpo da garota, a trazendo para perto sem dizer nada, apenas acariciando o cabelo dela, o único barulho no local era de fungando uma vez ou outra.
, fala comigo — JJ murmurou.
confiava em JJ como confiava em si mesma, algumas atitudes do loiro até poderiam ser, na maioria das vezes, muito questionáveis por causa da impulsividade do garoto, mas nunca deixaria de confiar em JJ por causa disso, por isso ela sabia que poderia contar para o garoto o que sentia.
— Se eu e John B não tivéssemos brigado com ele… — fez uma pausa, fungando. — Você acha que ele estaria aqui ainda? Eu acho que foi minha culpa.
— O quê? Não! , não foi sua culpa! — JJ falou, ainda a segurando em seus braços. — Big John era tão teimoso quanto você e o John B juntos, ele iria de qualquer jeito. Não é sua culpa, .
ficou em silêncio, limpando suas lágrimas com as costas das suas mãos. De vez em quando, sabia que não precisava falar nada, nem pedir para JJ ficar com ela, porque ela tinha a completa certeza que JJ ficaria ali até não precisar mais.
Maybank não conseguia ficar em silêncio por muito tempo, o que o fazia falar qualquer baboseira que aparecia em sua cabeça. JJ contava uma história tosca ou falava algo que a fazia rir, a tirando um pouco do clima melancólico que ela estava.
— Eu e John B vamos ver Lana Grubs amanhã — ele falou. — Se quiser ir junto, podemos esperar você sair do trabalho.
— A esposa de Scooter? Por quê? — perguntou, confusa.
— John B acha que, como a bússola estava no barco dele, ela pode saber de algo — JJ falou.
— Eu vou junto, se os filhos da Sra.Walker não me matarem amanhã cedo — ela riu, fraco.
— Você odeia crianças, me diga como acabou indo trabalhar em uma colônia infantil? — JJ perguntou, confuso.
— Eu faço tudo por dinheiro.
Voltaram a conversar por mais um tempo, JJ sempre contornava o assunto da bússola, sabendo que a garota ainda não estava cem por cento confortável para continuar falando sobre aquilo. Estavam deitados de forma mais confortável, a garota estava deitada sobre o peito de JJ. O garoto ficou em silêncio por alguns minutos encarando o teto, sentindo a respiração pesada de sobre seu peito, a vendo adormecer rapidamente.
JJ não conseguiu não sorrir vendo a garota adormecer tão calmamente. Ele adormeceu alguns minutos depois.

***


O Country Club era o clube dominado pelos Kooks, esportes de gente rica, restaurantes com comidas mais caras do que ela sequer poderia pagar e muitos carrinhos de golf para todos os lados. Como uma boa moradora do lado ruim de Outer Banks, somente conseguia entrar no local por um único motivo: trabalho. A garota nunca se imaginou trabalhando com crianças, ainda mais porque nunca soube lidar com elas. Normalmente, durante o verão, ela trabalhava em uma lojinha de surf que tinha perto da praia, mas, após a loja fechar, ela se obrigou a fazer alguns turnos cuidando das crianças ricas do Figure Eight. No começo, ela achou que iria ser demitida durante a primeira semana, mas foi mais fácil do que ela imaginou, já que no verão ela apenas assistia as crianças brincarem e torcia para que elas não se machucassem.
terminava de se despedir das crianças e, mesmo não gostando de admitir, gostava de seu trabalho. Tinha algumas crianças que ela sentia um carinho especial, a maioria não deixava de ser Kooks, mimados e insuportáveis, mas, no final das contas, elas eram apenas crianças fofas.
Saindo do Country Club, caminhou um pouco, até ver a Kombi de John B que buzinou, a fazendo rir, se aproximando do veículo, entrando e olhando para John B e JJ que estavam sentados no banco da frente.
— Como foi o trabalho? — John B, perguntou.
— Fiquei com as crianças mais novas, foi facinho — ela respondeu, dando de ombros.
— Voltando ao assunto — JJ olhou para o John B —, não sei porque você não tenta nada com a Kiara, ela claramente gosta de você.
— Eu concordo — comentou, olhando para o irmão. — Ela te beijou.
— Foi na bochecha, não foi nada de mais — John B riu, nervosamente.
— Você ficou vermelho — JJ falou, fazendo concordar.
— Eu fiquei vermelho? — John B olhou para a irmã.
— Ficou — ela falou, sorrindo.
O caminho até a casa de Lana Grubs continuou normalmente, já estava muito melhor do que a noite passada. Claro que a bússola de seu pai ainda a fazia se sentir confusa e com vários questionamentos em sua cabeça.
Assim que chegaram ao local, observou um pouco em volta, era uma casa de madeira velha e estranhamente colorida, o local parecia estar vazio por causa do silêncio, o jardim estava malcuidado, alguns resquícios da tempestade ainda estavam lá, como algumas telhas e lixo no chão.
— Sabe a impressão que essa casa passa? — JJ perguntou, olhando para os Routledge. — De que quem mora aqui fuma muita maconha.
, fica para trás — John B falou, receoso —, espera um pouco.
O silêncio acabou com os gritos de Lana Grubs, que foram ouvidos pelo trio, os fazendo se assustarem. JJ agarrou a mão de , a puxando para perto da casa, os três se apoiaram na parede, assustados com o barulho.
— Vamos voltar depois… — sussurrou JJ
— Cala a boca, JJ — John B falou.
John B pedia para fazer silêncio colocando o dedo indicador sobre a boca. Os homens pareciam estar furiosos, gritando com a Sra. Grubs e jogando algumas coisas para um lado e para o outro. A mulher chorava, fazendo olhar para os garotos, preocupada com Lana, enquanto sentia a parede atrás deles tremer e soltar inúmeras serragens. A garota ainda segurava a mão de JJ e os sustos faziam-na apertar a mão dele forte.
viu os homens se afastarem da casa, reclamando por não terem achado a bússola. O trio os reconheceu pelo dia anterior, quando eles tentaram atirar no HMS Pogue.
JJ, John B e adentraram a casa da Sra. Lana, ela estava completamente destruída e desorganizada, com móveis quebrados e várias coisas jogadas no chão, os homens desconhecidos estavam realmente empenhados em descobrir onde estava a bússola. soltou a mão de JJ ao ver a mulher jogada no chão do banheiro, correndo até ela.
Lana Grubs estava completamente machucada, tinha sangue em seu rosto e alguns outros machucados pelo seu corpo. Ela se encolhia no banheiro, assustada.
— Sra. Lana! Está tudo bem, sou só eu, John B e JJ — falou, se sentando ao seu lado. — Chame a polícia.
— Não por favor, sem polícia — a mulher implorava. — Não deveriam estar aqui.
— Vamos embora. Para mim, já chega — JJ falou, saindo, antes de John B o puxá-lo de volta.
— O que sabe sobre esses caras? — John B perguntou.
— Eles estavam procurando algo — a mulher falou, assustada.
John B tirou a bússola do bolso calmamente, mostrando para Lana Grubs, falando que estava com Scooter. A mulher começou a chorar em desespero, o objeto parecia ser um gatilho para a Sra. Lana, que começou a gritar, dizendo que aquilo nunca esteve com o falecido marido, enquanto os mandava embora.
— Sra. Lana, por favor, você quer que eu busque uma água? — falou, preocupada. — Podemos conversar com calma, eles não vão voltar.
, vamos — JJ falou, a puxando.
— Jay, ela precisa de ajuda — disse, preocupada.
— Não é da nossa ajuda que ela quer, — disse JJ.
deu uma última olhada para a Sra. Lana, que continuava a chorar no banheiro, antes de ser completamente puxada para fora da casa por JJ, que parecia eufórico.
A viagem de volta ao Castelo tinha sido estranhamente silenciosa, podia sentir o olhar de JJ pelo retrovisor, o garoto não conseguia nem formar frases direito por causa do nervosismo. A voz de Lana Grubs ecoava pela cabeça de , se sentia péssima por não ter feito nada para ajudar, deixando a mulher lá sozinha e assustada. Pensar nisso a fazia querer mandar John B dar meia volta e ir ajudá-la.
Assim que estacionaram a Kombi, viram Kie e Pope sentados na varanda, esperando notícias dos três. JJ saiu do veículo, abrindo a porta para , que caminhou até a varanda de sua casa, sentando-se um pouco afastada dos seus amigos, ainda um pouco conturbada com os acontecimentos de alguns minutos atrás. Sua cabeça se esforçava para tentar entender o motivo dos homens que os perseguiram no pântano estarem tão preocupados com a bússola de Big John. queria entender o porquê daquele simples objeto velho importar tanto, que eles precisaram fazer o que fizeram com Lana Grubs.
JJ foi o primeiro começar a falar, explicando de forma eufórica tudo o que tinha acontecido. John B interferia uma vez ou outra, o que não mudava muito, pois Pope e Kiara sempre pareciam falar como se os dois Routledge precisassem de uma sessão de terapia, e talvez realmente precisassem, não tinha dúvida disso, mas esse não era o ponto principal, não agora.
— Então, vocês viram os caras que atiraram na gente? — Pope perguntou.
— Sim — JJ assentiu.
— Conseguiu vê-los? — Pope voltou a perguntar.
— Como eles eram? — Kiara perguntou.
— Fortes — JJ comentou, agitado.
— Fortes? — Kiara e Pope falaram, confusos, deixando JJ mais nervoso.
— Calma! — falou, após minutos de conversa sem ter aberto a boca para comentar nada, o que chamou a atenção de todos. — O deixem respirar! — olhou para JJ, que acendia um cigarro. — Eles eram altos e fortes igual JJ falou, ambos tinham barba, é isso, eu acho — falou, fazendo Pope revirar os olhos.
— A gente não conseguiu tirar fotos mentais dos caras, beleza? — JJ disse, tragando o cigarro. — Estávamos sob pressão, os gritos da Sra. Lana não ajudavam muito.
— Por que eles queriam a bússola? Aquilo não vale nem cinco dólares! — Pope falou. — Sem ofensas, e John B
— O escritório do nosso pai! — John B disse, olhando para a irmã, e ambos se levantaram rapidamente. — Ele sempre deixou trancado com medo de roubarem as coisas do Royal Merchant.
John B pegou a chave, destrancando a porta do escritório. Os cinco entraram no cômodo, sentiu um arrepio estranho percorrer seu corpo, era uma sensação estranha estar dentro do escritório de seu pai, nunca entrava lá quando ele estava vivo, então era algo esquisito estar ali depois que ele morreu, parecia não fazer sentido, nem sequer certo estar ali dentro.
— Eu já dormi aqui umas seiscentas vezes e nunca vi essa porta aberta — Pope comentou.
— Aqui, olhem! — John B falou, mostrando a foto de um antigo parente. — Esse foi o dono original.
— Robert Q. Routledge, 1890 a 1920 — Kiara falou, olhando para alguns documentos que estavam com a foto. — Olha a bússola da sorte aqui.
— Na verdade, ele morreu logo depois que comprou a bússola — John B explicou, fazendo Kiara arregalar os olhos.
John B e continuaram a explicar toda a árvore genealógica de sua família, juntamente com cada dono da bússola, o que fez a garota perceber que, após ganhar o objeto, a pessoa morria.
— Legal, vocês têm uma bússola da morte — Pope falou, sarcasticamente.
— Não temos uma bússola da morte! — John B o repreendeu.
— Vocês têm, sim — Kiara, Pope e JJ falaram, juntos.
ainda analisava a bússola, passando os dedos pelo metal velho e meio enferrujado, ela se lembrava de ouvir Big John falando algumas vezes sobre um compartimento secreto que se localizava atrás da bússola. Ela ficou alguns segundos tentando descobrir como abrir a parte de trás, até que ouviu um pequeno barulho, sorrindo, orgulhosa, por ter conseguido abrir o compartilhamento secreto, analisando uma escrita no local, a qual ela tinha certeza que não estava ali antes de seu pai desaparecer no mar.
— O que está fazendo? — Pope perguntou.
— Nosso pai falava de um compartimento secreto onde você podia deixar recados — ela disse, mostrando a parte de trás aberta.
— Isso não estava aí antes, é a letra dele! — John B falou, animado.
— Como pode ter certeza disso? — Pope perguntou.
— Ele fazia esse R estranho — falou, passando os dedos pela letra.
— O que está escrito? Red… isso é um a? — A tentativa falha de leitura de JJ fez a garota rir.
— É Redfield! — Kiara falou. — Mas o que é Redfield?
— Além do nome mais comum do condado? — Pope respondeu.
conhecia aquele olhar de John B, os olhos dele brilhavam em esperança de que tudo iria dar certo, mas a garota tinha certeza de aquilo não iria acabar do jeito que ele queria, John B achava que eles iriam achar Big John e tudo voltaria ao normal, sorriu para o irmão, mesmo ela sabendo que, no final de tudo, o garoto iria se frustrar e se fechar assim como tinha feito quando o pai morreu.
Por três meses, se sentiu completamente sozinha. Após a morte de Big John, John B parecia ter desaparecido junto com o seu pai, ele não falava com a irmã, estava ocupado demais tentando provar para todo mundo que o homem não estava morto. Durante esses três meses, se esforçou para continuar forte e apoiar o irmão, o fazendo aceitar tudo o que tinha acontecido, ela o entendia, tinha perdido sua mãe e agora o seu tio, que tinha se tornado o seu pai.
— Talvez seja uma pista de onde ele esteja escondido — John B comentou.
— Uma pista? É sério cara? — Pope falou. — Talvez um anagrama.
John B agarrou um pequeno pedaço de papel, tentando desvendar o possível anagrama de Redfield, com ajuda de Kiara e Pope. não sabia o que fazer, então apenas continuava explorando algumas gavetas enquanto começava a se perguntar o motivo do galo no seu quintal estar fazendo tanto barulho.
— Alguém faz esse galo calar a boca! — Pope falou, estressado.
— Cuidado com o jeito que você fala do meu galo! — falou, dando um tapa no braço de Pope.
— JJ e amam esse galo — Kiara falou, rindo.
— Ele é nosso galo — JJ falou.
— Meu galo — a garota o corrigiu.
Uma pequena e divertida discussão se iniciou sobre o porquê o galo deveria ser dos dois, não apenas de , e a atenção da garota foi distraída quando ela se aproximou da janela, vendo um carro preto e desconhecido sendo estacionado em frente ao castelo, após observar os homens que estavam na casa de Lana Grubs.
— John B, são eles — falou, o que fez o irmão e seus amigos se aproximarem da janela.
— JJ, cadê a arma? — John B perguntou.
— A arma? Eu não sei, talvez… eu sei lá! — JJ disse, nervoso.
— Quando a gente precisa da arma você não traz? — Kiara perguntou, indignada, enquanto o garoto caminhava de um lado para o outro de forma agitada, tentando se lembrar onde tinha deixado a arma.
— JJ, pare de caminhar e pense um pouco! — falou, nervosa, vendo o garoto parar de andar e olhar para ela
— Está na minha mochila — JJ disse. — Minha mochila 'tá na…
— Varanda? — John B perguntou.
— Na varanda — JJ afirmou, assentindo com a cabeça, se apressando em sair do escritório. O garoto nem sequer saiu do corredor antes de correr de volta para o cômodo, fechando a porta com força.
— JOHN E ROUTLEDGE! — os dois homens gritaram, entrando na casa. — Cadê a bússola?
Os homens gritavam por toda a casa na procura dos irmãos. JJ, Pope e Kiara tentavam abrir a janela, a qual Big John lacrou, pois um dos maiores medos do homem era que alguém roubasse suas coisas sobre o Royal Merchant. John B e seguravam a porta, a madeira pressionada contra as suas costas deu um baque, fazendo o medo de aumentar mil vezes mais. Suas mãos tremiam em preocupação enquanto seus olhos ardiam. Sentiu John B tocando seu ombro, na tentativa de acalmá-la, o que foi algo falho, pois, segundos depois, os homens empurraram a porta com força novamente.
Assim que a janela foi aberta, JJ foi o primeiro a agarrar a mão de , a tirando o mais rápido possível. O loiro analisou o local por alguns segundos, tentando achar algum lugar para eles se esconderem, a puxando para o galinheiro, sendo seguidos pelos Pogues. Kiara chorava baixo, entre as galinhas e o galo, que estava ainda mais barulhento, provavelmente pelo motivo dos cinco adolescentes estarem escondidos ali.
— Faz esse galo ficar quieto! — Pope sussurrou, reclamando.
— Como eu vou fazer isso? — JJ perguntou.
— Faz carinho nele — Kiara sugeriu.
JJ olhou para por alguns segundos antes de segurar o pescoço do galo contra o chão a fazendo pressionar os olhos com força. "JJ, por favor" ela murmurou com a voz falha, escondendo o rosto em seu próprio ombro. Um "crec" foi ouvido, o que fez Kiara soluçar baixo, percebeu que a ave não fazia mais barulho, a fazendo suspirar pesado, ela realmente gostava do galo. JJ puxou a Routledge para perto, voltando a segurar a mão dela forte. Agora a cabeça de estava apoiada no ombro do garoto enquanto passava os olhos pelo animal, com o pescoço quebrado, morto, no chão. JJ apenas murmurou "me desculpe pelo nosso galo."

Capítulo 6

estava com a cabeça apoiada na janela da Kombi. John B dirigia para o farol Redfield, o lugar favorito de Big John, em busca de alguma pista sobre seu pai. O garoto explicava alguma teoria sobre como tudo poderia estar interligado, mas a cabeça de estava tão cheia que nem sequer conseguiu se dar o trabalho de ouvir algo que seu irmão falou. JJ estava sentado no chão da Kombi, não tinham trocado nenhuma palavra desde que eles saíram do galinheiro, não foi uma experiência agradável ter que se esconder daqueles homens misteriosos pela segunda vez em um período de dois dias. O garoto estava abalado por ter matado o galo, reparou o quanto aquilo mexeu com JJ, mas, no final das contas, era a única opção deles.
Após chegarem ao farol, todos desceram da Twinkie. John B respirou fundo, olhando para o farol, logo depois olhou a irmã, que tentou sorrir para ele, tentando demonstrar algum tipo de apoio.
, quer ir com a gente? — John B perguntou.
— Eu não vou pisar naquele farol, já viu a altura daquilo? Eu tenho medo de altura — disse , olhando para a torre, o que fez John B rir.
— JJ vai ficar aqui vigiando — John B falou.
— Por que eu? — JJ falou, confuso.
— Porque você não vai — Pope falou, óbvio. — Olha, há várias dependentes e independentes, você, JJ, é uma independente.
Uma discussão entre os três garotos se iniciou, e Kiara trocaram olhares, cansadas, enquanto observavam a cena.
— Você ‘tá bem? — Kiara perguntou para a amiga, que apenas suspirou.
— Eu só estou preocupada com ele — falou olhando o irmão —, ao mesmo tempo que quero falar para ele que está alucinando com essa história, eu quero…
— Que ele continue assim, porque o ajuda a ficar bem — Kiara completou, assentiu com a cabeça.
— Só não quero que ele sofra mais depois — disse tristemente.
— ‘Tá bom, chega! — John B falou, chamando a atenção de todos. — JJ você vai ficar aqui com e Pope, se nos desencontrarmos, nos encontramos na casa do JJ.
Após reclamar um pouco, JJ assentiu, voltou a se sentar dentro da Kombi, vendo seu irmão e Kiara pularam a grade que cobria o farol, seguindo o caminho até a torre. Pope se sentou debaixo de uma árvore, começando a estudar sobre algo, e JJ brincava de fazer embaixadinha com uma laranja que ele achou caída no chão.
— Quer? — JJ ofereceu o cigarro de maconha, mesmo imaginando que a garota recusaria.
— Na verdade, eu quero sim — ela sorriu, pegando o baseado e tragando enquanto JJ olhava para ela, chocado. — Por Deus, John B vai me matar se descobrir.
— Minha garota está de volta! — ele disse, animado, fazendo a garota rir.
JJ se sentou ao lado dela, fumando juntos. Fazia um bom tempo que eles não faziam isso, pois tinha parado de fumar, mas após ter dias tão estressantes seguidamente, não viu motivo para não dividir um cigarro de maconha com JJ, que parecia estar realmente feliz por estar fumando com ela novamente, a garota também estava feliz. Poderia ficar horas ali, apenas rindo para o vento com JJ, esquecendo o resto de seus problemas e tudo o que estava acontecendo fora dali.
As sirenes ouvidas na distância fizeram JJ e apagarem o beck com rapidez. Os três se encararam, confusos, concordando em sair dali o mais rápido possível. Pope ligou a Kombi, dirigindo para longe.
— E o que a gente faz agora? — perguntou, olhando para os garotos.
— Eu vou para casa, 'tô cansado — JJ falou, deitando nas pernas de , a fazendo sorrir.
Os dois se encararam por alguns segundos até começar a fazer cafuné em JJ, tentando fazer mini trancinhas no cabelo loiro do garoto. Os dois riram enquanto ainda se encaravam, sem saber exatamente como agir ou o que fazer. Maybank quebrou o contato visual, olhando para a janelas do veículo, após reparar que seu coração começou a bater mais forte que deveria. Ele sabia o que era aquele sentimento, sentiu aquilo na noite do furacão Agatha quando dormiram juntos, fazia um tempo que ele percebia como agia igual um idiota perto de , como sentia vontade de segurar a mão dela a cada segundo ou como não conseguia parar de olhá-la. Não teria problema sentir isso normalmente, mas , além de ser sua melhor amiga, era a irmã do melhor amigo dele, então havia uma lista enorme de motivos de o porquê JJ não deveria se sentir como se sentia perto de .
— Ei, Pope, quer ir lá em casa? — perguntou, olhando o amigo pelo retrovisor.
— Pode ser, eu tento ajudar a arrumar as coisas — Pope falou.
voltou a olhar o garoto que estava de olhos fechados, ainda deitado em seu colo, a fazendo respirar fundo, tentando não pensar sobre os seus estúpidos sentimentos.

***


entrou em sua casa, olhando para o redor, vendo o local completamente bagunçado. Havia um bilhão de coisas espalhadas pelo chão, papéis, os quadros de fotos e mais algumas bagunças que a garota não tinha certeza se quem fez foram os homens ou os próprios Pogues. Eles tentaram arrumar um pouco a sala, jogaram algumas coisas no lixo, organizaram as coisas caídas no chão, concordando que grande parte daquela enorme bagunça tinha sido os Pogues que tinham feito.
suspirou, cansada, se jogando no sofá, não querendo olhar os outros cômodos. Pope dava uma volta pela casa, analisando o resto do local, parando em frente à porta do quarto da garota, antes de chamá-la, o que a fez se levantar às pressas, indo em direção ao amigo.
Seu quarto não estava tão bagunçado, apenas algumas gavetas abertas e seu guarda roupa um pouco mais bagunçado do que de costume. sentiu seu peito doer ao ver a caixa de madeira no chão, juntamente com as fotografias espalhadas.
A caixa era de madeira clara, com uma aparência velha, em cima estava escrito: "Memórias da " com a letra de sua mãe. se ajoelhou no chão, olhando a cena por alguns segundos, tentando ter certeza de que nada estaria quebrado ou nenhuma foto estaria rasgada. A caixa tinha sido um presente de sua mãe alguns meses antes do acidente de carro, era uma das últimas coisas que tinha de recordação dela.
Pope se ajoelhou em frente a ela, mostrando uma das polaroids;
— Você lembra desse dia? — Pope perguntou, rindo. — A festa que teve aqui no castelo.
— JJ estava tão bêbado nesse dia — riu, olhando a fotografia.
Era uma foto simples, Pope sorria para foto, John B tinha o braço apoiado no ombro de Kiara, que segurava a câmera para tirar a foto, JJ tinha o braço em volta do pescoço de enquanto segurava o copo vermelho em sua mão, apenas mostrava a língua para a foto, sorrindo.
— Não tinha ninguém tentando nos matar — comentou, olhando para o garoto.
— Bons tempos — Pope riu fraco, voltando a pegar as outras fotos no chão.
A mãe de amava fotografia, então, quando ela se foi, a garota decidiu ficar com a velha câmera de sua mãe, a fazendo descobrir que amava tanto tirar fotos quanto a mulher gostava. Era extremamente comum ver a garota com a sua câmera pendurada em seu pescoço, fotografando tudo que via pela frente.
— Você sabia que esse é meu pai rico? — falou, mostrando uma foto velha, onde tinha dois adultos na antiga casa da mãe da garota.
— Você sabe o nome dele? — Pope perguntou, olhando a foto.
— Não, minha mãe nunca falava muito dele, mas, pelo que eu sei, ele era casado — deu de ombros.
— Sabe quem ele parece? Topper — Pope falou, rindo e mostrando a foto para a garota que riu, concordando.
Os dois pararam de rir, se encarando por alguns segundos até voltarem a olhar a foto. arregalou os olhos antes de agarrar a foto da mão do amigo, afundando-a no fundo da caixa de madeira, assim como as outras fotos, enquanto negava com a cabeça, tentando não pensar no assunto.
— Não tem a mínima chance — falou rapidamente —, não é? Um loiro com topete, pode parecer com qualquer um! — riu, nervosamente.
, apenas pense um pouco — Pope falou, colocando a mão em seu ombro. — Não estou dizendo que é o James Thornton, só dizendo para pensar sobre o assunto.
— Não tem o que pensar, Pope — afirmou a garota, negando com a cabeça.
— Só estamos falando de probabilidades — Heyward disse. — Não que vá mudar muita coisa, porque você não é registrada e…
— Se ele for meu pai, ele tem que pagar pensão. Uma enorme pensão. — Um sorriso maroto, surgiu no rosto da garota, fazendo Pope suspirar.
, não é bem assim que funciona — o garoto falou.
— Eu vou dar um jeito nisso — falou, olhando o amigo —, mas, por enquanto, não pode contar para ninguém, nem para Kie, JJ e muito menos para o John B.
— Tudo bem, — Pope suspirou, sabendo que não conseguiria mudar a cabeça da garota —, só não faça besteira. — A garota o abraçou, agradecendo, o fazendo rir.
Os dois se encararam ao ouvir um barulho dentro da casa, ainda tinha os braços em volta dos ombros do garoto, o abraçando de forma divertida. Um calafrio passou pelo seu corpo, ouvindo os barulhos se aproximaram, mas logo foi substituído por uma enorme onda de alívio ao ver John B parado em frente à porta, com uma expressão confusa, encarando a irmã e o amigo.
— Está tudo bem? — John B perguntou, confuso.
— Está sim, eu já estou de saída — Pope falou, rapidamente, se despedindo de e John B.
Pope se levantou, ficando ao lado de John B, fazendo um toque elaborado com o garoto. Olhou para , que ainda estava sentada no chão com algumas de suas polaroids em suas mãos, e fez um gesto com suas mãos, fingindo trancar a boca com uma chave e depois jogou a chave imaginária para longe, o que fez sorrir antes de ver o garoto saindo do castelo.
Assim que Pope saiu, John B se manteve em silêncio por alguns segundos, escondeu a sua caixa de madeira no fundo de seu guarda roupa, caminhando até o escritório do pai, encontrando seu irmão apoiado à porta, encarando o cômodo com um olhar triste e meio vazio, parecendo estar com o corpo paralisado, com exceção de seus olhos, que corriam pelo cômodo rapidamente. segurou o ombro do irmão, o tirando do pequeno transe, e ele a olhou, sorriu fraco e voltou o olhar para o antigo escritório do pai.
— Aqui daria um bom quarto para você, não é? — John B, comentou. — O seu é minúsculo.
A garota franziu as sobrancelhas, encarando o irmão de forma confusa. Realmente o quarto de era pequeno, mas confortável, tudo o que a garota precisava tinha em seu quarto, mesmo que ficasse um pouco apertado. John B deu de ombros, ignorando a irmã confusa ao lado dele, adentrando o cômodo e começando a recolher algumas coisas que eles e os Pogues tinham deixado para trás antes de fugirem.
— Johnny, eu não estou entendendo — disse .
— Acho que está na hora de seguirmos em frente — John B disse.
A cabeça de virou para o lado de forma tão rápida que pôde ouvir o estralar. Ela encarou John B, um tanto quanto surpresa e ainda confusa, se apoiando no batente da porta enquanto suspirava. O garoto continuava a recolher os documentos velhos de pesquisa de Big John, colocando tudo em algumas caixas que estavam ali por perto.
— Não precisamos fazer isso agora, podemos ir apenas para a sala, assistir TV, beber um refrigerante e conversar sobre o assunto — sugeriu.
— Primeiro, estamos sem luz, não tem como assistir nada na TV — John B falou. — Segundo, não temos o que falar sobre isso, não preciso de uma sessão de terapia.
não sabia se estava pronta para jogar tudo aquilo fora, eram as coisas de Big John, do homem que a acolheu e cuidou como uma filha, não era algo fácil de se fazer, aquilo pertencia ao seu pai, não queria jogar tudo fora, talvez, ela pudesse se afundar na fantasia de John B e aguardar seu pai voltar, e se seu irmão estivesse certo? E se o pai deles não estivesse morto? Quando Big John voltasse, ele iria ficar furioso ao saber que eles jogaram fora todas as coisas do escritório dele.
O coração de acelerou, um nó em sua garganta se formou, a fazendo pressionar os olhos com força. Era muita coisa para ela lidar em apenas um curto período de tempo, ela achou um barco naufragado, fugiu de contrabandistas e agora teria que jogar as coisas de Big John fora, tudo isso em menos de uma semana. Ela não estava preparada para tantas coisas acontecendo ao mesmo, sua cabeça estava tão confusa e eufórica quanto o resto de seu corpo.
— Vamos fazer uma fogueira lá fora. Queimar tudo — disse John B.
— Não — falou, firme, colocando o braço pela porta, impedindo o irmão de passar. — Ainda está muito cedo para jogarmos isso fora…
Dessa vez, foi John B que encarou a irmã de forma confusa. sempre demonstrou estar certa que o pai deles estava morto e como deveriam superar aquilo, então a reação da garota foi uma surpresa para ele.
— Era você que sempre falava que deveríamos seguir em frente! — argumentou John B. — Agora não quer fazer isso?
tentou engolir o nó em sua garganta, desviando o olhar para o escritório.
— Não sei se estou pronta — ela murmurou, baixo.
John B suspirou, frustrado, ficando em silêncio por alguns segundos. olhava para o irmão, como se ela pedisse desculpa com os olhos, sentindo-se mal por não conseguir seguir em frente. se culpou por não conseguir jogar as coisas fora, agora que finalmente seu irmão conseguiu dar um passo a mais na aceitação da morte de seu pai.
, vamos fazer isso juntos, tudo bem? — John B falou, de forma reconfortante. — Eu queimo as coisas do escritório e você joga fora os lixos espalhados.
John B passou os braços pelos ombros da irmã, a abraçando de lado, demonstrando apoio para a irmã, que sorriu levemente, concordando com a cabeça.
Os dois começaram a arrumar a casa, John B pegava as coisas do escritório e recolhia as bagunças que os Pogues fizeram.
Não demorou muito para a pilha de lixo no jardim ficar enorme, John B estava certo, fazer aquilo juntos tinha se tornado algo muito mais fácil do que achava. Assim que as últimas caixas foram jogadas na pilha, o garoto começou a jogar gasolina por toda a parte do monte de lixo. a acendeu e jogou o fósforo, fazendo o fogo emergir por todo o lixo em pouquíssimos segundos.
— Estou orgulhosa de nós — ela falou.
Assim que terminou a frase, pôde ver um pedaço de cortiça onde estava pendurado algumas fotos de seus familiares que agora estavam sendo queimados pelo fogo. Em um movimento rápido, ela puxou o painel, que já estava metade em chamas, a garota tentava apagar o fogo com os pés, pisando na cortiça. John B encarou a irmã como se ela fosse louca, a puxando para trás. Assim que ela apagou o fogo do painel, apenas pegou o um pedaço de papel queimado, que estava pendurado na cortiça, mostrando para o irmão.
— Olivia R. Routledge — falou, olhando para o garoto. — Sabe o que isso significa, não é?

***


Fazia alguns minutos que John B e estavam dentro da Kombi, juntamente de JJ e Pope, que eles tinham acabado de buscar, alegando ser uma "reunião de extrema importância". A garota olhou o irmão estacionar na frente do The Wreak, o restaurante do pai de Kiara. Os quatro se encararam, se perguntando quem iria chamar a garota, mas, antes de qualquer um poder dizer algo, Pope suspirou, avisando que iria. se ajeitou no banco do passageiro, apoiando seus pés no painel da Kombi, olhando para seus Vans vermelho vinho, que agora pareciam marrons. Estavam muito mais sujos que o normal, fazendo a garota guardar o pequeno lembrete em sua cabeça sobre lavar o tênis o mais cedo possível.
Em poucos minutos, Pope estava de volta. A garota franziu as sobrancelhas ao reparar que ele tinha voltado completamente sozinho, sem a amiga.
— Ela disse que não vai vir — Pope falou, se apoiando na janela de John B, fazendo JJ e trocarem olhares, confusos.
— O que você fez, cara? — JJ perguntou.
— Eu vou falar com ela — disse.
— Não, deixa que eu resolvo — John B falou, saindo da Kombi.
brincava com as pulseiras em seus braços e, assim que seu irmão entrou no restaurante, olhou para os dois garotos no banco de trás, com um sorriso divertido em seu rosto.
— Querem apostar quanto que eles se beijaram?
— Você acha? — Pope perguntou, a garota assentiu com a cabeça. — E o lance de Pogue não pega Pogue?
— Eu já falei, deveríamos acabar com isso, cara, essa regra nem faz sentido — JJ murmurou.
— John B te falou algo? — Pope perguntou, curioso.
— Não, apenas intuição — deu de ombros. — Por qual outro motivo Kie não iria querer fugir do trabalho? E por que será que John B quis falar com ela? Pense um pouco, Pope.
Assim que terminou a frase, os três conseguiram ver John B e Kiara se aproximando da Twinkie, Carrera entrou no veículo, sorrindo, cumprimentando os amigos, John B apenas deu partida, começando a dirigir rapidamente em direção ao cemitério.
— Eu sei que errei sobre o farol, ok! E sobre quase todo resto — John B falou, dirigindo —, mas eu estava certo sobre uma coisa, meu pai está tentando nos dizer algo.
Um vinco surgiu entre as sobrancelhas de Kiara. Enquanto assistia a sua amiga sorrir, animada, os três adolescentes no banco de trás se olharam, confusos, vendo John B estacionar o veículo no cemitério e logo todos começaram a seguir John B e .
— John B, esse lugar é assustador — Kiara falou, apontando a lanterna para conseguir ver por onde andava. — Para onde estamos indo?
O caminho para o cemitério estava escuro, sem nenhuma iluminação aparente, a única fonte de luz eram as lanternas que os Pogues tinham. sentia o mato roçando em suas pernas, a fazendo se assustar uma vez ou outra.
— Sabe quando você quer se lembrar de uma música, mas não se lembra de quem canta? — John B falou, fazendo os amigos concordarem. — Esse tempo todo eu achei que Redfield era um lugar, até eu e descobrirmos… — ele apontou para a irmã, esperando-a completar a frase.
— Que Redfield não é um lugar, é uma pessoa — ela completou, animada, John B sorriu.
— Espera!? Desde quando também acredita nisso? — Pope falou, confuso, olhando a amiga.
— Johnny ‘tá certo, Big John quer falar algo para a gente — a garota disse, olhando para os amigos atrás deles.
JJ, Pope e Kiara soltaram suspiros, preocupados. O loiro passou a mão pelo cabelo, se culpando por ter oferecido a maconha para a garota mais cedo, mesmo no fundo sabendo que o efeito de toda a erva já teria passado a esse ponto. JJ sabia que algo deveria ter acontecido para a garota simplesmente começar a acreditar em John B de uma hora para outra.
Os cinco pararam em frente ao grande túmulo escrito com letras enormes.
— Apresento a vocês nossa tataravó, Olivia Redfield — falou, parando em frente ao túmulo, apontando com a sua lanterna para o sobrenome gravado em cima da lápide.
— Redfield é o sobrenome de solteira dela! — John B explicou. — Me ajudem aqui com essa porta!
Os três garotos foram em direção à lápide, tentando empurrar a porta, o que era obviamente uma tentativa falha, enquanto Kiara e assistiam os garotos.
— Está falando sério? — Kiara olhou para a amiga. — Acredita nisso tudo mesmo?
— Eu acredito que ele não iria embora sem deixar nada, não é? — sorriu, fraco. — Não sei se ele morreu ou não, mas sei que ele quer nos falar algo, Kie, ele sabia que só eu e John B conseguiríamos descobrir sobre nossa avó e…
Antes de conseguir concluir seu pequeno monólogo, elas se assustaram ao ouvirem JJ latindo em direção à parede da lápide. As duas se encararam e caminharam até a direção do loiro, puxou Kiara para trás, assim que avistou uma cobra passar por elas, indo em direção ao mato.
— Que porra você está fazendo? — perguntou, o puxando para longe da lápide.
— É uma mocassim d'água, são venenosas e todos sabem que elas têm medo de cachorros — ele falou, como se fosse óbvio. — E, se tem uma, provavelmente tem mais! — JJ disse, antes de voltar a latir.
— Para, você vai acordar os mortos — Pope ironizou.
— Você quer parar? Está me assustando — Kiara reclamou, apreensiva, sendo ignorada pelo garoto.
achava engraçada a cena de ver JJ latindo para um túmulo, ela segurou o riso, mas, assim que percebeu como Kiara a encarava de maneira séria, a Routledge se voltou para JJ, o puxando para trás novamente.
— JJ, sem latir para as cobras, ‘tá? — falou, calmamente, JJ assentiu, resmungando.
Kiara e avistaram uma pequena passagem em cima da porta. Ao avisarem os meninos sobre o buraco na lápide, os Pogues começaram a discutir sobre como e quem deveria passar por ali. A Routledge analisava a estrutura, mordendo o lábio inferior, na tentativa de conter seu medo de entrar no túmulo. Ela respirou fundo, olhando o lugar mais uma vez, antes de dar um passo à frente, olhando para os amigos.
— Eu posso entrar! — ela falou, olhando os garotos.
— O quê? Não! — JJ e John B falavam ao mesmo tempo.
— É pelo papai, eu posso fazer isso — falou, decidida.
— Eu posso ir com ela! — Kiara falou, fazendo a garota sorrir.
— Ótimo, as duas podem morrer! — Pope falou, estressado.
— A única pessoa morta lá dentro vai ser a vovó — brincou, fazendo todos ficarem em silêncio.
Depois de mais algumas breves discussões entre o grupo, decidiram que as duas garotas iriam entrar no túmulo em busca de algo deixado por Big John. JJ respirou fundo, olhando para por alguns segundos, "John B não vai te culpar se você não quiser entrar" ele murmurou, a garota apenas ignorou a fala do garoto, o vendo apoiar as costas na pedra do túmulo, juntando as duas mãos em sua frente, fazendo um apoio para as garotas subirem.
— Você coloca o pé aqui, eu te dou impulso, você sobe e Kiara vai atrás de você — JJ explicou. — , toma cuidado.
sorriu, assentindo com a cabeça. Ela respirou fundo, tentando buscar um pouco mais de coragem dentro de si mesma, pulando e entrando dentro do túmulo escuro. Ao ligar a lanterna, ela conseguiu ver, ainda com bastante dificuldade, que o local estava repleto de poeira, teias de aranhas e alguns insetos, que a faziam ter arrepios. Kiara pulou atrás dela segundos depois, exatamente como JJ tinha avisado, mas, mesmo com a lanterna, era difícil de enxergar.
— A gente precisa de mais luz! — Kiara falou.
Os meninos apontaram uma lanterna para dentro, melhorando a visualização do local, Kiara e começaram a procurar por algo, não sabiam exatamente o que, mas a Routledge sentia que elas deveriam achar algo ali.
, olha isso aqui — Kiara falou e entregou um envelope para a amiga.
O envelope empoeirado fez sorrir, orgulhosa. O seu coração começou a bater forte, como se ele se enchesse de esperança, algo que fazia tempo que ela não sentia, não quando se tratava de seu pai, pelo menos. Limpou um pouco a sujeira do papel, na tentativa de achar alguma escrita que afirmasse que aquilo fosse de Big John, mas estava tão escuro e sua cabeça estava tão eufórica, que nem sequer conseguia raciocinar as coisas direito. Ao sentir Kiara segurando a sua mão, ela olhou para a amiga, que fez sinal para as duas saírem dali.
apoiou os pés nas paredes, dando impulso com os pés para conseguir pular até o buraco e sair do túmulo, olhando para John B, que olhava ansioso para as garotas. Ela passou as mãos pela roupa na tentativa de tirar um pouco da sujeira e andou com um envelope em mãos até John B, que sorriu, a abraçando.
Só agora que conseguiu ver a escrita na parte de trás do envelope que dizia "para Bird e Bear".
— Estávamos certos, Bird — ela sorriu.
— Isso é do nosso pai — John B falou, emocionado, olhando para os amigos.
Ao fundo, conseguia ouvir o barulho do isqueiro de JJ que provavelmente iria fumar, a garota ainda tinha os olhos em seu irmão.
— Código vermelho! Traficantes! — JJ falou, chamando a atenção de todos.
Os cinco correram para algum lugar que pudessem se esconder, indo para trás de um pequeno muro que dividia o cemitério, se apressando em apagar as lanternas. tentou espiar os homens, mas a única coisa que conseguiu ver foi o carrinho de golfe que os homens usavam, pois JJ a puxou de volta rapidamente, a olhando com um olhar repreensivo. Não que a garota conseguisse ver muito no escuro, mas mesmo assim conseguiu entender a feição do loiro.
— Será que são os caras que invadiram o castelo? — Kiara sussurrou.
— Aquele ali está armado — JJ pontuou.
— Quer saber? Foda-se — Kiara falou, se levantando e correndo em direção ao portão do cemitério, sendo seguida pelo resto de seus amigos.
John B escalou o muro logo atrás de Kiara, se pendurando em cima, estendendo o braço para , a ajudando a pular. Logo atrás deles foi JJ, que sacou a arma, apontando para dentro do cemitério. Pope, que tentava escalar o portão, enroscou seu calção na grade, fazendo ter uma grande crise de riso. Com a ajuda de Maybank, Pope saiu do portão, apenas com uma cueca boxer, correndo em direção à Kombi.
John B dirigia enquanto todos ainda gargalhavam, com exceção de Pope, que estava constrangido. Durante aqueles minutos, os Routledge simplesmente esqueceram que tinham um envelope com possíveis informações sobre seu pai.
— Bela cuequinha, Pope — falou, rindo.
— A minha é mais bonita, você quer ver? — JJ provocou, fazendo a garota rir, reparando os olhares confusos de John B, pelo retrovisor.
— Cara, por que pular pela grade? — falou, mudando de assunto rapidamente.
— Eu fiquei nervoso, não pensei direito — falou, apressado.
O caminho de volta para o castelo foi pacífico, continuavam com as piadas sobre Pope e teorizaram sobre o que poderia ter dentro do envelope.
A garota estava nervosa, tinha medo de quebrar suas expectativas, que não tivesse nenhuma mensagem de seu pai, de John B se afundar solitariamente igual quando Big John foi dado como morto, não sabia se conseguiria passar por tudo aquilo sozinho, de novo.
Mas uma parte dela tentava ser positiva, gostava de pensar que uma simples carta, com uma explicação sobre tudo que aconteceu, aliviaria seu coração da perturbação de achar que tinha sido culpa deles a morte de Big John, pois a noite que ela viu seu pai pela última vez tinha sido tão confusa e dolorosa, que memórias se confundiam na cabeça de . Tudo foi estranho, a única coisa que a garota se lembrava com clareza era de seu pai saindo pela porta, John B indo para o seu quarto e fechando a porta com força e ela chorando no canto da sala de estar até JJ chegar no meio da madrugada e encontrá-la ali, na mesma posição. Foi ele que a abraçou e ficou com ela o resto da noite.
Depois daquela noite, sentiu que eles ficaram mais próximos, não que eles não fossem próximos antes, mas, desde que JJ a encontrou chorando sozinha na sala, eles não eram apenas amigos, ambos sentiam algo a mais um pelo outro.
levou um leve susto ao sentir a mão de JJ sobre o ombro dela, a chamando silenciosamente para sair da Kombi, que estava estacionada em frente ao castelo.
Pope se apressou na busca de um calção novo para vestir, trocou a sua blusa suja e empoeirada no caminho de volta para a sala de estar, onde John B esperava todos os Pogues para abrir o envelope. Ela viu JJ na cozinha, comendo um pão, que a garota poderia ter certeza que estava no armário há um bom tempo.
— Esse pão mofou há uns três dias! — falou, se aproximando.
— Vou tirar as partes mofadas e ele fica bom, além disso, o mofo é um organismo natural, deve fazer bem — Maybank falou, se concentrando em tirar algumas partes mofadas do pão.
— Uau, a maconha realmente está acabando com seu cérebro — ela riu.
— Quer falar sobre fumar maconha, ? — JJ perguntou, ironicamente.
Shhh colocou o dedo indicador sobre sua própria boca, sorrindo, travessa, saindo da cozinha, ouvindo a risada de JJ.
se colocou de pé, ao lado de seu irmão e Kiara. Pope e JJ chegaram alguns segundos depois, todos os cinco adolescentes rodeavam a mesa, olhando para o envelope no centro dela.
— Pronta? — John B perguntou, olhando para a irmã.
Assim que a garota assentiu com a cabeça, John B pegou o envelope de papel, o rasgando, tirando as coisas que tinham dentro, espalhando sobre a mesa.
Eram apenas algumas anotações em mapas, sobre o Royal Merchant naufragado, coisas que e John B já tinham ouvido Big John mencionar um bilhão de vezes, mais algumas anotações soltas e uma espécie de gravador velho.
— O x marca o local — Pope falou, apontando para o desenho de x no mapa.
— Longitude, latitude… — John B murmurou, olhando o mapa.
Enquanto os garotos estavam observando os mapas e as suas anotações, olhava o gravador de forma curiosa, não se lembrava de ter visto seu pai usando um daqueles. Ela assoprou o objeto, na tentativa de tirar um pouco da poeira que tinha sobre o gravador.
— O que é isso? — JJ perguntou, olhando para o gravador na mão de .
— Um gravador, seu idiota — Kiara falou.
olhou para o irmão, procurando alguma aprovação em ligar o gravador, e, assim que John B assentiu com a cabeça, ela o colocou em cima da mesa, o ligando.

"Querido Bird, querida Bear.
Odeio dizer que avisei vocês, mas eu avisei e vocês duvidaram do seu velho. Conhecendo vocês, acredito que estejam cheios de dúvidas e raiva de vocês mesmos por causa da nossa última briga, e não, , você não é a culpada por isso. Mas não se matem ainda, crianças. Eu também não esperava achar o Merchant. Vocês tinham razão em jogar tudo na minha cara, eu mereci a bronca, não fui o melhor pai do mundo. Mas o que eu posso fazer? Senti cheiro de ouro, espero que a gente esteja ouvindo isso no nosso casarão na Costa Rica, vivendo de rendimentos passivos e investindo em imóveis. Se não for o caso e vocês encontrarem isso por razões ruins, é para isso que serve o mapa. Lá está ele, o Merchant naufragado. Se algo acontecer comigo crianças, façam a melhor aventura de Bird e Bunny e terminem o que eu comecei, peguem o ouro. Eu amo vocês, mesmo sem demonstrar, cuidem um do outro. Vejo vocês no fim da estrada!"

nem sequer sabia quando tinha começado a chorar, quando as suas pernas se tornaram tão fracas ao ponto de não conseguirem a sustentá-la de pé, sua cabeça abafava todo o som ao seu redor, a única coisa que ouviu foi a voz de JJ, perguntando se ela estava bem. Ela respondeu que não com a cabeça enquanto as lágrimas inundavam seu rosto, e, agora, a camisa de JJ, onde mantinha seu rosto pressionado, como se ela se escondesse de toda a dor que estava sentindo.
Os braços do loiro a rodeavam com força, como se ele a estivesse segurando de um penhasco. JJ não falou mais nada, não queria e nem sabia o que falar, apenas mantinha , abraçada contra ele, mantendo certeza que ela estava bem.

Capítulo 7

O som suave das cordas do ukulele de Kiara, juntamente com a brisa fresca durante a noite, demonstrava calmaria. Após uma enorme tempestade de sentimentos e descobertas, os cinco adolescentes estavam na doca do castelo, conversando sobre tudo que tinha acabado de acontecer. John B e se mantiveram quietos em grande parte do assunto, sentados um ao lado do outro. O garoto estava bebendo uma latinha de cerveja enquanto se afundava em refrigerante barato de uma marca estranha, nenhum dos dois tinha comentado nada sobre o assunto desde que ouviram o gravador. Agora faziam exatas uma hora e meia de tudo que havia acontecido e eles apenas tinham se sentaram um ao lado do outro e ouviram Pope, JJ e Kiara divagarem sobre o assunto.
não sabia se gostava disso, de não ter trocado nenhuma palavra com seu irmão, ela implorava internamente para que ele não se fechasse como tinha se fechado há nove meses atrás, mas uma parte pequena se si sabia que não haveria muito o que falarem um com o outro, apenas a companhia e um sorriso que dissesse "ei, vamos ficar bem", provavelmente já estava de bom tamanho para os dois.
Ela também não havia falado com JJ, tinha chorado abraçada com o garoto por um bom tempo, mas depois que ela se acalmou, não trocaram nenhuma palavra, apesar de perceber os olhares preocupados que ele a lançava a cada dez minutos, verificando se ela estava bem. Era uma mania de JJ, toda vez que estava mais frágil, por qualquer motivo que fosse, o garoto ficava de olho nela igual um cachorro protegendo a casa de seus donos e, se sentisse que ela estava pior que antes ou que algo havia acontecido, JJ aparecia, perguntando o que tinha acontecido e garantindo que ficasse bem.
— Quanto era mesmo? — JJ perguntou, cortando o silêncio. — Quatro milhões?
— Quatrocentos milhões — Pope o corrigiu.
— Certo, antes que falem para a gente dividir por igual, devo lembrar que sou o único que pode nos defender daqueles traficantes — JJ falou, erguendo a arma. — E proteção custa caro.
— Você nem tem treinamento! — Pope argumentou.
— Youtube, cara! Mereço pelo menos uns 5% a mais, alguma objeção? — JJ falou, e Kiara levantaram as mãos, mas ele as ignorou. — Acho que não!
— O que vai fazer com seus 80 milhões, Pope? — Kiara perguntou, olhando o garoto em sua frente.
— Pagar a faculdade adiantada e os livros, que são muito caros — Pope explicou.
— E você, Kiara? — JJ perguntou.
— É, o que uma socialista faz quando fica rica? — perguntou Pope, fazendo rir, fraco.
— Quero gravar um álbum. Sobre Outer Banks, Pogues… — ela sorriu — no meu estúdio, o Peter Tosh vai produzir.
— Peter Tosh não morreu? — perguntou, confusa.
— A alma de Tosh nunca morre — Kiara falou. — E você, JJ?
— Vou comprar uma casa enorme no Figure 8, com uma estátua minha na frente! Vou virar um Kook! — ele disse, animado.
— Eu não vou te visitar — Kiara comentou.
— E você, ? — JJ perguntou, olhando a garota.
poderia fazer tantas coisas com 80 milhões de dólares, que mal conseguia pensar. Poderia viajar o mundo, conhecer pessoas novas, viver uma vida nova e nunca mais pensar em voltar para Outer Banks, esse era seu maior sonho desde que Big John morreu, poder ir para o mais longe possível daquela cidadezinha, mas, por algum motivo, não conseguia se imaginar totalmente feliz morando fora da ilha, aquele lugar parecia amaldiçoar a sua vida em todos os momentos e, mesmo assim, Outer Banks continuava parecendo um paraíso na terra para uma parte dos sentimentos da garota.
Provavelmente a sensação de sentir que pertencia a Outer Banks fosse por causa de seus amigos que sempre estiveram com ela o tempo todo e todas as memórias boas que ela já teve no lugar, mas, se surgisse alguma oportunidade, não pensaria duas vezes antes de ir embora da ilhazinha.
— Quero me mudar para o México ou para o Brasil, quem sabe eu consiga abrir o meu próprio bar, andar de skate todo dia, só eu e o Sirius — fantasiou. — Uma vida calma e simples.
— Sirius? — Pope perguntou, confuso.
— Meu futuro cachorro — ela explicou, os amigos riram. — E você, Johnny? O que irá fazer com a sua parte?
— Um brinde a virar Kook! — John B falou, erguendo sua latinha de cerveja, fazendo todos os amigos gritarem, animados.
sorriu para o irmão, que sorria para ela, sentindo um alívio enorme em seu corpo ao perceber que John B estava bem, ele estava sorrindo e visivelmente animado com a ideia de todo aquele dinheiro, bem, todo mundo estava feliz e fantasiando uma vida com todo aquele possível dinheiro.
Continuaram assim por algum tempo, conversando sobre como poderiam gastar toda aquela quantia. ficou em silêncio o tempo todo, ouvia seus amigos com atenção e até ria de alguma baboseira que JJ falava, mas no fundo a garota se perguntava se aquele ouro todo que seu pai comentou na gravação realmente existia e onde ele estaria, pois, se realmente estivesse naufragado com um barco, eles não poderiam apenas nadar até lá e pegar o ouro, não era tão fácil assim. Pelo que a garota ouvia seu pai falar, o Royal Merchant estava a vários metros embaixo da água.
John B já tinha um plano por completo, iriam entrar no Hotel do Country Club, onde JJ já tinha trabalhado, pois eles tinham geradores de energia e internet, ao contrário do cut, que estava em completa escuridão desde o Aghata. Com isso eles conseguiriam pesquisar as coordenadas que Big John havia deixado nas anotações.
, nós vamos dormir, você vem? — perguntou Kiara.
assentiu com a cabeça, virando sua latinha de refrigerante, antes de começar a seguir seus amigos para dentro do castelo, passando pelas velas espalhadas pela casa que estavam derretendo lentamente. Kiara se ajeitava no sofá cama, Pope se aconchegou em uma das poltronas, apenas continuou seu caminho em direção ao seu quarto, pegando uma antiga lanterna de querosene, levando com ela, enquanto se despedia dos Pogues, com um leve resmungo, desejando boa noite para todos seus amigos.
Encarando seu quarto por alguns segundos, viu a bagunça casual de seu quarto, nada comparada com o que estava mais cedo, antes dela e John B terem feito uma pequena faxina na casa, mas ainda havia uma enorme bagunça, a qual fazia a garota se sentir estranhamente confortável. praticamente se jogou em sua própria cama, encarando o teto, ela estava exausta, as últimas horas tinham sido estressantes, turbulentas e tão tristes, que ela nem sequer conseguia acreditar que tudo aquilo havia acontecido em apenas um único dia. Sentiu suas costas descansarem, como se um peso enorme saísse de cima delas, um alívio rodeou seu corpo por completo, a fazendo se perguntar se o motivo de tudo aquilo era por ter a resposta completa sobre seu pai que ela esperava desde que ele havia desaparecido no mar. Agora ela tinha a certeza que Big John estava morto, eram sentimentos confusos que nem mesmo ela entendia, se sentia péssima por sentir esse alívio, por ter uma resposta verdadeira sobre seu pai e não ficar apenas vivendo em base de alguns e se… ela se sentia culpada pois tinha certeza que John B preferia viver apenas com as ideias de sua imaginação.
Avistando os porta-retratos em sua mesa de cabeceira, um deles havia uma foto dela com os Pogues e a outra moldura, que era visivelmente mais velha, tinha uma foto dela juntamente com sua mãe, John B e Big John. sorria com um buraco entre os dentes, John B passava o braço pelo ombro dela enquanto os dois adultos sorriam para foto, não se lembrava exatamente do dia que aquela foto havia sido tirada, mas, pelo que Big John contava, foi em um dia que foram pescar juntos.
Foi então que se lembrou de James Thornton, seu dia tinha sido tão cheio que nem sequer lembrou da possibilidade de ser filha do homem, na verdade, a garota não sabia se realmente queria ser a filha dele. Claro que um dos homens mais ricos da ilha ser possivelmente seu pai a animava, esse era o único motivo de ela estar completamente decidida em ir atrás do homem, apenas por causa de seu dinheiro.
, está tudo bem? — A voz de JJ a assustou, ela avistou o garoto apoiado no batente da porta, a encarando, o que fez se perguntar a quanto tempo ele estava ali.
— Apenas um dia meio longo demais — sorriu fraco.
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, sem saber o que falar um para o outro, JJ assentiu com a cabeça, lentamente, se virando de costas, pronto para voltar e seguir pelo corredor, mas o chamou:
— JJ, deita aqui — ela disse, dando batidinhas no colchão ao lado onde ela estava deitada, com a voz tão baixa que, se a casa não estivesse em completo silêncio, o garoto provavelmente nem ouviria.
Para a surpresa da garota, JJ não negou, como ela havia imaginado, pelo contrário, ele apenas sorriu levemente, se aproximando da cama de , se deitando ao lado dela, assim como ela tinha pedido. Estavam deitados um de frente para o outro, em completo silêncio, conseguiam ver apenas um pouco do rosto um do outro por causa da iluminação baixa da antiga lâmpada de querosene. JJ sentia que havia algo diferente, parecia estar tão calma, o dia tinha sido estranho e, até alguns minutos atrás no deque, a garota estava tão quieta, que até ele mesmo ficou ansioso por vê-la daquele jeito, mas agora ela parecia estar bem, ele conseguia perceber um pequeno brilho no olhar dela e um sorriso se formando no canto de sua boca. Antes de ao menos perceberem, ambos estavam dormindo, um ao lado do outro, de uma forma tímida, como eles nunca haviam feito.

***


Os Pogues desceram da Kombi, olhando o enorme Hotel do Country Club. JJ ainda estava sentado no banco do passageiro, procurando algo em sua mochila, e enquanto Pope tentava explicar como funcionava o mapa para John B e Kiara, o loiro murmurou algo como um "achei você!", em animação. encarou o garoto, que segurava a arma em sua mão, de forma orgulhosa.
— Estamos em território inimigo — explicou, olhando para os amigos.
— Guarda essa porcaria! — reclamou, passando as mãos pelo rosto.
— Cuidado nunca é demais — disse JJ.
Uma breve discussão entre John B e JJ se iniciou, era óbvio que, se eles fossem vistos dentro do Hotel com uma arma, eles iriam acabar extremamente encrencados e uma das últimas coisas que os irmãos Routledge precisavam nesse momento era a polícia indo atrás deles. JJ afirmava que precisava levar o revólver, argumentando que, se encontrassem Kooks ou os traficantes novamente, poderiam ao menos ter uma tentativa de se defender. Em um movimento rápido, John B arrancou a arma de JJ, guardando-a no porta-luvas. O loiro começou a reclamar baixo, pegando seu crachá de funcionário. Pulando para fora de Twinkie, o garoto caminhou em frente aos amigos, os guiando.
— Para onde estamos indo? — Pope perguntou, curioso.
— Vamos usar a internet, porque só os ricos têm eletricidade — explicou JJ.
Os Pogues continuavam a seguir Maybank, que os levava para o hotel na tentativa de conseguir internet para procurarem informações de como achar o Royal Merchant, mas tinha outra coisa em mente: descobrir o máximo de informações possíveis sobre James Thornton. Mesmo que achasse que não seria muito difícil descobrir coisas sobre um dos homens mais importantes de Outer Banks, a coisa mais importante para ela era saber se ele realmente batia com o homem que estava junto com a sua mãe na foto, pois, se as fotos não combinassem, seu plano iria por água abaixo.
Quando se aproximou do hotel, seu celular apitou com as notificações pendentes, já havia trabalhado lá algumas vezes. Arrancando seu celular do bolso, ela entrou em todas as redes sociais possíveis a procura de alguma imagem do homem mais novo e que fosse compatível com a que ela tinha em casa, estava sendo um pouco mais difícil do que ela imaginava, já que as redes sociais de Thornton, na maioria das vezes, eram sobre sua empresa, mas, rolando um pouco o Instagram de sua esposa, ela achou a foto que ela poderia considerar premiada, em que mostrava James Thornton igualzinho ao homem que estava com sua mãe.
estava tão focada em stalkear o seu suposto pai que nem reparou quando já estavam na sala dos computadores onde os seus amigos estavam procurando sobre as coordenadas do Royal Merchant naufragado. A garota apenas se apoiou na parede em um canto da sala, focada em seu celular. Ao pesquisar o nome do homem no Google, ela achou algumas reportagens locais, apenas falando superficialmente sobre a vida do homem, nada que realmente importasse para ela.
! — Kiara a chamou. — Vamos!
desligou o celular e caminhou até os amigos de volta para a Kombi, onde eles comentavam algo sobre um drone, a deixando completamente confusa sobre todo o assunto. Até tentou entender toda a conversa, mas desistiu no meio do caminho.
Pope teve que explicar todo o plano separadamente para a garota, a fazendo entender que o drone aquático, que estava no ferro-velho, seria para encontrar o barco naufragado e que a única coisa que e Kiara precisavam fazer era tentar distrair o segurança do local para os garotos entrarem e conseguirem pegar o equipamento.
— Os humanos são os únicos animais que não diferenciam a fantasia da realidade — Pope murmurou.
— Você inventou isso, Pope? — perguntou John B.
— Albert Bernstein falou isso, mas se aplica direitinho à nossa caça ao tesouro — disse Pope. — Então, fantasia ou realidade?
— Fantasia, mas provavelmente realidade — Kiara falou, sorrindo.
— Pope, por que você é tão estranho, cara? — JJ disse, terminando de enrolar o baseado de maconha.
— Realidade — John B concluiu, sorrindo para a irmã, que sorriu de volta.
— Não perde o foco — Pope falou, jogando o baseado do loiro para longe. — Realidade? É sério? — o garoto reclamou.
— De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de lidar — falou , sorrindo, enquanto olhava para o amigo.
— Você acabou de citar Sócrates para mim? — Pope disse, incrédulo.
— Desde quando você sabe algo sobre Sócrates? — Kiara perguntou, confusa.
— O quê!? Eu gostava das aulas de filosofia — deu de ombros.
— O professor era literalmente a versão masculina e mais velha da — comentou John B, rindo.
Minutos depois, as garotas desceram da Kombi, repassando o plano e o que cada uma falaria. John B e JJ ainda não pareciam gostar muito da ideia, mas era a única chance que tinham para pegarem o drone. Maybank falou mais uma vez para as garotas tomarem cuidado, as duas assentiram, começando a caminhar em direção à entrada do ferro-velho e os meninos correram para se esconder.
— Olá, pode nos ajudar? — Kiara perguntou para o segurança que se aproximava delas, as encarando do outro lado da grade.
— Claro, o que precisam? — perguntou o homem.
— Bem, a gente acha que o pneu do carro furou, a gente não sabe trocar — disse, fingindo estar tímida.
— Claro, garotas, eu ajudo vocês — o segurança falou, Kiara e fingiram um sorriso meigo enquanto ele voltava para buscar uma caixa de ferramentas.
— Foi facinho — falou, baixo, sorrindo para a amiga.
— Que otário — sussurrou Kiara, fazendo rir, desviando o olhar para onde os seus amigos estavam escondidos.
JJ assistia a cena sem ao menos piscar direito, os três garotos se escondiam atrás de algumas latarias de carros antigos, esperando o momento certo para poderem entrar no ferro-velho sem serem vistos.
— E como estão as coisas entre você e a Kiara? — JJ perguntou, olhando para John B.
— Ah, nem um pouco estranhas — John B disse.
— Eu e Pope tínhamos certeza que ela estava afim de você — JJ riu —, então ela te deu um pé na bunda mesmo?
— É, com toda certeza ela deu — John B respondeu, rindo sem humor.
— Talvez ela goste de outra pessoa — falou Pope, dando de ombros, se virando para JJ. — E você e a ?
— O que tem eu e a ? — o loiro disse, nervoso.
— O que tem JJ e ? — John B perguntou ao mesmo tempo.
— Ah, sei lá, vocês estão mais próximos, dormiram juntos ontem, vocês sempre flertam, achei que estava rolando algo e tem o fato da tensão sexual estranha entre vocês — Pope disse e, pela primeira vez, John B tirou os olhos das duas garotas, encarando JJ.
— Não rola nada, cara! — JJ se apressou a falar. — A gente dorme na mesma cama desde os sete anos, ela estava bem. Não me levem a mal, não vejo a assim, não acho que ela combine comigo, sou mais de aproveitar o momento.
— É melhor mesmo — John B murmurou, voltando o olhar para Kiara e .
JJ tinha a certeza que já estava se perdendo em sua própria mentira, sentiu ser salvo quando viu o portão ser aberto, fazendo ele e os garotos correrem para dentro do ferro-velho. Ele não conseguia parar de pensar na mentira que contou para John B e Pope, talvez ele não devesse encarar aquilo como uma mentira, mas, sim, apenas como uma forma de não ser morto pelo seu melhor amigo.

***


Havia escurecido, pela janela de Twinkie, ela conseguia ver as estrelas brilhando em meio ao céu. JJ terminava de contar sua história de como ele havia fugido do cachorro no ferro-velho, assim que eles estacionaram em frente ao The Wreak. sorriu em animação, sentiu seu estômago roncar por causa cheiro da comida, não se lembrava qual tinha sido a última vez que havia comido um alimento que não fosse um macarrão instantâneo, um sanduíche ou cereal velho.
— Roubar um drone me deixa com fome — comentou Kiara, entrando no restaurante.
Os pogues entraram no The Wreak, o restaurante estava totalmente vazio, visto que já estava tarde e provavelmente os pais de Kiara já estavam arrumando as coisas para fechar o estabelecimento. Carrera foi em direção aos pais enquanto os quatro esperavam apoiados na janela, recebendo um olhar não muito gentil dos pais da amiga. Eles apenas acenaram para o casal, os encarando como quatro cachorrinhos perdidos que não comiam há dias.
— Vão sentar! — Kiara disse, fazendo os Pogues comemorarem.
se sentou entre John B e JJ, não demorou muito tempo para ganhar um pote de batatas-fritas, o qual ela devorava rapidamente, juntamente com os garotos que também receberam suas próprias comidas.
, presta atenção! — John B a chamou, mostrando que iria jogar uma batata frita. Ela acenou com a cabeça, fazendo o irmão jogar em sua direção e ela pegar com a boca, fazendo os dois gritarem, animados.
— Consegui! — falou, fazendo um high-five com o irmão por cima da mesa.
— Não brinquem com a comida! — Kiara os repreendeu.
Kiara terminou de servir os amigos, deixando a jarra de suco em cima da mesa. Ela ligou o rádio, que estava em cima da bancada do restaurante, e começou a dançar ao som de “It's Never Enough” do Audiodub, puxando John B para dançar junto a ela de forma engraçada no meio do restaurante, o que fez rir. A Routledge reparou no olhar estranho de Pope para os dois que dançavam e guardou isso em sua cabeça para questionar o motivo para o amigo no momento certo.
— Está bem, ? — JJ perguntou, a garota assentiu deitando a cabeça no ombro dele. — O que aconteceu no hotel? Você não saiu do celular.
— Saudades da internet — mentiu . JJ também apoiou a cabeça nela.
JJ e perceberam os olhares de John B para eles, fazendo a garota franzir as sobrancelhas, confusa. Maybank sabia que, a partir de agora, ele teria John B o vigiando em qualquer tipo de interação que tivesse com . JJ poderia estrangular Pope por ter dito aquilo em frente de John B.
— Ei, Pope? Dança comigo? — perguntou, sorrindo, se levantando da cadeira. O garoto fez uma careta em negação enquanto continuava comendo sua comida.
— Eu recuso sua oferta gentilmente — Pope disse, enquanto a garota fazia biquinho, dramaticamente. — Por favor, Pope.
sentiu JJ segurar a sua mão e arrastá-la para perto de onde John B e Kiara estavam.
— Estou te salvando dessa, cara! — JJ disse para Pope.
— O que seria da minha vida sem você? Te devo uma — Pope dramatizou, fazendo lhe enviar o dedo do meio.
O loiro começou a mexer os ombros de forma engraçada, fazendo rir, a garota começou a se movimentar de um lado para o outro, dançando junto. JJ rodopiou e a garota copiou o ato, fazendo o loiro rir enquanto girava.
— Você nunca dança comigo — disse.
— Bem, eu estou aqui — disse o garoto. — Me senti ofendido por não ter sido convidado — dramatizou.
Os olhos de se encontraram com os azuis de JJ. A garota tinha certeza que os olhos de Maybank eram sua kryptonita, conseguia sentir seu mundo parar apenas de o ter a olhando com aquele tom específico de azul, o qual poderia jurar que era único no mundo todo.
— Afasta — John B disse, empurrando levemente o loiro para para trás, fazendo rir, tímida.
se aproximou de Pope, sentando ao lado do garoto, que ainda encarava Kiara e John B conversando. A única coisa que o tirou do transe foi pegando uma das batatas fritas dele.
A noite continuou com os Pogues comendo, conversando e rindo no The Wreak e no final ajudando Kiara a limpar todo o local.

***


No dia seguinte, a garota acordou mais cedo que John B, deixou um bilhete dizendo que teria que trabalhar, o que era uma mentira, pois a única coisa que tinha em sua mente era falar com James Thornton. Ela tinha passado horas se revirando em sua cama durante a noite, imaginando cada coisa que falaria para o homem e o que responderia caso ele perguntasse algo. não iria exigir muito, apenas queria um pouco de dinheiro — algo que o homem tinha aos montes —, algumas contas estavam atrasadas e eles precisavam fazer compras no supermercado.
A garota pegou suas coisas e seu skate, indo até o Figure Eight, repassando mais uma vez em sua cabeça o que falaria.
Uma das muitas coisas que JJ já havia aconselhado fora como mentir. O garoto sempre dizia para manter a confiança e acreditar na própria mentira, não que ela precisasse mentir para James Thornton, mas precisava pensar rápido.
Assim que ela parou em frente à grande mansão dos Thornton, ela respirou fundo, pensando se realmente deveria fazer aquilo, ainda dava tempo de dar meia volta e ir para casa, mas, quando se deparou, já tinha batido na porta da casa, que foi atendida rapidamente por uma mulher de cabelos escuros, olhos castanhos, vestindo uma roupa de marca chique. reconhecia a mulher, Cynthia Thornton era esposa de James e mãe de Topper.
— Os filhos dos funcionários devem entrar pela porta dos fundos — ela falou grosseiramente. teve que segurar a sua vontade de revirar os olhos.
— Não sou filha de nenhum funcionário, na verdade… — começou a falar, mas foi interrompida.
— Não. Não estamos fazendo doações no momento, desculpe — Cynthia cortou a frase da garota.
— Com licença, senhora Thornton. Mas não vim pedir nenhuma doação — falou, olhando para a mulher. — Tenho assuntos pendentes com o senhor Thornton.
— O que você quer com o meu marido? — Cynthia perguntou, curiosa.
— Como eu disse, meus assuntos são somente com James Thornton. — reparou que a mulher a encarava, confusa. — Se tiver alguma dúvida, fale para ele que Routledge está aqui, ele saberá com quem irá falar — a garota falou, convencida.
— Está bem, entre, ele está no escritório — a mulher falou, finalmente dando passagem para a menina entrar, a guiando para o escritório do homem.
A casa era enorme, tão grande quanto a casa de Kiara. olhava para todos os lados, analisava os vasos, quadros e o lustre enorme pendurado no teto, a mulher encarava a garota como se ela fosse roubar algo, mas não parecia ligar para isso. Passando pela sala de estar, viu Topper a observando, confuso, ao ver a Routledge sendo guiada pela mãe dele, o que fez a garota engolir seco, com medo de ser enfrentada pelo garoto futuramente.
bateu à porta do escritório, ouvindo um "pode entrar". Assim que adentrou o cômodo, ela fechou a porta, encarando o homem que nem a olhou, ele estava ocupado demais assinando alguns papéis.
— Olá, pai, quanto tempo, não é? — ela sorriu um pouco mais grossa e irônica do que realmente gostaria.
— Me perdoe, acredito que esteja me confundindo com alguém — ele riu, negando com a cabeça, ainda sem tirar os olhos dos papéis.
— Por favor, James, sabe que não estou te confundindo com ninguém — suspirou, fazendo o homem erguer a cabeça rapidamente com um olhar confuso.
James Thornton encarou a garota de cima a baixo, analisando suas roupas e principalmente o seu rosto. O homem parecia estar paralisado, não conseguia nem ao menos raciocinar a figura da garota em sua frente, em seu rosto surgiu um pequeno sorriso nostálgico, mas sua feição se fechou novamente.
… — ele falou, parecendo ainda estar em transe — está igual a ela. — O homem falou. — Sinto muito pela sua mãe e pelo seu tio também.
— Um pouco atrasado para isso, mas obrigada — a menina suspirou, tentando não pensar muito em sua mãe ou em Big John. — Agora, James, temos que tratar de negócios.
— Sabe, sempre achei que esse dia chegaria, mas eu jurava que iria demorar mais — ele comentou, a garota ignorou a frase.
— Preciso de dinheiro — disse, sem devaneios.
— E por qual motivo eu pagaria algo para você? — o homem perguntou.
— Porque você tem muito dinheiro e é meu pai — ela deu de ombros, fazendo o homem rir. — Eu também poderia dizer que você é um homem de respeito, mas não sei se realmente acredito nessa parte. Mil dólares por mês, apenas — disse, simples.
— Para que todo esse dinheiro? — o homem perguntou, confuso.
— Eu meu irmão somos órfãos, nosso guardião legal não ‘tá nem aí para nós, o conselho tutelar está atrás da gente, a conta de água está atrasada e, antes de vir para cá, a única coisa que eu tinha para comer era um cereal que estava vencido. Você realmente me pergunta o que eu vou fazer com mil dólares? Por Deus! Para um homem tão rico, você é um mão de vaca — reclamou a garota.
O homem a encarou com pena, que fez a garota revirar os olhos, estava estressada, sentindo o nó se formar em sua garganta, se arrependendo amargamente por ter aparecido na casa do homem, queria pedir para James esquecer da existência dela e deixá-la ir embora, mas, embora quisesse fazer isso, ela precisava do dinheiro mais do que qualquer coisa.
— Não consegui tudo que tenho gastando meu dinheiro com qualquer coisa — explicou o homem.
— Você gastou 200 mil dólares em um Malibu-24 MXZ para o Topper! E não quer me dar mil pratas? — disse, incrédula.
— Entende de lanchas, ? — perguntou o homem, mudando de assunto.
— Você adora fugir do assunto, não é? — a garota falou, estressada.
— O que você acha de fazermos um acordo diferente? — o homem perguntou, a garota assentiu, o esperando falar. — Você pode vir aqui uma vez por semana, me pedir um valor até duzentos dólares.
— Mas, se eu vier aqui toda semana e pedir duzentos dólares, vai dar mil no final do mês — concluiu a garota. — Não é mais fácil você só me dar os mil dólares?
, você não acha que minha mulher vai reparar se sumir mil dólares da minha carteira? — o homem perguntou. — Eu não ando com muito dinheiro vivo e eu tenho quase certeza que você não tem um cartão de crédito.
— Sua mulher olha sua carteira? Achei um pouco obsessivo da parte dela — comentou , o homem a ignorou.
James abriu a carteira, lhe entregando os duzentos dólares, fazendo a garota tentar reprimir o sorriso. Ela realmente não achou que seria tão fácil, tinha sido algo confuso, imaginava o homem de outra forma, achou que ele a expulsaria e seria extremamente grosseiro, mas ele tinha sido estranhamente gentil. Agora, tinha certeza que iria economizar esse dinheiro e, talvez assim, de alguma forma, conseguiria fazer ela e seu irmão não serem enviados para lares adotivos.
— Foi um prazer fazer negócios com você, senhor Thornton — disse, pegando o dinheiro em cima da mesa, caminhando até a porta.
? — Thornton a chamou. — Talvez, se você quiser, podemos jantar só eu e você, seria bom eu saber um pouco como você está, se você estiver se sentindo meio sozinha…
— Não se preocupe, James, eu já tenho minha própria família — disse —, mas quem sabe um dia, uma comida Kook de graça não seria nada ruim — falou, saindo do escritório.

Capítulo 8

— Eu não acredito que você fez isso sem me consultar primeiro! — Pope disse, incrédulo.
A garota estava sentada ao lado de Pope, na loja da família do garoto. Foi a única coisa que conseguiu pensar após sair da casa de Thornton, ela foi até o Heyward contar tudo que havia feito e falado. A expressão de Pope não era nada boa, ele não havia gostado do que a amiga tinha feito, ele tinha lhe dado um sermão enorme sobre como isso tinha sido uma ideia burra. demorou alguns bons minutos para contar tudo que aconteceu, pois Pope nunca a deixava terminar de falar.
— Eu sei, foi uma tremenda burrice, mas deu certo — a garota falou.
— Certo? — ironizou o amigo. — Mil dólares por mês para ele não é nada, !
— Eu sei, mas eu não sabia quanto pedir! — reclamou. — E como eu iria aparecer com mais de mil dólares para o John B? Ele iria me perguntar da onde eu tirei e não quero contar para ele, não agora. Você acredita que ele até me chamou para jantar?
— Quem te convidou para jantar? — JJ falou, se aproximando dos dois.
A voz de JJ fez a garota paralisar, ela encarou o amigo em busca de uma resposta rápida, não estava nos planos da garota comentar sobre ela ser filha de James Thornton para ninguém que não fosse Pope. Ela confiava em todos os seus amigos com a sua vida, mas aquilo era tão confuso para si mesma, que não saberia como contar toda essa confusão para os Pogues e, conhecendo toda a ambição de John B, ele iria fazer de tudo para arrancar qualquer moeda do homem e não tinha certeza se queria passar por tudo isso agora.
— O cara do Kegger — Pope disse, de forma rápida.
— Não pode sair com aquele babaca! — protestou JJ.
— Ele nunca agiu como um babaca — falou, olhando o garoto. — Mas eu não vou sair com ele — afirmou, olhando para o Heyward.
Pope foi rápido em desviar todo o assunto, começando a explicar para a garota sobre o drone ou ROV — como Pope preferia chamar —, os fazendo mudar de assunto. Os dois garotos explicaram todo o plano de John B para e o motivo de eles precisarem de um advogado ou algo do tipo, mas a garota ainda pensava demais sobre o assunto de James Thornton, que mal se deu o trabalho de prestar atenção no assunto dos garotos.
se apoiou no balcão da loja dos Heywards, ouvindo os dois falarem sem parar sobre o drone, até que o pai de Pope apareceu no local. Eles ficaram em silêncio, encarando o homem, que os olhava com um olhar que dizia: "o que vocês estão aprontando?". O silêncio continuou, até JJ começar a falar sobre gaivotas para contornar a situação, mas o Sr. Heyward não pareceu acreditar nem um pouco no assunto do loiro. O homem apenas colocou algumas sacolas sobre a bancada, em frente à , ordenando Pope a fazer as entregas. e JJ se encararam por alguns segundos até concordarem silenciosamente em ajudar Heyward.

***


Os três navegavam sobre as águas em direção ao Figure Eight para fazer as entregas da loja do Sr. Heyward. Pope dirigia o barco de seu pai, JJ e estavam do lado do amigo, conversando sobre como o lado rico da ilha estava mil vezes melhor do que o cut. nem sequer tinha reparado como o lugar estava limpo e com pouquíssimas coisas destruídas, havia energia e tudo estava funcionando normalmente, até o ar daquele lugar parecia estar diferente do que o do cut. Quando foi para a casa dos Thornton, estava tão nervosa que nem reparou nas coisas em sua volta.
— Nem parece que teve uma tempestade aqui — comentou Pope, observando o Figure Eight.
— Eles têm geradores, cara, é sempre assim, já deveria estar acostumado — falou JJ. — Dizem que no cut vamos ficar sem luz o verão inteiro.
— Ser uma Kook deve ser legal — falou Pope.
— Babacas de sorte — disse JJ.
— Se eu fosse uma Kook, eu atropelaria vocês com o meu carrinho de golfe — brincou , fazendo os garotos rirem.
Navegaram por mais um curto período de tempo antes de Pope atracar o barco no porto do Figure Eight. Os adolescentes decidiram que se separar seria a melhor alternativa para terminarem as entregas de forma mais rápida: Pope e iriam juntos por um lado e JJ iria sozinho fazer outra entrega. Se despedindo do loiro, seguindo pelo caminho oposto, que levava para o campo de golfe do Country Club, ou Kook-Lândia, como havia apelidado,
Pope e estavam caminhando com as sacolas em mãos, enquanto conversavam durante o caminho. O sol forte batia em seus rostos, os fazendo ficar mais cansados, por isso, concordaram em caminhar sem muita pressa.
— E aí, cara, quer quanto por algumas cervejas? — Rafe falou, com o taco de golfe em mãos.
— Não estão à venda, se quiser, pode encomendar outras — disse, se colocando centímetros à frente do amigo.
— Se eu encomendar, você vem entregar as minhas cervejas também? — Rafe falou, arrogante.
— Mas vocês têm tantas e nós não temos nenhuma. — Foi a vez do Topper falar, em um tom ameaçador.
— Já foram vendidas — Pope falou. — Agora nos deixem em paz!
— Já foram vendidas? — Rafe perguntou, ironicamente, rindo. — Vocês devem ter roubado isso aí! — O garoto pegou o taco de golfe, rasgando a sacola.
— Que merda! — Pope gritou. — Está me devendo agora!
— Não estou te devendo nada, Pogue imundo — Rafe falou, dando um soco no rosto dele, o empurrando no chão logo em seguida. Ao tentar se levantar, Pope foi acertado com o taco de golfe.
demorou alguns segundos para agir, parecendo não estar preparada para tal situação. Claro que já tinha visto seus amigos se metendo em briga, mas ela nunca havia brigado de verdade, muito menos acharia que teria que defender Pope. A garota se colocou em frente a Rafe, o empurrando fortemente para trás, e o garoto deu um soco perto de sua boca.
— A princesinha Pogue quer brigar? — Rafe perguntou, retoricamente. — Você sabia, , que você até que é bem bonitinha para uma Pogue?
não pensou duas vezes antes de dar um soco no estômago de Cameron, não gostava muito de brigas, muito menos as que a envolviam, porque sempre soube que não era forte o suficiente para se meter em uma, mas, quando viu o garoto batendo em Pope, soube que iria criar problemas. Não se importou nem um pouco com o que o Cameron disse, não se importava muito com o que alguém como Rafe Cameron pensaria e falaria sobre ela, mas nunca permitiria que ele tratasse Pope ou qualquer um de seus amigos do jeito que o estavam tratando. Em resposta ao soco, Rafe a empurrou contra o chão, e ela apertou os olhos com força, sentindo a dor causada pela colisão. Se não fosse por Topper intervindo na briga, sentia que ela e Pope poderiam estar mortos, vendo Rafe sendo puxado dali por Thornton.
se sentou no chão, respirando fundo, sentindo o gosto metálico de sangue em sua boca. A garota passou as mãos trêmulas no local em que Rafe a atingiu um soco, vendo sangue em seus dedos, e se sentiu inútil por não ter conseguido fazer nada para defender Pope, que a ajudou a se levantou devagar, sacudindo a terra de suas pernas e roupas.
— Você está bem? — murmurou, preocupada.
— Meu pai vai me matar — grunhiu Pope.
— Ei, relaxa, eu pago por isso, não se preocupe — falou, tentando não demonstrar a dor em sua voz.
— Merda, , sua boca — Pope disse, nervoso, olhando para a amiga.
— Vamos apenas voltar para o barco, depois resolvemos isso — a garota suspirou, andando de volta para o porto.
Os dois caminharam até o barco em silêncio, esperando JJ voltar. estava no convés do barco, sentindo a pequena brisa bater em seu rosto, molhando a ponta de seus pés na água gelada, a calmaria ajudava a amenizar a dor que estava sentindo.
Quando JJ chegou, se apressou em jogar seu cabelo em frente de seu machucado na tentativa de esconder a pequena lesão.
— Cara, foram os melhores cem dólares que eu já recebi! — JJ disse, animado, parando de falar, ao reparar o clima estranho que se alastrava no barco. — O que aconteceu? — O loiro se aproximou de Pope, tirando o boné de sua cabeça e vendo o machucado no rosto do amigo. — Caralho! O que aconteceu com o seu rosto? Quem fez isso?
— Rafe e Topper — respondeu Pope.
JJ ficou em silêncio por alguns nano segundos, passando os olhos pelo barco, vendo a garota encarando a água, e caminhou até ela, preocupado.
? — JJ caminhou até , que se negava a olhar para ele.
A garota sempre virava o rosto o continuava olhando a maré, pois sabia que, se olhasse para JJ, ela iria se afundar em lágrimas e isso era uma das últimas coisas que ela queria fazer em frente do loiro. Conhecia Maybank o suficiente para saber que ele nunca a julgaria por chorar em sua frente, mas nos últimos cinco dias ela havia chorado na frente dele pelo menos umas três vezes e não estava afim de chorar uma quarta vez.
JJ segurou o queixo de com cuidado, fazendo o rosto da garota se virar para ele, tirando o cabelo dela de cima do machucado. Maybank encarou os olhos dela por alguns segundos antes de passar o dedo suavemente sobre o pequeno corte embaixo da boca da garota, e a mais nova não levou seu olhar até JJ, apenas olhava para baixo, esperando alguma palavra do loiro.
— Vamos acabar com eles, eu prometo — JJ disse, firme, com o punho e maxilar cerrados.
— Podem me deixar em casa, por favor? — murmurou.
JJ assentiu no mesmo instante, deixando um beijo no topo da cabeça de , enquanto caminhava em direção ao volante do barco, começando a navegar até o Castelo.
fazia de tudo para tentar engolir o nó em sua garganta, mas toda vez que o olhar de JJ se repousava sobre ela, sentia aquilo voltar mil vezes mais forte enquanto ansiava cada vez mais apenas poder voltar para casa o mais rápido possível.
, tem certeza que está tudo bem? — Pope perguntou, se sentando ao lado dela.
— Muita coisa aconteceu hoje, Pope — ela suspirou. — Acho que preciso de um tempo sozinha.
Heyward passou o braço pelos ombros da amiga, a abraçando de lado, de forma reconfortante, a fazendo sorrir. Ela já conseguia ver o deque do Castelo, suspirando, aliviada, por estar em casa e podendo tentar se acalmar e colocar sua cabeça no lugar.
Pulando para fora do barco e se despedindo dos amigos, se apressou em correr em direção ao seu quarto, fechando a porta e deitando em sua cama, abraçada com um travesseiro, tentando fazer uma contagem que tinha visto na internet uma vez, que alegava ajudar a pessoa a se acalmar. As lágrimas escorriam sobre seu rosto por causa da frustração, era óbvio que e Pope nunca teriam uma chance contra Rafe, mas do mesmo jeito aquilo a deixava magoada. Estava fazendo de tudo para apenas deixar para lá aquele sentimento ruim que a incomodava tanto. Ter visitado James Thornton mais cedo também não estava ajudando muito, pois, por algum motivo ela não imaginava, o homem havia sido muito gentil. O imaginava a negligenciando, a expulsando do local e sendo um completo babaca igual o filho, mas ainda não entendia porque a incomodava o fato de o homem ser estranhamente gentil.
Respirou fundo mais uma vez e enxugou algumas lágrimas que caíram sobre seu rosto, as últimas lágrimas em seu rosto. Ela se perguntava se deveria esconder o corte com maquiagem, mas, como seus dons não eram muito bons, apenas decidiu dizer que tinha caído de skate, algo que era bem comum na rotina da garota, pois não estava nos seus planos contar o que havia acontecido para John B.
saiu de seu quarto, após alguns minutos trancada no cômodo, procurando o irmão em todos os cantos da casa. Olhando para o jardim, ela assistiu Sarah Cameron conversar sobre algo com John B e um vinco se formou na testa de . Queria poder ouvir o que os dois conversavam, pois nunca imaginou que a garota intitulada Princesa Kook estaria pisando em sua casa. A Cameron jogou um pacote de salgadinho para ele e saiu andando passando pela loira.
— Oi, ! — Sarah disse, sorridente.
— Oi — acenou, levemente, com a cabeça.
— Trouxe isso para você — disse a garota, tirando um pacote de balas de gelatina da sua bolsa, jogando para .
— Ah, obrigada — ela sorriu, confusa, vendo a garota sorrir de volta, se afastando.

***


A mente de sempre se mantinha em uma linha tênue quando se tratava de dinheiro, pois John B e JJ acreditavam que dinheiro poderia trazer felicidade. Kiara não acreditava nisso, mas ela já era rica, então não sentia que poderia confiar muito nos argumentos da garota. Se ela fosse rica, não precisaria trabalhar, sua vida seria muito mais fácil, o que consequentemente a faria feliz, mas dinheiro não iria trazer sua mãe e Big John de volta e nunca poderia comprar as noites em que ela e os Pogues ficaram acordados até o sol nascer, apenas rindo e se divertindo com a companhia um do outro. Por esses motivos, ela nunca soube responder a pergunta.
acreditava no tesouro, achava que realmente poderiam encontrar algo, ela não estava lá pelo possível ouro, tinha aceitado participar daquilo pelo pedido de Big John e pela esperança de John B. Gostava de fantasiar que talvez eles pudessem encontrar o ouro, mas sabia que isso era praticamente impossível de acontecer, então não deixava suas expectativas ficarem muito altas.
Os Pogues estavam em mar aberto, em meio ao oceano, com o barco do Sr. Heyward, em busca do Royal Merchant naufragado. Pope controlava o ROV, John B estava olhando a câmera do drone, JJ dirigia o barco e Kiara e estavam encarregadas de cuidar do cabo que segurava o drone.
— JJ, para aqui — falou John B.
— Beleza, X marca o local. — Disse JJ, controlando o barco.
— Senhoras e senhores, vamos todos virar kooks! — John B sorriu, animado, olhando para a irmã, que sorriu de volta. — Certo, JJ, estamos bem em cima, dez segundos, noroeste.
— 30 metros! — Kiara falou, e, logo após, ela e viram a marcação no cabo do drone. A Routledge fez a marcação com giz.
A maré já tinha começado a mudar e cada vez mais a ansiedade aumentava entre o grupo de amigos, dava para sentir facilmente o clima tenso e um pouco caótico no barco. A corda do drone estava começando a descer com muita rapidez, dificultando um pouco as marcações das duas garotas. Pope e John B não tinham visto nada na câmera do aparelho e já estava começando a se preocupar com a tempestade que estava começando a aparecer em alto mar, fazendo seu coração bater aceleradamente.
As nuvens escuras que estavam pousadas sobre os céus a deixavam cada vez mais tensa, suas mãos tremiam e ela estava começando a ficar desesperada. podia enfrentar seu medo de tempestade trancada dentro de sua casa, mas achava impossível conseguir conter o medo enquanto estava no barco. Quando o barco começou a balançar violentamente, se segurou forte, fechando os olhos enquanto respirava fundo. Um toque reconfortante surgiu em cima de sua mão, a fazendo abrir os olhos, dando de frente com Kiara, que sorria gentilmente.
— Pode entrar, , eu me viro — disse Carrera.
— Não, eu estou… — Antes da garota conseguir terminar a frase, o barco balançou novamente, fazendo a garota segurar o metal com força. — Você consegue mesmo?
Kie assentiu, correu para dentro da cabine onde JJ estava pilotando. A garota se encolheu em cima de um banco, abraçando os joelhos, assistindo o loiro manuseando o barco. Ele olhou para trás, vendo a garota encolhida, e esticou uma de suas mãos, fazendo sinal para ela se aproximar. Assim que segurou a mão de Maybank, ele a puxou, a colocando entre o volante do barco e ele, repousando o queixo no topo da cabeça da garota, como forma reconfortante, tentando acalmá-la do medo.
— Acha que vai demorar muito? — murmurou.
— Para acharmos o ouro ou para a tempestade acabar? — perguntou JJ.
— Os dois, eu acho — ela riu, fraco.
— Éramos para estar bem em cima do ponto marcado — disse JJ, ainda seguindo as instruções de John B, que gritava do lado de fora da cabine. — A tempestade não vai piorar.
— Mas não vai parar — a garota murmurou, frustrada.
Eles ficaram assim por mais alguns segundos, JJ sempre deixava seus braços mais firmes quando sentia que o barco iria balançar, passando segurança para , que estava ficando mais calma aos poucos, mas mesmo assim nervosa por não terem encontrado nada ainda.
! Você precisa ver isso! — gritou John B, fazendo JJ dar espaço para a garota passar, indo em direção ao irmão, que olhava para a tela do drone.
Os olhos da garota brilharam ao ver o Royal Merchant submerso na água, ela nem sequer conseguia acreditar que aquele barco realmente estava ali, até mesmo a tempestade estava começando a ir embora.
— Ai, meu Deus! — disse .
— Vocês estão vendo alguma coisa? — A voz curiosa de JJ foi ouvida.
— É o Royal Merchant — falou John B, sorrindo.
Não demorou muito para toda aquela animação ir por água abaixo, não havia nada naquele barco. conferiu a imagem do drone umas cinco vezes para ter certeza que eles não tinham deixado de ver algo, mas não conseguiu ver nada diferente. O irmão olhou para ela e apenas bufou, Pope tentava animar John B, dizendo que eles deveriam carregar o drone e tentarem de novo mais tarde, mas ele não parecia querer fazer o que o amigo o aconselhava.
também ficou um pouco deprimida, não porque ela tinha muitas esperanças, pelo contrário, ela não tinha nenhuma esperança de encontrar aquele ouro, mas se sentia mal por saber o quanto John B iria se afetar com aquilo. Da última vez que deu tudo errado, ele queimou todas as coisas de seu pai, estava assustada com o que o irmão poderia fazer agora.
Kiara tentava consolar John B, o que não parecia funcionar muito, Pope estava arrumando alguma maneira de ajustar o drone e estava juntamente com JJ na cabine, sentada nos bancos, o assistindo pilotar o barco.
— Não tinha nada lá? — JJ perguntou. — Nem um restinho de ouro?
— Nada, Jay, totalmente vazio — suspirou, desanimada.
— E o que o John B falou sobre o seu… — JJ mudou de assunto, apontando para sua própria boca, tentando falar sobre o machucado da garota.
— Ah, eu apenas disse que caí de skate, ele acreditou numa boa — ela deu de ombros.
Não demoraram muito para chegarem no deque da loja do pai de Pope, onde o HMS Pogue estava. Os Pogues se despediram e os irmãos Routledge seguiram para casa, em silêncio. não sabia o que falar para o irmão, e, mesmo que ela tivesse uma pequena de vontade de falar "eu avisei", não poderia fazer isso, aliás, ela mesma havia fantasiado aquilo por um tempo. Tinha certeza que, se era frustrante para ela, para John B estava sendo mil vezes mais.
— Que merda, Johnny, parece que a gente não acerta nenhuma! — reclamou , abrindo a porta de casa.
— Olá, crianças — disse a assistente social. teve certeza que sua cabeça começou a doer só por causa da voz da mulher.
— Sabe, Cheryl, é uma péssima hora para visitas — falou John B, sentado à mesa da cozinha.
— Não estamos aqui para visita, vamos levar vocês — disse a mulher.
— Hoje? Sério? — perguntou . — Já esperou um tempão, espera mais uma semana, não vai mudar nada — falou, se sentando na cadeira ao lado do irmão.
— Será só umas semanas, até a audiência de vocês — disse Cheryl.
— Claro, a audiência onde decidirão separar eu e o John B — falou, irônica.
— Não, Cheryl, não vamos para um lar adotivo, não iremos participar desse sistema de vocês — falou John B, batendo a mão na mesa. Os dois se levantaram, assustados, dando a volta na mesa após verem um policial se aproximando deles.
— John, , esse é o policial Thomas, ele trabalha com os casos de menores para o departamento da xerife — explicou Cheryl, se levantando do sofá, olhando para os dois adolescentes. — Eu sei que o tio de vocês está no Mississipi, trabalhando em um cassino.
— Olha, isso é meu pesadelo! — falou John B. — É isso, eu quero emancipação, vou cuidar da , sempre cuidei.
— Eu que cuido de você — murmurou a garota, revirando os olhos.
— Emancipação de quem? Não há ninguém além de vocês dois aqui! — a mulher respondeu.
— Queremos asilo, então! — falou rapidamente e o garoto assentiu com a cabeça.
— Com base em quê? — a assistente social perguntou, irônica.
— Com base civil, religiosa, sei lá! — John B disse, revoltado. — Estou me sentindo perseguido pelo sr. Cabeçudo, ali — John B apontou para o guarda.
— ‘Tá me olhando por que, cara? Vai fazer o quê? Me dar um choque com a sua pistolinha de tazer? — perguntou , após se mover e o policial a seguir.
Os irmãos se encararam por alguns segundos, tentando decidir o que fazer. Ela sabia que John B faria algum sinal para ela correr o mais longe possível dali, mas não aceitaria deixar seu irmão ali sozinho. Sentiu seu corpo tremer ao reparar a assistente social se aproximando, provavelmente ela estava estranhando o silêncio dos dois adolescentes. Quando John B deu o sinal, correu e o garoto tampou a passagem do guarda.
— Te encontro no final da estrada, Bird! — gritou , se afastando.
— Pode deixar, Bear! — John B gritou de volta.
A frase era apenas uma referência às histórias que Big John contava para os dois quando eles eram mais novos, Bear e Bird sempre se encontravam no fim de uma estrada quando se perdiam. sabia que John B ficaria bem, por isso agarrou o seu skate, se afastando da casa enquanto o guarda e a assistente social tentavam ir atrás dela, sem perder John B de vista.
— Ei, Cheryl e Thomas! Vão se fuder! — falou, fazendo os dois olharem para ela, então apontou o dedo do meio para os dois, subindo no skate e saindo de lá o mais rápido possível para que não fosse pega.
A Routledge teve certeza para onde iria, mesmo que a casa de JJ fosse um pouco mais longe do que o The Kreek ou da loja dos Heywards, simplesmente parecia certo ir até a casa de Maybank. Ela não ia muito para lá, sabia que Luke, pai de JJ, era um idiota, mas imaginou que ele não estaria em casa, já que normalmente ele nunca estava. Demorou alguns minutos para chegar na casa do loiro, além do nervosismo de não saber como estava seu irmão, também estava com medo de Cheryl achá-la. Quando se aproximou da casa, conseguiu ver JJ atirando em um ursinho de pelúcia, provavelmente com o propósito de treinar a pontaria.
— JJ, que merda você 'tá fazendo? — perguntou, saindo de cima do skate e se aproximando do garoto, que parou de atirar.
! O que você está fazendo aqui? — ele perguntou.
— Fugindo do conselho tutelar — ela explicou, dando de ombros —, mas, enfim, já disse para você não usar essa arma!
— Princesa, se eu não treinar, não vou poder defender a gente — disse JJ, como se fosse óbvio. revirou os olhos.
JJ estava tenso, ela não entendia o porquê de ele estar daquele jeito. Normalmente, quando o garoto se metia em encrenca, não demorava dez minutos para toda a ilha ficar sabendo, mas até agora ela não sabia de nada, ele também não aparentava ter brigado com o pai.
JJ agarrou a arma para poder voltar a atirar, mas, antes que ele pudesse fazer algo, estapeou sua mão, o repreendendo pelo o uso do objeto, enquanto JJ reclamava sobre ela estar xingando, mas a garota parou o seu monólogo ao ver Pope correndo em direção a eles, nervoso.
— JJ! — Pope falou, fazendo o garoto parar de reclamar do sermão de e olhar para o amigo — Eles sabem!
— Quem sabe o que? — perguntou, confusa.
— Não, cara, eles não sabem — Afirmou JJ.
— O que 'tá acontecendo? — reclamou, chamando a atenção dos dois garotos.
— A gente fez merda. Eu fiz, a ideia foi totalmente minha — falou Pope, nervoso, apenas franziu as sobrancelhas, fazendo sinal com a cabeça para o garoto começar a falar.
não conseguia acreditar em cinco por cento das palavras que saiam da boca de Pope, estava se sentindo em uma espécie de universo paralelo, pois ela nunca imaginaria que Pope poderia ser capaz de fazer algo parecido; ter afundado um barco por pura vingança, não soava como algo que Pope Heyward fazeria, até cogitou na ideia de ter sido JJ e Pope ter levado a culpa, mas conhecia o loiri o suficiente para saber que ele nunca faria isso, com algum de seus amigos.
— É simples, se eles encontrarem a gente, o que nós fazemos? — Perguntou JJ.
— Negamos a porra toda — Pope falou, e os olharam para — Então, ?
— O que? Topper afundou a própria lancha? — se fingiu de desentendida, fazendo os garotos sorrirem.
— Nós vamos negar, negar, negar. — Afirmou JJ, olhando para os dois.

Capítulo 9

respirou fundo, olhando para o telão onde estava escrito: sessão de filmes de verão em Outer Banks. O pequeno evento consistia em como o nome já dizia: filmes durante o verão. Normalmente, aquilo era um local onde a maioria das pessoas eram Pogues, mas, com o furacão, o pessoal do cut não tinha tempo para filmes de verão, estavam muito ocupados reconstruindo suas casas e trabalhando dobrado, e, por causa disso, o local estava cheio de Kooks.
O grupo andou entre as pessoas sentadas em alguns lençóis e cadeiras no chão, Kiara continuava falando como ela estava feliz de eles não terem cancelado a sessão de filmes, estava preocupada com o seu irmão que não tinha enviado nenhuma mensagem e nada do tipo, também tinha o fato de que JJ e Pope provavelmente estavam sendo caçados por Topper e Rafe.
— De volta à vida normal em Outer Banks, não estão felizes que eu trouxe vocês aqui? — disse Kiara, animada.
— Em êxtase — ironizou Pope.
— Meu sofá estava bem confortável, para ser sincero — JJ falou, entediado.
Kiara avisou brevemente os três que iria comprar refrigerante, enquanto eles iriam organizar as cadeiras e os lençóis sobre a grama. estava ficando nervosa só de olhar para Pope, que ficava olhando para os lados igual a um maníaco maluco.
— Cara, você precisa relaxar — disse, tentando acalmar Pope.
— A gente está praticamente na Kook-lândia, esse é o último lugar que eu quero estar — Pope falou, ansiosamente.
— Calado — disse JJ, rapidamente, enquanto os três assistiam Kiara voltar, com três latinhas de refrigerante, em suas mãos.
— Acabei de falar com o Rafe — Kiara falou, entregando uma das latinhas de refrigerante para — e ele disse: "fala para seu amigo que a gente sabe o que ele fez".
A garota sentiu um leve arrepio de medo percorrer todo o seu corpo. Ela sentiu JJ apertando seu ombro levemente em alguma forma de reconforto, para que ela não precisasse se preocupar tanto, o que, mesmo sendo uma boa intenção, não ajudava muito no momento. se sentou no chão ao lado do loiro enquanto olhava para os lados em busca de Topper e Rafe.
— Onde eles estão? — perguntou JJ, tentando demonstrar calma. Kiara apontou com a cabeça para trás, fazendo os quatro se virarem rapidamente, encarando Kelce, Rafe e Topper, que deu um sorriso meio sádico, fazendo o estômago de embrulhar.
— Ótimo, o esquadrão da morte — comentou Pope.
— Parem de encarar — JJ falou, virando a cabeça de e Pope para a frente. — Só para avisar, se eles me encurralarem, eu vou mandar ver, vou meter porrada. Eu estou nervoso hoje. — Pope assentiu, nervosamente, enquanto o loiro falava. — Se isso não resolver, eu tenho isso aqui — ele levantou a mochila.
— Você só pode estar brincando! — falou, incrédula.
— Não vamos mais andar sem isso — JJ disse, firmemente. — Não vou deixá-los machucarem você de novo.
— Por favor, JJ, me fala que você não trouxe uma arma para cá. Tem criança aqui — Kiara disse, desesperada.
— Eu não trouxe uma arma, ‘tá? — disse JJ, falhando em sua mentira.
— Uau, JJ, obrigada, que convincente. Eu adorei! — Kiara debochou. — Vocês esqueceram da regra primordial? Sem segredos entre Pogues! Do que Rafe estava falando?
engoliu em seco, trocando alguns olhares com os dois garotos antes de Pope começar a falar. Ela desviou o olhar para o trio de Kooks atrás dela, encontrando Rafe os encarando. Ele sorriu falsamente para a garota, passando a mão no próprio rosto, justo no lugar onde ela tinha se ferido durante a briga da última vez. se virou rapidamente, encarando o telão onde passaria o filme, tentando não ficar muito preocupada com a situação, o que era quase impossível, naquele momento.
Todos estavam ocupados demais assistindo ao filme em preto e branco, a noite já tinha caído e a única iluminação mais marcante no lugar era a enorme tela onde se passava o filme. tinha sua cabeça apoiada na coxa de JJ, o qual às vezes brincava de fazer mini tranças em algumas mechas no cabelo da garota, mas ele sempre falhava em uma certa parte do penteado. Ela murmurou em reclamação quando sentiu JJ se movendo para se levantar da cadeira.
— Para onde vocês vão? — perguntou, olhando para JJ e Pope que estavam de pé.
— Precisamos ir ao banheiro — explicou JJ.
— Vão segurar um para o outro? — Kiara debochou, fazendo a amiga rir, enquanto os garotos se afastaram.
O filme em preto e branco continuava, já fazia alguns minutos que os garotos tinham saído, tentava colocar em sua cabeça que ela estava se preocupando à toa. Segundos depois, as duas garotas trocaram o mesmo olhar de preocupação, sentiu um frio percorrer sua espinha ao perceber que Rafe, Topper e Kelce não estavam ali também. Se levantando do chão rapidamente, as duas correram em busca de seus amigos.
A cena atrás do telão era assustadora, sentiu saudades da época em que a pequena guerra entre Kooks e Pogues era apenas xingamentos e às vezes uma pequena briga, agora eles estavam tão agressivos que a garota estava começando a achar que alguém iria parar no hospital. Quando percebeu, estava no meio da confusão, tentando acertar Rafe com a mochila de JJ.
— Está gostando de se meter em brigas ultimamente, não é, Pogue? — Rafe riu, irônico.
Antes que Cameron pudesse fazer algo, lhe deu um chute entre as pernas, ela conseguiu ouvir o riso de JJ no fundo, antes de receber uma rasteira de Topper, a fazendo cair no chão. Ela sentiu sua visão turva por causa da pequena queda, Kiara se ajoelhou do lado da amiga, garantindo que ela estava bem, antes de começar a vasculhar a mochila de JJ em busca de algo que ajudasse os garotos. enfiou a mão em um dos pequenos bolsos da frente, entregando um isqueiro para a amiga, e, segundos depois, o telão onde se passava o filme estava em chamas. Rafe, Topper e Kelce soltaram JJ e Pope, correndo para longe.
— Você 'ta bem? — JJ perguntou, vendo a garota se levantar do chão.
— JJ, você ‘tá todo ferrado, eu que deveria te perguntar isso — ela riu, olhando para o loiro. — Vamos sair daqui.
Os Pogues correram de volta para o carro de Kiara, um completo silêncio se estendeu durante toda a viagem, Pope parecia mais frustrado que nunca, já JJ estava nitidamente com muita raiva. Às vezes, as duas garotas que estavam no banco da frente olhavam para os garotos, tentando puxar algum assunto, que não remetesse à briga, mas eles não pareciam prestar muita atenção. Kiara estacionou o seu Jeep em frente ao Castelo, se despedindo de e JJ, enquanto a morena dava um sorriso confortante para os dois. A Routledge suspirou, preocupada, ao reparar que seu irmão ainda não estava em casa. Rodeou os quartos, escritório e até a pequena despensa que ficava no jardim da casa, tentou ligar para o garoto, mas ele não atendeu e nem retornou.
— Ei, , você precisa relaxar — JJ falou, se jogando no sofá, apoiando a vela sobre a mesa de centro. — John B fugiu, ele deve estar escondido em algum canto sem bateria ou dados móveis.
— Você deve estar certo — a Routledge sorriu, pegando o kit de primeiros socorros e sentando em frente ao garoto. — Eu realmente espero que ele não esteja em um abrigo ou algo do tipo.
Não havia muita coisa para se fazer, mas, como já tinha virado um costume cuidar do rosto machucado do garoto, apenas se certificou de esterilizar algumas pequenas feridas, colocar gelo na bochecha que estava roxa, fazendo JJ reclamar por causa da dor. Também limpou um pouco do sangue que escorria do nariz de Maybank.
— Esse negócio dói — JJ reclamou.
— Fica quieto que eu termino mais rápido — disse Routledge, seriamente.
Maybank poderia jurar que, se se aproximasse mais um pouco, ela conseguiria ouvir o coração dele batendo acelerado. estava concentrada em cuidar do rosto do garoto, JJ não conseguia parar de reparar como ela mordia o interior de sua própria bochecha, parecendo estar concentrada, e como ela pressionava os olhos, pois a iluminação era ruim. A vela em cima da pequena mesa de centro era a única coisa que iluminava todo o cômodo, pois no cut a luz ainda não tinha voltado e a pouca iluminação também não favoreceu muito os sentimentos de JJ naquele momento. Porém, mesmo com a pouca iluminação, JJ conseguia ver os olhos e brilhantes de olhando para ele.
— Jay? — disse, estralando os dedos na frente do garoto. — Alô? Terra chamando JJ! — O loiro piscou algumas vezes saindo do pequeno transe, fazendo a garota rir. — O que tem de errado? Topper bateu na sua cabeça com muita força?
Antes que ela pudesse sequer voltar a falar algo, o loiro apoiou uma de suas mãos na nuca da garota, a puxando para um beijo. O garoto pôde sentir seu corpo queimar, não soube quando o seu desejo por beijar começou, mas, da noite para o dia, ela não era mais a garotinha que ele poderia puxar o cabelo e sair correndo ou a qual ele defenderia dos alunos mais velhos por quererem roubar seu lanche na hora do recreio. Apenas começou a reparar em como não conseguia tirar os olhos dela durante as festas.
Ele sentiu a mão da garota em seu peito, o empurrando para trás. Os olhos de pareciam estar perdidos, ela se levantou rapidamente, se afastando dele, e naquele momento JJ soube que tinha ferrado com tudo.
— Jay, me desculpa — engoliu seco, olhando o garoto em sua frente. — Merda, eu… não é certo, não deveríamos, você sabe, é a regra.
JJ assentiu com a cabeça, levemente murmurando algo como: "Me desculpe, ", caminhando para fora do Castelo, indo em direção à sua própria casa. Ele chutou uma pedrinha solitária no chão enquanto praticamente se amaldiçoava com palavras por ter beijado , não soube dizer o que deu em sua cabeça — normalmente, JJ nunca entendia o que passava em sua própria mente —, apenas pareceu certo, mesmo que não fosse por causa daquela regra ridícula. "Pogue não pega Pogue". Maybank achava aquilo uma idiotice, mas não mudaria nada naquele momento, pois não o queria. Em menos de cinco segundos, ele provavelmente havia estragado a sua amizade com , agora a única coisa que ele poderia fazer era esperar que John B não o matasse.
Como ele poderia ser tão idiota?
Suas bochechas estavam vermelhas, não apenas pela raiva que estava sentindo de si mesmo, mas também pelo constrangimento de ouvir o recusando a minutos atrás, no que ele estava pensando? Em que mundo ele imaginou que estava vivendo para que quisesse beijá-lo também? JJ queria ir até a praia cavar um buraco na areia e se esconder lá para o resto de sua vida ou se jogar no oceano e esperar o mar levá-lo para o mais longe possível.

***


deitou a cabeça no balcão da loja do Heyward's, os quatro haviam combinado de se encontrar ali no dia seguinte. A garota estava exausta, não conseguiu dormir direito à noite por causa de JJ e, quando chegou à loja, apenas se encararam de forma estranha e fingiram que nada aconteceu. Grande parte dela implorou para que não tivesse parado o beijo, fazia meses e meses e, talvez, até um ano que imaginava quando chegaria o dia que ela beijaria Maybank, então, ela se culpava por ter estragado tudo, mas Kiara tinha falado das regras Pogues naquele dia mais cedo, fazendo o lado racional de falar mais alto. Não estavam se evitando por completo, apenas preferiam ficar em silêncio um com o outro, mas, pelo menos, Kiara e Pope não haviam reparado no clima estranho entre os dois. JJ era seu melhor amigo, por isso não queria ficar em um clima desconfortável. Ela conhecia JJ, sabia que ele provavelmente a beijara apenas em um ato impulsivo, pelo menos, era isso que ela gostava de pensar para acalmar um pouco as borboletas em seu estômago toda vez que ela se lembrava do beijo.
Ainda tinha o fato de que estava estressada por ainda não ter tido notícia alguma de John B, o que a deixava seriamente preocupada.
— Não fica chateado, eram três contra dois, isso é bem típico dos Kooks — JJ falou, fazendo Kiara e concordarem. — Como teve a ideia de usar a cabeça?
— Não sei, meio que agi por instinto, sabe, eu era um animal encurralado — Pope explicou, fazendo rir.
, você não ia trabalhar hoje? — Kiara perguntou, olhando para a garota.
— Eu vou à tarde — a garota deu de ombros. — Sabe, os pais querem dar um jeito nos filhos enquanto estão preocupados em se arrumar para a festa do Solstício.
ajeitou sua postura quando viu o sr. Heyward se aproximando deles, franzindo as sobrancelhas. Ao ver o policial Shoupe, atrás do homem, engoliu em seco, sentindo o medo percorrer todo o seu corpo, ela realmente esperava que não fosse nada relacionado à assistência social querendo mandá-la para um lar temporário ou dizendo que John B havia sido pego.
— Ei, Pope, tem alguém querendo falar com você — Heyward falou, olhando para o filho.
— Bom dia, oficial — Pope disse, nervosamente.
— Tenho um mandado de prisão por destruição de propriedade — Shoupe falou, tirando as algemas do bolso. — Mantenha as mãos onde eu possa ver.
— Vai prender meu filho? Por qual motivo? — Sr. Heyward perguntou, preocupado.
— Leia o mandado, Heyward — o policial falou, rude.
e Kiara gritavam com o policial enquanto toda a cena desesperadora acontecia e Pope era levado para fora da loja em direção à viatura. O garoto não expressava muita coisa enquanto era guiado por Shoupe, parecendo estar completamente paralisado com a situação. Quando viu o amigo se aproximando da viatura, ela ignorou tudo que havia acontecido ontem com JJ, agarrou a mão do garoto, escondendo o rosto em seu braço, não querendo assistir a cena de um de seus melhores amigos sendo preso. "Confie em mim", ela ouviu JJ murmurar.
— Não foi ele! Fui eu — JJ falou, soltando a mão de .
— JJ, por favor — a voz de saiu como um sussurro, o qual provavelmente não foi ouvido pelo garoto, nem por ninguém.
Não queria que Pope fosse preso, nunca desejaria isso para seu amigo, na verdade, tinha a completa certeza que Heyward surtaria em menos de cinco minutos depois de ser colocado em uma cela, mas isso não significava que ela queria ver JJ indo no lugar dele. sabia que o loiro defenderia seus amigos até o último segundo e a Routledge odiava amar esse tipo de atitudes de Maybank. Quando JJ tomava uma decisão, nada poderia pará-lo, nem se fosse uma das escolhas mais burras que ele fizesse em toda sua vida. Não adiantava, a teimosia do garoto nunca o faria voltar atrás de algo, principalmente quando isso envolvia seus amigos, porque JJ poderia ser uma bomba de ações impulsiva quando se tratava dos Pogues, pois, para Maybank, seus amigos eram sua família, mesmo que ele nunca admitisse isso em voz alta. Na verdade, ele não precisava, tinha a completa certeza que seus amigos já sabiam.
— Ele foi contra, mas eu estava com raiva, porque ele tinha levado uma surra — JJ falou, se aproximando do policial. — Eu estava tão cansado daqueles babacas do Figure Eight que perdi a cabeça. Não posso deixar você levar a culpa por algo que eu fiz, você tem muito a perder.
sentiu Kiara segurando sua mão, de uma forma de reconforto para ambas, já que a cena era angustiante como o inferno. A Routledge queria gritar com o loiro e, ao mesmo tempo, abraçá-lo por ele ser tão JJ. Ela amava ver como JJ era corajoso ao ponto de se ferrar para ajudar seus amigos, mesmo ele sabendo que provavelmente isso resultaria em uma briga com seu pai depois disso. não conseguia sequer colocar em palavras como ela queria ignorar a noite anterior e todas as regras Pogues que existiam e beijar JJ ali mesmo.
Talvez, o motivo de ela gostar tanto dessa pequena parte da personalidade do garoto era porque ela nunca conseguiria ser tão corajosa a esse ponto, amava seus amigos e faria tudo que estivesse em seu alcance para ajudá-los quando eles precisassem, aliás, ela que pagou para Pope pelas cervejas que Topper e Rafe roubaram deles. Mas também sabia que JJ se sentia totalmente culpado por ter colocado Pope naquela situação, mesmo que não tivesse sido ele que afundou a lancha. Maybank provavelmente sentia que havia influenciado o amigo de alguma forma.
— JJ, o que você ‘tá fazendo? — Pope indagou, encarando o amigo de forma confusa.
— Estou falando a verdade, pela primeira vez na vida eu vou dizer a verdade! — JJ exclamou, sem hesitar por nenhum segundo. — Eu peguei o barco do coroa também — ele disse, se referindo ao pai de Pope, na tentativa de se incriminar mais para o policial. — Ele é um bom garoto, você sabe da onde eu vim.
— Eu sei — Shoupe murmurou, levando o olhar para Pope. — Essa é toda a verdade?
— É sim, eu juro por Deus — JJ falou, rapidamente, mas se calou com o olhar do policial sobre ele.
— Eu sei o que você pensa — Shoupe falou, grosseiro. — Estou perguntando para o Pope.
Era facilmente visível o jeito que Pope olhava para JJ, era um olhar cheio de culpa, arrependimento e medo, para foi fácil perceber como ambos os garotos culpavam a si mesmos pelo o que estava acontecendo no momento, o que era uma grande mentira, porque os únicos culpados ali eram os Kooks. Claro que afundar o barco de Topper não tinha sido a decisão mais racional a ser feita, mas foram eles que tinham começado a guerra.
— Sim, isso é tudo — Pope falou.
JJ olhou para e sorriu para garota, como se quisesse afirmar que iria ficar bem, o que era difícil de confiar. Ela assistiu o loiro ser algemado e colocado dentro da viatura enquanto seus olhos queimavam pelas lágrimas a quais se forçava a segurar, pois ela sabia que, se começasse a chorar, não pararia tão cedo. Os três viram a viatura se afastar da loja dos Hayward's. suspirou pesadamente, pegando o skate que estava apoiado na porta, começando a se afastar dos amigos.
! Para onde você vai? — Kiara gritou, chamando a garota.
— Eu ainda preciso ir trabalhar — Routledge disse, sentindo um grande nó se formar em sua garganta.
seguiu o caminho até o trabalho, tentando fugir do que havia acabado de acontecer, na tentativa de ocupar sua cabeça e não ficar pensando em um monte de coisas.
Remando seus pés no skate, conseguiu chegar ao Country Club mais rápido que o esperado. Ela entrou na sala com uma porta lilás e algumas crianças correram para abraçar a adolescente, que era cumprimentada por alguns colegas de trabalho. se sentou em uma mesa ao lado de Lydia, que tinha por volta de seus quatro anos e um cabelo ruivo; ela brincava de jogo da memória, sozinha.
— Você não parece feliz — comentou Lydia.
— Tive um dia ruim — falou , olhando para a garotinha. — E ontem eu meio que fiz algo ruim.
— Você sempre faz algo ruim — a ruiva comentou, de forma risonha.
— E você nunca tira o calçado para ir na cama-elástica, nenhuma de nós faz coisas boas — brincou, fazendo as duas rirem.
continuou a conversar com a garotinha enquanto esperava ansiosamente o seu horário para sair. Queria saber se John B tinha aparecido, se Pope estava mais calmo e se JJ estava bem, várias perguntas em sua cabeça que ela não sabia responder, o que deixava a garota mais nervosa e ansiosa. Parecia que as horas estavam passando muito mais devagar do que o comum, não importava o quanto ela se esforçasse para não olhar o relógio e ocupar sua mente o máximo possível, não conseguia parar e encher sua cabeça com os vários pensamentos paranoicos e preocupados.

***


Quando finalmente foi liberada, era fim da tarde. se assustou ao ver John B a esperando de braços abertos, com um sorriso no rosto. A garota correu em direção ao irmão, o abraçando animadamente, sentindo um grande alívio percorrer pelo seu corpo, por saber que o irmão estava bem.
— Se eu não estivesse tão preocupada, você apanharia muito agora — ela falou, se soltando do abraço, encarando o garoto que riu fraco. — Eu estou falando sério, John B! Poderia ter deixado um bilhete ou ter pedido para alguém me avisar que tinha escapado! Eu já estava começando a achar que estava morto.
— Me desculpe, ‘tá legal? Vacilei — o garoto falou, tentando acalmar a irmã. — Mas eu descobri uma coisa que você vai gostar, mas precisamos falar sobre isso no Castelo.
franziu as sobrancelhas, confusa, mas logo assentiu, seguindo o irmão até a casa, a garota não poderia negar que o assunto a deixou bastante curiosa, porque mesmo eles não achando o ouro no naufrágio, ela sabia que seu irmão ainda estava empenhado em terminar o que Big John não tinha conseguido terminar. Os dois já conseguiam ver o Castelo à distância enquanto caminhavam calmamente até a casa, eles estavam próximos do galinheiro quando ambos sentiram ser puxados para trás com as bocas cobertas por uma mão.
John B acertou um soco na pessoa que os puxou, o empurrando para o chão e começando uma pequena briga. Demorou alguns segundos até perceberem que era apenas JJ, o loiro olhou para os dois, botando o dedo indicador sobre a boca, sinalizando que era para ficarem em silêncio. Os três se agacharam atrás de alguns barcos velhos, na tentativa de se esconder.
— Estão vigiando a gente — JJ sussurrou, apontando para o carro preto, estacionado, escondido entre as árvores.
— Mas quem? — John B perguntou.
— Eu não sei, me sigam, vamos pelo píer — JJ falou, caminhando ainda meio abaixado. — John B, você ‘tá com a chave do Pogue? — o loiro perguntou, vendo o amigo assentir.
Eles nadaram pelo manguezal, com as mochilas sobre as cabeças, em direção ao cais onde o barco estava. foi a primeira a subir no barco, tentando desamarrar a corda que prendia o barco no cais, John B ligou o motor HMS Pogue, os levando para longe do Castelo. continuava a se perguntar quem era que estaria os espionando e por qual motivo. Não demorou muito para atracar o barco, a garota não reconhecia o lugar, mas parecia um ambiente calmo e vazio, eles se sentaram em algumas pedras grandes e, somente naquele momento, conseguiu colocar a sua cabeça no lugar para reparar os novos machucados no rosto de JJ.
— Primeiro, eu quase fui estrangulado pelos Kooks e agora eu 'tô devendo 30 mil em um maldito barco — falou JJ. — Nós deveríamos fugir para Yucatán. Eu estou falando sério — JJ disse, ajeitando o boné. — Surfar e viver das lagostas que pegarmos.
— Quer fugir porque levou uma surra? — John B riu, fraco.
— Johnny! — o repreendeu.
— Você não viu as fotos — JJ murmurou.
JJ havia explicado sobre as fotos dos cadáveres dos traficantes que perseguiram eles, o loiro disse como as fotos eram nojentas e até conseguiria imaginar como eles estavam, mas se perguntava quem teria feito aquilo com os homens.
— Se estão matando pelo ouro, é porque ainda estão por aí! — John B disse, pulando da pedra que ele estava sentado.
— Você perdeu a cabeça? — JJ gritou, tirando o boné e se aproximando de John B, enquanto assistia a discussão, assustada, sem saber o que fazer. — Faz cem anos, cara! Cem anos que tentam achar o ouro do Royal Merchant e ninguém conseguiu! Se você continuar desse jeito, vai acabar como seu pai. — arregalou os olhos, ao ver John B empurrando JJ.
— Eu não posso desistir, JJ! — John B falou, agarrando a blusa do loiro. — Na última vez que eu o vi, nós brigamos e depois ele pegou o nosso dinheiro, indo atrás do Royal Merchant — John B falou, levando o olhar para . — Eu disse que ele era um pai de merda e o resto você já sabe.
— Não é nossa culpa, Johnny — murmurou. — Ele iria de qualquer jeito.
— Não importa de quem é a culpa, — ele falou, com a voz começando a falhar. — Não podemos desistir da caçada, temos que ir atrás disso, ele é nosso velho — ele riu, fraco. — Precisamos fazer isso.
suspirou, encarando o chão, tentando achar algum argumento plausível contra o de John B, mas, para sua infelicidade, ela não encontrou nenhum bom o suficiente. Aliás, John B estava certo, eles tinham que ir atrás disso pelo pai deles. Ela sorriu para o irmão, mostrando que concordava com ele, fazendo o garoto sorrir em animação. Os dois dirigiram o olhar para JJ, que encarava o mangue.
— Eu tenho um plano, você vem ou não, JJ? Quatrocentos milhões, quanto você deve de indenização? — John B perguntou, fazendo o loiro bufar enquanto pegava a mochila.
— Não temos nada a perder, não é? — JJ falou, caminhando em direção ao barco, enquanto os Routledge faziam um high-five.
Os três voltaram para o HMS Pogue, sentada no convés, sentindo a leve brisa bater em seu rosto, enquanto John B pilotava o barco e JJ conversava com o amigo sobre algo. A garota sabia que em alguma hora teria que falar com JJ sobre o beijo, mas não achava que agora seria a melhor hora para essa conversa, não quando o rosto dele estava todo machucado por causa da briga que ele teve com o pai.
John B atracou o barco no Figure Eight, já estava anoitecendo, o que fazia as luzes da casa onde acontecia a festa do solstício brilharem muito mais. achava aquilo injusto, para dizer o mínimo, o cut estava completamente sem energia enquanto os Kooks vestiam vestidos bonitos e faziam festas caras.
— Dá para acreditar nessa merda de solstício? — John B falou, olhando para a festa.
— Claro. Acontece todo ano, não importa se o resto da ilha está ferrada — JJ falou, descendo do barco.
— Será que ter empatia pelo resto das pessoas é muito difícil para eles? — murmurou, segurando a própria mochila. — Então, qual é o plano Johnny?
— JJ tem que entregar isso para Sarah — o garoto falou, entendendo um pequeno papelzinho dobrado para o loiro. — E vocês não podem ler.
— Sarah Cameron? — encarou o irmão, confusa, se aproximando do loiro, que abria o papel.
— Quem é Vlad? — JJ perguntou.
— Você nunca me ouve? — John B reclamou.
— Você está afim da Sarah? — olhou para o irmão, com cara de contragosto. — Como vai falar isso para a Kie?
— Escutem! Eu ‘tô fazendo isso pela gente, beleza? — John B falou, entregando um uniforme de garçonete. — , o seu trabalho é não deixar a Kiara ver JJ entregando o papel para Sarah.
— Quando a Kie descobrir, é melhor me deixar fora dessa — falou, antes de se afastar dos dois garotos para se vestir.
tentou se ajustar no vestido preto do uniforme, ainda imaginando como John B tinha se metido com Sarah Cameron, não estava com uma boa sensação sobre tudo aquilo, se aproximar dos Kooks era praticamente cavar sua própria cova, tinha sido o próprio John B que tinha ensinado isso para ela, e também tinha o fato de Kiara odiar a Cameron. A Routledge realmente esperava que o irmão não estivesse gostando de Sarah Cameron.
— Vamos, ! — JJ falou, chamando a atenção da garota.
riu, vendo o loiro usando uma camiseta social branca, uma bandeja entre os braços e uma gravata borboleta que estava toda torta, começando a andar em direção à festa. JJ parecia estar nervoso mesmo não querendo demonstrar muito, mas a Routledge não conseguia parar de reparar em como ele sempre estava ajeitando o cabelo de forma nervosa, secando as mãos suadas em suas próprias roupas ou até mesmo ficando muito em silêncio, o que não era algo muito comum em Maybank. parou em sua frente sem olhar para o seu rosto, fazendo o garoto franzir as sobrancelhas enquanto ela começava a tentar ajeitar a gravata borboleta dele.
— Estamos bem, não é? — a garota murmurou, ainda sem olhar para o rosto do garoto.
— Claro, — JJ riu ao reparar a preocupação dela, fazendo olhar para o rosto dele, encarando o olho roxo. — Não se preocupe com isso, tudo bem?
Routledge não soube dizer se a frase era em relação a eles ou sobre o rosto de JJ, talvez ele estivesse falando sobre as duas coisas. Os dois seguiram em direção à festa do solstício, entrar tinha sido incrivelmente mais fácil do que sequer imaginou, mas rapidamente ambos se separaram. A garota foi em direção à Kiara, já JJ, se colocou entre as pessoas rapidamente.
— Como você veio parar aqui? — Kiara perguntou, sorrindo animadamente para a amiga.
Kiara parecia estar mil vezes mais feliz e aliviada por encontrar outra pessoa conhecida ali, sabia que sua amiga odiava aquele tipo de coisa e como Kiara não se dava bem com nenhum Kook, ela gostava de ver seus amigos por ali, mesmo que eles estivessem trabalhando.
— Senhorita, aceitaria uma bebida? — brincou, esticando a bandeja vazia para a amiga.
— Claro, a mais cara que você tiver — Kiara riu, entrando na brincadeira da garota, mas ambas pararam de sorrir quando ouviram alguém tossir atrás delas, tentando chamar a atenção de ambas.
— Kiara, pode vir comigo, por favor — o Sr.Carrera falou, fazendo a filha resmungar em descontentamento, olhando para a amiga como um pedido silencioso de desculpas, antes de se virar, seguindo o pai dela.
olhou para os lados à procura de JJ, entrando dentro da casa à procura do garoto, mas sua atenção se desviou, a fazendo olhar para toda a festa, as comidas caras que serviam, os lustres brilhosos e enormes, como as pessoas estavam muito bem vestidas e como aquelas roupas poderiam pagar o aluguel de sua casa. Ela tomou um leve susto quando sentiu alguém segurando seu pulso e, olhando para trás, ela encarou James Thornton. O homem usava um terno bege, juntamente de uma camisa branca, encarando a mais nova de forma confusa, o que fez o encarar da mesma forma.
— O que está fazendo aqui? — ele perguntou, sério.
— Trabalhando. Eu sou pobre, lembra? — respondeu. — Aliás, se quiser pagar meus duzentos dólares adiantado, eu agradeceria.
— Claro, vou dar seu dinheiro adiantado, quem sabe assim você ajuda a pagar a fiança do seu amigo — Thornton ironizou.
— Se o seu filho não fosse um babaca, isso nunca teria acontecido — a garota falou, com raiva.
JJ era arrastado por um segurança para fora da casa, o que chamou a atenção de todos os convidados da festa, principalmente de . O loiro sorriu para ela, fazendo sinal para demonstrar para a garota que ele tinha cumprido o plano. Ela olhou para James, que encarava JJ, com uma feição a contragosto, assim como a grande parte dos convidados que estavam na festa. se afastou do homem, correndo entre as pessoas, não se importando em quem ela esbarrava ou se alguém tinha derrubado alguma bebida por causa dos leves empurrões que ela dava para poder sair do local.
— Ei, Rose! Você está igual a estátua da liberdade — falou, rindo, passando ao lado da mulher, dando de frente com o segurança que arrastava JJ. — Desculpa, cara, esqueci de te avisar que eu invadi a festa.
O segurança não pareceu entender no primeiro segundo, mas logo a agarrou pelo braço igual fazia com JJ, empurrando os dois para fora da festa. sentia seu braço doer um pouco por causa da força que o homem usava enquanto praticamente os arrastava para fora.
— A gente sabe andar sozinho — JJ reclamou, se soltando. — Ei, cara, posso pegar um pouco disso? — o garoto falou enquanto roubava alguns docinhos de uma bandeja e os comia.
— Não pode fazer isso! Não podem os expulsar. Eu os convidei — Kiara gritou, fazendo o segurança se virar em direção a ela. conseguia ouvir os murmúrios da mãe de Kiara, a xingando e a mandando não falar nada, mas a garota parecia ignorá-la. — Eu sou membro desse clube! — JJ empurrou o segurança, o fazendo esbarrar em uma mesa, derrubando vários copos no chão. O loiro agarrou a mão de .
— Kie, nós vamos para o Rixon's, Pope, você também! — JJ falou, animadamente, ainda segurando a mão da garota, a puxando em direção à saída.
— Rixon's Cove, vamos! — chamou os amigos, encarando principalmente Kiara, como se motivasse a amiga a segui-los.
— Trabalhadores do mundo. Tirem suas correntes! — JJ gritou.
JJ e correram em direção a John B, que os esperava na parte de fora da festa com os braços abertos e um sorriso animado. A garota sorriu de volta para o irmão, vendo o garoto fazer um sinal de contingência para os dois em sua frente, que ajeitaram a postura, imitando o ato do garoto.
— Coronel — JJ e disseram, juntos.
— Capitã e capitão.
— Missão comprida, senhor — JJ falou.
Novamente, sentiu sua mão sendo puxada por JJ, que a rodou como se eles estivessem em uma dança. A garota olhou para trás, vendo Pope e Kiara se aproximarem deles, correndo, sorridentes. Kie abraçou a amiga, com uma risada contagiante, encarou Topper e Rafe e apontou o dedo do médio para os dois, não se importou com mais nada, apenas voltou a correr junto com os seus amigos. O coração da garota batia de animação, adorava quando os Pogues apenas agiam como eles mesmos, fugiam de festas ricas e chatas, discutiam com os Kooks e faziam as senhoras ricas os odiarem. Era isso que os Pogues faziam e amava isso.

Capítulo 10

encarava o fogo em sua frente, já estava vestindo sua roupa normal. Novamente, os Pogues estavam sentados em troncos em volta da fogueira, ansiosos com a reunião de emergência convocada por John B. JJ estava sentado ao seu lado, ainda olhava nervosamente para o loiro, estava tentando ignorar e fingir que nada aconteceu, igual JJ estava fazendo, mas era mil vezes mais difícil do que ela imaginava, ainda mais por sentir seu coração acelerar quando se lembrava de JJ a girando em meio à festa Kook.
John B bagunçou o cabelo da irmã. Mesmo sabendo das inúmeras coisas que poderiam dar errado no plano de seu irmão, aquilo soava como algum tipo de esperança. Para , era como se ela tivesse a chance de orgulhar Big John pela última vez, além do fato de achar importante apoiar o seu irmão.
— Meu pai vai me matar, podem explicar direito o motivo dessa reunião obrigatória? — Pope perguntou.
John B fez uma pausa dramática, intercalando o olhar entre sua irmã e JJ, provavelmente buscando alguma aprovação ou um incentivo, para começar sua explicação. assentiu com a cabeça, animadamente, na tentativa de apoiar o garoto a dar a sua explicação.
— Conte antes que nos matem! — JJ disse.
— Estão prontos? — John B falou, dramaticamente, ficando de pé, chamando a atenção de seus amigos. Kiara assentiu, curiosa. — Então, o ouro nunca naufragou com o Royal Merchant.
— Meu Deus! Lá vamos nós, de novo — Pope disse, visivelmente desapontado.
O rosto de Kiara também não estava mais com uma expressão tão animada, era compreensível, tinha sido extremamente frustrante das últimas vezes que eles foram atrás do ouro, então era meio óbvio que não teriam a mesma animação que antes e, mesmo não gostando de admitir isso em voz alta, JJ estava certo, Kiara e Pope tinham família, tinham algo a perder e pessoas para voltarem no fim do dia. Eles três, não.
— Por favor, escutem — falou, recebendo olhares preocupados de Kiara e Pope.
— Esteve aqui o tempo todo — John B sorria, chutando um pouco da grama, fazendo todos prestarem atenção nele. — Está na Ilha, sempre esteve.
— Você está falando sério? — Kiara tinha um sorriso enorme no rosto, ela exalava empolgação. — Ai, meu Deus.
— Gostaria de expressar meu ceticismo — comentou Pope.
— Tem todo o direito. Mas antes, posso mostrar minhas provas, senhor? — John B se sentou, colocando a mochila sobre o colo, pegando um papel velho. — Isso é uma carta de Denmark Tanny.
— Quem é esse? — Kiara perguntou.
— Ele foi um escravo que sobreviveu ao naufrágio do Royal Merchant. Olhem — John B passou o papel para Kiara. — Os escravos não foram citados como tripulantes, mas meu pai achou o manifesto completo. Foi a grande descoberta dele — ele disse, enquanto Pope parecia analisar o papel, que Kiara passou. — Tanny usou o ouro do Merchant para comprar a sua própria liberdade. — se esquivou ao lado de Heyward, tentando ver o papel juntamente com o amigo. — Depois disso, ele comprou a fazenda. Rufem os tambores, por favor! — A loira sorriu, animada, tirando os olhos do papel, começando a bater em suas próprias coxas, como se fossem tambores. — Porque a fazenda dele é Tannyhill Plantation.
— Tannyhill? — Kiara perguntou, surpresa, igual a Pope. e JJ sorriam, entusiasmados, para John B.
— Sim. Ele usou o dinheiro para libertar os escravos e vender uma tonelada de arroz, os fazendeiros brancos ficaram putos e decidiram linchá-lo — John B completou, Kiara revirou os olhos, fez uma pequena careta de desgosto. — Então, no dia que foram buscá-lo, ele escreveu uma carta de despedida para o filho e, na última frase, ele deixou uma mensagem codificada sobre onde encontrar o ouro. — fez sinal para o irmão continuar. — "Colha o trigo na Parcela 9." Só que não tem trigo, porque é apenas um código para ouro.
— Puta merda — Pope falou, sem reação. Kiara ria alto em animação enquanto tinha um sorriso orgulhoso em seu rosto.
— Só precisamos do mapa original da propriedade e vamos encontrar o ouro — falou John B, animado.
— Certo, isso pode ter uma pequena chance de ser verdade — Pope falou, levemente convencido. JJ, que estava sentado, se levantou rapidamente e caminhou em direção a John B, o abraçando forte.
— Cara, é tipo o rei Tut! — Kiara riu, animadamente.
— Eu sou um gênio! — John B falou enquanto JJ o erguia no ar, o abraçando.
— Eu ‘tô tão orgulhoso de você — Maybank falou, colocando o amigo no chão, indo se sentar ao lado de .
— Valeu. É muita gentileza sua — John B disse, sorridente.
— Então… qual é o plano? — perguntou, curiosa, visto que John B não tinha explicado essa parte para ela e JJ.
— Boa pergunta. Sarah Cameron vai vir hoje. Ela vai trazer o mapa… — falou John B e Kiara franziu as sobrancelhas, no mesmo instante, encarando o amigo de forma brava.
— Sarah? Por que a Sarah ‘tá incluída nisso? — Kie o encarava, não o deixando terminar de falar. Pope olhava para o amigo também.
— Isso vai ser bom — JJ falou baixo, recebendo uma cotovelada de .
— Sarah me levou ontem à biblioteca de Chapel Hill e foi onde consegui a carta.
— Você foi a Chapel Hill com Sarah Cameron? Por isso passou o dia inteiro fora? — Kiara disse, estressada. — Saiu com Sarah Cameron enquanto estava preocupada achando que tinham pegado você?
A Routledge se manteve em silêncio, seria uma mentira se dissesse que não ficou brava quando descobriu que John B sumiu por um dia inteiro com Sarah Cameron, sem ao menos ter tentado avisá-la. Nunca teve uma opinião concreta sobre a Cameron, as únicas coisas que sabia sobre a loira era o que sua amiga falava dela. Kiara sempre evitava contar o real motivo de não gostar de Sarah, mas sempre deixava nítido seu ódio pela garota. confiava em sua amiga, realmente acreditava que Kiara tinha motivos para não gostar da Kook, mas, mesmo assim, não via motivos para odiar uma pessoa que sequer conhecia por causa de algo que aconteceu entre Carrera e Cameron, mas também não via muitos motivos para confiar na Princesa Kook.
Se lembrou de Sarah lhe entregando as balas de gelatina, no dia em que ela apareceu no Castelo, falando com John B, o que fez se sentir burra por não ter desconfiado dos dois desde aquele dia.
— Sim… — John B respondeu, um tanto quanto cauteloso.
— Eles se pegaram — JJ falou e John B o encarou, furioso.
— Não fiquei com ela, só a usei para obter acesso — John B tentou se explicar.
— Você está orgulhoso disso? — perguntou , julgando o irmão pelo o que ele havia falado. John B bufou ao ouvir a fala da irmã.
— Contou para ela sobre o ouro? — Kiara perguntou, ofendida. John B passou as mãos pelos cabelos, coçando a nuca, parecendo formular uma resposta.
— Eu só estava tentando acessar os arquivos…
— Isso é um sim? — Kiara perguntou, visivelmente magoada.
Aquela discussão estava deixando ansiosa, sua perna direita tremia enquanto estalava os próprios dedos, na tentativa de desviar sua atenção para longe das vozes de John B e Kiara. Fixando seus olhos no fogo que queimava os gravetos que os garotos haviam pegado quando haviam chegado no Dixon’s, sentiu a mão de JJ repousar sobre a sua, dando um aperto forte. fechou os olhos por alguns segundos, respirando profundamente. Queria poder ir para casa ou apenas mandar Kiara e John B calarem a boca e apenas tentar resolver aquilo de outra maneira, pois já conseguia prever o quão estressante aquilo iria se tornar. Conhecia bem os dois, sabia que seu irmão era teimoso e até meio egoísta, o suficiente para fazer tudo que pudesse para chegar até o ouro, não se importando com o que aconteceria. Já Kiara, poderia cortar John B em pedaços se ele agisse dessa forma com ela ou com o restante dos Pogues.

***


cochilava, apoiada no vidro da Kombi, quando sentiu o veículo estacionar. Abrindo os olhos devagar, vendo Pope sentado em sua frente, enquanto John B saía da Twinkie, eles estavam parados em frente a uma espécie de farol de madeira, extremamente velho. JJ fez menção de abrir a porta para que todos saíssem, mas John B olhou para os Pogues, por alguns segundos, antes de suspirar, nervoso.
— Acho melhor eu fazer isso sozinho — John B disse, fazendo Kiara revirar os olhos.
— Está falando sério? — murmurou, ainda meio sonolenta.
— Eu só não quero assustar Sarah com uma gangue em peso — John B explicou.
— Só não entendo porque ela vai participar! — Kiara disse.
jogou sua cabeça para trás, cansada de ouvir a mesma discussão se repetindo várias e várias vezes, já que eles haviam discutido novamente, inúmeras vezes, durante o caminho. Mesmo dormindo, conseguia ouvir a voz dos dois abafadas em sua cabeça. Sabia que era uma situação difícil, que Kiara estava certa em partes e que John B era um mentiroso que dizia não estar gostando de Sarah Cameron.
— Kie, ela não vai participar, ‘tá? É apenas uma reunião de negócios — afirmou John B. — Assim que conseguirmos o que precisamos, largamos ela. A gente precisa do mapa.
— Isso não tem nada a ver com você nem com a gente. O lance é ela. Cara, ela vai te manipular. Promete que não tem nada entre vocês — Kiara disse, olhando para o amigo.
— Eu prometo — John B disse. teve vontade de rir, pois a mentira estava estampada na feição de John B.
— Muito convincente — ironizou JJ.
— 100% convincente — completou Pope.
— Você já foi um mentiroso melhor — disse , vendo o irmão revirar os olhos.
John B sumiu do seu campo de visão, caminhando para longe. JJ começou a enrolar um baseado, Pope reclamava de JJ fumar dentro da Kombi e Kiara se mantinha em silêncio. cutucou o ombro de Maybank, dando sinal para eles ficarem lá fora, na tentativa de fazer Pope parar de reclamar da fumaça. Os dois saíram do veículo, pulando para fora, se afastando um pouco. A garota se sentou embaixo de uma árvore, encostando as costas no tronco, sentindo a brisa bater em seu rosto, suavemente. JJ se aproximou, se sentando ao lado dela, tragando a fumaça e, logo depois, entregando o cigarro para .
— Você realmente acha que tem ouro nessa ilha? — perguntou, olhando para o garoto.
, se esse tem ouro em algum lugar, é nessa ilha — ele riu.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, sentindo o vento bater em seus corpos enquanto a fumaça queimava a sua garganta e suas narinas por causa do cheiro forte.
— JJ? — o chamou, mas o garoto continuou olhando para a frente, sem desviar o olhar para a garota. — Até quando vamos fingir que aquilo não aconteceu?
— Aquilo? — Maybank riu, sem humor. — Não consegue nem ao menos dizer que a gente se beijou?
— Por que está falando desse jeito? — franziu as sobrancelhas. — Estávamos bem a segundos atrás!
— Porque você quer ficar me lembrando do meu maior erro! — disse JJ, finalmente olhando para a garota.
sentiu como se o seu coração tivesse sido pisoteado em mil e um pedaços. Ouvir aquilo tinha doído de uma forma que ela mal conseguia descrever, sentia seus olhos queimarem pelas lágrimas acumuladas, a voz de Maybank ainda ecoando pela sua cabeça, gritando como aquilo tinha sido o maior erro dele. Se sentia tão burra por cogitar durante aquela noite que JJ poderia gostar dela mais do que uma amiga, e agora, exatamente 24 horas depois, ouvia JJ dizer que aquilo havia sido um erro.
Estava escuro, a única fonte de luz era o fogo na ponta do cigarro que tragava, mas, ainda assim, tinha certeza que viu uma lágrima escorrer pela bochecha de JJ.
— Não precisa ficar me lembrando que você não queria me beijar, — murmurou JJ, se levantando da grama.
— Quem disse que eu não queria beijar você? — disse, fazendo o garoto olhar para ela com as sobrancelhas franzidas. — Por Deus, JJ! Era tão óbvio que eu queria aquilo também.
JJ abriu a boca para responder, mas foi interrompido por Pope, ofegante, com uma feição assustada em seu rosto. Vendo se levantar com rapidez, a garota já estava começando a sentir uma ansiedade estranha invadir seu peito, não sabia se era por causa da pequena discussão entre ela e JJ, por causa de Pope, com uma feição tão estranha, ou se era porque estava começando a trovejar e cair raios.
— É o John B — Pope disse.
não precisou mais do que isso para correr atrás de Heyward, indo até onde seu irmão estava.
John B estava inconsciente, esticado no chão, com Sarah Cameron em cima dele, com um rosto inundado de lágrimas, enquanto gritava para alguém ajudá-lo.
Tudo parecia estar em uma enorme câmera-lenta, os gritos de Sarah e as outras vozes estavam abafadas, estava paralisada, vendo todos se mexeram lentamente, enquanto ela ficava olhando para o corpo de seu irmão estirado no chão. Não conseguia se importar com os relâmpagos e trovões que a assustavam ou como nitidamente havia uma tempestade se aproximando, o cérebro de parecia estar completamente desligado.

***


não se importava com mais nada no mundo além de seu irmão. Os médicos apareceram, dizendo um nome estranho sobre algum exame que seu irmão deveria fazer, e sumiram diante ao corredor. Uma assistente social tentou falar com a garota, ficou em um silêncio profundo enquanto a mulher perguntava as coisas de sempre: "há quanto tempo você não fala com o seu tio?", "qual foi a última vez que você falou com ele?", "o seu tio ajuda vocês de alguma maneira financeira?". Mas, assim que a mulher percebeu que não conseguiria retirar informação nenhuma da garota, ela pareceu desistir, parando o pequeno interrogatório.
Na sala de espera, tudo era muito estranho. Kiara ficou como ela por algum tempo, antes de ser obrigada a voltar para casa por seus pais, Pope e Sr.Heyward foram uma boa companhia, o garoto explicava para ela o que era tais procedimentos, e, mesmo que soubesse o que era, gostava de ouvir Pope falar e explicar como as coisas funcionavam. Já Sr. Heyward, foi o motivo de não ter sido levada para um abrigo, alegando que ela precisava ver seu irmão acordado antes de tomarem alguma providência sobre isso e, por fim, tinha JJ, que não saiu de lá por um instante. O loiro ficava encarando a garota, não se sentou ao lado dela nenhuma vez, nem ao menos tentou falar com , apenas a observava com preocupação.
ficou furiosa ao saber que Sarah tinha sido a primeira a entrar no quarto quando John B acordou. Apenas disseram à que, como tinha sido a primeira vez durante a noite toda que ela havia dormido, não quiseram acordá-la. Tinha a cabeça apoiada no ombro de Pope, esperando a Cameron sair para ela poder ver o seu irmão. Ela franziu as sobrancelhas ao ver Ward Cameron, o pai da garota, saindo juntamente a ela do quarto. Eles deram um sorriso gentil para , o qual foi ignorado pela garota, que se levantou rapidamente, caminhando até o quarto do irmão.
— Você achou que iria conseguir se livrar de mim tão cedo? — brincou John B, ao ver parada na porta do quarto.
A garota abraçou o irmão fortemente enquanto ele ria, murmurando: "eu estou bem, não se preocupe". Um alívio enorme percorreu o corpo da garota. Ver seu irmão bem, rindo e fazendo piadas, tinha sido um ótimo sentimento, e ela se sentou sobre a maca hospitalar, olhando para o garoto.
— Tenho boas notícias… — John B disse, animado. — Sarah me contou que uma assistente social queria levar você, então ela falou com o Ward e ele concordou em ser nosso guardião legal. Vamos ter um lugar para morar, ele vai cuidar da conta do hospital, não vamos precisar fugir de ninguém e não temos chance de sermos separados.
não entendia porque Ward Cameron gostaria de ser o guardião legal de dois adolescentes só porque a filha dele estava brincando de se encontrar às escondidas com John B. Não parecia fazer o mínimo de sentido na cabeça da . Claro, Ward sempre teve um rótulo de um homem bondoso, mas, por algum motivo, a garota tinha uma sensação ruim sobre tudo aquilo.
— Não precisamos de Ward — disse rapidamente. — Eu vou dar um jeito de pagar o hospital.
— Claro, , com o seu salário de 10 dólares a hora? — ironizou John B. — É só por um tempo.
— Eu não vou viver debaixo do mesmo teto que Ward e Rafe Cameron, só porque você está obcecado com a Sarah! — disse, estressada.
— Vá para um lar adotivo, é o único lugar que eles vão te deixar ir — John respondeu. — Ou você realmente acredita que qualquer outra pessoa dessa ilha iria gostar de ter dois adolescentes dentro de sua casa?
— Talvez os pais de Kiara… — murmurou.
— Os pais da Kie não gostam da gente — afirmou John B, mesmo não querendo admitir naquele momento, mas sabia quer era verdade. — Qual é o problema, ?
não gostava de imaginar uma mudança tão estranha como a que iria acontecer, odiava pensar que estaria do mesmo teto que Rafe Cameron. Sabia que um dos únicos motivos de John B estar realmente animado para isso era por causa de Sarah, já que, a essa altura, ele não poderia mais dizer que estava usando Sarah apenas para "obter informações", pois era uma mentira praticamente palpável. Era óbvio que ela também queria parar de fugir da assistência social, mas apenas imaginar que iria viver com os Cameron soava muito estranho.
— Eu não confio neles, Johnny — ela admitiu, olhando para o irmão.
— Você nunca confia em nada que se refere a mim!
— De que merda está falando?
— Eu estou garantindo para você que vamos ficar seguros, podemos ficar só até eu melhorar, se você achar melhor. Você não consegue confiar em nada que eu falo.
— Cale a boca! — ela gritou. — Não diga que eu não consigo confiar em você quando nós dois só estamos aqui porque eu te apoiei em cada maldita decisão sua! Confiei tanto em você que agora vocês estão em um hospital. Eu apoiei você quando disse que estava certo sobre o ouro, fiz todo mundo acreditar um pouco mais em você, então, John Booker Routledge, não ouse dizer que eu não consigo confiar em você!
Um silêncio doloroso se alastrou pelo quarto, suspirou, se levantando da maca hospitalar, olhando para seu irmão por alguns segundos antes de dar alguns passos para trás. John B parecia estar sem muita reação, não era o tipo de pessoa que surtava e jogava tudo na cara dos outros, ele precisou de alguns minutos para entender o que estava acontecendo com sua irmã.
A verdade era que estava exausta, não havia conseguido dormir durante a noite, porque estava chovendo demais e sua preocupação não a deixava nem ao menos piscar direito. A discussão mal terminada entre ela e JJ a deixava confusa, parecia que tudo acontecia ao mesmo tempo, que não conseguia nem ao menos respirar. Queria conseguir ser emancipada e esquecer a assistência social, seu tio irresponsável (já que ele era o culpado de ela e seu irmão terem que passar por tudo isso) e simplesmente esquecer aquele maldito ouro e aproveitar o resto do verão em paz, mas parecia que, quanto mais ela queria se afastar daquilo, aquela aventura a chamava com cada vez mais força, como se o destino a chamasse e dissesse que aquilo era algo que ela deveria fazer. Talvez John B sentisse o mesmo e, por isso, não tinha desistido daquilo ainda.
se sentiu culpada por pensar tão rapidamente em uma forma de não morar com os Cameron. Ela acenou para John B em despedida antes de sair do quarto, passando reto por JJ, que ainda estava na sala de espera. O loiro segurou seu braço, a encarando por alguns segundos.
— JJ, tenho coisas para resolver agora — disse, firme, se soltando do garoto, saindo para fora do hospital, sem olhar para trás.
Ela caminhou em direção ao Figure Eight, ignorando tudo que acontecia em sua volta. Ela sabia que não era uma das melhores ideias no momento, mas como morar com Rafe Cameron, o garoto que já tinha batido nela duas vezes em menos de uma semana, não era uma opção, ela preferia implorar pela compaixão de James Thornton. ainda considerava Topper meio maluco, igual a Rafe, mas era perceptível a diferença entre os dois garotos. Thornton parecia ter um pouco mais de sanidade mental do que Cameron, era isso que esperava, pelo menos.
Ao bater na porta da mansão dos Thornton, para seu enorme desagrado, Topper atendeu a porta, com as sobrancelhas franzidas, encarando a garota de cima a baixo, com uma expressão assustada.
— O que você está fazendo aqui, Pogue? — Topper perguntou.
— Pode chamar seu pai? — perguntou. — Por favor.
— O que você quer com… — Antes que Topper pudesse falar, James Thornton apareceu na porta, como se fosse uma salvação para a paciência e ansiedade curta de . O homem murmurou algo para o filho antes de fazer um sinal para a garota segui-lo pela casa grande e bonita.
Após James fechar a porta do escritório, se encolheu na cadeira, tímida, em busca de coragem dentro de si mesma para pedir que o homem fosse seu guardião legal.
— O que está fazendo aqui, ? — o homem perguntou, sério.
— Preciso de ajuda — ela disse, rapidamente.
— Precisa de ajuda para pagar a fiança de seu amigo? — Thornton falou, grosseiramente, se sentando atrás da mesa do escritório.
— Não — disse, estressada. — Preciso de ajuda, porque seu filho empurrou meu irmão da torre de Hawk's Nest ontem à noite. Pergunte a ele.
O homem franziu as sobrancelhas, encarando a garota, como se ela fosse a maior mentirosa daquela ilha, parecendo estar confuso com a situação, enquanto brincava com os próprios dedos com ansiedade, antes de voltar a falar.
— John B está no hospital — ela murmurou. — O conselho tutelar foi atrás da gente e Ward Cameron se ofereceu para ser nosso guardião legal… mas eu não quero morar com os Cameron.
, se está cogitando me pedir para que eu me torne seu guardião legal… — James parecia estar procurando cada palavra com cuidado, sendo minucioso em falar com a garota em sua frente.
— Por favor, James — encarou o homem. — Eu não vou incomodar, vou passar o dia fora, não preciso nem dormir aqui, eu tenho minha própria casa, eu só preciso do conselho tutelar fora do meu pé.
O homem encarou a garota por alguns segundos, tinha uma feição triste estampada no rosto, sua perna tremia em ansiedade.
— Tudo bem, eu vou dar um jeito nisso — ele suspirou, vendo a garota sorrir. — Mas você irá morar aqui, sem chegar depois das onze da noite, sem trazer seus amigos, sem se meter em brigas com Topper e sem falar com Cynthia. Na dúvida, fale comigo. — A garota assentiu com a cabeça, rapidamente — E seus 200 dólares acabaram — ele falou, fazendo revirar os olhos.

Capítulo 11

Dizer que a casa da família Thornton era grande seria um eufemismo, porque era uma mansão muito grande na humilde opinião de . Assim que James Thornton mostrou o segundo andar, onde ficava o quarto da garota, ela pôde perceber que Cynthia Thornton realmente tinha um bom gosto, mesmo que às vezes ela conseguisse ver alguns vasos de formatos e cores feias e bregas. Mas, na concepção de , as pessoas ricas nunca conseguiam ficar muito longe da breguice. O segundo andar da casa era tão bonito quanto o primeiro, com um belo mezanino que dava visão para a sala de estar no andar de baixo. As paredes tinham um papel de parede sofisticado e alguns quadros bonitos estavam pendurados por ali, principalmente de Topper mais novo, expostos como se fossem troféus. Em todas as fotos ele tinha a expressão de riquinho metido, a qual a grande maioria dos Kooks tinha.
O quarto em que havia sido colocada era tão lindo e grande quanto o resto da casa, e a garota até pensou que conseguia comparar o tamanho do cômodo com a sala de estar de sua própria casa. Sentada no chão, sobre o tapete bonito e confortável, começou a retirar algumas poucas mudas de roupa que havia colocado em sua mochila, as colocando em um armário vazio, terminando rapidamente. Pela janela, com a perfeita divisão de apenas uma casa, era possível ver a casa dos Cameron. se esticou um pouco, na tentativa de ver seu irmão ou até mesmo Sarah, em busca de alguma resposta, pois, desde o hospital, não havia mais falado com John B. Porém, a única coisa que ela viu foi a irmãzinha de Sarah lendo um livro, o que fez suspirar, se jogando sobre a cama macia de seu mais novo quarto. Ainda encarando a janela, começou a se perguntar se realmente tinha sido uma boa ideia ter implorado para James Thornton para que ele se tornasse seu guardião legal, aliás, na casa do Cameron, ao menos ela estaria com o seu irmão e, talvez, não estivesse se sentindo tão sozinha e desconfortável. Sabia que, se estivesse com John B, ela estaria sentindo medo, mesmo que não admitisse em voz alta. Com todas as brigas no campo de golfe e durante o festival de filmes contra os Kooks que havia acontecido em um curto período de tempo, Rafe Cameron começou a assustá-la para caralho. O garoto nunca parecia ter medo ou intenção de recuar no meio das brigas de Pogues e Kooks, aliás, tinha certeza que, se Topper não tivesse puxado Cameron no dia que eles encontraram ela e Pope, achava que Rafe não teria parado de bater em Heyward tão cedo e com certeza esses era um dos motivos de ela não querer ter ido morar com os Cameron.
sabia que havia sido um ato de pura impulsividade e medo ter pedido para morar com os Thornton, poderia mentir para seus amigos sobre isso, mas não para si mesma. Havia tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que em alguma parte de sua cabeça pareceu ser uma boa ideia ficar sozinha na casa dos Thornton, enquanto seu irmão ficaria na casa do garoto que bateu em seu melhor amigo com um taco de golfe. A Routledge passou a mão pelo rosto, olhando o horário em seu celular — agradecendo internamente que a casa tinha geradores de energia, assim ela poderia carregar o aparelho, que já estava um bom tempo sem bateria —, esperando o horário de Kiara ir buscá-la para todos se encontrarem no The Wreck. Inicialmente, era para JJ levar , mas, após a pequena discussão mal resolvida, Maybank apenas falou que era melhor ele buscar Pope, visto que era caminho e ele não iria precisar atravessar o Figure 8.
JJ Maybank também era um dos problemas que mais incomodava naquele momento. Os olhos azuis brilhantes do garoto em meio à escuridão, após ouvi-la admitindo que queria beijá-lo, fazia sua cabeça e até mesmo coração entrar em completa confusão, mas, ao mesmo tempo, conseguia sentir toda aquela confusão e animação ir embora quando a voz de JJ ecoava em sua mente dizendo que aquilo foi um dos maiores erros dele. Gostaria de não se sentir culpada pela a forma que ela e JJ estavam no momento, mas a única coisa que conseguia sentir era a culpa. Ela sabia que não havia sido culpa dela, mas dentro da cabeça de apenas soava "meu maior erro", juntamente acompanhado de vários "e se?", a fazendo se questionar que: se, talvez, ela não tivesse interrompido o beijo de JJ eles nunca estariam assim; e se ela apenas tivesse coragem o suficiente para falar para JJ que gosta dele desde que tinha 13 anos? E se JJ não gostasse dela de volta?
JJ havia dito que aquele beijo foi o maior erro dele.
dissipou seus pensamentos ao ouvir o toque de seu celular, o qual foi acompanhado do barulho da buzina do Jeep de Kiara, que estacionou em frente à casa dos Thornton. Aquilo fez Routledge se levantar rapidamente da cama, caminhando apressadamente para fora do quarto, descendo as escadas com rapidez, ignorando o olhar esnobe de Topper. estava realmente tentando seguir o que James Thornton havia pedido a ela, sobre evitar ao máximo Cynthia e Topper. Bem, era fácil ignorar a mulher, pelo que sabia, a sra. Thornton era médica e normalmente passava a tarde inteira fora de casa, já Topper, era mais fácil ainda, pois estava acostumada a ignorar a existência do garoto antes mesmo de morarem na mesma casa, além do fato que a Routledge não pretendia passar muito tempo dentro da casa. O plano em si era mais sobre não ter o conselho tutelar atrás dela e John B por um tempo. Mesmo que os ignorasse, ela não conseguia parar de reparar os olhares de desgosto que ela recebia deles. não conseguia se sentir segura e muito menos confortável naquela casa, não gostava do ambiente, mas, em comparação a estar ali ou debaixo do mesmo teto que Rafe Cameron, preferia estar com os Thornton. Não que Topper fosse muito diferente ou melhor que Rafe, mas gostava de acreditar que ele era menos pior.
sorriu, se sentando no banco do passageiro do jeep. Kiara soltava a fumaça de seu cigarro eletrônico pela boca enquanto cumprimentava a amiga, dando partida no carro e logo passando o vape para ela, que deu de ombros, aceitando o cigarro eletrônico.
— Como você está? — Kiara perguntou, com um leve sorriso, olhando para a amiga, enquanto voltava a dirigir calmamente entre as ruas de Outer Banks.
— Acho que minha cabeça tá meio complicada — falou.
— Complicado tipo a música da Avril Lavigne ou complicada como a do Mac Miller? — Kiara perguntou, franzindo as sobrancelhas de forma divertida.
— Um pouco das duas, eu acho — disse , fazendo as garotas rirem. Kiara logo voltou a prestar atenção na rua, a caminho do restaurante de seus pais.

***


Assim que as garotas adentraram o restaurante, Kiara cumprimentou os pais, enquanto acenou para o casal de longe, timidamente. Alguns minutos depois, JJ e Pope chegaram, se sentando juntamente à , que estava em uma mesa meio afastada. Heyward fez questão de assegurar que a amiga estava bem, depois de tudo que havia acontecido, já o loiro apenas se manteve em silêncio, acenando com a cabeça, silenciosamente, de forma estranha e desajeitada. Pope pareceu perceber o clima meio desagradável entre os dois amigos, visto que ele começou a encará-los, como se tentasse entender o que estava acontecendo ali.
conseguia entender completamente o motivo da regra Pogue existir, se ela e JJ já estavam naquele clima estranho apenas por causa de um pequeno beijo, o qual mal havia durado mais que cinco segundos, nem gostaria de imaginar o que estaria acontecendo entre eles dois se tivessem ido mais além de tudo aquilo. Provavelmente estariam destruindo a amizade deles em pedaços, mas era óbvio que uma pequena parte da garota não se importava de acabar com a amizade apenas para saber como seria beijar JJ por mais de poucos segundos.
Após John B chegar com o seu braço engessado, pôde sentir as coisas ficarem mais estranhas do que já estavam, um clima tenso se espalhou pelo lugar rapidamente. Claro que ela havia se sentindo mal por seu irmão ter descoberto por Ward Cameron que eles iriam morar em casas diferentes, entendia completamente ele estar chateado. também se sentiu mal por não ter tido coragem o suficiente para falar para John B, por não ter conseguido assumir que estava com medo e preocupada com a segurança deles, como para ela mal existiam palavras para descrever o que estava sentindo e como se sentiu ao achar que seu irmão poderia ter se machucado de forma mais grave.
Seus pensamentos fugiram para longe assim que viu John B se aproximando da mesa. Ele acenou paras seus amigos, garantindo que estava bem e saudável na medida do possível, puxando a cadeira vaga que estava em frente à , se sentando em sua frente.
O silêncio se espalhou entre os Pogues por alguns longos segundos, o qual assustou os pais de Kiara, que acabaram lançando alguns olhares de dentro da cozinha para os adolescentes. estava sentada ao lado de Pope, olhando para John B que estava com um mapa em mãos e com uma feição nada boa olhando para a irmã, como se eles apenas brigassem em silêncio, fazendo o clima entre os irmãos ficar pesado. O resto de seus amigos assistiam à cena de forma tensa, eles tinham os olhos grudados nos irmãos Routledge, esperando reação de algum dos dois ou entender algo que estava acontecendo dentro da cabeça de ambos.
— Pelo amor de Deus! Falem alguma coisa! — exclamou Pope, apoiando os cotovelos sobre a mesa com as mãos em sua cabeça. e John B desviaram o olhar um do outro, o levando em direção ao amigo.
— E todo aquele assunto de que não separarem a gente? — John B falou, rude, quebrando o silêncio.
— Cara, somos literalmente vizinhos — disse , olhando para o irmão em sua frente. — Eu te falei desde o início que não ficaria com os Cameron.
— Então você decidiu morar com Topper? Ótima ideia, , estou muito orgulhoso da sua inteligência! — ironizou John B, que recebeu um xingamento de Kiara.
— Espera! Está morando com os Thornton? — JJ falou, em choque, mas foi ignorado pelo grupo.
— Todos nós aqui sabemos o motivo de você estar gostando de morar com os Cameron e James Thornton se ofereceu para ser meu guardião legal, eu aceitei!
— E desde quando você confia em James Thornton ao ponto de preferir separar nós dois? — John B falou, visivelmente irritado com toda a situação.
— Calem a boca! Vocês dois não estarem presos em lares adotivos no continente já é sorte para caralho! — A voz de JJ silenciou os irmãos, os fazendo olhar na direção do loiro que tremia a perna, passando a mão pelos cabelos, desviando o olhar em direção à e logo depois olhando para John B.
— Agora, você quer explicar esse mapa bizarro? O cara devia estar drogado quando desenhou, Tanny Hill não é assim — disse Maybank, apontando para o mapa velho que John B tinha aberto sobre a mesa.
O grupo ficou em silêncio por alguns segundos, como se decidissem deixar a briga de lado para focar no mapa de John B. agradeceu internamente Maybank por ter acabado com a briga e se inclinou, tentando ter uma visão melhor do mapa antigo.
— É porque a costa mudou — Kiara explicou.
— Então a gente precisa achar pontos de referências que não mudaram — pontuou Pope.
— Como os fortes antigos — disse John B.
se apoiou com uma das mãos sobre a mesa, se inclinando o suficiente para apontar para um canto específico do mapa enquanto sorria, animada.
— Battery Jasper! — disse . — Minha mãe me levava lá o tempo todo. Além de ser alto o suficiente para conseguirmos ver o ângulo de cima.
Os adolescentes tiveram mais algumas pequenas discussões sobre toda a nova geografia da costa, mas logo apenas concordaram em ir até o antigo forte analisar o local. se levantou de sua cadeira seguindo em direção à saída do The Wreak, acenando em despedida para os pais de Kiara. Antes que pudesse se aproximar da Kombi que estava estacionada em frente ao restaurante, sentiu uma mão sobre seu ombro, a qual fez a garota se virar rapidamente, dando de cara com JJ, que segurou seus dois braços, tentando puxar toda a atenção dela para ele. pôde perceber facilmente como o loiro estava nervoso, Maybank passava as mãos pelos cabelos, rodava os anéis em seus dedos e parecia massagear o peito sobre a camisa. Ver JJ daquela forma era uma das coisas que ela mais odiava no mundo e apenas imaginar que o garoto estava daquela forma por causa da última conversa entre eles a fazia querer se autodestruir em mil pedacinhos.
sabia que também estava machucada, mas ver JJ todo nervoso e agitado parecia doer muito mais do que como ele a havia feito se sentir na noite anterior.
, nós estamos bem, certo? — ele perguntou, de uma forma receosa.
O cérebro da Routledge pareceu travar por alguns pequenos segundos, sem saber muito bem o que responder. Se fosse sincera consigo mesma, a resposta seria um simples: não.
O que era verdade, fazia um bom tempo que ela e JJ não estavam bem. Desde que se beijaram no Castelo, apenas haviam ignorado tudo aquilo e empurrado a situação com a barriga, aliás, não queria fazer grande caso por um beijo após Maybank ser preso. A garota sabia que a única coisa que melhoraria tudo entre eles naquele momento seria conversar. Realmente queria ter uma conversa com JJ, já tinha preparado um monólogo todo em sua cabeça na noite anterior, quando mal conseguiu dormir, porém, se perguntava se era realmente necessário criar mais alguma confusão com JJ naquele momento e não queria machucá-lo. Além do fato de estar realmente curiosa para ir atrás do Royal Merchant e não queria ficar mais ansiosa do que já estava.
Então, apenas se convenceu em oprimir tudo de confuso em sua cabeça na tentativa de convencer JJ, e até ela mesma, que aquilo não havia afetado a amizade deles.
— Sim, Jay, estamos bem — assentiu, sorrindo para o loiro, que sorriu de volta, aliviado com a resposta da garota.
— Vamos conversar direito sobre isso, tudo bem? Eu prometo, odeio ficar desse jeito estranho com você e... — Maybank falava apressadamente.
— Tudo bem, JJ, vamos conversar sobre isso depois — afirmou.
Os dois se apressaram em caminhar até a Kombi, na tentativa de não chamar a atenção de seus amigos. se sentou em frente à Kiara, na parte de trás do veículo, enquanto JJ dirigia e John B, que estava no banco do passageiro, encarava os dois de forma confusa, parecendo ter percebido como estavam estranhos um com o outro.
— Então, agora vocês fazem parte do Country Club? — Pope perguntou, fazendo John B olhar para o amigo enquanto JJ dava a partida na Kombi, seguindo em direção à Battery Jasper.
— Não sei, Pope — falou John B.
— E aqueles carrinhos de golfe que eles usam por aí? Você vai ganhar um, ? — JJ perguntou, rindo.
— Eles vêm com aqueles coletes xadrez ou precisa comprar um? — brincou Pope.
— Acho mais provável Topper me atropelar com um carrinho de golfe — disse , fazendo Kiara rir.
— Quer dizer que Topper não gostou de dividir a casa com você? — Kiara perguntou, rindo.
— Tem algo que Topper goste sem ser ele mesmo? — brincou , fazendo seus amigos rirem.
A garota se esforçou o máximo possível para ocupar sua cabeça durante a pequena viagem até o forte de Battery Jasper, queria colocar todos seus pensamentos dentro de uma caixa e jogar no meio do oceano, gostaria que sua cabeça trabalhasse um pouco mais devagar. Apenas desejava parar de pensar em tudo que estava acontecendo em sua vida nos últimos dias e tentar aproveitar a nova aventura que ela e seus amigos estavam se enfiando. Não queria mais os seus sentimentos inseguros e cheios de medo quando se tratava de JJ, apenas apagaria tudo de sua cabeça, podendo relaxar por algum tempo, mas sabia que sentimentos não eram fáceis e teria que lidar com eles da maneira que ela mais odiava, teria que enfrentar tudo aquilo que estava passando por sua cabeça.
Assim que JJ estacionou a Kombi, os Pogues caminharam sobre a colina, Pope segurava o mapa, analisando o local juntamente com Kiara e JJ, que conversavam sobre onde a Parcela 9 poderia ser encontrada. John B e estavam em silêncio, ambos sabiam que os seus amigos estavam tentando deixar os dois irmãos a sós para poderem conversar e se entenderem de uma forma justa. John B cruzou os braços, se colocando ao lado da garota, olhando para a vista da ilha que eles tinham dali.
— Como está sendo morar na casa dos Cameron? — falou, quebrando o silêncio, mas o garoto apenas murmurou algo como um “legal”, fazendo a mais nova suspirar. — Rafe já começou a ameaçar você? — brincou, tentando aliviar o clima.
— Só umas duas vezes — John B riu, olhando para a irmã. — Achei que você estaria lá para me defender, já que estou com um braço quebrado.
— Então você admite que só me queria morando com você para te defender? — sorriu, divertida, e John B riu, enquanto fazia sua melhor cara de “fui pego”.
— Falando sério agora, você está bem? Seu braço dói muito? — perguntou, preocupada.
— Estou bem, — John B a tranquilizou.
— Eu esqueci que Sarah Cameron estava cuidando de você — riu, voltando a caminhar em direção aos amigos.
— A gente não tem nada! — teimou John B, seguindo a irmã.
— Você já foi um mentiroso melhor, Bird.
sabia que eles não precisavam se desculpar, não com palavras, pelo menos, que aquela breve conversa já era mais que o suficiente para ambos entenderem que estavam de bem. A garota conseguia entender a preocupação que John B teve quando ela decidiu morar com os Thornton, ao invés de continuarem juntos protegendo um ao outro.
— Eu posso desenhar no seu gesso, certo? — disse, fazendo o garoto rir, afirmando que ela seria a primeira a desenhar no gesso de seu braço.
Os Routledge se aproximaram dos amigos, que ainda discutiam sobre a localização. se colocou ao lado de Pope para ter uma visão melhor do mapa, na tentativa de entender melhor o que estava acontecendo.
— Bem, estamos em Battery Jasper, bem aqui — Pope explicou, mostrando o local no mapa, logo mostrando outra direção. — A Parcela 9 fica a nordeste daqui.
— Por ali — Kiara apontou em direção a algumas plantações que havia no local, fazendo Pope assentir.
— Mas aquilo não é Tannyhill, é outro terreno — disse JJ.
— Tannyhill Plantation era a ilha inteira, com o tempo ela foi vendida em partes — explicou John B.
— Precisamos achar um muro de pedra — avisou Pope, após ter analisado o mapa por mais algum tempo.
— Posso dirigir? — perguntou, animada.
— Não mesmo, você é uma péssima motorista — disse John B, pegando as chaves da mão de JJ, caminhando em direção à Kombi, sendo seguido pelos amigos que riram da garota.

***


O corpo de caiu sobre o de JJ após a brusca curva que John B havia feito, visto que, mesmo com o braço quebrado, o garoto insistiu em dirigir a Kombi, enquanto Pope olhava o mapa mostrando as coordenadas para o muro de pedra que procuravam. Após mais algumas curvas malfeitas e quase baterem em uma árvore, todos os Pogues entraram em consenso, alegando que John B não dirigiria mais a Twinkie até o seu braço estar recuperado, para a segurança de todos, incluindo a da Kombi. Não demoraram muito para chegarem onde estava o muro de pedras. Descendo do veículo, encarou a casa de forma horrorizada ao perceber de quem a residência pertencia.
A história dos Crain rodeava a ilhazinha de Outer Banks desde que era muito nova. Lembrava de ouvir dizer que a Sra. Crain havia matado seu marido e depois teria dado para um crocodilo comê-lo; outros diziam que ela tinha enterrado o homem embaixo de sua casa, por isso o corpo dele nunca foi achado; alguns diziam que Sr. Crain fugiu da esposa maluca, mas ninguém sabia a história verdadeira.
se assustou quando Pope segurou seu braço, fazendo os amigos rirem da garota, que pareceu ficar hipnotizada com o local por alguns segundos.
— Eu ouvi dizer que a Sra. Crain tem a cabeça do marido enterrada aqui — JJ falou, olhando para Pope.
— Vocês sabem de quem é essa casa, né? — Kiara disse, começando a caminhar, guiando o grupo para dentro.
— E tem como não saber? Eu ouço histórias desse lugar desde sempre — falou, se segurando no braço da amiga, andando junto a ela.
— Sinceramente, eu não acredito nas histórias desse lugar, meu pai e minha tia contavam essas histórias para a gente e sempre acabava indo dormir comigo — John B riu, zombando da garota, que revirou os olhos.
— Que histórias vocês sabem? — JJ perguntou, curioso, olhando para Kiara que ainda andava ao lado de .
— Ela matou o marido dela com um machado e nunca mais saiu de casa — disse Kiara.
— Me disseram que ela jogou o corpo dele para o crocodilo do pântano e só ficou com a cabeça — completou .
— Já me falaram isso também — Kiara falou, sorrindo para amiga. — E que, em certas noites, quando a lua está cheia, dá para vê-la na janela.
Kiara riu, largando o braço da amiga, e mexendo os dedos em frente a e JJ, brincando com os dois.
— Kie, não tem graça, porque é tudo verdade, eu conheci a Hollis, a filha da Sra. Crain — JJ falou.
— Espera, como você conheceu a Hollis? — Pope perguntou.
— Porque ela foi minha babá. Ela me contou tudo, Pope, Hollis disse toda a verdade sobre a mãe e o que aconteceu nessa casa — JJ contou, assustado. — Ela ouviu as histórias sobre a mãe ter matado o pai dela, que ela também não acreditava até aquela noite.
— Que noite? — perguntou, curiosa.
— Em que ela se lembrou de tudo — JJ disse, tenso. — Uma noite ela ouviu os pais discutindo, quando desceu, viu a mãe dela lavando as mãos na pia, cheia de sangue. Bem, o resto vocês já sabem…
— Nossa, como você é mentiroso — John B falou.
JJ continuou argumentando de como sua história era verdadeira, vendo John B caminhar para a frente do grupo enquanto o loiro ainda falava como era perigoso entrar na casa de uma assassina. olhou em sua volta, vendo árvores, grama alta e algumas estátuas que a assustavam, fazendo-a agarrar o braço da amiga novamente. Kiara riu do gesto de , seguindo os garotos, no grande quintal da família Crain, o qual nessa etapa já parecia um labirinto. Um alívio surgiu entre o grupo quando John B achou uma pequena portinha que dava para um tipo de porão da casa, fazendo segurar mais forte o braço de sua amiga.
O porão era visivelmente úmido e tinha um cheiro forte de mofo, mas visivelmente não parecia ter água nenhuma.
— O plano é o seguinte: temos que achar água, igual estava na carta de Denmark — John B explicou.
— Que tipo de água? Uma caixa d’água? — perguntou Pope.
— Não, só dizia para procurar água.
Os Pogues se separaram, cada um procurando em direções opostas, na tentativa de achar água ou alguma dica de onde o ouro poderia estar. caminhou para um canto não sabendo exatamente o que eles poderiam achar, caminhando com cuidado ao reparar a madeira velha no chão. Estava com medo, isso era um fato. Invadir uma casa já não era algo que a deixava normalmente tranquila, mas entrar na casa de uma mulher que tinha a fama de ter matado o marido a assustava muito mais, isso era um fato. Deu algumas batidinhas nos canos empoeirados da parede, frustrando-se ao perceber que eles estavam vazios.
— Esse lugar me dá arrepios — JJ falou, se aproximando da garota, que assentiu com a cabeça, abraçando os próprios braços, como se tentasse se proteger. — Olha isso. —
Maybank levou seu dedo indicador em uma das pequenas janelas empoeiradas que ficavam perto do teto no porão, desenhando dois corações extremamente feios e tortos na poeira, um ao lado do outro, logo em baixo um smiley-face. se esticou um pouco, fazendo o símbolo de mais entre os corações, e JJ sorriu, animado, colocando as iniciais de ambos em cada um dos corações, logo saindo dali como se nada tivesse acontecido.
A garota pareceu em choque por alguns segundos, olhando o desenho de forma desacreditada, pensando que a inicial dela e a de JJ estariam ali, por um bom tempo, visto que ela duvidava que alguém limparia aquele lugar tão cedo. Olhando para o loiro, ele sorriu para ela, fazendo toda a ansiedade de voltar em um passe de mágica, com batidas fortes em seu coração e milhares de borboletas fazendo cócegas em seu estômago.
— Os canos estão vazios — avisou os amigos, tentando distrair sua cabeça.
A senhora Crain desceu pelas escadas, cortou nossas cabeças. Veio a chuva forte e nosso sangue lavou JJ cantarolou, ao lado de Pope.
— Dá para parar? — Pope disse, rangendo os dentes.
— Sabem porque não achamos água? — Kiara falou, chamando a atenção para ela. — Carma ruim. Nós tínhamos uma parada legal, até você querer incluir a Barbie, e agora acabou. Coincidência? Acho que não.
Era perceptível a discussão que iria se iniciar ali. se aproximou de JJ e Pope, olhando para os lados, querendo ir embora dali o mais rápido possível, começando a roer uma de suas unhas por causa do nervosismo, mas logo parou, visto que Pope empurrou sua mão para baixo, fazendo a amiga parar.
— Foi porque eu te beijei, esse é o problema? — John B falou, fazendo seus amigos o encararem.
O corpo de se contraiu em choque, levando as duas mãos em direção à boca que estava em um formato circular perfeito, assim que viu Kiara dando um tapa na cara de seu irmão, rindo levemente.
— Mosquito — Kiara levantou a mão, mostrando a palma da mão com o inseto.
A discussão entre os dois se perpetuou por mais alguns segundos, mas logo percebeu que se tornou mais uma brincadeira entre os dois do que uma briga verdadeira.
— Cara, está cheio de mosquito aqui embaixo — reclamou Pope.
Heyward se ajoelhou no chão, encarando as frestas das madeiras com sua lanterna, tentando enxergar algo entre elas, logo começando a pisar sobre elas.
— Pope, o que você está fazendo? — perguntou, confusa.
— Ei, me ajudem a tirar isso — sinalizou Heyward, fazendo os Pogues se juntarem para tirar algumas caixas que estavam em cima do chão velho. Tendo a visão de algo que parecia ser uma espécie de alçapão, os amigos se entreolharam, com uma feição que se misturava entre medo e curiosidade, logo abrindo a porta que dava a visão de um poço fedorento.
— É, pessoal, parece que chegamos ao fundo do poço — brincou, fazendo Pope rir.
— Construíram a casa bem em cima — comentou Kiara.
— Deve ser aqui onde ela esconde os corpos — disse JJ.
— Aquela velha nem deve saber que isso aqui existe — falou , fazendo Kiara e John B concordarem.
— Vamos precisar de uma corda grande — concluiu John B.
Após uma pequena conversa, os Pogues se juntaram para fechar o alçapão novamente, colocando apenas uma caixa em cima por garantia, logo correndo para fora da casa, enquanto comentavam, animados, sobre o que haviam achado. Agora era Pope que dirigia e ao seu lado havia Kiara, que comentava sobre onde eles achariam uma tão longa.
— Temos que ir à noite, ainda hoje — John B afirmou.
— Quer invadir a casa de uma assassina à noite? Ótima ideia! — JJ ironizou.
— Ela é cega — falou Kiara.
— Ela é uma assassina — disse . — Eu vou usar vocês como escudo humano, John B é o primeiro.
Os Pogues riram, voltando em direção ao Castelo para planejar o resto das coisas para a caça ao tesouro. olhou para JJ, que estava em sua frente, sentado no assoalho da Kombi, terminando de enrolar um baseado. Maybank olhou para a garota, começando a fumar o cigarro, ignorando as reclamações de Pope que proibia os amigos de fumarem dentro do carro.

Capítulo 12

Horas mais tarde, nem ao menos conseguia entender o que havia acontecido. Uma hora estava quase cochilando no sofá da sala e na outra estava sendo acordada por Pope e JJ. A dupla estava agitada, falando ao mesmo tempo, o que fez franzir as sobrancelhas. Demorou alguns segundos para ela entender que Sarah estava no Castelo e que gostaria de ver o que iria acontecer entre as duas garotas, então ela se levantou de forma sonolenta, seguindo os garotos, vendo Sarah e Kiara encarando mortalmente uma a outra antes de começarem a falar algo, enquanto John B estava sentado, assistindo as duas sem dizer uma mínima palavra. se sentou entre JJ e Pope, com seus olhos voando entre Kiara e Sarah, enquanto as duas discutiam sobre algo que só elas duas pareciam saber. O clima tenso e estressante se espalhou rapidamente pelo Castelo, fazendo balançar as pernas de forma ansiosa, esperando que tudo aquilo acabasse logo para que ela pudesse apenas voltar a dormir por algumas horas antes de anoitecer e todos eles voltarem para a casa da Sra. Crain para voltar a procurar o ouro. Sua cabeça implorava para que as duas garotas apenas calassem a boca. Não gostava de discussões em geral, normalmente não dava muita bola para isso e tentava acabar com as situações da forma mais pacífica possível, mas, quando envolvia diretamente seus amigos, era praticamente impossível não se estressar com a situação. Ela massageou suas têmporas enquanto a onda de xingamentos entre as garotas continuava.
— Será que isso vai durar muito tempo? — sussurrou para os garotos ao seu lado.
— Na verdade, eu achei que você iria mandá-las calar a boca — Pope comentou.
— Eu estou com muita vontade, se você quer saber — a garota murmurou, cansada, voltando a analisar a discussão.
— Olha, o dinheiro dela vai sair da sua parte! — JJ falou, apontando para John B, se intrometendo na discussão das garotas, fazendo dar uma cotovelada em seu braço, mostrando que não era a hora de comentar sobre aquilo.
Kiara também pareceu não gostar da fala de Maybank, o encarando, irritada, e logo voltando a discutir com John B novamente. começava a brincar com as inúmeras pulseiras em seu braço, na tentativa de fazer o tempo passar de forma mais rápida enquanto a briga se prolongava.
— Agora estou curiosa, eu ou ela? — Kiara perguntou, fazendo levantar a cabeça rapidamente, curiosa, pois parecia que havia perdido alguma parte importante da discussão. Ela encarou John B, também esperando uma resposta do garoto.
— As duas — John B falou.
Não precisou mais que isso para Kiara bufar antes de sair do Castelo. Sarah Cameron encarou a garota por alguns segundos antes de se levantar do sofá que estava sentada e caminhar para fora da casa, sendo seguida por John B. pôde ver os dois discutindo perto da árvore por alguns minutos, antes de sinalizar que deixaria a Cameron em casa. A Routledge suspirou, passando as mãos pelo rosto, murmurando: “Kie, era minha carona”, antes de deixar o local, caminhando em direção à doca do Castelo.
se sentou na beirada do deck, deixando seus Vans vermelhos desbotados e sujos a centímetros da água. Encarando seu reflexo, sentindo a leve brisa fresca em seu rosto, fechou seus olhos e, respirando fundo, tentava encaixar seus pensamentos como peças de um quebra-cabeça, mesmo que não estivesse dando nada certo. Pensava se realmente estava valendo a pena eles arriscarem tudo pelo ouro, ela realmente tentou ignorar a animação, esforçou-se para não fantasiar uma vida rica e feliz com seus amigos, mas era impossível enganar a si mesma, porque realmente estava confiante.
Uma mão em seu ombro a fez abrir seus olhos em um susto, vendo Pope se desculpar silenciosamente enquanto se sentava ao seu lado.
— Parece que a ida à casa da Crain vai atrasar um pouco, não é? — comentou.
— Está feliz por isso, você estava morrendo de medo — Pope disse, fazendo a garota rir. — Nem tive tempo de perguntar como você está.
— Estou bem, na medida do possível. Se eu não enlouqueci ainda, quer dizer que estamos no caminho certo — ela brincou.
— Então, já posso te chamar de senhorita Thornton? — Foi a vez de Pope brincar.
— Fica quieto! — riu, o empurrando levemente. Ela encarou seus tênis velhos, balançando seus pés quase os encostando na água. — É estranho, Pope, eu tenho um toque de recolher, todos me olham estranho e eu nem posso reclamar, porque eu estou na casa deles de favor! — reclamou.
— É só até John B fazer dezoito anos — Pope falou, tentando tranquilizá-lá.
— E a Kiara? — mudou de assunto, voltando a olhar para Heyward.
— Kiara? O que tem a Kie? Ela literalmente acabou de sair daqui — o garoto gaguejou.
— Cara, você e os meninos ficaram uns bons minutos conversando, John B deve ter resolvido algo — explicou, vendo o rosto de seu amigo tranquilizar.
— A ideia é péssima, mas não temos outra escolha — JJ falou, se aproximando dos dois, com uma latinha de cerveja nas mãos. — John B está chamando você — apontou para Pope, que suspirou, se levantou do deck e caminhou em direção ao Castelo.
JJ apoiou suas costas no pilar do deck, olhando para a garota em sua frente por alguns segundos antes de oferecer um gole de sua cerveja, o qual ela aceitou, sorrindo. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, apenas sentindo o vento fresco, que combatia com o clima quente, enquanto dividiam a cerveja.
— Então, você agora é uma princesa Kook que tem horário para chegar em casa? — JJ brincou.
— Vai me ajudar a fugir depois do horário? — falou, entregando a bebida para Maybank.
— Sempre que precisar, princesa — ele fez uma reverência, fazendo a garota rir. — Bem, daqui a pouco vamos prender Kiara e Sarah em um barco para elas se resolverem, depois disso quer dar uma volta no HMS Pogue comigo?
— Espera! Sarah e Kie trancadas em um barco? John B não tem neurônios suficientes na cabeça — ela falou, incrédula, passando a mão pelo rosto.
, foi só nessa parte que você prestou atenção? — JJ riu, fraco, encarando a água por um tempo, dando um último gole na bebida, deixando a lata vazia em suas mãos.
conhecia JJ o suficiente para saber que uma hora ele iria chamá-la para sair, sabia da necessidade do garoto de um tempo a sós para ter certeza que estavam bem. Maybank fazia aquilo desde que eles eram pré-adolescentes e brigavam por algum motivo bobo, sempre arrumava uma desculpa para saírem juntos, assim ambos teriam o sentimento reconfortante em saber que tudo estava bem. apenas não imaginou que iria acontecer tão cedo e muito menos que todo o seu corpo iria explodir em ansiedade; suas pernas balançavam igual a de uma criança animada, ela realmente tentou conter o sorriso, mas, assim que viu o loiro com um sorriso tão infantil quanto o dela estampado em seu rosto, ela riu, olhando para o céu por alguns segundos, antes de voltar a olhar para Maybank, que brincava com o lacre da latinha, mas ainda olhava para a garota, ansioso por sua resposta.
— Vai me deixar em casa no horário? — brincou.
, meu nome é adjetivo de responsabilidade — falou JJ, fazendo a garota franzir as sobrancelhas.
— Sinônimo, Jay — ela riu, corrigindo.
Maybank apenas fingiu assentir com a cabeça, parecendo não se importar com o seu erro. Ele se levantou do deck, em um pulo, esticando o braço e ajudando a garota a se levantar, voltando a caminhar em direção ao Castelo, começando a explicar o que John B havia comentado sobre o plano de unir Sarah e Kiara.

***


Assim que Kiara entrou no pequeno barco, com uma feição nada boa, deu espaço para a amiga se sentar ao seu lado, enquanto Pope continuava dirigindo. Era um plano horrível na concepção de , mas, como ela não tinha tido nenhuma outra ideia, achou que não poderia reclamar muito. JJ e John B iriam fingir para Kiara que ficaram presos no barco do Sr. Heyward no meio do pântano, precisando da ajuda da garota para conferir o motor, enquanto Sarah Cameron estaria presa em alguma parte do barco. Na hora que Kie entrasse, os dois garotos iriam fugir e deixá-las lá até o dia seguinte.
— Como você está? — perguntou para a amiga.
— Só um pouco frustrada, eu acho — Kiara suspirou. — Eu perguntei para ele inúmeras vezes e ele mentiu! E todas as promessas Pogues?
— Acho que ele ficou com medo, John B nunca foi muito bom em falar com pessoas — falou, tentando reconfortar Kiara, que apenas apoiou a cabeça no ombro da loira. — E só para deixar claro, eu só não escolheria você se a outra pessoa fosse o Louis Tomlinson.
— Eu vou levar isso como um bom elogio — Kiara riu, sendo acompanhada por Pope que parecia estar ouvindo a conversa das duas garotas.
Assim que chegaram ao barco dos Heyward, Carrera foi rápida ao se aproximar de JJ e John B, que fingiam olhar algo dentro do motor. Assim que Kiara pulou de um barco para o outro, Heyward se afastou alguns metros para ser mais fácil na hora que os dois garotos fugissem. Em alguns poucos minutos, conseguiu ouvir a voz de Sarah Cameron, enquanto via JJ e John B rindo. A Routledge mordeu o nó de seu dedo indicador, nervosa, assim que avistou John B e JJ pulando para fora do barco dos Heyward, nadando rapidamente em direção a ela e Pope, enquanto os gritos de Kiara ao lado de Sarah Cameron ecoavam pelo local, implorando para que voltassem para buscá-las. Maybank se colocou ao lado de , chacoalhando seus cabelos molhados para molhar a garota de propósito, a fazendo rir.
— Só para deixar claro, eu não concordei com isso! — ela gritou para sua amiga com as suas mãos em volta da boca, na tentativa de sua voz sair mais alta.
Pope acelerou o HMS Pogue, deixando as duas garotas para trás. A Routledge sentou no convés, vendo o sol começar a se pôr, deixando o céu em um tom alaranjado que ela sempre adorou. Os três garotos conversavam sobre qual seria o próximo passo após Cameron e Kiara voltarem a ser amigas.
se sentia confusa em relação a isso, sabia que seu irmão gostava de Sarah. Mesmo que estivesse demorando um pouco para admitir isso, conseguiu perceber com facilidade o sentimento que os dois nutriam um pelo outro. Lembrava de Sarah tão preocupada quanto ela na noite em que John B caiu da torre. A Cameron sempre foi uma das poucas pessoas que sempre a tratava com respeito quando elas se encontravam no Country Club enquanto trabalhava, mas, do mesmo jeito, se precisasse fazer uma escolha, não hesitaria em escolher Kiara, que era sua melhor amiga desde sempre. Porém, torcia para que as duas garotas se resolvessem para que pudessem continuar com o plano o mais rápido possível.
, eu consegui as chaves dos carrinhos de golfe dos Cameron! Vamos apostar corrida pelo Country Club? — disse John B, a afastando de seus pensamentos, com um sorriso animado, enquanto balançava as chaves dos carrinhos de golfe.
Atrás de seu irmão ela pôde ver JJ rindo de algo que Pope dizia. Ele a encarou por alguns segundos e teve quase a completa certeza de que seus olhos estavam tão brilhantes quanto a água cristalina da praia quando a luz do sol refletia durante a manhã.
— Não posso, Johnny — ela respondeu, com uma feição culpada, olhando para seu irmão. — Eu e JJ temos planos.
A feição de John B se transformou no mesmo instante: seu rosto ficou sério, começando a encarar o loiro atrás dele por alguns segundos, voltando a olhar para a irmã, que brincava com algumas pulseiras em seu próprio pulso. John B puxou Maybank pela camisa e ambos cambalearam pelo barco, fazendo Pope, e, principalmente, JJ, se assustar com o ato. A garota arregalou os olhos ao ver seu irmão ainda segurando o loiro pela sua regata cinza, enquanto JJ levantava as mãos em rendição, tentando entender o que estava acontecendo com seu melhor amigo.
— Cara, o que deu em você!? — JJ perguntou, confuso.
— Se tocar um único dedo na minha irmã ou pensar nela, eu te afogo no pântano — John B falou seriamente, fazendo Maybank olhar para Pope e em busca de ajuda, ao mesmo tempo que negava com a cabeça.
— Johnny, de que merda você está falando? — se levantou do convés, se aproximando dos dois.
— JJ sabe do que eu estou falando — ele soltou o amigo —, e você fica esperta.
Assim que Heyward atracou o barco na doca do Castelo, John B pulou para fora, estressado, caminhando em direção à casa, deixando os três para trás sem entenderem o que havia acabado de acontecer.
Maybank chutou o vento, passando os dedos pelos seus cabelos loiros, caminhando de um lado para o outro, ainda no barco. A única reação plausível de foi começar a rir, fazendo os dois garotos a olharem confusos, mas, assim que Pope começou a rir com a garota, JJ parou de caminhar, começando a rir juntamente com os seus amigos.
— O que deram para ele no Figure Eight? — comentou, ainda rindo, em choque com a situação.
Pope se levantou e passou o braço pelos ombros de JJ, apontando o dedo em seu peito e falando com uma voz engraçada “fique longe da ”, fazendo os amigos rirem novamente.
O clima tinha se tornado suave e leve, as provocações contra John B sendo estranhamente protetor de uma hora para outra os fizeram esquecer que poucas horas atrás eles invadiram a casa de uma idosa maluca e que haviam prendido Kiara e Sarah no meio do pântano. sorriu para Pope, que saiu do barco, ainda fazendo piadas bobas sobre John B, enquanto JJ acenou para o amigo e deu partida no HMS Pogue.
havia ficado com a atitude repentina de seu irmão, não entendeu o motivo de ter ficado tão agressivo de um instante para o outro, mas acabou achando que era apenas pelo estresse que os dois estavam passando durante os últimos dias.
— O que John B quis dizer com “JJ sabe do que estou falando?” — perguntou, olhando para o loiro, que dirigia o barco.
Maybank passou os dedos pelo seu colar velho, tentando disfarçar o nervosismo, e soltou uma risada fraca, sem ao menos olhar para a garota, focado em guiar o barco para algum canto onde a maré estava calma.
— Bem, isso na verdade é culpa de Pope, eu acho… — ele disse, um pouco nervoso, fazendo ficar cada vez mais confusa diante a situação. — Aquele dia no ferro velho, Pope falou para John B que era estranho eu e você sempre estarmos tão juntos, enfim, JB está me perseguindo e me ameaçando desde então — ele riu fraco.
pareceu ficar em choque, se sentido estúpida por não ter percebido como John B agira de forma estranha nos últimos dias, principalmente quando se tratava da proximidade entre ela e JJ. Agora entendia os olhares confusos de seu irmão quando demoraram um pouco mais que os outros para ir para a Kombi mais cedo ou quando John B parou de dançar com Kiara apenas para afastar os dois alguns dias atrás no The Wreck. Se sentiu envergonhada ao pensar que seu irmão também suspeitava de sua quedinha por Maybank.
Um silêncio desconfortável permaneceu por alguns instantes, talvez porque eles sentiram que iriam precisar falar sobre o beijo em algum momento. teria que ouvir JJ falar de como tudo aquilo não passava de um grande erro, e seu coração iria quebrar em mil pedacinhos ao ouvir que JJ não gostava dela. Ela fantasiava todas as noites antes de dormir desde seus 13 anos e ele nunca iria se declarar para ela de uma forma clichê, igual quando eles assistiam “Simplesmente Acontece” juntos.
Maybank atracou o barco, apenas alguns poucos raios de sol ainda apareciam no horizonte, o céu estava se tornando um azul escuro. Ele tirou um beck de dentro de um caixinha de mentos e acendeu enquanto olhava o céu paralisado com as cores alaranjadas indo embora. tremia suas pernas em ansiedade, seus dedos batucavam em suas coxas e seu olhar voava entre o chão e JJ rapidamente. Ela estava exausta de toda a situação, ela preferia se afogar na água do que continuar naquele clima horrível que pairava entre ela e Maybank, por isso decidiu que preferia ouvir seu melhor amigo dando um fora nela de uma vez só, ao invés de ficar adiando o que provavelmente já iria acontecer.
— Você realmente acha que aquilo foi um erro? — disse, jogando toda a sua ansiedade para fora.
JJ pareceu surpreso com a pergunta da garota, ele soltou a fumaça que tragava, a olhando por alguns segundos.
— Nada que vem de você é um erro, — JJ disse, calmamente. — Eu cometi o erro, eu entendi as coisas erradas e…
— Eu já te disse que eu queria também.
O silêncio voltou, mas dessa vez eles não conseguiram tirar os olhos um do outro. As bochechas de estavam vermelhas por causa da confirmação, já JJ parecia estar hipnotizado, não conseguindo fazer mais nada além de olhar os olhos verdes da garota. Maybank se levantou, caminhando calmamente em direção à , que ainda estava sentada na parte da frente do barco.
A garota podia ter certeza que seu coração iria sair pela boca a qualquer instante, até ficou envergonhada ao pensar como suas batidas estavam mais aceleradas do que o normal. Assim que JJ parou em sua frente, ele passou as mãos por sua bochecha, de forma suave, fazendo a garota quase fechar os olhos. O único som que poderia ser ouvido era o das pequenas ondas batendo contra o barco, as mãos trêmulas de ambos denunciavam a ansiedade que sentiam, mesmo nenhum dos dois parecendo tomar coragem para dar o primeiro passo, para finalmente acabarem com a tensão que permanecia entre eles. A brisa fez os cabelos dos dois se movimentarem, pareciam estar ali há anos, encarando um ao outro de forma nervosa, mesmo que só tivesse se passado alguns segundos.
Mas, assim que JJ pareceu recuar alguns poucos centímetros para trás, se levantou, o puxando pela camisa e juntando seus lábios, um movimento rápido que assustou ambos, mas carregado de significado. A surpresa inicial foi rapidamente substituída pelo carinho que sempre sentiram um pelo outro, as mãos de JJ na cintura de enquanto ela permanecia com uma de suas mãos em seu abdômen e outra em seu pescoço, dividindo o momento que ambos esperaram por tanto tempo. O beijo era uma mistura entre a familiaridade de anos e a emocionante descoberta de finalmente poderem sentir um ao outro por mais do que apenas alguns segundos pela primeira vez.
O corpo de pareceu parar de funcionar, suas pernas falharam, e tinha certeza de que, se Maybank não a estivesse segurando pela cintura, já havia caído no chão. As mãos de JJ eram tímidas, demoraram mais que alguns segundos para que ele finalmente segurasse a garota de forma firme, apertando levemente sua cintura. Quando suas mãos se moveram, pôde sentir os dedos do garoto tremerem entre suas costas, o que a fez rir, finalizando o beijo.
— Te deixo nervoso, Jay? — riu, ainda com o braço enrolado no pescoço do loiro.
Maybank apenas sorriu, suas pupilas dilatadas encaravam a garota em sua frente, juntando suas testas. Ambos fecharam os olhos, apreciando o momento que estavam passando juntos. O sol já tinha desaparecido em meio ao horizonte, deixando uma brisa fresca que levemente atingia os dois.
se sentia flutuar, mesmo que ainda se sentisse um pouco envergonhada com toda a situação, pois não sabia como iria agir dali em diante, principalmente porque foi ela quem puxou JJ. Nem entendia de onde surgiu toda a coragem para fazer aquilo, mas não estava preocupada naquele momento.
— John B vai me matar por sua causa — JJ brincou, fazendo os dois rirem, se afastando apenas alguns poucos centímetros um do outro.
— Está com medo? — riu, olhando o garoto em sua frente, que apertou sua cintura com mais força.
— Depois de tanto tempo esperando por isso, , eu acho que vale a pena — JJ falou, quase em um sussurro, fazendo as bochechas de ficarem tão vermelhas que, mesmo agora, onde o sol já estava completamente escondido no horizonte, achava que Maybank poderia perceber o forte rubor em seu rosto. A garota se perguntou por aqueles segundos se estava sonhando, alucinando ou se havia entendido a frase de JJ de forma diferente. Parecia loucura pensar que o loiro estava assumindo em sua frente que queria beijá-la há algum tempo, enquanto jurava de pé junto que seus sentimentos por Maybank nunca seriam retribuídos.
voltou a se sentar no convés do barco, ainda sentindo suas pernas falharem por suas emoções fortes acontecendo dentro de si. Nem ao menos sabia como agir, apenas tentava tirar o sorriso tolo de seu rosto, mas, toda vez que olhava para JJ, que agora estava terminando de ancorar o HMS Pogue, o sangue subia para suas bochechas e ela voltava a sorrir.
— Parece um pouco maluco, não é? — falou, tentando agir normalmente e mudando de assunto como se não estivesse com fogos de artifícios dentro de si.
— O quê? — JJ perguntou, com as sobrancelhas franzidas, olhando para a garota enquanto soltava a corda da âncora. — Que a gente se beijou?
— Não, idiota! — ela riu. — Estou falando sobre Sarah Cameron. Já é uma ideia louca nós cinco estarmos indo atrás de um suposto ouro, mas Sarah é literalmente da alta elite Kook, cara! Acho que dinheiro não é algo que ela sinta falta — concluiu, apoiando as costas no convés, encarando as estrelas que começavam a aparecer no céu, antes de voltar a olhar Maybank que estava sentado no banco do condutor do barco.
— Kiara também é uma Kook — JJ argumentou.
— Kie é uma de nós — teimou.
— Pelo amor de Deus, ! Não me faça ter que te abandonar naquele barco junto com Kie e Sarah — JJ dramatizou, rindo, olhando a garota, que lhe lançou o dedo do meio.
O som das pequenas ondas batendo no barco, o fazendo balançar levemente, faziam se acalmar, olhando as estrelas brilharem acima de si, apenas sentido o cheiro do cigarro de Maybank. Por uma pequena parte da sua visão periférica, conseguia ver o garoto a encarando por alguns segundos antes de se aproximar dela, fazendo menção para que ela fosse para o lado. Arrastou as costas pelo metal do convés, ainda sem tirar os olhos do céu, sentindo JJ deitar ao seu lado. O corpo da garota se eletrizou assim que os ombros de seu amigo tocaram nos dela, juntamente com as pontas dos dedos que traçavam de forma suave e receosa pelos seus pulsos. Se não estivesse tão envergonhada, poderia fazer uma piada sobre isso, mas mal conseguia respirar pela pura ansiedade do momento, então não achava que conseguiria abrir a boca para brincar com a situação, mesmo que quisesse muito. Seu coração havia voltado a acelerar, um frio se formou na boca de seu estômago, a deixando tão inquieta que sentia que a qualquer segundo poderia se jogar no mar e voltar nadando até a praia.
— Por favor, , não diga que quer fingir que tudo isso nunca aconteceu… — A voz de JJ ao seu lado era quase como um sussurro, que fez o corpo da garota se arrepiar por completo, a deixando paralisada por alguns segundos.
Assim que se virou para o lado, nem ao menos tentou controlar as borboletas em seu estômago, pois sabia que nunca veria algo tão hipnotizante quantos os olhos azuis avermelhados como os de JJ durante uma simples noite estrelada. Estava em completo transe que só naquele momento havia percebido como o dedo indicador do loiro segurava o dela, a fazendo, novamente, ficar estupidamente corada, o que fez Maybank sorrir com o canto da boca.
— Eu acho que não conseguimos fingir, somos péssimos nisso — falou, voltando a olhar para o céu, respirando fundo, tentando acalmar as coisas dentro de si mesma, fechando os olhos na tentativa de tomar coragem para falar o que queria. — E eu também não quero fingir que nada disso aconteceu, eu quero que isso aconteça, Jay.
Com os olhos ainda fechados, ela suspirou assim que sentiu JJ se afastar por completo dela. Estava pronta para começar a xingá-lo, mas, antes que pudesse falar ou abrir os olhos, as mãos de JJ seguraram suas bochechas e juntaram seus lábios novamente, mas dessa vez o beijo durou poucos segundos, pois nenhum dos dois conseguia parar de sorrir durante o beijo. Maybank se afastou da garota, que voltou a se sentar, vendo o loiro rir, passando os dedos pelos cabelos de .
— Do que você está rindo? — a Routledge perguntou, confusa.
— Você me faz agir igual um idiota, — JJ falou, deixando um beijo na testa da garota.
JJ e passaram mais algum tempo no barco rindo um com o outro. A garota gostou de aproveitar aquele momento no pequeno barco sem precisar enfrentar a realidade que a pegaria no instante que pisasse para fora do HMS Pogue. Apenas pensar que teria os Thornton a esperando no Figure Eight já parecia um pesadelo, mas decidiu não pensar muito naquilo, apenas voltando a rir da história tola que JJ estava contando sobre o dia que ele encontrou um ninho de guaxinins em sua casa. O fato de Maybank estar tão confortável ao seu lado a deixava ansiosa — de uma maneira boa, é claro. O garoto brincava com os seus dedos e cabelos, tocando em seu rosto ou passando a mão pela sua perna. Bem, mesmo que normalmente eles já fizessem isso um com o outro, agora estava diferente, era frequente e animador. teve certeza que JJ não havia ficado mais de cinco minutos sem fazer algum toque físico.


Continua...



Nota da autora: OI, GENTE!!! Quanto tempo, né? Mil desculpas pela demora para atualização, mas a vida é algo engraçado, fazendo a gente ter mil reviravoltas, mas eu vou voltar a atualizar essa história que é tão importante para mim <3.
Atualização dupla, com beijinho do JJ e da PP porque vocês merecem! Não esqueçam de comentar!
Com carinho, Dora ❤️






Nota da beta: abrindo o coração e tomando a iniciativa é minha religião hahaha amei a coragem ❤️

Outras Fanfics:

➽ The Other Malfoy (Longfic - Em andamento)
➽ The Pogue Christmas (Shortfic - Finalizada)


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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