Finalizada em: 23/07/2021

Capítulo 1

entrou no elevador e apertou o número 5 que indicava seu andar. Era bom finalmente estar em casa depois de um dia intenso de gravações de seu próximo álbum.
O relógio já marcava 3:45 da manhã quando o elevador parou indicando que chegara no seu andar. Assim que a porta se abriu, deu de cara com um homem de jaqueta de couro e cabelos meio bagunçados, não era a primeira vez que encontrava esse mesmo cara. Eles se cumprimentaram apenas em sinal de educação e seguiu para seu quarto.
Deixou seu violão no canto do quarto e foi direto para o banheiro, um banho era o que ele precisava.
Saiu com uma toalha enrolada na cintura, bagunçando os cabelos molhados. Colocou uma boxer e ligou o rádio num volume baixo. Acendeu um cigarro e foi até a varanda, se debruçando na grade.
gostava de observar a cidade esse horário da noite, era tudo sempre tão quieto, mesmo vivendo em Nova York, a cidade que nunca dorme, naquelas redondezas onde morava, tudo parecia diferente.
O silêncio foi interrompido por uma voz feminina cantando alguma música que ele não conhecia. Era uma voz muito bonita, não usou seu ouvido de músico para avaliar se era boa ou não, apenas admirou.
Ao ouvir o som das janelas do apartamento ao seu lado se fechando e a voz diminuindo, presumiu ser a voz de sua vizinha à esquerda.
estava em Nova York fazia pouco mais de dois meses. Havia se mudado para poder se dedicar mais a sua carreira de músico. nasceu numa cidadezinha do interior da Inglaterra, onde ser músico nunca era levado a sério.
Um dos seus vídeos que postava na internet acabou parando nas mãos desse produtor americano que o convidou para entrar em sua gravadora. Depois de muitas reuniões, eles fecharam contrato e aqui estava ele.
Como fazia pouco tempo que estava no lugar, não conhecia muitos lugares ou pessoas de seu prédio, um dos desconhecidos era sua vizinha. A única coisa que sabia sobre ela é que também não dormia cedo, e quase sempre tinha companhia mas nunca passavam toda a noite. E agora descobrira que ela tinha uma bela voz também.
Logo que terminou seu cigarro, voltou para o quarto e fechou a porta que dava para a varanda, fechando as cortinas em seguida.
Se jogou em sua cama, permitindo que o cansaço tomasse conta de seu corpo, logo o fazendo pegar no sono.

Capítulo 2

já estava no estúdio há horas, estavam gravando a linha do baixo de uma das faixas, ele estava parado, então decidiu ir até a cafeteria da esquina tomar um café.
Estava um dia ensolarado mas o vento frio não deixava ficar uma temperatura insuportável, entrou na cafeteria e se sentou em uma mesa aos fundos, não tinha ido lá ainda. Geralmente estava ocupado com as gravações e quem ia era algum assistente do pessoal da gravadora.
Logo avistou uma mulher de cabelos escuros bagunçados vindo em sua direção. Ela era realmente muito linda.
- Boa tarde, no que posso lhe ajudar? - Ela disse, sorrindo.
- Boa tarde, gostaria de um capuccino e um muffin de chocolate, por favor.
- Ok, mais alguma coisa?
- Não, obrigado. - Sorriu para ela, recebendo um sorriso de volta, ela era mesmo linda.
- Logo trago seu pedido. - Ela se virou e deu um passo em direção ao balcão, mas depois de um tempo voltou até a mesa. - Aliás, gostei do seu cabelo. - Ela sorriu e saiu antes que pudesse agradecer.
O cabelo de estava uma bela bagunça, em meio a uma das noites depois de chegar tarde do estúdio e estar muito chapado, ele e seu guitarrista pediram para a irmã dele pintar seus cabelos, o guitarrista escolheu azul, um clássico, mas quis ser mais ousado e pintou de vermelho. Ele já não dava a mínima para a opinião alheia. Ele havia gostado muito de como tinha ficado e isso que importava.
Um tempo depois, a garota voltou com o seu pedido em uma bandeja.
- Não tive tempo de agradecer pelo elogio antes, então, obrigado. - Deu risada, sendo acompanhado por ela.
- Não por isso, se precisar de alguma coisa é só me chamar.
Ela seguiu para outra mesa e ele continuou a observando, ela era mesmo muito linda. As mangas da camisa do uniforme dobradas até a metade de seus braços deixava algumas de suas tatuagens à mostra, o que a deixava mais incrível. Uma pena ele não ter conseguido ver seu nome no crachá.
Após tomar seu café, deixou o valor da conta e uma pequena gorjeta na mesa, colocou a touca do moletom e voltou para o estúdio, onde passaria mais inúmeras horas até que pudesse voltar para sua casa.

*


acabara de adentrar em seu apartamento, soltou os cabelos e abriu os botões de sua blusa se jogando em sua cama em seguida.
Tinha dias que seu trabalho a matava lentamente, este tinha sido um deles. Muito movimento era sinal de que teriam mais gorjetas e lucro no geral, mas andar o dia todo fazia seus pés a matarem quando chegava em casa.
Gastou um pouco de seu tempo em suas redes sociais enquanto seu corpo descansava. Nada de novo, apenas pessoas fingindo uma felicidade que não era real.
Logo foi para o banheiro onde tomaria um longo e relaxante banho. Não tinha planos para esta noite, queria apenas descansar e assistir um filme qualquer até que pegasse no sono.
Colocou seu pijama confortável e curto, secou os cabelos e voltou para a cama, ao olhar o visor do celular viu uma mensagem de Steven, seu contato para emergências, também conhecido como sexo casual. Optou por não responder, não estava a fim disso naquele dia.
Pediu comida chinesa e escolheu alguma comédia romântica aleatória para assistir.
não era o tipo de garota que sonhava em encontrar o príncipe encantado, se apaixonar, se casar, ter muitos filhos e ser feliz para sempre. Ela apenas queria ser feliz e poder ser ela mesma.
Desde pequena era uma criança de personalidade forte, quando não estava pulando pela casa cantando alguma música que gostava, estava sentada em seu quarto desenhando. Passava horas e horas perdida em seu próprio mundo, criado entre papéis e lápis de cor.
Sonhava em trabalhar com arte, fosse música, pintura ou ilustração. Fazia um pouco de tudo mas era mais um hobbie do que uma profissão. Infelizmente o mundo real era bem diferente daqueles imaginários em que ela colocava no papel.
Sonhos não pagavam contas, muito menos se realizavam em apenas um bibdi bobdi boo. No mundo real você tinha que ter grana, e para ter grana precisava de um emprego, e este, nem sempre condizia com seus sonhos.
Após metade do filme e de comer sua comida, saiu até a varanda e acendeu um cigarro. Gostava de observar a cidade enquanto a nicotina fazia seu efeito e limpava todo o estresse do dia. Era incrível como aquele bairro era tranquilo mesmo ainda não sendo tão tarde da noite. Era completamente diferente do centro, onde trabalhava. Buzinas, carros com som alto e burburinho produzido por muitas pessoas em um mesmo lugar eram apenas sons distantes quando ouvidos daquela sacada. Ela havia realmente feito uma boa escolha quando se mudou para este prédio e para Nova York.
Após terminar o cigarro, fechou as portas da sacada e se deitou, não demorou muito para o cansaço do dia tomar conta de seu corpo e adormecer.

Capítulo 3

acordou atrasado para ir ao estúdio e apenas teve tempo para um banho rápido. Sair sem seu café da manhã era uma coisa da qual ele odiava.
Assim que chegou ao estúdio, cumprimentou todos os presentes e pediu para que gravassem outros instrumentos para que ele pudesse tomar seu café. Seu agente ofereceu para ir buscar, mas ele obviamente não perderia a oportunidade de ir à cafeteria e encontrá-la novamente.
Assim que entrou seu olhar encontrou o dela. Lá estava ela com seu uniforme e os cabelos presos em um meio rabo que a deixava com um ar mais juvenil.
Ele se sentou em uma mesa ao fundo novamente, podia não ser tão famoso nos Estados Unidos como era na Inglaterra, mas evitar qualquer situação que favoreça fofoqueiros era sempre bom.
olhava o cardápio distraído com seus pensamentos e todos aqueles tipos de cafés que não reparou quando alguém parou em sua frente.
- Bom dia, gostaria de fazer seu pedido? Moço? - Ela disse numa voz suave chamando a atenção de . Ao encarar a dona da voz se deparou com a mesma atendente da outra vez, agora com um grande sorriso no rosto.
- Me desculpe. - deu risada e ajeitou a touca do moletom na cabeça. - Vou querer um suco de laranja e panquecas, por favor. - Ele sorriu e a entregou o cardápio.
- Ok, logo volto com o seu pedido. - Ela se virou e foi até a cozinha.
Mais uma vez ele havia esquecido de observar se ela tinha alguma placa com o nome em seu uniforme.
Pegou o celular e perdeu alguns minutos deslizando pelas redes sociais até ver a mulher andando em sua direção com uma bandeja.
- Precisa de mais alguma coisa? - Ela disse após servir os pratos.
- É… sei que isso é meio chato mas... poderia saber seu nome? - ele perguntou meio sem graça, a fazendo rir.
- Eu sou . - Ela disse sorrindo.
- Prazer , - ele estendeu a mão para cumprimentá-la. - Mas pode me chamar de , é menos careta. - Ele deu de ombros e ambos riram.
- Prazer, . Se precisar de algo, é só me chamar. - Ela sorriu e seguiu para a próxima mesa.
Ótimo, agora o motivo de querer ir sempre a cafeteria tinha nome: . Era um belo nome.
Após tomar seu café, voltou ao estúdio, onde provavelmente ficaria pelo resto do dia.

*


Mais uma vez chegando tarde em casa depois de um longo dia no estúdio. Ao chegar em seu andar, novamente encontrara o mesmo homem de sempre saindo do apartamento vizinho. Às vezes se perguntava se este cara era mesmo apenas um estranho era na verdade um de seus vizinhos. Como passava o dia todo fora, não conhecia praticamente ninguém de seu prédio além do porteiro e o síndico.
Após um longo banho quente, foi direto para a cama. Respondeu às mensagens de sua mãe que provavelmente já estava dormindo há um bom tempo.
Estar nos Estados Unidos era ótimo, e era uma ótima chance para expandir sua carreira. Mas sentia saudade de casa, da sua família.
Após um tempo mexendo em seu celular, decidiu tentar dormir. O que não foi uma tarefa fácil. Mas depois de muito rolar pela cama, conseguiu pegar no sono.

Capítulo 4

A semana passou mais rápido do que pôde perceber. Era sábado e finalmente tinha recebido o fim de semana de folga.
Pela manhã resolveu fazer uma chamada de vídeo com sua mãe, que acabou virando algo com a família toda. Ele só percebia o quão grande era sua saudade quando ele os via assim.
sempre foi uma pessoa mais família e tímida. Quando criança ele foi alvo de bullying na escola por ser um pouco acima do peso, o que foi difícil mas o fez encontrar um lugar seguro na música.
Passou o resto da manhã em sua cama jogando vídeo game. Decidiu pedir algo no almoço, não estava a fim de cozinhar.
Ao pegar seu celular, viu uma mensagem de seu guitarrista. Estava o convidando para ir a um barzinho naquela noite. Fazia tempo que ele não saia e uma cerveja não cairia mal. Então aceitou o convite.

*


O relógio já marcava 9 horas da noite quando recebeu uma mensagem do amigo avisando que tinha acabado de chegar.

Ele estava com uma camiseta branca, calça e jaqueta jeans preta, seus habituais sapatos creepers e o colar de cadeado que já era sua marca registrada. não se importava com o que pensariam de suas roupas ou de suas unhas com o esmalte preto já descascado. Ele usava o que tinha vontade e não se importava com isso.
Logo chegaram ao bar. Era um lugar calmo e com música ao vivo. Fazia mais o estilo de , era mais fã desses tipos de bares do que de baladas lotadas.
Eles sentaram em uma mesa próxima ao bar e pediram as cervejas. No palco, o homem que tocava se despedia e anunciava a próxima atração. Após terminar de beber um gole em sua de sua cerveja, teve uma surpresa ao olhar para o palco.
Ali estava ela, , com os cabelos soltos, um vestido rodado florido e coturnos. Ele sorriu a vendo se ajeitar com o violão em seu colo.
Assim que começou a cantar ficou encantado, ela tinha uma voz incrivelmente linda e parecia gostar do que estava fazendo.
Após várias músicas ela se despediu do público, encerrando seu "set". Um tempo depois ele a viu caminhando até o bar.
Se virou para o amigo dizendo que já voltava, porém este já estava interessado em alguma mulher entre a multidão.
pegou sua garrafa vazia e foi até o bar onde pediu outra e parou mais próximo de .
- Então quer dizer que aos fins de semana você vira uma super cantora? - Ele disse fazendo a garota levar um pequeno susto.
- Ei, você! - Ela sorriu. - , não é?
- Isso mesmo. Você foi incrível, tem uma voz linda. - Ele disse, bebendo um pouco de sua cerveja em seguida. O comentário a fez corar.
- Obrigada pelo elogio - ela sorriu. - É um dos meus hobbies favoritos.
- Sério? E tem outros?
- Digamos que eu sou uma pessoa amante da arte de todas as formas. - Ela riu, bebendo um gole de sua cerveja.
- Desculpa ter chegado parecendo um stalker maluco, eu tenho um pouco de dificuldade de socializar com mulheres que eu acho bonitas. - Ele fez uma careta que a fez rir. - Fiz de novo, não é? Desculpa - foi a vez de ficar corado, a garota apenas ria.
- Relaxa, você parece ser um cara bem legal, e obrigada pelo elogio. - Ela sorriu.
- Está sozinha?
- Não - ela apontou uma mesa com algumas pessoas. - Estou com alguns amigos. E você?
- Estava com um amigo meu, mas ele já achou coisa melhor. - apontou com a cabeça para seu amigo e uma loira que conversavam animadamente na mesa onde ele estava antes.
- Poxa, isso é horrível - foi a vez dela fazer careta. - Pode ficar com a gente, se quiser.
- Magina, não quero atrapalhar. Acho que vou pra casa. - Ele colocou as mãos nos bolsos da jaqueta.
- Ah, qual é, vem. - Ela passou seu braço, entrelaçando ao de , o puxando até a mesa. - Pessoal, este é o , ele foi trocado por uma mina, então chamei ele pra ficar com a gente. - Ela disse, o apresentando para os amigos que logo o convidaram para sentar.
Os amigos de eram bem legais, pôde passar mais tempo conversando com ela e sabendo um pouco mais sobre ela, mesmo que pouco. parecia ser reservada.
Depois de um tempo, já estava cansado e querendo ir pra casa, então se despediu de todos recebendo vários pedidos para que ficasse, porém recusou todos eles.
Do lado de fora do bar ele acendeu um cigarro enquanto o Uber que havia pedido não chegava.
No caminho, pediu ao motorista que passasse em um drive thru para pegar uns lanches. Estava com fome e não havia nada pronto em sua casa.
Assim que chegou em seu prédio, agradeceu por finalmente estar perto de casa. Entrou no elevador e apertou o número do andar.
- Espera, por favor! - Ouviu uma voz falando e colocou a mão na porta, impedindo que ela fechasse e que a mulher pudesse passar - ? - Ele perguntou, se virando para a mulher.
- ? O quê? Você mora aqui? - Ela perguntou, surpresa.
- Sim, eu não acredito que moramos no mesmo prédio. - Ele deu risada.
- Parece que o destino insiste em nos fazer se encontrar de formas inusitadas.
- Parece que sim, desse jeito eu vou parecer cada vez mais um stalker. - Ele disse, a fazendo rir. Então o elevador parou no andar 5 indicando a chegada de seu andar. - Bom, é aqui que eu fico.
- Tá de brincadeira? Como assim? - Ela riu saindo do elevador.
- Espera, é você que mora no 57?
- Sim… por quê?
- Não acredito. - Ele riu. - Nós somos vizinhos. - Ele apontou o apartamento 58.
- Não acredito! - ela riu. - Como a gente nunca se viu?
- Bom, você saiu cedo e eu sempre chego muito tarde. Faz sentido - ele deu de ombros.
- Nossa, isso é muito louco. - Ela deu risada.
- Tenho sobrando, quer entrar pra gente conversar? - Ele disse, apontando o saco com os lanches em sua mão.
- Claro! Preciso conhecer meu vizinho! - Ela riu.

Capítulo 5

Eles estavam sentados na varanda de , cada um com um lanche nas mãos.
- Ok, você me disse que é britânico, mas há quanto tempo está morando aqui? - Ela perguntou, esticando as pernas.
- Faz uns 3 meses, desde então só saio para ir ao estúdio, passo o dia todo lá, por isso não conheço quase ninguém aqui. - Ele deu de ombros.
- Eu não fazia ideia de que você era cantor, e famoso! - Ela se empolgou na última palavra.
- Calma, não é pra tanto - ele deu risada. - Sou cantor, porém não famoso. Eu consigo passar despercebido, como aconteceu com você - ele riu terminando de comer o lanche.
- Ah, mas eu não sou parâmetro pra nada! Não estou por dentro das novidades. - Ela riu e se levantou. - Vai, toca alguma música sua pra mim - entregou o violão a e voltou a se sentar.
- Precisa mesmo ser minha?
- Mas é claro que sim! Anda. - Apoiou o cotovelo em uma das pernas e o rosto em sua mão o olhando.
começou a dedilhar acordes de uma melodia lenta.

I'm holding out
Estou aguentando
When I pass your house
Quando passo pela sua casa
I'm waiting on the weekend
Estou te esperando no fim de semana
I'm waiting on the weekend
Estou te esperando no fim de semana


Ele cantava com uma voz suave e olhos fechados, como quase sempre costumava fazer quando tocava essa música.

I contemplate the words
Contemplo as palavras
To make you feel safe and sound
Para fazer você se sentir sã e salva
Waiting on the weekend
Esperando no fim de semana
I'm waiting on the weekend
Estou te esperando no fim de semana


mantinha seus olhos fixos em e um sorriso nos lábios.

Will we ever meet again?
Voltaremos a nos encontrar?
Will you be stood waiting, right for your train?
Você ficará esperando, esperando seu trem?
Tomorrow, waiting on the weekend
Amanhã, esperando no fim de semana
Are you waiting on the weekend?
Você está me esperando no fim de semana?
Waiting on the weekend
Esperando no fim de semana

I spend four days messin' 'round in my head
Eu passo quatro dias mexendo na minha cabeça
Could she be my lover or is this pretend?
Ela poderia ser minha amante ou isso é fingimento?
Till then, I'm waiting on the weekend
Até então, eu estou esperando no fim de semana
I'm waiting on the weekend
Estou esperando no fim de semana
Waiting on the weekend
Esperando no fim de semana


Agora ele já não estava mais de olhos fechados, agora seus olhos encaravam os de , ele cantava essas palavras para ela.

She always looks so sad, and I don't know why
Ela sempre parece tão triste, e eu não sei por que
And all I wanna do is ask
E tudo que eu quero fazer é perguntar
But I just walk by, by
Mas eu apenas passo por
So maybe on the weekend
Então, talvez no fim de semana
Maybe we could speak then
Talvez pudéssemos conversar, então
I'm waiting on the weekend now
Estou te esperando no fim de semana, agora


Ele terminou a música recebendo um lindo e largo sorriso de , que agora batia palmas. Ele riu meio sem jeito e colocou o violão de lado.
- E então?
- Você é incrível! E essa música é linda. - Ela sorriu, encostando a cabeça na parede onde estava apoiado, ela estava de lado, virada de frente para ele.
- Obrigado. - Ele sorriu a olhando, seus olhos percorrendo cada centímetro do rosto de , absorvendo cada detalhe antes não visto.
Ambos pareciam ter ficado sem assunto, apenas observavam um ao outro, e aquele não era um silêncio desconfortável, pelo contrário. De alguma forma pareciam estar se conhecendo mais.
desceu seus olhos, passando pelos lábios atraentes de e continuando o caminho até seu colar de cadeado. Ela segurou o pingente, o observando melhor. Sorriu, pois nunca havia visto alguém usando um daqueles, parecia mesmo ser diferente.
Ele continuou a olhando e, em um movimento lento de delicado, se inclinou um pouco para mais perto de , que fez o mesmo.
Eles se encararam por um tempo, os olhos dela desceram até seus lábios e voltaram a encarar seus olhos verdes. Ele havia entendido o sinal.
passou a mão pela nuca de , acabando com a distância entre os dois e selando seus lábios aos dela.
Seu corpo todo pareceu formigar ao sentir o toque dela em sua nuca. O beijo era calmo, sua língua pediu passagem e ela cedeu, entrelaçando os dedos nos cabelos dele. O beijo continuou calmo mas foi ficando mais intenso. Quando nenhum dos dois tinha mais fôlego, terminaram o beijo com alguns selinhos e um sorriso estampava o rosto de .
Ela riu baixo e encostou a cabeça em seu ombro.
- Isso foi bom… muito bom. - Ela disse baixinho.
- Tenho que concordar. - Ele riu baixo e segurou a mão de , observando as tatuagens que haviam ali.
- Obrigada por essa noite. - Ela sorriu.
- Não tem que agradecer. Espero que tenhamos outras assim.
- Com certeza, ainda mais agora que eu sei que você mora aqui do lado. - Ela riu se levantando. - Está tarde, preciso ir.
- Tudo bem, eu te acompanho até a porta. - Eles caminharam até a saída de mãos dadas. - Antes de sair, me empresta seu celular?
Ela olhou com dúvida, mas desbloqueou o aparelho e o entregou mesmo assim, alguns segundos depois ele o devolveu.
- Agora tem meu número, se precisar de algo, é só me mandar mensagem. - Ele sorriu.
- Eu mandarei. - Ela deu um selinho e saiu, fechando a porta.
continuou ali por uns minutos processando o que havia acabado de acontecer. Ela era mesmo incrível.
Após arrumar as coisas e fechar as portas da varanda, se jogou na cama, já pronto para pegar no sono quando seu celular vibrou.

"Boa noite, vizinho 😘 - ."
Ele sorriu salvando o número da mulher.

"Boa noite, vizinha 😉"

Após responder a mensagem, se virou para o lado e deixou o sono dominar seu corpo, no rosto, um sorriso novo ainda se mantinha.

Capítulo 6

Uma semana tinha se passado desde o dia em que e tinham descoberto que eram vizinhos, desde então não pararam de se falar. Sempre que podia, ia ver em seu intervalo na cafeteria ou ela o esperava chegar do estúdio e jantavam juntos. Sempre trocavam mensagens para se conhecer melhor. Depois de alguns dias era como se conhecessem a vida toda.
já havia tido muitas pessoas em sua vida, mas nunca sentiu uma conexão tão forte e instantânea quanto foi com . E o mesmo acontecia com ela. havia se fechado para o mundo e as pessoas há um tempo, mas quando viu com seu cabelo vermelho bagunçado sentado na cafeteria sabia que ele não era como os outros.
Ambos sentiam que podiam ser eles mesmos quando estavam juntos, não precisavam se preocupar se seriam julgados nem nada do tipo. Era Sexta e mandara uma mensagem para no meio da tarde, dizendo que os amigos dela iriam a uma festa naquela noite e queria que ele fosse. não costumava ir a festas, mas com a ele estava disposto a tentar.

*


Após sair mais cedo do estúdio, foi até seu apartamento, tomou um banho rápido e se arrumou. Foi até o apartamento ao lado e bateu na porta, sendo recebido por uma sorridente. Ela estava linda, usava um vestido preto justo, uma jaqueta de couro e um coturno preto.
- Nossa, você está linda. - Ele disse, sorrindo.
- Deixa de ser exagerado. - Ela riu sem graça, trancando a porta. - Vamos?
- Sim, senhora - eles caminharam lado a lado até o elevador, enquanto esperavam em um silêncio um pouco constrangedor, entrelaçou seus dedos nos de , ele olhou suas mãos entrelaçadas e depois subiu o olhar até o rosto da mulher que sorria. Ele depositou um beijo em sua bochecha e saíram do prédio à procura de um táxi.
Assim que desceram do carro, puderam ouvir a música distante, provavelmente vinda de dentro da casa. Caminharam passando por algumas pessoas que não conheciam até finalmente entrarem na casa. Não era um lugar muito grande, grupos de pessoas se amontoavam em todos os cantos, casais se pegando nos cantos já podiam ser avistados.
Os dois caminharam de mãos dadas até a cozinha, onde encontrou seu amigo dono da festa e pegou duas cervejas para os dois.
que geralmente era mais extrovertido e brincalhão agora se encontrava tímido e mais quieto. Ele se sentia um pouco desconfortável com multidões em lugares fechados, a não ser que fosse em shows, isso ele amava.
- Tá tudo bem, ? - perguntou baixo perto de seu ouvido.
- Tudo sim, só preciso de mais cerveja. - Ele riu e ela pegou outra o entregando.
- Quer ir lá pra fora? Tem uma galera no quintal também.
- Claro, seria ótimo. - Ele sorriu, sendo puxado por ela.
No quintal mais grupos de pessoas estavam espalhados, a música ainda dava para ser ouvida de lá.
se encostou na parede e acendeu um cigarro, parou ao seu lado.
- Então quer dizer que você não é muito fã de festas? - Ela puxou o assunto.
- Não muito, mas quando a companhia vale a pena, tudo vale o esforço. - Ele piscou para ela que deu risada.
- Bom saber… - Ela pegou o cigarro da mão de dou e deu uma longa tragada, soltando a fumaça para o alto.
- Essa não… - pensou alto mas aquilo não deveria ter sido audível.
- O que foi? Aconteceu alguma coisa? - ela o olhou preocupada
- Aconteceu… você fica mais sexy ainda fumando o cigarro roubado da minha mão - ela deu uma gargalhada, dando outra tragada no cigarro.
- Você é mesmo um bobo, - ela balançou a cabeça devolvendo o cigarro.
- Posso até ser bobo, mas o que eu digo é verdade - ele deu de ombros, terminando o cigarro.
- Tudo bem, senhor honesto, vem, vamos dançar. - Ela o puxou antes de receber uma resposta.
- , eu não sei dançar. - Ele deu risada.
- É só me acompanhar e seguir o ritmo, acredito que você entenda, certo?
- Sim, mas não de dança, apenas de música.
- É só ouvir a batida e deixar seu corpo te guiar, vai, pelo menos tenta!
Eles estavam perto de onde haviam estabelecido uma "pista de dança". se movimentava no ritmo da música de olhos fechados. a olhava com um sorriso bobo nos lábios, se movendo muito pouco no ritmo da música.
Assim que ela abriu os olhos, ele começou a fazer passos de danças bregas e bobos, o que resultou nos dois gargalhando. Era isso o que ela mais gostava em estar com , ele sempre a fazia rir.
guiou as mãos de até sua cintura e passou seus braços pelos ombros dele o puxando mais para perto.
Os dois dançavam juntos com as testas encostadas, enquanto todos à sua volta dançavam animados e alguns loucamente.
a puxou mais pra perto, logo selando seus lábios em um beijo, era lento, mas intenso. As mãos de acariciavam sua nuca, o fazendo arrepiar. Ela terminou um beijo com uma leve mordida no lábio de , que deu um sorriso malicioso.
- Quer sair daqui? - Ela sussurrou em seu ouvido.
- Quero - ele a puxou para fora da casa e pediu um Uber.
Logo o carro chegou, sentou com as pernas cruzadas, deixando mais de sua coxa à mostra, deslizou sua mão e depositando um pouco abaixo do joelho de , ela colocou sua mão por cima da dele e encostou a cabeça em seu ombro.
Não demorou muito para que estivessem em seu prédio. Seguiram até o elevador, assim que a porta fechou puxou pela gola da camisa, selando seus lábios.
O beijo era intenso e o impulso o fez a segurar firmemente pela cintura colando seus corpos.
Assim que as portas abriram, o puxou ainda pela camisa até a porta do apartamento de e ficou o olhando esperando abrir a porta.
Demorou um tempo para achar as chaves nos bolsos das calças, logo ele abriu a porta e os dois entraram.
- Quer tomar alguma coisa? Comer, sei lá? - perguntou, tirando a jaqueta.
- , eu sei que você é um homem muito fofo, simpático e respeitoso. Mas já tá na hora de me mostrar seu outro lado, não acha? - Ela perguntou o olhando enquanto tirava sua jaqueta.
- Que outro lado você quer conhecer? - Ele perguntou, caminhando até ela.
- Cala essa boca e me beija. - Ela deu risada, o puxando novamente pela camisa.
a agarrou pela cintura, a prensando entre seu corpo e a parede. passou os braços pelo seu pescoço pegando impulso e entrelaçando as pernas ao redor da cintura de .
Ele deslizou as mãos pelas coxas da mulher, fazendo seu vestido levantar mais e as apertou com força. Desceu os beijos passando pelo maxilar de até finalmente chegar em seu pescoço, depositando ali um leve chupão que com certeza deixaria uma marca.
Ele a segurou firme, a levando até a cama. desceu de seu colo ficando em pé a sua frente. O empurrou para que se sentasse na cama. Ela deu um sorriso ladino e tirou lentamente seu vestido revelando mais tatuagens e a lingerie preta toda de renda. apenas observava mordendo o lábio inferior.
Ela se sentou em seu colo, tirando sua camisa e a jogando para onde havia jogado seu vestido há segundos atrás. Fez uma trilha de beijos por todo o caminho do queixo até o peito de . O empurrou na cama e voltou a beijá-lo intensamente. deslizou duas mãos pelo corpo macio da mulher, encontrando finalmente o fecho de seu sutiã, o tirando rapidamente e logo em seguida dando um impulso para que invertessem as posições.
sorriu com essa ação e o observou. deu uma leve mordida no lábio inferior de , o puxando e soltando lentamente. Ela tentou iniciar um beijo mas ele se afastou. Sorriu para a mulher e deu um beijo em seu colo. Logo sua boca estava sugando um de seus seios, enquanto sua mão massageava o outro. deixou um gemido baixo escapar.
Passou a dar a devida atenção ao outro seio enquanto sua mão livre deslizava pela barriga de , passando por baixo de sua calcinha até chegar em sua intimidade, onde começou a fazer movimentos circulares com os dedos bem devagar, a mulher arqueou as costas e cravou as unhas em seu braço reagindo ao toque.
uniu seus lábios aos de sem parar com os movimentos da mão, a mulher soltava gemidos abafados por entre o beijo cada vez mais intenso. Quando ela arqueou mais o corpo, ele parou os movimentos, levantou e tirou sua calcinha enquanto ela o observava.
- Tira. - Ela disse ainda com a respiração ofegante apontando para as calças do rapaz que até agora estavam apenas com os botões abertos.
Ele tirou não apenas a calça, mas sua boxer junto, seu corpo pedia pelo dela. Voltou a ficar por cima de que o puxou para um beijo ainda mais intenso, uma de duas pernas entrelaçou na cintura de , fazendo seus corpos ficarem mais pertos, o contato de pele com pele fez o corpo de ambos arrepiar.
guiou o membro de até sua intimidade, com um movimento lento ele a penetrou com cuidado, a fazendo soltar um gemido baixo mas longo.
Ele começou a se movimentar devagar, ela cravou suas unhas nas costas do homem, o puxando mais para perto, movimentou o quadril no mesmo ritmo que , o fazendo soltar um suspiro pesado em seu pescoço.
empurrou para se deitar ao seu lado na cama ficando por cima dele desta vez, o encaixou em si novamente e iniciou uma cavalgada em ritmo rápido que fez soltar um gemido baixo e agarrar com força sua cintura.
Ele se sentou, abraçando pela cintura e a ajudando com os movimentos. Sua língua circulava um dos mamilos da mulher, enquanto sua mão livre massageava o outro seio. Ela agarrou seus cabelos com as duas mãos, jogou sua cabeça para trás fechando os olhos e apenas sentindo cada sentimento do seu corpo que era tocado por .
acelerou o ritmo de seus movimentos e ambos arfaram, agarrou a bunda de , guiando seus movimentos. As unhas da mulher deslizaram pelas costas brancas do rapaz, deixando ali suas marcas enquanto ele soltava um gemido baixinho próximo ao seu ouvido.
deslizou uma das mãos até a intimidade de a procura do ponto certo, começou a fazer movimentos circulares com os dedos e ela cravou mais forte as unhas em seus ombros, o que indicava que estava no lugar certo.
O corpo de já começava a tremer, mas ela não diminuía os movimentos, se segurou firme nos ombros de enquanto sentia os tremores do orgasmo percorrer por todo seu corpo, soltando um longo gemido em seguida.
Continuou com os movimentos até que chegasse a seu ápice, o que não demorou muito e então ela permitiu que seu corpo se soltasse em cima do dele, que por sua vez se jogou na cama.
Ficaram por um tempo abraçados, até que suas respirações se normalizassem.
- Eu sabia que o bom menino só existia até um certo ponto - ela disse baixinho o fazendo rir.
- Posso ser um bom menino, mas jamais faria um serviço mal feito, se é que me entende. - Ele riu e puxou a coberta em cima dos dois.
Não demorou muito para o sono chegar, adormeceram os dois abraçados um ao outro.

Capítulo 7

abriu os olhos devagar e à sua frente estava com um sorriso enorme no rosto, o observando.
- Para de me olhar assim, eu tô todo zoado. - Ele disse com a voz meio rouca, colocando a mão no rosto.
- Ih, não adianta fazer charme, não, eu já tô admirando faz um tempo. - Ela deu risada e puxou sua mão, dando um beijo na bochecha de em seguida.
- Você é uma boba mesmo. - Ele deu risada e a puxou para seu peito. - Bom dia, .
- Bom dia, , tá com fome? Vou fazer café pra gente.
- Não, fica aqui mais um pouco. - Ele passou a perna pela cintura da mulher, a prendendo.
- Você é sempre dengoso assim, é? - ela deu risada.
- Sou um pouco pior, pode ter certeza.
- Então não é só a cara, você é mesmo um bebezão - ela disse cutucando sua cintura, o que o fez se encolher.
- Ei, me respeita, posso ser um bebezão às vezes, mas faço um bom trabalho, não faço? - Ele a encarou segurando a risada.
- Besta mesmo. - Ela deu risada e levantou. - O que quer fazer hoje?
- Não sei também. - Ele se sentou na cama, bagunçando os cabelos, se esticou um pouco e pegou um cigarro do maço e o acendeu.
- Meu plano era ficar em casa fazendo nada, então o que quiser, eu tô aceitando. - Ela deu risada, voltando a se sentar na cama com um copo de suco.
- Podemos fazer isso então, mas juntos. - ele sorriu e soltou a fumaça pro outro lado.
- Acho uma boa ideia. Podemos almoçar fora, tem um lugar bem legal aqui perto.
- Ótimo então, tá decidido. - ele sorriu e beijou o rosto da mulher que sorriu.


*


Voltaram para o apartamento de após o almoço. Eles conversavam bastante, queriam cada vez se conhecer mais, pareciam querer recuperar o tempo perdido sem o outro em sua vida.
Era fácil para se comunicar com , ele era diferente dos outros caras. Ele era gentil e engraçado. E tinha provado que não queria apenas uma noite de sexo casual, ele gostava da verdadeira ela. A que era desajeitada e que acordava descabelada. Não apenas da mulher bonita, bem vestida e maquiada que dançava sozinha em uma pista de dança.
se jogou na cama e ligou a tv, entregando o controle para em seguida.
- Escolhe algo pra gente assistir.
- Acho que vou lá em casa trocar essa roupa, pra ficar mais à vontade. - Ela fez careta.
estava vestindo um cropped branco com uma saia rodada xadrez e os típicos coturnos pretos, ela estava absurdamente linda com aquela roupa, a franja caindo pelo rosto, perto dos olhos, a dando um ar mais juvenil ainda.
- Acho que esqueci de comentar, mas você está incrivelmente linda com essa roupa. - se sentou na ponta da cama, a puxando pra perto e a abraçando pela cintura.
- Você que é um bobo - ela sorriu, passando as mãos pelos cabelos bagunçados de .
- Posso ser, mas sei reconhecer uma mulher linda e incrível quando vejo uma. - Ele deu um selinho demorado em , que o abraçou. - Pode colocar uma camiseta minha se quiser, não me importo.
- Hmm, acho que gosto da ideia. - Ela deu um sorriso largo.
- Fique à vontade, elas ficam na primeira gaveta, pode pegar qualquer uma. - Ele abriu as portas da sacada e acendeu um cigarro.
tirou sua roupa e a deixou dobrada cuidadosamente em uma das poltronas da sala do apartamento, colocou uma camisa qualquer de e voltou para o quarto. Ele estava debruçado na grade olhando a cidade com um cigarro nas mãos.
Ela caminhou e o abraçou pelas costas, depositando um beijo ali. Ele sorriu e terminou o cigarro, se virou e a abraçou.
- Tá tudo bem? - Ele perguntou baixo.
- Sim, gosto de ficar assim com você, sei que faz pouco tempo que nos conhecemos, mas sinto que posso ser eu mesma com você.
- Sinto a mesma coisa - ele sorriu e beijou o topo da cabeça de .
Voltaram para o quarto e se jogaram na cama. colocou um filme qualquer e fez pipoca.
Faziam comentários sobre o filme e davam risadas. Uma das personagens do filme usava uma saia muito parecida com a de mais cedo.
- Olha, , ela tá com a saia igual a sua. Será que eu ficaria bonito de saia também? - ele falou colocando pipocas na boca em seguida e ela riu.
- Vai lá, coloca a minha - ela disse se sentando.
- Não mesmo - ele riu. - Não vai servir em mim.
- Vai sim, tem elástico, vai colocar, por favor. - ela pediu, fazendo sua melhor cara de cachorro que caiu da mudança.
- Tá bom, tá bom. - Ele deu risada e se levantou. - Espero que isso não atrapalhe você a querer transar comigo de novo, por que eu ficaria muito triste. - deu uma gargalhada e tirou a calça, ficando apenas de Boxer preta e pegou a saia na sala, colocou com cuidado com medo de estragar e voltou desfilando.
- E aí, como estou? - ele perguntou rodando a saia a fazendo levantar e mostrar sua cueca, não parava de rir. - Olha… por incrível que pareça… Não ficou tão ruim, não, viu. Você tem uma bundinha linda e essa saia valoriza ela. - deu uma gargalhada, sendo acompanhado por .
- Nossa, isso aqui é bom demais, dá uma certa liberdade… Se eu fosse mulher só ia usar saia. - Ele disse ainda fazendo movimento para que a saia de mexesse. - Acredite, na prática não é tão bom assim, incomoda. - Ela fez careta.
- Me pegaria na balada se me visse assim? - ele fez uma pose e se aproximou de .
- Com certeza, você continua lindo e gostoso. - ela disse apertando a bunda de , o fazendo rir.
- Bom saber disso. - ele deu um beijo rápido nela e voltou a deitar do seu lado.
- A gente não pode ser normal, né? Eu tô aqui com sua blusa e você com a minha saia. - ela disse, o olhando. Ficaram em silêncio por alguns segundo e logo depois explodiram em gargalhadas altas.
passou o dia todo com , cada segundo que passavam juntos era um passo a mais pra dentro da vida do outro. Fazia alguns anos desde a última vez em que tinha deixado alguém se aproximar tão cedo assim de si. Mas ele não se importava. valia a pena.

Capítulo 8

havia acabado de chegar depois de um dia todo no estúdio, como já era tarde, sabia que já estava em casa. Bateu na porta e esperou que ela atendesse. Ao ver quem era do outro lado, abriu um sorriso e pulou no colo de , o abraçando.
- Tudo isso é saudade de mim? - Ele riu, a abraçando.
- Só um pouquinho - ela riu e o deu um selinho.
- Está muito ocupada? Se estiver, eu volto depois.
- Não estou, não, entra, eu estava indo tomar banho.
- Pode ir então, , eu espero aqui. - Ele sorriu e olhou pela sala, vendo um violão perto da sacada. - Você toca?
- Um pouco, não sou das melhores - ela riu sem graça.
- Ah, toca alguma coisa pra mim, então! Vai, por favor! - Ele a entregou o violão.
- Não, ! Eu tenho vergonha! - ela empurrou a mão de .
- Eu toquei e cantei pra você aquele dia que me pediu, agora é sua vez!
- Tá bem, tá bem! O que quer ouvir? - ela se sentou no sofá, ajeitando o violão em seu colo e se sentou ao seu lado.
- Qualquer coisa, toca alguma que você goste. - Ele sorriu.
suspirou e começou a tocar Don't Look Back In Anger do Oasis. O sorriso de se alargou ainda mais, ele amava aquela música.
Assim que começou a cantar, ficou completamente hipnotizado. A voz dela era uma das mais lindas que já havia ouvido. Ela cantava de olhos fechados, completamente entregue à música.
não resistiu e a acompanhou no refrão. Ela o olhou, sorrindo. Assim que voltou a fechar os olhos, pegou o celular e começou a gravar ela cantando e ele a acompanhando ao fundo.
Logo que ela terminou a música e o olhou, ainda gravava .
- Ah, não, , para. - Ela riu e colocou a mão na frente da câmera. - Você não vai postar isso, né?
- Por que eu NÃO postaria isso? , você é incrível! Sua voz é maravilhosa, não devia guardar isso só pra você.
- Eu não guardo só pra mim. Eu toco naquele pub que a gente se encontrou uma vez.
- Posso postar pelo menos nos meus stories? Eu quero compartilhar esse momento incrível e o seu talento. Deixa, por favor. - Ele fez um bico como uma criança pedindo por doce. riu e revirou os olhos.
- Tudo bem, bebezão. Agora é sério, vou tomar um banho e já volto. - Ela deu um selinho em e foi direto para seu quarto.
deixou o celular de lado, encostou no sofá e começou a dedilhar melodias aleatórias no violão. Ainda estava pensando o quão incrível era.
Um tempo depois seu telefone começou a tocar, era seu agente. Achou estranho, pois haviam encerrado tudo por hoje, decidiu atender.
- Quem é ela? - O homem falou rapidamente do outro lado do telefone.
- Ela quem? Do que você tá falando?
- A mulher no seu story, ela é incrível, ! Devia ter me falado dela! - Ele parecia animado demais, típico dele. apenas riu.
- Ela é a garota que eu disse pra vocês, minha vizinha. E eu sei que ela é incrível.
- Traz ela no estúdio amanhã, pode ajudar a gente com algumas faixas e podemos falar sobre a carreira dela, se ela quiser. Preciso ir agora, até amanhã. - Ele desligou antes mesmo de conseguir respondê-lo.
estava rindo quando saiu de seu quarto vestindo uma blusa de moletom bem maior que ela.
- O que aconteceu que você tá rindo sozinho?
- Meu agente viu o vídeo, ele já tá pensando na sua carreira. - Ele ria, mas o olhava confusa e um pouco espantada.
- O quê? Como assim? Que carreira?
- Ele te achou incrível, , quer que vá amanhã ao estúdio comigo, você quer? Se não quiser, tudo bem.
- Meu Deus, é muita informação. - Ela colocou as mãos na cabeça e deu risada. a puxou para sentar em seu colo.
- Eu estou precisando de ajuda com alguns vocais em algumas músicas, ele acha que sua voz vai combinar. Inicialmente pode fazer isso, mas ele provavelmente já vai falar sobre seu futuro como a grande estrela que pode ser. - a abraçou.
- Isso é loucura, . Eu sou garçonete, não cantora! - Ela riu e encostou a cabeça no peito do homem.
- Não ainda, acredite, já conheci muitas pessoas do meio e você tem mais talento que muitas delas. Você pode ser o que você quiser, , seu futuro pode ser brilhante.
- Obrigada por essas palavras - ela sorriu e deu um beijo em seu rosto. - Mas vamos com calma, primeiro podemos escolher um sabor de pizza pra hoje, depois pensamos no futuro.
- Eu acho uma ideia incrível. - Ele riu e pegou o telefone pra fazer o pedido.

Capítulo 9

chegou ao estúdio de mãos dadas com , a apresentando para todos com quem ele encontrava. A mulher já estava um pouco envergonhada e muito nervosa. Ao entrarem no estúdio, foram recebidos pelo agente de , que estava muito animado. foi apresentada a ele e o homem ficou ainda mais maravilhado com a beleza da mulher.
- É um prazer te conhecer, , falou muito de você, só não nos disse que cantava como um anjo. - Ele disse.
- Olha, confesso que isso nem eu mesmo sabia. - riu e sentiu suas bochechas corando.
- Obrigada pelos elogios, mas, sabe, não sou profissional como o , apenas canto como um hobbie. - Ela deu de ombros.
- Isso pode estar prestes a mudar, você é incrível e o mundo precisa conhecer esse talento. Hoje vamos fazer as gravações de alguns backvocals pro álbum do . Você gostaria de participar? - olhou para , que afirmou com a cabeça e voltou a olhar para o agente.
- Claro, vai ser incrível. - Um sorriso largo tomava conta de seu rosto.
Enquanto terminava de gravar alguns vocais que faltavam, estava sentada próxima a mesa de som, ouvindo as músicas das quais precisaria cantar. Ficou impressionada com o quanto as músicas eram incríveis e as letras mais ainda. Sabia do talento de , mas nunca havia ouvido nenhum material dele além da música que ele havia tocado para ela a dias atrás.
Depois de terminar as gravações, saiu da cabine e foi até .
- E aí, está pronta? - Ele se agachou de frente pra ela.
- , isso aqui - ela apontava para os fones em sua mão.- Essas músicas são incríveis! Eu estou completamente apaixonada por tudo que ouvi. - Ela sorriu, o olhando.
- Obrigado por isso. - Ele sorriu e a deu um selinho.
- Não precisa agradecer, só estou dizendo a verdade. - Ela sorriu.
- Vamos agora? Você vai gostar. - Ele levantou e estendeu a mão para .
Juntos eles foram para a cabine de gravação, dava as dicas de como deveriam ser as vozes e não demorou muito para pegar o jeito.
Era sua primeira vez em um estúdio, mas depois de um tempo ela perdeu o medo e nervosismo e ela se sentia como se estivesse em casa.
A voz de era linda e fluía naturalmente. Quem os via de fora da cabine não havia como mentir, a química entre os dois era incrível e inundava todo o estúdio.
Não demorou muito até que eles terminassem as gravações e pudessem tirar uma pausa para o almoço. Foram até um restaurante a uma quadra de distância. - E então, o que achou? - perguntou logo após eles terem feito os pedidos.
- Eu não sei nem como descrever o que eu estou sentindo. É tão maluco, mas eu me senti tão bem fazendo isso. - Dava para ver a felicidade no rosto de . - Você nasceu pra isso, , não pode negar. Todos que falaram comigo acham o mesmo. E disse que nossos vocais ficaram incríveis. - Ele sorriu orgulhoso.
- Obrigada por me deixar fazer parte disso, , sério, acho que eu jamais teria feito nada parecido se não fosse por você.
- Um dia alguém iria te descobrir, talvez só demorasse um pouco mais. - Ele deu de ombros. - Aliás, meu agente ficou tão encantado com você que quer saber se tem alguma música autoral ou algo que queira gravar. É a sua chance.
- O quê? É sério isso? - Ela parecia em choque. - Eu tentei escrever já, mas nada bom o bastante e eu…
- Se é bom ou não, a gente descobre junto. Você tem? - a interrompeu antes dela terminar.
- Tenho. Não tem a melodia finalizada nem arranjos, não sou muito boa nisso.
- Ótimo, eu te ajudo com isso, vou avisar ele que vamos gravar hoje.
- Não, , isso é loucura! Eu não vou gravar nada hoje, eu nem sei se sou boa. Você está maluco! - estava a beira de uma crise de pânico.
- Ei, fica calma. - Ele segurou sua mão. - Vou te ajudar a finalizar sua música, quando terminar, você decide. Se quiser, você grava, se não, tudo bem. Mas eu não te acho boa. Eu te acho incrível, , essa é a chance de você abraçar esse talento que eu sei que você tem e que ama fazer isso.
- Tudo bem, vamos devagar. - ela sorriu e beijou a mão de .
Após terminarem de almoçar, eles passaram no apartamento de para que ela pudesse pegar seu caderno de composições.
Ao voltarem para o estúdio, enquanto os profissionais terminavam algumas mixagens do álbum, e estavam numa sala para descanso. Ela mostrou a ele a música e era simplesmente maravilhosa.
A letra estava completa e a base da melodia também. Enquanto ia cantando para ensinar a , ele ia fazendo anotações de alguns arranjos que poderiam ser feitos.
Juntos, depois de algumas horas, eles finalizaram a música e estava perfeita. estava muito mais feliz agora do que nervosa. Depois de muita conversa e ver sua música finalizada, ela criou a coragem necessária para aceitar o convite de para gravar uma faixa para usar como parte de um futuro portfólio.


*


Após apresentarem a música ao agente de - que amou completamente a música -, eles começaram as gravações.
Ao entrar na cabine, já não parecia mais a mesma garota nervosa na sala de espera. Agora ela cantava completamente segura do que falava, orgulhosa de estar vivendo aquele momento.
Após a tarde toda gravando, a música estava praticamente pronta e não poderia estar mais orgulhosa.
Antes de irem embora, uma mulher loira, muito bem arrumada, entrou no prédio. Logo o agente de a apresentou para todos.
- Esta é uma antiga amiga de trabalho, ela está aqui porque eu a mandei um vídeo das gravações e ela ficou apaixonada pelo seu trabalho, . Ela quer ser sua agente. - Ele sorriu.
- O quê? Ai, meu Deus, é até difícil acreditar que tudo isso está acontecendo em apenas um dia! - riu, estava nervosa novamente.
- Está acontecendo e eu não acredito que você tenha demorado tanto para se mostrar, garota. Você tem uma voz maravilhosa, ! - a loira disse, animada. - , vamos deixar elas conversarem e enquanto isso terminamos algumas coisas do seu álbum.
- Tá bem. - Ele abraçou e sussurrou em seu ouvido. - Boa sorte, não perde essa. - Ele piscou pra ela e voltou ao estúdio.
Depois de algum tempo conversando, as duas saíram da sala e enquanto a mulher mais velha ia embora, caminhou até .
- E então, como foi? - Ele perguntou ansioso e curioso para saber o que tinha acontecido.
- Parece que está na hora de pedir as contas da cafeteria e mudar de carreira. - Ela mordeu o lábio, tentando segurar o riso, o que foi impossível. Ela estava mais feliz do que nunca.
- Eu não acredito! Parabéns, ! - a abraçou apertado, a levantando do chão e girando. - Não sabe como estou feliz por você!
- Eu não sei nem como agradecer a vocês por tudo isso, , de verdade. Nem nos meus sonhos eu imaginava que isso poderia acontecer.
- A única forma de gratidão que eu aceitarei é você virando uma grande cantora famosa e cheia de fãs! - Eles riram.
- Não seja exagerado, .
- Não sou, você vai ver só!

Capítulo 10

Dois meses depois.
Assim que o álbum de foi finalizado, a divulgação começou. O primeiro single havia sido lançado e fez um grande sucesso.
estava em estúdio começando o processo de gravar seu primeiro single e depois um EP.
Ambos estavam muito felizes e atarefados. Mas sempre arrumava um jeito de ir em alguns eventos de divulgação com . Ele gostava de ter ela ao seu lado e saber que ela o apoiava.
Os fãs iam à loucura sempre que apareciam juntos. Após as notícias do relacionamento e do vídeo, ganhou também alguns fãs, que viriam a multiplicar em muitas vezes nos meses seguintes.
e sua equipe optou por começar a divulgação presencial em New York mesmo e em todo os Estados Unidos. Em seguida iria voltar para Londres para a divulgação europeia do álbum.
E essa era a parte que tirava o sono de por várias e várias noites. Voltar para casa.
Depois de tanto tempo morando em New York, ele ainda sentia falta de casa, mas havia se acostumado com a cidade barulhenta e que nunca dorme - havia uma certa conectividade entre ele e a cidade devido a isto - e depois que apareceu em sua vida, tudo ficou mais leve, aquela era sua segunda casa. A verdade é que a ideia de passar meses longe de o assustava. Ele havia se acostumado com sua presença, com as conversas bobas e as risadas até o dia amanhecer na varanda.
Como ele iria dizer a ela que precisava voltar? Ele não podia simplesmente dizer para ela largar tudo que estava conquistando para tentar começar de novo em outro país por puro capricho dele. Não podia interferir na sua carreira.
Foi com todos esses pensamentos devorando sua mente que viu o sol nascer mais um dia, sentado em sua varanda ao lado de um quase vazio maço de cigarros, enquanto dormia tranquila e lindamente em sua cama a alguns passos de distância.
Ela era linda até quando dormia. não sabia do poder que tinha sobre , ele raramente deixava escapar todas as coisas profundas que sentia pela mulher. E talvez esse fosse seu maior problema.
sempre fora uma pessoa muito fechada, reservada e tímida. As decepções, desilusões e amizades perdidas do passado infelizmente haviam o feito construir um muro em volta de si. Por mais que houvesse ultrapassado muitas dessas barreiras, praticamente todas, ainda era difícil externalizar tudo o que ele sentia em seu peito.
Cada vez que pensava nela, que a ouvia falar sobre algo que fazia seus olhos brilharem ou a via simplesmente dormindo serena em sua cama. Todas essas pequenas coisas faziam seu estômago revirar e se encher de borboletas, seu coração ficava descompassado e em sua boca, faltavam palavras.
Para , falar sobre sentimentos nunca foi fácil, foi por isso que começou a escrever. Nas músicas era tudo mais simples, tudo fazia mais sentido. Mas de que adianta falar, escrever ou até mesmo cantar algo para que apenas a faça deixar tudo pra trás ou a machucar ainda mais quando ele precisar ir? estava em um beco sem saída, em um labirinto onde não havia fim.
Mesmo com a cabeça cheia de pensamentos, o sono começou a tomar conta de seu corpo e então decidiu se deitar ao lado de . Tê-la ao seu lado era confortante, aliviava toda e qualquer tensão.
Não demorou muito até que ele pegasse no sono, já com o sol começando a invadir as frestas da cortina.

Capítulo 11

havia finalizado a última entrevista do dia e vira que o esperava se esgueirando por trás de sua equipe para se esconder, mas não o bastante para não ser vista por ele.
Assim que se despediu da equipe do programa, correu até , a abraçando com força.
- Olá, pequena, achei que não viria hoje. - Ele disse, a dando um selinho.
- Terminamos as gravações mais cedo e aproveitei pra dar uma passadinha. Já terminou por hoje ou ainda tem mais alguma coisa?
- Terminei por hoje também. Quer ir jantar fora? - Ele perguntou, ajeitando o cabelo da mulher atrás da orelha. Ele tinha essa mania. Dizia que era para poder ver melhor seu rosto.
- Eu acho uma ótima ideia! - Ela tinha um sorriso largo no rosto. - Passar em casa e tomar um banho primeiro?
- Sim, senhora. Vem. - Ele passou o braço em volta dos ombros da garota, a acompanhando até à saída do estúdio. cumprimentava quem passava por ele, agradecendo pelo dia de trabalho.
O caminho até o prédio de ambos não demorou muito tempo, o trânsito estava, por incrível que pareça, tranquilo e sem engarrafamentos.
Assim que chegaram ao prédio cada um foi ao seu respectivo apartamento. preferia assim quando precisavam sair. Segundo ela, dessa forma não poderia distraí-la e fazer mudar de ideia quanto a sair como ele geralmente fazia.
Os dias estavam sendo corridos para ambos, mas percebera que havia algo errado com . Ele andava mais calado, mais pensativo nas últimas semanas. Percebia que ele não andava dormindo muito, tentava não tocar no assunto pois tinha medo de estar incomodando ou acabar em uma discussão.
ouvia muito nas entrevistas sobre a volta dele a Londres, mas ambos nunca haviam falado sobre.
Ao contrário do que achava, isso também a assustava. Estava passando por um processo completamente novo em sua vida, a ajudava muito com tudo, desde um café da manhã para um dia que acordava atrasada até a uma letra que não conseguia finalizar. Não conseguia mais imaginar um dia a dia no qual ele não estivesse envolvido.
Porém, sabia também que não podia largar tudo e ir correndo a Londres, nem impedir de voltar para casa e para onde estava sua família. Era uma balança que vivia em instabilidades. Eram motivos para se estar feliz de ambos os lados, mas a tristeza estava lá entre eles para os lembrar da realidade.

*


Assim que terminou de se arrumar, enviou uma mensagem a avisando que estava pronta. Não demorou muito, ouviu as batidas na porta. Ao abrir, se deparou com um bem arrumado, os cabelos penteados todo para trás, diferente da bagunça costumeira. sorriu ao vê-lo e lhe deu um selinho.
- Vamos? - Ele perguntou. Ela apenas sorriu acenando em afirmação e caminharam para fora do prédio de mãos dadas.
Não demorou muito para que o motorista chegasse para levá-los ao restaurante misteriosamente escolhido por . Ele amava fazer surpresas para . No começo foi difícil, estava sempre acostumada a saber e ter controle de tudo a sua volta. Até o furacão chegar e destruir todas suas estruturas.
O carro estacionou em um restaurante bonito, com uma iluminação não muito forte, com um clima mais romântico no ar. Ele conversou com o recepcionista que indicou uma mesa ao fundo, um pouco mais escondida.
olhava ao redor, observando os detalhes do lugar. Morava lá há tanto tempo e não conhecia muitas coisas. Estava sempre cansada demais por causa do serviço para explorar lugares assim.
- Gostou do restaurante? - perguntou, tentando conter sua ansiedade.
- Claro que gostei, é lindo. - sorriu olhando em volta e depois voltando seu olhar a . - Tem um motivo específico para um lugar tão bonito assim? - Não, passei aqui em frente algumas vezes e sempre achei muito bonito, e claro que não poderia vir com alguém que não fosse você. - Ele sorriu meio sem graça.
- Fico honrada com isso. - Ela sorriu e deu um beijo no rosto de . - Você é mesmo incrível, . - Ela abriu um sorriso largo, recebendo outro de volta.
- Você é muito mais, pode ter certeza. - Ele a deu um selinho e logo o garçom estava entregando os cardápios.
Pediram seus pratos e logo o garçom trouxe uma garrafa de vinho. serviu as taças e conversaram sobre qualquer coisa que não fosse trabalho ou sua volta para Londres.
Esse segundo seria evitado o máximo que ele conseguisse.
Não demorou muito até que o jantar fosse servido. Logo estavam pedindo a sobremesa. Uma torta de chocolate para dividirem, era a favorita de .
não se lembrava da última vez que tiveram um jantar tão agradável quanto o daquela noite. Ela gostava da sua vida sem compromissos e relacionamentos casuais. Mas aquilo era diferente, era especial.
Preferiram voltar andando até o prédio para poderem aproveitar o clima noturno de New York.
As ruas eram todas muito iluminadas, restaurantes e lojas dos mais variados espalhados por todos os lados.
já andara por muitas ruas daquela cidade inúmeras vezes, mas com ao seu lado era sempre uma nova experiência.
Ele sempre ficava animado com qualquer e toda coisa, sempre fazendo piada ou passinhos de dança esquisitos. Qualquer coisa que fizesse dar uma risada, da qual ele amava o som.
Os dois eram tão diferentes mas ao mesmo tempo tão parecidos. Um completava o outro como jamais achou que existiria alguém assim para ela. Depois de um tempo e muitas risadas, finalmente chegaram até seus apartamentos. Estavam parados abraçados entre as portas de seus respectivos apartamentos. - Já está cansada de mim por hoje? - perguntou, colocando os cabelos de atrás de sua orelha.
- Você sabe que não canso de você, bobo. - Ela sorriu.
- Quer entrar? Ficar aqui comigo hoje?
- Claro que eu quero. - Ela o deu um selinho, segurou sua mão e a puxou para seu apartamento.
- Obrigada pelo jantar. Foi tudo tão incrível. - sorriu e se sentou na cama.
- Você merece isso e muito mais, , sabe disso. - Ele ajoelhou a sua frente para ficar no mesmo nível que ela.
- Vem aqui. - passou os braços em volta do pescoço de , o puxando para perto e selando seus lábios em um beijo calmo.
não pode evitar o sorriso que lhe escapou entre o beijo. Ele a abraçou pela cintura enquanto as mãos de passeavam pelo seu cabelo antes arrumado, o fazendo voltar a bagunça costumeira.
O beijo foi se intensificando lentamente, era como se o tempo parasse enquanto seus lábios estivessem juntos, até mesmo o ar parecia desnecessário. separou o beijo para recuperar o fôlego e aproveitou para tirar o paletó que vestia. Enquanto isso descia beijos por todo o pescoço de , leves e lentos, o que a fez se arrepiar cada vez mais.
Assim que se livrou do paletó, deslizou duas mãos pelo corpo de até encontrar o fecho de seu vestido. O abriu sem pressa, a ideia era poderem aproveitar aquele momento e memorizar cada simples gesto.
o empurrou para que deitasse na cama. Se levantou e deixou o vestido deslizar suavemente pelo seu corpo a deixando apenas com uma calcinha preta de renda. sorriu ao vê-la daquele jeito. Ele se levantou caminhando até onde ela estava.
- Você é incrivelmente linda, nem parece real. - Ele disse baixo com a mão na nuca de , seus rostos extremamente próximos.
- Deixa de ser bobo . - Ela riu sem jeito enquanto deslizava as mãos pelos braços de .
- Por você? Jamais. - Antes que respondesse, ele selou seus lábios novamente.
O beijo agora era mais intenso, mas ainda lento. deslizou suas mãos por baixo da camisa de arranhando de leve seu abdômen, o que fez ele se arrepiar inteiro. Não demorou muito para ele se livrar da camisa e também da calça.
o empurrou até a cama ficando por cima. Ela descia uma trilha de beijos pelo seu pescoço e peito. Ele deslizava as mãos por suas coxas apertando de vez em quando.
Em um movimento rápido inverteu as posições ficando no controle. Logo estavam livres de todas as peças de roupas. Seus corpos quentes, sentindo a pele um do outro, o momento em que eles se tornavam um só.
fazia movimentos lentos mas fortes enquanto arranhava suas costas, deixando algumas marcas pelo local.
O calor ia tomando cada vez mais conta do local, passara seus braços pelo pescoço de colando ainda mais seus corpos enquanto movimentava o quadril intensificando os movimentos, gemidos tímidos escapavam da boca de ambos. Naquele momento o mundo era apenas os dois e aquele quarto. Tudo que ouviam era a respiração acelerada um do outro, tudo que sentiam era o corpo quente um do outro, colados, elétricos. Logo ambos chegaram em seus ápices parando os movimentos lentamente, mas ainda com os corpos colados.
E foi assim que pegaram no sono, abraçados e com as respirações já calmas. Aquela noite ficaria eternizada na mente de ambos, isso eles não tinham dúvidas.

*


acordou no meio da noite e percebeu que não estava ao seu lado na cama. Olhou ao redor e debruçado na grade da sacada encontrou apenas de Boxer e os cabelos bagunçados, em uma das mais seu cigarro costumeiro.
se enrolou na coberta e caminhou até ele, o abraçando por trás.
- O que aconteceu? Perdeu o sono? - Ela perguntou com a voz ainda sonolenta.
- Sim, tem acontecido muito. Desculpa ter te acordado pequena. - Ele apagou o cigarro e a abraçou.
- Não me acordou. O que está te incomodando? Está acontecendo algo?
- Sim, mas não quero falar sobre. - Ele ajeitou os cabelos dela e a deu um beijo na testa.
- É sobre a sua volta, não é? - Ela finalmente reuniu as forças necessárias para tocar nesse assunto. apenas afirmou com a cabeça. - Uma hora teremos que falar sobre isso.
- Eu sei… mas parece que se eu não falar, se a gente não falar, pode parecer que não vai acontecer, sabe? E tudo vai poder continuar bem. - Ele disse baixo, sem conseguir encarar os olhos de .
- Mas nós sabíamos que isso ia acontecer, tudo bem que não estávamos preparados, mas sabíamos. - Ela fazia carinho no rosto de .
- Eu não quero te perder, . - Ele falou com a voz meio embargada.
- Ei, quem disse que vai me perder? Eu vou continuar aqui. E eu tenho certeza que logo a gente vai dar um jeito de se encontrar de novo.
- Não quero te prender nisso, quero que você possa aproveitar sua vida e sua carreira sem se preocupar com alguém do outro lado do oceano.
- E você acha mesmo que vai ser fácil te esquecer, ? - Ele deu de ombros. - É claro que não! , você mudou a minha vida! Em pouco tempo você me deu coisas que eu jamais achei que viveria ou sentiria. Isso não vai se perder apenas por causa da distância. E eu tenho certeza que vamos dar um jeito disso funcionar. Logo estaremos viajando, quando eu não estiver, você vai estar. E sempre poderemos nos encontrar no meio do caminho.
- Sabe, às vezes eu não sei o que eu fiz pra merecer alguém como você. - Ele sorriu fraco.
- Deixa de ser bobo, você também é incrível! Só não vê isso, mas tudo bem, eu vejo. - Ela sorriu e lhe deu um selinho.
- Obrigado, , de verdade. Por tudo que fez por mim, por tudo que passamos juntos.
- Ainda teremos muitas coisas pra viver juntos, . Agora vem, vamos dormir.
o puxou até a cama e depois de algum tempo conversando, pegaram no sono novamente. confortavelmente aninhada no meio de e ele com os braços em volta dela.

Capítulo 12

O tempo passou rápido e o dia da viagem de finalmente chegou. Ele e , embora não tivessem mais tocado no assunto como na outra noite, se dedicaram a passar mais tempo juntos.
Sempre que dava, eles saíam juntos pela cidade para conhecer lugares diferentes, visitar lugares que já gostavam. Aproveitaram os dias que tinham como se o futuro fosse incerto. E realmente eram.
Agora eles estavam no aeroporto, já havia despachado as malas e a primeira chamada para o embarque havia soado pelos auto falantes do local.
- Bom… acho que é isso. Preciso ir. - Ele disse com um sorriso forçado no rosto, seus olhos expressavam a tristeza que estava em seu coração.
- Não esquece de me manter informada durante o voo, e me avisa quando chegar.
- Tá bem, mãe. - Ele rolou os olhos, recebendo um tapa de no braço. Os dois riram. - Eu vou sentir tanto a sua falta. - Ele disse, a abraçando pela cintura.
- Eu também vou, mas isso não é um adeus, é um até logo, você sabe disso.
- Eu sei. Mas mesmo assim, sentirei sua falta.
- Eu também vou. - Ela o abraçou apertado, como se aquele simples gesto fosse capaz de mudar tudo.
selou seus lábios aos de por uma última vez. O beijo era lento, ambos pareciam tentar memorizar cada simples gesto e movimento daquele momento.
A chamada de embarque soou mais uma vez pelos auto falantes os trazendo para a realidade.
- Você precisa ir. - falou baixinho, com o rosto ainda bem próximo ao de .
- Eu sei. Vê se não esquece de mim, tá?
- Isso vai ser impossível. - Ela sorriu e lhe deu um selinho. ajeitou a mochila no ombro e se afastou um pouco.
- Até mais, . - Ele sorriu e acenou.
- Até mais, . - Ela sorriu e ficou o vendo embarcar. Até que o avião descolasse, ela permaneceu lá, o vendo partir.
Ao chegar em seu andar do prédio, se pegou parada em frente ao apartamento 58, aquele lugar nunca mais seria o mesmo sem .



Fim.



Nota da autora: Espero que vocês tenham gostado dessa fic! Eu amei escrever ela, os personagens me conquistaram mais a cada capítulo! Espero que tenha sido assim com você também! Não esqueçam de deixar nos comentários o que acharam da história, ou me mandem um tweet pelo @poynterofviewx, quero muito saber a opinião de vocês! Me acompanhe também pelo instagram @jessiescreve que lá estou sempre postando conteúdos relacionados as fics tanto antigas quanto novas!
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