Finalizada em: 05/02/2022

Capítulo Único

People say we shouldn’t be together
Too young to know about forever
But I say, they don’t know what they talk talk talking about ♫


Montanhas do Valle Nevado — Chile

Ela

O lugar era muito mais distante do que a garota costumava se lembrar, aconchegante, de fato, mas a sutileza e encanto que o Valle transmitia não eram nem de longe capazes de camuflar os acontecimentos marcantes que estavam por vir.
Já fazia algum tempo que a garota e sua família não voltavam às montanhas do Chile, e, tampouco, estava acostumada com as temperaturas baixas em pleno mês de agosto. Não abominava o clima frio, mas, ainda assim, o termo “férias perfeitas” seria muito melhor aplicado no solzinho gostoso do seu continente. Mas, por uma infelicidade do destino, e, em uma tentativa encalorada de seus pais em reencontrar os velhos amigos, o seu plano de as férias perfeitas na Itália, havia ido por água abaixo. E, o pior de tudo aquilo, não estava no fato de trocar um gelato magnífico por um chocolate quente — magnífico também, diga-se de passagem — e sim na insistência feroz de seus pais que cismavam em esquecer que ela já era maior de idade.
Se não os amasse, ela talvez jamais tivesse retornado ao Valle.
O motivo daquilo era simples, preferia deixar todos os momentos que viveu naquele lugar, em seu passado e apenas nele. E, acredite, há muito mais o que fazer por lá do que apenas aproveitar a neve.
E foi naquele instante que a garota sentada ao banco traseiro da 4x4 recém estacionada em frente ao hotel, ajeitou-se e desceu de forma entediada da caminhonete, colocando os óculos escuros em frente ao rosto a fim de evitar os raios de sol que ainda podiam ser vistos no céu daquele lugar, contrariando completamente a estação e a neve.
— Bem-vindos de volta ao paraíso — a matriarca proferiu, abraçando o marido, que lançou um sorriso animado para ela e a filha.
— Deveríamos ter feito isso muito tempo atrás — respondeu animado à esposa e ouviu sua filha resmungar baixinho. Ele riu com um sorriso. Sabia que a filha adorava aquele lugar, apesar da insistência em dizer que “não”. Ele só não sabia que havia sido ali, que deu o primeiro beijo com o filho do seu melhor amigo. — Vamos, , não pode ser tão ruim quanto você pensa. Além disso, é véspera de ano novo e você sempre adorou essas datas.
rolou os olhos porque sabia que ele estava certo e se aconchegou nos braços afetuosos de seus pais. Nunca estaria velha demais para aquilo e foi no aconchego daquele abraço em família que a garota permitiu-se achar que, de fato, aquela viagem havia sido uma boa ideia, afinal, uma hora ou outra, teria que encontrar quem ela julgava ter as íris azuis mais lindas que ela já tinha visto.
Coisas boas sempre acontecem na véspera de ano novo, não é mesmo?
Mas, apesar de ser tão observadora, mal percebeu olhos distantes, mas fixos em si.

♥❄♥❄♥❄♥❄


Ele
Horan observou atento do hall de entrada o exato momento em que a 4x4 prata estacionou em frente ao hotel, e, como imaginou que aconteceria, sentiu seu corpo inteiro congelar. Era como um devaneio, uma realidade difusa que ele sequer cogitou que um dia estaria ali para vivenciar. Mas o que diabos esperava? Sabia que, independentemente da garota ter ido embora, a família ainda era a coisa mais importante para ela e ela não deixaria de passar seu tempo livre com eles. Não se ainda fosse a garota que ele conhecera.
Ainda assim, era cedo demais. Cedo demais — resmungou pausadamente, já que, de fato, não esperava vê-la tão rápido. Não tinha como negar, ele sempre a reconheceu mesmo que ela estivesse a quilômetros de distância e isso acontecia mesmo antes de beijá-la a 6 anos atrás, e, apesar de serem jovens na época — ele 18 e ela 16 -, sempre soube que ela seria o grande amor de sua vida, por isso que ele precisava provocá-la tanto, assim, evitaria magoá-la ou ao contrário. Sempre achou que não suportaria perder a amizade da garota.
Mas, naquele ano, foi tudo diferente. havia mudado tanto, já não era mais aquela garotinha meiga e irritante que seu pai o obrigava a brincar nas suas férias, e, para piorar, seus amigos cismavam em fazer comentários do tipo “quando você vai me apresentar aquela sua amiga gata?”.
Aquilo o deixava irritado ao extremo, muito mais que qualquer nota não alcançada. Ele odiava a ideia de ver outro alguém sendo tudo para ela, porque, mais do tudo, ele queria ser tudo para ela. Mas, devido ao compromisso que recém havia formado com a banda, ele não podia se dar ao luxo de ficar com ela, então tratou de guardar tudo isso em um potinho trancado em seu peito, não para esquecê-la, apenas para o lembrar que ele não merecia alguém tão extraordinária quanto a .
E então o seu irmão ligou.
E, em questão de segundos, a voz de Greg proferiu tudo que ele menos imaginava. Rapidamente, Niall se viu ansioso demais em passar as férias que havia tirado da banda com a família e principalmente, com ela. Se não fizesse e dissesse o que sempre quis naquele momento, talvez jamais tivesse uma segunda chance, já que a garota iria se mudar e morar com seus tios em busca de mais uma coisa que ambos tinham em comum, a música.
Foi aí que Horan percebeu que todo segundo longe dela, fazia falta. Merda. Ele até havia composto para ela.
Seus pensamentos foram ofuscados quando ouviu uma voz masculina chamando-o. Talvez fosse pela segunda vez.
— Ela está linda, não está? — A voz fez com que Horan desviasse seu olhar de Gabriela para o cara ao seu lado. Niall mal havia notado o momento em que o irmão se aproximou, mas desconfiava que já estava ali há algum tempo e presenciou todo o olhar stalker que ele havia depositado na garota.
Greg, por sua vez, não culpava o irmão, e, tampouco se surpreendeu com a falta de atenção que recebeu, afinal, os olhos de Niall estavam fixos em algo muito mais interessante do que ele.
— Como sempre foi — Niall murmurou baixo, ainda assim, sabia que Greg conseguiria ouvir. Ele tinha esse dom, não precisava ouvir as coisas em som alto e claro, pois era bom demais em decifrar os sinais que as pessoas ao seu redor davam, e no caso de Niall, o sinal era claro: os olhos focados em Gabriela Black, diziam muito mais do que ele admitiria.
— Bom, apenas não deixe que ela não pense o mesmo de você — pigarreou. — Essa sua cara de completo choque pode parecer bem estranha, sabe? — advertiu para Niall e esse tornou a sorrir fraco.
— Ela sempre foi tão observadora, não foi? — Greg concordou com a cabeça.
— Muito mais do que você, irmãozinho — brincou. — Aliás, parece que não será tão legal para a sua reputação continuar encarando-a desse jeito.
A dupla fixou seu olhar ao trio abraçado e concordaram quase que instantaneamente que ali não seria o melhor lugar para aquele reencontro.

♥❄♥❄♥❄♥❄

Ela
Gabriela estava na varanda do salão de festas, havia escapado um pouco do agito do local para pegar um pouco de ar, estava próximo da meia noite e apesar do clima frio, não havia nuvens no céu, apenas poucas estrelas e uma lua brilhante que eram suficientes para deixar aquela noite linda.
Observava toda a movimentação dos hóspedes animados na parte de fora, enquanto alguns brincavam de fazer anjos de neve, outros andavam com cobertores para mais próximos da fogueira fake e, ainda assim, ambos compartilhavam a mesma energia mágica de esperar para a grande virada.
Crianças, adultos e até mesmo animais de estimação, não se importavam com o frio e se divertiam juntos no último dia do ano.
Havia evitado Niall durante todo o dia e, consequentemente, a maior parte da noite, ficando totalmente aliviada quando encontrou Bobby, Greg e Denise sozinhos com os seus pais. Aproveitou para abraçar com carinho todos os três, já que não os via há um bom tempo e após alguns minutos colocando o papo em dia, não deixou de notar certa curiosidade do irmão mais velho em tentar saber se eles já haviam se reencontrado. Por sorte, não.
E em questão de segundos, pegou-se se perguntando em como reagiria ao reencontrá-lo. Era óbvio que assim como a dela, a sua aparência havia mudado bastante em 6 anos, não tinha dúvidas, afinal, os tabloides não deixavam-na esquecê-lo, mas, assim como a sua voz, Niall sempre foi brilhantemente lindo para ela. Deveras vezes se pegou ouvindo sua banda e reconhecendo quase que de imediato a sua voz entre as cinco, e, quando ele começou a carreira solo, sabia as letras de suas músicas de cor.
Não admitiria, mas gostaria de falar o quanto ela estava feliz por vê-lo seguir seu sonho e tinha certeza que ele sentiria o mesmo por ela. Por hora, entretanto, deixaria que seus pensamentos permanecessem apenas em sua mente.
? — uma voz feminina suave ponderou atrás da garota. Gabriela não precisou se virar para reconhecer quem era, a voz de sua mãe era tão inconfundível quanto a sua.
— Resolveu verificar se eu não havia fugido? — brincou e viu a mulher rolar os mesmos olhos reluzentes que ela tinha. Mesmo se quisesse, não poderia negar que herdou traços significativos de seus pais, assim como a personalidade forte de ambos. — Você sabe que estou brincando.
— Brincando? Oh, querida, realmente imaginei que você pularia para o lado de fora e rolaria na neve junto com aquelas crianças — provocou a filha fixando seu olhar para o jardim agora completamente coberto de neve, e, com o sorriso bobo nos lábios, ambas soltaram uma risada. — Não duvido de suas intenções marotas, querida, mas, não vim até aqui para te vigiar. — Colocou o braço direito sobre o ombro da filha, trazendo-a para perto e quase que automaticamente ajeitou sua cabeça no ombro da mulher. — Na verdade, gostaria de saber se seria muito chato para você tocar para nós e os convidados?
ficou alguns minutos em silêncio prevendo se aquilo seria uma boa ideia, mas, levando em consideração que não tinha nada melhor para fazer naquele momento, e que aquele lugar realmente estava precisando de uma boa música, concordou que seria uma ótima ideia e ela sabia exatamente o que tocar.

♥❄♥❄♥❄♥❄


Ele
Niall era o tipo de cara que sentia prazer com pequenas coisas. Aromas, sons e até mesmo coisas simples rotineiras, deixavam seu espírito em total estado de paz, e, foi exatamente isso que sentiu quando finalmente ouviu aquela voz.
Havia passado parte do seu dia no telefone com o seu novo empresário, resolvendo os últimos detalhes de seu segundo álbum, e, outra parte, tentando fugir de Gabriela.
Mesmo que Greg tivesse lhe dito que estava agindo como uma verdadeira criança, jurou que a evitaria durante todo o dia.
Aquilo durou apenas poucas horas.
E então, em questão de segundos, ele estava ali com celular em mãos, torcendo para que ela tivesse o mesmo número.
Respirando fundo, pegou o celular com mais firmeza e então começou a digitar pequenas palavras que diziam “podemos nos encontrar?” e clicou no “enviar” quase que instantaneamente. Sabia que já estava na hora de ir atrás da garota, afinal, ele não podia mais ignorar os sinais que vinham atormentando-o. Sabia que aquilo estava destruindo-o, ficar longe dela destruía-o pouco a pouco.
Mas, quando viu que não recebeu uma resposta, encheu seu corpo inteiro de coragem e desceu de seu quarto até o salão que acomodava a festa.
Niall saiu da ala particular em que estava acomodado para a parte externa do hotel, com certa dificuldade para abotoar o casaco e quando finalmente conseguiu, já estava bem próximo do lugar de destino. O rapaz parou frente a entrada e chacoalhou os pés para que a neve acumulada em seu sapato saísse, olhou para varanda e quanto mais chegava próximo da porta externa, mais conseguia escutar um som suave de um piano vindo do lado de dentro. Niall abriu e fechou a porta com cuidado para não ser notado, e, encostou— se sobre a parede para admirar a garota que tocava de costas para ele.
Waiting here for someone. Only yesterday we were on the run cantava suavemente enquanto sua mão se movia com agilidade sobre o piano, a sincronização dos sons era tão bonita que fazia com que a música fosse perfeita para ela. — Your smile back at me and your face lit up the sun, Now I’m waiting here for someone [...]
Ele sabia exatamente qual música a garota tocava e não havia dúvidas de ela ficava muito melhor na voz dela, só foi pego de surpresa por ver que ela conhecia a sua música e continuou ali, presenciando o que julgou ser a cena mais linda que já viu.

♥❄♥❄♥❄♥❄


Eles
Greg observava o irmão que estava com um sorriso bobo, encostado próximo a uma das portas de entrada. Não precisou seguir seu olhar para saber o motivo daquele sorriso. Desde pequenos, Niall e Gabriela compartilhavam muito mais que um amor pela música, apesar de ambos nunca admitirem isso. Mas, Greg sabia que acontecesse o que acontecesse naquele dia, o destino daria o seu jeitinho.
E, em um piscar de olhos, foi exatamente isso que aconteceu.
Ao final da música, Niall teve sua concentração interrompida ao ouvir vozes de desespero direcionadas a ele. Por um momento, achou que havia sido descoberto e reconhecido por algum fã, mas, ao prestar atenção, percebeu que a voz não estava direcionada a ele, e sim para o dono das quatro patas que estavam em cima dele. Como não havia percebido aquilo?
Em qualquer outro momento, um golden retriever pedindo carinho seria uma cena fofa, mas não naquelas circunstâncias, já que o cão estava com noventa por cento de suas patas molhadas e sujas de lama. Imaginou-se como o cachorro havia ficado daquele jeito e lembrou-se de ver algumas crianças brincando no lado de fora quando saiu de seu quarto.
— Me-me desculpe... Mamãe disse para eu e Josh segurar Ayla com firmeza, mas, Josh se distanciou um pouquinho para pegar o graveto para o nosso boneco de neve e eu não consegui contê-la sozinha quando viu um guaxinim.
Uma garotinha de mais ou menos doze anos, falava de forma agitada e atropelada, pegando a coleira do cachorro que havia acabado de sujá-lo, enquanto o garoto, provavelmente da mesma idade da menina, vinha correndo em direção a eles.
Niall juntou as sobrancelhas, tentando entender da melhor forma o que a garotinha desesperada tentava dizer e como se lesse seus pensamentos, o garotinho ao lado, pigarreou:
— O que minha irmã está tentando dizer, é que sentimos muito por ter sujado você. — Niall sentiu certo nervosismo na voz dele e resolveu pensar em uma resposta agradável para dar, afinal, ele também já foi uma criança.
— Não se preocupem, eu já estava querendo tomar um banho mesmo — brincou e sorriu para as duas crianças que saíram do local aliviadas.
Niall preparava-se para fazer o mesmo quando sentiu alguém tocar em seu ombro. Sentiu um arrepio ou se virar e ver rapidamente quem era.
— Acho que você precisa de um banho — Gabriela falou de forma brincalhona, enquanto segurava um riso. Mesmo todo cheio de lama e neve derretida, Niall continuava lindo.
— Acho que não tenho como discordar disso, não é mesmo? — respondeu olhando para as vestes sujas antes de focar seu olhar para a garota. Sentia suas mãos suarem frio. — Oi, Black.
— Olha, não sei, achei conceito esse estilo patas e lama. — brincou. — Oi, Horan. Está hospedado em qual quarto?
Perguntou tentando parecer mais tranquila o possível e demonstrar o mínimo que estar ali tão próximo dele, fazia com que seu coração quase saísse pela boca.
— Estou no 14V — Gabriela arqueou a sobrancelha ao ouvir a resposta. Conhecia a maioria dos cômodos do hotel.
— O da ala privativa, do outro lado do hotel? — perguntou assustada e Niall assentiu com a cabeça. — Apesar de admirar que todos os quartos daquele lado tem seu próprio ofurô, molhado desse jeito, você congelaria antes mesmo de chegar na porta de entrada.
Niall riu, ela estava certa.
— Vem, vou levar você para o meu quarto.
Niall novamente assentiu com a cabeça e ambos se direcionaram para o andar de cima.

♥❄♥❄♥❄♥❄

Os dois seguiram pelos corredores em um silêncio constrangedor. Ambos sabiam que aquele momento chegaria, mais cedo ou mais tarde, ainda assim, estavam ansiosos demais pela presença um do outro para poder falar qualquer coisa.
Quando chegaram em frente a porta da garota, Gabriela pegou o cartão-chave e passou sobre a trava e após um clique, a mesma se abriu. Os dois adentraram e Gabriela se apressou até a porta do banheiro. O garoto seguia seus passos em silêncio, observava cada gesto e não sabia definir se estava tão concentrado na garota por já fazer tanto tempo que não a via ou porque só conseguia pensar no quanto ela era linda.
Avallon se direcionou ao box e ligou o chuveiro ajustando-o para que a água ficasse em uma boa temperatura. – Deve ter toalhas aqui em baixo. — abriu a porta do armário embaixo da pia e pegou uma toalha branca ao qual jogou para o garoto. — O quarto dos meus pais é aqui do lado. Vou até lá e pegarei algumas roupas de meu pai para você, tudo bem para você?
— Tudo bem, , vou ficar bem, obrigado.
Niall sorriu e a viu sair do local.
Após alguns minutos, Gabriela já havia voltado do quarto de seus pais e trazia consigo uma muda de roupa para Niall, demorou um pouco mais de tempo do que o esperado escolhendo algo que ficasse confortável para ele e a essa altura, o garoto já devia estar ou ter terminado seu banho.
Gabriela então, ficou se perguntando por quanto tempo aguentaria ficar próxima dele sem ao menos beijá-lo e imaginou-se como lidaria caso ele pensasse o mesmo. Deixou as roupas sobre a cama e estava prestes a dizer que havia chego quando ouviu a voz repentina de Niall.
Merda. – xingou pela segunda vez. Preocupada, Gabriela não pensou duas vezes antes de correr para ver o que tinha acontecido.
— Niall, está tudo bem? Posso entrar? — ponderou em frente a porta.
— Bem, acho que sim... — ouviu a voz responder do lado de dentro e então girou a maceta do lugar.
Ruborizou ao notar que Niall estava apenas com a sua box, mas, seu olhar acabou seguindo para outro rumo. Com as mãos postas um pouco acima do joelho, Niall tentava estancar o corte que havia feito.
— Use isso daqui, ajudará com o sangue. — rapidamente, entregou a toalha de rosto pendurada para o irlandês. — Você está bem?
— Estou sim, obrigado. — segurou a toalha colocando-a sobre o corte. — Não foi nada, apenas bati na quina do armário enquanto me vestia. – falou cabisbaixo.
Gabriela não se surpreendeu com a revelação, afinal, Niall sempre foi o mais desastroso entre os dois. Ainda assim...
— Seu joelho está sangrando, Niall e isso vai precisar de pontos. — arqueou a sobrancelha e agachou-se em frente ao armário do banheiro em busca de um kit de primeiros socorros. Gabriela tateou por alguns segundos e sorriu ao encontrar o que queria. Levantou e Niall conseguiu vislumbrar o kit em suas mãos, Gabriela ajoelhou-se próxima do garoto e ele a olhou de forma confusa, sem entender muito bem quais seriam os próximos passos daquele encontro.
A garota pediu que Niall tirasse a toalha e percebeu que apesar de precisar de pontos, o corte não era tão grave assim. Jogou água oxigenada com cuidado em cima do corte e Niall xingou baixo. – Desculpe – disse olhando para ele e continuando a limpar o corte. Após isso, esterilizou a agulha com álcool isopropílico e mordeu o lábio inferior antes de direcionar seu olhar para Niall. – Pronto?
— Você sabe o que está fazendo? – brincou.
— Mas é claro! — afirmou. — Vivia fazendo isso no meu irmão quando caia do skate.
Deu de ombros e Niall sorriu mesmo sentindo um pouco de dor.
...
— Oi? — arqueou a sobrancelha ao passo que Niall a olhava.
— Você não tem irmãos.
Ela sorriu travessa.
— Exatamente. — respondeu rindo. — Bom, não pode ser tão difícil, não é? — riu junto ao garoto. — Prepare-se Horan, isso vai doer.

♥❄️♥❄️♥❄️♥❄️

Depois de 5 minutos, havia terminado sua obra-prima e Niall agradeceu, tentando caminhar até as roupas postas na cama, mas, mancava um pouco.
— Vou te ajudar com isso. – ao ver aquela cena, Gabriela prontamente pegou as roupas sobre a cama e entregou a Niall, dando privacidade para que este se trocasse, indo para a sacada de seu quarto.
Uma das coisas favoritas para ela naquele hotel, era a paisagem que cada quarto oferecia, ainda assim, não podia negar o quanto tudo aquilo parecia bizarro. Em um momento torcia para ficar longe do garoto, e, em outro, estava ajudando-o com um joelho rasgado.
Era tudo tão irônico, como se mesmo que ela fizesse de tudo para ficar longe dele, algo a atraia para perto novamente. Então, quando o viu parado no salão, observando-a naquela noite, resolveu que pela primeira vez, iria seguir a vontade de seu coração.
Gabriela estava com os olhos fechados, sentindo a brisa fria do inverno bater singelamente em seu rosto quando sentiu um toque no seu ombro, fazendo-a virar e ficar frente a frente a ele.
— Hey ...
Pausou por alguns segundos.
— Você está bem? — perguntou a garota, percebendo que a voz do garoto estava um tanto quanto embaraçada.
— Sim... quero dizer, não. — ponderou criando coragem. — Eu sei que já faz um tempo e também sei que eu não tenho sido a melhor pessoa para você nos últimos anos e que você tem sua vida agora e todas as suas próprias preocupações, mas, você se lembra daquele dia em que estávamos em uma de nossas cabanas improvisadas aos 8 anos?
Ela estreitou os olhos, desconfiada da intenção daquelas palavras.
— Sim, mas, o que você quer dizer com isso?
— Bom, foi ali que cantei pela primeira vez para você... — ela assentiu, lembrando-se. — Mas, também foi ali que percebi que era completamente apaixonado por você, Gabriela. — a garota piscou pega de surpresa. — E quer saber o por quê? Porque você sempre acreditou em mim, Black, sempre foi a primeira pessoa a dizer que eu podia fazer qualquer coisa e eu não fui justo com você quando resolvi me afastar depois de finalmente tê-la beijado.
Ele respirou fundo.
— Eu me detesto por ter sido tão inseguro com isso, mas é que quando se trata de você, a coisa que mais tinha medo era de te perder e esse foi o meu erro.
— Niall, eu...
— Apenas deixe que eu continue. — respirou. — , por muito tempo, achei que me distanciando de você, estaria nos protegendo, mas, percebi que fui apenas um covarde, porque mesmo se eu não dissesse, sempre que eu precisasse, você estaria ali por mim e eu por você, porque é isso o que melhores amigos fazem.
— Gabriela, para Greg, você sempre foi uma irmãzinha, mas, para mim, foi muito mais que isso. Você sempre foi minha melhor amiga, mesmo eu dizendo o contrário e mais que isso, você sempre foi e sempre será a pessoa que eu mais quero em minha vida... será que você pode me perdoar e podemos recomeçar?
As irises azuis de Niall estavam fixos nas da garota. Gabriela estava fazendo de tudo para evitar chorar por ouvir aquelas palavras, e, antes que seus olhos marejados a traíssem, ela sabia exatamente o que responder.
Nesse caso, o que fazer.
E como anos atrás, Gabriela selou os seus lábios, e, já não havia dúvidas de que, a sensação do toque macio dos lábios de Niall aos seus era muito melhor que qualquer outra coisa. Tinha certeza de que aquela sensação era a mesma de estar no paraíso, só que dessa vez, não seria o fim, e sim o início de algo extraordinário.
Aproveitando o momento juntos, quase não perceberam a neve começar a cair e tão pouco as luzes do fogos de artifícios tomando conta do céu, denunciando que enfim, estavam em um ano novo.
— Feliz ano novo, Horan. — falou Gabriela entre a pausa do beijo e ainda com os olhos fechados.
— Feliz ano novo, Black. — respondeu selando novamente os seus lábios.
E dali em diante, ambos sabiam que tinham muita coisa para viver.


Continua...



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.


CAIXINHA DE COMENTÁRIOS

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus