Última atualização: 31/07/2017

Prólogo

Sempre achei que família e sangue fossem palavras superestimadas.
Seu sangue não deveria definir seus laços, assim como seu sobrenome não deveria definir seu destino.
Da mesma forma, sua família não precisa ser, necessariamente, tão importante quanto a palavra demonstra.
Infelizmente, para mim, sangue, família e nome são extremamente significativos no mundo bruxo, e por isso, as ações passadas da minha família sempre estarão ligadas a mim.

Minha família sempre foi complicada, desde antes de eu nascer.
Um único lado extremista, prezando o Sangue-Puro e a importância de um nome, adoradores das Artes das Trevas, mesmo antes de Lorde Voldemort tomar o poder.
Esse desespero por manter o Sangue-Puro, fez com que as relações e matrimônios se mantivesse nos nomes mais próximos, não se importando se tinham algum parentesco.

Orion e Walburga Black, embora primos de primeiro grau, casaram-se e tiveram dois filhos, Sirius e Régulo, herdeiros de um dos sobrenomes mais importantes e nobres do mundo bruxo.
Sirius foi tudo o que os pais mais detestavam, além de não ser escolhido para a Sonserina, acabou amigo de Sangues-Ruins, adorava os trouxas e suas invenções, além de odiar qualquer coisa que fosse relacionada às Artes das Trevas, Sirius, ou Almofadinhas para os mais próximos, juntou-se à Dumbledore na Ordem da Fênix durante a Primeira Guerra Bruxa.
Seu irmão mais novo, Régulo foi o contrário; Sempre foi o orgulho da família. Sonserino, jogou Quadribol pela Casa, era o melhor aluno de seu ano e terminou juntando-se à Voldemort, virando um de seus mais próximos e fiéis Comensais da Morte.

Cignus Black, irmão de Walburga, casou-se com Druella Rosier, e juntos tiveram três filhas; Bellatrix, Andrômeda e Narcissa.
O bruxo morreu sete anos depois do nascimento de Cissa, após contrair Varíola de Dragão, deixando as quatro mulheres sozinhas.
Druella, jovem e importante na sociedade bruxa, não quis passar o resto de sua vida sozinha, casando-se com Frank Lestrange um ano depois.
Lestrange estava sozinho com seus dois filhos, Rodolfo e Rebastan, após a esposa ser condenada a passar a vida em Azkaban, depois de matar um grupo de trouxas, anos antes.
O casamento entre Frank e Druella foi importante, duas famílias Sangue-Puro com sobrenomes importantes e muito ouro em Gringotes.
Do casamento dos dois, nasceu Victoria.

Anos depois, Rodolfo e Bellatrix casaram-se, seguindo juntos para o lado de Voldemort, como seus fiéis Comensais da Morte; os dois acabaram em Azkaban após a queda do Lorde.
Andrômeda, conseguiu o título de maior vergonha dos Lestrange-Black, superando até mesmo Sirius; a mulher ignorou todos os avisos e casou-se com Ted Tonks, um Sangue-Ruim. Ninfadora, ou Dora, era o fruto dessa união.
Narcissa casou-se com Lucius Malfoy, outro nome importante da comunidade bruxa, família nobre, rica. Dessa união saiu Draco, tão loiro e esnobe quanto o pai.
A quarta das irmãs, Victoria, só não teve um casamento pior do que Andrômeda, pois o marido era Sangue-Puro; Sirius Black, seu primo.
Por mais que odiasse boa parte de sua família, Sirius sempre se deu muito bem com Victoria, apenas dois anos mais nova do que ele. Almofadinhas tinha certeza que a mulher era diferente do restante, assim como Andy e ele próprio. Apaixonaram-se durante seus anos em Hogwarts, e casaram-se um ano após ela terminar os estudos, juntos tiveram uma filha.

Victoria era uma Comensal da Morte presa em Azkaban, acusada de passar informações de dentro do Ministério para Lorde Voldemort.
Sirius, ex-membro da Ordem da Fênix, foi considerado um assassino notório após ser acusado de matar treze trouxas. Foi também o primeiro bruxo a escapar de Azkaban.
A criança, filha de dois dos maiores Comensais de Voldemort, acabou com uma das irmãs de Victoria; sem saber quem realmente eram seus pais, pelo menos por alguns anos.

Meu nome é .
Herdeira de dois dos maiores sobrenomes do Mundo Bruxo;
Eu sou o legado dos Lestrange-Black.


Capítulo 1

’s POV
FlashBack (Quinto ano em Hogwarts)
Departamento de Mistérios – Ministério da Magia

- Petrificus Totalus – Harry gritou apontando sua varinha para Dolohov. Braços e pernas se juntaram ao corpo e novamente ele caiu.
- Boa – Gritou meu pai, empurrando eu e Harry para trás antes que feitiços estuporantes nos atingissem. – Agora quero que vocês saiam d...
Um jato verde veio em nossa direção, e então o capuz de um dos Comensais caiu, e ela entrou no meu campo de visão.
Não tinha como não a reconhecer, embora nunca tivesse visto-a pessoalmente. Estava diferente das fotos que eu vi quando mais nova, mas continuava inconfundível.
Ela estava logo ali, seus cabelos compridos, tão loiros quanto os meus, e seus olhos claros, o corpo magro e a postura séria, duelando logo a frente, imponente.
Por mais que eu a odiasse, e, embora jamais fosse admitir aquilo em voz alta, ela era linda.
Victoria Lestrange Black, minha mãe.
Mas a raiva que eu sentia dela era muito maior do que qualquer admiração por sua beleza, o que a mulher tinha de bonita, tinha de maldosa.
Mamãe era uma Comensal da Morte declarada, que havia abandonado meu pai e eu para juntar-se a Voldemort antes de sua queda.
Um arrepio passou por minha pele com a simples menção da palavra mãe.
Aquela mulher não significava nada em minha vida. Embora tivéssemos o mesmo sangue e a mesma cor de cabelos, eu nunca a consideraria minha mãe, da mesma forma que ela nunca me considerou sua filha.
De repente vi Tonks cair e Bellatrix rir virando-se para outra briga.
- Vocês dois, peguem a profecia, agarrem Neville e corram! – Meu pai gritou desesperado – Não quero vocês aqui. Vão logo. - ainda o vi correr ao encontro da prima, duelando com a mesma enquanto ria.
Fiquei olhando por alguns segundos os dois lutando, mal distinguia suas varinhas no meio de tantas luzes resultantes dos feitiços que lançavam.
- Vamos – Harry me chamou correndo para perto de Neville.
Quando me virei para segui-lo, a varinha apertada em minhas mãos, senti uma mão apertar meu braço.
Ao virar-me meus olhos encontraram os azuis da mulher loira, Victoria, a qual não tinha nem mesmo um único machucado, nem mesmo parecia nervosa por estar duelando contra a Ordem. Ela me olhou por alguns instantes, quase como se estudasse minhas reações, arqueei uma sobrancelha, encarando-a no mesmo tom.
- Eu não ficaria aqui se fosse você, - começou falando baixo e rápido, precisei de alguns segundo para entender suas palavras - Lorde Voldemort tem um novo plano.
Franzi o cenho, confusa.
Do que diabos ela estava falando?
- Saia daqui. - falou novamente, antes de afastar-se rapidamente, apontando a varinha e disparando mais alguns feitiços.
Sentia meu coração bater acelerado, meu cérebro processar tudo aquilo com rapidez, mil pensamentos em minha cabeça, ao mesmo tempo que começava a sentir todo o cansaço e dores no corpo causados pelas últimas horas.
O que tudo aquilo significava?

Victoria começou a duelar com Quim, um jato vermelho saiu de sua varinha e passou longe do Auror, acertando Avery. Franzi o cenho, encarando-a por mais tempo que o necessário, por sorte não herdei sua mira, ou teria problemas no Quadribol.
A menos que… Seria possível que ela estivesse mirando o outro Comensal?
Não saberia dizer quanto tempo passei naquele canto, olhando dela para meu pai, duelando em lados opostos com pessoas diferentes, sem nem mesmo se olharem. Talvez nem tivessem percebido que estavam no mesmo ambiente, ou simplesmente não se importavam. E a resposta a minha dúvida veio poucos segundos depois; Victoria parou por um instante, após derrubar Quim, e olhou na direção em que Bella e papai duelavam. Vi-a franzir o cenho, olhando séria para a cena, antes de o grito de Neville me tirar de meus devaneios, logo meus olhos encontraram o motivo da animação de Longbottom; DUMBLEDORE.
Estava no alto da escada, seu rosto pálido e enfurecido; estávamos salvos.
O diretor desceu rapidamente a escada, rápido demais para alguém de sua idade, e quando já estava ao fim um dos Comensais o avistou e gritou para os companheiros.
Todos pareceram parar ao avistarem Dumbledore.
Todos, menos meu pai e Bellatrix, que ou não perceberam sua chegada, ou não ligavam.
Victoria, eu reparei, deu um passo vacilante para trás, antes de erguer a varinha, sendo desarmada pelo diretor no instante seguinte.
Papai, por outro lado, continuou duelando, desviando de um raio vermelho que Bellatrix lançou, rindo dela.
- Vamos, você sabe fazer melhor que isso! – Ele gritou, sua voz ecoando pela sala.
O segundo jato o atingiu no peito.

Pareceu-me que o tempo parou.
Demorou muito para meu cérebro processar o que meus olhos viam, e meu coração sentia.
O riso ainda não tinha desaparecido do rosto de papai, mas vi seus olhos se arregalarem em choque.
Harry passou por mim correndo.
E eu ainda olhava estupefata para meu pai, que levou uma eternidade para cair.
Caindo graciosamente, mergulhando de costas no véu esfarrapado que pendia do arco.
Encarei a expressão de medo e surpresa no rosto devastado de meu pai, antes dele atravessar o arco e desaparecer além do véu.
Ouvi ao longe o grito triunfante de Bellatrix, embora não entendesse o motivo.
Do que ela ria afinal?
Meu pai tinha apenas se escondido, provavelmente para apanhá-la de surpresa.
Era bem a cara dele, fazer esse tipo de coisa.
Esperei por alguns segundos olhando para o sorriso de Bellatrix Lestrange, minha querida tia. Idiota, espera só, meu pai vai acabar com você.
Mas papai não apareceu.
- SIRIUS! – Harry gritou – SIRIUS!
- Espera Harry – Falei com a voz rouca, de repente percebendo que lágrimas caiam de meus olhos, pigarreei antes de tornar a falar – Ele vai aparecer.
Harry correu para o véu, Remo o agarrou, detendo-o.
Mas afinal qual era o problema deles?
Meu pai estava bem, eu sabia disso, tinha certeza.
Ele apenas passou pelo véu.
- Não há nada que você possa fazer, Harry. – Lupin falou com a voz tão rouca quanto a minha.
Olhei-o, irritada, do que ele estava falando?
- Apanhá-lo, salvá-lo! Ele só atravessou o véu! – Harry estava certo, ele só atravessou o véu.
- É tarde demais, Harry.
Meu pai só estava escondido, por algum tempo não entendi o que Remo quis dizer, e nem por qual razão Harry estava tão agitado. Papai estava bem, deveria estar rindo, divertido com tudo aquilo.
- Ainda podemos alcançá-lo... – Harry tentava soltar-se, lágrimas caindo por seus olhos.
- Não há nada que você possa fazer, Harry. Nada... Ele se foi.
Se foi.
O que aquilo deveria significar?
- PAI! – Gritei com a voz rouca. Lágrimas caiam, eu podia sentí-las ali. – PAAII! – Gritei correndo para o lado do véu onde ele se escondia, até que Quim me segurou. – Me solta... PAAAAII!
Agora eu já sentia o desespero e a raiva se apossar de meu corpo.
A brincadeira já tinha acabado, não tinha mais graça.
Por que ele simplesmente não aparecia, rindo e jogando os cabelos para trás, como sempre fazia?
- Sinto muito. Ele se foi... – Quim falou baixo em meu ouvido.
- Ele não foi... Não pode... Você não entende? Ele só está esperando... Ele vai aparecer... Sei que vai. PAI! – O chamei novamente, sentindo o aperto em meu peito crescer – PAI!
- Não adianta . Ele não pode te ouvir!
- Pare com isso. Ele está ali. Sei que está…
Quim me segurou com força, tentando me tirar de perto do estrado e do véu, me afastando de meu pai.
- PAI! PAI! – Por que ele não me respondia? Por que demorava tanto para aparecer?
- Ele não pode voltar. – Ouvi Lupin falar com a voz embargada – Não pode voltar porque está m...
- ELE. NÃO. ESTÁ. MORTO! – Harry gritou com raiva.
- Não pode estar! Ele esta só se escondendo, vocês não entendem? – Perguntei com raiva, olhando de Remo para Quim. – Ele só atravessou o véu. Está bem, está vivo. PAI! – Gritei novamente.

Conseguia ouvir alguns movimentos em volta, luzes, gritos... Nada que importasse.
O que me interessava era o fato de Lupin e Quim acharem que meu pai não voltaria, que ele tinha me deixado.
É claro que ele voltaria. Ele prometeu que nunca me deixaria. Não de novo.
Agora estava com raiva por meu pai nos deixar esperando, olhei rapidamente para Harry, que também tinha o olhar fixo no véu e não estava com uma cara muito boa.
Provavelmente com a mesma raiva que eu estava sentindo por ter de esperar tanto.
Foi quando eu olhei para a expressão triste de Remo, o qual tinha lágrimas escorrendo por seu rosto, que uma partezinha… Uma parte mínima minha se deu conta.
Quase como se ela já soubesse, mesmo enquanto tentava me soltar de Shacklebolt, alguma parte do meu ser já tinha entendido o que eu recusava aceitar; Meu pai não me deixaria esperando. Ele não nos deixaria esperando. Papai sempre arriscava tudo para nos ver, falar conosco, nos ajudar de alguma forma. Se ele não aparecia, mesmo comigo e Harry gritando desesperados por ele, como se nossas vidas dependessem dele aparecer…
A única explicação era que não podia voltar… Que ele realmente estava…
Senti um grito desesperado escapar por minha garganta, sem que eu pudesse controlar, e as lágrimas inundaram meus olhos, enquanto tentava me soltar, Quim até me largou por um segundo, mas antes que eu pudesse correr, Remo me segurou pelo braço, puxando-me para seu lado, apertando-me contra seu peito.
Nada no mundo fazia sentido, e o aperto em meu coração aumentava, junto com a falta de ar em meus pulmões. Ainda olhava para o véu, na tola esperança de vê-lo novamente.
Foi quando ouvi um grito alto, e Quim ser lançado para o lado da sala, Bellatrix ria, correndo para as escadas.
Os outros Comensais da Morte todos presos por Dumbledore, e o diretor lançou um jato de luz, o qual ela desviou com facilidade, sumindo pela porta.
- Harry… Não! - Remo gritou, tentando puxá-lo de volta, mas Potter já estava longe.
- ELA MATOU SIRIUS! - gritou com raiva - ELA O MATOU! ELA O MATOU!
A última coisa que vi foi Harry correr pela escada, desviando de quem tentava segurá-lo, a última coisa que fiz foi apertar minhas vestes, sentindo a falta de ar dominar-me, antes de sentir o chão gelado.

End FlashBack

Acordei no meio da noite assustada, suando frio.
Sentindo cada parte do meu corpo doendo como naquela noite, há dois anos.
Não era a primeira vez que tinha aquele sonho, mas era a primeira vez que via tudo tão claramente, como se estivesse naquela sala no Ministério novamente, vendo papai atravessar o véu bem diante dos meus olhos, enquantomamãe ganhava um novo passe para Azkaban.
O quarto continuava completamente escuro, sem qualquer sinal do sol nascendo do lado de fora. Respirei fundo antes de me levantar, seguindo pelo corredor em direção às escadas. Descendo em silêncio, fazendo o mínimo de barulho possível, não estava com muita paciência para os escândalos do quadro de minha querida avó. As velas, agora quase no fim, iluminavam minimamente à cozinha. Segui em direção a pia pegando um copo com água antes de me sentar em uma cadeira próxima, cruzando os braços na mesa, e baixando minha cabeça. Com os olhos fechados, tentava esquecer-se de tudo o que me lembrasse daquela noite, mas parecia que quanto mais eu tentava mais eu me lembrava de tudo, e de como acabamos daquele jeito. Embora minha vida sempre tivesse sido uma confusão maior do que eu esperava, parecia que as coisas realmente tinham piorado nos últimos anos, depois que entrei em Hogwarts, parecia que todo ano tinha um problema maior e pior para lidar, chegando ao auge no terceiro, quarto e quinto ano, quando conheci Cedrico e meu pai, e depois os perdi.

Lembrava-me com perfeição de todos os meus anos na Escola, e os momentos mais marcantes, dos felizes aos tristes. Hogwarts me provou que tudo o que eu sabia estava extremamente errado, que todas as certezas que eu tinha na vida, na verdade eram mentiras.
No meu primeiro ano na Escola, meu maior medo era entrar para a Sonserina, pois isso significaria ser igual ao resto da minha família. E, mesmo que eu ainda ache a maior parte dos alunos dessa Casa horríveis, não é isso que determinaria o meu lado. Meu pai era da Grifinória, e mesmo assim foi considerado um Comensal que traiu o melhor amigo, o que eu descobri ser mentira apenas no terceiro ano.
Passei a maior parte da minha vida desprezando meu pai e minha mãe.
Odiando minha própria existência por ser filha deles. Por ser uma Black.
Um sobrenome que eu nem mesmo usava por vergonha, por medo.
Em Hogwarts também descobri que esse medo era diferente.
Meu medo era de não ser aceita, de ser desprezada por causa da minha família, mas mesmo após saberem quem eu realmente era, meus amigos permaneceram ao meu lado. E por mais que o restante dos Black fossem desprezíveis, meu pai era um bom homem.
Um homem que morreu defendendo o que acreditava, tentando salvar quem amava.
E é esse o real legado dele.

Um nome, como uma vez disse Hermione, só atrai o medo quando você já tem este sentimento dentro de você. E era exatamente esse meu problema até o terceiro ano; o medo de ser uma Black.
Mas, como meu pai dizia, todos temos luzes e trevas dentro de nós, e o importante era o lado que escolhemos agir.
Eu sabia o meu lado, sabia quem eu era.
E mesmo com o mundo bruxo quase em Guerra, com Voldemort atacando por todos os lados, eu sabia a quem eu era fiel. Por mais medo que tivesse de voltar a perder quem eu amava, ou mesmo morrer, nada me faria mudar. Porque não me importava se meus tios, meu primo e mesmo minha mãe estavam do lado de Voldemort, eu era uma Black afinal de contas, e esse sobrenome não significava apenas Comensais da Morte.
Ser uma Black também significava fazer minhas próprias escolhas e defender aquilo em que acredito, defender quem eu amo.
Significava que, assim como meu pai, eu era uma renegada.
End ’s POV


Capítulo 2

Harry’s POV

Acordei com o cheiro de torradas e bacon que vinha do andar de baixo.
Já estava vestido e quase descendo quando vi Edwiges entrando pela janela aberta do quarto de Rony. Me aproximei, pegando a carta de seu bico, enquanto fazia um carinho rápido em suas penas, antes de dar-lhe um punhado de petiscos.
Sorri sozinho ao reconhecer a letra de no pedaço de pergaminho, pequeno demais para ser uma carta extensa, principalmente se fosse comparar com as que Hermione tinha mania de mandar. Demorou pouco mais de dois dias para eu receber sua resposta, após agradecer o presente de aniversário adiantado que recebi; um uniforme novo de um time de Quadribol, e perguntar quando ela chegaria n’A Toca, já que ela estava morando sozinha desde que voltamos de Hogwarts. Soube que Tonks tentava convencê-la de voltar para a casa, mas ela preferia ficar na casa de Sirius.
Assim que abri o pergaminho, tinha apenas duas frases escritas;

“Fico feliz que tenha gostado, passei um bom tempo imaginando o que te dar de aniversário.
Nos vemos em breve, Harry.
X

O que ela queria dizer com “em breve”?
Breve como horas? Dias? Semanas?
Respirei fundo passando a mão pelos cabelos, que já estavam demasiados compridos, amassando o pergaminho e colocando-o no bolso da calça. Passei pela porta, enquanto Fred se virava na cama de armar, esbarrando com Mione e Gina no corredor apertado, descemos juntos para a cozinha, eu sabia que as duas estavam falando alguma coisa, talvez até mesmo importante, mas a única coisa que eu tinha na cabeça era a resposta
que tinha recebido de .
Não nos víamos desde que as aulas terminaram, o que já era esperado como todos os outros anos, mas dessa vez mal estávamos nos falando. E eu sabia exatamente o motivo.
estava me ignorando desde antes das aulas acabarem, e por mais que aquilo me irritasse, porque eu sentia sua falta, eu nem mesmo a culpava.
Aquilo tinha sido minha culpa e eu nem mesmo me arrependia.
Mione e Gina continuaram conversando animadas durante a refeição, Rony desceu logo depois com a cara amassada, sentando-se em seu lugar enquanto a Sra. Weasley chegava distribuindo a comida.
- Obrigado. - sorri educadamente, quando ela colocou cinco torradas, dois ovos e alguns pedaços de bacon em meu prato.
- Está tudo bem, Harry? - Gina me encarava curiosa, apenas concordei com a cabeça, mastigando devagar - Você parece preocupado…
Dei de ombros, tomando um gole de suco antes de responder.
- Estou ok, só um pouco sonolento… - menti olhando-a rapidamente.
Não tinha motivos para contar a todos o meu problema com , ninguém mais precisava saber que ela estava me ignorando daquela forma, embora eu tivesse quase certeza que Mione suspeitasse. A garota já não ficava perto de mim quando Rony, Mione ou outro colega estivesse junto, já não conversávamos como antes e nem estudamos juntos para as provas no último mês em Hogwarts. Rony achava que ela estava se sentindo mal por causa de Sirius, o que não deixava de ser verdade, é claro. Mas não era por isso que ela não me olhava.
me ignorava desde que eu tinha a beijado no Campo de Quadribol, em junho.

Eu sabia que tinha sido impulsivo, que deveria ter pensado mais antes de fazer aquilo, mas simplesmente aconteceu. E eu não tinha um pingo de arrependimento.
Na verdade, só me culpava por não ter ido atrás dela quando saiu correndo.

FlashBack

O Salão estava cheio e barulhento, como sempre Rony se escondia atrás de um monte de comida e Hermione olhava com nojo pra ele.
Dumbledore não estava na mesa dos professores, o que indicava que ele devia ter saído atrás de mais Horcruxes...
- Harry, você viu a ? – Mione me perguntou de repente.
- Hum... – pensei um pouco, terminando de mastigar meu pedaço de torrada – Eu estava descendo da sala Comunal e esbarrei com ela, disse que ia pegar um casaco e já descia...
- Mas ela não desceu, ou melhor, não apareceu aqui... Já não é a primeira vez que ela some...
- Ela não sumiu, só não veio até aqui e...
- Você entendeu! – Mione me cortou, arqueei as sobrancelhas para ela. – Acho que você deveria ir procurá-la.
- Por que eu? – questionei, não que eu me importasse, mas gostava de ver Hermione brava por ser questionada, na verdade Granger sempre queria mandar na situação toda, normalmente não me incomodava, porém era sempre bom zoar com ela quando podia.
- Bom, ela está mal desde que o Sirius morreu. – a encarei com a boca aberta, não acreditando que ela usaria aquilo contra mim – e não é pra menos, acho que como você era mais chegado do Sirius entende melhor o que ela ta sentindo...
- Ok, me convenceu. – preferi sair a continuar ouvindo o discurso da Hermione, principalmente por saber que ela tinha feito de propósito. Rony nem sequer reparou na minha saída, de tão ocupado com o pudim de rins.
Andei um pouco e encontrei com Gina se pegando com o Dino em um dos corredores afastados, até poderia fazer alguma brincadeira, mas preferi seguir em busca de . Pouco depois encontrei Cho andando com um monte de garotas, ela me olhou rapidamente, ficando com as bochechas vermelhas e então se afastando quase correndo. Não nos falávamos desde o problema com a Umbridge no ano anterior, e sinceramente, não me fazia falta alguma, Rony um dia me perguntou se eu não queria sair com ela de novo, fiquei surpreso ao notar que na verdade eu não queria. Nem mesmo pensava nela, aparentemente a atração que eu sentia tinha sumido junto com a pouca confiança que eu tinha nela.
Andei pelo castelo inteiro, voltei a torre da Grifinória e nada, Black não estava em lugar algum. Esperei por algum tempo, até uma garotinha do segundo ano aparecer no Salão Comunal, pedi para ela olhar o quarto ver se estaria ali. Pouco depois ela desceu dizendo que não tinha ninguém no quarto. Suspirei saindo pela passagem da Mulher Gorda, voltando a descer a escadaria. Já tinha checado todos os lugares que sabia que gostava de se esconder quando queria ficar sozinha, e nada. Olhei para a entrada do Castelo, deixando escapar um suspiro, ninguém estaria lá fora com aquele tempo, frio demais e chuviscando, o que era ótimo para ficar isolado se esse fosse seu objetivo. Fechei a capa do uniforme, na falha tentativa de não sentir tanto frio, e ignorando a parte do meu cérebro que me mandava voltar para meu quarto e pegar outra blusa. Desci as escadas devagar, olhando para os lados, não dava para enxergar muita coisa por causa da serração.
Passei pelo Lago da Lula Gigante, andei até o Corujal e quando cheguei, apenas Edwiges veio ao meu encontro, fiz um carinho nela e logo localizei Zoy, o que significava que não havia passado por ali, olhei pela janela o campo de Quadribol e, depois de alguns segundos, logo focalizei quem eu queria, no alto da arquibancada, sozinha.
Me aproximei em silêncio, sentindo meu pé afundar no gramado, e a água gelada entrar em meu tênis, molhando meus pés. Ignorei tudo isso e olhei para o lugar em que estava sentada, abraçando as próprias pernas e a cabeça baixa, os cabelos loiros e compridos soltos, cobrindo minha visão de seu rosto. A chuva estava mais forte do que quando saí do Castelo, mas ela não parecia se incomodar.
- Oi! – sorri sentando-se ao seu lado. Ela passou as mãos pelo rosto rapidamente e então respondeu baixinho, sem me olhar. – Fazendo o que? - perguntei após alguns segundos, sentindo-me estranhamente desconfortável por notar que eu não fazia ideia do que dizer. Eu sabia por qual motivo ela estava chorando, e eu simplesmente não me julgava bom o suficiente para ouvir, nem para estar ali se fosse sincero. Por mais que tenha dito que não me culpava por nada daquilo, sempre que eu a via naquele estado era exatamente isso que eu sentia; culpa. Por não ter ajudar Cedrico Diggory e por ser o idiota quem fez Sirius e o restante da Ordem ir ao Ministério, meses antes.
- Nada... E você? Por que veio aqui? - perguntou sem se alterar, ainda encarando as próprias pernas. Encostei minhas costas no banco da arquibancada de cima, colocando as mãos nos bolsos da capa, sentia a chuva gelada em meu rosto, embaçando meus óculos e atrapalhando minha visão, por isso fechei os olhos por alguns instantes, não tendo muito o que fazer.
- Nossa, minha presença é assim tão ruim? – falei brincando, vendo-a cabeça com um meio sorriso nos lábios – Só quis saber aonde você tinha ido, te procurei por todo o castelo, sabia? – olhei-a por um tempo, não conseguindo a atenção de seus olhos . – Estava se escondendo?
- Não, só queria ficar sozinha mesmo...
- Se quiser eu posso ir embora... – falei, nem mesmo cogitando me mexer, a menos que ela me expulsasse, mas eu provavelmente só desceria um banco, não iria deixá-la sozinha de novo.
- Por que você estava me procurando? – questionou em tom baixo, ignorando o que eu tinha dito.
- Pensei que talvez você quisesse conversar... – esperei ela falar alguma coisa, como isso não aconteceu suspirei, dando de ombros – devo entender isso como um “não quero falar com você, Potter, vai embora?” – esperei por uma resposta que demorou a vir.
- Pode ficar se quiser. – me olhou de canto, não mantendo mais de dois segundos o contato visual, antes de voltar a encarar suas próprias mãos. - E só para você saber, se eu quisesse te mandar embora, eu teria dito “some, Cicatriz”, sabe que não sou tão educada. - deu de ombros, um riso leve passando por seus lábios. Ri concordando, aproximando-me dela, passando um braço por seus ombros e puxando-a para perto.
encostou a cabeça em meu peito, e logo ficamos em silêncio.
Escutava a chuva batendo na madeira dos bancos, mas não me chamava tanto atenção quando o choro baixo de Black, que se encolheu ainda mais contra meus braços. Aos poucos ela voltou a se acalmar, apenas respirando fundo conforme o choro terminava. Não saberia dizer quanto tempo permanecemos sentados ali, mas as nuvens estavam ainda mais carregadas e a chuva mais forte, os pingos grossos caiam diretamente em nossas cabeças, e por alguns instantes me perguntei porque não aprendi aquele feitiço para criar uma proteção, quase como um guarda-chuva. Hermione é claro fazia muito bem, e tinha quase certeza que também sabia como fazer aquilo.
Respirei fundo quando apertou sua mão em minha cintura, puxando o tecido de minhas roupas, sua respiração batendo contra meu pescoço, ao notar isso, senti um arrepio percorrer todo meu corpo, e meu coração bater acelerado.
Virei-me para olhá-la de frente, me encarou com seus olhos , tinha algo de diferente em seu olhar, e eu já tinha notado há algum tempo, embora ainda não conseguisse definir o que era. O desespero após a morte de Sirius não estava mais presente, mas a tristeza estava lá, misturada com mais alguma coisa. Não eram mais brilhantes e alegres como quando nos conhecemos, já não era a mesma, estava mudada, mais madura como dizia Mione, mas no fundo não achava que fosse só isso. Tinha um algo a mais ali, resultado de tudo o que aconteceu nos últimos meses.
Quase automaticamente, levei meu polegar ao seu rosto, limpando uma das lágrimas que escorria, diferenciando-a das gotas de chuva em seu rosto. Black fechou os olhos por alguns instantes, e foi só quando voltou a me olhar que, de repente, percebi o quanto estávamos próximos.
Uma proximidade diferente das outras vezes, senti um formigamento na ponta dos dedos que ainda estavam em contato com sua pele, e, enquanto me aproximava mais, ainda segurando seu rosto, conseguia sentir sua respiração calma e ao mesmo tempo um pouco falha, diferente da minha que passou a ficar descontrolada. Olhei-a por poucos segundos, antes de baixar meu olhar para seus lábios molhados pela chuva, não disse nem fez nada, apenas manteve o contato visual, até que eu terminei de vez com a distância, podendo sentir seus lábios contra os meus instantes depois.
Era como se a chuva tivesse acabado e o sol saísse forte, queimando algo dentro de mim. Eram só nós dois, e aquele formigamento por meu corpo, que transformou-se em um arrepio quando senti os dedos gelados de puxarem fracamente meus cabelos. Por alguns instantes pareceu que eu não respirava, e nem precisava. Só sentia os lábios de contra os meus, e a respiração dela se misturando com a minha, assim como nossas línguas.
Não sabia há quanto tempo estávamos ali, mas quando nos separamos precisei de algum tempo para recuperar o fôlego. Não consegui segurar o sorriso que brotou em meu rosto, principalmente ao notar nas bochechas vermelhas de , e em sua respiração tão falha quanto a minha. Aproximei-me novamente, para voltar a beijá-la, mas Black colocou uma mão em meu peito, me impedindo de chegar mais perto. parecia nervosa e assustada com o que tinha acontecido, antes de negar com a cabeça e levantar-se apressada, quase correndo escadas abaixo, distanciando-se rapidamente.
Demorei algum tempo para entender o que acontecia, xingando alto ao notar o quão lento tinha sido em não pedir para ela ficar.

End FlashBack

Eu pensava tanto sobre aquilo, que chegava a ser ridículo. E quanto mais eu tentava esquecer, mais meu cérebro relembrava aquele dia. Era como se eu tivesse acabado de ser abandonado na arquibancada, e ainda sentisse a chuva gelada no meu rosto. Era sempre pior quando eu notava que me ignorava, porque nem mesmo tivemos a chance de conversar depois do beijo, e eu ainda não sabia o que ela iria dizer, porque nas poucas cartas que trocamos ela não comentou nada, e ignorou as minhas indiretas, então a pequena perspectiva de encontrar com ela em breve, por mais que eu nunca fosse admitir em voz alta, fazia minhas mãos suarem.
Depois de todas aquelas semanas, a única certeza que eu tinha, a qual me distraía da iminente Guerra contra Voldemort, era o quanto Black era importante em minha vida, e do quanto eu a amava, mesmo tendo demorado tempo demais para perceber isso. E eu nem mesmo sabia se ela sentia o mesmo.


Capítulo 3

Eu tinha acabado de sentar quando notei o quanto a Sra. Weasley reclamava dos cabelos compridos de Gui, mesmo depois de dias insistindo, o irmão mais velho de Rony continuava gentilmente afastando todas as tentativas da mãe de cortar seu cabelo.
Ron e Mione discutiam por qualquer coisa que eu não tinha real interesse em saber, os dois estavam sempre implicando por diversos motivos, o que na verdade era bem irritante, já que os dois se gostavam e fingiam que nada tinha acontecido no ano anterior.
O que não era bem igual ao meu problema com , já que era ela quem fingia que nós não tínhamos nos beijado meses atrás.
No geral a casa dos Weasley estava uma completa bagunça, além dos ruivos, eu, Mione e Fluer, agora os pais e a irmã mais nova dela estavam hospedados lá. Embora fosse muito confortável, a casa não era exatamente grande, então era bem complicado ter tanta gente no lugar.
Em determinado momento alguém bateu na porta e Molly levantou-se para atender, sorrindo animada pouco depois, e logo a voz de Remo se fez presente;
- Boa noite, Molly! – voltei a olhar para meu prato, não entendendo a súbita animação da Sra. Weasley, Lupin tinha passado lá na noite anterior. Foi então que eu senti um cutucão na costela e olhei para Hermione, ela sorriu apontando com a cabeça para onde a mãe de Rony e Remo estavam.
Ela estava lá.
Sendo abraçada – ou quase esmagada – pela Sra. Weasley. Vi que elas conversaram alguma coisa, mas não prestei atenção. Vi Monstro aparecer um pouco curvado, olhar rapidamente para a Sra. Weasley e então voltar seus olhos para que sorriu para ele.
Um barulho alto chamou minha atenção por alguns instantes, e quando notei, Hermione já estava indo abraçar a amiga com um sorriso enorme. Eu e Rony levantamos também, assim como Fred e Jorge, Fleur, Gui e Gina. Esperei todos a cumprimentarem, permanecendo por último na fila. Rony estava na minha frente e deu um abraço rápido e desajeitado, quando os olhos de viraram em minha direção, senti meu coração bater acelerado e minhas mãos suarem. Aproximei-me sorrindo de lado, abraçando-a apertado, sentindo o cheiro que vinha de seus cabelos, ainda úmidos.
- Bom te ver! – Falei baixo após soltá-la.
- É bom ver você também, Harry!
abraçou-me por alguns instantes, logo diminuindo o aperto, e afastando-se, sorrindo de lado, e logo desviando o olhar. Quando todos voltamos para à mesa, Fred puxou assunto com ela, quando Black sentou ao seu lado na mesa, rindo de alguma piada que ele contava.
Por alguma razão estúpida que eu nunca admitira, não gostei de vê-la rindo com ele, ou com Jorge, e parecendo tão interessada no assunto que Gui puxou em seguida. Não momento não queria nem mesmo que ela conversasse com Rony ou Hermione, queria ter sua atenção para mim, mas, aparentemente, continuava me evitando a todo custo, o que me deixava ainda mais irritado.
Era absurdo sentir tanto ciúmes dela, principalmente enquanto conversava com nossos amigos, mas era algo que no momento eu não conseguia controlar, simplesmente porque eu não conseguia conversar com ela. Precisava esclarecer algumas coisas, mas ela não parecia interessada nisso. sempre foi animada e sempre participava de várias rodas de conversa, embora passasse mais tempo conosco, eu nunca me incomodei (bem, talvez quando ela estava com Cedrico), mas agora parecia tudo tão diferente. De alguma forma parecia que quanto mais ela me ignorava, mas nervoso eu ficava e mais eu gostava dela. O pior era ter demorado tanto tempo para perceber tudo isso. Talvez se eu tivesse notado antes, nada disso aconteceria. Ela poderia ter ido comigo para o Baile de Inverno, ao invés de Diggory, ela não teria namorado com ele, talvez se eu tivesse notado que gostava dela naquele ano, e a tivesse convidado, as coisas tivessem sido completamente diferentes do que são no momento.
- Tente não babar e nem bater em ninguém! – ouvi a voz da Mione um tanto irônica ao meu lado.
- Não sei do que você está falando. – dei de ombros, olhando para as ervilhas que restaram em meu prato.
- Então por que ficou vermelho quando a abraçou e agora parece que vai azarar alguém? – eu a olhei, ela sorria – Tudo bem, Harry, eu sei.
Demorei alguns segundos para entender aquela informação, logo sentindo algo mexer-se em meu estômago, como se eu tivesse acabado de levar um balaço.
- S-sabe do quê? – perguntei sentindo meu coração acelerar.
Ela me puxou para um canto mais afastado do tumulto, falando em voz baixa;
- Eu vi vocês dois... Na arquibancada... – sorriu sugestiva, engoli em seco.
- Ainda não estou entendendo... – olhei para o lado, colocando a mão no bolso da minha calça. E se mais alguém tivesse visto? E se tivesse mais gente sabendo daquilo?
- Quer que eu conte o que vi? – Mione questionou rindo baixo, eu deveria estar com uma cara muito engraçada; Apavorado. – Eu estava indo mandar uma carta para meus pais e vi vocês dois pela janela do Corujal... Uma pena não ter conseguido ver sua cara depois que ela saiu... Devia estar hilária!
- Devia mesmo... Eu me senti um babaca... – Falei olhando para baixo, Mione riu.
- Ela não sabe que eu sei... Nem ela nem ninguém! – avisou, suspirei aliviado – Mas vocês deveriam ter me contado, a principalmente, somos amigas! – rolei os olhos sorrindo de lado – Isso é tão injusto... Eu contei para ela do Vitor... – Eu ri olhando para baixo.
- Não deixe o Rony ouvir isso!
Hermione me olhou por alguns segundos e depois rolou os olhos.
- Bem... Agora que já estamos conversando sobre o assunto me diga... O que aconteceu depois? Depois do beijo?
- O que você viu. – disse olhando para o lado em que estava conversando com Gina – Ela saiu correndo e depois mal falou comigo... – suspirei e tornei a olhar para Hermione – Você é uma garota. É amiga da , me diga, qual o problema?
Ela ficou em silêncio por alguns instantes, considerando sua resposta, mas antes que pudesse me dizer qualquer coisa, Molly apareceu;
- O que vocês estão fazendo parados aí? Vamos, temos que arrumar tudo para o casamento!

End Harry's POV

’s POV

Depois de passar o dia ajudando com os preparativos finais do casamento, finalmente estava tudo pronto e muito bonito. Terminei de me arrumar rapidamente, e aproveitei que Hermione estava distraída conversando com Gina para sair do quarto que dividia com as duas, enquanto terminavam de se arrumar.
Depois de toda aquela agito, eu só queria alguns instantes para ficar em silêncio, sozinha.
Eu não aguentava mais sorrir e dizer que estava bem, quando no fundo eu não estava. Era por isso que não quis vir antes para a Toca, e era por isso que assim que o casamento acabasse eu voltaria para minha casa. Gostava de ficar sozinha, me ajudava a pensar, refletir.
Ao mesmo tempo, parte do motivo que não queria estar com todos, era para não ficar perto de Harry, eu percebia o quanto o incomodava quando eu o evitava, e não fazia por mal, mas no momento não tinha certeza se era uma boa hora para começar a me envolver com ele, ou com qualquer outra pessoa.
Eu gostava de Potter, por Merlin, eu o amava.
Mas não parecia certo, não depois de tudo o que tinha acontecido.
Esperei até a Sra. Weasley sair da cozinha conversando com a Sr. Weasley para poder passar pela porta e ir para o jardim. Sentei-me embaixo de uma árvore um pouco afastada da entrada da casa, tomando cuidado para não sujar meu vestido, é claro. Só Merlin sabe o que a Sra. Weasley seria capaz de fazer comigo caso eu me sujasse.
O vento batia em meu rosto, e foi inevitável não lembrar de coisas do passado, na verdade, em qualquer momento do dia eu me lembrava, independente do que estivesse acontecendo ao meu redor.
Eu já não sabia mais se era uma boa ideia permanecer sozinha, não gostava realmente de pensar em tudo aquilo, mas ao mesmo tempo parecia um tanto egoísta da minha parte querer me esquecer.
Respirei fundo olhando para o céu azul, sentindo um aperto no coração e o nó em minha garganta, algo difícil de explicar. Eu só sentia aquilo quando lembrava de duas pessoas, ambas tiradas de mim de forma cruel;
Papai, que passou anos em Azkaban por um crime que não cometeu, e passou dois anos escondido, foragido, até ser morto por Bellatrix Lestrange, minha tia. O sentimento que eu tinha em meu coração era sempre o mesmo ao pensar naquilo, saudade e ódio. Eu me vingaria dela, nem que fosse a última coisa que eu fizesse em minha vida. Ela pagaria por tê-lo matado, por tê-lo tirado de mim.
Se tinha algo que eu não me importava mais, era de machucá-la, da mesma forma que ela tinha feito comigo. Se ela foi capaz de matar meu pai, eu poderia fazer o mesmo com ela, não importava se tínhamos o mesmo sangue.
O estranho era que, sempre que eu pensava nisso, inevitavelmente me lembrava de Cedrico Diggory.
O primeiro cara que eu gostei, o primeiro que eu beijei, o primeiro que eu amei. A forma, o motivo dele ele ter morrido, era algo que eu simplesmente não suportava. Saber que ele morreu apenas porque estava no lugar errado, acabava comigo toda vez que eu pensava nele. Cedrico era uma pessoa maravilhosa, uma das melhores que eu tinha conhecido em minha vida, a ligação que tive com ele, logo nos primeiros dias que nos conhecemos, era algo quase surreal. Eu soube que poderia confiar em Diggory no momento em que os olhos cinzentos dele encontraram com os meus.

Flashback

"Eu estava andando em direção a Torre da Grifinória, já estava tarde e eu ainda estava molhada e com as roupas de Quadribol. Tinha acabado de sair da Ala Hospitalar, onde Harry estava repousando, depois de ter sido atacado por Dementadores, no meio do jogo. O único pensamento que tive em mente, durante o tempo que ele ficou desacordado, era o que poderia ter acontecido se Dumbledore não estivesse assistindo a partida. Harry poderia estar...
- Hey! - balancei a cabeça espantando esses pensamentos assim que escutei alguém gritar, virei-me em tempo de ver Cedrico Diggory, apanhador e capitão do time da Lufa-Lufa, andar apressado até mim. - Hm… ?! Oi…? - ele sorriu um tanto constrangido, Diggory também usava seu uniforme, e parecia levemente ansioso, acenei com a cabeça, aguardando que ele prosseguisse - Hm... Sabe, eu só... Eu... - Ele me olhou por alguns segundos, parecendo um pouco envergonhado - Eu só queria perguntar... Potter está bem? Você é amiga dele, não? - concordei com a cabeça.
- Ele está bem sim, só terá que passar o fim de semana na Ala Hospitalar, ordens da Madame Pomfrey. Ele sobrevive! - sorri tranquila, vendo-o suspirar parecendo aliviado, antes de sorrir também.
- Obrigado. Sei que é estranho, mas fiquei preocupado com ele... - Diggory balançou a cabeça parecendo amargurado - Não é desse jeito que eu quero ganhar! Falei com a Madame Hooch, quero que façam um novo jogo, mas ela não aceitou...
- Não é preciso fazer um novo jogo, Cedrico, foi um acidente. Você não teve nada a ver com o que aconteceu. Vocês ganharam!
Ele me olhou por algum tempo e sorriu em seguida.
- Achei que você não fosse falar comigo!
- Por que eu não falaria?
- Hm... Eu perguntei do Potter para os gêmeos e eles me ignoraram. Também perguntei para o seu outro amigo Weasley... Rony?
- Ah, eles só estão assim por causa do jogo… Esse é o último ano do Olívio, entende? Ele quer mais do que tudo ganhar a Taça de Quadribol, essa derrota não estava nos planos dele… - dei de ombros, passando a mão pelos cabelos.
- Vocês vão ganhar! - Eu o olhei surpresa pela confiança em sua voz - Vocês têm o melhor time, todos sabem. Só não ganharam ainda por "problemas técnicos". - falou fazendo aspas com os dedos, o que me fez rir. - Você é legal!
- É, você também! Mas isso é óbvio, você é da Lufa-Lufa, todo mundo de lá é legal!
- Nem todos! - Ele balançou a cabeça sorrindo.
Cedrico abriu a boca para falar mais alguma coisa, quando ouvimos um grito. Vi outro garoto de uniforme amarelo correndo até onde estávamos.
- Caramba, Diggory, estou te procurando pelo castelo inteiro! Só estamos esperando você para comemorar a vitória! Vem logo! - O garoto falou puxando Cedrico pelo braço. Ele me olhou fazendo uma careta, eu sorri acenando com a cabeça. Os dois viraram um corredor e não os vi mais".

"- Você está bem? - Olhei para o lado, vendo Cedrico parado, me encarando com o semblante sério, preocupado. - Que pergunta idiota, é óbvio que você não está bem! O que aconteceu?
Balancei a cabeça sem responder, voltando a olhar para frente.
Estava nevando e eu estava sentada em um banco próximo ao Correio, em Hogsmeade.
Tinha me afastado de Harry, Mione e Rony há alguns minutos, sem que eles percebessem.
Para ser sincera, Harry estava perturbado demais para perceber alguma coisa, e isso me dava medo; Eu tinha certeza que era só questão de tempo para eles descobrissem meu segredo. Uma questão de tempo para que nenhum deles nunca mais falasse comigo, olhasse para mim.
Saber que em pouco tempo eu acabaria perdendo meus três melhores amigos, simplesmente acabava comigo.
- Tudo bem se não quiser conversar. - disse sentando-se ao meu lado - Mas você se importa se eu me sentar aqui com você? - Neguei com a cabeça novamente sem olhá-lo.
Ficamos em silêncio por algum tempo, enquanto a neve continuava caindo, embora fosse algo insignificante para mim, no momento a única coisa que me preocupava era a notícia da minha adorava família se espalhar pela Escola.
- Se quiser eu posso procurar seus amigos... Eles não sabem que você está aqui, sabem? - neguei pela terceira vez. - Quer que eu os chame? - Cedrico parecia realmente preocupado, ao mesmo tempo que era extremamente atencioso, finalmente levantei meus olhos para encará-lo. - Hey, não precisa chorar! Não sei o que aconteceu com você, mas não chore! Você vai ficar com os olhos inchados e vão começar a te chamar de Murta-Que-Geme! - Ele disse sorrindo, me fazendo sorrir fraco, baixando a cabeça e escondendo o rosto nas mãos.
Cedrico agachou-se na minha frente, puxando minhas mãos para baixo, tocando meu rosto com a mão esquerda, de forma a me fazer encarar seus olhos cinzas. - Não sei o que aconteceu, e sei que você não quer falar, não te culpo por isso, nós mal nos conhecemos, mas... - Ele suspirou ainda me olhando - Quando você quiser falar com alguém diferente, eu estarei aqui, ok? - mordi o lábio inferior, olhando-o em dúvida - Qualquer dia, a qualquer hora! Menos nas aulas de Poções, o Snape não ficaria muito feliz se eu pedisse pra sair, sabe como ele é, provavelmente iria nos deixar presos nas masmorras por uns três dias, ou algo do tipo...
Ao notar a forma com que o lufo tentava me animar, fazendo uma piada sem graça, apenas para tentar me distrair, me fez sorrir. Ele nem mesmo precisava estar ali, mas ele estava.
Eu não saberia explicar o que aquilo significava, mas ao vê-lo parado ao meu lado, eu senti que poderia confiar no Cedrico Diggory, era estranho, mas ele emanava um ar de confiança, amizade.
Cedrico ainda estava sorrindo para mim quando, por puro impulso (o que eu obviamente nunca faria com qualquer outro garoto, nem mesmo com Harry e Rony), abracei-o.
Diggory pareceu surpreso por alguns instantes, mas logo me abraçou de volta, apertado.
Sentou-se novamente no banco ao meu lado, sem me soltar, me aproximando ainda mais dele.
Cedrico tinha um abraço gostoso, era quente e reconfortante.
Me fazendo sentir segura, protegida!"

End FlashBack

Ouvi um grito vindo de dentro da casa, o que me fez parar de pensar em Cedrico.
Eu não poderia ficar ali chorando, não agora.
Eu tinha que ajudar com os convidados.
O casamento aconteceria em algumas poucas horas, e aquele não era o momento certo para ficar pensando em coisas tristes, embora, pensar nele me fazia perceber a saudade que eu tinha dele. Cedrico provavelmente estaria entre os convidados, afinal ele tinha feito amizade com Fleur. Mas ele não iria.
Ele não estava mais ali, ele tinha ido embora.
- ?! - Ouvi o grito de Hermione que estava na janela do quarto de Gina – Ela está no jardim!
Passei as mãos pelo rosto rapidamente, não queria que me vissem chorando.
Respirei fundo algumas vezes e pouco depoisv pude ver a sombra de Harry Potter na minha frente. Olhei-o, Harry tinha um meio sorriso no rosto, e as mãos nos bolsos da calça social que ele usava. Potter estava realmente bonito com aquela roupa.
O sorriso em seu rosto vacilou quando nos encaramos, e logo ele sentou-se ao meu lado.
- O que você tem? – perguntou em voz baixa.
- Nada, estou bem! Só acho que fico emotiva com eventos assim! Quer dizer, quem imaginaria Gui e Fleur se casando? – sorri, tentando soar convincente.
- Você deveria saber que, depois de todos esses anos, não é tão fácil mentir para mim, Black. - Harry afirmou, me olhando sério.
- Já disse, estou emocionada! Vem, vamos logo, temos que ajudar nos preparativos finais! - me levantei rapidamente, puxando-o pela mão na tentativa de mudar o assunto.
- Espera. - Harry me puxou de volta fazendo com que ficássemos próximos, de forma que pude sentir a respiração dele bater em meu rosto. - Você está bonita! - Ele sorriu ficando um pouco corado.
Sorri de volta aproximando-me e dando um rápido beijo em sua bochecha. Não sei o que me levou a fazer isso, simplesmente aconteceu, pareceu certo.
No segundo em que me afastei, ele me puxou fazendo com que nossas bocas se encostassem.
End ’s POV


Capítulo 4

Harry’s POV

Foi como se tudo parasse momentaneamente, até as folhas na árvore pareciam ter parado de balançar com o vento. Ao mesmo tempo, era como se todos os meus sentidos estivessem mais aguçados;
Eu sentia o perfume doce que ela usava, com duas vezes mais intensidade, o que me fazia respirar mais fundo, tentando puxar o máximo que eu conseguia, guardar comigo aquele cheiro tão característico.
Continuei com os meus olhos fechados, desde que encostei meus lábios aos dela, não querendo abri-los e correr o risco de nos separarmos. Por alguma razão aquele era o meu maior medo, olhar para a garota em meus braços e ela sair correndo, de novo.
Coloquei minhas mãos em sua cintura, segurando-a com firmeza, não dando espaço para ela fugir, e transformei aquele simples 'encosto de bocas' em um selinho, depois em dois, três, o quarto foi mais demorado. Fiz o contorno de seus lábios, tão... Atrativos, com a língua.
Um movimento que nem eu achava que faria com tanta calma. Ela entreabriu a boca me dando passagem, e então eu a beijei, mas não como fiz há dois meses.
Eu a beijei com mais vontade, logo pousou uma mão em meu peito, enquanto com a outra acariciava meu rosto. Senti meu coração, aos poucos, batendo mais devagar, conforme aprofundamos o beijo, e ela parecia estar gostando tanto quanto eu.
No entanto, infelizmente, durou menos do que eu esperava.
Black me afastou gentilmente, após alguns instantes.
Abri os olhos, em tempo de a ver fazer o mesmo. Não consegui segurar o sorriso que se abriu em meus lábios, e a notei sorrir pequeno, antes de olhar para baixo, envergonhada. Isso era uma coisa que eu raramente via, envergonhada.
- Isso não deveria acontecer sempre que ficamos sozinhos. - falou baixo.
- Sempre que ficamos sozinhos? - questionei, negando com a cabeça - Nós nunca ficamos sozinhos. Você sempre dá um jeito disso não acontecer.
me olhou por alguns segundos, dando um pequeno sorriso de lado.
- Eu só não sei se isso é certo, Harry.
- Por que não seria? - repeti, me esforçando para permanecer calmo, lembrando-me de tudo o que eu tinha dito a mim mesmo, tantas e tantas vezes durante aquele verão, enquanto esperava a oportunidade para poder falar pessoalmente para . - Eu sei que está tudo uma confusão, que na verdade sempre foi uma confusão… - soltei o ar, atraindo sua atenção por completo - Eu também sei que você ainda está triste por causa do Cedrico, - engoli em seco, não queria realmente trazer o assunto à tona. - que você gostava dele, mas - sorri de canto - embora eu tenha demorado mais do que o necessário para perceber, eu também sei que você gosta, nem que seja só um pouco, de mim. Assim como eu gosto de você.
hesitou por alguns segundos, mordendo o lábio inferior.
- Eu não diria que é um pouco, Raio… Eu só...
- O QUE VOCÊS DOIS ESTÃO FAZENDO AÍ? - ouvimos o grito da Sra. Weasley e nos afastamos rapidamente, olhando para a entrada da casa. - VENHAM LOGO! OS CONVIDADOS JÁ ESTÃO PARA CHEGAR!
- Terminamos isso mais tarde, pode ser?

Estávamos todos sentados esperando Fleur aparecer com o pai, Gui estava em pé no altar improvisado, conversando com Carlinhos, que parecia tentar o acalmar.
Olhei para o lado vendo Hermione reclamar com Rony, por algo que ele dissera sobre Vitor ter sido convidado.
estava sentada do meu outro lado, parecendo distante, perdida nos próprios pensamentos. Quase perguntei no que ela estava pensando, mas achei melhor não me intrometer, ultimamente ela fazia muito isso, e eu sabia que, se em algum momento, ela quisesse conversar a respeito, ela o faria.
Olhei para frente novamente, vendo Gui mexer as mãos nervosamente, parecendo extremamente ansioso.
Então, no momento que vi o Weasley mais velho coçar a barba, mantendo um sorriso nervoso no rosto, um pensamento me ocorreu. Algo que eu nunca tinha imaginado até então; e se fosse eu ali?
E se fosse eu quem estivesse me casando?

Quais eram as chances daquilo realmente acontecer? Até então eu nunca tinha estado em um casamento, e nem tinha pensado a respeito. Eu nem mesmo costumava pensar no futuro, a única coisa que eu via em meu destino era Voldemort; eu iria matá-lo, ou morrer tentando.
Mas e se não precisasse ser assim? E se não fosse minha responsabilidade acabar com Riddle?
E se eu tivesse uma vida normal?
Eu provavelmente estaria mais preocupado com o futuro, pensando nas minhas notas na Escola, e o que eu faria depois de terminar Hogwarts; provavelmente buscaria um trabalho no Ministério, como Auror. Ou quem sabe jogar Quadribol profissionalmente? Talvez eu pudesse entrar para o time da Inglaterra… Disputar uma Copa Mundial, como Krum tinha feito alguns anos antes…
E, bem, eu certamente pensaria em me casar, em ter uma família.
E a única pessoa em quem eu pensei, ao cogitar essas possibilidades, foi a garota sentada ao meu lado, usando um vestido azul claro, aberto nas costas e com pequenos detalhes em prateado, com os cabelos bem presos, em um penteado sofisticado, e uma maquiagem leve, realçando seus olhos . parecia concentrada em alguma coisa, o olhar perdido em algum ponto mais a frente.
Sorri sozinho quando lembrei do beijo de mais cedo, e no quanto eu desejava repetir aquilo o mais breve possível. Talvez ainda na festa de casamento.
De alguma forma, o segundo beijo foi ainda melhor do que o primeiro. Não sabia dizer se foi pela situação, pela demora a repetir ou o quê, mas tinha sido melhor.
Independente do que fosse, a única certeza que eu tinha naquele momento, era que eu estava cada dia mais apaixonado por Black.

Depois que eu a beijei na arquibancada, passei semanas pensando naquilo, e no como parecia irreal. Em um momento ela era minha melhor amiga, no outro eu queria a beijar. Mas então percebi que não tinha sido uma coisa do momento, uma simples atração, como quando eu sai com Cho Chang.
Na verdade, eu comecei a gostar dela no terceiro ano, embora na época, achasse que aquela mistura de sentimentos fosse por ela ser filha do Sirius, o homem que durante meses eu achei que tivesse matado meus pais. Pensando sobre isso, eu lembrava de como me senti durante as semanas que não nos falamos aquele ano, era estranho, como se algo estivesse faltando.

FlashBack

"- Harry, você não pode fazer isso... Pense bem... É loucura! - ouvi Hermione falar com a voz calma. - Pense nos riscos... Eu sei... Sei que isso foi horrível, o que ele fez, mas pense...
- Pensar em quê, Hermione? Meus pais confiaram nele e o que ele fez? Me fala? O que ele fez? - falei alto, nervoso me levantando da poltrona - Entregou os dois ao Voldemort! Eles estão mortos por causa dele! Eles poderiam estar vivos. Eu poderia ter uma família, mas não, Black se encarregou de acabar com isso! Eu vou matá-lo, Hermione, matá-lo. E nada que você ou Rony falem vai mudar isso! - estávamos os três sozinhos na Sala Comunal, já passava da uma da manhã e ainda discutíamos o mesmo assunto.
Um assunto, aliás que não tinha o que ser discutido; Eu encontraria Sirius Black, e o mataria.
- Hm... - Rony começou, eu o olhei com raiva e vi suas orelhas ficarem vermelhas, ele abriu a boca algumas vezes sem falar nada, virou-se para Hermione - Vo... Você viu a ?
Suspirei com raiva.
- Não... Não a vejo desde a hora do jantar... - Mione comentou pensativa.
- Onde será que ela está? - Rony questionou me olhando, tentando mudar de assunto e acalmar os ânimos.
- Com Diggory, provavelmente. - dei de ombros sentindo um pouco de raiva.
Ela poderia estar ali, com a gente, ainda não tínhamos conversado sobre aquilo, e por alguns instantes me peguei pensando no que ela diria sobre o assunto. normalmente concordava comigo nas decisões, e ainda tinha ideias melhores para executar nossos 'planos', mas será que dessa vez ela faria o mesmo? Ela me ajudaria a pensar em uma maneira de matar Black?
Minha linha de raciocínio foi interrompida quando ouvi um barulho vindo do corredor, logo alguém saiu da passagem, e meus olhos focaram nos cabelos loiros e compridos de .
- Acabamos de falar em você, pensando onde você estaria a essa hora. - Mione falou sorrindo, embora eu tivesse notado uma pequena curiosidade em sua voz.
- Estava decidindo uma coisa. - respondeu, sem olhar para nenhum de nós, aproximando-se lentamente - E vocês?
- Falando como Harry está sendo burro em querer ir atrás do Black! - Hermione replicou antes que eu tivesse a chance de abrir a boca. - Você concorda que isso é loucura, não é?
Eu a olhei, assim como Rony e Hermione.
ficou em silêncio por alguns segundos, então suspirou antes de responder;
- Sirius Black é perigoso, não é para menos que vai passar a vida em Azkaban, eu sei disso, você sabe disso Mione, Harry, Rony e todo mundo. - ela deu de ombros, cruzando os braços e andando devagar até a janela. - Se Harry quer ir atrás dele, eu duvido que qualquer um de nós possa o convencer do contrário. Achei que depois de três anos já estivesse claro que o que Potter tem de corajoso, tem de burro.
- Ei! - reclamei baixo, mantendo um sorriso leve no rosto quando ela me olhou. Estava claro para mim, estava preocupada, mas entendia o meu lado, e até mesmo concordava, mesmo que não fosse dizer isso com todas as letras.
Eu estava com a cabeça cheia demais para reparar nos detalhes, se o tivesse feito, teria percebido que o fato dela não me encarar era um sinal. Assim como não ter sorrido de volta, quando ri de sua brincadeira.
- De qualquer forma, tem algo que eu preciso te contar, Harry… Já deveria ter contado meses atrás…
- O que é? - Rony perguntou curioso.
apenas suspirou, olhando para o lado.
- Eu… Bem, entenda… - começou mexendo as mãos, nervosa - Eu não contei antes porque… É complicado… - passou a mão esquerda pelos cabelos loiros, jogando-os para trás. - Eu sei que deveria, mas…
- O que é complicado? - tornei, me sentando na poltrona próxima à lareira. Mione e Rony fizeram o mesmo no sofá próximo, e Tonks respirou fundo antes de se aproximar, puxando uma cadeira e sentando-se um pouco mais afastada.
- Não tem muita gente que sabe disso... São bem poucos na verdade, Malfoy é um deles. - falou revirando os olhos.
- O QUÊ? - Gritei - O que o Malfoy sabe que nós não sabemos?
- Ele é... Meu primo. - respondeu amargurada, olhando para as próprias mãos.
Todos ficamos em silêncio por algum tempo, até Rony rir escandalosamente.
- Primo? Você só pode estar brincando!
Ela negou com a cabeça.
- Minha mãe é irmã da mãe dele...
- Por que você nunca contou? - Mione perguntou com a voz valha, olhando diretamente para a amiga.
- Porque nós dois vivemos muito bem fingindo que não temos qualquer parentesco. - responder irritada - Ou vocês acham que eu gosto de ter aquele loiro, babaca e arrogante como primo? E também tenho certeza que ele não quer sair por aí dizendo que eu sou a prima preferida dele.
- Isso explica algumas atitudes do Draco... - comentei baixo, concordou com um aceno - Ok, não gosto de Malfoy, mas isso não chega a ser tão desesperador… Quer dizer, se nenhum de vocês quer falar sobre o assunto e...
- Não é só isso... - Tonks suspirou, abaixando a cabeça e a apoiando nas mãos. - Se for ver, ele chega a ser o menor dos meus problemas familiares.
- Como assim? - nós três dissemos ao mesmo tempo.
- Eu sei que eu nunca falei a respeito, mas vocês nunca se perguntaram o por quê de eu moro com os Tonks? - nos olhou com um sorriso triste.
A encarei por alguns instantes, com o cenho franzido. nunca falava sobre sua família, eu só sabia que ela morava com os tios e a prima, no fundo eu sempre achei que os pais dela tivessem morrido, assim como os meus. Senti minha respiração sair pesada, enquanto raciocinava rapidamente o que aquilo poderia querer dizer… Não fazia muito sentido ela trazer aquele assunto à tona, a menos que…
- Meus pais eram Comensais de Você-Sabe-Quem… - contou em voz baixa, eu fechei os olhos com força, tentando ignorar o que ouvia - Foram presos depois que ele sumiu…
- … - Mione chamou baixinho.
- Eu descobri quando tinha cinco… - respirou fundo, encarando as próprias mãos.
Permanecemos em silêncio por algum tempo, até eu não aguentar mais a dúvida que pairava em minha cabeça.
- Quem... Quem são... Eles? - perguntei com a voz trêmula, tentando ignorar a voz em minha mente que gritava o nome do pai dela.
- Victoria Lestrange, ela... Me “trocou” para ficar ao lado de Você-Sabe-Quem, assim como todos na família… - respondeu sem olhar para nenhum de nós, parecendo amargurada por precisar compartilhar aquilo - Foi pega dias depois, acusada de passar informações do Ministério...
- E seu pai? - perguntei com as mãos em punho.
me encarou, os olhos marejados, a mistura de medo e tristeza visível neles. Aquela foi à confirmação que faltava.
- É ele? Black? Sirius Black é seu pai? - perguntei nervoso, torcendo para que ela negasse com a cabeça, dizendo outro nome qualquer. Mas ao invés disso, fechou os olhos, concordando com um aceno.
- Eu juro que não sabia sobre seu pais, Harry... - ela falou com a voz trêmula, e eu pude notar uma lágrima escorrer por seu rosto.
- Por que você nunca contou? - levantei-me apressado, tentando controlar a voz, embora meu corpo inteiro tremesse.
- Eu não gosto disso, entende? Não é algo que eu me orgulhe, meus pais seguidores de Você-Sabe-Quem, os dois presos em Azkaban... - negou com a cabeça, levantando-se e ficando de frente para mim. Mordeu o lábio antes de continuar - Eu sei o que eles fizeram, Harry. Você talvez não saiba, mas eu sei o número exato de pessoas que eles torturaram e mataram, famílias inteiras! - seu peito subia e descia com rapidez, sua voz saindo um pouco mais alta - Você tem noção disso? Saber que seus pais são dois assassinos, dois dos melhores seguidores do maior bruxo das trevas que existiu? - questionou retoricamente, negando com a cabeça - Eu sei o que isso significa, Harry. Mas eu não saio por aí espalhando quem são meus pais. Eu nem os considero minha família, para mim eles simplesmente não existem. Minha família se resume aos Tonks. Sem Malfoy, nem Lestrange ou Black. Não importa se temos o mesmo sangue ou o mesmo nome, eles não são meus pais. Não são minha família.
- … - Hermione chamou novamente, aproximando-se devagar.
Nós dois nos encaramos por algum tempo, eu não sabia exatamente o que dizer. Parte de mim acreditava no que ela dizia, essa mesma parte queria abraçá-la e dizer que nada daquilo importava. Mas outra parte simplesmente não conseguia ignorar; era filha do homem que causou a morte dos meus pais.
- Você deveria ter contado.
- Eu contei agora.
- Você deveria ter contado quando nos conhecemos! - falei travando a mandíbula, com as mãos em punho.
- Oh, sim. E como seria? Olá, eu sou , meus pais são Sirius Black e Victoria Lestrange, prazer! - ela ironizou de uma forma fria.
- Você me entendeu, Black.
Aconteceu muito rápido, em um segundo ela me olhou surpresa com o que eu tinha dito, parecendo magoada, no outro, apontava sua varinha em minha direção, aproximando-se dois passos de mim e me olhando com raiva.
- Não ouse. - disse em voz baixa, a varinha encostando em meu peito.
A tristeza e o medo de antes, agora davam lugar a raiva. Eu nem mesmo sabia dizer como tinha dito aquilo, por um instante quase me desculpei, mas senti sua varinha queimar de leve meu agasalho, e ao invés de me desculpar, olhei-a com todo o descaso que consegui reunir.
- Talvez você seja mesmo mais parecida com Malfoy do que eu imaginava.
continuou a me encarar, embora sorrisse de lado, um sorriso debochado que eu nunca tinha visto em seu rosto.
- Parem! Parem, vocês dois! - Hermione pediu desesperada, tentando ficar entre nós dois.
- Talvez, - disse de forma fria - e talvez fosse devesse manter a distância, Potter, nunca se sabe, eu posso tentar te envenenar na próxima aula de Poções.
- Harry sabe que não é sua culpa, ele não acha que você faria nada disso, não é, Harry? Não é?
Não respondi, nem mesmo a olhei.
Era realmente estranho estar naquela situação com , ela era minha melhor amiga desde o momento que nos cruzamos na primeira semana de aula. Mas naquele momento era como se eu não a conhecesse, era como se fosse outra pessoa na minha frente, tudo o que eu via era a filha do homem que matou meus pais.
tornou a sorrir de lado, baixando a varinha, mas quando eu tornei a olhar em seus olhos, senti um aperto em meu coração, que nada tinha a ver com o pequeno queimado em minhas roupas, quando eu a encarei novamente, tudo o que eu vi foi o desprezo em seus olhos .
- É por isso que eu não saio por aí falando sobre a minha família. - deu de ombros, olhando para Hermione, antes de virar de costas e seguir para as escadas, em direção ao dormitório feminino.
Respirei fundo quando ela sumiu pelo corredor, fechando os olhos por breves segundos.
- Você não acha… Harry…?
- Eu não sei o que eu acho, Hermione. Eu não sei de mais nada.
Olhei para ela e Rony, que continuava em silêncio no sofá, parecendo processar toda a informação, sem ter ideia do que fazer. Acenei com a cabeça e segui em direção ao meu próprio dormitório, ainda com aquele aperto no peito.“

End FlashBack

sempre foi minha melhor amiga, tinha coisas que nem Rony sabia, mas que eu tinha contado para ela. Da mesma forma que haviam coisas que Mione não sabia sobre ela, mas que eu sabia.
Eu quase não dormi naquela noite, pensando em tudo o que tinha acontecido, e em tudo o que dissemos um para o outro. Na manhã seguinte, assim como todos os dias durante quase três semanas, passava por mim sem me olhar, e quando o fazia, a única coisa que eu enxergava em seus olhos era mágoa. Eu sabia que tinha errado, e até queria me desculpar, mas sempre que eu tentava falar com ela, fora das aulas, ela estava com Cedrico. O que só me irritava ainda mais em tudo, era que ela tinha razão em preferir a companhia dele, porque quando ele soube sobre os pais dela, em momento algum ele virou as costas. E o que mais me incomodava, era porque aquilo era o que eu deveria ter feito, e não fiz.
Durante o quarto ano eu estava convencido que o único motivo para eu estar com ciúmes dela junto de Diggory, era por ser minha amiga, mas ao invés de passarmos o tempo junto, como sempre acontecia, ela estava com Cedrico. Contudo, eu realmente quis o socar quando soube que estava indo com ele ao Baile de Inverno, não que eu tivesse considerado convidá-la, embora aquilo provavelmente teria sido uma boa ideia, e eu provavelmente devesse ter feito.
Senti um cutucão nas minhas costelas, e quando olhei para Hermione, ela estava levantando, assim como todos os convidados, pois Fleur estava finalmente entrando, de braços dados com seu pai.

Estavam todos dançando, bebendo ou comendo, estavam todos se divertindo.
Menos eu, porque eu ainda não tinha esquecido a conversa sobre Dumbledore que a Tia Muriel e o Sr. Doge tiveram na minha frente. Não era possível que tudo aquilo fosse verdade. Não Dumbledore.
Olhei para o lado, procurando algo que tirasse minha atenção daquela conversa, e logo encontrei Hermione e Rony dançando, deixei escapar um sorriso, principalmente quando notei que Rony, vez ou outra, olhava na direção de Vitor, como se quisesse garantir que o búlgaro estivesse vendo os dois dançarem.
Gina estava mais ao lado, dançando com algum parente e Fred e Jorge com as primas da Fleur.
Não demorei a localizar , que estava sentada conversando com Luna, parecia feliz, animada rindo de algo que conversavam. parecia ainda mais bonita naquela noite, tanto por causa do vestido como pelo sorriso. Eu adora a ver sorrir.
Enquanto eu a olhava de longe, nossos olhares se cruzaram e deu um meio sorriso, foi o suficiente para fazer com que eu me aproximasse.
Eu poderia convidá-la para dançar.
Eu nunca tinha feito isso, e de repente me pareceu uma boa ideia, mesmo que eu não soubesse dançar direito.
- Oi, . Oi, Luna.
- Oi, Harry! Eu estava aqui falando para a como você parecia babar olhando pra ela de longe... - fiquei sem graça ouvindo aquilo, dando uma risada nervosa enquanto passava a mão pelos cabelos, olhou pra baixo segurando uma risada.
- Err... Hm... Eu... - olhei para os lados pensando em algo para falar.
- Viu o que eu disse? Harry é simpático e educado demais até quando fica envergonhado. - ela continuou olhando para Black, que tinha a mão em frente à boca abafando uma risada, mas mesmo assim, pude perceber que ela estava um pouco vermelha.
- Hm... Eu... - comecei ignorando Luna antes que eu desistisse.
- Eu vou deixar vocês sozinhos, talvez não fique tão envergonhado! - ela sorriu animada, eu apenas fechei os olhos por alguns instantes, sentindo meu rosto esquentar.
- , você quer…?
Na mesma hora em que Luna levantou-se, segundos depois, Hermione apareceu ofegante ao nosso lado, sentando-se em uma cadeira vazia.
- Simplesmente não consigo dançar mais. - falou retirando um dos sapatos e esfregando a sola do pé, sorriu para ela - Rony foi buscar mais cerveja amanteigada. - comentou rapidamente - Que coisa mais estranha, acabei de ver Vitor se afastando enfurecido do pai de Luna, parecia que estiveram discutindo... - ela me olhou – Harry, você está bem?
Se eu estava bem?
Simplesmente minha ideia de chamar para dançar foi por água abaixo e Hermione pergunta se eu estou bem?
Abri a boca para responder quando algo volumoso e prateado atravessou o toldo sobre a pista de dança. O lince parou flutuando entre os convidados que olharam espantados, e Hermione levantaram-se no mesmo instante e nós três nos aproximamos do Patrono, na mesma hora que a voz de Kingsley saiu:

"O ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão vindo."


End Harry’s POV


Capítulo 5

POV em Terceira pessoa

Demoraram alguns segundos até os convidados entenderem o que estava acontecendo, mas assim que o lince de forma prateada se desfez no ar, todos começaram a correr e se empurrar.
Cadeiras e mesas estavam espalhadas, caídas ao chão, taças e pratos eram quebrados, conforme o pessoal corria, querendo afastar-se o mais rápido possível do lugar.
Hermione começou a gritar, procurando por Rony que estava longe, com dois copos de cerveja amanteigada nas mãos. O ruivo tentava correr até os amigos, mas era impedido pela multidão em pânico, a qual bloqueava seu caminho.
Harry segurava com firmeza a mão de e Hermione agarrava seu braço, pronto para aparatarem, era só o tempo de Rony chegar até eles, e os quatro estariam fora daquela confusão, assim como vários dos convidados.
Enquanto tentavam se aproximar de Rony, vultos mascarados apareciam por todas as partes, lançando feitiços para todos os lados.
Os três, já com as varinhas em mãos, gritavam 'Protego' o tempo todo, tentando se defender dos atacantes, e ajudar os convidados mais próximos que pareciam desprotegidos.
Harry lançou um 'Impedimenta' quando um vulto tentou se aproximar.
Pessoas gritavam desesperadas, tentando fugir dos Comensais que a cada segundo estavam em maior número, prontos para capturarem, ou até mesmo matarem, o maior número de bruxos que conseguissem, não pareciam se importar se eram Puro-Sangue ou não, apenas lançavam seus feitiços.
No instante que Rony conseguiu chegar até eles e Hermione agarrou a mão do ruivo, prontos para aparatar, Harry sentiu um puxão ao seu lado.
Virou-se a tempo de ver caindo depois de ser atingida por um raio vermelho. Soltou-se da amiga, jogando-se ao chão ao lado da loira, notando o corte profundo em seu braço, e o sangue jorrando pelo mesmo.
- VÁ, HARRY! AGORA! - Lupin gritou abaixando-se ao lado dos dois.
- NÃO! - Gritou puxando a garota com ele, Hermione e Rony lançavam feitiços de proteção a todo o instante.
- RÁPIDO, HARRY! - Rony gritou desesperado.
- Você vem comigo! - um dos Comensais gritou acertando um feitiço em Lupin.
- Remo! - gritou, virando-se com a varinha erguida, apontando para o Comensal próximo.
Harry também mirou na direção do homem, que andava rápido em sua direção, mas no momento que abriu a boca para dizer seu encantamento, sentiu uma mão em seu braço, e segundos depois seus pés deixavam o chão e tudo girava. A última coisa que escutou foi o grito de , lançando um feitiço enquanto mais dois Comensais se aproximavam apressados.

- O QUE VOCÊ FEZ? - Harry gritou desesperado olhando para Hermione. - PRECISAMOS VOLTAR!
- Harry, fala baixo, estão nos olhando! - Hermione reclamou olhando para os lados, puxando os amigos pela rua.
- Onde estamos? - Rony perguntou alheio.
- Tottenham Court, vim aqui com os meus pais!
- Precisamos voltar! - Harry falou soltando-se da amiga.
- Não podemos, não se preocupe a está bem, a Ordem está lá! Se ficássemos mais alguns segundos eles pegariam você, Harry, você esqueceu de tomar a poção...
- É, você voltou a ser o magrelo e ter olhos verdes! - Rony sorriu para o amigo, tentando amenizar a situação.
- Não importa, não podemos deixá-la! Você não ouviu? Eles queriam levá-la...
- Harry, você não pode voltar, só deixaria todos em perigo... Em um perigo maior! - completou ao ver o olhar do amigo sobre ela.
- Você não entende...
- Harry Potter! Ela é minha amiga também, eu realmente entendo muito bem o que você está sentindo, eu também queria voltar lá, mas não podemos!
- Não podemos continuar sem ela! Ela vai com a gente procurar pelas... Você sabe... - parou olhando para os lados.
- Nós vamos dar um jeito, agora venham, precisamos trocar de roupas! - a garota disse voltando a andar com os dois logo atrás.
- Hermione, não temos roupas para trocar. - comentou Rony quando uma jovem caiu na gargalhada ao vê-los.
- Por que não verifiquei se tinha trazido comigo a Capa da Invisibilidade? Poderíamos voltar e trazer a ... Carreguei a Capa durante todo o ano passado...
- Tudo bem, eu a trouxe, e trouxe roupas para vocês dois. - disse Hermione - Tentem apenas agir com naturalidade até... Aqui vai dar.
Eles entraram em um beco escuro e Hermione começou a mexer em sua bolsa de contas.
- Quando você diz que trouxe a capa e as roupas... - Harry franziu a testa olhando para a amiga.
- Isso mesmo, estão aqui. - respondeu ela, e para o espanto dos dois, tirou da bolsa um jeans, uma camiseta e meias marrons, e finalmente, a Capa da Invisibilidade prateada.
- Caraca, como foi...?
- Feitiço Indetectável de Extensão. - respondeu Hermione - Complicado, mas acho que executei corretamente; enfim, consegui enfiar aqui tudo o que precisamos. - Ela sorriu ligeiramente – Agora, Harry, antes de entregar a Capa, eu quero que você me prometa que não vai fazer nada idiota, e com isso quero dizer, tentar voltar n'A Toca agora ou depois, para tentar ajudar os outros...
- Hermione, eu tenho que...
- Você tem que ficar seguro, ficar com a gente, ir atrás das... Você sabe o quê, - falou em voz baixa - só assim poderemos ajudar todo o mundo! Lembra do que o Lupin e o Kingsley disseram sobre Dumbledore e você? "Harry é a melhor esperança que temos, confie nele" como vão confiar em você, se você cometer a estupidez de voltar para o lugar onde estão os Comensais e talvez o próprio Voldemort?
O garoto suspirou, olhando para o lado e concordando com a cabeça.
- Prometa, Harry Potter.
- Eu... Prometo.
- Ótimo - Mione sorriu compreensiva, estendendo a Capa ao amigo - Rony, por que você ainda não se trocou?
- Ah, é... Eu...

só notou que o barulho da aparatação veio do trio de amigos, quando jogou-se ao chão, atrás de uma mesa e percebeu que nenhum deles estava por ali. Sentiu um leve aperto no peito, a sensação de abandono, mas não teve tempo para preocupar-se com isso, pois no instante seguinte, um jato vermelho passou ao lado da sua cabeça.
Virou-se para o Comensal a direita, usando um feitiço não-verbal, e deixando para apontar sua varinha no último instante, para ter uma chance maior de acertá-lo, funcionou. Assim que ele caiu no chão, o outro virou-se para acertá-la. Gui Weasley acertou-o de um canto, atrás do Comensal. Logo virando-se para o terceiro, e, juntos miraram suas varinhas para o homem, que, embora tenha tentado se defender, não conseguiu desviar dos dois feitiços.
Black agradeceu ao rapaz com um aceno, mas não tiveram tempo de olharem-se por mais de dois segundos, logo outros Comensais apareceram, e começaram a duelar, juntamente com o restante dos convidados que tinham ficado, e parte dos Weasley.
notou quando um dos homens encapuzados andou sorrateiramente em direção a Lupin, ainda desacordado ao canto, virou-se em tempo de lançar um novo feitiço, e jogar-se pelo chão, aproximando-se do marido da prima, garantindo que ninguém mais se aproximaria dele.
Seu vestido já estava sujo e rasgado, e seu penteado desfeito, mas não se importou. A única coisa que a incomodava no momento era o corte em seu braço direito, que ainda sangrava.
Precisaria de ajuda com o corte, não era boa com aquilo, talvez se Hermione… Respirou fundo, ignorando aquele súbito pensamento, e voltando a concentrar-se no que era importante. Contou mais de quinze Comensais, para menos de dez pessoas duelando, isso já contando com ela própria. Parte dos que tinham ficado já estavam caídos, machucados ou desacordados, totalmente fora de combate.
Fleur, mais ao canto, tinha a mão sobre o corpo, o vestido que usava sendo manchado de sangue, Gina estava ao seu lado, tentando ajudá-la, enquanto o Sr. e a Sra. Weasley duelavam próximos. Fred lançava feitiços do outro lado da tenda, Jorge estava desacordado.
- ! - Carlinhos gritou, antes de um jorro de luz verde passou ao seu lado, acertando o Comensal que se aproximava por trás. - Venha para cá, não fique isolada! - o ruivo tornou a gritar.
- Remo está caído! - gritou de volta, começando a lutar com a pessoa que se aproximava. No fundo desejava que Lupin tivesse saído junto com Tonks, voltado para casa, mas sabia que ele não tinha feito por sua causa. Não poderia deixá-lo ali.
desviou-se do primeiro jato de luz, conseguindo proteger-se em tempo, mas o segundo veio do lado esquerdo, pegando-a completamente desavisada, acertando-lhe no peito e jogando-a alguns bons metros para trás.
A garota bateu a cabeça com força contra uma das mesas, gemendo baixo ao sentir o impacto.
Tentou levantar-se, mas no instante que abriu os olhos sentiu como se tudo girasse ao seu redor. Levou a mão à cabeça, notando o líquido espesso, ao olhar para sua mão, notou o sangue que escorria pela mesma. Virou-se para procurar sua varinha, mas estava caída alguns passos à sua frente. Procurou ajuda com o olhar, mas quem continuava em pé, estava ocupado com seus próprios duelos.
O Comensal andava devagar em sua direção, sabendo que ela não conseguiria mais se defender, mas ela era filha de Sirius Black, não desistiria tão fácil.
Novamente jogou-se pelo chão, engatinhando como pode até sua varinha, ignorando as dores em seu corpo, principalmente a dor forte que lhe atingiu na cabeça, estava com a mão à poucos centímetros da varinha, quando o Comensal a alcançou, pisando na mão ensanguentada, que esticava em direção ao seu único meio de proteção.
- Quase, , quase. - ao olhar para cima, reconheceu a cascata de cabelos loiros que apareceu por baixo da máscara, quando a mulher retirou a mesma. - Não vai dizer oi para sua mãe?

Os amigos entraram em um café pequeno, aberto 24 horas. O lugar era sujo, mas estava vazio, de modo que os três poderiam conversar sossegados. Harry foi o primeiro a sentar-se com Rony ao seu lado e Hermione em frente ao ruivo.
Passados alguns instantes uma garçonete apareceu e Mione pediu dois cafés, ao mesmo tempo em que dois operários corpulentos entraram no lugar. Os três sussurravam opções de locais que poderiam se esconder, descartando o Caldeirão Furado (ideia de Rony), O Largo, e todos que tinham ligações com qualquer membro da Ordem, ou com o mundo Bruxo.
- Sugiro que procuremos um lugar sem movimento para desaparatar e sair da cidade. Uma vez lá, poderíamos mandar uma mensagem para a Ordem.
- Então, você sabe fazer um Patrono que fala? - perguntou Rony.
- Andei praticando e acho que sei. - respondeu a garota.
- Bem, desde que não cause problemas para eles, embora, a essa altura, quem sabe já foram presos. Deus, isso é repugnante. - acrescentou Rony depois de tomar um gole de seu café cinzento. A garçonete ouviu; lançou a Rony um olhar feio e se afastou para anotar o pedido dos novos fregueses.
O maior dos dois operários, loiro e avantajado, agora que Harry reparara nele, dispensou a garota, que o encarou indignada.
- Vamos andando, então, não quero beber essa água suja. - disse Rony - Hermione, você tem dinheiro trouxa para pagar a conta?
- Tenho, tirei tudo que tinha na poupança antes de ir para A Toca.
Harry observou os dois estranhos fazerem movimentos idênticos, e inconscientemente os imitou: os três sacaram as varinhas. Rony reparando com alguns segundos de atraso o que acontecia, atirou-se sobre Hermione; os feitiços dos Comensais estilhaçaram os azulejos da parede, onde, segundos antes Hermione encontrava-se em pé.
Harry, ainda invisível, ordenava: Estupefaça!
O loiro grandalhão foi atingido no rosto pelo jato de luz, e caiu para o lado, inconsciente. Seu companheiro, incapaz de ver quem lançou o feitiço, disparou contra Rony, que fora amarrado da cabeça aos pés - a garçonete corria aos berros em direção à porta - Harry lançou outro feitiço, mas errou a pontaria e acertou a janela, o feitiço ricocheteou e acertou a garçonete que caiu.
- Expulso! - berrou o Comensal e a mesa em frente a Harry se desintegrou. A força da explosão atirou o garoto contra a parede, ele sentiu a varinha escapar de sua mão e a Capa escorregar de seu corpo.
- Petrificus Totalus! - gritou Hermione, escondida, o Comensal tombou para a frente como uma estátua. - D... Diffindo. - ordenou ela, apontando a varinha para Rony, soltando-o das cordas.
Harry apanhou sua varinha e passou por cima do entulho até o banco em que estava o Comensal da Morte loiro.
- Eu devia ter reconhecido esse, estava lá quando Dumbledore morreu.
- É o Dolohov - disse Rony - acho que o grandalhão é Thor Rowle.
- Não interessa qual é o nome deles! - exclamou Hermione, ligeiramente histérica. - Como foi que nos encontraram? O quê vamos fazer?
- Tranque a porta - Harry falou a Hermione - e Rony, apague as luzes.
Os dois fizeram o que o amigo pediu.
- Vamos matá-los? - Rony perguntou a Harry - Eles nos matariam.
Harry negou com a cabeça.
- Só precisamos apagar a memória deles.

Após alguns minutos, Hermione já tinha apagado a memória dos três desacordados e Harry e Rony arrumado o local.
- Mas como foi que eles nos encontraram? - perguntou Hermione, olhando de um homem inerte para o outro. - Como souberam onde estávamos? Será que você ainda está carregando o rastreador, Harry?
- Não pode estar. - Rony ponderou - O rastreador some quando se completa dezessete anos, é a lei bruxa. Não se pode colocá-lo em um adulto.
- Até onde sabemos... - Respondeu Mione.
- Se eu não posso usar magia, e vocês não podem usar perto de mim... - começou Harry.
- Não vamos nos separar - cortou Hermione.
- Precisamos de um lugar para nos esconder. - lembrou Rony.
- Largo Grimmauld. - disse Harry.
Os dois ficaram pasmos.
- Não seja tolo, Harry, o Snape pode entrar lá.
- O pai de Rony disse que puseram na casa, feitiços contra ele, e mesmo que não funcione, - continuou, vendo Hermione pronta para protestar - e daí? Juro que não há nada que eu gostasse mais do que topar com o Snape! Além do mais, talvez tenha voltado para casa. Os dois se entreolharam, Harry notou o olhar nervoso da amiga.
- Harry, não sabemos se vai voltar para o Largo, não sabemos o que aconteceu…
- Mas talvez ela volte. - encerrou, guardando a varinha nas vestes.
Contrariando Hermione, porém, sem opções, os três saíram do Café, e enquanto os Comensais e a garçonete despertavam sonolentos, os garotos mais uma vez giravam desaparecendo na escuridão.

A luz forte atingiu seus olhos , e demorou alguns segundos até acostumar-se com a claridade. Ouvia alguns barulhos, ruídos baixos, sussurros e, arrepiou-se ao perceber o silvar de uma cobra.
Seu corpo dolorido estava no chão frio, e, aos poucos, conseguiu ter uma noção maior do que acontecia. Sua cabeça doía como nunca antes, seu braço continuava ardendo, mas notou que o sangue já não escorria, alguém tinha feito algum tipo de feitiço para limpar o corte, embora o sangue seco estivesse envolta. Continuava com o vestido da festa, e seus cabelos estavam caídos na maior parte de seu rosto, cobrindo-o de forma que ela não conseguia olhar ao redor, para saber onde estava, embora duvidasse que ainda estivesse n’A Toca. Tateou lentamente o chão a sua volta, procurando por sua varinha, mas não a encontrou.
- Ora, ora, vejam só quem resolveu nos acompanhar. - uma voz fria invadiu seus ouvidos.
Tornou a fechar os olhos com força, sentindo-se desprotegida sem aquele pequeno pedaço de graveto. Sua respiração acelerou e começou a torcer para acordar de algum pesadelo, aquilo não poderia estar acontecendo. Aquela voz não poderia ser de quem ela pensava… Aos poucos lembrou-se dos últimos instantes antes de ter desmaiado, “não vai dizer oi para a sua mãe?”.
Victoria Lestrange. Lembrou-se de ter a encarado por breves instantes, antes da mulher sorrir de lado, apontando a varinha em sua direção, e no instante seguinte apagou.
- Levante-se. - a voz fria ordenou, mas continuou imóvel, deitada no chão. - Eu disse, levante-se.
Uma força desconhecida à fez levantar-se contra a vontade, e em poucos segundos estava em pé, e parecia que seu corpo pesava mais que o normal, cada parte em que estava machucada, a dor pareceu mais intensa assim que firmou os pés no chão, e, ainda com aquela força a guiando, virou-se até ficar de frente para as pessoas que estavam no local.
Olhou para o grupo de pessoas que estavam naquela sala, entre oito e dez, pelo o que pode contar rapidamente. Alguns ainda sussurravam, enquanto ela os encarava, a maioria ainda vestindo as máscaras, mas Black notou três mulheres ao fundo;
Uma loira de cabelos compridos que a encarava de longe, sua mãe. E, ao lado de Victoria, uma mulher alguns anos mais velha, com os cabelos pretos lisos, a olhando de longe, já a tinha visto algumas vezes, embora fizesse alguns anos que não se encontravam, Narcisa Malfoy continuava com a mesma pose superior de sempre, os braços cruzados e o olhar arrogante.
A terceira mulher, de cabelos compridos, pretos e encaracolados, tinha um olhar doentio, um sorriso animado nos lábios, Bellatrix Lestrange.
Olhou para os lados, mas não encontrou nenhum outro rosto conhecido, dos que estava sem capuz.
- Muito bem, muito bem. Ainda bem que acordou.
A garota virou-se finalmente em direção a voz, notando a cobra grande que estava enrolada próxima a poltrona, encarando-a, sibilando vez ou outra. encarou então o homem sentado na poltrona, os olhos vermelhos e as narinas de cobras no lugar do nariz, o sorriso enviesado em seu rosto anormalmente branco, Lord Voldemort estava à sua frente;
- Temos muito o que conversar, .


Capítulo 6

A garota continuou parada, mal respirava, olhava diretamente para Lord Voldemort, que a encarava de volta, com um sorriso enviesado nos lábios, enquanto acariciava a cabeça da cobra Nagini.
- Ora, ora, os Tonks não te deram educação? Eu como um Lorde, prezo por isso, gostaria que você se apresentasse para todos nessa sala, alguns não a conhecem, e eu presumo, você também não conheça todos os meus Comensais. - Voldemort falou calmamente, ainda com aquele sorriso nos lábios extremamente finos.
olhou ao redor novamente, procurando uma forma de sair dali, fugir. Ignorando os olhares e o pedido de Voldemort, ignorando o medo que crescia em seu peito. Precisava pensar com lógica, não era o melhor momento para desesperar-se.
- Estamos esperando, . - ele tornou a chamá-la, agora um pouco impaciente com a demora.
- . - ela falou rapidamente, tornando a olhá-lo, com desprezo.
Ela poderia morrer ali, era Lorde Voldemort quem estava à sua frente, não parecia a melhor das ideias desafiá-lo, mas não se deixaria levar pelo medo.
- Como disse? - Voldemort perguntou, mexendo-se na poltrona vermelha.
- Eu disse - falou muito calmamente, como se explicasse a uma criança, sorrindo irônica. - . Para você, óh grande Lorde, meu nome é . Ou Black. Não me chame de outro jeito.
Os olhos de Lorde Voldemort brilhavam, o sorriso desapareceu.
Alguns Comensais deram alguns passos para trás, percebeu, e foi neste instante que sentiu como se tudo tivesse acabado. Era aquilo, aquele era seu fim.
Voldemort levantou-se da cadeira, a varinha bem segura em sua mão branca.
- Ou muito corajosa, ou muito burra, . - chamou-a pelo apelido, encarando-a de longe, Nagini movimentou-se no canto. - Apresente-se, agora. - ordenou. A menina deu um sorriso de lado, quase irônico, balançando a cabeça em negação. - Ora, veja, eu estou sendo paciente, um bom anfitrião, você como minha convidada, deveria se comportar.
- Não sou sua convidada. Eu era convidada no casamento em que estava, o qual seus Comensais acabaram. Lá sim, eu me comportava como deveria, mas aqui, para você, para eles, não vejo o motivo de ser uma pessoa tão bem educada. - disse cruzando os braços, sentia que passava dos limites a cada palavra proferida, a qualquer segundo um jato verde a atingiria, e toda a sua rebeldia não serviria para nada, mas não era como se pudesse controlar. As palavras saíam de sua boca mais rápido do que ela conseguia pensar.
- Está garota, para quem não sabe - começou Voldemort, caminhando devagar, encarando-a com um sorriso enviesado. - é Lestrange, filha de Victoria. Diga oi a sua mamãe, !
- Sinto muito, Milorde, acho que você pegou a pessoa errada. Meu nome é Black. E a única Lestrange que tive o desprazer de conhecer chama-se Bellatrix. - a menina sentia seu corpo tremer levemente, o medo dando lugar a raiva e ao desprezo.
- Eu posso te mandar para junto do papai, você quer? Você quer , ver o papai? - a voz de Bellatrix invadiu a sala.
Black fechou as mãos em punho, ela só queria uma única oportunidade de acabar com aquela mulher.
odiava Bellatrix na mesma intensidade que ao próprio Voldemort. Talvez até mais. Então virou-se para o lado, ficando de frente com a mulher dos cabelos pretos e cacheados, que tinha andado para frente dos Comensais.
Bellatrix Lestrange, a mulher que havia tirado a vida de seu pai.
- Você é tão fraca, tão patética, que nem comigo aqui, totalmente desprotegida, você seria capaz de me matar. Você é apenas uma louca, digna de pena, Bella. - frisou o apelido da mais velha, vendo-a ficar vermelha, com aquele olhar doentio, assassino.
- Ora, ora, então a namoradinha de Harry Potter é tão irritante quanto o próprio. - a voz fria de calma de Voldemort pôde, novamente, ser ouvida. - Estive pensando, achei que ele viria salvá-la, mas parece que me enganei. - suspirou, falsamente frustrado - Ele fugiu com seus outros amiguinhos, deixando-a para trás.
A menina tornou a ficar de frente ao homem, cruzando os braços.
- Ele não fugiu, ele não é um covarde como você.
- Não me diga que você também acha que ele pode, realmente, me matar?
Surpreendendo a todos na sala, surpreendendo a si mesma, começou a tremer, mas não por medo. Dessa vez seu corpo tremia enquanto ela tentava segurar uma risada, uma gargalhada que logo se tornou alta o suficiente para invadir a sala.
negou com a cabeça, olhando para baixo, ainda rindo, antes de erguê-la brevemente, o olhar divertido e o sorriso animado em seus lábios, encarando Voldemort de lado. Parecendo quase inocente.
- De todas as coisas que já me falaram sobre você, Milorde - fez uma reverência exagerada, mantendo a pose divertida -, nunca me disseram que era tão bem humorado.
Tom Riddle deu um passo em sua direção, sem qualquer vestígio de paciência ou divertimento.
Black viu os olhos avermelhados do homem brilharem.
- Acho engraçado você, e seus Comensais, continuarem achando que podem matar Harry Potter. - deu de ombros, ainda sorrindo calma - Não conseguiu matá-lo quando era um bebê. Não conseguiu ganhar dele quando Harry tinha onze anos. Não conseguiu matá-lo durante o Torneio Tribruxo. Não conseguiu capturá-lo hoje. O que te faz achar que pode ganhar de Harry Potter, agora que ele é maior de idade, e está livre do radar do Ministério?
Voldemort sorriu, os olhos brilhando com mais intensidade, esticando a mão com a varinha.
- Crucio.
caiu no chão, gritando.
As ondas elétricas passando por seu corpo, fazendo-a contorcer-se em agonia.
Os Comensais encaravam a cena em silêncio, alguns sorrindo com a situação, Bellatrix entre eles, o sorriso maldoso em seu rosto bonito. Narcisa olhava para o lado, para a irmã mais nova, que estava de cabeça baixa, encarando os próprios pés enquanto escutava os gritos da filha, que demoraram a cessarem.
arfou, puxando com esforço o ar para dentro de seus pulmões, o corpo ainda tremia.
Voldemort agachou-se próximo dela, ficando a poucos centímetros da garota caída.
- Cuidado com o que diz, menininha. Eu tenho planos grandes para você, mas se me irritar muito, eu posso deixar que Nagini tenha uma refeição precoce! - falou em um sussurro.
ergueu os olhos em sua direção, ainda tentando normalizar a respiração escassa.
Eles se olharam por alguns instantes, sem nada dizer.
Voldemort tornou a levantar-se, acenando para um Comensal qualquer.
- Levem-na. - ordenou voltando a sentar-se em sua poltrona. sentiu quando a puxaram, sem qualquer delicadeza, arrastando-a para fora da sala. - Yaxley, quais as novidades?


Capítulo 7

Harry acordou na manhã seguinte dentro de seu saco de dormir, abrindo os olhos com certa dificuldade, devido à claridade que passava pelos buracos nas cortinas comidas por traças.
Olhou para o lado reparando em Hermione e Rony dormindo, com as mãos próximas, ficou imaginando se eles teriam dormido de mãos dadas, e se sentiu sozinho, mais do que em qualquer outro momento na presença dos amigos.
Então seu olhar virou para o resto da sala, procurando por uma quarta pessoa, que não se encontrava ali. Seu coração pesou quando se lembrou do que tinha acontecido, e de como ele não tinha a ajudado. Potter tinha deixado para trás.
Parou por um segundo, relembrando as palavras ditas pelo Patrono do Sr. Weasley na noite anterior; "Família a salvo, não responda, estamos sendo vigiados."
Aquilo era tão vazio para ele, que não o fez sentir-se mais calmo.
Significava que os Weasley estavam bem, e Harry ficava feliz por isso, mas não tinha qualquer menção de que estava bem.
E se ela tivesse realmente sido pega pelos Comensais da Morte?
E se, além de ter a deixado para trás, Harry também a tivesse deixado para Voldemort?
Ergueu os olhos para o teto sombreado, o lustre coberto de teias de aranha, menos de 24 horas atrás estava n'A Toca, no jardim conversando com , sorriu tristemente, pensando no beijo dos dois.
Ela parecia ter aceitado conversar sobre aquilo, não parecia que iria fugir como da primeira vez.
Harry ainda queria ter tido coragem de convidá-la para uma dança antes da festa do casamento ter sido arruinada.
Casamento. Aquilo parecia ter sido em outra vida.
Dias, semanas, talvez anos antes. Mas fazia menos de doze horas.
O que iria acontecer agora?
Deitado ali no chão ele pensou nas Horcruxes, na missão assustadora e complexa deixada por Dumbledore.
Alvo Dumbledore... Será que tudo o que tinha ouvido era verdade?
Sempre idolatrou o diretor, mas as coisas que ouviu de Tia Muriel o deixaram conturbado.
Seria possível que Dumbledore tivesse realmente dado as costas a uma irmã que estava presa e escondida?
Harry pensou em Godric's Hollow e nos túmulos que Dumbledore jamais mencionou.
Pensou nos objetos misteriosos deixados, sem qualquer explicação, no testamento do diretor, e seu ressentimento cresceu na obscuridade.
Por que Dumbledore não lhe contou todo o plano?

O garoto não suportou ficar ali deitado tendo por companhia seus pensamentos amargurados.
Pegou sua varinha e, quando já estava no corredor, murmurou Lumus.
Harry subiu as escadas até chegar ao último patamar, em uma das duas portas tinha uma plaquinha escrita Sirius. Ele nunca tinha entrado no quarto do padrinho.
Ergueu a varinha para iluminar a maior parte possível do quarto, que era espaçoso e, antigamente, devia ter sido bonito.
Havia uma larga cama com a cabeceira de madeira entalhada, uma janela alta sombreada por compridas cortinas de veludo e um lustre coberto de pó, assim como grande parte do lugar.
Harry entrou no quarto, assustando alguns camundongos;
Sirius quando adolescente tinha enchido as paredes do quarto de pôsteres e fotos que quase não deixava visível a seda cinza-prateada que forravam as mesmas.
Havia uma coleção de grandes flâmulas da Grifinória, vermelho desbotado e ouro, somente para enfatizar que ele era diferente do resto da família que era Sonserina.
Fotos de motos trouxas e também vários pôsteres de garotas trouxas de biquíni, faziam contraste com a única foto bruxa que havia nas paredes, a de quatro alunos de Hogwarts em pé, de braços dados, rindo para o fotógrafo.

Harry relia a carta que tinha encontrado no chão do quarto do padrinho, com cuidado para prestar atenção em cada detalhe, um sorriso permanecendo em seus lábios;
"Caro Almofadinhas,

Muito, muito obrigada pelo presente de aniversário que mandou para Harry! Foi o que ele mais gostou até agora. Um aninho de idade e já dispara pela casa montado em uma vassoura de brinquedo, tão vaidoso que estou enviando uma foto para você ver."

Harry parou para olhar novamente a foto que encontrou embaixo da cama; um bebê de cabelos escuros voando para dentro e para fora do papel, montado em uma minúscula vassoura, gargalhando enquanto um par de pernas, que deviam pertencer a James, corria atrás dele.

"Sabe, a vassoura só levanta uns sessenta centímetros do chão, mas ele quase matou o gato e quebrou um vaso horrível que Petúnia me mandou de Natal (nada contra). É claro que James achou muito engraçado, diz que ele vai ser um grande jogador de Quadribol, mas tivemos que guardar todos os enfeites da casa e dar um jeito de ficar sempre de olho nele quando brinca."
Afastando as lágrimas dos olhos, sorriu prestando atenção em cada detalhe da carta escrita por sua mãe. Via alguma semelhança com sua própria letra.

Hermione tinha acabado de descer o último lance de escadas, terminando de limpar as lágrimas nos cantos dos olhos, após ler a carta que Harry a mostrou, quando ouviu a voz do amigo tornar a chamá-la para o topo da escada.
- Hermione, - disse ele, surpreso com que sua voz estivesse tão calma. - Volta aqui em cima.
- O que foi?
- R.A.B. Acho que o encontrei. - ouviu uma exclamação e o grito da amiga, chamando por Rony.
Régulo Arturo Black, o irmão mais novo de Sirius, que tinha sido um Comensal da Morte quando novo, mas tentou sair algum tempo depois, e foi morto por seus ex-companheiros.
O trio entrou no quarto e começou a procurar por todos os lados o medalhão de Salazar Sonserina, mas não estava lá. E então começaram a procurar por toda a casa. No meio na procura, enquanto pensavam em algum lugar escondido que Régulo pudesse tê-lo guardado, Hermione parou com uma expressão abobada, como alguém que acabou de ser obliviado.
- Algum problema? - perguntou Rony.
- Havia um medalhão.
- Quê?! - exclamaram os dois garotos ao mesmo tempo.
- No armário da sala de visitas. Ninguém conseguiu abri-lo. E nós... nós...
Harry ficou em silêncio, lembrando-se do tal medalhão que passou de mãos em mãos.
- Monstro pegou montes de coisas escondido de nós. Ele tinha um verdadeiro tesouro escondido no armário da cozinha.
Os três foram correndo até a cozinha, abrindo o armário de Monstro, lá estava o ninho de sujeira, as mantas velhas em que o elfo costumava dormir, mas o armário já não brilhava com as quinquilharias que o elfo tinha salvo.
- Monstro! - Harry gritou e, segundos depois, ouviu-se um forte estalo e o elfo doméstico apareceu.
- Meu senhor! - coaxou Monstro com a voz de rã-touro.
Monstro era obrigado a servir os Black, e Sirius em seu testamento deixou a casa para as duas pessoas que mais amava; a filha e o afilhado.
Sendo assim, o elfo deveria obedecer aos dois, mas era evidente que ele não considerava Harry digno de seus serviços.
Ele não era um Black.
- De volta à velha casa da minha senhora, sem a senhorita Black, e com o traidor de sangue Weasley e a sangue-ruim...
- Proíbo você de chamar quem quer que seja de "traidor do sangue" ou "sangue-ruim" - rosnou Harry. Por que quando estava próxima ele era gentil com todos, mas quando a garota não estava o elfo voltava a ser a mesma criatura detestável de sempre? - Tenho uma pergunta, e ordeno que me responda a verdade.
- Sim, meu senhor. - respondeu Monstro, fazendo uma reverência.
- Dois anos atrás, havia um medalhão de ouro na sala de visitas. Nós o jogamos fora. Você o pegou de volta?
- Peguei.
- Onde está o medalhão agora? - perguntou animado.
Monstro fechou os olhos.
- Foi-se.
- Como assim, foi-se?
O elfo estremeceu, cambaleando.
- Mundungo Fletcher roubou tudo. - Monstro tentava recuperar o fôlego - o medalhão do meu senhor Régulo, Monstro agiu mal, Monstro desobedeceu às ordens dele!
- Como sabe que Mundungo Fletcher roubou o medalhão?
- Monstro viu! - exclamou, as lágrimas escorrendo do nariz para a boca. - Monstro mandou-o parar, mas ele riu de Monstro, e correu.
- O que você sabe sobre o medalhão Monstro? Qual era a ligação de Régulo com ele? Monstro sente-se e me conte tudo o que sabe sobre aquele medalhão! - pediu Harry, sentindo seu coração bombear o sangue com força - Isso é uma ordem.
A garota ficou olhando apreensiva para a maçaneta da porta, a qual girava sutilmente.
Draco Malfoy adentrou o quarto com a varinha apontada para a mais nova.
- Um único movimento. - ele falou baixo, de forma ameaçadora.
- E o que eu faria sem minha varinha? - perguntou, a sobrancelha arqueada e o tom irônico.
O garoto olhou-a desconfiado por alguns segundos, deixando um prato com comida e um copo d'água em uma cadeira próxima a porta, junto com uma muda de roupas para ela trocar, já que ainda usava o vestido de festa.
- Se eu fosse você desistiria. Você está sozinha, se quiser viver vai ter que fazer tudo o que ele mandar. - o loiro avisou em um tom mais baixo.
olhou-o por alguns segundos, pensando sobre aquela frase.
- É por isso que você está com ele? - questionou finalmente, parecendo interessada. – Por que ele te ameaçou?
- Você não entenderia. - Draco resmungou, fechando a porta atrás de si, e adentrando de vez o quarto pequeno.
- Eu sempre achei que você gostasse das Artes das Trevas, Draco. Se me lembro bem, na Copa Mundial de Quadribol você estava achando muito divertido torturar alguns nascidos Trouxas...
- Era diferente, era só uma brincadeira. - ele retrucou nervoso.
- E toda aquela...
- Era tudo diferente, ok? Eu não sabia, eu não imagina que... - ele parou de falar respirando fundo, organizando as próprias ideias. - Só... Faça o que ele quer, vai ser mais fácil para você ficar aqui. - finalizou saindo do quarto em seguida.
A garota ficou parada, pensando naquelas palavras.
Draco Malfoy não era um Comensal feliz, ele não estava ali por uma escolha, era a falta de opção que o obrigava a ajudar Voldemort.

estava sentada no chão, com as costas apoiadas na parede fria, não fazia ideia do tempo que estava ali, mas faziam horas, talvez já fosse noite, não tinha como saber, não havia nenhuma janela no quarto em que estava, nenhum relógio, nada.
Não aguentava ficar ali, fraca e indefesa.
Era contra sua natureza ficar tanto tempo daquela forma. Precisava agir, sair dali.
Se ao menos conseguisse recuperar sua varinha, poderia bolar um plano, uma escapatória.
Poderia avisar a alguém que estava presa, que estava na casa dos Malfoy.
Mas será que alguém estava a procurando?
Será que Harry, Rony e Hermione sabiam que ela tinha sido capturada?
Talvez eles estivessem planejando um jeito de ajudá-la, mas como se eles não sabiam aonde encontrá-la?
Será que alguém estava de fato preocupado com ela?
Ou será que todos pensavam que ela já estava morta?
Não, Tonks daria um jeito de procurá-la, afinal era uma Auror.
A prima tinha prometido que sempre cuidaria dela.
Tinha prometido, assim como Sirius. Assim como Cedrico.
Ela suspirou fechando os olhos, segurando as lágrimas.
Por que todos que prometiam ficar com ela eram levados embora?
Seus pensamentos rapidamente focaram-se em Sirius Black e Cedrico Diggory, e tão rápido as lágrimas apossaram-se de seus olhos, mas ela não iria mais chorar.
Não podia ficar ali, chorando e tendo pena de si mesma.
Precisava agir, era filha de Sirius Black, afinal de contas, estava em seu DNA ser uma rebelde, talvez até mesmo uma fugitiva. Se seu pai tinha fugido de Azkaban, por que ela não conseguiria fugir de uma casa?


Capítulo 8

Harry Potter estava cansado ao mesmo tempo em que estava incrivelmente ansioso e nervoso.
Aguardava ansiosamente o retorno de Monstro; se o Elfo conseguiu fugir de um lago cheio de Inferi, Harry acreditava que a captura de Mundungo Fletcher não levaria mais do que algumas poucas horas. No entanto, Monstro não apareceu naquele dia, nem no dia seguinte, nem no outro.
Ao invés do Elfo, quem apareceu foram dois homens de capa preta, que ficavam parados em frente ao Largo Grimmauld, esperando a menor movimentação do trio.
Harry estava mentalmente cansado.
Não sabia como continuar sua busca por Horcruxes, não sabia quanto tempo levaria para Monstro voltar e, nem mesmo podia garantir, que o Elfo voltaria com o medalhão.
Potter não sabia de mais nada.
Estava cansado de não poder fazer nada, de ficar na casa de Sirius ouvindo Hermione e Rony brigando por qualquer besteira.
Queria notícias do “mundo real”, queria saber o que estava acontecendo.
Queria poder fazer alguma coisa, qualquer coisa.
Queria poder mandar uma carta, talvez um patrono corpóreo para os Weasley.
Queria ter certeza que todos estavam bem, queria ter certeza de que ela estava bem.
Harry Potter estava cansado, desanimado, exausto.
Chegou a pensar nos Dursley, quase sentia falta de aguentar o Tio Válter gritando com ele. Tia Petúnia reclamando o tempo todo, e ao mesmo tempo, ignorando-o.
Até mesmo de Duda ele sentia falta, e normalmente achava o primo um pé-no-saco.
Harry Potter estava cansado demais, e parte disso era devido as noites em claro e a preocupação sempre presente. Seu coração pesava com a falta de informações sobre .
E sempre que fechava os olhos, imagens dela sendo torturada vinham a sua cabeça.
Tentava distrair-se, e achou que o medalhão e Monstro conseguiriam desligar sua mente, mesmo que apenas momentaneamente, mas não eram o suficiente. Toda essa espera o enlouquecia aos poucos.
Tinha acabado de abrir à porta do quarto de Sirius, após passar horas deitado na cama, encarando o teto desgastado, quando ouviu um barulho vindo do andar debaixo, próximo à porta de entrada.
Ouviu a porta da frente bater e a voz de Olho Tonto dizer “Severo Snape?”, desceu correndo as escadas, a varinha em punho, sentido o coração bombear com força contra seu peito.
Hermione e Rony logo chegaram a ele, também com as varinhas erguidas.
- Guardem as varinhas, sou eu, Remo!


Draco Malfoy aproveitou a ausência de vários Comensais que estavam em sua casa para subir os dois lances de escada e seguir pelo corredor direito, até a última porta, no quarto em que a garota estava. Não tinha certeza se o que fazia era certo, mas ele estava entediado.
Entediado por ter que esperar, cansado de ter que dividir sua casa com todos aqueles bruxos.
Mas, principalmente, estava cansado.
Não aguentava mais ver sua tia louca falando sobre o Lorde das Trevas.
Estava cansado de ver sua mãe chorando, e seu pai tentando acalmá-la.
Cansado de sentir medo.
Por mais que detestasse admitir para si mesmo, sentia falta de Hogwarts.
Ele que tanto desprezou a escola de Magia e Bruxaria, agora queria estar lá, no Salão Comunal da Sonserina.
Sua vida parecia tão melhor quando sua única preocupação era atormentar Harry Potter...
“Santo Potter idiota!” resmungou baixo, apenas para não perder o costume.
Bateu na porta escura uma única vez, apenas para a garota saber que alguém estava entrando, no entanto, não esperou resposta antes de virar a maçaneta.
Entrou dando uma olhada rápida em todo o quarto, com a varinha em punho.
- Sério, Malfoy, o que você espera que eu faça? – ouviu a voz entediada da prima, no canto direito do quarto. estava sentada no chão com as pernas esticadas e as costas apoiada na parede.
O loiro deu de ombros olhando para fora rapidamente antes de fechar a porta e se aproximar dela, sentou-se no canto da cama, olhando para a janela gradeada, na qual pouco se via a luz vinda do lado de fora.
Por mais que fosse arriscado estar naquele quarto, por mais que os dois não fossem exatamente amigos, era bom estar ali, ter alguém da sua idade que o lembrava de tempos mais tranquilos.
- O que exatamente você veio fazer aqui? – ouviu-a perguntar, novamente deu de ombros.
- Não tenho muito o que fazer...
- Óh! Sinto muito por você, eu tenho tanto a fazer nesse quarto, sabe? Realmente é muito interessante olhar para as paredes, você deveria tentar qualquer dia, para se distrair um pouco!
Draco olhou para a garota e sorriu, rindo baixo enquanto balançava a cabeça negativamente.
não soube o motivo, mas também sorriu, rindo em seguida, relaxando os outros aos poucos. Há quanto tempo não sorria? Parecia uma eternidade, mas sua risada saiu tão natural quanto possível. Os dois adolescentes ficaram ali, nas mesmas posições, sorrindo sem nenhum motivo, apenas porque era bom fazê-lo, e ambos sentiam-se exaustos de todo aquele peso que carregavam.


Harry escutava tudo o que Lupin dizia com a máxima atenção, suspirou aliviado quando o ex-professor contou que a maioria dos convidados tinha conseguido fugir, e que, por mais que estivessem todos sendo vigiado, no geral todos se encontravam bem.
Hermione e Rony pareciam igualmente aliviados, porém uma coisa continuava a incomodar os três amigos, e eles sabiam disso, assim como Lupin.
Remo apenas os tranquilizou sobre os Weasleys, tinha um nome que ele ainda não tinha dito, que tinha sido cuidadoso o suficiente para não o mencionar.
- Remo... A está ok, certo? – Hermione foi a primeira a perguntar, ficando em silêncio, assim como os dois amigos, a expectativa batendo em seu peito.
Nenhum dos três tinha citado o nome dela, desde à noite da festa. Cada um sentia de sua maneira a falta da loira, e, em um acordo silencioso, evitavam trazer o nome dela à tona, a menos que fosse necessário.
Remo os encarou com cuidado, esfregando uma mão na outra, como sempre fazia quando estava nervoso ou ansioso com alguma coisa, suspirou profundamente, antes de negar com a cabeça.
Hermione levou as mãos a boca.
Rony xingou baixinho, passando um braço pelos ombros de Hermione, consolando-a.
Harry sentiu o coração acelerado, uma bola parecia ter se formado em sua garganta já seca, ele não era capaz de juntar palavras para formar uma frase, ou alguma pergunta.
Ele queria explicações, mas não conseguia pedi-las.
- O que quer dizer com isso, Remo? O que aconteceu? – Mione tornou com a voz chorosa, enquanto tentava evitar as lágrimas. No fundo mantinha a esperança de que ela estava bem, protegida.
- Naquela noite... Foi como eu disse, os Comensais não pareciam saber que você estava lá, Harry, mas eles foram direto até ela! – Lupin suspirou novamente, encarando os adolescentes a sua frente, parando o olhar no mais novo – Quando vocês aparataram, já estava uma confusão, todo mundo duelando, enquanto tentavam fugir. Eles estavam em maior número e, bem, não foi muito difícil para nos vencerem. Mas estava se saindo muito bem, Gui e Carlinhos estavam dando cobertura até… Victoria aparecer. Depois que ela aparatou com , os outros Comensais também sumiram. – finalizou parecendo exausto.
Sentia-se culpado pelo acontecido, tinha prometido a Ninfadora que protegeria , que a esposa poderia voltar para casa, porque logo ele e estaria lá, mas Remo falhou.
- Estamos tentando encontrá-la, mas… Bem, não é tão fácil quando o Ministério está sob o comando dele.
Rony e Hermione concordaram com a cabeça, a garota chorando copiosamente.
Harry ficou em silêncio, digerindo aquelas palavras, forçando-se a manter-se imparcial, pensando racionalmente, ignorando a vontade de chorar.
Após alguns minutos, nos quais Remo os atualizou sobre as demais notícias, Lupin fez uma proposta para ajudá-los, fosse com o que precisassem.
Os três ficaram extremamente tentados em aceitar essa ajuda extra, até o bruxo revelar o motivo: Tonks estava grávida.
Grávida de um filho seu.
Remo Lupin sentia-se ainda mais culpado por aquilo, era única e exclusivamente sua culpa.
Ele não podia ter casado com Ninfadora, não deveria tê-la engravidado, mas agora que já tinha acontecido, seria melhor que a criança não soubesse quem era seu pai.
Ele não suportaria viver sabendo que seu filho sentiria vergonha dele, isso, se desse sorte o suficiente da criança não herdasse seu problema.


Os dois primos estavam novamente em silêncio, a garota encarando o teto, enquanto ele olhava para o chão;
- Então... Vai voltar para Hogwarts? – perguntou para puxar assunto, sentia a necessidade de ouvir a própria voz.
- Provavelmente... Talvez você também volte, agora a presença é obrigatória, sabia? – Draco respondeu virando-se de frente para a prima.
riu descrente.
- Draco, eu estou presa aqui. Acha mesmo que eles me mandariam para Hogwarts? – questionou irônica – Não acho que Voldy esteja se importando muito com a minha educação, sabe?
- Pelo que eu entendi Você-Sabe-Quem esperava que Potter viesse tentar te salvar, de qualquer modo ele deve ter algo em mente... – Malfoy suspirou, passando a mão pelo rosto – Você não continuaria viva se ele não tivesse.
Um leve arrepio passou pelo corpo da garota, Draco apenas confirmando o que já estava em seus pensamentos, desde o momento que tinha acordado naquela casa.
- Você tem alguma ideia do que seja? – tornou tentando não parecer desesperada, e falhando miseravelmente.
- Não. Fiquei surpreso quando te vi aqui aquela noite... Não achei que ele fosse tentar algo, mesmo você e Potter sendo amigos... Porque sua mãe está aqui e sempre foi fiel...
- Ela não é minha mãe!
- E pediu para deixarem você longe disso... – o rapaz continuou, ignorando o grito histérico da outra. – Mas não é como se ele escutasse alguém, não é? Ou fizesse favores... – suspirou passando a mão pelos cabelos loiros.
- Não faz sentido...
- O que? – questionou vendo o olhar confuso da prima.
- Draco, ela passou a vida inteira sem querer saber de mim, em Azkaban amando o Lorde das Trevas, e agora ela aparentemente está preocupada comigo? Não faz sentido. E depois, foi ela quem me capturou!
Draco pensou por um tempo, dando de ombros em seguida, sem saber o que dizer sobre o assunto. - Talvez ela não queira que você chegue a ser uma Comensal...
- E quais são as chances disso acontecer? Nenhuma. Simplesmente não vejo sentido em ela, de repente, se importar!
Os dois ficaram no quarto em silêncio por mais alguns minutos, até Malfoy resolver sair antes que alguém o visse por lá.

não conseguiu dormir aquela noite, devido ao número de preocupações em sua cabeça; Primeiro estava presa, não tinha ideia de como sair daquele quarto.
Segundo, sua “mãe” novamente parecia se preocupar com ela, e isso não fazia sentido, isso a confundia.
O fato de ter se aproximado de Draco em tão pouco tempo também a fazia se sentir confusa, nunca se deram bem, mas agora ele até parecia legal, diferente daquele garoto arrogante e babaca que ela conheceu anos atrás.
E, por fim pensou nos amigos, não tinha notícia de nenhum deles, e sabia que isso significava que eles estavam bem, mas queria saber o que tinha acontecido depois do casamento.
Queria saber como estavam se saindo na busca por Horcruxes, se já tinham encontrado alguma.
No fundo, tentava ignorar aquele sentimento de abandono, talvez alguém estivesse a procurando, mas aquilo poderia demorar demais, e não poderia se dar ao luxo de continuar esperando por um resgate, que talvez nunca chegasse.
Principalmente se fosse Harry quem estivesse a sua procura, confiava no amigo o suficiente para saber que ele tentaria alguma coisa, mas Potter seria capturado, assim como ela, se aparecesse. E foi no meio de todos esses pensamentos, que seu plano surgiu.


Harry estava novamente deitado em sua cama, no quarto do padrinho, olhando para o teto.
Seu coração agora batia em um ritmo normal, porém a sensação que tinha em seu peito, ele não saberia explicar, era uma mistura de aperto e uma sensação de perda, que o fazia ter vontade de chorar.
Harry fechou os olhos respirando fundo, o nó em sua garganta o fazia sentir uma dor horrível toda vez que tentava engolir a própria saliva.
A culpa o consumia.
Ele não deveria ter gritado com Remo, falado aquelas coisas, o chamado de covarde, mas era necessário.
Não poderia deixar um dos melhores amigos de seu pai largar o filho e a esposa.
Mas sabia que em algum momento Lupin o perdoaria por aquilo.
A culpa que continuava a consumi-lo era por não ter permanecido na festa e ajudado .
Potter tinha visto os Comensais aproximando-se, cercando-a, mas ao invés de ficar e ajudá-la, ele fugiu. Deixou-a para trás, junto com todos os outros.
Potter era o covarde.
Tornou a fechar os olhos sentindo uma lágrima solitária cair por seu rosto.
Ter a confirmação de que tinha sido capturada por Voldemort o deixou sem chão.
Não sabia o que fazer para ajudá-la, não tinha ideia do lugar que ela poderia estar presa.
Isso se já não estivesse morta.
Aquele pensamento fez a dor em seu peito crescer, e as lágrimas caírem com mais urgência.
Ele não poderia perdê-la, já tinha perdido pessoas o suficiente para uma vida inteira, mas nenhuma significava tanto para ele como Black.


Black sentou-se, atenta, assim que escutou passos vindos do corredor do lado de fora de seu quarto. Uma voz baixa que ela reconheceu em poucos instantes; Victoria.
Escutou quando a mulher despediu-se de alguém, e então os passos da mulher pararam, enquanto ela sussurrava algo, a porta se abrindo instantes depois.
fechou os olhos, respirando fundo antes de virar-se para a mulher, a sobrancelha arqueada, encarando o prato de comida que a mulher trazia.
Victoria olhou-a brevemente, antes de deixar o prato sobre o criado mudo, fechando a porta poucos segundos depois.
A garota continuou olhando a mais velha, sem pronunciar nem uma palavra, olhando rapidamente para a varinha fracamente segura na mão direita dela.
Victoria andou pelo cômodo sem dizer nada, era a primeira vez que entrava no quarto, muito menor do que imaginava, e todo empoeirado. As cortinas pesadas e escuras estavam abertas, em uma tola tentativa de deixar que a luz de fora iluminasse o quarto, mas em sua maioria o local era escuro demais, nem parecia que eram duas horas da tarde.
Virou-se na direção da filha, para perguntar-lhe algo aleatório, mas as palavras nunca chegaram a passar por sua garganta. Aconteceu tudo muito rápido.
No momento em que a notou distraída, mexeu-se na cama, devagar, então pulou sobre a mulher, derrubando-a no chão. Fazendo com que a varinha dela caísse alguns poucos centímetros à frente. Esticou o braço esquerdo, alcançando-a com facilidade e gritando o primeiro feitiço que lhe veio à cabeça.
Sentiu o coração bater forte, o nervosismo tomando seu corpo ao ver Victoria desacordada no chão. Arrastou-se pelo quarto, a varinha firme em sua mão, enquanto olhava pela porta, certificando-se que o corredor estava vazio.

correu escada abaixo, o mais silenciosamente que pode, tomando cuidado para agachar-se ou esconder-se atrás de alguma pilastra, sempre que pensava ouvir algum barulho.
Agradecia mentalmente pelos Malfoy serem uma família rica, e a casa bem cuidada. Se fosse igual à casa dos Black, cada degrau que pisasse rangeria alto o suficiente para chamar atenção das pessoas que ali estavam.
Chegou no último lance das escadas sem grandes sustos, embora continuasse sentindo seu coração bater com força, o ar mal chegando aos seus pulmões. Mantinha na cabeça meia dúzia de feitiços que usaria, caso algum Comensal aparecesse.
Só precisava de mais alguns metros para sua liberdade; assim que chegasse à rua, aparataria para longe daquele lugar. A expectativa da liberdade crescia em seu peito, assim como o medo de ser pega.
Chegou no último lance de escadas no mesmo instante que ouviu passos e vozes vindos de um cômodo próximo, olhou nervosa para o lado. Não vendo nenhum lugar que pudesse se esconder, não vendo outra opção, respirou fundo e desceu os degraus que faltavam, correndo o máximo que suas pernas lhe permitiam, saltando dois ou três degraus de cada vez, acabou tropeçando e caindo de joelhos, ouvindo um grito em sua direção.
Não parou para olhar para o lado, apenas levantou-se desajeitadamente, correndo em direção ao hall de entrada, e gritando o primeiro feitiço que veio à sua mente, para abrir a porta; bombarda.
Se ainda tinha alguma chance de alguém não ter escutado os gritos dos Comensais, agora sua sutileza tinha ido pelos ares.
Passou pela porta de mármore, aos pedaços, pulando por cima nos destroços de madeira, correndo em direção ao jardim. Seu coração apertou ao notar o tamanho da entrada da mansão dos Malfoy, mas não teve tempo para pensar, continuou a correr, jogando-se no chão quando um raio vermelho passou ao lado de seu braço, quase a acertando. Esgueirou-se pelas sebes altas, aproveitando para esconder-se entre o labirinto de arbustos que tinha por ali. Ignorou os arranhões causados pelos gravetos, e as folhas que ficaram presas em seus cabelos soltos, continuando abaixada, tentando afastar-se o máximo possível deles.
Escutava os gritos e avisos vindo dos homens, que agora espalhavam-se pelos jardins.
Black encostou-se em um canto, fechando os olhos, respirando com dificuldade enquanto tentava pensar em uma saída, a qual não tinha.
Não tinha muito tempo sobrando, era questão de segundos até conseguirem encontrá-la, e não poderia lutar com todos, nem mesmo sabia qual era o número de Comensais que a procuravam, mas pelos gritos, tinha contado pelo menos cinco.
Suspirou ao dar-se conta que não tinha mais saídas, e então fez algo que tinha certeza que nem mesmo seu pai, um dos maiores irresponsáveis de quem já tinha ouvido falar, faria; levantou-se entre as sebes altas, olhando ao redor com cuidado, a varinha em punho. Deu passos cuidadosos para os lados, apontando a varinha de Victoria para todos os lados, esperando algum movimento.

Yaxley virou-se em sua direção quando seus olhos se encontraram, os lábios curvados em um sorriso maldoso, antes do homem erguer a varinha, ao mesmo tempo da mais nova, gritando crucio. esquivou-se no feitiço, achando-se idiota por ter mandado um simples Impedimenta.
Precisava de muito mais se quisesse ter a mínima chance de escapar.
Esperou o homem aproximar-se mais alguns passos, mantendo-se abaixada entre a sebe, ergueu-se quando o bruxo chegou perto, gritando crucio, apenas para ganhar tempo o suficiente. Jamais conseguiria atingi-lo com a força necessária. Era preciso querer machucá-lo, e não era esse seu objetivo. Só precisava ganhar tempo para escapar.
Mas conseguiu o que queria, Yaxley caiu, pego de surpresa pela Maldição Imperdoável, caindo por poucos, mas, suficientes, segundos. Pulou por sobre o corpo dele, aproveitando para chutar a varinha que o homem segurava, apenas por garantia. Precisou desviar de uma avestruz, e quase parou para olhar a ave achando que era fruto de sua imaginação, enquanto corria em direção ao portão de metal, apenas alguns metros de distância, esticou a mão com a varinha, pronta para gritar bombarda novamente, quando, diante de seus olhos, a figura de Bellatrix fez-se presente, aparatando do outro lado do portão.
A bruxa olhou-a surpresa por poucos segundos, antes de um sorriso perverso formar-se.
mal teve tempo de erguer a varinha, para tentar proteger-se, sentindo o feitiço acertá-la com força no peito, jogando-a vários metros para trás, a varinha escapando de sua mão.
Tentou levantar-se e correr, mas seu corpo não a obedecia, era como se estivesse presa por cordas invisíveis.
Bellatrix parou ao seu lado, mantendo um sorriso animado nos lábios, enquanto apreciava o desespero da mais nova.
- Não foi dessa vez, . - disse com o tom infantil, vendo o olhar assustado, mas ao mesmo tempo desafiador da sobrinha. O mesmo brilho que tinha visto em Sirius Black, quando o matou. - Você tem que aprender uma lição importante, , - agachou-se, os demais Comensais aproximando-se das duas, sorrindo para a cena - ninguém escapa do Lorde das Trevas. Crucio!


Capítulo 9

Harry Potter ainda pensava no trecho que tinha lido sobre a biografia de Dumbledore, aquilo parecia loucura.
Não poderia ser verdade. Não podia.
Skeeter era uma mentirosa, e ele bem sabia.
Virou-se para Rony e Hermione para debater a pseudo-reportagem, quando um estalo forte foi ouvido, assustando-os de forma que o ruivo chegou a cair do banco.
Pela primeira vez em dias, Harry tinha se esquecido de Monstro.
O garoto levantou-se da cadeira a qual estava sentado, ao mesmo tempo em que o Elfo fazia uma profunda reverência;
- Monstro retornou com o ladrão Mundungo Fletcher, meu senhor.
Mundungo levantou-se desajeitado do chão gelado, sacando a varinha quando notou os três adolescentes a sua frente, porém não foi tão rápido quanto Hermione;
- Expelliarmus.
A varinha saiu voando pelo ar e a garota pegou-a, enquanto Harry apontava a própria para o homem que o olhava ligeiramente assustado.
- Que? Que foi que eu fiz? Mandando um desgraçado de um Elfo Doméstico atrás de mim, que foi que eu fiz? Me solte ou -
- Você não está em condições de ameaçar ninguém, Mundungo. - Harry cortou-o erguendo mais a varinha em direção ao nariz do bruxo.
- Monstro pede desculpas pela demora de trazer o ladrão, meu senhor. Ele sabe como se esconder, tem muitos esconderijos e cúmplices. Mas Monstro o cercou, meu senhor.
- Você fez um ótimo trabalho, Monstro! - Harry sorriu levemente para o Elfo, voltando seu olhar para Fletcher - Tenho algumas perguntas a fazer.
- Eu entrei em pânico, ok? Sem querer ofender, colega, mas nunca me ofereci para morrer por você. E o desgraçado do Você-Sabe-Quem veio direto na minha direção, qualquer um teria desaparatado e...
- Saiba que mais ninguém fugiu. - Hermione respondeu rispidamente.
- Vocês são metidos a heróis, é o que são, mas eu nunca fingi que pretendia me matar...
- Não estamos aqui para isso, todos sabemos que você é um covarde. - Harry cortou-o novamente, olhando-o com nojo. A raiva dominando-o cada vez mais.
- Então por que diabos estou sendo caçado? Se é por causa das taças, não tenho mais nenhuma delas, colega, ou você poderia ficar com todas...
- Também não é disso que queremos falar, mas está chegando perto! - Harry sentia-se satisfeito por poder gritar com alguém, aliviar toda a raiva e estresse. - Quando você limpou esta casa de tudo o que tinha valor...
- Sirius nunca ligou para aquela lixaria...
Ouviram um som de pezinhos apressados, um lampejo de cobre reluzente, uma batida metálica e um grito. Monstro tinha corrido até Mundungo e acertado uma caçarola em sua cabeça.
- Tirem-no daqui, tirem-no daqui! Ele deveria estar preso! - reclamava o homem, tentando afastar-se do Elfo.
- Monstro, não! - Harry mandou, e o Elfo parou com a caçarola erguida a poucos centímetros do bruxo.
- Só mais uma vez, meu senhor Harry, para dar sorte! - falou o Elfo olhando para Harry. Rony riu, querendo ver a cena novamente.
- Precisamos dele consciente, mas se precisarmos persuadi-lo, você fará as honras da casa.
- Muito, muito obrigado, meu senhor. - Monstro fez uma nova reverência e afastou-se ligeiramente, ainda olhando fixamente para o bruxo.
- Quando você limpou a casa, - Harry começou olhando novamente para o homem à sua frente, ele sentia o cheiro de suor, tabaco e álcool impregnar suas narinas. - pegou muitas coisas dos armários da cozinha, lá havia um medalhão, que foi que fez com ele?
- Por quê? - perguntou o homem olhando para o adolescente a sua frente - Tinha valor?
- Você o guardou! - gritou Hermione, sentindo uma súbita animação.
- Não, ele só quer saber se poderia ter ganho mais por ele. - disse Rony com perspicácia.
- Mais? Eu não recebi nada por ele! - reclamou.
- Como assim?
- Estava lá, vendendo minhas coisas no Beco Diagonal quando chega a mulher e pergunta se eu tenho uma licença para vender artefatos mágico e blábláblá. Uma metida desgraçada, ia me multar, mas gostou do medalhão e o pegou. Disse para eu ficar feliz porque ela deixaria passar daquela vez...
- Quem era a mulher? - perguntou Harry.
- Não sei, uma megera do Ministério.
Mundungo parou para pensar um instante, enrugando a testa.
- Mulher pequena. Laço de fita na cabeça.
Ele franziu mais um pouco a testa e acrescentou:
- Cara de sapa.
Harry deixou a varinha cair com o susto. Ergueu os olhos e viu o seu choque refletido nos rostos de Rony e Hermione. As cicatrizes no dorso de sua mão direita pareciam estar formigando outra vez.


acordou assustada, gritando na cama em que estava. Olhou para os lados, nervosa, sentindo o suor descer por sua testa. Os lençóis brancos molhados com o suor produzido por seu corpo, era como se ainda estivesse sendo torturada por Bellatrix.
Sentia o corpo tremer só de lembrar-se daqueles momentos. O coração bateu acelerado e o ar lhe faltou novamente, o corpo ainda dolorido depois daquelas horas intermináveis.
Lestrange estava de parabéns, tinha superado Voldemort em sua lista de quem mais odiava no mundo. Tentou levantar-se, mas sentiu o corpo doer, alguns espasmos a lembraram que ela não estava em suas melhores condições físicas.
Não sabia o tempo que tinha ficado naquela sala com Bellatrix, e nem importava-se, só agradecia por ter acabado. Ainda sentia sua garganta doer, devido aos gritos intermináveis.
Voldemort era mau, mas Bellatrix era cruel.
Parecia mais animada do que jamais a tinha visto, feliz com aquele sorriso doentio em seu rosto, apreciando cada grito que a sobrinha dava.
Nem mesmo quando Victoria e Narcisa entraram na sala, ela interrompeu sua sessão de tortura. Mas não demorou muito mais para encerrar.
Talvez a garota estivesse imaginando coisas, não seria anormal já que estava naquela situação, de qualquer forma, podia jurar que viu Victoria olhá-la preocupada, antes de sinalizar para Bellatrix.
Virou-se para o lado, querendo voltar a dormir por mais algumas horas, mas o movimento foi incômodo, seu corpo todo doía ao mexer-se, suas costas principalmente; passou tanto tempo curvada, que agora parecia difícil esticar-se. Deitou-se desajeitadamente na cama, e quando colocou a mão no travesseiro, tentando ajeitá-lo, sentiu algo espesso. Acendeu a luz do abajur, logo vendo seu próprio sangue. Ergueu a mão até o rosto, procurando o corte, percebendo só naquele momento, os vários hematomas por seu rosto, alguns cortes pareciam mais profundos, e eram deles que o sangue saia. Puxou o lençol, passando-o sobre o rosto, tentando limpá-lo e ignorando a ardência ao fazê-lo.
Sentiu as lágrimas encherem seus olhos, mas respirou fundo.
Não iria mais chorar, não derrubaria mais nenhuma lágrima naquele lugar.
Não importava se continuaria sendo torturada por Bellatrix ou pelo próprio Voldemort;
Black não iria fraquejar na frente deles.

Andou sem pressa pelo longo corredor da casa, após subir às escadas de madeira.
Estava calmo, tranquilo.
Seu plano estava saindo como o esperado; o mundo bruxo estava desesperado com seu retorno.
O Ministério era dele.
Hogwarts era dele.
Dumbledore estava morto.
Só precisava matar mais uma pessoa para completar seu domínio, seu poder.
Aqueles bruxos tolos que ainda achavam que Harry Potter poderia vencê-lo, estavam prestes a presenciar um pouco mais de seu poder.
Ninguém era páreo para o Lorde das Trevas, nem Alvo Dumbledore, nem Harry Potter.
Nem mesmo à morte poderia vencê-lo.
Ele mataria Harry Potter, ele destruiria o garoto.
O faria implorar pela morte, por sua misericórdia.
Era só uma questão de tempo para isso acontecer.
E tempo não era problema, Voldemort era um bruxo paciente.
Sorriu de lado, assim que parou na frente da porta escura, no último quarto daquele andar, com um gesto sutil da varinha a porta abriu-se. Entrou no quarto pequeno com um único passo, sentindo o cheiro de mofo que vinha do lugar, há semanas fechado.
A garota estava deitada na cama, o rosto machucado, assim como boa parte do corpo, Voldemort sorriu mais uma vez. Sentiu-se surpreso ao saber que ela tinha tentado fugir, e que teria conseguido, se não fosse por Bellatrix. Aquela tentativa desesperada, deu-lhe uma nova ideia.
abriu os olhos, virando-se levemente para o lado. Arqueou a sobrancelha em direção a Voldemort, e então tornou a virar-se para o outro lado, encarando o teto.
Como ela ousava não dar a devida atenção para Lord Voldemort?
- Precisamos rever sua estadia nesta casa. - começou enquanto andava pelo quarto, a voz saindo suave, embora a falta de atenção que recebia o corroesse por dentro. - Já que atualmente você não me foi muito útil para nada.
- Posso ir embora, não me sentiria ofendida se me mandasse embora, Milorde! - ouviu a voz irônica da garota, provocando-o. Os olhos do Lorde das Trevas brilharam, sua varinha tremeu levemente em sua mão, a vontade de matá-la crescendo em seu peito. Mas ele não o faria, tinha ideias muito melhores para aquela insolente.
- Você deve querer encontrar com seu paizinho fraco, ou talvez com seu namorado tolo que morreu… - Voldemort comentou, enquanto passava os longos dedos pela varinha em suas mãos, quase distraído.
virou-se em sua direção, mantendo um sorriso irônico nos lábios, embora a raiva crescesse em seu peito;
- Hm... Gostaria de saber quantos namorados vocês acham que eu tenho, todo dia me falam um nome diferente, acho que não fui apresentada a todos.
Lorde Voldemort sorriu, inclinando a cabeça para o lado.
- Está na hora de você aprender a ter bons modos, parece
que não ensinaram isso á você, mas não se preocupe, eu sou um Lorde, terei prazer em ensinar-lhe. Você me será muito mais útil do que pensa! - concluiu o raciocínio, apontando sua varinha para a garota.
Ela olhou-o assustada por um segundo, não era o medo de morrer, mas o significado daquela última frase;
- Você será uma ótima Comensal e me ajudará a encontrar Harry Potter.
o olhou assustada por alguns instantes, e então sorriu de lado, fingindo ser a piada mais engraçada que já tinha escutado na vida. Começou a rir, gargalhar.
Tentando por tudo, ignorar a dor em suas costelas, e em todo o seu corpo, ainda provenientes da sessão de tortura com sua tia.
- Acha mesmo que eu aceitaria? - olhou-o sorrindo, querendo parecer mais confiante do que estava, mais corajosa do que era naquele instante - Pode me matar, porque eu jamais vou te ajudar com nada! - riu ainda olhando-o divertida.
- Não achei que você fosse, , mas você parece ter se esquecido de que eu tenho mais de um modo de convencer as pessoas a fazerem o que eu quero. - os lábios abriram-se em um sorriso maligno e a garota sentiu um arrepio passar por seu corpo, sentindo-se completamente indefesa. - Crucio!
sentiu a corrente elétrica passar por seu corpo, retorcendo-se a medida que o mesmo tremia, os gritos logo passaram por sua garganta. Tentava virar-se, de alguma forma fugir, mas o máximo que aconteceu foi cair da cama com um baque alto. Ficando jogada ao chão, enquanto se contorcia pela dor.



Capítulo 10

Era a sexta vez que tentava levantar-se do chão, sem sucesso.
O ar faltava em seus pulmões, e já não sabia direito o que acontecia, as coisas estavam confusas em sua mente. Seu cérebro trabalhava mais devagar que o normal.
A garganta doía e os gritos, cada vez mais altos, pareciam em alguns momentos presos, como se não conseguisse mais pedir por ajuda. Ninguém viria para salvá-la, aquela era a única certeza que tinha.
só queria que aquilo parasse, seu corpo inteiro tremia. A dor era maior do que qualquer uma que já tinha sentido na vida.
Só queria que aquilo acabasse, mas os intervalos eram curtos, mal conseguia recuperar um pouco de sua respiração, e uma nova onda de dor dominava seu corpo, fazendo-a arfar novamente.
Seria mais fácil se ele a matasse de uma vez.
Não sabia quanto tempo mais aguentaria, tinha se enganado quando pensou que nada seria pior do que o tempo que passou com Bellatrix, menos de vinte e quatro horas antes.

Lorde Voldemort divertia-se, rindo para si mesmo.
Sentia o prazer dominar-lhe toda vez que a garota gritava, implorando para ele parar.
Sentia-se ainda mais poderoso.
Era ele quem decidia o que fazer, o quanto iria torturá-la, se iria matá-la.
A vida da garota Black estava em suas mãos.
Era ele e apenas ele que decidiam quando ela daria seu último suspiro.

Draco andava de um lado para o outro em seu próprio quarto, não aguentava mais escutar os gritos da prima, no andar de cima da mansão. Desejava poder sair dali o mais rápido possível, para não mais precisar ouvir aquilo. Também queria poder ajudá-la, mas sabia que era impossível.
Já tinha se arriscado demais, não poderia correr o risco de tentar mais alguma coisa sem que Voldemort descobrisse seu segredo.
Mas era uma questão de tempo até que ele soubesse, de qualquer jeito.
Era óbvio que a garota não aguentaria muito mais, ninguém aguentaria.
Já poderia imaginar contando o que Draco tinha feito, e em seguida Voldemort entraria em seu quarto, nem teria tempo de tentar reagir e a luz verde o atingiria. Era tudo uma questão de tempo.
Soube desde o começo que estava se arriscando demais ao manter as visitas diárias, e teve certeza que estaria com sérios problemas, quando aceitou tentar ajudá-la.
Mas não conseguiu recusar a única ajuda que podia dar a garota.
No tempo que passaram juntos naquela casa, durante aquelas semanas ele foi se "apegando" a ela.
não era uma pessoa ruim de se ter por perto, mas os problemas familiares os afastaram.
As coisas poderiam ter sido diferentes se não estivessem de lados opostos.
Eles poderiam até terem sido amigos, ela poderia ter ido para a Sonserina.
Eles detestariam Potter juntos. Ou não, afinal ela era filha de Sirius Black e ele era padrinho de Potter.
Será que, então, ao invés de detestarem Potter juntos, os dois seriam no mínimo próximos a ele? Amigos? Não.
Aquilo era ridículo, Draco Malfoy nunca seria amigo de Harry Potter.
E era uma perda de tempo ficar pensando naquilo, não era real.
Eram apenas ideias absurdas.
A realidade estava ali, no andar de cima, gritando a plenos pulmões para que Voldemort parasse.
Implorando para que ele a matasse.
E Draco estava ali, em seu quarto, como um covarde.

Seu corpo inteiro tremia, não conseguia mexer-se.
O ar não chegava com a rapidez necessária aos seus pulmões, fazendo-a engasgar-se na busca por oxigênio.
Sua cabeça girava, ela sentia que iria vomitar a qualquer momento.
Tinha perdido as contas de quantas vezes aquela dor agonizante a dominou, só queria que acabasse logo. Seu corpo pedia por um descanso, implorava.
- Vou perguntar novamente, e espero uma resposta diferente da última. - começou entediado - Você quer ser uma Comensal da Morte?
olhou-o com raiva, cuspindo as palavras;
- Você pode me matar, Tom. Porque eu nunca serei uma Comensal.
- Crucio!

A dor parecia cada vez mais forte, seu corpo parecia queimar, faziam horas que estava ali, e já não gritava mais. Não pedia mais para ele parar.
Estava exausta.
Ela não aguentava mais tudo aquilo.
Só queria que Voldemort parasse.
Ele podia matá-la, não se importava.
- Você quer ser uma Comensal da Morte?
Ouviu mais uma vez a pergunta, e outra vez negou com um aceno.
E mais uma vez sentiu seu corpo tremer, a dor parecendo cada vez mais forte.
Lorde Voldemort já estava entediado.
Poderia lançar outro feitiço na garota, mas ao mesmo tempo queria ver até quando ela aguentaria, tornava as coisas mais interessantes. Lealdade era algo importante para ele.
- Podemos ficar a noite inteira aqui, não é problema nenhum, não tenho pressa. - ele comentou enquanto a garota se contorcia aos céus pés, enquanto permanecia sentado no canto da cama.
Ouviu o sibilar de Nagini próximo à porta, acenando com a varinha para que a mesma se abrisse, enquanto olhava divertido para a adolescente, arfando.
Nagini deslizou pelo assoalho e se enrolou próxima ao dono, com o olhar fixo na garota caída.
- Não minha querida, ela não é jantar. Pelo menos por enquanto... - comentou passando a mão sobre a pele escamosa do réptil. - Crucio!


Harry acordou no meio da noite, suando, com o coração acelerado.
Respirou fundo tentando acalmar sua respiração e lembrar-se exatamente do que tinha acabado de ver. Não tinha certeza se era um sonho ou uma das visões que tinha de Voldemort.
Independentemente disso, aquilo o desesperou.
Passou a mão sobre a testa, afastando os cabelos grudados em seu rosto suado.
Talvez fosse apenas uma imagem criada por Voldemort, igual a que teve com Sirius.
Ou talvez fosse apenas um sonho, um pesadelo.
Mas parecia tudo tão real, que era como se Harry fechasse os olhos e voltasse a escutar os gritos dela. Voltasse a vê-la no chão, sendo torturada por Voldemort, em um lugar que ele não conhecia. Um quarto escuro e pequeno.
Com Nagini próxima, esperando Voldemort deixá-la fazer mais uma refeição.
Um tremor passou por seu corpo.
Seu instinto dizia a ele que era real, que estava acontecendo.
Mas o que ele poderia fazer ali? Como poderia ajudá-la?
Hermione entrou no quarto de Sirius, no qual Harry estava, parecendo assustada, com o cabelo armado e a varinha em punho.
- O que aconteceu? Por que você gritou? - perguntou aproximando-se da cama - Você está bem, Harry? Está pálido!
- Eu... Eu não sei... - ele suspirou frustrado - Eu a vi Hermione. Eu tive um sonho com ela, com a . - concluiu ao ver a expressão confusa da amiga.
- Harry...
- Ela estava sendo torturada. Ele está usando a Maldição Cruciatus!
Hermione mordeu o lábio inferior, pensativa.
- Harry, por mais que isso me doa, era de se esperar, não? Quando Lupin chegou e nos disse que eles tinham a levado, eu imaginei que isso aconteceria. Voldemort deve querer usá-la para chegar até você, descobrir o que estamos fazendo.
O garoto fechou os olhos com força, sentia uma pontada em seu peito. Sua cabeça doía.
- Então ele sabe sobre as horcruxes, não é?
- Eu não sei... Talvez... - Hermione respondeu apreensiva - Mas talvez seja só um sonho, não é? Não temos como saber se é real.
- Hermione, eu...
- Harry, me escuta! Não importa o que seja, você tem que quebrar essa ligação com a mente dele. Era o que Dumbledore queria! Você já devia ter feito isso.
- Não é a coisa mais fácil do mundo, sabia? Você acha que eu gosto disso?
- Não, eu só acho que temos que nos concentrar em recuperar aquele medalhão e ir atrás das outras horcruxes, e só assim poderemos ajudar e todos os outros. - terminou levantando-se da cama - Tenta descansar Harry, não fica pensando nisso. Infelizmente, não podemos fazer nada agora. Boa noite.
Potter esperou até Hermione sair do quarto e fechar a porta, então deitou-se novamente e ficou olhando para o teto. Como seria dali para frente? Parecia tudo tão incerto e difícil.
Não sabia quando tudo acabaria, como acabaria e nem se sobreviveria.
Mas a única preocupação que tinha no momento, era saber se estava bem, e como poderia ajudá-la. Precisava ajudá-la.

Draco estava sentado em uma cadeira, olhando pela janela de seu quarto.
Só queria não poder ouvir os gritos que vinham do andar de cima.
Queria que eles acabassem logo, mas ao mesmo tempo tinha medo do que isso poderia significar.
Ouviu alguns passos do lado de fora de seu quarto, passos apressados e alguns cochichos.
Levantou-se e andou até a porta, encostando-se a mesma e ouvindo o que falavam do lado de fora;
"- Estou dizendo, você não pode fazer nada para pará-lo!
- E se fosse o Draco, Narcisa? E se fosse o Draco sendo torturado, o que você faria? Iria dormir? Fingir que não estava escutando?
- É claro que não!
- Então você me entende, não consigo ignorar. Ele precisa parar, ela vai enlouquecer desse jeito, é o que ele quer? Que ela fique igual aos Longbottom?
- Só uma palavra. Ela só precisa dizer uma palavra e ele irá parar, você sabe disso.
- Sei, e sei também que ela não vai aceitar. Ele vai matá-la, não vai? Ele também sabe que ela não vai aceitar. Ela é igual ao Sirius. vai morrer antes de aceitar ajudá-lo. É esse o plano dele?
- Você sabe que não é assim. Ele vai fazê-la aceitar. Ele quer o Potter. vai ajudá-lo.
- Não vai! Eu estou dizendo para você Narcisa, ela não vai aceitar. Ele vai matá-la!
- Eu estou dizendo para você se acalmar, ele não vai matá-la. Ele precisa dela para encontrar Harry Potter, e ele quer ter a herdeira de Sirius Black do lado dele. Você sabe qual é o plano!"
Draco começou a andar pelo quarto quando as vozes afastaram-se.
Então Victoria estava realmente preocupada com a filha, e queria ajudá-la, assim como Draco.
Mas também não poderia, pelo mesmo motivo que ele.
Querer não era poder, e era por isso que continuava a gritar.

Ela passou as costas da mão direita sobre a boca, limpando o vomito misturado com sangue.
Sua cabeça doía e ela já não sabia o que acontecia. Não sabia onde estava e nem o motivo de sentir seu corpo doer tanto, apenas sentia.
Sentia-se enjoada, pronta para vomitar novamente a qualquer momento.
Sentia-se cansada, não sabia o que tinha feito para sentir-se tão exausta, mas precisava descansar. Seu corpo implorava por isso. A cama parecia muito longe para ela arrastar-se até lá, dormiria no chão mesmo, não era um problema.
Só queria dormir. Descansar.
- Você quer ser uma Comensal da Morte?
Ouviu uma voz fria e calma perguntar-lhe, virou-se para o homem sentado no canto do quarto e viu uma cobra enorme ao lado dele, seu primeiro pensamento foi fugir, correr o mais rápido que podia para longe do animal, mas não conseguia se levantar, mas conseguia apoiar-se nos próprios braços. Se a cobra quisesse matá-la, seria a presa mais fácil que o animal já teve.
- Você me escutou? - o homem perguntou, ela olhou-o confusa.
Não sabia quem ele era, nem o que queria dizer com aquilo.
- Diga sim e toda a dor passará, diga sim e você poderá descansar o quanto precisar. Diga sim e poderá sair desse quarto. Apenas diga sim e tudo será mais fácil para você.
Dizer "sim"? Ele era algum curandeiro? Ele lhe daria alguma poção para as dores passarem?
- O que me diz, Lestrange? - ela franziu o cenho ao ouvir aquele nome.
Não lhe era estranho, mas tinha quase certeza que não se chamava Lestrange.
- Eu... Isso... Essa dor, vai passar? - perguntou com a voz falha, sentindo a garganta doer com o esforço.
O homem concordou com a cabeça, andando na direção dela.
- Só precisa dizer sim. - os olhos dele brilharam em sua direção.
O bruxo parecia ainda mais ameaçador de perto. Não conseguia lembrar-se dele naquele momento, não sabia do que ele era capaz, mas sabia que não confiava nele.
O homem emanava uma energia negativa, algo que a assustava.
- Não. - falou por fim, vendo-o andar até ela. - Eu não quero. Eu não aceito. Seja lá o que isso signifique, não. Minha resposta é não.
Voldemort abaixou-se até ficar na altura da garota, deitada no chão.
- Eu já me cansei de perder tempo com isso. Imperius! - disse apontando a varinha para a garota. Talvez se ele voltasse a torturá-la por mais um tempo funcionasse, mas não quis arriscar que ela enlouquecesse. Cuidaria disso mais tarde.
- Você fará tudo o que lhe for ordenado por mim, e sempre fará tudo para me proteger.
Qualquer coisa que represente uma ameaça para mim, você irá matar. Entendeu? - perguntou-lhe, ainda com a varinha apontada para a garota.
- Sim. - respondeu com a voz falha.
- Eu sou o seu senhor, sempre que se referir a mim será por Milorde ou Lorde das Trevas.
- Sim, Milorde.
- Ótimo! - puxou-lhe o braço esquerdo e apontou a varinha para ele. - Lestrange você é, a partir de agora, uma Comensal da Morte.


Capítulo 11

Voldemort tinha presa. Precisava viajar para fora do país, em busca de algo que o ajudaria a vencer aquela guerra que estava prestes a chegar, ele sabia. O grupo de bruxos que resistia, em nome de Harry Potter, não era tão numeroso, mas ele não queria arriscar-se desnecessariamente.
Precisava matar o garoto e, dessa forma, acabar com a última esperança da Ordem da Fênix. Eles já tinham atrapalhado seus planos anos atrás, Riddle não cometeria o erro de não dar a devida atenção ao grupo. Mas antes de partir em sua viagem, precisava resolver algumas coisas, tinha que saber o lugar que Potter se escondia, e, principalmente, precisava saber que Black era fiel a ele.
Queria saber se ela era uma Comensal disposta a sacrificar-se por seu mestre, e queria que a garota fosse ainda melhor do que Bellatrix e Victoria, juntas.
A herdeira dos Black seria sua nova preferida, aquela em quem, futuramente, ele depositaria sua confiança para assuntos mais importantes. Black seria sua nova número um.
Porém, para que isso pudesse acontecer, precisaria certificar-se de que a garota fosse mantida sob controle; não era herdeira apenas de um dos maiores nomes do mundo bruxo, ela também tinha o sangue de Sirius em suas veias, e o mesmo brilho de desafio em seus olhos. Se não conseguiu ter Sirius Black do seu lado, teria alguém ainda melhor agora.
Sorriu sozinho, imaginando o que o bruxo faria se pudesse ver no que sua filha estava se transformando. seria a melhor Comensal que ele tinha, isso Voldemort poderia afirmar. Ter toda aquela rebeldia e lealdade ao seu lado, seria algo para se comemorar. Mal podia esperar para ver o que os membros da Ordem fariam ao saber que a garota, que um dia lutou ao lado deles, agora era fiel ao Lorde das Trevas.
Esperava ansioso para que esse momento chegasse, queria ver o desespero e a decepção no rosto de todos eles, principalmente no de Potter, ao saber que tinha falhado com Black.
Porque Lorde Voldemort tinha certeza que o garoto sentia-se culpado por saber que tinha ficado para trás. Que tinha sido capturada e ele nada podia fazer para ajudá-la.
Potter era o heróizinho, pronto para sacrificar-se pelos amigos, mas não dessa vez.
O máximo que Harry podia fazer, era ter vislumbres o que acontecia com Black, e essa era uma das partes mais divertidas para Voldemort.

Ouviu uma batida leve na porta, e logo entrou na sala em que o bruxo estava, andando até a frente da poltrona que ele estava sentado, conforme Voldemort sinalizou com a mão.
estava bem vestida, de banho tomado e alguns, poucos, hematomas no corpo ainda presentes. No geral sua aparência era muito melhor do que nos dias que ficou trancada no quarto empoeirado. Alimentava-se três vezes por dia, ao invés de uma.
Ficou parada em frente a Voldemort, mantendo a pose ereta, os braços atrás do corpo e o olhar preso no chão, num sinal de respeito.
O bruxo sorriu, antes de chamar sua atenção, fazendo-a encará-lo.
E foi quando os olhos chegaram aos seus, que ele notou o olhar desfocado de Black; Sem emoções, apenas fazendo o que lhe era mandado, por causa da Maldição Imperdoável.
Não era isso que ele queria, embora esperasse por aquilo.
Usar a Imperius foi um ato necessário para o momento, mas não era o que ele usaria com ela. Não arriscaria perder o controle sobre sua mente com o passar dos dias, já tinha testemunhado tal acontecimento pouco mais de dois anos antes, com Bartô Crouch Jr., e não seria tolo de cometer este erro.
E, pensando nisso, Voldemort criou a alternativa perfeita para o momento;
não só seria fiel, como odiaria todos aqueles que um dia considerou como amigos.
Levaria algum tempo, e era necessário uma magia poderosa, mas o resultado seria parte importante de seu plano, e era nisso que ele pensava. Mas, antes, precisava saber se tinha informações sobre Potter;
- Temos muito o que conversar, . - sorriu enviesado, vendo-a concordar com um aceno de cabeça, pronta para passar todas as informações que ele pedisse - Quais são os planos de Harry Potter?
olhou-o por alguns instantes, o cenho franzido enquanto tentava pensar na resposta que o bruxo queria, mas não tinha nenhuma.
- Eu não sei, senhor.
- Não sabe?
A garota negou com um aceno, o olhar fixo nos olhos vermelhos, esperando o que poderia ser um castigo, por não ter o que seu senhor precisava.
- Não, senhor.
Voldemort a encarou por vários instantes, antes de continuar com a voz calma, escondendo sua frustração;
- Me conte como conheceu, Harry Potter.
- Estávamos em Hogwarts, no primeiro ano. - começou apressada - Tínhamos aulas juntos, e estávamos na Grifinória. Conheci Granger e Weasley na mesma época. Jogamos Quadribol juntos pela Casa. Éramos muito amigos, mas não sei onde ele está, nem o que pretende fazer, senhor. Eu sinto muito.
Riddle permaneceu em silêncio, questionando-se sobre o uso da Maldição Cruciatus, talvez tivesse lhe afetado as memórias. Como ela poderia não saber? Ou poderia estar, de alguma forma, resistindo ao Imperius que tinha sido lançado.
Voldemort continuou a encarar a expressão vazia da menina, antes de esticar a varinha em sua direção;
- Legilimens.

" estava comemorando seu aniversário de onze anos, junto com um casal de adultos e uma jovem de cabelos coloridos.
- Acho que este é o melhor presente que você poderia ganhar, ! Lembro de quando recebia a minha, fiquei tão feliz de finalmente sair de casa! - Dora riu entregando um envelope para a mais nova.
- Ninfadora! - a Sra. reclamou com a filha, vendo-a dar de ombros ainda sorrindo para a garota que agora abria sua carta.
- Hogwarts! Eu vou para Hogwarts! - gritou rindo, pulando por toda a casa."

"Ela olhava para todo o Salão atentamente, olhou para a mesa dos professores, os quais conversavam entre si, ainda prestando atenção na Seleção dos novos alunos.
- TONKS, - Minerva McGonagall chamou e a menina deu alguns passos inseguros para a frente da fila. Esbarrou em um garoto de cabelos pretos e bagunçados, olhou rapidamente para ele, desculpando-se. Reconheceu-o assim que seus olhos pararam na cicatriz em sua testa.
Sentou-se no banquinho de três pernas e esperou, nervosa. Torcendo para não seguir os passos de sua família. Não queria seguir aquela tradição estúpida. Não era uma Black, ou uma Lestrange...
- GRIFINÓRIA! - suspirou, sorrindo para a professora que lhe dava as boas-vindas à sua Casa.
Correu em direção à mesa em que os estudantes gritavam aplaudindo."

"- Qual o seu nome? - o garoto ruivo perguntou para ela.
Estava no Salão Comunal estudando, quando ele e Harry desceram do dormitório dos garotos.
- Hm... ... Tonks. - respondeu depois de alguns segundos.
- Sou Rony Weasley, e este é...
- Harry Potter! - o garoto de olhos verdes sorriu estendendo a mão para um aperto. - Vamos descer para conhecer o castelo, quer ir junto? - convidou ainda sorrindo gentilmente.
- É, não queremos ter problemas com a McGonagall novamente, acho que ela estava falando sério quando disse que nos transformaria em um mapa! - Rony comentou com uma expressão levemente assustada, mas ainda com um ar de riso no rosto.
- Claro, nunca gostei de estudar mesmo, - deu de ombros sorrindo antes de acompanhar os garotos até a saída. - só não contem isso para Hermione Granger!
- Ah, é aquela maluca do trem, lembra dela Harry?"

"Os quatro amigos estavam sentados próximos ao lago da Lula Gigante, conversando sobre os últimos ataques no castelo.
- Vocês não acham mesmo que Hogwarts irá fechar, huh? Quer dizer, isso é loucura! - Hermione perguntou para os amigos - Para onde vão nos mandar para estudar?
- Estudar? Estudar, Hermione? Com todos estes ataques e você ainda pensa em estudar? - Rony questionou perplexo.
- Não vai adiantar nada ficarmos falando sobre isso antes da Poção Polissuco ficar pronta, não é? Só assim vamos saber se o babaca do Draco sabe de algo. - comentou olhando a Lula na beira do lago, que tentava puxar pelos calcanhares alguns alunos do primeiro ano que corriam por ali.
- Você tem razão, - Harry concordou olhando para a amiga ao seu lado - mas também entendo o que a Hermione perguntou, não quero voltar a passar o ano todo com os Dursley! - fez careta ao pensar na família.
- Isso não é problema, você pode passar uns tempos lá em casa. Ted sempre reclama que não tem muita gente para fazer bagunça agora que a Dora está trabalhando... - a garota deu de ombros, Harry sorriu agradecendo."

"Os dois estavam sozinhos na sala de Flitwick depois da aula.
- Hm... Eu queria... - Harry começou sem graça, não sabia exatamente o que dizer, a garota continuava parada o olhando, segurando seu material.
- Dizer que foi um idiota? Um babaca estúpido? - perguntou irônica.
Ele olhou-a por alguns segundos antes de sorrir concordando com a cabeça, como tinha sido capaz de achar que ela ajudaria Sirius Black com alguma coisa?
- Sim, eu fui tudo isso e outras coisas piores, mas eu queria me desculpar com você. É ridículo sequer imaginar que você possa fazer alguma coisa ruim. Me desculpe, por favor! Entenderei se você não quiser mais falar comigo, eu não falaria. - Harry terminou com um sorriso triste, encarando o chão da sala. suspirou, rolando os olhos.
- Não sei não, eu acho que posso ser bem ruim se eu quiser... - comentou pensativa, sorrindo em seguida enquanto colocava seus livros em cima da mesa próxima. - Deixa de ser idiota, Potter! - ela riu, abraçando-o rapidamente. - Só vamos esquecer tudo isso, ok? - pediu ainda abraçada a ele.
- Esquecer o que mesmo? - Harry perguntou rindo, sem soltá-la."

“Esperou o homem descer do hipogrifo, antes de sorrir para o mesmo, abraçando-o apertado.
Apenas poucas horas de convivência, foram suficientes para ela saber que, mesmo depois de todos aqueles anos separados, o amava. Era seu pai, afinal de contas. E, diferente do que todos achavam, era inocente. Sirius era inocente.
afastou-se brevemente do pai, quando notou que ele fungava baixo, tentando evitar algumas lágrimas, sem muito sucesso. Sorriu para ele, sendo correspondida da mesma forma. Black segurou o rosto da filha entre suas mãos, sorrindo orgulhoso para ela.
- Você está tão grande, tão bonita! Da última vez que te vi, conseguia te carregar com uma mão, agora olhe só pra você! - olhou-a por algum tempo, a voz rouca.
- E você nem me viu nos meus melhores dias! - respondeu rindo, antes de sentir os braços do homem a apertá-la novamente.
- Eu passei os últimos doze anos recebendo uma carta por ano, com duas fotos suas, sempre uma semana depois do seu aniversário. Andrômeda queria que eu soubesse que você estava bem e feliz. - soltou-a mais uma vez, colocando a mão no bolso da calça listrada que usava, do seu uniforme de prisioneiro. - Essa sempre foi a minha favorita.
Sirius entregou uma foto pequena, dobrada ao meio e bem amassada. Ao abrir, viu uma foto dos dois; O homem muito mais novo, com a barba rala e os cabelos pouco acima do ombro, segurando a filha no colo, que levantava os braços tentando pegar em seu rosto.
- Foi do dia em que você nasceu, o melhor dia da minha vida.
encarou a foto por algum tempo, os olhos marejados, antes de voltar a encarar o pai, tornando a abraçá-lo com o máximo de força que conseguia. Logo sentiu-o beijar-lhe o topo da sua cabeça.
- Eu amo você, papai.”


Voldemort apenas parou depois de ter mais algumas lembranças recuperadas, frustrado por não conseguir nada que o ajudasse a encontrar Potter, mas aproveitou as memórias que teve acesso para utilizá-las ao seu favor.
Os olhos vermelhos brilharam, quando o bruxo tornou a erguer sua varinha;
- Obliviate!
Os olhos pareceram desfocados por alguns minutos, enquanto ela o olhava sem expressão, ou qualquer emoção. Aos poucos suas memórias sendo todas distorcidas, presas em um lugar de sua mente, no qual não tinha mais acesso. Tinha rápidos flashes antes das pessoas que via sumirem aos poucos, logo não identificando nem a si mesma.
então sentiu uma dor aguda, caindo de joelhos no chão, as mãos pressionando fortemente sua cabeça, conforme a dor aumentava. Memórias eram construídas, de acordo com o que Voldemort queria;

estava sentada no banco em frente de toda a Escola, com o Chapéu Seletor sobre sua cabeça;
- SONSERINA!
A garota seguiu para a última mesa no Salão Principal, sob os aplausos do pessoal da sua nova Casa, sorrindo convencida para o grupo de estudantes que ainda esperava para ser selecionado.”

estava sentada em sua mesa, esperando o início da aula de Snape, quando Hermione Granger chegou junto com os estudantes da Grifinória, parando ao seu lado;
- Posso? - apontou para a cadeira ao seu lado, a única desocupada na sala cheia.
encarou-a com a sobrancelha arqueada, soando maldosa quando a respondeu;
- Eu prefiro perder aula do que sentar com uma Sangue-Ruim. - disse levantando-se de seu lugar e pegando seu material.”

“Potter a encarou com raiva, empurrando-a de forma que caiu de costas no chão coberto pela neve;
- Foi por causa do seu pai que os meus estão mortos! Sirius Black matou meus pais!
A garota levantou-se, sacando a varinha mais rápido do que Potter.
- Não tenho culpa se seus pais ficaram no caminho do Lorde das Trevas. Eles estariam vivos se não fosse por sua causa, sabia disso, Potter? - comentou irônica, olhando-o com certo desprezo. - Se eles estão mortos, a culpa é sua.”

“A garota olhou para Dumbledore, a mão trêmula enquanto sua vontade era de puxar a varinha e azará-lo. Seu pai estava morto e era culpa da Ordem da Fênix, culpa de Dumbledore.
- Sirius fez escolhas ruins… - o mais velho dizia com calma, tentando amenizar a situação.
- Ele está morto por sua culpa. Sua e de Harry Potter!
- Não, ele morreu por ajudar Voldemort!
- Não minta para mim.”


Voldemort parou após vários minutos, quando notou o sangue escorrendo pelo nariz da garota e o suor espalhado em seu rosto.
- Muito bem, isso já é o suficiente por hoje. - Tom andou até a porta, sem olhar para a garota - Tenho que resolver algumas coisas, mas quando voltar iremos conversar novamente, você vai passar algum tempo com Bellatrix, e será muito útil em pouco tempo.
- Sim senhor, Milorde. - respondeu com a voz falha.
Assim que ele saiu da sala, levantou-se e seguiu em direção ao seu quarto, ainda sentindo-se fraca e com o corpo trêmulo, a cabeça cheia e dolorida, como se fosse explodir a qualquer momento. Limpou o sangue com a manga de sua blusa, antes de trancar-se, jogando-se sobre sua cama, fechando os olhos quase instantaneamente.

As semanas passavam de uma forma surpreendentemente rápida na opinião de Harry. Todos os dias o trio tinha que tomar cuidado ao voltar ao largo Grimmauld com informações sobre o mundo bruxo, Comensais da Morte estavam sempre à espreita do lado de fora.
Harry andava ainda mais preocupado que o normal naquela manhã, descobrir que Severo Snape era o novo diretor de Hogwarts não o agradava. Snape, o homem que matou Alvo Dumbledore na sala do diretor, sentado em sua cadeira, isso era revoltante.
Tinha vontade de vomitar ao pensar nisso.
Mas, pelo menos, agora sabia que poderia encontrá-lo na Escola quando fosse o momento.
Não teve mais nenhum sonho com Voldemort ou nos últimos dias, e no momento não sabia se aquilo era bom ou ruim. Não gostava dessa ligação com a mente dele, mas com ela, Harry podia saber o que acontecia, podia saber se estava bem.
Não sabia se ela ainda estava sendo torturada, mas torcia para que isso não acontecesse.
Tinha a impressão que se Voldemort se concentrasse em algo, fosse um momento de prazer ou fúria, ele era "afetado" e entrava na cabeça do bruxo.
Já faziam algumas horas que estava de vigia em uma rua próxima ao Ministério da Magia, já tinha se decidido sobre dar continuidade ao plano, queria agir o mais breve possível. No dia seguinte se conseguisse convencer os amigos. Não poderiam estar mais preparados do que já estavam, demorar muito mais seria arriscado, Umbridge poderia se livrar do medalhão.
E quanto mais tempo esperavam para reunir as Horcrux, mais tempo levaria até Voldemort ser derrotado.

A garota acordou com alguém batendo na porta de seu quanto, chamando-a. Remexeu-se na cama, ainda sentindo-se cansada e sonolenta.
Queria dormir mais, os últimos dias estavam sendo cansativos, sentia-se esgotada com toda aquela mudança.
Não sabia ao certo o motivo de fazer o que lhe era mandado, apenas obedecia.
Sua mente parecia vagar o tempo inteiro, era como se estivesse mais leve.
Não tinha problemas ou medos, era apenas aquele sentimento de lealdade e devoção, proteção.
Faria de tudo para proteger o seu senhor, não importava de quem fosse.
Levantou-se e abriu a porta, dando espaço para Draco entra, enquanto prendia seu cabelo desalinhado.
- Você deveria estar pronta, não? - perguntou o loiro ao reparar que a garota ainda estava de pijama.
- Pronta para...? - perguntou confusa.
- Temos que ir para Hogwarts, huh? Saímos em alguns minutos. - Malfoy sentou-se no canto na cama enquanto a prima procurava alguma roupa no armário.
- Eu não vou para Hogwarts este ano, Draco. - respondeu como se fosse óbvio, tinha uma missão para cumprir, e não poderia desapontar seu mestre.
- Por que? O que vai fazer? - questionou curioso, não tinham conversado nos últimos dias, mas sempre que se esbarravam, notava o olhar vago nos olhos . Também já tinha percebido a Marca Negra em seu braço, e o tempo que passava com Bellatrix, e sabia que aquilo não poderia ser bom.
deu de ombros, entrando no banheiro e saindo minutos depois, já vestida.
- Bellatrix quer me ensinar algumas coisas, disse que preciso me preparar para o que vem por aí… - E o que seria?
- Não faço ideia, mas parece importante. - respondeu espreguiçando-se - Vamos tomar café, estou morrendo de fome!

Os dois estavam descendo o último lance de escadas quando ouviram a voz de Narcisa;
- Draco, está pronto? Seu malão já está aqui, estamos indo para a estação!
- Mas... - ele virou-se rapidamente para prima.
- Bem, até o Natal, Draco! - ela estendeu a mão para o garoto, o sonserino encarou-a por um segundo, aproximando-se e a abraçando rapidamente.
- Se cuide. - disse em voz baixa antes de afastar-se e seguir os pais pelo hall, Draco olhou uma última vez para , acenando com a mão, vendo-a sorrir de volta antes que ele saísse pela porta;
- Não esqueça de me mandar alguma coisa quando for a Hogsmeade!


"Ludo Bagman anunciava animadamente os nomes dos jogadores, a medida que eles apareciam velozmente no céu escuro.
A cena das Veela, mascotes do time búlgaro, quase rendeu um ‘pequeno’ acidente entre os garotos, já que Harry estava prestes a pular para provar-se corajoso, Rony gritava aos quatro ventos o quanto as amava e, Cedrico, declarou seu amor eterno, tão pronto para saltar quanto Potter.
A cena fez com que , Hermione e Gina rolassem os olhos para os garotos, dizendo algo como “Patéticos”, antes de virarem-se para ver o time búlgaro entrar, seguido pelos irlandeses.
- KRUM!!!! – Rony gritou empolgado – É ele, olhem, é ele!
- TROOOOY! – gritou pouco depois, apontando para o jogador.
Idolatrava o time da Irlanda, da mesma forma que Rony era fã do apanhador búlgaro, em especial Troy, jogador de seu time favorito na Liga Nacional.
- MEU DEUS É ELE MESMO, OLHEM PARA ELE! EU VOU MORRER!
Cedrico e Harry a olharam surpresos por alguns instantes, rindo em seguida.
- E você tem coragem de nos chamar de patéticos? - Harry questionou enquanto cruzava os braços, divertido.
- Vocês, por acaso, estão me vendo tentando saltar para provar meu amor eterno? Eu acho que não!
Os dois garotos desfizeram o sorriso no mesmo instante, virando-se para o lado, Rony continuava com um ar confuso para prestar atenção em mais alguma coisa.
- CONNOLLY!! - Gina gritou ao lado, ao virar-se viu os dois jogadores circulando o campo, brincando um com o outro.
- Quem é aquele? - Mione perguntou apontando para outro jogador.
- Ryan! Ele é o melhor goleiro da Liga! - explicou, vendo a amiga concordar com a cabeça, enquanto ajustava o binóculo para olhar o jogador. - Bela escolha, Granger, ele é solteiro! - piscou para a amiga vendo-a rir sem graça.
- Eu não estou ouvindo isso… - Cedrico negou com a cabeça, rolando os olhos, Harry concordou à contra gosto.
- Vocês não estão em posições de julgar, sabe? - colocou as mãos na cintura, encarando Diggory e Potter que, pela primeira vez em muito tempo, conversavam entretidos com as possibilidades do jogo, ignorando as três garotas elogiando os jogadores irlandeses.
- A partida vai... Começar! – anunciou Bagman e, no mesmo instante, o pomo foi solto, seguido pelos balaços e, finalmente, pela goles.”


piscou confusa, olhando para os lados.
Tinha parado por alguns instantes para descansar de seu treinamento, e logo estava tendo aquele sonho, muito estranho por sinal.
Como podia sonhar de olhos abertos?
E por que pensou em Cedrico Diggory e Harry Potter?
E por que ela pensaria ser amiga de Hermione Granger? Aquilo não fazia o menor sentido, mas tinha sido um sonho tão real…
Passou alguns instantes pensando na Copa Mundial, tentando lembrar-se do que tinha feito naquele dia, algo dentro de si tinha certeza que ela tinha comparecido ao jogo, mas simplesmente não se lembrava.
Era como se tivesse uma nuvem em seus pensamentos, mas teve certeza que tinha algo junto com Draco.
Eles se viram na Copa, mas não lembrava-se demais nada.
Passou a língua pelos lábios secos, pensando em mandar uma coruja para o primo, perguntando-lhe do jogo.
Ainda sentia-se confusa por pensar em estar acompanhada de Diggory, que ela nem mesmo se lembrava de conhecer em Hogwarts. Sabia que ele tinha morrido no quarto ano, por um acidente durante o Torneio Tribruxo, mas nunca nem mesmo conversou com ele, então por que estariam juntos?
Mas parecia mais provável uma amizade com Cedrico Diggory, do que com Hermione Granger e Harry Potter. Odiava os dois, nunca seria amiga deles.
apenas ignorou os pensamentos quando Bellatrix voltou a entrar no quarto, chamando-a com um aceno.
- Está na hora de você aprender a executar as Maldições Imperdoáveis, vamos começar com a mais fácil delas; - avisou antes de apontar a varinha para o canto, no qual a garota viu um corpo caído, tremendo. - Crucio!
No mesmo instante, ouviram o grito do homem, desesperado, enquanto se contorcia no chão gelado.
- Você precisa querer fazer a outra pessoa sofrer. - Bellatrix disse com a voz calma, após alguns minutos demonstrando o poder da maldição. Assistiram o homem curvar-se, tentando recuperar a respiração fraca, enquanto a bruxa aproximou-se da mais nova, colocando as mãos sobre seus ombros e sussurrando em seu ouvido - Imagine que é alguém que quer fazer mal ao Lorde das Trevas, você não vai deixar isso acontecer, não é?
franziu o cenho, apontando a varinha para o prisioneiro, mas a Maldição não foi efetiva, não rendendo mais do que alguns pequenos choques no corpo dele.
Bellatrix respirou fundo, tentando novamente, sorriu ao pensar em algo que sabia que funcionaria, tornando a sussurrar com a voz mansa, provocando-a;
- Imagine que você está vendo Alvo Dumbledore, lembra-se do que ele fez com o seu papai, não é?
retraiu o corpo, a raiva crescendo em seu peito. Apontou a varinha para o velho;
- Crucio!


Capítulo 12

Draco estava em seu quarto, sozinho. Não sentia fome e definitivamente não queria conversar com ninguém da Sonserina.
Levantou-se de sua cama e andou até a janela, apoiando suas mãos no papeito e encarando o lago escuro.
Não era aquilo que ele queria.
Andou novamente até sua cama, pegando sua capa do uniforme e colocando os sapatos.
Tentou passar despercebido pelos colegas, mas não teve muito sucesso, escutou Pansy chamando seu nome, mas a ignorou. Não estava com paciência para ouvir a voz enjoada da garota, e não queria saber como tinham sido suas férias.
Draco andou pelo castelo, não sabia exatamente para onde queria ir, mas seus pés pareciam ter vontade própria e o levaram alguns andares acima, até a biblioteca.
É claro que estava fechada, já era tarde e não era para nenhum aluno estar fora do dormitório, de qualquer forma duvidava que seria castigado por Snape ou qualquer outro, era Draco Malfoy no final das contas. Voldemort estava hospedado em sua casa, sua família, Malfoy e Lestrange, eram os maiores seguidores do Lorde das Trevas, ninguém reclamaria sobre nada com ele. O loiro sacou a varinha e apontou para a fechadura da porta, sussurrando um alohomora logo depois. Fechou a mesma assim que entrou no local, novamente sussurrando lumus e iluminando, mesmo que minimamente, a biblioteca. Andou pelos corredores compridos, abarrotados de livros até a última fileira antes da sessão reservada. Sentou-se em uma cadeira próxima a janela e ficou encarando o céu escuro, sem nenhuma estrela.
Por mais que detestasse admitir, gostava de Hogwarts, o lugar trazia lembranças... Inesquecíveis.

Infelizmente nem todas eram boas, mas ainda pareciam melhores do que as últimas que tinha em casa.
Se ele desconsiderasse o último ano na escola, podia dizer que os outros 5 foram os melhores da sua vida, o que o fazia pensar que sua vida não era tão boa quanto ele imaginava.
Não sabia qual dos grifinórios tinha sido pior durante todos aqueles anos.
Santo Potter babaca, que todos idolatravam e era sempre o centro das atenções;
Oh, Harry Potter vai ser o novo apanhador da Grifinória, o mais novo apanhador do século.
Harry Potter conseguiu pontos para a Grifinória. Grifinória venceu a Copa das Casas por causa dele.
Harry Potter pegou o pomo de ouro, Grifinória têm o melhor time de Quadribol de Hogwarts.
Harry Potter foi escolhido pelo Cálice de Fogo, vai participar do Torneio Tribruxo.
Harry Potter conseguiu passar pelo dragão e recuperar o Ovo de Ouro.
Harry Potter têm fibra moral.
Harry Potter ganhou o Torneio Tribruxo.
Harry Potter. Harry Potter. Harry Potter.
Era sempre o amado Harry Potter, mesmo quando fazia tudo errado ele ainda era o especial, o melhor aluno de Hogwarts.

Mas também tinha aquele Weasley, um imbecil puxa-saco.
Ronald Weasley era um covarde.
Não era bom aluno, não tirava boas notas.
Era um goleiro patético.
Não era nem o mais importante dentre todos os Weasley.
Não tinha nada de especial naquele ruivo.
Mas mesmo assim todos gostam dele.
Weasley é Nosso Rei.
Rei dos babacas, só se for.

Era claro que não tinha deixado as coisas melhores durante aqueles anos, podiam, por hora, estarem convivendo melhor, mas odiava sua prima durante os tempo de Hogwarts.
era tão irritante quanto Potter, mas era arrogante, tanto quanto o próprio Draco.
Talvez fossem algo da família, coisa que, mesmo com sobrenomes diferentes, herdaram de seus pais; Lucius Malfoy e Sirius Black eram dois arrogantes e todos sabiam.
Talvez os primos fossem mais parecidos do que imaginavam.
era insuportável quando estava com Potter, mas tornava-se um pouco menos irritante quando estava com Diggory.
Era indiferente sobre o lufo, não tinha nada contra, nem a favor, mas sentiu levemente a morte dele, principalmente por saber o que significava; Voldemort.

E tinha, é claro, Hermione Granger.
Granger e Potter eram os piores.
Talvez ela fosse à pior.
Era desprezível, uma Sangue-Ruim nojenta.
Draco suspirou fechando os olhos com força.
Por que não conseguia simplesmente odiar aquela Sangue-Ruim?
Ele sabia que ela não era a garota mais bonita de Hogwarts, mas mesmo assim para ele, ela era a melhor; mais bonita, mais inteligente.
A irritante sabe-tudo.
Animago é um bruxo que escolhe se transformar em um animal, um lobisomem não tem escolha, se transforma em toda lua cheia. Mataria o melhor amigo se encontrasse com ele, e só responde o chamado da própria espécie.
Era ainda pior do que ele pensava, até lembrava das frases da garota, era quase como se ela estivesse sentada na sua frente na sala de aula, respondendo todas as perguntas dos professores, como sempre fazia.
Suspirou abrindo os olhos, e encarando a prateleira a sua frente.
Malditos Granger!
Por que eles não poderiam ser uma família Sangue-Puro?
Por que, Draco, precisava ser um Malfoy?
Talvez se ele não fosse quem era, as coisas fossem mais simples e nada daquilo estivesse acontecendo.
Ou talvez não tivesse nada a ver com sua família, com seu nome.
era uma Lestrange e também uma Black, e mesmo assim ignorava tudo que envolvesse a família, assim como Sirius. Os dois rejeitaram as tradições, fizeram o que queriam e estavam bem com suas próprias escolhas, então como ele não poderia fazer o mesmo?
Bem, Draco podia, e até queria, mas não tinha coragem e sabia disso.
Precisava de muito mais do que uma garota para fazê-lo abandonar tudo, era mais fácil dessa forma; Ele odiava Hermione Granger e estava tudo bem.
Tudo ótimo, mesmo quando eles brigavam e sentia seu peito doer por precisar dizer algo que não queria, mas era mais forte do que ele. Estava tudo bem.
Eram anos de tradição, anos vivendo em um mundo no qual Sangues-Puros não se misturavam com Sangues-Ruins. Era errado.
Ele não era corajoso como Sirius Black, e não era um rebelde como .
Ele era apenas Draco Malfoy, e sempre seria assim.
Independente do que ele quisesse mudar, no final sempre seria um Malfoy.
E aquele era seu dever; levar o nome da família adiante, manter o prestígio e a tradição.
Não seria ele a quebrar tudo aquilo, não por uma garota nascida-trouxa.
Draco era um Malfoy, Draco era um Puro-Sangue da Sonserina, e sempre seria assim.


Capítulo 13

Aquela fração de segundos que demoraram para sair do Ministério, em sua mente pareceram dias intermináveis, talvez semanas.
Não sabia ao certo o que pensar, sua cabeça ainda girava e, a qualquer momento, poderia vomitar.
Seu coração, aos poucos, voltou a bater em ritmo normal, depois de tanta adrenalina. O medo já não estava mais com ele, sentia-se incrivelmente bem naquele momento.
Até abrir os olhos, Harry Potter sentia que tudo tinha dado certo no final, embora tivesse sido por muito pouco.
Por pouco não tinham sido pegos, mas pelo menos, tinham conseguido o medalhão e, o garoto tinha essa esperança, ajudar aqueles nascidos trouxas a fugirem e tentarem se proteger.
Tudo isso até abrir os olhos.
Quando abriu os olhos sua visão embaçou momentaneamente, a claridade o confundiu.
Não estavam no largo Grimmauld número 12. Olhou assustado para os lados, folhas, grama, árvores... Que lugar era aquele?
Virou-se mais um pouco vendo Hermione mais a frente, Rony também estava ali, e foi quando forçou um pouco a vista, que tudo realmente pareceu desmoronar ao seu redor; Rony estava machucado, seu corpo tremia, tinha sangue por todo lado.
O pânico preencheu seu corpo enquanto seu cérebro tentava raciocinar com rapidez, o que tinha acontecido?
Hermione chorava enquanto dizia em voz baixa uma série de feitiços, as mãos sujas de sangue.
- O que aconteceu com ele?
- Estrunchou! – respondeu Hermione enquanto tentava de todas as formas fazer o sangramento de Rony parar.
Harry olhava horrorizado para o amigo.
Nunca tinha imaginado estrunchamento algo tão grave, faltava um pedaço de carne no braço do ruivo, parecia que tinham o atacado com uma faca.
- Harry, depressa, na minha bolsa, tem um frasquinho com etiqueta Essência de Ditamno... Harry piscou duas vezes antes de entender o que a amiga tinha dito.
- Bolsa... certo…
Potter viu Mione cuidar dos ferimentos de Rony, agora já não parecendo tão ruim, embora ainda tivesse bastante sangue nas roupas do amigo.
Hermione parecia um pouco mais calma, já não chorava, mas continuava um pouco pálida, embora menos do que Weasley.
Harry ainda absorvia o tanto de informações que a amiga lhe dizia;
Não poderiam voltar para o Largo, aquela hora era provável que já estivesse cheia de Comensais. Pensou em Monstro, imaginou o que ele pensaria quando percebesse que os três não voltariam para a casa. Esperava que o Elfo fugisse antes de ser pego por algum dos bruxos.
Viu Rony se remexer ao seu lado, acordando de seu breve desmaio.
- Onde estamos? – perguntou olhando ao redor.
- Na floresta em que foi realizada a Copa Mundial, eu queria um lugar fechado, escondido e esse foi...
- O primeiro em que pensou. – Harry concluiu a frase de Hermione olhando ao redor.
Tentava ouvir algum barulho que mostrasse que eles não estavam sozinhos, mas só escutava o vento balançar as folhas.
Da última vez que Hermione escolheu um lugar para fugirem, não demorou mais de alguns minutos para alguém aparecer...
Como teriam feito? Poderiam saber que estavam ali agora?
- Não acha que seria uma boa ideia irmos para outro lugar? – perguntou Rony, e então o amigo pode ver que ele deveria pensar o mesmo, mas o ruivo parecia fraco demais para fazer grandes esforços, poderia ser perigoso demais tentarem aparatar tão rápido.
- Acho que podemos ficar aqui por um tempo... – comentou, vendo Hermione concordar, parecendo agradecida por não arriscarem a saúde de Rony tão rápido.

Harry não conseguia dormir, seus pensamentos estavam a mil.
O que era que Voldemort queria afinal? O que ele procurava?
A ideia de uma nova Horcrux não parecia aceitável, mas era uma opção.
Se ele realmente tinha matado Gregorovitch, não deveria ser a resposta para o que a varinha de Harry tinha feito na noite em que saiu da Rua dos Alfeneiros, que Voldemort procurava.
Tentou fechar os olhos e dormir, e então imaginou se Monstro estaria bem.
Se teria fugido, ou se estaria sendo torturado, obrigado a contar tudo o que sabia para os Comensais.
E, ao pensar nisso, inevitavelmente lembrou-se de , pensando no que estaria acontecendo com ela naquele momento. Obviamente Voldemort ainda não sabia sobre a caça às Horcrux, e com esse pensamento sentiu um tremor por seu corpo.
Como a garota estaria mantendo aquilo em segredo? Ela possivelmente não teria a mínima chance contra ele se o bruxo usasse Legilimens, mas até aquele momento ele não sabia.
Harry achava que conseguiria ver na mente de Voldemort quando este descobrisse o plano todo, estaria irado demais, teria uma brecha.
Fechou os olhos respirando fundo, Voldemort talvez não tivesse mais torturando-a, não tinha visto nada, agora ele apenas parecia ocupado demais tentando encontrar o que quer que fosse, para lembrar-se da Black.


A garota parecia entediada, algo a aborrecia. Estava sentada no sofá da sala, olhando para o teto, um tanto pensativa. Sua cabeça já não doía tanto quanto nos últimos dias, e Lorde Voldemort disse que com o tempo aquilo melhoraria.
Seu senhor sabia das coisas, se ele disse que ela ficaria bem em pouco tempo, então aquilo era verdade.
Ouviu um barulho na porta de entrada, e antes da mesma se abrir, Lucius Malfoy apareceu, descendo as escadas apressado, vindo do segundo andar da casa, seguido por Narcisa, Bellatrix e Victoria.
Os quatro pareciam nervosos, ansiosos.
Victoria olhou para a filha, chegando a sinalizar com a cabeça para que a garota fosse para o andar de cima, mas a ignorou por um momento, inclinando-se para ver quem chegava; Quatro pessoas passaram pela porta de entrada, todos agitados e falando ao mesmo tempo e gesticulando para os Malfoy e as duas Lestrange.Até que um deles virou-se e olhou na direção de , andando rapidamente até ela, e a puxando pelos ombros.
se assustou com o movimento inesperado, mas quando o homem parou em sua frente, encarando-a furioso ela o olhou com desdém.
- Seus amigos. O que eles querem? Invadiram o Ministério. Você sabe não é? Sei que sabe!
- Não ouse encostar nela, Yaxley. – ouviu a voz de Victoria, alta e ameaçadora.
- Meus amigos? – questionou num misto de ironia e incredulidade – Tenho certeza que se você e seus amigos fossem mais competentes, meus amigos não teriam entrado no Ministério.
- Como ousa? – o rosto do bruxo tornou-se vermelho, puxou-a pela camisa com força, forçando-a a encará-lo.
- Por que Harry Potter não está aqui? Porque você é incompetente e não conseguiu prendê-lo! – respondeu baixo, embora o tom fosse quase ameaçador – Seja mais eficiente na próxima vez, Yaxley, Lorde Voldemort não vai perdoá-lo se errar dessa forma novamente.
- Quem você pensa que é para falar desse jeito comigo? Quem você pensa que é para dizer o que devo fazer, garota?
- Por que você não pergunta para ele e vê o que o Lorde responde? – desafiou debochada, um sorriso brincando em seus lábios.
- Ora! - ergueu a varinha, mas antes que tivesse tempo de fazer algo, um jato vermelho o atingiu na lateral do corpo e o bruxo caiu pesadamente, alguns metros para trás.
- Não levante sua varinha para ela, Yaxley, ou irá se arrepender. – Victoria falou novamente, ficando ao lado da filha.
A menina virou-se para ela, a raiva estampada em seu rosto.
- Não preciso da sua proteção, posso me cuidar sozinha! – respondeu antes de afastar-se, andando para seu quarto.
Bellatrix esperou ouvir a porta bater no andar superior, antes de aproximar-se de Yaxley, puxando-o pelo colarinho;
- Cuidado com o que você diz na frente dela, se recuperar alguma memória por sua culpa, Lorde Voldemort vai saber.
- E como ela está indo? - Rodolfo questionou curioso, os braços cruzados e o corpo encostado na pilastra próxima.
- Muito melhor do que o esperado, - a mulher respondeu com um sorriso maldoso - está cada vez mais próxima de demonstrar sua lealdade completa ao Lorde das Trevas. Deveria ficar orgulhosa, irmãzinha - acrescentou encarando Victoria -, pelo menos saiu melhor do que o Sirius!
Victoria a olhou por breves segundos, segurando a vontade de azará-la.
- Cuidado com o que vocês fazem e falam na frente dela. Não precisamos que saia do controle. - disse simplesmente, antes de subir às escadas em direção ao quarto da filha.

estava em pé, olhando pela janela, virou-se brevemente quando ouviu a batida na porta, vendo sua mãe aparecer pouco depois.
- Como você está? - questionou calma, fechando a porta atrás de si. deu de ombros - Lorde Voldemort parece empolgado com seu progresso…
A mais nova a olhou, concordando com um aceno. - Por que ele disse que Harry Potter é meu amigo? Yaxley. Por que ele disse uma coisa dessas?
Victoria olhou para o lado por alguns instantes, prestando atenção nos detalhes, ou na falta deles, no local; era um quarto branco, simples.
Uma cama e uma escrivaninha, junto com um pequeno guarda-roupas. Alguns livros que Victoria sabia terem sido entregues por Bellatrix, sobre magia das trevas. Pergaminhos, tinta e penas.
Aquilo era tudo. Não tinham fotos, ou objetos pessoais, o quarto de poderia ser de qualquer outra pessoa. Não tinha nada ali que o tornasse diferente, único.
O cômodo parecia tão vazio quanto naquele momento. Sem nada de especial, apenas uma casca preenchida por memórias que não a pertenciam.
- Ele está nervoso, sabe que o Lorde das Trevas não vai perdoá-lo por deixar Harry Potter escapar.
- E por que ele acha que eu saberia de alguma coisa? - tornou a questionar, olhando-a desconfiada. Victoria deu de ombros.
- Talvez por terem estudado juntos, não sei. Não dê importância ao que ele diz. - abanou a mão, mudando de assunto - O que acha de sairmos essa semana? Podemos ir ao Beco Diagonal ou…
- Bellatrix disse que não posso sair até terminar minhas aulas, Milorde quer que eu esteja pronta quando ele voltar de viagem!
- E como tem isso essas… aulas?
seu de ombros, olhando pela janela.
- Bellatrix quase não usa o Cruciatus em mim, diz que estou melhorando.
Victoria piscou por um instante, tentando entender o que tinha escutado;
- Bellatrix está usando o Cruciatus em você?
- Apenas quando eu erro.
Lestrange respirou fundo, sentindo a mão tremer antes de sair do quarto deixando a olhar sem entender, antes de voltar a olhar pela janela, pouco interessada no que acontecia. Victoria sentia a raiva borbulhar enquanto procurava pela irmã.
- Você está torturando a menina? - gritou apontando a varinha para a mais velha, ignorando o olhares assustados vindos dos demais ocupantes da sala.
- Abaixe sua varinha. - Bellatrix rosnou.
- Você está torturando . Você enlouqueceu de vez?
- Eu disse… Abaixe sua varinha. - respondeu entre dentes, segurando a própria varinha com mais firmeza. Victoria respirou fundo, tentando acalmar-se, e então afastando-se um passo da irmã mais velha.
- O Lorde das Trevas sabe o que você está fazendo? Sabe que você pode arriscar tudo dessa forma? E se ela perder o controle? Recuperar as memórias?
A mulher de cabelos enrolados sorriu de lado, olhando divertida para a loira.
- E seria essa a sua preocupação? Que recuperasse suas memórias? - questionou rindo, a voz infantil.
- O que mais seria? - desconversou, arqueando a sobrancelha e retomando a pose autoritária de sempre. Bellatrix a olhou fixamente, antes de virar as costas, tornando a conversar com os Comensais que tinham chego, com notícias sobre a invasão de Potter no Ministério.

Sentada na grama do jardim, olhava os pavões, parecia perdida em pensamentos, mas, ao mesmo tempo sua mente se mantinha vazia. Ela queria se concentrar em algo, mas seus olhos continuavam desfocados, apenas olhando os animais que passavam.
Queria dizer que estava estressada, mas apenas sentia-se cansada mentalmente, sem nem mesmo saber o motivo. Não tinha preocupações, não tinha nada que a deixasse nervosa.
Apenas seguia o que lhe era mandado por seu senhor, e estava tudo muito bem daquele jeito.
E era sempre assim que passava seus dias, quando não tinha lições, ficava a maior parte do tempo entediada em algum canto, esperando por novas ordens.
Parte de si esperava mais, era como se aquilo não bastasse para sua vida.
Sentia um vazio no peito, algo que não conseguia explicar, muito menos preencher.
Parecia que o que fazia não tinha sentido, menos quando obedecia alguma ordem de Bellatrix, ou, em raras ocasiões, do próprio Voldemort, que ainda não tinha retornado de sua viagem ao exterior.
Ainda estava um pouco curiosa sobre isso, queria saber o motivo do bruxo passar tantos dias fora da Inglaterra, gostaria de ter ido junto, talvez pudesse ser útil em alguma coisa, mas, ao mesmo tempo, sentia-se aliviada por ter ficado na mansão. Se falhasse em alguma coisa ele não a perdoaria, talvez nem perdoaria a si mesma se errasse com o Lorde das Trevas.
Estava ali para servi-lo, devia-lhe obediência e faria de tudo para nunca decepcioná-lo. Algo dentro de si dizia-lhe que aquilo era o certo a se fazer; sempre proteger seu mestre, de tudo e de todos.
- Ah, você está aí! – ouviu a voz de Bellatrix, enquanto a mesma andava pela calçada do jardim, em direção ao portão de ferro. - Preciso ir ao Gringotes hoje, você vem junto.
- E se eu não quiser? – questionou de seu canto, entediada.
- Eu não estou perguntando se você quer, e tenho certeza que não irá se arrepender, tenho um presentinho.


Sentou-se encostado em uma árvore e ficou encarando a escuridão.
Já não sabia há quanto tempo estavam viajando, mas as folhas que antes tomavam conta do chão, começavam a secar, e o frio parecia chegar mais forte a cada noite.
Sentia Rony e Hermione conversando às suas costas e sentia o medo tomar seu corpo sempre que imaginava o que eles falavam; deveriam estar desapontados com sua falta de liderança, já tinham se passado semanas desde que recuperaram o medalhão, e ainda não tinham novas pistas sobre as próximas Horcrux ou mesmo destruir a que tinham, estavam sem nada.
Rony parecia cada dia mais mal humorado, e quando usava o medalhão era cinco vezes pior.
Só sabia reclamar e xingar.
Quase não ajudava, mas adorava apontar o dedo e dizer o quanto sentia falta da comida deliciosa de Molly, e do quanto esperava que Harry tivesse novidades sobre as Horcruxes, como esperava que ele soubesse mais da mente de Voldemort do que o ladrão loiro não identificado.
Harry não os culpava por aquilo, mas desde o começo tinha dito tudo o que sabia, não tinha escondido nada dos amigos, e foi ideia deles seguirem-no nesta caminhada. Harry tinha dito que não era necessário, mas o trio insistiu. Trio.
Imaginou se as coisas seriam diferentes se, ao invés de três, fossem quatro as procurando, como tinha sido planejado desde o começo.
Talvez com ali as coisas estivessem diferentes, ela sempre tinha boas ideias e conseguia informações importantes, apostava que a invasão ao Ministério teria sido mais bem sucedida se ela estivesse lá. era boa com improvisos, e feitiços. Não era a melhor aluna da sala, como Hermione, mas quando estavam em ação, era mais eficiente. Mione era muito sobre teoria, era só prática.
Porém ela não estava ali, e cada vez que Rony reclamava de tudo, Potter sentia uma súbita vontade de esmurrar a cara do amigo, mas se continha.
Hermione não ajudava muito, pois sempre tentava tirar a culpa do amigo e colocar no medalhão, mas Harry tinha certeza que ela perdia a paciência muitas vezes.
Rony parecia um garoto mimado e insuportável, exatamente como Draco Malfoy.

As coisas realmente chegaram ao limite em uma noite em que ouviram Ted, Dino, Dirk, Grampo e Gornope do outro lado do rio.
A história da espada de Gryffindor fez o garoto sentir-se animado, depois de tanto tempo sem expectativas, assim como Hermione sentia que novamente tinham um rumo á seguir. Embora não fizessem ideia do local que Dumbledore pudesse tê-la deixado, era um meio de destruir as Horcruxes, um meio de destruir Voldemort.
Mas Rony não pareceu concordar com aquilo.
A simples ideia de procurar mais alguma coisa o fez explodir, principalmente depois de reparar que Hermione e Harry pareciam animados demais para lembrar-se que ele estava ali.
Pensando bem, Granger e Potter pareciam muito animados sempre que ele não estava junto.
Talvez Potter tivesse conformado em perder e agora estivesse interessado em Mione.
Aquilo parecia extremamente possível em sua cabeça.
Se tiver de escolher, ela ficará com Harry Potter.
Sua mente dizia isso sempre que pensava no assunto.
Hermione não iria ficar com Rony tendo Harry ao seu lado.
O amigo era muito melhor que ele, e Rony sabia disso.
Sempre soube.
Todos preferiam Harry Potter.
Até sua irmã, aquela boba, gostava de Harry Potter.
Pobre Gina, tão iludida, achava mesmo que Harry iria querê-la tendo e Hermione aos seus pés. Não que o Weasley tivesse problemas com a quase relação entre Potter e Black, até torcia para que eles ficassem juntos, assim ele não olharia para Hermione. Mas com fora do alcance de Harry, Mione parecia ser a opção do amigo, e isso Rony não poderia aceitar.

Quando deu por si o ruivo já estava em pé, gritando tudo o que estava preso em sua garganta e em mente durante todas aquelas semanas, Harry Potter era um babaca.
Só conseguia algo quando alguém fazia por ele, jamais deveria ter saído e o acompanhado.
Não deveria nem mesmo ter sentado na mesma cabine que ele, sete anos antes.
Nada daquilo aconteceria se eles não fossem amigos.
Sua família não estaria envolvida na Ordem da Fênix, todos estariam a salvos.
Gina não teria sido pega por Snape tentando pegar aquela espada, não teria sido castigada.
Rony não teria quase morrido no ano anterior, por causa daquele hidromel envenenado.
Nada daquilo estaria acontecendo.
Ele não estaria em uma barraca, passando fome e frio.
Ele não teria que aguentar sua garota tão próxima a Potter.
Hermione não teria usado um feitiço da mente nos próprios pais.
não teria sido capturada por Voldemort se não fosse amiga de Potter.
Era tudo culpa de Harry Potter no final.
Não se sentiu nem um pouco mal ao falar tudo aquilo para o garoto, era tudo verdade.
Ele não tinha uma família, por isso não se importava com a família dos outros.
Virou-se para Hermione, sabia quem ela escolheria, mas queria ter certeza.
- Que vai fazer?
- Como assim?
- Você vai ficar, ou o que?
- Eu... – Mione mordeu o lábio inferior, mas a certeza estava em sua voz quando disse – Vou... Vou sim. Rony, nós dissemos que iríamos com Harry, dissemos que ajudaríamos...
- Entendi. Você escolhe ficar com ele.
Aquilo era o fim.
Era aquilo que ele queria ter certeza.
Hermione Granger preferia Harry Potter.
E antes dele tinha escolhido Vítor Krum.
Ela nunca escolheria Ronald Weasley.


Terminou de descer as escadas abotoando o casaco, já estava pronta para sair com a tia, quando a porta foi aberta de supetão.
Ergueu a varinha no mesmo instante, não reconhecendo o intruso.
desceu mais dois degraus e avistou os dois homens, junto com uma garota de cabelos extremamente claros, com um colar de rolhas envolta do pescoço, baixando minimamente sua varinha, enquanto olhava com curiosidade para o trio que se aproximava.
- Ora, ora! Veja que menina bonita temos aqui... – Bellatrix apareceu vindo de uma das salas, andou até a garota, olhando-a dos pés a cabeça.
terminou de descer as escadas e encarou a garota, a menina sorriu para ela.
- Você está bem? – perguntou com a voz fraca, porém animada.
Black arqueou a sobrancelha, virou-se para a tia que sorria empolgada.
- Você não se lembra dela, ? – perguntou com sua vozinha de criança, o que era extremamente irritante.
Scabior e Selwyn continuaram postados ao lado de Luna, segurando-a enquanto as duas mulheres conversavam sobre a mesma.
- Era uma de suas colegas em Hogwarts... Não é mesmo, bonitinha? – perguntou baixo, no ouvido da garota. Luna estremeceu levemente, o olhar assustado.
Virou-se novamente para , em pânico.
- O que ela faz aqui? – Black questionou curiosa, evitando olhar para a recém-chegada.
- Milorde quer castigar o idiota do pai dela, falando sobre Harry Potter naquela revista nojenta. - explicou fazendo careta, mexendo no cabelo loiro da mais nova, que se contorcia tentando escapar.
Lucius e Narcisa entraram na sala, fazendo careta ao ver a menina, principalmente ao notarem o estado em que ela se encontrava; suja e machucada.
- Tirem-na daqui, Draco chegará em alguns minutos, não quero que ele veja essa menina em casa. – Narcisa avisou enquanto arrumava o casaco, acompanhando o marido em direção á porta – Quando voltarmos espero que ela esteja com o velho, longe da minha vista.
- Como quiser, irmãzinha! – Bellatrix sorriu para outra, vendo-a sair com o marido em direção à estação para buscar o filho.
Os homens começaram a empurrar a garota em direção ao corredor, mas ouviram algumas palmas animadas de Bellatrix, que logo gritou para eles esperarem.
- Tive uma ideia! – comentou de repente, estranhamente animada. - Tragam-na de volta! – então se virou para a sobrinha que estava encostada na parede, os braços cruzados enquanto olhava a cena toda – Nossa aula será aqui hoje, Samy!
A garota arqueou a sobrancelha, olhando para Luna rapidamente, tentando lembrar-se de como a conhecia, mas novamente nenhuma memória veio a sua cabeça, era apenas mais um fantasma em sua vida. Descruzou os braços, dando um sorriso de canto.
- Parece interessante!
Bellatrix sorriu, puxando a garota e mandando os homens saírem, enquanto entravam em uma sala lateral.
- Faça as honras da casa, !
Black sorriu novamente, retirando o casaco que usava, deixando-o sobre a poltrona ao lado. Luna assustou-se ao ver a garota olhando-a daquela forma.
Não era sua amiga de Hogwarts que estava ali, era uma nova versão de Bellatrix.
apontou sua varinha com calma para a garota, enquanto Bellatrix afastava-se ligeiramente, rindo cheia de expectativas.

- Destruccio!


Capítulo 14

- Harry, eles estão aqui... Bem aqui. – escutou Hermione dizer a poucos metros de distância.
Sentiu um aperto em seu peito, como se uma mão invisível estivesse esmagando-o, assim como seus pulmões, que pareciam não cumprir sua função, fazendo-o respirar com dificuldades.
A lápide estava apenas duas fileiras atrás da de Kendra e Ariana Dumbledore.
Era de mármore, tal como a de Dumbledore, e isso facilitava a leitura, pois parecia brilhar no escuro. Harry não precisou se aproximar muito para ler as palavras ali gravadas;

James Potter, nascido 27 de março 1960, falecido 31 de outubro 1981.
Lilian Potter, nascida 30 de janeiro 1960, falecida 31 de outubro 1981.

Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.

Sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto lentamente, um tanto quente ele diria, e logo o aperto em seu peito se intensificou, e junto com ele vieram outras lágrimas, sentiu-as, uma a uma escorrerem por seu rosto, até se misturarem e virarem várias, incontáveis.
Seu óculos embaçaram, seus olhos ardiam e sentiu seu nariz escorrer vez ou outra.
Deu duas fungadas quando Hermione aproximou-se, passando um braço por sua cintura e encostando a cabeça em seu ombro.
Levantou a mão com a manga mais comprida, passando-a por seu nariz, antes de levantar o outro braço e leva-lo até Mione, abraçando-a sem jeito.
Começou a pensar no quão estúpido foi por não ter lembrado de trazer flores, ou mesmo uma carta com um simples “Sinto saudades!”, não achou que conseguiria escrever mais do que isso, de qualquer forma. Mas Hermione Granger, a bruxa mais inteligente de sua idade, estava ali com ele. Parecendo ler seus pensamentos ela ergueu sua varinha, bem diante de seus olhos, conjurando uma coroa de heléboros, Harry segurou-a com cuidado, agachando-se e colocando-a no meio do túmulo.
- Feliz Natal, Hermione! – cochichou após alguns segundos.
Ela o olhou, apertando gentilmente sua mão.
- Feliz Natal, Harry!


A garota abriu o pequeno embrulho pardo, retirando um anel prateado de dentro de uma caixa pequena e azul, junto ao anel havia um bilhete;

“Seu pai me deu isso, acho que ele gostaria que você ficasse com ele mais do que a mim... Feliz Natal!”

Olhou o pequeno objeto, com uma pequena pedra vermelha, talvez fosse rubi, não saberia dizer... Colocou o anel no dedo do meio, vendo-o como ficava.
Se seu pai tinha comprado, ficaria com ele.
O outro pacote, verde, era ainda menor que o primeiro, abriu o pedaço de pergaminho, reconhecendo a letra da tia;

“Acho que você vai gostar de ter isso de recordação!”

Um grito ficou preso em sua garganta ao abrir o presente.
Jogou-o para o lado, vendo o dedo fino e comprido rolar pelo chão de seu quarto.
A unha cumprida, tão nojenta quanto lembrava-se. O dedo estava escuro, podre.
Puxou a varinha da cômoda e apontou para o mesmo;
- Reducto!
Viu-o se desfazer em vários pedaços, até virar apenas poeira, amassou o papel, jogando-o no lixo em seguida.
Era nojento, era até mesmo doentio Bellatrix pensar que gostaria daquele presente.
Ela não precisava de nenhuma lembrança, estava ainda bem recente em sua memória.
Não achava que um dia iria esquecer-se do que tinha feito.
O duende, Gornope, tinha sido seu primeiro. Ele poderia até sentir-se honrado por aquilo.
Depois de todos aqueles meses, o duende foi o primeiro quem tinha matado, embora não tenha sido único daquela noite.

“Ainda ouvia a risada de criança da tia, ressoando em seus ouvidos, provocando-a.
O Duende estava caído, encolhido em um canto, tentando escapar de seu fim.
A garota deu dois passos a frente, tornando a erguer sua varinha, a criatura tornou a se contorcer, gritando coisas ininteligíveis, não se importava no entanto, nada do que ele pudesse dizer mudaria alguma coisa.
Bellatrix continuava rindo, gritando e fazendo comentários sobre a cena, divertia-se com os gritos da criatura, cada vez mais fracos.
, por outro lado, não achava graça, começava a sentir-se entediada.
Abaixou novamente a varinha, deixando o duende respirar ruidosamente, virou-se para a tia, vendo-a encará-la com o cenho franzido, reparando a falta de entusiasmo da mais nova.
- Pode terminar com ele, se quiser. Já perdeu a graça.
A mulher piscou rapidamente, um tanto chocada, então um sorriso começou a surgir em seus lábios, um brilho maldoso em seu olhar.
- Talvez eu possa lhe ensinar duas ou três coisinhas novas, . – disse, novamente com a voz infantil, tirando uma pequena adaga de prata de seu bolso. – Vou mostrar como se faz, e então é sua vez, pode praticar com os outros.
Black arqueou a sobrancelha, vendo a mulher andando até o corpo caído ao canto, agachando-se e começando a cortá-lo, lenta e demoradamente.
Os gritos da criatura voltaram a preencher a sala, embora parecessem ainda mais fracos do que antes, ele já estava nas últimas, não aguentaria muito tempo.
Bellatrix dilacerou um pedaço do rosto do duende antes de virar-se para a sobrinha.
- Está pronta? – perguntou sorridente.
- Eu nasci pronta. – declarou aproximando-se, puxando o objeto das mãos da mais velha, que sorria maravilhada.”

Harry acordou sentindo seu corpo doer em algumas partes, bocejou e espreguiçou-se, buscando com as mãos o óculos, encontrando-o segundos depois no chão ao lado de sua cama.
Ignorou a dor em seu corpo e colocou-se de pé, andando para fora da barraca, encontrou Hermione sentada, encostada em uma árvore á poucos metros dele, lendo um livro e tendo uma manta sobre suas pernas. Arrastou-se até ela, sentando ao seu lado. A amiga sorriu para ele;
- Como está?
- Melhor, obrigado. – suspirou enquanto olhava para os lados, não tinha certeza do lugar em que estavam, mas reparou que não se importava. – Foi minha ideia irmos até lá, sinto muito.
- Não, Harry, eu achei... Pensei que Dumbledore pudesse ter deixado alguma coisa para você... – comentou fechando o livro, não sem antes marcar a página em que estava, mordeu o lábio inferior antes de perguntar: - O que aconteceu Harry? A cobra estava em algum canto escondida? Matou a Batilda e então atacou você?
O garoto negou com a cabeça, fechando os olhos momentaneamente, era como se ainda estivesse na casa, sentia o cheiro de pobre por todos os lados, como se estivesse infectado em suas roupas…

Perdeu a noção do tempo enquanto olhava sua varinha, aos pedaços.
Tinha tantas coisas na cabeça... Perdeu com poucos meses de diferença Edwiges e sua varinha, suas duas maiores ligações com o mundo bruxo.
O que aquilo significaria?
Encostou a cabeça na árvore, olhando o chão coberto de neve.
Tinha perdido coisas demais, pessoas demais.
O que faria sobre tudo aquilo? Perdeu sua família, perdeu alguns de seus amigos...
Sentiu um aperto em seu peito, a angústia parecia novamente tomar seu ser, era uma sensação bastante comum nos últimos meses, sua companhia quase diária era a solidão e a sensação de culpa.
O que aconteceria se fracassasse?
O que aconteceria se morresse antes de destruir todas as horcruxes?
E se Voldemort o matasse?
Será que Hermione continuaria sozinha?
Ela não podia voltar para casa, também tinha deixado muita coisa para trás, tinha deixado a própria família.
Rony tinha os abandonado.
tinha sido levada para longe deles.
Harry precisava fazer alguma coisa, precisava acabar com Voldemort, dessa forma ele poderia encontrá-la...
possivelmente estaria próxima de Voldemort...
E, de alguma forma, ela não tinha contato sobre as horcruxes.
De algum jeito ela tinha conseguido esconder aquilo de Tom Riddle.
Será que ela estaria viva?
Ou Voldemort teria ficado demasiado irritado com a falta de informações e decidiu por matá-la?
Não saberia dizer a quanto tempo estava sentado ali, mas sentia suas pernas doerem por estarem a tanto tempo dobradas.
Esticou-se lentamente, olhando envolta, folhas se mexiam com o vento, vez ou outra, mas fora aquilo, estava tudo muito silencioso...
Pegou-se desejando estar em um lugar confortável e quente, com bastante comida de preferência. Trocaria aquele tempo por aulas de História da Magia sem pensar duas vezes!
Mas também trocaria qualquer lugar confortável para saber de , trocaria até mesmo Hogwarts. Até mesmo o medalhão, sem pensar duas vezes.
Foi em meio a um desses pensamentos que algo chamou sua atenção vindo do outro lado do acampamento.
Uma luz prateada pairava a poucos metros de onde estava.
A luz foi ficando maior, aproximando-se na sorrateira, após algum tempo olhando-a, Harry reconheceu uma corça, um Patrono.


Draco ouvia alguns gritos vindos do porão durante o café-da-manhã, sabia quem estava lá e sabia o motivo por qual gritava.
sentou-se ao seu lado, tomando um gole de seu suco de abóbora, parecia mais cansada do que quando estava na mansão como prisioneira. Draco via as olheiras roxas logo abaixo de seus olhos , estava também mais pálida que o normal.
Malfoy mordeu a língua levemente, queria perguntar o que tinha acontecido durante o tempo em que esteve em Hogwarts, mas no fundo já imaginava, e não queria realmente confirmar nada.
Bellatrix apareceu rindo, um tanto descabelada e o olhar doentio de sempre.
Sentou-se na ponta, pegando um pão e mordendo-o, então reparou nos sobrinhos sentados em silêncio do outro lado da mesa, sorriu para os dois, parando seu olhar na garota.
- , acho que você devia treinar alguns feitiços depois, temos bastante tempo esses dias...
A garota concordou com a cabeça, sem prestar muita atenção.
Lestrange então virou-se para o loiro, o sorriso diminuindo gradativamente.
- Você deveria aproveitar esse tempo também, Draco. Está na hora de você começar a agir como se deve, não pode ficar se escondendo...
Malfoy terminou seu suco, sem responder nada afastou a cadeira e levantou-se, andando de volta para seu quarto.
terminou de mastigar antes de levantar-se, olhando de lado para a tia;
- Conseguiu estragar o dia dele, parabéns. - Bellatrix encarou-a sem demonstrar nenhuma emoção. - Estarei lá embaixo. – anunciou afastando-se, prendendo os cabelos compridos e logo tirando a varinha do bolso.
Não demorou muito para a bruxa começar a ouvir gritos e mais gritos vindos do porão, sorrindo consigo mesmo enquanto continuava a tomar seu café.

O homem colocou-se à frente dos dois adolescentes, principalmente ao notar que Dino estava desacordado no chão gelado. Olivaras mal conseguia ficar em pé e Luna estava prestes a desmaiar, tinha tanto sangue e hematomas, que a garota mal conseguia abrir os olhos ou falar.
Ted respirou fundo, limpando o suor da testa e parte do sangue em suas roupas já rasgadas.
Encarou a sobrinha e as lágrimas voltaram a encher seus olhos, não era medo o que sentia, era culpa. Tinha aquela sensação de que tinha falhado com a menina desde que a viu ali, quase uma semana antes. Ficou feliz num primeiro momento, por saber que estava viva, mesmo depois de todos aqueles meses, mas essa felicidade logo foi substituída por incredulidade e então tristeza, quando a viu torturar e matar Dirk e Gornope. Se não estivesse vendo com seus próprios olhos, jamais acreditaria que a garotinha que ele tinha visto crescer, que tinha cuidado e amado como se fosse sua filha, tinha acabado como uma seguidora de Voldemort.
No fundo sabia que não era sua culpa, tinha notado o olhar desfocado e a falta de informações, a falta de memórias, mas ainda era ela quem segurava a varinha e disparava os últimos feitiços.
Era da varinha de quem saia a luz verde.
Ted estava cansado, desolado.
Não aguentava mais fugir, e não queria mais estar naquele porão, desejando baixinho que fosse a última vez a precisar gritar até ficar sem voz, a sentir o corpo doer daquela forma.
Pedia que fosse a última vez que visse sempre que ela passava por aquela porta, e depois sentia-se mal por desejar aquilo, mas estava cansado demais.
Não achava que estava raciocinando direito.
Chegou a pensar que aquilo era um truque de Voldemort, ou talvez de sua própria mente, recusando-se a aceitar que, talvez, já estivesse morta.
Mas ela não estava, estava na sua frente, parecendo abatida, mas tão maldosa quanto Bellatrix.
Pronta para machucar os quatro, sem pensar duas vezes.
Se ela nem mesmo lembrava-se deles, como poderia sentir alguma culpa ou remorso?
Manteve-se em pé com certa dificuldade, escorando-se na pilastra enquanto olhava para a sobrinha, que o encarou com um sorriso divertido e a sobrancelha arqueada, como se esperasse algum desafio.
- Vá em frente, - disse com a voz fraca, erguendo os braços - se é isso que você quer, . Eu estou aqui, do mesmo jeito que estive todas as vezes que você esteve doente, quando era menor. Eu estou aqui, como estive quando Sirius foi levado para Azkaban. Eu estou aqui, do mesmo jeito que sei que Andy e Dora estarão para você, quando tudo isso acabar.
Black o encarou por longos segundos, sem saber o que responder, por algum tempo tentou entender ao que o homem se referia, mas quando novamente notou um branco em suas lembranças, irritou-se. Quanto mais tentava lembrar-se de algo, mais sua cabeça voltava a doer, e mais raiva ela sentia. Qual era o problema? Por que não conseguia lembrar-se das coisas?
Ergueu a varinha apontando para o peito do bruxo;
- Avada Kedavra.


Capítulo 15

Harry deitou-se aquela noite sem qualquer resquício de sono, sua mente parecia totalmente ativa, não parava de repassar a história das Relíquias da Morte, fazia total sentido para ele, mas então por que Rony e Hermione não conseguiam enxergar?
Não demorou muito para começar a ouvir um barulho diferente, logo notando ser um rádio o qual Rony mexia, aproximou-se quando esse começou a gritar que conseguiu algo.
Surpreendeu-se e em seguida alegrou-se ao ouvir a voz tão conhecida dos amigos, parecia que um peso tinha sido tirado de suas costas, quando ouviu Remo Lupin falando sobre ele, não estava chateado com tudo o que aconteceu afinal, tinha o perdoado.
Imaginou como estaria Tonks, grávida do primeiro bebê do casal. Já podia imaginá-la toda afobada comprando coisas para a criança e, ao mesmo tempo, pensou em como deveriam estar nervosos com isso, afinal, Remo e Ninfadora eram da Ordem, e ela ainda era uma Auror.
O que Dora e os outros Aurores estariam fazendo agora que Voldemort tinha retornado e mandava no Ministério?
Riu com as piadas de Fred e George, que independente da situação, continuavam deixando o clima mais leve. Era uma das qualidades que mais apreciava nos gêmeos.
Os três ficaram em silêncio por alguns minutos, um sorriso calmo nos lábios ao saber das novidades. E foi então que a mente de Harry começou a trabalhar novamente, com velocidade, mas nem Hermione nem Rony pareciam se importar, a garota ainda mostrava total impaciência sempre que Potter tocava no assunto, mas ele não desistiria sem convencê-los.
Foi durante uma nova discussão sobre o assunto que tudo aconteceu.
Tinham acabado de aparatar em uma floresta, quando Harry tocou, novamente, no assunto das Relíquias, para desgosto de Mione.
- Vol...
- NÃO!
- demort...
Foi o tempo de duas piscadelas e uma expressão de surpresa e então arrependimento.
Viu Hermione abrir a boca, totalmente sem reação.
Rony fechou os olhos com força, a expressão de pânico em seu rosto.
E então o barulho característico de uma aparatação próxima a eles foi ouvido, não uma, mas três ou quatro vezes.
Os três amigos se olharam e sem pensar duas vezes começaram a correr, jogaram as coisas no chão e seguiram morro a baixo, correndo o mais rápido que suas pernas permitiam.
Harry sentia o coração acelerado e a respiração falha, o vento gelado cortando seu rosto, deixando-o com a face dormente. Não teve tempo para pensar sobre o assunto, quando deu por si já estava gritando todos os feitiços que lhe vinham à mente, apontando a varinha por sobre o ombro.
Sem tempo de virar-se para ver quem tinha acertado e se, de fato, o tinha.
Ouvia os gritos de Hermione ao lado, e os de Rony um pouco mais afastado.
Só o que sentiu poucos segundos depois foi uma dor excruciante em seu rosto, quando Mione apontou a própria varinha para ele, murmurando algum feitiço que ele não conhecia.
Viu-a tirar seus óculos e guardar na bolsa antes de sentir mãos grandes e suadas o puxarem, assim como os dois amigos.
Um cheiro forte atingiu sua narina e quando reparou por quem estava cercado, disse o primeiro nome que lembrou.

terminava de pentear os cabelos quando ouviu um barulho na porta do quarto, o primo entrou pouco depois, jogando-se em sua cama.
- Algum plano para hoje? – perguntou entediado.
- Bellatrix quer dar uma volta – rolou os olhos –, estou aberta a novas ideias.
- Não sei por que você continua saindo com ela, poderia fazer qualquer outra coisa, sabia? Ele confia em você, pode sair daqui, não é?
- Bom, não voltarei para Hogwarts, então não tenho motivo para sair daqui... – deu de ombros, sentando-se ao seu lado.
Draco ficou em silêncio por alguns minutos, mordeu o lábio inferior em seguida, pensando no que estava a ponto de dizer.
Se alguém o escutasse teria sérios problemas, mas ao mesmo tempo sabia o que a garota estava fazendo, não o agradava saber que ela estava tão parecida com a tia em certos aspectos.
- Você realmente não se lembra? – perguntou em voz baixa, incapaz de se conter.
franziu o cenho, com a expressão confusa.
- O que eu deveria lembrar? – encarou-o séria, sentindo o coração acelerar.
Talvez Draco tivesse as respostas que ela precisava.
- Nada, esquece, é besteira. – levantou-se da cama, caminhando até a porta – Nos falamos mais tarde, ok?
chegou a abrir a boca para questioná-lo, mas Malfoy já tinha saído de seu quarto, fechando a porta no mesmo instante.
Passou a tarde tentando falar com o primo, mas sempre pareciam cercados.
E quando finalmente conseguiram ficar sozinhos em um cômodo da casa, uma gritaria começou vindo da sala, e logo a voz da Bellatrix gritou por Draco.


Os três foram empurrados para dentro da casa, sem terem tempo ou ideia do que fazerem. Harry sentia-se totalmente responsável pelo o que acontecia, tinha sido estúpido o suficiente para dizer o nome de Voldemort em voz alta, agora todos saberiam deles e não tinha nada que pudesse fazer.
- Chame o Draco! – ouviu a mulher gritar.
Pouco depois ouviu um barulho na escada e seu coração bateu ainda mais acelerado, Draco o reconheceria no mesmo instante que batesse o olho nele, e não havia nada que pudessem fazer. Olhou nervoso para os dois amigos e, ao mesmo tempo, com um olhar de quem se desculpava.
O que quer que fosse acontecer com eles, a culpa seria única e exclusivamente dele.
Mas não foi Malfoy quem chamou a sua atenção ao entrar na sala, foi a garota que estava com ele.
Piscou bobamente duas ou três vezes, a boca ligeiramente aberta.
Ela estava ali, e estava bem.
Um pouco pálida e com aparência cansada, mas bem de um modo geral.
Não se importou com o que os Malfoy e Lestrange falavam, nem com Draco aproximando-se para reconhecê-lo.
Não conseguia parar de olhar para a garota e em como ela parecia mudada.
Um tanto mais magra, o cabelo mais comprido desde a última vez que se viram, mas a principal diferença não parecia física.
tinha algo diferente no olhar, algo que ele não sabia o que era, não conseguia definir, todavia, se não a conhecesse o suficiente, diria que era um olhar frio, de desprezo.
O mesmo que sempre via nos pais de Draco.
A garota não o olhou nenhuma vez, nem mesmo para Mione ou Rony, talvez fosse uma forma de protegê-los, de fingir não os conhecer.
Foi só quando Black cruzou os braços, olhando a ação do primo, agora parado em frente a Harry, que Potter reparou em segurando a própria varinha.
Talvez fosse útil, não conseguia pensar em um plano com a rapidez necessária, mas, definitivamente, era uma boa ter ao menos uma varinha dando alguma proteção para os quatro.
- O que aconteceu com ele? - ouviu a voz de Draco, ele não se aproximou o suficiente, mas tinha certeza que ele sabia quem era o estranho a sua frente.
- É, o que aconteceu? Você usou um feitiço, não foi? - Bellatrix acusou, olhando para Hermione, a amiga não se mexeu.
- Olhe, você, . É Harry Potter, não é? Se aproxime mais. - Lucius a empurrou na direção do garoto.
Harry sentiu seu coração disparar outra vez quando deu passos lentos em sua direção, finalmente deixando que seus olhares se encontrassem. Black o encarou por um breve instante, Harry notou o olhar confuso dela, como se não o reconhecesse, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ouviram um barulho alto, vindo de Bellatrix.
- O QUE É ISSO?! - o grito da mulher foi ouvido por todos na casa, ao mesmo tempo em que ela lançava feitiços nos quatro sequestradores. - Como conseguiram isso?
Harry continuou parado, sem conseguir entender o que acontecia.
Foi quando Bellatrix empurrou Hermione para o chão, apontando a sua varinha para a garota, que sentiu seu sangue voltar a bombear em suas veias.
- Vamos, , sei que você vai se divertir mais do que eu com esse interrogatório! – sorriu, olhando para a menina, que continuava no mesmo lugar, próxima a Harry, embora não o olhasse.
virou-se para Hermione, caída no chão com o olhar assustado.
Algumas lembranças vagas vieram à sua mente, trazendo consigo um sentimento de desprezo.
- Ela não era sua amiguinha em Hogwarts, era?
A voz carregada de raiva e nojo de Black, fez com que os três a olhassem chocados:
- Não sou amiga de nenhuma garotinha sangue-ruim!
O brilho malicioso em seu olhar quando apontou a própria varinha para a melhor amiga de outrora fez Harry entender, enquanto era levado para o porão e ouvia os gritos de Mione, que sua garota já não estava mais ali. Aquela não era a que ele conhecia.


Capítulo 16

Harry e Rony foram jogados por Fenrir Grayback no porão, enquanto ainda escutavam os gritos desesperados de Hermione e a voz de Bellatrix ao fundo, enfurecida, querendo descobrir a verdade.
Potter sentia o coração bombear tão rápido que uma pequena parte dele se perguntava como o órgão não tinha explodido contra seu peito. Sua respiração tão descompassada quanto a de um maratonista que acabara de correr 20km.
Fechou os olhos com força, querendo explorar seu cérebro, gritava com ele mesmo desesperadamente.
Precisava de um plano. Precisava ajudar Hermione. Precisava ajudar .
Os gritos de Rony chegaram a seus ouvidos, parecendo tão desesperado quanto os de Granger.
Estava preocupado com a melhor amiga, era óbvio que sim, mas Harry não conseguia, nem por um segundo, deixar de pensar no olhar de ao encarar a nascida trouxa.
Era um misto de nojo, repulsa e outro sentimento, que ele não saberia descrever de outra forma que não fosse desprezo.
Nunca tinha visto aquele olhar na garota, nunca nem mesmo tinha imaginado que ela seria capaz de olhar daquela forma para qualquer pessoa.
tinha um brilho diferente, uma malícia tão similar ao olhar doentio de Bellatrix que Potter chegou a arfar ao notar.
Era como se não fosse mais ela mesma, era uma cópia mais nova de Bellatrix Lestrange, porém, pelos gritos de Hermione, tão perigosa quanto a original.
Não conseguia, por mais que seu cérebro tentasse, descobrir como isso poderia acontecer com a garota. Uma parte de si, bons 99% de seu ser, acreditavam que ela estava sendo obrigada, que estavam usando alguma magia, a Maldição Imperius, muito provavelmente.
Não aceitava que ela reagisse daquela forma por vontade própria, embora aquele um por cento estivesse certo de que feitiço nenhum a faria olhar daquela forma para alguém.
Era algo surreal para Harry, mas estava acontecendo.
Seu pior pesadelo não parecia tão assustador quanto as imagens que sua mente criava naquele momento, ao ouvir os gritos da melhor amiga, suplicando para parar de machucá-la.
- Harry? Rony?

Hermione gritava desesperada, mesmo sentindo sua garganta doer e sua voz sair cada vez mais fraca. A força parecia deixar aos poucos seu corpo, embora ainda tentasse soltar-se de , mas os anos de Quadribol a tornaram muito mais forte que Hermione.
Nunca desejou tanto ter sua varinha ao seu lado, precisava defender-se de alguma forma.
Já estava achava que os feitiços estavam começando a danificar alguma parte de sua mente tão brilhante.
No fundo, estava entre a possibilidade de estar sonhando – um pesadelo tão tenebroso que ela não desejaria a ninguém – ou de ter batido com a cabeça na corrida pelo bosque, enquanto tentava fugir dos sequestradores.
Só esses motivos explicariam sua melhor amiga a atacando daquela forma.
Só uma dessas possibilidades era capaz de mostrar com aquele olhar doentio, com aquela expressão de puro ódio.
Ouvia os gritos de Bellatrix, um zunido irritante em seu ouvido, mal sabia o que ela dizia agora, não conseguia identificar direito às palavras. Sabia que tinha algo com uma espada e um cofre.
Sentia o corpo inteiro pulsar, seu coração acelerado e a falta de ar.
Seus ossos pareciam queimar e a única coisa que conseguia fazer era gritar.
Nem sabia mais o que gritava, só sabia que o fazia, ou pelo menos tentava.
Sua respiração parecia cada vez mais falha, Hermione teve certeza que mais alguns minutos e o ar não chegaria mais a seus pulmões ou cérebro.
Tinha certeza que morreria daquele jeito, e, de repente, começou a desejar que acontecesse logo. Não aguentava mais tamanha dor.
- Por favor... – pediu com a voz falha, quando a garota dos olhos abaixou a varinha, dando as costas a Hermione, enquanto Bellatrix aproximou-se novamente, puxando-a pelos cabelos ondulados e volumosos.
- Eu vou perguntar mais uma vez, apenas mais uma vez: Como foi que vocês conseguiram essa espada? Como invadiram meu cofre?
- Eu... Não... Cofre... Não... – dizia sem forças, tentava formar uma frase, mas parecia que sua mente estava dormindo, cansada demais para tentar ajudá-la.
- Chamem o duende, tragam-no aqui! – apontou a varinha para Rabicho que seguiu pelo corredor em direção ao porão, parecendo aliviado por poder afastar-se por alguns segundos daquela cena. – Vamos descobrir se você está falando a verdade, sua Sangue-Ruim. Por hora… , você quer brincar mais um pouco? – sorriu para a sobrinha que estava encostada em uma pilastra, apenas olhando para a garota caída ao chão, encolhida.
A mais nova passou a língua pelos lábios secos, andando calmamente até a outra, girou a varinha na mão direita antes de ajoelhar-se ao lado de Hermione, esticando o braço da mesma.
Mione não tinha mais forças para tentar soltar-se. Não achava que poderia sentir mais dor do que tinha sentido, apenas minutos, ou talvez horas, antes.
Mas Hermione estava errada, afinal.
No momento em que encostou a varinha em seu braço, Granger sentiu como se a queimassem.
Era ainda pior do que a Maldição Cruciatus.
Sentia sua pele queimar, ardendo incessantemente, quase podia sentir o cheiro de sua carne queimando, enquanto Black usava sua varinha e depois uma pequena adaga de prata, para escrever em seu braço;

MUDBLOOD


Draco estava encostado em uma pilastra mais afastada do meio da sala, evitando olhar para o que acontecia, entretanto, parte de si parecia não querer tirar os olhos daquilo. Sabia que estava diferente, mas não achou que ela já estaria tão parecida com Bellatrix. Era quase surreal.
No fundo, sempre acreditou que no momento que visse Harry Potter, suas memórias voltariam e ela sairia daquele transe. Mas não foi o que aconteceu, Black parecia realmente odiar Hermione naquele momento, e só ficou mais intenso quando Granger segurou em seu pulso, balbuciando algo sobre serem amigas, sobre ser sua melhor amiga. O grito de ódio de fez Draco arrepiar-se. A loira parecia completamente descontrolada naquele instante.
Malfoy estava em uma batalha interna, queria poder fazer algo para parar aquela cena, tentar fazer sua prima realmente enxergar a verdade, mas ao mesmo tempo não tinha ações. O que ele poderia fazer? Se estivessem sozinhos naquela sala, talvez ele tivesse uma chance, mas Bellatrix estava ali, e o lobisomem Grayback estava logo atrás, esperando uma oportunidade, ele tinha certeza, para terminar de matar Hermione.
Draco sentia-se nervoso, conseguia escutar o próprio coração batendo contra seu peito, e se nem mesmo chegassem a usar Grayback? E se matasse Hermione?
Tinha certeza que a loira não iria recuar, provavelmente ficaria feliz com isso, já que, diferente do que aconteceu com Ted Tonks, se lembrava de Hermione.
Pelo menos o que Lorde Voldemort queria que ela lembrasse.
Malfoy chegou a dar um passo em direção as duas quando notou a adaga nas mãos da prima, e os gritos de Granger se intensificarem, mas sua mãe e seu pai o seguraram com força.
Narcisa negou com a cabeça, evitando olhar a cena.
Foi neste instante que Victoria entrou na mansão, carregando algumas compras com ela.
Por um momento a mulher olhou ao redor, o semblante confuso, mas seu olhar logo recaiu em e Hermione, e Bellatrix mais ao lado. Victoria deixou as coisas que trazia de lado, retirando a varinha da capa que usava, olhou rapidamente para os Malfoy, vendo Lucius e Narcisa negarem com um aceno. Olhou por um instante para Draco, que sem reação, apenas deu de ombros, sem saber o que poderia dizer.
A mulher deu alguns passos cautelosos em direção as três bruxas, a varinha a meia altura.
- Abaixe isso, o que pensa que está fazendo? - Bellatrix resmungou entredentes, olhando brevemente para a irmã.
- O que ela está fazendo? - questionou, apontando com a cabeça para a própria filha.
- Interrogante a sangue ruim. - respondeu a outra, com um sorriso enviesado - Admita, é uma Comensal muito melhor do que você, irmãzinha, nem nos seus melhores dias você conseguia respostas dessa forma, não é?
Victoria ignorou a bruxa, aproximando-se das duas adolescentes, puxando a filha pelo ombro, vendo a escrita ensanguentada no braço da outra garota.
a olhou brevemente, não parecendo tê-la notado até então. Olhou novamente para Hermione, quase desacordada, e logo sentiu o puxão em seu ombro.
- Levanta-se. - Victoria pediu, quase como uma ordem, a filha suspirou, levantando-se lentamente. - Por que Granger está aqui?
- Pegamos Harry Potter! - Narcisa intrometeu-se. - Está no porão, junto com o Weasley.
- E por que ainda não chamaram o Lorde das Trevas?
- Eles invadiram o meu cofre em Gringotes! - avisou, olhando significativamente para a loira, que concordou com um aceno.
- Então traga Harry Potter e pergunte para ele.
- Ela disse que não invadiram. - comentou em voz baixa, ainda encarando a garota caída.
Os seis presentes na sala a encararam por alguns instantes, quase surpresos por ouvir sua voz questionando sobre alguma coisa.
Bellatrix aproximou-se com um sorrisinho manso, mas tão ameaçador quanto os outros, colocando as mãos em seus ombros e a encarando nos olhos.
- Ela está mentindo. Não se esqueça de que ela é uma Sangue-Ruim.
concordou com um aceno, logo tornando a olhar para Hermione, quase imóvel no chão.
- Onde está o Rabicho? - ouviu a tia gritar exasperada.
E então tudo aconteceu muito rápido.

, que antes não tinha certeza se o garoto com o rosto desfigurado era Potter, embora tivesse a leve impressão que fosse, apenas confirmou suas suspeitas quando ele e o ruivo entraram na sala apressados, e logo conseguiram a varinha de Draco, que em sua opinião, nem mesmo tinha tentado se defender.
nem mesmo chegou a erguer a própria varinha na confusão, porque logo ouviu a risada de sua tia, que segurava Hermione pelos cabelos e tinha a adaga apontada ameaçadoramente no pescoço da mais nova.
Potter e Weasley vacilaram levemente, mas resistiram num primeiro momento, então deu um passo para perto, rodando sua varinha por entre seus dedos, sorrindo para os dois.
Aquela era uma chance que não podia perder, por um momento não importou-se se era Voldemort quem queria matar Harry Potter, ele estava em sua frente e era isso que ela queria; aquela pequena chance de vingar a morte de seu pai.
Harry, ela notou, respirou fundo ao encará-la, sua mão levemente trêmula, em um claro sinal de que ele não queria machucá-la, o motivo ela pouco se importava, mas sorriu com a situação.
Um sorriso maldoso estava fixo no canto de seus lábios, provocando-o.
Instigando-o a atacá-la.
Mas Harry não o faria, não poderia, nem que sua vida dependesse daquilo. E talvez realmente dependesse.
E foi nesse momento de indecisão do garoto que Bellatrix aproveitou-se, cortando levemente o pescoço de Granger.
Rony gritou ao reparar nas gotículas de sangue que começavam a aparecer contra a pele branca dela, e então ouviram um novo barulho e visualizou as grandes orelhas do Elfo Doméstico, no canto da sala.

Na confusão que se seguiu por causa de Dobby, por um instante sentiu um puxão em seu braço, e ao virar-se, encarou os olhos verdes de Potter, um tanto apreensivos.
Foi apenas uma fração de segundos, que talvez ela pudesse ter imaginado, não seria a primeira vez que sua mente brincava com ela, mas Potter a segurou por um instante, antes de correr em direção ao Elfo;
- Eu vou voltar pra te buscar!
Harry olhou mais uma vez para os olhos da garota a sua frente, antes de segurar na mão de Dobby, tentando afastar todos os pensamentos recentes de sua mente, focando-se apenas no local em que estariam aparatando, mesmo que fosse desconhecido;
Gui e Fleur... Casa das Conchas... Gui e Fleur…


Potter estava lavando suas mãos e seu rosto, sujos de terra e areia.
Ainda sentia o nó em sua garganta, a vontade de chorar novamente preencheu seu ser e seus olhos verdes novamente estavam marejados e vermelhos. Permitiu-se sentar no chão gelado do banheiro e encostar a cabeça nos joelhos, segurando-os com as mãos.
Não conseguia entender por qual razão tudo aquilo estava acontecendo em sua vida, por qual motivo todas as pessoas que amava morriam diante de seus olhos, por qual motivo elas sofriam tanto, apenas por estarem perto dele.
Por que tanta coisa ruim acontecia com todos que eram importantes para ele?
Primeiro seu pai e sua mãe.
Depois Sirius.
Dumbledore e Olho-Tonto também já não estavam mais ali.
Agora Dobby tinha morrido enquanto tentava salvar sua vida e de seus amigos.
E estava...
Não sabia escolher uma palavra para especificar o caso da garota, nenhuma parecia o suficiente para expressar nem seus sentimentos ao vê-la daquela forma, nem o que aquilo realmente significava.
Uma lágrima desceu por seu rosto e ele rapidamente limpou-a com a mão.
Novamente ficou dividido, aquela não era a garota que conhecia.
Ela jamais seria capaz de fazer algo como o que tinha feito com Hermione.
Não era a garotinha que conheceu no primeiro ano em Hogwarts, que estava sempre sorrindo e ajudando os amigos.
Não era a garota determinada e focada das partidas de Quadribol.
Não era a garota que pedia desesperadamente para Hermione a ajudar com os deveres.
Não era a garota por quem se apaixonou.
Aquele olhar não pertencia à sua garota.
Outra lágrima escorreu por seu rosto, mas ele não fez questão de limpá-la.
E mais uma veio pouco depois, e outra em seguida.
Eram sua voz, seu rosto, seus olhos e seu corpo, mas aquela não era .
Talvez fosse uma cópia, um clone.
A verdadeira talvez estivesse em outra cela da casa dos Malfoy, ou outro lugar ainda pior. Talvez até em Azkaban.
Mas enquanto sua mente tentava imaginar mil e uma teorias do que poderia realmente ter acontecido, embora seu coração estivesse desesperado para encontrar uma saída para o que acontecia, aquele nó na garganta e a imagens dos olhos - outrora tão suaves e compreensíveis – da garota que vira poucos minutos (ou talvez horas) atrás, o fazia duvidar de suas próprias ideias.
Seu coração parecia dividido;
Não podia aceitar que aquela era sua melhor amiga, a garota com quem sonhou tantas noites e que se imaginou casar um dia, formar uma família ao seu lado.
Entretanto parte de seu ser, seu sexto sentido, sabia que não era outra pessoa.
Não era um clone.
Embora soubesse que ela definitivamente estava sendo controlada por algum feitiço, a reconheceria em qualquer lugar.
Era Black quem estava lá, com uma Marca Negra no braço.

Harry fechou os olhos, respirando fundo tentando acalmar, não só seu coração, mas também sua mente.
Fungou algumas vezes, tentando ser discreto.
Porém não se importava com o número de lágrimas que caiam naquele momento, e menos ainda que molhassem sua camisa.
Foi então que lembrou-se das imagens de meses atrás; ela estava no chão sujo, enquanto Nagini a olhava atentamente e Lorde Voldemort segurava sua varinha, um sorriso frio nos lábios, divertindo-se com a garota gritando a sua frente, enquanto era torturada uma, duas, vinte vezes.
Abriu os olhos com uma nova lembrança em mente:
Os pais de Neville.
Alicia e Frank Longbottom foram torturados por Bellatrix Lestrange e mais dois Comensais.
Usaram tantas vezes a Maldição Cruciatus nos dois que suas mentes foram destruídas.
Eles não lembravam-se de quem eram, não sabiam que tinham um filho. Não sabiam o que faziam.
Suas mãos fecharam-se em punhos, o ar parecia não preencher seus pulmões, sua boca estava ligeiramente aberta, tentando puxar o máximo de oxigênio que podia, enquanto seu cérebro fervilhava com a nova possibilidade, ainda mais terrível do que a anterior.

Harry queria contar tudo o que achava que estava acontecendo com para Mione e Rony, mas tinha uma decisão mais importante para tomar naquele momento.
Mesmo enquanto estava sentado no chão do banheiro, parte de sua mente não parou de pensar em tudo o que tinha acontecido na casa dos Malfoy referente à Bellatrix.
O desespero que a possuiu ao imaginar que eles haviam entrado no seu cofre em Gringotes o fez imaginar algumas outras possibilidades.
E foi por isso que ele, embora parte de seu ser gritasse desesperadamente, decidiu conversar com Grampo primeiro para depois ver Olivaras.
e as Relíquias da Morte precisariam esperar mais um pouco.

Hermione e Rony permaneceram em silêncio por algum tempo, pensando sobre o plano que Harry precisava para invadir Gringotes, fazia sentido a ideia de ter uma Horcrux no lugar, após sua explicação e, a cada momento, Rony tinha mais certeza (e um certo medo), da conexão entre seu melhor amigo e Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
Durante os minutos que se seguiram, Harry parecia ainda mais inquieto do que o costume nos últimos meses, e quando Hermione finalmente perguntou o que estava errado, foi quando ele resolveu citar , notando o arrepio que passou por Hermione, e a mesma não conseguiu disfarçar.
- Vocês não acham que isso poderia ter acontecido? – perguntou por fim, as mãos juntas estralando os dedos de forma nervosa.
Mione pensou por alguns segundos antes de responder, Rony por outro lado, concordou com Harry.
- Mas isso é pior não? Ela nem sabe o que faz, como podemos mudar? Ela vai acabar no St. Mungus como os pais do Neville?
Harry sentiu como se alguém arrancasse seu coração.
Não tinha considerado essa parte.
- Hm... Eu acho... – Hermione começou com a voz baixa, parecendo um tanto envergonhada – Eu acho... Ah, Harry... Ela... Ela não me pareceu, sabe? – dizia movendo as mãos rapidamente, sem olhar para os amigos – Parecia que ela queria fazer aquilo. E ela tinha consciência, Bellatrix a chamou e ela respondeu todas as vezes, ela lembrava de todos, mas não achava que éramos amigas. Parecia diferente, mas era ela mesma, entende? – finalmente ergueu o olhar, encontrando os olhos verdes do amigo, um tanto perplexos – Não gosto de pensar nisso Harry, mas... Ela tem a Marca Negra agora, ela mora com a família, ou parte dela, ela não se importa com nenhum de nós...
- Mas ela não falou sobre as Horcruxes. Ela não contou que era eu quando perguntaram. Você não acha que talvez ela estivesse fingindo?
- Espera, você acha que ela está como... Como uma infiltrada? – Rony questionou confuso, começando a pensar sobre a possibilidade. – Talvez... É, ela estava fingindo para descobrir mais coisas sobre eles, e depois...
- Você realmente acha isso, Harry? – Hermione ignorou o raciocínio do ruivo e olhou séria, diretamente para Potter – Você acha mesmo que ela fingiria por todo esse tempo? Fingiria tão bem? Aceitaria torturar e matar? – então se virou para Rony – Draco também não disse que era Harry, significa que ele também esteve fingindo todos esses anos que nos odeia?
Nenhum dos dois respondeu, ficaram com suas próprias teorias por algum tempo, até Mione suspirar e voltar a falar;
- Ela é minha melhor amiga, me preocupo com a antiga , não queria que nada disso tivesse acontecido. Talvez o excesso da Maldição Cruciatus realmente tenha atingido partes de suas lembranças, mas mesmo que seja isso, não faz diferença. Ela não é mais a mesma, não podemos mais ajudá-la. E ficou bem claro para mim que se ela tiver uma chance de nos matar ela irá, sem pensar duas vezes. – levou a mão ao rosto, recuperando-se de um choro repentino e indesejado – Não gosto de dizer isso, odeio pensar assim, mas é a verdade agora Harry. Ela não é mais a que conhecemos, não é mais nossa amiga. Precisamos esquecê-la e seguir com o plano, okay?
Harry bateu com a mão na mesa, a raiva transparecendo em cada poro de seu corpo trêmulo.
- Você quer que eu simplesmente a esqueça? Que eu finja que nunca a conheci? Que esqueça o que sinto? É isso Hermione? Quer que eu pare de me preocupar e deseje que coisas ruins aconteçam a ela? Quer que eu a machuque se tiver chance?
- Hey, não grite com ela! – Rony protestou.
- Cala a boca! – virou-se para o amigo – É muito fácil para você falar, não é a garota que você gosta que foi torturada daquela forma, que é uma Comensal da Morte. Não é a garota que você gosta que se esqueceu de você!
- Harry...
Hermione não teve tempo de completar sua frase, o amigo já havia deixado a sala, em direção as escadas para o quarto em que estava. Passou por Gui, que o olhou preocupado, sem se importar com o esbarram que deram, ou se ele tinha escutado o que tinha dito. Ele não se esqueceria de , ele encontraria um jeito de tê-la ao seu lado novamente, nem que fosse a última coisa que fizesse.


A garota desceu as escadas ainda bocejando e terminando de ajeitar seu cabelo, viu sua mãe e Narcisa conversando enquanto tomavam café. As duas a olharam, a primeira sorrindo de leve, a garota apenas balançou a cabeça, em uma saudação silenciosa.
Esticou-se sobre a mesa, pegando uma maçã antes de virar-se e dar de cara com Draco, que ainda parecia sonolento demais, andando em sua direção.
- Quer dar uma volta? – perguntou enquanto mastigava um pedaço da fruta.
O loiro concordou, tomando um gole de suco rapidamente e pegando a última maçã no cesto.
Nenhum dos dois disse nada, embora soubessem que as mulheres não pararam de olhá-los, aguardando uma explicação. Draco olhou para sua mãe, dando de ombros antes de seguir a prima pelo corredor de entrada.

Estavam sentados em um morro num parque à poucas quadras da casa dos Malfoy, esticados no gramado sem importar-se com a geada na noite anterior, que ainda era levemente visível no gramado, menos ainda se estavam molhando suas calças ao sentarem no chão parcialmente molhado devido ao gelo derretido. Ainda sentiam o vento forte em seus rostos, bagunçando seus cabelos e derrubando algumas folhas das árvores, mas também não parecia ser o suficiente para voltarem para a mansão.
Viam algumas crianças, trouxas, correndo e brincando pelo lugar, sob o olhar atento de seus devidos responsáveis.
Draco virou-se para a garota, os olhos estreitos.
Percebeu-a relaxada pela primeira vez desde que tinha voltado para o feriado, era seu último dia em casa antes de voltar para a Escola.
parecia muito tranquila, sentada com as pernas esticadas, os braços servindo de apoio, as mãos na grama gelada. Draco reparou no pequeno sorriso no rosto dela, enquanto olhava para as crianças que corriam, não tinha ideia do que ela estava pensando naquele momento, mas após considerar por alguns segundos – ao ver a varinha guardada no bolso do moletom branco que ela usava – decidiu que não deveria ser nada arriscado.
O sorriso também era diferente do que ela daria se estivesse planejando algo que faria Bellatrix ou Voldemort ficarem orgulhosos.
- Eu lembro vagamente de termos vindo aqui quando éramos mais novos, estou certa? - questionou em dúvida, olhando brevemente para Draco.
Aquele era um dos momentos que Malfoy precisava concentrar-se em dizer algo que soasse verdadeiro para sua nova versão. Voldemort tinha sido muito específico quando avisou que não tinha boas lembranças, felizes. Tinha apenas o necessário para segui-lo sem pensar duas vezes, e odiar Potter e qualquer outro membro da Ordem da Fênix. Ou qualquer pessoa que pudesse lembrá-la de seu passado.
Passou a língua pelos lábios finos, achando no mínimo curioso ela ter aquela memória, por que Voldemort a deixaria com algo tão simples?
- Do que você se lembra? - perguntou por fim, encarando-a com curiosidade.
- De poucas coisas, quase como se fossem flashes, sabe? - respondeu tornando a olhar para as crianças - Uma bola grande e nós dois correndo, também tinha uma garota de cabelos coloridos, mas não consigo lembrar quem era….
Draco prendeu a respiração por alguns instantes; aquela não era uma lembrança falsa, criada por Voldemort. Era uma recordação verdadeira, uma memória antiga que, por algum motivo, tinha vindo à tona. Como, ele jamais saberia.
Malfoy seguiu o olhar da garota, lembrando-se de como conheceram-se anos atrás, quando não faziam ideia da existência um do outro.
Bem, Draco sabia que tinha uma prima de sua idade, mas não fazia ideia do nome ou qualquer coisa relacionada à ela.
- Lembro de algumas coisas... Principalmente de você me mandando corujas durante a madrugada! - contou em voz baixa, sorrindo pequeno ao pensar sobre o assunto.
A garota o olhou confusa pela primeira vez, a testa franzida e o olhar perdido.
- Por que eu te mandaria uma coruja se estávamos na mesma casa, Draco?
Malfoy engoliu em seco, tornando a olhar para frente, sentindo o vento gelado em seu rosto novamente. Suspirou antes de dar de ombros.
- Só estava brincando com você, é óbvio que você não precisaria me mandar corujas estando a poucos quartos de distância...
Ela sorriu novamente, não dando muita atenção ao comentário um tanto irônico do primo. Malfoy deu outro suspiro, um tanto mais longo que o primeiro, fechando os olhos e xingando-se por ser um covarde. Aquela podia ser a oportunidade que ele estava esperando, mas ele simplesmente a desperdiçou.

“O garotinho olhava emburrado para seus pais, os braços cruzados e os cabelos loiros sobre os olhos, recusava-se a sair de seu quarto.
- Não vou comer, não vou fazer nada! Eu quero ir brincar com ela!
- Draco, você está proibido. Se eu ou sua mãe encontrarmos outra coruja...
- Não é minha culpa se vocês brigaram! Ela é legal! – protestou irritado.
- Ela está no lado errado da família, Draco...
- Não me importa, ela é minha amiga!
- Está avisado, e por via das dúvidas, não saíra de casa até o final do verão. – Lucios avisou-lhe antes de dar as costas e sair do quarto do filho, não reparando nas lágrimas que caíam pelo rosto magro no garotinho.”



Capítulo 17

Voldemort olhou para a entrada no aposento ao ver a porta ser aberta, cruzando as mãos em frente ao corpo, as pontas dos dedos brancos e longos tocando-se minimamente, enquanto analisava a garota que entrava, sem parecer se dar conta de que não estava sozinha, até ouvir o sibilar da cobra mais ao canto da biblioteca.
- Milorde! – cumprimentou curvando-se ligeiramente. – Não quis atrapalhar...
- Não me atrapalha, sente-se – apontou para a poltrona em sua frente.
A garota andou a passos firmes e a postura inabalável, sentando-se e olhando diretamente para o bruxo.
Voldemort quase poderia sorrir, a mudança nos meses que a menina estive na Mansão Malfoy não era apenas visível, era quase palpável. Não era só a forma como agia; era o jeito que andava, o modo de falar, até a forma que respirava parecia diferente.
Era uma mistura perfeita.
Era sua mais nova e leal Comensal, tão cruel quanto Bellatrix, tão inteligente quanto Victoria.
- Acordou cedo... – comentou ao olhar o relógio na parede, confirmando ser pouco mais de sete horas da manhã.
- Estava sem sono e entediada. – deu de ombros olhando brevemente para Nagini, que rastejava pelo chão.
- Você quer sair da casa? – perguntou-lhe após analisar a menina por breves momentos.
- Seria muito bom, Milorde. Até agora não entendi como eu estou envolvida no problema, se quem deixou Potter escapar foram os outros... Estava muito bem com a Sangue-Ruim... – disse displicente, parecendo um tanto ofendida por ser castigada.
Voldemort a olhou por alguns segundos antes de esticar a mão em sua direção.
- Me conte exatamente o que aconteceu naquele dia.
novamente deu de ombros antes de começar a explicar-lhe, outro ponto que Voldemort apreciava, era o fato dela não importar-se em quem prejudicaria ao contar alguma coisa. não tentava proteger ninguém, diferentemente dos Malfoy, que sempre tentavam jogar a culpa em outra pessoa. não se importava, nem mesmo, quando sabia ser a responsável por algo, embora soubesse que acabaria sendo castigada.
-... E isso foi tudo... Lucius queria chamar o senhor Milorde, mas Bellatrix procurava alguma coisa... Queria que a sangue-ruim contasse como conseguiu algo...
- Você sabia que era Potter? – questionou, prestando mais atenção em suas reações;
Voldemort tinha certeza que seu plano era brilhante, mas uma pequena parte de si questionava como ela reagiria na presença do garoto, saber que ela torturou Granger, e estava pronta para duelar com Potter, era muito mais do que satisfatório, era a prova final de que ele tinha alcançado seu objetivo.
- Sabia, fiquei em dúvida por alguns instantes, mas depois confirmei minhas suspeitas.
Voldemort passou a mão calmamente por sua cabeça, andando pela sala, pensativo, antes de virar-se novamente para a loira;
- Não teve nenhum outro sonho estranho?
novamente confirmou com a cabeça.
- Duas noites antes do senhor retornar, Milorde.
- Me conte mais sobre ele...
sentou-se na poltrona próxima, enquanto tentava lembrar-se com exatidão dos sonhos que teve para poder contar-lhe, não deveria ter segredos para com seu mestre, Voldemort sabia que ela tinha alguns momentos confusos em que não lembrava das coisas, e outros sonhos, tão estranhos quanto sua falta de memória.

“A garota continuava sentada, enquanto Harry terminava de contar todas as suas teorias sobre o assunto, parecia extremamente óbvio para ele e não conseguia entender por que mais ninguém o escutava.
Rony e Hermione estavam sendo burros por não prestarem atenção naquilo, e tudo só piorava com a briga que tinham entre os dois, a falta de interesse apenas diminuía. Mas Harry tinha certeza que ao menos entenderia.
Ela perceberia o quão certo ele estava e que Draco realmente era um Comensal da Morte e planejava alguma coisa.
- Quer dizer, isso é tudo muito suspeito, não? O que ele tem feito todas as noites da Sala Precisa? E por que faltar o jogo de Quadribol? – insistia, agitando as mãos nervosamente. Precisava fazer com que ela compreendesse, talvez pudessem bolar um plano para pegar Malfoy no flagra.
- Faz sentido... Se eu fosse Voldemort iria querer saber tudo o que acontece em um lugar como Hogwarts, tem muito bruxo jovem se formando, talvez ele tente convencer alguns para quando terminarem os estudos... E Draco... bem, quem melhor que um sangue puro babaca como ele para espionar, não é? – comentou analisando a situação, não parecia importar-se muito, entretanto.
- Então você concorda que Draco virou um Comensal? – sorriu inclinando-se sobre a poltrona da garota, apoiando-se com as mãos no encosto da mesma.
- Não temos nenhuma prova concreta, Harry, mas faz sentido para mim...
- E sobre o Snape?
suspirou dando de ombros, afundando um pouco mais no encosto da poltrona.
- Entendo o que quer dizer, e você sabe o quanto detesto Snape, mas talvez ele realmente esteja cumprindo ordens de Dumbledore... Não é exatamente fácil enganá-lo, menos ainda matá-lo... Se Draco realmente está tentando fazer isso, não parece que ele realmente está se empenhando, huh? – argumentou pensativa, franziu o cenho quando Harry fez menção de falar – Por mais sujo que ele seja, não consigo ver Snape envolvido com tudo isso... Dumbledore confia nele, Harry...
- Dumbledore pode estar enganado!
Ela o olhou profundamente nos olhos, pela primeira vez desde que começaram a conversar; era a primeira vez que eles realmente passavam mais de dois minutos sozinhos desde que o beijo na arquibancada, quase dois meses antes.
- Harry... Parece que você só não consegue se perdoar pelo o que aconteceu com papai, você está tentando culpar Snape desde o ano passado... Eu sei o quanto você o detesta por tudo o que aconteceu, mas... Pensa bem Harry, desde o primeiro ano ele, de alguma forma, te ajudou quando você realmente precisou, não foi? Quantas vezes desconfiamos dele e, no final, Snape era da Ordem e só fazia algo porque Dumbledore mandava…?
- Eu... Não... – sentiu um aperto no peito, uma raiva subindo por seu corpo e seus olhos embaçarem momentaneamente. – Não... Eu... Sirius...
sorriu levemente, embora parecesse cansada.
- Ninguém te culpa por nada Harry, não foi sua culpa. Quem foi aquela noite no Ministério foi porque quis, você não obrigou ninguém. Se sua visão tivesse sido real, era a melhor forma de ajudar Sirius... Só... Aconteceu... – suspirou calmamente antes de continuar, fazendo-o a encarar. – Você fala que não, mas eu te conheço Harry Potter, você acha que a culpa foi sua pelo o que aconteceu, e não foi. Você não é o culpado por todos os problemas do mundo, Harry. Nem pelo o que aconteceu com papai ou por Voldemort ter retornado... Isso é muito maior do que o bebê que sobreviveu anos atrás... É maior do que você, do que eu, Hogwarts ou Dumbledore...
Harry endireitou-se, ficando em pé e virando-se para o outro lado.
- Eu acho que eu nunca me desculpei com você, não é? – disse com a voz baixa.
- Se desculpar por tentar salvar meu pai? – levantou-se ficando ao seu lado.
- Mas não era real... E... Bem, se não tivéssemos ido até lá, se eu não tivesse sido idiota e tivesse aprendido a fechar a minha mente...
- Harry Potter, não foi sua culpa, ok? Ninguém tinha como saber que era falso...
- Hermione considerou essa possibilidade!
- Mione sempre considera milhões de possibilidades e a gente nunca escuta.
- Mas...
- Harry, - ela segurou levemente em sua mão, fazendo o garoto olhar para baixo, seus dedos levemente entrelaçados nos dedos gelados dela. Demorou alguns segundos até que ele tivesse coragem o suficiente para levantar o rosto e encarar seus olhos . – Não adianta a gente ficar tentando descobrir o que poderíamos ter feito de diferente... Não tem como voltar no tempo e impedir isso... É como ele me disse uma vez; às vezes dói mais do que outras, mas a gente sobrevive e aprende a viver com as coisas boas... Depois de um tempo a tempestade passa e o sol brilha novamente...
Harry deu um pequeno sorriso como resposta, antes de abraçá-la com força, sendo retribuído da mesma forma.”


Harry fechou os olhos no momento em que sentiu o vidro caindo sobre seu corpo, escutando o grito agudo de Hermione poucos segundo depois.
Os três sentiram o vento gelado contra seus rostos no momento em que o dragão conseguiu abrir as asas e equilibrar-se tempo o suficiente para conseguir voar pelo céu aberto, distanciando-se o mais rápido possível de Gringotes.
O medo de cair estava estagnado dentro de Harry, e por vários minutos esse era seu único pensamento, sua única preocupação. Passados os primeiros instantes esse medo foi diminuindo gradativamente, e então as cenas do que aconteceu no banco começaram a bombardear sua mente, fazendo-o pensar em todas as possibilidades e temer todas as possíveis continuações daquilo.
Quanto tempo demoraria para os duendes avisarem Bellatrix Lestrange do que aconteceu?
Quanto tempo até descobrirem o que estava faltando?
Grampo talvez contasse todo o plano...
Talvez dissesse que Rony estava envolvido e os Comensais fossem atrás dos Weasley...
E quando percebessem o que tinha sido levado, Voldemort saberia que Harry estava caçando às Horcruxes...

O dragão continuava voando, faziam horas que os três estavam na mesma posição, agarrados como podiam em suas escamas, o animal não parecia ter notado que tinha carona, mas, por um instante, Harry considerou o que aconteceria se o bicho sentisse fome e nota-se três adolescentes apetitosos em suas costas...
Mais horas se passaram, o que os três temiam agora era a hora de pousar, como o dragão conseguiria se ele não enxergava?
- É minha imaginação – gritou Rony, depois de muito tempo de silêncio – ou estamos perdendo altitude?
Rony estava certo, a paisagem tornava-se mais graúda e mais detalhada enquanto espiava pelo flanco do dragão, e Potter se perguntou se o animal teria pressentido a presença de água fresca pelos reflexos repentinos de sol.
- Vamos saltar quando ele baixar o suficiente! – gritou Harry para os dois amigos. – Direto para dentro da água, antes que ele perceba que estamos aqui!
Não deu tempo de se preparar mentalmente para a água gelada, ou para pensar na altitude, ou pior ainda, se teria algum animal perigoso naquele rio.
- AGORA!
Depois de conversarem e, surpreendentemente, até rirem da situação toda, os três pareciam cansados demais para fazer qualquer coisa, estavam deitados no gramado próximo ao lago, o dragão descansando do outro lado da margem. E foi nesse momento em que a dor voltou de uma única vez. Todo o resto parecendo sumir subitamente.
A dor era maior e pior do que todas as outras vezes.
Pior do que na noite que Voldemort retornou no cemitério, Harry achou que sua cabeça fosse realmente explodir naquele momento;

A garota olhou para o local no qual todos aqueles duendes e bruxos estavam caídos, alguns dos quais foram seriamente feridos antes de receberem a Maldição da Morte, outros, com mais sorte, nem tiveram tempo de perceber o que acontecia; Foi rápido e indolor.
Ficou parada poucos metros à frente do Lorde, Victoria estava ali, assim como Bellatrix, a última parecendo ao mesmo tempo assustada e feliz.
Tinha medo que o ocorrido a atingisse de alguma forma, mas também estava contente por ter sido chamada por Voldemort, e por ele ter lhe permitido divertir-se um pouco com aquelas criaturas imundas.
- Que foi que você disse? – a voz estava aguda e fria, mas a fúria e o medo queimavam por dentro.
Era impossível que alguém tivesse descoberto seu segredo... Não poderiam...
- Repita isso! – murmurou Voldemort, a voz colérica – Repita!
- M-meu Senhor, – gaguejou o duende, seus olhos negros arregalados de terror – m-meu Senhor... t-tentamos imped-dir... os imp-postores, meu Senhor... arrombaram... arrombaram... o... o c-cofre da f-família Lestrange...
Bellatrix parou de sorrir no mesmo instante que entendeu aquela frase e seu significado.
Sua expressão de choque dominando seu ser.
- Impostores? Que impostores? Pensei que o Gringotes tivesse meios para desmascarar impostores. Quem eram?
- Era o... era o... o garot-to P-Potter e d-dois cúmplices...
- E o que levaram? – perguntou ele, sua voz se elevando, um medo terrível se apoderando dele. – Diga-me! Que foi que levaram?
- U-uma p-pequena t-taça de ouro, m-meu Senhor...
O grito colérico de Lorde Voldemort arrepiou todo o corpo da criatura ajoelhada à frente do bruxo. Bellatrix e Victoria deram passos para trás, andando apressadamente até a porta de saída, sabiam o que aconteceria a seguir.
A mulher loira puxou a mais nova pelo braço, apressando-a, mas parecia confusa, o olhar ligeiramente perdido no que acontecia naquele momento.
Deixou-se ser carregada sem reclamar, imagens vinham aos poucos à sua mente...

“Os quatro estavam sentados juntos no Salão Comunal, Rony estava ao chão, próximo à lareira, as pernas cruzadas e o olhar perdido. Hermione continuava sentada de pernas cruzadas na poltrona, abraçada ao livro de Uma Antologia de Encantos do Século XVIII, que lia antes de Harry entrar e informar-lhes tudo o que Dumbledore lhe contou.
estava sentada em um pufe ao lado, olhando para os próprios pés, pensativa.
Harry ainda sentia sua respiração levemente alterada, a adrenalina percorrendo todo o seu corpo, sete horcruxes, se achassem todas, se destruíssem todas, ele poderia matar Voldemort.
- Dumbledore já sabe em qual lugar estão às outras? – Black perguntou finalmente quebrando o silêncio, ainda sem olhar para ninguém.
- Não... Ainda não temos muita coisa...
- Mas sabemos o que são, já é um começo! – Hermione comentou tentando ver o lado positivo.
- Nem todas, ninguém sabe o que ele pegou de Rowena... E nem se ele conseguiu! – Rony lembrou-os.
Permaneceram em silêncio por mais um tempo.
- Voldemort faria de tudo para ter um objeto que pertencera a cada fundador de Hogwarts, tenho certeza que ele encontrou algo... Mas talvez seja de Godric, ele não conseguiu nada da Grifinória! – argumentou pensativa – Godric era o que mais reclamava das atitudes de Salazar, era tão influente quanto ele, talvez ele quisesse algo dos dois fundadores mais importantes...
- Como você sabe disso? – Mione questionou surpresa.
- Você não foi a única a ler Hogwarts Uma História, Granger! – a amiga piscou sorrindo levemente. Hermione sorriu de orelha a orelha, abraçado-a de lado, Harry e Rony riram levemente da cena.
- Eu acho que Voldemort odeia a Grifinória. E não temos nenhum indício que ele encontrou algo de Godric... – Potter respondeu passados alguns segundos.
- Dumbledore é o bruxo mais poderoso e pertenceu a Grifinória, você não acha que ele gostaria de ter algo dessa casa? A maior rival da Sonserina? – Rony questionou confuso.
- Talvez, mas acho que ele escolheria Corvinal se fosse mais fácil encontrar um objeto, não? Talvez ele fosse continuar procurando um de Grifinória e por isso queria vir trabalhar em Hogwarts! – o Harry replicou, as ideias ferviam em sua cabeça.
- Mas também não sabemos se ele conseguiu algo da Corvinal, Harry! – Mione rebateu. – Sabemos que ele conseguiu dois da Sonserina e um da Lufa-Lufa.
Novamente os quatro ficaram em silêncio, tentando imaginar qual seria a outra horcrux perdida.
- Nunca pensei que Voldemort fosse querer algo com a Lufa-Lufa... – novamente começou a falar, agora em tom mais baixo – É a Casa da honestidade, bondade e lealdade, que a fundadora escolheu receber todos os bruxos, não é? Sem realmente precisar de uma característica mais marcante como os outros, Godric queria alguém corajoso, Salazar bruxos ambiciosos e Rowena gostava dos inteligentes. Todos pré-definiram quem receberiam. Helga acolheu a todos. – os três olhavam para ela, escutando-a em silêncio, interessados no ponto de vista – Voldemort queria ser diferente, destacar-se dos outros. Por que ele iria querer algo que lembrasse os bruxos “comuns”? Ele não é exatamente o mais bondoso dos bruxos, huh?
- Mas ele espera que seus Comensais sejam leais à ele, não é? – Rony argumentou.
- Até o que sabemos nenhum dos Comensais foi da Lufa-Lufa, isso não faz muito sentido...
- Talvez não faça, Mione, mas Helga era uma pessoa importante no mundo bruxo e uma das fundadoras da Escola, ela aceitou à todos, mas era uma das bruxas mais importantes da sua época, não é mesmo? Ela era poderosa e tinha influência assim como os outros três, talvez seja apenas por isso. Ele queria algo que simbolizasse poder, talvez não seria sua primeira opção, mas a taça foi uma coisa que apareceu para ele, quase como sorte. Por que não pegar e utilizar como horcrux? – Harry deu de ombros, era algo lógico para ele. – Dumbledore acha que ele queria uma coisa de cada Casa, mas não teve tempo de conseguir todos...
- Como vamos descobrir o que é? – Rony parecia perdido e levemente desesperado.
- A questão não é só descobrir o que é, mas como encontrar! – olhou para eles – Não é como se ele deixasse jogado por aí, não é igual uma Chave de Portal!
- Vocês já pensaram que... – Mione começou com a voz baixa – Que se conseguirmos todas, independente do que seja e o local em que estejam escondidas, Voldemort estará vulnerável e poderá morrer? – um leve sorriso apareceu em seus lábios, o brilho de esperança em sua face e olhos.
- Ele poderá morrer, mas não acho que Voldemort seja o tipo de pessoa que ficaria vulnerável... Olhe para Dumbledore, quantos anos ele tem? Sempre que o vejo ele parece mais disposto que oitenta por cento dos alunos. – o ruivo mencionou pensativo.
Os outros concordaram, embora Mione parecesse levemente desapontada por ninguém ter a levado sua positividade em consideração.
- Vocês conseguem imaginar como seria o mundo sem Voldemort?”

A garota piscou seguidamente, confusa e com uma dor de cabeça cada vez mais forte.
Aquilo era diferente de todos os outros sonhos que já tinha tido, mesmo quando estava acordada.
Ea estranhamente real, quase como se tivesse acabado de acontecer.
O mais estranho era que as imagens do resto do sonho começaram a vir sua mente com uma velocidade incrível.
Como se ela continuasse sonhando de olhos abertos, enquanto era puxada para longe da sala em que o Lorde das Trevas gritava, disparando feitiços para todos os lados e – agora em tom mais baixo – falava na língua das cobras com Nagini.
Sentia-se perdida, Lorde Voldemort havia avisado que esses sonhos estranhos talvez acontecessem, mas também garantiu que eles passariam com o tempo.
Até o momento eles apenas se intensificavam, era cada vez mais comum tê-los, pareciam mais reais, como lembranças de alguma época distante.
Ainda lembrava-se do sonho que teve poucas semanas antes, o qual não quis contar ao bruxo.
Não só lembrava como quase podia sentir.
Sentir o cheiro do perfume dele, a sensação de ter os lábios dele sobre os seus.
O toque dele em sua pele.
Lembrava-se do beijo e de todas as sensações que isso causou em seu corpo.
Acordou aquela noite com o coração acelerado, o pensamento fixo no beijo que teria dado em Harry Potter embaixo de uma árvore, antes de irem para uma festa...


Subitamente Harry percebeu que estava sentado no gramado com Hermione e Rony prestando atenção em cada uma de suas ações, os olhares assustados.
Tremendo, Potter se levantou e viu a taça inocentemente pousada no capim à sua frente, e o lago azul-escuro pontilhado de dourado ao sol que se punha.
- Ele sabe. – Sua própria voz pareceu estranha e grave depois dos gritos agudos de Voldemort.
– Ele sabe e vai verificar as outras Horcruxes, e a última – se colocou em pé, a varinha em mãos – está em Hogwarts. Eu sabia. Eu sabia.
- Quê?
Rony olhava-o boquiaberto; Hermione se ergueu nos joelhos, preocupada.
- Mas que foi que você viu? Como sabe?

Após Harry explicar rapidamente o que aconteceu, decidu que deveriam agir o mais rápido possível, não poderiam arriscar Voldemort descobrir o que aconteceu com as outras Horcruxes e tirar a última de Hogwarts. Como eles fariam para encontrá-la se ele o fizesse?
Embora muito contrariada, Hermione concordou que deveriam agir, mesmo sem ter um plano – Nossos planos nunca funcionam! – lembrou o amigo.
O ruído de enormes asas batendo ecoou pelas águas escuras do lago: o dragão tinha saciado sua sede e levantou voo.
Os garotos pararam os preparativos para observá-lo subir sempre mais alto, agora apenas uma mancha negra no céu que escurecia rapidamente e, por fim, sumir atrás de uma montanha próxima. Então, Hermione se adiantou e se encaixou entre os dois, Harry puxou a capa para baixo até onde foi possível, e juntos rodopiaram e penetraram na escuridão esmagadora.

No segundo em que seus pés tocaram o chão das ruas de Hogsmeade, Harry abriu os olhos deparando-se com o silêncio absoluto.
As ruas estavam todas escuras e vazias.
A estrada que levava a Hogwarts tinha uma pequena luz vinda do Três Vassouras, o único local que parecia aberto naquele momento.
No instante em que Harry soltou os braços de Rony e Hermione, tudo aconteceu rapidamente;
O ar foi cortado por um grito agudo – que lembrava Voldemort ao descobrir que a taça tinha sido roubada –, e Potter soube no mesmo segundo que aquilo foi causado por sua aparição. Quando olhou para os amigos sob a capa, a porta do Três Vassouras se escancarou e uma dúzia de Comensais da Morte, de capa e capuz, correram para a rua, empunhando suas varinhas.
Rony ergueu a própria varinha, mas foi impedido pelo amigo de fazer qualquer coisa, qualquer movimento denunciaria a posição dos três, e tinha bruxos demais ali.
Um dos Comensais acenou e o grito parou, ainda ecoando nas montanhas distantes.
-Accio capa! – rugiu o mesmo.
Harry segurou-a pelas dobras, mas a capa não tentou lhe escapar: o Feitiço Convocatório não a afetou, não funcionava contra uma das Relíquias.
- Então, não está embaixo do seu xale, Potter: - berrou o bruxo à distância – Espalhem-se. Ele está aqui.


Capítulo 18

O homem de cabelos claros estava ajoelhado, suplicando por sua vida, e de sua família.
A mulher estava encolhida, protegendo a criança em seus braços, não gritava mais, não chorava, apenas dizia no ouvido do filho que tudo acabaria bem, eles ficariam bem.
- Qualquer coisa... Levem... – pedia de forma desconexa enquanto Bellatrix usava a Maldição Cruciatus.
- Não seja tolo, trouxa. Não queremos seu dinheiro imundo. Não precisamos dele!
- Minha família...
- Termine com ele, , eu tenho mais dois para conversar! – a mulher sorria daquela forma maligna, encarando mãe e filho. O garotinho chorava no colo da mãe, assustado. – Não precisa ter medo criança, o medo não vai te ajudar, ele não vai te salvar! – disse com aquela voz irritante, que a sobrinha tanto detestava.
virou-se para o homem, os olhos azuis brilhavam com as lágrimas, ele agarrou a perna da adolescente, que o olhou com nojo.
- Me mate! Me mate, mas não machuque minha família, não deixe... Por favor, por favor... Minha mulher... Meu filho... Por favor... Não é justo... Não o deixe morrer... Ele é um bom garoto...
o encarou por alguns segundos com certo desprezo, quando Voldemort a liberou da mansão, para divertir-se junto de Bellatrix, não era exatamente aquilo que tinha em mente. Não que não gostasse, mas com o tempo já tinha perdido parte daquela animação, adrenalina, aquele sentimento de poder que a dominava sempre que sabia ter a vida de alguém em suas mãos.
Os olhos brilhantes e cheios de lágrimas do homem a olhavam com urgência, desespero, quando as mãos trêmulas dele seguraram as suas, notou algo estava errado. De repente sentiu uma dor lancinante em sua cabeça, levando as mãos até a mesma, deixando sua varinha cair, enquanto sentia suas pernas fraquejaram e quando se deu conta, estava caída no chão, de joelhos ao lado do homem que parecia ainda mais nervoso.
Lestrange virou-se ao ouvir o barulho, o grito desesperado vindo da sobrinha. Bellatrix apontou sua varinha para o homem e, então, um jato verde foi disparado contra ele, fazendo-o voar alguns metros para trás, até bater de costas na parede, inerte.

“- Isso não deveria ter acontecido, não é? Por que eu tenho a impressão que coisas ruins só acontecem com a gente? Somos tão ruins assim? – sussurrou olhando nos olhos do mais velho.
Sirius suspirou antes de responder, enquanto pensava nas palavras certas para usar naquele momento. - Não deveria ter acontecido, não é justo. Cedrico era um bom garoto, eu sei disso...”

- O que esses trouxas imundos fizeram com você? Ele tocou em você não foi? O que ele fez? – ouvia uma voz distante falar rapidamente, sentia os membros rígidos e a cabeça cada vez mais dolorida, abriu os olhos castanhos com dificuldade, demorando a enxergar a mulher agachada ao seu lado, parecendo ansiosa. – Você está bem?
Afastou-se assustada, rastejando de costas, o olhar preso ao da mulher.
- O que deu em você? Temos um trabalho para terminar, levante! – disse rispidamente, voltando-se para uma mulher e criança, no canto da sala, ambas parecendo tão assustadas quanto à garota.
Bellatrix sorriu para a mulher, acenou com sua varinha, fazendo com que o garotinho fosse jogado para outro canto da casa, ouvindo o grito desesperado da mãe, e o choro alto da criança.
- O que você está fazendo? – gritou com raiva, Lestrange virou-se com o cenho franzido, a varinha em mãos. – Deixe-os, deixe os dois!
- Isso é algum tipo de brincadeira? Porque eu não vejo graça.
avistou sua varinha a poucos centímetros de si, e rapidamente jogou-se no chão, alcançando-a. Sentiu novamente sua cabeça doer, assim como todo seu corpo, mas não se importou, precisava parar Bellatrix de alguma forma.
- Expell...
- Imperius! – sentiu uma força invisível dominar seu corpo, sentiu-se leve, sem nenhuma preocupação, era como se sua mente esvaziasse, estivesse livre. – , levante-se, temos algo para terminar aqui! – apontou a varinha para a garota, que não demorou mais do que alguns segundos para estar ao seu lado, ainda com uma expressão boba em seu rosto. Bellatrix rolou os olhos, cuidaria disso mais tarde. – Você cuida dessa aqui, eu fico com o garotinho!
A mulher gritou, tentando parar Bellatrix, mas, antes que pudesse levantar-se, ergueu sua varinha, recitando com a voz firme:
- Avada Kedavra!
Um segundo jato verde apareceu diante dos olhos do garotinho, que gritava pela mãe, vendo-a caída de olhos abertos ao seu lado, o corpo imóvel.

Voldemort entrou no quarto da mais nova, ignorando os Comensais que o esperavam no andar de baixo. A raiva fervendo em seu ser, misturados com o desespero por ter sido descoberto.
Harry Potter tinha descoberto o seu segredo, e ele precisava descobrir quais outras horcruxes ele tinha encontrado, se é que já as tinha. Mas antes de dar esse passo, precisava certificar-se que a lealdade de Black estava ao seu lado, não poderia arriscar-se aquela altura de perder o controle sobre ela. ainda era uma das suas cartas principais, era ela quem estaria ao seu lado quando matasse Harry Potter e dominasse de uma vez por todas o mundo bruxo e trouxa. era sua Comensal número um, e ele não iria perdê-la por culpa de uma lembrança insignificante.
No fundo tinha curiosidade em saber como aquilo tinha acontecido, até aquele momento não tinha tido nenhum sinal de que ela pudesse recuperar suas memórias. Por outro lado ficava ainda mais animado por tê-la como Comensal, apenas mostrava o quão forte ela era mentalmente.

estava deitada em sua cama, tentando ignorar os impulsos que sentia.
Suas vontades estavam em conflito com suas ordens.
Deveria obedecer o que Bellatrix tinha dito, permanecer em seu quarto até disserem o contrário, mas sua vontade era de sair correndo. Pegar sua varinha e sumir daquele lugar.
Parte de si não queria obedecer, e sua outra metade estava em pânico com essa possibilidade.
Não seria uma boa Comensal se desobedecesse, deveria estar ali para servir Lorde Voldemort. Ela estava ali apenas para protegê-lo, não deveria pensar, ou agir sem ter ordens para tal.
E sua disputa interna só piorava suas dores de cabeça, aos poucos voltava a lembrar-se de memórias esquecidas, lembranças que deveriam ter sido apagadas, e que misturavam-se com sonhos.
Não sabia mais o que era realidade e o que era sua imaginação.
Tinha perdido o controle de seus próprios pensamentos.

Lorde Voldemort entrou em seu quarto de repente, assustando-a.
O bruxo a encarou por alguns instantes, tentando controlar todos os pensamentos urgentes que tinha, para lidar da melhor forma com ela. Não precisava que a garota fizesse o mesmo que tinha feito junto à Bellatrix, precisava dela calma e concentrada, facilitariam as coisas para ele.
- Soube que teve um problema mais cedo. O que aconteceu?
pensou por alguns instantes, lembrando-se vagamente de estar em uma casa, parcialmente destruída, e alguns gritos. Sua memória, na maioria prejudicada pela Imperius.
- Não muito, senhor.
Tom Riddle suspirou, tentando não parecer impaciente, antes andar pelo quarto, parando próximo a janela e encarando a adolescente, sentada na cama.
- Você teve um surto, esqueceu de Bellatrix. Esqueceu que é uma Comensal da Morte. Algo mexeu com sua memória, e eu quero saber o que foi.
Black pensou por algum tempo, o cenho franzido, tentando recordar-se com exatidão do que tinha acontecido;
- Lembrei de meu pai… E…
- E...?
o encarou de olhos arregalados, assustando-se com suas próprias lembranças;
- Cedrico Diggory. Eu… Eu o conhecia! Eu o conhecia! Ele estava no Torneio, competindo com Harry Potter e… - virou-se para o bruxo, o olhar confuso e assustado, sem saber o que estava acontecendo e como era possível - Harry Potter era meu amigo. Assim como a Granger. Eu a torturei, não foi? Eu tentei matá-la… Eu matei o Ted! - levou as mãos a boca, perturbada ao constatar aquelas informações.
Voldemort sentiu a excitação aumentar em seu peito, ela estava recuperando as memórias mais rápido do que ele planejava, incluindo de lembranças que ela não deveria mais ter, como Ted Tonks. Ela não deveria conhecê-lo. Sabia que deveria manter uma limpeza quase semanal em suas memórias, mas com sua busca pelas Relíquias, acabou deixando essa função em segundo plano depois das primeiras semanas, e não confiava o suficiente em ninguém para fazê-lo;
Bellatrix poderia estragar tudo, e, por mais que duvidasse, não gostaria de arriscar Victoria sensibilizando-se na hora de apagar lembranças antigas da vida da filha.
Parte do seu descuido tinha sido seu próprio ego, ela parecia tão leal que ele nem mesmo se preocupou o suficiente com o desleixo. Acreditando que não seria necessário por vários meses.
Aparentemente tinha se enganado.
Sua sorte era o fato dela parecer tão perdida e assustada com suas próprias ações, que nem mesmo considerou tentar defender-se, ou fugir do homem. estava tão preocupada com o que tinha feito, que nem mesmo notou quando o bruxo apontou a varinha em sua direção, removendo novamente suas memórias;

“Olhou para cima quando viu Harry aproximar-se e sentar ao seu lado na escada, ficaram olhando os terrenos cobertos de neve por um tempo em silêncio.
O vento gelado batendo em seus rostos, bagunçando seus cabelos.
A garota encolheu-se ao sentir um arrepio, arrumando seu cachecol de forma a proteger mais seu pescoço. Harry olhou-a por alguns segundos, pensando no que diria, e então mordeu o lábio inferior e tornou a olhar para frente, suspirando em seguida.
- Conseguiu conversar com Sirius? – perguntou distraído puxando um assunto aleatório.
- Ele está bem... Disse que preferia quando estávamos todos em casa... – respondeu com um sorriso triste nos lábios.
- Bem, é quase Natal, não é? Você pode passar o feriado com ele...
franziu o cenho por um momento, finalmente virando-se para encarar o amigo.
- Você não vai? – questionou confusa.
Harry deixou um pequeno sorriso escapar por seus lábios.
- Isso foi um convite?
Ela deu de ombros, sorrindo da mesma forma.
- Entenda como quiser, Potter.
Harry riu baixo voltando a olhar para frente assim que notou a expressão triste que voltava para o rosto da amiga. Queria poder dizer alguma coisa, ajudar de alguma forma, mas não sabia como. Hermione era muito melhor com palavras do que ele.
O que ele diria? ‘Eu sinto muito por seu namorado ter morrido no meu lugar?’
Às vezes pensava que ela pudesse achar que tinha sido de propósito, porque ele realmente queria ganhar o Torneio. Talvez achasse que Harry odiasse Cedrico, por isso não tentou ajudá-lo e o deixou morrer, mas, ao mesmo tempo, também não era como se Potter pudesse fazer algo para salvar o lufo, por mais que quisesse ter feito.
Mal sabia como ele próprio tinha escapado daquilo tudo, como tinha sobrevivido ao seu encontro com Voldemort.
Harry olhou de canto de olho para a garota ao seu lado, será que ela estaria da mesma forma se quem tivesse morrido fosse ele?
Talvez ela tivesse chorando alguns dias e já estivesse esquecido. Provavelmente estaria beijando Cedrico naquele momento, e não pensando no amigo que tinha sido assassinado por Voldemort.
- Você realmente acha que não me importo com você, não é? – a voz suave e um tanto rouca dela o tirou de seus pensamentos.
- O que quer dizer?
- Eu ouvi Mione e Rony conversando, você realmente acha que eu preferia que você tivesse morrido, Harry? – ela o olhou sem expressar nenhuma reação, mas prestando bem atenção nos olhos castanhos dela, Potter podia ver o quanto ela estava triste. – É bem decepcionante, sabe? Depois de todos esses anos você achar que não me importo com você. Eu não estaria mais feliz se tivesse sido o contrário, Harry. Pensei que você soubesse disso.
- Eu sei... Mas... – baixou a cabeça antes de continuar com a voz baixa – Bem, ele era seu namorado, não é? É claro que você gostava dele...
- Não significa que eu goste menos de você, Harry. – ela ficou em pé em frente ao amigo, olhando diretamente para seus olhos verdes – Por Merlin, Potter. Cedrico era tão importante para mim quanto você sempre foi, sempre gostei dos dois, mas de formas diferentes. O que não significa que me importo menos com um do que com o outro. Torci por você em todas as provas ano passado, não foi? Te passei umas dicas de feitiços que ele estava treinando para o labirinto, te ajudei a treinar. Concordei com você todas as vezes que resolveu fazer algo arriscado. Te ajudei com todos os seus planos e nunca reclamei por isso. Confiei em você todas as vezes sem que você nem mesmo me pedisse, apenas porque você é meu melhor amigo e me importo com você. Acho que você deveria me dar um pouco mais de crédito depois de tantos anos, Harry.
Ele viu uma lágrima escorrer pelo rosto dela, sentindo-se mil vezes pior naquele momento do que quando pensou que ela não gostava dele.
tinha razão em tudo aquilo.
Sempre o ajudou, sempre se importou.
Então por que ele pensava tanto que ela preferia Cedrico?
- Eu sinto muito... Não quis dizer...
Ela agachou-se em sua frente, colocando as duas mãos geladas em seu rosto e fazendo-o olhar novamente para ela.
- Você é um magricela, babaca e um tanto arrogante, Potter, mas você é meu melhor amigo. Por mais idiota que você seja, e independente do que aconteça, você sempre será uma das melhores pessoas da minha vida. Eu sempre vou me importar com você, Cicatriz.”

No meio de uma de suas lembranças, Voldemort notou o número de memórias que tinham voltado com Potter. De alguma forma, talvez pelo encontro dos dois, ela tinha reativado a parte que deveria ter esquecido de tudo aquilo, e mesmo suas montagens pareciam comprometidas, notou algumas das lembranças que tinha alterado voltarem ao normal, de alguma forma ela estava realmente começando a retomar suas memórias, mas Voldemort não deixaria que aquilo acontecesse. Ele não perderia uma Comensal como , não por meia dúzia de memórias insignificantes, como o dia em que ela entrou para o time de Quadribol.


Victoria a encontrou sentada no jardim, brincando distraidamente com sua varinha, que soltava algumas luzes coloridas em desenhos assimétricos. Por um instante pensou em Sirius, e no número de vezes que o tinha encontrado da mesma forma durante os anos em Hogwarts; sempre que o ex-marido estava com muitos problemas na cabeça, isolava-se, distraindo-se com pequenas luzes vindas de sua varinha, até encontrar as respostas que precisava.
tinha tanto do pai, sem nem mesmo perceber.
Fisicamente ela poderia se parecer, minimamente, com a mãe, principalmente pelos cabelos e o formato do rosto, mas em todas as suas atitudes, Victoria sentia como se estivesse encarando uma nova versão de Sirius Black.
Victoria tinha passado tantos meses desejando que fosse mais parecida com ela, mas conforme o tempo passava, Lestrange só esperava que a filha voltasse a agir mais como o pai, e menos com Bellatrix.
Porém, no momento, não se parecia nem com um nem com outro, não tinha aquele olhar curioso e desafiador igual ao do pai, nem o olhar de desprezo da tia, estava apenas confusa. Seu olhar desfocado.
Sentou-se no banco ao lado da filha, que demorou alguns instantes para notar que não estava mais sozinha, e mais alguns segundos para focar sua visão na mãe, não a reconhecendo de imediato.
- O que aconteceu? - perguntou em voz baixa, tomando cuidado para sussurrar um feitiço, garantindo que não seriam ouvidas por ninguém, nem mesmo Voldemort.
- Eu não sei. - respondeu roucamente, tornando a olhar para a própria varinha.
Não era a primeira vez que a encontrava confusa, mas nunca com o olhar tão perdido como naquele momento. Victoria temia que, aos poucos, sua filha estivesse perdendo-se.
Voldemort, em sua tentativa de conseguir sua lealdade, estava pisando em um campo perigoso.
Aos poucos, parecia estar perdendo por completo sua mente, sua sanidade.
O número de memórias que eram alteradas, e a quantidade de vezes que passava por aquilo, estava comprometendo definitivamente sua cabeça, e Lestrange não sabia o quanto ela resistiria.
O tanto de vezes que tinha sido torturada, em sua maioria por Bellatrix, também não ajudava.
vinha sendo castigada sempre que algo não saia conforme o planejado, ela nem mesmo sabia o que acontecia, ou como tinha falhado com Voldemort, mas seguia sendo punida todas as vezes que recuperava uma memória que não deveria. E ela nem mesmo se lembrava de tudo isso.
Victoria olhou por sobre o ombro, certificando-se de que estavam sozinhas, antes de apontar a varinha para sua filha;
- Legilimens!
As memórias que tinha não eram muitas, eram rápidas, insignificantes.
não tinha nenhum momento que valesse à pena, não tinha lembranças boas. Eram apenas as histórias que Voldemort achava necessária para fazê-la continuar ao seu lado, odiando Harry Potter e a Ordem da Fênix, pronta para matá-los na primeira oportunidade.
Victoria respirou fundo, notando mais uma vez a expressão vazia da filha, antes de levantar-se e seguir em direção a mansão. Estava chegando a hora de agir.


Harry ainda tinha a respiração levemente alterada.
Enquanto conversava com o irmão de Dumbledore notou algo que parecia ter perdido meses antes, quando leu páginas d’As Vidas e Mentiras de Alvo Dumbledore.
Sua confiança pelo diretor, no final das contas, continuava intacta.
Por meses sentiu como se tivesse sido enganado a vida inteira, como se não conhecesse o mais velho, e, de fato, não conhecia tão bem como pensava. Mas isso não era um problema.
Harry não sabia quase nada sobre o ex-Diretor, mas isso não parecia mais tão errado.
Dumbledore o ajudou Harry durante todos aqueles anos, sempre esteve presente tentando auxiliá-lo de alguma forma. Potter não precisava conhecer todos os segredos do homem para saber que, sim, Dumbledore se importava com Harry.
Em momento algum o diretor se apresentou com o melhor amigo de Potter, ele era apenas aquele que o orientava, mostrava suas alternativas e esperava que Harry escolhesse a melhor.
Dumbledore era um tipo de mentor.
Pensando bem, Potter mal conhecia a história de seus pais ou de seu padrinho.
Sabia o básico que todos os outros sabiam, e, às vezes, até menos.
Hermione quem lhe disse sobre seu pai ser apanhador no time da Casa quando entrou em Hogwarts sete anos antes, ele nem fazia ideia na época.
Harry notou naquele momento, e somente nele, que não era necessário saber tudo sobre uma pessoa para gostar dela.
Não importava quantos anos passasse com alguém, sempre teria algo, por menor que fosse, que ele não conheceria.
Pensando nisso, lembrou-se de , sabia muita coisa sobre ela, mas também tinha certeza que não conhecia tudo. Ele poderia afirmar que ela deveria ter muito mais segredos do que ele imaginava, e aquilo não era ruim, era ainda mais maravilhoso. Estaria disposto a passar a vida ao seu lado para tentar descobrir o máximo de coisas novas que pudesse, mas se não conseguisse, não seria ruim.
Sempre seria surpreendido com alguma coisa nova.
Potter percebeu que o que importava realmente eram as atitudes e o tempo que passava com essas pessoas e quão bem elas o faziam sentir, não precisava saber de todos os segredos para sentir-se amado, ou para amar alguém.
Foi assim com Sirius e Dumbledore.
E possivelmente seria assim durante toda a sua vida.
Naquele momento Harry percebeu, e sentiu-se renovado ao notar, que sempre seria fiel ao tempo que teve com Dumbledore, independente do que tinha acontecido na vida do mais velho.
O Alvo Dumbledore que Harry Potter conheceu era, sem dúvidas, uma das melhores e mais sábias pessoas com que ele tinha conhecido.

piscou distraída quando ouviu seu nome.
Levantando-se do banco em que estava sentada no jardim e seguindo para dentro de casa.
Ao passar pela porta de carvalho na entrada principal, viu vários Comensais parados em pé ao redor da sala, em silêncio. Dois ou três levantaram brevemente o olhar ao vê-la passando pelo corredor. Vários tinham expressões de medo e pânico no olhar.
Aguardavam as novas ordens de Voldemort, embora o Lorde não estivesse ali naquele momento.
postou-se ao lado de Bellatrix, a mais velha mantinha a cabeça baixa, os longos cabelos escuros e encaracolados cobrindo seu rosto. Victoria estava logo atrás, próxima à Narcisa e Lucius.
A mulher com grandes cabelos loiros analisava sua filha mais a frente, a qual não parecia ser atingida com o surto de pânico de todos os Comensais.
A porta se abriu após alguns minutos, colérico Voldemort passou rapidamente pela sala, olhando bem para todos os seus seguidores presentes. Nagini o acompanhava, rastejando pelo assoalho escuro, parada ao lado de seu senhor, esperando um único aceno para ter uma nova refeição.
- Está na hora de nos prepararmos para agirmos. – começou com a voz grave – Cancelem o que estiverem fazendo, avisem a todos para aguardarem o meu sinal. Está cada dia mais próximo à hora de dominarmos. O Ministério já é nosso, assim como Hogwarts e, em breve, todo o mundo bruxo. Acabaremos com todos os Sangue-Ruins e traidores de sangue, e todos aqueles que ficarem em nosso caminho. Mas primeiro...
O bruxo segurava sua varinha, sua longa capa verde arrastava-se pelo chão conforme ele andava vagarosamente por entre os bruxos reunidos, cerca de quinze estavam espalhados pelo aposento, nenhum deles ousava a encará-lo, por medo. Voldemort gostava de saber que era poderoso, que as pessoas o temiam.
- Mas primeiro eu quero Harry Potter. Aquele garoto, por mais insignificante que seja, ainda é um problema aos meus planos. A Ordem da Fênix ainda tentará nos deter porque acredita nele... Acreditam que Harry Potter pode me matar! – falou em descaso, rindo assim como todos na sala, mas os Comensais riam de forma nervosa, sorriam amarelo. Embora concordassem com todas as palavras ditas por seu senhor, o medo ainda era forte demais para relaxarem – Eu sou imortal! Ninguém poderá me matar, muito menos um garoto de dezessete anos. Mas Harry Potter ainda é um símbolo para esse tolos, e assim que eu matá-lo todos entenderam... Todos se curvaram aos pés e irão suplicar por minha misericórdia. – o olhar de Voldemort parou na Comensal mais nova na sala – Encontrem Potter e tragam-no vivo até mim. Agora!
Em um piscar de olhos a sala encontrava-se parcialmente vazia, os pequenos estalos vindos das recentes aparatações ainda ecoavam nas paredes brancas. Lorde Voldemort encarou momentaneamente os únicos que restavam na sala; Narcisa, Lucius, Bellatrix e Victoria.
- Vocês ficarão aqui aguardando meu sinal, avisem Severo para reforçar a guarda em Hogwarts, Potter irá aparecer por lá, tenho certeza. – com um sibilar do dono, Nagini se aproximou novamente, parando ao seu lado – E você, vem comigo.
Voldemort tocou no braço da garota e no instante seguinte, ambos tinham desaparecido no ar, juntos com a cobra.

Todos queriam dar as boas-vindas ao trio, assim que passaram pelo quadro de Ariana juntos à Neville, uma enxurrada de mãos os puxaram para o meio da sala.
Os amigos incrivelmente felizes em ver Harry, saudavam-no com tapinhas nas costas e abraços, assim como Rony e Mione.
Todos aparentemente encantados com o retorno do trio à Escola, prontos para iniciarem uma rebelião.
- Vocês invadiram Gringotes?
- A fuga no dragão é verdade?
- O que vocês estavam procurando?
Antes que qualquer um deles pudesse responder a questão, Harry sentiu uma terrível dor na cicatriz. Deu as costas para as caras curiosas dos colegas, às vozes distanciaram-se aos poucos, a Sala Precisa desapareceu e ele estava em pé, dentro de uma casa de pedras em ruínas, ao fundo escutando uma voz mais suave pronunciando-se…

A garota andou entre os entulhos do local, olhando o terreno destruído, parecia que uma bomba tinha explodido.
A maior parte do telhado tinha cedido e poucas paredes estavam em pé.
O mato crescia por todos os lados.
Observou atenta a grande cobra á poucos metros dela, a qual parecia estar ocupada olhando um coelho distraído logo á frente. A garota olhou a cena por poucos segundos, vendo a cobra preparar-se para dar o bote, resolvendo divertir-se um pouco, acabou usando a varinha para mover algumas pedras próximas. Com o barulho alto dos objetos o coelho pardo assustou-se, erguendo-se nas patas traseiras e olhando ao redor, com as orelhas levantadas, atento ao menor movimento. Parecendo perceber o perigo eminente, o animal começou a saltar, distanciando-se rapidamente e sumindo de vista poucos segundos depois.
Nagini sibilou raivosa por ter perdido a presa, mas não se movimentou.
Se fosse rápida agarraria o bicho antes que ele se escondesse entre o mato alto, mas precisava ficar por perto de Voldemort, ganharia uma refeição maior e mais saborosa mais tarde.
Satisfeita ao ver o coelho fugir, a garota tornou a olhar para os lados, vendo Voldemort retirar alguns escombros de um canto mais afastado.
- O que estamos procurando? – perguntou curiosa.
O Lorde das Trevas olhou-a por poucos segundos antes de voltar a encarar o chão, precisou pensar por longos minutos antes de decidir levá-la com ele para buscar suas horcruxes.
Não atreveria-se a chamar Bellatrix, era fiel e ele sabia, mas também era louca.
Ainda lembrava do que Lucius tinha feito com seu diário, não poderia arriscar-se com a bruxa. Ela poderia usar levianamente um de seus pertences mais preciosos, e já tinha perdido a taça em Gringotes, não poderia arriscar novamente.
, porém, era diferente, a garota estava totalmente sob controle.
Além de ter-lhe servido muito bem nos últimos meses, era a substituta perfeita para Bellatrix. O Lorde das Trevas ainda se surpreendia ao vê-la tão calma antes de matar alguém. Diferente de Bellatrix, que parecia desesperar-se tamanho o divertimento, a mais nova mantinha a calma e o sangue frio, assim como ele.
- Você verá quando eu encontrar.
O lorde agitou a Varinha das Varinhas minimamente, fazendo grande parte do assoalho partido levitar, um buraco de uns dois metros apareceu logo abaixo de seus pés, e dentro dele uma caixa dourada, empoeirada e suja de terra estava escondida. A mesma levitou alguns metros, até o bruxo pegá-la com sua mão de dedos longos e brancos, os olhos brilharam por um segundo antes de abrir o objeto.
aproximou-se curiosa, queria ver o que era tão importante para seu senhor, mas parou assim que escutou o grito furioso dele ao abrir a caixa. Por um segundo sentiu seu sangue gelar. O grito fez pássaros escondidos nas árvores próximas voarem rapidamente, até mesmo Nagini sibilou.
O bruxo jogou a caixa no chão, as narinas infladas e a expressão de ódio em seu rosto.
Ele esticou a varinha para um canto, uma luz verde saiu da mesma e algo caiu metros à frente, fazendo um grande barulho e derrubando algumas árvores com o impacto.
Ela engoliu em seco quando o feitiço passou a centímetros de seu rosto, por um breve momento imaginou se aquele raio a atingiria.
Harry abriu os olhos verdes, sentindo o coração acelerado.
Respirou fundo antes de virar-se para os amigos, precisavam agir logo.
Discutiu brevemente com Rony e Mione sobre o que fazer a seguir e, mesmo a contragosto, acabou aceitando quando Granger sugeriu que pedissem ajuda.
- Eles podem nos ajudar, não precisa fazer tudo sozinho, Harry!
Todos ficaram em silêncio absoluto assim que Potter começou a falar, a tensão e expectativa crescendo no peito de cada um ali presente.
- Tem algo que precisamos encontrar... Algo que... Algo que nos ajudará a vencer Vocês-Sabem-Quem. Está escondida aqui em Hogwarts, mas não sabemos o local. Deve ter pertencido à Corvinal. Alguém ouviu falar de algo semelhante? Alguém, por um acaso, se deparou com algo com a águia gravada nele?
Olhou esperançoso para o grupo de alunos da Corvinal; Padma, Michael, Terry e Cho se entreolharam, mas foi Luna quem respondeu, sentada no braço da cadeira de Gina.
- Bem, tem o diadema perdido dela. Eu falei com você sobre isso, lembra? Papai estava tentando duplicá-lo.
- É, mas o diadema perdido, - cortou Michael Corner, virando os olhos – está perdido, Luna. Esse é o problema.
- Quando foi perdido?
- Séculos atrás, dizem – informou Cho, e o coração de Harry despencou – Professor Flitwick disse que o diadema sumiu junto com a própria Ravenclaw. As pessoas procuram, mas... – ela olhou para os amigos – Ninguém nunca encontrou vestígios, não é?
Todos concordaram com a cabeça.
- Afinal, o que é um diadema? – questionou Rony confuso.
- É um tipo de coroa, - respondeu Terry Boot – a de Ravenclaw era preenchido por propriedades mágicas, que tornava quem a usasse mais sábio...
- E nenhum de vocês nunca viu algo parecido com isso? – tornou a perguntar Harry, cada segundo sentia seu coração bater mais rápido. O tempo estava terminando, sentia com cada fibra de seu ser.
Olhou para Rony e Hermione, a mesma expressão de desapontamento no rosto dos amigos; Algo perdido há tanto tempo, sem deixar rastro, não parecia um forte candidato à Horcrux escondida no Castelo.
- Se você quiser saber com o que o diadema se parece, Harry, posso levá-lo à Sala Comunal de Corvinal e te mostrar. Ela está usando o diadema em sua estátua.
A cicatriz de Harry queimou novamente, por um momento a Sala Precisa saiu do seu redor, e ao invés ele viu o vento gelado bater em seus rosto.

Nagini estava enrolada nos ombros de Voldemort, enquanto ele segurava com força o braço da garota. não gostava da sensação de não ter uma vassoura para dar-lhe segurança, não gostava de saber que não tinha absolutamente nada para dar-lhe apoio. Caso o Lorde das Trevas soltasse seu braço, ela cairia rapidamente por quilômetros antes de se esborrachar no chão. Não sabia nem se conseguiria lançar um feitiço antes de cair, mas repassava mentalmente o encanto, apenas por garantia.
Voldemort ainda possuía aquele brilho de ódio nos olhos, ela tinha visto.
A expressão era uma mistura de ódio e pânico.
Ainda não tinha entendido o que acontecia, mas não teve coragem de perguntar o que estava faltando na caixa, embora a curiosidade quase a corroesse por dentro.
O que seria tão importante? O que poderia causar medo em seu senhor?

A Sala Comunal da Corvinal estava deserta, era muito ampla, circular.
Mais espaçosa do que qualquer outra que Harry já vira em Hogwarts.
Janelas em arcos delicados pontuavam as paredes, com cortinas de seda azul e bronze, durante o dia, os alunos da Corvinal tinham uma vista espetacular das montanhas lá fora. O teto era abobadado e pintado com estrelas, que se destacavam no carpete azul escuro. Havia mesas, cadeiras, estantes de livros e, num nicho, do lado oposto à porta, estava a estátua alta de mármore.
Harry reconheceu Rowena Revenclaw do busto que tinha visto na casa de Luna quando estive lá, semanas antes. A estátua ficava ao lado de uma porta que levava, pensou ele, aos dormitórios.
Ele se aproximou da figura em mármore e ela pareceu retribuir o olhar, com um sorriso zombeteiro no rosto bonito e, ao mesmo tempo, levemente intimidador. Um tanto arrogante, ele diria.
Um delicado diadema foi reproduzido em mármore, no topo de sua cabeça.
Não era como a tiara que Fleur usou no casamento, havia pequenas palavras gravadas na pedra. Harry saiu debaixo da Capa e subiu no pedestal da estátua de modo que pudesse lê-las;
- “Sabedoria sem medida é o maior tesouro da vida.”
- O que o faz parecer bem encrencado, estúpido! – disse uma voz entre risos.
Harry girou o corpo, escorregou do pedestal e caiu no chão.
A figura curvada de Aleto Carrow estava parada em frente a ele.
E, antes que Harry pudesse puxar a varinha, ela pressionou, com um dedo curto e grosso, a cobra e o crânio, gravados a fogo em seu braço.
No momento em que o dedo dela tocou a Marca, a cicatriz de Harry ardeu brutalmente, a sala estrelada sumiu de vista, e ele estava numa rocha protuberante debaixo de um penhasco, e o mar estava balançando à sua volta e havia um triunfo em seu coração;
- Eles têm o garoto!
Um barulho ensurdecedor trouxe Harry de volta para onde ele estava: desorientado, ele ergueu sua varinha, mas a bruxa a sua frente já estava caindo para trás; ela se estatelou tão fortemente que o vidro nas estantes tiniu.
- Eu nunca estuporei ninguém a não ser nas nossas aulas na A.D, – disse Luna, parecendo interessada na bruxa caída – isso foi mais barulhento do que eu imaginava que seria.
Dito e feito: o teto começou a tremer.
Apressando-se, passos ecoantes vinham cada vez mais altos de trás da porta que levava aos dormitórios: o feitiço de Luna tinha acordado os corvinais que estavam dormindo.
- Luna, cadê você? Eu preciso me esconder na capa!

Voldemort sorria, os olhos vermelhos brilhavam e por um momento, um breve segundo, ele deu um passo para trás. Poderia ir ao Castelo naquele momento e acabar com tudo. Mas ainda precisava saber o quão longe o garoto tinha chego.
Era óbvio agora que ele tinha descoberto seu maior segredo, e tinha certeza que o velho tinha sido o responsável por aquilo. Potter não descobriria sozinho.
Por um segundo ele hesitou, mas decidiu ir em frente.
Os Carrow e Snape estariam com o garoto até ele chegar.
Olhou por um breve instante para a jovem ao seu lado, ela estava em silêncio, olhando a Marca Negra em seu braço, aguardando ordens para agir.
Lorde Voldemort pensou em mandá-la para Hogwarts, para ter certeza de que apanharam Potter, e garantir que o garoto estaria lá quando ele chegasse. E neste mesmo instante se surpreendeu com a confiança que tinha em Black, outrora membro da Ordem da Fênix. Ela merecia aquela confiança depositada, até o momento não arrependera-se nem por um segundo de tê-la escolhido.
Não se arrependia de ter passado tanto tempo trabalhando com sua mente, embora aquilo tivesse levado mais tempo que o normal e ainda tivesse recaídas.
Voldemort tornou a olhar para a fenda pouco à frente, a qual nenhum trouxa conseguiria chegar, e nenhum bruxo desavisado notaria.
- Segure em meu braço. – esticou-o milimetricamente, ainda com a grande cobra apoiada em seus ombros. Assim que passou a mão pelo braço do bruxo, eles aparataram para a entrada da fenda. Voldemort não precisaria nadar até lá, tinha sido ele quem lançou todos os feitiços necessários no local, sabia exatamente o que fazer.

Voldemort e estavam na pequena barca em direção à rocha ilhada, Nagini estava na margem, enrolada, olhando tudo atentamente, pronta para dar o bote se alguma das coisas que boiavam na água escura tentasse atacá-la. olhava para os corpos esbranquiçados que vez ou outra se esticavam para olhar a pequena movimentação sobre a água.
- O que estamos procurando? – perguntou finalmente, embora ainda olhasse curiosamente para os Inferis no lago.
- Uma coisa importante para mim, - o bruxo olhou-a receoso por breves segundos, antes de revelar seu segredo – uma parte da minha alma.
Black virou-se para olhá-lo, as sobrancelhas arqueadas, a expressão de curiosidade em seu rosto.
- Eu posso viver para sempre, mesmo que não tenha um corpo só meu. Eu viverei para sempre enquanto tiver minhas Horcruxes. Mas parece que o Menino-Que-Sobreviveu encontrou algumas delas e as destruiu. Quero saber se as outras estão a salvo.
concordou com a cabeça, embora ainda ligeiramente confusa.
- O que acontece se ele pegar as outras? Quantas são?
- Eram seis. Meus planos para fazer a sétima foram adiados, mas será concluído assim que eu matar Harry Potter. Se todas forem destruídas... Eu serei novamente um mortal.

- Pegaram Potter? – disse professora McGonagall com severidade – Como assim “pegaram Potter”?
- Ele nos disse que Potter talvez tentasse entrar na Torre da Corvinal, e para chamar-lhe se pegássemos o garoto!
- Por que Potter tentaria entrar na Torre da Corvinal? Ele pertence à minha Casa!
Por baixo da descrença e raiva, Harry ouviu uma gota de orgulho na voz dela, e a afeição por Minerva McGonagall brotou dentro dele. A professora levantou-se e seus pequenos e brilhantes olhos varreram a sala, duas vezes eles passaram exatamente onde Harry e Luna estavam.
- Nós podemos forçar as crianças... – Disse Amico, seu rosto suíno repentinamente astuto – é, é isso que vamos fazer. Nós vamos dizer que Aleto foi emboscada pelas crianças, aquelas lá em cima... E vamos dizer que eles a forçaram a tocar a Marca... Ele pode puni-los, umas duas crianças a mais ou a menos, qual a diferença?
- Apenas a diferença entre verdade e mentira, coragem e covardia. A diferença, em poucas palavras, que você e sua irmã não podem contemplar. Mas, permita-me deixar uma coisa bem clara: Você não vai jogar suas idiotices para cima dos estudantes de Hogwarts. Eu não irei permitir.
- Como é?
Amico se adiantou até ficar ameaçadoramente próximo a McGonagall, seu rosto a centímetros do dela. Ela recusou recuar, mas olhou para baixo como se ele fosse algo nojento preso em um assento de privada.
- Não é um caso de que “você vai permitir”, Minerva. Seu tempo já se foi. Somos nós que estamos no comando aqui agora, e você vai me apoiar ou pagará o preço.
E ele cuspiu no rosto dela.
Harry jogou a capa para fora dele, ergueu a varinha e disse:
- Você não devia ter feito isso.
Quando Amico se virou, Harry gritou?
- Crucio!
O Comensal da Morte tinha sido alçado do chão, ele estava se retorcendo pelo ar como um homem se afogando, se debatendo e uivando de dor.
- Agora entendo o que Bellatrix queria dizer... Você precisa realmente querer. – Harry comentou, a respiração alterada, o sangue bombeando rapidamente.
- Potter! – sussurrou Minerva, agarrando o roupão que usava – Potter... Você... O que...? Como...? Potter, isso foi tolice!
- Ele cuspiu na senhora! – defendeu-se.
- Potter... Eu... Isso foi muito, muito gentil de sua parte... Mas não percebe...?
- Entendo, professora... Voldemort está a caminho!

O grito novamente ecoou, ainda mais alto, ainda mais assustador.
A água da bacia estava cristalina, e o local vazio.
O medalhão tinha sumido.
A fúria novamente espalhou-se por Voldemort, que tornou a agitar sua varinha, raios verdes saíram na mesma em direção às águas escuras. Mais corpos começaram a boiar e outros a moverem-se em direção a superfície.
Minerva virou-se para Flitwick, Slughorn e Sprout, os quais ainda pareciam fascinados em ver Potter no corredor e com a fuga repentina de Snape.
- Muito bem, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado está a caminho. Potter tem trabalhos a fazer no Castelo sob ordens de Dumbledore. Nós precisamos pôr toda proteção que somos capazes de fazer no lugar enquanto ele faz o que deve fazer.
- Você entende, claro, que nada que nós façamos será capaz de segurá-lo indefinidamente? – guinchou Flitwick.
- Mas nós podemos atrasá-lo. – disse professora Sprout com firmeza.
- Obrigada, Pomona. – disse McGonagall, e entre as duas bruxas passou um olhar de entendimento – Eu sugiro que se façamos proteções básicas ao redor do lugar, e então juntar os alunos e nos encontramos no hall de entrada. A maioria deve ser evacuada, embora se algum daqueles que são maiores desejar ficar e lutar, eu acho que eles merecem a chance.
- De acordo, eu devo encontrá-los no hall de entrada em vinte minutos com minha Casa.
Enquanto ela corria levemente até sumir de vista, eles podiam ouvi-la murmurando:
- Tentáculos venenosos, Visgo-do-Diabo e Arapucosos... Sim, eu gostaria de ver Comensais da Morte lutando contra estes!
- Eu posso começar por aqui! – disse Flitwick, apontando a varinha para a janela quebrada – a qual Snape pulou minutos antes – e começou a murmurar encantos de grande complexidade.
Harry ouviu um barulho, como se o professor tivesse liberado o poder dos ventos pelo terreno.
- Professor, desculpe, mas é importante, alguma ideia de onde está o diadema de Ravenclaw? O senhor já o viu?
Flitwick parou por um segundo, olhando assustado para Potter.
- Ninguém vivo já o viu! Está perdido há anos!
Harry sentiu o desespero atingir-lhe com força, e se aquele não fosse à horcrux que procurava?
- Minerva, eu não tenho plena certeza de que isso é inteligente... Ele deve encontrar uma maneira, você sabe, e qualquer um que tentar atrasá-lo estará exposto ao mais doloroso perigo... – Começou Slughorn, o bigode de cavalo-marinho tremendo.
- Eu espero você e os seus sonserinos no hall de entrada em vinte minutos, também. – respondeu Minerva – Se você desejar partir com seus alunos, não vamos impedir, mas se algum de vocês tentar sabotar nossa resistência ou se armar contra nós neste Castelo, Horácio, nós duelaremos para matar.
- Minerva! – ele disse horrorizado, a testa brilhando com o suor.
- Chegou a hora para os integrantes da Sonserina decidirem sobre seus laços de lealdade! – interrompeu energética – Vá e acorde seus alunos, Horácio!
- E agora... Piertotum Locomotor! – Gritou professora McGonagall.
E por todo corredor as estátuas e armaduras pularam para fora de suas bases, e pelas pancadas ecoantes dos andares de cima à baixo, Harry sabia que seus companheiros por todo o castelo tinham feito o mesmo.
- Hogwarts está sob ameaça! – gritou Minerva, enquanto andava rapidamente pelo corredor – Guarneçam os limites, nos protejam, façam seu trabalho pela Escola!
Todas as estátuas, grandes e pequenas, e de animais também, marcharam pelos corredores, espalhando-se com espadas e correntes, colocando-se a postos para atacar e defender.

Enquanto todas saíam da Sala Precisa, preparando-se para a batalha contra Comensais e Voldemort, Gina fora a única que restou, proibida de duelar, Harry virou-se ao ver Percy seguindo pela porta junto com Gui e Fleur.
- Onde estão Mione e Rony?
- Eles disseram alguma coisa sobre um banheiro... Não muito depois de você sair...
- Um banheiro? Você tem certeza que eles disseram ban...?
Mas então a cicatriz ardeu e a Sala Precisa novamente sumiu: ele estava olhando através dos altos portões de ferro forjado com porcos alados em pilares dos dois lados, olhando pelo terreno escuro em direção ao castelo, incandescente em luzes.
Nagini descansava como um cachecol nos ombros dele.
Ele estava possuído por aquele propósito frio e cruel, que precedia assassinato.

A garota estava parada ao lado dos Malfoy, Bellatrix, Victoria e entre vários outros Comensais e seguidores do Lorde das Trevas. Voldemort estava mais à frente do pelotão, o sorriso enviesado em seus lábios, parecia deliciar-se sabendo o que viria a seguir.
Aqueles tolos achavam mesmo que poderiam vencer Lorde Voldemort, o maior bruxo de todos os tempos. Virou-se olhando para todos os bruxos que esperavam ansiosamente pela batalha que viria, todos sedentos por sangue, assim como ele próprio.

Harry andava ao lado da mesa da Grifinória, ainda procurando Rony e Hermione.
Enquanto ele passava, rostos se viravam em sua direção, e um grande número de sussurros irrompia em seu caminho.
- Nós já colocamos proteções envolta do Castelo. – dizia Minerva em frente à mesa dos professores, todos os alunos, fantasmas, professores e membros da Ordem estavam espalhados pelas quatro mesas do Salão Principal, enquanto ela dava ordens – mas é improvável que se mantenham por muito tempo a menos que as reforcemos. Então, eu preciso pedi-los que saiam rápido e calmamente, façamos como os Monitores...
Mas as palavras finais dela foram cobertas quando uma voz diferente ecoou pelo salão.
Era alta, fria e clara.
Não havia como saber de onde ela veio; parecia sair das paredes.
Como um monstro que havia uma vez comandando, e parecia estar dormindo ali há séculos.
- Eu sei que vocês estão se preparando para lutar.
Houve gritos entre os estudantes, que se abraçaram, procurando em volta pela origem do som.
- Seus esforços são fúteis. Vocês não podem lutar comigo. Eu não quero matá-los. Eu tenho grande respeito pelos professores de Hogwarts. Eu não quero derramar sangue bruxo.
Houve um silêncio no Salão, o tipo de silêncio que comprime os tímpanos, grande demais para ser contido por paredes.
- Entreguem-me Potter – disse a voz de Voldemort – e ninguém será machucado. Entreguem-me Harry Potter e eu deixarei a Escola intacta. Entreguem-me Harry Potter e vocês serão recompensados. Vocês têm até a meia-noite.
Todos se viraram, cada olhar do local parecia encontrar Harry, mantendo-o congelado sobre os milhares de raios invisíveis.
Na mesa da Sonserina, uma garota de cabelos compridos levantou, o braço trêmulo apontava para ele;
- Mas ele está ali! Potter está ali. Alguém agarre-o!
Antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa, os alunos da Grifinória em frente a ele se levantaram e continuaram encarando, não Harry, mas Pansy Parkinson e todos os outros alunos da Sonserina. Então os alunos da Lufa-Lufa e quase no mesmo momento os da Corvinal, deram as costas para Harry.
Hipnotizado e apavorado, Potter viu varinhas emergirem de todos os lados, saindo debaixo de casacos e de dentro de mangas.
- Obrigado, Senhorita Parkinson, você deixará o Salão primeiro, com o Sr. Filch. O restante da sua Casa pode segui-la... – mandou Minerva, orgulhosa dos alunos das outras Casas, que sequer cogitaram abandonar Potter naquele momento.
Enquanto os alunos eram acompanhados até a saída para o Cabeça de Javali, Kingsley encaminhou-se até a plataforma para ordenar aqueles que tinham permanecido atrás.
- Nós só temos meia hora até a meia noite, então nós temos que agir rápido; um plano de luta já foi feito entre os professores de Hogwarts e a Ordem da Fênix. Professores Flitwick, Sprout e McGonagall vão levar grupos de duelistas até as três torres mais altas; Corvinal, Astronomia e Grifinória, onde eles terão boa visão, excelentes posições para lançar feitiços. Enquanto isso, Remo - ele indicou Lupin – Arthur – apontou para o Sr. Weasley, sentado à mesa da Grifinória – e eu levaremos grupos ao terreno da escola. Precisamos de alguém para organizar a defesa das entradas e passagens até a Escola.
- Parece um trabalho para nós. – chamou Fred, indicando a si e George, Kingsley acenou com a cabeça em aprovação.
- Certo, os líderes subam aqui que nós dividiremos as tropas!
- Potter? – Minerva chamou – Você não devia procurar por algo?

Voldemort não precisava de um relógio para saber que o tempo tinha se esgotado, ergueu o braço, fazendo um sinal para seus Comensais atacarem. Pouco à pouco eles foram dispersando-se, correndo para os grandes portões da Escola.
- Espere! – ele segurou pelo ombro, quando ela começou a seguir Bellatrix. Victoria parou olhando incerta, mas Voldemort mandou-a seguir, não era dela que ele precisava no momento. – Eu tenho outra ordem para você.


Capítulo 19

Helena virou-se ao ouvir uma movimentação, logo localizando o olhar de Potter.
Sabendo o que ele queria, a Dama Cinzenta flutuou para longe, afastando-se rapidamente do garoto. Mas Potter correu atrás dela.
- Ei... Espera! Volte aqui!
Ela decidiu pausar, flutuando a alguns centímetros do chão.
Harry a achou bonita, com o cabelo na altura da cintura e a capa que ia até o chão, mas ela também parecia arrogante e orgulhosa. E não era o mesmo ar arrogante que ele viu tantas vezes em Sirius ou em ; o padrinho e a amiga tinham um certo ar de superioridade em tudo o que sabiam serem muito bons, um tom arrogante ao falar, mas ao mesmo tempo uma simplicidade contraditória. Era como se fizessem algo de forma extraordinária, e dissessem que não era nada demais. Uma forma de afirmar que conseguiam cumprir tal tarefa de forma fácil, embora soubessem que tinham se saído melhor que a maioria.
A Dama Cinzenta, por outro lado, parecia apenas arrogante, como soubesse que sempre seria melhor do que qualquer um, nada nem ninguém poderia superá-la. Talvez fosse a mesma impressão que qualquer pessoa que não conhecesse ou Sirius tivesse, mas para Potter era extremamente diferente. A Dama Cinzenta não parecia alguém com quem ele gostaria de manter amizade, de ter por perto, diferente dos Black.
- Você é a Dama Cinzenta? O fantasma da Torre da Corvinal?
- Sim, está correto.
O tom dela não era encorajador para uma conversa.
- Por favor, eu preciso de ajuda. Eu preciso saber qualquer coisa que você possa me dizer sobre o diadema perdido.
Um sorriso frio encurvou os lábios dela.
- Eu receio – disse ela, se virando para sair – que eu não possa ajudá-lo.
- ESPERE!

Harry parou por um segundo, ao lembrar-se do local que teria visto uma terceira estátua de pedra, a de um bruxo velho e feio, sobre o qual Harry mesmo tinha colocado uma peruca e uma velha e gasta tiara. O choque lançou por Harry a excitação de uísque de fogo, e ele quase tropeçou.
Ele soube, afinal, onde a Horcrux estava sentada, esperando por ele...
Tom Riddle que não confiou em ninguém e fez tudo sozinho, poderia ter sido arrogante o bastante para assumir que ele, e só ele, tinha penetrado os mistérios mais fundos do Hogwarts.
Claro que, Dumbledore e Flitwick, alunos modelo, nunca haviam entrado naquele lugar em particular, mas ele, Harry, tinha saído dos trilhos em seu tempo na Escola – aqui era afinal uma área secreta que ele e Voldemort conheciam, que Dumbledore nunca tinha descoberto.
Esperou a Professora Sprout, Neville e outros alunos passarem com as Mandrágoras.
Um sorriso esperto em seus lábios, sabia aonde ir agora.
Ele saiu, com Hagrid e Canino galopando atrás dele.
Eles passaram pelo retrato, os quadros corriam ao lado deles, bruxos e bruxas com golas de pena e calções, em armaduras e capas, se amontoando nas telas, gritando notícias de outras partes do Castelo.

Uma grande explosão fez a Escola toda tremer, e em algum momento, Harry não se lembrava exatamente como aconteceu, viu Fred correndo, Madame Norra perseguindo corujas, Hagrid e Canino afastando-se. E então ele os encontrou;
- Onde diabos vocês estavam? – gritou ao ver Rony e Hermione no final do corredor, os cabelos bagunçados e os braços cheios de grandes objetos amarelos e sujos, Rony com um cabo de vassoura debaixo do braço.
- Na Câmara Secreta! – disse Rony, o sorriso visível em seu rosto vermelho.
- Câmara... O que?
- Foi o Rony, tudo ideia do Rony! – Hermione parecia orgulhosa – Não é absolutamente brilhante? Lá estávamos nós, depois de sairmos, e eu disse ao Rony, mesmo se achássemos mais uma horcrux, como iremos nos livrar dele? Nós continuávamos sem ter um jeito de nos livrar! E então ele pensou nisto! O basilisco!
- Mas... Quê?
- Alguma coisa para quebrar as Horcruxes. – disse simplesmente, dando de ombros, ao tempo que jogava os cabelos ruivos para o lado, e por um segundo Harry lembrou-se de ; sempre acenando como se não tivesse feito muito esforço, fosse ao marcar sozinha oitenta pontos para a Grifinória em um jogo de Quadribol, fosse com uma saída brilhante para algum plano que começou a dar errado.
Os olhos de Harry caíram sobre os objetos apertados entre os braços dos amigos, grandes dentes curvos; arrancados, ele percebeu, do crânio de um basilisco morto.
- Mas como vocês entraram lá dentro? Você precisa falar a língua das cobras!
- Ele fala! - sussurrou Hermione, novamente parecendo orgulhosa – Mostre para ele, Rony! – o ruivo fez um horrível som de assobio.
- É o que você fez para abrir o medalhão, eu tive que fazer algumas vezes para fazer direito, mas, a gente conseguiu no final das contas. – novamente soou modesto, encolhendo os ombros, e então seu olhar caiu sobre Mione – Assim, nós acabamos com outra Horcrux, Mione a apunhalou. Achei que deveria. Ela não havia tido o prazer de fazê-lo ainda.
- Genial! – gritou Harry.

Enquanto Potter contava o que estava acontecendo e como descobriu o local da última Horcrux-objeto, os três corriam em direção à Sala Precisa.
As paredes tremiam novamente, e eles correram, passando pela porta e encontrando o local vazio, com exceção de três mulheres; Gina, Tonks e uma bruxa anciã que usava um chapéu roído por traças, a quem Harry reconheceu imediatamente como a avó de Neville.
- Ah, Potter, - ela disse energicamente, como se ela tivesse esperando por ele – Você pode nos dizer o que está acontecendo?
- Estão todos bem? – perguntaram Gina e Ninfadora juntas.
- Sabemos tanto quanto vocês, ainda tem gente na passagem pro Cabeça de Javali?
Ele sabia que a sala não podia se transformar enquanto houvesse pessoas a usando.
- Eu fui a última a passar, - disse a Sra. Longbottom – e eu a selei, não achei que seria inteligente deixar isso aberto agora que Aberforth saiu do bar. Você viu meu neto?
- Ele está lutando! – informou Harry.
- Naturalmente. – disse a velha senhora orgulhosamente – Com licença, eu tenho que ir vê-lo.
– Com uma velocidade surpreendente para alguém de sua idade, a mulher trotou para fora pelos degraus de pedra.
Harry olhou para Tonks.
- Eu pensei que você deveria estar com Teddy na sua mãe?
- Eu não consegui ficar sem saber notícias, - Dora parecia angustiada – ela cuidará dele por mim... Vocês viram Remo?
- Ele planejava liderar um grupo de lutadores pelos terrenos...
Sem mais palavras, Ninfadora saiu.
- Gina, - disse Harry, olhando-a levemente desconfiado – eu sinto muito, mas nós precisamos que você saia da sala também. Por pouco tempo, depois você volta.
Acrescentou rapidamente, Gina pareceu simplesmente encantada em deixar seu santuário.
- Então você poderá voltar pra dentro! – ele gritou com ela, enquanto ela corria atrás de Tonks – Você tem que voltar!
Menos de dois segundos depois que a ruiva desapareceu pela porta, Rony levou a mão a testa.
- Espera um pouco! – disse com a voz aguda – Nós esquecemos alguém!
- Quem?
- Os elfos domésticos, eles estão todos lá embaixo na cozinha, não estão?
- Você quer dizer que nós devemos mandá-los lutar? – questionou Harry confuso.
- Não, eu quero dizer que nós deveríamos dizer a eles para saírem. Nós não queremos mais Dobbies, queremos? Não podemos ordenar que eles morram por nós e...
Houve um barulho dos caninos de basiliscos caindo dos braços de Hermione, quando ela correu até Rony, com lágrimas nos olhos, ela o abraçou ao redor de seu pescoço e o beijou na boca. Rony jogou fora os caninos que segurava e respondeu com tal entusiasmo, que ergueu Hermione no ar, tirando seus pés do chão.
- É hora pra isso? – Harry perguntou fracamente, e quando nada aconteceu a não ser Rony e Mione se agarrarem ainda mais firmemente um ao outro, e girarem ao mesmo lugar, ele elevou sua voz – OI! Tem uma guerra acontecendo aqui?
O casal se separou, seus braços ainda um ao redor do outros, os sorrisos bobos em seus rostos.
- Eu sei, parceiro – Rony olhou-o como se acabasse de ter sido atingido por um balaço – então é agora ou nunca, não é?
- Vamos esperar até terminarmos com a horcrux, que tal? – balançou a cabeça, um sorriso leve.
Os dois se separaram, os rostos vermelhos, embora os sorrisos continuassem tão grandes quanto antes.
Enquanto deixavam a sala, para que ela pudesse mudar novamente, um certo incômodo atingiu o peito de Harry. Olhou de soslaio para os amigos de mãos dadas, e perguntou-se onde estaria e o que aconteceria se eles estivessem juntos naquele momento.
Talvez eles também estivessem, de alguma forma, tentando demonstrar o que sentiam, com as possibilidades tão grande de tudo acabar mal naquela batalha, talvez eles também estivessem se beijando.
Foi então que ouviram um barulho muito mais alto que os anteriores, Harry viu estouros de luzes vermelhas e verdes por todos os lados, olhando pelas grandes janelas pode ver vários Comensais tentando derrubar Grope.
- Vamos torcer para que ele pise em alguns! – disse Rony enquanto mais gritos ecoavam por perto.
- Contanto que não seja nenhum do nosso grupo!
Viraram em tempo de ver Gina e Tonks, ambas com as varinhas apontadas na janela mais próxima, a qual tinha várias vidraças faltando.
- Boa garota! – rugiu Aberforth, após Gina azarar um dos Comensais, seu cabelo bagunçado voando para todos os lados.
- Você viu o Remo? – Tonks perguntou quando focou seu olhar no Dumbledore mais novo.
- Ele estava duelando com Dolohov e uma outra garota mais nova, me parecia aquela garota com quem vocês andavam – apontou com a cabeça para o trio próximo ao corredor. Tonks olhou-os por um segundo sem entender. – Não o vi desde então.
- Tenho certeza que eles estão bem! – disse Gina.
Mas Tonks virou-se e começou a correr em direção as escadas, tentando chegar mais rápido aos jardins.
Harry precisou de um tempo maior que o normal para entender as palavras do outro, demorou para entender a quem ele se referia. Não era, não podia ser.
- Gina, voltamos num segundo. Eles ficarão bem, não se preocupe – ouviu a voz de Hermione, e então os três pararam em frente à Sala Precisa, Potter deixou os pensamentos angustiantes que o atingiram de lado por poucos segundos, precisava concentra-se nas Horcruxes, só assim teriam uma chance de acabar com tudo aquilo.

Harry ainda podia praticamente sentir as pontas dos dedos tocando o diadema, estava tão perto. Parecia tudo tão próximo do fim que ele mal conseguia acreditar.
Faltava tão pouco agora.
Mas então ele ouviu a voz de Draco e, por um momento, imaginou se não acordaria de um sonho, no qual as coisas quase deram certo. Talvez ainda estivesse na casa de Gui e Fleur, dormindo desajeitado e torto, porque precisavam que Grampo os ajudasse com o plano.
Entretanto, ele estava em Hogwarts, na Sala Precisa, a poucos centímetros do diadema, não mais perdido. Ou talvez continuasse perdido, já que o feitiço de Craabe acertou o busto do bruxo e o diadema saiu voando pela sala.
Em meio a toda aquela confusão, em meio toda a raiva que Harry sentiu, quando Crabbe lançou um Avada Kedavra, pronto para atingir Hermione, por mais um momento tudo sumiu.
Todos os pensamentos angustiantes e toda a confusão em que estavam, apenas uma coisa parecia importar naquele segundo, e não era o diadema de Corvinal.

A maldição que Crabbe usou era desconhecida por Harry, o fogo não era normal.
Quando os três, mais Draco, Crabbe e Goyle viraram um canto, as chamas os assaram como se estivessem vivas, com intenção de matá-los.
Agora o fogo estava mudando, formando um gigantesco grupo de impetuosas bestas de fogo: serpentes, quimeras e dragões, erguendo-se e caindo, e erguendo-se novamente, destruindo tudo que estavam em seu caminho, todos os objetos perdidos pareciam virar cinzas em segundos.
Malfoy, Crabbe e Goyle haviam sumido de vista.
Harry, Rony e Mione pararam aterrorizados, os impetuosos monstros de fogo estavam cercando-os, chegando mais e mais perto, garras, chifres e caudas atacando, e o calor era sólido como uma parede ao redor deles.
- O que faremos? O que faremos? – gritou Mione, sobrepondo-se ao som ensurdecedor dos rugidos do fogo.
- Aqui!
Harry agarrou um par de pesadas vassouras da pilha de lixo mais próxima e jogou uma para Rony, que puxou Hermione para trás dele. Harry passou sua perna através da segunda vassoura e, com um forte impulso no chão, eles levantaram voo no ar, escapando por pouco da chifrada do raptor flamejante que rangeu suas mandíbulas para ele.
A fumaça e o calor estavam tornando-se insuportáveis.
Abaixo deles, o fogo estava consumindo o contrabando de gerações de estudantes caçados, o resultado perverso de milhares de experimentos banidos, os segredos de incontáveis almas que procuravam refúgio nessa Sala.
Harry não conseguia encontrar vestígios dos três alunos da Sonserina.
Desceu o pouco que pode sobre os monstros para tentar achá-los, mas não havia nada além de fogo.
Que terrível forma de morrer... Ele nunca quis isso...
Seus olhos verdes varriam toda a sala, em busca de qualquer sinal de Malfoy e os outros.
Nunca imaginou... Mesmo com todas as brigas e desavenças que tiveram desde o primeiro dia em Hogwarts, Harry nunca desejaria que algo como aquilo acontecesse a nenhum deles.
Mesmo quando, acidentalmente, feriu Draco no ano anterior... Ainda lembrava-se da culpa que o consumiu e do arrependimento que o atingiu no mesmo segundo que o loiro caiu, o sangue jorrando de todos aqueles cortes...
- Harry, vamos sair daqui, vamos sair daqui! – Gritou Rony, embora fosse impossível ver onde estava a porta através de toda aquela fumaça negra.
Então Potter ouviu um pequeno som, um lastimoso grito humano por entre a terrível comoção, o trovão da chama devoradora.
- É muito perigoso! – Weasley gritou, mas Harry rodopiou no ar, com seus óculos dando aos seus olhos alguma proteção contra a fumaça. Ele varreu a tempestade de fogo abaixo, procurando um sinal de vida, um braço ou uma face que ainda não havia torrado como a madeira...
E ele viu algo;
Malfoy com seus braços em torno do inconsciente Goyle, a dupla empoleirada em uma frágil torre de mesas queimadas, e Harry abaixou.
Draco o viu vindo e levantou um braço, mas quando Harry o agarrou ele soube que aquilo não foi uma boa ideia. Goyle era muito pesado e a mão de Malfoy, coberta de suor, deslizou instantaneamente de Harry.
- SE NÓS MORRERMOS POR ELES, EU TE MATO, HARRY! – Rosnou a voz de Rony, e enquanto uma grande quimera de chamas abria caminho abaixo deles, ele e Mione arrastaram Goyle para suas vassouras, rolando e inclinando, no ar mais uma vez, enquanto Malfoy subia atrás de Harry.
- A porta, vá para a porta! – gritou Draco no ouvido de Harry, e ele apressou-se, seguindo Rony, Mione e Goyle, através da crescente fumaça negra, com dificuldades para respirar.
Em meio a todos os livros, segredos e madeiras que queimavam-se logo abaixo, Harry localizou o brilho da tiara, junto de poucos outros objetos que ainda não foram queimados, mas estavam à apenas alguns poucos metros das chamas.
- O que você está fazendo? O que você está fazendo? A porta é para aquele lado! – gritou novamente Draco, mas Harry recuou em um giro e mergulhou. Precisava alcançá-lo a tempo, antes que estivesse perdido para sempre.
O diadema parecia cair em câmara lenta, girando e brilhando enquanto ia em direção da boca de uma serpente voraz, e então ele a pegou, encaixando-a ao redor de seu pulso.
Harry desviou novamente quando a serpente deu o bote; ele levantou voo e foi imediatamente em direção ao local onde, ele rezou, a porta estava aberta; Rony, Mione e Goyle haviam desaparecido; Draco estava gritando e se segurando em Harry, tão forte que o machucou.
Então, através da fumaça, Harry viu uma mancha retangular na parede e se dirigiu até ela, e momentos depois, o ar limpo encheu os seus pulmões, e eles colidiram com a parede do corredor à frente.
Draco caiu da vassoura e ficou deitado, o rosto virado para o chão, respirando, tossindo e com ânsia de vômito. As mãos tremiam e sua respiração estava entrecortada, assim que a lufada de ar limpo realmente atingiu seus pulmões, ele olhou para os lados, nervoso. A porta da Sala Precisa havia sumido, mais ao lado ele viu Weasley ofegante, Goyle inconsciente e Hermione Granger.
Ela parecia bem, apesar de tudo o que tinha acabado de acontecer.
Draco fechou os olhos por um instante, respirando fundo.
E então lembrou-se do outro amigo.
- C-Crabbe... – gaguejou assim que conseguiu falar.
- Ele está morto. – disse Rony com aspereza.
Estava tudo silencioso no corredor, a não ser pela tosse e ofegos.
E então, como se aos poucos voltassem a realidade, um grande número de estrondos balançou o castelo, e uma grande cavalgada de figuras transparentes surgiu, galopando seus cavalos, suas cabeças gritando com sede de sangue sob seus braços.
Harry viu a Caçada dos Sem-Cabeça passou ao seu redor; a batalha continuava.
Era quase como se tivessem parado no tempo durante aqueles últimos minutos, com tudo o que aconteceu dentro da Sala Precisa.
Olhou para seu braço quando Hermione perguntou o que era o objeto, e então, poucos segundos depois, a tiara pareceu tremer e uma espécie de sangue escuro, parecido com piche saiu do diadema.
Não tiveram tempo para comemorar, mal o raciocínio de Hermione - sobre agora só restarem a cobra e o próprio Voldemort -, novamente escutaram gritos e explosões vindas de todos os lados.
Harry olhou para frente, seu coração pareceu parar por um segundo; Comensais da Morte tinham entrado em Hogwarts.
Fred e Percy tinham aparecido de costas, os dois duelando com os homens mascarados e encapuzados. Harry, Rony e Hermione correram para ajudar; jatos de luz voavam em todas as direções e o homem duelando com Percy se afastou rápido, seu capuz escapuliu e eles viram uma testa alta e cabelo com mechas brancas.
- Olá Ministro! – gritou Percy, mandando um hábil feitiço até Thicknesse que deixou a varinha cair. – Eu mencionei que estou pedindo demissão?

Durante um breve momento tudo parecia tranquilo naquele lado do Castelo.
Os cinco – Draco e Goyle tinham sumido de vista -, pararam para respirar e olhar ao redor.
Quando o perigo parecia temporariamente suspenso, o mundo tinha se partido.
Por um segundo tudo calmo, ainda escutavam Fred rir do irmão mais velho, quando um barulho extremamente alto explodiu o ar.
Harry sentiu-se voando por alguns metros, e tudo o que ele pôde fazer foi agarrar o mais forte possível aquela vara de madeira que era sua única arma, e resguardar sua cabeça com seus braços.
Ele ouviu os gritos e os berros dos seus companheiros, sem esperança de saber o que estava acontecendo com eles – e então o mundo se dissolveu em dor e escuridão;
Ele estava com metade do corpo soterrado nos destroços de um corredor que tinha sido alvo de um terrível ataque. Mal sentiu o ar gelado da noite atingir seu rosto, ou o sangue que escorria por sua bochecha, quando um grito cortou o ar, fazendo suas entranhas revirarem.
A agonia tomou conta de seu ser enquanto ele levantou-se cambaleando, mais aterrorizado do que tinha estado naquele dia, uma das piores sensações que tinha experimentado em sua vida o atingiu, assim que, depois de alcançar Hermione, gritos desesperados chegaram a seus ouvidos.
- Não! Não! Não! – alguém gritava – Não! Não! Não!
Percy chacoalhava seu irmão, enquanto Rony se ajoelhava ao lado dele, e os olhos de Fred olhavam sem ver, e o fantasma de seu último sorriso ainda estava gravado em seu rosto.


Ele estava brincando com a varinha por entre os dedos, observando tudo, o sorriso doentio permanecia em seu rosto.
Ignorou os apelos de Lucius, que buscava ajudar seu filho de alguma forma, e, enquanto esperava por Snape, permitiu-se rir.
A vitória estava tão próxima que ele quase podia senti-la.
Estava tão próximo de conquistar tudo o que queria.
Todos iriam curvar-se diante dele.
Todos iriam temê-lo e obedecê-lo.
Nem Alvo Dumbledore, nem Harry Potter poderiam detê-lo.
Nagini estava enrolada, quieta, apenas aguardando, ao seu lado.
Protegendo-o e sendo protegida.
Voldemort ainda parecia ter em sua retina a imagens de poucos minutos atrás, não se sentia tão feliz há muito tempo.
Aquela era a prova de lealdade que ele precisava.
A garota estava pronta para servi-lo, com ou sem a Maldição Imperiatus.

“- Por favor, ... O que... Eu não vou lutar com você, eu não posso lutar com você. – a mulher exclamava, as mãos tremendo. Deixou a varinha de lado, dando passos incertos em sua direção.
Escutavam a voz da outra mulher gritar ao lado, rindo.
- Por favor... ...
- Avada Kedavra!
viu a luz verde atingir a mulher a sua frente, as lágrimas pareceram parar em seu rosto antes dela cair.
A expressão de surpresa ainda presente, embora ela já não pudesse mais sentir.
Seus olhos azuis escuros não tinham mais brilho, mas refletiam a lua e o céu acima.”

Com um engasgo, Harry estava de volta e abria seus olhos no mesmo momento que seus ouvidos eram pegos de assalto com os gritos e choros, as coisas quebrando e os estampidos da batalha.
- Ele está na Casa dos Gritos. A cobra está com ele, está com alguma proteção mágica em sua volta. Ele acabou de mandar Malfoy atrás de Snape.
- Voldemort está sentado na Casa dos Gritos? – disse Hermione alarmada. – Ele nem está LUTANDO?
- Ele acha que não precisa lutar. Ele acha que eu vou atrás dele.
- Mas por quê?
- Ele sabe que eu estou atrás da Horcrux. Ele está mantendo Nagini perto dele, obviamente eu vou ter que ir até ele para chegar perto da coisa.

No meio de duelos, gritos e muitos feitiços, Harry, Rony e Hermione conseguiram esgueirar-se pelos corredores, cobertos pela Capa da Invisibilidade.
- Eu sou Draco Malfoy. Eu sou Draco, eu estou do seu lado!
Malfoy estava do outro lado do corredor, lutando com outro Comensal mascarado. Harry estuporou o bruxo quando passaram.
Draco olhou em volta, procurando algum sinal de quem o salvou, e Rony deu-lhe um soco por debaixo da Capa. Malfoy caiu em cima do Comensal, com a boca sangrando, meio aberta.
- E essa é a segunda vez que salvamos sua vida essa noite, seu bastardo de duas caras! – berrou Rony enquanto afastava-se.
Draco olhou para frente, vendo por poucos segundos três pares de pés passando apressados pelo corredor. Passou a mão na boca limpando o sangue, seguindo pelo mesmo lado.

Enquanto caminhava Harry tentava, de todos os modos possíveis, assimilar o mais rápido que podia tudo o que estava acontecendo naquele momento;
Mais uma Horcrux havia sido destruída, sobrando apenas Nagini.
A cobra, entretanto, estava protegida por algum tipo de feitiço e estava junto a Voldemort.
Lord Voldemort sabia que Harry precisaria se aproximar dele, que o procuraria.
Era tão óbvio que aquilo era algum tipo de armadilha.
Todo seu corpo mandava sinais de que aquilo era uma péssima ideia, mas mesmo assim continuou andando, porque, no fundo ele sabia, aquele era o único jeito de acabar com tudo.
Ainda sentia o próprio sangue escorrendo lentamente por seus cabelos.
Ainda sentia o incômodo de todas as vezes que caiu ou foi azarado durante aquela noite, mas, principalmente, sentia a dor de ter visto Fred inconsciente, sabendo que o ruivo não voltaria a rir ou a fazer alguma piada.
Assim como, enquanto corriam em direção a Casa dos Gritos, via tantos colegas caídos.
Não queria parar o olhar em nenhum deles, não queria descobrir se eles estavam apenas desmaiados ou...
Tinha medo do que veria se olhasse em seus rostos.
Harry precisava acabar com aquilo, o mais rápido possível, não queria ver mais nenhum amigo sofrendo, nenhuma família destruída, não por causa de Voldemort.
Aquilo precisava ter um fim, e logo.
Rony e Hermione estavam á sua frente, correndo juntos, enquanto ele estavam pouco mais de um metro atrás, tinha parado para estuporar um Comensal.
Harry tinha acabado de virar um corredor quando bateu em alguma coisa, uma parede invisível, e caiu de costas, com um barulho alto. Olhou para os lados esperando encontrar o responsável pelo feitiço e, assim que o fez, sentiu seu coração falhar uma batida. Abriu a boca, pasmo.
Queria gritar para Hermione e Rony voltarem, mas a voz não saiu de sua garganta.
Ela estava ali, apenas alguns metros de distância.
Harry levantou-se distraidamente, os olhos verdes ainda presos na garota a sua frente, mal lembrava o motivo de estar no chão.
- ... – ele deu dois passos em sua direção, sem saber exatamente o que fazer – Está tudo bem? – calou-se assim que Black ergueu o braço direito, com a varinha em sua direção, mirava diretamente o peito de Harry.
- O Lorde das Trevas quer você, Potter.
Harry tornou a abrir a boca, palavras não eram pronunciadas, demorou alguns segundos para tornar a encontrar sua voz.
- ... Essa... Essa não é você...
- Você vai comigo, Potter. Lorde Voldemort quer você. – ela repetiu friamente, os olhos castanhos em um tom mais escuro, que Harry jamais tinha visto antes.
tinha uma certa malícia na voz, algo que ele poderia atribuir a Bellatrix, mas jamais a garota à sua frente.
- Ele vai matar você, Potter.
- Você... ... – Harry deu um passo vacilante em sua direção – Eu não sei o que ele fez, mas você está confusa. Sou eu, Harry Potter, seu amigo. O garoto que você beijo no jardim dos Weasley alguns meses atrás, lembra? – parou a alguns passos dela, estendendo a mão para tocar em seu braço – Você não é uma Comensal da Morte, você não ajuda Voldemort. Você era da Armada de Dumbledore. Da Ordem da Fênix, assim como Sirius. Você está com a gente.
Está comigo!
- Não sei do que está falando, Potter.
Harry balançou a cabeça em negação, o desespero tomando conta de seu corpo.
Não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Não podia ser verdade. Aquela não podia ser ela.
- Você sempre esteve comigo, Hermione e Rony. Você pertence à Grifinória!
- Grifinória? – repetiu, parecendo enojada, o rosto contorcido em desgosto – Eu sempre fui da Sonserina. Eu sou uma Comensal agora, estou no lugar que sempre deveria estar! – parecia desafiá-lo com o olhar - E todos os erros serão perdoados quando eu entregá-lo ao Lorde das Trevas. - declarou baixando a varinha e erguendo a manga da camisa que usava, mostrando uma caveira e uma cobra, extremamente negros, gravados em seu antebraço esquerdo.
Harry fechou os olhos por um breve momento, antes de voltar a encará-la.
No fundo imaginava que isso aconteceria, mas ao mesmo tempo sentia como se tivesse levado um balaço no estômago.
- Não me importa se você tem a Marca Negra, não me importa quem Voldemort fez você pensar que é. Eu te conheço o suficiente para saber que nada disso é você. Você é Black. Filha de Sirius Black, o homem que ficou doze anos em Azkaban injustamente. O homem que foi assassinado por Bellatrix no Ministério da Magia, enquanto ele tentava nos salvar. Seu pai morreu tentando te salvar. Você não é uma Comensal, . – Harry gritou, não se importava com o barulho ao redor, embora parte de seu subconsciente parecesse prestar atenção na movimentação, com medo que mais alguém aparecesse. Ele faria a garota lembrar-se de quem era.
piscou duas vezes, uma expressão confusa em sua face.
A mão que segurava a varinha hesitou por um segundo, do que Potter falava?
Balançou a cabeça após poucos segundos de confusão.
Ele não iria mexer com sua cabeça daquela forma.
O Lorde das Trevas tinha a avisado do quão persuasivo Harry Potter poderia ser.
- Não importa o que você diga, Potter. Você vai comigo até o Lorde Voldemort, e ele acabará com você, como devia ter acontecido há tantos anos. – ela voltou a erguer a varinha, apontando diretamente para seu peito. A dúvida não mais presente em seus olhos.
Harry deu mais alguns passos, sentiu a ponta da varinha em seu peito e então parou, olhando diretamente nos olhos castanhos da garota.
Devia ter algum sinal, qualquer que fosse, de que ela estava ali.
Algum sinal de que ela poderia se lembrar.
- Você é Black, foi criada pelos Tonks quando Sirius foi preso. Sua mãe é uma Comensal que largou vocês dois para ajudar Voldemort. – falava lentamente, deixando-a absorver cada informação – Eu e você começamos a conversar na segunda tarde em Hogwarts, no primeiro ano. Você era minha melhor amiga até pouco tempo. Eu beijei você no campo de Quadribol no fim do sexto ano, e tornei a beijar no dia do casamento de Gui e Fleur Weasley. Eu sinto muito por não ter conseguido te ajudar aquele dia, quando Comensais apareceram e levaram você. Eu quis voltar, e me arrependo até hoje por não ter feito.
Os olhos verde de Harry brilhavam, a garota via algo diferente ali, quase pareciam sinceros.
Notou quando uma lágrima solitária escorreu por seu rosto, a voz soando desesperada.
continuou a encará-lo, ignorando todos os gritos que chegavam a seus ouvidos.
Por que parecia tanto que ele estava, de fato, dizendo a verdade?
Por que ela sonhou com ele por todos aqueles meses?
Por que ela sonhou com os Tonks, quando eles foram excluídos de sua família e eles nem tinham contato?
- Mas você está aqui agora, e não importa o que aconteceu durante esse tempo, você não é uma Comensal. Você quer destruir Voldemort tanto quanto eu. Ele acabou com a sua família da mesma forma que acabou com a minha. Sirius está morto. Ted Tonks está morto. – Harry suspirou antes de continuar, levantando uma mão até tocar a da garota, a qual tinha a varinha pressionada contra seu peito. – Cedrico Diggory está morto. Lembra-se dele? Vocês eram bons amigos no terceiro e quarto ano, mas Voldemort o matou.
- MENTIROSO! – Ela berrou empurrando a varinha com força contra o peito de Harry, queimando levemente o tecido da roupa dele. – A Ordem matou meu pai, porque ele era um Comensal cumprindo ordens de Voldemort. Diggory morreu por sua causa durante o Torneio Tribruxo. A culpa é sua Potter, a culpa é toda sua!
Ouviram um barulho próximo e ambos olharam para o lado, Draco Malfoy parou no canto do corredor do qual Harry havia saído minutos antes.
Olhava de um para o outro em silêncio.
Aproximou-se dos dois, receoso. - Ele está aqui, Draco! Podemos leva-l
o para o Lorde das Trevas agora, tudo será perdoado! – ela sorriu para o loiro, o qual tinha os olhos presos na varinha apontada para Potter.
Draco mordeu o lábio inferior, um suspiro escapou por seus lábios finos.
O peso em seus ombros.
- ... – Draco virou-se assim que escutou um gritinho estridente.
Hermione Granger e Rony Weasley estavam parados alguns metros atrás de .
A garota tinha as mãos na boca, completamente assustada com a cena.
Rony tinha os olhos arregalados, parecia mais branco que o normal.
pareceu ser a primeira a se recuperar das interrupções, olhou novamente para o primo, sem importar-se com os recém chegados, ou com a posição exposta; eles não a atacariam enquanto tivesse Potter sobre sua mira.
- Me ajude a levá-lo, Draco.
- Você não vai me levar para Voldemort, - ouviram a voz baixa de Harry, os olhos castanhos voltaram a encontrar os verdes, que pareciam cansados naquele momento. Potter parecia querer desistir de tudo aquilo. – se quiser, me mate você mesma. Você não é uma Comensal , eu não lutarei contra você. – ele tinha os ombros relaxados, deixou sua varinha pender por sua mão, caindo no chão próximo a seus pés.
- Não seja idiota, Harry! – Hermione gritou exasperada – , pense no que você está a ponto de fazer! Você está confusa, não sabe o que está fazendo... Voldemort a torturou! Deve ter feito algo com sua mente também, mas você...
- Cale a boca, sua Sangue-Ruim imunda. Quem você pensa que é para falar comigo? – a voz fria de Black foi direcionada a Mione, embora ela ainda tivesse os olhos em Potter. Hermione piscou evitando que lágrimas caíssem. – Draco, vamos.
Ela apontou com a cabeça para Harry andar, mas antes que ele pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, a voz calma de Malfoy chegou a seus ouvidos.
- Não, não vamos. – os quatro olharam para o sonserino, surpresos com a resposta. – Potter está certo, você não é uma Comensal da Morte.
- Não seja ridículo, Malfoy. Vamos levá-lo para o Lorde e tudo será perdoado, nossa família será perdoada. – ela insistiu olhando para o primo como se ele fosse louco.
- Nossa família? – Draco questionou negando com a cabeça, rindo levemente.
Dando passos decididos para perto dela, empurrando Potter para o lado, tocou em sua mão baixando a varinha.
- , Sirius Black está morto. Sua família são os Tonks, um deles está morto. Victoria não é sua família. Nós não somos família. Nunca conversamos em Hogwarts, só discutimos e azaramos um ao outro sempre que tivemos oportunidade, porque você é amiga de Harry Potter e sempre o defendeu. – Draco segurou-a pelos ombros, chacoalhando levemente.
Harry tinha o olhar preso em Draco, nunca esperaria uma atitude daquelas dele.
Ele estava ajudando-o.
Rony olhava para todos espantado, quase como se buscasse uma confirmação de que aquilo tudo estava realmente acontecendo.
Hermione mordia o lábio inferior, as lágrimas rolando por seu rosto, enquanto olhava da amiga para Draco.
- Granger está certa, você não é uma Comensal, Voldemort alterou suas memórias. Ele usou a Maldição Cruciatus em você por semanas, até você perder a consciência de quem era. Ele e Bellatrix usaram a Maldição Imperius durante meses, até conseguir convencê-la de que todas as lembranças eram verdadeiras. Você não é uma Comensal da Morte, você só acha que é, porque te convenceram disso. – Draco a encarou por alguns instantes antes de continuar. – Você me odiava em Hogwarts, não éramos amigos. Você era amiga de Potter, Weasley e Granger, por um motivo que só você entenderia.
A garota gritou indignada, empurrando-o para longe.
- Ela é uma Sangue-Ruim, eu não era... Nunca fui. Não!
- Você era, só não lembra. Nada que você tem na memória é real, . Voldemort alterou todas as suas lembranças. Você tinha recuperado suas memórias fazem poucas horas, Voldemort as apagou novamente, como tem feito sempre que você sai do controle. – Malfoy suspirou, passou a mão pelos cabelos loiros antes de tornar a olhá-la e continuar – Você não morava comigo, Black. Nunca morou. Não foram meus pais que criaram você. Era com os Tonks que você vivia. Victoria esteve em Azkaban, você não é uma Lestrange. Você nunca foi. Voldemort matou Diggory, e sim, você conhecia Cedrico Diggory, até namoraram. Bellatrix matou Sirius em uma luta contra a Ordem da Fênix, seu pai nunca foi um Comensal. A única coisa que é verdade nisso tudo é que eu odiava Harry Potter. Eu. Não você. É por isso que nunca nos falamos, você era da Grifinória e amiga dele. Sempre tivemos em lados opostos na família, Black. – Ele sorriu tristemente para a prima, que tinha os olhos arregalados, uma expressão de desespero no rosto. – Você confia em mim, não é? Confiou durante todos esses meses, mas nós não éramos amigos. Fomos próximos por dois meses quando tínhamos sete anos. Eu nunca mais te vi depois daquele verão, antes de virmos para Hogwarts.
Harry pareceu confuso com aquela revelação, que nem ele sabia, virou-se para Hermione, a qual não tentava esconder o choro silencioso, Rony segurava-lhe a mão, mas ela não parecia notar o ruivo naquele momento. Tinha os olhos fixos em Draco.
Harry também voltou a encará-lo, não conseguia acreditar que Draco estava arriscando-se daquela forma. Se qualquer um descobrisse...
Se qualquer Comensal escutasse aquilo...
Malfoy olhou-o com uma leve careta antes de encarar a prima novamente.
- Há alguns meses você me pediu um favor, - olhava para o chão, sua cabeça doía, seus pensamentos estavam confusos, voltou a olhar para o primo quando ele chamou seu nome – alguns dias depois de ter chego à minha casa, quando eu entrei em seu quarto... Você me pediu para te ajudar. Você implorou para que eu te ajudasse, e eu prometi que te manteria a salvo naquele dia, porque você me prometeu o mesmo.

Flash Back

"Draco terminou de subir as escadas, estava novamente entediado, destrancou a porta do quarto e viu a garota sentada no chão, parecia perdida em pensamentos.
Depositou o prato de comida e o copo d'água no criado mudo ao lado da cama.
Olhou-a mais algum tempo até que ela pareceu reparar em sua presença.
Parecia mais cansada, as olheiras visíveis em torno de seus olhos, ela levantou quando viu a comida e sentou-se na cama, longe do loiro.
Draco fechou a porta e então voltou a encará-la.
comia devagar, olhando de soslaio para Malfoy, que ergueu a sobrancelha quando notou.
- Por que você sempre fica aqui se não gosta de mim? - perguntou levemente interessada na resposta. Draco deu de ombros.
- Não tenho muitas coisas para fazer e não gosto das pessoas que ficam aqui, prefiro evitá-las.
- Comensais? - questionou com certa curiosidade, ele confirmou com um aceno de cabeça. - Pelo menos você pode andar por aí, não é? Eu tenho que ficar nesse quarto.
Draco sentou na cama, do outro lado da garota.
- Não penso que você vá ficar muito tempo aqui...
- Acha que ele vai me matar? – tornou a questionar quando terminou de mastigar.
- Acho que ele vai matar à todos. - respondeu o loiro - É só uma questão de tempo. Quanto mais tempo você for útil, mais tempo você vive.
- Então é por isso que você e seus pais continuam o ajudando? Sei que você não gosta de ser Comensal, Draco. Harry disse que você não teria matado Dumbledore, que você não queria.
Malfoy a encarou por um longo tempo, em silêncio.
- Fazemos coisas por necessidade, não por vontade. Minha necessidade é continuar vivo, assim como manter meus pais à salvo.
Ele levantou-se andando para à porta.
- Não sei como você se envolveu nisso, mas acho que logo você poderá sair desse quarto. É só uma questão de tempo para ele fazer com que você o ajude."

"A menina piscou algumas vezes, desesperada.
Sabia que aconteceria, mas achou que talvez demorasse mais tempo.
Draco estava sentado na cama, esperando a prima se acalmar.
- Você sabe Oclumência? - perguntou após alguns minutos, vendo-a negar com a cabeça.
- Digamos que eu nunca imaginei que alguém tentaria ler meus pensamentos!
- Você sabe de muita coisa, não é?
concordou com a cabeça, apavorada.
Ficaram minutos incontáveis em silêncio, tentando imaginar o que aconteceria quando Voldemort invadisse a mente da menina.
Um arrepio percorreu o corpo dela e então se virou para Draco.
- Preciso da sua ajuda.
Ele a olhou por algum tempo, descrente.
- Não posso te ajudar, você sabe disso. Não tenho como, não posso.
- Eu só preciso de um favor, Draco, não é grande. Ninguém vai saber, nunca. Por favor!
Ele negou com a cabeça sem pensar duas vezes, levantando-se e andando até a porta do quarto em seguida."

"O sonserino sentia-se um completo covarde, fraco.
Um babaca, como a prima falava quase todo dia.
Passou pelo corredor em direção ao quarto dela, carregando a comida e a água, e fechou os olhos com força antes de destrancar a porta e entrar.
Ela estava deitada no tapete empoeirado, de olhos fechados.
Parecia tensa, e ele sabia bem o motivo.
Fechou a porta, deixando a comida ao lado da cama e sentando-se no chão, encostado à porta.
- Pode ir embora. - falou simplesmente, sem encará-lo.
- Não tenho lugar nenhum pra ir.
- Não é meu problema, é? - respondeu ríspida.
Draco suspirou com pesar, sabia que ela tinha razão em não querer falar com ele.
Levantou-se devagar.
- Eu sinto muito. - falou antes de deixar o quarto."

" estava de olhos fechados, embora não dormisse.
Estava há quase 72 horas sem dormir direito, não conseguia desligar sua mente dos problemas.
Tinha tanta coisa em sua cabeça, e quanto mais tentava esquecer as principais memórias, as mais recentes, mais parecia que essas lembranças ficavam piscando em seu pensamento.
Era quase um convite para Voldemort descobrir o que Harry e os amigos estavam procurando.
Ouviu um barulho no trinco e virou-se para olhar, Draco a olhou rapidamente antes de entrar no quarto, virou o rosto voltando a fechar os olhos.
Estava achando Draco legal até então, não era a pessoa mais divertida do mundo bruxo, mas era uma boa companhia, afinal.
Não achou que o primo fosse uma pessoa tão diferente do que tinha imaginado durante todos aqueles anos, mas então quando pediu um favor, um único favor, e mesmo sabendo que mais ninguém ali se importava com ela ou tentaria ajudá-la, mesmo assim Malfoy recusou-se.
Era um covarde.
Um babaca.
Parecia que não tinha se enganado tanto assim sobre ele durante todos aqueles anos.
Embora, uma pequena parte de si, soubesse que estava pedindo muito.
Era perigoso, era arriscado.
- O que você quer? - ouviu o loiro perguntar, nervoso.
- Nada. - respondeu grosseiramente.
Ouviu o primo soltar o ar pesadamente.
- Você disse que precisava de um favor, qual é?
Black sentou-se na cama e então o olhou.
- Por que mudou de ideia? Por que decidiu me ajudar? - questionou desconfiada.
- Porque se fosse o contrário, você me ajudaria.
Os dois se encararam por algum tempo.
E se Draco estivesse fingindo?
E se ele contasse tudo para Voldemort?
Bom, não era como se ela tivesse muitas opções.
O Lorde acabaria descobrindo do mesmo jeito se ela não arriscasse aceitar a ajuda que o primo estava oferecendo.
- Eu preciso que você use sua varinha para esvaziar minha mente. Preciso me livrar de alguns pensamentos. Voldemort não pode descobrir o que Harry está fazendo. - falou rapidamente, em voz baixa.
Draco mordeu o lábio inferior, em dúvida.
Sabia que não deveria se meter, deveria ficar longe da garota, mas ao mesmo tempo sabia que seria um covarde se recusasse ajudá-la.
Já desconfiava que fosse aquele o pedido, e nem mesmo gostava de imaginar o que lhe aconteceria se Voldemort descobrisse…
- Ele vai me matar se souber que eu estou te ajudando. Vai matar meus pais. Você também.
- Ele não vai saber, Draco, por favor. - ela passou a língua pelos lábios antes de argumentar - Sei que você também não gosta do que está acontecendo. Uma coisa é não gostar de Sangue-Ruins, outra é essa guerra que Voldemort está procurando. Você não quer tanto quanto eu, Harry ou Hermione. Sabe o que vai acontecer se Voldemort ou qualquer outro encontrar com eles? Hermione é nascida trouxa, amiga do Harry, vai ter um fim tão horrível quanto o dele. Voldemort não pode saber o que estão fazendo.
- E no que isso vai ajudar? - Malfoy perguntou nervoso, suas mãos começavam a soar levemente.
- As chances de funcionar são maiores, Harry vai conseguir matar Voldemort no final, e tanto eu, quanto ele e você, e seus pais, todos estaremos livres. - ela mordeu o lábio inferior antes de prosseguir - Eu sei que nunca fomos amigos, Draco, mas se você me ajudar com isso, eu prometo que nada vai acontecer com você.
- Você não vai poder fazer muita coisa nesse quarto, sem varinha.
- Eu sei, mas não pretendo ficar aqui por muito tempo. E não acho que ele vá me deixar trancada aqui o resto da vida. Se você me ajudar, eu vou dar um jeito de garantir que você e seus pais fiquem bem, eu prometo.
Draco suspirou meneando a cabeça.
- Nesse momento, é mais fácil eu garantir que você fique bem. - Draco suspirou decidindo-se por fim - Pense no que você quer que eu tire da sua mente, mas é melhor que ninguém nunca saiba sobre isso, ok? Se algum dia Voldemort descobrir...
- Ninguém vai saber de nada, Draco. Nunca."
END FLASHBACK


Capítulo 20

A garota olhou o primo em dúvida, desconfiada.
Por que Draco ajudaria Harry Potter? Por que ele diria todas aquelas coisas?
- Se é você quem o odeia, por que ajudá-lo? – perguntou com a voz hesitante.
Já não tinha a varinha apontada para Harry, a mão abaixada.
Potter olhou para Rony e Hermione, pareciam tão perdidos quanto ele, ninguém entendia o motivo de Draco estar do lado deles naquele momento, mas em seu interior Harry agradecia.
- Porque... Porque eu sei que ele faria o mesmo e... – deu de ombros, os olhos cinzentos focaram rapidamente em Granger, de mãos dadas com Weasley, antes dele voltar a olhar para a prima. Draco pigarreou, fez uma careta balançando a cabeça – E porque eu me arrisquei muito te ajudando, se seu plano e do Potter não der certo, terei me arriscado para nada! – disse dando de ombros.
- Era de se esperar mesmo... E a gente aqui achando que ele estava do nosso lado, ele só quer se safar! – Rony apontou para o loiro, a raiva transparecendo em cada poro, mas ninguém lhe deu atenção.
Nenhum dos dois amigos se importavam se aquele fosse o real motivo, pelo menos Malfoy estava tentando resolver a situação, mas, no fundo, nem Harry nem Mione acreditaram que aquilo era apenas para o loiro se safar.
Draco voltou a narrar o momento que ela lhe pediu ajuda, e logo outras lembranças começaram a surgir na mente da garota. começou a sentir sua cabeça girar, parecia um bombardeio de informações, sobrecarregando seu cérebro confuso.
Diálogos perdidos e desconexos.
Não sabia se eram reais, embora parecessem extremamente vívidos.
Não sabia de quando eram, pareciam pequenos fragmentos confusos e borrados de lembranças do que aconteceu nos últimos meses e anos, por mais que ela não se recordasse de ter passado por nada daquilo.

“Os dois estavam sentados, lado a lado, em silêncio.
Nem suas respirações eram ouvidas, não conversaram muito durante as duas horas de visita diária que Draco vinha fazendo, apenas ficavam na companhia um do outro.
- Por que nunca conversamos, Draco? - ele perguntou entediada.
O garoto pensou um pouco, o cenho franzido.
- Porque você é amiga de Harry babaca Potter.
Ela sorriu levemente, negando com a cabeça.
- Só fomos para Hogwarts com onze anos, nunca mantivemos uma relação antes disso. Harry não foi o motivo.
Passaram mais algum tempo em silêncio, questionando a si mesmos sobre o assunto.
- Acho que estávamos de lados diferentes da família. Você estava com a Andrômeda, ninguém gosta dela por ter casado com aquele Sangue-Ruim...
- Ted é legal! - a garota protestou.
- Mas é Nascido-Trouxa, somos todos Sangue-Puro, você sempre soube disso. Apenas não gostamos de nos misturar, foi por isso que não conversamos por muito tempo. Em Hogwarts você era amiga do Potter, gostei menos de você por isso. - Draco finalizou, calmamente.
Permaneceram mais um tempo quietos, até o sonserino levantar-se para ir embora, bateu as mãos levemente em sua calça, tirando o pó do chão sujo em que estava sentado.
Estava abrindo a porta quando ouviu a voz baixa da garota.
- É um motivo idiota esse de Sangue-Puro e Sangue-Ruim. Meus pais são bruxos, não são? Eu teria gostado de conversar com você antes de Hogwarts, Draco. Você não era tão chato com sete anos.
Ele virou-se para a menina, mas ela parecia entretida olhando o teto, perdida em pensamentos. Draco sorriu levemente ao lembrar dos dias em que brincaram juntos no parque em um verão, anos antes.
- Boa noite! - foi tudo o que disse antes de fechar a porta, sem esperar uma resposta."

"Os primos recuperavam-se das risadas, tinha a mão na barriga e pequenas lágrimas nos olhos. Draco ainda estava com a cabeça para trás, os cabelos levemente desalinhados, o que não era comum para ele.
- Você era um babaca, Malfoy! - falou por fim, virando-se para o primo que fez careta.
- Você também não era a pessoa mais legal de Hogwarts!
Ela mostrou a língua infantilmente.
- Lembra quando o Trasgo invadiu o castelo no Dia das Bruxas? - perguntou tranquilo.
A garota concordou.
- Não invadiu, Quirrell o deixou entrar!
- Tanto faz, ali já dava pra saber que Hogwarts não era o lugar mais calmo do mundo...
- Você também foi insuportável quando a Câmara foi aberta! - ela virou-se para ele.
- Não pude evitar, detesto noventa por cento dos Sangue Ruins daquele lugar.
- E os outros dez por cento? - questionou divertida.
- Não sei quem são. - deu de ombros sem se importar. - A maioria são fãs do Potter, mereciam ser atacados.
- Você é mesmo um babaca, não é? - a garota o encarou séria, uma ponta de dúvida sobre o primo estar ou não falando sério sobre o assunto.
- Eu avisei desde o começo que teríamos problemas aquele ano, você não me deu atenção, não foi?
- O que quer dizer? - questionou confusa.
- Eu tentei avisar aquele dia na Plataforma, antes de embarcarmos, - virou-se, olhando-a de lado - eu disse que os dias dos Sangue-Ruins estavam contados.
- Desculpe, isso foi um aviso? - perguntou surpresa, a voz mais fina que o normal.
- O que você esperava que eu dissesse? - arqueou a sobrancelha - Oi, , prima querida, avisa sua amiga Sangue-Ruim que ela não deveria ir pra Hogwarts, porque tem um plano de libertarem o Monstro de Salazar Sonserina?!
Ela abriu a boca por alguns instantes, totalmente surpresa pela nova informação.
- Você sabia o tempo inteiro? Sabia que tinha sido a Gina Weasley?
Draco apenas confirmou, não falando mais nada sobre o assunto.
mordeu o lábio inferior, pensando a respeito.
- Hermione sabia que você se machucaria sério no terceiro ano, quando foi atacado pelo Bicuço. - confessou. Malfoy a olhou confuso. - Mione tinha um Vira-Tempo, me contou dias depois, que se Hagrid não tivesse te levado pra Madame Pomfrey naquele mesmo minuto, as coisas ficariam muito feias pra você.
Malfoy a encarou por incontáveis minutos, o coração batendo mais forte por algum tempo, questionando se confessaria seu segredo tão bem guardado.
- Eu te vi beijando Harry Potter ano passado. - desconversou, rindo baixo.
A garota arregalou os olhos, incrédula.
- C-c-como... Como...?
- Estava na Torre de Astronomia e vi vocês dois no Campo de Quadribol. - disse simplesmente, achando engraçado a reação da prima. - Não deve ter sido muito bom, já que você saiu correndo. - ele riu, a garota o acompanhou, embora constrangida, negando com a cabeça.
- Tinha coisas demais na cabeça para pensar em beijar Harry Potter, mas foi bom.
Os dois riram novamente.
Draco sentou-se direito, passando a língua pelos lábios secos e pensando no que estava prestes a fazer.
- Eu gosto da Granger.
Black piscou atordoada, o cenho franzido, tinha entendido direito?
- Você... O que...? Eu achei que você a odiasse.
- Eu odeio. É complicado
Malfoy suspirou.
Ficaram em silêncio por alguns segundos.
tentando processar o que tinha acabado de ouvir.
Pensou por algum tempo no dilema que Draco devia em frente, gostando de uma nascida-trouxa, quando era um Sangue-Puro, vindo de uma família tradicional e preconceituosa como os Malfoy-Lestrange.
- Rony gosta dela.
- Eu sei.
- Hermione pensa que você a odeia.
- Eu sei.
- Você realmente gosta dela?
- Não sei, acho que sim.
- Ninguém mais sabe?
- Só mais uma pessoa.
- Quem é?
- Minha mãe.
- O que ela falou?
- Que não contaria para ninguém.
- Você é estranho.
- Eu sei.
- Por que você nunca tentou ser legal com ela?
- Já tentei, não consigo.
- Por ser nascida-trouxa?
- Exatamente.
- Você é estranho, Draco.
- Eu sei, você já falou.
- Eu realmente queria ter falado com você antes de Hogwarts, Draco.
- Eu sei, você já falou.
- Você é um babaca, eu já disse isso também?
- Já. Você também é.
Draco levantou indo para a porta, olhou para a prima que manteve um leve sorriso nos lábios. - Queria ter continuado falando com você depois daquele verão, ."

“Malfoy concentrou-se, os olhos cinza focados na garota a sua frente, a respiração profunda. Sua mão tremia levemente.
Se alguém descobrisse... Se ele descobrisse...
Não queria nem imaginar o que aconteceria com ele ou seus pais.
Draco ergueu a varinha apontando para a prima, a mesma estava em pé logo à frente.
Os olhos fechados, o corpo tenso.
- Está pronta?
abriu os olhos, respirou fundo e concordou com um aceno de cabeça.
Segundos depois viu uma luz sair da varinha de Draco, e, aos poucos, pequenos fios prateados pairarem pelo ar, saindo de sua têmpora, perdendo algumas lembranças sempre que ele fazia aquilo. Não durou muito minutos, mas foi o suficiente para deixá-la com uma grande dor de cabeça.
Por fim, Draco esperou até ela dormir, para poder retirar a lembrança daquele momento.”

- , você me pediu para apagar memórias de quase um ano inteiro, você fez isso porque sabia que Voldemort descobriria o plano de Potter para matá-lo, esse foi o único jeito de ajudá-lo. Você ficou dois dias sem falar comigo quando neguei te ajudar. – Draco deu um sorriso sem graça – Tudo o que está na sua mente foi alterado. Todas as suas lembranças. Depois de algum tempo sob a Maldição Imperius, depois de Voldemort ter visto toda a sua vida, ele alterou tudo. Fez você pensar que morou comigo durante esses anos todos, e que Sirius era um Comensal. Nada disso é real.
olhou para os lados aflita, encontrando novamente os olhos cinzas de Draco, parecia tudo tão sincero… Mas ela não conseguia se lembrar de que viveu tudo aquilo.
Podia ser apenas um truque de sua mente confusa.
Só tinha uma certeza em sua vida naquele momento;
Deveria matar tudo e todos que ameaçassem Voldemort.
E Draco estava cruzando aquele caminho, assim como o próprio Potter.
- Isso é um truque, não é? Você não o ajudaria. Está mentindo!
Malfoy abriu a boca para responder, mas Harry foi mais rápido entrando na frente do loiro, esticando os braços e segurando nos ombros da garota.
- Leia meus pensamentos! Veja minhas lembranças e então você vai saber que não estamos mentindo. – Harry segurou firme as mãos dela.
olhou rapidamente para o primo, que confirmou com um aceno.
Sentiu a dor em sua cabeça aumentar quando apontou a varinha para Potter.
- Legilimens!

“Harry estava junto aos companheiros de Quadribol, vendo Wood com um pergaminho.
Seu discurso deveria ser rápido, mas já fazia uns bons 30 minutos que estava ali, falando sobre a responsabilidade que deveriam ter para com o time, ao notar que boa parte já não parecia prestar atenção, Wood resolveu terminar logo com aquilo;
- ...E para terminar, não vou mentir e dizer que todos foram bem, muitos de vocês precisam treinar mais para tentar novamente nos próximos anos, em todo o caso... – ele abriu o pergaminho – Para reservas do time, em caso de contusões, damos as boas vindas para: Julie Bones, Anne Hemmer e Evan McGonory, como artilheiros. Selley e Jonathan Fields na vaga de batedores. Keth Danils como goleira e Damian Brith para apanhador. Para artilheiro do time neste ano, Tonks. Parabéns!
Harry correu para abraçar a amiga que ainda parecia descrente, tinha realmente entrado no time de Quadribol da Grifinória? Aquilo era incrível!
Sorriu boba quando Harry abriu espaço entre os outros alunos para parabenizá-la.
- Parabéns, eu sabia que você conseguiria! – riu ao chegar a amiga, abraçando-a apertado.
Logo o resto do time se aproximou, assim como Rony e Hermione.
- Você vai ter que tomar cuidado agora, não vai ser fácil administrar os treinos com os estudos! – Mione comentou assim que encontrou a garota.
- Hermione! – Harry negou com a cabeça – Será que não podemos apenas comemorar essa noite e esquecer os estudos? está no time agora! é a nova artilheira da Grifinória!”

“Os quatro amigos andavam pelos terrenos afastados de Hogsmeade, seguindo um grande cachorro preto. As mochilas pareciam pesar toneladas, as alças de couro machucavam seus ombros.
Estavam suados e extremamente cansados, mas assim que passaram pela fenda da caverna, e Harry esqueceram o cansaço e sorriram para o homem barbudo, com os cabelos emaranhados e sujos, que abriu os braços para recebê-los.
Sirius não estava nos seus melhores dias, mas ainda era incrível poder estar em sua companhia.
- Não vou dizer alto para não fazer vocês passarem vergonha, mas senti falta de vocês durante esses dias! – sussurrou para os dois, enquanto os abraçava.
Ambos riram comentando o quão recíproco era aquele sentimento.
- Passei doze anos sem você, mas nunca pareceu que fizesse tanta falta como agora! – a garota comentou ainda abraçada ao pai.
Sirius fungou, mudando de assunto rapidamente, evitando algumas lágrimas que poderiam cair a qualquer momento.”

“Harry ouvia toda a conversa sem se importar com nada.
Sua cabeça não parecia capaz de entender o que diziam, parecia que falavam outra língua.
- Queria poder falar com a ... – ouviu a voz baixa de Hermione, olhou para a amiga.
- Ela está com os Diggory nesse momento, Srta. Granger. Você poderá encontrá-la mais tarde! – McGonagall respondeu, quase sorrindo amigavelmente.
Todos pareciam abalados com o que tinha acontecido a Cedrico, mas de maneiras diferentes; Os professores estavam preocupados, de um jeito que Harry jamais vira antes. Molly Weasley por outro lado, embora nervosa, parecia mais preocupada com o próprio garoto que estava acamado, mesmo que ele tivesse garantido que estava okay.
Harry só queria poder se afastar de todos por algum tempo, sentia uma pontada de culpa sempre que ouvia o nome de Cedrico.
Ouviu um barulho na porta da Ala Hospitalar e virou-se, assim como todos os outros; estava entrando, seguida de um cachorro preto.
Madame Pomfrey ficou vermelha ao ver o animal.
- Srta., Srta., não pode entrar com esse animal aqui! É contra as normas!
- Está tudo bem, – ouviram a voz calma de Dumbledore – posso garantir que é um cachorro muito bem treinado, não se preocupe.
Ambos se aproximaram da cama onde Harry, Hermione, Snape, McGonagall, Dumbledore, Madame Pomfrey e os três Weasley estavam.
A garota, Harry percebeu, estava extremamente pálida e com os olhos inchados, que, assim como o nariz, encontravam-se vermelhos, porém não chorava mais.
Mione fez como se fosse dizer alguma coisa, mas decidiu apenas dar um abraço apertado na amiga.
Ninguém falou nada por um instante, até afastar-se gentilmente dela.
O cachorro ficou sentado ao seu lado, acenou para Harry com a cabeça quando o garoto virou-se para ele.
Após algum tempo Fudge apareceu pela porta, exasperado e questionando tudo o que tinha acontecido.
Não parecia se importar com o que diziam Snape, Harry e o próprio Dumbledore, ignorou todos os comentários e largou o saco de ouro ao lado de Potter, antes de afastar-se, quase correndo, o medo estampado em seu rosto só de ouvir o nome de Voldemort.
Dumbledore então pediu alguns favores a Madame Pomfrey, Gui e Minerva, a última, antes de sair virou-se para e abraçou-a por alguns instantes, para surpresa de todos. Não disse nada, apenas olhou para a menina com um pequeno sorriso de conforto nos lábios antes de sair do local.
Então Alvo Dumbledore pediu para Sirius tomar sua forma humana, e segundos depois ouviram um grito da Sra. Weasley, que logo tratou de se acalmar.
Snape e Sirius foram obrigados a apertar as mãos, e no instante que a soltaram Dumbledore pediu para Black encontrar velhos conhecidos, reuni-los.
Ele concordou com a cabeça, mas olhou para o afilhado e para a filha; os dois pareciam precisar dele naquele momento, como poderia se afastar?
- Sirius, por favor, eles ficarão bem! – Alvo pediu energicamente.
O homem aproximou-se de Harry, apertando-lhe a mão e dizendo que logo o encontraria novamente. Então abraçou a filha;
- Não se esqueça do que eu disse, ok? – sussurrou antes de beijar-lhe a testa e se transformar novamente no grande cachorro negro e sair da sala.
Seguido por Snape e Dumbledore logo depois.
Harry esperou alguns minutos e então pediu para os outros deixarem-no a sós com a loira por alguns instantes. Molly deu um beijo na bochecha de cada um antes de sair seguida de Mione e Rony, que pareciam levemente chateados com o pedido.
Os dois se encararam sem dizer uma palavra, não parecia necessário naquele momento, mas Harry sentia a necessidade de falar algo, desculpar-se.
- ... Eu... – ficou em silêncio novamente, sem saber como continuar aquela frase.
Black sentou-se no canto da cama, olhando para o lado. Suspirou profundamente antes de voltar a encarar o amigo.
- Não precisa falar nada, Harry, não foi sua culpa.
- Eu dei a ideia de pegarmos a taça juntos... – confessou em voz baixa, fechando os olhos por alguns instantes.
Tinha medo da reação dela, achava que ao saber disso ela iria se afastar completamente.
- Eu disse que ele deveria colocar o nome do Cálice, porque era o melhor estudante da Escola, seria o melhor campeão. Então a culpa é minha, porque fui eu quem o incentivou no começo... Harry abriu a boca sem saber o que dizer, negando veementemente no instante seguinte.
- É claro que não foi sua culpa! Você não sabia!
- Nem você.
Eles se encararam novamente.
- Eu sinto muito, de verdade.
- Eu sei que sim, Harry. E, por favor, não pense que eu estaria melhor se fosse você ao invés dele. Você é tão importante para mim quanto Cedrico.
Harry deu um pequeno sorriso triste, que foi correspondido da mesma forma por ela.
- Você vai ficar bem? – perguntou após alguns instantes.
deu de ombros.
- Papai disse que com o tempo a dor passa, então prefiro esperar para saber se ele está certo. Se não estiver... Bem, posso conversar com ele mais tarde.
- Sirius sempre está certo, não é? De qualquer forma, eu vou estar bem aqui se você precisar. Ela sorriu docemente para o garoto.
- É bom saber, mas é melhor você terminar de tomar isso, – apontou para o copo ao lado de Harry – antes que Madame Pomfrey volte. Te vejo mais tarde, Potter, você precisa descansar! - Ei, ! – chamou assim que ela deu alguns passos, a garota tornou a virar-se para ele – Eu sei que não é a mesma coisa, mas eu te amo.
- Eu também te amo, Harry Potter!”

Black piscou assustada, sem saber o que fazer.
Sua cabeça doía de uma forma que ela achava difícil Madame Pomfrey ajudar.
Parecia que seu crânio estava em brasa, sentiu-se tonta e agachou-se com as mãos na cabeça.
A dor era insuportável.
Teve vontade de vomitar, sentia um gosto ruim na boca, azedo.
Não sabia o que estava acontecendo.
Não sabia mais quem ela era.
Tudo estava errado, tudo parecia fora do lugar.
Sua cabeça girava.
Harry agachou-se ao seu lado, ela ouvia a voz do garoto, mas não sabia, não entendia o que ele falava.
Draco estava ali também, dizendo coisas que ela não era capaz de compreender.
Nada fazia sentido naquele momento.
Não sabia mais como Cedrico tinha morrido, não sabia quem era o responsável pela morte do lufo.
Não sabia quem tinha matado Sirius.
Não sabia nada sobre sua vida, nem sobre sua família.
Todas as suas certezas haviam sumido naquele instante.
Quem era ela afinal?
Harry Potter era seu amigo ou inimigo?
Ela era uma Comensal da Morte?
Quem era sua família?
Não lembrava nem de seu nome.
Não lembrava-se de sua mãe.
Tudo estava confuso demais para ela.
Mas ainda escutava as ordens de Lorde Voldemort, seu desejo de matar Harry Potter.
Escutava a risada do bruxo, misturada com seus próprios gritos, ao lembrar-se do choque que percorria seu corpo, Voldemort estava ali, apontando a varinha para ela, a gargalhada fria fazendo-se presente a todo instante.
Sentiu aquele prazer momentâneo ao ouvir os gritos de outras pessoas, enquanto era ela quem apontava a varinha.
As dores aumentaram, ela ouvia a própria voz gritar coisas sem sentido, não conseguia coordenar seus pensamentos na ordem necessária, palavras involuntárias escapavam por sua garganta, gritos desesperados.
Não sabia definir o que estava acontecendo, não saberia dizer o que era real naquele momento.
Talvez estivesse enlouquecendo, não saberia dizer, apenas sentia com força extrema a dor em sua cabeça, em sua mente.
Parecia que sua cabeça racharia.

Harry não sabia o que fazer, tentava acalmar de alguma forma, os gritos dela faziam seu coração acelerar, não sabia o que estava acontecendo com ela.
A garota estava tremendo em seus braços, o corpo inteiro dela estava tenso.
Ela estava gelada, os gritos eram assustadores, parecia que estava sendo torturada, como na visão que teve, meses atrás, mas os gritos eram ainda piores, mais desesperados.
Gritou para Hermione, esperando que a amiga pudesse ajudar, mas Granger estava tão sem ação quanto ele ou Rony.
Malfoy estava ao seu lado, também tentava fazer a prima se acalmar.
Nada tinha efeito.
Harry tentou abraçá-la, puxá-la para seu lado.
Mexia em seus cabelos loiros, tentando de todos os modos fazer com que a dor que ela sentia acabasse. Desejava baixinho que fosse ele sentindo aquela dor, mas nunca sua .
Ele precisava fazer alguma coisa, não poderia ficar ali no meio corredor por muito tempo, ouvia barulhos por todos os lados, gritos vindos de todos os cantos, mas nenhum grito parecia tão agonizante quanto os da garota em seus braços.

sentia como se sua cabeça fosse realmente explodir, como se alguém estivesse colocando agulhas em sua mente, puxando algo invisível.
Fragmentos de memórias desconhecidas vinham a ela a cada segundo.
Não reconhecia nenhuma daquelas lembranças, não sabia de quem eram.
Mal sabia quem eram aquelas pessoas, mas a cada segundo que um desses fragmentos de memória surgiam, a dor em sua cabeça aumentava.
Era como se aquelas memórias estivessem sendo reconstruídas, substituindo as memórias anteriores que ficavam cada vez mais borradas e distantes;
Ela não estava mais na casa dos Malfoy, não ria mais com Draco, enquanto o primo batia no Elfo Doméstico.
A Marca Negra no braço de seu pai tinha sumido, ele e sua mãe não estavam mais morando juntos; Eles não eram uma família feliz depois da fuga deles de Azkaban.
Sirius não conversava mais com ela, não a incentivava a matar o Elfo.
estava novamente distante de Victoria, não confiava na mulher.
Não era com os Malfoy ou Lestrange que ela estava, era uma família diferente; Black não estava mais embarcando com Draco para seu primeiro ano em Hogwarts.
não era mais ela mesma, era outra pessoa, alguém que ela não reconhecia.

“A garotinha ria correndo atrás da bola que a prima tinha jogado, forte demais.
Quando finalmente pegou o brinquedo colorido, viu um garoto sentado sozinho do outro lado da praça, olhava todas as crianças brincando com uma leve careta no rosto magro.
A menina pensou um pouco, olhou para trás vendo sua prima de cabelos vermelhos conversando com Andy e Ted, virou-se novamente para o garoto loiro e andou até ele.
O menino a encarou quando estava a poucos passos dele.
- Oi! – sorriu animada.
Ele a analisou-a dos pés à cabeça, usava um vestido azul claro e sapatilhas pretas, sorriu de lado.
- Olá!
sentou-se junto a ele, virando a cabeça para os lados viu uma mulher bonita mais adiante, parecia entretida lendo um livro. Tinha a mesma pele clara que o garotinho ao seu lado.
- É sua mãe? – perguntou apontando para a mulher. O loiro concordou com a cabeça, virando-se para procurar a família dela.
- Seus pais? – questionou ao ver o casal e uma menina de cabelos compridos, que ria extremamente alto.
- Tios!
Ele concordou com a cabeça um tanto curioso por ela não estar com os pais.
- Por que você não está brincando com ninguém? – a menina questionou confusa.
Ele deu de ombros, parecendo chateado.
- Meus pais não gostam que eu fale com trouxas...
arregalou levemente os olhos, ele olhou-a assustado; tinha falado demais.
Olhou para a mãe, mas ela não parecia ter notado que o filho tinha companhia.
- Você é um bruxo? – ouviu a voz animada da garota.
- Você é uma bruxa? – replicou sorrindo.
Seus pais sempre disseram que ele não poderia brincar com crianças trouxas, mas nunca reclamaram sobre outros bruxos. A menina concordou com a cabeça, um sorriso estampado no rosto.
- Quero fazer 11 anos e ir para Hogwarts, Dora já está lá – apontou para a prima – diz que é incrível!
- Meus pais sempre falam sobre a escola, quero ir logo! Quero ir para Sonserina, igual todos da minha família! – sorriu orgulhoso, um brilho a mais nos olhos cinzas. – E você?
- Dora é da Lufa-Lufa, assim como Ted era, meu pai e Andy eram da Grifinória, mas a família dele, minha mãe e a família dela eram todos da Sonserina... Então eu não sei... – deu de ombros sem se importar muito. – Mas vai ser legal, não é?
- Quantos anos você tem? Eu tenho sete. Talvez eu te encontre por lá, se você for para a Sonserina, que é a Casa mais legal, podemos ter as mesmas aulas!
- Fiz sete semana passada! – ela sorriu para o garoto – Mas Dora diz que Grifinória é melhor, e que o pessoal da Sonserina não é legal...
- Você não me achou legal? – perguntou com uma careta, a garotinha riu.
- Você parece legal, mas te conheci agora, não é?
Ele concordou rindo, logo ouviram um grito e ambos olharam para a direção da mãe dele, a mulher acenou com a mão, o chamando, os dois estavam indo embora.
Ele suspirou triste, levantando-se do banco de madeira.
- Talvez eu te veja outro dia, ou em Hogwarts em alguns anos... – ele sorriu animado para a garota.
- Eu venho todo dia para brincar aqui, se você vier podemos brincar juntos. – sorriu de volta, levantando-se também, segurando a bola com as duas mãos.
- Vou falar com a minha mãe, se eu vier, posso te encontrar aqui? – apontou para o banco, a menina concordou.
- Eu sempre fico lá, – apontou para o local em que a família estava – mas eu venho até aqui se você estiver! – ambos sorriram contentes.
- Até amanhã! – falaram ao mesmo tempo.
A garota se aproximou dando um beijo na bochecha dele que corou levemente com a atitude, e então a menina virou-se ao ver a prima acenando em sua direção, começou a andar até ela, mas então se lembrou de algo e tornou a virar para o garoto que ficou para trás.
- Eu sou a ! – avisou, acenando com a mão e então correndo para a família.”

“Harry ainda sorria, extremamente constrangido, vendo a garota gargalhando ao seu lado, enquanto recitava os versos do poema que ele tinha recebido minutos antes.
- Obrigado, agora todos sabem sobre isso! – reclamou andando de cabeça baixa, tentando evitar os olhares dos colegas – Achei que seria Rony a rir disso, não você!
- Até parece que a escola inteira já não sabe, todos já sabiam antes mesmo de você me mostrar, Harry, não seja tão ingênuo. – ela piscou marota para o amigo – E não se preocupe, quando Rony chegar eu paro de rir de você, deixo as brincadeiras para ele!
- Muito obrigado, me sinto muito confortável com isso. – respondeu irônico.
Ela abraçou-o de lado, ainda rindo, enquanto caminhavam juntos para o Salão Principal.
- Tranquilo Potter, sabemos que você ainda vai receber muitos outros poemas de Dia dos Namorados, é melhor se acostumar, você tem muitas fãs!
- Ah, cala a boca! – ele reclamou empurrando-a gentilmente para o lado. – Tinha que ser ideia do Lockhart!
Harry teve que escutar as risadas dos amigos durante todo o almoço, e por isso ninguém estranhou quando ele saiu mais cedo do Salão, alegando ter esquecido algum livro no dormitório.
Rony, Hermione e andavam para a aula de Transfiguração quando Potter reapareceu, com um sorriso grande demais em seu rosto.
- Esperem um pouco, ainda está cedo para a aula... – pediu preguiçosamente ao chegarem nas escadas.
- Preciso tirar uma dúvida com a professora, Harry! – Hermione respondeu continuando seu caminho, seguida dos amigos.
- Até ficaria surpreso, se ela não dissesse isso todos os dias... – sussurrou Rony olhando para as costas da amiga que estava um pouco a frente.
Os outros dois sorriram concordando com a cabeça.
Ao chegarem no corredor da sala, antes que entrassem, outro anão vestido de cupido apareceu, Rony e começaram a rir, esperando o poema que viria para Harry, mas dessa vez ele parecia muito relaxado para quem estava prestes a passar vergonha na frente de todos, não que os amigos tivessem reparado.
O homenzinho parou na frente dos três, já que Hermione não se deu ao trabalho de esperá-los, desenrolou um pergaminho e pigarreou antes de começar a ler:
-“Mesmo quando estou chateado consigo rir ouvindo sua risada, obrigado por existir, !”
A garota abriu a boca surpresa, Rony gargalhou alto e Harry riu, algumas colegas deram gritinhos histéricos, encantadas com a frase, pseudo-declaração, de alguém que ninguém sabia quem era.
continuou vermelha quando McGonagall apareceu, instantes depois, para começar sua aula, não riu nenhuma das outras três vezes que pararam Harry no corredor para ler um poema.”

esperou-o abrir o pacote, sentia o vento gelado batendo em seu rosto.
Mexeu com os pés na neve que havia caído mais cedo no Campo de Quadribol, olhando de soslaio para o rapaz, queria ver a reação dele.
Cedrico Diggory sorriu ao retirar o pequeno objeto e virou-se para ela, a abraçando.
- Obrigado, é fantástico! - agradeceu, tornando a olhar para seu pequeno pomo-de-ouro em uma redoma de vidro pouco maior que sua mão. Não voava, era uma peça presa em um suporte de madeira, o pomo tinha seu nome gravado e as cores da Lufa-Lufa, ao invés do habitual dourado.
- Comprei um presente pra você também, mas não sabia se te veria hoje... – avisou virando-se para pegar sua capa ao lado, retirando um pacote pequeno entregando para a menina - Não sabia o que comprar na verdade...
- Não precisava! Você já tem feito muito por mim, sabe?
- Não importa, espero que goste. - encolheu os ombros , esperando pela reação dela.
O cachorro olhava de um para outro com os olhos estreitos.
abriu o pacotinho e virou-o em sua mão, vendo uma corrente de ouro com um pingente com a inicial de seu nome e algumas pedras brilhosas na letra.
Sorriu verdadeiramente para o lufo, abraçando-o apertado em seguida.
- É lindo! Obrigada!
Cedrico afastou-se minimamente dela, ainda sorrindo para , olhando aqueles olhos que tanto gostava, e que vinham dominando seus pensamentos nas últimas semanas.
Seu olhar parou nos lábios da garota, e Diggory curvou-se ligeiramente, mas antes que pudesse encostar sua boca na dela o cachorro latiu alto, assustando-os e então pulando no meio do casal. Cedrico riu sem graça, dando um beijo rápido na bochecha de , vendo-a corar em seguida.”

“Pai e filha estavam sentados no sofá empoeirado da velha casa dos Black, já era tarde e todos os outros já dormiam, o homem abraçava a garota enquanto ela chorava em seu peito.
Gostava de sentir as mãos do pai em seus cabelos, fazendo um leve carinho.
Era bom tê-lo ali depois de tantos anos, finalmente poderiam ser uma família de verdade.
Fungou passando a mão por seu rosto e virou-se para o pai, que lhe sorriu compreensivo.
- Isso não deveria ter acontecido, não é? Por que eu tenho a impressão que coisas ruins só acontecem com a gente? Somos tão ruins assim? – questionou em um sussurro, olhando nos olhos do mais velho.
Sirius suspirou antes de responder, enquanto pensava nas palavras certas para usar naquele momento.
- Não deveria ter acontecido, não é justo. Cedrico era um bom garoto, eu sei disso. Ele gostava de você... Percebi isso no terceiro ano. – sorriu minimamente lembrando-se do dia que o garoto contou gostar de para ele, claro, sem imaginar que o cachorro com quem conversava era, de fato, Sirius Black. – Mas as coisas acontecem , não temos como evitar. Só podemos aproveitar o máximo de tempo que temos com as pessoas que amamos, sem esperar pelo pior, apenas vivendo cada dia. – encarou a filha, encolhida ao seu lado, abraçando os joelhos.
Tocou a bochecha fria dela em um leve carinho, antes de puxá-la para outro abraço.
- Você tem boas lembranças do tempo que passou com Diggory, não é?
fechou os olhos com força, apenas concordando com a cabeça, sem conseguir falar.
- Então é nelas que você deve pensar, creio que Cedrico não gostaria que você passasse o resto da vida chorando, ele gostaria que você seguisse em frente.
- Mas sempre que eu tento pensar em alguma coisa... Parece errado... – a voz saiu falha devido às lágrimas que voltaram.
- Não é errado querer seguir adiante, tentar ser feliz. Vocês tiveram bons momentos juntos e, acredite, é difícil para mim aceitar que a minha garotinha já teve um namorado, – Sirius fez uma careta, tirando um pequeno sorriso da filha – mas, infelizmente, esse tempo passou, não sabemos o que teria acontecido se ele continuasse aqui, talvez tivesse dado certo, talvez não. Não irei dizer que ele está em um lugar melhor, porque nunca gostei dessa frase. Você tem que pensar que ele está em paz, e você deve ficar também. O que vocês tiveram foi bonito, e foi recíproco o sentimento de ambos para com o outro, mas você não pode ficar pensando no que poderia ter acontecido, . Eu sei que é difícil, que dói e parece que não vai passar, mas eu prometo para você, um dia você vai lembrar apenas das coisas boas que tiveram juntos, um dia vai ser só saudade e esse sentimento ruim dentro de você vai passar, ok?
- E se não passar? – ela questionou voltando a olhar para o pai.
Sirius sorriu tristemente.
- Se isso acontecer, eu estarei aqui. Podemos passar quantas noites você quiser conversando.
Ela fechou os olhos novamente, abrindo-os em seguida e sorrindo levemente para o pai, tinha um brilho diferente nos olhos.
Machucava o homem ver sua garotinha naquele estado, mas ele não sabia o que fazer além de tentar passar algum conforto.
- A Sra. Diggory disse que ele queria me pedir em casamento quando eu acabasse Hogwarts. – contou baixinho, sem saber qual seria a reação do homem. Sirius arqueou a sobrancelha, surpreso – Ela disse isso no dia... Naquele dia... Antes de você chegar... Ele tinha dito que gostava de mim em uma carta, no dia que encontramos você no Campo de Quadribol no terceiro ano...
Sirius riu lembrando-se do dia em que viu a filha saindo do Corujal com o garoto.
- Sabia que ele gostava de você desde aquele Natal, ele tinha me dito pouco antes de você aparecer, antes de saírem para o feriado...
Ela o olhou confusa por alguns segundos.
- Cedrico demorou um ano para me chamar para sair? Sair de verdade?
Sirius sorriu novamente, dando de ombros.
- Garotos podem ser estranhos quando gostam de uma garota...
- Estanhos sim, lerdos não! – reclamou ainda indignada pela recém-descoberta.
Passaram alguns segundos em silêncio, até a garota bocejar, encostando novamente a cabeça no peito do mais velho.
- Eu te amo, sabia?
Sirius sorriu acomodando-se melhor no sofá, para que ambos ficassem confortáveis.
- Acho que depois de todo esse tempo, você já sabe que é a pessoa mais importante da minha vida, não?”

andou até o garoto, parado em frente ao Lago Negro, o qual estava parcialmente congelado. Harry reparou na amiga quando a mesma parou ao seu lado, esbarrando levemente em seu ombro, em um cumprimento silencioso.
Potter sorriu olhando brevemente para a garota.
O rosto pálido e as bochechas coradas, devido ao frio, os cabelos soltos esvoaçando com o vento. As mãos nos bolsos do casaco e o cachecol nas cores da Grifinória cobrindo seu pescoço e seu queixo.
Não estava muito diferente de Harry, exceto que ele usava uma touca vermelha.
Potter tornou a olhar para frente quando a garota olhou-o de canto de olho.
sorriu levemente ao reparar, tornando a empurrá-lo com o ombro.
Escutou o riso baixo do garoto com o movimento, antes dele retribuí-lo da mesma forma.
- Senti sua falta. – sussurrou antes de, timidamente, passar o braço pelos ombros de , puxando-a para mais perto.
Não era como se não se vissem, apenas não tinham mais tanto contato.
Estavam nas mesmas aulas todos os dias, mas Black parecia cada dia mais distante, dele e de todos.
Relaxou ao percebê-la passar um braço por sua cintura, um sorriso leve nos lábios.
- Eu também senti a sua.”

fechou os olhos com força, lágrimas caiam por seus olhos sem que pudesse impedir.
Seu corpo inteiro doía, mas sua mente parecia voltar ao normal aos poucos, a dor já não era tão insuportável quanto antes, mas ainda estava lá, o que dificultava seu raciocínio.
Sentia braços quentes envolta de si, e sussurros de que tudo ficaria bem, reconhecendo a voz de Harry, enquanto ele dizia que sempre estaria com ela.
Piscou duas vezes, e então olhou nos olhos verdes.
Potter parecia desesperado, e ela não sabia o que lhe dizer.
Ouviram mais gritos por todos os lados, e então se lembrou do que estava acontecendo, do lugar em que estavam.
- Eu sinto muito, Harry. - falou baixo, quase inaudível.
O garoto piscou, abrindo um sorriso ao ouvir aquilo.
Abraçou-a novamente, afagando os cabelos loiros.
Não conseguiu expressar o alívio que sentiu ao perceber que lembrava-se dele, só o que conseguiu fazer foi abraçá-la, tentando demonstrar a saudade que tinha dela, junto com a segurança que ela poderia encontrar; Ele não deixaria nada mais acontecer com Black. Ele a protegeria, nem que morresse para fazê-lo.
- Temos que sair daqui. - ouviram a voz urgente de Draco, olhando para os lados, esperando algum sinal de Comensais. e Harry levantaram-se do chão, aproximando-se do loiro.
Não tiveram tempo para esclarecer as ideias ou dizerem alguma coisa; ouviram uma explosão alta e parte de uma parede próxima cair, bloqueando a passagem de Rony e Hermione.
- POTTER! - Dolohov apareceu saído do corredor em que Draco apareceu, minutos antes. - Vocês o pegaram! Muito bem! - disse olhando para os dois primos, Harry ergueu a varinha lançando um feitiço qualquer no homem, mas ele defendeu-se com extrema facilidade. - O que foi? Agarrem-no, vamos levá-lo ao Lorde!
Draco olhou para os lados, não sabendo o que fazer naquele segundo.
Ouviram outro barulho alto e logo viram uma acromântula entrando por uma das janelas estilhaçadas, mas os três continuaram parados, olhando para Dolohov.
A aranha correndo para às escadas.
- Você já era, Potter! – o homem gritou animado, viu quando Malfoy deu um passo lento para trás, afastando-se dos dois - Você é um fraco, igual ao seu pai, Malfoy! Vamos , faça o que fez há uma hora com aquela escória! - Dolohov tinha um olhar demoníaco e um sorriso perverso no rosto.
abriu a boca em choque, o que ela tinha feito?
- Ela está aqui! - gritou o homem para alguém às suas costas.
Victoria Lestrange apareceu pouco depois, olhando para a cena.
- Vamos logo com isso, Milorde está com pressa! - tornou Dolohov, aproximando-se dos garotos.
deu um passo para trás quando a mulher deu mais um passo para aproximar-se.
- O que deu em você? Vamos! Draco, venha!
Mas nenhum dos dois a acompanhou, ficaram parados junto a Potter.
Quando a mulher loira vez menção de falar alguma coisa, de aproximar-se junto a Dolohov, ergueu sua varinha, assim como Harry.
- O que...?
Olhou para a filha e dela para Potter, a compreensão do que estava acontecendo atingindo-a aos poucos. Ela tinha se lembrado.
- , precisamos sair daqui! – Harry sussurrou ao seu lado; precisava chegar a Casa dos Gritos, precisava encontrar Voldemort e Nagini.
Ela concordou com a cabeça, mesmo sem saber o que ele queria fazer.
- O que estão esperando? ! O que está esperando?
- Ela não está mais do nosso lado, Dolohov. – Victoria comentou olhando diretamente para a garota – Ela já se lembrou do que aconteceu...
Antonio Dolohov demorou alguns segundos para compreender o que aquilo significava, e então sorriu. Um sorriso maldoso atravessou seu rosto.
- Lembra-se também do que fez há alguns minutos, ?
A garota olhou-o hesitante.
Harry segurou seu braço, puxando-a para o lado.
Trocou um rápido olhar com Draco, o qual acenou com a cabeça, ambos ergueram a varinha, apontando para cima dos dois Comensais.
Parte do teto tombou com o forte estampido de explosão.
Dolohov e Victoria afastaram-se em tempo de não serem atingidos.
Mas foi o suficiente para os três correrem, cruzando outro corredor à esquerda.
Desesperados, corriam o mais rápido que podiam, tentando atravessar as escadas em busca de Rony e Hermione que estavam do outro lado.
Draco virou-se ao notar Rodolfo Lestrange caminhando na direção deles, apontou a própria varinha para o lado, deixando Potter e Black cruzarem o corredor antes de fazer parte da parede cair.
- Draco! – virou-se ao notar o que acontecia.
- Vai logo, eu me viro!
Não tiveram tempo de discutir, a parede caiu, separando-os.
- Malfoy! – Harry gritou, olhando para trás, vendo a poeira que a queda da parede causou. – Droga... Vem, temos que chegar aos outros, precisamos ir á Casa dos Gritos!
Black negou com a cabeça, mordendo o lábio.
- Não posso deixá-lo, Harry. Se Lestrange descobrir que Draco está tentando te ajudar... Ele não vai pensar duas vezes antes de matá-lo!
Potter respirou fundo, tentando pensar com clareza, embora sentisse seu coração bater disparado, e a adrenalina bombeando suas veias.
- Draco é inteligente, vai conseguir se virar. Ele sabe Oclumência, não é? Pode dar um jeito... Precisamos acabar com isso...
- Harry! – Hermione apareceu, correndo junto a Rony, ambos suados e com os rostos sujos de poeira. – Tentamos tirar as pedras, mas então nos lembramos da passagem e... – ela parou olhando para , o olhar hesitante.
- Está tudo bem! – Harry tranquilizou-a.
Black deu um sorriso sem graça, olhando para a marca que tinha deixado no braço da melhor amiga. Aquele pensamento a fez sentir-se mal, não sabia se ainda eram, de fato, amigas.
Talvez Granger a odiasse, tinha motivos para isso.
- Eu sinto muito...
- Não é hora para isso, temos que ir á Casa dos Gritos, lembram? – Harry reclamou exasperado.
Queria poder parar e aproveitar o momento, aproveitar que estava novamente ao seu lado, mas aquela, realmente, não era a melhor hora para aquilo.
- Vocês vão. – a loira virou-se decidida, encarando os olhos verdes por alguns segundos.
- O que? – os três gritaram ao mesmo tempo.
- Temos uma chance maior se vocês seguirem sem mim, volto com Draco e finjo ainda estar te procurando. Podemos dar um jeito em Dolohov. As chances são maiores desse jeito!
- Você não vai se afastar, passamos meses longe. Eu passei meses sem saber como você estava, , você vai ficar conosco agora! – Harry protestou convicto, segurando-a pela mão, dando passos apressados para às escadas.
- Potter! – ela falou em voz alta, autoritária, soltando-se dele – Nos encontramos mais tarde, faça o que vocês precisam fazer na Casa dos Gritos, nos encontramos depois. Se algo acontecer com Draco à culpa será minha! Eu pedi para ele me ajudar, lembra?
- O babaca do Malfoy pode se virar sozinho, Harry tem razão, não podemos nos separar agora! E você sabe de muita coisa, pode nos ajudar... – Rony argumentou, olhando para os lados agitado.
- E se alguém nos vir juntos?
- tem razão, precisamos raciocinar aqui, deixar as emoções de lado! – Mione suspirou, as duas amigas se olharam. Hermione se aproximou abraçando-a com força – Tome cuidado, nos encontramos no Salão Principal, ok?
Harry não teve tempo de gritar ou protestar, pedir para que ela ficasse.
apenas sorriu para ele abraçando-o rapidamente antes de correr de volta pelo corredor.
O garoto fez menção de segui-la, mas Granger o segurou.
- A casa dos gritos, Harry!

Os três passaram correndo pelas escadas, deixando tudo ao seu redor para trás.
Lançando feitiços sempre que necessário, e ajudando os amigos como podiam; Inclusive azarando Greyback quando ele atacou Lilá Brown.
Não puderam fazer muito mais enquanto corriam, com a Capa da Invisibilidade cobrindo-os parcialmente.
Viram Grope andar pela propriedade, enquanto Comensais tentavam derrubá-lo, sem sucesso.
O gigante gritava por Hagrid, até começar uma briga violenta com outro gigante, muito maior que o primeiro.
Pararam em frente ao Salgueiro Lutador, encaminhando-se pela passagem secreta até a Casa dos Gritos. Chegaram de forma silenciosa, escorando-se pelo local, até encontrarem um esconderijo que os permitisse ver e escutar tudo o que acontecia; Voldemort conversava com Snape.
Questionava a Varinha das Varinhas, precisava de respostas e, aparentemente, Snape era o único que poderia solucionar o problema...

Black chegou a tempo de encontrar Rodolfo e Draco conversando, o loiro tentando explicar que os dois quase pegaram os amigos de Potter, Weasley e Granger, mas a Sangue-Ruim derrubou a parede antes de conseguirem. Não sabia se a prima estava bem, e então seus olhos focaram a garota logo atrás do homem, fazendo sinal de silêncio com o dedo.
Lestrange dizia para afastarem as pedras e procurarem por eles, se encontrassem os amigos de Potter, encontrariam Potter. Draco concordou com a cabeça, virando-se e apontando a varinha para o amontoado de pedras, pela visão periférica avistou Victoria e Dolohov se aproximando com rapidez, as vestes sujas e empoeiradas, os cabelos bagunçados.
Os dois passaram pelo corredor em frente ao que estava escondida, mas não o suficiente para que Victoria não notasse. A mulher levou a mão aos lábios, pedindo silêncio para a filha, antes de apontar a varinha para Dolohov.
encarou-a surpresa ao notar o feitiço não-verbal que a mãe usou no bruxo, apagando parte de suas memórias.
Dolohov piscou confuso por um instante, olhando para a mulher sem saber o que acontecia. - O que...? – Rodolfo começou olhando.
- Potter! – gritou, aparecendo pelo corredor, correndo, fingindo estar sem fôlego – Potter está usando a Capa de Invisibilidade! Eu o vi! – disse em meio a respirações pesadas.
- É claro que ele estaria com sua capa! Temos que encontrá-lo, levá-lo para o Milorde! – Victoria disse no mesmo tom urgente, atraindo a atenção do cunhado. – Vamos, vocês dois vão encontrá-lo!
e Draco acenaram com a cabeça em concordância, entrando pelo corredor a esquerda, distanciando o máximo que podiam dos três.
- O que foi que aconteceu? - Malfoy questionou em voz baixa, passou a língua pelos lábios secos, parte de si ainda confusa com o que tinha visto.
- Victoria está do nosso lado.
Draco a encarou por um segundo, antes de concordar com um aceno e voltar a olhar para frente;
- O que você acha que vai acontecer quando descobrirem?
- Prefiro não estar perto quando isso acontecer! – respondeu enquanto desciam as escadas, queria poder encontrar com os amigos, mas sabia que estariam mais seguros longe dela naquele momento.
- O que faremos?
Os dois se olharam por breves momentos, virando-se para a batalha que ocorria por todos os lados. Viam corpos caídos ao chão, não quis parar o olhar em nenhum, com medo de reconhecê-los.
Continuaram andando, infiltrando-se na batalha, vez ou outra lançando feitiços em Comensais, tomando cuidado para não serem pegos.
Escutaram um terrível grito, e Harry viu o rosto de Snape perder a pouca cor que tinha, ficando branco, seus olhos arregalando-se, enquanto a cobra enfiava suas presas no pescoço do homem. Snape não conseguia mais empurrar a gaiola para longe de si, seus joelhos falharam e ele caiu no chão.
- Me arrependo disso. – disse Voldemort, frio.
Entretanto, quando ele se virou, não havia tristeza nele, nem remorso.
Era hora de sair dali e ir à caça, com uma varinha que agora iria funcionar completamente.
Estava pronto agora, pronto para o garoto.
Esperaria por ele, sabia que Potter viria.
O tolo importava-se demais com os amigos para fugir, para esconder-se.
Conhecia Harry Potter bem demais, sabia que ele tentaria ser o herói, tentaria detê-lo, ou morreria tentando.
Voldemort sabia que era ele quem deveria matar o garoto, o escolhido, mas chegou a desejar que não fosse ele.
Queria ver a luz deixar os olhos verdes do garoto, mas pelas mãos de .
Um sorriso brotava em seu rosto ao pensar nisso.
Queria ele mesmo ver a reação de Potter ao ver sua namorada tentando matá-lo.
Seria mais divertido, talvez ele deixasse Black divertir-se um pouco, antes dele finalizá-lo.
Voldemort passou pela porta com Nagini ao seu lado, deixando Snape agonizando ao chão, sem olhar para o bruxo uma segunda vez; Snape tinha sido útil, mas Voldemort era o único que poderia viver para sempre, e não se importava com quem tivesse que matar para conseguir seu objetivo.
Não importava-se com quem precisaria morrer, para que ele se tornasse o maior bruxo de todos.

Harry aproximou-se de Snape, o homem tentava estancar o sangue de seu pescoço sem sucesso, não sabia o que sentir naquele momento;
Achava que estaria feliz quando Severo morresse, ele tinha matado Dumbledore!, mas não era isso que sentia, não parecia nem mesmo sentir.
Apenas aproximou-se, colocando a própria mão sobre o ferimento do ex-professor.
O homem fez um som terrível pela boca, tentando falar com Harry, mexendo a mão, puxando-o para mais perto.
- Pegue... Isso... Pegue... Isso.
Algo além de sangue saída de Snape; azul prateado, nem gás nem líquido.
Saia de algum lugar entre sua orelha e sua boca, e Potter soube o que era no mesmo instante, mas não sabia o que fazer – um frasco, conjurado de algum lugar, foi enfiado em sua mão por Hermione. Harry colocou a estranha substância dentro dele com sua varinha.
Quando o frasco estava cheio até a borda, Snape olhava e pensava, mas não havia mais sangue nele, o aperto na camisa de Harry afrouxou.
- Olhe... para mim... – sussurrou fracamente.
Os olhos verdes encontraram os negros, mas depois de um segundo, algo desapareceu do segundo par, deixando-o fixo, incompleto e vazio.
A mão segurando Harry caiu no chão e Snape não se mexeu mais.

Harry permaneceu ajoelhado ao lado de Snape, observando-o quando, de repente, uma voz alta e fria falou tão perto deles que Harry levantou-se de sobressalto com o frasco apertado em suas mãos, achando que Voldemort tinha entrado na sala novamente.
A voz do Lorde das Trevas ressoou pelas paredes e pelo chão, e Harry percebeu que falava para Hogwarts e para toda a redondeza, para todos os residentes de Hogsmeade e todos que ainda lutavam no castelo, de forma que todos pudessem ouvi-lo claramente, como se estivesse falando bem ao lado das pessoas, sua respiração bem atrás de seus pescoços, como um sopro de morte.
- Vocês têm lutado – disse a voz alta e fria, - valentemente. Lorde Voldemort sabe valorizar bravura. Entretanto, vocês têm enfrentado grandes perdas. Se continuarem resistindo, vocês todos morreram, um por um. Eu não desejo que isso aconteça, cada porção de sangue mágico derramado é uma grande perda. Lorde Voldemort é misericordioso. Eu ordeno que minhas forças voltem imediatamente. Vocês têm uma hora. Disponham seus mortos com dignidade, cuidem de seus feridos. – houve um segundo de silêncio antes da voz voltar – Agora eu falo, Harry Potter, diretamente com você. Você tem permitido que seus amigos morram no seu lugar ao invés de você mesmo me enfrentar. Eu esperarei por uma hora na Floresta Proibida. Se, ao final dessa hora, você não tiver vindo até mim, não tiver se rendido, então a batalha recomeçará. Desta vez, eu mesmo entrarei na luta, Harry Potter, encontrarei você e punirei todos os últimos homens, mulheres e crianças que tentarem te esconder de mim. Uma hora.
Rony e Hermione sacudiram a cabeça freneticamente, olhando para Harry.
- Não escute ele!
- Vai dar tudo certo, - Hermione continuou descontrolada – Vamos, vamos voltar para o castelo, se ele foi para a floresta, precisamos pensar em um novo plano...
Eles se arrastaram de volta pelo túnel, sem conversar.
Harry se perguntava se os amigos continuavam escutando a voz de Voldemort ressoar em suas mentes, como na dele.
Ele tinha deixado os amigos morrerem por ele, tinha deixado todos lutarem... Se sacrificarem...
Aquela luta era dele, ele poderia dar um fim em tudo aquilo.
Tinha tempo demais que pessoas morriam por causa de Voldemort e seus seguidores, Potter não poderia deixar isso acontecer novamente.
Enquanto caminhavam pelos jardins, vendo corpos espalhados, o garoto perguntou-se o que teria acontecido com ; se ela estava esperando por ele no Salão ou tinha ido à Floresta com os outros Comensais, e no quanto era perigoso tudo aquilo.
Não devia tê-la deixado se afastar novamente, não depois de todos aqueles meses nos quais estiveram separados.
Não depois de saber tudo o que tinha acontecido.

Harry subiu as escadas, vendo o sangue espalhado pelo chão, sentiu seu estômago embrulhar.
Seus olhos procurando a única pessoa que poderia acalmá-lo naquele momento.
Olhou para todos os lados, tentando encontrá-la, queria perguntar para alguém se a tinham visto.
Precisava saber se ela estava bem.
O Castelo encontrava-se anormalmente silencioso, não havia flashes de luz, nenhum estrondo ou gritos agora.
- Onde está todo mundo? – sussurrou Hermione.
Rony liderou o caminho até o Salão Principal, Harry parou na porta.
As mesas das Casas tinham sumido e o Salão estava lotado; Os sobreviventes se encontravam em grupos, seus braços em volta dos pescoços uns dos outros. Os feridos estavam sendo tratados em uma plataforma por Madame Pomfrey e um grupo de ajudantes.
O centauro Firenze era um dos feridos; incapaz de se levantar.
Os mortos estavam deitados em fila, no meio do Salão.
Harry não conseguia ver o corpo de Fred, porque a família estava toda em volta dele; Jorge estava ajoelhado, próximo à cabeça do irmão, a Sra. Weasley estava debruçada no peito do filho, e seu corpo tremia. O Sr. Weasley acariciava-lhe os cabelos ruivos, enquanto lágrimas caíam por suas bochechas.
Sem dizer uma palavra ao amigo, Rony e Hermione se afastaram.
Harry viu Mione se aproximando de Gina, que tinha o rosto inchado e manchado, a abraçou apertado. Rony se juntou a Gui, Fleur e Percy, que colocou seus braços sobre os ombros de Rony.
Quando Gina e Mione moveram-se para mais perto do restante da família, Harry teve uma visão clara de quem estava deitado próximo a Fred;
Remo e Ninfadora, pálidos, pareciam em paz, como se estivessem dormindo sob o escuro e encantado teto. As mãos do casal estavam juntas.
Harry cambaleou de volta para a porta do Salão, o qual parecia muito distante naquele instante. Potter não conseguia respirar direito.
Não suportava olhar para os outros corpos, ver quem mais tinha morrido por ele.
Não podia se juntar aos Weasley, não podia olhá-los nos olhos, uma vez que se tivesse desistido e se entregado da primeira vez, talvez Fred nunca tivesse morrido…
Ele se virou e seguiu pela escada de mármore, Lupin, Tonks...
Ele queria não sentir.
Desejava poder arrancar seu coração, suas entranhas, tudo estava gritando dentro dele...
Harry ainda não tinha visto , ela não estava junto dos Weasley e em nenhum local que tinha percorrido o olhar, talvez estivesse na Floresta junto dos Comensais...
Um arrepio perpassou por seu corpo, o medo de que algo pudesse ter acontecido à garota...
Era como se seu coração estivesse preso, sendo apertado contra seu peito, esmagado.
Precisava tirar todo aquele misto de sentimentos e imagens de sua cabeça.
Queria correr o mais rápido que suas pernas lhe permitissem, achar e sumir com ela para um lugar seguro, deixando tudo aquilo para trás, mas ao invés disso, Harry seguiu até o escritório de Dumbledore, nem sabia ao certo como tinha acertado a senha, mas não se prendeu a esse detalhe.
Parou na frente da Penseira de pedra, dentro do armário, no lugar onde sempre esteve.
Harry despejou as memórias de Snape, queria fugir para a cabeça de outra pessoa, seria um alívio abençoado... Nada que Snape tivesse deixado para ele poderia ser pior do que seus próprios pensamentos.
Harry mergulhou, esperando se livrar da sensação de tristeza e angústia...

“Você o manteve vivo para que ele pudesse morrer no momento certo?”

“Snape estava ajoelhado no velho quarto de Sirius, lágrimas caíam até a ponta de seu nariz de gancho enquanto ele lia a velha carta de Lilian.”

“Snape chegou ao lado de Voldemort, vendo seu senhor com um sorriso enviesado no rosto, o olhar do Lord estava fixo na cena mais à frente;
Remo Lupin duelava com Dolohov.
Bellatrix estava por ali também, rindo do que acontecia, girando a varinha entre os dedos, esperando sua hora de atacar.
Severo viu quando Ninfadora aproximou-se, descia as escadas correndo, indo em direção ao marido.
Snape virou-se quando ouviu a voz baixa de Voldemort, e então pode notar que aproximava-se sorrateiramente, esperando por suas ordens.
- Mate! – ordenou o Lorde, em voz baixa, sem nem mesmo olhá-la.
Snape franziu o cenho, vendo-a caminhar decidida, mal piscava.
O olhar fixo em seu alvo.
Black deu passos lentos, inclinou a cabeça, quase curiosamente, quando viu a mulher de cabelos coloridos. Ergueu a varinha que tinha em mãos e sem nem mesmo sussurrar, um jato de luz saiu por ela, acertando Ninfadora, o feitiço pegou no braço da mulher, que se virou assustada a procura do responsável...”

Harry abriu e fechou a boca várias vezes, enganou-se quando pensou que aquilo seria melhor, que o aliviaria momentaneamente.
Sua cabeça girava com aquele excesso de informações, sentia-se traído por Dumbledore, mas a última cena era a que mais o afetava no momento;
Ele precisava encontrar , nem mesmo queria imaginar o que aconteceria quando ela soubesse o que tinha feito. Torcia para que ela não se lembrasse, para que ninguém contasse. Ela não podia saber.

A loira estava ajoelhada no canto do corredor, abraçava as próprias pernas, seu corpo tremia.
Lágrimas grossas escorriam por seu rosto, balançava-se para frente e para trás, a culpa consumindo seu ser.
As lembranças voltando a sua mente pouco à pouco.
Queria poder esquecer todas elas, queria, novamente, não saber quem era.
Não precisava de nenhuma daquelas memórias, nem as boas nem as ruins.
Preferia esquecer-se, não saber o que tinha feito.
Queria não saber quem um dia tinha sido e menos ainda em quem havia se tornado nos últimos meses.
Talvez fosse melhor que nunca tivesse lembrado, que não tivesse encontrado Harry Potter. Preferia ter morrido meses atrás, quando foi pega durante o casamento de Gui e Fleur.
Preferia ter sido atacada por Nagini.
Desejava que Voldemort tivesse torturando-a o suficiente para enlouquecer por completo e não pode ser útil á ele.
Mas nada disso aconteceu, sua vida tinha saído ainda mais do seu controle.
Não reconhecia a si mesma, as lembranças que a atingiam pareciam pertencer à outra pessoa.
Ela não poderia ter feito tudo aquilo.
Ela não poderia ter se transformado naquilo.

“- Vá em frente, - disse com a voz fraca, erguendo os braços - se é isso que você quer, . Eu estou aqui, do mesmo jeito que estive todas as vezes que você esteve doente, quando era menor. Eu estou aqui, como estive quando Sirius foi levado para Azkaban. Eu estou aqui, do mesmo jeito que sei que Andy e Dora estarão para você, quando tudo isso acabar.
Black o encarou por longos segundos, sem saber ao que ele se referia.
O homem era apenas mais um borrão em sua memória, sabia apenas que ele era um nascido-trouxa, e isso era o suficiente para odiá-lo.
Ergueu a varinha apontando para o peito do bruxo;
- Avada Kedavra.
Ted sorriu calmo por um segundo, antes do jato de luz verde o atingir, soltando suas últimas palavras, antes de cair no chão, sem vida;
- Eu amo você, .”

“Ninfadora correu pelo hall, chegando à entrada do Castelo, pode ver vários Comensais duelando com alunos, professores e membros da Ordem. Aranhas enormes e peludas, e dois gigantes.
Aquilo era como um pesadelo, mas nem em seus piores sonhos imaginou que aquela cena aconteceria, e tudo piorava aos poucos.
Uns cem metros à frente, pode ver Remo duelando com um homem com capa preta, ao aproximar-se rapidamente, reconheceu Dolohov; jatos de luz disparavam da varinha do homem, assim como da de Lupin.
Tonks ergueu a própria varinha, para ajudar o marido, quando um feitiço a atingiu na lateral do corpo. Sentiu o abraço arder e, ao olhar para o mesmo, viu sangue escorrer do corte profundo que tinha acabado de sofrer. Olhou para o lado ao levar a mão esquerda ao braço direito, tentando conter um pouco do sangramento.
Remo ainda duelava mais á frente, não parecendo ter notado a presença da mulher.
Dora virou-se assustada, tentando localizar o Comensal que a acertou.
Seus olhos azuis focalizaram uma garota alguns metros mais à frente e não precisou de muitos segundos para reconhecê-la;
Os cabelos loiros estavam vários centímetros mais compridos, ela parecia mais pálida e magra do que o normal, usando uma calça jeans e regata preta.
Ninfadora sorriu radiante, encontrá-la ali, viva, era como um pontinho de esperança naquele mar de escuridão que a noite em Hogwarts havia se transformado.
Deu passos apressados até a prima, esquecendo-se da ardência em seu braço.
- !
Remo olhou para a direita ao ouvir o grito, a voz conhecida, viu a mulher de cabelos coloridos andando em direção a mais nova.
- Dora, não!
Lupin lançou um feitiço acertando Dolohov e então correu na direção da esposa, a varinha apontando para .
- Dora, não! Não é a !
- O que?
Ninfadora parou a menos de um metro da prima, que não parecia esboçar nenhuma reação ao vê-la, mas virou-se para Remo quando notou a varinha apontada em sua direção, arqueou a sobrancelha encarando o homem. Um sorriso maroto nos lábios, quase como se o desafiasse a fazer alguma coisa.
Prestando mais atenção, agora que estava apenas alguns passos de Black, Dora notou seus olhos mais escuros, a pose mais desafiadora.
Não era ela, não podia ser!
A garota apontou a varinha para a mulher, em direção ao seu peito, embora o olhar ainda estivesse preso em Lupin, esperando-o agir.
- Por favor, ... O que... Eu não vou lutar com você, eu não posso lutar com você. – Ninfadora exclamava, as mãos tremendo.
Não conseguia acreditar no que estava acontecendo, aquela não poderia ser sua priminha, a garotinha que era como sua irmã mais nova, que sempre ria de suas brincadeiras...
Simplesmente não era ela.
Dora deixou a varinha de lado, dando passos incertos em sua direção.
Bellatrix gargalhava ao lado, divertindo-se, assim como Voldemort.
Snape estava por ali, mas não tinha qualquer reação, apenas observando o desenrolar da cena. Ninfadora os ignorou, tentando atrair a atenção da prima.
- Por favor… ...
inclinou a cabeça para o lado, sorrindo maldosamente em seguida.
Viu Lupin aproximar-se apressado, sem perder a garota de vista a varinha apontada para ela. Remo não a mataria, mas não a deixaria machucar Ninfadora.
Foi nesse momento de descuido que Dolohov recuperou-se, levantando-se do chão e apontando a varinha para as costas do adversário.
- Avada Kedavra!
Tonks gritou virando-se assustada, vendo o corpo do marido tombar no gramado.
Tornou a olhar para a prima, que tinha o olhar preso no corpo caído de Remo, mas virou-se ao ouvir seu nome.
- Por favor... ... Eu te amo…
O sorriso enviesado tornou a aparecer em seus lábios, e Dora soube o que viria a seguir, fechando os olhos, ao tempo que uma lágrima escorria por seu rosto;
- Avada Kedavra!
viu a luz verde atingir Ninfadora, as lágrimas parecendo parar no rosto da mais velha, antes dela cair.
A expressão de tristeza ainda presente, embora ela já não pudesse mais sentir.
Seus olhos azuis escuros não tinham mais brilho, mas refletiam a lua e o céu acima.”

tremia e chorava tanto, que não percebeu quando alguém parou ao seu lado, sentando-se junto à ela. Virou-se quando sentiu o braço do desconhecido passar por seus ombros, Draco estava ali, olhando para frente em silêncio.
- Você sabia, não é? Sobre Ted e Dora?
Draco suspirou, concordando com um aceno.
- Ouvi Bellatrix falando para Victoria, – respondeu em voz baixa, virou-se para encará-la por alguns segundos, um sorriso leve no rosto pálido – vai ficar tudo bem, não foi sua culpa...
A garota negou com a cabeça, olhando para frente, a voz saindo falha, soluços descontrolados escapando por sua boca.
- Eu gostava, Draco... – olhou para as mãos respirando fundo – Eu não sei...
- Você mal sabia o que estava fazendo – ele cortou -, fazia o que te mandavam fazer. Achou que gostava porque fizeram parecer que era normal, não significa que você gostasse, ou que é parecida com eles… Você nem mesmo sabia quem era!
- Você sabe quantas pessoas eu torturei? Faz ideia de quantas pessoas eu matei? – fechou os olhos deixando as lágrima escorrerem por seu rosto – Não posso conviver com isso, Draco. Não posso... Não importa o motivo de ter acontecido, aconteceu. Eu matei minha própria família! – gritou culpada, sua visão estava embaçada pelas lágrimas grossas.
Malfoy parou por alguns segundos, pensando nas palavras que diria, na verdade não sabia o que falar. Entendia o que ela sentia; nunca tinha matado ninguém, mas a simples ideia de tirar uma vida o atormentava. Lembrava-se de como tinha sido o ano anterior, da pressão que passou na Escola, o medo constante de fracassar em sua missão e assistir seus pais morrerem por sua culpa.
- Você não fez isso racionalmente, você nem mesmo sabia que eles eram da sua família... Você nem mesmo sabia quem era você.
- Sabe quanto tempo passei torturando Ted antes de matá-lo? Apenas por ser nascido-trouxa? Sabe quantas vezes ele pediu para eu parar? Quantas vezes tentou me fazer lembrar? A última coisa que ele me disse, foi que me amava! Ele disse isso mesmo sabendo que eu iria matá-lo! - fechou seus olhos com força, sua respiração descompassada, a dor em seu peito a consumindo - Você tem noção do que eu fiz com meus amigos? Eu poderia ter matado Hermione, assim como fiz com Dora...
Draco tornou a abrir a boca para tentar achar um meio de justificar aquelas ações, mas não conseguira pensar em nada.
Ouviram passos na escada após alguns instantes, ambos olharam para cima em tempo de ver Harry descendo, não parecia nem um pouco animado e demorou alguns segundos para focar sua visão nos dois. E então Potter reparou nos olhos , vermelhos e inchados, as lágrimas escorrendo pelo rosto de .
Aproximou-se, quase ignorando a presença de Malfoy – não que tenha feito por mal, mas não gostava de ver sua garota daquele jeito.
Harry ajoelhou-se na frente da menina, passando os braços desajeitadamente por seu corpo, abraçando-a com força.
- Vai ficar tudo bem. – falou em voz baixa, ouviu-a respirar fundo antes de devolver o abraço, encostando o rosto no pescoço de Harry, ás lágrimas molhando a pele do garoto.
Draco olhou-os juntos por alguns segundos, não tinha nada que pudesse fazer ali que Potter não faria, provavelmente melhor do que ele. Levantando-se seguindo pelo corredor, afastando-se lentamente, após acenar com a cabeça para o outro, despedindo-se em silêncio.

Harry afrouxou o abraço após alguns minutos, queria aproveitar mais aquele momento, desejava poder ficar junto dela por muito mais tempo, por toda sua vida se possível.
Potter quase sorria ao lembrar-se de tudo o que já tinham passado juntos.
Todos os sorrisos que compartilharam, as vitórias que comemoraram, as cervejas amanteigadas que brindaram, todos os castigos que dividiram, todas as vezes que estiveram ali um para o outro, fosse com palavras, olhares ou abraços.
Lembrava-se como se tivesse sido ontem o momento exato no qual percebeu que realmente gostava dela, que gostava desde sempre, mas até então aquilo tinha passado despercebido; estava tão bonita na noite do Baile de Inverno, e sorriu animada para ele quando os dois dançaram juntos uma música d’As Esquisitonas.
Lembrava-se bem da vontade que teve de bater em Diggory quando viu os dois aos beijos.
Pensando bem naquele momento, tudo parecia bem mais fácil quando o maior problema que tinha era lidar com suas ondas de ciúmes sempre que via e Cedrico juntos.
Na verdade, não entendia bem por quê tinha ido com ele ao Baile, nem o motivo de ter saído com ele durante o quarto ano.
Queria perguntar se as coisas teriam sido diferentes, se ele a tivesse convidado primeiro.
Talvez ele tivesse feito alguma coisa no Baile, talvez tivesse a beijado.
Eles poderiam estar juntos desde aquele ano, teriam aproveitado mais o tempo que tiveram juntos.
Também gostaria de perguntar se o que ela sentiu por Cedrico era o mesmo que sentia por ele.
Harry percebeu estar atraído por Cho e a beijou no quinto ano, mas foi diferente; nunca sentiu o mesmo pela garota da Corvinal, nem mesmo chegava perto. Com Cho ele não sentia o ar faltar, as mãos formigarem ou o arrepio em sua nuca, mas admitia que tinha sido legal sair com ela.
, por outro lado, sempre conseguia todo tipo de reação dele, boas e ruins.
Várias das vezes que sentiu-se extremamente triste e miserável, tinham sido por causa dela; por terem brigado ou porque ela estava triste e ele sabia que não poderia ajudar.
E a maioria das vezes que se sentiu mais feliz em sua vida, também estava ao seu lado.
Black lhe causava tantas sensações diferentes que ele nem mesmo sabia como poderia sentir toda aquela mistura, fosse quando ela o abraçava ou sorria para ele, fosse quando fazia qualquer coisa que o deixava estranhamente nervoso e feliz. Parecia que bastava a garota sorrir para ele, ou rir próxima a ele que seu dia mudava da água para o vinho.
Deus, como ele gostava daquele sorriso, parecia iluminar seu dia.
Gostava da cumplicidade que os dois tinham, que sempre tiveram.
De como não precisavam de muitas palavras para entender-se, mesmo quando ele tinha sido burro o suficiente para achar que ela tinha mentido para ele sobre Sirius.
A falta que ele sentiu dela durante aquelas semanas não poderiam ser descritas em palavras.
Muito menos a mistura de sensações quando ele a beijou...
Aquilo, definitivamente, foi o ponto alto de sua vida em Hogwarts!
A alegria que sentiu ao ganhar a Taça de Quadribol no terceiro ano, não chegava nem aos pés da felicidade que o atingia quando ele a beijava.

Ouviu o suspiro alto ao seu lado e virou-se para , as lágrimas já não caiam por seus olhos, aos poucos secavam em seu rosto pálido.
Potter olhou bem para a garota, reparando em todos os detalhes que podia, encarando-a como nunca tinha feito antes; o cabelo loiro cresceu muito desde o casamento de Gui e Fleur.
estava mais magra, mais pálida, parecia debilitada, mas ao mesmo tempo em que tinha um ar quase doente, parecia também mais forte.
Sempre admirou a força dela, a forma como ela sempre se colocava em risco pelos amigos, fosse físico ou apenas castigos dados por Snape.
Sempre gostou da forma como ela via o lado positivo das coisas, dizendo a coisa certa; não o que era correto, mas o que lhe faria bem.
Como no segundo ano, quando todos o acusaram de ser o herdeiro de Sonserina, quando ele mesmo desconfiou de si, lá estava ela, disposta a passar a noite acordada com o amigo, apenas para confirmar que ele não tinha feito nada errado.
Como tantas vezes que ela o ajudou, fosse com os estudos (mesmo que nenhum deles fosse tão bom quanto Hermione), fosse com as atividades extra-curriculares.
Rony uma vez disse que os quatro, de alguma forma, se completavam; Wasley era quem sempre fazia Hermione rir e descontrair um pouco dos estudos, e Mione era quem o fazia pensar nas consequências de seus atos e ter alguma responsabilidade. Da mesma forma que era a força que Harry precisava para seguir em frente, e Potter trazia a confiança que muitas vezes ela não tinha.
E os dois sempre eram impulsivos demais.
Na verdade, Potter pensou sobre o assunto inúmeras vezes nos últimos meses;
A falta que a garota lhe fazia, não apenas porque ele queria beijá-la, mas também por sua companhia. era a parte favorita de Harry. Ela o fazia lembrar-se de coisas boas, e de sempre buscar o melhor mesmo nas piores horas.
Ela era o elo dele com as boas memórias, e a falta que sentia dela podia ser comparada com a sensação trazida pelos Dementadores, embora não roubasse sua esperança, de alguma forma, que Potter ainda não conseguia explicar, a falta dela o fazia duvidar de si mesmo e de um futuro melhor. De algum modo, em algum momento em que o garoto não saberia precisar quando, Black passou a ser não apenas sua amiga, ou a garota que ele queria ter ao seu lado, mas também sua segurança.
era a parte mais próxima de uma família que Harry tinha, e imaginar-se sem ela em sua vida o fazia sentir uma dor física.
Como se seu coração estivesse apertado demais para bater normalmente e a vontade de chorar não tivesse fim.
Já para a garota, Harry significa tantas coisas que ela não conseguia definir em ordem de importância, mas ao mesmo tempo sabia que desde a morte de Cedrico e Sirius, Harry era tudo o que ela tinha. E mesmo antes disso, Harry era seu porto seguro desde que ingressou para Hogwarts.
Da mesma forma que a presença do garoto trazia segurança e felicidade, sua ausência a fazia sentir-se vazia de várias formas.
Mas, no momento ela sentia-se suja por tudo o que tinha acontecido nos últimos meses, sentia-se responsável por tudo o que tinha feito e nada que a dissessem, mudaria suas atitudes.
Podia ter sido torturada e enfeitiçada, mas no fundo sentia que realmente gostava do que tinha feito.
Era quase como se parte de si tivesse finalmente se sentido livre, a raiva que a consumia desde a morte de seu pai parecia sumir toda vez que ela apontava sua varinha para alguém.
Seus medos e incertezas não existiram durante os últimos meses.
Não sentiu falta de Diggory ou Potter.
Não sentiu a perda do pai.
Não sentiu nada. Tudo o que fazia era voltado a sua lealdade a Voldemort, e só isso importava-lhe.
Não precisava de ninguém e não se importava com ninguém que não fosse ela mesma e seu mestre.
Ao pensar sobre isso, afastou-se de Harry, suspirando e voltando a cruzar os braços sobre o peito, olhando para as próprias pernas;
Não sentia-se digna de ter Harry ao seu lado, não achava certo ser consolada por ele, ou por qualquer outra pessoa.
- Você já sabe, não é? Sobre a Tonks...
O sussurro fraco da garota chegou aos seus ouvidos, ele apenas concordou em silêncio, sem saber o que dizer para tentar amenizar a dor dela.
- Você não teve c...
- Eu gostaria de acreditar nisso. – devolveu sem deixá-lo terminar sua frase.
Sentia os olhos arderem e a vontade de chorar voltar a apertar seu peito, mas ao invés disso respirou fundo, passando as mãos pelo rosto, e levantando-se, estendendo a mão esquerda para Potter.
O rapaz a olhou com o cenho franzido, momentaneamente confuso.
- Não vou compensar meus erros se ficar sentada aqui, chorando. Vamos terminar logo com isso, Harry, você ainda não derrotou Voldemort!
Potter piscou atordoado, as ideias começando a clarear em sua mente.
Sorriu de lado, antes de pegar na mão estendida da garota, levantando-se apressado, começando a andar pelo castelo.
- Quantas faltam?
- Duas. A cobra e... – respirou fundo antes de olhar para ela – Eu.
Baixou o olhar, quase como se estivesse se desculpando.
A garota parou de andar, virando-se para ele, aos poucos entendendo o que ele queria dizer.
Passou a mão pelos cabelos bagunçados e com um suspiro longo, acabou concordando com a cabeça, sentiu seu coração apertar novamente.
- Sabemos o que isso significa, não é? – perguntou ansioso.
parou ao seu lado, antes de cruzarem o corredor, Harry virou-se para olhá-la, esperando alguma resposta milagrosa para tudo aquilo.
Para sua surpresa, no entanto, ela atirou-se aos seus braços, puxando-o com força.
Harry não demorou dois segundos para devolver o abraço, da forma mais demorada que pode, tentando aproveitar aqueles segundos tão preciosos.
- Não era tudo mais fácil quando pensávamos que papai era um Comensal? – ouviu-a soprar contra seu pescoço, fazendo-o rir levemente.
- Ou quando Trasgos eram a única coisa que invadiam Hogwarts? – devolveu da mesma forma, acariciando os cabelos emaranhados de .
Quando deu por si, Harry já estava próximo o suficiente para sentir a respiração da garota batendo contra seu rosto, antes de seus olhos se encontrarem e seus lábios se encostarem mais uma vez.
Potter quis aproveitar cada sensação que, ao mesmo tempo em que pareciam novas, também eram velhas conhecidas quando se tratava de .
Queria gravar em seu cérebro o gosto dos lábios dela, e a sensação de ter as duas línguas juntas. Quis gravar cada detalhe dela e a sensação de ter seu corpo arrepiado com os toques da garota. Queria lembrar-se de como seu coração disparava e suas mãos tremiam quando ela se aproximava dele.
E quis perder-se por horas em meio aquele abraço e aos beijos que compartilhavam naquele instante.
- Acho que só agora me dei conta do quanto realmente senti sua falta, Potter.
- Eu senti sua falta o tempo inteiro.

Os dois desceram a escadaria de acesso a Entrada Principal do castelo, enquanto Harry resumia rapidamente o que tinha acontecido com as outras Horcruxes e, juntos, tentavam elaborar um plano para matar Nagini, dando a Harry uma chance maior.
- Você não pode ir junto, se algo der errado eles vão saber que me ajudou. É arriscado demais.
- Eu sou a única que pode colocá-lo frente a frente com Riddle, Harry. Ele confia em mim. É a melhor chance que temos no momento!
Potter estacou no mesmo instante, negando com a cabeça.
- Não precisamos acabar os dois mortos!
Black virou-se para ele, um sorriso triste nos lábios ao fitá-lo.
- Você é tudo o que eu tenho Harry, acha mesmo que vou deixá-lo terminar isso sozinho?
- Mas...
- Acha mesmo que eu terei uma vida normal quando tudo isso acabar? Como vou chegar para Andy e dizer que vi Lupin morrer e não fiz nada para impedir? Como vou dizer que torturei Ted e matei Dora? Isso é o mínimo que devo a eles Harry, que devo a todos.
- HARRY! SAM! – viraram-se ao ouvir o grito de Hermione, vendo-a subir junto a Rony. – O que...? Por que essas caras?
- Eu sou a última Horcrux, Mione. – Harry falou rapidamente, não dando atenção para a exclamação de Rony. Olhou para Granger, que mordeu o lábio inferior por algum tempo, baixando o olhar em seguida. – Você já sabia, não é?
- Desconfiei... Essa ligação entre sua mente e a mente dele...
Potter deu um sorriso de lado, colocando as mãos no bolso da calça.
- Você é a bruxa mais inteligente da sua idade, sabia disso?
Os quatro riram baixo, tentando de alguma forma aliviar o estresse e tensão do momento.
- Qual é o plano? – Rony perguntou após alguns instantes, quando as risadas, aos poucos, acabaram.
- Preciso me entregar.
- O QUE? NÃO, HARRY!
- É o único jeito, Rony. Eu devo morrer, e Riddle é quem deve me matar. É algo importante, Dumbledore queria que eu soubesse...
- Você só pode estar brincando!
- Harry...
- No fundo, sei lá... Acho que meio que esperava por isso, entendem? Depois de todos esses anos... De tudo o que aconteceu... Até que faz algum sentido, não é?
Rony continuou negando com a cabeça.
Mione tinha os olhos cheios d’água e os lábios trêmulos, enquanto segurava o choro.
parecia não quer pensar sobre o assunto, olhando o pouco movimento ao redor, enquanto alguns alunos e professores iam e voltavam dos jardins, carregando mais corpos.
- Quer dizer que... Talvez tenha outro jeito...
- Não tem outro jeito, Rony. Nunca teve, agora eu entendo isso. – suspirou olhando para a garota em silêncio. – É melhor terminar com isso logo, já teve gente demais ferida...
- Mas Nagini... – Mione começou, passando a mão pelo rosto e ignorando a vontade de chorar. – Não adianta você se entregar Harry, precisamos de um plano...
- Já temos um plano, Granger. – sorriu de lado, a voz levemente arrogante, como sempre fazia quando já tinha uma resposta pronta.
- Por que não estou surpresa? – Hermione cruzou os braços, as sobrancelhas arqueadas.
Os quatro fingiam estar tudo bem, queriam deixar as coisas mais fáceis.
Não gostavam da ideia de que, talvez, não estivessem mais juntos.
Não gostavam e não queriam aquele clima tenso, nervoso, e foi por isso que, em silêncio, assumiram posições tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão comuns para todos eles.
Naquele momento eram, novamente, apenas os quatro amigos andando por Hogwarts e planejando quebrar as regras.
Em tempos normais se seus planos saíssem errados, além dos castigos perderiam pontos para a Grifinória, mas naquele instante tudo era muito maior e assustador.
Parecia que a aura que os envolvia demonstrava isso, a tensão estava lá, assim como os medos e incertezas de cada um, por mais que fingissem estar tudo bem, por mais que desejassem que fosse só mais um dia de aula.
- Bem, qual o plano? – Granger olhou para o casal a sua frente, esperando uma resposta.
- Vocês matam a cobra. – Potter disse simples, como quem acaba de anunciar o que tem para o jantar.
- Como? – Rony questionou cruzando os braços.
- Rony tem razão, vocês não têm mais a Espada da Grifinória, não é? Isso muda tudo, Harry. – virou-se para o amigo, o cenho franzido enquanto tentava reformular o plano todo. – Não posso atacar Riddle se a cobra não estiver morta, não fará sentido...
- O que quer dizer com atacar Riddle? – Mione perguntou com a voz esganiçada.
- Foi o que eu disse! – Harry apontou com a cabeça para a outra – quer ir junto até à Floresta, sem qualquer necessidade.
- Já disse que Riddle confia em mim, posso atacá-lo depois de... Bem... – ela suspirou – Mas a cobra precisa ser morta antes, ou... – passou a língua pelos lábios novamente, a mão pelos cabelos, jogando-os para trás em um ato automático – Ou eu mato a cobra. Riddle vai estar distraído, não imaginaria nenhum dos Comensais atacando Nagini. Posso fazer isso, adianta o caminho de todos vocês... Não acho que tenha tempo para matar os dois, mas posso tentar... Bem, mesmo se der errado, ainda teremos Nagini morta então...
- Você está louca? Se você for até lá vai acabar morta. Os dois vão morrer.
- Vamos com vocês! – Mione informou séria, Rony virou-se para ela com os olhos arregalados.
- Por Merlin, qual é o problema de vocês três? Querem morrer?
- Isso é muito maior do que nós quatro, ruivo. Olhe em volta, olhe para o Salão Principal, quantos já perdemos? Quantos vamos perder se não nos apressarmos e acabarmos com isso de uma vez por todas?
- , infelizmente, tem razão.
- Sim, mas nenhuma de vocês duas precisam ir. Eu sou o escolhido, lembra?
- Por favor, Potter, diminua o tamanho do seu ego, o DNA do Sirius está comigo, não com você! – Black piscou sorrindo para ele quando este se virou para olhá-la.
- Mas Harry tem o DNA do James! - Hermione lembrou rindo baixo.
- E o da Lily! - replicou, colocando as mãos na cintura - Com licença, mas a Lestrange-Black sou eu. Vocês não podem competir comigo, meu ego fica ferido! - replicou irônica, antes de virar-se para Harry, voltando a seriedade que o momento pedia – Você pode até ser o escolhido, mas isso não é apenas sobre o bebê-que-sobreviveu, Raio. Sabe disso não é? De qualquer forma, acho idiota você continuar pensando que eu deixarei você ir sozinho! – deu de ombros.
Harry abriu e fechou a boca algumas vezes em uma batalha interna.
Parte de si estava agradecido por tamanha lealdade, e gostava de saber que Sa, estaria ao seu lado em seus últimos momentos. Porém, a maior parte de si, a parte sã, que tinha plena consciência do que aconteceria com a garota, estava deveras assustada com a simples ideia de ela ser pega novamente.
Se Voldemort descobrisse que ela não era mais uma fiel Comensal, morreria antes mesmo de entender o que a atingiu. E, por mais que soubesse que não teriam uma vida juntos, que não estariam mais lado a lado, porque ele estaria morto, Harry não gostava de imaginar o mesmo destino para ela.
- O que você tem em mente?

Os quatro deram um longo abraço, dizendo palavras de incentivo, desejando boa sorte.
Para Rony e Hermione, tanto Harry quanto estavam caminhando para a morte certa, ao entrarem na Floresta Proibida.
Doía em ambos não poder fazer muito mais para ajudá-los, Hermione sofria por não ter uma alternativa melhor, mas aquele parecia o único jeito de Voldemort finalmente ser destruído. E ela sabia que o casal de amigos faria o impossível para aquilo funcionar, inclusive sacrificando as próprias vidas.
e Harry despediram-se caminhando juntos, escondidos pela Capa da Invisibilidade, em direção à Floresta Proibida. Avistaram a cabana de Hagrid e vários colegas que ainda recolhiam corpos pelo terreno.
Nenhum dos dois disse nem mesmo uma palavra durante o caminho, deixando apenas suas respirações ruidosas serem ouvidas. Seus pensamentos perdidos em todas as possibilidades, em todos os possíveis erros daquele plano maluco, daquele plano suicida.
De qualquer jeito, os dois sabiam que dificilmente sairiam com vida.
Não importava qual seria o final, se Voldemort realmente seria derrotado; nenhum deles veria o desenrolar daquela história.
Apenas esperavam conseguir atrasar o máximo os planos de Riddle, e deixarem-no vulnerável o suficiente para algum dos amigos terminar com tudo.
Chegaram á uma parte silenciosa da Floresta, extremamente escura e fechada.
Era até mesmo difícil enxergar, pois a luz do luar não embrenhava-se o suficiente para iluminar seus caminhos, fazendo-os tropeçar e quase cair algumas vezes.
Black olhou uma última vez para os olhos verdes de Harry, abraçando-o com toda sua força, e sendo retribuída da mesma maneira; era ali que seus caminhos se separavam, e não sabiam se voltariam a se cruzar nos próximos minutos.
Tinham tanto para dizer uma para o outro, mas nenhuma palavra parecia o suficiente naquele instante. Era tudo muito vago, seus pensamentos se perdiam e as palavras necessárias para expressar tudo o que sentiam, não chegavam a sair por suas bocas.
Harry a abraçou pelo maior tempo que conseguiu.
Todos aqueles sentimentos estavam presos dentro dele, todas às vezes que não tinha sido capaz de explicar o que sentia, todas às vezes que não se desculpou corretamente, ou não a agradeceu o suficiente. Todas às vezes que negou a si mesmo o quanto a amava, e o quanto temia não vê-la novamente, o quanto precisava dela.
Harry Potter queria dizer tudo isso, queria, de alguma forma, mostrar tudo aquilo, dizer o quanto era importante em sua vida.
Queria dizer que ela sempre foi a única para ele, e que seus pensamentos eram todos para ela, que a única pessoa com quem já tinha se imaginado passar o resto de sua vida junto, tinha sido ela. Mas ao invés disso, Harry respirou profundamente, escondendo uma última vez o rosto contra seu pescoço, e sentindo seu cheiro.
Puxou-a para um beijo um tanto desesperado, no qual tentava mostrar tudo o que sempre sentiu por ela, mas que nunca foi capaz de dizer em voz alta.
Talvez Potter não fosse tão corajoso quanto pensava.
Quando se tratava da garota a sua frente, Harry era o maior dos covardes, pois o medo de a perder, o medo de nunca mais vê-la sorrir para ele, sempre o atingia primeiro.
sentiu os lábios de Harry contra os seus, devolvendo o beijo no mesmo instante, com a mesma intensidade. Desejava ter mais tempo, queria poder se desculpar pelos últimos meses, queria agradecer por ele não ter desistido dela.
Ela queria mostrar o quão importante ele sempre tinha sido em sua vida, e que sempre estaria ao seu lado. Quis contar às vezes que sonhou com o garoto, mesmo quando estava sob os efeitos da Maldição Imperius. Queria dizer que ela, no fundo, nunca deixou de pensar nele, nem por um instante.
Mas ao mesmo tempo, dizer que tinha lembranças do garoto, significaria confessar que, de alguma forma, ela tinha alguma consciência do que acontecia. Do quão errado era tudo aquilo, mas que ela não pareceu se importar e continuou a fazer tudo o que lhe era mandado.
Aquilo a fazia se sentir ainda mais culpada, ainda mais suja.
Agora lembrava-se de ter recuperado parte de sua memória três vezes no último ano, e das três vezes que isso aconteceu, acabou passando dias presa em um dos quartos, sendo torturada por Bellatrix e, às vezes, pelo próprio Voldemort.
Sentia o corpo arrepiar com esse simples pensamento, com essa lembrança que ainda parecia tão real, tão vívida.
Lembrava-se das vezes que desejou, que implorou para ser morta.
Tudo parecia tão mais claro naquele instante, sua cabeça ainda doía com o número de lembranças cada vez maior que surgiam. Em alguns momentos sentia-se mais confusa, sem ter confirmação do que era real ou não.
Talvez estivesse, aos poucos, enlouquecendo, não saberia dizer.
Naquele instante entretanto, naquele único momento, não se importava.
Tinha Harry Potter ao seu lado, podia sentir a respiração dele batendo contra seu pescoço, e as mãos do garoto apertando sua cintura.
fechou os olhos, respirando fundo, desejando continuar daquele jeito.
Queria pedir para que os dois fossem embora, fugissem dali, deixassem tudo aquilo para trás.
Poderiam passar a vida juntos, escondendo-se de todos, vivendo como fugitivos, mas ainda estariam juntos. Mas aquilo era tão insano quanto o pensamento de estar, de fato, enlouquecendo.
Apenas queria continuar abraçada a Harry, mas, ao invés disso, deixando seu lado emocional e egoísta de lado, a garota se afastou.
Olhou-o por um bom tempo, antes de sorrir levemente para ele, beijando-lhe a bochecha.
- Até mais tarde, Cicatriz.

Harry acompanhou com o olhar, vendo-a acenar com a varinha, fazendo uma luz mínima sair da ponta da mesma e, após sorrir para ele uma última vez, afastar-se completamente, embrenhando-se pela floresta escura. Harry acompanhou-a até perdê-la de vista, não demorando para que nem o barulho de seus passos, ele escutasse mais.
Potter sentia o próprio coração bater com força, comprimindo seu peito, dando-lhe uma sensação de desespero. Queria gritar para que voltasse, para que ela não o seguisse nesse caminho.
Harry queria desistir desse plano, queria deixá-la a salvo, mas então percebeu que isso nunca aconteceria.
Harry Potter nunca fugiria desse encontro com Voldemort.
Encontro que já estava destinado a acontecer desde aquela noite fatídica, em que seus pais se colocaram à sua frente, dando suas vidas para salvar seu filho.
Harry havia decidido fazer o mesmo; morreria para salvar as pessoas que tanto amava, seus amigos, seus colegas... Daria sua vida na esperança de que, mesmo aqueles que nunca conheceria, estariam a salvo.
Eles teriam uma chance contra Voldemort.
E, enquanto estava ali, sozinho, ouvindo apenas as batidas do próprio coração, e desejando que sua garota estivesse a salvo, Harry percebeu que, da mesma forma que ele iria se colocar em risco, pensando em todas as outras pessoas que importavam tanto ou mais que ele, faria a mesma coisa;
Ela também estava disposta a se sacrificar por algo maior do que eles.
Ela estava tão disposta quanto ele á dar um fim em todo aquele sofrimento causado por Riddle.
E ela estava tão envolvida nisso quanto ele.
Ela podia não ser A Eleita, não pela profecia, não por Voldemort, mas ela era A Escolhida entre todos os outros.
Ela sofreu tanto quanto Harry com tudo aquilo.
Enquanto Potter teve que morar com os Dursley, porque seus pais foram assassinados por Tom Riddle, Black morou com os Tonks – uma ótima família, porém não eram sua família.
Harry passou a vida sabendo que os pais estavam mortos.
passou a vida sabendo que os pais estavam presos em Azkaban, sabendo que eram Comensais da Morte. passou a vida com o fardo de ser a filha de dois seguidores de Voldemort, que mataram e torturaram diversas pessoas.
E depois, quando ficou provado que Sirius era inocente, enquanto Harry perdia o padrinho, perdia o pai.
O pai que nunca teve a chance de conviver.
Enquanto Harry era visto como um herói, o Menino-Que-Sobreviveu, ainda era vista como a Filha dos Comensais de Voldemort. No quinto ano, após a morte de Sirius, decidiu deixar o sobrenome Tonks para trás, assumindo ser uma Black, assumindo ser a filha de Sirius Black. .
Falou em alto e bom som que o sangue dele corria em suas veias, que ela era sua herdeira.
Harry viu o número de pessoas que se afastaram dela depois dessa revelação, fossem próximos ou não. Alunos da Grifinória afastaram-se dela, pediram para ele tirá-la do time de Quadribol quando se tornou Capitão.
não deveria estar na Grifinória, ela deveria seguir para a Sonserina, assim como toda a sua família.
Escutou tantos alunos dizerem que ela seguiria os passos dos pais, que seguiria Voldermort, e tantos outros dizerem que ele não deveria ser amigo dela, que tinha perdido as contas já na primeira semana da novidade.
Harry estava marcado com uma cicatriz em forma de raio, enquanto estava marcada pelo sangue que corria em suas veias e pelo nome que carregava.
E terminar com tudo aquilo era tão importante para ela quanto para ele.

Enquanto caminhava em direção à clareira, já escutando vozes altas, excitadas, sentia o coração bater apressadamente. Suas mãos tremiam de leve, e precisou respirar fundo algumas vezes, para não virar as costas e correr o mais rápido que suas pernas trêmulas deixassem, para longe de tudo aquilo.
No fundo, só queria que tudo aquilo acabasse.
Fosse como fosse, mas que tivesse um fim.
Era quase como se fosse um sonho; andava na floresta escura em direção as vozes, sabia que não deveria, que seria arriscado, mas nos sonhos nunca temos controle de nossas ações. E era exatamente aquilo que acontecia no momento, sua mente gritava, implorava para que ela desse meia volta, encontrasse com Harry e fugisse.
Seu coração por outro lado, embora estivesse apertado, a fazia sentir que aquilo era o certo.
E ela sabia que não deveria escolher o fácil, e sim o certo.
Depois de tudo o que viveu em todos aqueles anos, por mais que passasse boa parte de sua vida acreditando que seus pais tinham sido dois assassinos seguidores de Voldemort, nunca imaginou que as coisas acabariam daquela forma.
Embora tivesse sonhado tantas e tantas vezes quando pequena, com o dia que Tom Riddle viria ao seu encontro, e que, assim como seus pais, ela se juntaria à ele e aos seus Comensais da Morte, nunca imaginou que aquilo um dia aconteceria de verdade.
Sempre disse para si mesma que não seria igual aos pais, que não seria igual sua família, igual ao seu sangue.
Nunca estaria ao lado das Trevas, nunca lutaria as batalhas dele. Sempre seria diferente de tudo aquilo.
O momento mais feliz de sua vida foi quando descobriu que Sirius Black, seu pai, era inocente. Que ele nunca fora um Comensal, nunca traiu seus amigos.
Daquele momento em diante ela decidiu que seria igual ao seu pai, o homem com quem não pode conviver durante doze anos, por causa de Lorde Voldemort.
Ela seria igual ao homem que se sacrificou pelos que amava, que se manteve fiel aos amigos até o último instante de sua vida.
Nada a deixava mais feliz do que lembrar-se de seu pai.
Ela era , filha de Sirius Black!
Ela seguiria seus passos, mesmo sabendo que teria o mesmo fim que o homem.
Não deixaria Harry passar por aquilo sozinho, nem nenhum de seus amigos.
Devia isso a eles, a todos eles.
Era a forma que encontrou de desculpar-se pelo o que tinha feito nos últimos meses.
Era sua forma de pedir perdão.
E foi pensando nisso que ela terminou seu caminho, aparecendo entre as árvores e vendo dúzias de Comensais parados, em pé ou sentados, aguardando as novas ordens de seu Mestre.

respirou fundo, passou a língua pelos lábios secos respirando fundo, antes de caminhar tranquilamente até o grupo. Alguns se viraram ao escutar os ruídos produzidos por seus passos na grama alta, Voldemort entre eles.
O homem olhou-a por alguns instantes, abrindo um sorriso ao vê-la;
- Achei que tivesse nos deixado.
Black segurou a vontade de correr, ignorou a fraqueza que a atingiu por completo ao se encontrar tão vulnerável. Deu de ombros, passando a mão pelos cabelos bagunçados, antes de sentar-se em um tronco próximo, seus olhos localizaram a mulher de longos cabelos loiros, próxima a Lucius e Narcisa. As duas se encararam por um breve segundo, antes da menina voltar a encarar o Lorde.
- Não é como se estivesse muito animado por aqui, não é mesmo? Além do mais, recebi ordens suas, Milorde. - comentou parecendo entediada, brincando com a varinha em suas mãos.
Reparou quando Voldemort inclinou a cabeça, quase curioso.
- E o que tem a me dizer sobre isso? Ela suspirou, tentando parecer tranquila e re
laxada, o mais entediada possível, antes de seus olhos focarem em Nagini, dentro de uma redoma, logo atrás de Voldemort.
- Potter fugiu por baixo da Capa. E logo depois ouvi sua voz, senhor, por isso parei de procurá-lo.
- Você viu o Draco? – a voz de Narcisa chegou a seus ouvidos, antes da mulher se colocar a sua frente, parecendo ansiosa.
- Ele... Hm... – franziu o cenho olhando para os lados, achava que Malfoy também estaria ali. – Nos separamos durante a luta, não o vejo desde então.
- Será possível que o jovem Malfoy nos abandonou? – a voz de Riddle novamente se fez presente.
- Não, mas é claro que não, Milorde. – Lucius respondeu com a voz trêmula, parecendo ainda mais vulnerável que a garota.
- Muito bem, esperemos até Harry Potter aparecer.
- Por que tem tanta certeza de que ele virá, Milorde? – perguntou, genuinamente curiosa.
Se Voldemort sequer suspeitasse que Harry era uma parte de si...
- É da natureza dele, Potter não vai deixar que outros morram por ele. O garoto passou anos sob a tutela do velho, vai querer deixar Dumbledore orgulhoso... Tolo, tolo Potter.
concordou com a cabeça, tentava acalmar-se, mas seu coração parecia agitado demais para isso, tinha pedi que Voldemort pudesse escutar.
Levantou-se tranquila, ignorando sua vontade de correr e gritar, andando calmamente até perto de Voldemort, sentando-se no chão, próximo a ele e Nagini.
O Lorde das Trevas entendeu aquilo como um sinal de sua lealdade inabalável, esperava suas ordens antes de atacar quem quer que fosse necessário, sorriu brevemente com aquilo, antes de voltar a olhar ao redor, esperando por Potter.
Harry retirou o pomo-de-ouro da bolsa pendurada em seu pescoço, os dedos pareciam ainda mais trêmulos e o coração mais agitado. Tudo parecia fazer sentido naquele instante, parecia tão óbvio que quase tinha vontade de rir.
Como não tinha percebido antes?
Harry pressionou o metal dourado contra os lábios e sussurrou;
Eu estou a ponto de morrer. E então com um clique baixo, o pomo de abriu.
Potter levantou a varinha por baixo da Capa e murmurou – Lumus. A pedra negra com um corte no centro, ajustou-se nas duas metades do pomo.
A Pedra da Ressurreição tinha quebrado na linha vertical, representando a Varinha Mestra. O triângulo e o círculo que representavam a capa e a pedra ainda eram visíveis.
E, novamente, Harry chegou à resposta sem nem mesmo fazer a pergunta;
Tudo parecia tão claro naquele instante, todas as respostas pareciam fáceis.
Não tinha importância trazê-los de volta, porque estava indo ao encontro de todos eles.
Ele não os procurava. Eles é que o buscavam.
Potter fechou os olhos e virou a pedra três vezes na sua mão.
Ele soube que funcionou antes mesmo de abrir os olhos, ouviu suaves movimentos ao seu redor, parecendo frágeis corpos que tocavam o chão que marcava o limiar da floresta.
Harry Potter abriu os olhos e observou;
Eles não eram nem fantasmas nem seres vivos, podia ver isso.
Se pareciam muito com o Riddle que surgiu no diário há alguns anos, que era uma memória tornada sólida. Menos sólidos que corpos vivos, mas mais que fantasmas, eles avançaram até ele.
E, em cada um, estava um sorriso terno.

James era da mesma altura de Harry, ele usava as roupas com as quais tinha morrido, e seu cabelo estava desarrumado e levemente ondulado, os seus óculos estavam um pouco tortos, como os do senhor Weasley.
Sirius estava alto e bonito, e muito mais jovem do que Harry o conheceu, andava com graça, com as mãos nos bolsos e um sorriso no seu rosto. Harry lembrou-se da imagem que viu do padrinho na Penseira, durante seu tempo em Hogwarts, o mesmo ar despojado e levemente arrogante (o qual tinha herdado).
Lupin estava mais novo também, e muito menos desgastado. O seu cabelo estava mais grosso e mais escuro, ele parecia feliz em voltar a este lugar tão familiar e espaço de tantas aventuras adolescentes.
O sorriso de Lily era o mais largo de todos; ela empurrou os seus cabelos longos para trás, à medida que se aproximava do filho, e os seus olhos eram verdes, iguais aos de Harry. Ela procurava seu rosto ansiosamente, como se nunca mais o pudesse fazer.
- Você tem sido tão corajoso.
Ele não conseguia falar, seus olhos a fitaram e ele pensou que poderia ficar ali a olhando para sempre, e aquilo seria suficiente.
- Você está quase chegando – James avisou – Muito perto. Nós estamos... Muito orgulhosos de vocês.
- Dói?
A pergunta infantil saiu por seus lábios sem que Harry pudesse se controlar ou pensar sobre, assim como as lágrimas que começaram a cair por seus olhos, uma a uma.
- Morrer? De jeito nenhum – foi Sirius quem respondeu – Mais rápido e fácil que adormecer.
- E ele vai querer que seja rápido, Harry. Ele quer acabar logo. –
afirmou Lupin.
- Eu não queria que você morresse – afirmou Harry, novamente as palavras saíram sem que ele percebesse – Nenhum de vocês. Sinto muito... – Potter olhou para Lupin, ainda mais sentido – logo depois de ter seu filho... Remo, sinto muito.
- Sinto também, - afirmou o homem – lamento não poder conhecê-lo, mas ele saberá porquê morri e espero que entenda. Eu estava lutando por um mundo onde ele pudesse ter uma vida mais feliz.
Uma brisa gelada que parecia vir do coração da floresta, levantou os cabelos de Harry.
Ele sabia que ninguém o iria pressionar, tinha que ser sua à decisão.
E ele já a tinha tomado, Harry já tinha desistido de sua própria vida para salvar os demais.
- Vocês ficarão comigo?
- Até o fim. – James confirmou sereno.
- Eles não conseguem vê-los? – perguntou curioso.
- Nós somos parte de você – assegurou Sirius -, invisíveis para os outros.
- também não pode te ver?
Sirius sorriu negando com a cabeça.
- Eu tenho certeza que ela consegue me ver de outra forma. Eu sempre estive com ela, Harry. Assim como James e Lily sempre estiveram com você, e assim como Remo e Dora sempre estarão com o pequeno Ted. Vocês podem não nos ver, mas sempre estamos presentes. Aqui – Sirius apontou para a própria cabeça -, ou aqui.
Harry confirmou, ainda olhando para a mão do padrinho, pousada sobre o peito do homem.
O garoto olhou para sua mãe.
- Fique perto de mim. – pediu calmamente.
E ele começou a andar, o frio dos Dementadores não o dominou; ele passou por eles com os seus companheiros. Estes atuavam como Patronos e, juntos, seguiam, passando pelas velhas árvores que cresceram juntas, com seus ramos entrelaçados, as suas raízes rangeram e torceram-se a seus pés.
Harry ajustou mais a capa à sua volta na escuridão, sem qualquer ideia de onde Voldemort pudesse estar, mas confiante que o encontraria.
Junto dele, mal fazendo um som, caminhavam James, Sirius, Lupin e Lily, e a sua presença o encorajou. Eles eram a razão que o fazia continuar pondo um pé na frente do outro, assim como que estava lá, o esperando, pronta para ajudá-lo como sempre tinha feito.

Harry chegou a clareira que, reconheceu, tinha sido à casa da monstruosa Aragogue, mas seu ninho tinha sido desfeito e as aranhas expulsas.
Um fogo ardia no centro da clareira e a sua luz brilhava sobre uma multidão de Comensais da Morte, que se encontravam vigilantes. Alguns continuavam mascarados e cobertos, outros mostravam as caras. Dois gigantes sentaram-se nos arredores do grupo, suas sombras cobrindo metade do local. Harry viu Lucius, que parecia derrotado e estarrecido, e Narcisa, cujos olhos estavam dissipados e cheios de apreensão.
Todos os olhos estavam postos em Voldemort, que tinha sua cabeça curvada, e suas mãos brancas estavam cruzadas por cima da Varinha das Varinhas.
- Nenhum sinal dele, meu senhor. – disse Dolohov, juntando-se ao grupo, saindo de um lado próximo ao que o garoto se encontrava.
Nesse instante, Harry viu quando Narcisa e Victoria afastaram-se de Voldemort aproximando-se de Lucius, seus olhos verdes logo caíram em , sentada de pernas cruzadas, o tronco ereto, encostado em uma árvore próxima, tinha a varinha em mãos e o olhar fixo em Nagini.
Potter quis esgueirar-se até ela, tirá-la dali enquanto ainda tinham tempo, mas permaneceu no mesmo lugar.
Ninguém falou nada por alguns instantes, até Bellatrix – com o rosto manchado de sangue e os cabelos despenteados -, aproximar-se de Riddle, sentando-se próxima à ele.
- Meu senhor...
Voldemort ergueu a mão, silenciando-a imediatamente.
O silêncio reinou por mais alguns instantes, pareciam tão assustados quanto Harry, cujo coração batia descompassadamente, como se estivesse determinado a escapar de seu destino final.
O garoto respirou profundamente, olhando uma última vez para os quatro que o rodeavam, enquanto guardava sua Capa e varinha dentro de suas vestes. Acenou com a cabeça para James, que sorriu confiante em sua direção, assim como Sirius e Lupin. Lily sussurrou estaremos bem aqui, com você.
E Harry apertou a Pedra da Ressurreição em sua mão, antes de deixá-la cair aos seus pés.
- Eu estava, parece que... enganado. – disse Voldemort, lentamente.
- Não estava não.

Os Comensais se viraram para o lugar que a voz tinha vindo, Voldemort levantou-se devagar.
A cena parecia acontecer em câmera lenta, os seguidores olhavam de seu Mestre, para o garoto que ousava desafiá-lo.
O grito de Hagrid veio logo depois, implorando para Harry fugir, até ser calado por Rowley.
Harry olhou rapidamente para , notando um misto de apreensão e insegurança em seu rosto, porém, assim que seus olhos se encontraram, ela mudou sua postura.
Deixando as inseguranças de lado e sorrindo confiante para ele.
- Vai dar certo. - ela moveu os lábios sem emitir qualquer som.
Ele queria gritar alguma coisa como resposta, mas ao invés disso, virou-se para Voldemort.
O coração acelerado e as memórias atingindo-o com força, parecia que naquele instante seu corpo tinha desistido da ideia de morrer.
Não queria mais entregar-se de forma pacífica.
Sua mão tremeu e ele quase ergue-a em direção a sua varinha, mas concentrou-se em manter o contato visual com Tom Riddle.
Voldemort inclinou a cabeça para o lado, olhando o rapaz que estava na sua frente, um sorriso particularmente triste no canto de sua boca.
- Harry Potter. – disse ele, suavemente, sua voz saindo pouco mais alta do que um sussurro, mas todos escutaram – O Menino-Que-Sobreviveu.
Ninguém se moveu, todos esperavam por uma ordem.
Pelo canto do olho, Harry viu Hagrid amarrado em uma árvore, tentando soltar-se das amarras.
segurava sua varinha com firmeza, postando-se logo ao lado de Nagini.
Harry fechou os olhos por um instante.
Queria ter dito um eu te amo, ou qualquer coisa que demonstrasse o quanto se importava com a garota, mas não o fez e agora não teria uma nova chance.
Potter olhou nos olhos vermelhos, ele queria que acontecesse agora, rapidamente, enquanto ele ainda conseguia se manter em pé, antes de perder o controle, antes de ser traído pelo próprio medo.
Ele viu Voldemort sorrir, antes de mover a boca e uma luz verde começar a surgir da ponta da Varinha das Varinhas. Os olhos de , foram à última coisa que ele viu.

A garota olhou para os lados assustada, ninguém parecia saber o que fazer.
Tudo pareceu acontecer em câmera lenta, desde o momento em que Harry apareceu na frente de todos.
Sua vontade era de correr até o corpo caído do garoto, queria saber se ele estava bem ou... Voldemort também estava no chão, e por alguns segundos ela considerou a possibilidade de algo ter saído errado.
Era possível que o bruxo tenha matado a si mesmo quando lançou a Maldição da Morte?
Seu coração acelerou com a possibilidade de Voldemort estar morto, mas seus olhos logo se fixaram no corpo imóvel de Harry, e a alegria que começava a preencher seu peito foi substituída pelo desespero.
As lágrimas logo embaçaram sua visão.
deu dois passos em direção ao corpo de Harry, mas antes de seguir o caminho, Voldemort começou a se mexer, colocando-se em pé com a ajuda de Bellatrix.
Victoria colocou uma mão sobre seu ombro, apertando-o firmemente, ainda encarando o Lorde.
Black estacou no mesmo instante, tentando controlar a respiração e a vontade de correr para Harry.

Voldemort pareceu aflito, confuso.
Não sabia o que tinha acontecido, não tinha saído como planejado.
O garoto nem mesmo tentou se defender, diferente do que aconteceu no cemitério, três anos antes, mas assim como naquela noite, algo parecia errado.
Teria dado certo? O garoto estava realmente morto?
Riddle olhou para seus Comensais, todos parados ansiosos, esperando por novas ordens.
Viu rostos confusos, outros parecendo duvidar de seu Mestre.
Talvez começassem a duvidar de seus poderes, de sua força.
Empurrou o braço de Bellatrix, que tentava auxiliá-lo, para o lado.
Não precisava de ajuda.
Viu os Malfoy parecendo pouco à vontade com a situação, Narcisa estava aflita.
Lucius parecia nervoso, com medo.
Victoria o encarava confiante, aguardando por ordens.
Voldemort se virou para , parada poucos passos à sua frente, olhando diretamente para o garoto, com o cenho franzido.
O lorde das Trevas aproximou-se dela, colocando uma mão em seu ombro e apertando-o com demasiada força, Black travou a mandíbula o encarando em seguida.
Os olhos vermelhos encontraram os por alguns segundos, seria possível que ela tivesse recuperado suas memórias?
- Está triste? – perguntou com a voz calma, reparou na varinha firme na mão dela.
- Quero saber se ele está morto, senhor.
Narcisa adiantou-se, andando rapidamente até o corpo caído poucos metros à frente.
O momento era de pura tensão, até ela anunciar com a voz contida.
- Morto.

Harry ouviu os gritos de triunfo, a comemoração dos Comensais e a risada de Riddle.
Escutou também o choro de Hagrid ao fundo.
Quando Narcisa afastou-se dele, quis abrir os olhos e ver o que acontecia.
Queria fazer um sinal para .
Não era uma boa hora para seguir com o plano, teriam que pensar em um novo, mas ele não podia movimentar-se, nem mesmo sabia o que estava esperando naquele instante.
Ouviu passos aproximarem-se dele, mais gritos e a voz de Voldemort anunciando que andariam de volta ao Castelo, mostrariam aos tolos que Potter estava morto.
tentava pensar rápido em uma saída para a situação, mas não podia arriscar-se sem ter certeza que conseguiria matar Nagini, e a cobra estava afastada, mesmo que agora liberta do encanto que a protegia, estava ao lado de Voldemort, o qual era seguido por todos os Comensais.
Se ela pisasse em falso, morreria antes de matar.

Hagrid caminhava com Harry em seus braços, o qual fazia grande esforço para não movimentar-se, não abrir os olhos ou respirar ruidosamente.
Os Comensais os cercavam e, por alguns instantes, ele desejou que se aproximasse o suficiente para que ele lhe fizesse um sinal.
Precisavam bolar um novo plano, mas ele não sabia como isso seria possível.
Seu cérebro não parecia capaz de pensar em uma nova estratégia, Harry sentia a vontade de ver o que ocorria querer dominá-lo, e teve que usar toda sua força de vontade para continuar de olhos fechados.
- Pare.
Gritou Voldemort, e Hagrid estacou no mesmo instante, cambaleando levemente.
Riddle passou por eles, e logo sua voz pode ser ouvida, ampliada magicamente;
“Harry Potter está morto. Foi abatido em plena fuga, tentando se salvar enquanto vocês ofereciam as vidas por ele. Trazemos aqui o seu cadáver como prova de que seu herói deixou de existir. A batalha está ganha. Vocês perderam metade dos seus combatentes. Os meus Comensais da Morte são mais numerosos que vocês, e O-Menino-que-sobreviveu está liquidado. A guerra deve cessar. Quem continuar a resistir, homem, mulher ou criança, será exterminado, bem como todos os membros de sua família. Saiam do Castelo agora, ajoelhem-se diante de mim e serão poupados. Seus pais e filhos, seus irmãos e irmãs viverão e serão perdoados, e vocês se unirão a mim no novo mundo que construiremos juntos!”

Houve um silêncio geral nos jardins e no Castelo.
Voldemort estava tão próximo que Harry segurou a respiração, com medo que ele percebesse seu peito subindo e descendo.
- Venha.
Harry ouviu-o avançar e Hagrid foi forçado a segui-lo.
Potter abriu minimamente os olhos e viu Voldemort caminhando à frente, levando em seus ombros sua grande cobra. Viu Black aproximar-se rapidamente do homem, a varinha firme em sua mão, levantando-se lentamente.
O garoto quis chamá-la, mas não sabia como, não tinha possibilidade de avisá-la.
Não era uma boa hora para isso, deveriam esperar mais um pouco…

esticou o braço, os olhos fixos em Nagini, mas antes que pudesse lançar seu feitiço, uma mão gelada a segurou pelo pulso, forçando-a para baixo.
Ao olhar para o lado, a respiração acelerada, viu Victoria. Agindo como se nada tivesse acontecido, apenas seguindo os passos de Voldemort, olhando para frente, a cabeça erguida e a pose superior.
- Se controle. - sussurrou a mulher. - Não é uma boa hora.
A garota abriu a boca para respondê-la, a dúvida preenchendo seus pensamentos.
Narcisa vinha logo ao lado, cercando-a.
- Encontre Draco. - pediu, tão baixo quanto à irmã.
respirou fundo, tentando acertar os pensamentos em sua cabeça.
Não queria que Malfoy se machucasse, mas sua prioridade era outra naquele instante.
Negou com um único aceno.
- Não tenho tempo.
- Você ouviu o que o Milorde disse, - Victoria disse em bom som, atraindo atenção dos Comensais ao redor, e do próprio Voldemort - deve esperar os rebeldes para atacar. Não seja impaciente!
O bruxo virou-se no mesmo instante, um sorriso maldoso em seus lábios.
- Ora, ora, o desejo por sangue ainda não passou, não é? Venha - esticou a mão para a garota -, quero você ao meu lado, assim como o corpo de Potter. Quero que todos vejam a quem você é fiel.
arqueou a sobrancelha, dando passos lentos até Riddle, tentando controlar sua respiração que começava a acelerar novamente. Sentiu quando o bruxo colocou a mão em seu ombro, apertando-o antes de voltarem a caminhar em direção a entrada do Castelo.
Tentava o máximo que podia permanecer indiferente a tudo aquilo, mas sua cabeça estava a mil.
Por qual motivo Narcisa e Victoria tentaram ajudá-la?

- NÃO!
O grito vindo de Minerva McGonagal foi alto e estridente, a mulher colocou as mãos sobre a boca e as lágrimas começaram a brotar, molhando seu rosto sujo de fuligem.
Harry nunca pensou que a mulher pudesse produzir tal som, e sentiu-se mal por ser o responsável por isso.
Ouviu a gargalhada de Bellatrix ao seu lado, o prazer presente em sua voz.
Aos poucos os sobreviventes da batalha preencheram os degraus de entrada, gritando ao verem o corpo de Potter nos braços de Hagrid.
- Não!
- Não! Harry!
As vozes de Rony e Hermione logo chegaram a ele, fazendo-o querer gritar de volta; estava vivo, nem tudo estava perdido, pelo menos não ainda.
- ?
- Ela está viva?
O murmurinho começou tão rápido quanto os gritos desesperados por Potter, e o garoto segurou-se para não abrir os olhos, Voldemort estava a poucos passos dele.
- O que ela está fazendo?
- Ela é filha de Comensais, o que vocês esperavam?
- Ela é um deles!
- É filha do Sirius Black!
Tom Riddle riu, acompanhado por seus Comensais.
- Vejo que sua fama continua intacta. - falou em voz baixa para a garota.
arqueou a sobrancelha, um sorriso presunçoso em seus lábios, enquanto tentava ignorar as palavras que escutava.
Voldemort virou-se novamente para a multidão
- Vejam e aprendam, poderia estar morta, assim como Potter, mas ao invés de fugir como ele, ao invés de ser fraca como ele, decidiu-se por me ajudar, por me seguir. Aprender comigo. Black aceitou o poder que eu poderia oferecer-lhe, e agora, olhem para ela. - a garota deu um passo para frente quando Riddle a encarou novamente. Alguns Comensais deram mais espaço para que ela passasse, ficando ainda mais visível na frente de todos - A herdeira dos Lestrange-Black é uma das melhores seguidoras que eu tenho. Mostre a eles do que é capaz!

engoliu em seco, mantendo a respiração controlada, como nem ela mesmo saberia dizer. Seu coração batia acelerado e seu sangue pulsava com força em suas veias.
Seu sangue. era filha de Sirius Black, deveria agir como tal, deveria ter a mesma coragem de seu pai.
Deu passos precisos, ficando à frente de todos, deixando que eles a vissem.
Jogou os cabelos para os lados, mantendo a pose inabalável que aprendeu com Narcisa nos últimos meses; Nada, nem ninguém, era capaz de lhe atingir. O sorriso arrogante estava em seus lábios e a sobrancelha arqueada, tão característica nela, apareceu quando ela parou encarando a multidão, uma mão na cintura enquanto a outra segurava a varinha.
As expressões chocadas fizeram-se presentes, focalizou rapidamente o olhar confuso e amedrontado de Hermione, a dúvida era clara em sua face: voltou a ser um deles? Olhou brevemente para trás, Voldemort não cabia em si de tanta felicidade;
Tinha matado Harry Potter e tinha sua nova Comensal, pronta para servi-lo, pronta para obedecê-lo.
Viu Victoria mais ao lado, junto com Narcisa, as duas a encaravam, esperando, sua mãe sinalizou brevemente com a cabeça.
Black tornou a olhar para frente, inclinando a cabeça para o lado e rindo.
Nem mesmo entendia o motivo da risada, quando sua vontade era chorar, era de jogar-se naquele chão e implorar pela própria morte.
Tinha perdido todos que amava; Harry foi o golpe final.
Entretanto, ao invés de deixar a angústia e o desespero tomarem conta, prendeu-se a pequena esperança de fazer aquele plano dar certo;
Harry Potter não morreu em vão!
- Aceitem o inevitável. - começou a falar, dando passos lentos para o lado, olhando todas aquelas caras assustadas, chocadas - Lorde Voldemort ganhou, como todos já sabíamos que aconteceria! Vocês lutaram em nome de alguém que não é mais capaz de derrotá-lo. - passou a língua pelos lábios secos - Na verdade, Potter nunca foi capaz de vencer essa guerra, mas foi interessante assistir vocês tentarem protegê-lo, tentarem lutar. - ela parou por um instante, encarando a multidão - Não existe nada nem ninguém capaz de derrotar Lorde Voldemort. E sua última esperança tentou fugir, esconder-se. E agora Harry Potter está morto! Quem for burro o bastante para ir contra o Lorde das Trevas, terá o mesmo triste destino. - mordeu o lábio inferior, rindo baixo novamente - Eu realmente espero que muitos de vocês resistam, - ela inclinou a cabeça para o lado, parecendo inocente - deixará tudo mais divertido!

Voldemort começou a aplaudir, gargalhando junto a seus Comensais.
Harry, agora ao chão, próximo aos pés do bruxo, abriu os olhos minimamente, se não soubesse que fingia, estaria tão assustado quanto as pessoas à sua frente.
Por um breve momento chegou a acreditar que ela falava sério.
Que estava novamente ao lado de Voldemort.
- Estão vendo? - disse o homem, andando para perto da garota, a cobra deslizando para o chão. - Harry Potter está morto, e vocês também estarão se não se ajoelharem implorando por meu perdão. Black terá muito gosto de torturá-los, ela teve bastante tempo para praticar nos últimos meses, está tão boa nisso quanto Bellatrix.
Potter ouviu uma movimentação e um grito, em seguida um estampido, um gemido de dor.
Abriu os olhos novamente, alguém se destacou na multidão e investiu contra Voldemort; Harry viu o vulto bater no chão, desarmado. O grito de dor veio em seguida.
Ao mexer minimamente a cabeça, Harry visualizou com o braço estendido, a varinha apontada diretamente para o vulto.
- E quem é esse? - Riddle perguntou com o seu silvo suave de ofídio - Quem está se voluntariando para demonstrar o que acontece com os que insistem em lutar quando a batalha está perdida?
Bellatrix deu uma gargalhada prazerosa.
- É Neville Longbottom, milorde! O garoto que andou dando tanto trabalho aos Carrow. O filho dos aurores, lembra?
As risadas vierem de todos os Comensais.
- Muito bem, parece que ele deseja ter o mesmo destino dos pais… , por favor, faça as honras.
A garota olhou para Riddle e então para Neville, jogado ao chão, arfando.
Esticou o braço, olhando diretamente para os olhos do garoto.
Neville parecia decidido, não tinha qualquer vestígio de medo, a encarava, desafiando-a.
Black sorriu para ele, piscou rapidamente antes de virar-se para Voldemort.
Longbottom franziu o cenho em confusão, porém, antes que pudesse fazer ou falar algo, muitas coisas começaram a acontecer ao mesmo tempo, causando uma grande confusão e surpresa em todos os presentes.
Ouviu-se um clamor nas distantes divisas da Escola, dando a impressão de que centenas de pessoas escalavam os muros fora do campo de visão de todos e corriam em direção ao castelo, proferindo retumbantes brados de guerra.
Nessa hora, Grope apareceu contornando a quina do castelo e berrou “HAGGER!”.
Seu grito foi respondido por urros dos gigantes de Voldemort: eles avançaram para Grope como elefantes estremecendo a terra. Depois vieram os cascos, a vibração de arcos distendendo e flechas começaram repentinamente a chover entre os Comensais da Morte, que romperam fileiras, gritando, surpresos.
Harry aproveitou a distração e tirou a Capa da Invisibilidade de dentro das vestes, cobrindo-se e erguendo-se em um salto, ao mesmo tempo que Neville levantava-se, após recuperar sua varinha, apontando-a rapidamente para , que distraída com a confusão dos gigantes e centauros, nem mesmo notou quando Longbottom lançou seu feitiço.

A garota girou no ar por vários metros, perdendo a varinha que escapuliu por sua mão, ao vê-la cair com tamanha rapidez, Potter ergueu o braço, pronto para lançar um feitiço e ajudá-la, mas não foi necessário. Victoria tinha sido mais rápida, ajudando a filha antes que ela caísse de cabeça no chão de concreto, lançando outro feitiço e recuperando a varinha da garota, a mulher dos grandes cabelos loiros correu até a menina.
Harry estava seguindo para o mesmo lado, quando escutou o grito de fúria de Voldemort, que apontou a varinha para Neville, depois de ver o que o garoto tinha feito com sua Comensal.
Potter lançou um feitiço escudo, antes que a maldição de Voldemort acertasse o amigo.
Reinou o caos pelo terreno.
A investida dos centauros dispersava os Comensais da Morte, todos fugiam das pisadas dos gigantes, e, cada vez mais próximos, estrondeavam os reforços que ninguém sabia de onde tinham vindo; Harry viu grandes criaturas aladas, os testrálios e Bicuço, o hipogrifo, rodeando as cabeças dos gigantes de Voldemort, acertando seus olhos, enquanto Grope os esmurrava; e agora os bruxos, defensores de Hogwarts, bem como os Comensais de Voldemort, estavam sendo empurrados para dentro do Castelo.
Potter correu, lançando feitiços contra cada Comensal da Morte à vista, e eles caíam sem saber o que ou quem os tinha atingido, e seus corpos eram pisoteados pela multidão em retirada.
Queria certificar-se que estava bem, mas Victoria estava com ela, a mulher não faria nada contra a própria filha.
A batalha, contudo, ainda não tinha terminado; Harry disparou entre os duelistas, passando por prisioneiros que se debatiam e entrou no Salão Principal.
Voldemort estava no centro da luta, atacava e fulminava tudo e todos ao seu alcance.
Harry não conseguiu um ângulo desimpedido para mirar, então lutou para se aproximar, ainda invisível, e o Salão Principal foi lotando sempre mais, pois todos que podiam andar entraram à força. Harry viu Yaxley ser nocauteado por Jorge e Lino Jordan, viu Dolohov cair com um grito às mãos de Flitwick. Assistiu Walden Macnair ser atirado do outro lado do salão por Hagrid, bater na parede de pedra e escorregar, inconsciente, para o chão. Rony e Neville abaterem Lobo Greyback, Aberforth estuporar Rookwood, Arthur e Percy derrubarem Thicknesse, e Lucius e Narcisa Malfoy correndo entre a multidão, sem sequer tentar lutar, chamando, aos berros, pelo filho.
Draco, contrariando os gritos dos pais e seu próprio medo, permaneceu na luta, ajudando como podia os colegas, desafiando e duelando contra Comensais, aproveitando-se que os mesmos demoravam para entender que ele já não estava mais do mesmo lado de Voldemort.

O Lorde das Trevas agora duelava com McGonagall, Slughorn e Kingsley ao mesmo tempo, e seu rosto transparecia um ódio frio ao vê-los trançar e se proteger ao seu redor, incapazes de acabar com ele…
No meio da confusão, enquanto tentava aproximar-se, Harry focalizou a cabeça loira de Victoria, e ao seu lado , que voltava correndo em direção ao tumulto.
A garota tinha um filete de sangue escorrendo por seu rosto, mas não parecia o suficiente para tirá-la da ação. O grande problema era que Potter não tinha sido o único que a viu voltando, vários alunos começaram a lançar feitiços contra a garota, no mesmo instante que ela passou pela entrada do Salão.
Todos acreditavam que Black era uma Comensal, e queriam acabar com ela, matá-la, se possível.
desviava com destreza dos feitiços, se protegendo, mas sem atacar de volta. Nenhuma daquelas pessoas eram seus alvos.
Victoria, por outro lado, não aceitou muito bem quando uma Maldição Cruciatus veio de um aluno da Corvinal, em direção a sua filha; O garoto caiu no chão com força, ficando inconsciente no mesmo instante.
virou-se para a mão, as sobrancelhas arqueadas em um claro sinal de desagrado, mas Victoria não lhe deu atenção. A garota voltou a andar procurando Nagini; se a cobra não estivesse morta, Voldemort não seria derrotado.

Do outro lado do Salão, Bellatrix também continuava a lutar, a uns cinquenta metros de Voldemort e, como seu senhor, ela duelava com três de uma vez: Hermione, Gina e Luna, todas empenhadas ao máximo, mas Lestrange valia por todas juntas, e a atenção de Harry foi desviada quando uma Maldição da Morte passou tão perto de Gina que por menos de três centímetros não a matou…
- A MINHA FILHA NÃO, SUA VACA!
A Sra. Weasley atirou sua capa para longe enquanto corria, deixando os braços livres.
Bellatrix girou nos calcanhares, às gargalhadas, ao ver quem era sua nova desafiante.
- SAIAM DO MEU CAMINHO! — gritou a Sra. Weasley às três garotas, e, fazendo um gesto largo com a varinha, começou a duelar.
Harry observou com terror e animação a varinha de Molly Weasley golpear e girar, e o sorriso de Lestrange vacilar e se transformar em um esgar; Jorros de luz voavam de ambas as varinhas, o chão em torno dos pés das bruxas esquentou e fendeu; as duas mulheres travavam uma luta mortal.
- Não! - gritou a Sra. Weasley quando alguns estudantes correram, em seu auxílio. - Para trás! Para trás! Ela é minha!
Centenas de pessoas agora se encostaram às paredes observando as duas lutas, Voldemort e seus três oponentes, Bellatrix e Molly, e Harry, parado, invisível, dilacerado entre as duas, querendo atacar e ao mesmo tempo proteger, incapaz de garantir que não iria atingir um inocente.
e Victoria estavam próximas à parede, mal olhava para as duas lutas, ainda atentas esperando a melhor hora de atacar a cobra.
- Que vai acontecer com seus filhos depois que eu matar você? — provocou Lestrange, tão desvairada como o seu senhor, saltando para evitar os feitiços de Molly que dançavam ao seu redor. - Quando a mamãe for pelo mesmo caminho que o Fredzinho?
- Você... nunca... mais... tocará... em... nossos... filhos! — gritou a Sra. Weasley.
Bellatrix deu uma gargalhada, a mesma gargalhada exultante que seu primo Sirius tinha dado ao tombar para trás e atravessar o véu e, de repente, Harry previu o que iria acontecer;
O feitiço de Molly voou por baixo do braço esticado de Bellatrix e atingiu-a no peito, diretamente sobre o coração.
A risada triunfante de Bellatrix congelou, seus olhos pareceram saltar das órbitas: por uma mínima fração de tempo, ela percebeu o que tinha acontecido e, então, desmontou, e a multidão que assistia bradou, e Voldemort deu um grito.
Harry sentiu como se estivesse virando em câmara lenta; viu McGonagall, Kingsley e Slughorn serem arremessados para trás, debatendo-se e contorcendo-se no ar, quando a fúria de Voldemort, face à queda de uma de suas melhores seguidoras, explodiu com a força de uma bomba.
Voldemort ergueu a varinha e apontou-a para Molly Weasley.
- Protego! - berrou Harry, e o Feitiço Escudo expandiu-se no meio do Salão Principal, e Voldemort olhou admirado ao redor, procurando de onde tinha vindo, ao mesmo tempo em que Harry despia, finalmente, a Capa da Invisibilidade.
O berro de choque, os vivas, os gritos de todos os lados de “HARRY!”, “ELE ESTÁ VIVO!” foram imediatamente sufocados. A multidão se amedrontou, e o silêncio caiu brusca e completamente quando Voldemort e Harry se encararam e começaram no mesmo instante a se rodear.

Black aproximou-se o suficiente e, assim como a maioria das pessoas ao redor, parou para analisar a nova situação; Voldemort sorriu quando a viu por perto.
- Mostre ao Potter do que é capaz, .
A garota defendeu-se de mais uma chuva de feitiços que lhe foi lançado com extrema facilidade, o que deixou Potter impressionado, parte de si notando o quão forte ela estava, e então Victoria colocou-se ao seu lado, dando-lhe espaço e a protegendo.
Harry permaneceu parado por alguns instantes, olhando diretamente para os olhos de .
A menina passou a andar lentamente em direção a Voldemort, passando a língua pelos lábios secos, um sorriso calmo surgindo em seu rosto.
- Será um prazer, Milorde. A menina piscou rapidamente para Harry, erguendo a varinha em sua direção.
O sorriso presunçoso que apareceu em Voldemort transformou-se em um grito de fúria ao notar a rápida mudança; Em uma fração de segundos girou para o lado contrário de Potter, e o feitiço que gritou acertou em cheio Nagini, enrolada próximo ao bruxo, a qual tinha um rastro de sangue das inúmeras vítimas atacadas e mortas por ela.
O fogo cobriu o corpo da cobra, que mexia-se inquieta, agonizando até virar cinzas.
Vários gritos surpresos foram ouvidos, mas nenhum deles sobrepôs o grito de fúria vindo de Voldemort.
O ódio transparecendo em seus olhos vermelhos.
- Aliás, eu odeio quando você me chama de , Milorde.
Voldemort sibilou, erguendo a varinha para a garota, mas outro feitiço o atingiu, e não tinha vindo de Potter, embora este estivesse a postos.
Victoria puxou a filha para o lado, assumindo seu lugar, a raiva transparecendo em seu rosto.
- Ora, ora, parece que a adorada família está se rebelando. Eu deveria saber que você não seria tão forte quanto Bellatrix, não é?
A mulher continuava a encará-lo, a mão trêmula segurando a varinha, apontando para Voldemort.
Parecia que ninguém mais estava no Salão, o silêncio era absoluto.
Muitos pareciam segurar a respiração, outros continuavam com a expressão de choque, sem fazer ideia do que estava acontecendo.
Harry e olhavam de Victoria para Voldemort, as respirações descompassadas, as varinhas em mãos, sem realmente saber como agir.
Aquilo tudo tinha saído do controle.
- Deveria saber, Senhor, na verdade, deveria ter aprendido depois de todos estes anos, - Victoria deu passos lentos para o lado, - você nunca deve mexer com uma mãe! - a risada de Voldemort ecoou pelo local. encarou a mulher, o cenho franzido - Deveria ter notado isso quando tentou matar Harry Potter e Lily Evans colocou-se em sua frente. Poderia ter percebido quando Narcisa deixou de segui-lo para cuidar de Draco.
- Você agora é a mãe do ano? Se bem me lembro, você veio até mim.
- Uma forma covarde, admito, de tentar proteger minha família. Mas mesmo assim você não os deixou não é? Primeiro Sirius, e, não sendo o suficiente, foi atrás de
Voldemort sorriu, segurando a risada enquanto a encarava;
- Era de se esperar que a herdeira dos Lestrange-Black seguisse os passos do restante da família, não é mesmo? Ninguém pareceu surpreso ao vê-la mais cedo, é o destino dela, Victoria. Você não pode intervir, assim como não pode impedir a morte do seu amado Sirius…
Em uma piscada de olhos o feitiço de Victoria foi lançado, por pouco não acertando o bruxo, que a encarou surpreso, a raiva tornando a dominar seus instintos;
- Se sentem tanta falta de Sirius, podem fazer companhia a ele! Avada Kedavra! Potter urrou no segundo em que percebeu Voldemort virar-se em direção a , mas novamente não foi rápido o suficiente para evitar o raio que o bruxo lançou na direção da garota.

fechou os olhos, esperando a luz verde atingir-lhe, esperando a dor chegar e deixar seu corpo, mas não foi o que aconteceu, ao invés disso foi empurrada para o chão.
Sentiu um peso sobre si e, ao abrir os olhos, notou a cabeleira loira sobre seu rosto e o corpo inerte de Victoria, em sua última tentativa de proteger sua filha de Voldemort.

“A garota sentiu a dor no corpo a atingir com força, e algo quente escorrer por seu rosto, ao tocá-lo notou ser seu próprio sangue.
- Está tudo bem? - Victoria perguntou aflita, ao chegar até ela, curvando-se para ver se a filha estava bem, antes de ajudar a levantá-la. - Sua varinha.
pegou o objeto da mão da mulher, tornando a olhá-la, o cenho franzido em confusão, enquanto ignorava a dor em seu corpo, quando se pôs em pé.
- Por que está fazendo isso?
A mulher respirou fundo, olhando para o lado por alguns instantes.
- Eu sei o que você quer fazer, e sei o que isso significa, .
- Então, por quê? - a pergunta urgente foi feita, e em sua voz podia notar-se a desconfiança, tão clara quanto a confusão.
- Porque sou sua mãe e eu quero você fora disso. Posso não ter feito as melhores escolhas, mas eu nunca quis você envolvida com isso, nem a seu pai. Tentei do meu jeito protegê-los, eu falhei com seu pai, mas não vou repetir esse erro com você. - explicou-se, encarando-a séria por alguns instantes - Agora vamos! Estão todos dentro do Castelo. Eu te darei cobertura até você terminar o que precisa fazer.”

sentiu a vontade de chorar, e as lágrimas subiram aos seus olhos e por eles descerem, rápidas e quentes.
A verdade a atingindo e junto a ela a angústia de ter perdido mais alguém.
Finalmente entendendo o que Victoria tinha feito.
Entendeu que, assim como Sirius, a mulher só quis a proteger, escolheu o caminho contrário ao do marido, a forma errada de defender sua família, mas de alguma forma ela estava lá.
Victoria não tinha abandonado sua família como todos pensavam.
Não tinha deixado Sirius, muito menos .
De sua forma improvável, fez-se presente na vida de , fazendo tudo o que podia para garantir a confiança de Voldemort, e tentar salvar as duas pessoas que amava.
Assim como Sirius, passou anos sendo julgada de forma errada; tinha cometido seus crimes, mas tinha os feito para tentar garantir a segurança de .
Victoria tinha abandonado a própria vida, na esperança de salvar a mais nova, e, agora, sacrificou-se uma última vez pela filha.
O silêncio não durou mais do que alguns segundos.
Voldemort olhava a cena com o sorriso preso nos lábios, Harry deu dois passos em direção a garota, mas antes que desse o terceiro novamente ficou em pé, passando rapidamente a mão por seu rosto, tirando as lágrimas que por ali escorriam.
Respirou fundo antes de erguer a cabeça e encarar Riddle.
A varinha novamente firme em sua mão, e a determinação em seu olhar.
Voldemort sorriu ainda mais, o olhar psicótico presente em seu rosto ao encarar os dois.
- Mostrem-me do que são capazes.

Black e Potter trocaram um rápido olhar, antes de faíscas começarem a voar por suas varinhas em direção a Voldemort, o qual se defendia e atacava com rapidez.
Faíscas verdes foram jogadas por ele, mas ambos desviaram com agilidade.
Outras pessoas deram passos a frente, querendo ajudá-los, mas ambos gritaram para afastarem-se.
- Então vocês resolveram parar de deixar que seus amigos morressem para salvá-los? Que comovente.
- Lembra-se da profecia, não é, Tom? Nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver. Tem que ser assim! - Harry falou, parando por um instante. - Só você e eu.
Encarou que respirou fundo antes de virar-se para encará-lo, e por um instante os três pararam de duelar. Não gostava da ideia de deixar Harry terminar aquilo sozinho, mas sabia que tinha que ser assim.
Deu de ombros, um leve sorriso em seus lábios.
- Já que você é O Eleito… - deu de ombros, parecendo indiferente, embora sua mão tremesse levemente com a simples ideia de afastar-se - Faça as honras da casa, Potter. Estou entediada mesmo! - piscou para o garoto, vendo-o sorrir.
deu dois passos para trás, afastando-se deles.
Voldemort rolou os olhos, a vontade de matar a garota apareceu novamente, mas controlou-se. Primeiro mataria de uma vez por todas, Harry Potter, depois cuidaria da arrogantezinha traidora.

Ao invés de voltarem a duelar até a morte, os dois começaram a se estudar como nunca antes.
Girando em círculo em uma dança silenciosa e mortal.
Revelações foram feitas, especialmente sobre os planos de Dumbledore e o envolvimento de Snape em tudo isso, e a cada palavra proferida por Potter, Riddle sentia a raiva e o ódio consumi-lo.
Seria possível que de todos os seus seguidores, daqueles que mais confiava, apenas Bellatrix tinha sido realmente fiel?
O peito de Voldemort subia e descia rapidamente, e Harry sentiu a maldição a caminho, sentiu-a crescer no cerne da varinha apontada para o seu rosto.
- O verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas era Draco Malfoy.
Absoluto aturdimento surgiu no rosto de Voldemort por um momento, mas logo desapareceu.
- Que diferença faz? - perguntou, brandamente. - Mesmo que você tenha razão, Potter, não faz a menor diferença para você nem para mim. Você não possui mais a varinha de fênix: duelaremos apenas com a perícia... E depois de tê-lo matado, posso cuidar de Draco Malfoy…
- Mas é tarde demais. Você perdeu sua chance. Cheguei primeiro. Subjuguei Draco faz semanas. Arrebatei a varinha dele.
Harry girou a varinha de pilriteiro e sentiu convergirem sobre ela todos os olhares no salão.
- Então, a questão se resume nisso, não é? - sussurrou Harry. - Será que a varinha em sua mão sabe que o seu último senhor foi desarmado? Porque se sabe... Eu sou o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas.
Um brilho ouro-avermelhado irrompeu subitamente no céu encantado e incidiu sobre eles, quando um retalho ofuscante de sol surgiu no parapeito da janela mais próxima.
A luz iluminou o rosto dos dois ao mesmo tempo, de modo que Voldemort se tornou subitamente um borrão chamejante.
Harry ouviu o seu grito agudo quando ele próprio berrou sua grande esperança para o céu, apontando a varinha de Draco:
- Avada Kedavra!
- Expelliarmus!

O estampido foi o de um tiro de canhão e as chamas douradas que jorraram entre as duas, no centro absoluto do círculo que eles tinham descrito, marcaram o ponto em que os feitiços colidiram;
Harry viu o jato verde da maldição de Voldemort ir de encontro ao seu próprio feitiço, viu a Varinha das Varinhas voar para o alto, escura contra o nascente, girar pelo teto encantado, girar pelo ar em direção ao senhor que se recusava a matar e que tinha vindo, enfim, tomar legitimamente posse dela.
Harry Potter, com a habilidade infalível de um apanhador, agarrou a varinha com a mão livre ao mesmo tempo que Voldemort caía para trás de braços abertos, as pupilas ofídicas dos olhos vermelhos virando para dentro.
Tom Riddle bateu no chão com uma finalidade terrena, seu corpo fraco e encolhido, as mãos brancas vazias, o rosto de cobra apático e inconsciente; Voldemort estava morto, atingido pelo ricochete de sua própria maldição, e Harry ficou parado com as duas varinhas na mão, contemplando o invólucro do seu inimigo.
Um segundo arrepiante de silêncio, o choque do momento suspenso no ar, então sobreveio o tumulto em torno de Harry, quando os gritos e vivas e brados dos circunstantes rasgaram o ar; Voldemort, enfim, tinha sido derrotado.

Os quatro desciam as escadas de acesso ao escritório de Dumbledore, Harry tinha desistido da Varinha das Varinha; ela não valia a confusão que causava.
Ao passarem em frente ao Salão Principal, no qual ainda podia-se ver o grande número de colegas caídos, mortos ou feridos, Mione e Rony separaram-se de e Harry, seguindo de mãos dadas para perto dos Weasley.
Harry reparou quando Gina acenou para ele, sorridente.
Devolveu o cumprimento com um leve aceno de cabeça, antes de virar-se para Black e, juntos, começarem a subir as escadas em direção a Torre da Grifinória, queria aproveitar a calmaria para conversarem.
Sentaram-se na sala, a qual encontrava-se vazia e intacta, como se nada tivesse acontecido e os dois, mais uma vez, estivessem acordados até mais tarde, fosse para quebrarem as regras com algum plano maluco, ou apenas para conversarem durante horas.
- Você não parece muito feliz, considerando que tudo isso acabou…
sorriu de lado, sem olhá-lo.
- Você também não está com o ar de herói por ter derrotado o Lorde das Trevas!
Harry concordou rindo baixo.
- Como você está?
A garota deu de ombros, tornando a mesma pergunta como resposta e recebendo o mesmo balançar de ombros.
- Imagino que ninguém iria nos julgar se descansássemos pelos próximo três meses, não é? Acho que preciso de, no mínimo, uma semana de sono…
concordou veementemente, sentia-se exausta física e emocionalmente com tudo aquilo.
- O que você acha que vai acontecer agora?
Harry a olhou em dúvida, então virou-se para ele, o olhar perdido.
- Quer dizer… Olha em volta… Tudo o que aconteceu…
- Vamos começar de novo, todo mundo vai. Com o tempo vai ser tudo apenas uma história que as pessoas contarão às crianças… Coisas desse tipo…
Ela concordou com um suspiro alto, ainda parecendo extremamente pensativa.
- Você sabe que não foi… Sabe?
- Minha culpa? - ela sorriu triste - Eu gostaria que as pessoas parassem de dizer isso.
- Mas não foi, você não sabia o que estava fazendo!
- No fundo não faz diferença, não é? - replicou olhando-o nos olhos. - Quer dizer, eu ainda sou uma Black e, você os escutou tão bem quanto eu, Harry… Todo mundo sabe o que isso significa e quem são meus pais e...
- Isso foi antes, eles viram o que você fez. Eles sabem que você não era uma Comensal, não de verdade!
- Ainda não justifica minhas ações, e não trará nenhum deles de volta…
Potter abriu a boca, tornando a fechá-la ao notar que nada do que dissesse no momento a faria mudar de opinião.
Harry se considerava responsável, mesmo que indiretamente, pela morte de muitas pessoas queridas; sua própria família e várias pessoas que, durante os anos, colocaram-se à sua frente, protegendo-o ou o ajudando de alguma forma. Mas nem mesmo conseguia imaginar como a garota deveria estar, tinha torturado e matado bruxos e trouxas, apenas porque deveria. Mesmo que estivesse sob efeitos da Maldição Imperius, Harry entendia o motivo de ela culpar-se; tinha sido ela quem apontou a varinha, foi ela quem machucou e matou.
Não sabia se algum dia perdoaria a si mesma por tudo aquilo que aconteceu, no fundo Harry desejava que ela pudesse se esquecer, apagar aquelas memórias, fingir que era apenas um pesadelo.
Não eram lembranças que ela deveria carregar consigo.
Ninguém deveria, nunca.
- Acho que nossos pais estariam orgulhosos, acabamos seguindo seus passos não foi? Se pensarmos bem, fizemos exatamente o que eles fizeram.
passou a língua pelos lábios secos, pensando sobre aquilo.
- Meus pais se colocaram na frente de Voldemort para me proteger, eu tentei fazer isso hoje. Você se infiltrou, e mesmo com todos duvidando de você, se manteve fiel aos amigos, assim como seus pais fizeram…
- Bem, eu não me infiltrei por vontade própria, não é? - arqueou a sobrancelha, Harry deu de ombros.
- Você não precisava ter voltado hoje, e mesmo assim o fez. Foi até a Floresta e ficou ao lado de Voldemort até a hora certa…
Black franziu o cenho, pensando sobre o assunto.
Quando pequena quis tanto ser diferente dos pais, e no final era a cópia exata de ambos.
era filha de Victoria Lestrange e Sirius Black, o sangue dos dois corriam por suas veias, seu sobrenome, que antes tanto odiava, agora era a melhor parte de si.
Fazia sentir-se mais próxima deles.
Ao mesmo tempo tudo parecia mais distante e estranho, confuso.
Passou anos imaginando que Sirius era um assassino, que estava em Azkaban por ser um Comensal, e no final ele era inocente. Então teve sua mãe, que parecia tê-la abandonado, assim como a seu pai, mas no fim descobriu que ela realmente errou, mas apenas porque tentava proteger sua família.
Cresceu imaginando que seus pais não a amavam, que preferiram deixá-la de lado para juntar-se a Voldemort, precisou de tanto tempo para descobrir a verdade e, agora, novamente, não tinha nenhum deles ao seu lado. Novamente estava sozinha.

Notou quando Harry tocou em sua mão, entrelaçando seus dedos enquanto desciam as escadas para encontrar o resto dos amigos. Olhou para suas mãos juntas e sorriu, Harry parou no instante seguinte, fazendo-a parar ao seu lado no meio do corredor.
Os olhos verdes focalizaram a garota a sua frente; os cabelos compridos sujos e bagunçados, o rosto com pequenos cortes e o sangue seco em sua testa, os olhos brilhantes de sempre, embora ainda um tanto tristes. Tinha a expressão cansada, mas ainda assim sorria levemente.
Potter deu um passo a frente, colocando as mãos uma de cada lado do rosto dela.
- Vai me beijar, Cicatriz?
- Demorei demais para começar, devo compensar o tempo perdido, não é?
Os dois riram baixo antes de Harry encostar suas testas, fechando os olhos por um instante.
Seu coração parecia bombear o sangue mais rápido, apenas por senti-la próxima, apenas por sentir a respiração da garota contra seu rosto. mordeu o lábio inferior, os olhos fechados, o coração batendo em expectativa, as mãos trêmulas.
Bufou com a demora de Potter, quando abriu os olhos, notou os verdes a encararem, o sorriso calmo nos lábios de Harry. Arqueou a sobrancelha para ele, mas o garoto nada fez, então resolveu acabar com a espera; Inclinou-se para frente, juntando suas bocas, voltando a sentir todo aquele turbilhão de sensações, ainda mais intensos.
Passou os braços por seus ombros, puxando-o para mais perto, enquanto sentia as mãos de Harry descerem para sua cintura, não dando espaço para ela nem mesmo pensar em fugir dele, não que ela quisesse.
Passaram intermináveis minutos aos beijos e abraços, rindo vez ou outra quando paravam para respirar, em alguns intervalos trocando algumas palavras, tentando expressar de alguma forma o que sentiam um pelo outro.
Harry achava que deveria falar, dizer com todas as letras o que guardou a tanto tempo dentro de si, prometeu a si mesmo que faria isso se tudo acabasse bem, antes da batalha, enquanto ainda caminhava para encontrar Voldemort, e agora queria cumprir sua promessa.
Queria dizer o quanto a amava, mas ao olhar os olhos e brilhantes, notou que isso não seria necessário; sabia tudo o que ele sentia, ela conseguia ver, ele já tinha demonstrado por diversas vezes, assim como ela, em cada pequena atitude, em cada momento no qual demonstrou preocupação para com ele, a cada momento que colocou-se ao seu lado.
Eles não precisavam de palavras para expressar o que sentiam, seus beijos e carícias eram o suficiente para ambos confirmarem o que sempre souberam, mas que guardaram por tanto tempo.

O casal se olhou rapidamente, ainda rindo, os rostos vermelhos e as respirações um tanto alteradas, caminharam para dentro do Salão Principal para encontrar o resto dos amigos.
Potter apertou sua mão, passando-lhe confiança enquanto caminhavam, ao notar o número de pessoas que viraram-se para olhá-los, os comentários sobre os dois começaram em seguida.
o olhou de canto, sorrindo levemente com aquele pequeno gesto.
Black ainda sentia como se a acusassem, por mais que ninguém falasse nada, ninguém lhe dirigia a palavra de uma forma ruim, mas aquela sensação não a deixava.
Queria acreditar que não tinha culpa em nada daquilo, e de certo modo não tinha, mas ao mesmo tempo, um pontinho em sua cabeça dizia que ela poderia ter evitado, mas que ela de alguma forma gostava.
Os Comensais que sobreviveram a batalha estavam presos, no canto do Salão Principal, alguns inconscientes, outros feridos, proferindo maldições contra todos que passavam por perto.
Outros ainda diziam terem sido controlados, pediam por ajuda, e foi um deles, Rodolfo Lestrange, que atraiu a atenção de um garoto da Corvinal; Quando Miguel Corner aproximou-se do homem, Rodolfo atingiu-lhe com um chute próximo do estômago, conseguindo pegar sua varinha quando o garoto curvou-se em dor.

Foi tudo muito rápido e poucos notaram o que acontecia, Patil gritou apontando para o canto, e quando Potter e Black viraram-se para o tumulto, reconheceu seu tio.
Ninguém parecia entender o que acontecia, ou estar pronto para um duelo, estavam todos cansados, aproveitando o momento de calmaria.
Rodolfo mancava apressado em direção à saída, azarando quem aparecesse em seu caminho, quando finalmente reagiram, o casal correu em direção ao homem, assim como Kingsley, Arthur e Carlinhos.
Lestrange atirava feitiços para todos os lados, sem preocupar-se em quem acertava.
Harry desviou-se da maioria, mas ganhou um corte em seu braço, o qual ardeu e começou a sangrar com intensidade, mas não parou de correr, precisavam pará-lo antes que conseguisse sair do terreno e aparatar.
Luzes verdes saiam da varinha de Rodolfo, vinha mais atrás com o Sr. Weasley, desviou-se de todos os feitiços que vinham, mas notou quando o ruivo, ao seu lado, não conseguiria fazer o mesmo, empurrando-o para o lado à tempo.
Quando o homem cruzou a escada da entrada principal, Carlinhos Weasley conseguiu, finalmente, acertá-lo pelas costas, fazendo-o cair e rolar as escadas, até parar morto no gramado.
Potter chegou ao topo da escada e encarou o corpo do homem, junto de Carlinhos e Kingsley, os três tentando recuperar a fôlego depois da corrida inesperada.
Carlinhos foi o primeiro a virar as costas, voltando para dentro do Castelo, quando a cena à frente chamou-lhe a atenção e o fez gritar assustado.
Harry e Kingsley viraram-se rapidamente, vendo Arthur no chão, curvado.
Potter apressou o passo, talvez o homem tivesse se machucado muito e precisasse de ajuda, mas ao olhar novamente reparou que ele estava curvado sobre alguém.

Olhou ao redor rapidamente, sentindo seu coração falhar uma batida.
estava bem ao seu lado quando saiu correndo do Salão Principal…
Seus olhos focaram sobre o corpo caído e um grito desesperado saiu por sua garganta, e a distância para chegar até ela pareceu enorme.
Seu cérebro deveria estar pregando-lhe uma peça, aquilo não era verdade, não era possível.
Ajoelhou-se ao lado da garota, no mesmo instante que estudantes e outros professores passaram pelo portal, para ver o que tinha acontecido
As lágrimas embaçaram sua visão e óculos, caindo rapidamente por seu rosto.
Faltou-lhe ar para respirar e seu coração não parecia bater.
Não era verdade, não depois de tudo o que passaram.
Sentiu alguém ajoelhar-se ao seu lado e o choro chegar aos seus ouvidos, Hermione estava ali, segurando a mão de sua melhor amiga.
Black estava caída, imóvel, os olhos sem vida encarando o teto da Escola.
Harry curvou-se sobre ela, a abraçando, chorando desesperado.
Pedindo, implorando para ela respondê-lo.
Precisava que ela olhasse para ele mais uma vez.
Precisava que ela sorrisse, fizesse alguma brincadeira.
Precisava que ela o abraçasse.
Precisava que ela o beijasse.
Precisava de qualquer coisa.
Apenas precisava dela.
Mas não o respondeu.
Ela nem mesmo o ouviu chamar seu nome.
Não podia escutar seus gritos desesperados, ou seu choro incessante.
Potter a tinha perdido do único jeito que não poderia suportar.
Ela não estava mais ali com ele, dessa vez ela tinha o deixado para sempre.
Harry permaneceu sentado ao seu lado, segurando-a com força em seus braços, chamando-a baixinho, mesmo sabendo que ela não o escutava, apenas não queria deixá-la, não queria se afastar.
As lágrimas continuaram a cair por várias horas, não se importou com as pessoas que o olhavam, e ignorou todos que se aproximaram para ajudá-lo.
Harry Potter tinha perdido tantos amigos, tinha perdido sua própria família, e quando finalmente achou que tudo estava bem, mesmo depois de morto, Voldemort lhe custou a pessoa que ele mais amava, a única com quem ele sonhava em passar uma vida inteira ao lado.
Harry tinha perdido sua melhor amiga, sua companheira e o amor da sua vida.
Potter, mais uma vez, estava sozinho.


Epílogo

Sete anos depois…

O homem de cabelos loiros, bem penteados e cheios de gel bateu na porta de carvalho duas vezes, esperando que a abrissem. Olhava para os lados ansioso, vendo as pessoas que passavam pelo corredor, sem nem mesmo parecerem notá-lo parado ali, esperando.
Aguardou alguns segundos até levantar o braço para bater mais uma vez, porém não foi necessário.
Harry Potter abriu a porta de seu escritório e encarou o visitante com o cenho franzido, a confusão e surpresa visíveis em seus olhos verdes.
O loiro reparou na pasta laranja que cobria parte do rosto de Potter, que parecia cansado, com grandes olheiras e bolsas embaixo dos olhos, a roupa amarrotada e a barba por fazer, o cabelo mais comprido do que o usual.
- Malfoy?
- Preciso falar com você, é urgente.
Draco entrou na sala sem esperar convite, olhando a decoração ao redor; livros e mais livros espalhados pelas estantes e chão, com títulos variados, embora a maior parte fosse voltada para proteção e ataque à criaturas das trevas. Eram guias básicos para qualquer Auror.
A sala parecia um tanto empoeirada, com latas de bebidas e pacotes de comida vazias por todos os lados. Malfoy reparou no travesseiro e na coberta no canto, em cima do sofá de três lugares, assim como os cartazes de foragidos, e as fotos espalhadas pelo escritório: em grande maioria, Potter estava junto com .
- Do que precisa?
Potter encostou-se de costas no tampo de sua mesa, cruzando os braços enquanto encarava o visitante que, no momento, segurava um porta-retratos que o Auror havia deixado em cima do sofá antes de abrir à porta; a foto preto e branco, já gasta do tempo, mostrava Harry e rindo, de braços dados com seus copos de cerveja amanteigada em frente ao Três Vassouras. A garota estava com o rosto sujo com a espuma da bebida e, o Harry da foto, ria enquanto tentava limpá-la, o que a fazia rir mais alto. O Auror tinha visto tantas e tantas vezes aquela imagem, que parecia tê-la gravado em sua mente, reparava em cada detalhe da foto, querendo voltar para aquele momento.
Potter lembrava-se com perfeição daquele dia, passou tanto tempo desejando que pudesse voltar para o momento, voltar para aquela época, dizer para ela que já a amava há tanto tempo, e fazer as coisas diferentes. Queria ter aproveitado melhor o tempo que tiveram juntos.
Potter suspirou, chamando a atenção de Malfoy.
Não o via desde o enterro de , sete anos antes, mas soube através de Hermione que Draco tinha virado um importante médibruxo do St. Mungus, e que tinha se casado com a namorada que conheceu depois de Hogwarts, uma das enfermeiras do hospital.
- Talvez… - o loiro passou a língua pelos lábios secos, parecia agitado demais, sem conseguir concentrar-se por muito tempo. Mantinha o olhar preso na foto em sua mão, virando-se para encarar Harry vez ou outra. - Acho…
- Precisa dos meus serviços ou não? – suspirou, cansado - Ainda tenho trabalho a fazer, Malfoy, então…
- Acho que você pode mudar tudo.
- O que? - perguntou confuso, após alguns instantes - Do que está falando?
Draco suspirou, passando a mão pelos cabelos bem alinhados, antes de tornar a olhar para o homem com a cicatriz em forma de raio.
- Talvez… Você possa voltar… Talvez… Você possa trazê-la de volta, Potter…
- O que…? Quem?
- .




FIM



Nota da autora:
Lembrete eterno: A Árvore Genealógica dos Black foi alterada para fazer mais sentido na fic.

Olá!
- COMEÇO DIZENDO QUE UNH NÃO TAVA QUERENDO ACABAR, por isso deu problema no script e tive que betar tdo de novo!!!!
Pois é, precisei de sete anos pra terminar a primeira versão de UNH, resolvi em janeiro de 2017 que não táva bom e podia e melhorar, e depois precisei de 6 meses pra reescrever tdo (sendo que 12 capítulos em 3 semanas!!!)! Demora, mas vai! UNH é tipo Horcrux, quando você acha que acabou, vem mais um especial! HAHAHHA
Queria mandar um beijo e deixar um obrigada a quem está lendo pela primeira vez, e pra quem leu a primeira versão, e agora está relendo! Ficou mais condizente essa família ne?
Os Lestrange-Black me davam muita dor de cabeça, mas agora tá tudo okay (espero!)!
Muito bem, podemos encerrar e partir pra parte dois, que já está no site:UMA NOVA HISTÓRIA II

E tem os vários especiais sobre UNH e extras porque se tem uma coisa que eu não tenho, é controle! ;)
Por hoja é só!
Beijos,
Reh



The Black's Family Story - Prólogo 1
A Life Inside Azkaban - Prólogo 2
The Death Eater's Child - Prólogo 3
The Family's Wrong Side / Extra de UNH
Uma Nova História
Uma Nova História II
Black & Diggory
Black & Diggory II
Backstage
Keeping Up With Harry Morris
New Frontier
Blue x Gunner
Up In Some Hotel Room / The Maine
You Make Me Feel Like (Like what) / The Maine
New Frontier/Especial
Uma Nova História II/Especial
Black&Diggory II/Especial
01. Nuestro Amor
Bônus: Lay me Down
07.Ghost - Spin Off Backstage
06.Galway Girl
07.Greedy


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