17. Change

        
Finalizada.
             

 

 

                  

Capítulo Único

Quando descobriu que estava grávida seu mundo parecia que estava sendo sugado para o centro do universo. Faltavam pouco mais de dois semestres para terminar sua faculdade de direito - que era seu maior amor, maior até que seu namorado, ou melhor, ex.
era o homem perfeito, alto, na medida certa, bronzeado, com seus cabelos sempre bem cortado e penteado, cheiroso, qualquer momento do dia ele estava com aquele cheiro fresco de menta e lavanda, era como se vivesse em um daqueles comerciais de amaciante. Seu sorriso era perfeito e a sua pegada, era coisa de outro mundo. Eles namoraram por mais de cinco anos, se conheceram na escola e eram a febre, o casal 20 do último ano do colegial. Eram lindos, suas mentes eram abertas e eles eram a simpatia em pessoa. E o relacionamento deles era pra valer, mesmo ele fazendo Jornalismo em outra universidade, eles continuaram daquela forma, apaixonados e grudados, estavam sempre juntos e sempre arrumavam um tempo para aquilo.
Assim que terminou a faculdade começou um estágio em uma das maiores emissoras de TV do país e em pouco tempo já estava com as malas prontas para ser o mais novo correspondente internacional, sua habilidade em aprender novos idiomas e se relacionar com as pessoas ajudaram para que ele conseguisse aquela vaga - que pagava infinitamente mais do que ele recebia no cargo atual. Foram adultos e terminaram o relacionamento, a faculdade de direito estava consumindo muito do tempo dela, e eles sabiam que um relacionamento à distância era possível, eles viveram aquilo durante aqueles anos da faculdade dele, mas o cenário ali era diferente, um fuso horário diferente, pessoas diferentes, culturas diferentes, eles não podiam se prender ou se enganar que aquilo daria certo, ok, podia dar de início, mas e depois? Eles iriam se machucar a ponto de nunca mais conseguirem se olhar, ou pior, talvez nunca mais conseguirem se apaixonar novamente e eles não queriam aquilo, tiveram uma despedida, uma noite deles, a noite em que , sem saber, é claro, engravidou. Uma noite antes dele viajar e se mudar para aquele lugar, milhas e milhas de distância.

! 一 disse em tom alto e em advertência, para a amiga que pela aparência tinha chorado muito, mas seu semblante naquele momento, em que tomavam um chá sentadas na sala do apartamento que dividia com o namorado, era calmo, pleno e sério! Ela estava falando sério mesmo e se não estivesse grávida, claramente encheria a amiga de sopapos.
一 Ora , o que você quer que eu faça? 一 disse como se a decisão dela fosse a única certa a se fazer.
一 Liga pra ele, sei lá, manda uma mensagem no aplicativo de mensagens, no instagram, no facebook, as pessoas ainda usam o facebook? Não sei , não sei, só o procure, ele merece saber. 一 estava entrando no modo desesperada, sabia que a queda que a mãe de disse que ela levou quando pequena tinha afetado alguma coisa na cabeça da amiga, mas não sabia que tinha sido tanto a ponto dela estar cometendo aquela loucura, e achar que aquilo é normal.
一 E para que eu faria isso, ? Faz quanto tempo que ele se mudou, três meses? E ele ligou para qualquer um de nós quantas vezes? Não sei se para você e para o Fernando, porque para mim, ele ligou um total de zero vezes, mandei mensagem assim que deu o tempo de vôo dele e ele me respondeu? 一 Ela pegou o celular abrindo no chat de mensagens com o rapaz e lá estava a mensagem, entregue, visualizada e não respondida. 一 E outra, o que mudaria na minha vida? Ele vai gestar, nem sei se essa palavra existe, mas ele vai gerar essa criança no ventre dele enquanto eu termino a minha faculdade ou estudo para passar no exame da ordem? Ele vai largar o trabalho que ele lutou para arrumar lá e vir para cá ficar com a gente, brincar de família feliz, por meses, até se ver em dois empregos para sustentar uma mulher e uma criança que ele nem queria ter?
一 E você acha que é justo para você criar essa criança sozinha, abandonar seus sonhos e sabe-se lá como se virar para cuidar de uma vida, olha , eu não sou mãe, mas eu sou filha de mãe solo e as coisas não são lindas e românticas como vemos nos filmes de romance ou nos livros por aí. Você tem o direito de dividir essa responsabilidade, você mais que ninguém, senhora advogada, sabe de tudo isso que eu estou te falando, ou você vive em uma bolha? 一 Não era possível, que em pleno século 21 a amiga pensasse daquela forma, filhos não se fazem sozinhos, a menos que sejam planejados em vitro para aquilo com contratos assinados e toda aquela burocracia. Era justo ela abrir mão de tanta coisa, mesmo que fosse por um breve momento, e ele continuasse na vida boa e prosperando para um futuro brilhante? Na cabeça de não era!
一 Eu escolhi ter essa criança, então eu vou assumir todas as responsabilidades, tá ok? Não quero mais falar disso, eu já pensei em todas as possibilidades que eu tinha, e a melhor solução, eu vou ter esse bebê e eu vou ser uma ótima mãe e ponto final.

Aquela conversa estava mesmo enjoando , muitas coisas estavam enjoando ela naquela fase da gravidez e foi aquilo que fez com que ela descobrisse que estava gerando uma vida em seu ventre, Mas aquela conversa não levaria ninguém a lugar nenhum. Só contou para que teria um filho e seria mãe solo, porque ela era a única pessoa com quem ela verdadeiramente naquela cidade, claro que contaria a seus pais, mas eles também não moravam ali, estavam em uma cidade muito muito distante, então seria fácil fazer uma ligação e contar, pior mesmo era aquele cara a cara, ver a pessoa julgando aquela decisão, que embora, ela soubesse que a amiga estava com a razão, já tinha debatido todas aquelas coisas em sua mente, e a resposta era aquela e ninguém mudaria aquilo. Sabia também que não seria fácil, continuaria na faculdade o quanto aguentasse, mas sabia que teria de trancar o curso antes de finalizar, e a única coisa que a deixava contente era que trabalhava em uma empresa que garantia direitos trabalhistas para mulheres gestantes. Mesmo que não conseguisse seguir seus sonhos profissionais, continuaria trabalhando e lutando para ter uma vida boa e dar uma para aquela criança também.

A gestação não foi a coisa mais fácil que enfrentou na sua vida, e embora tivesse que lidar com os enjôos matinais, pelo cheiro do feijão cozinhando e quaisquer fruto do mar que encontrasse pela frente, pessoas cuidando da sua vida, perguntando sobre o pai e o que ela faria dali em diante, não foi a coisa mais difícil pela qual passou. Ter de trancar a faculdade foi de longe a coisa mais dolorosa em todo aquele processo, a dor do parto foi horrível, mas passou, foi uma dor que ela nunca sentiu, mas quando passou lhe trouxe uma alegria muito grande então foi algo que compensou, mas a faculdade doía todos os dias, era o sonho dela, que ela teve de parar de sonhar, talvez pudesse retomar no futuro, mas enquanto sofria as dores e os amores se criar uma criança - sozinha - não conseguia nem pensar em conciliar qualquer coisa que fosse além de manter aquele ser humano vivo e continuar no seu trabalho que dava uma vida razoavelmente confortável para os dois.
Os anos foram passando e as prioridades de também, ao invés de viajar para outros países, que também era seu sonho, pagou médicos e a escola de seu filho, ao invés de gastar com um look novo para ela, aquele que ela vinha namorando na vitrine todas as vezes que passava pela mesma loja no final da rua, comprava meias e camisetas novas para o filho, brinquedos e tudo o que conseguia dar de melhor a ele. Quando o pequeno Noah completou seus 5 anos, não se lembrava mais de como era a vida antes dele. Parecia que sempre viveu com ele, era uma dor absurda ser mãe, ninguém contava das inúmeras noites em claro, dos choros na madrugada de exaustão e por não conseguir estar com ele em todos os momentos, por ter que colocar muito na escola para que conseguisse continuar trabalhando, a dor que era quando ele adoecia, se machucava ou se negava a comer o legumes, que o médico recomendou para fortalecer suas vitaminas. Não era fácil e nem lindo ser mãe, mas se ela pudesse voltar no tempo, não tomaria outra decisão diferente, em todas as probabilidades daquela vida, ela sempre escolheria ser a mãe do Noah.

— Noah, não incomode o moço! — chamou a atenção do filho que corria no supermercado e parou exatamente em frente ao homem que estava de costas para ela.
— Ele não está me incomodando. — O homem se virou e perdeu as forças nos joelhos, derrubando a cesta com as frutas que carregava.
— Mamãe, olha a bagunça que a senhora fez. — Noah disse juntando as laranjas que rolaram pelo corredor, era uma diversão para ele. Mas os adultos estavam imóveis, petrificada olhando para o rosto do homem e ele igual a ela, ainda mais depois que a palavra "mamãe" saiu dos lábios do menor. — Ei, olha a minha laranja moça…
escutou o filho chamar a atenção de outras pessoas e resolveu que não tinha tempo para ficar petrificada, tinha um filho para cuidar.
— Noah, isso são modos? — Ela arrumou a cesta e recolheu as frutas que estavam próximas a ela, pegando o objeto e indo até o menor, se desculpando com as pessoas que ele estava chamando a atenção e também que tropeçaram nas coisas no chão.
! — Ela ouviu aquela voz que sempre amou que chamasse pelo seu nome, a chamando. E seu coração apertou fazendo com que umas lágrimas saíssem.

Não quis olhar para trás, nem terminar as compras. Pegou Noah nós braços, largou a cesta em qualquer lugar e saiu às pressas do supermercado, outro dia voltava ou em outro horário, só não queria encarar aquele homem e as muitas perguntas que vinham com ele como "como você está" "você se casou" "como sua vida está" "onde fica seu escritório" e essas muitas coisas que ela, exceto essa última que ela trocaria por emissora, faria para ele se estivessem em lados opostos.

, você está fugindo de mim? — Escutou a voz dele muito perto, depois que afivelou o cinto do filho na cadeirinha no banco de trás.
— Não, eu tenho um compromisso. — Ela tentou se explicar e entrar no carro ao mesmo tempo, mas foi impedida pela não dele que segurava a porta.
— Você ainda é uma péssima mentirosa. — Ele sorriu e ela quis bater com a cabeça no automóvel, era incrível como depois e apesar de tudo, ainda era perdidamente apaixonada por aquele sorriso. E aquele homem em um todo, talvez mais francamente fosse por isso que ela estivesse fugindo na verdade e não por medo de responder aquelas perguntas que estava cansada de responder sempre que encontrava algum colega do colégio.
— Eu não quero criar uma cena na frente do meu filho. — Ela disse e dessa vez estava falando a verdade, fora que morava ali perto e frequentava aquele supermercado há muito tempo também, era o meu perto e o com melhor custo benefício da região, não queria criar uma cena e ficar com vergonha de voltar ali.
— Vamos marcar um café então, eu estou de volta, quero muito ter uma conversa com uma velha amiga. — entendeu que ela realmente não queria falar naquele momento e não desrespeitaria de forma nenhuma aquele sentimento.
— Pra que ? Claramente não fazemos mais parte da vida um do outro e…
— Eu estou de volta , consegui um trabalho como âncora e redator chefe aqui, eu sei que nossas vidas não são as mesmas. — Aprontou com a cabeça para o menino que brincava com bonequinhos de super herói na parte de trás do carro. — Mas acho que a gente podia se dar essa chance de uma nova aproximação, você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, desde sempre. — conseguia sentir a verdade naquelas palavras, mas era difícil, já tinha criado uma rotina e um esquema de criação do filho até que ele se tornasse alguém independente, não queria bagunçar tudo agora e sabia que ele tiraria tudo de ordem com aquela reaproximação.
— Aqui, me passa seu número, a gente marca quando eu tiver um tempo. — preferiu entregar seu celular para que o rapaz anotasse seu número, assim, ele não conseguiria entrar em contato em qualquer momento e a deixaria ir.

XXX


— Quem???????? — quase cuspiu o café quente que tinha acabado de colocar na boca.
— Naquele mercado enorme que tem lá perto de casa, você acredita? — tomou um gole do café dela enquanto via a cara de incredulidade da amiga.
— E aí? Vocês conversaram? — estava curioso, ela mesma não tinha tido nenhuma notícia do rapaz e nem tido nenhuma informação de que ele estaria de volta.
— Não, eu estava com o Noah e foi uma bagunça, que nem as minhas compras eu fiz. — Foi sincera, sabia que não precisava esconder nada da amiga.
— ELE VIU O NOAH E VOCÊ NÃO CONTOU PARA ELE? — gritou, atraindo a atenção de algumas pessoas que estavam naquela cafeteria, para elas.
— Ah claro eu ia falar "oi , quanto tempo, como está a vida? Aliás, esse aqui é o Noah, seu filho, foi um prazer te ver" revirou os olhos e queria simplesmente socar a cara dela, como quis naquela época em que descobriu que estava grávida, quanto tempo mais aquela mulher fugiria daquela conversa.
, de sabe que eu te amo, não sabe? — Pegou as mãos da amiga e respirou fundo. — Ele está de volta, e você querendo ou não, ele tem direitos e deveres para com o Noah, ele é o pai dele, você está conseguindo me entender, eu sei que sua vida não tem sido fácil e mais essa dor de cabeça pode ser uma coisa sufocante, mas você é uma pessoa adulta, mãe, você é responsável por uma vida, você não pode simplesmente fingir que isso não está acontecendo, você tem que agir como uma pessoa adulta e responsável. — Aquelas eram palavras que não queria ter de falar para a amiga, mas como ela estava agindo como uma adolescente inconsequente, e elas tinham aquela intimidade, resolveu ser sensata e dar um sacode.
— Ele só tem direitos e deveres de ele descobrir que é o pai…
— Francamente , você acha que ele não vai te procurar mais ou tentar se aproximar e quando ele descobrir a idade do seu filho, não vai no mínimo cogitar? sempre foi muito inteligente, mas eu já dei minha opinião, você quem sabe. — Largou a mão da amiga e voltou a atenção para a sua bebida, ainda cogitando a possibilidade de terminar aquela amizade ali. Sabia que a amiga quem decidia como seguir sua vida e levar seus problemas, mas aquela teimosia era uma atitude que não afetava somente a ela e ela tinha que ser capaz de enxergar aquilo.

O papo entre elas mudou de rumo, mas sabia que devia fazer aquilo e não por uma paternidade assumida, mas pelo seu filho, se resolver aparecer mais vezes na sua vida e seu filho descobrir no futuro, aquilo podia minar a relação deles e aquela relação era a única que ela não queria estragar, não queria tirar o direito do filho da ter um pai, caso o pai em questão, depois de tudo, queira conviver com ele. Aquela semana foi totalmente improdutiva, estava com aquilo corroendo suas ideias e precisava resolver aquilo, quanto mais demorasse seria pior, tinha o contato dele, precisava ter certeza se ele ficaria por lá, se queria e teria o compromisso com aquela criança, e se não também, estava tudo bem, estavam vivendo bem sem ele até ali.

Para novo:

"Podemos nos encontrar amanhã às 20:00 no frank's?"

De novo:

"O frank's ainda existe, que maneiro. Podemos sim, acho que não tenho nenhum compromisso, mas eu te confirmo em cinco minutos"

pensou que se ele tinha compromissos marcados, podia ser só uma viagem de negócios e já tinha se arrependido daquela mensagem, não queria incluir na vida do seu filho um pai que existia mas que era tão ausente quanto o pai que ele nunca conheceu. Mas agora teria de encontrar com ele se ele confirmasse é claro, que desculpa daria?

De Novo:

"Combinado, nos encontramos às 20:00 no frank's, te vejo amanhã"

Ela nem respondeu, só travou o celular e ficou olhando para o teto que estava lotado com estrelas neon, aquelas que ela grudou com o filho no teto do quarto dele no aniversário de três anos, que ele tinha ganhado de , mesmo sabendo que era extremamente brega. Noah dormia tranquilo, tinha ido ao futebol aquela tarde e sempre que ia, voltava tranquilo, era um bom negócio para os os, ele se divertia e gastava toda a energia que tinha pela noite, quando ficava por pelo menos uma hora e meia correndo pela casa enquanto ela terminava os afazeres domésticos. Pegou no sono ali mesmo, na cama de carrinho que o filho tinha no quarto, que era pequena, mas sempre coube muito bem os dois, não era a primeira vez que adormecia ali, embora o espaço fosse pequeno, podia afirmar com toda a precisão que aquele era o móvel mais confortável da casa. Talvez fosse porque estava perto de seu filho, mas aquilo não vinha ao caso, era uma mãe coruja, sincera e amorosa sim, e nada nem ninguém poderia mudar aquilo.

O dia passou como um foguete para desespero de , que estava rezando para aquele ser mais um dos longos dias que aquele mês interminável tinha, mas quanto mais pensava no encontro daquela noite, mais nervosa ficava e mais rápido as horas passavam.

Para :

"Já são 20:03, acho que ele não vem, pode arrumar as coisas do Noah, que eu já estou indo ai buscar ele"

De :

"Você por acaso nasceu de cinco meses? Pelo amor de Deus , aquiete seu facho aí, e espera mais um pouco, eu ein"

Para :

"Isso é o destino mostrando que eu devo deixar as coisas como estão"

De :

"Que mané destino, isso é o trânsito, não conhece mais o trânsito da cidade que mora não? Tenha a santa paciência , se você aparecer aqui em menos de uma hora, eu tranco tudo e finjo que estou dormindo. Vai ficar de castigo sem ver seu filho hoje, você quem sabe"

Para :

", você por acaso me odeia?"

De :

"Pelo contrário, te amo o suficiente para não deixar que desista agora"

Para :

"Se ele não chegar em meia hora eu vou embora"

De :

"Ok"

Para :

"Boca maldita, ele acabou de chegar"

E estava lindo, nunca deixou de ser, sabia daquilo, porque ele exalava a mesma beleza de quando namoravam ela ousava dizer que ele estava ainda melhor, talvez por estar mais elegante, com a barba mais cheia e a pele um pouco mais bronzeada, mas algo nele estava o deixando mais lindo.
Viu quando ele cumprimentou o Frank, o dono do restaurante que sempre estava no balcão e procurou com os olhos a mesa em que a mulher estava e abriu um sorriso enorme quando a encontrou. Caminhando até a mesa, parecia que flutuava, não entendia porque continuava o enxergando daquela maneira, será que era a fantasia adolescente que nutria por ele, ou o que?

— Oi . — Ele a cumprimentou sem tocar nela e se sentou a sua frente.
— Oi , quanto tempo. — Sorriu, mas não tão aberto quanto ele, precisava focar para conseguir falar tudo o que queria falar.
— Uau, você continua tão linda quanto na minha memória. — Ele soltou com uma suspiro, olhando para os olhos dela.
, eu não acho que a gente devesse começar assim a nossa conversa. — não precisava daquele tipo de distração ou flerte naquele momento.
— Me perdoe, você deve estar casada agora e isso foi muito inapropriado da minha parte. — Ele se desculpou e ela sabia que estava envergonhado pela forma que movia suas orelhas.
— Não é por isso, eu não estou ou sou ou fui casada, não que isso importe agora, o que acontece é que eu preciso te contar uma coisa e se você continuar falando esse tipo de coisa só vai me distrair e me fazer perder o foco.
— Meu Deus, isso parece ser grave. Pode me falar, eu aguento. — Ele arrumou a postura na cadeira para uma mais séria do que estava antes e continuou olhando para ela.
— Antes de mais nada, eu preciso que seja sincero comigo , você voltou somente para uma temporada, para visitar, por negócios ou para ficar? — Aquela era a maior e mais crucial dúvida dela naquele momento.
— Uau, isso foi um pouco inesperado, mas ok, eu voltei porque recebi uma proposta para ser o âncora oficial do jornal da manhã e eu aceitei, então, não sei te garantir um futuro distante, mas para esse momento, eu voltei para ficar. — O tom dele era calmo e aveludado e queria morar lá dentro, era odioso como aquele homem ainda mexia tanto com ela.
— Certo, certo! — Ela ficou extremamente nervosa, o que viria a seguir era muito mais assustador, ela torceu internamente para que ele respondesse que estava ali de férias e que voltaria para a sua vida normal em duas semanas.
— Tá tudo bem, ? Você ficou pálida, esse não é um encontro para falar que você tem 5 meses de vida,é? — Ele ainda conseguia ler ela como ninguém, e aquilo era mesmo muito muito cansativo, levava ela para aquela realidade linda e com o futuro, que agora era seu presente, totalmente diferente.
— Não é isso, eu… você…. Meu Deus, como isso é difícil, complicado e talvez você não entenda ou eu não saiba explicar, mas, senhor, eu…
, respira, você está me assustando, o que aconteceu? — Entregou um copo com água para ela que tomou, precisava engolir as palavras para poder dizê-las novamente, com alguma coerência.
— Primeiro eu acho que te devo desculpas. — Respirou fundo. — Bom não sei mesmo se deveria, porque achei que não voltaria mais pra cá, então, eu continuaria vivendo a vida que eu escolhi viver, mas agora você está de volta para ficar e…
, foco, eu entendi, me fala o que foi e eu te falo se eu preciso das suas desculpas ou não. — tentou manter o controle da conversa, sabia que não conseguiria ter foco sozinha, ainda mais nervosa daquela maneira que estava.
— O Noah é seu filho! Ela disse de uma vez e o silêncio reinou entre eles, primeiro para que ligasse aquele nome ao garotinho que estava chamado a mulher de mãe no episódio em que se viram. Depois pelo baque de que ele tinha um filho.
— O que? Como? — Estava realmente muito confuso com aquilo. Semana passada estava vivendo a vida que vivia há mais de seis anos, era um homem solteiro, e sem filhos e depois de meia hora em uma conversa estranha com sua ex, era pai de uma criança.
— Então… Eu descobri que estava grávida depois que você já tinha viajado, provavelmente daquela nossa despedida, e eu decidi que teria meu filho, tive que abrir mão de algumas coisas e estava vivendo bem, até você voltar e a abrir meus olhos para que se fosse o caso de você voltar e ligar a idade do Noah com toda a nossa história e era o certo também. Entenda , eu não estou te contando isso para te cobrar nada e muito menos exigir qualquer coisa. Eu só achei que era o certo a fazer, já que está de volta e por isso a primeira coisa que eu te perguntei foi sobre isso. — Embora ainda estivesse extremamente nervosa, julgou ter se expressado muito bem.
— E se eu não voltasse você nunca ia me dizer que eu tenho um filho? — Foi a única coisa que ele conseguiu pensar naquele momento, com aquela explicação.
— Exatamente, você tinha a sua vida longe daqui, não era justo jogar a responsabilidade da minha decisão nas suas costas, e você nunca ia descobrir, não tínhamos contato, não é mesmo? — Ela dizia aquilo como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Um filho não é uma responsabilidade unilateral , quem te ensinou que só porque você resolveu ter essa criança, a responsabilidade e a obrigação eram só suas? Não faz o menor sentido isso que você está me dizendo. — não conseguia entender aquele argumento dela, embora ele soubesse que ela era aquele tipo de pessoa, que resolvia seus problemas sozinha e tentava incomodar menos possível as outras pessoas.
— A me disse isso, mas vocês nunca vão me entender…
— Claro que não vamos, isso não tem o menor cabimento, e como você acha que eu vou conseguir me inserir na vida do meu filho agora? Ele já tem o que, 5 anos? — O Tom de estava um pouco mais duro, porém, sem escândalos ou qualquer coisa do tipo, ele estava apenas chateado e desacreditado.
— Você não precisa se não quiser, eu…
— Como assim se eu quiser? Eu tenho tanta responsabilidade por essa criança quanto você, você não fez ele com o dedo, para de ser cabeça dura , não estou te invalidando como família dele, e muito menos acho que você deixe faltar qualquer coisa para ele, mas eu sou o pai e acho importante uma figura paterna e alguém que possa te ajudar nessa caminhada, aposto que nem terminar a faculdade você conseguiu e seus sonhos , você acha que os meus sonhos e as minhas conquistas são mais importantes que as suas? Pois está muito enganada, você merecia esse apoio e seguiríamos com nossos sonhos e a nossa família, eu podia me virar aqui e talvez demorasse um pouco mais, mas eu conseguiria chegar onde estou hoje. Eu não acredito que você tenha feito e passado por isso sozinha. — Havia cansaço na voz dele, e em seu semblante também, no fundo, o medo de ter que contar para ele aquilo, depois de tantos anos, era por aquilo, por ele achar que ela achava que ele não tinha competência suficiente para assumir aquela responsabilidade e embora, talvez, lá no fundo, ela achasse aquilo, ficou extremamente gritante naquelas palavras.
— Eu… — Respirou fundo, se sentia cansada também de tudo aquilo. — Eu sinto muito . Eu só, a gente não tinha mais, me desculpe.
— Eu só vou conseguir te desculpar, quando a gente contar a verdade para ele. — O tom dele estava mais ameno e embora ainda tivesse chateado, era hora de pagar o tempo perdido.
— Tudo bem, eu sabia que essa conversa poderia levar para esse lado, vamos marcar um dia para que vocês se conheçam e depois a gente conta, pode ser? Se eu chegar com o "moço do mercado" lá em casa agora falando que é o pai dele, acho que ele pode ficar confuso. — Ela tomou mais um pouco de água, tinha perdido toda a fome.
— Certo, tudo bem, vamos ver um final de semana que vocês estejam livres. — Ele pegou o cardápio e começou a passar o olho. — O ravioli daqui continua sensacional? — Perguntou de maneira confortável e mais amigável.
— A receita é a mesma, mas não é mais a senhora Jules que faz, ela já está com a idade avançada, então, está um pouco diferente, eu recomendo o linguini, esse o Frank nunca erra.

Ele fez o pedido e eles começaram a conversar sobre outras coisas da vida, iriam se ver e conviver com mais frequência, precisavam saber como as coisas estavam naquele momento e se conhecerem novamente, claramente não eram mais os e de quando tinham um relacionamento. O papo foi bom, esclarecedor e os deixou muito mais próximos.

O domingo que eles tinham marcado para que conhecesse Noah tinha chego, estava igualmente nervosa ao dia que foi contar tudo para o mais velho. Mas aquele encontro colocaria mais coisas em risco, colocaria a confiança e talvez os sentimentos que o filho tinha por ela e ela realmente não queria nem pensar em perder aquilo.

— Noah, você lembra o que a mamãe te disse? — disse ao filho ajeitando o casaco de jacaré que ele vestia.
— Sim mamãe, não ficar falando somente de dinossauros. — Ele abriu um sorriso enorme, falar de dinossauros era realmente o Hobbie dele.
— Tá certo! E o que mais? — Ela perguntou colocando a bolsinha de dinossauro nas costas dele.
— Ãan, que a gente vai se encontrar com um amigo da senhora e que vocês vão me dar uma surpresa. — Os olhinhos de Noah brilhavam, ela sabia que ele estava com expectativas altas.
— É quase isso, a parte do amigo tá certo, mas a gente vai te contar uma coisa que pode ser uma surpresa para você. — Corrigiu o filho para que ele não pensasse que ganharia um presente.
— Isso, isso mamãe, agora vamos, eu quero ver os pinguins. — O pequeno saiu puxando ela pelo braço e praticamente arrastando a mulher para o aquário.
Assim que passaram a catraca da entrada, estava esperando por eles com uma grande pelúcia de dinossauro nos braços, tinha contato muitas coisas sobre o filho, naqueles dias que precederam o encontro, e se mostrou atencioso se lembrando que o menino gostava daquilo.
— Olha mamãe, é o moço do mercado. — Ele apontou para o homem, que abriu um sorriso ainda maior quando ouviu que o pequeno se lembrava dele.
— Olá mocinho das laranjas. — Ele cumprimentou o menino que também sorria.
UAU VOCÊ TEM UM ESTEGOSSAURO!!! — O tom do menino estava um pouco mais alto agora, mostrando para a mãe o animal de pelúcia que o homem carregava.
— Ah, então esse é um Estegossauro? — olhou para o bicho em suas mãos e sorriu, não sabia qual espécie aquele dinossauro era, pegou porque achou fofo.
— Sim, você não sabia? — Noah perguntou como se fosse óbvio e continuou falando quando balançou negativamente sua cabeça. — As características principais dele são as costas e a calda cobertas por espinhos, olha… — Ficou na ponta do pé para alcançar o objeto e apontar para as espinhas de pelúcia nas costas do brinquedo, ajudou o pequeno, se abaixando e deixando o objeto na altura exata para que ele conseguisse seguir com a sua explicação de forma mais confortável. — Essas espinhas eram mortais e ele também é um dos dinossauros mais conhecidos que viveram no planeta Terra,é um membro notável da grande família dos dinossauros jurássicos. Como assim você não conhece? — Os olhos dele brilhavam enquanto contava ao homem a sua frente a história sobre aquele dinossauro.
— Uau, isso é incrível, você é muito inteligente. — Estava mesmo surpreso como um garotinho com pouco mais de cinco anos sabia tudo aquilo.
— Dinossauros são super incríveis. — Todos que ouviam o menos falar dos dinossauros sabia que ele era apaixonado por eles. E quem conhecia mesmo Noah, sabia que se deixasse ele só falava sobre aquilo.
— Eles são, filho, mas sabe quem também são? Os pinguins e eles estão esperando por nós, aliás, esse é o , o amigo que a mamãe te disse. — disse para que o filho não ficasse a tarde toda falando de dinossauros.
— A surpresa era o Estegossauro, mamãe? — Noah perguntou olhando para o rapaz agachado à sua frente e para a sua mãe em pé ao seu lado.
— Não, mas ele é seu, eu trouxe para você! — entregou o dinossauro de presente para o garotinho que faltou brilhar de tanta alegria.
— Esse eu ainda não tinha mamãe, você viu? Falta pouco para completar a minha coleção. — Ele apertava feliz o brinquedo e aquilo encheu o coração de de felicidade e amor, amava aquela criança mais que tudo na sua vida e ver como ficou feliz com aquele presente, se sentiu melhor contando a verdade para e dando a oportunidade de seu filho ter o melhor que a vida podia dar para ele, ter uma mãe que o amava infinitamente e também um pai, que podia fazer com que ele fosse feliz também.

Passaram o dia todo no aquário e Noah contou tudo que pode e até um pouco mais, do que sabia sobre os dinossauros, principalmente os matinhos, porque estavam inseridos naquela temática. E ouviu tudo com empolgação e dando a atenção que a criança demandava, era lindo de ver, as energias se conectaram de cara e embora Noah fosse extremamente sociável e educado, era difícil criar uma conexão com alguém tão rápido daquela maneira. Eles viram amigos com um piscar de olhos, pensou que talvez fosse melhor contar a ele quando tivessem mais próximos e com mais intimidade, mas também ponderou, talvez ele ficasse confuso - mais do que ele já ia ficar - pensando que a mãe só disse que aquele homem eram seu pai, porque eles eram amigos agora e que quando ele arrumasse outro amigo adulto, esse "pai" poderia mudar de pessoa, julgou aquele ser o momento certo, e ele escolheria se queria ou não ter um pai em sua vida e eles decidiriam juntos como fariam aquilo.

— Filho, a mamãe tem uma coisa para te falar. — disse depois que colocou Noah sentado no sofá da casa em que moravam ao lado de .
— Pode falar mamãe. — Pegou a mão dela com as mãozinhas dele e abriu um pequeno sorriso.
— Lembra que um dia você me perguntou porque algumas outras crianças tinham papais e você não e a mamãe disse que um dia te explicaria tudo? — Ele balançou positivamente a cabeça. — Esse momento chegou, você tem um pai, claro que você sabia disso, porque todos nós precisamos de um pai e uma mãe para nascermos, correto? Então, o seu pai não estava conosco, porque ele estava fazendo uma coisa muito importante em outro país e a mamãe não quis estragar isso, então eu cuidei de você sozinha por um tempo. — Noah olhava atento, mesmo sendo ainda muito jovem, era um garoto esperto e aquele assunto sobre seu pai, era um assunto que ele tinha interesse desde começou a perceber que sua família era um pouco diferente da de alguns de seus amigos. — Não foi culpa dele, eu não quero que fique chateado com ele por conta disso, tá bem? — Ele balançou a cabeça positivamente, outra vez. — Esse aqui é o , eu e ele namoramos por algum tempo até ele arrumar um emprego em outro país, e seguir sua carreira lá, agora ele vai trabalhar aqui, no jornal da manhã e ele é o seu papai.
Noah segurou a mão dela mais firme por um minuto e arregalou os olhos.
— Meu… Meu papai? — Ele disse sem acreditar muito.
— Sim e a mamãe vai entender se você precisar de um tempo para compreender tudo isso e se aproximar dele. — Falou em um tom confortável, para que o filho não entrasse em choque com aquela informação.
— Eu tenho um papai agora? — Ele perguntou dessa vez olhando para , que estava calado desde começou a contar para o filho tudo aquilo.
— Só se você quiser que eu faça parte da sua vida, se não, eu posso ajudar a sua mamãe e quando estiver pronto, a gente se aproxima. — disse olhando para o pequeno que não tirava os olhos dele.
— Hoje foi o melhor dia da minha vida! — Noah disse animado depois de algum tempo em silêncio. — Vimos os pinguins, ganhei um Estegossauro, comi lanche e ganhei um papai. — A empolgação na voz dele fez o coração de se acalmar, estava a beira de um colapso, aquele tinha sido o momento mais difícil da sua vida até ali.

Claro que aquela conversa e a introdução de na vida dele não parou por ali, fizeram terapia juntos, passaram mais tempo juntos também e pouco a pouco foram criando uma conexão inexplicável, eles pareciam que se completavam, ninguém dizia que eles passaram mais de cinco anos longe um do outro. No aniversário de seis anos de Noah, o relacionamento pai e filho já estava forte e só podia agradecer a Deus por aquilo, seu filho estava extremamente feliz e talvez, ter o pai ali, ao lado dele enquanto assoprava as velas de seu bolo, estivesse realizando algum pedido que fez em algum de seus aniversários. Ela sabia que ele sentia o peso de não ter um pai e de ser "diferente" da maioria das crianças que ele conhecia.

— Você fez um ótimo trabalho. — disse fechando a porta do quarto de Noah, depois de tirar os sapatos do filho depois de colocar ele já adormecido em sua cama.
— Você está fazendo um bom trabalho também. — Ela devolveu o elogio. Não tiverem muito tempo para conversar naqueles meses que se seguiram desde o reencontro deles. A vida adulta era sufocante o suficiente.
— Você quer sair comigo qualquer dia, pra gente jantar ou tomar um drink? — Ele foi direto, tinha perdido muito tempo longe da vida dela que não queria mais perder tempo ali, aquela aproximação mostrou para ele, o quanto ele ainda a amava e como ele queria cuidar melhor do amor da sua vida e mãe do seu filho.
— Está me chamando para um encontro? — ajuntava os balões que estavam espalhados pela casa para ajeitar o lugar depois da festa.
— Acho que sim, sabe, eu nunca te esqueci e agora temos um filho juntos, acho que podemos tentar, não acha? — Aquele tom quente quando queria alguma coisa, era a característica dele e o ponto fraco dela.
— Acho que podemos tentar e se não der certo, a gente continua amigos, pelo Noah, combinado? — Ela também não era besta, sabia que eles ainda tinham alguma coisa e sentiam algo um pelo outro.
— Combinado, te pego amanhã às 20:00? — Ele ajudava ela a arrumar a casa enquanto conversavam.
— Pode ser, ou se quiser, você pode dormir aqui hoje e amanhã cedo a gente combina. — disse sorrindo enquanto colocava o lixo no saco que ele segurava.
— Eu topo.



FIM.



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? EU A M O EM ABSOLUTO CADA PEDACINHO DESSA HISTÓRIA E ESPERO DO FUNDO DA MINHA ALMA, QUE VOCÊS GOSTEM TAMBÉM!!!!! Noah com os dinossauros dele acabam comigo legal.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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