Capítulo Único

♫ I don't know what he does to make you cry
but I'll be there to make you smile
I don't have a fancy car
to get to you I'd walk a thousand miles
I don't care if he buys you nice things
Does his gifts come from the heart - I don't know
But if you were my girl
I'd make it so we'd never be apart

But my love is all I have to give
Without you I don't think I can live
I wish I could give the world to you... but
Love is all I have to give ♫


desceu as escadas da casa, ainda meio sonolento. Por ele, ficaria na cama até o meio dia, desfrutando do clima frio que o ar condicionado era capaz de criar dentro do quarto, mesmo que seus amigos achassem um desperdício não aproveitar ao máximo a praia, durante as férias de verão. No entanto, não conseguia se esquecer de todas as recomendações que a mãe ainda fazia quando ele viajava com famílias que não eram a sua: sempre acordar no mesmo horário que os demais, fazer a própria cama e se oferecer para ajudar em tudo o que fosse necessário.
Logo o rapaz ouviu a voz tão familiar de , que ele sequer sabia que já havia chegado à casa de praia dos , e não pode deixar de sentir a alegria que só a presença dela era capaz de provocar, por mais que viesse junto com sentimento de culpa e, então, acabasse eventualmente dando lugar à tristeza. Sorriu, indo em direção ao som da conversa da garota com a única outra menina que passava férias naquela casa, mas rapidamente se deteve, quando percebeu que chorava e a “cunhada” tentava consolá-la, em vão.
“Eu sou uma idiota mesmo! Eu não sei por que eu insisto em namorar o seu irmão.” Ouviu dizer.
“E eu não sei por que você ainda fica chateada com essas coisas. Ele é assim mesmo.” Retrucou a outra, sem nenhum tato. Não tinha mais paciência para lidar com os estragos feitos pelo irmão, e nem com as reações da namorada dele. Não era a primeira vez, afinal, que ele passava a noite fora e não estava em casa para recebê-la, mesmo sabendo que ela chegaria pela manhã. E, se conhecia bem , não seria a última!
“Ela tá bem?” Indagou a , quando esta passou por ele, segundos depois, sozinha.
“Não muito.” A amiga lamentou. “Ela foi pra praia, pegar um ar, mas não quis que eu fosse junto.”
assentiu e foi para a cozinha, onde a Sra. preparava o café, junto com uma das empregadas da família. Ofereceu ajuda, mas foi dispensado, como sempre, então caminhou até a varanda, de onde podia ver , sentada na areia.
Saber que estava triste era provavelmente uma das poucas coisas que poderiam deixá-lo mais infeliz do que ver com e ser lembrado, a todo momento, de que teria que guardar tudo o que sentia por ela apenas para si mesmo. E, quando era quem a fazia chorar, ele ficava se perguntando por que sentia tanta culpa por amar a namorada de outro cara. merecia coisa melhor do que alguém que a fazia sofrer!
As coisas não eram tão simples assim, no entanto. Nada simples!
tinha crescido dentro da casa de . Filho do jardineiro e da cozinheira dos , fora tratado pelos donos da casa como se fosse membro da família.
não era bem seu amigo, não tinha consideração alguma por ele e fazia questão de lembrar-lhe que ele era filho de empregados, quando tinha oportunidade, mas a mãe e o pai do rapaz eram pessoas maravilhosas, que tinham feito questão de arcar com seus estudos, que o levavam junto na maior parte das viagens de férias, e que o tinham ajudado a conseguir seu primeiro emprego. e , por sua vez, eram irmãos de , e seus melhores amigos! Os melhores que um cara poderia querer!
A paixão que sentia por tinha que ser um segredo. Qualquer intenção que ele tivesse de ter para si a namorado de um soava como uma grande traição!
Isso nunca o havia impedido, contudo, de continuar amigo dela, como era antes do namoro. E amigos cuidam uns dos outros, certo?
desceu os degraus que levavam ao jardim, pegou uma flor, saiu da casa, e caminhou pela areia, até alcançar . Sentou-se ao lado dela, em silêncio, com a gérbera vermelha ainda escondida atrás de si. Esperou que ela olhasse em sua direção para dar um sorriso, que ela devolveu com outro nada convincente.
“Uma flor para outra flor!” Disse, de modo pomposo, mostrando-lhe a surpresa, o que a fez, finalmente, sorrir de fato.
“Obrigada, . Você é muito cavalheiro!” Respondeu, tomando a flor da mão dele e levando-a ao nariz. Seus olhos, então, seguiram na direção do mar e ela voltou a ficar com semblante melancólico.
“Você não deveria estar animada? Hum?” Ele lhe deu uma cutucada de leve com o cotovelo. “Vai fazer Engenharia, como sempre quis! E eu soube que você e o foram os reis do baile de formatura.” Comentou, animado, mas ela deu de ombros.
“Eu to animada com a faculdade.” Afirmou, mas ele não demonstrou acreditar. “Eu juro!” Tentou de novo.
Foi a vez dele de olhar para o mar, sem muita certeza do que dizer. Não sabia o que tinha feito para que ela estivesse tão triste, mas também não queria ser indiscreto, perguntando.
“É muita água, né?” Comentou, como se estivesse descobrindo alguma coisa no óbvio. “E nós dois aqui tão secos!”
o olhou, não querendo acreditar que ele estava planejando o que ela achava que ele pudesse estar planejando. Teve certeza, porém, quando aquele tipo de sorriso travesso, que ela conhecia desde criança, surgiu em seus lábios.
“Não ouse, !” Falou, ainda que soubesse que não adiantaria protestar. “Eu to de vestido, !” Tentou apelar para o tom menina indefesa, quando viu que ele já estava se levantando.
“Por bem ou por mal?” Ele indagou. Era uma brincadeira antiga entre os dois, que também envolvia e às vezes. A pessoa podia simplesmente entrar no mar ou tentar fugir.
“Por mal.” Ela respondeu, simplesmente porque era mais divertido tentar correr. Logo os dois estavam dentro d’água, rindo muito, como sempre acontecia, e ficou feliz em poder ao menos estar ali para fazê-la sorrir.

♫♫♫

chegou na hora do almoço, em seu carro esporte conversível, presente do avô. Trouxe com ele dois caras e duas garotas que ninguém hospedado na casa nunca tinha visto. Apresentou os quatro a , agindo como se não tivesse deixado a namorada esperando por horas, e ela foi educada, assim como a mãe dele, que não gostou muito da atitude do filho, mas serviu os convidados dele, como se dela fossem.
Depois de comer, ele quis mostrar a praia particular aos mais novos amigos, não se importando em insistir para que fosse junto, quando ela se ofereceu para ajudar a Sra. .
“Não é preciso, . Vai se divertir um pouco!” Foi a “sogra” quem disse a ela. “A Sra. Connor me ajuda, e é o suficiente.”
Na areia, dois grupos se formaram, e sentou-se ao lado de , e , enquanto aceitava compartilhar um baseado levado por um dos rapazes. Observando o namorado, a garota ficou pensando em como as coisas tinham mudado ao longo dos anos!
Ela e se conheciam desde a escola primária, e tinham ficado muito próximos no começo do ensino médio. Ele era tudo que uma garota poderia querer e fez de tudo para conquistá-la! Entretanto, depois de conseguir ser o primeiro a beijá-la, o primeiro com quem ela transou, o único que ela aceitou namorar e a quem disse eu te amo, ele começou a mudar e se tornou um rapaz como qualquer outro.
Mas era tão difícil aceitar que um príncipe estivesse virando sapo daquele jeito, que ela ficava buscando razões, desculpas... e acabava sempre convencendo a si mesma.
“Vocês não tão a fim de ir àquela boate nova, hoje à noite, não? É irada!” Um dos companheiros de trago de questionou, tentando ser simpático e incluir todo mundo no programa, afinal estava sendo recebido na casa de mais dois deles.
“Eu topo.” respondeu, mas ele foi o único. agradeceu, afirmando que preferia ver umas séries no Netflix, e concordou com ela. não estava nada animada com o programa, mas acabou indo apenas porque achou que ficaria pior em casa, sabendo que estaria no meio de um monte de garotas atiradas.
Mais tarde, se arrependeria de não ter feito um esforço e ido junto, ao receber um telefonema de , que não conseguia achar o irmão dentro do lugar, e não sabia o que fazer com , que tinha bebido bem mais do que o organismo dela conseguia aguentar.
Ele vestiu a primeira roupa decente que encontrou e começou a tentar chamar um táxi, mas logo desistiu de esperar e foi caminhando. Eram apenas cinco quarteirões e, para chegar até ela, ele provavelmente seria capaz de andar quilômetros!
O lugar era apertado, barulhento demais – mesmo para um night club – , e cheirava a cigarro e perfume barato. As pessoas pareciam estar em transe, e tudo que ele queria era achar e imediatamente, e ir embora dali.
Queria também achar e dar um belo soco em cada olho dele, daqueles que deixam marcas roxas por dias! Mas esse desejo ele precisaria reprimir, e não seria a primeira nem a última vez.
passou muito mal, naquela noite, e ficou o tempo todo ao lado dela, só indo dormir quando estava seguro de que ela já tinha sido tomada pelo sono e não despertaria sem água e analgésico, bem ao seu lado na cabeceira. Pelas reclamações que ouviu dela, julgou que a garota estava irritada de verdade com o namorado, e que uma briga séria entre eles, dessa vez, seria inevitável.
Quando, todavia, finalmente ela acordou, quase ao meio dia, ele já tinha levado uma bronca do irmão mais velho e estava com um discurso de arrependimento na ponta da língua, que evitou uma discussão. permaneceu magoada, mas, para dissipar de vez a tempestade que poderia ter causado, ressuscitou o comportamento que tinha antes do namoro e no começo dele, cobrindo de carinhos, beijinhos e cuidados. Trocou, durante as quarenta e oito horas seguintes, os programas com os amigos por refeições em família, mergulhos românticos, tardes preguiçosas na beira da piscina, filmes de comédia acompanhados de coca-cola e pipoca, e até uma ida ao pequeno shopping da cidade.
Sua cartada final foi abrir a carteira, sacando de dentro dela um dos muitos cartões de crédito cujas faturas seus pais pagariam depois, todas as vezes em que disse ter gostado de alguma coisa.
Quando os dois voltaram à casa de praia e ela mostrou todos os presentes a , na frente de , estava alegre como ele não a vira por um bom tempo, e o rapaz não pode deixar de sentir obrigação de ficar contente por ela. A risada de era contagiante e fazia o coração dele parecer mais leve em seu peito.
Havia, porém, uma espécie de pisca alerta dentro de seu estômago, dizendo que aquela paz e contentamento não iam durar.

♫ When you talk - does it seem like he's not
even listening to a word you say?
That's okay baby, just tell me your problems
I'll try my best to kiss them all away
Does he leave when you need him the most?
Does his friends get all your time?
Baby please... I'm on my knees
praying for the day that you'll be mine!

But my love is all I have to give
Without you I don't think I can live
I wish I could give the world to you... but
Love is all I have to give ♫


Três dias depois da chegada de , os promoveram um churrasco para comemorar o aniversário de . Como tinham aquela propriedade no litoral havia muito tempo, e viajavam para lá na maior parte das férias e feriados, além de em vários finais de semana, todos os membros da família haviam feito amizade com outros frequentadores da região, ao longo dos anos, e por isso a casa estava cheia.
Tudo ia bem e nem mesmo tinha convidado o grupo com quem estava saindo recentemente, para evitar se desentender com . No entanto, não era necessária a presença de novos amigos para que sua natureza viesse à tona, e isto ficou provado quando uma garota de cabelos loiros com mechas azuis entrou no jardim, com os pais e o irmão.
reconheceu Teresa Adams de imediato e em mais ou menos dois segundos já tinha atravessado o gramado e a estava abraçando. Era natural que reagisse com entusiasmo à presença de uma amiga que havia passado os últimos dois anos estudando em outro país, então decidiu não sentir ciúmes. Quando, porém, por volta de duas horas depois, ele ainda conversava com animadamente com a loura, e ela precisou fazer-lhe a mesma pergunta três vezes, para que houvesse uma resposta – bastante breve, além de tudo! –, a garota baixou a cabeça e deixou a área externa, de forma discreta, entrando na casa.
“Você quer conversar um pouco ou prefere que eu te deixe sozinha?” Ouviu lhe perguntar, enquanto se servia de um copo d’água.
“Você viu como ele me trata, não é, ? Eu não to maluca, to?” Perguntou, bebendo um gole da água, mas logo largando o copo na bancada da cozinha. “Ele foi tão carinhoso, esses dias, que eu pensei que ele tinha percebido que tava me perdendo e resolvido mudar! Mas o fato é que não precisou nem de uma semana, e ele já voltou a ser ele mesmo e eu voltei a ser quase transparente!” Disse, magoada.
...” Tentou interromper, mas não tinha, na verdade, como retrucar.
“Eu não sei se posso aguentar mais isso, .” Comentou e ele deu um passo à frente, roçando levemente os polegares nas maças do rosto dela, para secar duas lágrimas grossas que ela não conseguiu conter. fechou os olhos e, em um impulso, como se pudesse apagar toda a dor da menina com seu afeto, colou os lábios nos dela, delicadamente.
Durou provavelmente menos de um segundo, mas foi a sensação mais louca que ele já havia sentido! O beijo, mesmo sendo o mais inocente de todos que já havia compartilhado na vida, também era a maior ousadia que já tinha cometido, a maior quebra de seus princípios. O formigamento em todo o seu corpo, que ele sempre quisera experimentar, beijando a única menina por quem já se apaixonara de verdade, não pode ser aproveitado com todo o arrependimento que sentiu quando se deu conta de ter invadido o espaço pessoal dela, sem convite.
“Me perdoa, . Pelo amor de Deus, me perdoa!” Implorou, quando ela abriu os olhos e o encarou, ainda que em seu semblante houvesse apenas surpresa, e não raiva ou qualquer coisa do tipo. “Meu Deus, eu não podia!” Disse a si mesmo, esfregando o rosto nervosamente com as duas mãos.
“Tá tudo bem, .” Ela respondeu bem baixinho e ele se sentiu ainda pior, se é que era possível.
“Não, não tá. Você deve estar me achando um traíra, um fura olho! E deve estar achando também que eu quis me aproveitar do momento, da sua fragilidade.” Afirmou, e ela não concordou, porque sabia que era bom demais para isso, mas não teve tempo de protestar, antes que ele desse a explicação que estava se sentindo compelido a dar. “Foi mais forte que eu, . Eu preciso que você saiba que eu nunca teria feito isso se eu não... Eu nunca teria feito isso se eu não fosse total e completamente apaixonado por você.”
...”
“Eu sei que você ama o , e que nunca me encorajou. Eu não to te dizendo a verdade por ter nenhuma esperança e prometo que isso que eu fiz hoje... isso nunca vai se repetir. Eu só... Eu não podia deixar você pensar que eu sou um babaca que sai por aí, beijando a namorada dos outros. Me perdoa, .” Pediu de novo, por fim, baixando os olhos e deixando o cômodo.
ficou lá, olhando para a porta por onde ele tinha acabado de sair, tentando digerir o muito que havia acontecido, em questão de segundos: o beijo, que tinha sido o mais sutil de todos, mas arrepiara todos os pelos de seu corpo e fizera sua mente se esvaziar de todos os problemas – e principalmente do maior deles, que era – e a declaração de amor de , que teoricamente era para ser só uma explicação, mas fora provavelmente a coisa mais doce que ela já tinha ouvido de alguém.
Minutos depois, quando ela reuniu forças para ir ao jardim, o amigo não estava lá, e lhe disse que ele tinha recebido uma ligação da mãe e precisara ir embora correndo. Soube, em seu coração, que não era verdade, e teve certeza disso quando ele não voltou e arrumou um trabalho temporário que durou o restante das férias. Sentia-se mal por saber que o que ele sentia por ela o estava afastando dos amigos, e sentia, acima de tudo, falta dele.
Sua relação com não melhorou, mas ela também não derramou mais uma lágrima sequer por causa disso.

♫♫♫

Mesmo depois que as férias acabaram, e os voltaram para casa, continuou evitando encontrar . Não foi tão difícil arrumar desculpas para não passar muito tempo na casa de e , ou para não fazer com eles os programas que incluíam o irmão e a “cunhada” deles, pois, como estudante de medicina, o rapaz tinha mesmo muito o que fazer.
“A terminou com o .” foi a portadora da notícia e apenas assentiu, mastigando um pedaço de seu hambúrguer.
“Sério?” franziu o cenho. É claro que, sentindo-se culpado ou não por isso, o rapaz rezava para que um dia saísse daquela relação e talvez fosse dele, mas ele não tinha previsto este dia chegando tão cedo! “Por que? O que aconteceu?”
“Como assim, ?” A amiga mostrou-se irritada com a pergunta. “O certo seria por que ela não fez isso antes!”
“Porque ela gosta dele, ué! Ou pelo menos gostava.” deu de ombros.
“Mas ele não gostava dela.” A menina retrucou.
“Só que é óbvio que ela não queria ver as coisas assim, .” interveio, limpando a boca em um guardanapo. “É difícil, quando a gente gosta.”
“Bom, eu fico feliz eu ela tenha visto agora, ou que tenha deixado de gostar dele, o que seria melhor ainda. Ela merece uma pessoa legal e que goste dela de verdade, e agora ela está livre pra ficar com essa pessoa.” Sorriu, olhando para , mas ele não a encarou, enquanto tomava um gole de cerveja. “, você tá me ouvindo?” Questionou em tom de desaprovação.
“É claro que eu to.”
“E...?”
“E o quê?” Perguntou, distraído, mas , impaciente, apenas revirou os olhos.
“A gente sabe que você gosta dela, cara.” Foi quem explicou.
“Mas eu achava que...”
“Que era discreto, e você é, mas nós somos seus melhores amigos. A gente vê o jeito como você olha pra ela, todo...”
“Encantado!” falou, apoiando o rosto entre as mãos, em um gesto teatral, e os três riram.
“Eu adoro a , sim, gente, mas...”
Mas?”
“Como eu poderia ficar com ela? O que os seus pais iam achar de mim, se eles soubessem que sempre fizeram tudo por mim, e eu tava lá, dentro da casa deles, querendo desesperadamente a namorada do filho deles?”
“Se a sua preocupação é essa, relaxa! A nossa mãe sabe, e ela é super a favor.”
“E o nosso pai é bem mais desligado, mas ele também não gostava da maneira como o tratava a . Além disso, você tá apaixonado por ela. Foi uma coisa que aconteceu, que você não escolheu.”
ficou muito surpreso com tudo aquilo, e bem aliviado também. Queria ter um futuro com , mas, sempre que se permitia imaginar um, imaginava que, com isto, estaria abdicando da amizade dos e, pior que isso, estaria magoando pessoas que só haviam lhe feito bem. Muitas vezes se perguntara como viveria com esta escolha.
“Algum de vocês dois tem falado com ela? Como é que ela tá?” Questionou, e ficou aliviado em saber que ambos estavam em contato com a garota e que ela parecia realmente convicta de sua decisão, e bem.
O mais importante era que ela estivesse bem. Para que ela fosse feliz, ele daria o mundo!

♫ To you... Hey Girl, I don't want you to cry no more - inside
All the money in the world could never add up to all the love
I have inside... I Love You baby

And I will give it to you
All I can give, all I can give
Everything I have is for you
But love is all I have to give

But my love is all I have to give
Without you I don't think I can live
I wish I could give the world to you... but
Love is all I have to give... to you ♫


Ainda que os amigos tivessem insistido para que procurasse e garantido que ele teria o apoio de todos – ao menos todos que interessavam –, ele achou que seria uma decisão prematura. A garota provavelmente precisava de espaço, de um tempo sozinha, para viver momentos de solteira ou simplesmente apenas para pensar. Ela já tinha ciência dos sentimentos dele e deveria dar um sinal, se existisse chance de alguma reciprocidade.
Este sinal não demoraria a chegar, contudo, e seria extremamente claro!
“Precisando de ajuda?” Escutou e virou-se na direção do som, vendo sair do carro, que ela tinha estacionado atrás da pick-up que lhe emprestara, para que fizesse sua mudança. Estava deixando o quarto com acompanhante em que vivia no campus para morar em um pequeno apartamento de cômodo único, perto da faculdade.
? O que você tá fazendo aqui?” Questionou, largando a caixa que carregava e se aproximando dela.
“O me disse que você estava trazendo uma coisa pro novo apartamento hoje, e eu vim dar uma mão.” Afirmou, com um sorriso zombeteiro nos lábios.
“Não precisa, .” Ele sorriu, sabendo que, obviamente, ela não estava ali por aquele motivo – pelo menos não somente por ele.
“Qual é? Você pode não querer que eu levante as caixas mais pesadas, mas com certeza existe alguma coisa que eu possa carregar, e eu sou muito boa em tirar as coisas das caixas.” Riu.
“Claro. Eu tenho algumas coisas aqui que você pode levar pra mim, lá pra cima.” Concordou, entregando-lhe algumas sacolas. “E vai ser bom ter alguém com bom senso pra me dizer como arrumar tudo isso.”
Os dois passaram de fato algumas horas levando as coisas para o apartamento 901 e encontrando os melhores lugares para elas, até sentirem fome e resolverem pedir e compartilhar comida chinesa, vendo um jogo de basquete na TV.
“Os Warriors vão levar de novo esse ano.” comentou, fingindo ler a previsão no papelzinho que vinha dentro do biscoito da sorte.
“O que tem, de verdade, aí, hein? A sorte é minha, já que esse biscoito era o meu, né?” Fingiu não ter gostado de deixar que ela comesse os dois biscoitos entregues com a comida, e ela mostrou a língua, entregando-lhe o papel.
“Vai, Curry!” Ela comemorou, ao olhar para a tela e ver o craque mandar mais um arremesso de três pontos, com sucesso.
“Pensei que você torcia para o Bulls.” Ele levantou a sobrancelha.
“Quem torce é o .” Falou com indiferença.
“Por falar nele, como você tá?” Perguntou, cuidadoso.
“Bem!” Garantiu. “Na verdade, eu queria te pedir uma coisa, .”
“É? O quê?” Ela se movimentou no sofá, chegando mais perto dele, e seus batimentos cardíacos se aceleraram consideravelmente.
“Eu queria que você me beijasse, de verdade. Eu não paro de pensar naquele beijo, e queria que você me beijasse de novo, do jeito que teria beijado, se não fosse errado naquele momento.”
tocou o rosto dela com as duas mãos, de um jeito muito parecido com aquele como a tocara na cozinha da casa dos , mas sem que houvesse lágrimas para secar desta vez. As pálpebras da garota reagiram instintivamente, se fechando, como se seu corpo quisesse pausar todos os sentidos e deixar apenas o tato atuante, para que ela pudesse sentir ao máximo a pele de na sua e, então, seus lábios nos dele.
O beijo, desta vez, se aprofundou, lentamente, e foi seguido de outros, acompanhados de abraços e carícias. sentiu um frio enorme na barriga, pois não achava que, depois de ter daquele jeito em seus braços, seria capaz de viver sem ela de novo.
“Eu te amo, . Muito! Mas – você sabe – eu não tenho nada pra te dar, além do meu amor.” Afirmou, preocupado.
“E eu acho que não preciso de nada mais do que isso, .” Sorriu, mas ele ficou apenas olhando em seus olhos, incerto. “É verdade! O me dava um monte de presentes, mas nunca foram os presentes, sabe? Nunca se tratou disso! Ele me convencia a continuar com ele, mas não pelas coisas caras que ele comprava, ou pelos lugares chiques aos quais ele me levava, e sim pelas coisas falsamente fofas que ele falava, quando precisava me dobrar. Ele me fazia acreditar que tudo aquilo era por eu ser importante pra ele, sabe? Eu era uma boba!”
“Você só gostava dele, .”
“E, por acaso, gostar de alguém que não respeita e nem valoriza a gente não é uma estupidez?” Perguntou e ele não teve como discordar. “Eu adoro você, ! Eu sempre adorei como amigo e, depois que você me beijou... Nossa! Eu não parei um segundo de querer que você me beijasse de novo.” Declarou, beijando-o outra vez.
“E os seus pais? O que eles vão achar disso, hum? Eu sou filho de empregados do seu ex.”
“E também é um dos meus amigos que eles mais admiram: um estudante de medicina promissor, um filho que ajuda os pais, um amigo que já cuidou de mim, um monte de vezes, quando o dito ex não tava nem aí... Os meus pais vão ficar muito felizes por você ser o meu novo namorado. Principalmente porque eu to muito feliz e tudo que eles querem é ver a princesinha deles bem!” Assegurou.
não retrucaria. Não quando ela estava lhe oferecendo o mundo – ou tudo o que havia de mais importante nele, o que é quase a mesma coisa!
Ele apenas beijou de novo, e de novo, e de novo...
Amor podia ser tudo o que ele tinha para dar, mas ele se certificaria de dá-lo em uma quantidade significativa.



Fim





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