Capítulo Único
Era tarde, estava cansada de passar o dia inteiro na biblioteca, para fugir dos seus amigos tentando arrastá-la para uma festa. O celular apita, uma mensagem de texto.
“, você deveria vir com a gente! Sai um pouco, se diverte, não adianta ficar o dia inteiro lendo livros e não viver a própria vida”
Ela virou os olhos, ela era apenas uma pessoa introvertida, preferia ficar na dela. Assim que chegou à frente da biblioteca, tropeçou em um livro grosso e antigo, que estava no chão, se abaixou para pegá-lo e se virou para devolvê-lo à biblioteca, que estava fechada. Ela entregaria no dia seguinte, ela sabia que retornaria, apenas o colocou na bolsa e caminhou até sua casa. Olhando as luzes da cidade percebia que era uma admiradora da vida, por mais monótona e pacata que a dela fosse, ela se via como uma pessoa com uma vida não muito interessante, mas apreciava o mundo ao seu redor. Se sentia triste pelo livro que havia sido jogado na rua, ela pensava que cada livro que carregava uma história, tinha sentimentos. O que ele fez de errado? Provavelmente ele carrega uma linda história, só porque ficou velho tem que ser jogado fora? Chegando em casa, ela tirou o livro da bolsa e deixou sobre a escrivaninha na sala, fez um carinho no gato e foi tomar uma ducha quente. Preparou um café e se sentou para ler aquele livro, com letras douradas escrito “Our Time”. Era uma escrita antiga, ela não conseguia decifrar bem de que época era. A história era aparentemente um romance, ela devoraria aquele livro em um dia. A história era sobre uma garota que conseguia fazer coisas incríveis, e na primeira linha estava escrito “leia em voz alta”.
— Nosso tempo é agora. — Ela leu aquela frase em voz alta como recomendado pelo livro, e quando se deu conta ela estava em um lugar estranho, com o livro em mãos. Na linha a seguir estava escrito: “Para voltar leia em voz alta: o tempo acabou. O tempo irá acabar, quando as letras pararem de brilhar.” — Que droga é essa?
— ! — Disse uma mulher com um vestido rodado. — O que uma dama como está fazendo sozinha parada perto dessa multidão de homens? — Ela olhou ao redor e todos se vestiam estranho, ela teria voltado no tempo? — !
— Perdão? Está falando comigo?
— Existe outra aqui?
— Meu nome é … — Ela foi interrompida.
— Não! Seu nome é , eu que te dei esse nome! , você está delirando? — Ela colocou a mão sobre o rosto da menina para verificar se estava com febre.
— Em que ano estamos?
— 1950, ! O que há com você hoje? Você prometeu que ajudaria sua irmã com as roupas, vamos! — Ela não entendia o que estava acontecendo, apenas seguiu a mulher.
— ! — Gritou um homem de mais ou menos a sua idade.
— , deixe-a em paz! , não é bom ser vista por aí com ele. — Disse a mulher, o homem pareceu cabisbaixo escutando aquilo.
— E por que não? Acho que a senhora pode ajudar minha irmã com as roupas, eu vou ouvir o que ele tem a dizer! — A mulher se espantou. — Pode ir na frente.
— Seu pai vai saber disso! — Disse a mulher antes de sair.
— … — Disse o homem, sorrindo. — Obrigado, mas sua mãe está certa.
— Seu nome é , certo? — Ele fez uma cara confusa, mas assentiu. — O que você fez de tão errado?
— Eu não fiz nada… — Ele abaixou a cabeça. — Costumávamos ser amigos quando crianças, mas desde que Henry se mudou para cá, seus pais nos afastam. Talvez por ele ter dinheiro e eu não… Você não se lembra?
— Isso é horrível, ! — Ela não sabia fingir ser outra pessoa sem saber a história. — Essa é a história de outra pessoa… — Sussurrou ela.
— O que?
— Nada! E então, o que você queria comigo?
— O mesmo de todos os dias. — Ele riu fraco. — Eu continuo insistindo, e que bom que continuei, eu sabia que você se lembraria, e que eu conseguiria buscar isso dentro de você. — Ela apenas sorriu, não queria chatear o garoto, então fingiu que sabia do que ele estava falando. — Vamos? — Ela assentiu, e seguiu o homem, mesmo sem saber para onde estava indo. Eles foram nas margens de um rio, ele se sentou e ela imitou suas ações.
— Lindo. — Disse ela observando a paisagem.
— Vínhamos aqui sempre antes do Henry aparecer… — Ele abaixou a cabeça. — Você não se lembra?
— Sim, eu me lembro. — Mentiu. — O que esse Henry tem de tão especial?
— Dinheiro. — Ele pegou uma pedra e jogou no rio. — Ele pode te dar um futuro, de alguma forma ele comprou seus pais e pretende comprar você.
— Como se eu estivesse à venda. — Ela pegou uma pedra e lançou no rio com raiva. — Eu posso me dar um bom futuro.
— Então não desista, eu acredito em você, você pode fazer isso a cada dia.
— O que?
— Se dar um bom futuro. — Ele sorriu, fazendo-a sorrir. — Eu sabia que você ainda estava aí, diamantes não se transformam em pó ou desaparecem.
— E eu sou um diamante?
— Para mim, sim, você sempre foi e sempre será. — Ela sorriu. — Acho melhor voltarmos, antes que seu pai comece a gostar menos ainda de mim. — Ele se levantou e deu a mão para a garota se levantar.
— Foi ótimo te ver, . — Disse ela e ele sorriu. Eles conversaram até chegarem à casa da garota, era muito injusto o que aquela família estava fazendo com os dois.
— Bom, eu não sei quando vamos poder nos ver de novo… — Ele tirou um papel do bolso. — Esse é o telefone que você pode me ligar, e se não me encontrar, pode deixar um recado que ouço depois! É de lá do trabalho, tem essas coisas chiques que só rico tem. — Ela riu, secretária eletrônica era apenas para rico ainda.
— Você consegue gravar um recado com a sua voz nela? — Ele assentiu.
— Eu falei “Oi, aqui é o ”. — Ela riu da cara engraçada que ele fez.
— Ligarei, ! Obrigada por ter me acompanhado até aqui! — Eles sorriram, quando a porta se abriu.
— , entre! — Ordenou um homem alto e careca, que aparentava ter uns 50 anos.
— Tchau, ! — Disse ela, antes de entrar em casa, quando entrou foi segurada pelo braço.
— O que pensa que está fazendo saindo por aí com esse ? — Perguntou o homem em um tom autoritário.
— Ele é meu amigo… — Ela foi interrompida.
— Henry não gostaria nada de saber que você está andando com um pé rapado como o .
— Eu não me importo com o que esse homem gosta ou não, eu me importo com o que eu gosto. — Disse, dando ênfase no “eu”. — Acho muito feio isso que o senhor está fazendo, tentar vender a própria filha! Estamos nos anos 50, ou voltamos mais alguns anos e eu não percebi? — Ele levantou a mão para ela.
— Querido, não!!! — Disse a mulher de mais cedo, assustada.
— Você tem sorte da sua mãe te proteger, mas você vai ficar trancada em casa por uma semana para aprender a não me desrespeitar! — Disse ele, virando de costas.
— Eu tenho 24 anos, não sou uma criança para ficar de castigo, tenho o direito de ir e vir!
— Não enquanto você morar debaixo do meu teto e comer da comida que eu pago! — Essas foram as últimas palavras que ela ouviu do homem.
Se passaram 3 dias desde que o castigo começou, e ela sempre ligava para quando não tinha ninguém por perto.
— Eu sinto muito por ter te colocado em problemas. — Disse ele.
— Eu já te disse milhões de vezes que está tudo bem! E não é assim que essa história deve ser escrita, eu não vou ficar aqui por muito tempo.
— Para onde você vai?
— Eu não sei, eu precisaria de um emprego.
— Bom, isso vai ser difícil!
— Sério? Não tem nenhum jornal onde eu possa escrever matérias?
— Tem sim, mas eles não irão aceitar mulheres trabalhando lá… — Ele fez uma pausa — Talvez apenas para servir café.
— Onde eu consigo trabalhar?
— ! — Ele falou mais alto. — Você não precisa passar por isso!
— Eu não quero ser prisioneira na minha própria casa e muito menos ser vendida. — Ele suspirou ao ouvir a garota.
— Talvez você possa ajudar a Senhora Campbell com as costuras, eu posso ver isso para você, até posso te conseguir um lugar para ficar.
— Seria ótimo, ! — Ela ouviu um barulho de porta abrindo. — Eu te ligo depois, obrigada pela ajuda. — Ela desligou o telefone e pegou um livro para fingir que estava lendo, aquela não era a história dela, mas ela não podia permitir que aquela fosse a história de e .
Dois dias depois, ela ligou para , que garantiu que ela teria para onde ir e que a Sra. Campbell estava precisando mesmo de uma ajudante. Então ela arrumou as malas e foi encontrá-lo nas margens do rio onde se viram no outro dia.
— Você vai mesmo fazer isso? — Perguntou ele.
— Sim! — Ela sorriu. — Eu não sou uma peça para ser vendida, e muito menos uma criminosa para ficar presa em minha própria casa, eu sou uma mulher livre para escolher o que eu quero para a minha vida! — Ele sorriu ao escutar aquilo.
— Você está mudada, fico feliz! — Eles sorriram. — O lugar que você tem para ficar não é uma casa boa como a sua, eu consegui arrumar um quarto na minha casa, esses dois dias eu estava ajeitando para você. Não é muito, mas pelo menos você não precisa se preocupar em pagar as contas.
— , eu não vou ficar de favor na sua casa sem te ajudar!
— , não se preocupe, você já fez muito por mim. — Eles sorriram. — Como você acha que seu pai vai reagir quando perceber?
— Eu não sei. — Ela riu. — Mas provavelmente ele não irá ficar muito contente. — Ela não se importava, estava decidida que iria reescrever aquela história, se ela estava ali era por um motivo, mas ela havia se esquecido totalmente do livro e já faziam quase 7 dias que ela estava ali.
— Eu irei te apoiar, como sempre. — Ele sorriu, e pegou as malas dela, enquanto ela o seguia, ela entendia que aquela não era a história de Henry e e sim de e , ela soube disso desde o primeiro dia ali, ela que era uma apreciadora de todos os tipos de livro, entendia como as histórias deveriam ser. Mas não sabia que algumas histórias, mesmo sendo reescritas, acabam tendo o mesmo final.
Ela não sabia como “seu pai” estava se sentindo em relação à tudo, mas trabalhava arduamente costurando para conseguir se manter. Era o máximo que ela conseguiria, sua faculdade de jornalismo não seria útil nos anos 50. Ela gostava da visão que mostrava à ela do mundo, o quanto ele era feliz com coisas simples, e fazia sentir feliz também. Ela não sabia que aquela felicidade que ela estava começando a sentir, acabaria em breve. Henry havia chegado à cidade e fora até sua casa para levar flores à futura esposa, e descobriu que ela estava morando com . Ele ficou furioso e jurou que tomaria uma providência, já que os próprios pais da garota não conseguiam. Ela, por outro lado, vivia os melhores momentos que poderia, considerando sua vida incrivelmente parada, aquilo tudo era sensacional.
— ? — Ela escutava a voz de a chamando, e correu em sua direção. — Ah, você está aí! Eu trouxe um bolo para comermos após o jantar.
— Ah, que ótimo! — Ela sorriu, segurando o bolo, quando se virou para levá-lo até a cozinha, foi interrompida.
— ?
— Huh? — Respondeu ela, ainda de costas.
— Você está se sentindo do mesmo jeito que eu estou me sentindo? — Ela congelou. — Na verdade, eu sempre me senti assim. Desde que éramos crianças, você e eu, eu tinha certeza que ficaríamos juntos… — Ele suspirou. — A vida quase não permitiu que isso acontecesse, mas acredito que estávamos destinados, já que hoje estamos aqui.
— eu… — Ele segurou a mão dela, pegando o bolo e colocando sobre a mesa de centro da sala.
— Quero que seja sincera, ! — Ela não sabia como realmente se sentia, aquela não era a história dela e tinha medo de voltar e magoar o coração do . Então ela tomou uma decisão, ela seria a do e diria como ela realmente se sentia.
— Eu sinto… — Ele a encarou. — Eu não sei se é o mesmo que você, mas eu gosto de você! Você me faz sentir felicidade nas coisas simples, me motiva, me apoia e me faz sentir segura. Quanto ao que vivemos antes, acredito que tudo isso tenha influenciado nossos sentimentos hoje. — Mentiu, não sobre os sentimentos, mas ela não sabia o que havia acontecido antes. — Essa é a nossa história, podemos escrevê-la juntos. — Ele sorriu e a abraçou, muito forte. Eles passaram o restante do dia conversando sobre diversas coisas, e se deitaram, escutando música. Ele a encarou e sorriu, fazendo-a sorrir.
— Essa é a minha música favorita. — Disse ele, ela apenas sorriu. Ele colocou a mão no seu rosto e virou para ele, ela sorriu de novo, e sentiu os lábios do garoto tocando nos seus, apenas fechou os olhos e sentiu aquele momento. Abraçados, ali onde era o seu lugar, eles adormeceram. Acordaram assustados, com batidas fortes na porta.
— Deve ser o meu pai. — Disse ela.
— Eu irei conversar com ele! — se levantou e foi atender a porta, ela ouviu barulhos altos de pessoas gritando e correu para ver o que era.
— ! — Foi a última coisa que ela o ouviu dizer, antes de ser levado por homens desconhecidos, ela viu o quanto ele lutava, e correu atrás dele.
— POR QUE ESTÃO FAZENDO ISSO??? SOLTEM-NO!!! — Ela gritava, mas eles não soltavam, ela foi segurada por um homem.
— , não se preocupe, ele terá o tratamento que merece!
— Quem é você??? — Perguntou ela.
— Não se lembra do seu noivo? Sou eu, Henry! — Tudo fazia sentido agora, ela escutou barulhos de tiro e caiu no chão.
— NÃO!!! ESSE NÃO PODE SER O FINAL DA NOSSA HISTÓRIA, NÃO!!! — Ela gritava, e gritava o nome do rapaz, enquanto chorava e sentia uma dor enorme tomar conta de sua garganta. Ela correu para dentro da casa e procurou o livro. As letras estavam apagadas, não eram mais douradas. Ela caiu num profundo abismo, se jogou aos pés da cama e chorou.
Uma semana se passou, desde o acontecido, e ela estava presa ali. Teria que se casar com Henry, e foi quando ela descobriu que pessoas com dinheiro não podem ter histórias reescritas. Ela pegou o livro, e somente a primeira página tinham coisas escritas. Ela se sentou, e começou a escrever nele, lendo em voz alta.
— Faz exatamente um menino desde que te liguei, apenas para ouvir a sua secretária eletrônica. Sim, eu sei que você não vai receber, mas eu vou deixar uma mensagem, então não estarei sozinha. Hoje de manhã eu acordei ainda sonhando, com lembranças passando na minha cabeça… — Ela suspirou e enxugou uma lágrima. — No dia que eles te levaram, eu queria que fosse eu no seu lugar! — Ela se lembrava daquele dia horrível. — Mas… Uma vez você me disse “não desista, você pode fazer isso a cada dia. Diamantes não se transformam em pó ou desaparecem.” Então eu vou te manter, dia e noite aqui, até o dia em que eu morrer! Estarei vivendo uma vida para nós dois, eu serei o melhor de mim e sempre manterei você comigo! Mesmo quando eu estiver só, eu sei que não vou estar sozinha. Eu sei que você vai estar olhando para mim, aqui embaixo. Juro que te deixarei orgulhoso, viverei uma vida para nós dois. Eu prometi a você que faria isso, então tudo isso, é tudo para você! Eu juro por Deus que você está vivendo através de tudo que eu fizer! — Após terminar de escrever, ela derramou uma lágrima sobre o livro, e todas as letras começaram a brilhar, e de repente, ela estava em seu apartamento de novo.
Ela estava confusa sobre como teria retornado, pegou seu celular e haviam milhares de mensagens.
“, dessa vez você passou dos limites! Estamos te esperando no café do outro lado da rua.” Essa última mensagem fazia 10 minutos que fora recebida, ela deu de ombros e foi encontrar os amigos no café, assim que atravessou a rua, esbarrou em um homem.
— Me desculpe! — Disse ele, ela parou.
— Eu que tenho que pedir desculpas. — Quando ela olhou em seu rosto, ela não podia acreditar no que estava vendo, aquele era . — Você… — Disse ela, olhando em seus olhos, ele a olhava como se a conhecesse.
— Você também sente que me conhece de algum lugar? — Perguntou ele, e ela continuou imóvel. — Eu me chamo , e você?
— M-me chamo ! — Respondeu.
— Estranho, , parece que eu te conheço. — Ele riu. — Mas tenho certeza que nunca te vi antes. Será que nos conhecemos de outra vida?
— Acredito que sim. — Ela sorriu, e ele retribuiu o sorriso. Aquela história seria reescrita, ali, em 2020.
“, você deveria vir com a gente! Sai um pouco, se diverte, não adianta ficar o dia inteiro lendo livros e não viver a própria vida”
Ela virou os olhos, ela era apenas uma pessoa introvertida, preferia ficar na dela. Assim que chegou à frente da biblioteca, tropeçou em um livro grosso e antigo, que estava no chão, se abaixou para pegá-lo e se virou para devolvê-lo à biblioteca, que estava fechada. Ela entregaria no dia seguinte, ela sabia que retornaria, apenas o colocou na bolsa e caminhou até sua casa. Olhando as luzes da cidade percebia que era uma admiradora da vida, por mais monótona e pacata que a dela fosse, ela se via como uma pessoa com uma vida não muito interessante, mas apreciava o mundo ao seu redor. Se sentia triste pelo livro que havia sido jogado na rua, ela pensava que cada livro que carregava uma história, tinha sentimentos. O que ele fez de errado? Provavelmente ele carrega uma linda história, só porque ficou velho tem que ser jogado fora? Chegando em casa, ela tirou o livro da bolsa e deixou sobre a escrivaninha na sala, fez um carinho no gato e foi tomar uma ducha quente. Preparou um café e se sentou para ler aquele livro, com letras douradas escrito “Our Time”. Era uma escrita antiga, ela não conseguia decifrar bem de que época era. A história era aparentemente um romance, ela devoraria aquele livro em um dia. A história era sobre uma garota que conseguia fazer coisas incríveis, e na primeira linha estava escrito “leia em voz alta”.
— Nosso tempo é agora. — Ela leu aquela frase em voz alta como recomendado pelo livro, e quando se deu conta ela estava em um lugar estranho, com o livro em mãos. Na linha a seguir estava escrito: “Para voltar leia em voz alta: o tempo acabou. O tempo irá acabar, quando as letras pararem de brilhar.” — Que droga é essa?
— ! — Disse uma mulher com um vestido rodado. — O que uma dama como está fazendo sozinha parada perto dessa multidão de homens? — Ela olhou ao redor e todos se vestiam estranho, ela teria voltado no tempo? — !
— Perdão? Está falando comigo?
— Existe outra aqui?
— Meu nome é … — Ela foi interrompida.
— Não! Seu nome é , eu que te dei esse nome! , você está delirando? — Ela colocou a mão sobre o rosto da menina para verificar se estava com febre.
— Em que ano estamos?
— 1950, ! O que há com você hoje? Você prometeu que ajudaria sua irmã com as roupas, vamos! — Ela não entendia o que estava acontecendo, apenas seguiu a mulher.
— ! — Gritou um homem de mais ou menos a sua idade.
— , deixe-a em paz! , não é bom ser vista por aí com ele. — Disse a mulher, o homem pareceu cabisbaixo escutando aquilo.
— E por que não? Acho que a senhora pode ajudar minha irmã com as roupas, eu vou ouvir o que ele tem a dizer! — A mulher se espantou. — Pode ir na frente.
— Seu pai vai saber disso! — Disse a mulher antes de sair.
— … — Disse o homem, sorrindo. — Obrigado, mas sua mãe está certa.
— Seu nome é , certo? — Ele fez uma cara confusa, mas assentiu. — O que você fez de tão errado?
— Eu não fiz nada… — Ele abaixou a cabeça. — Costumávamos ser amigos quando crianças, mas desde que Henry se mudou para cá, seus pais nos afastam. Talvez por ele ter dinheiro e eu não… Você não se lembra?
— Isso é horrível, ! — Ela não sabia fingir ser outra pessoa sem saber a história. — Essa é a história de outra pessoa… — Sussurrou ela.
— O que?
— Nada! E então, o que você queria comigo?
— O mesmo de todos os dias. — Ele riu fraco. — Eu continuo insistindo, e que bom que continuei, eu sabia que você se lembraria, e que eu conseguiria buscar isso dentro de você. — Ela apenas sorriu, não queria chatear o garoto, então fingiu que sabia do que ele estava falando. — Vamos? — Ela assentiu, e seguiu o homem, mesmo sem saber para onde estava indo. Eles foram nas margens de um rio, ele se sentou e ela imitou suas ações.
— Lindo. — Disse ela observando a paisagem.
— Vínhamos aqui sempre antes do Henry aparecer… — Ele abaixou a cabeça. — Você não se lembra?
— Sim, eu me lembro. — Mentiu. — O que esse Henry tem de tão especial?
— Dinheiro. — Ele pegou uma pedra e jogou no rio. — Ele pode te dar um futuro, de alguma forma ele comprou seus pais e pretende comprar você.
— Como se eu estivesse à venda. — Ela pegou uma pedra e lançou no rio com raiva. — Eu posso me dar um bom futuro.
— Então não desista, eu acredito em você, você pode fazer isso a cada dia.
— O que?
— Se dar um bom futuro. — Ele sorriu, fazendo-a sorrir. — Eu sabia que você ainda estava aí, diamantes não se transformam em pó ou desaparecem.
— E eu sou um diamante?
— Para mim, sim, você sempre foi e sempre será. — Ela sorriu. — Acho melhor voltarmos, antes que seu pai comece a gostar menos ainda de mim. — Ele se levantou e deu a mão para a garota se levantar.
— Foi ótimo te ver, . — Disse ela e ele sorriu. Eles conversaram até chegarem à casa da garota, era muito injusto o que aquela família estava fazendo com os dois.
— Bom, eu não sei quando vamos poder nos ver de novo… — Ele tirou um papel do bolso. — Esse é o telefone que você pode me ligar, e se não me encontrar, pode deixar um recado que ouço depois! É de lá do trabalho, tem essas coisas chiques que só rico tem. — Ela riu, secretária eletrônica era apenas para rico ainda.
— Você consegue gravar um recado com a sua voz nela? — Ele assentiu.
— Eu falei “Oi, aqui é o ”. — Ela riu da cara engraçada que ele fez.
— Ligarei, ! Obrigada por ter me acompanhado até aqui! — Eles sorriram, quando a porta se abriu.
— , entre! — Ordenou um homem alto e careca, que aparentava ter uns 50 anos.
— Tchau, ! — Disse ela, antes de entrar em casa, quando entrou foi segurada pelo braço.
— O que pensa que está fazendo saindo por aí com esse ? — Perguntou o homem em um tom autoritário.
— Ele é meu amigo… — Ela foi interrompida.
— Henry não gostaria nada de saber que você está andando com um pé rapado como o .
— Eu não me importo com o que esse homem gosta ou não, eu me importo com o que eu gosto. — Disse, dando ênfase no “eu”. — Acho muito feio isso que o senhor está fazendo, tentar vender a própria filha! Estamos nos anos 50, ou voltamos mais alguns anos e eu não percebi? — Ele levantou a mão para ela.
— Querido, não!!! — Disse a mulher de mais cedo, assustada.
— Você tem sorte da sua mãe te proteger, mas você vai ficar trancada em casa por uma semana para aprender a não me desrespeitar! — Disse ele, virando de costas.
— Eu tenho 24 anos, não sou uma criança para ficar de castigo, tenho o direito de ir e vir!
— Não enquanto você morar debaixo do meu teto e comer da comida que eu pago! — Essas foram as últimas palavras que ela ouviu do homem.
Se passaram 3 dias desde que o castigo começou, e ela sempre ligava para quando não tinha ninguém por perto.
— Eu sinto muito por ter te colocado em problemas. — Disse ele.
— Eu já te disse milhões de vezes que está tudo bem! E não é assim que essa história deve ser escrita, eu não vou ficar aqui por muito tempo.
— Para onde você vai?
— Eu não sei, eu precisaria de um emprego.
— Bom, isso vai ser difícil!
— Sério? Não tem nenhum jornal onde eu possa escrever matérias?
— Tem sim, mas eles não irão aceitar mulheres trabalhando lá… — Ele fez uma pausa — Talvez apenas para servir café.
— Onde eu consigo trabalhar?
— ! — Ele falou mais alto. — Você não precisa passar por isso!
— Eu não quero ser prisioneira na minha própria casa e muito menos ser vendida. — Ele suspirou ao ouvir a garota.
— Talvez você possa ajudar a Senhora Campbell com as costuras, eu posso ver isso para você, até posso te conseguir um lugar para ficar.
— Seria ótimo, ! — Ela ouviu um barulho de porta abrindo. — Eu te ligo depois, obrigada pela ajuda. — Ela desligou o telefone e pegou um livro para fingir que estava lendo, aquela não era a história dela, mas ela não podia permitir que aquela fosse a história de e .
Dois dias depois, ela ligou para , que garantiu que ela teria para onde ir e que a Sra. Campbell estava precisando mesmo de uma ajudante. Então ela arrumou as malas e foi encontrá-lo nas margens do rio onde se viram no outro dia.
— Você vai mesmo fazer isso? — Perguntou ele.
— Sim! — Ela sorriu. — Eu não sou uma peça para ser vendida, e muito menos uma criminosa para ficar presa em minha própria casa, eu sou uma mulher livre para escolher o que eu quero para a minha vida! — Ele sorriu ao escutar aquilo.
— Você está mudada, fico feliz! — Eles sorriram. — O lugar que você tem para ficar não é uma casa boa como a sua, eu consegui arrumar um quarto na minha casa, esses dois dias eu estava ajeitando para você. Não é muito, mas pelo menos você não precisa se preocupar em pagar as contas.
— , eu não vou ficar de favor na sua casa sem te ajudar!
— , não se preocupe, você já fez muito por mim. — Eles sorriram. — Como você acha que seu pai vai reagir quando perceber?
— Eu não sei. — Ela riu. — Mas provavelmente ele não irá ficar muito contente. — Ela não se importava, estava decidida que iria reescrever aquela história, se ela estava ali era por um motivo, mas ela havia se esquecido totalmente do livro e já faziam quase 7 dias que ela estava ali.
— Eu irei te apoiar, como sempre. — Ele sorriu, e pegou as malas dela, enquanto ela o seguia, ela entendia que aquela não era a história de Henry e e sim de e , ela soube disso desde o primeiro dia ali, ela que era uma apreciadora de todos os tipos de livro, entendia como as histórias deveriam ser. Mas não sabia que algumas histórias, mesmo sendo reescritas, acabam tendo o mesmo final.
Ela não sabia como “seu pai” estava se sentindo em relação à tudo, mas trabalhava arduamente costurando para conseguir se manter. Era o máximo que ela conseguiria, sua faculdade de jornalismo não seria útil nos anos 50. Ela gostava da visão que mostrava à ela do mundo, o quanto ele era feliz com coisas simples, e fazia sentir feliz também. Ela não sabia que aquela felicidade que ela estava começando a sentir, acabaria em breve. Henry havia chegado à cidade e fora até sua casa para levar flores à futura esposa, e descobriu que ela estava morando com . Ele ficou furioso e jurou que tomaria uma providência, já que os próprios pais da garota não conseguiam. Ela, por outro lado, vivia os melhores momentos que poderia, considerando sua vida incrivelmente parada, aquilo tudo era sensacional.
— ? — Ela escutava a voz de a chamando, e correu em sua direção. — Ah, você está aí! Eu trouxe um bolo para comermos após o jantar.
— Ah, que ótimo! — Ela sorriu, segurando o bolo, quando se virou para levá-lo até a cozinha, foi interrompida.
— ?
— Huh? — Respondeu ela, ainda de costas.
— Você está se sentindo do mesmo jeito que eu estou me sentindo? — Ela congelou. — Na verdade, eu sempre me senti assim. Desde que éramos crianças, você e eu, eu tinha certeza que ficaríamos juntos… — Ele suspirou. — A vida quase não permitiu que isso acontecesse, mas acredito que estávamos destinados, já que hoje estamos aqui.
— eu… — Ele segurou a mão dela, pegando o bolo e colocando sobre a mesa de centro da sala.
— Quero que seja sincera, ! — Ela não sabia como realmente se sentia, aquela não era a história dela e tinha medo de voltar e magoar o coração do . Então ela tomou uma decisão, ela seria a do e diria como ela realmente se sentia.
— Eu sinto… — Ele a encarou. — Eu não sei se é o mesmo que você, mas eu gosto de você! Você me faz sentir felicidade nas coisas simples, me motiva, me apoia e me faz sentir segura. Quanto ao que vivemos antes, acredito que tudo isso tenha influenciado nossos sentimentos hoje. — Mentiu, não sobre os sentimentos, mas ela não sabia o que havia acontecido antes. — Essa é a nossa história, podemos escrevê-la juntos. — Ele sorriu e a abraçou, muito forte. Eles passaram o restante do dia conversando sobre diversas coisas, e se deitaram, escutando música. Ele a encarou e sorriu, fazendo-a sorrir.
— Essa é a minha música favorita. — Disse ele, ela apenas sorriu. Ele colocou a mão no seu rosto e virou para ele, ela sorriu de novo, e sentiu os lábios do garoto tocando nos seus, apenas fechou os olhos e sentiu aquele momento. Abraçados, ali onde era o seu lugar, eles adormeceram. Acordaram assustados, com batidas fortes na porta.
— Deve ser o meu pai. — Disse ela.
— Eu irei conversar com ele! — se levantou e foi atender a porta, ela ouviu barulhos altos de pessoas gritando e correu para ver o que era.
— ! — Foi a última coisa que ela o ouviu dizer, antes de ser levado por homens desconhecidos, ela viu o quanto ele lutava, e correu atrás dele.
— POR QUE ESTÃO FAZENDO ISSO??? SOLTEM-NO!!! — Ela gritava, mas eles não soltavam, ela foi segurada por um homem.
— , não se preocupe, ele terá o tratamento que merece!
— Quem é você??? — Perguntou ela.
— Não se lembra do seu noivo? Sou eu, Henry! — Tudo fazia sentido agora, ela escutou barulhos de tiro e caiu no chão.
— NÃO!!! ESSE NÃO PODE SER O FINAL DA NOSSA HISTÓRIA, NÃO!!! — Ela gritava, e gritava o nome do rapaz, enquanto chorava e sentia uma dor enorme tomar conta de sua garganta. Ela correu para dentro da casa e procurou o livro. As letras estavam apagadas, não eram mais douradas. Ela caiu num profundo abismo, se jogou aos pés da cama e chorou.
Uma semana se passou, desde o acontecido, e ela estava presa ali. Teria que se casar com Henry, e foi quando ela descobriu que pessoas com dinheiro não podem ter histórias reescritas. Ela pegou o livro, e somente a primeira página tinham coisas escritas. Ela se sentou, e começou a escrever nele, lendo em voz alta.
— Faz exatamente um menino desde que te liguei, apenas para ouvir a sua secretária eletrônica. Sim, eu sei que você não vai receber, mas eu vou deixar uma mensagem, então não estarei sozinha. Hoje de manhã eu acordei ainda sonhando, com lembranças passando na minha cabeça… — Ela suspirou e enxugou uma lágrima. — No dia que eles te levaram, eu queria que fosse eu no seu lugar! — Ela se lembrava daquele dia horrível. — Mas… Uma vez você me disse “não desista, você pode fazer isso a cada dia. Diamantes não se transformam em pó ou desaparecem.” Então eu vou te manter, dia e noite aqui, até o dia em que eu morrer! Estarei vivendo uma vida para nós dois, eu serei o melhor de mim e sempre manterei você comigo! Mesmo quando eu estiver só, eu sei que não vou estar sozinha. Eu sei que você vai estar olhando para mim, aqui embaixo. Juro que te deixarei orgulhoso, viverei uma vida para nós dois. Eu prometi a você que faria isso, então tudo isso, é tudo para você! Eu juro por Deus que você está vivendo através de tudo que eu fizer! — Após terminar de escrever, ela derramou uma lágrima sobre o livro, e todas as letras começaram a brilhar, e de repente, ela estava em seu apartamento de novo.
Ela estava confusa sobre como teria retornado, pegou seu celular e haviam milhares de mensagens.
“, dessa vez você passou dos limites! Estamos te esperando no café do outro lado da rua.” Essa última mensagem fazia 10 minutos que fora recebida, ela deu de ombros e foi encontrar os amigos no café, assim que atravessou a rua, esbarrou em um homem.
— Me desculpe! — Disse ele, ela parou.
— Eu que tenho que pedir desculpas. — Quando ela olhou em seu rosto, ela não podia acreditar no que estava vendo, aquele era . — Você… — Disse ela, olhando em seus olhos, ele a olhava como se a conhecesse.
— Você também sente que me conhece de algum lugar? — Perguntou ele, e ela continuou imóvel. — Eu me chamo , e você?
— M-me chamo ! — Respondeu.
— Estranho, , parece que eu te conheço. — Ele riu. — Mas tenho certeza que nunca te vi antes. Será que nos conhecemos de outra vida?
— Acredito que sim. — Ela sorriu, e ele retribuiu o sorriso. Aquela história seria reescrita, ali, em 2020.
Fim
Nota da autora: Sem nota.
Outras Fanfics:
» Trovão de Konoha [Anime - Naruto, Em Andamento]
» 05. Wouldn't Change A Thing [Ficstape #125: Camp Rock 2: The Final Jam]
» Loyalty [Harry Potter, Em Andamento]
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