Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Nunca pensei que pudesse ficar nervoso do jeito que eu estava. Quem me visse, com certeza ia achar que eu estava prestes a fechar algum contrato importante, ia subir em algum palco para cantar, ou até mesmo teria uma reunião que decidiria a minha vida, mas não, o motivo não era nenhum desses três.
Eu me sentia nervoso porque ia fazer um ano que eu tinha conhecido a mulher mais incrível de todas e não aceitava que aquela noite fosse nada menos que perfeita.
Quando me mudei para a minha atual residência, completamente desolado e perdido — porque, além de ter sido abandonado por minha ex-esposa, eu tinha duas filhas pequenas para cuidar, fora o livro que eu tinha que escrever e não saía nem por um decreto —, jamais imaginei que encontraria ali, na casa ao lado, tudo o que eu precisava para me sentir completo.
era única. Talvez fosse clichê dizer isso, mas era a mais pura verdade. Desde o primeiro momento em que a vi, eu soube que, de alguma forma, ela mudaria a minha vida.
A minha bela e doce vizinha, que era uns bons anos mais nova que eu, tinha um dom incrível de conquistar qualquer pessoa que se aproximasse o suficiente para conhecê-la.
nunca me deixava falar sobre nossa diferença de idade como um problema. fazia as melhores lasanhas que eu já havia comido. Mas o mais importante para mim era que cuidava das minhas meninas com tanto amor e carinho que um certo dia Lizzie a chamou de “mamãe”.

Era fim de tarde e o clima estava tão gostoso que achamos que seria uma boa ideia levar as meninas para brincarem um pouco no parque.
Enquanto eu empurrava o carrinho de Krista, levava Lizzie e meu humor não poderia estar melhor.
Depois de meses, eu finalmente havia me livrado do bloqueio criativo, meu livro foi concluído e dali a algumas semanas eu o veria nas livrarias.
Mal conseguia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo.
— Eu devo tudo a você, sabe? — falei, de repente, atraindo um olhar confuso da .
— Do que está falando, ? — Ela deu uma risadinha, com certeza me achando maluco por mais que eu sempre fizesse aquele tipo de coisa.
— De tudo. Você apareceu como um amuleto da sorte. Eu estava ferrado e foi só uma vizinha bonita bater à minha porta com uma deliciosa lasanha que as coisas todas se ajeitaram e voltaram para o lugar — confessei, vendo que um sorriso moldava os lábios dela conforme eu falava.
— E você achando que as lasanhas seriam um problema, não é? — Piscou para mim e foi impossível que não caíssemos na gargalhada por aquele comentário.
— A verdade é que eu tinha te achado linda demais para o meu próprio bem. Virar o vizinho tarado não estava nos meus planos — expliquei, enquanto virávamos diante do parque e nos aproximamos do mesmo banco onde eu e ela costumávamos ficar para observar as meninas enquanto brincavam.
— E o que foi que te fez mudar de ideia? — questionou, com um sorriso esperto em seus lábios.
Meus olhos se estreitaram em sua direção.
— Ei! Quer dizer então que eu virei mesmo o vizinho tarado? — Dei risada de novo, mas dessa vez de um jeito incrédulo.
— Virou. A sua sorte é que gostei de você. — Ela até jogou o cabelo em uma pose convencida.
— Você anda muito abusada, . — Continuei a olhá-la como se a repreendesse e o sorriso também não abandonou a expressão dela.
— Abusada? Eu? Vai fazer o que quanto a isso? — questionou de um jeito divertido e ao mesmo tempo incrivelmente sexy. Aquela mulher tinha aquele dom sobre mim. Ao mesmo tempo em que ela era adorável, também me deixava maluco.
— Mais tarde eu te mostro lá em casa, quando tivermos uma conversinha.
— Mal posso esperar, . — mordeu o canto dos lábios e eu suspirei baixinho.
Depois de liberarmos as meninas dos carrinhos, ficamos um bom tempo ali, nos divertindo, compartilhando algumas risadas e conversando enquanto eu mantinha meu braço ao redor de seus ombros e ela entrelaçava seus dedos com os de minha mão livre.
— Sabe, eu gosto desse negócio de ser seu amuleto, . — Prestei atenção em ao ouvi-la retomar o assunto. — Gosto principalmente porque você também é o meu.
Sorri largamente ao ouvir aquilo.
— Eu sou?
— Uhum — confirmou, com um aceno de cabeça.
Não me contive e juntei meus lábios aos seus em um beijo rápido.
— Eu jamais imaginei que fazer uma gentileza ao vizinho bonitão me traria tantas coisas boas. Eu também era uma completa bagunça até você aparecer, meu amor.
— Gosto de ouvir você me chamar de seu amor — murmurei, levando uma mão até seu rosto e o acariciando de leve.
Eu tinha consciência de que algumas pessoas nos olhavam e até julgavam o fato de eu ser mais velho, mas, com o passar do tempo, fui aprendendo a dar menos importância para elas. Nós estávamos felizes um com o outro e era tudo o que importava.
De repente, se desvencilhou de mim, se levantando rapidamente, e só me dei conta do que estava acontecendo quando meu olhar a acompanhou até o escorregador, vendo que pegava uma Lizzie em prantos no colo.
Me aproximei rapidamente, tentando descobrir o que havia acontecido.
— Está tudo bem, minha querida. Foi apenas um susto, não se preocupe! — murmurou, passando a mão sobre os cabelos de minha filha, deixando um beijo no topo de sua cabeça enquanto Lizzie a abraçava com força e soluçava. — Ela caiu ali no finalzinho daquele escorregador malvado, papai. Mas está tudo bem agora, não está? Lizzie é uma menina bem forte e corajosa.
Sorri com a cena, aliviado por não ser nada grave e vendo a doce menina se desvencilhar um pouco para prestar atenção em .
— Será que ela é? Ou será que terei que levá-la ao hospital, ? Olha esse ralado no joelho, me parece muito sério! E essa choradeira? Deve estar doendo muito, sabe? — Entrei na pilha, arrancando uma risada chorosa de Lizzie.
— Ih, olha só a ideia do seu pai. Nada de hospital, não é? A Lizzie aqui já é uma mocinha muito forte. Um raladinho mixuruca não vai abalar ela, certo? — A menininha então assentiu e eu não contive mais um sorriso encantado. — Ótimo. Sem hospitais por hoje.
Apertando mais uma vez contra si, então Lizzie se soltou do abraço e sorriu para ela ao ser colocada no chão.
— Obrigada, mamãe.
Então se afastou correndo até Krista, me deixando completamente embasbacado.
— Ela… — começou.
— Sim — concordei, quando sua fala falhou.
— Ela me chamou mesmo de mamãe? — então olhou para mim e seus olhos estavam marejados.
— Você cuida delas com tanto amor. Acho que Lizzie está certa, sabe? — concordei, vendo-a então balançar a cabeça e deixar as lágrimas caírem.
— Não posso preencher o lugar da mãe delas, . Eu sei que um dia ela pode voltar e querer de volta... E tudo bem, sabe? — fungou e eu não sabia bem o motivo de estar chorando. Talvez fosse apenas felicidade.
— Não vai preencher. Tenho certeza de que naqueles pequenos corações há bastante espaço para mais uma mãe. — Sorri carinhoso. — Elas amam você, .
— E eu as amo muito também. Como se fossem minhas.
— E elas são.


Naquela noite, eu havia conseguido deixar as meninas com um casal de amigos de confiança. Era estranho passar um tempo assim sem minhas menininhas, principalmente porque sempre fazíamos tudo juntos, nós quatro, mas aquela era uma ocasião especial.
Me perguntava se estaria se sentindo da mesma forma que eu. Se suas mãos estavam suando frio daquele jeito e o coração palpitando como se aquele fosse o nosso primeiro encontro.
Nada poderia dar errado e, se dependesse de mim, não daria.
Caminhei determinado até a porta da casa de , tocando a campainha e deixando de lado qualquer resquício de nervosismo. Minhas mãos ainda suavam muito, mas fechá-las em punho dentro de meus bolsos poderia ser uma solução eficiente.
Exceto, é claro, pelo fato de que eu precisei tocar a campainha mais umas duas vezes até ouvir um grito de dizendo que já estava vindo.
No momento em que ela abriu a porta, não sei como eu não caí para trás. Ela estava tão linda que eu senti vontade de puxá-la para mim e beijá-la enlouquecidamente.
Não importava a roupa que aquela mulher escolhesse, com certeza até com trapos ela ficaria magnífica, mas havia escolhido um vestido colado ao corpo e em um tom de azul claro que a fazia quase parecer um anjo.
— Uau, você está incrível! — Foi a primeira coisa que consegui dizer, arrancando um belo sorriso dela.
— Fico feliz que gostou. Eu demorei horas para me decidir — respondeu em tom de confissão.
— Bom, eu não sei que tipo de feitiço você jogou em mim, , mas eu me sinto até bobo toda vez que olho pra você, então tenho certeza de que qualquer escolha sua me deixaria assim.
— Você jamais saberá o meu truque. — Aproximou seus lábios dos meus, então deu um selinho simples, que acabou me atiçando a transformá-lo em um beijo mais intenso.
Agarrei pela cintura, a trazendo para mais perto de mim e atacando seus lábios com vontade, sentindo ela enlaçar meu pescoço com suas mãos. Pressionei o corpo dela contra o meu, suspirando de prazer e me deliciando com cada carícia que nossas línguas trocavam.
— Eu poderia simplesmente puxar você pra dentro dessa casa, então nós dois transaríamos no chão da minha sala — propôs em um tom sussurrado contra a minha boca.
Aquilo me deixou louco.
— E por que você não faz isso, vizinha? — Ergui uma sobrancelha, umedecendo meus lábios ao encará-la de cima a baixo mais uma vez.
— Porque eu ouvi dizer que meu namorado perfeito preparou uma noite incrível para nós dois. — Sorriu enviesado. — Não que transar no chão não seja incrível também, mas você entendeu.
A reflexão rápida dela me fez rir.
— Eu vou anotar essa ideia para mais tarde porque gostei muito dela. — Pisquei um olho e então entrelacei meus dedos nos seus, a guiando para que entrássemos em meu carro.
Eu tinha certeza de que iria amar o que havia preparado e ainda assim eu me sentia nervoso por sua reação. Talvez jantar em algum restaurante chique fosse mais a cara de um aniversário de namoro, mas…
! — A exclamação de me despertou dos pensamentos e foi então que me liguei de que havíamos chegado.
— Sim? — perguntei, enquanto me fazia de sonso.
— Eu não acredito que você fez isso! — Abri um pequeno sorriso enquanto estacionava o carro.
— Foi meio difícil de conseguir, não vou mentir. Mas depois de uns subornos aqui e ali, acabou dando tudo certo. — Soltei uma risada baixa, abrindo a porta do motorista e saindo para dar a volta e abrir a do carona.
— Não to conseguindo acreditar nisso! Minha nossa! — Os olhos dela brilhavam enquanto encarava a entrada do local.
— Se eu te der um beijo, você acredita? — brinquei, me aproximando por trás dela e beijando de leve o seu pescoço.
virou o rosto na minha direção.
— Eu poderia me pendurar toda em você nesse exato momento, , mas vou deixar para fazer isso lá dentro. — Soltou uma risadinha empolgada, então entrelaçou sua mão na minha e praticamente me puxou para dentro do estabelecimento.
Acabei rindo junto a ela, completamente feliz por ver o quanto havia gostado da surpresa.
havia me contado que desde criança sempre sonhou em conhecer um planetário. E por mais geek que aquilo soasse, ela nem se importava. Queria conhecer um planetário e ter uma constelação todinha para que apreciasse pelo menos uma vez.
Então eu achei que seria legal levá-la até um em nosso aniversário de namoro.
Aparentemente, achava o mesmo.
E lá dentro já estava tudo preparado, as pétalas vermelhas no caminho, o filme que eles costumavam passar, a pequena toalha estendida no chão com o nosso jantar e minha namorada não hesitou nem um pouco em tirar seus sapatos altos e se sentar ali.
Nós comemos tudo enquanto jogávamos conversa fora, contando cada vez mais sobre nossas experiências de vida ou comentando sobre coisas triviais, como a série de romance de época que ela havia praticamente me obrigado a assistir com ela, mas que no fim eu acabei gostando.
No final de tudo, deitamos lado a lado enquanto o filme rodava diversas constelações e eu me sentia pleno e feliz por ter alguém como ao meu lado.
— Eu não tenho nem palavras para te dizer o quanto eu estou feliz ao seu lado, . Não apenas agora, mas em todos os momentos.
Virei meu rosto em sua direção ao ouvir aquilo, não evitando o sorriso bobo que surgiu em meus lábios porque era como se ela pudesse ouvir meus pensamentos.
— Ótimo. Saber que você se sente da mesma forma que eu era tudo o que eu precisava ouvir, .
Senti ela se aproximar mais de mim, então a envolvi em meus braços e sustentei seu olhar fixo no meu.
— Eu te amo, . — Ouvi as palavras saírem de sua boca, então juntei meus lábios nos seus em um beijo que expressava que qualquer coisa que viesse dela para mim seria recíproco.
Ainda assim, quando nossos lábios se desgrudaram brevemente, senti necessidade em murmurar de volta.
— Eu te amo, .


FIM



Nota da autora: Olá, meus amores. Aqui estou eu, trazendo um mimo para vocês que gostaram do casal de Icarus Interlude.
Assim que a primeira parte foi postada, várias de vocês me pediram uma continuação e quando eu parei para pensar nela, tive aquela sensação de que os dois já haviam passado a mensagem deles, porém não pude deixar de trazer só um pouquinho de como eu imagino que esses dois estejam um com o outro e com essas filhas lindas do pp.
Enfim, eu espero que vocês tenham gostado. Eu fiquei muuuuito soft aqui, confesso.
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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