Finalizado em: 25/03/2021

Capítulo 1

Segundo dia de quarentena.
Moletom, !? Você tem um encontro com o Harry fucking Styles e vai usar um moletom da GAP? Dio mio!
Já não sabia há quanto tempo estava jogada na cama da minha melhor amiga, , esperando a mesma se arrumar. Mesmo assim, a garota se vestiu com uma calça legging, um moletom surrado e, como se não pudesse piorar, um sapato técnico de borracha, totalmente sem graça se comparado ao garoto com quem ela ia se encontrar em alguns minutos. Ou até mesmo com a minha roupa. Como o meu papel no plano era distrair Garcia, o recepcionista gatinho do hotel em que trabalhamos, eu precisava estar digna de uma distração, mas sem exagerar. Coloquei uma regata preta que realçava meus seios e um shorts jeans básico que deixava minha bunda uma delícia. E, é claro, eu jamais usaria um daqueles sapatos horrorosos - e confortáveis -, eu estava de saltos altos e elegantes.
— Qual o problema? — falou, se admirando no espelho.
Bufei alto e me levantei, indo até o espelho comprido e parando ao seu lado. Minha amiga era linda e, infelizmente, ela parecia não fazer ideia disso.
— Tudo, — eu falei, deixando meus ombros caírem de decepção. Olhei meu relógio no pulso e faltavam apenas dois minutos para descermos. — Pelo menos tire o maledeto moletom, por favor!
revirou os olhos, mas fez o que eu mandei. Sorri largo ao ver uma regata idêntica à minha na cor branca por baixo do moletom ridículo. Agora sim ela teria chances de ganhar pelo menos um beijo do garoto.
Colocamos as máscaras, pegamos nosso celular e descemos apressadas os quase oito lances de escada que ligava o quarto andar com o térreo. Chegamos ao saguão de entrada extremamente ofegantes e levemente suadas.
— Que bela ideia vir de escada, não é? — resmunguei enquanto ajeitava meus shorts jeans.
— Ninguém mandou usar saltos. — me acusou com um sorriso orgulhoso no rosto, exibindo seus sapatos feios. Fiz uma careta.
— Um All-Star seria melhor que isso, .
— Eu gosto de estar confortável enquanto cozinho, . — ela retrucou, colocando sua cabeça para fora da parede onde estávamos escondidas.
Sorri com o ato, estava me sentindo uma daquelas espiãs gostosas dos filmes de ação, sem as roupas pretas e coladas. Olhei para as pernas da minha amiga. Cazzo, eu deveria ter usado leggings pretas coladas!
— Vamos, — disse , cutucando minha mão. Era o meu momento de brilhar.
Me coloquei na frente dela e ajeitei meus cabelos loiros, fazendo-os cair como uma bela cascata sobre meus ombros. Caminhei, ou melhor, desfilei até o balcão, meus saltos fazendo um barulho audível o suficiente para Garcia me olhar hipnotizado. Fácil demais, pensei, dando um sorriso. Me inclinei sobre o balcão de mármore cinza e abaixei minha máscara, mostrando o sorriso que ainda sustentava e o volume dos meus seios pelo decote. parecia prestes a babar e correu para o meu lado, o choque em seu rosto era cômico. Ela me deu uma cotovelada e eu levantei a máscara, obedecendo sua ordem silenciosa.
— Olá, . — falei animada, mordendo provocativamente o lábio inferior. Ouvi minha amiga bufar baixinho ao meu lado, mas o garoto pareceu adorar.
— Oi, . E aí, ? — ele disse sorrindo, sem tirar os olhos do meu decote. — Como posso ajudá-las?
, mi amore, você acredita que minha amiga aqui esqueceu seus remédios na confeitaria? — eu falei, balançando minha cabeça em negação e, consequentemente, meus cabelos dourados. — Só não esquece a cabeça porque está colada no corpo, certo?
Soltei minha melhor risada e ele me acompanhou, totalmente rendido aos meus encantos. Isso sempre funcionava. Já deu uma risada meio engasgada, visivelmente forçada. Ela olhou em volta, mordendo os lábios em nervosismo. Arrisquei olhar para trás e não havia ninguém ali. Porra, Styles!
— Será que você pode emprestar as chaves da cozinha pra gente? — eu pedi piscando os olhos de forma frenética.
— Só porque você é a chef, hein? E está me devendo um brigadeiro. — ele falou rindo para , mas ainda olhava para mim com os olhos brilhando.
assentiu e sabia que, por baixo da máscara, ela sorria aliviada e vitoriosa. era o único outro brasileiro que trabalhava no hotel e apenas alguns anos mais velhos que a gente (eu tinha 22, a , 23, e o , 25), então a primeira vez que comi brigadeiro foi com ele e, Dio Mio, eu entendia sua obsessão pelo doce do Brasil. Nós três vivíamos saindo juntos e era o cara que mais chamava a atenção das baladas de Roma, onde moramos e, é claro, que saía das baladas com inúmeros beijos na conta e uma garota — e às vezes garoto — nos braços. Eu até tentava competir com ele algumas vezes, mas já havia desistido desse joguinho há tempos, ele sempre ganhava. Mas, por mais incrível que pareça, nós dois nunca ficamos. Nunquinha. E agora, olhando seus olhos castanhos enormes, eu não conseguia entender o porquê.
O barulho da chave de metal em contato com o balcão me acordou dos pensamentos. havia dito algo para ele que eu não prestei atenção e agora abaixava a máscara para me dar um beijo na bochecha. Olhei disfarçadamente para trás e lá estava o deus grego Harry fucking Styles escondido atrás de uma pilastra. Eu sabia que seu segundo nome era Edward, mas o divertido palavrão se encaixava melhor na definição do que era aquele homem.
— Boa sorte. — sussurrei antes de ela se afastar, voltando minha atenção ao garoto na minha frente.

Eu acredito fielmente que duas das coisas mais lindas no mundo é ver o sorriso de alguém que você ama e o prazer no rosto de uma pessoa na hora do sexo. A pandemia me tirou as duas coisas. O sorriso não era escondido só pela maldita máscara que tampava metade do rosto de todas as pessoas, mas pelo peso sombrio que a pandemia, juntamente com as mortes, trazia para a quarentena. Naquela noite, porém, eu poderia ter aquilo de volta: o meu prazer e o sorriso da minha melhor amiga, escondido pela máscara e pela preocupação de ter sua família tão longe.
digitava algo no computador, parecendo concentrado, mas me lançou um olhar divertido, indicando que ele não havia esquecido de mim ali. Caminhei lentamente até a parte de trás do balcão e me inclinei atrás do ombro dele, olhando a tela repleta de informações confusas, pelo menos para mim. Eu não entendia absolutamente nada referente ao hotel que não fosse da área da cozinha e restaurante.
— Isso parece complicado. — murmurei contra seu ouvido e o vi se remexer na cadeira, limpando a garganta. — E chato.
— Nem tanto. — ele virou o rosto para me olhar e apontou para a cadeira do meu lado, indicando para eu me sentar e assim fiz. — Temos que fazer um relatório toda noite para os recepcionistas da manhã, sabe? Tudo o que acontece aqui, quais hóspedes pediram o que, e por aí vai… Com o tempo você faz tão rápido que nem vê o tempo passar.
Tudo o que acontece aqui? — o questionei com a cabeça inclinada e ele assentiu, seus olhos lutando para não olhar as pernas que acabei de cruzar. Sorri vitoriosa. — Impressionante.
estreitou os olhos e se ajeitou na cadeira, ficando de frente para mim. Ele agarrou uma parte da minha cadeira de rodinhas e puxou para frente, me aproximando dele. Soltei um grito de surpresa e encantamento. Seu braço tocando meus joelhos fizeram minhas pernas se arrepiarem. Dio Mio…

— E você, ? — ele falou próximo ao meu rosto. — O que pode me contar sobre as maravilhas da confeitaria?
Maldita máscara, maldita! Eu sabia que ele estava sorrindo, seus olhos entregavam isso, mas eu não podia admirar. E ele sabia o efeito que aquele ato causou em mim, pois os meus olhos começando a brilhar de desejo entregaram isso.
— N-nada demais, é realmente um tédio sem a lá. — falei, e me toquei da merda que havia feito quando ele desviou os olhos para a porta do restaurante.
— Falando nela, será que ela precisa de ajuda? Já faz um tempo…
— Não, deixe a garota — falei, puxando seu rosto para que ele voltasse a me olhar. Os olhos dele pareciam ter adquirido um brilho novo. — Ela deve estar matando a saudade da cozinha.
— E você? Do que sente falta? — ele perguntou, seu longo dedo acariciando levemente minha coxa. Dessa vez me arrepiei inteira.
— Sinceramente? Sinto falta das pessoas na rua, das festas… Dançar sua música favorita enquanto esbarra nas pessoas em volta, derrubando bebidas enquanto a sua continua intacta em sua mão. — respondi sonhadora e riu, mas assentiu. — Roma tem as melhores festas.
— Não posso negar. — ele falou. — Sou do tipo de pessoa que prefere ficar em casa, mas essa pandemia me fez sentir falta das festas que íamos juntos.
— Você fala como se fossem ruins! — O acusei, rindo e dando um leve tapa em seu braço, tirando-lhe uma gargalhada. Ah, e que gargalhada…
— Não, não eram! — ele se defendeu, se recuperando da risada. — Na verdade, a companha era ótima.
Engoli em seco, tendo certeza que meu rosto estava vermelho como o bolo red velvet que minha amiga estava preparando com o Styles. O telefone tocou e eu respirei aliviada quando ele se afastou para atender, deixando seu sotaque brasileiro se misturar com o italiano perfeito pelo telefone. Céus, o que estava acontecendo comigo? Tirei meu celular do bolso e digitei o mais rápido possível uma mensagem para .
“Seria muito errado se eu beijasse o ? No fim das contas, ele sabe flertar.”
Eu sabia que ela estava ocupada e provavelmente longe do celular, mas não pude deixar de encarar a tela do celular em expectativa. ainda falava no telefone quando olhou e piscou para mim, colocando a mão na minha coxa e a apertando com vontade e carinho. Reprimi um gemido frustrado, ouvindo-o falar para a pessoa do outro lado da linha que todos nós fomos testados e estamos negativos, brincou até que nosso hotel provavelmente era o mais seguro de toda a Europa. disse tudo isso enquanto me encarava e acariciava minha perna. Safado, eu sabia bem o que ele estava fazendo e não podia negar, funcionou.
Peguei o celular e digitei mais rápido ainda:
“Ele disse que testou negativo e não tem uma alma viva aqui no saguão. Posso?”
Nada. Eu realmente espero que ela esteja fazendo algo boníssimo naquela cozinha para estar me ignorando. Vi o garoto colocar o telefone no gancho e voltar a me encarar, agora as duas mãos acariciavam minhas coxas, me fazendo estremecer. Que merda estava acontecendo comigo? Era para eu ser uma distração, apenas, e não ficar tão abalada com seu toque!
Minhas mãos fracas deixaram o celular cair e eu, prontamente, me afastei dele para me abaixar e pegar o aparelho. Mas é claro que era um cavaleiro e de abaixou comigo para pegar o celular. Nos olhamos, ambos transbordando desejo, e não aguentei mais. Esqueci do telefone, abaixei minha máscara e a dele e o beijei. No começo foram apenas nossos lábios se acostumando um com outro, mas logo senti as mãos dele em minha nuca e a outra, em minha cintura, sua língua pedindo passagem que eu cedi sem cerimônias. Ele aprofundou o beijo e me puxou para mais perto, se encostando na bancada e me fazendo sentar em cima dele. Sua ereção me deixou incomodamente molhada e um gemido rouco saiu dos seus lábios, ainda grudados nos meus, quando me movi em cima dele.
... — sussurrei em meio a um gemido, puxando seus cabelos enquanto ele distribuía beijos pelo meu pescoço.
— Hum? — ele murmurou, mordiscando a curva entre meu pescoço e meu ombro. Rebolei mais em sua ereção, sentindo-o reprimir um gemido contra minha pele.
— N-não podemos fazer… Isso aqui... — falei com a voz fraca enquanto seu dedo se esgueirava por dentro do meu sutiã e roçava no bico rígido. Merda! — Podem nos… Ah, céus…
Ele subiu os beijos para meus lábios e afastou o rosto, sorrindo maroto, sua cara entregava que ele queria aprontar algo. espalmou uma mão em minha bunda e a outra segurou meu seio, massageando-o deliciosamente. Resmunguei em protesto à tortura, e rebolei mais em seu colo, e mais uma vez, cada vez mais rápido enquanto ele me olhava um tanto assustado, mas ainda com desejo. O senti tremer embaixo do meu corpo e me esfreguei com mais lentidão, vendo-o morder o lábio com força.
... — ele ofegou, olhando para a tela onde mostrava as câmeras do saguão. Estava deserto, para nossa sorte. E de onde estávamos, nenhuma câmera nos pegava. Sorri vitoriosa.
Segurei em seus ombros e intensifiquei os movimentos, mordendo os lábios dele que gemia baixinho, só para mim. Era maravilhoso ver o poder que eu tinha sob ele, mas assustador o poder que ele estava tendo sob mim, sob meu corpo. Suas mãos apertaram minha bunda com mais força e considerei isso como um incentivo ou pedido.
— Tão gostosa. — ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo fechar os olhos. — Perigosamente gostosa ...
Seu sotaque me deixava louca. Aumentei mais os movimentos, nossas roupas nos incomodando demais e o vi revirar os olhos e sua boca abrir sem emitir som algum. Toquei seu rosto, sorrindo ao ver sua expressão. Aquele era o rosto que eu falei, cada poro exalando prazer, os olhos gritando desejo e seu membro latejando em sua calça. Céus, ele estava gozando? Seu corpo se contorceu embaixo do meu e o senti relaxar, mesmo seus olhos me olhando um tanto assustados. Eu não podia acreditar, fiz o garoto gozar sem nem tirar a roupa! Me afastei dele e coloquei a máscara, mais para disfarçar a risada do que para proteção. olhou para baixo, chocado, depois me encarou sem acreditar.
! — ele exclamou baixo, olhando apavorado para a tela das câmeras. — Que porra…

Eu não sabia muito bem o que porra significava, mas sabia que era um palavrão brasileiro que amava usar quando estava brava ou confusa. Pela cara do garoto, era a segunda opção. Não contive uma gargalhada e logo pedi desculpas, ajudando-o a levantar. Uma bela mancha era visível em sua calça social, o que me fez sorrir vitoriosa.
— Não foi minha intenção... — falei apontando para o lugar e reprimindo uma risada. — Mas achei adorável.
— Adorável!? — ele me questionou, seu rosto moreno ruborizando violentamente. — Me sinto a merda de um adolescente!
— Ah, para! — Apertei seus ombros, rindo. — Estava realmente gostoso, não te culpo.
Ele deixou escapar um sorriso torto antes de colocar a máscara.

— Preciso resolver… Isto . — ele apontou para baixo, me fazendo rir com ele. — Se alguém ligar, anota o número do quarto ou o contato da pessoa e avisa que ligo em cinco minutos, ok?
— Sim, chef! — brinquei antes de ele sair para o banheiro.
Peguei meu celular no chão e me sentei na cadeira dele, digitando mais uma mensagem para minha amiga.
“PATRICIA, EU BEIJEI O FELIPE!!”
A desgraçada ainda não havia nem ao menos visualizado as mensagens. Eu realmente esperava que ela tivesse se dado tão bem quanto eu.
Esperei alguns bons e longos minutos, observando a decoração do hotel, atendendo o telefonema de um hóspede, esperando minha amiga me responder… Quando o meu tédio estava no auge, apareceu com Harry, distante demais um do outro para o meu gosto e sujos demais para o meu espanto.
Mamma mia! O que aconteceu com vocês? — os questionei, meus olhos indo de um para o outro. — Oi, Harry, lindo como sempre.
— Oi, . — Harry riu, balançando a cabeça. — Digamos que sua amiga aqui me provocou demais e resultou em uma guerra de comida.
— Eu? — ela o questionou, também rindo. Sorri ao ouvir aquele som e a provocação. — Cadê o ?
— Hum… Digamos que ele teve um… Probleminha . — falei, apontando para baixo. Os olhos dos dois se arregalaram, compreendendo tudo. — Ele teve que ir ao banheiro pra…
— Eu entendi, , entendi mesmo! falou e Harry se segurava para não rir. — Aqui estão as chaves, você entrega pra ele?
— Claro. — pisquei para ela e a dispensei com a mão depois que a mesma agradeceu.
Quase em seguida, apareceu com uma calça preta, diferente da azul-marinho que usava antes. Ele se aproximou e colocou uma mecha minha atrás da orelha.
— Tive que trocar a calça. — ele falou e seus olhos entregavam o sorriso que ele dava por baixo da máscara. — Me desculpe por aquilo…
— Não foi nada, . — eu disse, puxando-o pela gola da camisa social até me aproximar de seu ouvido. — Foi um prazer te fazer gozar.
Ele engoliu em seco e agarrou o balcão, claramente se esforçando para não se descontrolar de novo. Apertei seu ombro e pulei da cadeira, dando às costas sem dizer mais nada. O senti segurar meu braço, me fazendo virar para ele. A proximidade me deixou com as pernas bambas.
— Eu quero mais. — ele sussurrou, seus olhos fixos no meu me queimavam.
— Talvez você tenha sorte e seja mais em breve do que você pensa. — respondi, dessa vez me virei e segui para as escadas sem olhar para trás. Um maldito sorriso não desgrudava do meu rosto e eu amei a sensação, ao mesmo tempo que um medo causou um frio na minha barriga.
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Terceiro dia de quarentena
— Você tem que chamar ele pra sair! — eu falei empolgada, olhando o bilhete lindo que o Harry Styles mandou para a minha amiga.
“Não me esqueci de você, vizinha. Seu red velvet perfeito ainda está no meu coração (e no frigobar), e seus olhos na minha mente. Estou ocupado com as músicas, mas assim que der, quero te ver de novo. Harry. xx”.
— Sair, !? — respondeu rindo, me olhando como se eu fosse louca. Me dei um tapa na testa, me lembrando que estávamos em uma merda de pandemia e a cidade estava quase toda fechada.
— É verdade! — falei ao me sentar ao seu lado na cama. — Mas vocês deram um jeito de ir na cozinha, podem fazer alguma outra coisa aqui no hotel.
— Tipo...?
— Tipo... Ir na piscina? É coberta, está fechada para os hóspedes, ninguém vai ver! — respondi, mordendo os lábios. Senti meu rosto esquentar. — E eu não me importaria de distrair outra vez.
me olhou chocada, sem conseguir conter uma gargalhada. Revirei os olhos, mas meus lábios se curvaram para cima.
! — ela exclamou empurrando meus ombros enquanto eu também ria. — Me conta como foi!
— Foi muito bom, de verdade. Ele tem uma pegada que, Jesus, nunca tinha experimentado igual. — eu falei, revirando os olhos em sinal de prazer.
— Brasileiros, minha querida — ela falou convencida, dando de ombros e sorrindo. — Mas como vocês...
— Oh, não! Não transamos! — me adiantei em dizer. — Mas ele realmente teve um… Acidente na calça, entende? Isso era o quão bom estava os beijos.
— Não era nem isso que eu ia perguntar, mas, meu Deus! — respondeu, rindo com vontade. — Eu ia perguntar como vocês ficaram se beijando na recepção sem ninguém pegar?
— Não tinha ninguém, . A porta estava trancada e ele desligou a câmera da recepção... — eu falei enquanto me levantava para pegar água para nós duas. Depois daquela primeira noite, eu estava evitando bebidas alcoólicas o máximo possível. — Agora quero saber sobre você, principessa. Aquele bolo estava divino! Foi o melhor que você já fez e eu posso imaginar o porquê.
Na noite passada, trouxe um pedaço de bolo para eu provar e, realmente, havia ficado muito bom. Como estávamos as duas cansadas e ela necessitava de um banho, não tivemos a chance de conversar sobre tudo o que aconteceu, mas hoje, depois que saí do trabalho, vim direto para o seu quarto. Assim que ouvi tudo o que aconteceu com ela — e ficando totalmente frustrada por não ouvir nada sobre beijos pois não aconteceram —, decidi lhe dar uma forcinha. Peguei o bloco de notas e escrevi um recado.
“Me encontre na recepção amanhã de noite. . xx”.
Admirei a letra impressionantemente parecida com a da minha amiga e sorri triunfante, entregando o papel para a garota. Comecei a me arrumar, colocando a máscara e amarrando os cabelos; dessa vez eu estava com camiseta e calça pretas, uma completa espiã. Arrastei que ainda protestava, alegando que era loucura. Mas ela estava me seguindo pois eu sei que, no fundo, ela queria encontrá-lo de novo sim.
— Acho tão romântico essa troca de bilhetes! — eu suspirei enquanto descíamos as escadas de emergência. Verificamos se o corredor estava vazio, mas tinha apenas uma camareira que já estava dentro do quarto.
— Isso é loucura, ! — sussurrou enquanto caminhávamos na ponta dos pés até o quarto 401.
— Olha, se ele não aparecer, me manda mensagem que eu aproveito essa escapada com você. — sussurrei em resposta e fiquei quieta enquanto empurrava o papel dobrado por debaixo da porta.
Saímos correndo de volta à escada de emergência e voltamos para o andar de cima. Estávamos sem fôlego quando paramos de frente à porta do meu quarto, rindo como se fôssemos duas crianças que apertaram a campainha do vizinho e saíram correndo. Ah, como era bom me divertir com ela.
— Me avisa quando ele responder, ok? — eu pedi enquanto destrancava minha porta.
Se ele responder. — a ouvi responder. Me virei para ela e revirei os olhos.
— Ele vai! Ele não seria louco de perder esse corpo de biquíni. — falei, gesticulando para seu belo corpo. Se eu fosse gay, definitivamente seria apaixonada por minha amiga e queria muito que ela se enxergasse dessa forma.
— Ah, claro, como se eu fosse uma Jenner. — murmurei, cruzando os braços.
— Você não é mesmo, é muito melhor e natural! — eu falei, lhe dando um abraço apertado. parecia ser a garota que inspirou a música What Makes You Beautiful, era uma ironia enorme ela estar se envolvendo com o próprio cantor da música. — Te amo, chefinha. Dormi bene, mi amore.
Ti amo, dormi bene. — ela respondeu antes de eu fechar a porta.
Tirei o sapato, a máscara e toda a minha roupa. Liguei a banheira e a deixei enchendo enquanto me olhava no espelho. Eu era a primeira pessoa a sempre brigar com ou qualquer outra mulher na minha vida quando essas se chamavam de feias ou reclamavam sobre seus corpos pois, ao meu ver, eu sinceramente as achava lindas! Mas eu? Eu não odiava o que via no espelho, entretanto, a insegurança me atingia em cheio sempre que podia. Passei as mãos pelo meu corpo, dos seios pequenos ao quadril largo e coxas medianas. Aquilo era mesmo o suficiente para que alguém chegasse ao ápice apenas com meu corpo colado ao dele? Eu era uma hipócrita. Como podia dizer à minha melhor amiga que ela era linda e gostosa quando não conseguia achar isso de mim mesma?
Suspirei frustrada e entrei na banheira, me afundando na água quente e relaxante. Fechei meus olhos apenas para visualizar o rosto de próximo ao meu, sua boca aberta por onde saíam os gemidos sofridos e deliciosos. Abri os olhos assustada e encarei o azulejo velho do banheiro. Que merda era aquela? Me encostei na banheira e fechei os olhos, eu conseguia ouvir seus gemidos em meu ouvido, dizendo que eu era tão gostosaDio mio! Se eu não estivesse embaixo d'água, sentiria o espaço entre as minhas pernas melado. Bom, desde ontem eu não parava de pensar em seu corpo roçando no meu, me apertando, me beijando, me mordendo… Logo minha mão estava entre minhas pernas, tocando minha intimidade como eu queria que ele tivesse tocado. Acelerei o toque, gemendo um pouco alto demais e torcendo para meus vizinhos de quarto não me ouvirem. Com meus olhos fechados, consegui visualizar perfeitamente os olhos castanhos claros do brasileiro encarando os meus com luxúria enquanto eu me movia com cima dele, agora sem roupa alguma. Eu precisava que aquilo acontecesse de verdade. Parei de me tocar, ofegante, e sai da banheira, me enrolando na toalha depois de me secar de qualquer jeito. Eu estava prestes a cometer uma grande loucura, mas eu não me importava mais, tamanha era a vontade que eu tinha de tê-lo em mim.
Saí do quarto na ponta dos pés e fui ao quarto 505, batendo na porta. Olhei aflita para os lados e me sobressaltei quando abriu a porta e me olhou confuso, sua camisa social totalmente aberta assim como o cinto em sua calça social. Seus cachos estavam deliciosamente molhados e eu, como uma idiota, me lembrei que ele precisava trabalhar. Bom, dava para fazer algo antes, não dava?

, o que… — ele falou confuso enquanto eu entrava no quarto e fechava a porta. Soltei a toalha e a deixei cair no chão. Ele arregalou os olhos e passou a mão na boca. — Puta que pariu…
Puta que pariu
era meu palavrão brasileiro favorito, mesmo não sabendo bem o que significava. Sorri sedutoramente antes de puxá-lo pelo colarinho e colar meus lábios nos dele. Era bom demais tê-lo de verdade, tocá-lo com meus dedos e apertar meus seios contra seu peito seminu e quente, sentindo-me novamente molhada.
, tenho que ir trabalhar — ele murmurou roucamente enquanto eu beijava seu pescoço e tirava sua camisa, jogando-a longe.
— Quanto tempo temos? — sussurrei em seu ouvido, vendo-o se arrepiar.
— Uns 25 minutos no máximo, eu… — ele se interrompeu para suspirar pesado enquanto minha mão entrava em sua calça e apertava sua ereção já dura. —
— Quer que eu pare? — falei provocativamente, apertando minhas pernas.
Ele negou e voltou a me beijar, apertando minha cintura contra a dele. Gemi em sua boca quando ele me levantou, fazendo-me entrelaçar as pernas em volta dele e sentir seu membro, ainda coberto por roupas demais, em minha intimidade. me pressionou contra o espelho do seu armário, fazendo o móvel balançar, e começou a beijar meu pescoço e trilhar os beijos até meus seios, se deliciando com eles como fazia em minha boca. Um gemido alto e sofrido escapou dos meus lábios, quase como se implorasse para que ele metesse logo em mim. Como se entendesse meu desespero, ele me carregou até a cama e me deitou nela, se afastando para tirar a calça e a cueca. Eu não ia deixá-lo fazer isso sozinho. Me sentei na beirada da cama e segurei seus braços, o impedindo. Abaixei suas roupas e reprimi uma exclamação de surpresa ao vê-lo nu. Céus, era deliciosamente grande e bonito. Olhei em seus olhos enquanto ele segurava meus cabelos com as duas mãos e entendi perfeitamente o que ele queria, então as minhas mãos encontraram seu membro e eu o coloquei na boca, fazendo-o quase gritar um gemido.
Porra, gostosa. — ele falou em português com seu sotaque carioca. Era assim que eu sabia que ele estava sem controle algum.
Sorri ainda com ele preenchendo minha boca enquanto fazia movimentos lentos para provocá-lo, sem tirar os olhos dos seus. Arranhei suas costas, o fazendo gemer rouco. afastou meu rosto e se inclinou para me beijar, voltando a deitar-me na cama. Seus beijos carinhosos foram descendo pelo caminho que meu corpo tanto amava: desceu pelos seios, mordiscando-os para me provocar, depois beijou minha barriga, causando arrepios bons pelo meu corpo; em seguida, seu rosto estava no meio das minhas pernas. me olhou com sua melhor cara de safado e aquilo já foi o suficiente para me fazer fechar as pernas de tanto prazer. Ele riu e as abriu novamente, segurando minha coxa com uma das mãos e a outra brincando com minha intimidade, fazendo-me morder os lábios para não gritar de prazer quando seu dedo escorregou facilmente para dentro.
— Toda molhadinha, hein? — ele falou, dessa vez em italiano. Seu sotaque era a minha ruína.
— Você não é o único… Ah… Se sentindo um adolescente... — falei entre gemidos, rebolando em seus dedos.
Arfei ruidosamente quando sua língua encontrou minha intimidade, chupando-me e me olhando como se eu fosse uma deusa. E eu estava me sentindo assim. Deixei toda a insegurança no banheiro do meu quarto. Ali, na boca e nas mãos de Garcia, eu era sim uma deusa, a gostosa que ele dizia que eu era. Mas eu precisava de mais.
... — choraminguei. — Eu preciso de você agora.
— Com todo prazer, linda. — ele respondeu, deitando-se em cima de mim.
Ele remexeu em sua mesa de cabeceira e retirou um pacotinho prateado; com maestria, ele vestiu a camisinha e sem enrolação, introduziu lentamente, até demais para o meu gosto. Resmunguei em protesto e arranhei suas costas como punição pela provocação. Ele entendeu o que eu queria e parecia feliz demais com aquilo, tirando todo o seu membro e introduzindo novamente, dessa vez mais forte. Gemi, dessa vez aprovando e incentivando-o a continuar. metia cada vez mais forte e rápido, apertando com força minhas coxas e esfregando seu peito nos meus seios. Ele deixava chupões deliciosos em meu pescoço e eu não me importava se ficariam roxos no dia seguinte, queria que o brasileiro me deixasse marcada, assim como eu queria marcá-lo, não necessariamente em sua pele, mas em sua mente.
O empurrei para o lado e inverti as posições, ficando em cima dele. Me encaixei nele novamente e reviramos os olhos ao mesmo tempo, nos completando de novo. Sentei com vontade, agora eu controlava a velocidade e ia cada vez mais rápido, rebolando em seu membro sem piedade. Ele gemia sem controle algum, sua voz rouca se encontrando com meus ouvidos e me enlouquecendo. Ele agarrou meus seios e foi descendo as mãos até encontrar minha bunda, agora me auxiliando no movimento. Joguei a cabeça para trás, sem aguentar me segurar nem mais um segundo. Comecei a me tocar, acertando mais um ponto prazeroso em minha intimidade; os olhos do garoto brilharam com a visão.
— Goza pra mim, princesa. — ele murmurou rouco, me dando um tapa na bunda. Nunca pensei que gostaria do ato, mas o prazer foi tanto que me fez gritar alto.
Meu corpo entrou em êxtase quando o orgasmo me atingiu e senti estremecer embaixo de mim, se derramando por inteiro. Me joguei para o lado, ofegante e suada. me puxou de volta para os seus braços e beijou meus cabelos, acariciando minhas costas suadas. Puxei seu braço onde estava o relógio e verifiquei as horas.
— Terminamos faltando dois minutos. — falei, sorrindo triunfante. riu e, relutante, se levantou para vestir suas roupas.
Me enrolei no lençol e mordi os lábios, vendo-o cobrir aquele corpo perfeito. , agora totalmente vestido, se aproximou e me beijou, um beijo mais carinhoso que o beijo voraz que de ontem ou de agora pouco. Um beijo cheio de… Sentimentos. Fiquei tensa na mesma hora que ele se afastou, um sorriso brincava em seu rosto.
— Pode dormir aí se quiser, . — ele falou, pegando seu paletó. — Eu ia adorar te encontrar quando voltasse.
Forcei um sorriso e o esperei ir embora para desmanchá-lo. Passei as mãos nos cabelos e respirei fundo. Seria possível que tivesse sentimentos por mim? Seria possível que eu tivesse sentimentos por ele? Porque, aí senti-lo aqui comigo, seu toque, seus beijos… Eu percebi que não era apenas o seu corpo que eu desejava. Bom, o corpo era um belo de um bônus, mas eu desejava ele, a pessoa que ele era, os sentimentos que ele transpassava pelas palavras ou pelos olhos. Anos sendo amiga dele e eu nunca o vi daquela forma, mas agora eu estava… Apaixonada?
— Não, não, não, ! — exclamei para mim mesma, balançando a cabeça e pulando da cama. Mexi no armário dele e peguei uma camisa social azul, vestindo-a para sair do quarto.
Verifiquei se não tinha ninguém no quarto e corri para o meu, me trancando lá pelo resto da noite.
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Quarto dia de quarentena.
No dia seguinte, eu até queria poder evitar , mas eu precisava ajudar minha amiga que, noite passada, se deu tão bem quanto eu. e Harry foram aos finalmentes e, sinceramente, eu não poderia estar feliz e, pelo visto, ela também não. Seu sorriso quase rasgava seu rosto, apesar da insegurança evidente que ela sentia por não ter ficado no quarto com ele, o que na minha opinião foi uma grande burrice, mas eu não falei nada.
Com certa pena, o Sr. Enrico, gerente do hotel, permitiu que tomasse café da manhã com a gente no refeitório e isso não podia ser melhor. Depois de deixar um bilhetinho na porta do quarto de , pedindo desculpas por não ter ficado e falando para ele me esperar de noite, eu fui encontrá-la para comermos juntas.
— Certo, eu já comecei a jogar indiretas pro , então com certeza ele vai estar me esperando hoje à noite. Eu o distraio, vocês saem pelo jardim e pulam aquele muro atrás das laranjeiras…
— Pular um muro?! , você pirou de vez? — ela me questionou com olhos arregalados e queixo caído.
— Ele é super baixo, confia em mim! Harry pode te dar uma mãozinha. — eu disse, dando uma piscadela. Senti um chute leve em minha perna por debaixo da mesa e ri pois, mesmo com raiva, ela não conseguia me machucar. Ela me deu um sorriso torto, sem conseguir segurar. Eu sabia o que ela estava pensando.
— Certo, e depois? — ela perguntou, começando a aceitar a proposta.
— Eu pesquisei e tem uma gelateria aberta há duas quadras daqui, vocês podem ir lá e depois, sei lá, façam o que os jovens fazem hoje em dia! — falei rindo. — Quando forem voltar, me avisem.
— Combinado. Parece ser um plano horrível, mas ainda é melhor que nada — ela respondeu rindo e eu fingi estar ofendida. — Brincadeira, mi amore, muito obrigada por esse plano genial.
— O que eu posso fazer? Eu sou um gênio!
Assim que meu expediente acabou, fui direto para o quarto da . Meu cansaço não ultrapassou minha empolgação em ajudá-la a se arrumar para mais um encontro com nosso Harry fucking Styles. Ela insistia que precisava de algo confortável e casual, mas eu a ignorei e peguei o único vestido florido que ela trouxe, mas a deixei usar um Adidas branco, afinal, a garota ia escalar uma árvore.
— Como você quer que eu pule um muro de vestido, ? — ela me questionou enquanto se olhava no espelho. Parei de passar o rímel e a encarei com impaciência.
— Como se Harry não tivesse visto o que tem aí embaixo. — respondi, revirando os olhos. — , relaxa. Confia em mim, vai dar certo. Agora senta aqui na mesa que eu vou dar um jeito nesse rostinho lindo.
Minha amiga não precisava de muito para ficar deslumbrante e ela não gostava mesmo de muita maquiagem. Mas tentei valorizar seus traços, deixar suas bochechas morenas mais avermelhadas e passei apenas um lip balm de cereja em seus lábios. Ela estava uma verdadeira princesa, como eu gostava de chamá-la. Eu já não me arrumava tanto assim para encontrar . Não que eu não quisesse encontrá-lo, eu só não queria correr o risco de alimentar mais aquela coisa estranha que eu senti na noite passada e que percebi que sentiu também. A paixão não podia ser alimentada, mas eu tinha que ajudar minha amiga. E aquela noite deveria ser folga do garoto, mas, para nossa sorte, ele precisaria cobrir algumas horas de outro recepcionista pois o mesmo havia trabalhado horas extras há alguns dias atrás. Eu não entendia o esquema que eles faziam, mas não me importava, eu não queria ter que seduzir um outro cara que não fosse o .
Nós duas descemos as escadas e eu andei determinada para o balcão da recepção, deixando para trás para encontrar o Styles. me lançou um olhar triste, mas sabia que não tinha a ver comigo. Dei a volta e apertei seus ombros, observando o casal se esgueirar pelas portas de madeira do restaurante.

— Está tudo bem? — eu perguntei e ele jogou a cabeça para trás, seu sorriso fraco escondido pela máscara mas exposto em seus olhos.
— Está, só queria poder aproveitar a folga com você — ele falou, acariciando minhas mãos ainda em cima dos seus ombros...
Cazzo, ele era adorável. Por sorte ele não viu o sorriso bobo que surgiu em meus lábios, provavelmente minha cara entregava o quão apaixonada eu estava por aquele rostinho fofo.
— Não se preocupe, temos a noite toda pela frente. — eu falei, me afastando dele. — Me encontre na sala de eventos, ok?
Ele assentiu, um pouco mais animado, e eu corri para o local. De manhã eu havia pego meu laptop e conectei no projetor da sala de eventos. Graças aos nerds perfeitos da internet, encontrei um programa de karaokê, e graças aos nerds engenheiros construtores de hotéis, nenhum som dentro da sala saía para fora. Nossa noite de karaokê seria completa com vinhos e queijos espalhados pela toalha que estendi no carpete. Quando terminei de arrumar tudo, dei uma olhada e sorri satisfeita. Porém, tão rápido quanto veio, o sorriso se foi ao perceber que aquilo definitivamente era alimentar a paixão. Mas era tarde demais, pois já estava entrando na porta, desfazendo o nó da sua gravata.
— Uau, . — ele murmurou impressionado, olhando em volta e caminhando na minha direção. — Karaokê no nosso primeiro encontro? Acertou na mosca!
Sorri com sinceridade e pude ver, assim que ele tirou a máscara, que ele também sorria. abraçou minha cintura e me deu um beijo carinhoso e demorado. Eu me derreti em seus braços feito uma idiota apaixonada.
— Que bom que gostou porque você vai ter que cantar. — falei, puxando-o pela mão até o computador.
— Por você eu faço tudo, linda. — ele respondeu, me abraçando por trás e beijando meu pescoço. — Você está tão linda e cheirosa…
, preciso de concentração aqui — falei rindo enquanto procurava a música que eu queria.
— E eu preciso de pelo menos uma garrafa inteira daquelas antes de cantar, — ele falou, apontando para os vinhos.
Fiz uma careta e assenti, concordando. Eu também precisava. Nos sentamos no chão e nos entregamos ao nosso mundinho particular recheado de vinho, queijos e pães. Conversamos sobre absolutamente tudo, muito mais do que em todo o tempo desde que nos conhecemos. Era difícil não me hipnotizar com seus lábios manchados pela bebida avermelhada se movendo enquanto falava ou com o som de sua risada, ela difícil resistir quando ele se aproximava para me beijar, sua boca com gosto de vinho tinto me inebriando. Era difícil não me apaixonar por ele.
Depois de algumas taças de vinho, reparei que nosso riso estava frouxo demais. Cambaleei até o notebook e peguei o microfone conectado nele, estendendo-o para o garoto. Era hora do show.
se levantou, caminhou lentamente até onde eu estava e observou a música que eu havia escolhido. Fireside da banda Arctic Monkeys.
— Você gosta de Arctic Monkeys? — ele perguntou com os olhos brilhantes e eu assenti. me puxou pela cintura e me beijou antes de dizer: — Acho que estou apaixonado.
Engoli em seco e, por sorte, ele não reparou no quão assustada eu fiquei. Me afastei dele e me sentei no chão, ouvindo as primeiras batidas da música ecoarem pela sala. começou a balançar os ombros no ritmo da música, me fazendo gargalhar porque aquilo mostrou o quão bêbado ele estava. Mas fiquei séria e concentrada quando sua voz, não tão afinada assim, me atingiu em cheio.
I can't explain but I want to try, there's this image of you and I — ele apontou para mim, depois para si mesmo e dei um sorriso lindo. — And it goes dancing by... in the morning and in the night time…
Cravei as unhas no carpete, me segurando para não ir até a elevação onde ele estava. Seu corpo era pintado pelas imagens do projetor que deveriam estar na parede branca atrás dele, mas dançavam divertidas por sua roupa social.
There's all these secrets that I can't keep, like in my heart there's that hotel suite and you lived there so long — ele riu comigo, provavelmente se lembrando do que fizemos no quarto dele na noite passada. — It's kinda strange now you're gone…
não parecia ler a letra da música e, mesmo assim, as cantou com perfeição, sem errar nenhuma palavra. Cada uma delas, inclusive, me atingia em cheio.
I'm not sure if I should show you what I've found, has it gone for good? Or is it coming back around? Isn't it hard to make up your mind? When you're losing and your fuse is fireside…
As imagens do karaokê, para combinar com a letra da música, eram chamas que dançavam pelo garoto. Seus olhos ardiam, assim como o fogo, me queimando inteira. Ele não os desviou nem por um segundo.
There's all those places we used to go and I suspect you already know… But that place on memory lane you liked still looks the same, but something about it's changed…
Eu não aguentava mais ele tão longe de mim, não podia deixá-lo me levar à loucura apenas com sua voz rouca tão distante, mas próxima o suficiente para me fazer surtar. Fiquei de quatro e engatinhei em sua direção e ele largou o microfone, deixando-o cair como um baque no chão, e desceu do palco, imitando meu gesto. Nos encontramos no meio do caminho, nossos lábios roçando levemente, o hálito alcóolico se misturando, sedentos pelo toque já conhecido, apesar de sentir que naquela noite, tudo seria diferente.
... — ele sussurrou em meu ouvido, sua mão envolvendo meu pescoço de forma deliciosa e delicada. — But I just cannot manage to make it through the day without thinking of you lately…
Aquela frase da música era tão simples, mas dizia muito sobre o que estávamos sentindo um pelo outro. E lá estava eu de novo, montada em seu colo com suas mãos cobrindo meus seios e seu membro me fazendo gozar tão alto quanto o som das músicas que tocavam sem parar e sem ninguém para cantar junto. Aquela noite realmente foi diferente, porque eu não consegui deixar de alimentar a paixão, afinal, ela já estava ali mesmo.
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Quinto dia de quarentena.
Minhas costas reclamaram quando acordei depois de passar a noite no chão duro e carpete áspero da sala de eventos do hotel. Olhei para o lado e meu coração se derreteu ao ver dormindo tranquilo com a mão em cima da barriga nua e um sorriso involuntário no rosto. Passei a mão delicadamente pelos traços do seu rosto e me perguntei se valia a pena o deixar se envolver com uma garota como eu. Eu não era o tipo de pessoa que namorava ou se apaixonava. Eu até poderia ser romântica, mas tudo o que aprendi foram com livros e filmes e não com experiências pois, acreditem ou não, eu nunca tinha namorado antes. Mas … Ele mexia comigo de uma forma que me fazia querer acordar todo dia com essa visão dele dormindo em paz. E isso era tão novo para mim, tão estranho. Não era que eu não queria aquilo, mas eu não estava pronta e eu não podia iludir o coitado. Era para ser só uma distração, mas ali estávamos nós, passando a noite juntos.
Me levantei com cuidado e recolhi minhas roupas, vestindo-as em silêncio para não acordá-lo, mas não adiantou. esfregou os olhos e me deu um de seus sorrisos perfeitos que faziam minhas pernas ficarem bambas.
— Bom dia, linda. — ele falou, sua voz naturalmente rouca estava mais grave do que nunca por causa do sono. — Já vai?
— Sim, é melhor irmos logo antes que nos peguem aqui. — falei, desviando o olhar. se aproximou de mim e segurou meu rosto enquanto eu tentava calçar as sandálias.
— Está tudo bem? — ele perguntou, acariciando minhas bochechas.
— Está, eu só… — eu me interrompi, sem saber como explicar o que eu estava sentindo. Seus olhos castanhos me olhavam com preocupação e eu reprimi um suspiro frustrado. — Devo estar um pouco bêbada ainda…
— Bom, vamos direto para o restaurante então.
— Não, — coloquei a mão em seu peito e balancei a cabeça. — Eu quero ir para o meu quarto antes, está bem?
— Ok, eu te levo. — ele respondeu antes de se afastar para se vestir.
Escondemos as coisas em um armário lá dentro da sala e saímos com cuidado, verificando se havia alguém no hotel. Quando chegamos no quinto andar, meu coração doeu. Eu não conseguia mais enganá-lo e sabia que se continuasse com aquilo, nós dois sairíamos muito machucados. Parei na porta do meu quarto e me virei para ele, engolindo o nó que se formou em minha garganta.
— Tem certeza que posso descer? Eu não me importaria de ficar aqui com você… — ele falou, depositando um beijo em meu pescoço.
… — sussurrei, tentando me livrar das lágrimas que surgiram em meu rosto. Ele me encarou com seriedade. — Eu sou uma péssima amiga e seria uma namorada pior ainda… Eu não quero te machucar, de verdade.
— Como o Gus disse para a Hazel: “seria um prazer ter meu coração partido por você”.
Porra, pensei no palavrão que minha amiga amava usar. Citar A Culpa É Das Estrelas foi sacanagem.
— É sério, . — acariciei seu rosto e depositei um beijo em sua bochecha. Sem dar tempo de deixá-lo responder, entrei no quarto e me fechei lá.
Respirei fundo, limpei as lágrimas teimosas que caíram e entrei no banho. Embaixo do chuveiro, deixei as lágrimas se misturarem com a água para fingir que elas não existiam. Saí de lá nada melhor do que quando entrei. Coloquei um pijama confortável e me enfiei embaixo das cobertas, o mais longe possível do meu telefone.
Algumas horas se passaram onde apenas fiquei deitada, umedecendo meu travesseiro com algumas lágrimas idiotas que caíam sem minha permissão. Nem mesmo a TV estava ligada, eu só queria paz. O que eu não tive, pois meu celular apitava o tempo todo e quando eu estava prestes a desligá-lo — ou atacá-lo pela varanda —, ouvi uma batida na porta. Parei atrás dela, ponderando se deveria abrir ou não. Olhei pelo olho mágico e quase caí para trás quando vi Harry Styles parado do outro lado, balançando para frente e para trás. Abri a porta lentamente e seu rosto me olhou com surpresa.
— Você não é a . — ele falou, apontando para mim.
— E você não é o Zayn Malik. — retruquei com um sorriso fraco no rosto. Não conseguia achar graças nas minhas próprias piadas.
— Muito engraçado. — ele respondeu. — Achei que era o quarto dela.
— Hum, quase. — falei, apontando para o quarto ao lado. — Aquele é o dela, 501, exatamente em cima do seu.
— Eu estou no 401, né? — ele perguntou com uma risada. — Foi mal, não me acostumei a ficar tanto tempo em um mesmo quarto, cada dia é um número diferente.
Sorri fraco para ele e assenti, esperando que ele fosse embora, mas não foi. Ele entortou a cabeça, seus olhos verdes entregavam a curiosidade que seu rosto lindo, coberto pela máscara, não podia exibir.
— Você está bem?
Passei o dia todo pensando no que dizer caso me perguntassem isso mais uma vez e a conclusão era: eu não conseguia dizer nada. Eu não conseguia explicar o que eu estava sentindo. De repente senti as lágrimas molharem meu rosto e o homem na minha frente me abraçar apertado, me aninhando em seus braços.
, quer conversar? — ele falou, afagando minhas costas. A sensação de conforto me atingiu em cheio e não consegui fazer nada além de assentir.
Harry fechou a porta atrás de si e caminhou comigo até a mesa no canto do quarto. Eu me sentei e ele se abaixou para olhar meu frigobar quase vazio. Havia uma garrafa de vinho rosé pela metade e duas cheias de água. Styles pegou o vinho e dois copos descartáveis.
— Se importa? — ele perguntou e eu neguei, aceitando o copo de bom grado. — Agora me conte, o que está te afligindo?
Enquanto Harry nos servia, falei sobre o que tinha acontecido com , sobre eu ter me apaixonado por ele e estar apavorada com isso. O ex-One Direction me ouviu com toda atenção do mundo e disse que estava passando pela mesma coisa, mas eu seu caso era o seu empresário quem estava o pressionando para não se envolver demais com ou isso arruinaria sua carreira. Não sei se foi o álcool ou o amor que sentia pela minha amiga, mas eu queria socar esse cara. Como ele não podia enxergar o quão perfeitos eles eram um para o outro. E ouvir que Harry estava se apaixonando por era tão bom…
— Poxa, acabou... — Harry falou risonho, virando a garrafa de ponta cabeça e deixando uma última gota cair em sua boca.
Mas a gota errou e caiu em seu queixo, deslizando para sua camiseta branca. Aquela cena me fez salivar. Foco, , ele é da sua melhor amiga!
— Queria mais. — choraminguei, focado meus olhos na garrafa.
— Tem mais no meu quarto, quer continuar a conversa lá?
Assenti na mesma hora, só depois pensando no quão errado aquilo parecia. Mas afinal, o que de ruim poderia acontecer? Só queríamos um pouco de álcool, logo a conversa acabaria e eu poderia me enfiar embaixo do edredom novamente. Harry amava a minha amiga e eu, o . Céus… Eu o amava?
Saímos do quarto, um se apoiando no outro, e fomos para a escada de emergência aos risos. Chegamos no seu quarto e me surpreendi ao ver que Harry não tinha vinho, mas sim whiskey. Ele logo nos serviu dois copos de vidro com gelo e a bebida escura e levantou o dele com um sorriso amarelo no rosto.
— Um brinde aos medrosos. — ele bateu com o copo no meu, me fazendo rir quando a bebida pingou em meu pijama. — Foi mal.
— Relaxa. — eu respondi, levantando meu copo. — Um brinde.
Nós viramos a bebida de uma vez e xingamos ao mesmo tempo, ele falando um fuck com seu sotaque britânico pesadíssimo e eu com o clássico cazzo. Nos sentamos no chão, encostados em sua cama de casal, e ficamos em silêncio, encarando os copos pela metade. A intenção era terminar a conversa, mas nossa mente estava inquieta demais ou com álcool demais para tal coisa. Eu comecei a me achar parecida demais com ele, não só pelos olhos claros, mas pela incapacidade de se envolver em algo mais sério por puro medo.
Olhei para ele ao mesmo tempo que ele virava o rosto em minha direção, seu sorriso lindo fez meu coração errar umas batidas..
— Que horas são? — perguntei, a voz saindo um pouco lenta demais.
Ele tirou o celular do bolso e desbloqueou a tela. Dei uma espiada há tempo de ver sua foto na tela de bloqueio: era ele com sua mãe e sua irmã quando eram crianças. Adorável, Styles, você tinha que ser adorável, não é?
— Oito. — ele murmurou, deixando o celular de lado. Assenti em silêncio, sem tirar os olhos dele. — No que está pensando?
— Em como você é adorável, igual ao .
— Engraçado. — ele falou e realmente riu, como se fosse uma piada. — Eu estava pensando em como você era linda igual a .
— Ah, não sou mesmo. — falei, gesticulando desajeitada com as mãos que pareciam pesadas demais. — A é gostosa, você deve saber isso. — ele assentiu em resposta. — Eu não tenho peitos.
Segurei uma das suas mãos e coloquei em cima de um dos meus seios, fazendo-o arquear as sobrancelhas em surpresa.
— Viu? Nadinha. — falei, dando um sorriso triste. Esperei que ele tirasse a mão, mas ele não o fez. Seus olhos confusos encaravam sua mão em mim. — Styles?
Ele me olhou, mas não afastou sua mão, pelo contrário. Sua outra mão se encaixou em minha nuca e me puxou para um beijo. Ah, aquilo era errado demais em muitas maneiras diferentes, mas eu não consegui resistir, simplesmente não consegui. Algo dentro de mim me dizia que se eu fizesse isso, eu poderia provar que eu não estava apaixonada por e poderia me tranquilizar, outra voz me dizia que aquilo poderia acabar com minha amizade. Como a idiota que eu sou, adivinha qual voz eu segui?
Mas enquanto eu o beijava, eu sentia seu corpo ser tão estranho com o meu, e ele parecia sentir o mesmo. Não sabia bem como me tocar, mesmo quando tiramos todas as roupas. Seus beijos eram apressados e vazios apesar de gostosos e eu tenho certeza que meus toques eram igualmente tolos.
E foi quando sua boca desceu para o meu pescoço enquanto suas mãos decoradas por vários anéis apertavam minha cintura, me fazendo rebolar em seu membro, que o nome dele escapou por meus lábios.
... — eu gemi e estraguei tudo.
Olhei para Harry que me olhava confuso, mas um fio de compreensão brilhava em seus olhos. Eu sabia que não era em mim que ele pensava enquanto metia em mim, assim como não era bem por ele que meu corpo e coração clamavam. E foi exatamente a pessoa em quem ele pensava que irrompeu pela porta, me fazendo pular de seu colo e me cobrir com o lençol.
— Ah, merda, não! — murmurei, saindo aos tropeços da cama e indo em direção a porta. Parei quando minha amiga esticou a mão e me impediu de continuar. — , me perdoa, por favor, eu não quis...
— Ah, você quis, ! Você quis desde o começo! — ela gritou, seus olhos marejados partindo mais ainda o meu coração.
, me escuta... — começou Harry, mas foi interrompido pela risada irônica que deu.
— Sabe onde eu estava, Harry? — ela o questionou e ele a olhou confuso, depois arregalou os olhos. — Lembrou, não é?
— Me desculpa, , mas não é o que você está pensando... — ouvi a voz rouca de Harry dizer ao meu lado e eu tratei de me afastar.
— Hum, vamos ver o que estou pensando — ela falou, ainda usando um tom irônico e claramente forçando um sorriso. — Estou pensando que a minha melhor amiga... Ou melhor, a pessoa que se dizia ser minha melhor amiga, estava transando com o garoto que eu... Que eu estava…
Ela começou a chorar e eu nem percebi que soluçava alto, chorando tanto quanto ela. Aquela voz na minha cabeça dizia que era muito bem feito, que eu estava perdendo minha melhor amiga por pura burrice. O álcool deixava toda a cena rodando, mas eu estava consciente da dor que minha amiga deveria estar sentindo.

— Quer saber? Fodam-se vocês dois! Vocês se merecem.
, você está sendo injusta, deixa a gente se explicar! — eu implorei, ameaçando dar um passo em sua direção.
— Injusta!? — ela gritou, seu corpo todo tremia descontrolado. — Eu estou sendo injusta, ? Não tem nada que vocês possam dizer pra justificar essa merda!
Ela me olhou, eu podia jurar que ela iria voar em meu pescoço e me matar e eu a deixaria fazer isso, pois ela tinha toda a razão e eu merecia aquilo.
— Espero que estejam felizes — ela falou antes de sair do quarto.
— Porra, Harry! — eu exclamei, dando um soco em seu peito. Ele não reagiu, parecia estar em estado de choque. — Diz alguma coisa!
Ele negou, passando as mãos pelos cabelos. Ele andou até onde nossos copos estavam tombados no chão e arremessou um deles na parede, urrando de raiva. Me sobressaltei, assustada. Eu entendia sua reação, eu estava exatamente daquele jeito por dentro, mas não adiantava quebrar tudo.
Me vesti o mais rápido possível e saí do quarto sem dizer nada, deixando-o chorando no chão. Corri em direção ao quarto 501 e bati na porta, torcendo para que a mesma atendesse.
, por favor, abre a porta — eu falei entre soluços, escorada na porta. — Por favor, me perdoa.
Não ouvi nenhuma resposta. Ela estava ali, eu sabia que estava, mas ela não queria me ver.
— Eu sei que errei, eu fui a pior amiga de todas, mas por favor, , por favor... — insisti, tentando controlar as lágrimas, sem sucesso. — Me deixa entrar.

Nada, eu não conseguia ouvir nem sua respiração.
— Eu não vou sair daqui enquanto você não...
— O que está fazendo aqui, Senhorita ? — Ouvi a voz grave do Sr. Enrico ao meu lado e pulei de susto, secando minhas lágrimas o mais rápido possível. Fiquei em silêncio, sem saber o que responder. — Estou esperando, Senhorita .
— E-eu vim... V-vim pegar um sapato... — gaguejei, sem ter certeza se havia deixado meus saltos lá dentro na noite passada, quando ela se recusou a usar saltos. — E-eu acho que os perdi, mas queria ver se não estão com ela. Mas, ela... Ela não está me ouvindo.
— E precisa chorar por causa disso? — ele me questionou com desdém.
— Os sapatos são muito importantes pra mim, Senhor Valente. Eu não quero ficar sem meu sapato, eu amo muito eles. — eu falei, voltando a choramingar. Esperava que ela entendesse que eu não estava falando dos sapatos e sim dela.
Ouvi um estalo na porta e ela se abriu, revelando uma extremamente abalada do outro lado, segurando meus saltos pretos e os estendendo na minha direção. Ela mal olhava para mim. Aquela frieza era pior que qualquer tapa que ela poderia ter me dado.
— Desculpa, , eu estava no banho, não tinha ouvido você bater — ela falou de forma monótona, sem emoção alguma na voz. — Boa noite, senhor Valente. Como vai?
— Estou bem... — ele falou, olhando para mim e para com olhos desconfiados. — Está tudo bem com você?
— Está tudo ótimo, agora se vocês me dão licença, eu realmente queria ir dormir. O dia de hoje acabou comigo. — ela me lançou um olhar feroz antes de fechar a porta na nossa cara. Fiquei paralisada ali, sem saber o que fazer.
— O que está esperando, ? Tem mais algum sapato para pegar com ela?
Eu neguei e segui em direção ao meu quarto enquanto nosso gerente ia em direção ao dele. Porém, antes que eu pudesse entrar, segurou meu braço e me impediu.
, está tudo bem? — ele me perguntou, me olhando de cima a baixo com preocupação. Meu queixo tremeu e meu coração doeu demais. — A estava te procurando, falou com ela?
Eu assenti e deixei as lágrimas virem e ele me envolveu em um abraço perfeito, muito diferente do abraço do Styles; nesse eu me sentia completa, eu me encaixava perfeitamente. Senti meu estômago reclamar, o álcool ali dentro, sem dividir espaço com comida alguma, pois passei o dia sem comer, estava começando a dar o ar da graça. Corri para o quarto e entrei no banheiro, me debruçando sobre o vaso sanitário para vomitar. entrou em seguida, segurando meus cabelos e afagando minhas costas. Eu não merecia esse desgraçado perfeito, nem um pouquinho.
Me limpei e me sentei no chão do banheiro mesmo, exausta demais. não saiu do meu lado, massageando minhas mãos e me olhando preocupado.
— Você bebeu mais depois que te deixei aqui? — ele me perguntou e eu assenti, apoiando a cabeça no vidro do box do banheiro. — E não comeu nada, não é?
Concordei novamente. Olhei nossas mãos entrelaçadas e respirei fundo. Eu precisava libertar o garoto.
… — foi tudo o que consegui antes de recomeçar a chorar. Respirei fundo de novo, me controlando. — E-eu fiz merda.
, quem nunca bebeu sem comer antes? Relaxa…
— Não é isso. — falei, balançando a cabeça e me endireitando. — Eu… Eu e o Styles…
franziu a testa, tentando entender o que eu dizia. Mas então seus olhos foram em direção a porta aberta do quarto, depois me olhou, e a compreensão em seus olhos foram como levar uma facada no peito. Eu assenti em resposta ao seu questionamento silencioso e ele soltou sua mão da minha, se levantando do chão.
, a está me odiando agora. — eu falei entre soluços, vendo-o passar as mãos pelos cabelos e andar de um lado para o outro no minúsculo banheiro. Eu me levantei e o fiz parar de andar. — Eu vou entender se você também se sentir assim, mas saiba que… Saiba que você é incrível e eu nunca quis machucar vocês, eu juro!
— Eu pensei… Naquelas noites, eu achei que… — Seus olhos estavam desfocados, me olhavam sem vida alguma. — Você estava me usando, não é? Para a poder sair com o Styles…
Eu não consegui negar. Seus olhos se encheram de lágrimas.
— No começo era esse o objetivo, , mas eu não esperava…
— Se apaixonar? — ele falou, balançando a cabeça. — Eu também não, , mas aconteceu! E eu não corri para comer a primeira garota que apareceu, porque você não sai da porra da minha cabeça!
Me encolhi conforme seu tom de voz aumentava. Eu merecia ouvir tudo aquilo.
— Me desculpa. — sussurrei, abraçando meus braços. Ele balançou a cabeça e saiu do quarto, me deixando em prantos no chão do banheiro.
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Décimo dia de quarentena. (Cinco dias após a briga)
Limpei as mãos no pano de prato pendurado no meu avental e me afastei do fogão para verificar novamente o meu celular. Nem e nem respondiam minhas mensagens ou retornavam minhas ligações. Fui até a porta da cozinha e olhei no restaurante, estava lá tomando café na área reservada para os funcionários, lançando olhares irritados para Styles, há algumas mesas de distância, também tomando seu café da manhã e não parecia perceber os olhares que recebia. Ambos pareciam chateados demais.
... — Antonio chamou minha atenção. — Vai deixar seus biscoitos queimarem.
Cazzo! — exclamei, correndo para tirar os biscoitos do forno. Por sorte eles não queimaram. — Valeu, Toni.
Antonio era outro cozinheiro do hotel, um dos poucos escolhidos para continuar aqui, e ele era o garoto mais amoroso de toda a Itália. E eu sabia que por trás desse jeito sério, mas amoroso, ele guardava sentimentos por minha amiga. Era uma pena saber que ela não o correspondia.
— Cabeça nas nuvens? — ele me perguntou, voltando para perto do fogão.
— Não tão longe, na verdade — eu respondi, dando um sorriso sem graça.
— Bom, sabe o que cura qualquer tristeza? — ele falou, pegando um biscoito, abaixando a máscara e dando uma mordida. — Seus famosos biscoitos de canela.
Eu ri alto e concordei. Aquela era uma tradicional receita da minha mãe que a provou uma vez que foi na nossa casa e implorou para que ela deixasse a gente colocar no cardápio. Com relutância, a Mamma Fátima deixou e agora é um dos maiores sucessos do cardápio. ama esses biscoitos.
Arregalei os olhos, tendo uma ideia genial. Peguei um pano de prato novo, coloquei alguns biscoitos dentro e fiz uma trouxinha. Olhei pela janela e não estava mais lá. Pedi cinco minutos para Antonio e corri escada acima, chegando ofegante no quinto andar. Deixei a trouxinha no chão, bati na porta e corri para o corredor dos elevadores, espiando pela esquina. Ele abriu a porta, só com sua calça de moletom, e olhou para os lados, confuso. Depois olhou para o chão e abriu o pano, arregalando os olhos quando viu os biscoitos. Ele olhou para a porta do meu quarto e um sorriso lindo surgiu em seus lábios. Reprimi um grito de comemoração, vendo-o fechar a porta e levar os biscoitos com ele.
Eu sabia que, mesmo minha amiga sendo uma taurina fiel, ela provavelmente teria atacado os biscoitos longe se ainda estivesse com raiva de mim. Eu a conhecia muito bem, então lidaria com ela quando fosse a hora. Mas não sabia se ia funcionar com , e funcionou. Voltei mais animada para a cozinha.
De noite, depois de não receber nenhuma resposta, eu já estava perdendo as esperanças. Mas então, quando eu estava prestes a dormir, ouvi uma batida na porta. Corri para atender, quase tropeçando em meus próprios pés, e escancarei a porta. Arregalei os olhos, parte surpresa e parte aliviada ao ver ali.
— Oi. — eu falou sorrindo, a olhando de cima a baixo como se quisesse garantir que ela era real. Ela estava com um vestido preto que eu podia jurar que era meu, mas não falei nada, apenas estava feliz demais em vê-la ali. — Você está linda. Vai sair?
— Vou. Com Antonio. — ela falou, mordendo os lábios. — Será que você pode me emprestar aqueles sapatos?
— Claro, claro! Por favor, entre. Mas não repare a bagunça, ok? — eu disse deixando a porta aberta e entrando no quarto.
Ela fechou a porta e me acompanhou, olhando a bagunça que estava o meu quarto. Meu ritual nos últimos dias era chegar do expediente, tomar um banho e me jogar na cama, sem vontade alguma de arrumar aquele caos.
— Aqui estão — eu falei, lhe entregando o par de saltos.
— Obrigada — ela disse, dando um leve e breve sorriso. Ficamos em um silêncio constrangedor por longos segundos até que eu decidi quebrá-lo.
, eu realmente sinto muito por tudo o que aconteceu, você não tem ideia de como estou me odiando no momento. — eu falei de uma vez só, as lágrimas querendo escapar por seus olhos. — Eu amo você e queria muito uma chance pra me explicar. Eu sei que não mereço, mas por favor, ...
— Eu gostaria de sentar e conversar com você, . — ela me interrompeu. — Amanhã eu volto para te devolver os sapatos e podemos conversar, ok?
Eu assenti, sorrindo largo e deixando as lágrimas finalmente caírem. A acompanhei até a porta e lhe desejei sorte. Se eu havia tirado dela a chance de ficar com o Styles, pelo menos queria que com Toni fosse um sucesso.
Me deitei na cama mais feliz do que quando tinha acordado, e caí em um sono tranquilo, diferente das últimas noites em que eu custava a dormir. Entretanto, mais uma batida na porta me acordou. Eu não esperava ver até o dia seguinte, mas ali estava ela, com o rosto marcados pelas lágrimas e um sorriso vacilante no rosto.
— Posso dormir com você? — ela falou com a voz embargada. Eu apenas abri os braços e ela se joguei neles, soluçando alto enquanto eu a embalava, dizendo que ficaria tudo bem.
Não perguntei nada a ela, apenas a fiz vestir um dos meus pijamas e a deitei na cama, acariciando seus cabelos até ela cair no sono. A observei dormir, pensando no quão preciosa e importante essa garota era para mim. Como pude magoá-la daquele jeito.
E pela terceira vez naquela noite, ouvi alguém bater na porta. Me levantei com cuidado e a abri, mas não tinha ninguém. Olhei para o corredor a tempo de ver a porta do quarto do fechando, então olhei para baixo e vi um guardanapo com algo escrito nele.
“And I thought I was yours forever, maybe I was mistaken, but I just cannot manage to make it through the day without thinking of you lately…”
Eu sorri e respirei aliviada, apertando o papel contra meu peito. Depois de dias, um alívio tomou conta de mim. Iria ficar tudo bem.




Fim.



Nota da autora: Oi, meus amores! Estou muito feliz em poder trazer mais um pouquinho de 15 Days of Quarantine para vocês. A é uma das personagens mais querida (inclusive por mim), então achei legal mostrar um pouco do ponto de vista dela. Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar!! <3

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