Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Aquela queda parecia não ter fim. Eu conseguia ouvir meus batimentos acelerados, a intensidade gritando como se a qualquer momento fossem explodir minha caixa torácica. Cada um de meus poros se arrepiava enquanto a adrenalina fazia o sangue correr agitado em minhas veias.
Não fazia ideia do que me esperava quando atingisse meu destino, mas não havia mais como recuar. Não havia sequer um fio onde eu pudesse me agarrar, tampouco uma escada com degraus tão infinitos quanto a distância que eu percorria.
Eu apertava meus olhos com força porque eu me conhecia muito bem e sabia que aquele ato me impedia de gritar a plenos pulmões, gastando as lufadas de oxigênio certamente necessárias dali para frente.
Como eu sabia daquilo? Não fazia ideia, apenas sabia.
Assim como eu tinha certeza de que não importava o quanto o medo alertasse a proximidade do fim da minha existência, eu sobreviveria.
Afinal de contas, o sangue em minhas veias tinha que valer para alguma coisa.
Engoli a seco, deixando uma boa dose de determinação entrar goela abaixo e forcei meus olhos a se abrirem.
E em um segundo, a escuridão era tanta que não vi diferença alguma. No outro, a sensação da queda cessava, meu corpo se atirava contra uma superfície fofa e todo o cenário à minha volta se tornou nítido de uma maneira que eu não esperava.
De barriga para baixo, com uma parte do rosto tocando a mesma superfície, foquei meu olhar em uma de minhas mãos, disposta a poucos centímetros do meu nariz, porém uma outra coisa ganhou minha atenção.
Foi aí que eu me dei conta. A superfície fofa ainda era o chão e, mais do que isso, era como se me abraçasse.
De repente, era como se eu finalmente estivesse no lugar ao qual pertencia de verdade.
Me coloquei de pé num rompante, ignorando a sensação de tontura em protesto e sorri como nunca antes.
Um formigamento gostoso irrompeu da ponta do meu polegar até meu último fio de cabelo e uma espécie de euforia trouxe também uma vontade insana de rir.
Não consegui me conter e percebi que nem queria. Minhas gargalhadas preencheram o ambiente e quanto mais eu ria, mais aquele sentimento aumentava.
Mesmo afetada pelo prazer do riso, fui me dando conta do ambiente ao meu redor, completamente diferente do que haviam me contado.
Ou talvez eu apenas tivesse entrado direto pela área vip, cortesia de quem eu desejava encontrar ao mergulhar no vazio.
A arquitetura elegante era o traço mais evidente daquele cômodo. As paredes possuíam um tom rústico, como no interior de um castelo e o piso era escuro, mas tão lustroso que eu conseguia ver o meu próprio reflexo.
Num extremo, havia uma grande mesa repleta das coisas mais apetitosas que se poderia imaginar, e meu estômago até roncou com aquilo, clamando por um pouquinho de atenção, mas foi impossível lhe dar ouvidos quando meus olhos foram para o outro lado.
Havia uma lareira e as chamas crepitantes possuíam um tom azulado hipnotizante e diante dela duas poltronas confortáveis rodeavam uma mesa de centro. Uma jarra dourada descansava ao lado de duas taças combinando e por algum motivo eu sabia que guardava um líquido rubro que saciaria a sede crescente em minha garganta.
Ameacei dar um passo em sua direção, mas me freei no mesmo instante, dando ouvidos a um fio de sanidade restante, aquele que gritava por cautela.
— Não tema, minha criança. Nós dois sabemos que você está em casa — a voz reverberou pelo cômodo, preenchendo-o com uma imponência admirável e antes mesmo que a poltrona se virasse em minha direção eu sabia a quem pertencia.
Era verdade o que diziam. Minha aparência física era semelhante à dele em diversos aspectos e uma pontada de orgulho me fez ter vontade de estufar o peito.
De fato, eu jamais julgaria qualquer pessoa que caísse em suas graças, ele era absurdamente bonito.
Um sorriso torto se formou nos lábios dele e eu cogitei uma habilidade de ouvir meus pensamentos, porém me dei conta de que havia aberto minha boca já fazia algum tempo.
Sacudi a cabeça em negação, então dei os primeiros passos tímidos.
Mas o que diabos eu estava fazendo? Daquele jeito eu não conseguiria cumprir o que precisava ser feito.
Voltei a me alimentar da mesma confiança existente ao me lançar no precipício e o encarei com mais determinação, vencendo por fim a distância que nos separava.
Um gesto polido dele me indicou a poltrona ao seu lado e eu prontamente ocupei o assento, me colocando em um meio termo entre a lareira e aquele que todos conheciam como o Deus do Mundo Inferior.
— Pela sua cara de quem está em uma missão, suponho que não tenha vindo apenas fazer uma visita ao seu querido pai.
Contive a vontade de torcer a boca com a última parte de sua fala, principalmente porque eu já havia perdido tempo demais admirada com as coisas ao meu redor.
Cada segundo era precioso demais e deixando o deslumbre de lado, eu estava mesmo em uma missão.
A humanidade inteira dependia de mim.
— Sim. Eu preciso que venha comigo, pai. — Me forcei, por mais estranho que aquilo fosse.
— Para onde, criança? — O ar de riso deveria me parar, mas eu não me deixaria abater.
— O senhor sabe para onde. Uma guerra está prestes a acontecer. — Fui direto ao ponto.
— E o que lhe dá tanta certeza de que a minha participação será a favor de seus amados mortais? — Uma sobrancelha dele se arqueou.
— O sangue que corre nas minhas veias. — E antes que Hades tivesse qualquer reação à minha fala, retirei o medalhão que envolvia meu pescoço. — E isso.


FIM



Nota da autora: Esse aqui foi mais um surto meu e não preciso nem dizer que vem mais por aí, certo?
Eu sempre quis escrever uma fic de Heróis do Olimpo tendo uma pp filha de Hades e essa música me trouxe a oportunidade perfeita.
Espero que tenham gostado!
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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