Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

sentia o suor escorrer por sua testa e tentou controlar a vontade de largar a enorme caixa de qualquer jeito para que pudesse enxugá-la. Só de pensar que teria que desempacotar tudo aquilo, imaginava que no mínimo era um idiota por carregar tantas coisas consigo.
Não imaginava que fosse capaz de armazenar tanto e só teve uma noção quando começou a encaixotar a mudança.
Talvez devesse aproveitar e separar o que era realmente necessário para si e, gostando da ideia, guardou aquilo em mente.
Um grunhido escapou de seus lábios quando largou a caixa no chão da sala. Aquilo estava realmente pesado e o esforço de carregar todas aquelas coisas realmente estava acabando com naquele dia. Soltando o ar com força, o homem deu uma boa olhada ao seu redor e aquela casa parecia extremamente confortável, o que fez com que focasse nas vantagens de ter se mudado para Belfast, uma cidadezinha no Maine, que possuía uma população até que amigável, o que ele concluiu ao ter contato com algumas pessoas.
O nome de era conhecido entre os leitores de fantasia. Durante boa parte de sua carreira, ele não se importava em morar em uma cidade grande como Boston, mas, a um certo ponto, sentiu que precisava de ares menos agitados. Então ali estava ele, em uma casa que havia lhe custado ridiculamente barato, já que o lugar era bem grande.
Conversando com algumas pessoas, foi informado sobre as histórias de sua nova residência. Todo habitante de Belfast com quem tinha contato e contava onde morava, contava alguma coisa relacionada a fantasmas e mortes misteriosas, e ouvir aquilo fazia com que o homem se sentisse em um filme clichê de terror.
Gostava de clichês, mas não acreditou naquela baboseira toda. A casa estava conservada demais e ele não achava que o fato de o dono anterior ter morrido ali era um problema. Morrer era parte do ciclo natural da vida e não entendia por que as pessoas temiam tanto a morte.
Dando aquele dia por encerrado, o homem tomou um banho caprichado e pediu uma pizza para desfrutar com uma boa taça de vinho, enquanto via um filme aleatório na Netflix. Nem viu o final e quando percebeu que dava a quarta “pescada”, desligou a televisão e foi se aninhar na cama espaçosa de casal do quarto que havia escolhido para si. Não precisou nem pensar muito e, em questão de segundos, dormia feito um bebê.
Aparentemente, o sono de seguia sem sonhos, ou talvez tivesse, mas ele jamais saberia dizer.
Quando seus olhos se abriram, no meio da madrugada, esqueceu qualquer coisa que fosse. Mesmo dormindo, ele teve uma sensação estranha de que alguém o observava.
Seus olhos se abriram rapidamente, sua respiração ficou descompassada e ele temeu por alguns segundos olhar em volta. Poderia descobrir que aquela sensação não tinha nada a ver, mas e se fosse o contrário?
Estava sendo ridículo, era óbvio que não tinha nada a ver.
se ajeitou na cama, fechando os olhos e resolvendo voltar a pegar no sono, porém outra vez parecia que alguém olhava para ele. E quando os abriu novamente, sentiu seu corpo inteiro se retesar de pavor ao encontrar uma garota parada ao seu lado na cama, inclinada sobre si, tão próxima que poderia soprar em seu rosto.
— Vá embora. — A voz fez com que congelasse, seus lábios tremeram e não conseguiu encontrar palavras, não sabia nem como se falava.
Um grito desesperado escapou dos lábios de e quando tentou se mover para correr para bem longe daquela garota, percebeu que não conseguia se mexer. Seu corpo estava paralisado e sua mente entrou em colapso, gritando a ele que devia se mexer. Se não o fizesse...
— Mexa-se, ! Pisque o olho, qualquer coisa — insistiu, temendo que choraria a qualquer momento.
Então teve a mesma sensação de que abria seus olhos e voltava à sua consciência. Sentiu-se apavorado e só depois de alguns segundos foi que percebeu que aquilo havia sido um pesadelo.
— Inacreditável.
Com certeza, era seu subconsciente lhe pregando peças, já que ouviu todas aquelas histórias de alguns moradores da cidade. Definitivamente era aquilo.


👻


No dia seguinte, já nem lembrava mais daquele pesadelo, ou era o que ele repetia para si mesmo inúmeras vezes. Aquela bobagem sobre fantasmas nem existia.
Sentou-se diante da escrivaninha que preparou para o trabalho e abriu o documento no Word. Tentou escrever um pouco e as palavras até que estavam fluindo bem. Roteiros faziam maravilhas na vida de um escritor e o dele estava completo há algum tempo.
estava cada vez mais empolgado com o que escrevia. O primeiro capítulo estava já pela metade e aquilo só lhe dava mais gás para continuar. Estava em uma cena interessante, onde o personagem principal estava prestes a conhecer seu par romântico quando, mais uma vez, sentiu que alguém o observava.
Como se um gelo passasse por cada uma de suas terminações nervosas, paralisou com as mãos em cima do teclado. Engoliu em seco, não conseguindo nem um pingo de coragem para virar o rosto na direção de onde aquele sentimento vinha.
— Isso é apenas coisa de sua cabeça — disse, em voz alta, se esforçando para acreditar naquelas palavras. — Você só ficou impressionado por causa do pesadelo.
Num ímpeto, olhou em volta, encontrando o vazio e suspirando aliviado por ser apenas uma paranóia.
Tentou retomar a escrita, mas, depois de alguns minutos, a sensação voltou e ele foi obrigado a parar para encarar sua sala mais uma vez.
Bufou quando o nada lhe deu uma resposta e aquilo se repetiu por mais algumas vezes, até o ponto em que desistiu de continuar escrevendo e resolveu sair para fazer algumas compras.


👻


Quando deitou a cabeça no travesseiro, cogitou fazer alguma oração, por mais que não acreditasse muito em religião. Em vez disso, buscou a garrafa de vinho e tomou mais do que uma taça, relaxando do jeito que queria e pegando no sono um tempo depois.
Estava cada vez mais confortável, o ar à sua volta estava gostoso e a cama era tão macia que ele tinha vontade de passar o dia todo jogado nela.
não se lembrava de ter deixado as janelas abertas, mas se encolheu quando um vento frio tomou conta de seu corpo. Com preguiça demais para levantar e buscar um cobertor, continuou ali tremendo, esperando o extremo que o faria não querer mais segurar.
Então uma baforada de ar tocou seu rosto e ele franziu o cenho. Aquilo não parecia coisa do vento. A sensação era a de que sopravam em sua pele.
Mais uma vez, acordou no susto, arregalando os olhos e esperando encontrar a mesma garota do dia anterior, porém era apenas o vazio.
Bufou para si mesmo, se sentindo cada vez mais patético com aquela situação. Virou para o lado esquerdo da cama e seu coração saltou até a garganta quando viu a mesma garota ali, deitada ao seu lado.
— Vá embora agora — ela disse, o encarando de um jeito que não soube desvendar porque estava aterrorizado demais.
A vontade de correr gritava em cada poro de seu corpo, mas ele precisava entender o que aquilo significava, então engoliu o medo.
— O que... Por que devo ir embora? — questionou, se sentindo ansioso por uma resposta, mas esta nunca veio.
A frustração gritou em seu peito quando ele abriu os olhos, acordando de mais um sonho.
— Não. Isso não é coincidência — resmungou, pensando no que poderia fazer para descobrir do que aquilo tudo se tratava.


👻


No dia seguinte, visitou o arquivo histórico da cidade, pedindo todo o tipo de informação que houvesse a respeito da casa que havia comprado.
A pesquisa acabou não sendo muito complicada. As informações saltavam aos seus olhos e a cada notícia que lia, ele se sentia mais estranho. Pelo que descobriu, nenhum dos boatos era mentira. Não apenas alguns, mas todos os antigos donos daquela casa haviam morrido lá dentro.
Entre estes, estava a garota que havia visto em seus pesadelos.
Um tremor percorreu o seu corpo ao ler o nome dela: .
Reparando bem, era uma garota muito bonita e pensar que alguém tão jovem havia falecido o deixou intrigado. Fora o fato de ele estar vendo o fantasma dela todas as noites.
A surpresa veio, de fato, quando foi informado que a causa da morte da garota havia sido inconclusiva. Ele franziu o cenho e se pôs a ler mais sobre . Viu que seus pais também moravam naquela casa com ela e que ambos haviam morrido depois da garota.
Era triste saber que ela tinha toda uma vida pela frente.
Algo fez com que voltasse a analisar as outras pessoas que haviam morrido naquela casa e em todas elas a causa da morte era inconclusiva.
— Mas como pode uma coisa dessas? — Foi lendo com cada vez mais avidez pela história da casa, até que um rapaz o interrompeu e anunciou que o arquivo ia fechar.
acabou indo para casa e não precisou de muito para que caísse na cama e adormecesse.


👻


Ao ter a familiar sensação de que lhe observavam, abriu os olhos, encarando a garota a alguns metros de sua cama.
— Vá embora, . — Franziu o cenho para ela.
— Como sabe o meu nome? — questionou, surpreso.
— Apenas sei — respondeu, de forma vaga.
— E eu acho que sei como te ajudar — disse, em um impulso.
— Me ajudar? — A garota imitou o gesto dele, franzindo suas feições.
— Sei que você não vaga por aqui por acaso. Você precisa saber como você morreu, não é? Eu vou te ajudar com isso — ele havia soado tão determinado que sorriu, mas logo suas feições foram tomadas por um pânico imenso, e inquieta ela negou com a cabeça.
— Por que você não foge daqui? Por que não foge de mim? Fuja enquanto é tempo, . Fuja antes que faça parte... Eu morri por não acreditar quando me avisaram que eu deveria fugir — explicou, apressada.
— Como assim? Não estou entendendo nada, . — A olhou, em confusão.
— Eu já fui recém chegada nessa casa. Como você, eu tive sensações que julguei serem coisas da minha cabeça. Até que esse senhor me alertou do perigo e eu... não quis acreditar. Quando a morte chegou, só conseguia pensar em tudo que eu estava perdendo por não acreditar. Tentei voltar a lugares com verdadeiro significado para mim, mas descobri de um jeito amargo a verdade: uma vez morto aqui, você não consegue mais sair.
... — Ele não sabia em que acreditar, tudo estava confuso demais e... — O quê? — questionou, ao ver os olhos dela arregalados de pavor.
— Sinto muito, . É tarde demais para você também. — Sua voz misturava o medo com a tristeza.
— Como? — Então as feições de foram desaparecendo, de uma forma diferente de quando ele acordava de seus pesadelos.
Daquela vez, suas pálpebras pareciam estar se fechando por conta própria.
Ao acordar, no entanto, se viu em pé, diante de uma cama que ele não demorou a reconhecer como sua, no quarto recém adquirido da casa dele. Nela, estava deitado um casal e tudo estava tão frio ao seu redor que se sentiu estremecer. No entanto, quando fez isso, o estalo em sua mente o fez se dar conta do que havia acontecido.
Ele estava morto e preso naquela casa. Da mesma forma que .
Então o grito de ecoou em desespero.



FIM



Nota da autora: Mais um terror com espíritos pra dar aquele calafrio antes de dormir hehehe.
Esse aqui foi inspirado em American Horror Story — Murder House. Super recomendo!
Espero que vocês tenham gostado. Comentem aqui para eu saber e continuar postando mais fics como essa!
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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