Flamme 2

Finalizada em: 25/11/2021

Capítulo Único

Estava escuro e empoeirado. Muito empoeirado. Namjoon gritava meu nome, mas não importava o quanto eu seguisse a sua voz, eu não conseguia achá-lo em lugar nenhum. Houve um estrondo e eu acordei, atônita:
- ? - era Namjoon ao meu lado na cama. - Amor, tá tudo bem. Você teve um pesadelo. Outra vez.
Namjoon me puxou para perto, deitando-me sobre o peito nu dele e acariciando meu cabelo enquanto eu me acalmava.
- Tá tudo bem. Eu tô aqui com você. - ele sussurrava docemente.
- Desculpa por ter te acordado. - pedi, abraçando-o.
- Eu sempre sei quando você está tendo um sonho ruim, amor, você começa a respirar diferente e a remexer na cama. Mas eu vou cuidar de você, tá bem? - ele me deu um beijo na testa, me apertando contra o corpo imenso e quente. - O que você sonhou?
- Nada... eu não quero mais pensar nisso.
- Tudo bem, vamos mudar de assunto. Ansiosa para usar o presente de aniversário que a grand-mère Dominique te mandou?
- Nos mandou, amor. Ou você não quer ir comigo para a França?
- Claro que eu quero! Oui, oui. - Namjoon brincou tentando arranhar o francês e exagerando no biquinho, que eu achei adorável e acabei selando.
Eu estava radiante de felicidade com a viagem que ganhamos de presente da minha avó, Dominique, para a cidade natal dos meus pais, na França. Eu tinha muitos parentes por lá, mas nenhum me entendia tão bem quanto a grand-mère... Nos correspondíamos por cartas e confidenciávamos tudo uma a outra: além de ser super empolgante para alguém que trabalhava com literatura como eu, era um excelente exercício de fluência para o meu francês, já que eu não andava praticando muita conversação desde que tinha me mudado para o apartamento do meu namorado, Kim Namjoon. Ele já tinha caído nas graças de parte da família (meus pais praticamente gostavam mais dele do que de mim) e, em breve, ele iria conhecer o restante na festa de aniversário que a vovó Dominique estava me preparando.
- A grand-mère está louca para te conhecer, amor.
- Espero não passar vergonha com meu francês quando chegarmos. Não consigo me concentrar direito nas aulas porque minha professora é muito bonita.
- Eu sou sua professora! - dei um tapinha de leve no peitoral imenso dele.
- Exatamente. Agora, me diz, se eu não responder àquela tarefa que você me passou, o que você vai fazer comigo, hein? - ele sorriu malicioso e lindo.
- Sério, Namjoon? Fantasiando com aluno e professora? - ri, contornando o pescoço dele com as pontas dos dedos.
- Eu não tenho culpa se você é gostosa e tudo que você faz é extremamente sensual.
- Eu sou sensual até caindo de sono? Esse carinho que você faz no meu cabelo é tão bom que eu estou quase dormindo de novo.
- Sim, você é. E eu te amo. Descansa, tá?
- Boa noite, amor. Eu te amo.
Consegui voltar a dormir tranquilamente. Era incrível como Namjoon conseguia me acalentar e me fazer sentir segura. Bom, ele era um bombeiro civil, acho que era certo afirmar que eu estaria sempre a salvo com ele por perto, mas o que ele fazia por mim desde que nos conhecemos* era muito mais que me proteger. Ele me aliviava o coração, me incendiava o corpo e, quase como um paradoxo, eu o amava ardentemente.
Outras coisas entre nós também eram ardentes: o sexo e, às vezes, as brigas. No dia seguinte, já à noite, eu estava me preparando para uma das grandes quando ele chegasse:
- Onde foi que você se meteu? - joguei o celular no sofá quando ouvi a porta abrindo e Namjoon aparecendo. - Você deveria ter chegado há horas.
- Desculpa, amor. Carter apareceu lá no Corpo de Bombeiros e saímos para tomar alguma coisa. Demorou mais do que eu esperava.
- Por que você não me atendeu? Ou usou o celular do Carter para me avisar? - perguntei, aborrecida.
- Os dois descarregaram. Perdemos a noção do tempo conversando, Carter está com problemas com a Gia.
Aquilo eu sabia. Gia era minha melhor amiga e tinha me confessado que estava pensando em terminar com Carter, que achou de alugar meu namorado para desabafar e acabou me deixando apreensiva e estressada até tarde da noite:
- E você está com problemas comigo. - respondi, irritada.
- , eu me atrasei, mas eu já pedi desculpas. Por que você está fazendo um grande caso disso?
- Por nada, Namjoon. Por nada. - menti, me sentando no sofá com o rosto entre as mãos. - Eu não fiquei aqui preocupada com você até essa hora pra você me chamar de exagerada.
- Amor, não foi isso que eu disse. - Namjoon se aproximou de mim. - Eu só quero entender porque você ficou tão zangada.
- E eu só quero ficar sozinha um pouco. Pode ser? - encolhi as pernas no sofá e abracei os joelhos.
Namjoon franziu o cenho e trincou o queixo, balançando a cabeça. Respirou fundo e falou num tom baixo:
- Tudo bem. Se é o que você quer, eu vou para o quarto.
Precisei de um tempo para assimilar a raiva e o susto pelo sumiço de Namjoon, mesmo que perfeitamente explicado assim que ele chegou. Ainda me sentia chateada horas depois, quando ele surgiu na sala com uma camiseta branca que eu adorava usar para dormir e uma calça de moletom. Deitou-se ao meu lado no sofá e metade do corpo dele ficou para fora. Mesmo depois de três anos de relacionamento, às vezes o tamanho dele ainda me surpreendia: ele era alto, forte e um tanto quanto desastrado, como se não coubesse em si mesmo. Mas também era protetor, carinhoso e fofo o suficiente para usar uma pulseira rosa cheia de continhas de coração e o apelido dele escrito, presente de uma criança que ele resgatara há anos.
- O que você tá fazendo aí? - perguntei, enquanto ele se ajeitava para não cair e procurando disfarçar o quanto eu queria rir da situação.
- Você disse que queria um tempo sozinha. O tempo acabou. Se você vai dormir aqui, eu vou dormir com você.
- Mal me cabe nesse sofá, Kim Namjoon, que dirá você.
- Então vem pra cama comigo. - ele me olhou com os olhos pretos, apertados e flamejantes. Eram quase opacos, mas a íris era uma faísca tão intensa que me hipnotizava.
- Eu vou. - levantei em direção ao nosso quarto e ele me seguiu. - Só vou tomar um banho antes.
- Você ainda tá zangada comigo? Poderíamos nos divertir nesse banho. - ele sugeriu, apoiando-se na porta do banheiro.
- Tô. Hoje eu vou me divertir sozinha. - pisquei, tirei a calcinha por baixo do vestido e atirei no rosto dele.
- Aaaah, ! Me deixa ao menos te ver tirando o resto da roupa. - ele pediu, segurando a peça.
- Ao contrário de você, eu estou te avisando: não me espere acordado. Eu vou demorar. - e tranquei a porta do banheiro na cara dele, já procurando o lubrificante íntimo e o brinquedo movido a pilha.

***


Algum tempo depois, deitei ao lado de Namjoon, de costas para ele, com uma camisola minúscula. Ele já estava dormindo e, como costumava fazer no meio da noite, já tinha se livrado da camiseta branca. Namjoon tinha essa deliciosa mania de ir se despindo durante o sono e eu salivei lembrando que ele gostava de dormir sem cueca e que poderia não haver mais nada entre ele e a calça de moletom. Não pretendia acordá-lo, mas quando ele sentiu meu perfume e o colchão se movimentando, me enlaçou a cintura com os braços fortes e sussurrou no meu ouvido:
- Você não gemeu tão alto quanto geme pra mim.
- Ah, não? Você ouviu mesmo assim, não ouviu?
-Tive que me esforçar para ouvir. E para não arrombar a porta e te fazer gozar direito.
- Você se importa? - usei a bunda para empurrá-lo, esfregando-me nele e comprovando a ausência de cueca. - Está tomando a cama toda. Eu vou para o outro lado ter mais espaço. - passei uma perna de cada lado do seu corpo e rebolei em cima do membro dele propositalmente enquanto fazia a troca.
- Você pode brincar o quanto você quiser, , eu gosto disso. - Namjoon encaixou as mãos no meu quadril e se encarregou de que ele mesmo me esfregasse no membro semiacordado. - Só te deixa mais acesa pra mim.
Ele tinha razão. Mas eu tinha ido para a cama depois de me virar sozinha, com aquela camisola curta e sem calcinha por baixo para provocá-lo, não o contrário. Saí de cima dele com o sexo pulsante e pedinte e deitei de bruços, do outro lado da cama. Ele começou a acariciar minhas coxas, subindo as mãos por mim e suspirando alto.
- ... assim você acaba comigo. - ele disse, descobrindo minha pele nua.
- Eu ainda tô com raiva de você, Namjoon.
Ele desceu os dedos entre as minhas pernas, em direção à minha intimidade úmida, e abriu um sorriso safado:
- Não é isso que o seu corpo tá dizendo.
Arqueei as costas e me empinei quase involuntariamente, excitada pelo movimento dos seus dedos. Tentei conter um gemido e falhei:
- Namjoon...
- Você quer que eu pare? - ele perguntou, mas já sabia a resposta. Eu apenas mordi os lábios e fiz que não com a cabeça.
Ele alargou mais o sorriso e, ainda deitado, livrou-se da calça de moletom. Passou as alças da minha camisola pelos meus braços e puxou-a para baixo, acariciando a curva da minha lombar e apertando a minha bunda. Senti o peso do corpo dele contra o meu quando ele se deitou sobre mim, me fazendo afundar na cama deliciosamente, completamente embriagada pelo calor dele e por um cheiro maravilhoso de água de colônia. Ele colocou meu cabelo atrás da minha orelha e mordeu-a, enquanto usava a perna para afastar a minha e deslizava, fácil, quente e prazeroso, para dentro de mim. Apertei o travesseiro e ele fechou uma das mãos na minha, começando a se forçar lentamente, e me segurando com força pelo quadril com a outra.
- Namjoon... - gemi novamente, num sussurro.
- Era isso que você queria, não era, ? - ele aumentou um pouco a velocidade. - Eu ouvi você gemer meu nome lá dentro também, só não foi tão gostoso como agora.
Ele correu a mão pela minha nuca e puxou meu cabelo, esforçando-se mais rápido e fazendo meu rosto arrastar de cima para baixo no travesseiro com o ritmo das enterradas. Puxei um lençol para a boca e mordi com força, abafando os gritos.
- Em quem você estava pensando enquanto estava com o seu brinquedinho? - ele me provocou, entre gemidos, ao pé do ouvido.
Gritei mais alto e cerrei os dentes no lençol, grunhindo. Namjoon forçou meu lábio inferior para baixo com o polegar e me fez liberar a mordaça:
- Eu te fiz uma pergunta. Responde. - ele ordenou com o hálito quente.
- Em você. - obedeci, sôfrega.
- De novo. - ele repetiu a ordem enquanto me invadia agressivamente. E eu adorava.
- Em você, Namjoon! - gemi mais do que respondi, tentando inutilmente acertar a respiração ofegante.
Ele deu um riso grave que fez meu corpo inteiro arrepiar. O movimento incansável dele contra mim me adormeceu as pernas e me esquentou o ventre, indicando que eu estava prestes a gozar. Namjoon soltou meu quadril e me acertou um sonoro tapa em uma das nádegas, fazendo o prazer dele escorrer pelo meu interior e meu orgasmo chegar junto com o seu.
Ele soltou meu cabelo e acariciou o local do tapa, me deixando um demorado beijo na bochecha enquanto nos recuperávamos do ápice. Saiu de mim e deitou-se ao meu lado. Eu estava de olhos fechados, mas sentia que ele estava me olhando. Queimava. E era um fogo que devastava, me inflamando o corpo, mas também aquecia, me confortando a alma.
- ? - ele me chamou baixinho depois de algum tempo, carregado de ternura. Namjoon me enlouquecia com aquela dualidade.
- Hm?
- Isso foi uma delícia, mas ainda precisamos conversar sobre aquela briga.
- Acabamos de transar. Isso significa que fizemos as pazes. - respondi, abrindo os olhos.
- Sim, mas eu continuo preocupado. Eu sei que tem alguma coisa incomodando você. - ele contornou meu rosto, me olhando profundamente. - Me conta o que você tem, minha .
Meu coração errou as batidas. Não conseguia resistir quando ele me chamava de "minha ". Havia, de fato, algo que ainda me era tão dolorido e aterrorizador que eu evitava falar, mas aquilo estava começando a perturbar meu sono e meu relacionamento com Namjoon. Era hora de explicar para ele como eu estava me sentindo, não importava o quão assustador fosse conversar sobre.
- Toma um banho comigo e eu te falo. - pedi.
- Eu nunca vou me cansar desse convite, amor. E, a propósito, a resposta vai ser sempre sim. - ele respondeu, sorrindo. Quando as covinhas surgiram, encaixei o mindinho em uma delas e sorri de volta. Ele beijou minha mão e nos levantamos.
Namjoon ligou o chuveiro e provou a água primeiro para garantir que estivesse morna para mim:
- Do jeitinho que você gosta. - ele constatou após alguns segundos. - Vem. - ele me estendeu a mão.
Fiquei observando aquela feitura de homem enquanto ele se limpava, passeando pelo próprio corpo com o sabonete. A água escorria sobre os ombros largos e descia pelo tronco robusto e a barriga trincada, retirando a espuma e revelando uma discreta cicatriz na costela. Já estava praticamente sarada nele, mas, em mim, ela ainda sangrava. E doía.
Terminamos o banho e eu saí para me vestir. Recolhi minha camisola do chão, dobrei e guardei de volta no armário:
- Eu quero dormir com a minha camiseta branca. - falei quando Namjoon saiu do banheiro, terminando de se enxugar.
- Sua? - ele riu e eu fiz um beicinho. - É. Acho que ela é muito mais sua do que minha mesmo...
Coloquei a camiseta que claramente não me servia, era enorme. Mas tinha o cheiro dele e por isso eu a amava tanto. Namjoon vestiu a calça de moletom de volta e sentou-se na poltrona de leitura que tínhamos no quarto. Me chamou com os dedos e depois bateu nas coxas, me indicando onde eu deveria sentar. Eu me ajeitei no seu colo, com os braços em volta do seu pescoço e o corpo inteiro acomodado perfeitamente pelo dele.
- Fala comigo, amor. - ele pediu. - Por que você ficou tão aflita com meu atraso?
- Porque, Nam, a última vez que você se atrasou foi na noite do seu acidente. Eu tive que saber por um dos seus colegas bombeiros que você estava embaixo daquele prédio desabado junto com as vítimas que você estava ajudando a resgatar. Se não fosse aquela viga impedindo que os escombros te esmagassem, eu teria te perdido para sempre... E eu quase perdi! - confessei, vacilando e soluçando enquanto as lágrimas me banhavam o rosto.
- Amor… - ele me imprensou contra o peito, molhado do meu choro. - É por isso que você anda tendo aqueles pesadelos, não é?
- Eu achei que se eu não falasse sobre isso, acabaria esquecendo, mas meus sonhos me lembram. Desde aquele dia, Namjoon, cada minuto que você deveria ter chegado e não chega é uma tortura para mim. Eu fico apavorada só de pensar que você poderia nunca mais ter voltado para casa.
- Ei. Olha pra mim. - era outra ordem, mas aquela era diferente. Era doce.
Ele segurou meu rosto com as duas mãos, enxugando-o, e continuou:
- Quando eu estava lá embaixo, desmaiando de dor, sem forças pra gritar e sem a menor ideia de quando me achariam, eu só pensava em você, . Foi por você que eu aguentei firme todas as horas de busca. Foi você que me manteve vivo.
Chorei ainda mais com a revelação de Namjoon. Ele secou minhas lágrimas pacientemente e puxou meu queixo, aproximando nossos rostos. O beijo que ele me deu foi longo, intenso e sem pressa alguma. Era como se a língua dele quisesse escrever no céu da minha boca todas as palavras que não tínhamos tido coragem de dizer desde que quase fomos separados por aquele acidente.
- Eu sempre vou achar meu caminho de volta para você, . Você é a minha chama, lembra? - ele sussurrou, com os lábios ainda grudados nos meus.
- Ma flamme... - repeti em francês e ele sorriu.
- Vamos para a cama, eu vou te colocar para dormir. - ele respondeu, já me carregando nos braços.
- Você vai mexer no meu cabelo até eu pegar no sono? - perguntei, dengosa, quando ele terminou de me deitar na cama e começava a se encaixar na conchinha atrás de mim.
- Eu vou fazer tudo que você quiser, amor.
- Eu só quero você, Namjoon.
- Você me tem. Completamente. - ele disse e eu afundei nos seus braços.

***


Estava gostoso lá fora, o clima da França era extremamente agradável na primavera. A grànd-mere Dominique brincou que eu cheguei e trouxe as flores junto comigo, enquanto colocava uma gardênia no meu cabelo e me ajudava a me arrumar para a minha festa de aniversário, que ela mesma tinha feito questão de organizar:
- Grànd-mere, por favor, diga que foi a senhora quem fez os macarons! - implorei, com água na boca. Minha avó tinha os melhores doces do mundo.
- Claro, chéri! - ela respondeu com o "r" carregado do qual eu tinha tanta saudade. - Não seria seu aniversário sem os macarons da grànd-mere! E por falar em açúcar, o que é aquele seu namorado?! - ela brincou, se abanando.
- Ele é lindo, não é? - perguntei, orgulhosa.
- Lindo e com tamanho de homem! - ela piscou e soltou uma gargalhada, me fazendo rir junto.
Toda minha família estava no salão de festas, divinamente decorado com balões e flores, naquela deliciosa confusão de pessoas alvoroçadas falando em inglês, francês e, às vezes, os dois ao mesmo tempo. Para intensificar ainda mais aquela mistura linguística, Namjoon deixou escapar um pouco de coreano quando me viu descendo as escadas:
- Meu Deus do céu, . Você está perfeita!
- Por favor, inglês ou francês, amor. - pedi, rindo e aceitando ser escoltada pelo seu braço, coberto por um elegante terno.
- Você tá tão linda que eu fiquei nervoso e misturei as línguas na minha cabeça. - ele respondeu admirado e me selou os lábios.
Fazia tempo que eu não me divertia tanto quanto naquela festa. Eu e Namjoon dançamos, comemos quase todos os macarons que a grànd-mere tinha feito e ele estava se dando bem com todos os meus parentes, especialmente o meu pai, com quem ele já tinha construído uma relação de cumplicidade tão grande a ponto de os dois ficarem de segredinhos. Conversaram por um bom tempo durante o jantar e, em dado momento, meu pai assentiu com a cabeça, apertou a mão de Namjoon e o puxou para um abraço com sonoros tapinhas nas costas um do outro. Fiquei intrigada com a cena, mas quando Namjoon se aproximou de mim e eu ia perguntá-lo sobre o que tinha acontecido, fui interrompida pelo barulho dos talheres batendo nas taças de vidro:
- , discurso, chéri! - era a voz da vovó Dominique.
Normalmente eu me esconderia no banheiro para evitar falar em público, mas contemplei aquele salão repleto de pessoas que me amavam e queriam meu bem e só conseguia me sentir plenamente grata. Namjoon apertou minha mão, me encorajando, e quando olhei nos seus olhos negros e faiscantes, senti imediatamente a necessidade de falar. Sorri para ele e me levantei:
- Eu gostaria de agradecer a todos por terem vindo, por todo carinho que vocês têm por mim e, especialmente, pela grànd-mere, que me deu essa maravilhosa festa e essa viagem incrível de presente. - foquei o olhar em Namjoon e continuei. - Mas o maior presente que eu poderia ter ganhado foi receber você de volta, Namjoon.
Ele sorriu tímido, apertando ainda mais os olhinhos e revelando as covinhas. Respirei fundo, recordando tudo o que tínhamos passado e me preparando para prosseguir:
- "Todo mundo conseguiu sair?". - citei, com a voz embargando. - Alguns de vocês podem não saber, mas, há seis meses, Namjoon sofreu um acidente quase fatal tentando resgatar vítimas de um prédio em chamas. O fogo fragilizou a estrutura e ele ficou preso lá embaixo com um grupo de pessoas.
Houve um silêncio de condolência e eu me esforçava para continuar o discurso. Nesse ponto, eu já me dirigia exclusivamente a Namjoon, como se não houvesse mais ninguém ali além de nós dois:
- Foram mais de dez horas para te achar, Namjoon. Foram duas costelas quebradas, além das outras fraturas e dos outros ferimentos que eu nem cheguei a contar. Foram dias respirando com ajuda de aparelhos por causa de toda poeira que você tinha aspirado. Você ainda sentia dores intensas quando finalmente acordou e, mesmo assim, a primeira coisa que você perguntou foi se "todo mundo conseguiu sair". - repeti, emocionada. - Eu sou muito sortuda de ter um homem tão incrível e altruísta como você ao meu lado. Mesmo lutando pela sua vida, você pensou nos outros antes de pensar em você. É por isso e por tantas outras coisas que eu te amo, Kim Namjoon. Você é meu maior presente.
Todos começaram a aplaudir entusiasmados e, alguns, como a maman e a grànd-mere, se debulhando em lágrimas (eu tinha mesmo puxado à minha mãe e à minha avó no quesito choro). Namjoon estava adoravelmente corado e, num gesto discreto, indicou a si mesmo, batendo no peito com o polegar e apontando para mim em seguida. Eu li quando seus lábios disseram, sem som: "Eu voltei por você."
- O que você está fazendo sentado aí ainda? Vá beijá-la! - a grànd-mere empurrou Namjoon na minha direção e ele se aproximou de mim, rindo e me segurando pela cintura. Todos ficaram quietos de repente.
- Você se lembra da primeira coisa que eu disse, mas você se lembra do que eu disse depois? - Namjoon me perguntou, acariciando meu rosto.
Tremi da cabeça aos pés. Nunca tínhamos falado sobre isso porque, na hora, ele estava praticamente sedado de remédios, mas eu lembrava. E pelo visto ele também.
- Você me pediu em casamento. - sussurrei para ele.
- Eu pedi, mas eu meio que desmaiei de novo antes de você responder. - ele riu, nervoso. - Além disso, eu não tinha o anel, nem a bênção do seu pai... Mas agora eu tenho. Então eu vou perguntar outra vez.
Namjoon me soltou e ajoelhou-se na minha frente. Enfiou a mão no bolso do paletó e tirou uma caixa de dentro, com um anel de uma pedra rosada, linda e brilhante:
- , eu não vejo a hora de te chamar de minha esposa. - ele prosseguiu, segurando minha mão direita. - Você aceita casar comigo?
Eu era capaz de ouvir meu coração batendo de tanta felicidade:
- Eu aceito, ma flamme. Eu aceito!
Namjoon colocou o anel no meu dedo e me levantou no ar, me envolvendo no melhor beijo da minha vida enquanto todos no salão vibravam.
- Você não desmaiou dessa vez. - brinquei.
Namjoon sorriu e afundou o rosto no meu pescoço, tentando esconder que estava prestes a chorar de alegria. Soltou o ar pesadamente e me apertou a cintura com as mãos trêmulas.
- Você só tem tamanho, Kim Namjoon. - ri do nervosismo dele, acariciando seu cabelo. - Mas eu te amo.
- Feliz aniversário, . - ele sussurrou no meu ouvido. - Eu te amo.




Fim



Nota da autora: A segunda fic veio aí! Eu gostei tanto de escrever Namoe que trouxe eles de volta para esse especial, incentivada, como sempre, pela beta, autora e amiga, Daphne. Um obrigada especial para a scripter, Aline, que também foi indicação! *E se você gostou desses dois tanto quanto eu e quer saber como esse casal começou, leia Flamme aqui no site!

Outras Fanfics:
Flamme

Nota da Scripter: Primeiramente, obrigada por me escolher, baby! E segundo, que fic, hein? On fire!!! Do jeito que o Brasil ama (e eu também, lógico). E o Namjoon fofinho e on fire ao mesmo tempo eu adorei!
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