Última atualização: 01/12/2020

Capítulo 1

O dia que eu mais esperava do ano todo havia chegado. Eu finalmente iria para o show da minha querida banda favorita. Desde que me mudei para Inglaterra, esse era o objetivo da minha vida – exagerada nada – mas, pensando bem, foi um dos grandes motivos da minha ida para lá. Além, é claro, de fazer minha pós-graduação. Era estudante do mestrado em psicologia cognitiva, ganhei uma bolsa parcial devido à minha formação com honras no Brasil e aproveitei a oportunidade de ir para lá. Estava morando na Inglaterra há um ano e, durante todo esse tempo, não teve show deles. Quando me mudei pra Londres, eles resolveram fazer turnê no Brasil, só porque eu não estava lá. Quando voltaram, ficaram de “férias” e, depois, foram gravar um CD novo. Logo, quase morri quando vi que teria um show e que existia a possibilidade de se comprar ingressos VIP’s. Eu poderia visitar o camarim deles. Imagina isso! Claro que não dormi nenhum dia até conseguir garantir o meu ingresso. Foram três meses de preparação para esse dia, que finalmente tinha chegado. – ! – Eu chamei minha melhor amiga, que havia se mudado para Londres comigo para fazer mestrado em arquitetura.
Ela tentou entrar em Sourbone mas, no final das contas, eu consegui a convencer de mudar para Oxford e ficar comigo. Apesar de estudarmos em Oxford, morávamos em Londres. A viagem entre Oxford e Londres era super tranquila, coisa de uma hora de trem. Como éramos alunas do mestrado e já tínhamos passado da fase de aulas presenciais, resolvemos ir morar em Londres. Eu sempre me comunicava via e-mail e Skype com meu orientador de mestrado e, quando era necessário, pegava um trem para lá. – Para de gritar! – Ela gritou de volta. – O que você quer? Eu to dormindo, porra! – Nossa... Quanto amor! Eu quero sua máquina emprestada pra carregar, sabe como é... Hoje é o show! – Eu disse, gritando e dando pulinhos. – Ai, Deus! – disse. – Pega, tá aqui. Cuidado com ela, viu? – Com certeza! Essa máquina vai ser parte de mim! Imagina só, eu vou entrar no camarim! – Eu continuava pulando. – Vou ver meus ídolos!
– Ok, ok, eu já sei disso... Ai, meu Deus. – Ela disse, voltando para o quarto e tapando os ouvidos com as mãos enquanto eu continuava pulando e gritando.
Eram seis horas da manhã. Eu estava realmente falando alto, não costumava acordar cedo assim sem motivos. Já tinha gasto metade da minha bolsa do mestrado com aquilo. Ingressos VIP’s eram realmente caros, mas quem iria colocar um preço no meu amor? Eu não! Ainda mais que conseguiria finalmente ver pessoalmente. Provavelmente, teria que comer o que a comprasse durante meses sem reclamar. Eu não tinha corrido atrás de nenhum emprego pelo fato de minha bolsa do mestrado ser bem generosa e meus pais me ajudarem quando alguma coisa apertava demais. Sem falar que eu tinha uma renda extra fazendo projetos online. Mas tudo isso valeria a pena. Eu ia entrar no camarim, tirar fotos e beijar todos eles. não gostava da banda, mas ela também não odiava. Achava eles bonitos e gostava de uma música ou outra. Só não era fã louca – tipo eu – e obviamente não ia gastar a bolsa dela com um ingresso VIP. Na verdade, nem com o ingresso simples. Ela costumava me zoar todos os dias, afinal – de acordo com ela –, eu não tinha idade pra ficar louca assim pela banda da moda, apesar de eles não serem exatamente a banda da moda. Mas, sinceramente, eu tinha 24 anos, uma idade perfeita pra amar pessoas que eram um pouco mais velhas que eu. E se eles dessem brecha? Eu caía pra dentro mesmo e eles não iam ser presos por pedofilia, algo que, com certeza, aconteceria se o Hugh Grant desse bola pra mim quando tinha meus 16 anos e babava por ele. De qualquer forma, não ia ao show comigo. É... Eu ia sozinha para o show da minha vida. Tudo bem, não ia obrigá-la a ir só me fazer companhia e gastar a grana dela. Mas consegui pegar emprestada a máquina cheia de frescura profissional dela para conseguir fotos incríveis. Depois de arrumar tudo, fui para a fila. Cheguei lá às oito horas da manhã e fiquei até a hora do show. Isso valeu muito a pena. Consegui ficar bem na frente, colada na grade, com uma vista perfeita do palco todo. E no campo de visão deles também. Eu queria ter as melhores fotos. Sabe como é, uma pelo menos de algum deles me olhando, se possível. Também fiz umas amigas, elas iam entrar no camarim junto comigo. Nós estávamos fazendo as estratégias para tirar as melhores fotos já vistas da banda toda e trocando os e-mails para nos enviarmos as fotos depois. A banda que iria abrir o show se atrasou um pouco, mas foi um bom show. Nada demais, nem gastei minha voz com eles. Depois de mais uns 20 minutos de espera, começou. As luzes brilhavam para todos os lados e um som de suspense estava no ar. Eu, obviamente, já estava gritando junto com as meninas que estavam comigo desde a fila. Era muita emoção. Em poucos minutos, eu finalmente os veria.
– Ai, meu Deus, vou ter um enfarte! – Emma, uma delas, disse. – Deixa pra morrer depois porque, se você morrer agora, vai ser pisoteada. – Falei, rindo.
Nesse exato momento, os gritos foram ensurdecedores! tinha entrado seguido por todos os outros. estava muito sexy, não mais do que o , mas sexy o suficiente. Eu não sabia se eu gritava, tirava foto, cantava, olhava ou suspirava. Então eu fiz tudo ao mesmo tempo, coisas que somente as brasileiras são capazes de fazer. Depois do show, eu estava tão suada quanto os meninos no palco. Até fiquei meio com raiva disso, afinal, agora era a hora de ir ao camarim tão esperado. Antes de irmos para a fila VIP, que tinha cerca de 30 meninas, contando nós três, pensamos ser melhor sermos as ultimas a entrar e fomos ao banheiro pra tentar dar uma arrumada no visual, ou pelo menos secar o suor e passar um perfume. – Nossa, o show foi perfeito! – Ashley comentou enquanto eu secava o excesso de suor e dava uma ajeitada na maquiagem.
– A parte mais esperada vem agora. – Emma disse com os olhos brilhando. – Quinze minutos no camarim! – Nós três gritamos juntas e saímos rindo do banheiro.
A fila já estava quase no fim. Chegando nossa vez, pegamos nossas credenciais na entrada do backstage e fomos acompanhadas por uns seguranças até a porta de entrada do camarim. Quando entramos lá, demos de cara com mais três meninas e ficamos conversando até que Neil apareceu na porta e anunciou que nossa vez seria em 15 minutos.
– Porra, mais quinze minutos! – Eu reclamei entre as meninas. – É verdade, mas vai valer a pena quando passarmos por essa porta! – Olá, pessoas! – abriu a porta de repente – Desculpe a demora, nós estávamos dando banho no . Todos começaram a rir e soltou um “ei” no meio das risadas. Quando todas nós entramos, eu quase tive um ataque cardíaco. Fiquei petrificada e não sabia o que fazer. Eu estava morrendo, minha cara devia mostrar isso visivelmente, afinal, veio falar comigo.
– Você tá bem?
Cara, sendo atencioso e fofo comigo... Fala alguma coisa, !
– Muito bem... Ai, meu Deus, eu estou no camarim de vocês! E você está falando comigo. Isso é demais para o meu coraçãozinho. – Falei rápido e me abanando.
Aquele camarim estava ficando quente ou era só eu? deu uma risada.
– Então para de se abanar e aproveita o tempo que você tem aqui pra tirar fotos. – Ele pegou a máquina na minha mão e fez uma pose ao meu lado. – Pronto! Sua foto comigo tá ok, agora corre pros outros e depois pede autógrafo. – Obrigada por me ensinar como me comportar no camarim, .– Eu disse, rindo de como ele estava tentando não me deixar nervosa.
Apesar de eu continuar tremendo, segui o conselho dele. – Não há de quê. – Ele disse, entregando a máquina fotográfica na minha mão e se abaixando um pouco para eu poder beijar sua bochecha.
Sou baixinha mesmo, fazer o quê? foi muito fofo, ficou conversando comigo por muito tempo para eu perder o meu nervosismo. Apresentou-me para os meninos e até bateu umas fotos minhas com o , com o qual eu fui apenas capaz de trocar princípios de palavras. Sério, como alguém conseguia formar frases em outro idioma olhando para aqueles olhos? Eu bati milhões de fotos. O nosso tempo passou rápido e, logo, tinha acabado. Os meninos foram uns amores e deram autógrafos em todos os papéis que eu tinha perto de mim. assinou até o meu braço no meio da brincadeira. Eu tinha um bolo de papeis autografados e joguei tudo na bolsa, o que a deixou com um volume enorme. Por isso, tirei minhas chaves e minha máquina de lá para poder organizar melhor tudo. Nesse meio tempo, as meninas pediram para eu tirar umas fotos com as máquinas delas. Eu fui super prestativa, afinal, minhas fotos já estavam sãs e salvas. – Muito obrigada por tudo, meninos! – Eu dizia enquanto terminava de tirar mais uma foto com a máquina da Emma. – Foi uma noite maravilhosa e o show de vocês foi demais! – Obrigado! – disse. – Vocês são bem legais, espero ver vocês mais vezes nos shows! – Com certeza! – Todas nós dissemos juntas. – Tchau, gente! – Até mais! – Eles responderam em coro e caíram na risada.
Sai de dentro do camarim em êxtase, nem percebi que estava com a máquina de Emma em minhas mãos. Devolvi correndo pra ela antes de entrar num táxi e voltar para casa, imaginando em como eu contaria tudo para a de forma resumida.

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'S P.O.V.
– Que fãs mais loucas, né? – disse, rindo. – Nunca vi tanto nervosismo junto. – Pô, elas estavam bem nervosas mesmo. Eu até tive que ajudar uma delas a se mover! – Eu disse, lembrando da menina que estava congelada desde que tinha entrado. – Ela é brasileira, acredita? Normalmente, elas são tão atiradas. Essa ficou tão quietinha que eu até duvidei de que ela fosse brasileira mesmo. Super gente fina, a gente conversou muito. – Eita, hein? , tá afim da brasileira?! – falou, zoando comigo. – E nem todas as brasileiras são atiradas, deixe de preconceito! – Não vou dizer que não a achei gata. Porque eu achei. Mas nem foi isso, ok? – Falei, me sentando. – , essas chaves aqui são suas? – falou alto, pegando um molho de chaves perto de um celular e uma máquina fotográfica. – Não, nem esse celular, muito menos essa máquina. – disse, se aproximando para olhar as coisas. Nós começamos a mexer nelas. descobriu a senha do celular pela marca que ficou na tela. Achei meio perturbador isso mas, de qualquer forma, com esse momento espião maluco, descobrimos que eram a máquina, celular e chaves da tal menina brasileira que veio nos conhecer no camarim. – Putz! Coitada, todas as coisas dela aqui... Como será que ela vai entrar em casa? – Eu disse, preocupado. – Menina desligada! Como ela esquece as coisas assim? – falou. – Tipo assim... A chave da casa dela! Nem o faz isso. – apenas ignorou, fazendo uma careta. – Vamos entregar isso pro Fletch, ele pode dar um jeito de devolver. – disse, já querendo ir embora. – Não! – Eu disse, rápido. – O Fletch vai acabar dando pra alguém fazer isso e a menina nunca mais vai ver essas coisas. – O que você pretende então? – perguntou. – Eu mesmo vou devolver isso. – Eu falei, olhando as fotos, e tinham umas muito legais. – Mas não agora, amanhã eu faço isso. – Então eu guardei as chaves e o celular no bolso. – Aposto que você escondeu essas coisas aí... Sabe? Pra ter desculpa para ver ela de novo! – disse só para eu ouvir. – Eu não faria uma coisa dessas! – Eu disse, sorrindo. – Não gostei dela desse jeito. Só estou compadecido pela dor. Imagina se isso fosse meu, com fotos do Blink. Eu ficaria muito triste. – Sei, , sei! – me puxou pelo pescoço para fora do camarim.
END OF 'S P.O.V.

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Cheguei em casa exausta e dei graças a Deus que estava acordada, não estava encontrando as minhas chaves na bolsa. Minha organização estava meio ruim, mas eu tinha muitos autógrafos valiosos lá. – do céu! Foi o paraíso! – Eu entrei gritando. – Você precisava ver como foi maravilhoso, eu abracei o , e o , e o , e o , aí eu tirei fotos... – me interrompeu. -Ok, maluca, respira. Dê pausas ao falar, não morra agora. Amanhã você me mostra as fotos e conta tudo, eu to indo dormir. – Ah... Você tá sempre dormindo, né? – Eu fiz piada. – Mas eu também estou cansada, vou dormir. Amanhã te conto tudo com detalhes. Subi correndo, me joguei na cama – literalmente – e dormi toda suja e bagunçada. Sonhei com o show. No outro dia, pela manhã, levantei, tomei um banho bem demorado e desci para tomar café. Eu estava muito feliz, mal podia esperar pelo belo dia que se iniciava. – Bom dia, flor do dia! – estava toda arrumada, comendo um pão de queijo. – Você fez pão de queijo! – Eu corri até a mesa para pegar um. – Adoro seus pães de queijo, . – Eu disse, colocando um deles na boca. – Nada melhor do que um gostinho do Brasil para completar esse momento maravilhoso pelo qual estou passando. – Eu sei. – Ela disse, rindo da minha cara com a boca cheia. – Hoje eu acordei afim de um café da manhã brasileiro. Enfim... Como foi o show que fez o dia de hoje ser tão maravilhoso? – Ela disse, ironizando minha felicidade. – Nossa! Foi perfeito, eles tocaram todas minhas músicas favoritas e tocaram um monte das que você gosta também. – Legal! E no camarim? – Menina, você acredita que eu fiquei congelada? deu uma gargalhada. – Não era você que ia beijar e pular em cima de todos eles? Ficou congeladinha, ficou? – Fez piada. – Fiquei. – Eu disse. – Mas aí o sexy foi lá falar comigo e me tirar do transe. – E aí? – Ah, a gente conversou muito... Eles são muito legais, . – Eu disse, suspirando. – Tenho que te mostrar as fotos, espera. – Subi correndo para pegar a máquina e o meu computador para mostrar as fotos para a . Chegando ao meu quarto, corri para minha bolsa. Tirei todos os autógrafos de lá e não consegui encontrar a máquina. Entrei em desespero, óbvio, afinal, as fotos da minha vida estavam lá. E claro, a ia me matar. Ela tinha um ciúme louco por aquela máquina. Comecei a virar a bolsa do avesso, e depois comecei a revirar minha escrivaninha. – ? Anda, menina, to curiosa! – Ela gritou da cozinha. Desci a escada e fui direto para o telefone. Meu celular, com certeza, estaria perto da máquina, já que eu estava carregando os dois juntos durante todo o tempo. – O que você está fazendo? – disse, chegando perto do telefone. – Ligando pro meu celular, não sei onde eu o botei. – Eu disse e coloquei o telefone no ouvido. – Tá chamando, faz silêncio e me ajuda. Ouvi o tom de chamada no meu ouvido e comecei a andar pela casa procurando. Foi então que o inesperado aconteceu. Uma voz atendeu meu celular. – Hum... Alô? – A voz do outro lado disse. Como assim tem alguém aqui em casa? Que voz é essa? Eu comecei a me desesperar, mas então me lembrei das fotos e surtei. – Quem está falando?! E por que você está com o meu celular?!
Sim, eu berrei. Como assim? Eu fui assaltada e não percebi? – Hum, aqui é o . Quem está falando? – A voz falou. – ? Que ? Por que você está com o meu celular?
Eu não conhecia nenhum , será que eu perdi meu celular durante os pulos no show e alguém o encontrou? Como iria achar a máquina da agora? – . Eu estou com seu celular porque você o esqueceu junto com as suas chaves e sua máquina fotográfica no nosso camarim. E eu peguei para te devolver! – Até parece que você é o ! – Eu disse, irônica. – Quero minhas coisas de volta! Eu sei que você deve ter visto que as fotos são com o McFLY e está zoando com a minha cara. Devolve minhas coisas e, se tiver uma foto a menos, você vai ver só! – Eu estava louca, fazendo ameaças para um desconhecido que, por acaso, tinha basicamente a minha vida toda naquele celular. Obviamente, já estava surtando ao meu lado. Como assim eu tinha perdido a máquina dela? Mas eu tinha outros problemas no momento, não queria perder minhas fotos. Estava me sentindo como se um parente importante tivesse sob a custódia de sequestradores. Sim, eu era mesmo exagerada. – Então a gente podia marcar algum lugar para eu devolver as suas coisas. – Ele disse, calmo. – E você pode ver que eu sou mesmo o . – Ok, faz de conta que eu acredito que você não é um ladrão barato que quer me sequestrar. Onde eu iria te encontrar para pegar minhas coisas? – estava pulando do meu lado, falando alguma coisa sobre como eu era louca, que ela nunca me deixaria ir até o lugar que o ladrão estava sugerindo e que eu devia ter perdido o juízo se estava sequer pensando em ir a qualquer lugar encontrar um estranho. – Em qualquer lugar. Se você quiser, você pode escolher. – Ele disse. – Ok então! Vamos nos encontrar na Starbucks da Oxford Street. – Eu era esperta, estava fazendo um teste com ele.
Essa Starbucks, em particular, era bem movimentada e cheia de turistas, queria ver se ele iria a um lugar público. – Ai! – Ele disse. – Logo nessa? É muito lotada, muita gente vai me reconhecer. – Ah é, eu esqueci que você é, supostamente, o . – Ele tinha absorvido bem o papel. – Onde você sugere, então? – Pode ser na Starbucks na Chiswick? Era um lugar público, não era tão movimentado, mas eu poderia ir disfarçada e ver de longe. Qualquer coisa, eu chamava um policial. – Fechado! Estarei lá às três da tarde. – Eu disse. – Esteja lá! – Certo, estarei. – Ele disse. – Tchau, até mais. – Tchau. – Eu desliguei o telefone. – Você é louca?! – estava vermelha. – Você não vai pra lá de jeito nenhum! – Nós vamos sim! – Eu disse, confiante. – Nós? Nós? Como assim?! – Ela definitivamente tinha perdido a cabeça. – Nós porra nenhuma, você não vai me arrastar pras mãos de um psicopata! – , a gente vai mais cedo, fica olhando de longe e, se não chegar nenhum lá até umas três e meia, nós voltamos. – Eu fiz minha carinha de pidona. – Ok, a gente vai mas, se eu morrer, eu faço questão de falar agora que a culpa é sua!
Eu dei um abraço nela e nós fomos nos disfarçar para encontrar o psicopata.


Capítulo 2

Fomos para a Starbucks às duas da tarde. Pedimos uns cafés e nos sentamos numa mesa isolada no cantinho, podíamos ver a porta e não éramos vistas. O tempo passou e, enquanto tomávamos café, ficamos analisando criticamente todas as pessoas que entravam no estabelecimento. Quando estávamos sozinhas, costumávamos conversar em português para não sermos entendidas, como um código secreto.
– Olha aquele cara ali! É suspeito! – apontou discretamente para um cara realmente estranho com um sobretudo preto que ia até o pé e um chapéu estranho.
– Esse cara não parece com a voz que eu ouvi no telefone. – Eu disse calmamente enquanto tomava meu café.
E a cada minuto que passava, eu ficava mais ansiosa, apesar de não transparecer. As aulas de clínica ajudavam com isso, conseguia controlar bem os meus sentimentos. Era exagerada só quando estava à vontade. No geral, eu era um poço de mistério.
– Desde quando alguém parece com a voz? – Ela disse. – Você pode ser psicóloga, mas isso não te dá o aval de reconhecer faces pela voz.
– Sei lá... – Eu disse, tomando mais um gole do meu café. – Sei que esse aí não parece. Eu tenho um olhar analítico, estudei isso por 5 anos, não vem me zoar.
– Você é louca, ele tem muita cara de assassino!
– E quem te disse que eu falei com um assassino?
– Ah, sei lá... Quem mais roubaria minha máquina, suas chaves e o seu celular?
– Bem, se ele é quem diz ser, eu provavelmente esqueci as coisas, não fui assaltada. Até porque eu não me lembro de ter sido assaltada. – Coloquei meu café na mesa e dei uma olhada ao redor.
Nada do . Bem no fundo, estava torcendo para ser realmente ele. Vai dizer que você também não torceria? Sei lá, ele podia se apaixonar por mim. Sabia que amava o , mas não ia desdenhar o nunca!
– Isso porque minha máquina ia ser “parte do seu corpo”. – disse, levantando as mãos e fazendo o sinal de aspas ao bufar.
Ela passou a mão na frente do meu rosto para me acordar. Eu estava imaginando o se declarando totalmente para mim com de testemunha.
– Ah, , dá um desconto, eu estou tentando recuperá-la. – Eu disse, olhando ao redor mais uma vez.
Faltavam vinte minutos para as três e eu estava muito apertada, precisava seriamente de um banheiro. , claro, ficou meia hora reclamando que eu tinha planejado aquilo e tinha contratado o cara na noite anterior para matá-la e ficar com o dinheiro dela. Eu tive que tentar convencê-la de que, somente se eu estivesse casada com ela, poderia ficar com o seu dinheiro, mas não deu muito certo. Ela continuou dizendo que, se ela morresse, eu ficaria com tudo que tinha na casa. No fim, eu decidi deixar pra lá, não tinha jeito.
Fui ao banheiro e ela ficou sentada na nossa mesa, guardando o lugar e olhando para ver se o suposto cara que dizia ser o apareceria. Voltei do banheiro, estava sentada toda sorridente.
– Tá feliz por quê? – Eu disse, vendo a cara de boba dela. – Quem é você e o que você fez com minha amiga paranoica?
– Ai, ai... – Ela começou. – Eu acabei de ver um deus grego entrando. Ele sorriu e deu uma piscadinha pra mim.
– Ui, ui! Mas e aí, nada do ? – Eu perguntei.
– Não, nada do . – Ela completou.
– Me mostra o seu gatinho?
– Ele foi ao banheiro. – Ela disse, procurando por ele. – Quando ele voltar, eu te mostro.
– Como ele é?
– Ah, cara de londrino típico. Do jeito que eu gosto. – Ela disse, rindo.
Imaginei algum garoto com cara de rockstar ou com roupas do gênero, era o ‘londrino típico’ para a .
Uns minutos depois, eu já estava perdendo a esperança de receber minhas fotos de volta. Já eram três e quinze e nada de nenhum.
– Olha lá, meu deus grego. Meu Deus, ele tá olhando pra cá. Disfarça, não olha agora, não olha agora! – se abanava na minha frente, me impedindo de olhar para o cara. – Pelo amor de Deus! – Ela falou alto e em português. – Ele tá vindo pra cá! – Ela começou a ajeitar o cabelo e se olhar no porta-guardanapo.
Então eu finalmente consegui ver o tal rapaz e fiquei louca.
, esse é o !
Nem preciso dizer que eu quase morri quando ele chegou rindo. Claro, ele estava ouvindo nossa movimentação enquanto se aproximava e me ouviu gritando essa “apresentação”. Por algum motivo, eu gritei isso em inglês. Foi automático e, consequentemente, muito constrangedor, já que eu não queria que ele me entendesse.
– Prazer, . – Ele disse, estendendo a mão.
– Prazer. – disse ficando vermelha beterraba.
Quem não ficaria com uns olhos daqueles te encarando profundamente?
– Meu Deus. – Foram as únicas palavras que saíram da minha boca.
– Eu disse que eu era eu. – Ele falou, rindo. – Posso me sentar com vocês?
Eu e balançamos a cabeça positivamente ao mesmo tempo, provavelmente uma cena hilária – pra não dizer ridícula, porque ele sentou-se à mesa rindo.
– Então, agora que vocês sabem que eu não sou um sequestrador, eu posso conversar amigavelmente com vocês?
, você espera só um minuto? Eu tenho que matar a minha amiga aqui. – Eu disse, puxando a pelo braço pro banheiro.
– Ok, eu espero. – Ele disse, pedindo ao garçom uns petiscos para acompanhar o café dele. – Só não a mate totalmente, certo? Acharia uma pena. – Ele pediu, sorrindo.
– Pode deixar, só vou desfigurar ela um pouco. – Falei, saindo agarrada com ela.
– Qual o seu problema? Seu ídolo gatinho, que deu super mole pra mim, tá ali e você me traz pro banheiro?
, como você não me disse que o seu “Deus Grego” era o ? Você disse que ele não tinha chegado! – Eu comecei.
– Ué, cadê aquela foto que você me mostrou? – Ela pegou o celular dela e me mostrou.
– Achei que esse aqui era o .
– Esse é o ! – Eu disse, botando a mão na testa. – Como você confundiu os dois? Eles são completamente diferentes.
– Ah, sei lá, antes de ver o pessoalmente... E caralho, como ele é quente. – Ela disse, rindo. – Eu achava eles todos meio iguais.
– Fala sério! Nem parece que você é minha amiga, eu falo deles toda hora. – Eu continuei, indignada.
– Ah, deixa disso, você pode brigar comigo depois. Vamos voltar pra mesa com o gatinho? – Ela disse.
– Tá, vamos. – Fiz outra cara de indignada e nós voltamos para a mesa onde esperava, comendo uns docinhos.
Quando ele nos viu andando de volta, deu um sorriso. E que sorriso.
– Achei que vocês tinham fugido. – Ele continuou nos hipnotizando com o sorriso.
– Ah, quê?! Não, a gente não ia fugir... – Eu disse, tentando escapar do poder do sorriso dele.
– Hm, você não foi ontem no show, né? – Ele disse, se dirigindo a , e eu senti um interesse.
– Hm, não, é... Eu não sou uma fã louca, tipo a . – Ela disse como quem não queria nada e apontou para mim.
– Fã louca? – Ele repetiu.
– Eu não sou uma fã louca! – Eu disse rapidamente. – Ela que simplesmente não é fã.
– Ok, uma fã meio louca. – Ela disse pra mim. – Enfim, só conheço a banda de vocês por culpa da .
– Que bom que você conhece ela então! – disse, dando um sorrisinho. – Enfim, aqui estão suas coisas. – Ele colocou as coisas em cima da mesa. – Espero que não se importe, eu apaguei umas fotos em que eu estava vesgo. Mas eu tirei umas fotos dos meninos para compensar.
– Obrigada! – Eu disse com os olhos brilhando enquanto passava as fotos.
Tinham muitas fotos perfeitas. Tinha duas do dormindo e uma do pé do . Pois é, eu reconheço o pé dele. Tenso.
– Minha máquina tá inteira? – , a materialista, estava de volta.
Ela pegou a máquina da minha mão rispidamente.
– Tá inteira sim, . – Eu repeti o gesto dela. – Eu estou admirando minhas fotos, licença.
– O quase a quebrou ontem de noite, só porque eu estava tirando fotos dele nu.
Assim que ele terminou de falar isso, eu comecei a passar as fotos mais rápido, procurando por fotos deles pelados.
– Relaxa, o apagou todas, você não vai ter uma G-Magazine do McFLY aí. – Ele disse quando notou que eu estava passando as fotos mais rápido.
– Hm... Ah, que isso... Eu nem queria ver vocês pelados. Pareceu, é? Eu estou procurando uma foto que eu tirei do , sabe? – Eu tentei disfarçar, ficando completamente vermelha.
– Aham, sei! – falou.
Eu simplesmente a ignorei. Eu estava feliz demais para me importar com aquilo. O estava na minha frente! E tinha tirado fotos para mim!
– Se vocês tivessem quebrado, iam ter que pagar uma nova. – Ela disse, falando diretamente para ele.
– Até parece. Se tivesse quebrado, eu ia fingir que só tinha celular e chaves esquecidas lá. – Ele disse já se protegendo, imaginando que fosse partir para cima dele.
– Muito engraçadinho o senhor. – Ela disse com voz de mandona. – Nem me conhece e já tá cheio das piadinhas.
– Ou eu poderia simplesmente não devolver nada... – Ele disse e deu uma risada. – Mas eu te conheço melhor do que você imagina. – Ele disse, levantando uma das sobrancelhas.
Eu continuei olhando os dois conversarem, não ia interromper a tensão sexual que estava acontecendo.
– Que nada! Você não tem como conhecer! – Ela desafiou.
– Eu sei que você pegou o “CiroLindo demais”. – Ele falou, imitando uma voz feminina.
– Você conhece o CiroLin... Quer dizer, o Ciro?! – Ela ficou confusa.
– Que nada, , ele leu minhas mensagens! – Eu disse, o acusando.
– Ah, li mesmo, o celular tava comigo de bobeira... – Ele falou, levantando as mãos. – Mas eu não sabia quem era a “doidinha à milanesa”.
– Peguei o Ciro mesmo, e ele é muito gostoso! – falou, rindo. – E não me chame assim, nem a tem autorização.
Ele deu uma risada.
– Nem você tem autorização, ? – Ele olhou para mim e eu apenas levantei meus ombros, sem notar que ele me chamou pelo meu apelido.
Ele se virou para novamente.
– Continua pegando?
Atenção, Brasil! dando em cima da minha amiga!
– E se continuar? Isso não é da sua conta. – disse.
Como assim? Ela acabou de cortar o ?! Eu tinha que salvar aquilo. Se ela começasse a pegar o , eu tinha chance de ver o McFLY... Tipo assim... Sempre! Eu não podia perder aquela oportunidade.
– Ela não tá pegando ninguém, . – Falei e ele deu um sorriso hipnotizador.
– Bom saber. – O telefone dele vibrou em cima de mesa e ele leu uma mensagem. – Então, meninas, eu tenho que ir agora. – Ele foi levantando da mesa. – Mas vocês me devem uma saída.
– Como assim nós devemos uma saída? – Eu perguntei.
– Ué, eu salvei a sua máquina. – Ele disse, olhando para . – E salvei as suas fotos. – Ele olhou pra mim. – E hoje a gente praticamente nem conversou. Eu ligo pra vocês para marcar alguma coisa. – Ele completou.
– Você não tem nosso número. – Eu disse quando ele já estava de costas, saindo.
– Eu tenho sim. – Ele se virou, rindo. – E você também tem o meu. – Ele deu uma piscadinha para nós duas e saiu.
Ficamos um pouco congeladas e, no minuto seguinte, eu e corremos para olhar o meu celular. O primeiro contado era “AAAA telefone do ”, os A’s para que fosse o primeiro da agenda. Não pude deixar de rir. Resolvemos voltar para casa para ver as fotos com calma. Quando coloquei o celular no bolso, o senti vibrar. Era uma mensagem do .

Você é bem legal, apesar de ser meio louca
Faça o favor de convencer a sua amiga a sair com a gente
E, por favor, me responda com o telefone dela
xx


Porque ele me chamou de louca eu não sei. Obviamente, a única pessoa que manifestou sinais de loucura na frente dele foi a . Falando nela, fiquei pensando no caminho de volta o porquê dela ter ficado toda “acesa” quando ele era o Deus Grego e o porquê dela ter cortado ele quando soube que era o .
– Ué, não posso me fazer de fácil para um artista. – Ela disse como se fosse a verdade suprema do universo. – Ele tá acostumado com menininhas caindo de amores por ele, então é bom ele receber uns desafios gostosos, tipo eu. – Ela apontou para o rosto dela e começou a gargalhar.
– Você não é nem um pouco metida, né? – Eu disse, rindo junto com ela. – Posso passar seu telefone pra ele?
– Você deve passar meu telefone para ele. – Ela disse empolgada ao saber que ele tinha pedido o número dela.
– Ué? Cadê a menina desafio? – Eu baguncei com ela enquanto escrevia a mensagem.
– Ela está aqui, – Ela apontou mais uma vez para o rosto. – mas eu preciso ter contato com ele para ser um desafio, sua bobinha.
– Tá, tá, até parece que você não quer pegar o gostoso do !
– Ei, ele não é seu favorito não, né? Você vai me odiar se eu pegar ele?
– Se você me ajudar com o , não te odiarei. – Falei, pegando o celular dela e enviando uma mensagem, copiando o número dele da minha agenda.
Não dava para acreditar. salvou seu número no meu celular. Estava ficando muito importante.
– Espera um minuto... Esse , que você ama tanto, não tem namorada? – perguntou, curiosa. – Eu lembro de você falando alguma coisa assim...
– Tem, mas eu nem sou ciumenta! – Nós duas começamos a gargalhar. – Falando sério, não quero pegar o . Ficarei feliz em ser amiga dele. – Meus olhos começaram a brilhar. – Eu, amiga do McFLY, nem no meu sonho mais louco!
– Deixa disso, minha máquina fez isso acontecer! Ela tem esses dons, por isso que eu não gosto de perder!
– Você é completamente louca. – Conclui, liguei o som e nós fomos para casa cantando alto a música que tocava na rádio.


Capítulo 3

Já haviam se passado uns três dias e nada de ligar, mandar mensagem, sinal de fumaça ou uma carta de amor, o que obviamente estava deixando louca. Nós estávamos na sala vendo televisão, comendo pizza e tentando imaginar o que teria acontecido.
– Você tem certeza de que deu o meu número certo?
, eu enviei do seu celular a mensagem!
– Vamos conferir? Quem sabe você digitou alguma coisa errada.
Peguei meu celular, abri o contato e digitei o telefone. Não havia enviado para o numero errado. perdeu as esperanças.
– Ele deve estar muito ocupado... – Concluí enquanto comia uma fatia de pizza.
Até parecia que um integrante de uma banda famosa como o McFLY iria perder o tempo dele com a gente.
– Acho que a gente podia ligar... – Ela mudava os canais da TV sem prestar atenção no que estava passando em cada um deles de tanta ansiedade.
Era até engraçado. nunca foi uma pessoa ansiosa. Na verdade, era até bastante paciente. Ao contrário de mim, um poço de curiosidade e ansiedade.
– Eu não tenho essa coragem... Vou falar o quê? “Oi, , é a . Por que você não ligou para a minha amiga?” Muito sem noção fazer isso, .
– Ah, que saco! Ele podia ligar hoje, né? Tá um dia tão entediante! – Arremessou o controle da TV no sofá e se dirigiu para a cozinha com a caixa vazia de pizza.
Ela tinha mania de limpeza. Se fosse eu, aquela caixa ficaria por ali por mais uns dias. Ainda bem que ela existia. Caso contrário, aquela casa seria muito parecida com um lixão.

Terminei de comer minha fatia de pizza, fui para o meu quarto ver meus e-mails e ficar de bobeira na internet. Eu fazia mestrado, mas passava grande parte do meu tempo livre online e era bastante conhecida no mundo virtual. Sempre fiz sites e blogs para bandas de amigos desde a época em que morava no Brasil, cheguei a considerar ter uma carreira na área antes de fazer psicologia. Eu era boa nisso, já tinha feito sites para várias bandas que estavam começando. Quando elas começaram a ficar mais conhecidas, eu também fiquei. Era um bom dinheiro extra no fim do mês e sempre rolava uns ingressos para shows de graça.
No meu e-mail, sempre apareciam pedidos de pessoas aleatórias. Na semana anterior, por exemplo, recebi um e-mail estranho de um cara chamado Matthew, que disse ter visto os sites que eu já havia feito e tinha gostado muito. Disse também que tinha uma ideia revolucionária, queria que eu o ajudasse nessa “revolução” e me pagaria bem para fazer isso. No último e-mail que mandei, pedi para ele explicar exatamente o que seria essa tal revolução. Afinal, não queria me envolver numa roubada. Ele falou que iria me explicar tudo quando marcasse para me encontrar. Depois daquilo, acabei não respondendo mais. Achei que fosse algum maníaco louco que queria me sequestrar. Na verdade, me convenceu disso. Ela realmente tinha argumentos fortes.
Enquanto respondia algumas coisas, um novo e-mail dele, marcando um encontro e pedindo para responder confirmando se poderia ou não ir o mais breve possível, apareceu. Como já expliquei, eu era uma pessoa extremamente curiosa. Aquela troca de e-mails sem explicações estava me consumindo. Eu precisava saber o que era aquela “revolução”. Quando estava prestes a responder, tive um minuto de lucidez e fui falar com , para ver se ela botava algum juízo na minha cabeça e não me deixava agir impulsivamente apesar de que, no fundo, já estava pensando em argumentos para convencê-la a ir naquele encontro comigo.
Fui em direção do quarto dela e entrei sem cerimônia. Ao contrario do meu, o quarto de era extremamente organizado e muito bem planejado. Nossa casa, em geral, era bem decorada. Afinal, era arquiteta. Mas o quarto dela era especial.
Ele era um quarto claro, tinha um tom de rosa antigo. Aprendi nomes de várias cores com ela, inclusive. Todos os móveis eram brancos. Sua cama de casal ficava no centro e tinham dois criados mudos, um de cada lado, um deles com um porta-retrato dela com a família e, no outro, um vaso muito bonito que sempre tinha flores com cores muito destacadas. Naquele dia, tinha uma dúzia de tulipas roxas.
De frente para a cama, tinha uma escrivaninha grande onde ela costumava fazer seus projetos, além de uma cadeira maravilhosa. Era incrível sentar nela, nada de dor nas costas. Sempre que eu precisava estudar e não estava em casa, eu roubava aquela cadeira. Ao entrar, me deparei com minha amiga jogada na cama com vários papéis e amostras ao seu redor.
, lembra do Matthew?
– Lembro! Aquele louco que disse que tinha uma ideia revolucionária, né? – Ela me olhou curiosa, recolhendo as coisas para que eu pudesse sentar ao seu lado.
– Esse mesmo. Ele quer me encontrar para falar dessa tal ideia revolucionária que teve. – Comecei. – Mas estou meio apreensiva, não sei nem o segundo nome dele.
– Vocês marcaram onde?
– Ele me disse para ir a um restaurante, nunca ouvi falar dele... Será que você quer ir comigo? – Fiz minha melhor cara de pidona. – A gente podia fazer que nem no dia em que fomos recuperar sua máquina... – Definitivamente, não conseguiria ignorar a proposta, eu realmente estava curiosa.
– Ok, eu vou com você... – Ela disse, me surpreendendo. – Mas, dessa vez, se aparecer algum artista lindo, eu não vou me fazer de difícil. Não deu certo com o ... Lembre-me disso, sim? – Balancei a cabeça positivamente, saindo logo em seguida para responder o e-mail dele, avisando que estaria no dia e horário marcados para a reunião.

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O dia da reunião chegou. Eu me vesti profissionalmente com a ajuda de . Fomos para o local que ele tinha marcado. Quando chegamos lá, era um restaurante bastante chique no centro de Londres. Fiquei até com medo de entrar e ter que pagar se não comesse nada. Todos os garçons usavam terno e tinha até manobrista de graça. Eu não tinha dinheiro para aquilo tudo! Acabara de penhorar meus rins para comprar o ingresso VIP do show em que fui, torcia para que o tal Matthew não furasse e não quisesse dividir a conta. Se aquilo fosse um trote, ia me dar muito mal.
Entramos em um hall com um espelho gigantesco, pude ver toda a minha roupa. Deveria ter me produzido mais.
– Sejam bem-vindas! – Um recepcionista de olhos brilhantes falou para nós. – As senhoritas têm reserva?
– Na verdade, nós viemos nos encontrar com o Matthew. – Eu disse. – Não sei o sobrenome dele... – Lembrei-me desse detalhe e fiquei nervosa novamente. – Ele só disse para falar isso. – Continuei nervosa mas me acalmei quando o recepcionista deu um belo e caloroso sorriso.
– Ah, claro, o Fletch! Ele está esperando por você, senhorita .
Nesse exato momento, uma luz acendeu na minha mente e eu dei uma cutucada na , que me olhou com cara de “que foi?”.
– Me acompanhem.
Começamos a andar atrás dele e eu comecei a falar em português para não ser entendida.
, Fletch é o empresário do McFLY! – Disse rapidamente. – Será que é só o nome igual ou é realmente ele?
– Como assim? Será que isso é um plano maquiavélico do ? – Ela ficou animada. – Se for, o fato de me fazer de difícil funcionou!
– Não faço a mínima ideia, até porque eu falei com o Matthew antes do show, lembra?
– Ah, é verdade! – E voltou a desanimar. – Mas ele pode ter comentado e o ter dito algo. – A esperança nunca morria para .
– Aqui, senhoritas. Podem sentar. Ele já chegou, provavelmente deve voltar à mesa logo. Com licença. – O garçom se retirou e nos deixou sozinhas.
estava ansiosa e parecia acreditar que apareceria ali a qualquer segundo. Eu também estava ansiosa, mas sabia me controlar melhor do que ela.
– Relaxa, , vamos descobrir tudo agora! – Falei ao ver Matthew se aproximando.
Apesar de ser uma fã obcecada, eu nunca tinha visto a cara do Fletch, então não tinha como ter certeza só de olhar se ele era ou não o empresário da banda
– Não fala nada de , ok?
– Pode deixar. – respondeu e sorriu para Fletch assim que ele chegou.
– Olá, – Notou que eu estava acompanhada de . – meninas... – E deu um sorriso simpático. – Qual de vocês é a ?
– Olá, Matthew! Eu sou a . – Estendi a mão para cumprimentá-lo. – Essa é minha amiga, . Ela veio me acompanhando.
– Prazer. – Ele disse, apertando a minha mão e, em seguida, a de . – Todo mundo me chama de Fletch. Pode me chamar assim, se quiser.
Bingo! Era ele. Ou então era alguém com o nome exatamente igual, que também produzia bandas. Será? Não, só podia ser ele.
– Certo, Fletch! – Disse, dando um sorriso.
Era engraçado conhecer o Fletch e não poder surtar e falar de McFLY. Mas, pensando bem, ele era um empresário grande. Quem sabe ele estava ajudando outra banda e esse seria o meu projeto? Mas comecei um mantra, desejando que o trabalho fosse com o McFLY. Assim, poderia ter mais uma chance de conversar com meus ídolos. Meu Deus, eu poderia ter a chance de virar amiga de . Comecei a hiperventilar mentalmente.
– Então, tenho que, antes de tudo, agradecer a você por ter vindo. – Flecth falou, me acordando dos devaneios. – Eu queria contratá-la para botar em prática um site para a banda de quem sou o empresário.
Nós continuamos em silêncio e prestando atenção no que ele falava.
– Eu e um dos integrantes da banda tivemos uma ideia de fazer um site que mude tudo que as pessoas têm em conceito sobre sites, algo revolucionário, que tivesse muita interação entre fãs e a banda. Com chats fechados, webcams dos integrantes para membros, vídeos exclusivos e blogs...
Eu já comecei a sonhar com a interatividade. Eu, num chat e, de repente, entra pra conversar comigo?
– Gostaria de saber se é possível fazer uma coisa assim. – Ele me fez parar de sonhar com uma webcam sensual do e voltar a prestar atenção na reunião. – Sabe, colocar uma parte do site somente para membros e outra parte liberada para todos. – Ele terminou de falar e olhou para mim seriamente, esperando o meu aval “profissional”.
– Bem, impossível não é... – Eu disse, sincera. – Só vai dar um pouco de trabalho com a questão da segurança.
– Então, eu sei que você só faz layouts e coisas assim. Essa questão da segurança é mais complicada, certo?
– Isso. Você teria que contratar alguma pessoa que possa fazer o processo de encriptação dos dados. Eu realmente não me garanto fazendo isso... Poderiam quebrar minha criptografia facilmente.
– Você sabe que eu não entendi metade do que você disse agora? – Ele disse, rindo. – Mas realmente teríamos que formar uma equipe completa para fazer isso, eu não pretendia colocar tudo nas suas costas. – Ele continuou sorrindo. – De qualquer forma, vi o seu portfólio, todas as recomendações que você tem pela internet, e achei que o seu estilo é realmente o estilo dos meus meninos. Quero que você faça a arte e organize o layout final do site.
– Certo. Então você quer me chamar para fazer parte dessa equipe? – Falei com o mantra ecoando na cabeça “que seja o McFLY, que seja o McFLY, que seja o McFLY”.
– Na verdade, eu queria que você liderasse essa equipe, porque eu não saberia contratar esses profissionais que faltam... Só encontrei você por recomendação de um estagiário.
– Eu, liderar uma equipe? – Disse, surpresa. – Nossa, obrigada pela chance, mas você não está apostando muito numa menina que você acabou de conhecer?
– Estou apostando em você. Sempre que eu aposto, as coisas funcionam. – Ele deu uma piscadela. – Foi assim com a banda dos meninos. – Eu concordei mentalmente.
Era o McFLY! Naquele momento, eu comecei a ficar mais empolgada e tentava usar minha cara de paisagem. Todos aqueles anos estudando psicologia me ensinaram bem como não reagir a certas emoções na clínica, fazia parte do processo terapêutico. Então fingi que estava numa sessão e deixei minhas emoções de lado. Daria gritos e pulos depois.
, que estava calada há muito tempo, divagando durante a conversa, não fazia ideia de quem era a banda.
– Qual é a essa banda de quem você é o empresário? – Ela soltou.
– Vocês devem conhecer, – Ele disse, rindo. – é o McFLY.
– Ah! Nós conhecemos sim! – estava bastante agitada. – A aqui é muito fã deles. – Eu a fuzilei com o olhar, dizendo com os olhos para ela calar a boca e fazer cara de paisagem, mas lembrei que não sabia disfarçar.
Nada de cara de paisagem ali. Mantive minha cara de “cala a boca”. Afinal, não era pra ela ficar falando aquilo pro Fletch! Ele podia desistir de me contratar.
Ele me olhou e deu um sorriso.
– Que bom! Nada melhor do que trabalhar com pessoas que curtem o som deles. Só espero que você não fique com vergonha de trabalhar para eles. Você vai ter que ouvir muito palpite de todos, .
– Ah, que isso. Eu posso até ficar meio nervosa, mas com certeza posso me acostumar com isso! – Respondi, ficando meio vermelha.
Começamos a rir e a planejar tudo que teria que ser feito. acabou entrando como responsável pela publicidade. Ela poderia me ajudar bastante com as coisas de criação e me dar dicas de cores e organização. Ela era ótima com aquilo e sempre me ajudava. Além do mais, era bom ter alguém realmente conhecido por perto.
– Então é isso, meninas! – Ele disse, se levantando e apertando nossas mãos. – Amanhã, quero vocês duas na Super Records para fazermos o contrato e vocês conhecerem o restante do pessoal. E claro, vocês já poderão começar.
– Obrigada, Fletch! Nos vemos amanhã! – Eu disse e saí junto com .

---x---

Esperei o carro estar um pouco longe para garantir que não ia ter Fletch nenhum por perto e finalmente gritei.
! Eu vou trabalhar na Super Records, cara!
Ela deu uma risada.
– Grande coisa, eu também. – E me deu uma língua.
Depois, ela parou e pensou.
vai ser meu chefe!
– Não, eu sou sua chefe. – Dei minha língua dessa vez.
– O não vai ser meu chefe, oba! – E continuou rindo.
– E agora, vai continuar difícil? – Falei, gargalhando. – Ou vai ficar fácil?
– Eu tenho um plano perfeito. – Ela disse, rindo. – Vou simplesmente ignorá-lo.
– Por quê?
– Ele me ignorou também. Vou devolver na mesma moeda.
– Desde quando ele te ignorou?
– Desde que ele pegou meu telefone e não ligou. – Ela soava confiante. – Mas ele que me aguarde, eu serei mais sexy do que o normal e ele não vai me ter.
Eu comecei a rir alto. sabia seduzir homens, ela tinha o corpo e o cérebro para aquilo. Se ela decidiu, ia acontecer. Mas não deixava de ser engraçado.
– Só não me faça te demitir, ok? – Falei, desligando o carro.
Havíamos chegado à nossa casa rápido.
– Pode deixar... Eu só vou deixá-lo louco! Você não, chefinha! – completou, saindo do carro.


Capítulo 4

Acordamos cedo no dia seguinte. Eu me arrumei como normalmente fazia: roupa simples, meu velho e bom All Star e uma maquiagem básica. realmente levou a sério o papo de ser sexy para ignorar o . Estava simples e chique, se é que isso era possível. Ela estava com uma jeans justa que destacava o seu corpo e uma blusinha bem colada, com um casaco por cima no estilo “foi-a-primeira-coisa-que-eu-vi” que, com certeza, tinha sido bem planejado. Se você a visse andando na rua, acharia maravilhosa e pensaria que ela nem sequer tinha a intenção de estar linda. Parecia que tudo era por acaso. Para mim, era bruxaria.
– Eu queria ter esse seu dom.
– Tudo meticulosamente planejado para parecer que eu nem escolhi a roupa. – Ela disse, rindo. – Tenho que ficar gata mas sem me produzir. Afinal, no dia que eu tiver que me produzir mesmo, ele vai ficar de boca aberta. – Ela tentou soar malvada.
– Você me dá medo! – Falei, pegando minhas chaves. – Vamos, não quero me atrasar no primeiro dia.

---x---

Chegamos ao prédio e fomos direto à portaria.
– Olá. – O recepcionista disse. – No que posso ajudar?
– Hum... – Eu comecei meio sem saber ao certo o que falar. – Nós temos uma hora marcada com o Fletch.
– Qual o nome de vocês? – Ele perguntou.
e . – Respondi.
Ele olhou uma lista em uma agenda, fechou a cara para nós e finalmente respondeu.
– O Fletch não está aqui hoje.
Achei ele estaria pensando que nós estávamos lá porque éramos fãs do McFLY e queríamos nos infiltrar, ou algo do gênero. Falando nisso, que ideia sensacional! Eu poderia ter pensado nisso antes.
– Ele marcou isso com a gente ontem. – Tentei argumentar. – Disse que deveríamos vir aqui hoje, somos as novas empregadas do projeto de website dele.
– Bem, ele não deixou nada marcado comigo e definitivamente não está aqui. – Ele falou como quem coloca um fim na conversa.
Fiquei visivelmente estressada. Como assim ‘ele não estava lá’? E nem tinha avisado nada? Mas não falei nada, me afastei dele e falei com .
– Acho que fomos enganadas ou estamos no lugar errado. O moço ali disse que ele não está aqui e nem marcou nada.
– Eu acho que ele está mentindo! – Ela disse. – Tenho certeza de que ele está aí, ele só deve ter se esquecido de avisar que nós viríamos.
– Sim mas, de qualquer forma, o que faremos agora?
– Vou tentar falar com ele, senta aí e espera. – Ela disse, apontando para uma poltrona no hall, e saiu rebolando.
Ela ia tentar seduzir o porteiro.
Sentei-me enquanto ela falava com o porteiro e fiquei olhando ao redor, vendo como era tudo por dentro do prédio. Era muito claro, com um ar industrial extremamente moderno. Eu esperava um lugar mais clássico, cadeira de madeira, algo mais estilo inglês clássico. O recepcionista estava quase chamando a segurança para nos colocar para fora do prédio quando entrou, o cumprimentando.
– Oi, Ed! Tudo em cima? – Olhou para nós duas e parou. – Meninas! Vocês por aqui? – Finalmente, ter esquecido a máquina serviu para alguma coisa!
me reconheceu e nos colocaria para dentro porque, fora isso, não serviu para nada. Nesse mesmo instante, o recepcionista arregalou os olhos e fez uma cara de “me-ferrei-barrei-amigas”. E fez uma cara de “viu-só-como-eu-não-estava-mentido?!”. Só faltou dar língua para ele.
– Você as conhece, Sr. ? – Ele perguntou, aflito.
– Sim, sim. São umas amigas minhas... –
Amigas. Tem noção de que eu me achei muito nesse momento? Tipo... Ele só estava fazendo um favor pra mim e tal... Não precisava falar isso. Mas se o ficava dizendo por aí que eu era amiga dele, eu podia me achar.
– Mas então... O que vocês fazem aqui? – Ele disse e se virou para nós duas, o que me fez acordar do momento de loucura total por ele ter me chamado de amiga.
– Bem, o Matthew nos chamou para uma reunião hoje... Mas, pelo visto, ele não deixou nada marcado e nem está aqui. – Eu disse, olhando de para o recepcionista.
– Ah, então vocês são a surpresa do Fletch? – disse, olhando para nós duas e parando mais tempo do que deveria para olhar a .
O plano dela tinha dado certo, estava babando.
– Não sei. O que seria essa surpresa? – falou e, então, ele acordou do transe, balançando a cabeça.
Eu realmente queria ter o dom da de deixar homens daquele jeito.
– Ele disse que o estava tramando umas coisas e que ele tinha arranjando a líder de equipe perfeita na internet. Chamou todos nós para uma reunião hoje para conhecermos as meninas.
mal tinha parado de falar e eu já viajei. Ai, meu Deus. “Chamou todos nós”. Eu ia encontrar com ele. maravilhosamente gostoso , meu amor. Respirei fundo e continuei agradecendo o fato de ser uma pessoa que conseguia controlar bem as emoções para ninguém notar o que eu realmente estava sentindo no momento.
– Pois é... Somos nós e já estamos atrasadas porque ele não nos deixou passar. – Falei apontando com a cabeça para o recepcionista.
o olhou com cara de "por que você fez isso?". Edward, o recepcionista, ficou preocupado e tratou de se defender na frente do chefe.
– O senhor tem ideia de quantas meninas aparecem aqui de hora marcada com o Fletch todos os dias? Como não tinha nada avisado, eu tive que barrar.
– É, faz sentido, a culpa é toda do Fletch. – Disse, abanando as mãos – Enfim... Vamos entrar, meninas? – abriu o braço para mostrar o caminho e nos deixou passar na frente.
Podia jurar que o vi piscar para o recepcionista, que também estava babando ao ver “desfilar”, mas podia ter sido só minha impressão mesmo. Eu tinha sérios problemas de nervos no momento, imaginando o sem blusa me esperando, o que obviamente era apenas um fruto da minha imaginação sacana.
Percebi se segurando para não perguntar o motivo de ele não ter ligado para nós. Afinal, como ele falava com a gente como se nada tivesse acontecido depois de nos ignorar por quase duas semanas inteiras? Mas ele foi mais rápido.
– Então, ... – Fiquei com as pernas bambas, ele ainda lembrava meu apelido.
lembrava de mim e era meu amigo.
– Por que você nunca respondeu a mensagem que eu mandei?
– Como assim? Eu respondi na mesma hora!
Percebi desviando o rosto do olhar sorridente de .
– Eu nunca recebi essa mensagem, achei que vocês não queriam papo comigo. Aí eu nem liguei...
continuava calada, olhando para o teto e murmurando algo sobre como a arquitetura moderna da sala deixava o ambiente mais clean e organizado, mas eu sabia que ouvia atentamente a minha conversa com .
– Espera, me deixa confirmar aqui o número para o qual eu enviei a mensagem. – Falei, pegando o meu celular e olhando o primeiro número da agenda, “AAAA TELEFONE DO ”, e ditei o número.
Depois que eu disse o número, ele bateu na testa.
– Caramba, eu coloquei o telefone do ! Sou um imbecil!
Ele disse que... Ai, meu deus do céu, eu tinha o telefone do esse tempo todo e não sabia. Dei um grito interno, mas continuei com cara de paisagem enquanto mudava o telefone para “Amor da minha vida <3 <3 <3”. Como eu era idiota...
– Então foi isso. Vocês não me odeiam!
– Você acha mesmo que eu ia te odiar? Eu comprei um ingresso VIP pro seu show! –Comecei a rir.
– Mas e aí? Você me deu o seu telefone ou não, ? – disse, virando para .
– Pergunta pro . – Ela disse, rindo.
– Vou perguntar. – Ele disse com um sorriso malicioso.
Continuei conversando sobre bobagens da minha vida com enquanto andávamos pelo corredor. Chegamos à sala do Fletch e travei antes de passar pela porta. e me olharam.
– Qual o problema, ? – perguntou.
Eu continuei muda.
– Ah, não, ! – tinha sacado. – Você realmente se tocou só agora que vai trabalhar para os seus ídolos?
– Ué, você estava conversando comigo de boa até agora. – disse.
– É, mas é diferente, ! Eu já me acostumei com você! – Falei, apontando para o rosto dele, que deu uma risada da minha cara.
– Ok, hora de você se acostumar com os outros agora... – Disse, segurando meus ombros e me empurrando porta adentro. – Relaxa, você é muito legal, eles vão te adorar... Qualquer coisa, eu estou aqui.
– Obrigada, ! – Parei de andar e dei um abraço nele.
Ele começou a rir e virou-se para .
– Tá nervosa também? Quer um abraço?
– Estou nervosa, mas não preciso do abraço. – disse e entrou na frente.
Ela estava no esquema de ignorar o pobre do . Não sei como conseguia resistir ao poder sexy dele. Eu, definitivamente, não resistiria.
Fato: se o oferecesse um abraço, eu nunca mais soltava.
– Relaxa, , ela só se faz de difícil. Te garanto que ela tá no seu papo. – Falei baixinho.
Ele deu um grande sorriso e entrou comigo na sala.
já estava cumprimentando Fletch e conhecendo os meninos. entrou na frente.
– Desculpa o atraso! – E foi sentando ao lado de .
o estava cumprimentando no momento. Depois, ela passou direto por .
– Já nos conhecemos. – E se sentou no lugar reservado pra ela, que era ao lado de .
Senti inveja e quis me matar por ela não saber quem o era. Afinal, se ela tivesse a capacidade de diferenciar os meninos, ela jamais sentaria ali. Enquanto eu entrava, pude ver todos sentados e notei de papo com . Se ela estivesse pensando em usar meu amor pra fazer ciúmes, ela ia já perder o emprego. Eu me exaltei pensando e fiquei vermelha. No mesmo segundo, Fletch começou.
– Esta é a ! – Apontou para mim sorrindo. – Nossa mente cibernética. – Todos olharam para ele e fizeram cara de “cala a boca, Fletch, essa piada não teve graça”.
– Mente cibernética? – demorou um pouco e, então, entendeu. – Ah, porque ela vai cuidar do site, né?
Como ele era lindo. Quase esqueci como se andava enquanto todos eles me olhavam. Fiquei parada por uns segundos.
– Pode sentar aqui. – bateu a mão numa cadeira vazia ao lado dele. – Prometo não deixar ninguém te morder.
Todos começaram a rir e eu sentei no meu lugar. Os meninos e o Fletch acabaram virando as cadeiras e formando uma roda para que pudéssemos conversar melhor.
– Você não esteve no nosso camarim? – me reconheceu.
– Estive sim. – Falei sorrindo, ainda estava meio nervosa de falar com eles.
– Foi ela quem esqueceu a máquina no camarim. – começou a falar. – E a é a dona da máquina. – Ele apontou para cada uma de nós enquanto falava.
– Aquela que eu quase quebrei? – perguntou.
– Isso mesmo! – disse, rindo.
Ficamos um tempo jogando conversa fora até que Fletch finalmente começou a falar das ideias dele e do para o site. No final das contas, havíamos bolado um grande e interativo site. Existiriam duas categorias, membros premium e membros comuns. Os membros premium teriam acesso a um chat exclusivo com várias salas onde poderiam interagir entre si e também com os membros da banda e do staff que, além de conversar com os fãs, poderiam fazer webcams ao vivo. Era uma ideia ambiciosa, mas muito legal. Eu, como fã, amaria ter a chance de ver e conversar com os meninos via chat. Os membros comuns teriam acesso aos vídeos publicados e a todas as matérias, mas não poderiam ver vídeos exclusivos nem entrar no chat.
– Então está tudo resolvido. Vocês já podem começar a contratar o resto da equipe e começar a trabalhar no site. – Fletch disse por fim. –, você é a líder da equipe do McFLY Super City.
Este havia sido o nome escolhido após uma pequena disputa entre e que, depois, com as ideias de e , finalmente acharam que “Super” era a palavra certa.
– E tem inteira permissão para contratar, demitir ou banir alguém da equipe, ou mandar eles – Apontou para a banda. – ficarem quietos enquanto você trabalha.
– Eu posso mandar no McFLY?! Nem no meu sonho mais louco. – Comentei em português só para enquanto os meninos reclamavam de alguma coisa com o Fletch.
– Enfim, meninas, está tudo na mão de vocês. Agora eu tenho outra reunião, os meninos vão mostrar qual é o andar que está reservado para o site. – Ele disse.
Todos nós nos levantamos e fomos para o tal andar.
– Um andar inteiro? – Eu comecei. – Para quê tudo isso?
– É porque ele quer manter todos que vão trabalhar nisso num lugar só... – disse. – O Fletch tem mania de organização. Se dependesse de nós, todo mundo ficaria bagunçado. – O telefone dele tocou e ele se afastou para atender.
Acabou tendo que ir embora mais cedo, tinha um encontro com sua namorada, Jenny. Fiquei meio triste. Afinal, eu ainda nem tinha conversado direito com ele... Mas como estava trabalhando com eles, teria todo o tempo do mundo para aquilo. Logo, tratei de me animar.
O andar era bem grande e tinha umas seis salas. Uma dessas salas era a maior de todas e tinha ligação com uma segunda sala. Decidimos que essas iam ser a minha sala e a de , por serem as maiores e por terem a ligação. Assim, nós poderíamos nos falar todo o tempo.
Começamos a fazer uma lista das coisas que precisaríamos e das pessoas que teríamos que contratar.
Enquanto fazíamos as listas, uma das assistentes do Fletch entrou na sala e me entregou um envelope. Dentro, tinha um cartão de crédito e um bilhete: “Para comprar o que for necessário. Use com sabedoria, Fletch.” Eu tinha acabado de receber um cartão de crédito para torrar o dinheiro do McFLY. Claro, eu não pretendia usá-lo para comprar coisas para mim e sim para transformar aquele andar em um lugar descolado para todos que trabalhassem lá nos ajudassem a fazer o melhor site já inventado.
Depois de um dia grande de trabalho, nos despedimos deles e fomos para casa.
Assim que chegamos, passamos quase a noite toda falando sobre os meninos... estava tendo um "intensivo" sobre McFLY comigo.
– Ok, foi o . – Ela respondeu a última pergunta.
– Isso! – Eu disse, sorrindo. – E dessa vez, você falou o sobrenome certo também.
Ela tinha sido capaz de falar , mas ela estava melhorando.
– Chega. Vamos dormir? – Ela disse. – Amanhã, a gente trabalha cedo!
Concordei e corri para meu quarto. Ao deitar na cama fiquei pensando em tudo que aconteceu e imaginei que, se eu dormisse, poderia acordar do sonho a qualquer momento. Belisquei-me. Soltei um gemido de dor e me arrependi de ter me beliscado. Aquilo realmente era a realidade. Dei um sorriso e dormi.


Capítulo 5

'S P.O.V.

– Cara, o Fletch achou as meninas perfeitas pra tomarem conta do nosso site e da nossa publicidade, né?
– Perfeitas? – falou, levantando uma das sobrancelhas.
– É. A , por exemplo, parece muito com a gente. Vocês não acharam? – Respondi.
– Na verdade, eu não achei nada, você fez monopólio dela. – disse. – Desde o camarim, você tá nessa monopolização. Até foi pra Starbucks com ela. Até agora, não tive oportunidade de conversar com direito com a .
– Ui, sinto cheiro de ciúmes no ar... Caramba, , nem as pessoas que trabalham pra gente vão escapar de você agora? – disse e todos começaram a rir, menos .
– Cara, eu achei ela gatinha mesmo, mas não passou nada pervertido na minha cabeça até agora. – Ele parou e começou a pensar.
– Pelo amor de Deus, você tem namorada! – Joguei meu travesseiro na cabeça de e continuei. – Como eu dizia, eu notei que ela tem bastante coisa parecida com a gente enquanto nós estávamos conversando lá no camarim e também quando conversamos hoje, antes de chegarmos à reunião...
– Tipo o quê?
– Ela tem só uma covinha, só que bem mais sexy do que essa que parece que é um buraco. – Eu disse, apontando e rindo para o dono da covinha. – Ela gosta dos mesmos filmes também, tipo Ghostbusters e De Volta para o Futuro.
– Cara, você descobriu a vida da menina em vinte minutos? – disse, rindo. – Do quê mais que ela gosta?
– Ela é viciada em Blink 182, toca violão e já teve uma banda só de meninas... – Ele completou.
– Ela não tem cara de quem toca violão – disse.
– Você não parece ter neurônios suficientes pra tocar qualquer instrumento também, mas olha aí, toca até mais ou menos. – disse, dando uma risada.
– Eu toco muito bem, senhor . – Ele disse, fingindo estar indignado.
– Ok, chega de conversa fiada! Fora do meu quarto, temos que descansar. A falou que amanhã temos que sair cedo para começarmos o trabalho!
me ajudou a empurrar todos para fora e cada um foi para seu respectivo lar.

END OF 'S P.O.V.

Durante pelo menos dois meses de entrevistas, treinamentos e muito estresse, todos estavam totalmente instalados no andar e a criação do site estava a pleno vapor. cuidava de toda a divulgação da nova “rede social” do McFLY. Ela lidava bem com a imprensa e com as fãs. O fato de falarmos português e inglês era um fator chave. Entendíamos as brasileiras e elas gostavam disso. Eu andava muito atribulada por conta do mestrado e acabei precisando contratar um assistente que, por mais incrível que pareça, era tão eficiente que nunca o vi pessoalmente, achava até que ele era um anjo mandado dos céus. O nome dele era Jimmy e, de alguma forma, ele conseguia resolver pepinos grandes via internet. Eu só conhecia a voz dele, nós nos comunicávamos muito via celular, ele era uma boa pessoa.
– Chefinha, o preview já está pronto. Quando quiser ver, é só chegar à sala de design. – Jimmy me avisou por viva voz.
– Valeu, Jimmy. O que seria de mim sem você? – Agradeci e corri para a sala.
Chegando lá, tudo estava funcionando bem, gravamos as introduções dos meninos em uma das semanas anteriores e tinha ficado tudo dentro dos conformes. Com o meu aval, colocamos a versão preview do site no ar, mas ainda não estava aberto ao público. Tivemos tantas reuniões para decidirmos os detalhes de tudo que todos os meninos já eram como amigos de infância pra mim. Eu até conseguia falar com o sem surtar. Nós saíamos juntos sempre, também tinha me tornando melhor amiga da namorada do . Ela era um amor e sempre ajudava quando tínhamos dúvidas. Até as fãs já conheciam os nomes “ e ” porque os meninos espalharam em suas entrevistas que estávamos fazendo o novo projeto deles com ajuda de uma equipe muito boa. sempre dava notícias da repercussão de tudo, e parecia que todos os fãs estavam muito ansiosos para que a versão beta do site fosse para o ar. também começou a ficar de olho no marketing da banda e sempre falava sobre as fofocas quentes e inventadas dos tabloides. Ela estava bem próxima de naqueles dias, o que deixava eu e repletos de ciúmes.
tinha virado um grande amigo meu e sempre reclamava, falando que não confiava em quando ele não estava apaixonado, e que eu saberia quando ele estivesse realmente apaixonado porque seria extremamente chato. continuava ignorando , o que só aumentava a aflição do coitado. Apesar da minha proximidade com , não havia falado a ele e nem a ninguém do meu amor platônico pelo . Afinal, ele continuava namorando. Minha única confidente total permanecia sendo , que era objeto de amor do momento de .
– Ai, , pelo amor de Deus, né? tem namorada, é seu melhor amigo e ela só é amiga dele! Não tem motivo pra você ficar com ciúmes. Deixa de drama. – Falei enquanto desligava o computador da minha sala.
– Ah, , eu confio nele, mas ele já está quase terminando com a Anne... Você tá sabendo, ele te falou que eles estão dando um tempo... – estava sentado na cadeira na frente da minha mesa e ficava rodando, puro nervosismo.
– Para de rodar, ! Você vai cair! – Ele deu uma volta completa e quase caiu. – Mas o que te faz pensar que ele vai largar a Anne e pegar a ? Deixa disso, .
– Ah, , conversa com ele, vai. – parou de rodar, fez carinha de pidão e soltou um olhar 43, aquele meio de lado. – Ele vai te contar, sabe como é... Além da , é só pra você que ele conta coisas da vida amorosa dele...
– Tá, , eu falo. – Ele sabia do poder que o olhar dele tinha sobre mim e aproveitava-se disso. – Como você é chato! Agora me leva em casa? – Minha vez de fazer cara de pidona – A saiu mais cedo... E eu estou sem carro.
– Levo sim, . – pegou as chaves e foi saindo comigo da sala.
Ao chegar em casa, fui fazendo bagunça na entrada, procurando minha chave. Nem percebi que havia um carro a mais na frente da garagem. Quando eu finalmente abri a porta, dei de cara com .
? – Quase dei um gritinho assustado.
– Ah! Oi, ! – Ele disse, puxando-me para um abraço.
Eu senti borboletas no estômago. Como eu amava platonicamente esse ser! Eu tentava ignorar isso por conta de Anne, a namorada. Mas não tive muito sucesso, sempre ficava mais... Como poderia dizer? Sem palavras perto dele, ou rindo de qualquer bobagem que ele falasse. Mesmo assim, ninguém, fora , sabia dessa minha paixão louca por ele. Durante esse tempo em que estive trabalhando com os meninos, eu evitava ficar muito perto dele, para não dar bandeira do que realmente estava sentindo.
– O que você está fazendo aqui? – Falei, soltando-me do abraço.
Se dependesse de mim, ficava abraçada nele para sempre, mas tinha que mostrar que era normal.
– Ah, vim aqui conversar com a ... – disse, passando a mão no cabelo de um jeito fofo.
Eu provavelmente deveria estar com os olhos brilhando e com cara de abestalhada, ele ficava lindo passando a mão desse jeito.
– Que foi? – Ele falou ao perceber que eu estava encarando-o de um jeito diferente.
– Hein? – Acordei do transe. – Ah, nada, eu estava pensando em uma coisa pro site... – Ótima desculpa, ponto pro meu raciocínio. – Enfim... Conseguiu falar com ela?
– Falei... Mas, no fim, ela ficou puta comigo, como sempre... – Falou cabisbaixo e eu senti uma vontade enorme de abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem. – Ela tá com raiva de mim por alguma coisa que eu fiz com o ... Não sei exatamente... – Ele abanou a mão como quem muda de assunto. – Sabe como é, né? Ela é louca por ele, mas fica nesse mimimi de falar que não quer... Um dia, ele desiste... – Percebi que ele estava mudando de assunto.
Pelo visto, não era esse o motivo real da briga dele com . Mas mudei de assunto e continuei no papo dele.
– Eu falo pra ela isso todos os dias... – Eu já sabia disso mas, claro, como era minha melhor amiga e sabia do meu amor pelo sujeito que estava na minha frente naquele exato momento, eu não podia falar nada para o de como ela era boba por ele e que os ciúmes que ele tinha do não tinham nada a ver, a não ser que eu quisesse que o descobrisse sobre a minha paixão avassaladora. – Enfim, se você não se importar, pode falar comigo sobre o que está te incomodando. – Disse, sorrindo.
– Tá tudo bem. – deu um sorriso tristonho, mais uma vez escapando do assunto, o que me deixou bem curiosa. – Tá afim de um sorvete?
– Só se for agora! – Peguei meu casaco de volta e saímos andando para a sorveteria.
O que você não me pede chorando que eu não te faço sorrindo, ? Ai, socorro, sai de mim, paixonite.
Chegamos à sorveteria e encontramos, por um infeliz acaso, Anne. Tecnicamente, eles estavam namorando, apesar de ter pedido um tempo.
! – Ela falou alto no meio da sorveteria.
Eu não gostava dela, não só porque ela era namorada do mas por todo o contexto. Ela realmente era um saco. Até o estava de saco cheio, notei a cara dele murchar assim que encontrou com ela.
– Oi, Anne. – Ele disse.
– O que vocês fazem aqui?
– Viemos tomar sorvete.
– Hm... – Anne disse com uma cara fechada.
– Nós precisamos conversar... – falou e eu não precisava nem ter estudado nada para perceber que era alguma coisa séria.
Eles iam terminar?Segui os dois, peguei o meu sorvete e inventei uma desculpa qualquer de que tinha que fazer alguma coisa extra no site e fui embora. Eu ia tentar descobrir o que estava rolando com , ela devia saber. E talvez isso fosse o motivo da briga deles.
Voltei andando pela calçada com meu sorvete, pensando no que estava conversando com Anne. Ele tinha pedido um tempo para ela mas, pelo visto, ela ainda não tinha entendido e ele não tinha coragem de cortá-la. Talvez ele tivesse criado coragem e fosse finalmente terminar com ela. E depois correr até minha casa e dizer que ele me amava desde aquele dia em que encontrou-me em pé, toda suada, na grade do seu show... O quê? Uma garota pode sonhar, né?
Cheguei em casa e fui direto para o quarto conversar com .
, qual o problema do ?
– Ah... Nossa, é complicada a situação! – Ela fez uma cara engraçada.
– Eu tenho todo o tempo do mundo. – Sentei na cama dela calmamente e fiquei encarando até que ela abrisse o bico.
– Ok, vamos aos fatos. – Ela fez uma cara de importante e sentou na cama, na minha frente. – pediu um tempo para a Anne.
Eu dei meu sorrisinho cínico. Sério, realmente não gostava dela. Na época que soube que ele tinha pedido um tempo, eu realmente comemorei, com pulinhos e tudo.
– Para de rir, !
– Ah, você sabe que eu adoro um drama. Prossiga. – Fiquei calada, imaginando que ele provavelmente estaria terminando com ela naquele momento, não que eu esperasse que ele terminasse com ela e corresse para os meus braços, aquilo era pouco provável.
– Então, ele pediu o tempo, e ela ficou na dela... – parou de falar e eu continuei calada. – Lembra que o McFLY tocou para uma festa fechada semana passada? Aquela cheia de modelos? – Ela me esperou confirmar com a cabeça. – Então, traduzindo: no meio de super modelos.
– Ele traiu a Anne? – Perguntei. – Com uma modelo?
Ok, ele não estava mais afim da Anne. Mesmo assim, ficar com outra mulher sem nem ao menos terminar com a namorada de dois anos... acabara de cair no meu conceito. E claro, isso me fez lembrar que realmente ele não ia correr para os meus braços quando terminasse, e sim para os braços da tal modelo, o que me deixou com mais raiva ainda.
– Então, aí é que tá... – disse. – Ele diz que só ficou com ela, nada de mais. – fez uma cara de ironia.
– Hm... – Eu disse, ainda pensando.– Mas a imprensa toda tá espalhando que ele tá apaixonado pela tal modelo. – Ela disse.
– Eita! – Eu disse quando lembrei que a Anne estava naquele momento conversando com ele.
– Que foi? – Ela disse ao ver minha cara.
– Eu deixei o sozinho na sorveteria com a Anne.
– É... Provavelmente, ele deve estar terminando com ela. – disse. – Mas ele não tá afim da modelo lá que a imprensa tá falando... Ele tá afim de outra.
– Pobre . – Eu disse. – Ele não estava afim da Anne, ok. Mas não estava afim da outra e a imprensa toda no pé dele agora...
– Pobre ? – disse. – , ele tá terminando com uma e já vai pegar outra modelo! Sinceramente, coitada da Anne! Além de tudo, vai ter que ficar vendo a impressa toda falando do novo caso do .
– Eu sei... – Eu disse, olhando para o teto e deitando na cama. – Espera, você disse outra? Tem mais uma modelo na história? – Eu me sentei subitamente ao perceber isso.
– Tem! – gritou, indignada. – Ele ficou com uma, se “apaixonou” por outra, que por acaso é amiga dessa primeira, e diz que ficou mal com tudo isso... – Ela respirou fundo. – Enfim, ele disse que ia conversar com ela e admitir tudo... Mas eu continuo achando que ele devia ter terminado antes.
– Hm... – Foi tudo que eu disse. – E você tá com raiva dele por isso? – Perguntei, já sabendo a resposta.
Eu também não tinha achado certa a atitude dele, mas talvez estivesse exagerando um pouco. Ou talvez eu estivesse sem noção. Era o , eu não podia ter raiva dele.
– Ah, na hora que ele me falou que estava apaixonado por outra modelo que ele conheceu na tal festa, eu falei que ele estava de sacanagem e a gente acabou brigando.
– Ele disse que estava apaixonado? – Tentei imaginar o falando isso.
– Não com essas palavras... – Ela disse. – Mas ele quis dizer isso, “amor à primeira vista”.- Eu balancei a cabeça negativamente.– Pois é. – Ela disse, levantando da cama – Foi isso.
– Ai, ai... – Foi tudo que eu disse enquanto me levantava da cama e saía do quarto.
Por que eu sempre tinha quedas por cafajestes?

'S P.O.V.

– Anne, tenho que te falar uma coisa. – Não sabia como começar.
– Vai falar que você realmente ficou com aquela modelo? – Ela disse com raiva.
– Como você sabe? – Perguntei.
– Pelo amor de Deus, ! – Ela disse, balançando a cabeça. – A imprensa toda está falando disso... – Anne parou um segundo. – Eu sou vista como uma corna pelo mundo inteiro. Pelo menos, admita que ficou mesmo com ela!
– Fiquei! Mas eu me senti muito mal com isso e, por isso, eu resolvi que iria te contar antes de qualquer coisa. E terminar nosso namoro. – Soltei tudo de uma vez.
– Antes de qualquer coisa? – Ela disse, fazendo ironia. – Você é um filho da mãe mesmo! O mundo todo soube antes de mim.
– Eu não tenho culpa disso. – Eu me defendi.
– Podia, por exemplo, não ter ficado com ela, ou quem sabe ter terminado comigo ao invés de ter pedido um tempo. Eu sempre soube que, cedo ou tarde, você ia fazer uma coisa dessas. Você não presta! – Ela levantou da mesa e saiu sem olhar para trás.
Fiquei triste. Eu estava com ela por dois anos e ela tinha saído da minha vida assim, sem olhar para trás. E sem me deixar terminar de falar tudo que eu tinha para falar. Com certeza, depois quando ela soubesse da Serena, ela perceberia que eu não tive culpa. Eu me apaixonei. Ok, talvez não, eu realmente não sabia dizer se estava apaixonado ou não... Pelo visto, não. vivia falando que a gente sempre sabe quando está apaixonado. Eu achava que não estava apaixonado... De qualquer forma, eu estava gostando muito da Serena, achava meio injusto o que eu fiz com a Anne e o que eu ia fazer com a Sarah, porque ela ainda não sabia da Serena. Por Deus, a Serena era amiga da Sarah. Achei que ela ia entender melhor que a Anne. Pelo menos, eu esperava isso. Merda! Precisava de uma psicóloga, eu estava ficando louco por culpa dessas mulheres. Será que a poderia me atender? Parei de pensar e pedi um sundae.

END OF 'S P.O.V.


Capítulo 6

Eu estava dando uma olhada em como o site estava ficando. Estava muito bom, eu tinha terminado o layout mais cedo e ele já estava no ar, apesar de ainda não ter todo o conteúdo. Eu tinha postado alguns vídeos exclusivos e as fãs já estavam amando isso. Outras partes estavam com um “em breve”, mas a parte mais incrível já estava funcionando: o chat.
Os meninos iam entrar nesse chat para falar com os fãs que estivessem online no momento e fariam webcams quando quisessem. É claro, essa parte do site era somente para os registrados mas, por enquanto, estava aberta para todos. Jogada de marketing da , deixaríamos todos terem o gostinho para que tivessem vontade de registrarem-se como premium depois. Resolvi entrar no chat para ver o que o pessoal que estava por lá estava achando do site e o que eles achavam que seriam as surpresas.

>>>>>>>>>>>>>>>>SuperCityChat<<<<<<<<<<<<<<<


>DanielaJones< Geeentem, esse site tá ficando muito MARA, é sério que eles vão entrar aqui pra falar com a gente? ou isso é só mito?
>PoynterGirl< Menina, não sei... Mas acho q é mito, até parece q eles iam vir aqui num chat aberto do site deles.
>McflyGIRLS< OIIIIII, BRASIL COMANANDAAAAAA!!!!
>Fleeeetchaaaaa< Tão por foraaaaa!! Esse chat vai ser fechado MEMBERS ONLY, por isso que eles vão aparecer e pelo que eu ouvi vai ter WEBCAM!
>DanielaJones< OMFG, já pensou o sem blusa na webcam*surta* gozeilitros.
>< Olá, meninas!
>McflyGIRLS< como vc mudou a cor do seu nick, ?
>Fletcherááá< sem blusa OMFG, fui ali morrer um pouco.
>< Ah, é que eu sou moderadora aqui, estou checando como o site está. Notaram algum problema aqui no chat?
>McflyGIRLS< moderadora?! é a ?! aquela que o falou naquela entrevista!?!?!?
>PoynterGirl< Ainda não vi nenhum erro... Então você existe mesmo? Eu achei que era bagunça do .
>JennyMcGirl< oii, nossa é a de verdade? A que postou os vídeos incríveis? O site tá certinho por aqui. o/
>< É a de verdade, eu realmente existo e os meninos realmente podem entrar a qualquer momento, mas não hoje, eles ainda não têm as senhas. :P
>Ms.< SÉRIO QUE ELES VÃO ENTRAR?
>Fletcherááá< OMGOMGOMGOMGOMG morri cem bilhões de vezes. , TE AMO!
>ViViPoynter< O TAMBÉM?
>< Sim, eles vão entrar, o também, e obrigada por me amar.
>JennyMcGirl< Eu acabei de ver o vídeo do cantando I kissed a girl no carro ri demais.
>Fletcherááá< NOOSSA EU TAMBÉM
>Jonesismine< diz oi para o Brasil, !!
>McGirln1< nossa muito mágico isso! Como faz, vai ter que pagar?
>Ms.< AHHHHHHHH! ELA ME RESPONDEU UHUHUULL
>PoynterGirl< , tem previsão de quando eles entram?
>< Gente, eu entrei hoje só pra testar mesmo, os meninos vão entrar assim que eu falar com eles. Se tudo der certo, amanhã eles estarão por aqui enchendo o saco de vocês :D
>Jonesismine< Poxa, renegando a terra natal! Diz oi pro Brasil ai...
>Ms.< Ai, esse povo do Brasil enche o saco às vezes...
>ViViPoynter< Gente vocês viram que tem uma parte nova no site só pros vídeos que a tava colocando antes?
>JennyMcGirl< Eu vi, perfeito, to assistindo os vídeos ainda, um mais perfeito que o outro.
>< Oi, Brasil! Gente, olhem tudo no site, ele vai ser gratuito por um tempo e, depois, algumas partes vão ser somente para os membros registrados. Não se preocupem, tudo vai ser explicado e não vai haver confusão! Qualquer erro, vocês podem me mandar e-mails, ou para o Jimmy. Só não adianta perguntar pros meninos, eles não entendem nada disso.
>Ms.< NÃO ADIANTA PERGUTAR PRO DANNY AHAHAHAHHAHAHAHAHA
>ViViPoynter< FATÃO! Capaz do quebrar o site! – seria isso possível?
>Jonesismine< Ae, ! Valeu \o/>Fletcherááá< O vai saber.
>Ms.< SUPER possível o quebrar o site para sempre e ele ficar inacessível. LOL>PoynterGirl< melhor não arriscar! LMAO
>< Bem, gente, mais tarde, eu volto para testar a webcam. Aproveitem o site e, qualquer dúvida ou erro, só mandar e-mail para bells@superecords.co.uk ou jimmy@superecords.co.uk, ok? Tchau.
>Ms.< TCHAAAAAU
>ViViPoynter< tchauzinho
>Jonesismine< até mais,
>Fletcherááá< OWWW ela disse WEBCAM? O_O
>McGirln1< OMFG MORRI. WEBCAM ??????????????????????????????
>Ms.< JÁ PENSOU O DANNY SEM BLUSA NA WEB, querem me matar.
>PoynterGirl< era exatamente isso que nós estávamos falando antes da entrar!! :P

Eu parei de falar no chat, mas continuei lendo por um tempo. Dei umas risadas e resolvi ligar para os meninos e criar os logins e senhas. Assim, eles podiam dar uma olhada no site e satisfazer as fãs.
? – Eu disse quando ele atendeu ao celular.
Fala, ! – Ele respondeu, rindo.
– O site tá praticamente pronto. Vocês querem as senhas?
Eu quero que você venha aqui me ensinar a mexer.
– Faz assim então... Vou me arrumar e passo aí, chama os meninos também que eu ensino tudo e vocês já testam as coisas.
Beleza! Estou te esperando.
Fui tomar um banho. Eram sete horas quando eu terminei, peguei meu notebook, as chaves do carro e fui para casa de .Enquanto eu estava no carro, me ligou e pediu para buscá-lo em casa. Pensei em perguntar o que tinha acontecido, mas resolvi deixar que ele me falasse alguma coisa se quisesse. Ele falaria com a e, no fim, eu saberia do mesmo jeito, podia ser paciente. Passei lá e nós fomos juntos conversando bobagens no carro.
– Então a gente pode gravar qualquer coisa e colocar lá? – me perguntou.
– Pode sim, eu vou ensinar vocês a fazerem tudo isso agora e, se der tudo certo, a gente já testa a webcam também.
– Que legal. Foi rápido, né? Em algumas semanas, tudo ficou certo! – Ele disse, sorrindo, nem parecia que tinha terminado com a namorada.
Se bem que eles podiam não ter terminado...
– Nós montamos uma ótima equipe! – Eu disse, orgulhosa.
– Chegamos! – disse ao ver a entrada do condomínio – , a ainda tá com raiva de mim... Quero conversar com você, para você me ajudar a deixar ela de boa comigo de novo.
– Claro, ! Só falar quando! – Falei, desligando o carro.
– Pode ser hoje? Depois que a gente sair daqui?
– Pode sim. Vamos lá, depois a gente passa numa Starbucks e você me explica o que está acontecendo.
– Ok. – Ele disse e ficou sério, com cara de quem terminou com a namorada.
Se bem que, se ele tinha mesmo uma modelo esperando por ele, não tinha motivos para ficar triste.
– A disse que tá tudo pronto? – perguntou para .– Disse, a gente vai testar tudo e ela vai ensinar a gente a usar as coisas – respondeu.
– Olha a campainha. – disse – Deve ser a e o . Vai abrir a porta lá, .
– Por quê eu? – protestou, a campainha tocou mais uma vez. – Cara, sempre sobra pra mim. – Ele foi, mal humorado, até a porta.
– Nossa, que cara é essa, ? – Falei quando ele abriu a porta.
– Eles me obrigaram a vir abrir a porta, acham que sou o mordomo deles. Mas eu não sou! –Completou, berrando para todos ouvirem.
Comecei a rir, dei um beijo na bochecha dele e fui para sala, onde todos estavam reunidos.
– Olá, meninos! – Acenei para os dois.
– Olá, ! – Eles responderam em coro.
– Ah, que bonitinho! Então... Vou ensinar vocês a entrarem no site, colocarem vídeos, blogs e como usarem a webcam, ok? – Sentei no chão e liguei meu notebook na mesa de centro da sala.
– Certo, professora. – disse, prestando atenção.– Primeiro de tudo, vocês vão ter cores no apelido. Quem quer qual? – Eu disse. – Ah, não pode ser roxo, preto nem azul.
– Por quê não? – perguntou.
– Porque roxo e azul somos eu e o Jimmy, e preto são todas as outras pessoas do chat.
– Eu quero verde. – disse, rápido.
– Amarelo. – disse.
– Eu quero vermelho. – Foi a vez de falar.
– E você, ?
– Não sei, são tantas cores que estou confuso.
– Coloca qualquer cor, . – disse.
– Tem que ser uma cor que transmita minha personalidade. – falou.
– Bota rosa então. – disse, mostrando a blusa que vestia. – Para transmitir sua feminilidade exagerada. – E fez piada.
– Rosa não é cor uma cor só feminina, bobos. – Eu disse. – Você, de rosa, fica sexy, .
Ok, momento deslize, falei sem pensar e fiquei completamente vermelha.
– Obrigado, . – disse, sorrindo de um jeito lindo. – Eu já sei, quero laranja.
– Laranja transmite sua personalidade? – Perguntei, arqueando uma das sobrancelhas e tentando controlar o rubor das bochechas.
– Deve transmitir. Se não transmitir, eu finjo que transmite. – Ele falou, sorrindo bobo.
– Ai, meu Deus... Tá, . Vocês vão querer apelidos ou os nomes mesmo?
– Eu quero mesmo.
– Bota... Hm, ‘ is gay’ pra mim. – Disse , rindo.
– Sério, ? – Comecei a rir.
– Sério. Eu posso mudar depois? – Ele perguntou.
– Pode.
– Então deixa assim por um tempo. – Ele continuou rindo.
– Ah, não, , não vale. – protestou.
– Tá, ... , escolhe outro.
– Bota só então...
– Pronto. , ? Alguma ideia? – Eu me virei para os dois enquanto cadastrava e .
– Eu quero ‘The Joker’. – disse, fazendo cara de feliz.
– Quer ser o Batman, ? – Eu disse, rindo junto com .
– Ei, o coringa é o máximo, beleza? – disse, rindo.
– Eu não sei o que botar... Deixa meu nome mesmo. – disse.
– Ah, não. Só eu tenho um apelido? – protestou.
– Qual o seu, ?
– Hm, o meu é mesmo. Esse é meu apelido, . – Disse, levantando os ombros.
– Vocês são muito sem graça... Coloca o meu como então, não quero ser o único diferente.
– Beleza, tudo pronto! Escolham as senhas e, depois, vocês digitam aqui. – Eu esperei o tempo de todos eles digitarem e confirmarem as senhas. – Agora eu vou mostrar tudo.
Passei uns trinta minutos explicando como colocar vídeos, onde clicar e tudo mais. Eu deixei a webcam por último, porque era o mais complicado.
– Certo... Todo mundo entendeu até aqui? – Virei o olhar, dirigindo-me especificamente a porque ele demorava a entender as coisas.
Ele respondeu fazendo um sinal positivo.
– Ok, agora vou ensinar vocês a usarem a webcam.
Expliquei três vezes, eles disseram ter entendido, então resolvemos testar para ver se as pessoas conseguiam ver e ouvir.
– Oi, alguém aí? – falou, olhando para a tela do computador.
No mesmo instante, o chat ficou uma loucura e muita gente falava ao mesmo tempo, impossível de ler.
– Olá para todos, nós estamos testando a webcam. Todo mundo consegue nos ouvir? – Falei, olhando para a câmera do computador.
Vários ‘sim’ apareceram no chat.
, eu quero testar o chat. – disse.
– Entra no seu computador aí, . Qualquer coisa, eu estou aqui. – Disse enquanto , e tentavam ler e responder alguma coisa que as pessoas falavam no chat.
– Oi. – disse, sorrindo.
– Nossa, ela disse que teve um ataque, . A gente tem que proibir o de falar, ele causa ataques nas pessoas. – disse, rindo.
Estavam todos se divertindo.

>< Olá
>ViViPoynter< !
>Jonesismine< OI !
>Fletcherááá’< me leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
>McGirln1< OMFG MORRI
>Ms.< eu estou muito morta aqui, me leu. HÁ
>< A tecnologia é linda! , você consegue me ler?

– Consigo às vezes, . – Eu respondi pela webcam. – Vai muito rápido o chat, tem muita gente online.

>Jonesismine< OLHA! A existe!
>Fletcherááá< me lê, nunca te pedi nada.
>McJudd< tá lindão, agarra ele ai por mim, .
>Ms.< Gente, isso é lindo, nunca mais saio daqui. , eu já disse que te amo hoje?
>< Amam só a ? Assim eu fico com ciúmes.
>ViViPoynter< EU TE AMO SEU GOSTOSO.
>JONÉSIA< eu também te amo, !
>Ms.< TODO MUNDO TE AMA.

– Eu te amo, ! – falou pela webcam.
– Eu também. – respondeu.
– Mas ele é meu. – completou rindo.
Todo mundo ficou rindo e nós decidimos deixar a webcam ligada por um tempo para ver se não teria algum problema. No fim, consegui ensinar todos, inclusive , a mexer em tudo e a fazer tudo. Eu desliguei a webcam em meio a protestos das fãs, que estavam muito enlouquecidas.Disse aos meninos que o site completo estaria pronto em uma semana e que poderíamos decidir a data de lançamento oficial. Mas que eles já podiam começar a postar blogs e vídeos como eu tinha feito mais cedo.
Depois de toda essa aula, todos tinham aprendido tudo. Fiquei uns minutos no canto, resolvendo algumas coisas do meu mestrado. Enquanto isso, eles interagiam com as fãs sozinhos para ver se eles teriam algum problema.
Meu orientador havia devolvido minha fundamentação teórica com muita coisa para revisar. Nos últimos meses, devido a toda essa loucura, eu me dediquei pouco à minha tese. Mas como o site já estava basicamente pronto e eu só precisaria monitorar e alimentar os blogs, teria mais tempo para estudar e ler. Depois de terminar de usar e abusar da conexão de internet do , falei que tinha que ir embora e perguntei se o queria carona.
– Claro que sim. A gente tem que passar na Starbucks, lembra?
– Ah, sim. Então vamos? – Peguei as chaves e fui dar um beijo de despedida em todos os meninos.
Tentei parecer tranquila mas, por algum motivo, eu estava mais ansiosa que o normal com essa conversa. Acho que a minha mente fértil acreditava na possibilidade de se declarar, do nada, para mim. Para não ficar louca, comecei a pensar na minha tese, o que não ajudou. Eu estava pensando em mensagens subliminares e tentando imaginar quais mensagens estava passando enquanto escolhia uma música para ouvirmos.
– Vamos gravar um vídeo pro site, ? – deu um sorriso irresistível.
– Agora? No carro? Como? – Perguntei, perdida.
– Sim, agora, no carro, eu vou escolher uma música aqui e a gente canta no vídeo. Só pra podermos nos divertir mesmo!
– Tá... Qual música?
– Vou colocar pra filmar e você descobre.
– Mas e se eu não souber cantar?
– Eu já te vi cantando essa música, não tem erro.
colocou o celular num ponto central do carro, assim nós dois estávamos enquadrados, então começou a falar.
– Sejam todos bem-vindos ao primeiro vídeo da série “no carro com o ”. – Dei uma gargalhada nessa introdução. – Minha primeira convidada de honra é , mais conhecida como , a gatinha da produção.
acabara de me chamar de gatinha, eu ia ter que pedir para editar o vídeo pois tinha certeza de que minha cara virou um tomate.
– E aí, , manda um oi pra todo mundo!
– Oi pra todo mundo! – Eu estava envergonhada e nem sequer tinha alguém vendo, olha onde o me metia.
Eu ia precisar dar um fim naquele vídeo.
– Qual vai ser a música, ?
– A música de hoje é a favorita do momento da , achei a versão instrumental aqui no youtube, e cantaremos juntos para o deleite de vocês em casa. Aproveitem!
Então ele deu play na música. Quando os primeiros acordes de Sugar, do Maroon 5, começaram a tocar, eu entrei em crise. Como eu ia conseguir controlar? Eu sempre cantava essa música imaginando o como Adam Levine. E, naquele dia, isso ia ser realidade. Jesus, pelo amor de Deus, vem aqui acender a luz e me salvar.
me fez começar a cantar sozinha a primeira frase da música e cantou a segunda frase, como num dueto. Fomos assim pela primeira parte, cada um cantando uma frase.

I'm hurting baby
(Eu estou machucado baby)
I'm broken down
(Eu estou despedaçado)
I need your loving, loving I need it now
(preciso do seu amor, amor, preciso agora)


Eu não preciso nem falar mais uma vez que eu estava completamente vermelha, minhas frases estavam sendo mini declarações de amor e eu não podia fazer nada a não ser fingir que estava tudo bem enquanto meu coração saia pela boca assistindo interpretando o Adam.

When I'm without you I'm something weak
(quando estou sem você, eu sou algo fraco)
You got me begging, begging I'm on my knees
(você me faz implorar, implorar, eu estou de joelhos)


Parece que ele sabia que eu era apaixonada e resolveu fazer com que eu esfragasse a cara na merda. Mas eu resolvi entrar no personagem e comecei a deixar meu sentimento fluir. No final das contas, podia falar que foi tudo encenação para o vídeo. Comecei a cantar a segunda estrofe sozinha, já que o não sabia a letra, enquanto ele fazia uma dança engraçada e olhava como se estivesse seduzindo alguém, o que estava realmente acontecendo.

I don't wanna be needing your love
(Eu não quero precisar do seu amor)
I just wanna be deep in your love
(Eu quero me afundar no seu amor)
And it's killing me when you're away
(e me mata quando você está longe)
Ooh baby, cause I really don't care where you are
(oh baby, pois realmente não me importa onde você está)
I just wanna be there where you are
(eu só quero estar onde você estiver)
And I gotta get one little taste
(eu tenho que provar só um pedaçinho)


Nós já havíamos chegado no local e eu tinha estacionado o carro, mas continuamos cantando. Quando refrão começou, cantamos juntos, olhando um para o outro. Eu sentia como se uma corrente elétrica me impedisse de tirar os meus olhos do dele.

Sugar
(docinho)
Yes please
(sim, por favor)
Won't you come and put it down on me
(por que você não despeja em mim)
Oh right here, cause I need
(Oh bem aqui, por que eu preciso)
Little love and little sympathy
(um pouco de amor e um pouco de simpatia)
Yeah you show me good loving
(Sim, me mostre um bom amor)
Make it alright
(Faça tudo ficar bem)
Need a little sweetness in my life
(preciso de algo doce em minha vida)
Sugar
(docinho)
Yes please
(Sim, por favor)
Won't you come and put it down on me
(por que você não despeja em mim)


Continuamos com a brincadeira até o final da canção, eu me senti muito leve depois de cantar, como se eu tivesse realmente desabafado todos os meus sentimentos para ele. A melhor parte foi que ele achou que tudo não passou de uma interpretação muito boa.
– Arrasamos, ! – sorria. – Nem vou precisar editar, vou colocar desse jeito mesmo no SuperCity. – Ele continuava feliz enquanto fazia o upload pelo celular.
Fiquei calada e percebi que não teria como eu me livrar do vídeo. Talvez eu pudesse apagá-lo quando chegasse em casa. Podia falar que deu algum erro. Eu trabalharia mais nessa desculpa depois. Desliguei o carro e saímos andando, eu ainda estava meio aérea. pegou minha mão e fez com que eu andasse mais rápido.
– Vem. Olha ali, só tem uma mesa, temos que correr para conseguir! – Ele continuou puxando-me até a entrada e eu fiquei devaneando ali, com a mão dele junto da minha.
Como eu queria poder sempre andar assim com ele?
Entramos na Starbucks e conseguimos a mesa vazia. fez os pedidos e desligou o celular.
– Tá desligando por quê? – Perguntei, curiosa.– Não quero ser interrompido. O upload do nosso vídeo já foi, agora podemos conversar. – Ele disse, sério.
Seria a hora perfeita para ele se declarar e dizer que ele me ama mais que tudo. Mas, claro, só uma mente doentia como a minha poderia achar que ele ia pirar do nada. Nem todas as músicas de românticas bobas juntas poderiam causar amor instantâneo. Parei de pensar bobagens quando ele falou alguma coisa.
– Então, não sei nem por onde começar... – E ficou olhando para a mesa.


Capítulo 7

– Que tal pelo começo?
– Você já deve saber a história, mas... – Ele parou e eu continuei calada – Você já sabe, né?
– Não, você não me deu nenhuma pista sobre o que vai falar... Como eu posso saber se eu já sei?
Ok, eu já sabia, mas vai que eu falo é, já sei, você traiu sua namorada de dois anos e ele vira não, eu tava falando do aniversário surpresa do .
– Sobre o que aconteceu naquele show fechado do McFLY...
– Ah, o das super modelos? – Eu disse. – Sei o que a imprensa disse – Menti, ele não sabia que a me contava tudo.
– Ok, – tomou um gole do café dele. – vamos do começo. Eu dei um tempo da Anne, porque as coisas não estavam indo muito bem. – Continuei calada e ele continuou a falar. – Sinceramente, eu acho que pedi um tempo porque não tive coragem de terminar.
– Hm... Ok, prossiga. – Peguei o meu café.
– Então eu fui para o show como sempre, sabe? Só pra tocar e ir embora. Esses shows fechados sempre são um saco. Durante o show, eu vi essa garota. – Ele parou ao olhar para minha cara de “já sei o que você vai falar”.
– Você não vai dizer que se apaixonou pelo olhar dela, vai? – Eu disse, rindo.
– Não, eu não vou – Ele deu um sorriso lindo.
– Ah, bom! Já ia procurar o verdadeiro embaixo da mesa se você tivesse dito.
– Deixa de ser boba, . De qualquer forma, eu vi essa garota e, depois do show, ela veio falar comigo. Ela é uma das Angels da Victoria's Secrets. Tipo, eu realmente fiquei com ela só para tirar uma onda. – Fiz uma cara de reprovação e ele tentou justificar.
, um dos “anjos” da Victoria's Secret! Eu não ia deixar isso passar. –
Eu continuei calada. – Então eu fiquei com ela. Mas eu não senti nada e, depois, eu pensei na merda que eu tinha feito... Pensei em correr para falar para a Anne na hora e terminar tudo... Eu sabia que ela ia me odiar para sempre, mas eu não mudaria isso. Eu sei como ela deve estar se sentindo agora.
– Sabe mesmo, ? – Perguntei.
– Eu imagino que sim.
– Você já foi traído?
– Não que eu saiba...
– Então você não sabe. – Falei, botando um fim naquela conversa.
Ele ficou calado por um tempo e finalmente voltou a falar.
– Mas, na outra noite, uma depois da que eu fiquei com a “anjo”, ela me apresentou a uma amiga dela, Serena. – Ele fez uma pausa. – Foi ela quem me fez vir aqui terminar com a Anne, eu realmente fiquei muito afim dela, .
– Como assim? Você ficou com as duas? – Eu estava ficando estressada.
Ele falava aquilo naturalmente, entendi o porquê da estar com raiva. Eu já sabia da história mas, vendo contar daquele jeito, na cara dura, fiquei bem mais irritada.
– Não, eu não fiquei com ela. – Ele disse. – Fiquei só com a primeira. Com essa outra, eu quase fiquei, mas eu pensei que deveria terminar primeiro, porque eu quero realmente começar tudo certo com ela... E, claro, eu ainda tenho que terminar com a primeira modelo, a Sarah.
Eu estava chocada. O não tinha quebrado só o coração da Anne, mas também quebraria o da outra, que ele iria trocar pela amiga. Ele, definitivamente, não prestava.
– Caramba, ! – Foi o que eu disse – Você realmente não tem noção de 1% do que a Anne tá sentindo e o que ela vai sentir quando souber que você quase ficou com duas no mesmo dia.
, todo mundo tem o coração quebrado um dia! – Ele disse de um jeito frio que eu nunca havia visto usar. – Eu não ia ficar com ela se eu estou afim de outra.
– É, , mas você podia ter terminado com ela desde o início, sabia? Teria evitado tudo isso.
– Você tá do lado da Anne por quê? Não estou te contando isso para você tomar um lado... Você, a e provavelmente todas as meninas vão ficar assim, contra mim, sempre? – Ele se fez de vítima.
, você já me disse que nunca foi traído. Eu e já fomos. O meu caso, um pouco pior do que o dela. – Parei para respirar e concentrar, eu não podia chorar ali. – Posso dizer que sei, realmente, o que a Anne está sentindo, porque o que você fez com ela, alguém já fez comigo.
É, não deu, eu comecei a chorar.
, não fica assim! – levantou da cadeira e foi para o meu lado, abraçando o meu corpo.
– Tá tudo bem. – Disse, limpando minhas lágrimas. – Mas saiba que você podia ter evitado isso. Ok, não dá mais. O que está feito, está feito. Você podia pelo menos tentar ser discreto e demorar pelo menos um pouco para “mostrar” essa nova garota? – Ele me olhou.
– Que diferença isso faria?
– Toda. Pelo menos, a Anne vai achar que foi só por causa de uma que você terminou com ela, e não por conta de duas.
– Ok, acho que você tá certa. – Ele disse – Agora me diz o que aconteceu com você?
Eu respirei fundo mas, dessa vez, não senti vontade de chorar. Apesar de tudo, estar ao lado do cafajeste do me fazia ficar bem. Maldição, nem ouvir falar aquilo tudo diminuía minha paixão.
– Nada que valha a pena contar. – E, ao invés de começar a chorar, dei um sorriso.
– Qual o seu problema? – disse ao perceber que eu estava gargalhando.
– Acabei de perceber que não tem motivo pra chorar. – Estava sorrindo ainda mais. – Agora, ele está lá no Brasil, provavelmente, sozinho, ou pegando todas... E eu estou aqui, em Londres, ao lado de um popstar reconhecido mundialmente.
– Viu, só? Você se deu melhor que ele. Até porque você não está do lado de qualquer popstar. Você está do lado de . – Ele deu uma piscadinha sexy e fez uma pose para distrair, comecei a rir ainda mais.
Por que ele não podia ser sempre assim, bobo, alegre e fofo?
, se essa sua nova modelo aí for um saco... – Olhei no fundo dos olhos dele só para sentir aquela energia elétrica passar por mim novamente. – Eu tenho todo o direito de odiá-la, ok?
– Ok, mas eu vou te mostrar como ela não é um saco. – deu um sorriso bobo. – Ela é o máximo.
Eu dei um sorriso falso. Ele, provavelmente, achou que ainda era por conta da minha tristeza anterior. Mas não, foi porque ele parecia mesmo estar gostando de verdade da tal Serena. Que saco.
– Você tá com raiva de mim? – Ele perguntou.
– Não, – Respondi. – Do mesmo jeito que eu acabei de perceber que estou bem, a Anne vai perceber um dia também.
– Viu, coração quebrado, alguma vez, na vida acontece.
– É, quero ver quando você quebrar o seu... – Ele me olhou sério. – Calma, não estou desejando isso... – E comecei a rir.
– Olha, você tá jogando praga, hein? – Ele se afastou de mim, brincando.
– Que nada, seu bobo. – Falei, bagunçando o cabelo dele.
Apesar de tudo, eu estava gostando muito de passar aquele tempo sozinha com .
– Quando alguém quebrar seu coração, te ajudo a superar. A gente compra um monte de sorvete e chocolate...
– Obrigado, ! Vamos embora? Você ainda tem que me deixar em casa e estudar sua tese.
– Ah, é! Eu esqueci que eu estou como sua motorista! – Disse, pegando as chaves. – Vamos nessa! Nada de vídeos dessa vez.
Ele fez uma careta de triste e falou que, na próxima carona, teria que rolar outro vídeo divertido.

Deixei em casa e fui direto para a minha. Cheguei lá e dei de cara com completamente produzida. É, super produzida mesmo. Ela estava pronta para uma balada londrina.
– Aonde você vai? – Eu disse ao vê-la.
Nós – Ela disse com ênfase. – vamos numa festa, vai se arrumar.
– Que festa?
– Uma festa em que o senhor vai estar. – Ela disse, olhando no espelho. – Vamos, se arruma logo!
– E quem te disse que eu vou na festa em que você vai desdenhar o meu amigo gostosão?
, eu preciso ter certeza de que eu posso fazer o ficar caidinho por mim.
– Eu tenho novidades pra você. Ele sempre foi caidinho por você, só você acha que não... – Fui subindo as escadas.
, ... – Ela começou. – Ele não gosta de mim... Ele me quer só porque ainda não me teve.
Eu parei na escada e comecei a pensar que talvez ela estivesse certa. Se o gostasse mesmo dela, ele já teria dado um jeito de ficar com ela. Como essa menina conseguia influenciar a mim mesma tão facilmente? Eu nunca poderia ser terapeuta dela.
– Adoro ver sua cara de compreensão. – Ela disse ao ver-me levantar uma das sobrancelhas e parar de andar no meio da escada.
– Ok, você venceu! – Eu disse. – Vou com você, só porque eu quero tirar isso a limpo. Analisarei cada passo do aí, se o meu veredicto for favorável a ele, – fez uma careta de “não entendi nada”. – se eu achar que ele está gostando de você, – Traduzi e ela continuou calada. – você vai ter que ficar com ele. – Dei um sorriso.
Ela ficou um tempinho calada.
– Ok, vai se arrumar então.
Eu subi as escadas correndo, peguei meu celular e joguei-me na cama.
Escrevi e enviei um sms e corri para o banho. Minha tese teria que esperar.

’s P.O.V.

– Deixa de ser idiota, vamos pra festa logo! Muitas gatinhas vão estar lá e tudo mais...
Continuei calado na frente do computador. Eu estou obcecado com uma gatinha especifica no momento. Foda-se essa festa.
– Que porra é essa, ? – disse ao sentir o meu travesseiro vibrar.
– Meu celular! – Levantei, tentando pegá-lo. – Dá aqui, !
– Porra, é um celular mesmo! Eu jurava que tinha descoberto o seu vibrador perdido.
Eu ignorei e peguei o celular. Era um sms da .

“Hoje é o seu dia de sorte! Se você estava
considerando não sair hoje, se arruma e
vai pra Private.”

, você me convenceu, vamos pra Private! – Dei um sorriso.
– Cara, você deve ser bipolar. – disse. – Mas já que você decidiu, vamos passar lá no e partir pra noite! – Ele se levantou da cama e fez uma pose um tanto quanto estranha.
– O não falou que não ia sair com a gente hoje? – Perguntei. – Alguma coisa com a Serena, sei lá... Você ficou sabendo que ele terminou com a namorada? E já tá quase namorando outra?
– Ele não terminou com ela hoje à tarde? – perguntou.
– Foi... Mas ele terminou por conta dessa nova quase namorada.
– Hm... Ah, é o , né? Eu devia estar acostumado. – Ele disse, rindo.
– As meninas só ficaram sabendo de tudo hoje... – Comecei. – Acho que ele não vai levar a Serena assim de cara.
– Cara, é o . – disse. – Aposto que ele vai levar... Mas espera aí... – Ele disse, levantando uma das sobrancelhas. – As meninas vão? Como o senhor sabe?
– Hm... É... – Tentei disfarçar, mas o sorrisinho cínico de estava de matar. – Ah, foi a que me mandou o sms... Disse pra eu ir pra a festa.
– Isso quer dizer que a vai estar lá, né?
– Não sei. – Suspirei. – Mas não vou perder a chance. Liga aí pro e vê se ele vai ou não. E o ?
– Ela já está lá com a Sally. – falou e pegou o celular para ligar para o .
– Bom. – Eu disse, abrindo o meu guarda-roupas. – É hoje!

End ’s P.O.V.


Capítulo 8

estava batendo na porta do meu banheiro feito uma louca. Eu gritei umas três vezes de dentro do box que já estava terminando, mas ela não me escutou.
! – Ela continuava batendo na porta. – Eu tenho que te falar uma coisa!
Eu abri a porta enrolada na toalha e pingando.
– Fala, !
– O ! – Ela disse e sentou na minha cama.
– O que é que tem? – Eu perguntei.
– Ele vai levar a tal Serena, lá pra Private.
– Sério? Caramba! – Eu disse. – Como você sabe?
Ela me mostrou o sms no celular dela.

"Já sei que você e a vão pra festa, só vou
avisar que a Serena vai comigo. Sejam legais
com ela."


– Gente, que dia longo! – Eu falei e devolvi o celular para .
– Como assim? – Ela perguntou.
– De manhã, eu tava no trabalho, feliz. Aí, de tarde, você me conta a bomba do . – Comecei e ela ficou prestando atenção. – Depois, ele terminou com a Anne. Além disso tudo, eu fui à casa do ensinar os meninos a mexer no site e, mais tarde, o conversou comigo, falando que não ia assumir publicamente a modelo. – continuava calada. – E, agora, ele vai sair com a super modelo e quer que sejamos legais. Qual a chance? – Eu disse, andando para o meu guarda-roupas sem paciência. – Hoje, eu não vou dirigir, fique sabendo que beberei.
– É, não tinha parado para pensar no ritmo frenético com que as coisas aconteceram hoje... – fez cara de pensativa. – Ah, quem se importa? Se arruma linda aí, , que, hoje, a noite é nossa. Vamos pegar um táxi!
– Será que essa Serena é legal? – Eu disse.
– Por quê?
– Porque eu não gosto de odiar gente legal... Era tão mais fácil odiar a Anne...
– Não entendi. Por que você tem que odiar a menina?
Eu simplesmente continuei encarando a .
– Ah! Saquei! – Ela disse de repente. – Porque ela é a gatinha da vez do , e você é apaixonada pelo cafajeste.
– Pois é. – Dei uma risada. – De qualquer forma, vou terminar de me arrumar, não quero estar feia para a nova “gatinha da vez” do . Me ajuda a utilizar o seu dom com superprodução, por favor?

Eram onze horas quando eu fiquei pronta e nós saímos para a Private. Chegamos lá e encontramos com e Sally na entrada.
– Oi! – Sally disse, cumprimentando nós duas com beijos na bochecha, ela já tinha bebido um pouco.
– E aí? Os meninos já chegaram? – Eu perguntei.
– Eles já estão vindo, o vai apresentar a nova garota dele. – disse.
Sally balançou a cabeça negativamente.
– Esse não presta. – Ela disse. – Se você terminar comigo, por favor, arranje outra, pelo menos, uma semana depois, tá? – Ela apontou para o .
– Não estou planejando te trocar não, linda. – E deu um beijo na testa dela.
– Acho bom! Meninas, vocês têm que me ensinar aquela dança maravilhosa que eu vi outro dia!
– Vamos entrar. Quando os meninos chegarem, a gente deixa o com eles e vai dançar! – disse.

Sentamos na nossa mesa reservada, afinal, nós estávamos com uma estrela. Algumas meninas reconheceram o e pegaram autógrafos. Super normal, e nem ficaram muito tempo por lá. Depois de um tempo, nossos drinks chegaram. Não demorou muito para ficarmos bêbadas o suficiente para querermos dançar até o chão.
! – deu um gritinho quando um acorde da nossa música começou.
– Nossa música! – Eu e gritamos.
– Vem, Sally! – Nós a puxamos e, no caminho, vimos os meninos chegando.
Demos um tchau de longe e continuamos correndo para a pista de dança. A tal Serena estava lá também. Bonita, mas alguma coisa nela ainda lembrava a Anne... Podia ser o “tipo” do .
Enfim, minha música estava tocando e não tinha quase ninguém dançando. A pista era toda nossa. Era hora de ignorar meus problemas. Se bem que não isso não era realmente um problema. A Sally começou a rir quando eu e começamos a cantar e dançar a música. Nós estávamos dançando como sempre... Mas, nessa música, nós usávamos todo o nosso poder de sedução, que não era pouco. Fala sério, todas as brasileiras têm um grande poder de sedução comparada com qualquer londrina dura. Quando estava perto do refrão, quase toda a boate estava olhando para nós. Outras pessoas teriam vergonha. Mas não eu, não a , não na nossa música, principalmente estando bêbadas. Quando o refrão começou, nós começamos a cantar alto e continuamos a dançar.

Because when I arrive I bring the fire
(Porque quando eu chego eu trago o fogo)
Make you come alive I can take you higher
(Faço você se sentir vivo eu posso te levar mais alto)
What this is, forgot? I must now remind you
(O que é isso, esqueceu? Devo lembrá–lo agora)
Let It Rock Let it Rock Let it Rock”
(Deixe balançar, deixe balançar, deixe balançar)


Durante o refrão, muitas pessoas se juntaram a nós na dança. Sally começou a dançar junto conosco e os meninos estavam olhando da mesa. A cara deles era de completa surpresa. Eles nunca haviam visto nenhuma de nós duas dançando. As únicas vezes em que saímos com os meninos foram para pubs e, geralmente, só conversávamos e bebíamos. Mas, daquela vez, estávamos no nosso território. Sabe como é, nós, brasileiras, temos um gingado. Nossos anos de dança no Brasil ajudavam muito também. Eu conheci no primeiro dia de aula no jazz e, desde então, sempre fizemos todos os estilos de dança juntas. Claro que percebeu a cara de abestalhado que estava fazendo, e continuou provocando o pobre coitado durante a dança.

– Cara, elas dançam muito! – comentou.
– É! – Foi tudo o que o falou, ainda olhando para a pista, mais especificamente para .
– Para de babar, ! – fez piada. – Olha que linda a Sally. – Ele disse na hora que ela começou a dançar.
– Você é muito devagar, disse – Se fosse eu...
– Você já teria pegado a , terminado com ela e estaria com outra agora. – interrompeu e falou de uma vez sem lembrar da presença da Serena ali.
A bebida cortava o pudor de todo mundo mesmo. Quando ele percebeu, acrescentou uma correção rapidamente.
– Sem ofensas a você.
– Tudo bem. – Ela disse, dando um belo sorriso
– Eu sei que ele não presta. Mas relaxa, eu vou manter ele na linha.
deu um sorriso e beijou ela na bochecha.
– Vai sim. – disse, sarcástico.
– É, vai mesmo. – disse, irônico, e voltou a olhar as meninas dançando.
– Tem muita gente secando minha namorada, com licença. – disse, levantando e indo para a pista beijar a namorada na frente de todos os homens que estavam quase pulando em cima das meninas.

Alguns caras bêbados estavam começando a incomodar, então eu resolvi ir até a mesa e puxei para dançar comigo, o que deixou a extremamente furiosa. Ela queria continuar provocando-o de longe. E claro, os caras dando em cima dela estavam ajudando com isso.
– Todos os homens daqui estão com inveja de mim. – Ele disse.
– Relaxa que todas as mulheres, incluindo minha amiga, estão com raiva de mim por ter te puxado. – Falei, rindo.
não sabia dançar direito. Era até engraçado, mas nenhum de nós estava ligando para o que os outros estavam pensando. Eu comecei a brincar e dançar igual a ele.
Depois, fomos sentar e conversar um pouco.
A Serena, nova gatinha da vez, parecia ser até legal, o que me deixou com um pouco de raiva porque eu acreditava que ela seria um porre. Aí lembrei que eu, definitivamente, não fazia o estilo do e tentei superar. Pelo menos, eu era amiga dele. Pelo menos?! O que estava falando? Eu era amiga dele, bem melhor do que qualquer coisa. Ele ia ter que aturar a minha existência para sempre, certo? Isso era bem melhor do que ser a gatinha de vez e ser trocada por uma modelo. É, preferível ser amiga.
– Então o que vocês fazem além de trabalhar para eles? – Serena perguntou.
Eu disse que gostava dela? Pois é, acho que não gostava mais.
– Nós fazemos Mestrado em Oxford. E você, faz o quê além de desfilar? – Não consegui segurar.
Estava bêbada. Se alguém apertasse, eu falava mesmo. Vi o olhar de cair sobre mim e também vi segurar uma risada.
– Hm, Oxford! Eu não faço mais nada, não preciso. – É, ela respondeu isso.
– Hm, legal. – Peguei minha Piña Colada na mesa e tomei mais um gole.
Menina chata. Pedante. Te odeio. Qual é o seu problema, ?
Ela virou para conversar um pouco com a Sally, e ficou surpresa por ela ser atriz. Depois, voltou a falar comigo.
– E aí, ?
A modelo estava achando que era minha amiga íntima para chamar pelo meu apelido? Mas deixei, com certeza ia ficar chateado se eu falasse “oi, me chama de ”.
– O que você pretende fazer daqui a uns cinco anos?
Que diabos de pergunta foi aquela? Parecia entrevista de emprego... Eu me lembrava de ter respondido perguntas assim, no RH, uma vez...
– Pretendo estar rica, atuando na minha área. – Falei a mesma coisa para a psicóloga do RH que deu uma risadinha durante a entrevista e, claro, perguntei a mesma coisa de volta. – E você?
– Ah, eu quero estar trabalhando muito e, quem sabe, ter um daqueles contratos estilo Gisele Bündchen na Victoria's Secrets. – Aquela menina era meio perturbada, era uma doce ilusão dela.
A Gisele era minha conterrânea; oi, Brasil! A Serena era bonita, mas ela não é material Gisele, se é que você me entende. Eu levantei uma de minhas sobrancelhas e vi a cara do de “pode falar, vai em frente, eu quero muito que você fale”.
– É... Hm... A Gisele conseguiu esse contrato com a Victoria's Secrets com uns 22 anos... Você tem quantos? – Sim, eu perguntei a idade de uma modelo e esperei a resposta.
– Tenho 25... Mas esse é meu plano para daqui a 5 anos. – Ela disse, rindo.
– Aí você vai ter 30! – Eu disse. – É bom começar a pensar em outros planos.
levantou da mesa discretamente e foi rir em um lugar mais distante. Ela ficou um pouco irritada.
– Tudo bem, eu ainda tenho o meu plano de fuga... – Ela pegou a mão do . – Tipo fisgar um rockstar.
Eu resolvi entrar na dela.
– Ah... Se eu fosse você, tentava jogadores de futebol, são mais confiáveis. Sei lá, os rockstars tem essa mania estranha de querer todas as mulheres. – E olhei para , que estava levando tudo que eu disse na esportiva.
Por isso que eu gostava de estar perto de homens, eles nunca percebiam uma luta feminina ocorrendo.
– Não dá em nada. Ele pode ter todas as mulheres, – Ela disse e todo mundo olhou surpreso, inclusive . – desde que eu tenha os cartões de crédito. – E então até eu dei uma risada.
Depois de muitas outras bebidas, essa tensão inicial diminuiu, e eu acabei ficando colega dela. É, colega, não amiga. Muita calma nessa hora, eu não ia ser amiga da pessoa que está pegando o meu objeto de paixão. estava completamente bêbada. Muito mesmo. Ela ficou conversando com uma cadeira por alguns minutos até perceber que não tinha ninguém lá e cair na risada. estava no mesmo estilo, e os dois começaram a conversar. Contavam piadas sem sentido e ficavam uma hora rindo delas, até que outra música que nós gostávamos começou a tocar.
! Vamos dançar! – gritou e levantou da cadeira de uma vez – Você também, vamos dançar, ! – Ela puxou o menino pela mão e foi para o meio da pista.
– Vamos dançar, meninas? – Eu perguntei para Sally e Serena.
– Ah! – Sally gritou. – Essa é a música da dança que vocês têm coreografia! Você vai me ensinar agora! – E levantou para dançar. – Vamos, Serena?
– Ah, vão lá, meninas, eu não sou muito de dançar... – Ela disse com vergonha.
– Deixa de frescura, todas as mulheres sabem dançar. Vem, eu ensino a coreografia da música ali e a gente finge que é foda. – Eu disse rindo e puxei as duas.
já estava tentando ensinar o bêbado a dançar a nossa coreografia. E ele não estava prestando nem um pouco de atenção, então ela desistiu e deixou que ele dançasse do seu jeito estranho, juntando-se a nós.
Quando a Serena disse que não sabia dançar, ela não estava brincando. A menina não sabia rebolar. Como assim? Desculpem o baixo nível, mas ela não devia ser boa de cama. Tem que pelo menos saber rebolar direito né, moça? Ela desistiu de aprender e foi dançar com o . Sally conseguiu aprender nossa coreografia. E nós três começamos a dançar igual até o fim da música. Depois disso, nós pagamos um “mico”. O DJ da festa disse que ia dedicar uma música para as três gatinhas dançarinas e todo mundo olhou diretamente para nós. Ele colocou para tocar Sexy Bitch. Pois é. Como eu e a gostávamos da música, nós nos relevamos. O ficou com ciúmes e foi dançar com a Sally, o que fez eu e a ficarmos sozinhas no meio da pista, dançando.
estava muito bêbada e eu o suficiente para continuar dançando. Os meninos resolveram descer para a pista para "tomarem conta" de nós duas. Serena continuava “dançando” com o , foi dançar com a . E o sobrou pra mim. Não que eu estivesse reclamando, mas eu estava meio fora de controle, e era o . Ele chegou na hora que a música começava novamente e começou a cantar para eu continuar dançando “de acordo com a letra” e, claro, foi isso que eu fiz. Eu só percebi que ele estava muito perto quando ele disse no meu ouvido “Damn Girl” junto com o Akon. Eu quase caí no chão e afastei disfarçadamente com a desculpa da dança. Fiquei de frente para ele, para ter certeza de não ter perigo de ficar próximo dele como eu estava antes, o que não ajudou muito, porque ele estava alterando a letra da música e falando “you’re a sexy bitch” em vez de “she’s a sexy bitch” . Isso, saindo da boca do meu objeto de amor, não era uma coisa fácil de aguentar. Não depois de todo o álcool. A música estava acabando e eu não sabia se eu ficava feliz ou triste. Feliz por poder relaxar, correr para o banheiro para jogar uma água fria no rosto e tentar esquecer a cara de safado dele falando que eu era sexy. Não, não, ele não falou que eu era sexy, ele estava cantando a música. , foco. Triste, exatamente, porque ele não ia mais chamar a mim daquela forma. Cantar que eu era sexy. Cantar a música. Merda, preciso sair daqui.
A música acabou, ele me deu um abraço e um beijo na minha bochecha.
– Bom dançar com você. – Deu um sorriso e foi para perto da Serena, que estava rindo do gritando “I’m a sexy bitch”.
– Você devia parar de beber, , que tinha recuperado um pouco da sobriedade dançando, falou.
– Olha só quem fala! – Ele disse. – Você só está com inveja porque eu sou uma diva, e o Akon quer me conhecer.
pegou o braço do e levou-o direto para a mesa.
– Chega disso, , vamos sentar.
Eu puxei a e fui para o banheiro lavar o rosto e – sabe como é – acalmar os nervos. Maldito . Por que ele tinha que ser tão sexy? Ah, merda, eu não vou conseguir tirar da minha cabeça o momento em que ele estava atrás de mim e disse no meu ouvido “Damn girl”. Sério, aquilo foi o máximo. Merda, merda, merda.
– Qual é o seu problema? – disse a me ver lavar o rosto, fechar os olhos e contar até dez.
Eu continuei minha contagem mental. Um, gostoso... Não, cafajeste. Dois, olhar sexy. Muito sexy. Cara, isso não está dando certo, nem da minha contagem ele sai.
– Isso tudo foi por culpa da dança? – começou a rir.
Eu simplesmente balancei a cabeça positivamente enquanto tentava ignorar a voz dele na minha cabeça durante a contagem.
Ela começou a rir.
– É, eu percebi, ele estava te seduzindo. Pelo menos, você não deixou barato. Eu vi, com minha visão turva de bêbada, que ele tava babando.
– Isso não ajuda. – Eu disse ainda de olhos fechados e resolvi jogar mais água no rosto.
– Foi mal... Mas é verdade, sorte sua que o meu lindo tava distraindo a gatinha da vez. Ela ficaria puta.
Eu dei um sorriso e desisti de tentar ignorar. Nesse momento, Sally entrou no banheiro.
– Uau, hein?
Eu e olhamos para ela com cara de “qual é o seu problema?”.
– O quase caiu pra trás. Que poder, hein, dona ?!
É, eu sou foda, acho que posso conquistar o fácil... Para com isso cérebro indecente, eu não vou conquistar nenhum. Ele é e sempre vai ser meu amigo.
– Que nada, a gente tava interpretando papéis. Ele era o cara afim da sexy bitch, eu, a sexy bitch, só isso.
– Te garanto que, se a Serena tivesse visto a cara de desejo que ele fez quando você fez aquela coisa de ir até o chão, ela tinha te matado ou matado o . – Sally começou a rir e olhou no espelho. – Falando nisso, acho bom vocês me ensinarem isso também.
– Amiga, é só rebolar e dobrar o joelho. – disse, rindo. – Sabe como é, eu praticamente nasci com esse poder no sangue. – E caiu na gargalhada.
– Não é tão fácil assim, mas eu vou aprender – Ela disse, rindo enquanto eu lavava meu rosto pela quinta vez.
Pegamos a bolsa da , retocamos nossas maquiagens e arrumamos os cabelos. Saímos novas de dentro do banheiro e voltamos para a mesa.
Ficamos mais um tempo jogando conversa fora. ficou bêbada de novo, foi dançar mais um pouco e, depois, voltou da pista com o . Estávamos todos cansados e decidimos pegar um táxi para voltar para casa.
voltou sorrindo igual uma idiota no carro, completamente bêbada, transtornada. Tive um trabalho grande para colocá-la para dormir.
Ao chegar no meu quarto, percebi que havia um SMS no meu celular.

“E ai o que achou dela?”

“Achei ela ok, , mas ainda tenho que pensar se gostei ou não dela.”

“Ok já é melhor do que não gostou, aceito por enquanto. Haha
Boa noite, . Adorei nossa dança, temos que repetir a dose.”

Fiquei alguns segundos olhando para a tela do celular, relembrando o momento em que eu estava com o corpo colado no dele e ele cantava nos meus ouvidos. Aquilo tinha sido ótimo. Era um saco, não tinha como desligar minha paixão por um tempo. Passei alguns minutos pensando nisso mas, por fim, meu cansaço venceu e eu adormeci.


Continua...



Nota da autora: "Não me matem por terminar o capítulo assim. Mas precisamos fazer um suspense às vezes né? Haha Ultimamente eu tenho andado tão enrolada com tudo, que não sei mais nem o que fazer. Vocês também tão achando que o tempo tá passando rápido demais? Porque tá difícil fazer tudo que eu tenho que fazer em tão pouco tempo. Enfim, continuem comentando, gosto de saber o que vocês estão achando.
Fiquem bem e usem máscara!"



OUTRAS AS FANFICS DA AUTORA:

Beyond [Harry Styles - Shortfic]
Sinais do Tempo [Harry Styles - Em Andamento]
Tarefa Final [Originais - Shortfic]


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