Finalizada em: 14/02/2021

Prólogo

You gotta help me out
(Você tem que me ajudar)
It's all a blur last night
(Não lembro nada da noite passada)

desistiu de continuar dormindo ao sentir a cabeça latejar pela quinta vez em menos de dez minutos, era impossível ignorar as fisgadas que sentia. Remexeu-se na cama e ouviu um resmungar baixo, notando que não estava sozinha. Sentou-se na cama rapidamente e praguejou mentalmente em todas as línguas que conhecia, arrependida da dor que o movimento inesperado a causara.
Debruçou-se levemente para o lado, disposta a reconhecer quem era o homem ao seu lado. No momento que encarou o rosto que bem conhecia, sua garganta secou e a dor em sua cabeça aumentou. A ressaca moral substituía completamente qualquer outro sentimento que ela estava sentindo naquele momento.
Analisou o local com os olhos e encontrou as roupas jogadas pelo chão na companhia das roupas masculinas que possuíam o mesmo destino das suas. Não lembrava de um mísero detalhe da noite anterior e isso era um problema. Não era possível que, pela primeira vez em anos, tivesse arruinado uma missão a qual comandava.
Levantou da cama disposta a saber onde estava e o que tinha acontecido com a missão, não poderia falhar em uma missão daquele porte, principalmente se levarmos em conta que ela tinha sido a única agente cotada para ir resolver a missão em Las Vegas. Afinal de contas, ela o conhecia melhor do que ninguém. E o corpo que repousava nu em sua cama apenas confirmava ainda mais esse fato.
Encarou a data no celular e lembrou onde estava – ou deveria estar – e, principalmente, o que fora fazer ali. Ignorou o aparelho em sua mão e avançou na direção da cama, não se importando de ser o mínimo sutil ao puxar o edredom. Mas ignorou o homem ao notar o enorme diamante que seu dedo anelar ostentava na mão esquerda.
– PUTA QUE PARIU.– o tom de voz alto acordou o homem desnudo que dormia tranquilamente na cama.
– Bom dia para você também.– o sorriso de lado permaneceu intacto nos lábios de que encarava o corpo nu de sua antiga parceira.
– O que aconteceu ontem à noite?– questionou séria, com o olhar preso no rosto de .
– Acho que você sabe.– murmurou com um tom de voz sugestivo, recebendo um revirar de olhos da parceira.
Céus, como ela odiava o bom humor e as insinuações de .
– Estou falando sério.– respondeu seca e o sorriso sumiu dos lábios do homem.– Eu não faço ideia do que aconteceu noite passada.
– Você não se lembra de nada?– questionou sério ao sentar-se na cama, mantendo o olhar focado no de .
– A última noite é só um borrão.– admitiu conforme sentava na beirada da cama.
Não se importava com sua nudez e nem com a de – afinal de contas, não era como se tivesse algo ali que já não tivesse visto –, a única coisa que importava para a agente especial era saber o que diabos aconteceu na noite passada.
– Eu só me lembro de chegar em Vegas e salvar a sua pele.– revirou os olhos, odiava a prepotência de quando se tratava de trabalho. Ele poderia ter saído daquela enrascada sozinho.– Também lembro de um cassino...


Capítulo Único

Spare me your freaking dirty looks now
(Poupe-me desses olhares agora)
Don't blame me
(Não me culpe)

24 Horas mais cedo...
mal teve tempo de acomodar-se decentemente no quarto que estava hospedada, recebendo uma mensagem com o local que deveria ir. Colocou o distintivo na cintura – sentindo falta do usual crachá que pousava ali em todos os seus dias no laboratório – e encaixou a arma no coldre, mantendo-a tampada pela calça colada que usava.
Não sabia dizer se o nervosismo que corria por todo o seu corpo e a deixava inquieta era devido ao fato de que estava em uma missão de campo, sendo uma agente especial após permanecer longos anos na Unidade de Ciência Forense, ou se tudo o que sentia era causado pelo fato de quem ela encontraria.
já tinha participado algumas vezes de missões que a faziam ir para o campo, mas em todas elas, sua equipe estava ao seu lado. Agora ela se encontrava ali, sozinha e fora de sua zona de conforto, rezando para que a unidade de Las Vegas tivesse aprovado o pedido de seu departamento.
Saiu do Caesars Palace e entrou no carro alugado de Jean Risgb, personagem que assumia sempre que não queria ser associada a imagem de agente do FBI. O carro saiu do estacionamento do hotel cantando pneu e seguiu pelo caminho indicado no GPS. sentia sua mão suando ao volante, enquanto em sua mente continuava a repetir um mantra: é apenas mais uma missão, não possui nenhuma diferença das outras.
Mas a quem ela queria enganar? Nem a própria agente acreditava na voz que sussurrava em sua cabeça. Ela sabia que não seria igual. Estava sem a equipe, no estado de Nevada e sabia que aquela missão despertaria o seu passado. E ela não estava nem um pouco pronta para isso.
A equipe sabia de todo o seu envolvimento passado com , e esse era o principal motivo pelo qual ela foi a felizarda escolhida em liderar aquela missão. Não poderiam vir como equipe, afinal de contas o cartel estava de olho neles, mas ninguém suspeitaria de uma agente que exercia o trabalho apenas no laboratório. O que fazia com o que esse fosse o segundo motivo para a agente estar ali.
Estacionou o carro pouco antes do endereço e notou os grandes carros pretos, que ela conhecia demasiadamente bem. Desceu do veículo e caminhou até o carro mais próximo, batendo sutilmente no vidro escuro do carro e observando atentamente quando a janela começou a descer. Cinco agentes a encaravam fixamente, enquanto analisava-os rapidamente. Dariam para o gasto.
Pegou o colete a prova de balas que lhe estenderam e afastou-se da porta do carro, vestindo a proteção enquanto os agentes saíam do veículo, notando que mais cinco agentes saíam do outro carro estacionado um pouco mais à frente.
– Agente , sou o agente especial Carter, fui designado como o chefe da missão por Las Vegas.– o homem que lhe entregou o colete falou, estendendo a mão e mantendo a troca de olhares.– Mas estou aqui apenas para liderar os agentes, você é quem dá as ordens.
– Prazer.– secou a mão na calça e estendeu a mão na direção de Carter.– Avaliaram o perímetro?
– Sim, não encontramos nada incomum.– o agente respondeu simplesmente ao apertar a mão de em saudação.– Mapeamos todos os pontos de entrada e os possíveis também. Seis homens do cartel e um refém estão lá dentro, pelo o que conseguimos identificar
– Então a informação estava correta.– murmurou mais para si mesma do que para o homem a sua frente e trouxe a mão de volta para perto do seu corpo.
– O local não é favorável para nós, mas a vantagem no número de agentes vai nos ajudar.– balançou a cabeça em sinal de concordância
Passou rapidamente o olhar por todos os agentes parados ali e suspirou baixo. Não se sentia preparada para aquela missão. Muito menos se sentia apta para salvar a vida do homem que a fez sair de Nova Iorque para resgatá-lo ali em Vegas. A única coisa que sua mente não compreendia, era o motivo pelo qual o FBI fazia tanta questão que ela comandasse a missão, quando simplesmente podiam deixar que a unidade de Las Vegas lidasse com um agente desgarrado.
Endireitou a postura e respirou fundo, tirando a arma do coldre e segurando-a firmemente entre as mãos. Observou o agente especial Carter indicando as posições que cada um deveria tomar e se manteve em silêncio, com medo de demonstrar todo o nervosismo que sentia ao abrir a boca. Seguiu Carter e mais uma agente até a entrada do local, atenta a técnica que a mulher usava para abrir a porta.
observou a porta abrir levemente com um estalo e encarou a agente, aquele era um dos motivos pelo qual ela não trabalhava em campo, a sua vontade era de jogar-se contra a porta até que a mesma rompesse. Algo que não é sútil – ou recomendado – a se fazer quando está tentando adentrar a um local sem chamar atenção.
– Precisamos recuperar o refém com vida.– murmurou ao olhar pela fresta da porta, observando o enorme cômodo vazio.– Limpo.
esgueirou-se para dentro da sala e passou a analisar o cômodo, estranhando o fato de que o local não possuía nenhum sinal de vida ou qualquer resquício de que outrora já fora ocupado por pessoas ou móveis. Inspecionou cada canto das paredes, satisfeita por não encontrar nenhuma câmera aparente.
Encarou rapidamente os outros dois agentes que a acompanhavam e seguiu pelo corredor, ouvindo as vozes raivosas que gritavam. engoliu em seco e segurou a arma com ainda mais força, sentindo-se levemente aflita por não conseguir avistar a movimentação.
Queria gritar de frustração. Não sentia-se emocionalmente preparada para aquela missão, e esse sentimento apenas se intensificou no momento em que conseguiu ver amarrado em uma cadeira enquanto lutava para manter os olhos abertos, com dois homens ao seu lado enquanto Rudy, o chefe do cartel, permanecia parado a sua frente.
– Um para cada.– murmurou para os agentes e deu um sorriso nervoso, que sumiu de seu rosto poucos segundos depois, ao ouvir os barulhos de tiro que ecoavam da parte traseira da casa.– Porra.
rompeu a sala, jogando-se contra a porta, e direcionou a arma para o segurança da esquerda, disparando em uma bala em sua cabeça. As únicas pessoas que precisavam sair com vida daquele cômodo eram os agentes especiais, e Rudy. Os outros participantes do cartel eram apenas um efeito colateral, não importava o que acontecesse com eles.
Rudy arregalou os olhos e praguejou baixo, dando uma coronhada em e deixando o homem desacordado. correu em direção a e ajoelhou-se no chão, ficando de frente para o antigo parceiro e segurando suavemente o rosto dele de modo que seus rostos ficassem na mesma altura.
estava focada em , Carter perseguia Rudy pelos cômodos a fora e a agente desconhecida enquadrava o segurança contra o chão. desamarrou os nós que mantinham preso a cadeira e sustentou o corpo que tombou sobre o seu. Deu dois tapinhas no rosto do homem, recebendo como resposta um resmungo grogue.
Apoiou o corpo de contra o seu e manteve o suporte enquanto o ajudava a levantar da cadeira. Passou o braço por cima de seu ombro e segurou fortemente em sua cintura, mantendo seus corpos colados enquanto servia de apoio. encarou a agente e observou que a mesma já tinha algemado o segurança, escoltando-o para fora do cômodo. Seguiu pelo mesmo caminho com dificuldade, apoiando com uma mão enquanto a outra ainda segurava a arma.
– Eu acho bom você acordar.– esbravejou próximo ao ouvido de .
Era incrível a capacidade que o homem possuía de acabar com toda a sua paciência, até mesmo estando desacordado.
saiu do galpão e guardou a arma no coldre outra vez, seguindo com até o carro e colocando-o no banco do passageiro. Observou o parceiro sonolento e capturou o celular, discando o número de seu superior em seguida. Aproximou o aparelho da orelha e manteve-se parada na frente de , de modo que conseguisse impedir qualquer movimento que o homem viesse a fazer.
– Rudy foi pego e está bem.– falou direto ao notar que a ligação tinha sido atendida.– Voltamos para Nova Iorque imediatamente?
– Rudy fica sob os comandos da unidade de Las Vegas.– Clark respondeu.– O helicóptero da sede irá buscar vocês amanhã. Esteja no terraço de seu hotel às três da tarde.
– O que eu faço com ? Vou interrogá-lo aqui em Vegas?– questionou aflita.– Não estou acostumada a ter que me relacionar com antigos agentes que abandonaram o FBI, pois decidiram que trabalhar como informante de um cartel seria uma boa ideia.
– Não... Precisamos conversar sobre isso.– rolou os olhos ao ouvir aquela típica frase de Clark, sabendo muito bem o que viria em seguida.– Mas agora eu estou atrasado para uma reunião. Só não perca o de vista.
– Não vou.– murmurou simplesmente e desligou a ligação, guardando o celular no bolso da calça.
retornou para o carro e analisou o corte no supercílio de e franziu o cenho ao notar outro corte que ia desde a sobrancelha do homem até o osso de sua bochecha, parando poucos centímetros abaixo de seu olho. O primeiro fora causado pela coronhada, sabia disso. Mas o motivo pelo qual ele possuía o segundo corte – praticamente cicatrizado – ainda era um enigma para a mulher, já que da última que viu o parceiro – alguns meses atrás, quando o foi dispensado do FBI – ele não possuía aquela marca fina e levemente atraente.
Deu dois tapas na bochecha de , suspirando relaxada ao ver que o antigo parceiro abria os olhos. franziu o cenho e piscou os olhos algumas vezes, tentando se acostumar com a claridade repentina que incomodava sua visão. Rolou os olhos pelo local e franziu ainda mais o cenho ao encarar próxima a si, sentindo o latejar em seu supercílio e praguejando baixo.
? O que você faz aqui?– murmurou confuso e rolou os olhos, não contendo a risada debochada.
– Alguém precisa limpar as suas merdas.– respondeu seca e bateu a porta do carro.– Não saia do carro, ou eu serei obrigada a atirar na sua perna.
arregalou os olhos e engoliu em seco, surpreso com a fala de , mas assustado o suficiente pois sabia que a antiga parceira seria realmente capaz de fazer o que tinha falado. caminhou até o agente Carter e o agradeceu pelo suporte e principalmente por ter conseguido capturar Rudy.
refez o caminho até o carro enquanto cogitava o que poderia fazer em relação a . Tombou levemente a cabeça para o lado e focou os olhos no homem, cogitando se seria uma boa ideia deixá-lo algemado na cama pelo resto do dia. Afinal de contas, já havia traído sua confiança antes, nada impedia que a traísse novamente.
Adentrou ao carro sem direcionar uma palavra ao homem e acomodou-se no banco do motorista, refazendo o caminho de volta para o Caesars Hotel enquanto ignorava completamente a presença de um inquieto ao seu lado.

21 horas antes....
You wanna cash out
(Você quer pegar a grana)
And get the hell outta town
(E dar o fora da cidade)

– Você não pode me ignorar o resto do dia.– resmungou sentado na cadeira após algumas horas de completo silêncio dentro do quarto.– Uma hora você vai precisa falar comigo.
– Não só posso, como vou.– rebateu com o olhar fixo no celular em suas mãos.– Não tenho nada para falar com você.
– Você não sabe o que aconteceu.– murmurou e observou atentamente, notando que a agente não lhe encararia de volta.– Então eu acho que você vai acabar perdendo a chance de interceptar a mercadoria que o cartel iria receber hoje no Wynn Las Vegas.
– Que mercadoria?– encarou o rosto de , observando o sorriso irônico do homem.– Não estou sabendo sobre isso.
– Informação privilegiada.– soprou de modo debochado e sorriu abertamente.
– E como eu sei que posso confiar em você?– murmurou desdenhosa ao encarar dos pés à cabeça.
– Você sempre pôde.– cruzou os braços na frente do corpo e fechou a expressão, encarando sua antiga parceira de modo sério.
arqueou as duas sobrancelhas e curvou as costas para trás, tombando a cabeça e deixando uma gargalhada ecoar por todo o quarto. Não conseguia acreditar que teve audácia o suficiente para dizer aquilo com a maior seriedade de todas. acomodou-se novamente na cama e secou as poucas lágrimas que escorriam de seus olhos.
– Virou comediante agora?– questionou debochada e revirou os olhos, sabia que seria difícil convencer de que toda a sua perspectiva estava errada.
– Estou falando sério, .– murmurou apelando para o apelido da mulher, recebendo uma careta descrente como resposta.– Imagino que Clark não tenha lhe colocado por dentro dos assuntos. As coisas são bem diferentes do que você acredita.
– Ah, sério?– murmurou de modo debochado e levantou da cama, pondo-se de frente para e encarando-o com os braços cruzados na frente do corpo.– Então quer dizer que você não estava fazendo serviços na porra de um cartel?
– Eu estava.– admitiu simplesmente, observando os olhos arregalados de com a sua confissão.– Eu era um informante, mas eu trabalhava para o FBI.
– OI?– a confusão estava explícita tanto no tom de voz de , como em sua expressão.– Você foi demitido do FBI, eu vi quando o Clark te expulsou em frente a todos.
O tom de voz de estava confuso e nervoso, ela não podia – e nem queria – acreditar em . Estava presente no exato momento em que Noel Clark, o diretor-chefe, expulsou e recolheu sua arma e seu distintivo. acreditava que sabia ler o antigo parceiro por suas expressões e movimentos corporais, mas estando frente a frente com e analisando-o minuciosamente, só conseguia acreditar que tinha perdido esse dom, pois ela acreditava que ele tinha lhe dito a verdade.
– Alguém do escritório estava trabalhando para o cartel e passando todos os nossos passos para eles.– murmurou e concordou com um balançar de cabeça.
– Richard.– falou de modo automático enquanto lembrava o dia em que o antigo agente foi pego descoberto.– Ele foi demitido e está preso por conspirações contra os Estados Unidos. Acho que vocês podem acabar na mesma cela.
– Não vou ser preso.– murmurou de modo indiferente e gargalhou, não aguentava a seriedade e a certeza que o homem falava aquilo.– Afinal de contas, fui eu quem descobri que Richard era um espião.
– Acho que a coronhada na cabeça te afetou mais do que eu esperava.– murmurou descrente e retornou para a cama, era melhor manter distância de e de sua leve insanidade.– Você já tinha se bandeado para o cartel quando descobrimos que Richard também era um traidor.
– E como você acha que vocês descobriram isso?– questionou debochado e sentiu o sangue de seu corpo esquentar.– Richard passou as informações para o quartel por quase dois anos e ninguém naquela porra de prédio sequer duvidava. Você realmente acha que a equipe conseguiu pegá-lo no flagra por um simples descuido dele?– arqueou as sobrancelhas e não conteve a risada debochada ao ver o leve aceno positivo de .– VOCÊS CONSEGUIRAM PRENDER ELE PORQUE EU ACEITEI A PORRA DA MISSÃO SUICIDA QUE CLARK PRATICAMENTE ME INTIMOU A PARTICIPAR.
encolheu os ombros e manteve os olhos arregalados, não pelo tom de voz que usou, mas pelo verdadeiro significado do que aquelas palavras significavam. Retirou o celular do bolso traseiro e tentou contatar Clark, suspirando frustrada quando a ligação não foi atendida. Discou o número mais duas vezes e continuou sendo ignorada.
– Eu quero explicações.– murmurou entredentes e franziu o cenho.– AGORA!
– Noel tinha suspeitas de que alguém lá de dentro estava passando nossas informações para o cartel, já que era impossível que eles sempre estivessem um passo a nossa frente e soubessem exatamente o que iríamos fazer.– explicou, sem um pingo de ironia ou algo parecido, o agente apenas falava sem emoção alguma.– Ele precisava de um espião para fazer o mesmo, alguém que o cartel acreditasse ser facilmente maleável e que pudesse contar mais detalhes do que o Richard, já que ele não fazia parte da equipe que comandava esse caso.
– Você.– murmurou deduzindo o que tinha acontecido.
A sua equipe era quem cuidava do caso do quartel, eles eram os responsáveis. Richard apenas descobria um detalhe ou outro, mas ele não tinha a informação que ou até mesmo , possuiria.
– Noel me contou sobre o plano e falou que eu era a única esperança dele, apenas eu poderia fazer aquilo dar certo. Não tinha como eu negar.– ainda falava sem emoção, mas seus olhos presos nos de demonstravam tudo o que ele sentia.– Aquela cena onde ele me demite foi uma armação, Richard precisava ver e vocês tinham que acreditar.
– Você podia ter me contado.– murmurou sentida.
– Eu não podia, você precisava acreditar que eu tinha sido demitido.– cortou o contato visual, mantendo seus olhos fixos no chão.– Eu não podia manter contato com ninguém, principalmente com você.
sentiu os olhos lagrimejarem e respirou fundo, não podia se entregar tão facilmente a seus sentimentos. Não sabia nem se podia acreditar em tudo o que estava lhe confidenciando. Estava em uma puta encruzilhada, sem saber para onde ir.
– Eu sei que você está em dúvida, mas você precisa acreditar em mim.– falou conforme caminhava na direção da cama.– Eu só cortei o contato com você, pois fui obrigado. Eu nunca trairia o meu país, muito menos você.
– Eu não sei no que acreditar.– confessou em um murmúrio, observando atentamente sentando-se próximo aos pés da cama.
– Você sempre conseguiu me ler perfeitamente bem.– tocou suavemente o tornozelo de , sorrindo de lado ao notar os pelos da mulher se eriçarem.– Você, mais do que ninguém, sabe quando eu estou sendo sincero. Por isso eu peço para que você acredite em mim e no seu julgamento.
– Eu acredito.– respondeu. Precisava seguir seus instintos, só esperava que isso não ferrasse com ela depois.– Agora faz total sentido o motivo pelo qual eu fui designada a vir para cá.
– Clark precisava de alguém que acreditasse em mim, caso ele não tivesse tempo de explicar.- completou a linha de raciocínio da antiga parceira.– A unidade de Las Vegas não sabe que eu fui demitido, pois isso é mentira. Nunca entrou nos arquivos.
– Aparentemente eu sempre serei sua babá.- estalou a língua no céu da boca, encarando de modo debochado.
– Engraçadinha. Agora vamos ao que interessa.– murmurou sério e levantou–se da cama.– O cassino abre daqui a quatro horas, nós vamos chegar lá nesse horário. O encontro de Rudy está marcado para as dez da noite, teremos uma hora para fazer toda a checagem do cassino.
– O que precisamos fazer?– questionou ao levantar da cama.
– O primeiro passo é conseguir roupas descentes para você.– respondeu ao analisar dos pés à cabeça, não contendo um sorriso de lado ao observar o corpo com o qual sonhava há meses.– Precisamos de roupas de gala.

16 horas antes...
Don't be a baby
(Não seja infantil)
Remember what you told me
(Lembre-se do que você me disse)

arrumou a peruca preta em corte chanel, a franja desfiada cobria sua testa e a lente de contato mudava a cor natural de seus olhos. Naquele momento era Jean Risgb, uma jovem hacker que utilizava um aparelho para fraudar os resultados dos jogos e que utilizava a contagem de carta nos jogos de mesa.
O vestido preto decotado possuía um corte em V até o final de seus seios, uma renda abria sutilmente de cada lado de sua cintura, abrindo para a traseira e tornando toda as costas do vestido rendada. A saia longa descia reta por todo o seu quadril, porém a enorme fenda na perna direita deixava amostra o salto fino de brilho e alguns centímetros da coxa da agente, fechando estrategicamente um pouco abaixo do coldre preso na perna de .
– Estou indo me encontrar com o entregador.– murmurou parando ao lado de , atraindo a atenção da mulher para si.
já tinha observado aquela noite – incontáveis vezes, sendo sincera – e já estava acostumada com a beleza do agente, tanto naquele dia como em dias de um passado que pareciam extremamente distantes em sua mente. Mas a mulher sentia como se uma força desconhecida sempre acabasse direcionando seus olhos para o antigo parceiro.
O corpo definido ostentava um smoking azul petróleo que valorizava ainda mais seu corpo e fazia com o que os olhos azuis do agente ganhasse um destaque, ficando da cor das águas cristalinas de Bahamas. O cabelo claro estava penteado para trás e fixado com gel, mantendo um topete arrumado. A barba clara estava bem feito, acentuando o maxilar masculino, um óculos sem lente completava o visual e um pequeno curativo tampava o corte causado pela coronhada de mais cedo. Porém o que mais atraía a atenção de , era a cicatriz fina que deixava com um ar ainda mais misterioso e sedutor.
– Vou ficar a postos do lugar que combinamos.– rebateu e recebeu um balançar de cabeça em sinal de concordância.
Encarou uma última vez, ignorando o sorriso soberbo que o homem ostentava, e piscou em sua direção antes de começar a se afastar. Horas atrás, compartilhou o nome de homem que deveria se encontrar com Rudy. Oscar era procurado por contrabandear armamentos pesados na dark web, seus encontros com Rudy eram assíduos e o mesmo lhe proporcionava segurança, motivo pelo qual o homem continuava solto até hoje. Porém Rudy estava preso, e faria de tudo para que Oscar seguisse o mesmo caminho.
sentou em um dos bancos de frente para o balcão do bar e pediu um Dry Martini, queria aproveitar toda a atmosfera de Las Vegas e não teria nada que combinasse mais com a situação do que a bebida de James Bond em Cassino Royale. Sem contar que precisava urgentemente do álcool em sua corrente sanguínea após todos os acontecimentos que vinham acontecendo naquele dia.
Agradeceu o barman e sorriu em sua direção, segurou o drink com uma das mãos e rodou no banco, apoiando um dos braços no bar e mantendo o olhar fixo na direção de . Levantou o copo na direção do homem e sorriu abertamente ao ver o sorriso de lado que ocupava os lábios de .
Bebericou sua bebida e direcionou o olhar para a outra mesa de pôquer, notando dois agentes especiais que lhe acompanharam mais cedo no resgaste de . Tinham chegado ao acordo de que precisavam do apoio da unidade de Las Vegas, afinal de contas, não estavam em seu condado e como Rudy estava sob a jurisdição de Vegas, Oscar também estaria.
Passou o olho por todo o salão luxuoso a sua frente, mas não conseguiu identificar nenhum outro agente. Sabia que Clarke estava na saída que Oscar usaria para fazer a entrega, mas não conseguia sentir o leve nervosismo que tomava conta de seu corpo. Nervosismo esse que só aumentou quando os olhos de pousaram em Oscar caminhando na direção de .
Terminou seu drink – ignorando a azeitona espetada no palito – e saiu do bar, seguindo a mesma direção de Oscar. Chegou perto de no mesmo momento que Oscar postava-se de frente para o agente, observando atentamente o cumprimento dos dois. sabia que já conhecia o traficante, tinha noção de que o antigo parceiro já havia acompanhado Rudy em alguns encontros passados para a compra de mercadorias.
– Quem é?- o tom de voz grave e seco saiu conforme Oscar encarava dos pés à cabeça.- Sabe que não gosto de desconhecidos.
– Essa é Jean Risgb, a nova arma de Rudy.- falou com um tom de voz orgulhoso e estendeu a mão da direção de , levando-a pela palma da mão para mais perto de Oscar.- Jean é a melhor hacker de Nevada, Rudy veio aqui especialmente pelo seu carregamento e por ela.
– Se Rudy aprova, então é realmente boa.- Oscar murmurou com um sorriso sujo nos lábios e o olhar preso de decote de , fazendo a agente morder o interior da bochecha enquanto controlava a vontade de socar o homem.- Prazer em conhecê-la.
– O prazer é todo meu.- forçou seu melhor tom sedutor e estendeu a mão na direção de Oscar, que depositou um beijo ali.
mordeu o lábio inferior para conter o riso ao avistar pelo canto do olho rolando os olhos e fechando a cara, cruzando os braços à frente do corpo logo após coçar a garganta propositalmente.
– Vamos ao que interessa?- murmurou sério e recolheu sua mão, afastando-se novamente de Oscar.- Sei que Rudy já lhe pagou, minha única função aqui é receber a mercadoria.
– Acho que vou pedir um bônus.- fechou as mãos em punho ao ouvir o tom de voz malicioso de Oscar e sentiu seu corpo inteiro formigar, sentindo uma vontade absurda de socar o homem.
pousou suavemente a mão na cintura de , apertando-a de modo terno. relaxou os dedos das mãos e sentiu se corpo formigar novamente, mas dessa vez por um motivo completamente diferente.
– Jean não é moeda de troca e muito menos uma bonificação.- murmurou entredentes e Oscar riu de modo debochado.
– Não precisa se estressar.- Oscar levantou as mãos em forma de rendição, mas o sorriso debochado ainda estava presente em seus lábios.- Vamos logo ver a mercadoria, eu tenho um limite de tempo para usar aquela saída.
Oscar virou-se e começou a caminhar pelo cassino, sem se importar se estavam o acompanhando ou não. e se encararam rapidamente – rezando mentalmente para que tivessem certos sobre qual saída Oscar usaria – e trocaram um sorriso nervoso antes de começarem a seguir o homem pelo enorme salão.
suspirou aliviada ao ver Oscar se direcionando para a saída – que eles tinham recebido informação dos funcionários que era usada para alguns assuntos particulares e que o cassino não fazia ideia do que – e abriu um sorriso de lado, satisfeita pelas coisas estarem dando certo.
A saída dava para um cômodo escuro que possuía apenas duas portas – a que eles estavam usando e outra que dava para fora do cassino – e enormes caixotes que sabia muito bem o que possuíam dentro. Observou atentamente quando caminhou até uma das caixas e abriu a mesma, retirando uma Uzi Submachine.
não conteve o ímpeto de arregalar os olhos ao observar a arma. Aquilo era usado por oficiais do exército ou da marinha, nem ela – uma agente do FBI – tinha tocado em uma preciosidade daquelas. levantou com a arma e encarou , a mulher podia ver seus olhos brilhando pela excitação que o homem sentia ao segurar aquela arma.
– Você tem vinte minutos para retirar tudo isto daqui.- Oscar murmurou ao encarar as dezenas de caixas.- Acho bom já chamar seus capachos.
– Eles já estão aqui.- falou simplesmente e guardou a arma novamente.- Abra a porta.
Oscar direcionou-se para a saída, já estava acostumado com o jeitão mandão de e com o fato de que sempre acabava ajudando o cartel quando precisavam mover a mercadoria. aproveitou que o homem estava de costas e levantou a fenda do vestido com uma mão, sacando a arma do coldre e apontando-a na direção de Oscar.
Oscar deu um passo instintivamente para trás ao encarar os agentes do FBI do lado de fora com coletes enquanto todas as armas estavam apontadas em sua direção. Olhou rapidamente por cima do ombro, disposto a dar um sinal para que pegasse uma arma e atirasse contra todos aqueles homens, porém a fala travou antes mesmo de sair de sua boca ao encarar com a arma apontada em sua direção.
– Oscar Reade, você está preso por contrabando de armas.- a agente falou com um sorriso nos lábios ao puxar a peruca, liberando seus cabelos e sentindo livre por se livrar daquilo.- Aparentemente o gênio do contrabando da dark web não é nada sem a proteção de Rudy.

14 horas atrás…
Shut up and put your money where your mouth is
(Cale-se e tome alguma atitude)
That's what you get for waking up in Vegas
(É isso que dá acordar em Vegas)

relaxou os ombros e a postura ao sentar novamente no banco de frente para o bar no enorme cassino de Wynn, a diferença era que agora estava ao seu lado e eles não precisavam lidar com nenhum foragido. Tinham acabado de sair da unidade de Vegas, Oscar estava preso e todo o armamento estava sendo levado para um dos depósitos secretos do FBI.
– Nunca imaginei que essa viagem fosse acabar assim.- confessou com um riso fraco.
A mulher tinha criado em sua mente diversas ocasiões ao encontrar com o antigo parceiro ali, mas em nenhuma delas ela imaginava que não tinha traído sua confiança e que ele permanecia trabalhando para o FBI.
– Ainda não acabou.- sorriu maroto e pediu duas Margaritas.
Sabia que aquela era a bebida favorita da antiga parceira e – mesmo que ele não gostasse tanto – já tinha se acostumado a tomar o drink devido a todas as vezes que saía com e ela lhe pedia para que ele a acompanhasse na bebida, já que ela não gostava de beber sozinha.
– Então você vai voltar para a sede?- questionou, não conseguindo conter a curiosidade.
– Sim.- respondeu conforme pegava as bebidas.- Única coisa que eu preciso fazer antes de voltar a trabalhar é passar todos os detalhes e as informações que eu coletei para o para o Clark.
– Ele vai ouvir poucas e boas sobre a ideia estúpida que foi te enfiar nessa missão suicida.- o tom de voz raivoso de constatava com o sorriso aberto que ela possuía em seus lábios ao encarar .- Se alguma tivesse acontecido a você, se eu não tivesse chegado a tempo ou se tudo tivesse dado errado...
– Você está usando muitos “e se”, .- ao pousar a mão no joelho nu de sua parceira.- Eu estou aqui, isto é o que importa.
– Os meses que perdemos, todo o tempo que eu passei te odiando por algo que você não fez.- resmungou frustrada e focou o olhar na bebida em sua mão.
– Não posso recuperar o tempo que se foi, mas podemos recompensar.- sorriu maliciosamente e deslizou a mão para a coxa da mulher.- Foi necessário que você achasse que eu traí sua confiança, Richard precisava acreditar que eu poderia ser corrompido.
– Não cite esse nome, meu ódio por ele só aumenta.- murmurou após bebericar o drink.¬- O que aconteceria se eu não acreditasse em você?
– Você acreditaria, eu e Noel sabíamos disso.- falou e arqueou as sobrancelhas.- Todos sabemos que você continuava gostando de mim, mesmo eu sendo um traidor.
estalou a língua no céu da boca e balançou a cabeça negativamente em sinal de negação enquanto um sorriso desacredito pintava seus lábios. arqueou uma de suas sobrancelhas em sinal de questionamento e apertou a coxa de , observando o sorriso da mulher tornar-se malicioso em questão de segundos.
– Vai negar?
– Não perderei meu tempo com isso.- admitiu e retribuiu o sorriso malicioso.- Mas preciso de bebidas para digerir tudo o que aconteceu hoje.
– Sabe o que eu preciso?- questionou e apenas contentou-se em negar com um movimento sutil de cabeça enquanto finalizava sua bebida.- Te beijar. Passar meses longe de você não foi uma tarefa fácil.
– Pensasse nisto antes de concordar com essa missão do Noel.- estreitou os olhos e pousou o copo sobre o balcão, fazendo sinal com a mão e pedindo outro drink.
– Já disse que eu não tinha escolhas.- murmurou frustrado e finalizou a bebida de uma vez.
Se fosse continuar citando aquilo e falando sobre o seu passado, precisaria de bebidas bem mais fortes para aguentar toda a verdade que a mulher jogaria em sua cara.
– Como você arrumou essa cicatriz?- questionou disposta a mudar de assunto enquanto mantinha o olhar preso na marca recente de .
– Rudy me colocou para lutar contra o melhor capanga dele para ver se eu era digno de entrar para o cartel.- murmurou irônico e rolou os olhos.- Acontece que a intenção era me matar. Brant tinha uma faca, mas tudo o que ele conseguiu fazer foi me deixar essa marca.
– O que aconteceu com o capanga?
– Você não vai querer saber.- decretou e virou-se para o bar, pedindo para o barman que entregava a bebida de que lhe trouxesse whisky.
...
– Não, , eu não vou falar sobre isso.- cruzou os braços à frente do corpo e observou a expressão irritadiça de .
– Pelo menos você fica atraente com essa cicatriz.- resmungou e voltou a atenção para sua bebida.
– Meu mais novo charme.- sorriu malicioso, porém estava aliviado por não focar no assunto.- Mas diga-me, como anda o pessoal? E o departamento?
– Você fica meses fora e é sobre isso que você quer falar?- murmurou debochada e levantou-se do banco.- Cale-se e tome alguma atitude.
arqueou uma sobrancelha e abandonou o banco, mantendo o sorriso malicioso nos lábios enquanto diminuía a distância que o mantinha afastado de . Pousou a mão na cintura da mulher e colou seus corpos. Direcionou a outra mão até o rosto de e acariciou sua bochecha. Como tinha sentido falta daquele rosto angelical.
cruzou os braços na nuca de e puxou o rosto do homem contra o seu. Não conseguia passar nem mais um minuto sem sentir aqueles lábios contra o seu, seu corpo já ardia em saudades dos toques e olhares de .
Os lábios se chocaram com brutalidade e aprofundou o beijo, sorrindo entre o beijo ao sentir o gosto de contra sua boca novamente. Suas línguas trabalhavam em perfeita sincronia – extremamente acostumadas com aquele contato entre os dois – e o beijo exalava todo a saudade que eles sentiam.
Afinal de contas, além de parceiros no FBI, também eram parceiros de cama.
– Quando voltarmos para Nova Iorque você vai passar um mês direto lá em casa.- sussurrou contra os lábios de ao romper o beijo, observando o sorriso aberto em forma de resposta.- Agora vamos beber e aproveitar que estamos em Las Vegas.
Trocaram mais um selinho e afastaram-se, sentando novamente em seus respectivos bancos. cruzou as pernas, de modo que a fenda de seu vestido deixasse exposta quase toda a sua coxa e direcionou o olhar para aquele pedaço exposto de pele, não contendo um sorriso ao encarar.
Direcionou a mão para a coxa de e subiu sutilmente até a parte coberta pelo vestido, pousando a mão no coldre da mulher e notando que a arma continuava presa ali.
– Eu acho absurdamente sexy quando você usa o coldre na perna.- murmurou e sorriu abertamente.
– Você me acha sexy de qualquer jeito.- murmurou e sorriu maliciosamente ao receber um aceno de cabeça em sinal de concordância.

11 horas atrás...
Oh did we get hitched last night
(Será que nos casamos noite passada)
Dressed up like Elvis
(Vestidos de Elvis)

Os dois agentes já tinham perdido a completa noção de quanto tinham bebido, mas eles não estavam mal. Estavam sendo movidos pelo álcool e pela saudade que fluíam em seus corpos, mas – nem que fosse de forma subconsciente – sabia o que estavam fazendo. Ou isso era o que queria acreditar enquanto saía da Little Vegas Chapel com um vestido branco inspirado em um modelito retrô de alguma roupa do Elvis enquanto um anel pesava em sua mão esquerda e seu braço estava enlaçado ao de , que trajava um paletó vermelho sangue com franjas e brilhos.
– Eu preferia o azul.- murmurou pela décima vez e revirou os olhos.- Não revire os olhos para mim.
– Eu evitei fazer isso, nas primeiras nove vezes que você reclamou.- rebateu e franziu o cenho.- Para se casar em Vegas, precisamos estar vestidos igual o Elvis.
– Ele pode ter usado um paletó azul.- murmurou disposta a não dar o braço a torcer e riu.
– Vermelho fica mais bonito.- piscou maroto e analisou novamente , não contendo o sorriso sincero ao constatar – outra vez – o quão angelical ela ficava usando aquele vestido branco.- Sempre sonhei com isso.
– Casar com um falso Elvis em Vegas?- perguntou debochada enquanto acenava para um táxi.
– Casar com você.- admitiu, querendo acreditar que a culpa por falar aquilo era da bebida, mas ele sabia que não era.
Entraram no carro em silêncio e pediu ao motorista que seguisse até a Wynn. Seus braços continuavam enlaçados, mas os dois agentes estavam a quilômetros de distância dali. ainda escutava a frase de ecoando em sua mente e queria acreditar que aquilo era um efeito colateral da bebida, mas sabia que não era verdade.
era extremamente mais forte que ela no quesito bebida, e se ela mesma estava apenas tonta – mas ainda com total noção de seus atos –, sabia que estava melhor do que ela. Sabia que tinham acabado de se casar – por um cara que provavelmente conseguiu o certificado pela internet –, mas sabia que não poderia colocar a culpa daquele acontecimento na bebida.
Apenas duas coisas moveram para aquela decisão: as saudades que sentia de e a vontade que tinha de possuir algo mais sério com o homem. A bebida poderia entrar apenas no quesito de ter lhe dado toda a coragem que ela não sentia. E o mesmo se enquadrava para .
saiu do táxi ao ver o veículo parar na frente do majestoso hotel e pagou a corrida, seguindo o mesmo caminho que a mulher. Passariam a noite ali, afinal já estava hospedado no hotel e o Wynn era alguns quilômetros mais perto do que o Caesars.
enlaçou os dedos nos de e seguiu pela recepção, caminhando para o elevador. Permaneceram em silêncio enquanto observavam os números subindo no painel do pequeno cubículo de metal. Sabiam que se casar aleatoriamente em Vegas não era a coisa mais sensata a se fazer, mas nenhum dos dois estava realmente se importando com esse fato.
Saíram do elevador ainda de mãos dadas e deixou com que a guiasse até a o quarto em que passariam a noite. não se importava em terem que dividir a cama, já tinham feito isso diversas vezes e ela admitia que sentia falta de ter o corpo de colado ao seu. Sem contar que agora eles eram casados.
– Acho que podemos começar a lua-de-mel.- falou ao entrarem no quarto e puxou o corpo de contra o seu.- Você não sabe o quanto senti sua falta.
– Acredito que o mesmo tanto que eu.- soprou contra os lábios de e colou seus lábios em seguida.
direcionou as mãos para o vestido branco de e segurou-o pelas barras, subindo-o pelo corpo da mulher e rompendo o beijo para despí-la. Jogou o vestido no chão e comtemplou o corpo de , sorrindo maravilhado com a visão que era tê-la seminua em sua frente novamente.
apressou-se em tirar o paletó de e direcionou a peça para o mesmo local que seu vestido. Estavam cheios de pressa e saudades, o tesão era tanto que era possível senti-lo saindo pelos poros dos agentes.
Chocaram seus lábios novamente e caminharam entre tropeços na direção da cama. Romperam o beijo quando bateu contra o criado-mudo e riram fraco. afastou-se do homem e retirou a calcinha, ficando completamente nua.


Epílogo

Get up and shake the glitter off your clothes, now
(Agora levante-se e tire o glitter das suas roupas)
That's what you get for waking up in Vegas
(É isso que dá acordar em Vegas)

– Puta que pariu, não estamos no Caesars.- choramingou ao olhar cada canto daquele quarto.- O helicóptero vai estar no heliporto do meu hotel às três da tarde.
– E qual o problema?.- questionou e recebeu um olhar matador em sua direção.- Só precisamos ir para o seu hotel.
– Precisamos de um táxi.- murmurou tão baixo que precisou de alguns segundos para ter certeza que tinha escutado corretamente.- Eu perdi minha identidade falsa e o carro está estacionado aqui com esse registro.
– Uma ótima agente.- retrucou debochado e recebeu o dedo médio de como resposta.
– Poupe-me desses olhares.- murmurou emburrada e começou a catar as roupas espalhadas pelo chão.- Sabe da chave do meu hotel?
– Eu meio que perdi.- falou em um tom baixo e coçou a nuca, abrindo um sorriso culpado quando o encarou com as sobrancelhas arqueadas.- Não me culpe.
– Tudo bem, tanto faz, .- revirou os olhos e jogou o paletó vermelho na direção do parceiro.- Agora levante-se e tire o glitter de suas roupas, nós temos menos de vinte minutos para chegar ao Caesars.
odiava o fato de acordar e não poder tomar um banho, mas naquele momento ela estava correndo contra o tempo. Contentou-se em pegar a calcinha que estava sobre a calça azulada de e vestiu a peça, jogando a roupa de para ele. Rolou os olhos pelo cômodo e não encontrou o vestido preto, tendo que se contentar com um vestido branco e retrô – coberto de glittler das mais diversas cores – próximo a porta e dirigiu-se ao local para pegar a peça.
– Eu não acredito que nos casamos com um falso Elvis.- choramingou e caminhou até , parando a sua frente em um pedido mudo para que o mesmo fechasse seu vestido.- Eu estou usando o seu anel de formatura.
afastou-se de ao sentir que zíper tinha sido traseiro e virou-se, ficando de frente para o homem e levantando a mão esquerda de modo que ficasse na cara de . O agente sorriu abertamente e passou a mão pela corrente em seu pescoço, local cujo o anel costumava ficar desde que o ganhou após sua formação no quântico.
– Sempre quis colocar um anel em seu dedo.- murmurou risonho e arregalou os olhos.- Não se preocupe, . O que acontece em Vegas, fica em Vegas.




Fim.



Nota da autora: O que dizer desse plot que eu amei escrever – e que na minha opinião haha – combinou super bem com a letra dessa música? Não vou negar que amei escrever essa história e amei criar esses personagens. Peço desculpas pela falta da restrita, mas acontece. Espero que vocês tenham gostado e não esqueçam de deixar um comentário.

Águas Traiçoeiras
Are You The One


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus