Finalizada em: 08/06/2021

Capítulo único.

Peguei um drops de chiclete e coloquei sobre o balcão. , a garota que trabalhava naquela loja de conveniência, me olhou, seus tons fixos no meu, fazendo com que eu unisse as sobrancelhas. Por que ela estava me olhando daquele jeito? A garota mastigou sua goma três vezes antes de esticá-la com sua língua, sem falar nada. Então peguei a grana e coloquei na sua frente, não querendo meu troco, só me mandar dali mesmo.
— chamou meu apelido assim que me virei para sair dali, a olhei naquele instante, esperando falar o que queria. — Você não deveria deixar sua namorada e melhor amigo andarem sozinhos por aí. — Aquilo me fez erguer as sobrancelhas em surpresa.
— E por que não? — Quis saber, porque eu não via nada demais em Tyler e Sommer andarem juntos mesmo quando eu não estava com eles.
— Oras, porque eles estão transando pelas suas costas — disse aquilo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e meu coração disparou na hora, doendo com aquilo.
— Se isso é mais alguma piada sem graça sua, não estou achando nada engraçado. — A cortei logo, porque aquilo era algo muito sério.
— A única piada aqui é você, e eles estão rindo na sua cara, quer dizer, pelas suas costas, né? — Deu de ombros pegando a grana e colocando na sua caixa registradora.
— De onde você tirou isso? — Questionei, ainda sentindo meu peito dolorido. Aquilo não podia ser verdade, eles não fariam isso.
— Eu vi eles se beijando no último corredor. — Então apontou para a tela onde mostrava as câmeras de segurança. Meu coração parecia estar diminuindo de tamanho, e nem ao menos consegui responder a garota. — Vai encontrar com eles na festa?
— Que festa? — Minha pergunta fez rir. — Tem como você falar sério?
— Eu já estou fechando a loja, me espera lá fora que te levo na festa, consigo entrar sem pagar — avisou, e eu apenas assenti.
Sai dali e me sentei na calçada porque estava sentindo minhas pernas tremendo, como todo o resto do meu corpo, parecia que meus joelhos iam ceder sob o meu peso a qualquer momento. Apesar de estar falando para mim mesma que aquilo não era verdade, ainda estava ali esperando para me levar até a tal festa, porque uma parte minha tinha acreditado nela. Eu poderia ligar para Sommer e perguntar onde ela estava, porém se fosse verdade que ela estava ficando com Tyler, não queria que ficasse alerta sobre aquilo. Precisava pegar eles de surpresa. Deus! O que estou pensando? Ela era minha namorada e Ty meu melhor amigo de anos! Eles não fariam isso comigo. Aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mau gosto de ! Não podia ser real. Não mesmo!
Levantei para sair dali, mas a garota que trabalhava na loja já estava saindo e trancando a porta. Ela me olhou e deu um sorriso, acenando com a cabeça para que eu a acompanhasse. Mordi meu lábio inferior e fiquei parada onde estava.
— Anda, . Ficar parada aí só fará seu papel de trouxa ficar ainda maior. — Revirou seus olhos puxando a chave do seu carro do bolso.
— Você está zoando comigo — retruquei ainda parada onde estava. — Eu confio na Sommer, e o Tyler nunca faria isso comigo.
— Ok, quem está sendo traída é você mesmo. Fica aí, então. — Deu de ombros e saiu andando.
Travei meus dentes com aquilo e soltei o ar de forma pesada, negando com a cabeça não acreditando que ia mesmo fazer aquilo. Segui rapidamente, eu estava me contradizendo, mas não podia ficar com aquela dúvida na minha cabeça. Era melhor ficar com cara de boba para aquela garota se ela estivesse só brincando comigo do que para o resto da cidade. Por mais que confiasse em minha namorada e meu melhor amigo, eu só queria ter mesmo certeza daquilo.
Então entrei no lado do carona do carro de e meus coturnos bateram nas garrafas de cerveja vazias que estavam jogadas ali. Fiz uma careta, porque ali dentro tinha cheiro de cigarro. Não falei nada, apenas me mantive calada, olhando a garota ligando o rádio enquanto segurava o cigarro entre seus dedos. Logo depois deu partida no carro que só pegou de segunda, fazendo o motor roncar. Será que conseguiríamos chegar na festa? Bem, esperava que sim. Os alto-falantes tocavam uma música lenta que eu não tinha ideia de quem estava cantando, mas a batida era gostosa, pelo menos me fez distrair um pouco pelo caminho e eu olhava pela janela, tentando não pensar no que realmente encontraria quando chegássemos lá.
estacionou na frente de um prédio velho. Olhei para aquilo e fiz uma careta. Tinha uma fila na porta. Bem, pelo menos o lance da festa era verdade e aquela garota não estava me sequestrando. Saímos do carro e peguei o drops de chiclete e tirei um lá de dentro, o enfiando em minha boca e mastigando de um jeito nervoso. Estava ansiosa de qualquer forma e sabia que aquilo não iria mudar por mais que achasse que não encontraria Sommer e Tyler ali.
Paramos ao lado de um cara que parecia ser o segurança e olhei para falar algo com ele, que logo em seguida deu passagem para que a gente entrasse. O pessoal na fila reclamou, mas fingi não ouvir e apenas segui a garota que parecia conhecer o lugar. Seguimos até um elevador. Era um prédio industrial, então o elevador era aquele enorme de carga. Entramos nele junto com outras pessoas, todas vestiam roupas diferentes. Curtas, com transparência e um tecido metálico, enquanto eu estava com uma parka grafitada, uma saia xadrez em verde e preta, e um cropped preto de gola alta e mangas longas. Bem, pelo menos estava como eu, de jeans rasgado e camisa larga com as laterais abertas. A morena me olhou e passou seus olhos por todo meu corpo, até voltar a me encarar. Ela era mais baixa, mas não muito, então seus olhos estavam quase no mesmo alcance que os meus. Fiz um pequeno bico e permiti meu olhar descer por ela também, até voltar para seu rosto. Eu gostava de como a lateral da sua cabeça era raspada, das suas tatuagens e piercing no nariz. era de fato muito bonita.
Minha atenção foi tomada quando a grade do elevador foi aberta, e nós seguimos para forma junto com as outras pessoas. Meus olhos correram para o lugar. Tudo em neon, luz negra, bastante fumaça e pessoas dançando ao som de When I R.I.P. sem ligar para nada, apenas curtindo. Senti como se estivesse dentro de Euphoria naquele momento, a vibe era igual. passou por mim acenando a cabeça, e eu a acompanhei, afinal ficar sozinha ali não era nada confortável.
— Quer beber alguma coisa? — Ela ofereceu, abrindo um isopor enorme e pegando uma cerveja.
— Não vim aqui para isso. — Não estava saindo com , se era isso que estava passando em sua cabeça. Então a garota riu e assentiu.
— Vem, vamos achar seus amigos. — Ergueu seu queixo para que eu andasse para frente.
Virei meu corpo e comecei a caminhar pelo lugar, procurando Sommer e Tyler, e ao mesmo tempo que meu coração estava aliviado em não achar eles, ainda se acelerava, com medo do que meus olhos poderiam encontrar. Era como estar em um filme de terror e você não sabia se o assassino estava morto ou não. Passamos pela festa toda, e nada. Aquilo me fez sorrir. Então virei para .
— Você estava errada, eles não estão aqui — declarei, e a garota levantou os ombros. — Era mentira, né? Você só queria sair comigo. — riu com isso e chegou mais perto, bem mesmo, e depois desceu seu olhar pelo meu rosto, parando em meus lábios.
— Você é linda, tem os olhos incríveis, mas não. Ouvi eles dizendo que estavam vindo para cá — disse quase tocando meus lábios com os seus, e meu olhar desceu por um momento. Respirei fundo. — Porém me beijar tão te faria tão errada quando ela faz a mesma coisa. — Voltei a encarar seus olhos.
— De qualquer forma, eu ainda namoro, e até que eu saiba se é verdade o que me diz, eu não poderia te beijar — falei a olhando bem sério.
— Então você sente vontade de me beijar — aquilo não era uma pergunta, e odiava admitir, mas estava certa em relação aquilo. Fiquei mesmo com vontade de beijá-la.
— Vou ao banheiro. — Era melhor desviar do assunto.
— Beleza, vou ficar aqui. — Deu de ombros e bebeu um gole de sua cerveja enquanto me olhava.
Ri fraco daquilo e neguei com a cabeça, rolando meus olhos e me virando, já passando pelo meio das pessoas. Estava distraída pensando no que tinha falado quando vi um casaco conhecido. Tyler. Meus olhos se abriram, meu coração disparou. Um par de mão estava segurando seu pescoço, e eu reconheci o anel de asas que Sommer usava na hora. Meu ar faltou, meu corpo travou. Não. Aquilo não podia ser verdade. Cheguei mais perto deles dando a volta para poder ver o que estava acontecendo realmente. Minhas sobrancelhas se uniram fortemente ao ser eles se beijando. Senti meus olhos se queimarem na hora, juntamente com minha garganta e peito. Segurei o casaco de Tyler e o puxei, fazendo os dois me olharem e se assustem ao me verem ali.
— Obrigada por serem dois falsos! — Soltei extremamente sarcástica dando uns passos para trás.
, espera. — Sommer veio em minha direção tentando me segurar.
— Não me toca! — Pedi recuando para que não fizesse isso. — Vocês são dois cretinos. Agora tudo faz sentido. Vocês sumindo do nada, as ligações estranhas. Está tão claro.
— É isso aí, você sabe a verdade agora. Não precisa fazer escândalo por isso. — Tyler cuspiu as palavras na minha cara, como se eu fosse a errada ali.
— Vai se foder! Eu vou berrar o quanto eu quiser. Seu babaca! — O empurrei pelo ombro, e meus olhos se abriram ao ver ele tentar vir para cima de mim, mas Sommer o segurou.
— Você é a porra de uma mimada que sempre tem tudo o que quer. Vai se foder você! Eu peguei mesmo a Sommer bem embaixo do seu nariz só para você saber! — Ele foi arrogante e me olhou de cima, como se eu não fosse nada.
— Sai daqui, , por favor — Sommer pediu, e seu olhar era como se lamentasse com aquilo.
Apenas me virei e sai andando esbarrando nas pessoas que estavam olhando o que estava acontecendo. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e eu sabia que estava borrando minha maquiagem, mas não me importava com isso. Acessei a porta das escadas e desci rapidamente, segurando no corrimão para não cair, porque sentia minhas pernas tremendo a cada degrau que eu pisava. Consegui sair do prédio, e só fui para qualquer lado mesmo não sabendo para onde seguir. Tinha que ir o mais longe possível daquela festa.
Abracei meu corpo enquanto andava apressada pela caçada, sentindo que estava tremendo e que minha pele estava gelada, mas não era frio que sentia, era meu coração doendo, se desfazendo por inteiro. Não queria pensar em Tyler e Sommer. Aquele maldito desgraçado que dizia que era meu amigo, mas tudo o que sentia era inveja, querendo o que era meu e usufruindo de tudo meu na minha cara. Sommer era outra, apostava que só estava comigo pelo mesmo motivo. Pensar naquilo me fez chorar ainda mais.
! — Ouvi me chamando e seus passos em uma corrida se aproximando. — Espera, droga! — Não olhei para trás, apenas continuei andando, até que a garota parou bem na minha frente.
— O que você quer também? Esfregar na minha cara que estava certa? Rir e dizer que sou uma otária? — Disparei para cima dela chorando ainda mais.
Seus olhos se abriram um pouco mais e pude ver debaixo da luz daquele poste que era verde escuro, um tom muito bonito. Mas foi só isso que consegui reparar, porque no momento seguinte, segurou meu rosto e beijou meus lábios de forma bem apertada. Uni as sobrancelhas, minhas mãos se fecharam e eu dei um passo para trás, rompendo o beijo. Ela continuou me olhando, e eu fazia o mesmo. Meu coração estava disparado.
— Não acho você uma otária — disse em um tom mais baixo. — Eu acho você foda pra caralho, e nunca entendi o motivo que andava com gente que nunca te mereceu. — Aquilo tinha me pegado de surpresa. — Você é pura e não vê como as pessoas podem ser maldosas. Acredita nelas, porque é assim que é a sua essência. Uma alma transparente e que tem o poder de deixar tudo belo ao seu redor. Não deixe pessoas como aquelas tirarem isso de você. — Meu corpo nem ao menos conseguia se mexer naquele momento. — Só para saber, sempre reparei em você, só nunca tive oportunidade de falar.
— Eu não sei o que dizer — sussurrei finalmente conseguindo formular as palavras depois de tudo o que tinha soltado.
— Não precisa dizer nada. Posso te levar em casa? — Pediu com calma e deu um pequeno sorriso.
— Pode. — Balancei a cabeça, percebendo que tinha parado de chorar.
sorriu fraco e se virou, seguindo para onde tinha estacionado o seu carro, e a acompanhei. Coloquei as mãos dentro dos meus bolsos, e agora eu só conseguia pensar sobre o que aquela garota tinha acabado de me falar. Ninguém jamais tinha me visto ou falado algo assim para mim. Então dei um pequeno sorriso, sentindo que poderia ter pessoas boas também, e que Tyler e Sommer se tornavam indiferentes perto das palavras de .
Entrei no carro assim que chegamos nele e foi destrancado. Sentei no banco do carona e fiquei olhando para o lado do motorista. Assim que entrou, dei um pequeno sorriso.
— Obrigada — agradeci em um tom baixo.
— Relaxa, garota. — Ela sorriu de lado e colocou a chave na ignição.
— Se você me beijar agora, eu não vou me afastar — contei e me olhou, encarando meus olhos.
Então ela chegou mais perto e tocou meus lábios com os seus, me fazendo fechar os olhos lentamente e soltar o ar que nem percebi que estava prendendo. Levei minha mão até a lateral do seu pescoço e deixei minha língua adentrar sua boca, para que tocasse a sua lentamente. passou seus lábios por cima dos meus e senti sua língua passar pela minha de forma suave, começando um beijo calmo, que fez as coisas dentro de mim se acalmarem. Seus lábios eram macios e seu toque suave, me fazia sentir mais vontade de beijá-la, porque era bom senti-la assim. Isso me fez sorrir de leve entre o beijo e deixar minha língua entrar um pouco mais em sua boca, impulsionei de leve meu corpo para frente por isso, apertando meus lábios no dela. A ouvi suspirar e sua cabeça se inclinou um pouco mais para o lado, senti sua língua entrando mais fundo, passando pela lateral da minha. Meus dedos subiram suavemente por sua pele, indo para sua nuca e apertei de leve aquela parte. Rodeei sua boca com mais vontade e meus lábios se fecharam sobre os seus, para voltar a se abrirem e tomar sua boca com a minha língua novamente.
Simplesmente perdi a noção do tempo enquanto beijava dentro daquele carro, e eu só fui me dar conta disso quando meu celular tocou. Era Sommer. Olhei para o visor e respirei fundo. Não queria falar com ela, até porque não tinha o que conversar. Então a garota ao meu lado pegou o aparelho em minha mão e colocou no painel do carro.
— Depois você conversa com ela — disse dando um pequeno sorriso.
— Prefiro conversar com você — contei rindo fraco daquilo, e fez a mesma coisa.
— Beleza. Vou te levar para casa e a gente pode comprar algo para comer no caminho. O que acha? — Ofereceu, e eu sorri abertamente.
— Acho perfeito — ri fraco e lhe dei um selinho.




Fim.



Nota da autora: Olá, gente. Eu queria mandar mais alguma fic para o site nessa att temática, e a ideia me veio nos últimos dias do prazo quando ouvi a música da Willow exatamente com o nome que está a fic, e o plot rápido veio na minha cabeça. Espero que tenham gostado. Beijos e até a próxima. <3



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