O Ponto Fraco de Sirius Black

Última atualização: 11/08/2023

Capítulo 1

Uma névoa branca e densa cobria todo o castelo de Hogwarts, gerando um ar sinistro e fantasmagórico para o fim de uma tarde longa para os alunos do quarto ano.
Submetidos a uma série de provas, todos aparentavam certa exaustão, exceto um grupo de amigos que parecia mais animado do que o normal.
Os marotos, como eram chamados, subiam as escadas em direção ao Salão Comunal da Grifinória, arrancando suspiros e sorrisos apaixonados por quem atravessava o caminho deles.
Passaram pelo salão da casa completamente vazio por ser a hora do jantar, refeição esta que os quatro dispensaram para se encontrarem em seu quarto e ficarem devidamente seguros.
Após alguns minutos de caminhada e risadas escandalosas de Sirius e James, os rapazes já se encontravam em seu quarto nos devidos lugares, vulgo cada um jogado em sua cama, menos Remus que se sentou em uma poltrona.
Eles se entreolharam e faíscas escaparam pelos pares de olhos excitados com seu novo feito.
O feito? O roubo das provas do dia seguinte, nas matérias de Defesa Contra as Artes das Trevas e Herbologia.
Assim que James retirou delicadamente os pergaminhos de uma bolsinha preta, os quatro rasgaram o silêncio do local em gargalhadas.
- Eu não sei, por Merlin, como conseguimos ser tão incríveis! – o moreno de olhos castanho-esverdeados Potter disse divertido e com um ar de admiração por si mesmo que fez Remus revirar levemente os olhos.
- Eu até me surpreendo às vezes... – Black disse com uma pose que não cabia ao momento, fazendo Pettigrew encolhido em sua cama rir e deixar uma devoção chegar aos seus olhos.

Os quatro amigos se deixaram levar por seus planos e brincadeiras enquanto do lado de fora do quarto bagunçado duas garotas estavam abaixo da janela dos mesmos.
Não que isso tenha alguma ligação com o que elas estavam fazendo ali. Ou talvez tenha.
As duas garotas eram igualmente do quarto ano, uma pertencente a casa de Grifinória e a outra de Sonserina.
rodava sua varinha entre as mãos despreocupadamente, enquanto a pequena se envolvia entre seus braços apertando-os contra sua capa. A garota não sentia apenas o frio climático da noite gélida, tremia também pelo que estavam prestes a fazer.
- Vamos lá minha querida, vai dar tudo certo – a sonserina sorriu, mostrando todos os dentes perfeitamente brancos e alinhados em sua boca avermelhada pelo batom que estava usando.
- O problema não é apenas roubar os Marotos, – ironizou a palavra – E sim fugir da escola.
- Qual o problema nisso? Eu sei que você não precisa, mas saber a matéria nunca é demais! Acha justo que só eles tenham o privilégio de ter as provas?
- Isso não é privilégio, é roubo. E foram eles que roubaram, se tem algo justo nisso é...
- Shh...
olhou para a amiga franzindo o cenho, e ao seguir seu olhar entendeu o motivo, havia alguém chegando perto.
Prendeu a respiração, ainda não estavam fazendo nada de errado, mas como explicariam a presença delas ali?

- Por que eu tive que trazer as vassouras? – Saindo por entre a névoa que descia do céu em seu azul marinho quase apagado, as duas suspiraram de alívio quando viam que a figura que se formava era .
A menina andava desajeitadamente segurando três vassouras contra seu peito, tropeçando na capa e quase caindo, arrancando risadinhas das amigas que se aproximaram para ajudá-la.
segurou sua vassoura como se fosse tão valioso quanto um diamante, era evidente o amor da garota pelo ar, tanto que exercia a função de artilheira além de capitã do time da Sonserina.
Um grande feito para um aluno do quarto ano.
e arrumaram suas vassouras perto de seus corpos e sorriram.
- Será que eles já deram falta no mapa? – murmurou, olhando sugestivamente para a janela acima. Suas amigas seguiram o olhar.
E foi aí que pulou de susto ao ver que alguém estava com o rosto pressionado contra o vidro e obviamente era um deles. Prendeu a respiração.
- Droga, eles devem saber que somos nós! Vamos logo.
sorriu com crueldade, pensando em como queria poder ver a cara dos rapazes quando deram a falta do seu precioso artefato.
percebeu a agitação pela janela e riu, montando na vassoura com uma postura impecável, seguida pelas outras duas. Trocaram um olhar antes de impulsionar seus corpos e saírem do chão, movendo-se para a direção de Hogsmeade.
rezando mentalmente para que não sentissem sua falta, se abrumou na vassoura e aproveitou que as garotas ainda estavam em uma velocidade mínima para pegar sua varinha entre suas vestes e apontar para as duas. a olhou com desconfiança.

- É um feitiço para camuflar, ficaremos das cores do ambiente – explicou antes de lançar o feitiço.
Assim que terminou, as garotas ganharam uma velocidade três vezes maior do que o permitido, principalmente que se perdia nos metros à frente.
As três tinham apenas um destino, a Casa dos Gritos.

- Será que eles morreram no caminho? Céus... – a sonserina disse entre dentes enquanto passava levemente um batom sobre os lábios. deixou um leve medo tomar conta de si, eles podiam ter sido pegos.
- Não , eles não foram pegos – sorriu à amiga.
Se conheciam tão bem que poderiam praticamente ler o pensamento da outra sem terem de fato esse dom.
A grifinória se jogou ao lado da sonserina que estava deitada confortavelmente em um sofá velho.
A corvina deu de ombros e as três começaram a conversar sobre o período de provas, com uma satisfação que não era igualado ao das amigas.
- E é essa a solução? Roubar-nos? – a voz sarcástica de Sirius ecoou pelo cômodo e Greengrass se mexeu desconfortavelmente, sentando-se, tomada por um frio na barriga que nunca admitiria sentir.
- Não levem para o lado pessoal – disse risonha.
E logo os quatro rapazes adentraram ao local, apenas Black sério, os outros se divertindo com a situação.
- Onde está o mapa? – Sirius praticamente rosnou e levantou-se, deixando um sorriso irônico lhe encher os lábios.
- Onde estão as provas? – varreu o olhar pelos rapazes, mas parou em Black cujos olhos pareciam faiscar para a menina.
- Vamos logo com isso – James disse quase rindo, andando em direção às meninas – Remus não pode se encrencar.
- Que meigo tomando conta do amigo Potter, assim nem parece um idiota egocêntrico – disse em um falso tom doce.
- Estava demorando... – Lupin em seu tom autoritário olhou a todos e de repente percebeu que ele ficava sexy assim.
Riu de leve do pensamento e quando todos a olharam ela se sentiu envergonhada.
- Eu vou dar o mapa para o rato Pettigrew, e você Potter passa as provas para , sim?
Peter olhou odioso para a sonserina que o encarava com desprezo.
- Não pode tratar ele assim!
- E quem vai me impedir? Você Black?
- Chega. Vocês dois, por Merlin!

Lupin cortou o contato visual flamejante dos dois, enquanto James retirou do bolso de sua calça a mesma bolsinha preta e, retirando delicadamente a cópia que haviam feito das provas, entregou para que sorriu em agradecimento.
Greengrass não se aproximou muito de Peter, o olhando como se tivesse algo contagioso no garoto, entregando o pergaminho sem nada escrito para o pequenino rapaz que a olhava com um rancor pesado.
- É ótimo fazer negócio com vocês rapazes – se levantou, lançando um olhar sugestivo para Potter, que retribuiu com um sorrisinho sacana – Vamos garotas?
- Claro. Boa noite meninos! – disse categoricamente enquanto já apanhava sua varinha.
- Até Marotos riu do próprio tom de piada, fazendo Black bufar, pensando em como se sentiria bem lançando um feitiço naquela carinha linda.
- Hey, não se esqueçam de que chamam de vocês de nossas versões femininas – James disse malicioso, jogando a cabeça para o lado a fim de tirar seus cabelos negros que caíam em seus olhos, um movimento que sempre foi considerado sexy pelas meninas – ou seja, são as Marotas.
- Não seja ridículo, Pontas – Sirius ralhou.
- É. Não seja ridículo – usou o mesmo tom e no segundo seguinte já estava fora do local adentrando na noite.
e riram, seguidas por James e Remus, que sorriram abertamente para as garotas. Foi apenas quando Sirius pigarreou alto é que perceberam o “clima” no qual se encontravam.
As meninas sorriram desconfortáveis e se atiraram para fora da casa, encontrando uma impaciente que já estava no ar. Seguiram a sonserina e zarparam em direção a Hogwarts.
Os rapazes saíram em seguida, Pettigrew levemente emocionado por ter sido defendido por Black, que nem parecia se lembrar do ocorrido.
Estava concentrado demais em odiar a garota sonserina em pensamento.

- Devíamos fazer como elas. Vamos demorar mais do que o dobro para chegar ao castelo.
James concordou com um aceno de cabeça, se arrumando embaixo da capa de invisibilidade. Peter abraçava o pedaço de pergaminho recuperado e assim eles se encaminharam silenciosamente ao castelo.

No dia seguinte, o clima na escola continuava pesado lá fora, algumas previsões feitas pelos alunos indicavam que não demoraria a nevar.
olhava distraída pela janela afora, admirando como o castelo ficava lindo no inverno. Ele fica lindo de qualquer jeito, pensou admirada.
- Anda logo Greengrass! – Bellatrix, uma das quatro colegas de quarto tentava domar seu cabelo rebelde em frente ao espelho, irritada com o fato de ainda estar de pijama.
arrastou-se até seu guarda-roupa apanhando seu uniforme que já estava separado. Vestiu-se lentamente e quando terminou, posicionou-se ao lado de Lestrange para se arrumar.
Adorava isso, sempre fazia com que a morena ficasse irritada com a sua facilidade em arrumar seus longos cabelos que caíam em cachos perfeitos sobre suas costas, deixando sua colega de quarto insegura.
adorava isso e não escondia. Beleza e elegância eram algo genético, era imposto pela sua família, todos eram assim e ela não era diferente, inclusive, era o prodígio e a preferida da tradicional família sonserina.
Bellatrix era uma garota com um corpo magro bonito, mas era muito pequenina não só na estatura, mas também nos traços que eram pouco atraentes.
Seus olhos eram de um negro vívido que reluzia maldade e davam uma sensação de sugar a bondade que a cercava, pelo menos era isso que sentia. Os cabelos eram rebeldes, macios e bem cuidados, extremamente negros.
Lestrange era temida pelas outras casas, tinha sempre uma resposta cínica ou cruel e não media azarações para irritar os outros alunos, principalmente lufanos, que sujavam a escola em sua opinião.
Porém, como todo sonserino que se preze, ela odiava a Grifinória e todos os seus bastardos grifinórios, o que constantemente causava briga naquele quarto, já que “compactuava” com esse tipo de gente.
A morena bufou e olhou discretamente para o reflexo da loira do seu lado, ela era a mais bonita da casa, sem dúvida.
A amargura chegou aos olhos da garota, que se surpreendeu com a olhando com certa compreensão, o que só a deixou ainda mais frustrada. Saiu da frente do espelho e sem esperar ninguém, saiu do quarto.
- Por que ela não nos esperou? – Andrômeda, a única daquele ambiente com quem realmente se importava, parecia confusa.
Diferente da prima, ela era atraente e não parecia entender a maldade constante da garota, ela era uma pessoa muito doce.
deu de ombros e Andrômeda deixou para lá, indo para a porta sendo seguida por Narcisa.
Narcisa era estúpida e fútil, covarde ao extremo, porém, tinham traços finos que eram considerados bonitos por muitos garotos.
Também era loira, com seus cabelos de um tom platinado extremamente lisos e sedosos que alcançavam um pouco abaixo de seus ombros.
Não gostava de , para não dizer que tinha um ódio mortal pela mesma, já que essa se encontrava em um namorico com Lucius Malfoy, obsessão da garota desde o primeiro ano.
- Podem ir.
Andrômeda e Narcisa concordaram, saindo em seguida deixando sozinha, que suspirou.
Olhou seu reflexo. Ela era bonita, muito bonita, sabia disso. Então por que certo rapaz se recusava a cair em seus encantos? Respirou fundo e se olhou com raiva. Por que permitiu lembrar-se dele?
Irritada, caminhou rapidamente para fora do quarto.
Não precisava da admiração de Black quando tinha Malfoy, seu lindo sonserino que sempre fora apaixonado por ela.
Um sorriso brincou em seus lábios e enquanto passava pelo Salão Comunal era cumprimentada pela maioria.
Era cordial, mas andava rápido, não demorou a estar junto com o fluxo dos alunos indo para a sala de aula do quarto ano.
Ao chegar perto da porta, vasculhou o local em busca de e , mas esqueceu de tais pensamentos quando um braço forte envolveu sua cintura por completo, arrancando-lhe uma risada maliciosa.
- Preparada para as provas? – a voz de Lucius cantarolou em seu ouvido, fazendo a garota virar-se e ficar à altura de seus olhos, sorrindo de leve.
Malfoy era um rapaz perfeitamente atraente. Tinha um porte magro, mas uma estrutura atraentemente larga, seus olhos eram de um acinzentado brilhante, seus cabelos loiros reluziam sua pele clara e seu porte da realeza deixava metade da escola desnorteada.
Sem se lembrar qual era a pergunta, a garota aproximou seus lábios aos do loiro. Lucius capturou seu lábio inferior com os dentes e, após um olhar malicioso, beijou delicadamente , que o abraçou pelo pescoço.
O beijo deixava ambos com uma sensação gostosa no estômago, mas foram brutalmente interrompidos por alguém trombando nas costas de Malfoy, que virou irado para a pessoa.
- Mas é claro que tinha que ser você – disse revoltada, enquanto Black sorria de lado para a mesma, sem nem se importar com a presença de Malfoy. Continuou caminhando para a sala.
Assim que o loiro fez menção de se movimentar em direção a Sirius, o segurou pelos ombros, dando-lhe outro beijo.
- Vamos aproveitar depois da prova, tá? Deixe Sirius pra lá – sorriu divertida e Lucius tocou seus lábios mais uma vez. Caminharam juntos para a sala.

Separaram-se e se encaminhou para sua carteira na sala, na qual se sentava com Snape.
Na verdade, Greengrass só se sentou ao lado dele para irritar Lílian Evans, uma ruivinha da Grifinória que não ganhou a simpatia de nenhuma das garotas, e que era muito próxima a ele.
Severus Snape era um rapaz estranho e seria esquecido entre os alunos da escola se os Marotos não implicassem tanto com ele.
Tinha os cabelos compridos até os ombros, negros e oleosos. Sua pele era de um branco cadavérico, seus olhos eram profundos e ele nunca sorria ou falava.
Era estranhamente inteligente, coisa que poucos podiam perceber já que ele não se gabava de seus conhecimentos.
Para , sua relação com ele era de ganho, afinal, ela podia copiar algumas atividades dele sem problemas.

- Bom dia Severus! Está bonito hoje – seu tom saiu praticamente depravado, como se pudesse ver algo por entre as vestes do garoto.
Não fazia por mal, mas se divertia em ver aqueles olhos negros arregalados e seu rosto ganhar cor quando fazia isso.
E foi a mesma coisa dessa vez, fazendo a sonserina soltar um risinho – Sabe o lado bom de hoje? Eu estudei. Sério! Não vou te incomodar – disse manhosa.

- Você não me incomoda.

Pela primeira vez, em muito tempo que se sentavam juntos, Snape realmente disse mais que uma palavra para ela, que o olhou quase emocionada.
A frase, mesmo parecendo gentil, não mostrava isso através da voz áspera do rapaz, soava mais como uma explicação.
- Então você fala! – e riu gostosamente – Eu gosto de você Snape.

De certa maneira, ela realmente gostava dele, era intrigante, mas nunca conseguia decifrar quem era o rapaz que nunca falava e era rude, mas a deixava copiar seus trabalhos tranquilamente.
Sorriu mais uma vez para ele, que não demonstrou nenhuma emoção ou retribuição do gesto, antes de virar-se para trás, encontrando suas amigas que acabavam de chegar.
- Eu odeio o Black!
- Bom dia para você também disse rindo do olhar de desprezo e repugnância que a loira lançava para o moreno há duas fileiras de distância.
- Bom dia mesmo! – a grifinória disse animada – Pela primeira vez na minha vida, vou saber fazer uma prova.
As três riram discretamente, já que o professor de Defesa Contra As Artes das Trevas se encontrava a frente de todos, apenas esperando que os mesmos se arrumassem de maneira adequada para o início da prova.
O silêncio tomou conta do local nas próximas horas, que se arrastaram enquanto os alunos testavam suas habilidades teóricas em três folhas de pergaminhos.
fazia a prova com calma e um quase divertimento estampado.
Ela estava tão concentrada que não percebeu um olhar perdido em sua face do lado extremo da sala, certo monitor que não conseguia se conter em admirar como ela ficava bela quando fazia caras e bocas em suas leituras.
Lupin e sempre foram amigos, tinham muito em comum e eram uma companhia agradável ao outro, se divertiam juntos.
Lupin não levava a sério as brincadeiras que seus amigos faziam em relação à corvina, que constantemente era denominada namorada do mesmo, pois achava difícil que ela o olhasse com algum interesse a mais do que seu amigo das horas de trabalho em seus cargos na escola.
Sorriu antes de voltar a atenção novamente para sua prova.

- Ora, ora, ora se não é o pulguento.

Black respirou fundo, não querendo abrir os olhos e encontrar a dona da voz. Contudo, foi cutucado nas costelas e bufando levantou a parte superior do corpo, colocando os cotovelos no chão e apoiando-se.
- A que devo a honra da sua agradável presença Greengrass? – sorriu falsamente satisfeito para a loira que antes em pé, agora se sentava ao lado dele.
Estavam no gramado da parte exterior do castelo de Hogwarts, com o Lago Negro a frente. Era o lugar favorito da maioria dos alunos, principalmente agora após as provas. Black fitou a garota.
Odiava situações como essa quando ela estava tão perto, ele podia sentir o cheiro doce que emanava de seu cabelo, ou era de sua pele?
Ele não sabia ao certo, o que sabia é que o deixava embriagado.
A relação de Sirius e sempre foi confusa, pesada e forte, forte demais para que os dois jovens entendessem realmente o que acontecia.
era tudo o que ele abominava e Sirius era tudo que deveria abominar.
Pareciam estar no mesmo plano de pensamento, pois quando a cabeça da loira procurou os olhos dele, um suspiro cansado escapou por seus lábios e Black pareceu entender perfeitamente o que aquilo significava.
Decidiram não fazer o que sempre acontecia, deixar seus olhares vidrados como se conversassem assim. Não na frente de todos, eles não deveriam.
- Como foi a prova, Almofadinhas? – perguntou, usando cinicamente o apelido dado pelos amigos de Sirius.
- Suponho que da mesma maneira que você – sorriu sem nenhum resquício de algo a mais que diversão e sentiu algo em seu coração.

Black era lindo demais para o seu próprio bem.
Seus cabelos compridos um pouco acima dos ombros, profundamente negros, seus olhos azuis-acinzentados, uma cor encantadora que parecia pertencer somente a ele, seus traços fortes e sensuais, e sua presença, sempre forte e sexy, sempre marcante.
Ela riu e voltou a olhar para o lago, se perdendo em pensamentos até que sentiu um assopro em seu ouvido que a fez pular.
James Potter começou a gargalhar e se jogou ao lado de Sirius que o acompanhou.
os olhou com tamanha impaciência que sua boca produziu um som estranho de indignação.
- Sempre tão maduro Potter. Eu entendo porque são melhores amigos.
- Hey, não precisa ficar bravinha. Qual é, vamos tirar a nota máxima na prova, isso deveria te deixar feliz huh?

não pôde impedir que um sorriso maroto aparecesse em seu rosto. Se dar bem nas provas era a prioridade no momento, eles conseguiriam isso, não tinham motivos para se preocupar.
- Tem razão James, mas não suporto vocês por muito tempo. Até! – Sorriu e retirou-se do local.

Black encostava-se em uma das janelas de partida das corujas, respirando profundamente e alisando uma mão na outra tentando se aquecer. Trajava um grande e negro casaco, o cachecol em cores da Grifinória e a calça escolar.
Gostava de ficar sozinho ali, pensar se tornava mais fácil no meio de lindos animais do que em meio a confusas pessoas.
Suspirou, formando em frente a sua boca um vapor que se misturava ao ar gélido no alto lugar.
Levou uma mão ao bolso pegando uma carta perfeitamente fechada, sem nenhum indício da quebra do gigante lacre verde.
A carta pertencia a sua mãe, mas Sirius se recusava a ler toda e qualquer coisa que viesse de sua família enquanto não estava em casa, como se isso fosse fazê-lo esquecer do que o esperava quando as aulas acabassem.
Brincava distraído com o papel entre os dedos, o olhar fixo, sem perceber a presença da menina que caminhava com passos tão leves quanto o ar.
olhava com uma admiração quase dolorida para o rapaz encostado de uma maneira tão inocente, tão lindo que sua respiração se tornou escassa. Queria abraçá-lo naquele momento, mas contentou-se em apenas sorrir e se aproximar.
- Você me trouxe aqui no primeiro ano, lembra-se? Eu estava chorando por saudades de casa... – riu baixinho e quando chegou perto o suficiente de Black, sorriu para o mesmo – Sempre soube como me fazer sentir melhor.
Sirius a fitou, subitamente pego pela sensação de bem-estar e felicidade plena que a presença da garota o fazia sentir.
Quando estavam sozinhos é claro, pois só assim se permitiam de fato sentir um ao outro.
Apertou seus dedos na carta, reprimindo a vontade de tocar aquela pele quente que sempre parecia lhe pertencer.
- Isso é algo que eu nunca entenderei, não é? Saudades de casa – tentou forçar um tom alegre, mas não conseguiu mais do que um toque de rancor irônico.

Voltou a olhar janela afora e sorriu quando sentiu os dedos gélidos e macios repousarem sobre sua mão e a carta.
– Porque não somos sempre assim huh?
o encarou profundamente. Era exatamente assim, quando sozinhos, pertenciam ao outro de corpo e alma, como deveria ser, mas na frente dos outros... Tudo parecia errado, incerto.
- Talvez por causa dos nossos egos, ou por conveniência. O que fariam as garotas com Sirius Black comprometido?
- E o que fariam os rapazes sem Greengrass disponível?
Ambos riram. Mesmo que fosse um fato infeliz, eles se entendiam.
Sirius sorriu de lado, o sorriso malicioso e encantador que fazia até os professores caírem em suas conversas e, aproximando-se de , pressionou seu corpo sobre o da garota, a prendendo entre ele e a parede.
Se encaravam profundamente, os dois envolvidos igualmente na vontade insaciável que tinham um pelo outro.
Black deixou a carta escapar por seus dedos, levando uma mão até a cintura da menina enquanto a outra segurava o rosto dela. Após encarar por segundos a boca atraente, fechou os olhos e tocou seus lábios aos dela.
fechou os olhos, seu corpo formigando enquanto o rapaz pressionou as bocas, a fazendo abrir os lábios e deixar com que a língua quente e macia invadisse-a.
Sentiu seu corpo vacilar sobre as mãos dele, que a segurou firmemente em seus braços, enquanto a mesma enroscava suas mãos aos cabelos sedosos dele.
aprofundou o beijo, sentindo toda a vontade de Black crescer por ela e descontar esse sentimento em sua cintura, a apertando com força.
Beijaram-se por minutos, sentindo como se aquelas duas bocas tivessem sido feitas apenas para estarem assim, juntas, entretidas, apaixonadas.
Quando o ar parecia ter sumido completamente, as bocas deram espaço para a respiração, mas as testas continuaram coladas.
tocou os lábios dele delicadamente novamente, antes de abraçá-lo pela cintura e encostar sua cabeça no peito do mesmo, que respirou fundo, tentando controlar seu coração desesperado pelo contato com a menina.
Sirius pousou as mãos grandes nos ombros de Greengrass, tomando um pouco das costas e encostando o queixo na cabeça da mesma, sorrindo para o nada.
Permaneceram em silêncio por mais alguns minutos, tentando pensar em quando se sentiam bem assim sem que estivessem um em companhia do outro.
riu no peito de Sirius e esse sorriu apenas por ouvi-la.
- Lembrei-me da vez que brigávamos por causa daquele estúpido pomo do James e caímos no lago... Uma detenção de três dias por algo tão tolo – a voz da garota saiu abafada, mas Black gargalhou lembrando-se da cena.
- Três dias porque tínhamos nos encrencado semanas antes – e gargalhou de novo, dessa vez acompanhado pela sonserina.

Flashes das situações passadas os alcançaram. Uma amizade linda que crescera entre os sete jovens, com muita confusão, mas também com muito cuidado e afeto.
- Não vai ler a carta? – disse quando identificou o pedaço de papel caído no meio dos restos de comidas das corujas.
- Não – suspirou, sua voz saindo mais fria do que queria.

Beijou entre os cabelos loiros da garota como um pedido de desculpa e sentiu a mesma tremer. Sorriu com isso.

– Você é tão perfeita para a minha família... – seus devaneios fizeram o tom sair pensativo, mas algo naquela frase não parecia certo e se desencostou do mesmo, o encarando.
A menina não conseguia regular as extremas sensações que sentia quando estava com Sirius.
- Me desculpe por não ser mais um motivo para mostrar toda a sua repudia pelo meu tipo de gente! Aposto que adoraria mostrar aquela ruivinha sangue-ruim da Grifinória para seus pais!
Explodiu, afastando Black rudemente de seu corpo e sentindo sua garganta produzir um nó.
– É por isso que ficamos escondidos Black? Por que não quer ter nada em sua vida que agrade sua família?

Sirius ofegou, sentindo todo o momento anterior se perder no tom torturado da garota.
Seu coração doeu de uma maneira estranha, mas sua cabeça lhe dizia para revidar, ela não podia falar assim com ele.
- Oh, me desculpa também, por atrapalhar seu relacionamento com Malfoy, o genro que sua mãe pediu aos céus! Tão perfeito envolto em sua postura sonserina de merda.
- Então por que está comigo Sirius? Já que eu sou só um peão em todo esse meio que você tanto despreza? ãh? Você se diz tão autossuficiente, mas tudo o que faz é com a finalidade de provocar sua família!
- NÃO! – Black se aproximou, batendo fortemente sua mão fechada sobre a parede ao lado de , prendendo-a novamente entre seu corpo e a parede, sustentando seu olhar – Tudo o que eu faço é para fugir do que eles são! Você não entende o que é a minha família, você é o perfeito protótipo do que a sua quer.
- NÃO TEM NADA DE ERRADO EM SEGUIR OS PASSOS DA FAMÍLIA! – o corujal pareceu tremer sobre o tom de voz da garota, que agora sentia seus olhos arderem e sua garganta secar.
– Não é só porque você odeia a sua que eu tenho que odiar a minha – seu tom saindo quase felino fez Black afrouxar seu corpo sobre o da menina.
Manteve o olhar, o dela sobre suas sobrancelhas unidas e raivosas e o dele sobre os olhos acinzentados doloridos.
A última coisa que queria era que sua família conseguisse acabar com uma das duas únicas coisas boas que sua vida tinha.
Respirou fundo, baixando seu punho e deixou seu olhar falar por ele. respirou fundo e, para a surpresa de Black, jogou seus braços em torno dele o abraçando fortemente, respirando fundo sobre seu pescoço.
O rapaz enlaçou seus braços sobre o corpo dela, se perdendo no cheiro dos seus cabelos, não querendo mais sair dali.
- Me desculpe, eu... Não quero brigar, não por isso. Não temos que ser eles Sirius, nós não precisamos cometer os mesmos erros.
Fungou levemente. Alguns segundos depois, Black sentiu pela agitação do corpo da menina que ela estava chorando, a afastando rapidamente, segurando o rosto da mesma entre as mãos, sofrendo por ver aquele rosto que tanto adorava manchado pelas lágrimas.
sentia tanto medo. Medo do que teria que fazer para continuar seguindo a família, o medo de se transformar em algo que não queria, mas principalmente, o medo do que o futuro reservava para ela e Sirius.
Algo sempre a lembrava que não adiantava o quanto estivessem apaixonados, o futuro dos dois não parecia ser um com o outro.
Sorriu pequeno para Black e riu de leve, pousando suas mãos sobre as dele.
- Não se preocupe, estou emocional nos últimos dias, coisas de mulher... – encostou seu nariz no dele e fechou os olhos – Eu estou bem – sussurrou e tomou os lábios dele novamente.
Ficaram se beijando e trocando carícias, só perceberam que haviam perdido muito tempo quando o céu lá fora começou a mudar de cor.
Black puxou a sonserina pela mão, levando-a escada abaixo.
Entre risadas e beijos apaixonados, se surpreenderam quando uma figura parou os observando.
respirou aliviada ao ver que era apenas Severus, mas Black sentiu uma irritação crescer pelo olhar de desprezo do rapaz.
- Sev, sabe se já está na hora do jantar? – perguntou docemente e não viu quando os olhos de Sirius ficaram mais escuros apenas por ela ter usado um tom tão doce com uma pessoa que ele odiava completamente.
- Sim. Vocês dois deviam se apressar – Snape respondeu e lançou um olhar irônico sobre o casal – Sabia que você teria mau gosto em sua escolha, Greengrass - percorreu seu olhar sobre Sirius.
- E eu achei mesmo que você iria pedir um soco – Black se soltou rapidamente e caminhando com passos decididos em direção ao sonserino, ficou ainda mais irritado quando sentiu um corpo feminino no meio dos dois.
- O que é isso Sirius? Vem, vamos comer – sem deixar brechas para outro comentário grosseiro, puxou o grifinório pelas duas mãos, mantendo seu olhar fixo no dele, que sentiu seu corpo desistir da briga no exato momento.
O rapaz deu um último olhar raivoso para o sonserino, que dizia claramente que aquilo não acabaria ali.
Passando seu braço direito pelos ombros de , saíram abraçados pelos corredores indo em direção ao Salão Comunal.
resolveu não falar sobre a briga, passou o caminho dando leves beijos no pescoço do grifinório que nem parecia mais se lembrar do último momento desagradável.
A garota deu um beijo rápido nos lábios do rapaz, pronta para se separar dele e entrar sozinha no local abarrotado de alunos, mas foi surpreendida por um sorriso maroto e galanteador de Sirius, que a puxou novamente, beijando-a com vontade.
- Sirius, para, vamos lá, alguém vai acabar pegando a gente! – empurrou o garoto, rindo.
começou a se arrumar e o garoto a admirava.
Contudo, no segundo em que ele se lembrou que logo ela estaria nos braços de Malfoy, sentada do lado dele como se a relação entre os dois não existisse, Black perdeu-se novamente em sua raiva.
A sonserina ia se despedir do garoto quando percebeu a súbita mudança de humor. O conhecia tão bem que pareciam ter se encontrado de outras vidas, por isso, sabia o que passava na cabeça dele.
Ela se aproximou dele novamente, sentindo certa resistência.
Colocou suas mãos delicadamente no rosto do mesmo e pescou seu olhar. Sirius não conseguia resistir a ela.
- Black, eu quero que me escute e quero que me escute bem. Toda vez que eu beijo o Malfoy, por mais raiva que eu esteja de você e por pior que esteja a nossa relação naquele momento, é na sua cara arrogante que eu penso.
não costumava expor em palavras como se sentia em relação ao grifinório, mas, enquanto eles não conseguissem descobrir como levar aquela relação adiante, não queria que ele se sentisse incomodado com algo tão irrelevante quanto os sentimentos dela por Lucius.
Contrariado, afinal havia uma alfinetada nas palavras da garota, Black não conseguiu segurar seu sorriso prepotente e malicioso, fazendo rir e balançar a cabeça em negação.
Sabia que ia pagar por isso no futuro, por ter dado mérito ao ego dele. Dando um último beijo rápido, ela se virou e se encaminhou sozinha para dentro do salão comunal, indo para seu lugar de costume.
Black, após precisar de uns instantes para se recompor das palavras da garota, também entrou no salão e chegou à mesa da Grifinória, sendo bombardeado por olhares curiosos de seus amigos.

- Onde você estava? – James murmurou com a boca cheia, enquanto Peter e Remus faziam o mesmo.
- No corujal, recebi uma carta da minha carrasca – Sirius disse descontente, iniciando sua refeição, tentando não dar mais brecha para a conversa.

Contudo, James conhecia bem demais o amigo e, para sua felicidade, percebeu que o colarinho da camisa branca do mesmo estava um pouco fora da capa, deixando que uma manchinha de batom aparecesse.
Potter sorriu malicioso.
- Não sabia que as corujas começaram a usar batom – disse irônico e Sirius o olhou confuso. Remus e Peter encararam Almofadinhas, percebendo a mancha do batom e iniciando uma onda de risos.
Black bufou, imaginando o que tinha acontecido, colocando o colarinho para dentro da capa e mandando James para um lugar não muito gentil.
- Sabe, vocês dois me confundem – Remus iniciou, com o tom sereno para evitar uma ira do amigo – pra você ter se atrasado para jantar só tem uma garota que vem a minha mente. Por que vocês não ficam logo juntos?
Os três encararam o amigo. Ele apenas respirou fundo, sem devolver nenhum dos olhares, colocando mais comida na boca.
- Eu não sei de quem vocês estão falando – murmurou entre mastigadas.
Conhecendo o garoto, seus amigos sabiam que não havia mais diálogo com ele em relação a isso. Após uma olhada entre os três, decidiram deixar de lado o assunto.
Sirius tinha certa visão da mesa de Sonserina, captando o exato momento em que Lucius, segurando a mão de , beijou a mesma ali e disse algo que fez a garota rir.
Black sentiu toda a comida pesar em seu estômago, rapidamente se sentindo mal. Esse arranjo dos dois não estava dando certo.

Capítulo 2

O povoado de Hogsmeade estava movimentado, era uma sexta-feira após o fim da temporada de provas em Hogwarts e os alunos só queriam relaxar, se divertir e com toda a certeza quebrar algumas regras. Após uma festa clandestina ter ganhado força pelos murmúrios excitados dos alunos, o Cabeça de Javali, um pub nem um pouco confiável e muito menos apropriado para adolescentes sem supervisão, não poderia estar mais lotado. Um grupo gigantesco de jovens se esparramava pelo local, um gramofone vitrola havia sido enfeitiçado e enchia o ambiente com uma música alta e dançante, um som parecido com o conhecido pop rock do mundo trouxa. Em todo o lugar havia casais se beijando, amigos bebendo e rindo alto e muitas pessoas dançando como se o mundo pudesse acabar amanhã, alheios a uma certa aluna da Sonserina que, atrás do balcão onde as bebidas eram servidas, recebia uma bronca do proprietário do local.
- Senhor Aberforth, por favor, por favor, por favor, seja bonzinho! – estava com as mãos em frente ao rosto, como se orasse, enquanto seu corpo se remexia fazendo movimentos de súplica – Vai faturar hoje o equivalente a um ano, isso é incrível, não é?
O senhorzinho grisalho tinha uma gigantesca barba branca, olhos azuis grandes e gentis, apesar da expressão dura em seu rosto, e balançava a cabeça em negação com os braços cruzados, mantendo uma atitude ranzinza aos pedidos da garota.
- Eu não quero faturar nada – bradou, soltando os braços e batendo uma grotesca caneca suja com força no balcão de madeira – eu odeio pessoas, no geral, mas adolescentes... Puff – balançou infantilmente os lábios, bufando – É inadmissível !
- O senhor gosta de mim... – Greengrass sorriu da maneira mais inocente que conseguiu enquanto seus olhos expressivos demonstravam muita ternura e carinho – Por favor, eu prometo que será só dessa vez. O senhor já foi jovem, não é? Certamente pode entender a urgência de uma boa cerveja amanteigada após uma temporada de provas escolares!
Aberforth Dumbledore analisou a menina por quem tinha, a muito contragosto, desenvolvido grande afeição. era o tipo de pessoa que fazia amizade com quem quer que fosse e se apegava realmente aos outros, tornando muito difícil a missão de ser indiferente as suas súplicas. Ela sempre conseguia o que queria e sabia disso.
- E, porque eu sei que o senhor vai ser um querido e deixar essa festa acontecer sem nos expulsar ou contar para ninguém – sorriu grande, se aproximando – eu lhe trouxe um presente!
Antes que ele pudesse bradar mais alguma negativa, tirou de suas vestes um saquinho de veludo preto suntuoso, de tamanho médio e com detalhes em prata e verde esmeralda. Abri-o com toda a delicadeza e, para a surpresa tanto de Aberforth quanto para suas amigas que estavam do outro lado do balcão, uma miniatura viva de um bode foi colocado nas mãos do senhor. e voltaram seus olhares chocados para a amiga, como se ela estivesse com algum dano mental que pudesse justificar um presente tão bizarramente aleatório, contudo, quando viram a emoção tomar o olhar do proprietário enquanto ele acariciava o animalzinho na palma de suas mãos, elas apenas trocaram um olhar confuso.
Recuperado do choque inicial, Aberforth limpou a garganta e apanhou o saquinho da mão de , protegendo a miniatura viva como se fosse um tesouro, murmurando contrariado:
- Estarei lá em cima e não farei parte dessa loucura. Quando eu acordar pela manhã, não quero nenhum resquício de vida adolescente em meu estabelecimento, combinado?
A sonserina deu um gritinho afetado de animação e bateu palmas, enquanto se aproximava para beijar levemente a bochecha do senhorzinho, que marchou prontamente para o andar de cima ainda balançando a cabeça em negativa, mas sentindo seu coração aquecido.
- Pelas barbas de Merlin , o que foi isso? – a encarava embasbacada.
- Bom, minha querida – a sonserina maliciosamente se aproximou do balcão, apanhando uma garrafa de Whisky de fogo Ogden e enchendo um pequenino copo – a história é longa, mas, Aberforth tem como um bode seu patrono e isso é tudo que precisam saber. Eu sei – ela disse diante do olhar perplexo das amigas antes de beber o líquido – eu sou demais!
As amigas riram da atitude de , que fez uma careta após ingerir a bebida. Agora, tendo a certeza de que poderiam aproveitar a noite, as meninas começaram a relaxar. e garantiram que tomasse pelo menos uma dose de whisky de fogo para que a pequenina corvina pudesse aceitar o fato de estar quebrando algumas regras, mas que mesmo assim conseguisse curtir como todo jovem bruxo precisa.
Greengrass dançava animadamente, o álcool ressoando em seu corpo deixando seus sentidos inebriados e uma sensação de leveza tomava conta dela. A sonserina tinha verdadeira paixão pela juventude, amava a sensação de poder jogar tudo para o alto e esquecer suas responsabilidades, fingir que não sentia o peso de ser quem era por pelo menos uma noite era tudo o que ela queria.
Enquanto a música rasgava o ambiente e a garota remexia os quadris no ritmo, seu coração acelerou quando duas mãos fortes envolveram sua cintura e a puxaram contra um corpo masculino alto, pressionando-a ao ponto de sentir um calor lhe subir pelo meio de suas coxas.
- Sempre me admiro com o quanto você é linda – a voz sedutora ressoou em seu ouvido e fingiu não perder a compostura ao perceber que seu corpo ansiava pelo toque de Sirius, mas era Malfoy quem a abraçava.
Mesmo assim, ela sorriu quando se virou para analisar o rapaz. Ele vestia um terno todo preto, elegante até o último fio de tecido caro. Os cabelos um pouco acima do ombro reluziam o loiro platinado, seus olhos acinzentados encaravam com malícia e devoção e sua boca bem desenhada se aproximou para um beijo de boas-vindas. A sonserina não podia deixar de imaginar como sua vida seria mais fácil e descomplicada se ela realmente fosse apaixonada por ele.
envolveu os ombros de Malfoy com suas mãos e aprofundou o beijo, enquanto suas unhas se perdiam nos cabelos sedosos. Várias vezes ela se via em momentos íntimos com o loiro, mas sempre parecia buscar as sensações que Sirius a fazia sentir com apenas um toque e isso a frustrava, pois, mesmo beijando um rapaz lindo, querido e que a amava, ela não sentia nada a mais do que uma forte atração física que não era nada se comparada aos fogos de artifício que tomavam seu estômago todas as vezes que ela e Black se tocavam.
Minutos depois e Lucius dançavam enquanto alguns amigos sonserinos formavam um mini círculo e se juntavam a eles, todos bebendo animados. Em dado momento, Greengrass sentiu o chão sumir de seus pés quando seu olhar pousou na figura inconfundível do grifinório que a fazia perder qualquer compostura.
Black estava desleixadamente sentado em uma poltrona velha, com uma cerveja amanteigada em uma das mãos enquanto a outra pousava sobre as coxas de uma garota sentada em seu colo. Eles se beijavam e sentiu seu coração ser esmagado dentro do peito, uma raiva explosiva subindo pela sua garganta deixando seu corpo todo quente. Quando os dois finalmente afastaram os lábios um do outro Sirius automaticamente encontrou o olhar da garota e, apesar da distância e da pouca luminosidade, ela pôde reconhecer os lábios curvados para cima formando um sorriso malicioso, o mesmo sorriso enviesado de provocação que ela tanto conhecia e odiava.
A pária que se mantinha no colo de Black começou a beijá-lo no pescoço, afundando seu rosto entre a curva ali. Greengrass estalou a língua dentro da boca e respirou fundo, as unhas machucando a pele da mão enquanto ela as mantinha em punho. poderia muito bem lançar uma azaração tão bem-feita que faria aquela caneca de Sirius explodir em sua cara arrogante, contudo, ela decidiu tomar outro caminho.
Sem que eles percebessem, o grupo de amigos analisava a situação em que os dois estavam. Potter e Lupin haviam percebido o que acontecia e chamaram e , os quatro escondidos atrás do balcão enquanto analisavam o início de uma catástrofe. De um lado, Sirius com a garota no colo, do outro, dançando colada ao corpo de Malfoy enquanto as mãos dele alisavam livremente o corpo da sonserina e a mesma ria e rebolava contra o loiro, pressionando cada vez mais seus corpos no ritmo da música.
- Todos podemos concordar que vamos presenciar uma confusão, não é? – James gritou para os amigos, tentando manter o tom audível mesmo com o som alto.
- Esses dois... – gritou de volta, balançando a cabeça negativamente – eles ainda vão se explodir e levar todo mundo que está em volta junto.
Lupin e concordaram rindo. Potter era o que definitivamente conhecia melhor seu amigo e sabia apenas pela linguagem corporal dele que Sirius estava no limite, pronto para cometer uma loucura e se deixar levar pelos ciúmes que ele mesmo adorava provocar.
O grifinório analisou o amigo através de seus óculos: o maxilar travado, os dedos tensionados enquanto apertavam com uma força desnecessária a caneca que segurava e o olhar irado que lançava para Malfoy.
Antecipando o desfecho, Potter começou a andar em direção a ele tempo suficiente para presenciar o exato momento em que Sirius arfou ao ver os dedos de Lucius sorrateiramente entrarem por baixo da saia de , levantando o pano. Assim que a caneca foi atirada ao chão e a garota quase caiu tamanha violência com que Sirius se levantou, James já estava em frente ao rapaz segurando-o. Usou toda a sua força para barrar a fúria de Black enquanto segurava a mão do amigo que já tinha a varinha posicionada para um ataque.
- Almofadinhas! Pare. Você precisa se controlar – disse firme, buscando os olhos dele que se mantinham vidrados na cena a frente – Sabe que ela está fazendo isso só para te provocar, coloque sua cabeça no lugar!
Sirius pareceu ouvir o amigo, pois começou a afrouxar o aperto em torno da varinha o suficiente para que James a tirasse dele. Entretanto, sabia que a explosão não tinha passado quando o inconfundível perfume de chegou em suas narinas, um cheiro marcante que transbordava riqueza e sensualidade, os olhos de Sirius flamejando para alguém atrás de Potter.
- Nervoso, Black?
A voz melodiosa se intrometeu entre os dois, o tom transbordando maldade e malícia. Sem esperar resposta, a sonserina saiu caminhando calmamente pelo local abarrotado, parando no início da escada que dava para o segundo andar apenas para dar um último olhar desafiador para o grifinório antes de começar a subir.
James sentia o coração do amigo bater furiosamente sobre a mão que ele mantinha em seu peito, o segurando. Por mais que Sirius quisesse negar e fingisse indiferença, era notável o quanto estava apaixonado e isso o preocupava, o tinha nas mãos e ele não queria que seu melhor amigo se machucasse.
Os dois trocaram um olhar intenso, como se houvesse uma mensagem clara sendo comunicada ali. Potter sabia que não poderia ficar no meio daquela relação, os dois eram como ímãs desde o primeiro ano, por mais que se machucassem com frequência. Respirou fundo e se afastou, tirando as mãos de Almofadinhas, mas mantendo a varinha dele. Sirius não pareceu dar falta da varinha pois simplesmente começou a andar com passos largos para onde Greengrass havia ido.

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caminhava lentamente ao subir as escadas, por fora parecia estar impassível e calma, mas por dentro seu coração estava acelerado e sua pele pegava fogo. Ela não entendia como podia sentir tanto ódio por alguém, sua vontade era de pendurar Sirius no Salgueiro Lutador e o ver levando uma surra!
Assim que colocou seus pés no andar superior seu corpo foi empurrado com intensidade contra a porta do primeiro quarto além da escada e um Black furioso se pressionava contra ela, as mãos espalmadas na madeira ao lado de seu rosto, a respiração selvagem dele batendo em sua boca.
- Que inferno Greengrass! O que você pensa que está fazendo? – gritou, a voz dele sendo engolida pela música, mas ainda ecoando alta o suficiente para demonstrar toda sua ira.
A garota bufou de raiva, a ira fechando sua garganta, porém, quando seus olhos encontraram os de Sirius as palavras de ódio que ela queria proferir se perderam.
A verdade era que, apesar da raiva, se deliciava em notar o quanto fazia Black perder o controle: as narinas infladas, a respiração ofegante e densa, as mãos fechadas em punho ao lado de seu rosto e, para seu delírio, a pele do pescoço arrepiada, reação essa que ela sabia que tinha a ver com o fato de seus corpos estarem tão próximos.
Ele poderia provocá-la, beijar e se envolver com outras, mas, no fim, Sirius pertencia a ela e Greengrass adorava isso. Respirou fundo, controlando as batidas do seu coração antes de começar a falar:
- Sabe qual é o seu problema Sirius? Você quer me provocar, mas não aguenta – ela riu maliciosa, a fúria fazendo seus olhos brilharem - a verdade é que – aproximou seu rosto ao dele, a boca perigosamente próxima aos lábios do rapaz – a única que você quer sentada no seu colo – riu, o sopro da risada alcançando a boca dele o fazendo fechar os olhos – sou eu.
As palavras saíam suaves da boca da garota, cheias de manipulação e malícia. manteve sua boca pairando sobre a de Sirius, sem dar fim aos centímetros que faltavam para que finalmente encostassem os lábios. Black voltou a abrir os olhos e encontrou o olhar intenso dela, o olhar que o desafiava a manter a distância entre os dois, o olhar que sabia que seu corpo ansiava pelo dela com tanta intensidade que seus ossos chegavam a doer para se manter longe.
Tudo o que o rapaz mais queria era sair dali, deixar a cara arrogante dela para trás e não sentir como se tivesse tomado a Poção do Amor mais bem feita de todos os tempos, entretanto, para a total decepção de Sirius, no segundo seguinte seus lábios já estavam colados aos dela, suas mãos haviam se encaminhado para a parte inferior das coxas de a puxando com um impulso enquanto ela enroscava suas pernas em torno de seu tronco.
Pressionando o corpo da garota contra a porta, Black sentia cada resquício de pele dela causar arrepios no seu corpo, os seios roçando seu peito, as unhas arranhando sua nuca e se perdendo em seus cabelos, as coxas pressionando seu quadril, a língua invadindo sua boca com tanto desejo que seus lábios latejavam... Tudo nela era viciante e Sirius sentia o ódio anterior evaporar pelos seus poros, um fervor incontrolável arrebatando seus sentidos.
Com os corpos enroscados, cortou o beijo por alguns segundos para alcançar sua varinha e com urgência a apontou cegamente para a fechadura atrás de si.
- Alohomora! – murmurou com dificuldade, a porta se abrindo com força quando Sirius a chutou e entrou no quarto, usando o corpo dela para fechá-la logo depois.

Dentro do quarto escuro, a luz da lua era fraca e deixava o ambiente sinistro, uma penumbra tomando conta do lugar. Mas não era algo que o casal havia prestado atenção, estavam ocupados demais em explorar o corpo um do outro com avidez. Black abriu os olhos por alguns segundos para identificar uma cama a sua esquerda, sentando-se com cuidado enquanto se arrumava em seu colo.
A música abafada não era capaz de fazê-los entender que lá embaixo uma festa acontecia, que Lucius e a garota da noite de Sirius ainda estavam aqui, que se Aberforth sequer suspeitasse que os jovens estavam no segundo andar o plano de ia por água abaixo... Nada disso importava porque naquele momento eles finalmente tinham um ao outro e ninguém poderia ficar entre eles.
agarrava os cabelos de Sirius, pressionando o rosto dele contra sua boca enquanto sua outra mão invadia a camisa do rapaz e seus dedos ágeis alisavam o abdômen magro e forte, o moreno soltando um suspiro de tesão entre os lábios pressionados. Como resposta a sua provocação, Black apertou as coxas desnudas da garota e a pressionou contra seu quadril, fazendo-a sorrir lasciva entre o beijo ao sentir o volume que a pressionava entre suas pernas.
- Isso é para mim ou para sua amiguinha Black? – murmurou sôfrega, soltando os lábios dele e o encarando. Black curvou seus lábios e mostrou um sorriso de lado que era muito canalha, ao mesmo tempo em que era muito sedutor, e se divertiu quando rolou os olhos para sua reação. Aproximou o rosto da curva do pescoço da garota e respirou profundamente o cheiro inebriante da pele dela, ficando ainda mais excitado quando o corpo de tremeu em cima do dele, a pele se arrepiando completamente.
Iniciou uma trilha de beijos úmidos pelo pescoço da mesma, com muita calma, finalmente chegando até sua orelha, mordiscando a pele ali antes de murmurar no ouvido dela:
- Ninguém me deixa assim além de você... – ela não respondeu, mas Sirius ouviu quando um suspiro de entrega escapou de seus lábios, causando uma gigantesca onda de calor que arrebatou seu corpo todo.
Perdido em desejo, ele levou uma mão até a nuca de e puxou delicadamente os cabelos ali, forçando a cabeça dela para trás para que ele pudesse voltar a beijá-la. O beijo era lento, profundo, as línguas pareciam querer se enrolar uma na outra e não soltar nunca mais. Sirius desceu a outra mão pelo pescoço dela e alcançou um de seus seios, fazendo a garota soltar um gemido de satisfação pelas bocas coladas.
Black sabia muito bem que nunca havia ido muito longe com Lucius, por mais que ela não admitisse, ele sabia muito bem que a sonserina não deixava ninguém explorar seu corpo além dele e isso levava o rapaz a loucura. Acariciou o volume delicado por cima da blusa e começou a se pressionar ainda mais sobre ele, seu quadril começando a se movimentar em cima de seu corpo.
Com a outra mão Sirius levou até a bainha da camiseta dela e começou a puxá-la delicadamente para cima, levantou as mãos para ajudá-lo no processo e logo a garota estava apenas de lingerie. Black encarou a pele desnuda com os olhos faiscando de desejo, a boca sorrindo descaradamente enquanto analisava o colo da garota.
Sem precisa pedir permissão, Sirius começou a beijar o volume dos seios que formavam o decote, seus lábios úmidos chupando levemente a pele enquanto seus dedos ardilosamente abriam o fecho da peça. Quando finalmente ela estava completamente nua, Black afastou novamente seu rosto para analisar mais uma vez os seios pequenos e arredondados que tanto marcavam presença em seus sonhos mais eróticos.
Olhou-a e seu coração se contraiu no peito quando os olhos vulneráveis de timidez o analisavam, era sempre tão dona de si, tão forte e confiante que ele era completamente apaixonado por esse olhar doce que ela tinha quando se sentia exposta, a expressão de poder dando lugar a uma menina apaixonada que ruborizava de desejo por ele.
Ainda a encarando, Black se aproximou lentamente de um de seus seios e o colocou na boca, chupando-o com muita delicadeza. Sentiu o volume em sua calça latejar quando soltou mais um de seus suspiros cheios de desejo e inclinou a cabeça para trás, murmurando o nome dele bem baixinho enquanto uma mão dela alcançava sua nuca, o motivando a continuar.
Sem mais delongas, o grifinório começou a saborear a rigidez do mamilo em sua boca, usando seus lábios para chupá-lo com calma enquanto sua língua fazia movimentos circulares por toda a extensão que alcançava. Com a mão livre, ele arrebatou o outro seio e o acariciava, utilizando o dedão para causar uma torturante fricção no mamilo. agora rebolava em seu colo, sedenta por mais contato, totalmente entregue ao momento e a ele.
Quando os gemidos dela começaram a ficar um pouco mais intensos, Sirius ia se encaminhar para beijar seu outro seio quando o quarto rompeu seu silêncio com o som chocante de batidas na porta e soltou um grito de puro pânico, tampando seus seios com os braços como forma de se proteger.
Black xingou alto e a abraçou, protegendo o corpo dela de quem pudesse abrir a porta enquanto procurava cegamente o sutiã da garota no colchão. Sem precisarem dizer nada, uma voz incerta soou gritando do outro lado e a voz de chegou até eles:
- , por favor me perdoe, mas o Lucius está te procurando – despejou rapidamente como se temesse que um feitiço pudesse estar indo em sua direção.
O corpo dos dois relaxou de alívio, ambos soltando o ar em seus pulmões e trocando uma risada baixa de diversão, ainda abraçados.
- Obrigada ! Eu já estou descendo – respondeu gritando para que a amiga pudesse ouvi-la e, quando as sombras de pés sumiram debaixo da porta ela soube que as amigas haviam indo embora.
Na penumbra o par de olhos voltou a se encarar, a sensualidade do momento se perdendo em aflição e certa diversão. Sirius soltou-a e começou a ajudá-la a colocar a peça de roupa íntima antes de pôr a camiseta. Ainda no colo dele, não podia deixar de pensar em como daria tudo para ficar assim, perto de Black e longe de todos.
- Bom, parece que você vai ter que descontar toda a sua frustração na sua nova amiga grifinória – Greengrass disse provocativa, esparramando suas mãos delicadas no peito do rapaz.
- Você não se atreva a descontar nada no Lucius ou eu vou ganhar uma passagem só de ida para Azkaban – falou sério, aproximando o rosto do dela – e pode ter certeza de que vou bem feliz!

riu nos lábios dele, beijando-o delicadamente e pousando suas mãos no rosto do mesmo, criando um forte contato visual.

- Bom, eu desço primeiro, afinal você vai precisar de um tempinho para se recompor – ela disse maliciosa, levando seu olhar para baixo por um segundo e fazendo com que Sirius bufasse e rolasse os olhos – nos vemos depois, tá? – encostou os lábios nos dele mais uma vez, se levantando e arrumando sua roupa e cabelo, tentando esconder qualquer vestígio do que havia acontecido ali.
Quando fez menção de começar a andar em direção a porta, Sirius apanhou sua mão e buscou seus olhos:
- ... – começou incerto, o tom de voz inseguro – precisamos conversar sobre a nossa, ãh, situação – pigarreou, tentando deixar sua voz mais firme – eu não acho que está dando certo.
Greengrass sentiu seu coração começar a se acelerar novamente, a expectativa de que Black finalmente a pediria para se assumirem em público deixando seu estômago gelado. Ela se permitiu sorrir largamente, não querendo privá-lo de sua felicidade. Assentindo com a cabeça, ela se aproximou mais uma vez e lhe deu um beijo rápido.
- Eu entro em contato e marcamos algo – ele concordou e ela se encaminhou para porta, saindo em seguida.
Black ficou ali no escuro por longos minutos, não sabendo se era seu coração ou o meio de suas pernas que mais precisavam se acalmar. Os dedos dele pareciam formigar por ter entrado em contato com a pele dela, sua língua ainda sentia o gosto de seus seios e de sua boca, e seus lábios latejavam da intensidade do beijo. Sirius queria tanto poder dizer para todos que a pertencia, mas será que ele conseguiria?

Capítulo 3

No andar debaixo a celebração continuava a todo vapor, os alunos do quarto, quinto e sexto ano se embebedavam enquanto dançavam. Greengrass desceu as escadas como se nada houvesse acontecido e procurou os cabelos loiros reluzentes em meio a escuridão, encontrando Lucius em um canto no meio da multidão, a altura e o porte imponente chamando a atenção enquanto seus olhos se movimentavam furtivamente procurando a garota.
Sem dar brechas para a culpa latente que sentia, se encaminhou para o sonserino que a recebeu com um sorriso lindo, que ela adorava. Céus, como Malfoy era atraente!
- Sabe... às vezes fico pensando se eu deveria usar algum tipo de feitiço imperdoável que a fizesse ficar nos meus braços a noite toda – puxou a garota pela cintura e a uniu delicadamente ao seu corpo, apertando com as mãos fortes a pele em seu quadril – eu poderia jurar que até a bebida perde o gosto quando você não está por perto.
sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem, ele sempre sabia o que dizer para deixá-la se sentindo a garota mais desejada do mundo. Infelizmente, enquanto Lucius não media esforços para mostrar toda a sua admiração por ela, Sirius ainda não havia tido coragem de confrontar seus receios e torná-la sua.
- Sempre galante, não é Lucius? – riu sincera, roçando seu nariz ao dele e depositando um leve selinho em seus lábios – Você ficaria chateado se eu te dissesse que não estou muito a fim de continuar por aqui? Acho que finalmente o cansaço da semana começou a bater.
- Claro que não. Eu adoraria ficar apenas com você hoje, mas meu infame grupo de amigos decidiu que perderiam o controle e temo por eles – ela acompanhou o olhar do loiro e riu da situação bizarra na qual alguns rapazes da Sonserina se encontravam, dançando enquanto viravam canecas e mais canecas de bebidas – Vamos? Eu te levo.
- Não se preocupe comigo, se preocupe com eles – lançou um olhar falsamente assustado ao lado e Malfoy riu – eu vou procurar a e a e nós vamos juntas. Fique e aproveite!
- Eu posso ficar e cuidar deles, mas aproveitar não vai acontecer – murmurou nos lábios dela e lhe deu um beijo cheio de desejo – Te vejo amanhã?
Ela sorriu e assentiu com a cabeça, se despedindo com um beijo rápido. Não buscou procurar Sirius com o olhar, não queria saber se ele havia visto a interação dos dois, o encontro romântico deles a poucos minutos agora causava certa revolta em seu coração. Ele realmente não conseguia resistir a ela, ou era ao contrário? Depois de encontrar suas amigas, as três saíram do Três Vassouras e decidiram começar a caminhada até Hogwarts. e sabiam que a amiga não estava bem, mas também sabiam que tinha o seu tempo para se comunicar, principalmente quando o assunto era Sirius.
- Não vão me perguntar o que aconteceu? - Greengrass falou baixinho, sua voz sendo engolida pelo vento gelado da madrugada.
- Sabemos o que aconteceu... – respondeu, encarando a amiga de lado enquanto abraçava seus próprios braços - Você e Sirius entraram mais uma vez em um embate sobre quem consegue levar o outro a loucura primeiro. Como sempre, a nossa querida venceu e foi coletar o seu prêmio no andar de cima, deixando um Black muito excitado para trás – finalizou maliciosa, arrancando gargalhadas das amigas. suspirou, puxando as duas pelos braços e as aproximando dela, formando um escudo contra o frio que sentia tanto fora, quanto dentro de si.
- Toda vez que estou com ele tudo parece tão... – deixou as palavras caírem, sem saber como terminar – É como se nós... não sei.
- Fossem feitos um para o outro? – completou, sorrindo doce para a amiga, como se a motivasse a falar – Todos vemos isso , o que falta é que vocês dois passem a confiar um no outro e mostrar isso para todos.
A sonserina concordou, mas não disse mais nada. As amigas entenderam que ela precisava de um tempo para lidar com tudo o que acontecia.
Enquanto isso, Sirius, James, Peter e Remus estavam na frente do Três Vassouras e o céu já dava indícios que se preparava para amanhecer. O bar havia finalmente dispersado a maior parte da festa e não havia mais música, apenas o som do vento gelado uivando pelas árvores do povoado. Enquanto James terminava uma bebida e os rapazes arrumavam seus casacos no corpo, uma voz alta ecoou de um grupo da Sonserina que saía do bar, os últimos que se encontravam ali. Sirius imediatamente revirou os olhos e fechou os pulsos quando a voz maliciosa de Lucius Malfoy rasgou no silêncio da noite.
- Um cavalheiro nunca conta – piscou para os amigos, que gargalharam como se tivessem ouvido a piada do século.
- Qual é Malfoy, já sabemos que ela é sua! Só queremos saber se por baixo de toda aquela roupa a Greengrass é tão incrível quanto parece...
- É melhor rapazes... – devolveu ao amigo, sorrindo abertamente enquanto os encarava com os olhos cheio de luxúria – Muito melhor.
A partir daí nem o próprio Merlin poderia controlar a fúria que irrompeu no interior de Black e a confusão que se instalou em seguida. Antes dos Marotos entenderem o que havia acontecido, Sirius já havia jogado seu corpo brutalmente contra Lucius, derrubando o loiro no chão e, após virá-lo com toda o ódio que existia em si, deferiu um gancho de esquerda, o que levou Malfoy a cuspir um pouco de sangue pelo lábio cortado. Black não sabia o que era pior: dizerem que pertencia a Lucius, Malfoy induzir algo que ele sabia ser mentira, e ainda se gabar por isso, ou imaginar que, apesar de acreditar que nunca haviam feito sexo, ele havia tido momentos íntimos com ela. Tudo isso, e a sensação de impotência que não o fazia poder gritar aos quatro ventos que ela era sua, haviam destroçado qualquer sinal de bom senso que pudesse haver nele. Varinhas sacadas, o grupo de amigos de ambos apontavam um para o outro de maneira ameaçadora o artefato mágico, mas sem de fato soltarem nenhum feitiço. Enquanto isso, James decidiu que teria como missão tirar Sirius de cima de Lucius antes que a situação ficasse pior.
Com muita dificuldade, e com Black se debatendo alucinadamente em seus braços, Lupin e Pettigrew renunciaram a seu posto e foram ajudar o amigo, finalmente conseguindo arrastá-lo para longe do corpo de Malfoy, que limpou seus lábios com as mãos antes de se levantar calmamente. Lucius voltou o olhar para seus amigos, e esses o obedeceram como se ele tivesse pronunciado alguma palavra, caminhando em direção a Hogwarts e o deixando sozinho por uma curta distância, enquanto o loiro se aproximava dos Marotos.
- Sabe Black, você me diverte... Acha mesmo que eu não sei o que foi fazer no andar de cima da festa hoje? – Lucius falava como se estivesse sibilando, o tom feroz e frio dando a sua voz uma calma assustadora – A verdade é que eu não me importo com o tempo que leve para ela superar esse... interesse – riu da própria escolha de palavras, enquanto arrumava o caro e denso casaco de grife que cobria seu corpo – Porque, no fim, você não é o homem que ela merece, eu sou. E é apenas questão de tempo até que perceba isso.
Sirius buscou mais uma investida sobre o corpo de Malfoy, mas seus amigos já estavam o segurando com força suficiente para barrar o confronto. O loiro deu uma risada de puro escárnio e seus olhos esverdeados pareciam faiscar maldade. Com passos lentos e elegantes, ele começou a se afastar do grupo de grifinórios e ir em direção ao seu grupo de amigos, rumando em seguida para Hogwarts.

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, como de costume, se encontrava extremamente irritada com Sirius. Ficou furiosa quando Lucius a encontrou, na madrugada do final de semana, machucado após uma briga com o grifinório. Se sentiu péssima em vê-lo machucado, e muito preocupada com o estado de Black. Para piorar, Malfoy explicou de maneira muito evasiva o que havia acontecido, e a garota ficou cheia de dúvidas. Entretanto, não via Sirius a dias, pois essa semana tinha um jogo importante de quadribol e toda a sua atenção estava voltada para o seu time. Como capitã, tinha a completa responsabilidade pela sua equipe e a abraçava com muita vontade. Excelência, nada menos do que excelência, era o lema dos Greengrass. Seguindo esses passos, carregava o time sonserino invicto por toda a temporada, e estava decidida a mantê-lo assim. Principalmente porque a vitória seria em cima da Grifinória, e não existia a possibilidade de que perdessem para eles.
A garota passava todas as tardes no campo de quadribol, inclusive no dia anterior ao jogo. Apesar de que, oficialmente, era o time grifinório que tinha direito ao treino. Contudo, para a garota, a vitória começava muito antes de entrarem em campo, e ela deu um jeitinho especial para que metade do time se sentisse indisposto para o treino daquele dia. Riu sozinha, um sorriso malicioso pintando seus lábios rosados.
- Você não tem limites !
Greengrass voltou a sua cabeça para o lado, a fim de ver de quem era a voz que gritava em sua direção. Revirou os olhos quando Potter, que era jogador do time da Grifinória, irrompeu furioso pelo gramado.
- Ora Potter, modos por favor. Do que está falando? – Ralhou, cínica.
- Chocolates de cortesia? Por favor! Estou surpreso que não continham veneno!
- Viu só? Para tudo tem um lado bom. A Grifinória poderia estar sem time agora, entretanto, só precisam repousar um pouco e amanhã estarão em perfeita forma.
Antes que o embate continuasse, Minerva, diretora da casa grifinória, andava as pressas para perto da dupla que se encarava. No momento em que a viu, a expressão de se suavizou, e um semblante de confusão, muito bem-feito, diga-se de passagem, iluminou seu rosto.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? – perguntou a professora.
- Essa cobra dissimulada envenenou metade do nosso time!
Greengrass fez um barulho de surpresa, uma da suas mãos indo para o seu peito como se estivesse sendo profundamente atacada.
- Do que está falando, senhor Potter? – indagou Minerva.
- Recebemos uma caixa de chocolates da Sonserina, dizendo que era uma cortesia para o jogo. Entretanto, os que comeram precisaram correr para o banheiro e estão de repouso, completamente desidratados. E é claro que isso só pode ter sido ideia da lunática da ! – bradou James, apontando furioso para a garota, que mantinha sua expressão de surpresa.
- Professora McGonagall, senhora, me desculpe. Mas eu não faço ideia do que ele está falando! Eu nunca faria algo assim!
- Por favor senhorita Greengrass, sabemos, pelo seu histórico, que sim, você poderia fazer algo assim – A bruxa encarou a garota por cima dos óculos, reprovando-a.
- Eu sinto muito que pensem isso de mim... – usou sua voz mais decidida, respirando fundo, magoada – Já que tem tanta certeza de que fui eu, Potter, onde está a prova? Pois eu não ficarei aqui parada, sendo acusada por algo que eu não fiz, sem provas!
Como era esperado, a linguagem corporal de James murchou, apesar de seus olhos esverdeados parecerem faiscar de raiva.
- E então, senhor Potter, onde está a prova que a senhorita Greengrass cometeu tamanha maldade?
- Não temos, professora... A caixa se desfez alguns minutos depois de ser aberta, em um formato de nuvem verde esmeralda! Por favor, não é óbvio?
- Ora, por Merlin! Está me dizendo que não tem a caixa? E eu devo ser culpabilizada por algo que apenas você e o time da Grifinória viram? Um dia antes do nosso jogo, sendo que meu time está invicto? Por favor, professora Minerva, isso é um ultraje!
Quem visse falando, naquele momento, teria a certeza absoluta de que ela não tinha nada a ver com a situação. Não havia sequer um resquício de culpa, e sim expressões muito bem trabalhadas de confusão, dúvida e, por que não, injustiça. Por isso, antes que o embate se alongasse, a professora finalizou a discussão, chamando Potter para conversar. gostaria de dizer que se sentiu um pouco mal pelo que fizera, mas, infelizmente, em sua cabeça, os fins justificam os meios, e o fim era ser a melhor capitã e artilheira que o time da Sonserina já viu, por isso, qualquer meio necessário era completamente aceitável.
Passou a tarde treinando com o seu time. Havia traçado para a temporada muitas horas de treino físico, cuidando inclusive da alimentação de seus companheiros, e dando luxuosos mimos para os manter motivados. Acreditava que, mais do que jogadas ensaiadas, a sintonia entre o time era o mais importante, por isso, fazia reuniões mensais com todos, mantendo o espírito de coletividade sempre presente. Se envolvia na vida pessoal de cada um, mediava conflitos quando esses existiam, e sempre dava grandes discursos sobre lealdade a casa da Sonserina. Não admitia que levassem o jogo como uma brincadeira, e sim como a perpetuação, por mais uma geração, da grandiosidade de ser sonserino. Quem a conhecia assim, nunca imaginaria que seu coração pertencesse a alguém extremamente oposto a ela e que, inclusive, carregava essa mesma lealdade pela casa rival.
Completamente focada no jogo do dia seguinte, ignorou qualquer tipo de interação superficial entre seus colegas, inclusive de suas duas melhores amigas. Mas, na manhã seguinte, acordou com um coruja negra, de profundos olhos amarelos, encarando-a do beiral da janela. Levantou-se de sua cama, vestiu seu roupão felpudo e abriu a passagem para o bichano. Deu-lhe um petisco de agradecimento antes de ler o pequenino pedaço de pergaminho.

Bom dia, nossa adorável sonserina! Já te perdoei por envenenar metade do time da minha casa, mas nunca a perdoarei por ter deixado o convencido Potter escapar. Por favor, na próxima maldade, lembre-se de inclui-lo.
Conversarei com você depois do jogo , o que você fez foi longe demais! Mas, eu te amo mesmo assim. Te desejamos um ótimo jogo! E, por favor, jogue limpo.
Com amor, e


ficou sentada por alguns minutos do beiral da janela, rindo da carta e fazendo carinho na coruja. Depois, se vestiu com o uniforme de quadribol, trançou seus cabelos em um coque, prendendo-o perfeitamente com um feitiço de aderência, e saiu para encontrar o seu time. O dia estava propício para o jogo, com um céu límpido e o sol brilhando.
A partida começou exatamente às oito horas da manhã, como a pontualidade bruxa manda. Os jogadores da Grifinória pareciam bem-dispostos, contudo, movidos pela raiva do time sonserino, deixavam suas emoções os levarem e cometiam jogadas afobadas. Para delírio de , que havia planejado exatamente isso. Em contrapartida, os jogadores da Sonserina mantinham-se focados nas jogadas, buscando, principalmente, evitar as investidas grifinórias e perderem a cabeça. Algo muito difícil, inclusive para a capitã, que precisou respirar fundo para não acertar a goles na cabeça de alguns jogadores. O jogo estava 90 a 10, para a Sonserina, e Greengrass já havia realizado seis gols. Estava tudo indo de acordo com os planos da menina quando, em dado momento, percebeu que havia desviado mais vezes do que o razoável de um dos balaços.
Sinalizou para o outro artilheiro e se absteve um pouco do campo, voando para longe dos aros e, para sua surpresa, o balaço a acompanhou. Nervosa, realizou uma manobra e afundou-se no vento, acelerando o máximo que podia para se aproximar novamente do campo e de seus batedores, buscando por auxílio. Entretanto, para o choque dela e de todos, quando finalmente chegou ao campo de visão dos que assistiam, o balaço surgiu por baixo de seu corpo e acertou a frente de sua vassoura, quebrando a ponta e atingindo seu queixo com toda a força. A última coisa que se lembraria seria da dor visceral que sentiu, antes de seus sentidos desaparecerem por completo e ela desmaiar.
Para completo horror de Sirius, ele visualizou a cena como se fosse em câmera lenta. caía de uma altura absurda em uma velocidade alucinante, quando, para seu alívio, Horácio Slughorn, diretor de Sonserina, apontou sua varinha em direção a garota e essa flutuou a poucos centímetros do chão. Black nunca esqueceria os gritos de horror pois, naquele momento, o corpo inanimado de Greengrass parecia completamente sem vida. Seu peito se apertou e uma falta de ar, unida a um desespero latente, atingiram seus sentidos e o deixaram tonto. Ouvia as vozes de Lupin e Pettigrew, mas não entendia o que diziam. Sem se importar com os chamados dos amigos, saiu cambaleando pelas arquibancadas da Grifinória, chegando o mais rápido possível ao chão, antes de correr ao encontro do corpo de , no meio do campo. Depois, essa cena se tornou a fofoca mais replicada daquele ano, o momento em que, finalmente, Sirius Black e Greengrass assumiram que havia sim algo entre os dois.
O grifinório conseguiu chegar ao encontro de garota antes dos professores, empurrando, sem nenhuma cerimônia, seus colegas de time, agarrando-a e trazendo-a para o seu colo, horrorizado com o quantidade de sangue que empapava seu pescoço e queixo, tingindo a roupa verde escura do uniforme de quadribol em uma tonalidade vermelha viva. Sirius se desesperava a cada segundo que passava, murmurando o nome de Greengrass enquanto segurava seu pescoço com delicadeza, temendo o pior. Os minutos seguintes passaram como um borrão em sua cabeça. Os professores chegaram, unidos a algumas enfermeiras. Sirius foi obrigado a tirar de seu colo e a acompanhou, ao lado de Lucius, até a Ala Hospitalar. Chegando lá, para total desgosto dos presentes, a nenhum foi permitido a entrada, e o clima, obviamente, estava constrangedor.
, , Lucius, James, Peter, Remus e Sirius estavam no mesmo ambiente, sentados esperando notícias. e se olhavam o tempo todo: a primeira aterrorizada com a situação, cogitando todas as possibilidades do que poderia falar para amenizar o clima tenso, enquanto a segunda olhava de um lado para o outro, se divertindo sozinha com a bizarra interação. Ah se pudesse ver o que causara...
- Por Merlin, quantas pessoas! Bem, crianças, a senhorita Greengrass continua desacordada, mas respondeu bem aos cuidados e precisa repousar. Posso deixar que alguns entrem para vê-la por uns minutinhos.
- Somos as melhores amigas! – Scamander e Rosier levantaram-se prontamente, aflitas. No segundo seguinte, Lucius as acompanhou.
- E eu sou o namorado dela – Malfoy ecoou a frase com voracidade, como se marcasse seu território.
- Pois bem, podem entrar. E vocês? Como posso ajudá-los?
Sirius estava paralisado. Seu olhar estava em chamas, seu coração batia descompassadamente e sua garganta pesou, obrigando-o a tossir. James, percebendo o estado do amigo, tomou a frente.
- Somos amigos. Muito amigos. Será que pelo menos um de nós pode entrar?
- Ah, sinto muito querido. Mas a senhora precisa mesmo descansar. Eu já vou voltar para tirar as três visitas. Amanhã, provavelmente, ela poderá receber visitas. Voltem pela manhã, sim?
- Por favor – Sirius, após encontrar sua voz, murmurou, a fragilidade que buscava esconder se tornando evidente em seu tom – A senhora garante, me garante, que ela está bem?
A enfermeira o olhou, comovida. Precisou de apenas alguns segundos para identificar o triângulo amoroso que se formava ali, e seu coração se compadeceu com a vulnerabilidade de Black. Por isso, aproximou-se dele, sorrindo com delicadeza.
- Black, a senhorita não corre nenhum tipo de risco. Eu lhe garanto.

4° capítulo

As velas do castelo de Hogwarts ainda iluminavam os corredores pelos quais Sirius Black caminhava apressado. O dia ainda não havia amanhecido e a penumbra tomava conta dos arredores da escola. Uma semana inteira havia se passado desde o acidente de , e o grifinório ainda sentia seu corpo estremecer toda as vezes que revivia a sensação da garota inerte em seus braços. Cada dia parecia mais longo do que o anterior e ele não conseguia mais suportar não ver os olhos petulantes dela o encarando. Se um dia Black acreditou ser forte o suficiente para lutar contra seus sentimentos em relação a Greengrass, compreendeu nos últimos dias que era impossível ser indiferente a todo o afeto que os unia. Vê-la vulnerável já seria sufocante o suficiente, mas precisar sair da cama todos os dias às cinco da manhã para garantir uma visita antes que Malfoy aparecesse era revoltante. Ele nunca iria se perdoar por não poder estar ao lado dela livremente todos os dias, nunca. Contudo, para sua sorte, a enfermeira da ala hospitalar parecia ser uma fã de romances juvenis complexos, pois o ajudara a driblar algumas regras de horário e a presença de Lucius várias vezes.
Chegando à imponente porta da ala hospitalar parou por um momento para respirar fundo, se preparando para ver o corpo abatido e desacordado de . Tocou levemente com o punho fechado a superfície dura e esperou pelo momento que veria o rosto arredondado e simpático da enfermeira. Notou no sorriso da senhorinha um sentimento contagiante de animação e sorriu divertido para ela.
- Sirius?
A voz só pôde ser ouvida pelo completo silêncio que incorporava a atmosfera da ala. O chamado foi praticamente um sussurro de tão baixo, mas isso não evitou que o coração de Black parecesse explodir em seu peito e sua boca formasse o sorriso mais largo que dera nos últimos dias. Sem conter sua animação, se aproximou às pressas da enfermeira e a beijou no rosto com avidez, arrancando risos da bruxa mais velha que o admirava correr até a cama mais próxima.
A menina respirou fundo ao identificar Sirius ao seu lado, sorrindo espontaneamente até sentir a dor intensa que atingiu a região do seu queixo, arrancando um gemido de dor. Ele abaixou até estar do lado dela e entrelaçou delicadamente seus dedos, beijando-lhe as mãos antes de chegar bem perto do seu rosto, tocando os lábios em sua testa.
- Shhh… não se mexa, . Ainda está muito machucada.
A sonserina respirava com calma em busca de alívio, mas se perdeu nos olhos de Sirius. Era impressionante o quanto seu corpo reagia a presença dele, mesmo que estivesse completamente dormente por conta das poções que havia consumido nos últimos dias. Podia sentir o calor subindo por suas bochechas e as deixando coradas, assim como um formigamento nos locais onde os lábios dele a tocaram, sem contar seu coração, que parecia bater com uma intensidade semelhante ao efeito da mais forte das poções do amor. Greengrass não se lembrava exatamente do que havia acontecido, apenas alguns resquícios de memória voltaram a sua mente nas últimas horas em que esteve acordada, mas podia jurar que tudo não parecia tão sério assim agora que tinha Black do seu lado.
- Tudo bem, crianças, vocês têm dez minutos. Não me olhe assim, senhor Black, você nem deveria estar aqui! Estarei na sala ao lado organizando algumas poções e voltarei aqui logo mais. Ela acordou a apenas algumas horas, lembre-se disso.
sorriu pequeno quando viu os olhos de Sirius rolarem teatralmente, debochando da informação. Black voltou sua total atenção a ela e podia jurar que no silêncio as batidas do seu coração podiam ser ouvidas. Ele precisou de apenas um momento para aproximar seu rosto do dela e encostar seus lábios em sua boca, roçando a pele delicadamente, querendo sentir o calor do beijo que, por um momento, acreditou que iria ficar sem. Foi um selinho longo, quente e sem movimentos, os jovens queriam apenas que seus lábios se lembrassem de como era tocar o outro.
- Eu achei que fosse te perder...
Greengrass abriu os olhos enquanto sentia o rosto de Sirius se aconchegar na curva do seu pescoço, inspirando seu cheiro e causando um arrepio intenso em sua pele. Nunca imaginou ouvir tamanha fragilidade, cuidado e carinho na voz dele, sendo pega de surpresa pelo quanto sentiu sua falta. Era possível sentir falta de alguém mesmo estando sem consciência? Ela podia jurar que sim.
- Estou aqui…
Com muito esforço proferiu as palavras, fechando os olhos ao ser abatida novamente pela dor que dominava o seu rosto quando o movimentava.
- , só temos alguns minutos, mas eu preciso te falar algumas coisas. Promete que não vai responder nada? Apenas acene devagar e eu vou saber que entendeu.
Greengrass se perdeu de novo no olhar intenso do rapaz, acenando o mínimo possível com sua cabeça. Ela tinha tantas perguntas, dúvidas, queria saber tudo o que havia acontecido, o porquê tinha se machucado e o que aconteceu na semana em que ficou desacordada, mas sabia que não conseguiria se comunicar direito.
- Primeiro, eu gostaria de saber como você consegue ficar tão linda depois de cair em queda livre e ficar desacordada por uma semana. Francamente Greengrass, chega a ser revoltante.
Seu jeito sedutor de falar, unido a voz mansa e rouca de quem acordara a pouco tempo fez com que a sonserina sorrisse de leve, apesar de ter rolado seus olhos. Esperava algo impactante e ganhara mais um galanteio típico de Black. Ele riu, porque apesar de saber que iria ser sincero como nunca fora na vida e isso o assustava, não conseguia conter a felicidade de estar ao lado dela.
Respirou fundo e sua feição se tornou mais séria. Pensou em desistir e apenas admitir sua preocupação, mas os olhos brilhantes o encaravam com tanta saudade e alívio que ele não pôde evitar de ver toda a sua paixão refletida em , lhe dando coragem.
- , essa foi a pior semana da minha vida. E sabemos muito bem que eu já vivi dias tenebrosos – riu sem humor e sentiu os dedos dela acariciarem os seus – Mas eu nunca imaginei que pudesse sentir tanta agonia e medo de perder alguém. Tive muito tempo pra ficar relembrando todos os nossos momentos juntos e eu nunca , nunca, vou me perdoar por não ter dito isso antes...
Greengrass sentiu sua respiração se acelerar de expectativa. Queria poder esconder seus sentimentos, se manter confiante e um pouco indiferente, mas a cada palavra de Sirius podia jurar que estava desmanchando em frente a ele, completamente entregue.
- Eu sou completamente apaixonado por você. Não estou. Eu sou, . Desde o primeiro momento que você me encarou com o seu nariz arrebitado e seu olhar superior. Mais especificamente quando você tirou todo o seu uniforme na minha frente, na entrada da Floresta Proibida, em uma madrugada de neve, porque perdeu uma aposta e não admitiu que eu suavizasse a consequência. Naquele dia eu soube que nenhuma pessoa conseguiria me impressionar e encantar como você faz... E eu também soube que ninguém teria um par de seios tão impressionantes quantos os seus.
soltou um som nasalado que se assemelhava a um riso, balançando a cabeça negativamente.
- Então, por favor, . Fica comigo, só comigo. E eu prometo que nunca mais vou colocar alguém entre nós dois novamente. Vamos encontrar um jeito de fazer dar certo, só nós dois... Eu prometo.
Greengrass pensava que se pudesse escolher um momento para engarrafar em uma poção para que essa sensação pudesse ser repetida várias e várias vezes, essa seria a escolha perfeita. Não podia sorrir abertamente, mas tinha certeza de que seus olhos demonstravam a emoção que tomava conta dela. Respirou fundo sob o olhar cuidadoso e temeroso de Sirius. Se fosse sincera, estava adorando a tensão na qual ele estava. Eram raros os momentos nos quais Black se deixava ser vulnerável e ela simplesmente adorava cada um deles.
Começou a se movimentar e a forçar seu corpo para cima, sendo auxiliada pelos braços firmes dele.
Quando finalmente conseguiu se sentar na cama, o encarou e ficou alguns instantes absorvendo cada um dos traços do rapaz. Era como se a força vital do bruxo estivesse em suas mãos e a sensação era completamente viciante... Com Black utilizando um de seus braços para segurar o peso dela, ela pôde levar ambas as mãos para o rosto dele, acariciando a pele e sorrindo quando ele fechou os olhos ao seu toque. Palavras não poderiam expressar exatamente o que ela sentia, então o beijou.
Por um momento ambos esqueceram onde estavam e em quais condições se encontravam, pois o beijo se tornou profundo. Cada movimento trazia uma dor diferente para , mas a língua de Sirius envolvendo a sua e o calor da boca dele em seus lábios fez com que ela ignorasse todo o desconforto.
- Senhor Black! Por Merlin!
A voz estridente da enfermeira fez com que os dois se afastassem, sem alarde, ainda entorpecidos pelo momento. A bruxa expulsou Black do local, que parecia atordoado demais de felicidade para se importar com isso. Antes de sair, virou-se e olhou mais uma vez nos olhos de , usando o seu sorriso mais charmoso e sacana, deixando a sonserina cheia de vontade de se recuperar o mais rápido possível.

Mais de um mês havia se passado desde o fatídico acidente de Greengrass e ela se sentia exausta. Havia a recuperação física que estava se esforçando para alcançar, pois se recusava a largar seu time no meio da temporada de Quadribol. Para isso havia intensificado a sua rotina de treinos e fazia exercícios físicos todos os dias, praticamente obrigando o seu corpo a se recuperar. E apesar dos professores serem generosos e compreensivos durante a temporada, ainda mais por ser uma excelente aluna e capitã do time, não aceitava que suas médias baixassem em nenhum momento, passando madrugadas estudando e fazendo as atividades necessárias. Ainda, se tudo isso já não fosse o suficiente, o namoro público de Sirius e havia, definitivamente, causado uma comoção nos alunos de Hogwarts.
Casais eram ligeiramente comuns entre os estudantes de casas diferentes, mas essa união diminuía bastante quando as casas em questão eram Sonserina e Grifinória. Para piorar, um romance entre a estrela de uma e o garoto problema de outra não era nem um pouco esperado e deixava a história dos dois em evidência, ainda mais pelo término tão recente entre e Malfoy. Porém, apesar de tudo o que estava acontecendo, uma completamente imersa em pensamentos apaixonados se encontrava sentada em uma das mesas centrais da biblioteca, cercada por livros e com um sorriso bobo nos lábios enquanto rabiscava um pergaminho.
- Me desculpe pelo atraso.
Uma voz rouca e beirando a monotonia despertou a garota de seu estado, que se assustou com a interação e se virou rapidamente para encontrar o dono da voz. Snape percorreu o caminho contrário ao dela e sentou-se à sua frente, olhando constrangido para o sorriso de felicidade que encontrou no rosto dela.
- Ah Sev, não precisa se preocupar! Estou feliz que tenha vindo!
A gentileza de Greengrass sempre o pegava de surpresa, especialmente por ela ter inventado um apelido para o seu nome. Que ele odiava, a propósito, mas não tinha coragem de a magoar e compartilhar esse fato. Arqueou uma sobrancelha em confusão enquanto retirava os livros necessários para iniciarem seus estudos.
- Por que eu não viria?
Era explícita a surpresa e alívio da sonserina, fazendo com que Snape ficasse intrigado.
- Oras, por causa da minha relação com seu arqui-inimigo, é claro! – usou aspas para se referir ao termo, rindo em seguida – Não reparou em como me tornei uma persona non grata em nossa casa? É claro que ninguém tem a coragem de me confrontar porque têm medo de mim, mas não é como se tentassem disfarçar que estão insatisfeitos com o meu namoro.
Severus sabia que esse seria um momento no qual ele deveria demonstrar empatia e talvez até soltar frases reconfortantes para que ela se sentisse apoiada, entretanto, sabemos que isso não fazia parte da sua personalidade por mais que realmente se importasse com ela. Preferiu lhe entregar um sorriso rápido e sem emoção, como se isso fosse o suficiente para lhe demonstrar que estava do seu lado, apesar de odiar que ela se envolvesse com alguém tão abaixo do nível deles, em sua percepção.
- Eu não me importo com nada disso. Nunca liguei para o que os outros pensam.
Snape pensou que era irônico que , uma das estudantes mais populares da escola toda, estivesse preocupada em perder sua amizade por rumores e fofocas. Isso sempre o deixava admirado sobre ela. tinha todos os motivos do mundo para ignorá-lo completamente mas, diferente disso, se afeiçoou a ele desde o primeiro ano e passou a cativar uma relação entre os dois, mesmo que ele não se esforçasse minimamente para retribuir esse afeto.
- Snape, você acabou de sorrir para mim E demonstrar apoio? – a sonserina abriu a boca em um choque que beirava a diversão, inclinando o seu corpo para frente e se aproximando do centro da mesa – É oficial! Você acabou de virar meu amigo!
Animada, piscou para ele e se aprumou de volta em sua cadeira, rindo quando percebeu o desconforto do rapaz que pigarreou alto, puxando os livros para si.
Os dois estudaram juntos por cerca de duas horas. Quando faltava apenas uma hora para o jantar, já estavam finalizando as atividades que fizeram em dupla. Ambos faziam parte do Clube do Slugue, um grupo criado pelo professor de Poções e diretor da Sonserina, Slughorn, para os alunos que se destacavam em sua matéria. Apesar de sua excelência em Poções, o acidente e os treinos haviam causado um impacto na qualidade de aprendizado em relação aos últimos conteúdos, por isso pediu ajuda a Snape para atualizá-la de tudo.
- Muito obrigada meu querido sonserino com cabeça de corvo, você me ajudou muito!
Snape a encarou com desgosto, tanto pelo uso do termo “querido” quanto pelo apelido utilizado, que havia sido dito pelo próprio professor. Para ele, Severus era tão incrível que parecia uma união dos melhores dons dos alunos da Sonserina com uma inteligência que condizia aos alunos da Corvinal. Era um elogio e tanto e, apesar de ele odiar que a colega ficasse usando tal fato para envergonhá-lo, realmente concordava com a expressão.
- Antes de ir, tenho algo para te falar. Você já descobriu alguma coisa sobre o seu acidente?
encarou o colega, suspirando desanimada.
- Dumbledore me disse que estão investigando, mas que é improvável que descubram agora quem enfeitiçou o balaço... E sim, eu com certeza irei descobrir sozinha se for necessário, mas ainda não tive tempo pra ir atrás desse assunto. Por quê, Sev?
Snape se levantou e organizou seus livros nos braços, lançando um olhar solene para a garota que não entendeu sua seriedade.
- Apenas curiosidade. Mas, se me permite um conselho, eu não descartaria ninguém. Nem mesmo as pessoas da própria Sonserina.
Antes que Greengrass pudesse responder algo, o rapaz saiu a passos largos para longe dela, caminhando para a saída da biblioteca com rapidez e deixando a garota atordoada.
Após um momento, acabou dando de ombros e voltando sua atenção para seus materiais, decidida a confrontá-lo sobre isso quando tivesse a chance. Guardou a maior parte de seus livros e deixou apenas um em sua frente, decidindo colocar uma leitura em dia durante a hora que ainda tinha livre. Contudo, um pedaço de papel flutuou delicadamente pelo ar até cair no meio de suas páginas. Assim que abriu o pequeno pedaço de papel, reconheceu imediatamente a letra que dizia:

Por favor, me encontre em nosso esconderijo da biblioteca em cinco minutos. Vou te castigar por perder duas horas com o Ranhoso e me deixar só com uma,
Com amor
Sirius

2 anos atrás

Sirius trocava beijos e toques maliciosos com a garota enquanto caminhavam pelas prateleiras afastadas da biblioteca. Não tinha certeza do nome dela e não se importava com isso. No ano anterior, o primeiro dele em Hogwarts, seu grupo de amigos havia encontrado um tipo de esconderijo na gigantesca biblioteca. Mapearam toda a estrutura do lugar e descobriram um ponto cego no extremo canto da direita, uma junção de algumas prateleiras muito antigas que acabavam formando um espaço amplo e escondido. No começo do atual ano letivo eles haviam compartilhado a descoberta com as garotas. Por respeito, sempre que levava uma menina lá pedia para que ela esperasse e verificava se alguma das amigas estava presente. Como de costume, um pouco antes de chegar ao lugar de fato, beijou demoradamente sua acompanhante e a pediu para esperar.
Ficou surpreso ao encontrar encolhida no canto, com os braços abraçando as próprias pernas e o rosto soterrado embaixo dos cabelos. A verdade é que sabia instantaneamente que algo estava errado, pois era horário de aula e Greengrass era uma aluna aplicada. Voltou imediatamente e usou todo o seu charme para dispensar a bruxa com quem estava. Perdeu alguns minutos com ela, inventando uma desculpa mirabolante que explicasse o porquê tinha que voltar para lá sozinho. Com muita habilidade, conseguiu fazê-la ir embora com um encontro marcado para o outro dia.
- Acho que estou te levando para o mau caminho... está tentando ser rebelde, Greengrass?
se assustou com a presença e seus olhos fuzilaram Sirius. Limpou com violência algumas lágrimas que desciam por suas bochechas, se sentindo humilhada por ser encontrada assim. E justo por ele. Gemeu frustrada e estava pronta para se levantar, mas Black foi mais rápido e sentou-se ao lado dela, segurando seus ombros para que não saísse do lugar.
- Calma, . Não vou contar pra ninguém que você tem sentimentos, eu prometo.
Sorriu presunçoso e levou um soco ardido em seu ombro.
- Vai embora, Sirius. Eu não quero companhia.
- Ninguém quer ficar sozinho quando está triste... Mas, se não quiser me contar o que aconteceu, tudo bem, vou ficar aqui mesmo assim.
A sonserina respirou fundo, disposta a não ceder. Alguns minutos se passaram e Sirius parecia inflexível, a irritando ainda mais. A tensão entre os dois era palpável. A verdade era que fazia o possível para não ficar sozinha com o grifinório, pois nas raras vezes em que isso acontecia ela sentia o quanto era afetada por sua presença e odiava isso. Black já era presunçoso o suficiente pelo tanto de atenção feminina que recebia e se recusava a ser mais uma dessa lista.
O que era difícil, extremamente difícil. Analisou sorrateiramente o rapaz sentado, completamente confortável em sua pele, a segurança exalando pela sua postura descontraída. Uma perna dele estava esticada enquanto a outra estava sendo usada de apoio para o seu braço, suas costas se encostavam na prateleira de livros e sua expressão deixava claro o quanto estava se divertindo com a situação. Quando um sorriso de lado chegou aos seus lábios, se empertigou, envergonhada por ter ficado o admirando.
- Você é insuportável, sabia disso? – murmurou derrotada, jogando a cabeça para trás e olhando o teto da biblioteca, tentando buscar forças para contar o motivo constrangedor pelo qual chorava.
- Sabia. Mas eu também sou um ótimo ouvinte. Então, me diz aí, o que aconteceu?
- Não posso... o motivo é ridículo e você vai rir de mim.
Sirius sorriu enquanto a admirava. Deixou seus pensamentos correrem livremente por alguns segundos enquanto analisava a pele desnuda do pescoço dela, imaginando como seria passar a língua por ali e ouvi-la soltar um gemido em seu ouvido. Sentiu uma tensão se acumular em suas pernas e arrumou sua postura, intrigado com a facilidade com que ficava excitado na presença dela.
- Eu prometo que não vou rir.
Ficou esperando pacientemente por qualquer ação de . Alguns segundos depois, ela soltou o ar com força e fechou os olhos, mantendo a cabeça para trás.
- Alguém que eu gosto tentou me beijar hoje, mas eu acabei ficando tão nervosa que inventei uma desculpa e saí de lá... Eu sempre odiei fazer algo pela primeira vez, mesmo que seja alguma coisa que eu quero muito.
As frases saíram emboladas tamanha era a pressa com que soltava as palavras. Obviamente se sentia ridícula pela situação que tinha passado e queria se esconder ali pra sempre. Esperou por alguns segundos que a risada de Sirius preenchesse o ambiente, mas isso não aconteceu. Quando enfim teve coragem de encará-lo, o grifinório estava com um olhar fixo a sua frente, a testa encurvada e a mandíbula travada. Ele parecia irritado, muito irritado.
- Sirius? – chamou hesitante o rapaz, não entendendo exatamente a reação dele.
A voz de parecia confusa e até temerosa, por isso Black se forçou a suavizar sua expressão. Não queria admitir nem para si mesmo, mas parecia ter levado um soco em seu estômago. Para seu desespero, o sentimento que percorria seu corpo estava parecendo muito com ciúmes. Respirou fundo e tentou sorrir descontraído, como se o fato não fosse algo tão relevante.
- Primeira vez? Quer dizer que a princesinha do papai nunca foi beijada?
Ele tentou fazer a pergunta da maneira mais brincalhona possível, tentando esconder o quanto a resposta poderia mexer com ele. Greengrass por sua vez achou que ele estava debochando dela e se preparou para pegar impulso com as mãos e sair dali.
- Viu? Por isso eu não queria te contar! Está debochando de mim!
Black começou a rir e para evitar que ela levantasse fez força com os braços e puxou as pernas da menina para seu lado, fazendo com que fosse trazida para mais perto do corpo dele, perto o suficiente para que Sirius conseguisse colocar um braço em suas costas. As pernas da bruxa estavam esticada em cima das dele, a deixando muito próxima de estar sentada em seu colo.
- Não estou debochando, . Acho uma graça na verdade... Eu sabia que, lá no fundo, você era romântica.
precisou se esforçar muito para entender o que Sirius havia dito. Nunca havia ficado tão próxima de seu corpo antes e todos os seus sentidos entraram em estado de alerta. Podia sentir a mão quente e larga do rapaz nas suas costas, enquanto seus olhos acinzentados a encaravam sem pudor e os dedos dele pousaram em cima de suas coxas cobertas pelo uniforme. Ficou hipnotizada pela voz suave, o sorriso charmoso e malicioso e a expressão corporal de quem poderia pegá-la no colo com facilidade e a fazer uma garota muito feliz com sua boca.
Suas bochechas pareciam em chamas e seu coração estava acelerado. Odiava esse poder que ele tinha, esse charme intenso que deixava todo mundo a sua volta com o queixo caído.
- Não sou romântica, imbecil. Sou prática. Sei que normalmente precisamos fazer uma coisa algumas vezes antes de sermos realmente bons nisso, e eu só vou beijar alguém que eu gosto quando tiver certeza do que estou fazendo!
Sirius nunca iria deixar de ficar intrigado com a capacidade do olhar fulminante que tinha. Em dias ruins, ela poderia fazer você se sentir o mais inútil dos elfos domésticos com apenas uma olhadela rápida. Tinha que admitir que amava tirá-la do sério e sempre achava excitante quando ela se comportava de uma maneira petulante, como se Black fosse a mais desprezível das criaturas. O desafio de conquistar o afeto de alguém como ela era viciante.
- Bom, você está com sorte de que estamos entre amigos, certo? Posso te ajudar.
não impediu um barulho de escárnio de escapar de sua garganta e a expressão de completa incredulidade estampou seu rosto. Black era sem dúvida a pessoa mais cara de pau que existia na comunidade bruxa. Era implacável quando decidia conquistar qualquer afeto romântico que despertasse sua atenção, mas isso irritou a garota profundamente.
- Você está ficando louco?! Acha mesmo que existe alguma realidade em que eu te beijaria?! Ah, por favor! Já me esforço o suficiente para suportar a sua presença de maneira platônica, até parece que eu arriscaria fazer você acreditar que existe alguma chance de sermos mais que isso!
Black começou a gargalhar e isso deixou perplexa. Era normal se sentir excitado após ser completamente humilhado por alguém? Aparentemente, para Sirius sim. Sua risada foi tão verdadeira que Greengrass se sentiu contagiada e começou a rir também. Os dois precisaram de alguns minutos pra se acalmarem, mas em nenhum momento fizeram menção de separar seus corpos ou mudar a posição na qual estavam. Quando finalmente o momento passou, respiraram fundo e trocaram um longo olhar em silêncio.
- Você disse que queria ter certeza de que ia saber o que vai fazer quando beijar alguém que gosta, certo? E acho que já deixou bem claro o quanto não gosta de mim – frisou a palavra de maneira divertida, sorrindo em seguida – ou seja, sou a pessoa perfeita pra te ajudar.
mordeu a boca para esconder um sorriso de expectativa que lutava para aparecer. Queria muito não confiar em Sirius e achar toda a ideia estúpida, mas a verdade é que não seria ruim aprender algo importante com um amigo, por mais que ela não soubesse exatamente o que sentia por ele e as coisas pudessem ficar confusas entre os dois. Era muito nova para problematizar a situação naquele momento.
- E se... – respirou fundo, sua hesitação tomando conta de sua voz – eu beijar mal?
Sirius sentiu seu coração esquentar. Greengrass nunca havia se mostrado vulnerável e vê-la assim, mordendo os lábios enquanto desviava do seu olhar por ter vergonha de algo tão natural, fez com que ele se sentisse nervoso com o quanto ela era linda. Tirou sua mão das pernas dela e levou até seu rosto, colocando um pouco do seu cabelo atrás da orelha, buscando o olhar dela para sorrir de um jeito que a acalmasse.
- Então vamos ficar aqui um tempo até você aprender direitinho...
Murmurou sacana e passou a língua pelos lábios rapidamente ao perceber que tinha conseguido mexer com , que levantou uma sobrancelha em desafio. Black não pôde evitar que seu coração acelerasse com o olhar intenso da menina, ela era sexy sem nem ao menos ter essa intenção. Decidido a não perder a chance de sentir como seria conhecer o gosto da boca dela, espalmou sua mão delicadamente pelo rosto de e a puxou para si, perdendo seu olhar nos lábios avermelhados que já haviam aparecido em alguns dos seus sonhos.
Greengrass podia jurar que seu coração nunca havia batido tão rápido. Seus dedos apertaram a camisa de Sirius na altura do abdômen e se apoiaram ali, pronta para receber a boca dele. Black não parecia com pressa e a deixou inebriada com sua aproximação lenta, principalmente quando ele roçou seus lábios e ambos fecharam os olhos, atordoados pela textura das peles se tocando. Sirius apertou a nuca de e pressionou seus lábios com mais intensidade, abrindo-lhe a boca e finalmente explorando o gosto dela com sua língua.
Greengrass não pensou em nenhum momento sobre o que fazer, se estava beijando bem ou se o que fazia era certo. Parecia hipnotizada pelos movimentos de Sirius e se deixou levar pelo momento, sincronizando e espelhando as ações dele. Sentia seu estômago se afundar em uma deliciosa sensação de frio, enquanto seus dedos apertavam cada vez mais a camiseta de Black, utilizando sua força para trazê-lo o mais perto possível.
Nenhum dos dois saberia dizer quanto tempo aquele beijo durou, mas foi a primeira a se afastar lentamente em busca de ar. Quando ela abriu os olhos, sorriu ao ver que ele ainda mantinha os dele fechados. Foi apenas quando Greengrass tocou seu rosto que ele os abriu. A expressão de Sirius a deixou confiante, pois o grifinório parecia atordoado demais para focar seu olhar. Isso queria dizer que ela beijava bem?
Quando Black finalmente voltou a si e estava pronto para falar alguma coisa, risadas escandalosas rasgaram a atmosfera que os dois haviam criado e se afastou o máximo possível dele antes que os amigos chegassem.




Continua...



Nota da autora: Sem nota.

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