Última atualização: 06/06/2022

Capítulo Único

5 de Junho de 2016


— Festa Junina no Dia dos Namorados? Sério? — falou, com empolgação.
, que estava deitado na cama ao seu lado, no quarto dela, apenas levantou a sobrancelha, curioso. O casal estava aproveitando o sábado para passar o dia juntos.
— Como assim, ? — ele perguntou.
A menina estendeu o celular para o namorado, que teve que se afastar um pouco para conseguir ler.
— A Festa Junina esse ano também vai ser dia 12? Dia dos Namorados?
— É nosso primeiro ano de namoro! — completou, extasiada.
Há um ano, ela estava totalmente irritada com a junção das datas, mas agora aquilo não poderia ser mais perfeito. A junção de seu dia preferido com sua comemoração preferida.
se sentou na cama para olhar melhor para .
— A gente tem que dançar juntos.
se levantou e se sentou ao lado da namorada.
— ‘Tá maluca? Eu odeio Festa Junina.
— Mas eu amo Festa Junina. — fez bico. — E é nosso aniversário de namoro. E Dia dos Namorados. De novo. Não tinha como ser mais perfeito. Sem contar que é a quadrilha do terceirão, nossa última dança!
suspirou ao encarar a namorada.
— Para de fazer essa cara adorável, assim eu não vou conseguir dizer não.
começou a rir. Sempre se sentia bem com . Que sorte a dela de ter encontrado o amor em seu melhor amigo. Os dois se davam muito bem. Às vezes, também brigavam: afinal, eram dois cabeças-duras competitivos e teimosos, mas ambos precisavam se sentir desafiados na relação e se complementavam perfeitamente nessa parte.
, percebendo ainda a falta de resposta do namorado, voltou a indagá-lo.
— E aí? Por favor, amor...
suspirou, se deitando na cama e puxando para cima dele. A menina parecia nunca se acostumar com as reações que seu corpo tinha perto dele. Os arrepios que subiam por seu braço. Como a pele dele sempre estava quente em contato com a sua. A vontade infinita de beijá-lo. A tensão engraçada que se formava na sua barriga.
O menino começou a beijá-la e todos os pensamentos da festa se evaporaram, tomados por uma única necessidade: beijá-lo de volta. Sua respiração acelerou, assim como os batimentos de seu coração, e ela se entregou ao contato de seus corpos. A mão dele em sua cintura, apertando-a deliciosamente, as línguas em sincronia, depois a boca dele passeando por seu pescoço...
! — ela exclamou, horrorizada. — Você está me beijando para me distrair de te convencer.
O garoto bufou embaixo dela.
— Por que você sempre acha que eu tenho um motivo secreto e maldoso para te beijar? Eu só quero te beijar!
— E pode me beijar — ela disse, um pouco constrangida, porque aquilo era verdade. Parte dela ainda não acreditava que ele pudesse desejá-la. — Mas pode me beijar só depois que prometer dançar comigo.
O menino bufou, mas logo depois os olhos dele se iluminaram. conhecia aquele brilho: frequentemente aparecia em seus próprios olhos.
— Não sou favorável à dança, . Mas tenho uma ideia muito melhor de como podemos comemorar nosso aniversário de um ano de forma adequada.

7 de Junho de 2016


— Eu não acredito que vocês querem comemorar o aniversário de namoro de vocês com uma aposta.
Amanda ainda estava incrédula com o que os melhores amigos disseram, enquanto João só balançava a cabeça, resignado.
— As apostas são especiais para nós — respondeu, recebendo um sorriso do namorado de tirar o fôlego.
— Mas vocês nem sabem o que vão apostar?
— Ainda não, Joãozinho, mas na hora certa vamos saber — respondeu.
— Atenção, gente! — Valéria, a representante de turma, disse da frente da sala. — Não se esqueçam de colocar no grupo do Whatsapp em qual função vocês vão trabalhar na Festa Junina. Lembrem que precisamos arrecadar dinheiro para a formatura!
— Que merda, esqueci de fazer isso — praguejou.
— Eu me inscrevi no Correio do Amor. Foi tão especial para mim ano passado, espero tornar para outras pessoas também.
— Quem diria que , a mesma garota que reclamou horrores do Dia dos Namorados na Festa Junina, estaria falando isso — Amanda zombou. — Eu me inscrevi na Cadeia, as pessoas nos pagam para prender pessoas.
— Quase me inscrevi nessa, mas eu fui para a Barraca do Beijo — João abriu um sorriso tímido e surpreendeu a todos ali: ele era bem na dele nesse quesito.
— Boa ideia, Joãozinho, quem sabe eu vou também.
!
— Calma, , só ‘tô zoando com você! — colocou as mãos para o alto, rindo, antes de abraçar a namorada. — Só tem uma boquinha que eu quero beijar.
— Eu não aguento mais essa melosidade. — Amanda fingiu que estava vomitando. — Você tinha que se inscrever no Correio do Amor, . Você já é especialista nisso, ?
— Nunca vi nenhum menino no Correio do Amor. Será que dá problema? — se perguntou.
— Não tem nada dizendo que não pode, ? — a amiga replicou.
— Eu e nas vendas? Aposto que eu venderia muito mais.
e tiveram um clique e se olharam ao mesmo tempo, a mesma ideia se passando pela cabeça. Um sorriso lento surgiu no rosto de cada um.
— Ai, lá vem... — Amanda reclamou, enquanto João só suspirou e começou a rasgar dois pedaços de papel do caderno.
— Eu aposto que consigo vender mais cartões do Correio do Amor do que você — disse, sorrindo malicioso, e retribuía o sorriso.
— Prazo? — João perguntou.
— Ao acabar a quadrilha do nono ao segundo ano — respondeu. Antes de começar a nossa quadrilha, complementou mentalmente.
— Anotem o que o outro tem que fazer caso perca e me devolvam os papéis.
Ambos escreveram ávidos as suas ideias no pedaço de papel e entregaram para João, que era sempre melhor em guardar segredo do que Amanda. Ele arqueou, surpreso, as sobrancelhas enquanto lia os papéis e trocou um longo olhar com que fez a menina se arrepiar.
— Aposta feita. Ô, senhor, mais um ano sem paz na Festa Junina. — Amanda balançou a cabeça em negação.
— Pronta para perder, ?
— Dado o meu histórico, você que devia temer, .
— Ano passado eu te deixei ganhar. Esse ano, eu não perco por nada.
— Então, isso vai ser interessante — a garota replicou, pensando no que ele teria que fazer se perdesse, algo que ela desejava imensamente — porque eu também não.

11 de Junho de 2016


— Ele não apareceu para nenhum ensaio, Amanda. Nenhum!
recortava os corações vermelhos da forma mais frustrada que alguém poderia realizar a tarefa. Ela e Amanda estavam ajudando na confecção dos materiais para a festa no dia seguinte. Enquanto fazia os cartões, Amanda fazia uma placa escrita "Cadeia".
— Ora, , às vezes ele não teve tempo.
— Não teve tempo?! É o que parece mais estar acontecendo essa semana. Ele sumiu, Amanda. Sumiu! Quase não me manda mensagem e parece estar em qualquer lugar da escola, menos onde eu ‘tô. Acho que essa ideia de aposta foi péssima…
— Eu falo isso há anos!
— Mas agora é sério! — ela exclamou, balançando a tesoura no ar para enfatizar sua fala. — Na nossa amizade, isso sempre funcionou, mas como casal? Eu não suporto o ver se afastando, como se eu pudesse estragar qualquer plano dele.
— Mas é isso que vocês se tornaram até amanhã, não? Rivais.
— Será? Não era isso que eu queria. Queria um jogo que nos lembrasse da gente. Que fosse divertido para nós, que lembrasse da última festa.
— A que você ficou rodando igual uma barata tonta achando que alguém estava te sacaneando?
— Mas tudo acabou bem! — bufou e voltou a cortar corações. Queria logo ir para casa.
— Então, talvez, dessa vez, tudo só acabe bem também.
— Mas como? Ele quase não fala mais comigo, não aparece em nenhum ensaio: o que é muito importante para mim…
— Amanda começou, seu tom de voz bem mais calmo do que o normal —, você já pensou que, talvez, para ele, seja importante você entender que ele não gosta de dançar? Tanto quanto para você é importante dançar?
nunca tinha olhado por esse lado. Será que ele odiava mesmo Festa Junina tanto assim que não podia se esforçar nesse último ano para dançar com ela? Será que era horrível da parte dela não estar compreendendo? suspirou, confusa.
— Será que isso vai dar certo? Nós dois?
Amanda arregalou os olhos, chocada.
— Do que você ‘tá falando, maluca?!
— Nós não gostamos das mesmas coisas, nos afastamos com apostas. Será que é para dar certo?
Amanda largou o cartaz e se aproximou mais da amiga, pegando a mão dela.
— Você não vai deixar uma única festividade decidir se o seu namoro, que tem dado certo por um ano, vai funcionar, ? — Amanda olhou para cima, pensando. — Sabe o que você tem que fazer? Arrumar um par para dançar. Se ele não for dançar, o que te impede?
— Mas eu queria dançar com ele!
— Mas, se quiser dançar, tem que lidar com o que tem. Vou ver se o Marquinhos tem algum amigo que esteja precisando de par.
— Você não estava ficando com o Joel?
— Isso foi semana passada — Amanda disse, abanando o ar como se dissesse que aquilo era besteira.
riu e se sentiu um pouco mais relaxada com a certeza que dançaria, embora a decepção crescesse nela também. Mas Amanda tinha razão: ela não podia estragar o próprio namoro por causa de uma Festa Junina.

12 de Junho de 2016


A garota ajeitou o vestido rosa com corações que havia preparado justamente para a Festa Junina. Decidiu deixar o cabelo solto dessa vez, com apenas uma presilha com um laço rosa na lateral. As bolinhas enfeitavam seu rosto e ela se sentia linda. Mas a desanimação não deixava que ela se sentisse tão bem assim.
desceu e encontrou o namorado (com roupas normais, claro, já que ele se recusava a usar xadrez) conversando com a mãe na sala. Ambos olharam para ela quando desceu.
— Ah, minha menininha está tão linda! Vão, se juntem que eu quero uma foto, já basta não ter conseguido uma dos dois no ano passado.
— Mãe!
— Ela ‘tá certa. Eu quero uma foto ao lado da menina mais linda da escola — respondeu, fazendo-a corar. Ele a olhava com tanta intensidade e carinho que toda a sua irritação foi deixada de lado, fazendo um enorme sorriso brotar em seu rosto.
— Ah, estão lindos demais!
Nesse ano, quando o celular vibrou, nem se deu ao trabalho de abrir a foto que com certeza havia sido enviada no grupo da família, para sua humilhação.
— Meu pai está esperando aqui fora para levar a gente — falou para ela.
— Então vamos indo. Beijo, mãe!
— Beijo, queridos, vão com Deus! E me manda mensagem quando chegar. Tem dinheiro, ? E o casaco, pegou? Deixa esse celular ligado para caso eu precise te ligar, hein!
— ‘Tá bom, mãe, ‘tá bom, tchau!
Ambos saíram do cômodo e da casa, mas, antes que pudessem avançar mais, a interrompeu para lhe roubar um beijo intenso.
— Você — ele sussurrou, a testa encostada na dela, os olhos fechados, a respiração descompassada e as duas mãos no rosto da menina — é uma perdição.
sentiu as bochechas queimarem e sorriu, de vergonha e felicidade. Se colocou na ponta do pé para retribuir o beijo.
— E você não está tão atrás.
Ambos riram e entraram no carro. A viagem foi bem rapidinha e conversou com seu sogro enquanto pôde. Era estranho, sempre tivera facilidade em conversar com ele quando era amiga de , mas agora tinha medo de fazer qualquer coisa que pudesse decepcioná-lo.
Os dois finalmente entraram na festa e sentiu aquela sensação maravilhosa em seu peito: as cores, as bandeirinhas, a música, o cheiro das comidas, as roupas de todos, a grande fogueira... Nada, simplesmente nada se comparava à Festa Junina. Um sorriso enorme brotou em seu rosto.
— Vem comigo, . Acho que temos que comemorar esse dia direito e é claro que isso começa com um milho na espiga.
riu e sentiu seu coração se aquecer ao se lembrar de quando o encontrara pela primeira vez na festa, a um ano atrás, em que ele lhe oferecera a mesma comida. Seu namorado podia ser implicante, mas era extremamente atencioso.
Os dois se deliciaram com o milho e logo depois foram cumprir sua missão: se encontraram com os alunos responsáveis da organização das tarefas e pegaram o material necessário para o trabalho: para cada um, uma cesta, vários cartões vermelhos cortados em forma de coração e algumas canetas para escreverem as mensagens.
Com tudo em mãos, o casal se encarou.
— Então, é aqui que nos separamos — pontuou.
— Ainda não — a interrompeu, se aproximando dela, olhando para seus lábios...
tinha certeza de que ele ia beijá-la, mas, para sua surpresa e confusão, ele pegou um dos cartões de sua cesta com uma das canetas e começou a escrever. Depois, devolveu o cartão e a caneta, deixou uma moeda de um real na cesta dela e depositou um beijo em sua bochecha.
— Para te dar uma vantagem. Eu te amo, , mas nem se preocupe: eu vou ganhar.
E foi embora. Assim, depois de provocá-la! Como ele ousava lhe dar um cartão, como se duvidasse da capacidade de vendas dela a ponto de ajudá-la, como se aquilo fosse irrelevante? A menina, ainda irritada, pegou o cartão preenchido para poder lê-lo.

““Eu te asseguro, não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração”
- Luiz Gonzaga, Asa Branca

Não precisa sentir minha falta. Depois que eu vencer, a gente ainda vai passar bastante tempo juntos.”

Em seu verso, estava escrito “, 3C”. A menina ficou morrendo de raiva do deboche, mas não pôde evitar um sorrisinho ao se lembrar dos cartões recebidos no ano passado. E tinha sido tola ao não acreditar que havia sido seu melhor amigo, o único que a conhecia tão bem para escrever aquilo.
Guardando o sentimentalismo de lado, se recompôs: ela precisava ganhar aquela aposta. Por isso, encarnou o modo aposta e competitividade e começou a rodar a festa, com um sorriso no rosto e uma cesta cheia de corações.
O problema era que, passada uma hora, à exceção de alguns pais bondosos, ninguém havia comprado seus cartões. Não era possível que nenhum aluno estivesse considerando mandar uma mísera mensagem, nem que fosse para sacanear alguém. E era um preço tão em conta, apenas um real! Por que ninguém comprava nada?
acreditava ter encontrado algo perto de uma resposta quando, ao tentar vender os cartões pela terceira vez para duas meninas do primeiro ano, uma delas respondeu:
— Desculpa, nós não podemos. — Imediatamente, levou um tapa da outra. — Ai!
— Não podem? Não podem o quê? — perguntou, mas as duas se despediram e saíram.
Ela tentou ir atrás das duas, mas se perdeu na confusão. O sétimo e oitavo ano já estavam dançando quando ela parou para contar: onze reais. Naquele mesmo momento, viu vender, todo sorridente, três cartões do Dia dos Namorados para cinco meninas que ela tinha certeza que ela mesma tinha abordado e se recusaram a comprar os cartões dela. O que ele tinha falado para elas mudarem de ideia?
A quadrilha terminou e, quinze minutos depois, a quadrilha do nono ao segundo ano começou. ficou desesperada. O seu tempo era extremamente curto. Fez uma pausa, comprou um cuscuz doce com muito leite condensado para tentar se acalmar e foi procurar a melhor amiga.
— Amanda, preciso falar com você — disse, de frente para uma Amanda vestida de preto, com óculos escuros e um quepe de policial.
— Criminosa ou veio incriminar alguém? É cinco reais.
— Amanda, é sério. O tempo está acabando e eu só vendi onze cartões. Eu vi o vendendo bem. Eu preciso fazer alguma coisa!
— Então vai vender mais, caramba, não é difícil — a amiga disse como se fosse óbvio.
— E você acha que eu não tentei?! Ninguém ‘tá comprando nada, isso ‘tá muito esquisito...
— Talvez eles estejam com medo da sua cara amarrada...
— Amanda! É sério! Eu preciso ganhar porque, se eu ganhar, o vai dançar comigo! — admitiu.
A amiga arregalou os olhos (ou assim achava, já que viu as sobrancelhas da amiga subirem para cima dos óculos escuros) e chamou uma menina para ficar no lugar dela. Tirou os óculos e se aproximou de .
— Você ainda não desistiu disso? Talvez essa dança só complique mais as coisas.
— Mas é nossa última dança. A única vez que eu estou namorando e, tecnicamente, deveria finalmente ter um par. Isso se ele quisesse dançar comigo, mas ele não quer!
olhou em volta, derrotada, sentindo muita frustração. A quadrilha já estava no meio. Se tivesse trinta minutos antes da sua dança começar, seria muito. Seu olhar, então, se prendeu na Barraca do Beijo.
— Vamos falar com o João. Quero saber como ‘tá indo essa ideia e se ele pode me ajudar. Quem sabe algum velho pagou muito para poder beijá-lo e agora ele pode comprar todos os meus cartões.
Amanda revirou os olhos, mas se deixou ser puxada na direção do amigo. suspeitava que ela também estivesse minimamente curiosa com o andar daquela barraca. Furando a fila de quinze pessoas, as duas ficaram de cara com João, que tinha acabado de dar um beijo na bochecha de uma menina de uns doze anos.
— Então é beijo na bochecha? — Amanda perguntou, atraindo a atenção do amigo. Ele abriu um sorriso pequeno e maroto.
— Depende da idade.
Amanda arregalou os olhos e até esboçou um sorriso, mas podia ouvir a quadrilha se encaminhando para o fim.
— João, me diz que você tem muito dinheiro e pode comprar todos os meus cartões do Correio do Amor.
— Infelizmente, não alcancei a meta da barraca — João respondeu com tranquilidade, chamando a próxima da fila.
— Ninguém compra de mim, João. Ninguém! Eu vou perder essa aposta e ela é muito importante para mim. Por que não tem uma mísera pessoa que queira pagar um real em um cartão bonitinho?
— Eu não sei de nada.
se virou para João, os olhos semicerrados, vendo-o se afastar da última menina.
— João, o que você sabe?
— Eu acabei de dizer que não sei nada.
— O que é justamente o que alguém que sabe algo fala. Eu sabia que tinha algo errado! O que foi? Por que as pessoas estão dizendo que não podem comprar meus cartões?
João nem se dignou a responder. Pelo contrário, começou a beijar cada vez mais pessoas na fila para manter a boca ocupada em qualquer coisa, menos responder. ficou frustrada e soltou um pequeno gritinho, antes de se sentar violentamente em um banco ali perto, as mãos apoiando a cabeça, segurando a vontade de chorar, não sabia se de raiva ou mágoa.
Percebeu uma sombra se estender sobre ela. Desejou de coração que fosse seu namorado, seu irritante namorado que a confundia e a magoava, mas que a deixava melhor do que qualquer outro.
Mas, quando levantou a cabeça, não era ele que estava ali.
— É com você que eu posso comprar um cartão do Correio do Amor? — o menino desconhecido, que parecia ter a sua idade, perguntou para ela.
tentou sorrir diante da expectativa de vender um cartão.
— É aqui mesmo. Por mais que esteja mais para Correio da Desgraça.
O menino riu de sua piada sem graça e se sentou ao lado dela.
— E quanto está um dos cartões, senhorita...?
. Mas pode me chamar de . E ‘tá um real. Bom preço, não?
— Excelente, . — O menino estendeu a mão. — Eu sou o José.
Eles trocaram um aperto e, logo em seguida, ele colocou a mão no bolso.
— Ainda bem que ganhei troco do pastel de 30 centímetros. Agora posso comprar três cartões.
sorriu em expectativa. Aquilo era bastante, perto do que estava conseguindo vender. Não podia se deixar desistir tão fácil.
— Isso seria excelente! Dedico para quem, em especial?
— Gostaria de saber se a vendedora poderia vender para ela mesma. — E piscou.
Piscou! ficou envergonhada diante do elogio. Não era do tipo que recebia e, depois do namoro, começou a se acostumar com as cantadas de . Mas de um desconhecido? Aquilo parecia pegadinha.
Mas a necessidade de ganhar falava mais alto que a insegurança. abriu um enorme sorriso.
— A vendedora pode vender para ela mesma, sim. Mas só de cinco cartões para mais.
José gargalhou ao seu lado.
— Então a vendedora é uma mercenária!
— E uma investidora. — Agora ela quem piscou. Ora, ela só estava entrando no joguinho. Aquela carteira estava cheia de lindas moedas, pelo que ela podia ouvir.
José juntou seis reais em moeda e lhe ofereceu. A menina encarou aquilo como o mais precioso tesouro encontrado no mar. Ela ergueu os seis cartões para ele.
— O que eu começo a escrever?
— Bom, no primeiro você pode colocar uma pergunta importante: a vendedora, além de mercenária e investidora, está solteira?
— Não.
suspirou, reconhecendo a voz e sabendo que, pelo jeito que a resposta foi dada, a pessoa não estava nada feliz.
A mão de foi parar em sua cintura, possessivo, e o sorriso de José murchou. A garota podia imaginar o olhar que o namorado estava lançando para o pobre garoto, então se adiantou em falar, com um sorriso de falsa culpa:
— Realmente, além de mercenária e investidora, essa vendedora está comprometida.
— Ah. — O menino murchou e parecia querer sair correndo dali. Ele relanceou e tremeu de leve. — Então acho que só os cartões valem. Boas vendas, .
E saiu correndo. Imediatamente, se virou para e empurrou seu peito.
— Você me fez perder meu melhor cliente!
— Seu melhor cliente? — A cara de estava fechada, mas ele soltou uma gargalhada irônica. — Você quis dizer o cara que estava dando em cima de você. E você deixando!
— Para com isso, ! — ela ralhou, revirando os olhos. — Claro que eu deixei, viu quantos cartões ele comprou? Seis! Mais da metade de tudo que eu tinha conseguido até então!
— Então, se um cara te pedir um beijo em troca de dinheiro, você deixa?
— Não, porque isso é a Barraca do Beijo, o que você disse que queria participar.
— Eu falei que era brincadeira!
— E isso aqui foram só uns elogios e simpatia. É claro que, se começasse a ser invasivo, eu daria um toque. Como essa pergunta! Eu podia muito bem responder sozinha que namoro. Aliás, de onde você brotou?
pareceu levemente envergonhado.
— O João me mandou mensagem que tinha um engraçadinho falando com você.
— O João?! Pelo amor de Deus, vocês não podem me ver conversando com alguém sem se meter na minha vida!
— Ele não estava só falando com você.
— Sim, ele também estava comprando os meus cartões! Um ponto essencial, já que eu não consigo vender para ninguém e eu preciso muito ganhar essa aposta! — jogou as mãos para cima, sem ligar se estava chamando atenção dos outros.
— É claro que ninguém está comprando, ele só comprou porque é de fora e não sabia!
subitamente se calou e olhou para ele, primeiro confusa, e depois as peças se encaixaram em sua cabeça.
As meninas dizendo que não podiam comprar com ela. João dizendo que não podia lhe contar nada. Agora isso. Junto com o fato de que sumiu a semana inteira, rodando por todas as turmas para falar com todo mundo.
— Era isso — sussurrou.
Então olhou para ele, não só brava, mas simplesmente furiosa. Soltou a mão dele da sua cintura e se afastou.
— Essa semana toda. Você sumiu e se afastou de mim para orquestrar isso aqui. Uma trapaça! Eu não sei como, mas você trapaceou. Você fez todos comprarem os cartões de você e não de mim.
...
— Não vem com essa de ! Era uma aposta, , e uma aposta não é justa com trapaça.
, a questão não é essa. É que eu venci.
A menina entreabriu a boca, chocada, sem fala. Entre tudo o que ela esperava que ele fizesse (caísse de joelhos e se desculpasse, admitisse a trapaça e lhe explicasse, argumentasse com ela que era mentira), aquela ela não esperava.
— Você não venceu nada! Não foi justo!
Nesse momento, João e Amanda se aproximaram, com cara de preocupados. Seria cômico, se não fosse trágico, os quatro com aquelas expressões tristes, em contraste com a festa vibrante ao redor e ao dia mais romântico do ano, sem contar as roupas de cada um. Porém, se aproveitou da chegada dos amigos para se defender.
— Ali, até o João sabia que você estava trapaceando. Gente, vocês não vão defender isso,? Nós nunca trapaceamos em uma aposta!
João e Amanda se entreolharam e percebeu imediatamente que os amigos não estavam do seu lado. Se tinha algo que ela levava a sério, eram os desafios e apostas. Perceber o namorado e os melhores amigos contra ela, quebrando todas as regras que, para ela, eram sagradas, foi como receber um soco no estômago.
se aproximou lentamente de .
— Você mentiu para mim. Sumiu por uma semana. E nem se importou em se esforçar para fazer algo que você sabe que eu me importo. Quer saber? Me fala logo que porcaria eu tenho que fazer, mas depois nós vamos conversar sério. Porque eu definitivamente não esperava isso para o meu aniversário de namoro.
abaixou o rosto, sem nem rebater, e sentiu os olhos marejarem. Ele nem ia dizer nada? Então, ela olhou para João, esperando que ele dissesse a consequência da sua perda injusta.
Para sua surpresa, no entanto, quem se movimentou foi Amanda, tirando uma sacola de trás de suas costas.
— Vamos para o banheiro, amiga.
Aborrecida, a seguiu sem nem olhar para trás. Agora que a raiva estava se esvaindo, a dor começava a ganhar espaço no seu coração. Para muitos, parecia besteira. Mas todas as pequenas coisas faziam com que ela se sentisse traída pelo namorado e melhor amigo.
Ela só queria acabar com aquilo logo. Resignada, já dentro do banheiro, se inclinou para pegar a sacola da mão de Amanda, mas a amiga se afastou dela.
— Não, não, faz parte do desafio que você use uma venda. Vamos, eu te ajudo.
bufou, mas nem falou nada, com medo de a voz sair embargada. Deixou a amiga colocar um pano vinho sobre seus olhos e seu mundo se tornou uma mancha vermelha escura. Com ajuda de Amanda, tirou sua linda roupa meticulosamente preparada para aquele desastre de Correio de Amor e sentiu sua nova roupa: parecia similar à anterior, um vestido curto com saia de tule com algumas coisas costuradas na vestimenta, a decorando, mas que ela não conseguia definir a forma.
Amanda tirou sua presilha da cabeça e colocou um arco no lugar. Quando ergueu a mão para sentir melhor o adereço, no entanto, recebeu um tapa.
— Ai!
— Ainda não!
Quando a amiga definiu que ela estava, enfim, pronta, ambas caminharam para fora do banheiro ( totalmente apoiada por Amanda). Elas andaram bastante, até que a música da festa ficou um pouco mais distante. A mão de Amanda a soltou e ela paralisou, confusa se deveria continuar.
— É para tirar a venda agora?
— Sim. — Mas não foi a voz da amiga que a respondeu.
delicadamente tirou a venda de seus olhos e ela se viu do lado de fora, na fila para a entrada da quadrilha. Seu coração se apertou de leve ao perceber a movimentação: a última vez que viveria aquele tumulto.
— Eu vou encontrar o Marquinhos — Amanda disse, se afastando.
Confusa e magoada, olhou para qualquer coisa, menos o namorado, não querendo que ele visse seus olhos que voltaram a ficar marejados. Isso fez com que reparasse na própria roupa: um vestido clássico de Festa Junina, branco, com alguns corações na barra da saia curta. Uma ideia surgiu na sua mente. Levou a mão até a cabeça e sentiu o arco: na verdade, era um véu.
Por algum motivo, estava fantasiada de noiva caipira.
Esquecendo-se da briga por um segundo, ergueu os olhos para . Por cima de sua blusa comum, ele colocara uma blusa quadriculada, algo que, para ele, era um grande avanço.
Com um fio de esperança na voz, a menina perguntou:
— Nós... vamos dançar?
Como se esperasse a sua pergunta, “O Sanfoneiro Só Tocava Essa” começou a ecoar pela festa e a fila na sua frente começou a andar. Engatando o braço no seu, respondeu:
— Acho que agora não tem mais volta, não é?
Quando entraram na festa, perdeu o fôlego ao se dar conta de tanta coisa: era sua última Festa Junina como aluna. Era seu aniversário de namoro, Dia dos Namorados. Perdeu uma aposta (roubada, isso sua cabeça não esquecia) em que se esforçou para ganhar para dançar com seu namorado. E lá estavam, mesmo depois de ela ter perdido (injustamente), dançando a quadrilha.
— Isso significa que você admite que eu ganhei? — ela perguntou, sorrindo minimamente, a voz saindo um pouco mais embargada do que gostaria.
— Nem um pouco — ele respondeu, sorrindo. — Embora eu acho que teremos que reformular algumas regras das nossas apostas.
não queria sorrir, mas sorriu mesmo assim. Um sorriso um pouco triste, mas se tornando esperançoso.
— Se você ia dançar comigo se ganhasse a aposta, por que não aceitou desde o início?
A menina foi para frente no cumprimento de damas e teve que esperar o cumprimento dos cavalheiros e o geral para estarem somente os dois de novo, quando ele continuou falando:
— Não era isso que eu ganhava ao ganhar. Pelo menos, não só isso.
segurou sua cintura e ela pegou em seu ombro, as outras duas mãos unidas. Então, eles galoparam até o outro lado.
— Como assim, não só isso? Você trapaceou, me abandonou, não foi em nenhum ensaio e... pera, como você ‘tá sabendo os próximos movimentos sem a professora Martha anunciar antes no microfone?
abriu um sorriso envergonhado ao se abaixar para que ela pudesse fazer o beija-flor.
— Sinto te dizer, mas eu fui em ensaios. Só não os mesmos que você.
— Outros ensaios? — ela perguntou, franzindo as sobrancelhas em confusão. — Por que você só não ensaiou comigo?
— E estragar a surpresa? — ele perguntou, se levantando e pegando as duas mãos dela, entrelaçando-as com as dele e levantando-as.
— Preparar para o túnel! — Martha anunciou no microfone.
Os dois esticaram os braços, mas depois se prepararam para entrar no túnel. A garota se sentia anestesiada, como se estivesse com problemas para processar tudo ao seu redor.
— Eu ainda ‘tô frustrada e confusa com tanta coisa...
falou, olhando-a, enquanto percorriam agachados o túnel —, vamos só aproveitar esse momento por enquanto, ok?
A menina, ainda confusa e um pouco deslumbrada, apenas concordou e foi viver aquele momento ao lado do namorado, deixando a cabeça ser esvaziada de todas as suas dúvidas. Ela podia percebê-lo às vezes um pouco envergonhado na dança, mas estava fazendo tudo. Ano passado, dançou para cumprir seu papel e ela já havia se perdido completamente com isso. Agora, ele havia ensaiado e se dedicava para alegrá-la. Seu coração estava completamente derretido, esquecendo quase totalmente as dúvidas sobre os dois e as irritações da aposta.
Quando a dança estava terminando, na hora de preparar para a saída no caminho da roça, as pessoas foram se afastando para liberar espaço no meio. ficou confusa porque não se lembrava daquela parte na quadrilha. Tentou, então, ir para os cantos com os outros, mas o namorado a puxou justamente para o espaço vazio.
o olhou, desesperada, enquanto os dois iam para o meio de uma quadra observada por toda a escola, seus parentes e amigos. Não sabia como podia estar confortável ali.
E ele realmente não estava. O menino parecia um misto de irritação e preocupação.
Enquanto se aproximavam do meio da quadra, Joel, justamente o amigo do Marquinhos que Amanda dissera que poderia dançar com , apareceu no meio da quadra vestido como um padre caipira.
Então, a ficha de caiu. E ela olhou para .
— Sabe, é muito difícil tentar fazer uma surpresa para você — o namorado começou a falar. Por mais que estivesse nervoso, quando a olhou, sorriu, e isso fez o coração de disparar. Sentindo como se fossem só os dois, ela prestou atenção em cada palavra, como se dependesse delas para sobreviver. — Você estava tão feliz com essa data, afinal, Festa Junina, Dia dos Namorados e um ano de namoro. Eu queria fazer algo especial. Mas acho que já era para eu saber que surpresas não dão certo com você, ? — riu, nervosa. — Não posso nem tentar ser um namorado incrível sem você ficar chateada comigo.
— Claro, você me deixou de lado e trapaceou! — ela se viu forçada a lembrá-lo.
— Talvez eu precise de surpresas que te irritem menos — ele disse, rindo, e ela não pôde evitar sorrir junto a ele.
Eles estavam, então, de frente para Joel que, forçando um sotaque caipira, começou a falar no microfone:
— Estamos aqui nessa tarde para unir, perante a Santo Antônio, esses dois pombinhos apaixonados!
— O João me disse que o que você queria ao ganhar o desafio era dançar comigo. Desculpa não ter aceitado antes, eu sabia o quanto era importante para você — sussurrou em seu ouvido, por cima do discurso de Joel que fazia as pessoas que assistiam rirem.
— Tudo bem, eu também devia considerar o quanto te incomoda não dançar — ela sussurrou de volta, sorrindo.
— Não se compara a quanto me sinto bem fazendo algo que te deixa feliz — ele replicou e ela sentiu o coração disparar ainda mais, como se aquilo fosse possível.
A cerimônia rápida continuou, com os colegas fingindo felicidade, tristeza, ciúme e tudo possível dentro de personagens muito bem ensaiados. Todos pareciam estar inteirados no momento, menos ela, que ria ao observar os colegas. Nem ao menos suspeitou que todos pudessem estar ensaiando sem ela, mas era impossível não perceber agora.
— Oxi, mas quanta confusão! — Joel falou ao microfone, arrancando mais risadas da plateia, depois de Marquinhos ter fingido ser um tio ciumento que tentava subornar o padre para impedir o casamento. — Acho que é melhor casar logo antes que mais alguém interrompa! Estão casados!
puxou pela cintura e lhe deu um longo selinho que arrancou aplausos dos que assistiam. Então, os dois lideraram a saída do terceirão da quadra. Sua última dança, pensou . E não poderia ter sido melhor.
Quando finalmente saíram do local, voltando para o local de entrada da dança, continuou puxando a namorada, afastando-se dos demais e guiando-a para algum lugar que ela não sabia onde era.
Ou achou não saber. Porque, quando chegou ao local, seu coração disparou e o afeto preencheu seu coração.
Estavam na portaria da entrada da festa. O mesmo local em que os dois se encontraram e ele havia lhe revelado que havia escrito as mensagens, há um ano.
Os dois estavam praticamente sozinhos e não pôde deixar de sorrir.
— Obrigada por dançar comigo. E pela surpresa do casamento. Foi muito bonito — ela suspirou. — Mas ainda não precisava trapacear. Afinal, a gente ia dançar mesmo se eu ganhasse.
— Mas você não ia ser minha linda noiva caipira, não é? — ele disse, sorrindo. — E isso não é tudo. Afinal, é uma ofensa você chamar o que eu fiz de trapaça.
— Mas foi trap...
Antes que a menina pudesse argumentar, tirou do bolso um bolo enorme de corações vermelhos empilhados.
— Você não entregou os cartões?! — exclamou. — , pelo amor de Deus, não é assim que funciona o Correio, achei que era óbvio! Você tem que entregar para os destinatários!
— Mas é o que eu ‘tô fazendo — ele respondeu, sorrindo. — Lê na ordem.
ficou estática a princípio. Aquilo significava o que ela tinha entendido? Os cartões... eram para ela? Pegou os corações, sem conseguir acreditar e conferiu a parte de trás de cada um:
, 3C”.
Como instruída, ela foi lendo os cartões na ordem. Cada um tinha uma frase e ela se emocionou ao perceber que eram versos que formavam uma música que ela adorava:

“Se tu quiser
Eu invento o vento
Pra ventar o amor
Uma chuva bem chovida
Pra chover pé de fulô
Pra tu ficar cheirosa
E vir dançar mais eu

Se tu quiser
Eu poemo bem cheio de rima
Acendo a estrela mais bonita lá de cima
Faço tudo que puder, pra tu ficar mais eu

Se tu quiser
Eu crio um sentimento
Pra gente se amar
Descubro um jeito
Novo de te abraçar
Te beijo com um beijo
Que ninguém nunca beijou

Se tu quiser basta me dizer
Que eu irei correndo
É só me avisar
Que tu tá me querendo
E o mundo vai saber
O que é um grande amor”


A menina leu com o coração acelerado aquelas lindas palavras. Se sobrevivesse àquele dia, nunca teria problemas cardíacos. Quando ergueu os olhos, a encarava, sorrindo, mas também um pouco apreensivo.
— Desculpa ter feito essa confusão na surpresa, eu não queria te deixar brava. Eu só queria pensar em algo especial para você, porque você merece o mundo, . É isso que eu quero dizer com essa música. Eu faço o que você quiser que te fizer feliz, porque eu te amo.
se sobressaltou. Eles estavam juntos há tanto tempo, mas nunca tinham falado aquelas palavras especiais. Ela sentiu uma pressão no peito, como se sentisse que seus sentimentos não cabiam ali.
— É sério? Você me ama?
— É sério sim. Mas a sua falta de resposta me preocupa. Por favor, se você não me amar, pode devolver os cartões? Vai dar muito trabalho fazer tudo de novo para outra pessoa — ele respondeu, brincando, mas ela viu o sorriso dele demonstrar um pouco de nervosismo.
riu e correu para beijá-lo. Agora de verdade, não só um selinho como no casamento caipira.
— É claro que eu te amo, seu bobo — ela respondeu, rindo, se separando do beijo, mas continuando no abraço dele. — Mas sinto muito. Mesmo se a gente terminar, você nunca vai ter esses cartões de volta. Vai ter que encontrar alguém que odeie Festa Junina também. — Ele riu das palavras dela, brincadeiras que disfarçavam uma pitada de ciúme com a ideia de alguém receber seus presentes especiais.
— Não se preocupe, acho que ‘tô aprendendo a gostar da Festa Junina. — Ele puxou mais para perto e falou bem próximo a orelha dela: — Ela me lembra um pouco a garota que eu amo, e eu não pretendo me separar dela.
fechou os olhos, tentando gravar cada segundo daquele lindo momento.
— Feliz Dia dos Namorados — ela sussurrou para ele, emocionada, depositando um beijo na bochecha do namorado.
— Feliz um ano de namoro — ele respondeu, beijando-a apropriadamente e envolvendo-a em uma explosão de paixão.
? — ela perguntou no meio do beijo.
— Hm?
— Promete que, ano que vem, não vai bolar nenhuma surpresa?
Ele riu e se fingiu ofendido.
— Mas você ama minhas surpresas!
— Só depois que eu quase te mato, não é?
— Você tem um ponto. — Ele deu de ombros. — Uma pena que não teremos uma Festa Junina ano que vem no nosso aniversário de namoro, ?
— O quê? Você acha que eu não vou rodar essa cidade procurando uma Festa Junina no Dia dos Namorados?
— E nós vamos dançar? — perguntou, a voz desanimada.
— Com certeza — respondeu, sorrindo.
Ele sorriu de volta, mostrando que estava apenas brincando com ela, e os dois ficaram dessa forma, olhando um para o outro, felizes e realizados. se inclinou para beijá-la.
— Espera!
O garoto bufou.
— Por que é tão difícil beijar você?
— Não me distraia! Vamos começar a pensar agora nas regras oficiais das nossas próximas apostas!
O garoto a abraçou, tirando-a do chão, e abafando o grito dela com um beijo.
— Podemos discutir isso enquanto a gente se beija?
— ‘Tá bom, seu beijoqueiro! — ela riu, na verdade, amando a ideia. — Mas se prepare para ouvir muitas regras novas. Você não vai trapacear de novo ano que vem.
— Então já estamos pensando em uma nova aposta? — ele perguntou, beijando o pescoço da menina.
— É claro! Virou nossa tradição, não? E, sem trapaça, eu vou ganhar.
Ele se afastou do pescoço dela para olhá-la nos olhos.
— Não preciso de trapaça para te vencer, . Espere só até ano que vem. — depositou um beijo na testa de . — E não espere um desafio legal como dessa vez na hora que perder.
O casal começou a discutir porque, se não discutissem, não seriam e : melhores amigos, namorados e rivais. Se amando e desafiando um ao outro. Perdendo a paciência em um segundo, mas se amando no momento seguinte. Um casal um pouco complicado, talvez, mas que funcionava bem. Porque os dois juntos eram capazes de tudo.
Juntos até quando Santo Antônio permitisse, claro. E os dois torciam, ah, como torciam, que isso significasse muito tempo.


FIM.



Nota da autora: Um ano depois e a continuação chegou! Eu pretendia, um dia, escrevê-la, mas não esperei que fosse já no ano seguinte hahahah mas eu ouvi uma música de Festa Junina, lembrei do meu casal, as ideias foram surgindo, mais fugas de responsabilidade e a história teve que sair!
Obrigada a você por chegar até aqui e dedicar seu tempo para ler essa história tão especial para mim que me dá um quentinho no coração. Espero de verdade que você tenha gostado tanto de lê-la como eu adorei a escrever.
Gostaria de em especial dedicar para a Pati e a Luísa que, dessa vez, eu não deixei lerem antes HAHAHAH mas que são as maiores fãs dessa história e surtaram ao saber da continuação. Vocês são maravilhosas e nada disso seria possível sem vocês!
Estou tão feliz com essa continuação! Ainda mais que esse ano teremos Festa Junina (eu espero!) e não vou conseguir comer uma espiga de milho, ouvir uma música ou ver o Correio do Amor sem me lembrar do Gui e da Carol.
Se quiserem saber mais das minhas outras histórias, siga meu instagram @elena.n.stuff e não esqueçam de comentar o que acharam!!
De novo, MUITO OBRIGADA, e até a próxima história <3





Nota da beta: ELENAAAAA, QUE SURPRESA MARAVILHOSA FOI RECEBER ESSA FIC! Eu sou muito apaixonada nesse seu universo, quase morri lendo essa história, tava com saudades das crianças! Eu amo a dinâmica deles, amei a ideia de fazerem a aposta, amei o fazendo surpresa pra ... as festas juninas jamais serão as mesmas depois dessa duologia hahahaha obrigada por isso ❤️


Outras Fanfics:

Anne With An E:
➽ Depois De Anne (Longfic - Em andamento)

Harry Potter:
➽ A Night To Remember - The Snake (Shortfic - Finalizada)
➽ A Very Black Christmas (Longfic - Finalizada)
➽ Beggin' (Longfic - Em andamento)
➽ In Occulto (Longfic - Em andamento)
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➽ Todos Os Defeitos (Shortfic - Finalizada)
➽ Todos Os Efeitos (Que Você Tem Sobre Mim) (Shortfic - Continuação de "Todos Os Defeitos")
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➽ Um Motivo Para Ficar (Shortfic - Spin-off de "Magically Troubled With You")

Originais:
➽ 07. Te Assumi Pro Brasil (Shortfic - Finalizada)
➽ 13. How To Be A Heartbreaker (Shortfic - Finalizada)
➽ Correio Do Amor (Shortfic - Finalizada)
➽ MV: Give Me Love (Shortfic - Finalizada)


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