Finalizada em: 29/04/2018
Music Video: SEVENTEEN - Thanks

Capítulo Único


Era de noite e provavelmente passara das sete quando suspirou cansada ao entrar no ônibus. Estava atrasada outra vez, porque tivera de checar mais de duas vezes se nenhum dos treze havia esquecido alguma coisa no backstage, já que toda vez que voltava para o ônibus alguém gritava que tinha deixado x coisa importante em cima do balcão e ela tinha que correr para buscar antes que o segurança trancasse a porta.
Aquela volta pelo menos parecia ser a última, já que, quando subiu no ônibus completamente morta, os treze já haviam tombado suas cabeças para os lados, para frente e trás, e dormiam em posições diferentes ou amontoados um no outro, como anjinhos de candura e fofura. Não pôde deixar de sorrir ao observar aquela cena. Eles eram lindos, estonteantes e estava tão orgulhosa de cada um deles, do que haviam se tornado e de tudo que conquistaram e estavam conquistando a cada dia.
Suspirou outra vez, como se estivesse encarando uma pintura. Suspirar era o que mais fazia desde quando começara a conviver com eles. Talvez porque fosse apaixonada pelos treze e por sua amizade, pelo seu companheirismo e pela imagem deles em sua mente. Talvez porque simplesmente os amasse demais. Talvez porque, antes de ser uma funcionária da Pledis Entertainment e atualmente manager do Seventeen, ela era uma grande fã deles. Uma enorme fã deles, como artistas e como seres humanos que ela teve a sorte de conhecer.
O cansaço acabou batendo em seu corpo como se tivesse sendo atingida por algo pesado, suas pernas aos poucos perdendo força. A manager dos meninos ficara doente na metade dos preparativos para o comeback e, como eles já estavam acostumados consigo por conta de seu cargo na Pledis ter praticamente o mesmo tempo do debut deles, a empresa pediu se podia cuidar das coisas até que mulher melhorasse e então voltaria às suas funções normais depois. Aceitou mesmo que meio insegura, mas, se podia ajudá-los, então estava dentro.
Descobriu em menos de um segundo que era uma loucura, uma completa loucura, muito pior do que imaginava como co-produtora e diretora criativa da empresa e, consequentemente, do grupo.
Não tinha experiência alguma como manager, apesar de ver o trabalho da senhora que cuidava deles de perto por pouco menos de quatro anos, mas, sinceramente, o medo de fazer alguma besteira sempre que tinha que recomendar aos garotos fazerem alguma coisa era esmagador. Não era um trabalho nada fácil, apesar de parecer, principalmente quando você tem que prestar atenção em 13 garotos em sua maior parte hiperativos e descuidados durante 24/7. A manager deles era realmente uma heroína.
Mas, sinceramente, ao ver uma cena daquelas, tudo valia a pena.
Parou do lado do último integrante que faltava estender um cobertor antes de finalmente autorizar o ônibus a dar partida, sorrindo de canto ao perceber que era também o assento que haviam deixado livre para que sentasse. Deveria passar a pequena viagem de retorno ao lado de , algo que não lhe incomodava nem um pouco.
O rapaz parecia tão cansado, mas, ao mesmo tempo, tão sereno e tranquilo que não podia deixar de observá-lo atentamente ao mesmo tempo que o cobria, ficando ali por mais um tempo para medir suas expressões e observar seu peito subindo e descendo calmamente, além de ouvir sua respiração tão serena que podia ficar naquela posição apenas o olhando e ouvindo por todo o resto da sua vida e não se incomodaria nunca.
― Podemos ir? ― o motorista questionou após perceber que a menina estava demorando demais para autorizá-lo a começar a dirigir, a fazendo perceber que ficara tempo demais observando , muito mais do que era socialmente aceitável.
― S-sim, claro! ― tentou não falar muito alto para não atrapalhar o sono de nenhum deles, sentando-se cuidadosamente logo depois para não mexer no e então colocando o cinto, ignorando o que havia acabado de acontecer e o seu vacilo enorme em deixar seus sentimentos pessoais interferirem em suas ações em seu horário de trabalho.
Suspirou outra vez, deixando agora o cansaço se instalar completamente em seu corpo, sentindo partes do corpo doloridas e pedindo por um estralo que ela não concedeu. Ficariam aproximadamente duas horas no ônibus até chegar em Seul, mas pelo menos todos os meninos pareciam estar descansando no caminho. Era raro vê-los assim tão quietos, então simplesmente resolveu aproveitar a situação para repousar sua cabeça no encosto do banco e fechar os olhos agora que terminara suas responsabilidades da agenda oficial, mesmo que não houvesse terminado o dia de trabalho ainda.
Uma das coisas mais interessantes e enriquecedoras em ser manager era que o trabalho nunca acabava, literalmente nunca, parecia nunca ter um segundo só de folga. Ficava pensando neles durante todas as horas do dia, até quando voltava pra sua casa. Será que haviam comido, acordado no horário certo, será que estavam descansando bem ou simplesmente será que tinham tomado um banho?! Parecia até mesmo uma mãe superprotetora e ligava de cinco em cinco minutos para algum deles, querendo saber o que estavam fazendo.
Aos poucos, o balanço do ônibus foi embalando seu sono, vencendo qualquer traço de ansiedade ou de preocupação que tinha em sua mente, e ela sentiu toda a correria do dia se dissipando com a calmaria do mundo dos sonhos se formando aos poucos em seu cérebro. Porém, antes de entrar no estado mais profundo de seu descanso, pôde sentir que de repente tudo ficou mais quentinho, como se tivesse algo em cima de si e, um segundo depois, parecia ter alguma coisa encostando em seu ombro.
Porém, nem mesmo se deu ao trabalho de abrir os olhos e ver o que estava acontecendo ou quem é que estava perto de si daquela forma. Na verdade, não se sentia confortável daquele jeito há muito tempo, então, fosse o que fosse, era algo bom e ela não queria se mexer, sabendo que, se o fizesse, aquele calor aconchegante provavelmente iria embora. Queria continuar ali, aproveitando aquela sensação boa de estar no lugar certo, o lugar que sempre pertenceu, que lhe estava sendo proporcionada.

apagou completamente após esse momento e não soube por quanto tempo. Quando acordou novamente, ouvia vozes sussurradas próximas de si e batidas aleatórias em alguma madeira, como se pessoas estivessem tentando comer perto por perto e serem silenciosos ao mesmo tempo. Não demorou para entender o que aconteceu, e acordou em um sobressalto assustado, pensando que poderia ter passado a noite no apartamento dos meninos sem nem mesmo alimentá-los antes.
― O-Olha, ela acordou, falei que vocês estavam falando alto demais! ― uma das vozes falou agora em um tom normal, provavelmente a reconheceria facilmente caso estivesse em seu juízo perfeito, mas claramente não estava.
― Será que vocês não sabem falar baixo ou comer calados?! ― outro dos meninos questionou, um pouco revoltado, dando bronca nos mais novos, que riam com as mãos a frente da boca e as bochechas cheias de comida.
A menina passou a ponta dos dedos indicadores embaixo dos olhos rapidamente para tirar qualquer resíduo de delineador que podia estar ali e torceu para não ter deixado a maquiagem que contornava a parte de cima do seu olho na almofada em que seu rosto estava delicadamente encostado. Olhou para cima enquanto tirava a coberta que aquecia seu corpo e ficou mais chocada ainda ao ver que estava de noite.
― Quanto tempo eu dormi…? ― murmurou para si mesma, já começando a se desesperar com o que havia aprontado.
― No nosso sofá, nem mesmo uma hora. ― respondeu com um sorriso de canto, segurando a risada ao ver a expressão desesperada de , que suavizou ao entender que não, não morrera hibernando durante um dia naquele sofá e ainda eram nove e quarenta da noite.
― Mas, se contar com o cochilo do ônibus… ― comentou, provocativo, fazendo a menina bater a mão na cabeça.
― Por que vocês não me acordaram? ― levou uma das mãos até a boca para cobrir seu bocejo, passando-a no cabelo logo depois para ajeita-lo.
― O não deix- Ai! ― antes que pudesse ver quem falava – e seu cérebro ainda estava anestesiado pelo sono –, o garoto reclamou porque foi acertado por quem estava ao lado dele com um soco, tentando entender o porquê da agressão.
― Mas não precisa se preocupar, nós pedimos pizza. ― o próprio agressor tentou desconversar com o tom tão naturalmente desinteressado.
― Menos mal, vocês não deveriam mesmo cozinhar hoje, tem agenda amanhã. ― suspirou, passando os olhos pela mesa e estranhando com a sensação de que estava faltando alguém. Contou mentalmente, vendo que estava certa ao encontrar apenas doze. ― Mas, por falar nele, cadê o ?
― Ele foi no terraço tomar um ar. ― falou pelos outros, que estavam ocupados demais comendo, apontando para a porta entreaberta do apartamento.
― Eu vou chamá-lo, vocês comam direito e NÃO liguem o vídeo game hoje, todos devem dormir cedo, ouviram? ― já saia quando ouviu um coro de “sim e sim, Noona”, lhe fazendo sorrir de canto, orgulhosa de como eles eram crianças fofas e obedientes quando queriam.
O dormitório do Seventeen era em um dos últimos andares do prédio e geralmente não se importaria de subir os três lances de escadas mais um menor que lhe levava até o terraço, afinal, quando subiam todos até lá, uma parte sempre tinha que usar as escadas e se acostumara a ir com essa parte para vigiá-los – afinal, no elevador não tinham como desviar o caminho ou enrolar, diferente das escadas –. mas, naquele dia, estava tão cansada que resolveu usar o meio de transporte automático.
Tentava se concentrar em pensar na bronca que deveria dar em quando chegasse lá em cima, mas seu cérebro estava tão anestesiado que era difícil formular frases. Respirou fundo algumas vezes, olhando sua situação no espelho do elevador e melhorando um pouco seu humor ao perceber que não estava tão ruim assim. Não demorou mais de dois minutos para empurrar a porta que levava ao terraço coberto e encontrar o integrante que faltava ali, de costas para si, com os braços apoiados no parapeito, observando a vista da cidade.
? O que você está fazendo aqui? ― viu que o rapaz já havia até mesmo trocado de roupa, estava com os cabelos levemente molhados e, quando ele virou o rosto, mostrou que já havia tirado a maquiagem da apresentação, o que apenas piorava a situação.

― Está frio, você pode ficar doente! Você não saiu logo após tomar banho, não é? ― ela cerrou os olhos na direção do menino, que arregalou os olhos levemente, sinalizando que, sim, ele havia saído.
― Desculpe… ― ele pediu com a voz tão calma e gentil quanto de costume, a fazendo grunhir de frustração ao perceber que não conseguia manter sua postura quando abria a boca e deixava as notas melódicas sairem por ela, encarando o chão.
― Você devia estar comendo com os meninos também, ou vai acabar passando fome se depender de eles te esperarem. ― continuou o discurso, mas agora de forma mais condescendente. ― O que aconteceu, está tudo bem? ― afinal, era estranho estar se isolando daquele jeito, ele nunca fizera isso.
― Sim, eu só precisava de um tempo longe de todo o barulho. Acho que o momento que estamos passando me deixou reflexivo. ― ele explicou calmamente e suspirou, concordando com a cabeça.
― Tudo bem, é compreensível, é uma era muito sentimental pra vocês, não? ― ela questionou com um sorriso de canto, e balançou a cabeça positivamente. Acabou andando calmamente até o lado do mais novo, encostando para observar a cidade ao seu lado.
― Você não faz ideia… ― respondeu baixinho, travando um suspiro que queria sair, deixando alguns minutos passarem no silêncio. ― Quando eu quero pensar, eu venho até aqui e imagino que essas luzes são as Carats. Então aos poucos tudo se acalma, porque elas estão brilhando pra mim até mesmo no horizonte, onde eu não posso ver. Mesmo sabendo que eu não posso ver, elas se esforçam para brilhar mesmo assim, então eu queria que elas soubessem que eu sei. Eu sei sobre o quanto elas tentam, e é por isso que quando eu canto Thanks, é como se meu coração estivesse em toda a letra.
… ― mais uma vez naquele dia, se sentia a pessoa mais sortuda da face da Terra em ter a oportunidade de estar ao lado do garoto. Aquele momento era um daqueles tão preciosos que ela iria guardar a sete chaves em seu coração, como carat e como pessoa. Era tocante ver que eles realmente amavam seus fãs e não os viam apenas como uma forma de enriquecer ou ter sucesso. ― Você é maravilhoso, sabia?
sorriu para si mesmo ao ouvir isso, a cabeça levemente abaixada para disfarçar que suas bochechas ficaram levemente avermelhadas com as palavras da mulher. Porém a felicidade não durou muito e o tom de bronca voltou a aparecer.
― Mas não faça mais isso! Nós não queremos sua voz adorável sumindo, certo? ― perguntou com um sorriso de canto, parecendo conseguir animar um pouco o , que sorriu mais largamente também. ― Não agora que você está indo tão bem!
― Me desculpa, Noona, não vai acontecer de novo. ― ele finalmente virou o rosto para ela outra vez, surpreendendo-se ao ver bem ao seu lado, perto o suficiente para deixá-lo nervoso.
― Tudo bem, mas agora vamos descer. Você precisa comer e descansar. ― ela já deu meia volta e começou a andar, fazendo o encará-la pelas costas, inseguro.
Ele queria puxá-la pelo pulso e abraçá-la, não apenas deixá-la ir ou ir logo atrás dela. Queria gritar aquela palavra capaz de mostrar seu coração, mas não podia e não tinha coragem, tendo que aceitar calmamente. Suspirou e sorriu. Era melhor do que nada, pensou. Estava tudo indo bem dessa forma e todos estavam felizes, não podia estragar nada. Iria ficar feliz porque estavam tão juntos quanto nunca estiveram antes.

❥❥❥❥❥

O comeback estava próximo quando todos os rapazes resolveram fazer uma pausa nas gravações para irem comer alguma coisa na cafeteria da empresa. Não era algo que estavam muito acostumados a fazer, na verdade, geralmente acabavam comendo no próprio estúdio, revezando para um jantar enquanto o outro gravava, mas estavam sem manager naquela semana, porque a deles havia ficado doente.
Por causa disso, resolvera que eles deveriam fazer tudo juntos e na mesma hora, assim não tinha que se preocupar com quem estava em algum lugar diferente. Ele mesmo tentava controlá-los e guiá-los até a lanchonete, o que era bem mais difícil na prática do que na teoria, e agora respirava aliviado, porque aparentemente todos os treze haviam entrado no local, esquecendo que a pior parte vinha agora.
― Tudo bem, o que vocês vão querer? Falem devagar e um por vez. ― tentou organizar o máximo que podia, mas, assim que virou para trás querendo fazer contato visual com os membros, acabou vendo que metade deles já estava com a atenção dispersa, em sua maioria concentrados em discutir a letra da música, sentados na mesa que ficava próxima a parede de vidro ao lado da entrada do local.
Suspirou desanimado, arqueando uma das sobrancelhas com a cena. Como poderia brigar com eles quando todos estavam concentrados em fazer o melhor para os Carats, o mesmo que o próprio queria? Mesmo assim, não poderiam fazer nada bem e direito se não se alimentassem e não cuidassem bem das suas saúdes, então…
― Hey, eu fiquei sabendo que vocês estão precisando de uma manager, é isso mesmo?! ― abriu a porta de vidro animada, com um largo sorriso nos lábios, fazendo toda a atenção que antes estava nos cadernos se voltar para ela.
A menina se sentiu até um pouco sem graça com a reação dramática do grupo, mas não pode fazer muito além de rir das caras deles.
― Infelizmente, a de vocês ainda não voltou, mas ozomi me mandaram no lugar dela por um tempo para cuidar dos treze bebês! ― explicou em um tom divertido, passando o olhar por todos eles, que pareciam ainda mais chocados.
― Bom… Boa sorte em nos aguentar? ― foi quem começou, apanhando de leve de .
― Obrigado, , nós estamos mesmo precisando de ajuda. ― sorriu docemente na direção da menina, fazendo-a relaxar tão automaticamente que nem mesmo parecia estar hiperventilando há dois minutos atrás enquanto os procurava.
― Aaaw, por nada! Bom, vamos começar então com as regras básicas. ― andou calmamente até a mesa aonde a vocal unit e mais alguns estavam sentados, levando uma das mãos até o caderno que rodava de mão em mão para analisarem a música. ― Nada de trabalho na hora de comer. O cérebro de vocês precisa de descanso e o estômago de vocês de comida, dêem isso aos dois ao mesmo tempo.
suspirou, se afastando um pouco, fechando a capa do objeto e o colocando em cima do balcão, nem mesmo percebendo que tirara o caderno da mão de , que a observava um tanto em choque com toda aquela atitude. Desde quando havia se tornado uma mulher tão autoritária…? Ele realmente não conhecia aquele lado dela.
― Vamos, todos em pézinho e fila para fazer seus pedidos. ― os treze a olharam um pouco perplexos, se perguntando se aquilo era sério, mas o fato de ela não vacilar o olhar queria dizer que, sim, era.
Ao ver que nenhum dos amigos parecia em sanidade mental para obedecer, simplesmente levantou com um sorriso de canto educado, andando até o balcão para pedir qualquer coisa que o sustentasse durante algumas horas, mas não antes de sorrir para e fazer contato visual no caminho. A menina fazia o mesmo, com os olhos brilhantes, o agradecendo silenciosamente por tê-la apoiado daquela forma discreta.
Aos poucos todos os outros também levantavam e formavam a fila, mesmo que um pouco hesitantes e assustados, fazendo sorrir ainda mais largamente e quase soltar uma risadinha satisfeita. Talvez aquele trabalho temporário não fosse tão ruim assim, principalmente sabendo que podia contar com para lhe ajudar quando precisasse, como acabara de descobrir naquele momento.
Não demoraram muito para voltar ao estúdio, na verdade, foi o mais rápido possível, já que os treze estavam extremamente ansiosos para começarem logo as gravações das músicas. Mesmo os proibindo de falar sobre o trabalho durante o horário de pausa, não podia controlá-los e Woozi não precisava do caderno para lembrar da letra de cor e recitá-la do nada, pedindo a opinião dos meninos sobre como deviam alterá-la ou se estava boa daquela forma.
Mesmo que tivesse dado bronca das primeiras vezes e falado para pararem, se conformara depois da terceira vez que o compositor o fizera, suspirando e largando de mão. Devolvera o caderno quando começaram a andar na direção do estúdio e agora estavam todos sentados espalhados pelos sofás, alguns ainda comendo alguns salgadinhos e outros simplesmente treinando suas partes na música ou observando , que era quem gravava no momento.
não podia fazer muito se não apenas suspirar e tentar controlar todos os seus sentimentos, que vinham como uma tempestade toda vez que ouvia um verso inédito da música. Não percebera que trabalhar diretamente com os garotos implicava em acompanhar todas as etapas do processo criativo de idols que produziam todo seu material, como eles eram, e, apesar de estar envolvida diretamente no processo de gravação de MVs da Pledis e fazer parte da equipe criativa, não era a mesma coisa.
Não era a mesma sensação e a mesma vibe quando auxiliava a pensar em cenários e em montagem de MVs. O Seventeen geralmente vinha com ideias, as quais, como co-produtora, encontrava formas de fazê-las se tornarem reais e também as incrementava, mas acompanhar todos os passos deles era insano. Estava completamente admirada e perplexa com todo o talento daqueles meninos, e tudo o que havia visto naquele primeiro dia de seu cargo temporário era apenas o início.
― Meninos, vocês precisam descansar. ― respondeu aproximadamente nove horas depois de estarem trancados dentro daquele estúdio. Daqui a pouco as vozes deles nem mesmo estariam em condições para continuarem gravando se continuassem naquele ritmo.
― Por quê, já anoiteceu…? ― questionou, afastando uma das sobrancelhas, procurando alguma janela que mostrasse a parte externa do mundo, mas não havia nenhuma.
― Claro que sim! Vocês não viram o tempo passando? ― questionou, frisando o cenho e só então percebendo que o estúdio não tinha nenhum contato com a parte de fora.
― A gente não sabe quando está noite ou dia quando a gente está aqui, na verdade… ― respondeu calmamente, levando uma das mãos até a nuca e a apertando quando sorriu sem graça.
― A luz do estúdio se tornou o nosso sol, é o mais próximo dele que a gente tem. ― explicou para a menina, que estava sentada perto de si, mas sorriu logo depois como se para acalmá-la e dizer que não era um incômodo para eles.
Sinceramente, se tornava a cada segundo mais difícil de não se apaixonar por eles ainda mais do que era apaixonada, se é que isso era possível.
― Vocês realmente, realmente merecem descansar.

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chegara na empresa atrasada naquele dia por ter simplesmente dormido demais. Aquela rotina deles era árdua demais para alguém desacostumada como ela acompanhar com facilidade, então ainda estavam em fase de adaptação e nem a Pledis e nem os meninos a cobravam demais, sabiam que era um favor que estava fazendo em uma situação de emergência.
Já encomendara todo o café da manhã dos meninos, que estava a caminho, segundo a atendente do restaurante, e o seu estava em sua mão livre enquanto a outra segurava a bolsa e o cronograma do dia, que deveria ter decorado, correndo até a sala de prática deles. Parou no corredor, respirando fundo para recuperar o fôlego e a postura para entrar no espaço como uma mulher séria e confiável.
Acabou, porém, se distraindo quando arrastou os pés no primeiro passo, parando com o rosto à frente do quadrado vidro na parte superior da porta que a deixava ver tudo o que acontecia lá dentro. Naquela fase, principalmente, estavam mais concentrados na coreografia, já que a música estava terminada e o MV começaria a ser gravado logo, então, para as cenas de dança que seriam encaixadas, tudo devia estar on point.
Como sempre, ela era uma das partes mais difíceis e estressantes das preparações para o comeback, já que eram sempre muito bem trabalhadas e com movimentos muito precisos. Além disso, não era novidade alguma que eles tinham um dos coreógrafos mais exigentes existentes, e o líder da performance unit não deixava nem mesmo uma respiração errada passar despercebida por seus olhos de águia, ele queria tudo 10/10.
Aquela coreografia, principalmente, devia passar uma emoção e o significado de tudo o que queriam dizer para as Carats através de seus passos, então um padrão mais alto ainda era cobrado, uma vez que só pensavam no fandom enquanto se moviam. E queria dar tudo de si para que as fãs sentissem todo o amor que sentiam por elas, o tanto que queriam agradecê-los e como haviam se esforçado e dedicado para ser tudo perfeito.
E não conseguia ignorar seu lado fã com aquela cena, crente de que estava passando despercebida pelos garotos e que nenhum deles havia percebido sua presença na porta ainda, os observando tão fixamente que chegava a ser assustador. achava aquilo tão fofo que até mesmo sorrisos escapavam de seus lábios toda vez que notava que ela ainda estava ali, ficando também cada vez mais sem graça, até que a música terminou e eles pausaram por um minuto para rever a gravação que haviam feito e arrumar os erros.
pretendia ir rapidamente até a porta e a abrir como se não soubesse da presença de ali, mas ela foi mais rápida e entrou de uma forma tão nervosa com os entregadores do restaurante logo atrás que ele sorriu largamente, pensando exatamente no que aquilo o lembrava.


Quatro anos atrás

Era apenas mais um dia normal na sala de práticas do Seventeen. As paredes verdes em todos os lados eram chamativas para as câmeras e não se importava em aparecer nelas, simplesmente estando sentado em estado de inércia enquanto observava os mais agitados dançando alguma música de Orange Caramel ao fundo e arrancando risadas escandalosas dos mais novos ou olhares questionando qual o problema mental que eles tinham.
Aquela seria a última semana tranquila deles antes de começarem a realmente trabalhar no debut, e o CEO já dissera para aproveitarem tudo o que conseguissem. Para comemorar, os garotos pediram pizza, mas estava demorando tanto para chegar que já estavam começando a ficar preocupados, principalmente porque as crianças começavam a reclamar que estavam com fome e isso nunca era bom.
― Por aqui! ― ouviram uma voz feminina gritando pelo corredor, o que os fez se entreolhar em dúvida. Não conheciam nenhuma garota que pudesse circular ali sem antes avisar a todos.
Era um ambiente predominantemente masculino e com todos os garotos abaixo de vinte anos, o porquê mulheres não andarem por ali livremente era auto explicativo. Eles rotineiramente estavam fazendo alguma cagada ou de uma forma que não podia ser vista em público, então o choque foi total quando a viram entrando pela porta, segurando um copo de café em uma das mãos e uma bolsa na outra.
Ela nem mesmo esperou ser anunciada e ignorou todos eles, guiando o entregador para dentro do lugar e mostrando a mesa que deveria colocar as pizzas para ele, agradecendo logo depois com uma reverência polida. Os treze meninos a fitaram completamente perplexos, e só percebeu isso quando a música parou de tocar e ela viu que nenhum deles tinha ido comer.
― Ah… ― soltou, desconfortável, querendo logo pular toda aquela parte de introdução e ir logo para quando eles ignoravam sua existência e fingiam que ela nem mesmo estava ali. ― Meu nome é e eu sou a nova estagiária do departamento de criatividade da Pledis, então talvez vocês me vejam bastante por aqui. Me desculpem entrar assim e, por favor, cuidem bem de mim.
A menina fez outra reverência profunda na direção dos rapazes, que a encaravam ainda em estado de choque, mas, logo que se recuperaram daquela reação inicial de surpresa, se entreolharam e sorriram, vendo a oportunidade perfeita de usarem aquilo pela primeira vez. Em um piscar de olhos, os treze se enfileiram e o mais velho contou “um, dois, três” baixinho.
― Say the name! Seventeen! Olá, nós somos o Seventeen!
― Nós somos o grupo da Pledis que irá estrear logo, por favor, dê muito amor para nós! ― o líder discursou rapidamente, se curvando na direção da menina e sendo seguido por todos os outros, que fizeram o mesmo.
foi quem arregalou os olhos agora, observando aquela fila de meninos fofos e apertáveis, alguns até mesmo ainda sendo crianças que tinha vontade de amassar totalmente as bochechas. Seu coração palpitou com a cena e ela não resistiu em sorrir tão largamente que seu maxilar até mesmo ficou dolorido, mas não se importou. Eles nem haviam se esforçado e ela já havia completamente se tornado uma fã.


Dias atuais

nunca esquecera daquele dia, a primeira vez que se viram. Nunca soube dizer se ela realmente prestou atenção em si e lhe olhou nem mesmo por um lampejo de segundo quando “se conheceram”, mas sabia que, no mesmo milésimo que colocara seus olhos em , estava em um perigo intenso, um perigo que não estava disposto a enfrentar, mesmo sabendo no que isso implicava.
Mesmo assim, ele nunca deixou de pensar no vestido florido que ela usava naquele dia e nos cabelos soltos mexendo conforme ela andava de um lado para o outro rapidamente, querendo cumprir suas obrigações da melhor forma possível e o mais rápido que conseguia.
Assim como o Seventeen crescera na indústria, crescera na empresa. Seu primeiro cargo tinha como título “ajudante do departamento criativo”, mas, na hora da ação, ela fazia praticamente de tudo que precisasse. Sorriu em pensar que não era muito diferente de agora, por isso a mulher estava ali, como manager deles, mesmo tendo alcançado o cargo de líder do departamento criativo e co produtora oficial dos MVs da Pledis, ficando atrás apenas do próprio CEO da empresa.
Ela era uma pessoa impressionante, que se esforçara demais para alcançar aquilo, mas, mesmo depois de ter obtido sucesso, nunca deixou sua essência para trás. se orgulhava disso tão profundamente que doía, mas doía porque ele queria falar para e não podia.
Suspirou desanimado com todas as suas divagações, um suspiro que não percebeu ter sido tão alto assim e que atraiu a atenção dela para si. , porém, apenas sorriu de uma forma confortadora, como se soubesse que havia algo lhe incomodando. E, com aquele sorriso direcionado apenas para si, não tinha muito mais o que fazer além de sorrir de volta e sentir todas as suas ansiedades se acalmando aos poucos.

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Aquela era de promoções de Thanks estava mexendo muito mais com do que ele deixava transparecer, mesmo que os mais próximos a si estivessem percebendo que estava irritantemente reflexivo durante aqueles dias, mais especificamente, desde que a convivência com se tornara mais forte. Já era difícil ignorar seus sentimentos por ela quando se encontravam apenas durante os planejamentos de MVs para os comebacks, o quão pior ficava naquela situação?
Além do mais, e a empresa os forçaram a tirar aquele dia de folga para prepararem sua mente para as gravações que começariam logo, ao mesmo tempo que a organização terminaria de planejar todo o MV e precisavam dela para isso, já que ela era uma parte essencial naquele processo. Mas não conseguia dormir e nem mesmo desligar sua mente para descansar. Ele queria extravasar toda a sua energia na sala de prática e em sua dança e canto, mas não podia, porque havia trancado a porta dela e do estúdio e ainda levara a chave para casa.
Aquela garota se tornara tão decididamente autoritária que era assustador, mas ele simplesmente era apaixonado pelo jeito dela de tomar o controle da situação. sempre sabia o que fazer até mesmo em momentos mais controversos, mas também tinha uma personalidade tão teimosa, ao mesmo tempo que vivia tímida e em seu próprio universo… Sorriu para si mesmo, pensando que ele amava até mesmo essa parte dela, mesmo que não se encaixassem e não tivessem muito sentido.
podia passar a noite inteira naquela cafeteria da empresa, onde entrara escondido, mesmo se tudo estivesse escuro, pensando sobre todos os motivos que lhe levaram a se apaixonar por e depois listando todos os outros que o levaram a amá-la logo depois e manter esse amor por praticamente quatro anos, mas aquilo era completamente torturante para ele, por isso se levantou da cadeira e começou a treinar novamente os passos de dança.
A coreografia de Thanks era difícil e aquela sua desconcentração dos últimos dias não o ajudava muito. Por aquelas horas, decidiu que seria apenas ele, a música rodando em sua cabeça e os movimentos de seu corpo, sem para roubar seus pensamentos com aquele sorriso maravilhoso ou tom de voz mandão que ela tinha.
Foi assim durante praticamente a noite inteira, não soube dizer quanto tempo e nem mesmo se importava, mas, quando pingava suor e seu corpo estava exausto, as luzes da cafeteria se acenderam e fizeram com que congelasse no lugar, assustado de ter ficado tão absorto que fora pego.
… ― a voz da menina era manhosa e sonolenta, mas o fato de ela já estar vestida da forma social e sóbria que ela sempre se vestia quando ia em reuniões de sua equipe lhe fez pensar que já estava de manhã. ― O que eu faço com você?

― Quantas vezes eu tenho que explicar o significado de folga pra você? ― ela olhou feio para o garoto, deixando uma das mãos na cintura e erguendo uma das sobrancelhas.
― Você pode explicar mais uma…? Juro que é a última. ― sorriu amarelo, tentando brincar para não deixá-la muito brava e passando a mão na testa molhada, jogando os cabelos úmidos para trás.
― Interrupção de uma atividade ou trabalho para descanso, tempo destinado ao repouso, ao recreio, falta de ocupação, ócio. ― queria rir toda vez que ouvia falar isso, sabendo que ela havia decorado as definições do dicionário apenas para esfregá-las em sua cara e na dos meninos. ― Momento para uma atividade prazerosa, relaxante; divertimento, brincadeira. Agora ficou claro?
― Como água.
― Então já sabe o que fazer. ― a menina apontou para a porta de saída, fazendo soltar um sorrisinho, mas concordar com a cabeça.
― Já que insiste… ― ele saiu de cabeça erguida, mas, assim que passou pela porta e entrou no corredor, sua cabeça abaixou com um suspiro.
andou calmamente entre as portas do prédio, chegando a outro corredor de paredes brancas e esverdeadas que dava para uma das saídas da empresa, sentando em um banco que tinha por ali para descansar um pouco. Suas pernas pareciam que não aguentariam mais andar de cansaço e sua respiração ainda estava descompassada, principalmente pelo nervosismo.
Novamente, a vontade de descontar sua frustração de alguma forma voltou e por um minuto cogitou ir até o estúdio, mas uma voz soou no fundo de sua mente.
, eu sei que você parou de andar até a saída. ― ela bronqueou já chegando perto da onde estava, lhe fazendo levantar rapidamente e começar a correr em direção a saída, que nem estava tão longe assim.
Mas não saiu antes de virar todo o seu corpo na direção onde estava, deixando seus olhares se encontrarem por alguns segundos antes de voltar a correr para fora. Mesmo saindo da empresa, seu pensamento sempre estava ali, sempre onde ela estava, sempre olhando para trás para encontrá-la, porque sabia que ela estaria alí no final. Quando aprenderia a parar de deixá-la tão facilmente?

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Era mesmo um idiota, não era…?
Pensava quando estava encostado naquela parede com a iluminação amarelada em seu rosto e, mesmo que nada ali lhe respondesse, sabia que, sim, era um idiota, e dos grandes. Deixou seu corpo deslizar pela madeira, até sentar no chão de uma forma meio atrapalhada e colocar uma das mãos em sua testa, suspirando com os próprios pensamentos.
Faziam quase quatro anos desde que conhecera , e quase quatro anos que se apaixonara por ela. No início, achou que apenas era uma paixão boba pela falta de contato com o mundo externo que estava sofrendo, e ela representava tudo aquilo que não podia mais se relacionar. Mas, aos poucos, conforme o tempo passava e a sua paixão não, soube que havia sofrido de amor à primeira vista.
Toda vez que se encontravam por acaso, seu coração acelerava de uma forma perigosa e não conseguia nem mesmo falar direito com ela, além de estar sempre lhe ajudando de alguma forma e demonstrando a cada dia mais ser perfeita e tudo o que um dia sonhara para a mulher da sua vida. O seu amor se consolidava a cada dia mais fortemente, ao invés de acabar e ir embora aos poucos.
Porém, ao invés de enfrentar isso de frente, preferiu apenas esconder tudo o que sentia e pensava pela menina. Medo, talvez…? Tinha medo de não ser correspondido, porém tinha medo de ser correspondido mais ainda. Como poderia expor um relacionamento à mídia? Como suas Carats reagiriam a isso? Como conseguiria administrar seu tempo para manter um relacionamento saudável, o que pensaria disso?
Alguém sairia magoado, e estava conformado contanto que não fosse ninguém além dele mesmo. Enquanto ele mesmo estivesse sofrendo, a situação estaria controlada, mas não queria nem que e nem suas fãs se sentissem mal com aquela situação, por isso resolvera guardar todos os seus sentimentos pela garota para si mesmo.
Aspirou o ar, desanimado, levantando e andando calmamente até a empresa. No caminho, arrancou uma pequena florzinha do seu caule e começou a tirar suas pétalas, uma por uma. Aquelas pétalas poderiam significar tantas coisas além de bem me quer, mal me quer, como todas as memórias que tinham juntos e queria arrancá-las de sua cabeça, mas nunca conseguia.
Na verdade, podia contá-las, uma por uma, e não esqueceria nem de umazinha.
Não demorou muito tempo até estar no estúdio, aproveitando o silêncio daquele local, já que ele estava vazio desde terminaram a música principal e se concentraram em gravar sua coreografia. Eram apenas nesses momentos que aquele ambiente ficava trancado: quando estavam ocupados o suficiente promovendo todo o material feito ali e não tinham tempo para produzir novos. Tinha certeza que daquela vez poderia ficar ali sozinho por alguns momentos, apenas com seu violão e sua voz.
Não era mais o dia de folga deles, mas os membros estavam todos espalhados fazendo coisas diferentes no momento: alguns participando de agendas individuais, outros treinando a dança, outros se comunicando com os fãs por transmissões ao vivo nas redes sociais ou simplesmente como ele, matando o tempo de alguma forma. Mesmo que não estivessem juntos e nem estivessem sendo obrigados a trabalhar naquele dia, a música que cantarolava era exatamente aquela que estavam promovendo, Thanks.
O quanto aquela música era capaz de refletir seus sentimentos? sorriu ao pensar nisso, mas havia um porém: ainda era tão imaturo a ponto de não conseguir expressar seus sentimentos nem mesmo com aquela simples palavra, mesmo que tanto tempo houvesse passado. Seu pensamento acabou vagando e então pegou o caderno, começando a escrever tudo o que vinha em sua mente e sorrindo de canto com aquela inspiração.
― Quem é você pra mim? Que tipo de existência? Eu continuo pensando, pensando, pensando… De repente meus pensamentos começaram, então não terão um fim. ― sorriu satisfeito com aquele início, tão absorto que não percebeu a porta do estúdio sendo aberta e alguém entrando. ― Eu costumava ser um idiota na sua frente, só ficando corajoso pelas suas costas. Eu costumava ser assim e ainda sou, não há nada que mudou. Mas, mesmo assim, hoje, hoje, hoje…
Ao mesmo tempo que escrevia, sua voz doce gentil e calma preenchia todo o lugar o ambiente, criando um clima agradável. Mesmo que a letra fosse melancólica, na verdade encarava a música com uma melodia até mesmo animada, o contrário de seu estado de espírito, que melhorava aos poucos com aquela inspiração abrupta.
― Tudo o que eu penso é você, cada pétala de flor caída, nosso lindo desabrochar. Tudo era parte de uma pintura e, embora estivesse manchada e borrada, era linda. O tempo virou gotas e continuou caindo e caindo, eu fui empurrado e estava caindo mais e mais fundo, mesmo que eu esteja trancado assim, você pode me abrir e me tirar. Honestamente, estou um pouco frustrado. Por que estou agindo assim? Eu ainda não sei, cada dia que passa não irá me dar a resposta para esse problema, então continuo repetindo isso… Eu quero te dar meu coração, eu atravesso meus sentimentos por você, no fundo de nossas memórias, nós éramos tão jovens, aqueles dias eram tão lindos. Cada pétala de flor, cada memória de nós dois, sem me esquecer de nenhuma delas. Eu estou pensando em você, eu estou pensando em você, eu estou pensando em, pensando em, pensando em você.
, você está apaixonado?! ― a voz de era tão chocada que o sentimento de surpresa podia até mesmo ser palpável.
― A-Ah, você me assustou! ― o grunhiu frustrado, levando uma das mãos até o peitoral e juntando as sobrancelhas ao olhar para cima, tendo a impressão de ver um vulto correndo e saindo da frente da porta do estúdio. Arregalou um pouco os olhos com isso, mas nem mesmo teve tempo de raciocinar.
― Na verdade, nem precisa responder, eu já sei que sim!
… ― soltou em um suspiro cansado, sabendo que agora que o amigo tinha o motivo que queria para usar de confirmação, ele não pararia tão cedo.
― EU SEMPRE SOUBE que quando você ficava olhando pro nada com aquela cara de idiota é porque tinha alguma coisa por trás! Você estava pensando nela, não é? ― sorriu sagaz, arqueando uma das sobrancelhas e fazendo se concentrar por um minuto para pensar bem em sua resposta.
Agora não tinha jeito, ele já sabia que estava mesmo apaixonado por alguém, mas a questão agora era: ele sabia quem era? Aquele nela lhe deixara com uma pulga atrás da orelha, entretanto tinha certeza que devia ser só paranoia.
― Bom, como eu posso negar agora, não é? ― já havia dado ruim mesmo, só restava aceitar.
― E quem é? Eu conheço? ― o amigo parecia tão empolgado quanto si mesmo e, ao mesmo tempo que era bonitinho ver o suporte que estava tentando dar, era um pouco assustador também, principalmente na situação em que estava.
― Sabe, eu prefiro não falar sobre isso. ― não queria cortar o amigo, porém já cortando… ― Eu e ela… Não vai dar certo, sabe? Não é pra ser.
, eu aposto que você nem tentou, só está aí se martirizando, há quanto tempo isso? Sério, se você gosta dessa garota a ponto de compor algo assim quando pensa nela, você realmente deveria dar uma chance pra is-
, eu realmente não posso. Você também não acha que é uma situação muito complicada? Eu não quero colocar o grupo em risco. ― agora o parecia um pouco desesperado, passando a mão ansiosamente pelos cabelos longos.
se sentou na sua frente, sem se importar se usara a mesa de madeira para isso, colocou uma das mãos em seu ombro em sinal de apoio e logo depois tomou uma respiração profunda, revirando os olhos e balançando a cabeça negativamente.
, você realmente é um babaca.

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O dia do comeback stage já havia passado há uma semana e nem mesmo era a primeira vez que subiria ao palco cantando Thanks, mas não era uma novidade que, toda vez que tinha que se preparar para uma apresentação, ele ficava nervoso. As apresentações em geral o deixavam nervoso porque sempre queria dar seu melhor e ser perfeito, então a preparação tinha que ser muito focada.
Estavam todos no camarim terminando suas maquiagens e encaixando os microfones quando ela entrou, lhe fazendo prender a respiração por tê-la no ambiente e saber bem o que aconteceria logo depois. fizera todos que se concentravam no espelho desviarem o olhar para vê-la entrando e aquilo o deixava extremamente enciumado. Queria ter o direito de poder olhá-la sozinho, mas sabia que, se não tinha nem a chance de o fazê-lo, a culpa era sua mesmo.
passava checando se a maquiagem de cada um estava perfeita e não havia fuga: mesmo que tentasse disfarçar e sair do camarim, ela lhe seguiria. Aceitou calmamente seu destino, tentando não fixar demais seu olhar na garota enquanto ela observava o rosto de cada um de seus amigos e então parava na sua frente quando passou perto da cadeira de frente para o espelho, virando sua cadeira giratória e agachando ao ver que estava com o rosto abaixado.
― Vamos lá. , me deixe ver esse seu rostinho angelical. ― ela riu um pouco logo depois, tentando quebrar o gelo entre eles.
tentou se segurar, mas acabou fazendo o que ela pediu, erguendo levemente o rosto e encontrando os olhos de rapidamente assim que o fez. Ela arrastou as íris de forma demorada por todos os seus traços, os analisando atentamente e demorando um tempo maior do que havia demorado com os outros garotos.
ergueu o corpo levemente, combinando suas alturas e deixando seus rostos de frente um para o outro. arregalou os olhos, mas, alguns segundos depois, ela acabou soprando abaixo de seu olho para fazer um cílio que estava por ali voar para longe antes que irritasse sua retina.
― Licença. ― ela pediu para tocá-lo rapidamente e, como se não fosse o suficiente toda aquela proximidade para lhe deixar insano, levou um dos dedos até os lábios de , que sentiu até mesmo o seu dedo mindinho do pé estremecer com aquilo.
Sabia que ela estava apenas tirando algo que havia borrado, mas sinceramente aquela situação o deixou completamente louco, descontrolado. Ele não conseguiu se segurar e levou uma das mãos até a cintura de , a puxando para si e fazendo a menina cair em seu colo de forma meio bagunçada, com os joelhos em suas coxas e os narizes se encostando e batendo delicadamente.
O camarim todo pareceu parar para assistir àquela cena, mesmo que metade pensasse que a menina havia apenas se desequilibrado e estava a segurando. Porém, mesmo com todos os olhares e atenções, para os dois era como se o tempo houvesse parado naquele momento e não houvesse mais ninguém ali, se tudo que importasse fosse os lábios deles finalmente se tocando…
O que não aconteceu, ou ao menos não por tempo o suficiente para criar uma memória ou sensação para , pois ver se desvencilhar de seus braços e sair correndo para fora do camarim lhe desconcentrou. Era a primeira vez que claramente quem estava fugindo era ela, ou pelo menos a primeira vez que sabia que era ela, mas aquela cena mexeu com o que ele não pensou duas vezes em levantar e correr atrás dela.
Não foi difícil alcançar e segurar suavemente seu ombro, não se importando se estavam em um corredor lotado de idols transitando para ir e vir de seus palcos e que eles os olhavam como se estivessem loucos. Não aguentava mais se esconder, esconder seus sentimentos e fingir que nada estava acontecendo no seu coração. Não conseguiu pensar nas consequências de seus atos e, pensando bem, nem mesmo se importava com elas no momento. Queria que ela soubesse de tudo que explodia em seu peito. Não seria um covarde mais. Podia perceber o quão assustada ela estava e suspirou, sentindo-se culpado por aquilo, mas não perdendo mais um segundo para começar a falar.
, sinceramente eu não sei como falar isso, então… ― por sorte, havia uma palavra no meio de uma letra que não saia de sua boca naquelas semanas, e sabia que ela era perfeita para aquela situação. ― Quando te vejo sorrir, o que são esses sentimentos? Eu não aprendi sobre isso, então não conseguia expressar, porque meus sentimentos eram desajeitados. , porque eu quero ser o seu amanhã, eu vivi o dia de hoje. Desde o primeiro dia em que te vi até agora, só tem você no meu coração.
, v-você…
― E-Espera, por favor. ― ele respirou fundo outra vez, tentando manter a coragem, agora segurando a mão da garota e entrelaçando seus dedos, buscando a outra mão dela para fazer o mesmo novamente. ― É uma palavra muito comum, então estou preocupado se ela contém os meus sentimentos, e é por isso que eu não conseguia dizer, porque estava procurando por uma palavra mais bela do que “Obrigado”. Eu também não conseguia expressar porque me falta coragem. Se ao menos eu soubesse a palavra “amor” um pouco mais cedo…
― Meu coração não mudou e nunca vai mudar. ― o interrompeu antes que ele voltasse a falar. podia sentir as mãos dela tremendo contra as suas, mas ouvir a voz da garota recitando aquelas palavras fora algo que o deixara totalmente sem reação. ― Mesmo que você tente me esquecer, nós não mudaremos. Porque estamos gravados no coração um do outro.
― Gravados nos nossos corações. ― a voz dos dois soou em uníssono em um sussurro, antes de seus lábios finalmente se encontrarem.
Não existia um mundo para e nem para naquele momento. O mundo deles era aquele beijo, aquele toque de suas mãos e saber que eles se amavam intensamente daquela forma, desde a primeira vez. Eles estavam gravados no coração um do outro e sempre estariam, ele sempre estaria olhando por ela e vice e versa.
Quando seus lábios se separaram, , pela primeira vez, sabia o que falar entre o seu sorriso aliviado e feliz, um que não aparecia em seu rosto há muito tempo.
― Obrigado, obrigado e apenas obrigado novamente. Pela espera, pelas nossas lembranças e até pelas saudades, obrigado.


Fim.



Nota da autora: E vai mais um MV pra minha cota, sério, eu preciso parar, mas é difícil demais se controlar quando o Seventeen faz o favor de me fazer uma obra de artes dessa que nem Thanks, bicho! Eu juro que eu tentei me controlar, mas não consegui pensando em quão amorzinho ele é! O amor que os garotos colocaram nele, como se tivessem nos colocado em todos os lugares das suas vidas, nos deixado entrar nas salas de gravação, estúdio, em todos os momentos, isso me deixa muito sentimental AUHAUHAUHA
Eu espero que vocês tenham sentido todo o amor deles por nós, porque sério, não é pouco! A pp na verdade representa nada mais do que uma fã como eles quiseram representar no vídeo, eu tentei retratar como seria se a pp estivesse nas cenas do MV - só que bem mais romantizado né hihi, e mesmo ela sendo uma staff da empresa, ela é surtada por eles como eu e você, como qualquer ser humano em sã consciência seria IHDSOAHDSA
Também espero que vocês tenham sentido um pouco o meu amor por esses garotos, eu quis imprimir todos os sentimentos bons que consegui pensar escrevendo essa short. Tomara que você tenha terminado essa short muito short e com o coraçãozinho muito aquecido! AUHAUHAUAH Obrigada por ler até aqui e me deixe saber o que você achou nos comentários ♥





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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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