Finalizada em 09/05/2021

Capítulo 1

adorava a professora Trelawney, mas não aguentava mais esperar pelo fim da aula. Ela foi uma das primeiras a terminar a prova e mesmo assim, tinha que esperar pelos outros alunos, enquanto um outro aluno muito especial a esperava em algum lugar de Hogwarts. Ela balançava a perna sem conseguir controlar a ansiedade. e Sirius Black não se desgrudaram desde o momento em que o garoto puxou assunto com ela depois do recesso de fim de ano, há dois anos atrás. Horas de estudos juntos na bibliotecas, um encontro no dia dos namorados, uma cerveja amanteigada no Três Vassouras e eles estavam apaixonados. Sirius, sempre intenso e apressado, não tardou em pedi-la em namoro e , completamente rendida, não ousou recusar.
O namoro foi o assunto mais comentado por um bom tempo. A sonserina e o grifinório, teoricamente de casas rivais, era o casal mais descolado de Hogwarts inteira. Os demais alunos morriam de inveja, querendo ser um deles, mas só os dois sabiam o que era estar naquele relacionamento. Tinham seus altos e baixos, suas discussões que sempre acabavam em sexo, a teimosia dos dois sempre querendo falar mais alto.
Contudo, eles se amavam. conseguiu desfazer a pose do Sirius de que nunca se apaixonaria e que namoro era perda de tempo quando a pessoa poderia ter quem quisesse. Não, depois que conheceu , Sirius só tinha olhos para ela e somente ela. Ele ficava de quatro (não apenas em sua forma animalesca) por ela, completamente rendido. Mas havia outra pessoa que o deixava de quatro, dessa vez sim como um animago, e essa pessoa era Remus Lupin. Ele e os demais amigos, auto-intitulados “Os Marotos”, eram a outra paixão de Black. James Potter, Remus Lupin, Peter Pettigrew e Lily Evans, já que a mesma não desgrudava mais de James, eram seus melhores amigos e é claro, ele nunca os deixava na mão e fazia de tudo por eles, pois eles também faziam por ele.
E por sorte, sua namorada se dava bem com seus amigos, ela os adorava! Ficou bem próxima de Evans e a ruiva sempre ficava responsável em ajudar Sirius toda vez que o mesmo fazia algo que acabasse magoando . Lily fazia de bom grado, pois ela admirava a mudança positiva que causava no amigo. sabia que não era perfeita e estava longe disso, mas Sirius conseguia tirá-la do sério com cada vez mais facilidade. Um dia, nem mesmo Lily conseguiria ajudá-lo.
suspirou alto, perdida em pensamentos, mas ninguém a ouviu pois o sinal do fim da aula havia ressoado alto pela torre. Junto aos demais alunos, ela desceu apressada pela escada, começando sua procura por Sirius Black.
A biblioteca da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts era talvez a mais completa no mundo bruxo, contendo todo o tipo de livro com todo tipo de tema. Até mesmo a seção restrita era completa de livros de conhecimentos simples até a pior das magias das trevas. E era exatamente por essa variedade ampla que Sirius começou a passar boa parte do tempo ali dentro. Bom, um segundo motivo era ajudar Remus Lupin com suas transformações lupinas cada vez mais complicadas. Como bons amigos que eram, os demais Marotos fizeram todo o processo de se tornarem Animagos (bruxos que podem se transformar em animais) para acompanhar Remus Lupin nas noites de lua cheia quando o mesmo se transformava em lobisomem. Este era um fardo que o mesmo odiava carregar, pois ele sempre sofria demais, mas os amigos ao seu lado melhoraram toda a situação. Nunca sentiu tanto medo em contar à eles mas, quando contou, só conseguiu sentir alívio. Passar por tudo aquilo com eles era muito melhor.
Porém, a transformação ainda era dolorosa demais, deixando Remus cada vez mais fraco e machucado a cada lua cheia. Então os amigos estavam pesquisando mais sobre como ajudá-lo, se havia feitiços ou poções que pudessem amenizar os danos. Até então, não obtiveram sucesso.
Mas ali estava Sirius, com o rosto afundado em um livro sobre poções para animais (odiava pensar em Lupin dessa forma), focado em cada linha de cada página com atenção profunda. Tanta era a sua atenção que não percebeu quando duas mãos quentes e macias cobriram seus olhos e um sorriso tímido surgiu no rosto do garoto. O perfume floral e inconfundível de invadiu suas narinas, trazendo como sempre a sensação de conforto e calma em meio a tanta ansiedade. A preocupação e insegurança deixavam marcas no rosto do jovem, incapazes de serem disfarçadas. Ele fechou o livro que estava lendo e colocou a mão em cima da capa, disfarçando quando sentou-se ao lado dele depois de lhe dar um beijo, e a feição preocupada da garota se instalou em seu belo rosto.

— Está tudo bem? — ela perguntou, passando a mão pelos cabelos pretos do namorado e descendo até seus ombros tensos, dando um leve aperto.
— Está, eu só… — ele suspirou, deixando a cabeça tombar para frente enquanto apertava o osso de seu nariz. — Não fui tão bem nas provas quanto queria.
— Depois do tanto que estudamos, Almofadinhas? — ela respondeu com chateação. Não gostava de vê-lo daquele jeito.
— É. — Ele respondeu com simplicidade, olhando-a pela primeira vez desde que ela chegou.

Por mais amigos que fossem, Lupin não contou a sobre sua condição e não deixou que Sirius fizesse tal coisa. Não que não confiasse a ela o seu segredo, mas gente demais sabia sobre aquilo e ele queria evitar que maia pessoas soubessem. O segredo era um empecilho no relacionamento de Sirius e , pois ele vivia contando mentiras para a namorada para poder cuidar do amigo durante o período de lua cheia, como naquele momento, e nada podia fazer a respeito.
não se satisfez com a resposta, franzindo a testa em desconfiança. Odiava quando o namorado lhe dava essas respostas vazias, decidindo que ele daria a última palavra da discussão, sem deixar espaço para ela retrucar. Mas a sonserina estava cansada disso; cansada de meias palavras, de sumiços sem explicações, de ser procurada apenas quando Sirius Black tinha vontade (principalmente para transar). Ela estava cansada de não estar nem em segundo lugar nas prioridades de Black, quando a mesma havia enfrentado críticas de seus colegas de casa por namorar alguém da Grifinória e de sua família por se juntar ao “traidor do sangue” da respeitada família Black, apenas para poder ficar com ele. Sirius claramente não merecia tamanho esforço.
O garoto voltou a abrir o livro e lê-lo com a mesma atenção de antes, parecendo esquecer da presença da garota ao seu lado. Juntando os resquícios de paciência que ainda tinha, respirou fundo e deu um sorriso mínimo.

— Bom, eu estava pensando no que podemos fazer amanhã, como vai ter o passeio para Hogsmeade, eu pensei em…
— Amanhã? — Black perguntou, parecendo acordar e lembrar que ainda estava sentada ao seu lado. Ela assentiu, desfazendo o sorriso. — Amanhã não dá, .
— Como assim “amanhã não dá”?
— Eu tenho… Uma coisa — ele fez uma careta, passando a mão pela nuca. — Com os meninos…
Amanhã? — agora ela quem questionava. — Tem certeza?
— Sim, tenho — ele respondeu com o cenho franzido, confuso.
— Lily e James não vão sair? — ela disse e cruzou os braços, levantando uma sobrancelha.
— Não que eu saiba, Pontas vai com a gente. Por que? Quer sair com ela? — ele falou com certa indiferença, voltando a olhar o livro.

Irritada, fechou o livro do garoto com força, fazendo o baque ecoar alto pela biblioteca. Assim que Madame Irma Pince apareceu na mesa em que estavam, pediu desculpas, sem tirar os olhos raivosos de Sirius, que a encarava sem entender nada. Sem explicar, a aluna se levantou e saiu da biblioteca a passos apressados, sendo seguida por Black que a alcançou logo em seguida.

— O que foi aquilo? — ele perguntou, segurando a mão da garota.
— Está de sacanagem, Sirius!? — ela o questionou, afastando a mão e cruzando os braços— Você realmente esqueceu que dia é amanhã?

Pensativo, Sirius Black tentou puxar em sua memória que dia seria o seguinte. Se naquele momento era treze de fevereiro, então o dia seguinte seria… Droga, seria catorze de fevereiro, dia dos namorados e aniversário de três anos de namoro com . Ele se deu um tapa na testa, sentindo-se um completo idiota.

, me desculpa…
— Tanto faz — ela falou com chateação, dando as costas para o garoto. Sem perder tempo, ele se meteu na frente dela, segurando seus ombros.
— É sério, , eu sou um idiota e você tem todo o direito de ficar chateada comigo — ele falou, levantando o rosto da garota que desviou o olhar, mas não se afastou. — Me deixe compensar, ok? Amanhã eu só vou encontrar os meninos de noite, teremos o resto do dia inteiro para a gente.
— Ótimo, ficarei com o resto.
— Não foi isso que eu quis dizer — Sirius suspirou, balançando a cabeça. — O dia será nosso, por inteiro, está bem? Nada de resto, apenas Hogsmeade inteira para a gente. O quê acha?

sentiu-se uma fraca por não resistir ao sorriso lindo que Sirius lhe deu. Ele poderia acabar com sua paciência e ser um idiota, mas era o idiota que ela amava com todo o seu coração, seu corpo e sua alma. Ela não conseguiu fazer nada além de sorrir de volta e assentir, rindo em seguida ao vê-lo comemorar. Em resposta, Black a abraçou pela cintura e a girou no ar, dando-lhe um beijo antes de colocá-la no chão. Pelo resto da noite, Sirius deu toda a atenção que a garota merecia, apreciando o corpo de deusa que sua namorada tinha e demonstrando, de forma mais linda e íntima, o quanto também a amava.

Capítulo 2

Ao acordar na manhã seguinte, se viu sozinha. Soltou um longo suspiro ao perceber que Sirius já havia partido, a deixando sozinha na enorme cama da Sala Precisa, a mesma que sempre materializam quando precisam de um lugar mais reservado.
Ela não gostava de acordar sozinha quando dormiam lá e há muito tempo ele não fazia questão de esperá-la. Pensou, tolamente, que naquele dia seria diferente, mas é claro que não foi. Ele não podia deixar seus fiéis amigos acordarem sem ele, não é?
Bufando de raiva enquanto vestia suas roupas, encontrou um bilhete em cima de uma escrivaninha que ela não lembrava estar lá quando chegaram na noite passada. Ao pegar o pedaço de pergaminho, reconheceu na mesma hora a letra do namorado.

, eu tive que ir, mas minha promessa continua de pé. Hoje o dia é nosso. Feliz dia dos namorados e feliz três anos de namoro. Te amo.
Seu Sirius.”


se odiou por amar tanto aquele bilhete. Seu Sirius, era bom lembrar que ele ainda era todo dela.

Ao descer para o café da manhã, Lily era a única na mesa da Grifinória, lendo o Profeta Diário com uma tranquilidade invejável. Com um cartão em mãos, se aproximou da amiga e balançou o cartão na frente do jornal, chamando a atenção de Evans que sorriu largo ao ver a amiga.

— Feliz dia dos namorados, ruivinha! — falou empolgada, ignorando alguns olhares feios em sua direção ao sentar-se na mesa.
— Feliz dia dos namorados, — Lily riu, empurrando uma caixinha de metal na direção da amiga. Dentro havia alguns bombons que observou com os olhos brilhando. — Tenho mais no meu quarto caso queira dividir com Sirius.
— Ele não merece — falou com mau humor, comendo um bombom. — Acredita que ele esqueceu sobre hoje? Ainda me deixou sozinha na sala precisa.
— Ah, por isso James não quis ir lá ontem — Lily falou distraída. Percebendo o olhar raivoso da amiga, ela balançou a cabeça. — Mas ele é assim amiga, sempre com a cabeça nas nuvens.
— Não, ele não era assim… Parece que tem piorado, ele não desgruda dos meninos de jeito nenhum! E parece que ele tem escondido algo de mim, sabe? — viu Lilian desviar os olhos, mordendo sua torrada com ovos. — Lily, você sabe de alguma coisa?
— O quê!? Claro que não — Evans respondeu, ainda sem olhar a amiga.
— Você falaria se soubesse? — perguntou, batucando em sua caixinha de metal. Lily apenas continuou mastigando. — Não falaria, Lilian?
— Às vezes, , alguns segredos não são nossos para contar — ela respondeu, brincando com o farelo em seu prato com atenção exagerada. — O importante, e eu posso dizer com toda certeza do mundo, é que Sirius Black é completamente louco por você.

ponderou a resposta da amiga em silêncio, pensando no que ela queria dizer com aquilo. Ela foi acordada de seus devaneios quando James Potter chegou no Salão Principal todo sorridente, abraçando a namorada por trás com um lindo buquê de rosas com a cor exata dos cabelos de Lilian. Essa que, ao ver o jovem Potter, pareceu esquecer de todo o resto. O casal era assim, quando estavam juntos, o mundo todo sumia. Eles se enfiavam no próprio universo particular, tamanha era sua paixão. sorriu, pensando nos dias em que ela e Sirius eram desse mesmo jeito, perdidos um no outro. Pelo jeito eles se perderam demais.
Olhando em volta, ela percebeu que apenas Peter Pettigrew havia seguido o amigo, o mesmo lhe deu um aceno tímido. Peter nunca admitiu, mas ele tremia de medo da garota pelo simples fato de ela ser da Sonserina. O sentimento, na verdade, era um misto de medo e admiração. Ele a olhava de forma estranha quando estava por perto, mas sabia que o garoto não oferecia maldade alguma.

— Onde está Sirius? — ela perguntou para qualquer um dos dois.

James Potter, ainda abraçado com Lily, pareceu finalmente perceber sua presença.

— Bom dia para você também, cobrinha — ele falou, a chamando pelo apelido que a mesma odiava. — Ele está com o Aluado, é claro!
— É claro — ela falou com deboche, revirando os olhos e se levantando da mesa. — Espero que ele esteja me esperando quando formos para Hogsmeade.
— Na verdade… — James começou, fazendo se virar novamente. — Vamos encontrar vocês duas lá, ok? Precisamos fazer algo antes.
— É claro que precisam! — esbravejou, cruzando os braços. — Diga ao seu amigo, Potter, que se ele não estiver lá com um buquê gigantesco nas mãos, ele pode me esquecer.
— Sim, senhora — ele respondeu sorridente, voltando a abraçar e fazer Lilian rir.

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Algumas horas depois, estava pronta, protegida dos pés à cabeça com um sobretudo preto e botas de cano alto da mesma cor. Esquentando e decorando seu pescoço, um cachecol verde e prata da sua casa completava as vestes. Olhando impaciente para seu relógio, ela esperou Lilian no saguão de entrada onde a Professora Minerva McGonagall organizava os alunos para saírem. Lily chegou desacompanhada, mas não deixou de olhar para a direção da Torre da Grifinória, na esperança de ver seu namorado. Ele realmente não estava ali.
De braços dados, as duas amigas caminharam pela neve fofa em direção ao vilarejo de Hogsmeade. Apesar da chateação, acompanhou a conversa animada de Evans em uma tentativa bem sucedida de se distrair. E mesmo quando chegaram, ela só se lembrou dos meninos quando estava na loja de doces Dedosdemel, onde encontrou diversos casais tão doces e enjoativos quanto as balas de caramelo da vitrine. olhou em volta, e nenhum sinal deles.

— Acho que vou lá fora — ela falou para Lily que provava novos sabores de feijões de todos os sabores.
— Vou com você — A ruiva falou com a boca cheia, fazendo uma careta ao provar o sabor de alho negro.

O contraste entre o calor doce da loja e o frio cortante da rua arrepiou as duas garotas. Elas se afastaram da loja e caminharam para a entrada do vilarejo; olhava fixamente para o castelo, já Lilian observava a colina onde ficava a famosa Casa dos Gritos, onde imaginava que seu namorado e os amigos estavam cuidando de Lupin. Ela apertava o braço da amiga com a desculpa de que estava com muito frio, mas a realidade era que além de estar preocupada com Remus, ela queria muito poder contar a verdade para . Principalmente quando viu as pegadas de James e mais alguém vindo ao longe, claramente da direção da casa, alguns minutos depois. Como ela explicaria a aparição dos dois embaixo da Capa da Invisibilidade, vindo daquela casa que todos acreditavam ser assombrada?

— Ei, será que são eles bem ali? — Lily falou, apontando para o castelo. , com seu coração acelerado, olhou em direção à Hogwarts com expectativa. Mas não viu nada.

— Tem certeza?
— Bom, é que ainda estão longe, mas já vão chegar — ela falou nas costas da amiga, enquanto acompanhava as pegadas dos garotos cada vez mais perto. Ela acenou para que eles viessem mais rápido. — A qualquer segundo agora…

Quando eles estavam perto o suficiente para tirar a capa, Lilian virou a amiga.

— Ah, aqui estão eles! — ela falou em falso tom de surpresa. — James e… Peter?

A decepção no olhar da Lily refletia o de . Mais uma vez, seu namorado não estava ali. Ela apenas cruzou os braços e lançou um olhar carregado de raiva na direção dos dois.

— Ele já está vindo, — James falou, beijando Lily em seguida. — Vamos andar enquanto isso.
— Ficarei aqui — ela respondeu, sentando-se no tronco da árvore em que estavam. — Vocês podem ir.
— Tem certeza? — Lilian falou, ansiosa para poder curtir o dia com o namorado, mas não querendo deixar a amiga sozinha.
— Claro, não é porque o meu dia dos namorados está sendo uma droga que o de vocês também tem que ser — ela respondeu irritada, mas forçou um sorriso simpático quando viu a preocupação (e pena) no rosto dos amigos. — É sério, podem ir.
— Quer que eu fique? — Peter ofereceu, tremendo feito um pequeno rato.
— Não, sério, podem ir.

gesticulou para que fossem embora e assim fizeram, dizendo para que ela os encontrassem no Três Vassouras. Então tudo o que restou para foi esperar, e ela esperou. E esperou, até ver o final da tarde começar a ir embora, assim como alguns alunos estavam fazendo, voltando ao castelo. Secando algumas lágrimas teimosas que caíram, se levantou e seguiu os colegas pelo caminho para o castelo, afundando suas botas na neve. Ela não evitou o choro quando ele veio, enquanto caminhava, e qualquer olho mais atento enxergaria seus ombros tremendo com chateação. A garota não acreditava que Sirius realmente pudesse deixá-la sozinha logo naquele dia tão especial para eles. Ela não conseguia entender por que raios ele estava tão estranho e quando foi que ele deixou de amá-la, porque era assim que ela se sentia: que ele não a amava mais.

! — Ela ouviu alguém gritar atrás de si, fazendo-a parar.

respirou fundo e apertou os olhos. Ela conhecia aquela voz e, por incrível que pareça, era a última que queria ouvir no momento. Ela se virou, vendo o rosto preocupado, mas sorridente do namorado.

— Mil desculpas, meu amor, eu não… — Ele se interrompeu ao ver a garota limpando suas lágrimas. — Você está chorando?
— Não, Black, é a neve que caiu nos meus olhos — ela disse, revirando os mesmos. — Como você queria que eu estivesse, hein!? Estou te esperando há horas, Sirius! Horas!
— Desculpa, não achei que…
— Claro que não achou, você nunca acha! — ela falou, bufando em seguida. — Eu estou cansada, Sirius Black, exausta! Eu te dou tudo de mim, todo o meu amor e você… Você não consegue nem lembrar do nosso aniversário!
— Eu lembrei, , é que… É que o Remus…
— É, o Remus — ela falou com desdém. — É sempre o Remus. E eu o adoro, Sirius, mas se você não consegue separar as coisas…
— Eu consigo, é claro que consigo! — Ele segurou o rosto da garota, fazendo-a olhar para ele. — Eu amo você, , você sabe…
— Sei? — ela o questionou, tirando as mãos dele de seu rosto. — Porque ultimamente eu não tive certeza.
— Não diz isso…

respirou fundo, passando a mão pelas madeixas escuras e deixando mais lágrimas caírem. Ela estava cansada de discutir e sabia que aquele era, possivelmente, o fim. Por mais que não quisesse, ela não tinha certeza se conseguiria aguentar aquilo por muito mais tempo. Precisava arrancar o curativo de uma vez só.

— Não dá mais, Sirius.
— O que quer dizer com isso? — ele perguntou com certo desespero, segurando as mãos dela. — Por favor, , não me diz que é o que estou pensando.

Ela permaneceu em silêncio, sem conseguir encarar o garoto que agora tinha o rosto retorcido em tristeza.

, eu sei que fiz merda hoje, mas eu te prometo que não vai mais acontecer…
— Como prometeu ontem? E na semana passada, no outro fim de semana… — ela respondeu, soltando novamente as mãos dele. — Estou cansada das suas promessas, Sirius. Eu claramente não tenho espaço na sua vida.
— É claro que tem, é só que… Remus precisa de mim, entende?
— Entendo — ela falou com mais firmeza, secando as últimas lágrimas. — Vá cuidar dele, eu vou cuidar de mim.
, espera — Sirius se colocou na frente dela quando a mesma ameaçou voltar para o castelo. — Por favor, fique! Não termina comigo, .
— Você quem terminou com a gente, Sirius Black.

Sem encontrar argumentos, Sirius a deixou partir, ficando para trás com o coração despedaçado.

Capítulo 3

Sirius Black estava desolado. Sua mudança era visível para qualquer um: ele não comia direito, não andava animado pela escola como sempre fazia, quase não saia da Sala Comunal da Grifinória a não ser que fosse para as aulas ou para ajudar Remus Lupin nos últimos dias de lua cheia. Fora isso, ele só fazia murmurar baixo em respostas curtas e admirar à distância, se perguntando como pôde ter sido tão idiota em perder aquela garota?
Seus amigos, odiando vê-lo assim, o convenciam a não desistir dela. “Vá atrás dela”, eles diziam. “Ela ainda te ama, seu idiota”, Lily Evans insistiu. Então no terceiro dia miserável sem sua , ele decidiu que não abriria mão dela tão fácil assim. Ele então começou a segui-la, tentando chamar sua atenção. No café da manhã, fez um pássaro de papel flutuar até sua mesa com um bolinho em cima dele, ela transfigurou o bolinho em uma perfeita tesoura e a fez cortar o pássaro e mil pedacinhos. No dia seguinte, mandou um enorme buquê de rosas coloridas que a garota fez questão de lançar um “reducto”, fazendo as flores se desmancharem em cinzas. Todas as vezes que Lily tentava tocar no assunto, desconversava.
Tudo isso não o fez desistir. Ao perdê-la, ele pôde finalmente enxergar o que fazia. Passava tanto tempo com os amigos e se acostumou com o fato de, no começo, não se importar tanto com isso. Mas ele exagerou e a deixou em segundo plano e ela definitivamente não merecia isso. Sirius pensava no quanto se arrependia enquanto a esperava do lado de fora da sala de poções. Ela saiu desanimada, como em todos os outros dias, porque por mais fria que estivesse sendo com o ex, ela estava tão mal quanto ele. E ao passar pela porta e ver ele encostado na parede com seu sorriso maroto ridiculamente adorável, ela revirou os olhos e passou reto.

— Vou fingir que você não me viu ali — Sirius falou ao alcançá-la, caminhando ao lado dela.
— Oh, eu vi sim. — Ela forçou um sorriso, sem parar de andar. — Só decidi ignorar mesmo.
— Qual é, — ele murmurou, cutucando o braço dela. — Já faz uma semana, quanto tempo você pretende ficar assim comigo.
— Para sempre — ela respondeu.
— Tempo demais para o meu gosto — ele retrucou, se colocando na frente dela e forçando-a a parar. — Me dá uma segunda chance? Eu prome… Não, eu juro solenemente!

gargalhou, achando ridículo o garoto usar a frase que usava com os amigos para lhe fazer mais uma promessa que não iria cumprir. É claro que ele tinha que enfiar os Marotos na conversa.

— Black, faz um favor a si mesmo e me esquece.
— Só quando vocês me esquecer, porque eu sei que você ainda não fez isso.

não tinha argumentos contra aquela afirmação, porque ela realmente não o esqueceu. Pelo contrário, Sirius parecia estar muito mais presente em seus pensamentos do que antes. Ele infernizava seus sonhos, estava sempre por perto e ainda fazia seu coração acelerar e as borboletas dançarem em seu estômago como sempre fez.

— Porque você não deixa — ela disse e apertou mais os livros contra seu peito, erguendo a cabeça. — Agora se me permite, tenho aula de Transfiguração e estou louca para aprender a transfigurar pessoas em formigas que podem ser pisadas e mortas com mais facilidade.

Sirius fez uma careta como se sentisse dor e saiu de sua frente, deixando-a ir. Ele não pensou que a situação estivesse realmente tão séria, entretanto, parecia irrefutável. Também não queria tomar medidas mais drásticas, mas uma ideia surgiu em sua mente e por mais que a odiasse, era sua última esperança. Apertando suas têmporas, ele decidiu ir atrás de Regulus Black.
Seu irmão mais novo não era nem de longe sua pessoa favorita no mundo. Na verdade, eles já se deram muito bem no passado, contudo, eles não se suportavam nos dias de hoje. Ele sabia que Regulus provavelmente nem lhe daria a chance de dizer algo, quem dirá pedir um favor. Mas por , valia a pena passar por essa humilhação.
Esperou as aulas acabarem para ir atrás de seu irmão. Regulus era o que se podia chamar de popular, tinha muitos amigos e sempre organizava as melhores festas na Sala Comunal da Sonserina. E esse era o ponto que iria tocar quando fosse pedir o favor: Regulus nunca dispensava uma festa.

— Se não é o meu irmão favorito em todo o mundo! — Sirius exclamou ao se aproximar do irmão no corredor. O sonserino estava rodeado de seus amigos mais próximos e apenas o olhou com desdém.
— Desembucha — Regulus falou com rispidez.
— Aí! — Sirius fingiu sentir dor, botando a mão no lado esquerdo do seu peito. — Não fala assim… Eu estava com saudades, sabia?
— Se está querendo que eu te ajude com a , não perca seu tempo. — O outro respondeu irritado. — Ela está bem melhor sem você.

Sirius respirou fundo, não deixando que o irmão o afetasse.

— Não é isso — o mais velho falou com os dentes cerrados. — Queria sugerir uma ideia. — Ele fez uma pausa, esperando o irmão dizer algo e como ele não teve resposta, continuou: — Uma festa, na Comunal da Sonserina.

Regulus o olhou com desconfiança enquanto os amigos reagiram com animação à ideia.

— O que você ganha com isso? — ele respondeu, cruzando os braços.
— Eu? — Sirius apontou para si mesmo, fingindo estar confuso. — Ora, nada! Talvez a paz de não correr o risco de levar mais uma detenção? McGonagall está no nosso pé, sabe? Semana passa o James…
— Eu não quero saber dos seus amiguinhos, Sirius — Regulus o interrompeu com certa impaciência. — Por que veio pedir para a gente? Tem a Corvinal, a Lufa-Lufa…

Seus amigos riram ao imaginar ambas as casas dando uma festa, mas Sirius os olhou com cara de paisagem, sem realmente entender a graça. Ele foi à ótimas festas das duas casas, elas eram tão boas quanto as festas da Sonserina e da Grifinória. Mas aquele definitivamente não era o momento de dizer isso ao irmão, então forçou uma risada e fingiu concordar.

— Eu não queria admitir isso, mas… Está bem, eu confesso! — ele falou em falso tom de irritação. — As festas de vocês são sempre as melhores.
— Espera, acho que não ouvi direito — Regulus riu com os amigos. — Repete.

Sirius respirou fundo, apertando o osso de seu nariz. “Essa merda tem que valer a pena”, pensou antes de repetir.

— As festas da Sonserina são as melhores. Satisfeito? Irão fazer?

O mais novo dos Black deu um sorriso travesso e olhou para os amigos que já estavam animados com a ideia. Sirius mentiu, é claro. Ele não acreditava realmente que as festas da Sonserina eram as melhores, a da Grifinória, sempre organizada por ele e seus amigos, eram as melhores e todos sabiam. Admitir aquilo foi mais difícil do que pensou, então era bom o seu plano não dar errado.

— Sábado às 23 horas, terá alguém na porta para deixar vocês entrarem.
— Não confia mesmo em dar a senha? — Sirius respondeu, cruzando os braços.
— Para você e seus amiguinhos? Nem morto.

Sirius revirou os olhos, mas concordou. Afinal, ele só precisava da festa, a senha seria apenas um bônus. Agora ele precisava se juntar com os amigos e bolar um plano para reconquistar . Isso fazia pedir o favor para Regulus parecer fácil.

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— Não estou no clima para festa — murmurou no café da manhã do sábado. — De quem foi a ideia?
— Regulus Black — Emma Vanity, capitã do time de Quadribol, respondeu, apontando com a cabeça para o garoto.

olhou com desconfiança para o ex-cunhado que, ao perceber, deu um sorriso e acenou. Por que ela sentia que Sirius Black estava envolvido nisso?

— A última festa foi nossa e o Professor Dumbledore nos flagrou. Por que ele acha uma boa ideia fazer de novo?

Emma apenas deu de ombros e continuou comendo sua omelete enquanto , disfarçadamente, observava Sirius na mesa vizinha. Ele parecia muito mais animado que nos dias anteriores, conversava com entusiasmos com os amigos, soltando gargalhadas e brincando com a comida. Ele era irritante, assim como a forma que ele fazia seu coração errar as batidas toda vez que sorria. Irritantemente bonito e charmoso.
A ideia da festa ficava cada vez pior. Entretanto, ela estava curiosa para saber se o garoto ia ou não. Sua resposta faria muita diferença, pois se a intenção dele é provocá-la, os dois jogariam esse jogo.

— Cobrinha! — James gritou quando se aproximou da mesa.

Ela apenas lhe mostrou o dedo do meio ao qual ele não se ofendeu, estava mais do que acostumado. Lily, ao lado do namorado, beliscou seu braço em repreensão, pois sabia que a amiga não suportava o apelido.

— Ficaram sabendo da festa? — falou, seus olhos evitando olhar para o ex.
— Sirius estava falando sobre ela agora — Peter respondeu, parecendo orgulhoso de si mesmo por falar com a garota.
— E vocês vão? — Ela cruzou o braço, olhando para Lily.
— É claro que vamos! — Sirius respondeu pela ruiva, levantando-se da mesa e se aproximando da ex. — Não perderíamos essa festa por nada,
— Bom saber — ela retrucou, fingindo não ter se abalado com a proximidade. — Ficarei trancada no meu dormitório até a festinha acabar. — Ela apontou para Lily que tentava segurar a risada. — Está convidada para me fazer companhia, Evans.
— Será um prazer, — ela respondeu risonha, observando a cara de decepção do Sirius.
— Você também, Lupin — ela agora falou com o moreno que estava quieto até então. Ele apontou espantado para si mesmo. — Sim, você! Afinal, agora estou solteira! Você será muito bem-vindo em meu quarto.

Os amigos tentaram não rir da cara de decepção do Sirius e de espanto do Remus quando a garota foi embora, desfilando na intenção de provocar o garoto.

— Você não vai ficar no quarto com ela — Black apontou para Lily. — Muito menos você, Aluado!
— Sabe, foi um convite bem tentador — Remus respondeu, fazendo os demais gargalharem, menos Sirius.

Este balançou a cabeça e começou a correr atrás de Remus que fugia aos risos do amigo.

Capítulo 4

Às 23 horas em ponto, os alunos das outras casas começaram a chegar aos poucos. É claro que Os Marotos e Lilian Evans seriam os primeiros, a ansiedade de Sirius Black em começar o seu plano de reconquistar não os deixou esperar por muito tempo.
E assim que chegaram na festa, perceberam que ela já havia começado. Apenas os alunos dos sexto e sétimo anos estavam espalhados pelo Salão Comunal, alguns perto da recheada mesa de bebidas, outros na pista de dança improvisada, alguns já começaram os trabalhos e estavam em algum canto se beijando. Mas não estava em lugar nenhum.
Já segurando uma garrafa de cerveja amanteigada, o garoto se separou dos amigos e começou a procurar por ela pela sala, tentando resistir a vontade de entrar no quarto da mesma e ver se ela estava lá. E foi quando estava prestes a fazer isso que ela apareceu. estava deslumbrante com um vestido verde escuro comprido e simples, saltos pretos e um sobretudo da mesma cor que logo tratou de tirar, pois a Sala estava aquecida. Ela passou reto por Sirius e desfilou até o sofá onde Peter e Lupin estavam sentados, deixando o casaco ali e dando um beijo na bochecha de ambos que a olhavam boquiabertos.

! — Lily exclamou animada, soltando-se de James para se jogar nos braços da amiga. — Minha cobrinha favorita!
— Por Merlin, Lily, você já está bêbada? — ela perguntou aos risos, tentando segurar a amiga em seus braços. — Potter, como isso aconteceu?
— Eu te juro que ela só bebeu cerveja amanteigada — ele respondeu com uma careta. Ele então segurou a namorada que ria sozinha. — Vem, amor, ou o Almofadinhas ficará com ciúmes.

revirou os olhos com a brincadeira de James e finalmente reparou em Sirius encarando-a a uma distância segura. Pelo rosto do garoto, ele fazia isso por puro autocontrole, porque se estivesse mais perto, ele não resistiria em levar as mãos ao corpo da garota, tamanha era sua saudade. Sabendo bem disso, caminhou lentamente em sua direção, parando pelo caminho apenas para pegar uma garrafa da cerveja. Não queria ficar igual a Lilian, se fosse ficar na festa, pelo menos aproveitaria estando sóbria.

— Sirius Black — ela falou ao chegar onde ele estava, um sorriso sínico surgiu em seu rosto.
— ele a saudou, levantando seu copo de whiskey de fogo. — Um prazer te ver aqui.
— Infelizmente não posso dizer o mesmo — ela falou, dando um gole em sua cerveja. — Eu sei que a festa foi sua ideia, eu te conheço.
— Culpado — ele falou, levantando as mãos e rindo. Mas não achou graça alguma.
— Sirius, você não vê que com isso você só me afasta cada vez mais? — ela falou, parecendo cansada.
— Ora, você está aqui conversando comigo! Então acho que funcionou.

respirou fundo e balançou a cabeça, ela sabia que ele estava completamente certo. Ela gostava dele e gostava de ficar perto dele, não tinha como negar isso. Mas só de lembrar como ficou nos últimos meses, sentindo-se solitária e abandonada por ele, ela sentia que deveria ficar longe do garoto para o seu próprio bem. Contudo, não conseguia.

— Foi um erro sair do meu quarto — ela falou, dando as costas para o garoto.
— Espera! — ele se meteu na sua frente com certo desespero. — Antes de você ir, eu tenho uma surpresa.
— Sirius, eu não gosto de surpresas, você sabe.
— Vai valer a pena, eu juro! — ele disse, dando um beijo em sua bochecha e saindo correndo para perto de James, sussurrando algo em seu ouvido.

o viu mexer na vitrola encantada enquanto Lily, ainda bebada, fez a amiga sentar no sofá de couro de frente para a lareira. Sem entender nada, observou o ex se aproximar com a varinha no pescoço fazendo sua voz sair muito mais alta quando começou a cantar no ritmo da música. Ela arregalou os olhos ao perceber que o garoto estava realmente cantando, de forma totalmente desafinada, mas estava.

Broken hearts and last goodbyes
Restless nights but lullabies
Helps make this pain go away
I realize I let you down
Told you that I'd be around
Building up the strength just to say


— Ele quem escreveu isso — Peter sussurrou para a garota, sem tirar os olhos do amigo.
— Olha o que você fez com o pobrezinho — James falou atrás dela, tentando segurar a risada.

I'm sorry
For breaking all the promises that I wasn't around to keep.
Its all me
This time is the last time that I will ever beg you to stay.
But your already on your way.


não conseguia tirar os olhos de Sirius Black, hipnotizada, mas sentia um nó se formar em sua garganta conforme ouvia a letra. Era um pedido de desculpas, mas também era uma libertação, dizendo que era a última vez que ele tentaria fazê-la ficar, e o medo de isso ser verdade fez seu peito doer.

Filled with sorrow, filled with pain
Knowing that I am to blame
For leaving your heart out in the rain
And I know your gonna walk away
And leave me with the price to pay
But before you go I wanted to say
Yeah!
That I'm sorry
For breaking all the promises that I wasn't around to keep
Its all me
This time is the last time that I will ever beg you to stay.
But you're already on your way.
Can't make it alive on my own
But if you have to go, then please girl
Just leave me alone.
Cause I don't want to see you and me going our separate ways.
I'm begging you to stay
If it isn't too late


Todos se aglomeraram perto ao sofá onde Sirius fazia sua apresentação não tão particular assim, assistindo-o cantar e gesticular para a garota na sua frente, recitando cada frase com todo o seu sentimento. Ela o olhava com lágrimas nos olhos, afundando cada vez mais no sofá preto.

I'm sorry
For breaking all the promises that I wasn't around to keep.
Its all me
This time is the last time that I will ever beg you to stay.
But your already on your way.
But your already on your way...


A sonserina, que ao fim da música já estava chorando, se levantou do sofá e correu para fora da Sala Comunal, deixando todos confusos e Sirius decepcionado. Ele jurava que a declaração que ele mesmo escreveu surtiria algum efeito, mas não, só a fez partir de vez.

— Cara, você canta tão mal que ela foi embora — Regulus riu na cara do irmão que nem reagiu tamanho era seu choque.

Sirius ameaçou ir atrás da garota, mas Lupin, o único que ainda estava sóbrio naquela festa, o impediu, dizendo para o amigo que ele resolveria isso.
Lupin e não eram tão próximos quanto ela era dos outros,
mas eles se adoravam tanto quanto. Um único segredo que compartilhavam – em meio a tantos que Lupin escondia – era o lugar favorito de na escola inteira. Apenas Sirius sabia, e o mesmo quase não ia lá com a garota. Então Remus sabia que a encontraria na Torre abandonada, no sentido contrário da Torre da Grifinória. Ninguém ia lá, pois diziam que Dumbledore escondia um vampiro lá dentro e o diretor, talvez por diversão, não desmentiu o boato. Já , Lupin e Sirius não desmentiram pois gostavam de ter um esconderijo só deles.

— Tem um minuto? — o garoto perguntou, apoiando-se no parapeito onde a garota estava.
— Ah, Aluado, aquele lance do quarto foi só para provocar o Sirius, desculpa se pareceu outra coisa, mas eu não…

Lupin soltou uma gargalhada alta, divertindo-se com a resposta da garota que a olhou confusa.

— Eu sei, ! — ele disse, ainda gargalhando. — Não é nada disso!

deu um sorriso amarelo, voltando a encarar a paisagem. Lupin, querendo quebrar o silêncio, lhe ofereceu um pedaço de chocolate ao leite que ela aceitou com um sorriso.

— Eu preciso te contar uma coisa — ele falou de repente, suas mãos apertaram o ferro do parapeito com mais força. — Não quero ter que usar um obliviate em você, então tem que jurar não surtar.
— Juro solenemente — ela falou, fazendo-o rir de novo. Contudo, seu riso era mais nervoso dessa vez. — Confia em mim.

Lupin respirou fundo, escolhendo com cuidado as palavras que iria usar. Ele sabia que aquilo poderia assustá-la e talvez fazer com que seu segredo se espalhasse da forma que ele não gostaria. Mas ele confiava em tanto quanto confiava em seus amigos.

— Sabe isso — ele apontou para a maior cicatriz em seu rosto. —, e isso?

Remus afastou sua camisa alguns centímetros para mostrar as cicatrizes em seu peito. arfou, pois estava mais do que acostumada com as cicatrizes visíveis do rosto, mas desconhecia as que o garoto tinha pelo resto do corpo. Ela nunca o questionou e ele nunca contou a ela, então nunca falavam a respeito. Mas várias teorias rondavam sua mente sempre que uma nova cicatriz surgia em seu amigo. Porém, nada a preparou para o que ia ouvir.

— Eu sou um lobisomem — ele confessou com um sorriso amarelo. arregalou os olhos, paralisada. — Isso foi causado pelas transformações… E é por isso que os meninos me chamam de Aluado.

assentiu, olhando a paisagem sem conseguir encarar o garoto. Um flash de memória do livro que Sirius estava lendo na biblioteca sobre lobisomens, o calendário velho do lado, a quantidade de livros de poções que ele leu nos últimos meses.

— E é também o motivo de Sirius ficar tanto comigo, principalmente em período de Lua Cheia — ele continuou. — Eu que pedi a ele para não te contar, desculpa.

continuou em silêncio, apenas assentindo. Suas mãos estavam suadas e trêmulas, tentando assimilar todas as informações que estava recebendo.

— Fala alguma coisa, .
— É muita coisa, Remus…
— Eu sei — ele falou, batucando ansioso no ferro. — Eu estou te contando isso porque é minha amiga e porque eu não acho justo o Almofadinhas levar toda a culpa, ele só tem me ajudado.

Ela ficou em silêncio de novo, sem saber bem o que dizer.

— Ele te ama muito, . Pensa nisso, ok?

Capítulo 5

A festa estava no fim e nada de e Remus Lupin voltar para as masmorras. Sirius Black já havia roído todas as suas unhas e desistido de beber há um bom tempo, mas sua ansiedade não diminuía, muito menos a vergonha pelo que fez. Sentia-se um idiota por ter cantado a música que escreveu para durante esses dias longe dela, acreditou em Pontas quando o mesmo disse que ela amaria ouvir a canção e que ele deveria fazer um gesto grandioso. Queria socar James pela ideia estúpida. Queria socar a si mesmo por espantar sua amada mais ainda.

— Sirius, estamos indo — Potter falou, abraçado à Lily que quase dormia em seus braços. — Vai ficar?
— Só mais um pouco — ele falou, seus olhos fixos na lareira recém apagada.
— Você está bem? — O amigo insistiu, olhando-o com preocupação.
— Estou, podem ir.

Com isso, Potter partiu em silêncio, ansioso para se deitar na própria cama. Entretanto, Sirius não ouviu a porta de ferro e madeira se fechar, presumindo que o teimoso Potter havia ficado para trás, achando que ele não estava bem.

— Eu estou bem, pode ir! — ele exclamou com certa impaciência.
— Oh — ele ouviu uma voz feminina dizer. — Está bem…
!? — ele perguntou, virando-se para trás e se deparando com sua amada. — Pensei que era o James, foi mal.
— Tentarei não me ofender — ela brincou com um sorriso no rosto. Black pulou o sofá e se aproximou da garota, ponderando se devia tocá-la.
— Então… Onde está Remus?
— No dormitório de vocês, provavelmente — ela respondeu, dando de ombros. — Ele me contou tudo.

Sirius arregalou os olhos, um misto de alívio e surpresa explodiu dentro de si.

— E então…?
— Justifica sua distância, mas não apaga a forma como me senti.
— Eu sei, , e eu realmente sinto muito por isso. — Ele finalmente segurou minhas mãos e sentiu alívio ao perceber que ela não as afastou. — Eu quero ser melhor e eu vou ser melhor. Mas vou entender se não quiser voltar comigo, acho que nem eu voltaria, eu sou realmente um…

revirou os olhos e o interrompeu com um beijo. De início, o beijo era calmo, realmente apenas para calar o garoto. Mas assim que se acostumaram com o toque, o beijo se intensificou, tornando-se mais urgente e desesperado. Eles se separaram por segundos, apenas para recuperarem o fôlego, ambos sorriam feito bobos.

— Um idiota — ela completou. — É, eu concordo, mas a música foi realmente boa. Me convenceu.
— Que bom que gostou, foi a primeira e última vez que eu cantei — ele falou, fazendo-a rir. Ah, como ele sentiu falta daquela risada.

Sirius Black começou a enchê-la de beijos, por todo seu rosto e pescoço, deixando uma trilha por todas as partes que ele sentiu falta. Ah, é claro que ele precisaria beijar todo aquele corpo para matar as saudades, foi louco demais por deixá-la longe por tanto tempo.

— Eu tenho tanta coisa para te contar, que bom que o Aluado finalmente te contou o segredo.
— É, ele também me contou porque você se chama Almofadinhas — ela falou, fazendo-o parar o beijo e a olhar assustado. — Vou querer ver isso um dia, mas não agora. Agora quero matar a saudade.

E com o seu clássico sorriso maroto, Sirius Black seguiu até seu quarto, e não pretendia deixá-la sair de lá tão cedo.



FIM



Nota da autora: Espero que tenham gostado! Obrigada por lerem e não esqueçam de comentar! ❤️



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