Última atualização: 27/12/2022

Capítulo 1

AVISO!

Essa é uma história fictícia, os fatos apresentados podem ter mera semelhança com a realidade. Mas quero afirmar que não estou incentivando qualquer tipo de crime!

Medellín, capital da Colômbia, local que reside o maior chefe da máfia do país, dono de boates por todo o país Santiago Sanz controla cartéis, cassinos, tráfico de armas, drogas e a prostituição. Aos 20 anos assumiu os negócios da família e aos 24 teve que passar pela perda da esposa no nascimento de sua filha, e desde então se dedica ao "negócio" e sua única filha, e herdeira, Sanz.
Santiago teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Pablo Escobar, após a queda e morte do até então o homem mais poderoso da Colômbia, Sanz assumiu o cartel de Medellín, vindo se tornar o maior mafioso do país três anos depois, hoje ele ensina tudo que sabe a sua filha, para que ela herde o comando um dia.
, foi criada com todo o amor que um pai pode dar a sua filha, formada em ciências contábeis na melhor faculdade da Colômbia, ela sempre aproveitou tudo que ser filha do chefe da máfia poderia lhe oferecer, além saber defesa pessoal, ela fala seis línguas diferentes, incluindo sua língua mãe, ela também beijou várias línguas, sempre foi festeira, e nunca negou isso, e tinha sempre sua melhor amiga como companhia, Estela Gandía escuderia fiel de , frequenta a residência dos Sanz desde os quinze anos, mesmo que seus pais não apoiem a amizade, até hoje são inseparáveis.

― Está atrasada. ― Santiago disse ao ver a filha adentrar o escritório. ― Não posso mandar ir te buscar toda vez que você teimar em me desobedecer.
― Por isso mesmo me atraso, é só para ele ir me buscar. ― disse sentada na cadeira em frente à mesa do pai.

Arias, conhecido como entre os membros da máfia, um dos guarda costas pessoal de Santiago e seu braço direito, apenas ele e sabem o verdadeiro nome do rapaz. era o mais confiável e mais jovem entre eles, com 19 anos entrou para esse mundo e hoje com apenas 25 anos ele já havia conquistado a confiança do chefe e tinha sentimentos escondidos por , que fazia questão de provocá-lo, mesmo sem saber dos sentimentos do rapaz.

― Pode nos deixar a sós. ― Santiago disse para que se retirou do local. ― Onde você estava?
― Estava com a Estela, na casa dela. ― se endireitou na cadeira, sabendo que o sermão viria.
― Sabe que não gosto de você na casa dos Gandía. ― a olhou. ― Eles não são confiáveis e sabem o que faço.
― Pai, por favor, o senhor controla mais da metade da polícia da Colômbia, acha mesmo que alguém teria coragem de lhe prender? ― deu de ombros. ― Eu sei que se eu fosse policial, eu não passaria na sua frente. ― riu acompanhada do pai.
― Quero você presente na reunião de hoje. ― Santiago retornou a postura séria. ― Não quero ouvir nada, você vai e ponto final.
― Eu não ia dizer nada. ― deu de ombros.
você já está com 24 anos, está na hora de saber como os negócios funcionam, eu não vou estar aqui para sempre. ― a olhou. ― Preciso ter a certeza que você ficará bem, que saberá administrar tudo.
― Pai, o senhor fala como se fosse morrer amanhã. ― bufou. ― Eu te acompanho nessas reuniões desde pequena, eu mais do que ninguém sei como tudo funciona, eu só não quero entrar de cabeça, sabe?
― Eu estou te preparando há anos, e quero que você entre de cabeça sim! ― ele se levantou parando em frente a filha. ― Sei que se sua mãe estivesse aqui, ela não iria te dar essa vida e sinto muito por ter te colocado nesse meio, mas você é minha única herdeira, se eu não deixar isso para você, deixarei para quem?
― Está bem pai. ― sorriu. ― Prometo que vou me esforçar mais.
― Minha garota. ― sorriu depositando um beijo na testa da filha. ― Agora vai se trocar, saímos em 30 minutos, quando sair peça para o entrar.

saiu da sala de seu pai e encontrou parado ao lado da mesma, o olhou de cima a baixo e saiu andando em direção ao seu quarto, parou alguns passos depois, e abriu o zíper lateral do vestido deixando o mesmo cair no chão.

― Meu pai pediu para você entrar. ― seguiu seu caminho deixando um surpreso com a cena que acabara de presenciar.

XXX

O escritório da boate Lux estava agora cheio de pessoas do alto escalão da máfia, enquanto o som abafado da música na pista ecoava no lugar, todos esperavam a presença de Santiago Sanz e sua filha para darem início à reunião.
O alto escalão da máfia, homens temidos pelo país, era composto por Marconi, conselheiro de Santiago, é ele quem garante que a decisão do chefe seja a mais "justa" possível. Logo abaixo dele vem Lorenzo, o subchefe, ele é responsável pela execução das decisões tomadas pelo chefe, cabe a ele fazer com que os subordinados executem as tarefas que lhes são delegadas.

― Não sei porque Sanz insiste em trazer sua filha. ― Marconi resmungou.
― Ela se sentará na minha cadeira um dia. ― Santiago disse adentrando o local deixando o homem surpreso. ― Ela tem que entender como os negócios funcionam.
― Com todo respeito, mas o senhor já perguntou se é o que ela deseja? ― Lorenzo o olhou.
― Sim. ― disse se sentando à mesa ao lado do pai. ― Será uma honra substituir meu pai quando for a hora. ― o fuzilou com os olhos. ― Agora será que podemos começar a reunião? Tempo é dinheiro rapazes.
― Você criou ela bem Santiago. ― Sebastian um dos capos disse.

Capos, ou gerentes, cada um deles comanda uma atividade ilegal da organização mafiosa, são os responsáveis pelos resultados de suas áreas, comandando quadrilhas que podem reunir centenas de homens. Além de Sebastian, ainda tinha Cruz e Sánchez

― Bom, vamos começar. ― Santiago disse acendendo um cigarro. ― Como está o carregamento que vem da França?
― Chega hoje de madrugada, meus homens vão pegar e fazer a troca para que não seja rastreado em nosso território. ― disse Sebastian.

Após o término da reunião, ficaram na sala , seu pai e os seguranças de ambos.

― Pai, estava pensando... ― fez uma pausa chamando a atenção do pai.
― Sobre?
― Meu aniversário está chegando, e queria saber se posso fazer a festa aqui na Lux.
, sabe que não posso fechar a boate assim. ― Santiago disse tirando a atenção dos papéis à sua frente.
― Não precisa fechar pai, a boate pode funcionar normalmente, eu só quero saber se posso trazer uns amigos para cá... por favor. ― disse com uma voz meiga a última palavra.
― O que eu não faço por você? ― perguntou vendo a filha esboçar um sorriso. ― Só me prometa que dessa vez vai ser sem confusão, não quero a polícia xeretando meus negócios.
― Eu prometo. ― sorriu se levantando. ― Eu já vou indo, vou encontrar a Estela para irmos a um barzinho.
― Antes de ir, o que você vai querer de presente? Para o seu aniversário. ― Santiago olhou para a filha.
― Boa pergunta... ― pensou por alguns instantes e esboçou um sorriso. ― Eu quero o Arias.
― O QUE?! ― Seu pai disse surpreso e também se surpreendeu. ― O que você disse?
― Eu quero o de presente de aniversário. ― repetiu e o rapaz riu.
― Acha engraçado? ― Santiago o olhou.
― Não senhor. ― disse tentando manter a postura séria.
― Vocês vivem se cutucando e se provocando, acham que não sei? ― Santiago os olhou. ― E agora você me pede ele de presente, o que deu em você?
― Aí pai era brincadeira. ― riu. ― Bom eu vou indo, eu te amo.

saiu da sala com seu segurança sem esperar a resposta do pai, deixando ele e sem entender nada.

― Essa menina vai me enlouquecer um dia. ― Santiago se sentou novamente à mesa e olhou para . ― Eu vejo como a olha...
― Senhor? ― Disse sem entender.
― Por favor , eu sou homem, a maneira como olha para a minha filha...antes você disfarçava bem, mas hoje em dia é escrito na sua testa. ― Santiago o olhou. ― é desligada para certas coisas, mas você sabe que não posso permitir isso.
― Sei que sua filha é um território proibido. ― olhou nos olhos do chefe. ― Eu jamais ultrapassaria esse limite, não somente por ser uma regra, mas em respeito ao senhor, a quem admiro muito.
― Sabe que te tenho como um filho, não posso permitir que tenha alguém que possa ser usado contra ela, como um ponto fraco.
― Eu entendo senhor. ― disse por fim.

Sede da inteligência da polícia da Colombiana

― Adam, ficaram prontos. ― Um homem mais velho disse chamando o rapaz que estava em sua mesa digitando algo.

Adam Collins, filho de um colombiano e uma americana, aos 14 anos seu mudou para Medellín com os pais, onde vive até hoje, ao 18 entrou para a força policial, e hoje aos 26 anos é o mais novo membro que já entrou na inteligência da polícia, a unidade considerada o alto escalão, onde apenas os melhores dos melhores entram.

― Ficaram ótimos. ― Adam disse olhando os papéis em suas mãos. ― Quando começo?
― O quanto antes, já está tudo pronto, de agora em diante é com você. ― Mendes, o capitão da inteligência, o olhou. ― Se cuide lá fora.

Fernando Mendes, capitão da Inteligência colombiana e o único com coragem o suficiente para enfrentar Santiago Sanz e sua máfia. A unidade de Mendes era livre de corrupção, enquanto outros policiais colaboravam com os bandidos, sendo informantes, a Inteligência era livre disso e o capitão fazia questão de escolher pessoalmente quem entrava na sua unidade. Quando escolheu Adam, já sabia que o rapaz seria útil em trabalho disfarçado, então pela primeira vez Mendes viu a oportunidade de montar a operação contra Santiago Sanz, após anos treinando Adam, para se infiltrar na máfia, o momento finalmente havia chegado.

― Eu sei me cuidar, fui treinado para isso. ― analisou seus novos documentos.
― Bom, a partir de agora você não pode mais ser visto aqui. ― Mendes disse tirando um molho de chaves e uma pasta da gaveta e entregou para o rapaz. ― Seu novo apartamento e todas as informações que temos da família Sanz, você vai se aproximar da filha de Santiago e conseguir as provas que precisamos para prendê-lo.
― Pode contar comigo, chefe.
― Você tem uma semana para fazer o primeiro contato, se após isso você não nos contatar vamos invadir a casa do Sanz.
― Não se preocupe, entrarei em contato, vai dar tudo certo e ao menor sinal de que meu disfarce foi descoberto eu caio fora e contato o senhor.
― Perfeito, agora vai Adam Rodriguez.

Era assim que Adam seria chamado dali em diante, viveria uma vida completamente diferente, ele estava pronto.

XXX

Ao chegarem no barzinho mais badalado de Medellín, e Estela adentraram o local sem pegar filas, afinal era conhecida, e jamais a deixariam numa fila esperando, a atmosfera do local era familiar para , a dupla foi até a área vip onde havia uma mesa reservada para ambas, o que não seria muito utilizada, já que e Estela não dispensavam uma dança na pista.

― Vou pegar uma bebida pra gente. ― Estela disse ofegante deixando a amiga na pista de dança.
― Eu estava te observando. ― um homem se aproximou de e disse em seu ouvido.
― Gostou do que viu? ― o olhou e sorriu.
― Demais. ― o rapaz sorriu. ― Posso te pagar uma bebida?
― Não aceito bebida de estranhos. ― disse séria. ― Além do mais, minha amiga já foi pegar.
― Entendo, você está certa. ― o rapaz disse olhando e logo a figura de Estela se fez presente.
― Aqui . ― Estela entregou o copo para a amiga. ― E você é?
― Ninguém. ― se virou para a amiga. ― Vamos dançar em outro lugar.
― Nome bonito o seu. ― o rapaz disse próximo de e despejou algo em seu copo sem que as duas percebessem. ― Podemos ir para um local mais calmo?
― Cara, você não faz meu tipo, se me der licença.

disse saindo com a amiga, quando ia levar seu copo à boca um rapaz deu um tapa na bebida fazendo-a derrubar o mesmo.

― VOCÊ ESTÁ LOUCO? ― gritou com o rapaz e seus seguranças se aproximaram.
― Algum problema, senhorita? ― Um deles perguntou.
― Não sei, temos? ― olhou para o rapaz.
― Me desculpe, mas aquele cara ali colocou algo na sua bebida, eu só queria evitar que você bebesse. ― disse com hesitação. ― Não queria soar agressivo, me desculpe.
Hijo de puta. ― observou o homem sumir na multidão. ― Você podia ter simplesmente segurado o copo e não ter dado um tapa.
― Eu não pensei, só fiz. ― deu de ombros ― Me desculpe mesmo.
― Tudo bem. ― olhou para seus seguranças. ― Podem ir, está tudo certo aqui.
― Posso pagar outra bebida para você?
― Não aceito bebida de estranhos. ― o olhou e puxou Estela para saírem dali.
― Ele é gato. ― Estela riu com a amiga.
― Eu vi amiga, gatíssimo. ― se encostou no bar e observou o rapaz de segundos atrás, era alto, um corpo atlético, cabelos loiros escuros, estavam levemente bagunçados. ― Mas eu tenho regras, não aceito bebida de estranhos.
― Bom, vou ao banheiro. ― Estela disse deixando a amiga pedindo a bebida no balcão.
― Me dê um mojito. ― disse e o barman assentiu e segundos depois lhe entregou a bebida. ― Obrigada.
― Essa é por minha conta. ― o rapaz que havia batido em seu copo se aproximou. ― Aceita que estranhos paguem?
― Não precisa. ― sorriu vendo o rapaz a olhar e o barman anotar na conta dele. ― Mesmo assim obrigada.
― Sou Adam Rodriguez. ― estendendo a mão para ela. ― E você?
. ― sorriu. ― Só .
― É um prazer só . ― sorriu. ― Vamos dançar.

o acompanhou até a pista de dança onde tocava J Balvin, eles se divertiram tanto que nem viram as horas passar, Estela estava dançando próximo a amiga também, com outro rapaz.

, eu estou indo para casa, você vai ficar? ― Estela perguntou.
― Eu vou também, me dê um minuto. ― se virou para Adam. ― Eu me diverti bastante.
― Eu também. ― pegou na mão dela. ― Podemos repetir se quiser, o que acha?
― Eu te mando mensagem. ― entregou o celular para que o rapaz anotasse seu número.
― Vou esperar. ― Adam disse entregando o celular de volta. ― Tenha uma boa noite.

saiu do lugar com um sorriso no rosto, não entendia o porquê, no caminho deixou Estela em casa e seguiu para a sua, ao chegar, encontrou a luz do escritório de seu pai acesa.

― Sem sono? ― perguntou colocando a cabeça para dentro da sala e viu conversando com seu pai. ― Atrapalho?
― Não filha, estamos só revendo alguns detalhes. ― Santiago sorriu. ― Se divertiu?
― Sempre me divirto pai. ― se aproximou do mais velho. ― Vou para a cama, e o senhor também deveria ir.
― Eu já vou. ― disse recebendo um beijo da filha. ― Boa noite.
― Boa noite pai. ― sorriu. ― Boa noite .
― Boa noite. ― bufou irritado com o apelido que ele odiava ser chamado.


Capítulo 2

Uma semana havia se passado desde o dia que havia conhecido Adam, e desde então ela se pegava olhando para o celular se perguntando se deveria mandar uma mensagem.

― Porque não manda um "oi" para ele? ― Estela perguntou tirando a amiga de seus pensamentos. ― Tem uma semana que você fica namorando essa tela.
― Estou ponderando certas coisas… ― disse pensativa.
― Tipo o que? ― Estela riu. ― Que ele é lindo, e que o sexo deve ser maravilhoso?
― Também ― riu com a amiga e ouviram uma leve batida na porta. ― entra.
, seu pai quer vê-la. ― disse ao abrir a porta.
― Esse aí é outro que entra no mesmo quesito. ― Estela disse e riu junto da amiga.
― Diga que já vou ― sorriu e saiu do quarto. ― Se quiser é todo seu, é território proibido segundo papai, aliás qualquer segurança desta casa.
― Não faz o meu tipo, mas deve ser bom de cama. ― Riu se levantando da cama. ― Eu já vou amiga, tenho que ir com minha mãe ao centro.
― Nos vemos amanhã no meu aniversário. ― disse abraçando a amiga de lado enquanto saiam do quarto.
― É isso, convide o Adam para seu aniversário. ― Estela disse como se algo se acendesse nela. ― É brilhante!
― Talvez, vou pensar. ― parou em frente a porta do escritório de seu pai.
― Se falar com ele me avisa. ― Estela disse se despedindo da amiga.
― Pode deixar. ― sorriu e adentrou a sala de seu pai. ― O senhor queria falar comigo?
― Sim filha. ― disse sério. ― Sente-se.
― Aconteceu algo?
― Preciso que me diga o que tem de errado nesses livros. ― Santiago estendeu os livros de contabilidade para a filha. ― Algo não bate.
― Tá, deixa eu ver. ― passou o olhar pelos livros, seu pai estava certo, algo estava errado.
― E então? ― Sanz a pressionou.
― Pai, calma, eu sou boa, mas não sou uma máquina. ― arrancou risos do mais velho. ― Esses livros são da Verdant?
― Sim.
― Realmente, ou a Verdant está indo à falência, ou... ― olhou para o pai. ― Estão te roubando.
! ― Santiago gritou e logo o rapaz apareceu, eram raras as vezes que o homem o chamava assim, ele tinha esse apelido entre os membros da máfia, mas Santiago e quase não o chamavam dessa forma.
― Senhor. ― adentrou a sala.
― Traga aquele filho da puta do Delgado. ― Santiago disse irritado.
― Pai, deixa eu ir. ― sorriu maldosamente. ― Eu resolvo para o senhor.
, tem certeza?
― Não é o senhor mesmo que diz que eu vou estar nessa cadeira aí um dia. ― apontou para a cadeira que o pai estava sentado. ― Então tenho que me acostumar com certas coisas, além de que, eu estou entediada hoje..
― Está bem, leve e os rapazes. ― Santiago olhou para o rapaz. ― Cuide dela.
― Vou só me trocar. ― disse saindo do escritório.

Boate Verdant - 14h56

― Ah Sanz, que honra recebê-la . ― Delgado disse a ver a mulher de calça jeans escura e uma bota da mesma cor, com uma blusa básica branca e uma jaqueta de couro vinho e cabelos presos em um rabo de cavalo alto adentrar o local. ― O que te traz aqui?
― Negócios do papai. ― disse adentrando o bar e pegando dois copos, e o uísque.
― Certo, negócios. ― Delgado disse se aproximando do balcão. ― Que negócios seriam esses?
― Bom… ― bebeu o líquido em seu copo. ― Sabe é engraçado como as pessoas se acham espertas, você não acha? ― disse enchendo o copo de Delgado e o seu novamente.
― Realmente tem gente que se acha esperta demais. ― Delgado disse dando um gole no líquido de seu copo e observou andar pelo local.
― Uma coisa que aprendi com meu pai, é que as coisas devem ser feitas sem rodeios, direto ao ponto, onde está o dinheiro Delgado? ― disse observando o local.
― Q-que dinheiro? ― O homem gaguejou.
― Ah vamos cortar essa, seremos práticos. ― disse olhando para Martinez que carregava os livros da contabilidade e entregou para Delgado. ― Onde está o dinheiro que está faltando nesses livros?
― E-eu não sei do que você está falando. ― Delgado disse nervoso. ― Eu entreguei como faço todo mês.
― Dessa vez foi diferente, não foi como todas as outras vezes. ― parou na frente do homem. ― Tenho duas opções, a primeira a Verdant está indo a falência, e a segunda é que meu pai está sendo roubado. — sorriu. — Sabemos que a primeira opção é improvável, a boate é a mais rentável e a que provavelmente passaria despercebida, caso alguém quisesse tirar proveito, afinal tanto dinheiro entrando e saindo, quem perceberia? Quem daria falta de alguns milhões, sendo retirados aos poucos.
― Por favor, e-eu não…
— Você?
— Não queria roubá-lo.
― AAAAH, agora sim estamos falando a mesma língua. ― riu sarcasticamente. ― Onde está o dinheiro?
― Na minha sala, no cofre. ― olhou para o homem.
— Tão fácil assim? Logo se vê que não é inteligente, além de roubar meu pai, ainda mantém o dinheiro no escritório? Que patético.
— Eu sinto muito senhorita Sanz, diga ao seu pai que eu sinto muito. — o homem se desesperou. — Está tudo no cofre, cada centavo, a senha é 2756, pode contar, está tudo lá.
vá pegar. ― disse e o rapaz subiu até o escritório e segundos depois voltou com dois malotes. ― O dinheiro está todo aqui?
― S-sim. ― Delgado disse e Martinez abriu os malotes começando a colocar as notas na contadora.
— O que farei com você? — andou em volta de Delgado, o homem manteve a cabeça baixa.
— Eu tenho um filho, eu… eu faço o que quiser, me perdoa, isso não vai acontecer novamente.
― Me conta, você realmente achou que ia roubar meu pai e ele não saberia? — sorriu.
― Eu não fiz por querer, e-eu sinto muito senhorita Sanz.
— Resposta errada Delgado. — lamentou. — Ninguém rouba dois milhões e meio sem querer, você quis sim, agora porque? O dinheiro que ganha é pouco? Ou sua vida que não tem valor e você resolveu cavar a própria cova?
— Eu sinto muito, eu- eu fui burro, quem poderia roubar Santiago Sanz, fui ambicioso e idiota, me perdoa. — o homem se ajoelhou diante dela. — Diga a seu pai que eu aceito a punição, mas poupe minha vida, eu juro que isso não vai acontecer novamente.
― Está tudo aqui. ― Martinez disse ao terminar de contar. ― Dois milhões e quinhentos mil.
— Sanz, eu faço o que você quiser, qualquer coisa, mas...
— O que você teria que me seria útil? — o interrompeu.
— Eu… influência. deu de ombros.
— Eu sou uma Sanz, me poupe. — debochou dele. — O que farei com você…
andou pelo local em silêncio, todos sabiam qual era a decisão dela, ela estava apenas adiando, para colocar medo em Delgado porque ele sabia que no final só teria um destino para ele.
— Me decidi. — se virou sorrindo e se aproximou dele. — Quando estiver no inferno, mande um oi para o Escobar.
— Sanz, eu te imploro, não faça isso. — o homem se manteve ajoelhado. — Eu faço qualquer coisa...
— Você já fez, roubou papai e bom, esse foi seu erro. — se virou para Martinez. — Deixe que todos saibam, que o único destino para quem rouba meu pai é esse.
— Sim, senhorita Sanz, me certificarei que todos recebam o recado.

[...]

saiu do local com em seu encalço, e pode ouvir o barulho do tiro sendo disparado, não olhou para trás, apenas adentrou o carro e seguiu o caminho até sua casa.

— Sabe que seu pai vai surtar, né ? — a observou rapidamente conforme dirigia.
— Sei. — sorriu. — Mas se eu deixasse Delgado vivo, mesmo ele não roubando meu pai novamente, isso mostraria fraqueza, começariam a pensar que qualquer um pode roubá-lo.
— Só entre a gente, acho que fez o certo. — piscou para ela que sorriu.

andou até o escritório do seu pai, pronta para ouvir o sermão, mas ela não voltaria atrás em nada do que tinha feito, estava segura de si de que havia feito a coisa certa e, estava em posse do dinheiro, era o que importava.

― VOCÊ FICOU LOUCA! ― Santiago gritava com sua filha.
― Pai para de gritar. ― disse calma, parada em frente a mesa de seu pai, com os dois malotes abertos. ― Ele te roubou, isso serve de recado para que ninguém sequer pense em te roubar novamente.
― Filha, não é assim que funciona. ― Santiago disse com pesar. ― Por que você não interviu ?
― Eu? Desculpe senhor, mas tenho amor à minha vida. ― riu junto de .
― Ah, é engraçado? ― Santiago cruzou os braços.
― Desculpe senhor, mas com todo respeito, está certa. ― disse se aproximando da mesa. ― E se o senhor estivesse lá saberia que Delgado te roubaria novamente, se tivesse a oportunidade.
— Mesmo se ele não roubasse, isso mostraria fraqueza, mostraria que qualquer um pode te enganar!
― Você vai lidar com as consequências disso na reunião de hoje. ― Santiago apontou para a filha.
― Com o maior prazer ― sorriu.
― Quem vou colocar para gerenciar a Verdant agora? ― Santiago se sentou em sua cadeira.
― Posso sugerir uma pessoa? ― perguntou.
― Quem?
― Sabe a Anisha da casa de massagem da avenida principal? ― seu pai concordou. ― Ela administra aquilo melhor que o Cruz e não leva crédito nenhum, coloque-a na Verdant e deixe ela brilhar, Cruz precisa de um pouco de trabalho.
― Certo, vou pensar nisso. ― a observou. ― Acho interessante como você diz não ligar muito para a máfia, mas sabe o nome de todos e suas funções e locações.
— Vou me sentar aí um dia, é o mínimo que tenho que saber, e estou aprendendo com o melhor, — piscou e sorriu. ― Bom se precisar, estarei no meu quarto.
― Como ela se saiu? ― Santiago perguntou para assim que saiu.
― Muito bem senhor. ― olhou. ― Ela dominou a situação o tempo todo, e confesso que se saiu melhor do que eu imaginava.

XXX

havia acabado de sair do banho, estava se arrumando para ir até a reunião com seu pai, mas estava com Adam na cabeça, resolveu mandar uma mensagem, não faria mal algum, certo?

: Oi, é a Só .

Segundos depois seu celular apitou novamente.

Adam: Oi Só
Adam: Já tinha desistido, achei que não me mandaria mais msgm.
: Eu não ia haha
: Mas achei que poderia te dar uma chance.
Adam: Fico lisonjeado. O que acha de sairmos hoje?
: Hoje não posso, já tenho compromisso, mas amanhã é meu aniversário.
: Se quiser pode aparecer na boate Lux, minha festa vai ser lá.
Adam: Estarei lá.
: Vou deixar seu nome na lista, vai ser às 22h.
: Tenho que ir, beijos.
Adam: Até lá, beijos.

A noite havia chegado e com ela a reunião com o alto escalão da máfia, ao adentrarem o local onde aconteceria a reunião, uma confusão estava formada, todos queriam explicações sobre o que havia ocorrido com Delgado.

― Sei que todos querem respostas. ― Santiago disse tomando a atenção para si. ― E minha filha dará as explicações.
― É bem simples, Delgado roubou o meu pai, eu fui até a Verdant pegar o dinheiro de volta. ― disse bebendo um gole do uísque que havia lhe servido. ― Claro que assim que tinha o dinheiro em mãos eu o matei, assim ele nunca mais vai roubar o papai. ― sorriu maldosa.
― Sua filha soa como uma mimada Sanz. ― Marconi desdenhou. ― O que a faz pensar que pode sair matando qualquer um?
― O que você queria que eu fizesse? ― o olhou. ― Que pegasse o dinheiro e ainda desse carinho dizendo, bom garoto? ― perguntou sarcasticamente. ― Me poupem, sei que se qualquer um aqui nessa sala tivesse sido roubado fariam o mesmo, agora se vocês estão dizendo que não fariam, eu sinto muito por vocês, é sinal de que qualquer um vai passar a perna. ― os olhou. ― Mas do MEU pai ninguém vai roubar, e que isso sirva de aviso para todos vocês.
― Está nos ameaçando, garota? ― Marconi levantou e todos os seguranças ficaram alertas.
― Estou lhes avisando, e já que estamos todos aqui, a partir de hoje todos os livros da contabilidade vão passar por mim antes de vocês fecharem. ― sorriu falsamente. ― Assim pouparemos vidas, que tal Marconi?
― Você é insolente, o que a faz pensar que tem essa autoridade? ― O homem ainda de pé se irritou.
― Olha como fala com a minha filha. ― Santiago os interrompeu. ― Sei que talvez a abordagem dela seja radical, e entendo a surpresa de todos aqui ao saber da morte de Delgado, mas é inadmissível qualquer um de vocês acharem que podem me roubar, e isso passar impune. ― Santiago disse diplomático. ― A partir de hoje os livros só serão fechados com o aval da , e esse assunto está encerrado.

A reunião permaneceu com clima tenso, mas o assunto não voltou a ser falado, no caminho até a casa, conversava com seu pai no carro, onde Martínez dirigia e estava ao lado do mesmo.

― Você foi bem direta hoje. ― Santiago disse olhando para a filha.
― O senhor acha?
― Eu entendo que você queira mostrar que me roubar é errado, mas filha certas coisas devem ser tratadas com tato. ― o fitou. ― Você sabe lidar bem com os números, sabe lidar com negociações, mas você não sabe lidar com pessoas, você leva tudo de forma muito intensa.
― E o que o senhor sugere? ― perguntou.
― Quero te mostrar como lidar em situações assim, resolver problemas sem radicalizar. ― Santiago disse. ― Só peço que passe a observar mais, e tente tirar o máximo de proveito disso.
― Tudo bem pai, vou passar a observar e tentar não radicalizar com tudo. ― deu um meio sorriso. ― Obrigada por manter a decisão dos livros.
― Bom, eu não poderia te desautorizar na frente deles, não é mesmo?
― Não concorda com isso?
― Se eu não concordasse, não teria dito o que disse lá. ― Santiago disse ao ver o carro estacionar no jardim da casa deles. ― Só acho que deveria ter me consultado.
― Não é o senhor mesmo que diz que me quer mais envolvida com os negócios? ― disse ao descer do carro. ― Só estou fazendo o que me pediu.
― Não seja uma bocadura comigo. ― Santiago a repreendeu e a abraçou de lado. ― Fico feliz de ver minha única filha e herdeira seguindo meus passos, eu tenho orgulho de você filha, não só por isso, mas pela mulher que vem se tornando.
― Obrigada pai. ― sorriu andando abraçada ao lado do homem.

Após estar em casa e seu pai jantaram juntos, algo que já não faziam há alguns dias, se juntou a eles, mesmo que Santiago não demonstrasse muito ele tinha certa afeição pelo garoto, para Santiago ele fazia parte da família.

― Você deixou o Marconi no chinelo hoje. ― disse assim que Santiago se retirou da mesa deixando ambos sozinhos.
― Eu arrasei. ― riu junto do rapaz. ― Mas meu pai está certo, eu levo as coisas de forma radical demais.
― Sim, mas que você foi demais, isso ele não pode negar. ― riu a olhando e viu que eram duas da manhã. ― Feliz aniversário. ― franziu o cenho. ― Já passa da meia noite, já está oficialmente mais velha.
― Ah, obrigada. ― riu. ― Estou oficialmente mais experiente.
― Esqueci que você não envelhece, ganha experiência. ― riu se levantando. ― Bom, eu vou para casa.
― Por que não dorme aqui? ― se levantou.

tinha um pequeno apartamento próximo a casa do Sanz, no qual ia toda noite descansar, quando o serviço acabava, eram raros os dias que ele precisava dormir na residência dos Sanz.

― Eu acho melhor ir para casa. ― se aproximou dela. ― A tentação aqui é muito grande, nos vemos amanhã, bom descanso.
― Para você também. ― sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao sentir o beijo do rapaz na sua bochecha.
― Sonha comigo. ― sussurrou para ela, e sorriu ao vê-la se arrepiar e se afastou deixando uma sem reação alguma.

XXX

― Bom dia pai. ― disse pegando uma maçã da mesa.
― Sente-se e tome café comigo. ― Santiago disse lendo o jornal em mãos.
― Eu não tenho tempo pai. ― disse, ajeitando sua bolsa.
― Sempre temos tempo para a família. ― a olhou. ― Sente-se.

se sentou sob protesto, e se serviu um café com algumas torradas, e geléia de uva.

― Onde vai com tanta pressa?
― Até a boate Lux, arrumar os últimos detalhes da minha festa. ― bebeu o café. ― O senhor vai estar lá?
― Sabe que não tenho mais o fôlego para te acompanhar, mas estarei no escritório da Lux, e dou uma passada na área vip para dar um oi. ― Santiago disse olhando para a filha. ― Os seguranças vão estar todos na Lux, bom quase todos, alguns aqui em casa, mas vou deixar você na responsabilidade do .
― O senhor fala como se eu ainda fosse criança. ― riu.
― Não é criança, mas é meu bem mais precioso. ― deu um último gole em seu café. ― Tenho algumas coisas para resolver, mas podemos almoçar juntos, o que acha?
― Perfeito pai. ― se levantou. ― Bom, eu já vou indo, eu te amo.
― Também te amo, filha. ― Santiago se levantou e a abraçou ― Feliz aniversário minha pequena.
― Obrigada pai. ― sorriu.

O dia de se baseou em ajeitar os últimos detalhes para a comemoração do seu aniversário e o almoço com o seu pai, no qual o mesmo havia lhe dado um par de jóias, com brincos e pulseiras.

Boate Lux - 23h00

― Você está um arraso. ― Estela disse ao chegar à boate. ― Desculpe a demora, estava com a minha mãe e já sabe o sermão que foi.
― O importante é que você chegou. ― abraçou a amiga.
― E o Adam? Ele vem?
― Nenhum sinal até agora. ― disse meio desanimada. ― Hoje é meu aniversário e eu quero curtir.
― Errada não está. ― Estela riu com a amiga e pegou duas bebidas do garçom que passava. ― Um brinde a você a amiga e mulher incrível que é.
― A nós. ― brindou com a amiga.

A área VIP da boate havia sido fechada para que fizesse sua confraternização, ela havia chamado apenas alguns amigos, mas havia muito mais gente do que ela esperava, os seguranças estavam presentes ali para fazer a segurança da garota, um pouco depois das 23h30 Adam chegou à boate.

― Peço desculpas pelo meu atraso. ― Adam disse próximo a e a cumprimentou.
― Imagina, o importante é que você veio. ― sorriu.
― Não é algo tão grandioso, mas espero que goste. ― Adam estendeu uma caixinha para ela.
― Não precisava. ― sorriu abrindo a caixinha onde havia um colar com o nome em prata. ― É lindo Adam, obrigada.
― Que bom que gostou. ― disse colocando o colar na garota.
― É perfeito. ― disse vendo seu pai se aproximar. ― Oi pai.
― Oi filha. ― Santiago disse vendo Adam o olhar surpreso. ― E você, é?
― Adam senhor, Adam Rodriguez. ― o rapaz lhe deu um aperto de mão.
― Você não é daqui, ou estou errado?
― Não senhor, eu nasci nos Estados Unidos, meu pai é colombiano, então por isso o sobrenome, viemos para a Colômbia quando eu tinha dez anos.
― É um prazer lhe conhecer, sou Santiago Sanz. ― O homem disse sério.
― O prazer é todo meu senhor. ― Adam o olhou.
― Filha, eu estou indo, vou deixar e Martinez com você.
― Está bem pai. ― sorriu e viu seu pai se afastar.
― Seu pai parece irritado com algo. ― Adam disse e o olhou.
― Você veio ver meu pai ou a mim?
― Você, é claro. ― sorriu. ― É o seu dia.
― Sendo assim, quero te apresentar algumas pessoas. ― disse entrelaçando a mão ao braço do rapaz.

levou Adam para conhecer alguns dos seus colegas, a noite se estendeu e a garota se divertiu mais do que qualquer outro dia, não pela presença do rapaz ali, mas porque naquela noite ela se sentia leve, como se todos os problemas não existissem. Já passavam das cinco da manhã, a boate estava vazia, havia uma meia dúzia de pessoas, que já davam sinal de estarem indo embora. Agora só restavam e Adam na boate, juntamente com seus seguranças e funcionários do local, a dupla conversava em um sofá na área VIP.

― Eu me diverti hoje. ― Adam disse se virando para .
― Eu também. ― sorriu.
― O que acha de estendermos para outro lugar?
― Adoraria… mas eu vou ter que dizer não. — ela lamentou.
― Por que?
― Eu tenho que… ― hesitou. ― Tenho que trabalhar hoje.
― Ah, eu não sabia. ― a olhou. ― Por falar nisso, você trabalha com o quê?
― Eu trabalho para o meu pai.
― Negócio de família? ― Adam perguntou tentando estender o assunto.
― É o negócio da família. ― sorriu, ao se referir a máfia assim. ― Bom, acho que deu por hoje.
― Podemos nos ver de novo? ― perguntou.
― Talvez. ― disse se levantando. ― Se a sua proposta me agradar, posso pensar em te encontrar.
― Costumo não decepcionar. ― Adam sorriu se aproximando de .
― Jura? ― se aproximou mais ainda do rapaz. ― Eu pago para ver.
― Já te aviso que pode sair caro. ― olhou para boca de e voltou a fitar seus olhos.
― Eu pago. ― riu maliciosamente.

Adam sorriu e colou seus lábios nos de , um selinho demorado, mas que fez ambos se arrepiarem.

― Até a próxima Sanz. ― disse se afastando da garota.
― Até Adam Rodriguez. ― sorriu e observou o rapaz sair pela porta da boate.
― Mais um brinquedinho? ― apareceu atrás de a assustando.
― Ai , para de aparecer assim! Parece um fantasma. ― se virou ficando próxima do rapaz. ― Te incomoda eu estar com um brinquedo novo?
― Tenho pena dele, por isso perguntei. ― permaneceu próximo à . ― Fora que o cara levou uma noite inteira para te beijar, se é que podemos chamar aquilo de beijo.
― Ah, mas você adoraria ter seus lábios colocados no meu, não é? ― se aproximou mais ainda dele. ― Diga , você quer me beijar?
― Não me provoque . ― disse relutante, sua vontade era de beijar ali mesmo.
― AAA eu provoco, ainda mais porque sei como você reage. ― mordeu o lóbulo da orelha do rapaz fazendo-o se arrepiar. ― Você gosta?
― Lunaaa… ― suplicou e colocou as mãos na cintura dela. ― Você está entrando em um jogo perigoso, sabe disso.
― Estou? ― desceu a mão pelo abdômen de e até chegar no membro do rapaz que estava rígido. ― Olha só, o que temos aqui, quer dizer que eu te excito?
― Garota… ― segurou sua mão e a empurrou contra a parede. ― Acha que só você sabe provocar? ― disse próximo a orelha de e desceu a boca para seu pescoço depositando alguns beijos leves.
… ― gemeu.
― Isso, chame pelo meu nome. ― o rapaz a olhou, ambos estavam com a respiração forte, mas estavam em sintonia. ― Vamos sair daqui? Me deixa te mostrar o que eu sinto.
― Atrapalho? ― Martinez os interrompeu.
― Não. ― disse sem quebrar o contato visual com e se lamentou mentalmente. ― Está pronta, senhorita Sanz? ― se afastou dela.
― S- sim...― disse caminhando até a saída da boate e esboçou um sorriso.

XXX

Ao chegarem na residência dos Sanz, e adentraram o local em silêncio, essa noite o rapaz dormiria lá, já que tinha negócios para resolver em nome de Santiago logo pela manhã. Ambos subiram juntos, em silêncio.

― Acho que excedi alguns limites. ― parou na porta de seu quarto com alguns passos à frente.
― Não foi só você. ― ela parou ao dizer. ― Também me excedi, sinto muito, eu não sabia que você gostava de mim, se eu soubesse não o teria provocado e brincado com seus sentimentos.
― Eu não gosto! ― a olhou. ― Só falei para te provocar e ver sua reação, sabe como é… — riu
― Eu sei? ― o analisou e seguiu seu caminho. ― Boa noite, .

permaneceu calado, e observou a garota caminhar até a porta do quarto, pensou em vários motivos para simplesmente ir até ela e dizer tudo que ele sentia, mas achou que não era o momento certo, ele só não saberia se esse momento um dia chegaria.


Capítulo 3

De: Adam Collins
Para: Fernando Mendes
Assunto: Relatório

Conheci o pai dela hoje, o reconheci pelas fotos. Ainda não tenho muito a apresentar, mas acredito que sua filha esteja envolvida muito mais do que pensávamos. Quando eu tiver mais informações, entrarei em contato.

Esse foi o email que Adam enviou ao seu superior, assim que terminou de enviar ele guardou seu notebook em um local que ninguém pudesse encontrar, era o dia seguinte à festa da , e ele precisava manter o contato ou nada daria certo.

Adam: Pensando em você 😉

O celular de vibrou com a mensagem do rapaz, mas ela não abriu, seu pai estava a chamando no escritório, ao adentrar encontrou sentado à mesa do pai e a cara do mais velho não era das melhores.

― Queria falar comigo, pai? ― perguntou.
― Sim, sente-se. ― Santiago disse observando a filha se sentar à sua frente. ― Podem me explicar isso?

Santiago virou o notebook e deu play no vídeo de e na noite passada, era da câmera de segurança da boate.

― Pai, eu… ― começou a dizer mas foi interrompida.
― A culpa foi minha, senhor. ― se endireitou na cadeira. ― Eu a provoquei, peço desculpas pelo ocorrido.
― Acho nobre da sua parte tentar proteger minha filha, mas eu não estou aqui para repreender ninguém ― Santiago olhou para ambos. ― Só peço que sejam mais discretos da próxima vez. ― olhou surpresa para seu pai. ― O que? Você já é uma mulher, sei que tem uma vida sexual ativa.
― Pai...não quero falar da minha vida sexual com o senhor. ― disse afundando na cadeira. ― Eu e o não temos nada.
― Se isso chegou a mim, é porque tem gente aí fora achando que vocês tem algo. ― Sanz olhou e riu da cara de ambos. ― Enfim, só quero que tenham mais cuidado, e vão para um lugar mais privado da próxima vez.
― Se me derem licença. ― se levantou. ― Peço desculpas mais uma vez pelo ocorrido senhor.
― Pode ir. ― Santiago disse, e observou o rapaz se retirar da sala. ― Espero que você não demore para enxergar filha.
― O que? ― perguntou curiosa.
― Bom, você tem que descobrir por si mesma. ― sorriu. ― Mudando de assunto, aquele rapaz de ontem, qual o nome mesmo?
― O Adam?
― Isso! O que ele faz da vida?
― Não sei, eu não fiz um interrogatório, nem nos conhecemos direito. ― deu de ombros.
― Ele ficou surpreso em me ver. ― Santiago fitou a filha. ― Você contou a ele o que faço?
― Claro que não pai. ― disse como se fosse algo óbvio. ― Por quê?
― Tem algo estranho nele, também percebeu. ― Santiago disse anotando algo no bloco de notas. ― Eu vou puxar a ficha dele.
― Sério? Vai investigar ele?
, eu não posso confiar em todos, sabe muito bem disso e você deveria ser assim também.
― Faça o que o senhor quiser, eu vou para o meu quarto, estou de ressaca.

Ela saiu do escritório sem nem esperar uma resposta de seu pai, seguiu o caminho até seu quarto e ficou deitada por alguns minutos até que seu celular vibrou anunciando uma nova mensagem e se lembrou de Adam.

Adam: Ocupada?
: Oi, estou atoa haha
: Estava pensando em você também.
Adam: Isso é bom.
Adam: O que acha de vermos um filme hoje?
: Claro, vai ser legal.
Adam: Mas eu estava pensando em algo mais caseiro...
Adam: O que acha?
: Perfeito, pode ser na sua casa?
Adam: Sim, se quiser pode vim agora.
: Ok,quer que eu leve algo?
Adam: Apenas você, está ótimo
: Então estou indo, em 1 hora eu chego ai, me mande o endereço
Adam: Perfeito.

sorriu e seu celular vibrou novamente com o endereço de Adam, ela tomou um banho rápido e se arrumou saindo logo em seguida, ao terminar de descer as escadas da casa, apareceu na sua frente.

― Vai sair senhorita Sanz? ― disse em um tom provocativo.
― Vou, mas irei sozinha. ― continuou a andar em direção a porta da frente da casa.
― Posso saber aonde você vai? ― a voz de Santiago ecoou pela casa e viu o pai no topo da escada.
― Eu vou sair pai. ― bufou. ― Posso?
― Eu perguntei para onde você vai. ― Santiago ficou parado no topo da escada.
― Na casa do Adam. ― disse e a expressão de mudou para irritado.
― Você mal o conhece e já vai na casa dele? ― a questionou. ― Esse cara cheira a problema .
― Sério? Vocês nem o conhecem e já estão implicando.
― E você o conhece? ― perguntou. ― Senhor, vai deixá-la ir?
― Vocês dois parecem duas crianças. ― Santiago desceu as escadas. ― Não posso prendê-la numa torre como se fosse a Rapunzel, mas concordo com ele, Adam cheira a problema filha.
― Pai, eu sei me defender muito bem sozinha, eu aprendi defesa pessoal para quê? Adam é inofensivo. ― se irritou com a intromissão dos dois homens. ― O senhor já não disse que vai investigá-lo, pois faça isso, mas enquanto não fazem, eu estou indo encontrá-lo, tenham um bom fim de tarde.

 

disse saindo da casa sob os protestos de e seu pai, adentrou seu carro e saiu em direção ao endereço de Adam, não era muito longe dali, ao ver um prédio cinza e alto, estacionou seu carro do lado oposto e se dirigiu a portaria.

― Boa tarde, quero ir ao apartamento de Adam Rodriguez.
― Qual o seu nome? ― Ao dizer, o senhor ligou para o apartamento de Adam. ― Sua entrada está liberada senhorita.
― Obrigada. ― disse ao ouvir o portão ser destravado e adentrou o local. ― Qual o apartamento mesmo? Ele não me disse.
― Quinto andar, apartamento 503. ― O senhor sorriu.

A garota agradeceu e seguiu até o elevador e apertou o botão do quinto andar, quando elevador parou no andar, saiu a procura do apartamento, era no final do corredor, tocou a campainha duas vezes e segundos depois Adam abriu a porta, ele vestia uma bermuda jeans de lavagem escura, e uma camiseta cinza clara.

― Entra. ― o rapaz a cumprimentou. ― Você demorou.
― Meu pai não queria que eu saísse. ― disse adentrando o apartamento.
― Por que? ― perguntou fechando a porta atrás dele.
― Longa história, não quero falar disso. ― disse olhando.
― Senta. ― Adam disse. ― Fica a vontade, eu vou pegar a pipoca.
― Está bem. ― se sentou e viu que a televisão já estava aberta na Netflix. ― Algum filme em mente?
― Deixei para você escolher. ― Adam disse apoiado no balcão da cozinha e olhou para . ― Fica à vontade.
― Que tal terror? ― perguntou enquanto passava as opções de filmes.
― Sério, é seu tipo de filme? ― Adam disse trazendo a pipoca e refrigerante, os colocando na mesinha de centro.
― Acho que meu tipo de filme não é o seu. ― riu.
― Qual?
― Eu amo um romance, mesmo não levando isso para a minha vida. ― riu. ― Um filme com princesa então, são meus favoritos.
― Certo, então vamos de romance, com princesas?
― Você escolhe então, não precisa ser nada romântico, eu curto ação também, terror.
― Então eu vou escolher. ― Adam disse olhando para a televisão. ― Que tal esse?
― Para todos os garotos que já amei. ― disse e riu.
― Vai me dizer que já assistiu? ― viu a garota concordar. ― Quais filmes você já viu?
― É mais fácil eu dizer quais eu não vi. ― riu com ele.
― Nesse caso, vamos assistir uma série, assim tenho um motivo pra te fazer voltar. ― Adam a olhou e sorriu.
― Por mim tudo bem.
― Vamos assistir a maldição da residência Hill. ― falou colocando o primeiro episódio e apagou as luzes, deixando apenas uma fresta de luz saindo pela cortina da janela. ― Já assistiu?
― Só o primeiro, não tive tempo de terminar. ― cruzou as pernas em cima do sofá.

As horas passaram, e os dois assistiam concentrados no que vinha acontecendo, uma vez ou outra falavam o que achava que ia acontecer, até que ambos se assustaram com uma batida na porta.

― Que porra! ― disse rindo e o rapaz pausou se levantando.
― Não estou esperando visita. ― andou em direção a porta. ― Posso ajudar?
― Quero falar com a .
― É para você. ― Adam disse abrindo mais a porta.
― O que você está fazendo aqui, ? ― se levantou irritada. ― Como me achou?
― Você sabe como te achei, temos que ir. ― olhou para Adam de cima a baixo. ― Agora, seu pai precisa de você.
― Aconteceu alguma coisa? ― perguntou preocupada e viu Adam se afastar um pouco da porta.
― Seu pai está bem, mas é um assunto de família. ― disse se referindo a algo que saberia o que era.
― Espera lá embaixo, que eu desço em cinco minutos. ― disse fechando a porta e olhou para Adam. ― Eu tenho que ir.
― Está tudo bem? Quem é ele?
― Ele trabalha para o meu pai. ― disse colocando o tênis. ― É o guarda-costas pessoal do meu pai. ― pegou seu celular e viu que já se passavam das oito da noite.
― Certo. ― a observou. ― Mas está tudo bem?
― Sim, mas eu tenho que ir. ― se levantou. ― Nos falamos mais tarde?
― A gente vai se ver de novo, né? ― Adam a puxou pela cintura.
― Claro, temos que terminar a série. ― sorriu.
― Só a série? ― perguntou arqueando a sua sobrancelha.
― Talvez… ― o olhou. ― Mas agora tenho que ir.
― Se cuida. ― Adam deu um selinho nela. ― Nos falamos mais tarde.
― Você também.

saiu do apartamento e ao chegar na rua, viu encostado em seu carro.

― O que aconteceu? ― perguntou.
― Seu pai pediu para vim te buscar, é para você ir até a Theatron. ― disse sério.
― Theatron? ― perguntou confusa. ― Vai no seu carro?
― Sim, eu te sigo. ― disse indo até seu carro.

XXX

― Pai, o que aconteceu? ― perguntou ao adentrar o escritório e viu um casal com seu pai. ― Desculpa, não sabia que estava acompanhado.
― Entre filha. ― Santiago se levantou. ― Esses são o senhor e a senhora De La Cruz. ― os cumprimentou. ― Essa é a minha filha.
― Prazer em conhecê-los. ― sorriu.
― Te chamei filha, porque a filha dos De La Cruz sumiu. ― Santiago disse sério. ― Ela sumiu na área da Verdant, e como você sabe, se tornou minha responsabilidade.
― Eu sei, o senhor faz o que a polícia não pode fazer.
― Por isso viemos procurar seu pai, a polícia não está fazendo nada. ― o senhor De La Cruz disse. ― Queremos nossa filha de volta, vocês são nossa última esperança.
cuidará pessoalmente deste caso. ― Santiago disse e o olhou confusa. ― irá acompanhá-los até a saída, entraremos em contato com o senhor, e peço que não envolva a polícia mais nisso.
― Obrigado Sanz. ― senhor De La Cruz agradeço e saiu junto a sua esposa.
― Pai, o que está havendo? ― a garota perguntou assim que o casal saiu. ― Como assim irei cuidar pessoalmente?
― Vamos aos fatos. ― Santiago começou a falar. ― A filha deles foi até a Verdant há dois dias, depois disso ela não foi mais vista, segundo um informante meu da polícia, as testemunhas viram ela saindo da boate com um rapaz. ― Santiago estendeu uma foto para a filha. ― Esse é Romeu, ele é conhecido assim, não tem ficha criminal, apesar de pertencer a uma gangue do sul de Medellin.
― Sureños. ― observou a foto e adentrou a sala.
― Exato! ― seu pai voltou a dizer. ― Eles não tem conexão comigo e nem querem, mas se esse Romeu pegou a Marina, ele fez isso na minha área, ele estava bem longe de casa.
― E o senhor quer que eu resolva? ― perguntou surpresa.
― Sim. ― Santiago lhe entregou a foto de Marina. ― Te quero em campo, você precisa aprender a lidar com pessoas e situações que necessitam de diálogo.
― Nossa, falando assim fica parecendo que não sei socializar. ― disse em um tom ofendido. ― Está bem.
― Você vai com o . ― Santiago disse. ― Outra coisa, é sobre o Adam…
― Ah não, não quero ter essa conversa agora...
― Ele é um fantasma . ― se intrometeu. ― Não tem ficha criminal, nem multa de trânsito, ele está limpo.
― Ninguém é santo assim. ― Sanz disse. ― Com o que ele trabalha?
― Eu sei lá… não perguntei. ― massageou suas têmporas. ― É errado ele ter a ficha limpa?
― Eu quero conhecê-lo. ― Santiago a olhou.
― Ah não pai, eu mal conheço o cara e você já quer pressioná-lo? ― perguntou descrente. ― Me deixa conhecê-lo primeiro.
― Isso não é uma discussão. ― falou autoritário. ― Agora vão, eu tenho coisas para resolver.

e foram até a última residência conhecida de Romeu, pararam o carro em um local onde teriam a visão da casa do rapaz, poderiam ver quem saía ou entrava, se tivesse algum movimento na casa, também veriam.

― O que acha?― apontou para foto de Romeu em suas mãos. ― Acha que ele foi burro o suficiente?
― Acho. ― disse olhando para casa. ― Mas também acho que eles tinham algo, nenhum membro dos Sureños se arriscaria na área do seu pai, não por um sequestro ou algo assim.
― Então acha que estão tendo algo? ― perguntou, e o viu concordar com a cabeça. ― Eu não sei…
― O que? Acha que amores impossíveis não existem?
― Não é isso, acho que quando duas pessoas se gostam de verdade, vão fazer de tudo para dar certo, mas no caso do Romeu… porque ele se arriscaria. ― o observou, sentindo uma tensão entre ambos. ― Eu...
― Temos companhia. ― se ajeitou no banco e apontou para um carro parando em frente a casa de Romeu.
― Policiais à paisana? ― perguntou olhando.
― Sim.

Um homem e uma mulher desceram do carro em questão, ambos portavam arma e distintivo, mas estavam com trajes civis e colete a prova de balas. Bateram na porta de Romeu, e não obtiveram resposta, deram uma olhada por fora e viram e no carro.

― Merda. ― disse escondendo a arma debaixo do banco.
― Que ótimo. ― escondeu a pasta com as informações de Romeu.
― Documento de vocês dois e do carro. ― O homem disse ao se aproximar.
― Claro. ― disse pegando os documentos e o entregou. ― Algum problema?
― Está longe de casa senhorita Sanz. ― o homem disse olhando o documento dela.
― Sabe como é… ― leu o nome no distintivo do homem. ― Capitão Mendes, respirar novos ares faz bem.
― Nesse caso, não sei se faria bem. ― Mendes entregou os documentos para a sua parceira. ― Sabemos por que está aqui, não faça joguinhos comigo.
― Jamais capitão. ― sorriu. ― Só queria dar uma volta, mas me conta uma coisa: o que a inteligência da polícia faz no subúrbio do Sul de Medellín?
― Sabe como é, respirar novos ares.
― Estão limpos. ― a mulher disse entregando os documentos para o capitão.
― Mande lembranças para o seu pai. ― O homem disse entregando os documentos para .
― Manderei. ― sorriu e viu o homem se afastar. ― Hijo de puta.
― Eles vão embora. ― disse ao ver o carro sair.
― Eles vão dar uma volta no quarteirão e vão voltar, temos que ser rápidos. ― disse saindo do carro e a acompanhou.
― Eles bateram, não tem ninguém. ― disse andando rápido atrás de .
― Tem gente lá, quando eles saíram da porta a cortina se mexeu, quem quer que esteja lá dentro foi ver se os policiais tinham ido embora. ― disse parando em frente a porta e bateu nela ― Romeu sei que está aí, é a filha do Sanz, eu só quero conversar. ― disse jogando verde, mas não obteve resposta. ― Você não quer abusar da minha boa vontade, abra enquanto estou sendo amigável.

Ao terminar de falar, segundos depois pode-se ouvir um barulho de chave girando e a porta foi aberta.

― E- eu não queria ter ido até a boate, diga para o seu pai que eu sinto muito. ― Romeu disse ao ver os dois adentrando o local.
― Vamos embora, conversamos bem longe daqui. ― disse dando uma olhada na rua, para ver se tinha alguém.

Saíram rapidamente da casa e colocaram Romeu no carro, saiu dirigindo rápido chamando atenção de alguns vizinhos, queriam evitar o capitão da inteligência, e conseguiram, mas quando o carro do policial passou em frente a casa de Romeu novamente, e ele viu a porta aberta, seu primeiro pensamento foi , estava na hora de fazer uma visita a Santiago Sanz.

XXX

― Vamos começar Romeu. ― disse se sentando de frente ao rapaz.

Eles estavam em um galpão abandonado, não havia nada por perto, muito menos vizinhos enxeridos.

― Eu não queria ter ido à boate. ― Romeu começou a falar.
― Mas você foi, mesmo sabendo que não poderia, não é a sua área, por que foi até lá?― perguntou.
― Ela me ligou, estava passando mal, disse que não queria ficar sozinha, e que estava com medo. ― Romeu falou calmo. ― Eu não teria ido, mas eu não poderia deixá-la tão vulnerável em uma boate.
― Você foi buscá-la e aí? ― disse com a arma na mão. ― Onde ela está?
― Eu a levei para um hotel barato, ela passou a noite lá, eu disse que voltaria no dia seguinte, mas quando voltei ela já tinha ido e me ligou dizendo que estava com o Diego, e-eu não fiz mais nada, ela estava com o meu chefe, o que eu ia fazer?
― Diego Sureño...que ligação eles têm? ― perguntou.
― Eles transaram algumas vezes, sei lá, mas eu não a via com ele há um tempo. ― Romeu explicou. ― Se quiser eu levo vocês para conversarem com ele.
― É arriscado . ― disse. ― Vamos deixar e seu pai resolve.
― Ele não queria que eu aprendesse a lidar com pessoas… ― olhou para Romeu. ― Você vai me levar até ele.

Mesmo sob os protestos de , eles foram de encontro de Diego, um pouco mais de 30 minutos no carro, eles chegaram há uma casa no sul de Medellín, tinham vários homens na frente, fumando maconha, com carros, se exibindo, ao verem descendo do carro um garoto entrou correndo para dentro da casa, sabia que ele havia ido chamar Diego.

― A herdeira está um pouco longe de casa. ― um dos homens disse. ― Diego estava te procurando Romeu.
― Eu estava me escondendo dos porcos, eles estão atrás de mim. ― Romeu disse parado ao lado de .
― Isso não explica o que eles estão fazendo aqui. ― o homem disse.
― Não viemos procurar briga. ― os olhou. ― Só queremos conversar com o Diego.
― Olha só o que o vento me trouxe. ― um homem disse saindo da casa. ― Sanz.
― Diego Sureño. ― deu um passo para frente e os homens de Diego sacaram suas armas assim como e os olhou. ― Vão mesmo atirar em uma mulher indefesa e desarmada?
― Você é tudo, menos indefesa. ― Diego a olhou e deu um sinal para seus homens abaixarem as armas. ― O que veio fazer aqui?
― Você sabe por que vim...Marina De La Cruz.
― Você pode entrar, ele fica aí fora. ― Diego disse se referindo a .
― Você não vai entrar lá sozinha. ― a olhou. ― É loucura , se algo te acontecer seu pai vai me matar e matar você, novamente.
― Vai ficar tudo bem. ― encostou levemente na mão do rapaz. ― Não faça nenhuma burrada, eu volto num instante. ― deu dois passos para frente e levantou sua blusa, para que visse que ela não estava armada e adentrou a casa.

Ao passar pela porta, viu um pequeno corredor, e à sua direita havia a sala de estar, onde Diego estava sentado a esperando.

― Sinta-se em casa. ― O homem apontou para a poltrona à sua frente e observou se sentar.
― Sejamos práticos, assim eu não tomo seu tempo e nem você o meu, onde está Marina?
― Você é direta, eu gosto disso. ― Diego acendeu um cigarro. ― Qual o interesse do seu pai nela?
― Ela sumiu na área dele, e foi vista por último com um dos seus, o Romeu. ― o olhou. ― Ele estava bem longe de casa…
― Nesse ponto concordamos.
― Os pais dela foram atrás do meu pedindo ajuda, segundo Romeu, você e ela tinham um caso. ― o olhou. ― Olha, não quero te trazer problemas, você me diz onde ela está e a gente acaba com o assunto.
― Ela não quer voltar para casa. ― Diego disse sério. ― Então acho melhor você ir embora.
― Você sabe, que se eu chegar de mãos vazias e contar ao meu pai o porque, ele vai mandar metade da Colômbia até aqui, não sabe?
― Está me ameaçando? ― Diego a olhou sério.
― De forma alguma, mas bom… meu pai tem um jeito diferente do meu de lidar com as coisas, então entre a gente aqui, me deixe levá-la. ― o observou. ― Assim evitamos desgaste de ambas as partes, que tal? Se quiser vê-la de novo, sinta-se à vontade e ninguém vai te impedir, mas no momento eu preciso levá-la comigo.
― MARI. ― Diego gritou e segundos depois uma moça de cabelos castanhos desceu as escadas.
― Sim. ― Disse ao adentrar a sala.
― Essa é , ela vai te levar para casa. ― Diego disse e Marina o olhou.
― Você disse que eu poderia ficar.
― E você pode, mas no momento seus pais foram procurar meu rival e isso me deixou sem opções. ― Diego se levantou junto de . ― Vai com ela, e conversamos depois.
― Foi bom negociar com você. ― o olhou e saiu pela porta da frente com Marina e olhou surpreso.
― Sanz, se seu pai tivesse metade da sua lábia, quem sabe estaríamos fazendo negócios hoje. ― Diego a olhou.
― Quem sabe um dia. ― disse e adentrou o carro.

Ao chegarem no Theatron, eles estacionaram o carro nos fundos da boate, já que havia um carro da polícia na porta da frente da boate desceu do carro.

― Leva ela para a Lux, eu encontro você lá.

Ao adentrar a boate e seguir para o escritório de seu pai, ouviu vozes vindo do mesmo.

― Pai? ― o chamou inocentemente.
― Entre filha. ― Santiago a chamou. ― Vocês já se conhecem, não é mesmo?
― Capitão Mendes.
― Senhorita Sanz. ― a cumprimentou. ― Estou aqui contando ao seu pai sobre suas voltas noturnas.
― Nossa, é proibido andar pela cidade à noite? ― perguntou em um tom falso de surpresa.
― Quando se está na vizinhança de um suspeito de sequestro, sendo filha de quem é, sim. ― o capitão a olhou. ― Você é graduada , deveria ser mais inteligente… bom eu já vou indo, tenham uma boa noite.
― Ele te viu na casa do Romeu? ― Santiago perguntou assim que o homem saiu da sala.
― Ele chegou quando já estávamos lá, não tinha como sair, ele iria desconfiar. ― tentou explicar.
― Ele já suspeita filha. ― a olhou. ― Diga que tem boas notícias.
― Sim, está com Marina na boate Lux. ― sorriu junto de seu pai. ― A gente viu a viatura, então achei melhor mandar eles para a Lux.
― Fez muito bem. ― Santiago pegando as chaves de seu carro. ― Vamos, no caminho você me conta como a achou, e eu aviso os De La Cruz.



Capítulo 4

vinha a cada dia mais se jogando de cabeça nos negócios de seu pai, e Santiago estava gostando do que via, ele e a filha estavam cada vez mais conectados, e passavam boa parte do dia juntos, exceto os dias que estava com Adam, eles haviam se aproximado muito, o que para o rapaz era perfeito.
Era mais um dia comum para a garota, ela estava no escritório da boate Lux fazendo a contabilidade dos estabelecimentos que seu pai era dono, era final de mês, então a pilha de livros era enorme.

― Filha, vou precisar de você hoje à noite. ― Santiago adentrou o escritório que estava com a porta aberta. ― Tenho uma negociação hoje, ele é do Brasil, e sabemos que meu português é uma porcaria, eu entendo melhor do que falo, e você fala fluentemente.
― Hoje a noite pai? ― seu tom era de decepção. ― Eu tenho um encontro.
― Você tinha um encontro. ― Santiago se sentou na sua frente. ― Sabe que preciso de você nessa filha, se não fosse importante eu não te chamaria.
― Está bem, eu vou avisar o Adam para remarcar. ― disse cabisbaixa. ― Sobre o que é a negociação?
― Armas. ― Santiago passou o olhar por um dos livros com o fluxo de caixa da Lux. ― Falta muito?
― Estou na metade. ― disse desanimada.
― Na metade? ― Santiago perguntou surpreso. ― Você começou hoje e já está na metade?
― Isso porque estou sendo meticulosa. ― riu junto do pai. ― Pelo menos é algo que gosto, números.
― Essa parte você puxou sua mãe. ― sorriu se lembrando da esposa. ― Você me lembra tanto ela…
― Queria tê-la conhecido. ― disse triste. ― Ela deveria ser uma mulher incrível.
― Ela era… ― Santiago disse se lembrando da esposa. ― E você se tornou igual a ela, você sempre será meu maior orgulho filha, sei que não demonstro tanto quanto deveria, mas eu te amo muito.
― Ah pai eu sei. ― esticou a mão para pegar a do mais velho. ― Eu também te amo muito.
― Eu estava pensando… ― Santiago começou a dizer ao ver sua filha voltar a atenção para o que fazia antes. ― Acho que está na hora de marcar um jantar com esse Adam.
― Não pai. ― o olhou. ― A gente só sai, não é nada sério.
― Tem semanas que você está saindo com ele, filha, vai me dizer que não é namoro? Fora que semanas atrás eu disse que queria conhecê-lo e você vem me enrolando.
― Não temos nada pai. ― riu. ― A gente só está se curtindo, não é nada sério.
― No meu tempo não era assim. ― Santiago deu de ombros.
― Não seja careta. ― riu do mais velho. ― As coisas mudam, mas eu posso marcar algo se o senhor faz tanta questão, mas já aviso que não estamos namorando.
― Claro que faço questão. ― Santiago a olhou. ― vai estar no jantar também.
― Ah não. ― o olhou. ― Por que? Sabe que ele não gosta do Adam.
― Mas é da família… não vejo problemas. ― Santiago se levantou. ― Nos vemos à noite, não se atrase.
― Tá bom. ― o observou sair da sala.

Em algum lugar de Medellin…

― Adam. ― Capitão Mendes disse ao ver o rapaz chegar.
― Oi, capitão. ― Adam o cumprimentou. ― O que era tão importante que tinha que conversarmos pessoalmente?
― Eu tinha que te passar essa informação pessoalmente. ― Mendes o olhou. ― Santiago vai se encontrar com um traficante de armas brasileiro chamado Nino, a única informação que temos é que vão se encontrar hoje, em algum lugar da Colômbia, precisamos que você descubra onde e que horas vai acontecer o encontro.
― Eu posso tentar, mas não garanto nada, a filha de Santiago cancelou o encontro que teríamos, talvez seja esse o motivo. ― disse pensativo. ― Ela disse que ia resolver umas coisas da empresa do pai, mas não me deu brecha para perguntar o que era.
― Empresa! ― Mendes riu. ― Essa garota deveria ser mais inteligente.
― Ela sempre enrola quando entro no assunto do pai, nunca fala com o que ele trabalha.
― Ela foi bem criada, não entregaria o que o pai faz assim para um desconhecido. ― Mendes o olhou. ― Tenta descobrir onde o pai dela vai estar essa noite, mas tome cuidado, pela primeira vez estamos um passo à frente.
― Tudo bem, vou ver o que descubro. ― Adam lhe entregou um envelope. ― São os contatos do celular da , os favoritos, eu tirei foto em um momento que ela se distraiu e foi ao banheiro, espero que ajude em algo.
― Vamos investigar cada um e solicitar escutas, já que o celular dela está bloqueado. ― Mendes disse. ― Se cuide, tenho que ir agora.
― Eu me cuido. ― sorriu. ― Entro mais tarde em contato.

XXX

vestia uma calça jeans escura, com um bota de cano curto, uma blusa preta e uma jaqueta de couro vermelha, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, ela estava adentrando o carro quando o celular vibrou com uma nova mensagem.

Adam: Queria te ver hoje 😩
: Eu também, mas não posso hoje.
Adam: Está em casa ainda?
: Saindo agora.
Adam: Podemos conversar por vídeo até você chegar na empresa?
: Bem rapidinho.

Segundos depois Adam iniciou a chamada de vídeo com , que colocou seus earpods para que nem seu pai, nem ouvissem a conversa, já que ambos estavam no carro, o que ela não sabia, era que o rapaz estava gravando a chamada deles.

― Wow, você está linda. ― Adam disse babão. ― Qual a ocasião?
― Reunião de negócios. ― riu e viu seu pai a olhar. ― E você, está em casa?
― Sim, estou aqui na minha solidão, sem você.
― Não seja dramático. ― riu vendo seu pai voltar a atenção para a rua. ― Amanhã a gente vai se vê, prometo que não vou cancelar.
― Eu vou me lembrar disso.
― Ah, meu pai estava querendo marcar um jantar para te conhecer. ― disse e o rapaz enrijeceu. ― O que foi?
― Acho que não estou preparado para conhecer seu pai.
― Relaxa, não é obrigatório… ― ouviu soltar um "frouxo" no banco da frente. ― Meu pai é das antigas, ele acha que tudo tem que ser como era no tempo dele.
― É, eu sei mas… mas você acha que já estamos nesse ponto?
― Só pensa no assunto. ― disse ao ver o carro para em frente a Theatron e desceu do carro. ― Amanhã conversamos melhor sobre isso, agora tenho que ir.

se afastou um pouco do carro para se despedir de Adam, o que a garota não imaginava era que o nome da boate aparecia ao fundo.

, vamos! ― Santiago gritou para a filha.
― Vai lá, conversamos amanhã. ― sorriu.
― Até amanhã. ― disse encerrando a chamada de vídeo e adentrou a boate.

Ao encerrar a chamada com ela, o rapaz entrou em contato com seu capitão, algo nele se sentia mal por saber que ela poderia ser presa junto do pai, mas era seu trabalho, não poderia fazer nada.
Ele passou o nome da boate, eles conheciam, estava nos arquivos de Santiago, mas não sabiam que ele a usava para negociações. Mendes estava confiante, pegaria o maior mafioso da Colômbia no flagrante.

― Você disse ao Adam que tinha um jantar de negócios? ― Santiago perguntou ao ver a filha se aproximar.
― O senhor queria que eu dissesse o que? Ah, eu vou a um jantar para negociar armas com um traficante lá do Brasil. ― disse e ele riu.
― Tem razão. ― Santiago parou a filha. ― Mas pense filha, acha que vai construir algo com Adam tendo que mentir toda vez que for fazer um trabalho para mim? Pense bem, antes que alguém saia machucado disso.
― Eles chegaram, senhor. ― disse aproximando de pai e filha.
― Vamos lá. ― Santiago disse olhando para a filha que estava pensativa. ― , preciso de você cem por cento nessa.
― Certo.
― Boa noite senhores. ― Santiago disse se aproximando de Nino e seus capangas.
― Imaginei que minha recepção seria melhor. ― Nino disse em português.
― Bom, imaginamos que seria melhor nos encontrarmos aqui primeiramente, e então irmos até um restaurante para podermos saborear a típica culinária colombiana. ― disse tomando a frente da fala e Nino a olhou. ― Oh perdoe minha indelicadeza, sou Sanz, filha de Santiago. ― Esticou a mão para cumprimentar o homem.
― É um prazer . ― Nino a olhou. ― Mas no Brasil temos o costume de se cumprimentar assim. ― o homem se aproximou da garota a cumprimentando com um beijo no rosto.
― Ah claro, vocês são bem calorosos, não é mesmo? ― sorriu.
― Demais. ― Nino a olhou.
― Bom, viemos falar de negócios, o que acham de irmos até o restaurante, não fica longe daqui. ― disse e olhou para seu pai.
― Sim, por favor.

Sede da inteligência da polícia colombiana.

A equipe de Mendes estava pronta para invadir a boate e prender todos lá dentro, saíram em três carros, todos equipados, a informação que tinham era de que Santiago e sua filha estavam na boate, acompanhados de guarda costas, além do traficante de armas brasileiro Nino.
Ao descerem na porta da boate, a equipe encontrou dois carros estacionados e não esperou, invadiu o local, mas estava vazio.

― Tudo limpo senhor. ― um policial disse para Mendes.
― A informação era de que estariam aqui. ― outro policial disse. ― Onde estão?
― Eu não sei. ― Mendes disse irritado e viu um homem adentrar a boate. ― Parado.
― O que vocês estão fazendo aqui? ― o gerente da boate disse.
― Onde está Santiago Sanz? ― Mendes perguntou apontando a arma para o homem.
― Provavelmente em casa. ― o homem disse com as mão para o alto. ― Você tem um mandado? Sabem que não podem entrar aqui sem um mandado.
― Nós temos. ― Mendes disse. ― Onde fica o escritório?
― Lá em cima.

A equipe de Mendes levou tudo que podia do escritório, mas o livro com a contabilidade dos negócios ilegais de Santiago, estavam com , bem longe dali.
O que a inteligência não sabia era que a negociação que eles tanto estavam procurando ocorria a dois quarteirões da boate

― Acredito que agora possamos falar de negócios. ― Nino disse e santiago assentiu. ― De quanto estamos falando?
― Bom… ― começou a dizer e viu se aproximar de Santiago e dizer algo que ninguém ouviu. ― Se você manter o que disse, será 25% de retorno para você.
― Eu sou um homem de palavra. ― Nino disse enquanto olhava para seu pai que entendia tudo e vez ou outra arriscava falar algo e quando não conseguia dizia em seu lugar. ― Mas 25% é pouco Santiago, deveríamos estar falando de 45%.
― Sabe que isso é sim possível. ― Santiago o olhou.
― Ele quis dizer que é impossível. ― o olhou.
― Sabemos que as armas serão repassadas por um valor muito maior. ― Nino recostou sobre a cadeira e bebeu seu uísque.
― Não, o combinado era 25%. ― Santiago disse perdendo a paciência. ― É minha decisão final.
― Está bem, 40% e fechamos negócio. ― Nino disse se inclinando para frente.
― Qual é, você parece ser um cara inteligente Nino, dentro todos meu pai te escolheu para negociar, sabe quantos como você, queriam estar aqui hoje? ― perguntou mas não deu tempo do homem responder. ― Exato, muitos, mas é você que está aqui hoje, sabe que vai se dar bem se souberem que negociou com Santiago Sanz pessoalmente, vai ser bom para sua reputação, afinal você chegou no maior mafioso da Colômbia, e sabe que o sobrenome Sanz tem poder. ― o olhou. ― Eis aqui minha oferta, 30% de retorno e o direito de dizer que negociou pessoalmente com Santiago Sanz, é nossa última oferta, é pegar ou largar.

Todos na mesa ficaram em silêncio por alguns segundos que pareciam horas, Santiago estava impressionado como a filha vinha lidando com tudo.

― Sabe, quando me disseram que você queria colocar sua filha como sua sucessora, eu achei uma loucura, eu falei para os meus caras, ele só pode estar louco. ― Nino olhou para Santiago. ― Mas vendo agora, talvez o louco fosse eu, de ter duvidado… ― Nino riu. ― Ela é boa, você a treinou bem…
― É o que dizem. ― Santiago olhou para . ― Ela negocia melhor que eu certas coisas.
― Tem razão, e saiba que é por causa dela que vamos fechar esse negócio hoje. ― Nino se levantou. ― Mandarei sua entrega em três dias, Sanz, foi bom negociar com vocês dois.
― Achei que tinha estragado tudo. ― disse encostando a cabeça na mesa ao ver Nino sair do restaurante.
― Você foi ótima, filha. ― Santiago disse rindo. ― Mas receio que temos outra coisa para se preocupar.
― O que foi ? ― o olhou.
recebeu uma ligação, a polícia invadiu o Theatron, levaram livros do caixa…
― Levaram os livros da própria boate pai, os dos seus negócios à parte estão comigo em casa, eu os levei para lá quando sai hoje a tarde.
, ninguém sabia que estaríamos lá hoje. ― disse. ― Como descobriram?
― E-eu não sei… – o olhou. ― O que está pensando?
― Adam. ― disse a olhando. ― Você estava falando com ele enquanto íamos até o Theatron.
― Ele não sabia onde eu estaria, eu não contei ao pai.
― Eu sei filha, mas ele pode ter visto quando você chegou à boate. ― Santiago a olhou com pesar. ― Eu sinto muito, vou ter que mandar buscá-lo.
― Não pai! ― se levantou. ― Não pode fazer isso com ele!
― Eu tenho, se foi ele que contou a polícia, eu preciso saber, é a inteligência filha, eles tinham mandado e tudo, já imaginou se a gente estivesse dentro daquela boate? Todos nós estaríamos presos.
― Pai, ele não sabia onde eu estava. ― insistiu.
mande irem buscá-lo, você tem o endereço. ― Santiago disse olhando para a filha.
― NÃO MOVA UM DEDO! ― gritou para que parou ao ouvi-la ― Se você tem alguma consideração por mim, não saia por aquela porta.
― Sabe muito bem a consideração que tenho por você, mas…. eu sinto muito , eu não recebo ordens suas. ― disse saindo do restaurante, ela tentou segui-lo mas foi impedida por dois seguranças.
― Filha, só preciso saber se foi ele, não irei matá-lo, mas preciso ter certeza que ele não está com a polícia.
― Minha palavra não conta? ― perguntou, se soltando dos seguranças e se virou para seu seu pai. ― Ele não sabia pai, eu disse que ia estar na sua empresa, nem endereço eu dei, pai...por favor, pede para o voltar.
― Não posso. ― Santiago disse sério e se levantou. ― Agora vamos para casa.

XXX

Adam estava em seu apartamento, quando ouviu a porta dele ser arrombada, não sabia o que estava acontecendo, mas quando viu entendeu que provavelmente a batida havia dado errado.

― O que está acontecendo? ― Adam perguntou ao ver os homens lhe apontando armas.
― Vamos dar uma volta. ― disse empurrando Adam porta a fora.

Eles reviraram todo o apartamento do rapaz, confiscaram celular e notebook, por sorte os aparelhos no qual entrava em contato com seu capitão estavam muito bem escondidos. Ao saírem do apartamento, o levaram para um galpão bem longe de tudo.

― Vamos começar. ― disse ao tirar o saco da cabeça de Adam. ― Sabemos que você trabalha para a polícia, por isso se aproximou de .
― O que? ― Adam se fez de desentendido. ― O que a tem a ver com isso?
― Qual é Adam, esse é seu nome mesmo?
― Cara, é claro que é, do que você está falando? ― Adam o olhou e sentiu o punho de atingir seu queixo.
― Você sabia onde a ia estar hoje?
― Não! ― se desesperou. ― Tínhamos um encontro, mas ela cancelou, disse que tinha um compromisso com o pai dela.
― Que compromisso? ― pressionou.
― E-eu não sei cara, ela só disse que era uma reunião de negócios. ― Adam o olhou. ― Por favor, eu não sei o que está acontecendo.

Aquilo durou por algumas horas, pressionou Adam, mas o rapaz não cedeu, nem mesmo com uma arma apontada para seu rosto, ele manteve a versão de que iria sair com , mas ela havia cancelado. olhou as mensagens do rapaz no notebook e celular, olhou os e-mails e nada, talvez ele realmente estivesse limpo, foi o que pensou, deixaram o rapaz na porta de seu prédio, o jogaram do carro com seu notebook e celular e saíram cantando pneu.
Adam ligou para seu capitão assim que adentrou o apartamento e o mesmo o aconselhou a abortar o plano, mas Adam estava com raiva, ele não queria mais colocar só Santiago Sanz atrás das grades, ele iria levar e junto.

Residência dos Sanz

― E então? ― Santiago perguntou ao ver adentrar seu escritório e olhou para as mãos do rapaz. ― Não me diga que o espancou?
― Eu precisava pressioná-lo. ― disse tentando se justificar.
― Você queria pressioná-lo ou queria descontar a raiva por ele estar saindo com ? ― Santiago perguntou irritado. ― Ela vai te comer vivo!
― Eu sei, pior de tudo, não foi ele, pelo menos ele... ― escutou a porta se abrir bruscamente e sabia que era a garota. ― Eu não o matei. ― levantou as mãos e se virou para ela.
― Não o matou, mas o espancou. ― o fuzilou com os olhos. ― Vocês dois estão felizes, eu disse que ele não tinha nada a ver com isso.
― Filha, eu precisava ter certeza. ― Santiago disse.
― Não quero ouvir. ― esbravejou. ― E você seu cretino, nunca mais fale comigo… ― Ouviu seu celular tocar, era Adam. ― EU TE ODEIO!
A garota saiu da sala, e atendeu Adam, o rapaz estava desesperado, queria vê-la, ela atendeu seu pedido e saiu em seu carro, sem avisar ninguém.

― É oficial, ela me odeia. ― disse se sentando no pequeno sofá que tinha ali.
― É passageiro. ― Santiago falou. ― Ele não cedeu em nenhum momento?
― Não, a história batia, os detalhes, não tinha nada nos contatos, mensagens, e-mails, nada diferente, até a lixeira do notebook e celular eu olhei estava limpo, reviramos o apartamento e nada. ― explicou. ― Nem quando ele olhou para o cano da arma ele cedeu, não foi ele chefe.
— Se não foi ele, então quem foi?

Ao chegar no prédio de Adam, subiu sem ser anunciada, o porteiro a observou adentrar, e olhou para o relógio, já era madrugada, a porta do apartamento do rapaz estava entreaberta, entrou e o encontrou no sofá com gelo no rosto.

― O que fizeram com você? ― se ajoelhou próximo do rapaz.
― Aquele segurança do seu pai, ele é louco. ― Adam disse e colocou a mão no rosto. ― Ai.
― Eu sinto muito. ― sentou ao lado dele. ― Acho que te devo explicações.
― Eu gostaria muito de uma explicação. ― a olhou. ― Eu apanhei sem nem saber o motivo, e eu sei que deveria chamar a polícia, mas eu não sei o que fazer, .
― O que eu vou te contar, não pode sair daqui de forma alguma Adam, você tem que me prometer.
― Você está me assustando.
― Desculpe, mas me prometa que essa conversa não irá sair daqui.
― Eu prometo.
― Meu pai tem negócios ilegais por toda a cidade e hoje quando eu disse que ia para uma reunião, era sobre esse negócios ilegais e bom a polícia bateu em uma das muitas boates que meu pai tem aqui em Medellín achando que iriam nos encontrar realizando a negociação, mas não estávamos lá, tínhamos saído da boate, o ponto é que ninguém sabia disso, e eu estava conversando com você quando cheguei lá, e então meu pai precisava tirar a dúvida, mas não era para o ter feito isso com você. ― lamentou. ― Eu sinto muito Adam, eu nem sei o que te dizer sem ser desculpas, porque eu realmente sinto muito por isso.
― Wow, informação demais. ― se fez surpreso.
― Eu sei, desculpe jogar tudo de uma vez.
― Então seu pai tem negócios ilegais por toda Medellín? ― Adam perguntou vendo-a afirmar com a cabeça. ― Está me dizendo que me envolvi com a filha de um mafioso?
― Não! ― o olhou. ― Sim… ― disse pensativa. ― É, você se envolveu com a filha de um mafioso, e se quiser pular fora eu vou entender. ― falou compreensivamente.
― Confesso que é demais para absorver… ― tirou o gelo do rosto. ― E-eu gosto de você, o que estamos criando é legal , mas eu não sei se consigo entrar nessa de cabeça, sabe? Se um dia eu quebrar seu coração seu pai pode me matar! ― tentou fazer graça com a situação
― Meu pai não é assim. ― afirmou. ― Mas eu entendo seu lado Adam, e está tudo bem, foi legal passar esse tempo com você...― começou a dizer.
― Eu sinto que é muita pressão e não sei se posso lidar com isso, eu preciso absorver tudo.
― Eu entendo. ― se levantou pegando sua bolsa. ― Eu já vou indo, espero que fique bem, e mais uma vez me desculpe.
― Não vai embora assim, como se eu estivesse terminando com você. ― Adam pegou na mão dela.
― E não está? ― questionou. ― Eu entendo Adam, ter meu pai em minha vida sendo ele quem é, me impede de fazer certas coisas, de sentir certas coisas e está tudo bem para mim.
― Você nunca pensou em seguir sua vida? ― ele sentiu que estava sendo sincera e por um momento se sentiu mal por enganá-la.
― Já, várias vezes… ― riu descrente. ― Mas é meu pai, eu sou a única família que ele tem e ele é a minha, não posso abandoná-lo.
― Entendo…
― É melhor eu ir… ― saiu do apartamento deixando o rapaz pensando no que havia acabado de acontecer.

Ao ver a porta do elevador se fechar, deixou transbordar tudo que estava preso, as lágrimas tomaram conta do seu rosto, ela não entendia porque tinha essa vontade imensa de chorar. Ao entrar em casa se deparou com seu pai e conversando.

― Filha, por que está chorando? ― Santiago perguntou para ela que seguia subindo as escadas.
― Se aquele filho da puta te fez algo… ― disse e parou instantaneamente.
― Se tem alguém aqui que fez algo, foi você. ― se irritou. ― Mas comemore, graças a você, Adam não quer mais me ver… feliz?
― Filha… ― Santiago viu ela dar as costas e ir para o quarto.
― Eu vou falar com ela. ― começou a subir as escadas.
― Se você entrar lá só vai piorar as coisas. ― Santiago subiu as escadas. ― Vá para casa, deixe ela se acalmar, eu vou conversar com ela.
― Está bem. ― desceu as escadas e saiu pela porta da frente.

Santiago deu leve batidas na porta do quarto da filha, pedindo permissão para entrar, não obteve respostas, então resolveu arriscar, ao abrir a porta, estava deitada abraçada com o travesseiro, já não chorava mais, mas seu rosto estava vermelho, o mais velho sentou-se na cama.

― O que aconteceu? ― a questionou.
― O aconteceu.
― Não o culpe, ele estava cumprindo ordens minhas. ― a repreendeu. ― Como foi com o Adam?
― Eu contei a ele pai, contei tudo, não em detalhes, mas contei sobre você e seus "negócios", e bom ele teve a reação esperada, disse que era coisa demais para absorver, que ficar comigo seria uma pressão muito grande, que precisa tentar assimilar tudo.
― Achei que ele tinha terminado com você…
― Sério pai? ― se irritou. ― Acha mesmo que depois do que o senhor mandou fazer, ele vai querer algo comigo, ou sei lá, conhecer o senhor? Eu já deveria saber, ser filha de Santiago Sanz requer que eu me negue certas coisas…
― Não fala assim. ― lamentou-se. ― Eu me precipitei, entendo que errei filha, deveria ter agido de forma diferente, mas não diga que ser minha filha te impede de ser feliz. ― ela se manteve calada. ― Eu quero o melhor para você, sempre quis, se você acha que isso não é para você, eu vou te dar carta branca agora para seguir suas próprias escolhas, eu só quero te ver feliz, e se a sua felicidade for longe de toda essa vida, eu vou entender! ― Santiago a olhou nos olhos. ― Eu te amo mais que qualquer outra coisa, e vou continuar te amando se quiser deixar isso para trás.
― Pai… ― disse com a voz embargada. ― E-eu não quero ir embora…
― Mas saiba que se um dia quiser, você tem carta branca, não se prenda a mim, eu sempre vou estar aqui por você e para você.
― Eu só quero ficar sozinha… ― disse voltando a olhar um ponto qualquer do quarto.
― Está bem. ― se levantou. ― Mais uma coisa, não seja tão rude com o , ele só estava cumprindo ordens, e ele tem sentimentos , todos temos.

Santiago saiu do quarto deixando a garota sozinha com seus pensamentos, o resto da madrugada se foi tão rápido e só conseguiu adormecer ao ver a primeira fresta do sol surgir em sua janela.


Capítulo 5

Alguns dias depois…

― Senhor. ― Adam cumprimentou seu superior Mendes.
― Te pegaram de jeito hein. ― apontou para o rosto do rapaz com hematomas.
― Pois é. ― colocou a mão sobre o rosto. ― Pelo menos consegui manter o disfarce.
― Ainda acho que é arriscado demais, deveríamos cancelar tudo e tentar conseguir as provas de outra maneira.
― Não! Eu vou até o fim agora, ela está comendo na palma da minha mão, é questão de dias para ela me colocar dentro da sua casa. ― Adam se referiu a .
― Ela ainda tenta entrar em contato?
― Manda mensagens para saber como estou, eu não rendo muito o assunto, preciso parecer assustado ou sei lá o quê...― deu de ombros. ― Vou pedir para conversarmos hoje, e direi que quero tentar mesmo sabendo o que sei de seu pai.
― Acha que ela vai cair ? ― cruzou os braços vendo o rapaz concordar. ― Nesse caso, sabe que se entrar na casa do Sanz estará por conta, não podemos colocar escutas, porque nenhum juiz aceitaria como prova, diriam que foram obtidas ilegalmente, preciso de provas físicas, com assinaturas de Santiago ou qualquer coisa que o incrimine, mas que você possa sair de lá carregando.
― Farei o possível senhor.
― E Adam, tome cuidado. ― Mendes colocou a mão no ombro do rapaz. ― Eles sabem que alguém os dedurou, não quero eles desconfiando ou até mesmo descobrindo que foi você, Santiago te mataria.
― Eu terei cuidado. ― disse adentrando o carro e saiu dali.

XXX

― Falou com o Adam hoje? ― Estela perguntou enquanto se sentava na cama da amiga que estava sentada no chão cercada pelos cadernos com os fluxos de caixas.
― Não, ele parece responder minhas mensagens sem vontade alguma, parece que estou incomodando, então decidi não mandar mais. ― disse orgulhosa de si mesma e olhou para os cadernos os deixando de lado.
― Por que seu pai não joga essa contabilidade no excel? ― Estela riu da cara da amiga.
― Meu pai acha que alguém pode hackear o computador e seriam provas contra ele. ― deitou ao lado da amiga. ― Mas estou quase terminando.
― Se formou na faculdade certa. ― riu. ― Eu queria ter essa sua determinação, meus pais ainda estão no meu pé para fazer algo da vida, segundo eles eu tenho que ser formada para ser alguém.
― Ainda não decidiu o que quer fazer? ― olhou para a amiga.― Já pensou em moda?
― Já amiga, eu amo tudo isso, mas eu não quero passar anos fazendo faculdade, e ter um emprego que eu odeio, não quero ser aquelas pessoas frustradas com suas próprias carreiras. ― Estela deitou ao lado da amiga. ― Ainda não encontrei meu caminho, sei que vou encontrar, mas não com essa pressão que meus pais estão fazendo.
― Eu te entendo, e sabe que se precisar de um lugar para ficar para fugir da loucura dos seus pais, a casa está aberta para você.
― Eu sei. ― sorriu. ― Melhor que você, não existe.
― Te digo o mesmo. ― sentiu o celular vibrar no bolso da calça e viu o nome de Adam no visor. ― É ele!
― Coloca no viva voz. ― Estela disse sentando-se de frente para a amiga que fazia o mesmo.
― Alô. ― disse e bateu na própria cabeça.
― Oi , é o Adam.
― É, eu sei… ― fez uma pausa. ― Está tudo bem?
― Está, eu queria saber se a gente podia se encontrar. ― ficou em silêncio. ― Só se você não tiver outros planos, se tiver tudo bem.
― Não, eu não tenho nada para hoje. ― Estela riu da cara da amiga.
― Tá, pode ser na minha casa às dezenove horas?
― Claro, estarei lá. ― ouviu Adam desligar do outro lado.
― O que foi isso? ― Estela ria da amiga.
― Nem eu sei. ― riu junto. ― Bom, pelo menos ele ainda quer me ver.
― Agora vamos para a piscina, o dia está lindo, quero aproveitar. ― Estela disse se levantando.

XXX

― Pai estou saindo. ― disse parada na porta do escritório. ― Não me espere acordado.
― Leve o . ― olhou para sua filha que bufava.
― Não vou levar, estou indo na casa do Adam, não quero o atrás de mim.
― Vocês voltaram?
― Não sei, ele quer conversar. ― deu de ombros. ― Enfim, estou indo, eu te amo.
― Se cuida, eu também te amo. ― viu sua filha sair, e segundos depois passou indo atrás da garota.
, podemos conversar? ― perguntou vendo a garota no jardim.
― Estou de saída. ― destravou o carro e adentrou.
― Não seja tão malvada comigo, você está me evitando desde aquele dia. ― encostou na janela do carro. ― Sinto muito por tudo que aconteceu, a gente se conhece a tanto tempo, não faz assim.
― Eu tenho que ir. ― ligou o carro. ― Depois nós falamos.
― Vou esperar. ― Sorriu se afastando da janela.
― Pode tirar esse sorriso vitorioso da cara.

[...]

― Entra. ― Adam disse ao ver parada na porta. ― Fica à vontade.
― Obrigada. ― adentrou o local e se sentiu desconfortável.
, senta, você não está com um desconhecido, sou eu poxa. ― Adam olhou e sentou-se ao seu lado.
― Eu realmente não sei como agir com você, ainda me culpo pelo que te aconteceu. ― olhou para baixo, observando o chão.
― Olha para mim, por favor. ― Adam puxou o queixo da garota levemente, fazendo-a olhar. ― Eu estou bem, nada disso foi sua culpa, se te chamei aqui é porque quero dar uma chance para a gente.
― Sério? ― se surpreendeu. ― Eu pensei que…
― Eu sei que pode parecer que eu tinha perdido o interesse, mas eu só estava processando tudo , era muita coisa para processar, acredite. ― sorriu. ― Eu não parei de pensar em você um minuto sequer durante esses dias, eu queria estar ao seu lado, independente de qualquer coisa, sei que temos muito o que conhecer um do outro, mas não tem como negar, a gente se curte pra caramba, e eu gosto do clima que temos.
― Mesmo com tudo sobre meu pai?
― É, seu pai, tem ele… ― Adam passou a mão na nuca. ― eu quero te conhecer, mas eu preciso saber… se a gente vier a não dar certo, acha que ele vai querer me matar por magoar a filha dele? ― a olhou sério.
― O que? Não! ― deu uma risada. ― Meu pai não é assim, ele não costuma se meter nos meus rolos… Só foi diferente dessa vez, porque... você sabe. ― disse cabisbaixa. ― Mas o meu pai é super de boa.
― Nesse caso… ― Adam foi interrompido pela campainha. ― Deve ser a pizza. ― Se levantou indo até a porta.
― Nesse caso? ― perguntou sugestiva quando o rapaz fechou a porta após pagar o entregador.
― Vamos comer pizza. ― riu colocando a pizza na mesa de centro da sala. ― Vai colocando a série para gente assistir, eu vou pegar o refrigerante.

se esticou para pegar o controle da televisão e colocou na Netflix, procurou pela Maldição na residência Hill, deixou pausado na metade do episódio que eles tinham parado.

― Espero que a gente não se perca esquecendo o começo do episódio. ― Adam sentou ao lado dela.
― Também espero. ― sorriu e deu play no episódio.

Eles permaneceram calados boa parte das horas em que estavam assistindo, vez ou outra comentavam algo, mas nada que rendesse uma conversa, estava incomodada, mas até então decidiu ficar calada, ao final da série, já passavam das 23h30 da noite.

― Chocada com o final. ― riu.
― Em nenhum momento imaginei que pudesse ser isso, muito boa. ― Adam se virou no sofá e a olhou. ― O que tá passando nessa cabecinha aí? ― A questionou.
― Do que você está falando? ― franziu as sobrancelhas sem entender o motivo da pergunta.
― Está incomodada com algo. ― Adam riu. ― Está se remoendo por dentro.
― É tão óbvio assim? ― ele concordou. ― Como ficamos? Quer dizer, existe um nós?
― Claro que existe, eu quero fazer dar certo. ― Adam se aproximou dela. ― E você?
― Eu quero que dê certo. ― sorriu e o rapaz se aproximou mais dela.
― Nesse caso… ― sorriu e a beijou calmamente.

O beijo foi se intensificando aos poucos, ambos queriam aquilo, mesmo Adam sabendo que era errado, ele queria , queria sentir o corpo dela no seu, não sabia o porque e nem queria pensar nisso, mas naquela noite ele teria Sanz por completa.

XXX

acordou no quarto de Adam, ela levou alguns segundos para assimilar que aquele não era seu quarto, e começou a se lembrar da noite que teve com o rapaz, um sorriso se formou em seus lábios, quando se virou percebeu que estava sozinha na cama, criou coragem e se levantou indo até o banheiro, tomou um banho rápido, agradeceu por ter toalhas no armário do banheiro, vestiu sua roupa novamente e saiu do quarto à procura de Adam, ele estava na sala ao telefone.

― Não posso falar agora… ― era a voz do rapaz, se aproximou o abraçando por trás e ele se virou para ela. ― Nos falamos depois.
― Atrapalhei?
― De forma alguma. ― sorriu e lhe deu um selinho. ― Estou fazendo café da manhã para a gente.
― Desse jeito eu vou ficar mal acostumada. ― se sentou na bancada da cozinha.
― É o plano. ― o rapaz falou cortando alguns morangos.
― Posso perguntar quem era no telefone?
― Não era nada, era do trabalho. ― manteve a atenção no que fazia.
― Eu nunca perguntei, você trabalha com o que?
― Trabalho em um escritório de contabilidade. ― Adam disse espontâneo.

No seu perfil, Adam trabalhava em um escritório de contabilidade, o que era muito útil já que o rapaz era bom com números.

― Sério? ― se empolgou. ― Eu formei em ciências contábeis também, mas não exerço a profissão, bom… não como eu queria.
― Como assim? ― se virou comendo um morango e deu um para ela.
― Eu faço a contabilidade para o meu pai, não é exatamente o que eu imaginava, mas eu fico cercada dos números, o que eu amo. ― riu.
― Então você faz a contabilidade de todos os negócios do seu pai? ― perguntou surpreso.
― Sim. ― riu da cara do rapaz. ― O pior de tudo é que eu tenho que fazer em um livro, sabe aqueles bem pesados e grossos? ― o rapaz concordou. ― Pois é, nada de planilhas, tudo manualmente.
― Meus sentimentos por você. ― Adam apoiou no balcão. ― Deve dar um trabalho.
― Você nem imagina, talvez um dia eu te alugue para me ajudar.
— Com todo prazer. — sorriu e deu um beijo rápido nela. — Vamos comer então. ― Mudou de assunto, mesmo não querendo, era ótimo saber que a contabilidade dos negócios de Santiago passava por sua filha.

No começo da tarde foi para casa, precisava trocar de roupa e tinha uma festa para ir, chamou Adam, mas o rapaz negou, disse que não poderia, que no dia seguinte teria que ir até o escritório onde trabalhava logo de manhã. Ao chegar em casa encontrou seu pai e o pai de Estela discutindo na sala de estar.

― Está tudo bem? ― os interrompeu.
― Está, o senhor Gandía já está de saída. ― Santiago o olhou.
― Quero você longe da minha filha. ― Senhor Gandía disse ao passar por ela.
― Pai, o que aconteceu? ― perguntou ao ficarem a sós.
― Ele acha que você é uma péssima influência para Estela, disse que por sua causa a filha dele ainda não escolheu uma carreira e só quer saber de ir a festas e beber.
― Isso não é verdade. ― ela soltou sua bolsa no sofá. ― Estela quer ter uma carreira, ela só não quer essa pressão que os pais dela fazem, engraçado que conversamos sobre isso ontem.
― Eu não sei o que aconteceu de ontem para hoje, mas para ele ter vindo até aqui, algo aconteceu.
― Vou falar com a Estela. ― disse pegando o celular.
― Antes, posso saber onde passou a noite? ― cruzou os braços tentando se manter sério.
― Na casa do Adam. ― digitou uma mensagem para a amiga.

: Seu pai veio aqui… está tudo bem?

― Vocês se entenderam?
― Sim pai. ― sorriu. ― A gente conversou e ele só precisava realmente de tempo, sabe, mas estamos bem agora.
― Fico feliz filha, mas saiba que o que lhe falei aquele dia foi de coração, se sentir que precisa se afastar, que não quer isso, eu vou entender.
― Pai, por favor. ― o abraçou. ― Sabe que se eu não quisesse nada disso lhe teria dito, eu entrei de cabeça porque decidi estar nessa com você, até o fim.
― Fico feliz em ouvir isso. ― sorriu. ― Vamos marcar um jantar para que eu conheça o rapaz melhor, o que acha?
― Vou conversar com ele sobre isso. ― olhou para o celular que vibrou.

Estela: Ele surtou, falei que ia em uma festa hoje e ele já jogou seu nome no meio e foi tirar satisfações como o seu pai.
Estela: Eu estou cansada.
: Se quiser vir aqui pra casa mais cedo, sinta-se à vontade.
: Podemos ficar aqui e ver alguns filmes.

― É a Estela? ― Santiago apontou para o celular da filha.
― Sim, o pai dela surtou quando soube que íamos sair hoje. ― coçou a testa. ― Estou começando a achar que o senhor Gandía será um problema pai.
― Você acha? ― ironizou. ― Ele é uma problema desde sempre, mas eu sempre o varri para debaixo do tapete, se é que me entende. ― se sentou no sofá. ― Mas ultimamente o tapete tem ficado pequeno.
― Só tente dialogar mais um pouco, pai. ― sentiu o celular vibrar.

Estela: Preciso de um lugar para ficar, posso ir para sua casa?
: Claro, o que aconteceu?

Segundos depois Estela fez uma chamada de vídeo para a amiga, ela estava com os olhos vermelhos, havia chorado.

― O que aconteceu?
Eu não fico mais um minuto nessa casa! ― Estela disse colocando o celular apoiado em algum lugar e começou a jogar suas roupas em uma mala grande.
― Amiga, fica calma, o que houve?
Meu pai aconteceu, ele chegou aqui dizendo que eu nunca mais te veria, que iria confiscar meu carro, minha habilitação, que só sairia de casa quando entrasse em uma faculdade. ― Estela parou e olhou para o celular. ― Eu não quero mais isso, quero um minuto de paz, eu nunca fui uma filha ruim, eu dei o meu melhor, mas se isso não é o suficiente para ele, que se foda então.
― Te prender em uma torre seria mais eficiente. ― disse tentando fazer graça com a amiga que esboçou um sorriso. ― A casa está aberta para você.
Seu pai não vai reclamar?
― Não irei. ― Santiago apareceu na tela. ― Pode vir Estela, você é bem vinda, se quiser mando o te buscar.
Não, eu agradeço, mas isso só iria piorar tudo, eu vou pegar um táxi. ― Estela falou voltando a arrumar as coisas.
― Nesse caso, estaremos te esperando. ― falou e logo encerraram a chamada.
― Isso vai ser interessante. ― Santiago olhou para a filha. ― Gandía vai ficar furioso quando souber que sua única filha veio me pedir refúgio.
― Não perde uma, né? ― riu com o pai. ― Vou pedir para Marisa arrumar um quarto para Estela.

saiu da sala à procura de Marisa, era a empregada dos Sanz, era ela que mantinha a casa organizada, e cozinhava para a família.

― Senhora Marisa? ― a chamou ao sair nos fundos do jardim.
― Sim senhorita. ― sorriu docemente.
― Pode preparar um quarto de hóspedes, Estela está vindo… passar um tempo aqui em casa.
― Agora mesmo. ― a mulher sorriu.
― Obrigada.

[...]

― Finalmente. ― disse ao ver a amiga chegar e a abraçou. ― Estava preocupada.
― Ele não queria me deixar sair, ele ameaçou chamar a polícia.
― Deixe que ele tente. ― disse pegando a mala da Estela.
― O importante é que você chegou, vamos, eu pedi para a Marisa preparar um quarto para você.
― Seja bem vinda Estela. ― Santiago disse ao vê-la adentrar a casa com sua filha.
― Obrigada senhor, prometo que não ficarei por muito tempo.
― Fique o tempo que precisar, não se preocupe. ― sorriu e se virou para . ― Te espero no carro.
― Sim senhor. ― disse subindo as escadas com Estela.
― Filha tem um minuto?
― Claro.― disse se afastando com seu pai. ― O que foi?
― Sabe que o pai dela vai vir atrás, se ele me causar problemas terei que tomar medidas contra ele.
― Eu sei pai, mas tente dialogar primeiro, como te falei mais cedo, por mim. ― o olhou.
― Eu farei, mas se ele envolver a polícia…
― Mesmo que ele faça isso, o que ele dirá na delegacia? Que sua filha foi sequestrada? Estela já é maior de idade.
― Mas para a polícia será um motivo para entrar aqui em casa, então peço que guarde tudo que tiver no meu escritório, qualquer coisa que me incrimine, no seu cofre, em seu quarto.
― Está bem pai, farei isso. ― começou a subir as escadas.
― Faça isso agora! ― falou firme.
― Está bem. ― disse e viu seu pai sair pela porta da frente.
foi até o escritório de seu pai e retirou tudo que sabia que seria problema para seu pai, colocou numa caixa organizadora e subiu para seu quarto guardando tudo em seu cofre no closet.

? ― a chamou
― Estou no closet.
― Esses documentos estavam no carro. ― esticou uma pasta para ela.
― Obrigada. ― pegou a pasta colocando no cofre.
― Ainda me odeia? ― a olhou.
― Eu não te odeio… ― suspirou. ― Me desculpa por ter usado essa palavra, foi o momento da raiva, eu deveria ter pensado antes de ter dito qualquer coisa.
― Eu sinto muito por ter feito o que fiz, não por ele, mas por você, ver a raiva estampada na sua cara… ― se aproximou dela. ― Não suportaria ter você me odiando.

― Você é importante demais para mim , não gosto desse clima entre a gente, ter você sorrindo quando conversamos faz o meu dia melhor. ― encostou sutilmente os dedos no braço de . ― Eu…
― Entendo que estava fazendo seu trabalho. ― o interrompeu. ― Mas sabemos que você teve uma motivação maior para fazer o que fez… vou te fazer uma pergunta e quero que me responda com sinceridade.
― Certo…
― Você tem sentimentos por mim?
― Tenho, é óbvio. ― soltou a resposta.
― Você... ― ela observou a mudança de postura nele.
― Temos uma amizade, mesmo com essa vida que temos.
― Claro, foi só um pensamento que passou aqui. ― sorriu. ― Mas não se preocupe, estamos bem.
― Certo, vou indo seu pai está me esperando. ― sorriu saindo do closet.

voltou a atenção para o que fazia, guardava os documentos em seu cofre.

― Está escondendo dinheiro? ― Estela perguntou dando um susto na amiga.
― Quer me matar? ― riu com a amiga. ― Estou guardando algumas coisas, por precaução.
― O que queria? O vi saindo.
― Conversar, queria pedir desculpas por tudo que aconteceu, mas ele deixou bem claro que só estava ali pela forma como fiquei, e não pelo Adam. ― disse fechando o cofre.
― Até porque amiga, é nítido que ele tem sentimentos por você.
― Comecei a pensar nisso nos últimos dias, o questionei sobre isso, mas ele disse que não passava de amizade e companheirismo… ele me pareceu sincero.
― Isso, ou ele é um belo de um ator. ― riu.
― Vamos falar de outra coisa, iremos sair hoje ou não?
― Não estou com ânimo nenhum. ― saiu do closet com a amiga e se jogou na cama.
― Podemos ficar em casa e assistir filmes, regados a várias guloseimas. ― sentou-se ao lado da amiga. ― O que acha?
― Perfeito. ― riu e o celular da amiga começou a tocar.
― É o Adam. ― estranhou e o atendeu. ― Aconteceu algo?
― Não, só queria ouvir sua voz.
― Jura? ― sorriu. ― Só tem algumas horas que nos vimos, já está com saudade?
― Sim, com tanta saudade que vou aceitar o convite para sair hoje.
― Fico feliz que aceitou, mas os planos foram cancelados.
― Por que?
― Estela, a minha melhor amiga teve uns problemas, longa história, ficaremos em casa vendo filmes.
― Chama ele. ― Estela cochichou.
― Se quiser, você pode vir. ― riu.
― Ir na sua casa?
― É… você não é obrigado a aceitar, está tudo bem, eu vou entender.
― Não, eu vou, mas está tudo bem pela Estela?
― Claro que está, ela que deu a ideia.
― Nesse caso eu vou, que horas?
― As nove, te mando o endereço por mensagem.
― Combinado, quer que leve algo?
― Muito chocolate e sorvete. ― disse ouvindo a risada do rapaz.
― Até as nove. ― disse e desligou.

Ela não sabia que estava colocando o inimigo dentro de casa, e para Adam era a oportunidade perfeita, e sabia que estaria sozinho nessa.
A noite não demorou a chegar, e Estela passaram horas jogando conversa fora, Adam já estava pronto, ponderou várias vezes se deveria levar sua arma, por fim decidiu que era melhor não arriscar, mas um medo lhe tomou conta, ele estaria sozinho no campo inimigo, sem qualquer tipo de proteção, passou no mercado e comprou algumas coisas para comerem, faltando um quarteirão para chegar a casa da garota, ele parou o carro e pensou em retornar, mas se lembrou que estava fazendo o que gostava, era o trabalho dos sonhos, precisava seguir em frente, então retomou o seu caminho parando minutos depois em frente a residência de .

― Boa noite, sou o Adam, a está me esperando. ― o rapaz disse ao parar no portão com duas sacolas cheias de coisas que ele havia comprado.
― Vamos conferir. ― o homem disse e se afastou do portão falando no rádio, e logo voltou. ― Pode entrar.

Adam adentrou o jardim e seguiu o caminho de pedras, quando estava quase na entrada principal apareceu.

― Vai ter que ser revistado.
― Ah não me diga. ― Adam ironizou. ― Ainda acha que sou policial?
― Eu só estou fazendo meu trabalho. ― disse e Martinez se aproximou de Adam o revistando.
― Seu trabalho inclui espancar pessoas? Trabalho legal. ― ironizou mais uma vez.
― Inclui outras coisas também, quer saber o que é? ― o fuzilou com os olhos. ― Para que toda essa comida?
― Está limpo. ― Martinez disse se afastando.
me pediu. ― Adam o olhou sério. ― Será que agora posso entrar?
― Por mim, você não passaria do portão, mas…
. ― Santiago apareceu. ― Eu assumo daqui.
― Claro senhor. ― disse saindo.
― Por favor. ― o mais velho disse dando passagem para o rapaz adentrar a casa. ― Fico feliz em saber que você e minha filha se entenderam.
― Pois é, eu fiquei assustado, confesso, mas a é uma pessoa incrível, eu achei que valeria a pena dar uma segunda chance.
― Espero que você entenda, que o que eu faço não pode ter pontas soltas. ― Santiago disse abrindo a porta de seu escritório e Adam adentrou. ― Por favor, sente-se.
― Eu imagino que o que o senhor faz, exige que certas bocas fiquem caladas. ― Adam o olhou, e tentou esconder o nervosismo. ― E sendo bem sincero, eu não fazia ideia de quem o senhor era ou o que fazia, eu só descobri com tudo que aconteceu dias atrás.
― Entendo… me diga o que faz da vida?
― Eu trabalho em um escritório de contabilidade.
― É bom com os números como minha filha? ― perguntou e o rapaz concordou. ― E você trabalha a muito tempo lá?
― O senhor ainda desconfia de mim, não é mesmo? ― Adam perguntou.
— Apenas formalidades. — Santiago viu a porta abrir e sorriu.
― Sério pai? ― adentrou a sala.
― Só estamos conversando. ― Santiago a olhou.
― Não existe "só conversando" com o senhor. ― fez um sinal de aspas com a mão.
― Só estávamos conversando, . ― Adam levantou e sorriu. ― Seria rude da minha parte vir até aqui e não conversar com seu pai, mas acredito que já terminamos, certo?
― Claro. ― Santiago os olhou.
― Nesse caso, vamos. ― puxou Adam pelo braço e seguiu o corredor até a sala de televisão, onde Estela os esperava. ― Acredita que meu pai estava com ele no escritório?
― Foi aprovado no interrogatório do senhor Sanz? ― Estela se levantou do sofá o cumprimentando.
― Acredito que ainda não tenha acabado. ― Adam sorriu. ― É um prazer te conhecer Estela.
― É bom conhecer quem anda "domando" o coração da minha amiga. ― Estela riu junto do rapaz.
― Fico feliz em saber disso. ― olhou para a .
― Vamos começar logo esse filme. ― disse tentando mudar de assunto. ― Que tal terror?
― Eu topo. ― Estela disse se sentando no sofá.

O trio começou a assistir Invocação do Mal, Estela ainda não havia assistido e mesmo que já o tivesse feito ela queria agradar a amiga. Próximo dali, e Santiago conversavam no escritório.

― Ele trabalha em um escritório de contabilidade. ― Santiago olhou para . ― Não consegui tirar mais nada dele, chegou antes.
― Ainda não entendo porque ela o trouxe aqui! ― falou irritado.
― Você costumava disfarçar melhor. ― riu. ― é uma mulher livre, ela não desconfia que você gosta dela, e mesmo se soubesse sabe que eu não permitiria.
― Ela me perguntou sobre isso mais cedo…
― E? Você negou, claro?
― Sim. ― concordou. ― O senhor fala tanto sobre não querê-la com alguém, mas está aí dando o maior apoio com esse bosta do Adam.
― Não estou apoiando.
― Então estava fazendo o que? ― o perguntou. ― Deixar esse cara entrar na sua casa para comer sua filha, isso para mim é apoiar.
― Dobre sua língua para falar comigo, você está na minha casa e mesmo que eu ainda te considere parte da família eu sou seu chefe e você me deve respeito. ― Santiago se levantou indo até a janela atrás de sua mesa. ― Eu não quero a com alguém que esteja nesse meio, se minha filha pode ter um pouco de normalidade na vida dela, eu quero lhe dar esse direito, mesmo que essa normalidade venha desse cara.
― Então o senhor apoia?
― Não, claro que não… mas não posso dizer isso á ela. ― Santiago colocou um pouco de uísque no copo e bebeu um gole. ― Outro dia ouvi dela que ser minha filha lhe impedia de ser feliz… bom, não foi nessas palavras, mas foi o que ela quis dizer e aquilo doeu, ouvir minha filha dizer que não era feliz e por culpa minha…
― Senhor, eu…
― Eu dei carta branca a ela, disse que se ela quisesse ir embora, que assim seria feliz, ela poderia ir… ― Santiago falhou a voz e voltou sua atenção para o jardim, olhando pela janela. ― Então é, esse Adam pode ser um merda, e até mesmo ter nos enganado, mas não temos como provar e se ficar com ele a faz feliz, eu vou apoiar, porque eu odiaria ser motivo da infelicidade dela, se ele for a pessoa errada o tempo irá mostrar, não será eu, você ou qualquer outra pessoa, o tempo dá a resposta, só temos que ser pacientes.
― Bom, é sua filha, eu nem sei porque me afetou tanto. ― se levantou.
― Por que você nutre sentimentos pela minha filha há anos, por isso te afeta tanto vê-la com outro.
― Eu vou para o meu quarto ― o olhou. ― Qualquer coisa o senhor me chama.
― Tenha uma boa noite .
― O senhor também.

[...]

― Como irei dormir agora? ― Estela perguntou ao terminarem o segundo filme. ― Eu não sei porque vou na ideia das pessoas, sou cagona para essas coisas.
― Ai Estela, é só um filme. ― riu da amiga.
― Baseado em fatos reais. ― Adam a olhou.
― Está vendo? Isso aconteceu de verdade, o que impede de acontecer comigo?
― Não vai, confia em mim.
― Se eu sentir medo vou invadir seu quarto no meio da noite. ― Estela disse se levantando. ― Vou deixar vocês namorarem um pouco, já empaquei demais.
― Até parece.― riu.
― Boa noite. ― Estela disse para ambos que responderam juntos outro "boa noite".
― Acho que vou indo também. ― Adam disse ao ver Estela sair da sala.
― Deixa eu me aproveitar de você só um pouquinho? ― o puxou para perto colando seus lábios em um beijo calmo.
― Pedindo assim, eu deixo. ― Adam sorriu voltando a beijá-la.

Nem perceberam quanto tempo se passou desde que Estela saiu, ficaram conversando e trocando carinhos por algumas horas, até que uma voz os interrompeu.

― É A POLÍCIA TODO MUNDO PARA FORA! ― o homem gritou e olhou por cima do sofá.
― Mas que porra é essa? ― se levantou. ― Você não pode entrar aqui!
― Temos um mandado. ― o policial permaneceu com a arma em mãos. ― Está sozinha?
― Não. ― olhou para Adam.
― Ela está comigo. ― Adam se levantou pedindo metalmente que ninguém acabasse com seu disfarce.
― Quem é você? ― o policial olhou para Adam.
― É meu namorado, algum problema? ― começou a andar em direção a saída. ― Cadê meu pai?
― Está como o meu superior. ― o policial os guiou até a sala principal da casa, onde todos estavam, incluindo os seguranças.
― Pai, o que está havendo?
― O Gandía disse que eu trouxe a filha dele à força para cá. ― Santiago disse indignado. ― E claro, o Capitão Mendes viu a oportunidade perfeita.
― Estou cumprindo um mandado. ― Mendes olhou para Adam. ― Quem é você?
― Adam Rodriguez. ― o rapaz disse apreensivo, era difícil agir como se não o conhecesse.
― O que faz aqui rapaz?
― Estava com a . — disse hesitante.
― Vão implicar até com ele? ― se intrometeu. ― Ele não tem nada a ver com a loucura do pai da Estela.
― Eu saí de casa por conta própria. ― Estela se pronunciou. ― Eu não fui forçada a nada, e agradeço ao senhor Sanz por ter me dado um teto, caso contrário estaria na rua, porque não tenho onde cair morta, e nem dinheiro para morrer eu tenho, já que meu pai confiscou meus cartões.
― Não foi o que seu pai nos contou. ― Mendes disse e um policial se aproximou dele lhe dizendo algo. ― Engraçado Santiago, seu escritório não tem nada dos seus negócios, porque?
― Se você está falando das minhas boates, o que quer que seja que esteja procurando não está aqui.
― Talvez não no seu escritório. ― Mendes o olhou. ― Tem algum cofre em casa?
― Além do meu escritório, que vocês já olharam, nenhum. ― Santiago disse sério. ― Podemos terminar com esse circo, você já cumpriu sua obrigação, não achou nada, pode se retirar.
― Você vem com a gente, Estela. ― Mendes a olhou.
― Não, sou maior de idade, eu vou ficar, por lei sou legalmente responsável por mim mesma. ― Estela se irritou.
― Senhor, terminamos. ― um policial devolveu um saco com todas as identidades dos seguranças. ― Todos têm porte de arma.
― Claro que tem. ― Mendes disse mais para si mesmo. ― Adam, certo? Preciso do seu documento.
― Para que? — olhou para .
— Para completar o circo dele. — falou irritada.
― Tem algo a esconder? ― Mendes o olhou. ― Preciso verificar se não tem antecedentes.
― Certo. ― Adam entregou o documento ao homem.
— Limpo do jeito que ele é. — disse e todos o olharam. — O que?
― Verifique. ― Mendes entregou ao mesmo policial de minutos atrás.
― Mas senhor…
― Não questione, e vá fazer seu trabalho. ― Mendes o fuzilou com os olhos. ― Podemos olhar o resto da casa?
― Seu mandado é para meu escritório e meu quarto, isso não inclui outros cômodos. ― Santiago disse.
― Claro. ― disse irônico. ― VAMOS EMBORA!

Todos os policiais começaram a se retirar da casa, Adam suspirou de alívio ao ver que estavam indo embora e seu disfarce não havia sido desfeito.

― Aqui está, garoto. ― Mendes devolveu o documento de Adam que estava ao lado de Santiago. ― Se eu fosse você, pensaria bem onde está se enfiando.
― Ainda bem que não é. ― sorriu irônica.
― A gente vai se ver em breve, senhorita Sanz. ― Mendes disse e saiu da casa.
— Isso é uma ameaça, capitão?
— Interprete como quiser, boa noite.
― Gente, que loucura, não acredito que meu pai fez isso. ― Estela se sentou no sofá.
― Não se preocupe, a polícia só queria um motivo para entrar aqui, seu pai apenas deu o que eles tanto queriam, mas eu fui esperto, eu sabia que eles viriam.
― Ainda bem que tirei tudo do cofre.― parou ao lado de seu pai. ― Se não, estaríamos ferrados agora.
― Era isso que você estava guardando hoje mais cedo? ― Estela a olhou.
― Sim, sabíamos que seu pai iria até a polícia, e sabíamos que eles iam tentar um mandado para o escritório do meu pai, por isso tirei tudo de lá.
— E mais uma vez a polícia aparece e você está envolvido. — se manifestou.
— Está falando comigo? — Adam deu um passo em direção a .
— Sim. — se aproximou dele.
— Qual é seu problema comigo? É porque me escolheu? Não aceitou que ela não te quis?
não começa! — entrou no meio dos dois.
— Tá tudo bem , deixa ele falar. — Adam riu. — Ele gosta de você e sabe que não vai tê-la.
— Adam não provoca. — o olhou. — vai dormir, para de criar caso, tá ficando chato isso.
— Não está mais aqui quem falou. — os olhou e subiu as escadas.
― Bom, depois dessa cena estou me retirando, tenham uma boa noite. ― Santiago disse saindo.
― Também vou. ― Estela se levantou. ― Boa noite.
― Boa noite.― sorriu.
― Eu vou indo , acho que a noite já deu para mim. ― Adam riu sem graça.
― Fica… passa a noite aqui. ― se aproximou do rapaz.
― O que? Não, se seu pai souber ele me mata. ― Adam riu. — E não quero criar confusão com o segurança.
― Não exagera, não é como se eu fosse uma adolescente. ― rolou os olhos. — E o , apenas ignora, eu não sei o que anda acontecendo com ele, mas eu juro que ele é legal.
— Ele gosta de você. — Adam disse como se fosse óbvio.
— Besteira. — abanou com a mão. — Dorme aqui vai…
— Seu pai..
― Meu quarto tem paredes acústicas.
― Você não presta. ― riu.
― Assim você me ofende. ― riu. ― Só essa noite, você nem precisa ficar para o café da manhã.
― Eu trabalho amanhã, só peço que não me faça perder a hora.
― Não farei. ― sorriu e o puxou pela mão para subir as escadas.

No dia seguinte…

O casal acordou com batidas na porta, levaram alguns minutos para associar até que Adam reconheceu a voz de Santiago e levantou assustado ao ver ir até a porta só de camisola.

― Está atrasada. ― Santiago disse ao ver pela fresta da porta.
― Já estou descendo. ― bocejou.
― Chame o Adam para tomar café conosco, espero vocês lá embaixo. ― disse e saiu descendo as escadas
― Eu vou me jogar da janela. ― Adam se jogou na cama.
― Relaxa. ― adentrou o closet e logo saiu. ― Vou tomar um banho, você vem?
― Não! ― Adam colocou o travesseiro na cara e adentrou o banheiro rindo.

Ao ouvir o chuveiro ser ligado Adam levantou e verificou se realmente ela estava tomando banho, foi até o closet e procurou por um cofre, achou atrás dos vestidos de gala da garota, tentou imaginar uma senha, mas nada veio em sua cabeça, olhou pelo quarto algo que pudesse ser usado como senha e viu uma foto de uma mulher, imaginou que fosse a mãe, é claro o aniversário da mãe, se lembrou das informações que havia recebido sobre a família, voltou ao cofre e tentou o aniversário da mulher, na segunda tentativa o cofre se abriu, estava cheio de papéis, com transações ilegais de santiago para outras pessoas, informações de um carregamento de armas vindo do Brasil, tirou foto do que dava, não queria arriscar ser pego, mas sabia que aqueles documentos não ficariam ali por muito tempo. Ao sair do closet ouviu o chuveiro ser desligado e começou a se vestir, segundos depois saiu do banheiro.

― Me deixou tomar banho sozinha mesmo.
― Não posso demorar, amor, eu tenho que ir trabalhar e preciso passar no meu apartamento para trocar de roupa.
― Vou só me vestir e já descemos.

Ao adentrar a cozinha, encontraram Estela, Santiago e sentados à mesa, tomando café e conversando, deram bom dia e se sentaram.

― O que? ― olhou para que a observava.
― Nada. ― se levantou e olhou para Santiago. ― Espero o senhor no carro.
― O que deu nele? ― Adam perguntou.
― Você. ― Estela disse tomando o café e percebeu que falou demais. ― Bom, eu vou indo também, preciso resolver umas coisas.
― Claro ― Adam riu.
― Não se preocupe, o tempo resolve. ― Santiago tomou um pouco de café. ― Não podemos demorar, filha, temos umas coisas para resolver.
― Eu sei pai, Adam também tem que ir trabalhar. ― disse comendo uma torrada.
― Ah claro, o escritório de contabilidade, trabalha há muito tempo lá?
― Tem um ano, senhor. ― Adam disse seguindo sua ficha de disfarce.
― Já pensou em usar suas habilidades com números em algo que dê mais dinheiro.
― Pai!
― No que seria senhor?
― Bom, atualmente faz a minha contabilidade, acredito que seja demais para uma pessoa sozinha, afinal são vários estabelecimentos.
― Proposta tentadora. ― Adam riu, bebendo o suco.
― Mas ele não aceita. ― tomou a frente.
― Então… ― Adam a olhou e voltou para Santiago. ― No meu emprego atual tenho estabilidade, e conheci agora, acho que seria melhor esperar um pouco, sabe?
― Claro. ― Santiago concordou. ― Mas saiba que a proposta está de pé, caso mude de ideia.

Terminaram de tomar café, conversando sobre coisas aleatórias, contando sobre a infância de , sua mãe, Santiago estava se esforçando por sua filha, manter Adam por perto seria mais fácil para ficar de olho no rapaz.

Algum lugar de Medellín.

― Senhor. ― Adam cumprimentou Mendes com um aperto de mão.
― Garoto, você sabe que colocou toda a operação em risco ontem a noite?
― Eu sei, pisei na bola. ― coçou a testa. ― Mas não imaginei que vocês entrariam na casa dos Sanz ontem.
― Tentamos te avisar, eu tentei, mas a porra do seu telefone só chamava. ― irritou-se. ― Imagina minha surpresa ao ver você ali, a sorte foi que ninguém te reconheceu, se não estava tudo acabado.
― Não vai acontecer de novo. ― Adam estendeu o celular para Mendes. ― Consegui essas fotos hoje de manhã, estavam no cofre da , toda papelada que vocês não encontraram no escritório dele, estavam no quarto dela.
― Filho da puta. ― Mendes disse analisando as fotos. ― Você dormiu lá? Adam, você está transando com ela?
― Eu… ― Adam o olhou. ― Preciso ser convincente.
― Só não vá fundo demais. ― o olhou. ― Isso aqui é ouro meu filho, finalmente vamos começar a juntar as provas que tanto precisamos.
― Estou confiante de que conseguirei mais. ― Adam disse animado. ― Hoje de manhã Santiago me ofereceu um emprego como contador dele, como eu tinha dito ao senhor, toda a contabilidade dos negócios ilegais passa pela filha dele, e ele sabendo que "trabalho" em um escritório de contabilidade, me convidou para ajudar a .
― Tem certeza que é seguro?
― Seguro não é, e acredito que seja para ele manter o olho em mim. ― Adam falou. ― Mas quer uma maneira mais fácil de conseguir o que queremos? Chefe, eu tendo acesso às contas posso tirar cópias e teremos como mandar Santiago para a prisão.
― O que mais quero é mandar aquele filho da puta para o xadrez. ― disse firme. ― Me prometa que não vai tão fundo, que ao menor sinal de perigo você cai fora?
― Não se preocupe, acredito que esses nossos encontros diminuam, preciso ganhar a confiança deles, mas eu entro em contato assim que possível.
― Ficarei aguardando. ― Mendes adentrou seu carro saindo dali rapidamente.



Capítulo 6 - Parte 1

adentrou a casa e ouviu risadas vindo da cozinha, sabia que era Adam e e ele odiava saber que o rapaz a fazia sorrir, ele deveria estar ali a fazendo sorrir, ela deveria sorrir para ele, não para Adam. Ao adentrar o escritório de Santiago o mesmo conversava ao telefone e fez um gesto para que o rapaz esperasse.

— Aguardo seu retorno Marconi. — Santiago finalizou a ligação. — Sente-se .
— Aconteceu algo? — Santiago esticou um envelope para o rapaz.
— Veja com seus próprios olhos. — abriu o envelope e tirou algumas fotos dele.
— Como conseguiu isso? — perguntou ainda olhando para as fotos.
— Tive que falar com contatos bem antigos, mas como pode ver, foi bom mantê-los.
— Foi ótimo, isso aqui… você vai mostrar para a , certo?
— Ainda não, preciso saber o que a polícia tem contra mim, para isso você vai ter que ter paciência , eu vou aceitar Adam na família, fazê-lo achar que está por cima e na hora certa, a gente revela tudo para a e acaba com ele.
— Se for para ver a queda dele, posso engolir Adam como membro provisório da família. — observava as fotos na mesa, era Adam e sua família, o rapaz estava com a farda da polícia, parecia ser a formatura dele, nas outras fotos era ele em cenas de crimes, já não usava mais a farda, apenas o distintivo, e conversava com Mendes.
— Ótimo, nos últimos meses eu tenho falado com ele sobre vim trabalhar para mim, disse que ele seria de grande ajuda na contabilidade, ele vai aceitar, vai achar que terá acesso a tudo, mas irei colocá-lo pra fazer outros serviços.
— Confesso que estou surpreso em como a Inteligência jogou alto, infiltrar um policial na máfia… corajoso e tolo. — colocou as fotos no envelope. — Ele entra em contato com Mendes em algum momento, precisamos saber quando e onde.
— Será sua função, vou te dar liberdade para usar qualquer meio para descobrir. — uma batida na porta chamou a atenção. — Entre.
— Oi pai. — adentrou o escritório com Adam.
— Precisa de algo filha. — Santiago a olhou e se levantou com o envelope nas mãos.
— Se me derem licença. — o rapaz disse e começou a caminhar até a porta.
— Ficar no mesmo cômodo que eu, te incomoda ? — Adam riu.
— De maneira nenhuma. — o rapaz se virou. — Mas diferente de você, tenho coisas mais importantes a fazer. — saiu da sala sem esperar uma resposta.
— Onde ele vai? — olhou para seu pai.
— Resolver problemas. — Santiago sorriu. — E então Adam, já mudou de ideia sobre minha proposta?
— Pai, por favor. — bufou. — Deixe Adam fora disso.
— Sendo bem sincero, estou começando a considerar. — riu e o olhou surpresa. — O que? Tem meses que seu pai está com essa proposta, seria legal trabalharmos juntos, não acha?
— Acho, mas... — o observou e se questionou o porquê da mudança de opinião. — Você tem certeza? Sabe, quando você soube disse que era muito para assimilar e…
— Amor, isso foi meses atrás, eu não os conhecia direito. — a interrompeu. — Estamos juntos agora, já conheço seu pai, é outra situação. — a abraçou de lado.
— E filha, seria bom ter alguém na contabilidade com você, é muito para administrar.
— Eu sei pai, eu gosto de fazer isso. — sorriu — Mas uma ajuda seria bem-vinda.
— Então estamos resolvidos, sem mais enrolação Adam, você trabalha para mim agora. — Santiago não deu tempo do rapaz responder. — Vou te colocar na folha de pagamento.

[...]

odiava fazer esse tipo de trabalho de campo, seguir alguém, ficar de tocaia, ele estava indo encontrar um contato, ele era o cara que chamavam quando precisavam de provas contra alguém.

— Mira lo que trajo el viento, en carne y hueso.
— lleno de bromas. — o cumprimentou. — Onde podemos falar em particular J?
— Entra. — J observou a rua antes de adentrar a casa logo em seguida.
— Uma limpeza cai bem às vezes. — olhou o local com bagunçado.
— Que nada, eu me acho aqui. — J se jogou no sofá. — O que tem pra mim?
— É sigiloso, não vai poder falar com ninguém sobre isso. — sentou de frente para J. — Se abrir a boca, você vai se entender com o Sanz.
— Trabalho sério então. — J se inclinou pra frente. — Relaxa irmão, pode confiar.
— Não confio, mas tá avisado. — tirou uma foto de Adam do envelope, a que ele estava com Mendes. — O alvo é ele.
— Um policial? Porque?
— O motivo não interessa, o que você precisa saber é que vai ser bem pago. — pegou a foto de volta. — Aceita o serviço?
— Claro que aceito, mas não vai me contar porque o alvo é um policial?
— Não. — se levantou. — O trabalho começa agora.
— Vou pegar minha câmera. — J disse enquanto saia da casa

ligou para Santiago enquanto esperava J no carro, precisava avisar o mais velho que estava tudo indo conforme o planejado.

— Estou com J, vamos para o apartamento.
— Adam acabou de sair com , ele está indo para casa, ela pegou carona com ele, mas não estarão juntos.
— Certo, vou para lá.
— Se ele for encontrar Mendes, vai ser hoje, ele aceitou trabalhar para mim.
— Talvez seja mais fácil do que imaginei. — observou J adentrar o carro. — Eu mantenho o senhor informado.
— Tenha cuidado. — Santiago encerrou a ligação.
— Podemos ir. — J colocou a bolsa no banco de trás.

[...]

estacionou alguns metros do prédio de Adam, a distância era segura, ninguém desconfiaria e J poderia tirar fotos sem problema algum, ficaram ali em silêncio por algumas horas.

— Eu poderia fazer isso sozinho, sabe. — J quebrou o silêncio e observou o prédio pela lente da câmera
— Não esse serviço, é pessoal.
— Seu, ou do Sanz?
— Não importa. — apontou para o prédio onde Adam saia. — Faça sua parte, é o que importa.

Eles seguiram Adam por um pouco mais de 40 minutos, até que ele parou em um posto de gasolina mais afastado do Centro, estacionou alguns metros antes.

— O que estamos procurando? — J tirou algumas fotos de Adam saindo do carro.
— Aquilo. — sorriu ao ver Mendes descer do carro. — Fotografe.
— Quem são eles? — J perguntou enquanto trabalhava. — São policiais, mas porque Sanz está interessado?
— Perguntas demais. — franziu o cenho ao ver Adam entregar alguns papéis para Mendes. — Os papéis, o que são?
— Não dá pra ver, precisamos estar mais perto.
— Merda. — falou e viu Mendes dar tapinhas no ombro de Adam. — Te peguei seu merda.
— Acho que temos o suficiente. — J olhou as fotos na câmera.
— Estão indo embora. — ligou o carro e seguiu o carro de Adam. — Quanto tempo para me entregar as fotos?
— Amanhã de manhã.
— Certo, você recebe quando eu tiver as fotos. — o celular dele tocou e o nome de apareceu. — Merda.
— Oi, desculpa ligar. — falou assim que ele atendeu.
— Aconteceu algo, Sanz? — Perguntou com atenção na rua.
— Será que você pode me buscar aqui na cafeteria do centro? Eu tentei ligar para o Adam, mas ele não atendeu.
— Desculpe, eu não posso, estou no meio de um trabalho. — sorriu. — Onde Adam está?
— Ele foi pedir demissão, não sei se meu pai contou, mas ele aceitou o trabalho.
— Não contou. — mentiu. — Enfim, não posso te pegar, chame um táxi.
— Sério? Custa você vir me pegar?
não depende de mim, eu tenho que desligar, depois nos falamos.
— Que merda Ju… — ele encerrou a ligação antes que ela falasse seu nome.
— Desligou na cara da filha do chefe? Coragem.
— Depois eu me entendo com ela, isso no momento é mais importante. — apontou para o carro de Adam, que parou no farol poucos metros à frente.
— Para onde acha que ele está indo? — J se ajeitou no banco.
— Não sei, talvez para o apartamento. — observou o carro virar à esquerda. — Bom, com certeza não é o apartamento.

O silêncio se fez presente novamente, percebeu minutos depois para onde Adam estava indo, iria encontrar , ele achou melhor não o seguir mais, era arriscado vê-los, então deixou J em casa e seguiu até a casa dos Sanz, ao adentrar a casa apareceu logo em seguida com Adam.

— Custava ir me buscar ! — parou atrás dele e cruzou os braços.
, eu estava fazendo um serviço pro seu pai, não podia largar e ir ao seu resgate! — se virou para ela.
— Que serviço? — o questionou.
— Ah me poupe, não te devo satisfações, você já não está em casa?
— Não, graças a você.
— Eu não vou entrar nessa com você.
— Amor, deixa isso para lá, eu já te busquei, está tudo certo. — Adam apoiou a mão no ombro dela.
— É , está tudo certo. — se virou em direção ao escritório de Santiago e encontrou o mesmo na porta observando os três.
— Que lindo, minha filha dando chilique. — Santiago ironizou. — No meu escritório, vocês dois, agora!

adentrou o escritório e o seguiu, Adam ficou parado ao ver a porta se fechar.

— Qual o problema filha? — Santiago observou os dois sentarem na cadeira em frente a sua mesa.
— Pedi para me buscar no centro, e ele não foi.
— Porque ele não foi? — tentou responder, mas Santiago levantou a mão o interrompendo.
— Ele disse que estava ocupado.
— Eu disse que estava no meio de um trabalho, você sabe que se fosse qualquer outra coisa eu largaria e ia te buscar, mas era trabalho .
— O que está acontecendo, ? Você nunca foi assim, exigir de uma explicação, quando ele estava na verdade fazendo algo que eu pedi. — ela se manteve calada. — Onde Adam estava? Vocês vivem grudados.
— Ele foi pedir demissão, quando liguei ele não atendeu, eu sabia que precisava chegar logo para a reunião daqui a pouco, por isso liguei para o .
— E no fim , você chegou em casa com Adam. — Santiago riu. — Eu te dei tudo, mas te criei para ser uma mulher, não uma garota mimada, filhinha de papai! Te criei para ser uma mulher independente, não ficar dependendo de homem, se Adam não atendeu, pedisse um táxi!
— Eu me excedi, desculpa. — olhou para seu pai.
— Não é a mim que deve desculpas. — o mais velho cruzou os braços.
— Não precisa. — se adiantou. — Está tudo bem.
— Mesmo assim, peço desculpas. — se virou para ele que apenas concordou com a cabeça.
— Onde Adam estava? — Santiago chamou a atenção para si.
— Foi pedir demissão, ele disse que não atendeu pois estava em reunião com o chefe dele.
— Está bem, pode sair. — Santiago apontou a porta para sua filha que saiu sem objeções.
— Está tudo bem? — Adam perguntou assim que a viu sair do escritório. — O que ele queria?
— Me lembrar do que sou. — o olhou. — Deu tudo certo? No seu antigo trabalho?
— Deu sim, 100% desempregado. — riu com ela.

[...]

— Conseguiu alguma coisa? — Santiago perguntou assim que viu a porta se fechar.
— Claro. — sorriu. — O filha da puta se encontrou com Mendes, J vai me entregar as fotos amanhã.
— Ótimo! — Santiago sorriu. — Agora temos que saber o que a polícia já tem.
— Ele entregou alguns papéis para Mendes, mas era impossível ver o que eram.
— Provavelmente algum carregamento nosso que vai chegar, vou mandar todos ficarem alertas.

Alguns dias depois …

— Pai é final de mês, porque Adam não está me ajudando?
— Ele está na Verdant. — Santiago disse sem tirar a atenção dos papéis na sua frente. — Você sempre conseguiu fazer sozinha filha.
— E ele tá fazendo o que lá?
— A contabilidade. — o mais velho a olhou. — Do que precisa?
— Nada, eu me viro. — saiu do escritório e trombou com .
— Quem te irritou? — ele sorriu.
— Não enche. — desviou dele.
— Relaxa , o que foi?
— Não foi nada, parece que cada dia que passa é mais complicado lidar com meu pai, ele parece mais arisco que antes, tem algo rolando não tem? — observou .
— De onde tirou isso?
— Você sabe de algo, não sabe? — o observou. — Claro que sabe, esses “trabalhos” que você anda fazendo, outro dia vi você falando com J no telefone, o que tá rolando?
, relaxa cariño, precisei de J para um trabalho, foi só isso, não tem nada. — segurou nos ombros dela. — Sobre seu pai, ele comanda tudo na Colômbia, imagina o estresse que é ter que resolver tudo, dê um tempo para ele.
— Vou ficar com essa explicação, no momento. — ele sorriu e beijou a testa dela. — Até mais tarde.

Ela o observou adentrar o escritório, ficou parada por alguns minutos, por fim decidiu ir até a Verdant, se seu pai não iria liberar Adam, ela iria até ele.

[...]

— Sabia que você fica todo sexy sério desse jeito? — falou encostado no batente da porta e viu Adam sorrir.
— Você acha? — ele a olhou sorrindo e viu ela concordar. — Vem cá.
— Muita coisa? — perguntou se sentando no colo dele.
— Seu pai tem me mantido ocupado. — observou os livros de caixa. — Mas as boates rendem muito, estou impressionado.
— Isso porque você não viu os outros negócios. — riu.
— Seu pai tem me mantido ocupado. — a olhou. — Você sabe o motivo?
— Não tenho ideia.
— Certo, o que acha de irmos jantar hoje, só nós dois, bem romântico.
— Acho perfeito. — sorriu.

XXX

Os dias que se seguiram foram tranquilos dentro da medida do possível, Santiago mantinha Adam ocupado a maior parte do tempo, para evitar que ele tivesse acesso aos livros caixa da máfia, já que os encontros com Mendes se tornaram frequentes segundo os relatos de , Santiago sabia que a qualquer momento a prisão dele aconteceria então iria tomar precauções.

— Senhor. — adentrou o escritório de Sanz. — Aqui está o que me pediu.
— Como foi? — perguntou pegando o envelope e abriu.
— Como planejado. — o observou. — Desculpe perguntar, mas o que tem de tão importante aí?
— O plano B para a . — Santiago analisou o conteúdo do envelope.
— Que plano B? — o questionou, já que o mais velho não havia mencionado nada.
— Você saberá na hora certa. — guardou o conteúdo de volta no envelope. — Por enquanto, precisamos continuar monitorando Adam, pelo menos até a viagem que inventou.

A garota havia dito alguns dias que todos viajariam no final do ano para a Espanha, ela queria férias em família, e para Santiago seria bom ver Adam fora do conforto dele que era Medellín.


Capítulo 6 - Parte 2

Um mês depois

Após passarem o final do ano na Espanha, , e Santiago finalmente estava de volta à Colômbia, Adam havia os acompanhados, o rapaz havia ganhado a confiança de Santiago, pelo menos era o que ele pensava já que, o mafioso havia o envolvido nos negócios, o que foi ótimo para Adam que começou a juntar as provas que precisava, ele só não sabia que ele apenas tinha acesso às "provas" que Santiago queira que ele visse. estava feliz de ver o pai e o agora então namorado se darem bem. Ela estava a par de todos os negócios de seu pai, algumas negociações ela fazia sozinha, bom, sempre a acompanhava, eles permaneciam trocando provocações, a implicância era nítida e mútua, mas no fundo se preocupavam um com o outro. Estela havia arrumado um emprego em uma cafeteria no centro, e se mudado para um apartamento, mesmo sob protestos de Santiago e . não via a hora da máscara do Adam cair, ainda permanecia inconformado de o ver no meio deles, mas sabia que isso logo acabaria, e para evitar mais brigas com , ele parou de criticar Adam, e ela passou a ser mais receptiva, eles ainda se bicavam, mas a maior parte do tempo estavam de boa.

― Certo, até mais tarde. ― disse ao telefone e desligou.
― Deu certo? ― Santiago perguntou ao ver a filha adentrar a sala de estar.
― Claro pai, o carregamento chegará em dois dias.
― Ótimo. ― se levantou para dar um beijo na testa da filha. ― Onde está o Adam?
― Foi até o apartamento, o senhorio ligou para avisar sobre um vazamento. ― se sentou no sofá.
― Porque vocês não vão para um apartamento juntos?
― Pirou? ― riu. ― Rápido demais, eu gosto dele, mas não a ponto de morarmos juntos.
― Trabalham juntos, passam boa parte do dia juntos, ele vive mais aqui do que no apartamento, e vai me dizer que é cedo demais? ― Santiago a questionou. ― Jamais vou entender a cabeça de vocês.
― É complicado pai. ― sorriu.
― Senhor. ― adentrou a sala de estar. ― Dimitri chegou, está lhe aguardando no escritório.
― Estou indo. ― Santiago disse deixando os dois sozinhos.
― Quem é esse Dimitri? ― perguntou para que sentava ao seu lado.
― Um advogado. ― disse olhando para seu celular. ― Nunca o vi antes.
― Estranho.
― Tanta coisa estranha nessa casa que nem me afeto mais. ― disse ainda com a atenção no celular.
― O que tem de tão interessante aí? ― perguntou se aproximando do rapaz e viu um nude de uma mulher. ― Wow.
― Isso é particular. ― virou o celular.
― Eu tenho tudo isso, não é novidade. ― permaneceu próxima do rapaz. ― Quem é?
― Uma pessoa aí. ― disse voltando a olhar o celular junto de . ― Nada importante.
― Não fala assim. ― olhou as conversas do rapaz. ― Nossa é assim que você conquista uma mulher?
― Algo errado?
― Não…, mas ela demonstra tanto e você é seco com ela.
― Só não quero me envolver. ― pegou o celular de volta. ― Gosto de outra pessoa.
― De quem? ― endireitou sua postura. ― Por que nunca me contou dessa pessoa?
― É complicado…
― Tão complicado que não poderia me contar?
― Sim. ― sorriu. ― Complicado demais para sua cabecinha linda.
― Nossa, pensei que fossemos amigos… sei que vivemos nos cutucando, mas sabe que meu carinho por você é grande, nos conhecemos há anos.
― Eu sei , e somos amigos, o problema é esse, você me julgaria se soubesse de quem gosto.
― Não, sou sua amiga jamais julgaria sua decisão, te aconselharia, mas se mesmo assim você fosse querer quebrar a cara eu ia com você. ― sorriu. ― Se gosta tanto dessa pessoa, por que não fala com ela e para de iludir essa pobre moça. ― apontou para o celular na mão do rapaz.
― Não estou a iludindo, ela sabe que não busco relacionamento sério, não com ela… ― abaixou a cabeça.
― Certo, vai me contar quem fisgou seu coração?
― É complicado… e acredito que minhas chances já eram, ela namora um babaca de primeira categoria.
― Então você perdeu a chance e outro cara a conquistou?
― Infelizmente sim… sempre fui louco por ela, eu literalmente daria minha vida por ela se fosse preciso, mas nunca me senti bom o suficiente, sabe? E sempre que eu queria jogar as cartas na mesa, algo acontecia e tudo desandava, então eu pensava melhor e desistia de expor meus sentimentos, no fim ela achou outro e eu fiquei aqui igual um idiota.
― Você vai achar outra pessoa. ― o olhou e sorriu.
― Não como ela. ― negou com a cabeça e a olhou. ― O jeito dela de agir, de ser, o sorriso é único, ela é a mulher que todo cara quer ter, o cara que a namora hoje é um babaca que não sabe a sorte que tem em tê-la ao seu lado.
― Nossa, ela deve ser maravilhosa. ― riu.
― E ela é! ― se virou para que se assustou. ― Eu queria que ela soubesse o valor que tem, a mulher incrível que é, que quando ela sorri tudo para, e tê-la perto de mim é tudo que eu queria, eu seria o cara mais sortudo da terra em tê-la.
― Nossa… ― permaneceu olhando nos olhos de , ficaram assim por alguns minutos.
― Estou atrapalhando? ― Santiago os interrompeu.
― Não senhor. ― se levantou deixando uma desnorteada se perguntando o que estava acontecendo. ― Estávamos conversando.
― Filha? ― a chamou.
― Sim pai. ― despertou de seus pensamentos.
― Esse é o Dr Dimitri, preciso que você assine alguns papéis, pode ser?
― Claro! ― se virou para a mesinha de centro onde seu pai colocava uma pasta marrom. ― Do que se trata?
― Meu testamento. ― Santiago disse e paralisou. ― Filha só assine!
― O senhor acha que vai morrer? ― perguntou.
― Todos vamos morrer um dia, é o ciclo da vida, início, meio e fim. ― Santiago sentou ao lado da filha. ― Só assine, é apenas por precaução.
― Eu assino, mas saiba que se o senhor estiver pensando em me deixar sozinha, eu te ressuscito para te matar novamente. ― disse enquanto assinava os papéis a sua frente.
― Ah o amor de uma filha. ― Santiago riu. ― Você também, . ― Estendeu a caneta para o rapaz.
― Eu? ― perguntou pegando a caneta.
― Sim, assine. ― o rapaz pegou a caneta. ― É parte da família, já te disse mil vezes.
― Certo. ― lhe devolveu a caneta ao terminar de assinar.

Algum lugar de Medellín…

― Como foi as férias? ― Mendes perguntou ao ver Adam se aproximando.
― Com eles nunca é férias. ― Adam entregou uma pasta para o homem. ― Há duas semanas que cheguei, mas só consegui uma brecha agora para te entregar isso.
― O que é?
― Negócios do Santiago, carregamentos de armas e drogas chegando a Medellín essa semana, tudo assinado por ele. ― Adam cruzou os braços. ― Não tenho nada contra a filha dele, tudo é assinado por ele e mais ninguém, nem mesmo aquele tal de , eles simplesmente são fantasmas nas operações, até mesmo quando vai negociar, no final é seu pai quem assina.
― Ele é esperto, deixa a filha de fora, se só tiver assinatura dele, não temos prova contra ela.
― Sim, eu pensei nisso. ― Adam o olhou. ― Tem um documento que ela teve que assinar, mas não tive acesso a ele, acabou se perdendo.
― Você vem fazendo um bom trabalho, graças a você temos provas suficientes para prender Santiago Sanz, a operação já começou a ser montada, mas queremos pegá-lo fora de casa, em local público.
― Verei o que posso fazer e te aviso. ― Adam adentrou seu carro.
― Tenha cuidado. ― disse vendo-o sair com o carro.

Dois meses depois.

― Vamos nos atrasar amor. ― Adam disse e olhou as horas. ― Seu pai odeia atrasos.
― Estou pronta. ― disse colocando os brincos. ― Não sei para que tanta presa, eu nem queria ir.
― Seu pai fez questão, não podíamos fazer essa desfeita.
― Você está mais animado que eu. ― o olhou. ― Não deveríamos ir.
, precisamos estar lá!
― Precisamos?
― Claro amor, seu pai vem falando desse jantar a semanas, seria desfeita se não fossemos na última hora. ― Adam abriu a porta de seu apartamento para que saísse e trancou a porta atrás de si. ― Prometo que quando chegarmos, te darei a melhor noite da sua vida.
― Desse jeito não vou querer nem sair daqui. ― riu adentrando o elevador com o rapaz.

Santiago havia marcado um jantar para reunir todos, sua filha, Estela, Adam e , o restaurante estava fechado para eles, jantavam animadamente, mesmo não querendo ir, tentou várias vezes convencer seu pai de fazer o jantar em casa, mas o homem foi teimoso e manteve o jantar no local combinado. O que ninguém desconfiava é que naquela noite Santiago Sanz seria preso, tudo já estava planejado, assim que o jantar terminasse o capitão Mendes daria voz de prisão ao homem na saída do restaurante, o trabalho de meses de Adam estava a algumas horas de terminar, uma parte dele se sentia mal por , havia se apegado a ela, negou no começou, mas ele havia caído no encanto dela.

― E queria todos vocês aqui hoje, para fazer um anúncio. ― Santiago chamou a atenção de todos para si. ― Quero oficialmente e formalmente essa noite dar boas-vindas a família para o Adam, me mantive com um pé atrás no começo, mas você me provou ser digno da minha confiança.
― Agradeço senhor. ― Adam ficou sem palavras, imaginava tudo, menos aquilo. ― Fico feliz em ser aceito nessa família. ― sorriu para e todos brindaram.

As horas se passaram, e o jantar chegou ao fim, quando todos estavam saindo, Santiago pediu para ter uma conversa particular com sua filha e .

― Sobre o que seria pai?
― Preciso que me escute com toda a atenção, e não me questione, quero que faça o que eu pedir. ― o homem falou vendo sua filha concordar com a cabeça. ― Ao longo dos meses eu investiguei Adam, e o que eu descobri não foi nada legal.
― O senhor acabou de dar boas-vindas a ele, o acolheu na família e agora me diz isso?
― Precisávamos que ele acreditasse que era parte da família. ― começou a falar. ― Era vital para o que queríamos descobrir.
― Vão direto ao ponto, por favor. ― disse impaciente.
― Adam é um policial infiltrado da Inteligência. ― soltou de uma vez.
― O-o que?
― Seu nome verdadeiro é Adam Collins. ― Santiago a olhou. ― Não tenho tempo para te contar detalhes filha, o que você precisa saber por agora é que quando eu sair por aquela porta, serei preso, Adam juntou provas contra mim durante esses meses em que conviveu conosco e a última coisa que preciso é de você no meio desse furacão, então você vai sair pelos fundos com o , vão sumir por um tempo, até a poeira abaixar e enquanto eu estiver preso você vai assumir o comando de tudo.
― Pai, eu não posso! ― disse incrédula. ― Se isso é verdade…
― Acorda ! ― tirou fotos de Adam e Mendes de uma pasta, os encontros que ambos tinham, envelopes que Adam entregava ao homem. ― Ele é policial, nunca foi recíproco, ele te usou para chegar ao seu pai.
― Preciso que vá, já demoramos demais. ― Santiago olhou para a filha. ― Eu te amo, se cuida lá fora, nos vemos em breve, eu prometo querida.
― Pai… ― o abraçou. ― Não posso te deixar.
― Preciso que faça isso, por mim filha. ― Santiago a abraçou mais forte e se afastou dando um beijo em sua testa. ― Agora vá.
― Vamos . ― a chamou.
― Cuide dela e você se cuide. ― Santiago disse para .
― Cuidarei senhor. ― o abraçou brevemente.

Ao ver e sair pela porta dos fundos, Santiago direcionou a saída da frente, e encontrou Adam e Estela conversando.

― Onde está ? ― Adam perguntou assim que o viu.
― Foi ao banheiro. ― o homem o olhou. ― está a esperando, eles já vem.

Um barulho chamou a atenção de todos, era um carro dobrando a esquina em alta velocidade.

― O que foi isso? ― Estela se assustou.
― Aguardem! ― Mendes disse pelo rádio ao ver o carro virando a esquina. ― É um dos nossos?
― Não senhor! ― um policial disse.

O carro parou em frente do grupo no restaurante e disparou diversas vezes, os tiros pareciam ter durado horas, mas foram segundos, o carro saiu em disparada do local, havia visto toda a cena ao sair do beco no carro acompanhada de , viu seu pai de joelhos, todo ensanguentado.

― PAI! ― gritou e tentou abrir a porta do carro.
― Temos que ir, travou as portas. ― Eu prometi que ia protegê-la.
― Mas é meu pai. ― tentou mais uma vez abrir a porta. ― !
― Eu sei, eu sei, mas não posso deixar que vá. ― o rapaz disse saindo com o carro o mais rápido possível dali. ― A gente vai descobrir se ele está bem, mas não agora.

Estava tudo errado, pensava nisso enquanto dirigia, o plano era ele ser preso, quem poderia matá-lo?
Toda a Inteligência que estava ali para prender Santiago Sanz, agora lutavam contra o tempo para manter o homem vivo, ninguém ainda havia entendido o que estava acontecendo, Adam entrou no restaurante ao ver o carro misterioso que efetuou os disparos sair, procurou por e , mas ambos já estavam longe naquele momento.

― ELES FUGIRAM! ― Gritou saindo do restaurante e se direcionou a Santiago que estava em cima de uma maca sendo atendido pelos paramédicos. ― Você armou tudo isso, não é mesmo?
― Armei… só não imaginei que.... acabaria em uma maca. ― Santiago disse com certa dificuldade.
― Seu cretino, filho da puta!
― Adam, se afaste! ― Mendes ordenou.
― Precisamos levá-lo senhor. ― um dos paramédicos disse, vendo Mendes concordar e um dos policiais adentrou a ambulância junto.
― Ela fugiu! ― Adam disse para Mendes.
― Se Santiago estava ciente que seria preso hoje, essa informação veio de dentro, um dos nossos.
― Eu deveria ter pensado nessa possibilidade. ― Adam se lamentou.
― Não teríamos como saber rapaz. ― afirmou. ― Agora temos algo para lidar, quem teria motivos para matar o maior mafioso da Colômbia.
― Toda a Colômbia? ― Adam olhou para Estela conversando com alguns policiais. ― O que vai acontecer com ela?
― Ainda não sei, nosso objetivo era Santiago, o resto não importa. ― Mendes olhou para a garota. ― Ela, ou , ou até mesmo , eles são peixe pequeno, nosso pote de ouro saiu naquela ambulância.
― Posso trocar uma palavra com ela?
― Não demore, me encontre no hospital Santa Madre, Sanz foi levado para lá.

Adam se aproximou de Estela que dava seu depoimento para polícia, ela olhou para Adam e voltou sua atenção para o policial a sua frente.

― Podem me dar licença. ― Adam pediu assim que se aproximou.
― Já terminei. ― o policial disse se afastando.
― Como pôde trair a confiança dela dessa forma? ― perguntou incrédula.
― Estava fazendo meu trabalho Estela. ― Adam a olhou nos olhos.
― Era seu trabalho quando vocês passavam a noite juntos? ― perguntou. ― Nem responda, acho ótimo que a tenha fugido a tempo, assim ela poupou olhar para essa sua cara de traidor.
― Sabe que posso te dar voz de prisão? ― ela permaneceu calada. ― Se entrar em contato, e eu sei que vai, diga que eu sinto muito por tudo, mas era meu trabalho.

Adam deixou o local sem esperar a resposta da mulher, seguiu até o hospital onde Santiago Sanz estava, ao parar na entrada o local estava tomado pela imprensa, se perguntava como todos haviam chegado ali tão rápido. Adentrou o local rapidamente sobre flashes e seguiu para a recepção se identificando com seu distintivo e seguiu de encontro a Mendes.

― Como a imprensa soube tão rápido?
― Sempre tem uma boca aberta para falar demais. ― Mendes tomou seu café. ― Sanz está em cirurgia.
― Acha que vai sobreviver?
― Já ouviu aquele ditado "vaso ruim não quebra fácil"?
― Sim.
― É o caso aqui, assim que ele sair da cirurgia quero policiais 24 horas na porta do quarto.
― Sim senhor.

URGENTE: Santiago Sanz sofre atentado!

O maior mafioso da Colômbia levou tiros em frente ao restaurante La Provincia nesta noite. Ainda não temos muitas informações, mas o que sabemos até o momento é que um carro misterioso parou em frente ao restaurante quando Santiago saía e efetuou vários disparos na direção do mafioso.



Capítulo 7

"Essa noite a unidade da Inteligência da polícia fez uma operação, onde nosso principal objetivo era prender Santiago Sanz, antes que pudéssemos fazer nosso trabalho, pessoas armadas em um  carro ainda não identificado, alvejaram o senhor Sanz em frente ao restaurante La Provincia, ele foi rapidamente encaminhado para o hospital Santa Madre, mas infelizmente não resistiu as cirurgias e veio a óbito nesta madrugada ás 4h30. Nossos esforços estão focados em saber quem foi o culpado por tal ato."

ouvia pela televisão do pequeno hotel que estava, a coletiva que Mendes dava em frente ao hospital, ela se quebrava completamente por dentro, não queria acreditar que seu pai estava morto, quando se deu conta seu rosto estava completamente encharcado pelas lágrimas que desciam incontroláveis, se aproximou e desligou a televisão, sentando-se ao lado da garota, a olhou por alguns segundos e a abraçou, só queria poder tirar a dor que ela estava sentindo naquele momento e pegar para si, odiava vê-la daquele modo, encontrou conforto no abraço do rapaz, onde ela externou sua dor, onde ela percebeu que tinha um porto seguro dali em diante.

― Que se registre...― a garota começou a dizer ainda abraçada ao rapaz. ― Vengaré a mi padre, aunque por eso tenga que darle la vuelta a este país de mierda.

*Que fique registrado, vingarei meu pai, nem que para isso eu tenha que revirar este país de merda.

[...]

Três meses depois…

A vida seguiu seu curso nos primeiros dois meses, Adam havia voltado ao seu posto rotineiro do trabalho na inteligência, Estela ainda trabalhava na cafeteria. Tentou contato com , mas sem sucesso, a amiga havia sumido. O mundo do crime da Colômbia estava uma bagunça, com Santiago morto e sua filha sumida, todos queriam o posto do homem, gangues começaram a se enfrentar e a polícia a cada dia que passava tinha mais trabalho. Há um mês atrás as ruas se acalmaram, o departamento da polícia colombiana tinha medo que uma guerra na rua viesse a estourar, mas os boatos eram outros, todos sabiam que Sanz estava de volta, e com sede de sangue.

― Ela voltou. ― Mendes jogou uma pasta com fotografias de em um posto de gasolina, na mesa de Adam.
― Isso é de quando? ― olhou as fotos, eram e abastecendo o carro.
― De ontem a noite. ― Mendes o olhou. ― Não acho que ela simplesmente cometeu um erro, as conversas são de que ela está de volta há um mês, nunca conseguimos algo que provasse isso… então por que agora?
― Ela quer que saibamos. ― Adam olhou as fotos novamente. ― Quer avisar que voltou.

Em um mês organizou boa parte dos antigos negócios legais e ilegais de seu pai, por toda Colômbia, os antigos sócios de seu pai, agora eram seus sócios, mesmo contra a vontade da maioria, já que para eles uma mulher não poderia controlar toda Colômbia. Ela sabia os podres de todos, quem ela achasse que fosse ser útil em um futuro próximo, ela o comprava, ela tinha olhos e ouvidos por toda Medellín, Bogotá e Cali, as cidades com seus principais negócios.

― Essa menina é insolente! ― Marconi dizia exaltado. ― O que a faz pensar que pode mandar em nós?
― Eu não mando em vocês. ― disse adentrando a sala de reuniões do Theatron acompanhada de . ― Uma mão lava a outra Marconi, mas se está insatisfeito, a porta da rua é serventia da casa.
― Mas quer controlar tudo! ― Marconi observou a garota se sentar à mesa. ― Você nunca será como seu pai.
― E nem quero, tenho orgulho de ser filha de quem sou, mas os métodos do meu pai não se encaixam no meu perfil, por isso teremos algumas mudanças. ― os olhou. ― A começar pelo fluxo de caixa, será em um sistema completamente eletrônico e interno, ninguém de fora terá acesso, a prova de policia, caso queiram hackear.
― Por que mudar o que já está bom? ― Marconi perguntou.
― Evolução. ― Sanchez os interrompeu. ― O ser humano precisa evoluir, e convenhamos que os livros já estão ultrapassados.
― Outra coisa, as boates, casas de massagens não serão mais usadas para negociações, elas continuarão sendo usadas para lavar o dinheiro, mas fora isso o resto irá ocorrer em um local separado de tudo, de preferência fora de Medellín, essa é nossa última reunião aqui, da próxima vez, estaremos em um local novo que será passado aos senhores no decorrer dos dias.
― Por que isso agora? ― Marconi a olhou fixamente.
― Não sei se ficou sabendo mas a polícia tinha planos de prender meu pai, se tinham provas contra ele, provavelmente tinham contra mim ou até  mesmo vocês, e mesmo se não tivessem eles sabem que se meu pai morresse eu assumiria tudo, eles vão ficar atrás de mim, não posso cometer nenhum erro.
― Já cometeu o erro de fuder com um policial, não é mesmo? ― Lorenzo, o subchefe da máfia e  responsável por toda a prostituição, a provocou.
― Sim, foi um erro, mas saibam que o que esse policial fez não ficará impune, eu cuidarei disso pessoalmente. ― se levantou. ― Isso é tudo senhores, receberão em breve o local e hora da próxima reunião.

saiu da sala acompanhada de que até o momento estava calado, ao adentrarem no carro com o rapaz ao volante o silêncio foi quebrado.

― Porque não falou nada lá? ― o olhou.
― Você estava no controle, não cabia a mim interromper ou sair em sua defesa, eles precisam entender que agora quem manda é você. ― a olhou rapidamente e sorriu, voltando sua atenção à rua. ― E se quer saber, você se saiu muito bem.
― Acha mesmo? ― o rapaz concordou. ― Confesso que fiquei meio tensa. ― riu. ― Vamos para casa, amanhã quero tentar falar com a Estela.

XXX

estava em uma nova casa, a antiga ela pediu para que o advogado pudesse dar um jeito e agora havia um novo dono, ela estava em uma casa na área nobre de Medellín, morava com a moça, eles haviam se aproximado mais ainda nesses últimos meses, o que para o rapaz era difícil, já que ele ainda tinha sentimentos pela garota.

― Combinado, estaremos aí. ― disse finalizando a ligação. ― Era Dimitri, advogado do seu pai, ele vai nos encontrar em seu escritório hoje a noite.
― Ótimo, assim poderei saber onde meu pai foi enterrado.
― Adiantei esse assunto com ele. ― se sentou ao lado dela. ― Ele vai averiguar e quando nos encontrarmos, já deverá ter uma resposta.
― Acho melhor irmos, quero tentar encontrar Estela antes dela entrar no trabalho. ― se levantou com em seu encalço.
― Tem certeza que é uma boa ideia?
― Sim, a polícia não tem nada contra a gente . ― a garota adentrou o carro com o rapaz. ― Se tivesse, já teriam vindo atrás.
― Ainda sim, acho arriscado demais.

Ao pararem em frente a cafeteria onde a amiga trabalhava, a dupla adentrou o local e se sentou em uma mesa na vitrine da cafeteria, queria ter a visão de quem chegava e saía, aquele local era perfeito.

―  Já é a segunda vez que aquele carro passa. ― disse mantendo seu olhar na rua.
― Eu percebi. ― bebeu o suco que havia pedido. ― Provavelmente vão esperar Estela chegar.
― Falando nela. ― apontou com a cabeça na direção da moça de cabelos cacheados atravessando a rua, assim que os viu mudou a expressão séria para um sorriso.
― Oi. ― disse sem graça ao ver a amiga se aproximando da mesa.
― Nossa, eu nem sei o que te dizer. —  Estela a observou.
― Que tal um abraço? ― abriu os braços para a amiga que a abraçou. ― Me desculpe por ter sumido, eu sinto muito.
― Eu entendo amiga. ― Estela disse cumprimentando e se sentou à mesa. ― Só temos alguns minutos, meu turno começa daqui a pouco.
― Eu só queria vim te ver e dar uma explicação, sei que ficou muitas perguntas, e  que eu deveria  ter entrado em contato.
, acredite eu te entendo, sei que você precisava sumir, e tudo que aconteceu com seu pai… sinto muito por ele. ― Estela falou com pesar. ― Tem o Adam também, enganou todos…
― Não a mim. ― a interrompeu. ― Sempre desconfiei dele.
― Tá,  mas até aí eu achava que era só implicância. ― Estela rolou os olhos. ― Enfim, onde você está morando?
― Não posso dizer por enquanto, mas vou te passar meu número, assim mantemos o contato.
― Assumiu os negócios do seu pai, né?
― Sabe que sim amiga…
― Temos companhia. ― disse vendo Adam e Mendes descerem do carro que passava diversas vezes em frente a cafeteria.
― Vieram te prender? ― Estela a olhou.
― Não, eles não tem nada contra mim. ― voltou sua atenção para o copo e se recostou sobre a cadeira. ― Só querem avisar que estão de olho.
― Boa tarde, senhorita Sanz. ― Mendes disse ao se aproximar do trio.
― Capitão.  ― o olhou ignorando Adam. ― Quanto tempo.
― A que devemos a honra da sua presença? ― Mendes perguntou.
― Vim botar o papo em dia com uma amiga, não vejo crime nenhum nisso.
― Assumir os negócios do seu pai está nessa lista? ― Adam perguntou. ― A propósito, sinto muito por ele.
― Não, não sente. ― se levantou deixando o dinheiro do suco na mesa. ― Se me derem licença, tenho outro compromisso. ― Se virou para Estela a abraçando e cochichou em seu ouvido. ― Eu entro em contato.
― Se cuida. ― Estela a olhou.
― Vamos . ― ao saírem da cafeteria, os dois policiais saíram atrás deles.
― Esse compromisso inclui negócios antigos do seu pai? ― Mendes a questionou.
― Isso não é da sua conta, mas mesmo assim irei dizer. ― os olhou. ― Vou encontrar meu advogado, já que vocês enterraram meu pai e não informaram onde foi, quem sabe com o advogado eu tenho sorte. ― Mendes se demonstrou desconfortável com a resposta, mas ignorou e seguiu o caminho adentrando carro e saindo dali.
― Acha que ela vai exumar o caixão? ― Adam perguntou preocupado.
― Acho que não, ela só quer se despedir do pai…

[...]

― Ele chegou! ― disse descendo as escadas correndo.
― Quem? ― se levantou do sofá.
― Aquele cara que te falei, que domina computador e criou o sistema que eu pedi.
― Você está tão empolgada com ele. ― bufou.
― É incrível, você vai ver. ― disse abrindo a porta da casa e viu um carro ser estacionado.
― Oi , é bom te rever. ― Miguel sorriu.
― Entra. ― deu passagem para o rapaz entrar. ― Esse é o , meu braço direito e esquerdo.
― E aí cara. ― o cumprimentou.
― Vamos aos negócios. ― disse se sentando no sofá. ― Fez o que pedi?
― Um sistema completamente interno, que se comunica entre vários notebooks, a prova de polícia ou qualquer pessoa que tente hackear. ― Disse abrindo o notebook na frente de . ― Foi moleza.
― O sistema vai ser completamente interno? ― perguntou.
― Sim, só quem tiver com os notebooks que vou lhes entregar terá acesso. ― Miguel abriu o programa  para . ― Cada negócio tem o nome de quem comanda, e o nome do estabelecimento, todos tem uma senha diferente, que vou te passar, então não tem como pessoa x mexer no caixa da pessoa y, somente você terá acesso a tudo, com esse notebook.
― Perfeito. ― A garota sorriu.
― É conectado a internet, não tem como se comunicar entre si sem a rede, mas eu te garanto 100% que ninguém de fora vai acessar.
― Está ótimo. ― disse mexendo no notebook.
― Vou buscar a caixa com os outros notebooks no carro. ― Miguel disse saindo.
― Parece promissor. ― se sentou ao lado dela.
― Sim! ― Disse empolgada. ― Isso vai facilitar tanto nossas vidas.
― Sabe quem vai criar problemas com isso, né?
― Sei, mas eu também sei lidar com ele. ― o olhou. ― Sinceramente, minha paciência com ele está se esgotando, só não dei um fim nele ainda, por que…
― Porque sabe que seria um caos. ― disse sério.
― Não exatamente, eu só não achei alguém apto para o lugar dele. ― riu. ― Eles não me intimidam , nenhum deles.
― Aqui está o restante. ― Miguel adentrou com uma caixa cheia de notebooks. ― Todos com a mesma configuração e o seu novo celular e o dele, irrastreável.
― Ótimo. ― levantou-se e pegou os celulares ― E seu pagamento também está acertado.
― Foi bom fazer negócios. ― Miguel disse vendo o saldo de sua conta. ― Qualquer problema me ligue.

Naquela noite foi até o escritório do antigo advogado de seu pai e agora seu, ela queria visitar o túmulo do pai, se despedir. Dimitri havia conseguido a informação de onde o senhor Sanz havia sido enterrado e aproveitou o momento para mostrar o testamento para , seu pai havia deixado a mansão para e os negócios para , tudo devidamente legal.

― Nesse caso, o dinheiro da venda da mansão é seu. ― olhou para o rapaz.
― Não, , sabe que não ligo para isso.
― Não interessa, eu vou providenciar a transferência. ― disse mexendo no celular. ― Vou ao banco amanhã.
― Sinto muito por seu pai. ― Dimitri a olhou com pesar.
― Obrigada. ― Sorriu. ― O senhor conseguiu o atestado de óbito dele?
― Sim. ― estendeu a folha para ela. ― A causa da morte foi uma parada cardíaca.
― Aqui diz que ele morreu às quatro da madrugada… ― olhou para . ― O capitão disse na televisão que foi às quatro e meia.
― Pode ter sido um erro de digitação. ― o advogado a olhou. ― Mais uma coisa, seu pai deixou este envelope comigo e disse que deveria ser entregue somente à você.
— Esse envelope. — a olhou. — Eu fui pegar esse envelope com um contato do seu pai, ele me proibiu de abrir, isso meses atrás, ele disse que era seu plano B.

Era um envelope pardo grande, pegou o pacote e ao abrir encontrou uma pasta com fichas policiais e uma pequena carta escrita à mão por Santiago.

― Aquele antiquado. ― disse abrindo a carta.

“Oi filha,
Se está lendo isso significa que estou preso. Adam juntou provas contra mim desde o momento que se infiltrou na nossa família, eu sabia que ele era problema, mas não queria estragar sua felicidade, pois sei que era feliz com ele, então resolvi investigar, me ajudou e o que descobrimos á essa altura você já deve estar sabendo.
Deixei uma pasta com esta carta, dentro dela você vai encontrar fichas dos policiais da inteligência, alguns serão seus informantes no momento que virem o dinheiro, outros ( como Adam e Capitão Mendes), será somente para você ter uma vantagem, contém endereço real, telefones, nome dos familiares, é sempre bom ter uma carta na manga e eu sei que as usará de forma sábia.
Sei que cuidará de tudo até eu sair e peço para que não venha me visitar, fique longe dos holofotes por enquanto, sempre confie em sua intuição, ela é certeira como a da sua mãe.
Eu te amo, se cuida nesse tempo em que estivermos longe, prometo que me cuidarei aqui.
Com amor, Papai.”

terminou de ler com o coração apertado, ela chorava por saber que seu pai não estava mais ali, por tê-lo perdido e não poder ter feito nada para mudar aquilo. a abraçou, confortando por alguns minutos.

― Certo… ― disse secando as lágrimas. ― Agradeço pelo seu tempo Doutor ― apertou a mão do homem.
― Se precisar de algo, estarei à disposição, mesmo que seja para negócios à parte.
― É bom saber disso. ― sorriu. ― Tenha uma boa noite.
― Igualmente.

Já era tarde, mas mesmo assim a dupla foi até o cemitério onde Santiago havia sido enterrado, queriam de certa forma se despedir corretamente. Enquanto estavam no túmulo do homem, relembrava os momentos com o pai quando sentiu algo estranho, a sensação de estar sob o olhar de alguém.


― Eu sei. ― se levantou ainda olhando para a lápide do pai. ― Sabe me dizer quem é?
― Está muito escuro, não sei dizer. ― sacou a arma e a segurou em frente ao seu corpo para que a pessoa misteriosa não visse. ― Mas está nos observando.
― Com toda certeza, esse frio na coluna não é atoa. ― ergueu sua cabeça e olhou para a silhueta que os observava.

A pessoa se desencostou da árvore ao cruzar seu olhar com o da garota e saiu do campo de visão dos dois.

― Não. ― segurou o braço de que ameaçou ir atrás da pessoa. ― Não deve ser nada, vamos embora.

XXX

Algum lugar de Medellín - 01h30

― Espero que todos tenham entendido como funciona o programa. ― disse bebendo o restante do seu uísque. ― Tenham uma boa noite.

Todos começaram a sair do local onde havia acontecido a reunião, e conversavam entre si quando Marconi se aproximou.

― Ainda quero entender, para que toda essa modernidade Sanz?
― Marconi, eu não te devo satisfações, e você sabe muito bem porque eu quero usar esse método, além de ser mais prático, é seguro e a prova de polícia. ― falou sem paciência. ― De todos você foi o único que implicou, por que?
― Eu sou um homem, não tenho que receber ordem de uma criança. ― Desdenhou. ― Já parou pra pensar na sua idade e em como é alguém como eu ser seu subordinado?
― Ah, então descobrimos o problema, temos um ego ferido. ― disse com deboche e seus seguranças na sala riram.
― Não zombe de mim criança! ― se irritou.
― Ou o que? ― o enfrentou. ― Vai fazer o que Marconi?
― Não sabe do que sou capaz!
― Não! ― Se aproximou do homem. ― Você não sabe do que EU sou capaz, acha que por ser homem é melhor do que eu? Adivinha, eu sou superior, diferente de você eu sei ouvir as pessoas ao meu redor e não desdenho quando alguém tem uma opinião diferente da minha. Aproveite que você ainda está na posição de consigliere, ela não vai durar por muito tempo.
― Isso foi uma ameaça?
― Eu não ameaço, eu vou lá e faço e sinceramente você está me incomodando mais do que uma sujeira que a gente varre para debaixo do tapete. ― andou pelo local. ― Você fala que não quer receber ordens de uma “criança”, o meu pai começou na mesma idade que a minha, um ano mais novo e tenho certeza que ninguém o questionou em nada, sabe porque? Porque era um homem. ― O olhou. ― Seu problema é que eu sou uma mulher, e estou liderando toda a máfia colombiana, seu machismo não te permite crescer comigo.
― Crescer? ― riu na cara dela. ― Do jeito que você é, vai nos levar para o buraco, você é insolente, desorganizada, mimada e ainda por cima fode com policiais, e quer exigir respeito, de mim? Me poupe criança!
, não faz isso. ― disse quando a mulher colocou a mão na arma que estava na cintura do rapaz. ― Ele quer te provocar!
― Eu vou falar uma única vez, não terá um segundo aviso. ― disse pegando a arma de .
― Além de tudo é contraditória. ―riu. ― Você não disse que vai e faz?
― Não estou te ameaçando, eu estou te mostrando quem manda. ― atirou no joelho de Marconi, fazendo todos que ainda estavam ali sacarem suas armas. ― É meu último aviso, se está insatisfeito, te convido a sair, não obriguei ninguém a ser meu subordinado, e que fique bem claro quando isso se espalhar, o tiro foi pela falta de respeito, não por lealdade, isso a gente conquista, não se compra ou se ganha através de ameaça. ― entregou a arma para . ― Se você não quer crescer comigo, Marconi, não é obrigado, mas se for se manter nos negócios, vai ter que me respeitar. ― pegou sua jaqueta na cadeira. ― Limpem tudo!

Saiu do galpão com , ao adentrarem o carro soltou o ar que segurava.

― Como eu queria matá-lo. ― disse com raiva.
― Por um momento achei que iria. ― saiu com o carro. ― Não pode deixar que a provoquem, você tem que ser menos…
― Explosiva. ― o interrompeu. ― Eu sei, eu sei, se ele queria me tirar do sério, faltou bem pouco para acontecer.
― Ei, calma. ― segurou a mão dela ao parar no farol. ― Dê tempo ao tempo. ― sorriu. ― Sei que não é o momento, mas você estava muito sexy lá.
― Sério?! ― riu junto do rapaz. ― Não fala assim, eu ando tão carente que isso é maldade.
― Se fosse só você. ― voltou a atenção para o sinal verde.
― Estamos precisando sair, nos divertir. ― riu. ― Ou vamos enlouquecer.
― E subir pelas paredes?
― Com toda certeza. ― riram.
― Se quiser podemos estender para alguma boate, o que acha?
― Claro, se você me disser alguma que eu não seja dona e não me encham a paciência.
― Certo. ― sorriu e a olhou rapidamente. ― De qualquer forma, você está precisando se desestressar, não só você nós dois.
― O que sugere?
― Se desligar do furacão por algumas horas, não precisamos sair, podemos ficar em casa mesmo.
― Não sei… ― disse desanimada.
― Chama a Estela, é sua amiga, vai ser bom vocês duas passarem um tempo juntas.
― Ela deve estar cansada do trabalho. ― o olhou. ― Não posso pedir para que vá até em casa, fora que já está tarde, eu só quero ir dormir.
― Tudo bem, dormir também resolve. — riu

Os dois permaneceram calados o resto do caminho, ao adentrarem a casa cada um foi para seu quarto, ainda calados.
Ao sair do quarto pela manhã, encontrou na sala deitado no sofá, somente com uma bermuda, hesitou alguns segundos o observando.

― Vai ficar me olhando? ― perguntou tirando sua atenção do celular e olhou para ela que usava um short curto e uma blusa regata colada ao corpo. ― Gosta do que vê?
― Lá vem você. ― se sentou no sofá de frente para ele e começou a mexer no celular.
― Por que você foge de mim?
― Eu não estou fugindo. ― o olhou. ― Você é um homem bonito, eu não nego isso, e sim eu estava te olhando e seria idiota se dissesse que não gosto do que vejo.
― É bom ouvir isso.

Ambos sorriram, voltando a atenção para o que faziam, ficaram em silêncio por um bom tempo, e não era nem um pouco desconfortável, se sentiam bem na companhia um do outro.

― Senhorita Sanz. ― um dos seguranças adentrou a casa. ― Mandaram lhe entregar isso.
― O que é isso? ― pegou o papel da mão do homem.
― Ele trouxe. ― Javier puxou o garoto, se ele tinha uns 17 anos era muito. ― Só disse que mandaram te entregar.
― Certo. ― abriu o papel onde continha um endereço. ― Já nos vimos antes?
― Não senhora. ― ele disse.
― Me chame de . ― o olhou. ― Diego te mandou, não foi?
― Ele disse que eu não deveria falar o nome dele. ― a olhou com medo. ― Disse que se soubesse que eu era irmão dele...
― Ei, eu não vou fazer nada com você. ― o olhou descrente. ― Você é a cara dele, óbvio que eu ia desconfiar de um parentesco, diga que eu vou, libere ele Javier.

estendeu o papel para , onde continha um endereço e um horário.

― O que ele quer? ― a olhou. ― Eu vou com você.
― Então vamos descobrir o que ele quer.

 

XXX
Estavam em um bairro chamado La Paz no sul de Medellín, o endereço que Diego havia mandado indicava uma casa bem escondida no bairro, ao entrarem na rua identificou os olheiros de Diego, quando pararam o carro em frente a casa travou as portas do carro.

― Tem algo errado. ― a olhou e entregou uma glock pra . ― Não vai entrar desarmada.
― Sabe que não gosto de andar armada. ― pegou a Glock.
― Vai ter que começar a se acostumar, ele não espera que você esteja armada. ― destravou a porta do carro.
― Tá, vamos lá. ― escondeu a arma e desceu do carro.

A rua estava deserta, era como se todos ali soubessem o que estava prestes a acontecer, ao adentrarem a casa Diego se encontrava com um cigarro na mão olhando pela janela e seu irmão encostado do outro lado do cômodo onde havia uma mesa com cadeiras

― Mandei que viesse sozinha. ― olhou para o irmão.
― Não recebo ordens suas. ― o olhou. ― De ninguém.
― Marrenta como sempre. ― a olhou e se sentou à mesa. ― Tenho algo para você, coisa quente.
― Fez esse suspense todo para tratar de negócios? ― se sentou à mesa e se posicionou na janela de olho caso houvesse algum movimento na rua.
― Não, é sobre seu pai. ― a mulher mudou a postura para defensiva. ― Ou melhor dizendo, quem matou seu pai.
― O que você sabe sobre isso?
― As ruas do Sul estão fervendo com os boatos da morte de Sanz. ― Diego colocou uma foto na mesa. ― Há alguns dias o nome do seu pai começou a circular nas ruas, quando meus homens foram atrás de saber do que se tratava, encontraram um cara se gabando de ter participado da morte de Santiago Sanz.
― Quem é ele? ― apontou para a foto, sua expressão estava carregada de raiva. ― Foi ele que matou meu pai?
― Esse é Antonio Delgado. ― a olhou. ― É familiar para você?
― Filho de José Delgado. ― bateu na mesa com raiva. ― Ele trabalhava para o meu pai, roubou dele e eu mandei matá-lo.
― O que rola na rua é o seguinte, o filho dele foi buscar vingança e por isso foi atrás do seu pai, ele queria que você sentisse o mesmo quando você matou o pai dele. ― Diego se inclinou para frente. ― O que eles não esperavam, era que a polícia estaria lá, quando viram que o serviço não estava completo, foram atrás do seu pai terminar. ― Diego olhou para o irmão ― E bom, sabemos como terminou, com a morte do seu pai.
― O que quer em troca? ― se manifestou e Diego deu de ombros. ― Qual é cara, vai dar essa informação, sem nada em troca?
― Só quero deixar novos horizontes abertos, sabe. ― olhou para a . ― Eu te dei a informação, você decide o que faz com ela. ― se levantou. ― Se puder não contar de onde tirou a informação, agradeço, eu tenho uma reputação a zelar.― Diego saiu da casa com seu irmão
― Acha que ele está falando a verdade? ― sentou ao lado dela.
― Faz sentido… ― pegou a foto na mesa. ― Ele teria motivos.
― Então vai atrás?
― Sim, mas sejamos cautelosos, se esse cara matou meu pai, não quero que fuja quando eu chegar. ― se levantou. ― Ainda temos contatos aqui no Sul?
― Sim.
― Então fale com eles, quero olhos no Antonio, tudo que ele fizer eu quero saber, cada passo. ― disse andando até a saída da casa. ― Se ele matou meu pai, vai pagar com sangue.



Continua...

Nota da autora: E aí me contem, o que acharam desse capítulo? Se cuidem, me sigam nas redes sociais e saibam que meu privado está aberto para surtos kkkkk 💚
Até a próxima. 💚



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