Finalizada em: 11/04/2021

Capítulo Único

Depois de uma viagem de quase um dia, o ônibus vindo do Oregon finalmente estacionou. A jovem passageira se levantou, espreguiçando-se. Sentia a bunda quadrada depois de passar tanto tempo sentada. Foi a primeira vez que quase terminou de ouvir toda a sua playlist de música no seu novíssimo MP3.
Mas os incômodos da cadeira desconfortável ou do corredor cheio de pessoas lentas não importava. Não agora que ela havia chegado em Los Angeles. Porque ela teria o melhor verão de todos.
Ficava arrepiada só de pensar em tantas formas de aproveitar o dia. E aquele era apenas o começo. Seu coração batia acelerado com todas as perspectivas.
Ela só tinha uma certeza: iria fazer aquele verão valer a pena.

🎸🎤🎵


A banda Sunset Curve podia ser composta de adolescentes, que geralmente eram vistos como preguiçosos e sem perspectiva, mas, quando se tratava de música, todos os seus integrantes se entregavam de corpo e alma. E era por isso que Luke, Reggie e Alex estavam ensaiando desde às oito da manhã em uma velha garagem, sentindo falta apenas do outro guitarrista, Bobby, que fora arrastado para uma viagem com os pais para visitar a família. Essas eram as desvantagens de não ser independente.
Depois de uma quinta tentativa de aperfeiçoar um verso que Luke estava compondo, a porta da garagem foi subitamente aberta.
- Ahn, desculpe atrapalhar, meninos. – Era Jackson, um amigo dos pais de Alex que morava na casa e emprestava a garagem para eles. – Mas o telefone está tocando sem parar. Qual de vocês é o Reginald?
Reggie levantou a mão, assustado por estar sendo chamado.
- Sua mãe quer falar com você. E, por favor, atenda logo. – Jackson falou, parecendo não aguentar mais o barulho do toque do telefone o tirando de seu confortável sofá.
- Por que eu me convenci que não seria ruim dar o telefone daqui para ela? – Ele reclamou com um muxoxo, saindo em seguida.
Alex ficou batucando distraidamente na bateria enquanto Luke olhava a partitura na sua frente. Não estava ruim. Mas não estava sentindo a conexão que deveria estar sentindo, aquela satisfação pessoal de que tinha acertado e nem a satisfação de adorar a própria composição. E, para ele, se não o agradava, como conseguiria fazer os outros gostarem?
Os passos de Reggie retornando o trouxeram de volta à realidade.
- Gente. – Eles ouviram a voz do baixista que havia retornado. - Eu vou ter que ir.
- O quê? Por quê? Você mal chegou. – Luke reclamou.
- Na verdade, ele chegou há três horas. – Alex o corrigiu.
- Tanto faz. Ele sempre fica até o final.
- Eu sei! – Reggie reclamou, parecendo a ponto de chorar. – Mas minha mãe me ligou e me mandou voltar para casa.
- Por quê? – Alex ficou curioso.
Reggie suspirou, parecendo frustrado e chateado como se fosse uma criança que tivesse tido seu presente de natal arrancado.
- . – Ele respondeu simplesmente.
As lembranças de Luke viajaram para quando, há cinco anos, a prima insuportável de Reggie, , havia passado uma semana de férias na Califórnia. A mãe do baixista insistira que ele fizesse companhia à menina. Ou seja, ela ficou perseguindo os três amigos a semana inteira. Ficava atrapalhando seus ensaios, tagarelava sem parar um minuto, chorava para a mãe de Reggie quando eles não brincavam com ela, forçando-os a fazerem suas vontades, e ainda admitiu estar completamente apaixonada por Luke antes de tentar beijá-lo na praia. Por sorte, ele correu a tempo.
Isso sem contar o último dia, quando Luke quis mostrar que tinha ganhado sua tão sonhada guitarra de presente por passar de ano com boas notas e queria porque queria segurá-la. Luke, obviamente, não deixou e ela tentou arrancar o instrumento de suas mãos. No final, ela arrebentou uma corda novinha em folha.
Luke a odiava e nunca iria perdoá-la por isso. Nunca.
Os três garotos engoliram em seco, partilhando uma raiva e um desgosto comum. Por isso, muito apreensivo, o guitarrista se forçou a perguntar para Reggie.
- O que ela tem a ver com você ter que ir embora? – Ele torcia que estivesse errado, torcia que tivesse outro motivo.
Reg fez sua costumeira cara de chateação quando anunciou.
- Ela veio para cá. Vai passar uma semana de férias aqui.
Os três garotos xingaram, mentalmente e em voz alta, a situação. Estavam fadados a perderem uma semana de férias completa.
- Bom, é melhor você ir, mas, se ela perguntar, eu morri. – Luke falou, guardando suas coisas para se retirar também.
- E eu estou na Albânia. – Alex acrescentou.
- Por que eu não consigo ter uma desculpa também? – Reggie reclamou.
- Porque a família é sua. – O baterista retrucou, com um olhar de pena, mas aliviado que poderia fugir da situação.
- Então semana que vem voltamos com os ensaios. Sem ofensas, Reggie, mas tente não entrar em contato comigo nos próximos dias. Eu vou estar propositalmente me escondendo. – Luke comentou, acenando para eles.
- Esperem! Vocês não podem me abandonar! – Reg quase implorava.
- Tenta sugerir para sua mãe fazer algo com ela. Sabe, de mulher para mulher. – Alex tentava animar o amigo.
- Eu vou tentar. E se não conseguir, eu fujo de casa, ah, mas isso eu juro para vocês!

🎸🎤🎵


Luke estava sentado de frente para a televisão, hipnotizado pelo desenho animado que passava, e comendo um pacote de salgadinhos. Normalmente, estaria ensaiando, mas com a prima de Reggie por perto, isso estava fora de questão e o bloqueio criativo não o deixava compor. Por isso, acabou ali, se distraindo e perdendo tempo com os programas.
Isso é, até sua mãe atrapalhá-lo.
- Luke! Telefone!
- Já vou! – Ele respondeu, mas não se mexeu.
A mãe apareceu na sala, impaciente.
- Luke Patterson, é o seu amigo Reginald. Você pode atendê-lo?
O garoto pulou do sofá, correndo para o aparelho.
- E aí?
- Cara, eu preciso sair daqui.
- Uou, calma, me conta o que tá rolando. – Luke se sentou para escutar o amigo.
- Eu passei a noite toda trancado no quarto desde que ela chegou. Eu tive que acordar cinco horas da manhã para tomar café e não encontrá-la. Ainda estou todo dolorido do abraço que ela me deu quando chegou. Ela é um monstro! – O amigo choramingava.
- Eu sinto muito, Reggie. – Luke falou, embora parte de si sentia alívio por fugir da garota.
- Eu também, cara. Mas pelo menos minha mãe acabou de sair com ela para o shopping.
- Mano, isso é ótimo! Podemos nos encontrar!
- Por favor, eu não aguento mais olhar o papel de parede do meu quarto. – Reggie reclamou.
- Ensaio em meia hora. Vou ligar para o Alex. Falou! – Luke disse, animado, desligando a chamada e discando para a casa de Alex.
- Alô? – Ouviu a voz do amigo.
- Ensaio na garagem em meia hora!
- Uou, pera aí. E o nosso plano para se esconder?
- A mãe de Reggie levou ela para algum shopping. Estamos livres!
- Não brinca! Bom, não tenho nada melhor para fazer mesmo. Até daqui a meia hora então!
- Valeu. – Luke se despediu, o sorriso em seu rosto cada vez maior. Afinal, não seria um dia completamente perdido.
Trocou de roupa, pegou a sua querida guitarra que estaria segura de mãos curiosas e correu para fora para já sair com sua bicicleta.
- Onde está indo, Luke? – Sua mãe apareceu na porta, surpresa com sua ida repentina.
- Ensaio da banda. – Ele acenou, já se preparando para sair.
- Luke! Você não pode usar seu tempo inteiro para ensaiar com essa bandinha!
- Essa bandinha se chama Sunset Curve e eu vou ensaiar o quanto eu quiser. Você nem tem por que reclamar, eu ‘tô de férias!
- Exato e você vai começar a receber os resultados das universidades e convites para entrevistas... Você precisa se preparar! – A sra. Patterson falava, preocupada com o que o filho iria fazer com sua vida.
- Me preparar para o que, exatamente? – Ele perguntou, irritado.
- Se preparar para o seu futuro!
- De uma vez por todas, entenda que o meu futuro é essa banda. E só ela.
- Essa banda é uma fase, filho. Você precisa de garantias.
- Você nunca vai me entender. Tchau, Emily. Não me espere cedo.
Ele saiu pedalando rapidamente, deixando a mãe desolada para trás, escutando apenas um chamado desolado:
- Luke...
Cada vez estava mais difícil conviver com sua mãe. Afinal, o que para ela era um hobbie adolescente, para ele era a melhor coisa do mundo. Era tudo o que conseguia se imaginar fazendo no futuro, feliz. E fazendo bem! Se ela ao menos se importasse em escutar o que ele escrevia...
Deixou a mente espairecer enquanto pedalava com o vento da Cidade dos Anjos batendo em seu rosto. Mal percebeu quando chegou na garagem, distraído como estava.
Quando passou pelas portas da garagem, sentiu todos os pensamentos ruins sumirem. Estava de volta ao seu conforto e ao local em que ele podia ser ele mesmo e sonhar com futuros palcos, compor melodias e letras, tudo estava ali. Naquele local que para alguns poderia ser um depósito, mas para quatro jovens, era a esperança.
- Luke! – Ele ouviu a voz de Reggie. – Você chegou cinco minutos adiantado!
- E pelo visto vocês também! – Ele riu ao ver o baterista e o baixista já a postos.
- Na verdade, eu cheguei sete minutos adiantados. Reggie chegou quinze.
- Vocês não sabem o inferno que eu estou vivendo. Mesmo trancado no quarto, eu ouço a risada dela vindo da cozinha me assombrar!
- Não se preocupe, agora você está no espaço seguro do ensaio da Sunset Curve. – Alex confortou o amigo.
- O que a gente tá esperando? Vamos tocar! – Luke disse, conferindo a afinação da própria guitarra, elétrico para sentir a música percorrendo seu corpo.
- Alex, na sua contagem. – O guitarrista falou.
- Um! Dois! Um, dois, três e...
A música alta começou a percorrer o ambiente, a caixa de som vibrando com os instrumentos. E era apenas o aquecimento. Mas nada naquela banda era feita pela metade. Até no aquecimento eles tinham em mente que estavam tocando para milhares de pessoas e não podiam errar, mesmo que no final a garagem estivesse sempre vazia.
Por isso, todos se surpreenderam a ouvir uma voz:
- Uau, que sonzinho maneiro!
Os instrumentos pararam abruptamente e os musicistas se assustaram. Quem estava ali?
Então, uma garota surgiu do canto da sala. Estiveram tão focados tocando que nem a perceberam entrando. E Luke não sabia como não tinha percebido sua presença. A garota era bonita demais para seu próprio bem.
Abriu um dos seus melhores sorrisos de canto, ignorando o gritinho de Reggie, e se adiantou, com a mão estendida.
- Oi, eu sou Luke.
A menina abafou uma risadinha.
- Eu sei.
O guitarrista estava completamente confuso, até que o baixista se pronunciou, nervoso, a voz saindo três tons mais aguda que o normal:
- Não era para você estar no shopping?
Luke olhou em choque para a menina da sua frente. Como não a tinha reconhecido? Ainda tinha o mesmo sorriso gigante, os mesmos olhos brilhantes e agitados. Mas estava tão mais... Atraente, por mais que odiasse admitir. Droga, a garota mais irritante e chata que ele conhecia estava bonita de uma maneira que poderia ser considerada ilegal.
- Seu pai ligou para sua mãe no meio do caminho. Brigaram porque, de acordo com ele, ela ia gastar todo o dinheiro que ele conquistou no trabalho. Foi bem desconfortável. – comentou, os olhos muito expressivos com tudo o que ela falava. - De qualquer jeito, voltamos para casa, a tia ficou bem malzinha e eu fui te procurar no seu quarto. Você não estava lá, mas achei um papel na sua cama com o endereço daqui e imaginei que aqui você estaria. Quem diria, eu acertei!
- A gente ensaia aqui há anos e você ainda confere o endereço? – Alex falou, entre ironia e raiva para Reggie, num sussurro.
- Eu não tenho boa memória espacial. – Ele choramingou.
- E como você chegou aqui? – Luke indagou.
- Ah, tinha o ônibus que eu devia pegar, o ponto onde saltar e depois para onde andar. – Ela deu de ombros, rindo, um timbre que parecia menos irritante agora.
- Nem o ônibus, Reginald? – Alex falou entredentes.
- São muitas paradas. – O baixista se contentou a falar.
Reggie parou e olhou suplicante para Luke. O garoto percebeu que Alex também o encarava. Ele engoliu em seco, percebendo que ia ter que lidar com a situação sozinho. Se virou para a garota bonita, mas mentalizou que ela era cruel o suficiente para arrebentar uma corda de guitarra.
- Bom, apesar das informações que Reggie deixou tão à mostra, esse ensaio é privado, então, ahn... Tchau. – Luke deu às costas para ela.
- Ah, mas eu não vou embora. – sorriu e Luke sentiu alguma coisa se revirar na sua barriga. – Eu vou ficar e assistir. Não tem problema, certo, Luke?
- É, não tem não. – Ele falou, sem pensar, mas percebeu os olhares feios que recebiam. – Quer dizer, claro que tem! Precisamos de, ahn...
- De privacidade. Ouviu, ? Isso quer dizer que você vai embora. – Reggie reclamou.
- Agora. – Alex completou. Para o garoto falar desse jeito, tinha que estar muito fora de si.
- Por favor, eu fico quietinha. – Ela fez biquinho.
Os três garotos se encararam, perdidos. Estavam em um beco sem saída. Sabiam muito bem que, quando a garota queria algo, ela conseguia.
- Tá bom. – Reggie falou, por fim. – Mas nem um pio!
Ela passou a mão na frente dos lábios, fingindo fechar a boca com um zíper, e se sentou em um banco no canto da garagem, um sorriso gigante no lábio.
- Bom, er, então vamos ensaiar. – Luke anunciou e todos voltaram a ajeitar os próprios instrumentos e esperaram a contagem de Alex para recomeçar a música onde haviam parado.

🎸🎤🎵


Meia hora após o início do ensaio, os pés impacientes da garota se balançavam e os meninos começaram a se desconcentrar. Por fim, Luke, relembrando o porquê ele queria evitá-la o máximo possível, não conseguiu se manter calado.
- Algum problema? – Ele perguntou, entredentes, parando de tocar.
A garota olhou para eles, parecendo surpresa de ver a interrupção.
- Ah, não é nada.
E voltou a balançar as pernas.
Alex bufou.
- , se você não disser o que você quer, não vamos poder ajudar.
- Ah, eu só estava pensando em como o dia tá bonito demais para ficarmos trancados em uma garagem. Reginald, você mora de frente para praia e está trancado aqui em um dia de sol!
- Não estamos trancados aqui, estamos ensaiando e nos divertido. – Reggie replicou.
- ‘Tô vendo a diversão. Passar a mesma música várias vezes até alguma inspiração surgir. E sempre recusando um público. Se ficaram irritados com minhas pernas, imagina se alguém se entediasse!
- Ninguém nunca se entediaria com Sunset Curve! – Luke replicou, irritado.
- E nós tocamos para o público! – Alex respondeu, ofendido.
- Ah, é? Que público? A poeira?
- Nós tocamos fora da garagem! – Reggie exclamou.
- Aonde? – perguntou.
Os três se encararam e demoraram alguns segundos antes de Alex responder.
- Tocamos em clubes de livros.
A gargalhada de aumentava conforme a carranca dos meninos se definia. Ela os estava humilhando no ponto em que mais os feria.
- Já saquei. Tudo bem, vamos logo.
- Nós não vamos a lugar algum! – Alex resmungou.
- Ah, é?
- Isso mesmo. Você já tá invadindo nosso ensaio. Então faça o favor de ficar quieta ou ir embora, porque nós ficaremos aqui! – Luke afirmou, convencido.

🎸🎤🎵


Luke queria poder dizer que ao menos resistiu por quinze minutos. Mas ele cedeu em sete. Pelo menos não foi como Reggie, que se entregou antes dos cinco primeiros minutos.
Já era humilhante tocar com uma caixa na sua frente para as pessoas depositarem dinheiro (e conseguir ao todo 4 dólares e 65 centavos), porém, a situação piorava. O vento jogava areia em seus olhos, desconcentrando-o.
E, para piorar, decidiu nadar com alguns desconhecidos com quem ela havia feito amizade. E ela estava perigosamente bonita com aquele biquíni e ele sabia que não era o único a reparar.
- Luke, dá para ter foco aqui? – Alex questionou, irritado. Ele odiava tocar na praia, pois não conseguia transportar sua bateria.
- Quê? Eu ‘tô focado!
- É, focado no mar. Perdeu alguma coisa lá? – Alex parecia estar contendo um sorriso mínimo.
- O que você tá insinuando, Alex? – Reggie perguntou, sem entender nada.
- É, qual é a sua? – Luke completou.
- Sabe, Reggie, acho que Luke vai fazer parte da sua família. – O baterista debochou.
O garoto ficou um minuto olhando, confuso, para o nada, antes de abrir um sorriso gigante.
- Mamãe te adotou?!
- Não, seu idiota, ele tá a fim da sua prima!
- O QUÊ?! – O baixista exclamou tão alto, perplexo, que muitos ao redor encararam ele.
- Fala sério, Alex, eu? A fim da ? Nada a ver.
- Então para de encarar ela e foca na música, cara!
- Eu já estava focando! – Luke estava irritado, mas não com Alex. Com ele mesmo. Como podia se trair assim?
Respirou fundo e decidiu que o amigo tinha razão (não que ele fosse admitir). Devia focar na música e somente na música. Ela era seu foco, sua base, sua força.
No entanto, seus planos foram frustrados quando voltou para perto deles com seus dois novos “amiguinhos" da praia.
- E aí, galera? Já estão sentindo minha falta?
Alex tossiu por cima do “Não” de Reg.
- Esses são Paul e Jerry. Eles também tocam e falaram que estavam querendo ouvir o som da Sunset Curve! E eu fiz propaganda boa, viu? – Ela piscou, rindo, e os outros logo a acompanharam.
- Fala aí! Sou Jerry. – O moreno cumprimentou.
- E eu sou Paul. – O ruivo disse. – Tem algum som aí para animar a gente?
- Vamos tocar a nossa última! – Reggie respondeu, já que Luke estava incapacitado com algum sentimento sombrio e desconhecido dentro de si.
Luke pegou seu violão e sentiu os acordes virem naturalmente para si. Era diferente tocar com aquele instrumento, mas tão mágico quanto qualquer música que ele podia produzir.
Estavam no refrão quando ele levantou os olhos e viu rindo para Jerry. Ele trincou os dentes, confuso, e tocou um pouco mais violento que o normal. Aquilo pareceu chamar a atenção da menina. Ela se virou para ele e o encarou com seus olhos intensos e brilhantes. Luke não soube o porquê, mas simplesmente pareceu certo improvisar aquele trecho. Tudo veio instintivamente. Era só olhar para ela que os acordes pareciam se tocar sozinhos.
No fim, não apenas Paul, Jerry e os aplaudiram, como também um público de quinze pessoas. O guitarrista ficou assustado, sem ter percebido a aproximação dos outros, mas sentindo seu coração disparar com aquela adrenalina única de se apresentar para as pessoas
- E não esqueçam, meninas, para qualquer festa ou momento oportuno, é só ligar para a Sunset Curve. A melhor banda da cidade dos anjos! – Reggie falava para um grupo de quatro meninas, piscando para elas, que davam risinhos.
O sucesso com o sexo oposto parecia ser de família, já que possuía sua própria rodinha única ao seu redor. Luke estava a ponto de acabar com aquela palhaçada quando sentiu um cutucão de Alex.
- Cara, aquele solo improvisado ficou muito bom. A gente podia tentar repetir isso amanhã e aproveitar para uma nova música.
- Para que aproveitar para uma nova música? Deixe para uma nova música um novo solo. – Luke o dispensou, sentindo a adrenalina de tocar. Tocaria cinquenta músicas diretas com a energia que sentia.
- Luke! Acha que tem inspiração para tudo isso? – Alex mantinha os olhos arregalados.
O guitarrista olhou de relance para . Ela acenou para ele, sorrindo genuinamente. Graças a ela, eles haviam tocado em público. E o mesmo público havia gostado.
- Acho que entrei em uma onda de inspiração. – O garoto simplesmente respondeu ao amigo.
O que está acontecendo comigo?, Luke pensou.

🎸🎤🎵


No dia seguinte, o grupo percebeu que não havia como se livrar de . E não sabiam honestamente se queriam.
Ela tinha uma grande dificuldade de ouvir os outros. Mas tinha ideias geniais que deixaram Luke muito surpreso.
- Vocês viram o que vai ter sexta na costa leste? – perguntou e todos já estavam se acostumando que, mesmo se soubessem, deveriam deixá-la falar.
- O quê? – Reggie perguntou.
- Um festival de música! E o campeão pode gravar uma demo!
- Um festival? – Os olhos de Luke se arregalaram.
- Tá surdo? – Alex revirou os olhos.
- Quanta sensibilidade, meu amigo. – O guitarrista empurrou de leve o baterista, mas sem reclamações. Aquilo... Era uma possibilidade única.
- Vocês vão tocar, né? Aqui, olhem o panfleto! Vocês precisam ir. Olha o palco!
estendeu um papel impresso. As luzes do palco pareciam iluminar todos os sonhos deles.
- Não é o Orpheum... – Alex começou, embora não parecesse reclamar.
- Mas com o prêmio conseguiríamos uma demo que nos deixaria mais perto de conseguir tocar lá. – Luke ponderou.
- Mas estamos sem o Bobby. Em um festival, o ideal seria a banda toda estar completa.
- Quem é o Bobby? – questionou, curiosa.
- Nosso outro guitarrista. – Seu primo respondeu.
- O segundo. – Luke frisou. Seu orgulho não podia se manter calado.
- Bom, não devo ser como o Bobby, mas posso ajudar com isso. Eu toco! – sorria de orelha a orelha.
A banda se olhou, um procurando no outro a solução para a situação. A menina podia estar mais legal, mas ela não podia estragar a chance deles. E o pior, todos eles sabiam que a garota não aceitaria um não. Era teimosa e, quando queria algo, não escutava mais ninguém até ter o que queria.
Luke pigarreou ao perceber que os amigos empurrariam aquilo para ele e falou:
- , nós agradecemos muito a oferta, mas o tempo é curto para ensaiar, quem sabe numa próxima.
- Ah, mas eu aprendo as músicas! Acho que até sei algumas já! – A menina se empolgou.
- , para! Você nem toca guitarra! – Reggie exclamou.
- Claro que toco!
- Para de brincadeira. Olha, a gente agradece, mas não dessa vez, ok? – Alex frisou, o desespero lhe invadindo. Ele odiava confrontos e dava para ver sua ansiedade conforme ele batucava na própria perna.
- Me deem uma chance! Tipo, um teste! Para banda!
- Mas a vaga já tá preenchida. Pelo Bobby! – O baixista frisou.
- Só temporário! Até eu ir embora. Só para o festival! Vocês podem até gravar a demo com o Bobby!
- , não temos tempo, temos que ensaiar. Já falamos que não. Não estraga o momento, ok? – Luke completou.
A garota pareceu profundamente magoada. Ela avançou para frente e agarrou a guitarra de Luke, que a segurava.
- Me deixa tentar.
O pânico subiu por Luke. Aquela cena era parecida demais com o que aconteceu quando eles tinham 12 anos e estragou sua corda novinha. A raiva irracional o invadiu e ele segurou a guitarra mais fortemente. A garota ficou ainda mais triste. Ela olhou para todos ali e soltou o instrumento.
- Eu só queria tentar.
Depois de falar isso, ela saiu correndo.
O silêncio que invadiu o estúdio foi constrangedor.
A banda não sabia o que fazia. Então eles só observaram ir e retornaram ao ensaio, sem muita energia.
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O dia do festival estava cada vez mais perto, mas Luke não se sentia animado como devia.
não apareceu mais no ensaio. O que devia ser um alívio, trazia na verdade um peso de culpa no coração deles. E a culpa era um sentimento que não contribuía muito para a música animada que eles desejavam tocar. Os ensaios estavam sendo um desastre.
- É isso! Já chega! Precisamos achar a ! – Alex foi a voz da razão. – Enquanto não nos ajeitarmos com ela, a culpa vai nos corroer e não vamos conseguir tocar.
- Eu nunca achei que deixaria de fugir dela para correr atrás dela. – Reggie contemplou.
- Mas como vamos encontrá-la? Ela pode estar em qualquer lugar! – Luke expressou o que se passava em sua cabeça, transtornado.
- Com certeza não vamos encontrá-la sentados aqui nessa garagem. – Alex contemplou.
- Eu posso ver se minha mãe sabe onde ela foi. – Reg se ofereceu, logo depois fazendo uma careta. – Isso ainda é tão estranho.
- Luke, vamos nos dividir pela praia. Você pega a costa leste e eu pego a costa oeste.
- Ok.
E assim os músicos partiram, cada um com seu destino, mas o objetivo em comum: encontrar a garota mais irritante do país, mas também a única que poderia libertá-los da culpa e deixá-los livres para tocar.
Luke percorreu por uma hora a areia da praia. Estava começando a enxergar a beleza que dizia ter naquele lugar. Estava sempre tão perto, que ele esquecia de dar valor. A areia ventava em seu olho, mas também era macia sob seus pés. E a brisa com cheiro de mar podia ser deliciosa.
Estar ali só o fez pensar em como as pessoas o aplaudiram depois de se apresentar na praia. E como tinha sido graças a , que insistira que eles vivenciassem a vida fora da garagem. A culpa triplicou em seu peito.
Seus pensamentos estavam tão fixos na menina que teve quase certeza que estava alucinando quando a viu na beira da água, os olhos fechados e aproveitando o vento. Ela era linda, mas não só por sua beleza exterior. Algo parecia brilhar dentro dela, como uma energia muito forte.
Ele se acomodou ao lado dela, tentando não assustá-la, anunciando sua presença caso ela quisesse sair dali. Ela simplesmente continuou do jeito que estava.
- Achei que você ia estar chateada em um canto. – Luke falou baixinho.
Sem abrir os olhos, sorriu.
- E perder minhas férias aqui? Vocês têm isso aqui todo dia, mas eu não. Nenhuma chateação ou bobagem vai me impedir de aproveitar tudo o que essa cidade tem de melhor, cada segundo. Dizem que é a cidade na qual sonhos se realizam. Mas eles não se realizam com a gente sentado esperando. Precisamos viver todos os segundos com intensidade e em direção ao que queremos.
Luke ficou embasbacado. Aquelas palavras tiveram mais impacto nele do que ele queria admitir. Talvez, ele pensou, a praia não fosse a única coisa a qual ele estivesse deixando de dar valor.
Ficou tão impressionado que não percebeu que rabiscava algo na areia. Se inclinou mais para perto para ver. E ficou ainda mais impressionado e confuso.
Linhas eram preenchidas por algumas bolinhas, o canto esquerdo marcado por uma clave de sol. Era uma partitura. Ele começou a tocá-la em sua cabeça.
- Espera aí... Esse é o solo que eu toquei na praia.
- Era muito bonito. Ele ficou na minha cabeça todos esses dias.
- Mas... Como?
deu de ombros levemente.
- Eles chamam de ouvido absoluto. Desde que mamãe descobriu, eu entrei na banda da escola e comecei a ter aulas particulares também. Aprendi a tocar oito instrumentos por enquanto, mas nenhum supera a energia de tocar guitarra. Naquele dia, que a corda da sua guitarra arrebentou... Você tinha me dado ideia de um trecho para completar sua música.
- Você só estava tentando tocar? – Ele estava em choque.
Ela assentiu, mais tímida do que jamais tinha a visto.
Se Luke não estivesse sentado, com certeza teria caído. Não só quase correra o risco de perder uma amiga, como também quase perdeu uma grande adição para sua banda. Nunca se sentiu tão estúpido.
- Me desculpa por arrebentar sua corda. E me desculpa por ser inconveniente. Eu sei que eu devia parar e ouvir. Às vezes, minha cabeça só está com ideias demais para conseguir escutar o mundo de fora. Só o meu de dentro já tem informações demais.
- Desculpa não te deixar fazer o teste. Eu não deveria ter te julgado sem nem te escutar. Você... reconsideraria a ideia? – Ele perguntou, constrangido, mexendo no cabelo.
sorriu de orelha a orelha, finalmente o olhando nos olhos. Ele nunca esteve tão curioso para escutar o que se passava na mente de alguém.
- Mas é claro!
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Agora que havia escutado sua história, não foi exatamente surpresa para Luke que a garota tocasse incrivelmente bem.
O teste dela foi aprovado fervorosamente pela banda inteira, que se lamentou que a garota morasse em outro estado e tão longe. Nunca iriam dizer para Bobby, mas ela era muito melhor que ele.
Eles ensaiaram pelos dois dias que os distanciavam do festival. Eles se arrependiam de não terem aceitado a garota mais cedo, no entanto, ela pegava as músicas extremamente rápido. Não só pegou a música como fez alterações magníficas que deixaram todos confiantes.
Ao lado de , Luke sentia que poderia compor diversas músicas novas e nenhuma conseguiria captar seu brilho e energia interior. Eles deram uma dupla e tanto alterando as composições e as melhorando. Nunca havia produzido tão bem, nem com Alex e Reggie. Não admitiria em voz alta por parecer extremamente bobo, mas havia se tornado sua musa.
A noite do festival finalmente chegou e o grupo não poderia estar mais elétrico. Eles marcaram de se encontrar na costa leste, uma hora antes do início do festival, para se inscreverem.
Luke foi o último a chegar em sua bicicleta. O pai o oferecera carona, mas depois de mais uma briga com a mãe, ele decidiu não depender de ninguém. Não valia a pena a segurança de um carro se escutaria várias coisas horríveis no caminho para desanimá-lo. Era tanto pedir para escutar um “boa sorte, você consegue"?
O guitarrista avistou Alex e Reggie, sorrindo e acenando para eles. Ao se aproximar, a integrante temporária da banda se revelou atrás dos outros dois.
O coração de Luke pareceu parar por um segundo, antes de voltar a bater ainda mais rápido. estava linda. Seus cabelos soltos voavam com a brisa da noite que vinha do mar. O vestido abraçava seu corpo e refletia as luzes do palco. Mas nada se comparava ao sorriso em seu rosto. Nada no mundo poderia superar aquele sorriso gigante.
Talvez Luke estivesse mais óbvio do que imaginava, porque ele ouviu rapidamente o pigarro de Alex.
- Reggie, vamos nos inscrever.
- Mas já? Vai com o Luke, eu ‘tô cansado.
Alex suspirou, agarrando o braço do amigo.
- Vamos agora.
riu dos dois e Luke não pôde deixar de sorrir diante daquela cena. Então, percebeu que ela o encarava. Esperando.
- É... Noite bonita, né?
Ela balançou de leve a cabeça em negação, rindo, e estendeu a mão.
- Vem, vamos dar uma volta.
As mãos dos dois se encaixaram perfeitamente. Ele sentia os calos dela decorrente aos ensaios intensos dos últimos dias, que combinavam com os seus próprios. Ela o guiou pela multidão enquanto ele olhava em volta. A praia estava lotada. Ele tocaria na frente de todas aquelas pessoas. Eles tocariam.
Os dois chegaram na parte cercada de barracas de comidas. Luke sabia que estava quieto demais.
- Então... Quer um cachorro-quente?
- Acho que é demais para meu estômago ansioso. Que tal uma pipoca?
Luke sorriu para ela.
- Uma pipoca no capricho, madame.
Os dois dividiram o pacote de pipoca, rindo e compartilhando suas expectativas. Luke se perguntava se ela sempre havia sido assim e ele que nunca reparara. Ou não era maduro o suficiente para ver a beleza de sua energia. Voltaram para perto da calçada e encontraram Alex e Reggie com a inscrição em mãos. Estava feito. A música deles tocaria ali.
O festival enfim começou e os quatro não conseguiram deixar de se maravilhar com a música dos outros. A alegria era, no entanto, acompanhada de uma ansiedade crescente, com a vez deles chegando.
E então, chegara a vez deles. Sunset Curve foi anunciada para todos. O grupo subiu no palco e testou os instrumentos. No momento em que as mãos de Luke tocaram o primeiro acorde e as caixas de música explodiram com o seu som, seu medo foi substituído por pura euforia.
Ele tocou com o público e para o público. A energia era única, eles estavam completamente sincronizados e harmonizados. Tocavam como um. E , com seu jeito único, era como um ponto de luz e inspiração para o grupo. Quando Luke olhava para ela, sentia sua música melhorar. Ela representava alegria, emoção e música. Tudo o que ele mais amava. E algo dentro dele dizia que, se ele convivesse mais com ela, seria apenas uma feliz consequência amá-la também.
Cantou a plenos pulmões e acertou todos os acordes. No último de todos, ele estava completamente suado e realizado, feliz por saber que havia dado seu melhor, assim como toda a sua banda.
Os aplausos foram ensurdecedores. Descendo do palco, eles foram cercados por diversos fãs recém conquistados. Todos os seus sorrisos pareciam tatuados no rosto, porque não sumiam em nenhum momento. O grupo se entreolhou, a energia do palco ainda preenchendo suas veias.
- Isso... Foi muito incrível! – Reggie comemorou.
- Obrigado por ter nos convencido a participar, . – Alex agradeceu, sincero.
- Obrigada vocês por me deixarem tocar!
- A gente conseguiu, galera, foi demais! – Luke acrescentou.
O olhar de Luke encontrou o de e ele sentiu um puxão esquisito na barriga: tão intenso quanto a emoção de subir em um palco. Eles sorriram um para o outro.
Alex novamente entrou em ação.
- Vamos, Reggie, vamos comprar algo para comer.
- Você quer sair de novo? Parece até que quer ficar a sós comigo.
- Sério, Reginald? De verdade? – Alex falou, revirando os olhos e puxando o baixista com ele.
Luke se virou para os olhos intensos da garota e pigarreou.
- É... Você foi muito bem.
Para sua surpresa, no entanto, caiu na gargalhada.
- Ah, cala a boca. – Ela disse, antes de puxá-lo para um beijo.
Na primeira vez em que tentou beijá-lo, eles também estavam em uma praia. E ele correu o mais rápido possível para longe dela. Agora, aquela seria a última coisa que ele faria.
Suas bocas encaixaram como se fosse para ser assim. Luke se sentiu no paraíso com a sensação de ter a garota para si. Sua boca quente e suas mãos pequenas em seu cabelo o preencheram de tantas emoções intensas que ele desejou que aquilo nunca mais acabasse. Eles se separaram somente para recuperar o fôlego.
- ... O que vou fazer quando você for embora amanhã?
Ela colocou um dedo sobre a boca dele.
- Por que você pensa tanto no amanhã? Vamos aproveitar o que a gente tem hoje.
Foi difícil afastar as preocupações. Era difícil não pensar que iria perdê-la. Na verdade, ele verdadeiramente só conseguiu se distrair quando o produtor do evento subiu novamente no palco.
- Por decisão unânime dos juízes, os vencedores são... Sunset Curve!
Os quatro berraram e se abraçaram. Naquele momento, eram os adolescentes mais felizes e sortudos do mundo. Eles subiram no palco para pegar seu prêmio, ainda sem acreditar. E passaram o resto da noite com sorrisos gigantes colados em seus rostos.
- Não acredito que ganhamos mesmo! – Alex comemorou.
- Não tinha fé na gente, cara? – Luke brincou.
- E ainda ganhamos uma grana extra. Podemos fazer camisetas da banda! – Reggie exclamou.
- Isso é tão idiota. – Alex contestou.
Os dois começaram a discutir e Luke sentiu uma mão envolver a sua. Não sabia se jamais ia se acostumar com o sentimento que o preenchia quando segurava sua mão e sorria para ele.
Mas ele não precisava pensar no futuro. Apenas no hoje. E ele o viveria como se não houvesse amanhã.



Fim!



Nota da autora: AAAAAA ESCREVI!!!!
Esse foi meu primeiro ficstape e não podia ter sido melhor. Juntei a vontade de escrever uma fic com o Luke junto com essa música maravilhosa do grupo. O plot veio quase instantaneamente e espero que vocês tenham curtido!!
Eu tentei demais captar a energia deles e essa mensagem única que a música passa: aproveitar cada segundo. Claro que nós precisamos fazer nossos planos e nos dedicar por eles, mas de que adianta ser infeliz em prol de um futuro tão distante que nem sabemos se viveremos? Acredito que sempre devemos tentar ser felizes no que fazemos e até nas coisas mais simples. E é essa energia e pensamento que eu quis passar com a Lisa. Espero que tenham gostado dela e da fic! Comentem para matar minha curiosidade!
Para conferir mais fics minhas, sigam meu instagram @elena.n.stuff, no qual eu aviso das minhas atualizações e conto das minhas histórias! O link está aqui embaixo!
Beijos, espero demais que gostem!

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Nota da beta: Eu amei demaissssssssssssssss! Eu senti demais a energia da música na história, sério! Ficou simplesmente incrível. Amei a forma como eles tiveram que mudar a mente, amei a forma como ela insistiu na aproximação mesmo com a chatice deles, amei como ele ficou babando por ela hahahaha Perfeitaaaa 💙

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