Última atualização em: 17/01/2024

Prólogo

Caderno de Memórias
[X] Doar sangue
[X] Acordar Liam com água
[ ] Escrever um livro
[X] Beijar na roda gigante
[X] Pedir conselhos a uma criança
[X] Aparecer em um noticiário
[ ] Contar uma mentira para Raena
[ ] Ganhar um prêmio
[X] Fazer uma tatuagem
[ ] Vencer um medo
[X] Entrar de penetra em uma festa
[X] Ler uma história no fofic
[ ] Se apaixonar


Capítulo 01 - [X] Escrever uma lista

As cortinas abriram, com as lâmpadas apagadas, a única luz presente era a do holofote direcionado ao centro do palco. O show estava prestes a começar.
O narrador engrossou a voz, começando a falar.
“Há muitos e muitos anos, que essa história seja uma demonstração de fé para os jovens de coração, o tempo não conseguiu apagar o encanto de sua gentil filosofia.”
Dorothy corria em direção a sua casa com sua cesta em mãos, Totó estava ao seu lado acompanhando seus passos.
Ela tentava conversar sobre os recentes acontecimentos e ninguém a escutava. A garota se mostrava aflita.
Devlin encarava a cena curiosa, aprendeu a gostar do teatro por conta do melhor amigo já que sempre fora mais fã das telas do que ao vivo. A situação de Dorothy a fazia querer gritar, mas aquele cachorro de pelúcia terrivelmente mal feito conseguia ser pior que qualquer problema que a protagonista estava passando.
Você não deve ter medo dela, menina. Coragem, coragem. — dizia o homem para Dorothy enquanto ela se equilibrava na madeira velha das cercas.
Um lugar sem problemas? Você realmente acredita que exista um lugar assim, totó?
sorriu ao ver a personagem conversar com seu cachorrinho. O cenário estava pintado em tons de preto, branco e sépia, o que deixava tudo ainda mais melancólico.
Zayn estava sentado na última poltrona da fileira, com Liam ao seu lado e ao lado dele. Malik saiu um pouco de seu lugar para cutucá-la e, assim que teve sua atenção, apontar para Payne.
A garota balançou a cabeça em negação, mas seu sorriso mostrava que tinha entendido. E concordado.
A protagonista terminava de dançar ao som de “Somewhere over the Rainbow” enquanto caminhava pelo palco.
Os dois se posicionaram e trocaram um olhar cúmplice.
Tia Emy entregava o cachorrinho para que fosse levado ao xerife.
Nós temos que sair daqui. Temos que fugir, totó.
Assim que a garota correu junto ao seu cachorro, e Zayn puxaram os braços de Payne, fazendo-o arfar e acordar em um pulo.
Zayn segurava a risada do desespero no olhar do garoto, Lee abriu a boca para reclamar e gritar, mas logo foi censurado pelos dois, que apontavam para a peça.
A música começou a tocar e, de repente, as cores tomaram conta do lugar
Nossa, eu nunca pensei que existisse um lugar assim…
sorriu ao ver a estrada das pedras amarelas, Niall iria gostar de estar assistindo a peça.
A atenção dos oito adolescentes logo foi tomada pelo motivo que os levou ali. Harry apareceu, apoiado em duas vigas de madeira e com palha ao seu redor. Ele interpretava o espantalho e recitava seu diálogo junto a Dorothy.
Louis cutucou , sussurrando em como Styles tinha pegado justamente o papel do personagem sem cérebro.
Eu desvendaria qualquer enigma para um indivíduo com problemas ou com dor…
Liam escutava atentamente a voz do moreno, tentando ignorar Zayn cutucando-o para passar alguma mensagem a Louis. Ele deveria tê-lo deixado cochilando.
Harry e a garota Dorothy agora encontravam o Homem de Lata, interpretado por alguém que Tomlinson já imaginava ter visto pelo colégio.
Eu seria afetuoso, eu seria gentil e terrivelmente sentimental com relação ao amor e a arte.
Louis analisou a cena, o cara dançava como se realmente estivesse enferrujado. Cutucou a irmã e apontou para o trio que já caminhava novamente pelas pedras amarelas após a discussão com a bruxa.
Sinto que já nos conhecemos faz muito tempo, mas isso não faz muito sentido, não é?
Harry sorriu largo ao ouvir a fala, a cena permitia que ele se mostrasse um pouco menos presente e, por isso, procurou por seus colegas na plateia.
Você está certa, eu sou covarde, eu não tenho nenhuma coragem! Olhe para dentro dos meus olhos…
encarou o leão, o coração enchendo-se de compaixão, ele estava chorando!
O quarteto cantava e começava a caminhar juntos em direção a Oz.
O primeiro ato estava encerrado.


— E quando você correu e ajudou a pegar o balde? Tinha até palha caindo e você fez tudo isso enquanto cantava, Harry! Enquanto cantava!
Louis comentou empolgado sobre a peça.
Ele sempre ficava eufórico depois das apresentações, procurando sinais e tentando encaixar o que quer que tivesse aprendido em sua vida. Os minutos de caminhada até as casas do trio eram sempre bem-vindos para ele extravasar tudo que estava sentido.
— Sim, foi uma performance impecável. — Harry respondeu, sorrindo pelo reconhecimento.
Ele olhou para a garota ao lado de Lou, esperando para ver se ela adicionaria algum comentário. Silêncio.
— Qual é o próximo musical? Quando? — Tommo perguntou, mais empolgado por ter acesso às informações com a própria estrela do teatro.
— Ainda não posso falar, mas prometo te contar, quando puder — o mais alto respondeu, colocando uma mão no peito em forma de promessa.
Louis bufou, estava ao lado de dois participantes do cast e não recebia nada?
O garoto encarou a irmã.
— O que tem a dizer, ?
— Foi uma peça legal, eu gosto do mágico de Oz.
Deu de ombro, fazendo pouco caso da empolgação.
Harry a encarou também, arqueando uma sobrancelha e dando um sorriso ladino.
— Legal?
— Ah, eu gostei, Styles — balançou os braços ao redor do corpo — foi uma melhor atuação do que as dos ensaios da próxima.
Os dois garotos tiveram reações muito diferentes, mas falaram alto e ao mesmo tempo.
— Todas minhas atuações são as melhores!
— Você já sabe qual é a próxima!?
respirou fundo e decidiu responder ao irmão.
— Sim, mas como ele disse, não podemos te contar ainda, William. — apelou para o apelido dela e então apontou para Styles — e você deveria agradecer, eu te elogiei!
O moreno cerrou os olhos, negando com a cabeça. Estava com o humor de fim de peça e trabalho bem feito, mesmo que quisesse, não discutiria agora.
— Vou deixar essa passar, Tomlinson.
Os três pararam de andar assim que chegaram em frente às suas casas.
— Boa noite, crianças. — Harold disse, dando um aceno de cabeça e entrando em sua própria casa.
— Boa noite, Harry. — Lou respondeu e entrou em casa também.
ficou parada por um instante, apenas olhando para o melhor amigo de infância do irmão.
— Tente não fazer tanto barulho na minha janela, Hollywood. — ela disse, enquanto tirava o celular do bolso.
— Só se você não deixar a luz ligada até a madrugada, insuportável. — respondeu.
As duas residências eram parecidas, e o quintal das casas estava ligado por uma espécie de casa na árvore que tinha passagem do quarto de Harry até o quarto de Louis. Porém, a parede do quarto de H tinha visão para o quarto de ambos os gêmeos.
deu de ombros, passando pela porta após ouvir Louis a chamar.
Quando tinha acabado de tomar banho e preparava sua cama para ir se deitar, escutou um barulho na janela e então, um grito.
— Apaga essa luz!


Estava inquieto.
Seus olhos estavam pesados e ainda estava cansado, a noite de sono não tinha trazido descanso e os sonhos pioraram tudo. Não queria ficar na cama, sabia que se enrolar nos lençóis só lhe traria preguiça e perda de tempo.
Pegou o celular na cômoda e se deu conta de que eram quase seis e meia da manhã. Bufou por ter acordado tão cedo e então levantou-se da cama.
Depois de um banho para despertar, mexeu em seus aplicativos, procurando por alguma notificação. Ele tinha. Várias. Porém nenhuma delas era a que ele esperava.
Guardou o aparelho no bolso e caminhou devagar até a saída, parou na copa da cozinha, deixando um bilhete para a mãe, não queria preocupá-la.
A caminhada da noite anterior não havia sido suficiente para sanar a euforia de Louis e agora ele tentava pensar em alguém para acompanhá-lo nesta crise-pós-espetáculo-matinal.
Sabia que estaria dormindo, ela sempre ia para cama tarde. Harry precisava de seu sono de beleza e acordar era uma missão impossível, sem contar no humor que ela desenvolvia ao não ter suas sagradas nove horas de sono.
Poderia chamar , mas não era próximo da garota a ponto de fazer uma ligação na manhã desesperado. Ela demorava a realmente deixar as pessoas a conhecerem, era reservada e Louis… bom, ele sabia que podia ser um tornado.
Imaginou a cena de com sapatos vermelho-rubi voando alto por suas atitudes.
Parou sua caminhada, procurando o celular e mandando mensagem para a sua última esperança. Ela entenderia.
Andava em direção a loja do senhor Kingston, uma espécie de café com papelaria famosa pelo bairro, faria seu desjejum ali.
Entrou no estabelecimento, dando um aceno para o atendente e fez seu pedido de sempre, acompanhando o da amiga. Ao pegar sua carteira para pagar, notou algo novo no balcão.
— O que é isso? — apontou para o pote com embalagens brancas.
— São biscoitos da sorte, nova receita. — o homem respondeu.
Louis encarou o pote e então enfiou a mão, sorteando dois.
— Você pode separar um café da manhã para quatro pessoas? Vou levar para a viagem.
O atendente afirmou e anotou o resto do pedido, passando o cartão do garoto.
Tomlinson sentou em uma das últimas mesas, a que ficava em frente a uma das prateleiras de materiais. Se sentia para baixo, quando sua vida tinha tomado aquele rumo? Por que ele só se sentia incompleto agora?
O sino da porta tocou, tirando sua atenção dos cadernos e canetas.
— Lou! — gritou, do outro lado da loja, chamando a atenção das pessoas ali. Ela era uma pessoa matinal.
! — Ele respondeu, com a mesma empolgação.
A garota correu até a mesa se sentando em frente ao amigo.
Louis prestou atenção em suas roupas, parecia viver em seu próprio mundo enquanto os outros vagavam pela terra, apenas observando-a e esperando seu próximo passo, a autenticidade corria pelas meias coloridas e os acessórios de palhaços, era uma grande amiga de sua irmã, não era difícil de interagirem, sempre conversando juntos enquanto Harry e destruíam o mundo e um ao outro.
— Tudo bem? — perguntou, estendendo-se nas vogais.
Viu o garoto afirmar com a cabeça e sorrir.
— Mentiroso. — reclamou, estalando a língua.
— Tudo bem, eu estou surtando.
franziu o cenho, o que poderia acontecer para abalar o enorme alto astral de Tomlinson?
— O que aconteceu?
Respirou fundo, tentando organizar sua epifania e falhou.
Alguns segundos se passaram, então decidiu apenas jogar tudo para fora e esperar pelo melhor.
— Eu estou em Kansas, ! Kansas! — exasperou, gesticulando exageradamente. — e eu quero o país das esmeraldas, eu quero Oz! A coragem, o cérebro, o coração e o Totó!
ficou em silêncio por um tempo, procurando as palavras certas. Pensou seriamente em indicar algum lar para adoção de cães, mas o canino deveria ser o menor dos problemas.
— Você precisa achar um jeito de deixar sua vida colorida. — Capaldi deu de ombros, como se não fosse nada.
— Nós deveríamos ir às compras?
— Olha, eu não reclamaria, mas não era tão literal assim.
Louis resmungou, passando as mãos no rosto.
— Não gosto do jeito que as coisas estão. Não é que estejam ruins, mas não estão boas. Os dias parecem… — fez uma careta — nublados?
— E o que você quer fazer para mudar, Lou? — ela colocou as mãos no queixo. Não precisava saber de tudo, apenas fazer as perguntas certas. Sabia que ele chegaria na própria solução do seu problema. Todo mundo sempre chegava.
— Eu ainda não sei, mas eu sei que logo vou saber. — apontou o dedo, afirmando com a cabeça.
— Me parece uma ótima solução. — sorriu.
Os dois ficaram quietos por um instante. Lou abaixou sua cabeça bufando, e logo fez o mesmo.
— Eu odeio esperar por soluções! — a garota reclamou.
— Eu realmente não sou uma pessoa paciente. — o garoto acrescentou.
correu os olhos pela loja, encarou as janelas e os doces na vitrine. Voltou a olhar para a mesa, enfim notando as duas pequenas embalagens.
— O que é isso? — perguntou, pegando um deles.
— São biscoitos da sorte, feitos aqui mesmo, eu acho. — deu de ombros, pegando o outro.
— Vamos abrir? — arregalou os olhos, curiosa.
Lou balançou a cabeça e os dois começaram a tirar o papel.
Ela quebrou o biscoito no meio, puxando as duas partes para lados opostos e revelando o papel.
Busque um amor como falar M, os lábios simplesmente não podem ficar sem se tocar.
franziu o cenho e então riu. Ela e Lou, inconscientemente começaram a tentar falar M sem tocarem os lábios.
— Parece um bom presságio. — Tomlinson disse, sorrindo.
— Sua vez.
O moreno quebrou seu biscoito, abrindo-o.
Agarre todas as oportunidades, elas não vão te beliscar de volta. — leu e fez uma careta — Como uma oportunidade poderia me beliscar?
— Essa é a ideia.
Revirou os olhos, havia colocado muitas expectativas no pedaço de papel.
— Que conselho terrível.
começou a brincar com a embalagem, fazendo uma dobradura de barco.
— Acredite em mim, o melhor do biscoito não é a massa.
Os dois adolescentes tiveram sua atenção tomada por uma senhora parada ao lado de sua mesa.
— As frases não tem muito significado… — falou, frustrado.
A mulher deu um sorriso acolhedor, os cachos brancos voavam pela brisa que vinha da janela aberta.
— Você é jovem, meu rapaz, espere pelo mais sábio dos conselhos: o tempo.
e Lou se encararam e então olharam ao redor novamente, buscando pela mulher. Não a encontraram na loja, mas também não escutaram o tintilar do sino.
— O que foi isso?
Tomlinson respirou fundo, apertando a mão da garota.
— Acabamos de conhecer uma bruxa boa.


Zayn Malik conheceu Flardryn-Horan quando pequeno. Ela chegou em sua casa em uma tarde de páscoa, não disse uma palavra enquanto estavam sentados assistindo Hop, porém aceitou um pedaço de seu ovo de chocolate. Começaram uma amizade pela amizade de suas mães, mas eles acabaram por encontrar conforto e se abrir um com o outro.
Malik era uma espécie de alma livre, seguindo suas próprias orientações e fazendo o que achava ser o certo para si, já
— E você comeu? — o garoto franziu o cenho, jogando um salgadinho na boca.
— O que você esperava que eu fizesse?
A garota indagou enquanto rebatia outra bola que a máquina jogava. Ela estava treinando tênis na quadra do clube enquanto Zayn permanecia sentado nas arquibancadas ao lado. O cabelo do garoto pingava em sua blusa seca por recém ter saído da aula de natação.
— Negasse? Pelo amor, ...
— Eu queria causar uma boa impressão, não podia fazer desfeita!
— As únicas pessoas que se importam em fazer desfeita são as que não se importam com você. — ele apontou o salgadinho para a garota, que apenas bufou, apertando a mão ao redor da raquete. Não era grande fã dos momentos lúcidos de Zayn Malik.
O silêncio durou menos de três segundos.
— Foi uma experiência e toda experiência é bem-vinda. — disse, fazendo-o rir.
— Tem alguma festa rolando? — o moreno trocou de assunto, sabendo que a lista de contatos da melhor amiga era grande. Apesar da maioria mandar mensagens pedindo respostas e não convites.
— Sempre tem uma festa rolando, Zee.
— Eu sei, mas queria uma festa que tivesse cara de festa, e não outra reunião estilo Cameron — revirou os olhos. Lembrar de ter desperdiçado seu sábado no evento chegava a doer — aquele negócio foi um saco.
— As aulas começam na próxima semana, você não acha que deveria focar um pouquinho mais nisso?
— Eu deixo esse preparo para você.
— Duvido muito que os pais da deixem ela dar outra festa tão cedo... — foi sincera — Você lembra o tamanho da bagunça que foi da última vez.
Zayn ponderou, não lembrando todos os acontecimentos daquela noite. Ao menos não os que eram de pouca importância para ele.
— Eles quebraram a cerca da casa, tinha gente dormindo no telhado e provas no triturador da pia. Sem contar as bebidas derramadas no corpo dos...
O garoto deu de ombros, enquanto avistava Louis entrar na quadra com o cabelo também molhado.
— Do que vocês dois estão falando?
pulou em seu lugar ao ouvir a voz atrás de si.
— Louis!
— Nada demais, a só estava falando sobre bebida no…
— Zayn! — respondeu alto, fazendo o recém chegado encará-la com o cenho franzido — o Zayn estava comentando sobre festas e bebidas, sabe como é.
Ela apoiou a raquete no chão, passando a mão para ajeitar o cabelo. Distraída, não percebeu que a máquina de bolas não estava desligada.


deslizava pela pista calmamente, era mais um treino de rotina. O som de fora era abafado pelo gorro que cobria suas orelhas, sua mente estava completamente focada no gelo, desde a pressão que colocava na ponta dos pés até o frio que sentia na perna esquerda por ter errado o salto anterior.
O gelo sempre fora tudo que importava para ela, estar completamente focada era um fator essencial para um resultado satisfatório e odiava estar distraída, mesmo que tivesse motivos para tal.
Repetia para si mesma que estava tudo bem, que as pessoas mereciam e queriam férias, inclusive seu parceiro de coreografia, mas o que ela poderia fazer se estivesse realmente obcecada com a atividade? Não era uma obsessão que machucava ninguém, certo?
O que custava Frederick se dignar a responder as mensagens sobre um tempo livre para treino? Eles estavam perto da apresentação da dupla! Odiava ter que contar com outra pessoa.
Conversas mais altas foram surgindo e logo depois alguém gritando seu nome.
A garota procurou a voz, vendo Andrew Chastain a chamar.
deslizou até ele, o homem estava apoiado na estrutura que separava as arquibancadas da pista.
— Normalmente é um prazer te ver, mas esse não é o caso, vô.
Andrew riu ao vê-la rolar os olhos.
— Eu entendo que seja difícil para você e as garotas, mas eu esperava ter te ensinado a dividir.
Ela bufou, cruzando os braços.
Desde que o estádio do time de hóquei entrou em reforma, os jogadores usavam a pista de patinação, e nem sequer podia reclamar sobre eles, considerando que seu avô era o treinador e seguia toda a baboseira de ‘um time família’.
— Vocês não podiam usar a outra pista de Londres?
— Você quer dizer a pista de patinação do shopping? — Chastain também cruzou os braços, arqueando a sobrancelha.
— Acredite em mim, uma pista infantil seria perfeita.
O homem riu, negando com a cabeça
— Os treinos estão na metade, tivemos sorte desse imprevisto não ter vindo antes da temporada. — analisou a situação — a pista pública não pode ser fechada para treino, você sabe disso, querida.
— É, é, eu sei. — suspirou.
— E lagos congelados estão fora de cogitação.
— Eu nunca mencionaria isso! — disse indignada. Ainda tinha pesadelos com a água gelada desde o acidente quando criança.
encarou os jogadores entrando na pista, se despediu do avô e foi em direção a saída.
— Sem boa sorte hoje, querida?
Liam Payne usava a camisa do time e tinha seu sorriso de acessório. Ele acenou para ela, arqueando a sobrancelha.
— Não se garante sem, abelhinha? — imitou o gesto do rapaz.
— Eu me garanto até de olhos fechados. — ele rebateu, segurando o taco do lado do corpo e aumentando seu sorriso.
Ela abriu a boca, mesmo que as palavras não estivessem prontas. O silêncio durou por alguns segundos, palavras perdidas no meio da troca de olhares, guardando segredos maiores do que o ginásio.
— Ei, vocês dois, o treino é pra hoje!
O treinador segurava a prancheta enquanto apontava o centro da pista.
— Vejo você mais tarde, querida. — o garoto gritou quando ela saiu do gelo.
— Só se eu for muito azarada! — gritou de volta e, de costas para ele, caminhou até o vestiário, escondendo o sorriso.


Londres não estava com seu típico frio insuportável, então a garota tirou seu casaco, colocando-o em um dos ganchos da entrada da casa.
planejava deitar no sofá confortável da sala de visitas e enrolar todas suas tarefas, mas a curiosidade pelo cheiro que vinha da cozinha foi maior.
Chegando lá, percebeu que era Alice, uma das mães de e Niall, cozinhando e conversando ao telefone.
— Você pode mexer para mim?
Ela pediu, apontando para a panela e depois para o aparelho.
A garota concordou e se aproximou do fogão, tentando desvendar o que sua madrinha cozinhava na panela que permanecia fechada. Não era a melhor ajudante de cozinha, mas sempre estava disposta a ser a cobaia dos experimentos das Flardryn's. ficava na parte da confeitaria, Alice nos salgados e ela acabava sendo a responsável por lavar a louça, mesmo que no final acabasse dando uma desculpa muito boa para seu pai —às vezes seus melhores amigos— fazerem sua tarefa.
Quando se aproximou para abrir, percebeu o quão quente a panela estava. Na busca de um pano para não queimar as mãos, deu um pulo e afastou-se bruscamente ao ouvir a panela fazer um barulho alto e se mexer.
— Caralho! — praguejou, colocando a mão no coração e olhando desesperada para a porta.
Como se suas preces estivessem sendo executadas, Alice entrou na cozinha.
— Você não desligou? — caminhou até o fogão, apagando o fogo e abrindo a tampa com as próprias mãos.
A garota encarou-o, nem um resmungo de dor?
— Essa coisa estava explodindo!
— É uma panela de pressão, , o que você esperava que fizesse? — a mulher riu.
— Estava pegando fogo, sua mão não está ardendo, não? — questionou, apontando para os dedos.
Flardryn negou com a cabeça e sorriu para a afilhada.
— Você deve ter uma camada super protetora na pele, sabe, algo brasileiro ou sei lá… — deu de ombros, abrindo o armário e procurando algo para comer — faz a mesma coisa, mas ela grita quando queima.
— Esse deve ser a criação britânica dela.
— Ah sim, ela certamente puxou a voz estridente da vovó. — riu, abrindo o saco de batatas e colocando algumas na boca — mas por que você está cozinhando? A senhora Schmidt não veio?
, você está de boca cheia! — Alice bateu com o pano nas mãos e recebeu um olhar de tédio. — Quando disse para você se sentir em casa não era dessa maneira…
— Você nunca deveria ter me dado um quarto. — ela riu fazendo-a negar com a cabeça.
— De qualquer maneira, não coma muito, estou preparando a comida. — apontou para os preparos na mesa e afirmou, guardando a embalagem — E eu dispensei a senhora Schmidt, hoje queria fazer um almoço.
A adolescente sorriu, sabia que a madrinha sentia saudades de sua cidade natal e a comida sempre foi o jeito que encontrou de reunir sua família.
— Meus pais vão demorar muito?
— seu pai foi junto com Rae comprar bebidas e Holly saiu para buscar a tia Merle, já devem estar a caminho.
— Okay, vou lá ver a .
sinalizou e começou a subir as escadas. Ao chegar perto do quarto da amiga, escutou um falatório. Abriu a porta, qualquer que fosse a conversa, ela certamente poderia saber.
! — sorriu, acenando para a amiga.
A garota estancou na porta, vendo sentada em sua cama com o notebook em sua frente. Aberto no aparelho estava uma chamada de vídeo, além da garota, e Niall apareciam lá.
deu um sorriso sem graça.
— Eu volto outra hora.
— Não, não! — se levantou, correndo até ela e puxando seu braço até que as duas estivessem sentadas na cama — Gente, a chegou!
— Oi, acenou para ela, estava deitada no chão, com as pernas em sua cama, longe do computador e com uma expressão tão relaxada que tinha certeza que ela não sairia dali tão cedo.
— Oi — acrescentou Horan.
— Eai, como vocês estão? — perguntou.
— Nós estávamos falando sobre as atividades extracurriculares e como as coisas andam monótonas por aqui. — apresentou os assuntos do trio.
— Ah… entendi — acenou, franzindo o cenho — e que ideia maluca você inventou para reverter essa situação?
resmungou, não sabendo o que responder. Ficou encarando a amiga, há quanto tempo que se conheciam?
Seus pais se conheceram quando Dillon e Holly chegaram na Irlanda como um dos destinos para sua lua de mel, uma amizade se estabeleceu entre o casal e Raena, uma moradora que os ajudou a encontrarem a direção certa, eles mantiveram contato e quando Rae decidiu se aventurar pela Inglaterra, os dois ficaram extremamente felizes de receberem ela. A mulher foi escolhida para ser a madrinha de , que pouco tempo depois, retribuiu o gesto com Niall.
abanou a mão, sinalizando que não era nada demais.
— E que horas você pousa, Niall? — perguntou, rabiscando palavras em seu caderno.
— A previsão é para o fim da tarde — sorriu, olhando para além do computador, onde todas suas malas já estavam quase prontas. Quase.
— Sem problemas, pode te buscar. — Tomlinson deu de ombros.
— O certo não seria você se oferecer? — ele cerrou os olhos, quase rindo.
— Mas ela não é sua irmã?
— E você é minha melhor amiga? — disse inconformado, mesmo que tudo já estivesse combinado. E que não dirigia.
— Acho que como mães, Alice e Raena vão buscar Niall. — disse.
— A senhora Flardryn não deixaria o bebê dela sozinho no aeroporto. — se ajeitou nas almofadas.
— Ai meu deus, a ! — arregalou os olhos, a ficha caindo ao ouvir o nome pela terceira — Merda, eu combinei de ir almoçar lá.
— Desde quando você é amiga da ? — Horan riu ao ver a amiga jogar alguns pares de meias na cama.
— O avô dela é o treinador substituto do time do colégio, você sabe como essa galera de time é com reuniões. Vejo vocês mais tarde, tchau. — se despediu e logo desligou a câmera.
ergueu as sobrancelhas.
— agora, você pode me contar o que aconteceu com seu rosto? — Niall encarou a irmã, apontando para a mancha vermelha na sua testa.
— a curta história? Não se distraia no treino de tênis, Nini — encheu suas bochechas de ar e olhou para o pé da cama, onde o cobertor de seu gato estava vazio — Preciso ir procurar o Berlioz e a Weki, tchau tchau Niall!
E saiu, sem dar tempo dos outros dois se despedirem ou negarem, em busca de seus gatos.
— Bom… — sorriu sem graça, procurando algum assunto. — Sobre aquilo…
— Você não precisa. — o irlandês negou, abanando as mãos.
— Ah, okay. — A garota balançou a cabeça, concordando.
O silêncio era um pouco constrangedor.
— Eu realmente…
— Sabe, eu…
Eles se encararam ao notar que falavam ao mesmo tempo, os dois esperando o outro tomar algum partido.
— Acho que meus pais chegaram, preciso ir. — sorriu e ergueu os ombros.
— Tudo bem, preciso arrumar tudo aqui. — ele sorriu também — tchau, .
A câmera foi desligada e a garota ficou encarando a tela do computador por mais algum tempo.


Tudo que mais queria era se enrolar nos lençóis e continuar na cama, mas ela tinha se comprometido com a mãe de e nunca iria querer desapontar ou frustrar essa mulher.
Fechou a porta e desceu as escadas, caminhando até a porta.
— Onde você vai?
Sua mãe perguntou, aparecendo no hall de entrada.
— Almoçar com as Chastain, eu te falei na segunda, lembra?
Joy afirmou, sorrindo.
— Você não acha que pode querer companhia?
Ao ouvir a mãe, sorriu, não iria reclamar da mulher acompanhá-la no almoço, sem contar que se livraria da longa caminhada.
— Eu gosto de companhia.
— Ótimo, leve uma caixa de chocolate, já que vão vocês dois, e peça desculpas por não conseguir avisar antecipadamente.
O sorriso dela foi trocado por uma careta.
— Vocês?
Sua pergunta foi respondida ao ver Styles sair do corredor e aproximar-se delas.
— Seu irmão chamou Harry e então pegou mais treino, não posso deixá-lo sozinho.
— O Louis que faz coisa errada e eu que sou castigada?
!
A mais velha arregalou os olhos e Harry apenas deu um sorriso ladino.
— Sem mais, vão antes que se atrasem, Harry te dará a carona...


Ao ver a porta da casa das Chastain, teve certeza que nunca sentiria mais alívio como estava sentindo naquele momento, era como encarar os portões dos céus depois de passar quinze minutos no inferno.
— Você é muito dramática. — H rolou os olhos, cruzando os braços.
Ela não o respondeu, talvez se o ignorasse, ele simplesmente desapareceria.
— Tem certeza que é essa casa? — Styles questionou, era um lar realmente… sem cor. Ele nunca tinha chegado naquele lado da cidade.
Não obteve uma resposta, já tinha descido do carro.
O garoto correu e posicionou-se para bater na porta, mas abriu-a antes que ele pudesse optar pelo decoro.
As duas mais velhas estavam no hall de entrada, a mulher limpou as mãos e caminhou até os dois para abraçá-los.
— Seja bem-vindo, Louis! — ela sorriu — Sou Micaela, é muito bom ter você aqui.
— Na verdade esse é o Harry, mãe. — respondeu, descendo as escadas — Filho do Doug, se lembra?
— Oh, me desculpe, Harry! Prometo lembrar seu nome da próxima vez.
— Não tem problemas, obrigada por me receber, Senhora Chastain.
Tomlinson bufou ao vê-lo dar um de seus famosos sorrisos.
não está no melhor humor, perdoe ela por isso. — cutucou.
— Oh, Harry, eu entendo que queira trocar de assunto. — sua face era quase acolhedora — ele passou o caminho inteiro falando sobre estar morrendo de medo de você, Senhora Chastain.
Foi a vez de Styles bufar, pronto para responder.
— Por acaso eu comprei ingresso para uma tourada e não sabia? — a mulher colocou as mãos na cintura.
A expressão dela foi o suficiente para eles ficarem quietos, não mentia quando falava que o olhar da mãe de dizia tudo.
— Ótimo. — a mulher sorriu e caminhou de volta até a cozinha — tirem os sapatos, por favor.
Os dois obedeceram. se sentou em um dos bancos dispostos ali e Harry começou a olhar as fotos na cômoda ao lado da porta.
A protagonista das figuras era basicamente . em competições de patinação, usando fantasia de princesa no halloween, e abraçadas em uma festa de aniversário, e um homem sentados na frente de uma árvore de natal.
— Esse é o seu pai? — ele perguntou quando se aproximou.
— Não tecnicamente — ela deu um riso sem graça, porém encarava a foto com carinho — esse é o pai da , mas ele quase me criou também.
Harry sorriu para a garota, não sabia o que responder, mas tinha certeza que não precisava falar nada, ao ver os olhos cheios de ternura direcionados a parede, duvidava até que seria escutado.
— O Louis não vem?
Chastain perguntou, fingindo estar entretida com as fotos que já havia decorado e, por alguns segundos, Harry podia jurar que viu algo além de curiosidade na íris da garota.
— ele pegou mais treino, algo sobre a temporada e precisar afirmar seu espaço como principal — ele deu de ombros, tentava ao máximo entender o esporte, porém era uma decepção — mas acho que você entende mais disso do que eu…
— até que você não é tão ruim — Harry a olhou inconformado, ela não gostava dele?! — não é nada pessoal! Sério! Eu só tenho preconceito com fã de musical…
A conversa foi cortada por um grito da cozinha.
, onde estão os pratos de flor? — a garota congelou ao escutar a voz da mãe da cozinha.
— merda. — apertou os lábios, lembrando que a porcelana se encontrava em algum canto de seu quarto — eu já volto.
Ela sussurrou, subindo as escadas para procurar os pratos. Ou se esconder da mãe, qualquer fuga bastava.
— Agora vão lavar as mãos e arrumar a mesa. — a mulher disse, sorrindo. Harry fazia parte de uma companhia de teatro e tinha um irmão gêmeo, ambos estavam acostumados com gritos.
— Depois ela se finge de confusa perguntando de onde veio a minha atitude. — murmurou fazendo e Harry rirem.
— Você sabe que não pode xingar na frente das visitas, muito menos na frente dela. — deu de ombros e foi lavar as mãos para arrumar a mesa do almoço.


Após a refeição, Micaela seguiu até o banheiro, se preparando para um encontro de última hora com uma cliente.
Os três adolescentes foram até a sala, tinha sugerido o quarto de , mas levar um garoto para o quarto era sinônimo de ouvir as regras e gritos de 'porta aberta' da mãe.
Wallace Capaldi estacionou o carro na garagem, fazendo um carinho na perna da filha no banco de trás. Não queria acordá-la, mas não podia deixá-la ali.
levantou, coçando os olhos e se apoiando no abraço do pai para não cair, ainda não tinha despertado 100%.
Ao abrir a porta, Wallace sorriu ao escutar as vozes altas na sala. Ele gostava de uma casa com vida e era praticamente rotina ter suas duas filhas correndo por aí —juntamente com os amigos, que ele carinhosamente havia apelidado de agregados, considerando que viviam pela residência.
Afrouxou a gravata e caminhou até a sala de estar, parando no batente da porta e olhando para os outros três adolescentes. Bovary, a coelha de estimação de saiu do tapete da sala e correu até ela.
— O que eu estava pensando quando deixei você ter um coelho?
— Certamente em todo o amor que tem por mim. — sorriu, fazendo carinho no pêlo marrom.
— Ao menos não foi um gato — pontuou.
— Qual o seu problema com gatos? — Harry franziu o cenho.
— Payne tem um e tudo que Payne tem automaticamente vira algo insuportável. — respondeu em tom de obviedade — inclusive felinos de rua fofinhos.
, Wallace e suspiraram. Aquela era uma causa perdida.
— Qual o problema com o Payne? — Styles perguntou, confuso. Não era próximo do garoto e muito menos de . tinha seus incômodos com o rapaz, mas nada que ela fazia questão de falar a cada minuto.
— Não vamos entrar nesse assunto, é pedir para ela reclamar sem parar. — Tomlinson mexeu a mão no ar.
— Sabe, , seria legal se você resolvesse seus problemas com ele. — disse, encarando Lady — Louis é um dos meus melhores amigos e Zayn é um dos melhores amigos dele fazendo Liam ser melhor amigo de um dos melhores amigos dele.
— Não é minha culpa se você tem um péssimo gosto, amor — falou, recebendo um olhar de tédio da amiga — e eu não entendi uma palavra do que você falou, pra que melhorar a relação com o melhor amigo do melhor amigo do melhor amigo?!
— Eu e Louis estamos tentando juntar nossos grupos!
— Puta que pariu, você só pode estar brincando comigo.
sentou no sofá, pegando uma almofada e dramaticamente apertando-a em frente ao rosto enquanto abafava um grito. O senhor Capaldi segurava o riso.
— O que vocês planejaram, ? — Harry perguntou, rindo da cena que fazia, sem questionar o fato de que, tecnicamente, os ela e Lou faziam parte do mesmo grupo.
— Nada demais, ainda estamos em fase de teste. E eu preciso de um tempo sozinha hoje, para me preparar para segunda.
franziu o cenho, tirando a almofada do rosto.
— Você está indo para o colégio ou para os jogos vorazes?


Rotinas nunca foram apreciadas pelo garoto e essa sempre foi a principal razão de buscar novas atividades para fazer com os amigos. Principalmente se ele conseguisse unir seu grupo e o de sua irmã.
O outro motivo era ver até onde eles aguentavam embarcar em suas loucuras.
Desde a peça, o sonho e a conversa com , Louis decidiu que mudaria tudo ao seu redor. A festa de formatura estava chegando e ele precisava animar as coisas.
— Eu tive uma ideia genial! — Tomlinson entrou em uma das salas de estar da residência Devlin com sua gêmea ao lado.
Os seus adolescentes que estavam ali apenas encararam Louis, já acostumados com seus picos de ideias.
— Boa sorte para vocês.
desejou, sorrindo para a —que dividia um sofá com Harry— e puxando para fora, ignorando suas reclamações.
Styles cutucava o nariz da melhor amiga com o pé e fazia o mesmo com ele, apenas com um pouco mais de força. Zayn estava no celular e parecia muito focado na conversa que estava tendo, mesmo que fosse apenas Niall surtando pelas brigas no almoço de sua família paterna.
— O que é, Louis? — Liam questionou ao ver que nenhum dos outros se dignaria a acabar com a euforia do moreno.
— Muito obrigado, Liam, por ser o único a se importar comigo! — dramatizou, olhando fixamente para os dois melhores amigos no sofá.
Payne concordou com a cabeça, respirando fundo. Havia treinado a manhã inteira e estava pronto para hibernar pelo resto da semana quando Zayn entrou em seu quarto insistindo que ele o acompanhasse na visita. Ele queria companhia, mas Payne tinha quase certeza que ele simplesmente havia criado uma obsessão em não deixá-lo dormir.
Gostava de interações sociais, nunca foi tão introvertido ao ponto de se isolar, mas ficar ao redor de muita gente por muito tempo era estressante para ele. Precisava de um alívio para recarregar as energias, não era como Niall que se empolgava ainda mais depois de horas de conversas.
Sem contar que não tinha uma relação tão profunda com ninguém ali, ir na casa das pessoas era um tanto íntimo, ao menos na sua opinião. Porém Zayn não parecia se importar, ou talvez não tivesse processado a informação, ele costumava ser lerdo para algumas situações.
Ah, Liam daria qualquer coisa para ter seu travesseiro e silêncio.
— Hey, vocês podem prestar atenção em mim, por favor? — Louis bateu palmas, esperando que todos olhassem para ele.
e Harry se ajeitaram no sofá, encarando-o no centro da sala. Tomlinson bateu o pé várias vezes até Zayn entender o recado e guardar o celular.
— Nós vamos fazer… — fez uma pausa dramática — tambores, por favor.
Malik bateu os dedos na mesa do centro, prolongando ainda mais o suspense. Ele só estava ali porque Louis o venceu no cansaço e, como um bom melhor amigo, decidiu arrastar Payne e para sua sentença. Quando os quatro amigos estavam encarando o moreno com expectativa, ele revelou:
— Uma lista!
Harry franziu o cenho, bufou e Liam teve certeza de que deveria estar hibernando.
— Essa é sua ideia genial? — Zayn encarava o amigo, incrédulo.
— Sim, uma lista de vida. — disse orgulhoso, encarando a janela para agregar mais emoção a sua cena. Harry chegou à conclusão que o drama era um traço da família Tomlinson.
jogou uma das almofadas em Louis, tirando-o de seu transe.
— Você pode explicar de uma vez? — Payne perguntou, antes que uma guerra surgisse.
— É simples, meus amigos — respondeu, pegando de sua mochila o caderno amarelo que comprou no café junto com — vamos fazer uma lista de todas as coisas para se fazer antes do dia de formatura!
Ele esperava alguma reação maior, porém todos os olhos estavam nele e isso já era alguma coisa.
— Vocês podem adicionar o que quiserem e todos nós vamos ter que completar a atividade e tirar uma foto! Eu já escrevi algumas coisas!
— Não é uma ideia tão ruim assim… — Harry deu de ombros, na verdade, era uma ótima ideia, mas dizer isso seria colocar mais lenha na fogueira de criatividade inesperada de Louis.
— Por que faríamos isso? — Zayn mexia no zíper da almofada.
— Memórias, amigo, memórias. — disse em tom de obviedade. — Quando estivermos velhos e caindo aos pedaços vai ser legal lembrar que vivemos tudo que temos pra viver.
— Só por isso?
perguntou e Tomlinson olhou para ela.
Como explicaria toda sua crise existencial em cima de escolhas e da vida? Como explicaria sua crise existencial em cima de uma peça de teatro?
Os dois ficaram se encarando por um tempo, e não foi preciso palavras para a garota chegar a conclusão que faria o que fosse para deixar Louis feliz, inclusive entrar no tornado.
— Se todos estão de acordo… — Liam falou e alcançou o caderno, curioso.
E ele foi passando de mão em mão, Styles, o último a pegá-lo, gritou para as garotas descerem ao ver o que o melhor amigo tinha escrito.
[ ] Fazer algo novo.
[ ] Doar sangue.
[ ] Pintar o cabelo.
[ ] Gritar em um ambiente cheio.
[ ] Passar uma vergonha em público.

Harry encarou o papel em suas mãos e sorriu.
— Eu tenho a ideia perfeita de como começar.


Quarenta minutos depois todos estavam a caminho do aeroporto de Londres.
— Essa é uma péssima idéia. — reclamou enquanto descia do carro e via Liam o trancar.
— Vamos lá, vai ser divertido! — riu, seu braço estava entrelaçado no de e as duas caminhavam empolgadas até o portão de desembarque.
— Preparem seus celulares! — Zayn disse, procurando pela cabeleira loira.
Liam negou com a cabeça apesar de estar rindo, ele ligou sua câmera. Estava feliz por fazer parte da loucura.
não conseguia acreditar que estavam mesmo fazendo aquilo.
Harry e tinham fotos de Horan nas mãos, juntamente com canetas permanentes.
Os nove adolescentes se espalharam pelo portão.
Niall carregava um carrinho com algumas malas e uma mochila em suas costas. Estava mexendo no celular, avisando as mães que enfim tinha pousado em Londres quando ouviu os gritos.
— AI MEU DEUS, ELE ESTÁ AQUI MESMO! — era a voz de , gritando e apontando para ele.
— NIALL HORAN, EU TE AMO! — gritou também.
Zayn, Liam e apontavam os celulares para ele e Niall não tinha ideia do que estava acontecendo. Caminhou na direção dos colegas desacreditado.
— Por favor, um autógrafo! — Harry falou alto, estendendo o papel e caneta no rosto do loiro.
— Não, não, eu primeiro, eu primeiro! — Era que dizia, apontando para o próprio braço. — Me dê seu número! Eu vou tatuar!
Enquanto Niall assinava e posava para as fotos, entrando na brincadeira dos colegas após ver toda a bagunça que eles haviam transformado o aeroporto, um Louis usando roupas pretas e óculos escuros se aproximou.
— Vamos, vamos, nós temos que sair daqui. — Ele disse, olhando para Niall e depois apertou sua própria orelha. — Sim, tudo certo, já estou com ele.
— O que você está fazendo, Tommo? — Horan perguntou, rindo da atuação.
— Precisamos tirar você daqui em segurança. — ele apontou para si mesmo — segurança.
O loiro gargalhou, deixando ser puxado pelo moreno e caminhando até a saída.
— Hey, com licença, eu poderia tirar uma foto com ele? — um senhor aproximou-se dos dois, já entregando o celular para que Louis desse o clique.
Niall encarou Tomlinson, segurando a risada.
— Claro, claro, se aproximem.
O loiro sorriu, fazendo uma pose junto com o homem.
— Agora outra, com todos. Essa vai pra revista. — Louis disse, apontando para todos os "fãs" se aproximarem.
Os dez adolescentes e o senhor se posicionaram e Tommo deu um clique na Polaroid.


Após todo o tumulto, todos estavam devidamente sentados nos automóveis.
se sentou no banco do carona, pegando o caderno verde. Colou a foto, marcou a data e escreveu ao lado:
“Niall Horan desembarca em Londres e seus fãs tomam conta do aeroporto. A estrela irlandesa parece ter conquistado todas as gerações.”
Riu com sua própria legenda e então guardou-o de volta. Não poderia esperar para adicionar mais itens —e cumpri-los.
[X] Passar uma vergonha em público.


Capítulo 02 - [X] Apresentar Evermerity

— Posso escolher a música?
— Nós não vamos escutar Hamilton às sete horas da manhã, filho — Raena disse, perdendo o olhar de tédio do loiro no espelho.
— Vamos lá, Rae, é o primeiro dia deles — Alice sorriu, rindo das caretas do filho.
A mulher arregalou os olhos para a esposa, sentindo-se traída por ter sua oposição, mas aceitando a derrota e aumentando o volume do som.
Os dois cantavam o dueto enquanto o sinal se mantinha no vermelho. Niall balançava os braços no ritmo, o vento gelado de Londres entrando pela janela aberta, ao contrário da irmã, ele não se importava em amassar o uniforme durante sua performance.
A motorista abaixou o volume novamente, entrando na rua do colégio.
— Boa sorte em seu primeiro dia, queridos. — Alice parou perto ao meio-fio e sorriu para as crianças. — nós amamos vocês!
— Também amamos vocês. — os dois disseram em conjunto, enquanto saiam do carro.
— Eu não ouvi direito!
— Eu amo vocês, mães! — dessa vez só o garoto gritou, acenando.
Niall virou para a irmã, dando um beijo em sua testa e se despedindo, falando rapidamente e de maneira embolada algo sobre precisar de ajuda e ele ser castigado caso chegasse atrasado outra vez.
colocou sua atenção no pátio do colégio.
Em sua opinião, parecia uma construção antiga, o que era comum na cidade, não cabia em seus dedos o número de prédios que ela jurava serem mais velhos que seus avós. Porém, as áreas verdes eram enormes e a garota adorava passar seu tempo sentada nos bancos com assinaturas, tentando desvendar a vida das pessoas que as escreveram. criava historias trágicas, tramas fantasiosas e romances impossíveis para cada inicial cravada. Ela tendia a passar mais tempo em sua própria cabeça que no mundo a sua volta.
No entanto, atualmente, era fácil adivinhar características de alunos de Evermerity.
O colégio se dividia em quatro cores, além da grade obrigatória do ensino médio, cada cor contava com aulas especializadas e aprofundadas em determinadas matérias, como História da língua ou nutrição. Contando com áreas do conhecimento que seriam apenas apresentadas no ensino superior, Evermerity gostava de ser a inicialização, apresentar as novas opções para seus estudantes se sentirem prontos na decisão final.
A área podia ser por escolha do aluno ou pelo exame vocacional e de personalidade que a instituição disponibiliza. Alguns estudantes decidiam seguir em uma área parecida com o que tornaria sua profissão, outros optaram por algo completamente oposto, visando adquirir mais conhecimento de outras opções —também tinham os que decidiam as cores para ficarem junto aos amigos. planejava ser um deles, a ideia de estar em um grupo que nenhum dos seus dois melhores amigos estavam era assustadora, então decidiu seguir pelo que seria mais confortável. Porém, em um momento louco de crise existencial e sede por mudança, decidiu se matricular na área verde. A ansiedade já fazia seu peito arder, ela poderia entrar em outra matéria extra se optasse por isso, apenas precisava manter uma nota mediana em suas obrigatórias, porque se matriculou na maldita área?
Se arrependimento matasse, neste momento Niall estaria chorando no túmulo da irmã.
Os blazeres e suéteres poderiam também ser usados nas cores preto e azul escuro, porém a maioria dos alunos decidia por usar variações de cores na paleta de sua área. Era quase um crime ser confundido, não sabia muito bem o porquê, mas Angelique pareceu realmente ofendida quando ela perguntou sobre suas aulas de Logística.
Marrom indicava Engenharia, Tecnologia e Ciências exatas e da terra; Verde eram as Ciências Biológicas, da Saúde e Agrárias; Vermelho, Linguística, Letras e Artes; Enquanto azul simbolizava as Ciências Sociais e Humanas.
Particularmente, adorava ver todas as cores misturadas pelo pátio. Certamente existia uma hierarquia enterrada —e uma competitividade enorme que se mostrava presente em gincanas— mas, no geral, ela gostava da divisão.
Avistou a amiga e os dois garotos parados perto da porta do colégio. Ela correu pelo caminho de pedras, passando longe da fonte e das árvores enormes.
usava uma blusa social branca com mangas curtas, sua gravata de linhas era mais curta que a dos amigos e a saia drapeada tinha um xadrez verde escuro. Também trajava um blazer azul marinho, sapatos pretos e meias ¾ brancas, que deveriam ir até abaixo do joelho, mas por algum motivo o lado esquerdo estava enrolado até o calcanhar da garota.
— O que aconteceu com suas meias? — franziu o cenho, se abaixando para arrumar.
— Louis quis apostar corrida. — a garota deu de ombros, apertando as bochechas da Horan.
olhou para Louis, as cores de seu uniforme eram as mesmas de . A calça verde musgo contratava com a blusa branca e a gravata de laço. Ele sorriu para ela e teve que firmar os pés no chão. Quem dera fosse apenas borboletas, o zoológico inteiro parecia andar pelo seu estômago quando o via.
Há quanto tempo ele estava encarando ela de volta? Ele a conhecia há anos, uma aproximação conveniente, enquanto Niall tentava acalmar as brigas de com Harry, o gêmeo Tomlinson mantinha sua atenção na garota Horan. As pessoas dizem que a percepção da própria aparência é diferente da percepção de outras pessoas por estar acostumado a sempre se olhar no espelho, questionava se Louis já estava acostumado com o olhar que direcionava a ele, se sua íris já perdeu a graça ou se ele achava que ela olhava para todos com o mesmo olhar que guardava só para o moreno.
— Uma gravata de laço?
— Você sabe o quanto isso aqui é prático? — Tomlinson franziu o cenho — Eu não aguentava mais ter que acordar duas horas antes para dar o nó.
Ela riu, também usava a gravata de laço e lembrava do alívio de não precisar enrolar o pano, sempre foi terrível na tarefa.
A garota apertou o sobretudo verde ao redor do corpo, o vento dando boas-vindas aos alunos.
Usava uma roupa parecida com a de Devlin, mas sua camisa era de mangas longas, sempre sentia muito frio, e as meias eram da mesma cor que os sapatos, Niall disse a ela que isso daria uma impressão de altura, ela não negaria centímetros a mais.
Harry tinha uma área diferente dos outros, utilizando um blazer e calças azuis claro, juntamente a um suéter de botões cinza e uma gravata longa por cima.
considerava o trio popular, assim como a maioria dos alunos. Louis, um atleta amigável que tinha concedido vários prêmios para o colégio; Harry, o astro do teatro, extremamente comunicativo e Devlin estava em todo lugar, inclusive no grêmio estudantil e jornal do colégio, em que ambos era uma das principais responsáveis.
Eles não pareciam se importar com o que diziam.
Sortudos.
— Então decidiu se juntar ao time vencedor, ? — Louis brincou, apontando para a roupa da garota e a tirando do transe — estamos todos prontos para mudanças esse ano!
Era mentira, ela odiava mudanças, ela fugia delas como o diabo foge da cruz. Pelos deuses, ela carregava um relógio quebrado no bolso na tentativa de se sentir em mais controle do tempo.
Mas não iria dizer isso à , ou perto de Harry, muito menos na frente de Louis, com um sorriso tão brilhoso que ela se sentia na obrigação de passar protetor solar para vê-lo.
Ela deu um riso sem graça, passando as mãos nos braços, tentando tirar o nervoso de estar tanto tempo em uma conversa.
— Ah, sim, achei que uma mudança seria boa!

e Niall caminhavam calmamente pelos corredores do colégio, acenando ocasionalmente quando viam alguém conhecido, suas roupas combinavam mesmo que o marrom das calças e blusa do irlandês fossem mais escuros que o vermelho dela. optou por um blazer vermelho escuro fechado e uma saia quase vinho, juntamente com uma meia-calça, ela odiava passar frio.
, alguns passos mais à frente, terminando de pegar seus pertences, colocou sua total atenção nos amigos, sabia que havia prometido biscoitos para por deixá-la sozinha no almoço e logo seria cobrada.
Capaldi era facilmente encontrada, reconhecível pelas presilhas e meias coloridas que ela insistia em usar —fazendo-a tentar esconder porcamente os pés atrás das próprias pernas toda vez que um inspetor passava perto.
— Como andam meus gênios favoritos? — ela apertou as próprias mãos, sorrindo para os dois.
— Muito bem e você, ararinha? — perguntou, era sempre bom ter seu ego inflado logo de manhã.
— Eu vou ser sincera, espero que acabe logo.
— É o primeiro dia e você nem teve sua primeira aula. — Niall franziu o cenho, sorrindo para a garota, tentando procurar a irmã. Ou os amigos dela. Ou qualquer pessoa que não fosse fazê-lo trombar com a qualquer instante.
— Não me entenda mal, eu adoro estudar. — abriu um sorriso ainda maior — mas é simplesmente cruel a primeira aula do dia ser matemática. Mais cruel ainda você querer que eu fique feliz com isso, Nialler.
O garoto riu e rolou os olhos, abrindo um sorriso também.
— Tudo bem, , nós não vamos te discriminar por ser azul. — ela cruzou os braços, já acostumada com as piadas, apesar de murmurar que apenas gostava mais de como aparecia no azul.
— Não somos o gargamel... — Niall respondeu, recebendo um olhar confuso de me arrastou para uma maratona de filmes aleatórios, não me olhe assim…
A garota deu de ombros, apertando o caderno, olhando para o caminho que deveria pegar até a aula.
— Precisa de companhia? — perguntou.
— Não, tenho certeza que vou encontrar alguém conhecido no caminho.
Os dois afirmaram com a cabeça, Niall olhando de esguelha, algo estava estranho na Tomlinson.
— Tudo bem, até mais minion, tchau tchau princesa. — acenou, já começando a caminhar.
— Minions não são do mesmo universo! — Niall gritou, inconformado.
A menina restante negou com a cabeça, colocando o braço nos ombros do loiro e começando a caminhar para uma direção oposta.
— Vamos, já já dá nosso horário, Smurfette.
Saindo de perto de , Horan focou sua atenção na melhor amiga.
— Agora, você quer contar o que tá acontecendo?
— Não tem nada acontecendo. — respondeu, dando de ombros.
— Eu te conheço desde o ensino fundamental, essas mentiras não colam…
— Meu irmão tá ficando maluco, é isso que está acontecendo, Niall! — resmungou, exasperada — ele teve uma crise existencial e está arrastando todo mundo junto, você viu a pira dele de juntar grupos?!
— Louis não faz parte do nosso grupo? — franziu o cenho, genuinamente confuso.
— claro que não! — a voz da garota ficou esganiçada, parecia até ofendida com a pergunta — cada grupo tem um Tomlinson, e os irmãos não podem se misturar! você, , Liam e até o Zayn são meus… não do Louis!
— você quer mesmo exclusividade? — perguntou, deixando de lado o fato de que o grupo dela tinha dois horan's — ou seu medo é juntar os grupos e ter que passar tempo com o Styles?
A autora cerrou os olhos para o melhor amigo, surpresa com a ousadia da pergunta. colou a testa em seu armário, respirando fundo com os olhos fechados, tentando se acalmar, enquanto o garoto guardava seus livros.
— ai, isso é só uma desculpa minha… — decidiu ser sincera, abrindo o cadeado e encarando as fotos coladas, passou os dedos sobre o retrato de Mary Shelley — criar um clássico e revolucionar a literatura aos dezoito, como eu posso competir?
— não foi ela que guardou o coração do marido na gaveta? — Niall questionou, arqueando uma das sobrancelhas, mas deixando a questão de lado após ver a careta da amiga — olha o lado bom, você não precisa competir: ela morreu.
A boca da Tomlinson se abriu, não conseguia nem começar a formar uma frase.
— desculpa, desculpa — ele se aproximou, a abraçando — é um bloqueio criativo, , vai passar, se fosse pra sempre seria um trancado!
O comentário desencadeou risadas, o que já era uma vitória para ele. Descansou o braço no ombro da garota, guiando ela para seu próximo horário.
Deu um abraço de despedida e continuou a andar até sua sala, nas escadas, encontrou , que juntava uns papéis do chão e colocava na mochila.
— Precisa de ajuda?
A garota deu um pulo, os olhos arregalados, porém foi rápida em esconder.
— Não, tá tudo bem, Niall. — sorriu, tirando um suspiro dele, como ela podia ser tão bonita? — É sério, pode ir.
Quanto tempo ele ficou encarando ela?
—Ah, sim, boa sorte, tchau tchau… — bateu em sua própria testa quando saiu da vista da garota, desde quando ele falava ‘tchau tchau’?! Ele precisava superar, Devlin claramente já tinha o feito.

— Louis!
O garoto arregalou seus olhos ao ouvir o nome ser chamado. Quem olhasse para ele, facilmente o confundiria com um cervo no meio da estrada.
Então, fez o que qualquer pessoa sã faria ao estar prestes a encarar um problema.
Ele saiu correndo, se enfiando na primeira porta que conseguiu achar.
— Seu tarado!
O xingamento foi seguido de gritos, Tomlinson começou a murmurar desculpas enquanto tapava os olhos tentando sair do banheiro feminino.
Uma vez fora, ele tirou a mão do rosto.
— cacete, ! — foi sua vez de gritar assustado, ele apertou os lábios, se dando conta de que estava sendo encarado pela sua razão de estar fugindo — Ah, ! Minha grande e bela amiga !
— para com essa porra, Tomlinson! O que você tá fazendo?! — sua voz estava agitada, mesmo que ela estivesse tentando se conter.
Chastain puxou o braço dele, o empurrando para uma sala —desta vez sem ninguém.
— por que você tá me ignorando? — ela indagou após fechar a porta, os braços se movimentando exasperadamente.
Os dois ficaram se encarando por um tempo, a pergunta se perdendo no ar.
— olha, eu não queria te ignorar, … eu só não sabia como te dizer o que eu precisava te dizer.
— e eu estive te procurando para dizer o que eu precisava dizer!
O garoto respirou fundo, deixando os ombros relaxados e se sentando em uma cadeira próxima.
— que tal a gente falar ao mesmo tempo? — a patinadora o encarou incrédula, apesar de saber que não devia se impressionar com as táticas dele. — no três! 1… 2…
— eu não sinto o mesmo por você…
— eu 'tava pensando em outra pessoa…
Os dois se encararam por mais alguns segundos, até caírem na gargalhada.
— aí, graças a deus — a garota colocou a mão no peito, sentindo o aperto que sentia há semanas se aliviar. — não que fosse algo tão ruim, eu juro, eu só…
— tá tudo bem, eu também — Lou sorriu, indo abraçá-la — me desculpa sério, eu não queria te deixar surtando por dias, eu só precisava pensar em como arrumar isso sem perder sua amizade…
— ok, vamos parar com essa melação, por favor — riu, arrumando a gravata — preciso ir, tenho aula com o maldito gilber, eu odeio carecas.
— eu te acompanho — disse, já indo abrir a porta.
— não precisa, sério Lou, já tá tudo bem. — riu do cotovelo estendido do garoto, mas acabou por aceitar de qualquer maneira.

Zayn Malik sempre foi uma pessoa tranquila ao seu próprio ver. Ele era simpático, mas muito tímido, o que gerava uma discrição que podia ser facilmente confundida com seletividade. Não se importava por não ter muitos amigos, mas era o que, ironicamente, o tornava popular. O "grupo exclusivo", na realidade, eram aqueles que ele se sentia confortável ao redor.
E o que ele podia fazer se esse sentimento era limitado à e Liam?
Talvez Louis quando ele se comportava.
— seu crush animado é o macaco de Sing? — Zayn fincou as sobrancelhas, incrédulo pela conversa dos dois melhores amigos.
— ele não é um macaco, é um gorila — não deixou Liam responder a pergunta.
— sério? É essa parte que você acha que deve corrigir?
— ela me pediu para escolher um, o que você queria que eu dissesse?! — Payne se defendeu, mentalmente torcendo que nenhuma das pessoas que passavam pelo corredor escutasse a conversa.
Os dois garotos pararam de andar quando a amiga apontou para a cortiça na parede da diretoria. O quadro tinha avisos para os novatos, horários novos e a chamada para atividades extracurriculares, mas a atenção do trio estava no papel prateado, com grandes letras anunciando a festa de boas-vindas.
— o tema é música, tiq? — Malik perguntou, olhando as notas decorando o convite. se aproximou do papel, tirando uma foto no celular para mandar ao irmão.
— sim, é uma festa à fantasia de cantores. — respondeu, voltando a encarar os garotos — e você poderia parar com esse apelido?
— é um apelido coerente — sorriu, sem ligar para a cara de tédio dela, sabia que não estava incomodada realmente.
Diferente de , sendo reconhecida no colégio pelo apelido de ararinha —por falar demais e sempre estar cheia de cores no meio de todos— e que não se sabe ao certo quem o criou, a nomenclatura de era exclusiva aos amigos mais próximos (tendo como criador o próprio Zayn) e era pelo contrário de , o fato de que ela não falava tanto. Sua maneira de chamar a atenção das pessoas, afirmar ou negar algo e preencher silêncios constrangedores era fazer um barulho de tic com a boca. Sem contar a sua obsessão com relógios, mas os melhores amigos nunca trairiam sua confiança contando segredos.
— ah, qual é, vai ser legal, tirar a cabeça das aulas…
— hoje é o primeiro dia, Zayn — Liam riu da troca de olhares entre os dois, não é como se o amigo fosse levar isso em consideração.
— Não fala assim, eu vou ficar bolado… — fez biquinho, não aguentando a própria piada sobre o desastre de tênis da amiga e rindo.
O garoto só recebeu um olhar cansado como resposta, passando o braço nos ombros de .
— Será que Harry vai de si mesmo?
— Achei que tinha que ser um cantor de verdade… — Liam ironizou.
— Você está realmente sendo influenciado pela , é assustador — arregalou os olhos.
— Nós podíamos combinar as fantasias — Zayn disse, sabendo que seria a única solução para fazer os amigos irem para a festa.
— Ou podíamos não ir e passar a noite fazendo atividades mais legais que gastar um sábado no colégio!
— Caralho, Liam, você podia pelo menos ficar do meu lado nessa — passou as mãos no rosto, frustrado.
— Você pode vir ainda, Zee! — Horan sorriu, tentando achar um meio termo — O Niall com certeza vem.
— Não é a mesma coisa, todo mundo tem um Horan favorito. E um Payne também!
— Eu sou o único com quem você fala.
— Não tire seu crédito. — Zayn sorriu, decidindo que insistiria na festa depois — e os planos pra sexta-feira, o cinema está de pé?
— não posso, zee — bufou, encarando os armários enquanto andavam — tenho trabalho na confeitaria da vovó Celine hoje, não lembra?
— Ah, melhor ainda! Invés de assistir filme, vamos comer todos os tipos de doces possíveis.
— Reserve uma tortinha de limão pra mim, tiq — Payne sorriu, entrando na sala de aula.

— Por que você tá comendo o sanduíche assim?
Malik olhou para o melhor amigo, colocando sua bandeja na mesa e depois para a própria comida em suas mãos.
— Assim como?
— Talvez com o queijo enrolado no pão ao invés de dentro? — respondeu, não era óbvio o motivo de estranheza? Ela com certeza estava abismada.
— É pra eu sentir o sabor do recheio primeiro.
Payne olhou para a amiga sentada ao lado do garoto, uma sobrancelha arqueada, perguntando com os olhos se ela achava aquilo normal também.
A Horan deu de ombros.
— Acredite, é melhor do que ouvi-lo reclamar sobre o projeto de arte…
— Liam, você não vai acreditar no que o puto do Carlos fez! — sua indignação foi quase automática, como se a garota tivesse apertado um botão no momento que falou projeto.
— Você precisa ter mais calma, Zee, Kharis é um trabalho de uma vida toda… — a garota aconselhou, mordendo um pedaço do sanduíche. Um sanduíche feito da maneira certa.
Z estava prestes a responder, quando outros colegas se aproximam, deixando-os confusos. arrastava enquanto Louis trazia e Niall à tiracolo.
— Olá meus queridos amigos… — Louis anuncia, colocando sua bandeja na mesa e empurrando a irmã e o amigo para se sentar.
— Precisamos nos unir pelas estradas amarelas! E inclusive, eu já tenho a próxima coisa a se riscar da lista — sorriu, fazendo mãos de jazz para aumentar sua performance, Louis pulava empolgado atrás da menina, até que ela parou suas mãos, pensativa — são duas coisas na verdade… quero dizer, quem colocou elas separadas? Apesar de que não combinamos antes de escrever, então é normal que…
— Vamos ir passear de barco e pescar! — Tomlinson soltou, respirando fundo depois, não estava conseguindo mais conter a notícia. Olhou culpado para , sabia que ela queria contar, mas só encontrou um sorriso gigantesco em seu rosto.
— Não se preocupem, vamos devolver os peixes para o mar depois! — explicou, se direcionando especificamente para os irmãos Horan e Zayn. sorriu aliviada, feliz por passear de barco, mesmo que não fosse participar diretamente da atividade proposta.
— E onde vocês pensam em arranjar um barco? — perguntou, mais entretida no purê de seu lanche do que na conversa. Amaldiçoou sua versão do passado que reclamava de passar o tempo em grupo com Malik. Ela sentia falta de quando era apenas Malik para aguentar.
— O Liam vai conseguir o barco.
— O Liam vai? — o próprio perguntou, não lembrando de ter concordado.
— o Liam vai. — Zayn respondeu, tentando segurar o riso.
abriu sua lista de contatos, criando um grupo com todos. Ela passeou seus olhos pelos amigos, tentando pensar em um nome bom o suficiente.
— Que tal Oz memoráveis? — Louis sorriu, dando sua proposta. — estamos criando memórias!
— Estamos mais pra Os miseráveis. — reclamou, fazendo Niall rir. Ele não hesitou em incomodá-la sobre a referência musical.
— Talvez poderíamos incluir uma maratona de filmes na lista! — falou, fazendo o garoto Horan se interessar na conversa.
— Agora você está dando ideias boas, ararinha — comentou animada — Maratona de romances! Precisamos rever todos os clássicos antes do dia dos namorados, dizem que dá boa sorte em achar sua alma gêmea!
A fala da garota foi cortada pela risada baixinha de Payne, que olhou para ele brava, esperando que explicasse o motivo da graça.
— Não venha me falar que acredita mesmo nisso. — revirou os olhos.
— pelos deuses do circo — sussurrou, arregalando os olhos e imaginando o monólogo que a amiga iria dar.
— O quê?! — a garota quase caiu da cadeira — almas gêmeas, você não acredita nisso? Não acredita no amor?
Zayn e trocaram olhares, deveriam tentar salvar o amigo ou a raiva de não era exatamente uma ameaça?
— Acredito no amor, só não acho que ele seja da maneira que a televisão e os livros vendem. Nada de coisas loucas como super conexões com primeiro olhar — Liam bebeu um gole d'água, dando de ombros como se não fosse nada. Para ele, realmente não era.
— Eu tive uma super conexão com o ódio na primeira vez que te vi, não acho que seja impossível sentir o mesmo com o sentimento contrário…
— vai te foder, .
A patinadora não tinha terminado seu discurso, ainda inconformada com a descrença do garoto.
— Então como você explica pessoas que se encontram uma vez e tem a sensação de já terem se conhecido? Pessoas que casaram com seu primeiro amor? Ou alguém que se sente completamente ligado e certo ao lado do outro?
— Sorte, acaso, coincidência…
— MEU DEUS! — Chastain se sentou de novo, olhando para o teto do lugar e depois encarando ele — não ouse dizer essas palavras perto de mim!
— Acaso e coincid-
— Nem termine! — estava incrédula, mal conseguia formular frases, gesticulava exageradamente, Louis estava quase achando graça — nada, nada? Romeu e Julieta? Fio vermelho? Destino?
— Não, Chastain.
A boca dela se abriu em um perfeito o, não conseguiria xingá-lo nem se quisesse, talvez estivesse acostumada com sempre ao seu lado concordando com suas palestras sobre amor verdadeiro.
— É por isso que você é um amargurado, Payne.
— Vai se fuder. — revirou os olhos, não estava estressado até ter toda a atenção do grupo em si, maldita e sua sede por discussão.
O que mais faltava? e Harry entrarem pela porta e sentarem junto a eles?
As portas do refeitório se abriram novamente.
Liam James Payne e sua maldita sorte de azar, o considerava um oráculo auto sabotador.
A recém chegada dupla caminhou até a mesa, franziu o cenho, perguntando aos céus o que fez para merecer um melhor amigo como Louis.
Styles colocou o caderno amarelo na mesa, se sentando ao lado de Devlin.
— Então, eu estava pensando e se vamos mesmo adicionar algo todas as terças, a gente precisa fazer duplas para conseguir terminar tudo antes da formatura… — Harry falou.
— Nossa, isso é surpreendente. — comentou, fazendo Niall colocar a mão em sua testa, só para ter certeza que a amiga não estava doente.
— Você achou? — Louis encarou o amigo e a irmã, o cenho franzido.
— Sim, eu não sabia que você era capaz de pensar.
O ator respondeu com um dedo do meio levantado e os outros retornaram a conversa sobre os cadernos.
— Eu peguei uns pedaços de grama no pátio — disse, mostrando o punhado que tinha em sua mão — quem pegar o menor escolhe a atividade e quem pegar o maior acompanha ele.

As aulas de teatro eram feitas no auditório do colégio, apesar de muitas aulas serem exclusivas para os participantes do clube, —como preparação para apresentações— os treinos e dinâmicas eram abertos, seja para observar ou ter uma aula experimental.
estava sentada em uma das cadeiras vermelhas da plateia, uma caneta preta em sua mão e seu caderno aberto no colo.
Niall dizia que a melhor maneira de escrever sobre a vida é vivê-la de perto. A frase tinha pouco sentido sem o desenho que ele fez, mas a garota guardava a memória (e o pedaço de papel que tinha a letra borrada de Horan) perto do coração. Não estava querendo viver muito aquele dia, sua preguiça falava mais alto que sua vontade de continuar e considerando que a senhorita Smith havia pedido sua ajuda para guiar os atores no treino da nova peça, ela estava esperando o aquecimento acabar.
E tinha esperanças de que conseguiria tirar um cochilo antes de ter de aturar o ator favorito da escola.
querida, poderia me ajudar, por favor?
Ditados mentiam, a esperança era a primeira a morrer.
Prontamente, a garota se levantou da cadeira e caminhou até o palco.
— Estamos sem um dos garotos, então você será a dupla de Harry nessa dinâmica de aquecimento.
Tomlinson tentou formar palavras ou, ao menos, prestar atenção no que a professora dizia, porém seu sangue começou a ferver e a única coisa que conseguia ouvir era o batimento de seu coração.
Os dois permaneceram em um silêncio constrangedor. Todas as outras duplas pareciam em sintonia e Harry e pareciam… um pombo e um rato lutando por um pedaço de pão.
Sua criatividade a levava a lugares estranhos às vezes.
Ela decidiu quebrar o silêncio.
— então, o que você achou da pergunta da discussão da e do Lou?
— sério? Essa é sua tentativa de puxar assunto? — revirou os olhos, estalando a língua e decidindo que se Harry queria fazer do jeito difícil, ela não se importava em ficar no silêncio.
Diferente dela, Styles não apreciou a falta de conversa e se confirmou em responder a pergunta.
— Não acredito naquela baboseira.
A garota ficou quieta por alguns segundos, analisando a expressão calma do ator. Teve que conter o sorriso com sua cabeça mirabolando seu discurso.
— Ah, isso até que faz sentido.
— O que isso significa? — estreitou seus olhos, sem conseguir entender onde ela gostaria de chegar.
— Você sabe, Styles, é um garoto que fala bem, mas não tem aquele brilho nos seus olhos...
— Brilho?
— É, quero dizer — respirou fundo, sabendo que precisava tomar cuidado para se expressar bem, sua mente sempre foi mais ágil para digitar palavras do que dizê-las — quando uma criança recebe o presente de natal que tanto queria ela fica estupefata, tenta falar algo, mas não consegue, você pode ver pelos seus olhos como ela gostou! É como Lou Clark olhava para o Will ou como seu pai olha para a Anne, ou, o mais simples possível, como Baxter olha para o relógio de Scarlett… Você não tem isso.
— Está me chamando de ator ruim? — agora era ele quem estava incrédulo, como ela poderia acusá-lo disso?! Quem Matilda Tomlinson achava que era? Ele quase saiu da posição pelo ultraje.
— Não, não! Você é um ótimo ator, tanto que eu acreditei em seus personagens — cerrou os olhos, sabendo onde atingi-lo — até tinha notado certa estranheza mas achei que eram coisas da minha cabeça, afinal, não imaginaria que Harry Styles não acreditaria na magia do amor...
— Qual o seu problema em falar frases que não sejam subjetivas? — aquilo tudo já estava o irritando — Você mesma disse que também não crê nessa baboseira!
— Mas eu sou uma poeta, se eu escrever da mesma maneira que amo, um dos dois estou fazendo errado. — explicou, sentia que aquilo era tão óbvio quanto a morte, enquanto puxava o braço de Styles para trás de sua cabeça, fazendo-o gemer frustrado — já você não tem o brilho nos olhos quando diz os roteiro de romance, seus olhos são diferentes em um discurso de honra do espantalho ou uma declaração de amor do Baxter, é como se eles ficassem foscos… como se você não acreditasse naquilo.
— Não sei porque diz isso com tanto pesar, é normal atores reagirem diferente a diferentes personagens!
— Para mim, não! — começou a andar para trás, pegando o celular no bolso da frente e tirando uma foto da posição dele — é triste saber que não espera que seus olhos brilhem para alguém, Styles… eu até chamaria de pena.
O olhar de raiva no cantor era algo que motivaria a levantar da cama por uma semana inteira, com o sentimento de dever cumprido, ela se virou para sair do auditório e ir até a cantina.
O único lugar que conseguiu ir foi ao chão.
Agora, o sorriso vitorioso era no rosto do garoto, sorrindo.
— Eu vou te matar! — Tomlinson planejava que apenas seu inimigo mortal escutasse, porém seu grito foi alto o suficiente para ter a atenção de todos os alunos.
A professora colocou as mãos na cintura, arqueando uma de suas sobrancelhas e encarando o par.
— Ela só tropeçou, adoramos a aula, professora.
— Que bom que gostaram! Depois das aulas, vocês dois podem ir brincando de estátua até a detenção…
[X] Gritar em um ambiente cheio.

— Hey, Louis — sussurrou, virando-se para o colega que sentava atrás dela e de Harry.
— Hey, — ele sussurrou de volta, se achava o ás da comédia quando repetia o que os outros falavam.
— Olha esse vídeo.
Devlin entregou-o celular. Na tela passava o vídeo de um cavalo tento o pelo de seu rabo cortado
— Meu deus, eu achei que eles tinham só cabelo! tipo pra fazer tranças!
— Eu também! É o efeito my little pony… — a garota negou com a cabeça, também descrente com o novo fato.
— algo que queiram compartilhar com a sala?
A professora perguntou, olhando para os dois. Tomlinson negou, sorrindo para a professora. Porém, ainda não estava contente, a aula estava entediante demais e precisava conversar ou iria entrar em síncope.
— Lou, uma grande filósofa disse um dia: cbpm.
O garoto parou por uns instantes, tentando adivinhar a sigla.
— cavalheiro bonito possiv…
— cabeça pra baixo: pau mole.
Harry colocou a mão na boca, tentando tão forte segurar o riso que seus olhos começaram a lacrimejar.
— os três para fora!
A professora não escutou os protestos de Harry, mas e Louis certamente ouviram seu murmúrio dizendo: "holofotes!"

— Parabéns, Harry! Você acabou de foder a reunião…
Devlin batia o pé no chão, impaciente. Só não sabia se a razão era Styles ter falado a maldita palavra ou Louis não conseguir parar quieto na cadeira.
— Eu também tô na detenção! Estamos no mesmo barco!
— Você ia pra detenção sozinho!
— Como você já sabia disso!? — o ator perguntou, segurando os ombros de Tomlinson depois de sua décima volta na sala.
— A não parava de falar sobre o quanto falou… — deu de ombros, colocando a cabeça na mesa.
— A culpa não é minha se você decidiu imitar uma meteorologista na frente da professora! — retrucou apontando para a garota e então, se virando para o amigo — E você fingir desmaio dizendo: "o calor tá de matar!"
— Foi você quem disse holof…
apontou de volta, não terminando a palavra para não cometer um ato vergonhoso de novo.
Não era necessariamente um ato vergonhoso que deveria ser feito toda vez que a palavra holofotes era dita no grupo, apenas algo que fosse trazer a atenção de todos em volta, como se estivesse com holofotes em si.
Três anos atrás, quando Harry fez um comentário sobre as pessoas não prestarem a devida atenção em sua atuação, respondeu que, por ter uma grande testa, Harold precisava de holofotes que não refletiam. A briga continuou até que Styles a desafiou a puxar a atenção de todos com mais sucesso que ele e a brincadeira se estende até hoje, às vezes trazendo pessoas de fora do trio para o ato vergonhoso.
— Às vezes eu esqueço que seu nome é Harold. — Louis comentou, tirando os outros dois de sua briga.
— O que isso tem haver com o que a gente tá falando? — Devlin o encarou.
— Nada, só estou falando o que vem na minha cabeça pra passar o tempo. É tipo uma conversa com meu eu de fora e meu eu de dentro…
Os dois melhores amigos se olharam.
— Sabe, , eu estou preocupado com você — Louis voltou a falar, ignorando a garota que disse que quem deveria estar preocupado eram os pais dele — Pessoas odiarem comédias e romances tudo bem, mas você precisa ser bastante amargurada para odiar os dois! É raiva por gente em um relacionamento e gente rindo! O que aconteceu com você?
não teve tempo de se defender, entrou na sala, assinando seu nome na lista e indo até a janela.
Ao invés de sentar na mesa, ela subiu em cima, passando da sala até o pátio.
O irmão a olhou surpreso, não sabia se era pela coragem ou por não ter pensado nisto antes.
— O que foi? — A Tomlinson olhou para o gêmeo — tenho planos com Horan, não vou ficar aqui esperando, senhor Tomas tá dormindo faz três aulas…

Chegando na arena de patinação, caminhou até o café, reconhecendo o cabelo de Frederick, que não a encarou nem mesmo quando ela se sentou à mesa.
— Finalmente tive a graça de sua presença — falou, sarcástica.
— Me desculpa, eu não tive a intenção de te aborrecer,
— Sem essa, direto ao assunto, o que tá acontecendo? — perguntou, deixando o menu de lado. Muitas pessoas estavam na cafeteria, a maioria pais da turma dos mais jovens.
— Eu não consigo mais.
— Não consegue mais o que?
— Eu não consigo mais fazer a rotina, . Não quero mais participar da competição.
— O QUE!? — Sua voz era estridente, atraindo muitos olhares para a dupla (agora não mais dupla). Era por isso que ele tinha escolhido um lugar público. Ele mal sabia que não tinha problema nenhum em fazer um escândalo — De que porra cê tá falando?
— Você é muito competitiva e isso tá me matando… Tudo tem que ser milimetricamente perfeito, eu não aguento mais.
A garota ficou quieta, vendo a garçonete passar e servir um suco à mesa do lado. se levantou, pegando a bebida e jogando no cabelo do garoto.
Ela saiu da arena, lágrimas escorrendo pelo seu rosto, e como se a situação não pudesse ficar pior, esbarrou em alguém.
— Assim vou achar que você tá procurando desculpas pra me ver…
— vai se foder, Payne — respondeu, caminhando em direção ao ponto de ônibus
— ei, ei — ele correu até ela — o que houve?
— Nada, você pode me dar licença!? Preciso ir na casa da !
Liam encarou a porta do estabelecimento, vendo os colegas de equipe entrarem e o parceiro de competição de sair. Ele estava encharcado e sua camisa branca além de molhada, estava rosa.
— Eu te levo, vem.
Ele segurou a mão da garota, a puxando até seu carro. Ela continuava protestando, mas também o acompanhava na caminhada. O garoto abriu a porta para ela, esperando que ela entrasse.
— Eu não vou ficar te devendo nada por isso, espero que saiba — falou, entrando no carro. Liam fechou a porta, sorrindo para si mesmo. Ela não tinha limites.
Ele foi até o porta-malas, colocando sua bolsa e patins lá e correndo até a cadeira do motorista.
Após arrumar o gps, a viagem foi em silêncio, até que Payne decidiu puxar conversa.
— Eu não sei o que aconteceu, mas tenho certeza que Frederick é um bosta.
o encarou, confusa pela tentativa de conversa e ainda mais pelas palavras. Porém não importava, ela estava atordoada.
— Ele não vai mais ser minha dupla. — quebrou o silêncio, roendo as unhas.
— Como assim? — ele olhou para ela, que apenas encarava suas unhas. — O que você quer dizer com isso?
— Como assim o que eu quero dizer com isso!? É o que eu disse, ele não vai mais ser minha dupla. Disse que eu sou muito perfeccionista, eu sei lá…
Liam ficou em silêncio por algum tempo, tentando arrumar seus pensamentos e achar a coisa mais reconfortante que podia dizer. gostava de apenas ser escutada, Zayn preferia que tentassem resolver seu problema, já ele mesmo gostava quando as pessoas compartilhavam suas experiências parecidas.
— Sabe, quando eu era pequeno, tinha um moço que ficava na praça perto do meu colégio. Ele vendia sorvetes em pacotinhos e eu sempre quis um…
— Que história deprimente…
— Calma, ainda não terminei — ele ignorou a ironia dela, voltando a falar — eu parei de comprar lanche na cantina para guardar o dinheiro e conseguir um sorvete. Meus pais não gostavam que eu comesse tanto doce assim.
Assim que parou no sinal vermelho, Liam começou a gesticular.
— Então, certo dia eu fui até a praça e comi o sorvete — ele fez uma pausa, olhando para a garota — e foi o pior sorvete que eu já comi na minha vida.
o olhou pasma, a boca aberta de indignação.
— Que porra de história é essa? — fincou as sobrancelhas — Isso devia me fazer sentir melhor?
— O que você quer que eu faça? minta uma história?
— Eu não sei, eu já tô triste, você podia contar uma história menos deprimente!
— Não é uma história triste. — voltou a andar, chegando na rua da casa de — No final, eu nem me importei com o sabor do sorvete. Ter me esforçado para conseguir juntar o dinheiro foi mais legal que ter comido o melhor sabor do mundo. Às vezes, a jornada vale mais que o ponto de destino.
— Você é o pior conselheiro da história, eu juro. — colocou as mãos no rosto, vendo que já estava na frente da casa da amiga.
Chastain desceu do carro, indo em direção a porta, mas voltando até Liam —que estava parado, esperando ela entrar na residência para ir embora.
— Obrigada.
O garoto apenas sorriu, acenando para ela.
voltou até a entrada.
— Você não vai acreditar no que o puto do Frederick fez!
Ela entrou na casa da amiga, o baque da porta fazendo pai e filha sentados na mesa dar um pulo. A garota nem conseguiu se desculpar, queria chorar até toda a água de seu corpo sair.
— Eu vou arrumar a cozinha — Wallace disse, sorrindo para as garotas e levando os pratos da mesa, tentando dar a elas um pouco de privacidade.
— Você quer ir lá no meu quarto?
— Não acho que consigo aguentar duas explosões hoje — a cabeça de pendeu para o lado, confusa — parece que um unicórnio comeu dois palhaços e vomitou lá dentro…
— Eu… — ela decidiu não corrigir a amiga sobre a diferença entre um unicórnio e um pônei — o que houve, ?
— É, o que Frederick fez, querida? — Wallace voltou da cozinha, duas xícaras de chá na mão, entregando uma para a garota exasperada.
— Ele decidiu que não consegue mais fazer a rotina! A competição vai ser daqui três meses e eu não tenho mais um parceiro! — ela tinha que segurar as lágrimas de frustração, mexia o cubo de gelo na xícara, odiava chá quente — a gente treinou por tanto tempo por nada!
— Mas ele pode fazer isso? Desistir tão pouco antes da competição? — o homem sentou ao lado da menina, passando a mão em suas costas, procurando palavras de conforto.
— nós não temos um contrato nem nada — Chastain explicou, era horrível se sentir impotente.
— E você não tem outra opção?
— Só se algum louco aceitar treinar comigo por pouco tempo — ela tomou mais um gole de seu chá, tentando que o efeito acontecesse mais rápido — não temos reservas e todo mundo já tem uma dupla!
— Eu posso fazer com você, ! — disse, se sentando do outro lado da garota e a abraçando também
O comentário tirou um riso da garota, fazendo Capaldi sorrir também.
— Eu agradeço a iniciativa, , mas duvido que você consiga dançar no gelo. Você nem consegue fazer isso na terra…
estalou a língua, fingindo estar ofendida, o que fez Wallace e rirem ainda mais.
— Ok, talvez você tenha razão… — concordou, rindo também
— Que tal assistirmos a um filme e depois vocês vão para a reunião? — O pai perguntou, já se levantando e indo em direção à cozinha para fazer pipoca.
— Que reunião ele tá falando? — perguntou, pegando o controle da tevê para escolher o que iriam assistir. Franziu o cenho ao ouvir que Louis queria juntar todos os amigos de novo — O que teríamos para discutir em uma reunião?
— Talvez o fato deles usarem as roupas mais chatas que encontram nessa cidade. — pontuou — Porque gente rica se veste tão mal?
— Essa é uma ótima dúvida. Talvez você devesse vir na reunião e aí perguntamos para eles, o que acha?
Ela perguntou, indo até a cozinha para ajudar Wallace
Olivia Chastain você não se atreva! — gritou, correndo atrás da patinadora.

Os dois estavam deitados na cama da garota, olhando para os móbiles pendurados no teto. Água-vivas, conchas, baleias, o quarto de era como uma fusão de todos seus gostos. Era tudo muito azul, verde, dourado e… estranho. Cheio de quadros de olhos, corvos e máscaras penduradas na parede. Um grande tapete de lã imitando musgo no chão e alguns respingos de tinta em todos os lugares que Malik colocou seus olhos. Não era surpreendente, seu quarto era igual. Ou pior.
— como você consegue dormir olhando para essa sua estante? — Zayn indagou, procurando deixar seus olhos em qualquer outro lugar. A estátua de Apolo junto às velas na mesa do canto era muito mais confortante.
— eles são tão lindos, você não acha? — a garota sorriu boba para as bonecas e criaturas cheias de olhos embelezando sua estante. Ela era orgulhosa pela pequena coleção que tinha.
— é aterrorizante, se um filme de terror fosse gravado aqui, eles nem precisariam se preocupar com cenário — o garoto respondeu, encarando o carneiro com três olhos — ou o protagonista.
— a minha estante está cheia de miniaturas que você fez! Você não pode ficar xingando o próprio trabalho…
— são críticas construtivas, apesar de eu sempre fazer um trabalho impecável em tudo.
— o que foi de crítica nisso? — ela riu, virando o rosto para vê-lo.
O olhar de Zayn para as pelúcias na estante era incerto e atônito, o extremo contrário do olhar da garota que encarava um desenho pendurado na parede. O menino olhou para ela e depois para o que ela olhava.
O desenho era de Louis, ele havia feito junto quando eram crianças. Eles dois apareciam brincando no balanço enquanto atrás, o Louis pequeno tinha desenhado uma e um Harry gritando. Niall também fazia uma participação especial —dormindo perto da piscina.
— o que foi? pensando no Tomlinson? — Malik franziu o cenho, fazendo-a arregalar os olhos.
— Para com isso. — ela empurrou seu ombro, se sentando na cama e olhando para outro lado.
— Por que você só não conta pra ele, ?
— Por que você só não para de me incomodar com esse assunto? — ela retrucou.
— Eu não gosto de ver você se diminuindo desse jeito, pensando que todas as coisas ruins são possíveis de acontecer mas não receber um sim dele — o menino respondeu, se aproximando dela e a abraçando por trás — sem contar que seria ótimo ter alguém para segurar o Louis invés dele arrastar todos nós…
— Estúpido da sua parte achar que isso vai parar quando ele tiver alguém — Horan riu, sendo puxada para cama de volta.
— O que vocês estão fazendo? — uma terceira voz apareceu no quarto, os dois viraram a cabeça para ver o irmão da garota parado na porta — E por que eu não fui convidado?
— Entre, nini. Estávamos só comentando sobre os homens das nossas vidas. — piscou para Zayn.
— Se eu não estiver no top 3, ficarei bem chateado. — respondeu, deitando-se também, empurrando os dois para o outro lado da cama.
— Você tem bastante competição. — Zayn fez pouco caso, encarando tentando se ajeitar enquanto estava esmagada no meio dos dois.
— Mas você não precisa se preocupar. — ela deu uma cotovelada no amigo, sorrindo para o loiro — Porque eu sempre vou escolher você, não é atoa que nos chamam de Nini e Pinni!
Os dois viraram suas cabeças para a menina, enquanto ela encarava Jake Sully e Neytiri em um dos móbiles grudado no teto, sorrindo perdida em seus próprios pensamentos.
— Literalmente ninguém nos chama assim. — resmungou, franzindo o cenho. Seus apelidos de infância combinados não eram de conhecimento popular.
— Mas deveriam.
Zayn encarou Niall, vendo-o dar de ombros, não tentaram entender a lógica naquele momento.
— vocês dois estão mais pra coral e golfinho.
— ah, isso é bonitinho! Sabia que golfinhos se esfregam em corais durante infecções?
— uau, muito bonitinho — Zayn ironizou, franzindo o cenho. — bom, acho melhor irmos, Liam vai surtar se chegar lá e não estivermos para ampará-lo…
— Malik pensando no bem maior, o monte olimpo sorri para nós! — a garota aceitou a mão do amigo, saindo da cama.
O moreno riu, ignorando o fato de que o principal motivo era fugir da raiva que Payne teria dele.
Os dois amigos saíram do quarto, apressando Niall para fazer o mesmo. Ele levantou da cama, arrumando a coberta e parando quando as palavras do amigo da irmã caíram.
— eu sou o golfinho?

segurava o braço de , guiando ela até a residência Tomlinson. Chastain não estava afim de conversar com ninguém, mas nem seu humor ruim seria capaz de negar algo ao sorriso da ararinha.
— os nossos encontros estão ficando cada vez mais recentes… — foi a primeira coisa que elas ouviram depois de bater na porta, Louis estava sorrindo alegre.
— Você falou isso como um vilão de desenho animado — riu dele e quase deixou escapar uma risada pelo comentário.
Louis piscou para a Capaldi, que sorriu, entrando na casa.
— Depois de você, madame — ele fez um gesto extravagante, indicando com a palma da mão o caminho a se seguir. Chastain deixou de lado a angústia por um momento, era bom estar com amigos.
Os sete adolescentes estavam na sala, esperando e Liam terminarem de arrumar os doces na cozinha. A gêmea Tomlinson era a encarregada da tarefa, mas ninguém reclamou de ter os fãs de cozinha fazerem —inclusive eles, que estavam sempre prontos para arrumar algo.
e Zayn achavam incrível, Niall achava que era o perfeccionismo gritando que ninguém conseguiria fazer tão bem quanto eles.
— Harry é o vizinho e o único que ainda não chegou. — resmungou, olhando para a janela da sala a cada cinco segundos.
— Deveríamos ficar feliz com isso, ele nunca sai daqui.
Devlin encarou , uma cara de tédio. Nunca escondeu que achava engraçado a rixa entre os dois, mas hoje o mau humor de Styles a colocou na detenção. Ela perdoaria, depois de pedir algo em troca ao melhor amigo.
— Vocês estão brincando nessa porra?! — a porta se abriu com um baque, Harry estava exasperado — Quem colocou ‘se apaixonar’ na lista?!


Capítulo 3 - [X] Terminar o parágrafo de Tarot

— Bom dia, tia.
cumprimentou Alice ao entrar em seu carro. Sempre que podia, pedia carona para a mulher, uma vez que seu carro era todo decorado com flores e luzinhas brilhantes.
O carro de seu pai tinha tapetes rosas no banco do passageiro e muitas pedras coloridas nos assentos de trás, sem contar um porta bolsa, mas isso era o máximo que ele fez pelas filhas em seu amado automóvel.
— Bom dia, , como está, querida? — a mulher sorriu, esperando a garota colocar o cinto para então sair em direção ao centro da cidade.
Niall, também no banco de trás, deu um abraço desajeitado em e a conversa se estendeu ao que unia os dois mais que um aperto de mão: fofoca.
— Me disseram que ele é tão narcisista que quando foi tirar a carteira, bateu o carro porque virou todos os espelhos na própria direção…
— Ah, vai, Nini, eu acho ele legal…
— Não é muito parâmetro, , você acha todo mundo legal
— Exatamente, e se você continuar com essa atitude, vai ser o primeiro que eu não acho — ela perguntou à mãe do rapaz — Qual sua opinião, Alice?
— A opinião dela não vale, ela não gosta de qualquer homem.
— Isso é mentira Niall, eu gosto de você — A mulher olhou carinhosa para o garoto pelo espelho — Mas sim, o resto me é insuportável.
O filho riu, passando a mão pelas raízes morenas que começaram a aparecer. Alice gostava do cabelo loiro claro do filho igual ao de Raena, mas iria mentir se não sentisse um pouco de orgulho ao vê-lo moreno como ela. Quando Niall era menor, ela gostava de mentir para estranhos no supermercado sobre tê-lo parido, Raena ria da conversa na seção de cereais.
— O que vocês vão ver mesmo? nessa hora da manhã?
— O treino no rinque é aberto ao público hoje, vamos lá ver a e o Liam, tá lá desde às oito da manhã, a gente que tá indo atrasado…
— Acordar sábado de manhã para dar suporte para um amigo é amor verdadeiro… — a mulher falou, batucando no volante.
— Como está seu pai, ? As crianças me contaram sobre a promoção — Horan rolou os olhos ao ser chamado de criança, o que na visão de Capaldi, o deixava ainda mais no personagem.
— Ele tá bem feliz! Vai ganhar menos, mas tá feliz mesmo assim… — a garota riu, fazendo o resto rir também — ele queria mais pra não ter troca de turno e só trabalhar em horário comercial, aí ele vai poder ir assistir a comigo…
— Os treinos só são livres nos sábados?
— Em algumas sextas também…

arrancava as unhas das mãos, nervosa pelo amigo. Payne tinha olheiras embaixo dos olhos, suas pálpebras quase fechando… ela temia que ele se machucasse durante o treino. Ela odiava hóquei, não pela complexidade do esporte ou por não aguentar mais falando de "O acordo", nem pelas constantes brigas que os garotos faziam durante os treinos, mas por ser um dos mais cansativos esportes de Payne que insistia em praticar.
tinha a mesma preocupação, porém a situação de sua amiga era diferente, seu perfeccionismo era o que levava-a a se estressar e cansar, especialmente nas últimas semanas em que esteve tentando adaptar a coreografia de dupla para uma solo, a poucas semanas da pré temporada.
Niall estava conversando com pelo celular, algo sobre parentes chatos, enquanto caminhava até a cafeteria do clube. As duas garotas estavam nas arquibancadas, em seus lugares especiais, ambas adoravam sentar no meio, na última fileira, a que não possuía banco, apenas um concreto gelado. As duas dividiam um pacote de oreo.
— Quem você acha que vai ganhar? — A melhor amiga de perguntou, olhando para a metade esquerda da quadra, onde a equipe de hóquei estava treinando. Metade dos jogadores de azul e a outra, de vermelho.
— Eu mal entendo desse negócio, disse, lembrando de quantos filmes e vídeos no YouTube tentou ver para entender, mas era quase fisicamente doloroso de chato. Ela só estava aqui por Liam. — Eu só finjo saber o que é um triple trito toe.
A colega riu, adorava esportes, principalmente os com contato físico, praticava artes marciais e amava com todo o coração —apesar de não tirar sangue de ninguém durante as competições. Ela vinha para acompanhar sempre que podia, mas não podia mentir que adorou o rinque de hóquei ser temporariamente fechado. Adorava assistir!
— acho que estamos com os melhores amigos errados — Capaldi riu, sabendo o quanto a Horan adorava assistir a dança no gelo.
— É tudo tão bonito! O equilíbrio, a confiança, é um esporte, uma arte, tudo em uma só coisa! — se empolgou, fazendo a amiga sorrir.
As duas olharam para a pista novamente, sorrindo enquanto completava um salto belamente e Liam deslizava nos obstáculos que o treinador colocou na pista. Ele o fazia calmamente, quase que em slow motion, enquanto estava frustrada em cada salto, voltando no mesmo movimento ao não achar a complementação ideal para sua coreografia.
parou por um momento, como uma estátua, ela se imaginou com uma lâmpada acesa na cabeça. Se sentindo a maior heroína de desenhos animados, talvez Pica-Pau.
— Eu tive uma grande ideia, — falou, encarando os dois amigos, fazendo Horan a copiar — mas vou precisar de sua ajuda… e das grandes.

encarava um papel em branco, tantas possibilidades, mas ela só pensava no desespero de não conseguir pensar em nada.
Que porra de trabalho faria sobre golfe? De todos os possíveis esportes, por que golfe?
Louis sempre foi um procrastinador nato, talvez mais que , a diferença é que Tomlinson começava atividades e nunca as terminava, enquanto Devlin só as iniciava depois de muito enrolar.
Ela encarava o papel em branco de novo.
O professor comentou sobre o tipo de trabalho ser variado, uma encenação do esporte, escrever sobre a história de times, fotografar jogadores… Mas nada parecia bom o suficiente para ela, todo mundo tinha um celular! Qualquer um podia tirar uma foto! E mesmo que soubesse que seu talento e horas de prática eram coisas únicas, ela não faltava em querer ser original. Marcar a mente do professor ou de qualquer um vendo seu trabalho. Ela gostava de mudar as pessoas, provocar reações.
E foi aí que teve de se beliscar, como não havia pensado na possibilidade antes? Ela fazia curtas desde os onze anos de idade e simplesmente não passou pela sua cabeça fazer um filme sobre golfe!?
Ignorou as mensagens em seu celular, indo até o escritório do pai para pegar papel e começando a pensar em tudo que precisava. Poderia pedir ajuda para no quesito roteiro, ela iria adorar escrever sobre algo chato… também precisaria de ajuda em atores, luz, microfone.
E claro, a parte principal, alguém que jogasse golfe.

Não era segredo que passava mais tempo na residência Horan que em sua própria casa. No entanto, muitos acreditam erroneamente que a razão era Niall, quando sua irmã era o motivo.
Ela não atravessava a cidade por Niall, ele que vinha até sua casa.
! — a garota bateu na porta.
Tomlinson foi atendida por Alice — carinhosamente a conhecia como mãe morena— com um sorriso enorme.
— Entre querida, você já é de casa.
A menina deu seus comprimentos, abraçando a mulher fortemente e indo até o quarto de . Ela abriu a porta com um baque, segurando no batente e deslizando até o chão devagar, enquanto dizia:
thus with a kiss i die.
— bom dia pra você também, — a menina riu da entrada dramática da amiga — talvez devesse sair das cortinas e estar no palco, hm?
— Eu prefiro me jogar da casa da árvore. — disse, se sentando no tapete, junto à amiga. — O que vamos fazer hoje?
— O que você quer fazer? — a olhou, pendendo a cabeça para o lado.
— Isso faz parte do jogo?
— Isso não é um jogo, — Horan disse, rindo nasalmente
— Eu só mexo com tarot. Quando vou fazer uma tiragem, pergunto ao universo, ainda não tenho certeza do que acredito além.
— Não tem problema, cada um tem sua jornada, … Você estar aberta a conhecer outras maneiras já é muito legal da sua parte — sorriu, estava feliz de poder compartilhar a parte de sua vida que mais amava. — Eu posso fazer uma tiragem com meu tarot para você se sentir mais confortável…
— Gosto dessa ideia.
— Okay.
se levantou, caminhando até seu altar e pegando o deck de tarot. Novamente se sentou à frente de , respirando fundo com os olhos fechados enquanto segurava o deck na mão, Tomlinson a deixou fazer sua preparação —ela também tinha sua própria rotina.
— Você quer perguntar algo ou uma tiragem geral?
— Eu não tenho nenhuma pergunta em mente.
começou a embaralhar seu deck, esperando as cartas caírem. A primeira a sair do monte ela colocou no meio, algo que você precisa superar; a segunda ela colocou à esquerda da primeira, a razão pelo final; a terceira a cair foi posicionada à direita, o que ganharia deixando isso para trás; a quarta carta foi abaixo da primeira, o que ela aprenderá; e a quinta e última carta foi colocada acima da primeira: o que o futuro vai trazer.
— hm…
— Como assim ‘hm’? Deu algo horrível!?
— Calma, eu ainda tô interpretando elas! Eu costumo usar as runas do Apolo… — falou, impaciência era de família, encarou as cinco cartas, tentando juntar seus significados — Você anda passando por uma situação difícil,
— Isso eu sei — a garota riu sem graça, apertando uma mão na outra, nervosa.
— Você está sendo muito autocrítica, Todos cometemos erros, você precisa aprender com eles e se perdoar, saber que está fazendo o seu melhor. — Passou suas mãos até a segunda e terceira carta — parece que você também está em conflito com alguém da sua vida, uma energia familiar, que você tá tentando controlar, mesmo sabendo que não devia e não vale seu tempo…
— caralho, lembrou o motivo de não fazer tiragens de si. Ela nunca aceitava o que a contrariava, mesmo sabendo que era verdade.
— Calma! Vai ficar tudo bem! Você vai ter uma onda de criatividade e até um novo começo… talvez novo relacionamento, hm? — a menina mexeu seu cenho, fazendo suas sobrancelhas dançarem e recebendo uma almofada no rosto como resposta — a última carta diz que você deveria começar a ver as coisas de uma maneira mais sonhadora, até o mais impossível dos sonhos pode virar real com um pouco de magia.
— Você falou como uma protagonista da Barbie — Tomlinson deitou no chão.
— Vou levar como um elogio.
Horan sorriu feliz, sentada em uma posição de meditação, fazendo a copiar, mas manter os olhos abertos, de repente curiosa.
— Você acha que é melhor falar ou morrer, ?
— morrer.
— Uau, você foi rápida nessa. Eu nunca morderia minha língua. — respondeu, confusa pela amiga — Tem um ditado que diz: “Falar é morrer. Mas, melhor falar e morrer do que morrer sem ter falado.”
— Não conseguiria descansar em minha morte sabendo que falei tudo que queria. — Deu de ombros, coçando o nariz — não vejo problema nisso. O mundo está cheio de gente achando que fala muito e gente achando que fala pouco. No final, o que conta é o equilíbrio.
— Não acha que deveria ver as coisas como sua situação pessoal e não tentar resolver uma crise existencial universal?
A garota abriu os olhos, encarando a amiga.
— Você é uma parceira de meditação terrível — disse, fazendo as duas caírem na gargalhada.

Andando até a casa de Styles, encontrou .
As duas se deram um cumprimento de longe, quase como se fosse automático. entrou em sua casa, correndo até seu quarto para tentar fugir das insistências do pai em lavar a louça.
Devlin andou alguns passos até a entrada da residência Styles, batendo na porta e sendo recebida por uma mulher de cabelos bagunçados.
, querida! — Anna, a mãe de Harry, a cumprimentou. A garota estranhou a aparência, a mãe de Harry estava sempre impecável. — entre, entre…
Ela abriu passagem e viu a zona que estava a casa de Styles.
— Estamos com visitas, Lux é um furacão — disse da sobrinha, rindo nervosa — e ainda vamos ter que sair, melhor dia, hm?
De repente, a senhora styles gritou assustada com a irmã, correndo até a sala, dando a deixa para a menina subir as escadas e ir até seus amigos.
— Que bagunça é aquela na sala?
perguntou ao entrar no quarto de Styles, vendo Louis jogado na cama e o morador de pé olhando pela janela, a janela de .
Ele não era um pervertido, os dois haviam começado uma guerra silenciosa que baseava em tacar pequenos cascalhos que sobraram da obra do vizinho nas janelas um do outro, especialmente quando estavam abertas, porém fazia duas semanas que não atacava seu quarto e o ator estava ficando maluco pensando em que plano terrível ela planejava.
— Ela é uma escritora, deve ter ideias horripilantes naquela cabeça!
— Você sabe que tá falando da minha irmã né?
— Sim, vocês são gêmeos, dividem a metade de um neurônio.
deve ter a metade maior — falou, se jogando na cama também.
— Se é metade, não tem parte maior, sua burra — Louis rebateu, fazendo os dois rirem.
A conversa dos adolescentes foi interrompida pela porta abrindo com um baque, a prima de Harry com uma nerf e óculos laranjas atirando nos dois garotos e saindo em seguida.
— Aí, cacete! — Styles reclamou, após ter uma bala (de espuma) atingindo sua virilha. — como essa merda é pra crianças?
Seus dois melhores amigos começaram a gargalhar, Louis não tendo sido atingido em partes tão doloridas e a garota salva por ser a favorita de Lux.
O telefone de Tommo tocou, fazendo-o tendo que respirar fundo três vezes para parar de rir.
— mãe? — Louis atendeu a chamada, colocando uma das mãos em sua outra orelha, seus melhores amigos não sabiam ficar calados.
— Coloque suas calças de volta! — Devlin disse, tendo que segurar o riso.
— Minha mãe te mandou um oi, — Tomlinson a encarou, sorrindo enquanto a garota estava prestes a morrer de vergonha. — E disse que precisamos ir pra algum outro lugar, vão dedetizar a casa…
— Vocês dois que deveriam ir até a minha casa, nem é tão longe assim!
— Nós somos vizinhos, você vir é só um precisando se locomover e não atravessar a cidade!
— Que mentira! Nossas casas tem a mesma distância até a conf… — pulou da cadeira, indo até a porta. — Tenho uma ideia maravilhosa!

— A confeitaria da é bem hippie, né? — Harry perguntou, olhando para os vinis nas paredes e o arco de flores na entrada.
— Ela adora os anos setenta e a vovó Celine a deixou arrumar do jeito que queria — deu de ombros, abrindo a porta do estabelecimento — Vocês permitem animais na loja?
— Desde que não sejam tigres. — ouviu a amiga dizer, voltando da cozinha com farinha em seu rosto. O colega de trabalho de tinha faltado novamente, ela logo teria que encontrar outro ajudante.
— ursos estão nos limites? — Harry brincou, apontando para o quadro de um urso marrom na parede.
— temos uma política sem polares. — riu nervosa, chegando perto do caixa e tentando limpar o rosto, Louis estava ali!
— Vai ser para viagem, okay? — a garota concordou com a cabeça, esperando os três dizerem seu pedido — Nós vamos querer esse bolo de cenoura, dois pedaços de cheesecake e você pode me dizer o que é aquele ali?
— Qual? Ah sim, é um doce irlandês! — olhou para onde Styles apontava — é tipo um bolinho de maçã, você quer provar?
— Não precisa, a gente vai levar também! Dois! — respondeu, piscando para a garota.
— E para você, Lou? — sorriu, arrumando a coluna e segurando a porta do mostruário.
— Uma tortinha de limão — retribuiu o sorriso, apontando para o doce que tinha separado para Liam.
Seus pensamentos começaram a embolar, ela já conseguia sentir as lágrimas chegando aos olhos. E se Louis a odiasse por não dar a torta? E se Liam a odiasse por ter dado sua torta? Pior, e se , Harry e Louis decidissem odiá-la juntos?!
Ela pegou o doce, colocando-o na embalagem. Estava decidido, faria outra torta assim que eles saíssem e ficaria até mais tarde fechando o caixa e a loja.
— Só isso que vai querer, Lou? — perguntou, um pouco mais baixo que antes, devolvendo o troco.
— Não. Também quero sua companhia hoje a noite. — A garota ficou em silêncio, surpresa e pulando internamente, um encontro? — Você será minha cúmplice.
O garoto pegou a sacolinha e depois colocou a mão no bolso, tirando de lá o pequeno pedaço de grama.
E os pulos internos de continuaram, dessa vez na beirada de um precipício.

Depois das compras, Harry teve que apressar os amigos para sair da loja. Ele tinha um plano a seguir.
Os três entraram no carro, com reclamações de sobre Louis estar no volante.
— Algum de vocês sabe pescar? — Harry perguntou, escutando negações dos amigos — quem vai cumprir a lista?
Ele só recebeu silêncio como resposta, então decidiu deixar para o Harry do futuro se preocupar com isso.
— Harry, tem certeza que é esse o endereço? Estamos quase saindo da cidade… — questionou, olhando a vegetação pela janela.
— Estamos no lugar exato!
Harry desceu do carro sem mais explicações, caminhando até onde um outdoor se localizava. Era muito alto, mal conseguia enxergar de que marca era.
— Quem vai subir primeiro? — Styles olhou para os dois amigos, que o encararam como se ele tivesse três olhos.
— Ninguém vai subir nessa porra, Styles, você tá maluco? — franziu o cenho, rindo. Aquela era a coisa mais estúpida que alguém podia fazer.
2 minutos depois
— Puta que pariu! Inferno, caralho! — gritou enquanto subia a escada para o outdoor — merda de criança que foi ser amiga de vocês!
Ao chegar na plataforma, ela foi puxada por Louis, sendo abraçada fortemente por ele que depois de pegá-la, fechou os olhos.
— Eu nunca mais vou dormir…
— Eu espero que ainda estejamos vivos para poder dormir de novo… — a garota olhou brava para Styles, que segurava a sacola de doces que pegaram na confeitaria.
Louis começou a comer sua tortinha, ainda de olhos fechados, a única coisa que estava acalmando sua ansiedade. Era alto pra cacete!
— Olha que vista bonita! — Harold disse, apontando para o pôr do sol.
Ele trocou olhares com , sorrindo.
— Você é maluco. — ela riu, olhando para a vista.
[X] Subir em um outdoor

correu até o quarto para carregar o celular, se xingou mentalmente por ter esquecido de colocar na noite anterior, justo no dia de passeio. E se ela precisasse ligar para a mãe conseguir um álibi depois de empurrar Liam para fora do barco? Teria que contar com o ódio mútuo de ?
Deixou para decidir depois, colocando sua playlist e indo se trocar enquanto a voz das Destiny's Child soava no ambiente.
Encarou o armário, ela já tinha escolhido seu óculos de sol colorido, mas que roupa complementaria sua escolha? Minissaias não pareciam uma boa opção para um lugar com tanto vento e movimento e seu casaco de couro colorido era muito pesado para aproveitar…
Ela pegou seu cropped em formato de borboleta, decidindo por ele. Era uma perfeita opção pois o modelo não deixava aparecer o biquíni que usava por baixo. Sua calça era roxa, cheia de correntes, um jeans de perna larga que, estranhamente, era leve o bastante para não matá-la de calor.
Pegou o celular, a bateria ainda estava pouca, mas era o suficiente para conseguir mandar uma mensagem para —foi o que ela fez, vendo a amiga responder instantaneamente que ela e o pai já estavam a caminho.
era assim, acreditava que redes sociais eram para ser rápidas, sempre importunava os amigos dizendo que se fosse para esperar por uma resposta, ela enviaria uma carta.
Desceu as escadas, pegando o lanche que a mãe tinha feito —mesmo com a filha dizendo que não era necessário— e trancando a porta de casa.
Parou por um momento na porta, tirando do bolso seus três dados favoritos. Dourado com bolinhas brancas, um todo azul e um dado preto e branco comum. Pensou em um número e os balançou na mão, colocando de volta no bolso, retirou apenas um deles.
Número seis, um sim. Ela não tinha desculpas para não ir.
— Os dados disseram sim? — a tirou de seu transe, metade do corpo para fora da janela, sorrindo empolgada. Pela parte do corpo que dava para ver, ela usava uma blusa regata de arco-íris e um colar maior que ela.
— Eles disseram. — mesmo que tentasse esconder o sorriso, nunca conseguia perto do poço de alegria que era a melhor amiga. A garota entrou no carro, acenando para Wallace e recebendo um tapinha no joelho como resposta. A playlist das duas tocando. — Que colar é esse que eu nunca vi?
quem me emprestou, é o coração do oceano — Chastain franziu o cenho, a garota era louca por jóias, adorava fazer para os outros, mas da sua própria coleção era ciumenta por elas — eu insisti, caso eu morra nesse barco, vão me lembrar como a moça do titanic…
Wallace tossiu, grato por estar chegando em um sinal vermelho e não bater o carro. Olhou abismado para a filha —que também estava sendo encarada pela amiga.
— Puta que pariu, , um colar do Titanic é o que vai fazer nós morrermos!
— Vai dar boa sorte, se acalme — deu batidinhas no ombro da amiga, sorrindo para ela.
respirou fundo, ia ser uma longa tarde.

Após algum tempo de viagem — sete músicas e meia da Adele para ser exato — Os três desceram do carro, o mais velho dos Capaldi levando as duas bolsas das garotas.
Os oito adolescentes já se encontravam no cais, a mãe e o pai de Zayn estavam lá também.
— Bom dia — Wall disse, se aproximando dos mais velhos primeiro e os cumprimentando com um firme aperto de mão e um grande sorriso.
— Olá, você é o pai das garotas então? — Yusuf retribuiu o sorriso, abraçando a esposa de lado, que sentia a brisa fria da maré.
— Sim, sim, sou. Wallace Capaldi — confirmou com a cabeça após ouvir Yusuf e Aisha Malik se introduzirem. O homem se virou a Liam, tirando o sorriso do rosto, mesmo que estivesse com uma expressão engraçada — E é melhor cuidar bem das minhas garotas, hm?
— Sim, senhor — Payne respondeu, apertando a mão estendida do homem.
Após as introduções, os pais se retiraram. teve que fechar a boca, admirada com o iate que o melhor amigo tinha conseguido. Sabia que a condição de vida dele era boa e alta, mas aquilo parecia uma mansão nas águas, era igual o barco que ela viu Jay alugar para a família em Modern Family!
Tudo bem, quase igual já que esse tinha dois andares, mas mesmo assim, era incrível!
Liam foi o primeiro a entrar no barco, indo até a parte central, checando se estava tudo em ordem e reestudando o mapa. Louis e Zayn entraram em seguida, Malik pegando as bagagens e as colocando no convés, já o outro ajudando todos a entrarem no veículo.
— Todos a bordo! — Tomlinson falou, esticando a mão para a irmã — milady
riu, negando com a cabeça. Ela subiu as escadas para o segundo e último andar, e caminhou até a cadeira com mais sombra. Mais tarde, roubaria o chapéu de , mesmo que odiasse o laço vermelho quadriculado dela.
Qual era a fixação dela com padrões?
— Por que cê tá me encarando? Gosta do que vê? — Styles perguntou, sorrindo ladino, adorava irritá-la, odiava quando ela fazia de volta.
— Eu estava pensando, isso é tão incomum para você? — deu um sorriso de escárnio.
As provocações nem tiveram chance de continuar, logo os irmãos Horan estavam sentados cada um de um lado da garota.
Niall estava praticamente branco de protetor solar, sabia ser exagerada nos cuidados com ele. Sua camisa tinha a estampa da anatomia de um tubarão, combinando com a irmã que tinha uma com a anatomia de uma sereia. Não era a única coisa que faziam igual, cada um deles tinha uma mecha do cabelo da cor do cabelo do outro.
— Que dia feliz! — falou, se espreguiçando, não tirava o sorriso do rosto.
— Espero que esse seu colar equilibre o colar que veio — apontou para o colar de Amphitrite que a garota usava.
— Não vamos cair no mar, se é isso que está pensando. — olhou para a amiga, sorrindo e pendendo a cabeça pro lado. Mania dos horan — mas eu não peço aos deuses que as coisas ruins nunca aconteçam, só peço força para conseguir encará-las.
— A qual deus devo pedir paciência para aguentar essa tarde?
— Você ama tudo isso, deixa de mentir, Tommy — Niall respondeu, pegando um cacho de uvas e colocando uma na boca.
— Me chama assim de novo e suas bolas serão iscas de peixe.
Capaldi respirou fundo, pensando na conversa que estava tendo com o ator da escola sobre os colegas.
— acho que é algo natural, as pessoas bonitas são metidas.
— é verdade, eu sou metido. — o ator concordou com a conclusão da amiga.
— só faltou a outra parte. — disse de sua cadeira.
A única coisa que teve como resposta foi um dedo do meio e uma cara de tédio.
— Vamos apostar quanto tempo leva até jogar Liam para fora do barco? — Harry sugeriu, sentado no banco lateral do convés, ao lado de e um Zayn quase dormindo.
— Não acho que ninguém quer Liam fora do barco. — Malik respondeu, o chapéu que a amiga emprestou, tampando seu rosto.
— Por que diz isso? — perguntou.
Os seis adolescentes que estavam sentados nos bancos do convés tiveram sua conversa interrompida ao se assustarem com os gritos que vinham da outra parte do barco.
— Eu não concordei com essa merda! — subia as escadas, bufando, ao ver que Louis abriu a boca para falar, ela concluiu — Com nenhuma das duas merdas!
— Eu sou treinado para dirigir a porra do barco, Devlin! Cursos! Não é qualquer um que entende disso. — Um Payne já estressado falou. — Ou vocês duas preferem pular em alto mar e ter de fazer o castigo por não cumprir o item da lista?
Ele olhou para as duas garotas, estava se acalmando, mas Chastain ficou ainda mais irritada.
— Como assim castigo!? Eu não concordei com isso também!
— Sem essa! Essas são as regras do jogo! Sem exceções! — Louis foi claro em sua frase, não abrindo a opção de um debate. — Todo jogo tem que ter penalidade decididas pelos ganhadores.
Os nove adolescentes o encararam.
— Ganha o prêmio quem cumprir mais metas, ué — disse como se fosse óbvio — Eu não contei que tinha prêmio?
Niall sorriu pra si mesmo, os Tomlinson sabiam exatamente como fazer as pessoas tenderem aos seus desejos. Competições eram tudo que pensava e gostava de ganhar dos amigos.
As duas se sentaram na cadeira, sem mais palavras. foi até sua caixa de som, colocando música para os amigos ouvirem.
— Ótimo. — Liam soltou o ar que estava prendendo, caminhando até as escadas de novo. — Vou arrumar as coisas e volto daqui a pouco.
— Eu te acompanho, Lee! — sua melhor amiga disse, estava sorrindo e usando a companhia como desculpa, estava preocupada com o amigo, não era bom tanto estresse e tensão, ela sabia como ele se sentia.
Ele sorriu, concordando com a cabeça.
— Eu vou também! — Louis se propôs, levantando rápido e acompanhando os dois, sem opção de negação.
— Não se preocupe, Lou, tá comigo, tá com deus! Com vários deles, inclusive — falou sorrindo, apontando para o garoto e mexendo o dedo, fazendo os penduricalhos de suas pulseiras mexerem. Ela estava com o riso frouxo, se sentindo leve ao redor da maré, ou talvez tenham sido os picolés especiais de Zayn.
Os três caminharam até a área do capitão, Louis ficou impressionado com o tanto de máquinas que cabia no lugar, sorrindo ao sentir o barco finalmente mexer.
— Você vai ter que ficar aqui embaixo o tempo todo? — ele franziu o cenho, não era esse o tipo de passeio que ele queria para Liam.
— Não, esse aqui tem navegação eletrônica. Ele vai seguir a rota que quisermos, até o restnte do outro lado.
— Meu deus, mas você é chique mesmo — Tomlinson levantou as sobrancelhas, fazendo rir. Ele piscou para ela, voltando sua atenção ao amigo — Você já arrumou o caminho?
— Sim, sim — confirmou, apertando alguns botões e olhando para a tela — só falta alguns ajustes, podem sentar se quiserem.
No andar de cima, as opiniões eram diversas.
— Eu vou morrer de calor… — reclamou, encostando a cabeça no ombro de Styles.
— Não foi você quem escreveu? — arqueou uma sobrancelha, curioso.
— Isso é confidencial! — gritou de seu lugar. Do outro lado do convés.
Os dois olharam para ela e mostraram a língua.
Devlin se levantou de seu lugar, caminhando até sua bolsa e pegando sua câmera. Começou a fotografar os amigos, a paisagem, dentro do barco…
Ela entrou procurando algo que chamasse sua atenção e encontrou um Horan vendo tevê.
— Sorria para a câmera, Niall. — ela falou, quase sussurrando.
E Niall fez o que ela disse, um sorriso enorme estampado no rosto. Como poderia negar um sorriso na presença de ? Como poderia negá-la qualquer coisa? Ela o tinha preso em seu relicário e nem tinha noção disso. Nem ele sabia quando aquela paixão arrebatadora tinha começado, ele só sabia que o fantasma de Devlin vinha todas as noites em seus sonhos, como em um filme em preto e branco.

Liam estava sentado na parte de trás do barco, com uma vara de pesca na mão, se perguntando como aquilo funcionava e, principalmente, como se deixou ser arrastado para mais uma loucura de Louis. Zayn havia ido procurar sua cartela de cigarro, deixando-o a sós com Tomlinson.
— Está tudo bem, cara? — Louis que estava ao seu lado com uma cerveja na mão perguntou, encarando as olheiras no rosto do amigo.
— Hm? O que quer dizer? — Payne o encarou, confuso.
— Não sei, você parece cansado… — tentava abordar o assunto da maneira mais calma e discreta possível, Liam sabia se auto sabotar.
— Ah, que nada… São só os treinos, ando tentando melhorar.
— Sim, melhorando nas aulas de dança e no futebol e no tênis e no hóquei e no…
— Ok, ok, eu entendi seu ponto. — respondeu, sua voz mudando de tom.
— Liam, eu não quero que…
O garoto não teve tempo de terminar sua fala, um grito chamando por Payne foi escutado (talvez pelos sete mares), fazendo os dois correrem até onde os amigos estavam.
— O que aconteceu?! — seu olhar foi para e Zayn, apesar de saber que não era a voz deles.
— tem algo puxando! — disse, apontando para o mar.
Todos se aproximaram sentindo o barco parar e vendo a movimentação na água.
— Puta merda, Liam, você enfiou a gente em uma reunião de tubarão! — Devlin disse, essa era a possibilidade mais plausível que seu cérebro em ansiedade conseguia pensar.
— com certeza é uma sereia! — respondeu, como se fosse a opção mais possível. ficou calada, mesmo que soubesse que era no máximo uma enseada ou a maré. Tímida demais para falar de coisas —mesmo aquelas de que tinha certeza.
— faça alguma coisa, Payne! — falou, apertando os punhos do lado do corpo.
— o que você quer de mim? Pedir ajuda pra baleia que nem o Pinóquio?!
— Pinóquio foi engolido pela baleia! — ela gritou, segurando no colarinho do garoto.
[X] Passear de barco
[X] Ir pescar

Após gritos, um copo quebrado, metade dos lanches serem comidos e Niall conseguir localizá-los e pedir ajuda, os dez adolescentes estavam esperando o resgate, sentados todos no convés.
— Acho que deveríamos racionalizar a comida. É isso que fazem em filmes — Louis disse, enquanto mastigava seu segundo sanduíche.
— Ou poderíamos recorrer ao canibalismo — deu de ombros.
— Quem comeríamos primeiro, ? — olhou para ela, querendo ver aonde ela iria chegar.
— O Harry. — não tardou a responder.
— Você está me chamando de gostoso?
— Estou te chamando de inútil — disse seca, apontando para os irmãos Horan — Ele sabe reconhecer as estrelas, a deusa que ela dá oferendas é a personificação do mar — mudou seus dedos para Zayn, Liam e — Liam sabe arrumar essa coisa, Zayn sabe pescar e tem noção de coordenadas…
— E e Louis? — Mesmo que soubesse que a ajuda estava a caminho, Harold não podia deixar de sentir medo sabendo que era o mais provável de ser comido.
— Eu deixaria eles aqui por diversão…
— Como bobos da corte! — Capaldi respondeu animada. Louis não estava mais tão alegre assim.
olhou para ele, seu sorriso se mantinha no rosto, porém ela encarava Louis o suficiente para saber quando estava realmente feliz ou não.
Ela foi até o som de , quieta como sempre soube ser, conectando sua playlist e colocando a música que sabia que melhoraria seu humor.
Assim que ouviu as batidas, Louis se levantou de supetão, começando a dançar.
Listen, baby! — sua voz cantava, apontando para Ain't no mountain high, Ain't no valley low, Ain't no river wide enough, baby
O rosto da garota queimava de vergonha, mas o que ela não faria por ele?
If you need me, call me, don’t matter where you are, no matter how far! — continuou a letra, ouvindo Tomlinson a complementar no fundo, os dois se viraram para , apontando para a garota.
Just call my name, I'll be there in a hurry, you don't have to worry… — a garota entrou na brincadeira, falando as palavras quase sem cantar, mas tinha um sorriso escapando do rosto.
Oh, baby there… — Lou introduziu o refrão, sorrindo para os amigos. Harry veio a seguir, ele sempre queria o refrão.
Ain’t no mountain high enough…
Ain’t no valley low enough… ao lado dele continuou.
Ain’t no river wide enough! — Capaldi cantou, tentando ao menos, ela estava feliz demais, rindo durante a letra.
To keep me from getting to you-u-u, baby — Foi a vez de Niall, mexendo seus ombros na melodia da música e chamando para dançar.
Remember the day, I set you free levantou também, as duas dançando com Horan — I told you could always count on me, darling…
From that day on! I made a vooow! riu dos colegas, entrando na coreografia.
I’ll be there when you want me — Payne foi puxado pela melhor amiga, sorrindo junto — someday, somehow
Todos os amigos olharam para Zayn, deitado em uma toalha colorida. O amigo retribuiu o olhar, franzindo o cenho e suspirando, para enfim cantar:
‘Cause, baby, there…
Ain’t no mountain high enough — o coro foi feito pelos nove adolescentes (e meio).

Chegando em casa, são (o suficiente) e salvo, o garoto cumprimentou os pais e a tia, sentados na sala enquanto assistiam a um novo filme de comédia.
— Alice disse que foi uma volta turbulenta, hm? — seu pai falou, recebendo as notícias pelas Horan, que também deram carona para seu filho.
— O passeio estava destinado ao caos desde que saímos do porto
— Você poderia ter falado isso antes de deixarmos você entrar nele, não acha? — sua mãe arqueou uma das sobrancelhas recém feitas, o tom esterno, mas com um sorriso que demonstrava suas verdadeiras intenções.
— Que o universo livre Aisha de perder seu tornadinho — sua tia brincou, rindo.
Yusuf repreendeu a irmã com o olhar, batendo na madeira três vezes para afastar seu dizer, fazendo Zayn rir.
— Eu vou lá pro quarto, me chamem qualquer coisa…
Recebeu ‘boa noite’ de todos e após entrar no twitter avisando que teria uma live em alguns minutos, tomou um banho breve.
Zayn possuía um canal com o nickname de Kill a.m, em que normalmente fazia uploads de vídeos e lives virando a noite, daí o nome de seu canal —e também achou genial a ideia dos amigos de colocar seu sobrenome ao contrário. Em seus vídeos no YouTube, ganhava em média trinta mil visualizações e durante suas lives o número era de 400 acompanhantes, podendo variar para mais ou menos, tudo dependia do dia e horário que ele iniciava.
E estava tudo bem para ele, não se importava com fama e muito menos fazia pelo dinheiro que talvez um dia ganharia, ele gostava de jogar e falar — que mal teria fazer ambos e ter companhia?
— Olá amigos, como estão, tranquilos? — ele disse seu bordão, esperando mais pessoas entrarem na live.
Seus melhores amigos acompanham fielmente seus vídeos, dando suporte em tudo, porém, as lives eram uma situação mais complicada: Liam estava sempre cansado e tinha uma rotina restrita que não abandonava por nada —nem por todo o amor que sentia por Malik. Porém, ele tinha uma fiel visualizadora, estava lá todas as lives, interagindo com ele e com os outros no chat.
tinha seu nickname como ladyastley, ele a questionou uma vez pelo significado, descobrindo ser algo relacionado a circo. Como não seria?
— É, eu estava querendo fazer a sexta de jogos multiplayer… Sim, com meus amigos e vocês também — as mensagens passavam rapidamente em um dos monitores, às vezes, a rapidez o sobrecarregava. — Não, ainda não tenho cronograma para o jogo de segunda, minhas ideias se resumem a rejogar rule of roses ou continuar o desafio das décadas no The Sims, mas vou jogar quando tiver tempo a tarde já que finalmente estamos chegando nos anos setenta, minha amiga me mataria se eu jogasse quando ela não está…
O garoto abriu o Outlast, passando os olhos para a conversa.
ladyastley esses idosos que possuem uma rotina boa de sono… dito isso, VAI NO INSANO
O resto do chat foi puxado pela ideia de , fazendo Malik se render ao modo de jogo mais difícil.
— Merda, ok, ok… — ele passava o mouse sobre a tela, testando a sensibilidade — Quem faz um asilo nessa porra de lugar?
ladyastley é Gotham city
— Tomara que eu não tenha que ser o batman — falou, enquanto seu personagem entrava no asilo após subir as escadas, de repente, as luzes do lugar começam a piscar — puta merda, caralho…
A animação da plateia de Zayn com sua gameplay em jogos de terror era pelo simples motivo dele se assustar com tudo. —inclusive trocas de luz.
Ain’t no mountain high enough… — Zayn cantou baixinho, sem intenção, enquanto estava focado em arrumar o layout. Logo, focou sua atenção no chat em um dos monitores. — “as pessoas não percebem a quantidade de talento necessária para perder cada nota” , sai da minha live!
Ele andava pelo asilo, as situações do jogo mais calmas que o resto, o que o permitia conversar com o chat. Lia mensagens variadas, conversas, piadas que o faziam rir pelo nariz.
Malik franziu o cenho ao ver que não estava mais comentando. Ela provavelmente dormiu em cima do telefone novamente.
“Zayn, sou a Carla, lembra de mim no evento de ontem?” não, não lembro não, nem fui a um evento ontem, desculpe — ele leu uma das donates, não se atentando ao nick da pessoa, logo ouviu o mesmo barulho, anunciando outra doação — “a carlabresa que eu…” vai se foder, !

— 1, 2, 3, 4
Um giro.
— 1, 2, 3, 4.
Ele ergueu o pé, esticando-o o máximo que conseguia, e dando uma estrelinha sem as mãos.
— 1, 2, 3, 4.
Liam praticava a sequência pela décima vez da noite. Já era uma situação comum, o faxineiro havia lhe entregado a chave para sair quando quisesse.
O garoto se encarava nos espelhos ao redor da sala, tentando encontrar o erro que sentia existir.
Lembrou-se da tarde que teve, estava exausto, a tensão lhe fazia suar e suas costas doerem. Talvez culpar a tensão fosse um pouco desnecessário, ele podia apontar vários culpados, como o hóquei, a academia, a natação, o clube de xadrez e até mesmo a dança.
Seu celular, no chão em cima de seu moletom, piscou a tela começando a tocar uma música. Onze e meia da noite, um alarme para fazê-lo voltar à terra. Se aproximou do celular, desligando o alarme e sentando-se no chão, questionou se seria deselegante chegar nesse horário na casa de , mas era necessário —e se ele fosse sincero consigo mesmo, algo que nunca era, nunca seria um horário bom para ir na casa de Chastain.
Ele colocou seu moletom, saindo da sala e a trancando. Fez o mesmo com a porta do estabelecimento, além de desligar as luzes, por ser extremamente perto da academia de dança, Liam resolveu caminhar. O percurso curto acabou sendo longo por seu cansaço.
Chegando lá, viu as luzes acesas, então bateu na porta da maneira mais silenciosa que conseguiu.
Algum tempo depois, ouviu passos e Micaela abriu a porta.
— Liam? — ela também parecia cansada, mas também extremamente surpresa por ver o garoto — O que aconteceu?
Por um momento, ele perdeu as palavras, com medo que viesse ver quem estava batendo na porta e fizesse uma gritaria no meio da rua.
— A esqueceu isso no barco — respondeu, tirando de sua mochila uma pelúcia de leão velha e cheia de remendos — disse que não vai a lugar nenhum sem e que não consegue dormir se não estiver com ele, então…
O coração da mulher se aqueceu a ver a pelúcia de infância da filha —principalmente por finalmente poder dormir, depois de sua primogênita ter feito ela procurar o leão pela casa inteira— e por saber que ela está rodeada de amigos que se importam.
Micaela agradeceu, se aproximando do garoto e lhe dando um abraço apertado. Ela o deu boa noite e Liam fez o mesmo, saindo da porta e olhando para a janela de , as luzes acesas mas sem sinal dela.
Chegando em sua casa, Liam caminhou até seu quarto, tomando um banho na velocidade da luz e indo direto para cama. Exausto, ele dormiu poucos segundos depois.

— Mas você consegue imaginar um mundo com insetos gigantes? — perguntou, no banco do passageiro, apertando as mãos nervosa com o cumprimento da lista, mas tentando se concentrar na conversa — Imagina formigas enormes?
— O mundo ia ser delas. Eu não ia aguentar uma revolta de nem um formigueiro sequer… — Louis disse, rindo.
Ele olhou para a garota, deixando uma das mãos no volante e a outra indo segurar a de , dando a ela um sorriso gentil. O mesmo que dava à irmã quando ela se sentia angustiada.
O coração da garota palpitava.
— Obrigada por hoje. — ela franziu o cenho, o que tinha feito? — pela música…
— Ah, não foi nada, eu só fiquei com vontade de ouvir algo… — riu sem graça, de repente, perdendo a noção de como se ter uma conversa.
— Okay então — Tomlinson respondeu — Obrigada por ter tido vontade e a feito.
Os dois sorriram um para o outro, Louis agradecido, em êxtase.
— Chegamos! — falou, de repente.
O garoto virou a chave, desligando o carro e chamando Horan para sair.
Fora do veículo, ambos estavam em um pátio que, sem as luzes dos postes, seria assustador. A menina o reconheceu como um dos parques da cidade.
Louis encarou a garota, chegando cada vez mais perto, fazendo o coração de bater cada vez mais rápido.
— 1, 2, 3, verde!
Ele disse, a tirando de seu transe, odiava aquele jogo, mas por Louis ela andaria em um caminho de objetos cortantes pegando fogo. Liam a chamava de dramática, Zayn a achava sentimental demais para o próprio bem. Ela não dizia o que sentia com frequência, mas sempre que sentia, o fazia ardentemente. Os dois começaram a correr, procurando por algo verde. No final dos trinta segundos, nenhum dos dois conseguiu encontrar.
— Nós dois perdemos, e agora?
— Agora nós dois falamos — Tomlinson sorriu para ela, oferecendo a mão para guiá-la até o carro. A menina ficou de boca aberta, duas confissões!?
Assim que Horan entrou, ele fechou a porta. Caminhando até o lugar do motorista e dando partida no carro.
— Você não precisa falar se não quiser. Tá tudo bem — sorriu, mesmo que mantivesse o olhar na rua.
— Eu odeio relógios. — confessou, vendo o rosto dele franzir — sabe o que dizem sobre a única constante ser a mudança? Relógios são a prova viva disso, é o mesmo o tempo todo e muda tudo ao mesmo tempo.
O garoto respirou fundo. Zayn havia pedido conselhos a Louis sobre a Horan uma vez. Sabia que ela só queria se sentir escutada.
— Essa é uma confissão bem melhor que a minha — Louis disse, fazendo-a sorrir. Ela ficou em silêncio, esperando ele contar — Eu assisto review de filmes e ‘finais explicados’ e conto como se tivesse assistido eles.
A garota começou a gargalhar e Louis quis embalar o som em um estojo para ouvir toda vez que ele estivesse no colégio e se perguntasse quando aproveitaria a vida.
Ele riu junto e os dois entraram em um ritmo de gargalhadas, até que ambos se silenciaram e ficaram se olhando.
— E o que nós vamos fazer aqui, Louis? — franziu o cenho, confusa. Encarando o lugar onde estavam.
Havia pouca luz e ninguém por perto.
— A diferença. — disse orgulhoso de si mesmo, saindo do carro e indo até o porta-malas.
O garoto caminhou até o gramado na frente do parque, em seus braços estava uma placa. correu até ele.
— O que você tá fazendo?! Louis, pelo amor dos deuses! Isso é invasão de propriedade! — reclamou, tentava manter sua voz em um sussurro, porém o nervosismo fazia subir algumas oitavas.
— Os fins justificam os meios… — ele sussurrou de volta, havia seriedade e felicidade em sua voz, suas palavras eram entrecortadas, estava tendo dificuldade em fixar o metal no chão.
— Lembre-se dessas palavras, você vai ter que falá-las pro juiz! — mexeu as pernas ansiosa, olhou para os arredores, tendo certeza que estavam sozinhos de novo e suspirou derrotada, caminhando até o garoto — vamos logo, eu te ajudo.
Com a força de quatro mãos, a placa não tardou a ficar firme e forte no chão.
Os dois deram passos para trás. Tomlinson de boca aberta, admirando seu feitio. de boca aberta, sem conseguir colocar em palavras sua descrença.
— Era essa placa mesmo que você queria?
— Sim. — ele sorriu orgulhoso, colocando o braço ao redor do pescoço da menina — perfeita, não é?
O garoto aproveitou a deixa para tirar uma selfie dos dois com a placa. Sem foto, sem história.
o encarou, com os nervos à flor da pele pela descarga de adrenalina e alívio seguidas.
Ela fez o que sempre fazia quando nervosa: começou a gargalhar.
Com sua risada alta, eles viram as luzes do clube ligarem, os dois se encararam, ambos com os olhos arregalados e como em uma concordância mútua, correram até o carro.

Niall cerrou os olhos, conseguindo ler o que a placa dizia, mas precisando checar novamente pois não queria acreditar que aquele foi o motivo de uma possível invasão à propriedade.
“Por favor, não largue bitucas de cigarro no chão. À noite, as galinhas vêm para fumá-las e estamos tentando fazê-las largar a nicotina.”
[X] Colocar uma placa

Capítulo 4 - [X] Fazer um flashback.

Zayn tinha sangue em seus sapatos.
Ele não conseguia respirar, a voz de parecia estar quilômetros longe. Ela nunca falava tanto, por que estava falando tanto?
Por que ele tinha sangue em seus sapatos?
— Zayn! — por que Alice estava ali? — Você precisa responder a gente!
— Ele está em choque, não vai adiantar — Conseguia ouvir Raena respirar fundo, soltando o ar pela sua boca.
As luzes estavam piscando, ele sentia um tecido incomodar suas coxas, sua calça estava rasgada, mas olhando para ela, Zayn só conseguiu se perguntar novamente:
Por que ele tinha sangue em seus sapatos?

10 horas antes
grunhiu com a claridade do sol em seu rosto, se remexendo na cama para pegar seu celular na cômoda.
Exceto que, desta vez, tudo que encontrou foi um corpo ao seu lado.
Ela rapidamente sentou na cama, observando seu redor e chegando a óbvia conclusão que não estava em casa. O quarto era totalmente azul e até meio infantil, com fotos de jogadores de futebol nas paredes e um tapete redondo preto e branco. Porém, sua maior preocupação não era o design, e sim o corpo ao seu lado.
Devagar, levantou a coberta.
— Puta merda — sua voz estava rouca, mas alta demais para ambos os ouvidos bêbados.
O garoto se mexeu na cama também, perturbado pela movimentação dos lençóis.
— O que foi?
Niall perguntou, apertando os olhos, confuso até encarar Devlin. Devlin só com roupas de baixo. Devlin em sua cama só c…
Ele olhou o ambiente, aquela definitivamente não era sua cama.
Sem precisar de mais palavras, a garota se levantou, começando a pegar as roupas dos dois e botar na cama. Ela agia com rapidez, já de calça colocadas, enquanto Horan estava ainda processando a informação.
— Você não acha que fizemos algo, não acha? — a garota perguntou, encarando Niall como se a possibilidade de dormir com ele novamente fosse mais terrível do que se jogar em uma fogueira.
— Isso seria tão ruim, sassenach?
parou de colocar a blusa, dura como uma estátua ao ouvir o antigo apelido. Era uma palavra vinda do gaélico escocês, significando estrangeiro (também tinha uma conotação negativa ao se referir aos ingleses). Horan ouviu sua mãe uma vez chamar a esposa assim, e o garoto a apelidou poucos dias antes de começarem a namorar, pela garota ter nascido na Inglaterra e por seu amor por Outlander.
A porta do quarto abriu, a maçaneta batendo na parede, fazendo os dois se assustarem. Salva pelo destino.
— Ai caralho! — O desconhecido gritou, olhando assustado para os dois — Quem são vocês?
Niall e se encararam, rapidamente se levantando e correndo para longe do garoto.
[X] Ficar tão bêbado que não se lembra de nada.

Karatê Shotokan era o tipo de esporte que fazia desde os onze anos de idade. Ele não exigia nenhuma arma na hora do combate, apenas seu corpo e mente e tinha o intuito de defesa pessoal.
estava no tatame, esperando a contagem de seu professor, ela o ouvia tanto que já havia decorado os números em japonês. Tendo sua faixa preta, os adversários e provas de faixa ficavam cada vez mais difíceis, sem contar sua busca pelo segundo dan, que realmente só aconteceria quando ela chegasse aos vinte anos de idade.
entendia pouco do esporte, havia feito aulas experimentais com , mas ela era uma medrosa e nunca conseguia terminar. Por que chegar perto de alguém que você sabe que vai para cima de você? A garota não entendia e cada vez que o sensei se aproximava, ela corria covardemente para fora da academia.
Adorava assistir a amiga, ao menos, cada vez que anotava um ponto para ela, gritava em comemoração até a garganta doer, seu instinto competitivo se ava até quando a competição não era dela.
A maneira de combatê da Capaldi era defesa e só então os golpes, principalmente os geri's —chutes. Mas ela tinha criado a si mesma a regra de fazer tudo de maneira esportiva, o que não só lhe deixava com a consciência limpa, mas também ganhava pontos pela técnica. Ela sempre se mantinha em estado de alerta, mesmo que tivesse que se segurar fortemente para não trocar olhares com .
De repente, viu Wallace levantar de sua cadeira, gritando orgulho. Sua mãe fez o mesmo, o que levou a garota a levantar e gritar também.
Após algumas fotos, se aproximou deles, rindo feliz com os pés gelados encostando no chão.
— O que foi isso, você ganhou? — perguntou baixinho, confusa, o que fez a melhor amiga gargalhar.
— Não é exatamente uma competição, mas sim — sorriu feliz, ela podia se vangloriar mas não era uma mentirosa, era uma das regras do dojo kun de qualquer maneira, a criação do caráter e a verdade, e ela pretendia levar para fora da academia também. — Podemos ir tomar sorvete?
— Você quer mesmo sair ou só quer desfilar com seu kimono? — Micaela perguntou, sorrindo alegre para a menina, que deu de ombros, rindo culpada.

— Liam é sério, eu preciso ver se funciona!
— E você vai fazer o que pra testar? Me jogar no chão?
Zayn suspirou frustrado, sua coma da internet finalmente havia chegado e ele insistia para o amigo usá-la. Tratava-se de um ajustador de coluna, feito especialmente para esportes, que Liam negava piamente, falando o tanto de proteção que o uniforme dava.
— Só guarda na sua bolsa então, não quero carregar nada…
Payne bufou, revirando os olhos para o amigo, mas fazendo seu pedido mesmo assim.
— Bom, eu também preciso ser sincero com você, liam… — os dois pararam, Zayn pegando a mão melhor amigo — eu não sei diferenciar os nomes das bananas.
O rosto sincero de Payne se fechou a um de tédio, soltando a mão do amigo e caminhando para fora do clube.
— Ei, olha quem tá ali! — Malik disse, apontando para as duas amigas reconhecíveis de longe. — Vamos lá, eu estava querendo um sorvete…
— Nem fudendo, a tá ali, cê não tá vendo?
As reclamações de Liam foram tarde demais, uma vez que sequer foram escutadas por seu amigo —que o arrastava pela mão até a entrada da sorveteria.
! — o moreno gritou, fazendo os quatro esperarem para entrar no estabelecimento.
Um grande coração estava na vitrine, com anúncio de promoção. O lugar era bastante rosa e branco, quase como o café do senhor Kingston, só que com menos flores e os livros aqui eram revistas.
— Zayn! — gritou de volta, mesmo que os dois garotos já estivessem em sua frente, fazendo seu pai rir.
— Estava no treino? — Liam perguntou, apontando para o kimono
— Não, essa é minha roupa casual — riu da própria piada, fazendo a encarar — era uma competição na verdade, e vocês?
— Voltando do treino… — Payne deu de ombros, bocejando — desculpe.
— Sem problemas, garoto — Micaela sorriu para o rapaz — Podemos entrar? acho que estamos atrapalhando um pouco a passagem.
A mulher riu, meigamente dando tapinhas nas costas de todos —inclusive de Wallace.
Os seis entraram, indo direto ao balcão. Wallace e pediram ambos sorvete de chocolate, a diferença é que a garota pediu o dobro de confeitos e o extra de calda. pediu um de morango e sua mãe um de pistache.
A dupla de melhores amigos se aproximou do caixa.
— hm… nós vamos querer a promoção de casal. — Zayn disse, olhando o cardápio, e Liam teve que segurar o riso na hora. — qual você quer, querido?
Malik se virou ao amigo, completamente sério, ele podia ser um ator.
— Vou querer o chocolate belga — respondeu com certeza, apontando para o sabor na folha plastificada e pegando a carteira — deixa que eu pago.
— Ah, você é tão meigo — Zayn sorriu sincero, mesmo em uma brincadeira, sua voz era carinhosa com o amigo.

encarava a tela do computador. Ela tinha um chá ao lado, uma vela acesa, alguns doces para comer na cômoda, seu caderno de anotações e nenhuma palavra adicionada ao documento…
Ela tinha tudo e ao mesmo tempo, nada preparado. Sabia onde queria que a história chegasse, mas seu cérebro parecia não entender como levar até lá.
“Nicholas Alligainster tinha certeza de que em outra vida tinha sido um ser com asas.
Para ele, essa era a única resposta para seu fascínio pelas aves. Acreditava que havia uma beleza incomum em observar aquelas criaturas, gostava de entendê-las e esta fora a principal razão para tê-las estudado durante seus anos em St. Andrews.
Isso não quer dizer que esperasse conseguir passar pela janela se batesse seus braços com a força necessária, mesmo que a oferta de sair voando do jantar fosse extremamente tentadora.
— Você não concorda, Nicholas? — sua mãe o encarou, erguendo as sobrancelhas sutilmente.
Bridget também lhe direcionou seu típico olhar de matriarca, aquele que indicava que ela sabia o que se passava na cabeça do filho. O que era um grande engano, Nicholas tinha plena certeza que a mulher ficaria deveras ofendida se soubesse.
Ele começou a falar, sempre sabia o que dizer, mesmo quando não havia realmente escutado. Tinha jeito com as palavras, costumava pensar que poderia ser um ótimo poeta, ao menos no tempo que possuía poder de decisão pela própria vida.
Mas ali estava o futuro…
Não, futuro não. Isso era algo além, uma probabilidade, uma situação com chance de mudança.
Ele já exercia suas obrigações, já possuía deveres e recatos a seguir. O que se passava era o presente.
Nicholas Alligainster já era o conde de Pembrokeshire.
— Concordo. Como poderia não compartilhar uma opinião com a senhora, mamãe? — sorriu galante para a mulher.
— Então, está feito. — Bridget retribuiu o sorriso, feliz.
Normalmente isso não seria um problema para Nicholas, contudo, nos últimos meses, os dois raramente entravam em consenso em decisões importantes.
O que significava que ele havia concordado com algo que não teria-o agradado se estivesse prestando atenção na conversa.
— Será um prazer recebê-lo na Inglaterra, Nicholas. — disse Abigail, mãe de Madeleine, a esposa de seu irmão mais novo.
O homem fingiu um sorriso, murmurando algo em concordância e voltando sua atenção para a carne em seu prato. Era um peixe muito triste, entretanto uma opção muito melhor do que comer o pombo.
Se perguntou se o irmão notaria caso rejeitasse as duas opções servidas, não queria parecer um ingrato.
— A temporada começará no próximo mês, não seria esplêndido a família firmar dois casamentos neste ano? — Bridget comentou para ninguém em específico, o fato de Victor ser o caçula e o recém-casado proporcionou uma brecha ainda maior para a mulher colocar pressão em cima do —também recente— conde.
Encarou a mãe. Nicholas estava enganado, ela sabia exatamente o que se passava na cabeça dele.
Não que odiasse a ideia de passar um tempo na Inglaterra. Apesar de ter passado a maioria de seus anos escolares na Escócia, tal situação não gerou antipatia pelos ingleses; diferente do que todos eles acreditavam.”
Era isso o que tinha para seu novo livro. Um prólogo; e isto a frustrava amargamente, que tipo de autora não escreve? É só isso que basta para entrar no termo: escrever.
E ela passava o tempo todo fazendo qualquer coisa menos isso, ela chorava pelo bloqueio, passava horas olhando para o teto e pensando no próximo parágrafo sem nunca colocar a mão na massa. Ou no teclado, nesse caso.
— Hey, — a voz de a tirou de seu transe, fazendo-a franzir o cenho, era comum ter em sua casa, mas incomum em seu quarto — Lou pediu para te chamar, ele quer completar outro item da lista.
As duas desceram as escadas e pegaram um táxi até o hospital mais próximo.
Os três adolescentes estavam sentados na sala de retirada, tinha sido a primeira a doar seu sangue e agora estava na cadeira sendo furada.
— Está tudo bem, tommo? — Devlin perguntou, vendo o quão pálido Tomlinson estava.
— É que eu tenho medo de agulha ahn — Louis disse, as palavras emboladas, como se estivesse bêbado.
[X] Doar sangue.

— Anthony Bridgerton nunca faria isso — comentou, imaginando o visconde sendo tão terrível quanto o garoto que descrevia.
— Bom… ele vive em uma sociedade patriarcal e extremamente misógina, ele provavelmente faria.
— Eu posso torná-lo melhor — Capaldi brincou.
— Eu posso torná-lo pior da cabeça — Chastain disse, fazendo as duas garotas a olharem e rir.
— Ele é imaginário… — Niall comentou, chegando com os lanches — Por que não focam nos reais ali no rinque?
— Porque eles não são senhores ricos que vão chamar nossa família de pobre — falou, fazendo seu irmão franzir o cenho.
Oh, Mr. Darcy! fingiu se abanar, rindo com a Horan.
— Vocês são doidas — Niall disse, acompanhando-as nas risadas, se sentando no meio de e da irmã. — Cadê o resto da galera?
— Quem liga? Tomara que não venham… — falou, imaginando o terror que seria acompanhar a partida com Harry perto.
— Seu irmão está incluso na “galera”.
— Meu irmão tem um gosto terrível…
— voltando ao lado interessante, nós devíamos fazer um baile desse! De época! — sugeriu, fazendo se remexer em seu lugar para ouvi-la, animada com a proposta.
— Podíamos usar sobrenomes fictícios! — adicionou, pensando em qual obra iria se basear.
— Eu sou Bridgerton! — levantou a mão, não estava dentro da conversa e nem tinha certeza se o evento iria mesmo acontecer, mas precisava garantir seu sobrenome. Ouviu grunhidos das outras.
— Podem ser sobrenomes reais? — questionou, mesmo sendo quem sugeriu a festa — Eu quero ser uma francesa de Versailles.
— Precisa ser fictício, , é a regra. — decidiu, fazendo a garota dar de ombros e respirar fundo pensando em outro nome.
— Eu sou uma Featherington então. Featherington… Fica bom, sou pobre e bonita. Mas eu quero um vestido bonito, essa é minha condição.
— você quem decide Lady Whistledown… — chegou a tempo de brincar com , Harry e Louis ao seu lado. Zayn atrás deles.
— Esse pode ser o convite! — se aproximou da roda, estando sentada na terceira fileira e teve que se apoiar em algo para não cair (que acabou sendo o ombro de Louis), o garoto sorriu, sentando-se ao lado dela, e Horan teve de olhar para outro ponto, caso qualquer resquício de vergonha aparecesse.
— Posso ser Darcy? — Niall entrou na conversa.
— Quem disse que vamos convidar os homens? — fez uma pergunta retórica, encarando o melhor amigo — eu deixo você ser nosso serviçal…
Horan revirou seus olhos, rindo da garota.
— Liam deveria ser Darcy de qualquer maneira — Horan deu de ombros, comendo as batatas fritas da irmã — ele que é o rico do condado.
— Nós seremos Smythe-Smith, Nini! — falou empolgada, já imaginava como costuraria seu vestido.
— Ótimo, porque você e farão nossos vestidos.
— Não lembro de ter concordado nisso — brincou, cruzando o dedinho com a futura colega de trabalho.
— Se você concordar, pode ser uma Finch.
— Ninguém escolheu Bennet? — Devlin questionou, surpresa e ultrajada com seu lindo orgulho e preconceito — sou eu!
— Tudo bem por mim, eu vou de Alligainster! — Louis comentou, vendo a irmã sorrir boba para ele.
— Agora decidimos que os garotos vão participar? — mexeu as sobrancelhas olhando para que reclamou baixinho.
— Eles vão entrar! — Malik trouxe a atenção de volta ao motivo de terem ido até o rinque.
Os anúncios tocaram nos sons ao redor do rinque, a plateia de ambos os times começando a gritar e bater o pé no chão enquanto doze garotos entravam no gelo.
Liam era um dos atacantes, seu número sendo o 7.
O jogo já começou acirrado, os times animados para o primeiro jogo da pré-temporada, querendo se provar no caso de olheiros.
Payne deslizava pelo rinque, e perto de pegar o disco, deslizou com força demais caindo no gelo, o que fez , a garota mais quieta que conheciam, dar um grito que silenciou a plateia.
Ela quis abrir um buraco no chão e apodrecer lá.
Ainda mais quando Lee se levantou rapidamente, correndo de volta até o disco.

No terceiro e último período um dos garotos bateu o taco no gelo, avançando na direção de Liam que tinha o disco de borracha. apertou forte a mão de Niall, chegando a ficar assustada em como eles conseguiam ser violentos no esporte. Chegava a ter dó do goleiro, não importa o quão equipado estivesse.
Um dos companheiros de Lee ergueu a mão, pedindo pelo disco e, ao recebê-lo, jogou na direção do gol.
Era uma vitória para o time da casa.
Os jogadores deram seus cumprimentos finais, Liam sendo o último da fila e indo até o lado que seus amigos estavam, a música de vitória era Dreams, de Fleetwood Mac, o garoto começou a dançar uma coreografia que fez algumas noites atrás, tendo certeza da vitória de sua equipe.
Ao rodar, tentando imitar uma das piruetas que dava em sala, Liam esqueceu que o gelo não era como o piso de madeira de sua academia de dança. Ele conseguiu finalizar o salto, mas as pernas tremendo um pouco em sua descida. Riu da ação, fazendo graça para a plateia.
Até que sua visão começou a ficar desfocada, e perto de sair do rinque, Liam desmaiou no gelo, batendo sua cabeça. O branco do chão ao seu redor tornou-se vermelho.
O estádio ficou em silêncio e, dessa vez, não conseguiu gritar.
Zayn levantou de supetão, empurrando todos que estavam em sua frente —inclusive os seguranças— e entrou no rinque, indo até o amigo e o segurando em seus braços.
Rapidamente, a mãe de Niall e saiu de seu lugar longe das crianças, com a intenção de lhes dar privacidade para conversar, e andou até eles.
— A gente tava escutando Fleetwood Mac, ele tava dançando essa música porque eu pedi, eu pedi, mãe, eu que pedi… — caiu no choro, juntamente com , que apertava a mão da amiga com força. As duas eram companheiras de plateia no ringue, estavam em todos os treinos possíveis assistindo e Liam, o treinador até as liberou para assistir às aulas exclusivas! Ver aquela cena era como ter a garganta cortada com o patins.
— Calma, vai dar tudo certo, ele vai ficar bem queridas… — Alice abraçava as duas, tentando não demonstrar o medo que sentia.
Ela amava ser mãe, amava suas crianças mais que tudo. Gostava do trabalho, de sair e ter amigos, ter sua individualidade, mas não conseguia replicar o sentimento que tinha a abraçar suas crianças —que eram várias, contando com todos os amigos de e Niall.
Liam era uma delas. Pelos céus, ela o teria dado seu sobrenome se pudesse, já tinha arrumado uma cama confortável para ele em sua casa, sabia que a condição de sua família não era nada comparada à de Payne, mas de que adianta morar em uma casa quando se pode ter um lar? Alice o amava como sua criança, e, por essa razão, apertava os olhos ao invés de encarar a cena como o resto dos curiosos da plateia.

Sentada ao lado de Zayn que estava parado como uma estátua, rezava baixinho, prometendo a Apollo oferendas, suplicando a ele e seu filho que cuidassem de seu melhor amigo. repetia que Liam iria se curar, falava três vezes e então, apertava seu dedão. O padrão se repetia, ela o faria quantas vezes fosse necessário. tinha vários papéis que roubou da recepção, começando a fazer cisnes de origamis. O choro de era silencioso, mas lágrimas escorriam até seu queixo, que estava ao lado do irmão, que tinha ela em um braço e em outro.
e Harry estavam em silêncio, não conseguiam falar nada pois suas mentes estavam travadas, congeladas. Devlin apertou os olhos ao pensar na palavra, que merda de coincidência.
Todos voltaram às suas consciências quando uma das mães Horan chegou na sala. O zumbido de perguntas era tão grande que ela mal conseguia pensar.
Raena era a enfermeira chefe do hospital, o que facilitava para ela fazer companhia a Payne. e Zayn entraram na sala, juntamente com Alice, que estava com as mãos nas costas dos dois, com medo de que se perdessem seu suporte, os dois iriam cair no chão —e não teriam vontade de se levantar.
— vai ficar tudo bem… — a mulher sussurrou.
Os outros sete adolescentes continuaram sentados na sala de espera, um corredor verde demais para a opinião de . Ela se sentia esgotada, Louis estava do seu lado e estava abraçando-a, enquanto encarava o chão.
— O que aconteceu essa manhã?
Ele recebeu só um grunhido como resposta, entendendo que aquela não era hora de conversar com . Louis então virou para a irmã, vendo-a riscar outra página de seu caderno de escrita.
— Sério agora, … você já tentou escrever?
— É a única coisa que eu ando tentando fazer, porra
— Não, você está tentando fazer a obra perfeita. Pensando que qualidade é melhor que quantidade, porém quanto mais tempo você pensa, menos tempo você passa treinando… escreve cinco parágrafos e talvez um seja o perfeito. Só…escreva.
olhou para o irmão, confusa de onde ele tirou tanto conselho, porém não foi capaz de falar nada, sendo interrompida por correndo até eles:
— Ele não bateu a cabeça!
Os oito seguiram até o quarto de Liam, em passos pequenos —com exceção de — medrosos pelo que podiam ver caso chegassem lá.
Estaria Liam em coma? Com milhares de tubos em si?
— É uma festa surpresa?
Payne perguntou, sentado em sua cama enquanto comia o pudim de iogurte que eles lhe deram depois de fazer os pontos em sua cabeça.
— Que porra que aco… — teve sua boca tapada por , que sorria sem graça para as mães Horan.
— Você tá bem? — franziu o cenho, chegando perto da cama
— Meu deus, vocês parecem decepcionados com isso.
— Foi uma queda do caralho, Payne! — Chastain segurava (prendia) as duas mãos de entre as suas, os palavrões vindo aos montes pelo seu nervosismo, ela sabia como uma queda no gelo podia acabar com tudo.
— Apesar de eu não usar essas palavras, foi mesmo, — Reyna disse, passando a mão no ombro do garoto machucado — Liam desmaiou por exaustão.
— Claro que desmaiou, ele não descansa — disse, fazendo todos os adolescentes a olharem. Ela estava furiosa, se perguntando como ele não podia descansar, aquilo a fazia querer gritar, socar a parede e abraçar Liam tão forte. Certo, o que ela queria realmente era chorar, mas pensava que raiva era uma emoção mais bem vista que o choro.
— Agora não, filha. — Alice a repreendeu e Zayn apertou sua mão, uma confirmação silenciosa que ele entendia o sentimento.
— E então? O que acontece agora? Quanto tempo ele fica aqui? — Harry perguntou.
— Duas horas em observação; caso ele sinta tontura, aí é outra questão… — Reyna respondeu, sorrindo para as crianças — Vou voltar para meu turno, vocês se cuidem, hm?
— Como está se sentindo, Lee? — Niall chegou perto do amigo.
— Eu tô bem, um pouco estressado, mas bem — deu de ombros.
— Eles falaram algo do hóquei?
— Não exatamente — mexeu em seus dedos, tentando não olhar para os colegas — eu vou ter que escolher entre os esportes, não posso continuar com todos…
As pessoas na sala ficaram em silêncio, se aproximou do amigo, apertando seu ombro e sorrindo.
— Caralho Liam, você deu um puta susto na gente, se queria atenção era só abaixar as calças — falou, e pela reclamação ele foi grato, pelo menos uma coisa permanecia a mesma.

se apoiou em seus cotovelos, vendo Liam e Zayn dormindo em sua cama. Tendo certeza que os dois estavam tranquilos e cobertos, desceu até a cozinha.
— Sem sono? — viu seu irmão sentado na ilha da cozinha, um copo d'água e um caderno em suas mãos.
— Pensando demais. — deu de ombros, respirando fundo e chegando perto da geladeira, em busca de água também — você?
— O mesmo…
Os dois irmãos se encararam, sabendo que havia muito mais a ser dito. e Niall eram pólos opostos, mas com algumas similaridades, como o amor pelos astros, a coleção de photocards e a sinceridade que chegava no meio da noite.
— Três libras pelos seus pensamentos.
O garoto olhou para , rindo descrente por sua tática de adivinhar o que havia atrás de seus olhos.
— Eu ainda sou apaixonado pela . — confessou, soltando sua respiração, quanto tempo havia esperado para dizer isso a alguém? — Toda vez que ela chega perto de mim é como se eu fosse colocado em chamas, , como se a faísca da primeira vez que a vi voltasse ainda maior e me fizesse entrar em curto circuito. As pontas dos meus dedos formigam e as borboletas viram avestruzes — ele riu do que falou — só um louco faria esse tipo de comparação, não é? Me diga que não estou louco por amá-la há tanto tempo.
A garota sorriu, chegando perto do irmão, abraçando-o forte e sentando-se ao lado dele.
— Se você está louco, então estamos juntos. — respondeu, colocando a cabeça em seu ombro — Eu entraria no labirinto de creta por ele.
não precisou citar nomes, Niall a entendia —e mais do que isso, ele a enxergava.




Continua...



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