07. Fix a Heart

Última atualização:04/04/2021

ÚNICO

Mansão da família Malfoy A mansão dos Malfoy era de um silêncio insuportável. Cada cômodo vazio gritava para ser preenchido novamente, mesmo que fosse com os piores bruxos da Europa, como outrora aconteceu, com Comensais da Morte por todo lugar, tramando planos com Lord Voldemort para que o mesmo matasse Harry Potter. Mas foi ele quem morreu e dessa vez, sua queda foi definitiva.
Draco Lucius Malfoy não sentia nenhuma falta daqueles dias. Ele permanecia isolado em seu quarto o máximo possível quando aquelas pessoas estavam em sua casa. A paz na mansão nos dias de hoje era uma dádiva para ele. E mesmo assim, ele passava grande parte do tempo em seu quarto quando sua amada, Alicia, não estava. Como naquele momento, em que ela estava no Brasil e ele, lendo um livro velho em seu quarto.
Uma batida na porta lhe assustou. Ele murmurou um “entre” e sua mãe passou pela passagem com um envelope vermelho nas mãos. Draco franziu a testa, Alicia não usava envelopes vermelhos, além de ele já estar com o lacre dourado rompido; sua mãe não costumava invadir sua privacidade desta forma. O garoto olhou para a mãe em questionamento.
— É dos Weasley… E dos Scamander.
Draco voltou a encarar o envelope em suas mãos agora levemente trêmulas. Não era novidade para ninguém que George Weasley havia pedido Scamander em casamento e a garota, obviamente, disse sim. Tinha que ser um Weasley?, Malfoy se questionou quando viu a notícia no maldito Profeta Diário há um ano atrás. Aquilo, provavelmente, era o convite do casamento. Com pouca delicadeza, ele tirou o papel azul marinho de dentro. É claro que tinham estrelas e constelações dançando pelo papel como se fosse um céu encantado. Rídiculo, ele pensou, mas não disse em voz alta. Ele leu os dizerem de sempre: os pais convidam... blá, blá, blá… cerimônia…. Blá, blá, blá… Levithan Scamander e George Fabien Weasley… A data era para daqui um mês e o endereço da cerimônia, obviamente, era A Toca. Draco nunca esteve lá e nunca pensou que estaria, mas sua mãe, que ele reparou ainda estar ali, disse que gostaria muito de ir, mesmo se fosse sozinha.
O garoto mordeu o lábio inferior e passou o dedo pelo nome prateado de sua ex, a lembrança do dia em que pisara na mansão pela primeira vez com seu avô nublando sua mente.

-Flashback on-

— Essa festa está uma droga, Draquinho — Pansy Parkinson reclamou pela décima quinta vez naquela noite, levando sua taça até os lábios.
— Já entendemos, Pansy — Blásio Zambini murmurou com a voz entediada, comendo amendoins doces sem prestar muita atenção.
Draco não falou nada, apenas observava o aglomerado de bruxas e bruxos dançando pelo grande salão de sua mansão como se o mundo bruxo estivesse em paz e não em ameaça. Ele estava odiando a festa, é claro, mas o alívio de Lord Voldemort não estar lá até a manhã seguinte era maior que qualquer chateação. Ele preferia mil festas à presença daquele… ser. Nem sabia se podia chamá-lo de humano depois de todas as coisas que ele presenciou. Pelo menos conseguiu roubar champanhe, o que tornava a situação toda um pouco menos insuportável. Foi então que ele a viu. Scamander entrou pela porta do salão de braços dados com seu avô, Newt Scamander.
— Merda — murmurou, se virando de costas.
— O quê? — Os dois amigos falaram em uníssono e olharam para a porta, fazendo uma careta.
— A lufana esquisita está aqui — Zambini comentou, a cara retorcida de nojo.
— Não a chame assim — Draco o repreendeu, virando toda a taça de uma vez.
Eles estavam perto da mesa de bebidas, então logo pegou mais uma.
— Ah, verdade, é a sua “namoradinha” — Pansy retrucou com a voz afetada e fazendo aspas no ar. — Como você foi disso — ela apontou para si mesma — para aquilo?
— Cala a boca, Parkinson — ele a repreendeu entre dentes.
— Cara, ela está vindo aí.

-Flashback Off-

— Filho, está me ouvindo?
Draco Malfoy suspirou alto antes de voltar a encarar a mãe e assentiu. Se arrependia demais por, naquele verão antes da festa, não ter sido sincero com . Ela não merecia o que ele fez, nem um pouco. era a garota mais doce e adorável que ele conheceu, assim como a tia dela. Seus olhos se voltaram para o globo de neve em sua estante, um aperto incomodou seu peito. Então antes de sua mãe se fechar no quarto dela com seu pai, ele respondeu:
— Eu vou com você.

A Toca

Scamander se olhou novamente no espelho comprido do quarto de Molly Weasley, passando as mãos trêmulas pelo vestido branco rendado. "Está estonteante, querida!", o espelho murmurou para ela. Ela não reprimiu o sorriso, mesmo sabendo que o objeto havia sido encantado para dizer tal coisa. pensou em seu nome e em como o adorava, e ficou repetindo-o em sua mente, mas agora com outro sobrenome no final. Weasley. Scamander Weasley. Em algumas horas ela seria uma Sra. Weasley. O pensamento lhe deu um frio gostoso na barriga.
Há um ano atrás, George Weasley lhe pediu em casamento no quintal de sua casa enquanto admiravam as estrelas que o mesmo pagou para que tivessem o nome dela e de seu falecido irmão gêmeo, Fred Weasley. Agora o dia do casamento chegou, veio rápido como o Expresso de Hogwarts, e ali estava ela em seu primeiro momento sozinha em duas semanas. Quanto mais se aproximava daquele dia, mais preparativos apareciam e mais ansiosas as duas famílias ficavam. A escolha e prova do vestido, as flores que seriam usadas, qual banda bruxa iria tocar… Eles se seguravam nessa comemoração com força, pois depois da Segunda Guerra Bruxa, qualquer festa tinha que ser apreciada e valorizada. Principalmente para a família Weasley, que havia perdido um membro e vários amigos durante a guerra.
mordeu o lábio, segurando as lágrimas ao lembrar daquele fatídico dia. Estava cedo demais para chorar, mas ela queria que o gêmeo de seu noivo estivesse com ele essa noite. A garota se aproximou da janela, observando o Sol iluminar as pessoas que arrumavam os últimos detalhes no jardim d’A Toca. Molly Weasley corria de um canto para o outro, resignando deveres para os filhos e o marido. George estava sentado de costas para o altar, as mãos cruzadas e os cotovelos apoiados nas pernas que balançavam de forma frenética, em puro nervosismo. Seus fios ruivos brilhavam por causa dos raios de sol e sua inquietação era adorável. sorriu, admirando o quão lindo e elegante seu noivo estava em um smoking vinho. Ainda com um sorriso no rosto, ela observou os poucos convidados que começavam a chegar, cumprimentando a família. Mas então, um cabelo platinado, igualmente iluminado pela luz solar, desfez seu sorriso. não se lembrava de ter convidado os Malfoy, na verdade, quem ficou encarregado pelos convites foi Arthur Weasley. E, mesmo todos considerando os Weasleys como “traidores do sangue”, até mesmo seu próprio pai, eles ainda faziam parte dos “Sagrados Vinte e Oito” e toda aquela baboseira das famílias “puro sangue” da Europa, então eles tinham que convidar essas famílias, mesmo que os desagradassem. Os Scamander não faziam parte desse grupo, mas a reputação de seu avô sempre os fazia conviver com eles; participavam das festas e jantares, e alguns os consideram a vigésima nona família sagrada. Eles não davam a mínima, realmente não se importavam em ter tal título. Mas igual a neta, Newt Scamander era muito simpático e carismático, fazia amizade fácil e se dava bem com muitos. Os olhos de pararam em seu avô, agora cumprimentando Narcisa e Draco Malfoy e sua acompanhante, Alicia Gomes, com um sorriso largo no rosto. Ela encostou os dedos no vidro gelado, sua mente se perdendo nas lembranças do jantar na mansão dos Malfoy, a noite em que ela e Draco terminaram.

-Flashback On-

Não foi difícil encontrar os cabelos platinados de Draco Malfoy no fundo do salão, virado de costas para todos como se os convidados não merecessem sua atenção. Scamander sentiu que ela mesma não merecia tal atenção, afinal, Draco não respondia suas cartas e eles não se falavam desde o último dia de aula do sexto ano. Eles ainda estavam namorando? Eram pelo menos amigos? Enquanto estavam longe, Draco conseguiu ignorá-la com perfeição, mas assim que Newt a convidou para acompanhá-lo nesse jantar de fim do verão, ela não pensou duas vezes; Malfoy não tinha como fugir dentro da sua própria casa.
Depois de cumprimentar algumas pessoas, soltou o braço do avô e o deixou conversando com alguém que julgou ser importante, caminhando determinada até Draco. Os amigos dele, que ela sabia se chamar Pansy e Blásio, a olharam de cima a baixo com desdém. Ela os ignorou como sempre fazia.
— Oi, Draco — ela murmurou envergonhada, fazendo-o se virar.
Os olhos do garoto eram frios e tristes. O tom de azul de suas íris que amava comparar com o céu em um dia ensolarado, estava apagado. Um resquício de irritação passou por seus olhos, e ele apenas a ignorou, tomando um gole de sua bebida.
— Cai fora, Lufa-Lufa, não vê que ele está acompanhado? — Pansy Parkinson abraçou Draco de lado e depositou um beijo demorado na bochecha do garoto que logo a empurrou, mas não falou nada.
Blásio e Pansy gargalharam e o queixo de caiu. Não gostava de sentir raiva, mas fechou suas mãos em punhos fortes até a unha machucar sua palma. Ela encarou o sonserino com os olhos faiscando, sentindo o arrependimento esquentar seu corpo junto com a raiva.
— Vem, . — A pegando de surpresa, Draco segurou sua mão e a puxou para longe, subindo a comprida escada de mármore escuro até o longo corredor repleto de quartos.
nunca esteve naquela parte da casa antes, nunca entrara no quarto do namorado mesmo estando com ele há alguns meses. O estranho é que, naquele momento, ela não queria entrar, não achava ser o momento certo.
Mas entrou e admirou o lugar com os olhos curiosos de sempre, os tons de verde, preto e cinza se misturavam com harmonia pelo cômodo. Draco pigarreou, chamando a atenção dela.
— O que está fazendo aqui? — Ele a questionou, cruzando os braços cobertos pelo terno preto.
— Meu avô foi convidado e eu vim acompanhar ele...
— Ah, , sei bem que não foi isso — Draco riu com escárnio. — Você veio porque não te respondi durante o verão.
piscou algumas vezes, desconcertada, mas logo se recuperou e cruzou os braços como ele fez.
— Bom… Sim! É, foi isso mesmo! Gostaria de entender por que raios meu suposto namorado não responde minhas cartas.
— Suposto? — Ele riu novamente, se aproximando da garota. —
— Não vem com essa de ! — ela exclamou, dando um passo para trás e apontando o dedo para ele. — Que história foi aquela com a Pansy?
— Ela estava te provocando…
— E você ficou quieto — ela acusou e não obteve resposta dele. — Draco… Seja sincero comigo, por favor.
E Draco Malfoy quis ser sincero. O que ele mais queria era contar tudo para e tirar o peso de seu peito, queria se jogar em seus braços e chorar as lágrimas que estavam entaladas nele há meses. Queria, acima de tudo, contar que havia se tornado um maldito Comensal da Morte há algumas semanas e recebido uma missão à qual ele não queria cumprir. Mas Draco não podia fazer aquilo, ele tinha que fazer algo pior: se afastar dela para que não se prejudicasse por causa dele. Ele não suportaria se algo acontecesse com ela, não mesmo. Poderia cair o mundo em sua cabeça, mas nem uma folha cairia em Scamander.
— Quer que eu seja sincero? — ele perguntou com rispidez. — Eu quero terminar
. já esperava isso. Mesmo assim, seu coração se despedaçou em mil pedaços e as lágrimas arderam seus olhos. Draco vacilou ao vê-la prestes a chorar e teve que resistir a vontade de abraçá-la. A garota assentiu, engolindo o choro e secando rapidamente as lágrimas teimosas que caíram.
— Claro, eu já imaginava…
, um dia você vai entender...
— Eu já entendi, Draco. Sério, está tudo bem… Eu sou lufana, com muito orgulho, diga-se de passagem! Mas não sou do seu grupinho, minha família não é do Sagrados Vinte e Oito…
— Não é isso, .
— Não precisa mentir, eu sei que… — Ela se interrompeu quando seus olhos encontraram algo familiar na estante de livros de Draco. Ela andou até o objeto e o pegou nas mãos, seus olhos se arregalaram de surpresa. — Isso… Isso era…
, eu posso explicar…
— Como você conseguiu esse globo de neve? — Ela finalmente o encarou, ainda espantada. — Era meu. Achei que tinha perdido...
— S-seu? — Draco perguntou, igualmente surpreso.
— Sim! Bom, era da minha tia, mas meu avô me deu e…
finalmente entendeu. O globo, o dia em que se conheceram quando Draco a chamou pelo nome de sua tia falecida... Como ele sabia?
— Como você conhece minha tia? — Ela perguntou com a voz falhada.
— Você vai me achar louco… — O garoto se aproximou devagar, pegado o globo da mão dela e admirando-o como ela fazia. — Mas lembra quando a gente se conheceu?
— Infelizmente sim — ela respondeu com a voz carregada de dor.
— Naquele Natal… Ela apareceu para mim.
— Apareceu? Draco, ela está morta.
— É, eu sei! — ele exclamou com frustração. — Ela apareceu como… Como um maldito fantasma, !
— E você quer que eu acredite nisso? — falou, dando as costas e começando a caminhar para a porta.
— É a verdade, ! — Draco gritou, perdendo a paciência. — Pode perguntar para o… Dumbledore.
Ao fim da frase, a voz de Malfoy saiu como um sussurro fraco. A lembrança de Alvo Dumbledore o levando até o túmulo de Scamander e contando sua trágica história o assolou. Aquele mesmo homem que lhe esclareceu tantas coisas, que o acolheu quando ele estava sofrendo… Seria o homem que ele teria que matar.
Queria poder confessar suas angústias para , mas ela jamais o perdoaria, jamais o olhará da mesma forma quando souber o que ele vai fazer.
paralisou antes de chegar à porta. A menção ao nome do diretor a fez se questionar se ele realmente estava sendo sincero. Por que, dentre todas as pessoas as quais Draco confiava e gostava, ele escolheria Alvo Dumbledore? Uma pessoa que ele e seu pai eram declaradamente contra. Scamander se virou, encarando os olhos marejados e gélidos do amado.
— Ela parecia tão… viva. — Draco começou a explicar, se aproximando de novamente. — Eu não percebi que ela era uma fantasma até ler sobre isso. Os sumiços, a pele gelada, entre outras coisas… Então fui questionar Dumbledore sobre ela e ele me contou tudo. Finalmente entendi que ela não era como os outros fantasmas, ela tinha um tempo limitado, ela podia tocar as coisas, podia… Me tocar.
Os pensamentos dele viajara novamente com a lembrança dos lábios frios de nos seus. Ele finalmente levantou os olhos para , seus traços idênticos aos dela estavam retorcidos em compreensão e dor. Ela acreditava nele, mas outra coisa se acendeu dentro dela.
— E ela era tão parecida com você...
— Então foi por isso que você me chamou pelo nome dela naquele dia — ela afirmou enquanto secava as lágrimas. — Mas eu não sou ela, Malfoy.
— Eu sei disso, .
— Agora você sabe, é claro! — ela exclamou, dando um tapa em sua testa como se tivesse entendido tudo. — Todo esse tempo, você tentou ver ela em mim, você ficou comigo esperando que eu fosse a minha tia! Mas não, Draco, eu não sou! Eu estou aqui, eu estou VIVA! E quando você percebeu que eu não era quem você queria, você achou uma boa ideia simplesmente me ignorar! Você nunca me amou, não é?
Draco nunca viu a garota tão brava. Não gostava de vê-la assim, gostava de vê-la sorrindo, o sorriso lindo que sempre estampava seu rosto quando ela queria deixá-lo melhor, ou quando ele fazia uma piada muito ruim e mesmo assim, ela gargalhava. Ela estava errada, é claro que ele a amava e é claro que ele sabia, desde a primeira vez que conversaram, que ela não era como a tia. Scamander era única, e cada vez mais ele tinha certeza de que ela não merecia e não podia ficar ao seu lado. Então, ele mentiu, e torceu para que um dia entendesse seus motivos.
— É verdade — ele murmurou e conseguiu ouvir seu próprio coração se despedaçando. — Você está certa, Scamander.
Ela assentiu, apertando os lábios em uma tentativa de não gritar. Pois ela queria gritar, queria quebrar aquele quarto inteiro e surtar por ter perdido tanto tempo de sua vida com aquele garoto.

-Flashback off-

Algumas batidas na porta a tiraram de seus devaneios.
, posso entrar? — ela ouviu seu pai exclamar do outro lado da porta e ela respondeu que sim, vendo-o passar pelo portal em seguida. — Uau, você está incrível, filha.
— Obrigada — ela agradeceu com um sorriso leve no rosto. Galton Scamander segurou a mão da filha e a girou, fazendo-a gargalhar.
— Eu não acredito no quanto você cresceu — ele disse, segurando o rosto da filha e colocando uma mecha solta atrás da orelha dela. Seus cachos sempre rebeldes agora estavam presos em um lindo coque decorado com flores brancas. — Quero minha menininha de volta!
— Ah, pai — ela riu, abraçando o homem. — Não se preocupe, deixarei você me chamar de zinha sempre que quiser.
— Ótimo — ele assentiu, secando as lágrimas. — Filha, antes de descermos… Queria te pedir desculpas.
— Por…?
— Por ter tratado George daquela forma quando nos conhecemos. Eu era cego demais e não conseguia ver que na verdade, nossa família e a dele estávamos do mesmo lado.
— Você não precisa pedir desculpas, pai — A garota sorriu com compreensão para o homem, secando as lágrimas dele. — Agora pare de chorar, temos um casamento para ir!

***


A atmosfera no quintal d’A Toca era de pura expectativa, ansiedade e animação. Todos os convidados estavam espalhados pelas dezenas de cadeiras de madeira enfileiradas, divididas apenas por um comprido tapete de folhas e pétalas de rosas brancas que pareciam brilhar como estrelas. A tenda que cobria o altar e os convidados foi enfeitada para que o teto reproduzisse um céu estrelado igual ao da noite em que o casal ficou noivo.
George Weasley estava em pé sozinho no altar, ao lado de um bruxo cerimonialista velho e sem graça, inquieto demais em pura ansiedade. Ele olhou para o teto encantado, procurando pelas estrelas que ele amava admirar. A estrela “Fred Weasley” brilhou mais forte, como se o cumprimentasse ou encorajasse. Conhecendo seu irmão gêmeo, Fred provavelmente estaria ao seu lado, tentando acalmá-lo com alguma piada de mal gosto que o faria gargalhar alto. Ele talvez estaria zoando por ter escolhido o gêmeo mais feio e provocando Rony Weasley e Hermione Granger ou Harry Potter e Gina Weasley, sentados na primeira fileira, sobre serem os próximos da família a se casarem.
— Vou casar com a garota mais incrível do mundo e você não está aqui para ver isso, Gred — ele sussurrou, sabendo que seu irmão, onde quer que estivesse, iria ouvi-lo. — Patético.
Mas seus pensamentos foram interrompidos pelas trombetas da banda que se transformaram em uma bela melodia calma, anunciando o início da cerimônia. Todos ficaram de pé para receberem Molly e Arthur Weasley que desfilaram sorridentes pelo tapete de folhas, seguidos pela mãe da noiva, Úrsula Scamander, e as damas de honra, as irmãs Luisa e Elena Gomes.
George suspirou alto quando viu a noiva aparecer de braços dados com o pai, Galton, e arrancou risada de quem estava por perto. estava perfeita, mais que o normal. George não conseguiu conter as lágrimas e pensar no quanto seu irmão estaria gargalhando da cara dele naquele momento.
Igualmente ansioso, Draco Malfoy se virou para trás em expectativa. Seus olhos brilharam ao ver com um vestido de noiva e o sorriso que sempre o encantou, mas dessa vez o motivo era outro. Draco não via a hora de ver Alicia, sua noiva, vestida com um daqueles e caminhando pelo altar até ele. Ela até poderia dizer que era breguice, mas conhecia a garota o suficiente para saber que era da boca para fora. Ele se virou para a morena que secava uma lágrima teimosa e lhe deu um beijo delicado nos lábios, sorrindo para a mesma.
desfilou calmamente com seu pai ao lado, suas mãos geladas tremiam, mas seu sorriso não vacilava. Não conseguia desviar os olhos do seu noivo que chorava sem piedade no altar, e o achou adorável por isso. Galton a entregou para George, secando as próprias lágrimas depois de abraçá-lo, e se juntou à Úrsula que, acompanhada por Molly e Arthur, chorava descontrolavelmente. As emoções de todos estavam à flor da pele e por isso eles adoravam tanto as festas. Depois da Segunda Guerra, esses eram os únicos momentos em que eles se permitiam chorar até a última lágrima.
— Você está… — George não conseguiu terminar de falar. Ele abraçou e começou a chorar em seu ombro, fazendo a garota rir.
Mas ela entendeu perfeitamente o que ele queria dizer. Eles chegaram em um nível de intimidade que meias palavras bastam para se entenderem.
— Você também está, George — ela respondeu, segurando o rosto dele e secando suas lágrimas. Teve que se segurar para não beijá-lo ali, antes da hora, então se apressou em se virar para o cerimonialista que já começara a falar.
George a olhou sorrindo e apertou a mão da noiva enquanto ouviam o discurso do bruxo velho e os dois tentaram não rir. Eles sabiam que era apenas por pura formalidade e não aguentavam mais esperar para dizer o “aceito” que esperaram por tanto tempo. Então, finalmente o momento chegou, e ambos repararam que tremiam demais e nada tinha a ver com a brisa gelada que passou por eles, arrepiando-os.
— George, você aceita Scamander como sua legítima esposa?
— Mas é claro, meu amigo! — George exclamou, fazendo todos gargalharem.
, você aceita George Weasley como seu legítimo esposo?
fingiu pensar, batendo com o dedo no queixo, e gargalhou ao ver a cara de George, os olhos arregalados em susto.
— Eu aceito! — ela exclamou, jogando os braços pelo pescoço do marido e beijando-o antes mesmo de colocarem as alianças. O bruxo pigarreou e eles se separaram aos risos. — Foi mal…
George segurou a pequena mão de , olhando fundo nos seus olhos marejados, e deslizou a aliança dourada por seu fino dedo. A joia brilhou em contato com a pele dela ao mesmo tempo que a mesma deixou cair suas lágrimas. fez o mesmo e, finalmente, puderam se beijar.
— Eu te amo tanto, George Scamander-Weasley — ela sussurrou para ele enquanto todos aplaudiam em pé o fim da cerimônia.
— Eu te amo muito, Scamander-Weasley — ele também enfatizou o sobrenome, fazendo-a rir.

***


O lugar havia se tornado um grande salão para realizarem a festa, como no casamento de Gui e Fleur há alguns anos atrás, e os convidados se dividiram entre dançarem na pista de dança e se aglomerar na farta mesa de comida e bebidas.
George e não pensaram em treinar uma valsa ou qualquer outro tipo de dança, mas eles roubavam a cena em meio aos convidados, dançando animados a qualquer música que a banda tocava. Quando tocaram Like Nobody’s Around, os dois pareceram esquecer que estavam cercados pelos convidados e cantaram alto, dançando e pulando em seu próprio mundo particular. Em algum momento da festa, George se separou dela apenas para comer algo e dar atenção a alguns convidados, assim como que aproveitou para dançar com suas melhores amigas, Elena e Luisa e a prima delas, Alicia Gomes, que ela sabia ser a noiva de Draco. Como se adivinhasse que estava pensando nele, o flagrou observando-as dançar com um sorriso torto no rosto, e acenou quando viu que a mesma o encarava de volta. E como se o universo adivinhasse que os dois estavam se encarando, uma melodia lenta começou a tocar e a puxou para a lembrança mais dolorosa dos dois.

-Flashback on-

— Ai está você, ! — Newt exclamou quando a garota desceu as escadas da mansão dos Malfoy, secando o rosto inchado. — Está tudo bem?
— Está sim — ela mentiu, fungando.
— Lúcio quer que a gente cante algo — Newt se virou para o homem de cabelos longos e brancos que sustentava um sorriso assustador nos lábios. — Ele fez uma propaganda e tanto para os convidados.
— Ah, vocês dois cantando juntos como no seu aniversário, Newt, é o que essa festa precisa.
ouviu os passos apressados de Draco atrás de si e desesperada para sair daquele lugar, ela aceitou o convite do avô. Ajudando-o a caminhar até o pequeno palco do salão, se posicionou no microfone e o avô se sentou no piano, apoiando a bengala no piano amadeirado.
— Qual música, querida?
encarou Draco que a olhava sem entender nada e foi até o avô para sussurrar a música em seu ouvido. Ele assentiu e percebeu naquele momento, pela escolha da neta, que a mesma não estava bem. Mas não discutiu, esperava que cantar a faria se sentir melhor. Logo o salão se preencheu com a melodia produzida pelo dedilhar dos seus dedos nas teclas do piano e respirou fundo e fechou os olhos antes de começar.
— It's probably what's best for you, I only want the best for you, and if I'm not the best then you're stuck — ela abriu os olhos e procurou Draco que a encarava com intensidade. — I tried to sever ties and I ended up with wounds to bind, like you're pouring salt in my cuts.
Draco Malfoy engoliu o choro e arrumou a postura, não queria demonstrar o quanto aquelas palavras estavam afetando ele.
— And I just ran out of band-aids… I don't even know where to start. 'Cause you can bandage the damage, you never really can fix a heart…
teve que limpar a garganta antes de continuar, pois um nó se fez ali e parecia não querer se desfazer tão fácil.
— Ela está cantando pra você? — Pansy perguntou a Draco, e ele deu de ombros, sentindo-os tremer. — Patética demais.
— Even though I know it's wrong, how could I be so sure? If you never say what you feel, feel… I must have held your hand so tight, you didn't have the will to fight, I guess you needed more time to heal…
Ela repetiu o refrão, fechando os olhos e deixando algumas lágrimas escaparem. amava cantar e sua voz era linda, o que contribuía para deixar todos os convidados igualmente emocionados. Suas mãos estavam trêmulas, mas ela segurava o pedestal do microfone com firmeza para que não percebessem.
—You must be a miracle worker, swearing up and down that you can fix what's broken, yeah… Please don't get my hopes up, no, no! Baby, tell me how could you be so cruel…
Ela parou para respirar fundo e voltou a encarar Draco.
— It's like you're pouring salt on my cuts...
não aguentou terminar a música. Ela colocou a mão na boca para abafar os soluços e saiu correndo por entre os convidados em direção ao jardim da mansão. Ela não sabia para onde estava indo, não tinha ideia do que iria fazer, mas precisava ficar longe de Draco. Entretanto, o mesmo a seguiu e gritou seu nome quando alcançou a garota, o ar frio fazendo a fumaça sair por seus lábios.
, me desculpa — ele exclamou, a fazendo se virar. Ela ameaçou protestar, mas ele levantou a mão para impedi-la. — Um dia você vai entender tudo isso, Vai entender porque estou fazendo isso e vai ver que é para o seu bem. — Meu bem? — ela gritou, balançando a cabeça e secando as lágrimas. — Que bem vai me fazer você partir meu coração?
Draco queria gritar que o dele estava tão partido quanto o dela, queria poder mostrar a maldita Marca Negra que ardia na sua pele. Mas ele não podia fazer aquilo.
! — Eles ouviram Newt exclamar atrás deles, se aproximando. — Venha, querida, vamos para casa.

-Flasback off-

suspirou e mandou para longe a lembrança. Aquela música sempre a deixava triste, mas ela tinha em suas mãos a chance de mudar isso e substituí-la por uma lembrança boa, afinal, era seu casamento e as únicas lágrimas que ela queria que caíssem eram de felicidade.
— Alicia, você se importa se eu dançar com seu noivo? — Oliie perguntou para a morena que riu em resposta.
— Fica à vontade, eu preciso mesmo beber algo — ela respondeu e saiu com Elena e Luisa para beber algo.
A garota andou até Draco e esticou a mão para ele com um sorriso largo no rosto; ele a olhou sem entender.
— Vamos dançar. Afinal, é como se essa fosse a nossa música — ela falou, mas Draco lançou um olhar para George e Alicia que agora conversavam animados perto da mesa de comida. — Alicia deixou, ela não vai te matar por causa de uma dança.
Convencido e soltando uma risada, Draco segurou a mão da garota e a acompanhou para a pista de dança, começando a balançar lentamente com ela. Seus olhos foram para a aliança de ouro que brilhava na mão esquerda de .

Baby I just ran out of band-aids
I don't even know where to start
'Cause you can bandage the damage
You never really can fix a heart

— Lembra quando você cantou essa música naquela…
— Estou tentando esquecer, Draco — o interrompeu, sorrindo leve. — Acho que não merecemos aquele final, não é? Não quero que lembre de mim por causa daquilo.
— De forma alguma — ele concordou, sorrindo de volta.

Baby I just ran out of band-aids
I don't even know where to start
'Cause you can bandage the damage
You never really can fix a heart
Oh no no no
You never really can fix a heart
Oh no no no
You never really can fix a heart

— Eu nunca poderia imaginar que você ficaria com um Weasley — ele falou depois de longos segundos em silêncio. colocou a mão esquerda na frente do rosto do amigo e balançou os dedos, fazendo-o rir novamente.
— Não só fiquei como casei, Malfoy.
— E eu fico muito feliz, de verdade — Draco lançou um olhar para George que levantou a taça e sorriu para ele. — Vocês foram feitos um para o outro. Nunca pensei que diria isso, mas… George é um cara legal.
levantou as sobrancelhas e riu, impressionada com a confissão. Draco sempre odiou os Weasley, mas não podia negar que, depois de tudo o que aconteceu, Malfoy havia se transformado para melhor e a grande responsável era Alicia Gomes.
— Você e Alicia também são perfeitos um para o outro — ela confessou com sinceridade e o viu sorrir radiante. — Viu, só? Foi só eu falar dela que você ficou todo bobo.
— Para, — ele riu, balançando a cabeça, e as bochechas ficaram coradas na mesma hora. Ele mordeu a parte interna da bochecha, pensativo. — Você acha que, sei lá… Se eu tivesse sido sincero, se aquela noite tivesse sido diferente, ou se eu não tivesse te deixado naquele armário sozinha… Eu estaria naquele altar?
A pergunta pegou de surpresa, mas a resposta veio fácil. Ela balançou a cabeça, negando. Isso não surpreendeu Malfoy, ele sabia que essa era a resposta, só queria uma confirmação.
— Ah, não, Draco, não mesmo. Acho que fomos… Ou melhor, somos muito importantes um para o outro, mas uma hora ou outra iríamos seguir caminhos diferentes. — Ela apontou disfarçadamente para Alicia. — Seu lugar é com ela, Malfoy. Aquela garota te curou.
Ele olhou para a noiva e depois para a , sabendo que ela estava totalmente certa. Draco se afastou da amiga e beijou suas mãos com carinho.
— Obrigada por tudo, — ele falou, sem disfarçar a voz embargada. — Afinal, acho que é possível sim consertar um coração partido, não é?
— Somos prova viva disso, Draco — ela falou, passando a mão pelo rosto pálido do garoto. — Agora vai dançar com sua garota, vai.
E obedecendo o pedido, Draco foi em direção à Alicia mas puxou junto para que a mesma se encontrasse com o marido. Alicia o abraçou e deu um beijo apaixonado no noivo enquanto fazia o mesmo, abraçando o marido pela milésima vez naquele dia. Ela riu da ironia do momento com a música se finalizando no fundo.

Oh oh oh oh
You never really can fix my heart.

O coração de , Draco e George estavam cheios de cicatrizes e dores. Mas estavam completamente curados.




FIM.



Nota da autora: Oi, meus amores! Chegamos ao fim da trilogia de Playing In The Snow! Nunca imaginei que essa história iria tão longe, mas graças aos incentivos de vocês, ela se tornou uma história liiiinda!! Quero muito agradecer todo mundo que leu as três histórias; a Luisa, que é o Fred perfeita pro meu George e que surtou comigo desde o começo; a Isabela, autora de DWTD que me permitiu usar um pouquinho da personagem e da história dela; e por fim, as meninas do grupo "Fanfiqueiras da Pati", vocês são incríveis demais e eu vou sempre estar aqui pra lembrar vocês disso. ❤️ Obrigada por lerem e não esqueçam de comentar!



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